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SUMÁRIO
Plenário
1. Faculdade de os próprios licitantes escolherem o prazo de duração do contrato;
2. Exigência de certificação ISO-9001 como requisito de habilitação;
3. Exigência de cumprimento do Processo Produtivo Básico para habilitação em certame
cujo objeto é o fornecimento de equipamentos de informática;
4. Autorização para homologação de licitação suspensa cautelarmente e para emissão da
respectiva nota de empenho;
5. Recomposição do equilíbrio contratual em razão de valorização cambial;
6. Substituição da medida cautelar de retenção de valores por prestação de garantia;
7. Identificação de sobrepreço em encargos sociais constantes do orçamento de obra cuja
licitação foi concluída e o respectivo contrato assinado;
8. Uso do pregão para contratação do estudo de impacto ambiental (EIA) de obra,
acompanhado do respectivo relatório (Rima);
9. Atribuição de pontos em licitação que tem por objeto a prestação de serviços de
advocacia – 1;
10. Atribuição de pontos em licitação que tem por objeto a prestação de serviços de
advocacia – 2;
11. Indicação de marca do software e sua contratação por inexigibilidade de licitação.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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indeferiu a medida cautelar pleiteada, mas determinou a oitiva dos responsáveis acerca da
suposta ilegalidade da regra editalícia. Decisão monocrática no TC-029.721/2009-0, proferida
no período de recesso do Tribunal, pelo Vice-presidente, no exercício da Presidência,
Ministro Benjamin Zymler, em substituição ao relator, Min. Walton Alencar Rodrigues,
20.01.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Produtivo Básico deveria ser elevada à condição essencial de aplicação da regra de preferência,
tal qual o requisito de o produto ter sido desenvolvido com tecnologia nacional, conforme art.
3º, I, e § 3º, da Lei n.º 8.248/91. Ao final, foi determinada a audiência do pregoeiro para
apresentar razões de justificativa acerca dos indícios de irregularidades suscitados, entre eles a
exigência restritiva à competitividade contida na cláusula 2.3 do edital do Pregão Eletrônico n.º
49/2009. Decisão monocrática no TC-023.068/2009-1, rel. Min. Benjamin Zymler,
20.01.2010.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Atribuição de pontos em licitação que tem por objeto a prestação de serviços de advocacia
-1
Representação formulada ao TCU apontou possíveis irregularidades perpetradas pela
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab/MAPA) no âmbito da Concorrência nº 12/2009,
que tinha por objeto a contratação de serviços especializados de advocacia perante as justiças
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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estadual, federal e do trabalho, com atuação em todas as instâncias dos tribunais com sede no
Distrito Federal. Alegou a representante que a atribuição de pontos a cada ano de registro da
sociedade de advogados na OAB não estaria devidamente motivada no projeto básico. Após
realizar análise sistêmica do edital, o relator considerou razoável a atribuição de pontuação
máxima de três pontos para tal quesito, ou seja, um ponto para cada ano de registro da sociedade
na OAB, critério que, no seu entender, não colocaria em desvantagem competitiva a grande
maioria dos potenciais concorrentes, nem privilegiaria as sociedades com muitos anos no
mercado. Tratar-se-ia, pois, de uma porção ínfima do conjunto de pontuação possível. Afirmou
ainda o relator que a natureza dos serviços a serem prestados (serviços jurídicos) faz com que
sua qualidade dependa basicamente da perícia profissional, a qual, em parte, é adquirida por
uma boa formação acadêmica, mas que depende basicamente da intensidade e da qualidade da
prática forense do quadro de advogados envolvido na prestação. Com base nesses argumentos,
concluiu o relator inexistir irregularidade quanto ao ponto específico, no que foi acompanhado
pelo Plenário. Acórdão n.º 33/2010-Plenário, TC-023.352/2009-8, rel. Min. Raimundo
Carreiro, 20.01.2010.
Atribuição de pontos em licitação que tem por objeto a prestação de serviços de advocacia
-2
Outra possível irregularidade indicada pela representante na Concorrência nº 12/2009, da
Conab, seria a atribuição de pontos à comprovada atuação profissional em ação rescisória
envolvendo relações de emprego, partindo o edital, a seu ver, do falso pressuposto de que um
profissional com experiência em ações rescisórias cíveis não teria conhecimento ou capacidade
para atuar em matéria trabalhista. Após ressaltar, no caso em apreço, a superioridade numérica
das ações trabalhistas em relação às cíveis e a prevalência do conhecimento de direito material
trabalhista em relação ao direito processual civil, concluiu o relator, com a anuência do
Plenário, não proceder a alegação da representante de que o critério de pontuação seria abusivo
pela similitude procedimental entre a ação rescisória trabalhista e a cível. Acórdão n.º 33/2010-
Plenário, TC-023.352/2009-8, rel. Min. Raimundo Carreiro, 20.01.2010.
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SUMÁRIO
Plenário
Parâmetro de preços para medicamentos e equipamentos hospitalares:
1 - Pesquisa de preço para o varejo e ganho de escala no atacado;
2 - Necessidade de banco de dados confiável;
Regularidade fiscal da filial que participa de licitação;
Concorrência para realização de obra:
1 - Projeto básico deficiente e elaboração do projeto executivo como atribuição do
licitante;
2 - Cotação, na planilha de preços das licitantes, de diversos itens por meio da rubrica
“verba” (vb) como unidade de medida;
3 - Exigência no edital, para fim de qualificação técnica, de profissional de nível superior
pertencente ao quadro permanente do licitante;
Pregão para realização de eventos:
1 - Descrição genérica do objeto;
2 - Ausência da previsão de quantidades;
3 - Critério de inexequibilidade do preço;
4 - Vícios insanáveis e anulação.
Primeira Câmara
Aditamento para incorporação de novos serviços ao contrato.
PLENÁRIO
Parâmetro de preços para medicamentos e equipamentos hospitalares: 1 - Pesquisa de
preço para o varejo e ganho de escala no atacado
Fiscalização na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SES/SP) e na Secretaria de Saúde
do Município de São Paulo (SMS/SP) apontou fragilidades em procedimentos adotados nas
contratações realizadas com recursos repassados pela União, envolvendo a aquisição de
medicamentos e equipamentos hospitalares. A administração socorria-se de fontes inadequadas
para obtenção do preço de mercado, as quais não refletiam o ganho de escala que poderia ser
obtido em face do volume comprado, como por exemplo dados obtidos na revista Simpro,
publicação que tem por objetivo divulgar preços dos fornecedores de medicamentos e outros
produtos de saúde para que seu público-alvo, farmácias e drogarias, possa formar o preço de
venda ao consumidor final. Esse procedimento teria conduzido à realização de contratações
desvantajosas, com sobrepreço, ferindo os princípios da economicidade e da eficiência, além de
ir de encontro à Lei de Licitações. Enfatizou o relator que o resultado não poderia ser outro
quando são utilizadas fontes de preços que servem ao mercado de varejo, como o da revista
Simpro, sem que sejam levados em consideração, nas pesquisas de preço, os volumes
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
envolvidos nas compras da administração pública. Como agravante, foi constatada a utilização
do sistema de registro de preços, propagando-se assim os efeitos do sobrepreço para todas as
unidades que, eventualmente, aderissem às atas constituídas, cujos preços estariam
superestimados. O Plenário, acolhendo proposição do relator, deliberou no sentido de
determinar à SES/SP e à SMS/SP que ao utilizarem recursos públicos federais, previamente à
realização de seus certames licitatórios e ao acionamento de atas de registro de preço, próprias
ou de outros órgãos, e periodicamente durante sua vigência, efetuem ampla pesquisa de
mercado, considerando os quantitativos, relevantes nas compras em grande escala, a fim de
verificar a aceitabilidade do preço do produto a ser adquirido, em observância aos arts. 3º, 15,
inc. V, e 40, inc. X, da Lei n.º 8.666/93. Além disso, foi determinado à SES/SP que se
abstivesse de prorrogar a vigência das atas de registro de preço resultantes das licitações
inquinadas, adotando, tempestivamente, medidas necessárias a novas contratações, a fim de
evitar desabastecimento de medicação e insumos necessários ao atendimento público. Acórdão
n.º 65/2010-Plenário, TC-000.295/2009-9, rel. Min. Aroldo Cedraz, 27.01.2010.
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rubrica “Verba” (Vb) como unidade de medida. Esse fato, por impossibilitar a mensuração do
custo unitário dos produtos, vai de encontro ao disposto nos arts. 6º, IX, “f”, e 7º, § 2º, II, e § 4º,
da Lei n.º 8.666/93. Não por outro motivo, ressaltou o relator, a jurisprudência do Tribunal
considera tal prática ilegal. Enfatizou ainda em sua proposta de deliberação que apesar de
admitida a orçamentação por verba, ela só deve ser aplicada quando não há como se definir
unidades, aferir quantitativos de consumos de materiais e de utilização de mão de obra e
equipamentos, ou ainda quando o serviço é praticamente imensurável. O relator considerou que,
no caso concreto, os itens cotados por meio de “Verba” – Tubos, Conexões e Caixas de
Inspeção, Instalações Elétricas Prediais e Instalações de Lógica e Telefone – eram perfeitamente
quantificáveis, sendo irregular, portanto, a mensuração daquela forma. Acolhendo manifestação
do relator, deliberou o Plenário no sentido de exarar determinação ao CINDACTA IV para que
observe o disposto no art. 7º, § 2º, II, da Lei n.º 8.666/1993, exigindo que o orçamento-base e as
propostas das licitantes contenham o devido detalhamento dos elementos, com composições de
custos unitários que especifiquem os materiais utilizados, mão de obra e equipamentos
empregados. Precedentes citados: Decisões n.os 615/2001 e 822/2002, ambas do Plenário,
Acórdãos n.os 1.588/2003-1ª Câmara, e 1.091/2007, 3.086/2008, 93/2009, todos do Plenário.
Acórdão n.º 80/2010-Plenário, TC-025.219/2009-7, rel. Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa,
27.01.2010.
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a anulação do certame, pois não há previsão da realização de eventos próximos que venham a
ser substancialmente afetados no caso de solução de continuidade da licitação. Acolhendo
proposição do relator, deliberou o Plenário no sentido de fixar prazo para o Comando do
Exército adotar as medidas necessárias à anulação do Pregão Eletrônico n.º 22/2009, bem como
do contrato dele decorrente, caso o ajuste já tenha sido firmado. Acórdão n.º 79/2010-Plenário,
TC-025.149/2009-0, rel. Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa, 27.01.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
Aditamento para incorporação de novos serviços ao contrato
Representação formulada ao TCU apontou possível irregularidade na execução do Contrato n.º
10/2007, celebrado entre o Ministério do Esporte e o consórcio Gabisom-Eletromídia, tendo por
objeto a prestação de serviços de comunicação privada para os Jogos Panamericanos de 2007.
Segundo o representante, haveria incompatibilidade entre os serviços integrantes da avença –
sonorização, vídeo, CATV e cabeamento – e os do termo aditivo – intercomunicação e
gerenciamento de radiocomunicação –, o que desautorizaria o aditamento. Após registrar que se
encontrava inserida no objeto do contrato a “operação” dos equipamentos de áudio e vídeo –
microfones, caixas acústicas, amplificadores, mixers, suportes, pedestais, vídeo boards, câmeras
de circuito fechado de televisão –, e constatar ainda ser imprescindível, para a boa prestação dos
serviços, que as equipes técnicas dispusessem de equipamentos de intercomunicação para, no
decorrer dos eventos, ajustar o posicionamento de câmeras, microfones e caixas de som, alterar
as áreas de captura de imagens, comutar câmeras e microfones captadores de imagens e sons,
concluiu o relator que os serviços de intercomunicação e radiocomunicação poderiam ser
incorporados ao contrato, por serem complementares aos originalmente pactuados. Frisou
também a inexistência de sobrepreço no aditivo celebrado, e ainda que o valor aditado – 13% do
inicial – seria inferior ao limite fixado no art. 65, § 1º, da Lei n.º 8.666/93. Por fim, elencou três
motivos para se concluir pela regularidade do aditamento: “pertinência entre os serviços
originalmente contratados e os aditados; observância do limite quantitativo de acréscimo; e
inexistência de sobrepreço nos serviços acrescidos”. Com base nesse entendimento, a Primeira
Câmara considerou a representação improcedente. Acórdão n.º 278/2010-1ª Câmara, TC-
030.476/2008-7, rel. Min. Walton Alencar Rodrigues, 26.01.2010.
SUMÁRIO
Plenário
Pregão para aquisição de equipamentos de informática:
1 - Alteração no objeto da licitação e necessidade de republicação do edital;
2 - Exigências restritivas ao caráter competitivo da licitação;
Exigência de que os cartuchos e toners sejam da mesma marca da impressora;
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PLENÁRIO
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Convite formulado a sociedades que possuem os mesmos sócios: 1 - Fraude à licitação que
enseja declaração de inidoneidade
Representação encaminhada ao TCU noticiou possíveis irregularidades na aplicação de recursos
de convênio celebrado entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e o
Município de Angicos/RN. O relator considerou presentes elementos suficientes para a
caracterização de fraude no Convite n.º 004/2004, que tinha por objeto a aquisição de veículo
automotor de transporte coletivo, tipo micro-ônibus, zero quilômetro, com capacidade para 16
passageiros, destinado à condução diária de alunos matriculados no ensino fundamental.
Primeiro, porque a confrontação das propostas indicou que, embora todas se referissem a micro-
ônibus, os veículos não poderiam ter seus preços comparados entre si, pois cada um possuía
uma série de acessórios diferenciados e, principalmente, motores com potências que variavam
de 90 a 145 cavalos-vapor, ou seja, eram bens com nítido desnível de qualidade. Segundo, a
proposta declarada vencedora, no preço de R$ 56.000,00, coincidia totalmente, inclusive nos
centavos, com o valor total indicado no instrumento do convênio. Tal fato causava estranheza
por se observar que o plano de trabalho do aludido ajuste apenas trazia definições genéricas do
bem licitado, sem contemplar especificações como potência do motor e tipos de acessórios que
deveriam ser incluídos. Terceiro, a coincidência entre os sócios de empresas licitantes afastava a
real competitividade entre elas. Segundo o relator, “a competitividade está associada à efetiva
disputa entre as participantes do certame, contudo, o que se observa quando essas licitantes
pertencem aos mesmos proprietários é que prevalece o interesse do grupo societário como um
todo em detrimento dos interesses isolados de cada empresa, de tal forma que não há mais
efetiva disputa entre essas empresas”. No caso concreto, duas das três empresas participantes
da licitação, realizada na modalidade convite, possuíam os mesmos sócios, o que indicava para
o relator “a existência de estreitos vínculos entre elas”. Acolhendo a proposta do relator, o
Plenário declarou a inidoneidade das empresas envolvidas para participar de licitação na
Administração Pública Federal, pelo prazo de três anos. Precedente citado: Acórdão n.º
1.903/2006-Plenário. Acórdão n.º 140/2010-Plenário, TC-005.059/2009-4, rel. Min-Subst.
Marcos Bemquerer Costa, 03.02.2010.
Convite formulado a sociedades que possuem os mesmos sócios: 2 - Fraude à licitação que
enseja aplicação de multa aos membros da comissão de licitação e à autoridade que a
homologou
Ainda em sua proposta de deliberação, destacou o relator que não havia como afastar a
responsabilidade dos membros da comissão de licitação pela fraude identificada no Convite n.º
004/2004. Como órgão colegiado, todos os seus membros teriam o dever de zelar pelo interesse
público e pelas normas legais, notadamente aquelas previstas na Lei n.º 8.666/1993. Para o
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PRIMEIRA CÂMARA
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saúde, com destaque para a ausência de licitação na seleção de entidades parceiras (OSCIPs).
Ao examinar o relacionamento entre a Ceneage (OSCIP) e a Prefeitura Municipal de Lagoa
Seca/PB, fez a unidade técnica do TCU alusão ao Acórdão n.º 1.777/2005, em que teria sido
formulada determinação ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e à Casa Civil da
Presidência da República para que "avaliasse a inclusão em normativo próprio de dispositivo
que obrigue a aplicação do critério de seleção de Oscip previsto no art. 23 do Decreto n.º
3.100/1999 em toda e qualquer situação". Nesse aresto, segundo a unidade técnica, o Plenário
teria firmado entendimento no sentido de ser obrigatória a realização de procedimento licitatório
para seleção de OSCIP. Ao contrário da conclusão a que chegou a unidade técnica, defendeu o
relator que da leitura do Acórdão n.º 1.777/2005-Plenário, não se poderia extrair a compreensão
de ser obrigatória a realização de licitação para seleção de OSCIPs com as quais o poder público
virá a firmar termo de parceria visando à consecução de suas diversas atividades e programas.
Para o relator, o aludido acórdão apenas teria aventado a possibilidade de seleção de OSCIPs
por meio de concurso de projetos, em consonância, portanto, com o conteúdo do art. 23 do
Decreto n.º 3.100/99. Acórdão n.º 440/2010-1ª Câmara, TC-017.883/2007-0, rel. Min-Subst.
Weder de Oliveira, 02.02.2010.
SEGUNDA CÂMARA
Prestação de serviços advocatícios: 1 - Parcelamento do objeto e definição da modalidade
licitatória
É irregular o fracionamento de despesas sem a manutenção da modalidade licitatória cabível,
devendo o agente público atentar para que o objeto da compra, da obra ou do serviço seja
sempre definido em sua totalidade. Com base nesse entendimento, a Segunda Câmara negou
provimento a recurso de reconsideração interposto pelo Presidente do CREA/CE contra o
Acórdão n.º 2.744/2006, proferido em sede de tomada de contas especial e que as julgou
irregulares, sem prejuízo da cominação de multa ao responsável. Entre as irregularidades
perpetradas no âmbito do CREA/CE, identificou-se o fracionamento indevido de licitação. Isso
porque em 26/2/2003, a autarquia teria efetuado três contratações com um único escritório de
advocacia, vencedor dos três convites realizados em municípios diferentes, e todos envolvendo
o mesmo objeto (prestação de serviços de cobrança administrativa e judicial das anuidades de
pessoas físicas e jurídicas e de multas decorrentes de infrações). Para o relator, não havia como
descaracterizar a irregularidade, uma vez que somados os valores das contratações chegava-se a
um montante total de R$ 120.000,00 (R$ 20.000,00 + R$ 80.000,00 + R$ 20.000,00), o qual
justificaria a adoção da modalidade tomada de preços. E calcando-se no teor do § 2º do art. 23
da Lei nº 8.666/93, afirmou: “mesmo que a entidade optasse por dividir a contratação, teria
que preservar a modalidade de licitação pertinente para o total das contratações do exercício
com o mesmo objeto”. Precedentes citados: Acórdãos n.os 313/2000-2ª Câmara, 125/2000-
Plenário, 88/2000-2ª Câmara, 93/99-1ª Câmara, 85/99-Plenário, 258/95-1ª Câmara e 45/93-
Plenário. Acórdão n.º 335/2010-2ª Câmara, TC-004.418/2004-8, rel. Min. Raimundo Carreiro,
02.02.2010.
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SUMÁRIO
Plenário
Credenciamento visando à prestação de serviços advocatícios:
1 - Contratação, por inexigibilidade de licitação, para execução de atividades de natureza
continuada;
2 - Exigência de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil há mais de quatro anos, e
de prática forense por mais de quatro anos;
Sujeição das sociedades de economia mista aos limites impostos pela Lei de Diretrizes
Orçamentárias;
Contratação de serviços por meio de pregão:
1 - Exigência, para fim de habilitação, da apresentação de licença ambiental de operação;
2 - Necessidade de a licença ser expedida pelo órgão ambiental do Estado onde os
serviços serão prestados;
3 - Concessão de prazo razoável, a partir da publicação do edital, para as licitantes
providenciarem o licenciamento ambiental;
Pregão para registro de preços de equipamentos:
1 - Exigência de carta do fabricante;
2 - Exigência de vistoria para fornecimento e instalação;
Exigência da apresentação de atestado de capacidade técnica fornecido por pessoa jurídica com
sede na cidade onde os serviços serão realizados;
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PLENÁRIO
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Sujeição das sociedades de economia mista aos limites impostos pela Lei de Diretrizes
Orçamentárias
A Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) interpôs pedido de reexame visando à reforma do
Acórdão n.º 1.732/2009, por meio do qual o Plenário expediu-lhe determinação com o seguinte
conteúdo: “9.11.2. observe as disposições anualmente constantes das leis de diretrizes
orçamentárias, segundo as quais o ‘custo global de obras e serviços executados com recursos
dos orçamentos da União será obtido a partir de custos unitários de insumos ou serviços iguais
ou menores que a mediana de seus correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos
e Índices da Construção Civil (SINAPI), mantido e divulgado, na internet, pela Caixa
Econômica Federal’ (...);”. Em seu voto, o relator enfatizou que “o óbice trazido pela
Petrobras alude ao fato de os custos de bens e serviços contratados por aquela companhia
estatal não estarem sujeitos aos limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias para
o Orçamento Geral da União de 2007 (art. 115 da Lei nº 11.479/2006), fundamento da
determinação ora fustigada. Segundo a entidade, o referido dispositivo legal alberga apenas
aqueles órgãos e entidades que não geram recursos próprios, mas apenas os que integram os
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União”. Para o relator, a melhor exegese que
harmoniza a exigência da LDO/2007 com os demais dispositivos legais e constitucionais é a
que, “a partir de uma interpretação teleológico-sistemática do ordenamento jurídico, empresta
ao termo ‘com recursos do Orçamento da União’, referenciado no caput do art. 115 do
mencionado diploma legal, o sentido lato de Orçamento Geral da União, aí compreendido o
Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de Investimento das
Estatais”. Intelecção diversa “conduziria ao absurdo de os custos das obras e serviços
contratados pela Petrobras e outras companhias estatais que gerem recursos próprios não
estarem submetidos a qualquer controle externo orçamentário-financeiro, ainda que naquelas
entidades a União participe como acionista majoritária e das quais perceba lucros e
dividendos”. Ressaltou, ainda, ser óbvio que a indústria do petróleo comporte especificidades
que distingam as suas obras e serviços daqueles cujos custos podem ser parametrizados no
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específica (ambiental), cuja comprovação deverá ser apresentada pelas licitantes para
habilitação.”. De acordo com o relator, o precedente mencionado ampara o procedimento da
UFPA de fazer inserir, já no edital, como exigência de habilitação, a necessidade de a empresa
interessada possuir licença ambiental de operação. A par de sua fundamentação legal e material,
a exigência “coaduna-se com a crescente preocupação com os aspectos ambientais que cercam
as atividades potencialmente poluentes”. O Plenário anuiu à conclusão do relator. Acórdão n.º
870/2010-Plenário, TC-002.320/2010-0, rel. Min. Augusto Nardes, 28.04.2010.
Contratação de serviços por meio de pregão: 2 - Necessidade de a licença ser expedida pelo
órgão ambiental do Estado onde os serviços serão prestados
Outra possível irregularidade no Pregão Eletrônico n.o 33/2009 centrava-se no fato de a
exigência inclusa no edital não estabelecer que a licença de operação deveria ser fornecida pelo
órgão competente do Estado do Pará. Como a representante possuía licença de operação no
âmbito do Estado do Amazonas, a unidade técnica entendeu que a UFPA “ampliou
indevidamente o sentido da redação do edital”, em prejuízo da licitante que formulou a
representação. Para o relator, “tal objeção não possui força invalidante da inabilitação da
empresa representante, uma vez que a legislação ambiental é clara em atribuir aos estados a
competência para regulamentar e proceder ao licenciamento ambiental em seu território”. O
edital “não precisaria, portanto, indicar o órgão competente para tanto”, bastando exigir que o
documento tivesse validade. Além disso, a empresa “deveria saber que a licença expedida no
Estado do Amazonas não teria validade em outro estado. Como corolário, tem-se que, como as
licenças são válidas apenas nos limites de cada unidade da federação, há fundamento bastante
para a recusa, da UFPA, do documento apresentado pela ora representante”. Para o relator,
agir de modo diferente seria “ferir direitos das outras participantes, com documentação em
perfeita ordem”. O Plenário acolheu o voto do relator. Acórdão n.º 870/2010-Plenário, TC-
002.320/2010-0, rel. Min. Augusto Nardes, 28.04.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
XXI, da Constituição Federal, assim como o art. 27 da Lei n.º 8.666/93, que estabelecem que os
requisitos de qualificação técnica e econômica dos processos de licitação deverão ser somente
aqueles indispensáveis ao cumprimento das posteriores obrigações contratuais. Além disso, a
exigência fere o art. 3º da Lei nº 8.666/93, o qual dispõe sobre a observância do princípio
constitucional da isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração,
vedando, em seu § 1º, I, que constem dos editais cláusulas ou condições que prejudiquem o
caráter competitivo da licitação. Também enfatizou que essa regra comporta exceções, sendo
necessário averiguar, em cada caso, se a competitividade ficou prejudicada, a razoabilidade da
exigência e o atendimento ao interesse público. No caso do Pregão Eletrônico n.º 57/2009, foi
constatado que o número de participantes propiciou razoável competição, além de os lances
terem permitido redução dos preços, em relação aos estimados, para todos os itens. Também
não houve desistência ou desclassificação de licitantes, “o que vem a corroborar a inexistência
de restrição à competitividade do pregão”. Assim sendo, o relator considerou que, em caráter
excepcional, o órgão poderia dar continuidade ao processo licitatório, sem prejuízo de que lhe
fosse expedida determinação corretiva, para futuras licitações. O Plenário acolheu o voto do
relator. Acórdão n.º 889/2010-Plenário, TC-029.515/2009-2, rel. Min. Raimundo Carreiro,
28.04.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
23
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
4/2010, do TJDFT”. Em face das considerações expendidas pela unidade técnica, o relator
considerou que o prosseguimento da licitação, “que se encontra, atualmente, em fase de análise
das propostas técnicas, representa risco iminente de grave lesão ao erário, porquanto a
deficiência no planejamento da contratação e a adoção de modalidade distinta do pregão
eletrônico podem resultar, efetivamente, em prejuízos efetivos ao erário”. Ao final, o relator
propôs e o Plenário decidiu determinar à Fundação Cultural Palmares que “suspenda
cautelarmente a Concorrência nº 1/2009”. Precedente citado: Acórdão n.º 2.471/2008-Plenário.
Acórdão n.º 872/2010-Plenário, TC-028.742/2009-6, rel. Min-Subst. André Luís de Carvalho,
28.04.2010.
SEGUNDA CÂMARA
Aceitação, pelo pregoeiro, de atestado de capacidade técnica envolvendo objeto similar
Por meio do Acórdão n.º 791/2010, a Segunda Câmara julgou improcedente representação que
apontava indícios de irregularidades no Pregão Eletrônico n.º 36/2009, conduzido pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), cujo objeto era a aquisição de mobiliários
escolares, constituídos de conjuntos de mesas e cadeiras para aluno e para professor, e de mesas
acessíveis a pessoas em cadeira de rodas. Contra o aludido acórdão, a representante opôs
embargos de declaração, apontando omissão na instrução da instrução técnica, na qual se
baseara o acórdão embargado, por não terem sido “apreciados argumentos colacionados na
representação proposta”. Alegou, em síntese, que a proposta do consórcio vencedor do certame
não atendeu ao disposto no instrumento convocatório, no que diz respeito à quantidade mínima
de 10% exigida, uma vez que os atestados apresentados não comprovavam a experiência no
fornecimento de mobiliário escolar “compatível, em características, prazos e quantidades, com
o objeto da presente licitação”. Em seu voto, o relator entendeu que os embargos não mereciam
ser acolhidos, uma vez que a instrução da unidade técnica, que fundamentou o julgamento pela
improcedência da representação, teria analisado exaustivamente a omissão suscitada. Ao
contrário do alegado pelo embargante, defendeu que “o fato de o pregoeiro habilitar a proposta
técnica do consórcio [...], aceitando como comprovação da capacidade técnica o fornecimento
de mobiliários similares, e não somente idênticos, ao objeto da licitação, não atentou contra o
princípio da vinculação ao instrumento convocatório”. À luz do art. 37, XXI, da Constituição
Federal, do art. 30, II, da Lei n.º 8.666/93, que se aplica subsidiariamente ao pregão, e da
jurisprudência do TCU, não vislumbrou “qualquer impropriedade nessa previsão editalícia”.
No caso concreto, a comprovação da capacidade técnico-operacional por meio de atestados que
demonstrem a execução de objetos similares, e não apenas idênticos, “não põe em risco a
execução do objeto contratado, até porque o Termo de Referência, além de definir todas as
especificações técnicas de cada um dos tipos de mesas e cadeiras licitados, exige que, para a
produção e entrega do mobiliário, é obrigatória a observação das referências dispostas em
normas técnicas e dispositivos legais existentes no país, notadamente as normas brasileiras
ABNT relacionadas diretamente ao objeto”. Ao final, o relator propôs e a Segunda Câmara
decidiu rejeitar os embargos. Precedentes citados: Acórdãos n.os 410/2006, 2.382/2008 e
1.899/2008, todos do Plenário. Acórdão n.º 1852/2010-2ª Câmara, TC-003.276/2010-4, rel.
Min. Benjamin Zymler, 27.04.2010.
24
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
ainda, que o órgão ou entidade da administração pública contratante não pode exigir, via edital
ou por qualquer outro meio, que a nova contratada mantenha aqueles profissionais, uma vez que
a manutenção dos seus próprios quadros ou a efetivação de novas contratações específicas “é
ato discricionário da empresa”. Afirmou que a administração pública também não pode exigir,
como requisito para habilitação, que a empresa licitante comprove, desde logo, o vínculo
empregatício dos profissionais que executarão o objeto, “como parece ser o entendimento da
unidade técnica, objetivando afastar a possibilidade de utilização das pessoas que já prestam o
serviço, pois já teriam vínculo trabalhista com outra empresa”. Segundo ele, o Tribunal
“entende, de forma majoritária, que somente durante a fase de execução do respectivo contrato
é que deve ser exigida comprovação da presença dos profissionais cuja qualificação específica
foi solicitada pela contratante (Acórdãos 2.297/2005, 361/2006 e 800/2008, todos do
Plenário)”. Para o relator, “se esta Corte entende ser suficiente, em relação ao atendimento do
previsto no art. 30, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que trata do
responsável técnico pela obra ou serviço, apenas a apresentação, por ocasião do procedimento
licitatório, de um contrato de prestação de serviços, sem vínculo trabalhista e regido pela
legislação civil comum, não seria razoável exigir a comprovação de vínculo empregatício em
relação aos demais trabalhadores da empresa, em relação aos quais o art. 30, caput, da
referida lei, exige apenas declaração, pela licitante, de sua disponibilidade e adequação”.
Nesse caso, a efetiva presença dos profissionais com as características técnicas previstas no
edital “seria exigível apenas durante a fase de execução contratual”. O argumento da unidade
técnica acerca da caracterização de vínculo empregatício com a administração pública, que tal
situação provocaria, “também não corresponde à realidade. A manutenção do mesmo
trabalhador ao longo dos anos, inobstante a substituição das empresas às quais ele está
vinculado, não é fator preponderante para caracterizar vínculo empregatício”. A seu ver, o que
caracterizaria o vínculo empregatício com a administração pública, conforme previsto,
inclusive, na Súmula n.º 331 do Tribunal Superior do Trabalho, “seria a presença, em especial,
de relação de subordinação direta entre o terceirizado e o pessoal da administração, indício
esse não trazido aos autos pela equipe responsável pela inspeção”. A Segunda Câmara, por
unanimidade, acolheu o entendimento do relator. Acórdão n.º 1843/2010-2ª Câmara, TC-
019.150/2006-1, rel. Min-Subst. André Luís de Carvalho, 27.04.2010.
NOVA SÚMULA
SUMÁRIO
Plenário
25
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Experiência junto à administração pública como fator de pontuação técnica em licitação cujo
objeto é a prestação de serviços advocatícios;
Momento adequado para apresentação, pelo licitante vencedor, de licenças sanitária e
ambiental;
Exigência restritiva ao caráter competitivo da licitação;
Pregão e serviço comum na área de TI;
Pregão para prestação de serviços de teleatendimento:
1 - Salário inserido na proposta abaixo do mínimo legal;
2 - Tratamento privilegiado às microempresas e empresas de pequeno porte;
Contratação de serviços:
1 - Alteração quantitativa e incidência do limite legal sobre o preço global;
2 - Inviabilidade de competição em decorrência de direitos autorais;
Licitação para execução de obra:
1 - Composição do BDI;
2 - Possibilidade de incluir, no mesmo objeto, a elaboração do projeto de engenharia e a
prestação dos serviços de supervisão;
Primeira Câmara
Exigência de experiência técnica da licitante em itens que não têm relevância e valor
significativo em relação ao total da obra;
Contratações com indícios de irregularidades:
1 - Situações que exigem termo de contrato;
2 - Inexigibilidade de licitação para prestação de serviços com exclusividade;
3 - Fracionamento de despesas;
4 - Pagamento antecipado;
Segunda Câmara
Pregão para contratação de serviços:
1 - Exigência de habilitação sem respaldo legal;
2 - Qualificação técnico-profissional e conceito de “quadro permanente”, previsto no
art. 30, § 1º, I, da Lei nº 8.666/93;
3 - Exigências desarrazoadas e nulidade da licitação.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
restritivas da participação”. Nesse sentido, segundo o autor, “se a restrição for necessária
para atender ao interesse público, nenhuma irregularidade existirá em sua previsão”.
Especificamente sobre o Acórdão n.º 3.556/2008-2ª Câmara, mencionado pela recorrente,
envolvendo a contratação de serviços advocatícios pelo Conselho Federal de Psicologia, frisou o
relator que, diferentemente do processo em tela, naquele caso o Tribunal entendeu que houve
restrição da competitividade, porque foram atribuídos pontos somente às licitantes que
comprovassem a prestação de serviços jurídicos junto aos conselhos de fiscalização
profissional, não abrangendo outros órgãos ou entidades da administração pública, o que não se
justifica, tendo em vista que os Conselhos têm as mesmas prerrogativas processuais das demais
pessoas jurídicas de direito público. Quanto ao Acórdão n.º 2.681/2008-Plenário, também citado
pela recorrente, concluiu o relator ter havido favorecimento ao se atribuir elevado diferencial de
pontuação às empresas que anteriormente prestaram serviço em empresas públicas federais e,
sobretudo, àquelas que já tinham atuado em matéria relacionada com o objeto finalístico da
Companhia Nacional de Abastecimento – Superintendência Regional de Goiás, em detrimento
das que haviam atuado junto a outros órgãos/entidades da administração pública e em outras
matérias. Após enfatizar que “tais casos não servem de subsídio para que se afirme que a
jurisprudência deste Tribunal considera que seja irregular o estabelecimento de critérios
diferenciados de pontuação, conforme se comprove experiência junto ao setor privado ou
público”, arrematou quanto ao caso concreto: “as licitantes com experiência apenas junto a
entidades privadas não foram excluídas do certame, podendo inclusive vir a ser contratadas,
seja por terem obtido melhor pontuação em outros quesitos, seja por terem apresentado menor
preço”. Acórdão n.º 206/2010-Plenário, TC-001.108/2009-2, rel. Min. Valmir Campelo,
10.02.2010.
27
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
a assinatura do contrato, para início da operação comercial da Etapa I, prazo considerado exíguo
para as providências pertinentes à importação dos equipamentos necessários à execução do
contrato. Na prática, enfatizou o relator, a exigência implicara privilégio àquelas empresas que
dispunham dos equipamentos previamente, em prejuízo à ampla competição do certame,
violando assim o disposto no art. 3º, I, da Lei n.o 8.666/93. A corroborar sua assertiva, ressaltou
que 21 empresas interessadas retiraram o edital da licitação, mas apenas 3 participaram do
certame, “sendo que somente duas foram habilitadas à fase de proposta de preço”.
Acompanhando a manifestação do relator, deliberou o Plenário no sentido de aplicar multa ao
ex-Diretor de Gestão Corporativa da Eletronorte, responsável pela irregularidade. Acórdão n.º
186/2010-Plenário, TC-018.791/2005-4, rel. Min. Raimundo Carreiro, 10.02.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
sérias dúvidas se a licitante vencedora poderia ser enquadrada como microempresa por ocasião
do pregão, principalmente em face da constatação de que a Receita Federal excluiu-a do Regime
Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições (Simples Nacional) em outubro
de 2008, o que poria em suspeita a validade de seu lance de desempate. Entendeu o relator
estarem presentes os fundamentos jurídicos e de urgência para adoção de cautelar no sentido de
determinar ao INSS que suspendesse todos os procedimentos relativos à execução do contrato
firmado com a empresa vencedora do aludido certame, até que o Tribunal venha a deliberar
sobre o mérito da matéria, sem prejuízo da realização de diligência junto à Receita Federal do
Brasil para que informe acerca da situação da empresa vencedora, discorrendo especificamente
sobre: a) modalidade (se via comunicação ou de oficio) e data de eventual desenquadramento da
condição de microempresa ou empresa de pequeno porte, à luz do disposto na Lei
Complementar n.º 123/2006; e b) data a partir da qual a empresa factualmente não poderia mais
ter desfrutado do tratamento favorecido concedido pelo Decreto n.º 6.204/2007. O Plenário
acolheu a proposição do relator. Acórdão n.º 193/2010-Plenário, TC-002.328/2010-0, rel. Min.
José Múcio Monteiro, 10.02.2010.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
Exigência de experiência técnica da licitante em itens que não têm relevância e valor
significativo em relação ao total da obra
Representação formulada ao TCU versava sobre possíveis ilegalidades no Pregão Eletrônico n.º
125/2008, realizado no âmbito da Fundação Universidade Federal do ABC (UFABC), destinado
à contratação de empresa especializada para a prestação de serviços técnicos em engenharia
consultiva de gerenciamento geral, apoio técnico, fiscalização de projetos e obras para a
construção do campus da UFABC, em São Bernardo do Campo. Entre as supostas
irregularidades, a representante indicou a decisão pela sua inabilitação em razão da não
apresentação de certidões quanto à implantação de sistemas de informações gerenciais e à
implantação de gestão de controle de qualidade, itens pouco relevantes dentro do escopo do
objeto licitado. O relator reforçou a manifestação da unidade técnica que atuou no feito, a qual,
embora reconhecendo a importância de uma empresa possuir meios (conhecimento, tecnologia
equipamentos e programas informatizados) que a tornem mais competitiva, a ponto de refletir
nos seus custos, e consequentemente, na oferta de preços menores, ponderou que a
obrigatoriedade de a empresa possuir tais meios não deveria ser aceita, uma vez que “o
importante para o serviço de fiscalização de obra, objeto da licitação, é que os dados sejam
fornecidos com a acurácia suficiente para medir fielmente a evolução das obras e que seja feito
o gerenciamento dos projetos de acordo com o realizado.”. Tendo em vista que o contrato já
havia sido celebrado e que as demais licitantes seriam inabilitadas por outros critérios previstos
no edital, deliberou a Primeira Câmara, acolhendo proposição do relator, no sentido de
determinar à UFABC que, em futuros certames envolvendo a utilização de recursos federais,
abstenha-se de exigir experiência técnica da empresa licitante em itens que não sejam de maior
relevância e valor significativo, cumulativamente, em relação ao total da obra, nos termos do
art. 37, XXI, da Constituição Federal, dos arts. 3º, § 1º, I, e 30, § 1º, I, da Lei n.º 8.666/93, “bem
como em qualquer outro serviço que contenha especificação ou detalhamento irrelevante para
a qualificação técnica, ou seja, que não exija conhecimento e capacitação técnicos
diferenciados, não usuais e infungíveis”. Acórdão n.º 565/2010-1ª Câmara, TC-001.217/2009-
7, rel. Min. Augusto Nardes, 09.02.2010.
31
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
órgãos ou entidades da administração por escrito, isto é, de forma solene, sendo o termo
contratual obrigatório nos casos de tomada de preços, concorrência; na dispensa ou
inexigibilidade de licitação, cujo valor esteja compreendido nos limites das modalidades
tomada de preços e concorrência; e nas contratações de qualquer valor das quais resultem
obrigações futuras (art. 62, caput e § 4º, da Lei n.o 8.666/93)”. Noutras hipóteses, acrescenta, o
termo contratual é facultativo, podendo ser substituído pelos instrumentos hábeis, a saber: carta-
contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço
(art. 62, caput, da Lei n.o 8.666/93). A seu ver, também se pode “dispensar o termo de contrato
nas compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos, das quais não resultem
obrigações futuras, inclusive assistência técnica, independentemente do valor e da modalidade
licitatória realizada (art. 60, parágrafo único, da Lei n.o 8.666/1993)”. Acolhendo proposta do
relator, deliberou a Primeira Câmara no sentido de determinar à SPRF/GO que formalize seus
contratos nos casos de tomada de preços e concorrência, bem assim na dispensa ou
inexigibilidade de licitação cujo valor esteja compreendido nos limites das modalidades tomada
de preços e concorrência, e nas contratações de qualquer valor das quais resultem obrigações
futuras, de acordo com os comandos do art. 62, caput e § 4º, Lei n.o 8.666/93. Acórdão n.º
589/2010-1ª Câmara, TC-032.806/2008-3, rel. Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa,
09.02.2010.
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SEGUNDA CÂMARA
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SUMÁRIO
Plenário
Exigência de que o produto a ser fornecido atenda a normas de proteção ambiental;
Legitimidade da contratação emergencial que resulta da falta de planejamento do agente
público;
Exigência de que a vistoria técnica seja realizada pelo engenheiro responsável pela obra;
Planejamento de contratações na área de tecnologia da informação;
Aceitação, num mesmo certame, de cartuchos novos ou remanufaturados;
Aquisição de solução computacional para gestão técnica de infraestrutura de suporte e serviços
de tecnologia da informação:
1 - Necessidade de comprovação da inviabilidade do parcelamento do objeto;
2 - Discricionariedade do gestor quanto à admissão, no certame, de empresas reunidas em
consórcio;
3 - Necessidade de vinculação dos serviços efetivamente prestados e dos pagamentos
realizados;
34
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Exigência de que a vistoria técnica seja realizada pelo engenheiro responsável pela obra
Representação formulada ao TCU indicou supostas irregularidades na condução da Tomada de
Preços n.º 6/2009, promovida pelo Município de Miguel Alves/PI, cujo objeto era a contratação
de empresa para a construção de dois ginásios poliesportivos no referido município. Noticiou a
empresa representante a “negativa de vistoria técnica” para o seu preposto, o que, segundo ela,
evidenciava restrição ao caráter competitivo do certame. Em seu voto, destacou o relator que, de
acordo com o edital, a pessoa habilitada para realizar a vistoria do local das obras deveria ser o
responsável técnico da licitante: “4.1.1. - As interessadas em participar do presente certame
deverão, como pré-requisito para participação, enviar representantes para visitação in loco no
local da obra. O representante da empresa deverá obrigatoriamente ser o engenheiro
responsável da mesma, sendo acompanhado por representante da Secretaria de Obras do
município, indicado pela autoridade competente.”. Nesse sentido, para o relator, “o envio de
estagiário de engenharia, objetivando a visitação ao local das obras e sem competência para
tal mister, em clara afronta à lei do certame, inviabilizou a emissão, pela municipalidade, da
certidão com vistas ao cumprimento do pré-requisito para que a empresa representante
pudesse acudir à licitação”. Enfatizou ainda que se “os gestores tivessem agido de modo
diverso, permitindo, por exemplo, a visitação por pessoa não autorizada, poderiam ter
concorrido para eventual impugnação, por parte de outros licitantes, do certame e/ou da
empresa que ora representa ao Tribunal”. Acompanhando o voto do relator, decidiu o Plenário
considerar improcedente a representação. Acórdão n.º 255/2010-Plenário, TC-023.939/2009-9,
rel. Min. Augusto Nardes, 24.02.2010.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
para a Gestão do Suporte, Garantia da Entrega dos Serviços de TI; b) fornecimento de licenças
de uso definitivo para Gerenciamento de Processos Organizacionais; c) serviços de execução,
implementação, treinamento, transferência de tecnologia e suporte técnico das soluções
licenciadas”. Tem-se como regra geral, insculpida no art. 23, § 1º, da Lei n.º 8.666/1993,
enfatizou o relator, “que a fragmentação do objeto deve ocorrer sempre que tal medida se
mostre técnica e economicamente viável”. A propósito, “a matéria encontra-se sumulada no
âmbito desta Corte de Contas, a teor da Súmula n.º 247/2004”. Considerando que o termo de
referência e o edital do certame não traziam motivação capaz de justificar a alternativa escolhida
de licitar a integralidade do objeto, deliberou o Tribunal, acolhendo proposta do relator, no
sentido de determinar à Secretaria Executiva do Ministério das Cidades que, caso opte por dar
continuidade ao certame para contratação do serviço objeto do Pregão Eletrônico n.º 12/2009 –
suspenso administrativamente –, analise e faça constar, do processo licitatório, documento ou
arrazoado que demonstre a inviabilidade técnica do parcelamento dos itens do certame,
identificando as diferentes soluções e alternativas de mercado, conforme preconiza o art. 10,
inciso IV, da IN n.º 04/2008-SLTI. Acórdão n.º 280/2010-Plenário, TC-016.975/2009-5, rel.
Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa, 24.02.2010.
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PRIMEIRA CÂMARA
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data(s) acima indicada(s), relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, da jurisprudência do TCU quanto aos aspectos relevantes que
envolvem o tema. Por esse motivo, a seleção das decisões que constam do Informativo é feita
pela Secretaria das Sessões, levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores:
ineditismo da deliberação, discussão no colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os
resumos apresentados no Informativo não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
Responsabilidade solidária daquele que designa o fiscal do contrato e não lhe dá os meios
necessários para o exercício das suas atribuições;
Concorrência para execução de obra:
1 - Parcelamento do objeto e ampliação da competitividade;
2 - Exigência de vínculo empregatício do responsável técnico de nível superior com a
empresa licitante, bem como de a visita técnica ser por ele realizada;
3 - Exigência de os licitantes apresentarem desconto único, em relação ao orçamento do
órgão que realiza o certame, para todos os preços unitários;
4 - Exigência simultânea, para fim de qualificação econômico-financeira, da
comprovação de capital social mínimo e da apresentação de garantia;
5 - Exigência de índices contábeis que implicam restrição à competitividade da
licitação;
6 - Responsabilidade dos membros da comissão de licitação por exigências editalícias
restritivas à competição;
Licitação visando à contratação de empresa para realização de eventos:
1 - Adoção do tipo “técnica e preço”;
2 - Desclassificação de proposta por falta de assinatura;
3 - Adoção de critérios subjetivos para julgamento das propostas técnicas;
Concorrência para execução de obras de dragagem:
1 - Exigência, para fim de comprovação da capacidade técnico-operacional da licitante,
de número máximo de atestados;
2 - Exigência, para fim de qualificação técnico-operacional, de quantitativos mínimos
em atestados;
Licitação para contratação de serviços de TI:
1 - Fixação, no edital, de valores mínimos para os salários dos profissionais indicados
pela empresa para executar os serviços contratados;
2 - Possibilidade de a contratada pagar ao seu profissional salário inferior ao constante
da proposta de preços apresentada na licitação;
Observância da Lei n.º 8.666/93 pelas estatais exploradoras de atividade econômica;
Juízo de admissibilidade da intenção de recurso manifestada pelo licitante na sessão do pregão;
Exigência, para fim de qualificação técnica, restritiva ao caráter competitivo da licitação;
Admissão do credenciamento como hipótese de inexigibilidade de licitação;
Princípio da vinculação ao instrumento convocatório x princípio do formalismo moderado.
Segunda Câmara
Alcance da expressão “desenvolvimento institucional”, prevista no art. 24, XIII, da Lei
n.º 8.666/93.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Responsabilidade solidária daquele que designa o fiscal do contrato e não lhe dá os meios
necessários para o exercício das suas atribuições
Acompanhando o voto do relator, decidiu o Plenário negar provimento a recurso de
reconsideração interposto contra o Acórdão n.º 1.026/2008-Plenário, por meio do qual foi o
recorrente condenado solidariamente em débito. O recorrente (ex-Secretário de Trabalho,
Emprego e Renda do Distrito Federal – Seter/DF) trouxe, entre outros argumentos, os seguintes:
a) não lhe teria sido imputada prática de nenhum ato de má gestão; b) a responsabilização teria
decorrido de infrações de normas legais cometidas por subordinados; c) não era responsável
pelo pagamento de faturas, pela fiscalização ou pela não comprovação da execução dos
contratos. De acordo com o relator, ao ser signatário do Convênio MTE/Sefor/Codefat n.º
005/99, o ex-Secretário “comprometeu-se a zelar pela aplicação dos recursos repassados, não
só em razão dos dispositivos legais pertinentes, mas também em decorrência das atribuições de
seu próprio cargo. O gestor tinha o dever de avaliar a viabilidade do programa, tomar medidas
para corrigir eventuais incorreções, adotar as devidas precauções para evitar desvios de
recursos, fiscalizar as execuções contratuais e liberar os pagamentos após confirmar a
execução dos serviços. Entretanto, nada disso ocorreu.”. O programa envolvia “treinamento de
148.000 alunos por meio de cinquenta contratações, envolvendo recursos atualizados da ordem
de R$ 47.000.000,00 (quarenta e sete milhões). Tratava-se, pois, de empreendimento de
enormes proporções, que deveria ter sido colocado como centro das atenções dos dirigentes da
Secretaria. Não era atividade meramente assessória da pasta, mas, sim, sua atividade
principal, da qual o seu titular detinha pleno conhecimento e condições de levar a efeito as
contratações e as fiscalizações”. Para o relator, as “falhas detectadas no processo de seleção e
contratação das entidades, bem como as irregularidades verificadas na execução dos contratos,
apontam para quadro de descalabro administrativo, o qual decorreu, em grande parte, da
conduta omissiva do então titular da Seter, que não forneceu a seus subordinados os meios
materiais e o treinamento necessário ao fiel desempenho das atribuições daqueles servidores”.
Asseverou o relator que “Não se está a afirmar que o responsável devesse praticar todos os
atos de acompanhamento, mas, sim, adotar providências para que isso ocorresse. Infelizmente,
isso não ocorreu de forma minimamente aceitável”. Dos doze servidores designados como
executores técnicos, apenas quatro teriam sido responsáveis por 68% do valor total de recursos.
Verificou-se, assim, “mais um ato questionável do responsável, caracterizado pela
imprudência/negligência, pois era possível antever que esses servidores não teriam condições
de acompanhar a execução de todos esses contratos, o maior dos quais visava treinar 48.000
alunos, que comporiam 1.920 turmas de 25 alunos cada”. Diante de tais fatos, o relator
considerou plenamente demonstrado que o ex-titular da Seter/DF agiu com “grave e deliberada
negligência e imprudência, tendo, sua conduta, contribuído, de forma decisiva, para a
ocorrência do dano sofrido pelos cofres públicos”. Precedentes citados: Acórdãos n.os
476/2008, 606/2009, 678/2009, 737/2009, 913/2009, 1.278/2009, 2.580/2009 e 2.673/2009,
todos do Plenário. Acórdão n.º 319/2010-Plenário, TC-003.196/2001-9, rel. Min. Walton
Alencar Rodrigues, 03.03.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
licitantes que tivessem realizado anteriormente obras similares às requeridas. [...] sobressaem
dos autos como indicativos da viabilidade de parcelamento do objeto o valor expressivo da
contratação, a natureza diversificada dos serviços e das obras, além do fato de as obras e
serviços virem a ser executados em localidades distintas”. Para corroborar o entendimento de
que houve restrição à participação de empresas no certame, o relator enfatizou a participação de
apenas duas empresas. Nesse sentido, decidiu o Plenário determinar à Prefeitura Municipal de
Morretes/PR que, em futuras licitações custeadas com recursos federais, “parcele o objeto a ser
licitado de forma a ampliar a competitividade, quando isso se revelar técnica e
economicamente recomendável”, conforme disposto no art. 3º, c/c § 1º do art. 23 da Lei n.º
8.666/93, “a fim de evitar a ocorrência de redução indevida do número de licitantes”. Acórdão
n.º 326/2010-Plenário, TC-002.774/2009-5, rel. Min. Benjamin Zymler, 03.03.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
intencionasse apresentar desconto maior em determinado serviço ficava impedida pela referida
disposição do edital, restringindo, inclusive, uma efetiva competitividade do certame”.
Ademais, “pode ter impossibilitado os licitantes de ofertarem descontos diferenciados para
determinados serviços, de forma que não restou evidenciada a obtenção da proposta mais
benéfica para a administração”. Acolhendo proposição do relator, deliberou o Plenário no
sentido de determinar à Prefeitura Municipal de Morretes/PR que “abstenha-se de incluir, em
edital de licitação, exigência de desconto único para todos os preços unitários, por violar o
disposto no inciso X do art. 40 da Lei 8666/1993”. Acórdão n.º 326/2010-Plenário, TC-
002.774/2009-5, rel. Min. Benjamin Zymler, 03.03.2010.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
remuneratório a ser praticado no futuro contrato. Não há dúvida de que o nível salarial da
equipe contratada interfere diretamente na qualidade do serviço prestado, na mesma medida
com que todos os bens e serviços da economia são precificados pela sua maior ou menor
qualidade. No caso dos contratos de prestação de serviços, seria reduzida a capacidade de a
fiscalização exigir profissionais mais experientes e qualificados, plenamente aptos ao trabalho
no serviço público, se não houver estrutura remuneratória compatível com esses requisitos e
com o próprio regime remuneratório do órgão público”. Entre outras providências, decidiu o
Tribunal determinar ao MDS que “em futuras licitações de serviços de tecnologia da
informação, observe a nova jurisprudência do Tribunal sobre a matéria e as orientações
contidas no item 9.4 do Acórdão 786/2006-Plenário, no item 9.2 do Acórdão 1.707/2005-
Plenário, com a redação dada pelo item 9.2 do Acórdão 2.138/2008-Plenário, bem como nos
subitens 9.2.1 a 9.2.6 do Acórdão 2.471/2008-Plenário”. Acórdão n.º 332/2010-Plenário, TC-
023.780/2007-8, rel. Min. Augusto Nardes, 03.03.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
apreciando relatório de auditoria realizada na Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) nas áreas de
publicidade e propaganda, aplicou multa aos responsáveis em razão de não terem sido elididas
irregularidades levantadas, entre elas a “infringência ao art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei nº
8.666/1993, bem assim ao art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, em decorrência da
majoração dos valores originais dos contratos muito acima do limite de 25%, fixado pela
referida legislação, para acréscimos nos serviços contratados [...].”. Ao tratar do tema
referente à edição da Lei n.º 9.478/97 e do Decreto n.º 2.745/98, os quais, segundo a Petrobras,
teriam deixado de sujeitar a empresa ao disciplinamento da Lei n.º 8.666/93, destacou o relator
que as instruções elaboradas no âmbito da unidade técnica “abordaram de modo escorreito e
cristalino a questão, demonstrando, de forma inequívoca, que o art. 67 da Lei nº 9.478/1997
transferiu a competência privativa do legislativo, de tratar matéria concernente a licitações e
contratos na administração indireta, para o executivo federal, em afronta ao disposto nos arts.
22, inciso XXVII, e 173, § 1º, inciso III, da Constituição Federal. E decreto versando sobre tal
assunto poderia, no máximo, ter caráter regulamentador, jamais conflitante com a norma
maior, disciplinadora da matéria específica, no caso, a Lei nº 8.666/1993”. Ressaltou, ainda, o
Acórdão n.º 1.125/2007-Plenário, por meio do qual teria sido firmado o “entendimento de que
até a edição de lei dispondo sobre licitações e contratos das empresas estatais e sociedades de
economia mista (a norma prevista no parágrafo primeiro do art. 173 da CF/1988), tais
entidades devem observar os preceitos da Lei nº 8.666/1993 (art. 1º, parágrafo único) e os
princípios gerais e regras da Administração Pública”. Acerca do argumento recursal de que,
quando o Estado atua como empresa privada, não se aplicaria o limite de 25%, imposto aos
acréscimos de serviços na forma do art. 65, § 1º, da Lei n.º 8.666/93, enfatizou o relator que a
matéria já foi discutida quando da prolação do Acórdão n.º 121/98-Plenário, oportunidade em
que se decidiu não haver obrigatoriedade de a Petrobras Distribuidora realizar licitação para a
contratação de transportes que guardem vínculo com a atividade-fim da empresa, como a de
transporte de produtos, permanecendo a obrigatoriedade de licitar em relação às atividades-
meio. Considerando que serviços de publicidade e propaganda “referem-se a atividades-meio
da empresa”, para o relator não restariam dúvidas de que “a contratação de tais serviços está
integralmente sujeita aos mandamentos da Lei nº 8.666/1993”. E arrematou: “[...] ainda que se
considerasse válido o Regulamento do Procedimento Licitatório Simplificado da Petrobras
(aprovado em 24/8/1998), ele não existia à época das sucessivas prorrogações contratuais.
Assim, não poderia a empresa socorrer-se de tal normativo, dado o impeditivo temporal
(tempus regit actum). Ademais, vale acrescentar que o próprio regulamento da Petrobras veda
o acréscimo contratual acima de 25 % do valor atualizado da avença”. Diante desse cenário,
não haveria “justificativa plausível para acréscimos contratuais de tal monta, como também
não há falar em fato superveniente defluindo dificuldade imprevista ou imprevisível, de modo a
autorizar a aplicação do entendimento consignado na Decisão nº 215/1999 – Plenário, que
faculta à Administração ultrapassar os limites do art. 65 da Lei de Licitações[...] nas hipóteses
de alterações contratuais consensuais, qualitativas e excepcionalíssimas de contratos de obras
e serviços”. Outros precedentes citados: Decisão n.º 663/2002 e Acórdãos n.os 29/2004 e
2.066/2004, todos do Plenário. Acórdão n.º 318/2010-Plenário, TC-004.583/1998-1, rel. Min.
Augusto Nardes, 03.03.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
apresentado proposta, tendo ofertado o mesmo preço previsto em edital, sem nenhum
desconto”. Para ele, esse fato, por si só, seria suficiente para ensejar a anulação do certame. No
entanto, tendo em vista que o pregão já havia sido revogado, deliberou o Plenário, acolhendo
proposição do relator, no sentido de determinar à entidade que “nas próximas licitações
envolvendo a contratação de empresa especializada em serviços de telecomunicações de
conexão dedicada à Internet, bem como aluguel e manutenção de circuitos de comunicação de
dados via satélite para interligação de pontos remotos, se abstenha de incluir, entre os itens de
qualificação técnica, a exigência de que a licitante ou seu fornecedor de segmento espacial
possua centros de controle e comunicação espacial no Brasil ou opere satélites brasileiros”.
Acórdão n.º 346/2010-Plenário, TC-027.584/2009-0, rel. Min. José Múcio Monteiro,
03.03.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
Alcance da expressão “desenvolvimento institucional”, prevista no art. 24, XIII, da Lei n.º
8.666/93
Entre as irregularidades identificadas nas contas da Universidade Federal do Ceará (UFC),
relativas ao exercício de 2006, estava a dispensa de licitação efetivada com vistas à contratação
de fundação de apoio para a prática de atos administrativos de competência exclusiva da
universidade, que não se confundiam com atividades relacionadas a ensino, pesquisa ou
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico da entidade contratante, pressuposto para
a contratação direta fundada no art. 24, XIII, da Lei n.º 8.666/93. Em seu voto, observou o
relator que o TCU, ciente da amplitude inadequadamente conferida pelas instituições federais de
ensino superior (Ifes) à expressão “desenvolvimento institucional”, determinou ao Ministério da
Educação, por meio do Acórdão n.º 2.731/2008-Plenário, que instituísse ato normativo
regulamentando o relacionamento daquelas instituições com suas fundações de apoio, de modo
a evitar contratações diretas envolvendo objetos que não se enquadrassem naquele conceito.
Acolhendo proposição do relator, deliberou a Segunda Câmara no sentido de determinar à
Universidade Federal do Ceará que “exija que as contratações relativas a projetos classificados
como de desenvolvimento institucional impliquem produtos que resultem em melhorias
mensuráveis da eficácia e eficiência no desempenho da universidade, com impacto evidente em
sistemas de avaliação institucional do Ministério da Educação e em políticas públicas
plurianuais de ensino superior com metas definidas, evitando enquadrar nesse conceito
atividades tais como manutenção predial ou infraestrutural, conservação, limpeza, vigilância,
reparos, aquisições e serviços na área de informática, expansões vegetativas ou de atividades
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Concorrência para prestação de serviços:
1 - Observância, na formulação da proposta, dos preços máximos fixados no edital;
2 - Preços de mercado superiores aos constantes do orçamento;
Observância de procedimentos para rescisão contratual;
Arrendamento para construção e exploração de instalação portuária sem prévia licitação.
Primeira Câmara
Aquisição de toner da mesma marca do fabricante da impressora, como condição para a
manutenção da garantia do equipamento;
Segunda Câmara
Observância da Lei n.º 8.666/93 nas contratações com recursos do Sistema “S” transferidos
mediante convênio;
Contratação envolvendo instituição federal de ensino superior e sua fundação de apoio:
1 - Dispensa de licitação para a realização de vestibulares e concursos públicos;
2 - Necessidade de licitação para a construção de edifícios.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
constante do edital, contrariando o art. 48, II, c/c o art. 40, X, da Lei n.º 8.666/93. Foram
ouvidos em audiência tanto os integrantes da Comissão de Licitação da Cepisa, responsáveis
pela condução da licitação, quanto os membros da Diretoria Executiva da Companhia,
responsáveis pela homologação da concorrência e posterior contratação de empresas para a
execução de serviços em quatro lotes. Em seu voto, o relator ressaltou haver se deparado com
questionamento semelhante quando da prolação do Acórdão n.º 1768/2008-Plenário, qual seja,
desrespeito ao preço máximo estabelecido no projeto básico da Concorrência n.º 18/2004-
Cepisa, mas com uma diferença significativa: “Enquanto na Concorrência nº 18/2004 os
valores anuais foram estimados, o que deu margem para que os licitantes apresentassem preços
superiores sem que isso provocasse, de imediato, a sua desclassificação; na Concorrência nº
41/2003, o Projeto Básico fixou não só o valor anual máximo, como também o valor limite do
preço do serviço de cada homem-hora normal”. Em virtude da fixação de valor máximo anual
de contratação e de homem-hora, o relator entendeu que não poderia a comissão de licitação
admitir proposta com valores superiores aos estabelecidos no projeto básico. Quanto às
justificativas dos dirigentes da Cepisa, concluiu que elas não foram capazes de elidir as
irregularidades apontadas, e que a responsabilidade deles somente poderia ser afastada se
tivessem tomado providências no sentido de promover as devidas modificações no projeto
básico e no edital da concorrência, de forma a contemplar os aumentos de custos decorrentes
das modificações dos preços de mercado, referentes ao pagamento de mão de obra (aumento do
salário mínimo e do Piso Salarial da Categoria dos Eletricitários - PSC). Acompanhando o voto
do relator, deliberou o Plenário no sentido de aplicar multa aos responsáveis. Acórdão n.º
413/2010-Plenário, TC-020.338/2006-0, rel. Min. Raimundo Carreiro, 10.03.2010.
