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São Paulo
2012
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São Paulo
2012
Fúncia, Luis Antônio C.
Convênios, contratos de gestão e termos de parceria: instrumentos de transfe-
rências de recursos para o primeiro e terceiro setor. São Paulo, 2012.
Monografia do Curso de Pós Graduação em Gestão de Políticas Públicas da
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo –
Professor Orientador Dr. Marcelo Arno Nerling.
Direito Administrativo.
2
DEDICATÓRIA:
AGRADECIMENTOS:
RESUMO.
ABSTRACT.
Over the past decades occurred significant changes in the State's role in Brazilian soci-
ety, with consequences on the notion of public services. Thus, there was intensification of the
decentralization and of the de-bureaucratisation of State action, by implementing measures
such as privatization, outsourcing and publicization, strengthening the powers of the promo-
tion, regulation and supervision. This paper analyzes the concepts and characteristics of the
instruments of transfer of funds to the First and Third Sector, consistent in the agreements,
contracts of management and partnership terms, keeping in mind the qualitative aspects of
public expenditure, with a focus on efficiency and effectiveness of services provided to the
population. We examined the controls of Public Administration in relation to transfers made
to the First and Third Sector, the performance of the Court of the State of São Paulo - TCESP
in the surveillance of public transfers to the First and Third Sector and aspects concerning the
Comptroller and Governance in the Management public. In order to help achieve the mission
and future vision of TCESP, aligned in their strategic management, in the final of the work we
present suggestions for monitoring and evaluation measures for external control of public ex-
penditure made by means of transfers of resources for the First and the Third Sector.
Sumário.
1. Introdução .............................................................................................................p. 9.
2.1. Breves anotações acerca do cenário da atuação estatal no Brasil ................p. 26.
2.2.2. Normas sobre convênios expressas no artigo 116 da Lei Federal n.º
2.2.3. Breve análise acerca das distinções entre convênios e contratos .................p. 47.
de Parceria..................................................................................................................p. 63.
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1. Introdução.
O objetivo inicial deste trabalho consistiu no estudo das transferências de recursos pa-
ra o Primeiro e Terceiro Setor, mediante convênios, contratos de gestão e termos de parceria,
tendo em vista os aspectos qualitativos das despesas públicas realizadas no âmbito desses ins-
trumentos, bem como a análise de critérios e parâmetros para a definição de bases de ativida-
des, seus padrões e a proposição de indicadores, mormente na área da saúde, que possibilitem
a avaliação daquelas despesas pelo controle externo, segundo os princípios da economicidade,
eficiência e eficácia.
Por conseguinte, não foram definidos indicadores, em consenso com os órgãos envol-
vidos, para acompanhamento e avaliação daquelas despesas, ressalvando a utilização de al-
guns indicadores na área da saúde, que demandam testes, validações e, posteriormente, conso-
lidação em séries históricas.
A observância das formalidades legais foi complementada pela busca dos resultados e
da técnica correta na discricionariedade dos gestores públicos, atribuindo-lhes o dever de agir
com competência e transparência na aplicação dos recursos governamentais, com a apresenta-
ção da prestação de contas de seus atos, denominada de accountability, com maior grau de
interação entre governantes e sociedade.
Esse cenário mostra a importância de se reforçar, com eficácia, o controle externo rea-
lizado pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo –
TCESP, no que tange ao exame das despesas públicas, com especial atenção à transparência e
aos aspectos qualitativos dos gastos, com ênfase na execução das tarefas de prevenção e san-
ção da má gestão pública.
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(Bandeira de Mello) anota que os convênios são contratos, nos quais as partes se com-
põem pela comunidade de interesses, mediante a colaboração desprendida entre eles, condici-
onando a formalização deles com entidades privadas, desde que estas não tenham fins lucrati-
vos.
Na breve análise acerca das distinções entre convênios e contratos, (Di Pietro e Mei-
relles) apontam as seguintes diferenças entre convênios e contratos: a) no convênio há interes-
ses comuns e coincidentes, enquanto no contrato há interesses diversos e opostos; b) no con-
vênio há partícipes com as mesmas pretensões, enquanto no contrato há sempre duas ou mais
partes, uma que pretende o objeto do ajuste e remunera a outra, que pretende a contrapresta-
ção correspondente; c) no convênio não há vinculação contratual entre os signatários, no con-
trato formam-se vínculos entre as partes, com a estipulação de direitos, obrigações, encargos e
responsabilidades.
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(Di Pietro e Medauar) prelecionam que não se aplica a exigência de licitação para a
celebração de convênios, pois não há viabilidade de competição, uma vez que se trata de mú-
tua colaboração, ou, ainda, em razão do grau de especificidade do objeto e da finalidade.
(Bandeira de Mello) ensina que só podem ser firmados convênios com entidades sem
fins lucrativos. Assim, salvo quando o convênio possa ser travado com todas as interessadas,
o sujeito público, para firmar convênios com entidades privadas, terá que licitar ou realizar
algum procedimento que assegure o princípio da igualdade.
(Medauar) assevera que não se fixa distinção entre os conceitos de convênios e contra-
tos, aduzindo a dificuldade de se raciocinar quanto à existência ou não de obrigações recípro-
cas para distinguir contratos de convênios, vez que estes implicam em encargos recíprocos.
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Dessarte, a doutrinadora assinala que são figuras da mesma natureza, pertencentes à categoria
contratual.
Conclui-se que o conceito doutrinário de convênio não é completo, nem suficiente pa-
ra defini-lo, mormente em face da presença de pessoa privada como partícipe, pois não parece
razoável, nem condizente com a realidade prática, exigir-se do particular que atue sob a orien-
tação da busca do interesse público. Acrescente-se a dificuldade na determinação das distin-
ções características entre convênio e contrato.
(Di Pietro, Meirelles e Gasparini) anotam que o contrato de gestão, consoante o artigo
5°, da Lei Federal n.° 9.637/1998, é o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade
privada qualificada como organização social, com vistas à formação de parceria entre as par-
tes para fomento e execução de atividades relativas às áreas relacionadas ao ensino, à pesquisa
científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cul-
tura e à saúde.
(Bandeira de Mello) entende que as qualificações como organização social que hajam
sido ou venham a ser feitas nas condições da Lei 9.637/1998 são inválidas, pela flagrante in-
constitucionalidade de que padece tal diploma.
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As Oscip e as organizações sociais – OS têm semelhanças, uma vez que ambas são en-
tidades privadas, sem fins lucrativos, que, caso atendam determinados requisitos legais, rece-
bem as respectivas qualificações pelo Poder Público. No entanto, verifica-se uma grande dife-
rença entre elas: a OS recebe ou pode receber delegação para a gestão de serviço público, en-
quanto a Oscip exerce atividade de natureza privada, com a ajuda do Estado.
(Di Pietro) ensina que na Oscip o objetivo é semelhante ao que já inspirou anterior-
mente a outorga do título de utilidade pública, de modo que, após a qualificação pelo Poder
Público, a organização da sociedade civil de interesse público passa a receber algum tipo de
auxílio por parte do Estado, dentro da atividade de fomento, contudo, ela está mais bem estru-
turada, já que a lei impõe requisitos mais rígidos para a obtenção da qualificação, de acordo
com o prescrito no artigo 5° da Lei Federal n.° 9.790/1999.
te a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos bens de seus diri-
gentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou
causado dano ao patrimônio público. Ademais, estão previstos a investigação, o exame e o
bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no país e no exteri-
or, conforme o contido no artigo 13 da Lei Federal n.° 9.790/1999.
O texto do artigo 9° da Lei Federal n.° 9.790/1999 traz a definição do termo de parce-
ria, que, segundo (Meirelles), embora tecnicamente imperfeita, indica o vínculo de coopera-
ção como sua característica. Assim, o termo de parceria firmado entre o Poder Público e as
organizações da sociedade civil de interesse público, de comum acordo, discriminará direitos,
responsabilidades e obrigações das partes signatárias, a teor do que preceitua o artigo 10,
caput, do diploma legal acima mencionado.
O referido diploma legal não prevê a faculdade de cessão especial de servidor pelo
Poder Executivo, nem a destinação de bens públicos para as Oscip. Ademais, não há previsão
expressa de destinação de recursos orçamentários ao termo de parceria, cuja liberação, con-
forme o cronograma, deve ser efetuada em conta bancária específica, segundo o que estipula o
artigo 14 do Decreto Federal n.° 3.100/1999.
Esses pontos são semelhantes aos fixados para o contrato de gestão, contudo, este e o
termo de parceria não se configuram como contratos, pois em ambos não há interesses contra-
ditórios, mas convergentes.
No que tange ao processo de escolha da Oscip, compete ao órgão estatal parceiro, a tí-
tulo de providências preliminares, preparar, com clareza, objetividade e detalhamento, a espe-
cificação técnica do bem, do projeto, da obra ou do serviço a ser obtido ou realizado por meio
do termo de parceria.
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Nos termos do artigo 23 do Decreto Federal n.° 3.100/1999, com a redação alterada
pelo texto do Decreto Federal n.° 7.568/2011, de 16/9/2011, a escolha da Oscip pelo Poder
Público, para a celebração do Termo de Parceria, deverá ser feita por meio de publicação de
edital de concursos de projetos para obtenção de bens e serviços e para a realização de ativi-
dades, eventos, consultoria, cooperação técnica e assessoria.
A disciplina dessa matéria por Estados e Municípios, mediante a edição dos respecti-
vos diplomas legais, deve prever procedimento que garanta a igualdade de participação a to-
dos os interessados.
