Humana
Dra. Carmem Patrícia Barbosa
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Distância; BARBOSA, Carmen Patrícia. Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente
Anatomia Humana. Carmem Patrícia Barbosa. da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2019.
248 p.
“Graduação - EAD”. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
1. Anatomia. 2. Humana. 3. EaD. I. Título.
Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Design
Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação
CDD - 22 ed. 611 e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho,
Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros,
Impresso por: Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey,
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Ribeiro Garcia, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi, Fotos Shutterstock.
8
Em cada unidade, apresento uma INTRODUÇÃO sobre as generalidades
de cada tema, um DESENVOLVIMENTO para apresentar o conteúdo
programático de cada sistema, CONSIDERAÇÕES FINAIS que resumi-
rão o estudo teórico e prático do assunto abordado e ATIVIDADES DE
ESTUDO para reforçar o conteúdo estudado.
Desejo a você um excelente aproveitamento desta tão apaixonante ciência.
Na verdade, ela sempre foi não só apaixonante, mas também intrigante.
Prova disso pode ser dada ao ler o texto do salmista (nos versos 13 a 16 do
capítulo 139) que, mesmo sem grandes recursos tecnológicos ou científicos,
não se conteve de tanta admiração ao analisar o milagre da criação e do
funcionamento do corpo humano.
Que você se encante conhecendo seu próprio corpo e que a todo momento
descubra as melhores formas de favorecer seu desenvolvimento, tanto no
adulto quanto na criança, por meio do pleno conhecimento.
Bom estudo!
15
Sistemas
Cardiovascular
e Respiratório
81
Sistema Digestório
137
Sistema Urogenital
167
Sistema
Neuroendócrino
201
24 Processo de Envelhecimento da Pele
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Unicesumar Experience
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Realidade Aumentada.
Dra. Carmem Patrícia Barbosa
Introdução à Anatomia
Humana e Aparelho
Locomotor
PLANO DE ESTUDOS
Anatomia Humana:
Conceito e introdução Tegumento Comum
ao estudo
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 1 17
exemplo, com a idade do indivíduo, com seu sexo, Nomenclatura Anatômica
grupo étnico, biótipo entre outros. Por exemplo, é
normal que um bebê apresente os ossos do crânio Cientistas e profissionais da área da saúde usam
separados, mas não é normal que isso ocorra em uma linguagem própria ao se referirem às estru-
um adulto. É normal que uma mulher tenha os os- turas do corpo humano e à forma como a dissec-
sos da pelve mais abertos a fim de facilitar o parto ção é feita. Por isso, estar atualizado em relação à
pélvico, mas não é normal que isso ocorra em um nomenclatura utilizada é essencial ao estudante
homem. É normal que um indivíduo negro tenha a de anatomia humana, bem como aos profissionais
pele escura e os cabelos enrolados, mas não é nor- da saúde. Na anatomia, esta nomenclatura engloba
mal em um japonês. É normal que um indivíduo termos gerais e especiais originados da língua gre-
longilíneo tenha os membros longos em relação ga, latina e outras. Em conjunto, a Nômina Ana-
ao corpo, mas não é em um indivíduo brevilíneo. tômica, publicada com o nome de Terminologia
Por fim, é importante destacar que o estudo Anatômica, tem o objetivo de evitar que estruturas
da anatomia humana pode ser feito de diferen- do corpo humano recebam diferentes denomina-
tes formas conforme o objetivo do estudo. Por ções em diversos centros de estudos e pesquisas
exemplo, a anatomia pode ser estudada a partir em anatomia no mundo (DI DIO, 2002).
dos sistemas que compõem o corpo humano (esta Considerada um documento oficial que deve
é a anatomia sistêmica que aprenderemos aqui). ser obedecida por professores e alunos da discipli-
Por outro lado, seu estudo pode abranger regiões na de anatomia humana, a terminologia anatômica
específicas e então passa a ser chamada de ana- é constituída por cerca de 6.000 termos esporadica-
tomia topográfica (a odontologia, por exemplo, mente revistos e atualizados, os quais são traduzi-
estuda anatomia topográfica da cabeça). Além dos pelas sociedades de anatomia de cada país. No
disso, seu estudo pode ser feito por meio de ima- Brasil, a terminologia é traduzida pela Comissão de
gens (anatomia radiológica ou de imagem), em Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira
comparação a seres de outras espécies (anatomia de Anatomia (SBA) (CFTA, 2001; FREITAS, 2004;
comparativa), com fins artísticos (anatomia artís- TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).
tica), em comparação aos diferentes tipos raciais Este conjunto de termos empregados funda-
e morfológicos (anatomia antropológica e bioti- menta-se na forma da estrutura ou em parte dela
pológica) etc. (WATANABE, 2000). (como o músculo deltoide, por exemplo), sua si-
tuação (artéria vertebral), sua função (glândula la-
crimal) e outras peculiaridades. Vale destacar que
a utilização de abreviações é permitida a fim de
facilitar seu uso prático. Assim, utiliza-se a. (para
artéria), v. (para veia), n. (para nervo), m. (para
músculo), lig. (para ligamento), gl. (para glândula)
e g. (para gânglio). O plural destes termos normal-
mente emprega a duplicação da letra utilizada na
abreviação, por exemplo, aa. (para artérias), vv.
(para veias) etc. (WATANABE, 2000).
UNIDADE 1 19
livre inclui braço, antebraço e mão (sendo sua parte anterior denomi-
nada palma e a posterior, dorso). A raiz ou cíngulo do membro inferior
é a cintura pélvica e sua parte livre inclui coxa, perna e pé (sendo sua
parte superior denominada dorso e a inferior, planta). Articulações
conectam as várias partes dos membros, por exemplo, as articulações
do ombro, cotovelo, quadril e joelhos (FREITAS, 2004).
De igual modo, a partir da posição anatômica de descrição, supõe-se
a existência de planos imaginários que tangenciam a superfície externa
do corpo a fim de facilitar a localização das estruturas corpóreas. Tais
planos são denominados superior ou cranial, inferior ou podálico, la-
teral direito, lateral esquerdo, anterior ou ventral, e posterior ou dorsal
(MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Assim, pode-se afirmar que os olhos são estruturas superiores à
cicatriz umbilical já que se localizam mais pró-
ximos ao plano superior ou cranial do que à
cicatriz umbilical. De igual modo, pode-se
afirmar que as escápulas são estrutu-
ras posteriores em relação ao osso
esterno uma vez que estão mais
Figura 1 - Posição anatômica de descrição próximas do plano posterior.
Embora os planos de tangen-
O pescoço é dividido em pesco- ciamento facilitem a localização
ço anterior (visceral) e posterior das estruturas corpóreas, o es-
(muscular), também denomina- tudo da anatomia também se
do nuca. Segundo Freitas (2004), faz por meio do corpo seccio-
o tronco também é subdividido nado, lembra? Assim, pla-
em tórax (limitado superiormen- nos de secção de referência
te pela clavícula e inferiormente também tiveram que ser
pelo músculo diafragma), ab- padronizados. Assim, os
dome (limitado superiormente termos “plano sagital”, “plano trans-
pelo músculo diafragma e infe- versal” (ou horizontal) e “plano coronal”
riormente pela abertura superior (ou frontal) foram adotados.
da pelve) e pelve (localizada entre O plano sagital é uma secção longi-
os ossos do quadril). tudinal que divide o corpo ou qualquer
Os membros superiores e in- uma de suas partes em porções direita
feriores também são subdividi- e esquerda. Se este plano passar exata-
dos em uma região conectada ao mente sobre a linha mediana do corpo,
tronco, denominada cíngulo (ou ele é chamado de plano sagital media-
cintura) e uma parte livre. A raiz no, o qual divide o corpo em duas me-
ou cíngulo do membro superior tades iguais denominadas antímero
Figura 2 - Partes do corpo humano
é a cintura escapular e sua parte direito e antímero esquerdo.
UNIDADE 1 21
Tegumento
Comum
Tegumento Comum
UNIDADE 1 23
Vale destacar que a pele pode apresentar-se flá-
cida quando a ingestão de proteínas é muito baixa.
Isto porque os fibroblastos da pele necessitam de
aminoácidos para efetivarem a síntese de colágeno,
cuja ausência implica em flacidez cutânea. A vita-
mina C estimula a síntese de colágeno e, de igual
modo, sua ausência a reduz.
A proliferação das células da pele dependem do
ritmo circadiano, sendo mais acentuada durante
o repouso. O conhecimento da cronobiologia da
pele tem permitido aos dermatologistas, cosme-
tologistas e profissionais que trabalham em seu
benefício, otimizarem a absorção de compostos
pela pele, estimulando a utilização de protetores
solares durante o dia e cremes hidratantes e nutri-
tivos durante a noite.
