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Educação Intercultural

Em uma reunião de professores de uma escola rural do sul do Chile, um grupo discute o papel que
deve representar a educação na inclusão de crianças indígenas, a fim de que possa participar e ter acesso à
cultura em igualdade de condições com as demais crianças do país. Seus comentários são os seguintes:

• “O papel do professor é ajudar seus alunos mapuches (*) e suas famílias a eliminar as atitudes
discriminatórias que assumem ante os chilenos. Isto porque, de maneira geral, são os mapuches que não
querem integrar-se. É necessário acabar com essa mentalidade separatista, já que todos somos iguais. Creio,
replica o professor, que se formos capazes de oferecer ao povo mapuche o mesmo que se propicia ao povo
chileno, reduziremos essas diferenças odiosas e nos trataremos como irmãos”.

• Uma outra professora – Fresia – não concorda, pois para ela resgatar as diferenças e aprofundar a
própria cultura é um requisito necessário para integrar-se à sociedade. “Nós devemos preparar a criança
mapuche para no futuro interagir com as duas culturas. Ou seja, prepará-lo tanto para participar da
sociedade chilena quanto para não renunciar a seu mundo, à sua identidade. Do contrário, não será nada”.

• Por sua vez, Ana expressa a opinião de que, às vezes, as diferenças apresentadas pelas crianças
mapuches nas escolas reduzem-se apenas a clichês que não necessariamente representam o verdadeiro
sentir de um povo. Por exemplo, “escolhemos uma menininha, vestimo-la com um traje mapuche e fazêmo-
la dançar. Isto nada mais é que folclorizar a cultura, não é resgatá-la ou valorizá-la de verdade. Quem sabe
o que essa menina está pensando ou sentindo? Talvez nem ela mesma saiba por que está ali fazendo o que
se está pedindo”.

• Professor recém-chegado à escola, Esteban entende que “preparar um aluno em sua cultura visa
melhorar sua autoestima, pois a sociedade dominante não irá levar em conta o seu mundo, e nela ele terá
que viver. Devemos fortalecê-los e, inclusive, dar lhes mais ferramentas que as que são dadas a outros
aluno(a)s não indígenas, já que a discriminação social à qual estarão expostos ao deixarem a escola será
muito forte. Quanto a nós, temos a grande responsabilidade de ajudá-los e prepará-los para que possam
enfrentar a discriminação e seguir em frente”.

• “Parece-me – comenta Estebam – que, aparentemente, alguns professores confundiram o


reconhecer as diferenças das diversas culturas com o fazer diferença no trato com pessoas de outra origem.
Assim, quando a criança mapuche compara sua cultura com a outra, o que está fazendo é discriminar-se a si
mesma.
• A monitora de religião, jovem colaboradora de Fresia e de origem mapuche, garante que ser
mapuche não é uma desvantagem: “Depende da pessoa: se alguém se comporta de maneira tímida,
permanecendo à margem, para que não a toquem ou não lhe digam nada, aí fica difícil. Há mapuches com
personalidade e outros, não.

Fresia acha os mapuches “um tanto tímidos, reagindo, de certa forma, ao desconhecido, ao
estrangeiro, com dificuldades de comunicação. São um pouco introvertidos, custa-lhes aproximar-se das
pessoas. Inclusive foi difícil para eles me receberem quando cheguei a esta comunidade”. Na família,
acrescenta a jovem, “a maneira de comunicar-se é aos poucos, contando as coisas lentamente, de forma
muito sincera”. Fresia domina a língua mapuche e comenta que “quando os alunos chegam à escola no
primeiro ano, já em processo de adaptação, demonstram conhecer várias coisas. Nota-se que há certa
pedagogia familiar. Quando lhes pergunto quanto é cinco, eles me indicam com a mão e me dizem quechu.
Falo com eles em mapudungún e eles me entendem. Percebo, além do mais, que muitos problemas de
aprendizagem decorrem deste desconhecimento de nossa língua e dos conceitos impostos às crianças.
Consequentemente, mais do que problemas de aprendizagem é uma questão de ensino”.
No que se refere às aprendizagens e aos valores dos mapuches, Fresia destaca serem transmitidos
por meio da natureza, da mãe terra. “Certa vez, aprendi muito com uma pessoa que não tinha muitos
conhecimentos, mas tinha uma grande sabedoria... Ela vivia em plena cordilheira. “Irmã”; Me disse: “vivo na
montanha, cada mahuida tem seu dono. Se eu entro em uma floresta para cortar uma lenha, peço permissão
à floresta; se eu entro em um pântano para apanhar pedras, tenho que pedir permissão ao pântano. E, assim,
cada coisa da natureza tem seu mulé (dono). “É assim que pensa o mapuche em relação ao que o rodeia”,
conclui.
Aplicar uma educação intercultural não é fácil, pensa Fresia. “Para um professor chileno, é difícil
aproximar-se do mapuche. É um processo que exige estreito contato com eles, para chegar a compreender
sua cultura, conhecer sua visão, seus talentos e sua grande riqueza humana, para compreender seus
problemas, para vincular-se a eles e crescer juntos...Por aí fui abrindo caminho. Creio que, se nós, os
professores, nos integrarmos, nos prepararmos, e nos interessarmos pelos programas interculturais,
sugerindo uma metodologia adequada para nossas crianças, poderemos conseguir muito mais. No entanto,
tudo isto deve constar das políticas educacionais nacionais, é preciso que haja um grande compromisso do
Estado e do Ministério da Educação. A meu ver, é preciso que um grupo de pessoas e profissionais trabalhe
neste sentido – e não só os professores”.
Fonte: Texto extraído do livro “Escuela Rural; Histórias de Microcentros. Gobierno de Chile. Ministerio de
Educación. Chile. Pp. 69 a 74. In: DUK, Cynthia. EDUCAR NA DIVERSIDADE: material de formação docente. 3.
ed. / edição do material Cynthia Duk. – Brasília: [MEC, SEESP], 2006.

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