57
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
SEGUNDA CÂMARA
Observância da Lei n.o 8.666/93 nas contratações com recursos do Sistema “S”
transferidos mediante convênio
Ao apreciar tomada de contas especial, originada de processo de representação versando sobre
possíveis irregularidades praticadas no âmbito do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas de Sergipe (SEBRAE/SE), apontou a unidade técnica irregularidades graves
na execução do Convênio n.º 18/04, firmado entre o Sebrae/SE e a Câmara de Diretores Lojistas
de Aracaju (CDL) com o objetivo de subsidiar a participação de lojistas de Aracaju na 45ª
Convenção Nacional do Comércio Lojista, realizada no Rio de Janeiro. Entre as irregularidades
perpetradas pela CDL, mereceu destaque “a contratação de empresa prestadora de serviços
sem licitação, cujo sócio majoritário é parente do presidente da convenente”. Preliminarmente,
caberia “perquirir se o convenente que celebra convênio com entidades do Sistema “S” estaria
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
obrigado a licitar”. Para o relator, “Não há razoabilidade em sustentar a tese de que haveria
que licitar nos termos da Lei nº 8.666/93, uma vez que sequer os Serviços Sociais Autônomos
assim o fazem. Poder-se-ia sustentar que deveria licitar na forma do Regulamento de Licitações
e Contratos. Não obstante, soa demasiado exigir de entidades tão distantes da realidade da
Administração Pública a realização de procedimentos licitatórios formais, para os quais não
possuem nenhuma expertise”. Considerando que a transferência de recursos mediante convênio
pelo Sistema “S” não transmuda a natureza do recurso público repassado, “a solução que
harmoniza o interesse público, consubstanciado na garantia da observância do princípio
constitucional da isonomia e na seleção da proposta mais vantajosa, com a realidade fática
destes convenentes deve ser similar àquela engendrada pelo art. 11 do Decreto nº 6.170/2007”.
Portanto, a aquisição de produtos e a contratação de serviços com recursos do Sistema “S”,
transferidos a entidades privadas sem fins lucrativos, “deverão observar os princípios da
impessoalidade, moralidade e economicidade, sendo necessária, no mínimo, a realização de
cotação prévia de preços no mercado antes da celebração do contrato”. Segundo o relator, o
caso concreto envolveu a contratação sem prévia licitação – para a realização dos serviços
objeto do convênio – de empresa cujo sócio majoritário é irmão do presidente da convenente,
em afronta aos princípios da impessoalidade e da moralidade. Além disso, não houve a devida
comprovação nos autos acerca da realização de cotação prévia de preços no mercado. Ante tais
irregularidades, concluiu em seu voto que o signatário do convênio e o presidente da CDL – que
praticou atos de gestão dos recursos – deveriam ser sancionados com multa, no que foi
acompanhado pelos seus pares. Acórdão n.º 899/2010-2ª Câmara, TC-016.059/2006-8, rel.
Min. Benjamin Zymler, 09.03.2010.
60
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Documentos exigidos das empresas contratadas para supervisão de obras;
Aquisição do edital condicionada ao cadastramento do licitante;
Exigências de habilitação restritivas ao caráter competitivo da licitação:
1 - Requisitos de qualificação econômico-financeira;
2 - Requisitos de qualificação técnica e de regularidade fiscal;
Limites para o exercício do direito à repactuação dos preços contratados;
Exigência da certificação necessária para a comercialização do produto licitado;
Inclusão posterior de documento que deveria constar originariamente da proposta;
Parcelamento do objeto e princípio da economicidade.
Primeira Câmara
Exigência editalícia da apresentação do certificado de qualidade emitido pela Associação
Brasileira da Indústria do Café;
Necessidade de justificativa para a vedação da participação de consórcios em licitações;
Contratação de serviços:
1 - Extrapolação, na prorrogação de contrato de natureza contínua, do valor-limite da
modalidade licitatória adotada;
2 - Contrato celebrado com fundação de apoio, por dispensa de licitação, para realização
de concurso público;
61
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
junto ao município; 2ª) cobrança de R$ 150,00 para o cadastramento, bem como de R$ 150,00
correspondentes aos custos de reprodução; 3ª) não recebimento dos documentos da
representante por ocasião do cadastramento, haja vista estarem com autenticação digital e não
com firma reconhecida. Em juízo de cognição sumária, o relator considerou ilegal condicionar a
aquisição do edital ao prévio cadastramento, uma vez que este, de acordo com o art. 22, § 2º, da
Lei n.o 8.666/93, “aplica-se somente à participação no certame”. Sem respaldo também foi a
não aceitação dos documentos da representante por estarem com autenticação digital, “vez que
existe previsão legal para o referido procedimento conforme se verifica no art. 52, da Lei
Federal 8.935/94, c/c o art. 6º da Lei Estadual 8.721/2008, da Paraíba”. Carecia ainda de
legitimidade a cobrança de taxa de cadastramento, bem como de valor superior aos custos de
reprodução do edital. Decisão monocrática no TC-004.950/2010-0, rel. Min. Aroldo Cedraz,
17.03.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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PRIMEIRA CÂMARA
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
É permitida a contratação direta, com base no art. 24, XIII, da Lei n.o 8.666/93, de instituição
para realização de concurso público, desde que observados os requisitos legais, bem como
demonstrada, com critérios objetivos, no plano estratégico do contratante ou em instrumento
congênere, a essencialidade do preenchimento do cargo ou emprego público para o seu
desenvolvimento institucional. Com base nesse entendimento, o relator considerou equivocada a
fundamentação da dispensa de licitação – art. 24, II, da Lei n.o 8.666/93 – na contratação
celebrada entre a Codern e a Funpec, fundação de apoio ligada à Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, cujo objeto era a realização de concurso público para preenchimento de vagas
no quadro da Codern. Em seu voto, não obstante ressaltar que o TCU vê com reservas a
contratação, sem licitação, de fundações de apoio universitárias para a realização de concursos
públicos, destacou que o Tribunal “vai chegando a um equacionamento bastante satisfatório
dessa questão. Particularmente, sou um dos que advogam que as fundações de apoio têm um
papel importante a desempenhar na área de concursos públicos e de exames vestibulares,
atividade na qual algumas fundações têm se destacado notavelmente. É o caso, por exemplo, do
Cespe, ligado à Universidade de Brasília, que tão valioso auxílio tem prestado ao nosso ISC na
sua missão exitosa de dotar esta Corte com quadro de pessoal altamente qualificado, como se
reconhece unanimemente”. Ao final, enfatizou que os Acórdãos n.os 569/2005 e 1.561/2009,
ambos do Plenário, seguem a trilha do cabimento da contratação direta dessas entidades para
realização de concursos públicos, desde que o gestor demonstre cabalmente “a relevância dos
profissionais visados para o desenvolvimento institucional do órgão ou entidade interessada”.
Para o relator, “O Caso da Codern não foge de maneira apreciável do paradigma formatado
nestes acórdãos, eis que não se questiona nos autos a importância dos profissionais
selecionados pelo concurso para as atividades da entidade.”. A Primeira Câmara, por
unanimidade, acolheu o voto do relator. Acórdão n.º 1339/2010-1ª Câmara, TC-015.849/2006-
0, rel. Min. Augusto Nardes, 16.03.2010.
SEGUNDA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Pregão eletrônico para fornecimento de equipamentos:
1 - Chamamento simultâneo de licitantes para apresentação dos documentos de
habilitação;
2 - Entrega de equipamento de marca diferente da indicada na proposta vencedora;
Subcontratação no âmbito dos contratos celebrados por dispensa de licitação com base no art.
24, XIII, da Lei n.º 8.666/93;
Desclassificação de proposta em razão da não cotação de preço unitário para item materialmente
relevante
Licitação para organização de eventos:
1 - Modalidade e tipo de licitação adequados;
2 - Exigência de quantitativos mínimos em atestado para comprovação da qualificação
técnica do licitante;
3 - Exigência de registro do licitante no Ministério do Turismo;
4 - Prorrogação da vigência da ata de registro de preços;
Momento adequado para o recolhimento da garantia de participação na licitação.
Primeira Câmara
Dispensa de licitação para a contratação de serviços de assistência técnica e extensão rural às
famílias assentadas.
Segunda Câmara
Necessidade de motivação para as exigências editalícias.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Subcontratação no âmbito dos contratos celebrados por dispensa de licitação com base no
art. 24, XIII, da Lei n.º 8.666/93
A contratação por dispensa de licitação com fundamento no art. 24, XIII, da Lei n.º 8.666/93
somente será legítima se houver nexo efetivo entre o mencionado dispositivo, a natureza da
instituição e o objeto contratado, além de comprovada a compatibilidade com os preços de
71
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
mercado, estando vedada a subcontratação. Com base nesse entendimento, o relator considerou
irregular o objeto do Convênio RS/4330/2006/2006, celebrado entre o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Fundação de Apoio Simon Bolívar (FSB), com a
interveniência da Fundação Universidade Federal de Pelotas (UFPel), para criação do “Centro
de Capacitação em Desenvolvimento Rural Sustentável”. A irregularidade consistiu
basicamente na “transferência de recursos públicos federais às fundações de apoio às
universidades para a execução de obras e serviços de engenharia por ser incompatível com as
suas finalidades institucionais”, tendo em vista que as obras de engenharia de interesse da
UFPel não se inserem em atividades relativas ao desenvolvimento institucional da FSB. Em seu
voto, ressaltou o relator que a Lei n.º 8.958/94 dispõe que as fundações de apoio estão
autorizadas a licitar bens e serviços necessários para a consecução dos seus objetivos, mas ela
não possibilita a realização de licitação em substituição a outros órgãos. Portanto, de um lado,
“afigura-se impossível a Fundação Simon Bolívar substituir a Universidade Federal de Pelotas
na função de licitar obras e serviços de engenharia de interesse da última, visto que o art. 24,
inciso XIII, da Lei de Licitações, não admite subcontratações. Por outro lado, a FSB,
contratada por dispensa de licitação, teria que executar diretamente os serviços e obras de
engenharia pactuados, o que não se coaduna com as finalidades que motivaram a sua criação:
programas e projetos de ensino, pesquisa e extensão, e de desenvolvimento institucional,
científico e tecnológico”. Acolhendo o voto do relator, deliberou o Plenário no sentido de
determinar ao INCRA que “rescinda, no prazo de 15 (quinze) dias, o Convênio
RS/4330/2006/2006”, adotando as providências necessárias “à reversão dos recursos
remanescentes depositados na conta da FSB aos cofres do INCRA”. Além disso, “caso julgue
conveniente, celebre novo convênio com a UFPel a fim de executar as obras referentes ao
‘Centro de Capacitação em Desenvolvimento Rural Sustentável’ a partir de licitações
realizadas diretamente pela Convenente”. Precedentes citados: Decisões n.os 881/97 e 138/98,
ambas do Plenário; Acórdão n.o 672/2002-1ª Câmara; Acórdãos n.os 120/2002, 328/2005,
569/2005 e 2.371/2008, todos do Plenário. Acórdão n.º 551/2010-Plenário, TC-000.670/2009-
1, rel. Min. Raimundo Carreiro, 24.03.2010.
72
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Brasil), cujo objeto era o registro de preços para a prestação de serviços de montagem e
desmontagem de estandes, assessoria técnica, organização, participação e atendimento em
feiras/eventos no exterior, e também de ações internacionais em eventos e feiras a serem
realizados no Brasil. A representante contestou a adoção da modalidade de concorrência em
detrimento de pregão, sobretudo por tratar-se de licitação para registro de preços. Em seu voto,
o relator destacou que o TCU tem entendimento pacificado de que as entidades do Sistema “S”,
entre elas a Apex Brasil, não estão obrigadas a seguir rigorosamente os termos da Lei n.º
8.666/93, estando sujeitas ao cumprimento de seus regulamentos próprios, os quais devem estar
pautados nos princípios gerais do processo licitatório e consentâneos com o art. 37, caput, da
Constituição Federal. Ressaltou que, “Embora o art. 4º do Decreto nº 5.450/2005 obrigue a
Administração Pública Federal a realizar Pregão nas licitações para bens e serviços comuns, a
Apex Brasil não é alcançada por essa imposição legal, uma vez que não integra a
Administração Direta, nem a Indireta. Nesse sentido, já decidiu o TCU por meio do Acórdão nº
288/2007 – Plenário [...] e do Acórdão nº 2.034/2009 – Plenário [...]. Ademais, o Regulamento
de Licitações e Contratos (RLC) da Apex Brasil não obriga a realização de pregão,
independente da natureza da aquisição ou do serviço. Entendo, portanto, não haver ilegalidade
na opção pela modalidade concorrência no caso ora analisado”. Apesar de legítima a opção da
Apex Brasil pela escolha da modalidade de licitação, haja vista ter se pautado em regulamento
próprio e não ter contrariado a jurisprudência do TCU, o relator considerou pertinente a
proposta da unidade técnica no sentido de ser “recomendado àquela entidade que avalie a
oportunidade de incluir no seu regulamento a utilização, quando pertinente, da modalidade de
pregão de forma obrigatória [...] tendo em vista que o pregão notoriamente propicia economia
aos cofres públicos bem como maior transparência do processo licitatório, entre outras
vantagens”. Sobre a adoção do tipo “técnica e preço”, ressaltou que os serviços de organização
de eventos foram considerados de natureza comum, conforme Anexo II, item 8, do Decreto
Federal n.º 3.555/2000 (com redação dada pelo Decreto n.º 3.784/2001), ainda que a norma não
alcance a Apex Brasil. Sendo assim, o objeto da Concorrência n.º 2/2009 não possui natureza
predominantemente intelectual e, portanto, “não é adequada a adoção do tipo de licitação
‘técnica e preço’, sendo mais adequado utilizar o tipo ‘menor preço’.”. Acolhendo o voto do
relator, deliberou o Plenário no sentido de determinar à Apex Brasil que, “nas próximas
licitações, inclua nos projetos básicos para contratações, nas quais seja adotado o tipo ‘técnica
e preço’, além das justificativas administrativas para a realização do certame, as justificativas
técnicas para adoção desse tipo de licitação, conforme disposto no art. 8º, § 1º, do seu
Regulamento de Licitações e de Contratos”. Precedentes citados: Acórdãos n.os 568/2009 e
992/2007, ambos da 1ª Câmara; Acórdãos n.os 1.188/2009 e 2.032/2005, ambos do Plenário.
Acórdão n.º 556/2010-Plenário, TC-029.103/2009-0, rel. Min. Raimundo Carreiro,
24.03.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
a jurisprudência do Tribunal, os fatores de pontuação técnica devem ser restritos a quesitos que
reflitam melhor desempenho e qualidade técnica dos licitantes no serviço a ser prestado, de
modo a não prejudicar a competitividade do certame. Acolhendo o voto do relator, decidiu o
Plenário determinar à Apex Brasil que “inclua no projeto básico ou no termo de referência as
justificativas técnicas, quando julgar necessária a adoção de quantitativos mínimos na
comprovação da qualificação técnica, demonstrando a compatibilidade desses quantitativos
com o valor da contratação [...], sendo vedada a comprovação de quantitativos iguais ou
superiores ao objeto do certame”. Precedente citado: Acórdão n.º 126/2007-Plenário. Acórdão
n.º 556/2010-Plenário, TC-029.103/2009-0, rel. Min. Raimundo Carreiro, 24.03.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
exige o recolhimento da garantia prevista no inciso III do artigo 31 da Lei n.o 8.666/93 antes da
data da abertura das propostas. Tal procedimento, segundo a representante, além de frustrar o
caráter competitivo do certame, está em desacordo com o art. 43, I, da Lei de Licitações, já que
“a garantia da proposta, obrigatoriamente, deve ser um documento inserido dentro do
envelope de habilitação, o qual só pode ser conhecido após a abertura do referido envelope.”
Também de acordo com a representante, a exigência de que a garantia seja entregue até três dias
úteis antes da data da abertura frustra o caráter competitivo da licitação, infringindo o art. 3º, §
1º, I, da Lei n.o 8.666/93, ao permitir que sejam conhecidas, anteriormente à data da licitação,
todas as empresas que participarão do certame, potencializando a formação de conluios e
consequentes sobrepreços nas propostas. Em seu voto, o relator acompanhou a manifestação do
Ministério Público junto ao TCU, que considerou não haver ilegalidade no edital-padrão do
Dnit, uma vez que, para os licitantes serem capazes de comprovar o recolhimento da garantia,
faz-se necessário que, antecipadamente, adotem as medidas pertinentes para viabilizar, junto a
uma agência bancária ou entidade financeira, consoante a modalidade da garantia, o
recolhimento dos respectivos valores. De acordo com o Parquet, esse recolhimento “não se
confunde com o ato de comprovar documentalmente a prestação de garantia. O que a Lei
impõe é que essa prova seja inserida nos documentos relativos à habilitação e não que a ação
de recolhimento ocorra durante aquele momento. Interessante observar que o próprio artigo 31
evidencia esse entendimento quando se refere à garantia de participação como um
documento”. Não obstante, reconheceu o Ministério Público que “quanto menor o prazo para o
recolhimento da garantia, maior é o risco de comparecimento simultâneo de interessadas”. A
rigor, não deveria nem ser fixada data limite (anterior à sessão de apreciação das propostas) para
o recolhimento da garantia, “sendo esse limite delimitado pelo próprio prazo para a entrega
das propostas”. Acolhendo o voto do relator, decidiu o Plenário considerar parcialmente
procedente a representação e expedir determinação corretiva ao Dnit, além de recomendar à
entidade que “envide esforços no sentido de aperfeiçoar a sistemática para o recolhimento da
garantia prevista no art. 31, III, da Lei n. 8.666/1993, verificando a possibilidade de se adotar
o recebimento da garantia em conta-corrente indicada pelo órgão (quando a interessada optar
por recolher em espécie), além de permitir o recebimento dos próprios comprovantes de
seguro-fiança ou fiança bancária no envelope de habilitação, sem necessidade de emissão de
guia por setor específico da entidade”. Acórdão n.º 557/2010-Plenário, TC-013.864/2009-2,
rel. Min. Raimundo Carreiro, 24.03.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
SUMÁRIO
Plenário
Necessidade de projeto básico em contratações emergenciais;
Inexigibilidade de licitação:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
Necessidade de projeto básico em contratações emergenciais
Contra o Acórdão n.º 1.644/2008, por meio do qual o Plenário determinou ao Departamento
Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) que, “mesmo em obras emergenciais”,
providenciasse “projeto básico com todos os elementos do art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666/93,
em obediência ao art. 7º, § 2º, inciso II, e 9º, da Lei nº 8.666/1993, sob pena de anulação dos
contratos com base no § 6º do mesmo artigo”, foi interposto pedido de reexame, no qual a
autarquia afirmou a impossibilidade de cumprimento do acórdão recorrido, em razão de não
haver “tempo hábil para elaboração de um projeto básico nos termos exigidos no artigo 6º, IX,
da Lei n.º 8.666/1993, quando se trata de contratação direta de obras emergenciais”. Como
subsídio às suas razões recursais, o DNIT fez alusão ao Acórdão n.º 395/2008-Plenário, no qual
restou consignado que o projeto básico para obra rodoviária de natureza emergencial e de baixa
complexidade executiva pode ser substituído por planilha estimativa, devidamente
fundamentada em relatório técnico. Considerando que a simples exclusão da ordem guerreada,
conforme pleiteava o recorrente, “esvaziaria de significado a determinação lá constante”, o
representante do Ministério Público junto ao TCU sugeriu a alteração do seu conteúdo, tendo
em vista remanescer, como regra, a necessidade de o DNIT “providenciar o projeto básico, sob
pena de anulação dos contratos, nos termos da Lei n.º 8.666/93”. Acompanhando o Parquet
especializado, o relator propôs e o Plenário decidiu dar provimento parcial ao recurso, a fim de
conferir à determinação atacada a seguinte redação: “determinar ao DNIT que, mesmo em obras
emergenciais, providencie projeto básico com todos os elementos do art. 6º, inciso IX, da Lei nº
8.666/93, em obediência ao art. 7º, § 2º, inciso II, e 9º, da Lei nº 8.666/1993, sob pena de
anulação dos contratos com base no § 6º do mesmo artigo, ressalvando, para o caso de obras
emergenciais de baixa complexidade executiva, em caráter excepcional, a possibilidade de
substituição do projeto básico por planilha estimativa, desde que esta se encontre devidamente
fundamentada em relatório técnico”. Precedentes citados: Acórdãos n.os 2.364/2006, 103/2007
e 2.263/2008, todos do Plenário. Acórdão n.º 614/2010-Plenário, TC-007.965/2008-1, rel. Min.
Valmir Campelo, 31.03.2010.
77
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
ele, os demais requisitos da espécie “são de mais fácil identificação: os serviços técnicos estão
previstos no art. 13 da Lei de Licitações, e a notoriedade do profissional especializado pode ser
comprovada por meio de documentos hábeis para tanto, como: diplomas, participações em
eventos, cursos ministrados etc”. Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu expedir
determinação corretiva ao Confea. Precedente citado: Acórdão n.º 852/2008-Plenário. Acórdão
n.º 658/2010-Plenário, TC-021.717/2007-5, rel. Min-Subst. André Luís de Carvalho,
31.03.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
Fracionamento de despesas com fuga à modalidade licitatória adequada
No âmbito da tomada de contas especial instaurada para apurar irregularidades na aplicação de
recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) transferidos ao
Município de Teixeira/PB, com vistas à ampliação e à reforma de escolas municipais, foi o ex-
prefeito citado para apresentar alegações de defesa quanto ao “fracionamento das despesas com
a utilização de modalidade convite, enquanto o somatório dos contratos exigia a modalidade
tomada de preços, haja vista que as obras e serviços na Escola Municipal Silveira Dantas
poderiam ser realizados conjunta e concomitantemente, conforme preceitua o art. 23, § 5º, da
Lei nº 8.666/1993, e alterações posteriores”. O relator entendeu que os argumentos oferecidos
pelo responsável não foram capazes de elidir a irregularidade identificada, uma vez que o
próprio ex-prefeito “assume que era adotado o procedimento licitatório à medida que os
projetos específicos eram aprovados pelo órgão estadual responsável”, deixando claro,
portanto, que “havia a possibilidade de se planejar a licitação em um único processo com base
no plano de trabalho do convênio celebrado”. Ressaltou também em seu voto a agravante de os
serviços e as obras de engenharia, licitados em processos distintos, serem “da mesma natureza e
previstos para o mesmo local, ou seja, a Escola Municipal Silveira Dantas”, além do que,
conforme destacou a unidade técnica, “a empresa vencedora das licitações foi a mesma”. A
Primeira Câmara anuiu à conclusão do relator, no sentido do não acolhimento das alegações de
defesa apresentadas. Acórdão n.º 1597/2010-1ª Câmara, TC-007.824/2008-3, rel. Min.
Augusto Nardes, 30.03.2010.
SEGUNDA CÂMARA
Dispensa de licitação nos contratos firmados entre universidades federais e suas fundações
de apoio
Na prestação de contas da Universidade Federal do Ceará (UFC), relativa ao exercício de 2005,
foi identificada como possível irregularidade a celebração de contratos entre a UFC e sua
fundação de apoio – Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC) –, com dispensa de
licitação, para realização de “atividades desconexas à pesquisa, ensino, extensão ou
desenvolvimento institucional”, em inobservância a dispositivos contidos nas Leis n.os 8.666/93
e 8.958/94. As contratações inquinadas tinham por objeto a prestação de serviços de assistência
técnica para a implantação do Campus do Cariri, a recuperação das dependências da Faculdade
de Direito, assim como a aquisição de material permanente, automóveis, equipamentos de
informática, multimídia e climatização. Em seu voto, destacou o relator que as razões de
justificativas apresentadas pelos responsáveis não diferiam muito das “apresentadas por outras
IFES”, dando conta, “em essência, que os recursos liberados corriam o risco de não serem
utilizados, haja vista a sua liberação já no final do exercício, inviabilizando a adoção dos
procedimentos licitatórios devido ao exíguo tempo disponível para a sua realização”. Frisou o
relator que o Tribunal, por mais de uma ocasião, já se pronunciou sobre a ilegalidade da
dispensa de licitação para a contratação de fundações de apoio com vistas à execução “das
atividades aqui listadas”. Acolhendo o voto do relator, deliberou a Segunda Câmara no sentido
de determinar à UFC que “abstenha-se de contratar fundação de apoio, com fundamento no
inciso XIII do art. 24 da Lei n.º 8.666/93, quando o objeto do contrato não estiver diretamente
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
NOVAS SÚMULAS
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
diversas e que representem percentual significativo do preço global da obra, devem apresentar
incidência de taxa de Bonificação e Despesas Indiretas - BDI reduzida, em relação à taxa
aplicável aos demais itens.
SUMÁRIO
Plenário
Observância da Lei n.º 8.666/93 por fundação de direito privado;
Exigência editalícia de que o cartucho objeto da licitação seja da mesma marca da impressora;
Influência do prazo de execução da obra no cálculo da parcela de administração central
integrante da taxa de BDI;
Adoção de novo ‘Acordo de Nível de Serviço’ durante a execução contratual;
Divulgação do orçamento no edital do pregão.
Primeira Câmara
Licitação como regra para a contratação de serviços advocatícios;
Licitações no âmbito da Petrobras:
1 - Pesquisa de preços e interpretação do art. 43, IV, da Lei n.º 8.666/93;
2 - Necessidade de três propostas válidas na modalidade de convite.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
aviso de licitação, implicando violação à Lei n.o 8.666/93. Inconformado, o responsável interpôs
recurso de reconsideração, sob o argumento de que sentença penal deixou de condená-lo por
“fraude a licitação”, tendo o juiz, naquela assentada, partido do pressuposto de que a Fundação
Iguassu – fundação de direito privado – não estaria submetida aos ditames da Lei de Licitações.
Em seu voto, o relator deixou assente que “Essa declaração [...] não afeta a deliberação ora
atacada, especialmente porque o termo do citado convênio impunha à Fundação a submissão
aos preceitos contidos nessa lei para aquisição do material gráfico promocional”. Ressaltou,
ainda, que a jurisprudência dominante do TCU acena no sentido de ser cabível o exame da
regularidade dos procedimentos licitatórios em certames conduzidos por entidade de direito
privado, quando o respectivo termo de convênio impõe-lhe, expressamente, a observância dos
preceitos contidos na Lei n.º 8.666/93. Em razão da independência das instâncias, “o TCU pode
extrair dos fatos apurados, nos limites de suas competências, as consequências jurídicas que
julgar pertinentes. Assim sendo e por ter sido altamente reprovável a conduta do então
Presidente daquela Fundação, afiguram-se adequadas as sanções impostas a esse agente”. Ao
final, o relator fez alusão ao voto da deliberação recorrida, no qual restou flagrante a afronta a
princípios constitucionais que regem a Administração Pública, e que “devem ser observados
quando se trata da gestão de recursos públicos, em especial os da legalidade, da publicidade,
da moralidade, da isonomia e da impessoalidade”. Portanto, mesmo que se considerasse
adequado afastar, no caso em apreço, a incidência da Lei de Licitações, “subsistiria a
necessidade de apenar o recorrente, tendo em vista o desrespeito aos princípios constitucionais
acima elencados”. O relator propôs e o Plenário decidiu negar provimento ao recurso. Acórdão
n.º 687/2010-Plenário, TC-006.025/2007-4, rel. Min. Benjamin Zymler, 07.04.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Desclassificação de licitante por erro no preenchimento da planilha de preços;
Licitação para contratação de serviços de call center:
1 - Objeto comum e uso do pregão;
2 - Alto fator de ponderação atribuído à pontuação técnica;
3 - Possibilidade da aplicação de sanção a licitante mesmo depois de anulado o certame;
Incidência do art. 57, II, da Lei n.º 8.666/93, em caráter excepcional, no fornecimento de
medicamentos.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Segunda Câmara
IRPJ e CSLL não podem vir destacados no BDI, mas podem integrar o lucro da licitante;
Cláusulas editalícias restritivas à competitividade:
1 - Exigência de número mínimo de atestados para fim de qualificação técnica;
2 - Índices de qualificação econômico-financeira destoantes da realidade do mercado.
PLENÁRIO
Licitação para contratação de serviços de call center: 1 - Objeto comum e uso do pregão
A teor do art. 46 da Lei n.º 8.666/93, a licitação do tipo técnica e preço deve ser utilizada
exclusivamente para a contratação de serviços de natureza predominantemente intelectual, em
que a arte e a racionalidade humana sejam imprescindíveis à satisfatória execução do serviço.
Os serviços de call center, caracterizados como serviços comuns, ex vi do disposto na Lei n.º
10.520/2002, devem ser licitados por meio da modalidade pregão, preferencialmente eletrônico,
salvo motivo devidamente justificado. Foi esse o entendimento defendido pelo relator, ao
apreciar representação que indicava supostas irregularidades na Concorrência n.º 01/2009, tipo
técnica e preço, promovida pelo Ministério da Saúde, tendo por objeto a prestação de serviços
destinados à implantação e operação da “Central de Teleatendimento do Departamento de
Ouvidoria Geral do SUS, da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa” daquele
Ministério. Insurge-se a representante contra a escolha da modalidade concorrência, e o
respectivo tipo da licitação, argumentando que os serviços licitados não poderiam ser
considerados como de natureza predominantemente intelectual, mas sim bens e serviços
comuns, passíveis de serem contratados por meio de pregão, além do que não teria sido
87
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
apresentada justificativa para a não utilização dessa modalidade. Apesar da tentativa do órgão
em não caracterizar o objeto licitado como serviços comuns, sob o argumento principal de não
se tratar de uma simples contratação de call center, mas sim de um atendimento que requer mão
de obra especializada, ou seja, atendentes cursando nível superior na área da saúde, o relator
acolheu a instrução da unidade técnica, para a qual “tal circunstância não tem por si só o
condão de retirar do objeto a qualificação de serviço comum”, uma vez que “o projeto básico
estabelece que os teleatendentes, quando da interlocução com os usuários, utilizarão a base de
conhecimento informatizada do Sistema Ouvidor – SUS e, diante da ausência de resposta ou de
informação na referida base, deverão registrar a solicitação do usuário no sistema
informatizado, fornecendo o número do protocolo a esse usuário, o que [...] desqualifica as
atividades como de natureza predominantemente intelectual, nada diferenciando de um
atendimento comum de call center”. Na prática, “os atendentes deverão seguir um protocolo ou
um roteiro de atendimento pré-estabelecido pelo Ministério da Saúde”. Acolhendo o voto do
relator, decidiu o Plenário determinar ao Ministério da Saúde que “adote, no prazo de 15
(quinze) dias, as providências necessárias com vistas à anulação da Concorrência n.º 1/2009,
promovida pelo Departamento de Logística, tendo em vista a escolha de modalidade e tipo de
licitação inadequados ao objeto licitado”. Caso persista a necessidade de contratar o objeto da
aludida licitação, “adote a modalidade licitatória pregão, de preferência em sua forma
eletrônica”. Precedentes citados: Acórdãos n.os 2.118/2008, 2.471/2008, 237/2009 e 265/2010,
todos do Plenário. Acórdão n.º 767/2010-Plenário, TC-002.319/2010-1, rel. Min. José Jorge,
14.04.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Incidência do art. 57, II, da Lei n.º 8.666/93, em caráter excepcional, no fornecimento de
medicamentos
Ao apreciar os resultados da auditoria de natureza operacional realizada na ação “Atenção aos
Pacientes Portadores de Doenças Hematológicas”, gerenciada pela Coordenação-Geral de
Sangue e Hemoderivados, no âmbito do Ministério da Saúde, o relator destacou que a relevância
do tema “impõe exame acurado das causas e consequências das crises de abastecimento dos
hemoderivados no Brasil”. Caberia ao TCU não só identificar e conhecer todo o processo que
regula a compra, aplicação e distribuição de tais substâncias, como também recomendar
soluções factíveis e permanentes para questão tão sensível, qual seja, a oferta insuficiente de
hemoderivados adquiridos de forma centralizada pelo Ministério da Saúde, e que atinge
diretamente cerca de doze mil pessoas em todo o país. O relator salientou que o tratamento de
pacientes com hemofilia e de pacientes com outras deficiências de fatores de coagulação baseia-
se na terapia de reposição. Esse tratamento, contudo, “não é único e pode ocorrer de formas
distintas. A mais usual é por demanda, iniciada tão logo ocorra evento hemorrágico. Ela pode
ser realizada em centros especializados ou na residência do hemofílico. O tratamento na
residência é atendido pelo programa de Dose Domiciliar de Urgência – DDU, que procura
distribuir doses por paciente. Essas devem ser armazenadas em sua residência e usadas tão
logo ocorra um evento hemorrágico”. Todavia, “em razão das crises de abastecimento e da
falta de regularidade na distribuição dos medicamentos, constatou-se uma série de
interrupções no seu fornecimento”. Na busca por soluções, a equipe de auditoria apresentou
propostas, sendo que a mais importante, segundo o relator, é permitir a aplicação, em caráter
excepcional, do inciso II do art. 57 da Lei n.º 8.666/93, o qual possibilita que, nos casos de
prestação de serviços executados de forma contínua, seja viável a celebração de contratos com
vigência superior aos respectivos créditos orçamentários. Frisou o relator que “as
características necessárias para que um serviço seja considerado contínuo são: essencialidade,
execução de forma contínua, de longa duração e possibilidade de que o fracionamento em
períodos venha a prejudicar a execução do serviço”. Concordou com a equipe de auditoria no
sentido de que “essas características encontram-se presentes nas contratações para entrega de
fatores de coagulação”. E acrescentou não ter dúvida de que “se trata de serviço essencial, pois
qualquer interrupção no fornecimento de hemoderivados deixará à própria sorte indivíduos que
dependem desses medicamentos para se manterem saudáveis”. Acolhendo o voto do relator,
deliberou o Plenário no sentido de “admitir, em caráter excepcional, com base em
interpretação extensiva do disposto no inciso II do artigo 57 da Lei n.º 8.666, de 21 de junho de
1993, que as contratações para aquisição de fatores de coagulação sejam consideradas como
serviços de natureza contínua”. Precedente citado: Acórdão n.º 1.859/2006-Plenário. Acórdão
n.º 766/2010-Plenário, TC-006.693/2009-3, rel. Min. José Jorge, 14.04.2010.
SEGUNDA CÂMARA
IRPJ e CSLL não podem vir destacados no BDI, mas podem integrar o lucro da licitante
A indicação destacada, na composição do BDI, do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) não acarreta, por si só, prejuízos ao
erário, pois é legítimo que as empresas considerem esses tributos quando do cálculo da equação
econômico-financeira de sua proposta. A evolução da jurisprudência do Tribunal não deve
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Não houve Sessão no dia 21 de abril.
Primeira Câmara
Responsabilidade, perante o TCU, do parecerista jurídico.
Segunda Câmara
Licitação para registro de preços:
1 - Bons parâmetros para elaboração da planilha de custos e formação de preços;
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
SEGUNDA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Pregão para serviços de vigilância armada:
1 - Admissão do preço estimado pela administração como o máximo que ela se dispõe a
pagar;
2 - Necessidade de o valor orçado constar dos autos do processo licitatório e não do
edital.
A vedação à imposição de restrições ao caráter competitivo nos atos de convocação não é
absoluta.
Possibilidade de a vedação constante do art. 9º, III, da Lei n.º 8.666/93 ser estendida, por
aplicação analógica, ao dirigente que autoriza e homologa licitação vencida pelo seu enteado.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Pregão para serviços de vigilância armada: 2 - Necessidade de o valor orçado constar dos
autos do processo licitatório e não do edital
Outra suposta irregularidade perpetrada pelo Banco do Brasil no Pregão Eletrônico n.º
2009/28685, destinado à contratação de serviços de vigilância armada, dizia respeito ao fato de
o valor estimado constar tão somente do processo licitatório, mas não do edital. Segundo o
relator, o Tribunal já firmou entendimento no sentido de que, na licitação na modalidade pregão,
“o orçamento estimado em planilhas e preços unitários não constitui um dos elementos
obrigatórios do edital”, devendo estar necessariamente inserido no processo relativo ao
certame, conforme exigido pela Lei n.º 10.520/2002 (art. 3º, III, c/c o art. 4º, III) e pelo Decreto
n.º 5.450/2005 (art. 30, III), ficando a critério do gestor a avaliação da oportunidade e
conveniência de incluir “dita peça” no edital. De qualquer modo, caberia ao administrador
informar, no ato convocatório, a sua disponibilidade aos interessados e os meios para obtê-lo.
Sobre isso, o relator concluiu não prosperar a alegação de prejuízo ao princípio da publicidade,
ante a suposta falta de transparência quanto ao preço usado como parâmetro na convocação,
assim como não vislumbrou possível ofensa ao postulado da isonomia, dada a eventual
vantagem conseguida por licitantes com acesso ao processo físico, em relação àqueles que
tiveram de dar lances a partir das respectivas sedes, “fora de onde estavam os autos (Brasília-
DF)”. Isso porque, além de o orçamento estar inserido no processo licitatório, o Banco do
Brasil fez constar do edital a possibilidade de formalização de consultas por e-mail, cujas
respostas seriam dadas diretamente no site www.licitações-e.com.br, no link correspondente ao
pregão eletrônico em discussão, afastando a hipótese de lesão ao direito que os interessados
tinham a essa informação. O relator também lembrou que, em termos de valores, no pregão
eletrônico, diferentemente do que ocorre no pregão presencial, não existe classificação prévia
das propostas aptas à etapa de lances, o que “elimina o risco de desclassificação de alguma
licitante na primeira fase da convocação, no caso de sua oferta inicial exceder o preço tido por
aceitável”. Significa dizer que, na fase de recebimento de propostas, o eventual
desconhecimento do valor estimado pela administração “não tem repercussão decisiva na
possibilidade de sucesso dos participantes até o final do certame, pois, antes disso, todos terão
ainda a possibilidade de tomar ciência desse parâmetro, assim como das diversas ofertas, ao
longo da fase competitiva (encaminhamento de lances), portanto, em igualdade de condições”.
Ao final, o Plenário, acolhendo o voto do relator, decidiu considerar a representação
improcedente. Precedentes citados: Acórdão n.º 201/2006-2ª Câmara; Acórdãos n.os 114/2007 e
1.925/2006, ambos do Plenário. Acórdão n.º 1888/2010-Plenário, TC-012.047/2010-4, rel.
Min. Valmir Campelo, 04.08.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Possibilidade de a vedação constante do art. 9º, III, da Lei n.º 8.666/93 ser estendida, por
aplicação analógica, ao dirigente que autoriza e homologa licitação vencida pelo seu
enteado
Em sede de representação formulada ao TCU contra possíveis irregularidades em licitação
conduzida pela Diretoria de Infraestrutura Ferroviária do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DIF/DNIT), foi prolatado o Acórdão n.º 2.105/2008, por meio do
qual o Plenário decidiu fixar prazo ao DNIT para anular o certame, e, em consequência, o
contrato dele decorrente, bem como realizar a audiência do ex-Diretor de Infraestrutura
Ferroviária do DNIT, em razão de “participar indiretamente da licitação referente ao edital da
Concorrência nº 350/2006, por meio de seu enteado, [...] sócio da sociedade empresária
Consulfer, integrante do consórcio vencedor da licitação, em descumprimento ao disposto no
art. 9º, inciso III, § 3º, da Lei nº 8.666/1993 [...];”. A linha de defesa do responsável pautou-se,
sobretudo, nos seguintes argumentos: a) “não se aplicam as hipóteses exaustivas de proibição
de celebração de contratos administrativos, previstas no art. 9º da lei nº 8.666/1993, à
contratação de parente de servidor de entidade contratante”; b) “não há lacuna no rol de
proibições do art. 9º, inciso III, da Lei nº 8.666/1993 e do art. 18, inciso II, da Lei nº
9.784/1999, que possa ser preenchida pela aplicação dos princípios gerais do direito e da
analogia, conforme Lei de Introdução ao Código Civil, sob pena de usurpar a vontade do
legislador ordinário”. Em seu voto, o relator manifestou-se de acordo com o titular da unidade
técnica, no sentido de que a interpretação sistemática e analógica do art. 9º, III e §§ 3º e 4º, da
Lei n.º 8.666/93 legitima elastecer a hipótese de vedação da participação indireta de servidor ou
dirigente de órgão e entidade com o prestador dos serviços, sem que tal exegese desvirtue a
finalidade da norma legal, qual seja, a preservação dos princípios da moralidade administrativa,
da impessoalidade e da isonomia. Para o relator, o fato de a lei considerar participação indireta a
existência de qualquer vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou
trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos
serviços, fornecimentos de obras e bens, incluindo-se, nessa proibição, os membros da comissão
de licitação, “não exclui a possibilidade de referida vedação ser estendida, por aplicação
analógica, ao dirigente que autoriza e homologa o certame licitatório”. No caso em análise,
“não é lícito ao juiz deixar de aplicar o direito sob o argumento do non liquet – inexistência de
norma legal expressa e específica”, isso porque a própria Lei de Introdução ao Código Civil
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Contratação de serviços de tecnologia da informação:
1 - Uso do pregão;
2 - Mensuração e pagamento por resultados, e não por homens-hora;
Comprovação da regularidade fiscal por parte das contratadas por dispensa ou inexigibilidade de
licitação;
Repactuação de preços em contrato celebrado com cooperativa;
Subcontratação de serviços contratados com fundamento no art. 24, XIII, da Lei n.º 8.666/93;
Parcelamento material do objeto e participação de consórcios;
Licitação, do tipo “técnica e preço”, para contratação de serviços advocatícios:
1 - Ausência de definição da pontuação máxima no quesito de experiência profissional;
2 - Exigência de comprovação de vínculo do advogado com a sociedade licitante, para
fim de pontuação técnica;
Cessão do contrato à empresa resultante da cisão da contratada.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
alegação dos gestores, no sentido de que a variação salarial dos trabalhadores vinculados à
convenção seria bom parâmetro para aproximar os preços dos serviços contratados com a
Tecnocoop aos de mercado, uma vez que os custos desses serviços referiam-se, em grande
parte, à mão de obra. Feitas essas considerações, o relator concluiu que “não mais subsiste o
débito que ensejou a instauração da presente TCE, motivo pelo qual devem ser afastadas as
responsabilidades dos gestores”. O Plenário acolheu o voto do relator. Precedentes citados:
Acórdãos n.os 376/1997-1ª Câmara e 479/2007-Plenário. Acórdão n.º 963/2010-Plenário, TC-
007.449/2001-3, rel. Min. Benjamin Zymler, 05.05.2010.
Subcontratação de serviços contratados com fundamento no art. 24, XIII, da Lei n.º
8.666/93
Em razão de indícios de irregularidades apontados em representação formulada ao TCU, acerca
da execução do Convênio n.º 77/2001, celebrado entre o Governo do Estado do Espírito Santo e
a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), para fim de capacitação operacional das
polícias civil e militar, no âmbito do Projeto de Ações Proativas para Prevenção à Criminalidade
(PRO-PAS), foram os autos convertidos em tomada de contas especial. As principais
ocorrências diziam respeito, em síntese, “à execução parcial do objeto do convênio (68%) com
o pagamento de 100% do valor contratado; ao pagamento a servidores estaduais para
ministrar cursos do programa, quando as aulas poderiam ter sido realizadas sem custo para o
Estado; à contratação da Fundação Ceciliano Abel de Almeida por dispensa de licitação, com
fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, sem que estivessem presentes os requisitos
relativos à qualificação do seu corpo técnico para a prestação dos serviços; e à montagem da
prestação de contas, com o intuito de demonstrar que todo o objeto do convênio fora
realizado.”. A respeito do contrato celebrado entre a Secretaria de Estado da Segurança Pública
(SESP) e a Fundação Ceciliano Abel de Almeida (FCAA) – fundação de apoio à Universidade
Federal do Espírito Santo (UFES) –, por dispensa de licitação, com fundamento no inciso XIII
do art. 24 da Lei n.º 8.666/93, para a prestação de serviços de treinamento de instrutores
policiais, o relator destacou que a jurisprudência do TCU é firme no sentido de que “a
contratação de instituição sem fins lucrativos, com dispensa de licitação, com fulcro no art. 24,
inciso XIII, da Lei n.º 8.666/93, somente é admitida nas hipóteses em que houver nexo efetivo
entre o dispositivo, a natureza da instituição e o objeto contratado, além de comprovada a
compatibilidade com os preços de mercado” (Súmula n.º 250). Afirmou, também, ser pacífico o
entendimento de que, quando da contratação direta prevista no referido dispositivo, deve restar
comprovada a capacidade de execução do objeto contratual com estrutura própria e de acordo
com as competências da contratada, sendo inadmissível, nesses casos, a subcontratação, ainda
que parcial, dos serviços contratados. No caso em exame, contrariando um dos pressupostos da
contratação direta prevista no art. 24, XIII, da Lei n.º 8.666/93 – a execução pelo próprio
contratado, em razão de sua estrutura e qualificação satisfatórias para a prestação adequada do
serviço – o próprio contrato “admitia a possibilidade de subcontratação parcial, vedando
apenas a subcontratação total dos serviços ajustados”. Nesse caso, “Policiais militares e civis,
inclusive alguns integrantes da estrutura executiva do PRO-PAS, filiaram-se à Cooperativa de
Professores de Pós-Graduação e Extensão do Espírito Santo – COOPERPOS/ES, entidade com
a qual a FCAA celebrou termo de cooperação em 22/08/2001, para que pudessem ser
recrutados para ministrar aulas e coordenar os treinamentos objeto do contrato celebrado com
a SESP”. O relator concluiu que a FCAA, “ainda que em parte, atuou como intermediária na
prestação dos serviços contratados, captando fora do seu quadro funcional os profissionais
necessários à execução do contrato, o que inviabiliza a adoção do permissivo dispensatário
legal (art. 24, XIII, da Lei n.º 8.666/1993), conforme a jurisprudência pacífica deste Tribunal”.
Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu julgar irregulares as contas dos responsáveis e
aplicar-lhes multa, sem prejuízo de expedir determinação corretiva ao Governo do Estado do
Espírito Santo, para futuras contratações custeadas, ainda que parcialmente, com recursos
federais. Precedentes citados: Decisões n.os 881/97, 138/98, 516/2000 e 540/2000, todas do
Plenário; Acórdãos n.os 14/2002, 19/2002 e 994/2006, todos do Plenário. Acórdão n.º 950/2010-
Plenário, TC-016.499/2006-5, rel. Min. Benjamin Zymler, 05.05.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Plenário, passou a entender, por força de nova interpretação conferida ao art. 78, VI, da Lei n.º
8.666/93, que não configuraria “inconstitucionalidade ou ilegalidade” a continuidade de
contrato firmado com empresa objeto de cisão, fusão ou incorporação, desde que cumpridos os
seguintes requisitos, cumulativamente: a) tal possibilidade estivesse prevista no edital e no
contrato; b) fossem observados, pela nova empresa, os requisitos de habilitação originalmente
previstos na licitação; c) fossem mantidas as condições estabelecidas no contrato original. No
caso em apreço, o relator constatou que tais condições foram atendidas, já que “o subitem 9.14.
do ato convocatório autorizava a subcontratação parcial até o limite de 30% do valor total da
obra, bem como a cessão a outrem, no caso de cisão, e foram mantidos inalterados os termos
originais da avença”. Assim sendo, o relator propôs e o Plenário decidiu acolher as razões de
justificativa apresentadas pelo ex-prefeito. Acórdão n.º 973/2010-Plenário, TC-002.138/2007-
0, rel. Min-Subst. André Luís de Carvalho, 05.05.2010.
SUMÁRIO
Plenário
Responsabilidade da empresa de pequeno porte (EPP) pela apresentação, perante a Junta
Comercial, da “Declaração de Desenquadramento”;
Uso do pregão previamente à contratação do serviço de elaboração do estudo de impacto
ambiental.
Concorrência para execução de obra:
1 - Exigência de vínculo empregatício entre o responsável técnico e a empresa licitante,
para fim de qualificação técnico-profissional;
2 - Ilicitude da terceirização, de forma permanente, da atividade-fim da empresa licitante;
Comprovação, para fim de qualificação técnica, da aptidão para desempenho de atividade
“pertinente e compatível em características, quantidades e prazos” com o objeto da licitação;
BDI diferenciado para fornecimento de materiais e equipamentos.
Segunda Câmara
Necessidade da comprovação, mesmo nas contratações diretas, da regularidade fiscal e da
seguridade social;
Marco inicial e data limite para a contratada pleitear repactuação de preços.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
condição de empresa de pequeno porte (EPP), obtendo os benefícios da Lei Complementar n.o
123/2006 (Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte), “sem ostentar
a condição que permitia o seu enquadramento como EPP”. Realizada a oitiva da Centerdata,
oportunidade em que se lhe informou a possibilidade de ser apenada com a sanção prevista no
art. 46 da Lei n.º 8.443/92 (declaração de inidoneidade para participar de licitação na
administração pública federal por até cinco anos), a empresa alegou que teria participado das
licitações como EPP porque estaria assim enquadrada desde 1º/07/2007 – condição certificada
pela Junta Comercial –, e não teria sido informada da perda daquela qualificação. Em seu voto,
o relator destacou que, perante a administração, a qualificação como ME ou EPP é feita
mediante “declaração da Junta Comercial”, que a expede com base em informação da empresa
interessada, ao requerer à respectiva Junta o arquivamento da “Declaração de Enquadramento
de ME ou EPP”. Da mesma forma, cessadas as condições que permitiam o aludido
enquadramento, “a empresa deverá fazer a Declaração de Desenquadramento”. Segundo o
relator, tais ações “competem exclusivamente às empresas interessadas em auferir os benefícios
da LC 123/2006”, tratando-se, pois, de “ato declaratório”, de iniciativa de quem pretenda
usufruir dos referidos benefícios. No caso concreto, pesquisas realizadas nos sistemas
informatizados da administração pública federal (Siafi, Siasg e Comprasnet) indicaram que a
Centerdata, apesar de possuir faturamento bruto superior ao limite estabelecido pela Lei
Complementar n.o 123/2006 (R$ 2.400.000,00), “venceu licitações na qualidade de EPP e se
beneficiou indevidamente dessa condição”, tendo a apuração sido feita com base no somatório
de ordens bancárias recebidas pela empresa, nos anos anteriores aos das licitações em que se
sagrou vencedora. Para o relator, enquanto a empresa não firmar a “Declaração de
Desenquadramento”, a Junta Comercial expedirá, sempre que solicitada, a “Certidão
Simplificada” a que fez alusão a Centerdata em suas razões de justificativa. Portanto, a
informação da perda da condição de ME ou EPP, por ser ato declaratório, “era
responsabilidade da empresa Centerdata que, por não tê-la feito e por ter auferido
indevidamente dos benefícios da LC 123/2006, ação que caracteriza fraude à licitação, deve ser
declarada inidônea para participar de licitações da administração pública federal”. O Plenário
acolheu o voto do relator. Acórdão n.º 1028/2010-Plenário, TC-005.928/2010-9, rel. Min.
Walton Alencar Rodrigues, 12.05.2010.
107
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
prestadores do serviço e pelo contratante, e, ainda, que este seja ofertado no mercado com
características que não variem muito conforme o fornecedor.”. Antes de se pronunciar sobre o
mérito, o relator considerou necessário ouvir o Inea, em especial sobre a suficiência dos dados
que a CDRJ mencionou para a elaboração do EIA/Rima objeto da licitação em tela, e ainda
sobre a existência de métodos padronizados para a “realização de levantamento complementar
de dados eventualmente necessários”. Tendo o Coordenador de Avaliação dos EIA/Rima no
Inea confirmado as informações fornecidas pela CDRJ, o relator concluiu pela improcedência
da representação, chamando, ainda, a atenção para o fato de que “nem sempre será apropriada
a realização de pregão para contratar a elaboração de EIA/Rima. A qualidade deste serviço
depende diretamente da qualidade dos dados utilizados e das informações produzidas, o que é
de difícil aferição pelo órgão/entidade contratante”. No caso concreto, “isto está
razoavelmente assegurado pela existência prévia de estudos confiáveis sobre as características
ambientais da área de implantação do projeto. Quando isto não ocorrer, deve-se analisar a
possibilidade de se especificar, no edital, os métodos que serão utilizados para coleta e para
tratamento de dados, e, ainda, se isto será suficiente para garantir as condições necessárias
para a contratação via pregão”. O Plenário acolheu o voto do relator. Acórdão n.º 1039/2010-
Plenário, TC-029.031/2009-9, rel. Min. Raimundo Carreiro, 12.05.2010.
108
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
111
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
homologação da convenção ou acordo coletivo que fixar o novo salário normativo da categoria
profissional abrangida pelo contrato administrativo a ser repactuado, até a data da
prorrogação contratual subsequente, sendo que, se não o fizer, de forma tempestiva e, por via
de consequência, prorrogar o contrato sem pleitear a respectiva repactuação, ocorrerá a
preclusão do seu direito a repactuar’.”. A partir desse entendimento, a unidade técnica inferiu
que, nos casos em que não for celebrado aditivo e o contrato for encerrado, a contratada poderia
pleitear a repactuação “até o fim do prazo prescricional”. Nesses casos, não raros, “estaria a
Administração sujeita, durante alguns anos, após expirada a vigência do contrato, a ter de
reconhecer os efeitos retroativos financeiros de contratos e efetuar pagamentos de exercícios
anteriores. Tal fato poderia gerar desarranjos e comprometer a programação financeira e
orçamentária dos exercícios subsequentes, além de se ter de reconhecer a despesa e inscrevê-la
como ‘despesas de exercícios anteriores’.”. O relator ponderou que, naquele mesmo decisum,
restou assente que, não obstante se tratar de direito intangível da contratada, a repactuação
corresponde, de todo modo, a direito disponível, e, como tal, sujeito à preclusão. Destacou o
relator que a preocupação da unidade técnica envolve situação não delineada naquela assentada,
qual seja, “contrato com vigência encerrada, sem prorrogação, tendo ocorrido aumento dos
custos (convenção ou acordo coletivo de trabalho) do contrato ainda no período de vigência, e
que reste configurado o direito à repactuação, no caso de transcorrido o interregno mínimo de
um ano, contado na forma prevista no edital”. O relator não vislumbrou necessidade de
alteração do entendimento já firmado pelo Tribunal sobre a matéria, devendo a “data limite
para a contratada pleitear a repactuação” ser “a da prorrogação ou do encerramento do
contrato, conforme o caso, na mesma linha de raciocínio desenvolvida no Acórdão 1827/2008.
A expiração do prazo de vigência do contrato fulmina o direito à repactuação por preclusão”.
Nesse mesmo sentido, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão editou a Instrução
Normativa n.º 3/2009, a qual altera a Instrução Normativa n.º 2/2008, prevendo, em seu art. 40,
§ 7º, que “As repactuações a que o contratado fizer jus e não forem solicitadas durante a
vigência do contrato, serão objeto de preclusão com a assinatura da prorrogação contratual ou
com o encerramento do contrato.”. Ao final, o relator propôs e a Segunda Câmara decidiu
“recomendar à Secretaria Executiva do Ministério da Cultura que, em seus editais de licitação
e/ou minutas de contrato referentes à prestação de serviços executados de forma contínua,
inclua alerta acerca do prazo dentro do qual poderá o contratado exercer, perante a
Administração, seu direito à repactuação contratual, nos termos previstos no art. 5º do Decreto
nº 2.271, de 1997, qual seja, da data do evento que ensejar a repactuação até a data da
prorrogação contratual subsequente, se for o caso, ou do encerramento do contrato, sendo que
se não o fizer de forma tempestiva e, por via de consequência, prorrogar o contrato ou deixar
transcorrer in albis o prazo de vigência, ocorrerá a preclusão do seu direito a repactuar.”.
Acórdão n.º 2094/2010-2ª Câmara, TC-007.040/2004-0, rel. Min-Subst. André Luís de
Carvalho, 11.05.2010.
112
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Pregão, em sua forma eletrônica, como regra para a contratação de bens e serviços comuns.
Necessidade de a contratada manter, durante a vigência do contrato, as mesmas condições da
proposta por ela apresentada, em especial a qualificação da equipe técnica.
Adoção reiterada, pela Petrobras, da modalidade convite em situações não previstas na Lei n.º
8.666/93.
Contratação direta, sem licitação, para a realização de concurso com vistas ao provimento de
cargos ou empregos públicos.
Exigências editalícias restritivas ao caráter competitivo da licitação e prática de ato
antieconômico.
Inclusão dos tributos IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica e CSLL – Contribuição Social
Sobre o Lucro Líquido na composição do BDI – Benefícios e Despesas Indiretas.
Manutenção, em aditivo de aumento de quantitativos, do percentual de desconto ofertado pela
contratada no preço global inicialmente ajustado.
Primeira Câmara
Repactuação de valores para itens não cotados, ou cotados a menor, na planilha de preços da
empresa vencedora da licitação.
Contratação das fundações de apoio, por dispensa de licitação, com base no art. 24, XIII, da Lei
n.º 8.666/93:
1 - Necessidade de o objeto contratado estar relacionado a ensino, pesquisa ou
desenvolvimento institucional;
2 - Responsabilidade, perante o TCU, do parecerista jurídico que se manifesta pela
legitimidade da contratação.
Licitação para aquisição de bens:
1 - Fracionamento de despesas para a não realização de licitação, ou para a não adoção da
modalidade licitatória adequada;
2 - Descrição do objeto de forma a atender às necessidades específicas da entidade
promotora do certame.
Segunda Câmara
Contratação de empresa cujos sócios são servidores públicos.