A cor da pele depende de alguns fatores como
a quantidade de pigmentos (principalmente me-
lanina e caroteno), da cor do sangue circulante, da
Processo de Envelhecimento da Pele espessura da epiderme e da quantidade de vasos
capilares sanguíneos. Este último fator explica, por
exemplo, o fato da pele ficar avermelhada quando
aquecida em decorrência da vasodilatação perifé-
rica e, em contrapartida, o fato da pele ficar pálida
(esbranquiçada) em função da vasoconstrição.
UNIDADE 1 25
Pele Humana pelas emoções (o que explica o fato de em situa-
ções de estresse físico ou psicológico haver au-
mento da sudorese). Seu número varia de acordo
com as regiões do corpo, sendo abundantes nas
Poros palmas das mãos e plantas dos pés, escassas no
dorso corpo e ausentes nas pálpebras e glande.
Epiderme Em algumas regiões do corpo (como axila,
região inguinal, órgãos genitais externos e ânus)
Glândula
sebácea
existem algumas glândulas muito semelhantes
Derme Glândula às glândulas sudoríparas. Todavia, a secreção de
sudorípara tais glândulas é um pouco diferenciada, pois é
Folículo ligeiramente viscosa, apresenta alguns produtos
piloso
Adipócitos
da desintegração de células glandulares e pode
Hipoderme
desenvolver um odor característico em função
das bactérias locais.
Músculo
As glândulas sebáceas secretam sebo (consti-
tuído de gorduras), cuja função é lubrificar a pele
Figura 6 - Pele humana
e os pelos. Assim, o sebo diminui o ressecamen-
to dos pelos e previne a evaporação excessiva da
Anexos da Pele pele, mantendo-a macia e inibindo o crescimento
bacteriano. Normalmente elas ficam próximas
Os anexos da pele localizam-se na epiderme, na aos folículos pilosos e não existem nas regiões
derme e até mesmo na tela subcutânea. Incluem palmares e plantares. Na adolescência, é comum,
as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas, por influência hormonal, que as glândulas se-
as mamas, os pelos e as unhas. báceas sejam estimuladas e passem a produzir
As glândulas sudoríparas possibilitam a su- maior quantidade deste sebo. Tal fato, associado
dorese ou também chamada transpiração, que à queratinização anormal, à impactação do fluxo
nada mais é do que a eliminação do suor a fim do sebo e ao crescimento bacteriano exacerbado,
de manter a homeostasia corpórea (tais glândulas pode causar uma infecção dérmica ou hipodér-
atuam na termoregulação). O suor é semelhante mica conhecida como acne.
ao plasma sanguíneo, contém sódio, potássio, clo- As mamas situam-se à frente dos músculos
reto, ureia, amônia, ácido úrico e uma pequena peitorais e são popular e erroneamente chamadas
quantidades de proteínas. O odor do suor se deve de seios. Este termo foi atribuído às mamas em
à ação das bactérias sobre ele e das substâncias decorrência do fato de entre elas existir um sulco
orgânicas eliminadas. intermamário o qual no passado era chamado de
As glândulas sudoríparas também atuam na seio. Elas têm por função secretar inicialmente o
excreção de metabólitos, medicações e alimentos. colostro e posteriormente o leite para a nutrição
Elas são inervadas pelo sistema nervoso autôno- do recém-nascido uma vez que é rico em proteí-
mo simpático e por isso podem ser influenciadas nas, lactose, lipídeos e sais minerais.
UNIDADE 1 27
Além disso, ocorre a contração da glândula sebácea cuja secreção é eliminada ao meio externo
para diminuir a perda de calor corpóreo. O músculo eretor do pelo pode se contrair involuntaria-
mente a partir de emoções (como susto e medo) e também pela influência do frio. Ao redor das
raízes dos pelos, existem várias
terminações nervosas e vasos
sanguíneos.
Os pelos são constituídos Pelo propiamente
de células queratinizadas e in- dito
cluem cabelos, supercílios, cí-
lios, vibrissas (pelos do nariz), Escalpo Músculo
bigode, barba, hircos (pelos da eretor do pelo
axila) e púbios (pelos da região
Glândula Folículo
púbica). Pelos escuros apresen-
sebácea piloso
tam medular, cortical (pigmen-
tada) e cutícula; pelos brancos Papila do Raiz do pelo
têm as mesmas camadas, mas pelo
Vasos
a cortical é despigmentada; sanguíneos
pelos loiros não têm medular. Figura 8 - Anatomia do pelo
As unhas são lâminas constituídas de células queratinizadas que recobrem a maior parte das falanges
distais das mãos e pés a fim de protegê-las. Sua parte proximal é chamada de matriz da unha (oculta pela
pele que a recobre) e sua parte distal e principal é o corpo da unha. A matriz da unha garante a formação
e o crescimento da unha. Próximo à raiz, há uma região esbranquiçada em forma de meia lua chamada
de lúnula e uma prega que a fixa chamada de eponíquio (ou popularmente, cutícula). As margens la-
terais e a margem proximal da unha são fixas aos dedos e sua margem distal é livre. Sua transparência
permite ver a tonalidade rosada
ha
do leito da unha (local bastante a a a un
nh nh ld
vascularizado e inervado onde d a u da u ida la
t r iz ai z x im t í cu
a unha repousa). a R r o u
M
gap i o/C ha
As unhas crescem durante Pr
e q u un a
o n í d a u nh
o da
toda a vida (cerca de 1mm / se- Ep rp
Co e ito vre
da
mana), pois as células epiteliais L li
gem
da raiz se proliferam e sofrem mar unha
queratinização formando a pla-
Falange distal
ca córnea constituída de célu-
las mortas. O crescimento das Estrato
unhas tende a ser maior no ve- germinativo
rão e não ocorre em cadáveres. Figura 9 - Anatomia da unha
Você sabia que a pele tem importante participação da síntese da vitamina D? Tal fato é extremamente
importante, pois a vitamina D atua aumentando a absorção de fosfato e cálcio no intestino. A síntese
desta vitamina depende da incidência dos raios ultravioletas, os quais, ao atingirem a pele, transfor-
mam a pré-vitamina D obtida nos alimentos em sua forma ativa. No verão, a síntese de vitamina D
é grande, permitindo que o excedente do consumo seja armazenado no fígado, possibilitando que
a reserva seja consumida durante o inverno (pela menor disponibilidade de luz solar). Vale destacar
que deficiências na vitamina D podem causar raquitismo (nas crianças) e osteomalácea (nos adultos).
Outro dado interessante é o fato da vitamina A (ácido retinóico) ser fundamental para a manutenção
da estrutura epitelial normal, pois é necessária para que as células basais se diferenciem em epitélio
garantindo assim a integridade da pele e das mucosas. Sua deficiência causa lesões cutâneas como
hiperceratose folicular (pele de sapo, escamas de jacaré), cegueira noturna (nictalopia), amolecimento
e ulceração da córnea.
UNIDADE 1 29
ALTERAÇÕES CORRELATAS
Dermatite Vitiligo
É a inflamação da pele que pode ocorrer, por É uma doença na qual os melanócitos são perdi-
exemplo, quando a pele é exposta a substâncias dos parcial ou completamente. Assim, a atuação
irritantes químicas ou físicas, ao contato com agen- deles na produção de pigmento na epiderme é
tes tóxicos ou pode ser em decorrência à exposi- prejudicada, fazendo que apareçam manchas de
ção excessiva aos raios ultravioletas do sol. Quando tonalidade mais clara pelo corpo. Suas causas in-
streptococos pyogenicos infectam a pele, podem cluem autoimunidade, fatores neuro-humorais e
aparecer impetigo (lesão ulcerosa e até purulenta) autodestruição dos melanócitos por intermediá-
e erisipela (grave infecção da pele). rios tóxicos da síntese de melanina.
Caspas Eritema
Também chamadas de dermatite seborreica, as É a coloração anormalmente avermelhada da pele
caspas são caracterizadas por placas amareladas que ocorre em casos de lesão cutânea, exposição
e oleosas em toda a extensão do couro cabeludo. ao calor excessivo, infecção, inflamação ou reações
Seu agente causador são fungos, e normalmente alérgicas. Ocorre por ingurgitamento dos leitos
culminam em queda dos cabelos. capilares superficiais.
Cianose Cicatrização
É a pele azulada comum em casos de hipóxia/anó- Incisões paralelas às linhas de clivagem da pele
xia (diminuição / falta de oxigênio). Isso ocorre por- tendem a cicatrizar facilmente e com pouca marca
que a hemoglobina (responsável pelo transporte de cicatrização. No entanto, quando a incisão é
de gases no sangue) apresenta coloração vermelho transversal às linhas de clivagem, mais fibras colá-
vivo ao transportar o oxigênio e coloração arroxea- genas são rompidas e a cicatrização é mais difícil,
da quando o oxigênio não está em quantidade podendo desencadear uma cicatrização excessiva
suficiente. É mais evidente onde a pele é fina como chamada queloide.
nos lábios, pálpebras e unhas transparentes.
