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Prefeitura do Rio de Janeiro–RJ

Secretaria Municipal de Educação

SME - Professor Adjunto de Educação Infantil

Língua Portuguesa
Compreensão de textos contemporâneos. ................................................................................................................... 1
1.1 Localização de informações explícitas e implícitas no texto. ............................................................................ 3
1.2 Significado de vocábulos e expressões em função do contexto. 1.3 Uso significativo dos diferentes
recursos gramaticais no texto. 1.4 Denotação e conotação – figuras de linguagem. ................................................ 5
2. Estrutura e formação de palavras; emprego das diferentes classes de palavras. 2.1 Valor semântico de
elementos mórficos. 2.2 Uso e função do artigo, dos pronomes e numerais. 2.3 Valor substantivo, adjetivo e
adverbial dos vocábulos portugueses. 2.4 Emprego de preposições e conjunções que conferem coesão e
coerência ao texto escrito. 3. Relações de sentido entre segmentos do texto. ........................................................ 14
4. Variação linguística e adequação no uso da língua às situações de comunicação. ....................................... 37
5. Ortografia. 5.1 Emprego de letras. ........................................................................................................................... 40
5.2 Acentuação gráfica (conforme o atual Acordo Ortográfico). ........................................................................... 47
6. Flexão verbal – valor semântico de tempos e modos. 6.1 Correlação entre tempos verbais. 6.2.
Concordância verbal. 7. Concordância nominal. ............................................................................................................ 49
8. Regência nominal e verbal – o fenômeno da crase. ............................................................................................. 55
9. Uso e função dos sinais de pontuação. .................................................................................................................... 62

Matemática
1. Números reais: Resolução de problemas envolvendo as operações de adição, subtração, multiplicação e
divisão. ........................................................................................................................................................................................ 1
2. Divisibilidade: Múltiplos e Divisores. ......................................................................................................................... 2
3. Proporcionalidade: Regra de três simples e porcentagem. .................................................................................. 5
4. Sistema Legal de Medidas: Medidas de comprimento, área, volume, capacidade, massa e tempo. ............ 8
5. Princípio Multiplicativo. .............................................................................................................................................. 10
6. Volumes dos principais sólidos geométricos. ........................................................................................................ 11
7. Conservação, redução ou ampliação de perímetros e áreas das principais figuras planas usando malhas
quadriculadas. Cálculo de áreas e perímetros. ................................................................................................................ 15
8. Relacionar figuras tridimensionais com suas respectivas planificações. 9. Reconhecer arestas, vértices e
faces de um sólido geométrico. ........................................................................................................................................... 20
Legislação
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no 9394, Brasília,
1996 ............................................................................................................................................................................................. 1
_______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, capítulo III, seção I, 1988. _______. Emenda
constitucional no 59 de 11 de novembro de 2009.......................................................................................................... 15
_______. Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei no 8.069), Brasília 1990 ........................................... 17
_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a
Educação Infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010...................................................... 50
________. Lei no 13.005 de 25 de junho de 2014. Plano Nacional de Educação. Meta 1 e respectivas estratégias
- Brasília, 2014 ........................................................................................................................................................................ 59
________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular/
Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB ..................................................................................................... 62
RIO DE JANEIRO. Lei no 6.362 de 28 de maio de 2018, Meta 1 e respectivas estratégias. RIO DE JANEIRO
..................................................................................................................................................................................................... 76

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil


1. Práticas e concepções de Educação Infantil ............................................................................................................. 1
2. Currículo na Educação Infantil .................................................................................................................................... 7
3. Espaço e tempo no cotidiano da Educação Infantil............................................................................................... 20
4. Observação e registro na Educação Infantil ........................................................................................................... 24
HORN, Maria da Graça Souza. Brincar e interagir nos espaços da escola infantil. Porto Alegre: Penso, 2017
..................................................................................................................................................................................................... 25
OSTETTO, Luciana Esmeralda. Educação infantil: saberes e fazeres da formação de professores. Campinas:
Papirus, 2012 ........................................................................................................................................................................... 25
________. Registros na Educação Infantil. Pesquisa e prática pedagógica. Campinas: Papirus, 2018 .............. 26
RAMOS, Zilma. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2011 ............................ 26
RIO DE JANEIRO. Orientações Curriculares para a Educação Infantil. Secretaria Municipal de Educação do
Rio de Janeiro, 2010 ............................................................................................................................................................... 29
_____________. Orientações para profissionais da Educação Infantil. Secretaria Municipal de Educação do Rio
de Janeiro, 2010 ...................................................................................................................................................................... 51
_____________. Planejamento na Educação Infantil. Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, 2011
..................................................................................................................................................................................................... 58
______________. Orientações para organização da sala na Educação Infantil: ambiente para a criança criar,
mexer, interagir e aprender. Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, 2013 .................................... 72
______________. A avaliação na Educação Infantil. Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, 2013
..................................................................................................................................................................................................... 79
______________. Orientações ao professor de Pré-escola I e II. Secretaria Municipal de Educação do Rio de
Janeiro, 2013 ............................................................................................................................................................................ 89
______________. O fazer das artes plásticas na Educação Infantil. Secretaria Municipal de Educação do Rio de
Janeiro, 2012 ......................................................................................................................................................................... 103
LÍNGUA PORTUGUESA
APOSTILAS OPÇÃO

de coesão, a melhor atitude é ler atentamente o seu texto,


procurando estabelecer as possíveis relações entre palavras
que formam a oração e as orações que formam o período e,
finalmente, entre os vários períodos que formam o texto. Um
texto bem trabalhado sintática e semanticamente resulta num
texto coeso.
Compreensão de textos Coerência
contemporâneos.
A coerência está diretamente ligada à possibilidade de
estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é que faz com
COMPREENSÃO DO TEXTO que o texto tenha sentido para quem lê. Na avaliação da
coerência será levado em conta o tipo de texto. Em um texto
Há duas operações diferentes no entendimento de um texto. dissertativo, será avaliada a capacidade de relacionar os
A primeira é a apreensão, que é a captação das relações que argumentos e de organizá-los de forma a extrair deles
cada parte mantém com as outras no interior do texto. No conclusões apropriadas; num texto narrativo, será avaliada
entanto, ela não é suficiente para entender o sentido integral. sua capacidade de construir personagens e de relacionar ações
Uma pessoa que conhecesse todas as palavras do texto, mas e motivações.
não conhecesse o universo dos discursos, não entenderia o
significado do mesmo. Por isso, é preciso colocar o texto Tipos de Composição
dentro do universo discursivo a que ele pertence e no interior
do qual ganha sentido. Alguns teóricos chamam o universo Descrição: é representar verbalmente um objeto, uma
discursivo de “conhecimento de mundo”, mas chamaremos essa pessoa, um lugar, mediante a indicação de aspectos
operação de compreensão. característicos, de pormenores individualizantes. Requer
E assim teremos: observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito
um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série
Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir
uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se
de leitura, sendo a primeira a informativa e a segunda à de o uso de palavras específicas, exatas.
reconhecimento.
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais
primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se ou imaginários. São seus elementos constitutivos:
preparando para a leitura interpretativa. Durante a personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente,
interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de
tente ligar uma palavra à ideia central de cada parágrafo. personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito. A
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas narração envolve:
e opções de respostas. Marque palavras como não, exceto, - Quem? Personagem;
respectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha - Quê? Fatos, enredo;
adequada. - Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. - Onde? O lugar da ocorrência;
Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global - Como? O modo como se desenvolveram os
proposto pelo autor. acontecimentos;
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias - Por quê? A causa dos acontecimentos;
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto
pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a Dissertação: é apresentar ideias, analisá-las, é estabelecer
conclusão do texto. um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é
A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor,
menores, tendo em vista os diversos enfoques. narrar ou descrever, é necessário explanar e explicar. O
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e
mudança de linha e um espaçamento da margem esquerda. quanto maior a fundamentação argumentativa, mais brilhante
Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico será o desempenho.
frasal, ou seja, a ideia central extraída de maneira clara e
resumida. Sentidos Próprio e Figurado
Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo,
asseguramos um caminho que nos levará à compreensão do Comumente afirma-se que certas ocorrências de discurso
texto. têm sentido próprio e sentido figurado. Geralmente os
Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um exemplos de tais ocorrências são metáforas. Assim, em “Maria
tecido, o fio deve ser trabalhado com muito cuidado para que é uma flor” diz-se que “flor” tem um sentido próprio e um
o trabalho não se perca. Por isso se faz necessária a sentido figurado. O sentido próprio é o mesmo do enunciado:
compressão da coesão e coerência. “parte do vegetal que gera a semente”. O sentido figurado é o
mesmo de “Maria, mulher bela, etc.” O sentido próprio, na
Coesão acepção tradicional não é próprio ao contexto, mas ao termo.
O sentido tradicionalmente dito próprio sempre
É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais corresponde ao que definimos aqui como sentido imediato do
elementos de coesão são os conectivos e vocábulos enunciado. Além disso, alguns autores o julgam como sendo o
gramaticais, que estabelecem conexão entre palavras ou sentido preferencial, o que comumente ocorre.
partes de uma frase. O texto deve ser organizado por nexos O sentido dito figurado é o do enunciado que substitui a
adequados, com sequência de ideias encadeadas logicamente, metáfora, e que em leitura imediata leva à mesma mensagem
evitando frases e períodos desconexos. Para perceber a falta que se obtém pela decifração da metáfora.

Língua Portuguesa 1
APOSTILAS OPÇÃO

O conceito de sentido próprio nasce do mito da existência Na verdade, não existe o leitor absolutamente ingênuo, que
da leitura ingênua, que ocorre esporadicamente, é verdade, se comporte como uma máquina de ler, o que faz do conceito
mas nunca mais que esporadicamente. de leitura imediata apenas um pressuposto metodológico. O
Não há muito que criticar na adoção dos conceitos de que existe são ocorrências eventuais que se aproximam de
sentido próprio e sentido figurado, pois ela abre um caminho uma leitura imediata, como quando alguém toma o sentido
de abordagem do fenômeno da metáfora. O que é passível de literal pelo figurado, quando não capta uma ironia ou fica
crítica é a atribuição de status diferenciado para cada uma das perplexo diante de um oximoro.
categorias. Tradicionalmente o sentido próprio carrega uma Há quem chame o discurso que admite leitura imediata de
conotação de sentido “natural”, sentido “primeiro”. grau zero da escritura, identificando-a como uma forma mais
Invertendo a perspectiva, com os mesmos argumentos, primitiva de expressão. Esse grau zero não tem realidade, é
poderíamos afirmar que “natural”, “primeiro” é o sentido apenas um pressuposto. Os recursos de Retórica são
figurado, afinal, é o sentido figurado que possibilita a correta anteriores a ele.
interpretação do enunciado e não o sentido próprio. Se o
sentido figurado é o “verdadeiro” para o enunciado, por que Sentido Preferencial
não chamá-lo de “natural”, “primeiro”? Para compreender o sentido preferencial é preciso
Pela lógica da Retórica tradicional, essa inversão de conceber o enunciado descontextualizado ou em contexto de
perspectiva não é possível, pois o sentido figurado está dicionário. Quando um enunciado é realizado em contexto
impregnado de uma conotação desfavorável. O sentido muito rarefeito, como é o contexto em que se encontra uma
figurado é visto como anormal e o sentido próprio, não. Ele palavra no dicionário, dizemos que ela está
carrega uma conotação positiva, logo, é natural, primeiro. descontextualizada. Nesta situação, o sentido preferencial é o
A Retórica tradicional é impregnada de moralismo e que, na média, primeiro se impõe para o enunciado. Óbvio, o
estetização e até a geração de categorias se ressente disso. sentido que primeiro se impõe para um receptor pode não ser
Essa tendência para atribuir status às categorias é uma o mesmo para outro. Por isso a definição tem de considerar o
constante do pensamento antigo, cuja índole era resultado médio, o que não impede que pela necessidade
hierarquizante, sempre buscando uma estrutura piramidal momentânea consideremos o significado preferencial para
para o conhecimento, o que se estende até hoje em algumas dado indivíduo.
teorias modernas. Algumas regularidades podem ser observadas nos
Ainda hoje, apesar da imparcialidade típica e necessária ao significados preferenciais. Por exemplo: o sentido preferencial
conhecimento científico, vemos conotações de valor sendo da palavra porco costuma ser: “animal criado em granja para
atribuídas a categorias retóricas a partir de considerações abate”, e nunca o de “indivíduo sem higiene”. Em outras
totalmente externas a ela. Um exemplo: o retórico que tenha palavras, geralmente o sentido que admite leitura imediata se
para si a convicção de que a qualidade de qualquer discurso se impõe sobre o que teve origem em processos metafóricos,
fundamenta na sua novidade, originalidade, imprevisibilidade, alegóricos, metonímicos. Mas esta regra não é geral. Vejamos
tenderá a descrever os recursos retóricos como “desvios da o seguinte exemplo: “Um caminhão de cimento”. O sentido
normalidade”, pois o que lhe interessa é pôr esses recursos preferencial para a frase dada é o mesmo de “caminhão
retóricos a serviço de sua concepção estética. carregado com cimento” e não o de “caminhão construído com
cimento”. Neste caso o sentido preferencial é o metonímico, o
Sentido Imediato que contrapõe a tese que diz que o sentido “figurado” não é o
“primeiro significado da palavra”. Também é comum o sentido
Sentido imediato é o que resulta de uma leitura imediata mais usado se impor sobre o menos usado.
que, com certa reserva, poderia ser chamada de leitura Para certos termos é difícil estabelecer o sentido
ingênua ou leitura de máquina de ler. preferencial. Um exemplo: Qual o sentido preferencial de
Uma leitura imediata é aquela em que se supõe a existência manga? O de fruto ou de uma parte da roupa?
de uma série de premissas que restringem a decodificação tais
como: Questões
- As frases seguem modelos completos de oração da língua.
- O discurso é lógico. 01. (SEDS/PE - Sargento Polícia Militar -
- Se a forma usada no discurso é a mesma usada para MS/CONCURSOS) O preenchimento adequado da manchete:
estabelecer identidades lógicas ou atribuições, então, tem-se, “Pelé afirma que a seleção está bem, ______Portugal e Espanha
respectivamente, identidade lógica e atribuição. também estão bem preparadas.” faz parte de um recurso de:
- Os significados são os encontrados no dicionário. (A) Adequação vocabular.
- Existe concordância entre termos sintáticos. (B) Falta de coesão.
- Abstrai-se a conotação. (C) Incoerência.
- Supõe-se que não há anomalias linguísticas. (D) Coesão.
- Abstrai-se o gestual, o entoativo e editorial enquanto (E) Coerência.
modificadores do código linguístico.
- Supõe-se pertinência ao contexto. 02. (SEDUC/PI - Professor - NUCEP) O sentido da frase:
- Abstrai-se iconias. Equivale dizer, ainda, que nós somos sujeitos de nossa história
- Abstrai-se alegorias, ironias, paráfrases, trocadilhos, etc. e de nossa realidade, considerando-se a palavra destacada,
- Não se concebe a existência de locuções e frases feitas. continuará inalterado, em:
- Supõe-se que o uso do discurso é comunicativo. Abstrai- (A) Equivale dizer, talvez, que nós somos sujeitos de nossa
se o uso expressivo, cerimonial. história e de nossa realidade.
(B) Equivale dizer, por outro lado, que nós somos sujeitos
Admitindo essas premissas, o discurso será indecifrável, de nossa história e de nossa realidade.
ininteligível ou compreendido parcialmente toda vez que nele (C) Equivale dizer, preferencialmente, que nós somos
surgirem elipses, metáforas, metonímias, oximoros, ironias, sujeitos de nossa história e de nossa realidade.
alegorias, anomalias, etc. Também passam despercebidas as (D) Equivale dizer, novamente, que nós somos sujeitos de
conotações, as iconias, os modificadores gestuais, entoativos, nossa história e de nossa realidade.
editoriais, etc. (E) Equivale dizer, também, que nós somos sujeitos de
nossa história e de nossa realidade.

Língua Portuguesa 2
APOSTILAS OPÇÃO

03. (TJ/SP - Agente de Fiscalização Judiciária - O termo gavião, destacado em sua última ocorrência no
VUNESP) texto – … pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em
outro homem. –, é empregado com sentido:
No fim da década de 90, atormentado pelos chás de cadeira (A) próprio, equivalendo a inspiração.
que enfrentou no Brasil, Levine resolveu fazer um (B) próprio, equivalendo a conquistador.
levantamento em grandes cidades de 31 países para descobrir (C) figurado, equivalendo a ave de rapina.
como diferentes culturas lidam com a questão do tempo. A (D) figurado, equivalendo a alimento.
conclusão foi que os brasileiros estão entre os povos mais (E) figurado, equivalendo a predador.
atrasados - do ponto de vista temporal, bem entendido - do
mundo. Foram analisadas a velocidade com que as pessoas Gabarito
percorrem determinada distância a pé no centro da cidade, o 01.D / 02.E / 03.D / 04.E
número de relógios corretamente ajustados e a eficiência dos
correios. Os brasileiros pontuaram muito mal nos dois
primeiros quesitos. No ranking geral, os suíços ocupam o 1.1 Localização de
primeiro lugar. O país dos relógios é, portanto, o que tem o
povo mais pontual. Já as oito últimas posições no ranking são informações explícitas e
ocupadas por países pobres. implícitas no texto.
O estudo de Robert Levine associa a administração do
tempo aos traços culturais de um país. "Nos Estados Unidos,
por exemplo, a ideia de que tempo é dinheiro tem um alto valor INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS E EXPLÍCITAS
cultural. Os brasileiros, em comparação, dão mais importância
às relações sociais e são mais dispostos a perdoar atrasos", diz Para que seja possível compreender o que vem a ser
o psicólogo. Uma série de entrevistas com cariocas, por informação explícita1 em um texto, é preciso compreender que
exemplo, revelou que a maioria considera aceitável que um a linguagem verbal é polissêmica: um mesmo enunciado pode
convidado chegue mais de duas horas depois do combinado a assumir diferentes sentidos em diferentes contextos e
uma festa de aniversário. Pode-se argumentar que os diferentes leitores podem atribuir sentidos distintos a um
brasileiros são obrigados a ser mais flexíveis com os horários texto, segundo Kátia Lomba Bräkling. Vejamos a interação a
porque a infraestrutura não ajuda. Como ser pontual se o seguir:
trânsito é um pesadelo e não se pode confiar no transporte
público? Aluno: [levantando a mão] Professora, você pode me dizer
(Veja, 2009.)
que horas são?
Há emprego do sentido figurado das palavras em: Professora: [olha no relógio e responde] Podem guardar o
(A) ... os brasileiros estão entre os povos mais atrasados... material, pessoal!
(B) No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro lugar. Aluno: Êba! [rapidamente, guarda o material, seguido por
(C) Os brasileiros ... dão mais importância às relações outros colegas]
sociais...
(D) Como ser pontual se o trânsito é um pesadelo... Podemos observar que o aluno não perguntou se poderia
(E) ... não se pode confiar no serviço público? guardar o material. No entanto, pela reação dele era o que
queria saber. A professora, interpretando a sua intenção,
04. (UNESP - Assistente Administrativo - autorizou a guarda do material, encerrando a aula. Nesse caso,
VUNESP/2016) o sentido dos enunciados foi definido por fatores externos ao
texto, autorizados pelas características da situação
O gavião comunicativa e pelo conhecimento mútuo dos interlocutores
sobre si mesmos e sobre as regras de convivência colocadas.
Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco Se o texto tivesse sido compreendido no sentido literal –
voador perdeu o cartaz com tanto satélite beirando o sol e a ou seja, se tivessem sido consideradas as suas informações
lua. Olhamos todos para o céu em busca de algo mais explícitas– a resposta da professora teria que ser outra- como,
sensacional e comovente – o gavião malvado, que mata por exemplo, “São cinco para as 11”. Nesse caso, as
pombas. autorizações não teriam sido dadas e os alunos continuariam
O centro da cidade do Rio de Janeiro retorna assim à executando as tarefas.
contemplação de um drama bem antigo, e há o partido das Podemos dizer, então, que o sentido de um texto é
pombas e o partido do gavião. Os pombistas ou pombeiros constituído tanto por informações que são apresentadas
(qualquer palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar explicitamente na superfície ou linearidade do texto, quanto
o gavião. Os amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na por outras, que se encontram implícitas. As primeiras são
verdade come a sua pombinha com a mesma inocência com facilmente localizáveis no texto, pois se encontram escritas
que a pomba come seu grão de milho. com todas as letras. Já as segundas são dependentes do
Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das repertório prévio dos interlocutores e das características da
pombas e também o lance magnífico em que o gavião se situação comunicativa.
despenca sobre uma delas. Comer pombas é, como diria Saint- A capacidade de localizar informações explícitas no texto é
Exupéry, “a verdade do gavião”, mas matar um gavião no ar fundamental para a constituição da proficiência leitora e deve
com um belo tiro pode também ser a verdade do caçador. ser objeto de ensino, desde os primeiros anos de escolarização,
Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente já no processo de alfabetização.
o gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, Muitos consideram essa capacidade a mais simples de
pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro todas. No entanto, é preciso considerar que nenhuma
homem. capacidade de leitura é mobilizada no vazio, mas sempre em
(Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, 1999) função da materialidade textual. Assim, se o texto for mais
complexo ou extenso, o processo de localização da informação

1http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/implicitos-e-

pressupostos.html (Adaptado)

Língua Portuguesa 3
APOSTILAS OPÇÃO

solicitada – e a decorrente atribuição de sentido - poderá ser Questão


igualmente mais complexo.
01. Texto I
Informações Implícitas

Muitos candidatos ao ENEM se perguntam como melhorar


sua capacidade de interpretação dos textos. Primeiramente, é
preciso ter em mente que um texto é formado por informações
explícitas e implícitas. As informações explícitas são aquelas
manifestadas pelo autor no próprio texto. As informações
implícitas não são manifestadas pelo autor no texto, mas
podem ser subentendidas. Muitas vezes, para efetuarmos uma
leitura eficiente, é preciso ir além do que foi dito, ou seja, ler
nas entrelinhas.
Por exemplo, observe este enunciado:

- Patrícia parou de tomar refrigerante.


A informação explícita é “Patrícia parou de tomar
refrigerante”. A informação implícita é “Patrícia tomava
refrigerante antes”.
Agora, veja este outro exemplo: (Época. 12 out. 2009 - Foto: Reprodução/Enem)
- Felizmente, Patrícia parou de tomar refrigerante.
A informação explícita é “Patrícia parou de tomar Texto II
refrigerante”. A palavra “felizmente” indica que o falante tem Conexão Sem Fio no Brasil
uma opinião positiva sobre o fato – essa é a informação Onde haverá cobertura de telefonia celular para baixar
implícita. publicações para o Kindle.
Com esses exemplos, mostramos como podemos inferir
informações a partir de um texto. Fazer uma inferência
significa concluir alguma coisa a partir de outra já conhecida.
Nos vestibulares, fazer inferências é uma habilidade
fundamental para a interpretação adequada dos textos e dos
enunciados.
A seguir, veremos dois tipos de informações que podem ser
inferidas: as pressupostas e as subentendidas.

Pressupostos
Uma informação é considerada pressuposta quando um
enunciado depende dela para fazer sentido.
Considere, por exemplo, a seguinte pergunta: “Quando
Patrícia voltará para casa?”. Esse enunciado só faz sentido se
considerarmos que Patrícia saiu de casa, ao menos
temporariamente – essa é a informação pressuposta. Caso
Patrícia se encontre em casa, o pressuposto não é válido, o que (Época. 12 out. 2009 - Foto: Reprodução/Enem)
torna o enunciado sem sentido.
Repare que as informações pressupostas estão marcadas A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz um
através de palavras e expressões presentes no próprio anúncio sobre o lançamento do livro digital no Brasil. Já o texto
enunciado e resultam de um raciocínio lógico. Portanto, no II traz informações referentes à abrangência de acessibilidade
enunciado “Patrícia ainda não voltou para casa”, a palavra das tecnologias de comunicação e informação nas diferentes
“ainda” indica que a volta de Patrícia para casa é dada como regiões do país. A partir da leitura dos dois textos, infere-se
certa pelo falante. que o advento do livro digital no Brasil
(A) possibilitará o acesso das diferentes regiões do país às
Subentendidos informações antes restritas, uma vez que eliminará as
Ao contrário das informações pressupostas, as distâncias, por meio da distribuição virtual.
informações subentendidas não são marcadas no próprio (B) criará a expectativa de viabilizar a democratização da
enunciado, são apenas sugeridas, ou seja, podem ser leitura, porém esbarra na insuficiência do acesso à internet por
entendidas como insinuações. telefonia celular, ainda deficiente no país.
O uso de subentendidos faz com que o enunciador se (C) fará com que os livros impressos tornem-se obsoletos,
esconda atrás de uma afirmação, pois não quer se em razão da diminuição dos gastos com os produtos digitais
comprometer com ela. Por isso, dizemos que os subentendidos gratuitamente distribuídos pela internet.
são de responsabilidade do receptor, enquanto os (D) garantirá a democratização dos usos da tecnologia no
pressupostos são partilhados por enunciadores e receptores. país, levando em consideração as características de cada
Em nosso cotidiano, somos cercados por informações região no que se refere aos hábitos de leitura e acesso à
subentendidas. A publicidade, por exemplo, parte de hábitos e informação.
pensamentos da sociedade para criar subentendidos. Já a (E) impulsionará o crescimento da qualidade da leitura dos
anedota é um gênero textual cuja interpretação depende a brasileiros, uma vez que as características do produto
quebra de subentendidos. permitem que a leitura aconteça a despeito das adversidades
geopolíticas.

Gabarito
01.B

Língua Portuguesa 4
APOSTILAS OPÇÃO

ocorre por meio de palavras de radicais diferentes, com


1.2 Significado de prefixo negativo ou com prefixos de significação contrária.
Exemplos:
vocábulos e expressões em - Ordem e anarquia.
função do contexto. 1.3 Uso - Soberba e humildade.
significativo dos diferentes - Louvar e censurar.
- Mal e bem.
recursos gramaticais no texto.
1.4 Denotação e conotação – A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido
figuras de linguagem. oposto ou negativo.
Exemplos:
- bendizer/maldizer
- simpático/antipático
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS - progredir/regredir
- concórdia/discórdia
O significado das palavras2 é estudado pela semântica, a - explícito/implícito
parte da gramática que estuda não só o sentido das palavras - ativo/inativo
como as relações de sentido que as palavras estabelecem entre - esperar/desesperar
si: relações de sinonímia, antonímia, paronímia, homonímia...
Compreender essas relações nos proporciona o Questões
alargamento do nosso universo semântico, contribuindo para
uma maior diversidade vocabular e maior adequação aos 01. (MPE/SP – Biólogo – VUNESP) McLuhan já alertava
diversos contextos e intenções comunicativas. que a aldeia global resultante das mídias eletrônicas não
implica necessariamente harmonia, implica, sim, que cada
Sinônimos participante das novas mídias terá um envolvimento
gigantesco na vida dos demais membros, que terá a chance de
Trata3 de palavras diferentes na forma, mas com sentidos meter o bedelho onde bem quiser e fazer o uso que quiser das
iguais ou aproximados. Tudo depende do contexto e da informações que conseguir. A aclamada transparência da coisa
intenção do falante. pública carrega consigo o risco de fim da privacidade e a
Vale lembrar também que muitas palavras são sinônimas, superexposição de nossas pequenas ou grandes fraquezas
se levarmos em conta as variações geográficas (aipim = morais ao julgamento da comunidade de que escolhemos
macaxeira; mexerica = tangerina; pipa = papagaio; aipo = participar.
salsão...). Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais,
Exemplos de sinônimos: apenas em número de atualizações nas páginas e na
- Brado, grito, clamor. capacidade dos usuários de distinguir essas variações como
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir. relevantes no conjunto virtualmente infinito das
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial. possibilidades das redes. Para achar o fio de Ariadne no
labirinto das redes sociais, os usuários precisam ter a
Na maioria das vezes não tem diferença usar um sinônimo habilidade de identificar e estimar parâmetros, aprender a
ou outro. Embora tenham sentido comum, os sinônimos extrair informações relevantes de um conjunto finito de
diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por nuances de observações e reconhecer a organização geral da rede de que
significação e certas propriedades que o escritor não pode participam.
desconhecer. O fluxo de informação que percorre as artérias das redes
Com efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles, mais sociais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos
restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios da fala recentes vinculados à dependência cada vez maior dos jovens
corrente, vulgar, outros, ao invés, pertencem à esfera da a esses dispositivos é a “nomobofobia” (ou “pavor de ficar sem
linguagem culta, literária, científica ou poética (orador e conexão no telefone celular”), descrito como a ansiedade e o
tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo). sentimento de pânico experimentados por um número
Exemplos: crescente de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo
- Adversário e antagonista. móvel ou quando ficam sem conexão com a Internet. Essa
- Translúcido e diáfano. informação, como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir
- Semicírculo e hemiciclo. os poros da sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto
- Contraveneno e antídoto. um veneno para o espírito.
- Moral e ética. (Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes.
- Colóquio e diálogo. Revista USP, no 92. Adaptado)
- Transformação e metamorfose.
- Oposição e antítese. As expressões destacadas nos trechos – meter o bedelho
/ estimar parâmetros / embotar a razão – têm sinônimos
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se adequados respectivamente em:
sinonímia, palavra que também designa o emprego de (A) procurar / gostar de / ilustrar
sinônimos. (B) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer
(C) interferir / propor / embrutecer
Antônimos (D) intrometer-se / prezar / esclarecer
(E) contrapor-se / consolidar / iluminar
Trata de palavras, expressões ou frases diferentes na
forma e com significações opostas, excludentes. Normalmente 02. (Pref. Itaquitinga/PE – Psicólogo – IDHTEC) A
entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os combatentes

2 https://www.normaculta.com.br/significacao-das-palavras/ 3 Pestana, Fernando. A gramática para concursos públicos / Fernando

Pestana. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

Língua Portuguesa 5
APOSTILAS OPÇÃO

contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-se; - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de


comoviam-se. O arraial, in extremis, punhalhes adiante, consertar).
naquele armistício transitório, uma legião desarmada, - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
mutilada faminta e claudicante, num assalto mais duro que o - Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar
das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela (acelerar).
gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres - Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
bombardeados durante três meses. Contemplando-lhes os - Censo (recenseamento) e senso (juízo).
rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos - Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
molambos em tiras não encobriam lanhos, escaras e - Paço (palácio) e passo (andar).
escalavros – a vitória tão longamente apetecida decaía de - Hera (trepadeira), era (época), era (verbo).
súbito. Repugnava aquele triunfo. Envergonhava. Era, com - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
efeito, contraproducente compensação a tão luxuosos gastos anular).
de combates, de reveses e de milhares de vidas, o apresamento - Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
daquela caqueirada humana – do mesmo passo angulhenta e (tempo de uma reunião ou espetáculo).
sinistra, entre trágica e imunda, passando-lhes pelos olhos,
num longo enxurro de carcaças e molambos... Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na
Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender uma pronúncia.
arma, nem um peito resfolegante de campeador domado: - Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais, moças - Cedo (verbo), cedo (advérbio).
envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma fealdade, - Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos - Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando; - Alude (avalancha), alude (verbo aludir).
crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de
velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e Parônimos
mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
(CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos. São palavras parecidas na escrita e na pronúncia:
Edição Especial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.) - coro e couro,
- cesta e sesta,
Em qual das alternativas abaixo NÃO há um par de - eminente e iminente,
sinônimos? - degradar e degredar,
(A) Armistício – destruição - cético e séptico,
(B) Claudicante – manco - prescrever e proscrever,
(C) Reveses – infortúnios - descrição e discrição,
(D) Fealdade – feiura - infligir (aplicar) e infringir (transgredir),
(E) Opilados – desnutridos - sede (vontade de beber) e cede (verbo ceder),
- comprimento e cumprimento,
Gabarito - deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente,
divergir, adiar),
01.B / 02.A - ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto, corrigir),
- vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e
Homônimos vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).

Trata de palavras iguais na pronúncia e/ou na grafia, mas Questões


com significados diferentes. Exemplos:
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo). 01. (Pref. Lauro Muller/SC – Auxiliar Administrativo –
- Aço (substantivo) e asso (verbo). FAEPESUL) Atento ao emprego dos Homônimos, analise as
palavras sublinhadas e identifique a alternativa CORRETA:
Só o contexto é que determina a significação dos (A) Ainda vivemos no Brasil a descriminação racial. Isso é
homônimos. A homonímia pode ser causa de ambiguidade, crime!
por isso é considerada uma deficiência dos idiomas. (B) Com a crise política, a renúncia já parecia eminente.
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto (C) Descobertas as manobras fiscais, os políticos irão
fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em: agora expiar seus crimes.
(D) Em todos os momentos, para agir corretamente, é
Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes preciso o bom censo.
no timbre ou na intensidade das vogais. (E) Prefiro macarronada com molho, mas sem estrato de
- Rego (substantivo) e rego (verbo). tomate.
- Colher (verbo) e colher (substantivo).
- Jogo (substantivo) e jogo (verbo). 02. (Pref. Cruzeiro/SP – Instrutor de Desenho Técnico
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo). e Mecânico – Instituto Excelência) Assinale a alternativa em
- Para (verbo parar) e para (preposição). que as palavras podem servir de exemplos de parônimos:
- Providência (substantivo) e providencia (verbo). (A) Cavaleiro (Homem a cavalo) – Cavalheiro (Homem
- Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de gentil).
per+o). (B) São (sadio) – São (Forma reduzida de Santo).
(C) Acento (sinal gráfico) – Assento (superfície onde se
Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e senta).
diferentes na escrita. (D) Nenhuma das alternativas.
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
- Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar). 03. (TJ/MT – Analista Judiciário – Ciências Contábeis –
UFMT) Na língua portuguesa, há muitas palavras parecidas,

Língua Portuguesa 6
APOSTILAS OPÇÃO

seja no modo de falar ou no de escrever. A palavra sessão, por Polissemia


exemplo, assemelha-se às palavras cessão e seção, mas cada
uma apresenta sentido diferente. Esse caso, mesmo som, A palavra polissêmica é aquela que, dependendo do
grafias diferentes, denomina-se homônimo heterográfico. contexto, muda de sentido (mas não muda de classe
Assinale a alternativa em que todas as palavras se encontram gramatical!). Por exemplo, veja os sentidos de “peça”: “peça de
nesse caso. automóvel”, “peça de teatro”, “peça de bronze”, “és uma boa
(A) taxa, cesta, assento peça”, “uma peça de carne” etc.
(B) conserto, pleito, ótico Agora, observe mais estes exemplos:
(C) cheque, descrição, manga Desculpe o bolo que te dei ontem.
(D) serrar, ratificar, emergir Comemos um bolo delicioso na casa da Jéssica.
Tenho um bolo de revistas lá em casa.6
Gabarito
Monossemia é o oposto de polissemia, ou seja, quando a
01.C / 02.A / 03.A palavra tem um único significado.

Hiperonímia e Hiponímia É possível perceber que alguns desses contextos passaram


a fazer sentido por questões sociais, culturais ou históricas
Partindo do princípio de que as palavras estabelecem adquiridas ao longo do tempo. Vale ressaltar, no entanto, que
entre si uma relação de significado, observe este enunciado4: o sentido original descrito no dicionário é o que prevalece,
Fomos à feira e compramos maçã, banana, abacaxi, melão... sendo os demais atribuídos pela analise contextual.
Nossa! Como estavam baratas, pois são frutas da estação.
Atenção aos vocábulos “maçã”, “banana”, “abacaxi”, Polissemia e Homonímia
“melão” e também “frutas”, perguntamo-nos: existe alguma Não confunda polissemia e homonímia. Polissemia remete
relação entre eles? Toda, não é verdade? Desse modo, ao a uma palavra que apresenta diversos significados que se
observar o conceito de hiperonímia e hiponímia, chegaremos encaixam em diversos contextos, enquanto homonímia refere-
à conclusão pretendida. Note: se as duas ou mais palavras que apresentam origens e
significados distintos, mas possuem grafia e fonologia
Hiperonímia5 - como o próprio prefixo já nos indica, esta idênticas.
palavra confere-nos uma ideia de um todo, sendo que deste Por exemplo, “manga” é uma palavra que representa um
todo se originam outras ramificações, como é o caso de frutas. caso de homonímia. O termo designa tanto uma fruta quanto
Palavras e expressões de sentido mais geral. uma parte da camisa. Não se trata de uma polissemia por que
os dois significados são próprios da palavra e têm origens
Hiponímia - demarcando o oposto do conceito da palavra diferentes. Por esse motivo, muitos especialistas defendem
anterior, podemos afirmar que ela representa cada parte, cada que a palavra “manga” deveria possuir duas entradas distintas
item de um todo, no caso: maçã, banana, abacaxi, melão. Sim, no dicionário.
essas são palavras hipônimas. Palavras e expressões com
sentido mais restrito, mas estão associadas ao conjunto maior Polissemia e Ambiguidade
que são as frutas. Tanto a polissemia quanto a ambiguidade são elementos
da linguagem que podem provocar confusões na interpretação
Questões de frases. No caso da ambiguidade, geralmente, o enunciado
apresenta uma construção de palavras que permite mais de
01. Os vocábulos destacados em “Na banca da feira da uma interpretação para a frase em questão.
vinte e cinco, havia cupuaçu, bacuri, taperebá e outras frutas Nem sempre se trata de uma palavra que tenha mais de um
regionais.”, têm relação entre si por possuírem o mesmo significado, mas de como as palavras estão dispostas na frase,
campo semântico, isto é, todos são frutas inclusive típicas da permitindo que as informações sejam interpretadas de mais
Amazônia. de uma maneira. Ex. Jorge criticou severamente a prima de sua
Tais termos destacados, em relação à palavra “fruta”, são amiga, que frequentava o mesmo clube que ele. Nesse caso, o
designados como: pronome que pode estar referindo-se a amiga ou a prima.
(A) hiperônimos. Já no caso da polissemia, por uma mesma palavra possuir
(B) hipônimos. mais de um significado, ela pode fazer com que as pessoas não
(C) cognatos. compreendam o sentido usado no primeiro contato com a
(D) polissêmicos. frase e interpretem o enunciado de uma maneira diferente do
(E) parônimos. que ele era intencionado. Neste caso, para que isso não ocorra,
é importante que fique claro qual é o contexto em que a
02. “O caminhão atravessou a pista e bateu na mureta de palavra foi usada.
proteção, o veículo ficou totalmente destruído”. Na frase acima
a palavra “veículo” representa um caso de: Questão
(A) polissemia;
(B) antonímia; 01. (SANEAGO/GO - Agente de Saneamento - CS/2018)
(C) hiponímia;
(D) hiperonímia; Predestinação
(E) heteronímia.
Tinha no nome seu destino líquido: mar, rio e lago.
Gabarito Pois chamava-se Mário Lago.
Viu a luz sob o signo de Piscis.
01.B / 02.D Brilhava no céu a constelação de Aquário.
Veio morar no Rio.

4 https://portugues.uol.com.br/gramatica/hiperonimia-hiponimia.html 6 PESTANA, Fernando. A gramática para concursos. Elsevier. 2013.


5 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/hiperonimia-
hiponimia.htm

Língua Portuguesa 7
APOSTILAS OPÇÃO

Quando discutia, sempre levava um banho.


Pois era um temperamento transbordante.
Sua arte preferida: água-forte.
Seu provérbio predileto: "Quem tem capa, escapa".
Sua piada favorita: "Ser como o rio:
seguir o curso sem deixar o leito".
Pois estudava: engenharia hidráulica.
Quando conheceu uma moça de primeira água.
Foi na onda. Considerando-se a representação semântica da palavra
Teve que desistir dos estudos quando “vendo” no contexto da tirinha abaixo, é CORRETO afirmar
já estava na bica para se formar. que ocorre:
Então arranjou um emprego em Ribeirão das Lajes. (A) Denotação.
Donde desceu até ser leiteiro. (B) Conotação.
Encarregado de pôr água no leite. (C) Homonímia.
Ficou noivo e deu à moça uma água-marinha. (D) Homofonia.
Mas ela o traiu com um escafandrista. (E) Sinonímia.
E fugiu sem dizer água vai.
Foi aquela água. 04. (Pref. Videira/SC - Agente Administrativo -
Desde então ele só vivia na chuva ASSCONPP/2016) Observe as frases abaixo:
Virou pau de água. I. A mãe vela pelo sono do filho doente.
Portanto, com hidrofobia. II. O barco à vela foi movido pelo vento.
Foi morar numa água-furtada.
Deu-lhe água no pulmão. A palavra vela presenta vários sentidos, esta propriedade
Rim flutuante. das palavras é denominada:
Água no joelho. (A) Homonímia;
Hidropsia. (B) Polissemia;
Bolha d’água. (C) Sinonímia;
Gota. (D) Antonímia;
Catarata. (E) Nenhuma das alternativas anteriores.
Morreu afogado.
FERNANDES, Millôr. Trinta anos de mim mesmo. Editora 05. (Pref. Fronteira/MG - Contador - MÁXIMA/2016)
Círculo do Livro: São Paulo, 1975.

O humor do texto é construído por meio do jogo entre


palavras denotativas e conotativas. O principal recurso de
sentido usado, portanto, foi a:
(A) polissemia.
(B) ironia.
(C) intertextualidade. A mensagem dessa tirinha apoia-se no duplo sentido de
(D) ambiguidade. uma palavra através de um recurso:
(A) Vida - homonímia;
02. (SEDUC/PI - Professor Temporário - Língua (B) Balanço - polissemia;
Portuguesa - NUCEPE/2018) (C) Balanço - sinonímia;
(D) Vida - polissemia.

Gabarito

01.D / 02.B / 03.C / 04.B / 05.B

Sentido Próprio e Sentido Figurado


O efeito de humor, na tirinha, é explorado pelo recurso
semântico da: As palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou
(A) Sinonímia. no sentido figurado. Exemplos:
(B) Polissemia - Construí um muro de pedra. (Sentido próprio).
(C) Contradição. - Ênio tem um coração de pedra. (Sentido figurado).
(D) Antonímia. - As águas pingavam da torneira. (Sentido próprio).
(E) Ambiguidade. - As horas iam pingando lentamente. (Sentido figurado).
03. (SAMAE de Caxias do Sul/RS - Assistente de Denotação e Conotação
Planejamento - OBJETIVA/2017)
Denotação é o sentido da palavra interpretada ao pé da
letra, isto é, de acordo com o sentido geral que ela tem na
maioria dos contextos em que ocorre. É o sentido próprio da
palavra, aquele encontrado no dicionário. Exemplo: “Uma
pedra no meio da rua foi a causa do acidente.”
A palavra “pedra” aqui está usada em sentido literal, ou
seja, o objeto mesmo.

Língua Portuguesa 8
APOSTILAS OPÇÃO

Conotação é o sentido da palavra desviado do usual, isto é, Questões


aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro.
Exemplo: “As pedras atiradas pela boca ferem mais do que as 01. (PC/CE – Delegado de Polícia Civil – VUNESP)
atiradas pela mão.”
“Pedras”, nesse contexto, não está indicando o que A morte do narrador
usualmente significa, mas um insulto, uma ofensa produzida
pelas palavras. Recentemente recebi um e-mail de uma leitora
perguntando a razão de eu ter, segundo ela, uma visão tão dura
Ampliação de Sentido para com os idosos. O motivo da sua pergunta era eu ter dito,
Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a em uma de minhas colunas, que hoje em dia não existiam mais
designar uma quantidade mais ampla de significado do que o vovôs e vovós, porque estavam todos na academia querendo
seu original. parecer com seus netos.
“Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada Claro, minha leitora me entendeu mal. Mas o fato de ela ter
para designar o ato de viajar em um barco, ampliou me entendido mal, o que acontece com frequência quando se
consideravelmente o sentido e passou a designar a ação de discute o tema da velhice, é comum, principalmente porque o
viajar em outros veículos. Hoje se diz, por ampliação de próprio termo “velhice" já pede sinônimos politicamente
sentido, que um passageiro: corretos, como “terceira idade", “melhor idade", “maturidade",
- embarcou em um trem. entre outros.
- embarcou no ônibus das dez. Uma característica do politicamente correto é que, quando
- embarcou no avião da força aérea. ele se manifesta num uso linguístico específico, é porque esse
- embarcou num transatlântico. uso se refere a um conceito já considerado como algo ruim. A
marca essencial do politicamente correto é a hipocrisia
“Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que articulada como gesto falso, ideias bem comportadas.
escala os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por Voltando à velhice. Minha leitora entendeu que eu dizia
ampliação de sentido, passou a designar qualquer tipo de que idosos devem se afundar na doença, na solidão e no
praticante de escalar montanhas. abandono, e não procurar ser felizes. Mas, quando eu dizia que
eles estão fugindo da condição de avós, usava isso como
Restrição de Sentido metáfora da mentira (politicamente correta) quanto ao medo
Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento que temos de afundar na doença, antes de tudo psicológica,
inverso, isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade devido ao abandono e à solidão, típicos do mundo
mais restrita de objetos ou noções do que originariamente. É o contemporâneo. Minha crítica era à nossa cultura, e não às
caso, por exemplo, das palavras que saem da língua geral e vítimas dela. Ela cultua a juventude como padrão de vida e está
passam a ser usadas com sentido determinado, dentro de um intimamente associada ao medo do envelhecimento, da dor e
universo restrito do conhecimento. da morte. Sua opção é pela “negação", traço de um dos
A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura sintomas neuróticos descritos por Freud.
gramatical, é bom exemplo de especialização de sentido. Na Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que
língua geral, ela significa qualquer junção de elementos para na modernidade o narrador da vida desapareceu. Isso quer
formar um todo, porém em Gramática designa apenas um tipo dizer que as pessoas encarregadas, antigamente, de narrar a
de formação de palavras por composição em que a junção dos vida e propor sentido para ela perderam esse lugar. Hoje os
elementos acarreta alteração de pronúncia, como é o caso de mais velhos querem “aprender" com os mais jovens (aprender
pernilongo (perna + longa). a amar, se relacionar, comprar, vestir, viajar, estar nas redes
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais sociais). Esse fenômeno, além de cruel com o envelhecimento,
aglutinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por é também desorganizador da própria juventude. Ouço
exemplo, que designa uma personagem de desenhos cotidianamente, na sala de aula, os alunos demonstrarem seu
animados, não se formou por aglutinação, mas por desprezo por pais e mães que querem aprender a viver com
justaposição. eles.
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o Alguns elementos do mundo moderno não ajudam a
significado das palavras para dar precisão à comunicação. combater essa desvalorização dos mais velhos. As ferramentas
A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, de informação, normalmente mais acessíveis aos jovens,
não pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que aumentam a percepção negativa dos mais velhos diante do
gira em torno do Sol, seu sentido sofreu restrição, e ela serve acúmulo de conhecimento posto a serviço dos consumidores,
para designar apenas um tipo de flor que tem a propriedade que questionam as “verdades constituídas do passado". A
de acompanhar o movimento do Sol. própria estrutura sobre a qual se funda a experiência moderna
Há certas palavras que, além do significado explícito, – ciência, técnica, superação de tradição – agrava a
contêm outros implícitos (ou pressupostos). Os exemplos são invisibilidade dos mais velhos. Em termos humanos, o passado
muitos. É o caso do adjetivo outro, por exemplo, que indica (que “nada" serve ao mundo do progresso) tem um nome:
certa pessoa ou coisa, pressupondo necessariamente a idoso. Enfim, resta aos vovôs e vovós ir para a academia ou
existência de ao menos uma além daquela indicada. para as redes sociais.
Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que (Luiz Felipe Pondé, Somma, agosto 2014, p. 31. Adaptado)
nunca lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu
outro livro. O uso de outro pressupõe necessariamente ao O termo empregado com sentido figurado está em
menos um livro além daquele que está sendo autografado. destaque na seguinte passagem do texto:
(A) Mas o fato de ela ter me entendido mal, o que acontece
com frequência quando se discute o tema da velhice…
(segundo parágrafo).
(B) O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de
minhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e
vovós… (primeiro parágrafo).

Língua Portuguesa 9
APOSTILAS OPÇÃO

(C) Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa.
que na modernidade o narrador da vida desapareceu. Secaram as pequenas folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele
(Penúltimo parágrafo). reagiu. Quando estava do tamanho de um palmo, veio um
(D) A própria estrutura sobre a qual se funda a experiência amigo e declarou desdenhosamente que na verdade aquilo era
moderna – ciência, técnica, superação de tradição – agrava a capim. Quando estava com dois palmos veio outro amigo e
invisibilidade dos mais velhos. (Último parágrafo). afirmou que era cana.
(E) Minha leitora entendeu que eu dizia que idosos devem Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu
se afundar na doença, na solidão e no abandono… (quarto tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas
parágrafo). folhas além do muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o
leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto
02. (PC/CE – Escrivão de Polícia Civil – VUNESP) centenas de milharais – mas é diferente. Um pé de milho
sozinho, em um anteiro, espremido, junto do portão, numa
Ficção universitária esquina de rua – não é um número numa lavoura, é um ser vivo
e independente. Suas raízes roxas se agarra mão chão e suas
Os dados do Ranking Universitário publicados em folhas longas e verdes nunca estão imóveis.
setembro de 2013 trazem elementos para que tentemos Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos
desfazer o mito, que consta da Constituição, de que pesquisa e encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou.
ensino são indissociáveis. É claro que universidades que fazem Há muitas flores belas no mundo, e a flor do meu pé de milho
pesquisa tendem a reunir a nata dos especialistas, produzir não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical,
mais inovação e atrair os alunos mais qualificados, tornando- beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho
se assim instituições que se destacam também no ensino. vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. É alguma
O Ranking Universitário mostra essa correlação de forma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de
cristalina: das 20 universidades mais bem avaliadas em milho é um belo gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre
termos de ensino, 15 lideram no quesito pesquisa (e as demais homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou
estão relativamente bem posicionadas). Das 20 que saem à um rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos.
frente em inovação, 15 encabeçam também a pesquisa. Daí não (Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas, 2001)
decorre que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara,
seja capaz de ensinar. Assinale a alternativa em que, nas duas passagens, há
O gasto médio anual por aluno numa das três termos empregados em sentido figurado.
universidades estaduais paulistas, aí embutidas todas as
despesas que contribuem direta e indiretamente para a boa (A) ... beijado pelo vento do mar... (3º §) / Meu pé de milho
pesquisa, incluindo inativos e aportes de Fapesp, CNPq e é um belo gesto da terra. (3º §)
Capes, é de R$ 46 mil (dados de 2008). Ora, um aluno do (B) Mas ele reagiu. (1º §) / ... na verdade aquilo era capim.
ProUni custa ao governo algo em torno de R$ 1.000 por ano em (1º §)
renúncias fiscais. (C) Secaram as pequenas folhas... (1º §) / Sou um
Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber ignorante... (2º §)
que o país não dispõe de recursos para colocar os quase sete (D) Ele cresceu, está com dois metros... (2º §) / Tinha visto
milhões de universitários em instituições com o padrão de centenas de milharais... (2º §)
investimento das estaduais paulistas. E o Brasil precisa (E) ... lança as suas folhas além do muro... (2º §) / Há muitas
aumentar rapidamente sua população universitária. Nossa flores belas no mundo... (3º §)
taxa bruta de escolarização no nível superior beira os 30%,
contra 59% do Chile e 63% do Uruguai. 04. (IF/SC – Técnico de Laboratório)
Isso para não mencionar países desenvolvidos como EUA Assinale a opção em que NÃO há palavra usada em sentido
(89%) e Finlândia (92%). Em vez de insistir na ficção conotativo.
constitucional de que todas as universidades do país precisam
dedicar-se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo (A) Tuas atitudes são o espelho do teu caráter.
como ele é e distinguir entre instituições de elite voltadas para
a produção de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. (B) Regras podem ser estabelecidas para uma convivência
O Brasil tem necessidade de ambas. pacífica.
(Hélio Schwartsman,: http://www1.folha.uol.com.br, 2013.) (C) Pipocavam palavras no texto, como se fossem rabiscos
coloridos do próprio pensamento
Assinale a alternativa em que a expressão destacada é (D) Choviam risadas naquela peça de humor.
empregada em sentido figurado. (E) A sabedoria abre as portas do conhecimento.
(A) ... universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a
nata dos especialistas... 05. (FAPESE - Assistente em Administração -
(B) Os dados do Ranking Universitário publicados em UFS/2018) No período “Tomara que a revolta que eu e muitos
setembro de 2013...
(C) Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber sentiram não morra nas redes sociais”, a forma verbal “morra”
que o país não dispõe de recursos... (do verbo morrer) é:
(D) ... das 20 universidades mais bem avaliadas em termos
de ensino... (A) usada em sentido denotativo;
(E) ... todas as despesas que contribuem direta e (B) 3ª. pessoa do singular do pretérito perfeito, do modo
indiretamente para a boa pesquisa... indicativo;
(C) uma flexão regular da 3ª. pessoa do singular, do
03. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP) pretérito imperfeito, do modo subjuntivo;
Leia o texto para responder a questão. (D) a flexão de 3ª. pessoa do singular, do futuro do
pretérito, do modo indicativo;
Um pé de milho (E) usada em sentido conotativo.

Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra Gabarito


trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um
pé de capim – mas descobri que era um pé de milho. 01.D / 02.A / 03.A / 04.B / 05.E

Língua Portuguesa 10
APOSTILAS OPÇÃO

FIGURAS DE LINGUAGEM7 - O lugar pelo produto. Exemplo: Gosto muito de tomar


um Porto. (= a vinho da cidade do Porto).
Também chamadas de Figuras de Estilo. Podemos
classificá-las em quatro tipos: - O símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Os
- Figuras de Palavras (ou tropos); revolucionários queriam o trono. (= império, o poder).
- Figuras de Harmonia;
- Figuras de Construção (ou de sintaxe); - A parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os
- Figuras de Pensamento. necessitados. (= a casa).

Figuras de Palavra - O indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: Ele foi o


judas do grupo. (= espécie dos homens traidores).
São as que dependem do uso de determinada palavra com
sentido novo ou com sentido incomum. Vejamos: - O singular pelo plural. Exemplo: O homem é um animal
racional. (o singular homem está sendo usado no lugar do
Metáfora: é um tipo de comparação (mental) sem uso de plural homens).
conectivos comparativos, com utilização de verbo de ligação
explícito na frase. Exemplo: - O gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Nós
“Sua boca era um pássaro escarlate.” (Castro Alves) mortais, somos imperfeitos. (= seres humanos).

Catacrese: consiste em transferir a uma palavra o sentido - A matéria pelo objeto. Exemplo: Ele não tem um níquel.
próprio de outra, utilizando-se formas já incorporadas aos (= moeda).
usos da língua. Se a metáfora surpreende pela originalidade da
associação de ideias, o mesmo não ocorre com a catacrese, que Observação: os últimos 5 casos recebem também o nome
já não chama a atenção por ser tão repetidamente usada. de Sinédoque.

Exemplos: Sinédoque: significa a troca que ocorre por relação de


Batata da perna Azulejo vermelho compreensão e que consiste no uso do todo, pela parte do
Pé da mesa Cabeça de alho plural pelo singular, do gênero pela espécie, ou vice-versa.
Exemplo: O mundo é violento. (= os homens)
Comparação ou Símile: é a comparação entre dois
elementos comuns; semelhantes. Normalmente se emprega Perífrase: é a substituição de um nome por uma expressão
uma conjunção comparativa: como, tal qual, assim como, que que facilita a sua identificação.
nem. Exemplo: Exemplo: O país do futebol acredita no seu povo. (país do
“Como um anjo caído, fiz questão de esquecer...” (Legião futebol = Brasil)
Urbana)
Figuras de Harmonia
Sinestesia: é a fusão de no mínimo dois dos cinco sentidos
físicos. Exemplos: São as que reproduzem os efeitos de repetição de sons,
“De amargo e então salgado ficou doce, - Paladar ou ainda quando se busca representa-los. São elas:
Assim que teu cheiro forte e lento - Olfato
Fez casa nos meus braços e ainda leve - Tato Aliteração: repetição consonantal fonética (som da letra)
E forte e cego e tenso fez saber - Visão geralmente no início da palavra.
Que ainda era muito e muito pouco.” (Legião Urbana) Exemplo: “Sonhei que estava sonhando um sonho
sonhado...” (Martinho da Vila)
Antonomásia: quando substituímos um nome próprio
pela qualidade ou característica que o distingue. Exemplos: Assonância: repetição da mesma vogal no decorrer de um
O Águia de Haia (= Rui Barbosa) verso ou poema. Exemplo:
O Pai da Aviação (= Santos Dumont) “Sou Ana, da cama
Da cana, fulana bacana
Metonímia: troca-se uma palavra por outra com a qual ela Sou Ana de Amsterdã.” (Chico Buarque)
se relaciona. Ocorre a metonímia quando substituímos:
- O autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Paronomásia: reprodução de sons semelhantes através
Jorge Amado (observe que o nome do autor está sendo usado de palavras de significados diferentes. Exemplos:
no lugar de suas obras). “Berro pelo aterro pelo desterro
Berro por seu berro pelo seu erro
- O efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Ganho a vida Quero que você ganhe que você me apanhe
com o suor do meu rosto. (o suor é o efeito ou resultado e está Sou o bezerro gritando mamãe...”
sendo usado no lugar da causa, ou seja, o “trabalho”). (Caetano Veloso)

- O continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma Figuras de Construção


caixa de doces. (= doces).
Dizem respeito aos desvios de padrão de concordância
- O abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplo: A quer quanto à ordem, omissões ou excessos. Dividem-se em:
velhice deve ser respeitada. (= pessoas velhas).
Omissão
- O instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Ele Assíndeto: ocorre por falta ou supressão de conectivos.
é bom volante. (= piloto ou motorista). Exemplos:
"Saí, bebi, enfim, vivi." (Nel de Moraes)

7
SCHICAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niterói:
Impetus, 2007.

Língua Portuguesa 11
APOSTILAS OPÇÃO

"Vim, vi e venci." (Júlio César) “Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de
rosas na cabeça.”
Elipse: supressão de vocábulo(s) que são facilmente Sínquise: há uma inversão violenta de distantes partes da
identificável(is). Exemplos: oração. É um hipérbato "hiperbólico". Exemplos:
"(Eu) Queria ser um pássaro dentro da noite." “...entre vinhedo e sebe
"No céu, (há) estrelas que brilham indômitas." corre uma linfa e ele no seu de faia
de ao pé do Alfeu Tarro escultado bebe.”
Zeugma: elipse especial que consiste na supressão de um (Alberto de Oliveira)
termo já, anteriormente, expresso no contexto. Exemplos: “Uma linfa corre entre vinhedo e sebe, e ele bebe no seu
"Nós nos desejamos e (nós) não nos possuímos." Tarro escultado, de faia, ao pé do Alfeu.”
"Foi saqueada a vila, e (foram) assassinados os partidários
dos Filipes." (Camilo Castelo Branco) Quiasmo: inversão de palavras que se repetem. Exemplos:
"Tinha uma pedra no meio do meu caminho. / No meio do meu
Repetição caminho tinha uma pedra."
Anáfora: é a repetição intencional de palavras, no início de (G. D. Andrade)
um período, frase ou verso. Exemplos:
“Eu quase não saio Concordância Ideológica
Eu quase não tenho amigo Silepse: é a concordância feita pela ideia, e não através das
Eu quase não consigo prerrogativas das classes das palavras. São três:
Ficar na cidade sem viver contrariado."
(Gilberto Gil) a) De Gênero: masculino e feminino não concordam. Ex.:
"A vítima era lindo e o carrasco estava temerosa quanto à
Polissíndeto: repetição enfática de conjunções reação da população."
coordenativas (geralmente e). Exemplos: Perceba que vítima e carrasco não receberam de seus
"E saber, e crescer, e ser, e haver adjetivos lindo e temerosa a 'atenção' devida, por quê? Isso se
E perder, e sofrer, e ter horror." deve à ideia de que os substantivos sobrecomuns designam
(Vinícius de Morais) ambos os sexos, e não ambos os gêneros, portanto, por
questões estilísticas, o autor do texto preferiu a ideia à regra
Pleonasmo: repetição da ideia, isto é, redundância gramatical rígida que impõe que adjetivos concordem em
semântica e sintática, divide-se em: gênero com o substantivo, não em sexo.
a) Gramatical: com objetos direto ou indireto redundantes,
chamam-nos pleonásticos. Exemplos: b) De Número: singular e plural não concordam entre si.
"Perdoo-te a ti, meu amor." Ex.: "O esquadrão sobrevoaram o céu azul daquela manhã
"O carro velho, eu o vendi ontem." de verão."
Ocorre algo semelhante na silepse de número, apenas se
b) Vicioso: deve ser evitado por não acrescentar ressalve que nesses casos o 'desprezo' se dá quanto à
informação nova ao que já havia sido dito anteriormente. concordância verbal, afinal, esquadrão é palavra de natureza
Exemplos: subir para cima; descer para baixo; repetir de novo; coletiva (coletivo de aviões) e, mais uma vez por questões
hemorragia sanguínea; protagonista principal; monopólio estilísticas, o autor preferiu à regra, na qual se baseia a
exclusivo. Gramática Normativa, o livre voar de suas ideias.

Ruptura c) De Pessoa: sujeito e verbo não concordam entre si. Ex.:


Anacoluto: a construção do período deixa um ou mais “A gente não sabemos escolher presidente.”
termos sem função sintática. Dê atenção especial porque o “A gente não sabemos tomar conta da gente."
anacoluto é parecido com o pleonasmo, ou melhor, na (Ultraje a Rigor)
tentativa de um pleonasmo sintático, muitas vezes, acaba-se Nos casos de silepse de pessoa há, por parte do autor, uma
por criar a ruptura. Exemplo: clara intromissão, característica do discurso indireto livre,
"Os meus vizinhos, não confio mais neles." - a função quando, ao informar, o emissor se coloca como parte da ação.
sintática de os meus vizinhos é nula, não há; entretanto, se
houvesse preposição (Nos meus vizinhos, não confio mais Figuras de Pensamento
neles), o termo seria objeto indireto, enquanto neles seria o
objeto indireto pleonástico. São recursos de linguagem que se referem ao aspecto
semântico, ou seja, ao significado dentro de um contexto.
Inversão
Anástrofe: inversão sintática leve. Exemplos: Antítese: é a aproximação de palavras de sentidos
"Tão leve estou que já nem sombra tenho." (ordem contrários, antagônicos. Exemplos:
inversa) (Mário Quintana) "Onde queres prazer, sou o que dói
"Estou tão leve que já não tenho sombra." (ordem direta) E onde queres tortura, mansidão
Onde, queres um lar, Revolução
Hipálage: inversão de um adjetivo (uma qualidade que E onde queres bandido, sou herói."
pertence a um é atribuída a outro substantivo). Exemplos: (Caetano Veloso)
“A mulher degustava lânguida cigarrilha.”
Lânguida = sensual, portanto lânguida é a mulher, e não a Paradoxo ou Oximoro: é mais que a aproximação
cigarrilha como faz supor. antitética; é a própria ideia que se contradiz. Exemplos:
"Em cada olho um grito castanho de ódio." (Dalton Trevisan) "O mito é o nada que é tudo." (Fernando Pessoa)
Castanhos são os olhos, e não o grito. "Mas tão certo quanto o erro de seu barco a motor é insistir
em usar remos."
(Legião Urbana)
Hipérbato: inversão complexa de termos da frase.
Exemplos:
Apóstrofe: é a evocação, o chamamento. Identifica-se
"Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas
facilmente na função sintática do VOCATIVO. Exemplos:
cabeças pôr de rosas." (Camões)

Língua Portuguesa 12
APOSTILAS OPÇÃO

"Ó lindo mar verdejante, "Você está exagerando. Não subestime a sua inteligência."
tuas ondas entoam cantos, - porque ela é inteligente.
és tu o dono reinante
das brancas marés espumantes..." Questões
(Nel de Moraes)
01. (IF/PA - Assistente em Administração - FUNRIO/2016)
Perífrase: designação dos objetos, acidentes geográficos, “Quero um poema ainda não pensado, / que inquiete as marés
indivíduos e outros que não queremos simplesmente nomear. de silêncio da palavra ainda não escrita nem pronunciada, /
Exemplos: que vergue o ferruginoso canto do oceano / e reviva a ruína
"Última Flor do Lácio8, inculta e bela, que são as poças d’água. / Quero um poema para vingar minha
és a um tempo esplendor e sepultura." insônia.” (Olga Savary, “Insônia”)
(Olavo Bilac)
Cidade Luz [z: Paris)
Nesses versos finais do poema, encontramos as seguintes
Veneza Brasileira (= Recife)
figuras de linguagem:
Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro)
(A) silepse e zeugma
Rei dos Animais (= leão)
(B) eufemismo e ironia.
(C) prosopopeia e metáfora.
Gradação: é uma sequência de palavras ou ideias que
(D) aliteração e polissíndeto.
servem de intensificação numa sequência temporal. Ex.:
(E) anástrofe e aposiopese.
"Dissecou-a a tal ponto, e com tal arte, que ela, rota, baça,
nojenta, vil."
(Raimundo Corrêa)
02. (IF/PA - Auxiliar em Administração - FUNRIO/2016)
“Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar / Eu
Ironia: consiste em dizer o oposto do que se pensa, com sou de lá / Terra morena que eu amo tanto, meu Pará.” (Pe. Fábio
de Melo, “Eu Sou de Lá”)
intenção sarcástica ou depreciativa. Exemplos:
"A excelente Dona lnácia era mestra na arte de judiar de
Nesse trecho da canção gravada por Fafá de Belém,
criança." (Monteiro Lobato)
encontramos a seguinte figura de linguagem:
"Dona Clotilde, o arcanjo do seu filho quebrou minhas
(A) antítese.
vidraças."
(B) eufemismo.
(C) ironia
Hipérbole: é a figura do exagero, a fim de proporcionar
(D) metáfora
uma imagem chocante ou emocionante. Exemplos:
(E) silepse.
"Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac)
"Existem mil maneiras de preparar Neston."
03. (Pref. de Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem
- IDHTEC/2016)
Eufemismo: Figura que atenua ideias desagradáveis ou
penosas. Exemplos:
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança)
"E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague." (Chico Buarque)
Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama
Paz derradeira = morte
de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos!
Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da
"Aquele homem de índole duvidosa apropriou-se (ladrão)
ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia
indevidamente dos meus pertences." (roubou)
de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras
gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias
Disfemismo: expressão grosseira em lugar de outra,
semoventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a
suave, branda. Exemplo:
enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos
“Você não passa de um porco ... um pobretão.”
teus olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-
posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo! ...) mas
Personificação ou Prosopopeia: Consiste em dar vida a
vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende
seres inanimados. Exemplos:
demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente
"O vento beija meus cabelos
firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando,
As ondas lambem minhas pernas
formando, anunciando - o dia da humanidade.
O sol abraça o meu corpo." (Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império)
(Lulu Santos - Nelson Motta)

O poema, Mamã Negra:


"Sob o sol respira o mar,
(A) É uma metáfora para a pátria sendo referência de um
dedilhando as ondas, belo olhar.
país africano que foi colonizado e teve sua população
Faiscando espumas, lágrimas
escravizada.
saúdam sereias amantes:
(B) É um vocativo e clama pelos efeitos negativos da
Te escutam, te amam, te lambem."
(Nel de Moraes)
escravização dos povos africanos.
(C) É a referência resumida a todo o povo que compõe um
Reificação: consiste em 'coisificar' os seres humanos. país libertado depois de séculos de escravidão.
Exemplo: "Tia, já botei os candidatos na lista." (D) É o sofrimento que acometeu todo o povo que ficou na
terra e teve seus filhos levados pelo colonizador.
Lítotes: consiste em negar por afirmação ou vice-versa. (E) É a figura do colonizador que mesmo exercendo o
Exemplos: poder por meio da opressão foi “ninado “ela Mamã Negra.
"Ela até que não é feia." -logo, é bonita!

8
Flor do Lácio (= Língua Portuguesa)

Língua Portuguesa 13
APOSTILAS OPÇÃO

04. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala - Percebemos9 que há um elemento comum a todas elas: a
FEPESE/2016) Analise as frases abaixo: forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis,
responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por
1. “Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.” exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se
2. A mulher conquistou o seu lugar! escolar pelo acréscimo do elemento destacável: ar.
3. Todo cais é uma saudade de pedra. Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas
4. Os microfones foram implacáveis com os novos artistas. palavras que selecionamos, podemos depreender a existência
de diferentes elementos formadores. Cada um desses
Assinale a alternativa que corresponde correta e elementos formadores é uma unidade mínima de significação,
sequencialmente às figuras de linguagem apresentadas: um elemento significativo indecomponível, a que damos o
(A) metáfora, metonímia, metáfora, metonímia nome de morfema.
(B) metonímia, metonímia, metáfora, metáfora
(C) metonímia, metonímia, metáfora, metonímia Classificação dos Morfemas
(D) metonímia, metáfora, metonímia, metáfora
(E) metáfora, metáfora, metonímia, metáfora Radical: há um morfema comum a todas as palavras que
estamos analisando: escol-.
05. (COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho - É esse morfema comum - o radical - que faz com que as
IBFC/2016) Leia o poema abaixo e assinale a alternativa que consideremos palavras de uma mesma família de significação.
indica a figura de linguagem presente no texto: - Nos cognatos o radical é a parte da palavra responsável
por sua significação principal.
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver; Afixos: como vimos, o acréscimo do morfema - ar - cria
É ferida que dói e não se sente; uma nova palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o
É um contentamento descontente; acréscimo dos morfemas sub e arização à forma escol
É dor que desatina sem doer; criou subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de
(Camões) afixos.
Quando são colocados antes do radical, como acontece
(A) Onomatopeia com sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como
(B) Metáfora arização, surgem depois do radical os afixos são chamados
(C) Personificação de sufixos.
(D) Pleonasmo - Prefixos e Sufixos, além de operar mudança de classe
gramatical, são capazes de introduzir modificações de
Respostas significado no radical a que são acrescentados.
01.C / 02.D / 03.A / 04.C / 05.B
Desinências: quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se
formas como amava, amavas, amava, amávamos, amáveis,
2. Estrutura e formação de amavam. Essas modificações ocorrem à medida que o verbo
vai sendo flexionado em número (singular e plural) e pessoa
palavras; emprego das (primeira, segunda ou terceira). Também ocorrem se
diferentes classes de palavras. modificarmos o tempo e o modo do verbo (amava, amara,
2.1 Valor semântico de amasse, por exemplo).
Assim, podemos concluir, que existem morfemas que
elementos mórficos. 2.2 Uso e indicam as flexões das palavras. Esses morfemas sempre
função do artigo, dos surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de
pronomes e numerais. 2.3 desinências, no qual podem ser divididos em:
Valor substantivo, adjetivo e a) Desinências nominais: indicam o gênero e o número
adverbial dos vocábulos dos nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma
portugueses. 2.4 Emprego de opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina.
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o
preposições e conjunções que morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência de
conferem coesão e coerência morfema, que indica o singular: garoto/garotos;
ao texto escrito. 3. Relações de garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas.
No caso dos nomes terminados em –r e– z, a desinência de
sentido entre segmentos do plural assume a forma -es:
texto. mar/mares;
revólver/revólveres;
cruz/cruzes.
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
b) Desinências verbais: em nossa língua, as desinências
Observe as seguintes palavras: verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que
escol-a indicam o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e
escol-ar aquelas que indicam o número e a pessoa dos verbos
escol-arização (desinência número-pessoais):
escol-arizar cant-á-va-mos
sub-escol-arização cant-á-sse-is

9
http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-formacao-de-palavras-
i.htm

Língua Portuguesa 14
APOSTILAS OPÇÃO

cant: radical Derivação por Acréscimo de Afixos


cant: radical É o processo pelo qual se obtêm palavras novas
-á-: vogal temática (derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A
-á-: vogal temática derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.

-va-: desinência modo-temporal(caracteriza o pretérito a) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
imperfeito do indicativo). acréscimo de prefixo.
-sse-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito In------ --feliz des----------leal
imperfeito do subjuntivo). Prefixo radical prefixo radical
-mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira
pessoa do plural). b) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda acréscimo de sufixo.
pessoa do plural). Feliz---- mente leal------dade
Radical sufixo radical sufixo
Vogal Temática: observe que, entre o radical cant- e as
desinências verbais, surge sempre o morfema– a. c) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem
de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, o sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não
constituindo o chamado tema. É ao tema (radical + vogal “existiria”). Por parassíntese formam-se principalmente
temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os verbos verbos.
como os nomes apresentam vogais temáticas. En-- -----trist- ----ecer
Prefixo radical sufixo
Vogais Temáticas Nominais: são -a, -e, e -o, quando
átonas finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, en----- ---tard--- --ecer
triste, base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que prefixo radical sufixo
essas terminações são desinências indicadoras de gênero, pois
a mesa, a escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. Outros Tipos de Derivação
É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem
de plural: que haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva
mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais e a derivação imprópria.
tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam
vogal temática. a) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
Vogais temáticas verbais: são -a, -e e- i, que caracterizam de substantivos derivados de verbos.
três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. Por exemplo: A pesca está proibida. (pescar). Proibida a
Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira caça. (caçar)
conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à
segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem b) Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é
à terceira conjugação. obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra
primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão
primeira conj. segunda conj. terceira conj. somente na classe gramatical. Por exemplo:
govern-a-va estabelec-e-sse defin-i-ra Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê
atac-a-va cr-e-ra imped-i-sse deriva da conjunção porque)
realiz-a-sse mex-e-rá g-i-mos Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui,
substantivo)
Vogal ou consoante de ligação: as vogais ou consoantes
de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, Outros processos de formação de palavras
ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a leitura de uma - Hibridismo: é a palavra formada com elementos
determinada palavra. Temos um exemplo de vogal de ligação oriundos de línguas diferentes.
na palavra escolaridade: o - i - entre os sufixos- ar- e -dade automóvel (auto: grego; móvel: latim)
facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos: sociologia (socio: latim; logia: grego)
gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)
tricota.
- Abreviação vocabular: cujo traço peculiar manifesta-se
Processos de Formação de Palavras por meio da eliminação de um segmento de uma palavra no
intuito de se obter uma forma mais reduzida, geralmente
Composição aquelas mais longas. Vejamos alguns exemplos:
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais metropolitano – metrô
radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de extraordinário – extra
composição: justaposição e aglutinação. otorrinolaringologista – otorrino
a) Justaposição: ocorre quando os elementos que formam telefone – fone
o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos. Por pneumático – pneu
exemplo: Corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
- Onomatopeia: consiste em criar palavras, tentando
b) Aglutinação: ocorre quando os elementos que formam imitar sons da natureza ou sons repetidos. Por
o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde sua exemplo: zum-zum, cri-cri, tique-taque, pingue-pongue, blá-
integridade sonora. Por exemplo: Aguardente (água + blá-blá.
ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna + alta),
vinagre (vinho + acre) - Siglas: as siglas são formadas pela combinação das letras
iniciais de uma sequência de palavras que constitui um nome.

Língua Portuguesa 15
APOSTILAS OPÇÃO

Por exemplo: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Usa-se o artigo definido:


Estatística); IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano). - com a palavra ambos: falou-nos que ambos os culpados
As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não foram punidos.
ser que haja mais de três letras e a sigla seja - com nomes próprios geográficos de estado, país, oceano,
pronunciável sílaba por sílaba. montanha, rio, lago: o Brasil, o rio Amazonas, a Argentina, o
Por exemplo: Unicamp, Petrobras. oceano Pacífico. Ex.: Conheço o Canadá mas não conheço
Brasília.
Questões - depois de todos/todas + numeral + substantivo: Todos
os vinte atletas participarão do campeonato.
01. Assinale a opção em que todas as palavras se formam - com o superlativo relativo: Mariane escolheu as mais
pelo mesmo processo: lindas flores da floricultura.
A) ajoelhar / antebraço / assinatura - com a palavra outro, com sentido determinado: Marcelo
B) atraso / embarque / pesca tem dois amigos: Rui é alto e lindo, o outro é atlético e
C) o jota / o sim / o tropeço simpático.
D) entrega / estupidez / sobreviver - antes dos nomes das quatro estações do ano: Depois da
E) antepor / exportação / sanguessuga primavera vem o verão.
- com expressões de peso e medida: O álcool custa um real
02. A palavra “aguardente” formou-se por: o litro. (=cada litro)
A) hibridismo
B) aglutinação Não se usa o artigo definido:
C) justaposição - antes de pronomes de tratamento iniciados por
D) parassíntese possessivos: Vossa Excelência, Vossa Senhoria. Ex.: Vossa
E) derivação regressiva Alteza estará presente ao debate?
- antes de nomes de meses: O campeonato aconteceu em
03. Que item contém somente palavras formadas por maio de 2002.
justaposição? - alguns nomes de países, como Espanha, França,
A) desagradável - complemente Inglaterra, Itália podem ser construídos sem o artigo,
B) vaga-lume - pé-de-cabra principalmente quando regidos de preposição. Ex.: “Viveu
C) encruzilhada - estremeceu muito tempo em Espanha.”
D) supersticiosa - valiosas - antes de todos / todas + numeral: Eles são, todos
E) desatarraxou - estremeceu quatro, amigos de João Luís e Laurinha.
- antes de palavras que designam matéria de estudo,
04. “Sarampo” é: empregadas com os verbos: aprender, estudar, cursar,
A) forma primitiva ensinar. Ex.: Estudo Inglês e Cristiane estuda Francês.
B) formado por derivação parassintética
C) formado por derivação regressiva O uso do artigo é facultativo:
D) formado por derivação imprópria - antes do pronome possessivo: Sua / A sua incompetência
E) formado por onomatopeia é irritante.
- antes de nomes próprios de pessoas: Você já visitou
05. As palavras são formadas através de derivação Luciana / a Luciana?
parassintética em - “Daqui para a frente, tudo vai ser diferente.” (Para a
A)infelizmente, desleal, boteco, barraco. frente: exige a preposição)
B)ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer.
C)caça, pesca, choro, combate. Formas combinadas do artigo definido: Preposição + o = ao
D)ajoelhar, pesca, choro, entristecer. / de + o, a = do, da / em + o, a = no, na / por + o, a = pelo, pela.

Gabarito Usa-se o artigo indefinido:


01.B / 02.B / 03.B / 04.C / 05.B - para indicar aproximação numérica: Nicole devia ter uns
oito anos.
CLASSES DE PALAVRAS - antes dos nomes de partes do corpo ou de objetos em
pares: Usava umas calças largas e umas botas longas.
Em Classes de Palavras, estudaremos artigo, substantivo, - em linguagem coloquial, com valor intensivo: Rafaela é
adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, uma meiguice só.
interjeição e conjunção. E dentro de cada uma, abordaremos - para comparar alguém com um personagem célebre: Luís
seu emprego e quando houver, sua flexão. August é um Rui Barbosa.

Artigo O artigo indefinido não é usado:


- em expressões de quantidade: pessoa, porção, parte,
É a palavra que acompanha o substantivo, indicando-lhe o gente, quantidade. Ex.: Reservou para todos boa parte do lucro.
gênero e o número, determinando-o ou generalizando-o. Os - com adjetivos como: escasso, excessivo, suficiente. Ex.:
artigos podem ser: Não há suficiente espaço para todos.
Definidos: o, a, os, as; determinam os substantivos, trata de - com substantivo que denota espécie. Ex.: Cão que ladra
um ser já conhecido; denota familiaridade: “A grande reforma não morde.
do ensino superior é a reforma do ensino fundamental e do
médio.” Formas combinadas do artigo indefinido: Preposição de e
Indefinidos: um, uma, uns, umas; Trata-se de um ser em + um, uma = num, numa, dum, duma.
desconhecido, dá ao substantivo valor vago: “...foi chegando
um caboclinho magro, com uma taquara na mão.” (A. Lima) O artigo (o, a, um, uma) anteposto a qualquer palavra
transforma-a em substantivo. O ato literário é o conjunto do
ler e do escrever.

Língua Portuguesa 16
APOSTILAS OPÇÃO

Questões II - Artigo é a palavra que antecede o substantivo,


definindo-o ou indefinindo-o. Numeral é a palavra que
01. (Banestes - Analista Econômico Financeiro - Gestão expressa quantidade exata de pessoas ou coisas, ou lugar que
Contábil - FGV/2018) A frase abaixo em que o emprego do elas ocupam numa determinada sequência.
artigo mostra inadequação é: III - Os numerais classificam-se em: cardinais (designam
(A) Todas as coisas que hoje se creem antiquíssimas já uma quantidade de seres); ordinais (indicam série, ordem,
foram novas; posição); multiplicativos (expressam aumento proporcional a
(B) Cuidado com todas as coisas que requeiram roupas um múltiplo da unidade); fracionários (denotam diminuição
novas; proporcional a divisões, frações da unidade).
(C) Todos os bons pensamentos estão presentes no IV - O numeral pode referir-se a um substantivo ou
mundo, só falta aplicá-los; substituí-lo; no primeiro caso, é numeral substantivo; no
(D) Em toda a separação existe uma imagem da morte; segundo, numeral adjetivo.
(E) Alegria de amor dura apenas um instante, mas
sofrimento de amor dura toda a vida. (A) Apenas II, III e IV estão corretas.
(B) Apenas I, III e IV estão corretas.
02. (IF/AP – Auxiliar em Administração – (C) Apenas I, II e III estão corretas.
FUNIVERSA/2016) (D) Apenas I, II e IV estão corretas.

Gabarito

01.D / 02.E / 03.C / 04.C

Substantivo

É a palavra que dá nomes aos seres. Inclui os nomes de


pessoas, de lugares, coisas, entes de natureza espiritual ou
mitológica: vegetação, sereia, cidade, anjo, árvore, respeito,
criança.

Classificação
- Comuns: nomeiam os seres da mesma espécie. Ex.:
menina, piano, estrela, rio, animal, árvore.
- Próprios: referem-se a um ser em particular. Ex.: Brasil,
América do Norte, Deus, Paulo, Lucélia.
- Concretos: são aqueles que têm existência própria; são
independentes; reais ou imaginários. Ex.: mãe, mar, água, anjo,
alma, Deus, vento, saci.
- Abstrato: são os que não têm existência própria; depende
Internet: <http://educacaoepraxis.blogspot.com.br>.
sempre de um ser para existir. Designam qualidades,
sentimentos, ações, estados dos seres: dor, doença, amor, fé,
No segundo quadrinho, correspondem, respectivamente, a
beijo, abraço, juventude, covardia. Ex.: É necessário alguém ser
substantivo, pronome, artigo e advérbio:
ou estar triste para a tristeza manifestar-se.
(A) “guerra”, “o”, “a” e “por que”.
(B) “mundo”, “a”, “o” e “lá”.
Formação
(C) “quando”, “por que”, “e” e “lá”.
- Simples: são aqueles formados por apenas um radical:
(D) “por que”, “não”, “a” e “quando”.
chuva, tempo, sol, guarda.
(E) “guerra”, “quando”, “a” e “não”.
- Compostos: são os que são formados por mais de dois
radicais: guarda-chuva, girassol, água-de-colônia.
03. (SESAP/RN - Técnico em Enfermagem -
- Primitivos: são os que não derivam de outras palavras;
COMPERVE/2018)
vieram primeiro, deram origem a outras palavras. Ex.: ferro,
Pedro, mês, queijo.
Nas décadas subsequentes, vários estudos
- Derivados: são formados de outra palavra já existente;
correlacionaram os hábitos dos pacientes como fatores de
vieram depois. Ex.: ferradura, pedreiro, mesada, requeijão.
risco para doenças cardiovasculares. Sedentarismo,
- Coletivos: os substantivos comuns que, mesmo no
tabagismo, obesidade, entre outros, aumentam drasticamente
singular, designam um conjunto de seres de uma mesma
as chances de enfarte.
espécie. Ex.:
Com relação à quantidade de artigos no trecho, há Álbum de fotografias Colmeia de abelhas
(A) cinco. de bispos em
(B) três. Alcateia de lobos Concílio
assembleia
(C) quatro. de textos
(D) dois. Antologia Conclave de cardeais
escolhidos
Arquipélago ilhas Cordilheira de montanhas
04. (Prefeitura Tanguá/RJ - Técnico de Enfermagem -
MS Concursos/2017) Considere as afirmações sobre artigo e Reflexão do Substantivo
numeral e assinale a alternativa correta: Os substantivos apresentam variações ou flexões de gênero
I - Algumas palavras que atendem o substantivo, como um, (masculino/feminino), de número (plural/singular) e de grau
em “um dia”, podem modificar-lhe o sentido. Podemos (aumentativo/diminutivo).
entender a expressão como “um dia qualquer” e também como
“um único dia.” Na primeira situação, a palavra um é artigo; na
segunda, um é numeral. ]

Língua Portuguesa 17
APOSTILAS OPÇÃO

Gênero (masculino/feminino) - ão por ãe: pão, pães / charlatão, charlatães / alemão,


Na língua portuguesa há dois gêneros: masculino e alemães / cão, cães.
feminino. A regra para a flexão do gênero é a troca de o por a, - il por is (oxítonas): funil, funis / fuzil, fuzis / canil, canis /
ou o acréscimo da vogal a, no final da palavra: mestre, mestra. pernil, pernis.
- por eis (paroxítonas): fóssil, fósseis / réptil, répteis /
Formação do Feminino projétil, projéteis.
O feminino se realiza de três modos: - m por ns: nuvem, nuvens / som, sons / vintém, vinténs /
- Flexionando-se o substantivo masculino: filho, filha / atum, atuns.
mestre, mestra / leão, leoa; - zito, zinho - 1º coloca-se o substantivo no plural: balão,
- Acrescentando-se ao masculino a desinência “a” ou um balões. 2º elimina-se o S + zinhos.
sufixo feminino: autor, autora / deus, deusa / cônsul, Balão – balões – balões + zinhos: balõezinhos.
consulesa / cantor, cantora / reitor, reitora. Papel – papéis – papel + zinhos: papeizinhos.
- Utilizando-se uma palavra feminina com radical Cão – cães - cãe + zitos: Cãezitos.
diferente: pai, mãe / homem, mulher / boi, vaca / carneiro,
ovelha / cavalo, égua. Alguns substantivos terminados em X são invariáveis
(valor fonético = cs): os tórax, os tórax / o ônix, os ônix / a fênix,
Substantivos Uniformes as fênix / uma Xerox, duas Xerox / um fax, dois fax.
- Epicenos: designam certos animais e têm um só gênero,
quer se refiram ao macho ou à fêmea. – jacaré macho ou fêmea Substantivos terminados em ÃO com mais de uma forma
/ a cobra macho ou fêmea. no plural:
- Comuns de dois gêneros: apenas uma forma e designam aldeão, aldeões, aldeãos;
indivíduos dos dois sexos. São masculinos ou femininos. A verão, verões, verãos;
indicação do sexo é feita com uso do artigo masculino ou anão, anões, anãos;
feminino: o, a intérprete / o, a colega / o, a médium / o, a guardião, guardiões, guardiães;
pianista. corrimão, corrimãos, corrimões;
- Sobrecomuns: designam pessoas e têm um só gênero ancião, anciões, anciães, anciãos;
para homem ou a mulher: a criança (menino, menina) / a ermitão, ermitões, ermitães, ermitãos.
testemunha (homem, mulher) / o cônjuge (marido, mulher).
Metafonia - apresentam o “o” tônico fechado no singular e
Alguns substantivos que mudam de sentido, quando se aberto no plural: caroço (ô), caroços (ó) / imposto (ô),
troca o gênero: impostos (ó).
o lotação (veículo) - a lotação (efeito de lotar);
o capital (dinheiro) - a capital (cidade); Substantivos que mudam de sentido quando usados no
o cabeça (chefe, líder) - a cabeça (parte do corpo); plural: Fez bem a todos (alegria); Houve separação de bens.
o guia (acompanhante) - a guia (documentação). (Patrimônio); Conferiu a féria do dia. (Salário); As férias foram
maravilhosas. (Descanso).
São masculinos: o eclipse, o dó, o dengue (manha), o
champanha, o soprano, o clã, o alvará, o sanduíche, o clarinete, Substantivos empregados somente no plural: Arredores,
o Hosana, o espécime, o guaraná, o diabete ou diabetes, o tapa, belas-artes, bodas (ô), condolências, cócegas, costas, exéquias,
o lança-perfume, o praça (soldado raso), o pernoite, o férias, olheiras, fezes, núpcias, óculos, parabéns, pêsames,
formicida, o herpes, o sósia, o telefonema, o saca-rolha, o viveres, idos, afazeres, algemas.
plasma, o estigma.
Plural dos Substantivos Compostos
São femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a aluvião, a
análise, a cal, a gênese, a entorse, a faringe, a cólera (doença), Somente o segundo (ou último) elemento vai para o plural:
a cataplasma, a pane, a mascote, a libido (desejo sexual), a rês,
a sentinela, a sucuri, a usucapião, a omelete, a hortelã, a fama, - palavra unida sem hífen: pontapé = pontapés / girassol
a Xerox, a aguardente. = girassóis / autopeça = autopeças.
- verbo + substantivo: saca-rolha = saca-rolhas / arranha-
Número (plural/singular) céu = arranha-céus / bate-bola = bate-bolas / guarda-roupa =
Acrescentam-se: guarda-roupas / guarda-sol = guarda-sóis / vale-refeição =
- S – aos substantivos terminados em vogal ou ditongo: vale-refeições.
povo, povos / feira, feiras / série, séries. - elemento invariável + palavra variável: sempre-viva =
- S – aos substantivos terminados em N: líquen, liquens / sempre-vivas / abaixo-assinado = abaixo-assinados / recém-
abdômen, abdomens / hífen, hífens. Também: líquenes, nascido = recém-nascidos / ex-marido = ex-maridos / auto-
abdômenes, hífenes. escola = auto-escolas.
- ES – aos substantivos terminados em R, S, Z: cartaz, - palavras repetidas: o reco-reco = os reco-recos / o tico-
cartazes / motor, motores / mês, meses. Alguns terminados em tico = os tico-ticos / o corre-corre = os corre-corres.
R mudam sua sílaba tônica, no plural: júnior, juniores / caráter, - substantivo composto de três ou mais elementos não
caracteres / sênior, seniores. ligados por preposição: o bem-me-quer = os bem-me-queres /
- IS – aos substantivos terminados em al, el, ol, ul: jornal, o bem-te-vi = os bem-te-vis / o sem-terra = os sem-terra / o
jornais / sol, sóis / túnel, túneis / mel, meles, méis. Exceções: fora-da-lei = os fora-da-lei / o João-ninguém = os joões-ninguém
mal, males / cônsul, cônsules / real, réis. / o ponto-e-vírgula = os ponto e vírgulas / o bumba meu boi =
- ÃO – aos substantivos terminados em ão, acrescenta S: os bumba meu bois.
cidadão, cidadãos / irmão, irmãos / mão, mãos. - quando o primeiro elemento for: grão, grã (grande), bel:
grão-duque = grão-duques / grã-cruz = grã-cruzes / bel-prazer
Trocam-se: = bel-prazeres.
- ão por ões: botão, botões / limão, limões / portão, portões
/ mamão, mamões.

Língua Portuguesa 18
APOSTILAS OPÇÃO

Somente o primeiro elemento vai para o plural: um significado novo: portão, cartão, fogão, cartilha, folhinha
(calendário).
- substantivo + preposição + substantivo: água de colônia - As palavras proparoxítonas e as palavras terminadas em
= águas-de-colônia / mula-sem-cabeça = mulas-sem-cabeça / sílabas nasal, ditongo, hiato ou vogal tônica recebem o sufixo
pão-de-ló = pães-de-ló / sinal-da-cruz = sinais-da-cruz. zinho(a): lâmpada (proparoxítona) = lampadazinha; irmão
- quando o segundo elemento limita o primeiro ou dá (sílaba nasal) = irmãozinho; herói (ditongo) = heroizinho; baú
ideia de tipo, finalidade: samba-enredo = sambas-enredo / (hiato) = bauzinho; café (voga tônica) = cafezinho.
pombo-correio = pombos-correio / salário-família = salários- - As palavras terminadas em s ou z, ou em uma dessas
família / banana-maçã = bananas-maçã / vale-refeição = vales- consoantes seguidas de vogal recebem o sufixo inho: país =
refeição (vale = ter valor de, substantivo+especificador) paisinho; rapaz = rapazinho; rosa = rosinha; beleza =
belezinha.
Os dois elementos ficam invariáveis quando houver: - Há ainda aumentativos e diminutivos formados por
prefixação: minissaia, maxissaia, supermercado,
- verbo + advérbio: o ganha-pouco = os ganha-pouco / o minicalculadora.
cola-tudo = os cola-tudo / o bota-fora = os bota-fora
- os compostos de verbos de sentido oposto: o entra-e-sai Questões
= os entra-e-sai / o leva-e-traz = os leva-e-traz / o vai-e-volta
= os vai-e-volta. 01. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da
mesma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:
Os dois elementos, vão para o plural: (A) vulcão, abaixo-assinado;
(B) irmão, salário-família;
- substantivo + substantivo: decreto-lei = decretos-leis / (C) questão, manga-rosa;
abelha-mestra = abelhas-mestras / tia-avó = tias-avós / (D) bênção, papel-moeda;
tenente-coronel = tenentes-coronéis / redator-chefe = (E) razão, guarda-chuva.
redatores-chefes.
- substantivo + adjetivo: amor-perfeito = amores- 02. Assinale a alternativa em que está correta a formação
perfeitos / capitão-mor = capitães-mores / carro-forte = do plural:
carros-fortes / obra-prima = obras-primas / cachorro-quente (A) cadáver – cadáveis;
= cachorros-quentes. (B) gavião – gaviães;
- adjetivo + substantivo: boa-vida = boas-vidas / curta- (C) fuzil – fuzíveis;
metragem = curtas-metragens / má-língua = más-línguas / (D) mal – maus;
- numeral ordinal + substantivo: segunda-feira = (E) atlas – os atlas.
segundas-feiras / quinta-feira = quintas-feiras.
03. A palavra livro é um substantivo
Composto com a palavra guarda só vai para o plural se (A) próprio, concreto, primitivo e simples.
for pessoa: guarda-noturno = guardas-noturnos / guarda- (B) comum, abstrato, derivado e composto.
florestal = guardas-florestais / guarda-civil = guardas-civis / (C) comum, abstrato, primitivo e simples.
guarda-marinha = guardas-marinha. (D) comum, concreto, primitivo e simples.

Plural dos nomes próprios personalizados: os Almeidas 04. Assinale a alternativa em que todos os substantivos são
/ os Oliveiras / os Picassos / os Mozarts / os Kennedys / os masculinos:
Silvas. (A) enigma – idioma – cal;
(B) pianista – presidente – planta;
Plural das siglas, acrescenta-se um s minúsculo: CDs / (C) champanha – dó(pena) – telefonema;
DVDs / ONGs / PMs / Ufirs. (D) estudante – cal – alface;
(E) edema – diabete – alface.
Grau (aumentativo/diminutivo)
Os substantivos podem ser modificados a fim de exprimir 05. Sabendo-se que há substantivos que no masculino têm
intensidade, exagero ou diminuição. A essas modificações é um significado; e no feminino têm outro, diferente. Marque a
que damos o nome de grau do substantivo. Os graus alternativa em que há um substantivo que não corresponde ao
aumentativos e diminutivos são formados por dois processos: seu significado:
(A) O capital = dinheiro;
- Sintético: com o acréscimo de um sufixo aumentativo ou A capital = cidade principal;
diminutivo: peixe – peixão; peixe-peixinho; sufixo inho ou (B) O grama = unidade de medida;
isinho. A grama = vegetação rasteira;
(C) O rádio = aparelho transmissor;
- Analítico: formado com palavras de aumento: grande, A rádio = estação geradora;
enorme, imensa, gigantesca (obra imensa / lucro enorme / (D) O cabeça = o chefe;
carro grande / prédio gigantesco); e formado com as palavras A cabeça = parte do corpo;
de diminuição (diminuto, pequeno, minúscula, casa pequena, (E) A cura = o médico.
peça minúscula, saia diminuta). O cura = ato de curar.

- Sem falar em aumentativo e diminutivo alguns Gabarito


substantivos exprimem também desprezo, crítica, indiferença
em relação a certas pessoas e objetos: gentalha, mulherengo, 01.C / 02.E / 03.D / 04.C / 05.E
narigão, gentinha, coisinha, povinho, livreco.
- Já alguns diminutivos dão ideia de afetividade: filhinho, Adjetivo
Toninho, mãezinha.
- Em consequência do dinamismo da língua, alguns É a palavra variável em gênero, número e grau que
substantivos no grau diminutivo e aumentativo adquiriram modifica um substantivo, atribuindo-lhe uma qualidade,

Língua Portuguesa 19
APOSTILAS OPÇÃO

estado, ou modo de ser: laranjeira florida; céu azul; mau tempo. - as locuções adjetivas formadas de cor + de + substantivo,
Os adjetivos classificam-se em: ficam invariáveis: papel cor-de-rosa = papéis cor-de-rosa /
- simples: apresentam um único radical, uma única palavra olho cor-de-mel = olhos cor-de-mel.
em sua estrutura: alegre, medroso, simpático. - são invariáveis os adjetivos raios ultravioleta / alegrias
- compostos: apresentam mais de um radical, mais de duas sem-par, piadas sem-sal.
palavras em sua estrutura: estrelas azul-claras; sapatos
marrom-escuros. Grau
- primitivos: são os que vieram primeiro; dão origem a
outras palavras: atual, livre, triste, amarelo, brando. O grau do adjetivo exprime a intensidade das qualidades
- derivados: são aqueles formados por derivação, vieram dos seres. O adjetivo apresenta duas variações de grau:
depois dos primitivos: amarelado, ilegal, infeliz, comparativo e superlativo.
desconfortável.
- pátrios: indicam procedência ou nacionalidade, referem- O grau comparativo é usado para comparar uma
se a cidades, estados, países. Amapá: amapaense; Amazonas: qualidade entre dois ou mais seres, ou duas ou mais
amazonense ou baré; Anápolis: anapolino; Angra dos Reis: qualidades de um mesmo ser. Pode ser de igualdade, de
angrense; Aracajú: aracajuano ou aracajuense; Bahia: baiano. superioridade e de inferioridade:

Pode-se utilizar os adjetivos pátrios compostos, como: - de igualdade: iguala duas coisas ou duas pessoas: Sou
afro-brasileiro; Anglo-americano, franco-italiano, sino- tão alto quão / quanto / como você. (As duas pessoas têm a
japonês (China e Japão); Américo-francês; luso-brasileira; mesma altura)
nipo-argentina (Japão e Argentina); teuto-argentinos
(alemão). - de superioridade: iguala duas pessoas / coisas sendo que
uma é mais do que a outra: Minha amiga Manu é mais
Locução Adjetiva: é a expressão que tem o mesmo valor elegante do que / que eu. (Das duas, a Manu é mais) Podem
de um adjetivo. É formada por preposição + um substantivo. ser:
Vejamos algumas locuções adjetivas: Analítico: mais bom / mais mau / mais grande / mais
pequeno: O salário é mais pequeno do que / que justo (salário
Angelical de anjo Etário de idade pequeno e justo). Quando comparamos duas qualidades de um
Abdominal de abdômen Fabril de fábrica mesmo ser, podemos usar as formas: mais grande, mais mau,
Apícola de abelha Filatélico de selos mais bom, mais pequeno.
Aquilino de águia Urbano da cidade Sintético: bom, melhor / mau, pior / grande, maior /
pequeno, menor: Esta sala é melhor do que / que aquela.
Flexões do Adjetivo
Como palavra variável, sofre flexões de gênero, número e - de inferioridade: um elemento é menor do que outro:
grau: Somos menos passivos do que / que tolerantes.

Gênero O grau superlativo apresenta característica intensificada.


Pode ser absoluto ou relativo:
- uniformes: têm forma única para o masculino e o
feminino. Funcionário incompetente = funcionária - Absoluto: atribuída a um só ser; de forma absoluta. Pode
incompetente. ser:
- biformes: troca-se a vogal “o” pela vogal “a” ou com o Analítico: advérbio de intensidade muito, intensamente,
acréscimo da vogal “a” no final da palavra: ator famoso = atriz bastante, extremamente, excepcionalmente + adjetivo (Nicola é
famosa / jogador brasileiro = jogadora brasileira. extremamente simpático).
Sintético: adjetivo + issimo, imo, ílimo, érrimo (Minha
Os adjetivos compostos recebem a flexão feminina apenas comadre Mariinha é agradabilíssima).
no segundo elemento: sociedade luso-brasileira / festa cívico-
religiosa / são – sã. - o sufixo -érrimo é restrito aos adjetivos latinos
Às vezes, os adjetivos são empregados como substantivos terminados em r; pauper (pobre) = paupérrimo; macer
ou como advérbios: Agia como um ingênuo. (adjetivo como (magro) = macérrimo;
substantivo: acompanha um artigo). A cerveja que desce - forma popular: radical do adjetivo português + íssimo
redondo. (adjetivo como advérbio: redondamente). (pobríssimo);
- adjetivos terminados em vel + bilíssimo: amável =
Número amabilíssimo;
- adjetivos terminados em eio formam o superlativo
O plural dos adjetivos simples flexiona de acordo com o apenas com i: feio = feíssimo / cheio = cheíssimo.
substantivo a que se referem: menino chorão = meninos - os adjetivos terminados em io forma o superlativo em
chorões / garota sensível = garotas sensíveis. iíssimo: sério = seriíssimo / necessário = necessariíssimo /
frio = friíssimo.
- quando os dois elementos formadores são adjetivos, só o
segundo vai para o plural: questões político-partidárias, olhos Usa-se também, no superlativo:
castanho-claros, senadores democrata-cristãos.
- composto formado de adjetivo + substantivo referindo-se - prefixos: maxinflação / hipermercado /
a cores, o adjetivo cor e o substantivo permanecem invariáveis, ultrassonografia / supersimpática.
não vão para o plural: terno azul-petróleo = ternos azul- - expressões: suja à beça / pra lá de sério / duro que nem
petróleo (adjetivo azul, substantivo petróleo); saia amarelo- sola / podre de rico / linda de morrer / magro de dar pena.
canário = saias amarelo-canário (adjetivo, amarelo; - adjetivos repetidos: fofinho, fofinho (=fofíssimo) /
substantivo canário). linda, linda (=lindíssima).
- diminutivo ou aumentativo: cheinha / pequenininha /
grandalhão / gostosão / bonitão.

Língua Portuguesa 20
APOSTILAS OPÇÃO

- linguagem informal, sufixo érrimo, em vez de íssimo: 04. (Banestes - Analista Econômico Financeiro - Gestão
chiquérrimo, chiquetérrimo, elegantérrimo. Contábil - FGV/2018) Na escrita, pode-se optar
- Relativo: ressalta a qualidade de um ser entre muitos, frequentemente entre uma construção de substantivo +
com a mesma qualidade. Pode ser: locução adjetiva ou substantivo + adjetivo (esportes da água =
De Superioridade: Wilma é a mais prendada de todas as esportes aquáticos).
suas amigas. (Ela é a mais de todas)
De Inferioridade: Paulo César é o menos tímido dos filhos. O termo abaixo sublinhado que NÃO pode ser substituído
por um adjetivo é:
Questões (A) A indústria causou a poluição do rio;
(B) As águas do rio ficaram poluídas;
01. (COMPESA - Analista de Gestão - Advogado - (C) As margens do rio estão cheias de lama;
FGV/2016) A substituição da oração adjetiva por um adjetivo (D) Os turistas se encantam com a imagem do rio;
de valor equivalente está feita de forma inadequada em: (E) Os peixes do rio são bem saborosos.
(A) “Quando você elimina o impossível, o que sobra, por
mais improvável que pareça, só pode ser a verdade”. / restante 05. (Pref. Paulínia/SP - Engenheiro Agrônomo -
(B) “Sábio é aquele que conhece os limites da própria FGV/2016) “O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer ao
ignorância”. / consciente dos limites da própria ignorância. menos crer na fábula, e pouco apreço dá às demonstrações
(C) “A única coisa que vem sem esforço é a idade”. / científicas.” (Machado de Assis)
indiferente
(D) “Adoro a humanidade. O que não suporto são as No fragmento acima, os dois adjetivos sublinhados
pessoas”. / insuportável possuem, respectivamente, os valores de
(E) “Com o tempo não vamos ficando sozinhos apenas (A) qualidade e estado.
pelos que se foram: vamos ficando sozinhos uns dos outros”. / (B) estado e relação.
falecidos (C) relação e característica.
(D) característica e qualidade.
02. (SEPOG/RO - Técnico em Tecnologia da Informação (E) qualidade e relação.
e Comunicação - FGV/2018) Temos uma notícia triste: o
coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem, não Gabarito
é ali que moram os sentimentos. Puxa, para que serve ele,
afinal? Calma, não jogue o coração para escanteio, ele é 01.C / 02.A / 03.E / 04.A / 05.E
superimportante. “É um órgão vital. É dele a função de
bombear sangue para todas as células de nosso corpo”, explica Numeral
Sérgio Jardim, cardiologista do Hospital do Coração.
O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e Os numerais exprimem quantidade, posição em uma série,
tem dois sistemas de bombeamento independentes. Com essas multiplicação e divisão. Daí a sua classificação,
“bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as respectivamente, em:
artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e aumentando
de tamanho. E o que tem a ver com o amor? “Ele realmente - Cardinal - indica número, quantidade: um, dois, três,
bate mais rápido quando uma pessoa está apaixonada. O corpo quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze,
libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a catorze ou quatorze, quinze, dezesseis, vinte..., trinta..., cem...,
pressão arterial”. duzentos..., oitocentos..., novecentos..., mil.
(O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar, p. 6)
- Ordinal - indica ordem ou posição: primeiro, segundo,
Nas frases “ele é superimportante” e “Ele realmente bate terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo,
mais rápido quando uma pessoa está apaixonada”, há dois décimo primeiro, vigésimo..., trigésimo..., quingentésimo...,
exemplos de variação de grau. sexcentésimo..., septingentésimo..., octingentésimo...,
nongentésimo..., milésimo.
Sobre essas variações, assinale a afirmativa correta.
(A) Apenas na primeira frase há uma variação de grau de - Fracionário - indica uma fração ou divisão: meia, metade,
adjetivo. terço, quarto, décimo, onze avos, doze avos, vinte avos..., trinta
(B) Nas duas ocorrências ocorre o superlativo de adjetivos. avos..., centésimo..., ducentésimo..., trecentésimo..., milésimo.
(C) Apenas na segunda ocorrência ocorre o grau
comparativo do adjetivo. - Multiplicativo - indica a multiplicação de um número:
(D) Na primeira ocorrência, a variação de grau ocorre por dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo, sêxtuplo, sétuplo, óctuplo,
meio de um sufixo. nônuplo, décuplo, undécuplo, duodécuplo, cêntuplo.
(E) Apenas na primeira frase há variação de grau.
Os numerais que indicam conjunto de elementos de
03. (Banestes - Técnico Bancário - FGV/2018) O quantidade exata são os coletivos:
adjetivo ilimitado corresponde à locução “sem limites”; a
locução com igual estrutura que NÃO corresponde ao adjetivo BIMESTRE: período de dois meses
abaixo destacado é: CENTENÁRIO: período de cem anos
(A) Os turistas ficaram inertes durante a ação policial / DECÁLOGO: conjunto de dez leis
sem ação; DECÚRIA: período de dez anos
(B) O turista incauto ficou assustado com a ação policial / DEZENA: conjunto de dez coisas
sem cautela; LUSTRO: período de cinco anos
(C) O vocalista da banda saiu ileso do acidente / sem MILÊNIO: período de mil anos
ferimento; MILHAR: conjunto de mil coisas
(D) O presidente da Coreia passou incógnito pela França / NOVENA: período de nove dias
sem ser percebido; QUARENTENA: período de quarenta dias
(E) O novo livro do autor estava ainda inédito / sem editor. QUINQUÊNIO: período de cinco anos
RESMA: quinhentas folhas de papel

Língua Portuguesa 21
APOSTILAS OPÇÃO

SEMESTRE: período de seis meses (portaria oitava); emprega-se o numeral cardinal, a partir de
TRIÊNIO: período de três anos dez: O artigo 16 não foi justificado. (artigo dezesseis)
TRINCA: conjunto de três coisas - enumeração de casa, páginas, folhas, textos,
apartamentos, quartos, poltronas, emprega-se o numeral
Algarismos cardinal: Reservei a poltrona vinte e oito. / O texto quatro está
Arábicos e Romanos, respectivamente: 1-I, 2-II, 3-III, 4-IV, na página sessenta e cinco.
5-V, 6-VI, 7-VII, 8-VIII, 9-IX, 10-X, 11-XI, 12-XII, 13-XIII, 14-XIV, - se o numeral vier antes do substantivo, emprega-se o
15-XV, 16-XVI, 17-XVII, 18-XVIII, 19-XIX, 20-XX, 30-XXX, 40- ordinal. Paulo César é adepto da 7ª Arte. (sétima)
XL, 50-L, 60-LX, 70-LXX, 80-LXXX, 90-XC, 100-C, 200-CC, 300- - não se usa o numeral um antes de mil: Mil e duzentos
CCC, 400-CD, 500-D, 600-DC, 700-DCC, 800-DCCC, 900-CM, reais é muito para mim.
1.000-M. - o artigo e o numeral, antes dos substantivos milhão,
milhar e bilhão, devem concordar no masculino:
Flexão dos Numerais - emprega-se, na escrita das horas, o símbolo de cada
Gênero unidade após o numeral que a indica, sem espaço ou ponto:
- os numerais cardinais um, dois e as centenas a partir de 10h20min – dez horas, vinte minutos.
duzentos apresentam flexão de gênero: Um menino e uma
menina foram os vencedores. / Comprei duzentos gramas de Questões
presunto e duzentas rosquinhas.
- os numerais ordinais variam em gênero: Marcela foi a 01. Marque o emprego incorreto do numeral:
nona colocada no vestibular. (A) século III (três)
- os numerais multiplicativos, quando usados com o valor (B) página 102 (cento e dois)
de substantivos, são Invariáveis: A minha nota é o triplo da sua. (C) 80º (octogésimo)
(Triplo – valor de substantivo) (D) capítulo XI (onze)
- quando usados com valor de adjetivo, apresentam flexão (E) X tomo (décimo)
de gênero: Eu fiz duas apostas triplas na loto fácil. (Triplas
valor de adjetivo) 02. Indique o item em que os numerais estão corretamente
- os numerais fracionários concordam com os cardinais empregados:
que indicam o número das partes: Dois terços dos alunos foram (A) Ao Papa Paulo seis sucedeu João Paulo primeiro.
contemplados. (B) após o parágrafo nono, virá o parágrafo dez.
- o fracionário meio concorda em gênero e número com o (C) depois do capítulo sexto, li o capítulo décimo primeiro.
substantivo no qual se refere: O início do concurso será meio- (D) antes do artigo décimo vem o artigo nono.
dia e meia. (Hora) / Usou apenas meias palavras. (E) o artigo vigésimo segundo foi revogado.

Número 03. (Pref. Chapecó/SC - Procurador Municipal -


- os numerais cardinais milhão, bilhão, trilhão, e outros, IOBV/2016) Quanto à classificação dos numerais, os que
variam em número: Venderam um milhão de ingressos para a indicam o aumento proporcional de quantidade, podendo ter
festa do peão. / Somos 180 milhões de brasileiros. valor de adjetivo ou substantivo são os numerais:
- os numerais ordinais variam em número: As segundas (A) Multiplicativos.
colocadas disputarão o campeonato. (B) Ordinais.
- os numerais multiplicativos são invariáveis quando (C) Cardinais.
usados com valor de substantivo: Minha dívida é o dobro da (D) Fracionários.
sua. (Valor de substantivo – invariável)
- os numerais multiplicativos variam quando usados como 04. (Pref. Barra de Guabiraba/PE - IDHTEC/2016)
adjetivos: Fizemos duas apostas triplas. (Valor de adjetivo – Assinale a alternativa em que o numeral está escrito por
variável) extenso corretamente, de acordo com a sua aplicação na frase:
- os numerais fracionários variam em número, (A) Os moradores do bairro Matão, em Sumaré (SP),
concordando com os cardinais que indicam números das temem que suas casas desabem após uma cratera se abrir na
partes. Avenida Papa Pio X. (décima)
- Um quarto de litro equivale a 250 ml; três quartos (B) O acidente ocorreu nessa terça-feira, na BR-401
equivalem a 750 ml. (quatrocentas e uma)
(C) A 22ª edição do Guia impresso traz uma matéria e teve
Grau a sua página Classitêxtil reformulada. (vigésima segunda)
Na linguagem coloquial é comum a flexão de grau dos (D) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem
numerais: Já lhe disse isso mil vezes. / Aquele quarentão é um ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
“gato”! / Morri com cincão para a “vaquinha”, lá da escola. erro, mediante artifício, ardil. (centésimo setésimo primeiro)
(E) A Semana de Arte Moderna aconteceu no início do
Emprego dos Numerais século XX. (século ducentésimo)
- para designar séculos, reis, papas, capítulos, cantos (na
poesia épica), empregam-se: os ordinais até décimo: João Paulo 05. (MPE/SP - Oficial de Promotoria I - VUNESP/2016)
II (segundo), Canto X (décimo), Luís IX (nono); os cardinais
para os demais: Papa Bento XVI (dezesseis), Século XXI (vinte O SBT fará uma homenagem digna da história de seu
e um). proprietário e principal apresentador: no próximo dia 12
- se o numeral vier antes do substantivo, usa-se o ordinal. [12.12.2015] colocará no ar um especial com 2h30 de duração
O XX século foi de descobertas científicas. (vigésimo século) em homenagem a Silvio Santos. É o dia de seu aniversário de
- com referência ao primeiro dia do mês, usa-se o numeral 85 anos.
ordinal: O pagamento do pessoal será sempre no dia primeiro. (http://tvefamosos.uol.com.br/noticias)
- na enumeração de leis, decretos, artigos, circulares,
portarias e outros textos oficiais, emprega-se o numeral As informações textuais permitem afirmar que, em
ordinal até o nono: O diretor leu pausadamente a portaria 8ª 12.12.2015, Sílvio Santos completou seu
(A) octogenário quinquagésimo aniversário.

Língua Portuguesa 22
APOSTILAS OPÇÃO

(B) octogésimo quinto aniversário. me, te, lhe, nos, vos: quando colocado com verbos
(C) octingentésimo quinto aniversário. transitivos diretos (TD), têm sentido possessivo, equivalendo
(D) otogésimo quinto aniversário. a meu, teu, seu, dele, nosso, vosso: Os anos roubaram-lhe a
(E) oitavo quinto aniversário. esperança. (sua, dele, dela possessivo)

Gabarito Os pronomes pessoais oblíquos nos, vos, e se recebem o


nome de pronomes recíprocos quando expressam uma ação
01.A / 02.B / 03.A / 04.C / 05.B mútua ou recíproca: Nós nos encontramos emocionados.
(pronome recíproco, nós mesmos). Nunca diga: Eu se apavorei.
Pronome / Eu jà se arrumei; Eu me apavorei. / Eu me arrumei. (certos)
- Os pronomes pessoais retos eu e tu serão substituidos
É a palavra que acompanha ou substitui o nome, por mim e ti após preposição: O segredo ficará somente entre
relacionando-o a uma das três pessoas do discurso. As três mim e ti.
pessoas do discurso são: - É obrigatório o emprego dos pronomes pessoais eu e tu,
1ª pessoa: eu (singular) nós (plural): aquela que fala ou quando funcionarem como sujeito: Todos pediram para eu
emissor; relatar os fatos cuidadosamente. (pronome reto + verbo no
2ª pessoa: tu (singular) vós (plural): aquela com quem se infinitivo). Lembre-se de que mim não fala, não escreve, não
fala ou receptor; compra, não anda.
3ª pessoa: ele, ela (singular) eles, elas (plural): aquela de - As formas oblíquas o, a, os, as são sempre empregadas
quem se fala ou referente. como complemento de verbos transitivos diretos ao passo
que as formas lhe, lhes são empregadas como complementos
Os pronomes são classificados em: pessoais, de tratamento, de verbos transitivos indiretos: Dona Cecília, querida amiga,
possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e chamou-a. (verbo transitivo direto, VTD); Minha saudosa
relativos. comadre, Nircléia, obedeceu-lhe. (verbo transitivo
indireto,VTI)
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais dividem-se em: - É comum, na linguagem coloquial, usar o brasileiríssimo
- Retos - exercem a função de sujeito da oração. a gente, substituindo o pronome pessoal nós: A gente deve
- Oblíquos - exercem a função de complemento do verbo fazer caridade com os mais necessitados.
(objeto direto / objeto indireto). São: tônicos com preposição - Chamam-se pronomes pessoais reflexivos os pronomes
ou átonos sem preposição. que se referem ao sujeito: Eu me feri com o canivete. (eu- 1ª
pessoa- sujeito / me- pronome pessoal reflexivo)
Pessoas do Retos Oblíquos - Os pronomes pessoais oblíquos se, si e consigo devem ser
Discurso Átonos Tônicos empregados somente como pronomes pessoais reflexivos e
Singular 1ª pessoa eu me mim, funcionam como complementos de um verbo na 3ª pessoa,
2ª pessoa tu te comigo cujo sujeito é também da 3ª pessoa: Nicole levantou-se com
3ª pessoa ele/ela se, o, a, ti, contigo
elegância e levou consigo (com ela própria) todos os olhares.
lhe si, ele,
consigo
(Nicole- sujeito, 3ª pessoa / levantou- verbo, 3ª pessoa /
Plural 1ª pessoa nós nos nós, se- complemento, 3ª pessoa / levou- verbo, 3ª pessoa /
2ª pessoa vós vos conosco consigo- complemento, 3ª pessoa).
3ª pessoa eles/elas se, os, as, vós, - Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos, lhes (formas de
lhes convosco Objeto Indireto) juntam-se a o, a, os, as (formas de Objeto
si, eles, Direto), assim:
consigo me+o (mo). Ex.: Recebi a carta e agradeci ao jovem, que ma
trouxe.
- Colocados antes do verbo, os pronomes oblíquos da 3ª nos+o (no-lo). Ex.: Venderíamos a casa, se no-la exigissem.
pessoa, apresentam sempre a forma: o, a, os, as: Eu os vi saindo te+o: (to). Ex.: Dei-te os meus melhores dias. Dei-tos.
do teatro. lhe+o: (lho). Ex.: Ofereci-lhe flores. Ofereci-lhas.
- As palavras “só” e “todos” sempre acompanham os vos+o: (vo-lo). E.: Pedi-vos conselho. Pedi vo-lo.
pronomes pessoais do caso reto: Eu vi só ele ontem.
- Colocados depois do verbo, os pronomes oblíquos da 3ª No Brasil, quase não se usam essas combinações (mo, to,
pessoa apresentam as formas: lho, no-lo, vo-lo), são usadas somente em escritores mais
o, a, os, as: se o verbo terminar em vogal ou ditongo oral: sofisticados.
Encontrei-a sozinha. Vejo-os diariamente.
o, a, os, as, precedidos de verbos terminados em: R/S/Z, Pronomes de Tratamento
assumem as formas: lo, Ia, los, las, perdendo, São usados no trato com as pessoas. Dependendo da
consequentemente, as terminações R, S, Z. Preciso pagar ao pessoa a quem nos dirigimos, do seu cargo, idade, título, o
verdureiro. (= pagá-lo); Fiz os exercícios a lápis. (= Fi-los a tratamento será familiar ou cerimonioso.
lápis)
lo, la, los, las: se vierem depois de: eis / nos / vos - Eis a Vossa Alteza - V.A. - príncipes, duques;
prova do suborno. (= Ei-la); O tempo nos dirá. (= no-lo dirá). Vossa Eminência - V.Ema - cardeais;
(eis, nos, vos perdem o S) Vossa Excelência - V.Ex.a - altas autoridades, presidente,
no, na, nos, nas: se o verbo terminar em ditongo nasal: m, oficiais;
ão, õe: Deram-na como vencedora; Põe-nos sobre a mesa. Vossa Magnificência - V.Mag.a - reitores de universidades;
lhe, lhes colocados depois do verbo na 1ª pessoa do plural, Vossa Majestade - V.M. - reis, imperadores;
terminado em S não modificado: Nós entregamoS-lhe a cópia Vossa Santidade - V.S. - Papa;
do contrato. (o S permanece) Vossa Senhoria -V.Sa - tratamento cerimonioso.
nos: colocado depois do verbo na 1ª pessoa do plural, - São também pronomes de tratamento: o senhor, a
perde o S: Sentamo-nos à mesa para um café rápido. senhora, a senhorita, dona, você.
- Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico.

Língua Portuguesa 23
APOSTILAS OPÇÃO

Nas comunicações oficiais devem ser utilizados somente Esta afirmação me deixou surpresa: gostava de química.
dois fechos: O homem e a mulher são massacrados pela cultura atual,
Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive mas esta é mais oprimida.
para o presidente da República. esse, essa, esses, essas
Ex.:
Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia
Não gostei desse livro que está em tuas mãos.
ou de hierarquia inferior. Nesse último ano, realizei bons negócios.
Gostava de química. Essa afirmação me deixou surpresa.
- A forma Vossa (Senhoria, Excelência) é empregada aquele, aquela, aquilo, aqueles, aquelas
quando se fala com a própria pessoa: Vossa Senhoria não Ex.:
compareceu à reunião dos sem-terra? (falando com a pessoa) Não gostei daquele livro que a Roberta trouxe.
- A forma Sua (Senhoria, Excelência ) é empregada quando Tenho boas recordações de 1960, pois naquele ano realizei
se fala sobre a pessoa: Sua Eminência, o cardeal, viajou para bons negócios.
um congresso. (falando a respeito do cardeal) O homem e a mulher são massacrados pela cultura atual,
mas esta é mais oprimida que aquele.
- Os pronomes de tratamento com a forma Vossa (Senhoria,
Excelência, Eminência, Majestade), embora indiquem a 2ª
pessoa (com quem se fala), exigem que outros pronomes e o - para retomar elementos já enunciados, usamos aquele (e
verbo sejam usados na 3ª pessoa. Vossa Excelência sabe que variações) para o elemento que foi referido em 1º Iugar e este
seus ministros o apoiarão. (e variações) para o que foi referido em último lugar. Ex.: Pais
e mães vieram à festa de encerramento; aqueles, sérios e
Pronomes Possessivos orgulhosos, estas, elegantes e risonhas.
São os pronomes que indicam posse em relação às pessoas - dependendo do contexto os demonstrativos também
da fala. servem como palavras de função intensificadora ou
depreciativa. Ex.: Júlia fez o exercício com aquela calma!
Masculino Feminino (=expressão intensificadora). Não se preocupe; aquilo é uma
Singular Plural Singular Plural tranqueira! (=expressão depreciativa)
meu meus minha minhas - as formas nisso e nisto podem ser usadas com valor de
teu teus tua tuas então ou nesse momento. Ex.: A festa estava desanimada; nisso,
seu seus sua suas a orquestra tocou um samba e todos caíram na dança.
nosso nossos nossa nossas - os demonstrativos esse, essa, são usados para destacar um
vosso vossos vossa vossas elemento anteriormente expresso. Ex.: Ninguém ligou para o
seu seus sua suas incidente, mas os pais, esses resolveram tirar tudo a limpo.

Emprego dos Pronomes Possessivos Pronomes Indefinidos


São aqueles que se referem à 3ª pessoa do discurso de
- O uso do pronome possessivo da 3ª pessoa pode modo vago indefinido, impreciso: Alguém disse que Paulo
provocar, às vezes, a ambiguidade da frase. Ex.: João Luís disse César seria o vencedor. Alguns desses pronomes são variáveis
que Laurinha estava trabalhando em seu consultório. O em gênero e número; outros são invariáveis.
pronome seu toma o sentido ambíguo, pois pode referir-se Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco,
tanto ao consultório de João Luís como ao de Laurinha. No certo, vários, tanto, quanto, um, bastante, qualquer.
caso, usa-se o pronome dele, dela para desfazer a ambiguidade. Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo, quem,
- Os possessivos, às vezes, podem indicar aproximações nada, cada, mais, menos, demais.
numéricas e não posse: Cláudia e Haroldo devem ter seus
trinta anos. Emprego dos Pronomes Indefinidos
- Na linguagem popular, o tratamento seu como em: Seu
Ricardo, pode entrar!, não tem valor possessivo, pois é uma - O indefinido cada deve sempre vir acompanhado de um
alteração fonética da palavra senhor. substantivo ou numeral, nunca sozinho: Ganharam cem
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo dólares cada um. (inadequado: Ganharam cem dólares cada.)
concorda com o mais próximo. Ex.: Trouxe-me seus livros e - Certo, certa, certos, certas, vários, várias, são indefinidos
anotações. quando colocados antes dos substantivos, e adjetivos quando
- Usam-se elegantemente certos pronomes oblíquos: me, colocados depois do substantivo: Certo dia perdi o controle da
te, lhe, nos, vos, com o valor de possessivos. Vou seguir-lhe os situação. (antes do substantivo= indefinido); Eles voltarão no
passos. (os seus passos) dia certo. (depois do substantivo=adjetivo).
- Deve-se observar as correlações entre os pronomes - Todo, toda (somente no singular) sem artigo, equivale a
pessoais e possessivos. “Sendo hoje o dia do teu aniversário, qualquer: Todo ser nasce chorando. (=qualquer ser;
apresso-me em apresentar-te os meus sinceros parabéns; indetermina, generaliza).
Peço a Deus pela tua felicidade; Abraça-te o teu amigo que te - Outrem significa outra pessoa. Ex.: Nunca se sabe o
preza.” pensamento de outrem.
- Não se emprega o pronome possessivo (seu, sua) quando - Qualquer, plural quaisquer. Ex.: Fazemos quaisquer
se trata de parte do corpo. Ex.: Um cavaleiro todo vestido de negócios.
negro, com um falcão em seu ombro esquerdo e uma espada
em sua, mão. (usa-se: no ombro; na mão) Locuções Pronominais Indefinidas: são locuções
pronominais indefinidas duas ou mais palavras que equivalem
Pronomes Demonstrativos ao pronome indefinido: cada qual / cada um / quem quer que
Indicam a posição dos seres designados em relação às seja / seja quem for / qualquer um / todo aquele que / um ou
pessoas do discurso, situando-os no espaço ou no tempo. outro / tal qual (=certo).
Apresentam-se em formas variáveis e invariáveis.
Pronomes Relativos
este, esta, isto, estes, estas São aqueles que representam, numa 2ª oração, alguma
Ex.: palavra que já apareceu na oração anterior. Essa palavra da
Não gostei deste livro aqui. oração anterior chama-se antecedente: Comprei um carro que
Neste ano, tenho realizado bons negócios.
é movido a álcool e à gasolina. É Flex Power. Percebe-se que o

Língua Portuguesa 24
APOSTILAS OPÇÃO

pronome relativo que, substitui na 2ª oração, o carro, por isso Em "Mas ele não tinha muitas chances", as palavras
a palavra que é um pronome relativo. Dica: substituir que por classificam-se, morfologicamente, na ordem em que aparecem,
o, a, os, as, qual / quais. como
Os pronomes relativos estão divididos em variáveis e (A) preposição, pronome, advérbio, ação, nome e adjetivo.
invariáveis. (B) conjunção, pronome, advérbio, verbo, pronome e
Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja, substantivo.
cujas, quanto, quantos; (C) interjeição, pronome, nome, verbo, artigo e adjetivo.
Invariáveis: que, quem, quando, como, onde. (D) conector, nome, adjetivo, verbo, pronome e nome.
(E) conjunção, substantivo, advérbio, verbo, advérbio e
Emprego dos Pronomes Relativos adjetivo.
- O relativo que, por ser o mais usado, é chamado de
relativo universal. Ele pode ser empregado com referência à 02. (IF/PA - Auxiliar em Administração -
pessoa ou coisa, no plural ou no singular. Ex.: Este é o CD novo FUNRIO/2016) O emprego do pronome relativo está de
que acabei de comprar; João Adolfo é o cara que pedi a Deus. acordo com as normas da língua-padrão em:
- O relativo que pode ter por seu antecedente o pronome (A) Finalmente aprovaram o decreto que lutamos tanto
demonstrativo o, a, os, as. Ex.: Não entendi o que você quis por ele.
dizer. (o que = aquilo que). (B) Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo que tenho
- O relativo quem refere se a pessoa e vem sempre direito.
precedido de preposição. Ex.: Marco Aurélio é o advogado a (C) Eu aprovaria o texto daquele parecer que o relator
quem eu me referi. apresentou ontem.
- O relativo cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual, (D) Existe um escritor brasileiro que todos os brasileiros
de quem e estabelecem relação de posse entre o antecedente e nos orgulhamos.
o termo seguinte. (cujo, vem sempre entre dois substantivos) (E) Na política, às vezes acontecem traições onde mostram
- O pronome relativo pode vir sem antecedente claro, muita sordidez.
explícito; é classificado, portanto, como relativo indefinido, e
não vem precedido de preposição. Ex.: Quem casa quer casa; 03. (Eletrobras/Eletrosul - Técnico de Segurança do
Feliz o homem cujo objetivo é a honestidade; Estas são as Trabalho - FCC/2016)
pessoas de cujos nomes nunca vou me esquecer.
- Só se usa o relativo cujo quando o consequente é Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a
diferente do antecedente. Ex.: O escritor cujo livro te falei é energia solar
paulista.
- O pronome cujo não admite artigo nem antes nem depois Bem no meio do deserto, há um lugar onde o calor é extremo.
de si. Sessenta e três graus ou até mais no verão. E foi exatamente por
- O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a: causa da temperatura que foi construída em Abu Dhabi uma das
em que, no qual. Ex.: Desconheço o lugar onde vende tudo maiores usinas de energia solar do mundo.
mais barato. (= lugar em que) Os Emirados Árabes estão investindo em fontes energéticas
- Quanto, quantos e quantas são relativos quando usados renováveis. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra
depois de tudo, todos, tanto. Ex.: Naquele momento, a querida por mais 100 anos pelo menos. O que pretendem é diversificar e
comadre Naldete, falou tudo quanto sabia. poluir menos. Uma aposta no futuro.
A preocupação com o planeta levou Abu Dhabi a tirar do
Pronomes Interrogativos papel a cidade sustentável de Masdar. Dez por cento do
São os pronomes em frases interrogativas diretas ou planejado está pronto. Um traçado urbanístico ousado, que
indiretas. Os principais interrogativos são: que, quem, qual, deixa os carros de fora. Lá só se anda a pé ou de bicicleta. As ruas
quanto: são bem estreitas para que um prédio faça sombra no outro. É
- Afinal, quem foram os prefeitos desta cidade? perfeito para o deserto. Os revestimentos das paredes isolam o
(interrogativa direta, COM o ponto de interrogação) calor. E a direção dos ventos foi estudada para criar corredores
- Gostaria de saber quem foram os prefeitos desta cidade. de brisa.
(interrogativa indireta, SEM a interrogação) (Adaptado de: “Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a
energia solar”. Disponível
em:http://g1.globo.com/globoreporter/noticia/2016/04/abu-dhabi-constroi-
Questões cidade-do-futuro-com-tudo-movido-energia-solar.html)

01. (CRP 2º Região/PE - Psicólogo Orientador - Fiscal - Considere as seguintes passagens do texto:
Quadrix/2018) I. E foi exatamente por causa da temperatura que foi
construída em Abu Dhabi uma das maiores usinas de energia
solar do mundo. (1º parágrafo)
II. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra por
mais 100 anos pelo menos. (2º parágrafo)
III. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os carros de
fora. (3º parágrafo)
IV. As ruas são bem estreitas para que um prédio faça
sombra no outro. (3º parágrafo)

O termo “que” é pronome e pode ser substituído por “o


qual” APENAS em
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I, II e IV.
(D) I e IV.
(E) III e IV.

Língua Portuguesa 25
APOSTILAS OPÇÃO

04. (Pref. Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo - esper é o radical do verbo esperar;


IDHTEC/2016) brinc é o radical do verbo brincar.

Se tirarmos as terminações ar, er, ir do infinitivo dos


verbos, teremos o radical desses verbos. Também podemos
antepor prefixos ao radical: desnutrir / reconduzir.

Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual


conjugação pertence o verbo. Há três vogais temáticas: 1ª
conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.

Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal


temática. Ex.: contar - cont (radical) + a (vogal temática) =
tema. Se não houver a vogal temática, o tema será apenas o
radical (contei = cont ei).
O emprego do pronome “aquela” na charge:
Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou
(A) Dá uma conotação irônica à frase.
ao tema, para indicar as flexões de modo e tempo, desinências
(B) Representa uma forma indireta de se dirigir ao casal.
modo temporais e desinências número pessoais.
(C) Permite situar no espaço aquilo a que se refere.
(D) Indica posse do falante.
Contávamos
(E) Evita a repetição do verbo.
Cont = radical
a = vogal temática
05. (Pref. Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala -
va = desinência modo temporal
FEPESE/2016) Analise a frase abaixo:
mos = desinência número pessoal
“O professor discutiu............mesmos a respeito da
Flexões Verbais
desavença entre .........e ........ .
Flexão de número e de pessoa: o verbo varia para indicar
o número e a pessoa.
Assinale a alternativa que completa corretamente as
- eu estudo – 1ª pessoa do singular;
lacunas do texto.
- nós estudamos – 1ª pessoa do plural;
(A) com nós - eu - ti
- tu estudas – 2ª pessoa do singular;
(B) conosco - eu - tu
- vós estudais – 2ª pessoa do plural;
(C) conosco - mim - ti
- ele estuda – 3ª pessoa do singular;
(D) conosco - mim - tu
- eles estudam – 3ª pessoa do plural.
(E) com nós - mim - ti
- Algumas regiões do Brasil, usam o pronome tu de forma
Gabarito
diferente da fala culta, exigida pela gramática oficial, ou seja,
tu foi, tu pega, tu tem, em vez de: tu fostes, tu pegas, tu tens.
01.B / 02.C / 03.B / 04.C / 05.E
- O pronome vós aparece somente em textos literários ou
bíblicos.
Verbo
- Os pronomes: você, vocês, que levam o verbo na 3ª
pessoa, é o mais usado no Brasil.
É a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da
natureza, estado, mudança de estado. Flexiona-se em:
Flexão de tempo e de modo: os tempos situam o fato ou a
- número (singular e plural);
ação verbal dentro de determinado momento; pode estar em
- pessoa (primeira, segunda e terceira);
plena ocorrência, pode já ter ocorrido ou não. Essas três
- modo (indicativo, subjuntivo e imperativo, formas
possibilidades básicas, mas não únicas, são: presente,
nominais: gerúndio, infinitivo e particípio);
pretérito e futuro.
- tempo (presente, passado e futuro);
- e apresenta voz (ativa, passiva, reflexiva).
O modo indica as diversas atitudes do falante com relação
ao fato que enuncia. São três os modos:
De acordo com a vogal temática, os verbos estão agrupados
- Modo Indicativo: a atitude do falante é de certeza,
em três conjugações:
precisão. O fato é ou foi uma realidade. Apresenta presente,
1ª conjugação – ar: cantar, dançar, pular.
pretérito perfeito, imperfeito e mais que perfeito, futuro do
2ª conjugação – er: beber, correr, entreter.
presente e futuro do pretérito.
3ª conjugação – ir: partir, rir, abrir.
- Modo Subjuntivo: a atitude do falante é de incerteza, de
dúvida, exprime uma possibilidade. O subjuntivo expressa
O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor,
uma incerteza, dúvida, possibilidade, hipótese. Apresenta
compor, impor) pertencem a 2ª conjugação devido à sua
presente, pretérito imperfeito e futuro. Ex: Tenha paciência,
origem latina poer.
Lourdes; Se tivesse dinheiro compraria um carro zero;
Quando o vir, dê lembranças minhas.
Elementos Estruturais do Verbo
- Modo Imperativo: a atitude do falante é de ordem, um
As formas verbais apresentam três elementos em sua
desejo, uma vontade, uma solicitação. Indica uma ordem, um
estrutura: radical, vogal temática e tema.
pedido, uma súplica. Apresenta imperativo afirmativo e
Radical: elemento mórfico (morfema) que concentra o
imperativo negativo.
significado essencial do verbo. Observe as formas verbais da
1ª conjugação: contar, esperar, brincar. Flexionando esses
Emprego dos Tempos do Indicativo
verbos, nota-se que há uma parte que não muda, e que nela
- Presente do Indicativo: para enunciar um fato
está o significado real do verbo.
momentâneo. Ex.: Estou feliz hoje. Para expressar um fato que
cont é o radical do verbo contar;

Língua Portuguesa 26
APOSTILAS OPÇÃO

ocorre com frequência. Ex.: Eu almoço todos os dias na casa de - Futuro: é empregado para indicar um fato hipotético,
minha mãe. Na indicação de ações ou estados permanentes, pode ou não acontecer. Quando você fizer o trabalho, será
verdades universais. Ex.: A água é incolor, inodora, insípida. generosamente gratificado.
- Pretérito Imperfeito: para expressar um fato passado,
não concluído. Ex.: Nós comíamos pastel na feira; Eu cantava 1ª Conjugação –AR
muito bem. Presente: que eu dance, que tu dances, que ele dance, que
- Pretérito Perfeito: é usado na indicação de um fato nós dancemos, que vós danceis, que eles dancem.
passado concluído. Ex.: Cantei, dancei, pulei, chorei, dormi... Pretérito Imperfeito: se eu dançasse, se tu dançasses, se
- Pretérito Mais-Que-Perfeito: expressa um fato passado ele dançasse, se nós dançássemos, se vós dançásseis, se eles
anterior a outro acontecimento passado. Ex.: Nós cantáramos dançassem.
no congresso de música. Futuro: quando eu dançar, quando tu dançares, quando ele
- Futuro do Presente: na indicação de um fato realizado dançar, quando nós dançarmos, quando vós dançardes,
num instante posterior ao que se fala. Ex.: Cantarei domingo quando eles dançarem.
no coro da igreja matriz.
- Futuro do Pretérito: para expressar um acontecimento 2ª Conjugação -ER
posterior a um outro acontecimento passado. Ex.: Compraria Presente: que eu coma, que tu comas, que ele coma, que
um carro se tivesse dinheiro nós comamos, que vós comais, que eles comam.
Pretérito Imperfeito: se eu comesse, se tu comesses, se ele
1ª Conjugação: -AR comesse, se nós comêssemos, se vós comêsseis, se eles
Presente: danço, danças, dança, dançamos, dançais, comessem.
dançam. Futuro: quando eu comer, quando tu comeres, quando ele
Pretérito Perfeito: dancei, dançaste, dançou, dançamos, comer, quando nós comermos, quando vós comerdes,
dançastes, dançaram. quando eles comerem.
Pretérito Imperfeito: dançava, dançavas, dançava,
dançávamos, dançáveis, dançavam. 3ª conjugação – IR
Pretérito Mais-Que-Perfeito: dançara, dançaras, dançara, Presente: que eu parta, que tu partas, que ele parta, que
dançáramos, dançáreis, dançaram. nós partamos, que vós partais, que eles partam.
Futuro do Presente: dançarei, dançarás, dançará, Pretérito Imperfeito: se eu partisse, se tu partisses, se ele
dançaremos, dançareis, dançarão. partisse, se nós partíssemos, se vós partísseis, se eles
Futuro do Pretérito: dançaria, dançarias, dançaria, partissem.
dançaríamos, dançaríeis, dançariam. Futuro: quando eu partir, quando tu partires, quando ele
partir, quando nós partirmos, quando vós partirdes,
2ª Conjugação: -ER quando eles partirem.
Presente: como, comes, come, comemos, comeis, comem.
Pretérito Perfeito: comi, comeste, comeu, comemos, Emprego do Imperativo
comestes, comeram. Imperativo Afirmativo
Pretérito Imperfeito: comia, comias, comia, comíamos, - Não apresenta a primeira pessoa do singular.
comíeis, comiam. - É formado pelo presente do indicativo e pelo presente do
Pretérito Mais-Que-Perfeito: comera, comeras, comera, subjuntivo.
comêramos, comêreis, comeram. - O Tu e o Vós saem do presente do indicativo sem o “s”.
Futuro do Presente: comerei, comerás, comerá, - O restante é cópia fiel do presente do subjuntivo.
comeremos, comereis, comerão.
Futuro do Pretérito: comeria, comerias, comeria, Presente do Indicativo: eu amo, tu amas, ele ama, nós
comeríamos, comeríeis, comeriam. amamos, vós amais, eles amam.
Presente do subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele
3ª Conjugação: -IR ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.
Presente: parto, partes, parte, partimos, partis, partem. Imperativo afirmativo: (X), ama tu, ame você, amemos
Pretérito Perfeito: parti, partiste, partiu, partimos, nós, amai vós, amem vocês.
partistes, partiram.
Pretérito Imperfeito: partia, partias, partia, partíamos, Imperativo Negativo
partíeis, partiam. - É formado através do presente do subjuntivo sem a
Pretérito Mais-Que-Perfeito: partira, partiras, partira, primeira pessoa do singular.
partíramos, partíreis, partiram. - Não retira os “s” do tu e do vós.
Futuro do Presente: partirei, partirás, partirá, partiremos,
partireis, partirão. Presente do Subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele
Futuro do Pretérito: partiria, partirias, partiria, ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.
partiríamos, partiríeis, partiriam. Imperativo negativo: (X), não ames tu, não ame você, não
amemos nós, não ameis vós, não amem vocês.
Emprego dos Tempos do Subjuntivo
Além dos três modos citados (Indicativo, Subjuntivo e
- Presente: é empregado para indicar um fato incerto ou
Imperativo), os verbos apresentam ainda as formas nominais:
duvidoso, muitas vezes ligados ao desejo, à suposição. Ex.:
infinitivo – impessoal e pessoal, gerúndio e particípio.
Duvido de que apurem os fatos; Que surjam novos e honestos
políticos.
- Pretérito Imperfeito: é empregado para indicar uma Infinitivo Impessoal10
condição ou hipótese. Ex.: Se recebesse o prêmio, voltaria à Quando se diz que um verbo está no infinitivo impessoal,
universidade. isso significa que ele apresenta sentido genérico ou indefinido,
não relacionado a nenhuma pessoa, e sua forma é invariável.

10 https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf69.php

Língua Portuguesa 27
APOSTILAS OPÇÃO

Assim, considera-se apenas o processo verbal. Ex.: Amar é assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-
sofrer. se da seguinte maneira:
Podendo ter valor e função de substantivo. Ex.: Viver é 2ª pessoa do singular: radical + ES. Ex.: teres (tu)
lutar. (= vida é luta); É indispensável combater a corrupção. (= 1ª pessoa do plural: radical + mos. Ex.: termos (nós)
combate à) 2ª pessoa do plural: radical + dês. Ex.: terdes (vós)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente 3ª pessoa do plural: radical + em. Ex.: terem (eles)
(forma simples) ou no passado (forma composta). Ex.: É
preciso ler este livro; Era preciso ter lido este livro. Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa
Observe que, embora não haja desinências para a 1ª e 3ª colocação.
pessoas do singular (cujas formas são iguais às do infinitivo
impessoal), elas não deixam de referir-se às respectivas Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal, isso
pessoas do discurso (o que será esclarecido apenas pelo significa que ele atribui um agente ao processo verbal,
contexto da frase). Ex.: Para ler melhor, eu uso estes óculos. flexionando-se.
(1ª pessoa); Para ler melhor, ela usa estes óculos. (3ª pessoa) O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos:

O infinitivo impessoal é usado: - Quando o sujeito da oração estiver claramente


expresso. Exs.:
- Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se Se tu não perceberes isto...
referir a um sujeito determinado. Ex. Querer é poder. Convém vocês irem primeiro.
Fumar prejudica a saúde. É proibido colar cartazes neste O bom é sempre lembrarmos (sujeito desinencial, sujeito
muro. implícito = nós) desta regra.
- Quando tem valor de Imperativo. Ex. Soldados,
marchar! (= Marchai!) Esquerda, volver! - Quando tiver sujeito diferente daquele da oração
- Quando é regido de preposição (geralmente principal. Exs.:
precedido da preposição “de”) e funciona como O professor deu um prazo de cinco dias para os alunos
complemento de um substantivo, adjetivo ou verbo da estudarem bastante para a prova.
oração anterior. Ex.: Eles não têm o direito de gritar assim. Perdoo-te por me traíres.
As meninas foram impedidas de participar do jogo. Eu os O hotel preparou tudo para os turistas ficarem à vontade.
convenci a aceitar. O guarda fez sinal para os motoristas pararem.

No entanto, na voz passiva dos verbos "contentar", - Quando se quiser indeterminar o sujeito (utilizado na
"tomar" e "ouvir", por exemplo, o Infinitivo (verbo auxiliar) terceira pessoa do plural). Exs.:
deve ser flexionado. Exs.: Faço isso para não me acharem inútil.
Eram pessoas difíceis de serem contentadas. Temos de agir assim para nos promoverem.
Aqueles remédios são ruins de serem tomados. Ela não sai sozinha à noite a fim de não falarem mal da sua
Os jogos que você me emprestou são agradáveis de serem conduta.
jogados.
- Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade
- Nas locuções verbais. Ex.: Queremos acordar bem cedo de ação. Exs.:
amanhã. Eles não podiam reclamar do colégio. Vamos pensar Vi os alunos abraçarem-se alegremente.
no seu caso. Fizemos os adversários cumprimentarem-se com
- Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da gentileza.
oração anterior. Ex. Eles foram condenados a pagar pesadas Mandei as meninas olharem-se no espelho.
multas. Devemos sorrir ao invés de chorar. Tenho ainda alguns
livros por (para) publicar. Gerúndio
Pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Ex.: Saindo de
Observação: quando o infinitivo preposicionado, ou não, casa, encontrei alguns amigos. (Função de advérbio); Nas ruas,
preceder ou estiver distante do verbo da oração principal havia crianças vendendo doces. (Função adjetivo)
(verbo regente), pode ser flexionado para melhor clareza do Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso;
período e também para se enfatizar o sujeito (agente) da ação na forma composta, uma ação concluída. Ex.: Trabalhando,
verbal. Exs.: aprenderás o valor do dinheiro; Tendo trabalhado, aprendeu o
Na esperança de sermos atendidos, muito lhe valor do dinheiro.
agradecemos.
Foram dois amigos à casa de outro, a fim de jogarem Particípio
futebol. Quando não é empregado na formação dos tempos
Para estudarmos, estaremos sempre dispostos. compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma
Antes de nascerem, já estão condenadas à fome muitas ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Ex.:
crianças. Terminados os exames, os candidatos saíram. Quando o
particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação
- Com os verbos causativos "deixar", "mandar" e temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
"fazer" e seus sinônimos que não formam locução verbal (adjetivo verbal). Ex.: Ela foi a aluna escolhida para
com o infinitivo que os segue. Ex.: Deixei-os sair cedo hoje. representar a escola.
- Com os verbos sensitivos "ver", "ouvir", "sentir" e
sinônimos, deve-se também deixar o infinitivo sem flexão. 1ª Conjugação –AR
Ex.: Vi-os entrar atrasados. Ouvi-as dizer que não iriam à Infinitivo Impessoal: dançar.
festa. Infinitivo Pessoal: dançar eu, dançares tu; dançar ele,
dançarmos nós, dançardes vós, dançarem eles.
Infinitivo Pessoal Gerúndio: dançando.
É o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na Particípio: dançado.
1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências,

Língua Portuguesa 28
APOSTILAS OPÇÃO

2ª Conjugação –ER que, diante dos apuros, como a perda do emprego, algumas
Infinitivo Impessoal: comer. tentem manter o mesmo padrão de vida em lugar de cortar
Infinitivo pessoal: comer eu, comeres tu, comer ele, gastos para se encaixar na nova realidade. Pedir um
comermos nós, comerdes vós, comerem eles. empréstimo para quitar outra dívida é um comportamento
Gerúndio: comendo. recorrente entre os endividados.
Particípio: comido. Para sair do vermelho, aceitar o vício é o primeiro passo.
Uma vez que o devedor reconhece o problema, a próxima
3ª Conjugação –IR etapa é se planejar.
(Felipe Machado e Tatiana Babadobulos, Veja, 04.04.2018. Adaptado)
Infinitivo Impessoal: partir.
Infinitivo pessoal: partir eu, partires tu, partir ele, Assinale a alternativa em que os verbos estão conjugados
partirmos nós, partirdes vós, partirem eles. de acordo com a norma-padrão, em substituição aos trechos
Gerúndio: partindo. destacados na passagem – É comum que, diante dos apuros,
Particípio: partido. como a perda do emprego, algumas tentem manter o mesmo
padrão de vida.
Questões (A) Poderia acontecer que ... mantêm
(B) Pôde acontecer que ... mantessem
01. (UNEMAT - Psicólogo - 2018) (C) Podia acontecer que ... mantivessem
(D) Pôde acontecer que ... manteram
(E) Podia acontecer que ... mantiveram

03. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018) A vida


de Dorinha Duval foi, ____ . O processo ainda não havia ido a
Júri quando a tese da defesa foi mudada. Não seria mais
violenta emoção, mas legítima defesa. Ela não teria atirado no
Disponível marido por ter sido ___ e chamada de velha, mas ______ o marido
https://www.facebook.com/tirasamandinho/photos/a.488361671209144.11396 passou a agredi-la. De fato, o exame pericial de corpo de delito
3.
488356901209621/1568398126538821/?type=3&theater.
realizado em Dorinha constatou a existência de _______ em seu
Acesso em: fev.2018. corpo. A versão da legítima defesa era ______ .
(Luiza Nagib Eluf, A paixão no banco dos réus. Adaptado)
Na tirinha, Fê conversa com Camilo sobre o que ela
considera ser machismo na cerimônia de casamento, enquanto As expressões verbais empregadas em tempo que exprime
Pudim diz a Armandinho que tudo aquilo que a garota a ideia de hipótese são:
questiona é algo natural. (A) seria e teria.
Nas falas atribuídas à menina, o verbo ter aparece em Tem (B) foi e seria.
casamentos [...] (quadro 1) e em [...] essas coisas têm (C) teria e ter sido.
significados! (quadro 2). (D) foi e constatou.
(E) ter sido e passou.
Em relação a esses empregos do verbo ter, assinale a
alternativa correta. 04. (Pref. Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo -
(A) Em ambos, o verbo é impessoal. IDHTEC/2016) Morto em 2015, o pai afirma que Jules Bianchi
(B) Ambos estão na terceira pessoa do plural do presente não __________culpa pelo acidente. Em entrevista, Philippe
do modo indicativo. Bianchi afirma que a verdade nunca vai aparecer, pois os
(C) Ambos estão na terceira pessoa do singular do presente pilotos __________ medo de falar. "Um piloto não vai dizer nada
do modo indicativo. se existir uma câmera, mas quando não existem câmeras,
(D) Ambos estão no presente do modo indicativo, embora todos __________ até mim e me dizem. Jules Bianchi bateu com
o primeiro esteja na terceira pessoa do singular e o segundo na seu carro em um trator durante um GP, aquaplanou e não
terceira pessoa do plural. conseguiu __________para evitar o choque.
(E) Ambos estão no presente do modo subjuntivo, embora (http://espn.uol.com.br/noticia/603278_pai-diz-que-pilotos-da-f-1-
temmedo-de-falar-a-verdade-sobre-o-acidente-fatal-de-bianchi)
o primeiro esteja na terceira pessoa do singular e o segundo na
terceira pessoa do plural.
Complete com a sequência de verbos que está no tempo,
modo e pessoa corretos:
02. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018)
(A) Tem – tem – vem - freiar
(B) Tem – tiveram – vieram - frear
O drama dos viciados em dívidas
(C) Teve – tinham – vinham – frenar
(D) Teve – tem – veem – freiar
Apesar dos sinais de recuperação da economia, o número
(E) Teve – têm – vêm – frear
de brasileiros endividados chegou a 61,7 milhões em fevereiro
passado – o equivalente a 40% da população adulta. O número
05. (Prefeitura Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala -
é alto porque o hábito de manter as contas em dia não é apenas
FEPESE/2016) Assinale a alternativa em que está correta a
uma questão financeira decorrente do estado geral da
correlação entre os tempos e os modos verbais nas frases
economia – pode ser uma questão comportamental. Por isso,
abaixo.
há grupos especializados que promovem reuniões semanais
(A) A entonação correta ao falarmos colabora com o
com devedores, com a finalidade de trocar experiências sobre
entendimento que o outro tem do assunto tratado e reforçaria
consumo impulsivo e propensão a viver no vermelho. Uma
a nossa persuasão.
dessas organizações é o Devedores Anônimos (DA), que
(B) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo
funciona nos mesmos moldes do Alcoólicos Anônimos (AA).
com o tempo que você terá e, antes de falar, ensaie sua
Pertencer a uma classe social mais alta não livra ninguém
apresentação.
do problema. As pessoas de maior renda são justamente as que
(C) A capacidade de os adolescentes virem a falar em
têm maior resistência em admitir a compulsão. Pior. É comum
público, teria dependido dos bons ensinamentos da escola.

Língua Portuguesa 29
APOSTILAS OPÇÃO

(D) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os Questões
da geração passada, haveria de concluir que os jovens de hoje
leem muito menos. 01. (CISSUL/MG - Condutor Socorrista - IBGP/2017)
(E) O contato visual também é importante ao falar em
público. Passa empatia e envolveria o outro.

Gabarito

01.D / 02.C / 03.A / 04.E / 05.B

Locução Verbal

Uma locução verbal11 é a combinação de um verbo


auxiliar e um verbo principal. Esses dois verbos, aparecendo
juntos na oração, transmitem apenas uma ação verbal,
desempenhando o papel de um único verbo. Exemplo:
Assinale a alternativa que contém uma locução verbal
- estive pensando
extraída do cartum.
- quero sair
(A) Não terão.
- pode ocorrer
(B) Como andar.
- tem investigado
(C) Vai chegar.
- tinha decidido
(D) Todos terão.
Função dos verbos auxiliares nas locuções verbais
02. (CRQ 4ª REGIÃO/SP - Fiscal - QUADRIX)
Apenas o verbo auxiliar é flexionado. Verbo auxiliar é o
que perdendo significado próprio, é utilizado para auxiliar na
conjugação de outro, o verbo principal. Assim, o tempo, o
modo, o número, a pessoa e o aspecto da ação verbal são
indicados pelo verbo auxiliar.

Os auxiliares mais comuns são: “Ter, Haver, Ser e Estar”.


Contudo, outros verbos também atuam como verbos auxiliares
nas locuções verbais, como os verbos poder, dever, querer,
começar a, deixar de, voltar a, continuar a, entre outros.