PLENÁRIO
Pregão, em sua forma eletrônica, como regra para a contratação de bens e serviços
comuns
Representação formulada ao TCU apontou supostas irregularidades na condução, pelo
Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), do Pregão Presencial n.º 005/2010, tendo por objeto
a formação de ata de registro de preços com vistas à contratação de empresa especializada na
fabricação e fornecimento de 50 caminhões, com carroceria frigorífica adaptada para
armazenagem e comercialização de pescado fresco. Após examinar as justificativas
apresentadas pelo MPA, em resposta à oitiva promovida pelo Tribunal, e avaliar o conteúdo do
edital da licitação, a unidade técnica propôs a concessão de medida cautelar para suspender o
certame. Entre os motivos que justificariam a adoção dessa medida, estava a utilização do
pregão em sua forma presencial, “em detrimento da eletrônica, que é preferencial”. O relator
considerou não haver razão para o provimento cautelar, sobretudo porque o objeto em questão é
passível de ser licitado na modalidade pregão, enquadrando-se no conceito legal de bem
comum, constante do parágrafo único do art. 1º da Lei n.º 10.520/2002. Ponderou, no entanto,
que a utilização do pregão na forma presencial, sem a demonstração da inviabilidade de
113
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
utilização da forma eletrônica, não se conforma com o preceito contido no art. 4º, § 1º, do
Decreto n.o 5.450/2005. Segundo o relator, a justificativa apresentada pelo MPA (dificuldade de
remessa, por meio magnético, de pesados arquivos de “manuais e plantas croquis, e demais
documentos”) não foi satisfatória, “tendo em vista o atual estágio de desenvolvimento das
ferramentas de tecnologia da informação”. Não obstante haver sido adotado o pregão
presencial, em detrimento do eletrônico, o certame contou com a participação de empresas que
ofereceram propostas com valores consideravelmente inferiores ao orçado pelo MPA – à
evidência de ter ocorrido disputa efetiva entre os licitantes –, razão por que o relator propôs e o
Plenário decidiu considerar parcialmente procedente a representação, sem prejuízo de expedir
determinação corretiva ao órgão, para futuros certames. Acórdão n.º 1099/2010-Plenário, TC-
007.563/2010-8, rel. Min. Benjamin Zymler, 19.05.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Contratação direta, sem licitação, para a realização de concurso com vistas ao provimento
de cargos ou empregos públicos
Em consulta formulada ao TCU, o Ministro de Estado das Comunicações indaga “se é possível
a realização de certame de caráter nacional”, com vistas ao recrutamento e à seleção de
pessoal para os quadros da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), “centralizando
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Inclusão dos tributos IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica e CSLL – Contribuição
Social Sobre o Lucro Líquido na composição do BDI – Benefícios e Despesas Indiretas
No âmbito do Contrato de Repasse n.o 226.012-13/2007, celebrado entre a União, por
intermédio do Ministério das Cidades, e o Estado do Rio Grande do Norte, foi firmado o
Contrato n.o 039/2008, entre a Secretaria de Estado de Infraestrutura do Rio Grande do Norte e a
empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda., tendo por objeto a execução das “obras de
Urbanização de Assentamento Precário na Região Administrativa Oeste da cidade de Natal
(Favela Mor Gouveia)”. Entre os achados de auditoria envolvendo o mencionado contrato, foi
identificada, na planilha apresentada pela empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda., a
“inclusão inadequada de itens na composição do BDI”, dele constando percentuais referentes à
CSLL e ao IRPJ. Em seu voto, o relator fez alusão ao Acórdão n.o 325/2007-Plenário, o qual,
ainda que proferido em processo referente a obras de implantação de linhas de transmissão de
energia elétrica, estendeu a determinação contida no seu subitem 9.1 para todas as obras
públicas, mediante o seguinte teor: “9.1. orientar as unidades técnicas do Tribunal que, quando
dos trabalhos de fiscalização em obras públicas, passem a utilizar, como referenciais, as
seguintes premissas acerca dos componentes de Lucros e Despesas Indiretas – LDI [Benefícios
e Despesas Indiretas – BDI]: 9.1.1. os tributos IRPJ e CSLL não devem integrar o cálculo do
LDI, tampouco a planilha de custo direto, por se constituírem em tributos de natureza direta e
personalística, que oneram pessoalmente o contratado, não devendo ser repassados à
contratante;”. O relator fez menção, ainda, aos Acórdãos n.os 1.591/2008 e 1.034/2010, ambos
do Plenário, os quais veicularam que “a exclusão do IRPJ ou CSSL na composição do BDI não
significaria que os preços ofertados pelas licitantes seriam menores, desde que não houvesse
indícios de sobrepreço ou superfaturamento”. Isso porque as empresas, ao elaborarem suas
propostas, “sabendo da incidência desses tributos, os considerariam quando do cálculo dos
custos e de rentabilidade do empreendimento”. O relator ponderou, no entanto, que “o
entendimento é diferente nos casos em que há indícios de sobrepreços ou superfaturamentos,
como observado no presente processo”. Enfatizou que o edital da licitação concernente ao
Contrato n.o 039/2008-SIN foi publicado em 14/01/2008, muito depois da publicação do
acórdão paradigma (de n.o 325/2007-Plenário, em 16/03/2007), não se justificando, pois, a não
observância das orientações ali expendidas. Ante os indícios de sobrepreço, o relator propôs e o
Plenário decidiu fixar prazo para que a Secretaria de Infraestrutura do Rio Grande do Norte e a
Companhia Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano (Cehab/RN) adotem, dentro de
suas competências, providências relativas ao Contrato n.o 039/2008-SIN, no tocante às parcelas
117
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
pagas e a pagar, no sentido da “regularização” dos tributos IRPJ e CSLL, “que devem deixar
de integrar o cálculo do LDI e a planilha de custo direto”. Precedentes citados: Acórdãos n.os
1.858/2009 e 497/2010, ambos do Plenário. Acórdão n.º 1119/2010-Plenário, TC-
000.275/2010-7, rel. Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa, 19.05.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
Repactuação de valores para itens não cotados, ou cotados a menor, na planilha de preços
da empresa vencedora da licitação
Representação oferecida ao TCU indicou possíveis irregularidades no Pregão n.º 001/2008,
promovido pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), com o intuito de contratar
empresa para a prestação de serviços de apoio operacional, sem emprego de material, para
atendimento em três imóveis daquele órgão. As ocorrências objeto de oitiva ao pregoeiro
“sustentam, em sua maioria, a cotação, na composição dos preços” da proposta vencedora da
licitação, “de custos em desacordo com as regras do edital, e em valores a menor do que
aqueles de fato suportados pela licitante”. Ao anuir às conclusões da unidade técnica, o relator
observou não haver indícios de inexequibilidade da proposta vencedora da licitação, tampouco
notícia, nos autos, de eventual descumprimento do objeto pactuado ou de má prestação dos
serviços. Com relação aos itens de custo não cotados, ou cotados a menor, pela vencedora do
certame (como o “Seguro de Acidente de Trabalho”, a “Assistência Social Familiar Sindical”, a
“Assistência Social” e os benefícios indiretos concedidos pelas empresas aos empregados), o
relator defendeu que eles “não chegam a invalidar a proposta da licitante, mas devem ser
objeto de acompanhamento pelo CBPF”. Ao final, o relator propôs e a Primeira Câmara decidiu
determinar ao órgão que, “quando da realização de certames voltados à contratação de
serviços a serem executados de forma indireta e contínua, atente ao estrito cumprimento do
expressamente disposto nos seguintes dispositivos da Instrução Normativa 02/2008, da
SLTI/MP [...], de forma a impedir a hipótese de responsabilidade subsidiária ou solidária da
Administração pelo descumprimento de obrigação trabalhista ou previdenciária, prevista no
Enunciado 331 da Súmula do Tribunal Superior do Trabalho;”. Além disso, foi expedida
determinação ao CBPF no sentido de verificar, no âmbito do Contrato n.° 03.004.00/2008, o
118
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Contratação das fundações de apoio, por dispensa de licitação, com base no art. 24, XIII,
da Lei n.º 8.666/93: 1 - Necessidade de o objeto contratado estar relacionado a ensino,
pesquisa ou desenvolvimento institucional
Na contratação com base no art. 24, XIII, da Lei n.° 8.666/93, deve o objeto contratado guardar
correlação direta com pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional. Foi esse o
entendimento defendido pelo relator, ao examinar prestação de contas da Fundação Cultural
Palmares, referente ao exercício de 2000. Em sua instrução, a unidade técnica apontou diversas
irregularidades, entre elas a contratação, por dispensa de licitação, da Fundação Universitária de
Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes), “com execução de objetos incompatíveis
com o inciso XIII do art. 24 da Lei n.° 8.666/1993, e subcontratações”. O contrato firmado
entre a Fundação Cultural Palmares e a Fundepes tinha por objeto a “execução de serviços
especializados de planejamento, desenvolvimento, implantação, manutenção e apoio às
diversas conferências temáticas, seminários e o encontro latino-americano para a realização
de Pré-Conferências Preparatórias para a ‘III Conferência Mundial de Combate ao Racismo,
Discriminação, Xenofobia e outras Formas de Intolerância’, a ser realizada na África do Sul,
no período de 31 de agosto a 07 de setembro de 2001”. De acordo com o relator, “não obstante
o fato de que a concepção dos eventos preparatórios, por hipótese, poderia ensejar alguma
pesquisa e estudo na medida que os respectivos temas tinham relação com as questões da etnia
negra – o que não restou demonstrado nestes autos – e assim legitimar, em parte, a contratação
direta com base no art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993, não se pode deixar de lado a
constatação de que foram incluídos, no ajuste, serviços e bens cuja execução poderia ser feita
por quaisquer empresas especializadas do mercado”. E tanto é assim que a Fundepes, para
executar o objeto ajustado, contratou serviços de terceiros. Como exemplo, o relator destacou a
produção de realises para a imprensa, edição de cartilhas, filmagem de eventos, editoração de
livros, reprodução de conferências em cd-rom, edições fotográficas, confecção de certificados,
crachás, banners, folders, bem como a locação de equipamentos e veículos, filmagens de
eventos, medição topográfica de terrenos, confecção de jornais, folders e cartazes, produção de
simpósios e hospedagem de participantes de eventos. Segundo o relator, são serviços que não se
enquadram no conceito de pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional, a que alude o art.
24, XIII, da Lei n.° 8.666/1993. Diante do conjunto das falhas cometidas, com grave infração às
normas pertinentes, o relator propôs e a Primeira Câmara decidiu aplicar multa aos
responsáveis, sem prejuízo de determinar à Fundação Cultural Palmares que “proceda à
dispensa de procedimento licitatório fundamentada no inciso XIII do art. 24 da Lei n.°
8.666/1993 somente quando o objeto do contrato, comprovadamente, consistir em atividade de
ensino, pesquisa ou desenvolvimento institucional, e guardar relação com os fins estatutários
da instituição contratada, além de estar comprovado que o preço ajustado é razoável e que a
entidade selecionada detém estrutura que comporta o cumprimento pessoal dos compromissos
assumidos”. Precedentes citados: Decisões n.os 30/2000, 777/2000 e 655/2002, todas do
Plenário; Acórdãos n.os 1.934/2004, 1.481/2004, 30/2008 e 942/2010, todos do Plenário;
Acórdãos n.os 160/2008, 819/2008 e 3.541/2007, todos da 2ª Câmara. Acórdão n.º 2567/2010-1ª
Câmara, TC-009.680/2001-3, rel. Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa, 18.05.2010.
Contratação das fundações de apoio, por dispensa de licitação, com base no art. 24, XIII,
da Lei n.º 8.666/93: 2 - Responsabilidade, perante o TCU, do parecerista jurídico que se
manifesta pela legitimidade da contratação
O parecer jurídico a respeito de contratação deve apresentar-se suficientemente fundamentado,
tanto na doutrina como na jurisprudência, de modo a sustentar a respectiva conclusão; caso
contrário, a fundamentação insuficiente ou desarrazoada, que subsidie a prática de atos de
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
ilícita definida como improbidade administrativa, em relação ao [...] Diretor Geral do Hospital
Escola da UFPEL (art. 9º, inc. VIII, e art. 11, caput, da Lei 8.429/92)”. Acórdão n.º
2411/2010-2ª Câmara, TC-022.559/2008-7, rel. Min. Aroldo Cedraz, 18.05.2010.
SUMÁRIO
Plenário
Contratação direta, sem licitação, de empresa cujo sócio-administrador é também diretor da
entidade contratante.
Licitação como regra para a elaboração dos projetos de instalações e serviços complementares,
ainda que os projetos de arquitetura e urbanismo tenham sido contratados por inexigibilidade.
Pregão para a contratação de serviços especializados de gerenciamento ambiental de obra.
Adesão a atas de registro de preços constituídas a partir de licitações realizadas por entidades
integrantes do Sistema “S”.
Alterações contratuais unilaterais quantitativas:
1 - Aplicação dos limites legais ao conjunto de acréscimos e ao conjunto de supressões,
individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles;
2 - Aplicação do percentual de desconto, ofertado pela licitante vencedora em relação ao
orçamento, sobre o valor global do contrato, antes e depois do aditivo, e não sobre o valor total
dos itens novos.
Segunda Câmara
Licitação para prestação de serviços:
1 - Exigência, para fim de habilitação, da apresentação de certidão negativa de débitos
salariais;
2 - Participação, em licitação, de empresa à qual tenha sido aplicada, por outro órgão ou
entidade, a pena de suspensão temporária.
Licitação como regra para a contratação de serviços advocatícios.
PLENÁRIO
122
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
serviços celebrado entre a empresa Cobra Tecnologia S/A, controlada pelo Banco do Brasil, e a
empresa Outsite Support Consultoria e Serviços Ltda., sem licitação, ficou demonstrado que o
recorrente “detinha a condição de Diretor de Relacionamento com o Governo, da primeira
empresa, e de sócio-administrador da segunda”. Além da clara afronta ao art. 9º, III, da Lei n.º
8.666/93, o relator ressaltou que foram desrespeitados os princípios da impessoalidade, da
moralidade e da isonomia, em razão da condição jurídica ostentada pelo recorrente em ambas as
empresas. Acórdão n.º 1171/2010-Plenário, TC-025.698/2008-4, rel. Min. Benjamin Zymler,
26.05.2010.
123
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
124
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
125
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
ou, pelo menos, de uma Curva ABC materialmente representativa, antes e depois do aditivo
[...], pois o dispositivo que obriga a manutenção do desconto estabelece o valor global como
referência. Tal premissa só é verdadeira quando as alterações contratuais consistem apenas na
inclusão de itens novos, o que não é o caso, porquanto, na obra em comento, há supressões e
acréscimos de outros serviços”. O relator acrescentou, ainda, que nem todos os serviços
unitários contêm o mesmo desconto global, “o qual é uma média ponderada dos descontos
individuais”. Frisou, também, que alguns serviços novos, incluídos pelo preço de mercado,
substituíram outros, que foram totalmente suprimidos, como, por exemplo, a “manta asfáltica
impermeabilizante”, que foi trocada por “telhado com cobertura de fibrocimento”. Para o
relator, esses itens que foram excluídos poderiam estar sem desconto ou até com sobrepreço, “o
que não resultaria em prejuízo. Por outro lado, poderiam ter descontos altíssimos, caso em que
a alteração contratual caracterizaria fraude e resultaria em apuração de débito”. De qualquer
forma, o percentual pequeno de supressões e o desconto de quase 30 % em relação ao preço
paradigma calculado pela unidade técnica “sugerem que não houve jogo de planilhas, nem o
consequente débito a apurar”. Não obstante, o relator considerou importante determinar ao
Município de Itapecerica da Serra/SP que, na hipótese de aditivos contratuais em que se incluam
ou se suprimam quantitativos de serviços, “sejam calculados os descontos globais antes e
depois do aditivo, para, em caso de diminuição do percentual, ser inserida no contrato parcela
compensatória negativa, como forma de se dar cumprimento ao art. 112, § 6º, da Lei n.º
12.017/2009 – LDO 2010 ou ao art. 109, § 6º, da Lei n.º 11.768/2008 – LDO 2009”. Para ele,
tal providência também seria necessária para “manter o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato, nos termos do art. 65, § 6º, da Lei n.º 8.666/1993, por interpretação extensiva, pois
não se cogita que tal dispositivo beneficie o particular e exclua a Administração do benefício
da manutenção de tal equilíbrio”. O Plenário anuiu à proposta do relator. Acórdão n.º
1200/2010-Plenário, TC-000.344/2010-9, rel. Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa,
26.05.2010.
SEGUNDA CÂMARA
126
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
TCU. Para o relator, as conclusões a que chegou a unidade técnica não mereciam reparos,
exceto quanto à apenação do pregoeiro, por considerar “medida de excessivo rigor”. Ao final, o
relator propôs e a Segunda Câmara decidiu expedir determinação corretiva ao HGB, para
futuras licitações. Precedentes citados: Acórdãos n.os 1391/2009, 1899/2007, 1699/2007 e
112/2007, todos do Plenário. Acórdão n.º 2617/2010-2ª Câmara, TC-014.411/2009-1, rel. Min.
Aroldo Cedraz, 25.05.2010.
127
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Exigência, para fim de habilitação, de que a visita ao local das obras seja realizada pelo
responsável técnico da licitante.
Irregularidades em licitações:
1 - Investidura dos membros da comissão permanente de licitação por período superior a
um ano, com a recondução de todos para o período subsequente;
2 - Adjudicação, na modalidade convite, sem o mínimo de três propostas válidas, no
conjunto e por itens.
Direito ao contraditório e à ampla defesa em razão do desfazimento de atos licitatórios.
Primeira Câmara
Possibilidade de a alteração qualitativa do objeto extrapolar os limites legais.
Contratação de fundação de apoio, sem licitação, por parte de universidade federal.
Prestação de serviços na área de tecnologia da informação:
1 - Pagamento pela mera disponibilização de pessoal, e não pela efetiva execução de
serviços;
2 - Adoção do pregão.
Exigência da comprovação de regularidade fiscal e previdenciária, inclusive nos casos de
convite e de contratação direta.
Compra de medicamentos:
1 - Parâmetro de preços;
2 - Responsabilidade solidária das empresas contratadas, em razão de superfaturamento.
Segunda Câmara
Necessidade da demonstração da vantagem da locação de equipamentos, em detrimento da sua
aquisição.
PLENÁRIO
Exigência, para fim de habilitação, de que a visita ao local das obras seja realizada pelo
responsável técnico da licitante
Representação formulada ao TCU apontou supostas irregularidades em editais de tomadas de
preços promovidas pela Prefeitura Municipal de Chã Preta/AL, visando à construção do
mercado público municipal e de um campo de futebol, utilizando recursos federais transferidos
mediante convênios. Ao examinar os editais, a unidade técnica constatou que o subitem 6.1
(‘DA HABILITAÇÃO’) exigia a “declaração de visita ao local das obras pelo responsável
128
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
técnico da licitante”. Para a unidade instrutiva, em que pese ser razoável exigir que aquele que
realizar a vistoria detenha um mínimo de conhecimento técnico, “é descabido que deva ser
realizada pelo responsável técnico da licitante”, isso porque tem sido verificado, na prática,
que a exigência de vistoria prévia destina-se tão somente a evitar que a licitante, futuramente,
alegue não poder executar o objeto da contratação, por desconhecimento de determinada
peculiaridade ou condição do local de prestação do serviço. No entanto, “essa proteção deve ser
sopesada com outros princípios da licitação, como o que preserva a isonomia, a obtenção da
proposta mais vantajosa e a ampliação da competitividade”. Ficou evidente, portanto, em
relação à visita técnica, “o exagero na imposição de que a sua realização se faça
exclusivamente pelos próprios responsáveis técnicos das licitantes”. Não obstante a Prefeitura
Municipal de Chã Preta/AL haver anulado as sobreditas tomadas de preços, mas diante da
perspectiva da abertura de novas licitações para a execução dos objetos dos convênios firmados,
o relator propôs e o Plenário decidiu expedir determinação corretiva ao ente municipal.
Precedentes citados: Acórdãos n.os 2028/2006-1a Câmara e 874/2007-Plenário. Acórdão n.º
1264/2010-Plenário, TC-004.950/2010-0, rel. Min. Aroldo Cedraz, 02.06.2010.
129
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
130
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
norte do Porto de Belém, com a seguinte conclusão: “consideramos que, em conformidade com
a ABNT e primando em garantir a qualidade do serviço executado, bem como maior conforto e
segurança nas operações com a movimentação da torre sugadora, justifica-se a troca dos três
trechos de trilho em questão”; e) expediente do Supervisor de Infra-Estrutura e Engenharia
atestando que “tais serviços são de difícil previsão durante a etapa de elaboração do projeto,
por se tratar de estruturas (patim e alma dos trilhos e vigas transversais aos trilhos) sob o
pavimento, e que se verificou deficiência após execução de demolições e escavações”; f)
parecer do advogado da CDP retificando a informação de que o contrato encontrava-se com o
prazo expirado; g) parecer do assessor jurídico, sugerindo ao Diretor-Presidente da CDP que
firmasse o termo aditivo. Diante desses pronunciamentos, alguns deles anteriores à posse do
responsável no cargo de Diretor da CDP, não se poderia “exigir-lhe conduta diversa”. Ao final,
o relator propôs e a Primeira Câmara decidiu julgar as suas contas regulares com ressalvas, sem
prejuízo de determinar “aos atuais gestores da Companhia Docas do Pará – CDP” que
“observem a Decisão n.º 215/99–Plenário, proferida em caráter normativo por este Tribunal,
que trata da aplicação do art. 65, §§ 1º e 2º da Lei 8.666/93, por ocasião da celebração de
aditamentos que impliquem alterações quantitativas e qualitativas nos contratos
administrativos, particularmente no que se refere à necessidade de se demonstrar, na
motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que extrapole os limites legais, que as
consequências da opção alternativa (a rescisão contratual, seguida de nova licitação e
contratação) importam sacrifício insuportável ao interesse público primário (interesse coletivo)
a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja, gravíssimas a esse interesse; inclusive quanto à
sua urgência e emergência”. Acórdão n.º 3133/2010-1ª Câmara, TC-021.842/2008-1, rel. Min.
Walton Alencar Rodrigues, 01.06.2010.
131
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
132
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
capitalistas, não se dispondo de parâmetros para aceitar ou rejeitar a margem de lucros por
elas praticados perante a Administração Pública”. O relator divergiu do entendimento da
unidade técnica, porquanto as compras realizadas com recursos federais transferidos mediante
convênio, “não podem ser tratadas como meras transações comerciais, que teriam o objetivo
de auferir lucros, pois, como se sabe, instrumentos da espécie são assinados visando à
execução de programas de trabalho, projetos, atividades ou eventos de interesse recíproco, em
regime de mútua cooperação”. O relator fez alusão, ainda, ao art. 16, § 2º, da Lei n.º 8.443/92,
segundo o qual, no caso de o Tribunal julgar as contas irregulares, fixará a responsabilidade
solidária dos agentes públicos que praticaram o ato irregular e do terceiro, como parte
interessada na prática do mesmo ato. Além disso, a Lei n.º 8.666/93, ao dispor sobre os casos de
inexigibilidade e de dispensa de licitação, determina que, se comprovada a ocorrência de
superfaturamento, “respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o
fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras
sanções legais cabíveis”. Ao final, o relator concluiu que deveria ser “mantida a
responsabilidade solidária das empresas”, pelo recolhimento dos débitos respectivos à
Fundação Nacional de Saúde, entidade concedente dos valores federais em causa. A Primeira
Câmara anuiu à proposta do relator. Acórdão n.º 3155/2010-1ª Câmara, TC-013.853/2001-3,
rel. Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa, 01.06.2010.
SEGUNDA CÂMARA
134
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Inversão, nos processos licitatórios de arrendamento de áreas de instalações portuárias, das fases
de habilitação e julgamento.
Exigências restritivas ao caráter competitivo da licitação:
1 - Necessidade do visto do Crea local na certidão de registro, no Crea de origem, da
licitante e de seu responsável técnico;
2 - Comprovação da qualificação técnico-profissional em relação a parcelas pouco
relevantes do objeto licitado;
3 - Prejuízo concreto à competitividade e anulação do certame.
Aquisição de solução integrada de tecnologia da informação, em detrimento do parcelamento do
objeto.
Pregão para serviços técnicos de gerenciamento, supervisão, apoio à fiscalização e
acompanhamento de obras.
Incidência do valor de capital social mínimo ou patrimônio líquido mínimo, exigido como
requisito de qualificação econômico-financeira, sobre o valor estimado do contrato para o
período de doze meses.
Licitação para prestação de serviços advocatícios:
1 - Possibilidade da adoção do pregão;
2 - Exigência de que o futuro contratado disponha de profissional detentor de curso de
especialização.
Realização de pagamento antecipado à contratada.
Aplicação dos limites legais ao conjunto de reduções e ao conjunto de acréscimos do objeto
contratado, individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles.
Exigência, na fase de habilitação, de termo de compromisso de fornecimento de asfalto, firmado
pela licitante com a usina fornecedora.
Licitação para execução de obras custeadas com recursos de agência oficial de cooperação
estrangeira ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte.
Licitação para prestação de serviços de engenharia:
1 - Exigência de qualificação técnica, referente à apresentação de certificado de acervo
técnico, restritiva ao caráter competitivo da licitação;
2 - Uso da modalidade concorrência em detrimento do pregão.
Primeira Câmara
Contratação, por inexigibilidade de licitação, para prestação de serviços de capacitação de
professores.
Aquisição de veículo de luxo, em afronta aos princípios da economicidade e da legalidade.
Exigência, em licitação para fornecimento de passagens aéreas, de percentual mínimo de
desconto em relação ao preço de referência.
Segunda Câmara
Cessão de uso sem prévia licitação.
Nova Súmula
Súmula n.º 258
135
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Incidência do valor de capital social mínimo ou patrimônio líquido mínimo, exigido como
requisito de qualificação econômico-financeira, sobre o valor estimado do contrato para o
período de doze meses
Representação formulada ao TCU indicou possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico n.º
26/2010, promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
(Dataprev), com vistas à contratação de empresa para o fornecimento de auxílio alimentação,
via cartão magnético. A Dataprev foi chamada aos autos para se manifestar sobre a “exigência
de capital social mínimo ou patrimônio líquido mínimo equivalente a 10% do período total da
contratação (36 meses), o que corresponde a 30% do valor anual do contrato”. Após examinar
as informações prestadas, a unidade técnica concluiu que, “não obstante a fixação do prazo
inicial de vigência, 36 meses, ser aceito pela jurisprudência deste Tribunal, e a exigência do
patrimônio líquido ter recaído sobre a projeção do valor estimado para esse período, resta [...]
a justificativa para a limitação da garantia em patamares próximos aos 10%, posto que a Lei
de Licitações permite margem entre 0,1 a 10%, conforme § 3° do art. 31. Essa decisão, ainda
que buscando maiores garantias à execução contratual, acabou por privilegiar a participação
apenas de empresas de grande porte, no ramo de negócio em tela, possuidoras de grande
capital social [...], caracterizando desrespeito ao princípios da isonomia e da razoabilidade.”.
138
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
como advogado pela OAB para atingir-se a qualificação técnica. A exigência de titulação
acadêmica, como a especialização, por outro lado, não encontra guarida na legislação. [...] É
preciso assinalar que a intenção da entidade em buscar a melhoria profissional de seus
contratados é louvável. Todavia, o uso do pregão, destinado aos serviços comuns, não se
coaduna com exigências de serviços de cunho mais especializados. [...] Em caso de a
Administração realmente verificar a necessidade, fazendo a devida justificação, de maiores
exigências, a contratação do objeto, por se tratar de serviços de natureza predominantemente
intelectual, melhor se adequaria ao tipo de licitação ‘técnica e preço’, onde é possível a
atribuição de pontuação, devidamente justificada, e de estabelecimento de requisitos
pertinentes ao objeto licitado para habilitação técnica (art. 46 da Lei nº 8.666/1993). De igual
modo, tal não parece ser o caso em apreço, tendo em vista que o foco da contratação é a
atuação em Juizados Especiais, os quais envolvem causas de menor complexidade, que
possibilitam, em certos casos, até mesmo a dispensa do advogado. Portanto, diante da inclusão
de exigência de qualificação técnica sem amparo legal, o certame deve ser anulado.”. Não
obstante concordar com as considerações aduzidas pela unidade técnica, o relator divergiu da
proposta de anulação do certame, ante a presença de circunstâncias atenuantes. Primeiro, o valor
estimado do contrato, por doze meses de execução, era R$ 440.440,00, mas o melhor lance foi
R$ 149.990,99, equivalente a 34% do previsto no edital, com a obtenção de economia
significativa para os cofres da entidade. Segundo, a participação de nove empresas no evento
“indica que a competitividade da licitação foi preservada e que a proposta aprovada pode ser
considerada como a mais vantajosa para a Administração”. Terceiro, os atuais licitantes
“podem se sentir desestimulados de participar de um novo certame com firmas que dispõem de
profissionais sem as mesmas qualificações técnicas de seus empregados. Logo, o provável
aumento do número de licitantes pode ser menor do que o esperado, ou até mesmo nulo, caso
essa desistência se concretize”. Por fim, os elementos constantes dos autos “não garantem, sem
contestação, que os benefícios pretendidos com a nova licitação superariam os custos
decorrentes da anulação do atual pregão, do tempo necessário à realização de outro certame e
da perda da qualidade ora obtida”. Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu apenas
expedir determinação corretiva à entidade, para futuras licitações. Precedente citado: Acórdão
n.º 2.081/2007-Plenário. Acórdão n.º 1336/2010-Plenário, TC-011.910/2010-0, rel. Min. José
Múcio Monteiro, 09.06.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Licitação para execução de obras custeadas com recursos de agência oficial de cooperação
estrangeira ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte
Nos termos do art. 42, § 5º, da Lei n.º 8.666/93, para realização de obras custeadas com recursos
provenientes de financiamento ou doação, oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira
ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte, podem ser admitidos, na
respectiva licitação, normas e procedimentos daquelas entidades, desde que sejam por elas
exigidos para obtenção do financiamento ou doação, não conflitem com o princípio do
julgamento objetivo e sejam objeto de despacho motivado do órgão executor do contrato. Foi
esse o entendimento defendido pelo relator, ao apreciar relatório de levantamento de auditoria
referente aos recursos alocados à “Implantação do Sistema Adutor Alto Oeste no Estado do Rio
Grande do Norte – Proágua Nacional”. A equipe de auditoria identificou os seguintes indícios
de irregularidade: a) ausência de critérios de aceitabilidade dos preços unitários e global, e de
critérios de reajustamento de preços no edital da Licitação Competitiva Internacional n.º 1/2008;
b) prática de sobrepreço, em ofensa aos arts. 40, X e XI, e 55, III, da Lei n.º 8.666/93; c)
previsão, no Contrato n.º 1/2009, de pagamento adiantado à executora, em descumprimento ao
art. 38 do Decreto n.º 93.872/1986. Em suas razões de justificativa, a Secretaria de Recursos
Hídricos do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (Semarh/RN) alegou que as obras em
questão, por contarem com financiamento do Banco Interamericano de Recuperação e
Desenvolvimento (BIRD), sujeitam-se a regras e diretrizes estabelecidas por esta instituição.
Em seu voto, o relator destacou, todavia, que a questão da aplicabilidade das regras do BIRD já
foi reiteradamente examinada pelo TCU, adotando-se, de maneira uniforme, o posicionamento
de que a observância das normas e procedimentos do BIRD e do Banco Mundial não afasta a
aplicação da legislação nacional no que não for com ela conflitante, sempre se observando o
princípio do julgamento objetivo. E tal princípio, acrescentou, não compreende apenas a
comparação das propostas formuladas pelos diversos licitantes e a seleção da considerada mais
vantajosa, mas também o exame da adequabilidade interna dessas propostas. Portanto, se a Lei
de Diretrizes Orçamentárias “estabelece um parâmetro objetivo de aceitabilidade de preços,
que é a observância das medianas de preço do Sinapi, o órgão executor do empreendimento só
poderia deixar de observá-lo mediante despacho fundamentado”. No caso em tela, a ausência
de critérios de aceitabilidade dos preços unitários e global no edital, “longe de significar mera
falha formal, prejudicou a perfeita avaliação da compatibilidade dos preços apresentados pela
empresa vencedora da licitação com os de mercado, ocasionando o sobrepreço na assinatura
do contrato”. Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu aplicar multa aos responsáveis, sem
prejuízo de determinar à Semarh/RN a adoção das providências necessárias à repactuação do
Contrato n.º 1/2009, bem como, “ao realizar obras financiadas ou garantidas com recursos
públicos federais, na condição de mutuário de empréstimo obtido junto a organismo financeiro
multilateral de que o Brasil faça parte, insira nos editais de licitação cláusulas que prevejam”:
divulgação prévia dos orçamentos-base para os licitantes, expressos por meio de planilhas com a
estimativa das quantidades e dos preços unitários; critérios de reajuste contratual; vedação ao
adiantamento de pagamentos; critérios de aceitabilidade dos preços unitários e global;
interposição de recursos, pelos licitantes, contra os atos da Administração; vedação do
“estabelecimento de preços acima dos praticados pela mediana do Sistema Sinapi”.
Precedentes citados: Acórdãos n.os 714/2004, 2.239/2007, 2.690/2008 e 1.312/2009, todos do
Plenário. Acórdão n.º 1347/2010-Plenário, TC-010.801/2009-9, rel. Min-Subst. Marcos
Bemquerer Costa, 09.06.2010.
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Sistema ILS (Instrument Landing System) e das subestações remotas das pistas de pouso e
decolagem do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Com relação à exigência aos
licitantes, para fim de qualificação técnica, da apresentação de certificado de acervo técnico
(CAT) referente a serviços de engenharia em Sistemas ILS, o relator anuiu à conclusão da
unidade técnica, no sentido de que as justificativas apresentadas pelo SRPV/SP não lograram
caracterizar sua imprescindibilidade. Consoante demonstrado pelo órgão instrutivo, o objeto da
licitação “poderia ser realizado por qualquer empresa especializada em serviços de
engenharia, não se sustentando, em princípio, o requisito de habilitação em tela”. Segundo o
relator, tal exigência pode ter acarretado restrição ao caráter competitivo do certame, revelando-
se, pois, suficiente para a caracterização do fumus boni iuris. Outro aspecto fulcral referente ao
caso em tela era a informação de que a abertura das propostas estaria prestes a ocorrer, fato que,
conjugado com o indício de sobrepreço aduzido pela unidade técnica, revelava considerável
risco ao erário, caracterizando, para o relator, o periculum in mora. O Plenário referendou a
cautelar. Decisão monocrática no TC-012.670/2010-3, rel. Min-Subst. Marcos Bemquerer
Costa, 09.06.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
parece, o percentual mínimo de desconto foi estabelecido em patamar elevado para a situação
do mercado, sendo essa, possivelmente, uma das razões para ter ocorrido uma licitação
deserta”. Assim sendo, “o próprio órgão reconheceu a impropriedade do percentual fixado e
informou à unidade técnica que não irá incluir tal exigência no novo edital”. Ao final, o relator
propôs e a Primeira Câmara decidiu considerar improcedente a representação. Acórdão n.º
3344/2010-1ª Câmara, TC-029.868/2009-2, rel. Min-Subst. Weder de Oliveira, 08.06.2010.
SEGUNDA CÂMARA
NOVA SÚMULA
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SUMÁRIO
Plenário
Diferenciação entre o BDI de fornecimento de materiais e o dos serviços de engenharia.
Caráter vinculante do parecer da assessoria jurídica.
Exigência, para fim de qualificação técnico-operacional, da comprovação de experiência em
percentual superior a cinquenta por cento dos quantitativos a executar.
Exigência, para fim de habilitação, de vínculo empregatício entre licitantes e profissionais
responsáveis técnicos pela prestação do serviço.
Primeira Câmara
Contratação no âmbito dos serviços sociais autônomos:
1 - Observância dos princípios da licitação constantes do inciso XXI do art. 37 da
Constituição Federal;
2 - Obrigatoriedade de utilização do sistema de registro de preços quando presentes as
condições para a sua adoção.
Anulação do ato que classifica proposta em desacordo com exigências editalícias.
Segunda Câmara
Licitação para registro de preços:
1 - Faculdade quanto à fixação de preços máximos no edital;
2 - Validade do registro não superior a um ano, incluindo-se nesse prazo eventuais
prorrogações.
Restrição à competitividade na adjudicação, por preço global, das obras de pavimentação e da
construção de casas populares.
Nova Súmula
Súmula n.º 259
PLENÁRIO
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devem ser ainda mais cuidadosos, vez que estas envolvem princípios fundamentais da
administração pública, tais como: legalidade, eficiência, moralidade, impessoalidade,
publicidade, controle, coordenação, planejamento, isonomia, proposta mais vantajosa, dentre
outros.”. Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu negar provimento aos recursos
interpostos pelos responsáveis. Acórdão n.º 1379/2010-Plenário, TC-007.582/2002-1, rel. Min.
Augusto Nardes, 16.06.2010.
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seus trabalhos por ocasião da execução do futuro contrato. É inútil, para ela, que os licitantes
mantenham profissionais de alta qualificação empregados apenas para participar da licitação.
É suficiente, então, a existência de contrato de prestação de serviços, sem vínculo trabalhista e
regido pela legislação civil comum. Aliás, essa é a interpretação que se extrai do próprio art.
30, quando estabelece que as exigências acerca de pessoal qualificado devem reputar-se
atendidas mediante mera declaração de disponibilidade apresentada pelo licitante. Como
justificar entendimento diverso a propósito dos profissionais de maior experiência? Não se
afigura existente alguma resposta satisfatória para tal indagação.”. O relator considerou
bastante relevante a preocupação demonstrada quanto à garantia da qualidade dos serviços dos
profissionais encarregados da obra e ao esforço que irão dedicar a esta, diante da importância e
da complexidade dos serviços requeridos. Concordou que medidas que inibam condutas danosas
à administração pública devem ser cuidadosamente adotadas, dissentindo apenas do “remédio
escolhido”. Para ele, negligenciar a contratação de profissionais qualificados a executarem as
obrigações assumidas deve ser conduta evitada por meio da especificação, em edital, da
qualificação e do nível de dedicação requeridos para a execução dos serviços a serem
contratados. O relator chamou, ainda, a atenção para o fato de que o simples vínculo
empregatício com a empresa contratada não garante que o responsável técnico pela obra irá
acompanhá-la “ininterruptamente”, como pretende a Ceagesp. Se, por exemplo, não lhe for
atribuída esta tarefa, “isso certamente não ocorrerá”. E o risco da prestação inadequada do
serviço “também existe se não houver adequada fiscalização”. Ao final, o relator propôs e o
Plenário decidiu expedir determinação corretiva à Ceagesp, para futuras licitações, bem como
determinar à entidade que, “no prazo de 15 (quinze) dias, comprove perante este Tribunal que
tomou as medidas necessárias à anulação da Concorrência n.º 021/2009, e ainda dos atos dela
decorrentes”. Acórdão n.º 1393/2010-Plenário, TC-010.549/2010-2, rel. Min. Raimundo
Carreiro, 16.06.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
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SEGUNDA CÂMARA
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III, do Decreto n.º 3.931/2001 definir que o edital contemplará, entre outros requisitos, o preço
unitário máximo, a melhor interpretação do art. 40, X, da Lei n.º 8.666/93 é no sentido de que o
referido dispositivo apenas faculta a fixação do preço máximo. E o Decreto n.º 3.931/2001,
regulamentador da Lei n.º 8.666/93 quanto ao sistema de registro de preços, “deve se ater às
condições traçadas na lei que regulamenta, não podendo contrariar seu texto, tampouco inovar
no ordenamento jurídico”. Para o relator, é recomendável fixar o teto máximo de aceitabilidade
das propostas de preços, já que não traz qualquer prejuízo à licitação e propicia a todos os
interessados o conhecimento antecipado do limite máximo que a administração, em tese,
pretende pagar. Assim sendo, o relator propôs e a Segunda Câmara decidiu recomendar ao
FNDE que avalie, em futuras licitações, a conveniência de divulgar os preços máximos
estimados para os bens ou serviços adquiridos. Acórdão n.º 3028/2010-2ª Câmara, TC-
010.309/2010-1, rel. Min. Benjamin Zymler, 15.06.2010.
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variação a menor em relação ao orçamento básico apresentado pela prefeitura. Além disso,
com a inabilitação de outras empresas, não houve disputa de preços.”. Para o relator, embora o
entendimento do TCU esteja pacificado no sentido da obrigatoriedade da realização de licitação
por itens quando estes não forem partes indivisíveis de um mesmo serviço ou projeto e quando a
divisão se mostrar economicamente vantajosa, havia, no caso concreto, “a atenuante de não ter
sido apontado, nos autos, que o descumprimento desse dispositivo tenha trazido qualquer
prejuízo para o erário”. Entendeu, portanto, “de demasiado rigor impor multa aos
responsáveis”. Ao final, o relator propôs e a Segunda Câmara decidiu expedir tão somente
determinação corretiva à Prefeitura Municipal de Tanque D’Arca/AL, para futuras licitações
realizadas com recursos federais. Precedentes citados: Acórdãos n.os 808/2003, 1.355/2004 e
2.521/2008, todos do Plenário. Acórdão n.º 3013/2010-2ª Câmara, TC-015.919/2009-1, rel.
Min. Aroldo Cedraz, 15.06.2010.
NOVA SÚMULA
SUMÁRIO
Plenário
Exigência, para fim de capacidade técnico-operacional, da comprovação de experiência em
percentual superior a cinquenta por cento dos quantitativos a executar.
Irregularidades na composição do LDI (Lucro e Despesas Indiretas):
1 - Alíquotas do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) acima das
efetivamente praticadas nos municípios onde as obras são realizadas;
2 - Inclusão indevida dos tributos IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) e CSLL
(Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e responsabilidade de membro de comissão de
licitação.
Comprovação das limitações do mercado ou do manifesto desinteresse dos convidados, para a
não repetição do convite ante a ausência de três propostas válidas.
Concorrência para prestação de serviços técnicos profissionais de elaboração de projetos:
1 - Exigência do detalhamento dos itens que compõem o BDI ou LDI, sob pena de
desclassificação da proposta;
2 - Necessidade de oportunizar à licitante a comprovação da viabilidade do preço
ofertado.
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PLENÁRIO
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sobrepreço, uma vez que “não caberia à referida banca a atribuição de elaborar e aprovar os
diversos dispositivos contidos no Edital n.º 102/2006, visto não ser essa uma dentre as
atribuições inscritas nos arts. 6º, inciso XVI, e 51 da Lei n.º 8.666/93”. Da mesma forma, a
argumentação do ex Diretor-Geral do Dnit mostrou-se plausível no tocante à inclusão dos
percentuais dos tributos IRPJ e CSLL no cômputo do LDI, tendo em vista que “somente após
ser exarado o Acórdão n.º 325/2007-P pacificou-se o entendimento de ser inadequada tal
inclusão, quando da elaboração de orçamentos de obras rodoviárias”. Em seu voto, o relator
afirmou que as irregularidades observadas “deverão ser saneadas por meio de aditivo
contratual de realinhamento do LDI, podendo os valores pagos a maior serem compensados
nas próximas medições, como forma de ressarcimento ao erário, visando afastar o
enriquecimento sem causa dos contratados”. Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu
determinar à Superintendência do Dnit no Estado da Paraíba que, no prazo de trinta dias,
promova assinatura de termo aditivo ao Contrato n.º 253/2006-00, visando afastar, entre outras,
a seguinte irregularidade: “inclusão indevida de parcela afeta a tributos personalíssimos e de
responsabilidade das contratadas, quais sejam, Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL), como item componente do LDI, consoante entendimento
jurisprudencial desta Corte de Contas”. Acórdão n.º 1443/2010-Plenário, TC-008.612/2007-8,
rel. Min. Walton Alencar Rodrigues, 23.06.2010.
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II, da Lei 8.666/1993”. Preliminarmente, o relator ressaltou que este e outros achados estariam
relacionados a uma irregularidade em comum, qual seja, a “aditivação de contratos sem que
tenha sido evidenciada a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro contratual”. Em seu
voto, o relator afirmou que a manutenção do valor global do contrato após a inclusão e exclusão
de serviços não indica, necessariamente, a inexistência de prejuízo ao erário, haja vista a
possibilidade da ocorrência de ‘jogo de planilha’, hipótese esta expressamente suscitada pela
equipe de auditoria. Para o relator, a situação se agrava ante a relutância da Petrobras e de suas
subsidiárias em elaborar orçamento detalhado dos serviços e obras a serem licitados, com
fixação de critério de aceitabilidade dos preços unitários e global, nos termos do art. 40, X e §
2º, II, da Lei n.º 8.666/93. O relator também frisou que exceção a essa regra foi recentemente
reconhecida pelo TCU por meio do Acórdão n.º 1.854/2009-2ª Câmara, “no sentido de
ressalvar, em certas determinações, as hipóteses em que a aplicação dos comandos expedidos
possa implicar prejuízo incontornável à eficiência da atividade negocial da recorrente [no
caso, a Petrobras].”. No entanto, a existência de situações excepcionais que afastem a
obrigatoriedade de que se faça constar, como anexo aos editais dos procedimentos licitatórios
que realizar, cópia do orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários,
“não desobriga a entidade de elaborar tal orçamento, que deverá ser apresentado, sempre que
solicitado, aos órgãos de controle, aos quais caberá adotar as providências necessárias para
preservar o caráter sigiloso dessas informações”. Tendo em vista essa evolução
jurisprudencial, o relator deixou de propor a apenação dos gestores responsáveis pela
irregularidade, sem prejuízo de rejeitar as razões de justificativa por eles apresentadas, uma vez
que não se encontrava devidamente justificada no processo licitatório a ausência de planilha
orçamentária detalhada, referente ao Contrato n.º 845.2.119.02-5. Acolhendo o voto do relator,
decidiu o Plenário determinar à Transpetro que “faça constar, como anexo aos editais dos
procedimentos licitatórios que realizar, cópia do orçamento estimado em planilhas de
quantitativos e preços unitários, em observância ao princípio da publicidade que permeia o
Regulamento do Procedimento Licitatório Simplificado, aprovado pelo Decreto 2.745, de
24/8/1998 [...], salvo quando essa divulgação constituir óbice intransponível à atividade
negocial da empresa, fato a ser devidamente justificado no processo licitatório”. Precedentes
citados: Acórdãos n.os 417/2002, 1.564/2003, 2.354/2006, 1.090/2007 e 87/2008, todos do
Plenário. Acórdão n.º 1427/2010-Plenário, TC-010.733/2005-4, rel. Min. Aroldo Cedraz,
23.06.2010.
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também que, “em diversas peças processuais, ora se fala em reajuste contratual, ora em
restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato”. No que se refere a suposto
reajuste, constatou ele a ausência de respaldo legal para a alteração contratual, uma vez que não
havia decorrido o prazo de um ano e não foi utilizado o índice previsto no instrumento. Já na
hipótese “de se alegar o reequilíbrio econômico-financeiro, não se comprovou, efetivamente, a
ocorrência de motivos suficientes para a alteração dos valores contratuais, que só deve
ocorrer, a esse título, quando presentes os requisitos previstos no art. 65, inciso II, alínea ‘d’,
da Lei n.º 8.666/1993”. Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu promover audiência do
Secretário de Desenvolvimento Urbano, Meio Ambiente e Habitação, bem como da Procuradora
do Município de Palmas/TO. O primeiro, em virtude da “realização de alteração dos Contratos
n.os 240/2008 e 304/2008, infringindo o art. 66 da Lei n.º 8.666/1993 e o art. 2º, § 1º, da Lei n.º
10.192/2001, com a consequente autorização de pagamento dos respectivos valores, uma vez
que não havia respaldo legal para a concessão de reajustes contratuais, considerando, ainda, a
ausência de comprovação dos requisitos para o restabelecimento do equilíbrio econômico-
financeiro dos referidos instrumentos”. A segunda, pela “emissão dos pareceres favoráveis à
alteração dos Contratos n.os 240 e 304, ambos de 2008”. Além disso, deliberou o Pleno no
sentido de determinar à unidade técnica que, “na hipótese de se confirmar a ausência de
legitimidade da adoção do percentual adotado pela entidade, avalie a necessidade de se
implementar providências tendentes aos devidos ressarcimentos junto à empresa contratada,
com o fito de prevenir a ocorrência de dano ao erário”. Acórdão n.º 1464/2010-Plenário, TC-
000.342/2010-6, rel. Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa, 23.06.2010.
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PRIMEIRA CÂMARA
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Primeiro, “porque poderia levar à conclusão absurda de que, por exemplo, serviços como a
limpeza no piso elevado ou no cabeamento lógico interfeririam em partes integrantes dos
equipamentos de informática protegidos”. Segundo, porque o próprio Senado informou ao TCU
que “a empresa Delta Engenharia vem executando a prestação de serviços técnicos de
manutenção programada e não programada, em um ambiente datacenter, de forma correta,
não tendo nada que desabone o desempenho nem a qualidade dos serviços prestados pela
supracitada empresa”. Ao final, o relator propôs e a Primeira Câmara decidiu considerar
improcedente a representação. Precedentes citados: Acórdãos n.os 898/2004-2ª Câmara e
1.698/2007-Plenário. Acórdão n.º 3729/2010-1ª Câmara, TC-024.066/2008-3, rel. Min. José
Múcio Monteiro, 22.06.2010.
SEGUNDA CÂMARA
SUMÁRIO
Plenário
Contratação para execução de obras:
1 - Distorção nos preços conhecida como “jogo de planilha”;
2 - Revisão contratual para expurgo da parcela referente à extinta CPMF.
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PLENÁRIO
Contratação para execução de obras: 1 - Distorção nos preços conhecida como “jogo de
planilha”
Representação formulada ao TCU apontou possível sobrepreço nas obras da 2ª fase do
“Perímetro de Irrigação Tabuleiros Litorâneos”, no Estado do Piauí. Para subsidiar a sua
conclusão, a representante elaborou laudo de avaliação dos preços praticados na proposta da
licitante vencedora, comparando-os com valores de mercado e com tabelas de referência (Sicro
e Sinapi). Relatório da auditoria realizada pelo TCU nas aludidas obras identificou sobrepreço
no fornecimento de tubos de ferro dúctil e aço carbono de 7,09% e 2,90%, respectivamente,
porém “desconto nos serviços comuns de engenharia de 5,27%, que, somados, não
apresentavam sobrepreço”. Portanto, analisado de forma global, o contrato do Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) não continha sobrepreço, mas a equipe de auditoria
“encontrou vários itens individuais com elevado sobrepreço ou desconto em relação aos
sistemas de referência”. Assim sendo, a fim de evitar a distorção nos preços conhecida como
“jogo de planilha”, o relator propôs e o Plenário decidiu determinar ao Dnocs que: a) “reavalie,
possibilitando à empresa contratada o prévio contraditório, os preços dos itens de fornecimento
do Contrato PGE nº 44/2002, considerando os indícios de sobrepreço levantados [...] no
fornecimento de tubos de ferro dúctil e aço carbono do contrato;”; b) “em caso de acréscimos
de quantitativos em itens presentes na planilha orçamentária do Contrato PGE nº 44/2002 ou
quando da necessidade de acrescer serviços ou materiais/equipamentos não presentes na
planilha orçamentária original do contrato, adote preços comprovadamente praticados no
mercado, não admitindo redução na diferença percentual entre o valor global do contrato e o
obtido a partir dos custos unitários do Sinapi em favor do contratado, conforme previsto no art.
109, § 6º, da Lei nº 11.768/2008 (LDO 2009).”. Acórdão n.º 1515/2010-Plenário, TC-
008.137/2009-6, rel. Min. Benjamin Zymler, 30.06.2010.
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SEGUNDA CÂMARA
Ata de registro de preços: 2 - Encerramento da ata com a execução do seu objeto ou com o
fim do prazo de vigência
Ainda com relação ao Pregão n.º 187/2007, sob o sistema de registro de preços, realizado pelo
Governo do Estado de Roraima para eventual aquisição de gêneros alimentícios, o relator frisou
que a formalização da ata e a celebração do contrato num mesmo instrumento acabaram por
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
revelar outra impropriedade, isso porque, ao firmar contrato pela totalidade do valor da ata,
“presume-se que todos os contratos vinculados à ata já foram celebrados”. Por conseguinte,
“embora o prazo inicial de vigência da ata fosse de 12 (doze) meses, a ata se aperfeiçoou (foi
executada) já na data de sua celebração, visto que seu objeto foi totalmente contratado de uma
só vez. Partindo-se da hipótese de que a ata expira ou com a execução do seu objeto ou com o
fim de seu prazo de vigência, pode-se afirmar que a ata de registro de preços em questão
expirou um ano antes da formalização de seu primeiro aditivo”. Para o relator, se o contrato
firmado não havia sido executado in totum após os primeiros doze meses de vigência, o mais
adequado teria sido a celebração de aditivo ao contrato, “com fundamento na necessidade de se
restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro”, e não à ata de registro de preços, porquanto
esta já havia expirado. Ao final, o relator propôs e a Segunda Câmara decidiu expedir
determinação corretiva à Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Desporto de Roraima,
para a gestão de recursos federais. Acórdão n.º 3273/2010-2ª Câmara, TC-018.717/2007-3, rel.
Min-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 29.06.2010.
NOVAS SÚMULAS
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
adequado e atualizado, assim considerado aquele aprovado com todos os elementos descritos no
art. 6º, inciso IX, da Lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993, constituindo prática ilegal a revisão
de projeto básico ou a elaboração de projeto executivo que transfigure o objeto originalmente
contratado em outro de natureza e propósito diversos.
SUMÁRIO
Plenário
Irregularidades em contratações:
1 - Necessidade do número mínimo de três propostas válidas na modalidade convite;
2 - Definição da modalidade licitatória cabível, ou sua dispensa, em função da
classificação orçamentária dos itens de despesa;
3 - Fracionamento de despesa e certame único para obras e serviços em que os potenciais
interessados são os mesmos, ainda que realizados em locais distintos.
Fixação, no instrumento convocatório, do salário dos profissionais que serão disponibilizados,
pela futura contratada, para a execução do serviço.
Ausência de parcelamento do objeto: fornecimento de sistema informatizado com código aberto,
transferência de tecnologia, implantação do produto e sustentação do sistema.
Concorrência para prestação de serviços de tecnologia da informação:
1 - Contratação de postos de trabalho com remuneração associada à disponibilidade de
mão de obra;
2 - Não adjudicação por itens dos serviços;
3 - Uso da modalidade concorrência, do tipo técnica e preço, para contratação de serviços
comuns, em detrimento do pregão;
4 - Exigência da adoção de valores pré-determinados para a remuneração dos
profissionais alocados ao contrato;
5 - Irregularidades no demonstrativo de formação de preços da contratada.
Licitação para execução de obras:
1 - Obrigação editalícia de o responsável técnico pela obra participar da visita técnica ao
local do empreendimento;
2 - Estipulação de BDI diferenciado para materiais de valor relevante que são objeto de
simples intermediação por parte da empresa executora.
Exigências de habilitação indevidas:
1 - Apresentação de carta de solidariedade do fabricante do equipamento;
2 - Exigência de capital social mínimo junto com a prestação de garantia de participação
no certame;
171
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PLENÁRIO
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pretensão da Administração seria evitar a cotação de valores inferiores aos definidos por
aquele sindicato”. Para a unidade instrutiva, houve, no presente caso, “vinculação ao
Sindiserviços, ainda que de forma indireta, o que demandaria a apresentação de propostas nos
valores por ele estabelecidos”, justificando-se, portanto, a desclassificação da empresa
representante. Em seu voto, o relator ressaltou que a fixação, nos instrumentos convocatórios,
dos salários das categorias ou dos profissionais que serão disponibilizados para a execução do
serviço pela futura contratada não é vedada à Administração desde a edição da Instrução
Normativa MPOG/SLTI n.º 3/2009, que expressamente revogou o inciso II do art. 20 da
Instrução Normativa MPOG/SLTI n.º 2/2008. No entanto, a fim de deixar claro que a
impossibilidade da fixação de piso salarial mínimo ainda é a regra geral vigente na contratação
de serviços, e que a fixação de remuneração mínima em edital somente se aplica nas
contratações de serviços que não sejam por resultados, o relator propôs e o Plenário decidiu
determinar ao Ministério das Comunicações que, em futuras licitações, “observe o art. 11 da IN
MPOG/SLTI nº 2/2008 e o item 9.3.3.2 do Acórdão nº 614/2008-Plenário, em especial,
atentando para que a possibilidade de fixação de remuneração mínima em edital deve se ater à
hipótese excepcional prevista no § 1º do referido art. 11 da IN MPOG/SLTI nº 2/2008”.
Acórdão n.º 1612/2010-Plenário, TC-005.365/2008-0, rel. Min. Raimundo Carreiro,
07.07.2010.
174
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n.º 001/2006 e no consequente Contrato n.º 11/2007, firmado entre o Ministério do Esporte e a
empresa Sigma Dataserv Informática S.A., cujo objeto envolvia “consultoria, desenvolvimento
e manutenção de sistemas aplicativos; administração, operação e suporte para rede de
microcomputadores; comunicação de dados e internet/intranet; administração de dados e bases
de dados; suporte e help-desk”. Entre os achados, mereceram destaque a “interposição
indevida de mão de obra e opção indevida por postos de trabalho” e o “pagamento não
vinculado a resultados”. A unidade técnica destacou que a mera alocação de mão de obra para
ocupar postos de trabalho não representa a melhor opção para a Administração, uma vez que
não assegura a obtenção de resultados alinhados às reais necessidades do contratante,
incentivando, portanto, ineficiência da execução contratual com potenciais prejuízos ao erário.
No caso concreto, o modelo de gestão do contrato adotado foi o pagamento por homens-hora de
serviço trabalhado, sem vinculação a resultados, acarretando risco de prejuízo ao erário. A
unidade técnica também ressaltou que, como critério de medição dos serviços prestados, o órgão
adotou a quantidade fixa de 176 horas mensais por posto de trabalho, independentemente dos
dias úteis efetivamente trabalhados no período, e que, considerando o número médio de 21 dias
úteis por mês no Brasil, “tem-se a média mensal de 168 horas úteis, ou seja, 8 horas a menos
do que as 176 pagas, por mês por posto de trabalho”. Ao acolher a manifestação da unidade
técnica, o relator propôs e o Plenário decidiu determinar ao Ministério do Esporte que, nas
futuras contratações de serviços de tecnologia da informação: I) “em atenção ao art. 3º, § 1º, e
ao art. 4º, incisos II e IV, do Decreto 2.271/1997 e em concordância com o Acórdão 786/2006-
TCU - Plenário, abstenha-se de remunerar a contratada pela mera disponibilização de
recursos humanos, a exemplo do ocorrido no Contrato 11/2007, de forma a não incorrer em
interposição indevida de mão de obra, em desacordo com o Enunciado 331 do Tribunal
Superior do Trabalho”; II) “em atenção ao art. 3º, § 1º, do Decreto 2.271/1997, ao art. 14,
alínea ‘i’, da IN 04/2008- SLTI/MP, e ao princípio da eficiência contido no caput do art. 37 da
Constituição Federal, quando possível, elabore procedimentos para mensuração da prestação
dos serviços por resultados, segundo métricas previamente estabelecidas, observando o
disposto no item 9.1.4 do Acórdão 2.471/2008-TCU-Plenário”. Acórdão n.º 1597/2010-
Plenário, TC-010.290/2009-6, rel. Min-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 07.07.2010.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
pelos defeitos e vícios dos produtos e serviços adquiridos pelos consumidores. Ao final, o
relator propôs e o Plenário decidiu alertar o Senar/MT para que, nas próximas licitações,
“abstenha-se de exigir, para fins de habilitação nas licitações realizadas, documentos não
previstos no Capítulo V do seu Regulamento de Licitações e Contratos, como a
carta/declaração de solidariedade”. Precedentes citados: Acórdão n.º 1.373/2004-2ª Câmara;
Acórdãos n.os 3.018/2009, 1.281/2009, 2.056/2008, 1.729/2008, 423/2007 e 539/2007, todos do
Plenário. Acórdão n.º 1622/2010-Plenário, TC-016.958/2007-8, rel. Min-Subst. André Luís de
Carvalho, 07.07.2010.
179
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
que a exigência “não configura restrição ao caráter competitivo da Concorrência n.º 4/2007,
pois não se vislumbra, no caso concreto, a inibição à eventual substituição por profissional de
competência equivalente, desde que previamente aprovada pela administração da entidade”. O
Plenário anuiu à manifestação do relator. Acórdão n.º 1622/2010-Plenário, TC-016.958/2007-8,
rel. Min-Subst. André Luís de Carvalho, 07.07.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
SEGUNDA CÂMARA
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SUMÁRIO
Plenário
Pregão eletrônico:
1 - Registro, no Sicaf, das sanções aplicadas por órgãos ou entidades não integrantes do
SISG e que optaram por ter registro próprio;
2 – Segregação de funções: pregoeiro versus homologador do certame.
Pregão para contratação de serviços:
1 - Microempresas e empresas de pequeno porte: enquadramento e responsabilização
por informações inverídicas;
2 – Recursos: manifestação do intuito de recorrer por parte de licitante.
Conceito de licitações sucessivas e simultâneas: necessidade de promoção da audiência pública
do art. 39 da Lei 8.666, de 1993.
Contratos “guarda-chuvas”: ausência de parcelamento do objeto.
Segunda Câmara
181
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PLENÁRIO
Pregão eletrônico: 1 – Registro, no Sicaf, das sanções aplicadas por órgãos ou entidades
não integrantes do SISG e que optaram por ter registro próprio
Levantamento de auditoria realizado na Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação
(SLTI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão teve por objetivo conhecer o
conjunto de sistemas informatizados que compõem ou subsidiam o portal
www.comprasnet.gov.br, no qual são realizados os pregões eletrônicos dos órgãos e entidades
integrantes do Sistema de Serviços Gerais (Sisg). Um dos seus módulos é o Sistema de
Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf. Ao apreciar o relatório produzido pela
equipe de auditoria, o relator destacou em seu voto que o Sicaf “não contempla o registro de
ocorrências, a exemplo das impeditivas de contratar, de órgãos ou entidades não integrantes do
Sisg e que optaram por ter cadastro próprio, nos termos da Lei nº 8.666/93, art. 34, § 2º. O fato
possibilita a contratação de pessoa impedida de licitar e contratar com a Administração
Pública, a exemplo das sanções previstas no art. 7º da Lei nº 10.520/2002 e no inciso IV do art.
87 da Lei nº 8.666/93”. Em razão disso, o relator propôs e o Plenário determinou à SLTI que
“...de modo a evitar que fornecedores impedidos possam ser habilitados em pregões
eletrônicos, inclua, no prazo de noventa dias, mecanismo no sistema Comprasnet que avise aos
pregoeiros, oportunamente, caso empresas vencedoras da fase competitiva do pregão possuam
registro de suspensão ou impedimento, de acordo com os registros do Sicaf”. Acórdão n.º
1647/2010-Plenário, TC-012.538/2009-1, rel. Min. Benjamin Zymler, 14.07.2010.
182
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183
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parecidos, os objetos licitados não são similares, para fins de se caracterizar a simultaneidade
prevista no parágrafo único do art. 39 da Lei n.º 8.666/93”, uma vez que “cada franquia
licitada, em razão de sua localização, tem natureza singular, expressa, como alegou a ECT, em
diferentes expectativas de receitas e volumes de investimentos, de modo que, definitivamente,
não poderiam ser objeto de uma única contratação, o que descaracteriza, assim, a
simultaneidade alegada”. Ao fim, o Plenário, com base no voto do relator, julgou a
improcedente a denúncia formulada. Acórdão n.º 1695/2010-Plenário, TC-002.154/2010-2, rel.
Min. José Jorge, 14.07.2010.
SEGUNDA CÂMARA
184
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Contratação para fornecimento de lanches, refeições e coquetéis: necessidade de alinhamento às
finalidades da instituição.
Licitação de obra rodoviária: ausência de estudos de viabilidade técnica e econômico-financeira
do empreendimento.
Pregão para contratação de fornecimento de vales-alimentação
1 – Exigência de apresentação da rede de estabelecimentos credenciados na fase de
habilitação;
2 – Admissão de taxa negativa de administração em licitações.
Contratação de serviços por dispensa de licitação:
1 - pesquisa de preços com pelo menos três cotações válidas;
2 - Prova de regularidade perante o INSS e o FGTS.
Licitação para contratação de prestação de serviços:
1 - Detalhamento inadequado do objeto;
2 - Uso obrigatório do pregão para contratação de serviços comuns;
Fracionamento indevido das despesas, possibilitando a dispensa de licitação ou o uso de
modalidade inferior à legalmente exigida.
Restrições à competitividade: exigência, para fins de comprovação da qualidade do café a ser
fornecido, de certificado emitido pela ABIC.
Licitações e contratos de obras:
1 - Critério de aceitabilidade de preços;
2 - Detalhamento do orçamento em planilhas de custos unitários;
3 - Exigência, para fim de habilitação, de profissional qualificado nos quadros
permanentes das licitantes;
4 - Cobrança de valores para fornecimento do edital.
5 – Inclusão Inadequada de itens na composição do BDI.
Primeira Câmara
185
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
Contratação para fornecimento de lanches, refeições e coquetéis: necessidade de
alinhamento às finalidades da instituição
Em razão de diversas irregularidades detectadas anteriormente, em sede de processo de
denúncia, vários responsáveis do Conselho Regional de Administração no Estado do Rio de
Janeiro – CRA/RJ - intentaram recurso de reconsideração junto ao Tribunal. Uma das
irregularidades discutidas no recurso referia-se à contratação de fornecimento de lanches,
refeições e coquetéis. No entender do relator, “gastos com lanches ou coffee breaks oferecidos
durante eventos, seminários ou reuniões realizados no âmbito de um órgão ou entidade, por
vezes, são justificáveis, pois relacionados às atividades do órgão”. Todavia, no caso
examinado, o relator, citando o relator do acórdão recorrido, enfatizou que “além do
fornecimento de refeições diárias para os seus empregados, contratou-se o fornecimento diário
não só de água, café e lanches, mas de jantares semanais para os participantes das reuniões do
Conselho, de festas de fim de ano, com cardápio especial, de garçons para servir, entre outros.
Trata-se, portanto, de duas contratações totalmente dissociadas dos objetivos do CRA/RJ e
pagas com recursos do Conselho, o que fere o princípio da legalidade”. Assim, por entender
que esta e as demais irregularidades detectadas anteriormente continuaram não elididas, o
relator, com a anuência do Plenário, negou provimento aos recursos de reconsideração. Acórdão
n.º 1730/2010-Plenário, TC-000.303/2010-5, rel. Min. Benjamin Zymler, 21.07.2010.