Acne
A acne é uma infecção dérmica ou hipodérmica comum, mas não
exclusiva da adolescência (devido à forte influência hormonal que
ocorre nesta fase da vida). Ela é causada pela estimulação excessiva
das glândulas sebáceas que passam a produzir maior quantidade
de sebo, aliada à queratinização anormal, à impactação do fluxo do
sebo e ao crescimento bacteriano exacerbado.
UNIDADE 1 31
Ao chegarmos ao término do
estudo específico do tegumento
comum, você deve ser capaz de
diferenciar as estruturas anatô-
micas que formam este sistema,
de entender seus principais as-
pectos morfológicos e funcio-
nais. Ademais, é importante que
você se sinta familiarizado com
as principais alterações comuns
ao tegumento comum e que
busque sempre o conhecimento
específico das principais técni-
cas profiláticas e terapêuticas de
tais males.
Além disso, você, enquan-
to profissional da saúde, não
pode esquecer o fato de que a
pele é um dos melhores indica-
dores da saúde do ser humano.
Por isso, seu exame detalhado,
além de ser facilmente reali-
zado, é imprescindível e pode
evitar maiores complicações à
saúde. Assim, é importante que
você se aplique à sua prática e se
aperfeiçoe em suas habilidades
profissionais sempre se capaci-
tando e buscando a excelência.
Muito sucesso a você!
Generalidades
sobre os Ossos
UNIDADE 1 33
Muitas vezes escuto pessoas dizendo que seus o corpo humano na posição bípede (em pé). A
pesos na balança não estão altos porque estão “aci- habilidade dos ossos em suportar o peso corporal
ma do peso”, mas que seu peso está alto porque e dar forma aos diferentes segmentos do corpo
elas têm os ossos largos e pesados. Sorrio quan- é extraordinária. Tais funções são prontamente
do ouço isso porque tenho a impressão de que as percebidas quando imaginamos um osso fratura-
pessoas se veem como o Wolverine e seus ossos de do (o fêmur, por exemplo) e temos a clara certeza
adamântio. Acho que as pessoas imaginam que os de que é impossível descarregar peso naquele
ossos pesam muito mais do que verdadeiramente membro inferior. Além disso, se você comparar
pesam. Você sabe qual é o peso real dos seus os- a forma arredondada do seu crânio à forma alon-
sos? Na verdade, o peso médio dos ossos de um gada de seus dedos terá clareza de que os ossos
homem adulto de cerca de 80 Kg é cerca de 12 Kg. são os responsáveis diretos por tais diferenças.
Assim, não é tanto quanto a maioria das pessoas Quando os ossos protegem os órgãos inter-
julgam ser. nos, armazenam íons essenciais, sintetizam células
Por fim, gostaria de esclarecer que, além dos os- sanguíneas e absorvem toxinas, certamente, con-
sos convencionais conhecidos por nós desde a vida cluímos que suas funções também são vitais. Ao
inteira, existem também alguns ossos especiais, observarmos, por exemplo, a importante ação das
por exemplo, os ossos suturais (que ficam entre costelas e do osso esterno envolvendo o coração
as suturas do crânio) e os ossos heterotópicos que e os pulmões, e do crânio envolvendo o encéfalo,
se formam nos tecidos moles (como nas coxas de fica claro o quanto os ossos nos são relevantes.
jóqueis em áreas onde a hemorragia se calcifica). Além disso, eles atuam como reservatórios de
cálcio, fosfato e magnésio os quais são essenciais
à transmissão sináptica e à contração muscular.
Funções do Esqueleto A síntese de células sanguíneas ocorre por
meio da medula óssea vermelha que se localiza
Se você acha que a função dos ossos se restringe no interior dos ossos (este assunto será esclarecido
a possibilitar movimentos, você está muito enga- adiante). E, por fim, eles são hábeis em absorver
nado. Na verdade, o esqueleto desempenha vá- toxinas e metais pesados da corrente sanguínea
rias funções, inclusive algumas consideradas vitais diminuindo os efeitos deletérios destes compos-
(MOORE et al., 2014). tos em outros tecidos (principalmente no fígado
De fato, os ossos se relacionam ao movimento e nos rins).
embora não os produzam. Isto porque quem faz
o movimento acontecer são os músculos e, por
isso, estes são considerados os elementos ativos do Divisões do Esqueleto
movimento (por outro lado, ossos são elementos
passivos do movimento). Dessa forma, os ossos O esquelético pode ser dividido em duas partes
são tracionados pelos músculos em um efeito de funcionais, porém interligadas: o esqueleto axial
alavanca. É o que ocorre, por exemplo, quando o e o esqueleto apendicular. O esqueleto axial é for-
músculo quadríceps femoral traciona a tíbia e gera mado pelos ossos localizados na região central do
movimento de extensão do joelho. corpo, como aqueles da cabeça (ossos do crânio),
Outras duas funções dos ossos podem ser pescoço (osso hioide e vértebras cervicais) e no
identificadas quando observamos atentamente tronco (osso esterno, costelas, vértebras e sacro).
UNIDADE 1 35
Os ossos pneumáticos apresentam cavidades A constituição do tecido ósseo também é fa-
contendo ar em seu interior. Localizam-se no crânio, bulosa, pois os ossos são constituídos a partir de
por exemplo, o osso frontal, a maxila, o esfenoide e o três componentes principais: água, matriz óssea
etmoide. Suas cavidades são revestidas por mucosa e orgânica e matriz óssea inorgânica (DANGELO;
são chamadas de seios. Devido ao fato de drenarem FATTINI, 2011).
seu conteúdo mucoso para a cavidade nasal podem A água representa cerca de 25% da estrutura
ser chamados, em conjunto, de seios paranasais. óssea. Todavia, é importante ressaltar que esta pro-
porção é maior em recém-nascidos e crianças, e
vai diminuindo à medida que o envelhecimento
ocorre. Por isso, o envelhecimento faz com que
os ossos fiquem mais sujeitos a sofrerem fatu-
ras as quais, em idosos, são chamadas de “fratura
em galho seco”. Crianças têm “fratura em galho
verde”. Além disso, ossos de idosos normalmente
apresentam maior dificuldade para consolidação
de fraturas uma vez que a quantidade de matriz
orgânica diminui.
A matriz orgânica também representa cerca de
25% da estrutura óssea e é constituída por proteo-
glicanas e colágeno. Assim, esta matriz é rica em
proteínas que dão resistência à tensão e à tração
às quais os ossos estão sujeitos diariamente. Por
isso, a matriz orgânica está diretamente relacio-
nada à maleabilidade óssea, ou seja, sua ausência
pode causar doenças, por exemplo, a doença dos
Figura 11 – Comparação entre os tipos de ossos: a) exemplo
de osso irregular, b) exemplo de osso sesamoide e c) exemplo ossos de vidro. Nesse caso, os ossos não resistem
de osso longo à tensão e à tração que os músculos lhes impõem
e se tornam fragilizados e quebradiços, mesmo
Constituição e aos menores esforços. Sobre a matriz orgânica se
Arquitetura dos Ossos deposita a matriz inorgânica.
A matriz inorgânica representa cerca de 50%
Quando você observa atentamente um osso, é co- da estrutura óssea. É constituída por sais minerais
mum achar que se trata de um tecido inerte, seco e (principalmente, fosfato de cálcio e carbonato de
até sem vida. Todavia, muito pelo contrário, o tecido cálcio) os quais formam a hidroxiapatita que dá
ósseo é vivo, dinâmico e se desenvolve e cresce por ao osso resistência à compressão. Deficiência nos
meio de um metabolismo muito ativo. Pra você ter componentes dessa matriz também pode tornar
uma ideia, os ossos são renováveis, em média, a cada os ossos fragilizados e quebradiços.
dois anos. Isto significa que o fêmur ou o crânio que O tecido ósseo pode se organizar em dois tipos
você tem hoje, não são os mesmos que você tinha principais de ossos: os compactos ou corticais e os
há dois anos e nem serão os mesmos que você terá esponjosos ou trabeculares. No osso compacto, as
daqui a dois anos. Fantástico, não? trabéculas ósseas estão justapostas e formam uma
Osso compacto
Cartilagem articular
Linha epifisial
Medula óssea
amarela
Diáfise
Epífise distal
Artérias nutrícias
Periósteo
É importante que você saiba que a distribuição de uma massa central de osso esponjoso, ossos longos
tecido ósseo compacto e esponjoso nos ossos não adaptados à descarga de peso (como o fêmur, por
é uniforme, mas depende das solicitações biome- exemplo) apresentam maior quantidade de osso
cânicas impostas aos ossos, ou seja, varia de acor- compacto próximo da parte média da diáfise onde
do com a função exercida pelo osso, com a tração tendem a se curvar. O mesmo não acontece, por
e com a pressão a que os ossos são submetidos. exemplo, nos ossos longos que não recebem gran-
Assim, embora todos os ossos tenham uma fina des descargas de peso (por exemplo, úmero) ou nos
camada superficial de osso compacto ao redor de ossos carpais e tarsais.