Ao final deste trabalho pretende-se confirmar, de forma total ou parcial, ou rejeitar es-
sa hipótese em face da realidade fática.
Instruções n°s 1/2008 e 2/2008, vigentes a partir de 1/1/2009, para a área estadual e munici-
pal, respectivamente.
Os convênios, contratos de gestão e termos de parceria, cujos valores totais são iguais
ou superiores aos estabelecidos para remessa ao TCESP devem ser formalizados pelos órgãos,
em processos próprios, com o conteúdo discriminado nos artigos pertinentes das respectivas
Instruções, observando que a documentação seja autenticada pelo órgão, a par da juntada do
termo de ciência e notificação e do cadastro do responsável pela assinatura do ajuste, para
apresentação, na data fixada nas Instruções, no setor de Protocolo do Tribunal.
Nessa senda, visando contribuir com proposições para a consecução de objetivos estra-
tégicos institucionais, consistentes no aumento da efetividade das ações do TCESP; na contri-
buição para o cumprimento dos programas governamentais; no aprimoramento da análise das
contas anuais; na implementação de ações corretivas durante o exercício e na otimização dos
processos finalísticos; reunimos aspectos relativos à Controladoria e à Governança na Gestão
Pública e formulamos sugestões nas considerações finais.
(Slomski) preleciona que o Estado informa seus atos à sociedade por intermédio de
prestações de contas, no entanto, o autor identifica uma brutal assimetria informacional, pois
o Estado informa, mas o cidadão não entende. Portanto, é preciso compreender a prestação de
contas e para quem o Estado presta contas.
Pela análise da cadeia Agente-Principal, nos seus diversos estágios, (Slomski) observa
a existência de relação de agência no Estado e, como consequência, ocorre a assimetria in-
formacional, por não ser possível monitorar todas as atitudes dos agentes.
De outra banda, o prejuízo econômico indica ineficiência, que enseja a revisão pela
sociedade de toda a estrutura do agenciamento.
O citado autor anota que a sociedade cria inúmeras entidades, algumas denominadas
de entidades públicas governamentais e outras de entidades públicas não governamentais
(Terceiro Setor), que agem precipuamente nas falhas do governo ou onde o governo não pode,
ou não caracteriza a atividade como prioritária, ou seja, em funções que deveriam ser desen-
volvidas pelo Estado.
Assim, ele ressalta que o controller deve ter as entidades públicas não governamentais
(Terceiro Setor) como supridoras de serviços públicos governamentais quando da concessão
de subvenções, de isenções, de imunidades fiscais e trabalhistas e, assim, deve cobrar em suas
prestações de contas os resultados físicos, financeiros e econômicos para que a sociedade pos-
sa avaliar os seus desempenhos frente aos benefícios concedidos.
(Slomski) ensina que no país todas as necessidades meritórias têm preços de mercado
e, por isso, ao usufruir um serviço prestado pelo Estado, em qualquer de suas esferas, há uma
transferência de renda econômica ao cidadão.
Ele salienta que quando todas as entidades públicas não governamentais, ditas do Ter-
ceiro Setor, prestarem contas, a sociedade brasileira saberá o montante com que a sociedade
civil está contribuindo para o atendimento de necessidades que são função do Estado brasilei-
ro e, ainda, os doadores de recursos poderão observar a destinação dos seus recursos.
O referido autor destaca a contabilidade de custos como tema de grande relevância pa-
ra a administração pública, porquanto com esse instrumento o gestor público terá clareza de
quanto custa o serviço público oferecido à sociedade.
O mencionado autor assinala também que é preciso evidenciar para a sociedade qual
foi o resultado econômico produzido pelo gasto, quais e quantos foram os serviços prestados,
qual é seu preço de mercado, qual a receita econômica produzida, se a entidade está produzin-
do lucro ou prejuízo econômico.
21
O autor retrocitado afirma que o Estado deve ser avaliado pelo valor dos serviços que
presta, e não pelo montante que consumiu para tal realização. Desse modo, o custo de oportu-
nidade dos serviços públicos utilizados pelo cidadão em determinado período é o que se soma
ao seu rendimento, uma vez que se não existisse o Estado, esses serviços seriam cobrados pe-
los seus preços de mercado.
Outro objetivo visa melhorar o desempenho das entidades públicas, com a execução
de ações no ambiente interno, consistentes na adoção de medidas saneadoras e no desenvol-
vimento das potencialidades dos recursos públicos, e no ambiente externo, com a disponibili-
dade dos fatores que atraiam investimentos da iniciativa privada, a par das medidas corretivas
para o cumprimento das disposições legais relativas à consecução do bem-estar social.
Facilitar o acesso ao capital a custos mais baixos pelas entidades públicas é objetivo a
ser alcançado por um governo bem gerido, uma vez que os investidores terão maiores garanti-
as ao emprestarem ao poder público.
Incumbe ao gestor público ter como objetivo a criação de condições para assegurar a
perenidade dos serviços oferecidos à sociedade, com atributos de qualidade e de tempestivi-
dade.
Essa transparência pode ser melhorada, de forma significativa, com a adoção de ins-
trumentos como a Demonstração do Resultado Econômico e o contracheque econômico, pro-
piciando simetria informacional entre o Estado e a sociedade.
Tendo presente as disposições contidas no artigo 116 da Lei Federal n.° 8.666/1993 e
as possibilidades de bloqueio das parcelas de recursos dos repasses públicos estaduais, medi-
ante a inserção de comandos no SIAFEM/SP, seja no tocante ao Primeiro Setor, seja no que
tange ao Terceiro Setor, caso constatada ocorrência de irregularidade pelo controle interno,
que deverá inserir sua confirmação de liberação das parcelas pendentes a cada 60 (sessenta)
dias.
De modo similar em relação aos repasses públicos municipais, com a emissão de aler-
tas pelo AUDESP – Auditoria Eletrônica de Órgãos Públicos à fiscalização, caso constatada
ocorrência de irregularidade pelo controle interno, que deverá inserir sua confirmação de libe-
ração das parcelas a cada 60 (sessenta) dias, a par da possibilidade de implantação de filtros
para sinalização das discrepâncias de valores e de alta incidência para determinadas entidades
beneficiárias, em regiões delimitadas.
Intensificar o acionamento das estruturas de controle interno nas áreas estaduais e mu-
nicipais, para gradual seletividade e redução da amostra anual da programação de fiscalização
in loco dos órgãos jurisdicionados.
Viabilizar estudo do uso de fotos de satélite, disponibilizadas, sem ônus, pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE para a verificação das obras e serviços de engenharia
contratados pela administração estadual e pelos municípios.
Tendo em vista que o Cartão Nacional de Saúde, introduzido em 1995, é uma das mais
importantes iniciativas de política pública de saúde no Brasil, porquanto cria um número úni-
co de identificação do usuário no Sistema Básico de Saúde. E, ainda, a vinculação desse nú-
mero ao procedimento realizado, ao profissional que o realizou e ao estabelecimento em que o
usuário foi atendido, de modo que possibilita a geração de informações essenciais para a ges-
tão da saúde pública.
O PROGRAB é uma ferramenta de programação, que tem como eixo estruturante a in-
tegralidade da atenção, abrangendo amplo escopo de ações desenvolvidas na rotina das equi-
pes de Atenção Básica, a saber, as áreas programáticas, a demanda espontânea, as atividades
de promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento e recuperação, as ações intersetori-
ais e interinstitucionais.
A priori, na programação das ações das equipes de Atenção Básica e Saúde da Família
seriam adotados os parâmetros nacionais para orientar o processo, a par da flexibilidade do
ProGRAB, cujas soluções de informática permitem modificações, inclusões e exclusões de
áreas, atividades e parâmetros, de modo a possibilitar adequação às realidades locais das
equipes de cada município, em consonância com o processo de programação local.
De outro giro, à luz das informações supra e das disponibilizadas pelo Sistema de
Controle de Admissões, Aposentadorias e Pensões – SisCAA – do TCESP, sugerimos a pes-
quisa dos nomes dos profissionais de saúde no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sa-
úde – CNES, do DATASUS, para verificação de ocorrências de acúmulos de cargos públicos.
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Aos municípios foi atribuída competência para deliberar e executar a respeito das ma-
térias de interesse local e a eles transferiu-se o atendimento das necessidades sociais, tendo
em vista as realidades regionais e locais, com a diminuição de custos conjugada com o au-
mento da eficácia e da eficiência na aplicação das políticas públicas.
Nas duas últimas décadas ocorreu profunda mudança do papel do Estado na sociedade
brasileira, com seus reflexos na noção dos serviços públicos, nos seus sentidos orgânico, ma-
terial e formal.
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Dessarte, a observância das formalidades legais foi complementada pela busca dos re-
sultados e da técnica correta na discricionariedade dos gestores públicos. E a eles atribuiu-se o
dever de agir com competência e transparência na aplicação dos recursos governamentais,
ofertando a prestação de contas, denominada de accountability, de seus atos, com maior grau
de interação entre governantes e sociedade.
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Contudo, há que se reconhecer que nossa sociedade não cultiva virtudes cívicas, de
modo que valores como a honestidade, a honra, a hombridade e a coragem não são enalteci-
dos, nem referenciados, conquanto exaltados valores religiosos, mas estes são insuficientes
para a garantia da coesão e higidez social, bem como para o combate aos que praticam atos
que a degeneram.
1
Lei Federal n.° 8.429/1992, de 2/6/1992.
2
O levantamento do CNJ informa que desde 1992 até o mês de março de 2012 foram proferidas 4.893 conde-
nações pelos Tribunais de Justiça dos Estados e 627 pelos Tribunais Regionais Federais.