186
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Contratação de serviços por dispensa de licitação: 1 - Pesquisa de preços com pelo menos
três cotações válidas
Denúncia formulada ao TCU indicou irregularidades na realização de coleta de preços, no
âmbito da Companhia Docas do Espírito Santo – Codesa, para a contratação direta de serviços
de diagramação e editoração do balanço de 2003 da empresa, para fins de publicação no Diário
Oficial e em sítio da internet. A primeira das irregularidades seria a existência de vícios na
condução, autorização e homologação de pesquisa de preços nos exercícios de 2004 e 2008. A
esse respeito, a unidade técnica expôs que “Essa Corte de Contas vem defendendo, de forma
reiterada, que a consulta de preços junto ao mercado, nos casos de dispensa de licitação, deve
contemplar, ao menos, três propostas válidas...”. O relator, acolhendo a manifestação da
187
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
188
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
demais itens da Planilha de Preços e Quantitativos Estimados”. Ainda para o relator, a situação
“... fere o art. 6º, IX, alínea “f”, da Lei n.º 8.666, de 1993, que estabelece que o projeto básico
deve incluir ‘orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de
serviços e fornecimentos propriamente avaliados’. É certo, entretanto, que o termo
‘detalhamento’ utilizado não está objetivamente definido, para efeito de aplicação do
dispositivo, naquela lei. Mas isso não impede a aplicação adequada deste preceito legal”. Ao
tratar da finalidade do detalhamento do objeto, o relator manifestou que a aplicação de tal regra
“... permite verificar se o orçamento estimado considera todos os componentes do serviço
pretendido e facilita o acompanhamento da execução do contrato. Permite ainda que os
licitantes compreendam exatamente as obrigações que serão assumidas pelo vencedor do
certame e elaborem suas propostas e que estas sejam analisadas quanto à compatibilidade dos
preços apresentados. Por fim, possibilita os cálculos dos reajustes que se fizerem necessários
para a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro”. Ao fim, o relator determinou
cautelarmente à Ceagesp que não desse continuidade à Concorrência nº 006/2010, por entender
procedentes, neste ponto, as alegações da representante. O Plenário referendou a decisão do
relator. Precedentes citados: Acórdãos 67/2002, 2462/2007 e 2522/2008, todos do Plenário.
Decisão monocrática no TC-017.914/2010-8, rel. Min. Raimundo Carreiro, 21.07.2010.
189
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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PRIMEIRA CÂMARA
192
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
cumprimento dos prazos para implementação das medidas tendentes à viabilização dos jogos.”
Especificamente quanto à atribuição de pontuação progressiva a número crescente de atestados
comprobatórios de experiência, entendeu ser esta admissível, “... desde que devidamente
justificada, porque a experiência da licitante na execução reiterada de determinados serviços,
em certa medida, a qualifica a executá-los com melhor qualidade”, realçando, ainda, que, em
conformidade com a jurisprudência recente do Tribunal, “... admite-se a inclusão de critérios de
pontuação que levem em conta a quantidade de serviços prestados, porém, também deve ser
sopesado o desempenho da contratante e a complexidade dos serviços realizados”. O Plenário
acatou os argumentos do relator quanto a este ponto. Precedente citado: Acórdão n.º
1.910/2007-Plenário. Acórdão n.º 4538/2010-1ª Câmara, TC-018.311/2006-0, rel. Min. Walton
Alencar Rodrigues, 20.07.2010.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
PERÍODO DE 19 A 25 DE JULHO DE 2010.
Medida Provisória nº 495, de 19 de julho de 2010 – D.O.U. de 20/07/2010: Altera as Leis nºs
8.666, de 21 de junho de 1993, 8.958, de 20 de dezembro de 1994, e 10.973, de 2 de dezembro
de 2004, e revoga o § 1º do art. 2º da Lei nº 11.273, de 6 de fevereiro de 2006.
SUMÁRIO
Plenário
Contratação direta de fundação de apoio para prestação de serviços:
1 - Necessidade da correlação do objeto com as atividades de ensino, pesquisa ou
desenvolvimento institucional;
2 - Impossibilidade da subcontratação parcial do objeto.
Adoção do pregão para contratação de serviços técnicos especializados de gerenciamento
ambiental de obras.
Fornecimento e instalação de sala-cofre: faculdade do gestor de exigir a certificação do produto
em relação à norma escolhida.
Possibilidade da redistribuição do valor excedente, em item da planilha da proposta de licitante,
para os demais itens que se encontrem abaixo da estimativa da Administração.
Segunda Câmara
Exigência de vistoria do local da prestação dos serviços.
Irregularidades em contratações:
1 - Publicação do edital em jornal de grande circulação no Município e não no Estado;
2 - Renúncia ao direito de recorrer.
193
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
194
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
propôs e o Plenário decidiu dar provimento ao recurso de revisão para, em relação aos
responsáveis pela sobredita impropriedade, tornar insubsistente a deliberação recorrida, julgar
irregulares as suas contas e aplicar-lhes multa. Precedentes citados: Decisões n.os 881/97, 138/98
e 516/2000, todas do Plenário; Acórdão n.º 19/2002-Plenário. Acórdão n.º 1803/2010-Plenário,
TC-005.848/2000-0, rel. Min. Walton Alencar Rodrigues, 28.07.2010.
195
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
pelo Inmetro para tal”. No caso em apreço, o Incra justificou a necessidade de aquisição de
uma sala-cofre, tendo exposto as razões para que o produto fosse certificado pela NBR 15247 e
pelo procedimento ABNT PE 047.01, além da motivação para que a aquisição fosse efetuada
com fundamento no art. 25, I, da Lei n.º 8.666/93, já que apenas a empresa Aceco seria
detentora da certificação ABNT NBR 15247, informação confirmada mediante consulta
efetuada no sítio do Inmetro na internet. No que concerne, todavia, à exigência de atendimento
ao procedimento de certificação PE 047.01 para salas-cofre da NBR 15247, o relator considerou
assistir razão à representante quanto à sua impropriedade, já que se trata de procedimento
interno da ABNT, e que deve, portanto, ser observado por empresas que pretendam ter sua
certificação fornecida por aquela entidade. No que tange à aventada inadequação das medidas
da sala-cofre, o relator ressaltou que é admissível a existência de diferenças, quanto às
dimensões da sala-cofre testada pelo organismo certificador (corpo de prova), em relação à
efetivamente contratada, haja vista que a NBR 15247 estipula as tolerâncias permitidas entre o
produto de série e o corpo de prova. No tocante à arguição de valor excessivo da contratação, o
relator observou que a Aceco TI Ltda. anexou, em sua proposta, tabela contendo comparativo de
preços praticados em outros órgãos, a fim de demonstrar a viabilidade de sua oferta. No que diz
respeito à alegação de que seria indevido o fornecimento de materiais e serviços pela contratada
(circuito fechado de TV, quadro de distribuição de energia elétrica, grupo motor gerador a diesel
trifásico), o relator salientou que os equipamentos e serviços mencionados pela representante
“fazem parte de uma solução integrada chamada sala-cofre, matéria já analisada por esta
Corte”. Nesse sentido, destacou que o ambiente de segurança de alta disponibilidade “não se
restringe à aquisição de um produto acabado. Na verdade, constitui-se de uma sala modular de
segurança da informação, composta por diversos sistemas (sistema de climatização, sistema de
energia, controle de incêndio, cabeamento lógico, entre outros), cujos serviços de engenharia
devem ser contratados de forma conjunta”. Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu
considerar parcialmente procedente a representação, determinando ao Incra que, em futuras
contratações, em que fique caracterizada a necessidade de exigência de certificados de
conformidade de produtos/serviços a normas técnicas, “abstenha-se de exigir o cumprimento de
procedimentos que sejam inerentes apenas ao organismo certificador, uma vez que merecem
ser aceitos os certificados emitidos por qualquer entidade acreditada pelo Inmetro”. Além
disso, deliberou o Pleno no sentido de “orientar o Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, bem como a nobre Casa Civil da Presidência da República que, na contratação de
salas seguras ou salas cofres, avaliem a possibilidade de se utilizar da licitação do tipo técnica
e preço, em que as funcionalidades adicionais previstas na NBR 15247 em relação às normas
de segurança internacionais sejam consideradas como itens de avaliação de proposta técnica”.
Precedentes citados: Acórdãos n.os 2.323/2006, 2.392/2006, 1.608/2006, 2.507/2007, 555/2008 e
1.994/2008, todos do Plenário. Acórdão n.º 1846/2010-Plenário, TC-020.870/2008-1, rel. Min-
Subst. André Luís de Carvalho, 28.07.2010.
196
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
197
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
27.07.2010.
198
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Planilha de custos e formação de preços:
1 - Previsão do pagamento de salários superiores aos fixados pela convenção coletiva de
trabalho da categoria;
2 - Possibilidade da constituição de reserva técnica;
3 - Considera-se integralmente pago, no primeiro ano do contrato, o percentual relativo ao
aviso prévio trabalhado;
4 - Inclusão de percentual destinado a despesas com seleção e treinamento;
5 - É de responsabilidade da empresa licitante a definição do número de empregados
necessário à realização dos serviços.
Utilização, em caráter excepcional, de minuta-padrão de contrato, previamente aprovada pela
assessoria jurídica.
Responsabilidade do pregoeiro pela pesquisa de preços sem a obtenção de, no mínimo, três
orçamentos de fornecedores distintos.
A declaração de inidoneidade produz efeitos para o futuro, não alcançando os contratos já
celebrados com a empresa sancionada.
Segunda Câmara
A indevida habilitação da licitante vencedora não necessariamente implica a nulidade do
contrato com ela celebrado.
PLENÁRIO
199
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
decorrentes”. Ao se manifestar nos autos, o titular da unidade técnica ressaltou que, embora o
referido acórdão aponte no sentido da impossibilidade de tal previsão, o próprio Tribunal
decidiu, posteriormente, por intermédio do Acórdão n.º 1122/2008-Plenário, que essa regra
admite exceção, desde que devidamente justificada. Segundo o titular da unidade instrutiva, há
situações em que se necessita de profissionais com habilitação/experiência superior à daqueles
que, no mercado, são remunerados pelo piso salarial da categoria. A utilização do piso como
referência, nessas situações, “acaba por gerar para a Administração, em vez de economia,
problemas operacionais, em função da alocação de profissionais despreparados ou não
capacitados e da rotatividade de mão de obra”. Para ele, poderia haver justificativa para o ato,
porém tal não constou do processo licitatório, o que “caracteriza falha, independente das
necessidades existentes e da aceitação ou não das justificativas posteriormente apresentadas”.
Em consequência, propôs a expedição de alerta ao NERJ/MS quanto à “previsão de pagamento
de salários superiores aos fixados pela Convenção Coletiva de Trabalho da Categoria, sem a
formalização, no processo licitatório, da devida fundamentação, em descumprimento ao art. 40,
inciso X, da Lei n.º 8.666/93, e entendimento deste Tribunal firmado pelo Acórdão TCU n.º
1.122/2008-Plenário”. Em seu voto, o relator considerou adequado o encaminhamento
proposto, no que foi acompanhado pelos demais ministros. Acórdão n.º 3006/2010-Plenário,
TC-001.225/2008-0, rel. Min. Valmir Campelo, 10.11.2010.
200
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Estadual do Ministério da Saúde no Estado do Rio de Janeiro – NERJ/MS, cujo objeto era a
prestação de serviços de tratamento de acervos arquivísticos – microfilmagem,
acondicionamento e arquivamento – no Centro de Microfilmagem e Digitalização – CMD/RJ,
envolveu o fato de o percentual de 1,94% da planilha de custos dos serviços contratados,
relativo ao ‘Aviso Prévio Trabalhado’, continuar sendo pago mesmo após o primeiro ano do
contrato. De acordo com a unidade técnica, o cálculo referente ao percentual cobrado para fazer
face ao ‘Aviso Prévio Trabalho’ (Grupo B), estabelecido em 1,94 % na proposta da contratada,
considera-se integralmente pago no primeiro ano do contrato, devendo ser zerado nos anos
subsequentes. Assim sendo, nos termos do voto do relator, o Plenário decidiu assinar prazo para
que o NERJ/MS “adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, de forma a
promover a repactuação do Contrato nº 174/2006, firmado com a empresa MGI Tecnogin
Micrográfica no Gerenciamento da Informação Ltda., a fim de adequar as planilhas de custos
dos serviços contratados, bem como proceder ao ajuste de contas, nas futuras faturas, entre os
valores efetivamente pagos e os decorrentes da repactuação ora determinada”, em relação à
“supressão do percentual de 1,94 % da Planilha de Custos dos Serviços Contratados, referente
ao Aviso Prévio Trabalhado, tendo em vista que os referidos custos consideram-se
integralmente pagos no primeiro ano do Contrato, devendo ser zerado nos anos subsequentes,
nos termos do cálculo demonstrado quando da apreciação do Acórdão TCU nº 1904/2007-
Plenário;”. Acórdão n.º 3006/2010-Plenário, TC-001.225/2008-0, rel. Min. Valmir Campelo,
10.11.2010.
201
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
202
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Responsabilidade do pregoeiro pela pesquisa de preços sem a obtenção de, no mínimo, três
orçamentos de fornecedores distintos
Em processo apensado às contas anuais da Coordenação-Geral de Recursos Logísticos do
Ministério da Saúde – CGRL/MS, referentes ao exercício de 2003, foi promovida a audiência
do então Coordenador de Suprimentos e Controle Patrimonial, e também pregoeiro, em razão da
não realização de ampla pesquisa de mercado no âmbito do Pregão n.º 90/2003, que tinha por
objeto a aquisição de ambulâncias para o SAMU. O responsável aduziu, em suma, que: a) foi
realizada pesquisa de mercado, sendo consultadas quatro empresas do ramo, tendo apenas uma
delas atendido à solicitação; b) foi efetuada consulta ao SIASG – Sistema Integrado de
Administração de Serviços Gerais, e mais especificamente ao SIREP – Sistema de Registro de
Preços, ferramenta de apoio ao gestor na estimação de preços máximos nos processos de
licitação; c) o estabelecimento de padrão básico específico de ambulâncias para o SAMU fez
com que estas tivessem características especiais, o que impossibilitou a comparação de preços
entre os produtos adquiridos pelo Ministério Saúde e os fornecidos para outros órgãos e
entidades da Administração. Fato é que, quando da análise da minuta do edital, a Conjur/MS
havia apontado a ausência de ampla pesquisa de mercado, razão por que recomendou a
elaboração de planilha de preços, com pesquisa de mercado, bem como a inclusão de
cronograma e local de entrega. Para o relator, ao desconsiderar os alertas emitidos pela
Conjur/MS, o Coordenador de Suprimentos e Controle Patrimonial, e também pregoeiro,
assumiu o risco de responder pelas consequências de seus atos, os quais contrariaram o disposto
no art. 15, § 1º, da Lei n.º 8.666/93, no art. 8º, II, do Decreto n.º 3.555/2000 e no art. 3º do
Decreto n.º 3.931/2001, que estabelecem a necessidade de que as licitações, e mais
especificamente os pregões, sejam precedidos de ampla pesquisa de mercado. O relator
destacou, também, que a jurisprudência do TCU é no sentido de que, antes da fase externa da
licitação, há que se fazer pesquisa de preço para obtenção de, no mínimo, três orçamentos de
fornecedores distintos. Nos termos do voto do relator, deliberou o Plenário no sentido de rejeitar
as razões de justificativa apresentadas pelo responsável e julgar irregulares as suas contas, sem
prejuízo da aplicação de multa. Precedentes citados: Acórdãos n.os 4.013/2008 e 1.547/2007,
ambos do Plenário. Acórdão n.º 3026/2010-Plenário, TC-006.150/2004-8, rel. Min. Raimundo
Carreiro, 10.11.2010.
203
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
204
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
que não seria o caso de se adotar a medida drástica de anular o certame e o correspondente
contrato, isso porque, de acordo com os autos, “o mencionado contrato está em plena e
adequada execução, não havendo evidência de qualquer fato que pudesse significar problema
na implementação das condições pactuadas”, restando, portanto, “afastado o risco aventado
pela Unidade Técnica de inexecução do objeto contratado”. O relator considerou suficiente a
expedição de determinação ao órgão, com vistas a prevenir futuras ocorrências dessa natureza,
no que foi acompanhado pelos demais ministros. Acórdão n.º 6485/2010-2ª Câmara, TC-
003.615/2010-3, rel. Min. Aroldo Cedraz, 09.11.2010.
SUMÁRIO
Plenário
Enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte: necessidade de declaração
por parte da beneficiada.
Contratação direta por inexigibilidade de licitação: indicação de marca e modelo de
equipamento a ser adquirido.
Licitações de obras públicas:
1 – Exigência de vínculo empregatício dos responsáveis técnicos com a empresa
licitante na data da entrega da proposta;
2 – Obrigatoriedade de visita técnica ser realizada por responsável técnico da empresa
previamente designado e em data única;
3 – Exigência simultânea de patrimônio líquido mínimo e garantia de proposta, a ser
apresentada até três dias antes da data para entrega dos envelopes;
4 – Ausência de detalhamento de itens que devem compor o BDI;
5 – Não utilização dos sistemas oficiais de referências de preços para obras e serviços
de engenharia.
Licitações e contratos na área de educação:
1 - Exigência de número mínimo de profissionais nos quadros permanentes da licitante
e de serviços prestados anteriormente à Administração por número mínimo de meses;
2 – Fragilidades na fiscalização de contrato.
Restrições à competitividade: Exigência, para fins de comprovação da qualidade do café a ser
fornecido, de certificado emitido pela ABIC.
Auditoria em licitações e contratos:
1 - Uso do pregão para contratação de serviços de consultoria;
2 - Contratação de obras públicas a serem executadas na vizinhança de bem tombado.
Licitações e contratos de obras: encargos sociais incidentes sobre custos com profissionais
relacionados à “Administração Local”.
205
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Primeira Câmara
Licitação para passagens aéreas:
1 - Desnecessidade da empresa prestadora dos serviços possuir turismólogo como
responsável ou administrador;
2 – Aglutinação, em único item, de serviços de fornecimento de passagens aéreas,
fluviais e rodoviárias.
Segunda Câmara
Pregão para registro de preços:
1 – Estimativa dos quantitativos a serem contratados;
2 – Deficiências na composição do orçamento do objeto da licitação.
PLENÁRIO
Enquadramento de empresa como microempresa ou empresa de pequeno porte:
necessidade de declaração por parte da beneficiada
Em sede de Representação, apurava-se possível irregularidade atinente ao fato de uma empresa
haver participado de diversas licitações na qualidade de empresa de pequeno porte (EPP),
obtendo os benefícios da Lei Complementar 123/2006 – LC 123/2006 (Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte), sem atender, no entanto, as condições para o
seu enquadramento como EPP, no exercício de 2007. Para o relator, “a qualificação como
microempresa ou empresa de pequeno porte é feita mediante declaração da Junta Comercial,
que a expede com base em informação da empresa interessada, com o requerimento à
respectiva Junta do arquivamento da ‘Declaração de Enquadramento de ME ou EPP’”. Do
mesmo modo, ainda para o relator, “cessadas as condições que permitiam o enquadramento
como ME ou EPP, a empresa deverá fazer a ‘Declaração de Desenquadramento’”. Assim, o
enquadramento, bem como o desenquadramento, como microempresa ou empresa de pequeno
porte é um ato declaratório, da iniciativa de quem pretende beneficiar-se da situação. Tal
declaração, ressaltou o relator, é prestada sob as penas da lei, “sujeitando os infratores às
cominações legalmente estabelecidas”. Na espécie, a empresa favoreceu-se da condição de EPP,
apesar de ter faturamento superior ao limite estabelecido (R$ 2.400.000,00), logrando vantagem
indevida, portanto. Na conclusão do relator, “A informação da perda da condição de ME ou
EPP, por ser ato declaratório, era responsabilidade da empresa”, a qual, por não a ter feito e
por ter auferido indevidamente os benefícios da LC 123/2006, cometeu, portanto “ação que
caracteriza fraude à licitação, ato grave que enseja declaração de inidoneidade para participar
de licitações da administração pública federal”. Assim, o relator votou no sentido da
procedência da representação, bem como pela declaração de inidoneidade da licitante para
licitar e contratar com a Administração Pública pelo prazo de um ano, o que foi aprovado,
unanimemente, pelo Plenário. Acórdão n.º 1972/2010-Plenário, TC-019.423/2010-1, rel. Min.
Walton Alencar Rodrigues, 11.08.2010.
206
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
com equipamentos semelhantes disponíveis na Alemanha (MWA Professional Film & Audio
Products), Estados Unidos (Grass Valley) e Inglaterra (Cintel International)” a unidade técnica
propôs a procedência da representação, em face da ausência de procedimento licitatório para a
aquisição do citado equipamento. Todavia, ao analisar o assunto, o relator, discordando da
unidade técnica, considerou mais adequada a proposta de encaminhamento apresentada pelo
Ministério Público junto ao TCU - MP/TCU, o qual, em seu parecer, consignou que “A
impropriedade verificada na aquisição em exame não está somente na possível existência de
equipamentos semelhantes ao desejado no mercado internacional, como aponta a unidade
técnica, mas sim na indicação, desde o princípio, do modelo e da marca do equipamento que se
pretendia comprar”. Após registrar que a indicação de marca, por si só, não constitui
irregularidade, o MP/TCU foi de opinião que “a ofensa ao art. 25, inc. I, da Lei nº 8.666/93, se
dá antes pela preferência a certa marca e modelo do equipamento desejado, do que pela falta
de comprovação de sua exclusividade no mercado, fato também observado no caso concreto”.
Todavia, pelas peculiaridades do caso concreto, dada a “singularidade do objeto a ser
adquirido, assaz incomum e com raros concorrentes no mercado mundial, não sendo sequer
produzido no Brasil”, tendo em conta, ainda, que “farta jurisprudência do Tribunal de Contas
da União considera suficiente, na hipótese de ofensa ao disposto no art. 25, inc. I, do Estatuto
das Licitações e considerando circunstâncias específicas de cada processo, que seja
determinado ao órgão ou entidade que se abstenha de indicar a preferência de marca e que
comprove cabalmente a inviabilidade de competição em função de o objeto pretendido só poder
ser fornecido por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo”, o MP/TCU
manifestou-se pela procedência parcial da representação, com a expedição de determinação
corretiva para as futuras licitações a serem procedidas pela Cinemateca Brasileira. O Plenário,
por sua vez, acolheu as conclusões do relator. Precedentes citados: Acórdãos nos 116/2008 e
2.099/2008, ambos da 1ª Câmara e 3.645/2008, 5.053/2008 e 2.809/2008, da 2ª Câmara,
Acórdão n.º 1975/2010-Plenário, TC-019.589/2010-1, rel. Min. Benjamin Zymler, 11.08.2010.
207
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
210
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
do TCU, a Cepisa, ao apresentar suas razões de justificativa, entendeu que os preços a serem
praticados estariam compatíveis com o mercado, dado que “se atualizando o valor, por
processo, nos contratos anteriores (R$ 25,00) pelo índice IGP-M tem-se R$ 28,42, valor este
menor do que o preço proposto, por processo, pelos dois escritórios a serem contratados (R$
28,00)”. Ao examinar o assunto, a unidade instrutiva consignou que “não houve consulta de
preços correntes no mercado, ou fixados por órgão oficial competente ou, ainda, constantes do
sistema de registro de preços. Portanto, não resta comprovada a razoabilidade do preço... ”.
Por consequência, propôs o encaminhamento de alerta à Cepisa, de modo a evitar ocorrências
semelhantes em futuros procedimentos licitatórios. Ao final, ao concluir pela improcedência da
denúncia, com o levantamento do sigilo dos autos, o relator acolheu, no ponto, a manifestação
da unidade técnica de se expedir o alerta à Cepisa, o que foi aprovado, por unanimidade, pelo
Plenário. Acórdão n.º 2019/2010-Plenário, TC-008.804/2009-3, rel. Min. José Múcio
Monteiro, 11.08.2010.
211
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
usuais do mercado, consoante exige o comando contido no parágrafo único do art. 1º da Lei
10.520/2002”. O relator, ao divergir da unidade técnica, ressaltou que “... não deve prosperar o
entendimento de que nenhum serviço de consultoria possa, a priori, ‘ser classificado como
comum’. Diversos serviços enquadráveis em tal categoria, assim entendidos aqueles em que se
espera a realização do estudo de determinada situação e a subsequente proposta de solução
para os problemas aí identificados, têm sido considerados, por este Tribunal, como
perfeitamente licitáveis mediante pregão, bastando, para tanto, que seja possível sua definição
objetiva no edital, por meio de especificações usuais de mercado, não havendo necessidade,
nem mesmo, de que eles sejam simples. O entendimento desta Corte, ademais, para tais casos, é
de que a adoção do Pregão é obrigatória, presentes as disposições da Lei 10.520/2003”.
Assim, o relator, no ponto, e em razão da divergência, deixou de acompanhar o entendimento da
unidade técnica quanto à inadequação do uso do pregão para se contratar serviços de
consultoria, no que foi acompanhado pelo Plenário. Precedente citado: Acórdão nº 2285/2009,
do Plenário do TCU. Acórdão n.º 1.989/2010-Plenário, TC-006.206/2010-7, Min-Subst.
Augusto Sherman Cavalcanti, 11.08.2010.
Licitações e contratos de obras: encargos sociais incidentes sobre custos com profissionais
relacionados à “Administração Local”
“A utilização de índices de encargos sociais superiores aos previstos pelo Sinapi deve ensejar a
repactuação contratual”. Foi esse o entendimento a que chegou o relator, ao examinar
Representação formulada ao TCU em razão de possíveis irregularidades na contratação
efetivada pelo Terceiro Comando Aéreo Regional – III Comar, visando à construção de Vila
Olímpica para os V Jogos Mundiais Militares, na área dos Afonsos, no Rio de Janeiro/RJ.
Dentre as ocorrências que motivaram a oitiva de responsáveis do III Comar, estava a incidência
de índice indevido de encargos sociais sobre os custos com profissionais contratados para as
obras em foco, mais especificamente, profissionais relacionados ao item “Administração
Local”. Fora utilizado o índice de 107% para os encargos sociais incidentes sobre os custos
relacionados aos profissionais da Administração Local, o que estaria, de acordo com a empresa
contratada, abaixo do estabelecido pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil (Sinapi), mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Econômica Federal, e
que, de acordo com a Lei 11.768, de 2008, de Diretrizes Orçamentárias para o ano de 2009
(LDO/2009), serve como referência para obtenção do custo global de obras e serviços a serem
executados com recursos dos orçamentos da União (art. 109, LDO/2009). Ao analisar a matéria,
a unidade técnica evidenciou que se utilizou, indevidamente, a unidade de tempo hora-homem
para cálculo dos encargos sociais dos profissionais de Administração Local, multiplicando-se o
custo por hora por 220, para a obtenção do total mensal, o que, no entender da unidade técnica,
212
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
reflete a prática do mercado de construção civil para esse item, calculado com base no custo
mensal, daí o uso do multiplicador (220). Desse modo, prosseguiu a unidade instrutiva, ao
cuidar dos profissionais de Administração Local, destacando que “Pela prática de mercado da
construção civil, a contratação de profissionais para área de gerenciamento, comando,
administração e outros do mesmo gênero não condiz com a remuneração horária, mas mensal,
haja vista, em regra, não terem carga horária diretamente variável em função das quantidades
de serviço medidas para efeito de remuneração, tal como os pedreiros e serventes”. Por
consequência, caberia o ajuste dos encargos sociais dos profissionais de Administração Local
para 82%, em conformidade com o Sinapi. O relator, ao concordar com as análises feitas pela
unidade técnica, concluiu ser o regime de contratação o mensalista e não o horista. Desse modo,
em linha com o sugerido pela unidade técnica, votou pela determinação de repactuação do
Contrato examinado “no que concerne às parcelas pagas e a pagar, alterando o percentual de
encargos sociais dos profissionais da “Administração Local” para 82%, como o previsto no
Sinapi, em cumprimento ao art. 109 da Lei n. 11.768/2008 (LDO de 2009)”. O Plenário acolheu
o voto do relator. Acórdão n.º 1.996/2010-Plenário, TC-026.337/2009-5, Min-Subst. Marcos
Bemquerer Costa, 11.08.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
213
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
§1º, da Lei nº 8.666/1993)”. Com relação ao assunto, a unidade técnica considerou que "a
aglutinação de passagens aéreas, fluviais e rodoviárias em um único item, a despeito de ser
prática ainda adotada por vários órgãos na Administração Pública Federal, pode,
potencialmente, provocar restrição de competidores, sobretudo daqueles que não trabalham os
três modais conjuntamente". Todavia, no caso concreto, os gestores, em resposta à audiência
promovida, informaram já terem ocorrido, anteriormente, dois processos licitatórios que forem
desertos quanto ao fornecimento de passagens fluvio-marinhas e rodoviárias nacionais, pois as
empresas potencialmente interessadas não compareceram aos certames, em razão do
parcelamento do objeto. Desse modo, reconheceu a unidade técnica que “no Estado do Amapá,
a separação do objeto licitado em três itens distintos não gerou o efeito desejado”. De sua
parte, o relator, quanto ao não parcelamento do objeto, entendeu não ter ocorrido desrespeito à
Lei de Licitações, pois a divisão do objeto, embora fosse possível, não se poderia dizer que
fosse indispensável. Destacou o relator: “No caso ora analisado, a realidade do mercado
mostrou que a divisão da contratação em três lotes distintos não satisfez integralmente a
necessidade da Administração”, uma vez que nas situações em que houve o parcelamento, “não
acudiram interessados para o fornecimento de bilhetes de passagens rodoviárias nem
passagens fluvio-marinhas, apenas para passagens aéreas, o que corrobora a avaliação de que
não foi desarrazoada a decisão de se fazer a licitação para fornecimento de passagens em
todos os modais”. Ao final, por considerar não haver evidência de má-fé, dano ao erário ou
direcionamento do certame, acolheu a proposta da unidade técnica de não se aplicar multa ao
responsável, concluindo, e propondo ao colegiado, a procedência parcial da representação, com
expedição de correspondente alerta à unidade jurisdicionada, de modo a evitar ocorrências em
licitações futuras que possam potencialmente restringir a competitividade dos certames.
Acórdão n.º 5.013/2010-1ª Câmara, TC-007.069/2010-3, Min-Subst. Weder de Oliveira,
10.08.2010.
SEGUNDA CÂMARA
214
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Requisitos de habilitação indevidos:
1 - Exigência simultânea de capital social mínimo e de garantia da proposta;
2 - Necessidade de vínculo empregatício entre o responsável técnico e a licitante.
Licitação para execução de obras:
1 - Número mínimo de atestados para comprovação da capacitação técnico-operacional;
2 - Exigência editalícia de que um dos atestados envolva objeto idêntico ao licitado;
3 - Necessidade de a vistoria técnica ser realizada, em data única, pelo engenheiro
responsável.
215
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
216
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Licitação para execução de obras: 2 - Exigência editalícia de que um dos atestados envolva
objeto idêntico ao licitado
O relator comunicou ao Plenário haver adotado medida cautelar determinando à Prefeitura
Municipal de Ibatiba/ES que se abstivesse de praticar “quaisquer atos visando dar execução”
aos contratos decorrentes das Tomadas de Preços n.os 3 a 8/2010, até que o Tribunal decida
sobre o mérito das questões levantadas em processo de representação. Os referidos certames
tiveram como objeto, em síntese, a construção de praças e a execução de obras de drenagem e
pavimentação em ruas do município. Em seu despacho, o relator chamou a atenção para o fato
de que o edital exigia que um dos atestados apresentasse objeto idêntico ao licitado, ao passo
que a Lei n.º 8.666/93, em seu art. 30, § 1º, I, estabelece que a comprovação de aptidão para
execução de obra ou serviço deve ser pertinente e compatível, em características, quantidades e
prazos, com o objeto da licitação. Para o relator, a melhor exegese da norma é a de que “a
referida comprovação de aptidão deva ser demonstrada exclusivamente mediante a
comprovação de serviços similares, e não idênticos àqueles a serem contratados. Os quesitos a
serem exigidos nos atestados devem, ainda, ficar restritos ao mínimo necessário a assegurar a
competência técnica da licitante”. De acordo com o relator, este e outros fatos mencionados
pela representante, somados ao pequeno número de empresas que acorreram a cada um dos
certames, suscitavam questionamentos acerca da real disputa entre os participantes. Por fim,
considerou presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, requisitos indispensáveis ao
deferimento da medida cautelar, referendada pelo Plenário. Decisão monocrática no TC-
021.115/2010-9, rel. Min. Benjamin Zymler, 18.08.2010.
217
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
que a vistoria técnica fosse realizada, necessariamente, pelo engenheiro responsável pela
execução da obra não guarda correspondência com a legislação que disciplina a matéria. Isso
porque o art. 30, III, da Lei n.º 8.666/93 admite exigir do participante comprovação, fornecida
pelo órgão licitante, de que tomou conhecimento das informações e condições locais para o
cumprimento das obrigações objeto da licitação, porém não fixa a necessidade de que um
engenheiro visite pessoalmente as instalações para avaliação das condições de execução dos
serviços. O que deve ser levado em consideração é “o ônus imposto aos licitantes para o
cumprimento desses requisitos e sua razoabilidade e proporcionalidade em face da
complexidade dos serviços a serem executados”. No que diz respeito à designação de data única
para a realização de vistoria no local das obras, o relator assinalou ser uma prática que deve ser
evitada, dada a possibilidade de acarretar prejuízo à formulação das propostas por parte dos
interessados. Segundo ele, estes e outros fatos mencionados pela representante, somados ao
pequeno número de empresas que acorreram a cada um dos certames, suscitavam
questionamentos acerca da real disputa entre os participantes. Por fim, o relator considerou
presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, requisitos indispensáveis ao deferimento
da medida cautelar, referendada pelo Plenário. Decisão monocrática no TC-021.115/2010-9,
rel. Min. Benjamin Zymler, 18.08.2010.
218
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
orçamentos elaborados pela Hidrotopo e pelo Centran, o que se constatou foi que,
“especificamente no item dragagem, justamente aquele em que o Consórcio Somar - Boskalis
ofereceu menor desconto (cerca de 1%), os orçamentos elaborados a mando da SEP/PR já
continham sobrepreço, respectivamente de 28,1% e 35,9%”. Diante desse quadro, o relator
propôs e o Plenário decidiu determinar à Secretaria Especial de Portos que, na hipótese de virem
a ser firmados aditivos que incluam ou suprimam quantitativos de serviços, “se identificada a
configuração de ‘jogo de planilhas’, cuide para que, nos termos do § 6º do art. 109 da Lei
11.768/2008 (LDO 2009) e do § 6º do art. 112 da Lei 12.017/2009 (LDO 2010), as alterações
de quantitativos de serviços preservem o equilíbrio econômico-financeiro originalmente
contratado, calculando o desconto percentual global no contrato antes e depois do aditivo para
que, em caso de diminuição desse percentual, seja inserida no contrato parcela compensatória
negativa, como forma de assegurar o desconto inicial obtido por intermédio do certame
licitatório, devendo atentar, também, para que os serviços não previstos no contrato original e
que venham a ser posteriormente acrescidos adotem preços de insumos no máximo iguais aos
previstos, na proposta da contratada, para os demais serviços da obra;”. Precedente citado:
Acórdão n.º 2.319/2009-Plenário. Acórdão n.º 2066/2010-Plenário, TC-007.195/2010-9, rel.
Min-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 18.08.2010.
SEGUNDA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Fraude à licitação: apresentação de atestado com conteúdo falso como razão suficiente para
declaração de inidoneidade de licitante pelo TCU;
Licitação para obra pública: comprovação de acervo técnico.
Primeira Câmara
Dispensa de Licitação: necessidade de comprovação de que o imóvel a ser locado é o único que
atende aos interesses da Administração Pública;
Pregão para aquisição de helicópteros: possibilidade de pagamento antecipado.
Segunda Câmara
Dispensa de licitação: necessidade de observância do preço oferecido pelo licitante vencedor na
hipótese de utilização do art. 24, inc. XI, da Lei nº 8.666/93, que trata de remanescente de
contratação anterior.
PLENÁRIO
Fraude à licitação: apresentação de atestado com conteúdo falso como razão suficiente
para declaração de inidoneidade de licitante pelo TCU
Representação formulada ao TCU noticiou que na Concorrência nº 3/2008, realizada pelo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – Ifam, cujo objeto
constituiu-se na construção do campus do Centro Federal de Educação Tecnológica no
Município de Presidente Figueiredo/AM, empresa licitante apresentou atestado de capacidade
técnica com conteúdo possivelmente falso, com vistas a sua habilitação no certame. Para
apuração dos fatos, a unidade técnica responsável pela instrução do feito promoveu uma série de
audiências, inclusive da própria empresa responsável pela potencial fraude, a qual alegou erro
de entendimento quanto ao que fora exigido a título de comprovação de capacidade técnica. De
acordo com a empresa respondente, o texto do edital seria dúbio, ao requerer “execução de obra
ou serviço com complexidade equivalente”. Daí, apresentara atestado no qual constava,
erroneamente digitado, construção de obra em vez de projeto. Todavia, a unidade técnica
registrou não se sustentar o argumento da potencial fraudadora de se tratar de equívoco quanto à
interpretação. Para a unidade técnica, a evidência de fraude quanto ao conteúdo do atestado de
capacidade técnica seria determinante para o Tribunal declarar a inidoneidade da licitante. Ao se
pronunciar nos autos, o representante do Ministério Público junto ao TCU – MP/TCU - afirmou
que a potencial fraudadora “apresentou atestado de capacidade técnica com informação falsa.
O documento informava que a empresa foi a responsável pela execução de obras de
engenharia, quando na verdade apenas elaborou os projetos para essa execução”, sendo “clara
a intenção da empresa em demonstrar que foi a responsável pela execução física das obras de
engenharia”. Assim, ante a evidência de fraude à licitação, o MP/TCU considerou adequada a
proposta da unidade técnica de se declarar a inidoneidade da licitante responsável pela
apresentação do documento. O relator do feito, ministro-substituto André Luís de Carvalho,
concordou com as análises procedidas tanto pela unidade técnica, quanto pelo MP/TCU, acerca
do intuito da licitante: fraudar o processo licitatório. Todavia, para o relator, haveria incerteza se
a situação examinada perfaria “todos os elementos caracterizadores da ‘fraude comprovada a
licitação’, para fins de declaração de inidoneidade da empresa”. Citando precedente
jurisprudencial do TCU, destacou o relator que a fraude comprovada à licitação, como
sustentáculo para declaração de inidoneidade de licitante pelo Tribunal, exigiria a concretização
do resultado, isto é, o prejuízo efetivo ao certame, tendo em conta o estabelecido no art. 46 da
Lei Orgânica do TCU (Art. 46. Verificada a ocorrência de fraude comprovada à licitação, o
Tribunal declarará a inidoneidade do licitante fraudador para participar, por até cinco anos,
de licitação na Administração Pública Federal.). Como, na espécie, não teria havido a
materialização do prejuízo, uma vez que a falsidade da documentação fora descoberta pelo
222
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Ifam, não caberia ao TCU, por conseguinte, punir a tentativa de fraude por parte da licitante.
Todavia, o ministro-revisor, Walton Alencar Rodrigues, dissentiu do encaminhamento proposto
pelo relator do feito. Para o revisor, o atestado apresentado pela potencial fraudadora,
absolutamente falso, viabilizou a participação desta no processo licitatório. E, ainda para o
revisor, “Nos termos da consolidada jurisprudência do Tribunal de Contas da União, a mera
apresentação de atestado com conteúdo falso caracteriza o ilícito administrativo previsto no
art. 46 da Lei Orgânica do TCU e faz surgir a possibilidade de declarar a inidoneidade da
licitante fraudadora”. Desse modo, acolhendo as conclusões da unidade técnica, votou pela
declaração de inidoneidade da licitante responsável pela apresentação do atestado com conteúdo
falso, no que foi acompanhado pelos ministros Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio
Monteiro. Ficaram vencidos, na linha da proposta do relator, os ministros Valmir Campelo,
Augusto Nardes e Aroldo Cedraz. O relator, ministro-substituto André Luís de Carvalho, não
votou, por não estar substituindo naquela oportunidade. . Precedentes citados: Acórdãos
630/2006 e 548/2007, ambos do Plenário. Acórdão n.º 2.179/2010-Plenário, TC-016.488/2009-
6, rel. Min-Subst. André Luís de Carvalho, revisor Min. Walton Alencar Rodrigues,
25.08.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
Dispensa de Licitação: necessidade de comprovação de que o imóvel a ser locado é o único
que atende aos interesses da Administração Pública
Em representação feita ao TCU, foi noticiada possível irregularidade constituída na ausência de
licitação e na inobservância dos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade,
quando da locação, com a utilização de recursos públicos da área de saúde, de imóvel de
propriedade do cônjuge da ex-Prefeita do município de Guarabiras, na Paraíba. Ao examinar as
razões de justificativa apresentadas pela responsável, a unidade técnica registrou o fato de o
proprietário do imóvel locado ser esposo da então Prefeita de Guarabiras, ou seja, a Prefeitura
havia locado um imóvel da própria Prefeita, por intermédio do esposo desta. Acresceu, ainda,
223
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
que “o fato de eventualmente ter havido inabilidade no ato de contratação com dispensa de
licitação, com inobservância das devidas cautelas de justificativa como previsto no art. 24,
inciso X, da Lei nº 8.666/1993 não conduz à exclusão da culpabilidade”. Caberia, ainda na
opinião da unidade técnica, até se discutir o dolo na utilização da dispensa de licitação, mas
seria induvidável a ofensa a diversos princípios constitucionais, como o da legalidade, o que
levaria à reprovação da conduta da ex-Prefeita. Citando precedente jurisprudencial, a unidade
técnica anotou que “O art. 24, inciso X, da Lei de Licitações estabelece ser dispensável a
licitação para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades
precípuas da Administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua
escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação
prévia”. Assim, “a utilização desse dispositivo só é possível quando se identifica um imóvel
específico cujas instalações e localização sinalizem que ele é o único que atende o interesse da
Administração”. Como, na espécie, haveria pelo menos outro imóvel que serviria ao intuito da
administração municipal, não seria possível a utilização da hipótese do art. 24, inc. X, da Lei
8.666/1993, como fundamento da contratação direta. O relator, ao concordar com a unidade
técnica, destacou, em seu voto, que “havia pelo menos outro imóvel com características
semelhantes, que poderia servir de alternativa à locação”, o que, portanto, leva à incorreção
quanto ao procedimento de se dispensar a licitação com base no art. 24, inciso X, da Lei nº
8.666/1993. Votou, em consequência, pela aplicação de multa à ex-Prefeita, bem como pela
expedição de determinação corretiva e de alerta ao município de Guarabira, a fim de que sejam
evitadas ocorrências semelhantes em situações futuras. O Colegiado acolheu, por unanimidade,
o encaminhamento sustentado pelo relator. Precedentes citados: Acórdão n.º 444/2008-Plenário.
Acórdão n.º 5281/2010-1ª Câmara, TC-030.588/2007-5, rel. Min. José Múcio Monteiro,
24.08.2010.
SEGUNDA CÂMARA
Dispensa de licitação: necessidade de observância do preço oferecido pelo licitante
vencedor na hipótese de utilização do art. 24, inc. XI, da Lei nº 8.666/93, que trata de
remanescente de contratação anterior
Em sede de Tomada de Contas Especial, foram apuradas possíveis irregularidades em licitações
realizadas no âmbito do Ministério da Saúde, dentre elas, a contratação direta, por dispensa de
licitação, com supedâneo no art. 24, inc. XI, da Lei 8.666/1993 – remanescente de contratação
224
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
anterior -, sem respeitar as condições oferecidas pela empresa vencedora da licitação anterior,
quanto ao preço. Ao examinar a matéria, a unidade técnica consignou que o art. 24, inc. XI, da
Lei 8.666/1993 proporciona à Administração Pública faculdade, não obrigação, de efetivar a
contratação direta. Todavia, ainda conforme a unidade técnica, “essa possibilidade somente
pode ser levada adiante se for observada a ordem de classificação da licitação e aceitas as
mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente
corrigido”. Assim, caso a Administração Pública esteja impossibilitada de atender,
integralmente, tais condições, também estará impossibilitada de promover a contratação direta,
sob o fundamento do citado dispositivo. Ressaltou o relator que, “embora não existam nos
autos elementos suficientes para caracterizar a ocorrência de dano ao erário”, concorda
com a unidade técnica no sentido de que a utilização do art. 24, inc. XI, da Lei 8.666/1993, sem
que as condições quanto ao preço oferecido pelo licitante vencedor sejam respeitadas, constitui
irregularidade grave. Desse modo, propôs a aplicação de multa ao responsável, o que foi
acolhido pelo Colegiado. Acórdão n.º 4852/2010-2ª Câmara, TC-005.711/2005-6, rel. Min-
Subst. André Luís de Carvalho, 24.08.2010.
SUMÁRIO
Plenário
Garantia de contrato: impossibilidade de liberação antes do recebimento definitivo da obra.
Utilização do pregão na forma presencial: as disposições do Decreto n.º 5.450/2005 vinculam
apenas o Poder Executivo Federal.
Necessidade de motivação adequada nas respostas às indagações das empresas licitantes.
Revogação X anulação de licitação: razões para cada uma e necessidade de contraditório e
ampla defesa em ambas.
Auditoria em licitações e contratos:
1 - Necessidade de concessão administrativa de uso de bem público para instalação de
restaurantes e lanchonetes;
2 - Necessidade de manutenção das condições pré-estabelecidas na licitação
anteriormente fracassada para que se legitime a contratação direta com fundamento no art. 24,
inc. V, da Lei 8.6661993;
3 - Imprescindibilidade de composição adequada da planilha de custos.
Primeira Câmara
Subcontratação parcial de serviços: desnecessidade de expressa previsão no edital ou no
contrato.
225
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
Garantia de contrato: impossibilidade de liberação antes do recebimento definitivo da
obra
Recurso de revisão interposto pelo Ministério Público junto ao TCU - MPTCU contra o
Acórdão 590/2005-TCU- 1ª Câmara, proferido quando da apreciação da Tomada de Contas
Simplificada do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Sergipe - TRE/SE, exercício 2001,
teve por intuito discutir possíveis irregularidades na gestão do Contrato nº 8/1997, firmado entre
o TRE/SE e a Construtora Augusto Velloso S/A. O acordo teve por objeto a construção do
edifício sede do TRE/SE. Dentre as irregularidades discutidas, uma seria a liberação da garantia
contratual, sem recebimento definitivo da obra. Ouvido em audiência, o ex-Diretor-Geral do
TRE/SE argumentou que o valor da garantia não cobriria os prejuízos causados e que a
liberação dos valores não eximiria a empresa contratada de nenhuma responsabilidade. Aduziu,
ainda, existir ação judicial do TRE/SE contra a empresa responsável pelas irregularidades, ação
que, na visão do gestor, certamente seria exitosa. A unidade técnica entendeu inviáveis de
aceitação as justificativas apresentadas. Registrou haver deficiências graves na execução do
contrato, o que determinaria a não liberação das garantias contratuais, bem como a aplicação de
penalidades à empresa. Assim sendo, propôs a irregularidade das contas do responsável, sem
prejuízo da aplicação de multa. O relator concordou com a proposta da unidade técnica,
destacando, em seu voto, que o ex-Diretor-Geral fora “absolutamente imprudente”, haja vista
sua decisão, “em agosto de 2001, de liberar a garantia contratual”, mesmo diante dos
problemas quanto à execução do contrato, pois “salvaguardar o interesse público com a
execução da garantia teria sido eficaz, muito embora pudesse não ter sido suficiente”. Ao final,
votou pela irregularidade das contas do ex-Diretor-Geral, bem como pela aplicação de multa ao
responsável. O Plenário acolheu o voto do relator. Acórdão n.º 2244/2010-Plenário, TC-
006.395/2002-4, rel. Min. Valmir Campelo, 1º.09.2010.
226
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
informações podem não estar tão claras e pormenorizadas quanto se imaginava ao elaborar as
regras do certame. Desse modo, votou, neste ponto, pela procedência da representação, no que
foi acompanhado pelo Plenário. Assim, o Tribunal, na espécie, ementou o entendimento de que,
“em cumprimento ao Princípio da Publicidade contido no caput do art. 3º, bem como no inciso
VIII do art. 40, ambos da Lei nº 8.666/1993, o órgão não deve responder de modo inadequado e
insuficiente às consultas e solicitações de esclarecimentos realizadas pelas empresas durante o
processo licitatório, evitando respostas genéricas”. Acórdão n.º 2245/2010-Plenário, TC-
001.634/2010-0, rel. Min. Valmir Campelo, 1º.09.2010.
227
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
228
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
devem as empresas repactuar os valores contratados se houver variação nos custos dos
serviços. Vale dizer que o contrato não deve definir, a priori, nenhuma forma de reajuste ou de
repactuação. As alterações dos valores contratados serão objeto de negociação entre as partes.
Para tanto, devem ser considerados os diversos itens que afetam a composição dos custos dos
serviços prestados.”. Ao final, o relator votou pela não aplicação de multa ao responsável, sem
prejuízo da expedição de determinação corretiva para futuras licitações a serem promovidas pela
EBCT/DR/RS, o que foi aprovado pelo Plenário. Precedente citado: Acórdão 1374/2006-
Plenário. Acórdão n.º 2219/2010-Plenário, TC-005.383/2007-0, rel. Min. Raimundo Carreiro,
1º.09.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
229
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Pregão para serviços comuns de engenharia.
Aceitação de itens da proposta de preços da licitante com valores acima do orçado pela
Administração.
Licitação de empreendimentos que envolvem, cumulativamente, a prestação de serviços de
engenharia e o fornecimento de equipamentos:
1 - Utilização de BDI diferenciado para a aquisição de equipamentos;
2 - A aplicação de BDI diferenciado somente a itens de fornecimento de equipamentos
por terceiros não implica, necessariamente, o desequilíbrio econômico-financeiro da avença em
desfavor da contratada.
Cessão de uso onerosa:
1 - Divisão da contraprestação pela cessão de uso em duas parcelas, uma a título de
cessão de uso e outra a título de “apoio institucional”;
2 - Adoção da taxa Selic como critério de reajuste de preços.
PLENÁRIO
230
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
aquisição de bens e serviços comuns, inclusive os de engenharia, “que só poderá ser preterido
quando comprovada e justificadamente for inviável a sua utilização”. Deliberou também o
Pleno no sentido de expedir determinação à Codesp para que se abstenha, “quando vencido o
prazo de 12 meses, de prorrogar o contrato oriundo da Concorrência n.º 8/2010, salvo pelo
prazo máximo de 12 meses, visando à realização de novo procedimento licitatório, na
modalidade pregão, preferencialmente na forma eletrônica, caso julgue oportuno e conveniente
realizar a contratação dos serviços de manutenção do sistema de distribuição de energia nas
áreas comuns do porto de Santos”. Precedentes citados: Acórdãos n.os 463/2008 e 2.901/2007,
ambos da 1ª Câmara; Acórdãos n.os 2.807/2009, 2.194/2009 e 631/2007, todos da 2ª Câmara;
Acórdãos n.os 2.664/2007 e 988/2008, ambos do Plenário. Acórdão n.º 2314/2010-Plenário,
TC-016.340/2010-8, rel. Min. Raimundo Carreiro, 08.09.2010.
Aceitação de itens da proposta de preços da licitante com valores acima do orçado pela
Administração
Levantamento de auditoria realizado pelo TCU nas obras do Perímetro de Irrigação Jacaré –
Curituba, no Estado de Sergipe, a cargo da Companhia de Desenvolvimento do Vale do Rio São
Francisco e Parnaíba (Codevasf), identificou diversas irregularidades no empreendimento, entre
elas a “aceitação/homologação de alguns itens da proposta de preços da Netafim Brasil -
Sistemas e Equipamentos de Irrigação Ltda. (Contrato nº 0.12.09.0018-00) com valores acima
do orçado pela Codevasf, sem que tenha sido feita uma análise criteriosa da justificativa
contida no Relatório Técnico Circunstanciado apresentado pela licitante para fins de sua
aprovação.”. Por ocasião do certame, a licitante alegou que as diferenças em determinados
preços unitários de sua proposta foram motivadas pelo aumento verificado em algumas
matérias-primas e equipamentos, no período entre a data-base do orçamento da Codevasf e o
mês de recebimento das propostas, argumento acolhido pela comissão julgadora. A equipe de
auditoria considerou equivocada a conclusão da comissão quanto à adequação da proposta da
licitante ao orçamento-base da Codevasf, carecendo de “fundamentação matemática a
comparação então efetuada”, já que se teria pautado em datas-bases diversas. Divergindo da
equipe, o relator entendeu que, embora não houvesse uma explanação sobre cada item
questionado, isso não permitiria afirmar que a comissão não levara em consideração, em sua
decisão, as justificativas então apresentadas pela licitante acerca das diferenças apuradas.
Ademais, ressaltou em seu voto “a baixa representatividade do somatório dos itens em
discrepância em relação ao valor global da proposta, cujas diferenças apuradas, de até 1,9%
em relação aos valores do orçamento-base, não poderiam ser consideradas exorbitantes”.
Quanto à afirmação de que estaria equivocada a comparação efetuada pela comissão julgadora
para atestar a adequação do preço ofertado pela Netafim Ltda., em razão de pautar-se em datas-
bases distintas, o relator concordou com o titular da unidade técnica no sentido de que “a falha
foi corrigida com a adoção de uma mesma base de comparação”, isto é, a proposta de preços e
o orçamento da Administração foram levados à mesma data-base. Ao final, o relator votou pelo
acolhimento das razões de justificativa dos responsáveis, no que foi acompanhado pelos demais
ministros. Acórdão n.º 2292/2010-Plenário, TC-012.106/2009-6, rel. Min. José Jorge,
08.09.2010.
231
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
232
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Cessão de uso onerosa: 2 - Adoção da taxa Selic como critério de reajuste de preços
Ainda quanto à Concorrência n.º 1/2010, cujo objeto é a cessão de uso, a título oneroso, de três
espaços situados no edifício-sede do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, em Porto
Velho, destinados à exploração de posto de atendimento bancário (PAB) e/ou posto de
atendimento cooperado (PAC), o edital prevê índices de reajustamento distintos para cada
parcela que compõe a contrapartida do contratado: INPC para aquela a título de “cessão de uso”
e taxa Selic para a relativa ao “apoio institucional”. Segundo o relator, o TCU já firmou
entendimento sobre a matéria, no sentido de que “a adoção da taxa Selic, que é um taxa de
juros e não um índice de preços, como critério de reajuste de preços é flagrantemente contrária
às leis que disciplinam o reajustamento e à jurisprudência desta Casa”. E arrematou: “A única
razão percebida para a divisão do preço em duas parcelas é a de permitir a aplicação de
critérios de reajuste de preços distintos (sem que se saiba como isso beneficiaria o órgão
contratante), sendo um deles ilegal (porque é uma taxa de juros), exatamente aquele que incide
sobre a parcela a título de ‘apoio institucional’, que representa, em média, 95% da
contraprestação pretendida.”. O Plenário referendou a cautelar. Precedentes citados: Acórdão
n.o 474/2005 e Decisão n.º 1315/2002, ambos do Plenário. Decisão monocrática no TC-
022.606/2010-6, rel. Min-Subst. Weder de Oliveira, 08.09.2010.
SUMÁRIO
233
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Plenário
Utilização preferencial e não obrigatória do pregão, em sua forma eletrônica, pelo ente público
convenente.
Imposição, durante a execução do contrato, da adoção do preço considerado de mercado para os
itens que tiverem quantitativos majorados e cujos preços já estejam superestimados.
A autorização editalícia para a formação de consórcios não afasta eventual restrição à
competitividade evidenciada pelo não parcelamento do objeto licitado.
Pregão para prestação de serviços técnicos de gerenciamento, supervisão, apoio à fiscalização e
acompanhamento de obras portuárias.
Irregularidades contratuais:
1 - A suspensão do contrato impossibilita a produção de efeitos jurídicos, não alterando,
no entanto, a vigência contratual;
2 - A cessão de direitos, com a consequente sub-rogação da contratada, contraria a Lei n.º
8.666/93.
Primeira Câmara
Pregão: uso indevido da denominação “projeto básico” em substituição a “termo de referência”.
Segunda Câmara
Contratação de serviços advocatícios por inexigibilidade de licitação:
1 - Serviços contínuos X serviços de natureza singular;
2 - Responsabilidade, perante o TCU, do parecerista jurídico e daqueles que decidem com
base em parecer no qual se defende tese flagrantemente ilegal.
PLENÁRIO
Utilização preferencial e não obrigatória do pregão, em sua forma eletrônica, pelo ente
público convenente
Denúncia formulada ao TCU indicou possíveis irregularidades no Pregão Presencial para
Registro de Preços n.º 151/2009, realizado pela Secretaria Adjunta de Compras e Licitações
Públicas do Acre – com recursos federais repassados mediante convênios –, tendo por objeto a
aquisição de equipamentos de informática e eletroeletrônicos. Quanto à aquisição de ‘notebook
corporativo’, foi apontada a “ausência da utilização do pregão na forma eletrônica, em
desacordo com o art. 1º, §1º e §2º, do Decreto nº 5.504/2005”. Em seu voto, o relator assinalou
que, de acordo com o conteúdo das aludidas disposições normativas, a utilização do pregão
eletrônico, no caso concreto, é preferencial e não obrigatória, cabendo ao gestor apenas
justificar a utilização do pregão presencial. Considerou, portanto, razoáveis os argumentos
aduzidos pelos responsáveis, no sentido de que “o pregão presencial está regulamentado no
Estado do Acre por meio do Decreto nº 12.472/2005, enquanto que, para o pregão eletrônico,
ainda não existe regulamentação estadual específica para respaldar as decisões das
autoridades superiores. Não obstante, todos os editais das licitações realizadas no Estado
merecem ampla publicidade, por intermédio da rede mundial de computadores (WEB portal do
governo do Acre: www.ac.gov.br/licitações).”. Além disso, os instrumentos de convênio que
serviram de suporte para as despesas do pregão não previram a obrigatoriedade da utilização de
pregão eletrônico, até porque “não poderia ser de forma diferente, pois se o decreto que rege a
matéria não fez tal exigência, não poderiam normas de hierarquia inferior dispor de forma
diversa”. Ao final, o relator concluiu que a suposta irregularidade não restou configurada, no
que foi acompanhado pelos demais ministros. Acórdão n.º 2433/2010-Plenário, TC-
009.046/2010-0, rel. Min. Benjamin Zymler, 15.09.2010.
234
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
235
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
236
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
este último parecer deixou bem evidenciado, em relação aos negócios jurídicos, a existência de
três planos: o da existência, o da validade e o da eficácia. Em resumo, “a vigência se refere ao
plano da existência do ato, enquanto a validade decorre de sua conformação ao direito e a
eficácia consubstancia a aptidão para a produção de efeitos jurídicos válidos, não havendo
necessariamente vinculação entre esta e aquelas. Exemplificativamente, um contrato com
cláusula de condição suspensiva subordinando determinado efeito, desde que constituído de
acordo com as normas jurídicas aplicáveis à espécie, é existente, válido e ineficaz em relação
àquele efeito até que ocorra o implemento da condição.”. Dessa maneira, o relator concluiu que
a suspensão contratual levada a efeito pela CBTU, em 2003, atingiu o plano da eficácia do
Contrato n.º 031-88/DT, impossibilitando a produção de efeitos jurídicos, “não alterando,
contudo, per se, a vigência contratual, intimamente ligada à existência do ajuste”. Para o
relator, a decisão da CBTU teve, em verdade, caráter meramente declaratório, uma vez que, de
fato, não ocasionou a extinção da avença, mas apenas reconheceu a sua ocorrência, a qual se
deu em função do término de sua vigência. Com base nos fundamentos apresentados pelo
relator, o Plenário decidiu informar ao Senado Federal que a decisão da CBTU de considerar
extinto o Contrato n.º 031-88/DT não contrariou a Lei n.º 8.666/93 ou qualquer outro normativo
legal relacionado à matéria. Acórdão n.º 2406/2010-Plenário, TC-013.725/2010-6, rel. Min-
Subst. Marcos Bemquerer Costa, 15.09.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
237
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Por meio do Acórdão n.º 1.063/2010-1ª Câmara, prolatado em processo de representação contra
possíveis irregularidades no âmbito do Pregão Eletrônico n.º 460/2009, o Tribunal recomendou
à Amazonas Distribuidora de Energia S.A. que, na fase preparatória da licitação na modalidade
pregão eletrônico, elabore termo de referência, conforme previsto no art. 9º, inciso I, do Decreto
n.º 5.450/2005. Tal recomendação decorreu da constatação da ocorrência de impropriedade
formal, caracterizada pelo uso indevido da denominação ‘projeto básico’ em substituição a
‘termo de referência’, sendo esta a nomenclatura empregada pelo decreto regulamentador do
pregão. Alegando haver obscuridade e omissão no referido decisum, a entidade opôs embargos
de declaração. Em seu voto, o relator do recurso observou que, embora constasse do projeto
básico anexado ao edital do Pregão Eletrônico n.º 460/2009 os elementos que deveriam integrar
o termo de referência, merecia, sim, prosperar a recomendação sugerida pela unidade técnica na
instrução da representação em foco, uma vez que a Administração deve utilizar os “termos
peculiares à modalidade de licitação que estiver processando”. Acolhendo o voto do relator, a
Primeira Câmara decidiu negar provimento aos embargos, mantendo, em seus exatos termos, o
acórdão recorrido. Acórdão n.º 5865/2010-1ª Câmara, TC-003.406/2010-5, rel. Min. José
Múcio Monteiro, 14.09.2010.
SEGUNDA CÂMARA
238
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
equívoco por parte da unidade técnica, uma vez que “a reforma do espaço locado pela
Radiobrás foi realizada com a anuência expressa do locador”. As benfeitorias necessárias, de
acordo com os gestores, seriam indenizadas pelo locador, em 12 parcelas; já as benfeitorias úteis
“serão objeto de negociação entre as partes, por ocasião do encerramento da locação, para
definições formais a respeito da aquisição da sua totalidade, ou parte delas, pela locadora ou
realizada a sua retirada do imóvel”. Em sua instrução, a unidade técnica consignou que não foi
apresentada pela entidade “a formalização, por meio de documento próprio, do consentimento
prévio do locador quanto às benfeitorias realizadas no imóvel, com vistas a cumprir o disposto
no art. 23, inc. VI, da Lei nº 8.245/91. Ressalte-se que, nos termos do art. 35 da referida lei, as
benfeitorias úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o direito de retenção”.
Como não ocorrera o consentimento do locador, não haveria amparo legal para a indenização.
Ao examinar a matéria, o relator destacou as providências adotadas pelos gestores da Radiobrás
que, ao longo do processo, envidaram esforços no intuito de corrigir a irregularidade, acertando
com o locador, formalmente, os termos da indenização com relação às benfeitorias realizadas no
imóvel locado, mediante termo aditivo ao contrato originário, abarcando, inclusive, as
benfeitorias úteis. Votou, por conseguinte, pelo acolhimento das justificativas apresentadas, sem
prejuízo de alertar à Radiobrás que é contrária à Lei nº 8.245/1991 (art. 23, inciso VI) a
“realização de benfeitorias em imóvel alugado sem prévia autorização por escrito do
proprietário, em desacordo com o respectivo contrato”, além de não ser assegurada a
indenização no caso de benfeitorias úteis não autorizadas. O Plenário acolheu o voto do relator.