UNIDADE 1 37
O efeito piezoelétrico explica alojado em seu interior. Em tais ossos, uma camada de osso esponjoso,
parcialmente as diferenças na ar- chamada díploe, fica interposta entre duas lâminas de osso compacto
quitetura dos ossos submetidos (uma lâmina externa e outra interna). Assim, quando uma força é im-
ou não à descarga de peso e à tra- posta à lâmina externa de osso compacto, a díploe absorve parte desta
ção óssea. Embora a descarga e a força (uma vez que em seu interior existe ar interposto às trabéculas
tração ocorram constantemente ósseas) minimizando as chances da lâmina interna de osso compacto se
em nosso dia a dia, normalmente fragmentar e lesionar o tecido nervoso adjacente. Na díploe, há medula
elas são maiores ao realizarmos óssea vermelha e por ela passam as veias.
exercícios físicos (MIRANDA
NETO; CHOPARD, 2014).
Segundo o efeito piezoelétrico,
regiões ósseas onde ocorre com-
pressão ficam sujeitas a potenciais
elétricos negativos, enquanto nas
demais regiões do osso aparecem
potenciais elétricos positivos.
Onde há potencial elétrico nega-
tivo, células ósseas sintetizadoras Figura 13 - Díploe
de ossos são ativadas fazendo
deposição óssea proporcional O tecido ósseo compacto está disposto em unidades chamadas
ao estímulo dado. Dessa forma, ósteons ou sistema de Havers. Em volta destes canais existem lame-
a tensão óssea estimula a síntese las concêntricas (anéis de matriz extracelular rígida e calcificada),
de matriz orgânica e a deposição entre as quais há pequenos canais (lacunas) contendo osteócitos
de sais minerais (MIRANDA que se comunicam entre si. Canalículos minúsculos com líquido
NETO; CHOPARD, 2014). extracelular irradiam-se pelos ossos fazendo difusão de oxigênio e
Esse princípio é facilmente nutrientes por todo o osso e drenando resíduos. Vasos sanguíneos,
identificado em atletas, os quais linfáticos e nervos provenientes do periósteo penetram no osso
têm estrutura óssea diferenciada compacto por meio de canais perfurantes transversos ou canais
em relação aos indivíduos seden- de Volkmann. O tecido ósseo esponjoso, ao contrário, não contém
tários e é aplicado à reabilitação ósteons. Ele é leve (o que reduz o peso total dos ossos) e tende a se
física de pacientes tetraplégicos localizar onde não há grandes forças ou onde as forças são aplicadas
que perdem a capacidade de a partir de muitas direções (MOORE et. al, 2014).
manter o ortostatismo. Para estes A manutenção da saúde dos ossos depende da atuação das células
pacientes, a pedestação por meio que os compõem: os osteoblastos, osteócitos e osteoclastos (MIRAN-
de mesas ortostáticas possibilita DA NETO; CHOPARD, 2014). Os osteoblastos são células jovens,
a manutenção da saúde óssea originadas de células osteoprogenitoras, com grande capacidade de
minimizando o aparecimento de divisão celular e, portanto, formadoras de osso. Elas sintetizam e se-
fraturas espontâneas. cretam fibras colágenas e outros componentes orgânicos necessários
A arquitetura dos ossos planos à formação da matriz extracelular e iniciam a calcificação. À medida
do crânio merece destaque, pois é que são recobertos por matriz, tornam-se presos em suas secreções
adaptada à proteção do encéfalo e se transformam em osteócitos.
UNIDADE 1 39
Estrutura óssea
Vale lembrar que deficiência na ingestão de determinados nutrien-
tes pode enfraquecer os ossos. É o caso, por exemplo, das proteínas
(uma vez que aminoácidos são necessários para formar colágeno),
vitamina C (que estimula a síntese do colágeno), vitamina D (que é
responsável pela absorção do cálcio e do fosfato do intestino; é ativada
pela exposição ao sol) e vitamina A (que ajuda a fazer com que os ossos
respondam adequadamente à tensão). Linha
epifisial Osso
esponjoso
Vasos
Embora as vitaminas A e D sejam importantes para os ossos, o sanguíneos
excesso de vitamina A acelera a ossificação causando cessação
precoce do crescimento corporal. Além disso, deficiência de vi-
Medula
tamina D pode causar raquitismo na criança e osteomalácia no óssea
amarela
adulto. Ambas são doenças caracterizadas pela baixa absorção de
cálcio pelo intestino e má calcificação da matriz óssea causando
amolecimento e deformação dos ossos.
Fonte: Guyton e Hall (2011).
Periósteo
Endósteo
Crescimento Ósseo
UNIDADE 1 41
Nutrição e Inervação Óssea
Você já sofreu alguma fratura? Se já, sabe que dói A drenagem venosa dos ossos é feita por veias que
muito e que pode ocorrer sangramento e hema- seguem trajetos muito semelhantes aos das arté-
toma na região. Contudo, você sabe por que tais rias. Assim, as veias que drenam os ossos podem
coisas acontecem? A dor se deve ao fato dos ossos ser uma ou duas veias nutrícias (que acompanham
serem abundantemente inervados, e o sangramen- as artérias na diáfise), veias metafisárias e epifisiá-
to ocorre porque eles são muito vascularizados. rias (que acompanham as artérias metafisárias e
Vasos sanguíneos e nervos penetram a estrutu- epifisiárias) e veias periostais (que acompanham
ra óssea a partir do periósteo. Assim, as artérias pe- as artérias periostais).
riosteais penetram a diáfise dos ossos longos pas- De igual modo, os nervos dos ossos acompa-
sando por canais perfurantes e irrigam o periósteo nham os vasos sanguíneos que os suprem. Assim,
e a parte externa do osso compacto. Além disso, o periósteo é rico em nervos periostais sensitivos
próximo ao centro da diáfise uma grande artéria (alguns responsáveis pela dor) e nervos vasomo-
nutrícia penetra o osso pelo forame nutrício, chega tores responsáveis pela vasoconstrição e vasodila-
à cavidade medular, divide-se em ramos distal e tação dos vasos regulando o fluxo de sangue para
proximal para irrigar o tecido ósseo compacto, a medula óssea. Vale lembrar que no periósteo
esponjoso, medula óssea até as linhas epifisiais. É também tem vasos linfáticos.
importante ressaltar que enquanto alguns ossos
têm apenas uma artéria nutrícia (como a tíbia, por
exemplo), outros têm várias (como o fêmur). As Ossificação e Fratura
extremidades dos ossos são irrigadas por artérias
metafisárias e epifisiárias (MORRE et al., 2014). Você já se perguntou se os fetos têm ossos pron-
Vasos sanguíneos e nervos tos? Ou se todos os ossos dos fetos são de cartila-
responsáveis pela irrigação,
drenagem e inervação óssea
gem? Que tipo de substância pode originar osso?
Bom, para responder estas e outras perguntas,
primeiro é importante você saber que os ossos
não nascem prontos. Eles são gradativamente
formados por um processo contínuo chamado
ossificação ou osteogênese que se inicia na sexta
semana de desenvolvimento. A ossificação ocorre
a partir de células mesenquimais presentes no
esqueleto do embrião, no local onde os futuros
ossos serão formados (MIRANDA NETO; CHO-
PARD, 2014).
Embora alguns ossos (como o esfenoide e o
temporal) tenham uma ossificação mista, normal-
mente, ela ocorre de duas formas: a intramembra-
nosa e a endocondral. Na ossificação intramem-
Figura 19 – Artérias ósseas branosa, o osso se forma diretamente dentro do
mesênquima, em uma região chamada centro de
UNIDADE 1 43
Figura 20 - Crânio Figura 21 – Fontículos
Exceto a articulação da mandíbula com o osso temporal (que é Alguns ossos do crânio (fron-
chamada de Articulação Temporo-Mandibular ou ATM), as ou- tal, esfenoide, etmoide e maxilas)
tras articulações do crânio ocorrem por meio de suturas (como apresentam cavidades ocas con-
a sagital, a coronal, a lambdoidea, a escamosa, a internasal e a tendo ar, as quais são revestidas
intermaxilar). por mucosa e chamadas de seios
Estas suturas não estão presentes desde o nascimento, pois, paranasais (em decorrência de
inicialmente, entre os ossos do crânio existem espaços preen- drenarem seu conteúdo mucoso
chidos com mesênquima não ossificado chamados de fontí- para a cavidade nasal). Tais ossos
culos (popularmente chamados de “moleiras”). Os fontículos são classificados como pneumá-
permitem relativa flexibilidade e possibilidade de crescimento ticos e ajudam a diminuir o peso
ao crânio fetal. Os principais são o fontículo anterior (entre o da cabeça sobre as vértebras cer-
osso frontal e os parietais), o posterior (entre os parietais e o vicais e a amplificar o som da voz
occipital), os ântero-laterais (entre frontal, parietal, esfenoi- como uma caixa acústica. A infla-
de e temporal) e os póstero-laterais (entre parietal, occipital e mação de tal mucosa é chamada
temporal). Esses sofrem ossificação e desaparecem durante o de sinusite (TORTORA; DER-
crescimento do crânio. RICKSON; WERNECK, 2010).