29
regno de dois anos foram proferidas 21% das decisões na jurisdição federal e apenas 7% na
jurisdição estadual.
Esse cenário mostra a importância de se reforçar, com eficácia, o controle externo rea-
lizado pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo –
TCESP, no que tange ao exame das despesas públicas, com especial atenção à transparência e
aos aspectos qualitativos dos gastos, com ênfase na execução das tarefas de prevenção e san-
ção da má gestão pública.
Este trabalho tem por objetivo a análise dos instrumentos relativos às transferências
financeiras destinadas ao Primeiro Setor, formalizados entre a Administração Estadual e os
municípios, e do Primeiro para o Terceiro Setor, ajustados entre a Administração Estadual e
Municipal e as entidades privadas sem fins lucrativos.
2.2. Convênios.
Di Pietro (2008, p. 319) afirma que o convênio “não constitui modalidade de contrato”
e o define como “forma de ajuste entre o Poder Público e entidades públicas ou privadas para
a realização de objetivos de interesse comum, mediante mútua colaboração.”
Bandeira de Mello (2011, p. 671) preleciona que os convênios são contratos “em que
as partes se compõem pela comunidade de interesses, pela finalidade comum que as impulsi-
ona.”
O referido autor (2011, p. 673) anota também que convênios “só podem ser meios de
colaboração desinteressada entre os sujeitos que se associem. Logo, ou estarão em causa inte-
resses comuns dos associados ou estará em pauta uma forma de colaboração desprendida en-
tre eles na qual, então, mais não se admite que o simples ressarcimento de despesas que one-
rem a parte prestadora da atividade ou serviço alheio que ficar a seu cargo.”
31
No que tange ao convênio entre entidades públicas cabe colacionar a lição de Di Pietro
(2008, p. 320/321) acerca da “possibilidade de cooperação por meio de convênios ou consór-
cios”, que já decorria implicitamente do texto do artigo 23 da Constituição da República, que
trata da competência comum dos entes federados, para as “atividades de competência concor-
rente, como saúde, assistência social, proteção dos deficientes, proteção dos documentos,
obras e outros de valor histórico, preservação de florestas, etc.”
4
De outro lado, Medauar (2006, p. 226) assinala o disposto no §1° do artigo 199 da
Constituição da República, que prevê a participação da iniciativa privada na assistência à saú-
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Artigo 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consór-
cios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços
públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuida-
de dos serviços transferidos.
4
Artigo 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
32
de, de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante
contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem
fins lucrativos.
O Manual Básico do TCESP – Repasses Públicos ao Terceiro Setor (2004, p. 26) con-
ceitua convênio como um “acordo feito entre pessoas com interesses comuns, o que pressupõe
um relacionamento com fins não lucrativos e não conflitantes”. E anota que, historicamente, o
convênio “foi criado como um modelo a ser celebrado entre dois entes de direito público.”
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e
as sem fins lucrativos.
§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
lucrativos.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no
País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de san-
gue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.
5
Artigo 1°, § 1°, Inciso I - convênio - instrumento qualquer que discipline a transferência de recursos públicos
e tenha como partícipe órgão da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional, empresa pública
ou sociedade de economia mista que estejam gerindo recursos dos orçamentos da União, visando à execução de
programas de trabalho, projeto/atividade ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.
6
Decorrentes das Instruções Normativas STN n°s 1/1999; 1/2000; 5/2001; 6/2001; 1/2002; 2/2002; 3/2003;
4/2003; 1/2004; 5/2004; 2/2006; 1/2007; 4/2007; 7/2007; 9/2007 e 1/2008.
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Anote-se, ainda, que o convênio, formalizado por termo, é considerado como uma co-
operação associativa e tem como característica a liberdade de ingresso e retirada dos partíci-
pes. Ademais, conforme já mencionado, o convênio não adquire personalidade jurídica.
Nessa toada, observe-se que o artigo 25 7 da Lei Complementar Federal n.° 101/2000,
de 4/5/2000, a denominada Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, determina que as transfe-
rências voluntárias de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de
cooperação, auxílio ou assistência financeira devem atender aos seguintes requisitos, além dos
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias:
7
Artigo 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos
correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que
não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
§ 1o São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes or-
çamentárias:
I - existência de dotação específica;
II - (VETADO);
III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Constituição;
IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:
a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferi-
dor, bem como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos;
b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;
c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipa-
ção de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;
d) previsão orçamentária de contrapartida.
§ 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da pactuada.
§ 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei Comple-
mentar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.
35
8
Todavia, nos termos do artigo 26 da LRF, a destinação de recursos para cobertura
das necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por
lei específica, a par do atendimento às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentá-
rias e da previsão no orçamento ou em seus créditos adicionais.
Cabe analisar os citados repasses, consistentes nas transferências de recursos dos entes
públicos ao setor privado, que podem ser realizadas por intermédio de subvenções, auxílios e
contribuições.
8
Artigo 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou
déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de
diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.
§ 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e empresas esta-
tais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.
§ 2o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos, inclusive as res-
pectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou
aumento de capital.
9
A título de exemplo: vide os autos do processo TC-35672/026/07, que tratam da prestação de contas de sub-
venção social, no valor de R$ 18.000,00, concedida pela Prefeitura Municipal de Pariquera-Açu à entidade Casa
da Criança e Obra do Berço – Creche Dona Chiquinha, no exercício de 2006. O TCESP julgou regular a aplica-
ção dos recursos, com recomendação aos responsáveis no tocante a observância à legislação previdenciária e
instruções do Tribunal.
10
A título de exemplo: vide os autos do processo TC-24011/026/09, que tratam da prestação de contas de sub-
venção social, no valor de R$ 15.000,00, concedida pela Prefeitura da Estância Hidromineral de Poá à entidade
Grêmio Recreativo e Cultural Escola de Samba Unidos das Rosas Douradas, no exercício de 2008.
36
O valor das subvenções sociais, sempre que possível, será calculado com base em uni-
dades de serviços efetivamente prestados, obedecidos os padrões mínimos de eficiência previ-
amente fixados, o que demanda estudo ou levantamento das necessidades e a demonstração
daquele cálculo.
As contribuições, segundo o previsto na lei que autorizou o repasse, pode ter destina-
ção despesa corrente ou de capital.
Súmula n.° 1 – Não é lícita a concessão de subvenção para bolsa de estudo e assis-
tência hospitalar com caráter personalíssimo.
11
A título de exemplo: vide os autos do processo TC-40529/026/10, que tratam das prestações de contas de
repasses ao terceiro setor, originárias de auxílios, concedidos pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento à
Associação dos Produtores Rurais de Gabriel Monteiro e à Associação Viver e Aprender do Assentamento Bom
Pastor de Sandovalina, relativos ao exercício de 2009, no valor total de R$ 150.932,50. O TCESP julgou regula-
res as prestações de contas apresentadas, quitando, em consequência, os responsáveis.
37
O Manual Básico do TCESP – Repasses Públicos ao Terceiro Setor (2007, p. 67) re-
gistra que os convênios caracterizaram-se como uma das “formas mais tradicionais de partici-
pação da Sociedade Civil na execução de atividades públicas até a edição das Leis Federais
que instituíram os Contratos de Gestão e os Termos de Parceria”, a saber, Lei Federal
n.° 9.637/1998, de 15/5/1998, e Lei Federal n.° 9.790/1999, de 23/3/1999, respectivamente.
O aludido Manual destaca o seguinte conceito formulado por Rossi e Castro Júnior
“Convênio é instrumento de cooperação onde há interesses convergentes, posto que a todos os
convenentes anima o mesmo propósito de servir ao interesse público; pode ser firmado tanto
entre entes e entidades públicas, como também envolver pessoas jurídicas de direito privado
(“Terceiro Setor”), figurando, inclusive, como uma das mais usuais formas de participação da
sociedade civil na execução de atividades públicas.”
O texto supracitado acrescenta que a par do “Diploma Maior, têm-se outros importan-
tes instrumentos a subsidiar o estudo dos Convênios: o Decreto-Lei Federal n.° 200, de
25/2/1967, em seus artigos 10, § 1°, “b” e § 5°; 156, § 2°; 160 e 166; a Lei Federal n.° 8.666,
de 21/6/1993, em seu artigo 116, bem como a Instrução Normativa STN n.° 1, de 15/1/1997”.
Releva ressaltar que o texto do Decreto-Lei Federal n.° 200/1967 preceitua o ajuste de
convênios celebrados entre entes federados, visando à descentralização das atividades da Ad-
12
ministração. Essa diretriz foi reforçada pelo contido no artigo 49 do Decreto Federal
n.° 93.872/1986, de 23/12/1986.
12
Artigo 49. Ressalvados os casos de manifesta impraticabilidade ou inconveniência, o convênio será utilizado
como forma de descentralização das atividades da administração federal, através da qual se delegará a execução
de programas federais de caráter nitidamente local, no todo ou em parte, aos órgãos estaduais ou municipais in-
cumbidos de serviços correspondentes, e quando estejam devidamente aparelhados.
Parágrafo único. Excepcionalmente, os órgãos e entidades federais poderão executar programas estaduais ou
municipais, e os órgãos da administração direta programas a cargo de entidade da administração indireta, sob
regime de mútua cooperação mediante convênio.
38
A propósito, observe-se que Candeia (2005, p. 22) conceitua “convênio como uma das
formas de descentralização de recursos da Administração Pública para entes públicos ou pri-
vados para a consecução de objetivos de interesses recíprocos entre os partícipes.”