Acórdão n.º 2489/2010-Plenário, TC-006.651/2008-5, rel. Min. Raimundo Carreiro,
22.09.2010.
242
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Rol taxativo quanto à documentação exigível para fim de qualificação técnica dos
licitantes
Em decisão monocrática adotada a partir de Representação de licitante contra o Pregão 26/2010,
conduzido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, o
relator, acolhendo manifestação da unidade técnica, determinou a suspensão dos atos
decorrentes do aludido certame, até que o Tribunal delibere, em definitivo, a respeito da matéria
questionada. A licitação teve por objeto a contratação de serviços especializados em tecnologia
da informação, na área de operação de infraestrutura, central de serviços, suporte a estações de
trabalho, suporte a instalações físicas e instalação e movimentação de equipamentos e pontos
lógicos e elétricos. Em suma, o questionamento da representante referiu-se à exigência “para
fins de habilitação das licitantes, de previsão de parcerias a serem firmadas com fabricantes
das plataformas utilizadas no ambiente de TI do CNPq”. A respeito disso, expôs que o edital
justificou a fixação do quesito “em razão de os termos de parceria possuírem relação direta
com a qualificação técnica dos profissionais da licitante e possibilitarem o acesso ao serviço de
suporte diretamente com o fabricante”. Todavia, para a representante, com base na
jurisprudência do TCU, haveria “excesso em exigir parcerias no nível máximo com fabricantes,
uma vez que níveis intermediários são mais comuns ao mercado; que não há relação direta
entre as parcerias e a qualidade da prestação dos serviços; que a qualidade da prestação dos
serviços relaciona-se com a experiência no parque tecnológico de profissionais qualificados,
exigência já apresentada no Edital; e, por fim, que o suporte técnico oferecido pelos
fabricantes não pode ser utilizado pelos clientes dos parceiros”. Destacou a representante,
ainda, que o CNPq alegou que “as exigências de parcerias não são necessárias para a
habilitação no certame, mas sim para a contratação, e que a solicitação de parcerias para
contratações de serviços de TI, com o objetivo de garantir a qualidade dos serviços e
sustentabilidade da contratação, é utilizada por diversos órgãos”. A unidade técnica, ao apurar
os fatos, registrou que o “edital dispõe expressamente que a não apresentação de documento
comprobatório da firmatura das parcerias pela licitante vencedora ensejará a desclassificação
da empresa”. Assim, “em que pese o CNPq defender que a exigência das parcerias não é
atribuída à habilitação, mas sim à contratação, o que denota diferença quanto ao momento de
apresentar a comprovação, conclui-se que esse requisito possui caráter eliminatório”. Para a
unidade técnica, a situação seria diferente caso se “configurasse como critério de pontuação
técnica, caracterizando-se como aspecto classificatório, o que é tido como possível pelo
Tribunal de Contas da União”. Ainda para a unidade técnica, no que se refere à qualificação
técnica, a exigência de parceria em nível máximo, com os fabricantes das plataformas de TI
utilizadas pelo CNPq, não se insere no rol taxativo constante da Lei 8.666/1993. Além disso, “a
243
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
justificativa apresentada pelo CNPq para as parcerias não demonstra o nível de detalhamento
técnico que o tema requer. É necessária a descrição das circunstâncias técnicas que
demandaram a exigência de nível máximo de parceria, de modo a proporcionar transparência
quanto à motivação do requisito e promover o conhecimento das razões que ensejaram a
previsão, principalmente por ser critério de eliminação”. O Plenário referendou a cautelar
deferida pelo relator. Precedentes citados: Acórdãos n.os 247/2003, 865/2005, 126/2007,
1.213/2009, todos do Plenário. Decisão monocrática no TC-020.495/2010-2, rel. Min. Subst.
André Luís de Carvalho, 22.09.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
244
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
junto ao fisco municipal”, o que foi acolhido pela 1ª Câmara. Acórdão n.º 6055/2010-1ª
Câmara, TC-011.107/2008-0, rel. Min. Augusto Nardes, 21.09.2010.
SUMÁRIO
Plenário
O enquadramento, o reenquadramento e o desenquadramento como microempresa ou empresa
de pequeno porte são efetuados com base em declaração do próprio empresário, perante a Junta
Comercial competente.
Fornecimento de vale-refeição: a exigência de comprovação de rede credenciada próxima ao
ente público demandante deve ser feita somente no momento da contratação.
Alterações contratuais envolvendo acréscimos e supressões de itens: cálculo em separado dos
limites legais.
Primeira Câmara
Pressupostos para a dispensa de licitação com fundamento no art. 24, XXIII, da Lei n.º
8.666/93.
Segunda Câmara
Majoração linear, a título de reequilíbrio econômico-financeiro, dos preços inicialmente
pactuados, como consequência da subavaliação dos preços constantes do orçamento elaborado
pela Administração e adotado como referência para a proposta da contratada.
Justificativa para prosseguimento de certame na modalidade de convite sem o quórum mínimo
de licitantes.
PLENÁRIO
245
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
246
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
ter ocorrido com o intuito de adequar o objeto licitado, baseado em projeto básico deficiente
e/ou desatualizado, à realidade de execução dos serviços. Destacou, no entanto, que a
jurisprudência do TCU, na apuração do limite previsto no § 1º do art. 65 da Lei de Licitações,
acena no sentido de que devem ser considerados, em separado, os acréscimos e as supressões
contratuais, não sendo permitido o balanceamento dos valores acrescidos e suprimidos. Além da
extrapolação do limite de 25%, a unidade técnica questionou a qualidade das justificativas
apresentadas para as alterações contratuais, em descumprimento ao caput do mencionado art.
65, o qual prevê que as alterações promovidas em contratos devem ser devidamente justificadas.
De acordo com a unidade instrutiva, “a solução dada pela Univasf [...] seria aceitável, caso
tivesse sido demonstrada pelos responsáveis, quando da assinatura dos termos aditivos,
que a alternativa de rescisão contratual, seguida de nova licitação e contratação,
importaria sacrifício insuportável ao interesse coletivo e que a solução adotada seria a
mais adequada, e que os pressupostos previstos na Decisão TCU 215/1999 – Plenária
teriam sido satisfeitos, o que não foi feito”. Em seu voto, o relator concordou com a equipe
técnica ao assinalar que, “embora a Univasf informasse que havia necessidade de adequação
do contrato às necessidades do órgão; embora os elementos constantes da defesa
demonstrassem que as alterações não foram expressivas (que teve supressões da ordem de
6,66% e acréscimos da ordem de 27,20% em relação ao valor inicial); embora a empresa
contratada tenha aceitado as mesmas condições contratuais, para os acréscimos e decréscimos
dos itens licitados”, ao serem analisados os itens da planilha, verificou-se que não existiam
fundamentos técnicos para embasar as alterações, bem como evidências de que tenham surgido
“elementos supervenientes que implicassem necessidades imprevisíveis por ocasião da
contratação inicial”. Acolhendo o voto do relator, o Plenário decidiu determinar à Univasf que
obedeça, nas alterações contratuais, os limites estabelecidos pelo art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei n.º
8.666/93, bem como o disposto na Decisão n.º 215/99-Plenário. Precedentes citados: Acórdãos
n.os 336/2008-Plenário e 2.079/2007-2ª Câmara. Acórdão nº 2588/2010-Plenário, TC-
027.340/2009-5, rel. Min. Augusto Nardes, 29.09.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
Pressupostos para a dispensa de licitação com fundamento no art. 24, XXIII, da Lei n.º
8.666/93
Ao processo de prestação de contas relativa ao exercício de 2003, da BBTur Viagens e Turismo
Ltda., foi apensado processo de representação formulada ao TCU contra supostas
irregularidades em contratações diretas da empresa Cobra Tecnologia S.A., efetivadas por
órgãos e entidades da Administração Pública. Por intermédio do Acórdão n.º 127/2007-2ª
Câmara, o Tribunal deliberou pela aplicação de multa aos responsáveis e por expedir
determinações à BBTur. No voto condutor do aludido decisum, restou assente que “a empresa
Cobra Computadores e Sistemas Brasileiros S.A., atualmente Cobra Tecnologia S.A., integra a
administração pública federal como entidade sob controle indireto da União e direto do Banco
do Brasil S.A BB. Na condição de controlada do BB, torna-se possível sua contratação, pelo
referido Banco, tendo por base o art. 24, XXIII, da Lei nº 8.666/1993. Consignei, todavia, no
Voto condutor da Decisão nº 645/2002-TCU-Plenário, que, na contratação de subsidiárias ou
controladas pelos dirigentes de estatais, dois requisitos devem estar presentes: preço a ser
pactuado compatível com o praticado no mercado, sob pena de o ajuste ser inquinado de ilegal,
e relação de pertinência entre o serviço a ser prestado ou os bens a serem alienados ou
adquiridos e o objetivo institucional ou social das mencionadas entidades. Nessa oportunidade,
ressaltei, ainda, que, no caso de a empresa não ter capacidade de prestar diretamente os
serviços ou fabricar os produtos objeto da avença, em regra, é vedada a subcontratação total,
nas hipóteses de contratação direta, mediante dispensa de licitação, com fulcro no art. 24,
XXIII, da Lei de Licitações. No presente caso, observa-se que as contratações diretas tiveram
por base o art. 24, VIII, da Lei nº 8.666/1993 ou o art. 25, caput, da referida lei. No que se
refere à utilização do inciso VIII, do art. 24, da Lei de Licitações, a lei é clara ao prescrever
que a natureza jurídica da contratante é de direito público interno. E a BBTur, por se tratar de
247
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
controlada de uma sociedade de economia mista, não detém a prerrogativa conferida por esse
dispositivo. No que diz respeito ao fundamento legal utilizado para o provimento de infra-
estrutura de call center (art. 25, caput, da Lei nº 8.666/1993), a própria BBTur, para justificar
o preço contratado com a empresa Cobra, realizou pesquisa de mercado junto às empresas
ESRJ, CBCC, demonstrando que a licitação era viável e que os serviços por ela oferecidos não
eram exclusivos. Impende destacar, ainda, que, apesar de ter incluída no rol de seus objetivos
institucionais a comercialização de equipamentos e sistemas de informática, bem como a
prestação de serviços afins, a empresa Cobra, ao vender computadores ou outros equipamentos
de informática à BBTur, por dispensa de licitação, sem produzi-los, estaria atuando como mera
intermediária, prática contra a qual me insurgi ao relatar o TC nº 016.520/1999-8, que
redundou na Decisão TCU nº 645/2002- Plenário, já citada [...]. Por fim, destaco que os
presentes autos devem ser apensados às contas de 2003 da BBTUR Viagens e Turismo Ltda.
(TC nº 009.072/2004-3), para subsidiar o exame de mérito da gestão, com os possíveis reflexos
dos fatos aqui tratados nas contas ordinárias da BBTur.” Quando do exame das contas, o
relator concluiu que a irregularidade perpetrada não seria, por si só, grave o suficiente para
macular a gestão dos responsáveis como um todo. Não havendo evidência de má-fé nem de
dano ao erário, e considerando que os valores dos contratos, os quais somavam
aproximadamente R$ 2 milhões, representavam 0,25% do valor total gerido no exercício, o
relator propôs e a Primeira Câmara decidiu julgar regulares com ressalvas as contas dos
responsáveis ouvidos em audiência, dando-lhes quitação, sem prejuízo de “determinar à
empresa BBTUR Viagens e Turismo Ltda. que não contrate a empresa Cobra Tecnologia com
base no art. 24, XXIII, da Lei nº 8.666/1993, bem como, havendo viabilidade de competição,
que não contrate diretamente tal entidade com fulcro no art. 25, caput, da mencionada Lei”.
Acórdão n.º 6301/2010-1ª Câmara, TC-009.072/2004-3, rel. Min-Subst. Weder de Oliveira,
28.09.2010.
SEGUNDA CÂMARA
248
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
elaborar as propostas de acordo com o seu conhecimento do mercado e não de acordo com o
conhecimento da Administração”. Ademais, tal espécie de alteração contratual acabaria por
descaracterizar o processo licitatório, pois afetaria o princípio da isonomia, “ao se propiciar
uma vantagem à contratada que não era de conhecimento dos demais potenciais licitantes”.
Considerando, no entanto, que não foram aplicados recursos federais no aditivo mencionado, o
relator concluiu que o TCU não possui jurisdição sobre os atos de gestão relacionados a esse
termo aditivo. Acolhendo o voto do relator, a Segunda Câmara deliberou no sentido de
“determinar à Prefeitura Municipal de Matão/SP que se abstenha de utilizar recursos de
origem federal para promover pagamentos com base no 4º Termo Aditivo ao contrato
celebrado entre essa municipalidade e a Construtora Cusinato Ltda.”, bem como “encaminhar
cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e Voto que o fundamentam, ao Tribunal de
Contas do Estado de São Paulo e ao Ministério Público do Estado de São Paulo”. Acórdão n.º
5686/2010-2ª Câmara, TC-018.026/2010-9, rel. Min. Benjamin Zymler, 28.09.2010.
249
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Estimativa de preços em contratações públicas: obrigação advinda da Lei 8.666/1993.
Contratação de serviços de duração continuada:
1 - Critérios de reajustamento contratual para as empresas estatais;
2 – Requisitos para alteração societária do contratado.
Realização de despesas sem cobertura contratual.
Pagamento antecipado em contratações públicas: somente no caso de expressa previsão no
edital e no contrato.
Primeira Câmara
Parcelamento do objeto: vários processos licitatórios versus um processo com vários lotes.
Segunda Câmara
Contratação de serviços de drenagem e pavimentação de vias urbanas:
1 – Impossibilidade de exigir declaração formal da licitante de que dispõe de usina de
asfalto, para fim de qualificação técnica;
2 – A possibilidade de os licitantes inabilitados, por não apresentarem índices de
qualificação econômico-financeira iguais ou superiores aos exigidos no edital, comprovarem,
por outros meios, capacidade de cumprir o futuro contrato é ato discricionário da Administração
Pública.
PLENÁRIO
250
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
251
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
III) serem mantidas as condições definidas no contrato original. Todavia, o relator ressaltou não
ser necessário “que o edital e o contrato expressamente prevejam a possibilidade de alteração
societária da contratada para que o contrato subsista à modificação. Se o edital ou contrato
não veda a alteração da pessoa da contratada, por fusão, incorporação ou cisão, o contrato
pode subsistir se a reestruturação não trouxer qualquer prejuízo à sua execução ou aos
princípios da administração pública”, em razão do Acórdão 634/2007-Plenário. O Plenário
acolheu o voto do relator. Acórdão nº 2641/2010-Plenário, TC-002.365/2004-3, rel. Min.
Augusto Nardes, 06.10.2010.
252
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
Parcelamento do objeto: vários processos licitatórios versus um processo com vários lotes
Representação formulada por unidade técnica do Tribunal informou a necessidade de se apurar
“possível prática de sobrepreço na contratação de serviços terceirizados pelos órgãos federais
de Roraima”. Nesse quadro, foi determinada pelo relator a realização de inspeção na Seção
Judiciária do Estado de Roraima – TRF da 1ª Região, para averiguação de legalidade,
economicidade e efetividade da aplicação de recursos federais na contratação de serviços de
terceirização de mão de obra, exceto aqueles relativos à prestação de serviços de vigilância e
segurança armada/desarmada. A equipe técnica verificou, então, que o órgão possuía apenas um
contrato de terceirização, que “o atendia em relação aos serviços de limpeza, conservação,
manutenção de instalações físicas, jardinagem, copeiragem, recepção de portaria e gabinetes,
atendimento de consultório e operação de fotocopiadoras”. Constatou, também, que o “órgão
realizou uma contratação conjunta de serviços divisíveis técnica e economicamente, em
desacordo com o disposto no art. 23, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.666/1993”, além de outras
potenciais irregularidades. Apresentadas justificativas por responsável ouvido em audiência, a
unidade técnica considerou que “a separação de licitações ou adjudicação por itens de serviços
de natureza distinta é uma imposição da Lei de n 8.666, de 1993, com jurisprudência uniforme
do TCU, e deve ser seguida por todos os agentes públicos, independente da esfera de poder”.
Na espécie, ainda para a unidade técnica, mesmo que não tenha havido restrições à
competitividade, a junção de vários serviços distintos em uma só contratação inviabilizaria “a
participação de empresas menores que porventura não tenham capacidade para atender a
demanda total, mas apenas algumas parcelas”. Quanto à procedimentalização da licitação, a
unidade técnica realçou que o cumprimento da legislação de referência “não requer
necessariamente a realização de vários certames licitatórios, como supõe o gestor”, pois seria
perfeitamente possível “realizar apenas uma licitação, bastando que os serviços divisíveis, sob
o prisma técnico e econômico, sejam separados por lotes, medida que possibilita a adjudicação
de serviços específicos para empresas diferentes, sempre em busca da proposta mais vantajosa
para a Administração. A despeito de não ser possível afirmar que houve restrição da
competitividade nos moldes adotados pelo TRF/RR, dada a participação de 8 (oito) empresas
no certame, é forçoso concluir que a divisão por lotes atende de forma muito mais ampla o
princípio da competitividade”. Acolhendo a manifestação da unidade técnica, o relator votou
pela expedição de alerta ao TRF da 1ª Região - Seção Judiciária do Estado de Roraima, de modo
a evitar ocorrência semelhante em licitações futuras, no que foi acompanhado pelos demais
Ministros. Acórdão n.º 6594/2009-1ª Câmara, TC-022.785/2010-8, rel. Min. Valmir Campelo,
05.10.2010.
SEGUNDA CÂMARA
253
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
254
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A simples participação de empresas cujos sócios possuem relação de parentesco não é suficiente
para caracterizar fraude à licitação.
O parecer jurídico, mesmo aquele de caráter eminentemente opinativo, pode ensejar a
responsabilização do agente que, injustificadamente, descuidou do seu dever de bem opinar e
orientar.
Modernização de central telefônica a custo superior ao de sua substituição: prática de ato de
gestão antieconômico.
Pregão para serviços de coleta seletiva conteinerizada, reciclagem, compostagem, transbordo,
transporte e destinação final de resíduos.
Desclassificação de proposta de licitante com base em critério não disposto claramente no
edital.
Formalidades exigidas para adesões a atas de registro de preços.
Inovação Legislativa
Instrução Normativa SLTI/MP n.º 02, de 11 de outubro de 2010.
PLENÁRIO
255
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
ao TCU, ao aduzir que “a simples participação de empresas em que os sócios possuam relação
de parentesco, ou mesmo de endereço, não se mostrou suficiente a caracterizar fraude à
licitação, em especial ante a modalidade licitatória adotada, o pregão eletrônico”. Haveria,
portanto, que se examinar tal situação em conjunto com outras informações. Foi justamente
nesse sentido a manifestação do Ministério Público: “Em primeiro plano, observa-se que a
licitação em tela ocorreu na modalidade pregão, na qual o Poder Público não pode de antemão
escolher as empresas que irão participar do certame, como ocorre em um simples convite,
havendo reduzido espaço para ajustes entre os agentes públicos e as empresas concorrentes.
Ressalte-se que, na licitação sob exame, houve a participação efetiva de 13 empresas, tendo
sido habilitadas quatro concorrentes para a fase de lances, etapa em que resultou vencedora a
empresa ora representante, após disputa acirrada com a empresa Grenit. Ora, nesse cenário,
não se vislumbra nenhum movimento concertado das empresas Grenit e PCS com o objetivo de
fraudar o certame, tendo sido preservado o caráter competitivo da licitação. Assim, não há
suporte fático ou jurídico para anular o Pregão Eletrônico nº 062/7029-2009, tampouco para
infligir declaração de inidoneidade às empresas licitantes, nos termos aduzidos pela Unidade
Técnica. Cumpre reiterar que a empresa ora representante, Politec Tecnologia da Informação
S. A., foi a vencedora na etapa de lances e apenas não lhe foi adjudicado o objeto porque se
constatou posteriormente que o prédio que indicou para abrigar o Call Center não atendia aos
requisitos exigidos no edital do certame.”. Não obstante concordar com o representante do
Parquet especializado, o relator ressaltou não ter como considerar afastada a ocorrência de
situação que, a seu ver, maculava a idoneidade do certame. Referiu-se ao fato de que, embora as
circunstâncias objetivas de identidade de sócios, endereços e compartilhamento de instalações e
as demais circunstâncias que envolviam o caso não fossem suficientes, por si sós, para ter por
confirmada a existência de fraude, seriam suficientemente indicadoras de que “houve a quebra
de sigilo das propostas”. Nos termos do voto do relator, decidiu o Plenário fixar prazo à CEF
para adotar as providências necessárias à anulação do aludido pregão eletrônico, sem prejuízo
de expedir-lhe alerta no sentido de que “a continuidade de procedimentos licitatórios nos quais
se identifique violação ao sigilo das propostas entre os concorrentes viola os princípios que
norteiam a Administração Pública Federal, notadamente os da moralidade e da isonomia entre
os licitantes”. Precedente citado: Acórdão n.º 2136/2006-Primeira Câmara. Acórdão n.º
2725/2010-Plenário, TC-009.422/2010-2, rel. Min. Valmir Campelo, 13.10.2010.
256
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
o relator, no entanto, o simples fato de o parecer ser reconhecidamente de caráter opinativo não
tem o condão de liberar automaticamente seus autores de toda e qualquer responsabilidade.
Restaria, ainda, a responsabilidade pela produção da própria peça opinativa, “que não pode
dissociar-se dos objetivos que a lei para ela estabelece”. Ao não alertar o gestor para as
manifestas ilegalidades implícitas na contratação pretendida, “o parecer deixa de cumprir a
função precípua que lhe reserva a lei”, atraindo inevitavelmente a responsabilidade dos seus
autores, salvo o erro de avaliação ou a omissão escusáveis, excludentes reputados, pelo relator,
inexistentes no caso. Concretamente, o relator entendeu que a irregularidade da dispensa de
licitação pretendida pelo gestor era flagrante e foi expressamente apontada no voto condutor da
deliberação embargada. Para ele, “o dano maior da ilegalidade reside na frontal violação do
princípio licitatório, resultando no favorecimento de empresa que não foi submetida à
competição licitatória com outras firmas que certamente seriam atraídas pela amplitude da
contratação”. Acolhendo o voto do relator, deliberou o Plenário pela rejeição dos embargos.
Acórdão n.º 2739/2010-Plenário, TC-019.814/2007-1, rel. Min. Augusto Nardes, 13.10.2010.
257
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
a modalidade pregão para a contratação dos serviços pretendidos. Para o relator, os argumentos
oferecidos não eram suficientes para descaracterizar o fato de que o objeto do certame “trata-se
de serviço de natureza comum, a ser licitado mediante pregão, de acordo com a jurisprudência
desta Corte”. Bastaria mencionar que, como o critério de classificação era o menor preço, o
simples fato de a modalidade ser concorrência “não garante que será selecionada empresa
capaz de executar o serviço. Necessário sim que os critérios de habilitação sejam bem
delineados, independentemente da modalidade de licitação empregada”. Acolhendo o voto do
relator, deliberou o Plenário no sentido de determinar à Ceagesp a anulação da Concorrência
Pública n.º 06/2010. Acórdão n.º 2749/2010-Plenário, TC-017.914/2010-8, rel. Min.
Raimundo Carreiro, 13.10.2010.
258
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
PERÍODO DE 11 A 17 DE OUTUBRO
SUMÁRIO
Plenário
A elaboração de projeto básico de baixa complexidade não permite que se exija da licitante, a
título de qualificação técnica, profissionais de engenharia pós-graduados.
259
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Contratação de serviços:
1 - Para fim de repactuação, a pesquisa de preços deve ser feita nas mesmas condições em
que se deu a contratação;
2 - Após a fase de lances no pregão, é necessário que a empresa vencedora atualize sua
proposta, em razão da modificação dos preços.
Opção pelo Simples Nacional:
1 - A condição de optante não impede a empresa de participar de licitação cujo objeto
envolva cessão de mão de obra;
2 - Nas licitações cujo objeto envolva cessão de mão de obra, a empresa optante será
excluída de tal regime a partir do mês subsequente ao da contratação.
Cláusula contratual que autoriza cessão ou transferência total do objeto viola o art. 72 da Lei
8.666/93.
PLENÁRIO
Contratação de serviços: 1 - Para fim de repactuação, a pesquisa de preços deve ser feita
nas mesmas condições em que se deu a contratação
Em sede de tomada de contas especial, foram apuradas possíveis irregularidades em licitações e
contratos no âmbito da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que tinham por
objeto a prestação de serviços de transporte de cargas. Uma dessas irregularidades teria
resultado em pagamentos indevidos à empresa contratada. Na espécie, a cláusula sexta da
minuta de contrato anexa ao edital do Pregão 44/2001 previa a possibilidade de repactuação de
preços, anualmente, mediante negociação, tendo por parâmetros a qualidade da prestação dos
serviços e os preços vigentes no mercado, ocasião em que se deveria observar, como limitador,
a manutenção da relação existente entre preços pactuados e preços de mercado quando da
apresentação da proposta de origem. Em seu voto, o relator destacou que, “para que fosse
possível estabelecer a relação entre os preços pactuados e os preços de mercado, os Correios
teriam que proceder a pesquisa de preços junto ao mercado, com amplitude suficiente,
260
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
261
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Opção pelo Simples Nacional: 2 - Nas licitações cujo objeto envolva cessão de mão de obra,
a empresa optante será excluída de tal regime a partir do mês subsequente ao da
contratação
Ainda na representação oferecida ao Tribunal noticiando possíveis irregularidades no âmbito de
pregão eletrônico destinado à contratação da prestação de serviços de copeiragem, com
fornecimento de materiais/produtos destinados ao atendimento dos diversos órgãos que
compõem a Administração Central da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) –
Brasília/DF, outra questão fundamental seria a data de início dos efeitos da exclusão do regime
do Simples Nacional. Para o relator, com base nos arts. 28, 29 e 30 da LC 123/2006, são duas as
formas pelas quais se materializa a exclusão do Simples Nacional, com consequências distintas,
conforme explicitado pela unidade técnica: “no caso de opção pela exclusão, a data de vigência
dos efeitos se dá a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subsequente. Já no caso de
incidência das vedações, a empresa é excluída a partir do mês seguinte à ocorrência da
situação impeditiva”. Na espécie, a representante “solicitou sua exclusão do Simples Nacional
via ‘opção’, o que, consequentemente, só gera efeitos a partir de 31/12/2010, permanecendo a
empresa até lá no regime diferenciado, não obstante já tenha incorrido na vedação prevista na
lei desde o momento em que começou a prestar serviços para o Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios”. Contudo, para o relator, a situação não constituiria “motivo para
penalizar a empresa, tolhendo-a de participar ou contratar com a Administração”. O que
ocorrera, no caso concreto, foi o equívoco quanto ao enquadramento da exclusão da
representante, que não deveria ter sido por “opção”, com efeitos a partir de 1º janeiro do ano-
calendário subsequente (2011, no caso), mas sim pelo fato de ela incidir em vedação desde 1º de
julho de 2010, data de assinatura do contrato com o MPDFT. Todavia, para o relator, a despeito
do erro de enquadramento, a representante, na licitação examinada, não contou com privilégios
tributários, conforme declarado pela própria ECT, uma vez que na sua proposta não fora
utilizada a tributação pelo regime do Simples Nacional. Assim sendo, votou pela expedição de
recomendação corretiva à entidade, de que, em licitações futuras, “faça incluir, nos editais,
disposição no sentido de que a licitante, optante pelo Simples Nacional, que venha a ser
contratada, não poderá beneficiar-se da condição de optante e estará sujeita à exclusão
obrigatória do Simples Nacional a contar do mês seguinte ao da contratação, em consequência
do que dispõem o art. 17, inciso XII, o art. 30, inciso II, e o art. 31, inciso II, da Lei
262
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Cláusula contratual que autoriza cessão ou transferência total do objeto viola o art. 72 da
Lei 8.666/93
Auditoria realizada no Tribunal Regional do Trabalho 11ª Região/AM – TRT/AM com o
objetivo, dentre outros, de examinar licitações e contratos efetuados pelo Tribunal nos
exercícios de 2008 e 2009, apontou como achado a existência, em vários contratos, de cláusula
prevendo a possibilidade de cessão ou transferência, total ou parcial, do objeto contratado, o que
estaria em conflito com o art. 72 da Lei 8.666/1993. Ao examinar a matéria, o relator destacou
que o TCU, na Decisão TCU nº 420/2002, firmou o entendimento de que “é ilegal e
inconstitucional a sub-rogação da figura da contratada ou a divisão das responsabilidades por
ela assumidas, ainda que de forma solidária, por contrariar os princípios constitucionais da
moralidade e da eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal), o princípio da supremacia
do interesse público, o dever geral de licitar (art. 37, XXI, da Constituição) e os arts. 2º, 72 e
78, inciso VI, da Lei 8.666/93”. Para ele, “a ação administrativa individualiza o licitante
vencedor simples e diretamente porque reconheceu nele e na proposta por ele apresentada a
alternativa mais eficiente e vantajosa”. Desse modo, a possibilidade de sub-rogação “substitui o
juízo da Administração, único e soberano, formado durante e por meio do procedimento
licitatório - pelo juízo do licitante vencedor, o qual, por ato próprio, escolhe - agora sem
qualquer critério e sem empecilhos - terceiro para executar o objeto a ele adjudicado e
responder pelas obrigações e direitos previstos no contrato administrativo, passando a assumir
a posição de contratado”. Mesmo a subcontratação, de acordo com o relator, tem que ser vista
como exceção, uma vez que a medida deve “ser adotada unicamente quando necessária para
garantir a execução do contrato, desde que, é claro, não atente contra os princípios
constitucionais inerentes ao processo licitatório”. Caso a subcontratação tivesse sido admitida
pela Administração no edital dos certames, deveria ocorrer apenas com relação a parte do objeto
contratado originariamente, nunca envolvendo a sua integralidade. Assim, ao concluir que a
cláusula contratual que permite a cessão ou transferência total fere o art. 72 da Lei 8.666/93, o
relator propôs e o Plenário decidiu expedir determinação corretiva ao TRT/AM. Acórdão n.º
2813/2010-Plenário, TC-018.220/2009-8, rel. Min-Subst. Weder de Oliveira, 20.10.2010.
SUMÁRIO
Plenário
Variação cambial como fato gerador da concessão de reequilíbrio econômico-financeiro.
Pregão destinado à outorga de concessão de uso de área comercial em aeroporto.
A participação em licitação reservada a microempresas (ME) e a empresas de pequeno porte
(EPP), por sociedade que não se enquadre na definição legal dessas categorias, configura fraude
ao certame.
263
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
264
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
265
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
266
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
267
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Federal, direta e indireta, para: [...] III - celebração de convênios, acordos, ajustes ou
contratos que envolvam desembolso, a qualquer título, de recursos públicos, e respectivos
aditamentos. [...] Art. 7º A existência de registro no CADIN há mais de trinta dias constitui
fator impeditivo para a celebração de qualquer dos atos previstos no artigo anterior.’ Assim,
pelo disposto no seu art. 7º, seria vedada a contratação de empresas inscritas no Cadin. O STF,
em julgamento de 19/06/1996, concedeu medida liminar suspendendo os efeitos desse art. 7º.
Tal ação ainda não foi julgada no mérito. O próprio Poder Executivo, entretanto, quando da
edição da MP nº 1863-52, de 26/08/1999, norma que tratava do Cadin, excluiu o referido art.
7º. E a própria Lei nº 10.522/02, oriunda da conversão da medida provisória, também não
trouxe esse dispositivo. Dessa forma, não há vedação legal para a contratação de empresas
inscritas no Cadin. Permanece em vigor a obrigatoriedade de consulta prévia ao cadastro,
pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta, para a
celebração de contratos que envolvam o desembolso de recursos públicos. Trata-se de medida
de pouca efetividade prática, uma vez que a inscrição ou não no Cadin não trará qualquer
conseqüência em relação às contratações a serem realizadas.”. Acolhendo o voto do relator,
deliberou o Colegiado no sentido de dar provimento parcial ao recurso para tornar insubsistente
o subitem 1.7.3 do Acórdão n.º 5502/2008-2.ª Câmara. Acórdão n.º 6246/2010-2ª Câmara, TC-
009.487/2004-8, rel. Min. Raimundo Carreiro, 26.10.2010.
268
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
data(s) acima indicada(s), relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, da jurisprudência do TCU quanto aos aspectos relevantes que
envolvem o tema. Por esse motivo, a seleção das decisões que constam do Informativo é feita
pela Secretaria das Sessões, levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores:
ineditismo da deliberação, discussão no colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os
resumos apresentados no Informativo não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
A participação de empresa, em processo licitatório, como microempresa (ME) ou empresa de
pequeno porte (EPP), sem possuir os requisitos legais para tanto, pode ensejar a sua declaração
de inidoneidade.
Contratação de obra sob o regime de empreitada por preço global: necessidade de que os
pagamentos correspondam aos serviços efetivamente executados.
Aditivo com inclusão de serviços não previstos originalmente no contrato: necessidade de se
comparar a situação inicial com a final para se concluir pela existência, ou não, de débito.
Contratação de serviços:
1 - A obrigatoriedade da vistoria prévia prejudica a competitividade e a impessoalidade
do certame;
2 - Serviços de limpeza e conservação predial são comuns.
Pregão para serviços de natureza contínua: exigência, para fim de habilitação, de experiência
temporal mínima.
PLENÁRIO
Contratação de obra sob o regime de empreitada por preço global: necessidade de que os
pagamentos correspondam aos serviços efetivamente executados
269
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
270
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
271
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
relator por se determinar ao Sebrae que a nova licitação para contratação dos serviços de
limpeza e conservação predial da sua sede seja procedida “preferencialmente sob a modalidade
de pregão eletrônico”, o que foi acolhido pelo Plenário. Acórdão n.º 2990/2010-Plenário, TC-
027.991/2010-5, rel. Min. Raimundo Carreiro, 03.11.2010.
SUMÁRIO
Plenário
Participação de empresas optantes pelo regime tributário do Simples Nacional:
1 – A atuação do TCU é justificada quando são indicados contratos ou licitações em
que uma empresa possa ter sido beneficiada de maneira indevida pela opção do regime
tributário do Simples Nacional;
2 – É possível a participação de empresas optantes pelo Simples Nacional em
licitações para contratação de serviços de cessão de mão de obra vedados pela Lei
Complementar 123/2006, desde que comprovada a não utilização dos benefícios tributários do
regime tributário diferenciado na proposta de preços e que, caso venha a ser contratada, faça a
comunicação ao órgão fazendário competente, para fins de exclusão do regime diferenciado, e
para que passe a recolher os tributos pelo regime comum.
272
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
273
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
exclusão do regime diferenciado, e passe a recolher os tributos pelo regime comum e não pelo
diferenciado - o Simples Nacional -, mais vantajoso”. Nesse quadro, o TCU orientara suas
próprias unidades administrativas que, “na constatação de qualquer situação impeditiva de
opção pelo Simples Nacional pelas microempresas ou empresas de pequeno porte contratadas
pelas unidades gestoras executoras do TCU, as mesmas deverão ser consideradas excluídas do
Simples Nacional, estando sujeitas às retenções de todos os tributos devidos. A situação de
impedimento de opção pelo Simples Nacional deverá ser comunicada à Secretaria da Receita
Federal do Brasil e à microempresa ou empresa de pequeno porte contratada, mediante
ofício”. No caso concreto, verificou o relator, entretanto, não haver indícios que demonstrassem
que a condição de optante pelo Simples Nacional tenha acarretado a vitória da empresa AP
Serviços em quatro itens do Pregão Eletrônico nº 49/2009, razão pela qual concluiu não
confirmada a suspeita de fraude levantada pela denunciante. Por outro lado, entendeu o relator
que nada impediria a oportuna fiscalização dos órgãos fazendários competentes, com o fito de
verificar se os recolhimentos por parte da empresa ocorreram no regime tributário correto. Por
conseguinte, ao considerar a denúncia parcialmente procedente, e de maneira a evitar falha
semelhante em futuras contratações do IFSC, votou por que se expedisse alerta à entidade
administrativa, para que atente para situações que podem implicar ofensa às disposições da LC
123/2006 e que poderiam resultar em oferta de preços mais baixos em licitações por empresas
que se beneficiem de custos menores, em decorrência de serem optantes, de modo indevido, do
Simples Nacional. Nos termos do voto do relator, o Plenário manifestou sua anuência.
Precedente citado: Acórdão 2798/2010, do Plenário. Acórdão n.º 797/2011-Plenário, TC-
024.993/2010-7, rel. Min. Ubiratan Aguiar, 30.03.2011.
274
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Os preços dos insumos constantes da planilha orçamentária são mais bem representados pela
média, ou mediana, e não pelo menor dos preços pesquisados no mercado.
Na composição da planilha orçamentária, devem ser considerados possíveis descontos em razão
da escala da contratação.
Uso indevido do convênio quando o objeto levaria à celebração de contrato.
A exigência de certidão negativa de débitos salariais, para fim de habilitação, não encontra
amparo legal.
A “reserva técnica” é admissível na planilha de preços, desde que limitada ao percentual de
2,5%.
Primeira Câmara
Possibilidade do aproveitamento de licitação anterior.
Contrato de depósito e caracterização de pagamento antecipado.
Segunda Câmara
A não verificação da regularidade dos documentos apresentados pelos licitantes pode dar ensejo
à responsabilização dos membros da comissão de licitação.
A inexigibilidade de licitação em razão de fornecedor exclusivo não exime a Administração
Pública do dever de justificar o preço contratado.
PLENÁRIO
Os preços dos insumos constantes da planilha orçamentária são mais bem representados
pela média, ou mediana, e não pelo menor dos preços pesquisados no mercado
Ao apreciar relatório de auditoria realizada nas obras de construção do edifício-sede do Tribunal
Regional do Trabalho da 17ª Região – TRT/ES, cujo escopo abrangeu o exame de contratos e
processos licitatórios, dentre eles a Concorrência n.º 1/2009, o Tribunal, por meio do Acórdão
n.º 896/2010-Plenário, formulou determinações àquele órgão. Contra o aludido acórdão, foi
interposto pedido de reexame. Um dos questionamentos apresentados pelos responsáveis do
TRT/ES referia-se à determinação para que fosse alterada “a planilha orçamentária de forma a
utilizar os menores preços, e não os preços medianos para os diversos insumos cotados no
mercado”. Tais insumos não teriam cotação no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e
Índices da Construção Civil (SINAPI), mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Econômica
Federal, razão pela qual os gestores utilizaram como referência os preços medianos, quando
275
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
havia pelo menos três propostas, e o menor preço nos demais casos. As unidades técnicas do
Tribunal responsáveis pela instrução concluíram pela adequabilidade da determinação anterior,
sugerindo, então, que se mantivesse a utilização da menor cotação dos preços na orçamentação
da obra, em detrimento da mediana utilizada pelo TRT/ES. O relator, porém, divergiu da
proposta apresentada. Em seu voto, enfatizou que a Lei n.º 8.666/1993 “não prescreve como
deve ser realizado este orçamento”. Já a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) “não prevê a
forma pela qual será realizada a cotação de preços quando ausente o insumo no SINAPI e
inexistente a tabela de referência formalmente aprovada por órgão ou entidade da
administração pública federal”. Assim, para o relator, não seria razoável “a exigência de que a
orçamentação, nestes casos, deva sempre considerar o menor preço cotado no mercado”. Desse
modo, entendeu que “a utilização de preços médios ou da mediana, além de bem refletir os
preços praticados no mercado, não implica ofensa à Lei de Licitações, à LDO/2009 ou aos
princípios gerais da Administração Pública.” Concluiu o relator que “o preço de mercado é
mais bem representado pela média ou mediana uma vez que constituem medidas de tendência
central e, dessa forma, representam de uma forma mais robusta os preços praticados no
mercado”. Ao final, votou pelo provimento do pedido de reexame, com a consequente exclusão
das deliberações anteriores do TCU. O Plenário acolheu o voto do relator. Acórdão n.º
3068/2010-Plenário, TC-024.376/2008-6, rel. Min. Benjamin Zymler, 17.11.2010.
276
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A exigência de certidão negativa de débitos salariais, para fim de habilitação, não encontra
amparo legal
Representação formulada ao TCU indicou possíveis irregularidades perpetradas pela
Superintendência Regional da Conab do Rio Grande do Norte – Conab/RN, na condução do
Pregão Eletrônico CONAB/SUREG-RN nº 06/2010, em razão da inabilitação da representante
por descumprimento de exigência editalícia indevida, qual seja, a apresentação de certidão
negativa de débito salarial. O relator, ao acolher a análise empreendida pela unidade técnica,
destacou que “a exigência da certidão negativa de débitos salariais não possui amparo legal,
conforme entendimento deste Tribunal”. Todavia, considerando a informação prestada pelo
dirigente da Conab/RN de que o modelo de edital utilizado fora extraído do site da própria
Companhia, a partir de certame licitatório promovido anteriormente, o relator concluiu pela
ausência de má-fé do referido dirigente. Assim, votou pela expedição de alerta à Conab para
futuros procedimentos licitatórios, o que foi acolhido pelo Plenário. Precedentes citados:
Acórdãos n.os 697/2006-Plenário e 434/2010-2ª Câmara. Acórdão n.º 3088/2010-Plenário, TC-
026.076/2010-1, rel. Min. Raimundo Carreiro, 17.11.2010.
277
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
técnica, uma vez que, “segundo define a IN nº 02/08, da Secretaria de Logística e Tecnologia
da Informação - MPOG, a constituição de reserva técnica se presta para arcar com possíveis
custos decorrentes de substituição de mão-de-obra quando da ocorrência de atrasos ou faltas
que não sejam amparadas por dispositivo legal e, ainda, abonos e outros, de forma a assegurar
a perfeita execução contratual. Este custo é calculado para cobertura não discriminada no
cálculo da remuneração mediante incidência percentual sobre o somatório da remuneração,
encargos sociais e trabalhistas e insumos de mão-de-obra”. Nesse sentido, ainda conforme o
relator, estudos conduzidos pelo TCU admitiram a presença desse item na formação dos custos,
desde que no percentual máximo de 2,5% e destinado a gastos com pagamento de férias, aviso
prévio e décimo terceiro salário para substitutos; encargos sociais incidentes sobre remuneração
dos empregados habituais no caso de recebimento de auxílio enfermidade ou auxílio acidente de
trabalho, por mais de quinze dias; encargos sociais incidentes sobre remuneração das
empregadas habituais beneficiárias do auxílio maternidade; indenização adicional dos
substitutos; e FGTS nas rescisões sem justa causa dos substitutos. Todavia, como no caso do
contrato do DNIT, o percentual do item “reserva técnica” fora de 5,4%, o relator votou por que
se determinasse à entidade que, “caso decida pela manutenção dessa parcela específica de
custo em suas contratações de serviços terceirizados, ajuste o seu percentual ao patamar
máximo mencionado”, no que contou com a anuência do Plenário. Precedentes citados:
Acórdãos n.os 1753/2008-Plenário e 1851/2008-2ª Câmara. Acórdão n.º 3092/2010-Plenário,
TC-026.790/2006-0, rel. Min. José Jorge, 17.11.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
278
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
A não verificação da regularidade dos documentos apresentados pelos licitantes pode dar
ensejo à responsabilização dos membros da comissão de licitação
Em sede de tomada de contas especial instaurada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa),
foram apuradas possíveis irregularidades na execução de convênio firmado com o Município de
Santana/AP, cujo objeto consistiu na implementação de ações de controle da malária. Na citação
dos três ex-membros da Comissão Permanente de Licitação (CPL) do município, questionou-se,
dentre outros atos, o aceite de documentos com data de vigência expirada ou com infringência a
dispositivos da Lei nº 8.666/1993. Apenas um dos citados apresentou alegações de defesa, a
partir das quais o relator, ao analisar, individualmente, a gravidade das condutas, enfatizou que,
“muito embora não se pudesse exigir desses gestores, na qualidade de membros da CPL, a
responsabilidade por atos relativos à elaboração do convite e de seus anexos, não se pode
desconsiderar o fato de eles terem habilitado empresas que apresentaram documentação com
prazo de validade expirado, pois, uma vez compondo o quorum da comissão, passavam a
incidir sobre cada um deles responsabilidades inerentes à função, dentre elas a de verificar a
regularidade da documentação apresentada pelos licitantes”. Todavia, deixou o relator de
propor aplicação de sanção a um dos ex-membros da CPL, eis que responsável por apenas uma
das nove irregularidades examinadas, sendo esta, ainda conforme o relator, de menor gravidade.
Quanto aos outros dois ex-membros da CPL, entendeu que, pela conduta observada, deveriam
ter suas contas julgadas irregulares e ser apenados com multa, o que foi acolhido pelo
Colegiado. Acórdão n.º 6802/2010-2ª Câmara, TC-015.303/2004-8, rel. Min. André Luís de
Carvalho, 16.11.2010.
279
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
preços contratados”, em face do que determina o art. 26, inciso III, do mesmo diploma legal.
Para ele, “apesar de os fornecedores de material didático terem sido contratados em função de
exclusividade relativa, nada impedia a Seduc/TO de efetuar pesquisa de preços em outras
praças, ou até mesmo em outros órgãos públicos, já que os livros adquiridos no âmbito do
mencionado programa educacional têm distribuição em todo o território nacional. E, nesse
sentido, cai por terra a argumentação apresentada pelos defendentes de que a mera
exclusividade do fornecedor constituiria obstáculo à realização de tal pesquisa”. Desse modo,
o relator propôs a irregularidade das contas dos gestores envolvidos, bem como a aplicação de
multa, o que contou com a anuência do Colegiado. Acórdão n.º 6803/2010-2ª Câmara, TC-
020.500/2006-4, rel. Min. André Luís de Carvalho, 16.11.2010.
SUMÁRIO
Plenário
Celebração de aditivo a contrato extinto e com vigência retroativa.
Exigência de índices de qualificação econômico-financeira destoantes da realidade do mercado.
Itens novos em contratação de obra pública: adoção dos preços unitários dos sistemas de
referência.
Exigência de comprovação de rede credenciada apenas na fase de contratação e não para fim de
habilitação no certame.
Realização de concurso de projetos para seleção de OSCIP.
Necessidade da redução do montante contratado em decorrência da indevida inclusão do IRPJ e
da CSLL na planilha contratual.
Primeira Câmara
Obrigatoriedade da consulta ao CADIN antes da formalização do contrato.
Contratações sem prévio processo licitatório:
1 - Realização de dispensas de licitação em detrimento do mero aditamento do contrato;
2 - Necessidade da comprovação da pesquisa de preços de mercado a, pelo menos, três
potenciais fornecedores.
Segunda Câmara
Contratação, por inexigibilidade de licitação, para elaboração de projeto de esgotamento
sanitário.
Pregão para fornecimento anual de Vale Alimentação, na forma de cartão magnético:
1 - Exigência, para fim de habilitação, da apresentação de relação de estabelecimentos
credenciados;
2 - Necessidade de prévio credenciamento em todo o Estado de São Paulo.
280
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
281
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Itens novos em contratação de obra pública: adoção dos preços unitários dos sistemas de
referência
Ao apreciar relatório de levantamento de auditoria nas obras de adequação/duplicação da BR-
101/Sul, no trecho compreendido entre Palhoça/SC e a Divisa SC/RS, o Tribunal, por meio do
Acórdão n.º 3.003/2009-Plenário, determinou ao Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes – Dnit a adoção das seguintes providências: “9.2.2. encaminhe a este Tribunal, no
prazo de 15 (quinze) dias, demonstrativo da compatibilidade do preço unitário do serviço
‘espalhamento de solos moles’ - incluído no Contrato nº TT-189/2004-0 (Lote 27) em
decorrência da 3ª revisão de projetos - aos parâmetros de mercado, promovendo os devidos
ajustes na composição de custo unitário utilizada como referência [...]; ou adotando outra
composição do Sicro, como referência, que eventualmente mais se adéque ao caso em questão
[...]; 9.2.3. após o cumprimento da medida indicada no subitem anterior, em se mantendo o
indício de sobrepreço apontado nos autos, adote as providências cabíveis com vistas à
recomposição do dano ao erário, em virtude dos pagamentos superfaturados referentes ao item
‘espalhamento de solos moles’, seja por meio de repactuação contratual, se houver saldo, ou da
instauração da competente tomada de contas especial [...].” Em resposta, reconheceu o Dnit a
necessidade de se reduzir o preço unitário do serviço, mediante substituição dos custos dos
insumos da contratada pelos custos médios dos insumos ofertados pelos licitantes. A unidade
técnica rejeitou as contrarrazões oferecidas pelo Dnit e propôs novo preço de referência para o
serviço, tomando-se como parâmetro o preço-base adotado pelo Dnit para o item
“espalhamento de solos moles” no Lote 28 da Concorrência n.º 03/02-00, em R$ 0,86/m3 (data-
base: agosto de 2003). Sobre esse valor, a unidade técnica aplicou o desconto global concedido
pela contratada em relação ao valor orçado pela autarquia, o qual fora de 32%. Assim, o novo
preço unitário a considerar-se como parâmetro de mercado seria de R$ 0,58/m3 (data-base:
agosto de 2003). Pretendia a unidade técnica, com a adoção desse procedimento, evitar a
consumação de desequilíbrio econômico-financeiro do contrato, medida que estaria em
conformidade com a orientação emanada das Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO’s) para os
exercícios de 2009, 2010 e 2011. De acordo com o relator, a regra estabelecida nas recentes
LDO’s visa à manutenção do percentual de desconto global ofertado pela contratada sobre o
preço orçado pela Administração com base nos custos dos sistemas de referência (Sinapi e
Sicro), em decorrência de modificações introduzidas por termos de aditamento. Desse modo, a
aplicação do aludido regramento depende da verificação exata do balanço contratual após as
alterações, “o que não é possível apenas pelo exame de um item da planilha, como é o caso”.
Segundo o relator, a jurisprudência do TCU é pacífica no sentido de que itens novos em
contratação de obra pública devem ter como limite os preços unitários dos sistemas de
referência, prioritariamente o Sinapi e o Sicro. Nesse contexto, a metodologia apresentada pela
unidade instrutiva, baseada em preço unitário constante do orçamento-base do Dnit, “amolda-se
à jurisprudência deste Tribunal”, à exceção da questão atinente ao desconto global ofertado
pela contratada na licitação. Ao final, o relator votou pela fixação de prazo ao Dnit para
promover, no que se refere ao Contrato n.º TT-189/2004 (Lote 27), previamente ouvida a
contratada, a repactuação do preço unitário do item “espalhamento de solos em bota-fora”,
limitando-o a R$ 0,86/m3 (data-base: agosto de 2003), sem prejuízo de a entidade adotar as
providências necessárias com vistas ao ressarcimento do débito, por meio de descontos em
faturas vincendas, se houver saldo contratual, ou pela instauração de tomada de contas especial.
O Plenário acolheu o voto do relator. Precedentes citados: Acórdãos n.os 394/2003, 172/2004,
1.755/2004, 468/2006, 554/2008, 1.663/2008 e 993/2009, todos do Plenário. Acórdão n.º
3134/2010-Plenário, TC-006.551/2008-0, rel. Min. Augusto Nardes, 24.11.2010.
282
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Por meio de representação, foi solicitada ao TCU a suspensão cautelar do Pregão Eletrônico n.º
387/2010, realizado pela Amazonas Distribuidora de Energia S.A. com vistas à contratação de
empresa especializada para prestar “serviço de fornecimento de créditos através de Cartões
Refeição, Alimentação e Refeição de Hora Extra, a serem utilizados pelos empregados da
companhia energética, em rede credenciada, nos termos do Programa de Alimentação do
Trabalhador – PAT”. A representante alegou que a exigência de qualificação técnica contida no
item 4.1.1.5.1.1 do edital constitui restrição ao caráter competitivo do certame, na medida em
que deles exige prévia comprovação de rede de estabelecimentos credenciados no Estado do
Amazonas, mediante relação escrita, com indicação de razão social, CNPJ e endereço. Além de
contrária à jurisprudência do TCU, a exigência afasta a participação de empresas que atuam em
outras regiões do Brasil, pois “somente as da localidade têm como provar, até a data da sessão
pública, que possuem rede de estabelecimentos credenciados nos locais indicados”. Por meio
de despacho, foi determinada a suspensão cautelar do Pregão Eletrônico n.º 387/2010, com a
abertura de prazo para que os gestores se pronunciassem a respeito do provimento cautelar. Em
sua manifestação, o Diretor-Presidente da entidade ponderou que se fazia necessária uma
garantia de que a futura empresa contratada seria capaz de cadastrar um número razoável de
estabelecimentos, observando as peculiaridades da região. Na sequência, no entanto, disse
textualmente concordar com a exclusão da referida exigência, “a fim de evitar qualquer dúvida
em relação à competitividade do certame”. Assim sendo, nos termos do voto do relator, decidiu
o Plenário revogar a medida cautelar e, já com vistas ao novo certame, determinar à entidade
que faça constar a exigência de comprovação de rede credenciada apenas na fase de contratação,
com estabelecimento de um prazo razoável para que a vencedora da licitação credencie os
estabelecimentos comerciais das localidades onde os empregados da estatal estejam lotados.
Acórdão n.º 3156/2010-Plenário, TC-028.280/2010-5, rel. Min. José Múcio Monteiro,
24.11.2010.
283
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
em toda e qualquer situação”) e sempre que a escolha da OSCIP a celebrar termo de parceria
não se dê na forma de concurso de projetos, observe, nas futuras celebrações desses termos: a)
“a necessidade de justificar a decisão de não realização de concurso de projetos e de opção
pela escolha e contratação direta de Oscip”; b) “a necessidade de fazer constar nos autos do
processo administrativo as justificativas de ordem técnica e operacional que levem à conclusão
de ser adequada a celebração do contrato de parceria com a entidade escolhida e que indiquem
ser ela capacitada para a execução do objeto do ajuste”. Outrossim, deliberou o Pleno no
sentido de alertar à Funai que: I) “certifique-se, antes da celebração de termos de parceria, da
capacidade técnica e operacional da entidade para execução do objeto do ajuste, conforme
artigo 27, inciso II, do Decreto 3.100/99”; II) “inclua, nos termos de parceria firmados, as
cláusulas essenciais elencadas no art. 10, § 2º, inciso I, da Lei 9.790/99, a exemplo das que
tratam do objeto, da estipulação de metas e resultados e dos critérios de avaliação de
desempenho a serem utilizados, abstendo-se de permitir a entrega de ‘plano de trabalho
detalhado’ em momento posterior à assinatura da avença, como ocorrido no Termo de
Parceria 6/2005”; III) “exija dos parceiros privados, ao firmar termos de parceria, a
publicação do extrato de execução física e financeira prevista no art. 18 do Decreto 3.100/99”;
IV) “atente para a exatidão dos dados constantes nas prestações de contas encaminhadas pelas
entidades recebedoras de recursos repassados a título de transferência voluntária, abstendo-se
de aprová-las caso estejam em desacordo com o disposto na Portaria Interministerial
MF/MPOG/CGU 127/2008 e no Decreto 3.100/99, conforme o caso”. Precedentes citados:
Acórdãos n.os 1.777/2005-Plenário e 440/2010-1ª Câmara. Acórdão n.º 3125/2010-Plenário,
TC-016.443/2006-0, rel. Min-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 24.11.2010.
PRIMEIRA CÂMARA
284
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
285
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
relator, não tendo sido detectado aumento de custos dos itens contratados por dispensa, em
relação ao contrato original, poderiam ser aceitas as justificativas do responsável. Ao final, o
relator propôs e a Primeira Câmara decidiu determinar ao Departamento Regional do Senac/PB
que, quando houver necessidade de acrescentar serviços a uma obra em execução, observe as
seguintes orientações: I) “se houver interesse da Entidade em que a mesma empresa faça esses
novos serviços nas mesmas condições do contrato vigente, providencie o seu aditamento,
observando os limites estabelecidos pelo Regulamento de Licitações e Contratos do Senac”; e
II) “se não houver interesse da Entidade no aditamento ou se for ultrapassado o limite
regulamentar, providencie nova contratação, precedida de procedimento licitatório na
modalidade prevista para o total da obra (valor das contratações anteriores somado ao valor
dos novos serviços)”. Acórdão n.º 7821/2010-1ª Câmara, TC-014.407/2006-4, rel. Min-Subst.
Marcos Bemquerer Costa, 23.11.2010.
SEGUNDA CÂMARA
286
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
relator, não era cabível a inexigibilidade prevista no art. 25, inciso II, da Lei n.º 8.666/93, uma
vez que a singularidade do projeto e a notória especialização da contratada não restaram
evidenciadas. No entanto, deixou de acolher a proposta técnica de aplicação de multa ao
responsável, uma vez que, além de ter sido comprovada a efetiva execução do objeto pactuado,
a própria unidade instrutiva não apontou indícios de que os valores pagos foram destoantes dos
praticados no mercado, de modo que “a falha material consubstanciada na indevida
contratação direta, por estar isolada, pode ser considerada como de menor gravidade”. Assim
sendo, o relator propôs e a Segunda Câmara decidiu julgar regulares com ressalvas as contas do
ex-prefeito e expedir alerta ao Município de Tanquinho/BA, para futuras contratações com
recursos públicos federais. Acórdão n.º 7082/2010-2ª Câmara, TC-020.553/2004-1, rel. Min-
Subst. André Luís de Carvalho, 23.11.2010.
287
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A declaração de inidoneidade aplicada pelo TCU independe do enquadramento da conduta em
um dos tipos penais contidos na Lei 8.666/1993.
As contratações diretas amparadas no art. 24, inc. IV, da Lei 8.666/1993 – emergência ou
calamidade pública-, podem, excepcionalmente e atendidas determinadas condições, ultrapassar
180 dias.
Aplica-se a Lei 8.666/1993 nas licitações realizadas com recursos oriundos de empréstimos
internacionais, no que não for incompatível com normas eventualmente editadas pelo
concedente.
Somente a empresa controladora pode se utilizar do art. 24, inc. XXIII, da Lei 8.666/1993, para
contratar com sua subsidiária.
O pagamento de “taxa de sucesso” não encontra amparo na Lei 8.666/1993.
Nova Súmula
Súmula n.º 262
PLENÁRIO
288
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
reexame, sendo que a unidade técnica responsável pela análise da matéria, rebatendo as
alegações da recorrente em sua peça inicial, propôs que fosse negado provimento ao recurso,
para manter inalterado o acórdão recorrido. O Ministério Público junto ao Tribunal – MP/TCU,
todavia, divergiu da unidade instrutiva e propôs a insubsistência da decisão anterior, uma vez
que a conduta que levara à declaração de inidoneidade da empresa não se amoldaria aos tipos
penais especificados nos artigos 90, 93, 95 e 96 da Lei 8.666/1993, o que contou com a
concordância do relator originário do feito, Ministro Valmir Campelo, quando da primeira vez
em que citado recurso foi à apreciação do Plenário, mas teve o seu julgamento suspenso em face
de pedido de vista formulado pelo Ministro Benjamin Zymler. Desta feita, o ministro Benjamin
Zymler, em voto-revisor, entendeu assistir razão às análises procedidas pela unidade técnica.
Depois de expor os fatos que levaram o TCU, anteriormente, a declarar a inidoneidade da
empresa recorrente, o relator, a respeito do fato de a conduta impugnada estar, ou não,
enquadrada nos tipos penais estabelecidos na Lei 8.666/93, observou ser outro o fundamento
para a apenação da recorrente: o art. 46 da Lei 8.443/1992. O dispositivo, na visão do relator,
estabelece “sanção administrativa, o que não se confunde com os tipos penais do estatuto de
licitações”. Para ele, tendo em conta “o princípio da independência entre as instâncias, as
sanções penais e administrativas podem ser aplicadas independentemente e estão sujeitas a
diferentes formas de valoração”. Não vislumbrou, em consequência, fundamento para que se
afirmasse, “que o conceito de fraude previsto no art. 46 da Lei 8.443/92 estivesse circunscrito
aos ditames previstos nos tipos penais da Lei 8.666/93”, pois, “caso assim fosse, esta Corte
apenas poderia aplicar a referida pena administrativa quando o assunto estivesse resolvido na
esfera penal, pois enquanto houvesse dúvidas acerca da subsunção dos fatos aos referidos tipos
penais, não poderia a pena ser aplicada. Tal entendimento, como visto, vai contra o princípio
de independência entre as instâncias”. Assim, votou por que se negasse provimento ao recurso
de reexame intentado, mantendo-se, em consequência, os exatos termos da decisão anterior. O
relator, Ministro Valmir Campelo, reajustou o seu voto para acompanhar o revisor, tendo a
matéria sido aprovada por unanimidade pelo Plenário. Acórdão n.º 3222/2010-Plenário, TC-
003.533/2006-1, rel. Min. Valmir Campelo, revisor Min. Benjamin Zymler, 01.12.2010.
As contratações diretas amparadas no art. 24, inc. IV, da Lei 8.666/1993 – emergência ou
calamidade pública-, podem, excepcionalmente e atendidas determinadas condições,
ultrapassar 180 dias
Auditoria foi realizada pelo TCU, com o objetivo de acompanhar as ações governamentais
conduzidas pelo Governo do Estado de Pernambuco, para auxiliar a parte do Estado fronteiriça
com o Estado de Alagoas no retorno à normalidade, após a ocorrência de intensas e
extraordinárias precipitações pluviométricas no final de junho de 2010, as quais levaram o
governo pernambucano à decretação de “Situação de Emergência” e “Estado de Calamidade
Pública”, nos municípios mais afetados, sendo efetuadas diversas contratações emergenciais,
com fulcro no inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/93, no bojo da denominada “Operação
Reconstrução”. Nesse quadro, o Procurador-Geral daquele Estado encaminhou ofício ao TCU,
acompanhado de relatórios de diversas áreas do governo estadual, dando conta de que, “em
relação à situação de emergência verificada em Pernambuco, por ocasião das chuvas, diversos
fatores implicaram a impossibilidade de conclusão de todas as obras necessárias à restauração
da normalidade dentro do prazo legal de 180 dias.”. Foi, então, requerida pelo representante
estadual a autorização excepcional para que as contratações emergenciais perdurassem por
prazo superior ao limite de 180 dias estabelecido no art. 24, IV, da Lei 8.666/93, bem como a
prorrogação dos contratos em vigor pelo prazo necessário à finalização das obras em
andamento, à contratação e ao início das demais obras tidas como essenciais. Ao examinar os
fatos, o relator destacou, inicialmente, que, “não se insere dentre as atribuições constitucionais
desta Corte autorizar os entes e/ou gestores jurisdicionados a efetuar contratações ou realizar
aditivos contratuais, pois essa é prerrogativa dos gestores. Assim, tais atos administrativos se
aperfeiçoam independentemente da atuação do TCU”. Todavia, enaltecendo a preocupação do
governo de Pernambuco em prover, com brevidade, as necessidades da região assolada pelas
chuvas, o relator enfatizou se estar diante de situação excepcional. Assim, citando
289
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
jurisprudência do TCU, destacou que, “o limite de 180 dias para execução de serviços
emergenciais, referido no inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/1993, pode ser ultrapassado se
isso for indispensável para a preservação do bem protegido”. No mesmo sentido, quanto à
prorrogação dos contratos firmados diretamente com base no mesmo dispositivo, registrou o
relator, amparado em jurisprudência do TCU, que “é possível, em casos excepcionais, firmar
termo aditivo para prorrogar contrato oriundo da dispensa de licitação prevista no art. 24,
inciso IV, da Lei nº 8.666/1993, por período adicional estritamente necessário à conclusão da
obra ou serviço, além do prazo máximo fixado nesse dispositivo legal, desde que essa medida
esteja fundamentada na ocorrência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das
partes, que impossibilite a execução contratual no tempo inicialmente previsto.” Por
conseguinte, votou por que se expedisse comunicação ao Governo de Estado de Pernambuco
quanto à possibilidade de os contratos firmados com base no art. 24, inc. IV, da Lei 8.666/1993
ultrapassarem o limite de 180 dias contido no dispositivo, desde que cumpridas as
condicionantes apontadas, no que contou com a anuência do Plenário. Precedentes citados:
Acórdãos nos 845/2004 e 1941/2007, ambos do Plenário. Acórdão n.º 3238/2010-Plenário, TC-
019.362/2010-2, rel. Min. Benjamin Zymler, 01.12.2010.