Função dos verbos principais nas locuções verbais


Nas locuções verbais o verbo auxiliar aparece conjugado e
o principal numa das formas nominais: no gerúndio, no
infinitivo ou no particípio.

Locução verbal com verbo principal no gerúndio


Ex.: Estou escrevendo
verbo auxiliar flexionado: estou Qual forma verbal substituiria, sem causar alteração de
verbo principal no gerúndio: escrevendo sentido, a locução verbal "vou ter", que aparece no primeiro
quadrinho?
Locução verbal com verbo principal no infinitivo (A) "terei".
Ex.: Quero sair (B) "teria".
verbo auxiliar flexionado: quero (C) "tivera".
verbo principal no infinitivo: sair (D) "tenha".
(E) "tinha".
Locução verbal com verbo principal no particípio
Ex.: Tinha decidido 03. (Pref. João Pessoa/PB - Professor Língua
verbo auxiliar flexionado: tinha Portuguesa - FGV) Uma locução verbal é o conjunto formado
verbo principal no particípio: decidido por um verbo auxiliar + um verbo principal, este último
sempre em forma nominal. Nas frases a seguir as formas
Em todos os exemplos a ideia central é expressa pelo verbo verbais sublinhadas constituem uma locução verbal, à exceção
principal, os verbos auxiliares apenas indicam flexões de de uma. Assinale‐a.
tempo, modo, pessoa, número e voz. Sem os verbos principais, (A) Todos podem entrar assim que chegarem.
os auxiliares não teriam sentido algum. (B) Se os grevistas querem trabalhar menos, não vou
atendê‐los.
(C) Deixem entrar todos os atrasados.
(D) Elas não sabem cozinhar como antigamente.
(E) A plantação foi‐se expandindo para os lados

Gabarito

01.C / 02.A / 03.C

11
https://www.conjugacao.com.br/locucao-verbal/

Língua Portuguesa 30
APOSTILAS OPÇÃO

Advérbio - Bastante - antes de substantivo, é adjetivo, portanto vai


para o plural, equivale a muitos / as: Contei bastantes estrelas
É a palavra invariável que modifica um verbo (Chegou no céu.
cedo), um outro advérbio (Falou muito bem), um adjetivo - Não confunda mal (advérbio, oposto de bem) com mau
(Estava muito bonita). (adjetivo, oposto de bom): Mal cheguei a casa, encontrei-a de
mau humor.
De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio - Antes de verbo no particípio, diz-se mais bem, mais mal:
pode ser de: Ficamos mais bem informados depois do noticiário notumo.
Tempo: ainda, agora, antigamente, antes, amiúde - Em frase negativa o advérbio já equivale a mais: Já não se
(=sempre), amanhã, breve, brevemente, cedo, diariamente, fazem professores como antigamente. (=não se fazem mais)
depois, depressa, hoje, imediatamente, já, lentamente, logo, - Na locução adverbial a olhos vistos (=claramente), o
novamente, outrora. particípio permanece no masculino plural: Minha irmã Zuleide
Lugar: aqui, acolá, atrás, acima, adiante, ali, abaixo, além, emagrecia a olhos vistos.
algures (=em algum lugar), aquém, alhures (= em outro lugar), - Dois ou mais advérbios terminados em mente, apenas no
dentro, defronte, fora, longe, perto. último permanece mente: Educada e pacientemente, falei a
Modo: assim, bem, depressa, aliás (= de outro modo ), todos.
devagar, mal, melhor, pior, e a maior parte dos advérbios que - A repetição de um mesmo advérbio assume o valor
termina em mente: calmamente, suavemente, rapidamente, superlativo: Levantei cedo, cedo.
tristemente.
Afirmação: certamente, decerto, deveras, efetivamente, Palavras e Locuções Denotativas: São palavras
realmente, sim, seguramente. semelhantes a advérbios e que não possuem classificação
Negação: absolutamente, de modo algum, de jeito especial. Não se enquadram em nenhuma das dez classes de
nenhum, nem, não, tampouco (=também não). palavras. São chamadas de denotativas e exprimem:
Intensidade: apenas, assaz, bastante, bem, demais, mais, Afetividade: felizmente, infelizmente, ainda bem. Ex.: Ainda
meio, menos, muito, quase, quanto, tão, tanto, pouco. bem que você veio.
Dúvida: acaso, eventuamente, por ventura, quiçá, Designação, Indicação: eis. Ex.: Eis aqui o herói da turma.
possivelmente, talvez. Exclusão: exclusive, menos, exceto, fora, salvo, senão,
sequer: Ex.: Não me disse sequer uma palavra de amor.
Locuçoes Adverbiais: são duas ou mais palavras que têm Inclusão: inclusive, também, mesmo, ainda, até, além disso,
o valor de advérbio: às cegas, às claras, às toa, às pressas, às de mais a mais. Ex.: Também há flores no céu.
escondidas, à noite, à tarde, às vezes, ao acaso, de repente, de Limitação: só, apenas, somente, unicamente. Ex.: Só Deus é
chofre, de cor, de improviso, de propósito, de viva voz, de perfeito.
medo, com certeza, por perto, por um triz, de vez em quando, Realce: cá, lá, é que, sobretudo, mesmo. Ex.: Sei lá o que ele
sem dúvida, de forma alguma, em vão, por certo, à esquerda, à quis dizer!
direta, a pé, a esmo, por ali, a distância. Retificação: aliás, ou melhor, isto é, ou antes. Ex.: Irei à
- De repente o dia se fez noite. Bahia na próxima semana, ou melhor, no próximo mês.
- Por um triz eu não me denunciei. Explicação: por exemplo, a saber. Ex.: Você, por exemplo,
- Sem dúvida você é o melhor. tem bom caráter.

Graus dos Advérbios: o advérbio não vai para o plural, são Questões
palavras invariáveis, mas alguns admitem a flexão de grau:
comparativo e superlativo. 01. Assinale a frase em que meio funciona como advérbio:
(A) Só quero meio quilo.
Comparativo de: (B) Achei-o meio triste.
Igualdade - tão + advérbio + quanto, como: Sou tão feliz (C) Descobri o meio de acertar.
quanto / como você. (D) Parou no meio da rua.
Superioridade - Analítico: mais do que. Ex.: Raquel é mais (E) Comprou um metro e meio.
elegante do que eu.
- Sintético: melhor, pior que. Ex.: 02. Só não há advérbio em:
Amanhã será melhor do que hoje. (A) Não o quero.
Inferioridade - menos do que: Falei menos do que devia. (B) Ali está o material.
(C) Tudo está correto.
Superlativo Absoluto: (D) Talvez ele fale.
Analítico - mais, muito, pouco,menos: O candidato (E) Já cheguei.
defendeu-se muito mal.
Sintético - íssimo, érrimo: Localizei-o rapídíssimo. 03. Qual das frases abaixo possui advérbio de modo?
(A) Realmente ela errou.
Emprego do Advérbio (B) Antigamente era mais pacato o mundo.
- Na linguagem coloquial, familiar, é comum o emprego do (C) Lá está teu primo.
sufixo diminutivo dando aos advérbios o valor de superlativo (D) Ela fala bem.
sintético: agorinha, cedinho, pertinho, devagarinho, (E) Estava bem cansado.
depressinha, rapidinho (bem rápido). Exs.: Rapidinho chegou
a casa; Moro pertinho da universidade. 04. Classifique a locução adverbial que aparece em
- Frequentemente empregamos adjetivos com valor de "Machucou-se com a lâmina".
advérbio: A cerveja que desce redondo. (redondamente) (A) modo
- Bastante - antes de adjetivo, é advérbio, portanto, não vai (B) instrumento
para o plural; equivale a muito / a: Aquelas jovens são bastante (C) causa
simpáticas e gentis. (D) concessão
(E) fim

Língua Portuguesa 31
APOSTILAS OPÇÃO

05. (PC/SP - Investigador de Polícia - VUNESP/2018) através de, defronte de, em favor de, em lugar de, em vez de,
Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco certas seitas – as (=no lugar de), ao invés de (=ao contrário de), para com, até a.
ideias do fundador são institucionalizadas e defendidas por - Não confunda locução prepositiva com locução adverbial.
discípulos ferrenhos, mas suas instituições parecem não Na locução adverbial, nunca há uma preposição no final, e sim
responder às necessidades atuais da sociedade. Talvez porque no começo: Vimos de perto o fenômeno do “tsunami”.
o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las. (locução adverbial); O acidente ocorreu perto de meu atelier.
Freud era um neurologista, e queria encontrar na Biologia (locução prepositiva)
as bases do comportamento. Como a tecnologia de então não - Uma preposição ou locução prepositiva pode vir com
lhe permitia avançar, passou a elaborar uma teoria, criando a outra preposição: Abola passou por entre as pernas do
psicanálise. Cientista que era, contudo, nunca se apaixonou por goleiro. Mas é inadequado dizer: Proibido para menores de até
suas ideias, revisando sua obra ao longo da vida. Ele chegou a 18 anos; Financiamento em até 24 meses.
afirmar: “A Biologia é realmente um campo de possibilidades
ilimitadas do qual podemos esperar as elucidações mais Combinações e Contrações
surpreendentes. Portanto, não podemos imaginar que Combinação: ocorre quando não há perda de fonemas:
respostas ela dará, em poucos decêndios, aos problemas que a+o, os= ao, aos / a+onde = aonde.
formulamos. Talvez essas respostas venham a ser tais que Contração: ocorre quando a preposição perde fonemas:
farão o edifício de nossas hipóteses colapsar”. Provavelmente, de+a, o, as, os, esta, este, isto = da, do, das, dos, desta, deste,
é sua frase menos citada. Por razões óbvias. disto.
(Galileu, novembro de 2017. Adaptado) - em+ um, uma, uns, umas, isto, isso, aquilo, aquele, aquela,
aqueles, aquelas = num, numa, nuns, numas, nisto, nisso,
Nos trechos – … Talvez porque o autor das ideias não esteja naquilo, naquele, naquela, naqueles.
mais aqui… – ; – … nunca se apaixonou por suas ideias… – ; – A - de+ entre, aquele, aquela, aquilo = dentre, daquele,
Biologia é realmente um campo de possibilidades ilimitadas… daquela, daquilo.
– e – Provavelmente, é sua frase menos citada. –, os advérbios - para+ a = pra.
destacados expressam, correta e respectivamente, A contração da preposição a com os artigos ou pronomes
circunstância de: demonstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo recebe o nome de
(A) lugar; tempo; modo; afirmação. crase e é assinalada na escrita pelo acento grave ficando assim:
(B) lugar; tempo; afirmação; dúvida. à, às, àquele, àquela, àquilo.
(C) lugar; negação; modo; intensidade.
(D) afirmação; negação; afirmação; afirmação. Valores das Preposições
(E) afirmação; negação; modo; dúvida.
A
Gabarito (movimento=direção): Foram a Lucélia comemorar os
Anos Dourados.
01.B / 02.C / 03.D / 04.B / 05.B Modo: Partiu às pressas.
Tempo: Iremos nos ver ao entardecer.
Preposição Apreposição a indica deslocamento rápido: Vamos à praia.
(ideia de passear)
É a palavra invariável que liga um termo dependente a um
termo principal, estabelecendo uma relação entre ambos. As Ante
preposições podem ser: essenciais ou acidentais. (diante de): Parou ante mim sem dizer nada, tanta era a
emoção.
As preposições essenciais atuam exclusivamente como Tempo (substituída por antes de): Preciso chegar ao
preposições. São: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, encontro antes das quatro horas.
entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Exs.: Não dê
atenção a fofocas; Perante todos disse, sim. Após (depois de): Após alguns momentos desabou num
choro arrependido.
As preposições acidentais são palavras de outras classes
que atuam eventualmente como preposições. São: como (=na Até
qualidade de), conforme (=de acordo com), consoante, exceto, (aproximação): Correu até mim.
mediante, salvo, visto, segundo, senão, tirante. Ex.: Agia Tempo: Certamente teremos o resultado do exame até a
conforme sua vontade. (= de acordo com) semana que vem.
Atenção: Se a preposição até equivaler a inclusive, será
- O artigo definido a que vem sempre acompanhado de um palavra de inclusão e não preposição. Os sonhadores amam
substantivo, é flexionado: a casa, as casas, a árvore, as árvores, até quem os despreza. (inclusive)
a estrela, as estrelas. A preposição a nunca vai para o plural e
não estabelece concordância com o substantivo. Ex.: Fiz todo o Com (companhia): Rir de alguém é falta de caridade;
percurso a pé. (não há concordância com o substantivo deve-se rir com alguém.
masculino pé) Causa: A cidade foi destruída com o temporal.
- As preposições essenciais são sempre seguidas dos Instrumento: Feriu-se com as próprias armas.
pronomes pessoais oblíquos: Despediu-se de mim Modo: Marfinha, minha comadre, veste-se sempre com
rapidamente. Não vá sem mim. elegância.

Locuções Prepositivas: é o conjunto de duas ou mais Contra


palavras que têm o valor de uma preposição. A última palavra (oposição, hostilidade): Revoltou-se contra a decisão do
é sempre uma preposição. Veja quais são: abaixo de, acerca de, tribunal.
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, dentro de, Direção a um limite: Bateu contra o muro e caiu.
embaixo de, em cima de, em frente a, em redor de, graças a,
junto a, junto de, perto de, por causa de, por cima de, por trás De (origem): Descendi de pais trabalhadores e honestos.
de, a fim de, além de, antes de, a par de, a partir de, apesar de, Lugar: Os corruptos vieram da capital.

Língua Portuguesa 32
APOSTILAS OPÇÃO

Causa: O bebê chorava de fome. No 3º quadrinho, nas três ocorrências, o sentido da


Posse: Dizem que o dinheiro do povo sumiu. preposição “sem” e o das expressões que ela forma são,
Assunto: Falávamos do casamento da Mariele. respectivamente, de
Matéria: Era uma casa de sapé. (A) negação e causa.
A preposição de não deve contrair-se com o artigo, que (B) adição e condição.
precede o sujeito de um verbo. É tempo de os alunos (C) ausência e modo.
estudarem. (e não: dos alunos estudarem) (D) falta e consequência.
(E) exceção e intensidade.
Desde
(afastamento de um ponto no espaço): Essa neblina vem 02. (Pref. Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem -
desde São Paulo. IDHTEC/2016)
Tempo: Desde o ano passado quero mudar de casa.
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança)
Em
(lugar): Moramos em Lucélia há alguns anos. Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama
Matéria: As queridas amigas Nilceia e Nadélgia moram em de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos!
Curitiba. Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da
Especialidade: Minha amiga Cidinha formou-se em Letras. ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia
Tempo: Tudo aconteceu em doze horas. de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras
gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias
Entre (posição entre dois limites): Convém colocar o vidro semoventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a
entre dois suportes. enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos
teus olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-
Para posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo!...) mas
Direção: Não lhe interessava mais ir para a Europa. vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende
Tempo: Pretendo vê-lo lá para o final da semana. demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente
Finalidade: Lute sempre para viver com dignidade. firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando,
A preposição para indica permanência definitiva. Vou formando, anunciando -o dia da humanidade.
para o litoral. (ideia de morar) (Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império)

Perante (posição anterior): Permaneceu calado perante Em qual das alternativas o acento grave foi mal
todos. empregado, pois não houve crase?
(A) “Milena Nogueira foi pela primeira vez à quadra da
Por (percurso, espaço, lugar): Caminhava por ruas
escola de samba Império Serrano, na Zona Norte do Rio.”
desconhecidas.
Causa: Por ser muito caro, não compramos um pendrive (B) "Os relatos dos casos mostram repetidas violações dos
novo. direitos à moradia, a um trabalho digno, à integridade cultural,
Espaço: Por cima dela havia um raio de luz. a vida e ao território."
(C) “O corpo de Lucilene foi encontrado próximo à ponte
Sem (ausência): Eu vou sem lenço sem documento. do Moa no dia 11 de maio.”
(D) “Fifa afirma que Blatter e Valcke enriqueceram às
Sob (debaixo de / situação): Prefiro cavalgar sob o luar. custas da entidade.”
Viveu, sob pressão dos pais. (E) “Doriva saiu e Milton Cruz fez às vezes de técnico até a
chegada de Edgardo Bauza no fim do ano passado.”
Sobre
(em cima de, com contato): Colocou as taças de cristal 03. (TJ/AL - Analista Judiciário - Oficial de Justiça
sobre a toalha rendada. Avaliador - FGV/2018)
Assunto: Conversávamos sobre política financeira.
Além do celular e da carteira, cuidado com as figurinhas
Trás (situação posterior; é preposição fora de uso. É da Copa
substituída por atrás de, depois de): Por trás desta carinha Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018
vê-se muita falsidade.
Questões A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais afoitos
01. (PC/SP - Papiloscopista Policial - VUNESP/2018) pelos cromos possam até roubá-los, muitos jornaleiros estão
levando seus estoques para casa quando termina o expediente.
Pode parecer piada, mas há até boatos sobre quadrilhas de
roubo de figurinha espalhados por mensagens de celular.

No texto aparecem três ocorrências da preposição DE.


1. “troca-troca de figurinhas”;
2. “roubo de figurinha”;
3. “mensagens de celular”.

Sobre o emprego dessa preposição nesses casos, é correto


afirmar que:
(A) os termos precedidos da preposição DE indicam
pacientes dos vocábulos anteriores;
(B) os termos precedidos da preposição DE indicam
agentes dos termos anteriores;
(C) os termos “de figurinha” e “de celular” são
complementos dos termos anteriores;

Língua Portuguesa 33
APOSTILAS OPÇÃO

(D) os termos “de figurinhas” e “de celular” são adjuntos Classificaçao das Interjeições e Locuções Interjetivas
dos vocábulos precedentes; As intejeições e as locuções interjetivas são classificadas de
(E) os termos “de figurinhas” e “de figurinha” são acordo com o sentido que elas expressam em determinado
complementos dos vocábulos precedentes. contexto. Assim, uma mesma palavra ou expressão pode
exprimir emoções variadas.
04. Assinale a alternativa em que a preposição destacada Admiração ou Espanto: Oh!, Caramba!, Oba!, Nossa!, Meu
estabeleça o mesmo tipo de relação que na frase matriz: Deus!, Céus!
Criaram-se a pão e água. Advertência: Cuidado!, Atenção!, Alerta!, Calma!, Alto!,
(A) Desejo todo o bem a você. Olha lá!
(B) A julgar por esses dados, tudo está perdido. Alegria: Viva!, Oba!, Que bom!, Oh!, Ah!;
(C) Feriram-me a pauladas. Ânimo: Avante!, Ânimo!, Vamos!, Força!, Eia!, Toca!
(D) Andou a colher alguns frutos do mar. Aplauso: Bravo!, Parabéns!, Muito bem!
(E) Ao entardecer, estarei aí. Chamamento: Olá!, Alô!, Psiu!, Psit!
Aversão: Droga!, Raios!, Xi!, Essa não!, lh!
05. (TJ/AL - Técnico Judiciário - FGV/2018) Medo: Cruzes!, Credo!, Ui!, Jesus!, Uh! Uai!
Pedido de Silêncio: Quieto!, Bico fechado!, Silêncio!,
Ressentimento e Covardia Chega!, Basta!
Saudação: Oi!, Olá!, Adeus!, Tchau!
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os Concordância: Claro!, Certo!, Sim!, Sem dúvida!
usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma Desejo: Oxalá!, Tomara!, Pudera!, Queira Deus! Quem me
legislação específica que coíba não somente os usos mas os dera!
abusos deste importante e eficaz veículo de comunicação. A
maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam Observe na relação acima, que as interjeições muitas vezes
crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune são formadas por palavras de outras classes gramaticais:
injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos Cuidado! Não beba ao dirigir! (cuidado é substantivo).
direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação
indébita. Questões
No fundo, é um problema técnico que os avanços da
informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição 01. Assinale o par de frases em que as palavras destacadas
dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me são substantivo e pronome, respectivamente:
valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré- (A) A imigração tornou-se necessária. / É dever cristão
história. praticar o bem.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na (B) A Inglaterra é responsável por sua economia. / Havia
internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e muito movimento na praça.
escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos (C) Fale sobre tudo o que for preciso. / O consumo de
ou deformados que circulam por aí e que não podem ser drogas é condenável.
desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou (D) Pessoas inconformadas lutaram pela abolição. /
revista é processado se publicar sem autorização do autor um Pesca-se muito em Angra dos Reis.
texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em (E) Os prejudicados não tinham o direito de reclamar. /
caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de Não entendi o que você disse.
falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a
desmentir e dar espaço ao contraditório. 02. Assinale o item que só contenha preposições:
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do (A) durante, entre, sobre
cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão (B) com, sob, depois
de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira (C) para, atrás, por
liberdade. (Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado) (D) em, caso, após
(E) após, sobre, acima
O segmento do texto em que o emprego da preposição EM
indica valor semântico diferente dos demais é: 03. Observe as palavras grifadas da seguinte frase:
(A) “Tenho comentado aqui na Folha em diversas “Encaminhamos a V. Senhoria cópia autêntica do Edital nº
crônicas”; 19/82.” Elas são, respectivamente:
(B) A maioria dos abusos, se praticados em outros meios”; (A) verbo, substantivo, substantivo
(C) “... seriam crimes já especificados em lei”; (B) verbo, substantivo, advérbio
(D) “...a comunicação virtual está em sua pré-história”; (C) verbo, substantivo, adjetivo
(E) “...ainda que em citação longa e sem aspas”. (D) pronome, adjetivo, substantivo
(E) pronome, adjetivo, adjetivo
Gabarito
04. Assinale a opção em que a locução grifada tem valor
01.C / 02.E / 03.E / 04.C / 05.D adjetivo:
(A) “Comprei móveis e objetos diversos que entrei a
Interjeição utilizar com receio.”
(B) “Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos.”
É a palavra invariável que exprime emoções, sensações, (C) “Pediu-me com voz baixa cinquenta mil réis.”
estados de espírito ou apelos. (D) “Expliquei em resumo a prensa, o dínamo, as serras...”
(E) “Resolvi abrir o olho para que vizinhos sem
Locução Interjetiva: é o conjunto de duas ou mais escrúpulos não se apoderassem do que era delas.”
palavras com valor de uma interjeição: Muito bem! Que pena!
Quem me dera! Puxa, que legal! 05. O "que" está com função de preposição na alternativa:
(A) Veja que lindo está o cabelo da nossa amiga!
(B) Diz-me com quem andas, que eu te direi quem és.

Língua Portuguesa 34
APOSTILAS OPÇÃO

(C) João não estudou mais que José, mas entrou na Exemplos:
Faculdade. Não leia no escuro, que faz mal à vista.
(D) O Fiscal teve que acompanhar o candidato ao banheiro. Compre estas mercadorias, pois já estamos ficando sem.
(E) Não chore que eu já volto.
Conjunções Subordinativas
Gabarito
Ligam uma oração principal a uma oração subordinativa,
01.E / 02.A / 03.C / 04.E / 05.D com verbo flexionado.

Conjunções 1. Integrantes: iniciam a oração subordinada substantiva


– Que / Se / Como
Exercem a função de conectar as palavras dentro de uma
oração. Desta forma, elas estabelecem uma relação de Exemplos:
coordenação ou subordinação e são classificadas em: Todos perceberam que você estava atrasado.
Conjunções Coordenativas e Conjunções Subordinativas. Aposto como você estava nervosa.

Conjunções Coordenativas 2. Temporais (Tempo) – Quando / Enquanto / Logo que /


Assim que / Desde que
1. Aditivas (Adição) Exemplos:
E Logo que chegaram, a festa acabou.
Nem Quando eu disse a verdade, ninguém acreditou.
Não só... Mas também
Mas ainda 3. Finais (Finalidade) – Para que / A fim de que
Senão Exemplo:
Foi embora logo, a fim de que ninguém o perturbasse.
Exemplos:
Viajamos e descansamos. 4. Proporcionais (Proporcionalidade) – À proporção que
Eu não só estudo, mas também trabalho. / À medida que / Quanto mais ... mais / Quanto menos... menos
Exemplos:
2. Adversativas (posição contrária) À medida que se vive, mais se aprende.
Quanto mais se preocupa, mais se aborrece.
Mas
Porém 5. Causais (Causa) – Porque / Como / Visto que / Uma vez
Todavia que
Exemplo: Como estivesse doente, não pôde sair.
Entretanto
No entanto
6. Condicionais (Condição) – Se / Caso / Desde que
Exemplos:
Exemplos:
Comprarei o livro, desde que esteja disponível.
Ela era explorada, mas não se queixava.
Se chover, não poderemos ir.
Os alunos estudaram, no entanto não conseguiram as
notas necessárias.
7. Comparativas (Comparação) – Como / Que / Do que /
Quanto / Que nem
3. Alternativas (alternância)
Exemplos:
Os filhos comeram como leões.
Ou, ou A luz é mais veloz do que o som.
Ora, ora
Quer, quer 8. Conformativas (Conformidade) – Como / Conforme /
Já, já Segundo
Exemplos:
Exemplos: As coisas não são como parecem.
Ou você vem agora, ou não haverá mais ingressos. Farei tudo, conforme foi pedido.
Ora chovia, ora fazia sol.
9. Consecutivas (Consequência) – Que (precedido dos
4. Conclusivas (conclusão) termos: tal, tão, tanto...) / De forma que
Logo Exemplos:
Portanto A menina chorou tanto, que não conseguiu ir para a escola.
Por conseguinte Ontem estive viajando, de forma que não consegui
Pois (após o verbo) participar da reunião.

Exemplos: 10. Concessivas (Concessão) – Embora / Conquanto /


O caminho é perigoso; vá, pois, com cuidado! Ainda que / Mesmo que / Por mais que
Estamos nos esforçando, logo seremos recompensados. Exemplos:
Todos gostaram, embora estivesse mal feito.
5. Explicativas (explicação) Por mais que gritasse, ninguém o socorreu.
Que
Porque
Porquanto
Pois (antes do verbo)

Língua Portuguesa 35
APOSTILAS OPÇÃO

Questões mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho


que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando
01. (PC/SP - Papiloscopista Policial - VUNESP/2018) leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo
com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de
preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó
protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da
perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia
contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de
colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte
Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os
presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que
fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse
a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina.
Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre
as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os
alegres incômodos e duvidosos encantos, um vulto junto à
minha cama, senti-me estremunhado e olhei atônito para um
tipo de chiru, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e
chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda
interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:
– Pois é! Não vê que eu sou o sereno…
E eis que, por milésimo de segundo, ou talvez mais, julguei
Na fala do personagem no segundo quadrinho “Apesar da que se tratasse do sereno noturno em pessoa. [...]
aparência, sou um homem ultramoderno!”, a expressão (Mário Quintana. Caderno H. 5. ed. São Paulo: Globo, 1989, p. 153-154.)
destacada estabelece entre as informações relação de sentido
de Após a leitura do texto e considerando seu conteúdo, pode-
(A) comparação. se afirmar quanto ao emprego da conjunção em relação à
(B) finalidade. titulação do texto que o sentido produzido indica
(C) consequência. (A) compensação de um elemento em relação ao outro.
(D) conclusão. (B) acrescentamento de um elemento em relação ao outro.
(E) concessão. (C) sobreposição do último elemento em detrimento do
primeiro.
02. (Prefeitura Trindade/GO - Auxiliar Administrativo (D) estabelecimento de uma relação de um elemento para
- FUNRIO/2016) com o outro.

OMS recomenda ingerir menos de cinco gramas de sal 04. (IF/PE - Técnico em Enfermagem - 2016)
por dia
Crônica da cidade do Rio de Janeiro
Se você tem o hábito de pegar no saleiro e polvilhar a
comida com umas pitadas de sal, é melhor pensar duas vezes. No alto da noite do Rio de Janeiro, luminoso, generoso, o
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou esta Cristo Redentor estende os braços. Debaixo desses braços os
quinta-feira que um adulto consuma por dia menos de dois netos dos escravos encontram amparo.
gramas de sódio – ou seja, menos de cinco gramas de sal – para Uma mulher descalça olha o Cristo, lá de baixo, e
reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças apontando seu fulgor, diz, muito tristemente:
cardiovasculares. - Daqui a pouco não estará mais aí. Ouvi dizer que vão tirar
Pela primeira vez, a OMS faz recomendações também para Ele daí.
as crianças com mais de dois anos de idade, para que as - Não se preocupe – tranquiliza uma vizinha. – Não se
doenças relacionadas com a alimentação não se tornem preocupe: Ele volta.
crônicas na idade adulta. Neste caso, a OMS diz que os valores A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. Na
devem ainda ser mais baixos do que os dois gramas de sódio, cidade violenta soam tiros e também tambores: os atabaques,
devendo ser adaptados tendo em conta o tamanho, a idade e ansiosos de consolo e de vingança, chamam os deuses
as necessidades energéticas. africanos. Cristo sozinho não basta.
Teresa Firmino Adaptado de publico.pt/ciencia (GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM Pocket,
2009.)
Em para reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças
cardiovasculares, a palavra para expressa o seguinte Na construção “A polícia mata muitos, e mais ainda mata a
significado: economia”, a conjunção em destaque estabelece, entre as
(A) oposição orações,
(B) finalidade (A) uma relação de adição.
(C) causalidade (B) uma relação de oposição.
(D) comparação (C) uma relação de conclusão.
(E) temporalidade (D) uma relação de explicação.
(E) uma relação de consequência.
03. (SEDUC/PA - Professor Classe I - Português -
CONSULPLAN/2018) 05. (COPASA - Analista de Saneamento - Administrador
- FUMARC/2018)
Coisas & Pessoas
Se você não corresponde ao figurino neoliberal é porque
Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. sofre de algum transtorno. As doenças estão em moda.
Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: Respiramos a cultura da medicalização. Não nos perguntamos
“Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!”. Mas eu ouvia o por que há tantas enfermidades e enfermos. Esta indagação

Língua Portuguesa 36
APOSTILAS OPÇÃO

não convém à indústria farmacêutica nem ao sistema cujo marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na
objetivo primordial é a apropriação privada da riqueza. linguagem oral coloquial.
- A redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis
Sobre os itens lexicais destacados no fragmento, estão (Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas
corretas as afirmativas, EXCETO: típicas de pessoas de baixa condição social.
(A) A conjunção “nem” liga dois itens (indústria / sistema) - A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das
indicando oposição entre eles. regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio
(B) A conjunção “porque” introduz uma relação de Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na
causalidade entre as partes do período de que faz a ligação. linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster,
(C) O conectivo “se” poderia ser substituído por “caso” e pastel; faróu, farór, farol.
indica condicionalidade. - Deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato,
(D) O pronome “algum” transfere sua indefinitude ao preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa
substantivo que acompanha, “transtorno”. condição social.

Gabarito Variações Morfológicas


São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra.
01.E / 02.B / 03.D / 04.B / 05.A Nesse domínio, as diferenças entre as variantes não são tão
numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são
desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:
4. Variação linguística e - O uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar
o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da
adequação no uso da língua às linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de
situações de comunicação. humaníssimo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima),
um carro hiperpossante (em vez de possantíssimo).
- A conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se
ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser).
Todas as pessoas que falam uma determinada língua - A conjugação de verbos regulares pelo modelo de
conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia).
podem sofrer variações devido à influência de inúmeros - Uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-
fatores. Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha
outras vezes bastante evidentes, recebem o nome genérico de (o champanha), tive muita dó dela (muito dó, mistura do cal /
variedades ou variações linguísticas. da cal).
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os - A omissão do “s” como marca de plural de substantivos e
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os
Sabe-se que, numa mesma língua, há formas distintas para livro indicado, as noite fria, os caso mais comum.
traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contexto. - O enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero
Suponham-se, por exemplo, os dois enunciados a seguir: que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas
eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer;
1º Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz Não é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que
tempo. eu.
2º Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos.
Variações Sintáticas
Qualquer falante do português reconhecerá que os dois Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase.
enunciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, No domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas
mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que as diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo,
o segundo é de uma pessoa mais “estudada”. podemos citar:
Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber - O uso de pronomes do caso reto com outra função que não
dar grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não
muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em
chamam de variações linguísticas. vez de ti) e ele.
As variações que distinguem uma variante de outra se - O uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez
manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico, de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
morfológico, sintático e lexical. - a ausência da preposição adequada antes do pronome
relativo em função de complemento verbal: são pessoas que
Tipos de Variações Linguísticas (em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que
(em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em
Variações Fônicas que) eu mais confio.
São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons - A substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
constituintes da palavra. Os exemplos de variação fônica são “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de”
abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os domínios com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a
em que se percebe com mais nitidez a diferença entre uma família dele (em vez de cuja família eu já conhecia).
variante e outra. Entre esses casos, podemos citar: - A mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo
- A queda do “r” final dos verbos, muito comum na quando se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero
linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em
curtir), compô. vez de tua) voz me irrita.
- O acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me - Ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou
clássica, hoje frequentes na fala caipira. naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
- A queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava,

Língua Portuguesa 37
APOSTILAS OPÇÃO

Variações Léxicas jornalistas é comum o uso do verbo repercutir como transitivo


É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do direto: __ Vá lá repercutir a notícia de renúncia! (esse uso é
plano do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas considerado errado pela gramática normativa).
e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com
outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos possíveis de citar: - Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não
- A escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito deseja ser entendido por outros grupos ou que pretende
para formar o grau superlativo dos adjetivos, características marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a gíria de
da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; grupos marginalizados, de grupos jovens e de segmentos
maior difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado. sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades
- As diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer
às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de língua: ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou
lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo má-sorte), ir pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-
que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila se irremediavelmente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa),
no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em bicha (homossexual masculino), levar um lero (conversar).
Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz
o mesmo que chamamos de suéter, malha, camiseta. - Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico
excessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez
Designações das Variantes Lexicais de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez
- Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em
isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de
É o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década casamento); chufa (em vez de caçoada, troça).
de 60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz
gatinha ou forma semelhante), e um homem bonito era um - Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso
pão; na linguagem antiga, médico era designado pelo nome de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de
físico; um bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de quem diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido),
refrigerante usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade se ferrou (em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de
excelente, era supimpa. cheirar mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz).

- Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de Atenção: as variações mais importantes, para o interesse
palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem do concurso público são: a sociocultural, a geográfica, a
entraram para os dicionários. A moderna linguagem da histórica e a de situação.
computação tem vários exemplos, como escanear, deletar,
Assim vejamos:
printar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são
- Sociocultural: esse tipo de variação pode ser percebido
mixar (fazer a combinação de sons), robotizar, robotização.
com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase:
- Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras
“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.”
emprestadas de outra língua, que ainda não foram
(frase 1)
aportuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso,
há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem jurídica,
Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos
tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou,
caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado?
mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto (“pelo
Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um
próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente,
garimpeiro? Um repórter de televisão?
“com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”,
E quem usaria a frase abaixo?
“impreciso”), sic (“assim, como está escrito”), data venia (“com
sua permissão”).
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.”
As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight
(frase 2)
(compreensão repentina de algo, uma percepção súbita),
Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes
feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing
a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que,
(conjunto de informações básicas), jingle (mensagem
muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou,
publicitária em forma de música).
quando muito, fizeram-no em condições não adequadas.
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda
Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que
não se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours
tiveram possibilidades socioeconômicas melhores e puderam,
(“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête
por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a
(palestra particular entre duas pessoas), esprit de corps
leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa
(“espírito de corpo”, corporativismo), menu (cardápio), à la
forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.
carte (cardápio “à escolha do freguês”), physique du rôle
Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita
(aparência adequada à caracterização de um personagem).
acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos
outros fatores que interferem na maneira como o falante
- Jargão: é o vocabulário típico de um campo profissional
escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo, a
como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. No
situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri,
jargão médico temos uso tópico (para remédios que não devem
jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas isso não significa
ser ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou
que ele não possa usá-la numa situação informal (conversando
acidente vascular cerebral (derrame cerebral). No jargão
com alguns amigos, por exemplo).
jornalístico chama-se de gralha, pastel ou caco o erro
Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que
tipográfico como a troca ou inversão de uma letra. A palavra
as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos,
lide é o nome que se dá à abertura de uma notícia ou
gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma
reportagem, onde se apresenta sucintamente o assunto ou se
mesma língua. A elas damos o nome de variações
destaca o fato essencial. Quando a lide é muito prolixa, é
socioculturais.
chamada de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira
mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre os

Língua Portuguesa 38
APOSTILAS OPÇÃO

- Geográfica: no Brasil pode ser considerada a mais Texto II


abrangente e é facilmente notada. Ela se caracteriza pelo
acento linguístico, que é o conjunto das qualidades fisiológicas Entre Palavras
do som (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante
cujas marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras –
conjunto das características da pronúncia de uma circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há
determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento
mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e
geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser combinações.
percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma
sentidos diferentes que algumas palavras podem assumir em palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la.
diferentes regiões do país. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho avô; talvez ele não entenda o que você diz.
abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet,
a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas: a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática,
a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940?
“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a
Mangolô!]. motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico,
__ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a
faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era apartheid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura.
moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo,
foras d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha,
de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou o mas media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.
percurando é sossego...” Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o
servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a
Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a Sudene, o Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.
forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Estão reclamando, porque não citei a conotação, o
Essas alterações recebem o nome de variações históricas. conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM,
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra
Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, elétrica.
mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto I, ele Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra
fala das palavras de antigamente e, no texto II, fala das palavras tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster,
de hoje. filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo,
carnet da girafa, poluição.
Texto I Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos
fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa
Antigamente microrranhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos
super congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram Rodoviária. Argh! Pow! Click!
todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás,
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a
rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para
ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o consumo geral. A enumeração caótica não é uma invenção
remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre
freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos,
saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não finalmente, mas com que significado?
apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e (Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa,
Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)
mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou
sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se - De Situação: aquelas que são provocadas pelas
metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não alterações das circunstâncias em que se desenrola o ato de
admira que dessem com os burros n’agua. comunicação. Um modo de falar compatível com determinada
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos situação é incompatível com outra.
queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a Ex.: Ô mano, ta difícil de te entendê.
mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a
tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em
desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que situação informal, não tem cabimento se o interlocutor é o
seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram professor em situação de aula.
mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme
igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas teteias. em todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes da
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os linguagem culta, que servem invariavelmente de uma
meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam linguagem formal, sendo, por isso mesmo, considerados
ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, excessivamente formais ou afetados.
mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam. São muitos os fatores de situação que interferem na fala de
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. um indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele discorre (em
princípio ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas
como falaria de um jogo de futebol ou de uma briga que tenha
presenciado), o ambiente físico em que se dá um diálogo (num
templo não se usa a mesma linguagem que numa sauna), o
grau de intimidade entre os falantes (com um superior, a

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APOSTILAS OPÇÃO

linguagem é uma, com um colega de mesmo nível, é outra), o Emprego das Letras e Fonemas
grau de comprometimento que a fala implica para o falante
(num depoimento para um juiz no fórum escolhem-se as Emprego das letras K, W e Y
palavras, num relato de uma conquista amorosa para um Utilizam-se nos seguintes casos:
colega fala-se com menos preocupação). 1) Em antropônimos originários de outras línguas e seus
As variações de acordo com a situação costumam ser derivados. Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo;
chamadas de níveis de fala ou, simplesmente, variações de Taylor, taylorista.
estilo e são classificadas em duas grandes divisões:
- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão 2) Em topônimos originários de outras línguas e seus
sobre o que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância. derivados. Exemplos: Kuwait, kuwaitiano.
É na linguagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é
mais tenso. 3) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como
- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com unidades de medida de curso internacional. Exemplos: K
despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão (Potássio), W (West), kg (quilograma), km (quilômetro), Watt.
sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e
familiar que esse estilo melhor se manifesta. Emprego do X
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um Se empregará o “X” nas seguintes situações:
pequeno trecho da gravação de uma conversa telefônica entre 1) Após ditongos.
duas universitárias paulistanas de classe média, transcrito do Exemplos: caixa, frouxo, peixe.
livro Tempos Linguísticos, de Fernando Tarallo. As reticências Exceção: recauchutar e seus derivados.
indicam as pausas.
2) Após a sílaba inicial “en”.
Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca.
dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo
assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um “en-”. Ex.: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro),
menino lá que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...)
até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de
economia, das nove da noite. 3) Após a sílaba inicial “me-”.
Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão.
Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia Exceção: mecha.
nem com a continuidade das ideias, nem com a escolha das
palavras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho da 4) Se empregará o “X” em vocábulos de origem indígena ou
gravação de uma aula de português de uma professora africana e em palavras inglesas aportuguesadas.
universitária do Rio de Janeiro, transcrito do livro de Dinah Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu,
Callou. A linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro. As bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar,
pausas são marcadas com reticências. rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara,
xale, xingar, etc.
O que está ocorrendo com nossos alunos é uma
fragmentação do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e Emprego do Ch
fica com uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não Se empregará o “Ch” nos seguintes vocábulos: bochecha,
sabe vincular a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, chuchu, chute,
também para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série... cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, mochila,
de conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados... pechincha, salsicha, tchau, etc.
mas que... na hora de serem empregados... deixam muito a
desejar... Emprego do G
Se empregará o “G” em:
Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau 1) Substantivos terminados em: -agem, -igem, -ugem.
de formalidade e planejamento típico do texto escrito, mas Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem.
trata-se de um estilo bem mais formal e vigiado que a do Exceção: pajem.
exemplo anterior.
2) Palavras terminadas em: -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio.
Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio.
5. Ortografia. 5.1 Emprego
de letras. 3) Em palavras derivadas de outras que já apresentam “G”.
Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem),
vertiginoso (de vertigem).
ORTOGRAFIA
Observação - também se emprega com a letra “G” os
Alfabeto seguintes vocábulos: algema, auge, bege, estrangeiro, geada,
gengiva, gibi, gilete, hegemonia, herege, megera, monge,
O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. A – rabugento, vagem.
B–C–D–E–F–G–H–I–J–K–L–M–N–O–P–Q–R–S–
T – U – V – W – X – Y – Z. Emprego do J
Para representar o fonema “j’ na forma escrita, a grafia
Observação: emprega-se também o “ç”, que representa o considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a
fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras. origem da palavra, como por exemplo no caso da na palavra jipe
que origina-se do inglês jeep. Porém também se empregará o “J”
nas seguintes situações:

Língua Portuguesa 40
APOSTILAS OPÇÃO

1) Em verbos terminados em -jar ou -jear. Exemplos: Exemplos: civilizar – civilização / hospitalizar –


Arranjar: arranjo, arranje, arranjem hospitalização / colonizar – colonização / realizar – realização.
Despejar: despejo, despeje, despejem
Viajar: viajo, viaje, viajem 4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita.
Exemplos: cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito,
2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica. avezita.
Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji.
5) Nos seguintes vocábulos: azar, azeite, azedo, amizade,
3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam “J”. buzina, bazar, catequizar, chafariz, cicatriz, coalizão, cuscuz,
Exemplos: laranja –laranjeira / loja – lojista / lisonja – proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc.
lisonjeador / nojo – nojeira / cereja – cerejeira / varejo –
varejista / rijo – enrijecer / jeito – ajeitar. 6) Em vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no
contraste entre o S e o Z. Exemplos:
Observação - também se emprega com a letra “J” os Cozer (cozinhar) e coser (costurar);
seguintes vocábulos: berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, Prezar (ter em consideração) e presar (prender);
jeito, jejum, laje, traje, pegajento. Traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior).

Emprego do S Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z.


Utiliza-se “S” nos seguintes casos: Como por exemplo: exame, exato, exausto, exemplo, existir,
1) Palavras derivadas de outras que já apresentam “S” no exótico, inexorável.
radical. Exemplos: análise – analisar / catálise – catalisador /
casa – casinha ou casebre / liso – alisar. Emprego do Fonema S
Existem diversas formas para a representação do fonema “S”
2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título no qual podem ser: s, ç, x e dos dígrafos sc, sç, ss, xc, xs. Assim
ou origem. Exemplos: burguês – burguesa / inglês – inglesa / vajamos algumas situações:
chinês – chinesa / milanês – milanesa.
1) Emprega-se o S: nos substantivos derivados de verbos
3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e –osa. terminados em -andir, -ender, -verter e -pelir.
Exemplos: catarinense / palmeirense / gostoso – gostosa / Exemplos: expandir – expansão / pretender – pretensão /
amoroso – amorosa / gasoso – gasosa / teimoso – teimosa. verter – versão / expelir – expulsão / estender – extensão /
suspender – suspensão / converter – conversão / repelir –
4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa. repulsão.
Exemplos: catequese, diocese, poetisa, profetisa,
sacerdotisa, glicose, metamorfose, virose. 2) Emprega-se Ç: nos substantivos derivados dos verbos ter
e torcer.
5) Após ditongos. Exemplos: ater – atenção / torcer – torção / deter – detenção
Exemplos: coisa, pouso, lousa, náusea. / distorcer – distorção / manter – manutenção / contorcer –
contorção.
6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus
derivados. 3) Emprega-se o X: em casos que a letra X soa como Ss.
Exemplos: pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, Exemplos: auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta,
puséssemos, quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, sintaxe, texto, trouxe.
quiséssemos, repus, repusera, repusesse, repuséssemos.
4) Emprega-se Sc: nos termos eruditos.
7) Em nomes próprios personativos. Exemplos: acréscimo, ascensorista, consciência, descender,
Exemplos: Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, discente, fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação,
Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás. miscível, plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc.

Observação - também se emprega com a letra “S” os 5) Emprega-se Sç: na conjugação de alguns verbos.
seguintes vocábulos: abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, Exemplos: nascer - nasço, nasça / crescer - cresço, cresça /
cortesia, decisão, despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena, Descer - desço, desça.
mesada, paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio,
querosene, raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo, 6) Emprega-se Ss: nos substantivos derivados de verbos
visita, etc. terminados em -gredir, -mitir, -ceder e -cutir.
Exemplos: agredir – agressão / demitir – demissão / ceder –
Emprego do Z cessão / discutir – discussão/ progredir – progressão /
Se empregará o “Z” nos seguintes casos: transmitir – transmissão / exceder – excesso / repercutir –
1) Palavras derivadas de outras que já apresentam Z no repercussão.
radical.
Exemplos: deslize – deslizar / razão – razoável / vazio – 7) Emprega-se o Xc e o Xs: em dígrafos que soam como Ss.
esvaziar / raiz – enraizar /cruz – cruzeiro. Exemplos: exceção, excêntrico, excedente, excepcional,
exsudar.
2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos
a partir de adjetivos. Atenção - não se esqueça que uso da letra X apresenta
Exemplos: inválido – invalidez / limpo – limpeza / macio – algumas variações. Observe:
maciez / rígido – rigidez / frio – frieza / nobre – nobreza / pobre 1) O “X” pode representar os seguintes fonemas:
– pobreza / surdo – surdez. “ch” - xarope, vexame;
“cs” - axila, nexo;
3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar “z” - exame, exílio;
substantivos. “ss” - máximo, próximo;

Língua Portuguesa 41
APOSTILAS OPÇÃO

“s” - texto, extenso. sempre são grafados com h, como por exemplo: herbívoro,
hispânico, hibernal.
2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-
Exemplos: excelente, excitar. Questões

Emprego do E 01. (FIOCRUZ – Assistente Técnico de Gestão em Saúde


Se empregará o “E” nas seguintes situações: – FIOCRUZ/2016)
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar
Exemplos: magoar - magoe, magoes / continuar- continue, O FUTURO NO PASSADO
continues.
1 Poucas previsões para o futuro feitas no passado se
2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, realizaram. O mundo se mudava do campo para as cidades, e
anterior). era natural que o futuro idealizado então fosse o da cidade
Exemplos: antebraço, antecipar. perfeita. Mas o helicóptero não substituiu o automóvel
particular e só recentemente começou-se a experimentar
3) Nos seguintes vocábulos: cadeado, confete, disenteria, carros que andam sobre faixas magnéticas nas ruas, liberando
empecilho, irrequieto, mexerico, orquídea, etc. seus ocupantes para a leitura, o sono ou o amor no banco de
trás. As cidades não se transformaram em laboratórios de
Emprego do I convívio civilizado, como previam, e sim na maior prova da
Se empregará o “I” nas seguintes situações: impossibilidade da coexistência de desiguais.
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir. 2 A ciência trouxe avanços espetaculares nas lides de
Exemplos: guerra, como os bombardeios com precisão cirúrgica que não
Cair- cai poupam civis, mas não trouxe a democratização da
Doer- dói prosperidade antevista. Mágicas novas como o cinema
Influir- influi prometiam ultrapassar os limites da imaginação.
Ultrapassaram, mas para o território da banalidade
2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra). espetaculosa. A TV foi prevista, e a energia nuclear intuída,
Exemplos: anticristo, antitetânico. mas a revolução da informática não foi nem sonhada. As
revoluções na medicina foram notáveis, certo, mas a
3) Nos seguintes vocábulos: aborígine, artimanha, chefiar, prevenção do câncer ainda não foi descoberta. Pensando bem,
digladiar, penicilina, privilégio, etc. nem a do resfriado. A comida em pílulas não veio - se bem que
a nouvelle cuisine chegou perto. Até a colonização do espaço,
Emprego do O/U como previam os roteiristas do “Flash Gordon”, está atrasada.
A oposição o/u é responsável pela diferença de significado Mal chegamos a Marte, só para descobrir que é um imenso
de algumas palavras. Veja os exemplos: comprimento terreno baldio. E os profetas da felicidade universal não
(extensão) e cumprimento (saudação, realização) soar (emitir contavam com uma coisa: o lixo produzido pela sua visão.
som) e suar (transpirar). Nenhuma previsão incluía a poluição e o aquecimento global.
- Grafam-se com a letra “O”: bolacha, bússola, costume, 3 Mas assim como os videntes otimistas falharam, talvez o
moleque. pessimismo de hoje divirta nossos bisnetos. Eles certamente
- Grafam-se com a letra “U”: camundongo, jabuti, Manuel, falarão da Aids, por exemplo, como nós hoje falamos da gripe
tábua. espanhola. A ciência e a técnica ainda nos surpreenderão.
Estamos na pré-história da energia magnética e por fusão
Emprego do H nuclear fria.
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor 4 É verdade que cada salto da ciência corresponderá a um
fonético. Conservou-se apenas como símbolo, por força da passo atrás, rumo ao irracional. Quanto mais perto a ciência
etimologia e da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo, chegar das últimas revelações do Universo, mais as pessoas
grafa-se desta forma devido a sua origem na forma latina hodie. procurarão respostas no misticismo e refúgio no tribal. E
Assim vejamos o seu emprego: quanto mais a ciência avança por caminhos nunca antes
sonhados, mais leigo fica o leigo. A volta ao irracional é a birra
1) Inicial, quando etimológico. do leigo.
Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio. (VERÍSSIMO. L. F. O Globo. 24/07/2016, p. 15.)

2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh. “e era natural que o futuro IDEALIZADO então fosse o da
Exemplos: flecha, telha, companhia. cidade perfeita.” (1º §) O vocábulo em destaque no trecho
acima grafa-se com a letra Z, em conformidade com a norma
3) Final e inicial, em certas interjeições. de emprego do sufixo–izar.
Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc.
Das opções abaixo, aquela em que um dos vocábulos está
4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo INCORRETAMENTE grafado por não se enquadrar nessa
elemento, se etimológico. norma é:
Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc. (A) alcoolizado / barbarizar / burocratizar.
(B) catalizar / abalizado / amenizar.
Observações: (C) catequizar / cauterizado / climatizar.
1) No substantivo Bahia, o “h” sobrevive por tradição. Note (D) contemporizado / corporizar / cretinizar
que nos substantivos derivados como baiano, baianada ou (E) esterilizar / estigmatizado / estilizar.
baianinha ele não é utilizado.
02. (Pref. De Biguaçu/SC – Professor III – Inglês/2016)
2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a letra De acordo com a Língua Portuguesa culta, assinale a
“h” na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos alternativa cujas palavras seguem as regras de ortografia:

Língua Portuguesa 42
APOSTILAS OPÇÃO

(A) Preciso contratar um eletrecista e um encanador para 05. (Pref. De Quixadá/CE – Agente de Combate às
o final da tarde. Endemias – Serctam/2016) Marque a opção em
(B) O trabalho voluntário continua sendo feito que TODOS os vocábulos se completam com a letra “s”:
prazerosamente pelos alunos. (A) pesqui__a, ga__olina, ali__erce.
(C) Ainda não foram atendidas as reinvindicações dos (B) e__ótico, talve__, ala__ão.
professores em greve. (C) atrá__, preten__ão, atra__o.
(D) Na lista de compras, é preciso descriminar melhor os (D) bati__ar, bu__ina, pra__o.
produtos em falta. (E) valori__ar, avestru__, Mastru__.
(E) Passou bastante desapercebido o caso envolvendo um
juiz federal. Gabarito

03. (PC/PA – Escrivão de Polícia Civil – FUNCAB/2016) 01.B / 02.B / 03.C / 04.D / 05.C
Dificilmente, em uma ciência-arte como a Psicologia-
Psiquiatria, há algo que se possa asseverar com 100% de Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas
certeza. Isso porque há áreas bastante interpretativas, sujeitas
a leituras diversas, a depender do observador e do observado. Inicial Maiúscula
Porém, existe um fato na Psicologia-Psiquiatria forense que é Utiliza-se inicial maiúscula nos seguintes casos:
100% de certeza e não está sujeito a interpretação ou a 1) No começo de um período, verso ou citação direta.
dissimulação por parte de quem está a ser examinado. E
revela, objetivamente, dados do psiquismo da pessoa ou, em Disse o Padre Antônio Vieira: “Estar com Cristo em qualquer
outras palavras, mostra características comportamentais lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso.”
indissimuláveis, claras e objetivas. O que pode ser tão exato,
em matéria de Psicologia-Psiquiatria, que não admite “Auriverde pendão de minha terra,
variáveis? Resposta: todos os crimes, sem exceção, são como Que a brisa do Brasil beija e balança,
fotografias exatas e em cores do comportamento do indivíduo. Estandarte que à luz do sol encerra
E como o psiquismo é responsável pelo modo de agir, por As promessas divinas da Esperança…”
conseguinte, tem os em todos os crimes, obrigatoriamente e (Castro Alves)
sempre, elementos objetivos da mente de quem os praticou.
Por exemplo, o delito foi cometido com multiplicidade de 2) Nos antropônimos, reais ou fictícios.
golpes, com ferocidade na execução, não houve ocultação de Exemplos: Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote.
cadáver, não se verifica cúmplice, premeditação etc. Registre-
se que esses dados já aconteceram. Portanto, são insimuláveis, 3) Nos topônimos, reais ou fictícios.
100% objetivos. Basta juntar essas características Exemplos: Rio de Janeiro, Rússia, Macondo.
comportamentais que teremos algo do psiquismo de quem o
praticou. Nesse caso específico, infere-se que a pessoa é 4) Nos nomes mitológicos.
explosiva, impulsiva e sem freios, provável portadora de Exemplos: Dionísio, Netuno.
algum transtorno ligado à disritmia psicocerebral, algum
estreitamento de consciência, no qual o sentimento invadiu o 5) Nos nomes de festas e festividades.
pensamento e determinou a conduta. Exemplos: Natal, Páscoa, Ramadã.
Em outro exemplo, temos homicídio praticado com um só
golpe, premeditado, com ocultação de cadáver, concurso de 6) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais.
cúmplice etc. Nesse caso, os dados apontam para o lado do Exemplos: ONU, Sr., V. Ex.ª.
criminoso comum, que entendia o que fazia.
Claro que não é possível, apenas pela morfologia do crime, 7) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos,
saber-se tudo do diagnóstico do criminoso. Mas, por outro políticos ou nacionalistas.
lado, é na maneira como o delito foi praticado que se Exemplos: Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado,
encontram características 100% seguras da mente de quem o Nação, Pátria, União, etc.
praticou, a evidenciar fatos, tal qual a imagem fotográfica
revela-nos exatamente algo, seja muito ou pouco, do momento Observação: esses nomes escrevem-se com inicial
em que foi registrada. Em suma, a forma como as coisas foram minúscula quando são empregados em sentido geral ou
feitas revela muito da pessoa que as fez. indeterminado.
PALOMBA, Guido Arturo. Rev. Psique: n° 100 (ed. comemorativa), p. 82. Exemplo: Todos amam sua pátria.

Tal como ocorre com “interpretaÇÃO ” e “dissimulaÇÃO”, Emprego Facultativo da Letra Maiúscula
grafa-se com “ç” o sufixo de ambas as palavras arroladas em: 1) No início dos versos que não abrem período, é facultativo
(A) apreenção do menor - sanção legal. o uso da letra maiúscula, como por exemplo:
(B) detenção do infrator - ascenção ao posto.
(C) presunção de culpa - coerção penal. “Aqui, sim, no meu cantinho,
(D) interceção do juiz - contenção do distúrbio. vendo rir-me o candeeiro,
(E) submição à lei - indução ao crime. gozo o bem de estar sozinho
e esquecer o mundo inteiro.”
04. (Câmara Municipal de Araraquara/SP – Assistente
de Tradução e Interpretação – IBFC/2016) 2) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios.
Leia as opções abaixo e assinale a alternativa que não Exemplos: Rua da Liberdade ou rua da Liberdade / Igreja do
apresenta erro ortográfico. Rosário ou igreja do Rosário / Edifício Azevedo ou edifício
(A) Plocrastinar - idiossincrasia - abduzir Azevedo.
(B) Proclastinar - idiosincrasia - abduzir
(C) Plocrastinar- idiossincrasia - abiduzir Inicial Minúscula
(D) Procrastinar - idiossincrasia - abduzir Utiliza-se inicial minúscula nos seguintes casos:
1) Em todos os vocábulos correntes da língua portuguesa.

Língua Portuguesa 43
APOSTILAS OPÇÃO

Exemplos: carro, flor, boneca, menino, porta, etc. genética de seus pais e que lhe confere enorme envergadura?
Diga para quê serve? Ao primeiro sinal de perigo, debique e
2) Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, pouse na cerca mais próxima. Ora, não venha com desculpas
usa-se letra minúscula. esfarrapadas e vamos dona Gaivota, espante a preguiça, bata
Exemplo: “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: as asas e saia do ninho! Não tenha medo de voar. Pois, como é
ouro, incenso, mirra.” (Manuel Bandeira) de conhecimento dos "Mestres dos ares e da Terra", longe é um
lugar que não existe para quem voa rente ao céu e viaja léguas
3) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana. e mais léguas de distância com a mochila nas costas, olhar no
Exemplos: janeiro, julho, dezembro, etc. / segunda, sexta, horizonte e os pés socados em terra firme.
domingo, etc. / primavera, verão, outono, inverno. Longe é a porta de entrada do lugar que não existe? Não
deve ser, não; pois as Gaivotas sacodem a poeira das asas,
4) Nos pontos cardeais. limpam os resquícios de alimentos dos bicos e batem o toc-toc
Exemplos: “Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.” lá.
/ “Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, <http://www.recantodasletras.com.br/contosdefantasia/6031227>
sudoeste.”
O uso do termo “Gaivota” sempre com letra maiúscula ao
Observação: quando empregados em sua forma absoluta, longo do texto se deve ao fato de que
os pontos cardeais são grafados com letra maiúscula. (A) o autor busca, com isso, fazer uma conexão mais
Exemplos: Nordeste (região do Brasil) / Ocidente (europeu) próxima entre o leitor e o animal.
/Oriente (asiático). (B) o autor quis dar destaque ao termo, apesar de não
haver importância da referência ao animal para o texto.
Emprego Facultativo da Letra Minúscula (C) há uma mudança no texto, em que, no início, as
1) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica. personagens eram duas pessoas e, a partir do segundo
Exemplos: parágrafo, é uma gaivota.
Crime e Castigo ou Crime e castigo (D) o texto faz uma reflexão sobre a ação humana de viajar,
Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas porém comparando os seres humanos com gaivotas.
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido (E) o autor utiliza o termo “Gaivota” como símbolo de
imponência, o que se relaciona à forma como os seres
2) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em humanos são tratados no texto.
nomes sagrados e que designam crenças religiosas.
Exemplos: 02. (MGS – Todos os Cargos de Nível Fundamental
Governador Mário Covas ou governador Mário Covas Completo – IBFC/2017)
Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor Estranhas Gentilezas
reitor (Ivan Angelo)
Santa Maria ou santa Maria
Estão acontecendo coisas estranhas. Sabe-se que as
c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e pessoas nas grandes cidades não têm o hábito da gentileza.
disciplinas. Não é por ruindade, é falta de tempo. Gastam a paciência nos
Exemplos: ônibus, no trânsito, nas filas, nos mercados, nas salas de
Português ou português espera, nos embates familiares, e depois economizam com a
Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas gente.
modernas Comigo dá-se o contrário, é o que estou notando de uns
História do Brasil ou história do Brasil dias para cá. Tratam-me com inquietante delicadeza. Já
Arquitetura ou arquitetura captava aqui e ali sinais suspeitos, imprecisos, ventinho de
asas de borboleta, quase nada. A impressão de que há algo
Questões estranho tomou meu corpo mesmo foi na semana passada. Um
vizinho que já fora meu amigo telefonou-me desfazendo o
01. (Câmara de Maringá/PR – Assistente Legislativo engano que nos afastava, intriga de pessoa que nem conheço e
– Instituto) que afinal resolvera esclarecer tudo. Difícil reconstruir a
amizade, mas a inimizade morria ali.
Longe é um lugar que existe? Como disse, eu vinha desconfiando tenuemente de
algumas amabilidades. O episódio do vizinho fez surgir em
Voamos algum tempo em silêncio, até que finalmente ele meu espírito a hipótese de uma trama, que já mobilizava até
disse: "Não entendo muito bem o que você falou, mas o que pessoas distantes. E as próximas?
menos entendo é o fato de estar indo a uma festa." Tenho reparado. As próximas telefonam amáveis, sem
— Claro que estou indo à festa. — respondi. — O que há de motivo. Durante o telefonema fico aguardando o assunto que
tão difícil de se compreender nisso? estaria embrulhado nos enfeites da conversa, e ele não sai. Um
Enfim, sem nunca atingir o fim, imaginando-se uma número inesperado de pessoas me cumprimenta na rua, com
Gaivota sobrevoando o mar, viajar é sentir-se ainda mais acenos de cabeça. Mulheres, antes esquivas, sorriem
pássaro livre tocado pelas lufadas de vento, contraponto, de transitáveis nas ruas dos Jardins1. Num restaurante caro, o
uma ave mirrada de asas partidas numa gaiola lacrada, maître2, com uma piscadela, fura a demorada fila de executivos
sobrevivendo apenas de alpiste da melhor qualidade e água à espera e me arruma rapidinho uma mesa para dois. Um
filtrada. Ou ainda, pássaros presos na ambivalência homem de pasta que parecia impaciente à minha frente me
existencial... fadado ao fracasso ou ao sucesso... ao ser livre ou cede o último lugar no elevador. O jornaleiro larga sua banca
viver presos em suas próprias armadilhas... na avenida Sumaré e vem ao prédio avisar-me que o jornal
Fica sob sua escolha e risco, a liberdade para voar os ventos chegou. Os vizinhos de cima silenciam depois das dez da noite.
ascendentes; que pássaro quer ser; que lugares quer [...]
sobrevoar; que viagem ao inusitado mais lhe compraz. Por Que significa isso? Que querem comigo? Que complô é
mais e mais, qual a serventia dessas asas enormes, herança este? Que vão pedir em troca de tanta gentileza?

Língua Portuguesa 44
APOSTILAS OPÇÃO

Aguardo, meio apreensivo, meio feliz. Apreender: O fiscal apreendeu a carteirinha do menino.
Interrompo a crônica nesse ponto, saio para ir ao banco, (prender)
desço pelas escadas porque alguém segura o elevador lá em
cima, o segurança do banco faz-me esvaziar os bolsos antes de Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços
entrar na porta giratória, enfrento a fila do caixa, não aceitam funcionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito) nos
meus cheques para pagar contas em nome de minha mulher, supermercados. Vamos comemorar, pessoal!
saio mal-humorado do banco, atravesso a avenida arriscando Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os postos
a vida entre bólidos3 , um caminhão joga-me água suja de uma (sujeito) de combustível abaixaram os preços (objeto direto)
poça, o elevador continua preso lá em cima, subo a pé, entro no da gasolina.
apartamento, sento-me ao computador e ponho-me de novo a
sonhar com gentilezas. Bebedor: Tornei-me um grande bebedor de vinho. (pessoa
que bebe)
Vocabulário: Bebedouro: Este bebedouro está funcionando bem.
1 bairro Jardim Paulista, um dos mais requintados de São (aparelho que fornece água)
Paulo
2 funcionário que coordena agendamentos entre outras Bem-Vindo: Você é sempre bem-vindo aqui, jovem.
coisas nos restaurantes (adjetivo composto)
3 carros muito velozes Benvindo: Benvindo é meu colega de classe. (nome
próprio)
Em “nas ruas dos Jardins1" (4º§), a palavra em destaque
foi escrita com letra maiúscula por se tratar de: Câmara: Ficaram todos reunidos na Câmara Municipal.
(A) um erro de grafia. (local de trabalho)
(B) um destaque do autor Câmera: Comprei uma câmera japonesa. (aparelho que
(C) um substantivo próprio. fotografa)
(D) um substantivo coletivo.
Champanha/Champanhe (do francês): O
Gabarito champanha/champanhe está bem gelado.

01.D / 02.C Cessão: Foi confirmada a cessão do terreno. (ato de doar)


Sessão: A sessão do filme durou duas horas. (intervalo de
Palavras ou Expressões que geram dificuldades tempo)
Seção/Secção: Visitei hoje a seção de esportes. (repartição
Algumas palavras ou expressões costumam apresentar pública, departamento)
dificuldades colocando em maus lençóis quem pretende falar
ou redigir português culto. Esta é uma oportunidade para você Demais: Vocês falam demais, caras! (advérbio de
aperfeiçoar seu desempenho. Preste atenção e tente intensidade)
incorporar tais palavras certas em situações apropriadas. Demais: Chamaram mais dez candidatos, os demais devem
aguardar. (equivale a “os outros”)
A anos: Daqui a um ano iremos à Europa. (a indica tempo De mais: Não vejo nada de mais em sua decisão. (opõe-se a
futuro) “de menos”)
Há anos: Não o vejo há meses. (há indica tempo passado)
Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há Descriminar: O réu foi descriminado; pra sorte dele.
necessidade de usar atrás, isto é um pleonasmo. (inocentar, absolver de crime)
Discriminar: Era impossível discriminar os caracteres do
Acerca de: Falávamos acerca de uma solução melhor. (a documento. (diferençar, distinguir, separar)
respeito de) Descrição: A descrição sobre o jogador foi perfeita.
Há cerca de: Há cerca de dias resolvemos este caso. (faz (descrever)
tempo) Discrição: Você foi muito discreto. (reservado)

Ao encontro de: Sua atitude vai ao encontro da verdade. Entrega em domicílio: Fiz a entrega em domicílio. (lugar)
(estar a favor de) Entrega a domicílio: Enviou as compras a domicílio. (com
De encontro a: Minhas opiniões vão de encontro às suas. verbos de movimento)
(oposição, choque)
Espectador: Os espectadores se fartaram da apresentação.
A fim de: Vou a fim de visitá-la. (finalidade) (aquele que vê, assiste)
Afim: Somos almas afins. (igual, semelhante) Expectador: O expectador aguardava o momento da
chamada. (que espera alguma coisa)
Ao invés de: Ao invés de falar começou a chorar. (oposição,
ao contrário de) Estada: A estada dela aqui foi gratificante. (tempo em algum
Em vez de: Em vez de acompanhar-me, ficou só. (no lugar lugar)
de) Estadia: A estadia do carro foi prolongada por mais
algumas semanas. (prazo concedido para carga e descarga)
A par: Estamos a par das boas notícias. (bem informado,
ciente) Fosforescente: Este material é fosforescente. (que brilha
Ao par: O dólar e o euro estão ao par. (de igualdade ou no escuro)
equivalência entre valores financeiros – câmbio) Fluorescente: A luz branca do carro era fluorescente.
(determinado tipo de luminosidade)
Aprender: O menino aprendeu a lição. (tomar
conhecimento de) Haja: É preciso que não haja descuido. (verbo haver – 1ª
pessoa singular do presente do subjuntivo)

Língua Portuguesa 45
APOSTILAS OPÇÃO

Aja: Aja com cuidado, Carlinhos. (verbo agir – 1ª pessoa 02. (Detran/CE – Vistoriador – UCE-CEV/2018) Na frase
singular do presente do subjuntivo) “... as penalidades são as previstas pelo bom senso...”, a palavra
destacada é homônima de censo. Assinale a opção em que o
Houve: Houve um grande incêndio no centro de São emprego dos homônimos destacados está adequado.
Paulo. (verbo haver - 3ª pessoa do singular do pretérito (A) O reitor da faculdade solicitou que todos os
perfeito) funcionários participassem do censo anual para verificar
Ouve: A mãe disse: ninguém me ouve. (verbo ouvir - 3ª quem realmente está na ativa.
pessoa singular do presente do indicativo) (B) Foi pedido para que todos os motoristas respondessem
ao senso, a fim de se obter o número real de carros no pátio da
Mal: Dormi mal. (oposto de bem) universidade.
Mau: Você é um mau exemplo. (oposto de bom) (C) Os infratores são penalizados com a “multa moral” por
não demonstrarem censo crítico.
Mas: Telefonei-lhe mas ela não atendeu. (ideia contrária) (D) Se o infrator tiver censo, saberá o que dizer na hora da
Mais: Há mais flores perfumadas no campo. (opõe-se a punição.
menos)
Gabarito
Nem um: Nem um filho de Deus apareceu para ajudá-la.
(equivale a nem um sequer) 01.A / 02.A
Nenhum: Nenhum jornal divulgou o resultado do concurso.
(oposto de algum) Emprego do Porquê

Onde: Onde fica a farmácia mais próxima? (lugar em que se Orações Interrogativas Exemplo:
está) (pode ser substituído Por que devemos nos
Aonde: Aonde vão com tanta pressa? (ideia de movimento) por: por qual motivo, por preocupar com o meio
qual razão) ambiente?
Por ora: Por ora chega de trabalhar. (por este momento) Por
Por hora: Você deve cobrar por hora. (cada sessenta Que
Exemplo:
minutos) Equivalendo a “pelo Os motivos por que não
qual” respondeu são
Senão: Não fazia coisa nenhuma senão criticar. (caso desconhecidos.
contrário)
Se não: Se não houver homens honestos, o país não sairá Exemplos:
desta situação crítica. (se por acaso não) Você ainda tem coragem de
Por Final de frases e seguidos
perguntar por quê?
Tampouco: Não compareceu, tampouco apresentou Quê de pontuação
Você não vai? Por quê?
qualquer justificativa. (Também não) Não sei por quê!
Tão pouco: Encontramo-nos tão pouco esta semana.
(intensidade) Exemplos:
A situação agravou-se porque
Conjunção que indica
ninguém reclamou.
Trás ou Atrás: O menino estava atrás da árvore. (lugar) explicação ou causa
Ninguém mais o espera,
Traz: Ele traz consigo muita felicidade. (verbo trazer) Porque porque ele sempre se atrasa.

Vultoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui. (volumoso) Conjunção de Finalidade Exemplos:


Vultuoso: Sua face está vultuosa e deformada. (congestão – equivale a “para que”, Não julgues porque não te
no rosto) “a fim de que”. julguem.

Questão Exemplos:
Função de substantivo –
Não é fácil encontrar o
vem acompanhado de
01. (TCM/RJ – Técnico de Controle Externo – Porquê porquê de toda confusão.
artigo ou pronome
Dê-me um porquê de sua
IBFC/2016) Analise as afirmativas abaixo, dê valores saída.
Verdadeiro (V) ou Falso (F) quanto ao emprego do acento
circunflexo estabelecido pelo Novo Acordo Ortográfico.
( ) O acento permanece na grafia de 'pôde' (o verbo 1. Por que (pergunta);
conjugado no passado) para diferenciá-la de 'pode' (o verbo 2. Porque (resposta);
conjugado no presente). 3. Por quê (fim de frase: motivo);
( ) O acento circunflexo de 'pôr' (verbo) cai e a palavra terá 4. O Porquê (substantivo).
a mesma grafia de 'por' (preposição), diferenciando-se pelo
contexto de uso. Questões
( ) a queda do acento na conjugação da terceira pessoa do
plural do presente do indicativo dos verbos crer, dar, ler, ter, 01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP)
vir e seus derivados. Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou até
sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de ........................ praticar atividade física..........................benefícios
cima para baixo. para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas
(A) V F F terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para
(B) F V F .......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o
(C) F F V avanço da idade.
(D) F V V (Ciência Hoje, março de 2012)

Língua Portuguesa 46
APOSTILAS OPÇÃO

As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas
pectivamente, com: de átonas.
(A) porque … trás … previnir De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas
(B) porque … traz … previnir como oxítona, paroxítona e proparoxítonas, independente de
(C) porquê … tras … previnir levar acento gráfico:
(D) por que … traz … prevenir
(E) por quê … tráz … prevenir Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
02. Pref. de Salvador/BA - Técnico de Nível Médio II –
FGV/2017) Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica se
evidencia na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque –
Por que sentimos calafrios e desconforto ao ouvir certos retrato – passível
sons agudos – como unhas arranhando um quadro-negro?
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica se
Esta é uma reação instintiva para protegermos nossa evidencia na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara –
audição. A cóclea (parte interna do ouvido) tem uma tímpano – médico – ônibus
membrana que vibra de acordo com as frequências sonoras
que ali chegam. A parte mais próxima ao exterior está ligada à Como podemos observar, mediante todos os exemplos
audição de sons agudos; a região mediana é responsável pela mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas
audição de sons de frequência média; e a porção mais final, por em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente, no
sons graves. As células da parte inicial, mais delicadas e frágeis, qual são os chamados de monossílabos, que quando
são facilmente destruídas – razão por que, ao envelhecermos, pronunciados apresentam certa diferenciação quanto à
perdemos a capacidade de ouvir sons agudos. Quando intensidade.
frequências muito agudas chegam a essa parte da membrana, Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos
as células podem ser danificadas, pois, quanto mais alta a em uma dada sequência de palavras. Assim como podemos
frequência, mais energia tem seu movimento ondulatório. Isso, observar no exemplo a seguir:
em parte, explica nossa aversão a determinados sons agudos,
mas não a todos. Afinal, geralmente não sentimos calafrios ou “Sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor.”
uma sensação ruim ao ouvirmos uma música com notas
agudas. Os monossílabos em destaque classificam-se como
tônicos; os demais, como átonos (que, em e de).
Aí podemos acrescentar outro fator. Uma nota de violão
tem um número limitado e pequeno de frequências – Acentos Gráficos
formando um som mais “limpo”. Já no espectro de som
proveniente de unhas arranhando um quadro-negro (ou de Acento agudo (´) – colocado sobre as letras “a”, “i”, “u” e
atrito entre isopores ou entre duas bexigas de ar) há um sobre o “e” do grupo “em” - indica que estas letras representam
número infinito delas. Assim, as células vibram de acordo com as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público,
muitas frequências e aquelas presentes na parte inicial da parabéns.
cóclea, por serem mais frágeis, são lesadas com mais
facilidade. Daí a sensação de aversão a esse sons agudos e Acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e”
“crus”. e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado. Ex.: tâmara –
Ronald Ranvaud, Ciência Hoje, nº 282. Atlântico – pêssego – supôs

Assinale a frase em que a grafia do vocábulo sublinhado Acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
está equivocada. artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
(A) Por que sentimos calafrios?
(B) A razão porque sentimos calafrios é conhecida. Trema)¨( – de acordo com a nova regra, foi totalmente
(C) Qual o porquê de sentirmos calafrios? abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras
(D) Sentimos calafrios porque precisamos defender nossa derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleriano (de
audição. Müller)
(E) Sentimos calafrios por quê?
Til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais
Gabarito nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã

01.D / 02.B Regras Fundamentais

Palavras oxítonas - acentuam-se todas as oxítonas


5.2 Acentuação gráfica terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plural(s):
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s).
(conforme o atual Acordo
Ortográfico). Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:

Monossílabos tônicos - terminados em “a”, “e”, “o”,


ACENTUAÇÃO seguidos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há

Acentuação Tônica Formas verbais - terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,


seguidas de lo, la, los, las. Ex.: respeitá-lo – percebê-lo – compô-
Implica na intensidade com que são pronunciadas as lo
sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma mais
acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais, como

Língua Portuguesa 47
APOSTILAS OPÇÃO

Paroxítonas - acentuam-se as palavras paroxítonas - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos
terminadas em: que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais
- i, is acento como antes: CRER, DAR, LER e VER.
táxi – lápis – júri
- us, um, uns Repare:
vírus – álbuns – fórum 1) O menino crê em você
- l, n, r, x, ps Os meninos creem em você.
automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps 2) Elza lê bem!
- ã, ãs, ão, ãos Todas leem bem!
ímã – ímãs – órfão – órgãos 3) Espero que ele dê o recado à sala.
Esperamos que os dados deem efeito!
Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que essa 4) Rubens vê tudo!
palavra apresenta as terminações das paroxítonas que são Eles veem tudo!
acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará
mais fácil a memorização! Cuidado! Há o verbo vir:
Ele vem à tarde!
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de Eles vêm à tarde!
“s”. Ex.: água – pônei – mágoa – jóquei
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do
Regras Especiais plural de:
ele tem – eles têm
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos ele vem – eles vêm (verbo vir)
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento de
acordo com a nova regra, mas desde que estejam em palavras A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
paroxítonas. reter, deter, abster.
Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma ele contém – eles contêm
palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são ele obtém – eles obtêm
acentuados. Mas caso não forem ditongos perdem o acento. ele retém – eles retêm
Ex.: ele convém – eles convêm
Antes Agora
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes
assembléia assembleia
eram acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes
idéia ideia
(regra do acento diferencial). Apenas em algumas exceções,
jibóia jiboia
como:
apóia (verbo apoiar) apoia
Pôde (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do
indicativo).
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos,
Pode (terceira pessoa do singular do presente do
acompanhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca
indicativo). Ex.:
– baú – país – Luís
Ela pode fazer isso agora.
Elvis não pôde participar porque sua mãe não deixou.
Observação importante: Não serão mais acentuados “i” e
“u” tônicos, formando hiato quando vierem depois de
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da
ditongo. Ex.:
preposição por. Ex.:
Faço isso por você.
Antes Agora
Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Questões
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando
01. “Cadáver” é paroxítona, pois:
seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: Ra-ul, ru-im, con-
(A) Tem a última sílaba como tônica.
tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz
(B) Tem a penúltima sílaba como tônica.
(C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem
(D) Não tem sílaba tônica.
seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
02. Indique a alternativa em que todas as palavras devem
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
receber acento.
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
(A) virus, torax, ma.
(B) caju, paleto, miosotis.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz,
(C) refem, rainha, orgão.
com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i”
(D) papeis, ideia, latex.
não serão mais acentuadas. Ex.:
(E) lotus, juiz, virus.
Antes Agora
03. Em “O resultado da experiência foi, literalmente,
apazigúe (apaziguar) apazigue
aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada pelo
argúi (arguir) argui
mesmo motivo que:
(A) túnel
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido.
(B) voluntário
Ex.:
(C) até
Antes Agora
(D) insólito
crêem creem
(E) rótulos
vôo voo

Língua Portuguesa 48
APOSTILAS OPÇÃO

04. Analise atentamente a presença ou a ausência de ponto do passado; o mais-que-perfeito, uma ação passada em
acento gráfico nas palavras abaixo e indique a alternativa em relação a outra ação, também passada. Ex.:
que não há erro: Eu cantei aquela música. (perfeito)
(A) ruím - termômetro - táxi – talvez. Eu cantava aquela música. (imperfeito)
(B) flôres - econômia - biquíni - globo. Quando ele chegou, eu já cantara. (mais-que-perfeito)
(C) bambu - através - sozinho - juiz
(D) econômico - gíz - juízes - cajú. c) Futuro:
(E) portuguêses - princesa - faísca. - Do presente: estudaremos
- Do pretérito: estudaríamos
05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO:
(A) saúde Obs.: No modo subjuntivo, com relação aos tempos
(B) cooperar simples, temos apenas o presente, o pretérito imperfeito e o
(C) ruim futuro (sem divisão). Os tempos compostos serão estudados
(D) creem mais adiante.
(E) pouco
5) Vozes: são três.
Gabarito a) Ativa: o sujeito pratica a ação verbal.
1.B / 2.A / 3.B / 4.C / 5.E Ex.: O carro derrubou o poste.

b) Passiva: o sujeito sofre a ação verbal.


6. Flexão verbal – valor - Analítica ou verbal: com o particípio e um verbo auxiliar.
Ex.: O poste foi derrubado pelo carro.
semântico de tempos e modos.
6.1 Correlação entre tempos - Sintética ou pronominal: com o pronome apassivador se.
verbais. 6.2. Concordância Ex.: Derrubou-se o poste.
verbal. 7. Concordância Obs.: Estudaremos bem o pronome apassivador (ou
nominal. partícula apassivadora) na sétima lição: concordância verbal.

c) Reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação verbal; aparece


um pronome reflexivo. Ex.: O garoto se machucou.
FLEXÃO VERBAL
Formação do Imperativo
1) Número: singular ou plural
1) Afirmativo: tu e vós saem do presente do indicativo
Ex.: ando, andas, anda → singular
menos a letra s; você, nós e vocês, do presente do subjuntivo.
andamos, andais, andam → plural
Ex.: Imperativo afirmativo do verbo beber
Bebo → beba
2) Pessoas: são três.
bebes → bebe (tu) bebas
a) A primeira é aquela que fala; corresponde aos pronomes
bebe beba → beba (você)
eu (singular) e nós (plural).
bebemos bebamos → bebamos (nós)
Ex.: escreverei, escreveremos.
bebeis → bebei (vós) bebais
bebem bebam → bebam (vocês)
b) A segunda é aquela com quem se fala; corresponde aos
Reunindo, temos: bebe, beba, bebamos, bebei, bebam.
pronomes tu (singular) e vós (plural).
Ex.: escreverás, escrevereis.
2) Negativo: sai do presente do subjuntivo mais a palavra
não.
c) A terceira é aquela acerca de quem se fala; corresponde
Ex.: beba
aos pronomes ele ou ela (singular) e eles ou elas (plural).
bebas → não bebas (tu)
Ex.: escreverá, escreverão.
beba → não beba (você)
bebamos → não bebamos (nós)
3) Modos: são três.
bebais → não bebais (vós)
a) Indicativo: apresenta o fato verbal de maneira positiva,
bebam → não bebam (vocês)
indubitável. Ex.: vendo.
Assim, temos: não bebas, não beba, não bebamos, não
bebais, não bebam.
b) Subjuntivo: apresenta o fato verbal de maneira
duvidosa, hipotética. Ex.: que eu venda.
Observações:
a) No imperativo não existe a primeira pessoa do singular,
c) Imperativo: apresenta o fato verbal como objeto de uma
eu; a terceira pessoa é você.
ordem. Ex.: venda!
b) O verbo ser não segue a regra nas pessoas que saem do
4) Tempos: são três.
presente do indicativo. Eis o seu imperativo:
a) Presente: falo
- Afirmativo: sê, seja, sejamos, sede, sejam.
- Negativo: não sejas, não seja, não sejamos, não sejais, não
b) Pretérito:
sejam.
- Perfeito: falei
- Imperfeito: falava
c) O tratamento dispensado a alguém numa frase não pode
- Mais-que-perfeito: falara
mudar. Se começamos a tratar a pessoa por você, não podemos
passar para tu, e vice-versa.
Obs.: O pretérito perfeito indica uma ação extinta; o
Ex.: Pede agora a tua comida. (tratamento: tu)
imperfeito, uma ação que se prolongava num determinado
Peça agora a sua comida. (tratamento: você)

Língua Portuguesa 49
APOSTILAS OPÇÃO

d) Os verbos que têm z no radical podem, no imperativo 2) Mais-que-perfeito composto: imperfeito do auxiliar
afirmativo, perder também a letra e que aparece antes da mais particípio do principal.
desinência s. Ex.: tinha falado → mais-que-perfeito composto do
Ex.: faze (tu) ou faz (tu) indicativo.
dize (tu) ou diz (tu) tivesse falado → mais-que-perfeito composto do
subjuntivo.
e) Procure ter “na ponta da língua” a formação e o emprego
do imperativo. É assunto muito cobrado em concursos 3) Demais tempos: basta classificar o verbo auxiliar.
públicos. Ex.: terei falado → futuro do presente composto (terei é
futuro do presente).
Tempos Primitivos e Tempos Derivados
1) O presente do indicativo é tempo primitivo. Da primeira Verbos Irregulares Comuns em Concursos
pessoa do singular sai todo o presente do subjuntivo. É importante saber a conjugação dos verbos que seguem.
Ex.: digo → que eu diga, que tu digas, que ele diga etc. Eles estão conjugados apenas nas pessoas, tempos e modos
dizes mais problemáticos.
diz 1) Compor, repor, impor, expor, depor etc.: seguem
Obs.: isso não ocorre apenas com os poucos verbos que integralmente o verbo pôr.
não apresentam a desinência o na primeira pessoa do singular. Ex.: ponho → componho, imponho, deponho etc.
Ex.: eu sou → que eu seja. pus → compus, repus, expus etc.
eu sei → que eu saiba.
2) Deter, conter, reter, manter etc.: seguem integralmente
2) O pretérito perfeito é tempo primitivo. Da segunda o verbo ter.
pessoa do singular saem: Ex.: tivermos → contivermos, mantivermos etc.
tiveste → retiveste, mantiveste etc.
a) o mais-que-perfeito.
Ex.: coubeste → coubera, couberas, coubera, coubéramos, 3) Intervir, advir, provir, convir etc.: seguem
coubéreis, couberam. integralmente o verbo vir.
Ex.: vierem → intervierem, provierem etc.
b) o imperfeito do subjuntivo. vim → intervim, convim etc.
Ex.: coubeste → coubesse, coubesses, coubesse,
coubéssemos, coubésseis, coubessem. 4) Rever, prever, antever etc.: seguem integralmente o
verbo ver.
c) o futuro do subjuntivo. Ex.: vi → revi, previ etc.
Ex.: coubeste → couber, couberes, couber, coubermos, víssemos → prevíssemos, antevíssemos etc.
couberdes, couberem.
Observações:
3) Do infinitivo impessoal derivam: - Como se vê nesses quatro itens iniciais, o verbo derivado
segue a conjugação do seu primitivo. Basta conjugar o verbo
a) o imperfeito do indicativo. primitivo e recolocar o prefixo. Há outros verbos que dão
Ex.: caber → cabia, cabias, cabia, cabíamos, cabíeis, cabiam. origem a verbos derivados. Por exemplo, dizer, haver e fazer.
Para eles, vale a mesma regra explicada acima.
b) o futuro do presente. Ex.: eu houve → eu reouve (e não reavi, como normalmente
Ex.: caber → caberei, caberás, caberá, caberemos, cabereis, se fala por aí).
caberão.
- Requerer e prover não seguem integralmente os verbos
c) o futuro do pretérito. querer e ver. Eles serão mostrados mais adiante.
Ex.: caber → caberia, caberias, caberia, caberíamos,
caberíeis, caberiam. 5) Crer, no pretérito perfeito do indicativo: cri, creste, creu,
cremos, crestes, creram.
d) o infinitivo pessoal.
Ex.: caber → caber, caberes, caber, cabermos, caberdes, 6) Estourar, roubar, aleijar, inteirar etc.: mantém o ditongo
caberem. fechado em todos os tempos, inclusive o presente do
indicativo. Ex.: A bomba estoura. (e não estóra, como
e) o gerúndio. normalmente se diz).
Ex.: caber → cabendo.
7) Aderir, competir, preterir, discernir, concernir, impelir,
f) o particípio. expelir, repelir:
Ex.: caber → cabido. a) presente do indicativo: adiro, aderes, adere, aderimos,
aderimos, aderem.
Tempos Compostos
Formam-se os tempos compostos com o verbo auxiliar (ter b) presente do subjuntivo: adira, adiras, adira, adiramos,
ou haver) mais o particípio do verbo que se quer conjugar. adirais, adiram.
Obs.: Esses verbos mudam o e do infinitivo para i na
1) Perfeito composto: presente do verbo auxiliar mais primeira pessoa do singular do presente do indicativo e em
particípio do verbo principal. todas do presente do subjuntivo.
Ex.: tenho falado ou hei falado → perfeito composto do
indicativo tenha falado ou haja falado → perfeito composto do 8) Aguar, desaguar, enxaguar, minguar:
subjuntivo. a) presente do indicativo: águo, águas, água; enxáguo,
enxáguas, enxágua.

Língua Portuguesa 50
APOSTILAS OPÇÃO

b) presente do subjuntivo: águe, águes, águe; enxágue, Questões


enxágues, enxágue.
01. (FAPERP - Agente Administrativo - SeMAE)
9) Arguir, no presente do indicativo: arguo, argúis, argúi,
arguimos, arguis, argúem. HÁBITOS SAUDÁVEIS E QUALIDADE DE VIDA12

10) Apaziguar, averiguar, obliquar, no presente do Para um indivíduo ter uma boa qualidade de vida, é
subjuntivo: apazigúe, apazigúes, apazigúe, apaziguemos, fundamental a busca de hábitos saudáveis. Esses, não devem ser
apazigueis, apazigúem. feitos esporadicamente, mas sim com frequência (para toda
vida). A adoção desses hábitos saudáveis tem por objetivos a
11) Mobiliar: manutenção da saúde física e psicológica, aumentando a
a) presente do indicativo: mobílio, mobílias, mobília, qualidade de vida.
mobiliamos, mobiliais, mobíliam.
PRINCIPAIS HÁBITOS SAUDÁVEIS:
b) presente do subjuntivo: mobílie, mobílies, mobílie,
mobiliemos, mobilieis, mobíliem. - Alimentação balanceada, nutritiva e de acordo com as
necessidades de cada organismo;
12) Polir, no presente do indicativo: pulo, pules, pule, - Prática regular de atividades físicas; - Atividades ao ar livre
polimos, polis, pulem. e contato com a natureza;
- Não ter vícios (álcool, cigarro e outras drogas);
13) Passear, recear, pentear, ladear (e todos os outros - Buscar se envolver em atividades sociais prazerosas e
terminados em ear) construtivas;
a) presente do indicativo: passeio, passeias, passeia, - Controlar e, na medida do possível, evitar o estresse;
passeamos, passeais, passeiam. - Valorizar a convivência social positiva;
b) presente do subjuntivo: passeie, passeies, passeie, - Estimular o cérebro com atividades intelectuais (leitura,
passeemos, passeeis, passeiem. teatro etc.);
- Buscar ajuda de profissionais da saúde quando apresentar
Observações: doenças ou problemas psicológicos.
- Os verbos desse grupo (importantíssimo) apresentam o
ditongo ei nas formas risotônicas, mas apenas nos dois Os verbos “buscar”, “controlar”, “valorizar” e “estimular”,
presentes. presentes no texto, foram empregados no infinitivo. Observe
- Os verbos estrear e idear apresentam ditongo aberto. as alternativas abaixo e assinale aquela que contiver a
Ex.: estreio, estreias, estreia; ideio, ideias, ideia. adequada análise da relação forma verbal / flexão de tempo e
modo.
14) Confiar, renunciar, afiar, arriar etc.: verbos regulares. (A) Buscaria: futuro do subjuntivo.
Ex.: confio, confias, confia, confiamos, confiais, confiam. (B) Controlo: presente do imperativo.
(C) Valorizou: pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
Observações: (D) Estimularemos: futuro do presente do indicativo.
- Esses verbos não têm o ditongo ei nas formas risotônicas.
- Mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar e intermediar, 02. (Pref. Itaquitinga/PE - Psicólogo - IDHTEC/2016)
apesar de terminarem em iar, apresentam o ditongo ei. Em qual dos trechos a seguir a flexão do verbo reflete um uso
Ex.: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, adequado da língua
medeiam, medeie, medeies, medeie, mediemos, medieis, (A) “Enquanto a campanha de vacinação contra o H1N1
medeiem. não começa, especialistas recomendam que a população se
precavenha redobrando os cuidados com a higiene e evitando
15) Requerer: só é irregular na 1ª pessoa do singular do aglomerações e o contato com muitas pessoas
presente do indicativo e, consequentemente, em todo o (B) “Cinco pássaros receberam transmissores para
presente do subjuntivo. monitorar sua adaptação à vida selvagem e se obter
Ex.: requeiro, requeres, requer financiamento para cinco novos transmissores, dez novos
requeira, requeiras, requeira pássaros serão libertados.”
requeri, requereste, requereu (C) “A mulher requereu o benefício em abril de 2014. Ela
apresentou diversos atestados médicos que comprovavam sua
16) Prover: conjuga-se como verbo regular no pretérito situação delicada e seu histórico de risco, mas o pedido foi
perfeito, no mais-que-perfeito, no imperfeito do subjuntivo, no indeferido.”
futuro do subjuntivo e no particípio; nos demais tempos, (D) “A polícia interviu nos confrontos entre adeptos
acompanha o verbo ver. ingleses, russos e franceses‟, disse o chefe local da polícia, que
Ex.: Provi, proveste, proveu; provera, proveras, provera; teve de dispersar os apoiantes das duas seleções e cidadãos
provesse, provesses, provesse etc. franceses pelo terceiro dia consecutivo.”
provejo, provês, provê; provia, provias, provia; proverei, (E) “A cada dois meses acumulados, ele sugere que
proverás, proverá etc. investidor se presentei com algo que deseja, para se sentir
17) Reaver, precaver-se, falir, adequar, remir, abolir, motivado a manter a reserva.”
colorir, ressarcir, demolir, acontecer, doer são verbos
defectivos. Estude o que falamos sobre eles na lição anterior, 03. Leia o trecho:
no item sobre a classificação dos verbos. Ex.: Reaver, no Toda a gente dormia com a mulher do Jaqueira. Era só
presente do indicativo: reavemos, reaveis. empurrar a porta. Se a mulher não abria logo, Jaqueira ia abrir,
bocejando e ameaçando:

- Um dia eu mato um peste.

12 http://www.todabiologia.com/saude/habitos_saudaveis.htm

Língua Portuguesa 51
APOSTILAS OPÇÃO

Matou. Escondeu-se por detrás de um pau e descarregou a 2- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
lazarina bem no coração do freguês. concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
(Graciliano Ramos, São Bernardo) Estavam feridos o pai e os filhos. / Estava ferido o pai e os
filhos.
A forma verbal grifada:
(A) está no pretérito, indicando uma ação durativa ou c) Um substantivo e mais de um adjetivo
repetitiva que começa num passado mais ou menos distante e 1- antecede todos os adjetivos com um artigo. Falava
perdura ainda no momento da fala. fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
(B) está no futuro do pretérito, indicando uma ação 2- coloca o substantivo no plural. Falava fluentemente as
hipotética. línguas inglesa e espanhola.
(C) está no presente, indicando que a ação se dará num
tempo futuro. d) Pronomes de tratamento
(D) está no futuro, indicando que a ação se dará num futuro Sempre concordam com a 3ª pessoa. Vossa Santidade
do presente. esteve no Brasil.
(E) está no presente, indicando uma ação momentânea ou
pontual. e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
Concordam com o substantivo a que se referem.
04. (IESES - Auxiliar em Administração - IFC-SC) As cartas estão anexas. / A bebida está inclusa.
Assinale a alternativa correta quanto à flexão dos verbos.
(A) Quando não disporem de tempo, precavenham-se, f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
adiantando alguns de seus compromissos. Após essas expressões o substantivo fica sempre no
(B)Se o governo propor mudanças e intervier em favor da singular e o adjetivo no plural.
população, será possível melhorar sua imagem. Renato advogou um e outro caso fáceis. / Pusemos numa e
(C) Ele reaviu seus pertences apreendidos pela polícia. noutra bandeja rasas o peixe.
(D) Mesmo que as autoridades interviessem, perceber-se-
ia logo que o candidato não previra as consequências que g) É bom, é necessario, é proibido
adviriam de sua conduta. Essas expressões não variam se o sujeito não vier
precedido de artigo ou outro determinante.
Gabarito É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
1.D / 2.C / 3.C / 4.D é proibida.

CONCORDÂNCIA NOMINAL h) Muito, pouco, caro


1- Como adjetivos: seguem a regra geral.
Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos Comi muitas frutas durante a viagem. / Pouco arroz é
demais termos da oração para que concordem em gênero e suficiente para mim.
número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o
artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos 2- Como advérbios: são invariáveis.
também o verbo, que se flexionará à sua maneira. Comi muito durante a viagem. / Pouco lutei, por isso perdi
a batalha.
Regra geral: o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
concordam em gênero e número com o substantivo. i) Mesmo, bastante
A pequena criança é uma gracinha. / O garoto que encontrei 1- Como advérbios: invariáveis
era muito gentil e simpático. Preciso mesmo da sua ajuda.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
Casos especiais: veremos alguns casos que fogem à regra
geral mostrada acima. 2- Como pronomes: seguem a regra geral.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
a) Um adjetivo após vários substantivos Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
1- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
plural ou concorda com o substantivo mais próximo. j) Menos, alerta
Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. / Irmão Em todas as ocasiões são invariáveis.
e primo recém-chegados estiveram aqui. Preciso de menos comida para perder peso. / Estamos alerta
para com suas chamadas.
2- Substantivos de gêneros diferentes: vai para o
plural masculino ou concorda com o substantivo mais k) Tal Qual
próximo. “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o
Ela tem pai e mãe louros. / Ela tem pai e mãe loura. consequente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia. / Os pais vieram
3- Adjetivo funciona como predicativo: vai fantasiados tais quais os filhos.
obrigatoriamente para o plural.
O homem e o menino estavam perdidos. / O homem e sua l) Possível
esposa estiveram hospedados aqui. Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou
“pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos A mais possível das alternativas é a que você expôs.
1- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
próximo. As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da
Comi delicioso almoço e sobremesa. / Provei deliciosa fruta cidade.
e suco.

Língua Portuguesa 52
APOSTILAS OPÇÃO

m) Meio Respostas
1- Como advérbio: invariável. 01.D / 02.D / 03.B / 04. a) necessária b) alerta c)
Estou meio (um pouco) insegura. bastantes d) vazia e) meio / 05. C
2- Como numeral: segue a regra geral.
Comi meia (metade) laranja pela manhã. CONCORDÂNCIA VERBAL

n) Só Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos


1- apenas, somente (advérbio): invariável. referindo à relação de dependência estabelecida entre um
Só consegui comprar uma passagem. termo e outro mediante um contexto oracional.
2- sozinho (adjetivo): variável.
Estiveram sós durante horas. Casos Referentes a Sujeito Simples
1) Sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo em
Questões número e pessoa: O aluno chegou atrasado.

01. Indique o uso INCORRETO da concordância verbal ou 2) O verbo concorda no singular com o sujeito coletivo do
nominal: singular, o verbo permanece na terceira pessoa do
(A) Será descontada em folha sua contribuição sindical. singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
(B) Na última reunião, ficou acordado que se realizariam Observação: no caso de o coletivo aparecer seguido de
encontros semanais com os diversos interessados no assunto. adjunto adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular
(C) Alguma solução é necessária, e logo! ou poderá ir para o plural: Uma multidão de pessoas saiu aos
(D) Embora tenha ficado demonstrado cabalmente a gritos. / Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
ocorrência de simulação na transferência do imóvel, o pedido
não pode prosperar. 3) Quando o sujeito é representado por expressões
(E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D. partitivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de, a
João VI ter também elevado sua colônia americana à condição metade de, uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode
de Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil concordar com o núcleo dessas expressões quanto com o
obter certa autonomia econômica. substantivo que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar.
/ A maioria dos alunos resolveram ficar.
02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de
gênero, número ou pessoa): 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo
a diferença.” concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de
(B) Todos sabemos que a solução não é fácil. vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas.
(C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às
cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã. 5) Em casos em que o sujeito é representado pela
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de expressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
longe... de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
(E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais Observação: no caso da referida expressão aparecer
compreensivo. repetida ou associada a um verbo que exprime reciprocidade,
o verbo, necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais
03. A concordância nominal está INCORRETA em: de um aluno, mais de um professor contribuíram na campanha
(A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o de doação de alimentos. / Mais de um formando se
envolvimento da empresa. abraçaram durante as solenidades de formatura.
(B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
desnecessária. 6) O sujeito for composto da expressão “um dos que”, o
(C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da verbo permanecerá no plural: Paulo é um dos que mais
empresa e a campanha. trabalhar.
(D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
desnecessárias. 7) Quanto aos relativos à concordância com locuções
pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
04. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário
parênteses. nos atermos a duas questões básicas:
(A) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ - No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural,
necessária) o verbo poderá com ele concordar, como poderá também
(B) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas) concordar com o pronome pessoal: Alguns
(C) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ de nós o receberemos. / Alguns de nós o receberão.
bastantes) - Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso
(D) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios) no singular, o verbo também permanecerá no singular: Algum
(E) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino. de nós o receberá.
(meio/ meia)
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo
05. Quanto à concordância nominal, verifica-se ERRO em: pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do
(A) O texto fala de uma época e de um assunto polêmicos. singular ou poderá concordar com o antecedente desse
(B) Tornou-se clara para o leitor a posição do autor sobre pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. /
o assunto. Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela.
(C) Constata-se hoje a existência de homem, mulher e
criança viciadas. 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela
(D) Não será permitido visita de amigos, apenas a de palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
parentes. antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós
que tomamos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo.

Língua Portuguesa 53
APOSTILAS OPÇÃO

10) No caso de o sujeito aparecer representado por (A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior
expressões que indicam porcentagens, o verbo concordará potência econômica do planeta, mas há quem aposte que a
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa China, em breve, o ultrapassará.
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão da (B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos
diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. que chegarão atrasados, tenho certeza disso.
Observações: (C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode
- Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de comê-las sem receio!
porcentagem, esse deverá concordar com o numeral: (D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na
Aprovaram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. janela do hotel!
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no
singular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da 02. Uma pergunta
diretoria.
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de Frequentemente cabe aos detentores de cargos de
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador e
11) Quando o sujeito estiver representado por pronomes político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a
de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira decisão: - Quem sofrerá?
pessoa do singular ou do plural: Vossas Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a
Majestades gostaram das homenagens. Vossas Excelência agiu se considerar.
com inteligência. (Salvador Nicola, inédito)

12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no
próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos singular para preencher adequadamente a lacuna da frase:
que os determinam: (A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
ser, este permanece no singular, contanto que o predicativo (B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre
também esteja no singular: Memórias póstumas de Brás o peso de suas mais graves decisões.
Cubas é uma criação de Machado de Assis. (C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer)
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também tomar decisões sem medir suas consequências.
permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência (D) A toda decisão tomada precipitadamente ......
mundial. (costumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele (E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade,
nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
é uma potência mundial. humana.

Casos Referentes a Sujeito Composto 03. Em um belo artigo, o físico Marcelo Gleiser, analisando
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas a constatação do satélite Kepler de que existem muitos
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando planetas com características físicas semelhantes ao nosso,
relacionado a dois pressupostos básicos: reafirmou sua fé na hipótese da Terra rara, isto é, a tese de que
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as a vida complexa (animal) é um fenômeno não tão comum no
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. Universo.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na Gleiser retoma as ideias de Peter Ward expostas de modo
2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. / Tu e ele são primos. persuasivo em “Terra Rara”. Ali, o autor sugere que a vida
microbiana deve ser um fenômeno trivial, podendo pipocar até
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer em mundos inóspitos; já o surgimento de vida multicelular na
anteposto (antes) ao verbo, este permanecerá no plural: O pai Terra dependeu de muitas outras variáveis físicas e históricas,
e seus dois filhos compareceram ao evento. o que, se não permite estimar o número de civilizações extra
terráqueas, ao menos faz com que reduzamos nossas
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto (depois) ao expectativas.
verbo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou Uma questão análoga só arranhada por Ward é a da
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus inexorabilidade da inteligência. A evolução de organismos
dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. complexos leva necessariamente à consciência e à
inteligência?
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com Robert Wright diz que sim, mas seu argumento é mais
mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: matemático do que biológico: complexidade engendra
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do complexidade, levando a uma corrida armamentista entre
mundo. espécies cujo subproduto é a inteligência.
Stephen J. Gould e Steven Pinker apostam que não. Para
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras eles, é apenas devido a uma sucessão de pré-adaptações e
sinônimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo coincidências que alguns animais transformaram a capacidade
poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha de resolver problemas em estratégia de sobrevivência. Se
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de meu rebobinássemos o filme da evolução e reencenássemos o
esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha premiação é processo mudando alguns detalhes do início, seriam grandes
fruto de meu esforço. as chances de não chegarmos a nada parecido com a
inteligência.
Questões (Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, 2012.)

01. A concordância realizou-se adequadamente em qual A frase em que as regras de concordância estão
alternativa? plenamente respeitadas é:

Língua Portuguesa 54
APOSTILAS OPÇÃO

(A) Podem haver estudos que comprovem que, no passado, "Cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o
as formas mais complexas de vida - cujo habitat eram oceanos lugar a que se vai, possui, no padrão culto da língua,
ricos em nutrientes - se alimentavam por osmose. sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem
(B) Cada um dos organismos simples que vivem na divergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns
natureza sobrevivem de forma quase automática, sem se verbos, e a regência culta.
valerem de criatividade e planejamento.
(C) Desde que observe cuidados básicos, como obter Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de
energia por meio de alimentos, os organismos simples podem acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é
preservar a vida ao longo do tempo com relativa facilidade. um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes
(D) Alguns animais tem de se adaptar a um ambiente cheio formas em frases distintas.
de dificuldades para obter a energia necessária a sua
sobrevivência e nesse processo expõe- se a inúmeras ameaças. Verbos Intransitivos
(E) A maioria dos organismos mais complexos possui um Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
sistema nervoso muito desenvolvido, capaz de se adaptar a importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
mudanças ambientais, como alterações na temperatura. aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
a) Chegar, Ir;
04. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais
a concordância verbal está correta em: de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
(A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois indicar destino ou direção são: a, para.
acabou os créditos. Fui ao teatro.
(B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis Adjunto Adverbial de Lugar
que executa diversos serviços para os clientes.
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis Ricardo foi para a Espanha.
para os passageiros que chegavam à cidade. Adjunto Adverbial de Lugar
(D) Passou anos, mas a atriz não se esqueceu das calorosas
lembranças que seu tio lhe deixou. b) Comparecer;
(E) Deve existir passageiros que aproveitam a corrida de O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
táxi para bater um papo com o motorista. por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último
Respostas jogo.
01.C / 02.C / 03.E / 04.C
Verbos Transitivos Diretos
Os verbos transitivos diretos são complementados por
8. Regência nominal e objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para
o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses
verbal – o fenômeno da crase. verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os,
as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem
assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas
verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são,
Regência Verbal quando complementos verbais, objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos: abandonar, abençoar,
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar,
os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). condenar, conhecer, conservar, convidar, defender, eleger,
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar, dentre
conhecermos as diversas significações que um verbo pode outros.
assumir com a simples mudança ou retirada de uma Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como
preposição. o verbo amar:
Observe: Amo aquele rapaz. / Amo-o.
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, Amo aquela moça. / Amo-a.
contentar. Amam aquele rapaz. / Amam-no.
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa "causar agrado Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
ou prazer", satisfazer.
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
Logo, conclui-se que "agradar alguém" é diferente de para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
"agradar a alguém". adnominais).
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Saiba que: Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
O conhecimento do uso adequado das preposições é um Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e
também nominal). As preposições são capazes de modificar Verbos Transitivos Indiretos
completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os Os verbos transitivos indiretos são complementados por
exemplos: objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma
Cheguei ao metrô. preposição para o estabelecimento da relação de regência. Os
Cheguei no metrô. pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que
podem atuar como objetos indiretos são o "lhe", o "lhes", para
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a,
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com

Língua Portuguesa 55
APOSTILAS OPÇÃO

os objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Comparar
a) Consistir - tem complemento introduzido pela Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
preposição "em". preposições "a" ou "com" para introduzir o complemento
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para indireto.
todos. Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma
criança.
b) Obedecer e Desobedecer - possuem seus complementos
introduzidos pela preposição "a". Pedir
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
Eles desobedeceram às leis do trânsito. forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
pessoa.
c) Responder - tem complemento introduzido pela Pedi-lhe favores.
preposição "a". Esse verbo pede objeto indireto para indicar "a Objeto Indireto Objeto Direto
quem" ou "ao que" se responde.
Respondi ao meu patrão. Pedi-lhe que mantivesse em silêncio.
Respondemos às perguntas. Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta
Respondeu-lhe à altura.
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
Saiba que:
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
1) A construção "pedir para", muito comum na linguagem
analítica. Veja: O questionário foi respondido corretamente. /
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
entanto, é considerada correta quando a
palavra licença estiver subentendida.
d) Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos
introduzidos pela preposição "com".
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam
Observe que, nesse caso, a preposição "para" introduz uma
para uma minoria privilegiada.
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo
(para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Os verbos transitivos diretos e indiretos são
2) A construção "dizer para", também muito usada
acompanhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
popularmente, é igualmente considerada incorreta.
destaque, nesse grupo:
Preferir
Agradecer, Perdoar e Pagar
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
São verbos que apresentam objeto direto
indireto introduzido pela preposição "a". Por Exemplo:
relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Veja os exemplos:
Prefiro trem a ônibus.
Agradeço aos ouvintes a audiência.
Objeto Indireto Objeto Direto
Obs.: na língua culta, o verbo "preferir" deve ser usado
sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes,
Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador. um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo
Objeto Direto Objeto Indireto existente no próprio verbo (pre).
Paguei o débito ao cobrador.
Objeto Direto Objeto Indireto Mudança de Transitividade versus Mudança de
Significado
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com Há verbos que, de acordo com a mudança de
particular cuidado. Observe: transitividade, apresentam mudança de significado. O
Agradeci o presente. / Agradeci-o. conhecimento das diferentes regências desses verbos é um
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. recurso linguístico muito importante, pois além de permitir a
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. correta interpretação de passagens escritas, oferece
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os
Paguei minhas contas. / Paguei-as. principais, estão:
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Agradar
Informar - Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto acariciar.
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
Informe os novos preços aos clientes. quando o revê.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. /
preços) Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado
- Na utilização de pronomes como complementos, veja as a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido
construções: pela preposição "a".
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. O cantor não agradou aos presentes.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre O cantor não lhes agradou.
eles)

Língua Portuguesa 56
APOSTILAS OPÇÃO

Aspirar b) Ter como consequência, trazer como consequência,


- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar acarretar, provocar
(o ar), inalar. Liberdade de escolha implica amadurecimento político de
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) um povo.
- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição. - Como transitivo direto e indireto, significa comprometer,
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a envolver
elas) Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
Obs.: como o objeto direto do verbo "aspirar" não é Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas indireto e rege com preposição "com".
"lhe" e "lhes" e sim as formas tônicas "a ele (s)", " a ela (s)". Veja Implicava com quem não trabalhasse arduamente.
o exemplo:
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) Proceder
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
Assistir cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de
assistência a, auxiliar. Por Exemplo: adjunto adverbial de modo.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. As afirmações da testemunha procediam, não havia como
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. refutá-las.
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, Você procede muito mal.
presenciar, estar presente, caber, pertencer. - Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a
preposição" de") e fazer, executar (rege complemento
Exemplos: introduzido pela preposição "a") é transitivo indireto.
Assistimos ao documentário. O avião procede de Maceió.
Não assisti às últimas sessões. Procedeu-se aos exames.
Essa lei assiste ao inquilino. O delegado procederá ao inquérito.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo "assistir" é
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de Querer
lugar introduzido pela preposição "em". - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
Assistimos numa conturbada cidade. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Chamar Queremos um país melhor.
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
solicitar a atenção ou a presença de. estimar, amar.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá- Quero muito aos meus amigos.
la. Ele quer bem à linda menina.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Despede-se o filho que muito lhe quer.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere Visar
predicativo preposicionado ou não. - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
A torcida chamou o jogador mercenário. fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
A torcida chamou ao jogador mercenário. O homem visou o alvo.
A torcida chamou o jogador de mercenário. O gerente não quis visar o cheque.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição "a".
Custar O ensino deve sempre visar ao progresso social.
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial. público.
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou Regência Nominal
transitivo indireto.
É o nome da relação existente entre
Muito custa viver tão longe da família. um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva regidos por esse nome. Essa relação é sempre intermediada
Intransitivo Reduzida de Infinitivo por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso
levar em conta que vários nomes apresentam exatamente o
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime
atitude. de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva -
Subjetiva Reduzida de Infinitivo nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que introduzidos pela preposição "a". Veja:
atribuem ao verbo "custar" um sujeito representado por Obedecer a algo/ a alguém.
pessoa. Observe o exemplo abaixo: Obediente a algo/ a alguém.
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema. Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da
preposição ou preposições que os regem. Observe-os
Implicar atentamente e procure, sempre que possível, associar esses
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
a) dar a entender, fazer supor, pressupor
Suas atitudes implicavam um firme propósito.

Língua Portuguesa 57
APOSTILAS OPÇÃO

Substantivos Suspeito de
Admiração a, por Desejoso de
Devoção a, para, com, por Natural de
Medo a, de Vazio de
Aversão a, para, por
Doutor em Advérbios
Obediência a - Longe de;
Atentado a, contra - Perto de.
Dúvida acerca de, em, sobre
Ojeriza a, por Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir
Bacharel em o regime dos adjetivos de que são formados: paralela à;
Horror a paralelamente a; relativa a; relativamente a.13
Proeminência sobre
Capacidade de, para Questões
Impaciência com
Respeito a, com, para com, por 01. (Administrador - FCC)
... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras
Adjetivos ciências ...
Acessível a O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o
Diferente de grifado acima está empregado em:
Necessário a (A) ...astros que ficam tão distantes...
Acostumado a, com (B) ...que a astronomia é uma das ciências...
Entendido em (C) ...que nos proporcionou um espírito...
Nocivo a (D) ...cuja importância ninguém ignora...
Afável com, para com (E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro...
Equivalente a
Paralelo a 02. (Agente de Apoio Administrativo - FCC)
Agradável a ...pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos
Escasso de do sueco.
Parco em, de O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de
Alheio a, de complementos que o grifado acima está empregado em:
Essencial a, para (A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO...
Passível de (B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
Análogo a (C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
Fácil de (D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
Preferível a (E) O delegado apenas olhou-a espantado com o
Ansioso de, para, por atrevimento.
Fanático por
Prejudicial a 03. (Agente de Defensoria Pública - FCC)
Apto a, para ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes
Favorável a desiguais...
Prestes a O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o
Ávido de grifado acima está empregado em:
Generoso com (A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a
Propício a extremos de sutileza.
Benéfico a (B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos
Grato a, por troncos mais robustos.
Próximo a (C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam,
Capaz de, para não raro, quem...
Hábil em (D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na
Relacionado com serra de Tunuí...
Compatível com (E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
Habituado a gentio, mestre e colaborador...
Relativo a
Contemporâneo a, de 04. (Agente Técnico - FCC)
Idêntico a ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
Satisfeito com, de, em, por O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da
Contíguo a frase acima se encontra em:
Impróprio para (A) A palavra direito, em português, vem de directum, do
Semelhante a verbo latino dirigere...
Contrário a (B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
Indeciso em sociedades...
Sensível a (C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela
Curioso de, por justiça.
Insensível a (D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações
Sito em da justiça...
Descontente com (E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o
Liberal com sentimento de justiça.

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Língua Portuguesa 58
APOSTILAS OPÇÃO

05. Leia a tira a seguir. 08. (Analista de Sistemas - VUNESP) Assinale a


alternativa que completa, correta e respectivamente, as
lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
mídia pode exercer sobre os jovens.
(A) dos … na
(B) nos … entre a
(C) aos … para a
(D) sobre os … pela
(E) pelos … sob a

09. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças


Públicas - VUNESP) Considerando a norma-padrão da língua,
assinale a alternativa em que os trechos destacados estão
corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
(A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de
dez mil tomadas.
(B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
Considerando as regras de regência da norma-padrão da
(C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar
língua portuguesa, a frase do primeiro quadrinho está
logotipos e negociar.
corretamente reescrita, e sem alteração de sentido, em:
(D) O taxista levou o autor a indagar no número de
(A) Ter amigos ajuda contra o combate pela depressão.
tomadas do edifício.
(B) Ter amigos ajuda o combate sob a depressão.
(E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor
(C) Ter amigos ajuda do combate com a depressão.
reparasse a um prédio na marginal.
(D) Ter amigos ajuda ao combate na depressão.
(E) Ter amigos ajuda no combate à depressão.
10. (Assistente de Informática II - VUNESP) Assinale a
alternativa que substitui a expressão destacada na frase,
06. (Escrevente TJ SP - VUNESP) Assinale a alternativa
conforme as regras de regência da norma-padrão da língua e
em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de
sem alteração de sentido.
junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e à
Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
pontuação.
direitos dos trabalhadores domésticos.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
(A) da
seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais
(B) na
notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em
(C) pela
outros.
(D) sob a
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam
E) sobre a
rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
Respostas
exemplo!, do que em outros.
1.D / 2.D / 3.A / 4.A / 5.E / 6.D / 7.A / 8.C / 9.A / 10.C
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam
rapidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
CRASE
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
exemplo, do que em outros.
É de grande importância a crase da preposição “a” com o
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam
artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos pronomes
rapidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o
aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as
avanço seja mais notável em alguns países - o Brasil é um
quais).
exemplo - do que em outros.
Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente,
crase. O uso apropriado do acento grave depende da
seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais
compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental
notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
também, para o entendimento da crase, dominar a regência
outros.
dos verbos e nomes que exigem a preposição “a”.
Aprender a usar a crase, portanto, consiste em aprender a
07. (Papiloscopista Policial - VUNESP) Assinale a
verificar a ocorrência simultânea de uma preposição e um
alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque.
artigo ou pronome.14 Observe:
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
Vou a + a igreja.
responsabilidade pelo problema.
Vou à igreja.
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se
perdido.
No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de
exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
um índio na porta do prédio.
“a” que está determinando o substantivo feminino igreja.
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem,
perdido de sua família.
a união delas é indicada pelo acento grave. Observe outros
(E) A família toda se organizou para realizar a procura à
exemplos:
garotinha.

14 www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint76.php

Língua Portuguesa 59
APOSTILAS OPÇÃO

Conheço a aluna. à vontade à beça à larga à escuta


Refiro-me à aluna.
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode à esquerda às turras às vezes à chave
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto
à direita à procura à deriva à toa
(referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja à luz à sombra de à frente de à proporção que
feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
já especificados. à semelhança de às ordens à beira de

Casos em que a crase NÃO ocorre


Crase diante de Nomes de Lugar
1) Diante de substantivos masculinos:
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do
Andamos a cavalo.
artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo de modo que
Fomos a pé.
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a
preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
2) Diante de verbos no infinitivo:
a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o
A criança começou a falar.
termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou
Ela não tem nada a dizer.
“em”. A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse
nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos
exemplo:
exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.
Vou à França. (Vim da[ de+a] França. Estou na[ em+a]
3) Diante da maioria dos pronomes e das expressões de
França.)
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
dona:
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto
Entreguei a todos os documentos necessários.
Alegre.)
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
- Minha dica: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes
A volto DE, crase PRA QUÊ?”
podem ser identificados pelo método: troque a palavra
Ex.: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
feminina por uma masculina, caso na nova construção surgir a
Vou à praia. = Volto da praia.
forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa.
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
(Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
ocorrerá crase. Veja:
Informei o ocorrido à senhora.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que,
(Informei o ocorrido ao senhor.)
pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”.
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo.
(Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos (Aquele (s),
Aquela (s), Aquilo)
4) Diante de numerais cardinais:
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo
Chegou a duzentos o número de feridos
regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Daqui a uma semana começa o campeonato.

Casos em que a crase SEMPRE ocorre Refiro-me a + aquele atentado.

1) Diante de palavras femininas: Preposição Pronome


Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
Sempre vamos à praia no verão. Refiro-me àquele atentado.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores. O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo
indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige
2) Diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” preposição, portanto, ocorre a crase.
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida:
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. Observe este outro exemplo:
Usava sapatos à (moda de) Luís XV. Aluguei aquela casa.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro. O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não
exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso.
3) Na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã. Crase com os Pronomes Relativos (A Qual, As Quais)
Elas chegaram às dez horas. A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e
Foram dormir à meia-noite. as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses
pronomes exigir a preposição a, haverá crase.
4) Em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de É possível detectar a ocorrência da crase nesses casos
que participam palavras femininas. Por exemplo: utilizando a substituição do termo regido feminino por um
termo regido masculino. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
à noite às claras às escondidas à força O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade

Língua Portuguesa 60
APOSTILAS OPÇÃO

Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a Questões


crase. Veja outros exemplos:
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. 01. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar-
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. se ______aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas
consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades e
Crase com o Pronome Demonstrativo (a) estatísticas criminais. Raro ler ____respeito envolvendo
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” questões de saúde pública como programas de esclarecimento
também pode ser detectada através da substituição do termo e prevenção, de tratamento para dependentes e de
regente feminino por um termo regido masculino. Veja: reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome
Minha revolta é ligada à do meu país. de um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um
Meu luto é ligado ao do meu país. drogado da nossa própria família?
As orações são semelhantes às de antes. (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo, 2012)
Os exemplos são semelhantes aos de antes.
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
Crase com a Palavra Distância respectivamente, com:
- Se a palavra distância estiver especificada ou (A) aos … à … a … a
determinada, a crase deve ocorrer. Por exemplo: (B) aos … a … à … a
Sua casa fica à distância de 100 Km daqui. (A palavra está (C) a … a … à … à
determinada) (D) à … à … à … à
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A (E) a … a … a … a
palavra está especificada.)
02. Leia o texto a seguir.
- Se a palavra distância não estiver especificada, a crase Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
não pode ocorrer. Por exemplo: ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
Os militares ficaram a distância. procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
Gostava de fotografar a distância. lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
Ensinou a distância. que fez.
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de Janeiro: Globo,
1997,)
Observação: por motivo de clareza, para evitar
ambiguidade, pode-se usar a crase. Veja: Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
Gostava de fotografar à distância. ordem dada:
Ensinou à distância. (A) à – a – a
Dizem que aquele médico cura à distância. (B) a – a – à
(C) à – a – à
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA (D) à – à – a
(E) a – à – à
1) Diante de nomes próprios femininos: é facultativo o uso
da crase porque é facultativo o uso do artigo. Observe: 03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas
Paula é muito bonita; ou A Paula é muito bonita. já expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”.
Laura é minha amiga; ou A Laura é minha amiga. (A) à - àqueles - a - há
(B) a - àqueles - a - há
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo (C) a - aqueles - à - a
feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos (D) à - àqueles - a - a
escrever as frases abaixo das seguintes formas: (E) a - aqueles - à - há
Entreguei o cartão a Paula; ou Entreguei o cartão à Paula.
Entreguei o cartão a Roberto; ou Entreguei o cartão ao 04. Leia o texto a seguir.
Roberto.
Comunicação
2) Diante de pronome possessivo feminino: é facultativo o
uso da crase porque é facultativo o uso do artigo. Observe: O público ledor (existe mesmo!) é sensorial: quer ter um
Minha avó tem setenta anos; ou A minha avó tem setenta autor ao vivo, em carne e osso. Quando este morre, há uma
anos. queda de popularidade em termos de venda. Ou, quando
Minha irmã está esperando por você; ou A minha irmã está teatrólogo, em termos de espetáculo. Um exemplo: G. B. Shaw.
esperando por você. E, entre nós, o suave fantasma de Cecília Meireles recém está
se materializando, tantos anos depois.
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de Isto apenas vem provar que a leitura é um remédio para a
pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as solidão em que vive cada um de nós neste formigueiro. Claro
frases abaixo das seguintes formas: que não me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva
Cedi o lugar a minha avó; ou Cedi o lugar à minha avó. e efervescente.
Cedi o lugar a meu avô; ou Cedi o lugar ao meu avô. Porque o autor escreve, antes de tudo, para expressar-se.
Sua comunicação com o leitor decorre unicamente daí. Por
3) Depois da preposição até: afinidades. É como, na vida, se faz um amigo.
Fui até a praia; ou Fui até à praia. E o sonho do escritor, do poeta, é individualizar cada
Acompanhe-o até a porta; ou Acompanhe-o até à porta. formiga num formigueiro, cada ovelha num rebanho - para que
A palestra vai até as cinco horas da tarde; ou A palestra vai sejamos humanos e não uma infinidade de xerox infinitamente
até às cinco horas da tarde. reproduzidos uns dos outros.
Mas acontece que há também autores xerox, que nos
invadem com aqueles seus best-sellers...
Será tudo isto uma causa ou um efeito?

Língua Portuguesa 61
APOSTILAS OPÇÃO

Tristes interrogações para se fazerem num mundo que já 2) Separa partes de frases que já estão separadas por
foi civilizado. vírgulas.
Ex.: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros
(Mário Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1. ed., montanhas, frio e cobertor.
2005.)

3) Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,


Claro que não me estou referindo a essa vulgar comunicação
decreto de lei, etc. Ex.:
festiva e efervescente.
- Ir ao supermercado;
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se
- Pegar as crianças na escola;
o segmento grifado for substituído por:
- Caminhada na praia;
(A) leitura apressada e sem profundidade.
- Reunião com amigos.
(B) cada um de nós neste formigueiro.
(C) exemplo de obras publicadas recentemente.
Dois Pontos
(D) uma comunicação festiva e virtual.
(E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
1) Antes de uma citação.
Ex.: Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:...
05. O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP)
também desenvolve atividades lúdicas de apoio______
2) Antes de um aposto.
ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará-
Ex.: Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em
tarde e calor à noite.
liberdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e uma
vida digna.
(www.metropolitana.com.br. 2012)
3) Antes de uma explicação ou esclarecimento.
Ex.: Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa,
Assinale a alternativa que preenche, correta e vivendo a rotina de sempre.
respectivamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-
padrão da língua portuguesa. 4) Em frases de estilo direto. Ex.:
(A) à … à … à Maria perguntou:
(B) a … a … à - Por que você não toma uma decisão?
(C) a … à … à
(D) à … à ... a Ponto de Exclamação
(E) a … à … a
1) Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
Gabarito súplica, etc.
1.B / 2.A / 3.B / 4.A / 5.D Ex.: - Sim! Claro que eu quero me casar com você!

2) Depois de interjeições ou vocativos.


9. Uso e função dos sinais Ex.: - João! Há quanto tempo!
de pontuação. Ponto de Interrogação

Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.


PONTUAÇÃO
“Então? Que é isso? Desertaram ambos?”
(Artur Azevedo)
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar Reticências
especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as
principais funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo 1) Indica que palavras foram suprimidas.
uso da língua portuguesa.15 Ex.: Comprei lápis, canetas, cadernos...
Ponto 2) Indica interrupção violenta da frase.
Ex.: Não... quero dizer... é verdade... Ah!
1) Indica o término do discurso ou de parte dele.
Ex.: Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em 3) Indica interrupções de hesitação ou dúvida
que se encontra. / Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga Ex.: Este mal... pega doutor?
e leite.
4) Indica que o sentido vai além do que foi dito
2) Usa-se nas abreviações. Ex.: Deixa, depois, o coração falar...
Ex.: V.Exª (Vossa Exelencia) , Sr. (Senhor), S.A (Sociedade
Anonima). Vírgula

Ponto e Vírgula Não se usa Vírgula


Separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-
1) Separa várias partes do discurso, que têm a mesma se diretamente entre si:
importância.
Ex.: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo 1) Entre sujeito e predicado.
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; Todos os alunos da sala foram advertidos.
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” sujeito predicado
(Vieira)

15 http://tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com/2013/04/pontuacao-

resumo-com-questoes.html

Língua Portuguesa 62
APOSTILAS OPÇÃO

2) Entre o verbo e seus objetos. “Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas
O trabalho custou sacrifício aos realizadores. devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o
V.T.D.I .O.D .O.I. trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
(A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
3) Entre nome e complemento nominal; entre nome e (B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
adjunto adnominal. (C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
A surpreendente reação do governo contra os sonegadores (D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
despertou reações entre os empresários. (E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
adj. adnominal nome adj. adn. Compl. nominal
03. Os sinais de pontuação estão empregados
Usa-se a Vírgula corretamente em:
1) Para marcar intercalação: (A) Duas explicações, do treinamento para consultores
a) Do adjunto adverbial: O café, em razão da sua iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a
abundância, vem caindo de preço. construção de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar
b) Da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão das metas de vendas associadas aos dois temas.
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. (B) Duas explicações do treinamento para consultores
c) Das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem construção de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar
abrir mão dos lucros altos. das metas de vendas associadas aos dois temas.
(C) Duas explicações do treinamento para consultores
2) Para marcar inversão: iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a
a) Do adjunto adverbial (colocado no início da oração): construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. das metas de vendas associadas aos dois temas.
b) Dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos (D) Duas explicações do treinamento para consultores
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a
c) Do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio construção de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar
de 1982. das metas de vendas associadas aos dois temas.
(E) Duas explicações, do treinamento para consultores
3) Para separar entre si elementos coordenados (dispostos iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a
em enumeração): Era um garoto de 15 anos, alto, magro. / A construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar
ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. das metas, de vendas associadas aos dois temas.

4) Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós queremos 04. Assinale a alternativa em que o período, adaptado da
comer pizza; e vocês, churrasco. revista Pesquisa Fapesp de junho de 2012, está correto quanto
à regência nominal e à pontuação.
5) Para isolar: (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
a) O aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais
possui um trânsito caótico. notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em
b) O vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. outros.
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam
Questões rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
01. Assinale a alternativa em que a pontuação está exemplo!, do que em outros.
corretamente empregada, de acordo com a norma-padrão da (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam
língua portuguesa. rapidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, exemplo, do que em outros.
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. rapidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, avanço seja mais notável em alguns países - o Brasil é um
embora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, exemplo - do que em outros.
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente,
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, outros.
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. 05. Assinale a alternativa em que a frase mantém-se
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, correta após o acréscimo das vírgulas.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrônica
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. ao grupo ou acione o código na internet.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o
embora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade, código foi acionado.
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados,
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a
criança foi encontrada.
02. Assinale a opção em que está corretamente indicada a (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega
ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as primeiro às, areias do Guarujá.
lacunas da frase abaixo: (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone
de quem a encontrou e informar um ponto de referência

Língua Portuguesa 63
APOSTILAS OPÇÃO

Respostas
1.C / 2.C / 3.B / 4.D / 5.E

Anotações

Língua Portuguesa 64
MATEMÁTICA
APOSTILAS OPÇÃO

e divisão. Relacionamos, em seguida, uma série de


recomendações úteis para operar com números reais.

Intervalos reais
O conjunto dos números reais possui também
subconjuntos, denominados intervalos, que são determinados
por meio de desiguladades. Sejam os números a e b , com a < b.

Em termos gerais temos:


1. Números reais: - A bolinha aberta = a intervalo aberto (estamos excluindo
Resolução de problemas aquele número), utilizamos os símbolos:
envolvendo as operações de > ;< ou ] ; [
adição, subtração, - A bolinha fechada = a intervalo fechado (estamos
incluindo aquele número), utilizamos os símbolos:
multiplicação e divisão
≥ ; ≤ ou [ ; ]

Podemos utilizar ( ) no lugar dos [ ] , para indicar as


O conjunto dos números reais1 R será a união entre os
números racionais Q e os números irracionais I. Assim temos: extremidades abertas dos intervalos.

R = Q U I , sendo Q ∩ I = Ø (Se um número real é racional,


não irracional, e vice-versa).
Lembrando que N Ϲ Z Ϲ Q , podemos construir o diagrama
abaixo:

Às vezes, aparecem situações em que é necessário


registrar numericamente variações de valores em sentidos
opostos, ou seja, maiores ou acima de zero (positivos), como
as medidas de temperatura ou reais em débito ou em haver
etc... Esses números, que se estendem indefinidamente, tanto
para o lado direito (positivos) como para o lado esquerdo
O conjunto dos números reais apresenta outros (negativos), são chamados números relativos.
subconjuntos importantes:
- Conjunto dos números reais não nulos: R* = {x ϵ R| x ≠ 0} Valor absoluto de um número relativo é o valor do número
- Conjunto dos números reais não negativos: R+ = {x ϵ R| x que faz parte de sua representação, sem o sinal.
≥ 0}
- Conjunto dos números reais positivos: R*+ = {x ϵ R| x > 0} Valor simétrico de um número é o mesmo numeral,
- Conjunto dos números reais não positivos: R- = {x ϵ R| x ≤ diferindo apenas o sinal.
0}
- Conjunto dos números reais negativos: R*- = {x ϵ R| x < 0} Operações com números relativos
Representação Geométrica dos números reais 1) Adição e subtração de números relativos
a) Se os numerais possuem o mesmo sinal, basta adicionar
os valores absolutos e conservar o sinal.
b) Se os numerais possuem sinais diferentes, subtrai-se o
numeral de menor valor e dá-se o sinal do maior numeral.
Ordenação dos números reais Exemplos:
A representação dos números reais permite definir uma 3+5=8
relação de ordem entre eles. Os números reais positivos são 4-8=-4
maiores que zero e os negativos, menores. Expressamos a - 6 - 4 = - 10
relação de ordem da seguinte maneira: Dados dois números -2+7=5
reais a e b,
a≤b↔b–a≥0 2) Multiplicação e divisão de números relativos
a) O produto e o quociente de dois números relativos de
Exemplo: -15 ≤ ↔ 5 – (-15) ≥ 0 mesmo sinal são sempre positivos.
5 + 15 ≥ 0 b) O produto e o quociente de dois números relativos de
sinais diferentes são sempre negativos.
Operações com números reais Exemplos:
Operando com as aproximações, obtemos uma sucessão de - 3 x 8 = - 24
intervalos fixos que determinam um número real. É assim que - 20 (-4) = + 5
vamos trabalhar as operações adição, subtração, multiplicação - 6 x (-7) = + 42
28 2 = 14

1 IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único


IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática Elementar – Vol. 01 – Conjuntos
e Funções

Matemática 1
APOSTILAS OPÇÃO

Questões
2. Divisibilidade: Múltiplos
01. Mário começou a praticar um novo jogo que adquiriu
para seu videogame. Considere que a cada partida ele e Divisores
conseguiu melhorar sua pontuação, equivalendo sempre a 15
pontos a menos que o dobro marcado na partida anterior. Se
na quinta partida ele marcou 3.791 pontos, então, a soma dos Sabemos que 30 : 6 = 5, porque 5 x 6 = 30.
algarismos da quantidade de pontos adquiridos na primeira Podemos dizer então que:
partida foi igual a “30 é divisível por 6 porque existe um número natural (5)
(A) 4. que multiplicado por 6 dá como resultado 30.”
(B) 5. Um número natural a é divisível por um número natural b,
(C) 7. não-nulo, se existir um número natural c, tal que c . b = a.
(D) 8.
(E) 10. Conjunto dos múltiplos de um número natural: É
obtido multiplicando-se esse número pela sucessão dos
02. Considere m um número real menor que 20 e avalie as números naturais: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6,...
afirmações I, II e III: Para acharmos o conjunto dos múltiplos de 7, por exemplo,
I- (20 – m) é um número menor que 20. multiplicamos por 7 cada um dos números da sucessão dos
II- (20 m) é um número maior que 20. naturais:
III- (20 m) é um número menor que 20. 7x0=0
É correto afirmar que: 7x1=7
A) I, II e III são verdadeiras. 7 x 2 = 14
B) apenas I e II são verdadeiras. 7 x 3 = 21
C) I, II e III são falsas. ⋮
D) apenas II e III são falsas.
O conjunto formado pelos resultados encontrados forma o
03. Na figura abaixo, o ponto que melhor representa a conjunto dos múltiplos de 7: M(7) = {0, 7, 14, 21, ...}.
3 1
diferença − na reta dos números reais é:
4 2
Observações:
- Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
- Todo número natural é múltiplo de 1.
- Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos
(A) P. múltiplos.
(B) Q. - O zero é múltiplo de qualquer número natural.
(C) R. - Os múltiplos do número 2 são chamados de números
(D) S. pares, e a fórmula geral desses números é 2k (k N). Os demais
são chamados de números ímpares, e a fórmula geral desses
Comentários números é 2k + 1 (k N).
O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k  Z.
01. Resposta: D.
Pontuação atual = 2 . partida anterior – 15 Critérios de divisibilidade
* 4ª partida: 3791 = 2.x – 15 São regras práticas que nos possibilitam dizer se um
2.x = 3791 + 15 número é ou não divisível por outro, sem efetuarmos a divisão.
x = 3806 / 2
x = 1903 Divisibilidade por 2: Um número é divisível por 2 quando
termina em 0, 2, 4, 6 ou 8, ou seja, quando ele é par.
* 3ª partida: 1903 = 2.x – 15 Exemplo:
2.x = 1903 + 15 9656 é divisível por 2, pois termina em 6, e é par.
x = 1918 / 2
x = 959 Divisibilidade por 3: Um número é divisível por 3 quando
a soma dos valores absolutos de seus algarismos é divisível por
* 2ª partida: 959 = 2.x – 15 3.
2.x = 959 + 15 Exemplo:
x = 974 / 2 65385 é divisível por 3, pois 6 + 5 + 3 + 8 + 5 = 27, e 27 é
x = 487 divisível por 3.
* 1ª partida: 487 = 2.x – 15
2.x = 487 + 15 Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4 quando
x = 502 / 2 seus dois algarismos são 00 ou formam um número divisível
x = 251 por 4.
Portanto, a soma dos algarismos da 1ª partida é 2 + 5 + 1 = Exemplos:
8. a) 536400 é divisível por 4, pois termina em 00.
b) 653524 é divisível por 4, pois termina em 24, e 24 é
02. Resposta: C. divisível por 4.
I. Falso, pois m é Real e pode ser negativo.
II. Falso, pois m é Real e pode ser negativo. Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5 quando
III. Falso, pois m é Real e pode ser positivo. termina em 0 ou 5.
Exemplos:
03. Resposta: A. a) 35040 é divisível por 5, pois termina em 0.
3 1 3−2 1 b) 7235 é divisível por 5, pois termina em 5.
− = = = 0,25
4 2 4 4

Matemática 2
APOSTILAS OPÇÃO

Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6 quando Fatoração numérica


é divisível por 2 e por 3 ao mesmo tempo. Essa fatoração se dá através da decomposição em fatores
Exemplos: primos. Para decompormos um número natural em fatores
a) 430254 é divisível por 6, pois é divisível por 2 e por 3 (4 primos, dividimos o mesmo pelo seu menor divisor primo,
+ 3 + 0 + 2 + 5 + 4 = 18). após pegamos o quociente e dividimos o pelo seu menor
b) 80530 não é divisível por 6, pois não é divisível por 3 (8 divisor, e assim sucessivamente até obtermos o quociente 1. O
+ 0 + 5 + 3 + 0 = 16). produto de todos os fatores primos representa o número
fatorado.
Divisibilidade por 7: Um número é divisível por 7 quando Exemplo:
o último algarismo do número, multiplicado por 2, subtraído
do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo
de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a
quantidade de algarismos a serem analisados quanto à
divisibilidade por 7.
Exemplo: 41909 é divisível por 7 conforme podemos
conferir: 9.2 = 18 ; 4190 – 18 = 4172 → 2.2 = 4 ; 417 – 4 = 413 Divisores de um número natural
→ 3.2 = 6 ; 41 – 6 = 35 ; 35 é multiplo de 7. Vamos pegar como exemplo o número 12 na sua forma
fatorada:
Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8 quando 12 = 22 . 31
seus três últimos algarismos forem 000 ou formarem um O número de divisores naturais é igual ao produto dos
número divisível por 8. expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Exemplos: Logo o número de divisores de 12 são:
a) 57000 é divisível por 8, pois seus três últimos 22 . 3⏟1 → (2 + 1) .(1 + 1) = 3.2 = 6 divisores naturais

algarismos são 000. (2+1) (1+1)
b) 67024 é divisível por 8, pois seus três últimos
algarismos formam o número 24, que é divisível por 8. Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos
cada fator da decomposição e seu respectivo expoente natural
Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9 quando que varia de zero até o expoente com o qual o fator se
a soma dos valores absolutos de seus algarismos formam um apresenta na decomposição do número natural.
número divisível por 9. Exemplo:
Exemplos: 12 = 22 . 31 → 22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
a) 6253461 é divisível por 9, pois 6 + 2 + 5 + 3 + 4 + 6 + 1 = 20 . 30=1
27 é divisível por 9. 20 . 31=3
b) 325103 não é divisível por 9, pois 3 + 2 + 5 + 1 + 0 + 3 = 21 . 30=2
14 não é divisível por 9. 21 . 31=2.3=6
22 . 31=4.3=12
Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10 22 . 30=4
quando seu algarismo da unidade termina em zero. O conjunto de divisores de 12 são: D(12) = {1, 2, 3, 4, 6, 12}
Exemplo: A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28
563040 é divisível por 10, pois termina em zero.
Observação
Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11 Para sabermos o conjunto dos divisores inteiros de 12, basta
quando a diferença entre a soma dos algarismos de posição multiplicarmos o resultado por 2 (dois divisores, um negativo e
ímpar e a soma dos algarismos de posição par resulta em um o outro positivo).
número divisível por 11 ou quando essas somas forem iguais. Assim teremos que D(12) = 6.2 = 12 divisores inteiros.
Exemplo:
- 43813: Questões
1º 3º 5º  Algarismos de posição ímpar.(Soma dos
algarismos de posição impar: 4 + 8 + 3 = 15.) 01. O número de divisores positivos do número 40 é:
4 3 8 1 3 (A) 8
2º 4º  Algarismos de posição par.(Soma dos (B) 6
algarismos de posição par:3 + 1 = 4) (C) 4
(D) 2
15 – 4 = 11  diferença divisível por 11. Logo 43813 é (E) 20
divisível por 11.
02. O máximo divisor comum entre dois números naturais
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 é 4 e o produto dos mesmos 96. O número de divisores
quando é divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo. positivos do mínimo múltiplo comum desses números é:
Exemplo: (A) 2
) 78324 é divisível por 12, pois é divisível por 3 ( 7 + 8 + 3 (B) 4
+ 2 + 4 = 24) e por 4 (termina em 24). (C) 6
(D) 8
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 (E) 10
quando é divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.
Exemplo: 03. Considere um número divisível por 6, composto por 3
a) 650430 é divisível por 15, pois é divisível por 3 ( 6 + 5 + algarismos distintos e pertencentes ao conjunto
0 + 4 + 3 + 0 =18) e por 5 (termina em 0). A={3,4,5,6,7}.A quantidade de números que podem ser
formados sob tais condições é:
(A) 6
(B) 7

Matemática 3
APOSTILAS OPÇÃO

(C) 9 MMC
(D) 8
(E) 10 O mínimo múltiplo comum(MMC) de dois ou mais
números é o menor número positivo que é múltiplo comum de
Respostas todos os números dados. Consideremos:

01. Resposta: A. - O número 6 e os seus múltiplos positivos:


Vamos decompor o número 40 em fatores primos. M*+ (6) = {6, 12, 18, 24, 30, 36, 42, 48, 54, ...}
40 = 23 . 51 ; pela regra temos que devemos adicionar 1 a
cada expoente: - O número 8 e os seus múltiplos positivos:
3 + 1 = 4 e 1 + 1 = 2 ; então pegamos os resultados e M*+ (8) = {8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64, ...}
multiplicamos 4.2 = 8, logo temos 8 divisores de 40.
Podemos descrever, agora, os múltiplos positivos comuns:
02. Resposta: D. M*+ (6) M*+ (8) = {24, 48, 72, ...}
Sabemos que o produto de MDC pelo MMC é:
MDC (A, B). MMC (A, B) = A.B, temos que MDC (A, B) = 4 e Observando os múltiplos comuns, podemos identificar o
o produto entre eles 96, logo: mínimo múltiplo comum dos números 6 e 8, ou seja: MMC (6,
4 . MMC (A, B) = 96 → MMC (A, B) = 96/4 → MMC (A, B) = 8) = 24
24, fatorando o número 24 temos:
24 = 23 .3 , para determinarmos o número de divisores, Outra técnica para o cálculo do MMC:
pela regra, somamos 1 a cada expoente e multiplicamos o
resultado: Decomposição isolada em fatores primos
(3 + 1).(1 + 1) = 4.2 = 8 Para obter o MMC de dois ou mais números por esse
processo, procedemos da seguinte maneira:
03. Resposta: D. - Decompomos cada número dado em fatores primos.
Para ser divisível por 6 precisa ser divisível por 2 e 3 ao - O MMC é o produto dos fatores comuns e não-comuns,
mesmo tempo, e por isso deverá ser par também, e a soma dos cada um deles elevado ao seu maior expoente.
seus algarismos deve ser um múltiplo de 3. Exemplo:
Logo os finais devem ser 4 e 6:
354, 456, 534, 546, 564, 576, 654, 756, logo temos 8
números.

MDC

O máximo divisor comum(MDC) de dois ou mais números


é o maior número que é divisor comum de todos os números O produto do MDC e MMC é dado pela fórmula abaixo:
dados. Consideremos:
MDC(A, B).MMC(A,B)= A.B
- o número 18 e os seus divisores naturais:
D+ (18) = {1, 2, 3, 6, 9, 18}. Questões

- o número 24 e os seus divisores naturais: 01. Um professor quer guardar 60 provas amarelas, 72
D+ (24) = {1, 2, 3, 4, 6, 8, 12, 24}. provas verdes e 48 provas roxas, entre vários envelopes, de
modo que cada envelope receba a mesma quantidade e o
Podemos descrever, agora, os divisores comuns a 18 e 24: menor número possível de cada prova. Qual a quantidade de
D+ (18) ∩ D+ (24) = {1, 2, 3, 6}. envelopes, que o professor precisará, para guardar as provas?
(A) 4;
Observando os divisores comuns, podemos identificar o (B) 6;
maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja: MDC (18, (C) 12;
24) = 6. (D) 15.

Outra técnica para o cálculo do MDC: 02. O policiamento em uma praça da cidade é realizado por
Decomposição em fatores primos um grupo de policiais, divididos da seguinte maneira:
Para obtermos o MDC de dois ou mais números por esse
processo, procedemos da seguinte maneira: Grupo Intervalo de passagem
Policiais a pé 40 em 40 minutos
- Decompomos cada número dado em fatores primos. Policiais de moto 60 em 60 minutos
- O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos, cada um Policiais em viaturas 80 em 80 minutos
deles elevado ao seu menor expoente.
Exemplo: Toda vez que o grupo completo se encontra, troca
informações sobre as ocorrências. O tempo mínimo em
minutos, entre dois encontros desse grupo completo será:
(A) 160
(B) 200
(C) 240
(D) 150
(E) 180

Matemática 4
APOSTILAS OPÇÃO

03. Na linha 1 de um sistema de Metrô, os trens partem 2,4 Grandezas Relação Descrição
em 2,4 minutos. Na linha 2 desse mesmo sistema, os trens Nº de MAIS funcionários
partem de 1,8 em 1,8 minutos. Se dois trens partem, funcionário x Direta contratados demanda MAIS
simultaneamente das linhas 1 e 2 às 13 horas, o próximo serviço serviço produzido
horário desse dia em que partirão dois trens simultaneamente Nº de MAIS funcionários
dessas duas linhas será às 13 horas, funcionário x Inversa contratados exigem MENOS
(A) 10 minutos e 48 segundos. tempo tempo de trabalho
(B) 7 minutos e 12 segundos. Nº de MAIS eficiência (dos
(C) 6 minutos e 30 segundos. funcionário x Inversa funcionários) exige MENOS
(D) 7 minutos e 20 segundos. eficiência funcionários contratados
(E) 6 minutos e 48 segundos. Nº de Quanto MAIOR o grau de
funcionário x dificuldade de um serviço,
Respostas Direta
grau MAIS funcionários deverão
dificuldade ser contratados
01. Resposta: D. MAIS serviço a ser produzido
Fazendo o mdc entre os números teremos: Serviço x
Direta exige MAIS tempo para
60 = 2².3.5 tempo
realiza-lo
72 = 2³.3³ Quanto MAIOR for a
48 = 24.3 Serviço x
Direta eficiência dos funcionários,
Mdc(60,72,48) = 2².3 = 12 eficiência
MAIS serviço será produzido
60/12 = 5 Quanto MAIOR for o grau de
72/12 = 6 Serviço x grau dificuldade de um serviço,
48/12 = 4 Inversa
de dificuldade MENOS serviços serão
Somando a quantidade de envelopes por provas teremos: produzidos
5 + 6 + 4 = 15 envelopes ao todo.
Quanto MAIOR for a
eficiência dos funcionários,
02. Resposta: C. Tempo x
Inversa MENOS tempo será
Devemos achar o mmc (40,60,80) eficiência
necessário para realizar um
determinado serviço
Quanto MAIOR for o grau de
dificuldade de um serviço,
Tempo x grau
Direta MAIS tempo será necessário
de dificuldade
para realizar determinado
serviço

𝑚𝑚𝑐(40,60,80) = 2 ∙ 2 ∙ 2 ∙ 2 ∙ 3 ∙ 5 = 240 Exemplos:


1) Um carro faz 180 km com 15L de álcool. Quantos litros
03. Resposta: B. de álcool esse carro gastaria para percorrer 210 km?
Como os trens passam de 2,4 e 1,8 minutos, vamos achar o O problema envolve duas grandezas: distância e litros de
mmc(18,24) e dividir por 10, assim acharemos os minutos álcool.
Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
consumido.
Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
correspondem em uma mesma linha:

Mmc(18,24)=72 Distância (km) Litros de álcool


Portanto, será 7,2 minutos 180 ---- 15
1 minuto---60s 210 ---- x
0,2--------x
x = 12 segundos Na coluna em que aparece a variável x (“litros de álcool”),
Portanto se encontrarão depois de 7 minutos e 12 vamos colocar uma flecha:
segundos

3. Proporcionalidade: Regra
de três simples e porcentagem Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo de
álcool também duplica. Então, as grandezas distância e litros
de álcool são diretamente proporcionais. No esquema que
REGRA DE TRÊS SIMPLES estamos montando, indicamos esse fato colocando uma flecha
na coluna “distância” no mesmo sentido da flecha da coluna
Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente “litros de álcool”:
ou inversamente proporcionais podem ser resolvidos através
de um processo prático, chamado regra de três simples.
Vejamos a tabela abaixo:

Matemática 5
APOSTILAS OPÇÃO

Armando a proporção pela orientação das flechas, temos: Se duplicarmos a velocidade inicial do carro, o tempo gasto
para fazer o percurso cairá para a metade; logo, as grandezas
180 15 são inversamente proporcionais. Assim, os números 180 e 300
=
210 𝑥 são inversamente proporcionais aos números 20 e x.
→ 𝑜𝑚𝑜 180 𝑒 210 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑟 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 30, 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: Daí temos:
180: 30 15 1806 15 3600
= = 180.20 = 300. 𝑥 → 300𝑥 = 3600 → 𝑥 =
210: 30 𝑥 2107 𝑥 300
𝑥 = 12
→ 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑎𝑑𝑜(𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑒𝑚𝑜𝑠) Conclui-se, então, que se o competidor tivesse andando em
105 300 km/h, teria gasto 12 segundos para realizar o percurso.
→ 6𝑥 = 7.156𝑥 = 105 → 𝑥 = = 𝟏𝟕, 𝟓
6
Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool. Questões

2) Viajando de automóvel, à velocidade de 50 km/h, eu 01. (PM/SP – Oficial Administrativo – VUNESP) Em 3 de


gastaria 7 h para fazer certo percurso. Aumentando a maio de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte
velocidade para 80 km/h, em quanto tempo farei esse informação sobre o número de casos de dengue na cidade de
percurso? Campinas.

Indicando por x o número de horas e colocando as


grandezas de mesma espécie em uma mesma coluna e as
grandezas de espécies diferentes que se correspondem em
uma mesma linha, temos:

Velocidade (km/h) Tempo (h)


50 ---- 7
80 ---- x

Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), vamos


colocar uma flecha:

Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo fica


reduzido à metade. Isso significa que as grandezas velocidade
e tempo são inversamente proporcionais. No nosso De acordo com essas informações, o número de casos
esquema, esse fato é indicado colocando-se na coluna registrados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014,
“velocidade” uma flecha em sentido contrário ao da flecha da teve um aumento em relação ao número de casos registrados
coluna “tempo”: em 2007, aproximadamente, de
(A) 70%.
(B) 65%.
(C) 60%.
(D) 55%.
(E) 50%.
Na montagem da proporção devemos seguir o sentido das
flechas. Assim, temos: 02. (FUNDUNESP – Assistente Administrativo –
7 80 7 808 VUNESP) Um título foi pago com 10% de desconto sobre o
= , 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑙𝑎𝑑𝑜 → = 5 → 7.5 = 8. 𝑥 valor total. Sabendo-se que o valor pago foi de R$ 315,00, é
𝑥 50 𝑥 50
correto afirmar que o valor total desse título era de
35 (A) R$ 345,00.
𝑥= → 𝑥 = 4,375 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 (B) R$ 346,50.
8
(C) R$ 350,00.
Como 0,375 corresponde 22 minutos (0,375 x 60 minutos), (D) R$ 358,50.
então o percurso será feito em 4 horas e 22 minutos (E) R$ 360,00.
aproximadamente.
03. (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF.
3) Ao participar de um treino de fórmula Indy, um IMARUÍ) Manoel vendeu seu carro por R$27.000,00(vinte e
competidor, imprimindo a velocidade média de 180 km/h, faz sete mil reais) e teve um prejuízo de 10%(dez por cento) sobre
o percurso em 20 segundos. Se a sua velocidade fosse de 300 o valor de custo do tal veículo, por quanto Manoel adquiriu o
km/h, que tempo teria gasto no percurso? carro em questão?
(A) R$24.300,00
Vamos representar pela letra x o tempo procurado. (B) R$29.700,00
Estamos relacionando dois valores da grandeza velocidade (C) R$30.000,00
(180 km/h e 300 km/h) com dois valores da grandeza tempo (D)R$33.000,00
(20 s e x s). (E) R$36.000,00
Queremos determinar um desses valores, conhecidos os
outros três.