Essa regra contempla o trabalho meritório desenvolvido pelas Santas Casas de Miseri-
córdia e entidades filantrópicas na execução das ações e serviços de saúde, mormente no
atendimento das pessoas de menor renda e das carentes de recursos.
Di Pietro (2008, p. 321) anota que o convênio entre entidades públicas e particulares
visa o fomento, consistente em atividades administrativas de incentivo do Poder Público à ini-
ciativa privada de utilidade pública, abrangendo auxílios financeiros ou subvenções, financi-
amento sob condições especiais e favores fiscais, para que desempenhe determinada atividade
ao invés de o Estado fazê-lo. A concretização desse incentivo é o convênio, cujos pressupos-
tos são de que as duas pessoas têm competências comuns e que prestarão colaboração mútua
para atingir seus objetivos.
Referido artigo foi revogado pelo Decreto Federal n.° 6.170/2007, de 25/7/2007.
39
13
, que no inciso I, do § 1°, do seu artigo 1° definiu o convênio como “acordo, ajuste ou qual-
quer outro instrumento que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações con-
signadas nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União e tenha como partícipe, de
um lado, órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta, e, de outro
lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou
indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando a execução de programa de
governo, envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento
de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.”
Ressalte-se que, inicialmente, não era exigido requisito ou condição das organizações
sociais para firmarem convênios com entes estatais, possibilitando-lhes acesso e utilização de
recursos públicos, o que somente foi regulado pelo texto da Lei Federal n.° 9.637/1998, ao
disciplinar a qualificação das organizações sociais.
13
Com a redação alterada pelos Decretos Federais n°s 6.619/2008, de 29/10/2008; 6.428/2008, de 14/4/2008;
7.568/2011, de 16/9/2011; 7.594/2011, de 31/10/2011, e 7.641/2011, de 12/12/2011.
40
2.2.2. Normas sobre Convênios expressas no artigo 116 da Lei Federal n.º 8.666/1993,
na Lei Estadual n.º 6.544/1989 e as disposições explicitadas em diplomas legais aplicáveis
no âmbito do Estado de São Paulo.
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios, acor-
dos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da
Administração.
A respeito dessa matéria, Di Pietro (2008, p. 322) destaca que o convênio não é abran-
gido pelas regras estabelecidas no artigo 2° da Lei Federal n.° 8.666/1993 e suas alterações,
porquanto o seu parágrafo único contém a definição de contrato, que prevê a “estipulação de
obrigações recíprocas”, forma que não alcança os convênios e outros ajustes similares.
e. cronograma de desembolso;
f. previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da conclusão das etapas ou
fases programadas;
II. quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos recursos, atrasos não justificados
no cumprimento das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias aos princípios funda-
43
III. quando o executor deixar de adotar as medidas saneadoras apontadas pelo partícipe re-
passador dos recursos ou pelo sistema de controle interno.
Até o saneamento das mencionadas irregularidades os valores das parcelas ficarão re-
tidos pelo concedente.
Releva frisar que somente nos casos de convênios que não impliquem no repasse de
bens ou valores admite-se a não observância das normas estabelecidas no artigo 116 do di-
ploma legal supracitado.
No âmbito do Estado de São Paulo, a par das anotações supra, aplicam-se aos convê-
nios as normas estabelecidas na Lei Estadual n.º 6.544/1989, de 22/11/1989, que dispõe sobre
44
o estatuto jurídico das licitações e contratos no citado Estado, a teor do explicitado no seu ar-
tigo 89.
Para aprofundar o estudo do tema colacionamos alguns diplomas legais do Estado per-
tinentes à matéria, que mencionamos a seguir.
O Decreto Estadual n.º 40.722/1996, de 20/3/1996, cujo texto foi alterado pelos Decre-
tos Estaduais nºs 45.059/2000, de 12/7/2000; 51.663/2007, de 15/3/2007; 55.518/2010, de
2/3/2010; 56.834/2011, de 14/3/2011; 56.875/2011, de 24/3/2011; e 57.465/2011, de
27/10/2011, assenta que os convênios a serem celebrados pelo Estado de São Paulo, por in-
termédio das Secretarias de Estado ou órgãos vinculados diretamente ao Governador, e pelas
Autarquias dependem de prévia autorização deste, exceto quando o respectivo instrumento:
I - seja subscrito pelo Chefe do Poder Executivo; II - não implique transferência de recursos
materiais e/ou financeiros por parte do Estado. O diploma legal determina que a celebração de
convênios de que resultem para o Estado encargos não previstos na lei orçamentária depende
de prévia autorização ou de aprovação da Assembléia Legislativa, nos termos do artigo 20,
inciso XIX, da Constituição Estadual. Acrescente-se, ainda, que também arrola os documen-
tos que devem integrar os respectivos ajustes e suas cláusulas essenciais.
14
A título de exemplo: vide os autos do processo TC-3783/026/08, que tratam de convênio firmado entre a
Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo – CDHU e o Centro Comunitá-
rio de Vila Penteado, no exercício de 2006, cujo objeto é a gestão de recursos e edificação de empreendimento
habitacional de interesse social denominado Tucuruvi B6C, composto de 32 unidades habitacionais, pela Associ-
ação, por meio de regime de mutirão e autogestão, sob sua administração, e responsabilidade técnica de Assesso-
ria Técnica contratada pela Associação para este empreendimento e exclusivamente para este fim.
45
b) Decreto Estadual n.º 41.721/1997, de 17/4/1997, que institui o Programa “Melhor Cami-
nho” e estabelece diretrizes para sua execução;
c) Decreto Estadual n.º 42.140/1997, de 29/8/1997 15, que autoriza a Secretaria de Agricul-
tura e Abastecimento a, representando o Estado, celebrar convênios tendo por objeto a trans-
ferência de recursos financeiros a Municípios Paulistas, com a finalidade de auxiliá-los na
aquisição de tratores e equipamentos agrícolas visando o apoio à infra-estrutura agropecuária
municipal e à mecanização agrícola das propriedades rurais;
15
A título de exemplo: vide os autos do processo TC-40976/026/10, que tratam das prestações de contas de
subvenções estaduais destinadas às aquisições de tratores, equipamentos, execução de obras e compras de equi-
pamentos por várias Prefeituras Municipais, realizadas no exercício de 2009, no valor total de R$ 5.059.485,96.
16
A título de exemplo: vide os autos do processo TC-21083/026/07, que tratam da prestação de contas do con-
vênio n.°142/2005, firmado em 1/12/2005 entre o Gabinete do Secretário e Assessorias da Secretaria da Admi-
nistração Penitenciária e a Associação de Proteção e Assistência Carcerária Bragança Paulista - APAC, relativo
ao exercício de 2006, cujo objeto é a prestação de assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social,
religiosa, psicológica e ao trabalho às presas da Penitenciária Feminina de Sant’Ana, no valor de
R$ 2.935.548,18. O citado convênio, no valor de R$ 4.533.984,00, com prazo de 364 dias, apreciado nos autos
46
do processo TC-15076/026/06, foi julgado regular pelo TCESP, bem como considerado legal o ato determinativo
da despesa dele decorrente.
17
Com a redação alterada pelos Decretos Estaduais n°s 49.456/2008, de 10/3/2005; 54.598/2009, de 23/7/2009;
55.869/2010, de 27/5/2010; 57.192/2011, de 2/8/2011 e 57.293/2011, de 31/8/2011.
47
ministração das Unidades Municipais do Programa Saúde da Família – PSF, através da obri-
gatoriedade do alcance de metas e resultados, no valor de R$ 7.680.000,00.
b) no convênio há partícipes com as mesmas pretensões, razão pela qual a posição jurídica
dos signatários é uma só, idêntica para todos, podendo haver apenas diversificação na coope-
ração de cada um, segundo suas possibilidades, para a consecução do objetivo comum, alme-
jado por todos. No que tange ao contrato há sempre duas ou mais partes, uma que pretende o
objeto do ajuste – a obra, o serviço, etc. – e remunera a outra, que pretende a contraprestação
correspondente – o preço ou qualquer outra vantagem;
c) no convênio não há vinculação contratual entre os signatários, de modo que qualquer par-
tícipe pode denunciá-lo e retirar sua cooperação, respondendo pelas obrigações e auferindo as
vantagens do tempo em que participou do acordo. Dessarte, no instrumento do convênio não
se admite a inserção de cláusula obrigatória da permanência ou sancionadora dos denuncian-
48
tes. O TJSP já decidiu nesse sentido, in RJTSP 95/61. No contrato formam-se vínculos entre
as partes, com a estipulação de direitos, obrigações, encargos e responsabilidades.
Di Pietro (2008, p. 319) ensina que o convênio “tem em comum com o contrato o fato
de ser um acordo de vontades”, mas este no que tange ao convênio apresenta características
próprias, de acordo com o que preceitua o artigo 116, caput, da Lei Federal n.° 8.666/1993 e
suas alterações, pois suas normas se aplicam aos convênios “no que couber.” Prosseguindo ela
assinala que se os “convênios tivessem natureza contratual, não haveria necessidade dessa
norma, porque a aplicação da Lei já decorreria dos artigos 1° e 2°.”
Na análise das diferenças entre contrato e convênio, além do que já foi apontado, a re-
ferida autora denomina o convênio como “ato coletivo”, no qual “todos os participantes que-
rem a mesma coisa.” Assim, os entes conveniados têm “objetivos institucionais comuns e se
se reúnem, por meio de convênio, para alcançá-los”, com a citação, como exemplo, dos “con-
vênios celebrados entre Estados e entidades particulares tendo por objeto a prestação de servi-
ços de saúde ou educação.”