Aplica-se a Lei 8.666/1993 nas licitações realizadas com recursos oriundos de empréstimos
internacionais, no que não for incompatível com normas eventualmente editadas pelo
concedente
Mediante pedidos de reexame, diversos responsáveis manifestaram seu inconformismo com
relação à decisão proferida anteriormente pelo TCU, em razão de auditoria realizada na licitação
e no contrato para a construção da adutora Alto Oeste/RN. Na oportunidade anterior, o TCU,
por meio do Acórdão 1347/2010-Plenário, da relatoria do Ministro-Substituto Marcos
Bemquerer Costa, calculou um sobrepreço de R$ 4,9 milhões no contrato firmado, e, em
consequência, determinou a retenção de valores por parte do Ministério da Integração Nacional,
bem como aplicou multa a diversos gestores por não terem, dentre outras irregularidades,
observado os critérios de julgamento da Lei n.° 8.666/1993. A par disso, foram feitas
determinações a serem seguidas em todas as licitações de obras custeadas com recursos federais
decorrentes de financiamento obtido junto a organismos financeiros multilaterais, assim como
em todas as licitações de obras cujo financiamento tenha sido objeto de garantia da União. Nesta
etapa processual, um dos recorrentes defendeu a exclusão ou alteração das determinações
anteriores que, a seu sentir, impuseram a adoção de regras incompatíveis com aquelas adotadas
pelo Banco Mundial, nos contratos em que tal instituição conste como financiadora. A unidade
técnica, ao examinar a matéria, concordou em parte com os argumentos recursais. Para ela, “as
licitações com recursos oriundos de empréstimo internacional, aprovado pelo Congresso
Nacional, regem-se pelas regras estipuladas pelo organismo multilateral, em tudo aquilo que
não contrarie a Constituição Federal”. De outro lado, ainda para a unidade técnica, “as regras
federais que regem o procedimento licitatório também teriam plena aplicabilidade se não
houver incompatibilidade com as normas editadas pelos organismos multilaterais que regem as
licitações decorrentes de seus empréstimos concedidos”. Na espécie, o relator concordou
parcialmente com as análises da unidade técnica. Dissentiu, todavia, de determinados
encaminhamentos dados, no caso concreto, ajustando-os, conforme seu entendimento. Votou,
então, pela insubsistência de alguns itens constantes da deliberação anterior, bem como pelo
ajuste na redação de outros, de maneira a adequá-los às conclusões obtidas nesta etapa
processual. O Plenário aprovou o voto do relator. Acórdão n.º 3239/2010-Plenário, TC-
010.801/2009-9, rel. Min. Benjamin Zymler, 01.12.2010.
Somente a empresa controladora pode se utilizar do art. 24, inc. XXIII, da Lei 8.666/1993,
para contratar com sua subsidiária
Representação formulada pelo Ministério Público junto ao Tribunal – MP/TCU - trouxe notícias
acerca de possíveis irregularidades na aquisição, pelo Banco do Brasil S/A, de 30.945
microcomputadores da empresa Cobra Tecnologia S/A por dispensa de licitação, ao preço
unitário de R$ 3.374,72. Em instrução inicial, a unidade técnica responsável pelo feito concluiu
290
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
que os preços estavam dentro de uma média praticada pelo mercado para equipamentos
similares, inexistindo, portanto, impedimento para a contratação da Cobra Tecnologia S/A na
forma procedida. No entanto, em nova instrução, por conta de determinação do relator
originário do feito, a unidade técnica, após a promoção de várias audiências, propôs a rejeição
das razões de justificativa apresentadas por diversos responsáveis, com aplicação de multa, por
entender irregular a contratação da Cobra Tecnologia pelo Banco do Brasil, tendo como
fundamento o art. 24, inc. XIII, da Lei 8.666/1993. Ao examinar a matéria, o relator consignou
que, “a contratação da Cobra Tecnologia S/A mediante dispensa de licitação já foi objeto de
diversos processos neste Tribunal, tendo sido verificada a utilização dos incisos VIII, XVI e
XXIII do art. 24 da Lei nº 8.666/93 como fundamento legal”. Enfatizou, todavia, que a
jurisprudência do Tribunal é no sentido de que, “as empresas integrantes da Administração
Pública que possam prestar serviços também a particulares (caso em que se submetem a
regime jurídico semelhante ao das empresas privadas, conforme disposto no art. 173, § 1º,
inciso II, da Constituição Federal), como é o caso da Cobra Tecnologia S/A, não podem ser
beneficiadas com a dispensa de licitação prevista nos incisos VIII e XVI do art. 24 da Lei nº
8.666/93”. Assim, para ele, “somente o Banco do Brasil S/A, empresa controladora da Cobra
Tecnologia S/A, pode contratá-la por dispensa de licitação, com fundamento no inciso XXIII do
art. 24 da Lei nº 8.666/93”. Para isso, ainda de acordo com o relator, “o preço deve ser
compatível com o praticado no mercado, consoante expressamente fixado na referida lei”.
Aduziu, também, requisito consagrado na jurisprudência deste Tribunal, de que haja relação de
pertinência entre o serviço a ser prestado ou os bens a serem adquiridos e o objetivo
institucional ou social da entidade subsidiária e controlada, bem como a regra geral de não ser
possível a subcontratação por parte de tal entidade, a partir do fundamento utilizado para
sustentar a dispensa de licitação analisada. Assim, votou pelo acolhimento das justificativas
apresentadas, com a expedição de determinações ao Banco do Brasil, no sentido de que
contemplasse, em seus normativos, regras quanto à contratação da Cobra Tecnologia S/A, no
que foi acompanhado pelo Plenário. Precedente citado: Acórdãos nº 496/99, 314/2001,
869/2006, 2.399/2006 e 1.705/2007, todos do Plenário). Acórdão n.º 3219/2010-Plenário, TC-
007.049/2004-6, rel. Min. Raimundo Carreiro, 01.12.2010.
291
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
específicas em normas do Banco Mundial, ou conflitos com estas, caberia o uso das disposições
do regulamento pátrio. Precedentes citados: Acórdãos nos 715/2004 e 1347/2010, ambos do
Plenário. Acórdão n.º 3264/2010-Plenário, TC-010.535/2008-2, rel. Min-Subst. Marcos
Bemquerer, 01.12.2010.
NOVA SÚMULA
SUMÁRIO
Plenário
Responsabilidade pela participação, em licitação expressamente reservada a ME e EPP, de
sociedade que não se enquadra na definição legal dessas categorias.
Consequências, para a contratada, do não cumprimento da obrigação contratual de comprovar a
regularidade fiscal durante a execução do ajuste.
Fornecimento de sistema com transferência de tecnologia e execução de serviços técnicos
especializados: parcelamento como regra.
Conflito de regulamento próprio de licitações e contratos de entidade da Administração Pública
com disposições da Lei n.º 8.666/93.
Primeira Câmara
Alteração contratual sem caracterização do “jogo de planilha”: presunção relativa de
desequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Segunda Câmara
O planejamento inadequado por parte da administração afasta a possibilidade de contratação
emergencial, com fundamento no art. 24, inc. IV, da Lei 8.666/93.
Participação, em licitações, de entidades sem fins lucrativos: deve haver nexo entre os serviços a
serem prestados e os fins estatutários da entidade.
PLENÁRIO
292
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
293
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
295
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
de processo de representação, no qual fora apenado com a multa prevista no art. 58, II, da Lei
8.443/92, por conta da realização indevida de contratação emergencial, por dispensa de licitação
(art. 24, inc. IV, da Lei 8.666/93), de serviços de vigilância armada e desarmada, tendo
entendido o Tribunal que a emergência, essencialmente, ocorrera da ausência de planejamento
adequado. Após descrever todo o iter pela qual passou a contratação, enfatizando a morosidade
havida, o relator, no voto, destacou que “os gestores deflagraram um processo licitatório sem
ao menos definir as necessidades da Administração, o que mais uma vez contribuiu para o
atraso verificado na condução do certame”. Além disso, quanto a uma alegada carência de
pessoal, observou “se tratar de fato previsível a ser contornado com um adequado
planejamento, o que não ocorreu”. Por tudo, concluiu que “restou devidamente evidenciado que
a contratação emergencial decorreu da ausência de planejamento adequado por parte da
administração da entidade”. Assim, por considerar, ainda, que a penalidade aplicada
anteriormente seria compatível com o grau de reprovabilidade verificado na conduta inquinada,
votou pelo não provimento do recurso, no que foi acompanhado pelos demais ministros da 2ª
Câmara. Acórdão n.º 7557/2010-2ª Câmara, TC-030.657/2008-2, rel. Min. Benjamin Zymler,
07.12.2010.
Participação, em licitações, de entidades sem fins lucrativos: deve haver nexo entre os
serviços a serem prestados e os fins estatutários da entidade
Mediante pedido de reexame, o Instituto de Professores Públicos e Particulares manifestou sua
insatisfação com o Acórdão nº 5.555/2009-2ª Câmara, no qual constou determinação à
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de que “não habilite em seus certames licitatórios para a
contratação de serviços de terceirização ou assemelhados, como o Pregão Eletrônico 90/2009,
entidades civis sem fins lucrativos, pois não há nexo [de relação] entre o objeto social dessas
entidades e os serviços a serem prestados, considerando que terceirização de mão-de-obra não
se coaduna com a natureza jurídica de tais entes, por se caracterizar como ato de comércio
com finalidade econômica”. Nesta etapa processual, a unidade técnica, ao propor o não
provimento do recurso, manteve o entendimento de que os serviços de terceirização não podem
ser desempenhados por membros de uma entidade sem fins lucrativos. O relator, todavia,
divergiu do sugerido. Incorporou em suas razões de decidir, então, parecer expedido pelo
Ministério Público junto ao Tribunal – MP/TCU, no qual foi registrado que “não se deve
promover a vedação genérica de participação de entidades sem fins lucrativos em licitações,
porquanto viável”. Pontuou o parquet especializado ser esse o sentido da lei, tal como consta
do art. 24 da Lei de Licitações, que, em seu inciso XX, “permite a contratação direta de
associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos, e de comprovada
idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços
ou fornecimento de mão de obra, desde que o preço contratado seja compatível com o
praticado no mercado”. Dessa forma, o dispositivo legal em referência asseguraria a habilitação
de licitantes que atuem sem objetivo de lucro nos certames promovidos pela Administração
Pública. O fundamental, então, seria verificar “as condições de atendimento do objeto prestado
pela entidade sem fins lucrativos, sem implicar em desvio de finalidade, ou seja, sem que sejam
desobedecidos os objetivos estatutários da entidade, devendo haver compatibilidade entre o
objeto da licitação e a finalidade de atuação da entidade”. Por conta disso, votou pelo
provimento parcial do recurso, de maneira a se alterar o Acórdão n.º 5.555/2009-2.ª Câmara,
dirigido à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e, pela determinação, em caráter normativo, aos
Órgãos e Entidades da Administração Pública Federal Direta, Autárquica e Fundacional, de que
“não habilitem, nos certames licitatórios para a contratação de serviços de terceirização ou
assemelhados, entidades sem fins lucrativos cujos estatutos e objetivos sociais não tenham nexo
com os serviços a serem prestados”, o que contou com a aprovação do colegiado. Acórdão n.º
7459/2010-2ª Câmara, TC-019.843/2009-0, rel. Min. Raimundo Carreiro, 07.12.2010.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Licitação com previsão de entrega de maquinário em diversos municípios do país:
1 - Necessidade de definição precisa das localidades;
2 - Justificativas com relação às quantidades a serem adquiridas.
Impossibilidade do uso do pregão para serviços não caracterizados como comuns.
Nova Súmula
Súmula n.º 263
PLENÁRIO
297
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
NOVA SÚMULA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
ou serviços com características semelhantes, devendo essa exigência guardar proporção com a
dimensão e a complexidade do objeto a ser executado.
SUMÁRIO
Plenário
A exigência de comprovação de experiência anterior na prestação de serviços em volume igual
ou superior ao licitado restringe o caráter competitivo do certame.
Pregão para contratação de serviços:
1 - A licença ambiental de operação deve ser exigida apenas do vencedor da licitação;
2 - É possível que seja exigido do contratado destinação exclusiva de veículos, máquinas
e equipamentos, para execução do objeto.
Primeira Câmara
O art. 24, inc. V, da Lei 8.666/1993 (licitação deserta) só pode ser utilizado como fundamento
para a contratação direta caso o certame não possa, justificadamente, ser repetido sem prejuízo
para a Administração.
Segunda Câmara
A aplicação de recursos públicos recebidos por particulares em decorrência de convênios,
acordos ajustes ou outros instrumentos congêneres deve atender, no que couber, à Lei de
Licitações.
PLENÁRIO
299
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
técnica, a exigência seria excessiva, uma vez que exigia experiência igual ou superior ao objeto
da licitação examinada. O relator, ao concordar com a unidade instrutiva, destacou que “a
exigência de comprovação de prestação de serviços em volume igual ou superior ao licitado
extrapola os requisitos definidos nos arts. 27 a 31 da Lei 8.666/1993, bem como contraria a
jurisprudência do tribunal acerca do assunto”. Assim, o relator, ao considerar a representação
procedente, votou por que fosse expedida, dentre outras, determinação ao INTO para que
suprimisse do item 10.4 do edital do pregão 194/2010 as expressões “com contingente mínimo
igual ou superior ao deste certame” e “apresentação de um Atestado de Capacidade Técnica”,
em razão de as mesmas estabelecerem restrições indevidas à competitividade. O Plenário,
acolhendo o voto do relator, determinou ao INTO que só desse prosseguimento ao pregão
194/2010 caso adotasse a providência alvitrada. Acórdão n.º 112/2011-Plenário, TC-
034.017/2010-0, rel. Min. Aroldo Cedraz, 26.01.2011.
Pregão para contratação de serviços: 1 – A licença ambiental de operação deve ser exigida
apenas do vencedor da licitação
Representação informou ao Tribunal supostas irregularidades na condução do Pregão Eletrônico
nº 7/2010, promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – (INPA), com o
objetivo de contratar empresa para a execução dos serviços de limpeza e conservação dos
prédios da entidade. Ao propor a improcedência da representação, o relator entendeu não haver
irregularidade na exigência de licença ambiental de operação do licitante vencedor do certame,
uma vez que tal exigência estaria, inclusive, em conformidade com o art. 20, § 1º, da Instrução
Normativa nº 2, de 30 de abril de 2008, da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação –
(SLTI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Para ele, seria irregular caso fosse
exigido licença ambiental de todos os licitantes, o que não ocorreu. Em consequência, propôs a
improcedência da representação, o que foi aprovado pelo Plenário. Precedente citado: Acórdão
no 5611/2009, da 2ª Câmara. Acórdão n.º 125/2011-Plenário, TC-015.085/2010-4, rel. Min-
Subst. André Luís de Carvalho, 26.01.2011.
PRIMEIRA CÂMARA
O art. 24, inc. V, da Lei 8.666/1993 (licitação deserta) só pode ser utilizado como
fundamento para a contratação direta caso o certame não possa, justificadamente, ser
repetido sem prejuízo para a Administração
Tomada de contas especial foi instaurada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do
Ministério da Justiça – (Senasp/MJ), devido a irregularidades verificadas na aplicação dos
recursos oriundos do Convênio nº 131/2001, por meio do qual foram repassados recursos
federais à Secretaria de Estado de Segurança Pública de Roraima para a aquisição de veículos,
mobiliários, eletroeletrônicos e equipamentos de informática para aparelhamento das polícias
nas áreas circunvizinhas da fronteira Brasil/Guiana e Brasil/Venezuela, no âmbito do Plano
300
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Nacional de Segurança Pública. Dentre tais irregularidades, constou suposta contratação direta
indevida da empresa Motoka Veículos e Motores Ltda., com fundamento no art. 24, inc. V, Lei
8.666/1993, em razão de a tomada de preços nº 91/2002 – (TP 91/2002), promovida
anteriormente, ter sido declarada deserta. O relator, ao analisar a matéria, destacou,
inicialmente, que, “o art. 24, inciso V, da Lei n. 8.666/1993 – somente pode ser empregado no
caso de não acudirem interessados à licitação anterior e se o certame, justificadamente, não
puder ser repetido sem prejuízo para a Administração”. E, no caso da TP 91/2002, não se
vislumbraria, nos autos, evidências de que os requisitos pertinentes à contratação direta foram
observados, sobretudo porque não foi demonstrada a inviabilidade da repetição do certame nem
a potencialidade de eventual prejuízo à Administração, se ocorresse nova licitação. Ainda para o
relator, “havia tempo hábil para a repetição do certame”, pois “o prazo para a execução do
objeto pactuado era até 31/05/2003 e a declaração de licitação deserta se deu em 13/11/2002,
portanto, à época, dispunha-se de mais de seis meses para refazer o torneio licitatório”. Desse
modo, votou, por essa e outras razões, pela irregularidade das contas, com aplicação de multa
aos responsáveis, no que contou com a anuência do colegiado. Acórdão n.º 342/2011-1ª
Câmara, TC-020.078/2009-4, rel. Min-Subst. Marcos Bemquerer Costa, 25.01.2011.
SEGUNDA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, da jurisprudência do TCU quanto aos aspectos relevantes que
envolvem o tema. Por esse motivo, a seleção das decisões que constam do Informativo é feita
pela Secretaria das Sessões, levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores:
ineditismo da deliberação, discussão no colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os
resumos apresentados no Informativo não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
Licitação do tipo “técnica e preço”:
1 - Eventual desproporção na pontuação atribuída aos critérios de técnica e de preço deve
ser justificada;
2 – Não é admitida a utilização de critério técnico baseado, unicamente, em experiência
anterior do licitante.
O documento “carta de exclusividade”, per si, é insuficiente para demonstrar que a empresa que
o apresenta é fornecedora exclusiva de determinado produto.
A utilização da figura do convênio em situação que demanda contrato, antecedido de licitação,
configura dispensa indevida de licitação.
É possível, em caráter excepcional, a fixação de salário base, nas contratações de prestação de
serviços para a Administração.
Contratação de plano de saúde para servidores:
1 – Mesmo que não haja dispêndio efetivo de recursos públicos, as contratações
realizadas por entidades de natureza pública submetem-se à fiscalização do TCU;
2 – Não se admite a definição prévia de operadora quando da renovação de plano de
saúde para servidores.
Primeira Câmara
A dispensa de licitação com base na emergência mencionada no art. 24, inc. IV, da Lei
8.666/1993 deve ser apropriadamente evidenciada.
Segunda Câmara
Dispensa de licitação para aquisição imóvel com base no art. 24, inc. X, da Lei 8.666/1993: é
necessária a realização de apenas uma avaliação prévia.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
critério de técnica e o critério preço, deve a instituição contratante fundamentar o fato, com base
em “estudo demonstrando que a grande disparidade verificada (a nota técnica tem peso
superior ao dobro da proposta de preços) é justificável”. Assim, ainda para a unidade técnica,
“a atribuição de fatores de ponderação distintos para os índices técnica e preço somente deve
ocorrer em situações ainda mais excepcionais, devidamente comprovadas, o que não ocorreu
nos presentes autos”. Destacou, ainda, disposição constante da Instrução Normativa 2/2008, da
SLTI/MPOG no mesmo sentido (§ 3º do art. 3º). Ao concordar com as análises, o relator
destacou que “o privilégio excessivo da técnica em detrimento do preço, sem haver
justificativas suficientes que demonstrem a sua necessidade, pode resultar em contratação a
preços desvantajosos para a Administração”. Todavia, apesar da reprovabilidade da conduta,
considerou o relator que houve a perda do objeto da representação, ante a alteração dos critérios
do edital do certame, bem como, posteriormente, em face da anulação de ofício do certame pela
Unifesp, conclusão acatada pelo relator e pelo Plenário. Precedentes citados: Acórdãos TCU nos
264/2006 e 55/2007, ambos do Plenário. Acórdão n.º 210/2011-Plenário, TC-017.157/2010-2,
rel. Min. Augusto Nardes, 02.02.2011.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
fornecida pela Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal baseou-
se em informações prestadas pela própria Fundação Dalmo Catuali Giacometti’ e em Carta de
Exclusividade emitida pela contratada, na qual afirmava que a instituição, e a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, seriam as únicas autorizadas a comercializar o
SPNVE e outros produtos junto aos órgãos públicos e entidades de direito privado. Ao examinar
o assunto, o relator, após a oitiva do responsável, destacou não restar demonstrado que a
contratada era, efetivamente, fornecedora exclusiva, pois, para ele, fora apresentada “apenas
uma carta de exclusividade, emitida pela Federação das Associações Comerciais e Industriais
do Distrito Federal, e elaborada a partir de uma declaração da própria Fundação contratada”.
Aduz, ainda, o relator que “a jurisprudência deste Tribunal tem se posicionado no sentido de
que o órgão licitante, quando do recebimento de atestados de exclusividade de fornecimento de
materiais ou serviços, deve adotar medidas cautelares visando assegurar a veracidade das
declarações prestadas pelos órgãos emitentes. Como não há relatos de tais medidas, a
declaração não se presta para atestar a exclusividade da empresa”. Assim, neste ponto, votou
pela rejeição das justificativas apresentadas, bem como pela aplicação de multa ao responsável,
o que foi acolhido pelo Plenário. Precedente citado: Decisão nº 047/1995, do Plenário. Acórdão
n.º 207/2011-Plenário, TC-007.254/2003-9, rel. Min. Augusto Nardes, 02.02.2011.
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rádio, jornal, relações públicas, pesquisa e opinião, dentre outros, para a Secretaria Especial de
Comunicação Social daquela Casa Legislativa. Dentre tais irregularidades, constou a fixação de
salário base dos prestadores de serviço. Ouvido, o Ministério Público junto ao TCU – (MPTCU)
registrou que “até bem pouco tempo a maioria dos precedentes do TCU reputava tal prática
como contrária ao art. 40, inciso X, da Lei nº 8.666/1993, uma vez que equivaleria à fixação de
preços mínimos”. No entanto, ainda para o MPTCU, o entendimento, conforme diversos
precedentes jurisprudenciais do TCU, foi relativizado, no sentido de ser possível a fixação de
remuneração mínima, mas em caráter excepcional. Em seu voto, considerando julgados
anteriores e o pronunciamento do MPTCU, o relator enfatizou ser necessário atentar para a
flexibilização das regras acerca da vedação do estabelecimento, no edital, de salário base dos
prestadores de serviço, “naquelas situações específicas em que o estabelecimento de piso
salarial visasse preservar a dignidade do trabalho e criar condições propícias à eficiente
realização do serviço, não implicando benefícios diretos à empresa contratada, mas sim aos
trabalhadores, muito menos criando obstáculos à competição ou determinando o preço final da
contratação (...) uma vez que tal tipo de procedimento passou a ser admitido como legítimo em
inúmeros julgados deste Tribunal”. Assim, votou, e o Plenário aprovou, pela improcedência da
representação. Precedentes citados: Acórdãos nos 256/2005-TCU, 290/2006, 1.327/2006,
332/2010, 1.584/2010, todos do Plenário. Acórdão n.º 189/2011-Plenário, TC-032.439/2008-0,
rel. Min. José Múcio, 02.02.2011.
Contratação de plano de saúde para servidores: 1 – Mesmo que não haja dispêndio efetivo
de recursos públicos, as contratações realizadas por entidades de natureza pública
submetem-se à fiscalização do TCU
Representação informou ao TCU a possível ocorrência de irregularidades no edital do
Chamamento Público 1/2010, promovido pelo Conselho Regional de Enfermagem do Estado do
Rio de Janeiro (Coren/RJ), cujo objeto consistiu no credenciamento de administradora,
mediante termo de parceria, que disponibilizasse plano privado de assistência à saúde coletivo
por adesão aos profissionais de enfermagem inscritos naquele conselho e seus dependentes. Em
preliminar suscitada, o Coren argumentou que a representação não deveria ser conhecida pelo
TCU, uma vez que não haverá dispêndio de recursos pelo Conselho, do que divergiu o relator,
pois, para ele, “embora previsto que o termo de parceria será custeado integralmente pelas
contribuições dos profissionais beneficiários do plano de saúde, sendo a contratação
promovida pelo Coren/RJ, entidade de natureza pública, deve haver o respeito aos princípios
constitucionais atinentes à espécie”, razão que justificaria a atuação do Tribunal. O Plenário
anuiu à conclusão do relator quanto à questão preliminar. Acórdão n.º 197/2011-Plenário, TC-
032.659/2010-5, rel. Min-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 2.02.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
à concorrência, a escolha da proposta mais vantajosa. Além disso, enfatizou que, “caso a
argumentação do Coren/RJ fosse acatada, uma primeira operadora contratada teria sempre a
renovação garantida, excluindo dos certames as administradoras que trabalhassem com outras
operadoras de saúde de mesmo nível de qualidade”. Votou, então, pela procedência da
representação, bem como por que se expedisse determinação ao Coren/RJ, para que excluísse o
item 3.1 do edital do Chamamento Público 1/2010, no que contou com a anuência do Plenário.
Acórdão n.º 197/2011-Plenário, TC-032.659/2010-5, rel. Min-Subst. Augusto Sherman
Cavalcanti, 2.02.2011.
PRIMEIRA CÂMARA
A dispensa de licitação com base na emergência mencionada no art. 24, inc. IV, da Lei
8.666/1993 deve ser apropriadamente evidenciada
Em sede processo de representação, o Tribunal apurou diversas supostas irregularidades em
contratação direta promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (TRT-14) de
empresa prestadora de fornecimento de passagens aéreas. Após a instrução da unidade técnica, o
relator entendeu remanescer irregularidade quanto à utilização do art. 24, IV, da Lei nº
8.666/1993, como fundamento da contratação, uma vez que esse dispositivo não poderia ser
invocado quando não demonstrada, de maneira concreta e efetiva, a necessidade de urgência de
atendimento, nem quando essa situação decorra da falta de planejamento, da desídia
administrativa ou da má gestão dos recursos públicos do próprio órgão contratante. Na espécie,
o TRT-14 entendeu que a situação emergencial que sustentaria a utilização do dispositivo legal
seria “a extrapolação do valor contratual, decorrente de deficiências no acompanhamento no
contrato e na falta de providências necessárias à realização de licitação”. Todavia, para o
relator, a alegação apresentada pelo TRT-14 da “necessidade de ‘deslocamento de magistrados,
servidores e seus dependentes’ e de ‘possibilitar a participação de servidores e magistrados em
cursos, treinamentos, simpósios e outros eventos’, não configura, salvo robusta fundamentação
e evidenciação de fatos em contrário (inexistente nos autos), situação que possa subsumir-se na
hipótese do art. 24, IV, da Lei nº 8.666/1993”, sendo, portanto, irregular a contratação direta
realizada com este fundamento, pelo que propôs a procedência da representação. Todavia,
considerando o relator não ter se vislumbrado, nos autos, que a conduta equivocada tenha sido
movida pela intenção de beneficiar determinada empresa ou que dela tenha resultado prejuízo
aos cofres públicos, deixou de propor sanções aos responsáveis envolvidos, sem prejuízo de que
fossem expedidas determinações corretivas para futuras contratações a serem realizadas pelo
TRT-14 e que venham a ser fundamentadas em situação emergencial. Em face do voto do
relator, a 1ª Câmara manifestação sua concordância. Precedentes citados: Decisão TCU nº
347/1994, do Plenário, e Acórdãos TCU nos 3132/2005 e 1710/2006, ambos da Primeira
Câmara. Acórdão n.º 504/2011-1ª Câmara, TC-033.844/2010-0, rel. Min-Subst. Weder de
Oliveira, 01.02.2011.
SEGUNDA CÂMARA
Dispensa de licitação para aquisição imóvel com base no art. 24, inc. X, da Lei 8.666/1993:
é necessária a realização de apenas uma avaliação prévia
Representação ao TCU trouxe notícias a respeito de prováveis irregularidades na gestão do
Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio Grande do Sul - (CRF/RS). Dentre elas,
estaria a não realização de três avaliações de imóvel a ser adquirido pelo CRF/RS, tendo por
fundamento o art. 24, inc. X, da Lei 8.666/1993, conforme, inclusive, houvera sido orientado
mediante parecer da área jurídica do Conselho Federal de Farmácia. Todavia, para o relator, não
se configurou irregularidade, uma vez que “o art. 24, inciso X, da Lei 8.666/93 prevê a
realização de somente uma avaliação prévia do imóvel, o que foi cumprido”. Assim, no ponto,
votou pela improcedência da representação, no que foi acompanhado pelos demais membros do
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Serviços de conservação de rodovias são de natureza contínua, e, no caso de prorrogação do
contrato, deve-se manter os mesmos itens e preços unitários contidos no orçamento do contrato
original.
Bens e serviços de tecnologia da informação podem, em regra, ser considerados comuns e
licitados por intermédio de pregão.
Deve ser aferido o faturamento do ano anterior para que a empresa seja beneficiada com o
tratamento diferenciado dado às microempresas e empresas de pequeno porte, em razão da Lei
Complementar 123/2006 (Estatuto das Micros e Pequenas Empresas).
Fornecimento de vales-alimentação: a exigência quanto à apresentação da rede credenciada de
estabelecimentos por parte das empresas deve ocorrer na fase de contratação e não na de
habilitação do certame.
Contratação de obras públicas:
1– É necessário que os itens do orçamento de referência da contratação sejam
detalhados adequadamente, sendo irrelevante se a contratação ocorrerá por preço global ou
unitário;
2 – Eventos futuros e incertos ensejam, quando ocorrentes, o reequilíbrio econômico-
financeiro de um contrato, não podendo ser cobertos por dotações genéricas.
Primeira Câmara
O pagamento de valores a título de “taxa de administração” em contratações públicas
intermediadas por outras instituições só se legitima quando demonstrada a inviabilidade da
atuação direta do próprio órgão público.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Deve ser aferido o faturamento do ano anterior para que a empresa seja beneficiada com o
tratamento diferenciado dado às microempresas e empresas de pequeno porte, em razão
da Lei Complementar 123/2006 (Estatuto das Micros e Pequenas Empresas)
Representação informou ao Tribunal a ocorrência de prováveis irregularidades praticadas pela
empresa Star Segur Engenharia Ltda. – ME, que a impediriam, em tese, de ser declarada a
vencedora do Pregão Eletrônico nº 13/2009, realizado pela Coordenação-Geral de Licitações e
Contratos do Instituto Nacional do Seguro Social - (CGLC/INSS), para a contratação de
308
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
309
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
abrangência esperada, por certo gerará um sério prejuízo ao empregado das entidades, que
justamente recebe o benefício do vale refeição para custear a sua alimentação,
independentemente de estar trabalhando dentro ou fora de suas sedes”, argumento que,
inclusive, contou com o reconhecimento do relator, o qual, todavia, divergiu quanto ao
momento em que a comprovação da capacidade por parte da empresa interessada deveria ser
realizada. Segundo ele, não seria razoável “a exigência de que todas as empresas interessadas
em contratar com a Administração sejam obrigadas, ainda na fase de habilitação do pregão, de
manter estabelecimentos comerciais credenciados em todas as capitais dos estados brasileiros
e em todos os municípios com mais de cem mil habitantes”, em linha com a jurisprudência do
Tribunal. Ainda para o relator, a exigência de habilitação constante do processo licitatório,
“levada a extremos, poderia inclusive estimular a formação de cartel, pois só poderiam
participar de licitações as poucas grandes empresas desse seguimento comercial, o que, de
certa forma teria se confirmado, uma vez que somente três empresas apresentaram propostas
neste pregão”. Ressaltou, mais uma vez com amparo na jurisprudência do Tribunal, que “a
exigência da apresentação da rede credenciada deveria ocorrer na fase de contratação, sendo
permitido um prazo razoável para que a vencedora do certame credenciasse os
estabelecimentos comerciais fornecedores de refeição”. Propôs, então, que fosse negado
provimento ao agravo, no que obteve a aprovação do Plenário. Acórdão n.º 307/2011-Plenário,
TC-032.818/2010-6, rel. Min-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 09.02.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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PRIMEIRA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
O critério de aceitabilidade de preços adotado pela Administração Pública em uma licitação não
deve permitir que sejam admitidos preços distanciados da realidade do mercado.
Pregão para registro de preços:
1 – A exigência de certificado de boas práticas de fabricação não se coaduna com os
requisitos de habilitação previstos na Lei 8.666/1993;
2 – No caso de produtos a serem entregues em diversas unidades da federação, a
instituição pública contratante deve divulgar como foram estimadas, por localidade, as
quantidades a serem adquiridas, ou pelo menos o percentual da demanda, por unidade
federativa;
3 – No caso do pregão, a divulgação do valor orçado e, se for o caso, do preço máximo,
caso este tenha sido fixado, é meramente facultativa;
4 – Preço máximo não se confunde com valor orçado ou de referência.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
eis que “não há razão para admissão de preços em substancial desacordo com estimativas que,
em princípio, deveriam refletir os valores de mercado”. Por consequência, para o relator, a
medida teria permitido a ocorrência de sobrepreço. Além disso, “não teve seu fundamento
estatístico, matemático ou econômico demonstrado, o que impede que seja considerada critério
adequado de aceitabilidade de preços”, e, por fim, estaria “em desacordo com orientação desta
Corte, no sentido de que seja evitada a fixação de critérios de aceitabilidade que permitam a
proposição de preços excessivamente distanciados dos de mercado”. Por conseguinte, o relator,
no ponto, rejeitou os argumentos apresentados pelos responsáveis, e votou pela procedência da
representação, bem como por que fosse determinado ao Sesc/ES que “evite incluir nos
instrumentos convocatórios cláusula que permita apresentação de proposta de preços com
valor superior ao estimado pela Administração para o objeto licitado”, no que contou com a
anuência do Plenário. Precedentes citados: Acórdãos 1564/2003, 1523/2005 e 144/2009, todos
do Plenário. Acórdão n.º 378/2011-Plenário, TC-000.320/2011-0, rel. Min. Aroldo Cedraz,
16.02.2011.
313
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Pregão para registro de preços: 4 – Preço máximo não se confunde com valor orçado ou
de referência
Ainda em relação à representação na qual o Tribunal tomou conhecimento de potenciais
irregularidades no Pregão nº 208/2010, realizado pelo Ministério da Saúde - MS, esclareceu o
314
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
É necessário que o valor dos salários pagos aos profissionais contratados por empresas para
prestação de serviços à Administração corresponda ao do orçamento constante nas propostas
comerciais formuladas na licitação
A contratação de serviços advocatícios terceirizados não deve se referir a atividades rotineiras
do órgão, salvo eventual demanda excessiva
Aditivos contratuais superiores aos limites estabelecidos na Lei 8.666/1993: em caráter
excepcional, podem ser considerados válidos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A contratação de serviços de manutenção predial não deve, de modo geral, abarcar serviços de
operação, ressalvando-se situações específicas, a serem ponderadas à luz da economicidade e da
adequabilidade da contratação conjunta
Não se pode exigir o Certificado Brasileiro de Qualidade e Produtividade de Habitat – PBQPH
como requisito de habilitação em processo licitatório
PLENÁRIO
É necessário que o valor dos salários pagos aos profissionais contratados por empresas
para prestação de serviços à Administração corresponda ao do orçamento constante nas
propostas comerciais formuladas na licitação
Auditoria realizada na Secretaria de Infraestrutura Hídrica (SIH) do Ministério da Integração
Nacional (MI) teve por objetivo avaliar a conformidade na aplicação dos recursos destinados ao
Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste
Setentrional. Para tanto, foram enfocados contratos eminentemente baseados em utilização de
mão-de-obra, resultantes do edital 01/2005 (supervisão das obras). Foram escolhidos os dois
primeiros contratos do eixo norte (lote 1 - contrato 34/2007 e lote 2 - contrato 41/2007-MI) e os
dois primeiros contratos do eixo leste (lote 9 - contrato 36/2007 e lote 10 - contrato 46/2007),
em função de tais ajustes apresentarem estado mais adiantado de execução. Após os trabalhos
de campo, foi promovida a oitiva do MI, bem como das empresas Sondotécnica Engenharia de
Solos S/A, em razão de ser a contratada para prestar serviços de supervisão de obras referentes
aos Contratos nºs 34/2007-MI e 36/2007-MI, e Enger Engenharia, responsável pelo Contrato nº
41/2007-MI, para que se manifestassem “acerca do pagamento de salários significativamente
inferiores aos valores constantes de sua proposta comercial”. Segundo o relator, o ponto
principal do processo seria a diferença, a menor, entre os salários efetivamente pagos pelas
empresas Sondotécnica e Enger aos seus funcionários e os valores correspondentes constantes
de seus orçamentos, que fizeram parte das propostas oferecidas em razão da licitação para
contratação de supervisão de obras. Para ele, seria descabido o entendimento das mencionadas
empresas e do MI de que os orçamentos seriam peças meramente estimativas, não vinculariam o
contrato futuro e de que não existiria motivo para a restituição ou glosa das diferenças. Ainda
conforme o relator, não haveria razão para que uma empresa, participante de licitação,
especificando os salários que seriam pagos aos seus profissionais em virtude do contrato de
supervisão de obra, pudesse, ao seu alvitre, “quando da execução do contrato, remunerar esses
profissionais em patamares inferiores, apesar de receber do órgão contratante - Ministério da
Integração Nacional/MI -, exatamente aqueles valores que foram os balizadores da sua
proposta, conforme ficou comprovado a partir da comparação entre as remunerações de
profissionais oriundas dos boletins de medição e as constantes da planilha GFIP da empresa
fornecida pelo Ministério da Previdência Social”. Diante disso, votou por que fossem glosados
todos os valores pagos a maior às contratadas envolvidas no processo. O Plenário aprovou a
medida. Acórdão n.º 446/2011-Plenário, TC-010.327/2009-8, rel. Min. Ubiratan Aguiar,
23.02.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
ainda o relator, que “a contratação de outro laboratório que não o LFB resultaria em
retrabalho para a Hemobrás, eis que seus técnicos, após a construção da fábrica, teriam de se
adaptar a rotinas e fluxogramas distintos daqueles adotados até então, haja vista se
diferenciarem, de laboratório para laboratório, muitos dos procedimentos afetos ao processo
de fracionamento de plasma, inclusive com relação à coleta e ao controle de qualidade”.
Assim, diante das peculiaridades do caso, votou o relator pelo não apenamento do signatário do
termo aditivo 01/2010 do contrato 22/2007, o qual, em caráter excepcional, deveria ser
considerado válido. Nos termos do voto, o Plenário manifestou sua anuência. Acórdão n.º
448/2011-Plenário, TC-011.298/2010-3, rel. Min. Aroldo Cedraz, 23.02.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – Novacap, teve como objetivo analisar a aplicação de
recursos federais nas obras de construção de 429 unidades habitacionais unifamiliares em
Brasília/DF, vinculadas ao Contrato de Repasse n. 227.245-44/2007, firmado entre a União e o
Governo do Distrito Federal, com a finalidade de transferência de recursos financeiros para a
urbanização da Vila Dnocs, em Sobradinho/DF. Dentre as potenciais irregularidades apontadas
pela equipe de auditoria, constou a exigência de “Certificado do Nível A emitido pelo Governo
do DF – Edificações” (com certificação de qualidade PBQP-H) no edital da Concorrência
60/2008, realizada pela Novacap. A esse respeito, os responsáveis pela irregularidade invocaram
o artigo 9º do Decreto Distrital n. 21.681/2000, segundo o qual “as administrações direta e
indireta do Distrito Federal, que assinarem o Termo de Adesão, inserirão em suas licitações de
obras, projetos e serviços de engenharia exigências relativas à demonstração da qualidade de
produtos e serviços, conforme os critérios nacionais do PBQP-H”. Todavia, o relator entendeu
não haver respaldo legal para tanto, pois, apesar da existência do normativo distrital informado,
“não se pode olvidar que a Constituição Federal atribuiu à União a competência privativa para
legislar sobre normas gerais de licitação e contratação e, nesse sentido, não pode uma norma
distrital estabelecer condições conflitantes com a Lei Federal”. Nesse quadro, enfatizou ser
firme a jurisprudência do TCU “quanto à ilegalidade da exigência de apresentação de
certificação de qualidade como requisito de habilitação em procedimentos licitatórios,
aceitando apenas a possibilidade da sua previsão no edital como critério de pontuação
técnica”. Por conseguinte, propôs, e o Plenário anuiu, que fosse expedida determinação ao
Governo do Distrito Federal para que, em licitações futuras, não inclua exigência de
apresentação de Certificado Brasileiro de Qualidade e Produtividade de Habitat – PBQPH como
critério de habilitação, sob pena de aplicação da multa. Precedente citado: Acórdão nº
1.107/2006 – Plenário. Acórdão nº 492/2011-Plenário, TC-000.282/2010-3, rel. Min-Subst.
Marcos Bemquerer Costa, 23.02.2011.
SUMÁRIO
Plenário
O regime de empreitada por preço global é compatível com a realização de medições mensais,
para o pagamento de serviços executados.
Licitações do tipo técnica e preço: atribuição de pontuação distinta para técnica e preço
demanda justificativa.
Licitações de obras públicas: devem ser desclassificadas as propostas de licitantes que não
contenham a composição de todos os custos unitários dos itens.
Licitação para aquisição de cartuchos e toners originais do fabricante: é adequado o uso da
expressão “de qualidade equivalente”.
319
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
O regime de empreitada por preço global é compatível com a realização de medições
mensais, para o pagamento de serviços executados
O TCU, mediante representação, examinou possíveis irregularidades na Concorrência nº
172/2010, levada à efeito pelo Serviço Social da Indústria – Departamento Regional no Espírito
Santo – (Sesi/DR-ES) e destinada à contratação de empresa para construção do Centro
Integrado do Sesi/Senai na cidade de Anchieta/ES. Dentre tais irregularidades, constou a
previsão da realização de medições mensais dos serviços executados, o que seria,
aparentemente, incompatível com o regime de empreitada por preço global, implicitamente
adotado no certame, para o qual as medições deveriam ser efetuadas por eventos, no entender da
unidade instrutiva. Para o relator, todavia, não haveria incompatibilidade entre tal regime e a
feitura de medições, conforme jurisprudência do próprio TCU. Segundo ele, “as medições – que
podem até ser mensais – são necessárias para verificar o andamento das etapas previstas da
obra ou do serviço e evitar que haja pagamentos antecipados ou indevidos”. No caso concreto,
em que sequer teria havido a elaboração de cronograma das obras, teria sido necessário “definir,
prévia e objetivamente, as etapas previstas para execução da obra, mediante a apresentação de
memorial descritivo ou cronograma físico-financeiro detalhado”, o que, de fato, não ocorrera.
Contudo, apesar de considerar regular o uso de medições combinado com o regime de
empreitada por preço global, em razão de diversas outras irregularidades, entendeu ser a
providência mais adequada determinar ao Sesi/DR-ES a adoção das providências com vistas à
anulação da Concorrência nº 172/2010, apresentando voto nesse sentido, no que contou com a
anuência do Plenário. Precedentes citados: Acórdãos nos 1998/2008 e 81/2010 e Decisão
535/2000, todos do Plenário. Acórdão n.º 534/2011-Plenário, TC-032.619/2010-3, rel. Min.
Ubiratan Aguiar, 02.03.2011.
Licitações do tipo técnica e preço: atribuição de pontuação distinta para técnica e preço
demanda justificativa
Para o exame de representação por meio da qual teve notícias de possíveis irregularidades na
Concorrência 1/2010, promovida pela Secretaria Executiva do Ministério do Esporte, e que teve
por objeto a contratação de empresa especializada na prestação de serviços de consultoria,
planejamento estratégico e prestação de serviços de assessoria de imprensa e relações públicas
para promover o Ministério do Esporte, seus programas e suas ações, no Brasil e no exterior, o
TCU promoveu diligência para esclarecer, dentre outros fatos, as razões para atribuição de peso
6 para a proposta técnica e peso 4 à proposta de preço, em desconformidade com o item 9.3.6 do
Acórdão 1488, de 2009, do Plenário do Tribunal. Naquela oportunidade, o colegiado entendeu
elevados os pesos 7, para técnica, e 3, para preço. Para o Ministério, a atribuição dos pesos na
Concorrência 1/2010 estaria de acordo com o decisum de 2009, do que divergiu o relator. Para
ele, na espécie, “a redução da diferença entre os pesos, embora signifique avanço em relação
ao edital anterior, não atende integralmente a determinação do Acórdão 1.488/2009 –
Plenário”. Ainda segundo o relator, seria essencial, e não constou do edital da Concorrência
1/2010, a apresentação de justificativas técnicas que demonstrem a razoabilidade da
ponderação, uma vez que “a adoção de critério desproporcional poderia acarretar prejuízo à
competitividade do certame e à obtenção da proposta mais vantajosa pela Administração”.
Nesse sentido, estaria configurado o descumprimento parcial da determinação anterior do
Tribunal. Entendeu, todavia, ser suficiente, no ponto, a expedição de alerta ao Ministério do
Esporte, de modo a evitar irregularidade semelhante em suas futuras licitações, votando nesse
sentido, no que foi acompanhado pelo Plenário. Acórdão nº 546/2011-Plenário, TC-
033.677/2010-7, rel. Min-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 02.03.2011.
Licitações de obras públicas: devem ser desclassificadas as propostas de licitantes que não
contenham a composição de todos os custos unitários dos itens
Levantamento de auditoria realizado pelo TCU na superintendência regional do Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes – (DNIT) nos estados de Rondônia e Acre acerca das
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
321
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Licitações de obras públicas: no caso de alteração do projeto originário, há que se demonstrar,
motivadamente, que a nova solução é de fato superior, sendo que, quando se verifique
desfiguração significativa do projeto inicial, a realização de nova licitação é imprescindível.
Após a manifestação, imediata e motivada, do licitante da intenção de recorrer em um pregão, a
apreciação inicial dos argumentos apresentados é de incumbência do Pregoeiro, o qual pode
negar seguimento ao expediente, por falta do atendimento dos requisitos estabelecidos na
normatividade.
É inviável o uso do pregão para contratação de serviços nos quais predomine a intelectualidade,
assim considerados aqueles que podem apresentar diferentes metodologias, tecnologias e níveis
de desempenho e qualidade, sendo necessário avaliar as vantagens e desvantagens de cada
solução.
Licitações e contratações públicas:
1 – Apesar de não existir na Lei 8.666/1993, expressamente, dispositivo que proíba a
participação em certame licitatório de parentes da autoridade responsável pela homologação do
procedimento, tal vedação pode ser extraída da interpretação axiológica do estatuto das
licitações públicas;
2 – Na apuração de irregularidades em processo licitatório deve ser aferida a
participação dos agentes públicos envolvidos, de modo a se promover a adequada
responsabilização pelos fatos danosos.
Na contratação da prestação de serviços, no caso de não adoção, em caráter excepcional, da
remuneração por resultados ou produtos, deve ser promovido o adequado detalhamento do grau
de qualidade exigido e estimativa prévia da quantidade de horas, justificando quando não for
possível ou necessário tal procedimento.
PLENÁRIO
Licitações de obras públicas: no caso de alteração do projeto originário, há que se
demonstrar, motivadamente, que a nova solução é de fato superior, sendo que, quando se
verifique desfiguração significativa do projeto inicial, a realização de nova licitação é
imprescindível
Ao apreciar embargos de declaração opostos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes – (DNIT) em face de determinação veiculada pelo Acórdão 749/2010-Plenário, no
sentido de que, nas alterações contratuais relativas às obras à cargo daquela autarquia, o limite
de 25% previsto no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993 aplica-se separadamente às supressões e
acréscimos de quantitativos à planilha, a cada alteração contratual devidamente justificada, o
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
desse modo, que o exame da admissibilidade do recurso foi atribuído ao pregoeiro, ao passo que
o exame de mérito – no caso de não haver juízo de retratação por parte do pregoeiro – constitui
atribuição da autoridade superior, conforme previsto noutro dispositivo do Decreto n.º
5.450/2005 (art. 8º, inc. IV). Assim, para o relator, a finalidade da norma, ao autorizar o
pregoeiro a examinar previamente a admissibilidade do recurso, seria “afastar do certame
aquelas manifestações de licitantes de caráter meramente protelatório, seja por ausência do
interesse de agir, demonstrada pela falta da necessidade e da utilidade da via recursal, seja por
não atender aos requisitos extrínsecos, como o da tempestividade”. O papel do pregoeiro, em
consequência, não seria o de examinar o mérito recursal, pois tal mister competiria à autoridade
superior, mas sim o de verificar se os motivos consignados na intenção de recorrer possuem, em
tese, um mínimo de plausibilidade para seu seguimento. Esta seria a melhor exegese da
expressão ‘motivadamente’, contido no art. 4º, XVIII, da Lei n.º 10.520/2002, porquanto, ainda
conforme o relator, “são inúmeros os casos em que o próprio pregoeiro tem plenas condições
de negar seguimento ao recurso mediante simples exame dos fundamentos apresentados”.
Quanto à atuação do interessado, não seria necessário, em sua manifestação do intuito de
recorrer, esgotar os fundamentos de sua irresignação, mesmo porque os prazos concedidos pela
normatividade são exíguos para esse fim, mas deveria ele, dentro do possível, “apresentar
motivação que demonstre o mínimo da plausibilidade de seus argumentos, de sorte a justificar
o seguimento do recurso”. Na espécie, como a recorrente manifestara-se, no momento de
apresentar a intenção de recorrer, apenas afirmando que “a licitante declarada vencedora
possivelmente não cumpriu com as exigências do edital” não evidenciara intenção motivada de
recorrer em desfavor da empresa vencedora do certame, razão pela qual, no ponto, considerou
acertada a decisão do pregoeiro em não dar andamento ao recurso, apresentando voto nesse
diapasão, no que contou com a acolhida do Plenário. Acórdão n.º 600/2011-Plenário, TC-
033.647/2010-0, rel. Min. José Jorge, 16.03.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
profissional for similar ao projeto desenvolvido por outra empresa, dotada com as mesmas
informações da primeira, esse objeto, no caso ‘estudos e projetos’ podem ser caracterizados
como ‘comuns’. Caso contrário, se a similaridade dos produtos a serem entregues não puder
ser assegurada, o objeto é incomum”. Na espécie, comparando os parâmetros essenciais à
caracterização dos “serviços comuns” com as peculiaridades do objeto licitado no âmbito da
CDP, concluiu o relator que os serviços pretendidos pela entidade não deveriam ter sido
licitados por pregão, pois o objeto do certame comportaria variações de execução relevantes,
que o tornaria incompatível com a definição legal de bens e serviços comuns estabelecidos pela
lei, que condiciona o uso do pregão. Assim, ainda para o relator, “não basta que o objeto possa
ser objetivamente definido pelo edital para a sua caracterização como comum. As
especificações dos métodos aplicáveis usualmente no mercado e suficientes para garantirem o
adequado padrão de qualidade e de desempenho devem constar, de forma detalhada, do
instrumento convocatório”, o que não teria observado no edital do Pregão Eletrônico CDP nº
78/2010. Ademais, consignou o relator ser possível a existência de soluções distintas para o
objeto licitado, tal como no caso concreto, a depender da capacidade técnica da empresa
contratada, “mas a diferença entre as soluções que possam ser produzidas não deverá ser
significativa para a Administração, ou, mais precisamente, a consequência advinda da
diferença técnica entre as soluções não poderá ser relevante para o ente contratante, de forma
a propiciar-lhe vantagens ou desvantagens acentuadas, ganhos ou perdas consideráveis. Se
este, no entanto, for o cenário, a técnica a ser empregada na prestação dos serviços passará a
ter papel de destaque na busca da proposta mais vantajosa para a Administração, merecendo,
pois, a devida pontuação no certame licitatório”. Nesse quadro, por considerar inapropriado o
uso do pregão para a contratação dos serviços em questão, votou por que determinasse à CDP a
adoção de providências com vistas à anulação da licitação, o que foi acolhido pelo Plenário.
Precedentes citados: Acórdãos nos 2079/2007, 2471/2008 e 1039/2010, todos do Plenário.
Acórdão n.º 601/2011-Plenário, TC-033.958/2010-6, rel. Min. José Jorge, 16.03.2011.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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SUMÁRIO
Plenário
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Para efeito de observância dos limites de alterações contratuais previstos no art. 65 da Lei nº
8.666/93, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados
sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos, individualmente e
sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limites de alteração estabelecidos no
dispositivo legal.
Contratação de obra pública:
1 - Os itens administração local, instalação de canteiro e acampamento e mobilização e
desmobilização de obra não devem compor o BDI, mas sim constar da planilha orçamentária de
forma destacada.
2 - O fornecimento pela empresa contratada de materiais ordinariamente utilizados na
confecção de obras, como ‘Tubo de PVC rígido para esgoto predial de 100 mm’, não demanda a
realização de procedimento licitatório autônomo para aquisição desse material, nem a incidência
sobre seu respectivo valor de percentual de BDI inferior ao do contrato da obra.
A permuta de terreno pertencente à entidade da Administração Pública por unidades
imobiliárias a serem nele construídas futuramente não se insere na hipótese de dispensa de
licitação prevista na alínea c do inciso I do art. 17 da Lei n. 8.666/1993, devendo ser, portanto,
precedida de procedimento licitatório na modalidade concorrência.
PLENÁRIO
Para efeito de observância dos limites de alterações contratuais previstos no art. 65 da Lei
nº 8.666/93, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre
calculados sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos,
individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limites de alteração
estabelecidos no dispositivo legal
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, por meio de pedido de
reexame interposto nos autos de processo de monitoramento, pediu a reforma de determinação
contida no subitem 9.2 do Acórdão nº 749/2010, parcialmente alterado pelo Acórdão nº
591/2011-TCU – Plenário. Tal deliberação impôs ao DNIT que: “ ... para efeito de observância
dos limites de alterações contratuais previstos no art. 65 da Lei nº 8.666/1993, passe a
considerar as reduções ou supressões de quantitativos de forma isolada, ou seja, o conjunto de
reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados sobre o valor original do
contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos, individualmente e sem nenhum tipo de
compensação entre eles, os limites de alteração estabelecidos no dispositivo legal". Além de
contestar a interpretação conferida pelo Tribunal ao citado comando normativo, ponderou que a
implementação da referida deliberação levaria a rescisões prematuras e indesejáveis de vários
contratos administrativos que estão em execução. O Relator do recurso, Min. Walton Alencar
Rodrigues, em seu Voto, consignou que “não assiste razão ao apelante quando defende que os
acréscimos e supressões devam ser considerados de forma conjunta e consolidada, a extrair-
lhes apenas o resultado financeiro final de aditivos para observar se houve, efetivamente, a
extrapolação dos limites de alteração fixados no art. 65, § 1º, da Lei nº 8.666/1993”.
Argumentou que tal interpretação seria contrária à finalidade da norma, “porquanto significaria
coonestar com aparência de legalidade verdadeiras alterações de objeto do contrato, pois a
nova conformação do ajuste não fora submetida ao crivo do certame licitatório, frustrando,
assim, a oportunidade de potenciais interessados ofertarem propostas de prestação de serviço
almejado, com que a Administração Pública, certamente, lograria obter condições mais
vantajosas”. Ressaltou, ainda, que “não satisfeitas cumulativamente as condições estabelecidas
pela Decisão nº 215/1999-Plenário para justificar as alterações excepcionais que extrapolem
os limites legais, há de ser observada a regra estabelecida no art. 65, § 1º, do Diploma Legal
de Licitações e Contratos, na exata dicção da deliberação vergastada”. Anotou também que
esse tem sido o entendimento “majoritário do Tribunal, já consubstanciado no Acórdão
1.733/2009 – TCU – Plenário”. A despeito disso, levou em conta o fato de que a implementação
da deliberação recorrida implicaria, possivelmente, “a imediata paralisação de cerca de 100
330
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
então, endossou a solução propugnada pelo relator. Acórdão n.º 2842/2011-Plenário, TC-
028.235/2010-0, rel. Min. José Jorge, 25.10.2011.
332
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
É admissível cláusula de edital de licitação com a exigência de que suprimentos e/ou peças de
reposição de equipamentos de informática a serem adquiridos sejam da mesma marca dos
equipamentos originais, quando estes se encontram no período de garantia e o termo desta
última estabelece a não cobertura de defeitos em razão do uso de suprimentos e peças de outras
marcas.
Como regra, as minutas dos contratos a serem firmados por instituição pública devem passar
pelo exame da área jurídica. Todavia, em caráter excepcional, é possível a utilização de minuta-
333
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
padrão, previamente aprovada pela assessoria jurídica, quando houver identidade de objeto e
não restarem dúvidas acerca da possibilidade de adequação das cláusulas exigidas no contrato
pretendido às cláusulas previamente estabelecidas.
O fiscal do contrato não pode ser responsabilizado, caso não possua condições apropriadas para
o desempenho de suas atribuições.
Valores correspondentes a serviços de mobilização/desmobilização devem constar da planilha
de custos diretos.
PLENÁRIO
É admissível cláusula de edital de licitação com a exigência de que suprimentos e/ou peças
de reposição de equipamentos de informática a serem adquiridos sejam da mesma marca
dos equipamentos originais, quando estes se encontram no período de garantia e o termo
desta última estabelece a não cobertura de defeitos em razão do uso de suprimentos e
peças de outras marcas
“Admite-se como legal cláusula editalícia que exija que suprimentos e/ou peças de reposição de
equipamentos de informática sejam da mesma marca dos equipamentos originais, quando esses
se encontrarem no prazo de garantia e os termos da garantia expressamente consignarem que
ela não cobrirá defeitos ocasionados pela utilização de suprimentos e/ou peças de outras
marcas”. Com base neste entendimento, o TCU negou provimento à representação intentada em
desfavor do Pregão nº 29/2010, promovido pela Advocacia Geral da União – Unidade Regional
de Atendimento em Pernambuco - (URA/PE), cujo objeto consistiu no registro de preços para
eventuais aquisições de suprimentos de informática, com o fim de atender às necessidades da
URA/PE e demais unidades administrativas participantes do certame. O item 01 da licitação,
destinado à aquisição de cartuchos de toner para impressoras da marca Samsung, levou ao
inconformismo da representante, em virtude do fato de terem sido exigidos cartuchos originais e
genuínos da mesma marca da impressora, em razão de condição para a manutenção da garantia
dos equipamentos. Para a representante, tal cláusula seria restritiva à competitividade e feriria o
estatuto das licitações. Ao examinar o argumento, o relator, inicialmente, enfatizou que a
jurisprudência do Tribunal é firme em condenar a especificação de marca para a aquisição de
toner para impressoras, admitindo-se apenas “a exigência de cartuchos originais, assim
considerados aqueles produzidos ou pelo fabricante da impressora ou por outro fabricante de
cartuchos de impressão, assegurada a qualidade do produto pelo próprio fabricante”. Todavia,
na espécie, caberia, para o relator, invocar o art. 15, I, da Lei n° 8.666/93, que estatui que as
compras, sempre que possível, deveriam “atender ao princípio da padronização, que imponha
compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as
condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas”. Destacou o relator que, ao
tempo do Pregão nº 29/2010, as impressoras da URA/PE ainda estavam sob garantia, sendo que
o termo desta previa o cancelamento na hipótese de defeitos e danos causados pelo uso de
software, hardware, peças, acessórios, consumíveis, cartucho/cilindro não compatíveis com as
especificações da impressora Samsung e/ou reprocessados e/ou fornecidos por fabricantes não
reconhecidos pela Samsung. Assim, para que a garantia fosse mantida, não bastaria a utilização
de cartuchos similares, fazendo-se necessário que fossem fornecidos por fabricantes
reconhecidos pela Samsung, a qual, entretanto, não reconheceu ou certificou, no Brasil, empresa
para a produção de cartuchos de toner. Nesse quadro, ainda segundo o relator, somente a
utilização de cartuchos fornecidos pela Samsung seria capaz de assegurar a manutenção da
garantia das impressoras, não havendo, destarte, irregularidade na exigência editalícia. Contudo,
o relator entendeu pertinente a expedição de alerta à URA/PE para que, em futuros processos
licitatórios que tratem de necessidades e circunstâncias semelhantes às do Pregão Eletrônico n°
29/2010, atente para a correta redação da exigência a ser aposta no edital, mencionando
“cartuchos originais ou certificados pelo fabricante” em vez de “cartuchos da mesma marca da
impressora”. O Plenário, nos termos do voto do Relator, manifestou sua anuência. Precedentes
citados: Acórdãos nos 3129/2009 e 2154/2008, da 1ª Câmara, 1354/2007 e 3233/2007, da 2ª
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Como regra, as minutas dos contratos a serem firmados por instituição pública devem
passar pelo exame da área jurídica. Todavia, em caráter excepcional, é possível a
utilização de minuta-padrão, previamente aprovada pela assessoria jurídica, quando
houver identidade de objeto e não restarem dúvidas acerca da possibilidade de adequação
das cláusulas exigidas no contrato pretendido às cláusulas previamente estabelecidas
Em auditoria nas obras realizadas pela Petrobras referentes ao desenvolvimento dos sistemas de
produção de óleo e gás natural da Bacia de Campos, na Região Sudeste, após a oitiva dos
responsáveis acerca de potenciais irregularidades aferidas, a unidade instrutiva houve por bem
sugerir ao relator que o TCU expedisse alerta à estatal quanto à necessidade do prévio exame e
aprovação de todas as minutas de contratos administrativos, ajustes e congêneres, bem como de
editais licitatórios, por parte de sua unidade jurídica própria, ante a existência de disciplina legal
afeta ao tema (art. 38, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93). O relator, todavia, manifestou
divergência quanto à proposição. Para ele, por conta de decisão recente, o TCU, ao apreciar
pedido de reexame interposto pela própria Petrobras, reformulou posição anterior e determinou
à empresa que submetesse à apreciação de sua assessoria jurídica as minutas de todos os
contratos a serem celebrados, mas, em caráter excepcional, autorizou-a a utilizar minuta-padrão,
previamente aprovada pela assessoria jurídica, quando houver identidade de objeto - e este
representar contratação corriqueira - e quando, ainda, não restarem dúvidas acerca da
possibilidade de adequação das cláusulas exigidas no contrato pretendido às cláusulas
previamente estabelecidas na minuta-padrão. Por conseguinte, no ponto, com a acolhida do
Plenário, deixou de encampar a proposta da unidade técnica. Precedente citado: Acórdão
3014/2010, do Plenário. Acórdão n.º 873/2011-Plenário, TC-007.483/2009-0, rel. Min.