Matemática 6
APOSTILAS OPÇÃO

Respostas A forma percentual é:

01. Resposta: E.
Utilizaremos uma regra de três simples:
ano %
11442 ------- 100
17136 ------- x
11442.x = 17136 . 100 x = 1713600 / 11442 = 149,8% Exemplo:
(aproximado) Um objeto custa R$ 75,00 e é vendido por R$ 100,00.
149,8% – 100% = 49,8% Determinar:
Aproximando o valor, teremos 50% a) a porcentagem de lucro em relação ao preço de custo;
b) a porcentagem de lucro em relação ao preço de venda.
02. Resposta: C.
Se R$ 315,00 já está com o desconto de 10%, então R$ Resolução:
315,00 equivale a 90% (100% - 10%). Preço de custo + lucro = preço de venda → 75 + lucro =100
Utilizaremos uma regra de três simples: → Lucro = R$ 25,00
$ %
315 ------- 90 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜
𝑎) . 100% ≅ 33,33%
x ------- 100 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜
90.x = 315 . 100 x = 31500 / 90 = R$ 350,00
𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜
𝑏) . 100% = 25%
03. Resposta: C. 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎
Como ele teve um prejuízo de 10%, quer dizer 27000 é
90% do valor total. - Aumento e Desconto Percentuais
Valor % A) Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo
𝒑
27000 ------ 90 por (𝟏 + ).V .
𝟏𝟎𝟎
X ------- 100 Logo:
𝒑
27000 909 27000 9
VA = (𝟏 + ).V
𝟏𝟎𝟎
= 10 → = → 9.x = 27000.10 → 9x = 270000
𝑥 100 𝑥 10
→ x = 30000. Exemplo:
1 - Aumentar um valor V de 20%, equivale a multiplicá-lo
PORCENTAGEM por 1,20, pois:
20
(1 + ).V = (1+0,20).V = 1,20.V
Razões de denominador 100 que são chamadas de 100

razões centesimais ou taxas percentuais ou simplesmente de


B) Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo
porcentagem. Servem para representar de uma 𝒑
maneira prática o "quanto" de um "todo" se está por (𝟏 − ).V.
𝟏𝟎𝟎
referenciando. Logo:
𝒑
Costumam ser indicadas pelo numerador seguido do V D = (𝟏 − ).V
𝟏𝟎𝟎
símbolo % (Lê-se: “por cento”).
Exemplo:
𝒙
𝒙% = Diminuir um valor V de 40%, equivale a multiplicá-lo por
𝟏𝟎𝟎 0,60, pois:
40
Exemplo: (1 − ). V = (1-0,40). V = 0, 60.V
100
Em uma classe com 30 alunos, 18 são rapazes e 12 são
𝒑 𝒑
moças. Qual é a taxa percentual de rapazes na classe? A esse valor final de (𝟏 + ) ou (𝟏 − ), é o que
𝟏𝟎𝟎 𝟏𝟎𝟎
Resolução: A razão entre o número de rapazes e o total de chamamos de fator de multiplicação, muito útil para
18
alunos é . Devemos expressar essa razão na forma resolução de cálculos de porcentagem. O mesmo pode ser um
30
centesimal, isto é, precisamos encontrar x tal que: acréscimo ou decréscimo no valor do produto.

18 𝑥 - Aumentos e Descontos Sucessivos


= ⟹ 𝑥 = 60 São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente.
30 100
Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos
E a taxa percentual de rapazes é 60%. Poderíamos ter uso dos fatores de multiplicação.
divido 18 por 30, obtendo:
Vejamos alguns exemplos:
18 1) Dois aumentos sucessivos de 10% equivalem a um
= 0,60(. 100%) = 60% único aumento de...?
30
𝑝
Utilizando VA = (1 + ).V → V. 1,1 , como são dois de
100
- Lucro e Prejuízo 10% temos → V. 1,1 . 1,1 → V. 1,21 Analisando o fator de
É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. multiplicação 1,21; concluímos que esses dois aumentos
Caso a diferença seja positiva, temos o lucro(L), caso seja significam um único aumento de 21%.
negativa, temos prejuízo(P). Observe que: esses dois aumentos de 10% equivalem a
21% e não a 20%.
Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).
2) Dois descontos sucessivos de 20% equivalem a um
Podemos ainda escrever: único desconto de:
C + L = V ou L = V - C
P = C – V ou V = C - P
Matemática 7
APOSTILAS OPÇÃO
𝑝
Utilizando VD = (1 − ).V → V. 0,8 . 0,8 → V. 0,64 . . 03. Resposta: D.
100
Analisando o fator de multiplicação 0,64, observamos que 15% de 1130 = 1130.0,15 ou 1130.15/100 → 169,50
esse percentual não representa o valor do desconto, mas sim
o valor pago com o desconto. Para sabermos o valor que
representa o desconto é só fazermos o seguinte cálculo: 4. Sistema Legal de
100% - 64% = 36% Medidas: Medidas de
Observe que: esses dois descontos de 20% equivalem a comprimento, área, volume,
36% e não a 40%.
capacidade, massa e tempo
Referências
IEZZI, Gelson – Fundamentos da Matemática – Vol. 11 – Financeira e
Estatística Descritiva
IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único Sistema de Medidas Decimais
http://www.porcentagem.org Um sistema de medidas é um conjunto de unidades de
http://www.infoescola.com medida que mantém algumas relações entre si. O sistema
métrico decimal é hoje o mais conhecido e usado no mundo
Questões todo. Na tabela seguinte, listamos as unidades de medida de
comprimento do sistema métrico. A unidade fundamental é o
01. Marcos comprou um produto e pagou R$ 108,00, já metro, porque dele derivam as demais.
inclusos 20% de juros. Se tivesse comprado o produto, com
25% de desconto, então, Marcos pagaria o valor de:
(A) R$ 67,50
(B) R$ 90,00
(C) R$ 75,00
(D) R$ 72,50

02. O departamento de Contabilidade de uma empresa tem Há, de fato, unidades quase sem uso prático, mas elas têm
20 funcionários, sendo que 15% deles são estagiários. O uma função. Servem para que o sistema tenha um padrão: cada
departamento de Recursos Humanos tem 10 funcionários, unidade vale sempre 10 vezes a unidade menor seguinte.
sendo 20% estagiários. Em relação ao total de funcionários Por isso, o sistema é chamado decimal.
desses dois departamentos, a fração de estagiários é igual a
(A) 1/5. E há mais um detalhe: embora o decímetro não seja útil na
(B) 1/6. prática, o decímetro cúbico é muito usado com o nome popular
(C) 2/5. de litro.
(D) 2/9. As unidades de área do sistema métrico correspondem às
(E) 3/5. unidades de comprimento da tabela anterior.
São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro
03. Quando calculamos 15% de 1.130, obtemos, como quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o
resultado quilômetro quadrado, o metro quadrado e o hectômetro
(A) 150 quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o
(B) 159,50; nome de hectare (há): 1 hm2 = 1 há.
(C) 165,60; No caso das unidades de área, o padrão muda: uma
(D) 169,50. unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como
nos comprimentos. Entretanto, consideramos que o sistema
Comentários continua decimal, porque 100 = 102.
Existem outras unidades de medida mas que não
01. Resposta: A. pertencem ao sistema métrico decimal. Vejamos as relações
Como o produto já está acrescido de 20% juros sobre o seu entre algumas essas unidades e as do sistema métrico
preço original, temos que: decimal (valores aproximados):
100% + 20% = 120% 1 polegada = 25 milímetros
Precisamos encontrar o preço original (100%) da 1 milha = 1 609 metros
mercadoria para podermos aplicarmos o desconto. 1 légua = 5 555 metros
Utilizaremos uma regra de 3 simples para encontrarmos: 1 pé = 30 centímetros
R$ %
108 ---- 120
X ----- 100
120x = 108.100 → 120x = 10800 → x = 10800/120 → x =
90,00
O produto sem o juros, preço original, vale R$ 90,00 e
representa 100%. Logo se receber um desconto de 25%,
significa ele pagará 75% (100 – 25 = 75%) → 90. 0,75 = 67,50
Então Marcos pagou R$ 67,50. A nomenclatura é a mesma das unidades de comprimento
acrescidas de quadrado.
02. Resposta: B. Agora, vejamos as unidades de volume. De novo, temos a
15 30
* Dep. Contabilidade: . 20 = = 3 → 3 (estagiários) lista: quilômetro cúbico (km3), hectômetro cúbico (hm3), etc.
100 10
Na prática, são muitos usados o metro cúbico(m3) e o
* Dep. R.H.:
20
. 10 =
200
= 2 → 2 (estagiários) centímetro cúbico(cm3).
100 100 Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade
vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 = 103,
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑔𝑖á𝑟𝑖𝑜𝑠 5 1
∗ 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = = = o sistema continua sendo decimal.
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜𝑠 30 6

Matemática 8
APOSTILAS OPÇÃO

água que havia no filtro no início da manhã, pode-se concluir


que a água que restou dentro dele, no final do dia, corresponde
a uma porcentagem de
(A) 60%.
(B) 55%.
(C) 50%.
(D) 45%.
A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. Se o (E) 40%.
volume da água que enche um tanque é de 7.000 litros,
dizemos que essa é a capacidade do tanque. A unidade 03. Admita que cada pessoa use, semanalmente, 4 bolsas
fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a plásticas para embrulhar suas compras, e que cada bolsa é
1 dm3. composta de 3 g de plástico. Em um país com 200 milhões de
Cada unidade vale 10 vezes a unidade menor seguinte. pessoas, quanto plástico será utilizado pela população em um
ano, para embrulhar suas compras? Dado: admita que o ano é
formado por 52 semanas. Indique o valor mais próximo do
obtido.
(A) 108 toneladas
(B) 107 toneladas
(C) 106 toneladas
O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de (D) 105 toneladas
medidas de massa. A unidade fundamental é o grama(g). (E) 104 toneladas

Unidades de Massa e suas Transformações Respostas

01. Resposta: B.
Vamos chamar de x a capacidade total da jarra. Assim:
3 1
. 𝑥 − 495 = . 𝑥
4 5
Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama
e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t). 3
.𝑥 −
1
. 𝑥 = 495
Medidas Especiais: 4 5

1 Tonelada(t) = 1000 Kg 5.3.𝑥 − 4.𝑥=20.495


1 Arroba = 15 Kg 20
1 Quilate = 0,2 g
15x – 4x = 9900
Relações entre unidades: 11x = 9900
x = 9900 / 11
x = 900 mL (capacidade total)
Como havia 1/5 do total (1/5 . 900 = 180 mL), a quantidade
adicionada foi de 900 – 180 = 720 mL

02. Resposta: B.
4 litros = 4000 ml; 1,2 litros = 1200 ml; meio litro = 500
ml
Temos que: 4000 – 800 – 500 + 700 – 1200 = 2200 ml (final do dia)
1 kg = 1l = 1 dm3 Utilizaremos uma regra de três simples:
1 hm2 = 1 ha = 10.000m2 ml %
1 m3 = 1000 l 4000 ------- 100
2200 ------- x
Questões 4000.x = 2200 . 100 x = 220000 / 4000 = 55%
3
01. O suco existente em uma jarra preenchia da sua 03. Resposta: D.
4
capacidade total. Após o consumo de 495 mL, a quantidade de 4 . 3 . 200000000 . 52 = 1,248 . 1011 g = 1,248 . 105 t
1
suco restante na jarra passou a preencher da sua capacidade
5 MEDIDAS DE TEMPO
total. Em seguida, foi adicionada certa quantidade de suco na
jarra, que ficou completamente cheia. Nessas condições, é Não Decimais
correto afirmar que a quantidade de suco adicionada foi igual,
em mililitros, a Medidas de Tempo (Hora) e suas Transformações
(A) 580.
(B) 720.
(C) 900.
(D) 660.
(E) 840.

02. Em uma casa há um filtro de barro que contém, no Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que mede
início da manhã, 4 litros de água. Desse filtro foram retirados intervalos de tempo, é o mais conhecido. A unidade utilizada
800 mL para o preparo da comida e meio litro para consumo como padrão no Sistema Internacional (SI) é o segundo.
próprio. No início da tarde, foram colocados 700 mL de água
dentro desse filtro e, até o final do dia, mais 1,2 litros foram 1h → 60 minutos → 3 600 segundos
utilizados para consumo próprio. Em relação à quantidade de

Matemática 9
APOSTILAS OPÇÃO

Para passar de uma unidade para a menor seguinte, 02. A tabela a seguir mostra o tempo, aproximado, que um
multiplica-se por 60. professor leva para elaborar cada questão de matemática.
Questão (dificuldade) Tempo (minutos)
Exemplo: Fácil 8
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos, quantos Média 10
minutos indica 0,3 horas? Difícil 15
Muito difícil 20

Efetuando temos: 0,3 . 60 = 1. x → x = 18 minutos. O gráfico a seguir mostra o número de questões de


Concluímos que 0,3horas = 18 minutos. matemática que ele elaborou.

- Adição e Subtração de Medida de tempo


Ao adicionarmos ou subtrairmos medidas de tempo,
precisamos estar atentos as unidades. Vejamos os exemplos:

A) 1 h 50 min + 30 min

Observe que ao somar 50 + 30, obtemos 80 minutos, como O tempo, aproximado, gasto na elaboração dessas questões
sabemos que 1 hora tem 60 minutos, temos, então foi
(A) 4h e 48min.
acrescentamos a hora +1, e subtraímos 80 – 60 = 20 minutos,
(B) 5h e 12min.
é o que resta nos minutos:
(C) 5h e 28min.
(D) 5h e 42min.
(E) 6h e 08min.

03. Para obter um bom acabamento, um pintor precisa dar


duas demãos de tinta em cada parede que pinta. Sr. Luís utiliza
uma tinta de secagem rápida, que permite que a segunda
demão seja aplicada 50 minutos após a primeira. Ao terminar
Logo o valor encontrado é de 2 h 20 min. a aplicação da primeira demão nas paredes de uma sala, Sr.
Luís pensou: “a segunda demão poderá ser aplicada a partir
B) 2 h 20 min – 1 h 30 min das 15h 40min.”
Se a aplicação da primeira demão demorou 2 horas e 15
minutos, que horas eram quando Sr. Luís iniciou o serviço?
(A) 12h 25 min
(B) 12h 35 min
Observe que não podemos subtrair 20 min de 30 min,
(C) 12h 45 min
então devemos passar uma hora (+1) dos 2 para a coluna
(D) 13h 15 min
minutos.
(E) 13h 25 min

Respostas

01. Resposta: C.

Então teremos novos valores para fazermos nossa


subtração, 20 + 60 = 80:
Como 1h tem 60 minutos.
Então a diferença entre as duas é de 60+28=88 minutos.

02. Resposta: D.
Logo o valor encontrado é de 50 min. T = 8 . 4 + 10 . 6 + 15 . 10 + 20 . 5 =
= 32 + 60 + 150 + 100 = 342 min
Questões Fazendo: 342 / 60 = 5 h, com 42 min (resto)

01. Joana levou 3 horas e 53 minutos para resolver uma 03. Resposta: B.
prova de concurso, já Ana levou 2 horas e 25 minutos para 15 h 40 – 2 h 15 – 50 min = 12 h 35min
resolver a mesma prova. Comparando o tempo das duas
candidatas, qual foi a diferença encontrada?
(A) 67 minutos.
(B) 75 minutos. 5. Princípio Multiplicativo
(C) 88 minutos.
(D) 91 minutos.
(E) 94 minutos. O princípio multiplicativo ou fundamental da
contagem constitui a ferramenta básica para resolver
problemas de contagem sem que seja necessário enumerar
seus elementos, através da possibilidades dadas.

Matemática 10
APOSTILAS OPÇÃO

Exemplos: Questões
1) Imagine que, na cantina de sua escola, existem cinco
opções de suco de frutas: pêssego, maçã, morango, caju e 01. (Câmara de Chapecó/SC – Assistente de Legislação
mamão. Você deseja escolher apenas um desses sucos, mas e Administração – OBJETIVA) Quantos são os gabaritos
deverá decidir também se o suco será produzido com água ou possíveis para uma prova com 6 questões, sendo que cada
leite. Escolhendo apenas uma das frutas e apenas um dos questão possui 4 alternativas, e apenas uma delas é a
acompanhamentos, de quantas maneiras poderá pedir o suco? alternativa correta?
(A) 1.296
(B) 3.474
(C) 2.348
(D) 4.096

02. (Câmara de São Paulo/SP – Técnico Administrativo


– FCC) São lançados dois dados e multiplicados os números de
pontos obtidos em cada um deles. A quantidade de produtos
distintos que se pode obter nesse processo é
(A) 36.
(B) 27.
2) Para ir da sua casa (cidade A) até a casa do seu de um (C) 30.
amigo Pedro (que mora na cidade C) João precisa pegar duas (D) 21.
conduções: A1 ou A2 ou A3 que saem da sua cidade até a B e (E) 18.
B1 ou B2 que o leva até o destino final C. Vamos montar o
diagrama da árvore para avaliarmos todas as possibilidades: 03. (Corpo de Bombeiros Militar/MT – Oficial
Bombeiro Militar – COVEST – UNEMAT) A maioria das
pizzarias disponibilizam uma grande variedade de sabores aos
seus clientes. A pizzaria “Vários Sabores” disponibiliza dez
sabores diferentes. No entanto, as pizzas pequenas podem ser
feitas somente com um sabor; as médias, com até dois sabores,
e as grandes podem ser montadas com até três sabores
diferentes.
Imagine que um cliente peça uma pizza grande.
De quantas maneiras diferentes a pizza pode ser montada
no que diz respeito aos sabores?
(A) 10
De forma resumida, e rápida podemos também montar
(B) 720
através do princípio multiplicativo o número de
(C) 100
possibilidades:
(D) 820
(E) 730

Respostas

01. Resposta: D.
4 . 4 . 4 . 4 . 4 . 4 = 4096
2 x 3 = 6
02. Resposta: E.
__
3) De sua casa ao trabalho, Silvia pode ir a pé, de ônibus ou
6.6=36
de metrô. Do trabalho à faculdade, ela pode ir de ônibus, metrô,
Mas, como pode haver o mesmo produto por ser dois
trem ou pegar uma carona com um colega.
dados, 36/2=18
De quantos modos distintos Silvia pode, no mesmo dia, ir
de casa ao trabalho e de lá para a faculdade?
03. Resposta: D.
As pizzas grandes podem ser montadas com ATÉ 3
Vejamos, o trajeto é a junção de duas etapas:
sabores:
1º) Casa → Trabalho: ao qual temos 3 possibilidades
* 1 sabor: 10 maneiras
2º) Trabalho → Faculdade: 4 possibilidades.
* 2 sabores: 10 . 9 = 90 maneiras
Multiplicando todas as possibilidades (pelo PFC), teremos:
* 3 sabores: 10 . 9 . 8 = 720 maneiras
3 x 4 = 12.
Como as pizzas podem ter 1 OU 2 OU 3 sabores, basta
No total Silvia tem 12 maneiras de fazer o trajeto casa –
SOMAR cada uma das possibilidades, temos: 10 + 90 + 720 =
trabalho – faculdade.
820 maneiras.
Podemos dizer que, um evento B pode ser feito de n
maneiras, então, existem m • n maneiras de fazer e executar
o evento B. 6. Volumes dos principais
sólidos geométricos
Referências
IEZZI, Gelson – Matemática – Volume Único

Sólidos Geométricos são figuras geométricas que possui


três dimensões. Um sólido é limitado por um ou mais planos.
Os mais conhecidos são: prisma, pirâmide, cilindro, cone e
esfera.

Matemática 11
APOSTILAS OPÇÃO

- Sólidos geométricos

I) PRISMA: é um sólido geométrico que possui duas bases


iguais e paralelas.

Temos três dimensões: a= comprimento, b = largura e c =


altura.

Fórmulas:
- Área Total: At = 2.(ab + ac + bc)

- Volume: V = a.b.c
Elementos de um prisma:
a) Base: pode ser qualquer polígono. - Diagonal: D = √a2 + b 2 + c 2
b) Arestas da base: são os segmentos que formam as
bases. b) Hexaedro Regular (Cubo): é um prisma que tem as 6
c) Face Lateral: é sempre um paralelogramo. faces quadradas.
d) Arestas Laterais: são os segmentos que formam as
faces laterais.
e) Vértice: ponto de intersecção (encontro) de arestas.
f) Altura: distância entre as duas bases.

Classificação:
Um prisma pode ser classificado de duas maneiras: As três dimensões de um cubo comprimento, largura e
altura são iguais.
1- Quanto à base:
- Prisma triangular...........................................................a base é Fórmulas:
um triângulo. - Área Total: At = 6.a2
- Prisma quadrangular.....................................................a base é
um quadrilátero. - Volume: V = a3
- Prisma pentagonal........................................................a base é
um pentágono. - Diagonal: D = a√3
- Prisma hexagonal.........................................................a base é
um hexágono. II) PIRÂMIDE: é um sólido geométrico que tem uma base
E, assim por diante. e um vértice superior.
2- Quanta à inclinação:
- Prisma Reto: a aresta lateral forma com a base um
ângulo reto (90°).
- Prisma Obliquo: a aresta lateral forma com a base um
ângulo diferente de 90°.

Elementos de uma pirâmide:


Fórmulas:
A pirâmide tem os mesmos elementos de um prisma: base,
- Área da Base
arestas da base, face lateral, arestas laterais, vértice e altura.
Como a base pode ser qualquer polígono não existe uma
Além destes, ela também tem um apótema lateral e um
fórmula fixa. Se a base é um triângulo calculamos a área desse
apótema da base.
triângulo; se a base é um quadrado calculamos a área desse
Na figura acima podemos ver que entre a altura, o apótema
quadrado, e assim por diante.
da base e o apótema lateral forma um triângulo retângulo,
- Área Lateral:
então pelo Teorema de Pitágoras temos: ap2 = h2 + ab2.
Soma das áreas das faces laterais
- Área Total:
Classificação:
At=Al+2Ab
- Volume: Uma pirâmide pode ser classificado de duas maneiras:
1- Quanto à base:
V = Abh
- Pirâmide triangular...........................................................a base é
um triângulo.
Prismas especiais: temos dois prismas estudados a parte
- Pirâmide quadrangular.....................................................a base é
e que são chamados de prismas especiais, que são:
um quadrilátero.
- Pirâmide pentagonal........................................................a base é
a) Hexaedro (Paralelepípedo reto-retângulo): é um
um pentágono.
prisma que tem as seis faces retangulares.
- Pirâmide hexagonal.........................................................a base é
um hexágono.
E, assim por diante.

Matemática 12
APOSTILAS OPÇÃO

2- Quanta à inclinação: áreas de suas bases, o modelo matemático para o volume do


- Pirâmide Reta: tem o vértice superior na direção do tronco é:
centro da base.
- Pirâmide Obliqua: o vértice superior está deslocado em
relação ao centro da base.
Onde,
V → é o volume do tronco
h → é a altura do tronco
SB → é a área da base maior
Sb → é a área da base menor

III) CILINDRO: é um sólido geométrico que tem duas bases


iguais, paralelas e circulares.
Fórmulas:
- Área da Base: 𝐴𝑏 = 𝑑𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜, como a base
pode ser qualquer polígono não existe uma fórmula fixa. Se a
base é um triângulo calculamos a área desse triângulo; se a
base é um quadrado calculamos a área desse quadrado, e
assim por diante.
- Área Lateral: 𝐴𝑙 =
𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 á𝑟𝑒𝑎𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑎𝑐𝑒𝑠 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑖𝑠

- Área Total: At = Al + Ab

1
- Volume: 𝑉 = . 𝐴𝑏 . ℎ Elementos de um cilindro:
3
a) Base: é sempre um círculo.
- TRONCO DE PIRÂMIDE b) Raio
O tronco de pirâmide é obtido ao se realizar uma secção c) Altura: distância entre as duas bases.
d) Geratriz: são os segmentos que formam a face lateral,
transversal numa pirâmide, como mostra a figura:
isto é, a face lateral é formada por infinitas geratrizes.

Classificação: como a base de um cilindro é um círculo, ele


só pode ser classificado de acordo com a inclinação:
- Cilindro Reto: a geratriz forma com o plano da base um
ângulo reto (90°).
- Cilindro Obliquo: a geratriz forma com a base um ângulo
diferente de 90°.
O tronco da pirâmide é a parte da figura que apresenta as
arestas destacadas em vermelho.
É interessante observar que no tronco de pirâmide as
arestas laterais são congruentes entre si; as bases são
polígonos regulares semelhantes; as faces laterais são
trapézios isósceles, congruentes entre si; e a altura de
qualquer face lateral denomina-se apótema do tronco. Fórmulas:
- Área da Base: Ab = π.r2
→ Cálculo das áreas do tronco de pirâmide.
Num tronco de pirâmide temos duas bases, base maior e - Área Lateral: Al = 2.π.r.h
base menor, e a área da superfície lateral. De acordo com a
base da pirâmide, teremos variações nessas áreas. Mas - Área Total: At = 2.π.r.(h + r) ou At = Al + 2.Ab
observe que na superfície lateral sempre teremos trapézios
isósceles, independente do formato da base da pirâmide. Por - Volume: V = π.r2.h ou V = Ab.h
exemplo, se a base da pirâmide for um hexágono regular,
teremos seis trapézios isósceles na superfície lateral. Secção Meridiana de um cilindro: é um “corte” feito pelo
A área total do tronco de pirâmide é dada por: centro do cilindro. O retângulo obtido através desse corte é
chamado de secção meridiana e tem como medidas 2r e h. Logo
St = Sl + SB + Sb a área da secção meridiana é dada pela fórmula: ASM = 2r.h.
Onde:
St → é a área total
Sl → é a área da superfície lateral
SB → é a área da base maior
Sb → é a área da base menor

→ Cálculo do volume do tronco de pirâmide.


A fórmula para o cálculo do volume do tronco de pirâmide
é obtida fazendo a diferença entre o volume de pirâmide maior
e o volume da pirâmide obtida após a secção transversal que
produziu o tronco. Colocando em função de sua altura e das

Matemática 13
APOSTILAS OPÇÃO

Cilindro Equilátero: um cilindro é chamado de equilátero constituição de uma nova figura geométrica espacial
quando a secção meridiana for um quadrado, para isto temos denominada Tronco de Cone.
que: h = 2r.

IV) CONE: é um sólido geométrico que tem uma base


circular e vértice superior.

Elementos
- A base do cone é a base maior do tronco, e a seção
transversal é a base menor;
Elementos de um cone: - A distância entre os planos das bases é a altura do tronco.
a) Base: é sempre um círculo.
b) Raio
c) Altura: distância entre o vértice superior e a base.
d) Geratriz: segmentos que formam a face lateral, isto é, a
face lateral e formada por infinitas geratrizes.

Classificação: como a base de um cone é um círculo, ele só


tem classificação quanto à inclinação.
- Cone Reto: o vértice superior está na direção do centro
da base. Diferentemente do cone, o tronco de cone possui duas
- Cone Obliquo: o vértice superior esta deslocado em bases circulares em que uma delas é maior que a outra, dessa
relação ao centro da base. forma, os cálculos envolvendo a área superficial e o volume do
tronco envolverão a medida dos dois raios. A geratriz, que é a
medida da altura lateral do cone, também está presente na
composição do tronco de cone.
Não devemos confundir a medida da altura do tronco de
cone com a medida da altura de sua lateral (geratriz), pois são
elementos distintos. A altura do cone forma com as bases um
ângulo de 90º. No caso da geratriz os ângulos formados são um
agudo e um obtuso.
Fórmulas:
- Área da base: Ab = π.r2
Área da Superfície e
Volume
- Área Lateral: Al = π.r.g

- Área total: At = π.r.(g + r) ou At = Al + Ab

1 1
- Volume: 𝑉 = . 𝜋. 𝑟 2 . ℎ ou 𝑉 = . 𝐴𝑏 . ℎ Onde:
3 3
h = altura
- Entre a geratriz, o raio e a altura temos um triângulo g = geratriz
retângulo, então: g2 = h2 + r2.

Secção Meridiana: é um “corte” feito pelo centro do cone. V) ESFERA


O triângulo obtido através desse corte é chamado de secção
meridiana e tem como medidas, base é 2r e h. Logo a área da
secção meridiana é dada pela fórmula: ASM = r.h.

Cone Equilátero: um cone é chamado de equilátero


quando a secção meridiana for um triângulo equilátero, para
isto temos que: g = 2r. Elementos da esfera
- Eixo: é um eixo imaginário, passando pelo centro da
- TRONCO DE CONE esfera.
Se um cone sofrer a intersecção de um plano paralelo à sua - Polos: ponto de intersecção do eixo com a superfície da
base circular, a uma determinada altura, teremos a esfera.

Matemática 14
APOSTILAS OPÇÃO

- Paralelos: são “cortes” feitos na esfera, determinando 03. Um prisma hexagonal regular tem aresta da base igual
círculos. a 4 cm e altura 12 cm. O volume desse prisma é:
- Equador: “corte” feito pelo centro da esfera, (A) 288√3 cm3
determinando, assim, o maior círculo possível. (B) 144√3 cm3
(C) 200√3 cm3
Fórmulas
(D) 100√3 cm3
(E) 300√3 cm3

Comentários
01. Resposta: B.
Em um cilindro equilátero temos que h = 2r e do enunciado
r = 5 cm.
h = 2r → h = 2.5 = 10 cm
- na figura acima podemos ver que o raio de um paralelo Al = 2.π.r.h
(r), a distância do centro ao paralelo ao centro da esfera (d) e Al = 2.π.5.10
o raio da esfera (R) formam um triângulo retângulo. Então, Al = 100π
podemos aplicar o Teorema de Pitágoras: R2 = r2 + d2.
- Área: A = 4.π.R2 02. Respostas: Al = 12π cm2, At = 20π cm2 e V = 12π cm3
Aplicação direta das fórmulas sendo r = 2 cm e h = 3 cm.
4
- Volume: V = . π. R3 Al = 2.π.r.h At = 2π.r(h + r) V = π.r2.h
3
Al = 2.π.2.3 At = 2π.2(3 + 2) V = π.22.3
Fuso Esférico: Al = 12π cm2 At = 4π.5 V = π.4.3
At = 20π cm2 V = 12π cm2

03. Resposta: A.
O volume de um prisma é dado pela fórmula V = Ab.h, do
enunciado temos que a aresta da base é a = 4 cm e a altura h =
12 cm.
A área da base desse prisma é igual a área de um hexágono
regular
6.𝑎2 √3
Fórmula da área do fuso: 𝐴𝑏 =
4

𝛼. 𝜋. 𝑅2 6.42 √3 6.16√3
𝐴𝑓𝑢𝑠𝑜 = 𝐴𝑏 =  𝐴𝑏 =  𝐴𝑏 = 6.4√3  𝐴𝑏 = 24√3
90° 4 4
cm2

Cunha Esférica: V = 24√3.12


V = 288√3 cm3

7. Conservação, redução ou
ampliação de perímetros e
áreas das principais figuras
planas usando malhas
Fórmula do volume da cunha: quadriculadas. Cálculo de
𝛼. 𝜋. 𝑅3 áreas e perímetros
𝑉𝑐𝑢𝑛ℎ𝑎 =
270°
As malhas nada mais são que diversas variações e
Referências deformações possíveis do papel quadriculado, e sua função é
IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único ajudar o aluno na observação das formas geométricas e nos
DOLCE, Osvalo; POMPEO, José Nicolau – Fundamentos da matemática elementar – desenhos que ele fará a partir das propriedades da figura que
Vol 10 – Geometria Espacial, Posição e Métrica – 5ª edição – Atual Editora
observou.
www.brasilescola.com.br
As malhas podem ser utilizadas desde as séries iniciais,
proporcionando aos alunos a oportunidade de familiarizar-se
Questões
com os desenhos, as formas geométricas, as ampliações e
reduções de figuras (proporcionalidade), a simetria, o conceito
01. Dado o cilindro equilátero, sabendo que seu raio é igual
de área e volume e o ladrilhamento formado por motivos
a 5 cm, a área lateral desse cilindro, em cm2, é:
geométricos”.
(A) 90π
As malhas quadriculadas é um recurso de trabalho, e a sua
(B) 100π
função é ajudar o aluno na observação das formas geométricas
(C) 80π
e nos desenhos que ela fará a partir das propriedades da figura
(D) 110π
que observou e montou no geoplano.
(E) 120π
Podem ser utilizadas desde as séries iniciais até no ensino
médio, no trabalho com a geometria (formas, área, perímetro),
02. Seja um cilindro reto de raio igual a 2 cm e altura 3 cm.
operações (especialmente a multiplicação), funções e
Calcular a área lateral, área total e o seu volume.
estatística (gráficos).

Matemática 15
APOSTILAS OPÇÃO

Exemplo: (A) Duas


(B) Três
(C) Quatro
(D) Nove

02. (Prova Brasil) A figura a seguir mostra o projeto


original da árvore de natal da cidade em que Roberto mora.

- Ampliação e Redução de desenhos utilizando malha


quadriculada

Na figura abaixo, você pode ver o desenho de um pátio na


forma de U feito numa grade quadriculada. O pequeno
quadrado colorido de cinza é a unidade de medida para fazer
essa figura.
Como consideraram a árvore muito grande, fizeram um
novo projeto, de modo que suas dimensões se tornaram duas
vezes menores que as do projeto original.
Para o novo projeto, as dimensões foram:
(A) multiplicadas por 2.
(B) divididas por 2.
(C) subtraídas em 2 unidades.
(D) adicionada em 2 unidades.
Na próxima figura, você vê o desenho do mesmo pátio, 03. Observe os desenhos abaixo:
agora, usando como unidade de medida, para fazer essa figura,
o novo quadrado colorido de cinza que nela aparece. Observe
que o lado desse novo quadrado mede duas vezes o lado do
quadrado da figura acima. Essa figura é uma ampliação da
figura.

A área da Figura I é:
(A) duas vezes a área da figura II.
(B) quatro vezes a área da figura II.
(C) seis vezes a área da figura II.
(D) oito vezes a área da figura II.

Em matemática se diz que dois polígonos são semelhantes 04. (Projeto conseguir – DC) Durante a aula de Educação
se: existir uma igualdade entre as razões dos segmentos que Física o professor pediu que os alunos dessem uma volta em
ocupam as correspondentes posições relativas nas figuras. torno da quadra. Calcule quantos metros cada aluno correu,
Duas figuras são semelhantes quando elas têm a mesma sabendo que cada lado do quadrado equivale a 1 metro.
forma, preservando os mesmos ângulos e a proporcionalidade
dos lados. Isto significa que existe uma proporção constante
entre elas sem ocorrência de deformação. A figura final e a
figura original são chamadas figuras semelhantes.
Tanto a ampliação quanto a redução podemos utilizar o
mesmo conceito.

Questões
A figura abaixo representa a quadra.
01. Observe o painel de Carol. A figura 2 é uma ampliação (A) 58m
da figura 1. (B) 190m
(C) 10m
(D) 25m

05. (SEPR) Os desenhos a seguir representam o formato


de um jardim que será construído em uma praça da cidade.
Inicialmente pensou-se num jardim pequeno, mas devido ao
grande entusiasmo que causou na população da cidade, o
prefeito solicitou que fizessem um novo projeto, com desenho
maior.

Quantas vezes o perímetro da figura 2 é maior que o


perímetro da figura 1?

Matemática 16
APOSTILAS OPÇÃO

O novo projeto terá área:


(A) 2 vezes maior que o primeiro.
(B) 3 vezes maior que o primeiro.
(C) 4 vezes maior que o primeiro.
(D) 6 vezes maior que o primeiro.

06. (Projeto conseguir – DC) Lucas está pintando um


mosaico no papel quadriculado. Observe:

Quantos quadrados foram pintados na figura amarela? Quais crianças conseguiram cumprir a tarefa?
(A) 6 (A) Bia e Carol
(B) 4 (B) Léo e Carol
(C) 5 (C) Lucas e Bia
(D) 2 (D) Léo e Lucas
07. (Projeto conseguir – DC) Algumas crianças Respostas
escolheram a figura abaixo para ampliar:
01. Resposta: B.
A base da figura 1 tem 3 quadradinhos inteiros, já o da
figura 2 tem 9 , isso significa que se pegarmos a base da figura
2 e dividirmos pela figura 1, teremos a quantidade de vezes
que foi aumentada.

02. Resposta: B.
Veja as ampliações feitas por algumas delas: Para tornar um projeto menor ou reduzi-lo

03. Resposta: B.
Basta utilizarmos o mesmo conceito da questão1.Logo:
Figura I = 4 x 4 = 16 e Figura II = 2 x 2 = 4, 16/4 = 4 vezes maior.

04. Resposta: A.
Como cada lado do quadrado da malha equivale a 1 m,
temos como figura um retângulo ao qual sabemos que o
perímetro é dado por: 2.a + 2.b , considerando a =
comprimento = 19 quadrados = 19 metros e b = altura = 10
quadrados. Logo:
2.19 + 2.10 = 38 + 20 = 58 m

05. Resposta: C.
O jardim menor tem área de 3 x 2 = 6
O jardim maior tem área de 6 x 4 = 24
Dividindo 24/6 = 4 , logo o jardim maior é 4 vezes maior
Quem ampliou corretamente a figura? que o menor.
(A) Júlia
(B) Pedro 06. Resposta: C.
(C) Maria Basta contarmos quantos quadrados amarelos a figura
(D) Vítor possui. Não podemos esquecer o que fica no meio.

08. (Projeto conseguir – DC). A professora pediu que seus 07. Resposta: A.
alunos desenhassem o retângulo abaixo na malha Observando as figuras, a única que conseguiu manter a
quadriculada, ampliando, reduzindo ou mudando a figura de proporcionalidade da figura em questão foi a Júlia.
posição. Veja:

Matemática 17
APOSTILAS OPÇÃO

08. Resposta: D. 5. Quadrado


Léo ampliou a figura e Lucas mudou-a de posição - sendo l o lado:
mantendo a mesma proporção.

PERÍMETRO E ÁREA DAS FIGURAS PLANAS

Perímetro: é a soma de todos os lados de uma figura plana. 6. Triângulo: essa figura tem 6 fórmulas de área,
Exemplo: dependendo dos dados do problema a ser resolvido.

I) sendo dados a base b e a altura h:

II) sendo dados as medidas dos três lados a, b e c:


Perímetros de algumas das figuras planas:

III) sendo dados as medidas de dois lados e o ângulo


formado entre eles:

Área: é a medida da superfície de uma figura plana.


A unidade básica de área é o m2 (metro quadrado), isto é, IV) triângulo equilátero (tem os três lados iguais):
uma superfície correspondente a um quadrado que tem 1 m de
lado.

Fórmulas de área das principais figuras planas: V) circunferência inscrita:

1) Retângulo
- sendo b a base e h a altura:

VI) circunferência circunscrita:

2. Paralelogramo
- sendo b a base e h a altura:

Questões

3. Trapézio 01. A área de um quadrado cuja diagonal mede 2√7 cm é,


- sendo B a base maior, b a base menor e h a altura: em cm2, igual a:
(A) 12
(B) 13
(C) 14
(D) 15
(E) 16
4. Losango
- sendo D a diagonal maior e d a diagonal menor: 02. Corta-se um arame de 30 metros em duas partes. Com
cada uma das partes constrói-se um quadrado. Se S é a soma
das áreas dos dois quadrados, assim construídos, então o
menor valor possível para S é obtido quando:
(A) o arame é cortado em duas partes iguais.
(B) uma parte é o dobro da outra.
(C) uma parte é o triplo da outra.
(D) uma parte mede 16 metros de comprimento.

Matemática 18
APOSTILAS OPÇÃO

03. Um grande terreno foi dividido em 6 lotes retangulares 03. Resposta: D.


congruentes, conforme mostra a figura, cujas dimensões Observando a figura temos que cada retângulo tem lados
indicadas estão em metros. medindo x e 0,8x:
Perímetro = x + 285
8.0,8x + 6x = x + 285
6,4x + 6x – x = 285
11,4x = 285
x = 285:11,4
x = 25
Sendo S a área do retângulo:
S= b.h
Sabendo-se que o perímetro do terreno original, delineado S= 0,8x.x
em negrito na figura, mede x + 285, conclui-se que a área total S = 0,8x2
desse terreno é, em m2, igual a: Sendo St a área total da figura:
(A) 2 400. St = 6.0,8x2
(B) 2 600. St = 4,8.252
(C) 2 800. St = 4,8.625
(D) 3000. St = 3000
(E) 3 200.
ÁREA DO CIRCULO E SUAS PARTES
Respostas
I- Círculo:
01.Resposta: C. Quem primeiro descreveu a área de um círculo foi o
Sendo l o lado do quadrado e d a diagonal: matemático grego Arquimedes (287/212 a.C.), de Siracusa,
mais ou menos por volta do século II antes de Cristo. Ele
concluiu que quanto mais lados tem um polígono regular mais
ele se aproxima de uma circunferência e o apótema (a) deste
polígono tende ao raio r. Assim, como a fórmula da área de um
polígono regular é dada por A = p.a (onde p é semiperímetro e
2𝜇𝑟
a é o apótema), temos para a área do círculo 𝐴 = . 𝑟, então
Utilizando o Teorema de Pitágoras: 2
d2 = l2 + l2 temos:
2
(2√7) = 2l2
4.7 = 2l2
2l2 = 28
28
l2 =
2
A = 14 cm2 II- Coroa circular:
É uma região compreendida entre dois círculos
02. Resposta: A. concêntricos (tem o mesmo centro). A área da coroa circular é
- um quadrado terá perímetro x igual a diferença entre as áreas do círculo maior e do círculo
x
o lado será l = e o outro quadrado terá perímetro 30 – x menor. A = 𝜋R2 – 𝜋r2, como temos o 𝜋 como fator comum,
4
o lado será l1 =
30−x
, sabendo que a área de um quadrado podemos colocá-lo em evidência, então temos:
4
é dada por S = l , temos:
2

S = S1 + S2
S=l²+l1²
x 2 30−x 2
S=( ) +( )
4 4
x2 (30−x)2
S= + , como temos o mesmo denominador 16:
16 16
III- Setor circular:
x 2 + 302 − 2.30. x + x 2 É uma região compreendida entre dois raios distintos de
S=
16 um círculo. O setor circular tem como elementos principais o
x 2 + 900 − 60x + x 2 raio r, um ângulo central 𝛼 e o comprimento do arco l, então
S=
16 temos duas fórmulas:
2x2 60x 900
S= − + ,
16 16 16

sendo uma equação do 2º grau onde a = 2/16; b = -60/16


e c = 900/16 e o valor de x será o x do vértice que e dado pela
−b
fórmula: x = , então:
2a

−60 60
−( )
16 = 16
xv =
2 4 IV- Segmento circular:
2.
16 16 É uma região compreendida entre um círculo e uma corda
xv =
60 16
. =
60
= 15, (segmento que une dois pontos de uma circunferência) deste
16 4 4 círculo. Para calcular a área de um segmento circular temos
que subtrair a área de um triângulo da área de um setor
logo l = 15 e l1 = 30 – 15 = 15. circular, então temos:

Matemática 19
APOSTILAS OPÇÃO

𝐴𝑐𝑖𝑟𝑐
𝐴 = 𝐴𝑐𝑖𝑟𝑐 + 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔 +
2
𝐴𝑐𝑖𝑟𝑐
𝐴= + 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔
2
𝜋𝑟 2
𝐴= + 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔
2

𝜋𝑟 2 𝑙 2 √3
𝐴= +
2 4
Questões (3,14 ∙ 102 ) 202 ∙ 1,73
𝐴= +
2 4
01. A figura abaixo mostra três círculos, cada um com 10 400 ∙ 1,73
𝐴 = 1,57 ∙ 100 +
cm de raio, tangentes entre si. 4
𝐴 = 157 + 100 ∙ 1,73 = 157 + 173 = 330

02. Resposta: A.
A fórmula do comprimento de uma circunferência é C =
2π.r, Então:
Considerando √3 ≅ 1,73 e 𝜋 ≅ 3,14, o valor da área C = 20π
sombreada, em cm2, é: 2π.r = 20π
20π
(A) 320. r=

(B) 330. r = 10 cm
(C) 340. A = π.r2 → A = π.102 → A = 100π cm2
(D) 350.
(E) 360. 03. Resposta: D.
Primeiro calculamos a área do retângulo (A = b.h)
02. A área de um círculo, cuja circunferência tem Aret = 24,8.20
comprimento 20𝜋 cm, é: Aret = 496 m2
(A) 100𝜋 cm2.
(B) 80 𝜋 cm2. 2
4.Acirc = .Aret
(C) 160 𝜋 cm2. 5
(D) 400 𝜋 cm2. 2
4.πr2 = .496
5
03. Quatro tanques de armazenamento de óleo, cilíndricos 4.3,1.r2 =
992
e iguais, estão instalados em uma área retangular de 24,8 m de 5

comprimento por 20,0 m de largura, como representados na 12,4.r2 = 198,4


figura abaixo. r2 = 198,4 : 12, 4 → r2 = 16 → r = 4
d = 2r =2.4 = 8

8. Relacionar figuras
tridimensionais com suas
respectivas planificações.
9. Reconhecer arestas,
Se as bases dos quatro tanques ocupam
2
da área vértices e faces de um sólido
5
retangular, qual é, em metros, o diâmetro da base de cada geométrico
tanque?
Dado: use 𝜋=3,1
(A) 2. Diedros
(B) 4. Sendo dois planos secantes (planos que se cruzam) α e β, o
(C) 6. espaço entre eles é chamado de diedro. A medida de um diedro
(D) 8. é feita em graus, dependendo do ângulo formado entre os
(E) 16. planos.

Comentários

01. Resposta: B.
Unindo os centros das três circunferências temos um
triângulo equilátero de lado 2r ou seja l = 2.10 = 20 cm. Então
a área a ser calculada será:

Poliedros
São sólidos geométricos ou figuras geométricas espaciais
formadas por três elementos básicos: faces, arestas e
vértices. Chamamos de poliedro o sólido limitado por quatro
ou mais polígonos planos, pertencentes a planos diferentes e
que têm dois a dois somente uma aresta em comum. Veja
alguns exemplos:

Matemática 20
APOSTILAS OPÇÃO

Pela relação de Euler: V – A + F = 2 → 8 - 12 + F = 2 → F = 6


(o poliedro possui 6 faces). Assim o poliedro com essas
características é:

2) Vamos aplicar a relação de Euler em um Poliedro não


Os polígonos são as faces do poliedro; os lados e os vértices convexo.
dos polígonos são as arestas e os vértices do poliedro.
Cada vértice pode ser a interseção de três ou mais arestas.
Observando a figura abaixo temos que em torno de cada um
dos vértices forma-se um triedro.

V – A + F = 2 → 14 – 21 + 9 = 2 → 2 = 2
Assim podemos comprovar que para alguns poliedros não
convexos, podemos utilizar a relação de Euler.

Soma dos ângulos poliédricos: as faces de um poliedro


são polígonos. Sabemos que a soma dos ângulos internos de
Convexidade um polígono é dada
Um poliedro é convexo se qualquer reta (não paralela a
nenhuma de suas faces) o corta em, no máximo, dois pontos. S = (v – 2).360º
Ele não possuí “reentrâncias”. E caso contrário é dito não
convexo. Poliedros de Platão
São poliedros que satisfazem as seguintes condições:
- todas as faces têm o mesmo número n de arestas;
- todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número m de
arestas;
- for válida a relação de Euler (V – A + F = 2).

Exemplos:
1) O prisma quadrangular da figura a seguir é um poliedro
de Platão.
Relação de Euler
Em todo poliedro convexo sendo V o número de vértices, A
o número de arestas e F o número de faces, valem as seguintes
relações de Euler:

1) Poliedro Fechado: V – A + F = 2

2) Poliedro Aberto: V – A + F = 1
Vejamos se ele atende as condições:
Observação: Para calcular o número de arestas de um - todas as 6 faces são quadriláteros (n = 4);
poliedro temos que multiplicar o número de faces F pelo - todos os ângulos são triédricos (m = 3);
número de lados de cada face n e dividir por dois. Quando - sendo V = 8, F = 6 e A = 12, temos: 8 – 12 + 6 = 14 -12 = 2
temos mais de um tipo de face, basta somar os resultados.
𝑛. 𝐹 2) O prisma triangular da figura abaixo é poliedro de
𝐴=
2 Platão?

Podemos verificar a relação de Euler para alguns poliedros


não convexos. Assim dizemos:

Todo poliedro convexo é euleriano, mas nem todo poliedro


euleriano é convexo.

Exemplos:
As faces são 2 triangulares e 3 faces são quadrangulares,
1) O número de faces de um poliedro convexo que possui
logo não é um poliedro de Platão, uma vez que atende a uma
exatamente oito ângulos triédricos é?
das condições.
A cada 8 vértices do poliedro concorrem 3 arestas, assim o
número de arestas é dado por
- Propriedade: existem exatamente cinco poliedros de
𝑛. 𝐹 3.8 Platão (pois atendem as 3 condições). Determinados apenas
𝐴= →𝐴= = 12 pelos pares ordenados (m,n) como mostra a tabela abaixo.
2 2

Matemática 21
APOSTILAS OPÇÃO

m n A V F Poliedro Cilindro: tem duas bases geometricamente iguais


3 3 6 4 4 Tetraedro definidas por curvas fechadas em superfície lateral curva.
3 4 12 8 6 Hexaedro Cone: tem uma só base definida por uma linha curva
4 3 12 6 8 Octaedro fechada e uma superfície lateral curva.
3 5 30 20 12 Dodecaedro Esfera: é formada por uma única superfície curva.
5 3 30 12 20 Icosaedro
- Planificações de alguns Sólidos Geométricos

Poliedro Planificação Elementos

- 4 faces
triangulares
- 4 vértices
- 6 arestas

Tetraedro

Poliedros Regulares
Um poliedro e dito regular quando:
- suas faces são polígonos regulares congruentes;
- seus ângulos poliédricos são congruentes;
Por essas condições e observações podemos afirmar que - 6 faces
todos os poliedros de Platão são ditos Poliedros Regulares. quadrangular
Observação: es
- 8 vértices
Todo poliedro regular é poliedro de Platão, mas nem todo - 12 arestas
poliedro de Platão é poliedro regular.
Hexaedro
Por exemplo, uma caixa de bombom, como a da figura a
seguir, é um poliedro de Platão (hexaedro), mas não é um
poliedro regular, pois as faces não são polígonos regulares e
congruentes.

- 8 faces
triangulares
- 6 vértices
- 12 arestas

Octaedro
A figura se compara ao paralelepípedo que é um hexaedro,
e é um poliedro de Platão, mas não é considerado um poliedro
regular:

-12 faces
pentagonais
- 20 vértices
- 30 arestas

- Não Poliedros
Dodecaedro

Os sólidos acima são: Cilindro, Cone e Esfera, são


considerados não planos pois possuem suas superfícies
curvas.

Matemática 22
APOSTILAS OPÇÃO

03. Resposta: A.
Temos 2 faces triangulares, 2 faces quadrangulares e 4
faces pentagonais.
F=2+2+4
F=8
- 20 faces 𝟐.𝟑+𝟐.𝟒+𝟒.𝟓 𝟔+𝟖+𝟐𝟎 𝟑𝟒
triangulares 𝑨= = = = 𝟏𝟕
𝟐 𝟐 𝟐
- 12 vértices
- 30 arestas V–A+F=2
V – 17 + 8 = 2
V = 2 + 17 – 8
Icosaedro V = 11
A soma é:
S = (v – 2).260°
S = (11 – 2).360°
Referências S = 9.360°
http://educacao.uol.com.br S = 3240°
http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_19t.php
http://www.infoescola.com

Questões

01. (PUC RS) Um poliedro convexo tem cinco faces


Anotações
triangulares e três pentagonais. O número de arestas e o
número de vértices deste poliedro são, respectivamente:
(A) 30 e 40
(B) 30 e 24
(C) 30 e 8
(D) 15 e 25
(E) 15 e 9

02. (ITA – SP) Considere um prisma regular em que a


soma dos ângulos internos de todas as faces é 7200°. O número
de vértices deste prisma é igual a:
(A) 11
(B) 32
(C) 10
(D) 22
(E) 20

03. (CEFET – PR) Um poliedro convexo possui duas faces


triangulares, duas quadrangulares e quatro pentagonais. Logo
a soma dos ângulos internos de todas as faces será:
(A) 3240°
(B) 3640°
(C) 3840°
(D) 4000°
(E) 4060°
Respostas

01. Resposta: E.
O poliedro tem 5 faces triangulares e 3 faces pentagonais,
logo, tem um total de 8 faces (F = 8). Como cada triângulo tem
3 lados e o pentágono 5 lados. Temos:

5.3+3.5 15+15 30
𝐴= = = = 15
2 2 2

V–A+F=2
V – 15 + 8 = 2
V = 2 + 15 – 8
V=9

02. Resposta: D.
Basta utilizar a fórmula da soma dos ângulos poliédricos.
S = (V – 2).360°
7200° = (V – 2).360° (passamos o 360° dividindo)
7200° : 360° = V – 2
20 = V – 2
V = 20 + 2
V = 22

Matemática 23
APOSTILAS OPÇÃO

Matemática 24
LEGISLAÇÃO
APOSTILAS OPÇÃO

XII - consideração com a diversidade étnico-racial.


XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao
longo da vida. (Incluído pela Lei nº 13.632, de 2018)

TÍTULO III
Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública


será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
BRASIL. Ministério da aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte
forma:
Educação e Cultura. Diretrizes e a) pré-escola;
Bases da Educação Nacional. Lei b) ensino fundamental;
no 9394, Brasília, 1996 c) ensino médio;
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco)
anos de idade;
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 19961 III - atendimento educacional especializado gratuito aos
LEI DAS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO educandos com deficiência, transtornos globais do
NACIONAL desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. preferencialmente na rede regular de ensino;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: médio para todos os que não os concluíram na idade própria;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
TÍTULO I e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
Da Educação VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
condições do educando;
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se VII - oferta de educação escolar regular para jovens e
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no adultos, com características e modalidades adequadas às suas
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas trabalhadores as condições de acesso e permanência na
manifestações culturais. escola;
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em educação básica, por meio de programas suplementares de
instituições próprias. material didático-escolar, transporte, alimentação e
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do assistência à saúde;
trabalho e à prática social. IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos
como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de
TÍTULO II insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional ensino-aprendizagem.
X - vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade.
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional, durante
qualificação para o trabalho. o período de internação, ao aluno da educação básica
internado para tratamento de saúde em regime hospitalar ou
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes domiciliar por tempo prolongado, conforme dispuser o Poder
princípios: Público em regulamento, na esfera de sua competência
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na federativa. (Incluído pela Lei nº 13.716, de 2018).
escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito
cultura, o pensamento, a arte e o saber; público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; cidadãos, associação comunitária, organização sindical,
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o
V - coexistência de instituições públicas e privadas de Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.
ensino; § 1º O poder público, na esfera de sua competência
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos federativa, deverá:
oficiais; I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em
VII - valorização do profissional da educação escolar; idade escolar, bem como os jovens e adultos que não
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta concluíram a educação básica;
Lei e da legislação dos sistemas de ensino; II - fazer-lhes a chamada pública;
IX - garantia de padrão de qualidade; III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à
X - valorização da experiência extraescolar; escola.
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as § 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público
práticas sociais. assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório,

1http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm. Acesso em
28/01/2019.

Legislação 1
APOSTILAS OPÇÃO

nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em
níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades relação às demais instâncias educacionais.
constitucionais e legais. § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste nos termos desta Lei.
artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na
hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo Art. 9º A União incumbir-se-á de:
gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e
ser imputada por crime de responsabilidade. instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de Territórios;
ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao
aos diferentes níveis de ensino, independentemente da Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de
escolarização anterior. seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à
escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a e supletiva;
matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
(quatro) anos de idade. Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a
seguintes condições: assegurar formação básica comum;
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o
do respectivo sistema de ensino; Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos
II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade para identificação, cadastramento e atendimento, na educação
pelo Poder Público; básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades
III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
previsto no art. 213 da Constituição Federal. V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a
educação;
VI - assegurar processo nacional de avaliação do
Prezado(a) Candidato(a), o Artigo 7-A foi acrescido pela rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior,
Lei nº 13.796, de 3 de janeiro de 2019), entrando em em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a
vigência apenas após 60 (sessenta) dias de sua publicação definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;
oficial, sendo assim no dia 04 de março de 2019. VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e
pós-graduação;
“Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em VIII - assegurar processo nacional de avaliação das
instituição de ensino pública ou privada, de qualquer nível, é instituições de educação superior, com a cooperação dos
assegurado, no exercício da liberdade de consciência e de sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de
crença, o direito de, mediante prévio e motivado requerimento, ensino;
ausentar-se de prova ou de aula marcada para dia em que, IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
segundo os preceitos de sua religião, seja vedado o exercício de avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
tais atividades, devendo-se-lhe atribuir, a critério da instituição educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
e sem custos para o aluno, uma das seguintes prestações ensino.
alternativas, nos termos do inciso VIII do caput do art. 5º da § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho
Constituição Federal: Nacional de Educação, com funções normativas e de
I - prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser supervisão e atividade permanente, criado por lei.
realizada em data alternativa, no turno de estudo do aluno ou § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a
em outro horário agendado com sua anuência expressa; União terá acesso a todos os dados e informações necessários
II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade de de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.
pesquisa, com tema, objetivo e data de entrega definidos pela § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser
instituição de ensino. delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
§ 1º A prestação alternativa deverá observar os parâmetros mantenham instituições de educação superior.
curriculares e o plano de aula do dia da ausência do aluno.
§ 2º O cumprimento das formas de prestação alternativa de Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
que trata este artigo substituirá a obrigação original para todos I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
os efeitos, inclusive regularização do registro de frequência. oficiais dos seus sistemas de ensino;
§ 3º As instituições de ensino implementarão II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na
progressivamente, no prazo de 2 (dois) anos, as providências e oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a
adaptações necessárias à adequação de seu funcionamento às distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo
medidas previstas neste artigo. (Vide Lei nº 13.796, de 2019) com a população a ser atendida e os recursos financeiros
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica ao ensino militar a disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
que se refere o art. 83 desta Lei.” III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em
consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação,
TÍTULO IV integrando e coordenando as suas ações e as dos seus
Da Organização da Educação Nacional Municípios;
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
Municípios organizarão, em regime de colaboração, os educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
respectivos sistemas de ensino. ensino;
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de V - baixar normas complementares para o seu sistema de
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e ensino;

Legislação 2
APOSTILAS OPÇÃO

VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com VI - colaborar com as atividades de articulação da escola
prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, com as famílias e a comunidade.
respeitado o disposto no art. 38 desta Lei;
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da
estadual. gestão democrática do ensino público na educação básica, de
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
competências referentes aos Estados e aos Municípios. princípios:
I - participação dos profissionais da educação na
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: elaboração do projeto pedagógico da escola;
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições II - participação das comunidades escolar e local em
oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas conselhos escolares ou equivalentes.
e planos educacionais da União e dos Estados;
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades
III - baixar normas complementares para o seu sistema de escolares públicas de educação básica que os integram
ensino; progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito
estabelecimentos do seu sistema de ensino; financeiro público.
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e,
com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:
outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas I - as instituições de ensino mantidas pela União;
plenamente as necessidades de sua área de competência e com II - as instituições de educação superior criadas e mantidas
recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela pela iniciativa privada;
Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do III - os órgãos federais de educação.
ensino.
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito
municipal. Federal compreendem:
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente,
se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
um sistema único de educação básica. II - as instituições de educação superior mantidas pelo
Poder Público municipal;
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a e mantidas pela iniciativa privada;
incumbência de: IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal,
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; respectivamente.
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de
financeiros; educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada,
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula integram seu sistema de ensino.
estabelecidas;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem:
docente; I - as instituições do ensino fundamental, médio e de
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
rendimento; II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando pela iniciativa privada;
processos de integração da sociedade com a escola; III - os órgãos municipais de educação.
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus
filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a classificam-se nas seguintes categorias administrativas:
execução da proposta pedagógica da escola; I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas,
VIII - notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação mantidas e administradas pelo Poder Público;
dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% II - privadas, assim entendidas as mantidas e
(trinta por cento) do percentual permitido em lei; (Redação administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito
dada pela Lei nº 13.803, de 2019) privado.
IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e
de combate a todos os tipos de violência, especialmente a Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão
intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; nas seguintes categorias: (Regulamento)
(Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que
X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou
paz nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) jurídicas de direito privado que não apresentem as
características dos incisos abaixo;
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
estabelecimento de ensino; jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; representantes da comunidade;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
de menor rendimento; jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, específicas e ao disposto no inciso anterior;
além de participar integralmente dos períodos dedicados ao IV - filantrópicas, na forma da lei.
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;

Legislação 3
APOSTILAS OPÇÃO

TÍTULO V c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries


Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino mediante verificação do aprendizado;
CAPÍTULO I d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
Da Composição dos Níveis Escolares e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo
Art. 21. A educação escolar compõe-se de: rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino de ensino em seus regimentos;
fundamental e ensino médio; VI - o controle de frequência fica a cargo da escola,
II - educação superior. conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de
CAPÍTULO II setenta e cinco por cento do total de horas letivas para
DA EDUCAÇÃO BÁSICA aprovação;
Seção I VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos
Das Disposições Gerais escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou
certificados de conclusão de cursos, com as especificações
Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver cabíveis.
o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável § 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino
progredir no trabalho e em estudos posteriores. médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de
ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de
anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, § 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de
na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular,
organização, sempre que o interesse do processo de adequado às condições do educando, conforme o inciso VI do
aprendizagem assim o recomendar. art. 4º. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive
quando se tratar de transferências entre estabelecimentos Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades
situados no País e no exterior, tendo como base as normas responsáveis alcançar relação adequada entre o número de
curriculares gerais. alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às do estabelecimento.
peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à
critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir vista das condições disponíveis e das características regionais
o número de horas letivas previsto nesta Lei. e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto
neste artigo.
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio,
será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas fundamental e do ensino médio devem ter base nacional
para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em
por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) cultura, da economia e dos educandos.
II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger,
primeira do ensino fundamental, pode ser feita: obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da
a) por promoção, para alunos que cursaram, com matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; realidade social e política, especialmente do Brasil.
b) por transferência, para candidatos procedentes de § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões
outras escolas; regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
c) independentemente de escolarização anterior, mediante educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
avaliação feita pela escola, que defina o grau de § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da
desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua escola, é componente curricular obrigatório da educação
inscrição na série ou etapa adequada, conforme básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
regulamentação do respectivo sistema de ensino; I - que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular horas;
por série, o regimento escolar pode admitir formas de II - maior de trinta anos de idade;
progressão parcial, desde que preservada a sequência do III - que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em
currículo, observadas as normas do respectivo sistema de situação similar, estiver obrigado à prática da educação física;
ensino; IV - amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de 1969;
de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento V - (Vetado)
na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou VI - que tenha prole.
outros componentes curriculares; § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as
V - a verificação do rendimento escolar observará os contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação
seguintes critérios: do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do africana e europeia.
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os § 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº
eventuais provas finais; 13.415, de 2017)
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com § 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
atraso escolar; linguagens que constituirão o componente curricular de que

Legislação 4
APOSTILAS OPÇÃO

trata o § 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de Seção II


2016). Da Educação Infantil
§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério
dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação
temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
Lei nº 13.415, de 2017) criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico,
§ 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
componente curricular complementar integrado à proposta família e da comunidade.
pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no
mínimo, 2 (duas) horas mensais. Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
§ 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até
prevenção de todas as formas de violência contra a criança e três anos de idade;
ao adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco)
currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo anos de idade.
como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
da Criança e do Adolescente), observada a produção e Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com
distribuição de material didático adequado. as seguintes regras comuns:
§ 9º-A. A educação alimentar e nutricional será incluída I - avaliação mediante acompanhamento e registro do
entre os temas transversais de que trata o caput. (Incluído pela desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção,
Lei nº 13.666, de 2018) mesmo para o acesso ao ensino fundamental;
§ 10. A inclusão de novos componentes curriculares de II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas,
caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho
dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e educacional;
de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada
integral;
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e IV - controle de frequência pela instituição de educação
de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por
estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. cento) do total de horas;
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo V - expedição de documentação que permita atestar os
incluirá diversos aspectos da história e da cultura que processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.
caracterizam a formação da população brasileira, a partir
desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da Seção III
África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas Do Ensino Fundamental
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o
índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de
contribuições nas áreas social, econômica e política, 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6
pertinentes à história do Brasil. (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro- cidadão, mediante:
brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
educação artística e de literatura e história brasileiras. cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: fundamenta a sociedade;
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
comum e à ordem democrática; formação de atitudes e valores;
II - consideração das condições de escolaridade dos alunos IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
em cada estabelecimento; solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
III - orientação para o trabalho; assenta a vida social.
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino
desportivas não-formais. fundamental em ciclos.
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população por série podem adotar no ensino fundamental o regime de
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo
necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo
de cada região, especialmente: sistema de ensino.
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em
reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a
II - organização escolar própria, incluindo adequação do utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições aprendizagem.
climáticas; § 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. a distância utilizado como complementação da aprendizagem
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, ou em situações emergenciais.
indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do § 5o O currículo do ensino fundamental incluirá,
órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças
considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13
Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do
manifestação da comunidade escolar.

Legislação 5
APOSTILAS OPÇÃO

Adolescente, observada a produção e distribuição de material § 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática será
didático adequado. obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas
como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão,
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar
integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina outras línguas estrangeiras, em caráter optativo,
dos horários normais das escolas públicas de ensino preferencialmente o espanhol, de acordo com a
fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os § 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base
procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e
religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de
admissão dos professores. acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído pela
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, Lei nº 13.415, de 2017)
constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a § 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho
definição dos conteúdos do ensino religioso. esperados para o ensino médio, que serão referência nos
processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, § 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar a
sendo progressivamente ampliado o período de permanência formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho
na escola. voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua
§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formação nos aspectos físicos, cognitivos e sócio emocionais.
formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 2º O ensino fundamental será ministrado § 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de
progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas avaliação processual e formativa serão organizados nas redes
de ensino. de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas
orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de
Seção IV tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:
Do Ensino Médio (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº 13.415,
com duração mínima de três anos, terá como finalidades: de 2017)
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos II - conhecimento das formas contemporâneas de
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o linguagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos,
se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes
aperfeiçoamento posteriores; arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
intelectual e do pensamento crítico; I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei nº
IV - a compreensão dos fundamentos científico- 13.415, de 2017)
tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
com a prática, no ensino de cada disciplina. nº 13.415, de 2017)
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação dada
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá pela Lei nº 13.415, de 2017)
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas pela Lei nº 13.415, de 2017)
seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415, V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei nº
de 2017) 13.415, de 2017)
I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº § 1º A organização das áreas de que trata o caput e das
13.415, de 2017) respectivas competências e habilidades será feita de acordo
II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino.
13.415, de 2017) (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído pela I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
Lei nº 13.415, de 2017) II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela Lei III - (revogado).
nº 13.415, de 2017) § 2º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o § 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser
caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá composto itinerário formativo integrado, que se traduz na
estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser composição de componentes curriculares da Base Nacional
articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, Comum Curricular - BNCC e dos itinerários formativos,
ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) considerando os incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao nº 13.415, de 2017)
ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de § 4º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei nº § 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de
13.415, de 2017) vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino

Legislação 6
APOSTILAS OPÇÃO

médio cursar mais um itinerário formativo de que trata o educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões
caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) técnicas.
§ 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de formação Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e,
com ênfase técnica e profissional considerará: (Incluído pela facultativamente, a habilitação profissional poderão ser
Lei nº 13.415, de 2017) desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio
I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor ou em cooperação com instituições especializadas em
produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo educação profissional.
parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos
estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio
profissional; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) será desenvolvida nas seguintes formas:
II - a possibilidade de concessão de certificados I - articulada com o ensino médio;
intermediários de qualificação para o trabalho, quando a II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
formação for estruturada e organizada em etapas com concluído o ensino médio.
terminalidade. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível
§ 7º A oferta de formações experimentais relacionadas ao médio deverá observar:
inciso V do caput, em áreas que não constem do Catálogo I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes
Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional
continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho de Educação;
Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no II - as normas complementares dos respectivos sistemas de
Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, ensino;
contados da data de oferta inicial da formação. (Incluído pela III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos
Lei nº 13.415, de 2017) de seu projeto pedagógico.
§ 8º A oferta de formação técnica e profissional a que se
refere o inciso V do caput, realizada na própria instituição ou Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio
em parceria com outras instituições, deverá ser aprovada articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei,
previamente pelo Conselho Estadual de Educação, será desenvolvida de forma:
homologada pelo Secretário Estadual de Educação e I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído
certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a
13.415, de 2017) conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível
§ 9º As instituições de ensino emitirão certificado com médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se
validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino médio matrícula única para cada aluno;
ao prosseguimento dos estudos em nível superior ou em II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino
outros cursos ou formações para os quais a conclusão do médio ou já o estejam cursando, efetuando-se matrículas
ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei nº distintas para cada curso, e podendo ocorrer:
13.415, de 2017) a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
§ 10. Além das formas de organização previstas no art. 23, oportunidades educacionais disponíveis;
o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
sistema de créditos com terminalidade específica. (Incluído oportunidades educacionais disponíveis;
pela Lei nº 13.415, de 2017) c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios
§ 11. Para efeito de cumprimento das exigências de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.
reconhecer competências e firmar convênios com instituições
de educação a distância com notório reconhecimento, Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissional
mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído pela técnica de nível médio, quando registrados, terão validade
Lei nº 13.415, de 2017) nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na
I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415, de educação superior.
2017) Parágrafo único. Os cursos de educação profissional
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e
experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído pela subsequente, quando estruturados e organizados em etapas
Lei nº 13.415, de 2017) com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados
III - atividades de educação técnica oferecidas em outras de qualificação para o trabalho após a conclusão, com
instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei nº aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma
13.415, de 2017) qualificação para o trabalho.
IV - cursos oferecidos por centros ou programas
ocupacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Seção V
V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais Da Educação de Jovens e Adultos
ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
VI - cursos realizados por meio de educação a distância ou Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído pela àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
Lei nº 13.415, de 2017) nos ensinos fundamental e médio na idade própria e
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo de constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao
escolha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional longo da vida. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)
previstas no caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
Seção IV-A idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio consideradas as características do alunado, seus interesses,
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do permanência do trabalhador na escola, mediante ações
integradas e complementares entre si.

Legislação 7
APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se, III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
preferencialmente, com a educação profissional, na forma do científica, visando o desenvolvimento da ciência e da
regulamento. tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo,
desenvolver o entendimento do homem e do meio em que
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames vive;
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais,
currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em científicos e técnicos que constituem patrimônio da
caráter regular. humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: publicações ou de outras formas de comunicação;
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento
maiores de quinze anos; cultural e profissional e possibilitar a correspondente
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo
de dezoito anos. adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos conhecimento de cada geração;
educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo
mediante exames. presente, em particular os nacionais e regionais, prestar
serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta
CAPÍTULO III uma relação de reciprocidade;
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL VII - promover a extensão, aberta à participação da
Da Educação Profissional e Tecnológica população, visando à difusão das conquistas e benefícios
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no tecnológica geradas na instituição.
cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se VIII - atuar em favor da universalização e do
aos diferentes níveis e modalidades de educação e às aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a
dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. capacitação de profissionais, a realização de pesquisas
§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão
poderão ser organizados por eixos tecnológicos, que aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº
possibilitando a construção de diferentes itinerários 13.174, de 2015)
formativos, observadas as normas do respectivo sistema e
nível de ensino. Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos
§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os e programas:
seguintes cursos: I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes
I - de formação inicial e continuada ou qualificação níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos
profissional; requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde
II - de educação profissional técnica de nível médio; que tenham concluído o ensino médio ou equivalente;
III - de educação profissional tecnológica de graduação e II - de graduação, abertos a candidatos que tenham
pós-graduação. concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido
§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de classificados em processo seletivo;
graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne III - de pós-graduação, compreendendo programas de
a objetivos, características e duração, de acordo com as mestrado e doutorado, cursos de especialização,
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados
Nacional de Educação. em cursos de graduação e que atendam às exigências das
instituições de ensino;
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos
articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de
de educação continuada, em instituições especializadas ou no ensino.
ambiente de trabalho. § 1º Os resultados do processo seletivo referido no inciso
II do caput deste artigo serão tornados públicos pelas
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação instituições de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação
profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser da relação nominal dos classificados, a respectiva ordem de
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para classificação, bem como do cronograma das chamadas para
prosseguimento ou conclusão de estudos. matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das
vagas constantes do respectivo edital.
Art. 42. As instituições de educação profissional e § 2º No caso de empate no processo seletivo, as instituições
tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez
capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais
de escolaridade. de um candidato preencher o critério inicial. (Incluído pela Lei
nº 13.184, de 2015)
CAPÍTULO IV § 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará
Da Educação Superior as competências e as habilidades definidas na Base Nacional
Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do Art. 45. A educação superior será ministrada em
espírito científico e do pensamento reflexivo; instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com
II - formar diplomados nas diferentes áreas de variados graus de abrangência ou especialização.
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais
e para a participação no desenvolvimento da sociedade Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem
brasileira, e colaborar na sua formação contínua; como o credenciamento de instituições de educação superior,

Legislação 8
APOSTILAS OPÇÃO

terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do início
após processo regular de avaliação. das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
§ 1º Após um prazo para saneamento de deficiências c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo
eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere este docente até o início das aulas, os alunos devem ser
artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o comunicados sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168,
caso, em desativação de cursos e habilitações, em intervenção de 2015)
na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela lei
autonomia, ou em descredenciamento. nº 13.168, de 2015)
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de
responsável por sua manutenção acompanhará o processo de ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários, b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular
para a superação das deficiências. de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela
§ 3º No caso de instituição privada, além das sanções lei nº 13.168, de 2015)
previstas no § 1o deste artigo, o processo de reavaliação c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas em
poderá resultar em redução de vagas autorizadas e em cada curso, as disciplinas que efetivamente ministrará naquele
suspensão temporária de novos ingressos e de oferta de curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a qualificação
cursos. (Alterado pela Lei 13.530/2017). profissional do docente e o tempo de casa do docente, de forma
§ 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante total, contínua ou intermitente. (Incluída pela lei nº 13.168, de
procedimento específico e com aquiescência da instituição de 2015)
ensino, com vistas a resguardar os interesses dos estudantes, § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento
comutar as penalidades previstas nos §§ 1o e 3o deste artigo nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros
por outras medidas, desde que adequadas para superação das instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca
deficiências e irregularidades constatadas. (Alterado pela Lei examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos
13.530/2017). seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.
§ 5º Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Federal § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores,
deverão adotar os critérios definidos pela União para salvo nos programas de educação a distância.
autorização de funcionamento de curso de graduação em § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no
Medicina.” (Incluído pela Lei 13.530/2017). período noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões de
qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, oferta noturna nas instituições públicas, garantida a
independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de necessária previsão orçamentária.
trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos
exames finais, quando houver. Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos,
§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes de quando registrados, terão validade nacional como prova da
cada período letivo, os programas dos cursos e demais formação recebida por seu titular.
componentes curriculares, sua duração, requisitos, § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por
qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições
de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições, não-universitárias serão registrados em universidades
e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.
formas concomitantemente: (Redação dada pela lei nº 13.168, § 2º Os diplomas de graduação expedidos por
de 2015). universidades estrangeiras serão revalidados por
I - em página específica na internet no sítio eletrônico universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o seguinte: área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais
(Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) de reciprocidade ou equiparação.
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos
título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº 13.168, de por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos
2015) por universidades que possuam cursos de pós-graduação
b) a página principal da instituição de ensino superior, bem reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e
como a página da oferta de seus cursos aos ingressantes sob a em nível equivalente ou superior.
forma de vestibulares, processo seletivo e outras com a mesma
finalidade, deve conter a ligação desta com a página específica Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a
prevista neste inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) transferência de alunos regulares, para cursos afins, na
c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio hipótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo.
eletrônico, deve criar página específica para divulgação das Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na
informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº 13.168, forma da lei.
de 2015)
d) a página específica deve conter a data completa de sua Art. 50. As instituições de educação superior, quando da
última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus
II - em toda propaganda eletrônica da instituição de ensino cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade
superior, por meio de ligação para a página referida no inciso de cursá-las com proveito, mediante processo seletivo prévio.
I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
III - em local visível da instituição de ensino superior e de Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas
fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de
IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos
acordo com a duração das disciplinas de cada curso oferecido, desses critérios sobre a orientação do ensino médio,
observando o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração ensino.
diferenciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela
lei nº 13.168, de 2015) Art. 52. As universidades são instituições
pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de

Legislação 9
APOSTILAS OPÇÃO

nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo § 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições
do saber humano, que se caracterizam por: (Regulamento) asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas
I - produção intelectual institucionalizada mediante o poderão:
estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e
tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e administrativo, assim como um plano de cargos e salários,
nacional; atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação disponíveis;
acadêmica de mestrado ou doutorado; II - elaborar o regulamento de seu pessoal em
III - um terço do corpo docente em regime de tempo conformidade com as normas gerais concernentes;
integral. III - aprovar e executar planos, programas e projetos de
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
especializadas por campo do saber. geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo
Poder mantenedor;
Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas
atribuições: peculiaridades de organização e funcionamento;
I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com
programas de educação superior previstos nesta Lei, aprovação do Poder competente, para aquisição de bens
obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do imóveis, instalações e equipamentos;
respectivo sistema de ensino; VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras
II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial
observadas as diretrizes gerais pertinentes; necessárias ao seu bom desempenho.
III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser
científica, produção artística e atividades de extensão; estendidas a instituições que comprovem alta qualificação
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação
institucional e as exigências do seu meio; realizada pelo Poder Público.
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em
consonância com as normas gerais atinentes; Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e
VII - firmar contratos, acordos e convênios; desenvolvimento das instituições de educação superior por ela
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de mantidas.
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
geral, bem como administrar rendimentos conforme Art. 56. As instituições públicas de educação superior
dispositivos institucionais; obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a
IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma existência de órgãos colegiados deliberativos, de que
prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos participarão os segmentos da comunidade institucional, local
estatutos; e regional.
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão
cooperação financeira resultante de convênios com entidades setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e
públicas e privadas. comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e
§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e de dirigentes.
pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários
disponíveis, sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o
I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de
(Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) aulas.
II - ampliação e diminuição de vagas; (Redação dada pela
Lei nº 13.490, de 2017) CAPÍTULO V
III - elaboração da programação dos cursos; (Redação dada DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
pela Lei nº 13.490, de 2017)
IV - programação das pesquisas e das atividades de Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos
extensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
V - contratação e dispensa de professores; (Redação dada preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
pela Lei nº 13.490, de 2017) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
VI - planos de carreira docente. (Redação dada pela Lei nº altas habilidades ou superdotação.
13.490, de 2017) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio
§ 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser dirigidas especializado, na escola regular, para atender às
a setores ou projetos específicos, conforme acordo entre peculiaridades da clientela de educação especial.
doadores e universidades. (Incluído pela Lei nº 13.490, de § 2º O atendimento educacional será feito em classes,
2017) escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das
§ 3º No caso das universidades públicas, os recursos das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
doações devem ser dirigidos ao caixa único da instituição, com integração nas classes comuns de ensino regular.
destinação garantida às unidades a serem beneficiadas. § 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput
(Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017) deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao
longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo
Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632,
gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para de 2018)
atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e
financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos
de carreira e do regime jurídico do seu pessoal.

Legislação 10
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos Parágrafo único. A formação dos profissionais da
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e educação, de modo a atender às especificidades do exercício
altas habilidades ou superdotação: de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e etapas e modalidades da educação básica, terá como
organização específicos, para atender às suas necessidades; fundamentos:
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem I - a presença de sólida formação básica, que propicie o
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas
em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em competências de trabalho;
menor tempo o programa escolar para os superdotados; II - a associação entre teorias e práticas, mediante estágios
III - professores com especialização adequada em nível supervisionados e capacitação em serviço;
médio ou superior, para atendimento especializado, bem como III - o aproveitamento da formação e experiências
professores do ensino regular capacitados para a integração anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.
desses educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua Art. 62 A formação de docentes para atuar na educação
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura
adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção plena, admitida, como formação mínima para o exercício do
no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do
oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou modalidade normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, de
psicomotora; 2017)
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios,
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino em regime de colaboração, deverão promover a formação
regular. inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de
magistério.
Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro § 2º A formação continuada e a capacitação dos
nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação profissionais de magistério poderão utilizar recursos e
matriculados na educação básica e na educação superior, a fim tecnologias de educação a distância.
de fomentar a execução de políticas públicas destinadas ao § 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará
desenvolvimento pleno das potencialidades desse alunado. preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo
(Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) uso de recursos e tecnologias de educação a distância.
§ 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência
estabelecerão critérios de caracterização das instituições em cursos de formação de docentes em nível superior para
privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação atuar na educação básica pública.
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e § 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
financeiro pelo Poder Público. incentivarão a formação de profissionais do magistério para
Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa atuar na educação básica pública mediante programa
preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena,
habilidades ou superdotação na própria rede pública regular nas instituições de educação superior.
de ensino, independentemente do apoio às instituições § 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer nota
previstas neste artigo. mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino
médio como pré-requisito para o ingresso em cursos de
TÍTULO VI graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho
Dos Profissionais da Educação Nacional de Educação - CNE.
§ 7º (Vetado).
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes
básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido terão por referência a Base Nacional Comum
formados em cursos reconhecidos, são: Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
I - professores habilitados em nível médio ou superior para
a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o
médio; inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo
II - trabalhadores em educação portadores de diploma de técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo
pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, habilitações tecnológicas.
supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para
títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou
III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de em instituições de educação básica e superior, incluindo
curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. cursos de educação profissional, cursos superiores de
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de
áreas afins à sua formação ou experiência profissional, Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas de
atestados por titulação específica ou prática de ensino em educação básica a cursos superiores de pedagogia e
unidades educacionais da rede pública ou privada ou das licenciatura será efetivado por meio de processo seletivo
corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela lei § 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput
nº 13.415, de 2017) deste artigo os professores das redes públicas municipais,
V - profissionais graduados que tenham feito estaduais e federal que ingressaram por concurso público,
complementação pedagógica, conforme disposto pelo tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e não
Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, sejam portadores de diploma de graduação. (Incluído pela Lei
de 2017) nº 13.478, de 2017)

Legislação 11
APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta de públicos para provimento de cargos dos profissionais da
cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão critérios educação.
adicionais de seleção sempre que acorrerem aos certames
interessados em número superior ao de vagas disponíveis TÍTULO VII
para os respectivos cursos. (Incluído pela Lei nº 13.478, de Dos Recursos financeiros
2017)
§ 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os
definidos em regulamento pelas universidades, terão originários de:
prioridade de ingresso os professores que optarem por cursos I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do
de licenciatura em matemática, física, química, biologia e Distrito Federal e dos Municípios;
língua portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) II - receita de transferências constitucionais e outras
transferências;
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: III - receita do salário-educação e de outras contribuições
I - cursos formadores de profissionais para a educação sociais;
básica, inclusive o curso normal superior, destinado à IV - receita de incentivos fiscais;
formação de docentes para a educação infantil e para as V - outros recursos previstos em lei.
primeiras séries do ensino fundamental;
II - programas de formação pedagógica para portadores de Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
diplomas de educação superior que queiram se dedicar à dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte
educação básica; e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas
III - programas de educação continuada para os Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de
profissionais de educação dos diversos níveis. impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na
manutenção e desenvolvimento do ensino público.
Art. 64. A formação de profissionais de educação para § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
administração, planejamento, inspeção, supervisão e União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou
orientação educacional para a educação básica, será feita em pelos Estados aos respectivos Municípios, não será
cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta receita do governo que a transferir.
formação, a base comum nacional. § 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos
mencionadas neste artigo as operações de crédito por
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação antecipação de receita orçamentária de impostos.
superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos
horas. mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita
estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais,
superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente com base no eventual excesso de arrecadação.
em programas de mestrado e doutorado. § 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento dos
universidade com curso de doutorado em área afim, poderá percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas
suprir a exigência de título acadêmico. a cada trimestre do exercício financeiro.
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação,
termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério observados os seguintes prazos:
público: I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada
I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas mês, até o vigésimo dia;
e títulos; II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive dia de cada mês, até o trigésimo dia;
com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final
III - piso salarial profissional; de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
IV - progressão funcional baseada na titulação ou § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção
habilitação, e na avaliação do desempenho; monetária e à responsabilização civil e criminal das
V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, autoridades competentes.
incluído na carga de trabalho;
VI - condições adequadas de trabalho. Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e
§ 1º A experiência docente é pré-requisito para o exercício desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas
profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos à consecução dos objetivos básicos das instituições
termos das normas de cada sistema de ensino. educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § destinam a:
8o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e
funções de magistério as exercidas por professores e demais profissionais da educação;
especialistas em educação no desempenho de atividades II - aquisição, manutenção, construção e conservação de
educativas, quando exercidas em estabelecimento de instalações e equipamentos necessários ao ensino;
educação básica em seus diversos níveis e modalidades, III - uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao
incluídas, além do exercício da docência, as de direção de ensino;
unidade escolar e as de coordenação e assessoramento IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas
pedagógico. visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à
§ 3º A União prestará assistência técnica aos Estados, ao expansão do ensino;
Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de concursos V - realização de atividades-meio necessárias ao
funcionamento dos sistemas de ensino;

Legislação 12
APOSTILAS OPÇÃO

VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua capacidade de
públicas e privadas; atendimento.
VII - amortização e custeio de operações de crédito
destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo
VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos
de programas de transporte escolar. Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto nesta Lei,
sem prejuízo de outras prescrições legais.
Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e
desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas
I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que confessionais ou filantrópicas que:
não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam
ou à sua expansão; resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela
II - subvenção a instituições públicas ou privadas de de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto;
caráter assistencial, desportivo ou cultural; II - apliquem seus excedentes financeiros em educação;
III - formação de quadros especiais para a administração III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
IV - programas suplementares de alimentação, assistência Público, no caso de encerramento de suas atividades;
médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos
formas de assistência social; recebidos.
V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma
VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos,
quando em desvio de função ou em atividade alheia à quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede
manutenção e desenvolvimento do ensino. pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público
obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede
Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e local.
desenvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão
balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que se poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive
refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal. mediante bolsas de estudo.

Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, TÍTULO VIII


prioritariamente, na prestação de contas de recursos públicos, Das Disposições Gerais
o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição
Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração
Transitórias e na legislação concernente. das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos
índios, desenvolverá programas integrados de ensino e
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e
Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
oportunidades educacionais para o ensino fundamental, I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a
baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de
assegurar ensino de qualidade. suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo ciências;
será calculado pela União ao final de cada ano, com validade II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso
para o ano subsequente, considerando variações regionais no às informações, conhecimentos técnicos e científicos da
custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino. sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-
índias.
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos
Estados será exercida de modo a corrigir, progressivamente, Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os
as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de sistemas de ensino no provimento da educação intercultural
qualidade de ensino. às comunidades indígenas, desenvolvendo programas
§ 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula integrados de ensino e pesquisa.
de domínio público que inclua a capacidade de atendimento e § 1º Os programas serão planejados com audiência das
a medida do esforço fiscal do respectivo Estado, do Distrito comunidades indígenas.
Federal ou do Município em favor da manutenção e do § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos
desenvolvimento do ensino. Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos:
§ 2º A capacidade de atendimento de cada governo será I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna
definida pela razão entre os recursos de uso de cada comunidade indígena;
constitucionalmente obrigatório na manutenção e II - manter programas de formação de pessoal
desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo especializado, destinado à educação escolar nas comunidades
ao padrão mínimo de qualidade. indígenas;
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a III - desenvolver currículos e programas específicos, neles
União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada incluindo os conteúdos culturais correspondentes às
estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos respectivas comunidades;
que efetivamente frequentam a escola. IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático
§ 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser específico e diferenciado.
exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos § 3º No que se refere à educação superior, sem prejuízo de
Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino de sua outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á,
responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de

Legislação 13
APOSTILAS OPÇÃO

ensino e de assistência estudantil, assim como de estímulo à § 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação
pesquisa e desenvolvimento de programas especiais. desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano
Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos
Art. 79-A. (Vetado) seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre
Educação para Todos.
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de § 2º (Revogado)
novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. § 3º O Distrito Federal, cada Estado e Município, e,
supletivamente, a União, devem:
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a I - (Revogado)
veiculação de programas de ensino a distância, em todos os a) (Revogado)
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. b) (Revogado)
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e c) (Revogado)
regime especiais, será oferecida por instituições II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e
especificamente credenciadas pela União. adultos insuficientemente escolarizados;
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização III - realizar programas de capacitação para todos os
de exames e registro de diploma relativos a cursos de professores em exercício, utilizando também, para isto, os
educação a distância. recursos da educação a distância;
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino
programas de educação a distância e a autorização para sua fundamental do seu território ao sistema nacional de avaliação
implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, do rendimento escolar.
podendo haver cooperação e integração entre os diferentes § 4º (Revogado)
sistemas. § 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino
diferenciado, que incluirá: fundamental para o regime de escolas de tempo integral.
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais § 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao
de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados aos
de comunicação que sejam explorados mediante autorização, seus Municípios, ficam condicionadas ao cumprimento do art.
concessão ou permissão do poder público; 212 da Constituição Federal e dispositivos legais pertinentes
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente pelos governos beneficiados.
educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Art. 87-A. (Vetado).
Público, pelos concessionários de canais comerciais.
Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Art. 81. É permitida a organização de cursos ou instituições Municípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino
de ensino experimentais, desde que obedecidas as disposições às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir
desta Lei. da data de sua publicação.
§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos
realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes
sobre a matéria. estabelecidos.
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº § 2º O prazo para que as universidades cumpram o
11.788, de 2008) disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.

Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham
admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da
fixadas pelos sistemas de ensino. publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de
ensino.
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser
aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime
respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo
acordo com seu rendimento e seu plano de estudos. Conselho Nacional de Educação ou, mediante delegação deste,
pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, preservada a
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação autonomia universitária.
própria poderá exigir a abertura de concurso público de
provas e títulos para cargo de docente de instituição pública Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
de ensino que estiver sendo ocupado por professor não
concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de
assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968,
das Disposições Constitucionais Transitórias. não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de 1995
e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692,
Art. 86. As instituições de educação superior constituídas de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e
como universidades integrar-se-ão, também, na sua condição as demais leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer
de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e outras disposições em contrário.
Tecnologia, nos termos da legislação específica.
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência
TÍTULO IX e 108º da República.
Das Disposições Transitórias FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um
ano a partir da publicação desta Lei.

Legislação 14
APOSTILAS OPÇÃO

Questões (D) educação básica obrigatória e gratuita a todos que


desejarem cursá-la;
01. (SEAP/DF - Professor - IBFC) De acordo com o que (E) educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos
disserta a Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação dezessete anos de idade.
Brasileira (LDB), julgue os itens a seguir: 04. (Pref. Mun. de Palhoça/SC - Professor de Educação
I. A LDB reconhece que a educação abrange os processos Infantil) Assinale a alternativa FALSA:
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na (A) A educação superior somente será ministrada em
convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino, instituições de ensino superior públicas, com variados graus
nos movimentos sociais e nas manifestações culturais. Por de abrangência ou especialização.
isso, a lei disserta, expressamente, que a educação escolar (B) Os cursos de pós-graduação serão oferecidos em
deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. diversas instituições públicas ou privadas.
II. A educação básica é obrigatória e gratuita dos 6 anos aos (C) A educação superior será oferecida tanto em
17 anos de idade, organizada da seguinte forma: pré-escola, instituições públicas como nas privadas.
ensino fundamental e ensino médio. Sendo a educação infantil (D) A educação superior será ministrada em instituições
gratuita às crianças de até 6 anos de idade de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus
III. O atendimento ao educando é previsto, em todas as de abrangência ou especialização.
etapas da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didático-escolar e alimentação. 05. (Pref. Mun. de Nova Friburgo/RJ - Secretário
Transporte e assistência à saúde não estão expressamente Escolar - EXATUS/PR) A questão é concernente a Lei de
previstos na LDB 9394/96, sendo deixados à lei ordinária. Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Nº 9394/96)”.
IV. É garantida a vaga na escola pública de educação Segundo a LDB, a educação escolar compõe-se de:
infantil ou de ensino fundamental mais próxima da residência (A) Educação Básica e Educação Infantil.
a toda criança a partir do dia em que completar 4 anos de (B) Educação Infantil e Ensino Fundamental.
idade. (C) Educação Básica e Educação Superior.
V. É garantido acesso público e gratuito aos ensinos (D) Educação Básica, Educação Infantil e Educação
fundamental e médio para todos os que não os concluíram na Superior.
idade própria, porém vedado acesso aos níveis mais elevados
do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a Gabarito
capacidade de cada um.
É correto o que afirma em: 01.B / 02.E / 03.E / 04.A / 05.C
(A) I, II e III, apenas.
(B) I e IV, apenas.
(C) II, III e V, apenas. _______. Constituição da
(D) I, IV e V, apenas. República Federativa do Brasil.
02. (Prefeitura Municipal de Alumínio/SP - Auxiliar de
Brasília, capítulo III, seção I,
Desenvolvimento Infantil - VUNESP) A Lei Federal nº 9.394, 1988. _______. Emenda
de 20.12.1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação constitucional no 59 de 11 de
Nacional), introduziu uma série de inovações em relação à novembro de 2009
Educação Básica, dentre as quais,
(A) a construção de identidade das creches e pré-escolas
com base nas diferenciações em relação à classe social das Prezado (a) Candidato (a), neste tópico é trabalhada
crianças. Emenda Constitucional Nº 59/2009 juntamente com a Seção I
(B) o atendimento obrigatório e gratuito no ensino do Capítulo III da Constituição Federal. Esta emenda altera
fundamental e gratuidade extensiva apenas à Educação justamente os Incisos I e VII do Art. 208, o § 4º do Art. 211, o §
Infantil das crianças a partir dos 4 anos de idade. 3º do Art. 212 e o caput do Art. 214 acrescido do Inciso VI.
(C) o atendimento em creches e pré-escolas pelos órgãos Portanto com objetivo de evitar repetições e redundâncias, o
de assistência social, prioritariamente. conteúdo será abordado uma única vez com a redação vigente
(D) o entendimento da creche e pré-escola como um favor e devidamente atualizada.
aos socialmente menos favorecidos.
(E) a integração das creches nos sistemas de ensino, CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
compondo, junto com as pré-escolas, a primeira etapa da BRASIL DE 19882.
Educação Básica.
PREÂMBULO
03. (TJ/GO - Analista Judiciário - Pedagogia - FGV) A
educação escolar, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em
Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, é dever da família Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado
e do Estado. Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos
Cabe ao Estado garantir, a partir da nova redação do Art. sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
4º da LDB instituída pela Lei nº 12.796, de 2013: desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
(A) educação básica obrigatória e gratuita dos seis aos supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
quatorze anos de idade; preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
(B) educação infantil e ensino fundamental obrigatórios e ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
gratuitos; controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a
(C) ensino fundamental e ensino médio obrigatórios e seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
gratuitos; BRASIL.

2 Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
Acesso em: 08/01//2019 às 16h30min.

Legislação 15
APOSTILAS OPÇÃO

CAPÍTULO III § 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos


DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos
SEÇÃO I pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
DA EDUCAÇÃO
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e seguintes condições:
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para Público.
o trabalho.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum
princípios: e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na regionais.
escola; § 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa,
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o constituirá disciplina dos horários normais das escolas
pensamento, a arte e o saber; públicas de ensino fundamental.
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e § 2º - O ensino fundamental regular será ministrado em
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos também a utilização de suas línguas maternas e processos
oficiais; próprios de aprendizagem.
V - valorização dos profissionais da educação escolar,
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos Municípios organizarão em regime de colaboração seus
das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional sistemas de ensino.
nº 53, de 2006) § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; Territórios, financiará as instituições de ensino públicas
VII - garantia de padrão de qualidade. federais e exercerá, em matéria educacional, função
VIII - piso salarial profissional nacional para os redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do
federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados,
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de ao Distrito Federal e aos Municípios;
trabalhadores considerados profissionais da educação básica § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de fundamental e na educação infantil.
seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão
Distrito Federal e dos Municípios. prioritariamente no ensino fundamental e médio.
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático- Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino
e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, obrigatório.
pesquisa e extensão. § 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, ao ensino regular.
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
pesquisa científica e tecnológica. dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte
e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado impostos, compreendida a proveniente de transferências, na
mediante a garantia de: manutenção e desenvolvimento do ensino.
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) § 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é
idade própria; considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; receita do governo que a transferir.
III - atendimento educacional especializado aos portadores § 2º - Para efeito do cumprimento do disposto no "caput"
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal,
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art.
até 5 (cinco) anos de idade; 213.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; prioridade ao atendimento das necessidades do ensino
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de
condições do educando; padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da de educação.
educação básica, por meio de programas suplementares de § 4º - Os programas suplementares de alimentação e
material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados
assistência à saúde. com recursos provenientes de contribuições sociais e outros
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito recursos orçamentários.
público subjetivo. § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional
§ 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder de financiamento a contribuição social do salário-educação,
Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da recolhida pelas empresas na forma da lei. (Vide Decreto nº
autoridade competente. 6.003, de 2006)

Legislação 16
APOSTILAS OPÇÃO

§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da (B) O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
contribuição social do salário-educação serão distribuídas público subjetivo do cidadão.
proporcionalmente ao número de alunos matriculados na (C) O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder
educação básica nas respectivas redes públicas de ensino. Público, ou de sua oferta irregular, importa responsabilidade
da autoridade competente.
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas (D) É vedado às instituições de pesquisa científica e
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, tecnológica admitir professores, técnicos e cientistas
confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: estrangeiros.
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus (E) A gestão democrática do ensino público é um dos
excedentes financeiros em educação; princípios do sistema educacional brasileiro.
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Gabarito
Público, no caso de encerramento de suas atividades.
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser 01.C / 02.D.
destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e
médio, na forma da lei, para os que demonstrarem
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e _______. Estatuto da Criança e
cursos regulares da rede pública na localidade da residência
do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir
do Adolescente – ECA (Lei no
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade. 8.069), Brasília 1990
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e
fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por
instituições de educação profissional e tecnológica poderão LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 19903
receber apoio financeiro do Poder Público. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) Dispõe sobre o estatuto da criança e do adolescente e
dá outras providências.
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação,
de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
nacional de educação em regime de colaboração e definir Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação
para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em Título I
seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações Das Disposições Preliminares
integradas dos poderes públicos das diferentes esferas
federativas que conduzam a: Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança
I - erradicação do analfabetismo; e ao adolescente.
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino; Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
IV - formação para o trabalho; pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. aquela entre doze e dezoito anos de idade.
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
públicos em educação como proporção do produto interno excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
bruto. vinte e um anos de idade.

Questões Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos


fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
01. (IF/PI - Professor - Administração) A Constituição proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes,
Federal de 1988, também denominada de Constituição Cidadã, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
estabeleceu no Capítulo III, especificamente no Art. 206, os facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
princípios que regem o ensino no Brasil. Dentre estes, a gestão mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e
do ensino público passou a ser: de dignidade.
(A) Autônoma e livre de qualquer poder, considerando os Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-
princípios de igualdade e liberdade do ensino. se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de
(B) Democrática em todos estabelecimentos de ensino nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor,
públicos e privados. religião ou crença, deficiência, condição pessoal de
(C) Democrática do ensino público, na forma da lei. desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica,
(D) Oligárquica em todas as escolas em conformidade com ambiente social, região e local de moradia ou outra condição
o projeto pedagógico de cada escola. que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que
(E) Participativa e democrática em todas as instituições de vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
ensino, em consonância com o que preconiza o direito público.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
02. (IF/TO - Técnico de laboratório - 2017) geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
Considerando as normas constitucionais sobre a educação, efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
assinale a alternativa INCORRETA. alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
(A) As instituições de pesquisa científica e tecnológica profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de liberdade e à convivência familiar e comunitária.
gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio de Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

3 Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htm - Acesso em
24/01/2019

Legislação 17
APOSTILAS OPÇÃO

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído
circunstâncias; pela Lei nº 13.257, de 2016)
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de § 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável
relevância pública; durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,
c) preferência na formulação e na execução das políticas estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras
sociais públicas; intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas Lei nº 13.257, de 2016)
relacionadas com a proteção à infância e à juventude. § 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob
fundamentais. custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que
atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento
direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento. Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção
da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na
Título II semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de
Dos Direitos Fundamentais disseminar informações sobre medidas preventivas e
Capítulo I educativas que contribuam para a redução da incidência da
Do Direito à Vida e à Saúde gravidez na adolescência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de
2019)
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto
vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais no caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento conjunto com organizações da sociedade civil, e serão
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. dirigidas prioritariamente ao público adolescente. (Incluído
pela Lei nº 13.798, de 2019)
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos
programas e às políticas de saúde da mulher e de Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores
planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno,
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de
atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no liberdade.
âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº § 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde
13.257, de 2016) desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de
profissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno
13.257, de 2016) e à alimentação complementar saudável, de forma contínua.
§ 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao § 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal
estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta
direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
de 2016)
§ 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
hospitalar responsável e contra referência na atenção I - manter registro das atividades desenvolvidas, através
primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua
2016) impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, administrativa competente;
inclusive como forma de prevenir ou minorar as III - proceder a exames visando ao diagnóstico e
consequências do estado puerperal. terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser nascido, bem como prestar orientação aos pais;
prestada também a gestantes e mães que manifestem IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a necessariamente as intercorrências do parto e do
gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de desenvolvimento do neonato;
liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) a permanência junto à mãe.
acompanhante de sua preferência durante o período do pré- VI - acompanhar a prática do processo de amamentação,
natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a
pela Lei nº 13.257, de 2016) mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre técnico já existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017)
aleitamento materno, alimentação complementar saudável e
crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado
formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio
do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade

Legislação 18
APOSTILAS OPÇÃO

no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus
recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro
2016) instrumento construído com a finalidade de facilitar a
§ 1o A criança e o adolescente com deficiência serão detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico.
necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017)
reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, Capítulo II
àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento,
habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade,
acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo
específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos
§ 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
frequente de crianças na primeira infância receberão
formação específica e permanente para a detecção de sinais de Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o aspectos:
acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
13.257, de 2016) comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II - opinião e expressão;
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, III - crença e culto religioso;
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições V - participar da vida familiar e comunitária, sem
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou discriminação;
responsável, nos casos de internação de criança ou VI - participar da vida política, na forma da lei;
adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos integridade física, psíquica e moral da criança e do
contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
sem prejuízo de outras providências legais. espaços e objetos pessoais.
§ 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse em
entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
§ 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de constrangedor.
entrada, os serviços de assistência social em seu componente
especializado, o Centro de Referência Especializado de Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão tratamento cruel ou degradante, como formas de correção,
conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais,
faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis,
de violência de qualquer natureza, formulando projeto pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas
terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los,
necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº educá-los ou protegê-los.
13.257, de 2016) Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
de assistência médica e odontológica para a prevenção das adolescente que resulte em:
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, a) sofrimento físico; ou
e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e b) lesão;
alunos. II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do que:
parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) a) humilhe;
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à b) ameace gravemente; ou
saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, c) ridicularize.
integral e inter setorial com as demais linhas de cuidado
direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os
de 2016) responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
§ 3º A atenção odontológica à criança terá função educativa socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de
protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los
por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou
sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações degradante como formas de correção, disciplina, educação ou
sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de
§ 4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão
especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído aplicadas de acordo com a gravidade do caso:
pela Lei nº 13.257, de 2016) I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de
proteção à família;

Legislação 19
APOSTILAS OPÇÃO

II - encaminhamento a tratamento psicológico ou § 3º A busca à família extensa, conforme definida nos


psiquiátrico; termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o
III - encaminhamento a cursos ou programas de prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual
orientação; período. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento § 4º Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de
especializado; não existir outro representante da família extensa apto a
V - advertência. receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação
aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras da criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado
providências legais. a adotá-la ou de entidade que desenvolva programa de
acolhimento familiar ou institucional. (Incluído pela Lei nº
Capítulo III 13.509, de 2017)
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária § 5º Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de
Seção I ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado,
Disposições Gerais deve ser manifestada na audiência a que se refere o § 1º do art.
166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e Lei nº 13.509, de 2017)
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família § 6º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, § 7º Os detentores da guarda possuem o prazo de 15
em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do dia
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) seguinte à data do término do estágio de convivência. (Incluído
§ 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em pela Lei nº 13.509, de 2017)
programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua § 8º Na hipótese de desistência pelos genitores -
situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, manifestada em audiência ou perante a equipe
devendo a autoridade judiciária competente, com base em interprofissional - da entrega da criança após o nascimento, a
relatório elaborado por equipe interprofissional ou criança será mantida com os genitores, e será determinado
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela pela Justiça da Infância e da Juventude o acompanhamento
possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. (Incluído pela
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no Lei nº 13.509, de 2017)
art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 9º É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o
§ 2º A permanência da criança e do adolescente em nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei.
programa de acolhimento institucional não se prolongará por (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade § 10 (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
que atenda ao seu superior interesse, devidamente
fundamentada pela autoridade judiciária. (Redação dada pela Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
Lei nº 13.509, de 2017) acolhimento institucional ou familiar poderão participar de
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou programa de apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
adolescente à sua família terá preferência em relação a 2017)
qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em § 1º O apadrinhamento consiste em estabelecer e
serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à
termos do § 1º do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 instituição para fins de convivência familiar e comunitária e
e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Redação colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social,
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. (Incluído pela
§ 4º Será garantida a convivência da criança e do Lei nº 13.509, de 2017)
adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas § 3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou
hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimento.
responsável, independentemente de autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 5º Será garantida a convivência integral da criança com a § 4º O perfil da criança ou do adolescente a ser
mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional. apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) apadrinhamento, com prioridade para crianças ou
§ 6º A mãe adolescente será assistida por equipe adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar
especializada multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de ou colocação em família adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509,
2017) de 2017)
§ 5º Os programas ou serviços de apadrinhamento
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser
entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o executados por órgãos públicos ou por organizações da
nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da sociedade civil. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 6º Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os
§ 1º A gestante ou mãe será ouvida pela equipe responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento
interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária
apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e
puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
§ 2º De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
sua expressa concordância, à rede pública de saúde e filiação.
assistência social para atendimento especializado. (Incluído
pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a

Legislação 20
APOSTILAS OPÇÃO

legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em § 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
competente para a solução da divergência. seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e considerada
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse § 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as necessário seu consentimento, colhido em audiência.
determinações judiciais. § 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de
direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.
no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado § 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa,
procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não definitivo dos vínculos fraternais.
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do § 5o A colocação da criança ou adolescente em família
poder familiar. substituta será precedida de sua preparação gradativa e
§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a acompanhamento posterior, realizados pela equipe
decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos
incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e responsáveis pela execução da política municipal de garantia
promoção. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) do direito à convivência familiar.
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará § 6ºEm se tratando de criança ou adolescente indígena ou
a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é
condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra ainda obrigatório.
outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade
filho, filha ou outro descendente. (Redação dada pela Lei nº social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas
13.715, de 2018) instituições, desde que não sejam incompatíveis com os
direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão Constituição Federal;
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
alude o art. 22. federal responsável pela política indigenista, no caso de
crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante
Seção II a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
Da Família Natural acompanhar o caso.

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar
ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e adequado.
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos
com os quais a criança ou adolescente convive e mantém Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
vínculos de afinidade e afetividade. transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a
entidades governamentais ou não-governamentais, sem
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser autorização judicial.
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no
próprio termo de nascimento, por testamento, mediante Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
escritura ou outro documento público, qualquer que seja a constitui medida excepcional, somente admissível na
origem da filiação. modalidade de adoção.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
descendentes. prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o
encargo, mediante termo nos autos.
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser Subseção II
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer Da Guarda
restrição, observado o segredo de Justiça.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
Seção III material, moral e educacional à criança ou adolescente,
Da Família Substituta conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
Subseção I inclusive aos pais.
Disposições Gerais § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da estrangeiros.
situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
Lei. casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares

Legislação 21
APOSTILAS OPÇÃO

ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser Subseção IV


deferido o direito de representação para a prática de atos Da Adoção
determinados.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive segundo o disposto nesta Lei.
previdenciários. § 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
§ 4º Salvo expressa e fundamentada determinação em deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a manutenção da criança ou adolescente na família natural ou
medida for aplicada em preparação para adoção, o extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.
deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros § 2º É vedada a adoção por procuração.
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim § 3º Em caso de conflito entre direitos e interesses do
como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos,
regulamentação específica, a pedido do interessado ou do devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando.
Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

Art. 34. O poder público estimulará, por meio de Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente dos adotantes.
afastado do convívio familiar.
§ 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas de Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado,
acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
institucional, observado, em qualquer caso, o caráter desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os
temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei. impedimentos matrimoniais.
§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo a pessoa ou casal § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o
receber a criança ou adolescente mediante guarda, observado cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus
§ 3º A União apoiará a implementação de serviços de descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e
acolhimento em família acolhedora como política pública, os colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação
quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento hereditária.
temporário de crianças e de adolescentes em residências de
famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
estejam no cadastro de adoção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de independentemente do estado civil.
2016) § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
§ 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, adotando.
distritais e municipais para a manutenção dos serviços de § 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os
acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
recursos para a própria família acolhedora. (Incluído pela Lei estável, comprovada a estabilidade da família.
nº 13.257, de 2016) § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
velho do que o adotando.
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, § 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex
mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que
Público. acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
Subseção III período de convivência e que seja comprovada a existência de
Da Tutela vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da
guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão.
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a § 5º Nos casos do § 4º deste artigo, desde que demonstrado
pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei nº
prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil
implica necessariamente o dever de guarda. § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer procedimento, antes de prolatada a sentença.
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único
do art. 1.729 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais
Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao
controle judicial do ato, observando o procedimento previsto Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e
nos arts. 165 a 170 desta Lei. saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão pupilo ou o curatelado.
observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei,
somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou
disposição de última vontade, se restar comprovado que a do representante legal do adotando.
medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa § 1º O consentimento será dispensado em relação à criança
em melhores condições de assumi-la. ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido
destituídos do poder familiar.
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. § 2º Em se tratando de adotando maior de doze anos de
24. idade, será também necessário o seu consentimento.

Legislação 22
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade
com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
(noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente
e as peculiaridades do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
de 2017) biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante completar 18 (dezoito) anos.
durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá
conveniência da constituição do vínculo. ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos,
§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e
dispensa da realização do estágio de convivência. psicológica.
§ 2º-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo
pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder
fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº familiar dos pais naturais.
13.509, de 2017)
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em
mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas
dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, na adoção.
mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo, Público.
deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
mencionada no § 4o deste artigo, que recomendará ou não o satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
deferimento da adoção à autoridade judiciária. (Incluído pela hipóteses previstas no art. 29.
Lei nº 13.509, de 2017) § 3º A inscrição de postulantes à adoção será precedida de
§ 4º O estágio de convivência será acompanhado pela um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
responsáveis pela execução da política de garantia do direito à execução da política municipal de garantia do direito à
convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso convivência familiar.
acerca da conveniência do deferimento da medida. § 4º Sempre que possível e recomendável, a preparação
§ 5º O estágio de convivência será cumprido no território referida no § 3º deste artigo incluirá o contato com crianças e
nacional, preferencialmente na comarca de residência da adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em
criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação,
limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância
juízo da comarca de residência da criança. (Incluído pela Lei nº e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo
13.509, de 2017) programa de acolhimento e pela execução da política
municipal de garantia do direito à convivência familiar.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença § 5º Serão criados e implementados cadastros estaduais e
judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado nacional de crianças e adolescentes em condições de serem
do qual não se fornecerá certidão. adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como § 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
pais, bem como o nome de seus ascendentes. residentes fora do País, que somente serão consultados na
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o inexistência de postulantes nacionais habilitados nos
registro original do adotado. cadastros mencionados no § 5º deste artigo.
§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser § 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de
lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a
residência. troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do
§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá sistema.
constar nas certidões do registro. § 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes
e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a em condições de serem adotados que não tiveram colocação
modificação do prenome. familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o estadual e nacional referidos no § 5º deste artigo, sob pena de
disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. responsabilidade.
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em § 9º Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista manutenção e correta alimentação dos cadastros, com
no § 6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à posterior comunicação à Autoridade Central Federal
data do óbito. Brasileira.
§ 8º O processo relativo à adoção assim como outros a ele § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de
relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu pretendentes habilitados residentes no País com perfil
armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida compatível e interesse manifesto pela adoção de criança ou
a sua conservação para consulta a qualquer tempo. adolescente inscrito nos cadastros existentes, será realizado o
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de encaminhamento da criança ou adolescente à adoção
adoção em que o adotando for criança ou adolescente com internacional. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
deficiência ou com doença crônica. § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que
será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por

Legislação 23
APOSTILAS OPÇÃO

possível e recomendável, será colocado sob guarda de família para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio
cadastrada em programa de acolhimento familiar. social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa uma adoção internacional;
dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o
Público. relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de Autoridade Central Federal Brasileira;
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente IV - o relatório será instruído com toda a documentação
nos termos desta Lei quando: necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da
II - for formulada por parente com o qual a criança ou legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; vigência;
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda V - os documentos em língua estrangeira serão
legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde devidamente autenticados pela autoridade consular,
que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de observados os tratados e convenções internacionais, e
laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos juramentado;
arts. 237 ou 238 desta Lei. VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do
candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de
preenche os requisitos necessários à adoção, conforme acolhida;
previsto nesta Lei. VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira
interessadas em adotar criança ou adolescente com com a nacional, além do preenchimento por parte dos
deficiência, com doença crônica ou com necessidades postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos
específicas de saúde, além de grupo de irmãos. (Incluído pela necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta
Lei nº 13.509, de 2017) Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo
de habilitação à adoção internacional, que terá validade por,
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual no máximo, 1 (um) ano;
o pretendente possui residência habitual em país-parte da VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será
Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da
das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança
Internacional, promulgada pelo Decreto no3.087, de 21 junho ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade
de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da Central Estadual.
Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar,
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente admite-se que os pedidos de habilitação à adoção
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando internacional sejam intermediados por organismos
restar comprovado: credenciados.
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o
ao caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
colocação da criança ou adolescente em família adotiva internacional, com posterior comunicação às Autoridades
brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de
inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com imprensa e em sítio próprio da internet.
perfil compatível com a criança ou adolescente, após consulta § 3o Somente será admissível o credenciamento de
aos cadastros mencionados nesta Lei; (Redação dada pela Lei organismos que:
nº 13.509, de 2017) I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade
consultado, por meios adequados ao seu estágio de Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil;
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, II - satisfizerem as condições de integridade moral,
observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. competência profissional, experiência e responsabilidade
§ 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferência exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança Federal Brasileira;
ou adolescente brasileiro. III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua
§ 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção das formação e experiência para atuar na área de adoção
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de internacional;
adoção internacional. IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento Autoridade Central Federal Brasileira.
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes § 4o Os organismos credenciados deverão ainda:
adaptações: I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do
criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela
habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria Autoridade Central Federal Brasileira;
de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas
aquele onde está situada sua residência habitual; e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar formação ou experiência para atuar na área de adoção
que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia
emitirá um relatório que contenha informações sobre a Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal
identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes

Legislação 24
APOSTILAS OPÇÃO

Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal organismos estrangeiros encarregados de intermediar
competente; pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a
III - estar submetidos à supervisão das autoridades pessoas físicas.
competentes do país onde estiverem sediados e no país de Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser
acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente
situação financeira; e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a Direitos da Criança e do Adolescente.
cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem
como relatório de acompanhamento das adoções Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em
internacionais efetuadas no período, cuja cópia será país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção
encaminhada ao Departamento de Polícia Federal; tenha sido processado em conformidade com a legislação
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea
Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente
Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) recepcionada com o reingresso no Brasil.
anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia § 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c”
autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser
de acolhida para o adotado; homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os § 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país
adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no
Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento Brasil, deverá requerer a homologação da sentença
estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.
sejam concedidos.
§ 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país
a suspensão de seu credenciamento. de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela
§ 6º O credenciamento de organismo nacional ou Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de
estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à
internacional terá validade de 2 (dois) anos. Autoridade Central Federal e determinará as providências
§ 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida necessárias à expedição do Certificado de Naturalização
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Provisório.
Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao § 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
término do respectivo prazo de validade. Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela
§ 8º Antes de transitada em julgado a decisão que decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente
concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior
do adotando do território nacional. da criança ou do adolescente.
§ 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade § 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
judiciária determinará a expedição de alvará com autorização prevista no § 1º deste artigo, o Ministério Público deverá
de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, imediatamente requerer o que for de direito para resguardar
obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as
adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços providências à Autoridade Central Estadual, que fará a
peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à
digital do seu polegar direito, instruindo o documento com Autoridade Central do país de origem.
cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país
crianças e adolescentes adotados. de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida,
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o
credenciados, que sejam considerados abusivos pela adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à
Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da
devidamente comprovados, é causa de seu adoção nacional.
descredenciamento.
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser Capítulo IV
representados por mais de uma entidade credenciada para Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao
atuar na cooperação em adoção internacional. Lazer
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou
domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
podendo ser renovada. visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com assegurando-se lhes:
dirigentes de programas de acolhimento institucional ou I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
familiar, assim como com crianças e adolescentes em escola;
condições de serem adotados, sem a devida autorização II - direito de ser respeitado por seus educadores;
judicial. III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá recorrer às instâncias escolares superiores;
limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos IV - direito de organização e participação em entidades
sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo estudantis;
fundamentado. V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
residência.
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de

Legislação 25
APOSTILAS OPÇÃO

Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
ciência do processo pedagógico, bem como participar da seguintes princípios:
definição das propostas educacionais. I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino
regular;
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao II - atividade compatível com o desenvolvimento do
adolescente: adolescente;
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive III - horário especial para o exercício das atividades.
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
ao ensino médio; assegurada bolsa de aprendizagem.
III - atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos,
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306,
de 2016) Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa assegurado trabalho protegido.
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
condições do adolescente trabalhador; familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em
VII - atendimento no ensino fundamental, através de entidade governamental ou não-governamental, é vedado
programas suplementares de material didático-escolar, trabalho:
transporte, alimentação e assistência à saúde. I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito e as cinco horas do dia seguinte;
público subjetivo. II - perigoso, insalubre ou penoso;
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
autoridade competente. IV - realizado em horários e locais que não permitam a
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no frequência à escola.
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos
pais ou responsável, pela frequência à escola. Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
educativo, sob responsabilidade de entidade governamental
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. ao adolescente que dele participe condições de capacitação
para o exercício de atividade regular remunerada.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: em que as exigências pedagógicas relativas ao
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, sobre o aspecto produtivo.
esgotados os recursos escolares; § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo
III - elevados níveis de repetência. trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de
seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências
e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à
metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental outros:
obrigatório. I - respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento;
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores II - capacitação profissional adequada ao mercado de
culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da trabalho.
criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da
criação e o acesso às fontes de cultura. Título III
Da Prevenção
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, Capítulo I
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços Disposições Gerais
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas
para a infância e a juventude. Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
Capítulo V
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Trabalho Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração
de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. difundir formas não violentas de educação de crianças e de
adolescentes, tendo como principais ações:
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada I - a promoção de campanhas educativas permanentes
por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei para a divulgação do direito da criança e do adolescente de
serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico- tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da proteção aos direitos humanos;
legislação de educação em vigor.

Legislação 26
APOSTILAS OPÇÃO

II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada
Adolescente e com as entidades não governamentais que sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança certificado de classificação.
e do adolescente;
III - a formação continuada e a capacitação dos Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às
profissionais de saúde, educação e assistência social e dos diversões e espetáculos públicos classificados como
demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos adequados à sua faixa etária.
direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente
das competências necessárias à prevenção, à identificação de poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou
evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.
formas de violência contra a criança e o adolescente;
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão,
de conflitos que envolvam violência contra a criança e o no horário recomendado para o público infanto juvenil,
adolescente; programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a informativas.
garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou
atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
responsáveis com o objetivo de promover a informação, a transmissão, apresentação ou exibição.
reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários
processo educativo; de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de
VI - a promoção de espaços inter setoriais locais para a programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
conjunta focados nas famílias em situação de violência, com competente.
participação de profissionais de saúde, de assistência social e Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão
de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a
direitos da criança e do adolescente; faixa etária a que se destinam.
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes
com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e Art. 78. As revistas e publicações contendo material
políticas públicas de prevenção e proteção. impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão
ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência
Art. 70-B.As entidades, públicas e privadas, que atuem nas de seu conteúdo.
áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas
seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam
comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus- protegidas com embalagem opaca.
tratos praticados contra crianças e adolescentes.
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias,
por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco,
ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e
adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado sociais da pessoa e da família.
retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito à informação, explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas,
serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja
desenvolvimento. permitida a entrada e a permanência de crianças e
adolescentes no local, afixando aviso para orientação do
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da público.
prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela
adotados. Seção II
Dos Produtos e Serviços
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção
importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
nos termos desta Lei. I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;
Capítulo II III - produtos cujos componentes possam causar
Da Prevenção Especial dependência física ou psíquica ainda que por utilização
Seção I indevida;
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que
Espetáculos pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
regulará as diversões e espetáculos públicos, informando VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
recomendem, locais e horários em que sua apresentação se Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou
mostre inadequada. adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento

Legislação 27
APOSTILAS OPÇÃO

congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional
responsável. dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos
e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a
Seção III participação popular paritária por meio de organizações
Da Autorização para Viajar representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;
III - criação e manutenção de programas específicos,
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da observada a descentralização político-administrativa;
comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e
responsável, sem expressa autorização judicial. municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
§ 1º A autorização não será exigida quando: da criança e do adolescente;
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e
região metropolitana; Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local,
b) a criança estiver acompanhada: para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, a quem se atribua autoria de ato infracional;
comprovado documentalmente o parentesco; VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e
mãe ou responsável. encarregados da execução das políticas sociais básicas e de
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou assistência social, para efeito de agilização do atendimento de
responsável, conceder autorização válida por dois anos. crianças e de adolescentes inseridos em programas de
acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar
autorização é dispensável, se a criança ou adolescente: comprovadamente inviável, sua colocação em família
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado desta Lei;
expressamente pelo outro através de documento com firma VII - mobilização da opinião pública para a indispensável
reconhecida. participação dos diversos segmentos da sociedade.
VIII - especialização e formação continuada dos
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
nenhuma criança ou adolescente nascido em território primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos
nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído pela Lei
residente ou domiciliado no exterior. nº 13.257, de 2016)
IX - formação profissional com abrangência dos diversos
Parte Especial direitos da criança e do adolescente que favoreça a
Título I intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente
Da Política de Atendimento e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei nº 13.257,
Capítulo I de 2016)
Disposições Gerais X - realização e divulgação de pesquisas sobre
desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de
ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios. conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do
adolescente é considerada de interesse público relevante e não
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: será remunerada.
I - políticas sociais básicas;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de Capítulo II
assistência social de garantia de proteção social e de Das Entidades de Atendimento
prevenção e redução de violações de direitos, seus Seção I
agravamentos ou reincidências; (Redação dada pela Lei nº Disposições Gerais
13.257, de 2016)
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, manutenção das próprias unidades, assim como pelo
exploração, abuso, crueldade e opressão; planejamento e execução de programas de proteção e
IV - serviço de identificação e localização de pais, socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; regime de:
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos I - orientação e apoio sócio familiar;
direitos da criança e do adolescente. II - apoio socioeducativo em meio aberto;
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou III - colocação familiar;
abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a IV - acolhimento institucional;
garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de V - prestação de serviços à comunidade;
crianças e adolescentes; VI - liberdade assistida;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de VII - semiliberdade; e
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio VIII - internação.
familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças § 1º As entidades governamentais e não governamentais
maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de deverão proceder à inscrição de seus programas,
saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. especificando os regimes de atendimento, na forma definida
neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de
I - municipalização do atendimento;

Legislação 28
APOSTILAS OPÇÃO

suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança
e à autoridade judiciária. ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação
§ 2º Os recursos destinados à implementação e prevista no § 1º do art. 19 desta Lei.
manutenção dos programas relacionados neste artigo serão § 3º Os entes federados, por intermédio dos Poderes
previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a
encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência permanente qualificação dos profissionais que atuam direta
Social, dentre outros, observando-se o princípio da prioridade ou indiretamente em programas de acolhimento institucional
absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput do e destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes,
art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e
do art. 4º desta Lei. Conselho Tutelar.
§ 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo § 4º Salvo determinação em contrário da autoridade
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, judiciária competente, as entidades que desenvolvem
no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para programas de acolhimento familiar ou institucional, se
renovação da autorização de funcionamento: necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem assistência social, estimularão o contato da criança ou
como às resoluções relativas à modalidade de atendimento adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao
prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.
do Adolescente, em todos os níveis; § 5º As entidades que desenvolvem programas de
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, acolhimento familiar ou institucional somente poderão
atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela receber recursos públicos se comprovado o atendimento dos
Justiça da Infância e da Juventude; princípios, exigências e finalidades desta Lei.
III - em se tratando de programas de acolhimento § 6º O descumprimento das disposições desta Lei pelo
institucional ou familiar, serão considerados os índices de dirigente de entidade que desenvolva programas de
sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família acolhimento familiar ou institucional é causa de sua
substituta, conforme o caso. destituição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade
administrativa, civil e criminal.
Art. 91. As entidades não-governamentais somente § 7º Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos
poderão funcionar depois de registradas no Conselho em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual atuação de educadores de referência estáveis e
comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao
judiciária da respectiva localidade. atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto
§ 1º Será negado o registro à entidade que: como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas
de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; Art. 93. As entidades que mantenham programa de
b) não apresente plano de trabalho compatível com os acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e
princípios desta Lei; de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
c) esteja irregularmente constituída; determinação da autoridade competente, fazendo
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
Adolescente, em todos os níveis. apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas
§ 2º O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, necessárias para promover a imediata reintegração familiar da
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não for
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua isso possível ou recomendável, para seu encaminhamento a
renovação, observado o disposto no § 1º deste artigo. programa de acolhimento familiar, institucional ou a família
substituta, observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei.
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
seguintes princípios internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da I - observar os direitos e garantias de que são titulares os
reintegração familiar; adolescentes;
II - integração em família substituta, quando esgotados os II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
recursos de manutenção na família natural ou extensa; objeto de restrição na decisão de internação;
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
IV - desenvolvimento de atividades em regime de unidades e grupos reduzidos;
coeducação; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito
V - não desmembramento de grupos de irmãos; e dignidade ao adolescente;
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; preservação dos vínculos familiares;
VII - participação na vida da comunidade local; VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os
VIII - preparação gradativa para o desligamento; casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento
IX - participação de pessoas da comunidade no processo dos vínculos familiares;
educativo. VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas
§ 1º O dirigente de entidade que desenvolve programa de de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os
acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para objetos necessários à higiene pessoal;
todos os efeitos de direito. VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e
§ 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos,
à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, odontológicos e farmacêuticos;

Legislação 29
APOSTILAS OPÇÃO

X - propiciar escolarização e profissionalização; § 2º As pessoas jurídicas de direito público e as


XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; organizações não governamentais responderão pelos danos
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, que seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes,
de acordo com suas crenças; caracterizado o descumprimento dos princípios norteadores
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; das atividades de proteção específica.
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à Título II
autoridade competente; Das Medidas de Proteção
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado Capítulo I
sobre sua situação processual; Disposições Gerais
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os
casos de adolescentes portadores de moléstias Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente
infectocontagiosas; são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos forem ameaçados ou violados:
adolescentes; I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
acompanhamento de egressos; III - em razão de sua conduta.
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício
da cidadania àqueles que não os tiverem; Capítulo II
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e Das Medidas Específicas de Proteção
circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus
pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser
acompanhamento da sua formação, relação de seus pertences aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas
e demais dados que possibilitem sua identificação e a a qualquer tempo.
individualização do atendimento.
§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
deste artigo às entidades que mantêm programas de necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao
acolhimento institucional e familiar. fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este Parágrafo único. São também princípios que regem a
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos aplicação das medidas:
da comunidade. I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de
direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que Federal;
em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, II - proteção integral e prioritária: a interpretação e
profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser
Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que
crianças e adolescentes são titulares;
Seção II III - responsabilidade primária e solidária do poder
Da Fiscalização das Entidades público: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças
e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo
Art. 95. As entidades governamentais e não- nos casos por esta expressamente ressalvados, é de
governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de
Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e
da possibilidade da execução de programas por entidades não
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas governamentais;
serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a IV - interesse superior da criança e do adolescente: a
origem das dotações orçamentárias. intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de consideração que for devida a outros interesses legítimos no
atendimento que descumprirem obrigação constante do art. âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso
94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus concreto
dirigentes ou prepostos: V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da
I - às entidades governamentais: criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela
a) advertência; intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;
b) afastamento provisório de seus dirigentes; VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. seja conhecida;
II - às entidades não-governamentais: VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida
a) advertência; exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da
públicas; criança e do adolescente;
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve
d) cassação do registro. ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a
§ 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por criança ou o adolescente se encontram no momento em que a
entidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos decisão é tomada;
assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser
Ministério Público ou representado perante autoridade efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para
judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive com a criança e o adolescente;
suspensão das atividades ou dissolução da entidade.

Legislação 30
APOSTILAS OPÇÃO

X - prevalência da família: na promoção de direitos e na ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em


proteção da criança e do adolescente deve ser dada contrário de autoridade judiciária competente, caso em que
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na também deverá contemplar sua colocação em família
sua família natural ou extensa ou, se isso não for possível, que substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.
promovam a sua integração em família adotiva; (Redação dada § 5º O plano individual será elaborado sob a
pela Lei nº 13.509, de 2017) responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável.
capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem § 6º Constarão do plano individual, dentre outros:
ser informados dos seus direitos, dos motivos que I - os resultados da avaliação interdisciplinar;
determinaram a intervenção e da forma como esta se processa; II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável;
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o e
adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com
responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou
pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja
nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e esta vedada por expressa e fundamentada determinação
de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§ em família substituta, sob direta supervisão da autoridade
1º e 2º do art. 28 desta Lei. judiciária.
§ 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e,
art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre como parte do processo de reintegração familiar, sempre que
outras, as seguintes medidas: identificada a necessidade, a família de origem será incluída
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção
termo de responsabilidade; social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; ou com o adolescente acolhido.
III - matrícula e frequência obrigatórias em § 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o
estabelecimento oficial de ensino fundamental; responsável pelo programa de acolhimento familiar ou
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou institucional fará imediata comunicação à autoridade
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de
criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
2016) § 9º Em sendo constatada a impossibilidade de
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou reintegração da criança ou do adolescente à família de origem,
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; após seu encaminhamento a programas oficiais ou
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de comunitários de orientação, apoio e promoção social, será
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual
VII - acolhimento institucional; conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade
IX - colocação em família substituta. ou responsáveis pela execução da política municipal de
§ 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar garantia do direito à convivência familiar, para a destituição
são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo
esta possível, para colocação em família substituta, não de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição
implicando privação de liberdade. do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais estudos complementares ou de outras providências
para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das indispensáveis ao ajuizamento da demanda. (Redação dada
providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da pela Lei nº 13.509, de 2017)
criança ou adolescente do convívio familiar é de competência § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas
a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento
interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se familiar e institucional sob sua responsabilidade, com
garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada
contraditório e da ampla defesa. um, bem como as providências tomadas para sua reintegração
§ 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das
encaminhados às instituições que executam programas de modalidades previstas no art. 28 desta Lei.
acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os
judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a
ou de seu responsável, se conhecidos; implementação de políticas públicas que permitam reduzir o
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, número de crianças e adolescentes afastados do convívio
com pontos de referência; familiar e abreviar o período de permanência em programa de
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em acolhimento.
tê-los sob sua guarda;
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
convívio familiar. serão acompanhadas da regularização do registro civil.
§ 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
adolescente, a entidade responsável pelo programa de assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à
acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da
individual de atendimento, visando à reintegração familiar, autoridade judiciária.

Legislação 31
APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as
que trata este artigo são isentos de multas, custas e seguintes garantias:
emolumentos, gozando de absoluta prioridade. I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado infracional, mediante citação ou meio equivalente;
procedimento específico destinado à sua averiguação, II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-
conforme previsto pela Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas
1992. necessárias à sua defesa;
§ 4º Nas hipóteses previstas no § 3º deste artigo, é III - defesa técnica por advogado;
dispensável o ajuizamento de ação de investigação de IV - assistência judiciária gratuita e integral aos
paternidade pelo Ministério Público se, após o não necessitados, na forma da lei;
comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para competente;
adoção. VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
§ 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a responsável em qualquer fase do procedimento.
qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento são
isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta Capítulo IV
prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016) Das Medidas Socioeducativas
§ 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação Seção I
requerida do reconhecimento de paternidade no assento de Disposições Gerais
nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada pela
Lei nº 13.257, de 2016) Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a
Título III autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as
Da Prática de Ato Infracional seguintes medidas:
Capítulo I I - advertência;
Disposições Gerais II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita IV - liberdade assistida;
como crime ou contravenção penal. V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade
considerada a idade do adolescente à data do fato. da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança admitida a prestação de trabalho forçado.
corresponderão as medidas previstas no art. 101. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
mental receberão tratamento individual e especializado, em
Capítulo II local adequado às suas condições.
Dos Direitos Individuais
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua 100.
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes
dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a
acerca de seus direitos. hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local que houver prova da materialidade e indícios suficientes da
onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoria.
autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou
à pessoa por ele indicada. Seção II
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de Da Advertência
responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal,
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser que será reduzida a termo e assinada.
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e Seção III
basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, Da Obrigação de Reparar o Dano
demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso,
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
havendo dúvida fundada. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a
medida poderá ser substituída por outra adequada.
Capítulo III
Das Garantias Processuais

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua


liberdade sem o devido processo legal.

Legislação 32
APOSTILAS OPÇÃO

Seção IV § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o


Da Prestação de Serviços à Comunidade adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de
semiliberdade ou de liberdade assistida.
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período idade.
não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
como em programas comunitários ou governamentais. § 7º A determinação judicial mencionada no § 1º poderá
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.
aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante
jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não quando:
prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
trabalho. ameaça ou violência a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações
Seção V graves;
Da Liberdade Assistida III - por descumprimento reiterado e injustificável da
medida anteriormente imposta.
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se § 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste
afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser
auxiliar e orientar o adolescente. decretada judicialmente após o devido processo legal.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para § 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por havendo outra medida adequada.
entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
revogada ou substituída por outra medida, ouvido o destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por
orientador, o Ministério Público e o defensor. critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação,
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
supervisão da autoridade competente, a realização dos pedagógicas.
seguintes encargos, entre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família, Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade,
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em entre outros, os seguintes:
programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar Ministério Público;
do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; IV - ser informado de sua situação processual, sempre que
IV - apresentar relatório do caso solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
Seção VI VI - permanecer internado na mesma localidade ou
Do Regime de Semiliberdade naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou
responsável;
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
possibilitada a realização de atividades externas, IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio
independentemente de autorização judicial. pessoal;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene
devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos e salubridade;
existentes na comunidade. XI - receber escolarização e profissionalização;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
internação. XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e
desde que assim o deseje;
Seção VII XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de
Da Internação local seguro para guardá-los, recebendo comprovante
daqueles porventura depositados em poder da entidade;
Art. 121. A internação constitui medida privativa da XVI - receber, quando de sua desinternação, os
liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
desenvolvimento. § 2º A autoridade judiciária poderá suspender
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se
critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade
determinação judicial em contrário. aos interesses do adolescente.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo
sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e
fundamentada, no máximo a cada seis meses. mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de adequadas de contenção e segurança.
internação excederá a três anos.

Legislação 33
APOSTILAS OPÇÃO

Capítulo V Art. 132. Em cada Município e em cada Região


Da Remissão Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um)
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela
apuração de ato infracional, o representante do Ministério população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1
Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.
do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do
fato, ao contexto social, bem como à personalidade do Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho
adolescente e sua maior ou menor participação no ato Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
infracional. I - reconhecida idoneidade moral;
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da II - idade superior a vinte e um anos;
remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão III - residir no município.
ou extinção do processo.
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local,
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir assegurado o direito a:
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas I - cobertura previdenciária;
em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3
internação. (um terço) do valor da remuneração mensal;
III - licença-maternidade;
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá IV - licença-paternidade;
ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido V - gratificação natalina.
expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e
Ministério Público. da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao
funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e
Título IV formação continuada dos conselheiros tutelares.
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou de idoneidade moral.
comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) Capítulo II
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, Das Atribuições do Conselho
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
psiquiátrico; I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
IV - encaminhamento a cursos ou programas de previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no
orientação; art. 101, I a VII;
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando
sua frequência e aproveitamento escolar; as medidas previstas no art. 129, I a VII;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a III - promover a execução de suas decisões, podendo para
tratamento especializado; tanto:
VII - advertência; a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
VIII - perda da guarda; educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
IX - destituição da tutela; b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
X - suspensão ou destituição do poder familiar. descumprimento injustificado de suas deliberações.
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. constitua infração administrativa ou penal contra os direitos
23 e 24. da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou competência;
abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
afastamento do agressor da moradia comum. adolescente autor de ato infracional;
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a VII - expedir notificações;
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
ou o adolescente dependentes do agressor. criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
Título V proposta orçamentária para planos e programas de
Do Conselho Tutelar atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
Capítulo I X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a
Disposições Gerais violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
Constituição Federal;
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente
adolescente, definidos nesta Lei. junto à família natural.
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos
profissionais, ações de divulgação e treinamento para o

Legislação 34
APOSTILAS OPÇÃO

reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador
adolescentes. especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do quando carecer de representação ou assistência legal ainda
convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério que eventual.
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal
entendimento e as providências tomadas para a orientação, o Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e
apoio e a promoção social da família. administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes
a que se atribua autoria de ato infracional.
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não
poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se
quem tenha legítimo interesse. fotografia, referência ao nome, apelido, filiação, parentesco,
residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.
Capítulo III
Da Competência Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se
refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de judiciária competente, se demonstrado o interesse e
competência constante do art. 147. justificada a finalidade.

Capítulo IV Capítulo II
Da Escolha dos Conselheiros Da Justiça da Infância e da Juventude
Seção I
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Disposições Gerais
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e
realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
Ministério Público. cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua
§ 1º O processo de escolha dos membros do Conselho proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de
Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em
nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês plantões.
de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.
§ 2º A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 Seção II
de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. Do Juiz
§ 3º No processo de escolha dos membros do Conselho
Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da
entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na
natureza, inclusive brindes de pequeno valor. forma da lei de organização judiciária local.

Capítulo V Art. 147. A competência será determinada:


Dos Impedimentos I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho falta dos pais ou responsável.
marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro § 1º Nos casos de ato infracional, será competente a
ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras
padrasto ou madrasta e enteado. de conexão, continência e prevenção.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade autoridade competente da residência dos pais ou responsável,
judiciária e ao representante do Ministério Público com ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na adolescente.
comarca, foro regional ou distrital. § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão
simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma
Título VI comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a
Do Acesso à Justiça autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou
Capítulo I rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou
Disposições Gerais retransmissoras do respectivo estado.

Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao para:
Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério
§ 1º A assistência judiciária gratuita será prestada aos que Público, para apuração de ato infracional atribuído a
dela necessitarem, através de defensor público ou advogado adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
nomeado. II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da extinção do processo;
Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão adolescente, observado o disposto no art. 209;
representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em
um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
forma da legislação civil ou processual.

Legislação 35
APOSTILAS OPÇÃO

VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de poderá proceder à nomeação de perito, nos termos do art. 156
infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente; da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Civil). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou Capítulo III
adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Dos Procedimentos
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: Seção I
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; Disposições Gerais
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar,
perda ou modificação da tutela ou guarda; Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação
casamento; processual pertinente.
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade,
ou materna, em relação ao exercício do poder familiar; prioridade absoluta na tramitação dos processos e
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execução
faltarem os pais; dos atos e diligências judiciais a eles referentes.
f) designar curador especial em casos de apresentação de § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia
ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em
adolescente; dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído
g) conhecer de ações de alimentos; pela Lei nº 13.509, de 2017)
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento
dos registros de nascimento e óbito. Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não
corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, Público.
desacompanhado dos pais ou responsável, em: Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para
a) estádio, ginásio e campo desportivo; o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua
b) bailes ou promoções dançantes; família de origem e em outros procedimentos
c) boate ou congêneres; necessariamente contenciosos.
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
II - a participação de criança e adolescente em:
a) espetáculos públicos e seus ensaios; Seção II
b) certames de beleza. Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
judiciária levará em conta, dentre outros fatores: Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do
a) os princípios desta Lei; poder familiar terá início por provocação do Ministério
b) as peculiaridades locais; Público ou de quem tenha legítimo interesse.
c) a existência de instalações adequadas;
d) o tipo de frequência habitual ao local; Art. 156. A petição inicial indicará:
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
frequência de crianças e adolescentes; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do
f) a natureza do espetáculo. requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo tratando de pedido formulado por representante do
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as Ministério Público;
determinações de caráter geral. III - a exposição sumária do fato e o pedido;
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
Seção III logo, o rol de testemunhas e documentos.
Dos Serviços Auxiliares
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão
proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o
equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
Infância e da Juventude. adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de
responsabilidade.
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras § 1º Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, determinará, concomitantemente ao despacho de citação e
fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou independentemente de requerimento do interessado, a
verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos realização de estudo social ou perícia por equipe
de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a
e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade presença de uma das causas de suspensão ou destituição do
judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 desta
técnico. Lei, e observada a Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017.
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
servidores públicos integrantes do Poder Judiciário § 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas,
responsáveis pela realização dos estudos psicossociais ou de é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
quaisquer outras espécies de avaliações técnicas exigidas por interprofissional ou multidisciplinar referida no § 1º deste
esta Lei ou por determinação judicial, a autoridade judiciária artigo, de representantes do órgão federal responsável pela

Legislação 36
APOSTILAS OPÇÃO

política indigenista, observado o disposto no § 6º do art. 28 § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) 2017)
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente
dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito,
produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e
documentos. o Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada
§ 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos. (Redação dada
meios para sua realização. pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2º O requerido privado de liberdade deverá ser citado § 3º A decisão será proferida na audiência, podendo a
pessoalmente. autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para
§ 3º Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela
procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o Lei nº 13.509, de 2017)
encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, informar § 4º Quando o procedimento de destituição de poder
qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá
do dia útil em que voltará a fim de efetuar a citação, na hora necessidade de nomeação de curador especial em favor da
que designar, nos termos do art. 252 e seguintes da Lei nº criança ou adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento
§ 4º Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de
incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10 notória inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir
(dez) dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios esforços para preparar a criança ou o adolescente com vistas à
para a localização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) colocação em família substituta. (Redação dada pela Lei nº
13.509, de 2017)
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a
constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua suspensão do poder familiar será averbada à margem do
família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado registro de nascimento da criança ou do adolescente.
dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta,
contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de Seção III
nomeação. Da Destituição da Tutela
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o
da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. procedimento para a remoção de tutor previsto na lei
processual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior.
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
requisitará de qualquer repartição ou órgão público a Seção IV
apresentação de documento que interesse à causa, de ofício ou Da Colocação em Família Substituta
a requerimento das partes ou do Ministério Público.
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido colocação em família substituta:
concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe I - qualificação completa do requerente e de seu eventual
interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, II - indicação de eventual parentesco do requerente e de
salvo quando este for o requerente, e decidirá em igual prazo. seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente,
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) especificando se tem ou não parente vivo;
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento III - qualificação completa da criança ou adolescente e de
das partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de seus pais, se conhecidos;
testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
1.637 e 1.638 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
(Código Civil), ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de também os requisitos específicos.
2017)
§ 3º Se o pedido importar em modificação de guarda, será Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem
ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e aderido expressamente ao pedido de colocação em família
grau de compreensão sobre as implicações da medida. substituta, este poderá ser formulado diretamente em
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes,
identificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os dispensada a assistência de advogado.
casos de não comparecimento perante a Justiça quando § 1º Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação
devidamente citados. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
2017) I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes,
§ 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a devidamente assistidas por advogado ou por defensor público,
autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva para verificar sua concordância com a adoção, no prazo
máximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo da
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária petição ou da entrega da criança em juízo, tomando por termo
dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo as declarações; e (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
quando este for o requerente, designando, desde logo, II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela
audiência de instrução e julgamento. Lei nº 13.509, de 2017)

Legislação 37
APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º O consentimento dos titulares do poder familiar será infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a
precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela atribuição da repartição especializada, que, após as
equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o
em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da adulto à repartição policial própria.
medida.
§ 3º São garantidos a livre manifestação de vontade dos Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido
detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade
informações. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo
§ 4º O consentimento prestado por escrito não terá único, e 107, deverá:
validade se não for ratificado na audiência a que se refere o § I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o
1º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) adolescente;
§ 5º O consentimento é retratável até a data da realização II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
da audiência especificada no § 1o deste artigo, e os pais podem III - requisitar os exames ou perícias necessários à
exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado comprovação da materialidade e autoria da infração.
da data de prolação da sentença de extinção do poder familiar. Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de
§ 6º O consentimento somente terá valor se for dado após ocorrência circunstanciada.
o nascimento da criança.
§ 7º A família natural e a família substituta receberão a Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável,
devida orientação por intermédio de equipe técnica o adolescente será prontamente liberado pela autoridade
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos apresentação ao representante do Ministério Público, no
responsáveis pela execução da política municipal de garantia mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato,
do direito à convivência familiar. (Redação dada pela Lei nº exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua
13.509, de 2017) repercussão social, deva o adolescente permanecer sob
internação para garantia de sua segurança pessoal ou
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a manutenção da ordem pública.
requerimento das partes ou do Ministério Público,
determinará a realização de estudo social ou, se possível, Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial
perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do
concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, Ministério Público, juntamente com cópia do auto de
sobre o estágio de convivência. apreensão ou boletim de ocorrência.
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a
provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de
adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de atendimento, que fará a apresentação ao representante do
responsabilidade. Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial.
e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar- À falta de repartição policial especializada, o adolescente
se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco aguardará a apresentação em dependência separada da
dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese,
exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade
lógico da medida principal de colocação em família substituta, policial encaminhará imediatamente ao representante do
será observado o procedimento contraditório previsto nas Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de
Seções II e III deste Capítulo. ocorrência.
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver
observado o disposto no art. 35. indícios de participação de adolescente na prática de ato
infracional, a autoridade policial encaminhará ao
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o representante do Ministério Público relatório das
disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. investigações e demais documentos.
Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob
a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato
familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade infracional não poderá ser conduzido ou transportado em
por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. compartimento fechado de veículo policial, em condições
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
Seção V integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a
Adolescente Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial,
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação
sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade ou responsável, vítima e testemunhas.
policial competente. Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada representante do Ministério Público notificará os pais ou
para atendimento de adolescente e em se tratando de ato

Legislação 38
APOSTILAS OPÇÃO

responsável para apresentação do adolescente, podendo Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
requisitar o concurso das polícias civil e militar. responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado.
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a
anterior, o representante do Ministério Público poderá: remissão, ouvirá o representante do Ministério Público,
I - promover o arquivamento dos autos; proferindo decisão.
II - conceder a remissão; § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de internação ou colocação em regime de semiliberdade, a
medida socioeducativa. autoridade judiciária, verificando que o adolescente não
possui advogado constituído, nomeará defensor, designando,
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a
concedida a remissão pelo representante do Ministério realização de diligências e estudo do caso.
Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no
dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para prazo de três dias contado da audiência de apresentação,
homologação. oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas
autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as
cumprimento da medida. diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional,
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos será dada a palavra ao representante do Ministério Público e
autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos
fundamentado, e este oferecerá representação, designará para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da
outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.
ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a
autoridade judiciária obrigada a homologar. Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do autoridade judiciária designará nova data, determinando sua
Ministério Público não promover o arquivamento ou conceder condução coercitiva.
a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária,
propondo a instauração de procedimento para aplicação da Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão
medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada. do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do
§ 1º A representação será oferecida por petição, que procedimento, antes da sentença.
conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer
podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada medida, desde que reconheça na sentença:
pela autoridade judiciária. I - estar provada a inexistência do fato;
§ 2º A representação independe de prova pré-constituída II - não haver prova da existência do fato;
da autoria e materialidade. III - não constituir o fato ato infracional;
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a o ato infracional.
conclusão do procedimento, estando o adolescente internado Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias. adolescente internado, será imediatamente colocado em
liberdade.
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
designará audiência de apresentação do adolescente, Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de
decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação ou regime de semiliberdade será feita:
internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo. I - ao adolescente e ao seu defensor;
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais
cientificados do teor da representação, e notificados a ou responsável, sem prejuízo do defensor.
comparecer à audiência, acompanhados de advogado. § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a unicamente na pessoa do defensor.
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente,
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.
judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva Seção V-A
apresentação. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a Da Infiltração de Agentes de Polícia para a
sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de
responsável. Criança e de Adolescente

Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet
autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241,
estabelecimento prisional. 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes
imediatamente transferido para a localidade mais próxima. regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o I - será precedida de autorização judicial devidamente
adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites
desde que em seção isolada dos adultos e com instalações da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério
apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
cinco dias, sob pena de responsabilidade.

Legislação 39
APOSTILAS OPÇÃO

II - dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos
ou representação de delegado de polícia e conterá a adolescentes envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos 2017)
policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e,
quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que Seção VI
permitam a identificação dessas pessoas; (Incluído pela Lei nº Da Apuração de Irregularidades em Entidade de
13.441, de 2017) Atendimento
III - não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem
prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades
exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua em entidade governamental e não-governamental terá início
efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial. (Incluído mediante portaria da autoridade judiciária ou representação
pela Lei nº 13.441, de 2017) do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste,
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão necessariamente, resumo dos fatos.
requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a
do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo. autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) liminarmente o afastamento provisório do dirigente da
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo, entidade, mediante decisão fundamentada.
consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
I - dados de conexão: informações referentes a hora, data, Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo
início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar
(IP) utilizado e terminal de origem da conexão. (Incluído pela documentos e indicar as provas a produzir.
Lei nº 13.441, de 2017)
II - dados cadastrais: informações referentes a nome e Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo
endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado necessário, a autoridade judiciária designará audiência de
para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário instrução e julgamento, intimando as partes.
ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o
conexão. Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) definitivo de dirigente de entidade governamental, a
autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela substituição.
autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
Lei nº 13.441, de 2017) judiciária poderá fixar prazo para a remoção das
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o
aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao processo será extinto, sem julgamento de mérito.
delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº entidade ou programa de atendimento.
13.441, de 2017)
Seção VII
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua Da Apuração de Infração Administrativa às Normas
identidade para, por meio da internet, colher indícios de de Proteção à Criança e ao Adolescente
autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240,
241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de administrativa por infração às normas de proteção à criança e
dezembro de 1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei nº ao adolescente terá início por representação do Ministério
13.441, de 2017) Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por
observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos duas testemunhas, se possível.
excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público natureza e as circunstâncias da infração.
poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante § 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos
informações necessárias à efetividade da identidade fictícia motivos do retardamento.
criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para
Seção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído apresentação de defesa, contado da data da intimação, que
pela Lei nº 13.441, de 2017) será feita:
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos na presença do requerido;
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação
ao Ministério Público, juntamente com relatório ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;
circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no encontrado o requerido ou seu representante legal;
caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não
apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
policial, assegurando-se a preservação da identidade do

Legislação 40
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a preparados por equipe interprofissional antes da inclusão em
autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério família adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
necessário, designará audiência de instrução e julgamento. decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão Público e determinará a juntada do estudo psicossocial,
sucessivamente o Ministério Público e o procurador do designando, conforme o caso, audiência de instrução e
requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, julgamento.
prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou
que em seguida proferirá sentença. sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a
juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos
Seção VIII autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção igual prazo.

Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
apresentarão petição inicial na qual conste: inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a
I - qualificação completa; sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem
II - dados familiares; cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou crianças ou adolescentes adotáveis.
casamento, ou declaração relativa ao período de união estável; § 1º A ordem cronológica das habilitações somente poderá
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas
de Pessoas Físicas; hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando
V - comprovante de renda e domicílio; comprovado ser essa a melhor solução no interesse do
VI - atestados de sanidade física e mental; adotando.
VII - certidão de antecedentes criminais; § 2º A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo
VIII - certidão negativa de distribuição cível. trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional.
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 § 3º Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção,
(quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério será dispensável a renovação da habilitação, bastando a
Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: avaliação por equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe 13.509, de 2017)
interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a § 4º Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à
que se refere o art. 197-C desta Lei; adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedida.
postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
III - requerer a juntada de documentos complementares e § 5º A desistência do pretendente em relação à guarda para
a realização de outras diligências que entender necessárias. fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente
depois do trânsito em julgado da sentença de adoção
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e na
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da vedação de renovação da habilitação, salvo decisão judicial
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que fundamentada, sem prejuízo das demais sanções previstas na
conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o legislação vigente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade
ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação
desta Lei. à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual
§ 1º É obrigatória a participação dos postulantes em período, mediante decisão fundamentada da autoridade
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
execução da política municipal de garantia do direito à Capítulo IV
convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção Dos Recursos
devidamente habilitados perante a Justiça da Infância e da
Juventude, que inclua preparação psicológica, orientação e Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e
estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas
com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei nº
específicas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação dada 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil),
pela Lei nº 13.509, de 2017) com as seguintes adaptações:
§ 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa I - os recursos serão interpostos independentemente de
obrigatória da preparação referida no § 1º deste artigo incluirá preparo;
o contato com crianças e adolescentes em regime de II - em todos os recursos, salvo nos embargos de
acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob declaração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça será sempre de 10 (dez) dias;
da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à adoção, com III - os recursos terão preferência de julgamento e
apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de dispensarão revisor;
acolhimento familiar e institucional e pela execução da política IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)
municipal de garantia do direito à convivência familiar. V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 3º É recomendável que as crianças e os adolescentes VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior
acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora sejam instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de

Legislação 41
APOSTILAS OPÇÃO

agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho VI - instaurar procedimentos administrativos e, para


fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo instruí-los:
de cinco dias; a) expedir notificações para colher depoimentos ou
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão esclarecimentos e, em caso de não comparecimento
remeterá os autos ou o instrumento à superior instância injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo polícia civil ou militar;
pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos b) requisitar informações, exames, perícias e documentos
dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do de autoridades municipais, estaduais e federais, da
Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da administração direta ou indireta, bem como promover
intimação. inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos a particulares e
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. instituições privadas;
149 caberá recurso de apelação. VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências
investigatórias e determinar a instauração de inquérito
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de
desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida proteção à infância e à juventude;
exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as
ou de difícil reparação ao adotando. medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e
deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. ao adolescente;
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de por infrações cometidas contra as normas de proteção à
destituição de poder familiar, em face da relevância das infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da
questões, serão processados com prioridade absoluta, responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;
devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de
aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de
serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e com pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à
parecer urgente do Ministério Público. remoção de irregularidades porventura verificadas;
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência
para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, social, públicos ou privados, para o desempenho de suas
contado da sua conclusão. atribuições.
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
data do julgamento e poderá na sessão, se entender cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
necessário, apresentar oralmente seu parecer. mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta
Lei.
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem
instauração de procedimento para apuração de outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério
responsabilidades se constatar o descumprimento das Público.
providências e do prazo previstos nos artigos anteriores. § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de
suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre
Capítulo V criança ou adolescente.
Do Ministério Público § 4º O representante do Ministério Público será
responsável pelo uso indevido das informações e documentos
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica. § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII
deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
Art. 201. Compete ao Ministério Público: a) reduzir a termo as declarações do reclamante,
I - conceder a remissão como forma de exclusão do instaurando o competente procedimento, sob sua presidência;
processo; b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
infrações atribuídas a adolescentes; acertados;
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar, públicos e de relevância pública afetos à criança e ao
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita
como oficiar em todos os demais procedimentos da adequação.
competência da Justiça da Infância e da Juventude;
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for
interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa
a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que
administradores de bens de crianças e adolescentes nas terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar
hipóteses do art. 98; documentos e requerer diligências, usando os recursos
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a cabíveis.
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos
relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; caso, será feita pessoalmente.

Legislação 42
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público § 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou


acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo adolescentes será realizada imediatamente após notificação
juiz ou a requerimento de qualquer interessado. aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos
portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de
Art. 205. As manifestações processuais do representante transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes
do Ministério Público deverão ser fundamentadas. todos os dados necessários à identificação do desaparecido.

Capítulo VI Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas


Do Advogado no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a
responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse competência originária dos tribunais superiores.
na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que
trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado para Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses
todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, coletivos ou difusos, consideram-se legitimados
respeitado o segredo de justiça. concorrentemente:
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária I - o Ministério Público;
integral e gratuita àqueles que dela necessitarem. II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e
os territórios;
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática III - as associações legalmente constituídas há pelo menos
de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa
processado sem defensor. dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á autorização da assembleia, se houver prévia autorização
nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, estatutária.
constituir outro de sua preferência. § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos
de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, interesses e direitos de que cuida esta Lei.
ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se associação legitimada, o Ministério Público ou outro
tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido legitimado poderá assumir a titularidade ativa.
indicado por ocasião de ato formal com a presença da
autoridade judiciária. Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar
dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta
Capítulo VII às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, extrajudicial.
Difusos e Coletivos
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à pertinentes.
criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
oferta irregular: normas do Código de Processo Civil.
I - do ensino obrigatório; § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública
II - de atendimento educacional especializado aos ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
portadores de deficiência; poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta
III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da
zero a cinco anos de idade (Redação dada pela Lei nº 13.306, lei do mandado de segurança.
de 2016).
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
educando; obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
V - de programas suplementares de oferta de material específica da obrigação ou determinará providências que
didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando assegurem o resultado prático equivalente ao do
do ensino fundamental; adimplemento.
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao
ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; prévia, citando o réu.
VIII - de escolarização e profissionalização dos § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na
adolescentes privados de liberdade. sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a
promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do
direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. preceito.
X - de programas de atendimento para a execução das § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde
XI - de políticas e programas integrados de atendimento à o dia em que se houver configurado o descumprimento.
criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.
(Incluído pela Lei nº 13.431, de 2017) Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido
§ 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou respectivo município.
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito
pela Constituição e pela Lei. em julgado da decisão serão exigidas através de execução

Legislação 43
APOSTILAS OPÇÃO

promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, § 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame
facultada igual iniciativa aos demais legitimados. e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro conforme dispuser o seu regimento.
ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a
conta com correção monetária. promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
recursos, para evitar dano irreparável à parte. Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
disposições da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de Título VII
peças à autoridade competente, para apuração da Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se Capítulo I
atribua a ação ou omissão. Dos Crimes
Seção I
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado Disposições Gerais
da sentença condenatória sem que a associação autora lhe
promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados
facultada igual iniciativa aos demais legitimados. contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem
prejuízo do disposto na legislação penal.
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao
réu os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as
§ 4º do art. 20 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo,
de Processo Civil), quando reconhecer que a pretensão é as pertinentes ao Código de Processo Penal.
manifestamente infundada.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública
associação autora e os diretores responsáveis pela incondicionada.
propositura da ação serão solidariamente condenados ao
décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por Seção II
perdas e danos. Dos Crimes em Espécie

Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter
quaisquer outras despesas. registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando- declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do
lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação parto e do desenvolvimento do neonato:
civil, e indicando-lhe os elementos de convicção. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
Público para as providências cabíveis. estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto,
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10
poderá requerer às autoridades competentes as certidões e desta Lei:
informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no Pena - detenção de seis meses a dois anos.
prazo de quinze dias. Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
organismo público ou particular, certidões, informações, liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante
exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade
ser inferior a dez dias úteis. judiciária competente:
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as Pena - detenção de seis meses a dois anos.
diligências, se convencer da inexistência de fundamento para Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos procede à apreensão sem observância das formalidades legais.
autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
fundamentadamente. Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta comunicação à autoridade judiciária competente e à família do
grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Ministério Público. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de
arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
público, poderão as associações legitimadas apresentar razões autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do constrangimento:
inquérito ou anexados às peças de informação. Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Legislação 44
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 233. Revogado. I - assegura os meios ou serviços para o armazenamento


das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, artigo;
de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão II - assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o
Pena - detenção de seis meses a dois anos. caput deste artigo.
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação
nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o
Pena - detenção de seis meses a dois anos. acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que
Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
Pena - detenção de seis meses a dois anos. criança ou adolescente:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem § 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com pequena quantidade o material a que se refere o caput deste
o fim de colocação em lar substituto: artigo.
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. § 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a
finalidade de comunicar às autoridades competentes a
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e
a terceiro, mediante paga ou recompensa: 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. I - agente público no exercício de suas funções;
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece II - membro de entidade, legalmente constituída, que
ou efetiva a paga ou recompensa. inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o
processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato referidos neste parágrafo;
destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior III - representante legal e funcionários responsáveis de
com inobservância das formalidades legais ou com o fito de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de
obter lucro: computadores, até o recebimento do material relativo à notícia
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça Judiciário.
ou fraude: § 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena manter sob sigilo o material ilícito referido.
correspondente à violência.
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por
registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia,
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende,
recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por
participação de criança ou adolescente nas cenas referidas qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material
no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. produzido na forma do caput deste artigo.
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
comete o crime: Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
I - no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela
exercê-la; praticar ato libidinoso.
II - prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
ou de hospitalidade; ou Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
III - prevalecendo-se de relações de parentesco I - facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela
tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, praticar ato libidinoso;
a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu II - pratica as condutas descritas no caput deste artigo com
consentimento. o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou
sexualmente explícita.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a
pornográfica envolvendo criança ou adolescente. expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. compreende qualquer situação que envolva criança ou
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive adolescente para fins primordialmente sexuais.
por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia,
vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. munição ou explosivo:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.

Legislação 45
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido
adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga
produtos cujos componentes possam causar dependência respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma
física ou psíquica: a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
fato não constitui crime mais grave. emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste
artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou da publicação ou a suspensão da programação da emissora até
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de por dois dias, bem como da publicação do periódico até por
estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu dois números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN
reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer 869-2)
dano físico em caso de utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017)

Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda,
exploração sexual bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho
Pena - reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda Tutelar:
de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Pena - multa de três a vinte salários de referência,
Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o
crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Redação Art. 250. Hospedar criança ou adolescente
dada pela Lei nº 13.440, de 2017) desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão,
ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de motel ou congênere:
criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste Pena - multa.
artigo. § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação multa, a autoridade judiciária poderá determinar o
da licença de localização e de funcionamento do fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
estabelecimento. § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a
30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor fechado e terá sua licença cassada.
de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
induzindo-o a praticá-la: Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo desta Lei:
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de Pena - multa de três a vinte salários de referência,
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
internet.
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo
aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da
de julho de 1990. diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no
certificado de classificação:
Capítulo II Pena - multa de três a vinte salários de referência,
Das Infrações Administrativas aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade
pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente a que não se recomendem:
os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou Pena - multa de três a vinte salários de referência,
confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente,
Pena - multa de três a vinte salários de referência, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. publicidade.

Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,
de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de
II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: sua classificação:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de vinte a cem salários de referência;
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária
poderá determinar a suspensão da programação da emissora
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização por até dois dias.
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
documento de procedimento policial, administrativo ou Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere
judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato classificado pelo órgão competente como inadequado às
infracional: crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do

Legislação 46
APOSTILAS OPÇÃO

espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
dias. apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
real; e
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado
programação em vídeo, em desacordo com a classificação pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado
atribuída pelo órgão competente: o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso 1997.
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o § 1º Revogado.
fechamento do estabelecimento por até quinze dias. § 1º-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com
os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão
desta Lei: consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção,
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à
duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional
apreensão da revista ou publicação. pela Primeira Infância. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
2016)
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o § 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos
empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações
participação no espetáculo: subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o guarda, de crianças e adolescentes e para programas de
fechamento do estabelecimento por até quinze dias. atenção integral à primeira infância em áreas de maior
carência socioeconômica e em situações de calamidade.
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da
previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste
mil reais). artigo.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade § 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a
que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos
adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais
casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em referidos neste artigo.
regime de acolhimento institucional ou familiar. § 5º Observado o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249,
de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de do caput:
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar I - será considerada isoladamente, não se submetendo a
imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de limite em conjunto com outras deduções do imposto; e
que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em II - não poderá ser computada como despesa operacional
entregar seu filho para adoção: na apuração do lucro real.
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
mil reais). Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata
programa oficial ou comunitário destinado à garantia do o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração
direito à convivência familiar que deixa de efetuar a de Ajuste Anual.
comunicação referida no caput deste artigo. § 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até
os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso na declaração:
II do art. 81: I - (Vetado);
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 II - (Vetado);
(dez mil reais); III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento § 2º A dedução de que trata o caput:
comercial até o recolhimento da multa aplicada. I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto
sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do
Disposições Finais e Transitórias caput do art. 260;
II - não se aplica à pessoa física que:
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da a) utilizar o desconto simplificado;
publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo b) apresentar declaração em formulário; ou
sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da c) entregar a declaração fora do prazo;
política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece III - só se aplica às doações em espécie; e
o Título V do Livro II. IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios vigor.
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às § 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a data
diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei. de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto,
observadas instruções específicas da Secretaria da Receita
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Federal do Brasil.
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, § 4º O não pagamento da doação no prazo estabelecido no
distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, § 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução,
sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda, ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença
obedecidos os seguintes limites:

Legislação 47
APOSTILAS OPÇÃO

de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das
os acréscimos legais previstos na legislação. contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
§ 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo I - manter conta bancária específica destinada
ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital, II - manter controle das doações recebidas; e
estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal
trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art. do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os
260. seguintes dados por doador:
a) nome, CNPJ ou CPF;
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou
poderá ser deduzida: em bens.
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas
jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do
as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público.
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
período a que se refere a apuração do imposto. Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei divulgarão amplamente à comunidade:
podem ser efetuadas em espécie ou em bens. I - o calendário de suas reuniões;
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de
ser depositadas em conta específica, em instituição financeira atendimento à criança e ao adolescente;
pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem
260. beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança
e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais;
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente calendário e o valor dos recursos previstos para
nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo implementação das ações, por projeto;
em favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação,
presidente do Conselho correspondente, especificando: por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de
I - número de ordem; dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e Adolescência; e
endereço do emitente; VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
doador; Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais.
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
V - ano-calendário a que se refere a doação. Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada
§ 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos
ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores fiscais referidos no art. 260 desta Lei.
doados mês a mês. Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts.
§ 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação
conter a identificação dos bens, mediante descrição em campo judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de
próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando ofício, a requerimento ou representação de qualquer cidadão.
também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço
dos avaliadores. Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano,
deverá: arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital,
documentação hábil; estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias
quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
pessoa jurídica; e destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.
III - considerar como valor dos bens doados:
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil
declaração do imposto de renda, desde que não exceda o valor expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos
de mercado; arts. 260 a 260-K.
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da
considerado na determinação do valor dos bens doados, criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a
exceto se o leilão for determinado por autoridade judiciária. que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D pertencer a entidade.
e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos
de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedução estados e municípios, e os estados aos municípios, os recursos
perante a Receita Federal do Brasil. referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão
logo estejam criados os conselhos dos direitos da criança e do
adolescente nos seus respectivos níveis.

Legislação 48
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, Questões


as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela
autoridade judiciária. 01. (Prefeitura de Sul Brasil/SC - Agente Educativo -
ALTERNATIVE CONCURSOS/2017) De acordo com o
Art. 263. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 60,
(Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações: é proibido qualquer trabalho a menores:
1) Art. 121 ............................................................ (A) De quatorze anos de idade, inclusive na condição de
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um aprendiz.
terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de (B) De quatorze anos de idade, salvo na condição de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar aprendiz.
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as (C) De dezesseis anos de idade, salvo na condição de
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em aprendiz.
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de (D) De dezesseis anos de idade, inclusive na condição de
um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de aprendiz.
catorze anos. (E) De dezessete anos de idade, inclusive na condição de
2) Art. 129 ............................................................... aprendiz.
§ 7ºAumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer
das hipóteses do art. 121, § 4º. 02. (Prefeitura de Sul Brasil/SC - Educador Social -
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. ALTERNATIVE CONCURSOS/2017) De acordo com o
3) Art. 136................................................................. Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 69,
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado o adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no
contra pessoa menor de catorze anos. trabalho, observados os seguintes aspectos:
4) Art. 213 .................................................................. I. Respeito à condição peculiar de pessoa em
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: desenvolvimento.
Pena - reclusão de quatro a dez anos. II. Capacitação profissional adequada ao mercado de
5) Art. 214................................................................... trabalho.
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos: III. Remuneração do adolescente em relação ao trabalho
Pena - reclusão de três a nove anos. prestado.
(A) Somente I e III estão corretas.
Art. 264. O art. 102 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de (B) Somente I e II estão corretas.
1973, fica acrescido do seguinte item: (C) Somente II e III estão corretas.
"Art. 102 .................................................................... (D) Somente I está correta.
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. " (E) Todas estão corretas.

Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, 03. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional -
da administração direta ou indireta, inclusive fundações CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente
instituídas e mantidas pelo poder público federal promoverão (ECA) - Lei n.º 8.069/1990 - e da CF, julgue o item seguinte.
edição popular do texto integral deste Estatuto, que será posto Conforme o ECA, professores que submeterem estudantes
à disposição das escolas e das entidades de atendimento e de sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
defesa dos direitos da criança e do adolescente. constrangimento serão passíveis de detenção de um a seis
meses.
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla ( ) Certo ( ) Errado
divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios
de comunicação social. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 04. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional -
2016) CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente
Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será (ECA) - Lei n.º 8.069/1990 - e da CF, julgue o item seguinte.
veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a Os conselhos tutelares das regiões administrativas do DF
crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade são compostos por seis membros indicados pela SEE/DF, com
inferior a 6 (seis) anos. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de mandatos fixos de quatro anos.
2016) ( ) Certo ( ) Errado

Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua 05. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional -
publicação. CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão (ECA) - Lei n.º 8.069/1990 - e da CF, julgue o item seguinte.
ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e Situação hipotética: Maurício completou quatorze anos de
esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei. idade e deseja trabalhar, mas não quer abandonar seus
estudos. Assertiva: Nesse caso, o direito de proteção especial
Art. 267. Revogam-se as Leis nº 4.513, de 1964, e 6.697, de permite que Maurício seja admitido ao trabalho, cabendo ao
10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais Estado garantir seu acesso à escola.
disposições em contrário. ( ) Certo ( ) Errado

Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e Gabarito


102º da República.
FERNANDO COLLOR 01.B / 02.B / 03.Errado / 04.Errado / 05.Certo

Legislação 49
APOSTILAS OPÇÃO

e a pluralidade de métodos pedagógicos, desde que assegurem


_______. Ministério da aprendizagem, e reafirmou os artigos da Constituição Federal
Educação. Secretaria de acerca do atendimento gratuito em creches e pré-escolas.
Neste mesmo sentido deve-se fazer referência ao Plano
Educação Básica. Diretrizes Nacional de Educação (PNE), Lei nº 10.172/2001, que
curriculares nacionais para a estabeleceu metas decenais para que no final do período de
Educação Infantil / Secretaria sua vigência, 2011, a oferta da Educação Infantil alcance a 50%
das crianças de 0 a 3 anos e 80% das de 4 e 5 anos, metas que
de Educação Básica. – Brasília:
ainda persistem como um grande desafio a ser enfrentado pelo
MEC, SEB, 2010 país.
Frente a todas essas transformações, a Educação Infantil
vive um intenso processo de revisão de concepções sobre a
PARECER CNE/CEB Nº: 20/20094 educação de crianças em espaços coletivos, e de seleção e
fortalecimento de práticas pedagógicas mediadoras de
REVISÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS aprendizagens e do desenvolvimento das crianças. Em
PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL especial, têm se mostrado prioritárias as discussões sobre
como orientar o trabalho junto às crianças de até três anos em
I - RELATÓRIO creches e como garantir práticas junto às crianças de quatro e
cinco anos que se articulem, mas não antecipem processos do
1. Histórico Ensino Fundamental.
Nesse contexto, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
A construção da identidade das creches e pré-escolas a Educação Infantil elaboradas anteriormente por este Conselho
partir do século XIX em nosso país insere-se no contexto da (Resolução CNE/CEB nº 1/99 e Parecer CNE/CEB nº 22/98)
história das políticas de atendimento à infância, marcado por foram fundamentais para explicitar princípios e orientações
diferenciações em relação à classe social das crianças. para os sistemas de ensino na organização, articulação,
Enquanto para as mais pobres essa história foi caracterizada desenvolvimento e avaliação de propostas pedagógicas.
pela vinculação aos órgãos de assistência social, para as Embora os princípios colocados não tenham perdido a
crianças das classes mais abastadas, outro modelo se validade, ao contrário, continuam cada vez mais necessários,
desenvolveu no diálogo com práticas escolares. outras questões diminuíram seu espaço no debate atual e
Essa vinculação institucional diferenciada refletia uma novos desafios foram colocados para a Educação Infantil,
fragmentação nas concepções sobre educação das crianças em exigindo a reformulação e atualização dessas Diretrizes.
espaços coletivos, compreendendo o cuidar como atividade A ampliação das matrículas, a regularização do
meramente ligada ao corpo e destinada às crianças mais funcionamento das instituições, a diminuição no número de
pobres, e o educar como experiência de promoção intelectual docentes não-habilitados na Educação Infantil e o aumento da
reservada aos filhos dos grupos socialmente privilegiados. pressão pelo atendimento colocam novas demandas para a
Para além dessa especificidade, predominou ainda, por muito política de Educação Infantil, pautando questões que dizem
tempo, uma política caracterizada pela ausência de respeito às propostas pedagógicas, aos saberes e fazeres dos
investimento público e pela não profissionalização da área. professores, às práticas e projetos cotidianos desenvolvidos
Em sintonia com os movimentos nacionais e junto às crianças, ou seja, às questões de orientação curricular.
internacionais, um novo paradigma do atendimento à infância Também a tramitação no Congresso Nacional da proposta de
- iniciado em 1959 com a Declaração Universal dos Direitos da Emenda Constitucional que, dentre outros pontos, amplia a
Criança e do Adolescente e instituído no país pelo artigo 227 obrigatoriedade na Educação Básica, reforça a exigência de
da Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto da Criança e novos marcos normativos na Educação Infantil.
do Adolescente (Lei 8.069/90) - tornou-se referência para os Respondendo a estas preocupações, a Coordenadoria de
movimentos sociais de “luta por creche” e orientou a transição Educação Infantil do MEC estabeleceu, com a Universidade
do entendimento da creche e pré-escola como um favor aos Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), convênio de
socialmente menos favorecidos para a compreensão desses cooperação técnica na articulação de um processo nacional de
espaços como um direito de todas as crianças à educação, estudos e debates sobre o currículo da Educação Infantil, que
independentemente de seu grupo social. produziu uma série de documentos, dentre eles “Práticas
O atendimento em creches e pré-escolas como um direito cotidianas na
social das crianças se concretiza na Constituição de 1988, com Educação Infantil: bases para a reflexão sobre as
o reconhecimento da Educação Infantil como dever do Estado orientações curriculares” (MEC/COEDI, 2009a). Esse processo
com a Educação, processo que teve ampla participação dos serviu de base para a elaboração de “Subsídios para as
movimentos comunitários, dos movimentos de mulheres, dos Diretrizes Curriculares Nacionais Específicas da Educação
movimentos de redemocratização do país, além, Básica” (MEC, 2009b), texto encaminhado a este colegiado
evidentemente, das lutas dos próprios profissionais da pelo Senhor Ministro de Estado da Educação.
educação. A partir desse novo ordenamento legal, creches e A proposta do MEC foi apresentada pela professora Maria
pré-escolas passaram a construir nova identidade na busca de do Pilar Lacerda Almeida e Silva, Secretária de Educação
superação de posições antagônicas e fragmentadas, sejam elas Básica do MEC, na reunião ordinária do mês de julho do
assistencialistas ou pautadas em uma perspectiva corrente ano da Câmara de Educação Básica, ocasião em que
preparatória a etapas posteriores de escolarização. foi designada a comissão que se encarregaria de elaborar nova
A Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Diretriz Curricular Nacional para a Educação Infantil,
Nacional), regulamentando esse ordenamento, introduziu presidida pelo Conselheiro Cesar Callegari, tendo o
uma série de inovações em relação à Educação Básica, dentre Conselheiro Raimundo Moacir Mendes Feitosa como relator
as quais, a integração das creches nos sistemas de ensino (Portaria CNE/CEB nº 3/2009).
compondo, junto com as pré-escolas, a primeira etapa da Em 5 de agosto, com a participação de representantes das
Educação Básica. Essa lei evidencia o estímulo à autonomia das entidades nacionais UNDIME, ANPED, CNTE, Fórum Nacional
unidades educacionais na organização flexível de seu currículo de Conselhos Estaduais de Educação, MIEIB (Movimento

4http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pceb020_09.pdf

Legislação 50
APOSTILAS OPÇÃO

Interfóruns de Educação Infantil do Brasil), da 3. A identidade do atendimento na Educação Infantil


SEB/SECAD/MEC e de especialistas da área de Educação
Infantil, Maria Carmem Barbosa (coordenadora do Projeto Do ponto de vista legal, a Educação Infantil é a primeira
MECUFRGS/2008), Sonia Kramer (consultora do MEC etapa da Educação Básica e tem como finalidade o
responsável pela organização do documento de referência), desenvolvimento integral da criança de zero a cinco anos de
Fulvia Rosemberg (da Fundação Carlos Chagas), Ana Paula idade em seus aspectos físico, afetivo, intelectual, linguístico e
Soares Silva (FFCLRP-USP) e Zilma de Moraes Ramos de social, complementando a ação da família e da comunidade
Oliveira (FFCLRP-USP), o relator da Comissão apresentou um (Lei nº 9.394/96, art. 29).
texto-síntese dos pontos básicos que seriam levados como O atendimento em creche e pré-escola a crianças de zero a
indicações para o debate em audiências públicas nacionais cinco anos de idade é definido na Constituição Federal de 1988
promovidas pela Câmara de Educação Básica do CNE, como dever do Estado em relação à educação, oferecido em
realizadas em São Luis do Maranhão, Brasília e São Paulo. regime de colaboração e organizado em sistemas de ensino da
Este parecer incorpora as contribuições apresentadas, União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A
nestas audiências e em debates e reuniões regionais incorporação das creches e pré-escolas no capítulo da
(encontros da UNDIME - Região Norte e do MIEIB em Educação na Constituição Federal (art. 208, inciso IV) impacta
Santarém, PA, ocorrido em agosto de 2009; o debate na ANPED todas as outras responsabilidades do Estado em relação à
ocorrido em outubro de 2009), por grupos de pesquisa e Educação Infantil, ou seja, o direito das crianças de zero a cinco
pesquisadores, conselheiros tutelares, Ministério Público, anos de idade à matrícula em escola pública (art. 205), gratuita
sindicatos, secretários e conselheiros municipais de educação, e de qualidade (art. 206, incisos IV e VI), igualdade de
entidades não governamentais e movimentos sociais. Foram condições em relação às demais crianças para acesso,
consideradas também as contribuições enviadas por permanência e pleno aproveitamento das oportunidades de
entidades e grupos como: OMEP; NDI-UFSC; Fórum de aprendizagem propiciadas (art. 206, inciso I).
Educação Infantil do Pará (FEIPA); Fórum Amazonense de Na continuidade dessa definição, a Lei de Diretrizes e
Educação Infantil (FAMEI); Fórum Permanente de Educação Bases da Educação Nacional afirma que “a educação abrange
Infantil do Tocantins (FEITO); Fórum de Educação Infantil do os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar,
Amapá; Fórum de Educação Infantil de Santa Catarina na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino
(contemplando também manifestações dos municípios de e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
Jaguaré, Cachoeiro e Vitória); Fórum Paulista de Educação sociedade civil e nas manifestações culturais” (Lei nº
Infantil; Fórum Gaúcho de Educação Infantil; GT de Educação 9.394/96, art. 1º), mas esclarece que: “Esta Lei disciplina a
Infantil da UNDIME; CEERT; GT 21 da ANPEd (Educação das educação escolar que se desenvolve, predominantemente, por
Relações Étnico-Raciais); grupo de estudos em Educação meio do ensino, em instituições próprias” (Lei nº 9.394/96,
Infantil do Centro de Educação da UFAL conjuntamente com art. 1º, § 1º). Em função disto, tudo o que nela se baseia e que
equipe técnica das Secretarias de Educação do Município de dela decorre, como autorização de funcionamento, condições
Maceió e do Estado de Alagoas; alunos do curso de Pedagogia de financiamento e outros aspectos, referem-se a esse caráter
da UFMS; CINDEDI-USP; representantes do Setor de Educação institucional da educação.
do MST São Paulo; técnicos da Coordenadoria de Creches da Fica assim evidente que, no atual ordenamento jurídico, as
USP; participantes de evento da Secretaria de Educação, creches e pré-escolas ocupam um lugar bastante claro e
Esporte e Lazer de Recife e do Seminário Educação Ambiental possuem um caráter institucional e educacional diverso
e Educação Infantil em Brasília. Ainda pesquisadores das daquele dos contextos domésticos, dos ditos programas
seguintes Universidades e Instituições de Pesquisa fizeram alternativos à educação das crianças de zero a cinco anos de
considerações ao longo desse processo: FEUSP; FFCLRP-USP; idade, ou da educação não-formal. Muitas famílias necessitam
Fundação Carlos Chagas; Centro Universitário Claretiano de atendimento para suas crianças em horário noturno, em
Batatais; PUC-RIO; UNIRIO; UNICAMP; UFC; UFPA; UFRJ; UERJ; finais de semana e em períodos esporádicos. Contudo, esse
UFPR; UNEMAT; UFMG; UFRGS; UFSC; UFRN; UFMS; UFAL, tipo de atendimento, que responde a uma demanda legítima da
UFMA, UEMA, UFPE. população, enquadra-se no âmbito de “políticas para a
Infância”, devendo ser financiado, orientado e supervisionado
2. Mérito por outras áreas, como assistência social, saúde, cultura,
esportes, proteção social. O sistema de ensino define e orienta,
A revisão e atualização das Diretrizes Curriculares com base em critérios pedagógicos, o calendário, horários e as
Nacionais para a Educação Infantil é essencial para incorporar demais condições para o funcionamento das creches e pré-
os avanços presentes na política, na produção científica e nos escolas, o que não elimina o estabelecimento de mecanismos
movimentos sociais na área. Elas podem se constituir em para a necessária articulação que deve haver entre a Educação
instrumento estratégico na consolidação do que se entende e outras áreas, como a Saúde e a Assistência, a fim de que se
por uma Educação Infantil de qualidade, “ao estimular o cumpra, do ponto de vista da organização dos serviços nessas
diálogo entre os elementos culturais de grupos marginalizados instituições, o atendimento às demandas das crianças. Essa
e a ciência, a tecnologia e a cultura dominantes, articulando articulação, se necessária para outros níveis de ensino, na
necessidades locais e a ordem global, chamando a atenção para Educação Infantil, em função das características das crianças
uma maior sensibilidade para o diverso e o plural, entre o de zero a cinco anos de idade, se faz muitas vezes
relativismo e o universalismo” (MEC, 2009b). imprescindível.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação As creches e pré-escolas se constituem, portanto, em
Infantil, de caráter mandatório, orientam a formulação de estabelecimentos educacionais públicos ou privados que
políticas, incluindo a de formação de professores e demais educam e cuidam de crianças de zero a cinco anos de idade por
profissionais da Educação, e também o planejamento, meio de profissionais com a formação específica legalmente
desenvolvimento e avaliação pelas unidades de seu Projeto determinada, a habilitação para o magistério superior ou
Político-Pedagógico e servem para informar as famílias das médio, refutando assim funções de caráter meramente
crianças matriculadas na Educação Infantil sobre as assistencialista, embora mantenha a obrigação de assistir às
perspectivas de trabalho pedagógico que podem ocorrer. necessidades básicas de todas as crianças.
As instituições de Educação Infantil estão submetidas aos
mecanismos de credenciamento, reconhecimento e supervisão
do sistema de ensino em que se acham integradas (Lei nº

Legislação 51
APOSTILAS OPÇÃO

9.394/96, art. 9º, inciso IX, art.10, inciso IV e art.11, inciso IV), fundamentais da República serão efetivados no âmbito da
assim como a controle social. Sua forma de organização é Educação Infantil se as creches e pré-escolas cumprirem
variada, podendo constituir unidade independente ou integrar plenamente sua função sociopolítica e pedagógica.
instituição que cuida da Educação Básica, atender faixas Cumprir tal função significa, em primeiro lugar, que o
etárias diversas nos termos da Lei nº 9.394/96, em jornada Estado necessita assumir sua responsabilidade na educação
integral de, no mínimo, 7 horas diárias, ou parcial de, no coletiva das crianças, complementando a ação das famílias. Em
mínimo, 4 horas, seguindo o proposto na Lei nº 11.494/2007 segundo lugar, creches e pré-escolas constituem-se em
(FUNDEB), sempre no período diurno, devendo o poder estratégia de promoção de igualdade de oportunidades entre
público oferecer vagas próximo à residência das crianças (Lei homens e mulheres, uma vez que permitem às mulheres sua
nº 8.069/90, art. 53). Independentemente das nomenclaturas realização para além do contexto doméstico. Em terceiro lugar,
diversas que adotam (Centros de Educação Infantil, Escolas de cumprir função sociopolítica e pedagógica das creches e pré-
Educação Infantil, Núcleo Integrado de Educação Infantil, escolas implica assumir a responsabilidade de torná-las
Unidade de Educação Infantil, ou nomes fantasia), a estrutura espaços privilegiados de convivência, de construção de
e funcionamento do atendimento deve garantir que essas identidades coletivas e de ampliação de saberes e
unidades sejam espaço de educação coletiva. conhecimentos de diferentes naturezas, por meio de práticas
Uma vez que o Ensino Fundamental de nove anos de que atuam como recursos de promoção da equidade de
duração passou a incluir a educação das crianças a partir de oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes
seis anos de idade, e considerando que as que completam essa classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às
idade fora do limite de corte estabelecido por seu sistema de possibilidades de vivência da infância. Em quarto lugar,
ensino para inclusão no Ensino Fundamental necessitam que cumprir função sociopolítica e pedagógica requer oferecer as
seu direito à educação seja garantido, cabe aos sistemas de melhores condições e recursos construídos histórica e
ensino o atendimento a essas crianças na pré-escola até o seu culturalmente para que as crianças usufruam de seus direitos
ingresso, no ano seguinte, no Ensino Fundamental. civis, humanos e sociais e possam se manifestar e ver essas
manifestações acolhidas, na condição de sujeito de direitos e
4. A função sociopolítica e pedagógica da Educação de desejos. Significa, finalmente, considerar as creches e pré-
Infantil escolas na produção de novas formas de sociabilidade e de
subjetividades comprometidas com a democracia e a
Delineada essa apresentação da estrutura legal e cidadania, com a dignidade da pessoa humana, com o
institucional da Educação Infantil, faz-se necessário refletir reconhecimento da necessidade de defesa do meio ambiente e
sobre sua função sociopolítica e pedagógica, como base de com o rompimento de relações de dominação etária,
apoio das propostas pedagógica e curricular das instituições. socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, linguística
Considera a Lei nº 9.394/96 em seu artigo 22 que a e religiosa que ainda marcam nossa sociedade.
Educação Infantil é parte integrante da Educação Básica, cujas
finalidades são desenvolver o educando, assegurar-lhe a 5. Uma definição de currículo
formação comum indispensável para o exercício da cidadania
e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos O currículo na Educação Infantil tem sido um campo de
posteriores. Essa dimensão de instituição voltada à introdução controvérsias e de diferentes visões de criança, de família, e de
das crianças na cultura e à apropriação por elas de funções da creche e da pré-escola. No Brasil nem sempre foi
conhecimentos básicos requer tanto seu acolhimento quanto aceita a ideia de haver um currículo para a Educação Infantil,
sua adequada interpretação em relação às crianças pequenas. termo em geral associado à escolarização tal como vivida no
O paradigma do desenvolvimento integral da criança a ser Ensino Fundamental e Médio, sendo preferidas as expressões
necessariamente compartilhado com a família, adotado no ‘projeto pedagógico’ ou ‘proposta pedagógica’. A integração da
artigo 29 daquela lei, dimensiona aquelas finalidades na Educação Infantil ao sistema educacional impõe à Educação
consideração das formas como as crianças, nesse momento de Infantil trabalhar com esses conceitos, diferenciando-os e
suas vidas, vivenciam o mundo, constroem conhecimentos, articulando-os.
expressam-se, interagem e manifestam desejos e curiosidades A proposta pedagógica, ou projeto pedagógico, é o plano
de modo bastante peculiares. orientador das ações da instituição e define as metas que se
A função das instituições de Educação Infantil, a exemplo pretende para o desenvolvimento dos meninos e meninas que
de todas as instituições nacionais e principalmente, como o nela são educados e cuidados, as aprendizagens que se quer
primeiro espaço de educação coletiva fora do contexto promovidas. Na sua execução, a instituição de Educação
familiar, ainda se inscreve no projeto de sociedade Infantil organiza seu currículo, que pode ser entendido como
democrática desenhado na Constituição Federal de 1988 (art. as práticas educacionais organizadas em torno do
3º, inciso I), com responsabilidades no desempenho de um conhecimento e em meio às relações sociais que se travam nos
papel ativo na construção de uma sociedade livre, justa, espaços institucionais, e que afetam a construção das
solidária e socioambientalmente orientada. identidades das crianças. Por expressar o projeto pedagógico
A redução das desigualdades sociais e regionais e a da instituição em que se desenvolve, englobando as
promoção do bem de todos (art. 3º, incisos II e IV da experiências vivenciadas pela criança, o currículo se constitui
Constituição Federal) são compromissos a serem perseguidos um instrumento político, cultural e científico coletivamente
pelos sistemas de ensino e pelos professores também na formulado (MEC, 2009b).
Educação Infantil. É bastante conhecida no país a desigualdade O currículo da Educação Infantil é concebido como um
de acesso às creches e pré-escolas entre as crianças brancas e conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os
negras, moradoras do meio urbano e rural, das regiões saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte
sul/sudeste e norte/nordeste e, principalmente, ricas e do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico. Tais
pobres. Além das desigualdades de acesso, também as práticas são efetivadas por meio de relações sociais que as
condições desiguais da qualidade da educação oferecida às crianças desde bem pequenas estabelecem com os professores
crianças configuram-se em violações de direitos e as outras crianças, e afetam a construção de suas identidades.
constitucionais das mesmas e caracterizam esses espaços Intencionalmente planejadas e permanentemente
como instrumentos que, ao invés de promover a equidade, avaliadas, as práticas que estruturam o cotidiano das
alimentam e reforçam as desigualdades socioeconômicas, instituições de Educação Infantil devem considerar a
étnico-raciais e regionais. Em decorrência disso, os objetivos integralidade e indivisibilidade das dimensões expressivo-

Legislação 52
APOSTILAS OPÇÃO

motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e distancie da realidade vivida, assumindo personagens e
sociocultural das crianças, apontar as experiências de transformando objetos pelo uso que deles faz.
aprendizagem que se espera promover junto às crianças e Na história cotidiana das interações com diferentes
efetivar-se por meio de modalidades que assegurem as metas parceiros, vão sendo construídas significações
educacionais de seu projeto pedagógico. compartilhadas, a partir das quais a criança aprende como agir
A gestão democrática da proposta curricular deve contar ou resistir aos valores e normas da cultura de seu ambiente.
na sua elaboração, acompanhamento e avaliação tendo em Nesse processo é preciso considerar que as crianças aprendem
vista o Projeto Político-Pedagógico da unidade educacional, coisas que lhes são muito significativas quando interagem com
com a participação coletiva de professoras e professores, companheiros da infância, e que são diversas das coisas que
demais profissionais da instituição, famílias, comunidade e das elas se apropriam no contato com os adultos ou com crianças
crianças, sempre que possível e à sua maneira. já mais velhas. Além disso, à medida que o grupo de crianças
interage, são construídas as culturas infantis.
6. A visão de criança: o sujeito do processo de educação Também as professoras e os professores têm, na
experiência conjunta com as crianças, excelente oportunidade
A criança, centro do planejamento curricular, é sujeito de se desenvolverem como pessoa e como profissional.
histórico e de direitos que se desenvolve nas interações, Atividades realizadas pela professora ou professor de brincar
relações e práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela com a criança, contar-lhe histórias, ou conversar com ela sobre
estabelecidas com adultos e crianças de diferentes idades nos uma infinidade de temas, tanto promovem o desenvolvimento
grupos e contextos culturais nos quais se insere. Nessas da capacidade infantil de conhecer o mundo e a si mesmo, de
condições ela faz amizades, brinca com água ou terra, faz-de- sua autoconfiança e a formação de motivos e interesses
conta, deseja, aprende, observa, conversa, experimenta, pessoais, quanto ampliam as possibilidades da professora ou
questiona, constrói sentidos sobre o mundo e suas identidades professor de compreender e responder às iniciativas infantis.
pessoal e coletiva, produzindo cultura.
O conhecimento científico hoje disponível autoriza a visão 7. Princípios básicos
de que desde o nascimento a criança busca atribuir significado
a sua experiência e nesse processo volta-se para conhecer o Os princípios fundamentais nas Diretrizes anteriormente
mundo material e social, ampliando gradativamente o campo estabelecidas (Resolução CNE/CEB nº 1/99 e Parecer
de sua curiosidade e inquietações, mediada pelas orientações, CNE/CEB nº 22/98) continuam atuais e estarão presentes
materiais, espaços e tempos que organizam as situações de nestas diretrizes com a explicitação de alguns pontos que mais
aprendizagem e pelas explicações e significados a que ela tem recentemente têm se destacado nas discussões da área. São
acesso. eles:
O período de vida atendido pela Educação Infantil
caracteriza-se por marcantes aquisições: a marcha, a fala, o a) Princípios éticos: valorização da autonomia, da
controle esfincteriano, a formação da imaginação e da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem
capacidade de fazer de conta e de representar usando comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades
diferentes linguagens. Embora nessas aquisições a dimensão e singularidades.
orgânica da criança se faça presente, suas capacidades para Cabe às instituições de Educação Infantil assegurar às
discriminar cores, memorizar poemas, representar uma crianças a manifestação de seus interesses, desejos e
paisagem através de um desenho, consolar uma criança que curiosidades ao participar das práticas educativas, valorizar
chora etc., não são constituições universais biologicamente suas produções, individuais e coletivas, e trabalhar pela
determinadas e esperando o momento de amadurecer. Elas conquista por elas da autonomia para a escolha de
são histórica e culturalmente produzidas nas relações que brincadeiras e de atividades e para a realização de cuidados
estabelecem com o mundo material e social mediadas por pessoais diários. Tais instituições devem proporcionar às
parceiros mais experientes. crianças oportunidades para ampliarem as possibilidades de
Assim, a motricidade, a linguagem, o pensamento, a aprendizado e de compreensão de mundo e de si próprio
afetividade e a sociabilidade são aspectos integrados e se trazidas por diferentes tradições culturais e a construir
desenvolvem a partir das interações que, desde o nascimento, atitudes de respeito e solidariedade, fortalecendo a autoestima
a criança estabelece com diferentes parceiros, a depender da e os vínculos afetivos de todas as crianças.
maneira como sua capacidade para construir conhecimento é Desde muito pequenas, as crianças devem ser mediadas na
possibilitada e trabalhada nas situações em que ela participa. construção de uma visão de mundo e de conhecimento como
Isso por que, na realização de tarefas diversas, na companhia elementos plurais, formar atitudes de solidariedade e
de adultos e de outras crianças, no confronto dos gestos, das aprender a identificar e combater preconceitos que incidem
falas, enfim, das ações desses parceiros, cada criança modifica sobre as diferentes formas dos seres humanos se constituírem
sua forma de agir, sentir e pensar. enquanto pessoas. Poderão assim questionar e romper com
Cada criança apresenta um ritmo e uma forma própria de formas de dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de
colocar-se nos relacionamentos e nas interações, de gênero, regional, linguística e religiosa, existentes em nossa
manifestar emoções e curiosidade, e elabora um modo próprio sociedade e recriadas na relação dos adultos com as crianças e
de agir nas diversas situações que vivencia desde o nascimento entre elas. Com isso elas podem e devem aprender sobre o
conforme experimenta sensações de desconforto ou de valor de cada pessoa e dos diferentes grupos culturais,
incerteza diante de aspectos novos que lhe geram adquirir valores como os da inviolabilidade da vida humana, a
necessidades e desejos, e lhe exigem novas respostas. Assim liberdade e a integridade individuais, a igualdade de direitos
busca compreender o mundo e a si mesma, testando de alguma de todas as pessoas, a igualdade entre homens e mulheres,
forma as significações que constrói, modificando-as assim como a solidariedade com grupos enfraquecidos e
continuamente em cada interação, seja com outro ser humano, vulneráveis política e economicamente. Essa valorização
seja com objetos. também se estende à relação com a natureza e os espaços
Uma atividade muito importante para a criança pequena é públicos, o respeito a todas as formas de vida, o cuidado de
a brincadeira. Brincar dá à criança oportunidade para imitar o seres vivos e a preservação dos recursos naturais.
conhecido e para construir o novo, conforme ela reconstrói o
cenário necessário para que sua fantasia se aproxime ou se

Legislação 53
APOSTILAS OPÇÃO

b) Princípios políticos: dos direitos de cidadania, do Com base nesse paradigma, a proposta pedagógica das
exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo
A Educação Infantil deve trilhar o caminho de educar para principal promover o desenvolvimento integral das crianças
a cidadania, analisando se suas práticas educativas de fato de zero a cinco anos de idade garantindo a cada uma delas o
promovem a formação participativa e crítica das crianças e acesso a processos de construção de conhecimentos e a
criam contextos que lhes permitem a expressão de aprendizagem de diferentes linguagens, assim como o direito
sentimentos, ideias, questionamentos, comprometidos com a à proteção, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à
busca do bem estar coletivo e individual, com a preocupação brincadeira, à convivência e interação com outras crianças. Daí
com o outro e com a coletividade. decorrem algumas condições para a organização curricular.
Como parte da formação para a cidadania e diante da
concepção da Educação Infantil como um direito, é necessário 1) As instituições de Educação Infantil devem assegurar
garantir uma experiência bem sucedida de aprendizagem a a educação em sua integralidade, entendendo o cuidado
todas as crianças, sem discriminação. Isso requer como algo indissociável ao processo educativo.
proporcionar oportunidades para o alcance de conhecimentos As práticas pedagógicas devem ocorrer de modo a não
básicos que são considerados aquisições valiosas para elas. fragmentar a criança nas suas possibilidades de viver
A educação para a cidadania se volta para ajudar a criança experiências, na sua compreensão do mundo feita pela
a tomar a perspectiva do outro - da mãe, do pai, do professor, totalidade de seus sentidos, no conhecimento que constrói na
de outra criança, e também de quem vai mudar-se para longe, relação intrínseca entre razão e emoção, expressão corporal e
de quem tem o pai doente. O importante é que se criem verbal, experimentação prática e elaboração conceitual. As
condições para que a criança aprenda a opinar e a considerar práticas envolvidas nos atos de alimentar-se, tomar banho,
os sentimentos e a opinião dos outros sobre um trocar fraldas e controlar os esfíncteres, na escolha do que
acontecimento, uma reação afetiva, uma ideia, um conflito. vestir, na atenção aos riscos de adoecimento mais fácil nessa
faixa etária, no âmbito da Educação Infantil, não são apenas
c) Princípios estéticos: valorização da sensibilidade, da práticas que respeitam o direito da criança de ser bem
criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações atendida nesses aspectos, como cumprimento do respeito à
artísticas e culturais. sua dignidade como pessoa humana. Elas são também práticas
O trabalho pedagógico na unidade de Educação Infantil, em que respeitam e atendem ao direito da criança de apropriar-
um mundo em que a reprodução em massa sufoca o olhar das se, por meio de experiências corporais, dos modos
pessoas e apaga singularidades, deve voltar-se para uma estabelecidos culturalmente de alimentação e promoção de
sensibilidade que valoriza o ato criador e a construção pelas saúde, de relação com o próprio corpo e consigo mesma,
crianças de respostas singulares, garantindo-lhes a mediada pelas professoras e professores, que
participação em diversificadas experiências. intencionalmente planejam e cuidam da organização dessas
As instituições de Educação Infantil precisam organizar práticas.
um cotidiano de situações agradáveis, estimulantes, que A dimensão do cuidado, no seu caráter ético, é assim
desafiem o que cada criança e seu grupo de crianças já sabem orientada pela perspectiva de promoção da qualidade e
sem ameaçar sua autoestima nem promover competitividade, sustentabilidade da vida e pelo princípio do direito e da
ampliando as possibilidades infantis de cuidar e ser cuidada, proteção integral da criança. O cuidado, compreendido na sua
de se expressar, comunicar e criar, de organizar pensamentos dimensão necessariamente humana de lidar com questões de
e ideias, de conviver, brincar e trabalhar em grupo, de ter intimidade e afetividade, é característica não apenas da
iniciativa e buscar soluções para os problemas e conflitos que Educação Infantil, mas de todos os níveis de ensino. Na
se apresentam às mais diferentes idades, e lhes possibilitem Educação Infantil, todavia, a especificidade da criança bem
apropriar-se de diferentes linguagens e saberes que circulam pequena, que necessita do professor até adquirir autonomia
em nossa sociedade, selecionados pelo valor formativo que para cuidar de si, expõe de forma mais evidente a relação
possuem em relação aos objetivos definidos em seu Projeto indissociável do educar e cuidar nesse contexto. A definição e
Político Pedagógico. o aperfeiçoamento dos modos como a instituição organiza
essas atividades são parte integrante de sua proposta
8. Objetivos e condições para a organização curricular curricular e devem ser realizadas sem fragmentar ações.
Um bom planejamento das atividades educativas favorece
Os direitos da criança constituem hoje o paradigma para o a formação de competências para a criança aprender a cuidar
relacionamento social e político com as infâncias do país. A de si. No entanto, na perspectiva que integra o cuidado, educar
Constituição de 1988, no artigo 227, declara que “É dever da não é apenas isto. Educar cuidando inclui acolher, garantir a
família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao segurança, mas também alimentar a curiosidade, a ludicidade
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, e a expressividade infantis.
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à Educar de modo indissociado do cuidar é dar condições
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência para as crianças explorarem o ambiente de diferentes
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda maneiras (manipulando materiais da natureza ou objetos,
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, observando, nomeando objetos, pessoas ou situações, fazendo
crueldade e opressão”. perguntas etc) e construírem sentidos pessoais e significados
Nessa expressão legal, as crianças são inseridas no mundo coletivos, à medida que vão se constituindo como sujeitos e se
dos direitos humanos e são definidos não apenas o direito apropriando de um modo singular das formas culturais de agir,
fundamental da criança à provisão (saúde, alimentação, lazer, sentir e pensar. Isso requer do professor ter sensibilidade e
educação lato senso) e à proteção (contra a violência, delicadeza no trato de cada criança, e assegurar atenção
discriminação, negligência e outros), como também seus especial conforme as necessidades que identifica nas crianças.
direitos fundamentais de participação na vida social e cultural, As práticas que desafiam os bebês e as crianças maiores a
de ser respeitada e de ter liberdade para expressar-se construírem e se apropriarem dos conhecimentos produzidos
individualmente. Esses pontos trouxeram perspectivas por seu grupo cultural e pela humanidade, na Educação
orientadoras para o trabalho na Educação Infantil e Infantil, pelas características desse momento de vida, são
inspiraram inclusive a finalidade dada no artigo 29 da Lei nº articuladas ao entorno e ao cotidiano das crianças, ampliam
9.394/96 às creches e pré-escolas. suas possibilidades de ação no mundo e delineiam
possibilidades delas viverem a infância.

Legislação 54
APOSTILAS OPÇÃO

2) O combate ao racismo e às discriminações de gênero, possibilita sua participação na elaboração e acompanhamento


socioeconômicas, étnico-raciais e religiosas deve ser objeto da proposta curricular. Dessa forma, a organização da
de constante reflexão e intervenção no cotidiano da proposta pedagógica deve prever o estabelecimento de uma
Educação Infantil. relação positiva com a comunidade local e de mecanismos que
As ações educativas e práticas cotidianas devem garantam a gestão democrática e a consideração dos saberes
considerar que os modos como a cultura medeia as formas de comunitários, seja ela composta pelas populações que vivem
relação da criança consigo mesma são constitutivos dos seus nos centros urbanos, ou a população do campo, os povos da
processos de construção de identidade. A perspectiva que floresta e dos rios, os indígenas, quilombolas ou
acentua o atendimento aos direitos fundamentais da criança, afrodescendentes.
compreendidos na sua multiplicidade e integralidade, entende Na discussão sobre as diversidades, há que se considerar
que o direito de ter acesso a processos de construção de que também a origem urbana das creches e pré-escolas e a sua
conhecimento como requisito para formação humana, extensão como direito a todas as crianças brasileiras remetem
participação social e cidadania das crianças de zero a cinco à necessidade de que as propostas pedagógicas das
anos de idade, efetua-se na interrelação das diferentes práticas instituições em territórios não-urbanos respeitem suas
cotidianas que ocorrem no interior das creches e pré-escolas e identidades.
em relação a crianças concretas, contemplando as Essa exigência é explicitada no caso de crianças filhas de
especificidades desse processo nas diferentes idades e em agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais,
relação à diversidade cultural e étnico-racial e às crianças com ribeirinhos, assentados e acampados da reforma agrária,
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas quilombolas, caiçaras, nas Diretrizes Operacionais para a
habilidades/superdotação. Educação Básica nas Escolas do Campo (Resolução CNE/CEB
A valorização da diversidade das culturas das diferentes nº 1/2002). Essas Diretrizes orientam o trabalho pedagógico
crianças e de suas famílias, por meio de brinquedos, imagens e no estabelecimento de uma relação orgânica com a cultura, as
narrativas que promovam a construção por elas de uma tradições, os saberes e as identidades dessas populações, e
relação positiva com seus grupos de pertencimento, deve indicam a adoção de estratégias que garantam o atendimento
orientar as práticas criadas na Educação Infantil ampliando o às especificidades dessas comunidades - tais como a
olhar das crianças desde cedo para a contribuição de flexibilização e adequação no calendário, nos agrupamentos
diferentes povos e culturas. Na formação de pequenos etários e na organização de tempos, atividades e ambientes -
cidadãos compromissada com uma visão plural de mundo, é em respeito às diferenças quanto à atividade econômica e à
necessário criar condições para o estabelecimento de uma política de igualdade e sem prejuízo da qualidade do
relação positiva e uma apropriação das contribuições atendimento. Elas apontam para a previsão da oferta de
histórico-culturais dos povos indígenas, afrodescendentes, materiais didáticos, brinquedos e outros equipamentos em
asiáticos, europeus e de outros países da América, conformidade com a realidade da comunidade e as
reconhecendo, valorizando, respeitando e possibilitando o diversidades dos povos do campo, evidenciando o papel
contato das crianças com as histórias e as culturas desses dessas populações na produção do conhecimento sobre o
povos. mundo. A Resolução CNE/CEB nº 2/2008, que estabelece
O olhar acolhedor de diversidades também se refere às Diretrizes complementares, normas e princípios para o
crianças com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Também Educação Básica do Campo e regulamenta questões
o direito dessas crianças à liberdade e à participação, tal como importantes para a Educação Infantil, proíbe que se agrupe em
para as demais crianças, deve ser acolhido no planejamento uma mesma turma crianças da Educação Infantil e crianças do
das situações de vivência e aprendizagem na Educação Ensino Fundamental.
Infantil. Para garanti-lo, são necessárias medidas que A situação de desvantagem das crianças moradoras dos
otimizem suas vivências na creche e pré-escola, garantindo territórios rurais em relação ao acesso à educação é conhecida
que esses espaços sejam estruturados de modo a permitir sua por meio dos relatórios governamentais e por trabalhos
condição de sujeitos ativos e a ampliar suas possibilidades de acadêmicos. Não bastasse a baixíssima cobertura do
ação nas brincadeiras e nas interações com as outras crianças, atendimento, esses relatórios apontam que são precárias as
momentos em que exercitam sua capacidade de intervir na instalações, são inadequados os materiais e os professores
realidade e participam das atividades curriculares com os geralmente não possuem formação para o trabalho com essas
colegas. Isso inclui garantir no cotidiano da instituição a populações, o que caracteriza uma flagrante ineficácia no
acessibilidade de espaços, materiais, objetos e brinquedos, cumprimento da política de igualdade em relação ao acesso e
procedimentos e formas de comunicação e orientação vividas, permanência na Educação Infantil e uma violação do direito à
especificidades e singularidades das crianças com deficiências, educação dessas crianças. Uma política que promova com
transtornos globais de desenvolvimento e altas qualidade a Educação Infantil nos próprios territórios rurais
habilidades/superdotação. instiga a construção de uma pedagogia dos povos do campo -
construída na relação intrínseca com os saberes, as realidades
3) As instituições necessariamente precisam conhecer e temporalidades das crianças e de suas comunidades - e
as culturas plurais que constituem o espaço da creche e da requer a necessária formação do professor nessa pedagogia.
pré-escola, a riqueza das contribuições familiares e da Em relação às crianças indígenas, há que se garantir a
comunidade, suas crenças e manifestações, e fortalecer autonomia dos povos e nações na escolha dos modos de
formas de atendimento articuladas aos saberes e às educação de suas crianças de zero a cinco anos de idade e que
especificidades étnicas, linguísticas, culturais e religiosas as propostas pedagógicas para esses povos que optarem pela
de cada comunidade. Educação Infantil possam afirmar sua identidade
O reconhecimento da constituição plural das crianças sociocultural. Quando oferecidas, aceitas e requisitadas pelas
brasileiras, no que se refere à identidade cultural e regional e comunidades, como direito das crianças indígenas, as
à filiação socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, propostas curriculares na Educação Infantil dessas crianças
linguística e religiosa, é central à garantia de uma Educação devem proporcionar uma relação viva com os conhecimentos,
Infantil comprometida com os direitos das crianças. Esse crenças, valores, concepções de mundo e as memórias de seu
fundamento reforça a gestão democrática como elemento povo; reafirmar a identidade étnica e a língua materna como
imprescindível, uma vez que é por meio dela que a instituição elementos de constituição das crianças; dar continuidade à
também se abre à comunidade, permite sua entrada, e educação tradicional oferecida na família e articular-se às

Legislação 55
APOSTILAS OPÇÃO

práticas socioculturais de educação e cuidado da comunidade; docente cotidiana em termos pedagógicos, éticos e políticos, e
adequar calendário, agrupamentos etários e organização de tomar decisões sobre as melhores formas de mediar a
tempos, atividades e ambientes de modo a atender as aprendizagem e o desenvolvimento infantil, considerando o
demandas de cada povo indígena. coletivo de crianças assim como suas singularidades.

4) A execução da proposta curricular requer atenção 8. A necessária e fundamental parceria com as famílias
cuidadosa e exigente às possíveis formas de violação da na Educação Infantil
dignidade da criança.
O respeito à dignidade da criança como pessoa humana, A perspectiva do atendimento aos direitos da criança na
quando pensado a partir das práticas cotidianas na instituição, sua integralidade requer que as instituições de Educação
tal como apontado nos “Indicadores de Qualidade na Educação Infantil, na organização de sua proposta pedagógica e
Infantil” elaborados pelo MEC, requer que a instituição garanta curricular, assegurem espaços e tempos para participação, o
a proteção da criança contra qualquer forma de violência - diálogo e a escuta cotidiana das famílias, o respeito e a
física ou simbólica - ou negligência, tanto no interior das valorização das diferentes formas em que elas se organizam.
instituições de Educação Infantil como na experiência familiar A família constitui o primeiro contexto de educação e
da criança, devendo as violações ser encaminhadas às cuidado do bebê. Nela ele recebe os cuidados materiais,
instâncias competentes. Os profissionais da educação que aí afetivos e cognitivos necessários a seu bem-estar, e constrói
trabalham devem combater e intervir imediatamente quando suas primeiras formas de significar o mundo. Quando a criança
ocorrem práticas dos adultos que desrespeitem a integridade passa a frequentar a Educação Infantil, é preciso refletir sobre
das crianças, de modo a criar uma cultura em que essas a especificidade de cada contexto no desenvolvimento da
práticas sejam inadmissíveis. criança e a forma de integrar as ações e projetos educacionais
das famílias e das instituições. Essa integração com a família
5) O atendimento ao direito da criança na sua necessita ser mantida e desenvolvida ao longo da permanência
integralidade requer o cumprimento do dever do Estado da criança na creche e pré-escola, exigência inescapável frente
com a garantia de uma experiência educativa com às características das crianças de zero a cinco anos de idade, o
qualidade a todas as crianças na Educação Infantil. que cria a necessidade de diálogo para que as práticas junto às
As instituições de Educação Infantil devem tanto oferecer crianças não se fragmentem.
espaço limpo, seguro e voltado para garantir a saúde infantil O trabalho com as famílias requer que as equipes de
quanto se organizar como ambientes acolhedores, educadores as compreendam como parceiras, reconhecendo-
desafiadores e inclusivos, plenos de interações, explorações e as como criadoras de diferentes ambientes e papéis para seus
descobertas partilhadas com outras crianças e com o membros, que estão em constante processo de modificação de
professor. Elas ainda devem criar contextos que articulem seus saberes, fazeres e valores em relação a uma série de
diferentes linguagens e que permitam a participação, pontos, dentre eles o cuidado e a educação dos filhos. O
expressão, criação, manifestação e consideração de seus importante é acolher as diferentes formas de organização
interesses. familiar e respeitar as opiniões e aspirações dos pais sobre
No cumprimento dessa exigência, o planejamento seus filhos. Nessa perspectiva, as professoras e professores
curricular deve assegurar condições para a organização do compreendem que, embora compartilhem a educação das
tempo cotidiano das instituições de Educação Infantil de modo crianças com os membros da família, exercem funções
a equilibrar continuidade e inovação nas atividades, diferentes destes. Cada família pode ver na professora ou
movimentação e concentração das crianças, momentos de professor alguém que lhe ajuda a pensar sobre seu próprio
segurança e momentos de desafio na participação das mesmas, filho e trocar opiniões sobre como a experiência na unidade de
e articular seus ritmos individuais, vivências pessoais e Educação Infantil se liga a este plano. Ao mesmo tempo, o
experiências coletivas com crianças e adultos. Também é trabalho pedagógico desenvolvido na Educação Infantil pode
preciso haver a estruturação de espaços que facilitem que as apreender os aspectos mais salientes das culturas familiares
crianças interajam e construam sua cultura de pares, e locais para enriquecer as experiências cotidianas das crianças.
favoreçam o contato com a diversidade de produtos culturais Um ponto inicial de trabalho integrado da instituição de
(livros de literatura, brinquedos, objetos e outros materiais), Educação Infantil com as famílias pode ocorrer no período de
de manifestações artísticas e com elementos da natureza. adaptação e acolhimento dos novatos. Isso se fará de modo
Junto com isso, há necessidade de uma infraestrutura e de mais produtivo se, nesse período, as professoras e professores
formas de funcionamento da instituição que garantam ao derem oportunidade para os pais falarem sobre seus filhos e
espaço físico a adequada conservação, acessibilidade, estética, as expectativas que têm em relação ao atendimento na
ventilação, insolação, luminosidade, acústica, higiene, Educação Infantil, enquanto eles informam e conversam com
segurança e dimensões em relação ao tamanho dos grupos e os pais os objetivos propostos pelo Projeto Político-
ao tipo de atividades realizadas. Pedagógico da instituição e os meios organizados para atingi-
O número de crianças por professor deve possibilitar los.
atenção, responsabilidade e interação com as crianças e suas Outros pontos fundamentais do trabalho com as famílias
famílias. Levando em consideração as características do são propiciados pela participação destas na gestão da proposta
espaço físico e das crianças, no caso de agrupamentos com pedagógica e pelo acompanhamento partilhado do
criança de mesma faixa de idade, recomenda-se a proporção desenvolvimento da criança. A participação dos pais junto com
de 6 a 8 crianças por professor (no caso de crianças de zero e os professores e demais profissionais da educação nos
um ano), 15 crianças por professor (no caso de criança de dois conselhos escolares, no acompanhamento de projetos
e três anos) e 20 crianças por professor (nos agrupamentos de didáticos e nas atividades promovidas pela instituição
crianças de quatro e cinco anos). possibilita agregar experiências e saberes e articular os dois
Programas de formação continuada dos professores e contextos de desenvolvimento da criança. Nesse processo, os
demais profissionais também integram a lista de requisitos pais devem ser ouvidos tanto como usuários diretos do serviço
básicos para uma Educação Infantil de qualidade. Tais prestado como também como mais uma voz das crianças, em
programas são um direito das professoras e professores no particular daquelas muito pequenas.
sentido de aprimorar sua prática e desenvolver a si e a sua Preocupações dos professores sobre a forma como
identidade profissional no exercício de seu trabalho. Eles algumas crianças parecem ser tratadas em casa - descuido,
devem dar-lhes condições para refletir sobre sua prática violência, discriminação, superproteção e outras - devem ser

Legislação 56
APOSTILAS OPÇÃO

discutidas com a direção de cada instituição para que formas infantis, individuais e coletivas, acolhe suas perguntas e suas
produtivas de esclarecimento e eventuais encaminhamentos respostas, busca compreender o significado de sua conduta.
possam ser pensados. As propostas curriculares da Educação Infantil devem
garantir que as crianças tenham experiências variadas com as
9. A organização das experiências de aprendizagem na diversas linguagens, reconhecendo que o mundo no qual estão
proposta curricular inseridas, por força da própria cultura, é amplamente marcado
por imagens, sons, falas e escritas. Nesse processo, é preciso
Em função dos princípios apresentados, e na tarefa de valorizar o lúdico, as brincadeiras e as culturas infantis.
garantir às crianças seu direito de viver a infância e se As experiências promotoras de aprendizagem e
desenvolver, as experiências no espaço de Educação Infantil consequente desenvolvimento das crianças devem ser
devem possibilitar o encontro pela criança de explicações propiciadas em uma frequência regular e serem, ao mesmo
sobre o que ocorre à sua volta e consigo mesma enquanto tempo, imprevistas, abertas a surpresas e a novas descobertas.
desenvolvem formas de agir, sentir e pensar. Elas visam a criação e a comunicação por meio de diferentes
O importante é apoiar as crianças, desde cedo e ao longo formas de expressão, tais como imagens, canções e música,
de todas as suas experiências cotidianas na Educação Infantil teatro, dança e movimento, assim como a língua escrita e
no estabelecimento de uma relação positiva com a instituição falada, sem esquecer da língua de sinais, que pode ser
educacional, no fortalecimento de sua autoestima, no interesse aprendida por todas as crianças e não apenas pelas crianças
e curiosidade pelo conhecimento do mundo, na familiaridade surdas.
com diferentes linguagens, na aceitação e acolhimento das É necessário considerar que as linguagens se inter-
diferenças entre as pessoas. relacionam: por exemplo, nas brincadeiras cantadas a criança
Na explicitação do ambiente de aprendizagem, é explora as possibilidades expressivas de seus movimentos ao
necessário pensar “um currículo sustentado nas relações, nas mesmo tempo em que brinca com as palavras e imita certos
interações e em práticas educativas intencionalmente voltadas personagens. Quando se volta para construir conhecimentos
para as experiências concretas da vida cotidiana, para a sobre diferentes aspectos do seu entorno, a criança elabora
aprendizagem da cultura, pelo convívio no espaço da vida suas capacidades linguísticas e cognitivas envolvidas na
coletiva e para a produção de narrativas, individuais e explicação, argumentação e outras, ao mesmo tempo em que
coletivas, através de diferentes linguagens” (MEC, 2009a). amplia seus conhecimentos sobre o mundo e registra suas
A professora e o professor necessitam articular condições descobertas pelo desenho ou mesmo por formas bem iniciais
de organização dos espaços, tempos, materiais e das de registro escrito. Por esse motivo, ao planejar o trabalho, é
interações nas atividades para que as crianças possam importante não tomar as linguagens de modo isolado ou
expressar sua imaginação nos gestos, no corpo, na oralidade disciplinar, mas sim contextualizadas, a serviço de
e/ou na língua de sinais, no faz de conta, no desenho e em suas significativas aprendizagens.
primeiras tentativas de escrita. As crianças precisam brincar em pátios, quintais, praças,
A criança deve ter possibilidade de fazer deslocamentos e bosques, jardins, praias, e viver experiências de semear,
movimentos amplos nos espaços internos e externos às salas plantar e colher os frutos da terra, permitindo a construção de
de referência das turmas e à instituição, envolver-se em uma relação de identidade, reverência e respeito para com a
explorações e brincadeiras com objetos e materiais natureza. Elas necessitam também ter acesso a espaços
diversificados que contemplem as particularidades das culturais diversificados: inserção em práticas culturais da
diferentes idades, as condições específicas das crianças com comunidade, participação em apresentações musicais,
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas teatrais, fotográficas e plásticas, visitas a bibliotecas,
habilidades/superdotação, e as diversidades sociais, culturais, brinquedotecas, museus, monumentos, equipamentos
étnico-raciais e linguísticas das crianças, famílias e públicos, parques, jardins.
comunidade regional. É importante lembrar que dentre os bens culturais que
De modo a proporcionar às crianças diferentes crianças têm o direito a ter acesso está a linguagem verbal, que
experiências de interações que lhes possibilitem construir inclui a linguagem oral e a escrita, instrumentos básicos de
saberes, fazer amigos, aprender a cuidar de si e a conhecer expressão de ideias, sentimentos e imaginação. A aquisição da
suas próprias preferências e características, deve-se linguagem oral depende das possibilidades das crianças
possibilitar que elas participem de diversas formas de observarem e participarem cotidianamente de situações
agrupamento (grupos de mesma idade e grupos de diferentes comunicativas diversas onde podem comunicar-se, conversar,
idades), formados com base em critérios estritamente ouvir histórias, narrar, contar um fato, brincar com palavras,
pedagógicos. refletir e expressar seus próprios pontos de vista, diferenciar
As especificidades e os interesses singulares e coletivos conceitos, ver interconexões e descobrir novos caminhos de
dos bebês e das crianças das demais faixas etárias devem ser entender o mundo. É um processo que precisa ser planejado e
considerados no planejamento do currículo, vendo a criança continuamente trabalhado.
em cada momento como uma pessoa inteira na qual os Também a linguagem escrita é objeto de interesse pelas
aspectos motores, afetivos, cognitivos e linguísticos integram- crianças. Vivendo em um mundo onde a língua escrita está
se, embora em permanente mudança. Em relação a qualquer cada vez mais presente, as crianças começam a se interessar
experiência de aprendizagem que seja trabalhada pelas pela escrita muito antes que os professores a apresentem
crianças, devem ser abolidos os procedimentos que não formalmente. Contudo, há que se apontar que essa temática
reconhecem a atividade criadora e o protagonismo da criança não está sendo muitas vezes adequadamente compreendida e
pequena, que promovam atividades mecânicas e não trabalhada na Educação Infantil. O que se pode dizer é que o
significativas para as crianças. trabalho com a língua escrita com crianças pequenas não pode
Cabe à professora e ao professor criar oportunidade para decididamente ser uma prática mecânica desprovida de
que a criança, no processo de elaborar sentidos pessoais, se sentido e centrada na decodificação do escrito. Sua
aproprie de elementos significativos de sua cultura não como apropriação pela criança se faz no reconhecimento,
verdades absolutas, mas como elaborações dinâmicas e compreensão e fruição da linguagem que se usa para escrever,
provisórias. Trabalha-se com os saberes da prática que as mediada pela professora e pelo professor, fazendo-se presente
crianças vão construindo ao mesmo tempo em que se garante em atividades prazerosas de contato com diferentes gêneros
a apropriação ou construção por elas de novos conhecimentos. escritos, como a leitura diária de livros pelo professor, a
Para tanto, a professora e o professor observam as ações possibilidade da criança desde cedo manusear livros e revistas

Legislação 57
APOSTILAS OPÇÃO

e produzir narrativas e “textos”, mesmo sem saber ler e A observação sistemática, crítica e criativa do
escrever. comportamento de cada criança, de grupos de crianças, das
Atividades que desenvolvam expressão motora e modos de brincadeiras e interações entre as crianças no cotidiano, e a
perceber seu próprio corpo, assim como as que lhe utilização de múltiplos registros realizados por adultos e
possibilitem construir, criar e desenhar usando diferentes crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.), feita ao
materiais e técnicas, ampliar a sensibilidade da criança à longo do período em diversificados momentos, são condições
música, à dança, à linguagem teatral, abrem ricas necessárias para compreender como a criança se apropria de
possibilidades de vivências e desenvolvimento para as modos de agir, sentir e pensar culturalmente constituídos.
crianças. Conhecer as preferências das crianças, a forma delas
Experiências que promovam o envolvimento da criança participarem nas atividades, seus parceiros prediletos para a
com o meio ambiente e a conservação da natureza e a ajudem realização de diferentes tipos de tarefas, suas narrativas, pode
elaborar conhecimentos, por exemplo, de plantas e animais, ajudar o professor a reorganizar as atividades de modo mais
devem fazer parte do cotidiano da unidade de Educação adequado ao alcance dos propósitos infantis e das
Infantil. Outras experiências podem priorizar, em contextos e aprendizagens coletivamente trabalhadas.
situações significativos, a exploração e uso de conhecimentos A documentação dessas observações e outros dados sobre
matemáticos na apreciação das características básicas do a criança devem acompanhá-la ao longo de sua trajetória da
conceito de número, medida e forma, assim como a habilidade Educação Infantil e ser entregue por ocasião de sua matrícula
de se orientar no tempo e no espaço. no Ensino Fundamental para garantir a continuidade dos
Ter oportunidade para manusear gravadores, projetores, processos educativos vividos pela criança.
computador e outros recursos tecnológicos e midiáticos
também compõe o quadro de possibilidades abertas para o 11. O acompanhamento da continuidade do processo
trabalho pedagógico na Educação Infantil. de educação
As experiências que permitam ações individuais e em um
grupo, lidar com conflitos e entender direitos e obrigações, que Na busca de garantir um olhar contínuo sobre os processos
desenvolvam a identidade pessoal, sentimento de autoestima, vivenciados pela criança, devem ser criadas estratégias
autonomia e confiança em suas próprias habilidades, e um adequadas aos diferentes momentos de transição por elas
entendimento da importância de cuidar de sua própria saúde vividos. As instituições de Educação Infantil devem assim:
e bem-estar, devem ocupar lugar no planejamento curricular. a) planejar e efetivar o acolhimento das crianças e de suas
Na elaboração da proposta curricular, diferentes arranjos famílias quando do ingresso na instituição, considerando a
de atividades poderão ser feitos, de acordo com as necessária adaptação das crianças e seus responsáveis às
características de cada instituição, a orientação de sua práticas e relacionamentos que têm lugar naquele espaço, e
proposta pedagógica, com atenção, evidentemente, às visar o conhecimento de cada criança e de sua família pela
características das crianças. equipe da Instituição;
A organização curricular da Educação Infantil pode se b) priorizar a observação atenta das crianças e mediar as
estruturar em eixos, centros, campos ou módulos de relações que elas estabelecem entre si, entre elas e os adultos,
experiências que devem se articular em torno dos princípios, entre elas e as situações e objetos, para orientar as mudanças
condições e objetivos propostos nesta diretriz. Ela pode de turmas pelas crianças e acompanhar seu processo de
planejar a realização semanal, mensal e por períodos mais vivência e desenvolvimento no interior da instituição;
longos de atividades e projetos fugindo de rotinas mecânicas. c) planejar o trabalho pedagógico reunindo as equipes da
creche e da pré-escola, acompanhado de relatórios descritivos
10. O processo de avaliação das turmas e das crianças, suas vivências, conquistas e planos,
de modo a dar continuidade a seu processo de aprendizagem;
As instituições de Educação Infantil, sob a ótica da garantia d) prever formas de articulação entre os docentes da
de direitos, são responsáveis por criar procedimentos para Educação Infantil e do Ensino Fundamental (encontros, visitas,
avaliação do trabalho pedagógico e das conquistas das reuniões) e providenciar instrumentos de registro - portfólios
crianças. de turmas, relatórios de avaliação do trabalho pedagógico,
A avaliação é instrumento de reflexão sobre a prática documentação da frequência e das realizações alcançadas
pedagógica na busca de melhores caminhos para orientar as pelas crianças - que permitam aos docentes do Ensino
aprendizagens das crianças. Ela deve incidir sobre todo o Fundamental conhecer os processos de aprendizagem
contexto de aprendizagem: as atividades propostas e o modo vivenciados na Educação Infantil, em especial na pré-escola e
como foram realizadas, as instruções e os apoios oferecidos às as condições em que eles se deram, independentemente dessa
crianças individualmente e ao coletivo de crianças, a forma transição ser feita no interior de uma mesma instituição ou
como o professor respondeu às manifestações e às interações entre instituições, para assegurar às crianças a continuidade
das crianças, os agrupamentos que as crianças formaram, o de seus processos peculiares de desenvolvimento e a
material oferecido e o espaço e o tempo garantidos para a concretização de seu direito à educação.
realização das atividades. Espera-se, a partir disso, que o
professor possa pesquisar quais elementos estão Questões
contribuindo, ou dificultando, as possibilidades de expressão
da criança, sua aprendizagem e desenvolvimento, e então 01. (Prefeitura de Goiânia/GO - Auxiliar de Atividades
fortalecer, ou modificar, a situação, de modo a efetivar o Educativas - CS-UFG) De acordo com o Parecer CNE/CEB n.
Projeto Político-Pedagógico de cada instituição. 20/2009, o período de vida atendido pela educação infantil
A avaliação, conforme estabelecido na Lei nº 9.394/96, caracteriza-se por marcantes aquisições, dentre elas,
deve ter a finalidade de acompanhar e repensar o trabalho encontra-se:
realizado. Nunca é demais enfatizar que não devem existir (A) a formação da imaginação e da capacidade de fazer de
práticas inadequadas de verificação da aprendizagem, tais conta.
como provinhas, nem mecanismos de retenção das crianças na (B) a formação do conceito de causalidade
Educação Infantil. Todos os esforços da equipe devem (C) a capacidade de realizar abstrações, envolvendo o
convergir para a estruturação de condições que melhor conceito de ordem.
contribuam para a aprendizagem e o desenvolvimento da (D) a aprendizagem da escrita por meio da mera
criança sem desligá-la de seus grupos de amizade. decodificação do escrito.

Legislação 58
APOSTILAS OPÇÃO

02. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Assistente da práticas do cotidiano escolar dessa etapa da Educação Básica,
Educação Infantil Substituto - Prefeitura de Fortaleza - CE) com apoio no Parecer CNE/ CEB n° 20/2009, o que
Segundo o Parecer CNE/CEB nº 20/2009, a proposta possibilitou a ela compreender, corretamente, que o currículo
pedagógica, ou projeto pedagógico, é: da Educação Infantil deve ser concebido como
(A) o plano orientador das ações da instituição e define as (A) ações da instituição voltadas a cumprir as metas
metas que se pretendem para o desenvolvimento dos meninos pretendidas para o desenvolvimento dos meninos e meninas
e meninas. que nela estão matriculados, de modo a atingirem, aos cinco
(B) o currículo de atividades direcionadas ao cuidado e anos, o autocuidado.
educação da criança na creche ou pré-escola. (B) um conjunto de práticas que buscam articular as
(C) o projeto de práticas desenvolvidas pelas secretarias experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos
de educação de cada município e repassadas às instituições de que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e
Educação Infantil. tecnológico.
(D) o documento que rege o funcionamento de cada escola (C) práticas desenvolvidas pelos educadores e cuidadores,
de Educação Infantil e regulamenta o papel dos professores e com a finalidade de neutralizar as relações sociais negativas
funcionários. que os pequenos estabelecem com familiares, pois elas
atrasam as aprendizagens.
03. (Prefeitura de São José dos Campos/SP - Agente (D) ações planejadas com a intenção de estruturar as
Educador - VUNESP) Geraldo é agente educador de um centro rotinas do cotidiano das crianças dessa etapa, visto que as
educacional de educação infantil municipal de uma cidade da mesmas são fundamentais na formação de hábitos necessários
Grande São Paulo. Para estudar a avaliação relativa à faixa ao trabalho escolar.
etária com a qual atua, consultou o Parecer CNE/CEB n° (E) atividades que expressam o projeto pedagógico da
20/2009 e constatou corretamente que a avaliação, na instituição em que se desenvolvem, destinadas a substituir as
educação infantil, experiências vivenciadas pela criança fora da escola, por
(A) é instrumento de reflexão sobre a prática pedagógica outras instrutivas.
na busca de melhores caminhos para orientar as
aprendizagens das crianças. Gabarito
(B) pode acompanhar o desenvolvimento integral do
pré-escolar, fazendo uso de provinhas que verificam seu 01.A / 02.A / 03.A / 04.D / 05.B
desempenho global.
(C) precisa recorrer à retenção dos educandos ao final da
pré-escola, quando estes não estão prontos para ingressar no ________. Lei no 13.005 de 25
Ensino Fundamental. de junho de 2014. Plano
(D) deve utilizar instrumentos que meçam a prontidão das
crianças e as selecionem para a organização de turmas Nacional de Educação. Meta 1 e
homogêneas. respectivas estratégias -
(E) tem como objetivo primordial observar a criança Brasília, 2014
pequena para selecionar a que requer atendimento
especializado precoce.
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 20145
04. (Prefeitura de São José dos Campos/SP - Agente APROVA O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO - PNE E
Educador - VUNESP). Gabriela é agente educadora num DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
centro municipal de educação infantil e, com outros colegas,
está debatendo os princípios que orientam a educação infantil, A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o
com apoio no Parecer CNE/CEB 20/2009. De acordo com esse Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Parecer, “A Educação infantil deve trilhar o caminho de educar
para a cidadania, analisando se suas práticas educativas de Art. 1° É aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE,
fato promovem a formação participativa e crítica das crianças com vigência por 10 (dez) anos, a contar da publicação desta
e criam contextos que lhes permitem a expressão de Lei, na forma do Anexo, com vistas ao cumprimento do
sentimentos, ideias, questionamentos, comprometidos com a disposto no art. 214 da Constituição Federal.
busca do bem estar coletivo e individual, com a preocupação
com o outro e com a coletividade". Gabriela entendeu, Art. 2° São diretrizes do PNE:
corretamente, que tais atributos referem-se aos princípios I - erradicação do analfabetismo;
(A) filosóficos. II - universalização do atendimento escolar;
(B) psicológicos. III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase
(C) estéticos na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas
(D) políticos. de discriminação;
(D) éticos. IV - melhoria da qualidade da educação;
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase
05. (Prefeitura de São José dos Campos/SP - Agente nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
Educador - VUNESP). Luciana passou no concurso de agente VI - promoção do princípio da gestão democrática da
educacional promovido por um município paulista e foi educação pública;
designada para trabalhar em unidades escolares, participando VII - promoção humanística, científica, cultural e
do planejamento, da execução de procedimentos e de tecnológica do País;
vivências relacionadas à Educação Infantil (do berçário até a VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
entrada no ensino fundamental). Como ingressante na função, públicos em educação como proporção do Produto Interno
Luciana foi convocada para um treinamento, no qual teve a Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de
oportunidade de debater o currículo da Educação Infantil e as expansão, com padrão de qualidade e equidade;

5http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-

2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso 28/01/2019 às 11h20min

Legislação 59
APOSTILAS OPÇÃO

IX - valorização dos (as) profissionais da educação; Educação, instituído nesta Lei, no âmbito do Ministério da
X - promoção dos princípios do respeito aos direitos Educação.
humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. § 1° O Fórum Nacional de Educação, além da atribuição
referida no caput:
Art. 3° As metas previstas no Anexo desta Lei serão I - acompanhará a execução do PNE e o cumprimento de
cumpridas no prazo de vigência deste PNE, desde que não haja suas metas;
prazo inferior definido para metas e estratégias específicas. II - promoverá a articulação das conferências nacionais de
educação com as conferências regionais, estaduais e
Art. 4° As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ter municipais que as precederem.
como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de § 2° As conferências nacionais de educação realizar-se-ão
Domicílios - PNAD, o censo demográfico e os censos nacionais com intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, com o objetivo
da educação básica e superior mais atualizados, disponíveis na de avaliar a execução deste PNE e subsidiar a elaboração do
data da publicação desta Lei. plano nacional de educação para o decênio subsequente.
Parágrafo único. O poder público buscará ampliar o
escopo das pesquisas com fins estatísticos de forma a incluir Art. 7° A União, os Estados, o Distrito Federal e os
informação detalhada sobre o perfil das populações de 4 Municípios atuarão em regime de colaboração, visando ao
(quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência. alcance das metas e à implementação das estratégias objeto
deste Plano.
Art. 5° A execução do PNE e o cumprimento de suas metas § 1° Caberá aos gestores federais, estaduais, municipais e
serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações do Distrito Federal a adoção das medidas governamentais
periódicas, realizados pelas seguintes instâncias: necessárias ao alcance das metas previstas neste PNE.
I - Ministério da Educação - MEC; § 2° As estratégias definidas no Anexo desta Lei não elidem
II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e a adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de
Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal; instrumentos jurídicos que formalizem a cooperação entre os
III - Conselho Nacional de Educação - CNE; entes federados, podendo ser complementadas por
IV - Fórum Nacional de Educação. mecanismos nacionais e locais de coordenação e colaboração
§ 1° Compete, ainda, às instâncias referidas no caput: recíproca.
I - divulgar os resultados do monitoramento e das § 3° Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal
avaliações nos respectivos sítios institucionais da internet; e dos Municípios criarão mecanismos para o
II - analisar e propor políticas públicas para assegurar a acompanhamento local da consecução das metas deste PNE e
implementação das estratégias e o cumprimento das metas; dos planos previstos no art. 8o.
III - analisar e propor a revisão do percentual de § 4° Haverá regime de colaboração específico para a
investimento público em educação. implementação de modalidades de educação escolar que
§ 2° A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de vigência necessitem considerar territórios étnico-educacionais e a
deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas utilização de estratégias que levem em conta as identidades e
Educacionais Anísio Teixeira - INEP publicará estudos para especificidades socioculturais e linguísticas de cada
aferir a evolução no cumprimento das metas estabelecidas no comunidade envolvida, assegurada a consulta prévia e
Anexo desta Lei, com informações organizadas por ente informada a essa comunidade.
federado e consolidadas em âmbito nacional, tendo como § 5° Será criada uma instância permanente de negociação
referência os estudos e as pesquisas de que trata o art. 4°, sem e cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
prejuízo de outras fontes e informações relevantes. Municípios.
§ 3° A meta progressiva do investimento público em § 6° O fortalecimento do regime de colaboração entre os
educação será avaliada no quarto ano de vigência do PNE e Estados e respectivos Municípios incluirá a instituição de
poderá ser ampliada por meio de lei para atender às instâncias permanentes de negociação, cooperação e
necessidades financeiras do cumprimento das demais metas. pactuação em cada Estado.
§ 4° O investimento público em educação a que se referem § 7° O fortalecimento do regime de colaboração entre os
o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e a meta 20 do Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de arranjos
Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados na forma do art. de desenvolvimento da educação.
212 da Constituição Federal e do art. 60 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, bem como os recursos aplicados Art. 8° Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
nos programas de expansão da educação profissional e deverão elaborar seus correspondentes planos de educação,
superior, inclusive na forma de incentivo e isenção fiscal, as ou adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com
bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior, os as diretrizes, metas e estratégias previstas neste PNE, no prazo
subsídios concedidos em programas de financiamento de 1 (um) ano contado da publicação desta Lei.
estudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e de § 1° Os entes federados estabelecerão nos respectivos
educação especial na forma do art. 213 da Constituição planos de educação estratégias que:
Federal. I - assegurem a articulação das políticas educacionais com
§ 5° Será destinada à manutenção e ao desenvolvimento do as demais políticas sociais, particularmente as culturais;
ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do II - considerem as necessidades específicas das populações
art. 212 da Constituição Federal, além de outros recursos do campo e das comunidades indígenas e quilombolas,
previstos em lei, a parcela da participação no resultado ou da asseguradas a equidade educacional e a diversidade cultural;
compensação financeira pela exploração de petróleo e de gás III - garantam o atendimento das necessidades específicas
natural, na forma de lei específica, com a finalidade de na educação especial, assegurado o sistema educacional
assegurar o cumprimento da meta prevista no inciso VI do art. inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades;
214 da Constituição Federal. IV - promovam a articulação interfederativa na
implementação das políticas educacionais.
Art. 6° A União promoverá a realização de pelo menos 2 § 2° Os processos de elaboração e adequação dos planos de
(duas) conferências nacionais de educação até o final do educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de
decênio, precedidas de conferências distrital, municipais e que trata o caput deste artigo, serão realizados com ampla
estaduais, articuladas e coordenadas pelo Fórum Nacional de

Legislação 60
APOSTILAS OPÇÃO

participação de representantes da comunidade educacional e Art. 13° O poder público deverá instituir, em lei específica,
da sociedade civil. contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema
Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os
Art. 9° Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetivação
deverão aprovar leis específicas para os seus sistemas de das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de
ensino, disciplinando a gestão democrática da educação Educação.
pública nos respectivos âmbitos de atuação, no prazo de 2
(dois) anos contado da publicação desta Lei, adequando, Art. 14° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
quando for o caso, a legislação local já adotada com essa
finalidade. Brasília, 25 de junho de 2014; 193º da Independência e
126º da República.
Art. 10° O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e
os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito DILMA ROUSSEFF
Federal e dos Municípios serão formulados de maneira a Guido Mantega
assegurar a consignação de dotações orçamentárias José Henrique Paim Fernandes
compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias deste PNE e Miriam Belchior
com os respectivos planos de educação, a fim de viabilizar sua
plena execução. ANEXO
METAS E ESTRATÉGIAS
Art. 11° O Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica, coordenado pela União, em colaboração com os Meta 1:
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, constituirá fonte
de informação para a avaliação da qualidade da educação universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola
básica e para a orientação das políticas públicas desse nível de para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e
ensino. ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a
§ 1° O sistema de avaliação a que se refere o caput atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças
produzirá, no máximo a cada 2 (dois) anos: de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE.
I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao Estratégias:
desempenho dos (as) estudantes apurado em exames 1.1) definir, em regime de colaboração entre a União, os
nacionais de avaliação, com participação de pelo menos 80% Estados, o Distrito Federal e os Municípios, metas de expansão
(oitenta por cento) dos (as) alunos (as) de cada ano escolar das respectivas redes públicas de educação infantil segundo
periodicamente avaliado em cada escola, e aos dados padrão nacional de qualidade, considerando as peculiaridades
pertinentes apurados pelo censo escolar da educação básica; locais;
II - indicadores de avaliação institucional, relativos a 1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja
características como o perfil do alunado e do corpo dos (as) inferior a 10% (dez por cento) a diferença entre as taxas de
profissionais da educação, as relações entre dimensão do frequência à educação infantil das crianças de até 3 (três) anos
corpo docente, do corpo técnico e do corpo discente, a oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado
infraestrutura das escolas, os recursos pedagógicos e as do quinto de renda familiar per capita mais baixo;
disponíveis e os processos da gestão, entre outras relevantes. 1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaboração,
§ 2° A elaboração e a divulgação de índices para avaliação levantamento da demanda por creche para a população de até
da qualidade, como o Índice de Desenvolvimento da Educação 3 (três) anos, como forma de planejar a oferta e verificar o
Básica - IDEB, que agreguem os indicadores mencionados no atendimento da demanda manifesta;
inciso I do § 1° não elidem a obrigatoriedade de divulgação, em 1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE,
separado, de cada um deles. normas, procedimentos e prazos para definição de
§ 3° Os indicadores mencionados no § 1° serão estimados mecanismos de consulta pública da demanda das famílias por
por etapa, estabelecimento de ensino, rede escolar, unidade da creches;
Federação e em nível agregado nacional, sendo amplamente 1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e
divulgados, ressalvada a publicação de resultados individuais respeitadas as normas de acessibilidade, programa nacional
e indicadores por turma, que fica admitida exclusivamente de construção e reestruturação de escolas, bem como de
para a comunidade do respectivo estabelecimento e para o aquisição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria
órgão gestor da respectiva rede. da rede física de escolas públicas de educação infantil;
§ 4° Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb e dos 1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste PNE,
indicadores referidos no § 1°. avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois)
§ 5° A avaliação de desempenho dos (as) estudantes em anos, com base em parâmetros nacionais de qualidade, a fim
exames, referida no inciso I do § 1°, poderá ser diretamente de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as
realizada pela União ou, mediante acordo de cooperação, pelos condições de gestão, os recursos pedagógicos, a situação de
Estados e pelo Distrito Federal, nos respectivos sistemas de acessibilidade, entre outros indicadores relevantes;
ensino e de seus Municípios, caso mantenham sistemas 1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em creches
próprios de avaliação do rendimento escolar, assegurada a certificadas como entidades beneficentes de assistência social
compatibilidade metodológica entre esses sistemas e o na área de educação com a expansão da oferta na rede escolar
nacional, especialmente no que se refere às escalas de pública;
proficiência e ao calendário de aplicação. 1.8) promover a formação inicial e continuada dos (as)
profissionais da educação infantil, garantindo,
Art. 12° Até o final do primeiro semestre do nono ano de progressivamente, o atendimento por profissionais com
vigência deste PNE, o Poder Executivo encaminhará ao formação superior;
Congresso Nacional, sem prejuízo das prerrogativas deste 1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos
Poder, o projeto de lei referente ao Plano Nacional de de pesquisa e cursos de formação para profissionais da
Educação a vigorar no período subsequente, que incluirá educação, de modo a garantir a elaboração de currículos e
diagnóstico, diretrizes, metas e estratégias para o próximo propostas pedagógicas que incorporem os avanços de
decênio. pesquisas ligadas ao processo de ensino-aprendizagem e às

Legislação 61
APOSTILAS OPÇÃO

teorias educacionais no atendimento da população de 0 (zero) (C) compete exclusivamente ao Estado, com base no Plano
a 5 (cinco) anos; Nacional de Educação, elaborar o plano decenal.
1.10) fomentar o atendimento das populações do campo e (D) para esse plano, a melhoria da qualidade do ensino
das comunidades indígenas e quilombolas na educação infantil perpassa pela valorização do magistério, uma vez que os
nas respectivas comunidades, por meio do docentes exercem um papel decisivo no processo educacional.
redimensionamento da distribuição territorial da oferta,
limitando a nucleação de escolas e o deslocamento de crianças, 03. (IF/SC - Técnico de Laboratório) Em 2014, após anos
de forma a atender às especificidades dessas comunidades, de construção foi aprovado o Plano Nacional de Educação -
garantido consulta prévia e informada; PNE, por meio da Lei nº 13.005, com vistas a dar cumprimento
1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar a ao artigo 214 da Constituição Federal Brasileira. Sobre o PNE,
oferta do atendimento educacional especializado analise as assertivas abaixo.
complementar e suplementar aos (às) alunos (as) com I. São diretrizes do PNE a erradicação do analfabetismo e a
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas promoção do princípio da gestão democrática da educação
habilidades ou superdotação, assegurando a educação pública.
bilíngue para crianças surdas e a transversalidade da educação II. A execução do PNE e o cumprimento de suas metas
especial nessa etapa da educação básica; serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
1.12) implementar, em caráter complementar, programas periódicas ao longo dos 10 (dez) anos de sua vigência.
de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação das III. Compete ao INEP divulgar os resultados do
áreas de educação, saúde e assistência social, com foco no monitoramento e das avaliações em seu sítio institucional.
desenvolvimento integral das crianças de até 3 (três) anos de Assinale a alternativa que contém a resposta CORRETA.
idade; (A) Apenas as assertivas I e III são verdadeiras.
1.13) preservar as especificidades da educação infantil na (B) Apenas a assertiva III é falsa
organização das redes escolares, garantindo o atendimento da (C) Apenas a assertiva II é falsa.
criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em estabelecimentos que (D) Apenas a assertiva III é verdadeira.
atendam a parâmetros nacionais de qualidade, e a articulação (E) Apenas assertiva I é verdadeira.
com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do (a)
aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental; Gabarito
1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do
acesso e da permanência das crianças na educação infantil, em 01.A / 02.C / 03.B
especial dos beneficiários de programas de transferência de
renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos
públicos de assistência social, saúde e proteção à infância; ________. Ministério da
1.15) promover a busca ativa de crianças em idade Educação. Secretaria de
correspondente à educação infantil, em parceria com órgãos
públicos de assistência social, saúde e proteção à infância,
Educação Básica. Base Nacional
preservando o direito de opção da família em relação às Comum Curricular/ Secretaria
crianças de até 3 (três) anos; de Educação Básica. – Brasília:
1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a colaboração MEC, SEB
da União e dos Estados, realizarão e publicarão, a cada ano,
levantamento da demanda manifesta por educação infantil em
creches e pré-escolas, como forma de planejar e verificar o
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)6
atendimento;
1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo
Apresentação
integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos,
conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais
É com alegria que entregamos ao Brasil a versão final
para a Educação Infantil.
homologada da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) com
a inclusão da etapa do Ensino Médio, e, assim, atingimos o
Questões
objetivo de uma Base para toda a Educação Básica brasileira.
A aprendizagem de qualidade é uma meta que o País deve
01. (SAP/SP - Analista Sócio Cultural-Pedagogia -
perseguir incansavelmente, e a BNCC é uma peça central nessa
VUNESP) O Plano Nacional de Educação (PNE) constitui-se em
direção, em especial para o Ensino Médio no qual os índices de
uma importante política educacional, traça diretrizes e metas
aprendizagem, repetência e abandono são bastante
para a Educação no Brasil e tem prazo de até dez anos para que
preocupantes.
todas elas sejam cumpridas. Entre as principais metas estão a
Elaborada por especialistas de todas as áreas do
melhoria da qualidade do ensino e a erradicação do
conhecimento, a Base é um documento completo e
analfabetismo. É correto afirmar que o PNE é um plano
contemporâneo, que corresponde às demandas do estudante
(A) global, de toda a educação.
desta época, preparando-o para o futuro.
(B) da União.
Concluída após amplos debates com a sociedade e os
(C) de governo.
educadores do Brasil, o texto referente ao Ensino Médio
(D) da Secretaria de Educação.
possibilitará dar sequência ao trabalho de adequação dos
(E) da rede de ensino estadual ou municipal.
currículos regionais e das propostas pedagógicas das escolas
públicas e particulares brasileiras iniciado quando da
02. (IF/SP - Professor - FUNDEP) Sobre o Plano Nacional
homologação da etapa até o 9º ano do Ensino Fundamental.
de Educação (PNE), é INCORRETO afirmar que
Com a Base, vamos garantir o conjunto de aprendizagens
(A) o ‘Dia do Plano Nacional de Educação’, é comemorado,
essenciais aos estudantes brasileiros, seu desenvolvimento
anualmente, em 12 de dezembro.
integral por meio das dez competências gerais para a
(B) entre os seus objetivos está o da democratização da
Educação Básica, apoiando as escolhas necessárias para a
gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais.

6http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_20dez_site.pdf

Legislação 62
APOSTILAS OPÇÃO

concretização dos seus projetos de vida e a continuidade dos que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de
estudos. aprendizagem e desenvolvimento.
A BNCC por si só não alterará o quadro de desigualdade Na BNCC, competência é definida como a mobilização de
ainda presente na Educação Básica do Brasil, mas é essencial conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades
para que a mudança tenha início porque, além dos currículos, (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores
influenciará a formação inicial e continuada dos educadores, a para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
produção de materiais didáticos, as matrizes de avaliações e os exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
exames nacionais que serão revistos à luz do texto Ao definir essas competências, a BNCC reconhece que a
homologado da Base. “educação deve afirmar valores e estimular ações que
Temos um documento relevante, pautado em altas contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a
expectativas de aprendizagem, que deve ser acompanhado mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a
pela sociedade para que, em regime de colaboração, faça o país preservação da natureza” (BRASIL, 2013)9, mostrando-se
avançar. Assim como aconteceu na etapa já homologada, a também alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações
BNCC passa agora às redes de ensino, às escolas e aos Unidas (ONU)10.
educadores. Cabe ao MEC ser um grande parceiro neste É imprescindível destacar que as competências gerais da
processo, de modo que, em regime de colaboração, as BNCC, apresentadas a seguir, inter-relacionam-se e
mudanças esperadas alcancem cada sala de aula das escolas desdobram-se no tratamento didático proposto para as três
brasileiras. Somente aí teremos cumprido o compromisso da etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino
equidade que a sociedade brasileira espera daqueles que Fundamental e Ensino Médio), articulando-se na construção
juntos atuam na educação. de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na
formação de atitudes e valores, nos termos da LDB.
1. Introdução
Competências Gerais Da Base Nacional Comum
Base Nacional Comum Curricular Curricular
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um
documento de caráter normativo que define o conjunto 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para
todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e
modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham colaborar para a construção de uma sociedade justa,
assegurados seus direitos de aprendizagem e democrática e inclusiva.
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à
Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento normativo abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a
aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para
o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e
Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)7, e está orientado pelos resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas)
princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
humana integral e à construção de uma sociedade justa, 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes culturais, das locais às mundiais, e também participar de
Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN)8. práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
Referência nacional para a formulação dos currículos dos 4. Utilizar diferentes linguagens - verbal (oral ou visual-
sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e
e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições digital -, bem como conhecimentos das linguagens artística,
escolares, a BNCC integra a política nacional da Educação matemática e científica, para se expressar e partilhar
Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes
e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento
formação de professores, à avaliação, à elaboração de mútuo.
conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da informação e comunicação de forma crítica, significativa,
educação. reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
fragmentação das políticas educacionais, enseje o informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
de governo e seja balizadora da qualidade da educação. Assim, 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais
para além da garantia de acesso e permanência na escola, é e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
necessário que sistemas, redes e escolas garantam um possibilitem entender as relações próprias do mundo do
patamar comum de aprendizagens a todos os estudantes, trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
tarefa para a qual a BNCC é instrumento fundamental. ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais crítica e responsabilidade.
definidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações
estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos

7 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e 9 BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de Caderno de Educação em Direitos Humanos. Educação em Direitos Humanos:
1996. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Diretrizes Nacionais. Brasília: Coordenação Geral de Educação em SDH/PR,
Acesso em: 23 mar. 2017. Direitos Humanos, Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos
8 BRASIL. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; Secretaria Humanos, 2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.
de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão; Secretaria de php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-
Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional de Educação; Câmara de diretrizesnacionais- pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 23 mar. 2017.
Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: 10 ONU. Organização das Nações Unidas. Transformando Nosso Mundo: a

MEC; SEB; DICEI, 2013. Disponível em: Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia https://nacoesunidas.org/pos2015/ agenda2030/>. Acesso em: 7 nov. 2017.
s=13448diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf&Itemid=30192>. Acesso em:
16 out. 2017.

Legislação 63
APOSTILAS OPÇÃO

de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por
direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo uma parte diversificada, exigida pelas características regionais
responsável em âmbito local, regional e global, com e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos (BRASIL, 1996; ênfase adicionada).
outros e do planeta. Essa orientação induziu à concepção do conhecimento
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e curricular contextualizado pela realidade local, social e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e individual da escola e do seu alunado, que foi o norte das
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e diretrizes curriculares traçadas pelo Conselho Nacional de
capacidade para lidar com elas. Educação (CNE) ao longo da década de 1990, bem como de sua
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e revisão nos anos 2000.
a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito Em 2010, o CNE promulgou novas DCN, ampliando e
ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e organizando o conceito de contextualização como “a inclusão,
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem diversidade cultural resgatando e respeitando as várias
preconceitos de qualquer natureza. manifestações de cada comunidade”, conforme destaca o
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, Parecer CNE/CEB nº 7/201012.
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, Em 2014, a Lei nº 13.005/201413 promulgou o Plano
tomando decisões com base em princípios éticos, Nacional de Educação (PNE), que reitera a necessidade de
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa
[União, Estados, Distrito Federal e Municípios], diretrizes
Os marcos legais que embasam a BNCC pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum
A Constituição Federal de 198811, em seu Artigo 205, dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e
reconhece a educação como direito fundamental desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada ano do Ensino
compartilhado entre Estado, família e sociedade ao Fundamental e Médio, respeitadas as diversidades regional,
determinar que estadual e local (BRASIL, 2014).
a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, Nesse sentido, consoante aos marcos legais anteriores, o
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, PNE afirma a importância de uma base nacional comum
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para curricular para o Brasil, com o foco na aprendizagem como
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho estratégia para fomentar a qualidade da Educação Básica em
(BRASIL, 1988). todas as etapas e modalidades (meta 7), referindo-se a direitos
Para atender a tais finalidades no âmbito da educação e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento.
escolar, a Carta Constitucional, no Artigo 210, já reconhece a Em 2017, com a alteração da LDB por força da Lei nº
necessidade de que sejam “fixados conteúdos mínimos para o 13.415/2017, a legislação brasileira passa a utilizar,
ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica concomitantemente, duas nomenclaturas para se referir às
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais finalidades da educação:
e regionais” (BRASIL, 1988). Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá
Com base nesses marcos constitucionais, a LDB, no Inciso direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
IV de seu Artigo 9º, afirma que cabe à União conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas
estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito seguintes áreas do conhecimento [...]
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o caput e
Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que das respectivas competências e habilidades será feita de
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino
assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996; ênfase (BRASIL, 201714; ênfases adicionadas).
adicionada). Trata-se, portanto, de maneiras diferentes e
Nesse artigo, a LDB deixa claros dois conceitos decisivos intercambiáveis para designar algo comum, ou seja, aquilo que
para todo o desenvolvimento da questão curricular no Brasil. os estudantes devem aprender na Educação Básica, o que
O primeiro, já antecipado pela Constituição, estabelece a inclui tanto os saberes quanto a capacidade de mobilizá-los e
relação entre o que é básico-comum e o que é diverso em aplicá-los.
matéria curricular: as competências e diretrizes são
comuns, os currículos são diversos. O segundo se refere ao Os fundamentos pedagógicos da BNCC
foco do currículo. Ao dizer que os conteúdos curriculares estão Foco no desenvolvimento de competências
a serviço do desenvolvimento de competências, a LDB orienta O conceito de competência, adotado pela BNCC, marca a
a definição das aprendizagens essenciais, e não apenas dos discussão pedagógica e social das últimas décadas e pode ser
conteúdos mínimos a ser ensinados. Essas são duas noções inferido no texto da LDB, especialmente quando se
fundantes da BNCC. estabelecem as finalidades gerais do Ensino Fundamental e do
A relação entre o que é básico-comum e o que é diverso é Ensino Médio (Artigos 32 e 35).
retomada no Artigo 26 da LDB, que determina que os currículos Além disso, desde as décadas finais do século XX e ao longo
da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio deste início do século XXI15, o foco no desenvolvimento de
devem ter base nacional comum, a ser complementada, em competências tem orientado a maioria dos Estados e

11 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, 14 BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nº 9.394,

DF: Senado Federal, 1988 . Disponível em: de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado. nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de
htm>. Acesso em: 23 mar. 2017. Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
12 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmera de Educação Básica. Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada
Parecer nº 7, de 7 de abril de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de
a Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de julho de 2010, Seção 1, fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a
p. 10. Disponível em: <http://pactoensinomedio. mec. Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo
gov.br/images/pdf/pceb007_10.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017. Integral. Diário Oficial da União, Brasília, 17 de fevereiro de 2017. Disponível em:
13 BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2015-2018/2017/lei/L13415.htm>.
Educação - PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de Acesso em: 20 nov. 2017.
junho de 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 15 Segundo a pesquisa elaborada pelo Cenpec, das 16 Unidades da Federação

2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em: 23 mar. 2017. cujos documentos curriculares foram analisados, 10 delas explicitam uma visão

Legislação 64
APOSTILAS OPÇÃO

Municípios brasileiros e diferentes países na construção de comprometida se refere à construção intencional de processos
seus currículos16. É esse também o enfoque adotado nas educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as
avaliações internacionais da Organização para a Cooperação e necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coordena o e, também, com os desafios da sociedade contemporânea. Isso
Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as
em inglês)17, e da Organização das Nações Unidas para a diversas culturas juvenis e seu potencial de criar novas formas
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês), de existir.
que instituiu o Laboratório Latino-americano de Avaliação da Assim, a BNCC propõe a superação da fragmentação
Qualidade da Educação para a América Latina (LLECE, na sigla radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua
em espanhol)18. aplicação na vida real, a importância do contexto para dar
Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em
pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.
de competências. Por meio da indicação clara do que os alunos
devem “saber” (considerando a constituição de O pacto interfederativo e a implementação da BNCC
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, Base Nacional Comum Curricular: igualdade,
do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização diversidade e equidade
desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para No Brasil, um país caracterizado pela autonomia dos entes
resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno federados, acentuada diversidade cultural e profundas
exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação desigualdades sociais, os sistemas e redes de ensino devem
das competências oferece referências para o fortalecimento de construir currículos, e as escolas precisam elaborar propostas
ações que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na pedagógicas que considerem as necessidades, as
BNCC. possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como suas
identidades linguísticas, étnicas e culturais.
O compromisso com a educação integral Nesse processo, a BNCC desempenha papel fundamental,
A sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e pois explicita as aprendizagens essenciais que todos os
inclusivo a questões centrais do processo educativo: o que estudantes devem desenvolver e expressa, portanto, a
aprender, para que aprender, como ensinar, como promover igualdade educacional sobre a qual as singularidades devem
redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o ser consideradas e atendidas. Essa igualdade deve valer
aprendizado. também para as oportunidades de ingresso e permanência em
No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto uma escola de Educação Básica, sem o que o direito de
histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico- aprender não se concretiza.
crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, O Brasil, ao longo de sua história, naturalizou
produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo desigualdades educacionais em relação ao acesso à escola, à
de informações. Requer o desenvolvimento de competências permanência dos estudantes e ao seu aprendizado. São
para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada amplamente conhecidas as enormes desigualdades entre os
vez mais disponível, atuar com discernimento e grupos de estudantes definidos por raça, sexo e condição
responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar socioeconômica de suas famílias.
conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para Diante desse quadro, as decisões curriculares e didático-
tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma pedagógicas das Secretarias de Educação, o planejamento do
situação e buscar soluções, conviver e aprender com as trabalho anual das instituições escolares e as rotinas e os
diferenças e as diversidades. eventos do cotidiano escolar devem levar em consideração a
Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o seu necessidade de superação dessas desigualdades. Para isso, os
compromisso com a educação integral19. Reconhece, sistemas e redes de ensino e as instituições escolares devem se
assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao planejar com um claro foco na equidade, que pressupõe
desenvolvimento humano global, o que implica compreender reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes.
a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, De forma particular, um planejamento com foco na
rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a equidade também exige um claro compromisso de reverter a
dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. situação de exclusão histórica que marginaliza grupos - como
Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral os povos indígenas originários e as populações das
da criança, do adolescente, do jovem e do adulto - comunidades remanescentes de quilombos e demais
considerando-os como sujeitos de aprendizagem - e promover afrodescendentes - e as pessoas que não puderam estudar ou
uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e completar sua escolaridade na idade própria. Igualmente,
desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e requer o compromisso com os alunos com deficiência,
diversidades. Além disso, a escola, como espaço de reconhecendo a necessidade de práticas pedagógicas
aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se fortalecer na inclusivas e de diferenciação curricular, conforme
prática coercitiva de não discriminação, não preconceito e estabelecido na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
respeito às diferenças e diversidades. Deficiência (Lei nº 13.146/2015)20.
Independentemente da duração da jornada escolar, o
conceito de educação integral com o qual a BNCC está

de ensino por competências, recorrendo aos termos “competência” e “habilidade” <http://www.oecd.org/pisa/aboutpisa/Global-competency-for-an-inclusive-


(ou equivalentes, como “capacidade”, “expectativa de aprendizagem” ou “o que os world.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017.
alunos devem aprender”). “O ensino por competências aparece mais claramente 18 UNESCO. Oficina Regional de Educación de la Unesco para América Latina

derivado dos PCN” (p. 75). CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, y el Caribe. Laboratorio Latinoamericano de Evaluación de la Calidad de la
Cultura e Ação Comunitária. Currículos para os anos finais do Ensino Educación (LLECE). Disponível em:
Fundamental: concepções, modos de implantação e usos. São Paulo: Cenpec, <http://www.unesco.org/new/es/santiago/education/education-assessment-
2015. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/ wp- llece>. Acesso em: 23 mar. 2017.
content/uploads/2015/09/Relatorio_Pesquisa_Curriculos_EF2_Final.pdf>. Acesso 19 Na história educacional brasileira, as primeiras referências à educação

em: 23 mar. 2017. integral remontam à década de 1930, incorporadas ao movimento dos Pioneiros
16 Austrália, Portugal, França, Colúmbia Britânica, Polônia, Estados Unidos da Educação Nova e em outras correntes políticas da época, nem sempre com o
da América, Chile, Peru, entre outros. mesmo entendimento sobre o seu significado.
17 OECD. Global Competency for an Inclusive World. Paris: OECD, 2016. 20 BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de

Disponível em: Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário

Legislação 65
APOSTILAS OPÇÃO

Base Nacional Comum Curricular e currículos com a Constituição Federal, com as Diretrizes Internacionais
A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de da OIT - Convenção 169 e com documentos da ONU e Unesco
princípios e valores que, como já mencionado, orientam a LDB sobre os direitos indígenas) e suas referências específicas, tais
e as DCN. Dessa maneira, reconhecem que a educação tem um como: construir currículos interculturais, diferenciados e
compromisso com a formação e o desenvolvimento humano bilíngues, seus sistemas próprios de ensino e aprendizagem,
global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, tanto dos conteúdos universais quanto dos conhecimentos
ética, moral e simbólica. indígenas, bem como o ensino da língua indígena como
Além disso, BNCC e currículos têm papéis complementares primeira língua.
para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para É também da alçada dos entes federados responsáveis pela
cada etapa da Educação Básica, uma vez que tais implementação da BNCC o reconhecimento da experiência
aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de curricular existente em seu âmbito de atuação. Nas duas
decisões que caracterizam o currículo em ação. São essas últimas décadas, mais da metade dos Estados e muitos
decisões que vão adequar as proposições da BNCC à realidade Municípios vêm elaborando currículos para seus respectivos
local, considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de sistemas de ensino, inclusive para atender às especificidades
ensino e das instituições escolares, como também o contexto e das diferentes modalidades. Muitas escolas públicas e
as características dos alunos. Essas decisões, que resultam de particulares também acumularam experiências de
um processo de envolvimento e participação das famílias e da desenvolvimento curricular e de criação de materiais de apoio
comunidade, referem-se, entre outras ações, a: ao currículo, assim como instituições de ensino superior
- contextualizar os conteúdos dos componentes construíram experiências de consultoria e de apoio técnico ao
curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, desenvolvimento curricular. Inventariar e avaliar toda essa
representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los experiência pode contribuir para aprender com acertos e erros
significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos e incorporar práticas que propiciaram bons resultados.
quais as aprendizagens estão situadas; Por fim, cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como
- decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e
componentes curriculares e fortalecer a competência competência, incorporar aos currículos e às propostas
pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que
dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do afetam a vida humana em escala local, regional e global,
ensino e da aprendizagem; preferencialmente de forma transversal e integradora. Entre
- selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático- esses temas, destacam-se: direitos da criança e do adolescente
pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados (Lei nº 8.069/199016), educação para o trânsito (Lei nº
e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar 9.503/199717), educação ambiental (Lei nº 9.795/1999,
com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas Parecer CNE/CP nº 14/2012 e Resolução CNE/CP nº
famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos 2/201218), educação alimentar e nutricional (Lei nº
de socialização etc.; 11.947/200919), processo de envelhecimento, respeito e
- conceber e pôr em prática situações e procedimentos valorização do idoso (Lei nº 10.741/200320), educação em
para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens; direitos humanos (Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº
- construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/201221), educação das
de processo ou de resultado que levem em conta os contextos relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-
e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como brasileira, africana e indígena (Leis nº 10.639/2003 e
referência para melhorar o desempenho da escola, dos 11.645/2008, Parecer CNE/CP nº 3/2004 e Resolução CNE/CP
professores e dos alunos; nº 1/200422), bem como saúde, vida familiar e social,
- selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos educação para o consumo, educação financeira e fiscal,
e tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender; trabalho, ciência e tecnologia e diversidade cultural (Parecer
- criar e disponibilizar materiais de orientação para os CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/201023). Na
professores, bem como manter processos permanentes de BNCC, essas temáticas são contempladas em habilidades dos
formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento componentes curriculares, cabendo aos sistemas de ensino e
dos processos de ensino e aprendizagem; escolas, de acordo com suas especificidades, tratá-las de forma
- manter processos contínuos de aprendizagem sobre contextualizada.
gestão pedagógica e curricular para os demais educadores, no
âmbito das escolas e sistemas de ensino. Base Nacional Comum Curricular e regime de
colaboração
Essas decisões precisam, igualmente, ser consideradas na Legitimada pelo pacto interfederativo, nos termos da Lei
organização de currículos e propostas adequados às diferentes nº 13.005/ 2014, que promulgou o PNE, a BNCC depende do
modalidades de ensino (Educação Especial, Educação de adequado funcionamento do regime de colaboração para
Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Escolar alcançar seus objetivos. Sua formulação, sob coordenação do
Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação a MEC, contou com a participação dos Estados do Distrito
Distância), atendendo-se às orientações das Diretrizes Federal e dos Municípios, depois de ampla consulta à
Curriculares Nacionais. No caso da Educação Escolar Indígena, comunidade educacional e à sociedade, conforme consta da
por exemplo, isso significa assegurar competências específicas apresentação do presente documento.
com base nos princípios da coletividade, reciprocidade, Com a homologação da BNCC, as redes de ensino e escolas
integralidade, espiritualidade e alteridade indígena, a serem particulares terão diante de si a tarefa de construir currículos,
desenvolvidas a partir de suas culturas tradicionais com base nas aprendizagens essenciais estabelecidas na BNCC,
reconhecidas nos currículos dos sistemas de ensino e passando, assim, do plano normativo propositivo para o plano
propostas pedagógicas das instituições escolares. Significa da ação e da gestão curricular que envolve todo o conjunto de
também, em uma perspectiva intercultural, considerar seus decisões e ações definidoras do currículo e de sua dinâmica.
projetos educativos, suas cosmologias, suas lógicas, seus Embora a implementação seja prerrogativa dos sistemas e
valores e princípios pedagógicos próprios (em consonância das redes de ensino, a dimensão e a complexidade da tarefa

Oficial da União, Brasília, 7 de julho de 2015. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/ L13146.htm>.
Acesso em: 23 mar. 2017.

Legislação 66
APOSTILAS OPÇÃO

vão exigir que União, Estados, Distrito Federal e Municípios desenvolvimento, uma formação humana integral que visa à
somem esforços. Nesse regime de colaboração, as construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
responsabilidades dos entes federados serão diferentes e Na primeira etapa da Educação Básica, e de acordo com os
complementares, e a União continuará a exercer seu papel de eixos estruturantes da Educação Infantil interações e
coordenação do processo e de correção das desigualdades. brincadeira), devem ser assegurados seis direitos de
A primeira tarefa de responsabilidade direta da União será aprendizagem e desenvolvimento, para que as crianças
a revisão da formação inicial e continuada dos professores tenham condições de aprender e se desenvolver.
para alinhá-las à BNCC. A ação nacional será crucial nessa - Conviver
iniciativa, já que se trata da esfera que responde pela regulação - Brincar
do ensino superior, nível no qual se prepara grande parte - Participar
desses profissionais. Diante das evidências sobre a relevância - Explorar
dos professores e demais membros da equipe escolar para o - Expressar
sucesso dos alunos, essa é uma ação fundamental para a - Conhecer-se
implementação eficaz da BNCC.
Compete ainda à União, como anteriormente anunciado, Considerando os direitos de aprendizagem e
promover e coordenar ações e políticas em âmbito federal, desenvolvimento, a BNCC estabelece cinco campos de
estadual e municipal, referentes à avaliação, à elaboração de experiências, nos quais as crianças podem aprender e se
materiais pedagógicos e aos critérios para a oferta de desenvolver.
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da • O eu, o outro e o nós
educação. • Corpo, gestos e movimentos
Por se constituir em uma política nacional, a • Traços, sons, cores e formas
implementação da BNCC requer, ainda, o monitoramento pelo • Escuta, fala, pensamento e imaginação
MEC em colaboração com os organismos nacionais da área - • Espaços, tempos, quantidades, relações e
CNE, Consed e Undime. Em um país com a dimensão e a transformações
desigualdade do Brasil, a permanência e a sustentabilidade de
um projeto como a BNCC dependem da criação e do Em cada campo de experiências, são definidos objetivos
fortalecimento de instâncias técnico-pedagógicas nas redes de de aprendizagem e desenvolvimento organizados em três
ensino, priorizando aqueles com menores recursos, tanto grupos por faixa etária.
técnicos quanto financeiros. Essa função deverá ser exercida - Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)
pelo MEC, em parceria com o Consed e a Undime, respeitada a - Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e
autonomia dos entes federados. 11 meses)
A atuação do MEC, além do apoio técnico e financeiro, deve - Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)
incluir também o fomento a inovações e a disseminação de
casos de sucesso; o apoio a experiências curriculares Na BNCC, o Ensino Fundamental está organizado em cinco
inovadoras; a criação de oportunidades de acesso a áreas do conhecimento.
conhecimentos e experiências de outros países; e, ainda, o Essas áreas, como bem aponta o Parecer CNE/CEB nº
fomento de estudos e pesquisas sobre currículos e temas afins. 11/2010, “favorecem a comunicação entre os conhecimentos
e saberes dos diferentes componentes curriculares”
2. Estrutura da BNCC (BRASIL, 2010).
Elas se intersectam na formação dos alunos, embora se
Em conformidade com os fundamentos pedagógicos preservem as especificidades e os saberes próprios
apresentados na Introdução deste documento, a BNCC está construídos e sistematizados nos diversos componentes.
estruturada de modo a explicitar as competências que os Nos textos de apresentação, cada área de conhecimento
alunos devem desenvolver ao longo de toda a Educação Básica explicita seu papel na formação integral dos alunos do Ensino
e em cada etapa da escolaridade, como expressão dos direitos Fundamental e destaca particularidades para o Ensino
de aprendizagem e desenvolvimento de todos os estudantes. Fundamental - Anos Iniciais e o Ensino Fundamental - Anos
Na próxima página, apresenta-se a estrutura geral da BNCC Finais, considerando tanto as características do alunado
para as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, quanto as especificidades e demandas pedagógicas dessas
Ensino Fundamental e Ensino Médio), já com o detalhamento fases da escolarização.
referente às etapas da Educação Infantil e do Ensino Cada área de conhecimento estabelece competências
Fundamental, cujos documentos são ora apresentados. O específicas de área, cujo desenvolvimento deve ser
detalhamento relativo ao Ensino Médio comporá essa promovido ao longo dos nove anos. Essas competências
estrutura posteriormente, quando da aprovação do explicitam como as dez competências gerais se expressam
documento referente a essa etapa21. nessas áreas.
Também se esclarece como as aprendizagens estão Nas áreas que abrigam mais de um componente curricular
organizadas em cada uma dessas etapas e se explica a (Linguagens e Ciências Humanas), também são definidas
composição dos códigos alfanuméricos criados para competências específicas do componente (Língua
identificar tais aprendizagens. Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Geografia e
História) a ser desenvolvidas pelos alunos ao longo dessa
Competências Gerais Da Base Nacional Comum etapa de escolarização.
Curricular As competências específicas possibilitam a articulação
Ao longo da Educação Básica - na Educação Infantil, no horizontal entre as áreas, perpassando todos os componentes
Ensino Fundamental e no Ensino Médio -, os alunos devem curriculares, e também a articulação vertical, ou seja, a
desenvolver as dez competências gerais que pretendem progressão entre o Ensino Fundamental - Anos Iniciais e o
assegurar, como resultado do seu processo de aprendizagem e

21 Durante o processo de elaboração da versão da BNCC encaminhada para discussão e a aprovação da BNCC para a Educação Infantil e para o Ensino
apreciação do CNE em 6 de abril de 2017, a estrutura do Ensino Médio foi Fundamental, o Ministério da Educação decidiu postergar a elaboração - e
significativamente alterada por força da Medida Provisória nº 446, de 22 de posterior envio ao CNE - do documento relativo ao Ensino Médio, que se
setembro de 2016, posteriormente convertida na Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro assentará sobre os mesmos princípios legais e pedagógicos inscritos neste
de 2017. Em virtude da magnitude dessa mudança, e tendo em vista não adiar a documento, respeitando-se as especificidades dessa etapa e de seu alunado.

Legislação 67
APOSTILAS OPÇÃO

Ensino Fundamental - Anos Finais e a continuidade das Entretanto, embora reconhecida como direito de todas as
experiências dos alunos, considerando suas especificidades. crianças e dever do Estado, a Educação Infantil passa a ser
Para garantir o desenvolvimento das competências obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos apenas com a
específicas, cada componente curricular apresenta um Emenda Constitucional nº 59/200922, que determina a
conjunto de habilidades. Essas habilidades estão relacionadas obrigatoriedade da Educação Básica dos 4 aos 17 anos. Essa
a diferentes objetos de conhecimento - aqui entendidos extensão da obrigatoriedade é incluída na LDB em 2013,
como conteúdos, conceitos e processos -, que, por sua vez, são consagrando plenamente a obrigatoriedade de matrícula de
organizados em unidades temáticas. todas as crianças de 4 e 5 anos em instituições de Educação
Infantil.
Respeitando as muitas possibilidades de organização do Com a inclusão da Educação Infantil na BNCC, mais um
conhecimento escolar, as unidades temáticas definem um importante passo é dado nesse processo histórico de sua
arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do Ensino integração ao conjunto da Educação Básica.
Fundamental adequado às especificidades dos diferentes
componentes curriculares. Cada unidade temática contempla A Educação Infantil no contexto da Educação Básica
uma gama maior ou menor de objetos de conhecimento, assim Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação
como cada objeto de conhecimento se relaciona a um número Infantil é o início e o fundamento do processo educacional. A
variável de habilidades. entrada na creche ou na pré-escola significa, na maioria das
Vale destacar que o uso de numeração sequencial para vezes, a primeira separação das crianças dos seus vínculos
identificar as habilidades de cada ano ou bloco de anos não afetivos familiares para se incorporarem a uma situação de
representa uma ordem ou hierarquia esperada das socialização estruturada.
aprendizagens. A progressão das aprendizagens, que se Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação
explicita na comparação entre os quadros relativos a cada ano Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo
(ou bloco de anos), pode tanto estar relacionada aos processos o cuidado como algo indissociável do processo educativo.
cognitivos em jogo - sendo expressa por verbos que indicam Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as
processos cada vez mais ativos ou exigentes - quanto aos vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no
objetos de conhecimento - que podem apresentar crescente ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e
sofisticação ou complexidade -, ou, ainda, aos modificadores - articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de
que, por exemplo, podem fazer referência a contextos mais ampliar o universo de experiências, conhecimentos e
familiares aos alunos e, aos poucos, expandir-se para habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando
contextos mais amplos. novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à
Também é preciso enfatizar que os critérios de educação familiar - especialmente quando se trata da educação
organização das habilidades descritos na BNCC (com a dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve
explicitação dos objetos de conhecimento aos quais se aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e
relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades escolar), como a socialização, a autonomia e a comunicação.
temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o
Portanto, os agrupamentos propostos não devem ser desenvolvimento das crianças, a prática do diálogo e o
tomados como modelo obrigatório para o desenho dos compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de
currículos. A forma de apresentação adotada na BNCC tem Educação Infantil e a família são essenciais. Além disso, a
por objetivo assegurar a clareza, a precisão e a explicitação instituição precisa conhecer e trabalhar com as culturas
do que se espera que todos os alunos aprendam na Educação plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das
Básica, fornecendo orientações para a elaboração de famílias e da comunidade.
currículos em todo o País, adequados aos diferentes contextos. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil
(DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009)23, em seu Artigo 4º,
3. A Etapa Da Educação Infantil definem a criança como sujeito histórico e de direitos, que, nas
interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói
A Educação Infantil na Base Nacional Comum sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia,
Curricular deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
A expressão educação “pré-escolar”, utilizada no Brasil até constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo
a década de 1980, expressava o entendimento de que a cultura (BRASIL, 2009).
Educação Infantil era uma etapa anterior, independente e Ainda de acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º, os eixos
preparatória para a escolarização, que só teria seu começo no estruturantes das práticas pedagógicas dessa
Ensino Fundamental. Situava-se, portanto, fora da educação etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira,
formal. experiências nas quais as crianças podem construir e
Com a Constituição Federal de 1988, o atendimento em apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e
creche e pré-escola às crianças de zero a 6 anos de idade torna- interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita
se dever do Estado. Posteriormente, com a promulgação da aprendizagens, desenvolvimento e socialização.
LDB, em 1996, a Educação Infantil passa a ser parte integrante A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da
da Educação Básica, situando-se no mesmo patamar que o infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais
Ensino Fundamental e o Ensino Médio. E a partir da para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as
modificação introduzida na LDB em 2006, que antecipou o interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os
acesso ao Ensino Fundamental para os 6 anos de idade, a adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos
Educação Infantil passa a atender a faixa etária de zero a 5 afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a
anos. regulação das emoções.

22 BRASIL. Emenda constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Diário Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de
Oficial da União, Brasília, 12 de novembro de 2009, Seção 1, p. 8. Disponível em: dezembro de 2009, Seção 1, p. 18. Disponível em: <http://
<http://www.planalto.gov.br/ portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2298-
ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm>. Acesso em: 23 mar. 2017. rceb00509 &category_slug=dezembro-2009-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 23
23 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. mar. 2017.
Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares

Legislação 68
APOSTILAS OPÇÃO

Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas avanços, possibilidades e aprendizagens. Por meio de diversos
pedagógicas e as competências gerais da Educação Básica registros, feitos em diferentes momentos tanto pelos
propostas pela BNCC, seis direitos de aprendizagem e professores quanto pelas crianças (como relatórios, portfólios,
desenvolvimento asseguram, na Educação Infantil, as fotografias, desenhos e textos), é possível evidenciar a
condições para que as crianças aprendam em situações nas progressão ocorrida durante o período observado, sem
quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que intenção de seleção, promoção ou classificação de crianças em
as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a “aptas” e “não aptas”, “prontas” ou “não prontas”, “maduras”
resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, ou “imaturas”. Trata-se de reunir elementos para reorganizar
os outros e o mundo social e natural. tempos, espaços e situações que garantam os direitos de
aprendizagem de todas as crianças.
Direitos De Aprendizagem E Desenvolvimento Na
Educação Infantil 3.1. Os Campos De Experiências
Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens
- Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e e o desenvolvimento das crianças têm como eixos
grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes
conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-
e às diferenças entre as pessoas. se e conhecer-se, a organização curricular da Educação Infantil
- Brincar cotidianamente de diversas formas, em na BNCC está estruturada em cinco campos de experiências,
diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros no âmbito dos quais são definidos os objetivos de
(crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de experiências
produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as
criatividade, suas experiências emocionais, corporais, experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus
sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte
- Participar ativamente, com adultos e outras crianças, do patrimônio cultural.
tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades A definição e a denominação dos campos de experiências
propostas pelo educador quanto da realização das atividades também se baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos
da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos saberes e conhecimentos fundamentais a ser propiciados às
materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes crianças e associados às suas experiências. Considerando
linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se esses saberes e conhecimentos, os campos de experiências em
posicionando. que se organiza a BNCC são:
- Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas,
cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, O eu, o outro e o nós - É na interação com os pares e com
histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de
ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros
modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista.
- Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na
suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, família, na instituição escolar, na coletividade), constroem
descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros,
diferentes linguagens. diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como
- Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam
cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças
grupos de pertencimento, nas diversas experiências de constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de
cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez,
instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que
as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e
Essa concepção de criança como ser que observa, culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e
questiona, levanta hipóteses, conclui, faz julgamentos e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações
assimila valores e que constrói conhecimentos e se apropria e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo
do conhecimento sistematizado por meio da ação e nas de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade,
interações com o mundo físico e social não deve resultar no respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos
confinamento dessas aprendizagens a um processo de constituem como seres humanos.
desenvolvimento natural ou espontâneo. Ao contrário, impõe
a necessidade de imprimir intencionalidade educativa às Corpo, gestos e movimentos - Com o corpo (por meio dos
práticas pedagógicas na Educação Infantil, tanto na creche sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais,
quanto na pré-escola. coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo,
Essa intencionalidade consiste na organização e exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno,
proposição, pelo educador, de experiências que permitam às estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem
crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social
as relações com a natureza, com a cultura e com a produção e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa
científica, que se traduzem nas práticas de cuidados pessoais corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a
(alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas brincadeiras, nas música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas
experimentações com materiais variados, na aproximação se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo,
com a literatura e no encontro com as pessoas. emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as
Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e
organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites,
práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é
que promovam o desenvolvimento pleno das crianças. seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na
Ainda, é preciso acompanhar tanto essas práticas quanto Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade,
as aprendizagens das crianças, realizando a observação da pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de
trajetória de cada criança e de todo o grupo - suas conquistas, cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e

Legislação 69
APOSTILAS OPÇÃO

não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se
promover oportunidades ricas para que as crianças possam, revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que
sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não
pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita
movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para como sistema de representação da língua.
descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o
corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, Espaços, tempos, quantidades, relações e
escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, transformações - As crianças vivem inseridas em espaços e
saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar- tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de
se etc.). fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas,
elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro,
Traços, sons, cores e formas - Conviver com diferentes cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.).
manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu
universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as
crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de
diversas formas de expressão e linguagens, como as artes materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o
visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre
música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas
base nessas experiências, elas se expressam por várias pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade
linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas
culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com
sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações
desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos
de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento
que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de
estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a
da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover
promover a participação das crianças em tempos e espaços experiências nas quais as crianças possam fazer observações,
para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar
a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da hipóteses e consultar fontes de informação para buscar
criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a
que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura instituição escolar está criando oportunidades para que as
e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e
interpretar suas experiências e vivências artísticas. sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.

Escuta, fala, pensamento e imaginação - Desde o 3.2. Os Objetivos De Aprendizagem E Desenvolvimento


nascimento, as crianças participam de situações Para A Educação Infantil
comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais Na Educação Infantil, as aprendizagens essenciais
interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os compreendem tanto comportamentos, habilidades e
movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o conhecimentos quanto vivências que promovem
sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido aprendizagem e desenvolvimento nos diversos campos de
com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças experiências, sempre tomando as interações e a brincadeira
vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais como eixos estruturantes. Essas aprendizagens, portanto,
recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da constituem-se como objetivos de aprendizagem e
língua materna - que se torna, pouco a pouco, seu veículo desenvolvimento.
privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante Reconhecendo as especificidades dos diferentes grupos
promover experiências nas quais as crianças possam falar e etários que constituem a etapa da Educação Infantil, os
ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é objetivos de aprendizagem e desenvolvimento estão
na escuta de histórias, na participação em conversas, nas sequencialmente organizados em três grupos por faixa
descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em etária, que correspondem, aproximadamente, às
grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a possibilidades de aprendizagem e às características do
criança se constitui ativamente como sujeito singular e desenvolvimento das crianças, conforme indicado na figura a
pertencente a um grupo social. seguir. Todavia, esses grupos não podem ser considerados de
Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à forma rígida, já que há diferenças de ritmo na aprendizagem e
cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao no desenvolvimento das crianças que precisam ser
observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, consideradas na prática pedagógica.
comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de
língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, 3.3. A Transição Da Educação Infantil Para O Ensino
dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a Fundamental
imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças A transição entre essas duas etapas da Educação Básica
conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as
experiências com a literatura infantil, propostas pelo mudanças introduzidas, garantindo integração e
educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem continuidade dos processos de aprendizagens das
para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes
imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim
disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis como a natureza das mediações de cada etapa. Torna-se
etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes necessário estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação
gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a
aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de nova etapa se construa com base no que a criança sabe e é
manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as

Legislação 70
APOSTILAS OPÇÃO

capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu qual se inserem resulta em formas mais ativas de se
percurso educativo. relacionarem com esse coletivo e com as normas que regem as
Para isso, as informações contidas em relatórios, portfólios relações entre as pessoas dentro e fora da escola, pelo
ou outros registros que evidenciem os processos vivenciados reconhecimento de suas potencialidades e pelo acolhimento e
pelas crianças ao longo de sua trajetória na Educação Infantil pela valorização das diferenças.
podem contribuir para a compreensão da história de vida Ampliam-se também as experiências para o
escolar de cada aluno do Ensino Fundamental. Conversas ou desenvolvimento da oralidade e dos processos de percepção,
visitas e troca de materiais entre os professores das escolas de compreensão e representação, elementos importantes para a
Educação Infantil e de Ensino Fundamental - Anos Iniciais apropriação do sistema de escrita alfabética e de outros
também são importantes para facilitar a inserção das crianças sistemas de representação, como os signos matemáticos, os
nessa nova etapa da vida escolar. registros artísticos, midiáticos e científicos e as formas de
Além disso, para que as crianças superem com sucesso os representação do tempo e do espaço. Os alunos se deparam
desafios da transição, é indispensável um equilíbrio entre as com uma variedade de situações que envolvem conceitos e
mudanças introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o fazeres científicos, desenvolvendo observações, análises,
acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa argumentações e potencializando descobertas.
com base no que os educandos sabem e são capazes de fazer, As experiências das crianças em seu contexto familiar,
evitando a fragmentação e a descontinuidade do trabalho social e cultural, suas memórias, seu pertencimento a um
pedagógico. Nessa direção, considerando os direitos e os grupo e sua interação com as mais diversas tecnologias de
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, apresenta-se a informação e comunicação são fontes que estimulam sua
síntese das aprendizagens esperadas em cada campo curiosidade e a formulação de perguntas. O estímulo ao
de experiências. Essa síntese deve ser compreendida como pensamento criativo, lógico e crítico, por meio da construção e
elemento balizador e indicativo de objetivos a ser do fortalecimento da capacidade de fazer perguntas e de
explorados em todo o segmento da Educação Infantil, e que avaliar respostas, de argumentar, de interagir com diversas
serão ampliados e aprofundados no Ensino Fundamental, e produções culturais, de fazer uso de tecnologias de informação
não como condição ou pré-requisito para o acesso ao Ensino e comunicação, possibilita aos alunos ampliar sua
Fundamental. compreensão de si mesmos, do mundo natural e social, das
relações dos seres humanos entre si e com a natureza.
4. A Etapa Do Ensino Fundamental As características dessa faixa etária demandam um
trabalho no ambiente escolar que se organize em torno dos
O Ensino Fundamental no contexto da Educação Básica interesses manifestos pelas crianças, de suas vivências mais
O Ensino Fundamental, com nove anos de duração, é a imediatas para que, com base nessas vivências, elas possam,
etapa mais longa da Educação Básica, atendendo estudantes progressivamente, ampliar essa compreensão, o que se dá pela
entre 6 e 14 anos. Há, portanto, crianças e adolescentes que, ao mobilização de operações cognitivas cada vez mais complexas
longo desse período, passam por uma série de mudanças e pela sensibilidade para apreender o mundo, expressar-se
relacionadas a aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais, sobre ele e nele atuar.
emocionais, entre outros. Como já indicado nas Diretrizes Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de
Anos (Resolução CNE/CEB nº 7/2010)24, essas mudanças garantir amplas oportunidades para que os alunos se
impõem desafios à elaboração de currículos para essa etapa de apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado
escolarização, de modo a superar as rupturas que ocorrem na ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de
passagem não somente entre as etapas da Educação Básica, escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de
mas também entre as duas fases do Ensino Fundamental: Anos letramentos. Como aponta o Parecer CNE/CEB nº 11/201025,
Iniciais e Anos Finais. “os conteúdos dos diversos componentes curriculares [...], ao
A BNCC do Ensino Fundamental Anos Iniciais, ao descortinarem às crianças o conhecimento do mundo por meio
valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a de novos olhares, lhes oferecem oportunidades de exercitar a
necessária articulação com as experiências vivenciadas na leitura e a escrita de um modo mais significativo” (BRASIL,
Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a 2010).
progressiva sistematização dessas experiências quanto o Ao longo do Ensino Fundamental - Anos Iniciais, a
desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das
com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de
sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar linguagem e da experiência estética e intercultural das
conclusões, em uma atitude ativa na construção de crianças, considerando tanto seus interesses e suas
conhecimentos. expectativas quanto o que ainda precisam aprender. Ampliam-
Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os
importantes em seu processo de desenvolvimento que interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com
repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos
e com o mundo. Como destacam as DCN, a maior desenvoltura sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura,
e a maior autonomia nos movimentos e deslocamentos com as tecnologias e com o ambiente.
ampliam suas interações com o espaço; a relação com Além desses aspectos relativos à aprendizagem e ao
múltiplas linguagens, incluindo os usos sociais da escrita e da desenvolvimento, na elaboração dos currículos e das
matemática, permite a participação no mundo letrado e a propostas pedagógicas devem ainda ser consideradas medidas
construção de novas aprendizagens, na escola e para além para assegurar aos alunos um percurso contínuo de
dela; a afirmação de sua identidade em relação ao coletivo no aprendizagens entre as duas fases do Ensino

24 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. 25 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica.

Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Parecer nº 11, de 7 de julho de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de
Brasília, 15 de dezembro de 2010, Seção 1, p. 34. Disponível em: dezembro de 2010, Seção 1, p. 28. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf>. Acesso em: 23 mar. <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia
2017. s=6324pceb011-10&category_slug=agosto-2010-pdf&Itemid=30192>. Acesso em:
23 mar. 2017.