Candeia (2005, p. 26) anota como uma das principais diferenças entre os institutos re-
trocitados a de que o convênio não visa ao lucro, pois o seu objeto representa interesse co-
49
mum entre o concedente e o convenente. De outro lado, nos contratos de natureza pública ou
privada, caracterizados pela prestação de um serviço por determinada entidade, está presente
o “objetivo de auferir lucro por parte daquele que os celebra com a Administração.”
18
Artigo 48. Os serviços de interesse recíproco dos órgãos e entidades de administração federal e de outras
entidades públicas ou organizações particulares, poderão ser executados sob regime de mútua cooperação, medi-
ante convênio, acordo ou ajuste.
§ 1º Quando os participantes tenham interesses diversos e opostos, isto é, quando se desejar, de um lado, o objeto
do acordo ou ajuste, e de outro lado a contraprestação correspondente, ou seja, o preço, o acordo ou ajuste cons-
titui contrato.
§ 2° Verificada a conveniência administrativa, poderá ser realizada por meio de contrato, a gestão de recursos
originários de empréstimos externos e a correspondente contrapartida local, para financiamento de programas ou
projetos, por órgãos ou entidades da Administração Federal.
Referido artigo foi revogado pelo Decreto Federal n.° 6.170/2007, de 25/7/2007.
50
A mencionada autora anota que no tocante aos convênios entre “órgãos e entes estatais
e entidades particulares, o que, sobretudo, fundamenta a desobrigação de licitação é a especi-
ficidade do objeto e da finalidade”. No entanto, ela destaca que se a “Administração pretender
realizar convênio para resultado e finalidade que poderão ser alcançados por muitos, deverá
ser realizada licitação ou se abrir a possibilidade de conveniar sem limitação, atendidas as
condições fixadas genericamente; se assim não for, haverá ensejo para burla, acobertada pela
acepção muito ampla que se queira dar aos convênios.”
O doutrinador retrocitado prossegue afirmando que para “travar convênios com enti-
dades privadas – salvo quando o convênio possa ser travado com todas as interessadas – o su-
jeito público terá que licitar ou, quando impossível, realizar algum procedimento que assegure
o princípio da igualdade.”
sário certame licitatório, sob pena de infringência à norma constitucional prevista no artigo
37, inciso XXI, da Carta Republicana.”
19
Nos termos do artigo 1° do Decreto Federal n.° 5.504/2005, de 5/8/2005 , a União
determinou a inserção de cláusula nos instrumentos de formalização, renovação ou aditamen-
to de convênios, que utilizem recursos federais ou bens repassados voluntariamente pelo Go-
verno Federal, em que conste determinação para que as obras, compras, serviços e alienações
a serem realizadas por entes públicos ou privados, sejam contratados mediante processo de
licitação pública, na modalidade pregão, preferencialmente na forma eletrônica.
19
Artigo 1o Os instrumentos de formalização, renovação ou aditamento de convênios, instrumentos congêneres
ou de consórcios públicos que envolvam repasse voluntário de recursos públicos da União deverão conter cláu-
sula que determine que as obras, compras, serviços e alienações a serem realizadas por entes públicos ou priva-
dos, com os recursos ou bens repassados voluntariamente pela União, sejam contratadas mediante processo de
licitação pública, de acordo com o estabelecido na legislação federal pertinente.
§ 1o Nas licitações realizadas com a utilização de recursos repassados nos termos do caput, para aquisição de
bens e serviços comuns, será obrigatório o emprego da modalidade pregão, nos termos da Lei n.o 10.520, de 17
de julho de 2002, e do regulamento previsto no Decreto n.o 5.450, de 31 de maio de 2005, sendo preferencial a
utilização de sua forma eletrônica, de acordo com cronograma a ser definido em instrução complementar.
§ 2 o A inviabilidade da utilização do pregão na forma eletrônica deverá ser devidamente justificada pelo dirigen-
te ou autoridade competente.
§ 3o Os órgãos, entes e entidades privadas sem fins lucrativos, convenentes ou consorciadas com a União, pode-
rão utilizar sistemas de pregão eletrônico próprios ou de terceiros.
§ 4o Nas situações de dispensa ou inexigibilidade de licitação, as entidades privadas sem fins lucrativos, observa-
rão o disposto no art. 26 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo a ratificação ser procedida pela ins-
tância máxima de deliberação da entidade, sob pena de nulidade.
§ 5o Aplica-se o disposto neste artigo às entidades qualificadas como Organizações Sociais, na forma da Lei
n.o 9.637, de 15 de maio de 1998, e às entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público, na forma da Lei n.o 9.790, de 23 de março de 1999, relativamente aos recursos por elas administrados
oriundos de repasses da União, em face dos respectivos contratos de gestão ou termos de parceria.
52
Medauar (2006, p. 227) assinala que, consoante o exposto no início deste item, parte
da doutrina distingue convênios de contratos, no entanto, ela apresenta argumentos em ressal-
va àquelas diferenças, denotando que não se fixa a distinção entre os mencionados conceitos.
Nessa direção, a referida autora destaca que, no tocante aos interesses, a presença do
poder público num dos pólos ou em ambos dos convênios e contratos evidencia que necessa-
riamente o interesse público será o fim visado pelos mesmos. Por outro lado, ela ressalta que
nos “convênios celebrados com particular poder-se-ia argumentar que este não atua com fim
de interesse público, havendo, então, interesses contrapostos.”
No que tange à remuneração, Medauar (2006, p. 227) aponta que “nem sempre nos
contratos administrativos uma das partes remunera a outra, como ocorre na concessão de ser-
viço público, na concessão de serviço antecedida de obra, em que inexiste preço como contra-
prestação recíproca, bem mais peculiar se apresenta a concessão para radiodifusão sonora e
53
por imagem, na qual nem existe tarifa paga pelo usuário; e tais tipos incluem-se entre os con-
tratos administrativos”.
Pelo exposto, conclui-se que o conceito doutrinário de convênio não é completo, nem
suficiente para defini-lo, mormente em face da presença de pessoa privada como partícipe,
porquanto não parece razoável, nem condizente com a realidade prática, exigir-se do particu-
lar que atue sob a orientação da busca do interesse público. Acrescente-se que a análise efetu-
ada neste item do trabalho revelou a dificuldade na determinação das distinções características
entre convênio e contrato.
A Constituição da República, no seu artigo 37, § 8°, conquanto não mencione o termo
contrato de gestão, preceitua que a autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos
e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, que te-
nha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dis-
por sobre o prazo de duração do contrato, os controles e critérios de avaliação de desempenho,
direitos, obrigações e responsabilidades, a remuneração do pessoal.
A Lei Federal n.° 9.637/1998, de 15/5/1998, que dispõe acerca da qualificação de en-
tidades, sem fins lucrativos, como organizações sociais, prevê, expressamente, nos seus arti-
gos 5°, 6° e 7°, o contrato de gestão, pelo qual se estabelece vínculo jurídico entre a Adminis-
tração Pública e a organização social.
54
A doutrina atualizada de Meirelles (2006, p. 267) anota que o contrato de gestão, con-
soante o artigo 5°, da Lei Federal n.° 9.637/1998, é o “instrumento a ser firmado entre o Poder
Público e a entidade qualificada como organização social, com vistas à formação de parceria
entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas relacionadas no artigo
1°.”
Nessa senda, o citado ajuste destina-se a transferir a gestão de atividade, órgão ou en-
tidade pública para a iniciativa privada; contudo, apenas para entes que possuam capacitação
comprovada pela Administração Pública, com diretrizes que evidenciem ênfase no atendimen-
to do cidadão-cliente, nos resultados qualitativos e quantitativos, nos prazos pactuados e no
controle social das atividades desenvolvidas, segundo o que preceitua o artigo 20 da Lei Fede-
ral n.° 9.637/1998 20.
20
Art. 20. Será criado, mediante decreto do Poder Executivo, o Programa Nacional de Publicização - PNP, com
o objetivo de estabelecer diretrizes e critérios para a qualificação de organizações sociais, a fim de assegurar a
absorção de atividades desenvolvidas por entidades ou órgãos públicos da União, que atuem nas atividades refe-
ridas no art. 1o, por organizações sociais, qualificadas na forma desta Lei, observadas as seguintes diretrizes:
I - ênfase no atendimento do cidadão-cliente;
II - ênfase nos resultados, qualitativos e quantitativos nos prazos pactuados;
III - controle social das ações de forma transparente.
21
Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo anterior habilitem-se à
qualificação como organização social:
I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:
a) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;
b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes financeiros no desenvol-
vimento das próprias atividades;
c) previsão expressa de a entidade ter, como órgãos de deliberação superior e de direção, um conselho de admi-
nistração e uma diretoria definidos nos termos do estatuto, asseguradas àquele composição e atribuições norma-
tivas e de controle básicas previstas nesta Lei;
d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de representantes do Poder Público e de
membros da comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral;
e) composição e atribuições da diretoria;
f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da União, dos relatórios financeiros e do relatório de
execução do contrato de gestão;
g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma do estatuto;
56
recebe a qualificação, que pode ser cancelada, por descumprimento das disposições contidas
no contrato de gestão.