Fazem parte dos ossos do pescoço o hioide, as Os ossos do tronco incluem o osso esterno, as
vértebras cervicais, o manúbrio do esterno (que costelas, as vértebras torácicas, as vértebras lom-
será descrito junto com o esqueleto do tórax) e as bares, as vértebras sacrais e as vértebras coccígeas
clavículas (que serão descritas junto ao esqueleto (DI DIO, 2002).
do membro superior) (MOORE et al., 2014). Esqueleto apendicular
Clavícula
Ossos dos
membros Escápula
superiores
Ossos do
Osso hioide quadril
Ossos dos
membros
inferiores
Esqueleto axial
UNIDADE 1 45
O osso esterno é um osso ímpar, plano, localizado
na região central e anterior do tórax. Ele é dividido
em três partes até a meia idade quando ocorre
sua ossificação. A parte mais larga e superior é Entre os corpos das vértebras ficam interpos-
chamada de manúbrio e nela se identificam as tos os discos intervertebrais. Esses discos são
incisuras claviculares e a incisura jugular. Ele se constituídos pelo anel fibroso de fibrocartilagem
une ao corpo que é mais longo e estreito, e onde se (externamente) e núcleo pulposo (internamente).
identificam as incisuras costais. O processo xifoide Ele é altamente hidratado e por isso é capaz de
é a menor e mais variável parte do esterno. Ele se absorver impactos impostos à coluna vertebral
ossifica por volta dos 40 anos e nos idosos pode-se e permitir movimentos.
fundir ao corpo (antes é cartilagíneo). Fonte: Kahle; Leonhardt; Platzer, (2006).
As costelas são 12 pares de ossos planos, curvos,
com alta resiliência e que contém medula óssea.
Podem ser verdadeiras, falsas ou flutuantes. As ver- Para finalizarmos a apresentação do esqueleto do
dadeiras (do 1° ao 7° par) fixam-se diretamente ao tronco, é importante apresentarmos as curvaturas
osso esterno por meio de suas próprias cartilagens da coluna vertebral (CV). Em vista anterior e pos-
costais. As falsas (do 8° ao 10° par) têm conexão terior a CV deve ser retilínea, mas em vista lateral
indireta com o osso esterno, pois suas cartilagens ela apresenta curvaturas fisiológicas que permi-
costais são unidas (formando a margem costal). As tem a adequada distribuição do peso corpóreo e,
flutuantes ou anesternais (11° e 12° par de costelas) consequentemente, o equilíbrio.
não se conectam ao osso esterno. Tais curvaturas começam a se formar ainda na
As 12 vértebras torácicas são chamadas de T1, vida embrionária quando a CV do feto apresenta-
T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9,T10, T11 e T12, as 5 lombares -se convexa (em vista posterior) devido à curva-
são chamadas de L1, L2, L3, L4 e L5, as 5 sacrais são tura do próprio útero e é chamada de curvatura
chamadas de S1, S2, S3, S4 e S5 e as 3 ou 4 coccígeas são primária. Quando o bebê começa a sustentar a
chamadas de Co1, Co2, Co3 e Co4 (variação anatô- cabeça, uma curvatura cervical côncava surge e
mica). No entanto, as vértebras sacrais e as coccí- é chamada de lordose cervical. Ao ficar em pé e
geas, por ossificação de seus discos intervertebrais, sustentar o peso corpóreo (em torno de um ano
originando o sacro e o cóccix, respectivamente. de idade), aparece uma curvatura côncava nas
As lombares são as maiores e mais resistentes vértebras lombares (lordose lombar). As regiões
vértebras da coluna. Seus processos espinhosos são torácica e sacral são convexas, posteriormente, e,
quadriláteros, largos, espessos e servem para fixação por isso, são chamadas de cifoses.
dos grandes músculos do dorso. O sacro é um osso Assim, no adulto normal existem quatro cur-
triangular que se posiciona na parte posterior da vaturas fisiológicas na CV: Lordose cervical, cifose
cavidade pélvica, medialmente aos ossos do quadril, torácica, lordose lombar e cifose sacral. No entan-
servindo como forte fundação para o cíngulo do to, o aumento destas curvaturas pode se tornar
membro inferior. Na mulher ele é mais curto, largo patológico passando a caracterizar um quadro de
e curvo a fim de favorecer a expulsão do bebê du- hipercifose ou hiperlordose. Além disso, o desvio
rante o trabalho de parto normal. O sacro apresenta látero-lateral da CV também é patológico e é cha-
forames sacrais anteriores e posteriores pelos quais mado de escoliose (que pode ser “C” à direita ou à
passam nervos e vasos sanguíneos. esquerda, e em “S”).
UNIDADE 1 47
O osso do quadril do recém-
Clavícula
-nascido é formado por três os-
sos separados por cartilagem:
Escápula ílio, ísquio e púbis. Eles se unem
completamente por volta dos 23
anos de idade e se articulam an-
teriormente na sínfise púbica e,
Úmero posteriormente, unem-se ao sa-
cro. Assim, o anel ósseo completo
Rádio
formado pelos dois ossos do qua-
Ulna
dril e sacro fazem uma estrutura
em forma de bacia, chamada pel-
ve óssea, que dá suporte à coluna
vertebral e aos órgãos pélvicos.
Como visto, existem impor-
tantes diferenças entre o cíngulo
Ossos
carpais do membro superior e inferior.
Enquanto, o cíngulo do membro
superior não se articula direta-
Falanges mente à coluna vertebral, o do
membro inferior o faz pela arti-
culação sacroilíaca. Além disso, o
Ossos metacarpais encaixe na escápula para o úmero
é raso e o fêmur no osso do qua-
Figura 25 - Ossos do membro superior
dril é profundo. Assim, enquanto
o membro superior é adaptado a
Ossos do Membro Inferior amplos movimentos, o membro
inferior é adaptado ao suporte
O membro inferior é composto por vários ossos que se articulam de peso e à estabilidade articular
entre si para permitir ampla mobilidade e o suporte de peso corporal (GRABINER; GREGOR; VAS-
durante a marcha, assim como o equilíbrio do corpo na postura CONCELOS, 1991).
estática. O cíngulo do membro inferior é composto pelos ossos O fêmur é o maior, mais pe-
do quadril e pelo osso sacro e tem por função unir a parte livre do sado e mais resistente osso do
membro ao esqueleto axial. Já a parte livre do membro apresenta corpo. Sua extremidade proximal
um osso longo na coxa (o fêmur), dois ossos longos na perna (a tíbia articula-se com o acetábulo do
e a fíbula), um osso sesamoide na região do joelho (patela), doze osso do quadril e a distal articula-
ossos no pé (sendo sete ossos tarsais e cinco ossos metatarsais) e -se com a tíbia e patela. Já a patela
quatorze ossos nos dedos (cinco falanges proximais, cinco falanges é um osso triangular e sesamoi-
distais e quatro falanges médias). Os ossos do quadril e o sacro são de que se desenvolve no tendão
irregulares, os tarsais são curtos, os metatarsais e as falanges são do músculo quadríceps femoral
longos (DANGELO; FATTINI, 2011). aumentando a força de alavanca
UNIDADE 1 49
Sistema
Articular
Definição de Articulação
UNIDADE 1 51
As articulações cartilagíneas podem ser do tipo metabólicos. Como é produzido proporcionalmen-
sincondrose ou sínfise. A sincondrose apresenta te ao movimento articular, quando uma articulação
cartilagem hialina entre os ossos e é funcionalmente fica imobilizada por muito tempo (para consolidar
classificada como sinartrose. Algumas podem ser uma fratura, por exemplo), o líquido torna-se me-
temporárias sofrendo ossificação no decorrer da nos abundante e viscoso. Por isso, as pessoas dizem
vida (como a sincondrose esfenocciptal e a lâmina que a “junta secou”. Todavia, produzido em excesso
epifisial) e outras podem ser permanentes (como as (por um processo inflamatório, por exemplo, sino-
articulações entre o osso esterno e as dez primeiras vite), deve ser aspirado a fim de diminuir a pressão
cartilagens costais). intra-articular e a dor (FREITAS, 2004).