Legislação 71
APOSTILAS OPÇÃO

Fundamental, de modo a promover uma maior integração Todo esse quadro impõe à escola desafios ao cumprimento
entre elas. Afinal, essa transição se caracteriza por mudanças do seu papel em relação à formação das novas gerações. É
pedagógicas na estrutura educacional, decorrentes importante que a instituição escolar preserve seu
principalmente da diferenciação dos componentes compromisso de estimular a reflexão e a análise aprofundada
curriculares. Como bem destaca o Parecer CNE/CEB nº e contribua para o desenvolvimento, no estudante, de uma
11/2010, “os alunos, ao mudarem do professor generalista dos atitude crítica em relação ao conteúdo e à multiplicidade de
anos iniciais para os professores especialistas dos diferentes ofertas midiáticas e digitais. Contudo, também é
componentes curriculares, costumam se ressentir diante das imprescindível que a escola compreenda e incorpore mais as
muitas exigências que têm de atender, feitas pelo grande novas linguagens e seus modos de funcionamento,
número de docentes dos anos finais” (BRASIL, 2010). Realizar desvendando possibilidades de comunicação (e também de
as necessárias adaptações e articulações, tanto no 5º quanto manipulação), e que eduque para usos mais democráticos das
no 6º ano, para apoiar os alunos nesse processo de transição, tecnologias e para uma participação mais consciente na
pode evitar ruptura no processo de aprendizagem, cultura digital. Ao aproveitar o potencial de comunicação do
garantindo-lhes maiores condições de sucesso. universo digital, a escola pode instituir novos modos de
Ao longo do Ensino Fundamental Ano Finais, os promover a aprendizagem, a interação e o compartilhamento
estudantes se deparam com desafios de maior de significados entre professores e estudantes.
complexidade, sobretudo devido à necessidade de se Além disso, e tendo por base o compromisso da escola de
apropriarem das diferentes lógicas de organização dos propiciar uma formação integral, balizada pelos direitos
conhecimentos relacionados às áreas. Tendo em vista essa humanos e princípios democráticos, é preciso considerar a
maior especialização, é importante, nos vários componentes necessidade de desnaturalizar qualquer forma de violência
curriculares, retomar e ressignificar as aprendizagens do nas sociedades contemporâneas, incluindo a violência
Ensino Fundamental - Anos Iniciais no contexto das simbólica de grupos sociais que impõem normas, valores e
diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à ampliação conhecimentos tidos como universais e que não estabelecem
de repertórios dos estudantes. diálogo entre as diferentes culturas presentes na comunidade
Nesse sentido, também é importante fortalecer a e na escola.
autonomia desses adolescentes, oferecendo-lhes condições e Em todas as etapas de escolarização, mas de modo especial
ferramentas para acessar e interagir criticamente com entre os estudantes dessa fase do Ensino Fundamental, esses
diferentes conhecimentos e fontes de informação. fatores frequentemente dificultam a convivência cotidiana e a
Os estudantes dessa fase inserem-se em uma faixa etária aprendizagem, conduzindo ao desinteresse e à alienação e, não
que corresponde à transição entre infância e adolescência, raro, à agressividade e ao fracasso escolar. Atenta a culturas
marcada por intensas mudanças decorrentes de distintas, não uniformes nem contínuas dos estudantes dessa
transformações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais. etapa, é necessário que a escola dialogue com a diversidade de
Nesse período de vida, como bem aponta o Parecer CNE/CEB formação e vivências para enfrentar com sucesso os desafios
nº 11/2010, ampliam-se os vínculos sociais e os laços afetivos, de seus propósitos educativos. A compreensão dos estudantes
as possibilidades intelectuais e a capacidade de raciocínios como sujeitos com histórias e saberes construídos nas
mais abstratos. Os estudantes tornam-se mais capazes de ver interações com outras pessoas, tanto do entorno social mais
e avaliar os fatos pelo ponto de vista do outro, exercendo a próximo quanto do universo da cultura midiática e digital,
capacidade de descentração, “importante na construção da fortalece o potencial da escola como espaço formador e
autonomia e na aquisição de valores morais e éticos” (BRASIL, orientador para a cidadania consciente, crítica e participativa.
2010). Nessa direção, no Ensino Fundamental - Anos Finais, a
As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a escola pode contribuir para o delineamento do projeto de vida
compreensão do adolescente como sujeito em dos estudantes, ao estabelecer uma articulação não somente
desenvolvimento, com singularidades e formações identitárias com os anseios desses jovens em relação ao seu futuro, como
e culturais próprias, que demandam práticas escolares também com a continuidade dos estudos no Ensino Médio.
diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e Esse processo de reflexão sobre o que cada jovem quer ser no
diferentes modos de inserção social. Conforme reconhecem as futuro, e de planejamento de ações para construir esse futuro,
DCN, é frequente, nessa etapa, observar forte adesão aos pode representar mais uma possibilidade de desenvolvimento
padrões de comportamento dos jovens da mesma idade, o que é pessoal e social.
evidenciado pela forma de se vestir e também pela linguagem
utilizada por eles. Isso requer dos educadores maior disposição Competências Específicas De Linguagens Para O Ensino
para entender e dialogar com as formas próprias de expressão Fundamental
das culturas juvenis, cujos traços são mais visíveis, sobretudo, 1. Compreender as linguagens como construção humana,
nas áreas urbanas mais densamente povoadas (BRASIL, 2010). histórica, social e cultural, de natureza dinâmica,
Há que se considerar, ainda, que a cultura digital tem reconhecendo-as e valorizando-as como formas de
promovido mudanças sociais significativas nas sociedades significação da realidade e expressão de subjetividades e
contemporâneas. Em decorrência do avanço e da identidades sociais e culturais.
multiplicação das tecnologias de informação e comunicação e 2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem
do crescente acesso a elas pela maior disponibilidade de (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da
computadores, telefones celulares, tablets e afins, os atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas
estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não possibilidades de participação na vida social e colaborar para
somente como consumidores. Os jovens têm se engajado cada a construção de uma sociedade mais justa, democrática e
vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo-se inclusiva.
diretamente em novas formas de interação multimidiática e 3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-
multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e
modo cada vez mais ágil. Por sua vez, essa cultura também digital –, para se expressar e partilhar informações,
apresenta forte apelo emocional e induz ao imediatismo de experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e
respostas e à efemeridade das informações, privilegiando produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de
análises superficiais e o uso de imagens e formas de expressão conflitos e à cooperação.
mais sintéticas, diferentes dos modos de dizer e argumentar 4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de
característicos da vida escolar. vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos,

Legislação 72
APOSTILAS OPÇÃO

a consciência socioambiental e o consumo responsável em e sensível a diferentes contextos e dialogar com as


âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a diversidades.
questões do mundo contemporâneo. 2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e
5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo
respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo
locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de
patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de produção, na prática de cada linguagem e nas suas
práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção articulações.
artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, 3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e
identidades e culturas. culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas
6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição
informação e comunicação de forma crítica, significativa, e manifestações contemporâneas, reelaborando- -as nas
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as criações em Arte.
escolares), para se comunicar por meio das diferentes 4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade
linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela
problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos. no âmbito da Arte.
5. Mobilizar recursos tecnológicos como formas de
Competências Específicas De Língua Portuguesa Para registro, pesquisa e criação artística.
O Ensino Fundamental 6. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e
1. Compreender a língua como fenômeno cultural, consumo, compreendendo, de forma crítica e
histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos problematizadora, modos de produção e de circulação da arte
de uso, reconhecendo-a como meio de construção de na sociedade.
identidades de seus usuários e da comunidade a que 7. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas,
pertencem. científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios,
2. Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a produções, intervenções e apresentações artísticas.
como forma de interação nos diferentes campos de atuação da 8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho
vida social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de coletivo e colaborativo nas artes.
participar da cultura letrada, de construir conhecimentos 9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e
(inclusive escolares) e de se envolver com maior autonomia e internacional, material e imaterial, com suas histórias e
protagonismo na vida social. diferentes visões de mundo.
3. Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e
multissemióticos que circulam em diferentes campos de Competências Específicas De Educação Física Para O
atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e Ensino Fundamental
criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, 1. Compreender a origem da cultura corporal de
experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo. movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva
4. Compreender o fenômeno da variação linguística, e individual.
demonstrando atitude respeitosa diante de variedades 2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e
linguísticas e rejeitando preconceitos linguísticos. aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas
5. Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo corporais, além de se envolver no processo de ampliação do
de linguagem adequados à situação comunicativa, ao (s) acervo cultural nesse campo.
interlocutor (es) e ao gênero do discurso/gênero textual. 3. Refletir, criticamente, sobre as relações entre a
6. Analisar informações, argumentos e opiniões realização das práticas corporais e os processos de
manifestados em interações sociais e nos meios de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais.
comunicação, posicionando-se ética e criticamente em relação 4. Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho,
a conteúdos discriminatórios que ferem direitos humanos e saúde, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os
ambientais. modelos disseminados na mídia e discutir posturas
7. Reconhecer o texto como lugar de manifestação e consumistas e preconceituosas.
negociação de sentidos, valores e ideologias. 5. Identificar as formas de produção dos preconceitos,
8. Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo compreender seus efeitos e combater posicionamentos
com objetivos, interesses e projetos pessoais (estudo, discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus
formação pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.). participantes.
9. Envolver-se em práticas de leitura literária que 6. Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os
possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, significados atribuídos às diferentes práticas corporais, bem
valorizando a literatura e outras manifestações artístico- como aos sujeitos que delas participam.
culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de 7. Reconhecer as práticas corporais como elementos
imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos.
transformador e humanizador da experiência com a literatura. 8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para
10. Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes potencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar
linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as as redes de sociabilidade e a promoção da saúde.
formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e 9. Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito
produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar do cidadão, propondo e produzindo alternativas para sua
diferentes projetos autorais. realização no contexto comunitário.
10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes
Competências Específicas De Arte Para O Ensino brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e
Fundamental práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo
1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e o protagonismo.
e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos
povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de
diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para
reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social

Legislação 73
APOSTILAS OPÇÃO

Competências Específicas De Língua Inglesa Para O princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários,
Ensino Fundamental valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos e de
1. Identificar o lugar de si e o do outro em um mundo grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza.
plurilíngue e multicultural, refletindo, criticamente, sobre 8. Interagir com seus pares de forma cooperativa,
como a aprendizagem da língua inglesa contribui para a trabalhando coletivamente no planejamento e
inserção dos sujeitos no mundo globalizado, inclusive no que desenvolvimento de pesquisas para responder a
concerne ao mundo do trabalho. questionamentos e na busca de soluções para problemas, de
2. Comunicar-se na língua inglesa, por meio do uso variado modo a identificar aspectos consensuais ou não na discussão
de linguagens em mídias impressas ou digitais, reconhecendo- de uma determinada questão, respeitando o modo de pensar
a como ferramenta de acesso ao conhecimento, de ampliação dos colegas e aprendendo com eles.
das perspectivas e de possibilidades para a compreensão dos
valores e interesses de outras culturas e para o exercício do Competências Específicas De Ciências Da Natureza Para
protagonismo social. O Ensino Fundamental
3. Identificar similaridades e diferenças entre a língua 1. Compreender as Ciências da Natureza como
inglesa e a língua materna/outras línguas, articulando-as a empreendimento humano, e o conhecimento científico como
aspectos sociais, culturais e identitários, em uma relação provisório, cultural e histórico.
intrínseca entre língua, cultura e identidade. 2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas
4. Elaborar repertórios linguístico-discursivos da língua explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar
inglesa, usados em diferentes países e por grupos sociais processos, práticas e procedimentos da investigação científica,
distintos dentro de um mesmo país, de modo a reconhecer a de modo a sentir segurança no debate de questões científicas,
diversidade linguística como direito e valorizar os usos tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho,
heterogêneos, híbridos e multimodais emergentes nas continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma
sociedades contemporâneas. sociedade justa, democrática e inclusiva.
5. Utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e 3. Analisar, compreender e explicar características,
modos de interação, para pesquisar, selecionar, compartilhar, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e
posicionar-se e produzir sentidos em práticas de letramento tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que
na língua inglesa, de forma ética, crítica e responsável. se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer
6. Conhecer diferentes patrimônios culturais, materiais e perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive
imateriais, difundidos na língua inglesa, com vistas ao tecnológicas) com base nos conhecimentos das Ciências da
exercício da fruição e da ampliação de perspectivas no contato Natureza.
com diferentes manifestações artístico-culturais. 4. Avaliar aplicações e implicações políticas,
socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias
Competências Específicas De Matemática Para O Ensino para propor alternativas aos desafios do mundo
Fundamental contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do
1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana, trabalho.
fruto das necessidades e preocupações de diferentes culturas, 5. Construir argumentos com base em dados, evidências e
em diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva, que informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos
contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos de vista que promovam a consciência socioambiental e o
e para alicerçar descobertas e construções, inclusive com respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a
impactos no mundo do trabalho. diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem
2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de preconceitos de qualquer natureza.
investigação e a capacidade de produzir argumentos 6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de
convincentes, recorrendo aos conhecimentos matemáticos informação e comunicação para se comunicar, acessar e
para compreender e atuar no mundo. disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver
3. Compreender as relações entre conceitos e problemas das Ciências da Natureza de forma crítica,
procedimentos dos diferentes campos da Matemática significativa, reflexiva e ética.
(Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade) e 7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-
de outras áreas do conhecimento, sentindo segurança quanto estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se
à própria capacidade de construir e aplicar conhecimentos respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos
matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança na conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias.
busca de soluções. 8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia,
4. Fazer observações sistemáticas de aspectos responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
quantitativos e qualitativos presentes nas práticas sociais e recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para
culturais, de modo a investigar, organizar, representar e tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e
comunicar informações relevantes, para interpretá-las e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva,
avaliá-las crítica e eticamente, produzindo argumentos com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e
convincentes. solidários.
5. Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive
tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver Competências Específicas De Ciências Humanas Para O
problemas cotidianos, sociais e de outras áreas de Ensino Fundamental
conhecimento, validando estratégias e resultados. 1. Compreender a si e ao outro como identidades
6. Enfrentar situações-problema em múltiplos contextos, diferentes, de forma a exercitar o respeito à diferença em uma
incluindo-se situações imaginadas, não diretamente sociedade plural e promover os direitos humanos.
relacionadas com o aspecto prático-utilitário, expressar suas 2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio
respostas e sintetizar conclusões, utilizando diferentes técnico-científico- -informacional com base nos
registros e linguagens (gráficos, tabelas, esquemas, além de conhecimentos das Ciências Humanas, considerando suas
texto escrito na língua materna e outras linguagens para variações de significado no tempo e no espaço, para intervir
descrever algoritmos, como fluxogramas, e dados). em situações do cotidiano e se posicionar diante de problemas
7. Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, do mundo contemporâneo.
sobretudo, questões de urgência social, com base em

Legislação 74
APOSTILAS OPÇÃO

3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser 2. Compreender a historicidade no tempo e no espaço,


humano na natureza e na sociedade, exercitando a curiosidade relacionando acontecimentos e processos de transformação e
e propondo ideias e ações que contribuam para a manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e
transformação espacial, social e cultural, de modo a participar culturais, bem como problematizar os significados das lógicas
efetivamente das dinâmicas da vida social. de organização cronológica.
4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas 3. Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e
com relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas, proposições em relação a documentos, interpretações e
com base nos instrumentos de investigação das Ciências contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes
Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da linguagens e mídias, exercitando a empatia, o diálogo, a
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, resolução de conflitos, a cooperação e o respeito.
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de 4. Identificar interpretações que expressem visões de
qualquer natureza. diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um mesmo
5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em
mesmo espaço e em espaços variados, e eventos ocorridos em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e
tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados. solidários.
6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos das 5. Analisar e compreender o movimento de populações e
Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões mercadorias no tempo e no espaço e seus significados
que respeitem e promovam os direitos humanos e a históricos, levando em conta o respeito e a solidariedade com
consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade e as diferentes populações.
o protagonismo voltados para o bem comum e a construção de 6. Compreender e problematizar os conceitos e
uma sociedade justa, democrática e inclusiva. procedimentos norteadores da produção historiográfica.
7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica 7. Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de
e diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação de modo crítico, ético e
informação e comunicação no desenvolvimento do raciocínio responsável, compreendendo seus significados para os
espaço-temporal relacionado a localização, distância, direção, diferentes grupos ou estratos sociais.
duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão.
Competências Específicas De Ensino Religioso Para O
Competências Específicas De Geografia Para O Ensino Ensino Fundamental
Fundamental 1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes
1. Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir
interação sociedade/ natureza e exercitar o interesse e o de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
espírito de investigação e de resolução de problemas. 2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações
2. Estabelecer conexões entre diferentes temas do religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em
conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos diferentes tempos, espaços e territórios.
objetos técnicos para a compreensão das formas como os seres 3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da
humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da natureza, enquanto expressão de valor da vida.
história. 4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos,
3. Desenvolver autonomia e senso crítico para convicções, modos de ser e viver.
compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise 5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os
da ocupação humana e produção do espaço, envolvendo os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da
princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, ciência, da tecnologia e do meio ambiente.
extensão, localização e ordem. 6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos
4. Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das discursos e práticas de intolerância, discriminação e violência
linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos humanos
textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas no constante exercício da cidadania e da cultura de paz.
que envolvam informações geográficas.
5. Desenvolver e utilizar processos, práticas e Questões
procedimentos de investigação para compreender o mundo
natural, social, econômico, político e o meio técnico-científico 01. (UECE/CEV - SEDUC/CE - Professor - 2018) A
e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções abordagem por competências e habilidades, conforme
(inclusive tecnológicas) para questões que requerem expressa na BNCC, defende a formação de um estudante que,
conhecimentos científicos da Geografia. especialmente,
6. Construir argumentos com base em informações (A) aprenda a aprender continuamente.
geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que (B) se envolva e se entusiasme pela escola.
respeitem e promovam a consciência socioambiental e o (C) valorize a interação com os atletas da escola.
respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de (D) compreenda as resoluções de problemas complexos.
qualquer natureza.
7. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, 02. (FUMARC - SEE/MG - Professor de Educação Básica
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, - 2018) Sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
propondo ações sobre as questões socioambientais, com base homologada em dezembro de 2017 pelo Ministério da
em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. Educação, NÃO é correto afirmar:
(A) A contribuição mais significativa da BNCC é o de
Competências Específicas De História Para O Ensino substituir os currículos das disciplinas escolares das redes
Fundamental públicas federal, estaduais e municipais, na medida em que
1. Compreender acontecimentos históricos, relações de determina o que deve ser ensinado em cada escola.
poder e processos e mecanismos de transformação e (B) Determina os conhecimentos e as competências que os
manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e estudantes devem desenvolver ao longo da escolaridade,
culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para sendo orientada por princípios éticos, políticos e estéticos.
analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo. (C) Fruto de amplo debate com diferentes atores do campo
educacional e com a sociedade brasileira, a BNCC tem o

Legislação 75
APOSTILAS OPÇÃO

propósito de contribuir com construção de uma sociedade forma do Anexo, com vista ao cumprimento do disposto no art.
justa, democrática e inclusiva. 214 da Constituição Federal.
(D) Trata-se de um documento de referência, de caráter
normativo, que define o conjunto de aprendizagens essenciais Art. 2º São diretrizes do PME:
que todos os alunos brasileiros devem desenvolver ao longo I - universalização da alfabetização garantida ao longo da
das etapas e modalidades da Educação Básica. vida e em todas as modalidades de ensino;
(E) Uma das finalidades da BNCC é contribuir com a II - universalização do atendimento escolar;
superação da fragmentação das políticas educacionais, com o III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase
fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas
de governo. de discriminação;
IV - melhoria da qualidade da educação;
03. (FUMARC - SEE/MG - Professor de Educação Básica V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase
- 2018) “A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
documento de caráter normativo que define o conjunto VI - promoção do princípio da gestão democrática da
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos educação pública;
os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e VII - promoção humanística, científica, cultural e
modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham tecnológica do Município;
assegurados seus direitos de aprendizagem e VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o públicos em educação como proporção do Produto Interno
Plano Nacional de Educação (PNE)”. (Fonte: BRASIL, 2017, p. Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de
7). expansão, com padrão de qualidade e equidade;
Considerando a concepção presente no texto, analise as IX - valorização dos (as) profissionais da educação;
afirmativas a seguir: X - promoção dos princípios do respeito aos direitos
I. A BNCC reconhece que a Educação Básica deve visar à humanos e à sustentabilidade socioambiental;
formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica XI - promoção da prática de atividades físicas em todos os
compreender que esse desenvolvimento é linear. níveis da educação municipal.
II. A dimensão conceitual da BNCC permite que os
estudantes desenvolvam aproximações e compreensões sobre Art. 3º As metas previstas no Anexo desta Lei serão
os saberes científicos e os presentes nas situações cotidianas. cumpridas no prazo de vigência deste PME, desde que não haja
III. A noção de competência é definida na BNCC como a prazo inferior definido para metas e estratégias específicas.
mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno Art. 4º As metas previstas no Anexo desta Lei tiveram
exercício da cidadania e do mundo do trabalho. como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de
IV. Ao dizer que os conteúdos curriculares estão a serviço Domicílios - PNAD, o Censo Demográfico e os Censos Nacionais
do desenvolvimento de competências, a LDBEN orienta a da Educação Básica e Superior mais atualizados, além dos
definição das aprendizagens dos conteúdos mínimos a serem estudos produzidos pelo Instituto Municipal de Urbanismo
ensinados na proposta da BNCC. Pereira Passos - IPP, disponíveis na data da publicação desta
Está CORRETO apenas o que se afirma em: Lei.
(A) I e II. Parágrafo único. O Poder Público buscará ampliar o escopo
(B) III e IV. das pesquisas com fins estatísticos de forma a incluir
(C) I e III. informação detalhada sobre o perfil das populações com
(D) II e IV. deficiência e altas habilidades/superdotação.
(E) II e III.
Art. 5º A execução do PME e o cumprimento de suas metas
Gabarito serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
periódicas, realizados pelas seguintes instâncias:
01.A / 02.A / 03.E I - Secretaria Municipal de Educação do Município do Rio
de Janeiro - SME;
II - Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos
RIO DE JANEIRO. Lei no Vereadores;
III - Conselho Municipal de Educação - CME;
6.362 de 28 de maio de 2018, IV - Fórum Municipal de Educação do Rio de Janeiro -
Meta 1 e respectivas FMERJ.
estratégias. RIO DE JANEIRO § 1º Compete, ainda, às instâncias referidas no caput e seus
incisos:
I - divulgar os resultados do monitoramento e das
avaliações nos respectivos sítios institucionais da internet;
LEI Nº 6.362 DE 28 DE MAIO DE 201826
II - analisar e propor políticas públicas para assegurar a
implementação das estratégias e do Projeto Político
Aprova o Plano Municipal de Educação - PME e dá outras
Pedagógico;
providências.
III - analisar e propor a revisão do percentual de
investimento público em educação.
O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Faço saber
§ 2º Compete ao CME, órgão do Sistema de Ensino, que
que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
reúne representatividades governamentais e da sociedade
civil, coordenar as ações de que trata o "caput", criando,
Art. 1º É aprovado o Plano Municipal de Educação - PME,
inclusive, mecanismos para o acompanhamento.
com vigência por dez anos, a contar da publicação desta Lei, na

26http://mail.camara.rj.gov.br/APL/Legislativos/contlei.nsf/7cb7d306c2b7

48cb0325796000610ad8/7bf6114cdc0884de8325829c0047aa48?OpenDocumen
t#_Section2 – Acesso em 28.01.2019 as 15:58

Legislação 76
APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º A cada dois anos, ao longo do período de vigência deste II - considerem as necessidades específicas das populações
PME, Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, nos do campo e das comunidades indígenas e quilombolas,
termos do art. 4º, publicará estudos para aferir a evolução no asseguradas a equidade educacional e a diversidade cultural;
cumprimento das metas estabelecidas no Anexo desta Lei, com III - garantam o atendimento das necessidades específicas
informações organizadas e consolidadas, no que se refere a na educação especial, assegurado o sistema educacional
relação do número de habitantes por faixa etária e número de inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades;
alunos matriculados nos diferentes estabelecimentos IV - promovam a articulação intermunicipal na
escolares da Cidade, em todos os níveis de ensino, sem implementação das políticas educacionais;
prejuízo de outras fontes e informações relevantes. V - instituam políticas públicas e programas de qualidade
§ 4º A meta progressiva do investimento público em de vida e saúde física e mental para os professores e
educação será avaliada no quarto ano de vigência do PME e profissionais da educação;
poderá ser ampliada por meio de lei para atender às VI - assegurem o acesso de todas as crianças à escola,
necessidades financeiras do cumprimento das demais metas. garantindo-se o passe livre ilimitado para todos os estudantes
§ 5º O investimento público em educação a que se referem da rede pública, inclusive aos sábados, domingos e feriados.
o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e a meta 20 do
Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados na forma do art. Art. 8º VETADO.
212 da Constituição Federal e do art. 60 do Ato das Disposições I - VETADO.
Constitucionais Transitórias, bem como os recursos aplicados a) VETADO.
nos programas de expansão da educação profissional e b) VETADO.
superior, inclusive na forma de incentivo e isenção fiscal, o c) VETADO.
financiamento de creches, pré-escolas e de educação especial II - VETADO.
na forma do art. 213 da Constituição Federal.
§ 6º Será destinada à manutenção e ao desenvolvimento do Art. 9º O Município aprovará lei específica para o sistema
ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do de ensino, disciplinando a gestão democrática da educação
art. 212 da Constituição Federal, além de outros recursos pública, no prazo de dois anos contados a partir da publicação
previstos em lei, a parcela da participação no resultado ou da desta Lei, adequando a legislação já adotada com essa
compensação financeira pela exploração de petróleo e de gás finalidade.
natural, na forma de lei específica, com a finalidade de
assegurar o cumprimento da meta prevista no inciso VI do art. Art. 10 O Plano Plurianual e as Diretrizes Orçamentárias do
214 da Constituição Federal. Município serão formulados de maneira a assegurar a
§ 7º Fortalecer os mecanismos e os instrumentos que consignação de dotações orçamentárias compatíveis com as
assegurem a transparência e o controle social na utilização dos diretrizes, metas e estratégias deste PME, a fim de viabilizar
recursos públicos aplicados em educação, especialmente a sua plena execução.
realização de audiências públicas, a manutenção atualizada de
portal eletrônico de transparência e a capacitação dos Art. 11 O Sistema Nacional de Avaliação da Educação
membros do Conselho Municipal de Educação, do Fórum Básica, coordenado pela União, constituirá fonte de
Municipal de Educação, dos representantes dos Conselhos informação para a avaliação da qualidade da educação básica
Escola Comunidade, do Conselho de Acompanhamento e e para a orientação das políticas públicas.
Controle Social do Fundeb - Cacs, previsto pela Lei Federal nº Parágrafo único. O Município do Rio de Janeiro com as
11.494, de 20 de junho de 2007 e de representantes informações do sistema de avaliação a que se refere o caput,
educacionais em demais conselhos de acompanhamento de revisará suas ações, no máximo a cada dois anos utilizando:
políticas públicas. I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao
desempenho dos (as) estudantes apurado em exames
Art. 6º O Município promoverá as avaliações do PME de nacionais de avaliação, com participação de pelo menos
dois em dois anos, a partir do ano de 2018. oitenta por cento dos (as) alunos (as) de cada ano escolar
periodicamente avaliado em cada escola, e aos dados
Art. 7º O Município atuará em regime de colaboração com pertinentes apurados pelo censo escolar da educação básica;
o Estado e a União, visando ao alcance das metas e à II - indicadores de avaliação institucional, relativos a
implementação das estratégias objeto deste PME. características como o perfil do alunado e do corpo dos (as)
§ 1º Caberá ao gestor municipal a adoção das medidas profissionais da educação, as relações entre dimensão do
governamentais necessárias ao alcance das metas previstas corpo docente, do corpo técnico e do corpo discente, a
neste PME. infraestrutura das escolas, os recursos pedagógicos
§ 2º As estratégias definidas no Anexo desta Lei não elidem disponíveis e os processos da gestão, entre outras relevantes.
a adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de
instrumentos jurídicos que formalizem a cooperação com o Art. 12 Até o final do primeiro semestre do nono ano de
Estado do Rio de Janeiro, podendo ser complementadas por vigência deste PME, o Poder Executivo encaminhará à Câmara
mecanismo nacional e de colaboração recíproca. dos Vereadores, sem prejuízo das prerrogativas deste Poder, o
§ 3º Haverá regime de colaboração específico para a Projeto de Lei referente ao PME a vigorar no período
implementação de modalidades de educação escolar que subsequente, que incluirá diagnóstico, diretrizes, metas e
necessitem considerar território étnico-educacionais e a estratégias para o próximo decênio.
utilização de estratégias que levem em conta as identidades e
especificidades socioculturais e linguísticas de cada Art. 13 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
comunidade envolvida, assegurada a consulta prévia e
informada a essa comunidade. MARCELO CRIVELLA
§ 4º O fortalecimento do regime de colaboração entre o
Município do Rio de Janeiro e o Estado do Rio de Janeiro ANEXO
incluirá instâncias permanentes de negociação, cooperação e
pactuação que: META 1: Universalizar, até o segundo ano de vigência
I - assegurem a articulação das políticas educacionais com deste Plano, a educação infantil na pré-escola para as crianças
as demais políticas sociais, particularmente as culturais; de quatro e cinco anos de idade e ampliar a oferta de educação

Legislação 77
APOSTILAS OPÇÃO

infantil em creches para crianças até três anos, de forma a no Centro de Referência de Assistência Social - CRAS e no
atender cinquenta por cento da demanda no prazo de três anos Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF;
e universalizar a oferta em até oito anos de vigência deste 1.13) preservar as especificidades da Educação Infantil na
Plano. organização da Rede Escolar, garantindo o atendimento da
criança de zero a cinco anos em estabelecimentos que atendam
ESTRATÉGIAS as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil e a
1.1) definir, em regime de colaboração com a União, metas articulação com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso
de expansão da Rede Pública de Educação Infantil segundo do aluno de seis anos de idade no Ensino Fundamental;
padrão nacional de qualidade, considerando as peculiaridades 1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do
locais; acesso e da permanência das crianças na Educação Infantil, em
1.2) garantir que, ao final da vigência deste PME, seja especial dos beneficiários de programas de transferência de
inferior a dez por cento a diferença entre as taxas de renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos
frequência à Educação Infantil das crianças de até três anos públicos de assistência social, saúde e proteção à infância;
oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado 1.15) promover a busca ativa de crianças em idade
e as do quinto de renda familiar per capita mais baixo; correspondente à Educação Infantil, em parceria com órgãos
1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaboração, públicos de assistência social, saúde e proteção à infância,
levantamento da demanda por creche para a população de até preservando o direito de opção da família em relação às
três anos, como forma de planejar a oferta e verificar o crianças de até três anos;
atendimento da demanda manifesta; 1.16) realizar e publicar, a cada ano em colaboração com
1.4) estabelecer, até o segundo ano de aprovação deste União e o Estado, levantamento da demanda manifesta por
PME, normas, procedimentos e prazos para definição de Educação Infantil em creches e pré-escolas, como forma de
mecanismos de consulta pública da demanda das famílias por planejar e verificar o atendimento;
creches; 1.17) estimular o acesso à Educação Infantil em tempo
1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e integral, para todas as crianças de zero a cinco anos, conforme
respeitadas as normas de acessibilidade, programa nacional estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a
de construção e reestruturação de escolas, bem como de Educação Infantil;
aquisição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria 1.18) VETADO.
da rede física de escolas públicas de Educação Infantil; 1.19) VETADO.
1.6) elaborar, até o segundo ano de aprovação deste PME,
um Sistema de Avaliação e Monitoramento das unidades de Poder Executivo
Educação Infantil, elaborado com a ampla participação da
sociedade através de entidades de classe, de Ensino Superior e Questões
estudos e pesquisas, de fóruns de entidades representativas de
pais a ser aprovado pelo Conselho Municipal de Educação e, 01. A respeito da Lei Nº 6.362 de 2018 do Rio de Janeiro
posteriormente, acompanhá-lo, através do Fórum Municipal julgue o item a seguir:
de Educação do Rio de Janeiro; De acordo com o Art. 6º O Município promoverá as
1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em creches avaliações do PME anualmente, a partir do ano de 2018.
vinculadas a instituições sem fins lucrativos, autorizadas pela ( ) Certo ( ) Errado
Secretaria Municipal de Educação, com a expansão da oferta
na rede pública de ensino; 02. A respeito das Estratégias da Meta 1 da Lei Nº 6.362 de
1.8) VETADO. 2018 do Rio de Janeiro julgue o item a seguir:
1.9) promover a parceria entre as Instituições de Ensino Até o segundo ano de vigência deste Plano, deverá ser
Superior Públicas e Privadas e a Escola de Formação do estabelecido o procedimento de definição de mecanismo de
Professor Carioca na intenção de promover cursos de consulta pública da demanda das famílias por creches.
graduação, pós-graduação, núcleos de pesquisa e cursos de ( ) Certo ( ) Errado
formação para profissionais da educação, por meio de
pesquisas colaborativas, editais, publicações, realização de Gabarito
seminários, congressos, jornadas, colóquios etc. para
professores da Rede Pública, Privada e Filantrópica; 01. Errado / 02. Certo
1.10) fomentar o atendimento das populações do campo e
das comunidades indígenas e quilombolas na Educação
Infantil nas respectivas comunidades, por meio do
redimensionamento da distribuição territorial da oferta,
limitando a nucleação de escolas e o deslocamento de crianças,
de forma a atender às especificidades dessas comunidades, Anotações
garantido consulta prévia e informada;
1.11) priorizar o acesso à Educação Infantil e fomentar a
oferta do atendimento educacional especializado
complementar e suplementar aos alunos com deficiência,
Transtorno do Espectro Autista e altas habilidades ou
superdotação, assegurando a educação bilíngue para crianças
surdas e a transversalidade da Educação Especial nessa etapa
da Educação Básica;
1.12) implementar, em caráter complementar, programas
de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação entre
as Secretarias Municipais de Educação - SME, de Saúde - SMS e
de Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos
Humanos - SMASDHl, com foco no desenvolvimento integral
das crianças de até três anos de idade, promovendo reuniões
de pais, implementando o Programa Saúde na Família, ações

Legislação 78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DE
EDUCAÇÃO INFANTIL
APOSTILAS OPÇÃO

aumentaram os riscos de maus tratos às crianças, reunidas em


maior número, aos cuidados de uma única, pobre e
despreparada mulher. Tudo isso, aliado a pouca comida e
higiene, gerou um quadro caótico de confusão, que terminou
no aumento de castigos e muita pancadaria, a fim de tornar as
crianças mais sossegadas e passivas. Mais violência e
mortalidade infantil.
1. Práticas e concepções de A preocupação das famílias pobres era sobreviver, sendo
Educação Infantil assim, os maus tratos e o desprezo pelas crianças tornaram-se
aceitos como regra e costume pela sociedade de um modo
geral. As mazelas contra a infância se tornaram tão comuns
A) A história da Educação Infantil que, por filantropia, algumas pessoas resolveram tomar para
si a tarefa de acolher as crianças desvalidas que se
Na Europa, com a transição do feudalismo para o encontravam nas ruas. A sociedade aplaudiu, uma vez que
capitalismo, em que houve a passagem do modo de produção todos queriam ver as ruas limpas do estorvo e da sujeira
doméstico para o sistema fabril, e, consequentemente, a provocados pelas crianças abandonadas.
substituição das ferramentas pelas máquinas, além da As primeiras instituições na Europa e Estados Unidos
substituição da força humana pela força motriz, provocando tinham como objetivos cuidar e proteger as crianças enquanto
toda uma reorganização da sociedade. O enorme impacto às mães saíam para o trabalho. Desta maneira, sua origem e
causado pela revolução industrial fez com que toda a classe expansão como instituição de cuidados à criança estão
operária se submetesse ao regime da fábrica e das máquinas. associadas à transformação da família, de extensa para
Desse modo, essa revolução possibilitou a entrada em massa nuclear.
da mulher no mercado de trabalho, alterando a forma da Sua origem, na sociedade ocidental, de acordo com Didonet
família cuidar e educar seus filhos. (2001)2, baseia-se no trinômio: mulher-trabalho-criança. As
Marx (1986)1, ao discutir a apropriação pelo capital das creches, escolas maternais e jardins de infância tiveram,
forças de trabalho suplementares, enfatiza que a maquinaria somente no seu início, o objetivo assistencialista, cujo enfoque
permitiu o emprego de trabalhadores sem força muscular e era a guarda, higiene, alimentação e os cuidados físicos das
com membros mais flexíveis, o que possibilitou ao capital crianças.
absorver as mulheres e as crianças nas fábricas. A maquinaria Apesar de seu início estar mais voltado para as questões
estabeleceu um meio de diversificar os assalariados, assistenciais e de custódia, Kuhlmann (2001)3 ressalta que
colocando, nas fábricas, todos os membros da família do essas instituições se preocuparam com questões não só de
trabalhador, independentemente do sexo e da idade de cada cuidados, mas de educação, visto se apresentarem como
um. Se, até então, o trabalhador vendia somente sua própria pedagógicas já em seu início. Exemplifica sua defesa com a
força de trabalho, passou a vender a força da mulher e dos “Escola de Principiantes” ou escola de tricotar, criada pelo
filhos. pastor Oberlin, na França em meados de 1769, para crianças
Na realidade, apesar do aumento significativo do número de dois a seis anos de idade. Esse pastor criou apenas um
de trabalhadores, os homens foram, em parte, substituídos no programa de passeios, trabalhos manuais e histórias contadas
trabalho pelas mulheres e pelas crianças, já que a lei fabril com gravuras, nos quais suas escolas de tricô tinham como
exigia duas turmas trabalhando: uma turma de seis horas e objetivo, por meio do trabalho de mulheres da comunidade,
outra de quatro, ou cada uma, cinco horas apenas. Mas os pais tomar conta de crianças, ensinando-lhes a ler a bíblia e a
não queriam vender o tempo parcial das crianças mais barato tricotar. De acordo com seus objetivos, nesses espaços, as
do que vendiam antes o tempo integral, mesmo que as crianças deveriam aprender diferentes habilidades, como
condições de trabalho fossem péssimas. A passagem seguinte adquirir hábitos de obediência, bondade, identificar as letras
evidencia a precariedade do trabalho e a necessidade de do alfabeto, pronunciar bem as palavras e assimilar noções de
sucumbir aos ditames do capital: “[...] o capital achava nelas, as moral e religião.
mulheres e moças despidas, muitas vezes em conjunto com Do ponto de vista histórico, a própria literatura traz o
homens, perfeitamente de acordo com seu código moral”. jardim de infância como uma instituição exclusivamente
O nascimento da indústria moderna alterou pedagógica e que, desde sua origem, teve pouca preocupação
profundamente a estrutura social vigente, modificando os com os cuidados físicos das crianças. No entanto, vale ressaltar
hábitos e costumes das famílias, as mães operárias que não que o primeiro Jardim de Infância, criado, em meados de 1840
tinham com quem deixar seus filhos, utilizavam o trabalho das em Blankenburgo, por Froebel, tinha uma preocupação não só
conhecidas mães mercenárias. Essas, ao optarem pelo não de educar e cuidar das crianças, mas de transformar a
trabalho nas fábricas, vendiam seus serviços para abrigarem e estrutura familiar de modo que as famílias pudessem cuidar
cuidarem dos filhos de outras mulheres. melhor de seus filhos.
Em função da crescente participação dos pais no trabalho Os estudos que atribuem aos Jardins de Infância uma
das fábricas, fundições e minas de carvão, surgiram outras dimensão educacional e não assistencial, como outras
formas de arranjos mais formais de serviços de atendimento instituições de educação infantil, deixam de levar em conta as
das crianças. Eram organizados por mulheres da comunidade evidências históricas que mostram uma estreita relação entre
que, na realidade, não tinham uma proposta instrucional ambos os aspectos: a que a assistência é que passou, no final
formal, mas adotavam atividades de canto e de memorização do século XIX, a privilegiar políticas de atendimento à infância
de rezas. As atividades relacionadas ao desenvolvimento de em instituições educacionais e o Jardim de Infância foi uma
bons hábitos de comportamento e de internalização de regras delas, assim como as creches e escolas maternais, de acordo
morais eram reforçadas nos trabalhos dessas voluntárias. com Kuhlmann (1998)4.
Criou-se uma nova oferta de emprego para as mulheres, mas

1 MARX, Karl. O Capital. l.1, v.1. São Paulo: Bertrand Brasil-Difel, 1986. Educação da infância brasileira: 1875- 1983. Campinas, SP: Autores Associados,
2 DIDONET, Vital. Creche: a que veio, para onde vai. In: Educação Infantil: a 2001.
creche, um bom começo. Em Aberto/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 4 KUHLMANN JR., Moisés. Infância e educação infantil: uma abordagem

Educacionais. v 18, n. 73. Brasília, 2001. histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998.
3 KUHLMANN JR., Moisés. O jardim de infância e a educação das crianças

pobres: final do século XIX, início do século XX. In: MONARCHA, Carlos, (Org.).

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 1


APOSTILAS OPÇÃO

A partir da segunda metade do século XIX, o quadro das sendo o último país a acabar com o sistema da roda dos
instituições destinadas à primeira infância era formado enjeitados.
basicamente da creche e do jardim de infância ao lado de Ainda no final do século XIX, período da abolição da
outras modalidades educacionais, que foram absorvidas como escravatura no país, quando se acentuou a migração para as
modelos em diferentes países. grandes cidades e o início da República, houve iniciativas
isoladas de proteção à infância, no sentido de combater os
B) A educação das crianças: a particularidade altos índices de mortalidade infantil. Mesmo com o trabalho
brasileira desenvolvido nas casas de Misericórdia, por meio da roda dos
expostos, um número significativo de creches foi criado não
Diferentemente dos países europeus, no Brasil, as pelo poder público, mas exclusivamente por organizações
primeiras tentativas de organização de creches, surgiram com filantrópicas. Se, por um lado, os programas de baixo custo,
um caráter assistencialista, com o intuito de auxiliar as voltados para o atendimento às crianças pobres, surgiam no
mulheres que trabalhavam fora de casa e as viúvas sentido de atender às mães trabalhadoras que não tinham
desamparadas. Outro elemento que contribuiu para o onde deixar seus filhos, a criação dos jardins de infância foi
surgimento dessas instituições foram as iniciativas de defendida, por alguns setores da sociedade, por acreditarem
acolhimento aos órfãos abandonados que, apesar do apoio da que os mesmos trariam vantagens para o desenvolvimento
alta sociedade, tinham como finalidade esconder a vergonha infantil, ao mesmo tempo foi criticado por identificá-los com
da mãe solteira, já que as crianças eram sempre filhos de instituições europeias.
mulheres da corte, pois somente essas tinham do que se As tendências que acompanharam a implantação de
envergonhar e motivo para se descartar do filho indesejado. creches e jardins de infância, no final do século XIX e durante
Numa sociedade patriarcal, a ideia era criar uma solução as primeiras décadas do século XX no Brasil, foram: a jurídico-
para os problemas dos homens, ou seja, retirar dos mesmos a policial, que defendia a infância moralmente abandonada, a
responsabilidade de assumir a paternidade. Considerando médico-higienista e a religiosa, ambas tinham a intenção de
que, nessa época, não se tinha um conceito bem definido sobre combater o alto índice de mortalidade infantil tanto no interior
as especificidades da criança, a mesma era concebida como um da família como nas instituições de atendimento à infância. Na
objeto descartável, sem valor intrínseco de ser humano, realidade, cada instituição apresentava as suas justificativas
conforme defendido por Rizzo (2003)5. para a implantação de creches, asilos e jardins de infância onde
Fatores como o alto índice de mortalidade infantil, a seus agentes promoveram a constituição de associações
desnutrição generalizada e o número significativo de assistenciais privadas.
acidentes domésticos, fizeram com que alguns setores da Devido a muitos fatores, como o processo de implantação
sociedade, dentre eles os religiosos, os empresários e da industrialização no país, a inserção da mão-de-obra
educadores, começassem a pensar num espaço de cuidados da feminina no mercado de trabalho e a chegada dos imigrantes
criança fora do âmbito familiar. De maneira que foi com essa europeus no Brasil, os movimentos operários ganharam força.
preocupação, ou com esse problema, que a criança começou a Eles começaram a se organizar nos centros urbanos mais
ser vista pela sociedade e com um sentimento filantrópico, industrializados e reivindicavam melhores condições de
caritativo, assistencial é que começou a ser atendida fora da trabalho; dentre estas, a criação de instituições de educação e
família. cuidados para seus filhos.
Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma Os donos das fábricas, por seu lado, procurando diminuir a
babá, as pobres se viam na contingência de deixar os filhos força dos movimentos operários, foram concedendo certos
sozinhos ou colocá-los numa instituição que deles cuidasse. benefícios sociais e propondo novas formas de disciplinar seus
Para os filhos das mulheres trabalhadoras, a creche tinha que trabalhadores. Eles buscavam o controle do comportamento
ser de tempo integral; para os filhos de operárias de baixa dos operários, dentro e fora da fábrica. Para tanto, vão sendo
renda, tinha que ser gratuita ou cobrar muito pouco; ou para criadas vilas operárias, clubes esportivos e também creches e
cuidar da criança enquanto a mãe estava trabalhando fora de escolas maternais para os filhos dos operários. O fato dos filhos
casa, tinha que zelar pela saúde, ensinar hábitos de higiene e das operárias estarem sendo atendidos em creches, escolas
alimentar a criança. A educação permanecia assunto de maternais e jardins de infância, montadas pelas fábricas,
família. Essa origem determinou a associação creche, criança passou a ser reconhecido por alguns empresários como
pobre e o caráter assistencial da creche. vantajoso, pois mais satisfeitas, as mães operárias produziam
É interessante ressaltar que, ao longo das décadas, melhor.
arranjos alternativos foram se constituindo no sentido de Ao longo das décadas, as poucas conquistas não se fizeram
atender às crianças das classes menos favorecidas. Uma das sem conflitos. Com o avanço da industrialização e o aumento
instituições brasileiras mais duradouras de atendimento à das mulheres da classe média no mercado de trabalho,
infância, que teve seu início antes da criação das creches, foi a aumentou a demanda pelo serviço das instituições de
roda dos expostos ou roda dos excluídos. Esse nome provém atendimento à infância.
do dispositivo onde se colocavam os bebês abandonados e era
composto por uma forma cilíndrica, dividida ao meio por uma C) A Educação Infantil e a Legislação brasileira
divisória e fixado na janela da instituição ou das casas de
misericórdia. Assim, a criança era colocada no tabuleiro pela Verifica-se que, até meados do final dos anos setenta,
mãe ou qualquer outra pessoa da família; essa, ao girar a roda, pouco se fez em termos de legislação que garantisse a oferta
puxava uma corda para avisar a rodeira que um bebê acabava desse nível de ensino. Já na década de oitenta, diferentes
de ser abandonado, retirando-se do local e preservando sua setores da sociedade, como organizações não-
identidade. Por mais de um século a roda de expostos foi à governamentais, pesquisadores na área da infância,
única instituição de assistência à criança abandonada no Brasil comunidade acadêmica, população civil e outros, uniram
e, apesar dos movimentos contrários a essa instituição por forças com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre o
parte de um segmento da sociedade, foi somente no século XX, direito da criança a uma educação de qualidade desde o
já em meados de 1950, que o Brasil efetivamente extinguiu-a, nascimento.

5 RIZZO, Gilda. Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento. 3.

ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 2


APOSTILAS OPÇÃO

Do ponto de vista histórico, foi preciso quase um século Além da Constituição Federal de 1988, do Estatuto da
para que a criança tivesse garantido seu direito à educação na Criança e do Adolescente de 1990, destaca-se a Lei de
legislação, foi somente com a Carta Constitucional de 1988 que Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, que, ao
esse direito foi efetivamente reconhecido. tratar da composição dos níveis escolares, inseriu a educação
De acordo com Bittar, Silva e Mota (2003)6 o esforço infantil como primeira etapa da Educação Básica. Essa Lei
coletivo dos diversos segmentos visava assegurar na define que a finalidade da educação infantil é promover o
Constituição, os princípios e as obrigações do Estado com as desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) anos de
crianças. Assim, foi possível sensibilizar a maioria dos idade, complementando a ação da família e da comunidade. De
parlamentares e assegurar na Constituição brasileira o direito acordo com o Ministério da Educação, o tratamento dos vários
da criança à educação. A pressão desses movimentos na aspectos como dimensões do desenvolvimento e não áreas
Assembleia Constituinte possibilitou a inclusão da creche e da separadas foi fundamental, já que “[...] evidencia a necessidade
pré-escola no sistema educativo ao inserir, na Constituição de se considerar a criança como um todo, para promover seu
Federal de 1988, em seu em seu artigo 208, o inciso IV, assim: desenvolvimento integral e sua inserção na esfera pública”.
“[...] O dever do Estado com a educação será efetivado Desse modo, verifica-se um grande avanço no que diz
mediante a garantia de educação infantil, em creche e pré- respeito aos direitos da criança pequena, uma vez que a
escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade, de acordo com educação infantil, além de ser considerada a primeira etapa da
a Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006. A Educação Básica, é um direito da criança e tem o objetivo de
partir dessa Lei, as creches, anteriormente vinculadas à área proporcionar condições adequadas para o desenvolvimento
de assistência social, passaram a ser de responsabilidade da do bem-estar infantil, como o desenvolvimento físico,
educação. Tomou-se por orientação o princípio de que essas psicomotor, cognitivo, linguístico, afetivo, ético, estético,
instituições não apenas cuidam das crianças, mas devem, cultural e social, complementando a ação da família e da
prioritariamente, desenvolver um trabalho educacional. comunidade. Diante dessa nova perspectiva, três importantes
A Constituição representa uma valiosa contribuição na objetivos, devem, necessariamente, coroar essa nova
garantia de nossos direitos, visto que, por ser fruto de um modalidade educacional:
grande movimento de discussão e participação da população
civil e poder público, foi um marco decisivo na afirmação dos A) Objetivo Social: Associado à questão da mulher
direitos da criança no Brasil. enquanto participante da vida social, econômica, cultural e
Dois anos após a aprovação da Constituição Federal de política;
1988, foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei B) Objetivo Educativo: Organizado para promover a
8.069/90, que, ao regulamentar o art. 227 da Constituição construção de novos conhecimentos e habilidades da criança;
Federal, inseriu as crianças no mundo dos direitos humanos. C) Objetivo Político: Associado à formação da cidadania
De acordo com seu artigo 3º, a criança e o adolescente gozam infantil, em que, por meio deste, a criança tem o direito de falar
de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, e de ouvir, de colaborar e de respeitar e ser respeitada pelos
sem prejuízo da proteção integral, assegurando-se-lhes, por lei outros.
ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a
fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, Em consonância com a legislação, o Ministério da Educação
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. publicou, em 1998, dois anos após a aprovação da LDB, os
Segundo Ferreira (2000)7, essa Lei é mais do que um documentos “Subsídios para o credenciamento e o
simples instrumento jurídico, porque: Inseriu as crianças e funcionamento das instituições de educação infantil”, que
adolescentes no mundo dos direitos humanos. O ECA contribuiu significativamente para a formulação de diretrizes
estabeleceu um sistema de elaboração e fiscalização de e normas da educação da criança pequena em todo o país, e o
políticas públicas voltadas para a infância, tentando com isso “Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil”,
impedir desmandos, desvios de verbas e violações dos direitos com o objetivo de contribuir para a implementação de práticas
das crianças. Serviu ainda como base para a construção de uma educativas de qualidade no interior dos Centros de Educação
nova forma de olhar a criança: uma criança com direito de ser Infantil. Este último foi concebido de maneira a servir como
criança. Direito ao afeto, direito de brincar, direito de querer, um guia de reflexão de cunho educacional sobre os objetivos,
direito de não querer, direito de conhecer, direito de sonhar. conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que
Isso quer dizer que são atores do próprio desenvolvimento. atuam com crianças de zero a 5 (cinco) anos de idade. Sobre os
Nos anos seguintes à aprovação do Estatuto da Criança e objetivos gerais da educação infantil, esse documento ressalta
do Adolescente, entre os anos de 1994 a 1996, foi publicado que a prática desenvolvida nessas instituições deve se
pelo Ministério da Educação uma série de documentos organizar de modo que as crianças desenvolvam as seguintes
importantes intitulados: “Política Nacional de Educação capacidades:
Infantil”. Tais documentos estabeleceram as diretrizes
pedagógicas e de recursos humanos com o objetivo de A) Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de
expandir a oferta de vagas e promover a melhoria da qualidade forma cada vez mais independente, com confiança em suas
de atendimento nesse nível de ensino: “Critérios para um capacidades e percepção de suas limitações;
atendimento em creches que respeite os direitos B) Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio
fundamentais das crianças”, que discute a organização e o corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e
funcionamento interno dessas instituições; “Por uma política valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-
de formação do profissional de educação infantil”, que estar;
reafirma a necessidade e a importância de um profissional C) Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e
qualificado e um nível mínimo de escolaridade para atuar nas crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando
instituições de educação infantil; “Educação infantil: gradativamente suas possibilidades de comunicação e
bibliografia anotada” e “Propostas pedagógicas e currículo em interação social;
educação infantil”. Esses documentos foram importantes no D) Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais,
sentido de garantir melhores possibilidades de organização do aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de
trabalho dos professores no interior dessas instituições.

6 BITTAR, M; SILVA, J.; MOTA, M. A.C. Formulação e implementação da política 7 FERREIRA, Maria Clotilde Rossetti (Org.). Os fazeres na educação infantil.

de educação infantil no Brasil. In: Educação infantil, política, formação e prática São Paulo: Cortez, 2000.
docente. Campo Grande, MS: UCDB, 2003.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 3


APOSTILAS OPÇÃO

vista com os demais, respeitando a diversidade e as funções de cuidar e educar, a inexistência de currículos ou
desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração; propostas pedagógicas são alguns problemas a enfrentar.
E) Observar e explorar o ambiente com atitude de
curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, D) Inserção e adaptação nas instituições de Educação
dependente e agente transformador do meio ambiente e Infantil
valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
F) Brincar, expressando emoções, sentimentos, É comum falarmos em adaptação na Educação Infantil. E,
pensamentos, desejos e necessidades; neste caso, muitas vezes a adaptação vincula-se às
G) Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, experiências de separação. Mas por que realizar adaptação na
plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e Educação Infantil? Na verdade, todos os seres humanos
situações de comunicação, de forma a compreender e ser vivenciam processos de adaptação, de crescimento, de
compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, mudança... o processo de adaptação inicia com o nascimento,
necessidades e desejos e avançar no seu processo de nos acompanha no decorrer de toda a vida e ressurge a cada
construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua nova situação que vivenciamos. Sair de um espaço conhecido
capacidade expressiva; e seguro, dar um passo à frente e arriscar-se, tendo como
H) Conhecer algumas manifestações culturais, companhia o desconhecido para o qual precisamos olhar,
demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação perceber, sentir, avaliar, nos leva às mais diferentes reações:
frente a elas e valorizando a diversidade. permanecer no espaço seguro e protegido, seguir adiante ou
desistir e voltar atrás.
Para que esses objetivos sejam alcançados de modo Falamos em adaptação sempre que enfrentamos uma
integrado, o Referencial Curricular Nacional para a Educação situação nova, ou readaptação, quando entramos novamente
Infantil sugere que as atividades devem ser oferecidas para as em contato com algo já conhecido, mas por algum tempo
crianças não só por meio das brincadeiras, mas aquelas distante do nosso convívio diário. Como na Educação Infantil
advindas de situações pedagógicas orientadas. Nesse sentido, lidamos com bebês e crianças pequenas, em processo de
a integração entre ambos os aspectos é relevante no passagem da casa para o mundo mais amplo, a adaptação
desenvolvimento do trabalho do professor, uma vez que, ganha ainda mais sentido.
educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, Ressalte-se que esse período pode ser enfocado sob
brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e diferentes pontos de vista:
que possam contribuir para o desenvolvimento das A) O da criança, pelo significado e emoção despertados
capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar pela passagem de um espaço seguro e conhecido para outro
com os outros, em uma atitude de aceitação, respeito e em que é necessário um investimento afetivo e intelectual para
confiança, e o acesso pelas crianças, aos conhecimentos mais poder estar bem;
amplos da realidade social e cultural. B) O das famílias, que compartilham a educação da criança
Sobre o cuidar, é importante ressaltar que esse deve ser com a creche/pré-escola;
entendido como parte integrante da educação, ou seja: cuidar C) O do professor, que recebe uma criança desconhecida e
de uma criança em um contexto educativo demanda a ainda tem as outras do grupo para acolher;
integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação D) O das outras crianças, que estão chegando ou que fazem
de profissionais de diferentes áreas. parte do grupo e precisam encarar o fato de que há mais um
Ainda nos anos de 1998 e 1999, o Conselho Nacional de com quem repartir, mas também com quem somar;
Educação, aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a E) O da instituição, nos aspectos organizacional e de
Educação Infantil, que teve como objetivo direcionar, de modo gestão, que precisam prever espaço físico, materiais, tempo e
obrigatório, os encaminhamentos de ordem pedagógica para recursos humanos capacitados para essa ação.
esse nível de ensino aos sistemas municipais e estaduais de Não há unanimidade em relação ao termo utilizado para
educação e as Diretrizes Curriculares para a Formação de nomear o período de ingresso da criança na instituição,
Professores da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino podendo ser chamado de adaptação, acolhimento e inserção.
Fundamental, que também contribuiu para a melhoria de Como se sabe, a escolha do termo revela concepções sobre as
ambos os níveis de ensino ao discutir a relevância de uma crianças e o modo de condução do trabalho dos profissionais.
formação altamente qualificada para esses profissionais. Recorrendo à acepção da palavra adaptação, pode-se
Barreto (1998)8 ressalta que, apesar do avanço da inferir que é a ação ou efeito de adaptar-se ou tornar-se apto a
legislação no que diz respeito ao reconhecimento da criança à fazer algo que comumente não estava em seu contexto sócio
educação nos seus primeiros anos de vida, também é histórico. É a capacidade do sujeito em acomodar-se,
importante considerar os inúmeros desafios impostos para o apropriar-se, ajustar-se às condições do meio ambiente. Por
efetivo atendimento desse direito, que podem ser resumidos inserção, é possível depreender que é o ato de inserir,
em duas grandes questões: a de acesso e a da qualidade do introduzir, incluir ou integrar. Em síntese, é a capacidade do
atendimento. Quanto ao acesso, a autora enfatiza que, mesmo sujeito de fazer parte de um contexto. Comumente, falamos em
tendo havido, nas últimas décadas, uma significativa expansão adaptação. Mesmo levando em conta a questão conceitual
do atendimento, a entrada da criança na creche ainda deixa a acima, usaremos a palavra adaptação na perspectiva do
desejar, em especial porque as crianças de famílias de baixa acolhimento.
renda estão tendo menores oportunidades que as de nível Desta forma, a adaptação deve ser um período em que
socioeconômico mais elevado. linguagens, sentimentos, emoções estejam a serviço da
Sobre a qualidade do atendimento, ressalta: As instituições liberdade, da autonomia e do prazer e não apenas para o
de educação infantil no Brasil, devido à forma como se cumprimento de ordens com o objetivo de disciplinar os
expandiu, sem os investimentos técnicos e financeiros corpos infantis para o modelo escolar tradicional. Dessa forma,
necessários, apresenta, ainda, padrões bastante aquém dos podemos dizer em uma adaptação que supere apenas um
desejados, a insuficiência e inadequação de espaços físicos, momento burocrático e vivenciar a adaptação em uma
equipamentos e materiais pedagógicos; a não incorporação da perspectiva de acolhida. Todos, crianças e adultos, são
dimensão educativa nos objetivos da creche; a separação entre sensíveis ao acolhimento. Afinal, quem não gosta de ser bem

8 BARRETO, Ângela M. R. Situação atual da educação infantil no Brasil. In: funcionamento de instituições de educação infantil. v. 2. Coordenação Geral de
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Subsídios para o credenciamento e educação infantil. Brasília: MEC/SEF/COEDI, 1998.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 4


APOSTILAS OPÇÃO

recebido? A qualidade do acolhimento garante o êxito da C) Participação das famílias e da comunidade:


adaptação. E, para que isso ocorra, fundamental se faz
empreender esforços no sentido de compreender que o A participação efetiva das famílias e da comunidade traz
processo de adaptação exigirá tanto da criança que busca boas contribuições para o processo de adaptação, por diversas
adequar-se a essa nova realidade social e de seus pais, quanto razões: diminui o medo e a ansiedade (de adultos e crianças),
do educador e da instituição que precisa preparar-se para inicia a construção de um vínculo de confiança entre escola e
recebê-la. família, válida para a criança a figura do professor como
Em suma, o estabelecimento de vínculos positivos depende referência e da escola como um lugar seguro. Daí a importância
fundamentalmente da forma como a criança e sua família são de um planejamento que considere a presença da família e da
acolhidas na escola. Uma adaptação compromissada com o comunidade na escola.
acolhimento significa abrir-se ao aconchego, ao bem-estar, ao
conforto físico e emocional, ao amparo. Aqui e em outros D) Atendimento à diversidade:
momentos, o ato de educar não se separa do ato de cuidar.
Sendo assim, amplia-se o papel e a responsabilidade da Cada ser humano traz consigo suas vivências, experiências
instituição educacional nesse momento. Por isto, a forma como e modelos de convivência. As crianças, assim como os adultos,
cada instituição efetiva o período de adaptação revela a apresentam manifestações e reações diferentes em cada
concepção de educação e de criança que orientam suas contexto. A escola como um todo precisa estar sensível às
práticas. O planejamento das atividades é fundamental, para manifestações individuais dos alunos, atendendo às suas
não cair no espontaneísmo e na falta de reflexão e para necessidades específicas, que podem se manifestar de forma
favorecer o dinamismo e as interações. Pensar como se dará a transitória ou permanente, nos casos daqueles que possuam
chegada das crianças (novas ou não) nos primeiros dias do alguma necessidade educacional.
calendário escolar, pensar nos tempos, materiais e ambientes, Deixar que a criança mantenha seu jeito de ser, seus rituais
nos profissionais e suas atribuições, nas famílias e suas para aos poucos se ajustar ao grupo, proporciona suavidade à
inseguranças são aspectos importantes para assegurar a transição, sem rupturas bruscas e maior controle do adulto
qualidade da adaptação. sobre o processo.
Dentro do contexto escolar, manifestações, reações,
sentimentos podem ser de caráter transitório ou permanente. E) Consideração dos sentimentos das crianças e dos
Respeitar os jeitos de ser e estar no mundo e os rituais das adultos:
crianças ajudam em uma transição suave e confiável.
O acolhimento é um princípio a ser concretizado em várias Sentimentos diversos estão presentes no período de
situações que acontecem com as crianças: nos atrasos, no adaptação. Os pais ficam angustiados e inseguros por
retorno após viagem ou doença, em um acidente ou incidente deixarem seus filhos com pessoas que não fazem parte de seu
durante o ano letivo. Isto porque o acolhimento, para além das convívio. A equipe escolar lida com reações diversas das
datas, materializa a humanização da educação. Vale, portanto, crianças: choros, birras, quietude excessiva, recusa de
para os primeiros dias e também ao longo do processo alimentos entre outras. Cabe à escola acolher a cada uma
educativo. dessas reações com paciência e intervenções que ajudem a
Apresentamos alguns dos aspectos a serem ponderados aproximar os alunos da rotina escolar, criando vínculos de
pela instituição no período de uma adaptação acolhedora: segurança e afeto, estabelecendo ao mesmo tempo, uma
relação de confiança com as famílias através da escuta atenta
A) Planejamento coletivo: sobre as várias dúvidas e inquietações trazidas nos horários de
entrada e saída dos alunos.
É preciso considerar todos os aspectos do período de
adaptação e todas as suas variáveis, para que ele não seja feito F) Acolhimento das Famílias e das Crianças na
de forma espontaneísta ou sem reflexão. Traçar um roteiro de Instituição
como se dará a chegada dos alunos (novos ou não) nos
primeiros dias, pensar em tempos, espaços, materiais e A entrada na instituição
atribuições de cada profissional da escola são aspectos O ingresso das crianças nas instituições pode criar
fundamentais para garantir a qualidade da adaptação. ansiedade tanto para elas e para seus pais como para os
É importante que a escola planeje atividades adequadas professores. As reações podem variar muito, tanto em relação
para esse período, não se distanciando do que o aluno às manifestações emocionais quanto ao tempo necessário para
vivenciará no dia a dia, para que não sejam criadas falsas se efetivar o processo. Algumas crianças podem apresentar
expectativas. comportamentos diferentes daqueles que normalmente
revelam em seu ambiente familiar, como alterações de apetite,
B) Envolvimento de todos os profissionais: retorno às fases anteriores do desenvolvimento.
Podem, também, adoecer; isolar-se dos demais e criar
Cada funcionário dentro de suas atribuições é dependência de um brinquedo, da chupeta ou de um paninho.
corresponsável pelo processo de adaptação e acolhimento dos As instituições de educação infantil devem ter flexibilidade
alunos. Uma reunião tratando do tema e antecipando com o diante dessas singularidades ajudando os pais e as crianças
grupo situações com as quais terão de lidar nesse período, nestes momentos.
possibilitará à equipe escolar a compreensão sobre a A entrevista de matrícula pode ser usada para apresentar
importância de suas ações para qualificar a chegada e a informações sobre o atendimento oferecido, os objetivos do
permanência do aluno na escola. Assim, para acolher bem as trabalho, a concepção de educação adotada. Esta é uma boa
novas crianças e suas famílias, toda equipe da creche, oportunidade também para que se conheçam alguns hábitos
professores, equipe de apoio e voluntários, no início do ano das crianças e para que o professor estabeleça um primeiro
letivo, prepara esse momento, planejando suas ações de forma contato com as famílias.
a contribuir neste processo de acolhimento. Quanto mais novo o bebê, maior a ligação entre mãe e filho.
Assim, não é apenas a criança que passa pela adaptação, mas
também a mãe. Dependendo da família e da criança, outros
membros como o pai, irmãos, avós poderão estar envolvidos
no processo de adaptação à instituição. A maneira como a

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 5


APOSTILAS OPÇÃO

família vê a entrada da criança na instituição de educação gostos e preferências das crianças, repensando a rotina em
infantil tem uma influência marcante nas reações e emoções função de sua chegada e oferecendo-lhes atividades atrativas.
da criança durante o processo inicial. Acolher os pais com suas Ambientes organizados com material de pintura, desenho e
dúvidas, angústias e ansiedades, oferecendo apoio e modelagem, brinquedos de casinha, baldes, pás, areia e água
tranquilidade, contribui para que a criança também se sinta etc., são boas estratégias.
menos insegura nos primeiros dias na instituição.
Reconhecer que os pais são as pessoas que mais conhecem G) Efetivando o Planejamento no Processo de Inserção
as crianças e que entendem muito sobre como cuidá-las pode / Adaptação
facilitar o relacionamento. Antes de tudo, é preciso estabelecer
uma relação de confiança com as famílias, deixando claro que Abordaremos a questão do planejamento, a fim de que as
o objetivo é a parceria de cuidados e educação visando ao bem- escolas organizem uma boa acolhida às famílias e alunos para
estar da criança. Quando há certo número de crianças para a construção dos primeiros vínculos.
ingressar na instituição, pode-se fazer uma reunião com todos
os pais novos para que se conheçam e discutam conjuntamente A) Apresentando a escola:
suas dúvidas e preocupações.
Muitas escolas têm como prática propor atividades que
Os primeiros dias contem com a participação das famílias nos primeiros dias de
No primeiro dia da criança na instituição, a atenção do aula para que, juntamente com seus filhos, conheçam os
professor deve estar voltada para ela de maneira especial. Este espaços, os funcionários e vivenciem algumas das práticas
dia deve ser muito bem planejado para que a criança possa ser pedagógicas, como: roda de história, lanche, parque e outros.
bem acolhida. É recomendável receber poucas crianças por Esses momentos são bem avaliados, pois trazem segurança
vez para que se possa atendê-las de forma individualizada. aos pais e, consequentemente, aos seus filhos Entretanto
Com os bebês muito pequenos, o principal cuidado será temos outros desafios a considerar neste período: o que
preparar o seu lugar no ambiente, o seu berço, identificá-lo propor para as famílias que já conhecem a rotina da escola?
com o nome, providenciar os alimentos que irá receber, e Como evitar a frustração das crianças cujas famílias trabalham
principalmente tranquilizar os pais. e não podem comparecer no período de adaptação? É
A permanência na instituição de alguns objetos de importante a participação dos familiares nos primeiros dias de
transição, como a chupeta, a fralda que ele usa para cheirar, aula, desde que a equipe escolar considere as circunstâncias
um mordedor, ou mesmo o bico da mamadeira a que ele está apontadas acima. Indicamos essa participação em forma de
acostumado, ajudará neste processo. Pode-se mesmo solicitar convite e não como condição para a permanência da criança
que a mãe ou responsável pela criança venha, alguns dias nos primeiros dias de aula. Além disso, cabe à equipe escolar
antes, ajudar a preparar o berço de seu bebê. cuidar do planejamento de ações que possibilitem a
Quando o atendimento é de período integral, é participação das crianças com pessoas que sejam referência
recomendável que se estabeleça um processo gradual de para elas, podendo ser algum familiar e, na impossibilidade
inserção, ampliando o tempo de permanência de maneira que destes comparecerem, outra pessoa com quem tenham
a criança vá se familiarizando aos poucos com o professor, com vínculo.
o espaço, com a rotina e com as outras crianças com as quais
irá conviver. É importante que se solicite, nos primeiros dias, B) No ato da matrícula:
e até quando se fizer necessário, a presença da mãe ou do pai
ou de alguém conhecido da criança para que ela possa O acolhimento às famílias e aos alunos se inicia nos
enfrentar o ambiente estranho junto de alguém com quem se primeiros contatos com a escola, na forma como se conversa e
sinta segura. Quando tiver estabelecido um vínculo afetivo se fornecem informações, como são abordados os dados da
com o professor e com as outras crianças, é que ela poderá família sem ser invasivo, deixando claro que educação é um
enfrentar bem a separação, sendo capaz de se despedir da direito e não um “favor” do poder público. Assim é necessário
pessoa querida, com segurança e desprendimento. que os funcionários da secretaria da escola também estejam
Este período exige muita habilidade, por isso, o professor preparados para atender o público de forma atenciosa e
necessita de apoio e acompanhamento, especialmente do informar como a escola funciona, seus horários, início das
diretor e membros da equipe técnica uma vez que ele também aulas e outros esclarecimentos que se fizerem necessários.
está sofrendo um processo de adaptação. Os professores
precisam ter claro qual é o papel da mãe (ou de quem estiver C) Construção de vínculo com as famílias:
acompanhando a criança) em seus primeiros dias na
instituição. É essencial neste processo que a equipe escolar discuta e
Os pais podem encontrar dificuldades de tempo para viver decida sobre a importância de estreitar os vínculos com as
este processo por não poderem se ausentar muitos dias no famílias, obtendo informações relevantes para o trabalho na
trabalho. Neste caso, seria importante que pudessem estar escola e para os cuidados com os alunos no dia a dia. A forma
presentes, ao menos no primeiro dia, e que depois pudessem e o instrumento que utilizarão devem ser sempre avaliados e
ser substituídos por alguém da confiança da criança. decididos pela equipe escolar e pelas famílias. A reunião com
O choro da criança, durante o processo de inserção, parece pais, que neste ano conta com o diferencial da dispensa de aula,
ser o fator que mais provoca ansiedade tanto nos pais quanto possibilitará a organização de diferentes estratégias para
nos professores. Mas parece haver, também, uma crença de conhecer melhor as famílias e trocar informações sobre os
que o choro é inevitável e que a criança acabará se alunos.
acostumando, vencida pelo esgotamento físico ou emocional,
parando de chorar. Alguns acreditam que, se derem muita D) Reunião com pais dos novos alunos da escola:
atenção e as pegarem no colo, as crianças se tornarão
manhosas, deixando-as chorar. Essa experiência deve ser Como procedimento para qualificar o início do ano letivo,
evitada. Deve ser dada uma atenção especial às crianças, algumas escolas realizam uma reunião somente com os pais
nesses momentos de choro, pegando no colo ou sugerindo- dos novos alunos da escola. Esta reunião pode ser feita no ano
lhes atividades interessantes. anterior, logo após as matrículas, objetivando sanar dúvidas
O professor pode planejar a melhor forma de organizar o acerca do funcionamento escolar, divulgar o Projeto Político
ambiente nestes primeiros dias, levando em consideração os Pedagógico, apresentar a rotina e espaços existentes, orientar

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 6


APOSTILAS OPÇÃO

as famílias sobre a importância da preparação dos filhos para


o início das aulas. As estratégias utilizadas podem ser 2. Currículo na Educação
diferenciadas: vídeos com a rotina da escola, álbuns de fotos à
disposição dos pais, murais com atividades das crianças,
Infantil
exposição dos projetos desenvolvidos, folders e outros.

Questões Considerando uma concepção tecnicista de currículo,


ele é compreendido como sendo a prescrição de uma
01. (Prefeitura de Alto Piquiri/PR - Educador Infantil - grade curricular, ou seja, as áreas de conhecimento a
KLC) Pode-se afirmar que em uma instituição de educação serem trabalhadas, em que séries ou ano trabalhar cada
infantil ou escolar: uma, quais os conteúdos de cada área. Essa concepção,
(A) Não existe ação educativa nem organização. porém traz consigo a ideia de que em cada parte do processo
(B) Tanto a ação educativa quanto a organização estão a de escolarização, é preciso aprender determinados conteúdos
serviço dos funcionários. próprios daquela etapa e que são considerados como pré-
(C) A ação educativa deve estar a serviço da organização requisito para aprender os próximos conteúdos, sempre em
da instituição. determinada sequência pré-estabelecida de forma linear. Na
(D) A organização da instituição deve estar a serviço da educação infantil, por sua vez, essa concepção ainda é bastante
ação educativa. utilizada no modo como se organizam as experiências vividas9.
(E) Nenhuma alternativa está correta. Currículo é o modo de organizar as práticas educativas,
refere-se aos espaços, a rotina, aos materiais que
02. (Prefeitura de Betim/MG - Auxiliar Administrativo disponibilizamos para as crianças, as experiências com as
do CIM - Prefeitura de Betim/MG) De acordo com o linguagens verbais e não verbais que lhes serão
Referencial Nacional Curricular para a Educação Infantil, proporcionadas, o modo como vamos recebê-la, nos despedir
contemplar o cuidado na esfera da instituição da educação delas, trocá-las, alimentá-las durante todo o tempo em que se
infantil encontram na instituição.
(A) significa compreendê-lo como parte integrante da A forma como essa prática é realizada carrega consigo um
educação. conjunto de concepções e ideias sobre a finalidade da
(B) demanda romper com crenças e valores em torno da educação, a maneira como os sujeitos aprendem, o que se
saúde, da educação e do desenvolvimento infantil. deseja que eles aprendam, que tipo de homem queremos
(C) exige a adoção de procedimentos que visam à formar e para qual tipo de sociedade. Por isso, trata-se de uma
promoção da saúde, independente das realidades prática complexa, com diversas perspectivas e pontos de vista.
socioculturais. Ele é vivido permanentemente pelos sujeitos em seu processo
(D) exige considerar conhecimentos, habilidades e de educação, através das condições e contextos concretos. Por
instrumentos restritos à dimensão pedagógica. serem sujeitos, as crianças atribuem sentido ao que nós a
oferecemos: se manifestam o tempo todo: seja se submetendo,
03. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Assistente da se envolvendo, resistindo, aceitando as propostas ou
Educação Infantil Substituto - Prefeitura de Fortaleza/CE) recusando.
A Educação Infantil tem por finalidade o desenvolvimento Tomaz Tadeu da Silva, uma das referências nas reflexões
integral da criança em seus aspectos: sobre currículo afirma que “Qual nossa aposta, qual é o nosso
(A) físico, psicomotor, cognitivo, linguístico, afetivo, ético, lado, nesse jogo? O que vamos produzir no currículo entendido
estético, cultural e social, complementando a ação da família e como prática cultural? Os significados e sentidos, as
da comunidade. representações que os grupos dominantes fazem de si e dos
(B) psicomotor, religioso, lógico-matemático, sócio afetivo, outros, as identidades hegemônicas? Vamos fazer do currículo
intercultural e de acordo com os valores da família. um campo fechado, impermeável à produção de significados e
(C) auto referencial, social, multilinguístico, agnóstico, de identidades alternativas? Será nosso papel o de conter a
performativo, histórico e social, segundo a comunidade de produtividade das práticas de significação que formam o
origem da criança. currículo? Ou vamos fazer do currículo um campo aberto que
(D) afirmativo, crítico, intelectual, emocional, moral e ele é, um campo de disseminação de sentido, um campo de
social, considerando a história e a memória das tradições polissemia, de produção de identidades voltados para o
culturais da família e do entorno. questionamento e a crítica? Evidentemente, a resposta é uma
decisão moral, ética, política de cada um/uma de nós. Temos
04. Nos primeiros dias da criança na instituição de de saber, entretanto, que o resultado do jogo depende da
Educação Infantil, a permanência na instituição de alguns decisão de tomarmos partido. O currículo é, sempre e desde já,
objetos de transição, como a chupeta, a fralda que ele utiliza um empreendimento ético, um empreendimento político. Não
para cheirar, um mordedor são objetos que poderão há como evitá-lo.
atrapalhar a adaptação por remeter memórias de casa à Os clássicos da Pedagogia, especialmente Montessori,
criança. Freinet, Pestalozzi e Dewey iniciaram a ideia da educação
( ) Verdadeiro ( ) Falso infantil com o pressuposto de que a criança é ativa, deve-se
considerar a observação e o respeito às manifestações infantis
05. Dois anos após a aprovação da Constituição Federal de e a ideia de que o espaço é educativo embora pareça que a
1988, foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei pedagogia da infância foi se afastando desses referenciais.
8.069/90. Segundo Ferreira (2000), essa Lei é mais do que um Lenira Haddad em seu artigo: “Tensões Curriculares na
simples instrumento jurídico, porque: Inseriu as crianças e Educação Infantil” aponta duas grandes perspectivas adotadas
adolescentes no mundo dos direitos humanos. pelos diferentes países que compõe a OECD (Organização de
( ) Verdadeiro ( ) Falso Cooperação e de Desenvolvimento Econômico) para a
Educação Infantil: currículo prescrito X currículo holístico.
Gabarito Na perspectiva prescritiva, o principal objetivo da
Educação Infantil é a preparação para a escola. A referência é
01.D / 02.A / 03.A / 04. Falso / 05.Verdadeiro

9 MAUDONNET, J. Currículo na Educação Infantil. 2014.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 7


APOSTILAS OPÇÃO

o ensino fundamental. É como se ser professora fosse adotar Infantil: Bases para a reflexão sobre as orientações
os mesmos procedimentos do referencial de escola que temos curriculares, muitos princípios do currículo holístico
historicamente: dar lição, ensinar letras e números, garantir a (integral) aparecem. Nas DCNs está posto que o currículo é:
ordem. Tem-se uma abordagem mais acadêmica, mais “um conjunto de práticas que buscam articular os saberes
centrada no professor. A aprendizagem sequencial e linear é e experiências das crianças com o patrimônio cultural,
uma característica desse tipo de currículo. artístico, ambiental, cientifico e tecnológico, de modo a
Essa concepção prescritiva burocratiza as relações e promover o desenvolvimento integral da criança”.
desconsidera o fato de que a criança pequena aprende Ou seja, currículo não é aquele que se define a priori, mas
experimentando, investigando, brincando, na interação com os aquele que é vivenciado com as crianças a partir de seus
adultos - educadores e famílias - e com outras crianças. Muitas saberes, manifestações, articulado com aquilo que
vezes é uma prática de ausência de sentido para as crianças e consideramos importante que elas conhecem do patrimônio
para os educadores que precisam controlá-las com frequência. da humanidade.
Já o currículo holístico tem como pressuposto que a O currículo é vivo, é ação, é prática que se manifesta no
aprendizagem se dá ao longo da vida e que o currículo deve cotidiano das nossas ações com as crianças e que articulam
apoiar o desenvolvimento e os interesses das crianças. As com quem elas são, o que pensam, o que sabem, com aquilo
brincadeiras, as interações e os projetos realizados através da que desejamos que elas aprendam.
escuta atenta e da consideração das manifestações infantis são O currículo na Educação Infantil é marcado por linguagens.
os pilares desse currículo. Entende-se que a criança é um todo, As crianças nascem imersas em um mundo com diferentes
é corpo, mente, emoção, criatividade, história e identidade linguagens e práticas sociais utilizadas para as pessoas se
social. As áreas do conhecimento não são excluídas, mas o expressarem, se comunicarem entre si e se organizarem
currículo é aberto e global, trabalha-se a partir de um amplo socialmente. Na tentativa de entender o mundo que as rodeia,
projeto que abarca múltiplas experiências com as diferentes as crianças também se utilizam dessas linguagens,
linguagens (verbais e não verbais). Os projetos envolvem três observando, agindo, pensando e interpretando o mundo por
pilares: linguagem, negociação e comunicação e têm como eixo meio delas.
a investigação e a construção de hipóteses. Linguagem são as diferentes manifestações e práticas
O trabalho cooperativo é um forte princípio do currículo humanas: culturais, científicas, da vida cotidiana. A oralidade e
holístico. Acredita-se que as crianças aprendem a gostar de a escrita são linguagens, assim como os desenhos, os
trabalhar juntas e partilhar ideias. Encorajam-se as iniciativas movimentos corporais, as expressões faciais, a dança, a
e as produções de significados das crianças, acreditando que música. Todas são imersas em significação, expressão e
isso apoia também o desenvolvimento cognitivo delas. Além comunicação, embora não sejam valorizadas por todas as
disso, entende-se que os pais são parceiros privilegiados dos culturas da mesma forma.
profissionais das instituições educativas, uma vez que a A Educação Infantil, juntamente com a família, introduz as
educação e o cuidado das crianças pequenas devem ser crianças às práticas sociais humanas, de uma comunidade, de
compartilhados entre os adultos que são suas referências. um país. Essas práticas culturais devem fazer parte do
As crianças têm hipóteses sobre as coisas do mundo: currículo das crianças desde pequena: como as crianças são
pensam, criam, discutem e atribuem sentido a elas. Mas nem postas para dormir, como os bebês e crianças são banhados,
sempre são ouvidas. A chamada “atividade pedagógica” é do que e como se alimentam, como acontece o desfralde, como
muitas vezes considerada mais importante do que essas são recebidas na instituição, que brincadeiras brincamos com
relações. E a escuta e o diálogo são passos fundamentais para elas, que histórias lemos, que músicas são cantadas, como os
a construção de um currículo para e com a infância. aniversários são comemorados, como as danças são dançadas,
As instituições de educação infantil são espaços que podem quais as palavras escritas, que descobertas científicas são
potencializar a ação infantil e valorizar a criança, que ainda é realizadas.
desvalorizada socialmente - e por consequência os Um aspecto não é mais importante do que o outro. Na
trabalhadores que atuam diretamente com ela. Precisamos educação Infantil, cuidar e educar são indissociáveis e
mostrar à sociedade a potência que é a criança, precisamos significam: a garantia da proteção, bem estar e segurança das
desenvolver potencialidades nas crianças de forma em que crianças; a atenção às suas necessidades físicas, afetivas,
possamos “preparar o terreno” para a aprendizagem das sociais, cognitivas; e o planejamento de espaços que
atividades pedagógicas futuramente. estimulem sua imaginação e agucem sua curiosidade.
Aprender sobre higiene, aprender como se relacionar com Assim, contar histórias não é mais importante do que
os outros (sejam eles outras crianças ou educadores), banhar os bebês, alimentar as crianças não é menos do que
aprender a forma como agir em cada espaço da escola, viver um projeto e assim por diante, pois todas essas ações são
aprender a compreender os diferentes momentos da rotina práticas sociais que as crianças vão vivenciando e que fazem
como a hora de comer, a hora de brincar, a hora de dormir, a parte do currículo nessa etapa do desenvolvimento. Por isso,
hora de estudar. Tudo isso faz parte da educação infantil e é todas precisam ser olhadas, reavaliadas e planejadas.
tarefa do educador. Através dessas atividades, as crianças
descobrem o outro bem como as formas de relacionar com ele, Currículo da Educação Infantil: Legislação
descobrem o mundo externo e também as práticas de higiene
o que é fundamental para o desenvolvimento pedagógico Durante muito tempo, as instituições infantis, incluindo as
futuro dessa criança, desde que essa aprendizagem nos brasileiras organizavam seu espaço e sua rotina diária em
primeiros anos de vida seja prazerosa através de experiências função de ideias de assistência, de custódia e de higiene da
compartilhadas e não algo imposto pela instituição de ensino. criança. A década de 1980 passou por um momento de
ampliação do debate a respeito das funções das instituições
Um Currículo para e com a Infância infantis para a sociedade moderna, que teve início com os
movimentos populares dos anos de 197010.
Nos documentos oficias do Ministério da Educação, entre A partir desse período, as instituições passaram a ser
eles as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil de pensadas e reivindicadas como lugar de educação e cuidados
2009 - DCNs e o documento Práticas Cotidianas na Educação coletivos das crianças de zero a seis anos de idade.

10 Pedagogia ao pé da letra. Proposta Curricular para Educação Infantil.


2013.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 8


APOSTILAS OPÇÃO

A abertura política permitia o reconhecimento social creches e pré-escolas, além da prevista com o recolhimento do
desses direitos manifestados pelos movimentos populares e salário educação.
por grupos organizados da sociedade civil. A Constituição de
1988 (art.208, e inciso IV), pela primeira vez, na história do Diretrizes
Brasil, definiu como direito das crianças de zero a seis anos de Educar e cuidar de crianças de 0 a 5 anos supõe definir
idade e dever do Estado o atendimento à infância. previamente para que isto será feito e como se desenvolverão
Muitos fatos ocorreram de forma a influenciar estas as práticas pedagógicas, visando a inclusão das crianças e de
mudanças: o desenvolvimento urbano, as reivindicações suas famílias em uma vida de cidadania plena.
populares, o trabalho da mulher, a transformação das funções As instituições de Educação Infantil são equipamentos
familiares, as ideias de infância e as condições socioculturais educacionais e não apenas de assistência, nesse sentido, uma
para o desenvolvimento das crianças. das características da nova concepção de Educação Infantil,
Ao constituir-se em um equipamento só para pobres, reside na integração das funções de cuidar e educar.
principalmente no caso das instituições de educação infantil, As instituições infantis além de prestar cuidados físicos,
financiadas ou mantidas pelo poder público, significou, em criam condições para o seu desenvolvimento cognitivo,
muitas situações, atuar de forma compensatória para sanar as simbólico, social e emocional. Nela se dão o cuidado e a
supostas faltas e carências das crianças e de seus familiares. educação de crianças que aí vivem, convivem, exploram,
A tônica do trabalho institucional foi pautada por uma conhecem, construindo uma visão de mundo e de si mesmas,
visão que estigmatizava a população de baixa renda. A constituindo-se como sujeitos. Para as crianças pequenas tudo
concepção educacional era marcada por características é novo, devendo ser trabalhado e aprendido. Não são
assistencialista, sem considerar as questões de cidadania independentes e autônomas para os próprios cuidados
ligadas aos ideais de liberdade e igualdade. pessoais, precisando ser ajudadas e orientadas a construir
Modificar essa concepção de educação assistencialista hábitos e atitudes corretas, bem como estimuladas na fala e no
significa atentar para várias questões que vão além dos aprimoramento de seu vocabulário.
aspectos legais. Envolve principalmente, assumir as O bom relacionamento entre pais, educadores e crianças, é
especificidades da educação infantil e rever concepções sobre fundamental durante o processo de inserção da criança na vida
a infância, as relações entre classes sociais, à responsabilidade escolar, além de representar a ação conjunta rumo à
da sociedade e o papel do Estado em relação às crianças consolidação de uma pedagogia voltada pra a infância.
pequenas. A instituição de Educação Infantil deverá proporcionar às
Embora haja um consenso sobre a necessidade de que a crianças momentos que a façam crescer, refletir e tomar
educação, para as crianças pequenas deva promover a decisões direcionadas ao aprendizado com coerência e justiça.
integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos,
cognitivos e sociais da criança, considerando que esta é um ser Fundamentação filosófico-pedagógica
completo e indivisível, as divergências estão exatamente no A educação deve ser essencialmente lúdica, prazerosa,
que se entende sobre o que seja trabalhar com cada um desses fundada nas mais variadas experiências e no prazer de
aspectos. descobrir a vida, colocando as crianças em contato com uma
Polêmicas sobre cuidar e educar, sobre o papel do afeto na variedade de estímulos e experiências que propiciem a ela seu
relação pedagógica e sobre educar para o desenvolvimento ou desenvolvimento integral. Essas ações são desenvolvidas e
para o conhecimento tem-se constituído no pano de fundo fundamentadas numa concepção interdisciplinar e
sobre o qual se constroem as propostas em educação infantil. totalizadora. As ações desenvolvidas fundamentam-se nos
seguintes princípios:
Fundamentação Legal 1) Educação ativa e relacionada com os interesses,
A Constituição do Brasil Seção I - da Educação em seu necessidades e potencialidades da criança;
artigo (205) destaca que: A educação direito de todos e dever 2) Ênfase na aprendizagem através da resolução de
do Estado e da família, será promovida e incentivada com a problemas;
colaboração da sociedade, visando pleno desenvolvimento 3) Ação educativa ligada à vida e não entendida como
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua preparação para a vida;
qualificação para o trabalho. 4) Incentivo da solidariedade e não da concorrência.
Já na LDB - Diretrizes e Bases da Educação Nacional - lei
9394/96 em seu art. 29 regulamenta a Educação Infantil, A Estrutura Curricular e Seus Eixos Norteadores
definindo-a como a primeira etapa da educação básica.
Tendo por finalidade o desenvolvimento integral da A criança desde que nasce é um ser ativo. Possui um
criança até os 5 anos de idade, em seus aspectos físico, repertório de condutas ou reflexos inatos que lhe permite
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da interagir com seu meio e experimentar as primeiras
família e da comunidade. aprendizagens, consistindo nas adaptações que faz às novas
A lei também estabelece que a Educação Infantil seja condições de vida. O contato do bebê com o meio humano,
oferecida em creches, para crianças de até 3 anos, e em pré- transforma essas condutas inatas em respostas complexas.
escolas, para crianças de 4 a 5 anos. Aos poucos, assimila novas experiências, integrando-as às que
Segundo o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da já possui, gerando novas respostas. Este processo de
Educação Básica - FUNDEB (hoje FUNDEF) em seu Art. 60 adaptação às condições novas que surgem se dá ao longo de
determina que: agora é definitivo, todas as crianças a partir toda a infância.
dos seis anos de idade devem estar matriculadas no ensino Durante o primeiro ano de vida, a criança constrói um
fundamental. Portanto a Educação Infantil atenderá crianças pensamento essencialmente prático, ligado à ação, a
de 0 a 5 anos e 9 meses. percepção e ao desenvolvimento motor. É através dessas ações
A implantação de uma verdadeira Educação Infantil que a criança processa informações, constrói conhecimentos e
precisará contar com a colaboração do sistema de saúde e dos se expressa desenvolvendo seu pensamento.
órgãos de assistência social. Ao final do primeiro ano de vida, as ações das crianças
A responsabilidade deste nível inicial de educação passam a ser cada vez mais coordenadas e intencionais.
pertence aos municípios, mas as empresas são chamadas a O desenvolvimento da função simbólica tem importância
dividir este encargo, pela obrigação de garantir assistência ao desenvolvimento psicológico e social da criança;
gratuita para os filhos e dependentes de seus empregados em internalizam funções e capacidade ao longo do seu processo de

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 9


APOSTILAS OPÇÃO

desenvolvimento e vão situando e ampliando sua participação “Educação para Todos”. Assume-se assim, o compromisso de
no universo social. uma educação comprometida para a cidadania, considerando
O aperfeiçoamento da linguagem, o aumento do sua diversidade. A educação inclusiva baseia-se na educação
vocabulário deverá ser permeado pela diversidade de condizente com igualdade de direitos e oportunidades em
experiências e oportunidades em contextos significativos para ambiente favorável.
a criança. A participação da família e da criança na instituição, num
No que se refere ao desenvolvimento físico motor, os três esforço conjunto de aprendizagem compartilhada é de suma
primeiros anos de vida, representam a fase em que o importância para aprender a conviver e se relacionar com
crescimento ocorre de maneira mais acelerada. Elas pessoas que possuem habilidades e competências diferentes,
quadruplicam de peso e dobram a altura em relação ao considerando que expressões culturais e sociais são condições
nascimento, adquirindo movimentos voluntários e necessárias para o desenvolvimento de valores éticos, dentro
coordenados. Controlam a posição de seu corpo e o dos preceitos básicos pedagógicos, por isso a estrutura
movimento das pernas, braços e tronco, significa que correm, curricular se apoia nos Eixos Norteadores, que orientam a base
rolam, deitam e tantas outras coisas. educacional que são:
O desenvolvimento motor se dá quando a criança adquire
padrões de movimentos musculares, controle do próprio - Identidade e Autonomia: Busca possibilitar a formação
corpo e habilidades motoras, com as quais alcança da criança a partir das relações sócio-histórico-culturais, de
possibilidades de ação e expressão. Está relacionado com o forma consciente e contextualizada, oferecendo condições
desenvolvimento psíquico, principalmente no primeiro ano de para que elas aprendam a conviver com os outros, em uma
vida. Ao desenvolver a ação motora a criança está construindo atitude básica de respeito e confiança. O trabalho educativo
conhecimento de si própria e do mundo que a cerca. Esta pode assim, criar condições para as crianças conhecerem,
relação construtiva que a criança estabelece com objetos, descobrirem e ressignificarem novos sentimentos, valores,
acontecimentos e pessoas constituirão uma base fundamental ideias, costumes e papéis sociais. A identidade é um conceito
para o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. de distinção, a começar pelo nome. A autonomia é a capacidade
Aos três anos, a criança já possui um repertório de de se conduzir e tomar decisões por si próprias, levando em
conhecimentos construídos, a partir de suas experiências. Há conta regras e valores. Identidade e autonomia é resultado da
um desenvolvimento claro das habilidades sociais ampliando construção do próprio cotidiano em sala de educação infantil,
os vínculos afetivos e sua capacidade de participação social. onde a criança necessita estar conhecendo, desenvolvendo e
A criança dos três aos cinco anos de idade apresenta seu utilizando seus recursos pessoais e naturais, para fazer frente
desenvolvimento de forma menos acelerada, caracterizado às diferentes situações que surgirão.
pelo progresso advindo das fases anteriores.
O desenvolvimento da capacidade de simbolização - Conhecimento de Mundo: Refere-se à construção das
progride através da linguagem, da imaginação, e da imitação. diferentes linguagens pelas crianças e as relações que
Ela faz uso do repertório cada vez mais rico de símbolos, estabelecem com os objetos de conhecimento. É importante
signos, imagens e conceitos para mediar à relação com a que tenham contato com diferentes áreas e sejam instigadas
realidade e o mundo social. por questões significativas, para observá-los, explicá-los se
A linguagem é bem desenvolvida, devido a diversificações tenham várias maneiras de compreendê-los e representá-los.
de situações, pois amplia a expressão verbal, tendo quase que As diferentes linguagens propiciam a interação com o outro,
um domínio completo de todos os sons da língua por volta dos emoções e a mediação com a cultura.
cinco anos de idade.
Centrado nos eixos Formação Pessoal e Social e - Movimento: As crianças se movimentam desde que
Conhecimento do Mundo, o ensino e a aprendizagem são nascem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio
atividades conjuntas, compartilhadas, que asseguram à corpo. Ao movimentar-se, expressam sentimentos, emoções e
criança ir conhecendo e contribuindo, progressivamente com pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo
o mundo que a envolve, com os objetos, pessoas, sistemas de de gestos e posturas corporais. O movimento humano,
comunicação, valores, além de ir conhecendo a si mesma. portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no
Com o fazer lúdico, pensa reflete e organiza-se para espaço.
aprender em dado momento. Estas vivências são As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam
fundamentais para o processo de alfabetização e letramento. das interações sociais e da relação dos homens com o meio; são
Devem-se considerar os conhecimentos que a criança já movimentos cujos significados têm sido construídos em
possui e suas várias experiências culturais para efetuar a ação função das diferentes necessidades, interesses e
pedagógica compartilhando, auxiliando a enfrentar novas possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes
perspectivas, mas do modo como à criança vê, apenas culturas. Diferentes manifestações dessa linguagem foram
orientando e praticando até encontrar o fortalecimento nas surgindo, como a dança, o jogo, as brincadeiras, as práticas
relações pessoais, sociais e de conhecimento geral. esportivas etc., nas quais se faz uso de diferentes gestos,
Propor para as crianças um mundo de interação postura e expressões corporais com intencionalidade. Ao
contribuirá para um desenvolvimento emocional, social, brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças
fundamentando-as nas suas formações, e na realidade de cada também se apropriam do repertório da cultura corporal na
um. qual estão inseridas.
Dentro desta perspectiva, a educação para todos constitui O trabalho com movimento contempla a multiplicidade de
um grande desafio: A Educação Inclusiva que é garantida pela funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo
Constituição Federal Brasileira, art. 208, III. A declaração da desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das
Salamanca em l994 reafirmou o direito de todos à educação, crianças; refletir sobre as atividades no cotidiano acerca das
independente de suas diferenças, enfatizando que a educação posturas corporais.
para pessoas deficientes também é parte integrante do As atividades deverão priorizar o desenvolvimento das
sistema educativo, contemplando uma pedagogia voltada às capacidades expressivas e instrumentais do movimento,
necessidades específicas e adoção de estratégias que se possibilitando a apropriação corporal pelas crianças, de forma
fizerem necessárias em benefício comum. A LDB 9.394/96, que possam agir com mais intencionalidade. Devem ser
artigos 58 e 59 têm também como finalidade concretizar organizadas num processo contínuo e integradas, que
preceito constitucional e responder ao compromisso com a envolvam múltiplas experiências corporais. Os conteúdos

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 10


APOSTILAS OPÇÃO

podem ser organizados, dentro do movimento em Assim, a linguagem não é um elemento “estático” nem
expressividade, coordenação e equilíbrio. “objetivo”, mas uma construção dinâmica, na qual as pessoas
se comunicam para informar, expressar seus sentimentos e
- Artes Visuais: A arte visual; expressa, comunica e atribui ideias e compartilhar uma visão de mundo.
sentido às sensações, sentimentos e pensamentos. Esta
linguagem se faz presente no cotidiano da educação infantil - Natureza e Sociedade: A percepção do mundo físico é
como importante forma de expressão e comunicação humana, direta: elas testam o que sabem, tocando, ouvindo,
sofrendo influência da cultura onde está inserida. A criança, ao observando, elaborando hipóteses e procurando respostas às
ingressar na instituição de ensino, traz consigo suas leituras de suas indagações. A atitude científica merece ser estimulada
mundo pelas imagens. Dessa maneira, trabalhar a arte como por intermédio da observação, experimentação, manipulação
geradora de conhecimentos dentro do contexto infantil e, e enriquecidos com conversas e ilustrações. As crianças
portanto, portadora de um caráter lúdico, torna-se importante adquirem consciência do contexto em que vivem e se esforçam
instrumento para o desenvolvimento perceptivo e cognitivo. para entendê-lo, por meio da interação com o meio natural e
Neste sentido, a arte visual deve se estruturada como uma social.
linguagem de códigos próprios e seu ensino deve articular os Conhecer o mundo implica conhecer as relações entre os
seguintes aspectos: Produção: exploração e expressão, por seres humanos e a natureza, as formas de transformações e
meio da prática artística, desenvolvendo um percurso poético utilizações dos recursos naturais, a diversidade cultural. Desta
pessoal; Apreciação: reconhecimento, análise e identificação forma, as crianças adquirem condições de desenvolver formas
de obras artísticas e de seus autores; Reflexão: compreende a de convivências, atitudes de polidez, respeito, cultivando
obra artística como produto cultural, possibilitando diversas valores sociais, intelectuais, morais, artísticos e cívicos, cabe
interpretações. ao professor se inteirar destes domínios e conhecimentos.
Natureza e Sociedade reúnem aspectos pertinentes ao
- Música: A música é uma organização de sons presentes mundo natural e social abordando: grupos sociais (a criança e
em diversas culturas, compreendidas como linguagem que a família, a criança e a escola, a criança e o contexto social),
traduz formas sonoras expressivas de sentimentos, seres vivos (seres humanos, animais e vegetais), recursos
pensamentos e sensações. Favorece nas crianças a aquisição naturais (agua, solo, ar, luz, astros e estrelas) e fenômenos da
de conhecimentos gerais e científicos, desenvolvendo natureza (marés, trovão, relâmpagos, enchentes, estações do
potencialidades, como: observação, percepção, imaginação e ano e outros).
sensibilidades, contribuindo para a sustentação de valores e
normas sociais. É imprescindível que a música faça parte do - Pensamento Lógico-Matemático: A matemática é uma
currículo, no processo ensino aprendizagem. Escutando, forma de pensar e organizar experiências, ela busca a ordem e
cantando, tocando instrumentos e articulando movimentos. o estabelecimento de padrões, que requerem raciocínio e
Para a aquisição da linguagem musical se concretizar, são resolução de problemas. As crianças estão imersas em um
necessárias ações que envolvam o fazer, o perceber o universo no quais os conhecimentos matemáticos fazem parte,
contextualizar. Esta linguagem contempla: Apreciação musical elas vivem em um mundo, no qual experimentam, o muito, o
e fazer musical. grande, o pequeno e o acabou. Trazem consigo um
entendimento intuitivo dos processos matemáticos e de
- Linguagem Oral e Escrita: É de grande importância na resolver problemas. O professor deve encorajar a exploração
formação da criança e nas diversas práticas sociais. É das ideias matemáticas relativas a números, estatística,
importante considerar a linguagem como um meio de geometria e medidas, fazendo com que as crianças
comunicação, expressão, representação, interpretação e desenvolvam o prazer e a curiosidade pela matemática. No seu
modificação da realidade. Promover experiências processo de desenvolvimento a criança vai criando várias
significativas de aprendizagem. O convívio com a linguagem relações entre objetos e situações por ela vivenciadas.
oral e escrita deve ser compreendido como uma atividade da Estabelecem relações cada vez mais complexas que lhes
realidade, considerando que as crianças são ativas na permitirão desenvolver noções mais elaboradas.
construção de seu conhecimento. Para que ocorra um A matemática abrange os seguintes conteúdos: número
desenvolvimento gradativo é preciso que as capacidades (função social do número, noções de quantidade, sistema
associadas estejam ligadas as competências linguísticas numérico, inteiros, noção de números fracionários); geometria
básicas (falar, escutar, praticar leituras e escritas), que serão (plana, bidimensional, espacial, tridimensional, medidas de
trabalhadas de forma integrada, diversificada abrangendo grandeza, medidas de tempo, medidas de massa, medidas de
vários conteúdos: comprimento, medidas de velocidade e medidas de
- Textos de diversos gêneros (narrativos, informativos e capacidade); sistema monetário e estatístico (tabelas e
poéticos); gráficos).
- Compreensão e interpretação de textos;
- Ampliação do vocabulário; Eixo Integrador do Currículo da Educação Infantil
- Produção de texto oral e escrito;
- Função social da escrita; A Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, que fixa as
- Evolução da escrita na humanidade; Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil,
- Representação gráfica com diferentes tipos de letras e delibera em seu artigo 9º que as práticas pedagógicas as quais
alfabetos; compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem
- Diferentes funções da escrita; lazer, identificação, ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira11.
registro, comunicação, informação e organização do Desta forma, ao pensar em educação infantil devemos
pensamento. pensar como sendo eixo integrador do Currículo da Educação
Infantil a junção de elementos e práticas das atividades
Nesta perspectiva, a linguagem oral e escrita deve estar desenvolvidas com bebês e também com crianças pré-
presente no cotidiano e na prática das instituições de educação escolares, ou seja, educar e cuidar, brincar e interagir.
infantil.

11SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL. Currículo

em Movimento da Educação Básica: Educação infantil.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 11


APOSTILAS OPÇÃO

Tanto no atendimento da creche quanto da pré-escola, a Nesse sentido, é importante a instituição, em seus planos e
elaboração da proposta curricular precisa ser pensada de ações:
acordo com a realidade da instituição: características, - contemplar as particularidades dos bebês e das crianças
identidade institucional, escolhas coletivas e particularidades pequenas, as condições específicas das crianças com
pedagógicas, de modo a estabelecer a integração dessas deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
experiências. Para tanto, é necessário que as instituições, em habilidades/superdotação e a diversidade social, religiosa,
seu projeto político-pedagógico e em suas práticas cotidianas cultural, étnico-racial e linguística das crianças, famílias e
intencionalmente elaboradas: comunidade regional;
I - promovam o conhecimento de si e do mundo por meio - considerar que as crianças do campo possuem seus
da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, singulares encantos, modos de ser, de brincar e de se
corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão relacionar. As crianças do campo têm rotinas, experiências
da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da estéticas e éticas, ambientais, políticas, sensoriais, afetivas e
criança; sociais próprias. O contexto rural marca possibilidades
II - favoreçam a imersão das crianças nas diferentes distintas de viver a infância;
linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros - promover o rompimento das relações de dominação de
e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e diferentes naturezas, tais como: a dominação etária (dos mais
musical; velhos sobre os mais novos ou o contrário); a socioeconômica
III - possibilitem às crianças experiências de narrativas, de (dos mais ricos sobre os mais pobres); a étnico-racial (dos que
apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e se dizem brancos sobre os negros); de gênero (dos homens
convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e sobre as mulheres); a regional (dos moradores de certa área
escritos; sobre os que nela não habitam); a linguística (dos que
IV - recriem relações quantitativas, medidas, formas e dominam uma forma de falar e escrever que julgam a correta
orientações de espaço temporais em contextos significativos sobre os que se utilizam de outras formas de linguagem
para as crianças; verbal); a religiosa (dos que professam um credo sobre os que
V - ampliem a confiança e a participação das crianças nas não o fazem);
atividades individuais e coletivas; - cumprir os artigos 6º e 7º das DCNEIs, o que significa
VI - possibilitem situações de aprendizagem mediadas compreender os seres humanos como parte de uma rede de
para a elaboração da autonomia das crianças nas ações de relações. Relações que possibilitam a preservação da Terra, os
cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar; processos de autorregulação, novos modos de sociabilidade e
VII - possibilitem vivências éticas e estéticas com outras de subjetividade voltados para as interações solidárias entre
crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de pessoas, povos, outras espécies;
referência e de identidades no diálogo e reconhecimento da - compreender que a sustentabilidade depende de novos
diversidade; valores, pautados numa ética em que os humanos se
VIII - incentivem a curiosidade, a exploração, o reconheçam como iguais e valorizem a flora, fauna, paisagens,
encantamento, o questionamento, a indagação e o ecossistemas;
conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e - prover condições para a construção de uma cidadania
social, ao tempo e à natureza; ativa, o que significa a não conformidade com a estrutura
IX - promovam o relacionamento e a interação das crianças social e o sim à luta no sentido de contribuir para a mudança
com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e social. A instituição educacional pode estabelecer-se como
gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura; lugar de direitos e deveres, ainda que localizada em contextos
X - promovam a interação, o cuidado, a preservação e o excludentes e violentos. Mesmo que sejam considerados os
conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida múltiplos fatores que levam a certas limitações, a cidadania
na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais; ativa pode florescer na instituição de Educação Infantil, espaço
XI - propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças de contraposição à exclusão social e de produção de uma
das manifestações e tradições culturais brasileiras; sociedade de afirmação de direitos;
XII - possibilitem a utilização de gravadores, projetores, - reconhecer a criança como sujeito de direitos e dizer que
computadores, máquinas fotográficas e outros recursos ela é cidadã desde já e não apenas no futuro. Trabalhar a
tecnológicos e midiáticos; cidadania na infância é colaborar com o presente e o futuro de
XIII - promovam práticas nas quais a criança perceba suas todos, inclusive por meio da promoção da participação ativa
necessidades em oposição às vontades de consumo. da criança, ouvindo sua voz e mostrando-lhe seus direitos e
O eixo integrador específico da Educação Infantil - Educar responsabilidades;
e cuidar, brincar e interagir - precisa ser considerado - exercer sua função social de ser o lócus privilegiado do
juntamente com os eixos gerais do Currículo da Educação saber sistematizado ao materializar o direito ao
Básica: Educação para a Diversidade, Cidadania e Educação em conhecimento, como propulsor do desenvolvimento infantil.
e para os Direitos Humanos e Educação para a Esse desenvolvimento demanda e é mediado pelas
Sustentabilidade. aprendizagens. É fruto, portanto, de uma atuação planejada,
Assim sendo, o trabalho pedagógico com a infância implica qualitativa, afetuosa e compromissada dos profissionais de
considerar esses eixos, ensinando a formar opinião, levando educação.
em consideração a base familiar e valores éticos e sociais. O
cotidiano escolar está repleto desses eixos concretos, Novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a
emergentes e que reclamam ações sobre questões, como: Educação Infantil12
diversidade cultural e biodiversidade, diversidade em relação O Parecer CNE/CEB nº 20/09 e a Resolução CNE/CEB nº
à religião, orientação sexual e configurações familiares, 05/09, que definem as DCNEIs, fazem, em primeiro lugar, uma
diversidade étnico-racial, inclusão das crianças com clara explicitação da identidade da Educação Infantil, condição
deficiência, atendimento à heterogeneidade e à singularidade, indispensável para o estabelecimento de normativas em
direito às aprendizagens, infâncias vividas ou roubadas, relação ao currículo e a outros aspectos envolvidos em uma
convivências entre as gerações etc. proposta pedagógica. Eles apresentam a estrutura legal e

12 Texto adaptado de OLIVEIRA, Z. M. R. de. O Currículo na Educação Infantil:

O que Propõem as Novas Diretrizes Nacionais?

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 12


APOSTILAS OPÇÃO

institucional da Educação Infantil - número mínimo de horas Os Objetivos Gerais e a Função Sociopolítica e
de funcionamento, sempre diurno, formação em magistério de Pedagógica das Instituições de Educação Infantil
todos os profissionais que cuidam e educam as crianças, oferta
de vagas próximo à residência das crianças, acompanhamento As novas DCNEIs consideram que a função sociopolítica e
do trabalho pelo órgão de supervisão do sistema, idade de pedagógica das unidades de Educação Infantil inclui
corte para efetivação da matrícula, número mínimo de horas (Resolução CNE/CEB nº 05/09 artigo 7º):
diárias do atendimento - e colocam alguns pontos para sua
articulação com o Ensino Fundamental. a. Oferecer condições e recursos para que as crianças
A versão institucional proposta nas Diretrizes se usufruam seus direitos civis, humanos e sociais;
contrapõe a programas alternativos de atendimento b. Assumir a responsabilidade de compartilhar e
englobados na ideia de educação não-formal. Lembra o complementar a educação e cuidado das crianças com as
Parecer CNE/CEB nº 20/09 que nem toda Política para a famílias;
Infância, que requer esforços multisetoriais integrados, é uma c. Possibilitar tanto a convivência entre crianças e entre
Política de Educação Infantil. Com isso, outras medidas de adultos e crianças quanto à ampliação de saberes e
proteção à infância devem ser buscadas fora do sistema de conhecimentos de diferentes naturezas;
ensino, embora articuladas com ele, sempre que necessário. d. Promover a igualdade de oportunidades educacionais
Em segundo lugar, as Diretrizes expõem o que deve ser entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao
considerado como função sociopolítica e pedagógica das acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da
instituições de Educação Infantil. Tais pontos refletem grande infância;
parte das discussões na área e apontam o norte que se deseja e. Construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade
para o trabalho com as crianças. comprometidas com a ludicidade, a democracia, a
A questão pedagógica é tratada pensando que, se a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de
Educação Infantil é parte integrante da Educação Básica, como dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de gênero,
diz a Lei nº 9.394/96 em seu artigo 22, cujas finalidades são regional, linguística e religiosa.
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe Nessa definição, foram integrados compromissos
meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores, construídos na área em diferentes momentos históricos, mas
essas finalidades devem ser adequadamente interpretadas em articulados em uma visão inovadora e instigante do processo
relação às crianças pequenas. Nessa interpretação, as formas educacional. Não só a questão da família foi contemplada,
como as crianças, nesse momento de suas vidas, vivenciam o como também a questão da criança como um sujeito de
mundo, constroem conhecimentos, expressam-se, interagem e direitos a serem garantidos, incluindo o direito, desde o
manifestam desejos e curiosidades de modo bastante nascimento, a uma educação de qualidade no lar e em
peculiares, devem servir de referência e de fonte de decisões instituições escolares.
em relação aos fins educacionais, aos métodos de trabalho, à O foco do trabalho institucional vai em direção à ampliação
gestão das unidades e à relação com as famílias. de conhecimentos e saberes de modo a promover igualdade de
Por outro lado, as instituições de Educação Infantil, assim oportunidades educacionais às crianças de diferentes classes
como todas as demais instituições nacionais, devem assumir sociais e ao compromisso de que a sociabilidade
responsabilidades na construção de uma sociedade livre, justa, cotidianamente proporcionada às crianças lhes possibilite
solidária e que preserve o meio ambiente, como parte do perceber-se como sujeitos marcados pelas ideias de
projeto de sociedade democrática desenhado na Constituição democracia e de justiça social, e apropriar-se de atitudes de
Federal de 1988 (artigo 3, inciso I). Elas devem ainda trabalhar respeito às demais pessoas, lutando contra qualquer forma de
pela redução das desigualdades sociais e regionais e a exclusão social.
promoção do bem de todos (artigo 3 incisos II e IV da A colocação dessa tarefa requer uma forma de organização
Constituição Federal). Contudo, esses compromissos a serem dos ambientes de aprendizagem que, na perspectiva do
perseguidos pelos sistemas de ensino e pelos professores sistema de ensino, é orientada pelo currículo.
também na Educação Infantil enfrentam uma série de desafios,
como a desigualdade de acesso às creches e pré-escolas entre Currículo e Proposta Pedagógica na Educação Infantil
as crianças brancas e negras, ricas e pobres, moradoras do
meio urbano e rural, das regiões sul/sudeste e norte/nordeste. O debate sobre o currículo na Educação Infantil tem gerado
Também as condições desiguais da qualidade da educação muitas controvérsias entre os professores de creches e pré-
oferecida às crianças em creches e pré-escolas impedem que escolas e outros educadores e profissionais afins. Além de tal
os direitos constitucionais das crianças sejam garantidos a debate incluir diferentes visões de criança, de família, e de
todas elas. Todos os esforços então se voltam para uma ação funções da creche e da pré-escola, para muitos educadores e
coletiva de superação dessas desigualdades. especialistas que trabalham na área, a Educação Infantil não
Em terceiro lugar, as Diretrizes partem de uma definição deveria envolver-se com a questão de currículo, termo em
de currículo e apresentam princípios básicos orientadores de geral associado à escolarização tal como vivida no ensino
um trabalho pedagógico comprometido com a qualidade e a fundamental e médio e associado à ideia de disciplinas, de
efetivação de oportunidades de desenvolvimento para todas matérias escolares.
as crianças. Elas explicitam os objetivos e condições para a Receosos de importar para a Educação Infantil uma
organização curricular, consideram a educação infantil em estrutura e uma organização que têm sido hoje muito
instituições criadas em territórios não-urbanos, a importância criticadas, preferem usar a expressão ‘projeto pedagógico’
da parceria com as famílias, as experiências que devem ser para se referir à orientação dada ao trabalho com as crianças
concretizadas em práticas cotidianas nas instituições e fazem em creches ou pré-escolas. Ocorre que hoje todos os níveis da
recomendações quanto aos processos de avaliação e de Escola Básica estão repensando sua forma de trabalhar o
transição da criança ao longo de sua trajetória na Educação processo de ensino- aprendizagem e rediscutindo suas
Básica. Vejamos cada um desses pontos. concepções de currículo. Com isso, as críticas em relação ao
modo como a concepção de currículo vinha sendo trabalhada
nas escolas não ficam restritas aos educadores da Educação
Infantil, mas são assumidas por vários setores que trabalham

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 13


APOSTILAS OPÇÃO

no Ensino Fundamental e Médio, etapas que, inclusive, estão apropriada à faixa etária e aos objetivos da intervenção
também revendo suas diretrizes curriculares. pedagógica. Assim, materiais são objetos, livros, impressos de
Por sua vez, nos últimos 20 anos, foram se acumulando modo geral, brinquedos, jogos, papéis, tecidos, fantasias,
uma série de conhecimentos sobre as formas de organização tapetes, almofadas, massas de modelar, tintas, madeiras,
do cotidiano das unidades de Educação Infantil de modo a gravetos, figuras, ferramentas, etc. Podem ser recicláveis,
promover o desenvolvimento das crianças. Finalmente, a industrializados, artesanais, de uso individual e ou coletivo,
integração das creches e pré-escolas no sistema da educação sonoros, visuais, riscantes e/ou manipuláveis, de diferentes
formal impõe à Educação Infantil trabalhar com o conceito de tamanhos, cores, pesos e texturas, com diferentes
currículo, articulando-o com o de projeto pedagógico. propriedades. Entretanto, a intencionalidade pedagógica não
O projeto pedagógico é o plano orientador das ações da pode ignorar ou ir além da capacidade da criança de tudo
instituição. Ele define as metas que se pretende para o transformar, de simbolizar, de desprender-se do mundo dos
desenvolvimento dos meninos e meninas que nela são adultos e ver possibilidades nos restos, nos destroços, no que
educados e cuidados. É um instrumento político por ampliar é desprezado. Significa dizer que as crianças produzem cultura
possibilidades e garantir determinadas aprendizagens e são produto delas, de modo que a interpretação e releitura
consideradas valiosas em certo momento histórico. que a criança faz do mundo e das coisas que estão a sua volta
Para alcançar as metas propostas em seu projeto reverte-se em possibilidades de novos conhecimentos e
pedagógico, a instituição de Educação Infantil organiza seu aprendizagens. Um objeto, um livro, um brinquedo podem
currículo. Este, nas DCNEIs, é entendido como “as práticas oportunizar diferentes ações, permitir a exploração e
educacionais organizadas em torno do conhecimento e em propiciar interações entre as crianças e os adultos. Para tanto,
meio às relações sociais que se travam nos espaços é fundamental que os materiais:
institucionais, e que afetam a construção das identidades das -provoquem, desafiem, estimulem a curiosidade, a
crianças”. O currículo busca articular as experiências e os imaginação e a aprendizagem; fiquem ao alcance da criança,
saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte tanto para serem acessados quanto para serem guardados;
do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico da -estejam disponíveis para o uso frequente e ativo;
sociedade por meio de práticas planejadas e -não tragam danos à saúde infantil;
permanentemente avaliadas que estruturam o cotidiano das -sejam analisados e selecionados em função das
instituições. aprendizagens e dos possíveis sentidos que as crianças
Esta definição de currículo foge de versões já superadas de possam atribuir-lhes;
conceber listas de conteúdos obrigatórios, ou disciplinas -estejam adequados às crianças com deficiência visual,
estanques, de pensar que na Educação infantil não há auditiva ou física, com transtornos globais, com altas
necessidade de qualquer planejamento de atividades, de reger habilidades / superdotação;
as atividades por um calendário voltado a comemorar -contemplem a diversidade social, religiosa, cultural,
determinadas datas sem avaliar o sentido e o valor formativo étnico-racial e linguística;
dessas comemorações, e também da ideia de que o saber do -possam ser colhidos e explorados em diversos ambientes,
senso comum é o que deve ser tratado com crianças pequenas. para além das salas de atividades, mas também em pátios,
A definição de currículo defendida nas Diretrizes põe o parques, quadras, jardins, praças, hortas etc;
foco na ação mediadora da instituição de Educação infantil -sejam analisados e selecionados em função das
como articuladora das experiências e saberes das crianças e os aprendizagens e de acordo com a idade.
conhecimentos que circulam na cultura mais ampla e que
despertam o interesse das crianças. Tal definição inaugura Ambientes: quando planejamos, algumas questões nos
então um importante período na área, que pode de modo norteiam: que tipos de atividades serão selecionadas, em que
inovador avaliar e aperfeiçoar as práticas vividas pelas momentos serão feitas e em que local é mais adequado realizá-
crianças nas unidades de Educação Infantil. las? A depender do espaço físico, podem ser mais qualitativas
O cotidiano dessas unidades, como contextos de vivência, as aquisições sensoriais e cognitivas das crianças. O espaço é
aprendizagem e desenvolvimento, requer a organização de elemento fundamental para o desenvolvimento infantil. E qual
diversos aspectos: os tempos de realização das atividades a relação entre espaço e ambiente? Espaço e ambientes são
(ocasião, frequência, duração), os espaços em que essas elementos indissociáveis, ou seja, um não se constitui sem o
atividades transcorrem (o que inclui a estruturação dos outro. Dessa forma, apreende-se do termo espaço como as
espaços internos, externos, de modo a favorecer as interações possibilidades de abstração feita pelo ser humano, sobre um
infantis na exploração que fazem do mundo), os materiais determinado lugar, de modo a torná-lo palpável. Já ambiente é
disponíveis e, em especial, as maneiras de o professor exercer constituído por inúmeros significados, que são ressignificados
seu papel (organizando o ambiente, ouvindo as crianças, pelo sujeito de acordo com suas experiências, vivências e
respondendo-lhes de determinada maneira, oferecendo-lhes culturas. Os ambientes da Educação Infantil têm como centro
materiais, sugestões, apoio emocional, ou promovendo a criança e precisam ser organizados em função de suas
condições para a ocorrência de valiosas interações e necessidades e interesses, inclusive com mobiliário adequado.
brincadeiras criadas pelas crianças etc.). Tal organização É interessante que permitam explorações individuais, grupais,
necessita seguir alguns princípios e condições apresentados simultâneas, livres e/ou dirigidas pelos profissionais. Para
pelas Diretrizes. tanto, é fundamental que os ambientes sejam organizados para
favorecer:
Organização do trabalho pedagógico - materiais, -construção da identidade da criança como agente que
ambientes, tempos integra e transforma o espaço;
Para mediar as aprendizagens promotoras do -desenvolvimento da independência. Por exemplo: tomar
desenvolvimento infantil, é preciso tencionar uma ação água sozinha, alcançar o interruptor de luz, ter acesso à
educativa devidamente planejada, efetiva e avaliada. Por isto, saboneteira e toalhas, circular e orientar-se com segurança
é imprescindível pensar o tempo, os ambientes e os materiais. pela instituição;
Ressalte-se, entretanto, que o que determina as aprendizagens -amplitude e segurança para que a criança explore seus
não são os elementos em si, mas as relações propostas e movimentos corporais (arrastar-se, correr, pular, puxar
estabelecidas com eles. objetos, etc.);
Materiais: os materiais compõem as situações de
aprendizagem quando usados de maneira dinâmica,

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 14


APOSTILAS OPÇÃO

-possibilidades estimuladoras dos sentidos das crianças, Atividades permanentes: ocorrem com regularidade
em relação a odores, iluminação, sons, sensação tátil e visual, (diária, semanal, quinzenal, mensal) e têm a função de
entre outros; familiarizar as crianças com determinadas experiências de
-observância da organização do espaço para que seja um aprendizagem. Asseguram o contato da criança com rotinas
ambiente estimulante, agradável, seguro, funcional e propício básicas para a aquisição de certas aprendizagens, visto que a
à faixa etária; constância possibilita a construção do conhecimento. É
-garantia da acessibilidade a crianças e adultos com visão importante planejar e avaliar com a criança e todos os
ou locomoção limitada; envolvidos no processo como o trabalho foi realizado.
-organização que evite, ao máximo, acidentes e conflitos; Sequência de atividades: trata-se de um conjunto de
-renovação periódica mediante novos arranjos no propostas que geralmente obedecem a uma ordem crescente
mobiliário, materiais e elementos decorativos. de complexidade. O objetivo é trabalhar experiências mais
específicas, aprendizagens que requerem aprimoramento com
Tempo: as aprendizagens e o desenvolvimento das a experiência. Os planejamentos diários, geralmente, seguem
crianças ocorrem dentro de um determinado tempo. Esse essa organização didática.
tempo é articulado. Ou seja, o tempo cronológico - aquele do Atividades ocasionais: permitem trabalhar com as
calendário - articula-se com o tempo histórico - aquele crianças, em algumas oportunidades, um conteúdo
construído nas relações socioculturais e históricas, - visto que considerado valioso, embora sem correspondência com o que
as crianças carregam e vivenciam as marcas de sua época e de está planejado. Trabalhada de maneira significativa, a
sua comunidade. E ainda podemos falar do tempo vivido, organização de uma situação independente se justifica, a
incorporado por nós como instituição social e que regula nossa exemplo de passeios, visitas pedagógicas, comemorações,
vida, segundo Norbert Elias, quando a criança tem a entre outras.
oportunidade de participar, no cotidiano, de situações que Projetos didáticos: os objetivos são claros, o período de
lidam com duração, periodicidade e sequência, ela consegue realização é determinado, há divisão de tarefas e uma
antecipar fatos, fazer planos e construir sua noção de tempo. É avaliação final em função do pretendido. Suas principais
importante que o planejamento e as práticas pedagógicas características são objetivos mais abrangentes e a existência
levem em conta a necessidade de: de um produto final.
-diminuir o tempo de espera na passagem de uma
atividade para outra; Inserção / Acolhimento / Adaptação
-evitar esperas longas e ociosas, especialmente ao final da É comum falarmos em adaptação na Educação Infantil. E,
jornada diária; neste caso, muitas vezes a adaptação vincula-se às
-flexibilizar o período de realização da atividade, ao experiências de separação. Daí a importância de apreciarmos
considerar os ritmos e interesses de cada um e/ou dos grupos; a adaptação como item a ser contemplado no planejamento
-distribuir as atividades de acordo com o interesse e as curricular. Mas por que realizar adaptação na Educação
condições de realização individual e coletiva; Infantil? Na verdade, todos os seres humanos vivenciam
-permitir a vivência da repetição do conhecido e o contato processos de adaptação, de crescimento, de mudança... O
com a novidade; processo de adaptação inicia já com o nascimento da criança,
-alternar os momentos de atividades de higiene, nos acompanha no decorrer de toda a vida e ressurge a cada
alimentação, repouso; atividades coletivas (entrada, saída, nova situação que vivenciamos.
pátio, celebrações, festas); atividades diversificadas Fala-se em adaptação todas as vezes que enfrentamos uma
(brincadeiras e explorações individuais ou em grupo); situação nova, ou readaptação quando entramos novamente
atividades coordenadas pelo professor (roda de conversa, em contato com algo já conhecido, mas por algum tempo
hora da história, passeios, visitas, oficinas etc); atividades de distante de nosso convívio diário. Como na Educação Infantil
livre escolha da criança, ainda que supervisionadas pelos lidamos com bebês e crianças pequenas, em processo de
profissionais. passagem da casa para o mundo mais amplo, a adaptação
Aqui, cabe uma breve consideração sobre as possíveis ganha ainda mais sentido. Ressalte-se que esse período pode
denominações que um currículo pode comportar em relação à ser enfocado de diferentes pontos de vista:
organização do trabalho pedagógico: atividades, temas -o da criança, pelo significado e emoção despertados pela
geradores, projetos, vivências, entre outras. É plausível insistir passagem de um espaço seguro e conhecido para outro em que
que o importante é que essas estratégias adquiram sentido é necessário um investimento afetivo e intelectual para poder
para a criança e não sirvam apenas para mantê-la ocupada, estar bem;
controlada, quieta, soterrada por uma avalanche de tarefas. -o das famílias, que compartilham a educação da criança
Não interessa banir essas denominações (e seus usos) de com a creche/pré-escola;
nosso vocabulário e cotidiano. Interessa fazer com que as -o do professor, que recebe uma criança desconhecida e
atividades, temas geradores, projetos, vivências e outras ainda tem as outras do grupo para acolher;
práticas sejam res-significadas, sejam objetos de reflexão, -o das outras crianças, que estão chegando ou que fazem
colocando as crianças em “situação de aprendizagem”. parte do grupo e precisam encarar o fato de que há mais um
Interessa, portanto, dialogar historicamente com essas com quem repartir, mas também com quem somar;
práticas, reexaminá-las e restituí-las na organização do -o da instituição, nos aspectos organizacional e de gestão,
trabalho pedagógico. que precisam prever espaço físico, materiais, tempo e recursos
Existem muitas possibilidades de organização do trabalho humanos capacitados para essa ação.
pedagógico ao longo da jornada diária, semanal, bimestral.
Elegemos quatro situações didáticas que podem Não há unanimidade em relação ao termo utilizado para
integrar/articular as linguagens não somente em cada turma, nomear o período de ingresso da criança na instituição. Podem
mas também no coletivo escolar. Em qualquer uma das ser usados os termos adaptação, acolhimento e inserção. Como
situações didáticas, cabe levar em consideração os objetivos, se sabe, a escolha do termo revela concepções sobre as
conteúdos, materiais, espaços / ambientes, tempos, interesses crianças e o modo de condução do trabalho dos profissionais.
e características das crianças. Ou seja, ter sempre em mente: Recorrendo à acepção da palavra adaptação, pode-se
onde está a criança nas situações de aprendizagem propostas inferir que é a ação ou efeito de adaptar-se ou tornar-se apto a
pelos professores? fazer algo que comumente não estava em seu contexto sócio
histórico. É a capacidade do sujeito em acomodar-se,

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 15


APOSTILAS OPÇÃO

apropriar-se, ajustar-se às condições do meio ambiente. Por apenas um dos elementos que compõem o cotidiano, como
inserção, é possível depreender que é o ato de inserir, veremos a seguir.
introduzir, incluir ou integrar. Em síntese, é a capacidade do Geralmente, a rotina abrange recepção, roda de
sujeito de fazer parte de um contexto. Comumente, falamos em conversa, calendário e clima, alimentação, higiene,
adaptação. Mesmo levando em conta a questão conceitual atividades de pintura e desenho, descanso, brincadeira
acima, usaremos a palavra adaptação na perspectiva do livre ou dirigida, narração de histórias, entre outras
acolhimento. ações. Ao planejar a rotina de sua sala de aula, o professor
Assim, a adaptação deve ser um período em que deve considerar os elementos: materiais, espaço e tempo,
linguagens, sentimentos, emoções estejam a serviço da bem como os sujeitos que estarão envolvidos nas
liberdade, da autonomia e do prazer e não apenas para o atividades, pois esta deve adequar-se à realidade das
cumprimento de ordens com o objetivo de disciplinar os crianças.
corpos infantis para o modelo escolar tradicional. Para Ortiz Segundo Barbosa a rotina é “a espinha dorsal, a parte fixa
podemos falar em uma adaptação que supere apenas um do cotidiano”, um artefato cultural criado para organizar a
momento burocrático e vivenciar a adaptação em uma cotidianidade. A partir dessa premissa, é importante definir
perspectiva de acolhida. Todos, crianças e adultos, são rotina e cotidiano:
sensíveis ao acolhimento. Afinal, quem não gosta de ser bem
recebido? A qualidade do acolhimento garante o êxito da Rotina: É uma categoria pedagógica que os responsáveis
adaptação. E, para que isso ocorra, fundamental se faz pela educação infantil estruturaram para, a partir dela,
empreender esforços no sentido de compreender que o desenvolver o trabalho cotidiano nas instituições de educação
processo de adaptação exigirá tanto da criança que busca infantil. [...] A importância das rotinas na educação infantil
adequar-se a essa nova realidade social e de seus pais, quanto provêm da possibilidade de constituir uma visão própria como
do educador e da instituição que precisa preparar-se para concretização paradigmática de uma concepção de educação e
recebê-la. de cuidado.
Em suma, o estabelecimento de vínculos positivos
depende fundamentalmente da forma como a criança e sua Cotidiano: [...] refere-se a um espaço-tempo fundamental
família são acolhidas na escola. Uma adaptação para a vida humana, pois tanto é nele que acontecem as
compromissada com o acolhimento significa abrir-se ao atividades repetitivas, rotineiras, triviais, como também ele é
aconchego, ao bem-estar, ao conforto físico e emocional, ao o lócus onde há a possibilidade de encontrar o inesperado,
amparo. onde há margem para a inovação [...].
Aqui e em outros momentos, o ato de educar não se separa
do ato de cuidar. Sendo assim, amplia-se o papel e a José Machado Pais afirma que não se pode reduzir o
responsabilidade da instituição educacional nesse momento. cotidiano ao rotineiro, ao repetitivo e ao a-histórico, pois o
Por isto, a forma como cada instituição efetiva o período de cotidiano é o cruzamento de múltiplas dialéticas entre o
adaptação revela a concepção de educação e de criança que rotineiro e o acontecimento. Bem elaborada, a rotina é o
orientam suas práticas. O planejamento das atividades é caminho para evitar a atividade pela atividade, os rituais
fundamental, para não cair no espontaneísmo e na falta de repetitivos, a reprodução de regras, os fazeres automáticos.
reflexão e para favorecer o dinamismo e as interações. Pensar Para tanto, é fundamental que a rotina seja dinâmica, flexível,
como se dará a chegada das crianças (novas ou não) nos surpreendente. Barbosa aponta que a rotina inflexível e
primeiros dias do calendário escolar, pensar nos tempos, desinteressante pode vir a ser “uma tecnologia de alienação”,
materiais e ambientes, nos profissionais e suas atribuições, nas se não forem levados em consideração o ritmo, a participação,
famílias e suas inseguranças são aspectos importantes para a relação com o mundo, a realização, a fruição, a liberdade, a
assegurar a qualidade da adaptação. Também é bom que as consciência, a imaginação e as diversas formas de
atividades não se distanciem do dia a dia, evitando criar sociabilidade dos sujeitos nela envolvidos. A rotina é uma
expectativas que não se cumprirão. Ortiz reforça a necessidade forma de organizar o coletivo infantil diário e,
de considerar a diversidade nesse processo inicial. Dentro do concomitantemente, espelha o projeto político-pedagógico da
contexto escolar, manifestações, reações, sentimentos podem instituição. A rotina é capaz de apresentar quais as concepções
ser de caráter transitório ou permanente. Respeitar os jeitos de educação, de criança e de infância se materializam no
de ser e estar no mundo e os rituais das crianças ajudam em cotidiano escolar. Com o estabelecimento de objetivos claros e
uma transição suave e confiável. coerentes, a rotina promove aprendizagens significativas,
O acolhimento é um princípio a ser concretizado em várias desenvolve a autonomia e a identidade, propicia o movimento
situações que acontecem com as crianças: nos atrasos, no corporal, a estimulação dos sentidos, a sensação de segurança
retorno após viagem ou doença, em um acidente ou incidente e confiança, o suprimento das necessidades biológicas
durante o ano letivo. Isto porque o acolhimento, para além das (alimentação, higiene e repouso). Isto porque a rotina contém
datas, materializa a humanização da educação. Vale, portanto, elementos que podem (ou não) proporcionar o bem-estar e o
para os primeiros dias e também ao longo do processo desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, biológico.
educativo. Apresentamos alguns dos aspectos a serem De acordo com o Referencial Curricular Nacional para
ponderados pela instituição no período de uma adaptação Educação Infantil, a rotina deve adequar-se às necessidades
acolhedora: infantis e não o inverso. Ao observar e documentar uma rotina
-planejamento coletivo; (diária ou semanal, por exemplo), algumas reflexões emergem:
-envolvimento de todos os profissionais; -Como as atividades são distribuídas ao longo do dia? E da
-participação das famílias e da comunidade; semana?
-atendimento à diversidade; -Com que frequência, em que momento e por quanto
-consideração dos sentimentos das crianças e dos adultos. tempo as crianças brincam?
Mas não nos esqueçamos: a primeira regra é ter os braços -Quanto do dia é dedicado à leitura de histórias, inclusive
abertos. para os bebês?
-A duração e a regularidade das atividades têm assegurado
Rotina a aquisição das aprendizagens planejadas?
É praticamente impossível a reflexão sobre a organização -A criança passa muito tempo esperando entre uma e outra
do tempo na Educação Infantil sem incluir a rotina atividade?
pedagógica. Entretanto, é importante enfatizar que a rotina é

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 16


APOSTILAS OPÇÃO

-Como é organizado o horário das refeições? Onde são relevância do planejamento cuidadoso, flexível, reflexivo que
feitas? minimiza o perigo da rotina “cair na rotina”, no pior sentido da
-E os momentos dedicados ao cuidado físico, são previstos expressão: ser monótona, impessoal, sem graça, vazia, sem
e efetivados com que frequência e envolvem quais materiais? sentido para as crianças e até para os profissionais. Para tanto,
-Como o horário diário de atividades poderia ser conflito e tensão são elementos que estarão presentes e
aperfeiçoado, em favor de uma melhor aprendizagem? contrapõem-se a uma prática pedagógica idealizada. Como diz
-Há espaço para o imprevisto, o incidental, a imaginação, o a poeta Elisa Lucinda: “O enredo a gente sempre todo dia tece,
fortuito? o destino aí acontece (...)”.
-As crianças são ouvidas e cooperam na seleção e
organização das atividades da rotina? Datas comemorativas
-Como as interações adulto/criança e criança/criança são A exploração das datas, festejos, eventos comemorativos
contempladas na organização dos tempos, materiais e no calendário da Educação Infantil está bastante naturalizada
ambientes? nas instituições da Educação Infantil. Essas datas são
No caso da jornada em tempo integral, no período da geralmente, a “tradição cívica, religiosa ou escolar”.
manhã devem ser incluídos momentos ativos e calmos, dando Entretanto, a tradição não pode obscurecer a necessidade da
prioridade às atividades cognitivas. As crianças, depois de uma reflexão acerca da comemoração de “dias D”. Sousa adverte ser
noite de sono, estão mais descansadas para ampliar sua fundamental que “as escolas, professores e pais tenham muito
capacidade de concentração e interesse em atividades que claro que é preciso priorizar sempre e entender qual o
envolvem a resolução de problemas. É interessante, também, significado do conjunto dessas experiências para a vida das
incluir atividades físicas no período da manhã, observando o crianças - de todas e de cada uma delas. E não me refiro ao
tempo e a intensidade de calor e sol ou frio. Já o período da futuro da criança apenas, mas principalmente ao seu
tarde, em uma jornada de tempo integral, geralmente acaba presente”. Não nos cabe interditar ou eliminar a comemoração
por concentrar atividades como sono ou repouso, refeições, de datas especiais e a realização de festas. No entanto,
banho, ou seja, as práticas sociais. O que não significa que as propomos que, ao destacá-las no calendário escolar, façamos
Interações com a Natureza e a Sociedade, as Linguagens Oral e algumas reflexões. Entre elas:
Escrita, Digital, Matemática, Corporal, Artística e o Cuidado -Por que a instituição acredita ser válida a mobilização
Consigo e com o Outro não estejam presentes por meio de para celebrar este ou aquele dia?
atividades planejadas para surpreender e motivar em uma -Por que é necessário realizar atividades acerca das datas
sequência temporal que corre o risco da monotonia ou da comemorativas, todos os anos, com poucas variações em torno
“linha de montagem”. Nas jornadas de tempo parcial, por do mesmo tema?
serem mais curtas, as práticas sociais aparecem com menor -As atividades relacionadas à temática ampliam o campo
frequência, ainda que também estejam presentes. As de conhecimento das crianças?
Linguagens, as Interações com a Natureza e a Sociedade e o -Foram atividades escolhidas pelo professor, pelo coletivo
Cuidado Consigo e com o Outro são geralmente o foco do da instituição educacional, pela família ou pelas crianças?
trabalho pedagógico. Também é essencial abrir espaço e -Os sentimentos infantis e aprendizagens são levados em
reservar tempo para as brincadeiras, sejam livres, sejam conta?
dirigidas. -O trabalho desenvolvido em torno das datas está
Não se pode ignorar o fato de que muitas das ações da articulado com os objetivos relacionados às aprendizagens?
rotina estão pautadas nas relações de trabalho do mundo -Será que as crianças são submetidas, ao longo dos anos
adulto. Os horários de lanche, almoço, limpeza das salas, escolares, às mesmas atividades, ações, explicações?
funcionamento da cozinha, as atividades das crianças estão -Consideramos as idades das crianças, seus interesses e
sintonizadas de acordo com a produtividade, a organização e a capacidades ao elegermos as datas comemorativas?
eficácia que estão implicadas em uma organização capitalista. -Fazemos diferentes abordagens para diferentes faixas
Por vezes, as crianças querem ou propõem outros elementos etárias?
que transgridem as formalidades da rotina, das jornadas -Interrompemos trabalhos em andamento para incluir
integrais ou parciais, dos momentos instituídos pelos datas comemorativas?
profissionais, sejam no sono, na alimentação, na higiene, na -Quais são os critérios para a escolha das datas? Algumas
“hora da atividade”, nas brincadeiras, entre outros. são mais enfatizadas que outras? Por quê?
A partir da observação, é possível detectar como as -Os conteúdos e as atividades são problematizados pelos
crianças vivem o cotidiano da instituição. Esses sinais das adultos e crianças?
crianças ajudam a apontar possibilidades que não se limitam -Expomos as crianças, ainda que não intencionalmente, à
às rotinas formalizadas e dão subsídios para trazer à tona a “indústria das festas”?
valorização da infância em suas relações e práticas. Os -Incentivamos, ainda que não intencionalmente, a cultura
profissionais, em muitos momentos, percebem no contato do consumo?
diário com as crianças que entre elas coexistem necessidades -Como são tratados os aspectos culturais destas datas? Sob
e ritmos diferentes. Mostram-se preocupados em não qual enfoque? Com qual aprofundamento?
conseguir atender essa diversidade para que as crianças -Quais valores, conceitos, ideologias atravessam essas
possam vivenciá-la. Oscilam entre cumprir a tarefa que é celebrações?
ordenar e impor a sincronia e, ao mesmo tempo, abrir espaço Coletivamente, promover a crítica e a reflexão em torno
para deixar aparecerem as individualidades, a simultaneidade, das datas comemorativas auxilia na problematização de
a “desordem”. experiências curriculares que, em um primeiro momento,
Desta forma, vivem cotidianamente um dilema, que é o de podem parecer “inquestionáveis”. O que importa é tornar
respeitar e partilhar a individualidade, a heterogeneidade, os datas e festas significativas e lúdicas para a criança,
diferentes modos de ser criança ou seguir a rotina priorizando-a como centro do planejamento curricular, suas
estabelecida, cuja tendência é a uniformização, a aprendizagens e seu desenvolvimento, sua cidadania.
homogeneidade, a rigidez que por vezes permeia as práticas Retomando: ao organizar tempo, ambientes e materiais, o
educativas. Assim, o grande desafio dos profissionais que profissional deve ter em mente a criança concreta. O
atuam na Educação Infantil é o de preconizar novas formas de planejamento curricular deve considerar a riqueza e a
intervenção, distinta do modelo de educação fundamental e, complexidade da primeira etapa da Educação Básica.
consequentemente, com sentido educativo próprio. Cresce a

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 17


APOSTILAS OPÇÃO

O campo de aprendizagens que as crianças podem realizar crianças e professores, que constroem significações nos
na Educação Infantil é muito grande. As situações cotidianas diálogos que estabelecem.
criadas nas creches e pré-escolas podem ampliar as Sendo assim, a organização curricular das instituições de
possibilidades das crianças viverem a infância e aprender a Educação Infantil deve considerar alguns desses pontos para
conviver, brincar e desenvolver projetos em grupo, expressar- que garanta a eficácia do trabalho. Segundo as Diretrizes, essa
se, comunicar-se, criar e reconhecer novas linguagens, ouvir e organização deve assegurar a educação de modo integral,
recontar histórias lidas, ter iniciativa para escolher uma considerando o cuidado como parte integrante do processo
atividade, buscar soluções para problemas e conflitos, ouvir educativo, combater o racismo e as discriminações de gênero,
poemas, conversar sobre o crescimento de algumas plantas socioeconômicas, étnico-raciais e religiosas; conhecer as
que são por elas cuidadas, colecionar objetos, participar de culturas plurais que constituem o espaço da creche e da pré-
brincadeiras de roda, brincar de faz de conta, de casinha ou de escola, a riqueza das contribuições familiares e da
ir à venda, calcular quantas balas há em uma vasilha para comunidade, suas crenças e manifestações, e fortalecer formas
distribuí-las pelas crianças presentes, aprender a arremessar de atendimento articuladas aos saberes e às especificidades
uma bola em um cesto, cuidar de sua higiene e de sua étnicas, linguísticas, culturais e religiosas de cada comunidade;
organização pessoal, cuidar dos colegas que necessitam de dar atenção cuidadosa e exigente às possíveis formas de
ajuda e do ambiente, compreender suas emoções e sua forma violação da dignidade da criança e cumprir o dever do Estado
de reagir às situações, construir as primeiras hipóteses, por com a garantia de uma experiência educativa com qualidade a
exemplo, sobre o uso da linguagem escrita, e formular um todas as crianças na Educação Infantil.
sentido de si mesmas (OLIVEIRA). O que caracteriza uma Com base nessas condições, as DCNEIs apontam que as
instituição de Educação Infantil, que se diferencia de outros de instituições de Educação Infantil, na organização de sua
locais de convivências, sejam públicos ou privados, é proposta pedagógica e curricular, necessitam:
justamente a intencionalidade do projeto educativo, a -garantir espaços e tempos para participação, o diálogo e a
especificidade da escola como agência que promove as escuta cotidiana das famílias, o respeito e a valorização das
aprendizagens. diferentes formas em que elas se organizam;
-trabalhar com os saberes que as crianças vão construindo
Dica: Sempre devemos considerar, na montagem das ao mesmo tempo em que se garante a apropriação ou
salas de Educação Infantil, os diferentes conhecimentos e construção por elas de novos conhecimentos;
linguagens que compõem o currículo, entre eles a leitura, -considerar a brincadeira como a atividade fundamental
escrita matemática, artes, música, ciências sociais e nessa fase do desenvolvimento e criar condições para que as
naturais, corpo e movimento. Ter material adequado, crianças brinquem diariamente;
intencionalmente selecionado para as atividades contribui -propiciar experiências promotoras de aprendizagem e
significativamente para o aprendizado. É Importante consequente desenvolvimento das crianças em uma
também ter os nomes das crianças em destaque como na frequência regular;
latinha de lápis de cor ou giz de cera assim como o varal de -selecionar aprendizagens a serem promovidas com as
alfabeto, a tabela numérica e o calendário e sempre, ao crianças, não as restringindo a tópicos tradicionalmente
longo do ano, utilizar os materiais produzidos pelas valorizados pelos professores, mas ampliando-as na direção
próprias crianças para colorir e significar o espaço da sala do aprendizado delas para assumir o cuidado pessoal, fazer
de aula. amigos, e conhecer suas próprias preferências e
características;
Subsídios para a elaboração do currículo na educação -organizar os espaços, tempos, materiais e as interações
infantil nas atividades realizadas para que as crianças possam
expressar sua imaginação nos gestos, no corpo, na oralidade
Para que se possa cuidar e ao mesmo tempo educar e/ou na língua de sinais, no faz de conta, no desenho, na dança,
crianças através do trabalho pedagógico organizado em e em suas primeiras tentativas de escrita;
creches e pré-escola é necessário criar um ambiente que -Considerar, no planejamento do currículo, as
transmita segurança, e no qual a criança se sinta segura, especificidades e os interesses singulares e coletivos dos bebês
satisfeita em suas necessidades, acolhida da forma como é, e das crianças das demais faixas etárias, vendo a criança em
onde ela consiga se relacionar de forma adequada com suas cada momento como uma pessoa inteira na qual os aspectos
emoções e seus medos, sua raiva, seus ciúmes, sua apatia ou motores, afetivos, cognitivos e linguísticos integram-se,
hiperatividade, e possa construir hipóteses sobre o mundo e embora em permanente mudança;
elaborar sua Identidade. -abolir todos os procedimentos que não reconheçam a
A meta do trabalho pedagógico nas instituições de atividade criadora e o protagonismo da criança pequena e que
Educação infantil é apoiar as crianças, desde cedo e ao longo promovem atividades mecânicas e não significativas para as
de todas as suas experiências cotidianas, no estabelecimento crianças;
de uma relação positiva com a instituição educacional, no -oferecer oportunidade para que a criança, no processo de
fortalecimento de sua autoestima, interesse e curiosidade pelo elaborar sentidos pessoais, se aproprie de elementos
conhecimento do mundo, na familiaridade com diferentes significativos de sua cultura não como verdades absolutas,
linguagens, e na aceitação e acolhimento das diferenças entre mas como elaborações dinâmicas e provisórias;
as pessoas. -criar condições para que as crianças participem de
A fim de garantir às crianças o direito de viver a infância e diversas formas de agrupamento (grupos de mesma idade e
desenvolverem-se; as escolas de educação infantil devem grupos de diferentes idades), formados com base em critérios
proporcionar situações agradáveis, estimulantes e que estritamente pedagógicos, respeitando o desenvolvimento
ampliem as possibilidades infantis de cuidar de si e de outrem, físico, social e linguístico de cada criança;
de se expressar, comunicar e criar, de organizar pensamentos -possibilitar oportunidades para a criança fazer
e ideias, de conviver, brincar e trabalhar em grupo, de ter deslocamentos e movimentos amplos nos espaços internos e
iniciativa e buscar soluções para os problemas e conflitos que externos às salas de referência das turmas e à instituição, e
se apresentam às mais diferentes idades, desde muito cedo. para envolver-se em exploração e brincadeiras;
O ambiente deve possibilitar uma variedade de -oferecer objetos e materiais diversificados às crianças,
experiências para exploração ativa e compartilhada por que contemplem as particularidades dos bebês e das crianças
maiores, as condições específicas das crianças com deficiência,

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 18


APOSTILAS OPÇÃO

transtornos globais do desenvolvimento e altas -preparar o espaço físico de modo que ele seja funcional e
habilidades/superdotação, e as diversidades sociais, culturais, possibilite locomoções e explorações;
étnico-raciais e linguísticas das crianças, famílias e -cuidar para que elas possam ser ajudadas da forma mais
comunidade regional; conveniente no aprendizado de cuidar de si, o que inclui a
-organizar oportunidades para as crianças brincarem em aquisição de autonomia e o aprendizado de formas de
pátios, quintais, praças, bosques, jardins, praias, e viverem assegurar sua segurança pessoal;
experiências de semear, plantar e colher os frutos da terra, -estabelecer rotinas diárias e regras claras para melhor
permitindo-lhes construir uma relação de identidade, orientá-las;
reverência e respeito para com a natureza; -estimular a participação delas em atividades que
-possibilitar o acesso das crianças a espaços culturais envolvam diferentes linguagens e habilidades, como dança,
diversificados e a práticas culturais da comunidade, tais como canto, trabalhos manuais, desenho etc., e promover-lhes
apresentações musicais, teatrais, fotográficas e plásticas, e variadas formas de contato com o meio externo;
visitas a bibliotecas, brinquedotecas, museus, monumentos, -dar-lhes oportunidade de ter condições instrucionais
equipamentos públicos, parques, jardins. diversificadas - trabalho em grupo, aprendizado cooperativo,
Um tópico já citado anteriormente mas que deve ser uso de tecnologias, diferentes metodologias e diferentes
relembrado aqui para a elaboração da proposta curricular, diz estilos de aprendizagem;
respeito às experiências de aprendizagem que podem ser -oferecer, sempre que necessário, materiais adaptados
promovidas. Elas são descritas no artigo 9º da Resolução para elas terem um melhor desempenho;
CNE/CEB nº5/09 como experiências que podem ser -garantir o tempo que elas necessitam para realizar cada
selecionadas para compor a proposta curricular das unidades atividade, recorrendo a tarefas concretas e funcionais por
de Educação infantil. meio de metodologias de ensino mais flexíveis e
As experiências apontadas visam promover oportunidade individualizadas, embora não especialmente diferentes das
para cada criança conhecer o mundo e a si mesma, aprender a que são utilizadas com as outras crianças;
participar de atividades individuais e coletivas, a cuidar de si e -realizar uma avaliação processual que acompanhe suas
a organizar-se. Visam introduzir as crianças em práticas de aprendizagens com base em suas capacidades e habilidades, e
criação e comunicação por meio de diferentes formas de não em suas limitações, tal como deve ocorrer para qualquer
expressão, tais como imagens, canções e música, teatro, dança criança;
e movimento, assim como a língua escrita e falada, sem -estabelecer contato frequente com suas famílias para
esquecer-se da língua de sinais, que pode ser aprendida por melhor coordenação de condutas, troca de experiências e de
todas as crianças e não apenas pelas crianças surdas. informações.
Conforme as crianças se apropriam das diferentes linguagens, O importante é reconhecer que a Educação Inclusiva só se
que se inter-relacionam, elas ampliam seus conhecimentos efetiva se os ambientes de aprendizagem forem sensíveis às
sobre o mundo e registram suas descobertas pelo desenho, questões individuais e grupais, e neles as diferentes crianças
modelagem, ou mesmo por formas bem iniciais de registro possam ser atendidas em suas necessidades específicas de
escrito. aprendizagem, sejam elas transitórias ou não, por meio de
Também a satisfação do desejo infantil de explorar e ações adequadas a cada situação.
conhecer o mundo da natureza, da sociedade e da matemática,
e de apropriar-se de formas elementares de lidar com 2) A Educação infantil deve atender a demanda das
quantidades e com medidas deve ser atendida de modo populações do campo, dos povos da floresta e dos rios,
adequado às formas das crianças elaborarem conhecimento de indígenas e quilombolas por uma educação e cuidado de
maneira ativa, criativa. qualidade para seus filhos. O trabalho pedagógico de creches e
Todas essas preocupações, além de marcar pré-escolas instaladas nas áreas onde estas populações vivem
significativamente todas as instituições de Educação Infantil precisa reconhecer a constituição plural das crianças
do país, devem ainda estar presentes em três situações que são brasileiras no que se refere à identidade cultural e regional e à
apontadas nas DCNEIs: filiação socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional,
1) O compromisso com uma Educação infantil de linguística e religiosa. Para tanto ele deve:
qualidade para todas as crianças não pode deixar de ressaltar -estabelecer uma relação orgânica com a cultura, as
o trabalho pedagógico com as crianças com deficiência, tradições, os saberes e as identidades das diversas populações;
transtornos globais de desenvolvimento e altas -adotar estratégias que garantam o atendimento às
habilidades/superdotação. Em relação a elas, o planejamento especificidades das comunidades do campo, quilombolas,
das situações de vivência e aprendizagem na Educação Infantil ribeirinhas e outras - tais como a flexibilização e adequação no
deve: calendário, nos agrupamentos etários e na organização de
-garantir-lhes o direito à liberdade e à participação tempos, atividades e ambientes - em respeito às diferenças
enquanto sujeitos ativos; quanto à atividade econômica e à política de igualdade, e sem
-ampliar suas possibilidades de ação nas brincadeiras e prejuízo da qualidade do atendimento, com oferta de materiais
nas interações com as outras crianças, momentos em que didáticos, brinquedos e outros equipamentos em
exercitam sua capacidade de intervir na realidade e participam conformidade com a realidade das populações atendidas,
das atividades curriculares com os colegas; evidenciando ainda o papel dessas populações na produção de
-garantir-lhes a acessibilidade de espaços, materiais, conhecimento sobre o mundo.
objetos e brinquedos, procedimentos e formas de Esta demanda por ampliação da Educação Infantil para
comunicação a suas especificidades e singularidades; além dos territórios urbanos é nova e se integra à preocupação
-estruturar os ambientes de aprendizagem de modo a em garantir às populações do campo e indígena, e aos
proporcionar-lhes condições para participar de todas as afrodescendentes uma educação que considere os saberes de
propostas com as demais crianças; cada comunidade, ou grupo cultural, em produtiva interação
-garantir-lhes condições para interagir com os com os saberes que circulam nos centros urbanos, igualmente
companheiros e com o professor; marcados por uma ampla diversidade cultural.
-preparar cuidadosamente atividades que tenham uma
função social imediata e clara para elas; 3) Quando oferecidas, aceitas e requisitadas pelas
-organizar atividades diversificadas em sequências que comunidades indígenas, as propostas curriculares na
lhes possibilitem a retomada de passos já dados; Educação Infantil devem:

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 19


APOSTILAS OPÇÃO

-proporcionar às crianças indígenas uma relação viva com (C) o desenvolvimento de assuntos que podem aglutinar
os conhecimentos, crenças, valores, concepções de mundo e as um trabalho em seu entorno, sem, contudo, estarem
memórias de seu povo; vinculados à realidade sociocultural das crianças.
-reafirmar a identidade étnica e a língua como elementos (D) o desenvolvimento afetivo, os conteúdos de áreas e os
de sua constituição; interesses que as crianças manifestam.
-dar continuidade à educação tradicional oferecida na 04. (INSS - Analista - FUNRIO) O currículo compreendido
família e articular-se às práticas socioculturais de educação e como algo não estático, mas dinâmico e concreto, se expressa
cuidado coletivos da comunidade; a partir de:
-adequar calendário, agrupamentos etários e organização (A) modelos de protocolos que viabilizarão os
de tempos, atividades e ambientes de modo a atender as procedimentos necessários à realização dos conteúdos
demandas de cada povo indígena. expressos nas programações.
(B) práticas com função socializadora e cultural de
Questões determinada instituição que concretizam princípios e valores
expressos em seu projeto escrito.
01. (Prefeitura de Niterói - Agente Educador Infantil - (C) conflitos e interesses de determinados grupos, mas que
FEC) A organização do currículo, já na creche e pré- escola tem necessita garantir a neutralidade dos conhecimentos que
sido feita através de projetos didáticos, que são propostos ajudará a disseminar.
como uma estratégia de ensino. Sobre essa abordagem (D) programações de conteúdos de ensino e de
podemos dizer que: aprendizagem que expressam os valores e princípios da
(A) Decroly e Montessori foram seus idealizadores; instituição.
(B) os chamados centros de interesse são a principal (E) listagens de conteúdos a serem ensinados aos sujeitos
referência para o trabalho do professor; do processo, garantindo sua assepsia científica.
(C) o trabalho se organiza a partir de temas que abrem
possibilidades para a criança integrar, criar relações e 05. (TJ/RO - Analista Judiciário - CESPE) Um currículo
entender de forma ampla seu ambiente, atribuindo-lhe elaborado conforme a tendência emancipadora de educação
significados; (A) apresenta lógica temporal rígida e inflexível.
(D) a adesão à pedagogia de projetos se deu de forma (B) prescreve os conteúdos necessários aos alunos.
intensa porque, didaticamente, organiza os conteúdos a serem (C) privilegia o saber dos alunos como ponto de partida
transmitidos pelo professor através de temas eleitos pelos para a seleção de conteúdo.
próprios alunos que, por isso, mostram se mais interessados e (D) fundamenta-se nos princípios da administração
participativos; científica de Taylor.
(E) Piaget foi o grande inspirador da pedagogia de (E) valoriza diferentemente as áreas de conhecimento,
projetos, que deve ser desenvolvida sempre levando em conta conforme sua importância ou status na sociedade.
as características cognitivas da criança, abrindo, assim,
possibilidades para a pesquisa e o desenvolvimento do aluno. Gabarito

02. (SESI/SP - Supervisor de Ensino - CESPE) O projeto 01.C / 02.A / 03.A / 04.B / 05.C
pedagógico-curricular é o instrumento de articulação entre
fins e meios. Ele faz o ordenamento entre todas as atividades
pedagógicas, curriculares e organizativas da escola, tendo em 3. Espaço e tempo no
vista os objetivos educacionais. Com base nesse pressuposto,
assinale a opção correta.
cotidiano da Educação Infantil
(A) A garantia da qualidade social do ensino acarreta a
crença na possibilidade de educar a todos como condição para
igualdade e inclusão social. A) Introdução
(B) A reorganização das escolas e as mudanças nas práticas
de gestão elevam necessariamente a qualidade da educação e, O dia a dia das creches e pré-escolas é repleto de atividades
por isso, garantem um bom desempenho dos alunos na vida. organizadas por educadores que, de uma maneira ou de outra,
(C) A aferição do desempenho intelectual dos alunos por lidam com o espaço e o tempo a todo o momento. Como
meio de provas e exames no âmbito das escolas é garantia da organizar tempos de brincar, de tomar banho, de se alimentar,
melhoria da qualidade da educação oferecida. de repousar de crianças de diferentes idades nos espaços das
(D) A qualidade da educação se pauta pela elaboração de salas de atividades, do parque, do refeitório, do banheiro, do
um projeto pedagógico que seja fruto da articulação de ideias pátio? É tarefa dos educadores organizar o espaço e o tempo
de um grupo específico apresentado à comunidade escolar. das escolas infantis, sempre levando em conta o objetivo de
proporcionar o desenvolvimento das crianças.
03. (Prefeitura do Natal - Educador Infantil - Barbosa e Horn (2001)13 pesquisam a organização do
Comperve/UFRN) As dimensões básicas a serem espaço e do tempo na escola infantil e afirmam que organizar
consideradas nas metodologias para operacionalização da o cotidiano das crianças da Educação Infantil pressupõe
proposta curricular na educação infantil são: pensar que o estabelecimento de uma sequência básica de
(A) a articulação entre o conhecimento das áreas de atividades diárias. É importante que o educador observe o que
conteúdo, a realidade imediata das crianças e os aspectos as crianças brincam, como estas brincadeiras se desenvolvem,
vinculados à aprendizagem. o que mais gostam de fazer, em que espaços preferem ficar, o
(B) a articulação da realidade sociocultural das crianças, o que lhes chama mais atenção, em que momentos do dia estão
desenvolvimento motor e os interesses específicos que elas mais tranquilos ou mais agitados. Este conhecimento é
manifestam. fundamental para que a estruturação espaço-temporal tenha
significado. Ao lado disto, também é importante considerar o

13 BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Organização do espaço e do tempo na

escola infantil. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E. Educação Infantil. Pra que te
quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 20


APOSTILAS OPÇÃO

contexto sociocultural no qual se insere e a proposta Vygotsky (2007)16 descreve as funções psicológicas
pedagógica da instituição, que deverão lhe dar suporte. superiores do homem, no processo de desenvolvimento, como
Para as pesquisadoras, no que se refere à organização das um movimento em que o indivíduo deixa de utilizar marcas
atividades no tempo, nas escolas de Educação Infantil, são externas (dos outros) e passa a adotar signos internos
necessários momentos diferenciados, organizados de acordo próprios, as chamadas representações mentais, que
com as necessidades biológicas, psicológicas, sociais e substituem os objetos reais na internalização do pensamento.
históricas das crianças (menores ou maiores). Nesse sentido, a O uso das representações mentais liberta o homem do
organização do tempo nas creches e pré-escolas deve espaço e do tempo presentes e são, segundo Oliveira (1995)17,
considerar as necessidades relacionadas ao repouso, o principal mediador a ser considerado na relação do homem
alimentação, higiene de cada criança, levando-se em conta sua com o meio ambiente. É através da Percepção Ambiental e da
faixa etária, suas características pessoais, sua cultura e estilo mediação da interação social que o ser humano toma
de vida que traz de casa para a escola. Assim como o tempo, o consciência do meio com o qual está interagindo. A forma
espaço também deve ser organizado levando-se em conta o como o vivencia, numa relação de troca e reciprocidade, o fará
objetivo da Educação Infantil de promover o desenvolvimento estabelecer relações que virão a influenciar seu
integral das crianças. comportamento.
Horn (2004)14, escreve que o olhar de um educador atento Por meio das diversas percepções (relativas aos sentidos e
é sensível a todos os elementos que estão postos em uma sala às informações socioculturais), o espaço é vivenciado, a
de aula. O modo como organizamos materiais e móveis, e a percepção ambiental dará lugar às sensações provocadas por
forma como crianças e adultos ocupam esse espaço e como elas e que, conjuntamente, farão parte da concepção do
interagem com ele são reveladores de uma concepção ambiente interiorizado pelo indivíduo.
pedagógica. [...] Ela traduz as concepções de criança, de Ainda de acordo com Tuan (1980)18, a percepção que o
educação, de ensino e aprendizagem, bem como uma visão de indivíduo terá de determinado objeto é influenciada pela sua
mundo e de ser humano do educador que atua nesse cenário. própria cultura, isto é, está sujeita à sua interpretação
Portanto, qualquer professor tem, na realidade, uma subjetiva, a qual é mediada por experiências e vivências
concepção pedagógica explicitada no modo como planeja suas anteriores aliada ao processo de significação apreendido em
aulas, na maneira como se relaciona com as crianças, na forma seu grupo social. O espaço, uma vez vivenciado e
como organiza seus espaços na sala de aula. Por exemplo, se o experienciado, passa a ser reconhecido como ambiente. A este
educador planeja as atividades de acordo com a ideia de que último, as sensações vividas determinarão sentimentos e lhe
as crianças aprendem através da memorização de conceitos; atribuirão valores; desta forma, o espaço, antes sem
se mantém uma atitude autoritária sem discutir com as identidade, passa a ser compreendido como lugar.
crianças as regras do convívio em grupo; se privilegia a O que começa como espaço indiferenciado transforma-se
ocupação dos espaços nobres das salas de aula com armários em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de
(onde somente ele tem acesso), mesas e cadeiras, a concepção valor as ideias de “espaço” e “lugar” não podem ser definidas
que revela é eminentemente fundamentada em uma prática uma sem a outra. A partir da segurança e estabilidade do lugar
pedagógica tradicional. estamos cientes da amplidão, da liberdade e da ameaça do
Assim, a pedagogia se faz no espaço realidade e o espaço, espaço, e vice-versa.
por sua vez, consolida a pedagogia. Na realidade, ele é o retrato Pode-se dizer então que a experiência é o fenômeno de
da relação pedagógica estabelecida entre crianças e professor. transformação do espaço em lugar. Segundo Norberg Shulz
Ainda exemplificando, em uma concepção educacional que (1995)19, “o lugar é um fenômeno qualitativo total que não se
compreende o ensinar e o aprender em uma relação de mão pode reduzir a nenhuma de suas propriedades, como as
única, ou seja, o professor ensina e o aluno aprende, toda a relações espaciais, sem que se perca de vista sua natureza
organização do espaço girará em torno da figura do professor. concreta.
As mesas e as cadeiras ocuparão espaços privilegiados na sala Torna-se relevante então, observar como os ambientes de
de aula, e todas as ações das crianças dependerão de seu Educação Infantil estão sendo experienciados e percebidos por
comando, de sua concordância e aquiescência. seus usuários, principalmente as crianças, uma vez que suas
características estarão influindo diretamente essa percepção e
B) Pressupostos Teóricos indiretamente contribuindo ou não no sucesso da função
formadora e educadora da creche ou pré-escola.
Os ambientes vivenciados pelo ser humano desde a mais O espaço adquire assim identidade, passa a ser
tenra idade possuem uma variedade de características que ao reconhecido como ambiente, através da atribuição de um valor
serem observadas e sentidas, promovem diferentes simbólico, que a este é referido por quem o experiência; este
impressões. Cada indivíduo é um ser único, com suas ambiente interage com o indivíduo e a ele proporciona
particularidades e individualidades, ao mesmo tempo que é identificação, segurança, equilíbrio e orientação; ou
parte de um grupo social, assim afirma Blower (2008)15. sentimentos adversos como não apropriação, medo,
A projeção de espaços que serão habitados e vivenciados insegurança, desequilíbrio e desorientação.
pelo ser humano, é tarefa do arquiteto, porém é necessário que
as informações técnicas incluídas nos programas C) O ambiente físico da creche influenciando o
arquitetônicos sejam enriquecidas com contribuições de processo saúde/doença na primeira infância
outras áreas, dando humanidade ao ato de projetar,
consolidando a interação indivíduo e ambiente vivenciado. O ambiente físico, tanto familiar como escolar, é um
Essas contribuições trazem observações importantes com potencial determinante das condições de vida e saúde da
relação à vivência do homem no ambiente. criança, sendo que ambos os ambientes podem oferecer

14 HORN, M. G. S. Sabores, cores, sons, aromas. A organização dos espaços na 17 OLIVEIRA, Martha K. de - Vygotsky: aprendizado e Desenvolvimento, Um

Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004. Processo sócio histórico. Scipione, São Paulo/SP,1995.
15 BLOWER, Hélide C. S. O Lugar do Ambiente na Educação Infantil: Estudo de 18 TUAN, Yi-Fu - Topofilia: Um Estudo da Percepção, Atitudes e Valores do

Caso na Creche Doutor Paulo Niemeyer. Dissertação de Mestrado. Meio ambiente. Ed. Difel, São Paulo, 1980.
PROARQ/FAU/UFRJ: Rio de Janeiro, 2008 19 NORBERG SHULZ, C. Existência, espaço y Arquitetura. Ed. Blume
16 VIGOTSKY, Lev S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, Barcelona,1975.
2007.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 21


APOSTILAS OPÇÃO

condições favoráveis ao surgimento de doenças e acidentes, Os acidentes são uma das principais causas de
bem como a prevenção dos mesmos. morbimortalidade infantil e estes são condicionados por
Segundo Yamamoto (1999)20, a criança, indivíduo em vários fatores, que podem estar inseridos na própria estrutura
permanente modificação biopsiquíca devido aos fenômenos física do ambiente, bem como, o próprio comportamento das
do crescimento e desenvolvimento, mantém-se exposta a crianças, que muitas vezes pode predispor as mesmas a
presença de fatores ambientais dentro e fora de sua casa. vivenciarem situações de risco, podendo levá-las a acidentes
Especialmente, em nosso meio, as doenças do aparelho no contexto escolar (creche).
respiratório, do trato digestivo e as doenças dermatológicas Bessa e Vieira (2001)24, em estudo sobre danos de crianças
são exemplos frequentes de alterações da saúde infantil do pré-escolar e escolar, verificaram que todos os educadores
decorrentes da hostilidade do ambiente de vida. tinham presenciado na escola situações de acidentes nos pré-
As crianças, na primeira infância, fase compreendida entre escolares e escolares. Barros (2002)25 identificaram como
o primeiro e sexto ano de vida, necessitam de maior cuidado e principais fatores de risco para acidentes entre crianças de 04
atenção, no intuito de alcançarem um crescimento e a 05 anos de idade, dentre outros: crianças do sexo masculino,
desenvolvimento favorável. Entretanto, o fato de se presença de irmãos menores, frequência em creche e/ou
encontrarem em fase de maturação dos sistemas orgânicos, escola e residência na periferia urbana.
bem como adquirindo habilidades locomotoras e manuais, são No caso deste estudo, investigamos alguns fatores de risco
consideradas mais propensas a adquirirem doenças dentre as condicionantes a quedas, queimaduras, cortes, sufocação e
quais podemos citar a diarreia e as infecções respiratórias envenenamento no ambiente escolar. Contudo, constatamos
agudas, que são as principais causas de morbimortalidade que o ambiente apresenta um número mais significativo de
infantil em países em desenvolvimento. Nesta fase, são fatores de risco que podem propiciar a quedas e sufocação.
comuns, também, outros tipos de afecções, tais como: No que diz respeito a quedas foi constatado a presença de
dermatoses, otites, distúrbios nutricionais e acidentes. alguns fatores de risco para tal acidente. Dentre estes,
Para Araújo e Vieira (2002)21 o acidente coloca a família, podemos citar principalmente o banheiro das crianças. No
dirigentes escolares e os responsáveis por crianças momento do banho, são reunidas por volta de 10 crianças e
acidentadas, em contato com situações difíceis de entender, apenas duas professoras auxiliares. Uma dá o banho nas
muitas vezes, com graves repercussões e, não raro, frente às crianças e a outra as enxuga, impedindo de que as mesmas
ocorrências irreversíveis como o êxito letal. Os fatores de risco consigam dar toda atenção as demais crianças que se
presentes no ambiente escolar podem comprometer o encontram no banheiro. Além de que, o piso é de cerâmica e
desenvolvimento da criança contribuindo para desencadear não há tapetes antiderrapantes e nem barras de proteção nas
diversos tipos de acidentes. paredes, as quais são revestidas com azulejos, o que pode
Ao ser inserida no ambiente escolar, a criança precisa ter favorecer a quedas. E ainda há um outro agravante, que é o
um lugar que possa promover o seu desenvolvimento, próprio comportamento das crianças durante o momento do
proporcionando-lhe um ambiente físico, afetivo e social banho, que ficam empurrando e batendo umas nas outras.
satisfatório. Contudo, Rezende e Silva (2002)22 referem que de É oportuno salientar que muitas crianças durante o
um modo geral, as creches e pré-escolas em nosso país vêm período de 01 a 03 anos encontram-se em fase de aquisição e
sendo nada mais do que locais de guarda da criança enquanto aprimoramento da locomoção, refinando sua coordenação
sua mãe trabalha, ou na melhor das hipóteses, locais nos quais motora e equilíbrio postural, conforme Sigaud e Veríssimo
a criança pode se alimentar e entrar em contato com algumas (1996)26, o que pode implicar diretamente em desequilíbrio
atividades pedagógicas. durante o banho, pois não tem apoio nas paredes, e o próprio
Além disso, a creche muitas vezes pode favorecer a piso é deslizante.
aquisição de novas afecções para a criança, pois o contato com Outro fator que podemos destacar é que, em sala de aula,
novas situações que podem modificar o seu estado de saúde algumas crianças fazem suas necessidades fisiológicas na
como o convívio social com outras crianças, a exposição a roupa durante o dia, e o piso fica molhado, levando-as a
patógenos, condições hidro sanitárias do ambiente e estrutura brincarem muitas vezes com os dejetos, principalmente a
física, são fatores contribuintes para o processo saúde/doença urina, podendo escorregar, e causar traumas, fraturas, dentre
da mesma, assim afirmando por Whaley e Wong (1999)23. outros. Este tipo de comportamento é natural, pois, segundo
Diante disso, há que se observar aspectos determinantes Whaley e Wong (1999), são durante os 18 a 24 meses de idade
no processo saúde/doença da criança, como estrutura física da que a criança irá apresentar condições para controlar os
creche, higiene, rede de abastecimento e tratamento da água esfíncteres anal e vesical, estabelecendo primeiramente o
utilizada, alimentação consumida, acessibilidade a produtos controle das evacuações, devido sua regularidade e pelo fato
químicos, de limpeza - e o mais importante de todos, a atenção de serem previsíveis com sensações mais fortes, e
direcionada à criança, já que, a mesma permanece o tempo posteriormente conseguem controlar as suas micções.
integral na creche, podendo apresentar situações que possam As divisórias de sala de aula apresentam uma estatura
trazer agravos à saúde da criança. baixa, possibilitando que as crianças subam e pulem para a
outra sala, podendo perder o equilíbrio e caírem.
D) O Ambiente Escolar (creche) x Fatores de Riscos Segundo Araújo e Vieira (2002)27, as quedas registram
para Acidentes números elevados de atendimentos ocasionando, desde
escoriações superficiais, fraturas de membros até culminar
O ambiente escolar (creche) tem um relevante papel para com o inevitável óbito, decorrente de traumas cranianos
promoção da saúde e prevenção de doenças na criança. severos.
Contudo, o contexto escolar pode repercutir de forma
diferenciada, podendo trazer alguns danos à saúde da criança.