Di Pietro (2008, p. 473) ressalta que para a adequação da organização social aos “prin-
cípios constitucionais que regem a gestão do patrimônio público” seria necessário, no míni-
mo:
Bandeira de Mello (2011, p. 242) entende que as “qualificações como organização so-
cial que hajam sido ou venham a ser feitas nas condições da Lei 9.637, de 15.5.98, são inváli-
das, pela flagrante inconstitucionalidade de que padece tal diploma.”
h) proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer hipótese, inclusive em ra-
zão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da entidade;
i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe foram destinados, bem
como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades, em caso de extinção ou desqualificação, ao pa-
trimônio de outra organização social qualificada no âmbito da União, da mesma área de atuação, ou ao patrimô-
nio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, na proporção dos recursos e bens por estes
alocados.
57
Por outro lado, no que tange à execução do contrato de gestão, a teor do que preceitua
o artigo 11 do Decreto Federal n.° 6.170/2007, no que concerne à aquisição de produtos e à
contratação de serviços por entidades privadas sem fins lucrativos que recebem transferências
de recursos da União, mediante convênios e contratos de repasse, nos moldes do disposto no
artigo 116 da Lei Federal n.° 8.666/1993, deve ser realizada, no mínimo, cotação prévia de
preços no mercado antes da celebração do contrato, sem embargo da observância dos princí-
pios da impessoalidade, moralidade e economicidade.
Nos termos dos artigos 9° e 10 da Lei Federal n.° 9.637/1998, os responsáveis pela
fiscalização da execução do contrato de gestão, ao tomarem conhecimento de qualquer irregu-
laridade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública por organização
social, dela darão ciência ao Tribunal de Contas respectivo, sob pena de responsabilidade so-
lidária, e quando a gravidade dos fatos ou o interesse público, assim exigir, havendo indícios
fundados de malversação de bens ou recursos de origem pública, os responsáveis pela fiscali-
zação representarão ao Ministério Público ou à Procuradoria da entidade para que requeira ao
juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos
bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
O contrato de gestão poderá ser utilizado pelos entes federados, de acordo com o dis-
ciplinado nas respectivas leis editadas para aquele mister, tendo em vista que a sua execução
sujeita-se ao controle de resultado no que tange à realização das metas nele estabelecidas.
58
22
No Estado de São Paulo a Lei Complementar Estadual n.° 846/1998, de 4/6/1998 ,
23
regulamentada pelo Decreto Estadual n.° 43.493/1998, de 29/9/1998 , dispõe a respeito do
contrato de gestão firmado entre o Poder Público e a organização social visando à formação
de parceria para fomento e execução de atividades dirigidas à saúde, à cultura, ao esporte e ao
atendimento ou promoção dos direitos das pessoas com deficiência.
22
Com a redação alterada pelas Leis Complementares Estaduais n°s 971/2005, de 10/1/2005; 1.095/2009, de
18/9/2009 e 1.131/2010, de 27/12/2010.
23
Com a redação alterada pelos Decretos Estaduais n°s 50.611/2006, de 30/3/2006; 50.659/2006, de 30/3/2006;
50.941/2006, de 5/7/2006; 53.330/2008, de 18/8/2008; 53.375/2008, de 5/9/2008; 54.340/2008, de 15/5/2009 e
57.108/2011, de 6/7/2011.
59
como serviços públicos, por entidades da Administração Pública, resultando na extinção des-
tas últimas.”
De outro giro, no que tange às Oscip essa “intenção não resulta, implícita ou explici-
tamente, da lei, pois a qualificação da entidade como tal não afeta em nada a existência ou as
atribuições de entidades ou órgãos integrantes da Administração Pública.”
b) constituída por particulares, deve habilitar-se perante o Ministério da Justiça para obter a
qualificação, a teor do disposto no artigo 5° da Lei Federal n.° 9.790/1999;
c) deve atuar em pelo menos uma das seguintes áreas: assistência social; promoção da cultu-
ra, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da educação ou
da saúde; promoção da segurança alimentar e nutricional; defesa, preservação e conservação
do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; promoção do voluntariado;
promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; experimentação, não
lucrativa, de novos modelos socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comér-
cio, emprego e crédito; promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e
60
d) o vínculo com a Administração Pública é estabelecido por meio de termo de parceria, que
deve conter como cláusulas essenciais: o objeto, com a especificação do programa de trabalho
proposto pela Oscip; a estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respecti-
vos prazos de execução ou cronograma; os critérios objetivos de avaliação de desempenho,
mediante indicadores de resultado; a previsão de receitas e despesas, estipulando item por
item as categorias contábeis usadas pela organização, com detalhamento das remunerações e
benefícios do pessoal a serem pagos, com recursos oriundos ou vinculados ao termo de parce-
ria, a seus diretores, empregados e consultores; obrigatoriedade de apresentação de relatório
anual, com comparação entre as metas propostas e os resultados alcançados, acompanhado de
prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente realizados, independente das previsões
acima mencionadas; publicação na imprensa oficial do Município, do Estado ou da União,
conforme o alcance das atividades celebradas entre o órgão parceiro e a organização da socie-
dade civil de interesse público, de extrato do termo de parceria e de demonstrativo da sua exe-
cução física e financeira, conforme modelo simplificado estabelecido no regulamento da lei
em comento, sob pena de não liberação dos recursos previstos no termo de parceria, de acordo
com o que determina o artigo 10, § 2°, do diploma legal acima mencionado;
f) fomento pelo Poder Público ou cooperação entre Poder Público e entidade privada, cujas
modalidades não estão especificadas no texto da aludida lei, que faz referências a bens ou re-
cursos de origem pública;
Geral da União ou à Procuradoria da entidade, para que requeiram ao juízo competente a de-
cretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos bens de seus dirigentes,
bem como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado
dano ao patrimônio público. Ademais, estão previstos a investigação, o exame e o bloqueio de
bens, contas bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no país e no exterior, conforme
o contido no artigo 13 da Lei Federal n.° 9.790/1999.
Acrescente-se que o texto da Lei Federal n.° 9.790/1999 não prevê a faculdade de ces-
são especial de servidor pelo Poder Executivo, nem a destinação de bens públicos para as Os-
cip.
O texto do artigo 9° da Lei Federal n.° 9.790/1999 24 traz a definição do termo de par-
ceria, que, segundo a doutrina atualizada de Meirelles (2006, p. 268), “embora tecnicamente
imperfeita, indica o vínculo de cooperação como sua característica.” Assim, o termo de parce-
ria firmado entre o Poder Público e as organizações da sociedade civil de interesse público, de
comum acordo, discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias, a
teor do que preceitua o artigo 10, caput, do diploma legal acima mencionado, consoante o
descrito na alínea “d” supra.
24
Artigo 9o Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento passível de ser firmado entre
o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público destina-
do à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse
público previstas no art. 3o desta Lei.
62
Esses pontos são semelhantes aos fixados para o contrato de gestão, contudo, este e o
termo de parceria não se configuram como contratos, pois em ambos não há interesses contra-
ditórios, mas convergentes.
Releva ressaltar que o texto do artigo 19 do Decreto Federal n.° 3.100/1999 previa
obrigação da Oscip realizar auditoria independente da aplicação dos recursos objeto do termo
de parceria, nos casos em que o montante de recursos fosse maior ou igual a R$ 600.000,00
(seiscentos mil reais).
Todavia, essa regra foi mitigada pelo disposto na alínea “c”, inciso VII, do artigo 4° da
Lei Federal n.° 9.790/1999, de 23/3/1999, que determinou “a realização de auditoria, inclusi-
ve por auditores externos independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos ob-
jeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento”.
63
De igual modo, a outorga dos títulos de utilidade pública e organização social, bem
como a qualificação de Oscip, dependem de lei de cada ente da Federação, sem embargo de
que sejam firmados ajustes com as organizações da sociedade civil de interesse público quali-
ficadas pela União.
Nessa esteira, Di Pietro (2008, p. 477) preleciona que, na ausência de lei sobre a maté-
ria, os entes da federação podem celebrar convênios com entidades do terceiro setor, com
fundamento no artigo 116 da Lei Federal n.° 8.666/1993, uma vez que os termos de parceria
têm a mesma natureza dos convênios. Aduz, ainda, que a verba transferida pelo Poder Público
à entidade privada não integra o seu patrimônio, mantendo a natureza de dinheiro público, o
que a obriga a prestar contas, sob pena de ilegalidade.
Impende ressaltar que o artigo 13 do referido diploma legal determina que a Oscip rea-
lize auditoria independente da aplicação dos recursos objetos do termo de parceria, nos casos
em que o valor do dispêndio seja igual ou superior a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais).
No que tange ao processo de escolha da Oscip, cabe ao órgão estatal parceiro, a título
de providências preliminares, preparar, com clareza, objetividade e detalhamento, a especifi-
cação técnica do bem, do projeto, da obra ou do serviço a ser obtido ou realizado por meio do
termo de parceria.
64
Nos termos do artigo 23 do Decreto Federal n.° 3.100/1999 25, com a redação alterada
pelo texto do Decreto Federal n.° 7.568, de 16/9/2011, a escolha da Oscip pelo Poder Público,
para a celebração do Termo de Parceria, deverá ser feita por meio de publicação de edital de
concursos de projetos pelo órgão estatal parceiro para obtenção de bens e serviços e para a
realização de atividades, eventos, consultoria, cooperação técnica e assessoria.
A disciplina dessa matéria por Estados e Municípios, mediante a edição dos respecti-
vos diplomas legais, deve prever procedimento que garanta a igualdade de participação a to-
dos os interessados.
25
Artigo 23. A escolha da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, para a celebração do Termo de
Parceria, deverá ser feita por meio de publicação de edital de concursos de projetos pelo órgão estatal parceiro
para obtenção de bens e serviços e para a realização de atividades, eventos, consultoria, cooperação técnica e
assessoria.