A sínfise é uma articulação onde os ossos são uni- Os elementos especiais das articulações si-
dos por um disco de fibrocartilagem (por exemplo, noviais incluem os lábios, os discos articulares,
sínfise púbica, manubrioesternal e intervertebral). os meniscos, os ligamentos acessórios, as bolsas
São classificadas como anfiartroses. As articulações e as bainhas tendíneas. Os lábios são estruturas
sinoviais têm elementos característicos e especiais de fibrocartilagem localizadas em extremidades
que podemos citar: a superfície articular, cartilagem articulares, geralmente côncavas, a fim de am-
articular, cápsula articular e líquido sinovial. pliar a cavidade e conferir maior estabilidade à
A superfície articular é a porção de cada osso da articulação.
articulação. Não tem periósteo, mas é coberta por Os discos articulares e os meniscos são estru-
cartilagem articular que é avascular (é nutrida pelo turas de fibrocartilagem presentes em articula-
líquido sinovial), é fina, lisa e escorregadia (a fim de ções muito usadas, como a temporomandibular
reduzir o atrito entre os ossos e absorver impactos). e o joelho. Eles melhoram a coaptação articular,
A cápsula articular é uma membrana de tecido aumentam a estabilidade, reduzem o atrito e os da-
conjuntivo que envolve a articulação vedando-a nos causados por impactos, além de distribuírem
e unindo os ossos (fazendo coaptação articular). melhor o líquido sinovial.
É amplamente vascularizada e inervada (tanto Os ligamentos acessórios aumentam a coapta-
com inervação dolorosa quanto proprioceptiva). ção articular e podem estar localizados por fora
É composta pela camada fibrosa (externa) e sinovial da cavidade articular (extracapsulares - como os
(interna). Enquanto a fibrosa é resistente, permite ligamentos colaterais do joelho) ou por dentro da
coaptação, mobilidade e resistência à tração, a si- cápsula, mas fora da cavidade articular (intracap-
novial sintetiza o líquido. sulares - como o ligamento cruzado anterior do
O líquido sinovial é viscoso, amarelo-claro, joelho).
constituído principalmente por ácido hialurônico, As bolsas são sacos de tecido conjuntivo reves-
proteoglinas e glicosaminoglicanas. Ele reduz atri- tidos por membrana sinovial e preenchidos por
to (pois lubrifica a articulação), absorve impactos uma pequena quantidade de líquido semelhante
(pois mantém os ossos levemente afastados) e eli- ao líquido sinovial. Localizam-se entre pele/osso,
mina calor produzido nas articulações durante os tendões/osso, músculo/osso ou ligamento/osso.
movimentos. Reduzem o atrito de articulações muito exigidas
Além disso, remove microrganismos e fragmen- e sua inflamação é chamada de bursite. Por fim,
tos resultantes do desgaste articular (pois contém bainhas tendíneas são bolsas que envolvem tendões
células fagocíticas), nutre e oxigena a cartilagem ar- que sofrem atrito.
ticular, assim como dela remove o CO2 e os resíduos
UNIDADE 1 53
é deslocado em direção ao plano lateral. Ocorre no A inversão e a eversão ocorrem nas articula-
plano coronal por meio do eixo sagital. Este movi- ções intertarsais. Enquanto na inversão as plantas
mento ocorre, por exemplo, no tronco. movimentam-se medialmente, na eversão elas se
Abdução e adução são movimentos opostos. movimentam lateralmente. Na flexão dorsal, o dorso
Na abdução ocorre movimento do segmento é movido em direção à face anterior da perna e na
corpóreo para longe da linha mediana do corpo. flexão plantar, a planta é movida em direção à face
Na adução, o segmento corpóreo é deslocado em posterior da perna.
direção à linha mediana do corpo (normalmente A supinação e a pronação ocorrem nas articu-
para voltar à posição anatômica). Ocorrem no lações radioulnar proximal e distal. Enquanto na
plano coronal por meio do eixo sagital (exceto supinação a palma é girada anteriormente, na pro-
a do polegar). Para os dedos, considera-se como nação a palma é girada posteriormente. Por fim,
ponto de referência uma linha mediana que passa oposição é o movimento do polegar para tocar
sobre o dedo médio da mão e sobre o 2° dedo do as falanges distais dos demais dedos dando-lhe a
pé. Na articulação radiocarpal, a abdução pode capacidade de fazer movimentos de pinça (possí-
ser chamada de desvio radial e a adução pode ser vel na articulação carpometacarpal). Reposição é
chamada de desvio ulnar. o movimento oposto.
Na circundução a extremidade distal do seg-
mento corpóreo descreve um círculo. Ocorre
como resultado de uma sequência de movimento Vascularização e Inervação
que envolve flexão, extensão, abdução e adução. Na Articular
rotação o osso gira em torno do seu próprio eixo
longitudinal. Nos membros, se a face anterior é As articulações são extremamente inervadas e vas-
girada em direção à linha mediana do corpo, a ro- cularizadas (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
tação é chamada de medial e se é girada para longe Elas recebem sangue de ramos articulares das arté-
da linha mediana do corpo, é chamada de lateral. rias que passam ao redor da cápsula articular e são
Em algumas articulações podem ocorrer mo- drenadas por veias que acompanham as artérias.
vimentos especiais. É o caso, por exemplo, da ele- A maioria dos nervos articulares é derivada de
vação e abaixamento. Enquanto na elevação há nervos que suprem músculos ao redor das articula-
movimento de uma parte do corpo para cima, no ções. Vale destacar que a inervação articular é muito
abaixamento esta mesma parte corpórea move-se importante, pois está relacionada à sua proteção.
para baixo. São possíveis na mandíbula, costelas, Assim, principalmente, a cápsula e os ligamentos
ombros, osso hioide etc. articulares apresentam vários tipos de sensibilidade,
Outros movimentos especiais incluem a pro- como a dolorosa e a proprioceptiva.
tração (ou protrusão), retração (ou retrusão), in-
versão, eversão, flexão dorsal (ou dorsiflexão), fle-
xão plantar (ou plantiflexão), supinação, pronação, Fatores que Afetam o Contato
oposição e reposição. Na protração há movimento e a Amplitude de Movimento
anterior de uma parte do corpo no plano trans- das Articulações Sinoviais
versal e na retração ocorre o movimento da parte
protraída de volta à posição anatômica (possível Alguns fatores afetam o contato entre as superfícies
na mandíbula, clavícula etc.). ósseas de uma articulação e, consequentemente,
Funções Musculares
Os músculos podem ser classificados consideran- Assim, considerando estes três critérios, os
do diferenças relacionadas ao controle voluntário, músculos podem ser de três tipos: músculo
à presença de estrias em suas fibras ao microscó- estriado esquelético (movem ou estabilizam
pio e à localização (FREITAS, 2004). ossos e outras estruturas como os olhos; é so-
Quanto ao controle voluntário, o músculo mático e voluntário), músculo estriado cardía-
pode ser voluntário (se sua contração ocorrer de co (forma a maior parte das paredes do coração
acordo com a vontade do indivíduo) ou involun- e dos grandes vasos; é visceral e involuntário)
tário (se sua contração não depender do controle ou músculo liso (forma a parede da maioria
do indivíduo). Quanto à aparência estriada ou não dos vasos sanguíneos e órgãos ocos; é visceral
de suas fibras ao microscópio, o músculo pode e involuntário).
ser do tipo estriado (aquele que apresenta estrias Um caso especial ocorre com o músculo dia-
transversais) ou liso (sem estrias transversais). fragma, pois embora seja involuntário, ele pode
Por fim, quanto à localização, o músculo pode ser sofrer breve influência voluntária permitindo pe-
somático (aquele localizado na parede do corpo ríodos de apneia (interrupção da respiração) ou
ou nos membros) ou visceral (aquele localizado hiperpneia (aumento da frequência da respiração)
nos órgãos ocos ou nos vasos sanguíneos). de acordo com a vontade do indivíduo.
