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Existem situações previstas em lei, somadas ou não a ato de última vontade do autor da

herança, em que é excluído o direito sucessório do herdeiro ou legatário. Nesse contexto surgem
os conceitos de indignidade sucessória e deserdação como penas civis.
Diferentemente da falta de legitimação para suceder, onde há um afastamento do direito
por razão de ordem objetiva, na indignidade e na deserdação há uma razão subjetiva de
afastamento, uma vez que o herdeiro é considerado como desprovido de moral para receber a
herança, em razão de uma atitude por ele praticada.
A diferença inicial fundamental entre a exclusão por indignidade sucessória e a
deserdação é que no primeiro caso o isolamento sucessório se dá por simples incidência da norma
e por decisão judicial, o que pode atingir qualquer herdeiro, seja na sucessão legítima ou
testamentária. Na deserdação, por outro lado, há um ato de última vontade, que somente atinge
os herdeiros necessários. Por isso é que a deserdação é tratada pelo CC/2002 no capítulo próprio
da sucessão testamentária.
A ação de indignidade pode ser proposta pelo interessado ou pelo Ministério Público,
quando houver questão de ordem pública, conforme reconhece o Enunciado n. 116 do CJF/STJ,
da I Jornada de Direito Civil. A deserdação, por sua vez, é realizada por testamento, com
declaração de causa e posterior confirmação por sentença.
As hipóteses de indignidade e de deserdação estão unificadas em parte pela atual
codificação privada. Assim, são considerados herdeiros indignos aqueles mencionados no art.
1.814 do CC. Além destas, os arts. 1.962 e 1.963 do CC estabelecem outras causas que autorizam
a deserdação dos descendentes por seus ascendentes. Nesse contexto, observa-se que as hipóteses
de indignidade servem para a deserdação, mas o contrário não prevalece: existem hipóteses de
deserdação que não alcançam a indignidade.
No caso de Susana Richthofen, que foi condenada criminalmente pelo homicídio de seus
pais com o auxílio dos irmãos Cravinho, tem-se uma típica situação de exclusão por indignidade,
com base no art. 1.814, I do CC, que dispõe:

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:


I – que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio
doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar,
seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;

Vale ressaltar que, de acordo com Flávio Tartuce, neste caso, há necessidade do trânsito
em julgado da sentença penal condenatória. Mas essa sentença penal condenatória, por si só, não
teria o condão de excluir o herdeiro, sendo necessária a ação de indignidade tratada no antes citado
art. 1.815 do Código Civil. Diversa, contudo, é a posição de Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona,
que asseveram em sua obra que “a norma sucessória não se refere à necessidade de ‘condenação
criminal’, de maneira que, tal como redigida, a mera comprovação, no juízo cível, da cooperação
ou autoria delitivas poderia ensejar a aplicação da pena sucessória”. Da mesma forma, Carlos
Roberto Gonçalves privilegia a independência da responsabilidade civil em relação à penal. Para
ele, “enquanto tais aspectos fáticos não estiverem definidos na esfera criminal, as ações cível e
penal correrão independente e autonomamente, sendo apuradas ambas as responsabilidades, a
civil e a penal. No entanto, se já foi proferida sentença criminal condenatória, é porque se
reconheceu o dolo ou a culpa do causador do dano, não podendo ser reexaminada a questão no
cível”.
Em todo caso, a exclusão da sucessão na presente hipótese é medida necessária. Afigura-
se inconcebível a possibilidade de o autor, coautor ou partícipe de crime de homicídio contra o
autor da herança haver para si bens ou direitos deixados pelo falecido. A agressão à vida não
poderia render ensejo a um locupletamento que, além de ilícito, seria atentatório mesmo contra a
moral social.

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