§ 1o Deverá ser dada publicidade ao concurso de projetos, especialmente por intermédio da divulgação na pri-
meira página do sítio oficial do órgão estatal responsável pelo Termo de Parceria, bem como no Portal dos Con-
vênios a que se refere o art. 13 do Decreto no 6.170, de 25 de julho de 2007.
§ 2o O titular do órgão estatal responsável pelo Termo de Parceria poderá, mediante decisão fundamentada, ex-
cepcionar a exigência prevista no caput nas seguintes situações:
I - nos casos de emergência ou calamidade pública, quando caracterizada situação que demande a realização ou
manutenção de Termo de Parceria pelo prazo máximo de cento e oitenta dias consecutivos e ininterruptos, con-
tados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação da vigência do instrumento;
II - para a realização de programas de proteção a pessoas ameaçadas ou em situação que possa comprometer sua
segurança; ou
III - nos casos em que o projeto, atividade ou serviço objeto do Termo de Parceria já seja realizado adequada-
mente com a mesma entidade há pelo menos cinco anos e cujas respectivas prestações de contas tenham sido
devidamente aprovadas.
§ 3o Instaurado o processo de seleção por concurso, é vedado ao Poder Público celebrar Termo de Parceria para
o mesmo objeto, fora do concurso iniciado.
65
O artigo 3° do Decreto Federal n.° 6.170/2007, com a redação alterada pelos Decretos
Federais n°s 6.428/2008, de 14/4/2008, e 6.497/2008, de 30/6/2008, determina que a partir de
1/9/2008 as entidades privadas sem fins lucrativos devem efetuar cadastro prévio no Sistema
de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse – SICONV para a celebração de convênio ou
contrato de repasse 26 com órgãos e entidades da administração pública federal.
26
Conforme o artigo 1°, § 1°, II do Decreto Federal n.° 6.170/2007, o contrato de repasse é instrumento admi-
nistrativo por meio do qual a transferência dos recursos financeiros se processa por intermédio de instituição ou
agente financeiro público federal, atuando como mandatário da União.
66
rão acesso ao SICONV, podendo incluir no referido Sistema informações que tiverem conhe-
cimento a respeito da execução dos convênios publicados.
3.2 Banco de dados - Estado: Sistema Integrado de Convênios do Estado de São Pau-
lo, Cadastro Estadual de Entidades – CEE e Certificado de Regularidade Cadastral de
Entidades – CRCE.
Para fins do disposto no referido diploma legal são consideradas entidades da socieda-
de civil as pessoas jurídicas de direito privado, constituídas na forma de associação e funda-
ção, consoante o que estabelecem os artigos 53 e 62 da Lei Federal n.º 10.406, de 10/1/2002,
Código Civil Brasileiro, inclusive as organizações sociais – OS e as organizações da socieda-
de civil de interesse público – OSCIP, nos termos da legislação vigente.
27
Revogou o Decreto Estadual n.° 56.393/2010, de 11/11/2010, que condicionou a celebração de convênios
entre os órgãos da Administração direta e autárquica e instituições ao cadastramento prévio destas no Sistema
Integrado de Convênios do Estado de São Paulo, instituído pelo Decreto Estadual nº 52.479, de 14/12/2007.
67
são do CRCE, realizando vistorias prévias nas entidades, no que se refere à análise institucio-
nal e documental, dentre outras providências administrativas que possam ser requeridas.
O Cadastro de Parceiros do Terceiro Setor – CPATES foi instituído pelo Decreto Es-
tadual n.° 51.291/2006, de 22/11/2006, e as entidades que o integram foram cadastradas no
Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios – SIAFEM/SP,
como Unidades Gestoras Financeiras – UGFs, consoante as disposições expressas no Decreto
Estadual n.° 51.346/2006, de 8/12/2006.
3.3 A atuação do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo na fiscalização dos re-
passes públicos ao Primeiro e Terceiro Setor.
Instruções n°s 1/2008 e 2/2008, vigentes a partir de 1/1/2009, para a área estadual e munici-
pal, respectivamente.
Os convênios, contratos de gestão e termos de parceria, cujos valores totais são iguais
ou superiores aos estabelecidos para remessa ao TCESP devem ser formalizados pelos órgãos,
em processos próprios, com o conteúdo discriminado nos artigos pertinentes das respectivas
Instruções, observando que a documentação seja autenticada pelo órgão, a par da juntada do
termo de ciência e notificação e do cadastro do responsável pela assinatura do ajuste, para
apresentação, na data fixada nas Instruções, no setor de Protocolo do Tribunal.
a) a observância da data limite para apresentação das comprovações anuais, que não poderá
ultrapassar o dia 31 de janeiro do exercício seguinte à transferência dos recursos;
VI – a descrição do objeto dos recursos repassados, dos resultados alcançados e qual a eco-
nomicidade obtida em relação ao previsto em programa governamental;
VIII – a regularidade dos gastos efetuados e sua perfeita contabilização, atestados pelos con-
troles internos do beneficiário e do órgão concessor;
XI – que as cópias dos documentos das despesas correspondem aos originais apresentados
pelo beneficiário, em que constam o tipo de repasse obtido e o órgão repassador a que se refe-
rem;
A fiscalização in loco realiza algumas visitas às entidades do terceiro setor que recebe-
ram recursos públicos no exercício em exame.
Nessa senda, visando contribuir com proposições para a consecução de objetivos estra-
tégicos institucionais, consistentes no aumento da efetividade das ações do TCESP; na contri-
buição para o cumprimento dos programas governamentais; no aprimoramento da análise das
contas anuais; na implementação de ações corretivas durante o exercício e na otimização dos
processos finalísticos; reunimos aspectos relativos à Controladoria e à Governança na Gestão
Pública, reportados no próximo tópico deste trabalho, e formulamos sugestões nas considera-
ções finais.
Segundo Slomski (2007, p. 16/17), o Estado informa seus atos à sociedade por inter-
médio de prestações de contas, no entanto, ele identifica uma “brutal assimetria informacio-
nal, pois o Estado informa, mas o cidadão não entende.” Portanto, é preciso compreender a
prestação de contas e para quem o Estado presta contas.
Slomski (2007, p. 33/34) anota que, tal como nas empresas privadas, “não é possível
monitorar todas as ações dos servidores públicos, pois o Agente (gestor eleito – prefeito, no
município) possui muito mais informações sobre a entidade que dirige do que o Principal (ci-
dadão).” Em consequência, gera-se “assimetria informacional externa, dado que o cidadão
não sabe com certeza se o Agente está maximizando o retorno de seu capital na produção de
bens e serviços como ele desejaria.”
De outro lado, ele identifica também a ocorrência de “assimetria interna, haja vista que
os servidores públicos, na qualidade de Agentes, possuem mais informações sobre suas áreas
de atuação do que o gestor eleito, na condição de Principal.” Nesse sentido, o prefeito “não
tem informações suficientes para saber com exatidão se todos os componentes” estão seguin-
72
do as suas “diretrizes, a fim de alcançar a maximização que ele deseja para poder prestar con-
tas ao cidadão.”
Pela análise da cadeia Agente-Principal, nos seus diversos estágios, o referido autor
observa a existência de relação de agência no Estado e, como consequência, ocorre a assime-
tria informacional, por “não ser possível monitorar todas as atitudes dos agentes.”
Slomski (2007, p. 100) pondera que, “num país capitalista com mercado competitivo”,
o preço é composto por duas variáveis: “custo e margem (ou lucro), de modo que ainda que se
trate do menor preço de mercado, essas duas variáveis estarão embutidas.”
De outra banda, o prejuízo econômico indica ineficiência, que enseja a revisão pela
sociedade de toda a estrutura do agenciamento.
O citado autor (2007, p. 17) anota que a sociedade “cria inúmeras entidades, algumas
denominadas de entidades públicas governamentais e outras de entidades públicas não gover-
namentais (Terceiro Setor), que agem precipuamente nas falhas do governo ou onde o gover-
no não pode, ou não caracteriza a atividade como prioritária, ou seja, em funções que deveri-
am ser desenvolvidas pelo Estado.”
Assim, ele ressalta que o controller deve ter as “entidades públicas não governamen-
tais (Terceiro Setor) como supridoras de serviços públicos governamentais quando da conces-
são de subvenções, de isenções, de imunidades fiscais e trabalhistas e, assim, deve cobrar em
suas prestações de contas os resultados físicos, financeiros e econômicos para que a sociedade
possa avaliar os seus desempenhos frente aos benefícios concedidos.”
73
Slomski (2007, p. 27/28) assevera que entidades prestadoras de serviços, como, por
exemplo, postos de saúde, escolas, tendo em conta que “maximizam o retorno do capital aos
cidadãos, via oferecimento de serviços que atendem às necessidades meritórias, assim, asse-
melham-se às entidades com fins lucrativos.”
Ele ensina que no país “onde prevalecem as leis de mercado, é sabido que todas as ne-
cessidades meritórias têm preços de mercado e, por isso, ao usufruir um serviço prestado pelo
Estado, em qualquer de suas esferas, há uma transferência de renda econômica ao cidadão.”
Slomski (2007, p. 37) salienta que “quando todas as entidades públicas não governa-
mentais, ditas do Terceiro Setor, prestarem contas, a sociedade brasileira saberá o montante
com que a sociedade civil está contribuindo para o atendimento de necessidades que são “a
priori” função do Estado brasileiro e, ainda, os doadores de recursos poderão observar se a
maioria dos recursos está sendo destinada, por exemplo, para manter a administração da enti-
dade ou para manter a assistência ao idoso.”