A maioria dos músculos estriados esqueléticos está Uma membrana de tecido conjuntivo denso,
fixada aos ossos, cartilagens, ligamentos ou fáscias. chamada epimísio, envolve todo o músculo. Dela
Todavia, alguns deles podem se fixar a órgãos (como partem septos (o perimísio) para o interior do
os olhos), pele (como os músculos da face) ou à músculo os quais envolvem pequenos grupos de
mucosa (como os músculos intrínsecos da língua). células ou fibras musculares (fascículos). Cada
Tais músculos têm porções carnosas, avermelhadas fibra muscular, por sua vez, é envolvida por uma
e contráteis (chamadas de cabeça ou ventre), e ex- membrana delicada de tecido conjuntivo, o endo-
tremidades brancas não contráteis (chamadas de mísio. Externamente, os músculos são revestidos
tendões). Os tendões são compostos principalmente por mais uma camada de tecido conjuntivo - a
por feixes de colágenos e servem para fixação dos fáscia muscular. Epimísio, perimísio e endomísio
músculos. Em alguns músculos aparecem como se prolongam além das fibras musculares para
lâminas planas e passam a ser chamados de apo- formar os tendões musculares.
neurose (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
UNIDADE 1 57
M. Trapézio
M. Peitoral maior M. Deltoide
M. Serrátil anterior
M. Bíceps braquial M. Latíssimo
do dorso
M. Reto do abdome
M. Oblíquo externo
do abdome
M. Glúteo
máximo
M. Reto femoral
M. Bíceps
femoral
M. Gastrocnêmio
Cartilagem
articular
A fáscia muscular garante a sustentação do mús-
culo bem como a preservação de sua anatomia
Tendão funcional sustentando vasos e nervos, e permi-
tindo o deslizamento entre músculos próximos.
Além disso, forma septos intermusculares que
compartimentalizam os músculos do corpo.
Quando ocorre aderência entra as fáscias (de-
vido a processos inflamatórios ou traumas), os
Fáscia
muscular músculos diminuem seu poder de contração.
Músculo As fixações dos músculos (seja por tendão
estriado ou aponeurose) costumam ser descritas como
esquelético
origem e inserção. De uma forma geral, origem
Perimísio
é a extremidade proximal que permanece fixa
Epimísio durante a contração muscular e a inserção é a
Fibras Vasos
musculares sanguíneos
extremidade distal que se move durante a contra-
Fascículo ção muscular. No entanto, em alguns movimentos
Endomísio Osso
específicos, os conceitos de origem e inserção po-
Figura 30 - Peri, epi e endomísio + fáscia muscular dem ser modificados.
Existem dois principais tipos de contração mus- A vascularização sanguínea é abundante nos mús-
cular fásica ou ativa: a isométrica e a isotônica culos, pois dela depende a adequada oxigenação
(GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991). e nutrição muscular, bem como a drenagem de
Na contração isométrica, o comprimento do mús- gás carbônico e produtos residuais produzidos no
culo permanece igual (ou seja, não há movimen- próprio músculo. Sem vascularização eficiente, a
to), mas a força aumenta para resistir à gravidade contração muscular é inviável e, por isso, ela ge-
ou à outra força antagônica. Este tipo de contração ralmente é múltipla, ou seja, o músculo é irrigado
é importante para a manutenção da postura quan- por várias artérias adjacentes.
do os músculos atuam como fixadores. De igual modo, a inervação do músculo é res-
Em contrapartida, na contração isotônica o ponsável pela contração e pelos estímulos sensi-
músculo altera seu comprimento enquanto o tivos deles (dolorosos e proprioceptivos). Assim, a
movimento ocorre. Ela pode ser do tipo concên- coordenação motora depende da interação entre
trica (o movimento se dá junto ao encurtamento sistema muscular e sistema nervoso (MOORE et
do músculo) ou excêntrica (quando o músculo é al., 2014).
alongado ao se contrair, ou seja, sofre um relaxa-
mento gradual e controlado enquanto exerce uma
força contínua). Classificação Funcional do
É importante destacar que a gravidade influen- Músculo Estriado Esquelético
cia no tipo de contração que o músculo exercerá.
Assim, a flexão resistida do cotovelo com o indiví- De acordo com o papel que o músculo desem-
duo em pé é realizada por contração concêntrica penha durante o movimento, ele pode ser clas-
dos músculos flexores do cotovelo, mas o lento sificado como agonista, antagonista, sinergista
retorno à extensão do cotovelo é feita pela con- e fixador ou postural (GRABINER; GREGOR;
tração excêntrica dos mesmos músculos. Muitas VASCONCELOS, 1991).
pessoas imaginam que o retorno seja feito pela O agonista (ou motor primário) é o principal
contração concêntrica do tríceps braquial que é músculo que produz o movimento (como o múscu-
o agonista da extensão do cotovelo. lo braquial na flexão do cotovelo). Já o antagonista,
Todavia, não é. Isto porque o fato do movi- é o músculo que se opõe à ação de outro músculo
mento ocorrer contra a ação da gravidade muda (como o músculo tríceps braquial na flexão do co-
a participação do músculo no movimento. Assim, tovelo). O músculo sinergista complementa a ação
quando o profissional da saúde precisar analisar do agonista (como o músculo braquiorradial na
biomecanicamente os músculos envolvidos na flexão do cotovelo) ou fixa uma articulação inter-
realização de um determinado movimento, é ne- mediária quando o agonista passa por mais de uma
cessário que ele faça antes uma avaliação da ação articulação (como o músculo extensor dos dedos
da gravidade sobre as fibras musculares. que é sinergista do flexor profundo dos dedos ao
UNIDADE 1 59
fixar em extensão todas as outras articulações pelas
quais ele passa). Por fim, o músculo fixador ou
postural estabiliza partes proximais de um membro
mediante contrações isométricas, enquanto ocor-
rem movimentos nas partes distais. O músculo del-
toide, por exemplo, mantém o ombro em abdução Retináculo
enquanto um movimento de pinça fina é executado
nas articulações interfalângicas.
Retináculo
Tendões
Órgãos Anexos do Sistema musculares
Muscular
Músculo
plano
Músculo de
fibras paralelas
Músculo longo
Músculo de Músculo
fibras paralelas curto
Músculo de
fibras oblíquas
Figura 32 - Músculos de fibras paralelas e oblíquas, músculos longos, curtos, planos e fusiformes
UNIDADE 1 61
Músculo
tríceps
Músculo
bíceps
Músculo
quadríceps
Músculo digástrico
ou biventre
Músculo
policaudado
Músculo
poligástrico
ou poliventre
Figura 33 - Da esquerda para a direita: Músculos bíceps, tríceps, quadríceps, digástrico, poligástrico, bi e policaudado
UNIDADE 1 63
Os músculos da mastigação incluem o temporal, o O esternocleidomastoideo é um músculo superfi-
masseter, o pterigoide lateral e o pterigoide medial. cial do pescoço. Ele flexiona a cabeça (em contra-
Todos eles movimentam a mandíbula durante a ção bilateral) e, em contração unilateral, faz a flexão
mastigação e a fala. lateral da cabeça para o mesmo lado do músculo
que se contraiu associada à rotação da face para o
lado contrário do músculo que se contraiu.
M. Temporal
M. Masseter
M. Esternocleidomastoideo
UNIDADE 1 65
Principais M. Peitoral
maior
Músculos do Tórax
M. Peitoral
menor
Os músculos do tórax in-
cluem músculos que unem o
esqueleto axial ao apendicular,
músculos da parede anterola-
teral do abdome, do pescoço,
M. Serrátil
do dorso e alguns que agem anterior
como acessórios da respiração.
No entanto, os verdadeiros
músculos da parede torácica M. intercostais
externos
são os levantadores das cos-
telas (agem na inspiração), o
Figura 40 – Músculos do tórax
transverso do tórax (função
expiratória), os intercostais
externos (atuam na inspira- Principais Músculos do Abdome
ção), os intercostais internos
(na expiração), os intercostais Os músculos do abdome podem estar localizados na parede ante-
íntimos (têm a mesma ação rolateral ou posterior do abdome. Na parede anterolateral existem
dos intercostais internos) e cinco pares de músculos: reto do abdome, piramidal, oblíquo exter-
subcostais (com ação igual a no do abdome, oblíquo interno do abdome e transverso do abdome.
dos intercostais internos). Estes músculos têm diferentes direções de fibras e formam uma
O diafragma é um comum sustentação forte para esta região. Juntos, eles sustentam e prote-
ao tórax e ao abdome e atua gem as vísceras abdominais, comprimem o conteúdo abdominal
como o principal músculo da para manter ou aumentar a pressão intra-abdominal, opõem-se ao
inspiração. Apresenta uma par- diafragma, movem o tronco, ajudam a manter a postura, formam
te central aponeurótica chama- um cinturão muscular e atuam ao tossir, espirrar, vomitar, no parto
da de centro tendíneo, e uma normal, ao assoar o nariz, na defecação e outras atividades (MI-
parte muscular dividida em RANDA NETO; CHOPARD, 2014).
parte esternal, costal e lombar Os músculos da parede abdominal posterior incluem o psoas
(de acordo com suas fixações). maior, o psoas menor, o ilíaco e o quadrado do lombo. O psoas maior
Ele é perfurado pelo forame da fica posicionado lateralmente à coluna vertebral e parte de suas
veia cava, pelo hiato esofágico e fibras unem-se ao tendão do músculo ilíaco formando o músculo
pelo hiato aórtico os quais ser- iliopsoas, que é o principal flexor do quadril. Além disso, ele faz a
vem para permitir a passagem, flexão lateral do tronco e ajuda a manter a lordose lombar. O psoas
respectivamente, da veia cava menor é considerado uma variação anatômica podendo não existir.
inferior, esôfago e da artéria Enquanto o ilíaco estabiliza a articulação do quadril, o quadrado
aorta (WATANABE, 2000). do lombo é flexor lateral e extensor do tronco.