Ubiratan Aguiar, 06.04.2011.
O fiscal do contrato não pode ser responsabilizado, caso não possua condições apropriadas
para o desempenho de suas atribuições
“Demonstrado nos autos que a responsável pela fiscalização do contrato tinha condições
precárias para realizar seu trabalho, elide-se sua responsabilidade”. Foi a essa uma das
conclusões a que chegou o TCU ao apreciar recursos de reconsideração em sede, de
originariamente, tomada de contas especial, na qual foram julgadas irregulares as contas de
diversos responsáveis, relativas à execução do Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador
(Planfor), no Distrito Federal, no exercício de 1999. No caso, diversas contratações foram
efetivadas, e, dentre elas, uma celebrada com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores em
Sistemas de TV por Assinatura e Serviços Especiais de Telecomunicações (Sincab), na qual se
constataram diversas irregularidades graves, algumas delas imputadas à executora técnica do
contrato, a quem incumbiria, segundo as normas de execução financeira e orçamentária do DF,
supervisionar, fiscalizar e acompanhar a execução da avença, o que não teria sido feito,
conforme as apurações iniciais levadas à efeito pelo TCU. Ao examinar a matéria, a unidade
instrutiva consignou que o DF não houvera proporcionado à servidora responsável pela
fiscalização da avença “condições adequadas para o desempenho de tal função, ao mesmo
tempo em que sabia que eventual inexecução do contrato seria de responsabilidade desse
executor técnico”. Ademais, ainda para a unidade técnica, os elementos constantes do processo
indicariam não serem exequíveis as funções de executor técnico da forma determinada, tendo
em conta ser perceptível a impossibilidade de uma única pessoa cumprir todas as funções que
lhe foram atribuídas. Em vista da situação, a unidade técnica, com a anuência do relator, propôs
a elisão da responsabilidade da recorrente, sem prejuízo da aplicação de penalidades de outros
responsáveis pela gestão do Planfor, no DF, ao tempo dos fatos. Nos termos do voto do relator,
o Plenário manifestou seu consentimento. Acórdão n.º 839/2011-Plenário, TC-003.118/2001-2,
rel. Min. Raimundo Carreiro, 06.04.2011.
335
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Plenário
Na dispensa de licitação amparada no art. 24, inc. IV, da Lei 8.666/1993 podem ser utilizados
projetos básicos que não contemplem todos os elementos previstos no art. 6º, inc. IX da mesma
norma, sendo que a contratação direta deve estar restrita somente à parcela mínima necessária
para afastar a concretização do dano ou a perda dos serviços executados
Não deve ser restringido o direito de recurso aos participantes em processos licitatórios
A revogação de processo licitatório é condicionada à ocorrência de fato superveniente,
devidamente comprovado, que justifique tal medida
Licitação na modalidade pregão:
1 – A exigência de atestado de capacidade técnica deve ser justificável em razão do
objeto licitado;
2 – A ausência da composição unitária do orçamento-base gera insegurança quanto à
confiabilidade do preço de referência, razão pela qual, apesar de não ser elemento obrigatório do
edital, deve estar compulsoriamente inserido no processo relativo ao certame
Primeira Câmara
A suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a
Administração prevista no inciso III do art. 87 da Lei 8.666/1993 estende-se à toda
Administração Pública
PLENÁRIO
Na dispensa de licitação amparada no art. 24, inc. IV, da Lei 8.666/1993 podem ser
utilizados projetos básicos que não contemplem todos os elementos previstos no art. 6º,
inc. IX da mesma norma, sendo que a contratação direta deve estar restrita somente à
parcela mínima necessária para afastar a concretização do dano ou a perda dos serviços
executados
Por intermédio de embargos de declaração, o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes – (DNIT), manifestou seu inconformismo em face do Acórdão nº 614/2010, do
Plenário, no qual se apreciou pedido de reexame interposto contra o Acórdão nº 1644/2008-
Plenário, que, por sua vez, concedeu parcial provimento ao recurso, dando a seguinte redação ao
item da deliberação originária: “1.6. determinar ao DNIT que, mesmo em obras emergenciais,
providencie projeto básico com todos os elementos do art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666/93, em
obediência ao art. 7º, § 2º, inciso II, e 9º, da Lei nº 8.666/1993, sob pena anulação dos
contratos com base no § 6º do mesmo artigo, ressalvando, para o caso de obras emergenciais
de baixa complexidade executiva, em caráter excepcional, a possibilidade de substituição do
projeto básico por planilha estimativa, desde que esta se encontre devidamente fundamentada
em relatório técnico”. Na presente etapa processual, o DNIT, ao buscar o esclarecimento da
decisão embargada, argumentou que a elaboração do projeto básico previamente ao início de
obras emergenciais seria algo inconveniente e temerário, sob a ótica do interesse público, e que
nem sempre poderia se aguardar tal providência. Situações dessa natureza, emergenciais,
poderiam acontecer mesmo em caso de obras que não se limitassem a uma menor
complexidade, única situação que restou excepcionada na determinação contida no item 1.6 do
Acórdão nº 1644/2008-Plenário, com a redação conferida pelo Acórdão nº 614/2010-Plenário.
Para o relator, de fato, “várias situações emergenciais podem reclamar obras mais complexas,
em que a prévia concepção do projeto básico não poderia ser exigida”. Assim, por um lado, em
conformidade com os questionamentos de ordem prática do DNIT, em casos de emergência,
seria aceitável se admitir o início das obras, de maneira justificada, antes da conclusão do
projeto básico, o qual deveria ser concluído com a maior brevidade possível. Poder-se-ia, em
consequência, admitir que o projeto básico fosse elaborado concomitantemente com a obra. Por
outro lado, entendeu o relator que, “em certas situações devidamente justificadas, também pode
ser permitida a simplificação do projeto básico”, pois “não seria razoável exigir a presença de
todos os elementos que definem um projeto básico elaborado em situações normais, podendo,
337
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
portanto, existir casos em que alguns de seus aspectos possam não ser atendidos”. Aditou,
ainda, pela necessidade de se integrar o julgado anterior por meio dos presentes embargos, de
modo a deixar claro que, em atendimento ao inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/1993, “a
contratação direta deve se restringir somente à parcela mínima necessária para afastar a
concretização do dano ou a perda dos serviços executados, devendo a solução definitiva,
conforme o caso, ser objeto de licitação formal, baseada em projeto básico dotado,
inexoravelmente, de todos os elementos do art. 6º, inc. IX da Lei nº 8.666/1993”. Votou, então,
por que se atribuísse nova redação ao item 1.6 do Acórdão n.º 1644/2008 – Plenário, para que o
mesmo contemplasse todas as análises procedidas nesta etapa do processo, no que foi
acompanhado pelos demais membros do Plenário. Acórdão n.º 943/2011-Plenário, TC-
007.965/2008-1, rel. Min. Valmir Campelo, 13.04.2011.
Não deve ser restringido o direito de recurso aos participantes em processos licitatórios
Em sede de processo de representação, o Tribunal apurou potenciais irregularidades em
licitação referente ao Programa Nacional do Livro Didático – (PNLD/2013), cujo objeto
consistiu na convocação de editores para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas
destinadas aos alunos e professores dos anos iniciais do ensino fundamental, registrados nas
escolas públicas que integram os sistemas de educação federal, estaduais, municipais e do
Distrito Federal, participantes do PNLD. Dentre tais irregularidades, constou a impossibilidade
de interposição de recursos contra decisões proferidas nas fases de triagem e pré-análise das
obras, em razão de determinação normativa nesse sentido (art. 18, § 3º, do Decreto nº
7.084/2010), o que poderia estar em contrariedade ao disposto no art. 109, inciso I, alínea “a”,
da Lei 8.666/1993. Ao ser ouvido a esse respeito, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação - (FNDE) informou que, em tais fases, seriam avaliados itens objetivos, de
constatação imediata, que não estariam sujeitos a controvérsia, não se aplicando, portanto, o
disposto no art. 109, inciso I, da Lei nº 8.666/93, que prevê o cabimento de recurso no caso de
inabilitação do licitante. O relator, entretanto, apesar de concordar com argumento fático pela
objetividade das checagens nas etapas de triagem e pré-análise, entendeu que isto não poderia
como obstáculo à transparência dos atos administrativos, e tampouco poderia ser restringido o
direito de recurso aos participantes em processos licitatórios, “uma vez que essa prática não se
conforma com os princípios norteadores do processo administrativo”. Além disso, ainda para o
relator, a exclusão sumária de um licitante do certame, sem que se informe a este,
imediatamente, as razões para tanto, também afrontaria princípios constitucionais, restringindo
o direito de defesa, também de índole constitucional, inafastável aos participantes da licitação.
Ao votar, o relator, enfatizando a relevância do PNLD para milhões de crianças matriculadas
nas escolas públicas do País, entendeu que a melhor providência, no caso examinado, seria, em
lugar de fixar prazo para alteração do edital em curso, expedir determinação às instituições
públicas envolvidas que, nos próximos editais, insira a previsão de recurso também nas etapas
de triagem e pré-análise, tendo o Plenário manifestado sua concordância. Acórdão n.º 950/2011-
Plenário, TC-033.271/2010-0, rel. Min. Ubiratan Aguiar, 13.04.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
339
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
apesar de não ser elemento obrigatório do edital, deve estar compulsoriamente inserido no
processo relativo ao certame
Ainda na representação que noticiou ao Tribunal possíveis irregularidades no Pregão Presencial
nº 4/2011, conduzido pela Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.- (Valec), e cujo
objeto consistiu no fornecimento de quase 245 mil toneladas de trilhos UIC-60 a serem
empregados na construção da EF-334 – Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), no trecho de
Ilhéus/BA a Barreiras/BA, e na extensão sul da EF-151 − Ferrovia Norte-Sul (FNS), apurou-se
a não composição dos custos unitários no orçamento-base no edital de referência, o que teria
inibido a participação dos licitantes, em virtude da formação do preço não se apresentar de
maneira transparente, resultando, ainda, em dificuldades no controle e aferição dos preços
propostos. Em suas defesas, a Valec e a licitante vencedora do certame, apoiadas em julgados
do Tribunal, afirmaram que, no caso de licitação na modalidade pregão, seria dispensada a
apresentação da referida composição de preços, exigindo-se apenas o orçamento estimado em
planilhas e o preço unitário. A unidade técnica, em análise a precedentes jurisprudenciais,
identificou duas situações distintas. Na primeira delas, o Tribunal teria mantido o
posicionamento de que, “na modalidade pregão, o orçamento estimado em planilhas de
quantitativos e preços unitários não constitui elemento obrigatório do edital, porém tal
detalhamento deve estar obrigatoriamente inserido no processo relativo ao certame”. Noutra
oportunidade, a conclusão do TCU foi de que, “no caso concreto, a não apresentação do
orçamento detalhado no edital foi compensada com a apresentação dos elementos necessários
no processo administrativo que serviu de base ao certame”. No caso do Pregão nº 4/2011,
nenhuma das duas situações teria sido verificada, pois “não há no edital, tampouco no processo
administrativo, o detalhamento do orçamento-base da Valec”. Para o relator, “o fato é que a
ausência da composição unitária detalhada para os serviços incluídos no objeto do pregão em
exame (relacionados, por exemplo, com o transporte terrestre dos trilhos, o respectivo
empilhamento, dentre outros) confere insegurança quanto à confiabilidade do preço de
referência”, concordando, portanto, com a unidade técnica quanto à irregularidade examinada.
Contudo, como, nesta etapa processual, a apreciação por parte do Tribunal ainda não ocorreria
de forma conclusiva, votou o relator por que, primeiramente, os responsáveis fossem ouvidos
em audiência, para que, ao fim, o Tribunal se pronunciasse quanto ao mérito da representação, o
que foi acolhido pelo Plenário. Precedentes citados: Acórdãos nos 114/2007 e 517/2009, ambos
do Plenário. Acórdão nº 933/2011-Plenário, TC-004.513/2011-8, rel. Min-Subst. André Luís
Carvalho, 13.04.2011.
PRIMEIRA CÂMARA
340
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
anteriormente pactuadas, como é o caso do particular punido com a sanção prevista no inciso
III do art. 87, tem o nítido propósito de evitar fraudes e prejuízos ao erário”. Por isso, citando
julgado do Superior Tribunal de Justiça, destacou que o entendimento de que a suspensão
imposta por um órgão administrativo, ou um ente federado, não se estende aos demais, não
estaria em harmonia com o objetivo da Lei nº 8.666/93, de tornar o processo licitatório
transparente e evitar prejuízos e fraudes ao erário, inclusive impondo sanções àqueles que
adotarem comportamento impróprio ao contrato firmado ou mesmo ao procedimento de escolha
de propostas. Portanto, a interpretação adequada quanto à punição prevista no inciso III do art.
87 da Lei 8.666/1993 seria pelo alcance para toda a Administração, não se restringindo aos
órgãos ou entes que as aplicarem. A se pensar de outra maneira, seria possível que uma
empresa, que já mantivera comportamento inadequado outrora, pudesse contratar novamente
com a Administração durante o período em que estivesse suspensa, tornando a punição
desprovida de sentido. Após o voto Ministro-Revisor Walton Alencar Rodrigues, o relator
reajustou seu voto, para acompanhá-lo e considerar legal a inserção, pela Infraero, de cláusula
editalícia impeditiva de participação daqueles incursos na sanção prevista no inciso III da Lei
8.666/1993, mesmo quando aplicada por outros órgãos ou entidades públicos, o que foi
aprovado pelo colegiado. Acórdão n.º 2218/2011-1ª Câmara, TC-025.430/2009-5, rel. Min.
José Múcio, revisor Min. Walton Alencar Rodrigues, 12.04.2011.
SUMÁRIO
Plenário
A firmatura de termo de parceria por órgãos ou entidades da Administração Pública com
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público não demanda licitação
Não se admite, de modo geral, licitação com especificação de marca de produto, a não ser que
tal exigência encontre-se técnica e juridicamente justificada
É necessário que o valor dos salários pagos aos profissionais contratados por empresas para
prestação de serviços à Administração corresponda ao constante da proposta formulada na
licitação
Contratação por inexigibilidade de licitação:
1 – Para a contratação, por inexigibilidade de licitação, de serviço técnico profissional
especializado deve estar demonstrado que este possui características singulares, além da
condição de notória especialização do prestador
2 – Mesmo em hipótese de contratações diretas, o preço a ser praticado pela
Administração deve estar em conformidade com os praticados pelo mercado
PLENÁRIO
341
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Não se admite, de modo geral, licitação com especificação de marca de produto, a não ser
que tal exigência encontre-se técnica e juridicamente justificada
Mediante representação, licitante insurgiu-se contra o Pregão, com registro de preços, n°
12/2010, promovido pela Unidade Regional de Atendimento da Advocacia-Geral da União no
Rio Grande do Sul (URA/RS), cujo objeto consistiu na aquisição de suprimentos de informática.
A inicial, apresentada pelo representante e distribuidor da empresa Samsung no Brasil,
contestou a aquisição de cartuchos de toner para impressoras Samsung, fundamentalmente sob
o argumento de que o edital deveria exigir cartuchos originais do fabricante do equipamento,
sob o risco de perda da garantia de manutenção. Inicialmente, o relator observou que a
jurisprudência do Tribunal seria firme em condenar, de modo geral, a especificação de marca
para a aquisição de toner de impressoras. Ressaltou, todavia, que o Tribunal tem admitido
especificação de marca, “desde que ela se encontre técnica e juridicamente justificada”. No
caso em exame, segundo o relator, “poder-se-ia admitir como justificativa plausível a perda da
garantia das impressoras em decorrência da utilização de cartuchos de outras marcas”. Ainda
quanto ao caso examinado, enfatizou que a restrição ao certame, mediante a exigência de
cartuchos originais do fabricante, ainda que possível, “constituía uma prerrogativa do gestor e
não uma obrigação à qual se visse vinculado. Competia ao gestor avaliar as possibilidades e
decidir-se por aquela que, em seu juízo, melhor se adequasse aos interesses públicos”. E essa
avaliação, segundo o relator, fora efetuada, tendo o gestor adotado precauções que, em
princípio, estariam a resguardar a Administração, uma vez que foi exigido, no termo de
referência anexo ao edital do pregão eletrônico, que as empresas licitantes comprovassem a
qualidade dos cartuchos ofertados mediante a apresentação de laudos técnicos, “emitidos por
342
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
É necessário que o valor dos salários pagos aos profissionais contratados por empresas
para prestação de serviços à Administração corresponda ao constante da proposta
formulada na licitação
Representação encaminhada ao Tribunal tratou de possíveis irregularidades ocorridas na
execução do Contrato nº 34/2009-MI, celebrado entre o Ministério da Integração Nacional -
(MI) e o Consórcio Logos-Concremat 2, cujo objeto referiu-se à prestação de serviços de
Consultoria Especializada para o Gerenciamento e Apoio Técnico da continuidade da
implantação da 1ª Etapa e da implantação da 2ª Etapa do Projeto de Integração do Rio São
Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional – (PISF). Dentre tais
irregularidades, constou a ausência de critérios de comprovação do recolhimento mensal do
INSS e do FGTS, nominal por empregado, o que poderia resultar em falhas na fiscalização da
mão de obra medida e paga. O relator, ao analisar a matéria, ressaltou que essa situação foi de
igual maneira verificada em outros processos que cuidaram de contratações do MI, sendo um
deles também referente a contrato firmado com o Consórcio Logos-Concremat para o mesmo
serviço, qual seja, gerenciamento e apoio técnico para a implantação de etapa do PISF. Na
oportunidade, a unidade instrutiva promovera o cruzamento de informações constantes dos
Boletins de Medição expedidos pelo Consórcio Logos-Concremat com os dados provenientes da
Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência
Social – (GFIP), constantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais – (CNIS), resultando,
dessa operação, a constatação de divergências que sinalizariam para o ressarcimento de valores
pagos indevidamente pelo MI, pois os salários pelo Consórcio aos profissionais constantes da
GFIP teriam sido menores que os estipulados na proposta da licitação oferecida pelo
mencionado Consórcio e no subsequente contrato. O relator, a partir de julgado anterior do
Tribunal, enfatizou não haver argumento a suportar que “uma empresa participante de licitação
que ofereça proposta especificando os salários que serão pagos aos seus profissionais em
virtude do contrato de supervisão de obra, neste caso as obras da Primeira Etapa de
implantação do Projeto de Integração do Rio São Francisco – PISF, uma vez vencedora do
certame, cujo julgamento baseou-se, entre outros, nos valores desses salários, possa, ao seu
alvitre, quando da execução do contrato, remunerar esses profissionais em patamares
inferiores, apesar de receber do órgão contratante - Ministério da Integração Nacional/MI -,
exatamente aqueles valores que foram os balizadores da sua proposta, conforme ficou
comprovado a partir da comparação entre as remunerações de profissionais oriundas dos
boletins de medição e as constantes da planilha GFIP da empresa fornecida pelo Ministério da
Previdência Social.”. Diante dos fatos, encaminhou proposta de determinação corretiva quanto
ao contrato examinado, o que foi aprovado pelo Plenário. Precedentes citados: Acórdãos nos
343
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
344
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Licitação com previsão de entrega de maquinário em diversos municípios do país: é válida a
instituição de sistema de registro de preços para a aquisição de bens, em quantidades globais
estimadas, para entrega em diferentes locais da federação.
Não é possível a exigência de certificação ISO, e outras semelhantes, com o fim de habilitação
de licitantes ou como critério para a qualificação de propostas.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
que a entrega das máquinas deveria ser efetuada nas capitais dos 26 estados do país e no Distrito
Federal. Ressaltou, ainda, que aquisições semelhantes à realizada pelo MPA por intermédio do
Pregão Eletrônico nº 32/2010 foram efetuadas por outros ministérios, que, da mesma maneira,
utilizam-se do registro de preços, em algumas situações discriminando estados para entrega dos
quantitativos adquiridos, mas sem haver discriminação por município. Em outras situações,
estabeleceu-se a entrega apenas por regiões do país, sequer mencionando os estados da
federação. E em diversos outros casos, não teriam sido apresentadas estimativas por regiões,
isso tudo em função das características das aquisições, que não poderiam ser dimensionadas
com precisão. Nos termos do voto do relator, o Plenário manifestou sua anuência. Acórdão n.º
1068/2011-Plenário, TC-033.048/2010-0, rel. Min. Ubiratan Aguiar, 27.04.2011.
346
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Para o fim de enquadramento na hipótese de dispensa de licitação prevista no inc. IV do art. 24
da Lei 8.666/1993 não há que se fazer distinção entre a emergência resultante de fato
imprevisível e a decorrente da incúria ou desídia administrativa, desde que devidamente
caracterizada a urgência de atendimento à situação que possa ocasionar prejuízo ou
comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares
Pregão para aquisição de bens:
1 – A exigência de declaração de solidariedade do fabricante para o fim de habilitação
é indevida
2 – A exigência de apresentação de declaração de idoneidade financeira por parte do
licitante não encontra amparo jurídico
3 – No caso de exigência de realização de visita técnica pelos licitantes, o prazo
estabelecido para tanto deve ser suficiente para que se tome conhecimento das peculiaridades
que possam influenciar no fornecimento do objeto licitado e na formulação das propostas
PLENÁRIO
347
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
348
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Contratos de publicidade: com o advento da Lei 12.232, de 2010, é possível a adjudicação do
objeto da licitação a mais de uma agência de propaganda, sem a segregação em itens ou contas
publicitárias, desde que haja justificativa no processo de licitação.
Fornecimento de vale-refeição: a exigência de comprovação de rede credenciada próxima ao
ente público demandante deve ser feita somente no momento da contratação.
Pregão para contratação de serviços de transporte:
1 – A inabilitação de licitante antes da abertura das propostas é indevida;
2 – A aferição da compatibilidade dos serviços a serem contratados pela
Administração Pública com base unicamente nos dados da empresa licitante que constam no
cadastro de atividades da Receita Federal não encontra previsão legal.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A concessão de tempo reduzido nos pregões eletrônicos, bem como a execução do comando
para encerramento da fase de lances enquanto as reduções de preços ainda sejam significativas,
prejudicam a obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
não haveria, na espécie, qualquer indicação no edital de que o cadastro de atividades junto à
Receita Federal seria utilizado como o meio de identificação do ramo de atuação dos licitantes,
o que significou, conforme o relator, “ampliação não prevista do poder do pregoeiro de decidir
quem participaria do certame”. Nesse quadro, ainda para o relator, “não havia razão jurídica
ou administrativa para conferir-se arbitrariamente tamanha proeminência à formalidade da
anotação cadastral”. Além disso, existiriam outros fatores que indicavam a aptidão da licitante
em participar da licitação e em oferecer propostas que aumentariam a competitividade do
certame, tal como um contrato firmado anteriormente com a própria Suframa, na qual a
representante já houvera provido a instituição com serviços de transporte. Em consequência,
votou o relator pela procedência da representação, bem como pelo encaminhamento de
determinação à Suframa para que se abstivesse de prorrogar o contrato decorrente do Pregão nº
05/2008, e, caso houvesse por parte da instituição em contratar os mesmos serviços, realizasse
nova licitação, o que foi acolhido pelo Plenário. Acórdão n.º 1203/2011-Plenário, TC-
010.459/2008-9, rel. Min. José Múcio Monteiro, 11.05.2011.
A concessão de tempo reduzido nos pregões eletrônicos, bem como a execução do comando
para encerramento da fase de lances enquanto as reduções de preços ainda sejam
significativas, prejudicam a obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração
Pública
Por intermédio de representação, o Tribunal tratou de possíveis irregularidades ocorridas na
condução do Pregão 28/2010, realizado pela Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e
Administração do Ministério do Esporte - (Spoa/ME), cujo objeto consistiu na contratação de
serviços de desenvolvimento e manutenção corretiva, adaptativa e evolutiva de sistemas de
informação, sítios e portais web. Dentre tais irregularidades, constou a alocação, pelo pregoeiro,
de um tempo inferior a cinco minutos para a fase de lances, o que teria reduzido a possibilidade
da obtenção de lances menores para a contratação. Ao examinar o assunto, o relator destacou
que o exíguo tempo de competição entre os licitantes pode eventualmente ter impedido que as
propostas apresentadas chegassem a um ponto mais atrativo. Para ele, “indício bastante claro da
exiguidade do tempo conferido para a fase de competição é o fato de se ter observado uma
redução de cerca de R$ 150.000,00 no valor dos lances apenas nos últimos 30 segundos dessa
fase”. Tal ocorrência, somada a outras, teriam apontado, ainda para o relator, de forma bastante
convincente para a possível ocorrência de sobrepreço no objeto adjudicado à empresa vencedora
do certame, razão pela qual votou por que se determinasse à Spoa/ME a adoção de medidas com
vistas à anulação do Pregão Eletrônico 28/2010, sem prejuízo de alertá-la que a concessão de
tempo reduzido para a fase de lances nos pregões eletrônicos, bem como a execução do
comando para encerramento da fase de lances enquanto as reduções de preços ainda sejam
significativas, a exemplo do ocorrido no Pregão 28/2010, prejudicam a obtenção da proposta
mais vantajosa, caracterizando descumprimento do art. 3º da Lei 8.666/93. Nos termos do voto
do relator, o Plenário manifestou sua anuência. Acórdão n.º 1188/2011-Plenário, TC-
031.590/2010-1, rel. Min.-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 11.05.2011.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
No caso de impossibilidade de obtenção de preços referenciais, via sistemas oficiais, para a
estimativa dos custos em processos licitatórios, deve ser realizada pesquisa contendo o mínimo
de três cotações de empresas/fornecedores distintos, fazendo constar do respectivo processo a
documentação comprobatória pertinente aos levantamentos e estudos que fundamentaram o
preço estimado, devendo ser devidamente justificadas as situações em que não for possível
atingir o número mínimo de cotações.
Contratos de serviços de publicidade: a empresa contratada pelo Poder Público deve exigir da
empresa eventualmente subcontratada a documentação relativa à regularidade fiscal prevista no
art. 29 da Lei 8.666/1993.
É possível a participação de empresas ‘consolidadas’ em licitações para aquisição de passagens
aéreas, ainda que declarações necessárias à tal participação sejam emitidas em nome de empresa
‘consolidadora’.
Em contratação de serviços de assistência médico-hospitalar para empregados públicos devem
ser admitidos todos os tipos de operadoras de plano de assistência à saúde previstos no art. 1º da
Lei nº 9.656/1998, salvo exceções tecnicamente fundamentadas.
Concorrência do tipo técnica e preço para a revisão e elaboração de projeto básico de obra
rodoviária:
1 – É possível a atribuição de pontuação a partir do critério “fator de permanência”,
excetuadas as situações em que o objeto específico da licitação, pelas condições de mercado,
permita concluir que seria possível execução a contento, mesmo que a contratada não possua em
seus quadros profissionais estáveis e reconhecidos;
2 – A limitação das propostas de preço ao orçamento de referência da licitação é
aplicável também às licitações que utilizem o tipo técnica e preço.
Licitação para aquisição de produtos de merenda escolar:
1 – A desclassificação de licitante deve estar amparada em laudo ou parecer que
indique, de modo completo, as deficiências na amostra do produto a ser adquirido, quando esta
é exigida;
2 - Em regra, as aquisições por parte de instituições públicas devem ocorrer por itens,
sendo que no caso de opção de aquisição por lotes a composição destes deve ter justificativa
plausível;
3 – No caso de aquisição de gêneros componentes de merenda escolar, mesmo com o
uso do registro de preços, é necessário indicação dos recursos orçamentários que a suportarão.
PLENÁRIO
353
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
apresentavam cotação nos sistemas oficiais de preços referenciais, no caso, SICRO e SINAPI.
Para tais itens, a Hemobrás levantou cotações de mercado, de modo a justificar os preços
adotados, limitando-se, todavia, a uma única cotação para cada serviço, prática que, na opinião
da equipe de auditoria, iria de encontro à jurisprudência deste Tribunal. Para ela, o
entendimento do Tribunal é no sentido de que, “no caso de não ser possível obter preços
referenciais nos sistemas oficiais para a estimativa de custos que antecederem os processos
licitatórios, deve ser realizada pesquisa de preços contendo o mínimo de três cotações de
empresas/fornecedores distintos, fazendo constar do respectivo processo a documentação
comprobatória pertinente aos levantamentos e estudos que fundamentaram o preço estimado”.
E que, “caso não seja possível obter esse número de cotações, deve ser elaborada justificativa
circunstanciada”. A equipe de auditoria sugeriu, então, que o TCU expedisse determinação
corretiva para as próximas licitações a serem realizadas pela Hemobrás, no que contou com a
acolhida do relator e do Plenário. Precedentes citados: Acórdãos nos 568/2008, 1.378/2008,
4.013/2008, 5.262/2008, 3.506/2009, da 1ª Câmara, 2.809/2008, 1.344/2009, 3.667/2009, da 2ª
Câmara, e 1.379/2007, 837/2008, e 3.219/2010, do Plenário. Acórdão n.º 1266/2011-Plenário,
TC-002.573/2011-3, rel. Min. Ubiratan Aguiar, 18.05.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
sua concordância. Acórdão n.º 1287/2011-Plenário, TC-005.862/2011-6, rel. Min. José Múcio
Monteiro, 18.05.2011.
Concorrência do tipo técnica e preço para a revisão e elaboração de projeto básico de obra
rodoviária: 1 – É possível a atribuição de pontuação a partir do critério “fator de
permanência”, excetuadas as situações em que o objeto específico da licitação, pelas
condições de mercado, permita concluir que seria possível execução a contento, mesmo
que a contratada não possua em seus quadros profissionais estáveis e reconhecidos
Representação informou ao Tribunal sobre possíveis irregularidades na Concorrência nº
34/2011, do tipo “técnica e preço”, realizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes – (DNIT), e cujo objeto consistiu na revisão e atualização de projeto básico
existente e de elaboração de projeto executivo para as obras de melhorias e adequação de
capacidade e segurança do anel viário de Belo Horizonte, em trechos das rodovias BR 262 e
040, em Minas Gerais, em lote único. No rol das irregularidades apuradas, figurou a pontuação
atribuída para um “fator de permanência”, a ser utilizado como multiplicador para cada atestado
relativo às categorias de engenheiros indicadas. Para cada um destes profissionais, o fator de
permanência seria igual a 1,0, quando possuísse mais de um ano de atuação na empresa e 0,80,
para outras situações. Para a representante, tal exigência seria ilegal, em face do art. 30, § 1º, da
Lei nº 8.666/1993, que impossibilita exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos
quanto a atestados a serem apresentados, para o fim de qualificação técnica. Aditou que o § 5º
do mesmo artigo vedaria a exigência de comprovação de atividade ou de aptidão com limitação
de tempo ou de época. Afirmou, ainda, que o critério examinado “restringe a competição a
empresas que possam comprovar tais requisitos, frise-se, de natureza não objetiva, mas
diretamente pessoal e específico do potencial vencedor, o que pode levar a presumir o
direcionamento”. Ao examinar a matéria, a unidade técnica discordou da linha de raciocínio da
representante. Segundo a unidade instrutiva, apesar das variações jurisprudenciais no Tribunal a
respeito do assunto, no caso concreto, não haveria irregularidade na aplicação do fator de
permanência, o qual garantiria melhor pontuação para empresas que estivessem atuando de
modo mais estável no mercado. Além disso, ainda para a unidade técnica, “a diferenciação
produzida pelo fator de permanência é de 20% em parte da proposta técnica, de modo que,
embora seja significativa, não pode ser vista como abusiva ou desproporcional”. Ressaltou a
unidade responsável pelo processo que “a conclusão de que o fator de permanência é
inadequado à competição somente deve ser adotada quando houver fatos referentes ao objeto
específico da licitação que demonstrem tal situação, especialmente em razão da condição do
mercado e em função da comprovação de que o objeto pode ser alcançado a contento e da
melhor forma possível mesmo que a contratada não possua em seus quadros profissionais
estáveis e reconhecidos”. O relator, ao concordar com os exames da unidade técnica, votou,
então, pela improcedência da representação, no que foi acompanhado pelo Plenário. Precedentes
citados: Acórdãos nos 2632/2007 e 2935/2010, ambos do Plenário. Acórdão n.º 1288/2011-
Plenário, TC-010.632/2011-5, rel. Min. José Múcio Monteiro, 18.05.2011.
Concorrência do tipo técnica e preço para a revisão e elaboração de projeto básico de obra
rodoviária: 2 - limitação das propostas de preço ao orçamento de referência da licitação é
aplicável também às licitações que utilizem o tipo técnica e preço
Ainda na representação que informou ao Tribunal sobre possíveis irregularidades na
Concorrência nº 34/2011, do tipo “técnica e preço”, realizada pelo Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes – (DNIT), a representante contestou a limitação das propostas de
preço ao orçamento de referência da licitação, afirmando que isso só seria admissível em
licitação que utilizasse o tipo melhor técnica. Para ela, “a disposição legal para a fixação do
limite de preço está contida no § 1º do art. 46 da Lei nº 8.666/1993, o qual é direcionado
apenas às licitações do tipo melhor técnica. Além disso, ao tratar dos procedimentos das
licitações do tipo técnica e preço, o § 2º do mesmo artigo não remete a nenhuma regra sobre
limitação de preços”. Para a unidade técnica, “em que pese ser correta a interpretação do
356
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
representante de que o artigo 46 não explicita a regra de limitação do preço para licitações do
tipo técnica e preço, observa-se que essa regra é geral e permeia a Lei nº 8.666/1993 em
algumas de suas partes, explicitamente ou não, e não pode ser questionada ou desobedecida
sob nenhum pretexto”. Nesse quadro, a unidade técnica citou os artigos 40 e 48 da Lei
8.666/1993, em cujos âmbitos de aplicação estão todos os tipos e modalidades de licitação. O
relator, ao concordar com os exames da unidade técnica, votou, então, pela improcedência da
representação, no que foi acompanhado pelo Plenário. Acórdão n.º 1288/2011-Plenário, TC-
010.632/2011-5, rel. Min. José Múcio Monteiro, 18.05.2011.
357
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
afastando quaisquer alegações de perda de economia de escala na adjudicação por item dos
gêneros. Não afastou de maneira absoluta, entretanto, a possibilidade de aquisição dos produtos
em lotes. O principal problema que houve, no caso do Pregão 71/2010, para o relator, foi a
composição dos lotes, os quais previram volumosas quantidades e elevados montantes de
recursos, medidos aos milhões de quilos e reais. Assim, a definição de maior número de lotes,
contendo menores volumes de produtos e quantias, poderia, concomitantemente, atender aos
anseios da Prefeitura e cumprir com a ordem jurídica. O relator refutou, ainda, o argumento de
que, em aquisições anteriores, ocorreram transtornos quando se optou por itens, devido ao
fracasso de alguns itens licitados (açúcar e macarrão) e irregularidade na entrega de certos
produtos, resultando em falhas na distribuição, a um só tempo, dos gêneros alimentícios à rede
municipal de ensino. Tal deficiência nos processos anteriores, para o relator, não fundamentaria
“a aquisição por lotes, inexistindo garantias de que os problemas na entrega estariam
afastados. Eventuais falhas devem ser corrigidas com a aplicação das devidas sanções ao
fornecedor”. Por conseguinte, em face desta e de outras irregularidades que teriam viciado o
procedimento licitatório realizado pela Secretaria Municipal de Educação de Manaus/AM,
considerando, ainda, que as primeiras compras decorrentes do certame já teriam sido realizadas,
votou o relator por que se determinasse, cautelarmente, à Prefeitura de Manaus que se abstivesse
de realizar novas aquisições, com recursos federais, de produtos constantes da Ata de Registro
de Preços 11/11, decorrente do Pregão 71/2010 – CML/PM, bem como não permitisse novas
adesões à mencionada Ata, até que o Tribunal deliberasse definitivamente sobre a matéria. Nos
termos do voto do relator, o Plenário manifestou sua anuência. Acórdão n.º 1291/2011-
Plenário, TC-004.835/2011-5, rel. Min.-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 18.05.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Contratação de serviços:
1 – Na formação dos preços constantes das planilhas de custos, devem ser observados
os ganhos de escala em razão da quantidade demandada;
2 – Parecer jurídico em processo licitatório, exarado com fundamento no parágrafo
único do art. 38 da Lei 8.666/1993, não constitui ato meramente opinativo e pode levar à
responsabilização do emitente.
Aquisição de produtos hospitalares:
1 – A participação de parecerista técnico em fraude à licitação pode ensejar sua
responsabilização;
2 – Compras, sempre que possível, devem ser planejadas com base nos registros de
consumo dos materiais.
Contratação de serviços:
1 - A ocorrência de fraude comprovada à licitação sujeita as licitantes que a
perpetraram efetivamente à declaração de inidoneidade para participar de licitação na
Administração Pública;
2 – A declaração de inidoneidade possui efeito ‘ex-nunc’, cabendo às entidades
administrativas medidas com vistas à rescisão de contrato que possuam com a empresa julgada
inidônea, caso entendam necessário. Contudo, no caso do certame que levou à aplicação da
sanção, a instituição pública deve adotar as providências necessárias, com vistas à pronta
rescisão do contrato decorrente.
PLENÁRIO
359
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
contratação, em face de a curva dos preços da proposta vencedora não ter seguido o padrão de
uma reta decrescente, inversamente às faixas de crescentes quantidades demandadas, em uma
“incomum majoração de preços unitários para maiores quantidades, em sentido inverso ao
esperado”. Registrou, ainda, que houve clara e objetiva demonstração, mediante pesquisas
realizadas pela unidade técnica, de que os preços cobrados pela vencedora do certame foram
excessivos e, portanto, incompatíveis com os de mercado. Por conseguinte, votou pela
irregularidade das contas do responsável envolvido, imputando-lhe, solidariamente com a
empresa beneficiada, o débito decorrente da irregular execução do contrato que resultou do
Pregão nº 22/2005, sem prejuízo de aplicar a eles multa, no que foi acompanhado pelo Plenário.
Acórdão n.º 1337/2011-Plenário, TC-018.887/2008-1, rel. Min. Walton Alencar Rodrigues,
25.05.2011.
360
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A vedação contida no inciso III do art. 9º da Lei 8.666/1993 continua a ter incidência, ainda que
na fase externa da licitação já não haja mais vínculo do servidor alcançado pelo dispositivo legal
com licitante.
Fiscalização de contratos: no caso de execução irregular, a ausência de providências tempestivas
por parte dos responsáveis pelo acompanhamento do contrato pode levar à imputação de
responsabilidade, com aplicação das sanções requeridas.
Na utilização do inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993 como fundamento da contratação direta,
as obras e/ou serviços contratados devem estar adstritos ao necessário para que se evitem
maiores danos ao erário.
Segunda Câmara
É vedada a adesão de órgão ou entidade federal a ata de registro de preços promovida por órgão
ou entidade estadual ou municipal.
Nova Súmula
Súmula n.º 264
PLENÁRIO
A vedação contida no inciso III do art. 9º da Lei 8.666/1993 continua a ter incidência,
ainda que na fase externa da licitação já não haja mais vínculo do servidor alcançado pelo
dispositivo legal com a licitante
“A demissão do cargo em comissão ocupado por dirigente que participou diretamente da fase
interna da licitação não impede a incidência da vedação contida no art. 9º, inciso III, da Lei
8.666/1993, uma vez que, embora perdendo a capacidade de influir no resultado da licitação,
remanesce a vantagem do maior conhecimento acerca do objeto licitado em relação aos
potenciais concorrentes”. Foi a esse entendimento a que chegou o TCU ao apreciar pedidos de
reexame interpostos por empresa contratada e por diversos responsáveis da Prefeitura Municipal
363
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
de Morretes, no Paraná, em face do Acórdão 1.733/2010, do Plenário, no qual lhes fora aplicado
multa, em decorrência da constatação de restrição indevida de competitividade na Tomada de
Preços 6/2008, e declarada a inidoneidade da contratada, para participar de licitações públicas
federais pelo prazo de cinco anos. Dentre as várias irregularidades que formaram o quadro
fático que levou à condenação dos responsáveis, o relator enfatizou duas. Uma delas foi a
participação isolada no certame licitatório de empresa de propriedade de servidora, ao tempo
dos fatos, engenheira fiscal da Prefeitura Municipal, empresa a qual fora posteriormente
contratada, o que estaria, conforme o decisum inicial, em oposição ao inciso III do art. 9º da Lei
nº 8666/1993 e aos princípios constitucionais da moralidade, da isonomia e da impessoalidade.
Nesta etapa processual, ao analisar os argumentos apresentados, o relator considerou que,
efetivamente, não se poderia negar que houve o acesso privilegiado a informações por parte da
ex-fiscal de engenharia da prefeitura de Morretes/PR. Todavia, na espécie, haveria atenuantes a
serem ponderados. Dentre eles, o fato de que a responsável deixara o referido cargo dois dias
após o lançamento do edital do certame. Assim, para o relator, “a rigor, a vedação prevista no
art. 9º, inciso III, do estatuto inexistiu para a maior parte da fase externa da licitação”, apesar
da pertinência da crítica da unidade instrutiva de que “dias antes, a responsável já preparava os
documentos da proposta a ser apresentada no certame”. Para o relator, a situação evidenciaria
que a responsável “detinha informações de que não dispunham seus eventuais concorrentes,
favorecimento que expõe a conduta ao alcance da vedação legal de participação de dirigente”.
Entretanto, ainda segundo o relator, “a incapacidade de influir no resultado da licitação é outro
objetivo do dispositivo legal mencionado, o qual restou atendido com a demissão da recorrente
do cargo que então ocupava na prefeitura”. Por conseguinte, ao ponderar esta e outras
atenuantes, sem deixar, contudo, de considerar o procedimento irregular, concluiu o relator ser a
apenação veiculada na decisão inicial de demasiado rigor, razão pela qual votou pelo
provimento parcial dos pedidos de reexame apresentados, para adequar as sanções aplicadas à
gravidade das condutas observadas, no que contou com a anuência do Plenário. Acórdão n.º
1448/2011-Plenário, TC-008.298/2009-7, rel. Min. Augusto Nardes, 1º.06.2011.
364
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
É vedada a adesão de órgão ou entidade federal a ata de registro de preços promovida por
órgão ou entidade estadual ou municipal
“Por ferir o princípio da publicidade, é vedada a adesão de órgão ou entidade federal a ata de
registro de preços promovida por órgão ou entidade estadual ou municipal”. Foi a este
entendimento a que chegou o Tribunal ao analisar representação na qual examinou possíveis
irregularidades na execução no contrato 58.554/2010, firmado pela Amazonas Distribuidora de
Energia S/A – (Amazonas Energia), sociedade de economia mista federal, para terceirização de
impressão descentralizada, com fornecimento de equipamentos, suprimentos e suporte técnico.
Dentre elas, constou a adesão à ata de registro de preços gerenciada por órgãos estaduais
(Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas e Comissão Geral de Licitação do Estado do
Amazonas) por parte da entidade federal. Promovida a oitiva dos responsáveis, estes
argumentaram, dentre outros, que “a jurisprudência do TCU (acórdão 6.511/2009 – 1ª Câmara)
365
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
não vedou expressamente a adesão de ente federal a ata de registro de preços gerida por ente
de outra esfera federativa; somente órgãos da administração direta, nos termos da Orientação
Normativa AGU 21/2009 e dos arts. 2º e 17 da Lei Complementar 73/1993, estariam impedidos
de aderir a atas de registro de preços geridas por entes estaduais e municipais; o Decreto
3.931/2001, que autoriza a adesão a ata de registro de preços, não estipulou que os entes que
aderissem deveriam pertencer à mesma esfera de governo; a adesão a atas de registro de
preços, independentemente de os órgãos e entidades envolvidos serem de esferas federativas
distintas, permite ganhos de escala e ganhos de preços para a administração pública e está de
acordo com os princípios da legalidade, da razoabilidade e da economicidade”. A unidade
técnica, todavia, rebateu os argumentos dos responsáveis, consignando que “como a publicidade
de licitações promovidas por entes federais deve ter amplitude nacional, enquanto as licitações
estaduais são divulgadas apenas no respectivo âmbito, a adesão de ente federal a ata de
registro de preços estadual viola os arts. 3º e 21, I, da Lei 8.666/1993”. Além disso, para a
unidade técnica, “ainda que, formalmente, a AGU não seja órgão de assessoramento jurídico a
sociedades de economia mista, o que retira o caráter impositivo de suas manifestações em
relação àquelas entidades, o conteúdo do entendimento consagrado na Orientação Normativa
AGU 21/2009 se coaduna com a jurisprudência do TCU acerca do mérito da questão em debate
e é aplicável à Amazonas Energia”. Aditou que, de fato, o Decreto 3.391/2001 não veda a
adesão de ente federal a ata de registro de preços estadual, “porque se destina apenas a regular
o sistema de registro de preços da União, ao qual a adesão de entes estaduais, municipais e
distritais é possível por não violar o princípio da publicidade”. Mas, ao contrário do afirmado
pelos responsáveis, o acórdão 6.511/2009 – 1ª Câmara veda expressamente que um ente federal
adira a atas de registro de preços provenientes de outros níveis federativos, na medida em que
determinou a uma instituição federal que se “abstenha de aderir ou participar de Sistema de
Registro de Preços, se a gerência desse estiver a cargo de órgão ou entidade da Administração
Pública Estadual, Municipal ou do Distrito Federal, em razão da devida publicidade que deve
ser dada ao certame licitatório no âmbito da Administração Pública Federal”. Em
consequência, votou o relator pela procedência da representação, bem como por que fossem
rejeitadas as justificativas apresentadas pelos responsáveis para a irregularidade verificada, e,
ainda, que lhes fossem aplicadas multa, no que foi acompanhado pelos demais membros do
colegiado. Acórdão n.º 3625/2011-2ª Câmara, TC-029.535/2010-7, rel. Min. Aroldo Cedraz,
1º.06.2011.
NOVA SÚMULA
366
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
envolvem o tema. Por esse motivo, a seleção das decisões que constam do Informativo é feita
pela Secretaria das Sessões, levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores:
ineditismo da deliberação, discussão no colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os
resumos apresentados no Informativo não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
Contratação de serviços: a inexistência de padrões que possam ser objetivamente estabelecidos
no instrumento convocatório do pregão impedem o uso da modalidade.
Apesar de não existir comando legal que obrigue o Poder Judiciário a utilizar, sempre que
possível, o pregão eletrônico para suas contratações, seus órgãos devem motivar a escolha da
forma presencial, sob pena de se configurar possível ato de gestão antieconômico.
Reajuste de contratos administrativos: a superveniência de ato normativo editado por instituição
pública contratante estabelecendo novos valores referenciais não autoriza, per si, o reajuste
imediato de contrato já em andamento.
PLENÁRIO
367
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
termos do voto do relator, o Plenário manifestou sua anuência. Acórdão n.º 1536/2011-
Plenário, TC-006.763/2011-1, rel. Min. Aroldo Cedraz, 08.06.2011.
Apesar de não existir comando legal que obrigue o Poder Judiciário a utilizar, sempre que
possível, o pregão eletrônico para suas contratações, seus órgãos devem motivar a escolha
da forma presencial, sob pena de se configurar possível ato de gestão antieconômico
Em face de determinação constante do Acórdão nº 1.402/2009-Plenário, unidade técnica do
Tribunal realizou acompanhamento de contratações de bens e serviços de tecnologia da
informação - (TI), efetuadas por diversas instituições federais. Dentre os problemas mais
comuns diagnosticados em tais contratações, verificou-se que alguns órgãos do Poder Judiciário
não motivam expressamente a escolha do pregão presencial, em detrimento do pregão na forma
eletrônica, por entenderem que não estarem obrigados a seguir o Decreto nº 5.450/2005. A
unidade técnica, ao examinar o assunto, destacou que “embora o Poder Judiciário não se
encontre vinculado ao Decreto 5.450/2005, deve-se reconhecer que o pregão na forma
eletrônica apresenta vantagens consideráveis em relação ao pregão presencial, dentre as quais
se destacam: maior competitividade e menor probabilidade de formação de cartéis, além de
evitar o contato direto entre pregoeiro e licitantes”. O processo do pregão eletrônico, ademais,
permitiria que o cidadão pudesse acompanhá-lo em tempo real, de qualquer lugar do país,
trazendo maior transparência e controle social para as compras da Administração Pública. Ao
concordar com a unidade técnica, o relator consignou que “embora não exista comando legal
que obrigue o Poder Judiciário a realizar pregão eletrônico, os órgãos devem motivar a
escolha da forma presencial sob pena de se configurar possível ato de gestão antieconômico”.
Diante disso, por julgar oportuno que o Tribunal recomendasse ao Conselho Nacional de Justiça
que os órgãos do Poder Judiciário motivem expressamente a escolha pelo pregão presencial na
contratação de bens e serviços comuns de TI, o relator apresentou voto nesse sentido, que foi
aprovado pelo Plenário. Precedente citado: Acórdão 2.245/2010, do Plenário. Acórdão n.º
1515/2011-Plenário, TC-017.907/2009-0, rel. Min. Raimundo Carreiro, 08.06.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
em 30/10/2008, tendo em conta a ausência de respaldo legal para o ajuste, bem como apurasse o
valor indevidamente pago à fundação privada contratada e adotasse, ainda, medidas para obter a
recomposição do erário, o que foi aprovado pelo Plenário. Acórdão nº 1556/2011-Plenário, TC-
027.120/2010-1, rel. Min-Subst. Weder de Oliveira, 08.06.2011.
SUMÁRIO
Plenário
A dispensa de licitação prevista no inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993 não distingue a
emergência real, resultante do imprevisível, daquela resultante da incúria ou inércia
administrativa, cabendo a utilização do dispositivo desde que devidamente caracterizada a
urgência de atendimento a situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança
de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares.
É de responsabilidade da autoridade ordenadora da despesa em um processo licitatório checar se
os atos produzidos por aqueles que se encontram sob sua hierarquia estão em conformidade com
a ordem jurídica
A contratação de serviços de informática, com dispensa de licitação prevista no art. 24, inciso
XVI, da Lei 8.666/93, deve preencher os seguintes requisitos: a contratante deve ser pessoa
jurídica de direito público interno, a contratada deve integrar a Administração Pública e deve ter
sido criada para o fim específico de prestar-lhe serviços.
O responsável pela emissão de parecer jurídico somente será responsabilizado em caso de erro
grave inescusável ou de ato ou omissão praticado com culpa em sentido largo.
Contratação de serviços ligados à tecnologia da informação:
1 - Sempre que possível, deve se dar preferência ao modelo de contratação de
execução indireta baseada na remuneração por resultados, sempre que a prestação do serviço
puder ser avaliada por determinada unidade quantitativa de serviço prestado ou por nível de
serviço alcançado, evitando-se, assim, a mera alocação de mão de obra e o pagamento por hora
trabalhada;
2 - O uso do pregão eletrônico na aquisição de bens e serviços comuns é preferencial.
Nos casos de comprovada inviabilidade, são necessárias as devidas justificativas por conta da
autoridade competente no respectivo processo.
Nova Súmula
Súmula n.º 265
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
370
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
considerou que a entidade não poderia ser contratada a partir do referido dispositivo legal, tendo
em vista não ter sido criada, especificamente, para prestar serviços à Administração Pública.
Após a oitiva dos responsáveis, o relator posicionou-se pela rejeição das justificativas
apresentadas, pois, além de outras razões, tal fundamentação, “é frontalmente contrária à
legislação, à jurisprudência desta Corte e à doutrina majoritária”, posto que, “de um lado, em
função de ser entidade que desenvolve atividade econômica, que deve se sujeitar à disciplina do
§ 1º do art. 173 da CF/88, não podendo, por decorrência, contar com privilégios em
contratações governamentais. De outro, por não haver sido originalmente instituída com o fim
específico de prestar serviços à Administração Pública. Antes, tal empresa foi criada com o
objetivo de ‘desenvolver, fabricar, comercializar, alugar, integrar, importar e exportar
equipamentos e sistemas de eletrônica digital, periféricos, programas e produtos associados,
insumos e suprimentos, bem como prestar serviços afins’, podendo ‘celebrar contratos e
convênios com empresas nacionais e estrangeiras, bem como participar do capital de outras
empresas’.” Além disso, destacou o relator já ter se posicionado o Tribunal no sentido de que as
empresas integrantes da Administração Pública que possam prestar serviços também a
particulares, como é o caso da Cobra Tecnologia S.A., “não podem ser beneficiadas com a
dispensa de licitação prevista no inciso VIII do art. 24 da Lei 8.666/1993, à semelhança do
entendimento já firmado quanto ao inciso XVI”. Ainda segundo o relator, haveria exceção
apenas no caso do Banco do Brasil S.A., empresa controladora da Cobra, “que pode contratá-la
com fundamento no inciso XXIII do art. 24 daquela Lei, desde que o preço seja compatível com
o praticado no mercado e que haja relação de pertinência entre o serviço a ser prestado ou os
bens a serem adquiridos e o objetivo institucional ou social da entidade subsidiária e
controlada.”. Por conseguinte, votou pela aplicação de multa aos responsáveis envolvidos, sem
prejuízo de expedição de determinação corretiva para as futuras licitações a serem conduzidas
pelo MTE, o que foi aprovado pelo Plenário. Acórdão nº 1591/2011-Plenário, TC-
014.275/2004-7, rel. Min-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 15.06.2011.
371
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
convites, de números 15, 16 e 17, realizados em 2004, com valor aproximado de R$ 100.000,00
cada. Para os 3 certames, realizados na mesma data, foram convidadas as mesmas 3 empresas,
sendo que cada uma foi declarada vencedora de um convite, denotando ajuste prévio entre as
empresas e a municipalidade, no sentido de que todas fossem beneficiadas com as obras a serem
contratadas. Ouvida em audiência, a Prefeita do Município ao tempo dos fatos avocou o
princípio da confiança para tentar se eximir de responsabilização perante o Tribunal. Para ela, a
irregularidade deveria ser imputada aos membros da comissão de licitação, posto que, como
Prefeita, não participara da condução do certame, tendo depositado confiança de que o processo
seria conduzido adequadamente pelos integrantes daquele órgão colegiado, com o que não
concordou a unidade técnica, segundo a qual, “a alegação de que o princípio da confiança
abrigaria a defendente é imprópria”, pois “imputam-se como irregularidades à responsável
atos de sua própria autoria, no caso, a homologação dos convites nos. 15, 16 e 17/2004”. No
voto, o relator destacou que “se a responsável decidiu confiar em outras pessoas, in casu, nos
integrantes da Comissão de Licitação, o fez por sua própria conta e risco”. Daí que, “na
qualidade de ordenadora de despesa, era sua responsabilidade checar se todos os
procedimentos adotados pela Comissão de Licitação encontravam-se de acordo com a
legislação aplicável para, só então, chancelar os certames”. Em consequência, o relator votou
pela aplicação de multa à ex-Prefeita e aos demais responsáveis pela irregularidade, o que foi
acompanhado pelo Plenário. Acórdão nº 1618/2011-Plenário, TC-032.590/2010-5, rel. Min-
Subst. Marcos Bemquerer Costa, 15.06.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
NOVA SÚMULA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, da jurisprudência do TCU quanto aos aspectos relevantes que
envolvem o tema. Por esse motivo, a seleção das decisões que constam do Informativo é feita
pela Secretaria das Sessões, levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores:
ineditismo da deliberação, discussão no colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os
resumos apresentados no Informativo não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
Licitação na modalidade convite: a regularidade com a seguridade social e com o FGTS devem
ser exigidos de todos os licitantes participantes do certame e não só daquele declarado vencedor.
No caso de ordem judicial para que a Administração Pública firme contrato decorrente de
licitação por ela anteriormente anulada, os valores da planilha orçamentária devem corresponder
àqueles que constaram do certame, sendo que as futuras alterações contratuais estão, de modo
geral, limitadas aos limites legais impostos pela pelo artigo 65 da Lei 8.666/1993. No caso de
alterações qualitativas que demandem que tais limites sejam superados, devem ser observadas
as condições e formalidades referidas na Decisão 215/1999 do Plenário do Tribunal.
Licitação do tipo menor preço global:
1 - A restrição quanto a participação de determinadas marcas em licitação deve ser
formal e tecnicamente justificada no processo de contratação;
2 - A decisão do administrador em não parcelar uma contratação deve ser
obrigatoriamente precedida de estudos técnicos que a justifiquem.
PLENÁRIO
No caso de ordem judicial para que a Administração Pública firme contrato decorrente de
licitação por ela anteriormente anulada, os valores da planilha orçamentária devem
corresponder àqueles que constaram do certame, sendo que as futuras alterações
contratuais estão, de modo geral, limitadas aos limites legais impostos pela pelo artigo 65
da Lei 8.666/1993. No caso de alterações qualitativas que demandem que tais limites sejam
superados, devem ser observadas as condições e formalidades referidas na Decisão
215/1999 do Plenário do Tribunal
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A disponibilidade de pessoal especializado, equipamentos e instalações físicas devem ser
exigidos no momento da contratação e não na etapa de qualificação técnica dos licitantes.
Para a pesquisa de preços a ser feita por instituição pública contratante não há exigência legal de
que o agente público efetue checagem prévia dos preços a serem praticados entre o futuro
contratado e seus fornecedores.
Contratação para tecnologia da informação:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
Para a pesquisa de preços a ser feita por instituição pública contratante não há exigência
legal de que o agente público efetue checagem prévia dos preços a serem praticados entre
o futuro contratado e seus fornecedores
Representação trouxe ao conhecimento do Tribunal possíveis irregularidades na contratação
pelo Serviço Federal de Processamento de Dados - (SERPRO), por meio de adesão à Ata de
Registro de Preços nº 5/2007 da Fundação Alexandre de Gusmão - (Funag/MRE), de empresa
privada, para a prestação de serviço de organização de eventos, serviços correlatos e suporte,
compreendendo o planejamento operacional, organização, execução, acompanhamento e
assessoria de comunicação, abrangendo, ainda, serviços especializados de tradução e revisão de
textos, periódicos e livros. Uma dessas irregularidades que levou à oitiva de diversos
responsáveis foi a aprovação de projeto básico, contendo pesquisas de preços deficientes,
377
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
TI. Assim, ainda para a unidade instrutiva, não seria justificável a Administração ter firmado
acordos de cooperação com organismos internacionais para serviços que poderiam ser
executados por meio de contratos administrativos. Propôs, então, que o TCU alertasse ao
Ministério da Saúde quanto ao descabimento de celebração de acordos de cooperação com
organismos internacionais para a prestação de serviços que podem ser executados por contratos
administrativos, uma vez que a realização do devido processo licitatório constituiria o meio
adequado para escolha do prestador de serviço. Ao acolher a proposta, o relator destacou
entendimento firmado pelo Tribunal por intermédio do Acórdão nº 1339/2009-Plenário, em que
constou que “os acordos básicos de cooperação técnica internacional prestada ao Brasil não
autorizam que a contraparte externa efetue, no interesse da Administração demandante, o
desempenho de atribuições próprias dos órgãos públicos, nas quais não haverá transferência
de conhecimento por parte do organismo internacional executor ou em que a assessoria técnica
de um ente externo é dispensável, por se tratar de temas e práticas já de domínio público,
demandados rotineiramente pela Administração, a exemplo da contratação de bens e serviços
de natureza comum, usualmente disponíveis no mercado”. Nos termos do voto do relator, o
Plenário manifestou sua anuência. Acórdão n.º 1748/2011-Plenário, TC-010.508/2010-4, rel.
Min. José Jorge, 29.06.2011.
SUMÁRIO
Plenário
Contratações públicas:
1 – Licitação com a participação de empresas com sócios em comum e que disputam um mesmo
item prejudica a isonomia e a competitividade do certame;
2 - No caso de indícios de fraude à licitação, deve a Administração autuar processo
administrativo contra as empresas participantes do esquema fraudulento, com o fim de declará-
las inidôneas, sendo que a não autuação sem justificativa dos referidos processos poderá ensejar
a aplicação de sanções aos servidores omissos;
3 – Nas licitações para o fim de registro de preços, as instituições que não participaram,
inicialmente, do procedimento devem atentar para os limites contidos no art. 8º, caput e §3º, do
Decreto 3.931/2001;
4 – É vedada a adesão a ata de registros de preços quando esta se encontra com validade
expirada;
5 - É vedada a adesão de órgão ou entidade federal a ata de registro de preços promovida por
órgão ou entidade estadual ou municipal;
6 – Normas constitucionais expressas (alínea ‘a’ do inc. I e alínea ‘a’ do inc. II do art. 54 da
Constituição Federal) impedem que Deputados e Senadores, de modo geral, mantenham
relações contratuais com entidades da Administração Pública;
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
exigências dos editais ou por não honrarem suas propostas comerciais. Na espécie, o que se
percebeu foi que, recorrentemente, empresas que participaram de pregões, apresentaram lances
mínimos, e, ao serem convocadas pelo pregoeiro incumbido da condução do certame para o
encaminhamento de documentação de habilitação ou de planilhas ajustadas aos seus lances,
desistiram de forma repentina e injustificada. Consoante a unidade técnica, tal conduta
inadequada pode estar causando prejuízos à Administração, pois seria possível que algumas
empresas tenham apresentado propostas excessivamente baixas, em prática nominada pelo
mercado de ‘coelho’, apenas para que outras empresas que não estejam participando de um
eventual conluio desistissem de competir, por verificar que outra licitante teria um preço que
não lhes permitiria prosseguir na disputa. Assim, uma empresa que esteja em conluio com o
‘coelho’ ofereceria o segundo melhor lance e, por consequência, acabaria sendo contratada por
um valor desvantajoso para a Administração. Para coibir a prática, a unidade técnica sugeriu, e o
relator acolheu, que os gestores públicos fossem alertados sobre a necessidade de autuarem
processo administrativo contra as empresas participantes da fraude, com o fim de declará-las
inidôneas, deixando claro, ainda, que a não autuação sem justificativa dos referidos processos
poderá ensejar a aplicação de sanções aos servidores omissos, conforme previsão do art. 82 da
Lei 8.666/1993. A proposta foi referendada pelo Plenário. Precedentes citados: Acórdãos nos
2143/2007, 785/2008 e 1433/2010, todos do Plenário. Acórdão n.º 1793/2011-Plenário, TC-
011.643/2010-2, rel. Min. Valmir Campelo, 06.07.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
adesão à referida ata”. Seria, em outros termos, um contorno indevido à publicidade, já que em
suas compras as instituições federais têm deveres de publicidade mais amplos do que
instituições estaduais e municipais. Em conseqüência, por considerar oportuno, propôs a
unidade técnica, com anuência do relator, que o Tribunal determinasse à SLTI/MPOG que
orientasse os órgãos integrantes do Sisg acerca da impossibilidade de adesão a atas de registro
de preços provenientes de licitações de administração estadual, municipal ou distrital, por falta
de amparo legal, o que foi aprovado pelo Plenário. Acórdão n.º 1793/2011-Plenário, TC-
011.643/2010-2, rel. Min. Valmir Campelo, 06.07.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
consultar o Ceis em complementação à consulta do Sicaf, o que foi aprovado pelo Plenário.