Ademais, o autor (2007, p. 40/41) aponta situações de risco moral, nas quais as ações
dos agentes econômicos visam maximizar suas próprias utilidades, mesmo que em detrimento
da função utilidade de terceiros. Dessarte, a oferta de um serviço público com qualidade e
tempestividade a um cidadão, semelhante ao que ele vinha obtendo na rede privada, pode des-
locar a sua demanda de utilização para aquele serviço.
Em consequência, o aludido serviço público sofrerá impacto não previsto no seu di-
mensionamento, uma vez que este, em regra, considerou uma demanda estimada que poderá
ser superada quando forem atingidos pontos ótimos de qualidade, sendo certo que o Estado e
suas entidades não conseguem monitorar a real necessidade do cidadão que os procura para a
fruição dos serviços públicos.
O referido autor (2007, p. 18) destaca a contabilidade de custos como “tema de grande
relevância para a administração pública”, porquanto “com esse instrumento o gestor público
terá clareza de quanto custa o serviço público oferecido à sociedade.”
74
Acrescente-se que, com base nessa informação, o gestor pode tomar as melhores deci-
sões quanto às alternativas de produzir ou de comprar produtos e serviços ou, ainda, de priva-
tizar estes.
Slomski (2007, p. 18) preconiza a implantação de sistemas de custos nas entidades pú-
blicas como “forma de minimização da assimetria informacional entre o Estado e a sociedade,
tendo números sobre os custos dos serviços prestados.”
O mencionado autor assinala também que é “preciso evidenciar para a sociedade qual
foi o resultado econômico produzido pelo gasto, quais e quantos foram os serviços prestados,
qual é seu preço de mercado, qual a receita econômica produzida, se a entidade está produzin-
do lucro ou prejuízo econômico.”
Nesse diapasão, ele assevera que a “eficiência na gestão dos recursos públicos é algo
que deve ser perseguido”, aduzindo que essas informações minimizam a assimetria informa-
cional entre o Estado e a sociedade.”
O aludido autor (2007, p. 98) preleciona que para efeito do cálculo da receita econô-
mica deve-se considerar “como custo de oportunidade o menor preço de mercado a vista, com
similar qualidade e oportunidade daquele que o cidadão desprezou ao utilizar o serviço públi-
co.” Releva frisar que o custo contábil da realização do serviço público não é utilizado para a
elaboração do cálculo supradito.
75
Esse contracheque mostra os serviços prestados pelo Estado ao cidadão aos seus cus-
tos de oportunidade e, ainda, as ações compensatórias estatais, mediante as transferências de
valores em espécie ou por meio da distribuição gratuita de materiais ao cidadão e seus famili-
ares, como forma de redistribuição de renda e de minimização da fome e da pobreza.
O autor retrocitado (2007, p. 115/116) afirma que o Estado deve ser avaliado “pelo va-
lor dos serviços que presta, e não pelo montante que consumiu para tal realização.” Desse
modo, o custo de oportunidade dos serviços públicos utilizados pelo cidadão em determinado
período é o que se soma ao seu rendimento, uma vez que “se não existisse o Estado, esses
serviços seriam cobrados pelos seus preços de mercado.”
Outro objetivo visa melhorar o desempenho das entidades públicas, com a execução
de ações no ambiente interno, consistentes na adoção de medidas saneadoras e no desenvol-
vimento das potencialidades dos recursos públicos, e no ambiente externo, com a disponibili-
dade dos fatores que atraiam investimentos da iniciativa privada, com a geração de emprego e
renda, sem a ocorrência de externalidades negativas, a par das medidas corretivas para o cum-
primento das disposições legais relativas à consecução do bem-estar social.
Facilitar o acesso ao capital a custos mais baixos pelas entidades públicas é objetivo a
ser alcançado por um governo bem gerido, uma vez que os investidores terão maiores garanti-
as ao emprestarem ao poder público.
Incumbe ao gestor público ter como objetivo a criação de condições para assegurar a
perenidade dos serviços oferecidos à sociedade, com atributos de qualidade e de tempestivi-
dade.
No tocante aos princípios básicos que inspiram o aludido código, aplicáveis às entida-
des públicas governamentais, a saber: a transparência, a equidade, a prestação de contas -
accountability - e a responsabilidade corporativa, anotamos as observações abaixo.
77
Nesse passo, assinalem-se as regras atinentes à transparência dos atos da gestão fiscal,
segundo as disposições contidas nos artigos 48, 48-A e 49 da Lei de Responsabilidade Fiscal,
com as redações alteradas pela Lei Complementar Federal n.° 131/2009, de 27/5/2009, que
transcrevemos a seguir:
“Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada
ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, or-
çamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo
parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de
Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.
Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os
entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a
informações referentes a:
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis,
durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico res-
ponsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e institui-
ções da sociedade.
Essa transparência pode ser melhorada, de forma significativa, com a adoção de ins-
trumentos como a Demonstração do Resultado Econômico e o contracheque econômico, pro-
piciando simetria informacional entre o Estado e a sociedade.
Releva registrar que a ausência de prestação de contas pelo Município autoriza a de-
cretação de sua intervenção pelo Estado, a teor do estabelece o inciso II, do artigo 35, da
Constituição Federal. Acrescente-se que deixar de prestar contas em face da obrigação de fa-
zê-la constitui ato de improbidade administrativa, consoante o que preceitua o inciso VI, do
artigo 11, da Lei Federal n.° 8.429, de 2/6/1992.
O desempenho estatal deve ser rápido e oferecido para satisfazer os interesses da cole-
tividade e dos administrados em particular. O atraso da Administração Pública pode resultar
na responsabilidade de indenizar os prejuízos ocasionados ao interessado.
A obra atualizada de Meirelles (2006, p. 96) destaca que a eficiência é o “mais moder-
no princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas
com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimen-
to das necessidades da comunidade e de seus membros.”
80
Assim, a eficácia dos atos da administração pública será perceptível a médio e longo
prazo.
Considerações Finais.
e, ainda, no Cadastro de Parceiros do Terceiro Setor – CPATES, as quais poderão ser aferidas
e cotejadas entre si, bem como em relação às disponíveis no Sistema de Repasses ao Terceiro
Setor – SISRTS, mediante cruzamentos e intersecções com as registradas no Sistema Integra-
do de Administração Financeira para Estados e Municípios – SIAFEM/SP, no âmbito estadu-
al, e no AUDESP – Auditoria Eletrônica de Órgãos Públicos, no âmbito municipal.
Tendo presente as disposições contidas no artigo 116 da Lei Federal n.° 8.666/1993 e
as possibilidades de bloqueio das parcelas de recursos dos repasses públicos estaduais, medi-
ante a inserção de comandos no SIAFEM/SP, seja no tocante ao Primeiro Setor, seja no que
tange ao Terceiro Setor, caso constatada ocorrência de irregularidade pelo controle interno,
que deverá inserir sua confirmação de liberação das parcelas pendentes a cada 60 (sessenta)
dias.
De modo similar em relação aos repasses públicos municipais, com a emissão de aler-
tas pelo AUDESP – Auditoria Eletrônica de Órgãos Públicos à fiscalização, caso constatada
ocorrência de irregularidade pelo controle interno, que deverá inserir sua confirmação de libe-
ração das parcelas a cada 60 (sessenta) dias, a par da possibilidade de implantação de filtros
para sinalização das discrepâncias de valores e de alta incidência para determinadas entidades
beneficiárias, em regiões delimitadas.
Intensificar o acionamento das estruturas de controle interno nas áreas estaduais e mu-
nicipais, para gradual seletividade e redução da amostra anual da programação de fiscalização
in loco dos órgãos jurisdicionados.
Viabilizar estudo do uso de fotos de satélite, disponibilizadas, sem ônus, pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE para a verificação das obras e serviços de engenharia
contratados pela administração estadual e pelos municípios.
Tendo em vista que o Cartão Nacional de Saúde, introduzido em 1995, é uma das mais
importantes iniciativas de política pública de saúde no Brasil, porquanto cria um número úni-
co de identificação do usuário no Sistema Básico de Saúde. E, ainda, a vinculação desse nú-
mero ao procedimento realizado, ao profissional que o realizou e ao estabelecimento em que o
usuário foi atendido, de modo que possibilita a geração de informações essenciais para a ges-
tão da saúde pública.
82
O PROGRAB é uma ferramenta de programação, que tem como eixo estruturante a in-
tegralidade da atenção, abrangendo amplo escopo de ações desenvolvidas na rotina das equi-
pes de Atenção Básica, a saber, as áreas programáticas, a demanda espontânea, as atividades
de promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento e recuperação, as ações intersetori-
ais e interinstitucionais.
A priori, na programação das ações das equipes de Atenção Básica e Saúde da Família
seriam adotados os parâmetros nacionais para orientar o processo, a par da flexibilidade do
ProGRAB, cujas soluções de informática permitem modificações, inclusões e exclusões de
áreas, atividades e parâmetros, de modo a possibilitar adequação às realidades locais das
equipes de cada município, em consonância com o processo de programação local.
De outro giro, à luz das informações supra e das disponibilizadas pelo Sistema de
Controle de Admissões, Aposentadorias e Pensões – SisCAA – do TCESP, sugerimos a pes-
quisa dos nomes dos profissionais de saúde no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sa-
úde – CNES, do DATASUS, para verificação de ocorrências de acúmulos de cargos públicos.
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de Giselda Barroso Sauveur. – São Paulo: Fundap, 1996.
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85
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