UNIDADE 1 67
M. Deltoide M. Bíceps braquial
M. Levantador
da escápula
M. Romboide
menor
M. Romboide
maior
M. Trapézio
M. Tríceps
M. Latíssimo braquial
do dorso
UNIDADE 1 69
M. Tensor da
fáscia lata
M. Sartório
M. adutores
do quadril
M. Reto
M. Glúteo máximo
femoral
M. Vasto
medial Os músculos da região posterior da coxa são o
semitendíneo, semimembranáceo e o bíceps fe-
moral. Todos, menos a cabeça curta do bíceps
femoral, são extensores do quadril e flexores do
joelho. A cabeça curta do bíceps femoral age ape-
nas na flexão do joelho, pois é monoarticular (ou
Figura 45 - Músculos anteriores e mediais da coxa seja, só atravessa a articulação do joelho).
UNIDADE 1 71
A
C
M. Tibial anterior
Músculos dorsais do pé
M. Extensor longo
dos dedos
Figura 48 - Músculos da perna (região anterior A, posterior B, lateral C) Figura 49 - Músculos do pé (planta e dorso)
O corpo humano é capaz de realizar movimentos ser assumidos. Uma dieta adequada, por exemplo,
graças ao sistema locomotor formado por ossos, com ingestão de alimentos ricos em colágeno e
articulações e músculos. A atuação conjunta des- cálcio (leite e derivados, brócolis, repolho, cama-
tes sistemas, e em concordância com o comando rão, salmão e ostras). Além disso, exercício físico
do sistema nervoso, garante o movimento volun- regular e supervisionado, alternado com repouso
tário harmônico e coordenado. articular e muscular, faz toda a diferença. De igual
O sistema muscular é importante, pois repre- modo, reposição hormonal em mulheres pós-cli-
senta o elemento ativo do movimento tracionando matério, também é indicada.
ossos que, como alavancas, movem passivamente Por fim, é essencial o pleno conhecimento
articulações às quais se conectam. Se qualquer um anatômico e fisiológico das estruturas que com-
destes sistemas ou o controle nervoso falhar, distúr- põem tais sistemas, pois por meio do conheci-
bios motores podem surgir como hiper ou hipoto- mento adequado, procedimentos preventivos e
nia muscular, paralisia, paresia, discinesia e outros. curativos (como o fortalecimento e o alongamento
Além disso, as funções destes sistemas também muscular, e até mesmo as intervenções cirúrgicas)
podem ser prejudicadas por fraturas, osteoporose, poderão aperfeiçoar a atuação destes sistemas tão
inflamação, alteração imunológica, trauma e ou- importantes.
tros. Como estas anormalidades podem compro- Vale ressaltar que como profissional da área da
meter uma atividade primordial do ser humano saúde é fundamental conhecer profundamente
que é a deambulação, a saúde e integridade das estes sistemas, pois age diretamente modifican-
estruturas anatômicas que o formam é essencial. do-os, seja ao predispor hipertrofia óssea ou mus-
Para garantir que as funções destes sistemas cular, ou ao manter a integridade articular. Assim,
permaneçam adequadas, cuidados simples podem boa capacitação a você.
73
2. O estudo dos planos de secção e tangenciamento do corpo humano é essencial
à Anatomia Humana uma vez que auxilia no corte anatômico e na nomenclatura
das estruturas estudadas. Analise as proposições a seguir e responda.
a) Uma estrutura é dita mediana quando ela está próxima do plano sagital me-
diano, mas não sobre ele.
b) Ao contrário do proposto, uma estrutura é dita mediana quando ela está pró-
xima ao plano anterior.
c) Uma estrutura é classificada como média quando se posiciona entre uma es-
trutura lateral e outra estrutura medial.
d) Uma estrutura é classificada como intermédia quando ela se posiciona entre
uma estrutura lateral e outra estrutura medial.
e) Ao contrário do proposto na afirmativa, uma estrutura é intermédia quando
ela se posiciona embaixo do plano sagital mediano.
74
V) De fato, o sexo é um fator causador de variação anatômica que pode ser usado
na anatomia legal para identificação de cadáveres. Todavia, ao contrário do
que foi proposto anteriormente, o crânio feminino apresenta a fronte mais
inclinada (no homem ela é verticalizada, apresentando ortometopismo). Além
disso, no crânio feminino os acidentes anatômicos são mais salientes devido
à ação dos hormônios femininos (como o estrógeno e a progesterona).
75
5. A miologia estuda os músculos e seus órgãos anexos. Analise as proposições a
seguir e responda:
I) O músculo estriado cardíaco apresenta estrias transversais e contração in-
voluntária. Assim, ele é classificado como somático.
II) Ao contrário do músculo estriado cardíaco, o músculo estriado esquelético
tem contração voluntária e não apresenta estrias transversais. Assim, ele é
classificado como liso.
III) Um músculo classificado como tríceps (por exemplo, o tríceps braquial e
o tríceps sural) apresenta três ventres musculares e apenas um tendão
de inserção.
IV) Um músculo classificado como policaudado (como alguns das mãos e dos
pés) apresenta um ventre muscular e vários tendões de inserção.
V) É considerado o tendão de origem de um músculo seu ponto que permanece
mais fixo durante um determinado movimento. Em contrapartida, é consi-
derado o tendão de inserção de um músculo seu ponto que mais se move
durante um determinado movimento.
76
FILME
A Teoria de Tudo
Ano: 2014
Sinopse: a história de Stephen Hawking é contada pela luz da genialidade e do
amor que não vê obstáculos. Quando Jane conhece Stephen, percebe que está
entrando para uma família diferente. Com grande sede de conhecimento, os
Hawking possuíam o hábito de levar material de leitura para o jantar, ir à ópe-
ras e concertos e estimular o brilhantismo em seus filhos – entre eles aquele
que seria conhecido como um dos maiores gênios da humanidade, Stephen.
Diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) aos 21 anos, Hawking
superou todas as expectativas dos médicos sobre suas chances de sobrevivência
a partir da perseverança de sua mulher. Mesmo ao descobrir que a condição de
Stephen apenas pioraria, Jane seguiu firme na decisão de compartilhar a vida
com aquele que havia lhe encantado.
77
CFTA - COMISSÃO FEDERATIVA DA TERMINOLOGIA ANATÔMICA. Terminologia Anatômica: ter-
minologia anatômica internacional. São Paulo: Manole, 2001.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada: princípios básicos e sistêmicos, esquelético, articular
e muscular. 2. ed. Atheneu: São Paulo, 2002.
GRABINER, M. D.; GREGOR, R. J.; VASCONCELOS, M. M. Cinesiologia e anatomia aplicada. 7. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P.; ZORN, T. M. T.; SANTOS, M. F.; GAMA, P. His-
tologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
KAHLE, W.; LEONHARDT. H.; PLATZER, W. Atlas de Anatomia Humana: com texto comentado e aplicações
em Medicina, Reabilitação e Educaçã Física: Aparelho de Movimento. São Paulo: Editora Athene, 2006.
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. Maringá: Gráfica
Editora Clichetec, 2014.
MOORE, K .L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; ARAÚJO, C. L. C. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
NARCISO, M. S. Sobotta: atlas de anatomia humana: anatomia geral e sistema muscular. Rio de Janeiro: Gua-
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ROHEN, J. W.; YOKOCHI, C.; LÜTJEN-DRECOLL, E. Anatomia humana: atlas fotográfico de anatomia sistêmica
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REFERÊNCIAS ON-LINE
2
Em: <http://www.afh.bio.br/sustenta/sustenta1.asp>. Acesso em: 07 nov. 2018.
78
1. C.
2. C.
3. D.
4. A.
Falso. Embora a definição de músculo digástrico esteja correta, o músculo estilo-hioideo não é um exemplo.
Exemplo correto seria o próprio músculo digástrico ou mesmo o músculo omo-hioideo.
Falso. Embora os exemplos dados estejam corretos, a classificação dos músculos como bíceps, tríceps
ou quadríceps não considera o número de ventres musculares, mas sim o número de pontos de origem.
Verdadeira.
5. D.
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80