20 YAMAMOTO, R. M. Ambiente físico. In:ISSLER, H.; LEONE, C.; MARCONDES; 24 BESSA, A.G.; VIEIRA, L.J.E. de S. Acidentes em crianças no contexto escolar;

E. Pediatria na atenção primária São Paulo: Sarvier, 1999. uma visão do educador. Rev. Cient. Ciências e saúde. v.14, p.15-20, dez., 2001.
21 ARAÚJO, K. L.; VIEIRA, L.J E. de S. A criança e os fatores de risco no ambiente 25 BARROS, F. et al. Fatores de risco para injúrias acidentais em pré-escolares.

domiciliar e escolar: um ensaio reflexivo. v.11, n.3, p.83-87, set./dez., 2002. Jornal de Pediatria.v.78, n.2, p.97-104, 2002.
22 REZENDE, M. A., SILVA, C. V. Cuidado em creches e pré-escolas segundo os 26 SIGAUD, C.H. S.; VERÍSSIMO, M. D. L. O. R. Enfermagem pediátrica: o cuidado

pressupostos de Mayeroff. Acta Paul. Enf., v.15, n. 4, p.73-78, 2002. de enfermagem à criança e ao adolescente. São Paulo: EPU, 1996.
23 WHALEY, L.F; WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica - Elementos essenciais à 27 ARAÚJO, K. L.; VIEIRA, L.J E. de S. A criança e os fatores de risco no ambiente

intervenção efetiva. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. domiciliar e escolar: um ensaio reflexivo. Texto Contexto Enfermagem. v.11, n.3,
p.83-87, set./dez., 2002.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 22


APOSTILAS OPÇÃO

Com relação à sufocação, os fatores de risco observados sistêmicas cujas lesões sejam manifestações cutâneas. As
foram os brinquedos pequenos e desmontáveis em peças dermatites, os eczemas e as infecções bacterianas de pele são
menores e outros pequenos objetos ao alcance das crianças. os problemas dermatológicos mais comuns na infância.
Durante o período na creche, as crianças quando estão Vale salientar que quando for constatado que as crianças
brincando, levam, muitas vezes, os brinquedos à boca, e muitos estão acometidas por algum tipo de doença dermatológica,
destes são pequenos, o que pode resultar na aspiração dos ocorre a separação dos utensílios destas crianças. Mas isto, não
mesmos, causando obstrução das vias respiratórias por corpos impede que a transmissão dos patógenos já tenha acontecido,
estranhos. Apesar das professoras estarem presentes no pois tal atitude só é feita quando se constata a presença de
ambiente em sala de aula, existe um número significativo de sinais mais evidentes pelas professoras.
crianças, em média 15 a 20 crianças para uma professora, Com relação aos problemas gastrintestinais, percebemos
facilitando, de sobremodo, este tipo de acidente, pois se torna que os fatores de risco estão intrinsecamente relacionados
impossível uma adequada supervisão das crianças em sala de com as atitudes das crianças e dos próprios educadores que
aula. precisam enfatizar comportamentos preventivos e,
Deve-se ter inicialmente, o cuidado com o ambiente onde a consequentemente saudável para prevenção destas doenças
criança mais permanece, evitando-se pequenos objetos no âmbito local.
jogados pelo chão ou em outros lugares ao alcance da mesma, De acordo Ribeiro (1996)29 vários fatores podem levar à
tais como pregos, parafusos, tampas de canetas e similares. criança a apresentar doenças gastrintestinais, dentre estes,
Deve-se selecionar os brinquedos segundo a idade; para podemos citar: a idade, pois as crianças menores são mais
crianças mais novas, por exemplo, aqueles que não contenham susceptíveis, por causa da imunodeficiência de anticorpos,
partes pequenas removíveis. principalmente a Ig A, a constituição anatômica e fisiológica da
Sendo assim, as crianças que se encontram na primeira criança, a desnutrição, clima quente, falta de água potável, falta
infância, podem ser consideradas como um dos grupos mais de higiene e falta de recursos adequados no preparo de
vulneráveis para acidentes, devido às limitações que alimentos e desinformação.
apresentam com relação aos aspectos físicos, sensoriais, Vale salientar que muitos dos problemas gastrintestinais
psicomotores e cognitivos, os quais serão desenvolvidos com podem levar à criança a apresentar diarreia, e
o tempo. consequentemente condicionando-a muitas vezes à
Logo, os comportamentos que foram evidenciados pelas desidratação e desnutrição, por isso, o mais importante é
crianças da creche ocorreram devido à própria fase de desenvolver uma atitude crítica e reflexiva dos cuidados que
desenvolvimento, caracterizada pela experimentação ativa, devem ser dispensados à criança para que possa aprender a
curiosidade, a falta de noção de perigo, e o seu pensamento desenvolver comportamentos que promovam sua saúde.
mágico, de que é o todo poderoso, e por tanto, nada poderá
acontecer consigo mesma, o que só vem a intensificar neste Questões
período da primeira infância a riscos de acidentes,
repercutindo diretamente na saúde física, mental, social e 01. É correto afirmar que organizar o cotidiano das
emocional das crianças. crianças da Educação Infantil pressupõe pensar que o
estabelecimento de uma sequência básica de atividades
E) O ambiente escolar (creche) x fatores de riscos para diárias.
doenças ( ) Verdadeiro ( ) Falso

A creche pode apresentar alguns fatores de risco que 02. Dentre os aspectos determinantes no processo de
podem causar agravos externos à saúde das crianças que saúde/doença da criança, pode-se destacar:
permanecem em tempo integral, podendo levá-las a (A) Estrutura física da creche e água tratada.
apresentar problemas dermatológicos, respiratórios e (B) Água tratada, higienização correta dos alimentos,
gastrointestinais. Que, segundo Whaley e Wong (1999), são as estrutura física e acessibilidade à produtos químicos.
afecções que mais acometem as crianças inseridas no contexto (C) Acessibilidade à produtos químicos, higienização
escolar. correta dos alimentos e estrutura física
No que diz respeito aos problemas dermatológicos, (D) Estrutura física, água tratada, higienização correta dos
observamos que muitas das crianças apresentavam algumas alimentos, acessibilidade à produtos químicos e higiene.
destas afecções, desde piodermites, escabiose, pediculose, larva (E) Estrutura física da creche, higiene, água tratada,
migrans e molusco contagioso, verificando a presença não só higienização correta dos alimentos, acessibilidade à produtos
de fatores de risco para estes tipos de doenças, mas também, químicos e o mais importante de todos, a atenção direcionada
constatando atitudes principalmente dos educadores para à criança.
uma maior aquisição destes problemas entre as crianças.
O compartilhamento dos utensílios de higiene pessoal, 03. Em relação aos problemas gastrintestinais, pode-se
como toalhas, sabonetes, pentes, escovas de cabelos, entre afirmar que os fatores de risco está intrinsecamente
todas as crianças, pode causar tais doenças. Apesar de no início relacionado com as atitudes das crianças.
do ano letivo, ser solicitado como item de material escolar um ( ) Verdadeiro ( ) Falso
kit para higiene pessoal, é comum professoras não utilizam o
utensílio individual para cada criança, pelo contrário, fazem o Gabarito
uso do mesmo em todas as crianças, repondo à medida que vai
acabando, o que facilita a proliferação dos microrganismos 01.Verdadeiro / 02.E / 03.Falso
entre as crianças, intensificando os problemas dermatológicos
nas mesmas.
De acordo com Collet e Oliveira (2002)28 as doenças da
pele, geralmente, originam-se de contato com agentes nocivos,
tais como microrganismos infecciosos, compostos químicos
tóxicos, traumas físicos, fatores hereditários, doenças

28 OLLET, N.; OLIVEIRA, B. R. G. Enfermagem pediátrica. Goiânia: AB, 2002. 29 RIBEIRO, M. O. A criança com diarreia aguda. In: SIGAUD, C.H. S.;

VERÍSSIMO, M. D. L. O. R. Enfermagem pediátrica: o cuidado de enfermagem à


criança e ao adolescente. São Paulo: EPU, 1996.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 23


APOSTILAS OPÇÃO

contribuição da documentação de forma rica e diversificada


4. Observação e registro na para cada educador. As narrativas estabelecem alguns
padrões:
Educação Infantil - A solicitação (corresponde a orientação que se dá do que
fazer e de como fazer), ela pode ser feita pelo orientador da
instituição ou por conta própria;
30Existem várias definições para nos referirmos à técnica - A periodicidade (as anotações costumam ser um árduo e
de documentação: registros de aulas, histórias, diários, custoso trabalho em questão de tempo e esforço pessoal, no
relatórios, observações, etc. Apesar de não terem o mesmo entanto, não precisam ser feitas diariamente, mas regulares,
processo e de não serem técnicas iguais, elas descrevem sistemáticas, garantindo assim a continuidade dos fatos e a
pontos relevantes feitos através da observação e do registro logicidade dos registros);
do processo educacional. - A quantidade (não importa o número de páginas que
tenha seu relato, mas sim informações importantes, que
Para que entendamos a definição dos registros escolares, permitam uma reflexão sobre o conteúdo);
algumas observações são feitas: - O conteúdo (mais reflexivo do que descritivo, mais
- Os registros não têm obrigatoriedade de serem feitos qualitativo do que quantitativo, também pode ficar a dispor da
diariamente; solicitação ou da orientação que é dada);
- Devem ser feitos pelos próprios professores, em forma de - A duração (não existem limitações de tempo e espaço
narração; para realização dos registros).
- O conteúdo da narração é de forma livre e espontânea.
Com tais relatos, disponibiliza-se material de acervo
Assim, o registro deve ser uma reflexão da própria prática pedagógico e cultural de épocas que poderão ser vistas e
de ensino, tendo como principal foco a abordagem biográfica. estudadas por outros especialistas da educação, tornando-se
Para que esta reflexão aconteça, deve-se ter em mente que o material rico de pesquisa, servindo como proposta para
autor precisa de uma base teórica em fundamentos e que reflexão e construção de novas técnicas pedagógicas. A tarefa
continue atualizando-se em meio às novas tecnologias. Rosa31 de construção dos relatos compreende o contexto institucional
destaca: "Muitos indivíduos vão para o mercado de trabalho e e relacional das atividades escolares como referenciais para a
permanecem bastante distanciados dos programas de compreensão dos processos envolvidos no espaço escolar.
atualização, ficando a troca nos locais de trabalho, e os livros A necessidade em falar sobre o registro e aflorar a
didáticos como fonte exclusiva para adquirir novos discussão apontando os valores e os benefícios do que o
conhecimentos". mesmo promove no desenvolvimento profissional,
Para Mizukami32 a base de conhecimento para o ensino é aperfeiçoando e mudando a prática docente, apresenta-se à
abrangente," consiste de um corpo de compreensões, medida que o compartilhar pensamentos utilizando a escrita
conhecimentos, habilidades e disposições necessárias" para do outro para fazer a leitura, permite alcançar a compreensão
que o professor possa exercer sua profissão, promovendo sobre outra perspectiva, de modo que a repercussão venha a
aprendizagens significativas, deve-se investir em ações transformar estas práticas cada vez mais inclusivas perante as
formativas a partir de práticas reflexivas e investigativas na diversidades existentes no ambiente escolar.
formação inicial do professor. Defender o conceito de que é extremamente importante
Dentro desta perspectiva, faz-se notar a enorme que a escola possa oferecer espaços e oportunidades para a
importância da história escolar da criança, como esta se troca de experiências, confronto de ideias, através da
construiu nas relações com professores, corpo diretivo e exposição da escrita, lembrar que ao registrar suas reflexões,
colegas. o professor torna-se autor do que pensa e em consequência
Os estudos sobre os registros escolares são componentes autor do seu jeito de fazer.
que atualmente sofrem defasagem por parte dos educadores, A coragem para enfrentar desafios e mudar posturas
os quais não percebem sua importância como instrumento de enraizadas é o obstáculo que o docente precisa aprender a
pesquisa e desenvolvimento profissional, por falta de vencer. Como dizia o grande educador Paulo Freire, “a gente
esclarecimentos. pensa melhor quando pensa a partir do que faz, da prática”.
A tarefa de fazer registros sobre o cotidiano escolar torna
possível o distanciamento da ação e do que está escriturado, Portanto, deve-se pensar no registro como ferramenta
ajudando o educador a planejar, revisar e refletir diante da sua metodológica do professor, um instrumento de formação
prática. Esta reflexão é um ponto importante para análise das continua. Pior fim, o registro constituí uma ferramenta que
competências profissionais, permitindo reajustes permite uma análise crítica e um redimensionamento do
permanentes, contribuindo para a identificação de pontos trabalho pedagógico. A construção do discurso sobre a
positivos e negativos. realidade, expressa em narrativas sequenciais possibilita uma
Citando Miguel Zabalza, "sem olhar para trás, é impossível tomada de decisão consciente levando ao aprimoramento da
seguir em frente". É isto que os registros podem proporcionar. prática pedagógica.
O valor formativo dos registros acontece a partir do
momento em que recodificamos a experiência narrada, Questões
reconstruindo-a. Assim, ele oferece também dupla perspectiva
sobre o trabalho, a sincrônica e a diacrônica, de forma que se 01. É INCORRETO afirmar que a relação professor‐aluno
pode avaliar o que está acontecendo diariamente, bem como o no processo de uma aprendizagem significativa consiste:
acumulado durante um período mais longo. (A) Na relação empática do professor e alunos.
(B) Na sua capacidade de ouvir e refletir sobre seus alunos.
Ao apresentar uma estrutura narrativa flexível ao modo de
escrita do autor, aumentam-se as possibilidades de

30 Rezende, Márcia Ambrósio Rodrigues. A Relação Registro/Avaliação no 31 Zabalza, Miguel A. Diário de Aula: Um instrumento de pesquisa e

Ciclo da Juventude: Possibilidades e Limites na Construção de uma Prática desenvolvimento profissional. Zabalza, Miguel; trad. Ernani Rosa. - Porto Alegre:
Educativa Inovadora Belo Horizonte: 2004. Faculdade de Educação, Universidade Artmed, 2004.
Federal de Minas Gerais Orientadora: Ângela Imaculada Loureiro de F. Dalben. 32 Mizukami, M. G. N. (2004). Aprendizagem da docência: algumas

contribuições de L. S. Shulman. Revista Educação, 29.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 24


APOSTILAS OPÇÃO

(C) Unicamente na absorção de informação por parte dos intelectual das crianças e aponta que as atividades sejam
alunos. planejadas de acordo com a faixa etária das crianças. Nesse
(D) Na criação de pontes entre o seu conhecimento e o dos capítulo ainda aborda uma discussão pautada nas ideias de
alunos. Edwards, Gandini e Forman sobre o ritmo das crianças e a
importância de seu protagonismo.
02. Julgue a afirmação abaixo: No capítulo 3 O protagonismo das crianças diante dos
desafios dos objetos e dos materiais, a autora apropria-se dos
A tarefa de fazer registros sobre o cotidiano escolar torna conceitos de Mallaguzzi e Goodson, autores italianos, da região
impossível o distanciamento da ação e do que está escriturado, de Régio Emília, sobre o currículo emergente ou narrativo, e
ajudando o educador a planejar, revisar e refletir diante da sua nos leva a refletir sobre os espaços da escola, como lugares
prática. para adultos e crianças partilharem a vida cotidiana. Assim, o
( ) Certo ( ) Errado capítulo sugere ações importantes para tornar o protagonismo
das crianças efetivo no cotidiano escolar.
Gabarito No Capítulo 4 Brincar, explorar e interagir nos diferentes
espaços das instituições de Educação Infantil, Horn afirma que
01.C / 02.Errado todos os espaços educam e que em todos, os(as)
professores(as) devem considerar as necessidades afetivas,
fisiológicas, anatômicas e corporais das crianças. Salienta que
HORN, Maria da Graça Souza. os espaços externos, são importantes para o desenvolvimento
Brincar e interagir nos espaços e envolvimento entre as crianças e professores.
No capítulo 5 Brincar, explorar e interagir nos espaços
da escola infantil. Porto Alegre: externos das instituições de Educação Infantil, a autora analisa
Penso, 2017 a importância dos espaços externos, e sugeri que a construção
de uma instituição infantil seja planejada para as interações e
o protagonismo das crianças. A autora apresenta, nos capítulos
Crianças aprendem em todos os locais, internos ou 4 e 5, sugestões de mobiliários, objetos e elementos
externos, em interação com seus companheiros e com o importantes para cada espaço.
espaço. À luz das Diretrizes Curriculares Nacionais para a No capítulo 6 Para avaliar e refletir, Horn aponta ao leitor
Educação Infantil, os espaços são um eixo estruturante das a importância de se repensar os espaços nas instituições de
propostas pedagógicas das instituições. Este livro contempla Educação Infantil, assim como os modelos pedagógicos
as especificidades da organização dos espaços para crianças vivenciados nesses espaços.
que frequentam instituições de educação infantil no Brasil; O livro apresenta discussões importantes para a Educação
fornece sugestões de materiais e orientações para sua Infantil, uma vez que a autora nos leva a pensar que o
disposição, a fim de qualificar os diferentes lugares da escola; protagonismo das crianças é tarefa de muita ação e empenho,
e norteia o trabalho junto às crianças, entendendo o espaço da e que exige humildade por parte dos educadores. Trata-se de
escola infantil como verdadeiro parceiro pedagógico, palco de um livro essencial a todos aqueles que almejam seguir a
interações e brincadeiras que lhes propiciam vida e prazer. carreira profissional como docentes da Educação Infantil.
33A autora possui diversas obras com temáticas voltadas à

Educação Infantil, entre elas o Brincar e Interagir nos espaços


da Escola (Educação) Infantil, que é composta por seis OSTETTO, Luciana
capítulos nos quais busca analisar os espaços das instituições Esmeralda. Educação infantil:
infantis considerando sua estrutura física, os espaços e os saberes e fazeres da formação
tempos destinados às brincadeiras e interações das crianças.
No capítulo 1 A organização dos espaços e dos materiais e o
de professores. Campinas:
cotidiano na educação infanti,l a autora, com base na Lei de Papirus, 2012
Diretrizes e Bases da Educação (LDB - lei n. 9394/96), discute
as propostas pedagógicas das instituições infantis,
considerando a organização dos espaços e tempos, além da Este livro discute os saberes e fazeres de educadoras em
concepção da infância, uma vez que essas categorias são formação. Em seu contato com o cotidiano das creches, elas
integrantes do currículo da escola, caracterizando o professor analisam as propostas de trabalho com diferentes grupos
como mediador neste cotidiano. etários, abordam suas experiências e refletem sobre o
Com base em Sarmento e Corsaro, dois autores da processo que estão vivendo, sempre em diálogo com
Sociologia da Infância, discorre sobre a construção social, meio profissionais, crianças e famílias. São abordados temas da
e cultura como fatores principais que difere o ser humano das educação infantil, como a especificidade que é ser professora
outras espécies, por ser capaz de simbolizar e criar. Ressalta de bebês; a importância de adotar uma proposta que seja
que nos espaços e ambientes das instituições, as relações que sustentada na experimentação, na pesquisa e na vivência com
se estabelecem entre os indivíduos, envolvem a afetividade, as diferentes materiais e espaços; o trabalho em pequenos
sensações, recordações, simbologias e criações que perpassa grupos; as dificuldades e os desafios de construir relações
por esses espaços e adentram a vida cotidiana das crianças. pautadas na escuta, na afetividade e no respeito às diferenças;
A autora também analisa a interação entre as crianças a corresponsabilidade da creche e da universidade na
nesses espaços, baseando-se em Wallon e em Vygotsky e inicia formação de novos educadores. Em resumo, os textos
uma discussão sobre a descentralização da figura do adulto mostram que a qualidade da educação infantil está
nas práticas pedagógicas. diretamente relacionada a fatores como compromisso,
No capítulo 2 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a dedicação e disposição para ver e ouvir as crianças.
Educação Infantil: Brincar e Interagir, Horn aborda a Das práticas formativas, construídas no encontro com a
diversidade de produtos culturais, brinquedos, objetos e rede pública de educação, muito pode ser contado, dando
infraestrutura que devem ser pensadas nas instituições visibilidade a caminhos percorridos, como também
infantis, visando o bem-estar e a construção moral e alimentando e provocando caminhos a percorrer. Eis, pois,

33https://goo.gl/yshkLN

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 25


APOSTILAS OPÇÃO

outra busca anunciada: reafirmar saberes e fazeres de É possível afirmar que este livro é um expoente máximo
educadoras em formação que, no encontro com a creche, falam incentivando os educadores que já registram ou desejam
de si, das propostas de trabalho com diferentes grupos etários, registrar suas práticas e aos profissionais da educação que
do processo de fazer-se professora, no diálogo com exercem a mediação pedagógica em programas de formação
profissionais, crianças, famílias, ambientes. de educadores.
É importante criar/garantir canais de socialização das A prática do registro na Educação Infantil caracteriza-se
práticas vivenciadas nos processos formativos do educador da como uma ação importante de avaliação do trabalho
educação infantil. Dessa forma, este livro traz a proposição de pedagógico e do desenvolvimento infantil. Sobre o registro,
afirmar a autoria de educadoras que contam a experiência, Ostetto nos diz que: Por meio do registro travamos um diálogo
refletindo, avaliando, criticando, tecendo comentários e com nossa prática, entremeando perguntas, percebendo idas e
análises no acontecer da relação com as crianças, no cotidiano vindas, buscando respostas que vão sendo elaboradas no
de uma creche pública municipal. encadeamento da escrita, na medida em que o vivido vai se
Além de terem sido produzidos no contexto específico de tornando explícito, traduzido e, portanto, passível de reflexão.
estágio, realizado numa mesma instituição, uma característica Nesse sentido, para o professor é preciso que o ato de
que identifica os artigos aqui reunidos é a prática do registro registrar esteja intimamente ligado ao ato de avaliar e de
diário como fonte de documentação e possibilidade de acompanhar o desenvolvimento da criança, possibilitando a
reflexão sobre o cotidiano, as crianças, o fazer, educativo. melhor percepção dos progressos, dificuldades e obstáculos da
Nessa direção, abrindo a coletânea, o artigo “Observação, criança, como também, permite efetuar as intervenções
registro, documentação: Nomear e significar as experiências” imediatas corretas apontando possíveis encaminhamentos.
discute exatamente essa prática singular e primordial para o Para isso são necessárias algumas atitudes do professor,
educador e o processo pedagógico. A proposta de registrar a como escutar, observar e analisar a criança nas experiências
experiência vivida, descrevendo, analisando a complexa trama individuais e coletivas vividas em todos os momentos na
do cotidiano educativo, tem sido apontada e assumida como instituição.
essencial para a qualificação da prática pedagógica. O registro Assim, o registro deve ser uma reflexão da própria prática
diário, compreendido como espaço privilegiado da reflexão do de ensino e para que esta reflexão aconteça, deve-se ter em
professor, converte-se em atitude vital, na medida em que lhe mente que o autor precisa de uma base teórica em
dá apoio e lhe oferece base para seguir sua jornada junto com fundamentos e que continue atualizando-se em meio às novas
as crianças. Nesses termos, é verdadeiramente um tecnologias.
instrumento do trabalho do professor, articulando-se ao A tarefa de fazer registros sobre o cotidiano escolar torna
planejamento e à avaliação. Registrar é deixar marcas, tecer possível o distanciamento da ação e do que está escriturado,
memória, fazer história. É também a possibilidade de ajudando o educador a planejar, revisar e refletir diante da sua
compartilhar descobertas, práticas e reflexões com outros prática. Esta reflexão é um ponto importante para análise das
educadores. competências profissionais, permitindo reajustes
permanentes, contribuindo para a identificação de pontos
positivos e negativos. Citando Miguel Angel Zabalza, "Sem
________. Registros na olhar para trás, é impossível seguir em frente". É isto que os
registros podem proporcionar.
Educação Infantil. Pesquisa e O valor formativo dos registros acontece a partir do
prática pedagógica. Campinas: momento em que recodificamos a experiência narrada,
Papirus, 2018 reconstruindo-a. Assim, ele oferece também dupla perspectiva
sobre o trabalho, de forma que se pode avaliar o que está
acontecendo diariamente, bem como o acumulado durante um
período mais longo.
34Educação Infantil e registro de práticas, uma obra que
Para Warschauer, “refletir sobre o passado (e sobre o
nos remete a reflexão como possibilidade da formação presente) é avaliar as próprias ações, o que auxilia na
continuada do professor, fazendo um conceito de registro, construção do novo. E o novo é a indicação do futuro. É o
definindo de que forma acontece fundamentado teoricamente planejamento”.
em outros autores, sem deixar de lado o comprometimento Mas, ao mesmo tempo, esse processo é necessário e
com a sua realidade. precisa ser sistemático, contendo um caráter de análise e
Lopes fala da formação de docentes produtores de seus reflexão, que será feito por meio do registro do
próprios saberes em um contexto de percepção, apresenta desenvolvimento da criança no decorrer de um período.
também a sua história e concepção de vários tipos de registros,
através de uma linguagem bastante acessível, o livro mescla
momentos de práticas com momentos de diálogos diretos, que
dão maior realidade a esse processo. RAMOS, Zilma. Educação
São relatos de educadores que nos levam a redescobrir, a Infantil: fundamentos e
resinificar o cotidiano da Educação Infantil de uma maneira métodos. 7 ed. São Paulo:
comprometida, a autora nos faz viajar no mundo das Cortez, 2011
possibilidades, apresentando o registro como um instrumento
favorável à reflexão e à construção de uma postura
investigativa por parte do professor, valorizando suas autorias
35Uma introdução ao tema
como uma característica marcante e objetivando o
fundamento da reflexão, como palco do desenvolvimento
profissional do educador. Em nosso país, as instituições mantidas pelo poder público
Veiga considera o registro escrito “um processo de têm dado prioridade de matrícula aos filhos de trabalhadores
construção e de autoria, uma vez que expressa o resultado da de baixa renda, invocando a noção de “risco social”. Por vezes,
reflexão sobre a experiência vivida como docente”. o argumento é que a educação das crianças em idade anterior
à do ingresso no ensino fundamental deve ser um serviço de
assistência às famílias, para que pais e mães possam trabalhar

34https://goo.gl/2tVnYR 35https://goo.gl/r8SmDL

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 26


APOSTILAS OPÇÃO

despreocupadas com os cuidados básicos a serem ministrados e são postas em prática hoje sem considerar o contexto de sua
a seus filhos pequenos. Em outras ocasiões, sustenta-se, produção.
particularmente por parte dos grupos sociais privilegiados,
que a creche e pré-escola devem ser organizações A construção de concepções teóricas sobre a educação
preocupadas em garantir a aprendizagem e o da infância
desenvolvimento global das crianças desde o nascimento. A discussão sobre a escolaridade obrigatória, que se
(...) não é possível ter guarda das crianças sem as educar, e intensificou em vários países europeus nos séculos XVIII e XIX,
educá-las envolve também tomar conta delas. A existência enfatizou a importância da educação para o desenvolvimento
desse tipo de argumentação só se explica por razões históricas, social. Nesse momento, a criança passou a ser o centro do
como uma das formas que a sociedade brasileira, com suas interesse educativo dos adultos, o que tornava a escola (pelo
marcantes desigualdades sociais para regular as menos para os que podiam frequentá-la) um instrumento
oportunidades de acesso aos bens culturais de que dispõem as fundamental.
diferentes camadas da população. Alguns setores das elites políticas dos países europeus
sustentavam que não seria correto para a sociedade como um
Pode-se falar em uma escola da infância? todo que se educassem as crianças pobres, para as quais era
proposto apenas o aprendizado de uma ocupação e da piedade.
Na educação grega do período clássico, “infância” referia- Opondo-se, alguns reformadores protestantes defendiam a
se a seres com tendências selvagens a serem dominadas pela educação como um direito universal.
razão e pelo bem ético e político. Já o pensamento medieval Autores como Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Decroly,
entendia a infância como evidência da natureza pecadora do Froebel e Montessori, entre outros, estabeleceram as bases
homem, pois nela a razão, reflexo da luz divina, não se para um sistema de ensino mais centrado.
manifestaria.
(...) propomos que creches e pré-escolas busquem Um olhar sobre as novas propostas educacionais
aproximar cultura, linguagem, cognição e afetividade como
elementos constituintes do desenvolvimento humano e Educar crianças menores de 6 anos de diferentes
voltados para a construção da imaginação e da lógica, condições sociais já era uma questão tratada por Comênio
considerando que estas, assim como a sociabilidade, (1592 - 1670), educador e bispo protestante checo.
afetividade e a criatividade, têm muitas raízes e gêneses. (...) Em 1637 elaborou um plano de escola maternal em que
A forte influência, na área da educação infantil, de uma recomendava o uso de materiais audiovisuais, como livros de
história higienista, de priorização de cuidados de saúde, e imagens, para educar crianças pequenas.
assistencialista, que ressalta o auxílio a população de risco Afiançava ele que o cultivo dos sentidos e da imaginação
social, tem feito com que as propostas de creches e pré-escolas precedia o desenvolvimento do lado racional da criança.
oscilem entre uma ênfase maior ou no cuidar ou no educar, Impressões sensoriais advindas da experiência com manuseio
apresentando dificuldades para integrar as duas tarefas. de objetos seriam internalizadas e futuramente interpretadas
pela razão. Também a exploração do mundo no brincar era
Metas almejadas vista como uma forma de educação pelos sentidos.
“A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, (...) o filósofo genebrino Jean Jacques Rousseau (1712 -
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 1778) criou um proposta educacional em que combatia
seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, preconceitos, autoritarismos e todas as instituições sociais que
intelectual e social, complementando a ação da família e da violentassem a liberdade característica da natureza. Ele se
comunidade” (Lei 9394/ 96, artigo 29). opunha à prática familiar vigente de delegar a educação dos
Na educação infantil, hoje, busca-se ampliar certos filhos a preceptores, para que estes os tratassem com
requisitos necessários para adequada inserção da criança no severidade, e destacava o papel da mãe como educadora
mundo atual: sensibilidade (estética e interpessoal), natural das crianças.
solidariedade (intelectual e comportamental) e senso crítico As ideias de Rousseau abriram caminho para as
(autonomia, pensamento divergente). concepções educacionais do suíço Pestalozzi (1746 - 1827),
que também reagiu contra o intelectualismo excessivo da
Educação para a cidadania e para o convívio com educação tradicional.
diferenças Pestalozzi destacou ainda valor educativo do trabalho
Ser cidadão significa ser tratado com urbanidade e manual e a importância de a criança desenvolver destreza
aprender a fazer o mesmo em relação às demais pessoas, ter prática.
acesso a formas mais interessantes de conhecer e aprender a Levou adiante a ideia de prontidão, já presente em
enriquecer-se com a troca de experiências com outros Rousseau, e de organização graduada do conhecimento, do
indivíduos. mais simples ao mais complexo, que já aparecia em Comênio.
Isso implica tomar consciência de problemas coletivos e Sua pedagogia enfatizava ainda a necessidade de a escola
relacionar experiências da própria comunidade com o que treinar a vontade e desenvolver as atitudes morais dos alunos.
ocorre em outros contextos. A educação para a cidadania inclui As ideias de Pestalozzi foram levadas adiante por Froebel
aprender a tomar a perspectiva do outro (...) e ter consciência (1782 - 1852), educador alemão (...) criou em 1857 o
dos direitos e deveres próprios e alheios. kindergarten (‘jardim de infância”), onde crianças e
adolescentes (...) estariam livres para aprender sobre si
Os primeiros passos na construção das ideias e práticas mesmos e sobre o mundo.
de educação infantil O manuseio de objetos e a participação em atividades
No que se refere à educação da criança pequena em diversas de livre expressão por meio da música, de gestos, de
creches e pré-escolas, práticas educativas e conceitos básicos construções com papel, argila e blocos ou da linguagem
foram sendo constituídos com base em situações sociais possibilitariam que o mundo interno da criança se
concretas que, por sua vez, geraram regulamentações e leis exteriorizasse, a fim de que ela pudesse, então, ver-se
como parte de políticas públicas historicamente elaboradas. objetivamente e modificar-se, observando, descobrindo e
Concepções, muitas vezes, antagônicas, defendidas na encontrando soluções.
educação infantil têm raízes em momentos históricos diversos

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 27


APOSTILAS OPÇÃO

A educação infantil europeia no século XX O Brasil República

No período que se seguiu a Primeira Guerra Mundial, por Particulares fundaram em 1899 o Instituto de Proteção e
exemplo, com o aumento do número de órfãos e a deterioração Assistência a Infância, que precedeu a criação, em 1919, do
ambiental, as funções de hospitalidade e de higiene exercidas Departamento da Criança, iniciativa governamental
pelas instituições que cuidavam da educação infantil se decorrente de uma preocupação com a saúde pública que
destacaram. acabou por suscitar a ideia de assistência científica à infância
A sistematização de atividades para crianças pequenas (...) surgiu uma série de escolas infantis e jardins de infância,
com o uso de materiais especialmente confeccionados foi alguns deles criados por imigrantes europeus para o
realizada por dois médicos interessados pela educação: atendimento de seus filhos.
Ovídeio Decroly e Maria Monterossi. Decroly (1871 - 1932), Enquanto isso, a urbanização e a industrialização nos
médico belga, trabalhando com crianças excepcionais, centros urbanos maiores, intensificadas no início do século XX,
elaborou, em 1901, uma metodologia de ensino que propunha produziram um conjunto de efeito que modificaram a
atividades didáticas baseadas na ideia de totalidade do estrutura familiar tradicional no que se refere ao cuidado com
funcionamento psicológico e no interesse da criança, os filhos.
adequadas ao sincretismo que ele julgava ser próprio do Como a maioria da mão de obra masculina estava na
pensamento infantil. lavoura, as fábricas criadas na época tiveram de admitir
(...) psiquiatra italiana Maria Montessori (1879 - 1952) grande número de mulheres no trabalho. O problema do
inclui-se também na lista dos principais construtores de cuidado de seus filhos enquanto trabalhavam não foi, todavia,
propostas sistematizadas para a educação infantil no século considerado pelas indústrias que se estabeleciam, levando as
XX. Tendo sido encarregada da seção de crianças com mães operárias a encontrar soluções emergenciais em seus
deficiência mental em uma clínica psiquiátrica de Roma, próprios núcleos familiares ou em outras mulheres.
produziu uma metodologia de ensino com base nos estudos (...) a vida da população das cidades, conturbadas pelo
dos médicos Itard e Segun, que haviam proposto o uso de projeto de industrialização e urbanização do capitalismo
materiais apropriados como recursos educacionais. monopolista e excludente em expansão, exigia paliativos aos
Ao contrário de Rousseau, que defendia a autoeducação, seus efeitos nocivos nos centros urbanos, que se
Montessori não aceitava a natureza como o ambiente industrializavam rapidamente e não dispunham de
apropriado para o desenvolvimento infantil. infraestrutura urbana em termos de saneamento básico,
Montessori criou instrumentos especialmente elaborados moradias, etc., trazendo o perigo de constantes epidemias. A
para a educação motora (...) e para a educação dos sentidos e creche seria um desses paliativos, na visão de sanitaristas
da inteligência - por exemplo, letras móveis, letras recortadas preocupados com as condições de vida da população operária,
em cartões-lixa para aprendizado de operações com números. ou seja, com a preservação e reprodução da mão de obra, que
Foi ainda quem valorizou a diminuição do tamanho do geralmente habitava ambientes insalubres.
mobiliário usado pelas crianças nas pré-escolas e a exigência Entendidas como “mal necessário”, as creches eram
de diminuir os objetos domésticos cotidianos a serem planejadas como instituições de saúde, com rotinas de triagem,
utilizados para brincar na casinha de bonecas. lactário, preocupação com a higiene do ambiente físico. Por
Destacaram-se, na pedagogia e na psicologia, no período trás disso, buscava-se regular todos os atos da vida,
seguinte à Primeira Guerra Mundial (quando era proposta a particularmente dos membros das camadas populares.
salvação social pela educação), as ideias a respeito da infância No imaginário da época, a mãe continuava sendo a dona do
como fase de valor positivo e de respeito à natureza. Tais lar devendo limitar-se a ele (...). Os trabalhos com as crianças
ideias impulsionara um espírito de renovação escolar que nas creches tinham assim um caráter assistencial-protetoral. A
culminou com o Movimento das Escolas Novas. Esse preocupação era alimentar, cuidar da higiene e da segurança
movimento se posicionava contra a concepção de que a escola física, sendo pouco valorizado um trabalho orientado à
deveria preparar para a vida com uma visão centrada no educação e ao desenvolvimento intelectual e afetivo das
adulto, desconhecendo as características do pensamento crianças.
infantil e os interesses e necessidades próprias da infância.
Celestin Freinet (1896 - 1966) (...) Para ele, a educação que Novos tópicos na história da educação infantil no
a escola dava ás crianças deveria extrapolar os limites da sala Brasil
de aula e integrar-se às experiências por elas vividas em seu
meio social. (...) debates nacionais sobre os problemas das crianças
A pedagogia de Freinet organiza-se ao redor de uma série provenientes dos extratos sociais desfavorecidos afiançavam
de técnicas e atividades, entre elas as aulas-passeio, o desenho que o atendimento pré-escolar público seria elemento
livre, o texto livre, o jornal escolar, a correspondência fundamental para remediar as carências de sua clientela,
interescolar, o livro da vida. Inclui ainda oficinas de trabalhos geralmente mais pobre. Segundo essa perspectiva
manuais e intelectuais, o ensino por contratos de trabalho, a compensatória, o atendimento às crianças dessas camadas em
organização de cooperativas na escola. Apesar de ele não ter instituições como creches, parques infantis e pré-escolas
trabalhado diretamente com crianças pequenas, sua possibilitaria a superação das condições sociais a que estavam
experiência teve lento mas marcante impacto sobre as práticas sujeitas, mesmo sem alteração das estruturas sociais
didáticas em creches e pré-escolas em vários países. geradores daqueles problemas.

Os primeiros passos da história da Educação Infantil


Ademais, a abolição da escravatura no Brasil (...) concorreu
para o aumento do abandono de crianças e para a busca de
novas soluções para o problema da infância, as quais, na
verdade, representavam apenas uma “arte de varrer o
problema para debaixo do tapete”: criação de creches, asilos e
internatos, vistos na época como instituições assemelhadas e
destinadas a cuidar de crianças pobres.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 28


APOSTILAS OPÇÃO

significado ao mundo, cuidando de si e aprendendo sobre si


RIO DE JANEIRO. Orientações mesma e os outros. Assim, ganha destaque o trabalho
Curriculares para a Educação exploratório das crianças especialmente por meio da
Infantil. Secretaria Municipal brincadeira. Além disso, as ORIENTAÇÕES CURRICULARES
têm a intenção de incluir tanto a exploração de assuntos das
de Educação do Rio de Janeiro, diferentes áreas do conhecimento, assim como dar lugar às
2010 diferentes linguagens por meio das quais as crianças e adultos
se expressam e desenvolvem interações, de forma integrada.

I - INTRODUÇÃO

Aos profissionais de Educação Infantil da Rede de Ensino


da Cidade do Rio de Janeiro,

A Secretaria Municipal de Educação, reafirmando seu


compromisso de assegurar uma Educação Infantil de
qualidade à população da cidade do Rio de Janeiro, apresenta
as suas ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO
INFANTIL.

Para a elaboração deste documento, tomaram-se como


ponto de partida as propostas, planejamentos e projetos
políticos pedagógicos das instituições de Educação Infantil da
rede municipal de ensino, o aprofundamento das diretrizes
apresentadas no fascículo da Multieducação, Temas em Favela com o Cristo Redentor - Vanessa Lima
http://vanessalima.arteblog.com.br/35/
debate/Educação Infantil - Revendo percursos no diálogo com
os educadores (Rio de Janeiro, SME, 2005), e a versão
São muitas e variadas as histórias de vida que trazem os
preliminar das Orientações Curriculares para Educação
meninos e as meninas da cidade do Rio de Janeiro para as
Infantil, de março de 2009. Consultou-se ainda literatura
instituições de Educação Infantil. Dessa forma, essas
específica sobre o trabalho com crianças de 0 a 6 anos
produzida no Brasil e no exterior, o Referencial Curricular para ORIENTAÇÕES CURRICULARES também consideram que se
faz urgente e necessário, o compromisso de promover uma
a Educação Infantil, MEC (1998), as Diretrizes Curriculares
educação voltada para a perspectiva inclusiva. As diferenças
para Educação Infantil, MEC (1998) e Critérios para o
sociais, econômicas e familiares, físicas, cognitivas e
Atendimento em Creches que Respeita os Direitos
psicológicas são consideradas componentes do coletivo que
Fundamentais da Criança (Rosemberg e Campos, 1994) e
contribuem para as formas criativas de viver em sociedade.
Indicadores de Qualidade da Educação Infantil (MEC, 2009).
Pensar as orientações curriculares e as expectativas de
PARA QUE EDUCAÇÃO INFANTIL, HOJE ?
aprendizagens para crianças da Educação Infantil é um grande
desafio, em especial, por ter a Rede Municipal de Ensino da
Historicamente, a Rede Municipal de Ensino do Rio de
Cidade do Rio de Janeiro grande visibilidade em nosso país.
Janeiro tem reconhecido a função pedagógica da Educação
Este documento se atém à abrangência da idade da Educação
Infantil reforçando o processo de democratização da educação
Infantil. Esta faixa etária é definida pela portaria de matrícula
brasileira. As crianças têm o direito de se desenvolver
vigente.
integralmente com oportunidades apropriadas à sua faixa
Nesse sentido, este documento vem oferecer à Educação
Infantil da Rede Municipal de Ensino importantes norteadores etária. Hoje, as Creches, Pré-Escolas e EDIs são, cada vez mais,
espaços de ações pedagógicas intencionais e sistemáticas que,
que auxiliem as instituições existentes (e aquelas que serão
por isso, têm impacto na Educação Básica.
inauguradas), a elaborar, desenvolver e avaliar, com
A Educação Infantil atua no processo de desenvolvimento
autonomia, seu projeto pedagógico. Ele pretende avançar nas
da criança em todas as dimensões humanas: afetiva, motora,
possibilidades de se intensificar e articular o trabalho já
cognitiva, social, linguística e política, propiciando a ela
presente nas Creches, Pré-Escolas e Espaços de
conhecer e aprender sobre o mundo que a abraça com afeto,
Desenvolvimento Infantil (EDIs), buscando respeitar a
prazer e/ou desprazer; que se apresenta por meio da fantasia,
diversidade.
literatura, música e artes; das ciências naturais e sociais e da
Partindo do pressuposto de que todos que trabalham nas
matemática, possibilitando seu desenvolvimento e
Creches, Pré-Escolas e EDIs são responsáveis pela promoção
crescimento.
do desenvolvimento integral infantil, as ORIENTAÇÕES
Possibilitar o desenvolvimento e crescimento das crianças
CURRICULARES devem ser lidas e interpretadas pelos
significa educar e cuidar, isto é, estas ações acontecem de
diferentes profissionais que integram o espaço educativo:
forma indissociável em toda a prática educacional. Cuidar de
diretor, diretor-adjunto, professor articulador, coordenador
pedagógico, professor, agente auxiliar de creche, merendeira, crianças inclui atender a todas as necessidades infantis sejam
elas físicas, emocionais, cognitivas ou sociais. Oferecendo-lhes
lactarista, serviços gerais, professor de educação física, enfim,
condições de se sentirem confortáveis em relação ao sono,
todos aqueles que atuam direta ou indiretamente junto às e
fome, sede, higiene e dor, dando a elas real possibilidade de
para as crianças.
aprendizagem. Significa, também, acolher, garantir a sua
Os objetivos e habilidades contidos nesse documento
segurança e saúde, alimentar a curiosidade e expressividade
ancoram-se na ideia de que o tempo e o espaço na Educação
infantis promovendo situações pertinentes à faixa etária
Infantil devem ser vividos e organizados considerando as
atendida, ancoradas principalmente no BRINCAR.
demandas das crianças e suas práticas do dia-a-dia, além da
crença de que cabe à Creche, Pré-Escola e EDI proporcionar de
forma intencional oportunidades para aprendizagens e
desenvolvimento da criança. Estes são alimentados pela
iniciativa e curiosidade infantil conhecendo e dando

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 29


APOSTILAS OPÇÃO

E AS CRIANÇAS?

Crianças gostam de observar, bater palmas, engatinhar para pegar os brinquedos, descobrir objetos escondidos em caixas,
empilhar blocos, espalmar as mãos na água, brincar de faz-de-conta, de casinha, cantar, correr, pular, colecionar objetos, cuidar de sua
higiene e de seus pertences, de acompanhar o crescimento de animais e plantas. Essas ações expressam processos de aprendizagem e
desenvolvimento muito variados.

http://dan-poucodetudo.blogspot.com/2009_08_01_archive.html

As crianças se desenvolvem e aprendem a partir de interações com outras crianças, com adultos e explorando materiais, quando
se engajam em atividades de seu interesse. Por isso, é importante elas terem amplas oportunidades, na Educação Infantil, de
compartilhar saberes, reorganizando o que já sabem e criando novos significados a partir das experiências e vivências que podem ser
exploradas por meio de:

 cuidar de si, do outro, do ambiente;


 brincar e imaginar;
 oralidade, leitura e escrita;
 conceitos matemáticos;
 conceitos sobre natureza e sociedade;
 expressões corporais e movimentos;
 fazer, apreciar e refletir sobre as artes visuais;
 fazer, apreciar e refletir sobre a música.

http://broguedieu.blogspot.com/

AFINAL, QUAL O PAPEL DO EDUCADOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL?

O desenvolvimento físico, pessoal, cognitivo e social ocorre com maior velocidade na criança de 0 aos 6 anos de idade. Nesta faixa
etária, ela adquire importantes habilidades físicas, emocionais e cognitivas que subsidiarão suas aprendizagens e lhes serão úteis para
o resto de sua vida.
Trabalhar com crianças de Creche, Pré-Escola e EDI significa ter uma concepção integrada de desenvolvimento e Educação Infantil
que dê a mesma importância às ações de cuidado e educação e as mantenham articuladas em rotinas - horários e espaços - demarcadas
pela necessidade e demandas infantis. A organização cuidadosa do espaço deve ser seguida da observação de seu efeito sobre as
interações e o brincar, pela avaliação de sua eficiência em relação aos objetivos pretendidos e, se for o caso, pela realização da
modificação adequada, seguida de nova observação e avaliação. Fazer, avaliar e refazer.
Nesse contexto, o educador tem papel fundamental, pois é ele quem na sua relação cotidiana com as crianças e pela sua
sensibilidade, identifica necessidades, desejos, fortalece relações, promove atividades significativas de aprendizagens e administra,
pelo planejamento, o uso pedagógico de diferentes recursos: materiais, brinquedos, jogos, livros, aparelhos tecnológicos, espaço físico
e horários, numa relação em que as vivências de aprendizagem são uma via de mão dupla.

O educador cuida e educa uma criança quando:


 reconhece que a criança é capaz de atuar ativamente nos seus processos de desenvolvimento e aprendizagem e na avaliação de
suas conquistas;
 reconhece que é pela interação com adultos, com outras crianças e com o meio que elas ampliam suas experiências e se
desenvolvem globalmente;
 reconhece que é principalmente pela brincadeira que a criança aprende;
 prioriza ações individuais junto a elas;
 ouve e considera as suas contribuições individuais;
 constitui-se como referência para o grupo de crianças sob sua responsabilidade;
 acolhe sugestões, proposições e ideias que as crianças apresentam para que se sintam confiantes e seguras e sejam atuantes e
autônomas;

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 30


APOSTILAS OPÇÃO

 respeita o que elas trazem consigo e expressam sobre culturais da família e as diferenças ou semelhanças existentes
suas culturas; entre elas e a proposta pedagógica que existe e a que a família
 faz com que elas se sintam plenamente bem e à vontade; deseja. Dessa forma, a construção da parceria com a família
 enriquece a exploração delas com perguntas e tem como bases a confiança e o respeito mútuo.
questionamentos que chamem a atenção, ampliem o
entendimento e as levem a refletir sobre o que dizem, pensam Assim, espera-se que as estratégias de trabalho com os
e fazem; responsáveis tenham:
 incentiva a sua investigação, testagem de hipóteses,  entrevista individual no início do ano e em outros
registros e solução de problemas nas relações cotidianas; períodos, quando necessário, para conhecer o contexto de
 promove diariamente registros nas diferentes vida das crianças, suas atividades fora da instituição e sua
linguagens no seu fazer pedagógico: escrita, visual situação socioeconômica;
(fotografias), audiovisual (filmagens), que auxiliam o  uma comunicação diária por meio da agenda da criança;
(re)pensar sobre ele;  participação da família em festividades e visitas à
 tem um olhar observador e investigativo nos diferentes instituição;
contextos, ouvindo atentamente o que elas conversam entre si,  encontros periódicos para avaliação do desenvolvimento
conhecendo-as melhor; da criança que pode ser individual ou em pequenos grupos ou
 considera que as aprendizagens infantis acontecem a com a turma toda, desde que se informe e também ouça os
todo o momento e não apenas quando ele planeja; responsáveis, com relação ao trabalho desenvolvido e às
 promove uma relação de confiança com as famílias; conquistas das crianças;
 estabelece metas realistas para cada criança,  reunião com a equipe da instituição na qual a proposta
considerando sua singularidade e momento de pedagógica vai sendo apresentada e discutida. Esse é um
desenvolvimento infantil; momento para os responsáveis conhecerem e refletirem sobre
 organiza o espaço físico atento às necessidades infantis; o que as crianças fazem e aprendem, como também para os
 acredita que ela pode aprender sobre tudo, respeitando profissionais ouvirem e responderem às dúvidas e críticas da
o grau de complexidade do assunto, em relação ao família;
desenvolvimento infantil.  um Conselho Escola-Comunidade (CEC) atuante,
fortalecendo relações democráticas;
FAMÍLIA: UMA PARCERIA A SER CONSTRUÍDA  partilha com a família a responsabilidade de um espaço
educativo que respeite a criança nas suas necessidades.

http://vanessanogueira.wordpress.com/2009/06/21/sua-agenda-para-
ofisl/
http://culturadigital.br/groups/
QUAL O PAPEL DO DIRETOR EM UM ESPAÇO DE
A família é o primeiro contexto social da criança e a EDUCAÇÃO INFANTIL?
principal responsável por sua educação. Quando uma criança
ingressa na Creche ou na Pré-Escola ou no EDI, essa instituição Um espaço de Educação Infantil que respeita a criança
passa a compartilhar com os pais a responsabilidade de educar precisa garantir:
e cuidar. Para a Educação Infantil, isso significa um sério a) Proteção à saúde e segurança;
compromisso na promoção do desenvolvimento. A qualidade b) Construção de relações positivas;
da relação instituição-família tem impacto direto na vida da c) Criação de oportunidades para a aprendizagem.
criança.
Essas ORIENTAÇÕES CURRICULARES foram elaboradas Portanto, é papel da gestão estar atenta às questões físicas,
entendendo a relação da Educação Infantil e a família em sua administrativas e pedagógicas agindo no sentido de oferecer
dimensão social, respeitando os modos de agir e pensar dos possibilidades para que o trabalho com as crianças,
responsáveis, valorizando seus costumes e tradições, mas, educadores e suas famílias se desenvolva efetivamente.
simultaneamente, explicitando as metas, atitudes e
prioridades da instituição de ensino. Para isso, será necessário:
Ao ingressar em um espaço de Educação Infantil, a criança  possibilitar o contato da criança com a natureza;
vive a passagem de um ambiente doméstico e íntimo para um  oferecer um ambiente aconchegante, limpo, seguro e
coletivo, com outras regras e relações sociais. Esse momento é estimulante;
envolto de diversos sentimentos e traz consigo grandes  ter como eixo de trabalho a brincadeira equipando a
repercussões para os envolvidos nessa transição: família, instituição qualitativa e quantitativamente com materiais e
criança e educadores. brinquedos pertinentes à faixa etária;
 possibilitar acesso às crianças a brinquedos, livros e
O diálogo aberto e contínuo com os responsáveis ajuda a materiais diversos;
instituição a responder às necessidades individuais da criança,  favorecer a circulação nos diferentes espaços da
conhecer seus contextos de vida, os costumes, os valores educação infantil;

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 31


APOSTILAS OPÇÃO

 saudar a criança na entrada e na saída mantendo relações determinados eventos.


positivas ao longo do dia. Conforme crescem, as crianças ampliam seu domínio sobre
as possibilidades de lidar com a estrutura do faz-de-conta, da
Ações de implementação das Orientações Curriculares brincadeira tradicional e dos jogos com regras que começam a
ser muito apreciados à medida que elas vão se desenvolvendo.
Para que as ORIENTAÇÕES CURRICULARES não se tornem Entretanto, o educador precisa estar atento às possibilidades
mais um documento, é necessário o comprometimento de das crianças em lidar com regras, combinados e exclusões.
todos que atuam na instituição para torná-lo um instrumento A brincadeira no processo educativo deve ser incluída nas
vivo e auxiliar a ação educativa. Este documento, em especial, experiências que compõem as aprendizagens das crianças nas
foi feito para auxiliar as práticas diárias na Creche, Pré-Escola diversas dimensões, como: a linguagem oral e escrita,
e EDIs ressaltando sempre a importância da ação participativa linguagens artísticas, questões relativas à natureza e
do adulto nas experiências das crianças. sociedade, conhecimentos matemáticos, corpo e movimento
entre tantas outras. Nesse sentido, ela deve ser uma atividade
II - APRESENTAÇÃO DAS ÁREAS DE CONHECIMENTO E diária no cotidiano da Educação Infantil, possibilitando à
LINGUAGENS criança aprender pelo brincar, criar e renovar as brincadeiras
e fortalecer suas culturas lúdicas.
BRINCAR...
FALAR, LER E ESCREVER...
O brincar é o principal modo de expressão da infância. É
uma linguagem, por excelência, para a criança aprender, se As crianças enriquecem seu repertório imaginativo
desenvolver, explorar o mundo, ampliar a percepção sobre ele ajudadas pelos recursos que o educador lhes proporciona e
e sobre si mesma, pela interação com os educadores e seus pares.
organizar seu pensamento, trabalhar suas emoções, sua Uma das mais importantes heranças culturais de nossa
capacidade de iniciativa e de criar e se apropriar da cultura. sociedade é a linguagem. Sabe-se que a relação dos indivíduos
Assim, garantir na Educação Infantil um espaço de brincar com o mundo não é direta, mas mediada por sistemas
é assegurar uma educação numa perspectiva criadora e que simbólicos diversos, socialmente elaborados, onde a
respeita a criança e seus modos de estar no mundo. Brincar é linguagem ocupa um papel central.
uma atividade que se aprende na relação com o outro e que A criança tem direito aos bens da sua cultura. A linguagem
sofre contínuas mudanças ao longo do tempo. verbal é um desses bens e possui papel decisivo no seu lugar
A idade, a experiência de vida das crianças e seus parceiros na sociedade, pois ela é responsável por mudanças no modo
permitem que os seus modos de brincar se transformem. É o como as sociedades se organizam e se relacionam, e tem
educador que tem, com sua experiência e conhecimentos reflexos no próprio modo de pensar dos sujeitos.
sobre como as crianças brincam e por que brincam, um A linguagem verbal se expressa através de dois domínios
relevante papel na garantia da presença do brincar nas rotinas, que estão intimamente articulados: o oral e o escrito.
nos espaços e no oferecimento de brinquedos e materiais na Historicamente, é a Educação Infantil que tem assumido o
Educação Infantil. É ele, também, que faz a diferença na lugar de ampliar as possibilidades da criança de expressar-se
transmissão de brincadeiras tradicionais de uma geração para na linguagem oral, reconhecendo o importante papel dessa
outra, perpetuando essa importante manifestação cultural. linguagem na sua constituição como sujeito falante.
As brincadeiras de faz-de-conta funcionam como cenário
no qual as crianças tornam-se capazes não só de imitar a vida
como também de transformá-la, constituindo-se uma
atividade interna delas, baseada no desenvolvimento da
imaginação e interpretação da realidade, sem ser ilusão ou
mentira.

http://laynethamar.wordpress.com/2008/10/

O desenvolvimento da fala depende das interações sociais,


das possibilidades que a criança tem de observar e participar
de situações comunicativas diversas.
Desde o berçário, os bebês podem compreender o que se
http://chrispaiva.zip.net/ passa ao seu redor, antes mesmo de desenvolverem a fala.
Quando se estabelece conversas com eles em um processo
Por meio do brincar de faz-de-conta, as crianças buscam intenso de comunicação pode-se identificar desejos,
superar contradições, motivadas pela possibilidade de lidar sentimentos de ambos - bebê e educador - por outros sinais:
com o acaso e com a ficção quando assumem papéis e balbucios, gestos, expressões faciais, entonação e modulação
desenrolam um enredo construído pelas interações com da voz. Educador e criança, conjuntamente, compartilham
outras crianças, sempre imprevisível. A brincadeira cria, significados.
então, novidades, e permite à criança, vivenciar Com as crianças do maternal e da Pré-Escola o mesmo
concretamente a elaboração e negociação de regras de acontece, pois vivendo em situações do cotidiano vão
convivência e expressar uma visão própria do real, embora por aprendendo a se comunicar com diferentes propósitos: para
ele marcado. Elas ainda elaboram sentimentos e emoções, ao pedir algo, contar alguma coisa que aconteceu e para se
mesmo tempo em que desenvolvem importantes habilidades, relacionar.
trabalham alguns valores de suas comunidades, examinam Assim, é vivendo a linguagem oral no dia-a-dia que a
práticas do seu dia-a-dia, vivenciam outras formas de ser e criança vai aprendendo a fazer uso da mesma e se apropriando
pensar, são capturadas por representações sociais sobre do seu funcionamento e descobrindo a possibilidade de

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 32


APOSTILAS OPÇÃO

registro. O mesmo processo inserido em usos no cotidiano favorecida a compreensão do sistema usado para ler e
aplica-se também à linguagem escrita. A construção da escrita escrever,
é longa e se inicia nos primeiros anos de vida.
Durante muito tempo o trabalho com a leitura e escrita tem
sido motivo de grandes discussões na área da Educação
Infantil e, portanto, ainda hoje é um tema que traz muitas
dúvidas para os educadores desse segmento. Isso acontece
porque traz consigo representações do que seja o trabalho
com essa área do conhecimento, representações estas que
estão vinculadas às ideias em torno da abordagem mecanicista
do ensino da escrita e da leitura.

http://lindaslendas.blogspot.com/

 as crianças têm um papel ativo na sua aprendizagem da


leitura e na construção de suas escritas,
 o ambiente da Educação Infantil deve ser organizado de
modo a ter inúmeros materiais escritos presentes no mundo -
como jornais, revistas, livros de literatura, cartazes, fichas com
http://vevefeo.blogspot.com/2008_05_04_archive.ht os nomes das crianças e ainda alfabetários e letras móveis -
ml entendendo-o como ferramentas que nos permitam a
expressão escrita, dando asas à imaginação e concretude às
Hoje, sabe-se que a criança, desde a mais tenra idade, está ideias.
exposta à prática da leitura e escrita e, assim, tem a
oportunidade de ir construindo gradativamente o A Educação Infantil deve ser, então, desde o primeiro dia,
conhecimento dessas linguagens no seu dia-a-dia quando ouve um lugar para a experiência, a necessidade, a importância e a
uma história, vê o adulto lendo um jornal, utilizando um aprendizagem de utilizar a oralidade, a leitura e a escrita.
caderno de receitas, escrevendo um cartão de aniversário, O trabalho com a oralidade, a leitura e a escrita é então
conferindo uma conta de energia elétrica, entre outras entendido como processo, como experiência socialmente
práticas. Vivendo em uma sociedade urbana e letrada, essas construída e explorada em toda a sua complexidade,
linguagens são elementos fortes de comunicação entre as garantindo às crianças o direito de acesso à cultura humana
pessoas e as crianças buscam compreendê-las nas práticas pelo falar, ler e escrever na instituição de Educação Infantil.
comunicativas orais e escritas.
Inúmeros materiais escritos presentes no mundo e nos CONHECIMENTOS MATEMÁTICOS...
espaços da Educação Infantil - como jornais, revistas, livros,
cartazes, bilhetes, rótulos, convites, nomes das crianças, listas, Também os conceitos matemáticos são trabalhados de
receitas entre outros - e práticas de exploração oral - como forma intencional a partir das experiências e vivências do dia-
recontar uma história, ditar uma carta, um bilhete, dar um a-dia das crianças e de suas brincadeiras. A todo o momento,
recado, expressar-se oralmente seguindo “modelos” de elas participam de situações que envolvem noções de
linguagem, quando a criança assume o papel de um grandezas e medidas de tempo, volume, peso, contagem;
personagem no canto de faz-de-conta - são fundamentais, mas relações entre quantidades; noções de espaço e formas; leitura
não adianta apenas tê-los disponibilizados pela sala. É a e escrita de números, classificações, associações e
mediação do educador que fará a diferença qualificando a comparações diversas, além de operações aritméticas. Suas
relação da criança em suas possibilidades de expressão oral, concepções matemáticas são frutos de situações que
leitura e escrita. vivenciam em contextos significativos e presentes em suas
Neste contexto, dando continuidade à história da Educação práticas culturais. Portanto, na Educação Infantil, o trabalho
Infantil na rede pública municipal do Rio de Janeiro e sendo com os conhecimentos matemáticos deve ser realizado de
coerente com os estudos atuais da área da Psicologia, da forma articulada com essas vivências e sua função social, pois
Pedagogia e da Linguística, a oralidade, a leitura e a escrita são as crianças já operam com esses conhecimentos no seu
apresentadas nestas ORIENTAÇÕES CURRICULARES com a cotidiano.
mesma importância, uma vez que estão intrinsecamente
interligadas. A oralidade, a leitura e escrita são entendidas
como objeto de uso social, e se mostram em toda a sua
complexidade nas práticas sociais reais e se revelam nas
interações.

Assim, as experiências aqui sugeridas ancoram-se,


considerando que:

 a língua portuguesa é aprendida em toda a sua


complexidade e ganha importância em seus usos na oralidade
e na escrita, de funções e propósitos no cotidiano vivido com http://www.mosaicoeducacional.com.br/site/(hghbli55szk5h155mrbrgb
as crianças, 55)/site/indexInst.aspx?acao=prod&id=87371&usuid=5835&conteudo=Brinca
 aprende-se a falar e ouvir quando é dada a oportunidade deiras
de falar e ouvir esperando que a criança aprenda a se
expressar e apreciar a opinião dos outros, Rever a forma como se faz a aproximação da criança dos
 aprende-se a ler e escrever, lendo e escrevendo conhecimentos matemáticos na instituição de Educação
cotidianamente. É na possibilidade de fazê-lo por meio de Infantil se faz necessário, pois seu processo de construção do
determinados procedimentos cotidianos, que a criança tem conhecimento ocorre a partir da inserção dela em diferentes
situações investigativas, na e pela interação com outras

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 33


APOSTILAS OPÇÃO

crianças e com os adultos, e na partilha de suas ideias e As funções acima fazem relações entre si e com os
descobertas. Pensar matematicamente não é o oposto de diferentes conteúdos matemáticos. Outros recursos como
brincar uma vez que o brincar inclui a resolução de problemas cartazes mostrando números, objetos para contagem e jogos
e o uso de estratégias, seja ele iniciado pela criança ou pelo (dominó, trilhas/percurso, bingo, memórias de números)
educador. O educador, por sua vez, pode favorecer as deverão estar presentes nos ambientes da Educação Infantil.
experiências na área da matemática enriquecendo a Os diferentes tipos de jogos e brincadeiras próprios das
brincadeira estabelecendo, no seu planejamento, a infâncias (cantigas, dança das cadeiras, quebra-cabeças,
intencionalidade. Na Educação Infantil, a criança deve labirintos, jogos de trilha, jogos de cartas etc.) constituem-se
vivenciar para estender, ampliar e aprofundar os em um rico material, nos quais as noções matemáticas podem
conhecimentos matemáticos. ser exploradas pelo educador intencionalmente por meio de
É importante que o educador tenha claro como o perguntas e observações.
desenvolvimento lógico- matemático se desenvolve na faixa É comum as crianças chegarem à Educação Infantil
etária das crianças da Educação Infantil e quais são as práticas recitando sequências numéricas. A contagem de objetos
culturais presentes no cotidiano das crianças com quem envolve colocar, gradativamente, em ação um procedimento
trabalha. Sabe-se que para se aproximarem dos termo a termo entre os nomes dos numerais e os objetos a
conhecimentos matemáticos, as crianças elaboram uma série serem contados. Para explorar o sistema numérico oral com as
de ideias e hipóteses provisórias e é a reconsideração das crianças e evitar a mecanização, é necessário que elas
ideias em diferentes momentos e sob diferentes perspectivas compreendam o sentido do que estão fazendo. Isso pode ser
que permitirá que elas avancem. Assim, a construção de favorecido por meio da contagem de objetos em situações
conceitos matemáticos envolve: equivocar-se, revisar, significativas, quando elas aprendem a distinguir o que já
analisar, refletir sobre ações realizadas, ou seja, construir contaram do que ainda não contaram e a não contar duas (ou
conhecimentos de forma compatível ao modo e ao momento mais) vezes o mesmo objeto, a não repetir palavras numéricas
da criança de aprender, por meio de conversas e registros. já ditas (um, dois, três, quatro, cinco, três, cinco, sete...). Aos
Para possibilitar aprendizagens, é necessário organizar um poucos, vão percebendo que não importa a ordem que foi
ambiente favorável com objetos e brinquedos presentes no estabelecida para contar os objetos, pois obterão sempre o
mundo social que aproximem as crianças e favoreçam as mesmo resultado.
experiências matemáticas. Muitas vezes, a situação exige que se registre o resultado
Intensificar, por exemplo, brincadeiras com objetos para da ação do contar, como, por exemplo, controlar a quantidade
serem amassados, deslocados por bebês, ou ainda, propor de material coletivo como tesouras, brinquedos, peças de jogos
atividades onde eles tenham que se movimentar enfrentando e/ou trabalhar com gráficos e tabelas. Compreender ainda o
obstáculos para pegar um brinquedo, ou ir ao encontro de atual sistema numérico envolve muitas perguntas como:
alguém, são experiências que favorecem a compreensão das “Quais os algarismos que o compõem?”, “Como se chamam?”,
relações entre objetos no espaço. “Como podem ser combinados?”, “O que muda a cada
A exploração do espaço iniciada desde o berçário então combinação?”.
ganha maior intencionalidade nas idades mais avançadas. No A linguagem que explora a associação, a comparação ou a
trabalho de construção relacionado ao espaço e às formas, as classificação também deve ser favorecida em vários contextos
situações devem visar à criação de atividades que cotidianos das crianças e nas mais diversas atividades como,
proporcionem às crianças o estabelecimento de relações por exemplo, quando ela compara sua altura ou seu peso,
espaciais nos deslocamentos que são realizados no cotidiano organiza brinquedos por tamanho, seleciona o que é mais
em que elas tratem o espaço e sua representação a partir de leve/pesado ou pela cor. Essa linguagem pode ser estimulada
diferentes pontos de referência, os deslocamentos possíveis, a de forma lúdica em jogos e brincadeiras onde os diversos
representação dos objetos, espaços e trajetos, noções de conteúdos matemáticos estão presentes.
direção e posição, brincadeiras com o corpo, copiando, As ações de acrescentar, agregar, segregar e repartir,
espelhando movimentos a partir de um eixo. relacionadas às operações aritméticas realizadas pelas
No trabalho com o sistema de numeração decimal, as crianças são aprendidas junto à noção de número e a partir de
crianças precisam conhecer a sucessão oral e escrita dos seu uso em jogos e situações-problema.
números; estabelecer relações entre eles: estar entre, um mais
que, um menos que; maior que, menor que; iniciar a Vamos percebendo que o trabalho com a linguagem oral
comparação de escritos numéricos e reconhecer as funções do aparece como importante ferramenta na partilha de ideias e
número. Este bloco de conteúdos envolve: contagem e caminhos percorridos pelas crianças na resolução de situações
aplicação de contagem, notação e escrita numéricas, desafiadoras encontradas no cotidiano da Educação Infantil.
classificação, seleção, associação, comparação e operações Comparar os seus resultados com o dos colegas e discutir com
matemáticas. eles e com os educadores, descobrir o melhor procedimento
É na ação com os adultos, em especial, que as palavras e para cada situação e reformular o que for necessário permite
escritas numéricas ganham significados. É na Educação que as crianças adquiram maior confiança em suas próprias
Infantil que todas as crianças terão oportunidades de explorar capacidades e vivam a construção compartilhada do
de forma intencional e lúdica diferentes usos e funções dos conhecimento.
números: codificar (telefones, máquina de calcular, As coisas têm tamanhos, pesos, volumes, temperaturas
documentos como CPF e carteira de identidade); medir diferentes e estas diferenças normalmente são apontadas
(relógio, calendário, receitas, balança, fita métrica); e pelos outros (está perto, está longe, é mais baixo, é mais alto,
quantificar (embalagens que indicam os objetos que contêm). mais velho, mais novo, pesa um quilo, mede um metro, a
velocidade é de 80 quilômetros etc.). Isso permite que as
crianças, informalmente, entrem em contato com o conteúdo
de grandezas e medidas, realizando comparações de tamanho,
estabelecendo relações, construindo algumas representações
nesse campo, atribuindo significado e fazendo uso das
expressões que costumam ouvir. Além, é claro, de despertar a
curiosidade e o interesse delas em conhecer mais sobre o
assunto.
www.doomandgeek.com.br/

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 34


APOSTILAS OPÇÃO

CIÊNCIAS NATURAIS E SOCIAIS... Dessa forma, ao organizarmos os ambientes que priorizem


suas formas de apropriação do mundo, que facilitem suas
interações com outras crianças e outras pessoas, estamos
oportunizando o acesso a bens culturais que são decisivos ao
desenvolvimento infantil. Precisamos considerar como
legítima a participação da criança e permitir sua
experimentação e exploração. Favorecendo, dessa forma, a
postura curiosa e aberta na sua relação com o mundo,
motivando seus interesses, sua vontade de conhecer e
entender as coisas e as práticas culturais de sua comunidade e
de si mesma e dos outros, a respeitarem a natureza, a
perceberem-se como responsáveis também pela vida saudável
www.blogdaclaudiaf.blogspot.com/
do mundo.
A necessidade emergente, hoje, de pensar e agir buscando
O trabalho com natureza e sociedade busca,
ações que visem à sustentabilidade e, porque não dizer, à
prioritariamente, a exploração do mundo pelas crianças, do
saúde do planeta é uma prática que precisamos trabalhar com
próprio corpo, do espaço a que pertencem, do reconhecimento
as crianças. Com isso, o compromisso dos educadores está em
e conhecimento das relações sociais de convivência
planejar atividades que considerem as crianças na sua forma
(casa/rua/escola/comunidade próxima), das pessoas e dos
de pensar, criando e favorecendo situações que visem
objetos que estão nele, suas características e usos; dos
comportamentos e práticas para a sustentabilidade do
elementos que compõem seu bairro e cidade, da natureza,
planeta.
plantas, animais, a água, a terra. É um trabalho que se propõe
favorecer descobertas das transformações das coisas pela ação
CORPO E MOVIMENTO...
da natureza e pelo trabalho do homem.
Ao educador, cabe tornar efetivas as possibilidades de
Pelo corpo e seus movimentos, as crianças atuam, dão
desenvolvimento das crianças e de sua relação com o mundo,
significado ao ambiente em que vivem, interagem com as
instigando-as, incentivando-as, desafiando-as na organização
pessoas e objetos e são interpretadas por seus parceiros,
interna de informações. Encorajá-las a fazer perguntas e a
adultos e crianças. A linguagem corporal constitui-se assim
construir conhecimentos por meio da observação, formulação
como outra possibilidade da criança de se apropriar
de hipóteses, experimentação, registro, comunicação e
criativamente de sua cultura e se comunicar com o mundo. O
interpretação de resultados. A pergunta e a indagação são os
movimento e a expressão corporal são importantes dimensões
caminhos do trabalho significativo com natureza e sociedade
da cultura humana.
onde a criança pequena é sujeito de suas aprendizagens e de
seu desenvolvimento.

www.blogdaclaudiaf.blogspot.com/ http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/arch2009-11-01_2009-11-
30.html

Para envolvê-las em descobertas sobre diversos materiais


e suas características, é importante oferecer um ambiente de A dança, por exemplo, favorece as crianças a conhecerem
informações sobre a natureza e a sociedade. Um espaço das qualidades resultantes da combinação de espaço, peso/força,
Ciências estimulante para o uso diário das crianças com tempo e fluência, e envolve, por exemplo, de forma articulada,
o trabalho com corpo e movimento, música e matemática.
diferentes conteúdos, materiais e equipamentos de fácil acesso
As crianças se movimentam desde que nascem, e crescem
a elas. Contendo, por exemplo, livros de assuntos científicos, e
adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo.
sociais, figuras, fotografias (de pessoas, povos diferentes,
O caminho do crescimento e desenvolvimento que percorrem
planetas, equipamentos), cartazes (com as partes do corpo
é traçado pela natureza das interações, possibilidades dos
humano, sistema solar), potes para guardar pequenos animais,
espaços e tipos de materiais disponíveis a que estão expostas.
equipamentos (funis, tubos plásticos para brincadeira com
areia e água, lupas, microscópios, estetoscópios, ímãs etc.), A significação do movimento da criança depende de
materiais naturais (plantas, coleções de pedrinhas, conchas, habilidades motoras próprias de cada estágio de
folhas etc.), mapas, globos, cartões com sequências e motivos desenvolvimento que são fomentadas nestes espaços.
da natureza, jardineiras/canteiros, terrários e, quem sabe, até Nesse sentido, as instituições de Educação Infantil devem
montar uma horta com as crianças para acompanhar, explorar oferecer um ambiente físico e social onde as crianças sintam-
e observar o ciclo natural de um ser vivo. se protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras e

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 35


APOSTILAS OPÇÃO

desafiadas para arriscarem-se e vencerem obstáculos, música, não apenas a que “supostamente” se apresenta como
expandindo assim a sua capacidade física e motora. O “universo infantil”. Um repertório que favoreça a criança a:
movimento humano é mais do que um simples deslocamento  identificar, reconhecer e desenvolver preferências
do corpo no espaço. Constitui-se como uma linguagem que musicais;
permite a criança agir sobre seu meio físico e atuar sobre o  ter oportunidade para o desenvolvimento de
ambiente humano. habilidades, de formulação de hipóteses e de elaboração de
As crianças demonstram interesse por tudo que as cerca e conceitos na linguagem musical;
curiosidade por tudo que é novo. Por vezes, o que é simples  vivenciar e refletir sobre questões musicais, em um
para os adultos, para elas é motivo de grandes descobertas e exercício do sensível e do expressivo;
de profundo desenvolvimento.
Perceber e registrar as impressões sobre o mundo é um Assim como na música e nas artes visuais, as
processo contínuo, que se constitui a partir das linguagens características da produção centradas na experimentação,
expressivas: corpo e movimento, música, teatro, artes visuais imitação e apreciação, possibilitam às crianças perceberem
etc. Por isso, é importante o educador promover o acesso às tanto sons e silêncios quanto as estruturas e organizações
crianças a um amplo repertório de manifestações artísticas musicais. Por meio do prazer da escuta, desenvolvem a
por meio do contato com diversas produções de arte da capacidade de observação, análise e reconhecimento e a
comunidade, de artesãos regionais, autores eruditos e reflexão sobre questões relativas à organização, criação.
populares de diferentes culturas, de museus, igrejas, livros, Produtos musicais ganham destaque.
reproduções, revistas, gibis, vídeos, CD-ROM, feiras de objetos, Nesse sentido, essa linguagem precisa ser considerada nas
espaços urbanos etc. suas diversas possibilidades de integração às outras áreas do
conhecimento. Revela-se aí, a articulação entre as diferentes
LINGUAGENS ARTÍSTICAS: MÚSICA... áreas do conhecimento e as linguagens.

A música é uma linguagem muito importante na


comunicação e expressão humana. Ela integra aspectos
sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos e promove a
interação e a comunicação social. Desde o nascimento as
crianças estão inseridas num mundo de sons e música que
favorecem a conexão cultural dela neste ambiente conhecendo
e se apropriando de sonoridades características do lugar onde
vive. Assim, bebês e crianças maiores quando chegam às
instituições de Educação Infantil, já possuem um repertório
musical do qual fazem parte sons familiares, músicas e canções
entoadas pelas pessoas que conhecem.

http://publicarparapartilhar.blogspot.com/2008_03_01_archive.html

http://www.institutoabrace.org.br/linkslivros.asp LINGUAGENS ARTÍSTICAS: ARTES VISUAIS...

Nas instituições de Educação Infantil, novos sons e As Artes Visuais são uma linguagem que tem estrutura e
repertórios passarão a fazer parte do mundo dos bebês e das características próprias. Para que a aprendizagem ocorra, é
crianças. O educador tem papel fundamental nesse processo, necessário compreendê-la no âmbito prático e reflexivo e na
pois é ele o responsável pelo planejamento e sua execução; e articulação dos seguintes aspectos:
para isso, ele canta, promove brincadeiras sonoras e leva
canções abrindo um canal comunicativo de grande • FAZER ARTÍSTICO - centrado na exploração, expressão
importância para a integração das crianças. Ainda estimulando e comunicação de produção de trabalhos de arte por meio de
suas vocalizações e brincadeiras com a própria voz, as crianças práticas artísticas, propiciando o desenvolvimento de um
vão constituindo e explorando as possibilidades de percurso de criação pessoal.
comunicação com e pelo som. À medida que crescem e se • APRECIAÇÃO - percepção do sentido que o objeto
desenvolvem, as crianças ampliam suas habilidades de propõe, articulando-a tanto aos elementos da linguagem visual
produzir sons. quanto aos materiais e suportes utilizados, visando
Elas descobrem fontes sonoras para além do seu corpo: desenvolver, por meio de observação e da fruição, a
batem objetos como talheres, potes, brinquedos, sacodem capacidade de construção de sentido, reconhecimento, análise
chocalhos, empurram cadeiras, mesas, caixas, exploram e identificação de obras de arte e de seus produtores.
instrumentos como ganzás, pandeiros, tambores, guizos... • REFLEXÃO - considerando tanto no fazer artístico como
Cantar para as crianças, convidá-las a cantar e cantar junto, na apreciação, é um pensar sobre todos os conteúdos do objeto
são ótimas oportunidades de proporcionar experiências de artístico que se manifesta em sala, compartilhando perguntas
partilhar música com alegria e sensibilidade. Atenção especial e afirmações que a criança realiza instigada pelo professor e
deve-se ter com relação ao repertório apresentado às crianças. no contato com suas próprias produções e a dos artistas.
Precisa ser amplo e diversificado, expressar qualidade na (RCNEI, 1998, vol. 3, p.89)
produção para a infância, composto por canções infantis
tradicionais, canções folclóricas de diferentes países, obras A ação do educador deve ir além da disponibilização de
clássicas, populares, étnicas, cantadas e instrumentais. Enfim, materiais para produção de trabalhos artísticos, enfatizando o
um repertório amplo que qualifique a escuta das crianças e que processo de desenvolvimento e da apropriação da linguagem
favoreça a aprendizagem que se pode ter muitos tipos de gráfico-plástica. Explorar os materiais em todas as suas

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 36


APOSTILAS OPÇÃO

possibilidades através dos sentidos é uma atividade prazerosa


para as crianças.
Ao conversar sobre o tema/imagem que será trabalhado,
antes de propor uma atividade expressiva, amplia-se o modo
de ver, registrar e imaginar o mundo por parte da criança.
Após ela se familiarizar com o tema/imagem, através de
perguntas e construção de relações, é possível perceber que
seus registros expressam visões particulares e imaginativas
em relação aos objetos de conhecimento.
Cada um de nós tem um acervo de imagens, sons e cores
em nossa memória. Para munir-se de novas informações e
inspirações, é importante consultar o acervo de museus,
centros culturais, teatros, cinemas, disponibilizar revistas e
livros especializados, programar saídas que sejam adequadas
e pertinentes à faixa etária e temas desenvolvidos em sala.
http://pocovelho.blogspot.com/
Além disso, é importante o educador aprimorar sua própria
formação, cultivando o hábito de visitar espaços culturais e As Artes Visuais são importantes estratégias de
participar de cursos na área para trazer para as crianças organização e apropriação de um pensamento simbólico em
possibilidades novas de ler o mundo. processo de
A linguagem gráfico-plástica vai se constituindo constituição e devem ser ações articuladas do
progressivamente, modificando-se à medida que a criança vai planejamento cotidiano. Enquanto linguagens devem ser
crescendo e entrando em contato com a sua própria compreendidas em suas especificidades simbólicas e
habilidade, a diversidade de materiais e as possibilidades da materiais; não podem ser desarticuladas das demais ações
linguagem visual. Assim, quanto mais ela desenha, esculpe, lúdicas infantis. O pensamento, a sensibilidade, a imaginação,
molda e pinta com diferentes tintas, materiais (esponja, a percepção, a intuição e a cognição não existem
massinha, rolhas, argila etc.) e suportes (papel, madeira, separadamente na criança. Elas devem ser trabalhadas de
tecido, pedra etc.), mais possibilidades terá de elaborar sua forma integrada, favorecendo o desenvolvimento das
linguagem artística. capacidades criativas e cognitivas das crianças.
Para possibilitar o desenvolvimento da linguagem gráfico-
plástica, é necessário organizar um ambiente favorável com Ao observar o seu planejamento, o educador deve
materiais diversificados. É importante atentar para a oferta de identificar as diferentes oportunidades apresentadas de
brinquedos artesanais construídos com diferentes texturas, maneira equilibrada em relação às áreas do conhecimento e
consistências, volumes, tamanhos, pesos, formas e cores. Eles linguagens, para que as crianças explorem prazerosamente a
podem ter formas inventadas pela criança, pelo educador ou rotina diária.
por artesãos.
Crianças pequenas têm grande curiosidade em explorar os III - AS ÁREAS DE CONHECIMENTO E LINGUAGENS
materiais. Daí, elas começarem, por exemplo, a pintura no
papel e depois continuar na roupa, nas paredes, no chão. Estas áreas do conhecimento e as linguagens serão agora
Explorar essa curiosidade, trabalhando os sentidos na apresentadas de maneira a explicitar os objetivos gerais da
brincadeira e no jogo simbólico, é tarefa essencial na Educação ação intencional do adulto educador e, por outro lado, a ação
Infantil. da criança ao interagir com as propostas
O trabalho com o desenho na Educação Infantil tem grande planejadas para ela, as habilidades. Desta forma, pretende-
importância, assim como as demais linguagens visuais: se auxiliar os educadores a planejar as ações educativas a
pintura, modelagem, construção tridimensional, colagens etc. serem vivenciadas juntamente com as crianças da Creche e
São situações ricas onde a criança cria e recria, Pré-Escola.
individualmente, formas expressivas. Enquanto representa,
ela também brinca de faz-de-conta e verbaliza narrativas que Além disso, este formato foi pensado em consonância com
exprimem sua capacidade imaginativa, ampliando sua forma o documento das “Orientações Curriculares para o Ensino
de sentir e pensar. A sua produção tem para ela importante Fundamental”, salvaguardando, no entanto, as especificidades
significado, já que é o resultado de suas leituras simbólicas da Educação Infantil e da primeira infância. A tentativa é,
carregadas de significados. assim, de criar não só um fio condutor ao longo da trajetória
educativa das crianças, mas principalmente dialogar mais
É imprescindível valorizar a produção infantil por meio de sistematicamente com as próximas etapas do Ensino Básico.
exposições em murais, sempre considerando que a criação As habilidades, diferentemente do como são compreendida na
artística é um ato pessoal da criança. Mais importante do que perspectiva de Perrenoud, aqui, estão relacionadas às
o resultado exposto é o processo expressivo da produção que experiências e aprendizagens que as crianças devem vivenciar
ganha relevância no trabalho com as artes. na Creche e Pré-Escola. Explicita os objetivos gerais que cabem
à Educação Infantil, da Creche à Pré-Escola ao planejar as
experiências e vivências das crianças nesta faixa etária e como
as crianças interagiriam com estes objetivos torna-se
essencial.

É importante ressaltar que a meta é garantir a presença de


experiências que sejam importantes para a alegria, o
desenvolvimento e crescimento das crianças fortalecendo
assim, a possibilidade de sucesso escolar na sua trajetória
educacional.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 37


APOSTILAS OPÇÃO

http://avidafeliz.blogspot.com/2007_11_01_archive.html

Tanto os objetivos gerais quanto as habilidades, conforme descritos abaixo, englobam todos os dois segmentos da Educação
Infantil: Creche e Pré-Escola. Tentou-se apresentá-los iniciando da mais tenra idade até a Pré-Escola. Assim, a ordem dos objetivos
gerais e das habilidades segue a ordem da criança menor à criança maior para facilitar a leitura e compreensão do texto.
Sabemos, no entanto, que a grande maioria destes objetivos e habilidades deve ser trabalhada ao longo de toda a extensão da
Educação Infantil. Chama-se a atenção para este fato e como exemplo, pode-se citar a linguagem oral. Esta é importante desde o
nascimento de bebê e permanece importante em todas as etapas da vida da criança.

A - Linguagens: oral e escrita

Objetivos gerais:
- Ampliar o vocabulário das crianças;
- Possibilitar a exploração e expressão das diferentes formas de linguagem (corporal, oral, escrita, musical, artes
plásticas);
- Incentivar o uso de símbolos, brincadeiras; registros, diferentes narrativas; diversas leituras de mundo;
- Trabalhar com diversas possibilidades de transformação e expressão de ideias, emoções e formas de agir e
pensar;
- Desenvolver o gosto e o prazer pela leitura e compreensão da escrita;
- Explorar os múltiplos usos e funções da língua oral e escrita;
- Registrar as conversas e discussões sobre textos incentivando o uso destes registros nas diferentes situações;
- Utilizar diferentes formas de texto para exploração oral;
- Utilizar os registros de atividade em exposição em sala para apreciação dos trabalhos;
- Promover e valorizar produções gráficas e artísticas das crianças;
- Criar situações em que os adultos e as crianças leem textos de diferentes gêneros.
Habilidades
- Falar, contar casos, narrar histórias, cantar músicas e ouvir os outros;
- Expressar-se oralmente em pequenos e grandes grupos;
- Descrever objetos, fenômenos, sensações e experiências;
- Recontar o que ouve: histórias, casos, recados, instruções etc.;
- Contar algo a partir da “leitura” de algum material, livro, revista etc. utilizando as diferentes linguagens como,
por exemplo, a dramatização como recurso;
- Expressar claramente sentimentos, pensamentos, ideias e planos utilizando as diferentes linguagens, em
pequenos e grandes grupos;
- Identificar e reconhecer letras, palavras, pequenas frases familiares; nomes, brinquedos, tarefas da rotina,
materiais etc.;
- Praticar a escrita e registros espontâneos para expressar ideias, pensamentos, opiniões, sentimentos, relatos, fatos
etc.;
- Explorar, tanto na conversa quanto na escrita, o formato das falas e dos textos (por exemplo, o que vem
primeiro?; qual é a sequencia da história? etc.);
- Participar ativamente de situações cotidianas nas quais se faz necessário o uso da escrita;
- Desenhar, pintar, manusear e modelar massinha, argila, pintura a dedo, demonstrando através do desenho/ou
rabisco sua produção;
- Ouvir, compreender, contar, recontar diferentes narrativas;
- Identificar e utilizar diferentes tipologias textuais, como por exemplo, história, poesias, receitas etc.

B - Matemática

Objetivos gerais:
- Estabelecer algumas noções matemáticas presentes no cotidiano, como contagem e relações espaciais.
- Explorar os números, as operações numéricas, as contagens orais e as noções espaciais como ferramentas
necessárias no seu cotidiano.
- Comunicar, por meio de gráficos, tabelas e registros, ideias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e
resultados encontrados em situações-problema relativas a quantidades, espaço físico e medida.
- Utilizar as linguagens oral, escrita, plásticas junto à linguagem matemática.
Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 38
APOSTILAS OPÇÃO

- Investigar as situações matemáticas novas, instigando os conhecimentos prévios das crianças com vistas à
resolução de problemas.
Habilidades
- Experienciar elementos espaciais e numéricos por meio das festas, das contações de histórias, dos jogos e das
brincadeiras.
- Deslocar-se no ambiente, engatinhando ou andando, subindo e descendo, passando por dentro, por cima, por
baixo.
- Brincar de empilhar e construir torres, pistas para carrinhos e cidades, com blocos de madeira ou encaixe.
- Utilizar a contagem, explicitando quantidade, tempo e espaço em jogos, brincadeiras e músicas.
- Reconhecer a utilização da contagem como necessária em diversas situações.
- Manipular e explorar objetos e brinquedos, explorando características e propriedades principais e suas
possibilidades associativas (empilhar, rolar, transvasar, encaixar etc.).
- Utilizar a contagem oral nas brincadeiras e em situações nas quais reconheçam sua necessidade.
- Utilizar contagem “mental” como ferramenta para resolver problemas.
- Comunicar quantidades utilizando a linguagem oral, a notação numérica e/ou registros não-convencionais.
- Identificar a posição de um objeto ou numeral em uma série, explicitando a noção de sucessor e de antecessor.
- Identificar numerais nos diferentes contextos que se encontram.
- Comparar escritas numéricas, identificando algumas regularidades.
- Explorar diferentes procedimentos para comparar grandezas e estimativas.
- Identificar em situações do dia-a-dia noções de medida de comprimento, peso, volume e tempo, pela
utilização de unidades convencionais e não-convencionais.
- Marcar o tempo por meio de diferentes formas: calendário, relógio, marcos da rotina etc.
- Utilizar o “dinheiro” em brincadeiras ou em situações de interesse das crianças.
- Explicitar e/ou representar a posição de pessoas e objetos, utilizando vocabulário pertinente nos jogos e nas
brincadeiras.
- Explorar e identificar, no cotidiano, as propriedades geométricas de objetos e figuras, como formas, tipos de
contornos, bidimensionalidade, tridimensionalidade, faces planas, lados retos.
- Representar objetos bidimensionalmente e tridimensionalmente.
- Identificar pontos de referência para situar-se e deslocar-se no espaço.
- Descrever e representar pequenos percursos e trajetos, observando pontos de referência.

C - Ciências Sociais e Naturais

Objetivos Gerais
- Apresentar uma postura investigativa em relação ao mundo social e natural.
- Promover atividades possibilitando a experimentação, assim como a expressão de opiniões e/ou conhecimento
acerca de temas científicos.
- Prover informações para o confronto de ideias na busca de compreensão e soluções para situações-problemas do
cotidiano.
- Promover e explorar diferentes fontes de pesquisa sobre temas científicos e sociais.
- Organizar informações relevantes e pertinentes trazidas pelas crianças e/ou pelos adultos sobre fenômenos da
natureza e/ou do mundo social.
- Explorar a relação entre a explicação de um fenômeno e um acontecimento real.
- Investigar as relações de causa e efeito e sequência, relacionadas a acontecimentos e/ou fenômenos observados.
- Refletir sobre a intrínseca relação entre o homem e a natureza.
- Trabalhar de maneira a construir e dar visibilidade aos procedimentos e regras para o desenvolvimento de
atividades em ciências.
- Promover situações para a observação de mudanças e transformações, e
discussão sobre comparações entre elementos naturais, objetos, pessoas etc.
Habilidades
- Explorar o mundo apontando materiais/objetos/fenômenos que lhes chamem atenção.
-Manusear diferentes objetos/materiais experimentando diferentes sensações.
- Movimentar-se no espaço da sala em busca de atividades/informações/ materiais.
- Explorar o ambiente interno e externo descobrindo novos espaços/objetos/pessoas e atividades.
- Indicar claramente os materiais que deseja manusear e precisa para sua experimentação
- Compreender instruções simples a partir de uma referência espacial e temporal.
- Comparar características e singularidades das pessoas, objetos/acontecimentos e fenômenos.
- Demonstrar curiosidade diante de novas situações e/ou objetos, pessoas e fenômenos naturais.
- Desenvolver diálogo com adultos e seus pares sobre acontecimentos e fenômenos observados.
- Classificar, comparar, seriar elementos/objetos/materiais, descrevendo-os.
- Descrever fenômenos que vivenciou ressaltando detalhes de sua composição.
- Desenvolver experimentações que envolvam a natureza.
- Observar e descrever transformações e mudanças que ocorrem no mundo e nas suas experiências.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 39


APOSTILAS OPÇÃO

D - Corpo e Movimento

Objetivos gerais
- Trabalhar com a imagem de corpo.
- Explorar as possibilidades de gestos e ritmos corporais para expressar-se nas brincadeiras e demais situações de
interação.
- Incentivar a destreza progressiva no espaço ao andar, correr, pular etc.
- Encorajar a atitude de confiança nas capacidades motoras.
- Explorar e utilizar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc., para o uso de objetos diversos.
- Ampliar as possibilidades expressivas do movimento, utilizando gestos diversos e o ritmo corporal nas
brincadeiras, danças, jogos e demais situações de interação.
- Explorar diferentes qualidades e dinâmicas do movimento, como força, velocidade, resistência e flexibilidade,
conhecendo gradativamente os limites e as potencialidades do corpo.
- Incentivar o controle gradual dos movimentos, aperfeiçoando os recursos de deslocamento e ajustando as
habilidades motoras para utilização em jogos, brincadeiras, danças e demais situações.
- Encorajar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc. para ampliar as
possibilidades de manuseio dos diferentes materiais e objetos.
Habilidade
- Reconhecer progressivamente os segmentos e elementos do próprio corpo, por meio da exploração, das
brincadeiras, do uso do espelho, da interação com os outros.
- Expressar-se através de sensações e ritmos corporais por meio de gestos, posturas e da linguagem oral.
- Explorar diferentes posturas corporais, como sentar-se em diferentes inclinações, deitar-se em diferentes
posições, ficar ereta apoiada na ponta dos pés, em um pé só, com e sem ajuda.
- Ampliar progressivamente a destreza para deslocar-se no espaço por meio da possibilidade constante de arrastar-
se, engatinhar, rolar, andar, correr, saltar etc.
- Utilizar os gestos relacionados com a preensão, o encaixe, o traçado no desenho, o lançamento etc., por meio da
experimentação e utilização das suas habilidades manuais em diversas situações cotidianas.
- Expressar-se intencionalmente através do movimento, nas situações cotidianas e em suas brincadeiras.
- Perceber estruturas rítmicas para expressar-se corporalmente por meio de danças, brincadeiras e de outros
movimentos.
- Valorizar e ampliar as possibilidades estéticas do movimento pelo conhecimento e utilização de diferentes
modalidades de dança.
- Perceber as sensações, limites, potencialidades, sinais vitais e integridade do próprio corpo.
- Construir uma relação de interatividade com o meio através do diálogo, do jogo e de atividades expressivas
(desenhos, colagens, pinturas, argila...).
- Reconhecer a identidade (individual e grupal) em interação com o meio em que vive através de movimentos
naturais e jogos.
- Reconhecer os jogos e brincadeiras como forma de sua própria atividade de trabalho.
- Identificar a atividade escolar (individual e coletiva) como espaço de construção de identidade (da própria criança e
do outro).
- Reconhecer sentimentos de autoestima, respeito ao outro, cooperação.
- Perceber a necessidade de organização individual e coletiva (construção de regras) para o desenvolvimento de
jogos e brincadeiras.
- Construir conhecimentos sobre os costumes, valores, formas de expressão de diferentes culturas (indígena, negra
etc.) através de jogos e brincadeiras. .
- Representar plástico-corporal e musicalmente os ritmos ambientais (ritmo da maré, do vento, da chuva, galope do
cavalo...).
- Representar plástico- corporal e musicalmente a passagem do tempo (dia/ noite, estações do ano).
- Perceber a relação do corpo com o tempo (ritmos corporais).
- Utilizar os espaços do corpo (esquema corporal, equilíbrio, lateralidade, relação tronco/membros), corpo-espaço,
leitura de seu próprio corpo.
- Relacionar corpo × espaço (cores, formas, texturas, sons, cheiros, sabores)-corpo -
espaço- leitura do mundo.

E - Linguagens Artísticas: Música

Objetivos gerais
- Ouvir, perceber e discriminar diferentes ritmos e produções musicais.
- Brincar com a música: imitar, inventar e reproduzir criações musicais.
- Explorar e identificar elementos da música para se expressar.
-Possibilitar interação com os outros e ampliar o conhecimento do mundo por meio da música.
- Explorar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações, composições e interpretações
musicais.
- Apresentar as diferentes manifestações culturais de diferentes tempos.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 40


APOSTILAS OPÇÃO

Habilidades
- Apreciar obras musicais variadas.
- Participar de situações que instiguem músicas, canções e movimentos corporais.
- Brincar, dançar e cantar com outras crianças.
- Explorar silêncios e sons com a voz, com o entorno e com materiais sonoros diversos.
- Interpretar músicas e canções diversas.
- Participar em brincadeiras e jogos cantados e rítmicos.
- Participar em jogos, brincadeiras e atividades, visando à cooperação (o seu, o meu, o nosso): papéis
complementares em encenações, produção coletiva com variedades de materiais.
- Produzir diferentes formas de representação como formas de expressão do EU (integração: som, imagem,
movimento e palavra).
- Produzir individual e coletivamente textos (utilizando gestos, desenhos, movimentos, sons, palavras).
- Produzir ritmos e sons com diferentes materiais, simultaneamente (madeira/ metal/pedras...).
- Reconhecer e utilizar diferentes características tiradas pelo silêncio e pelos sons: altura (graves ou agudos),
duração (curtos ou longos), intensidade (fracos ou fortes) e timbre (característica que distingue e “personaliza”
cada som).
- Reconhecer e utilizar as variações de velocidade e densidade na organização e
realização de algumas produções musicais.
- Participar em jogos e brincadeiras que envolvam a dança e/ou a improvisação musical.
- Conhecer repertório de canções para desenvolver memória musical.
- Conhecer as manifestações culturais da cidade do Rio de Janeiro em diferentes manifestações artísticas.
- Identificar a produção musical: cinema antigo e atual, contos de fadas, literatura infantil contemporânea, música
clássica e atual, contos de fadas, literatura infantil contemporânea, música clássica e atual.
- Ampliar e enriquecer os recursos expressivos a partir da interação com o meio (expressão plástica e rítmica).
- Escutar obras musicais e diversos gêneros, estilos, épocas e culturas, da produção musical brasileira e de outros
povos e países.
- Reconhecer os elementos musicais básicos: frases, partes, elementos que se repetem (a forma).
- Apreciar obras ouvidas e seus compositores para ampliar seus conhecimentos sobre a
produção musical.

F - Linguagens artísticas: Artes Visuais

Objetivos gerais
- Ampliar o conhecimento de mundo que possuem, manipulando diferentes objetos e materiais.
- Explorar as características, propriedades e possibilidades de manuseio de objetos e materiais em diversas formas
de expressão artística.
- Introduzir diversos materiais gráficos, plásticos e diferentes superfícies.
- Ampliar as possibilidades de expressão e comunicação.
- Incentivar o interesse pelas suas produções e de outras crianças e pelas diversas obras artísticas (regionais,
nacionais ou internacionais).
- Ampliar seu conhecimento do mundo e da cultura.
- Oportunizar a vivência de trabalhos de arte, utilizando a linguagem do desenho, da
pintura, da modelagem, da colagem, da construção, desenvolvendo o gosto, o cuidado e o respeito pelo processo de
produção e criação.
Habilidades
- Manusear e explorar diferentes materiais: lápis e pincéis de diferentes texturas e espessuras, brochas, carvão,
carimbo etc.; meios: tintas, água, areia, terra, argila etc.; e de variados suportes gráficos, como: jornal, papel,
papelão, parede, chão, caixas, madeiras etc.
- Perceber marcas, gestos e texturas.
-Explorar e reconhecer diferentes movimentos gestuais, visando à produção de marcas gráficas.
- Construir objetos variados.
- Descobrir propriedades e possibilidades de registro.
- Observar transformações.
- Observar e identificar imagens diversas.
- Cuidar do próprio corpo e dos colegas no contato com os suportes e materiais de artes.
- Zelar pelos materiais, trabalhos e objetos produzidos individualmente ou em grupo.
- Construir uma relação de interatividade com o meio através do diálogo, do jogo e de
atividades expressivas (desenhos, colagens, pinturas, massinha...).
- Perceber a importância das diferentes linguagens em todas as atividades humanas (diálogo, textos, desenhos).

- Interagir com a literatura, as artes, as tecnologias, percebendo seus impactos na vida e na das pessoas.
- Criar desenhos, pinturas, colagens, modelagens a partir de seu próprio repertório e da utilização dos elementos
da linguagem das Artes Visuais: ponto, linha, forma, cor, volume, espaço, textura etc.
- Explorar e aprofundar as possibilidades oferecidas pelos diversos materiais, instrumentos e suportes necessários
para o fazer artístico.
- Explorar os espaços bidimensionais e tridimensionais na realização de seus projetos artísticos.
Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 41
APOSTILAS OPÇÃO

- Respeitar os objetos produzidos individualmente e em grupo.


- Apreciar e valorizar suas próprias produções, as das outras crianças e a produção de arte em geral.
- Conhecer a diversidade de produções artísticas, como desenhos, pinturas, esculturas, construções, fotografias,
colagens, ilustrações, cinema etc.
- Produzir diferentes formas de representação como formas de expressão do EU (integração: imagem, movimento,
palavra).
- Produzir individual e coletivamente textos (utilizando gestos, desenhos, movimentos, sons, palavras).
- Vivenciar diferentes linguagens artísticas: plástica, cênica e musical (popular e erudita)
- cinema, fotografia, TV, pintura, escultura e recriação destas de forma singular.
- Conhecer manifestações culturais de diferentes tempos: os contos de fadas, as lendas e fábulas, a ficção científica,
o artesanato, pinturas, fotografia, arquitetura, teatro, dança, literatura etc.
- Construir a noção de tempo através de contato com as diferentes linguagens (tempo na dança, nas histórias, nos
desenhos animados etc.).
- Valorizar as manifestações culturais da cidade do Rio de Janeiro em diferentes manifestações artísticas.
- Apreciar as Artes Visuais e estabelecimento de correlação com as experiências pessoais.
- Ler obras de arte a partir da observação, narração, descrição e interpretação de imagens e objetos.
- Apreciar as suas produções e as dos outros, por meio da observação e leitura de alguns dos elementos da
linguagem plástica.
- Ler e representar os espaços do cotidiano, através de textos, desenhos, encenações, maquetes etc.
- Transformar individual e coletivamente cenas, desenhos, construções com diferentes tipos de materiais.
- Utilizar diferentes materiais disponíveis em seu meio (tesoura, pincel, massa, papel...).
- Utilizar os procedimentos necessários para a preparação para o desenhar, o pintar, o modelar etc.
- Organizar os materiais no espaço físico da sala.
- Explorar, organizar e representar o espaço através da sua própria atividade (lugar de desenhar, ler, escrever,
pintar etc.).

IV - A INTEGRAÇÃO DAS ÁREAS DE CONHECIMENTO E LINGUAGENS NA ROTINA DIÁRIA E EXPERIÊNCIAS DAS CRIANÇAS
NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Pensando nas experiências que as crianças possam vivenciar diariamente na Educação Infantil, estas ORIENTAÇÕES
CURRICULARES foram organizadas de maneira que fosse possível visualizar as áreas de conhecimento e as diferentes linguagens e
como as abordaríamos em sala e em outros espaços, tais como áreas externas, com as crianças em Creche, Pré-Escolas e EDIs. Portanto,
a próxima sessão apresentará objetivos gerais (em que o educador deverá pensar para fazer seu planejamento) e habilidades (o que
gostaríamos que as crianças pudessem fazer à medida que crescem, se desenvolvem e vivenciam as suas experiências), partindo das
possibilidades dos bebês até as de crianças de Pré-Escola.

As ORIENTAÇÕES CURRICULARES se subdividem conforme descrito a seguir. No entanto, é importante ressaltar que elas se
subdividem apenas para facilitar a leitura do documento, pois, na Educação Infantil, essa divisão se dissolve quando as crianças
vivenciam, no cotidiano, experiências das mais diversas e que integram os vários aspectos e conhecimentos de cada item abaixo:

 Linguagens: oral e escrita


 Matemática
 Ciências Sociais e Naturais
 Corpo e Movimento
 Linguagens Artísticas: Música
 Linguagens Artísticas: Artes Visuais

É importante salientar que em se tratando de Educação Infantil (EI), todos os conhecimentos tipicamente trabalhados com as
crianças nesta faixa etária podem ser retrabalhados ao longo da EI. No entanto, é essencial que o nível de complexidade das
investigações, brincadeiras, discussões, conversas e atividades acompanhem o desenvolvimento, crescimento, demanda e interesses
das crianças. Noutras palavras, podemos falar, por exemplo, de animais em todas as etapas da EI, mas podemos avançar nos detalhes
e ênfases que trabalhamos com os bebês, crianças pequenas e as maiores.

http://disneyportugal.wordpress.com/2009/01/30/nemo-voltou-a-ficarperdido/

Os conhecimentos sobre os animais podem ser trabalhados a partir de diversas configurações e uma delas pode ser aquelas que
algumas crianças do grupo convivem em casa. Com as crianças menores, podem ser exploradas aquelas características mais visíveis,
tais como, formato do corpo, se o corpo é coberto por penas ou pelos, se tem duas ou quatro

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 42


APOSTILAS OPÇÃO

pernas/patas, os sons que emitem e o que comem. literatura; explorando, de forma investigativa, respeitosa e
Observar e descrever os animais são um bom ponto de partida igualitária as diferentes culturas/religiões dos colegas e
chamando a atenção para as especificidades dos animais em adultos;
questão. À medida que a compreensão e o interesse das  Mundo animal - do mar, do rio, da selva, das árvores, do
crianças se ampliam, poderemos avançar no conhecimento a ar, do gelo, do solo, as diferentes classificações dos animais,
partir das contribuições delas e dos educadores. Podemos, por eles na natureza, a preservação das espécies etc.
exemplo, voltar a este assunto quando estas crianças já  Mundo vegetal - as árvores, galhos, raízes, folhas e flores,
estiverem maiores, abrindo possibilidades para comparações os vegetais comestíveis, as plantas da terra e da água,
entre os mesmos tipos de animais, como eles aprendem a fazer plantações, a madeira, as diferentes classificações dos
determinadas coisas, as características do local onde vivem, vegetais, a preservação das espécies etc.
em que classificações de animais eles se encontram, como são  Preservação da natureza - da Floresta Amazônica, da
importantes para o mundo e a natureza, e a responsabilidade Mata Atlântica, da Floresta da Tijuca, Maciço da Pedra Branca
de cada um preservar as espécies. e outros parques da cidade do Rio de Janeiro e, em especial,
Dentro desta sugestão, podemos também trabalhar algo que seja importante para a comunidade da escola e das
possibilidades que dizem respeito às ciências, à linguagem oral crianças etc.
e escrita, ao corpo e movimento, às linguagens artísticas e até  Ar, água e terra - O que é o ar? Para que serve a água? E a
mesmo à matemática. terra - qual é a sua cor? O que eles nos dão? A relação do
Ressalta-se, assim, a importância de se trabalhar estes homem com estes elementos etc.
conhecimentos:  Planetas, sol, lua, céu - Por que tem dia e noite? Como é o
- evoluindo na sua complexidade conforme as demandas, sol? E a lua? O que eles fazem por nós? Quais são os outros
interesses e desenvolvimento e crescimento das crianças; planetas além da terra? Nós conseguimos ver estes planetas
- integrando os conhecimentos de maneira a explorá-los aqui da terra?
de diversas formas e a partir de diferentes perspectivas com  Estações do ano - verão, outono, inverno e primavera - O
registros nas diversas linguagens; que é típico de cada estação? O que vestimos? O que comemos?
- ressaltando os objetivos gerais de cada área do (relacionar com a alimentação) Porque as estações existem?
conhecimento e das linguagens assim como observando e  Transporte - Quais são eles no ar, na terra, na água? Como
registrando a revelação e utilização do conhecimento pela eles são? Para que servem? Quais os tipos que as crianças
criança; usam?
- e, aproveitando os diversos momentos do dia para  Família - arranjos familiares, número de integrantes...
oferecer ricas oportunidades de brincadeira e atividades que  Identidade - raça e etnia, culturas etc.
envolvam os temas trabalhados, oportunizando possibilidades  Esportes - futebol, vôlei, tênis, peteca, natação, ginástica,
de diversas experiências. balé, capoeira etc. Como se joga cada um destes esportes? E o
balé? O que é?
 Olimpíadas, Copa do Mundo - Quais são atletas? Quais as
seleções que participarão? Onde e o que será que vai
acontecer? Quem são as pessoas que moram no país da copa
deste ano de 2010? Quem faz parte das delegações?
 Artistas brasileiros e de outras nacionalidades e suas
obras - da música, das artes plásticas, da poesia, do grafite etc.
 Artesanato - O que é isto? Quem faz? Como fazem? Que
materiais usam?
 Patrimônio cultural - Como eles viram patrimônio? Quem
dá este título? Quem pode ser patrimônio?
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL31537-5603,00-  Tipos de música: clássica, pop, bossa nova, samba, forró,
PEIXE+NEMO+SABE+ENCONTRAR+CAMINHO+DE+CASA.html frevo, chorinho, infantis, estrangeira etc.
 Corpo humano - o que vemos e o que não vemos - Como
Abaixo, indicam-se alguns exemplos que podem ser de ele funciona? Como cuidamos dele?
grande interesse para as crianças, tanto na Creche quanto na  Nossos sentidos: visão, audição, olfato, paladar, tato.
Pré-Escola e EDIs, que poderiam ser incrementados ao longo  Em que somos diferentes? Crianças e adultos, meninos e
da EI. Esta não é uma lista exaustiva nem prescritiva e, meninas, homens e mulheres? Como são nossos cabelos, olhos,
portanto, outros assuntos, à medida que a interação, interesses cor da pele?
e conhecimento das crianças progridem em sala, vão  Tipo de habitação/moradia - Onde as pessoas moram?
certamente surgir. Porque elas moram onde moram? Como são as casas das
pessoas em nossa comunidade?
 Nossa cidade, nosso bairro - Onde estamos?
Características sociais, econômicas e geográficas.
 As cores do mundo - Onde elas estão?

http://www.mabilee.com/2009_05_01_archive.html

São eles:
 As histórias: contos, contos de fadas, poemas, histórias
inventadas, histórias publicadas sobre animais, sobre as
crianças, de lugares, de pessoas, de países etc.
 Folclore, festividades típicas, festivais de música, teatro e http://misturebadenoticias.blogspot.com/2008_01_01_archive.html

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 43


APOSTILAS OPÇÃO

V - UM ASSUNTO, UM EXEMPLO: corporal nas nosso corpo


brincadeiras, danças,
 Como trabalhar uma rotina interessante e pertinente? jogos e demais situações
 Como buscar desafios para as crianças? de interação.
 Como identificar os interesses das crianças? Brincar com a música:
 Como integrar as áreas do conhecimento e as linguagens? imitar, inventar e
reproduzir criações
Expressar sensações
Para exemplificar como trabalhar integrando as áreas do musicais.
que a música traz e
conhecimento e as linguagens, utilizaremos o tema “As Cores Explorar sensações,
Música relacionar às
do Mundo”. Em primeiro lugar, indicam-se os objetivos de cada sentimentos e
características das
área de conhecimentos e das linguagens que podem ser pensamentos, por meio
cores
explorados para depois sugerir atividades, materiais e rotina de improvisações,
diária a partir do assunto escolhido. composições e
Consulte os objetivos gerais e as habilidades com os quais interpretações musicais.
gostaria de trabalhar para fazer um planejamento que inclua Ampliar o conhecimento
Explorar e reconhecer
todas as possibilidades, vivências e experiências que sejam de mundo que possuem,
diferentes
possíveis em sala e/ou outro espaço da sua Creche, Pré-Escola manipulando diferentes
movimentos gestuais,
ou EDI. A partir da identificação dos objetivos e habilidades objetos e materiais.
visando à produção
das áreas e linguagens, reestruture- os de acordo com o Introduzir diversos
de marcas gráficas.
assunto escolhido e as possibilidades de trabalho. Vejam só: materiais gráficos,
Descobrir
plásticos e diferentes
propriedades e
Áreas/ superfícies.
Objetivos gerais Habilidades possibilidades de
Linguagens Ampliar as possibilidades
registro.
Nomear as cores nos de expressão e
Artes
objetos na natureza, comunicação.
Visuais Observar
Ampliar vocabulário oral nos materiais etc. Oportunizar a vivência
Linguagem: transformações.
Criar oportunidades de Utilizar as cores como de trabalhos de arte,
oral e utilizando a linguagem
registro em desenho e recurso para expressar Explorar e aprofundar
escrita do desenho, da pintura,
escrita. ideias. as possibilidades
Descrever as cores e da modelagem, da
oferecidas pelos
registrar suas idéias colagem, da construção,
diversos materiais,
Onde as cores estão? desenvolvendo o gosto, o
instrumentos e
Identificar as cores e a cuidado e o respeito pelo
suportes necessários
que elas nos remetem; processo de produção e
para o fazer artístico
Identificar nas cores criação.
quando elas
Promover situações para
simbolizam algo, por
a observação de
exemplo, as cores do
mudanças e
Ciências semáforo.
transformações, e
sociais e Relacionar as cores
discussão sobre
naturais aos sentimentos e
comparações entre
sensações
elementos naturais,
Explorar os alimentos,
objetos, pessoas etc.
suas cores, suas
variações e
transformações - de
verde para maduro,
cru para cozido etc.
Classificar objetos e
Reconhecer a utilização materiais por cor Criar
http://coresepaginas.files.wordpress.com/2009/09/tinta1.jpg
da contagem como sistemas utilizando
CORES sugerem o desenvolvimento de muitos assuntos e
necessária em diversas cores para
temas. Por meio delas, avançamos no conhecimento sobre
situações. organização da
diversas coisas, objetos, fenômenos naturais como as plantas,
Utilizar as linguagens brincadeira e/ou
a terra, os animais, o céu, os planetas, elementos da natureza
oral, escrita, plásticas espaço da sala
como, por exemplo, o arco-íris etc. Por isso, não precisamos
junto à linguagem Utilizar as cores para
Matemática abordar as cores isoladamente porque, de fato, elas não
matemática. categorização e
existem assim: elas existem a partir dos elementos naturais e
Investigar as situações resolução de
daquilo que o homem constrói e modifica. As crianças, ao
matemáticas novas, problemas
aprenderem sobre as cores, aprendem a dar sentido a elas
instigando os Identificar, por
também e as utilizam de maneira cada vez mais complexa e
conhecimentos prévios agrupamento, as
exploratória. Ao aprenderem sobre as cores, falarão delas
das crianças com vistas à “famílias” das cores.
contextualizando-as, construindo cenários e situações,
resolução de problemas. Comparar as cores e
histórias e experiências, cantarão músicas e as demonstrarão
suas características.
com movimentos e danças, chegarão a conclusões depois de
Trabalhar com a imagem Relacionar as cores
tentar resolver suas curiosidades e problemas. Cabe aos
do corpo Ampliar as com movimentos
educadores instigá-los com materiais, livros, brinquedos,
Corpo e possibilidades como se fosse um jogo
jogos, canções, conversas e atividades artísticas, fazer com que
movimento expressivas do Criar situações de
as crianças tenham experiências que expandirão sua
movimento, utilizando experimentação
compreensão sobre o mundo e suas cores, sabores,
gestos diversos e o ritmo verificando cores em

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 44


APOSTILAS OPÇÃO

transformações! oportunidades de aprendizagem. É preciso brincar com elas,


Começamos com as cores primárias e, a partir delas, conversar e descrever para elas e com elas o que veem e
podemos desenvolver muitas experiências, evidenciando as manuseiam. É preciso também organizar a rotina com
transformações quando misturamos duas cores e assim por diferentes momentos para cada um destes materiais, pois
diante. Ao fazer experiências com os alimentos, por exemplo, é crianças nesta faixa etária não conseguem interagir
possível, identificar as cores, compará-las, prever o produtivamente com muitas opções ao mesmo tempo. A regra
surgimento de uma nova cor, para depois, utilizá-las nas básica para esta idade é: muitas cópias de um mesmo
brincadeiras, jogos, expressões artísticas, experiências com material/brinquedo, e pouca variedade em cada etapa da
alimentos e plantas etc. Falar das cores implica em descrever rotina (talvez, no máximo 3 tipos diferentes). Assim, com a
objetos, materiais, elementos naturais, anotar sobre as ajuda e a interação com o educador, a criança explora o
transformações, fazer registros em pintura, desenho e escrita, material e o brinquedo, dialoga com o educador antes de
explorar o mundo a nossa volta, observando cuidadosamente passar para outra atividade/material/experiência. O educador
como as cores nos ajudam a viver, como elas revelam nossos planeja então a sequência de experiências, organizando a sala
sentimentos e como simbolizam o nosso cotidiano. de maneira que as crianças aproveitem as oportunidades de
Para falar de cores, podemos eleger alguns assuntos aprendizagem criadas.
daqueles listados anteriormente neste documento. Podemos
falar de cores e:
- das plantas a nossa volta, como por exemplo, elementos
naturais que observamos dentro e fora de sala e casa (galhos,
pedras, folhas, flores; conchas etc.);
- dos animais que conhecemos - em nossa casa, na praia,
na escola, na rua, no mercado;
- dos alimentos presentes na nossa alimentação na Creche,
Pré-Escola e EDI e em casa;
- das obras artísticas que gostamos e que estão presentes
na nossa vida;
- da nossa habitação: sala, casa, escola, rua etc.;
- das sensações que elas nos causam;
http://paiquantassaudades.blogspot.com/2009/04/vivi.html
- das combinações que fazemos com elas em nossas
roupas, sapatos, bolsas, fantasias etc.;
Para as crianças de 3 anos em diante, podemos introduzir
- dos nossos próprios trabalhos artísticos e do registro de maior variedade de cores e maior número e diversidade de
atividades; brinquedos e materiais para atividades e experiências
- e outros... o arco-íris: de onde vêm suas cores? A luz tem consecutivas.
cor?
O importante é não apresentar as cores de maneira VI - ROTINAS DIÁRIAS: EXEMPLOS PARA A CRECHE E
descontextualizada, visando somente a memorização, sem PRÉ-ESCOLAS: exemplos para Creche e Pré-Escola cujo
ressaltar o poder da contemplação e observação cuidadosa, atendimento é feito em período integral e para Pré- Escola
pois as crianças precisam aprender a refletir sobre aquilo que em período parcial.
lhes é apresentado, com calma e tempo para assimilar o todo e
os detalhes que envolvem os assuntos que tratamos com elas. Para introduzir um exemplo de rotina, é importante
As experiências com as cores dão às crianças novas palavras esclarecer que esta deve se constituir de diferentes momentos
para descreverem as diferenças e semelhanças sobre o mundo privilegiando a disposição das crianças em diferentes partes
e seus elementos; encorajam a experimentação e nos dão do dia, isto é, alguns momentos calmos outros ativos,
muitas informações sobre a natureza, animais, alimento etc. individualmente, em pequenos e grandes grupos. Por
Trabalhar com as cores, de maneira contextualizada, estimula exemplo:
as crianças a expandir sua exploração de mundo, instiga a  Momentos ativos se constituem de atividades tais como,
curiosidade peculiar e necessária para a aprendizagem. faz-de-conta; blocos e construção; atividades motor amplo;
Mas afinal, como podemos desenvolver, então, atividades e cantar e dançar; computador se a atividade envolver mais de 1
experiências para as crianças explorarem as CORES DO criança;
MUNDO? A sala pode estar organizada de maneira que as  Momentos calmos se constituem de atividades que
crianças, ao entrarem nela, já identifiquem aspectos que as incluem quebra-cabeças; olhar livros e revistas, encaixes
levarão a falar sobre as cores. Para os bebês e crianças até 2 (motor fino); escrever, desenhar, pintar, moldar argila;
anos, a presença de bonecas que retratam as diversas etnias, experiências científicas; assistir filmes (por curtos períodos de
bolas coloridas (de preferência começando pelas primárias - tempo).
azul, vermelha, amarela); réplicas de animais coloridos,
brinquedos que por cor emitem determinados sons; móbiles No período da manhã, devem ser incluídos momentos
com cores pastéis e objetos tais como, animais, elementos da ativos e calmos dando prioridade às atividades cognitivas. As
natureza (conchas, flores, animais etc.); fotografias deles crianças, depois de uma noite de sono, estão mais descansadas
próprios e do ambiente da sala; caixas de encaixe e para para ampliar sua capacidade de concentração e interesse em
empilhar com diferentes cores; brinquedos de puxar e atividades que envolvem a resolução de problemas. É
empurrar, como carros e trenzinhos com correspondência de interessante incluir atividades físicas no período da manhã
cores, lápis e gizão grossos, de cores variadas para desenhos; também, observando o tempo e a intensidade de calor e sol ou
pintura a dedo; alimentos “de mentirinha” para brincadeira de frio.
faz-de-conta; roupas para as bonecas etc., trabalhos artísticos O período da tarde deve ser iniciado com atividades
que envolvam crianças e adultos, animais e plantas para calmas, trabalhando o desenvolvimento criativo com
observação e contação de histórias com livros de tecido e papel atividades plásticas e artísticas, leituras individuais e em
reforçado que versam sobre as cores do mundo e/ou pequenos grupos passando para atividades físicas e do lado de
experiências coloridas. Todos estes materiais auxiliam a fora.
interação, mas eles sozinhos não criam para as crianças

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 45


APOSTILAS OPÇÃO

No caso do atendimento em período parcial, a mesma regra Exemplo de rotina trabalhando “AS CORES DO MUNDO”
se aplica: ao chegar à instituição, as crianças podem aproveitar com crianças até 2 anos.
melhor uma atividade que exige maior atenção, como, por
exemplo, em atividades cognitivas, quando estão mais Estrutura da
Horário Exemplos de experiências
descansadas. A rotina, no período parcial, deve também incluir rotina
momentos calmos e ativos, individuais e em pequenos e Sentar com as crianças para
Recepção das
grandes grupos, atividades incluindo todas as áreas do 7h compartilhar o desjejum, conversando e
crianças e
conhecimento e linguagens e ainda, atividades iniciadas pelo 7h30 descrevendo as ações e alimentos
desjejum
educador e outras pelas crianças. servidos.
Embora a Educação Infantil no Brasil esteja dividida entre Desjejum para aquelas que chegam
Continuação da
Creche e Pré-Escola, optamos aqui por criar dois subgrupos mais tarde. Possibilidades de interação
recepção das
etários (0 a 2 e 3 a 5) evidenciando as características gerais do com os pais: reconhecendo e
crianças
desenvolvimento infantil dentro de cada subgrupo. explorando a sala; falando com os
7h30 bebês/crianças pequenas, sobre o dia
Atividades em
9h que está por vir.
Alguns subsídios para a prática pedagógica com crianças pequenos
Materiais, tais como, réplicas coloridas
até 2 anos de idade: grupos e por
de animais, bolas de tecido e plástico
vezes
coloridas; bonecas e carrinhos
- Para as crianças até 2 anos, os educadores devem estar individuais
coloridos.
preparados para desenvolver diálogos, explicando suas ações, Compartilhando esta refeição com as
a das crianças, descrições de materiais e rotina durante todo o crianças, dialogando com as crianças,
período do dia, criando possibilidades de desenvolvimento de 9h 10h Lanche explorando as cores dos alimentos, das
linguagem oral, interação positiva e incentivando o processo roupas e sapatos delas comparando-as
de autonomia. Por isso, nas atividades dos bebês e crianças até com as dos alimentos.
2 anos, os educadores devem estar totalmente envolvidos Bonecos de pano, fantoches e teatrinho
participando delas ativamente, dando atenção individual representando a história, com música
Atividade calma
respondendo a demanda desta faixa etária. 10h calma;
Soninho para
10h45 Olhando os móbiles, descrevendo-os em
quem deseja
- Os momentos de higiene pessoal e cuidados devem ser suas cores e ressaltando seus
movimentos.
feitos junto com as crianças, mostrando e descrevendo a elas
Mexendo com o corpo: rolando, batendo
todas as ações. As conversas com as crianças pequenas devem
Momento ativo palmas, engatinhando com obstáculos,
sempre incluir descrições das observações dos fenômenos ao
dentro ou fora pular ao som de música; dançar ao som
nosso redor, indicando o que fizeram antes e vão fazer depois. 10h45
de sala de música cantada pelos educadores
Por isso, o registro em fotografia ajuda muito as crianças a 11h15
(como por exemplo, imitando animais
visualizarem suas atividades e a eles mesmos, sendo possível Grande grupo de cores marrom, verde, branca etc.) ou
recapitular as coisas, reviver com repetição. de músicas escolhidas pelas crianças.
- Tomar cuidado para que não sejam disponibilizados Preparação para
muitos recursos de uma só vez para as crianças até 2 anos. É 11h15 o almoço e Conversas coletivas e individuais
importante que haja repetição: enquanto houver interesse por 11h40 devida fomentando interações entre pares.
parte das crianças em interagir com os mesmos materiais, higienização
brinquedos e livros, é importante mantê-los acessíveis em Conversas coletivas e individuais
sala. 11h40 fomentando interações entre pares.
Almoço
- Os diferentes momentos do dia são marcados pela troca 12h15 Comparando os alimentos, cores e
sabores.
dos materiais e brinquedos uma vez que para crianças
Para quem não dorme neste horário,
menores nunca colocamos muita variedade de brinquedos,
atividades com livros e revistas - corex
mas dois ou três tipos com várias réplicas para todos
do mundo! Quem são as pessoas? O que
explorarem. 12h15 Higiene Sono
elas vestem? O que mais estamos
- Os materiais devem incluir a exploração de sons, 14h Momento calmo
vendo?
observação de processos de mudança que subsidiam o Educadora canta baixinho utilizando
educador a ampliar a compreensão das crianças sobre os gestos e mímicas; utilizando livros.
fenômenos e fatos do dia-a- dia. Explorações na sala: descobrindo os
- Os materiais e brinquedos para a brincadeira de faz-de- materiais da tarde, explorando o que
Acordando
conta devem incluir bonecas/os, panelinhas, talheres, roupas 14h está exposto em sala (fotografias,
Momento
e fantasias, chapéus, pedaços de tecido de vários tamanhos, 14h15 desenhos, figuras, espelho etc.);
relaxado
telefone, fogão e geladeira, mesa de passar roupa, bacias e Atividades com lápis e gizão coloridos e
baldes etc. e que deem possibilidades de criação de diversas tinta, se possível.
Momento ativo
situações domésticas ou não. Empurrando carrinhos; juntando,
14h15 Pequenos
- É importante que na sala estejam expostas fotografias empilhando e encaixando blocos e
14h45 grupos
das crianças, desenhos produzidos por elas, cartões que caixas;
Individual
apresentam sequência para contação de história, fotografias Preparação para o lanche, conversando
de animais, plantas, pedras, rios, chuva, praia, montanha etc. sobre estes procedimentos, cores dos
Preparação para
- É ainda mais importante que os educadores explorem o lanche com a
pratos, colheres, mesa e cadeiras.
estas exposições, encorajando as crianças a falar sobre elas, Conversas sobre nossos gostos, sobre,
devida
identificando o que é seu e/ou familiar e/ou de seus colegas. por exemplo, o que animais comem
14h45 higienização
comparando com o que comemos
15h30
(aproveite os livrinhos vistos no dia e se
Lanche
for sobre animais e o que comem, falem
Momento de
sobre isto, caso contrário, ilustre sua
conversa
conversa com o que foi visto e
vivenciado).

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 46


APOSTILAS OPÇÃO

Higiene Falando sobre os procedimentos de - O uso da linguagem no dia-a-dia é de extrema


Preparando para higiene, cor da toalha, do sabão, da importância nesta faixa etária e por isso, o educador deve não
15h30
ir para a área escova de dente etc., dialogando sobre a só acompanhar as atividades das crianças, mas interagir
16h15
externa área externa. ativamente descrevendo as ações das crianças, os conceitos
Momento ativo Equipamentos para motor amplo. com os quais estão trabalhando, sugerindo novas coisas,
Educadora prepara juntamente com as indicando possibilidades de ações e de materiais a serem
Início da saída crianças seus pertences para saída,
16h utilizados, expressando verbalmente o que as crianças estão
das crianças sempre dialogando, chamando a
fazendo.
atenção para as cores dos objetos.
Pintura de dedo e/ou pincel com opção - É sempre produtivo que em todos os momentos do dia
16h Atividade de lápis e giz de cera. Faz-de-conta - os educadores preparem alternativas para as crianças na
16h30 criativa bonecos, roupinhas, panelinhas, mesma categoria de atividade: calma, ativa, pequenos grupos
talheres, comida de faz-de-conta. etc.
Contação de histórias; Fantoches; - Os materiais e brinquedos para a brincadeira de faz-de-
Joguinhos de encaixe. conta devem ser variados e que deem possibilidades de
16h30 Preparando para
Cantando música e fazendo gestos; faz- criação de diversas situações, por exemplo, telefones, material
17h a saída
de-conta (escolher apenas três das de escritório, panelinhas, pratos, talheres, chapéus, roupas,
opções acima citadas). uniformes (bombeiro, médico, bailarina etc.) e fantasias,
chapéus, bolsas, sapatos, sacolas, mesinhas, equipamentos
Os exemplos de experiências aqui apresentados nas domésticos, bacias e baldes, revistas etc.
rotinas pra crianças até 2 anos, de 3 a 5 anos em atendimento
- É importante que as crianças participem das decisões
em período integral, e para Pré-Escolas com atendimento em
sobre como decorar a sala, com exposições de trabalhos das
períodos parciais, são para ilustrar e criar um ponto de partida
crianças, registros de suas atividades, fotos feitas em casa e na
para a continuação da exploração do assunto “AS CORES DO
escola etc.
MUNDO”. É preciso expandir a exploração do assunto, a partir
da interação com as crianças e suas experiências pessoais e as - É ainda mais importante que os educadores explorem
investigações tanto da criança quanto do educador. Sendo estas exposições, voltando sempre a elas para relembrar
assim, se inspire para criar experiências interessantes, atividades, dar seguimentos e ainda para trocá-las. As
desafiadoras, pertinentes e saudáveis! conversas com as crianças devem ser sempre estruturadas de
maneira a recapitular o passado próximo e o presente para
Preparando para se despedir - organizar os pertences planejar o futuro esclarecendo sobre a ordem e consequências
e a sala dos fatos!

Exemplo de rotina trabalhando “AS CORES DO MUNDO”


com crianças entre 3 anos e 5 anos.
Estrutura da
Horário Exemplo de experiências
rotina
Sentar com as crianças para compartilhar
o desjejum, conversando e descrevendo as
Recepção das ações e alimentos servidos.
http://www.fotosearch.com.br/GLW117/gwil13003/ 7h
crianças e Lembrar do assunto em desenvolvimento:
7h30
desjejum AS CORES DO MUNDO
A partir das 16h30, na rotina de atendimento em horário Há algo que vimos de interessante no
integral, os responsáveis já vêm buscar as crianças, quando os trajeto de casa?
educadores já começam a organizar o material das crianças Desjejum para aquelas que chegam mais
para que os pais possam levá-los. Por isso, elas têm que ser Continuação
tarde. Possibilidades de interação com os
ágeis de maneira a envolver as crianças nestas tarefas de da recepção
pais: reconhecendo e explorando a sala;
maneira prazerosa e educativa, dialogando com elas e das crianças;
falando com crianças, sobre o dia que está
antecipando fatos e 7h30 Atividades em
por vir. Atividades livres, organizadas
9h pequenox
ações. Receber os pais em sala significa criar recursos para criteriosamente nos cantos e nas mesas da
grupos e por
as atividades pedagógicas, pois conhecer melhor as famílias sala. Revistas e livros; blocos de vários
vezes
nos contextualiza para criarmos situações pedagógicas que tamanhos e cores; quebra-cabeça e faz-de-
individuais
enriquecem o dia-a-dia das crianças. conta.
Crianças e educadores juntos preparando
Alguns subsídios para a prática pedagógica com para o lanche conversando sobre seus
crianças entre 3 e 5 anos: 9h gostos, as cores daquilo que gostam de
Lanche
9h30 comer, sobre o que utilizam para comer -
- Os educadores devem estar sempre envolvidos com as comparando, categorizando, selecionando
atividades das crianças seja na sala, no pátio ou em qualquer os alimentos por cores
outra área que estejam. Falar e ouvir as crianças são sempre os Atividade de
pontos de partida na EI assim como a interação individual com Falando sobre as atividades que eles
grande grupo
cada uma delas. Portanto, participar das iniciativas das escolheram na entrada com registro
ou em 2
crianças questionando e complementando o que elas dizem, escrito e/ou desenho/pintura, com o
9h30 grupos
planejam e exploram é o papel do educador. objetivo de explorar as cores.
10h30 (atividade
Preparo para sair de sala para uma
estruturada
atividade de observação: selecionando
pelo
material para a observação
educador)
Momento
Exploração do ambiente para uma
ativo
atividade dirigida sobre as cores e a
10h30 Atividade de
natureza, com registro. Cada criança
11h15 exploração
escolhe o material a ser usado (lápis,
em área
gizão, caneta, papel).
http://lardacrianca.blogspot.com/ externa

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 47


APOSTILAS OPÇÃO

Higiene Preparar para o almoço: Crianças e educadores juntos


11h15
pessoal para falar sobre o almoço - trocando ideias preparando para o lanche
11h40
o almoço sobre gostos conversando sobre seus
Sentar com as crianças e conversar gostos, as cores daquilo que
9h 14h
espontaneamente fomentando interações Lanche gostam de comer, sobre o
11h40 9h30 14h30
Almoço entre pares e conversas sobre os assuntos que utilizam para comer -
12h10
da manhã. comparando, categorizando,
Falar sobre refeições, cores e sabores. selecionando os alimentos
12h10 Higiene por cores
Lavar as mãos e o rosto
12h30 pessoal Falando sobre as atividades
Atividade Atividade criativa: pintura, massinha, que eles escolheram na
calma argila, colagem utilizando revistas da Atividade de grande entrada com registro escrito
12h30 grupo ou em 2 e/ou desenho/pintura, com
(podem ter a manhã, para inspiração.
13h30 9h30 14h30 grupos o objetivo de explorar as
opção de Comparando cores, combinando cores,
descanso) criando cores. 10h15 15h15 (atividade cores.
Jogos cujas regras incluem cores, dominós estruturada pelo Preparo para sair de sala
com números e cores/figuras e cores, educador) para uma atividade de
quebra-cabeça com parceiros e/ou observação: selecionando
13h30 Atividade material para a observação
sozinho
14h30 concentração Exploração do ambiente
Papel e lápis de cor disponível para
registros de conclusões das conversas, Momento ativo para uma atividade dirigida
para exposição em sala. sobre as cores e a natureza,
10h15 15h15
14h30 Preparando a sala para o lanche Atividade de com registro. Cada criança
Lanche 11h 16h15
15h Roda de conversa em volta da mesa exploração em área escolhe o material a ser
Momento externa usado (lápis, gizão, caneta,
individual Brincadeira livre com participação das papel).
e/ou social professoras: Cantos: faz-de-conta; Preparar para o
15h (que pode ser construção. almoço/jantar:
16h calmo e/ou ou falar sobre o almoço/jantar -
ativo dentro área externa: jogos físicos, bolas, pedalar: trocando ideias sobre gostos
ou fora de bicicletas/velocípedes. Higiene pessoal Sentar com as crianças e
11h 16h15
sala) para o conversar espontaneamente
11h10 16h30
Atividade de almoço/jantar fomentando interações entre
16h Contação de histórias; fantoches; filmes na pares e conversas sobre os
em pequenos
16h45 TV (por curtos períodos de tempo) assuntos da manhã/tarde,
grupos
Atividades de revendo e descrevendo
16h45 pequenos Preparando a saída: arrumando pertences planos.
17h grupos e Relembrando o dia Falar sobre refeições, cores e
11h10 16h30
individual Almoço/Jantar sabores: fazendo perguntas.
11h40 17h
Lavar as mãos e o rosto
A partir das 16h30, as crianças começam a ir embora e, por Higiene pessoal
Organizando pertences
isso, a sala ou área externa se for o caso, deve ser organizada 11h40 17h para saída
pessoais Faz-de-conta ainda
de maneira que as crianças possam desenvolver atividades 11h45 17h15 Preparação para
disponível
saída
autonomamente. É uma ótima oportunidade para os
educadores organizarem a saída delas com elas e ainda lerem
com elas, em pequenos grupos e até mesmo individualmente. VII - MATERIAIS E BRINQUEDOS: algumas sugestões

Atendimento em Pré-Escola - horário parcial - manhã e Materiais e brinquedos são imprescindíveis para o
tarde desenvolvimento de atividades individuais, de pequenos e
grandes grupos na Educação Infantil. As crianças pequenas
Manhã Tarde Estrutura da rotina Exemplos de experiências
Sentar com as crianças para
aprendem principalmente por meio da exploração, observação
compartilhar o desjejum, e descoberta, em especial durante suas brincadeiras, da
conversando e descrevendo imitação dos outros e das informações que lhes são dadas ao
as ações e alimentos interagir com seus pares e adultos. Por isso, os materiais e
Recepção das servidos. brinquedos são importantes nesta fase de desenvolvimento,
7h15 12h45 pois são através deles que acessam informações importantes
crianças Lembrar do assunto em
7h30 13h30 para a elaboração de suas explorações e brincadeiras. Sendo
Desjejum/ almoço desenvolvimento: AS CORES
DO MUNDO assim, é igualmente importante que estes materiais e
Há algo que vimos de brinquedos estejam disponíveis e acessíveis para as crianças
interessante no trajeto de durante todo o dia. Estar disponível e acessível significa que o
casa? adulto organizará criteriosamente a sala, como por exemplo,
Possibilidades de interação em cantos, para que as crianças possam organizar suas
com os pais: reconhecendo e brincadeiras ao longo da rotina diária, entendendo que há
explorando a sala; falando momentos em que podem fazer determinadas coisas e em
com crianças sobre o dia que outros momentos não poderão estar livremente naqueles
Atividades em está por vir. cantos. Isto quer dizer que as crianças poderão acessar os
7h30 13h30 pequenos grupos e Atividades livres,
materiais e brinquedos dentro de uma estruturação
9h 14h por vezes organizadas criteriosamente
combinada entre elas e os educadores. A organização dos
individuais nos cantos e nas mesas da
sala. Revistas e livros; blocos
materiais e brinquedos geralmente já dá claras indicações de
de vários tamanhos e cores; como e quando as crianças podem trabalhar nos diferentes
quebra-cabeça e faz-de- momentos do dia.
conta.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 48


APOSTILAS OPÇÃO

http://psicosaber.wordpress.com/2009/07/24/estudo-comprova-queatividades-fisicas-melhoram-o-sono-das-criancas/

Algumas sugestões serão dadas nos próximos quadros de materiais e brinquedos que devem estar disponíveis e acessíveis para a
exploração das crianças, dando subsídios aos seus interesses nas diversas áreas do conhecimento e das linguagens, assim como aqueles
que refletem a cultura das crianças e suas famílias. Esta lista não pretende ser exaustiva, mas sim dar exemplos de materiais para
compor as salas e outras áreas da instituição. É preciso que a instituição esteja envolvida permanentemente na busca de novas
possibilidades de materiais e brinquedos, à medida que a necessidade em sala for surgindo. É importante lembrar que, durante a rotina
diária, tanto os bebês quanto as crianças maiores podem ter mais de uma atividade acontecendo consecutivamente (vide os exemplos
de rotina neste documento. Considere a faixa etária antes de decidir quantas atividades consecutivas podem ser programadas) dando
a elas a oportunidade de fazer escolhas e insistir em alguma observação ou experiência em que estejam interessadas. As opções
devem variar entre atividades individuais, de pequenos grupos, e de grande grupo, sendo esta última quando a educadora dirige a
atividade para todo o grupo, assim como nas opções de atividades calmas e ativas. É importante também que os materiais e brinquedos
sejam variados, tanto em número (em relação ao quantitativo de crianças) quanto em qualidade e durabilidade. Para os bebês, por
exemplo, é necessário um número maior de um mesmo tipo de brinquedo e/ou material, pois ainda é difícil para eles entenderem que
devem compartilhar as coisas na sala. A rotatividade destes em sala é igualmente imprescindível e deve ser feita criteriosa e o mais
frequentemente possível ou de acordo com a demanda das crianças. Esta frequência deve ser constantemente avaliada, a partir das
interações entre as crianças e delas com os adultos e de suas indicações a respeito do que precisam em termos de outros
materiais/brinquedos.
 Os materiais e brinquedos podem ser confeccionados pelos adultos utilizando material reciclável, como garrafas PET, caixas de
papelão, cestas, tecidos, ou ainda serem adquiridos em nosso cotidiano, como por exemplo, os elementos naturais (pedras, folhas,
flores, conchas etc.). As crianças entre 0 e 6 anos conseguem dar significado aos diferentes materiais e brinquedos dependendo da
demanda da brincadeira, portanto, é melhor investirmos em materiais e brinquedos que podem ser utilizados de diversas maneiras e
em diversas situações do que naqueles que tem apenas um ou duas funções. Os materiais e brinquedos devem instigar a curiosidade,
a exploração e criatividade das crianças, afastando a possibilidade de somente imitar o que já está posto.
É importante também ressaltar que todos os materiais colocados à disposição e acessíveis aos bebês devem ser adequados à faixa
etária, confeccionados com todo o cuidado necessário (segurança e higiene) e monitorados ininterruptamente para garantir a
segurança.

3 meses a 2 anos 3 anos a 5 anos


Livros, revistas, jornais, música, fotografias
pessoais, da natureza e dos ambientes;
bonecas e bonecos, roupas e fantasias,
Livros de pano, papel e plástico; perucas, chapéus, gravatas, colares,
revistas e gibis; animais e figuras humanas de sapatos, leques, aventais, bolsas e sacolas,
Linguagens: oral e escrita tecidos macios e laváveis tecidos, colchas, materiais e equipamentos
e de plástico; de cozinha (incluindo os alimentos de
Fotografias das crianças e suas famílias; mentira), de escritório, de supermercado,
fichas com seus nomes; bonecas e bonecos, roupas de salão de beleza fantoches e marionetes,
e fantasias, perucas, chapéus, gravatas, colares, carros e carrinhos, dinheirinho, Painéis
sapatos, leques, bolsas e sacolas, tecidos, colchas, com informações sobre: as crianças
materiais e equipamentos de cozinha, de (tamanho, cor dos cabelos, olhos, roupas,
escritório, de supermercado (em tamanhos diferenças entre elas e entre elas e os
adequados à faixa etária); adultos), seus interesses, passeios,
fantoches e marionetes, carros e carrinhos; fotografias, trabalhos, atividades e rotinas;
painéis e murais com exposições das atividades obras de arte;
http://petragaleria.wordpress.com/2007/11/2
6/criancas-brincandochildren-playing/
que fazem com as crianças, para exploração com Materiais tais como: alfabetários, letras
elas; cartões para construção de sequências de móveis de madeira, tecido, plástico, de imã;
histórias e fatos; fichas com nomes e palavras conhecidas;
“palco” para teatrinho de fantoches etc. cartões para construção de sequências de
histórias e fatos;
jogos variados com letras e palavras;
“palco” para teatrinho de fantoches etc.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 49


APOSTILAS OPÇÃO

3 meses a 2 anos 3 anos a 5 anos


Matemática Réguas, fitas métricas e trenas,
jogos de memória, bingo, dominó,
Blocos variados de tamanho quebra-cabeças com motivos matemáticos
adequado para encaixar, empilhar, empurrar, e para desenvolvimento de raciocínio;
puxar, sequências de objetos e figuras para números e formas variadas, recortadas em
contagem; diferentes formas tridimensionais; papéis para utilização em projetos,
cartões com figuras e cenas para ordenar como se ilustrações, colagens e tarefas; materiais
fossem histórias; materiais que trabalhem que trabalhem diferentes categorias,
diferentes categorias, modelos, formatos, modelos, formatos, sequências,
sequências, semelhanças, diferenças, quantidade, semelhanças, diferenças, quantidade,
respeitando a complexidade necessária para a correspondência; loto, bingo, calendário,
faixa etária; materiais que possibilitem colocar e dinheirinho, possibilidades para
http://petragaleria.wordpress.com/2007/ retirar etc. construção de gráficos e tabelas para
11/26/criancas-brincandochildren-playing/ comparações; blocos lógicos e de montar
etc.

3 meses a 2 anos 3 anos a 5 anos


Mapas; livros sobre natureza -
Livros com fotos de animais e plantas reais; animais e plantas e que ensinam a fazer
brinquedos que retratem a vida animal e vegetal; experiências; lente de aumento; ímã e
Ciências Sociais e Naturais
móbiles com motivos da natureza; fotografias de materiais de metal para o ímã; tesouras;
animais, plantas, paisagens com nuvens, sol, chuva, recipientes (cestas, caixas, etc.) de
vento; pequenas coleções de animais de plástico e vários tamanhos e formatos; coleções de
elementos da natureza de tamanho adequado para elementos naturais (conchas, folhas,
bebês e crianças maiores; plantas para observação galhos, pedras, castanhas, flores,);
supervisionada; pás, recipientes de vários tamanhos plantas; relógio analógico; ampulheta,
e formatos para brincar na água e areia (com balança; quebra-cabeças temáticos;
supervisão adequada); materiais para exploração dos microscópios; quebra-cabeça de maior
sentidos (olfato, tato); observação e manuseio das número de peças com motivos variados
plantas em área externa (com supervisão adequada); - animais, plantas, cenários, corpo
http://conscienciastral.blogspot.com/2009 observação de animais (formigas, pássaros, etc.); humano; kits científicos para exploração
_08_01_archive.html
quebra-cabeças de poucas e grandes peças com específica, por exemplo, com telescópio;
motivos científicos, encaixes com formatos diferentes cola, barbante e outros fios (lã, por
e ilustrados com motivos científicos etc. exemplo), durex para auxiliar as
experimentações, terrários, aquários etc.

3 meses a 2 anos 3 anos a 5 anos


Corpo e Movimento
Equipamentos para desenvolvimento
motor amplo e fino: legos, encaixes e
Móbiles com e sem sons musicais; bolas montagens; equipamentos que favoreçam
grandes para rolar e empurrar; barras de apoio andar, correr, pular, pedalar, pular em um
para bebês andarem; blocos para encaixar e pé só, balançar, escorregar, escalar, se
empilhar; brinquedos para puxar e empurrar; dependurar; bambolês, cordas, elástico,
equipamentos para escorregar, balançar, bolas de vários tamanhos e texturas e
aprender a pedalar e a escalar; apoio para sentar, petecas para jogar e receber; fios e contas de
engatinhar, andar e passar de um lugar para vários tamanhos para enfiar; jogos
outro (túneis); bolas de vários tamanhos, de desenhados no chão; encaixes de diversos
plástico e/ou tecido (de meia, por exemplo); motivos e possibilidades; blocos de
espelho; fios grossos e contas grandes para construção, mangueira, utensílios para
enfiar; encaixes de diversos motivos e brincar na água e areia, baldes, copos, pás,
possibilidades etc. colheres, forminhas, recipientes de vários
http://sempreacontecendo.blogspot.com/2 tamanhos, brinquedos de borracha e
009/01/no-tempo-em-que-euera-menino.html plástico etc.

3 meses a 2 anos 3 anos a 5 anos


Instrumentos musicais tais como
Música Instrumentos musicais tais como tambores, sinos, xilofones, pianinho,
tambores, sinos, xilofones, pianinho, cocoquinho, triângulo, pauzinhos, guitarras,
coquinho, triângulo, pauzinhos, guitarras; flautas etc.; CDs de músicas infantis para
brinquedos e objetos que emitem sons ouvirem e cantarem (e não como música de
variados; CDs de músicas infantis para fundo); diferentes tipos de música para
ouvirem e cantarem (e não como música cantarem em grandes e pequenos grupos,
de fundo); músicas cantadas para formando pequeno coral; música para as
trabalhar o corpo nos diferentes histórias etc.
momentos do dia, música para as histórias
http://www.pedagogicosbh.com.br/DIVERSOS/45.gif etc.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 50


APOSTILAS OPÇÃO

Lápis comum e de cor, gizão de cera e


giz de quadro, canetas variadas; papéis de
Lápis, gizão de cera e canetas grandes; tamanhos, cores, texturas e formatos
Artes Visuais papéis de tamanhos, cores, texturas e variados; marcadores, tesouras, réguas,
formatos variados, colas líquidas e em estêncil, colas líquidas e em bastão; tintas
bastão, tintas variadas (a dedo), com variadas, pincéis grandes, recipientes com
pincéis grandes, recipientes grandes com diversos recortes de formas geométricas,
diversos recortes de formas geométricas, animais, pessoas, plantas, flores, estrelas,
animais, pessoas, plantas, flores, estrelas, lua, sol, nuvens, disponíveis em diversos
luas, sol, nuvens, de tamanhos grandes, tipos de papel (mais flexível, de papelão),
texturas e cores diferentes, com e sem de pano, de plástico e de madeira;
estampas; livros de arte para crianças cavaletes, livros de arte, acessórios para
para apreciação, revistas para rasgar e decoração (botões, fios de lã e de algodão,
http://www.portalis.co.pt/brincando-tambem-se- colar; acessórios como, por exemplo, tecidos coloridos e com diferentes
aprende/
algodão para colar, canetas de cola estampas); revistas para inspirar, recortar,
colorida etc. colar e fazer montagens; acessórios, tais
como: glitter, algodão, canetas de cola
colorida etc.

_____________. Orientações para


profissionais da Educação Infantil.
Secretaria Municipal de Educação do
Rio de Janeiro, 2010

Orientações para Profissionais da Educação Infantil

Apresentação

É com enorme satisfação que organizamos estas orientações para você, profissional de Educação Infantil, que atua com crianças
da faixa etária de creche.
Este material foi elaborado pela Coordenadoria de Educação, através da Gerência de Educação Infantil, e demais Coordenadorias
da Secretaria Municipal de Educação e contou com a parceria da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, Secretaria Municipal de
Assistência Social, UNICEF, comissão de Diretores de Creche e Gerências de Educação das Coordenadorias Regionais de Educação.
Um olhar que busca aprimorar o atendimento oferecido nas instituições municipais às crianças, refletindo sobre os procedimentos
dos que lá atuam. Foi elaborado especialmente para você que cotidianamente cuida e educa as crianças desta cidade, zelando pelo seu
bem-estar e seu desenvolvimento físico, motor, emocional, intelectual, moral e social. Você, que se preocupa com a ampliação de suas
experiências, procurando estimular o seu interesse pelo processo do conhecimento do ser humano, da natureza, da sociedade e assim
o faz entendendo que todos estes aspectos são indispensáveis e indissociáveis.

Consideramos que as relações interpessoais são o ponto central do trabalho realizado nas nossas instituições. Elas se estabelecem
de diferentes formas: pelo olhar, pelo diálogo, pelo toque... O toque acalenta, conforta, transmite alegria e cria elos entre você e o outro.
O toque diz muito... Ele diz: “que saudade”, “gosto muito de você”, “que bom que você está aqui”, “pode confiar em mim”, “você está
seguro comigo”, “eu cuido do seu bem-estar”...
No entanto, as intenções passadas por este contato devem ser precedidas por ações. Ao entender que a prática educativa é
permeada por diversos aspectos como saúde, higiene, segurança e prevenção, estas ações precisam ser incorporadas à rotina do
profissional da educação infantil. Acreditamos num trabalho criterioso, responsável, que esteja centrado em alguns procedimentos
básicos que não interferem na criatividade e especificidade do fazer de cada instituição. Temos certeza de que muitas delas já fazem
parte do dia a dia da sua creche. Acreditamos que este documento contribuirá para ratificar e/ou enriquecer as práticas de toda a
comunidade que lida diretamente com as crianças. Vamos falar sobre cuidados pessoais, cuidados com o ambiente e cuidados com a
criança:

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 51


APOSTILAS OPÇÃO

CUIDADOS PESSOAIS

hhttp://nossomundinhoperfeito.blogspot.com/2009/08/copos-descartaveis-
podem-causar-cancer.html

http://midiasuesb.blogspot.com/2010_02_01_archive.html
Em caráter obrigatório, a lavagem deve ser feita:
“Por ser ainda criança, também seu olhar é jovem. E por ser  ao chegar à creche,
criança, ela tem a fantasia como instrumento para explicar o  antes e ao final de cada refeição,
mundo. E com desmedo da liberdade, guiada pela  antes e ao final de cada troca de fraldas ou auxílio na
espontaneidade, ela invade tudo que seu olhar alcança sem higiene da criança,
duvidar de seu entendimento.”  antes e ao final da sua própria higiene,
Manoel de Barros  e ao final de qualquer situação onde haja manipulação de
dejetos (fezes, vômito, urina, suor, secreções nasais etc.) de
Nossas roupas não servem apenas para cobrir e proteger o crianças ou adultos.
corpo. De modo geral, servem também como símbolo de
identidade, cultura e origem. Expressamo-nos através do que
vestimos e dos
adornos que escolhemos. Porém, ao lidarmos com
crianças, todo cuidado é pouco. Cada detalhe, como um brinco
de tarraxa ou um cinto com fivela, pode gerar acidentes graves,
colocando em risco a integridade física do adulto e da criança.
Portanto, é imprescindível que os profissionais que lidam
com as crianças estejam atentos às seguintes orientações:

 Roupa - é importantíssimo que a roupa usada para


trabalhar com as crianças esteja limpa e só seja vestida quando
no interior da creche. Seu uso deve ser restrito ao ambiente da
creche, vetado ao trajeto casa-creche- casa, visando assim
prevenir infecções. Cada roupa ou uniforme deve ser usada A toalha usada para enxugar as mãos deve ser descartável;
por, no máximo, um dia, mesmo que aparentemente limpa, e o uso de álcool gel após a lavagem das mãos é também uma
trocada ao longo do dia, em caso de imprevistos. A roupa ideal boa forma de proteção para o educador e a criança.
é aquela que cobre o corpo e mantém o conforto, ou seja, calça  Cabelos - no caso de cabelos longos, usá-los presos (rabo,
e camisa confortáveis, que permitam o movimento e deixem a trança ou coque) por presilhas seguras, sem objetos pequenos
pele respirar. Calça de cotton, tactel, camiseta de meia manga ou pontas que possam se desprender. A rede é, sem dúvida, a
de malha ou cotton são excelentes opções. opção mais segura.
 Sapatos - devem ser limpos, fechados, confortáveis,  Unhas - sempre curtas e preferencialmente sem
rasteiros, antiderrapantes e de uso exclusivo às áreas da esmaltes, pois facilitam a manutenção da sua limpeza.
creche, sempre acompanhados por meias limpas. No caso do
berçário, devem ser retirados (deixando só a meia) ou
cobertos com sapatilhas próprias. Hoje, existem meias de
Você sabia...
adulto com antiderrapante.
Que a cutícula serve como uma grande aliada à sua
 Acessórios e adornos - brincos, piercings, colares, anéis, proteção?
cintos, relógios de pulso etc. devem ser retirados e guardados Ela serve como uma barreira natural à entrada de germes.
em local fora do alcance das crianças. Evite tirá-las em excesso e mantenha as mãos sempre
 Nenhum objeto que caiba em um copinho de café pode hidratadas.
estar ao alcance das crianças. Logo, atenção redobrada aos
botões, miçangas, lantejoulas e outras miudezas. Evite a
exposição das crianças a estes objetos.
 Higiene bucal - a boca deve estar sempre limpa e os
 Lavagem das mãos - deve fazer parte da rotina, dentes bem escovados utilizando pasta de dente, dando bom
especialmente entre as atividades, em local próprio para isso, exemplo às crianças e companheiros de trabalho. Use o fio
sempre do cotovelo até a ponta dos dedos, espalhando o sabão dental regularmente entre os dentes e a gengiva. A higiene
com movimentos circulares, lavando bem os espaços entre os bucal é fundamental para o bem-estar de todos.
dedos, os polegares, as palmas e dorsos das mãos e antebraços.
 Cheiros - perfumes e cremes não devem ser usados, em
Não se esqueça de limpar embaixo das unhas com escovinha
especial aqueles que têm cheiro forte e ativo, pois podem
macia! Deixe o sabão agir, enxaguando em seguida. Seque as
desencadear ou agravar quadros alérgicos. Cigarros são
mãos com papel toalha descartável.
expressamente proibidos na área da creche, pois causam
danos à saúde de todos.

Você sabia...
Que os serviços de saúde oferecem tratamento para quem
deseja parar de fumar?

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 52


APOSTILAS OPÇÃO

 Barba - deve ser curta e aparada diariamente e os que a podem causar sufocamento.
usam, devem apresentá-la bem cuidada e limpa.  Murais - são importantes veículos de comunicação,
 Óculos - quando necessários, devem ser usados com porém é preciso prestar atenção às miudezas que nele são
cordão de segurança. fixadas. Alfinetes, grampos, tachinhas, imãs pequenos etc. não
 Luvas - são grandes aliadas em prol da higiene e da devem ser usados, nem mesmo em murais altos.
segurança, inclusive para proteger ferimentos, mesmo que Recomendamos o uso de fitas adesivas sempre.
superficiais, evitando infecções. As luvas podem ajudar muito,
desde que sejam macias, descartáveis e que não machuquem
as crianças nem os adultos. O uso da luva é recomendado nos
casos de lesões eventuais, para se proteger de sangue, pus,
catarro, diarreia, lesões de pele e outros. Cada luva deve ser
utilizada apenas uma vez e descartada após o uso.

http://enfermagembrasileira.blogspot.com/2007_06_01_archive.html

CUIDADOS COM O AMBIENTE

http://entrejobs.blogspot.com/2009/12/um-pouco-de-geometria-e-fita-
adesiva.html

 Portas oferecem riscos e requerem cuidado no manejo:

* Portas que separam espaços de acesso exclusivo de


adultos devem estar sempre trancadas. Os trincos das portas
devem estar fora do alcance das crianças.
* Há boas opções de protetores de borracha para as portas,
assim como ganchos, que protegem a criança de batidas
http://www.imoveisdemetrio.com.br/casa%20colorir%20desenho%20para bruscas. Atenção para que sejam colocados também fora do
%20colorir%20de%20casa.png
alcance das crianças.
Nossas crianças ainda são pequenas e não têm a clara * O sistema de meia porta reduz a necessidade do abrir e
noção dos perigos que o ambiente pode oferecer. Por esta fechar, pois favorece a visibilidade, a ventilação e delimita o
razão, precisamos atentar especialmente para a prevenção de espaço.
acidentes, reduzindo os riscos de acidentes. Não se trata de * Atenção redobrada às chaves. O ideal é mantê-las em um
superproteger, mas sim de cuidar educando e educar claviculário, longe do alcance das crianças.
cuidando, possibilitando a criança exercer a sua autonomia
com segurança.  Desinfecção do fraldário e da banheira - deve ser feita
sistematicamente a cada troca de fralda com solução adequada
 Tomadas / Fiação - é ideal que estejam acima do alcance - um litro de água e um copinho de água sanitária ou álcool a
das crianças e, quando não for possível, que sejam 70%. Além da desinfecção, é importante forrar o trocador com
resguardadas por protetores apropriados e estejam ocultas papel descartável a cada troca de fraldas.
por mobiliário. Atenção ainda aos aparelhos conectados a elas.
Além do risco de choques elétricos, eles oferecem o risco de
quedas do próprio objeto e de tropeços para crianças e
adultos. Assegure- se de que estejam em local firme e, tanto o
aparelho quanto o fio, fora do alcance das crianças.
 Sempre que possível, o mobiliário deve ser fixado na
parede.
 Fios, cordas - qualquer fio ou corda deve estar fora do
alcance das crianças, pois há o risco de enforcamento e,
quando utilizados em atividades, a supervisão deve ser feita
durante toda a execução das mesmas.
 Cortinas - devem ser evitadas. Acumulam poeira e podem
desprender- se. Quando indispensáveis, precisam ser
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/bem-estar-
frequentemente lavadas. As persianas plásticas são de fácil sono/imagens/sono.jpg
limpeza.
 Sacos plásticos - apesar de fazerem parte do cotidiano e
dos pertences da criança, exigem de nós total atenção, pois

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 53


APOSTILAS OPÇÃO

 Sono das crianças: expelem muita poeira e necessitam ser constantemente


* Em caso de berços, os lençóis precisam estar bem limpos. Atenção especial ao filtro do ar condicionado. O
ajustados ao colchão, evitando que o rosto do bebê possa ser ambiente arejado e com luz natural é sempre mais saudável.
encoberto. Procure variar bastante os espaços que as crianças ocupam
* Mantenha o colchão do berço na graduação mais baixa durante o dia, fazendo diferentes propostas: ora abrindo as
possível, evitando quedas. janelas para entrar ar fresco, ora ligando os ventiladores e/ou
* Cada criança deverá ter seu próprio lençol que será aparelhos de ar condicionado. Se o calor for intenso,
utilizado sempre que necessário e, quando retirado, deverá ser permaneça com o aparelho de ar ligado, mas leve as crianças
guardado em um saco protetor. para tomar ar em área externa quando for conveniente e mais
* Os berços poderão ser usados por mais de uma criança, fresco.
porém em horários diferenciados, desde que a troca de lençóis  A iluminação natural é sempre mais adequada para
seja respeitada. todos. Além do Banho de Sol diário, antes das 10h e após as
* Roupas de cama precisam ser lavadas na maior 16h, é importantíssimo colocar no planejamento momentos
frequência possível. O correto é que sejam lavadas em que a criança desenvolva atividades ao ar livre.
diariamente e trocadas sempre que houver necessidade.
* Tanto berços como colchonetes devem manter uma
distância de, aproximadamente, 90 cm entre eles, permitindo
a passagem de um adulto.
* No caso de colchonetes, deite as crianças no mesmo
sentido, evitando que rostos e pés se encontrem.
* Dê preferência aos colchonetes de 10 cm de espessura,
pelo menos, feitos de espuma resistente , evitando a
proximidade da criança com o chão,
* Os colchonetes precisam ser higienizados diariamente.
Use para isto a solução adequada - um litro de água e um
copinho de água sanitária ou álcool a 70%.
* Ao guardar os colchonetes, retire e guarde os lençóis em http://1.bp.blogspot.com/_jboPha_vt4U/SZQfavIkQdI/AAAAAAAAA_w/fG
local apropriado. Você poderá empilhá-los, sem esquecer que ZsWkS6r1A/s400/sol.jpg
precisarão ser higienizados antes do próximo uso.
* Procure forrar o chão com alguma superfície lavável  Sons
antes de estender os colchonetes. Isto facilitará a higienização
dos mesmos. * a música precisa estar sempre a favor do trabalho
* A supervisão do adulto é obrigatória em todos os pedagógico. Entretanto, o som não deve estar tão alto que não
momentos do dia, com especial atenção à hora do sono das permita às crianças falarem e ouvirem umas às outras. A
crianças. seleção musical deve ser adequada à faixa etária.
* Atenção redobrada para objetos que possam ser * especialmente nos momentos de repouso e alimentação
utilizados como degraus, inclusive dentro do berço. Evite o uso das crianças, procure sempre evitar o som alto e dispersivo
destes objetos sem supervisão dos adultos. Portanto, e/ou ruídos estridentes.
mantenha-os fora do alcance das crianças. * procure sempre se dirigir às crianças com voz calma e
acolhedora, transmitindo segurança e proteção.

 Redes de proteção nas janelas e vãos da creche tornam o


espaço mais seguro, mas precisam ser constantemente limpos
e revisados (rede e ganchos).
 Odores - Produtos com cheiros fortes, por exemplo, os de
limpeza, devem ser usados quando as crianças não estiverem
presentes.
 Deixar ao alcance das crianças apenas aquilo que elas
podem manusear sem riscos. Tenha o máximo de vigilância
com tesouras, vassouras, produtos de limpeza (estes devem
http://solidariedadeined.blogspot.com/2008/01/recolha-de- ser guardados fora da sala das crianças e fora do alcance delas)
brinquedos.html
etc. Faça uma análise criteriosa dos livros e brinquedos que
serão disponibilizados.
 Tendo em vista que os brinquedos precisam estar na sala  As cerâmicas da creche (paredes e pisos) exigem
frequentada pela criança, deve ser parte da rotina diária a manutenção constante em caso de rachaduras e quebras.
atenção à limpeza dos mesmos, assim como à limpeza de
 Todas as quinas devem ser abauladas ou revestidas com
chupetas, mamadeiras etc. Você pode usar a mesma fórmula
material protetor.
de desinfecção usada no fraldário. Durante este momento,
 Pisos antiderrapantes diminuem o risco de quedas para
cada item deve ser criteriosamente vistoriado, para detectar
crianças e adultos se, por acaso, o piso de sua creche escorrega,
avarias que comprometam a segurança da criança. Efetuar a
evite sempre a passagem por áreas úmidas e em manutenção.
limpeza de materiais pessoais, mamadeiras e chupetas todas
 O piso ideal para o berçário é o anti- impacto.
as vezes que forem utilizadas; brinquedos, tecidos, fantoches
etc. devem ser lavados, no mínimo, semanalmente.  Objetos pessoais (pentes, sabonetes, toalha, escova de
dente etc.) devem ser guardados em compartimentos
 Carrinhos que trazem os bebês às creches e, portanto
individuais e fechados. Devem estar sempre limpos e
circulam na rua, não podem adentrar o espaço do berçário.
identificados.
 Ralos precisam estar sempre fechados e limpos.
 Procure selecionar brinquedos e materiais apropriados e
 Lixeiras devem ser pequenas, para que o lixo seja
seguros para cada grupo. Atenção às partes que possam soltar.
rapidamente descartado. Devem ser lavadas constantemente e
Retire aqueles que estão quebrados.
mantidas longe do alcance das crianças.
 Recomenda-se cuidado redobrado com a presença de
 Aparelhos de ar-condicionado e ventiladores retêm e

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 54


APOSTILAS OPÇÃO

plantas no espaço frequentado pela criança. Algumas contêm  Observar, junto com outro educador, as condições em
espinhos e outras podem causar mal à saúde, quando ingeridas que as crianças chegam e registrar sempre possíveis
ou ao simples toque. Procure informações sobre as melhores anormalidades, alertando os pais imediatamente.
opções junto às instituições competentes.  Registrar quaisquer situações que ocorram com as
crianças na creche em agenda, para ciência dos pais.
 Uma atitude que demonstra o nosso respeito pela criança
é sempre pedirmos licença para tocarmos o seu corpo,
explicando o objetivo de cada gesto.
 As crianças têm maior necessidade de beber água que o
adulto, uma vez que têm maior percentual de água corporal.
Portanto, devemos sempre oferecer água para elas. Devemos
também criar recursos para que as maiores se sirvam com
autonomia, incentivando-as sempre, pois no meio das
brincadeiras, dificilmente elas se lembram de parar para beber
água.
 Higiene do nariz - utilizar lenços descartáveis, pois a
prática da higiene nasal evita o surgimento de doenças.
Aproveite para ensiná-las a cuidar de si, disponibilizando
lenços de papel quando solicitado por elas, mas supervisione
bem estas ações, sem esquecer que, em seguida, é preciso lavar
as mãos.
 Nunca utilizar sabonete, xampu, remédios, de uma
criança em outra. Mamadeiras e chupetas são exclusivamente
de uso individual. Todo o material deve estar marcado com o
http://babyrus3.blogspot.com/2009/05/os-primeiros-passos.html nome de cada criança. As escovas de dente devem dispor de
protetores que impeçam o contato de uma com a outra e
CUIDADOS COM A CRIANÇA devem ser guardadas separadamente.

http://2.bp.blogspot.com/_JKhIwJV7ijw/S78qoZ3nWJI/AAAAAAAAAn4/s
CbsQeAI2e0/s400/crian%C3%A7as+ao+redor+do+mundo.jpg

Movimento é uma das palavras que melhor define a http://wwwmeublogmeu.blogspot.com/2009_04_01_archive.html


explosão de descobertas que acontece no mundo infantil, na
fase de zero aos três anos e onze meses. É principalmente
através dele que a criança se comunica e se relaciona com o Você sabia...
mundo. Cada novidade é um desafio a ser explorado, sem Que a troca de escova de dente é recomendável sempre
receios, sem medos. Mas ela precisa de segurança e proteção que as cerdas estão desalinhadas?
em todos os momentos do dia. Esta atitude saudável requer de
nós incentivo e atenção. No contato com a criança, o educador
precisa estar sempre vigilante.
 O momento da refeição é importante para a criação de
hábitos saudáveis, entre eles o de comer sentado à mesinha ou
 Crianças não podem ficar desacompanhadas nunca, nem à cadeirinha.
quando estão dormindo. Precisamos estar presentes, atentos e
 Durante a refeição, cada criança deve comer somente de
observando-as constantemente para detectar qualquer
seu prato, utilizando talheres e copos individuais e
evento, tal como um engasgo inesperado ou uma febre
previamente higienizados.
repentina para podermos agir em tempo hábil.
 Os alimentos devem ser servidos em temperatura
 Precisamos compreender que é normal a criança
adequada para a criança. A prática de o adulto soprar o
pequena morder. Apesar de ser parte do desenvolvimento, os
alimento deve ser abolida, por conta da vasta disseminação de
adultos precisam estabelecer limites claros, impedindo, de
micro-organismos. Caso seja necessário, incentive a própria
forma calma, paciente e sempre que possível, que elas
criança a soprar sua comida. O ideal é ensinar à criança a
aconteçam. Conversar muito com a criança para que ela
esperar um pouquinho até que o alimento esteja na
perceba que, é através do diálogo que melhor resolvemos
temperatura ideal para ser ingerida.
nossos conflitos.
 Nunca adiar a troca de fraldas, que deverá ser realizada
 No exercício das suas funções com as crianças, não dirija
de acordo com a necessidade individual da criança e nunca em
a sua atenção para outras atividades como, por exemplo,
horários predeterminados.
conversando com outras pessoas ou falando ao celular. Estas
 Higienizar as partes íntimas das crianças da frente para
ações dificultam ou impossibilitam a atenção à criança,
trás com algodão umedecido em água e, quando houver
colocando em risco a sua segurança.
necessidade, lavá-las com sabão.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 55


APOSTILAS OPÇÃO

 Os lenços de papel umedecidos são uma opção, porém salgadinhos, refrigerantes, balas, chicletes, doces, frituras,
contém conservantes que podem provocar assaduras. principalmente nos horários de entrada e saída da creche, pois
 A higiene oral deve fazer parte da rotina. Vale à pena oferecemos um cardápio rico e diversificado para todos nestes
buscar parcerias com os serviços de saúde para obter horários.
esclarecimentos sobre o método adequado a cada  O incentivo ao uso da agenda é fundamental. Além de
grupamento. estreitar os vínculos entre a instituição e a família, legitima as
 Banho - O banho é um ato de afeto, que deve ser feito com orientações e solicitações de ambas as partes e faz com que os
calma. É um momento precioso, onde um adulto interage momentos de chegada e saída transcorram mais tranquilos e
individualmente com uma criança. Este momento deve ser de atinjam verdadeiramente seu objetivo que é a acolhida
muita conversa, de olho no olho, de brincadeiras com a água: afetuosa.
 Estabelecer acordos com a comunidade relativos aos
* Antes de começar o banho, deixe todos os objetos à mão; procedimentos na hora da entrada e saída da creche.
* Não utilize esponjas;  É preciso manter diálogos criando a consciência de cada
* Dê preferência ao sabonete líquido; responsável em não mandar o filho doente à creche. As
* Deve-se ter sempre uma mão segurando a criança; doenças infectocontagiosas devem ser prontamente
* Sempre verifique a temperatura da água do banho com a informadas à direção. Trabalhar com a comunidade escolar
face interna do antebraço, para evitar queimaduras nas assuntos relativos à medicação, contágios, contaminação e
crianças. bons hábitos de saúde.
* Não use talco, pois pode provocar alergias e sufocamento.  É necessário o afastamento da criança quando esta
* Banheira é a principal causa de afogamento em crianças apresentar qualquer problema de saúde, evitando riscos com
pequenas. relação ao conjunto de crianças que frequentam a creche. Além
disso, a criança doente necessita de cuidados especiais,
NUNCA DEIXE A CRIANÇA SOZINHA, NEM POR “UM repouso e acolhimento dos responsáveis, em um ambiente
SEGUNDO”! mais tranquilo e apropriado à sua recuperação.
ACIDENTES OCORREM RAPIDAMENTE!  É necessário que os responsáveis saibam da importância
de providenciarem para que os horários de medicação não
* O banho de chuveiro para as crianças maiores deve ser coincidam com os horários em que a criança está na creche.
protegido por material antiderrapante que deve ser mantido  Quando é imprescindível, a primeira opção é que a
sempre limpo, para evitar o acúmulo de germes. família sempre indique alguém (por escrito, na agenda da
 Ao final, enxugar bem entre os dedos dos pés e das mãos, criança) que possa comparecer à creche no horário correto e
assim como as dobrinhas, evitando as assaduras. ministrar o medicamento. Pode ser uma tia, avó ou outra
 O sono é indispensável para o desenvolvimento das pessoa de confiança dos responsáveis.
crianças. Porém a sua necessidade muda de criança para  No caso de não haver nenhuma possibilidade de
criança e de acordo com a idade delas. O sono da tarde tem indicação de uma pessoa, a direção da creche administrará os
características próprias, portanto não devemos recriar um medicamentos de via oral. Para que isto aconteça, cabe às
ambiente noturno, completamente escuro e totalmente famílias:
silencioso. A criança precisa conviver com os barulhos
naturais do ambiente. Sugere-se apenas quebrar a * Apresentação de receita médica com data atual, onde
luminosidade e diminuir o ritmo de toda a creche para que as deverá estar escrito, pelo(a) médico(a), o nome da criança, o
crianças sintam-se convidas a descansar, a relaxar. nome do remédio e a dosagem indicada. A cópia da receita
 A relação afetuosa entre todos da creche contribui para o deve permanecer na creche.
desenvolvimento da criança. Porém, em bebês, o beijo deve ser * Registro, na agenda, das orientações quanto à medicação
substituído por outras formas de estímulo e carinho. (horário, dosagem, cuidados com a conservação do
medicamento...), com a assinatura do responsável.
DE MÃOS DADAS COM A COMUNIDADE * Na entrega do remédio, atentar para o prazo de validade.
* A embalagem deve estar identificada com nome e
sobrenome da criança e respectiva turma.
* Verificação, ao final do dia, se os remédios estão sendo
devolvidos.

 É essencial uma articulação da instituição educativa com


as unidades de saúde da região. Estas parcerias auxiliam e
reforçam o trabalho desenvolvido pelos educadores,
objetivando ampliar ainda mais o acesso da comunidade aos
bens de saúde e educação. Articule-se com seus parceiros!
http://culturadigital.br/groups/
ANEXO
A parceria com a comunidade é imprescindível para o
PRIMEIROS CUIDADOS
trabalho educativo. Procure criar espaço de trocas, parcerias e
esclarecimentos sobre:
Nossa ação é sempre na busca de prevenção aos acidentes
e situações que possam provocar riscos às crianças. Mas
 Prevenção e tratamento de doenças e infestações.
precisamos também conhecer o que fazer para auxiliá-las caso
 A importância da manutenção de unhas limpas e curtas, algo inesperado aconteça. Vejamos algumas condutas
também para os adultos em constante contato com crianças. essenciais ao bem estar da criança em algumas situações de
 Muitos familiares demonstram o seu afeto através de risco:
“bitoquinhas” (beijinhos na boca) nas crianças, hábito que
devemos desestimular.
 A promoção de hábitos saudáveis na alimentação,
evitando o consumo excessivo de guloseimas tais como

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 56


APOSTILAS OPÇÃO

 Engasgo e aspiração de corpo estranho: Maiores de um ano:

Corpo estranho é qualquer objeto ou substância que entra Manobra de Heimlich


no corpo humano indevidamente. Pode ser através da ingestão
ou colocado pelas próprias crianças nas cavidades (nariz, Posicione-se por trás da criança e aplique pressão abaixo
ouvido) do corpo, e apresenta maior risco quando é aspirado das costelas, com sentido para cima, até que o corpo estranho
para o pulmão. seja deslocado das vias aéreas para a boca e expelido. Não
Qualquer objeto pode tornar-se um corpo estranho no comprima as costelas. (vide figura)
sistema respiratório, e a maior suspeita de que o acidente
ocorreu é o engasgo. Isto acontece quando a criança está
comendo ou com um objeto na boca, principalmente objetos
com pequenas peças. Esta é uma das razões pelas quais não os
recomendamos nas instituições de Educação Infantil.
Estas situações ocorrem mais frequentemente na faixa
etária de um a três anos de idade. É preciso ter atenção
especial na oferta de alimentos. A criança pequena ainda não
controla adequadamente a mastigação e a deglutição,
tornando o engasgo mais frequente . Por esta razão, a oferta de
alguns alimentos como amendoim, milho, pipoca, apresentam
maior risco para a aspiração.
Algumas recomendações são importantes para evitar
aspiração de corpo estranho na alimentação:
 Ofereça alimentos em pedaços pequenos, de acordo com
cada faixa etária. Ensine as crianças a mastigar bem os www.sbp.com.br
alimentos.
 Evite alimentos como sementes, amendoim, balas duras  Queimaduras
e outros que possam favorecer o engasgo.
 A criança deve alimentar-se sempre sentada. Não Todas as queimaduras devem ser tratadas imediatamente.
ofereça alimentos enquanto elas correm, andam ou brincam. Em muitos casos elas são dolorosas e deixam sequelas.
A queimadura por líquido quente é a principal causa em
*Como reconhecer o engasgo? crianças menores de cinco anos, logo, a prevenção é a medida
Tosse persistente, chiado no peito, falta de ar súbito, mais eficaz.
rouquidão, lábio e unhas arroxeadas, são sinais sugestivos de  Preparo do banho: a temperatura ideal para o banho do
que pode ter ocorrido aspiração de corpo estranho. bebê deve ser testado com a face interna do antebraço do
* O que fazer? educador, antes de coloca-lo na banheira. A criança maior não
deve regular a temperatura do chuveiro ou da água da
Técnica de desobstrução das vias aéreas; banheira sozinha.
 Não esquente as mamadeiras no forno de micro-ondas,
Crianças menores de um ano: pois há riscos graves de queimaduras da boca e da garganta.
Verifique a temperatura dos alimentos antes de oferecê-los.
Segure a criança com a cabeça mais baixa, apoiada em um  Tomadas e fios desencapados representam risco de
dos braços, sobre a perna. Mantenha as vias aéreas livres. choque elétrico.
Dê cinco percussões com a mão nas costas (entre as  Cozinha não é lugar de criança.
escápulas). Após, vire a criança de barriga para cima e dê cinco  Álcool e outros combustíveis devem estar longe do
compressões no tórax. Repita estas manobras até que a criança alcance das crianças.
consiga expelir o corpo estranho. (vide figura).
Primeiros cuidados:
Até que se tenha atendimento médico, algumas medidas
são importantes:
 Retire as roupas que cobrem a área queimada. Se a
roupa estiver grudada, lave a região com água limpa até que o
tecido possa ser retirado delicadamente sem aumentar a lesão.
 Coloque na área queimada água limpa e fria, porém não
gelada, para aliviar a dor. Esta vai limpar aferida, diminuir a
dor e reduzir a formação do edema posteriormente.
 Envolva a região em pano limpo e procure atendimento
médico.
www.sbp.com.br  Não use gelo nas queimaduras, não fure as bolhas, não
coloque qualquer substância em cima da queimadura sem
Se você conseguir visualizar o corpo estranho na boca da orientação médica, pois pode favorecer infecção.
criança, retire-o com cuidado. Não coloque o dedo na boca às  No caso de queimadura elétrica, desligue o interruptor,
cegas, pois pode empurrar o corpo estranho para regiões mais remova a criança do condutor, verifique os sinais vitais
baixas das vias aéreas e piorar o quadro de obstrução (respiração, pulsos), resfrie as lesões com água fria e
encaminhe ao serviço médico.

QUEDAS

 As quedas são as principais causa de atendimento de


crianças de 0 a 9 anos de idade nas unidades de saúde.
 Cair faz parte do desenvolvimento da criança, porém

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 57


APOSTILAS OPÇÃO

medidas de prevenção são importantes para evitar acidentes


graves. _____________. Planejamento
 A supervisão de um adulto é essencial, pois a maioria na Educação Infantil.
das quedas está associada à ausência de um cuidador.
 Ao atender uma criança mantenha-se calmo para passar Secretaria Municipal de
tranquilidade para ela. Educação do Rio de Janeiro,
 Observe a altura de onde a criança caiu, a região do 2011.
corpo que recebeu o impacto da queda, o local aonde a criança
caiu e como a criança está reagindo.
 Sonolência, desorientação, estrabismo, pupilas de
Caro Profissional da Educação Infantil,
tamanhos desiguais, saída de líquido ou sangue pelo nariz ou
ouvido, vômitos, são sinais de gravidade, necessitando entrar
Retomando a conversa iniciada com o Fascículo
em contato com serviço médico para remoção da criança.
Multieducação temas em debate - Revendo percursos no diálogo
com os educadores e com as Orientações Curriculares para a
CONVULSÃO INFANTIL
Educação Infantil, apresentamos os Cadernos Pedagógicos da
Educação Infantil.
 As convulsões são um transtorno neurológico súbito e
transitório. Convulsão pode ser um sinal de várias doenças.
Sabemos que nossos fazeres e saberes estão sempre
 A causa mais comum de convulsão entre crianças de 6
ancorados em alguns referenciais teórico-metodológicos.
meses a 5 anos é a febril. Esta geralmente dura poucos minutos
Assim, este caderno vem para colaborar com a prática
e cessa sem necessidade de medicamentos específicos.
pedagógica, dialogando com fundamentos que a embasam e
com os documentos da Rede Municipal de Ensino. Esta série
No momento da convulsão, a criança pode apresentar-se
tem como objetivo principal
de várias maneiras:
ajudar a equipe pedagógica das creches, pré-escolas e EDI
a planejar e executar as atividades e experiências que são
 Olhar alheio ao meio, virada de olhos, movimentação de
essenciais para as crianças.
mãos e pés, piscar de olhos, tremores, lábios e extremidades
arroxeadas, entre outros.
Para dar materialidade a este diálogo, trabalharemos neste
volume o tema Planejamento, partindo sempre das
Após a convulsão a criança pode voltar ao normal
ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA EDUCAÇÃO
rapidamente ou ficar sonolenta.
INFANTIL, visando à ampliação do assunto lá apresentado:
“As cores do mundo”. Por isso, é importante que você tenha
Como a crise convulsiva costuma ser um momento muito
este documento em mãos para, junto com este caderno, se
estressante para quem está observando, a pessoa que vai
apropriar do conteúdo de ambos. Eles têm a intenção de
atender a criança deve manter-se calma.
enfocar a continuação do desenvolvimento de um trabalho
Medidas de proteção para a criança devem ser realizadas
relevante para a Educação Infantil das crianças da nossa
no momento da crise:
cidade e aprimorar o registro e a avaliação das atividades e
ações das crianças.
 Deitar a criança evitando quedas e traumas
 Afrouxar as roupas
As rotinas para período integral e para período parcial são
 Observar a respiração muito diferentes. Chamamos a atenção para que não deixemos
 Proteger a cabeça da criança com a mão, roupa ou de lado a preocupação com o equilíbrio da rotina, seja ela
travesseiro. parcial ou integral. As rotinas não devem ser preenchidas
 Lateralizar a cabeça para evitar que a criança aspire somente por atividades em sequência ou por poucas
saliva ou vômito. atividades, deixando espaço para muitos períodos de transição
 Limpar as secreções que se acumulam na boca para entre elas. É importante o equilíbrio da oferta, tanto no que
facilitar a respiração, porém não coloque o dedo dento da boca concerne à cobertura das áreas de conhecimento e das
da criança, pois esta pode feri-lo. linguagens do currículo (os objetivos), como também dos
 Não ofereça nada pela boca (líquidos, remédios) no momentos calmos e ativos, de grandes, pequenos grupos
momento da crise. e os atendimentos individuais. É essencial que
mantenhamos as crianças ativas, envolvidas com suas
Entre em contato com um serviço de emergência para atividades e que compartilhem com os adultos e/ou parceiros
posterior atendimento e orientação. seus pensamentos, intenções e planos. A elaboração de suas
experiências e a identificação de seus interesses só acontecem
OS ACIDENTES MAIS FREQUENTES DE ACORDO COM A por meio da interação frequente com os adultos e demais
IDADE crianças. Assim, tornam-se mais autônomas e ativas. O
equilíbrio da rotina deve estar vinculado à ação do adulto em
 0 A 1 ano - quedas (trocador, cama, colo), asfixia, dirigir este dia atentamente, subsidiando a ação das crianças,
aspiração de corpo estranho, intoxicação, queimaduras. de maneira a valorizar sua expressão, assim como seus
 2 a 4 anos - quedas, asfixia, sufocação, afogamento, interesses, intenções, conhecimentos e avanços.
choque elétrico, intoxicações.
O planejamento nos auxilia nisto tudo: na programação de
Saiba mais: Crianças e Adolescentes Seguros. Guia rotinas relevantes e equilibradas; no desenvolvimento de
Completo para Prevenção de Acidentes e Violências. Sociedade atividades que impulsionem a aprendizagem das crianças; no
Brasileira de Pediatria. Coordenadores: Renata D. Waksman, registro das nossas ações e, por fim, na avaliação coletiva e
Regina M. C. Gikas e Wilson Maciel. Editora: Publifolha, 2005. individual de todos os envolvidos. Desta forma,
recomendamos-lhe que elabore um planejamento consistente
e flexível na sua execução, observando os objetivos do
currículo e as necessidades das crianças. Que o planejamento,
feito semanalmente, seja compartilhado com os seus pares na

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 58


APOSTILAS OPÇÃO

escola, de maneira a ajustar-se às reais necessidades das O que observamos e registramos cotidianamente, de maneira
crianças, ao longo dos anos na EI. a subsidiar o planejamento diário?
Neste plano, é comum que façamos o planejamento
semanalmente, abrindo possibilidades de alterações, se
necessário.
O ponto de partida para o planejamento é feito por meio do
alinhamento de três níveis do planejamento, para que seja
possível visualizar a trajetória educativa das crianças que
estão em nossa instituição. Os planejamentos a curto prazo,
isto é, o planejamento semanal (com detalhamento para cada
dia da semana), deverá ser baseado naquilo que planejamos
em relação à continuidade e progressão das experiências das
crianças e estes, por sua vez, serão influenciados pelos
objetivos de longo prazo.
Nossa ação diária deve ser consoante com o que colocamos
como meta para nossa instituição, sem perder de vista a
adequação da experiência a cada faixa etária. As crianças não
devem se mostrar cansadas diante das opções oferecidas. Pelo
contrário, elas devem demonstrar curiosidade e animação ao
http://www.cidadedoconhecimento.org.br/cidadedoconhecimento/index. vivenciar aquilo que planejamos meticulosamente (a partir da
php?portal=530&PHPSESSID=a9d126a0a2dcaa6036461121da45e45f
nossa observação sobre os interesses delas) para que
progridam tanto no seu desenvolvimento, quanto nas suas
I O que é planejamento? aprendizagens.
O quadro abaixo ilustra esta relação de interdependência
entre os três níveis de planejamento.

Níveis do Planejamento

I - Planejamento a longo prazo - Proposta da instituição e suas


metas
Equilíbrio e amplitude Nos resultados e
da metas
proposta desejáveis
Observar a
http://alice.animakut.com/busca-tag/alice/505 Abrangência do Nas políticas
presença dos
http://media.photobucket.com/image/alice2m.jpeg+/bigxdoc/alice2m.jp currículo Por sua vez, nacionais e
seguintes
g proposto baseados: locais
aspectos:
Nos estudos de
Funcionamento da
O planejamento educativo é resultado do processo de currículo
instituição
reflexão sobre o que se apresenta para todos da turma, em para EI
relação ao grupo de crianças. Ele norteia a prática. O
II - Planejamento a médio prazo - Atingindo as metas da EI
planejamento tem valor quando está diretamente vinculado à
Progressão e Nos planos em
observação e ao registro dos adultos sobre cada uma das
continuidade longo prazo
crianças que compõem o grupo. Isto significa dizer que ele
Nas políticas
envolve o registro da avaliação do trabalho, das intervenções, Ensino de conceitos,
nacionais e
relações e intencionalidade do educador ao organizar o Observar a conhecimento e
locais de
presente, com vistas nos objetivos das ações, tanto a curto, presença dos atitudes/habilidades
currículo
seguintes
quanto a médio e longo prazo. Por sua vez, No formato do
aspectos: Trabalho integrado com
baseados: funcionamento
as várias áreas do
Toda instituição educativa que apresenta um projeto da instituição e
conhecimento e
político pedagógico tem, na sua estrutura, propósitos para o do trabalho
linguagens
desenvolvimento do trabalho com as crianças e suas famílias e com as crianças
revela as intenções enquanto instituição (objetivos a longo
III - Planejamento a curto prazo - Planejamento para as turmas
prazo), para cada faixa etária (objetivos a médio prazo), e para
Nos planos em
o cotidiano de cada turma (objetivos a curto prazo). Para cada Diferenciação e
médio
instância desta construção, há perguntas possíveis que nos progressão
prazo
auxiliam na criação do percurso de elaboração do
planejamento: Intencionalidade da
Nas observações
aprendizagem
- planejamento a longo prazo - Quais são as nossas das crianças
intenções relativas ao que esperamos disponibilizar para as Nas avaliações
crianças, ao longo de sua permanência na Educação Infantil? anteriores da
Experiências e
Qual é a nossa meta e qual é o currículo previsto no PPP? Como aprendizagem e
atividades
Observar a desenvolvimento
relacioná-los com as políticas nacionais e locais?
presença dos Por sua vez,
- planejamento a médio prazo - Quais são as nossas seguintes baseados:
intenções relativas à progressão das experiências que aspectos: Apoio e recursos
Na avaliação da
esperamos que as crianças obtenham ao longo da Educação Avaliação institucional, rotina e
Infantil? Qual a diferença e a relação entre o que oferecemos profissional, das experiências
para as crianças nas suas diferentes idades, ao longo do ano? atividades/experiências propostas
- planejamento a curto prazo - Quais são as nossas e das crianças
intenções relativas ao cotidiano das crianças em nossa turma? Quadro 1: Níveis do planejamento (baseado em Siraj-
Blatchford, 1996)

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 59


APOSTILAS OPÇÃO

O nosso foco neste documento, embora tenhamos que Ao manusear as informações contidas nos planejamentos
mencionar os planejamentos a longo e médio prazos, é o a longo e médio prazos, isto é, as políticas nacionais e locais
planejamento em curto prazo. Esta relação de para a EI e os planos da instituição, o educador, munido de
interdependência entre os vários níveis do planejamento pode argumentação pedagógica e cultural, planeja para a sua turma,
ser analisada tanto do mais amplo - longo prazo - quanto a levando em consideração a especificidade do grupo - faixa
partir do mais específico - curto prazo. Esta é, na verdade, uma etária; número de meninas e meninos; interesses gerais e
relação cíclica: planejamos sempre a partir de nossas particulares; dificuldades das crianças junto a suas famílias e
observações das políticas nacionais e locais, das metas que a espaços institucionais; contribuições das crianças, suas
instituição como um todo construiu (Projeto Político famílias e dos educadores; presença de portadores de
Pedagógico) e do grupo de crianças que faz parte da nossa deficiência na turma; recursos disponíveis e o funcionamento
creche e/ou pré-escola. Para planejar, temos que estar atentos da instituição (espaço interno e externo, horários para
ao contexto e às tendências políticas, curriculares, compartilhar recursos com outras turmas, refeições, sono,
institucionais, sociais e culturais. higiene, passeios, etc).

Ao planejar, “o educador vai aprendendo e exercitando sua


capacidade de perceber as necessidades do grupo” e as
conquistas obtidas, que serão pistas para o avanço do trabalho.
Assim, “o ato de planejar pressupõe o olhar atento à realidade.”
(ibidem. p.178).

O planejamento é, na verdade, a preparação do


educador para lidar com as situações de aprendizagem
previstas e imprevistas, que é revelada na sua capacidade
de lidar com as crianças nos vários momentos do dia. Ele
se prepara, dispondo do conjunto de informações sobre
determinados temas, a respeito dos quais as crianças
demonstraram interesse. Reflete também sobre o tipo de
interação possível no exercício da rotina diária (momentos
de pequenos e grandes grupos, calmos e ativos, internos e
externos). O planejamento vai além da descrição dos
Figura 1: interação entre os níveis de planejamento diferentes momentos da rotina diária e da simples
listagem de atividades.
Nesse sentido, os objetivos do planejamento a curto prazo
serão a bússola do adulto, que analisa o cotidiano, as falas, as
relações estabelecidas pelas crianças, seus interesses e
curiosidades para planejar experiências e situações de
aprendizagem para as crianças. Desse modo, o planejamento
parte do que as crianças trazem e das suas curiosidades,
sobretudo, daquilo que demonstram já saber. O planejamento
é o resultado da observação do adulto ancorado em três
pilares:
 Onde se quer chegar - os objetivos do trabalho;
 O desenvolvimento de cada criança em relação ao grupo;
 O desenvolvimento de cada criança em relação a si.
De acordo com Ostetto (2000),
Figura 2: o planejamento para as turmas
“(...) planejar na educação infantil é planejar um contexto
educativo, envolvendo atividades e situações desafiadoras e
significativas, que favoreçam a exploração, a descoberta e a
apropriação de conhecimento sobre o mundo físico e social. Ou
seja, nesta direção o planejamento estaria prevendo situações
significativas que viabilizem experiências das crianças com o
mundo físico e social, em torno das quais se estruturem O movimento proposto na figura acima nos convida a
interações qualitativas entre adultos e crianças, entre crianças pensar as articulações necessárias quando organizamos um
e crianças, e entre crianças e objetos/mundo físico. (...)” (Ostetto, planejamento. Quando formalizamos as intenções, temos que
2000:195) considerar todos estes conceitos no ato da sua elaboração. O
planejamento, conforme a figura acima sugere, é um dos
Planejar um contexto educativo envolve preparar o elementos centrais que revela a complexidade do trabalho
ambiente, tendo como foco as relações humanas. A com crianças pequenas. Nós planejamos com vistas aos
concepção de um ambiente diz respeito tanto ao espaço objetivos e habilidades, conforme descritos nas “Orientações
interno como ao externo, onde as crianças são vistas como Curriculares para a Educação Infantil” (SME, 2010) e a
sujeitos de direitos e de cultura, sendo constantemente partir dos registros das interações e experiências das crianças,
desafiadas a avançarem em seus processos de da avaliação das interações com as crianças e de suas
desenvolvimento e aprendizagem. Neste sentido, a conversas; das observações sobre suas experiências na
proposta de trabalho visa que as crianças ponham em jogo instituição e fora dela, para uma rotina consistente e
todos os seus conhecimentos, indagando, opinando, equilibrada, pensando em cada uma das crianças que
escutando os outros e explorando o mundo, levando-as a compõem o grupo. Os registros e observações nutrem o
adquirirem uma conduta investigativa. constante processo de avaliação que, por sua vez, subsidiará o
planejamento.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 60


APOSTILAS OPÇÃO

 Saibam participar ativamente de atividades em


pequenos e grandes grupos, praticando diferentes formas
de registro como contribuição para os planos coletivos;
 Utilizem informação adquirida para explorar e
compreender novas situações;
 Saibam contar casos e/ou histórias e recontá-las
depois de ouvir alguém contar ou em outra situação;
 Sugiram alternativas para resolução de problemas;
 Criem sugestões para novas atividades, jogos e
brincadeiras;
 Finalizem as atividades antes de se engajarem em
outras;
 Situem-se dentro de seus contextos, reconhecendo-
os como tais (lar, escola, bairro, cidade);
 Reconheçam fenômenos naturais, com postura
investigativa, elaborando hipóteses e perguntas sobre
aspectos relativos à sua observação da natureza e/ou
acontecimentos sociais;
http://vamosviajarsempre.blogspot.com/2010_12_01_archive.html  Reconheçam números, quantidades, formas,
categorias de objetos e suas características, relacionando-
II - Metas da Educação Infantil os com a vida cotidiana;
 Reconheçam a função social dos números e sua
O planejamento, seja ele de qual nível for, depende, para importância;
seu sucesso, de avaliações constantes das ações de todos os  Incluam e apliquem conhecimentos matemáticos
envolvidos na ambiente educativo. Acompanhar com olhar simples às situações problema, perceptíveis tanto em
crítico e avaliativo contribui para tomadas de decisão atividades espontâneas quanto naquelas propostas com
pertinentes com o que se entende como ação pedagógica. Ao fins de aprendizagem de determinada habilidade;
longo do percurso, é importante manter uma revisão das  Reconheçam a si e aos seus pares e adultos (na
metas da Educação Infantil, assim como das metas família; escola etc);
institucionais. A avaliação das nossas ações, assim como o  Encontrem inserção nos grupos aos quais
monitoramento dos avanços das crianças, ajudam-nos a pertencem, identificando a sua contribuição e a dos
planejar com responsabilidade, criatividade e pertinência. outros;
 Situem no tempo e espaço um determinado objeto
É de extrema importância que monitoremos a evolução das ou acontecimento;
crianças e que, ao mesmo tempo, estejamos atentos às metas  Reconheçam os valores de convivência
da Educação Infantil. Estas últimas, por sua vez, devem relacionando-os com as situações vividas;
refletir-se no registro da evolução do desenvolvimento e  Reconheçam seus sentimentos e os dos outros,
crescimento das crianças, mesmo compreendendo que cada sendo capazes de falar sobre eles;
criança se desenvolve de maneira particular e contextualizada.  Demonstrem interesse em ajudar os outros e peçam
Acreditamos que a Educação Infantil faz a diferença na vida da ajuda quando sentirem necessidade;
criança e de suas famílias e, por isso, acompanhá-las a partir  Sintam-se confiantes para se movimentar dentro de
de parâmetros nos possibilita intervir de modo a garantir o seu seus espaços, em diferentes momentos e com as pessoas
bem-estar, assim como o processo de aprendizagem de cada que integram o ambiente;
uma delas.  Saibam cuidar de si e de seus pertences;
 Possuam conhecimento sobre seu corpo, no que diz
Ao final da Educação Infantil, espera-se que as crianças: respeito aos seus movimentos (lento e rápido), controle e
possibilidades, identificando suas partes e possíveis
 Falem de forma clara e adequada, usando a língua funções;
com desenvoltura e espontaneidade;  Cuidem de seu corpo físico, demonstrando confiança
 Expressem suas opiniões e ideias em pequenos e e segurança ao expandir o movimento.
grandes grupos; Quadro 2: Metas da EI
 Saibam se expressar linguística e artisticamente,
demonstrando seu pensamento, intenções e interesses; As crianças, ao longo de seus primeiros anos,
 Compreendam as instruções dadas por seus pares e experimentam o mundo, interagindo ativamente com ele, com
adultos; as pessoas e objetos. No entanto, à medida que vão crescendo,
 Executem as instruções dadas em situações suas experiências variam em termos de complexidade e nível
espontâneas e formais por seus pares e adultos se assim o de compreensão, sobretudo na gradação de interesses.
desejarem ou sempre que julguem necessário; As crianças, a partir de suas relações e contextos, revelam
 Consultem livros, revistas e outros materiais possibilidades diferentes dependendo da sua história,
impressos, demonstrando interação com a linguagem personalidade, interesses e acesso a diferentes situações
escrita; culturais, sociais e educativas. O seu desenvolvimento está
 Identifiquem e discriminem o uso da linguagem em intrinsecamente ligado ao percurso histórico e sociocultural,
determinados gêneros textuais, como: histórias de faz de evidenciando posturas individuais frente a cada uma destas
conta, jornal, poesia, bilhete, etc. possibilidades. Desta forma, as crianças apresentam reações e
 Consigam manipular lápis, canetas, pincéis, para compreensões diferentes, mesmo quando são da mesma idade
escrever, desenhar, pintar e usar os dedos para modelar e e recebem a mesma informação.
criar;
 Saibam fazer registros simples por escrito, com ou
sem ajuda;
 Reconheçam a função social da linguagem escrita;

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 61


APOSTILAS OPÇÃO

As metas servem para orientar nosso planejamento e


nossas ações diárias com as crianças. Manter as crianças
pensando e de alguma forma revelando o que pensam será
a nossa meta principal.

III - Para que serve o planejamento?

 Para organizar a aprendizagem, as experiências e as


relações das crianças e ações dos adultos;
 Para prever e desenvolver possibilidades diversas
nos diferentes momentos da rotina diária;
http://www.papoinverso.com.br/2009_05_01_archive.html  Para enriquecer o ambiente, organizando-o para que
a aprendizagem, as relações e as experiências das crianças
No entanto, precisamos estar atentos, caso alguma criança de fato ocorram;
não apresente sinais de interação com as possibilidades  Para propor ações que desafiem e instiguem as
apresentadas. O registro das suas ações ajuda-nos a enxergar crianças;
a evolução de cada uma delas ao longo do ano, ao passo que o  Para promover situações que favoreçam as crianças,
planejamento permite-nos refletir sobre o desenvolvimento, isto é, que lhes deem o que precisam e se interessam, para
o crescimento e o conhecimento das crianças. que se envolvam significativamente;
O que se espera das crianças aos três anos de idade, isto é,  Para manter as ações de forma consistente e
ao final dos anos na creche, pode variar de acordo com o nível coerente com a proposta da instituição e pertinente à
de complexidade, frequência e regularidade das propostas e realidade de todos os envolvidos;
experiências vividas.  Para monitorarmos nossas ações ao longo do ano,
Não queremos apressar o processo de desenvolvimento garantindo progressão e continuidade do
das crianças, de maneira a atingir nossas metas desenvolvimento das crianças;
antecipadamente. As crianças devem ser respeitadas no seu  Para acompanhar a evolução do grupo de crianças e
modo de ser e por suas escolhas. A partir de um diálogo de cada uma delas.
encorajador, calmo e positivo com elas, entenderemos aquilo
que precisam. Quadro 3: Para que serve o planejamento?
Neste sentido, as crianças entre 0 e 3 anos apresentarão
indícios de que estão vivenciando o que acontece ao redor A ação pedagógica é planejada a partir das metas que
delas. Mas de fato perceberemos melhor estas pistas se nos temos para um determinado grupo de crianças. Nesse sentido,
organizarmos para atendê-las individualmente e em pequenos a intencionalidade do educador está ancorada nas
grupos, em constante interação com elas e suas brincadeiras. experiências a serem proporcionadas e deve levar em
As crianças pequenas, por exemplo, demonstram consideração o tempo necessário (quando?), as pessoas
compreender que quando pegamos um livro, temos a intenção envolvidas (para e com quem?) e as possibilidades de
de ler algo e, muitas vezes, até mesmo os bebês agem como se realização (como vivenciá-las?).
estivessem lendo uma história para nós. Podemos dizer que,
nesta faixa etária, elas “consultam livros, revistas e outros A seleção das experiências a serem oferecidas envolve
materiais impressos, demonstrando interação com a quatro aspectos:
linguagem escrita”, conforme a lista anterior, que indica as  A intencionalidade do educador;
expectativas que podemos ter em relação às crianças, ao  O interesse das crianças;
término da Educação Infantil. Elas também nos indicam seus  A interação entre crianças e adultos e entre crianças;
interesses e preferências, quando circulam com confiança pela  A complexidade da proposta.
sala à procura do que contribuir para as brincadeiras e os
projetos. O educador é o responsável pelas ofertas de materiais e
pela organização do espaço, de acordo com as propostas que
serão desenvolvidas. Nesse sentido, a intencionalidade do
adulto é determinante na vivência de experiências de
aprendizagem, em situações estruturadas e em atividades
livres.

Desse modo, o planejamento materializa-se através da


articulação entre os objetivos que orientam a prática e a
situação da qual partimos (o que vimos nossas crianças
fazerem? O que ouvimos as crianças dizerem, enquanto
brincavam ou se relacionavam com seus pares e adultos? Em
que elas demonstram maior interesse? Quais são as suas
curiosidades?). Desta forma, nossa ação centra-se nas
mediações necessárias para programar ações pertinentes ao
grupo de crianças. Por isso, o planejamento é o principal
instrumento metodológico da prática pedagógica.

O planejamento também serve para refletirmos sobre o


que está acontecendo e projetarmos ações referentes a
http://vilamulher.terra.com.br/quando-a-rotina-escolar-invade-sua-casa-
8-1-55-428.html questões como:
“O que eu percebi no grupo, que me levou a planejar
determinada atividade?”
“O que as crianças falaram, onde e quando falaram?” “Aonde

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 62


APOSTILAS OPÇÃO

e quando ficam mais curiosas?” A rotina organiza o tempo e é estruturante para crianças e
“Com quem elas mais gostam de brincar, falar, conversar?” adultos, pois permite antecipar o que será vivido. Assim, a
“Como eles gostam/se sentem bem de fazer/ficar?” explicitação de marcos da rotina, como lanchar depois da roda
“O que será feito?” de conversa, lavar as mãos antes do almoço, ir para o pátio
“Como fazer?”, “Para quem?”, “Quando?”, “Onde?”, “De que depois do lanche, guardar o material depois de utilizado são
modo?” “Como elas interagem com o adulto?” pistas da sequência de um dia na creche ou pré-escola, até que
chegue à hora da saída. No dia a dia, é fundamental que as
Ao refletir sobre essas questões, considere também a crianças tenham a vivência intencional de situações como
qualidade da prática pedagógica, onde não cabe qualquer ação essas, que denotam a passagem pelos diferentes momentos da
escolhida aleatoriamente, visto termos uma intencionalidade rotina. Na elaboração de calendários coletivos, diariamente
que define os caminhos a serem tomados, as metas a serem marcados pelas crianças e/ou adultos, na interação com o
perseguidas e, acima de tudo, as pistas que as crianças nos dão, relógio analógico (“Quando o ponteiro grande chegar aqui e o
dirigindo a nossa atenção para os seus interesses. Tais pequeno aqui será a hora de ir para o pátio.”), no diálogo
interesses servem para que busquemos alternativas que constante entre adultos e crianças (“A mamãe vai chegar daqui
expandirão o conhecimento delas, ampliando o seu escopo de a pouco, depois do jantar.”; “Depois da merenda, vamos para a
ação no mundo. Portanto, não partimos de qualquer realidade, sala de leitura.”; “Vamos ao banheiro escovar os dentes e depois,
mas daquela que é vivenciada pelas crianças do grupo. Neste para o pátio.”; “Crianças, vamos terminando o que estamos
caso, o planejamento é de curto prazo e específico para aquele fazendo aqui no pátio, para voltarmos para a sala. Mas antes,
grupo de crianças. vamos beber água?”) vamos demarcando os imites de cada
O educador elabora o planejamento. Ele organiza, momento da rotina. Diálogos, como os citados acima, orientam
sistematiza, prevê e toma decisões sobre como desenvolver o e acalmam as crianças, ao familiarizá-las com a rotina do dia.
planejado. Ele planeja as várias possibilidades de trabalho, de
acordo com o tipo de rotina desenvolvida junto às crianças.
Além disso, ele intervém à medida que interage com as
crianças, tanto em pequenos quanto em grandes grupos. Ao
planejar, ele reflete sobre o seu modo de fazer, avalia o que fez
e o que as crianças realizaram, antes de decidir o que fará em
seguida, nos vários momentos do dia, em um processo de idas
e vindas, e constante observação e reflexão sobre a pertinência
e a eficácia daquilo que planejou. Desta forma, ele oportuniza
o aprendizado das crianças, na mesma medida em que
aprimora a sua prática pedagógica (Foresti, s/d, p. 4).

http://zelmar.blogspot.com/2011/01/voltando-ao-planejamento.html

Uma estratégia interessante para as crianças


interagirem com essa rotina é a elaboração de um quadro
que demonstre a estrutura do dia. Neste são registradas as
propostas do dia através de escrita, desenho e fotografia.
Combinado coletivamente pode ser alterado, de acordo
com as conversas e a dinâmica do grupo.
http://meupedreiro.blogspot.com/
Uma rotina que atenda às necessidades infantis e ao grupo
específico de crianças favorece o sentimento de segurança em
IV - A Rotina na Educação Infantil: planejamento
todos. Sentindo-se seguras, elas mostram-se à vontade para se
tempo, espaço, ritmos e interações
expressar espontaneamente. As crianças, ao serem
estimuladas a se manifestarem livremente, revelam o que
A escola pode ser um espaço privilegiado
querem, gostam e são. Uma rotina assim incrementa também
para a construção de „horizontes possíveis‟,
as interações com a criatividade. A rotina não deve ser
mais que um espaço definidor de verdades.
somente a expressão do que é rotineiro, do “que se arrasta
(Euclides Redin, 1994)
tediosamente” . Pelo contrário, num formato previsível e
ordenado, há espaço para a expressão, a espontaneidade, a
O planejamento preenche a rotina e deve fazê-lo de
criatividade e as relações positivas, sem cair em modelos
maneira equilibrada e pertinente. A rotina representa a
repetitivos e mecânicos.
estrutura sobre a qual será organizado o tempo do trabalho
educativo realizado com as crianças. A rotina envolve todas as
Que tal desenhar embaixo da mesa ou utilizar
ações de cuidar e educar e, portanto, precisa pulsar em vários
livremente o papel colado na parede, mesmo que isto não
ritmos. Precisa ser espaço de alegria, prazer, descobertas,
tenha sido previamente programado? Ou viver a roda de
viagens... As crianças necessitam ter espaço para mexer-se,
conversa embaixo da árvore no pátio? Pode-se também ler
locomover-se, brincar, criar, falar, ouvir... A alternância entre a
histórias no refeitório seguindo a sugestão das crianças ou
vivência de atividades - calmas e ativas - e as modalidades de
convidar outro grupo para uma atividade compartilhada...
interação - coletiva, em pequenos grupos ou em duplas,
proporcionará uma dinâmica de trabalho própria do grupo.
Nesse sentido, também se deve considerar a alternância entre Especialmente para bebês e crianças de até dois anos, viver
atividades de mesa e as de chão, assim como o trabalho em o período da espera pode ser angustiante. Para eles, o tempo é
diferentes espaços da instituição - área externa, refeitório (em o agora. Seus desejos são o que há de mais importante naquele
momentos ociosos), sala de leitura etc. momento e eles não conseguem compreender claramente o

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 63


APOSTILAS OPÇÃO

que significa: “antes, depois, ontem, amanhã, daqui a pouco, só - Revelem seus conhecimentos, façam perguntas e
mais um pouquinho, já vai” etc. Neste contexto, a criança externem suas dúvidas;
pequena vai construindo a noção de tempo e espaço - Participem de atividades dirigidas pelo educador junto
gradativamente, a partir das vivências expressas no ritmo da com seus colegas.
rotina.
É imprescindível que as atividades e experiências
A rotina é constituída de diferentes momentos (calmos e relacionadas às áreas de conhecimento e linguagens sejam
ativos), que se repetem diariamente e é preenchida por desenvolvidas diariamente, como, por exemplo, a narração de
experiências de diferentes naturezas. histórias, a observação da natureza, as conversas coletivas, a
resolução de problemas para desenvolver o raciocínio lógico,
Estes momentos, conforme sugeridos nas ORIENTAÇÕES as atividades artísticas, a movimentação do corpo etc.
CURRICULARES DA EDUCAÇÃO INFANTIL (SME, 2010) são:
- Brincadeiras livres - dentro e fora da sala; Ritmo do dia: momentos calmos e ativos
- Atividades dirigidas pelo adulto;
- Atividades em pequenos grupos ou individuais; Por que investir nos momentos ativos? Porque estamos
- Cuidados pessoais; falando de crianças que têm no movimento a sua principal
- Experiências na área externa. forma de expressão, aliada à curiosidade por conhecer o
mundo.
Precisamos estar atentos para organizar o tempo de Por que propiciar momentos calmos? Porque todos nós
modo planejado e intencional. De acordo com Délia Lerner, necessitamos, após momentos de maior desgaste de energia,
pesquisadora e educadora argentina, há diferentes de uma pausa, um momento relaxante, evitando assim o
modalidades organizativas do tempo. Em alguns envolvimento em situações de irritação e confusão, devido ao
momentos, o educador pode trabalhar com atividades cansaço. Exercitar a calma e a concentração, de forma
permanentes que ocorrem dentro de uma regularidade de sistemática, respeitando a faixa etária e o desenvolvimento
tempo. Em outros, com projetos ou sequências de infantil, são também objetivos do nosso trabalho.
atividades, quando geralmente objetiva-se abordar
conteúdos mais específicos. Há ainda as situações Interações
independentes e ocasionais, que incluem aquelas que não Marco Pólo descreve uma ponte, pedra por pedra.
foram previstas. - Mas qual é a pedra que sustenta a ponte? - pergunta
Kublai Khan.
Em consonância com a pesquisadora, a criança na “A ponte não é sustentada por esta ou aquela pedra”-
Educação Infantil deve estar exposta a atividades e responde Marco -,
experiências diversificadas, sejam elas permanentes ou “mas pela curva do arco que estas formam”.
independentes, mantendo-se presentes de forma consistente e Kublai Khan permanece em silêncio, refletindo. Depois
diária. acrescenta:
Estas experiências devem garantir que as crianças: - Por que falar das pedras? Só o arco me interessa.
- Sejam bem recebidas, acolhidas com carinho e atenção Pólo responde: “Sem pedras o arco não existe”.
afetiva e pedagógica; (Calvino, 1990: 79)
- Tenham momentos coletivos, em pequenos grupos e
atendimento individual, durante a rotina escolar; O planejamento deve programar não só as experiências,
- Manuseiem materiais, brinquedos e equipamentos para como também a vivência das experiências. Estas serão
exercícios físicos; viabilizadas sempre que haja preocupação com as maneiras
pelas quais interagiremos com as crianças no coletivo, em
- Vivenciem a natureza dentro ou fora da sala;
pequenos grupos e individualmente. As interações em grande
- Tenham acesso a muitos materiais para experimentação
grupo geralmente respondem a determinadas necessidades,
e exploração de fenômenos naturais e científicos;
como por exemplo, o compartilhamento de algo que foi vivido
- Brinquem com materiais que desenvolvam a brincadeira
por apenas um indivíduo ou um pequeno grupo, ou o
de faz de conta de maneira criativa, rica e interessante;
desenvolvimento de jogos que podem incluir todas as crianças,
-Falem com e ouçam os adultos individualmente e em
ou ainda, quando o educador planeja introduzir algo novo que
pequenos grupos;
direcionará todo o trabalho da turma, quer em grandes, quer
- Participem de brincadeiras físicas dentro e fora da em pequenos grupos.
sala/instituição;
Para desenvolver atividades com o grande grupo, o
- Possam se movimentar na sala e na escola/creche, em educador deverá se preparar para atender a demanda do
busca de seus interesses e do coletivo; coletivo, organizando a dinâmica da rodinha, por exemplo, de
-Desenhem, rabisquem, escrevam, explorando gráfica e maneira que todos possam ouvir e falar, participando
plasticamente o mundo; ativamente do que está em discussão. Caso contrário, as
- Ouçam, construam e contem histórias em pequenos interações em grande grupo não terão o alcance desejado. A
grupos; atividade de grande grupo deve ser pertinente, adequada e,
- Tenham a possibilidade de dar continuidade aos seus acima de tudo, inclusiva, oferecendo ampla oportunidade de
projetos dentro e fora de sala; participação.
- Revelem suas perspectivas pessoais, falem de si e dos No período da Educação Infantil, as interações em
outros de maneira respeitosa; pequenos grupos ou em duplas devem ser minuciosamente
- Cantem, dancem e se expressem corporal e planejadas, pois as crianças pequenas precisam sempre de
artisticamente; atenção individualizada. Os diálogos
- Recebam instruções claras para atividades em diversas com as crianças devem promover a revelação da
áreas do conhecimento; perspectiva infantil sobre as situações vividas, suas dúvidas e
- Recebam atenção individual dos adultos, de maneira a interesses. Precisamos entender sua perspectiva para
expandir seus conhecimentos; planejarmos com pertinência e consistência.
- Tenham a possibilidade de propor e iniciar atividades
individuais e em grupo;

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 64


APOSTILAS OPÇÃO

Figura 3 - O que posso desenvolver sobre este tópico que


atenda aos objetivos do currículo e que seja de interesse das
crianças?
http://mariegog.blogspot.com/2010_03_01_archive.html
A figura acima ilustra a composição do planejamento, no
Na vivência do trabalho, tanto em grande como em que diz respeito à cobertura dos objetivos curriculares para
pequenos grupos, é importante que o educador tenha a visão creche e pré-escola. Conforme sugerido nas ORIENTAÇÕES
de todas as crianças e as monitore o tempo todo, independente CURRICULARES PARA EDUCAÇÃO INFANTIL, o
do material que utilizem ou do espaço em que estejam planejamento deve ser construído a partir dos objetivos
inseridas. Esta postura favorece que os pequenos sintam-se curriculares e das contribuições individuais e coletivas das
acompanhados, apoiados e seguros. Na rotina também deve crianças em cada grupo e ainda levando em consideração os
contemplar um momento em que a criança fique sozinha, caso planos a longo e médio prazos da instituição. A partir da
seja do seu desejo. observação deste conjunto de informações, isto é, das
O trabalho em pequenos grupos fortalece a percepção possibilidades da creche/escola, das contribuições das
infantil sobre o contexto em que a criança está inserida. crianças e suas famílias e dos objetivos curriculares, os
Portanto, é importante que o educador a acompanhe, para que educadores planejam as experiências e as atividades que
ela compartilhe com ele a sua perspectiva e aprendizagem. desenvolverão com as crianças e aquelas que estarão
Falar e ouvir as crianças são os pontos de partida na Educação disponíveis nas diversas áreas da sala, para atividades em
Infantil, assim como a interação com cada uma delas. Além pequenos grupos e atendimentos individuais. A figura acima
disso, o trabalho em pequenos grupos favorece a construção indica que os educadores devem levar tudo isto em
da autonomia infantil, uma vez que oportuniza a escolha e a consideração e explorar os temas de maneira a: captar a tenção
negociação com o outro, ao mesmo tempo em que permite ao e o interesse das crianças; diversificar o conjunto de
educador atender e observar as diferenças individuais. possibilidades; e interagir para que as crianças mantenham a
O planejamento, com a intencionalidade educativa sua capacidade ativa de pensar, programar e agir. A
explicitamente colocada, inclui também várias possibilidades, aprendizagem ocorre quando a interação entre estes três
por meio das quais as crianças percebem o apoio do adulto, elementos - pensar, programar e agir - ocorre. O papel do
mesmo quando não estão perto dele (quando inseridas em educador é fomentar a aprendizagem ativa da criança.
pequenos grupos ou trabalhando individualmente). O adulto
que se prepara para dar apoio às iniciativas das crianças, A figura abaixo apresenta um formato de planejamento,
organiza a sala disponibilizando materiais que apoiarão a evidenciando os procedimentos que permeiam a reflexão e a
criança em todos os momentos do dia, ampliando as execução dos planos. Além disso, demonstra o processo cíclico
possibilidades que a rotina oferece. Por exemplo, se que gera o planejamento, culminando na avaliação constante
construirmos um quadro em que o planejamento esteja em das ações.
conformidade com a linguagem das crianças, elas mesmas
podem consultá-lo e tomar decisões junto com o adulto sobre
o que pretendem fazer. Este quadro marca todas as
experiências e atividades possíveis que o educador preparou
para a turma, com alternativas de trabalho em grupo grande,
pequeno ou individual. Ele registra as possibilidades e,
trabalhando junto com as crianças, vai observando aquilo que
cada uma delas vai fazer e aquilo que pode desenvolver em
grande grupo.

V - Como fazer o planejamento?

Digamos que, ao trabalhar com as cores do mundo, o


educador se prepare para interagir com as crianças por meio
de diferentes experiências e atividades e em momentos/dias
diferentes. Ele planeja, visualizando as várias possibilidades
que poderia desenvolver, levando em consideração os
objetivos do currículo.
Figura 4: Objetivos e desdobramentos

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 65


APOSTILAS OPÇÃO

A lógica desta figura permanece a mesma: partimos das crianças maiores, os registros das atividades/experiências
contribuições das crianças e da observação dos objetivos com podem utilizar linguagens variadas (figura e nomes; desenhos
a intencionalidade educativa, para pensar e registrar o das crianças etc).
planejamento. Este, por sua vez, será elaborado de maneira a
descrever as intenções, interações e oportunidades para a
brincadeira, na identificação de assuntos de interesse para a
educação delas. A construção de uma rede temática explora os
diversos caminhos para a discussão com o grupo e ajuda o
educador a tomar decisões, até mesmo durante a interação no
cotidiano.
O esquema a seguir ilustra uma maneira útil de se preparar
para estes diversos caminhos de exploração e conhecimento.
A estrutura do planejamento pode ser apenas parte dos
objetivos, com as descrições, as possibilidades de interação e
brincadeiras, os desdobramentos relativos à execução do
planejado (Quais são as experiências que queremos
promover? Quais são as atividades dirigidas?).
A próxima figura apresenta um quadro onde estão
dispostas em rede várias possibilidades que um tema pode
desencadear, conforme o interesse das crianças. É importante
coletar informações sobre cada uma delas, para ir
apresentando, à medida que as conversas e brincadeiras vão
se desenrolando.

Quadro 4: A rede de possibilidades sobre um tema

A partir destas sugestões, vale fazer anotações sobre as


especificidades de cada assunto, como por exemplo: sobre
quais pássaros poderemos falar? Quais são os mais coloridos?
E os animais de estimação? São coloridos também? Como são
os troncos das árvores ao redor de nossa escola? As bandeiras
dos países são parecidas com as bandeiras dos times de futebol
e das escolas de samba? Quais são as diferenças entre elas?
Quais têm as mesmas cores?
O quadro abaixo representa o planejamento da semana, a
partir dos desdobramentos programados. Nele, o educador
expõe o grupo de ideias e as sugestões de atividades que
podem ser realizadas ao longo da semana.
Para as crianças menores, é aconselhável que este quadro
utilize figuras que as relacionem com as atividades, materiais,
momentos e brincadeiras (livros, bolas, bonecos etc). Para as

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 66


APOSTILAS OPÇÃO

Quadro 5: Registro de atividades e experiências das crianças de 3 a 5 anos


Legenda: GG: grande grupo; PG: pequeno grupo; I: individual

Este quadro ajuda o educador a monitorar as ações e interesses das crianças, dando-lhe o registro imediato das mesmas. O
educador planeja a semana, dando oportunidades para que as crianças passem por todas as atividades, escolhidas por terem
intencionalidade educativa. Isto é, o educador observou as crianças anteriormente e preparou atividades pertinentes para que as
crianças avancem no seu raciocínio e conhecimento. Estas atividades desencadearão diálogos, dúvidas e novos projetos para os quais
o educador deve se preparar, para interagir e expandir a ação e o pensamento delas. As crianças ainda terão outros momentos nos
quais farão coisas que não estão no quadro, como por exemplo, ir para a área externa para fazer brincadeiras com “corpo e movimento”
ou se preparar para as refeições.
O quadro é uma estratégia do planejamento que o educador utiliza junto com as crianças, dando a elas a oportunidade concreta de
organizar o pensamento e o seu dia. Além disso, saber interpretar o quadro é um desafio cognitivo desejável para as crianças.
O preenchimento do quadro pode ocorrer da seguinte maneira: tanto junto com as crianças, no grupo grande, quanto na rodinha,
no início do dia, eles conversam sobre as escolhas possíveis para aquele dia. Para isto, o educador já deve ter organizado a sala, de
maneira que as crianças visualizem estas possibilidades. As crianças então indicam o que querem fazer e elas, juntamente com o
educador, registram suas opções. O educador, após as escolhas das crianças, deve interagir com elas durante este momento de
atividades, conversando, sugerindo, acompanhando e participando. Pode ser que uma criança ou outra queira mudar de ideia e se
juntar a um colega, ou mesmo trabalhar sozinha. O educador então a auxilia nesta transição de uma ideia para a outra.
É importante fazer uso do quadro para que as crianças organizem suas ideias e escolhas. A partir desta organização mental, a
criança vai ampliando sua capacidade de raciocínio, planejamento, persistência nas suas iniciativas e, acima de tudo, passa a visualizar
as ações das outras crianças, criando possibilidades de trabalho em pequenos grupos, a partir de suas afinidades.
Para as crianças de até dois anos, o quadro deve ser bem mais simples, indicando as possibilidades de material, brinquedos e
atividade, além dos seus nomes, para que o educador marque, juntamente com cada criança, a sua escolha. O educador, quando interage
com as crianças, mostra no quadro os seus nomes, as atividades, conversa com elas e vai montando o registro das experiências. À
medida que elas forem crescendo, o quadro torna-se mais complexo e permite que o educador registre mais experiências, alternativas
de trabalho em grupo, dia em que completarão a atividade, para que as crianças tenham, elas próprias, o controle de suas atividades e
interações.

Jogos de sons e
Criança: Bonecos Bolas coloridas Livros e cores Tintas Gizão de cera
cores
Sofia
Marina
Leonardo
Vitor
Vitoria
Gustavo
Quadro 6: Registro das atividades e experiências das crianças de 5 meses a 2 anos

Os quadros podem ser utilizados, em especial, nos momentos da rotina dedicados aos trabalhos em pequenos grupos ou ao
atendimento individual e ainda, nos períodos de brincadeira livre, quando o educador terá o registro concreto de onde cada criança
pretende trabalhar, além de registrar quando cada um deles realizou o que foi planejado. Tudo isto proporciona à criança o
sentimento de autonomia e a possibilidade de monitoramento de suas opções, depois de negociar com colegas e adultos.

A observação atenta do educador nos momentos dos trabalhos em pequenos grupos é uma oportunidade valiosa de aprendizado
em relação às crianças. Por isso, ele deve estar atento e sensível às escolhas espontâneas das crianças, pois elas podem evitar a
realização ou uso de determinada atividade ou material. Quando observado esse comportamento, o melhor é refletir sobre a adequação
ou não da experiência à faixa etária, as habilidades motoras e cognitivas exigidas para a sua realização, assim como a clareza das
orientações dadas pelo educador. Até que ponto elas são impositivas?

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 67


APOSTILAS OPÇÃO

As crianças trabalham com os materiais pelo prazer de atendimentos individuais, aumentando assim a possibilidade
experimentá-los e os utilizam para executarem seus planos? de atividade disponível, em todos os dias da semana.
Portanto, ao registrar num quadro como o sugerido acima, o D) Contação de histórias: depois de verificar a produção
educador terá a oportunidade de verificar quais, dentre as das crianças, escolhem-se histórias que ampliem o
possibilidades criadas, não foram bem aproveitadas, não envolvimento das crianças com a programação da semana.
estimularam crianças, aquelas que precisam de Para as crianças até 2 anos, disponibilizar 4 ou 5 livros para
aperfeiçoamento ou até mesmo planejar outras que sejam que elas os manuseiem e os educadores as ajudem a “ler” as
mais complexas e adequadas para elas. histórias.
E) Conversas em pequenos grupos sobre diferentes
VI- Exemplos de formatos de registro do aspectos das cores e como elas podem ser utilizadas.
planejamento:
Recursos:
Exemplo 1:  Cartões para escreverem os nomes das crianças, usando
Creche as diversas cores;
Municipal:______________________________________________________  Folha recortada para a página do livro;
EDI: _________________________________________________________________  Guaches das cores primárias e pincéis;
Pré-escola:  Potes de água para lavarem os pincéis;
___________________________________________________________  Cópias de obras de artes.
Grupo:
_______________________________________________________________ Avaliação:
Educador(es): O que planejei atingiu os objetivos previstos? As crianças
_________________________________________________________ puderam expandir o seu conhecimento e habilidades?
Data: _______________
Exemplo 2:
Descrição inicial: Creche
 O que tem acontecido em sala com as crianças? Há Municipal:______________________________________________________
alguma sugestão feita pelas crianças? E as feitas pelos adultos? EDI: _________________________________________________________________
Quais são os interesses das crianças? Pré-escola:
 Quais são os objetivos principais que nortearão o ___________________________________________________________
trabalho desta semana? Grupo:
 Quais são os temas que pretendo fomentar para _______________________________________________________________
aprofundamento? Educador(es):
 Como vou apresentar as atividades? Como vou falar _________________________________________________________
delas? Data: _______________
 Qual das crianças precisa mais de minha atenção? Como
vou abordá- la? Quais atividades seriam adequadas para o Descrição inicial:
grupo de crianças que precisa de mais ajuda?  O que tem acontecido em sala com as crianças? Há
alguma sugestão feita pelas crianças? E as feitas pelos adultos?
Lista de possíveis atividades e experiências para Quais são os interesses das crianças?
programação da semana:  Quais são os objetivos principais que nortearão o
A) Brincadeira com o nome de cada criança, escrito com trabalho desta semana?
determinada cor. As crianças ao identificarem seus nomes,  Quais são os temas nos quais pretendo investir para
escolherão uma cor, relacionando-a ao seu nome. Podem, após aprofundamento?
esta atividade, serem dirigidas a continuarem falando das  Como vou apresentar as atividades? Como vou falar
cores, ao buscar, por exemplo, objetos na sala que tenham a delas?
cor correspondente ao seu nome.  Qual das crianças precisa mais da minha atenção? Como
Esta atividade pode ser feita em pequenos grupos vou abordá- la? Quais atividades seriam adequadas para o
B) Brincadeiras, como, por exemplo, a do elefantinho grupo de crianças que precisa de mais ajuda?
colorido. Decide-se em conjunto quem vai ser o mestre. O
mestre fala: “Vi um elefantinho colorido.” E as demais crianças
perguntam: “De que cor?” O mestre responde e todos
procuram pela sala objetos com a cor indicada.
C) Iniciar a confecção de um livro das cores. Após
conversas sobre as cores, por exemplo, investir numa rede de
possibilidades sobre o tema (vide quadro 4). O grupo escolhe
pinturas que farão ao, por exemplo, observar a pintura de um
autor conhecido. Esta atividade pode ser realizada com todo o
grupo, ao mesmo tempo, desde que se respeitem as escolhas
das crianças. Elas registram seus nomes usando as cores
escolhidas, por meio de várias estratégias, tais como a cópia:
de uma listagem fixada na sala, da escrita coletiva no quadro,
da montagem do nome com letras móveis, da consultas dos
pedacinhos nos nomes dos colegas ou algum material fixo na
sala que sirva de suporte ou oportunize um ditado coletivo.
O educador pode sugerir um tipo de organização para as
crianças pequenas registrarem seus nomes, e para as maiores
DESCREVER:
sugerirem que a primeira letra dos nomes delas seja
relacionada a determinadas cores. Esta atividade pode ser  Objetivos;
dinamizada em grande grupo, passando depois a ser projeto  Conhecimentos e conceitos que pretendo desenvolver;
disponível para pequenos grupos ou até mesmo nos  Ideias e experiências

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 68


APOSTILAS OPÇÃO

 Como vou distribuir as atividades durante os dias da semana?


 Que brincadeiras pretendo promover?
 Como vou interagir com as crianças?
 A partir do tema surgido, sobre quais tópicos pretendo falar com elas?
 Como eu avalio o desenvolvimento da semana?

Exemplo 3:

Creche Municipal:______________________________________________________
EDI: _________________________________________________________________
Pré-escola: ___________________________________________________________
Grupo: _______________________________________________________________
Educador(es): _________________________________________________________
Data: _______________

Descrição inicial:
 O que tem acontecido em sala com as crianças? Há alguma sugestão feita pelas crianças? E as feitas pelos adultos? Quais são os
interesses das crianças?
 Quais são os objetivos principais que nortearão o trabalho desta semana?
 Quais são os temas que pretendo fomentar para aprofundamento?
 Como vou apresentar as atividades? Como vou falar delas?
 Qual das crianças precisa mais da minha atenção? Como vou abordá- la? Quais atividades seriam adequadas para o grupo de
crianças que precisa de mais ajuda?

Planejamento semanal

O planejamento semanal pode ser organizado de várias maneiras, no que diz respeito à preparação do educador para abordar os
temas em pauta e os diversos momentos da rotina diária. O ponto de partida deve ser sempre as dicas e contribuições das crianças.
Podemos nos preparar de maneira a desenvolver diversas atividades e para promover variadas experiências, conforme a evolução e
demanda das crianças. À medida que elas nos apresentam seus interesses e curiosidades, organizamos os materiais para subsidiar a
construção das atividades/experiências enriquecendo-as com as nossas intencionalidades educativas (vide os objetivos e as
habilidades nas OCEI).

Quais são as
Quais seriam nossos Como vou organizar as experiências que
contribuições Quais são os temas selecionados?
objetivos? disponibilizarei para as crianças?
das crianças?

Como vou organizar as experiências que disponibilizarei para as crianças durante esta semana, ao explorar experiências para AS
CORES DO MUNDO?
Momentos terça-feira; quarta-feira; quinta-
segunda-feira
do dia feira; sexta-feira
Organize a
Creche Pré-escola
sala para:
Pedaços de tecido com
Brinquedos coloridos
diferentes texturas para
e de diferentes
Linguagem oral colagem;
texturas, de encaixe ou
e escrita Canto do faz de conta com O planejamento para estes dias da semana pode
Atividades para empilhar; Bolas
possibilidades coloridas; ser inspirado no sugerido para a segunda- feira,
para a coloridas e de
livros e revistas para dar mas sempre observando a reação e sugestões das
chegada diferentes tamanhos
Matemática apoio às escolhas crianças. O ideal é que a experiências e atividades
que serão propostas e dispostas para as crianças já
Ciências Sociais Mostrar as possibilidades de atividades para as estejam planejadas e, à medida que as crianças vão
e crianças, recebendo-as com atenção interagindo, nós, os adultos/educadores, vamos
Naturais selecionando aquelas experiências que sejam
Cantar e dançar pertinentes, nos diversos momentos do dia.
músicas com temas Cantar e dançar músicas Notem que, ao descrever os diferentes momentos,
variados; Explorar com temas variados; não fixamos a ordem de uma rotina.
Atividades de fotos, figuras e Escrever nomes em cartões Entretanto, é importante que todos aqueles
Corpo e
pequeno revistas; Agrupar para uma brincadeira diferentes momentos sejam parte da rotina, da
movimento
grupo materiais divertida; maneira que melhor se adapte à sua realidade.
por cores
Organize várias possibilidades para que as crianças Consulte a Orientações Curriculares da Educação
trabalhem em pequenos grupos . Quanto aos bebês, Infantil e o documento Espaço de Desenvolvimento
Linguagens ajude-os a Infantil - modelo conceitual e estruturaI _ para
artísticas: Momento vivenciarem as experiências, interagindo e subsidiar o seu trabalho com as crianças e com os
Música ativo conversando com eles. seus parceiros na instituição e na turma.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 69


APOSTILAS OPÇÃO

Pedaços de tecidos,
Atividades de Saco com brinquedos
plásticos e papéis coloridos
pequeno coloridos e pedaços
para trabalhos criativos;
grupo grandes de tecidos,
Linguagens Livros e revistas para dar
plásticos e papéis
artísticas: Artes apoio à criação; recortes;
coloridos, para
Visuais papeis variados
Momento atividade individual
com lápis variados;
calmo
Comparar, explorar, introduzir e falar sobre as
possibilidades de pequenos grupos
Explorar os alimentos,
Explorar os alimentos,
pratos e talheres,
pratos e talheres - receitas
relacionando-os com
Momentos de diferentes, combinações de
objetos da
refeição cores nos pratos
sala
Comparar, explorar, introduzir e falar sobre as
possibilidades das refeições
Momento Preparação para o
Organização das salas com
do sono sono, cantando
as crianças para o sono, em
Linguagem oral músicas calmas,
especial para aqueles que
e escrita fazendo gestos
precisam descansar. Falar
relacionados à hora de
sobre a arrumação, cores e
Matemática dormir.
tamanhos dos lençóis;
Chamar a atenção para
localização das crianças na
Ciências Sociais as cores e composição
sala.
e Naturais delas.
Descrever todos os procedimentos de higiene com
Corpo e Momentos de
detalhes relativos à forma,
movimento higiene
cor, espessura etc.
O sol, o céu, a
Atividades de
natureza, os carrinhos, O sol, o céu, a natureza, os
pequeno
as plantas, pinturas carrinhos, as plantas;
Linguagens grupo ou
em muros, os pinturas em muros; os
artísticas: individual.
brinquedos, areia, brinquedos; areia e água.
Música Área
água; com o minhocão
externa.
Explore o ambiente e os arredores; fale com as
Linguagens
crianças, participe das
artísticas: Artes
brincadeiras; conheça seus planos; traga mais
Visuais
informações para elas.
Programe
experiências que não Programe um projeto que
se prolonguem muito, precise da atuação de
mas deem a todos. Algo cujas diferentes
oportunidade delas tarefas componham o todo.
estarem juntas, Por exemplo, a construção
Atividade de
cantando, rimando, de um espaço na sala
grande grupo
rolando para teatro.
a bola etc.
Mantenha as atividades de grande grupo pela
manhã ou, logo à entrada das crianças, pois elas
estão mais descansadas e mais dispostas a ouvir os
colegas.
Organizar a sala e os
Exploração de pertences pessoais; ler
imagens de animais livros ou revistas,
Preparação
ressaltando as cores; conversar com os
para ir
cantando com as educadores, criando planos
embora
crianças; para os próximos
dias.

Exemplos de outras experiências que podem ser opções para compor os diferentes momentos de pequenos e grandes grupos:
 Apreciação de obras de arte e releitura delas. Como exemplo, que tal apreciar com elas As Quatro Estações, de Giuseppe
Arcimboldo?
 Explorar brilho e textura das tintas;
 Bolas de meia, jornais e tecidos;
 Rodas de leituras, em pequenos grupos;
 Brincadeiras na área externa, como, por exemplo, Seu Lobo; Macaco Mandou;
 Dominós, blocos e jogos de montar com ênfase nas cores;

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 70


APOSTILAS OPÇÃO

 Trabalhar com as fotos das crianças, discutindo com elas Uma possibilidade descritiva:
as cenas e as situações que as fotos reavivam;
 Pinturas variadas: de dedo, coletivas, individuais, de Estar com as crianças em creches e pré-escolas (ou EDI)
dupla, para um projeto (por exemplo: pintar uma caixa para a nunca deve ser baseado em improvisações mecânicas e
sala); repetitivas. É muito importante que as crianças tenham a
 Parlendas, rimas, poemas, poemas cantados etc; oportunidade de estender seu conhecimento para além
 Cores e letras, cores e números; cores e profissões; daqueles que trazem de casa e de outras situações (como por
 Experiências relativas à natureza e suas cores, diferentes exemplo, da igreja que frequentam, dos passeios pelo bairro
cores do céu, da terra, do sol, lua, plantas, água etc; com a família e amigos, de uma ida à praia ou ao shopping, de
 Brincadeiras de roda (em pequenos e grandes grupos); uma visita à casa de familiares e amigos/vizinhos etc) de
bolinhas de sabão na área externa, chamando a atenção para maneira organizada como resultado de planejamento
as cores que aparecem nas bolhas; pedagógico sistemático.
 Obstáculos a serem ultrapassados por meio de jogos e Precisamos nos dedicar a cada uma das crianças que
outros desafios; compõem a nossa turma e, para isso, é necessário que
 Livros do Ziraldo, tais como, Os Dez Amigos, sobre os planejemos não só as atividades e as experiências, mas
dedos das mãos; também o diálogo e as interações com as crianças e entre elas.
Pelegrino e Petrônio, sobre os dedos dos pés; O nosso papel é dar a devida atenção a todas, explorando suas
falas e interesses. Isto pode ser feito ao longo de toda a rotina
 Teatros de fantoches feitos por pequenos grupos para o
grande grupo, como, por exemplo, Chapeuzinho Vermelho; diária. Por exemplo, ao esperarmos pelas refeições, podemos
desenvolver diálogos que relembrem atividades e situações
 Músicas de Chico Buarque, Vinicius de Moraes, como Os
que vivenciamos no dia ou nos dias anteriores. Podemos
Saltimbancos;
cantar músicas e dançar juntos, ao invés de ver TV ou ouvir
 Organizar um trânsito de carrinhos e velocípedes na área
música de CD sem interação e demonstração de interesse
externa, chamando a atenção para as cores do trânsito, dos
naquilo que elas estão fazendo.
carros, das motocas e velocípedes;
Nos momentos de transição entre um momento da rotina
 Confecção de carinhas desenhadas com hidrocor, dando e outro, muitas explorações podem ser feitas, inclusive na
a possibilidade de colorir as carinhas com as diversas cores
arrumação e preparação para o próximo momento da rotina.
das diferentes etnias e raças, construindo histórias e situações
O diálogo constante, num tom de voz agradável e respeitoso
imaginárias;
com os bebês, com as crianças pequenas ou com as maiores é
 Massinhas confeccionadas pelos educadores e crianças, mais do que recomendável. Antes de pensarmos em leitura e
consultando livros para fomentar a criatividade; escrita, precisamos reforçar o desenvolvimento da oralidade,
 E, principalmente, interagir e conversar com as crianças. da capacidade de cada um se expressar verbalmente, falando
claramente sobre que está aprendendo e ampliando a sua
Lembre-se que estas sugestões devem estar vinculadas aos capacidade linguística. A oralidade é o foco principal desta
assuntos tratados em sala com as crianças; às falas e desejos etapa da vida. É falando e escutando os outros que
delas e, acima de tudo, com intencionalidade educativa. Isto é, aprendemos sobre a vida e sobre o que nos rodeia.
o educador acompanha, explica, dialoga e expande o Tendo isto em mente, será interessante e útil que os
conhecimento das crianças. Que ele se prepare para estar com educadores se preparem para interagir com as crianças,
as crianças, registre e demonstre o desenvolvimento do mesmo quando os materiais e brinquedos não estão
pensamento e ações infantis, mostrando a elas a evolução de disponíveis ou nos períodos em que o grupo passa por uma
seus trabalhos, brincadeiras e planos e... inspire-se nelas para transição de atividades. A supervisão próxima e atenta do
o planejamento. adulto deve ser constante, demonstrando participação, tanto
nas atividades das crianças, quanto no acompanhamento da
 Exemplo 4: aprendizagem e do raciocínio delas.
Conforme o que conversamos até aqui, o planejamento
Creche também pode ser pensado a partir de uma sequência de
Municipal:______________________________________________________ perguntas que orientem nossas ações e viabilizem diferentes
EDI: _________________________________________________________________ propostas para as crianças. Não podemos perder de vista a
Pré-escola: intencionalidade educativa, e, por isso, checar nossos
___________________________________________________________ procedimentos diariamente pode nos ajudar a aprimorar a
Grupo: nossa atuação enquanto educadores.
_______________________________________________________________
Educador(es): Podemos nos perguntar, ao final do dia (ou da nossa
_________________________________________________________ jornada de trabalho) já nos preparando para o dia seguinte:
Data: _______________
- Como recebi as crianças hoje? Eu as cumprimentei
individualmente?
Descrição inicial:
 O que tem acontecido em sala com as crianças? Há - Que atividades eu propus hoje? Quanto tempo elas
alguma sugestão feita pelas crianças? E as feitas pelos adultos? duraram? As crianças participaram com interesse?
Quais são os interesses das crianças? - Que atividades as crianças sugeriram? Eu acolhi a
 Quais são os objetivos principais que nortearão o sugestão? Ou expliquei a elas porque não foi possível
trabalho desta semana? concretizar suas sugestões?
 Quais são os temas que pretendo fomentar para - As sugestões das crianças ocorrerão em qual espaço da
aprofundamento? escola? No pátio? Em caso afirmativo, o que elas propõem
 Como vou apresentar as atividades? Como vou falar fazer? Qual material elas propõem usar?
delas? - As sugestões das crianças ocorrerão em qual espaço da
 Qual das crianças precisa mais da minha atenção? Como escola? Na sala? Na sala de leitura? Em caso afirmativo, o que
vou abordá- la? Quais atividades seriam melhores para este elas propõem fazer? Qual material elas pretendem utilizar? O
grupo de crianças que precisa de ajuda? que posso fazer para incrementar a sugestão delas?
-Tivemos atividades calmas hoje? E as ativas? Houve

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 71


APOSTILAS OPÇÃO

equilíbrio entre estes dois tipos de atividades? fazem. Saboreie, deguste e aproveite todas as oportunidades
- Quais foram os momentos da rotina hoje? Em quantas com elas!
atividades/experiências elas puderam se engajar? O que elas
fizeram hoje? Do que mais gostaram? Houve novidades? Em
caso afirmativo, quais? ______________. Orientações
- As crianças tiveram oportunidades para: brincar com para organização da sala na
materiais variados; desenhar/escrever; criar; pintar; pular;
correr; conversar calmamente com seus pares e adultos;
Educação Infantil: ambiente
cantar; olhar livros, contar histórias e ouvir histórias; brincar para a criança criar, mexer,
sozinhas, entre outras atividades? interagir e aprender.
- A brincadeira de faz de conta foi desenvolvida? Por Secretaria Municipal de
quantas crianças?
Quais delas? O que elas utilizaram nessa brincadeira?
Educação do Rio de Janeiro,
- O que será que elas aprenderam hoje? Você percebeu 2013
algo que elas demonstraram ter aprendido? Em caso
afirmativo, registre, exponha as ideias e
os trabalhos das crianças nas paredes, nos diferentes Convite à leitura e à reflexão...
cantinhos da sala, no caderno/agenda delas, mostrando aos
pais suas conquistas... Caro(a) Professor(a),
- O que preparei para elas hoje? Qual era a aprendizagem
que eu tinha como foco? Como apresentei o que preparei para Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
elas? Como elas participaram? Consegui ouví-las? Quais foram Educação Infantil/2009, “para efetivação de seus objetivos, as
os diálogos que desenvolvi e promovi com elas? propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil
deverão prever condições para o trabalho coletivo e para a
- Elas se mantiveram interessadas naquilo que eu organização de materiais, espaços e tempos (...)” (p.19). Para
preparei? Foi atividade de grande grupo?
atender às especificidades dessa etapa da educação,
- Com quais crianças eu conversei hoje? Sobre o que eu pressupomos que os profissionais que nela atuam devem
falei com elas? reunir uma série de saberes sobre as crianças da faixa etária
Houve possibilidades de criarmos algo a partir dessa de zero a cinco anos e desenvolver práticas específicas que
conversa? potencializem o desenvolvimento e a aprendizagem das
- Eu permiti que elas me fizessem perguntas? Utilizaram crianças.
vocabulário que me surpreendeu? Eu respondi às perguntas Para isso, trazemos um novo material que tem por objetivo
que as crianças me fizeram? Eu interagi com elas, a partir das pontuar algumas observações e sugestões acerca da
perguntas que me fizeram? organização dos espaços/ambientes/materiais, tão
- Eu ajudei as crianças em alguma coisa? Participei das importantes para a oferta de uma educação de qualidade para
brincadeiras, expandi suas ideias e propus algo mais as nossas crianças.
elaborado para elas? Elas contribuíram com novas ideias a Para nós, educadores de crianças pequenas, é necessário
respeito do que eu havia planejado de maneira diversa a que entender o que se passa no universo infantil e, assim, ampliar
eu inicialmente pensava? as nossas possibilidades de construir e reconstruir novos
espaços e ambientes adequados às necessidades e interesses
- Orientei-as a procurar ajuda para resolver uma situação
de nossas crianças.
nova (por exemplo, ajudar a montar um quebra cabeça novo;
Essa reconstrução coletiva do ambiente da Educação
montar um cenário para uma brincadeira/teatro; caracterizar-
Infantil pode começar a partir dessa nossa conversa e do
se para ser algum profissional, na brincadeira;
aprofundando das reflexões, junto a seus pares, sobre a
escrever/registrar algo importante; ajudar a resolver uma
organização desses espaços. Você poderá discutir essas ideias
disputa entre as crianças com calma, oferecendo alternativas;
com o seu grupo, na creche ou pré-escola. Esperamos que elas
decidir coletivamente sobre assunto de interesse do grupo;
sirvam de inspiração para que o ambiente da instituição na
alimentar-se balanceadamente e com autonomia; trocar-se
qual você atua seja cada vez mais atraente, acolhedor,
quando necessário etc)?
instigante e propulsor de novas interações e aprendizagens de
crianças e adultos. São os diferentes sujeitos que transitam por
Estas perguntas podem dar origem ao seu planejamento
esses espaços que imprimem neles novos significados.
diário. Elas permitem que você enxergue melhor o seu papel
Esse documento foi pensado de forma a potencializar as
como o adulto responsável por aquilo que as crianças
propostas de organização e construção dos ambientes de
vivenciarão, nos momentos em que estão sob a sua
desenvolvimento e aprendizagens já existentes e estimular
responsabilidade. Também lhe ajudam a garantir que as
que, cada vez mais, eles sejam intencionalmente planejados e
crianças estejam em constante processo de aprendizagem, seja
organizados em nossas creches, pré-escolas e EDIs, visando à
ela de natureza cognitiva ou social, emocional ou linguística,
garantia de uma educação de qualidade, direito de nossas
coletiva ou individual. Como educador, temos que nos sentir
crianças. Para isso, falaremos sobre a organização dos espaços
pressionados a criar situações de aprendizagem que são
de Educação Infantil.
adequadas para o grupo com o qual estamos trabalhando. Por
meio das situações de aprendizagem, que incluem as
Todo dia é dia,
brincadeiras livres e atividades/experiências em pequenos
Toda hora é hora,
grupos, temos que “visualizar” como as crianças usufruem
De saber que esse mundo é seu...
dessas oportunidades, assim como o que elas estão
Se você for amigo e companheiro,
aprendendo com e nessas situações. A pergunta - “o que as
Com alegria e imaginação...
crianças estão aprendendo comigo e com as situações
Vivendo e sorrindo, Criando e rindo...
planejadas?” - deve nos guiar o tempo todo.
Será muito feliz e todos Serão também.
Pense, estruture, organize e participe daquilo que você
(Marcos Valle)
mesmo planejou para e com as crianças. Faça parte do
processo de aprendizagem delas. Fique atento ao que dizem e

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 72


APOSTILAS OPÇÃO

O espaço da sala de atividades - o que é, quem o perspectiva da criança. Devemos compreender essa diferença
constrói e qual a sua finalidade e valorizar o olhar da criança, a fim de potencializar sua
interação com os adultos e com seus pares.
Vamos imaginar duas instituições de Educação Infantil. O que fazer, então, para que o ambiente seja propício às
Uma delas possui salas com espaço amplo, mas empobrecidas interações e às aprendizagens?
em sua arrumação. Os materiais disponíveis e os poucos Devemos considerar, primeiramente, quem são as crianças
brinquedos levam as crianças a disputá-los ou a esperar por que ocupam o espaço. Em segundo lugar, qual é a proposta
algum tempo, até chegar a sua vez de brincar, oportunizando político-pedagógica da instituição: qual o conceito de
o aumento de conflitos, ansiedades e expectativas. As crianças “infância” e “criança” expresso? Como as crianças se
andam de um lado para o outro e buscam o que fazer dentro desenvolvem e aprendem? Qual o papel do “brincar” e do
de um ambiente desinteressante e desestimulador. O adulto, “cuidar”?
que está na condição de referência para o grupo, fica tentando Precisamos, também, observar o ambiente com um olhar
dar atenção a tudo e a todos, administrando diversas situações investigativo, procurando encontrar os objetivos da proposta
em um mesmo ambiente. As crianças que ficam ao redor desse no espaço institucional. Vamos fazer algumas observações que
adulto, buscam algum tipo de apoio e atenção, mas algumas podem ajudar a conduzir esse olhar investigativo:
acabam se dispersando porque querem a sua companhia e não
conseguem ser atendidas, a contento, em suas necessidades e  Em relação às condições físicas da sala de aula: o
interesses. tamanho, as condições de iluminação e de ventilação, a
Na outra instituição, as salas de atividades também são conservação estrutural, o mobiliário.
grandes e organizadas, com seus “cantos de atividades”  Em relação à organização da sala: quantidade de
delimitados. O ambiente é rico, possui materiais variados e as brinquedos e jogos, disponibilidade de materiais pedagógicos
crianças brincam em pequenos grupos. Alguns materiais e (tintas, pincéis, papéis, massinha, entre outros), murais e
brinquedos foram confeccionados pelos adultos, utilizando cantos de atividades.
materiais recicláveis e são facilmente resignificados pelas  Em relação aos outros espaços da instituição: recepção,
crianças que inventam diferentes funções para eles. As corredores, banheiros, parquinho, pátio interno e externo,
paredes estão decoradas com trabalhos das crianças que solário, salas, cozinha e outros.
expressam a identidade de cada uma e a do grupo. O teto
possui móbiles de elementos da natureza e fotos das próprias É preciso explorar todas as possibilidades que o espaço
crianças. As cores da instituição são variadas: em tons oferece. Em alguns deles, é possível criar variados cantos de
vibrantes, nas áreas de brincadeiras ativas, e em tons pastéis, atividades (artes, leitura, blocos de construção, dramatização,
nas áreas de atividades mais calmas. As crianças escolhem com natureza...). Em outros, não existe essa possibilidade de
interesse as atividades que querem realizar, convidando organização, sendo necessários arranjos constantes. Os cantos
outros colegas para a brincadeira e novas descobertas. O não precisam ser, necessariamente, fixos. Pode-se recorrer a
adulto consegue observar a todos e também é visto pelas kits (caixas com materiais específicos) para montar, por
crianças que brincam nos “cantos de atividades”, interagindo exemplo, o cantinho da fantasia, do escritório, do cabeleireiro,
ora em pequenos grupos, ora em grandes grupos. do mercado, entre outros. Por isso, seja a sala grande ou
Cada ambiente descrito nos diz algo. O espaço não é neutro. pequena, é necessário que os cantos de atividades tenham
A organização do espaço é a materialização de uma mobilidade e atendam às demandas das crianças.
determinada concepção de infância e de criança. As formas de O ambiente pode ser organizado pelo adulto e pelas
arrumação da sala, das mobílias, dos materiais disponíveis, da crianças. Ele deve considerar a intencionalidade da proposta
altura dos móveis e dos murais e dos brinquedos nos levam a pedagógica e, primordialmente, revelar, de forma explícita, o
refletir sobre a visão da instituição e os jeitos de ser e de respeito e a valorização das crianças e de suas culturas (as
conviver das pessoas que ali atuam. Além disso, revelam o manifestações culturais e artísticas de sua comunidade).
Projeto Político-Pedagógico que sustenta a prática pedagógica
de cada ambiente. O que não pode faltar no ambiente?
Entendemos, aqui, como ambiente, tanto o espaço físico
(salas, paredes, mobílias, decoração...) como as interações que Uma sala disposta de modo a possibilitar às crianças
se estabelecem entre crianças e adultos nesses espaços. Nele espaços para se organizarem em pequenos grupos abre novas
também estão presentes os seus jeitos de ser, a maneira como oportunidades de interação. Espaços mais reservados para
pensam e como se organizam. Além disso, o ambiente dialoga atender a uma eventual necessidade de a criança ficar sozinha
com as pessoas que por ali passam, refletindo vários sentidos e outros para reunir todo o grupo propiciam o
e significados. Nessa perspectiva, o ambiente pode favorecer desenvolvimento da autonomia da criança, considerando-a
as relações interpessoais, o acolhimento, o diálogo, as sujeito de suas aprendizagens. Cabe ressaltar que a interação
aprendizagens e as interações ou, ao contrário, pode limitá-los. criança-criança é tão importante e necessária quanto a
O fragmento abaixo ilustra isso: interação criança- adulto.
De acordo com as Orientações Curriculares para a
(...) Aqui são as terras do Senhor Gigantão Grandão. João Educação Infantil - OCEI (p. 53-59), na rotina diária das
não teve dúvidas: crianças de creche e pré-escola pode haver mais de uma
-Pois eu quero ver esse tal de Gigantão Grandão! -e foi atividade, acontecendo simultaneamente, o que dá
andando em direção ao castelo, até que chegou na porta que oportunidade às crianças de fazerem suas escolhas.
era enorme. É importante disponibilizar um espaço para uma criança
Era tão grande que o espaço que ficava entre a porta e o ou pequenos grupos de crianças brincarem sem a interferência
chão deu pra Joãozinho rolar para dentro. de outras crianças, garantindo sua privacidade na brincadeira.
Ali, elas podem ler um livro, brincar com seus pares ou
(ROCHA, 2010.) simplesmente relaxar. A organização intencional do espaço
pode proporcionar novas formas de encontro, evitando que as
Você se lembra dessa história? Esse trecho do livro de Ruth crianças se envolvam a todo o momento em atividades ativas,
Rocha “João e o pé-de-feijão”, remete-nos ao olhar da criança o que pode acarretar cansaço, irritação ou desgastes
diante do ambiente projetado e organizado exclusivamente desnecessários.
pelos adultos. A perspectiva do adulto se diferencia muito da

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 73


APOSTILAS OPÇÃO

6 meses a 2 anos 3 a 5 anos


Faz de conta/dramatização -
Blocos - blocos de empilhar de roupas, fantasias, panelas,
materiais macios. gravata, chapéus, sapatos e
panos de diferentes
tamanhos, texturas e cores.
Faz de conta - espelho, Leitura e registros - livros,
bonecos, panelinhas, chapéus, revistas, blocos, lápis, canetas,
fantoche, marionetes e papéis de diferentes cores,
diferentes bichinhos de formatos e tamanhos, letras
plástico. móveis, fichas com palavras
escritas, cartões com
sequência para a criação de
histórias etc.
Jogos - jogos de encaixe de Blocos e Jogos - quebra-
peças grandes. cabeça, memória, trilha, jogos
Em relação à organização da sala e dos materiais, o adulto de contagem, dados, dominó,
pode considerar as seguintes sugestões: lego etc.
Artes - tintas e pincéis, papéis
 Estantes baixas são ótimas para delimitar espaços Leitura - livros de diferentes de diferentes texturas e cores,
amplos para brincadeiras ativas, ou espaços restritos, para texturas e materiais, revistas, paetês, purpurinas, cola,
atividades calmas. Ao mesmo tempo, possibilitam ao adulto tapetes para aconchego, tesouras, papel de presente,
visualizar as crianças e vice-versa, possibilitando interações e sofazinhos e almofadas. penas, forminhas de doce,
supervisões. palitos de sorvete
 Inicialmente, é necessário organizar as mesas e os etc.
cantinhos com diferentes propostas e mostrar para o grupo Ciências Sociais e Naturais - Música - rádio, toca CDs e
como eles funcionam. paredes com fotos, figuras e diferentes títulos de CDs,
 Conversar com as crianças na rodinha sobre o paisagens. instrumentos musicais da
funcionamento dos cantinhos, assim como solicitar que deem bandinha e instrumentos
sugestões de atividades que gostariam de realizar no construídos pelas crianças
planejamento do dia. com sucata.
 Organizar, juntamente com as crianças, diferentes Música - rádio, toca CDs e Mesas para diferentes
cantinhos, propostos a partir das sugestões das crianças e das diferentes títulos de CDs, atividades - desenhar, pintar,
intencionalidades expressas no planejamento. Uma instrumentos musicais da escrever, jogar etc.
possibilidade é construir com elas uma tabela de dupla bandinha.
entrada, com as atividades oferecidas e o nome das crianças. Mercadinho e/ou feira -
Importante preencher com elas a tabela, durante a semana, embalagens limpas, frutas e
conforme forem desenvolvendo as propostas de trabalho na legumes de plástico,
ordem em que escolherem. dinheirinho de brinquedo e
fichas para imitar moedas.
Cantinho da beleza - espelho,
CANTO DA ARTE pente, escova de cabelo,
NOMES aventais, presilhas, pincéis,
MASSINHA PINTURA A RECORTE E etc.
ATIVIDADES DEDO COLAGEM Cantinho da Matemática - fita
LARISSA métrica para medir a altura,
FELIPE balança, coleções, objetos para
JOÃO contagem etc.
MARINA Cantinho dos carrinhos -
carrinhos, aviões, moto,
 Pode-se começar, oferecendo três cantinhos: o de faz de ônibus, material para
conta, o de jogos e o de arte. As crianças circulam por eles em construir ou desenhar pistas e
rodízio. Além desses cantinhos, há ainda a possibilidade de se ruas.
sentarem no chão ou em um tapete para trabalharem com os Construção - sucatas, bloco
jogos ou com os blocos de construção. Esses cantinhos lógico, blocos de madeira,
precisam também ser confortáveis para o adulto, de modo que caixas de diferentes tamanhos
ele possa interagir com o grupo e ajudar as crianças na solução etc.
de problemas.
 Materiais como brinquedos, jogos, papéis, ferramentas, Podem-se utilizar, para a montagem desses cantinhos,
lápis e outros podem ficar em caixas com o desenho do objetos inutilizados de nosso cotidiano, como por exemplo,
material e a legenda, ou mesmo em caixas transparentes. secadores de cabelo, teclados de computador, telefones,
 Após algum tempo de vivência, as atividades já batedeira, entre outros, observando-se sempre o cuidado com
integrarão a rotina do grupo, sendo possível criar novas a segurança das crianças. É imprescindível retirar qualquer
propostas e organizações. parte ou peça que possa oferecer risco como fios, pilhas e
Trazemos, abaixo, alguns materiais que podem ser baterias.
oferecidos e organizados em cantinhos para as crianças, nas
diferentes faixas etárias: Todos esses cantos se integram, comunicam-se e se
articulam como na vida. O livro pode virar uma revista do

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 74


APOSTILAS OPÇÃO

salão, os blocos podem virar uma ponte para os carros ou um especificamente, sobre o assunto abordado acima. E lembre-se
bercinho para bonecas. Apesar de a escolha dos objetos terem de que o estudo fica melhor quando o assunto é discutido e
uma intencionalidade, a significação será dada pela criança, de compartilhado com o grupo!
acordo com as suas vivências e expectativas.
Nas OCEI (p. 53), encontramos uma listagem mais Quando as paredes falam...
completa de materiais e de brinquedos que podem ser
oferecidos às crianças. O que eu quiser imaginar eu sou capaz.
Eu sou capaz de imaginar que eu sou capaz,
Na organização do ambiente não deve faltar: de ver a lua brilhar de dia e o sol encher a noite de alegria.
A imaginação fica dentro da cabeça,
 Espaços para as crianças ampliarem seus movimentos com ela a gente faz o que bem quer.
(andar, pular, correr, saltar...), que podem ser organizados Com ela eu olho para dentro de mim,
também na área externa. vejo coisas lindas, vejo o que eu quiser.
 Oportunidade de escolha de atividades (ter acesso Tudo a gente pode de tudo a gente é capaz,
garantido a brinquedos e materiais) e de colegas para brincar basta que a gente acredite em tudo que a gente faz.
ou até mesmo ficar sozinho em algum momento a fim de Mas tudo na vida começa lá dentro da cabeça da gente,
realizar projetos individuais, para refletir etc. num lugar lá dentro, no meio dela, onde vive a
imaginação.
 Oportunidades para criar livremente, imaginar,
expressar- se e fazer descobertas. (Marcos Valle e Paulo Sergio Valle)
 Mediações feitas pelo adulto, incentivando as crianças a
estabelecerem relações, ampliando a compreensão sobre o
mundo que as cerca.
 Facilidade para as crianças interagirem com seus pares
e com os adultos, de maneira que se sintam acolhidas e
seguras.

Considerando o que foi apresentado até aqui, um ambiente


organizado para estimular a criatividade e a imaginação das
crianças deve considerar algumas observações importantes:

 Os murais e trabalhos das crianças devem ser


construídos a partir dos projetos desenvolvidos e devem estar
posicionados à altura dos olhos das crianças. Pode ser que elas
mexam nesses murais, mas faz parte da ação do adulto ensiná-
las a preservar o que está exposto nos murais e cantos de
atividades e reutilizá-los como recurso pedagógico (rever o
As OCEI orientam que um espaço de Educação Infantil deve que foi feito, recriar o que foi feito, avançar).
garantir o respeito à criança, tendo como premissa os
seguintes aspectos (p.14):  As atividades expostas devem revelar a participação e a
identidade do grupo (deve ter a identificação de cada criança).
a) Proteção à saúde e segurança. O trabalho do adulto deve estar presente, no sentido de
subsidiar o protagonismo da criança.
b) Construção de relações positivas.
 As paredes precisam nos dizer o que tem sido
c) Criação de oportunidades para a aprendizagem. desenvolvido com e pelo grupo. Isso não significa deixar as
paredes com um visual poluído, cheio de gravuras, desenhos e
As OCEI também sugerem as possibilidades educativas imagens apresentados de forma confusa. Deve-se construir os
para a utilização de materiais e de brinquedos: murais, juntamente com as crianças, para que eles sejam
Materiais e brinquedos são imprescindíveis para o organizadores do pensamento de todos.
desenvolvimento de atividades individuais, de pequenos e
grandes grupos na Educação Infantil. As crianças pequenas As paredes podem nos revelar a identidade do grupo. A sua
aprendem principalmente por meio da exploração, observação utilização pode denotar dois sentidos: o entendimento do
e descoberta, em especial durante suas brincadeiras, da adulto sobre aquilo que a criança ainda precisa para ter o seu
imitação dos outros e das informações que lhes são dadas ao trabalho exposto, ou o entendimento de que as crianças são
interagir com seus pares e adultos. (item IV, p.56) sujeitos capazes de criar e expressar seus interesses e
opiniões, por meio de diferentes linguagens (oral, escrita,
Além de o documento chamar a nossa atenção para a artes, música, dramatização...). As paredes nos revelam a
importância de um ambiente rico, promotor do concepção, a natureza e a dinâmica do trabalho feito com e
desenvolvimento e da aprendizagem de crianças pequenas, ele pelas crianças. Revelam, portanto, a maneira como a criança é
ainda apresenta sugestões de brinquedos e materiais vista pelo adulto.
distribuídos de acordo com a faixa etária e com as áreas de Construindo ambientes de aprendizagens e
conhecimento e linguagens na Educação Infantil. desenvolvimento para cada grupamento
Que tal revisitá-los? Discuta o conteúdo encontrado nesse
documento, especialmente no item IV, que fala, Vamos conversar um pouco sobre a organização de

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 75


APOSTILAS OPÇÃO

ambientes, de acordo com as demandas reveladas pelos de fazer descobertas se ampliam. Seus maiores interesses são
diferentes grupamentos. As sugestões a seguir servem como as brincadeiras de faz de conta e os jogos de construção. É por
referência. No entanto, o que deve ser considerado é a meio dessas brincadeiras que elas se relacionam com o mundo.
realidade de cada criança, de cada grupo e da instituição. Devemos ter como objetivo oferecer às crianças a vivência
Para organizar um ambiente propício a determinada faixa de situações que lhes possibilite maior comunicação,
etária, é necessário considerar também a história de vida de autonomia e independência, o que irá repercutir no pleno
cada criança, a cultura local e as características gerais do grupo desenvolvimento delas.
(interesses e desejos). Inúmeras são as possibilidade de Para esta faixa etária, recomendamos que, na organização
organização e de uso de materiais. Precisamos, portanto, da sala, delimitem-se áreas com três ou quatro lados e uma
considerar a adequação e a criatividade dos profissionais que abertura, utilizando estantes baixas e abertas, o que ajuda na
atuam nas creches, pré-escolas e EDIs na organização desses construção da autonomia. Assim como os bebês, a criança,
materiais, a partir de suas experiências e práticas pedagógicas. enquanto brinca, precisa ver o adulto, para que se sinta mais
segura e tenha maior possibilidade de interação.
O berçário e seu ambiente - 6 meses / 2 anos Os materiais oferecidos em cada cantinho são norteadores
das brincadeiras. Carrinhos e caixas no chão sugerem uma
É natural que os bebês tenham, como referência, adultos brincadeira de passeios e garagem; no outro canto, bonecas,
como mãe, avó, tia, pai... Quando vão para a creche, precisam pratinhos, panelinhas e um carrinho de bebê oportunizam as
encontrar um ambiente seguro e tranquilo para se sentirem brincadeiras de casinha; em outro extremo da sala, a
mais confiantes, de maneira que possam, gradualmente, disposição de mesas e cadeiras facilita as atividades de artes,
sentirem-se parte do grupo. Ao criar uma relação de confiança os joguinhos ou mesmo o momento das refeições. Quando se
com os adultos da creche e com as outras crianças, eles vão, organizam espaços semiabertos ou delimitados para as
aos poucos, construindo seu próprio espaço no grupo com atividades, com características bem claras, criam-se vários
autonomia. centros de interesse, o que abre outras possibilidades de
Um ambiente organizado para a promoção da segurança e escolha e de interação do grupo nos subgrupos.
da autonomia do bebê tem a função de dar apoio à exploração O adulto deve, também, evitar a organização cartesiana do
e ao conhecimento dos ambientes, pessoas e objetos. Uma sala espaço (“nesse cantinho da casinha só podem ficar as bonecas,
organizada compõe-se de cantos de atividades e materiais que os brinquedos da construção não podem entrar aqui!”). No
possibilitam a exploração/investigação individual ou em momento em que as crianças estão brincando, é importante
pequenos grupos, com a supervisão do adulto. Os bebês que o adulto esteja atento e participativo e as orientem quanto
precisam, também, visualizar o adulto sem impedimentos, aos brinquedos de cada cantinho, sem mostra-se
para que se sintam encorajados a explorar todos os cantos. demasiadamente controlador.
A função do adulto é organizar as atividades da melhor
Materiais que não devem faltar maneira possível, observar os seus desdobramentos e
acompanhar as crianças. Reavaliar as atividades e as
É necessário oferecer brinquedos que permitam ações de ocorrências diárias é importantíssimo para a manutenção do
repetição simples, com peças de encaixe ou de empilhar. trabalho com os cantos de atividades. O melhor momento para
Procure variar a oferta de materiais como caixas, rolos, cubos isso é enquanto elas brincam livremente.
de plástico ou de pano, tampas grandes de plástico, bacias de Além de todos os recursos disponibilizados para os bebês,
diferentes tamanhos, argolas, bolas, carrinhos de puxar e podemos acrescentar outros. Para a brincadeira do faz de
empurrar que ampliam os movimentos. conta, sugerimos sapatos, roupas femininas e masculinas,
Quando o bebê começa a ficar de pé e se põe a andar, é chapéus, bolsas, bijuterias, utensílios domésticos, tules,
necessário incentivá-lo a explorar o espaço para ampliar suas fantasias, bonecas com diferentes cores da pele, camas de
habilidades motoras. Para isso, pode-se colocar uma barra bonecas, carrinhos de bebê, vassoura, pá, espelho, telefones,
afixada na parede para que ele possa segurar. É importante fogão, mesinha etc. Carrinhos, pistas, miniaturas de diferentes
que se coloque um tatame ou um colchonete para ampará-lo meios de transporte e tudo o mais que suscite a imaginação
nas possíveis quedas. das crianças.
Outros materiais como telefones, livros de história,
microfones, fantoches, bonecas, acessórios de faz de conta
como lenços, chapéus, fantasias, carrinhos, fotografias e
imagens também favorecem e estimulam a comunicação
exploração. O teto também pode ser explorado com móbiles,
panos coloridos, fitas etc.
Cabe observar que, quanto menor a criança, menor será a
diversidade de materiais dispostos para que a sala não fique
confusa. Porém, isso não é motivo para que a sala seja
esvaziada. O ideal é disponibilizar materiais variados em
quantidade adequada ao número de crianças, priorizando a
segurança da criança e a qualidade desses materiais.
Acrescente, de acordo com o projeto desenvolvido e o
interesse dos bebês, novos materiais e brinquedos no arranjo O cantinho da água e o cantinho da areia, quando
da sala. Os exemplos de rotina presentes nas OCEI (p. 49) existentes, provavelmente ficam localizados no espaço
podem nos inspirar na organização do espaço/tempo do externo e servem também para a utilização pelas crianças
berçário. maiores. Brinquedos para brincar com areia ou água -
regadores, colheres, funis, conchas, pás, bacias, potes e panelas
- estimulam, sobremaneira, a criatividade.

Crianças de 2 anos / 3 anos e seu ambiente Para os mais variados cantos de atividades, sugerimos:

Nessa fase, o interesse das crianças em brincar com outro  Cantinho da leitura - compor o ambiente com tapetes e
colega aumenta. As possibilidades de exploração do espaço e almofadas ou com um colchão forrado e almofadas, para que

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 76


APOSTILAS OPÇÃO

as crianças sintam-se relaxadas e possam usufruir os livros. É O mundo da leitura e da escrita


importante delimitar esse espaço, de modo que a criança não
seja interrompida pelas demais, que estejam em brincadeiras Segundo as OCEI, as crianças estão expostas ao mundo da
ativas. A organização do mobiliário pode contribuir para criar leitura e da escrita desde a mais tenra idade e, assim, vão
uma ambiência tranquila. Livros sobre outras culturas, com construindo suas ideias sobre a aquisição da escrita e da
curiosidades sobre fauna e flora, imagéticos, com o alfabeto, leitura no dia a dia. Essa construção acontece a partir daquilo
livros feitos pelas crianças, assim como álbuns de fotografia que for disponibilizado para a criança num ambiente rico e
das crianças, suas famílias e vizinhança podem enriquecer o significativo, com a mediação do professor:
acervo da sala.
 Cantinho dos jogos - blocos de montar e lego; jogos de Inúmeros materiais escritos presentes no mundo e nos
encaixe; kit de fantoches e bonecas. espaços da Educação Infantil - como jornais, revistas, livros,
 Cantinho de natureza/ciências - composto por pedras, cartazes, bilhetes, rótulos, convites, nomes das crianças, listas,
sementes, conchas, plantas, jardins, animais de estimação, receitas entre outros - e práticas de exploração oral - como
livros e jogos sobre a natureza, imãs, lupas, objetos para recontar uma história, ditar uma carta, um bilhete, dar um
flutuar e afundar (que podem ser usados em uma bacia com recado, expressar-se oralmente seguindo “modelos” de
água ou na pia, tanque etc.); kit de animais e bonecos de linguagem, quando a criança assume o papel de um
diferentes tamanhos. personagem no canto de faz de conta são fundamentais, mas
 Cantinho de artes - cavalete, mesa, papeleira, contendo não adianta apenas tê-los disponibilizados pela sala. É a
papéis de cores e formatos variados, cola branca, cola colorida, mediação do educador que fará a diferença, qualificando a
modelagem (massinha e/ou argila), lápis cera, lápis de cor, relação da criança em suas possibilidades de expressão oral,
tintas têmpera, pincéis variados, revistas, jornais etc. leitura e escrita. (p.19)
Massinhas de cores variadas, palitos com as beiradas
arredondadas. Ressaltamos que, para crianças de até 3 anos, o Todas as experiências com o universo da leitura e da
uso desses materiais deve ser supervisionado pelo adulto. escrita poderão despertar na criança o desejo de compreender
 Cantinho do faz de conta - carrinhos, panelinhas, a linguagem escrita. A vontade de aprender a ler e a escrever
forminhas etc. passa a motivá-la intensamente. Nesse momento, o Professor,
enquanto mediador, poderá utilizar a sala, (de todos os
O pré-escolar e seu ambiente - 4 anos / 5 anos e onze grupamentos da EI), oferecendo atividades intencionais com
meses foco no letramento. Em diferentes pontos da sala, passaremos
a nos deparar com:
As crianças sempre nos permitem pensar em novas - calendário;
proposições à medida que crescem e, assim, novos desafios se - janelinha do tempo;
apresentam para os professores desse grupamento: - relógio;
- quadro de giz ou quadro branco;
 Apoiar a aproximação entre brincadeira e realidade, - computador;
disponibilizando ao grupo materiais necessários para que a - diferentes tipos de texto.
brincadeira se torne possível.
 Ampliar as possibilidades de aprendizagem da leitura e
da escrita.
 Ampliar as possibilidades de construção do
conhecimento matemático e das ciências.

Muito do que já foi apresentado para o berçário e para o


maternal poderá ser oferecido às crianças de 4 e 5 anos. No
entanto, é importante que nos mantenhamos particularmente
atentos ao processo de desenvolvimento, aos interesses e às
aprendizagens das crianças dessa faixa etária.

Nessa fase, as brincadeiras se tornam mais complexas. As


crianças ampliam sua compreensão sobre os diferentes papéis Um amplo acervo de livros deverá ser selecionado segundo
sociais, buscando reproduzi-los e diversificá-los nas critérios discutidos pela equipe. As crianças podem ter à sua
brincadeiras. Elas podem ser mãe, filha ou mesmo a amiga da disposição livros sobre animais, pessoas, lugares, imagens,
mãe, porque os diferentes papéis se traduzem em diferentes piadas, mistério, informativos, de fantasia, natureza e ciência,
pontos de vista. Brincar de comidinha, usando legumes ou diferentes culturas, histórias e canções gravadas, jornais,
grãos de verdade, é mais interessante do que somente revistas, gibis, listas de nomes e títulos, histórias em
imaginá-los. Materiais reais como balanças para pesar as quadrinhos e livros de literatura infantil, entre outros.
compras da feira, a fita métrica para medir o tamanho das
coisas, o kit de profissões para imitar o médico ou o mecânico Materiais que não podem faltar para a aprendizagem
são bastante úteis e interessantes para ampliar as de Matemática
possibilidades de comunicação e interação entre as crianças.
Caso as crianças queiram trabalhar no supermercado ou na É muito importante organizar espaços com materiais que
loja do bairro, cabe a nós, adultos, apoiá-las e complexificar a apoiem as crianças nas experiências e vivências com as
brincadeira. Para tanto, podemos provocá-las, fazendo relações matemáticas e que enriqueçam sua curiosidade e o
algumas indagações como, por exemplo: “Quem pode seu interesse.
representar o vendedor e o comprador na lojinha?” “O que eles A organização da sala, para o trabalho em pequenos
irão vender e comprar?” “De que materiais eles vão precisar”? grupos, por exemplo, utilizando mesas e cadeiras, favorece a
Essas perguntas ou problematizações ajudarão as crianças na troca e a cooperação. A adoção de uma postura investigativa
organização das brincadeiras. por parte do Professor há de se estender ao grupo,
possibilitando que as crianças exponham e testem suas
hipóteses, pensamentos e ideias.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 77


APOSTILAS OPÇÃO

Caixas de contagem com objetos concretos (figurinhas sem esperar por muito tempo na área externa como
para coleção, contas, pedrinhas etc.), balanças para pesar balanços, escorregadores, velocípedes, bicicletas, patinetes,
objetos e para pesar as pessoas, réguas, quebra-cabeças, carrinhos de mão, de boneca, entre outros.
números confeccionados com materiais variados (papelão,  Equipamentos portáteis como bolas, boliches, materiais
plásticos, imã etc.), dominós, jogos de trilha, de memória, esportivos, brinquedos com rodas, colchões para cambalhotas,
cartas de baralho, formas geométricas, blocos lógicos, fita minhocão, cordas para saltar, argolas para atirar, bambolês,
métrica, metro, placas com números impressos, placas com bastões, raquetes de tênis e tudo o mais que permita à criança
diferentes formas para encaixe, potes para encaixe, empurrar, puxar, dependurar pelos braços, balançar, pular,
cronômetro, relógio de parede analógico e digital. saltar, arremessar, agarrar, jogar, chutar etc.
Poderá haver um rodízio de materiais, de forma a manter  Fantasias, roupas de adulto (objetos de dramatização),
o interesse das crianças e ampliar as possibilidades de livros de história próximos ao ambiente externo para que as
raciocínio. Por exemplo, a coleção de figurinhas é substituída crianças ampliem suas brincadeiras.
pela coleção de miniaturas de carros. A caixa de contagem com  Agua e areia. As crianças podem brincar, despejando
pedrinhas pode ser substituída por uma oficina de bijuterias, areia ou grãos (em substituição à areia) de um recipiente para
onde as crianças poderão confeccionar suas pulseiras ou o outro, mexer com pazinhas, gravetos, colheres, funis, bacias,
colares, separando e fazendo a contagem dos materiais. potes, formas, panelinhas, carrinhos, caminhões, animais e
Atenção! Se os materiais estiverem guardados em espaços pessoas em miniaturas. É o tipo de atividade que não precisa
fechados aos quais as crianças não tenham acesso, não ser oferecida todos os dias, mas deve fazer parte da rotina das
servirão ao propósito dos cantinhos aqui defendidos. crianças, pelo menos uma vez por semana, cabendo a cada
unidade adaptar a atividade dentro das possibilidades que o
Dinamizando o espaço externo: orientações gerais espaço proporciona.

Ao dialogarmos com as OCEI, reafirmamos o papel do Aspectos importantes para a organização dos vários
brincar enquanto linguagem, por excelência, para a ambientes da unidade
aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. Assim, é
função das creches, pré-escolas e EDIs garantir o espaço para O espaço e a sua organização devem colaborar com o
a brincadeira, em respeito à criança e à sua maneira de se desenvolvimento da autonomia, com as interações e com a
relacionar com o mundo. construção da identidade. Por isso, ele deve entrever o
Pensando em promover a brincadeira em todos os respeito devido a cada criança, em particular, e à infância,
ambientes da unidade de educação infantil, vamos caminhar como um todo. O ambiente deve conter os trabalhos feitos
pelo espaço externo da instituição, observando-o: pelas crianças, fotos individuais ou da turma afixadas no mural
 O espaço externo garante a segurança das crianças em ou na porta. Os objetos e as mochilas das crianças devem
suas brincadeiras? O que pode ser melhorado? permanecer em local específico. Para isso, cada criança pode
 Existe a possibilidade de distribuir o grupamento por ter uma pasta ou caixa para guardar suas novidades e
diferentes tipos de atividades, de forma que as atividades de pertences. Os trabalhos realizados por elas devem ser
uns não interfiram e/ou inviabilizem as atividades de outros? guardados em pastas ou sacos plásticos, demonstrando o
Ou seja, a organização do espaço externo permite que as cuidado, a atenção e o valor que damos às suas produções.
crianças optem por atividades calmas ou ativas Algumas instituições de pré-escola organizam o espaço em
simultaneamente? forma de oficinas ou rodízio de salas (cada sala preparada para
um tipo de atividade: dramatização, brinquedoteca, artes etc.)
Temos a clareza de que, por mais que a área para e as crianças circulam nesses ambientes durante o dia. Para
brincadeiras mais ativas seja organizada, de modo a permitir que essa proposta esteja articulada com as OCEI e com o
que as crianças corram, pulem e saltem, o espaço nunca estará respeito à criança, é necessário garantir uma sala de referência
completamente livre de perigos. Precisamos atenuar o risco para cada grupo, onde as crianças possam iniciar o dia, guardar
em potencial, organizando o espaço de forma a evitar qualquer os pertences e, ao final do dia, retornar para a mesma sala.
ferimento e interditar, se necessário for, os locais onde as Outra maneira de revelar o respeito e o cuidado com a
crianças estejam expostas a riscos e perigos. criança é o modo como a instituição se relaciona com a família.
Cabe refletir sobre os espaços que abrimos para a participação
Algumas medidas necessárias para eliminar riscos dos familiares em nossa unidade. Afinal, a família só pode
entrar no período de acolhimento, reuniões ou festas? Ou a
 Brinquedos resistentes e em constante manutenção entrada dos responsáveis é possibilitada e estimulada em
(escorrega, trepa-trepa, gangorra, balanço etc). vários momentos? Como é organizada a recepção das crianças
 Superfícies de amortização de impacto próximas a esses e familiares a cada dia?
equipamentos. O espaço de entrada das instituições pode ser bastante
 Ausência de quinas pontiagudas, ferrugens e partes convidativo e acolhedor! Na entrada da unidade, podemos
quebradas. dispor de algum mobiliário como banquinhos e/ou cadeiras
confortáveis, caixas com livros diversos, paredes decoradas
Tanto o espaço exterior quanto o interior da unidade com fotos das crianças e dos projetos que a creche, pré-escola
podem ser considerados como áreas disponíveis para as ou EDI vem desenvolvendo, informações pertinentes e
brincadeiras livres. Nos dias chuvosos, de frio ou de muito cartazes de boas-vindas.
calor, é sempre bom contar com algum espaço coberto de
proteção, para que as crianças possam brincar livremente.
Esse local pode ser o pátio coberto, o parquinho interno ou
uma sala ampla, em que elas tenham possibilidades para
movimentos amplos.

Materiais que não podem faltar

 Equipamentos suficientes para todas as crianças


poderem brincar

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 78


APOSTILAS OPÇÃO

A avaliação na Educação Infantil


______________. A avaliação na
Educação Infantil. Secretaria
Municipal de Educação do Rio
de Janeiro, 2013

Caros profissionais de Educação Infantil,

A maior parte dos educadores reconhece a necessidade e a


importância de avaliar seu trabalho em vários aspectos: como
as crianças estão progredindo, como a sala está organizada e
propícia à progressão desejada, como o planejamento e a
execução do mesmo são realizados, como as atitudes dos adultos
impactam as crianças; que tipo de apoio recebe e/ou precisa
receber e etc. A avaliação nos fornece dados objetivos sobre cada
um destes aspectos e nos ajuda a ver se o programa educativo é ygladisdeblepoesia.blogspot.com
eficaz e pertinente. O processo de avaliação deve ser facilmente
realizável e útil e, acima de tudo, ter um poder transformador. “O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem
É com muito prazer que apresentamos este caderno de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa. Passou um
elaborado especialmente para a Educação Infantil, com o homem depois e disse: Essa volta que o rio faz por trás de sua
enfoque na Avaliação. Este material foi pensado e construído casa se chama enseada. Não era mais a imagem de uma cobra
para que você tenha mais um instrumento facilitador do seu de vidro que fazia a volta atrás de casa. Era uma enseada. Acho
trabalho no cotidiano pedagógico das creches e pré-escolas, bem que o nome empobreceu a imagem.”
como uma ferramenta de estudo para todos aqueles que fazem Manoel de Barros
parte desse processo educativo.
O objetivo deste caderno é defender uma postura de Podemos refletir um pouquinho sobre a imagem que o
avaliação que envolva uma observação cuidadosa de cada poema do grande escritor Manoel de Barros nos traz: a
criança, que considere tanto as dimensões do desenvolvimento avaliação depende dos olhos de quem vê. A importância que
infantil, isto é, físico-motora, cognitiva, emocional, social, damos aos diversos aspectos daquilo que é objeto de
política e linguística, quanto a oportunidades disponibilizadas informação e avaliação depende da visão de quem observa.
para elas no dia a dia da creche ou pré-escola. Entendemos que Isto é válido não só para os poetas e artistas, mas também para
estes aspectos do desenvolvimento infantil se integram e não a equipe escolar que constrói a avaliação na Educação Infantil,
devem ser olhados de maneira fragmentada ou isolada. pois, ainda que este olhar (observação e registro) varie de
Para a elaboração deste documento, levamos em pessoa para pessoa, nos seus métodos de análise, ela é também
consideração as propostas já existentes na Rede Municipal do influenciada e/ou regida pelo momento político, social e
Rio de Janeiro através da experiência relatada pelos econômico do país e dos interesses vigentes. Mesmo dentro de
profissionais da Educação Infantil, a consulta aos um contexto comum, nossas análises podem privilegiar
planejamentos e projetos pedagógicos das instituições, aspectos diferenciados.
documentos elaborados pela Secretaria Municipal de Educação Considerando essa subjetividade humana, do olhar único
e as literaturas diversas e específicas para a Educação Infantil. de cada um, quando se trata de avaliar para intervir - que é o
Vale ressaltar, que entendemos a avaliação na Educação nosso caso na Educação Infantil - , temos que ser consistentes,
Infantil considerando os diversos aspectos que a envolve sistemáticos e frequentes. Podemos trabalhar utilizando
(condições de trabalho, concepções e valores enfatizados no variados métodos de registros, de modo a captar e incluir os
Projeto Político Pedagógico e no Projeto Pedagógico Anual). diversos olhares sobre o fenômeno pedagógico
Desta forma, ela também funciona como um termômetro de (desenvolvimento do cotidiano) e de desenvolvimento e
nossas ações, das experiências que disponibilizamos para as aprendizagem infantis. Os diversos olhares revelam a riqueza
crianças e ainda pode nos fornecer pistas para retroalimentar a da interpretação da realidade em questão e a diversidade que
nossa práxis. a compõe. No entanto, avaliar as ações na Educação Infantil
Para que cumpramos na Educação Infantil com o papel de requer também uma análise desses diferentes olhares, sempre
acompanhar o processo de desenvolvimento infantil, há que com vistas ao enriquecimento do processo de construção de
embasar a reflexão sobre a prática pedagógica. Privilegiamos novas situações para as crianças.
ações educativas que impulsionem o desenvolvimento sob as Isto também acontece quando nosso foco é a avaliação e o
diferentes abordagens - processual, investigativa ou mediadora acompanhamento dos processos de desenvolvimento,
- evidenciadas neste caderno, para que dialoguem entre si e crescimento e aprendizagem das crianças no contexto da
fundamentem a prática avaliadora nas creches e pré-escolas. Educação Infantil. Com cuidado, respeito e profissionalismo,
Pensando nisso, convidamos-lhes a compartilhar deste percurso, devemos avaliar em conformidade com as premissas
através de alguns instrumentos que poderão favorecer a discutidas e acordadas com a equipe escolar e a partir de
aproximação entre estas concepções. objetivos claros e possíveis. Avaliar na Educação infantil é
O nosso desejo é de que este documento venha a enriquecer tarefa complexa e por isso deve ser planejada. Mesmo que se
o trabalho já existente em nossas creches e pré-escolas e avalie de diversas maneiras, em quaisquer das situações os
contribua para o estudo, análise, discussão e concretização de nossos olhares deverão voltar- se para aspectos e tempos
uma um exercício cotidiano e dialógico de avaliação. Que, por específicos acordados com a equipe escolar.
meio dela, possamos acompanhar melhor o desenvolvimento das Por reconhecermos que as crianças têm maneiras próprias
nossas crianças, nortear as nossas ações e impulsionar novas e de pensar e interagir com o mundo e são sujeitos ativos desde
diferentes práticas pedagógicas. o momento em que nascem, precisamos educar o nosso olhar
para que ele seja o mais amplo e perspicaz possível.
Gostaríamos de chamar a atenção para o fato de que, ao
acompanhar e avaliar as crianças em pleno crescimento,

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 79


APOSTILAS OPÇÃO

devemos levar em consideração um conjunto de aspectos que subsidiados para o planejamento de novas ações e
compõe um todo. Isto é, a criança não pode ser considerada de intervenções e para os pais, os quais poderão acompanhar
maneira fragmentada. Seu desenvolvimento acontece de mais facilmente o desenvolvimento e aprendizagem da
maneira integrada. A avaliação é um mecanismo dinâmico e criança. Neste processo de compartilhar a avaliação
deve ser planejada de maneira a nos possibilitar a visualização importantes aprendizagens surgem para todos.
de cada criança, suas características, modos de estar no mundo Temos que tomar cuidado ao avaliar cada criança.
e a sua participação no contexto do grupo ao qual pertence. Conforme o poema de Manoel de Barros acima citado é preciso
A intenção deste caderno é defender uma postura de que nos certifiquemos de que o que diremos sobre e para a
avaliação que envolva uma observação cuidadosa de cada criança “não empobreça a imagem” dela (isto é, não a
criança, levando em consideração tanto as dimensões do subestime ou a desrespeite). A avaliação na Educação Infantil
desenvolvimento infantil, isto é, físico-motora, cognitiva, é um processo que possibilita melhorias e mudanças em
linguística, emocional, social e política, quanto as benefício da criança e pressupõe atitudes e relações positivas
oportunidades oferecidas para elas no cotidiano da creche ou que favoreçam todos os envolvidos.
pré-escola. Chamamos a atenção para uma avaliação que leve
em consideração os diversos aspectos (condições de trabalho, O que dizem os documentos oficiais sobre avaliação
concepções e valores explicitados no Projeto Político na Educação Infantil?
Pedagógico, Projeto Pedagógico Anual e nos planejamentos
cotidianos), a organização do trabalho com as crianças, as
relações implicadas, pois como já explicitado, a criança não é
fragmentada e seu desenvolvimento acontece sempre de
maneira contextualizada.
Objetivamos sensibilizar cada unidade da rede municipal
de Educação Infantil para que, durante o processo de
construção e implantação de seu Projeto Político Pedagógico,
discuta, programe e adote a avaliação sistemática do trabalho
pedagógico das crianças.
É preciso que o tema seja abordado no Projeto Político
vidaquerima.blogspot.com
Pedagógico (PPP) da unidade indicando como a equipe
concebe a avaliação das crianças e como pretende sistematizar
“Repetir, repetir - até ficar diferente.”
o processo avaliativo. Achamos importante que a equipe de
Manoel de Barros
cada unidade, ao refletir sobre o acompanhamento pedagógico
do trabalho com as crianças, discuta a sua proposta a partir de
Os documentos oficiais brasileiros para a educação infantil
cinco perguntas clássicas (Souza, 2001, pág. 25):
têm abordado tal assunto indicando a importância da
avaliação. Eles explicitam que ela é necessária e deve ser parte
1 - Para que vamos avaliar? (finalidade)
do processo pedagógico não tendo, no entanto, como um de
2 - O que avaliar? (objetos; aspectos)
seus objetivos, a promoção. Conforme a alteração da Lei de
3 - Quem avalia? (sujeitos)
Diretrizes e Bases da Educação (1996), na seção II, em seu
4 - Como avaliar? (procedimentos)
artigo 31, inciso I, Lei nº 12.796/2013, referente à Educação
5 - Quando avaliar? (periodicidade)
Infantil, "(...) a avaliação mediante o acompanhamento e
registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção,
Nós gostaríamos de incluir uma sexta pergunta: para quem
mesmo para o acesso ao ensino fundamental" e ainda no inciso
ela será feita? Ou quem será o nosso interlocutor? Estas
V, sobre o registro da avaliação, “expedição de documentação
perguntas são relevantes na medida em que nos permite
que permita atestar os processos de desenvolvimento e
clarificar qual será o uso da avaliação. Permitirá um retorno
aprendizagem da criança”. Já o Referencial Curricular Nacional
das ações à equipe? Servirá para informar os pais sobre o
para Educação Infantil (1998) define a avaliação como o
percurso educacional da criança? Ou possibilitará à criança
conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as
acompanhar as nossas ações e refletir sobre o seu percurso na
condições de aprendizagem oferecidas e a ajustar sua prática
educação infantil? O uso das informações registradas deve ser
às necessidades colocadas pelas crianças.
igualmente discutido com o grupo da unidade com indicações
Mais recentemente, as Diretrizes Curriculares Nacionais
claras sobre sigilo, encaminhamentos e novos planejamentos,
para a Educação Infantil (Dezembro de 2009), em seu artigo
assim como refletir sobre como esta informações serão
10º postula que “as instituições de educação infantil devem
passadas para pais e comunidade (quando for o caso).
criar procedimentos para acompanhamento do trabalho
A discussão sobre estas perguntas deve principiar a
pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças,
construção do Projeto Pedagógico Anual (PPA). A revisão das
sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, garantindo:
estratégias de acompanhamento e avaliação das crianças deve
I - a observação crítica e criativa das atividades, das
ser constantemente realizada, sempre em grupo, para que o
brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; II -
objetivo da avaliação seja de fato promotor de mudanças
utilização de múltiplos registros realizados por adultos e
positivas para todos os envolvidos.
crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns, etc.); III - a
Desta forma, é muito importante que a avaliação seja feita
continuidade dos processos de aprendizagens por meio da
de maneira a ser significativa, tanto para a equipe pedagógica
criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de
da unidade quanto para responsáveis e crianças. É preciso
transição vividos pela criança (transição casa/instituição de
haver consenso sobre as ferramentas que serão utilizadas para
Educação Infantil, transições no interior da instituição,
a avaliação, o acompanhamento das crianças e do trabalho
transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino
pedagógico da creche e pré-escola como um todo.
Fundamental); IV - documentação específica que permita às
É muito importante que esta avaliação seja também
famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e
compartilhada com as crianças a partir da exploração de seus
os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na
próprios trabalhos, falas e contribuições. Incluir a criança no
Educação Infantil; V - a não retenção das crianças na Educação
processo de avaliação é muito rico, tanto para ela que pode
Infantil.” (páginas 4 e 5). As Diretrizes sugerem estratégias
sentir-se valorizada com a atenção que o professor lhe destina,
múltiplas para o acompanhamento da criança e do trabalho
quanto para nós, da equipe pedagógica, que nos sentiremos
pedagógico lembrando a importância de se ter claro para

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 80


APOSTILAS OPÇÃO

quem escrevemos estes relatórios de avaliação. oportunidades que cada criança tem, as culturas em que vivem
Em 2009, o MEC republicou um importante documento e as interações que fazem, trazem diferentes oportunidades
sobre os critérios para um atendimento em creches, para a trajetória de desenvolvimento das crianças. Esta
ressaltando que estes devem partir do respeito aos direitos trajetória - educacional e desenvolvimental - nos interessa e
fundamentais das crianças tanto no âmbito da instituição agir durante este percurso para ampliar as possibilidades é a
quanto no das políticas públicas. Os direitos são extensivos nossa meta principal. Sensibilizar-nos para a trajetória de cada
para crianças de pré-escola também, pois entendemos que criança e do grupo é o primeiro resultado prático do processo
todas elas têm direito à brincadeira, à atenção individual, ao avaliativo.
ambiente aconchegante, seguro e estimulante, ao contato com
a natureza, à higiene e saúde, a desenvolver sua curiosidade,
imaginação e capacidade de expressão, ao movimento em
espaços amplos, à proteção, ao afeto e à amizade, a expressar
seus sentimentos, a uma especial atenção durante seu período
de adaptação à creche (e pré-escola), a desenvolver sua
identidade cultural, racial e religiosa. Estes são bons
parâmetros para a construção de uma avaliação que não
considere a criança isoladamente e permita visualizá-la a
partir da proposta oferecida e do grupo ao qual pertence. Se
estes direitos estiverem adequadamente cobertos, as crianças
terão contextos fomentadores de desenvolvimento integral e
saudável e aprendizagens significativas.
A Rede Municipal de Educação Infantil do Rio de Janeiro,
nas mesmas linhas das Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação Infantil e comprometida com a defesa dos direitos
fundamentais da criança, defende a avaliação como um
processo contínuo que deve acompanhar o processo de
desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Pretende-se É comum observarmos que cada criança, ao longo de seu
que a avaliação na Educação Infantil seja feita com base no percurso de desenvolvimento, apresenta diferenças em
acompanhamento, observação e registro constantes do relação aos outros colegas da mesma faixa etária. É neste
professor e educador, com a finalidade de conhecer cada sentido que ela é única - ela tem sua individualidade que
criança como ela é, para então subsidiar suas ações e interage com os ambientes e as pessoas produzindo
planejamentos, com vistas a intervir pedagogicamente. expressões, interesses e relações singulares. Neste sentido,
Queremos, com este caderno, dar um passo adiante, comparações e julgamentos que visem classificar esta ou
discutindo e construindo maneiras de se realizar tais aquela criança como “capaz ou incapaz” ou que “atingiu ou não
observações e registros. A trajetória das crianças na Educação atingiu os objetivos propostos” não são as desejáveis. No lugar
Infantil deve acompanhada de forma planejada, sistemática e desta visão classificatória e excludente, colocaríamos
intencional, assim como devem ser pautadas sempre as nossas observações atentas com interações positivas que enriquecem
ações pedagógicas. O olhar atento e cuidadoso do educador as relações, aprendizagens e desenvolvimento. São estas
não tem a intenção de rotular ou segregar crianças por observações que formam a base da avaliação. Ao invés de
resultados pré-determinados, mas desvela, sobretudo, a insistirmos na visão classificatória, tornaríamos a nossa
intenção de enriquecer todo o ambiente que se transveste em análise mais crítica e construtiva se observássemos as
palco para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças diferentes maneiras de as crianças de atuarem em grupo, se
pequenas. Neste sentido, conforme Moro (2011) “avaliar as relacionarem e se expressarem como indivíduos.
crianças pequenas é enfrentar o desafio de revelar o universo Por outro lado, vemos também que as crianças têm
infantil singular, em transformação, frente a experiências semelhanças e muitas vezes parecem apresentar
educativas enriquecidas e oferecidas às crianças”. comportamentos e atitudes típicas de determinadas idades ou
fases. Neste caso, quando uma criança não segue um “padrão”,
Qual é o nosso ponto de partida? ao invés de rotulá-la, devemos nos aproximar dela com o
objetivo de compreender os caminhos de seu
Queremos ressaltar que o nosso ponto de partida será desenvolvimento, os interesses e aprendizagens para os quais
sempre a criança e suas relações no ambiente da Educação ela se direciona. Muitas vezes, ela nos ensina sobre o que é ser
Infantil. Por isso, ela se encontra no centro da nossa atenção e criança, quando nos instiga a investigar melhor as suas reações
preocupação. Queremos observar como ela se insere neste e interesses, o que nos leva a planejar novas situações na sala,
contexto organizado para que seu desenvolvimento e para o grupamento em questão. Dos bebês às crianças de cinco
aprendizagens ocorram de maneira plena e significativa. A anos, a dinâmica da avaliação se repete: interagir, dialogar,
reflexão sobre as questões que permeiam a aprendizagem e o observar reações, intervir, dialogar novamente, registrar e
desenvolvimento infantil é de total relevância. Hoffman (1996, acompanhar as crianças.
p.42) defende que a avaliação em Educação Infantil precisa A prática avaliativa, como um processo constitutivo da
resgatar urgentemente o sentido essencial do acompanhamento prática pedagógica, deve ser contínua e o foco é a criança que
do desenvolvimento infantil, de reflexão permanente sobre as se encontra em desenvolvimento, vivenciando mudanças e
crianças em seu cotidiano como elo da continuidade da ação evoluções importantes para sua vida. Por isso, é essencial
pedagógica.” identificarmos as conquistas das crianças. No entanto, mais
Sendo assim, exige-se dos profissionais da Educação importante é lembrar que as crianças se encontram em
Infantil, por testemunharem o processo de desenvolvimento e processo de desenvolvimento e, portanto, sujeitas a contínuas
aprendizagem das crianças durante este rico período da vida mudanças que ocorrem ao longo do tempo em que estão
delas, um trabalho intencional que articule as ações de cuidado conosco na Educação Infantil. A avaliação deve ter caráter
e educação sempre em benefício da criança. Observar, dinâmico por ser um processo em aberto, e deve respeitar as
acompanhar e monitorar o desenvolvimento das crianças, especificidades do desenvolvimento e aprendizagens infantis.
além de expressar o respeito de que elas são merecedoras, é, Acompanhar as mudanças que ocorrem nesta etapa da vida
acima de tudo, tarefa dos profissionais da Educação Infantil. As exige agilidade e, portanto, métodos claros e que deem conta

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 81


APOSTILAS OPÇÃO

de demonstrar as mudanças. A avaliação parece ter, portanto, avanços das crianças ajuda-nos a planejar com
um caráter também interativo. responsabilidade, criatividade e pertinência.” (pág. 17).
Agir em favor do desenvolvimento integral da criança
significa oferecer interações e experiências significativas para No caderno acima citado, chamamos a atenção para a
ela. Somente por meio de observações sistemáticas e importância de a ação pedagógica ser intencional e planejada.
planejamento pedagógico consistente é que promoveremos Atentamos também para o fato de que nossas ações na
estas experiências. É nesta perspectiva que também se revela Educação Infantil têm metas (vide páginas 17 e 18 do referido
a avaliação mediadora. Hoffman (1996) discute a avaliação caderno), que podem até passar por revisão à medida que nos
mediadora defendendo que a mediação é um “estado de alerta apropriemos dos diferentes estágios de desenvolvimento das
permanente” do educador que observa e acompanha o crianças. De mesma forma, defendemos que acompanhar as
desenvolvimento da criança e sua história. É a observação e o crianças ao longo da Educação Infantil significa observar
acompanhamento da criança, de forma a mediar o atentamente os percursos de seu desenvolvimento e
desenvolvimento, o seu contexto, o planejamento do educador aprendizagens, e, utilizando parâmetros de acompanhamento,
e a construção do conhecimento que fará sentido para a registrar suas ações, conquistas e interesses. Isto quer dizer
Educação Infantil. que é muito importante que os profissionais da Educação
O nosso desafio agora é ressignificar a avaliação na Infantil se preocupem em ampliar os seus conhecimentos
educação infantil, afastando o risco de comparar, classificar e sobre o desenvolvimento infantil e os utilizem de forma crítica
rotular as crianças de forma restrita e descontextualizada. e responsável. Este conhecimento nos ajuda a compreender as
Avaliar implica em acompanhar a aprendizagem, visualizar e crianças e situa melhor as nossas ações.
dar visibilidade à individualidade de cada criança, suas Aprofundar o entendimento relativo ao desenvolvimento
interações, produções e contribuições para o grupo. É utilizar infantil nos permite ampliar a compreensão sobre os
a nossa observação como mediadora do processo de diferentes estágios em que se encontram as nossas crianças. E,
desenvolvimento, aprendizagem e socialização nesta etapa da com base nesse entendimento, situar melhor as nossas ações.
vida. É demonstrar um processo constantemente em Um exemplo disto é a recente iniciativa da Secretaria
andamento, cujo produto final está sempre em aberto, passível Municipal de Educação do Rio de Janeiro, ao introduzir o
de mudanças, complementações e novas criações. instrumento ASQ-3 (Ages and Stages Questionaries -
A dinâmica de desenvolvimento, aprendizagem e relações questionários para avaliar as crianças em várias etapas de seu
das crianças comanda o movimento da avaliação. Acompanhar desenvolvimento). Este instrumento de triagem foi criado por
os processos de mudança significa criar uma movimentação um grupo de pesquisadores americanos nas áreas de Educação
sistemática de avaliação. O movimento da avaliação é Especial, programas de intervenção precoce e medicina, com o
igualmente dinâmico, além de revelador e desencadeador de objetivo de disponibilizar um referencial para as famílias
novas relações e interações. A avaliação deverá ser acompanharem o desenvolvimento de seu filho. A intenção é
fomentadora de práticas desejáveis na Educação Infantil. Agir identificar crianças com alguma possibilidade de risco o mais
com intenções claras e planejadas, avaliar a nossa ação e cedo possível.
visualizar a participação das crianças confere movimento à O ASQ é constituído por 21 questionários relativos às
prática de avaliação. A figura A, logo abaixo, nos mostra que o seguintes idades: 2, 4, 6, 8, 9, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24, 27,
processo pedagógico - planejar, agir e avaliar - deve ser 30, 33, 36, 42, 48, 54, e 60 meses, permitindo a avaliação de
contínuo e cíclico, não deixando nunca de refletir cada passo crianças entre 1 e 66 meses. Trata-se de um instrumento de
dado em torno das relações entre adultos e crianças triagem utilizado em vários países como parte da política de
estabelecidas na Educação Infantil. A figura B demonstra a saúde, ajudando a monitorar e observar o desenvolvimento
dinâmica da avaliação dando sustentação ao processo infantil. Na cidade do Rio de Janeiro, vem para fazer parte de
pedagógico. As relações entre crianças e adultos são o foco da uma política de integração entre a educação, saúde e
Educação Infantil e, portanto, foco da avaliação. assistência da Primeira Infância. Este instrumento nos fornece
parâmetros úteis sobre as possibilidades de desenvolvimento
em suas cinco dimensões - comunicação, coordenação motora
ampla e fina, resolução de problemas e habilidades sociais e
emocionais.

Sendo um instrumento de triagem, uma vez que busca


identificar se uma criança apresenta sinais de algo que possa
vir a comprometer seu desenvolvimento nas referidas
dimensões ao longo dos primeiros anos de vida, o ASQ não
deve ser utilizado como uma ferramenta de avaliação
pedagógica. Isto significa que ele apenas sinaliza sobre estas
áreas do desenvolvimento, não circunscrevendo as
possibilidades de cada criança. Em suma, o ASQ não descreve
Mas afinal, como deve ser feito o acompanhamento do a dinâmica do desenvolvimento e aprendizagem no contexto
desenvolvimento e da aprendizagem das crianças? Como educativo, nem leva em consideração as importantes
a avaliação deve ser composta? mediações que podem constituir situações de aprendizagem.
Essas mesmas situações possibilitam à criança e expandir o
No Caderno Pedagógico, volume 1, intitulado “O raciocínio e a capacidade de resolução de problemas. É a
Planejamento na Educação Infantil”, ressalta-se que “o chamada zona de desenvolvimento proximal que lhe permite
planejamento, seja ele de qual nível for, depende, para seu demonstrar a capacidade de entender o mundo ao redor.
sucesso, de avaliações constantes das ações de todos os Estes instrumentos auxiliam o profissional a identificar
envolvidos no ambiente educativo. Acompanhar com olhar áreas que merecem maior atenção individualizada ou para
crítico e avaliativo contribui para tomadas de decisão todo o grupo em questão. Podem funcionar como
pertinentes com o que se entende como ação pedagógica. Ao coadjuvantes, contribuindo com uma avaliação que inclua
longo do percurso, é importante manter uma revisão das metas aspectos das relações e do contexto institucional. Permitem
da Educação Infantil, assim como das metas institucionais. A que se potencialize a avaliação realizada na Educação Infantil,
avaliação das nossas ações assim como o monitoramento dos assim como o seu significado. É importante lembrar que o

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 82


APOSTILAS OPÇÃO

desenvolvimento da criança acontece de forma integrada e adultos e ambientes (incluindo materiais e brinquedos).
contextualizada, e que, de forma didática, muitas vezes Neste sentido, a avaliação das crianças deverá estar
observamos as crianças dando maior ênfase aos diferentes ajustada à prática pedagógica, buscando as singularidades das
aspectos do desenvolvimento, como, por exemplo, o crianças, assim como os contextos educativos.
desenvolvimento cognitivo, emocional, linguístico e etc. No Desta forma, as avaliações das crianças devem jogar luz
entanto, esta avaliação só faz sentido se levada a termo para sobre os respectivos processos de desenvolvimento e sua
compreender melhor as inserções das crianças nas diferentes inserção junto aos pares. Isto quer dizer que a nossa descrição,
situações pedagógicas e relacionais. sob o ponto de vista pedagógico, feita ou não a partir de um
Quando uma criança começa a dar os primeiros passos, roteiro, deve ser capaz de revelar as características da criança
não só desenvolve o aspecto motor como também a em relação àquilo que foi desenvolvido com e para ela.
capacidade de explorar o ambiente para descobrir novas O desenvolvimento das crianças e dos bebês está
coisas e parceiros. Ela constrói gradativamente a sua permeado de explorações sobre o meio em que elas estão
autonomia, até ser capaz de andar e se movimentar com inseridas. Eles descobrem sons, objetos, reações das pessoas e
segurança, atendendo aos seus próprios interesses e aos de maneiras de dialogarem com o mundo de forma original e
seus pares. É possível perceber, em várias situações do criativa, construindo novos significados. Acompanhar o
cotidiano da Educação Infantil, que os aspectos do desenvolvimento destas vivências e explorações, conhecendo
desenvolvimento não acontecem isoladamente, mas em como a criança constrói sua relação com o mundo e estabelece
conjunto. Movidas por interesses diversos, as crianças buscam, sentidos, faz parte do processo avaliativo.
no ambiente educativo, novas formas de interagir com o Desta maneira, é importante identificar e demonstrar
mundo e nós, professores e educadores, podemos, a partir de também os objetivos e metas designados para o
uma compreensão aprofundada sobre os caminhos complexos desdobramento das atividades. Há que priorizar também a
do desenvolvimento humano, melhor fomentá-la. Dar promoção de experiências para as crianças, quando relatamos
oportunidade às crianças de exercitarem seu desenvolvimento sobre a contribuição de cada uma delas para os processos
motor amplo e fino simplesmente programando atividades de desenvolvidos no grupo onde está inserida, assim como sobre
correr e recortar, por exemplo, não garante a apropriação das suas participações e construções durante o período
referidas habilidades de maneira significativa e compreendido pela avaliação.
enriquecedora. Estas habilidades só tem sentido se forem Podemos fazer a avaliação das crianças de diversas
acrescentar ao repertório das crianças novas estratégias para maneiras. Desde relatórios previamente estruturados a
lidar com as situações de vida e de aprendizagem. As relatórios mais complexos tais como o portfólio e a
atividades e experiências que lhes oferecemos e documentação pedagógica. O mais importante é que estes
disponibilizamos devem oferecer um retorno aos interesses relatórios sejam redigidos de forma clara para todos
infantis. professores, pais e crianças. Para os professores, responsáveis
O objetivo da Educação Infantil é garantir um espaço que pelo relato, que ele venha a subsidiar suas ações e
promova experiências importantes para potencializar o planejamentos futuros. Para os pais, que lhes permita
desenvolvimento Infantil, o crescimento das crianças e a identificar seus filhos na descrição feita por outrem e que
ampliação de sua inserção no mundo. Supondo que a Educação ainda agregue informações construtivas sobre eles. E,
Infantil hoje é espaço de encontros e interações, interessa-nos finalmente, para as crianças, que, por meio da leitura e exame
saber o que as crianças pensam, planejam, sabem e, feitos em conjunto por responsáveis e professores, possam
principalmente, o que desejam saber. É a partir dos explorar e admirar sua própria produção, assim como a sua
comentários, contribuições e opiniões das crianças que contribuição para o grupo em que estão inseridas.
podemos conhecê-la melhor. Ou seja, a participação da criança A leitura destes relatórios com as crianças pode ser feita ao
quanto mais efetiva se faça, mais nos permitirá conhecer como longo da construção dos mesmos. Isto é, dissertando com as
elas aprendem e se socializam. crianças sobre seus trabalhos, contribuições e projetos,
O processo avaliativo na Educação Infantil deixa então de resgatando suas opiniões sobre as mais diversas situações do
se preocupar exclusivamente com a percepção que possamos cotidiano da creche, EDI e pré- escola. O estímulo à reflexão
ter sobre o desenvolvimento e o comportamento das crianças virá a auxiliá-las a contemplar os caminhos do
para abranger as práticas e os contextos educativos. O nosso desenvolvimento por elas percorridos, assim como os passos
esforço atual é o de afastar a prática superficial de preencher seguintes. Falar sobre si e sobre suas produções aumenta o
fichas e/ou construir pareceres ou relatórios padronizados, autoconhecimento e auxilia na resolução de problemas tanto
tendo como panorama único uns poucos resultados visíveis. os mais íntimos, quanto os inerentes ao processo de
Segundo Moro (2011, no prelo) “a partir da última década aprendizagem e, por outro lado, influencia as decisões frente a
do século XX, passa a haver uma disseminação maior sobre as novas situações de aprendizagem.
diferentes dimensões a serem avaliadas e começa a se revelar Mais importante do que dizer que a criança consegue pular
uma mudança em relação ao entendimento e às intenções para desta ou daquela maneira, é dizer se determinada maneira de
com a avaliação na Educação Infantil”. Estas dimensões, pular a favorece em seus projetos ou nos planos que pretende
contexto e relações dão significado à avaliação no contexto da desenvolver.
creche e pré-escola. Mais importante do que dizer que a criança reconhece
algumas letras ou números, é dizer se ela já coloca este
Então, como a avaliação deve ser feita? conhecimento a serviço de seus projetos ou planos individuais,
Seguindo a linha da história, podemos dizer que há várias em pequenos grupos ou na coletividade. Ou seja, precisamos
maneiras de construir a avaliação da Educação Infantil. Da observar se a criança utiliza o conhecimento em suas
avaliação da aprendizagem (focada no conhecimento atividades e experiências.
adquirido) e do desenvolvimento (baseada nas habilidades e Mais importante do que dizer que a criança consegue
conquistas feitas pelas crianças) à avaliação mais abrangente executar uma tarefa verbal (como levar um recado simples
dos ambientes educativos, temos diferentes possibilidades. para alguém), é dizer se ela é capaz de relatar os projetos que
Há duas grandes vertentes na avaliação que norteiam o contam com a sua participação ou situações outras que assistiu
trabalho. A primeira centrada na visibilidade dos resultados em diferentes espaços. Mais relevante é verificar ela consegue
atingidos, identificando as habilidades adquiridas. A segunda se expressar com clareza em situações diferenciadas.
voltada para a descrição dos processos educativos, com o foco Mais importante do que dizer que a criança consegue usar
no movimento das crianças em interação com seus pares, um pincel ou um lápis, é dizer se ela busca representar suas

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 83


APOSTILAS OPÇÃO

ideias, pensamentos, planos, opiniões desenvolvendo quatro anos com intenções claras e desejo forte de concluir a
linguagens e expressões em situações diversas e utilizando sua “obra”. É por meio destes registros que verificamos como
diferentes recursos. as crianças aprendem e usam o seu conhecimento, assim como
Mais importante do que dizer que a criança consegue as relações possíveis.
aceitar as sugestões do grupo, é dizer se ela se expressa
emocionalmente de maneira a demonstrar que está É importante, no entanto, ressaltar, que materiais como
confortável (ou não) em relação ao que lhe é proposto. Há que blocos de tamanhos variados, pedaços de tecidos grossos e
observar se ela consegue identificar suas emoções e finos, material reciclado (tais como os rolos utilizados nessa
sentimentos quando se frustra ou se alegra, diante das situação) e possibilidades na área das artes plásticas podem
situações dispostas pelo coletivo ou por ela mesma. incrementar o pensamento e os planos das crianças, revelando
Entendemos que as dimensões motora, afetiva, social e assim sua capacidade de lidar com os desafios propostos e/ou
cognitiva são indissociáveis e não podem ser observadas de autoimpostos. São situações como estas as mais relevantes
maneira desigual ou isoladamente. Isso significa que esta experiências de aprendizagem para as crianças pequenas. O
etapa da vida requer atenção e cuidados para que tais mesmo pode acontecer com os bebês, quando se aventuram a
dimensões, de fato, se desenvolvam constante e descobrir como as coisas funcionam ou com as crianças de 2 e
equilibradamente. Portanto, nossa função educativa nos 3 anos, quando insistem em criar algo para complementar uma
obriga a conhecê-las e estudá-las, pensando cada vez mais nas brincadeira solitária ou com os seus pares.
intervenções que podemos fazer, nas interações e mediações
que devemos desenvolver e nas experiências que devemos Exemplos de instrumentos que auxiliam a avaliação
oferecer. das crianças
Falar sobre cada criança, seus fazeres e sua inserção no
grupo, incluindo as ações dos adultos, compõem a avaliação “Para ter mais certezas tenho que me saber de
das crianças. A descrição de situações que envolvem a imperfeições.”
interação e os diálogos entre os adultos e as crianças, por
exemplo, pode favorecer a visualização e o melhor Manoel de Barros
entendimento dos processos vivenciados nos contextos da EI.
É uma boa ideia incluirmos no formato de avaliação das Sugerimos o registro do desenvolvimento da criança no
crianças um espaço com anotações mais particularizadas, processo de aprendizagem através de pequenas anotações
como os diálogos e planos das crianças que se expandiram e se habituais. É possível, em alguns momentos, lidar com algumas
tornaram mais complexos. Moro (2011, p.34) ressalta que “o crianças individualmente e, em outros momentos, elencar
sentido da avaliação no contexto da Educação Infantil é a outro pequeno grupo de crianças, a serem norteados pelos
investigação e não o julgamento”. objetivos gerais (ação intencional do educador) e pela ação das
crianças, ao interagirem com as propostas planejadas para elas
Vejam, abaixo, a descrição de uma professora de uma (habilidades).
situação: Ao pensarmos este documento, privilegiamos o diálogo
“Carlos é uma criança de quatro anos que decidiu fazer um com as “Orientações Curriculares para a Educação Infantil” e
carro de corridas com blocos de madeiras grandes e tapetes com o “Caderno de Planejamento“, pois consideramos que os
pequenos. Precisava de uma alavanca para fazer as marchas do mesmos devem servir como norteadores das práticas
carro, mas já não havia mais blocos. Foi ver na área da pedagógicas nas creches e nas pré- escolas.
expressão plástica (arte) e encontrou alguns tubos de rolo de As “Orientações Curriculares” descrevem, por exemplo, as
papel de cozinha. Para conseguir o comprimento que queria, rotinas diárias e as diferentes dimensões que devem ser
precisava de dois tubos, mas não sabia como faria para colar um trabalhadas. Além disso, nele estão relacionados os objetivos e
no outro. Um dos professores disse-lhe para falar com o Cris, que as habilidades na ordem da criança menor à criança maior,
é o nosso especialista em fitas colantes (durex ou fita adesiva). O para facilitar a compreensão do texto. O “Caderno de
Cris ajudou o Carlos a fazer uma alavanca para fazer as Planejamento na Educação Infantil” relaciona as metas a
marchas do carro com os dois tubos para atingir o comprimento serem alcançadas durante o processo de aprendizagem na
correto e necessário. Para resolver este problema - a confecção Educação Infantil. Parafraseando o documento: “Acreditamos
da alavanca para as marchas - Carlos teve que pensar nas que a Educação Infantil faz a diferença na vida da criança e de
características que queria dar a alavanca e, depois, teve que suas famílias: e, por isso, acompanhá-las a partir de
encontrar os respectivos materiais - neste caso, materiais parâmetros nos possibilita intervir de modo a garantir o seu
compridos e estreitos. Teve ainda o problema de imaginar uma bem-estar, assim como o processo de aprendizagem de cada
forma de juntar um tubo ao outro. Nenhum destes exercícios de uma delas”.
resolução de problemas teria ocorrido se existisse na sala um Baseando-se nestes elementos que norteiam a sua prática,
desses brinquedos de plástico que imitam o interior dos carros, o educador pode utilizar instrumentos de observação que
com volante e quadro de bordo.” (inspirado, no caso possibilitem maior clareza e a sistematização da observação.
apresentado, na página 156, do livro “Aprendizagem Ativa”, de Existem vários tipos de registros de aprendizagem da criança
Nancy Altman Brickman e Lynn Spencer Taylor, publicado pela na Educação Infantil que podem ajudar o educador, a escola e
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal, em março de a família a ter uma visão geral de acompanhamento deste
1996). desenvolvimento. Este registro pode se dar por meio da
apreciação da evolução da aprendizagem, através de
O mais importante neste relato não é propriamente não atividades e trabalhos produzidos pela criança (desenhos,
haver brinquedos de plástico que dariam às crianças a pinturas, escrita) ou documentos viabilizados pelo educador,
experiência de um carro, mas o fato de os professores terem como: fotos, filmagens e textos. Todo esse acervo pode
percebido e registrado a trajetória de Carlos ao construir um documentar a trajetória da aprendizagem, colocando em
plano e, a seguir, executar seu plano de montar um carro com evidência o nível de desenvolvimento e as hipóteses
marchas e tudo o mais. Ressaltam ainda hipóteses para o tipo levantadas.
de raciocínio que a criança encaminhou para “resolver” os Por fim, é possível depreender se os objetivos alcançados
impasses deste projeto de construção. Ali, estão marcados os pela criança foram incialmente os propostos, assim como
passos, os materiais, a parceria com outros, e o produto final detectar o que precisa ser replanejado. Em qualquer formato,
desta atividade que envolveu completamente esta criança de as anotações do professor são importantes. Mas cabe dar

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 84


APOSTILAS OPÇÃO

maior ênfase aos detalhes e às descrições minuciosas, com as Quadro 1 - métodos de avaliação
falas e atitudes das crianças, assim como as do próprio Tipos Checklist Relatórios Portfólios Documentaç
mediador. /Pareceres ão
pedagógica
Podemos organizar um roteiro, para anotações diárias, em Compilação
de textos,
situações de:
tarefas,
Perguntas
Lista de instruções,
orientadoras.
1. Atividade livre - individual ou em pequenos grupos: aspectos,
Itens Trabalhos
fotos, filmes,
- O que mais me chamou a atenção hoje? Qual era a como, por
descritivos. individuais
atividades e
situação? Quem estava envolvido? Característi exemplo, etc.
Aspectos e coletivos.
- Qual era o objetivo da experiência/atividade observada? cas sobre o Planejament
pedagógicos e Natureza
- Houve algum conflito? Quem estava envolvido? Como foi desenvolvime os do adulto
de interativa.
nto e os demais
resolvido este conflito? infantil
desenvolvime
realizados
- Quem liderou a experiência/ atividade observada? nto
em conjunto
- Qual o tipo de diálogo estabelecido? com as
- Quais materiais forma utilizados? crianças.
- O que construíram? O que foi construído? Nos
processos
pedagógicos
2. Atividade dirigida: Nos , nas
- Qual era a atividade? Nos processos e atividades e
- Quem estava envolvido? Nos
resultados, nas experiência
- Quais os materiais utilizados? resultados e
produtos e interações s, nas
produtos.
- Quais eram os objetivos da atividade proposta? Foco processos. Possibilida experiência
Naquilo que a
- De quem foi a proposta da atividade dirigida? criança
Individual de de se
- O que mais surpreendeu? O que chamou a atenção? e/ou avaliar com interações,
produziu.
coletivo. a na
criança. construção
3. Atividades em grande grupo: dos
- Houve dificuldade para reunir e manter as crianças trabalhos na
participativas até o fim da proposta? EI.
- Quais são as crianças que têm mais dificuldades nesta Dinâmica,
Dinâmica,
situação de grande grupo? Perspectiva Unilateral
Dinâmica e formativa e
formativa e
Porque você acha que elas têm dificuldade? orientadora. orientador
orientadora.
- Você, professor, tentou novas estratégias para manter o a.
interesse das crianças na atividade proposta? Em caso Pais, Pais,
comunida comunidade
afirmativo, quais são elas? Em caso negativo, porque não? Dirigidos Pais, Pais e equipe
de, equipe , equipe
- Quem mais participou e como foi sua participação? para Professores pedagógica
pedagógic pedagógica
- As crianças te surpreenderam? Como? Por quê? Quem a. e escolar.
foram elas?
- Em que situações do cotidiano você mais percebe que as Dalhberg, Moss e Pence consideram a Documentação
crianças aprenderam algo novo? Como elas revelam o que Pedagógica:
aprenderam? [...] como conteúdo, é o material que registra o que as
crianças estão dizendo e fazendo, é o trabalho das crianças e a
Anote as falas, perguntas e diálogos das crianças que maneira com que o pedagogo se relaciona com elas e com o seu
chamaram a atenção no sentido de alertá-lo para as novas trabalho. Tal material pode ser produzido de muitas maneiras e
conquistas delas e, portanto, para as novas situações que assumir muitas formas - por exemplo, observações manuscritas
deverão ser programadas. do que é dito e feito, registros em áudio e vídeo, fotografias,
Se mantivermos um pequeno diário para registrarmos este gráficos de computador, o próprio trabalho das crianças,
tipo de informação, ao final de dois meses, teremos material incluindo, por exemplo, arte realizada no atelier com o
suficiente para compor um relatório de avaliação, tanto do atelierista. Este material torna o trabalho pedagógico concreto
grupo quanto de cada uma das crianças. E ainda teremos e visível (ou audível) e, como tal, é um ingrediente importante
subsídios consistentes para novos planejamentos. É para o processo da documentação pedagógica. (Dalhberg;
importantíssimo lembrar que devemos fazer anotações que Moss; Pence, 2003, p. 194)
incluam todas as crianças, ressaltando não só o que elas não
conseguem fazer ou não sabem, mas, sobretudo, aquilo que Moro descreve possibilidades utilizando o portfólio e
elas demonstraram saber e o que se propuseram a fazer, pontua que:
demonstrando os caminhos de seus pensamentos e lógica, que
nos fornecerão as pistas para os novos desafios. No portfólio, o processo de documentação, longe de
Em seguida, relacionamos alguns métodos para avaliar configurar-se como simples recolha ou arquivamento dos
crianças. Em todos eles verifica-se a importância de observar, materiais, das observações, configura-se como um processo
registrar e refletir: ativo intencional, compartilhado e produtor de conhecimento. O
portfólio de avaliação possui uma natureza interativa, que
possibilita aos professores e às crianças interagirem e
colaborarem no sentido de potencializar e melhor usufruir das
práticas educativas. (Moro, 2011, p.39)

Esta demonstração didática dos métodos de avaliação,


conforme o quadro acima, nos auxilia a selecionar algumas
formas de registro para produzir avaliações que sejam úteis
para o nosso trabalho e que veiculem informações

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 85


APOSTILAS OPÇÃO

importantes e acessíveis para a família e comunidade. Ao Conforme já mencionamos anteriormente, acompanhar o


mesmo tempo, esse material pode resultar em fonte de desenvolvimento individual da criança é importante para que
orgulho para nossas as crianças, na medida em que elas se possamos planejar situações relevantes para cada uma delas,
vejam refletidas em suas produções, atuações e interações. ao longo da Educação Infantil, favorecendo o desenvolvimento
Acima de tudo, há que manter o firme propósito de evitar a da autonomia. Nosso intuito com a avaliação, portanto, mais
todo custo que a avaliação gere dados que não acrescentem do que propriamente identificar as dificuldades de
pontos positivos às situações de aprendizagem, relações e aprendizagem, busca trabalhar com as crianças de maneira a
mediações, que são da maior relevância na Educação Infantil. incentivar a resolução de problemas na perspectiva de
As "checklists", isto é, as listas de características do proporcionar o enfrentamento de desafios e conflitos. Ao
desenvolvimento infantil ou das reações das crianças, são vermos as crianças conseguirem realizar as atividades com
instrumentos pontuais que limitam a nossa visão sobre a sucesso e demonstrarem empolgação com suas descobertas,
inserção, dinâmica e relações das crianças. É importante consideramos estas realizações como aprendizagens efetivas.
observar o crescimento e desenvolvimento das crianças, mas Isto é, ao vermos as crianças utilizando conceitos nas suas
devemos privilegiar os relatos sobre a sua participação e a ações, atividades e relações, registramos esta conquista como
natureza de suas contribuições para o grupo e para si próprias. sendo, de fato, aprendizagem.
Neste sentido, os pareceres e os relatórios nos auxiliam a
visualizar a criança em ação com as pessoas e utilizando Avaliar é ação inerente a todo processo educativo. No
objetos e materiais. entanto, mais importante ainda é saber utilizar as informações
coletadas sobre todos os envolvidos na Educação Infantil.
O que fazer com os resultados? Utilizar tais informações e registros têm sentido quando estes
nos guiam para avançarmos no processo de aprendizagem e
Sonhar é acordar-se para dentro. crescimento. Quando passamos a utilizá-los para subsidiar as
Mário Quintana nossas ações, por meio de reflexões e mudanças importantes
para o processo educativo, chegamos à razão última da
Concebida a avaliação como ferramenta de mediação e avaliação.
acompanhamento da trajetória da criança, torna-se possível
perceber os caminhos que ela percorre em suas aprendizagens Nunca é demais lembrar que informações sobre as
e, ao mesmo tempo, possibilita ao professor ressignificar a sua crianças devem ser utilizadas com o devido respeito e sigilo,
própria prática pedagógica, de maneira contínua e reflexiva. compartilhando com os outros da mesma maneira,
Não há sentido em colecionar trabalhos dos alunos para respeitosamente. E, para finalizar, segundo Moro, devemos
mostrá-los aos pais, somente como uma documentação “avaliar sem padronizar":
daquilo que a criança produziu durante período determinado.
Também não há contribuição efetiva em registrar o que a A avaliação de crianças da Educação Infantil deve
criança consegue ou não fazer, se não contextualizarmos as valorizar:
informações. A avaliação e o acompanhamento do - Os conhecimentos que a criança traz;
desenvolvimento das crianças em atividade precisam se - As características das suas culturas;
constituir em um conjunto de dados que expresse avanços, - As habilidades demonstradas em seu cotidiano;
mudanças e novos jeitos de pensar e de fazer, relacionando-o
- As interações que estabelece com outras pessoas e
ao desenvolvimento da criança. A avaliação deve sempre ser
objetos
inspiradora de novas práticas.
- Suas diferentes formas de se expressar.
Souza (2011) questiona se, a avaliação da aprendizagem,
neste caso, dos avanços obtidos pelas crianças na educação
infantil, se constitui em um instrumento de promoção do “Isso é um modo de evitar a padronização e a normatização,
desenvolvimento de todas as crianças. Souza (2011), ao comuns a muitas formas de avaliar. Fora isso, deve-se valorizar
ponderar sobre o uso da avaliação na Educação Básica, o envolvimento da criança neste processo, ampliar a
acrescenta que: comunicação com as famílias, compartilhar com elas e com a
comunidade educativa o trabalho desenvolvido na instituição.
Avaliar para: Tal postura fortalece o aspecto profissional da Educação
Infantil.” (Moro, 2011, p.33).
Diagnosticar: Retroinformar:
- caracterização - buscar a verificação dos resultados
Últimas considerações
da criança alcançados durante ou ao final da
(interesses, realização de uma etapa do processo de
“Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol
necessidades, ensino e aprendizagem, para replanejar o
nascer Devia ter arriscado mais, e até errado mais, ter feito o
conhecimentos trabalho com base nas informações
que eu queria fazer."
e/ou obtidas;
Epitáfio - Titãs
habilidades).
- identificar a
Quando uma criança nasce, seus pais preocupam-se em
aprendizagem - favorecer o desenvolvimento individual
registrar, através de álbuns de fotografias, a história de seus
das crianças
bebês. Alguns adolescentes escrevem em seus diários, outros
tendo em conta
deixam suas pistas nas páginas da internet. Desde os tempos
os objetivos
mais remotos, o homem já se preocupava em deixar as suas
educacionais
marcas nas cavernas. Tais registros constroem nossa história.
estabelecidos
Precisamos do registro, porque este exercício nos faz diferentes
- identificação de - estimular o crescimento das crianças
dos animais.
causas de
Os anos passam e o cotidiano nos consome. Vivências e
dificuldades de
experiências se perdem em nossa trajetória. Momentos ímpares
aprendizagem
que deveriam ser documentados passam ao largo, substituídos
- estimular a capacidade de autoavaliar-se por tarefas que nem sempre são tão essenciais. E, por vezes,
Souza, 2011, pág. 24.
deixamos de observar o mais importante: o aprendizado da
criança.
Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 86
APOSTILAS OPÇÃO

O professor deve voltar os seus olhos para onde quer chegar. apresentaram as suas propostas ao grupo e aos adultos? O que
Para ver o caminho percorrido, precisa recorrer à memória foi positivo? O que ficou faltando ou o que poderia ser
resguardada nestes materiais. Registrar não significa amontoar encaminhado de outra forma? Quais as dificuldades que o
papéis. Significa procurar instrumentos efetivos que sintetizem professor enfrentou no desenvolvimento das atividades?
da melhor forma os progressos e os obstáculos, para que, 5. Onde foram realizadas as atividades? Houve mudança
durante todo o processo, possam acontecer as intervenções na disposição dos móveis ou arranjos na sala? Como, quando e
necessárias. Hoje, temos a tecnologia em nossas mãos, o que nos por que isso foi feito? Como os materiais foram organizados e
auxilia na recuperação desta memória, tornando-a visível em utilizados? Quais foram suas observações que levaram a
fotos, filmagens e blogs. refletir sobre a necessidade de mudanças no ambiente, dos
“Queria ter registrado mais.” Esta frase sempre vem à minha materiais e atividades?
mente quando ouço esta canção. Peço licença aos Titãs e afirmo: 6. Como as crianças reagiram à organização espacial
como eu queria ter registrado mais! Quantas atividades proposta? Fizeram modificações? Interagiram? Ignoraram
realizadas se perdem com o tempo, as falas, as aprendizagens, alguma proposta? Qual foi o espaço mais procurado? Qual é o
os sorrisos. espaço mais procurado pelas crianças no dia a dia?
Queria ter registrado mais, quando me lembro de bilhetes 7. Quais assuntos surgiram nas conversas e brincadeiras
com letrinhas tortas, mas únicas! Rostinhos, frases e ações, que das crianças? Considera-se relevante incorporá-las ao projeto
nos ajudam a refletir sobre qual seria o caminho certo. de trabalho? Como poderiam ser aproveitadas ou expandidas
Queria ter registrado mais, ao pensar que poderia as brincadeiras, opiniões e sugestões das crianças?
direcionar melhor o meu olhar e enxergar a riqueza que estava
ao meu redor e os novos rumos que eu poderia ter tomado. ANEXO 2
Queria ter registrado mais, sempre que me deparo com
outras experiências e constato que um dia já vivenciei algo Relatório do grupo a ser entregue às famílias no 1º e
parecido, mas não possuo este acervo e nem posso confiar no 3º bimestre do ano letivo:
memória visual, visto serem tantas as crianças que passam pelas
nossas vidas, todas protagonistas da sua própria história. Uma das formas de acompanhar o ritmo do grupo e das
Vários caminhos podem ser trilhados. E você, professor, tem crianças é fazer relatórios semestrais ou bimestrais, com uma
a liberdade de escolhê-los. O importante é que siga em frente e análise sobre a dinâmica das crianças e, enquanto grupo, das
que, neste processo, tenha a sensação de ter “registrado mais” e suas relações, produções e avanços. Este tipo de registro nos
guardado de si e dos outros com os quais convive diariamente o ajuda a visualizar cada criança dentro do grupo e nos permite
máximo de lembranças, sensações e experiências. considerá-las na dinâmica do grupo e cotejando o crescimento
Estas “Últimas Considerações” foram escritas pela querida de cada uma. É muito importante que planejemos para o
e saudosa Dayse Malagole (1974 - 2011), integrante da equipe grupo, mas é igualmente importante que consideremos cada
de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação do indivíduo, suas possibilidades, limitações e interesses. Para
Rio de Janeiro, em vinte e seis de agosto de dois mil e onze, isso, sugerimos um modelo de relatório para melhor focalizar
numa tentativa de registrar as suas reflexões sobre o tema e inspirar este tipo de observação.
deste caderno. A publicação literal de seu texto é uma
homenagem da equipe da Gerência de Educação Infantil, em Nome do grupo:
agradecimento pela a sua dedicação à rede. Sem saber, ela Número de crianças:
conseguiu concluir este caderno exatamente da maneira que a Professoras:
equipe esperava, valorizando importantes aspectos da Data:
avaliação de crianças pequenas.
1.As características do grupo: Como foi o início do ano e
ANEXO 1 como o grupo está agora (desenvolvimento e crescimento do
grupo enquanto conjunto)? Descrever o espírito do grupo, a
Registros de andamento do grupo - Subsídios para dinâmica de amizades e entrosamento, as escolhas e
retroalimentar a avaliação da criança e a prática do afinidades pelos amigos. Houve a entrada de novos colegas?
professor Como foi? Como foi a integração dos grupos novos? Houve a
entrada de novas professoras? Em caso positivo, como essa
(Inspirado em um roteiro de observação na Educação entrada ocorreu? Como elas se posicionaram? Como as
infantil, utilizado na disciplina de Prática de Ensino do Curso crianças receberam-na? Como foi o contato com os pais das
de Pedagogia da UFSC, de autoria de Rotta (2006) e citado em crianças no início do ano? E agora? Eles estão presentes? De
Bhering e Fullgraf, no prelo). que forma?

As perguntas abaixo podem nos orientar a registrar, 2.A rotina diária: Descrever a rotina diária típica do
subsidiar a avaliação das crianças e da prática e, desse modo, grupo, destacando atividades e projetos que foram
influenciar os caminhos do planejamento: significativos para todo o grupo, isto é, para adultos e crianças.
1. Como os diversos momentos da rotina (troca, higiene, Como o grupo se insere na rotina proposta? Há resistência de
lanche, sono) transcorreram? alguma criança em se adaptar a algum momento do dia? Por
2. Como foi a participação das crianças em cada um desses quê? Houve mudanças no ritmo da rotina? Qual e por quê? Que
momentos? Demonstraram entusiasmo? Em quê? Quais os mudanças tiveram que ocorrer na rotina em decorrência da
momentos de maior concentração? Quais os momentos de demanda das crianças? Como a rotina e o planejamento
menor concentração? Como as crianças se organizaram em semanal são organizados? Qual é a participação das crianças
diversos momentos? Surgiram novas parcerias? no planejamento. (Falar da construção deste planejamento e
3. Houve conflitos? Quem desencadeou? O que foi feito? dar exemplos de participações e contribuições individuais.).
Como os problemas foram solucionados? Que hipóteses foram
levantadas para solucionar os problemas colocados? Que tipo
de ajuda para resolver o problema foi sugerido?
3.Atividades preferidas: Descrever as atividades
preferidas do grupo, exemplificando com aquelas crianças que
4. As situações e atividades propostas foram aceitas pelas
demonstram claramente seus gostos, interesses e
crianças com interesse e envolvimento? Como foram
contribuições. Exemplificar com situações recentes. Indicar
introduzidas junto ao grupo ou como as crianças
atividades preferidas quando as crianças estão em atividades

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 87


APOSTILAS OPÇÃO

de grande grupo e aquelas que as crianças gostam de fazer relacionada ao tema tratado com o grupo expandindo o
individualmente, em dupla ou em pequenos grupos. No caso conhecimento dos outros; revelar uma conclusão ou
dos bebês e crianças pequenas, indicar os momentos em que observação inusitada e inesperada, etc.
estão mais alegres, interativos, com brinquedos preferidos, 11) Indicações para o futuro: No que você pensa que
etc. seria importante continuar investindo, para que a criança
mantenha ou acelere o seu ritmo de desenvolvimento e
4.Desafios encontrados: Relativos às relações sociais, à aprendizagem? O que você acha que os professores dos anos
adesão as atividades oferecidas pelos adultos ou por outras seguintes deveriam abordar com maior ênfase junto ao grupo
crianças, aos hábitos e comportamentos das crianças (Lidar e/ou indivíduos.
com situações em que as crianças não estão preparadas para
negociar, utilizando as regras da sala). ANEXO 4

5.Pontos positivos do grupo que inspirarão o Relatório individual da criança, a ser entregue ao final
planejamento de atividades: Indicar as características do do 2º e 4º bimestres
grupo ou de grupos de crianças que influenciam o andamento
das atividades de maneira positiva e construtiva. Identificação do grupo:
Professoras:
6.Indicações para o futuro: O que você pensa que seria Data:
importante continuar para que a criança mantenha ou acelere Nome da criança:
seu ritmo de desenvolvimento e aprendizagem. O que você Idade da criança:
acha que os professores seguintes deveriam abordar com
maior ênfase para o grupo ou indivíduos. 1 - O grupo: Esta parte pode ser igual para todas as
crianças e pode ser inspirada no relatório
ANEXO 3 semestral/bimestral, conforme sugerido no anexo 2.

Anotações e observações individuais da criança para 1.1 - As características do grupo:


subsidiar a avaliação e a prática pedagógica 1.2 - A rotina diária do grupo:
(planejamento, avaliação, relatórios). 1.3 - Atividades preferidas:
1.4 - Dificuldades encontradas no grupo:
Identificação do grupo:
Número de crianças: 2 - A criança:
Professoras: Quando falamos de uma criança, procuramos sempre
Indicar horário de trabalho em sala de cada uma: ressaltar aquilo que ela faz de melhor, ou seja, começamos
Data: sempre ressaltando aquilo que ela consegue fazer. Por
Nome da criança: exemplo, a criança é tímida, mas ela consegue pedir ajuda
Idade da criança: quando está em dificuldade? Ela ajuda outra criança quando
essa está com problemas ou não consegue atingir o que deseja?
Então é sempre bom, quando vamos registrar algo sobre esta
1) Como eu vejo essa criança? Ela é tímida, retraída, se isola criança, dizer como ela participa do grupo, o que mais lhe
com facilidade, fala somente quando alguém lhe pergunta
interessa e quais as contribuições e produções, entre outras
algo? Ou ela é alegre e quer sempre participar das atividades,
coisas. Isto pode ser feito para todo o grupo também. Para isso,
revelando suas opiniões e ideias? Talvez ela seja participativa
podemos enumerar algumas reflexões:
e interessada, mas tímida. Ou então é sociável, independente,
2.1 - Características: Como você a descreveria? As
vaidosa, etc.
características revelam a maneira de ser e estar da criança e
2) Ela é uma criança que tem iniciativa ou precisa sempre devemos descrevê-la com todo respeito, em especial quando
ser estimulada a completar suas brincadeiras ou atividades? falamos de suas limitações e dificuldades. É sempre bom
3) A criança tem preferências por certos amigos? Quem são exemplificar, quando descrevemos as crianças
eles? O que gostam de fazer juntos? individualmente.
4) Ela tem preferências por algum tipo de atividade? Qual
(quais)? 2.2 - Atividades preferidas: Indicar as atividades, com
5) Ela se expressa bem e com clareza nas diversas uma breve descrição, citando suas produções, criações e
ocasiões? interesses.
6) Ela se movimenta pelos espaços da unidade com
desenvoltura ou prefere ser acompanhada pelo adulto, se 2.3 - Desempenho na rotina: Descreva como ela se
assegurando que ele estará sempre por perto? integra à rotina. Ela é participativa em todos os momentos?
Prefere os momentos no grande grupo ou em pequenos
7) O bebê (ou a criança pequena) demonstra interesse grupos?
pelos objetos em movimento? Busca alcançar aquilo que
querem? Completa o que iniciou? Insiste na atividade ou
2.4 - Relações com colegas: Como se relaciona com os
desiste de tentar com relativa facilidade?
colegas? Tem preferências? Quais e por quê? Relaciona-se com
8) O que mais chama a sua atenção nesta criança? Por que outras crianças de outros grupamentos? Se existe essa
essa particularidade chama a sua atenção? possibilidade de ter contato frequente com os outros
9) Por quais temas tratados em grupo a criança grupamentos, relaciona-se com crianças menores ou maiores
demonstrou mais interesse? que ela?
10) Dê um exemplo de uma situação que você percebeu
que esta criança aprendeu algo ou que avançou naquilo que já 2.5 - Relações com o adulto: Como ela se coloca diante do
sabia. Ela pode, por exemplo, começar a se alimentar sozinha; adulto? Ela pede ajuda? Gosta de trabalhar em parceria com o
a correr para interagir com as outras crianças; pedir para que adulto?
você registre algo escrevendo suas ideias; concluir um registro
de maneira que lhe surpreenda;, trazer uma novidade

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 88


APOSTILAS OPÇÃO

2.6 - Situações que demonstram suas conquistas: crianças (preferências, necessidades, dificuldades e histórico de
Descreva alguma atividade que demonstre os seus avanços, cada uma: quem frequentou creche, quem está pela primeira vez
indicando, passo a passo, como ela foi conquistando e na instituição...) e siga em frente, respeitando os interesses e
demonstrando novos conhecimentos, novas amizades, etc. demandas delas, e, ao mesmo tempo, apresentando novos
desafios e aprendizagens por meio do caderno e de outras
2.7 - Dificuldades encontradas: Fale um pouco daquilo atividades inspiradas nele.
que causa alguma preocupação em relação à criança. Ela, por
exemplo, se retrai? No entanto, é importante exemplificar, Estas Orientações ao Professor trazem como referencial
para que não haja mal entendido por parte dos responsáveis. teórico para as áreas de linguagem oral e escrita, alfabetização
É muito importante que a descrição não seja ofensiva e e letramento as pesquisas da Professora Magda Soares,
acusadora, pois identificar as dificuldades presta-se a auxiliar atualmente professora emérita da Faculdade de Educação da
a criança a enfrentar seus medos, limitações, ou qualquer Universidade Federal de Minas Gerais.
outro impedimento para as boas relações e a aquisição de A Gerência de Educação Infantil da Secretaria Municipal de
novos conhecimentos e habilidades. Educação do Rio de Janeiro agradece à professora Magda Soares
pela parceria ao compartilhar com a nossa Rede os resultados
3 - Conquistas e planos para o futuro: das pesquisas que vem desenvolvendo junto ao Núcleo de
Alfabetização e Letramento da Secretaria Municipal de
3.1 - Principais conquistas nas diversas áreas do Educação de Lagoa Santa-MG e por contribuir com a formação
currículo: Aponte-as resumidamente em cada uma dessas dos membros da equipe GEI/SME Rio de Janeiro e com
áreas abaixo relacionadas. É possível fazer uma descrição elaboração deste material.
destas conquistas de uma maneira mais global e integrada,
conforme as Orientações Curriculares sugerem: Introdução

3.1.1 - Linguagem oral e escrita As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação


3.1.2 - Matemática Infantil (MEC/SEB, 2010), nos seus artigos 3º e 4º, postulam
3.1.3 - Ciências Sociais e Naturais que “o currículo da Educação Infantil é concebido como um
3.1.4 - Corpo e Movimento conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os
3.1.5 - Música saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do
3.1.6 - Artes Visuais patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e
tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de
3.2 - Indicações para o futuro: O que você pensa que seria crianças de 0 a 5 anos de idade”; e “as propostas pedagógicas da
importante continuar fazendo para que a criança mantenha ou Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro do
acelere o seu ritmo de desenvolvimento e aprendizagem? O planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas
que você acha que os professores dos anos seguintes deveriam interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói
abordar com maior ênfase junto ao grupo ou junto a sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia,
determinados indivíduos. deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo
cultura” (pág. 12 e 13). Dessa maneira, as unidades de
______________. Orientações ao Educação Infantil devem planejar suas ações de maneira a
professor de Pré-escola I e II. organizar experiências que permitam que as crianças tenham
vivências adequadas para elas e que também promovam
Secretaria Municipal de interações em diversos níveis: com pessoas, conhecimentos e
Educação do Rio de Janeiro, diferentes materiais.
2013 Para que as crianças participem ativamente de seus
processos de aprendizagem, é importante que os adultos as
ouçam, observem e conversem com elas sobre suas demandas
Olá Professor (a), e interesses. A partir dessas interações, o planejamento
sistemático e cuidadoso das situações e a organização dos
Neste ano de 2013, a SME-RJ dará continuidade ao trabalho ambientes devem ser feitos de maneira que as crianças
iniciado em 2012, com a utilização de Cadernos de Atividades na permaneçam curiosas e entusiasmadas por conhecer o mundo
pré-escola. O grupamento II (cinco anos) utilizará um caderno a ao seu redor e interagir de diversas maneiras com ele. O
cada semestre. Já o grupamento I (quatro anos) receberá o planejamento e a organização, no entanto, não só nos alertam
Caderno de Atividades, específico para esse grupamento, no 2º para a responsabilidade que nós, profissionais da educação
semestre de 2013. infantil, temos nesse cenário, como também exigem que
Para aproveitamento máximo dos Cadernos de Atividades, estejamos atentos à variedade de situações nas quais as
trazemos algumas orientações que dizem respeito às linguagens infâncias se desdobram. É preciso que nos mantenhamos
oral e escrita e à matemática, com o intuito de ampliar o atentos às diferentes demandas que as crianças apresentam,
trabalho para e com as crianças da pré-escola. atendendo a seus interesses e necessidades, guiando-as no seu
Essas orientações ancoram-se em constantes discussões processo de aprendizagem e desenvolvimento. As
acerca das finalidades da Educação Infantil, das Orientações experiências planejadas devem refletir a identificação de
Curriculares para Educação Infantil do município interesses e necessidades e incluir possibilidades nas diversas
(apontamentos sobre algumas práticas que devem estar áreas do conhecimento e nas diferentes linguagens.
presentes no cotidiano da pré-escola), e, em particular, sobre a
aprendizagem inicial da leitura e da escrita, a consciência Nosso principal papel, como professores da Educação
fonológica e as atividades que fomentem essas aprendizagens. Infantil, é o de planejar atividades e experiências que ampliem o
Ao fazer a leitura do material, procure alinhar as conhecimento das crianças e a sua visão acerca do mundo, das
Orientações Curriculares da Educação Infantil (e os outros pessoas, dos objetos e das relações entre esses.
documentos municipais) e a proposta pedagógica da escola com
as necessidades dos grupamentos apresentadas durante o As Orientações Curriculares Para a Educação Infantil (OCEI,
decorrer do ano. Considere as suas primeiras observações das 2010) propõem que a construção do conhecimento pela

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 89


APOSTILAS OPÇÃO

criança se dê por meio das relações dessas com os adultos e seu conhecimento? Quais?
com as outras crianças, reconhecendo e incluindo suas  Como as crianças aproveitam as situações vivenciadas
sugestões e demandas para que novos saberes sejam para ampliar suas experiências, seu vocabulário e suas
elaborados por todos, em uma ação conjunta, mediada e relações?
seguida de registros sobre o processo de aprendizagem. Os  Como as crianças se remetem aos conhecimentos
conteúdos que permeiam as relações e introduzem adquiridos para fazerem planos, construírem hipóteses,
conhecimentos devem estar em consonância com as explicarem fenômenos, trazerem ideias e opiniões e se
possibilidades e interesses das crianças, ou seja, devem ser expressarem?
pertinentes e adequados aos diferentes grupos.  Quais são as principais características das crianças de 4
Nesse cenário, a sequência das atividades/experiências anos?
sobre um tema/tópico/assunto propostas às crianças deve  Quais os interesses das crianças de 4 anos? Quais
estar em consonância com os projetos individuais e coletivos atividades motivam mais as crianças?
do grupo, abrindo possibilidades para que elas possam se  Quais são as principais características das crianças de 5
expressar por meio das experiências vivenciadas na pré-escola anos?
e para que os professores possam acompanhar o seu  Quais os interesses das crianças de 5 anos? Quais
desenvolvimento e sugerir novos caminhos, apoiando os seus atividades motivam mais as crianças?
interesses.
O registro das atividades/experiências sobre o assunto Para que o professor possa responder a estas perguntas,
escolhido pode tomar vários formatos. No entanto, a necessita:
complexidade dos assuntos deve ser cautelosamente
programada e assistida, ao longo das conversas e discussões  Conhecer muito bem a proposta curricular vigente
com as crianças. Isso quer dizer que, ao identificar um assunto, (Orientações Curriculares para a Educação Infantil Caderno de
o professor prepara diversas possibilidades de vivências, Planejamento na Educação Infantil, além dos documentos
experiências e atividades, observando a capacidade e o nível federais: Referencial Curricular Nacional para a Educação
de compreensão de cada uma delas e as suas possibilidades de Infantil- RCNEI e Diretrizes Curriculares Nacionais para a
avançarem no conhecimento, para que a própria criança venha Educação infantil - DCNEI).
a incluí-las no seu repertório de possibilidades e registros.  Conhecer bem as crianças e as características de cada
É importante que o professor trabalhe de maneira paciente faixa etária.
e calma para que consiga ouvir as crianças e reconhecer as  Planejar situações de aprendizagem que propiciem
contribuições delas nos vários momentos do processo ensino- experiências significativas, apropriadas e pertinentes, que
aprendizagem e, ainda, esperar que elas cheguem às próprias contemplem todas as áreas do currículo.
conclusões a partir da mediação do próprio professor e/ou dos  Saber o ponto de partida e vislumbrar onde se quer
colegas. chegar, visualizando os objetivos e metas.
É importante visualizar a ordem do desenvolvimento das  Desenvolver uma rotina que contemple atividades
atividades, fazendo relação entre elas. Ou seja, ao invés de individuais (que expressem interesses pessoais); atividades
apenas propor, diariamente, as atividades isoladas que em pequenos grupos (que possibilitem relações próximas e
considera importantes para as crianças, o professor deve laços afetivos); atividades em grande grupo (em que usufruam
prestar atenção no processo de construção do da companhia do grupo todo) e em áreas externas e internas.
conhecimento/habilidade para que a atividade faça sentido no  Registrar o caminho percorrido com e pelas crianças.
contexto mais amplo da aprendizagem e tenha significado para
a(s) criança(s). Isso quer dizer que as atividades planejadas Essas informações têm como principal objetivo apresentar
devem estar relacionadas, demonstrando uma lógica que uma forma de trabalhar o Caderno de Atividades que não se
resgata experiências anteriores, introduz as atividades restrinja somente às atividades ali contidas. É importante que
planejadas e pode dar indicações das que virão a seguir. as atividades do caderno estejam contextualizadas e que sejam
Para organizar tais situações de aprendizagem que farão parte de um planejamento mais abrangente que dê às crianças
sentido para as crianças o professor precisa então, se várias possibilidades de expandir sua aprendizagem e
perguntar: conhecimento. É necessário que as crianças tenham acesso ao
 Quais os conceitos/experiências/ caderno sempre que quiserem para consultas e revisão e que
conteúdos/indagações/relações que as crianças me trazem se remetam a ele ao desenvolverem outras atividades. Estas
diariamente? são valiosas oportunidades de aprendizagem para a criança e
 Quais os conceitos/experiências/atividades que para o adulto que aprende mais sobre a criança, seus
pretendo introduzir e desenvolver a partir da necessidade pensamentos e intenções.
expressa pelo grupo?
 Quais habilidades que eu, como professor, pretendo que Metas na Educação Infantil (Caderno de Planejamento na
desenvolvam? Como pretendo encaminhar esse processo? Educação Infantil - PEI, p.17).
 Quais as possibilidades de temas para trabalhar novos
conceitos a partir de conceitos já aprendidos e utilizados? As metas da Educação Infantil nos orientam, de forma
 Quais as palavras novas que elas têm dito/aprendido? geral, em relação àquilo que desejamos que as crianças
Como eu, professor, registro? E as crianças, como podem usufruam durante a Educação Infantil. Essas metas esclarecem
registrar? ainda sobre a importância de que, ao planejar e executar as
 Qual a relação entre o que vivemos aqui na escola e os atividades, tenhamos sempre em mente aquilo que se espera
temas/assuntos trazidos por mim, professor, ou pelas que as crianças obtenham e consigam fazer de forma
crianças? autônoma e por meio de mediações. Isto não significa o
 Quais as decisões que tomo para introduzir a sequência engessamento das atividades e dos conteúdos das
dos fatos/atividades/experiências no dia a dia do grupo? aprendizagens propostos. Ao contrário, possibilita criar novas
 O que devo observar antes de introduzir novos formas de relação, interação e trocas de conhecimento.
conceitos/conhecimentos?
 Sobre o que elas, as crianças, conversam comigo e com
seus pares?
 Tenho planejado situações que lhes permitam expandir

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 90


APOSTILAS OPÇÃO

Ao final da Educação Infantil, espera-se que as crianças: segurança ao expandir o movimento.

 falem de forma clara e adequada, usando a língua com Esperamos que o trabalho com o Caderno de Atividades
desenvoltura e espontaneidade; esteja inserido na proposta e planejamento pedagógico da
 expressem suas opiniões e ideias em pequenos e grandes unidade, respeite o processo de aprendizagem das crianças e
grupos; seja inspiração para o desenvolvimento de novas atividades
 saibam se expressar linguística e artisticamente, relacionadas ao conteúdo do caderno, ampliando as
demonstrando seu pensamento, intenções e interesses; possibilidades e oportunidades de aprendizagem. O caderno
 compreendam as instruções dadas por seus pares e por foi elaborado a partir das Orientações Curriculares para a
adultos; Educação Infantil, dos objetivos e habilidades ali contidas, e
 executem as instruções dadas em situações espontâneas das metas estabelecidas para a Educação Infantil municipal.
e formais por seus pares e por adultos se assim o desejarem ou
sempre que julguem necessário; Além das metas relacionadas acima, é importante destacar
 consultem livros, revistas e outros materiais impressos, que o município do Rio de Janeiro aderiu ao PNAIC, um
demonstrando interação com a linguagem escrita; compromisso formal assumido pelos governos federal, do
 identifiquem e discriminem o uso da linguagem em Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que
determinados gêneros textuais como histórias de faz de conta, todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de
jornal, poesia, bilhete etc. idade, ao final do 3º ano do Ensino Fundamental. Nesse Pacto,
 manipulem lápis, canetas, pincéis, para escrever, o município do Rio de Janeiro assumiu como meta para a
desenhar, pintar e usar os dedos para modelar e criar; Educação Infantil ter: “Toda criança da Educação Infantil
imersa em ambiente letrado e iniciando o seu processo de
 saibam fazer registros simples por escrito, com E/ou sem
ajuda; alfabetização”.
 reconheçam a função social da linguagem escrita;
A próxima sessão dessas Orientações ao Professor será
 saibam participar ativamente de atividades em pequenos
dedicada a aspectos importantes dos processos de
e grandes grupos, praticando diferentes formas de registro
desenvolvimento da linguagem oral, da leitura e da escrita,
como contribuição para os planos coletivos;
processos esses que se dão ao longo de toda a primeira
 utilizem informação adquirida para explorar e infância. A intenção é esclarecer e apoiar o trabalho proposto
compreender novas situações;
pelo Caderno de Atividades da criança, subsidiando a
 saibam contar casos e/ou histórias e recontá-las, depois expansão do planejamento pedagógico para outras atividades,
de ouvir alguém contar ou em quaisquer outras situações; tanto na área das linguagens, quanto nas demais áreas do
 sugiram alternativas para resolução de problemas; conhecimento.
 criem sugestões para novas atividades, jogos e
brincadeiras; Bom trabalho!
 finalizem as atividades antes de se engajarem em outras;
 situem-se dentro de seus contextos, reconhecendo-os Aprendizagem e desenvolvimento da linguagem oral,
como tais (lar, escola, bairro, cidade); leitura e escrita
 reconheçam fenômenos naturais, com postura
investigativa, elaborando hipóteses e perguntas sobre As Orientações Curriculares para a Educação Infantil
aspectos relativos à observação da natureza e/ou (OCEI) da rede municipal do Rio de Janeiro apontam para o
acontecimentos sociais; direito das crianças de se desenvolverem integralmente por
 reconheçam números, quantidades, formas, categorias meio das experiências com as diferentes linguagens. Nesse
de objetos e suas características, relacionando- os com a vida documento, encontramos o currículo, com as metas e os
cotidiana; objetivos para as turmas de pré- escola, conforme abaixo
 reconheçam a função social dos números e sua transcritos:
importância;
 incluam e apliquem conhecimentos matemáticos simples LINGUAGENS: ORAL E ESCRITA
às situações problema, perceptíveis tanto em atividades OBJETIVOS GERAIS
espontâneas quanto naquelas propostas com fins de  Ampliar o vocabulário das crianças.
aprendizagem de determinada habilidade;  Possibilitar a exploração e a expressão das diferentes
 reconheçam a si e aos seus pares e adultos (na família; formas de linguagem (corporal, oral, escrita, musical, artes
escola etc.); plásticas).
 encontrem inserção nos grupos aos quais pertencem,  Estimular o uso de símbolos, brincadeiras, registros,
identificando a sua contribuição e a dos outros; diferentes narrativas e de diversas leituras de mundo.
 situem no tempo e no espaço um determinado objeto ou  Trabalhar com diversas possibilidades de transformação e
acontecimento; expressão de ideias, emoções e formas de agir e pensar.
 reconheçam os valores de convivência, relacionando-os  Desenvolver o gosto e o prazer pela leitura e compreensão
com as situações vividas; da escrita.
 reconheçam seus sentimentos e os dos outros, sendo  Explorar os múltiplos usos e funções da língua oral e
capazes de falar sobre eles; escrita.
 demonstrem interesse em ajudar os outros e peçam  Registrar as conversas e discussões sobre textos,
ajuda quando sentirem necessidade; incentivando o uso destes registros nas diferentes situações.
 sintam-se confiantes para se movimentar dentro de seus  Utilizar diferentes formas de texto para exploração oral.
espaços, em diferentes momentos e com as pessoas que  Utilizar os registros de atividade em exposição em sala
integram o ambiente; para apreciação dos trabalhos.
 saibam cuidar de si e de seus pertences;  Promover e valorizar produções gráficas e artísticas das
 possuam conhecimento sobre seu corpo, no que diz crianças.
respeito aos seus movimentos (lento e rápido), controle e  Criar situações em que os adultos e as crianças leiam
possibilidades, identificando suas partes e possíveis funções; textos de diferentes gêneros.
 cuidem de seu corpo físico, demonstrando confiança e

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 91


APOSTILAS OPÇÃO

HABILIDADES importante para a construção da sua identidade pessoal e da


 Falar, contar casos, narrar histórias, cantar músicas e ampliação de suas possibilidades de se relacionar socialmente.
ouvir os outros. A criança, por exemplo, quando reproduz na brincadeira
 Expressar -se oralmente em pequenos e grandes grupos. do faz de conta uma fala da mãe ou quando imita o modo de
 Descrever objetos, fenômenos, sensações e experiências. agir da professora ao contar histórias, está demonstrando a
 Recontar o que ouve: histórias, casos, recados, instruções sua compreensão sobre essas situações e sobre os papéis que
etc. elas desempenham, além de revelar o seu imaginário sobre
 Contar algo a partir da “leitura” de algum material, livro, “ser mãe” e “ser professora” que apreende nos livros, nas
revista etc., utilizando as diferentes linguagens como, por histórias, nas novelas... construindo o seu próprio modo de ser
exemplo, a dramatização enquanto recurso. e agir.
Da mesma forma, quando reproduz situações de leitura e
 Expressar claramente sentimentos, pensamentos, ideias e
escrita, ela está demonstrando o que está em processo de
planos, utilizando as diferentes linguagens, em pequenos e
aprendizagem e também o que já sabe. Por isso, a nossa tarefa,
grandes grupos.
enquanto educadores, é a de promover, valorizar e vivenciar
 Identificar e reconhecer letras, palavras, pequenas frases
com as crianças situações em que o uso da linguagem oral e
familiares: nomes, brinquedos, tarefas da rotina, materiais
escrita seja necessário e esteja dentro de um contexto
etc.
significativo para elas.
 Praticar a escrita e os registros espontâneos para
É parte importante dessa tarefa identificar aquilo que elas
expressar ideias, pensamentos, opiniões, sentimentos,
já sabem, para que possamos desafiá-las e apoiá- las
relatos, fatos etc.
apropriadamente. Acompanhar cada uma delas torna-se
 Explorar, tanto na conversa como na escrita, o formato das essencial no processo de escolha das atividades diárias que
falas e dos textos (por exemplo, o que vem primeiro? Qual é a
oferecemos com vistas ao desenvolvimento da linguagem oral,
sequencia da história? etc.).
do letramento e à aquisição do sistema de escrita alfabética
 Participar ativamente de situações cotidianas nas quais se por nossas crianças. Acreditamos que “(...) é vivendo a
faz necessário o uso da escrita. linguagem oral no dia a dia que a criança vai aprendendo a
 Desenhar, pintar, manusear e modelar massinha, argila, fazer uso da mesma, se apropriando de seu funcionamento e
pintura a dedo, demonstrando através do desenho ou do descobrindo a possibilidade de registro. O mesmo processo
rabisco a sua produção. inserido em usos no cotidiano aplica-se também à linguagem
 Ouvir, compreender, contar, recontar diferentes escrita. A construção da escrita é longa e se inicia nos
narrativas. primeiros anos de vida.” (OCEI, pág. 19).
 Identificar e utilizar diferentes tipologias textuais, como
narrativas, poesias, receitas etc. A construção da escrita pela criança

Assim, “o trabalho com a oralidade, a leitura e a escrita é Segundo Emília Ferreiro (1999), a criança, no contato com
então entendido como processo, como experiência socialmente o mundo letrado (em seus brinquedos, nos cartazes
construída e explorada em toda a sua complexidade...” (OCEI, publicitários ou nas placas informativas, na sua roupa ou na
pág. 20). TV, por exemplo), vai construindo diferentes hipóteses sobre
Nessa direção, para que as crianças se apropriem da a linguagem escrita. Assim, ela observa ali, pergunta aqui e
riqueza de possibilidades que cada linguagem oferece, é ousa se expressar graficamente para encontrar respostas e
importante que os adultos organizem, sistematicamente, possibilidades de representação dessa linguagem.
experiências focadas em cada uma delas. “(...) o tempo e o Esse processo de aprendizagem inicial da leitura e da
espaço na Educação Infantil devem ser vividos e organizados escrita não é simples. Nessa “ebulição” de ideias, saberes,
considerando as demandas das crianças e suas práticas do dia a dúvidas e convicções, as crianças vivenciam conflitos
dia, além da crença de que cabe à Creche, Pré-escola e EDI cognitivos e buscam a comprovação (ou não) de suas hipóteses
proporcionar de forma intencional oportunidades para pela vivência de uma experiência concreta com a palavra.
aprendizagens e desenvolvimento da criança”. (OCEI, pág.10). O quadro a seguir apresenta um pouco desse percurso de
Cabe ao professor compreender as metas, destacar os pensamento (hipóteses) da criança sobre como representar a
objetivos, preparar atividades e observar os interesses das língua escrita.
crianças para, então, desencadear diálogos e registros que as
auxiliem a visualizarem claramente o conteúdo de suas
aprendizagens, além de perceberem suas contribuições e se
utilizarem do conhecimento adquirido.

A criança aprende quando ela mesma percebe o seu


conhecimento e o usa quando precisa, tanto para avançar no seu
próprio processo de desenvolvimento, quanto para resolver
problemas/questões que surgem em seu cotidiano.

É muito importante que elas possam ter contato constante


com o que queremos que aprendam, pois elas aprendem por
meio da observação daquilo que propomos e apresentamos, do
diálogo esclarecedor com os adultos e seus pares e do registro
desses diálogos e dessas observações. Essas possibilidades de
observar, discutir coletivamente e registrar, devem ser
contempladas sistematica e cotidianamente no planejamento,
oportunizando que as crianças aprendam participando e
agindo sobre o seu próprio processo de aprendizagem.
Consideramos, ainda, que as crianças aprendem, também,
por meio da imitação do que vivenciam cotidianamente.
Entendemos que imitar é uma ação genuína do ser humano,

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 92


APOSTILAS OPÇÃO

A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA PELA CRIANÇA

CONCEITUAÇÃO EXEMPLO
Nessa fase, geralmente as crianças criam suas
próprias escritas na tentativa de imitar a escrita dos
adultos e inventam formas gráficas (desenhos, garatujas
ou rabiscos). Acreditam que precisam de muitas letras
para escrever o nome de coisas grandes e que coisas
pequenas têm nomes pequenos. Quando começam a fazer
uso das letras, geralmente usam as do próprio nome e
misturam números e letras em sua escrita.
Não estabelecem vínculo entre a a fala e a escrita, ou
seja, não fazem a correspondência entre as letras e os
PRÉ-SILÁBICO
sons.
Hipótese do nome: imaginam que a escrita serve para
nomear os objetos. À medida que vão participando de CINDERELA
situações de escrita, como produções de textos coletivos,
por exemplo, vão desestabilizando essa hipótese.
Princípio da quantidade mínima: supõem que para
algo ser lido, precisa ter, no mínimo, dois caracteres.
Princípio da variedade interna: para se escrever
uma palavra
é preciso variar as letras.

Nessa fase, começam a ter consciência de que existe


alguma relação entre a pronúncia e a escrita; começam a
desvincular a escrita das imagens e os números das letras.
CINDERELA
As letras podem, ou não, ser pertinentes ao valor sonoro.
(escrita sem valor sonoro)
SILÁBICO No entanto, sempre há correspondência entre a
quantidade de letras e a quantidade de sílabas das
palavras. As crianças já supõem que a menor unidade da
MULHER GATO
língua seja a sílaba e, em frases, podem escrever uma
(escrita com valor sonoro)
sílaba para cada palavra.

Nessa fase, as crianças começam a superar a hipótese


silábica e percebem as unidades intrasilábicas. Podem
combinar só vogais ou só consoantes, fazendo grafias
SILÁBICO - ALFABÉTICO
equivalentes para palavras diferentes ou podem combinar RAPUNZEL CINDERELA
vogais e consoantes numa mesma palavra, numa tentativa
de combinar sons.

Nessa fase, as crianças já são capazes de compreender


o modo de construção do código da escrita e já conhecem
o valor sonoro de todas (ou quase todas) as letras. A
ALFABÉTICO ortografia, muitas vezes, não é convencional.
O início do trabalho com a ortografia é indicado HOMEM ARANHA
somente após
a construção da base alfabética.

Souza, Aline Corrêa. Novos Caminhos: Educação Infantil. DCL. São Paulo, 2006.

A evolução do processo de construção da escrita pela criança não é linear, como o quadro pode PARECER sugerir. Em alguns
momentos, a criança volta a utilizar formas gráficas presentes nas etapas anteriores, numa tentativa de organizar suas ideias. Como
exemplo, uma criança que já utilizava letras, volta a fazer linhas serrilhadas para escrever algo que nunca escreveu.
Também nesse processo, a escrita da criança, do ponto de vista do sistema alfabético oficial/ortográfico, pode não ser “correta”.
Porém, do ponto de vista do percurso de pensamento e da compreensão da criança, é correta. Ao produzir suas escritas, ela não está
“comendo letras”, mas utilizando os recursos de que dispõe, naquele momento, para representar suas hipóteses.
Isso é o que Emilia Ferreiro chama de “erro construtivo”, ou seja, um erro que faz parte de um caminho já construído pela
criança. Não se trata de falta de atenção, de pouca memória ou desleixo. Ao contrário, demonstra o quanto a criança já
avançou em sua aprendizagem e nos dá dicas de como agir a seguir.
Nesse sentido, as atividades de escrita espontânea são ótimas oportunidades para que a criança possa expressar o que entende
sobre o ler e o escrever. A partir dessas atividades os adultos podem valorizar as produções infantis e fazer as intervenções adequadas,
além de promover situações em que outros parceiros, principalmente os próprios colegas de turma, contribuam com suas experiências
para o percurso de cada criança em direção à escrita alfabética.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 93


APOSTILAS OPÇÃO

Alfabetização e Letramento na Educação Infantil

Na perspectiva do desenvolvimento e da aprendizagem da criança, compreendemos que Letramento e Alfabetização são processos
que podem e devem ocorrer simultaneamente. Em uma mesma situação de leitura a criança pode, por exemplo, apropriar-se da
finalidade de um gênero textual e, ao mesmo tempo, perceber a letra de seu nome no título do texto.
Nesse sentido, a aprendizagem inicial da língua escrita deve entrelaçar estes dois processos, de forma contextualizada e
significativa, entendendo que um não pode e não deve se sobrepor ao outro.
Ainda assim, por uma questão didática E de planejamento das ações do professor, Magda Soares (2012) separa as habilidades que
são mais próximas dos conceitos de Alfabetização e de Letramento. Seu objetivo é o de demarcar as intenções e clarear os objetivos
centrais que são focados em cada um deles, de modo a favorecer às crianças a oferta de propostas cotidianas e sistematicamente
planejadas, para que se apropriem das habilidades específicas pertinentes a cada um desses conceitos. Algumas dessas habilidades
estão elencadas no quadro abaixo:

COMPREENSÃO DO FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE APRENDIZAGENS SOBRE DIFERENTES GÊNEROS


ESCRITA ALFABÉTICO E O DESENVOLVIMENTO DA DISCURSIVOS ORAIS E ESCRITOS QUE CIRCULAM
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: SOCIALMENTE E SUAS CARACTERÍSTICAS

o O sistema alfabético tem correspondência com a pauta o Finalidades.


sonora e não com propriedades dos objetos. o Conteúdo.
o Direção da escrita. o Estilo e composição próprios.
o Símbolos convencionais (26 letras). o Suportes.
o A ordem das letras na escrita corresponde à ordem em que o Destinatários.
são pronunciadas. o Esferas de circulação.
o Em nosso idioma, todas as sílabas têm uma vogal.

Lembramos que a apropriação da linguagem escrita não pode se dar de maneira decontextualizada para a criança ou de maneira
impositiva e arbitrária, pois nossas crianças vivem em uma sociedade letrada e percebem a leitura e a escrita em diferentes situações
de seu dia a dia, o que torna a leitura e a escrita atividades de seu cotidiano. Devemos, portanto, considerar essas experiências ao
planejarmos as ações pedagógicas, para que as situações de aprendizagem sejam significativas e contextualizadas.

Oralidade e consciência fonológica

Compreendemos que é falando e se expressando que as crianças, de fato, aprendem a utilizar a língua e se tornam capazes de
organizar e expressar o seu pensamento por meio da fala, para, posteriormente, fazê-lo por meio da escrita. Dessa forma, devemos
planejar atividades de linguagem que incluam ouvir as crianças individualmente e em pequenos grupos, registrando com elas o que
foi dito e criado, pensado e organizado, apresentando possibilidades pertinentes ao grupo de crianças em questão.
Na Educação Infantil, é muito importante que as crianças percebam que a língua tem, como princípio, também o som. Essa
percepção não é evidente para as crianças pequenas, pois essas se apropriam primeiro da língua como significado e associam as
palavras às características e atributos dos objetos que essas nomeiam. Isso pode ser observado no exemplo a seguir:

CORRESPONDÊNCIA SEMÂNTICA CORRESPONDÊNCIA SONORA


sapato - pé - meia sapato - mato - rato (rima)
macaco - banana - árvore macaco - mala - maçã (aliteração)

Por isso, é necessário planejar atividades que dêem ênfase ao desenvolvimento da consciência fonológica, que nada mais é do que
“...a percepção de que a fala é sonora, é composta de sons, percepção que se evidencia nas habilidades de identificar e manipular partes
da língua falada: palavras, sílabas, rimas, aliterações”.
As crianças podem, por exemplo:

Brasil. Ministério da Educação. Diretoria de apoio à gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Aprendizagem do sistema de Escrita
Alfabética. Unidade 3/ano 1.Brasília/2012.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 94


APOSTILAS OPÇÃO

Instigar as crianças a reproduzirem diferentes sons; falar  sequenciar elementos e fatos para compor um cenário -
claramente, chamando a atenção para a sonoridade do história, fatos, recados;
ambiente, das palavras, das sílabas e dos fonemas; destacar os  recontar uma situação, incluindo detalhes e revelando,
sons iniciais e finais; trazer diferentes jogos e brincadeiras desse modo, sua lógica de pensamento;
com as palavras que contemplem rimas, aliterações ou que  separar objetos com características semelhantes;
destaquem as sílabas das palavras devem ser ações  distinguir objetos e pessoas por suas diferenças;
contempladas diariamente no planejamento. Podemos utilizar  participar de um jogo com regras simples e objetivas;
o nosso vasto repertório de cantigas, parlendas e trava-  cantar músicas e dançar ao mesmo tempo;
línguas, assim como o repertório das músicas populares  fazer encenações, interagindo como personagens;
brasileiras que as crianças conhecem, gostam e apreciam  criar situações para brincadeiras com princípio, meio e
cantar/tocar. fim;
A exploração oral dessas “nuances” sonoras da língua,  buscar ajuda para solucionar um problema;
citadas acima, deve acontecer, cotidianamente, nas  pegar no lápis para registrar algo no papel;
brincadeiras, nos diferentes espaços da instituição e nas
 desenhar com contexto claro e representar vários
situações de conversa em grandes e pequenos grupos.
personagens;
Após a ampla exploração oral, registrar esses sons junto
 escrever a partir de suas hipóteses;
com as crianças deve ser também ação contemplada no
planejamento.
 colocar um número na reta numérica;
Essas possibilidades de exploração dos diferentes aspectos  escrever algumas palavras e reconhecer letras;
da sonoridade da língua devem se dar por meio de atividades  reconhecer números e compreender o seu significado;
planejadas e, para que não sejam artificializadas, é preciso que  montar jogos por meio de ilustrações, formatos
observemos os interesses das crianças, os livros que mais lhes variados, semelhanças e diferenças;
chamam a atenção, as conversas que desenvolvem com seus  sequenciar fatos, a partir de figuras e ilustrações;
pares, familiares e professores, as brincadeiras que fazem  utilizar objetos para criar situações e contar histórias;
entre si e individualmente, as intenções de registros que  reconhecer animais e identificar suas características;
surgem nos diferentes ambientes da escola - sala, pátio,  apreciar a natureza e descrevê-la, a partir de
refeitório, biblioteca, brinquedoteca, parque etc. e também observação direta ou em livros;
durante os passeios que fazem com a turma e com a família,  lembrar fatos e relacioná-los com informações novas;
para adequar o planejamento ao contexto que as crinaças  participar de atividades em pequenos grupos e
trazem para a sala. colaborar uns com os outros;
De acordo com Magda Soares (2012), o foco principal da  fazer amizade, ter colegas preferidos e contar com eles
alfabetização na Educação Infantil é a percepção e consciência para atividades em grupo;
do som, ou seja, a necessidade da vivência sistemática de  relacionar-se com diversos colegas do grupo;
situações que favoreçam a observação da pauta sonora da  utilizar conhecimentos e raciocínio lógico ao descrever
língua (percepção do som dos textos, frases, palavras, sílabas uma situação, fazendo referência, por exemplo, a cores,
e fonemas). O objetivo é que a criança possa viver diferentes formatos, números, tempo etc.
processos até que perceba as menores partes sonoras da  relacionar experiências familiares com o conhecimento
língua, que são os fonemas, e faça a transferência daquilo que adquirido em outras situações;
escuta e/ou fala para aquilo que escreve.  reconhecer emoções próprias e dos outros;
A letra em “CAIXA ALTA”, por estar separada uma das  cuidar de si e de seus objetos pessoais;
outras, permite às crianças refletir sobre a quantidade de  apreciar sua privacidade (sua individualidade);
unidades (letras), sua ordem, suas diferenças e semelhanças,  conhecer e cuidar da natureza;
enquanto estão pensando sobre os sons das palavras. Por essa  pensar e executar planos para a resolução de problemas
razão, na Educação Infantil, adotamos a letra em “CAIXA ALTA” vividos e/ou propostos;
para explorarmos com as crianças, a possibilidade de  interagir com seus pares e adultos, revelando seus
corresponder uma letra para cada som da língua (e suas sentimentos, preferências, interesses e gostos;
variações). Reconhecer as propriedades das letras e sua  desenhar, colorir, escrever, pintar, modelar, copiar,
correspondência sonora deve ser o principal desafio para as criar e inventar;
crianças nesta etapa.  correr, pular, andar de velocípedes e pequenas
Sabemos que as crianças têm contato e vivências com bicicletas, jogar bola, subir e escalar;
diferentes formatos de letras, por meio dos diferentes
 assistir a pequenos filmes e falar sobre eles; criar outros
suportes textuais a que têm acesso e desejamos que isso
finais para a história a que assistiram;
ocorra naturalmente. No entanto, defendemos que a letra em
 engajar-se em um projeto pessoal e/ou coletivo;
“CAIXA ALTA” por apresentar-se de forma estável (sem
diferenciação entre maiúsculas e minúsculas), favorece a
 acompanhar o processo de crescimento e
transformação de uma planta ou animal e fazer registros;
discriminação visual entre elas e facilita o traçado, o que só
traz benefícios à criança na EI. Sendo assim, as propriedades  ...
das letras - traçado, forma e posição - serão melhor exploradas Continuem a preencher essa lista com aquilo que vocês,
sempre com as vinte e seis letras do alfabeto em “CAIXA ALTA”. professores, pensam que elas são capazes de fazer, além do
que citamos acima!
Cabe lembrar que se as crianças demonstrarem interesse por
As crianças podem e querem registrar suas vivências das
outras formas de escrita das letras, essas podem ser
mais diversas maneiras e apreciam observar seus avanços e a
exploradas, mantendo-se sempre a correspondência com a
sua capacidade de explorar e conquistar o mundo. Gostam
“CAIXA ALTA”.
mais ainda quando têm a oportunidade de compartilhar com
GRUPAMENTO I - 4 ANOS os outros as suas descobertas e avanços. Poder olhar os seus
próprios registros auxilia o processo de aprendizagem, pois é
Geralmente, as crianças acima de 4 anos podem conseguir revendo o que fizeram e o que aprenderam que conseguirão
fazer muitas das coisas abaixo exemplificadas (pois esta não é utilizar o conhecimento construído para avançarem.
uma lista exaustiva):
 contar uma história memorizada ou a partir de um livro;

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 95


APOSTILAS OPÇÃO

Estes registros devem ser feitos em diferentes tipos e tamanhos de papel, com diferentes tipos de lápis, canetas, tintas, recortes e
expostos em diferentes suportes, como murais, varais, cartazes, entre outros. Os recursos midiáticos como fotos, filmagens, gravações
de áudio, CDs, DVDs, entre outros, também são recursos importantes que podem ser visualizados no computador, televisão, aparelho
de som etc.
Ao confeccionar eses registros, as crianças devem ter a oportunidade de explorar os materias disponibilizados de diferentes
maneiras como rasgar, recortar, picotar, colar, desenhar, rabiscar, envolver, modelar, colorir etc., produzindo seus trabalhos, se
expressando e revelando sua identidade, interesses, aprendizagens e compreensão sobre o que foi trabalhado.
A sala de aula deve dispor de cantos e materiais diversos, que instiguem a curiosidade e permitam à criança se engajar em projetos
individuais e coletivos. Alfabetários, numerários, calendários, murais, quadros de rotina, chamada e observação do tempo devem ser
construídos e reconstruídos diversas vezes ao longo do ano, complexificando os desafios e trazendo mais informações para enriquecer
as atividades, experiências e repertórtio das crianças.
Organize também, um caderno de registros individual em que as crianças possam, ao longo do ano escolar, registrar as suas
descobertas e aprendizagens e que amplie o âmbito e o potencial de suas ações pedagógicas! Utilize o caderno de registro das crianças
como um regulador de suas ações diárias na pré-escola. Por meio dele, você poderá visualizar o perfil de cada criança e de seus
trabalhos e ainda a ação do adulto com/para as crianças. Pode-se, também, verificar o caminhar de cada criança para que possa intervir
em casos específicos e verificar se está oferecendo uma proposta curricular equilibrada, ampla e interessante.
Esse caderno pode incluir registros de todas as áreas do currículo (OCEI, 2010). Ele possibilitará à criança o registro de suas
curiosidades, das suas hipóteses e descobertas, dos momentos compartilhados nas salas de atividades e nos diferentes espaços da
escola.
Em relação à aprendizagem inicial da língua escrita, espera-se que as crianças do grupamento I - quatro anos, se engajem am
atividades que lhes proporcionarão o desenvolvimento de habilidades tais como:

COMPONENTES GRUPAMENTO I - 4 ANOS


FALAR
• Responder às perguntas com sentenças completas.
• Pedir ajuda em situações em que isso se faz necessário.
• Formular perguntas de forma clara.
• Participar em conversas (professora-crianças, crianças-crianças) respeitando a vez dos colegas.
• Interagir com os colegas nas brincadeiras de forma respeitosa.
• Relatar experiências pessoais.
LINGUAGEM ORAL • Memorizar e recitar parlendas, poemas e canções infantis.
• Recontar histórias curtas ou contadas pela professora.
• Recontar histórias com base em livros de imagem (contadas primeiramente pela professora).
• Incorporar ao vocabulário palavras novas, usando-as na fala.

OUVIR
• Ouvir com atenção e identificar sons do cotidiano ou provocados pela professora.
• Ouvir com atenção e a professora e os colegas em conversas.
• Ouvir com atenção e interesse histórias contadas ou lidas, poemas, canções, parlendas.
• Seguir instruções (de dois ou mais comandos).

RECONHECIMENTO DE PALAVRAS
• Reconhecer o próprio nome em lista, ficha ou outro portador.
• Identificar o próprio nome entre nomes de colegas.

LEITURA COMPREENSÃO
• Responder às perguntas sobre história lida pela professora.
• Responder às perguntas simples sobre texto curto informativo lido pela professora.
• Recontar história curta lida pela professora com suficiente informalidade.
• Recontar histórias com base em livros de imagem (contadas perimeiramente pela professora).

VOCABULÁRIO
• Identificar uma palavra desconhecida em textos lidos pela professora, aprender o seu significado e
incorporar a nova palavra a seu vocabulário.
 Compreender que a escrita representa o som das palavras (conceito de escrita).
 Compreender que a escrita pode ser transformada em fala (conceito de leitura).
 Diferenciar desenho de escrita.
 Diferenciar letras de números e de outros sinais gráficos e símbolos.
 Compreender que, numa página, as ilustrações se relacionam com o que diz o texto ou as ilustrações
TECNOLOGIA DA contam a história em livros só de imagens).
ESCRITA  Identificar a direção da leitura e da escrita: de cima para baixo e da esquerda para a direita.
 Segurar o lápis e posicionar o papel adequadamente para desenhar, rabiscar ou escrever.
 Folhear livros e revistas na posição e na direção corretas.
 Identificar palavras em frase escrita (em material impresso ou em texto escrito pela professora em cartaz
ou no quadro de giz), identificando a separação entre elas por espaço em branco.
 Diferenciar letras maiúsculas de traçado semelhante.
 Identificar algumas letras de imprensa maiúsculas pelo nome.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 96


APOSTILAS OPÇÃO

• Separar oralmente frases em palavras.


• Dissociar o tamanho da palavra do tamanho do ser que ela nomeia.
CONSCIÊNCIA • Separar oralmente palavras em sílabas.
FONOLÓGICA • Formar, oralmente, uma palavra juntando duas sílabas faladas pela professora.
• Identificar oralmente palavras que começam com a mesma sílaba.
 Identificar oralmente palavras que terminem com a mesma sílaba (rima).
• Escrever palavras espontaneamente ou por ditado.
• Escrever o primeiro nome sem copiar.
• Escrever nome e sobrenome copiando da ficha.
ESCRITA • Escrever obedecendo à direção da escrita: da esquerda para a direita, de cima para baixo.
• Ditar texto de interesse da turma (lista, bilhete, história curta, reconto, relato, combinados, receita, cartaz)
para a professora (escriba), prestando atenção à direção da escrita, à escrita das sílabas, à pontuação, ao uso
de maiúsculas, de margens etc.
• Identificar portadores de textos de uso frequente na escola e na família.
• Diferenciar os usos e objetivos de portadores de textos de uso frequente na escola e na família.
USOS PESSOAIS E • Identificar o tipo de informação encontrada em portadores de textos de uso frequente na escola e na
SOCIAIS DA LEITURA E família.
DA ESCRITA • Demonstrar interesse por material escrito disponível no cantinho da leitura da sala de aula e zelar por sua
organização.
• Participar com interesse das atividades desenvolvidas na biblioteca da escola.
• Demonstrar interesse pelos livros da biblioteca, entender a sua organização e zelar por ela.
• Selecionar, na boblioteca, com a ajuda da professora, livros para leitura individual, na escola ou em casa.
• Usar adequadamente livros e revistas sem rasgar, sujar, rabiscar, mantendo-os nos lugares a eles
destinados na sala de aula ou na biblioteca.

Parcialmente transcrito do documento “Projeto Alfaletrar: Ler e escrever, um direito de toda criança.” Núcleo de Alfabetização e
Letramento. Secretaria Municipal de Lagos Santa, 2011.

ALGUNS LEMBRETES IMPORTANTES PARA AS TURMAS DE GRUPAMENTO I - 4 ANOS

Ao longo do primeiro semestre de 2013, espera-se que essas turmas tenham a oportunidade de vivenciar muitas experiências de
leitura e escrita individuais e coletivas, integradas às diferentes linguagens e às diferentes áreas do conhecimento, por meio da
utilização dos diversos recursos, tais como diferentes estilos de leitura e livros, registros e atividades de registro.
Relembramos que as ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL e o CADERNO DE PLANEJAMENTO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL constituem-se em materiais imprescindíveis de estudo onde o professor e toda a equipe pedagógica poderão
encontrar orientações sobre como articular as diferentes atividades e temas abordados (tais como abordados em forma de projetos)
no planejamento do trabalho com os grupamentos.
No segundo semestre do ano de 2013, as turmas de grupamento I (com denominação EI-20,21,22...) receberão um CADERNO DE
ATIVIDADES do aluno, cujo foco estará centrado nas linguagens oral, escrita e matemática. Tal caderno terá também como proposta a
exemplificação de possibilidades de sistematização de algumas das habilidades adequadas ao grupamento de 4 anos.

GRUPAMENTO II - 5 ANOS

As crianças, em geral, mostram-se atentas, curiosas e ávidas por novos desafios e descobertas e as de cinco anos não são diferentes.
Em relação à aprendizagem inicial da língua escrita, elas também se mostram bastante ativas e por isso espera-se que as crianças do
grupamento II - cinco anos, tenham oportunidades diversas e ricas para que possam desenvolver habilidades tais como as
apresentadas no quadro abaixo:

COMPONENTES GRUPAMENTO II - 5 ANOS


FALAR
• Responder às perguntas com sentenças completas.
• Formular perguntas de forma clara.
• Participar em conversas (professora-crianças, crianças-crianças) respeitando a vez dos colegas.
• Interagir com os colegas nas brincadeiras de forma respeitosa.
• Relatar experiências pessoais.
LINGUAGEM ORAL • Memorizar e recitar parlendas, poemas e canções infantis.
• Recontar histórias curtas ou contadas pela professora.
• Recontar histórias com base em livros de imagem (contadas primeiramente pela professora).
• Incorporar ao vocabulário palavras novas, usando-as na fala.

OUVIR
• Ouvir com atenção a professora e os colegas.
• Ouvir com atenção e interesse histórias contadas ou lidas, poemas, canções, parlendas.
• Seguir instruções (de dois ou mais comandos).

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 97


APOSTILAS OPÇÃO

RECONHECIMENTO DE PALAVRAS
• Reconhecer o próprio nome em lista, ficha ou outro portador.
• Identificar o próprio nome entre nomes de colegas.
• Reconhecer palavras de uso frequente na sala de aula.

COMPREENSÃO;
LEITURA • Responder às perguntas sobre história lida pela professora.
• Responder às perguntas simples sobre sobre texto curto informativo lido pela professora.
• Recontar história curta lida pela professora com suficiente informalidade e adequada sequência dos
acontecimentos.
• Contar e recontar histórias apresentada só por meio de imagens (livros de imagem, tiras e histórias
em quadrinhos mudas).

VOCABULÁRIO
• Identificar palavra desconhecida em textos lidos pela professora, aprender seu significado e
incorporar a nova palavra ao seu vocabulário.
 Compreender que, numa página, as ilustrações se relacionam com o que diz o texto ou as ilustrações
contam a história em livros só de imagens).
 Identificar a direção da leitura e da escrita: de cima para baixo e da esquerda para a direita.
TECNOLOGIA DA  Segurar o lápis e posicionar o papel adequadamente para desenhar, rabiscar ou escrever.
ESCRITA  Folhear livros e revistas na posição e na direção corretas.
 Identificar o número de palavras em um texto curto.
 Identificar palavras em frase escrita (em material impresso ou em texto escrito pela professora em
cartaz ou no quadro de giz), atentando para a separação entre elas por espaço em branco.
 Diferenciar letras maiúsculas de traçado semelhante.
 Identificar algumas letras de imprensa maiúsculas pelo nome.
• Separar oralmente palavras em sílabas.
• Formar, oralmente, uma palavra juntando duas sílabas faladas pela professora.
• Identificar oralmente palavras que começam com a mesma sílaba.
 Identificar oralmente palavras que terminem com a mesma sílaba (rima).
CONSCIÊNCIA  Identificar o número de sílabas de palavras oralmente e em seguida na escrita (em material impresso
FONOLÓGICA ou em texto escrito pela professora em cartaz ou no quadro de giz).
 Comparar palavras quanto ao tamanho, com base no número de sílabas, oralmente e em seguida na
escrita (palavras escritas pela professora).
 Modificar palavras excluindo ou substituindo a sílaba inicial, oralmente e em seguida na escrita
(palavras escritas pela professora).
• Escrever palavras espontaneamente ou por ditado.
• Escrever o primeiro nome e pelo menos um sobrenome sem copiar.
• Escrever obedecendo à direção da escrita: da esquerda para a direita, de cima para baixo.
• Escrever o nome da professora, de colegas, de familiares.
ESCRITA • Escrever palavras já conhecidas.
• Ditar texto de interesse da turma (lista, bilhete, história curta, reconto, relato, combinados, receita,
cartaz) para a professora (escriba) prestando atenção à direção da escrita, à escrita das sílabas, à
pontuação, ao uso de maiúsculas e de margens.
• Identificar os diferentes portadores de texto quu circulam no contexto social.
• Diferenciar os usos e objetivos dos diferentes portadores de texto que circulam no contexto social.
• Identificar o tipo de informação encontrada em portadores de textos que circulam no contexto social.
• Demonstrar interesse por material escrito disponível no cantinho da leitura da sala de aula e zelar
USOS PESSOAIS E por sua organização.
SOCIAIS DA LEITURA E • Participar com interesse das atividades desenvolvidas na biblioteca da escola.
DA ESCRITA • Demonstrar interesse pelos livros da biblioteca, entender a sua organização e zelar por ela.
• Selecionar, na biblioteca, com a ajuda da professora, livros para leitura individual, na escola ou em
casa.
• Usar adequadamente livros e revistas sem rasgar, sujar, rabiscar e mantendo-os nos lugares a eles
destinados, na sala de aula ou na biblioteca.

Parcialmente transcrito do documento “Projeto Alfaletrar: Ler e escrever, um direito de toda criança.” Núcleo de Alfabetização e
Letramento. Secretaria Municipal de Lagos Santa, 2011.

ALGUNS LEMBRETES IMPORTANTES PARA AS TURMAS DE GRUPAMENTO II - 5 ANOS

Espera-se que os Cadernos de Atividades não sejam o suporte principal da dinâmica de trabalho para estes grupamentos. Ao
contrário, espera-se que eles sejam materiais exemplificadores de possibilidades de atividades a serem desenvolvidas pelos
professores e complementem as propostas que esses trazem, tornando-se assim um instrumento enriquecedor das possibilidades
desses grupos.
Relembramos que as ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL e o CADERNO DE
PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL constituem-se em materiais imprescindíveis de estudo onde o professor e toda a equipe
pedagógica poderão encontrar orientações sobre como articular as diferentes atividades e temas abordados (tais como abordados em
forma de projetos) no planejamento do trabalho com os grupamentos.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 98


APOSTILAS OPÇÃO

ALGUNS LEMBRETES IMPORTANTES PARA AS TURMAS MISTAS - 4 E 5 ANOS

Sabe-se que em função da organização interna da escola, há a necessidade de, em algumas situações, formar turmas mistas de pré-
escola. Tal organização não impossibilita ao professor a oferta de propostas adequadas a cada criança, dentro das necessidades de sua
faixa etária.
A distribuição dos cadernos será feita, respeitando-se a denominação das turmas. Isso significa que turmas com denominação EI -
10,11,12... receberão o CADERNO DE ATIVIDADES DA PRÉ-ESCOLA II, ainda no primeiro semestre de 2013 e que as turmas com
denominação EI-20,21,22... receberão o CADERNO DE ATIVIDADES DA PRÉ-ESCOLA-I apenas no segundo semestre de 2013.
Reiteramos que a professora da turma deve buscar fazer as adequações necessárias à utilização dos cadernos por toda a turma.
Reforçando o que já dissemos anteriormente, o CADERNO DE ATIVIDADES deve se constituir em uma ampliação do trabalho já
planejado e realizado pelas turmas, e não o único suporte para este trabalho.
Relembramos que as ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL e o CADERNO DE
PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL configuram-se como materiais imprescindíveis de estudo para o professor, que poderá
encontrar nesses materiais a proposta curricular oficial da SME-RJ e as orientações sobre como articular as diferentes linguagens no
planejamento do trabalho com os grupamentos.

E NA PRÁTICA, COMO ISSO PODE ACONTECER?

Trazemos abaixo algumas sugestões para a prática cotidiana na Educação Infantil que podem favorecer a presença de atividades
que fomentem o interesse das crianças pelo registro espontaneo, pela leitura e pela escrita. Sugerem-se também algumas formas de
o(a) professor(a) trabalhar para ampliar este cenário. São sugestões que podem ser ampliadas criando-se novas situações de interação
e aprendizagem. Magda Soares sugere que as crianças devem ter a oportunidade de vivenciar atividades relacionadas à escrita e leitura,
sistematicamente planejadas, todos os dias. Desta forma, terão garantido o seu direito a estas aprendizagens.

ESCRITA PELA CRIANÇA


Na pré-escola, as crianças devem escrever todos os dias. Podem escrever com um apoio
(fichas de nome, material escrito em diferentes suportes) ou não.
Para isso, o professor precisa:
 organizar situações que fomentem o desejo de registrar: (registrar o nome; o título de
um livro lido; o nome de um amigo; fazer uma lista de brinquedos da casinha para não
perder, entre outras);
 disponibilizar lápis, canetas, canetinhas, papéis de diferentes tamanhos e formas.
É importante deixar a criança escrever ao seu modo. Observar o que escreveu e, se
Criança assinando na contracapa
desejar, modificar e reescrever.
de um livro escrito por toda a turma.
Para esses registros, o tamanho do papel e a pauta deve ir diminuindo aos poucos.
Após assinar, observou que havia
trocado as letras de lugar, pediu a ficha
para a professora e assinou novamente.

ESCRITA PELO PROFESSOR


Os textos precisam ser registrados na frente das crianças, com letras em CAIXA ALTA e
dando o espaçamento entre as palavras e entre as linhas.
Diferentes textos e diferentes propósitos de escrita podem ser realizadas perante as
crianças como por exemplo: o planejamento do dia, a lista de crianças presentes e/ou
ausentes naquele dia, o cardápio da merenda, o reconto de uma história, uma música, uma
parlenda, um bilhete para os pais, o título de uma história, enfim, qualquer proposta
significativa de escrita. É importante retomar a leitura desses textos em situações
posteriores, para que as crianças percebam que o texto escrito resguarda as mesmas
Professora escrevendo uma história informações.
recontada pelos alunos.

O NOME DA CRIANÇA
O nosso próprio nome é extremamente significativo. É o primeiro texto com contexto que
recebemos ao nascer. As crianças precisam ter contato diário com seu nome escrito:
 observar as formas de suas letras;
 perceber semelhanças e diferenças;
 fazer compações com os dos amigos;
 observar tamanho, comparar quantidade de letras;
 falar e observar seus sons, percebendo as partes de seu nome;
 perceber que o seu som inicial se parece com de outras palavras, assim como o final.
Na pré-escola a criança deve ser incentivada, diariamente, a escrever seu próprio nome
para identificar seus trabalhos, o nome de seus amigos mais próximos e outros nomes de seu
cotidiano...

criança escrevendo o nome na folha


em que irá desenhar.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 99


APOSTILAS OPÇÃO

A ORALIDADE
A criança aprende a falar falando e escutando. A escola precisa garantir momentos para
que as crianças se expressem de formas diferenciadas: narrar uma história, contar um caso,
transmitir recados, planejar junto ao professor o que vai desenhar ou construir, enfim, falar e
escutar seus amigos.
O trabalho com a oralidade deve ser intencionalmente planejado. Ampliar as
possibilidades de comunicação oral permite à criança a apreensão de um instrumento
necessário não só para a vida escolar, mas para a vida em sociedade. A oralidade pode
contribuir de forma significativa para o desenvolvimento da criança tanto na aprendizagem
Crianças na roda de conversas. como no desenvolvimento social, pessoal e cultural, proporcionando o saber ouvir, respeitar
a fala do outro, organizar as idéias e expor o seu ponto de vista

ESCRITA ESPONTÂNEA

Nessas atividades, espera-se que a criança registre as palavras conforme as suas


hipóteses, sem fazer a transcrição direta de modelos prévios oferecidos pelo professor. A
criança pode utilizar suportes como o alfabetário individual fornecido pelo Caderno de
Atividades, os alfabetários coletivos da turma, outros materiais escritos presentes na sala e,
ainda, trocar informações com os colegas e com a professora. As situações de escrita
espontânea são uma excelente oportunidade para que os professores percebam as hipóteses
em relação à escrita que as crianças estão apresentando e planejem novas atividades
desafiadoras. É importante ressaltar que as crianças cometerão “erros” ao escreverem de
acordo com suas hipóteses. As crianças, ao escreverem e lerem seus escritos, com a ajuda e
Criança escrevendo os nomes dos mediação da professora vão, aos poucos, avançando na sua compreensão sobre a nossa
personagens de uma história contada língua, enriquecendo seus registros e aproximando-se da escrita alfabético-ortográfica. Por
pela professora. isso, é também importante que o professor observe e registre o caminho percorrido pela
criança individualmente e veja o quanto ela avançou em suas hipóteses, ao longo do ano
letivo, a partir do trabalho realizado.

TEXTOS SIGNIFICATIVOS
Por meio dos textos significativos, queremos tornar sistemática a aprendizagem sobre o
mundo letrado que rodeia as crianças, e isso requer algumas práticas intencionalmente
planejadas para esse fim. O trabalho com palavras fixas contextualizadas (o nome e outras
palavras significativas no cotidiano do grupo e da comunidade) é imprescindível para isso.

Crianças confeccionando crachás


para um passeio.

TEXTOS DE MEMÓRIA
O trabalho com textos de memória é de extrema importância para as descobertas dos
segredos do sitema alfabético.
Para ler textos que sabem de cor, as crianças têm de fazer a correspondência entre as
partes do texto que já sabem com os trechos escritos, possibilitando-lhes descobrir a relação
entre o que é falado o e o que é escrito, conhecer letras novas e perceber como se dá a
segmentação das frases em pedaços menores e independentes, as palavras. Já nas situações
de escrita, precisam colocar em cena o nível do conhecimento do sistema alfabético e o que já
sabem a respeito da escrita convencional. Com base em tudo isso, fica claro que ambas
Criança lendo um texto
(leitura e escrita) devem ser realizadas em sala e que uma não é pré-requisito para outra.
previamente memorizado.

DIFERENTES GÊNEROS TEXTUAIS


A leitura de textos de diferentes gêneros (informativos, narrativos, poéticos...musicais,
instrucionais) precisa ser diária.
Lembramos que repetir a leitura é muito importante para que as crianças possam se
apropriar aos poucos das propriedades que compõem cada um dos gêneros textuais que
circulam em seu ambiente sociocultural.
Professora lendo um texto
informativo sobre animais.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 100


APOSTILAS OPÇÃO

CIÊNCIAS

É importante ouvir as hipóteses e curiosidades das crianças em relação ao mundo que as


rodeia, assim como ampliar seus conhecimentos com pesquisas em livros e materiais
audiovisuais, promover observações sistemáticas dos fenômenos e oferecer experiências e
Crianças realizando um experimentos que permitam essa observação.
experimento para observar o
movimento de rotação da Terra e
compreender sobre o dia e a noite.

LEITURA PELO PROFESSOR


Todo os textos sugeridos devem ser lidos previamente pelo professor. Os textos podem
ser os livros de literatura e informativos, as poesias, as parlendas, as músicas, os trava-
línguas, além dos comandos das atividades. É interessante, também, antecipar com as
crianças o conteúdo do texto a partir do título e/ou do formato. Por exemplo: Sobre o que
será esse texto? Qual é a sua estrutura? Uma música, uma poesia, uma receita culinária, um
conto? De que será que esse texto fala? Será que tem personagens? Explore bastante a leitura
desses textos junto com as crianças. Marque as rimas, envolva palavras iguais, que comecem
ou terminem com a mesma letra, conte o número de palavras e de frases, reescreva o texto,
entre outras possibilidades. As crianças também podem ler os textos com a ajuda do
professor, acompanhar com os dedinhos, localizar as palavras iniciais e finais das frases, por
exemplo.
É importante que após as atividades de leitura, o professor proponha conversas sobre o
texto lido, de modo a ajudar a criança a construir significados com base no que escutou.
Professora lendo um livro para as Lebre-se de que ler e contar histórias são propostas com objetivos diferentes:
crianças.  na leitura a história é apresentada preservando as palavras escolhidas pelo autor; o
leitor deve se manter fiel ao que está escrito; com isso, podemos desenvolver o
comportamento leitor das crianças; elas conhecem o portador e seus elementos (texto e
imagens);
 na contação de histórias, a trama sempre sofre pequenas modificações, já que o
contador tem a liberdade para improvisar e agregar elementos a ela; ele nunca conta uma
história da mesma forma, o que possibilita ampliar o repertório da cultura oral, que se
perpetua na forma e sofre mudanças de conteúdo de geração em geração.

LETRAS MÓVEIS
Utilizar as letras móveis, sejam elas de plástico, papel, E.V.A, madeira ou outro material,
contribui para que a criança vivencie uma série de possibilidades de tomada de decisões
sobre como escrever. Sua atenção irá se voltar para a escolha de qual (quais) letras vai usar e
em que ordem, ao invés de se preocuparem com a forma como vão traçar essas letras,
permitindo-lhe vencer até mesmo as limitações motoras com relação a esse traçado.
Crianças selecionando letras para
completar o nome.

ATIVIDADES DE MATEMÁTICA
Na pré-escola, as crianças podem realizar muitas atividades que envolvem as ações de
observar, medir, comparar, classificar e registrar dados matemáticos. Criar e analisar gráficos
e tabelas permite que elas se apropriem de conceitos matemáticos que vão muito além da
simples recitação de sequencias numéricas e da associação algarismo & quantidade. Podem,
por exemplo, observar, entre seus colegas de turma: a criança mais alta, a mais baixa, com a
mesma altura e peso e, ainda, se a mais velha é a mais alta e vice e versa, fazendo a
comparação entre diversos elementos e não somente entre quantidades. As crianças são
capazes de analisar e comparar formas, grandezas e medidas de diversos objetos, do
ambiente e do próprio corpo. Podem, também, estimar, criar e resolver problemas acerca de
situações cotidianas utilizando as ações de acrescentar, agregar, segregar, retirar, repartir,
entre outras. Desta forma, se apropriam significativamente desses conceitos.
É importante também destacar que os algarismos não existem apenas para quantificar
Crianças preparando um bolo para objetos. É preciso ter cuidado para não confundir número, numeral e algarismo, em seus
um lanche coletivo. conceitos. Por exemplo: o numeral 193 representa uma quantidade (número) e é escrito com
os algarismos 1, 9 e 3. Minha senha bancária tem quatro algarismos e não 4 números. Os
algarismos e numerais são utilizados em outras funções que não apenas a de quantificação.
Por exemplo: identificação da linha de ônibus, do documento de identidade, do telefone, entre
outros.

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 101


APOSTILAS OPÇÃO

INTEGRAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES ÁREAS DO CONHECIMENTO

As diferentes áreas de conhecimento podem e devem ser trabalhadas de forma integrada.


Nesse caso, as histórias das crianças, as noções de tempo, a identidade do grupo, a escrita de
nomes, a organização espacial são conhecimentos que podem ser explorados a partir de uma
pesquisa/coleta de dados solicitadas às famílias.

Crianças organizando um cartaz


com fotos de quando eram bebês
(identificando com nomes).

JOGOS
Os jogos desenvolvem o raciocínio lógico, a observação, a persistência, a aprendizagem de
regras simples, a socialização, entre outros conteúdos relacionados às diferentes áreas de
conhecimento.

Jogo de tabuleiro - encontrar peças


iguais.

ALFABETÁRIOS
Ao longo do ano, muitos alfabetários devem ser construídos com/pelas crianças. Eles
constituem-se em textos fixos, construídos no contexto da turma e que podem ser
consultados pelas crianças em diversas situações de leitura e escrita.

.Crianças construindo o alfabetário


de nomes das turmas, com fotos e tiras
com os nomes escritos.

LITERATURA
Um boa seleção de títulos a serem disponibilizados na sala deve considerar a variedade de
temas, gêneros (contos, informativos, científicos, poesias..) e gostos do grupo.
Esse acervo deve estar ao alcance das crianças para que possa ser explorado em
diferentes momentos do dia.

Crianças escolhendo os livros que


levarão para casa.

O TIPO DE LETRA
Na Educação Infantil, adotamos a letra em “CAIXA ALTA” para explorarmos, junto às
crianças, a possibilidade de corresponder uma letra para cada som da língua (e suas
variações). A letra em “CAIXA ALTA”, por estar separada uma das outras, permite às crianças
refletirem sobre a quantidade de unidades (letras), sua ordem, suas diferenças e semelhantes,
enquanto estão pensando sobre os sons das palavras. Reconhecer as propriedades das letras
e sua correspondência sonora deve ser o principal desafio para as crianças nessa etapa.
Sabemos que as crianças têm contato e vivências com diferentes formatos de letras, por meio
dos diferentes suportes textuais a que têm acesso e desejamos que isso ocorra. No entanto,
defendemos que a letra em “CAIXA ALTA”, apresenta-se de forma estável (sem diferenciação
Crianças realizando atividade do entre maiúsculas e minúsculas), o que favorece a discriminação visual entre elas e facilita o
Caderno de Atividades, utilizando o traçado, o que só traz benefícios à criança na EI. Sendo assim, as propriedades das letras -
texto reproduzido pela professora. traçado, forma e posição - serão exploradas
sempre com as vinte e seis letras do alfabeto em “CAIXA ALTA”.

A pré-escola é um período valioso, reconhecido legalmente como um direito de todas as crianças. Preparar- nos para atuar com e
para as crianças, organizar o ambiente que fomente e subsidie as aprendizagens, interagir de maneira intencional e cordial com todas
as crianças para que elas usufruam positivamente desta oportunidade educativa é nosso dever diário!

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 102


APOSTILAS OPÇÃO

seja, do modo de pensar, sentir e agir dos sujeitos. Algumas das


______________. O fazer das características comentadas a seguir são pontos marcantes e
artes plásticas na Educação comuns nessas faixas etárias.

Infantil. Secretaria Municipal A criança de 4 anos


de Educação do Rio de Janeiro,
2012 1. Algumas fontes de expressão

A criança de 4 anos apresenta uma grande conquista em


relação ao desenvolvimento da linguagem verbal. Já a utiliza
INTRODUÇÃO
como um recurso para recordar experiências passadas ou
combinar o futuro próximo. Não está mais presa ao contexto
Refletir sobre os fazeres e saberes do professor de artes
imediato, descobrindo aspectos, sentimentos e experiências
plásticas da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro, na
comuns em relação aos colegas e a outras pessoas. A
sua chegada à Educação Infantil, faz-se necessário, uma vez
linguagem acompanha as ideias mais complexas e conduz a
que sua experiência maior é no Ensino Fundamental. A ideia
novas ideias. O vocabulário ampliado possibilita indagações
deste texto é compartilhar experiências e vivências
constantes, mas nem sempre há tempo para escutar as
desenvolvidas com as crianças da pré-escola, sob a ótica da
respostas.
linguagem das artes plásticas.
A criança já tem um vocabulário bem desenvolvido, o que
Inicialmente apresentamos algumas características da
possibilita uma maior empatia pelos colegas e favorece a
criança de 4 e 5 anos, embora saibamos da singularidade de
resolução de conflitos através de conversas e argumentos,
cada uma. Concebemos essa criança enquanto protagonista do
assim como aumenta a sua capacidade de partilhar e aguardar
seu processo de aprendizagem que inclui relações entre: a
a sua vez. Às vezes após uma briga, o arrependimento é
criança e ela mesma, a criança e seus pares, a criança e o
imediato, o que pode ser seguido de um abraço. Ela apresenta
professor, e a criança e o seu contexto sócio-histórico.
momentos de extrema sensatez - impressionando os adultos
Em seguida, abordaremos aspectos metodológicos dos
quanto ao seu nível de maturidade - mas, em outros
fazeres artísticos dentro de um contexto contemporâneo que
momentos, age como uma criança menor (Salek, 2012, p. 92).
situa a arte como campo de conhecimento. Na educação
Essa oscilação no comportamento é reforçada pelo adulto,
infantil, as artes plásticas não podem ser compreendidas
quando diz que ela é crescida para tal atitude e não o é para
apenas como uma forma de comunicação, mas principalmente,
outras iniciativas.
como desenvolvimento do ser integral e da experimentação
Na idade de 4 anos, a criança tem prazer em aprender
estética e artística na dimensão do sensível.
palavras e informações. No entanto, nem sempre consegue
Fez-se necessária uma breve retrospectiva acerca do
ordenar as informações novas, o que a leva a apresentar um
ensino das Artes Plásticas na educação, de modo a
modo peculiar de tratá-las, introduzindo o pensamento
contextualizarmos algumas práticas que permanecem
mágico que lhe serve tanto para explicar os fatos, como para
cristalizadas diante de uma visão contemporânea sobre o
apaziguar seus sentimentos conflitantes. O pensamento
assunto. Neste sentido, essa breve reflexão histórica busca
mágico, também possibilita à criança a preservação de sua
situar o professor de Artes Plásticas, na compreensão de que
capacidade de sonhar e inventar o seu futuro, de modo a ter
os saberes sempre são datados. Entretanto, a concepção de
condições de enfrentar a realidade à sua volta. Também utiliza
arte atual caracteriza-se pela necessidade de levar as crianças
como recurso o seu amigo imaginário que, às vezes, possui as
a entenderem criticamente a sociedade e a cultura ao seu
habilidades desejadas pela criança.
redor.
Em relação aos desenhos, podemos assinalar que do
Sendo assim, o trabalho educativo precisa estar inserido na
mesmo modo que observamos peculiaridades que pertencem
dinâmica da escola em função do projeto político pedagógico.
a determinadas faixas etárias, percebemos o mesmo para os
Por isso, é fundamental estabelecer relações de parcerias,
desenhos infantis. É importante ressaltar que temos uma vasta
como, por exemplo, a partir do eixo temático
bibliografia sobre o desenvolvimento do grafismo infantil. Por
“As Cores do Mundo”, que é uma das possibilidades de
exemplo, nesta idade os desenhos podem apresentar cenas
desenvolvimento de um tema elaborado pela escola com a
com mais detalhes. De acordo com Vigotsky, a criança desenha
participação das artes plásticas. Essa parceria e a inserção do
o que conhece do objeto, não o que vê.
Professor de Artes Plásticas na prática pedagógica da escola é
uma oportunidade valiosa de oferecer maior acessibilidade ao
1.2 A vontade de saber
fazer artístico e às suas múltiplas imbricações, além da
ampliação de nossas possibilidades de atuação na busca de um
Os pequenos tornam-se mais curiosos e os professores
fazer comprometido com a criança da Rede Pública Municipal
podem buscar desenvolver projetos de trabalho a partir desse
do Rio de Janeiro.
interesse, de modo que as crianças possam ser sujeitos de sua
aprendizagem. A maior independência da criança favorece que
1 A CRIANÇA DA PRÉ ESCOLA
o professor incentive a sua participação na organização da
sala, no planejamento e na avaliação do dia.
Antes de iniciarmos a conversa sobre as crianças de 4 e 5
Lisa Miller (1992:42-43) chama a atenção para a
anos, é importante chamar atenção para o fato de que elas
aprendizagem constante das crianças, tendo como título o
apresentam uma diversidade em suas histórias de vida.
item: “Fazer e fabricar, ajudar e consertar”. Ela nos diz que as
Subsidiadas pelo pensamento contemporâneo sobre a
crianças aprendem o tempo todo. É interessante observar que
infância, estamos trabalhando com uma concepção de criança
“coisas que temos como certas são novidades para elas e uma
que não apenas consome cultura, mas é produtora de cultura
fonte de contínuo interesse”, como por exemplo, um passeio
e sujeito de sua aprendizagem (Sarmento, 2007, s.p.).
de metrô, uma viagem de trem, alimentar os coelhos, limpar o
Outro aspecto importante a considerar é o modo como as
banheiro; “tudo pode e é analisado em detalhe.” Pode também
crianças se constituem em sujeitos singulares, na e pela
construir com sucata juntamente com um colega ou observar
linguagem, imersas nas práticas culturais de seus grupos
funcionários consertando a rua “Todas essas coisas se
sociais e na interação com os demais sujeitos. Portanto, o
harmonizam com o interesse profundo e permanente da
contexto sócio-histórico junto com a história de vida compõe
criança de quatro anos de saber como funcionam e são feitas
os aspectos fundamentais na formação das subjetividades, ou

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 103


APOSTILAS OPÇÃO

de coisas”. Elas têm grande imaginação e vivacidade. aconteça.


Prosseguindo, a autora acrescenta:
1.3 Alguns encaminhamentos
Elas não só estão descobrindo como o mundo funciona e
quais são as habilidades e capacidades delas próprias e dos A construção de um grupo estável e ameno reflete-se na
outros, mas também estão aprendendo sobre outra coisa aprendizagem das crianças, ao trocarem experiências umas
essencial: sobre como as pessoas recorrem constantemente a com as outras e umas sobre as outras, ao partilharem pessoas
suas reservas de esperança e fazem novas coisas, consertam o e objetos e ao fazerem coisas juntas.
que está quebrado, ajeitam o que deu errado, experimentam O professor precisa estar atento às brincadeiras que
idéias, limpam o que está sujo. As crianças precisam da podem levar o grupo a agitar-se ou gerar conflitos, o que é
experiência de fabricar e fazer coisas, não só para aprender comum nessa idade. Um dos encaminhamentos possíveis é o
como as coisas são fabricadas e feitas, mas porque isso faz com professor, ao invés de chamar a atenção de alguma criança,
que elas se sintam capazes e boas. (MILLER, 1992, pp. 42-43) elogiar aquelas que apresentam o comportamento desejado.
Como elas adoram receber elogios e imitar as demais, há mais
1.2 O brincar e o cotidiano chance desse recurso ter um bom resultado.
As crianças tendem a estabelecer uma relação de confiança
Ao estabelecer uma relação entre trabalho e brincadeira, com o professor. Trata-se de uma relação central sobre a qual
nessa fase Miller assinala que: estabelecerão as relações com os colegas. Desse modo, o olhar
e a escuta desse adulto deve considerar as singularidades dos
O trabalho e o brincar estão muito próximos de uma pequenos, levando em conta aquilo em que ainda necessita de
criança de quatro anos; de fato, pode-se dizer que brincar é o ajuda e no que já tem condições de ajudar os colegas, assim
trabalho da criança de quatro anos, sério e significativo como como suas necessidades, gostos, desgostos e desejos.
pode ser qualquer trabalho. A criança de quatro anos está No que se refere aos limites e às situações em que as
explorando não só o mundo exterior de pessoas e coisas, e o crianças mostrem dificuldade em resolver conflitos, cabe ao
mundo menos tangível de idéias além do seu alcance, mas professor auxiliá-las demonstrando que é através da
também o mundo interior de seus próprios pensamentos e linguagem oral que podemos expressar nossos afetos, sejam
emoções. Ela deseja refletir sobre várias questões, procurando eles quais forem. Vale ressaltar que, quando as crianças se
entendê-las, e sua sede de conhecimento é evidente apropriam do uso da linguagem, elas também podem ajudar na
(MILLER,1992, p. 40). resolução dos conflitos e problemas do grupo. Isto torna as
relações mais democráticas e comprometidas.
Geralmente as crianças dessa idade gostam de brincar com Quando os pequenos não conseguem se controlar,
adultos, com outras crianças ou sozinhas. Divertem-se com a agredindo um colega ou destruindo um trabalho, é importante
sonoridade, com as rimas e são atraídas por histórias, que se converse com a criança e problematize o que ocorreu e
gostando de escutá-las e também de reinventá-las. que o colega afetado possa expressar os seus sentimentos. Se
Nessa faixa etária, a brincadeira de faz de conta é o modo o que queremos é que a criança possa reparar o efeito de sua
como a criança busca compreender o mundo. Ao assumir ação, não cabe o castigo, mas a sanção por reciprocidade2.
diferentes papéis - de mãe, bebê ou professora - ela, através da Desse modo, ela pode reparar a ação praticada e o adulto pode
identificação, incorpora o personagem, representando-o ajudá-la a dar esse passo.
concretamente. Encontramos nessa idade, assim como aos 5 anos, o
Quanto aos jogos infantis, as crianças já são capazes de recurso à “mentira” em função do predomínio de um desejo ou
aprender a acatar regras e têm condições de brincar de jogos do susto, em função do resultado de alguma ação. De acordo
de tabuleiros, quebra- cabeça e jogos de construção. Em com Brazelton & Sparrow
relação às regras, apesar de interessarem- se pelas mesmas,
são muito rígidas em julgar o que pode e o que não pode quando elas desejam alguma coisa, quando anseiam por
ocorrer e o que deve acontecer com alguma criança que não alguma coisa que não podem ter, não podem aguentar a
respeitou os combinados. Portanto, como já adquiriu a ansiedade, que se torna quase insuportável. Uma mentira pode
capacidade de discernir entre o certo e o errado, a sua criar a ponte. Elas mentem, quando há um desejo apaixonado
responsabilidade aumenta. em jogo ou uma realidade que elas não sabem como encarar
A diferenciação entre as preferências pelas brincadeiras sem a ajuda (...) (BRAZELTON; SPARROW, 2003, p. 106).
aparece. As meninas distribuem-se entre as várias funções de
cuidado em uma casa com as filhinhas. Os meninos preferem A criança de 5 anos
brincar de super-heróis ou jogar futebol. Independente de
quem faça o gol, eles vibram do mesmo jeito. Chamamos a 1. Algumas conquistas
atenção para o fato de que tais “preferências” são produzidas
socialmente. Além disso, as crianças podem ser incentivadas a Nessa idade, a criança conquistou uma maior
brincar sem a preocupação com o que é típico de um gênero. independência. Por exemplo, ela já come sozinha, não precisa
Por exemplo, um menino pode vestir-se com roupas femininas de ajuda para ir ao banheiro, apresenta um vocabulário
e usar bolsas, imitando a mamãe. Esta criança pode apenas ampliado que lhe permite comunicar seus desejos, questões e
estar querendo compreender como é ser mãe, a partir das necessidades ao adulto. Porém, nesse processo de
observações sobre a sua própria mãe e as mães de seus crescimento, passa algumas vezes por regressões em que se
amigos, comporta como se fosse mais nova. Ainda necessita de alguém
Elas são curiosas e fazem perguntas frequentes sobre o que a ajude a organizar seus sentimentos, seja para lidar com
corpo, sobre as suas diferenças, sobre como nasceram e sobre os momentos de frustração, seja para usufruir de um grande
seus familiares. Gostam também de uma rotina que incorpore prazer.
a surpresa, mas que contenha uma estrutura na qual possa Nessa faixa etária, ela está aprendendo a brincar em grupo,
haver liberdade de movimento. mas ainda precisa sentir-se segura para compreender as
Lisa Miller (1992, pp.42-43) chama a atenção para a necessidades do outro. As brincadeiras compartilhadas com
aprendizagem constante das crianças, que começam a um par ainda são um desafio e precisam de orientação do
diferenciar o mundo da fantasia, distinguindo entre o que adulto.
realmente acontece e o que elas desejam ou temem que A criança de cinco anos tem condições de elaborar as

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 104


APOSTILAS OPÇÃO

regras da escola e da turma, embora necessitem de alguém que O desenvolvimento do pensamento artístico e da
a lembre das mesmas. Apresenta interesse pelas regras de percepção estética da criança favorece-lhe o contato com sua
jogos e já aceita melhor quando perde. O oferecimento de uma própria cultura e com outras culturas. Numa dimensão
diversidade de jogos lhe possibilita vivenciar o sentimento de corporal, a arte, através dos sentidos, possibilita uma leitura
equipe. E as regras ajudam-na a lidar com as situações novas. de mundo, a compreensão crítica do meio em que ela vive e a
Aos poucos, o pensamento mágico vai cedendo lugar a um integração entre as diversas culturas. Na dimensão do
senso de responsabilidade. Ela começa a descobrir como os sensível, ela permite a expressão individual carregada de
seus poderes são limitados, pois as coisas acontecem à revelia emoções, sentimentos e escolhas, alçando a dimensão poética.
de seus desejos e sentimentos. Para entendermos uma linguagem, é preciso que nos
Nessa faixa etária, descobrir diferenças, “formar categorias apropriemos de seus códigos. Espera-se que a passagem pelo
e pensar sobre que características são necessárias para ser o universo escolar potencialize a aprendizagem da língua
mesmo ou diferente estão presentes” (BRAZELTON; escrita, por exemplo. Mas em relação ao aprendizado da arte,
SPARROW, 2003,p. 149), Chamam-lhe a atenção, por exemplo, qual seria o horizonte de expectativa? A arte é uma forma de
as diferenças sexuais. Nesse sentido, a exploração de suas comunicação, é uma linguagem veiculada pelo canal do
partes íntimas é resultante dessa investigação e precisa ser “sublime”, que atinge o indivíduo pela fruição e a
explicado que este exercício de autoconhecimento pode ser experimentação no momento de contato com o objeto
feito desde que em um lugar privado. artístico. Nesse sentido, iniciar a educação do olhar da criança,
A criança de 5 anos tem consciência do efeito de suas ações na Educação Infantil, se faz necessário, lembrando que é nesta
em relação aos sentimentos dos outros. Esse é o caminho para fase (da criança de 4 e 5 anos) o período das descobertas, dos
o amadurecimento da responsabilidade e da consciência. Ela encantamentos, das aventuras e magias. O professor é a pessoa
sabe quando deve parar. E a sua visão de certo e errado torna- responsável por oferecer condições para experimentação, por
se inflexível. Mas, como observam Berry Brazelton e Joshua meio do estímulo à pesquisa, o contato com diversos materiais
Sparrow (2003, p. 153), a “sua capacidade de controlar seus e diferentes possibilidades, o exercício da criação e da
próprios impulsos ainda é tênue.” Elas também se preocupam imaginação e a valorização das diferenças culturais.
uma com as outras. O sentimento de pertencimento a um O processo de construção de conhecimento acontece
grupo e o senso de responsabilidade em relação aos colegas sempre de forma integrada. Porém, na Educação Infantil, ele se
também se faz presente, dependendo do modo como a apresenta mais marcante, pois a criança é espontânea,
professora trabalha a constituição de um coletivo. múltipla no seu fazer cotidiano. Pular, dançar, cantar, pintar,
questionar, aprender, tudo isso faz parte da sua rotina. Nessa
1.2 Prováveis desafios perspectiva, o ensino da arte com suas diferentes expressões e
formas de representação, deve estar inserido no universo
Os pequenos ainda não conseguem lidar com a negociação infantil de maneira agradável e natural, assim como o brincar.
e a renúncia entre os colegas, É comum “ficarem de mal”, o que
também dura pouco tempo. Os meninos, às vezes, recorrem à O brincar é o principal modo de expressão da infância. É
agressão física ou vão procurar outro colega. uma linguagem, por excelência, para a criança aprender, se
De acordo com Holditch, “o desenvolvimento intelectual e desenvolver, organizar seu pensamento, trabalhar suas
emocional seguem lado a lado durante a infância, o que fica emoções, sua capacidade de iniciativa e de criar e se apropriar
totalmente claro quando falamos de pensamento abstrato” da cultura. (OCEI, 2010, p. 17)
(1992, p.51). Nesse sentido, é importante que o adulto
converse com a criança sobre algum projeto a ser A linguagem das artes tem uma peculiaridade. Além de ser
desenvolvido, como por exemplo, um passeio ou o seu mais uma forma de comunicação do ser humano, configura-se
aniversário. Ou seja, antecipe o percurso e os momentos e como um canal de exercício do ser poético, seja na perspectiva
detalhes que acontecerão, de modo a facilitar a construção de individual, seja na coletividade. A proposta do trabalho das
uma imagem mental. artes na Educação Infantil não é formar artistas e sim ampliar
Os momentos de conversa, planejamento, realização e o conhecimento estético e contribuir para a constituição da
avaliação são essenciais para que as crianças desenvolvam a subjetividade do sujeito.
oralidade, o pensamento abstrato e a reflexão. A roda de
conversas é um momento rico em trocas de experiências entre 3. AS ARTES PLÁSTICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
a criança, o professor e os seus pares, além de ampliar o
conhecimento do professor em relação às crianças. Cada criança desenvolve sua expressão artística de acordo
A auto-avaliação é um modo de a criança refletir sobre a com o interlocutor que a acompanha nesse processo. É isso
sua participação. É importante que a criança vivencie que proporciona grandes e fantásticas diferenças nas
situações de sucesso, mas a frustração fatalmente ocorre e, produções artísticas E elas serão ainda maiores se o adulto
nesse momento, a figura do adulto é fundamental, propondo possibilitar que a criança desenvolva sua criatividade corporal
experiências de aprendizagem adequadas e revendo o durante a atividade. (HOLM, 2007, p. 13).
percurso com a criança de algo em que não foi bem sucedida. O objetivo é ampliar as possibilidades do fazer artístico
Desse modo, ela pode aprender com seus erros. com as crianças de 4 a 5 anos, contribuindo para a expansão
do seu vocabulário visual, de sua percepção
2. UMA LINGUAGEM SUBLIME de mundo, da valorização das suas experiências anteriores,
do desenvolvimento da cognição e, principalmente, da
A necessidade de criar algo a mais que a simples busca sensibilidade. Um grande desafio é o que e como propor a estas
pela sobrevivência, de satisfazer os seus prazeres estéticos, de crianças, levando em consideração o contexto em que estão
se encantar e se emocionar é o que diferencia o ser humano inseridas: o mundo e as diversas culturas que a cercam e as
dos demais animais. Essas necessidades já seriam o suficiente questões relativas à sua faixa etária tais como suas condições
para justificar a presença do ensino de Artes como um motoras e o ritmo de desenvolvimento.
elemento para favorecer o pleno desenvolvimento do ser Nesta fase, a criança deve ser incentivada a perceber e
humano. As Orientações Curriculares para a Educação assimilar a sua capacidade de criação com o próprio corpo. Ao
Infantil/SME/EI (OCEI/SME/EI/2010) vêm ratificar o que já desenvolver atividades com os sentidos, além da visão, o tato,
está contemplado pela Lei 9.394/96 e apresenta as Artes a audição, o olfato e o paladar, surgem novas possibilidades de
Plásticas como um componente curricular relevante. experiências sensoriais que dialogam diretamente com as

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 105


APOSTILAS OPÇÃO

artes plásticas. É necessário que o percurso da oferecidos. Observar as datas de validade, a aparência, o odor
experimentação estética seja enriquecido com a de tintas e massas de modelar, é imprescindível para garantir
disponibilidade de diversos materiais. Procedimentos bem cuidados com a saúde dos pequenos, em sua pesquisa e a
elaborados, a partir da intencionalidade do professor, para valorização do seu produto final. A seleção criteriosa do
subsidiar a criança em seus experimentos, também são material a ser utilizado pela criança prima pela aquisição de
fundamentais para que ela atinja o caráter conceitual. materiais de boa qualidade. Caso contrário, pode vir a
A metodologia sugerida para pensar o trabalho de artes interferir no processo e na produção final. Para o professor de
plásticas na educação infantil, é a Proposta Triangular Artes Plásticas, os materiais a serem utilizados são
organizada pela professora Ana Mae Barbosa, que apresenta importantes nesse processo e na produção final. Podemos
três eixos principais que dialogam entre si, buscando uma comparar essa questão com a aquisição de um livro de
proposta de ensino integrada. São eles: a leitura de imagem, o literatura infantil para as crianças, que leva em consideração a
fazer artístico e a contextualização. Esta proposta está sua pertinência à faixa etária, a linguagem adequada, a
referendada nas Orientações Curriculares de Artes Plásticas resistência da capa e das folhas, o tamanho e tipo de letras
da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro/ 2010, usadas, a originalidade das ilustrações e a qualidade literária.
destinada ao Ensino Fundamental. Este documento sugere Ao apresentar imagens de diversos tipos, artísticas ou não,
uma adaptação da mesma para esta faixa etária, visto que o é possível analisar e discutir com as crianças os elementos
cerne da Proposta Triangular vai ao encontro da concepção formais da arte, como cores, tintas, suportes, formas e linhas.
contemporânea do ensino de arte na Educação Infantil. Há uma grande variedade de reproduções artísticas, nacionais
Experimentar diferentes materiais e suportes, nesta fase, é e internacionais, que podem ser trabalhadas com as crianças,
mais importante do que a produção final. É preciso ter cuidado assim como outras imagens presentes em seu cotidiano.
com a expectativa sobre o resultado do processo No caso de obras artísticas figurativas, podemos realizar
artístico/experimental da criança, respeitando o seu ritmo de discussões e hipóteses acerca das personagens e suas
aprendizagem, o seu tempo de desenvolvimento e a sua histórias. Tais experimentações, realizadas individualmente
expressão, compreendendo que não buscamos ali um produto ou em grupos, levam ao despertar da imaginação da criança e
final equilibrado e coerente que corresponda à nossa ao expressar de suas opiniões e ideias, demonstrando
expectativa. percepções, pensamentos e interesses. Um dos objetivos
O senso comum impõe uma busca pelo belo e o “bem sociais da arte no ensino é incentivar o senso crítico e a troca
acabado” no trabalho das crianças. Observando as produções de opiniões entre as crianças, fazendo-as perceber que a sua
dos alunos, o adulto cria um juízo de valor de acordo com as individualidade não deve ser oprimida pela do outro, mas sim
convenções pré-estabelecidas que vão de encontro ao que a compartilhada.
criança está expressando em seu trabalho. Isto remete a busca Reconhecer valores de convivência, respeitando a vez do
por uma estereotipia que não é benéfica para as crianças. Vale outro é uma das metas do desenvolvimento infantil que as
ressaltar que esta estereotipia causa uma falta de crianças também aprendem no trabalho com Artes Plásticas. O
correspondência entre a real produção da criança e a contato com outras crianças, suas opiniões, suas experiências
expectativa do adulto. Esse descompasso leva, muitas vezes, a e suas produções denota o compromisso da disciplina com a
criança a produzir aquilo que o adulto vai “achar bonito” e questão social e ética do ensino. Outras linguagens artísticas
deixando de lado o que ela realmente deseja fazer. Um dos como a música, a dança e o teatro aparecerão durante o
exemplos mais gritantes são as imagens fotocopiadas e a busca processo de aprendizagem de artes plásticas e as mesmas não
incessante da representação. devem ser ignoradas, mas sim aproveitadas por conta da
Demonstrar interesse tanto pela criação da criança quanto natureza da criança nesta faixa etária. A criança em sua
pelo seu processo de trabalho, é valorizar o seu potencial expressividade acessa várias áreas de conhecimento ao
artístico. A grande questão não é formar artistas nem julgar mesmo tempo, ignorando os limites que demarcam cada
suas produções a partir de juízos de valor ou gosto, mas linguagem, visto que a criança é um ser integral.
permitir à criança descobrir nas experiências sensoriais as É muito interessante quando as ações podem ser feitas de
possibilidades dos materiais oferecidos e do seu corpo, forma integrada, não compartimentando o conhecimento, e,
possibilitando o desenvolvimento integral da criança. principalmente, dentro da brincadeira da criança. Na maior
Empilhar caixas e objetos, depois pintá-las e compará-las parte das vezes, a criança vai comunicar as suas ideias,
com obras de artistas conhecidos pode fazer com que a criança sensações e impressões através da expressão corporal, na
desenvolva o gosto pela escultura, em seu campo ampliado. maior parte das vezes, mais significativa para as crianças do
Proporcionar diferentes texturas dá a criança não só uma que a expressão oral, o que não deixa de ser uma forma de
sensação tátil, mas também de ampliação no seu repertório de comunicação de suas ideias, sensações e impressões sobre o
sentidos Utilizar a argila como matriz de impressão dos seus conceito trabalhado.
desenhos liga a produção da criança às riquíssimas tradições A arte na Educação Infantil traz uma proposta lúdica. É no
artísticas como, por exemplo: a xilogravura, litogravura, brincar, no faz de conta, na imaginação, na criação de
monotipia e “frottage”. A criança, ao experimentar o fazer em hipóteses, na inventividade, que a criança assume a sua
arte, tem a possibilidade de se perceber como agente de máxima expressão criadora. A linguagem corporal se mostra
transformação dos elementos que manipula descobrindo muito mais potente nessa fase de 4 e 5 anos do que a linguagem
diferentes meios de comunicar suas ideias. verbal, fazendo-nos perceber que a corporeidade está além do
Respeitar o espaço destinado, dentro da sala de atividades mundo das palavras.
às produções das crianças é outro item de grande importância
quando falamos de um ambiente propício ao ensino de artes, 4 O QUE CONTA O TEMPO...
pois é nele que o grupo construirá uma identidade e sentirá
confiança em sua capacidade de produção. O ambiente desse Partindo da história do ensino das Artes Plásticas no Brasil,
“fazer” requer uma harmonia entre os profissionais e as suas elencamos uma rápida retrospectiva para compreendermos os
relações com este espaço físico. O educador que se perceba caminhos que esse ensino vem percorrendo em nossa
favorável à exploração das artes plásticas, oportuniza o fácil sociedade. O que se sabe sobre esta trajetória nos auxilia a
acesso aos materiais, a fim de garantir a autonomia da criança identificar os primórdios de nossas práticas e a reorganizar
em relação aos mesmos, levando sempre em consideração os fazeres adequados ao contexto em que estamos inseridos.
cuidados com a segurança. Entendemos que, por trás de cada atividade proposta em
Outro aspecto de relevância é a qualidade dos materiais sala, existe, paralelamente, uma concepção de ensino de arte

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 106


APOSTILAS OPÇÃO

que a sustenta. Em determinadas práticas, podemos perceber 5 PARCEIROS: PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL E
a cristalização de dogmas ultrapassados em relação a uma PROFESSOR DE ARTES PLÁSTICAS
visão contemporânea sobre o assunto.
Segundo Silva e Araújo (2010), a história do ensino da arte Como vimos ao longo deste texto, a criança da Educação
pode ser divida em três grandes fases. São elas: Pré- Infantil apreende o mundo de forma integral, tanto através do
modernista, Modernista e Pós- Modernista. De acordo com os seu corpo, percepções e pensamentos, como pela não
autores, com a Proclamação da República e a abolição dos hierarquização dos assuntos e conhecimentos que a
escravos (1888), houve grandes reformas nas diferentes interessam e que a levam a se desenvolver. Para a criança, são
esferas da sociedade. As questões da educação estão sempre mais importantes as inúmeras descobertas do que a
atreladas ao encaminhamento político da nação. Nesse preocupação em conceituá-las como conhecimentos ligados à
contexto, a educação brasileira, mais especificamente o ensino arte, à natureza, às brincadeiras ou às palavras. Ela se coloca
da Arte, volta-se para o desenho como a linguagem da técnica inteira nas situações, de forma a se concentrar no que se
e da ciência. A tendência Pré-Modernista baseia-se nesta propõe.
concepção de arte como técnica. O ensino da arte parte da Da mesma forma, a divisão de seu tempo de aprendizagem
premissa da preparação para a vida no trabalho, pela via do na escola não deve ser vista de forma fracionada, mesmo
ensino de técnicas artísticas, e como ferramenta didático- quando há dois ou mais professores a orientarem esses
pedagógica para o ensino de disciplinas “mais importantes” no momentos. Não há dúvidas de que o trabalho integrado entre
currículo, como a Matemática. Notamos que esta concepção os professores de um mesmo grupo de crianças gera
não ficou isolada em sua época, mas ainda é possível encontrá- resultados muito mais interessantes do que atividades
la nos dias de hoje. isoladas que não levam em conta os processos vividos por elas
O ensino da arte na fase Modernista, embora em curta naquele mesmo espaço, ao longo dos dias.
trajetória, tem o maior foco voltado para o desenho, pensado É importante que o professor diário e o professor de Artes
como um espaço de livre expressão, com a valorização da Plásticas planejem juntos experiências de aprendizagem,
espontaneidade da criança e seus elementos internos incorporando-as aos projetos elaborados na escola, e que,
expressivos. Vale ressaltar que o Movimento Escola Nova assim, o professor acompanhe o desenvolvimento de seus
(1927-1935) e a Semana de Arte Moderna, inauguram um alunos nas produções de artes plásticas. As atividades de artes
cenário que altera os modos de ver as criações infantis. não são um mero complemento ou uma distração em relação
É nesse ambiente propício para novas ideias que Augusto às atividades cotidianas, mas estão integradas à aprendizagem
Rodrigues, Margaret Spencer e Lucia Valentim, artistas da criança. Isso possibilita ao professor da turma um olhar
plásticos, fundam em 1948, no Rio de Janeiro, a Escolinha de diferenciado para cada criança, proporcionado pela
Arte do Brasil. Nessa perspectiva, o importante é a catarse, a experiência privilegiada de observá-las na exploração pessoal
proposta de arte como lazer, auto expressão, das Artes Plásticas. Além disso, a parceria entre professores de
descaracterizando o conhecimento da arte como aprendizado. áreas diversas, do planejamento até a atuação conjunta, gera
O que importa nessa concepção é o processo, as ações mentais, trocas e aprendizagens pertinentes; as trocas, então,
e não o produto. Alguns fazeres na atualidade ainda partem possibilitarão o enriquecimento desses momentos diários.
desta concepção, onde o aprendizado do conhecimento Para o professor de Artes Plásticas, o contato com as
artístico ocorre apenas de forma espontânea. observações do professor diário sobre as crianças, seus
Com respaldo na LDB 5.692/71, que tornou o ensino da hábitos, relações, interesses, formas de aprender, são
arte obrigatório no 1º e 2º graus, diferentemente das inestimáveis, principalmente, levando-se em conta o pouco
disciplinas que carregavam em seu bojo itens como, objetivos, tempo que este dispõe com a turma a cada semana e o número
conteúdos, metodologias e avaliação, o ensino da arte de alunos que ele atende. Outras observações importantes que
caracterizou-se como uma atividade sem planejamento com o podem ocorrer nessa parceria dizem respeito à percepção de
intuito apenas de cumprir formalidades, sendo ministrada por diferentes habilidades e comportamentos das crianças em
professores de outras áreas, demonstrando o descaso com o momentos, atividades e com professores diversos, ampliando
percurso da Arte na Educação. As práticas que refletem essa e aprofundando o conhecimento das mesmas. A esse respeito,
concepção ainda encontram-se nas escolas, nos dias atuais nas Mônica Sica relata uma experiência bem sucedida
seguintes versões: decorar a escola para as festas cívicas e
religiosas; preparar apresentações artísticas, murais e objetos A professora acompanha sempre os seus alunos às aulas de
para eventos em datas comemorativas e, ainda, cantar e arte, participando, dando sua contribuição, sendo parceira e
ensinar músicas para o encaminhamento das rotinas. cúmplice no trabalho desenvolvido. Quando volta para a sua
A concepção pós-moderna está comprometida com a sala, procura dar ao assunto vivenciado em apenas 45 ou 50
cultura e a história, e ensinar arte pressupõe que esse minutos uma nova abordagem, percebendo por outros
conhecimento ocorra na interseção da experimentação, ângulos, explorando outras linguagens, ampliando o
decodificação e informação. Um dos principais objetivos do conhecimento dos alunos. (SICA, 2002, p.42).
ensino de arte na contemporaneidade é levar as crianças a
entender criticamente a sociedade e a cultura ao seu redor. Os Nas escolas onde não há uma sala específica para as aulas
arte/educadores contemporâneos defendem também o de artes plásticas, os materiais poderão ser guardados em cada
pensamento de que o ensino da arte é um dos caminhos para sala de aula e ser compartilhados com o professor diário.
fortalecer a própria identidade e suas subjetividades, ao Devemos lembrar que os materiais que serão usados com os
mesmo tempo em que pode contribuir e propiciar a inclusão alunos são destinados a eles, e não para uso dos professores.
social, a educação para a cidadania e a democracia. Para uma Democratizar espaços e materiais também é um aprendizado
transformação do ensino e da aprendizagem da arte, hoje, é necessário, tanto para as crianças, quanto para os professores.
preciso dominar os conhecimentos históricos que se Quanto ao uso do espaço da sala de aula, novamente é
relacionam com a arte e a educação para escolha de práticas fundamental a parceria entre os professores, pois a arrumação
educativas que componham o cenário contemporâneo. de mesas e cadeiras poderá ser diferente, de acordo com a
atividade proposta, e a cooperação poupará o tempo já curto
das aulas de artes.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
enfatiza que os espaços para as Artes Plásticas

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 107


APOSTILAS OPÇÃO

Devem, também, ser concebidos e equipados de tal forma A parte destacada se desdobrou em várias propostas de
que sejam interessantes para as crianças, ativando o desejo de trabalho. São elas:
produzir e o prazer de estar ali. Precisam, igualmente, permitir
o rearranjo do mobiliário de acordo com as propostas. Faz 1. Fotografia:
parte do processo criativo uma certa desordem no local de
trabalho causada, por exemplo, pela variedade de materiais O professor chamou atenção das crianças para a natureza
utilizados. A arrumação do espaço ao término das atividades que as rodeava e sugeriu que observassem com atenção os
deve envolver a participação das crianças. aspectos formais daquela paisagem. Os alunos apontaram as
O espaço deve possibilitar também a exposição dos formas das flores e folhas, suas cores, a posição que estavam,
trabalhos e sua permanência nesse local pelo tempo que for os diferentes estágios de transformação das mesmas,
desejável. (RCNEI, 1998, p. 110). percebendo as que estavam mais novas e exuberantes e as que
estavam mais velhas e mesmo mortas. O passo seguinte foi
Acreditamos que, mais do que por textos ou palavras, o oferecer a máquina fotográfica às crianças, possibilitando o
professor de Artes Plásticas poderá apresentar ações criativas registro individual do que mais marcou cada um. As fotografias
que mostrem à equipe escolar o quanto o trabalho com artes foram reveladas e expostas no pátio da escola, mostrando uma
ligado ao cotidiano das crianças e da própria escola é diversidade de olhares perante a natureza do local.
importante e gratificante do ponto de vista da percepção
integral do educando e do desenvolvimento de projetos 2. Desenho de observação:
interdisciplinares, Para isso, é importante assegurar
momentos de encontro entre o professor de artes e a equipe Durante o processo de fotografar a paisagem, os alunos
escolar. também foram instigados a desenhar por observação as flores
e/ou folhas que quisessem. No caso das crianças de 5 anos,
6 SUGESTÕES: CORES DO MUNDO poderia ser proposto a escolha de um espaço determinado por
elas para este desenho.
Ao conversar sobre o tema/imagem que será trabalhado,
antes de propor uma atividade expressiva, amplia-se o modo 3. Colagem:
de ver, registrar e imaginar o mundo por parte da criança.
Após ela se familiarizar com o tema/imagem, através de Num outro momento, foi proposto às crianças observarem
perguntas e construção de relações, seus registros expressam novamente o espaço da natureza, suas modificações,
visões particulares e imaginativas em relação aos objetos de contrastes, detalhes e diferenças, e colherem somente as flores
conhecimento. (OCEI, 2010, p. 28). que estavam no chão. Elas recolheram-nas e as transportaram
na própria blusa. Tendo o contato das flores nas barrigas, as
O projeto As “Cores do Mundo” é uma sugestão de temática meninas logo fizeram uma referência à gravidez, vindo ao
que as Orientações Curriculares para a encontro da temática sobre o ciclo da vida. Na sala, as crianças
Educação Infantil (SME/GEI-2010) oferecem. Esta foram organizadas em dois grupos e colocaram as flores
sugestão pode ser encontrada também no caderno de colhidas em cima de um suporte de papel preto brilhoso. Os
planejamento, onde é possível visualizar mais claramente suas grupos colaram aleatoriamente as flores nesta superfície, e
relações com outras áreas de conhecimento e as diferentes foram assessoradas para utilizarem as duas mãos jogando a
linguagens. cola por cima das flores já coladas. Tal movimento expressivo,
Em relação à integração da arte no planejamento, de de gestualidade ampla e libertadora, lembrou a “Action
acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais para Painting” do pintor Jackson Pollock. Depois dessa
Educação Infantil (1998, vol. 1, pp. 55-58) existem três movimentação, houve uma conversa sobre a organização da
possibilidades de organizar o planejamento de aula: por natureza observada anteriormente e a colagem produzida,
projeto de trabalho, sequência de atividades ou atividades fazendo-os perceber esteticamente outras possibilidades de
permanentes. Na sugestão a seguir, utilizamos o planejamento uso de um mesmo material.
por sequência de atividades, tendo como eixo norteador o
conto de fadas “A Bela e a Fera”. 4. Leitura de imagem/documentário
A sugestão a seguir foi inspirada em uma experiência de
aprendizagem desenvolvida na Escola Municipal Campos O professor conversa com as crianças sobre a obra, a vida
Salles e apropriada para exemplificar o trabalho de Artes e as experiências artísticas do pintor Jackson Pollock. “O
Plásticas em Educação Infantil, abarcando as diversas diálogo frente à obra é o melhor antídoto contra a ‘cultura do
possibilidades de uso das linguagens artísticas. convencimento’ das escolas nas quais vicejam a prepotência, o
Sabemos que os contos de fadas são importantes para o autoritarismo e a hipocrisia.” (Barbosa, 2010, p. XXXIII).
desenvolvimento infantil, estabelecendo laços relevantes com As crianças puderam conhecer o processo artístico pelo
o bem-estar emocional da criança. E contribuem qual o pintor se utiliza para criação, estabelecendo relações de
decididamente com a estruturação das linguagens escrita e semelhanças e diferenças entre o processo de criação de
oral. E também contribuem com o bem-estar emocional. A Pollock e o que as crianças experimentaram.
história escolhida para trabalhar as expressões artísticas
durante as aulas de artes plásticas de 50 minutos semanais foi 5. Retomando a colagem
“A Bela e a Fera”, pois traz questões para a discussão de tempo,
espaço, cor, e especificamente o processo de transformação do Ao retomar o trabalho de colagem na conversa na roda, o
ciclo da vida. professor em conjunto com as crianças, observou a
A experiência a seguir iniciou-se com a contação da transformação das cores. O efeito produzido pelo material
história acima citada no jardim da escola, criando uma utilizado foi destacado pelos comentários das crianças. O
atmosfera de envolvimento. O espaço verde do entorno, tempo como elemento de transformação apontou para a
repleto de plantas, flores e pequenos animais, a vivacidade das mudança de tonalidade nas flores. Enfim, essa conversa
crianças e a dinâmica do professor oferecem um clima de possibilitou outros encaminhamentos para a próxima etapa.
encantamento que favorece uma experimentação estética. Esse encaminhamento possibilitou a quebra de paradigmas da
A história contada traz uma flor como um “elemento de representação do real, valorizando o processo da
tempo”, que também caracteriza o processo de transformação. reconstrução, pois a flor havia entrado em processo de

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 108


APOSTILAS OPÇÃO

decomposição natural demonstrando um esmaecimento tonal


característico da transmutação. Agora a flor não é mais planta;
ela é um elemento artístico.
Foram oferecidas tintas de diversas cores, para que as
crianças pudessem se expressar, a partir das lembranças do
processo inicial. Segundo a abordagem triangular, a
contextualização tem o propósito de dialogar o fazer da
educação infantil e o trabalho de Jackson Pollock.
Neste exemplo, a história “A bela e a fera” foi disparada
pelo professor de Artes Plásticas, mas o desenvolvimento da
temática possibilita que a mesma seja trabalhada pela
professora da Educação Infantil. Não importa quem trouxe o
projeto, mas sim que o mesmo possa ser explorado pelos dois
parceiros. A contação da história pode ser compartilhada com
as crianças, quando o professor começar a contá-la e as
crianças derem continuidade à narrativa..

6. Vídeo art

O professor visualizou no fazer coletivo com o movimento


da cola jogada em cima das flores, assim como o valor do
processo de experimentação, tão caro à Educação Infantil e as
Artes Plásticas, possibilitando, assim a criança ser
protagonista dessa experiência. A filmagem dessa dinâmica
possibilita a retomada da experiência para a discussão e a
avaliação do processo criativo individual e coletivo.
O uso de novas tecnologias na educação Infantil possibilita
a valorização da imagem enquanto processo de pensamento. A
ideia de filmar o movimento das mãos remete à apropriação e
a um novo significado para a ação.
O fato de a própria filmagem restringir-se ao movimento
das mãos, transmuta-se em “vídeo art”. Nesse sentido, as mãos
passam de coadjuvantes a protagonistas de uma ideia.
Podemos observar, que foram apresentadas manifestações
culturais de diferentes tempos como por exemplo, os contos de
fadas, pinturas, fotografia e filmagem as quais possibilitaram a
construção da noção de tempo, através de contato com as
diferentes linguagens (a passagem do tempo observável pela
cor das flores, nas sequências de atividades, na história de
contos de fadas, no processo de colagem e pintura, na dança,
nas histórias, nos desenhos animados etc. como assinalam as
Orientações Curriculares de Educação Infantil.

Anotações

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 109


APOSTILAS OPÇÃO

Conhecimentos Específicos de Educação Infantil 110

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