Precedente citado: Acórdão nº 1647/2010, do Plenário. Acórdão n.º 1793/2011-Plenário, TC-
011.643/2010-2, rel. Min. Valmir Campelo, 06.07.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
O sigilo quanto a determinadas informações relativas à licitação não pode afastar o direito
ao contraditório e à ampla defesa nos processos no âmbito do TCU
“Sistemática de licitação de sociedade de economia mista (contratante) não prevista no
ordenamento jurídico, desguarnecida de razões de interesse social e de motivos objetivos
capazes de justificar sua existência e que privilegia o sigilo em detrimento do princípio da
publicidade e da transparência, não pode afastar o exercício do contraditório e da ampla
defesa por parte de interessados nos autos (contratados) e, muito menos, obstar a fiscalização
por parte do TCU”. Foi a esse entendimento a que chegou o TCU ao apreciar embargos de
declaração opostos pela Petróleo Brasileiro S.A. - (Petrobras) contra os itens 1.7.3, 1.8.3 e 1.9.3
do Acórdão nº 1.319/2011, do Plenário. Na etapa processual anterior, o Tribunal deferiu pedido
de vista e cópia de diversos elementos constantes dos autos a instituições privadas, interessadas
no processo e executoras de contratos nas obras de construção da Refinaria Abreu e Lima, em
Recife/PE, o que levou ao descontentamento da embargante, em face de alegado sigilo e
confidencialidade das referências de precificação, oriundas das estimativas de custos da
Petrobras, incorporadas, em parte, a planilhas preparadas por unidade técnica do Tribunal, para
cálculo de sobrepreço. Na sistemática atual da Petrobras, baseada na norma interna PG-12-
SL/ECP-001 (estimativas de custos de investimentos), a estatal não revela, nem antes nem após
a conclusão do certame licitatório, as estimativas de custos, o que não permite às empresas,
sejam licitantes ou contratadas, ter acesso às referências que levaram à formação de tais custos.
Todavia, para analisar se estes estavam de acordo com a realidade de mercado, o Tribunal teve
de analisar as estimativas feitas pela Petrobras, apondo-as, parcialmente, em planilha eletrônica,
que embargante requereu que não fosse divulgada às instituições privadas por ela contratadas
para as execuções das obras da Refinaria Abreu e Lima. Todavia, para o relator, “até que a
companhia desenvolva uma tabela de custos referenciais para a área de petróleo, como fez o
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes -DNIT com o Sicro, por exemplo,
não há outra opção ao TCU que não a utilização das estimativas de custos preparadas pela
companhia para a realização de cálculos que se prestam à aferição da conformidade dos
preços praticados aos de mercado”. Ou seja, haveria que se dar o mínimo de publicidade com
relação às estimativas de custos, sobretudo para que se oportunizasse, na espécie, às instituições
privadas, caso desejassem, o contraditório com relação ao sobrepreço apurado pelo TCU,
resultantes da comparação entre os custos informados pela Petrobras e aqueles que, na visão do
Tribunal, são os custos reais. Isso, inclusive, permitiria que fosse dado vazão ao princípio do
contraditório, de espeque constitucional, ainda na forma de ver do relator, o qual ressaltou,
ainda, que “a opção da Petrobras em manter o absoluto sigilo de suas estimativas de custos
(referências de precificação), antes do lançamento de suas licitações e após seu encerramento,
não tem amparo no ordenamento jurídico vigente”. Portanto, a tese da embargante, quanto aos
supostos sigilo e confidencialidade dos dados constantes das planilhas eletrônicas preparadas
pela unidade instrutiva do Tribunal e que serviram de base para o cálculo do sobrepreço, não se
sustenta, consoante o relator, já que “as estimativas de custos da Petrobras são sigilosas neste
processo e continuarão sendo inacessíveis aos interessados, distintamente das referidas
planilhas que, na ótica do controle, não têm dados tão sensíveis – como quer fazer crer a
Petrobras – a ponto de não poderem ser repassados aos consórcios executores das obras”.
Destarte, no ponto, o relator, com o referendo do Plenário, não acatou a ideia defendida pela
estatal nos embargos apresentados. Todavia, de modo a esclarecer o conteúdo da decisão inicial,
acolheu, parcialmente, o recurso, para registrar que os documentos que deveriam ser fornecidos
às instituições privadas executoras das obras seriam as planilhas elaboradas pelo TCU, com o
cálculo do sobrepreço, sendo que as fórmulas relativas às estimativas de custos da companhia
deveriam continuar resguardadas por sigilo e não sendo disponibilizadas aos interessados. Nos
termos do voto do relator, o Plenário manifestou sua anuência. Acórdão n.º 1784/2011-
Plenário, TC-009.830/2010-3, rel. Min. Min. Ubiratan Aguiar, 06.07.2011.
386
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
É ilegal a exigência de certificação PBQP-H para o fim de qualificação técnica, a qual, contudo,
pode ser utilizada para pontuação técnica.
Atividades não relacionadas às específicas dos profissionais de Administração não exigem
registro perante o Conselho Profissional da categoria.
Licitação de obra pública:
1 – Para o fim de cálculo de inexequibilidade de proposta comercial, os critérios
estabelecidos na Lei 8.666/1993 não são absolutos, devendo a instituição pública contratante
adotar providências com vistas à aferição da viabilidade dos valores ofertados, antes da
desclassificação da proponente;
2 – Para a responsabilização de parecerista jurídico em processo licitatório é
necessário que se comprove que, na emissão da opinião, houve erro grosseiro ou inescusável,
com dolo ou culpa;
PLENÁRIO
388
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
389
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
apresentado a melhor proposta, caberia ao Ifam diligenciar junto a tal pessoa jurídica, “de modo
a comprovar a viabilidade dos valores de sua oferta, de modo que, ao não agir assim, a
entidade contratou com preço mais elevado sem justificativa plausível para tanto”. Todavia,
deixou de imputar responsabilidade pelo fato ao Diretor do Ifam, por não haver nos autos
elementos que vinculassem sua conduta à adoção das medidas requeridas. Ainda para o relator,
a lógica por trás disso é que medidas dessa natureza estariam afetas a setores operacionais, a
exemplo da comissão de licitação, não competindo esse tipo de atribuição ao nível gerencial da
entidade, na qual se insere o dirigente máximo. Assim, no ponto, votou pela não
responsabilização do Diretor do Ifam, sem prejuízo que fossem sancionados os servidores
diretamente envolvidos com a irregularidade, o que foi acolhido pelo Plenário. Acórdão n.º
1857/2011, TC-009.006/2009-9, rel. Min.-Subst. André Luis de Carvalho, 13.07.2011.
SUMÁRIO
Plenário
Contratação de serviços de publicidade:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
391
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
392
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
cinco foram inabilitadas por suposta desobediência à exigência constante do item 5.3.3 do edital
da licitação das obras, o qual exigia das empresas licitantes a apresentação, em suas propostas,
de plano de trabalho que descrevesse os ‘procedimentos de segurança e de prevenção de riscos
de trabalho’ aplicáveis à execução da obra. Objetivamente, a inabilitação das cinco empresas
ocorrera porque elas apenas haveriam declarado que seguiriam os procedimentos determinados
pela NR-18, norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego, que estabelece
diretrizes para implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança, sem,
entretanto, apresentar o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção – (PCMAT), trazido apenas pela única habilitada, a qual acabou sendo declarada
vencedora do certame. Todavia, no voto, o relator do feito destacou que o PCMAT, “é requisito
da NR-18 que deve ser cumprido em obras com mais de 20 trabalhadores”. Não obstante, “o
art. 30, § 8º da Lei de Licitações consigna que a metodologia de execução dos serviços só
poderá ser exigida no caso de obras grande vulto - acima de R$ 37,5 milhões - e de alta
complexidade técnica”, o que não fora o caso. Por consequência, ainda para o relator, a
declaração apresentada pelas licitantes inabilitadas atenderia a exigência editalícia, dado que “a
afirmação de que cumprirão a norma, levada a termo da proposta, constitui garantia de
execução que, em caso de descumprimento, poderá ser objeto de sanção, nos termos da lei”.
Votou o relator, então, por que fossem promovidas oitivas das Secretarias Estaduais do Governo
do Rio Grande do Norte responsáveis pela potencial irregularidade, sem prejuízo, de dar ciência
a elas, ainda, da falta de amparo legal do item de habilitação questionado. O Plenário, nos
termos do voto do relator, manifestou sua anuência. Acórdão n.º 1883/2011-Plenário, TC-
011.664/2011-8, rel. Min. Raimundo Carreiro, 20.07.2011.
393
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Licitação sob a modalidade pregão:
1 - As informações demandadas nos atestados a serem apresentados por licitantes,
para o fim de comprovação de capacidade técnica, devem ser dotadas de clareza, sendo que, no
caso de dúvidas, cabe ao gestor público valer-se da faculdade contida no § 3º art. 43 da Lei
8.666/1993, promovendo diligências, para saneamento dos fatos, se necessário;
2 – A exigência de aposição de Declaração de Habilitação Profissional nos
documentos contábeis das licitantes é indevida.
Concorrência pública para a contratação de serviços e fornecimento de materiais:
1 - A exigência de número mínimo de atestados de capacidade técnica em processo
licitatório é inadmissível, a não ser que a especificidade do objeto o recomende, ocasião em que
os motivos de fato e de direito deverão estar devidamente explicitados no processo
administrativo do certame;
2 – A realização de vistoria técnica não deve estar limitada a um único dia e horário;
3 - Em se tratando de regime de empreitada por preço global, é necessária a
disponibilização por parte da instituição contratante de cronograma físico-financeiro detalhado,
no qual estejam definidas as etapas/fases da obra a executar e os serviços/atividades que as
compõem.
394
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A seleção da instituição financeira à qual será concedida exclusividade para a prestação dos
serviços de pagamento de remunerações a servidores deverá ser feita por meio de licitação,
sendo que o potencial benefício econômico inerente à incorporação dos servidores à base de
clientes do banco deve ser previamente estimado pela administração, para balizar o
procedimento licitatório.
A exigência de apresentação de certidões negativas de débitos salariais e de infrações
trabalhistas junto à Delegacia Regional do Trabalho é indevida.
PLENÁRIO
395
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
396
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
do certame, o que também foi aprovado pelos demais membros do Plenário. Precedentes
citados: Acórdãos nos 3157/2004, da 1ª Câmara e 124/2002, 1937/2003, 1341/2006, 2143/2007,
1.557/2009 e 534/2011, todos do Plenário. Acórdão n.º 1948/2011-Plenário, TC-005.929/2011-
3, rel. Min.-Subst. Marcos Bemquerer Costa, 27.07.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
DR/ES entendeu não haver qualquer irregularidade na situação, com a ausência de prévia
elaboração do cronograma físico-financeiro, pois “qualquer pagamento somente será
autorizado a partir das medições realizadas pela fiscalização da obra”, tal qual estabelecido
em cláusulas constantes do instrumento convocatório do certame, bem como no contrato
consequencial. Todavia, a unidade técnica discordou do afirmado, pois, para ela, o cronograma
físico-financeiro “se presta a refletir o ritmo com que a Administração pretende ver
desenvolvida a obra, consideradas suas especificidades e de acordo com as disponibilidades
orçamentárias e financeiras existentes, servindo de norte para a formulação das propostas
pelos licitantes”. Assim, as previsões editalícias e contratuais não supririam a elaboração do
documento por parte do Senac-DR/ES, sendo que a ausência de disponibilização do
cronograma, o que deveria ocorrer já no momento da publicação da licitação, em anexo próprio,
“permite que as propostas apresentadas destoem da realidade orçamentário-financeira da
entidade, o que pode vir a gerar eventuais desequilíbrios contratuais. E mais: ao deixar a cargo
das proponentes a sua elaboração, fere o princípio da isonomia, pois o montante a ser auferido
e o momento da percepção desse valor tem inequívoca repercussão nos preços ofertados (a
mensuração do quanto e do quando receber impacta na proposta)”. Para o relator, assistiria
razão à unidade técnica, considerando-se, ainda, precedente da jurisprudência do Tribunal. Para
ele, “o cronograma físico-financeiro impacta diretamente na definição dos custos da obra,
estando intrinsecamente ligado ao respectivo projeto básico. Por essa razão, trata-se de item
que, em situações como a que se examina – na qual foi adotado o regime de execução de
empreitada por preço global – deve ser elaborado previamente à licitação, não podendo ficar
exclusivamente a cargo dos proponentes”. Votou, em consequência, pela fixação de prazo para
que a entidade adotasse as devidas medidas, com vistas à anulação do certame, sem prejuízo de
propor que fosse determinado ao Senac-DR/ES que, em suas futuras licitações, elaborasse, em
se tratando de regime de empreitada por preço global, cronograma físico-financeiro detalhado,
no qual estejam definidas as etapas/fases da obra a executar e os serviços/atividades que as
compõem, e utilize esse instrumento para controle da execução dos serviços e apuração da
remuneração devida ao contratado, o que foi aprovado pelos demais membros do Plenário.
Precedente citado: Acórdão no 534/2010, do Plenário. Acórdão n.º 1948/2011-Plenário, TC-
005.929/2011-3, rel. Min.-Subst. Marcos Bemquerer Costa, 27.07.2011.
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envolvem o tema. Por esse motivo, a seleção das decisões que constam do Informativo é feita
pela Secretaria das Sessões, levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores:
ineditismo da deliberação, discussão no colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os
resumos apresentados no Informativo não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
Licitação para contratação de bens e serviços:
1 – Em licitações sob a modalidade convite é irregular a participação de empresas com
sócios em comum;
2 – As exigências para o fim de habilitação devem ser compatíveis com o objeto da
licitação, evitando-se o formalismo desnecessário.
É imprescindível o exame do conteúdo de recurso administrativo intentado em desfavor de
processo licitatório, sendo o responsável que desconsidera os argumentos apresentados sujeito
às sanções requeridas.
Segunda Câmara
É dever do gestor verificar a aceitabilidade de custos indiretos, mesmo em licitações por preço
global.
Inovação Legislativa
Lei nº 12.462, de 05 de agosto de 2011.
Decreto 7.546, de 02 de agosto de 2011.
PLENÁRIO
400
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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SEGUNDA CÂMARA
401
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
PERÍODO DE 1º A 07 DE AGOSTO
402
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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acompanhamento, pelo leitor, da jurisprudência do TCU quanto aos aspectos relevantes que
envolvem o tema. Por esse motivo, a seleção das decisões que constam do Informativo é feita
pela Secretaria das Sessões, levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores:
ineditismo da deliberação, discussão no colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os
resumos apresentados no Informativo não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
Pregão para contratação de serviços: por constituir presunção relativa, suposta inexequibilidade
de proposta comercial de licitante não autoriza imediata desclassificação, excetuando-se
situação extremas nas quais a Administração Pública se veja diante de preços simbólicos,
irrisórios ou de valor zero.
PLENÁRIO
403
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
legal das normas regentes do assunto, não haveria nenhum dispositivo que autorizaria o
estabelecimento de critério de aceitabilidade de preço mínimo para o caso de serviços comuns.
Todavia, a Instrução Normativa nº 2/2008 da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (IN/SLTI nº 2/2008) trataria da
questão em seu art. 29, a qual deveria, então, ser interpretada a partir dos dispositivos legais de
referência (inc. X do art. 40, § 3º do art. 44 e inc. II do art. 48, todos da Lei 8.666/1993). Nesse
quadro, consignou que, apesar de o § 5º do art. 29 da IN/SLTI nº 2/2008 dar possibilidade de
desclassificação imediata de propostas a partir da ocorrência das condições lá estabelecidas, “em
licitação para contratação de serviços comuns, como é o caso, a Lei de Licitações não define
critérios objetivos para aferição da exequibilidade das propostas”. Caberia, então, ao
administrador público exercer tal tarefa com cautela, “sob pena de eliminar propostas
exequíveis que à primeira vista se mostrem inviáveis, em descompasso com a busca pela
proposta mais vantajosa e, por consequência, com o princípio da economicidade”. Assim,
exceto em situações extremas nas quais a instituição contratante se veja diante de preços
simbólicos, irrisórios ou de valor zero, a teor do § 3º do art. 44 da Lei 8.666/1993, a norma não
teria outorgado à comissão julgadora, ou ao pregoeiro, poder para desclassificar propostas, sem
estar demonstrada, no procedimento licitatório, a incompatibilidade entre os custos dos insumos
do proponente e os custos de mercado, bem como entre os seus coeficientes de produtividade e
os necessários à execução do objeto. Destacou, ainda, que “embora a Lei não defina parâmetro
do que seja irrisório ou simbólico, cabe ao intérprete firmar tal juízo no caso concreto, em
atenção ao princípio da razoabilidade”, sendo certo que “uma proposta nessa condição há de
apresentar preços deveras destoantes da realidade, em respeito à própria adjetivação utilizada
pela norma, não se podendo afastar, de plano, por exemplo, propostas cujos preços
representem pouco menos de 70% do valor orçado pela Administração”. Assim, a despeito das
disposições constantes do § 5º do art. 29 da IN/SLTI nº 2/2008, propostas supostamente
inexequíveis não poderiam ser desclassificadas de maneira imediata, excetuando-se as situações
extremas previstas no § 3º do art. 44 da Lei 8.666/1993 (preços simbólicos, irrisórios ou de
valor zero). Por conseguinte, além de outras irregularidades, por conta da adoção indevida de
critério de desclassificação de propostas de várias licitantes, as quais não teriam tido sequer
oportunidade para tentar evidenciar a factibilidade de suas propostas, votou o relator pela
procedência da representação e por que se determinasse ao MPS, com relação ao Pregão
Eletrônico nº 9/2001, a adoção de medidas com vistas à sua anulação, em face dos vícios de
legalidade apurados, sem prejuízo, ainda, de se determinar ao órgão medidas corretivas para
suas futuras licitações. Nos termos do voto do relator, o Plenário manifestou sua anuência.
Precedentes citados: Acórdãos nos 559/2009, da 1ª Câmara, 697/2006 e 363/2007, ambos do
Plenário. Acórdão n.º 2068/2011-Plenário, TC-015.709/2011-6, rel. Min. Augusto Nardes,
10.08.2011.
404
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
compatíveis com as dos substituídos, além de atenderam os requisitos do edital”, o que foi
rebatido pela unidade técnica incumbida da instrução do feito, a qual demonstrou que a
pontuação destes seria inferior à da equipe original. No voto, o relator observou que, sem
adentrar no exame dos perfis dos profissionais contratados em substituição aos primeiros, a
argumentação do responsável não elidiu o fato de que não foi feita a aferição dos currículos dos
novos profissionais, nos termos previstos no edital, o que já caracterizaria, em sua opinião, a
irregularidade da conduta. Entretanto, aditou que a gravidade da ocorrência seria ampliada ao se
constatar que se tratava de licitação do tipo técnica e preço, “na qual a técnica tinha peso
elevado e na qual a empresa contratada sagrou-se vencedora do certame, apesar de não ter
cotado o menor preço, em virtude de sua proposta técnica, que incluía a qualificação de sua
equipe”. Por isso, votou pela rejeição das justificativas apresentadas pelo responsável, com
aplicação de multa a este, sem prejuízo de se determinar ao Dnit/SP que regularize a situação
dos profissionais substituídos, no que foi acompanhado pelo Plenário. Acórdão n.º 2091/2011-
Plenário, TC-018.910/2009-0, rel. Min. Aroldo Cedraz, 10.08.2011.
405
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
se do lance de desempate para vencer o torneio licitatório, o que indica fraude à licitação, nos
termos do art. 90 da Lei n. 8.666/1993”. Além disso, ainda para o relator, “a concretização de
avenças ulteriores decorrentes das disputas é irrelevante, pois basta verificar a ocorrência de
utilização indevida do benefício preferencial do empate, haja vista que a empresa usou a
benesse legal para sagrar-se vencedora de certames públicos, para fins de configuração da
ilicitude em exame”. Por conseguinte, propôs, e o Tribunal acolheu, que a empresa que utilizou
indevidamente o benefício do desempate fosse declarada inidônea para participar de licitação na
Administração Pública Federal pelo prazo de um ano, ante a conduta fraudulenta percebida.
Acórdão n.º 2101/2011, TC-019.543/2010-7, rel. Min.-Subst. Marcos Bemquerer Costa,
10.08.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Licitação sob a modalidade pregão: o retorno à fase de aceitação das propostas, quando esta já
tiver sido superada, só deve ocorrer se verificadas falhas relevantes que possam alterar a
substância das propostas, dos documentos e sua validade jurídica, cabendo ao pregoeiro, em vez
disso, se necessário, esclarecer ou complementar a instrução do processo, utilizando-se das
faculdades previstas no art. 26, § 3º, do Decreto 5.450/2005, ou no art. 43, § 3º, da Lei 8.666/93.
É inadmissível subcontratação total, por ofensa às normas regentes dos contratos
administrativos.
Na utilização do inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993 como fundamento da contratação direta,
as obras e/ou serviços contratados devem estar adstritos aos itens necessários ao atendimento da
situação emergencial ou calamitosa e que possam ser concluídos no prazo máximo de 180
(cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos.
Pregão para aquisição de mobiliário:
1 – Declaração de idoneidade financeira não pode ser exigida, para o fim de
habilitação em processo licitatório;
2 - Visita técnica em licitação por pregão eletrônico para aquisição de móveis só deve
ser exigida se existentes elementos que a justifiquem, sendo ilícita que tal medida tenha de ser
realizada por arquiteto empregado da licitante, dado não ter pertinência com a finalidade desse
procedimento, além de não se amoldar ao disposto no art. 30, III, da Lei de Licitações;
3 – No caso de supressão de exigências do edital que possam alterar a formulação das
propostas das licitantes interessadas deverá ocorrer a republicação do instrumento convocatório.
PLENÁRIO
Licitação sob a modalidade pregão: o retorno à fase de aceitação das propostas, quando
esta já tiver sido superada, só deve ocorrer se verificadas falhas relevantes que possam
alterar a substância das propostas, dos documentos e sua validade jurídica, cabendo ao
pregoeiro, em vez disso, se necessário, esclarecer ou complementar a instrução do
processo, utilizando-se das faculdades previstas no art. 26, § 3º, do Decreto 5.450/2005, ou
no art. 43, § 3º, da Lei 8.666/93
Representação formulada ao TCU noticiou a ocorrência de possíveis irregularidades na
condução de pregão eletrônico, com registro de preços, nº 76/2010, realizado pela Fundação
Nacional de Saúde, Coordenação Regional em Mato Grosso – (Funasa/MT) para aquisição de
equipamentos para sistema de abastecimento de água em áreas indígenas. Para o relator, o ponto
fundamental do processo estaria no fato da Funasa/MT ter declarado algumas empresas
habilitadas e vencedoras dos itens 1 a 7, 10 a 15, 20 e 21 do certame, mas, posteriormente,
alegar o não atendimento do previsto no item 7 do anexo I do edital do pregão, o qual exigia
“especificação clara, completa e minuciosa do material oferecido”, retornando o procedimento
para aquisição dos itens à fase de aceitação das propostas. Após a oitiva do pregoeiro incumbido
da condução do procedimento, o relator destacou que a jurisprudência do Tribunal, apoiada na
doutrina pátria, leciona que “o exame realizado pelo pregoeiro na fase de verificação inicial das
propostas (art. 22, § 2º, do Decreto 5.450/2005) deve ser sumário e sintético, dada a natureza
dinâmica do pregão, sendo que ‘não cabe disputa mais aprofundada nessa etapa’ e que ‘o
pregoeiro deverá examinar a proposta e verificar se a descrição ali contida corresponde àquela
adotada no edital’”. Já na fase de aceitação do pregão (art. 25, caput e §§ 1º a 4º, do Decreto
5.450/2005), “é que deve ser perquirida com afinco a compatibilidade do preço da proposta em
408
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
409
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
na emergência) para a contratação de todo restante da obra, quando, na realidade, o IFPI deveria
ter se limitado, por conta do fundamento utilizado, à emergência constante do dispositivo
retromencionado, à contratação de partes da obra ou de alguns serviços mais específicos, cuja
não finalização em caráter de urgência pudesse causar sérios danos à estrutura já edificada,
acarretando, por exemplo, a deterioração dos bens já empregados na obra, sempre mediante
justificativa (ver informativo 65). Para o exame do mérito da matéria, o processo foi
encaminhado à unidade técnica para instrução, na qual se consignou que “a administração do
IFPI deve, contudo, atentar para o que estipula o final do item IV do art. 24 da Lei 8.666/93:
‘(...) e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou
calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídos no prazo máximo
de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da
emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos”, no que contou
com anuência do relator, que votou por que fosse dado ciência ao IFPI de que em razão do
caráter emergencial da obra, a planilha orçamentária elaborada para a conclusão do Campus
Paulistana não poderá ser onerada mediante a inclusão de itens que não guardem pertinência
com a situação emergencial delineada, o que foi aprovado pelo Plenário. Acórdão n.º
2190/2011-Plenário, TC-014.245/2011-6, rel. Min. José Jorge, 17.08.2011.
Pregão para aquisição de mobiliário: 2 - Visita técnica em licitação por pregão eletrônico
para aquisição de móveis só deve ser exigida se existentes elementos que a justifiquem,
sendo ilícita que tal medida tenha de ser realizada por arquiteto empregado da licitante,
dado não ter pertinência com a finalidade desse procedimento, além de não se amoldar ao
disposto no art. 30, III, da Lei de Licitações
Outra suposta irregularidade detectada na representação formulada ao Tribunal em desfavor do
pregão eletrônico, com registro de preços, n° 1/2011, realizado pela Escola de Comando e
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Estado Maior do Exército - (ECEME), para eventual aquisição de mobiliário, pelo prazo de
doze meses, fora a obrigatoriedade de visita técnica por parte das licitantes interessadas, que,
nos termos do edital, deveria ser realizada por arquiteto, responsável técnico da empresa,
devidamente registrado no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – (CREA) –, sendo
que o referido profissional deveria pertencer ao quadro permanente da licitante, comprovando-
se o vínculo mediante cópia autenticada da Carteira de Trabalho Profissional ou ficha de
registro de empregado na empresa, também autenticada. Para a licitante, tal exigência seria
abusiva, pois não se poderia exigir que o fornecedor de móveis tivesse um arquiteto como
responsável técnico, “quando a empresa que atua no comércio de móveis pode, por lei,
funcionar sem qualquer arquiteto em seus quadros”. Em sua opinião, “tal condição fere a
igualdade e restringe a competitividade, porquanto reduz o número de possíveis fornecedores
àqueles que têm arquitetos como empregados". Todavia, para a ECEME, com a visita técnica a
ser realizada por um arquiteto, a Administração poderia ter um acompanhamento de um
profissional não existente nos seus quadros, para melhor adequação do mobiliário a ser
adquirido nas novas instalações, bem como sua montagem nos auditórios e salas de aula, de
forma a não se infringir nenhuma norma de segurança legal. Além disso, por ser cediço que a
obtenção do ‘habite-se’ de uma nova edificação deveria passar por uma vistoria dos órgãos
municipais e estaduais de fiscalização e que este instituto somente é concedido quando todas as
exigências legais são obedecidas, “não poderia a Administração incorrer no risco de não poder
ocupar o prédio por não ter o mobiliário de seu auditório atendendo às normas técnicas
específicas e/ou ter seu mobiliário montado de forma a não atender tais requisitos”. Desse
modo, ainda no ponto de vista da ECEME, seria “indispensável exigência de um profissional
competente com registro no CREA para acompanhar a visita técnica, visualizando as plantas
do anexo e os edifícios já existentes de forma que possibilite aos licitantes uma justa formação
de preço, levando em consideração todos os fatos relevantes na montagem dos produtos”. O
relator, entretanto, discordou do entendimento da ECEME. Para ele, a exigência de visita
técnica a ser realizada por arquiteto empregado da licitante seria ilícita, dado não ter pertinência
com a finalidade desse procedimento, além de não se amoldar ao disposto no art. 30, III, da Lei
de Licitações. Ainda conforme o relator, seria controversa até mesmo a própria exigência de
visita técnica em licitação por pregão eletrônico para aquisição de móveis, de tal forma que o
gestor prudente somente a deveria exigir se existentes elementos que a justificassem, como
condição para perfeito cumprimento das obrigações futuras e adequada formulação da proposta,
sob pena de correr-se o risco de haver impugnação pela ilegalidade da exigência. Por
conseguinte, o relator, concluiu por descabida a exigência. Todavia, por entender que a anulação
do certame por ele sugerida seria a medida apropriada à situação, a qual, por todo o contexto,
não se revelara grave a ponto de se perseguir a apenação dos responsáveis com multa, deixou de
acolher a proposta da unidade instrutiva pela realização de audiência do pregoeiro incumbido da
condução do certame. O Plenário, a partir dos argumentos expendidos pelo relator, manifestou
sua anuência. Acórdão n.º 2179/2011-Plenário, TC-006.795/2011-5, rel. Min.-Subst. Weder de
Oliveira, 17.08.2011.
411
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
serem apresentadas, os prazos iniciais poderão ser mantidos”. Todavia, para o relator o que
teria ocorrido seria um erro de interpretação por parte do pregoeiro, já que o citado comando
legal menciona ‘formulação de propostas’ e não ‘conteúdo das propostas’. Ainda consoante o
relator, “a supressão de exigências de habilitação, pode-se afirmar, não afetaria o conteúdo das
propostas já formuladas ou na iminência de serem apresentadas, mas, como entende o
pregoeiro, facilitaria a entrada de mais fornecedores. Exatamente por isso, deveria o edital ser
republicado, de forma a permitir a ‘formulação de propostas’ por empresas que não
intencionavam fazê-lo por serem afetadas por exigência constante do edital e que veio a ser
suprimida na véspera da apresentação, modificação a qual não foi dada a devida divulgação,
em correto cumprimento ao que dispõem o art. 21, § 4º, da Lei nº 8.666/1993 e o art. 20 do
Decreto nº 5.450/2005”. Por conseguinte, o relator concluiu que deveria ter sido providenciada
a republicação do edital do certame. Todavia, por entender que a anulação do certame por ele
sugerida seria a medida apropriada à situação, a qual, por todo o contexto, não se revelara grave
a ponto de se perseguir a apenação dos responsáveis com multa, deixou de acolher a proposta da
unidade instrutiva pela realização de audiência do pregoeiro incumbido da condução do
certame. O Plenário, a partir dos argumentos expendidos pelo relator, manifestou sua anuência.
Acórdão n.º 2179/2011-Plenário, TC-006.795/2011-5-Plenário, rel. Min.-Subst. Weder de
Oliveira, 17.08.2011.
SUMÁRIO
Plenário
A utilização, como critério de julgamento das propostas, de composição de custos não divulgada
adequadamente viola disposição expressa no art. 44, § 1º, da Lei 8.666/1993.
A exigência de relação dos compromissos assumidos, calculada em função do patrimônio
líquido atualizado, para o fim de qualificação econômico-financeira, não ofende o estatuto das
licitações.
A realização sistemática e contínua de procedimentos de contratação direta, fundados no art. 24,
incisos I ou II, da Lei nº 8.666/1993, ausentes os requisitos contidos nestes dispositivos, pode
levar à apenação dos responsáveis.
A comprovação da capacidade técnico-operacional das licitantes deve se restringir às parcelas
de maior relevância e valor significativo do objeto a ser contratado.
É ilegal a participação do autor do projeto básico, ainda que indireta, em licitação ou na
execução da obra, não descaracterizando a infração a ocorrência da exclusão do referido autor
do quadro social da empresa participante da licitação, às vésperas do certame.
Licitação de obra pública:
412
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
101/ES. Dentre tais irregularidades, constou a inclusão dos serviços “Steel Deck MF-50” e
“Gradil – fornecimento e assentamento de gradil” como um dos requisitos a serem objeto de
comprovação da aptidão profissional e operacional das empresas licitantes, serviços estes que
não atenderiam aos pressupostos de relevância técnica e de valor significativo. Para o relator,
conforme a jurisprudência do Tribunal, “a comprovação da capacidade técnico-operacional das
licitantes deve se restringir às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto a ser
contratado, o que não restou comprovado nesta representação, eis que os serviços
denominados ‘Steel Deck MF-50’ e ‘Gradil – fornecimento e assentamento de gradil’
contemplam valores inexpressivos perante o custo total das obras”, fato este que, inclusive,
teria sido reconhecido pelos próprios gestores. A isto, ainda para o relator, somou-se a
circunstância de ter ocorrido a habilitação de apenas uma empresa – a mesma empresa, – nos
três certames, caracterizando consistente indício de que a exigência teria sido desarrazoada,
especialmente considerando de que se tratava de objeto comum em obras rodoviárias e que as
demais licitantes foram inabilitadas justamente por conta disso. Por conseguinte, diante desta e
de outras irregularidades, o relator votou por que se determinasse ao Dnit-SR/ES a adoção das
providências necessárias à anulação das concorrências 0609/2010, 0003/2011 e 0004/2011 ou,
ao menos, à declaração de nulidade dos procedimentos licitatórios subsequentes à publicação
dos respectivos editais, retificando-os no que tange às irregularidades suscitadas, bem como por
que fossem promovidas as audiências dos agentes públicos envolvidos, para apuração das
devidas responsabilidades. Nos termos do voto do relator, o Plenário manifestou sua anuência.
Acórdão n.º 2253/2011-Plenário, TC-005.410/2011-8, rel. Min. Aroldo Cedraz, 24.08.2011.
415
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
qualquer dos índices referidos, deveriam, então, apresentar outras comprovações e garantias. No
caso examinado, observou-se que as exigências editalícias de índices maiores ou iguais a 5
(cinco) estavam muito superiores ao parâmetro normativo. Do mesmo modo, o grau de
endividamento previsto no edital, menor ou igual a 0,16, estaria distante do índice usualmente
adotado, que varia de 0,8 a 1,0. Além disso, em qualquer caso, ainda conforme o relator, seria
obrigatório justificar, no processo licitatório, os índices contábeis e valores utilizados, o que não
foi realizado. Por conseguinte, por essa e por outras irregularidades, votou pela aplicação de
multa aos responsáveis, no que foi acompanhado pelo Plenário. Acórdão n.º 2299/2011-
Plenário, TC-029.583/2010-1, rel. Min.-Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 24.08.2011.
SUMÁRIO
Plenário
Supressões contratuais anteriores devem ser levadas em consideração para o fim de se
determinar a base para acréscimos percentuais posteriores.
A vedação de participação em licitações sob a modalidade concorrência de empresas com sócios
comuns é ilícita, apesar de poder constituir indício que, somado a outros, conforme o caso
concreto, configure fraude ao certame.
Contratação de bens e serviços de informática:
1 – De modo geral, a licitação para que sejam contratados bens e serviços de informática deve
ocorrer por pregão;
2 – Em licitação do tipo técnica e preço, a atribuição de pontuação ao critério tempo de atuação
da licitante só é aceitável se feita em limites razoáveis, bem como se for conjugada com outros
critérios que avaliem a experiência e a capacidade da licitante;
3 – Em licitação do tipo técnica e preço, é admissível a exigência de nota mínima para
valorização da proposta.
Na licitação para contratação de empresa especializada no fornecimento de vale alimentação, na
forma de cartão eletrônico ou tecnologia similar, apesar de discricionária a fixação do número
mínimo de estabelecimentos credenciados, o gestor deve estar respaldado em estudo técnico
para fixar tal número, devendo reduzir a termo o referido estudo e juntá-lo aos autos do
processo licitatório.
PLENÁRIO
417
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A partir de auditoria realizada nas obras do Canal do Sertão Alagoano, executadas por conta do
Contrato nº 03/1992, celebrado pela Secretaria de Infra-Estrutura do Governo do Estado de
Alagoas, o Tribunal apreciou razões de justificativas apresentadas por responsáveis acerca de
alterações contratuais acima dos limites permitidos pelo ordenamento jurídico. Ao refutar os
argumentos apresentados com relação a tais alterações contratuais, a unidade técnica entendeu
que estas teriam desnaturado, por completo, a avença original. Isso se deveu, ainda conforme a
unidade instrutiva, por conta de a instituição contratante não ter considerado as supressões
advindas ao contrato, após a firmatura deste, o que determinaria uma nova base para o fim de
cálculo dos acréscimos percentuais admitidos no § 1º do art. 65 da Lei 8.666/1993, conforme
entendimento mantido pelo Tribunal na Decisão nº 1575/2002-Plenário. Consoante a unidade
técnica, “em tese, não há limites para a redução contratual consensual, mas, a partir do
momento da redução da avença, por força de supressões de serviços licitados e contratados,
ascendeu ao mundo jurídico um novo contrato (aditivado por supressão), que será a nova base
para fins de incidência do percentual máximo de 25%. Por esta metodologia, introduzida pela
Decisão nº 1575/2002-Plenário, com a retirada do item de orçamento ‘Ponte-Canal’ do
orçamento licitado e contratado, no valor de R$ 25.690.573,68 a preços de agosto/2002, por
meio do 2º Termo Aditivo, o valor total do contrato passou de R$ 41.778.628,39 a preços de
agosto/2002 para R$ 16.088.054,71 na mesma data de referência (diferença entre o total do
contrato e o que foi suprimido). Portanto, esta seria a nova base de incidência (R$
16.088.054,71) do limite legal máximo de 25%”. Diante disso, concluiu a unidade responsável
pelo feito que “só poderia ser acrescido, em termos de serviços, o valor de R$ 4.022.013,68
(25% de R$ 16.088.054,71), os quais, acrescidos ao valor do contrato com a supressão (R$
16.088.054,71), chegaríamos ao montante de R$ 20.110.068,39. Passando este a ser o valor
máximo permitido pela Lei nº 8.666/93”. Todavia, como o contrato, após aditivos, alcançou o
valor de R$ 50.172.205,03, mediante acréscimos de novos serviços, totalizou-se, conforme o
ponto de vista da unidade técnica, o percentual de 211,86% em relação à base de incidência (R$
16.088.054,71), o que a levou a propor, por esta e por outra irregularidade, multa aos
responsáveis envolvidos, no que contou com a anuência do relator e do Plenário. Acórdão n.º
2331/2011-Plenário, TC-014.771/2006-1, rel. Min. Valmir Campelo, 31.08.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
isonomia, pois privilegia aspectos individuais das empresas concorrentes que não são
determinantes da sua capacidade técnica em executar o objeto”. Naquela oportunidade, na
conclusão pela razoabilidade de se utilizar o tempo de atuação da licitante como um dos
critérios de avaliação da capacidade técnica, levou-se em consideração que, no caso examinado,
o critério não era responsável exclusivo pela pontuação da capacidade da proponente, bem como
representava apenas 10% do total de pontos atribuíveis ao julgamento da proposta técnica. No
presente caso, apesar de o objeto envolver o emprego de equipamentos de informática, seria
pertinente, ainda conforme a unidade instrutiva, a aplicação do entendimento externado no
Acórdão nº 481/2004-Plenário, dado que o critério TAL na Concorrência Pública nº 471/2009
fora pontuado com 20 (vinte) pontos e representara 50% do total da pontuação atribuída à
capacidade técnica da licitante. Ao concordar com os exames procedidos pela unidade técnica,
por essa e por outras irregularidades, o relator, ao concluir pela procedência parcial da
representação, votou por que fosse fixado o prazo de quinze dias para o DNIT suspendesse o
certame e corrigisse suas irregularidades, sendo que, no atinente à pontuação excessiva atribuída
ao tempo de atuação da licitante (TAL), que lhe fosse dado peso proporcional, uma vez ter este
representado 50% (cinquenta por cento) da nota atribuída ao quesito capacidade técnica da
licitante, contrariando entendimento desta Corte, segundo o qual esse critério só é aceitável se
for pontuado em limites razoáveis, bem como se for conjugado com outros critérios que avaliem
a experiência e a capacidade da licitante. Acórdão n.º 2353/2011-Plenário, TC-022.758/2009-9,
rel. Min. Raimundo Carreiro, 31.08.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Licitação para contratação de serviços de consultoria:
1 – Na hipótese de contratação de uma única empresa para elaboração de projeto básico de
solução integrada e acompanhamento da sua implementação, a instituição pública contratante
deve buscar medidas preventivas que visem garantir o atendimento do interesse público, de
forma a se evitar a influência indevida da contratada na execução do objeto;
2 – Na análise da compatibilidade do preço final com os de mercado, deve ser composta
planilha com todos os itens envolvidos, incluindo, se possível, custos administrativos, sociais,
trabalhistas e lucro.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Empresa não pode ser impedida de participar de licitação por estar em litígio judicial com a
instituição contratante.
A utilização de Pregão é inadequada para a contratação de serviços técnicos especializados de
fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras, quando considerados de alta complexidade.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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Ainda no pedido de Reexame que foi interposto pela Financiadora de Estudos e Projetos –
(FINEP/MCT), contra o Acórdão nº 3359/2010-Plenário, o qual tratou, originariamente, de
Representação formulada em face de indícios de irregularidade identificados na Concorrência nº
1/2010, do tipo técnica e preço, para a contratação de consultoria especializada, com o intuito de
desenvolver solução integrada para modernização de processos e de sistemas da FINEP, os
recorrentes manifestaram insatisfação com a relação à determinação constante da deliberação
anterior, para que realizassem análise detalhada da compatibilidade do preço final com os de
mercado, levantando em planilhas todos os itens envolvidos, incluindo custos administrativos,
sociais, trabalhistas e lucro. Para eles, os detalhamentos quanto à composição dos preços seriam
estratégicos e a FINEP não teria meios para exigi-los. Informações como salários e benefícios
dos funcionários (custos trabalhistas), custos administrativos e, principalmente, lucro das
empresas dificilmente poderiam ser obtidos pela Empresa Pública. Além disso, teriam sido
procedidas cotações no momento da formação do orçamento, inclusive com a comparação com
tabela de formação de preços vigente da Associação Brasileira de Consultores em Engenharia,
sendo certo, para os recorrentes, que estas teriam sido suficientes para conclusão acerca da
regularidade do certame. Aditou-se, ainda, que a FINEP não possuiria instrumentos para
compelir empresas que sequer contratarão com a estatal a informá-la a respeito de seus custos
trabalhistas, administrativos e lucro. Assim, a determinação de aferição de compatibilidade do
preço final com o de mercado, na norma determinada pelo TCU, seria desprovida de
razoabilidade e de difícil cumprimento. O que poderia ser admitido, ainda para os recorrentes,
seria a comparação entre o preço final obtido com a média das cotações obtidas no momento da
formação do orçamento. Isto porque a média de cotações consubstanciaria o preço máximo de
cada produto ou serviço contratado, no modo de ver dos recorrentes. Ao examinar o assunto, o
relator consignou que “diferentemente das licitações para realização de obras em que tanto a
Lei de Diretrizes Orçamentárias como sólida jurisprudência do TCU têm exigido a
parametrização dos custos pelos valores dos sistemas de preço referência (SICRO/SINAPE,
dentre outros), incluindo a análise da composição dos custos unitários dos serviços e obras,
além do BDI, não há norma ou regulamentação que exijam o mesmo nível de detalhamento
para a prestação de serviços de consultoria empresarial”. Nada impediria, porém, ainda para o
relator, que “a FINEP busque, cada vez mais, aprimorar a aferição dos preços desses serviços,
de molde a extrair as margens usualmente praticadas para os custos administrativos, lucro e
outras despesas da empresa”. Por conseguinte, ao votar pela manutenção da determinação
anterior, o relator manifestou-se por que fosse ajustada sua redação, de forma que Finep, em
relação à Concorrência nº 01/2010, realizasse análise detalhada da compatibilidade do preço
final com os de mercado, levantando em planilhas todos os itens envolvidos, incluindo, se
possível, custos administrativos, sociais, trabalhistas e lucro. Nos termos do voto do relator, o
Plenário manifestou sua anuência. Acórdão n.º 2430/2011-Plenário, TC-012.952/2010-9, rel.
Min. Walton Alencar Rodrigues, 14.09.2011.
Empresa não pode ser impedida de participar de licitação por estar em litígio judicial com
a instituição contratante
Representação formulada ao Tribunal apontou possíveis irregularidades no Pregão Presencial
22/2011, promovido pelo Serviço Social do Comércio – (SESC/SP), tendo por objeto o registro
de preços para fornecimento de suprimentos de informática para diversas unidades do SESC na
Capital, Grande São Paulo e Litoral. Dentre tais irregularidades, constou a aposição de cláusula
no instrumento convocatório que impediria a participação no certame das empresas que se
encontrassem em litígio judicial com o SESC. Para o relator, tal dispositivo implicaria limitação
de direito constitucional que não poderia ser afastado sequer por lei, segundo o que prevê o inc.
XXXV do art. 5º da Carta Magna. De modo a sanar a situação, votou o relator por que se
expedisse determinação ao SESC de que, em futuros torneios licitatórios, abstenha-se de vedar a
participação de empresas que estejam em litígio judicial com a entidade, dado que a proibição,
além de não contar com fundamento legal, afrontaria os princípios da impessoalidade e da
competitividade. Além disso, propôs que o assunto fosse levado ao conhecimento da
Administração Nacional do SESC sobre o entendimento desta corte de contas acerca do assunto,
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de modo que suas unidades regionais também pudessem tomar conhecimento. As proposições
foram aprovadas pelo Plenário. Acórdão n.º 2434/2011-Plenário, TC-008.583/2011-0, rel. Min.
Aroldo Cedraz, 14.09.2011.
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SUMÁRIO
Plenário
Licitação de obra pública:
1 – A abertura de oportunidade para apresentação de nova proposta de preços apenas à
licitante vencedora da licitação, quando todas as propostas estiverem acima dos valores
estimados pela instituição contratante, viola o inciso II e § 3º do art. 48;
2 - Ainda que não haja vedação legal para a participação em concorrências de
empresas com sócios em comum, a fraude à licitação, decorrente da frustração ao caráter
competitivo e da quebra do sigilo das propostas, enseja a declaração de inidoneidade das
empresas pertencentes a uma mesma pessoa.
Para efeito de observância dos limites de alterações contratuais previstos no art. 65 da Lei nº
8.666/93, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados
sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos, individualmente e
sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limites de alteração estabelecidos no
dispositivo legal.
No caso de não ser possível obter preços referenciais nos sistemas oficiais para a estimativa de
custos em processos licitatórios, deve ser realizada pesquisa de preços contendo o mínimo de
três cotações de empresas/fornecedores distintos, fazendo constar do respectivo processo a
documentação comprobatória pertinente aos levantamentos e estudos que fundamentaram o
preço estimado. Caso não seja possível obter esse número de cotações, deve ser elaborada
justificativa circunstanciada.
A composição do BDI deve ser estabelecida de acordo com o tipo de obra pública a ser
contratada, conforme as premissas teóricas estabelecidas no Acórdão nº 2369/2011, do Plenário
do Tribunal.
PLENÁRIO
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Licitação de obra pública: 2 – Ainda que não haja vedação legal para a participação em
concorrências de empresas com sócios em comum, a fraude à licitação, decorrente da
frustração ao caráter competitivo e da quebra do sigilo das propostas, enseja a declaração
de inidoneidade das empresas pertencentes a uma mesma pessoa
Ainda na auditoria efetuada pelo Tribunal junto às Superintendências Regionais do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA em Belém-PA e Santarém-PA, outra
irregularidade que levou à audiência dos responsáveis foi a não observância, na Concorrência nº
02/2008, da composição societária de duas empresas, as quais, conforme os documentos de
habilitação, pertenceriam a uma mesma pessoa. Ao tratar do assunto, o relator, em seu voto,
destacou que, em recente deliberação, o Tribunal ratificou entendimento de que “não há
vedação legal para a participação, em concorrências, de empresas com sócios em comum,
devendo, entretanto, tal informação ser confrontada com outras no decorrer do processo
licitatório”. Na espécie, ainda consoante o relator, “constatou-se que as empresas apresentaram
propostas com coincidência de texto, aí incluídos incorreções textuais e valores grafados,
sendo também muito próximos os preços por elas oferecidos, nos lotes VI e VIII, em que eram
as únicas participantes, o que obviamente deveria ter chamado a atenção dos responsáveis pelo
certame, ante o comprometimento da lisura do certame pela frustração ao caráter competitivo
e o princípio do sigilo das propostas”. Além disso, para o relator, “diante da configuração de
fraude à licitação, afigura-se-me pertinente a declaração de inidoneidade das referidas
empresas, conforme proposto pela unidade técnica”. Assim, diante dessa e de outras
irregularidades, entendeu o relator não merecerem ser acolhidas as razões de justificativa
apresentadas pelos responsáveis, razão pela qual votou por que lhes fosse aplicada multa, no que
foi acompanhado pelo Plenário, que também anuiu à proposta de declaração de inidoneidade das
empresas participantes da fraude. Acórdão n.º 2528/2011-Plenário, TC-010.428/2009-0, rel.
Min. José Jorge, 21.09.2011.
Para efeito de observância dos limites de alterações contratuais previstos no art. 65 da Lei
nº 8.666/93, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre
calculados sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos,
individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limites de alteração
estabelecidos no dispositivo legal
Mediante pedidos de reexame, diversos responsáveis manifestaram seu inconformismo contra o
Acórdão nº 170/2011-Plenário, por meio do qual o Tribunal rejeitou as razões de justificativa
por eles apresentadas, aplicando-lhes multa. Na oportunidade, ao examinar o edital da
Concorrência nº 01/2004-CPLO/SUPEL/RO, lançada pelo Departamento de Viação e Obras
Públicas (DEVOP/RO), via Superintendência Estadual de Licitações, para contratação de
serviços de conservação de rodovias, constatou-se que ele não continha o necessário projeto
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básico, apto a orientar a execução dos serviços, em violação ao inc. I do § 2º do art. 7º da Lei
nº 8.666/1993. Em consequência de tal ausência, bem como de projeto executivo, teria havido
supressão unilateral nos contratos resultantes do certame de serviços considerados
desnecessários, com redução de 18% a 41% do valor originalmente contratado, e acréscimos
com percentuais variando de 22% a 56%, em afronta à alínea ‘b’ do inc. I do art. 65, c/c o § 1º
do art. 65, da Lei nº 8.666/1993. Para a unidade técnica responsável pelo feito, a irregularidade
consistiria no fato de “os termos aditivos aos contratos da CP 01/2004-CPLO/SUPEL/RO não
terem considerado em sua memória de cálculo o percentual de supressão de serviços
separadamente do percentual de acréscimo, e que a metodologia utilizada pelo DEVOP/RO
demonstra que houve uma compensação entre supressões e acréscimos, sendo o resultado
encontrado aditivado”. Já para o relator, além de violação à norma legal, “tal procedimento não
encontra guarida na jurisprudência do TCU, tendo sido consolidado, no âmbito desta Corte, o
entendimento de que, para efeito de observância dos limites de alterações contratuais previstos
no art. 65 da Lei nº 8.666/93, devem ser consideradas as reduções e supressões de quantitativos
de forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre
calculados sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos,
individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limites de alteração
estabelecidos no supracitado dispositivo legal”. Por conseguinte, votou pelo não provimento
dos pedidos de reexame manejados, no que foi acompanhado pelos demais ministros. Acórdão
n.º 2530/2011-Plenário, TC-015.678/2005-3, rel. Min. José Jorge, 21.09.2011.
No caso de não ser possível obter preços referenciais nos sistemas oficiais para a
estimativa de custos em processos licitatórios, deve ser realizada pesquisa de preços
contendo o mínimo de três cotações de empresas/fornecedores distintos, fazendo constar
do respectivo processo a documentação comprobatória pertinente aos levantamentos e
estudos que fundamentaram o preço estimado. Caso não seja possível obter esse número
de cotações, deve ser elaborada justificativa circunstanciada
Representação noticiou ao Tribunal possíveis irregularidades no âmbito do Pregão Eletrônico nº
62/2011, promovido pela Universidade Federal de Santa Catarina – (UFSC), cujo objeto
consistiu na aquisição de caldeirões autogeradores de vapor para uso no restaurante universitário
da instituição. Ao examinar os fatos, a unidade técnica responsável pela instrução apresentou
evidências que o orçamento estimativo, que serviu de base para a negociação por parte da
pregoeira incumbida do certame, teria sido elaborado de forma irregular. No quadro fático,
indicou a unidade instrutiva que as três empresas consultadas para suposta pesquisa de preços
em âmbito nacional estariam localizadas em Porto Alegre, sendo que uma delas, além de não
possuir registro no Sistema de Cadastro Unificado de Fornecedores – (SICAF), teria por área de
atuação, no cadastro informado junto à Receita Federal, serviços de engenharia. Em outra
constatação, a unidade técnica apontou que o endereço das outras duas empresas consultadas
para a formação do preço estimativo seria o mesmo. Diante de tais considerações, para o relator,
“é forçoso concluir que a pesquisa empreendida pela UFSC não pode ser considerada válida,
mormente quando se constata que ‘das três empresas que cotaram, uma não possui nenhuma
evidência de que seja do ramo, enquanto que as outras duas são, a rigor, uma só, entre outras
razões, por possuírem o mesmo sócio administrador e mesmo endereço comercial’”. Ante a
ausência de adequada pesquisa de preços, ainda para o relator, não seria possível aferir,
portanto, se, a proposta adjudicada e homologada no Pregão 62/2011 é a melhor para a
Administração, o que poderia resultar em dano aos cofres públicos. Registrou o relator, ainda,
que a jurisprudência do TCU é no sentido de que “no caso de não ser possível obter preços
referenciais nos sistemas oficiais para a estimativa de custos que antecederem os processos
licitatórios, deve ser realizada pesquisa de preços contendo o mínimo de três cotações de
empresas/fornecedores distintos, fazendo constar do respectivo processo a documentação
comprobatória pertinente aos levantamentos e estudos que fundamentaram o preço estimado.
[...] caso não seja possível obter esse número de cotações, deve ser elaborada justificativa
circunstanciada”. Por conseguinte, votou, e o Plenário aprovou, por que fosse determinado
determinar à UFSC a anulação dos atos relativos ao Pregão Eletrônico nº 62/2011, cujos
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A composição do BDI deve ser estabelecida de acordo com o tipo de obra pública a ser
contratada, conforme as premissas teóricas estabelecidas no Acórdão nº 2369/2011, do
Plenário do Tribunal
Mediante consulta, o então Ministro de Estado das Cidades formulou questionamentos ao
Tribunal, no tocante a vários assuntos relacionados a procedimentos a serem adotados por aquele
Ministério no que concerne às descentralizações de recursos orçamentários efetivadas para entes
federados, em especial aqueles liberados por intermédio da Caixa Econômica Federal – (CAIXA),
com pactuação de contratos de repasse ou termos de compromisso. Após ponderação do relator, os
assuntos a serem examinados pelo TCU foram divididos em diversos grupos temáticos, sendo
um deles relativo aos “Gastos com Taxa de Bonificação e Despesas Indiretas – BDI”, com
relação ao qual foi apresentada dúvida de se os percentuais para BDI fixados no Acórdão n.
325/2007 – Plenário seriam aplicáveis para qualquer tipo de obra ou deveriam ser observados
somente em obras de linhas de transmissão ou de subestações. A respeito disso, o relator registrou
que “há peculiaridades de cada empreendimento que repercutem no cômputo das despesas que
compõem o BDI, de tal forma que não é tecnicamente adequado utilizar o Acórdão n. 325/2007
– Plenário em outros tipos de obras que não sejam de implantação de linhas de transmissão de
energia elétrica e de subestações”. Contudo, destacou que, na prolação do Acórdão nº
2369/2011, do Plenário, foram mantidas as premissas teóricas que embasaram o Acórdão n.
325/2007–Plenário, com ajustes no tocante à fórmula adotada para o cálculo da taxa de BDI.
Assim, deveriam ser estabelecidas, no entender do relator, várias faixas de aceitabilidade para os
itens que compõem o BDI de cada um dos seguintes tipos de obras: edificação (construção e
reforma); obras hídricas (irrigação, canais, saneamento básico, redes adutoras, estações de
tratamento e elevatórias); obras portuárias (estruturas portuárias); obras aeroportuárias (pátios,
pistas de pouso, terminais de passageiros), conforme os entendimentos contidos no Acórdão nº
2369/2011-Plenário, decisum o qual, ainda, determinou a instauração no âmbito do Tribunal de
grupo interdisciplinar, para realizar análise pormenorizada das composições do BDI para os
diversos tipos de obras especificados, com vistas a se verificar se há necessidade de serem
efetuados ajustes futuros. Por conseguinte, propôs o relator que fosse respondido ao consulente
que, até que este Tribunal delibere acerca das conclusões do grupo de trabalho formado em
atendimento ao Acórdão n. 2.369/2011– Plenário, os parâmetros a serem utilizados pelo
Ministério das Cidades para análise da adequabilidade das taxas de BDI pactuadas em obras
custeadas com recursos federais devem ser, além dos referenciais contidos no item 9.2 do Acórdão
n. 325/2007 – Plenário, estritamente para obras de linhas de transmissão de energia elétrica e de
subestações, as tabelas indicadas no subitem 9.3.2 do Acórdão n. 2.369/2011– Plenário
específicas para cada tipo de empreendimento, o que foi aprovado pelo Plenário. Acórdão n.º
2545/2011-Plenário, TC-030.336/2010-4, rel. Min.-Subst. Marcos Bemquerer Costa,
21.09.2011.
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SUMÁRIO
Plenário
O uso de programas “robô” por parte de licitante viola o princípio da isonomia.
A aplicação da sanção de declaração de inidoneidade por conta de fraude à licitação depende da
efetiva comprovação desta.
A contratação direta com base na emergência prevista no inc. IV do art. 24 da Lei 8.666/1993
deve ser adequadamente justificada, de maneira a se afastar qualquer tipo de dúvida quanto à
regularidade no uso do dispositivo.
As exigências de qualificação técnica devem ser objetivamente definidas no edital, sob pena de
violação do princípio da vinculação ao instrumento convocatório.
PLENÁRIO
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SUMÁRIO
Plenário
Contratações públicas:
1 – Rapidez e praticidade, per si, não sustentam a viabilidade jurídica de contratação
sem licitação, em especial se já houve pronunciamento anterior do Tribunal no qual se
determinou expressamente à instituição pública que realizasse o devido processo licitatório;
2 – Na contratação fundamentada na inexigibilidade de licitação prevista no inc. II do
art. 25 da Lei 8.666/1993 devem restar comprovadas a inviabilidade da competição, a natureza
singular dos objetos contratados e a compatibilidade dos preços contratados com os praticados
no mercado, sendo que a simples apresentação de currículos não se presta, por si só, a
demonstrar a notória especialização do contratado.
O início de procedimento licitatório cujo valor estimativo seja superior a 150 milhões de reais
deve ser antecedido da audiência pública, ante o que estabelece o art. 39 da Lei 8.666/1993.
PLENÁRIO
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O início de procedimento licitatório cujo valor estimativo seja superior a 150 milhões de
reais deve ser antecedido da audiência pública, ante o que estabelece o art. 39 da Lei
8.666/1993
Por meio de auditoria realizada nas obras de construção da Ferrovia Norte-Sul (FNS), extensão
sul, no trecho entre Ouro Verde de Goiás e Estrela do Oeste no estado de São Paulo, levadas à
efeito pela Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A, o Tribunal verificou, dentre outras
potenciais irregularidades que levaram à oitiva de diversos responsáveis da estatal, a abertura do
procedimento licitatório referente às obras, sem que fosse promovida a audiência pública
estabelecida no art. 39 da Lei 8.666/1993, que seria obrigatória, em face do valor envolvido.
Para a unidade técnica, a despeito da não realização da audiência não ter restringido a
concorrência na licitação, teria havido gravidade suficiente em tal omissão por parte dos
gestores da Valec a justificar sua apenação com a multa prevista na Lei Orgânica do TCU, do
que, entretanto, divergiu o relator. Para ele, apesar de as defesas apresentadas serem
insuficientes para justificarem a não realização da audiência, as condutas percebidas não
determinariam aplicação de multas aos responsáveis, já que não haveria notícia nos autos de que
a falha tivesse acarretado outros problemas para o empreendimento. Por conseguinte, apesar de
não encampar a proposta da unidade técnica de se aplicar multa aos responsáveis, votou o
relator por que fosse dado ciência à Valec de que o “início de procedimento licitatório cujo
valor estimado de contratação seja superior ao limite estipulado no art. 39 da Lei 8.666/93
deve ser antecedido da audiência pública prevista naquele dispositivo legal”, no que contou
com a anuência do Plenário. Acórdão n.º 2690/2011-Plenário, TC-010.098/2010-0, rel. Min.-
Subst. Augusto Sherman Cavalcanti, 05.10.2011.
SUMÁRIO
Plenário
É regra geral a utilização do pregão eletrônico para aquisição de bens e serviços comuns por
parte de instituições públicas, nelas inclusas agências reguladoras, sendo o uso do pregão
presencial hipótese de exceção, a ser justificada no processo licitatório.
A participação em processo licitatório expressamente reservado a microempresas e a empresas
de pequeno porte, por sociedade que não se enquadre na definição legal reservada a essas
categorias e que apresentou declaração com informações inverídicas a respeito de sua situação
jurídica leva à aplicação da sanção de declaração de inidoneidade.
É indevida a desclassificação, fundada em interpretação extremamente restritiva do edital, de
proposta mais vantajosa para a Administração, que contém um único item, correspondente a
uma pequena parcela do objeto licitado, com valor acima do limite estabelecido pela entidade.
Não pode haver o aproveitamento de registro de preços por instituição pública quando as
especificações do objeto forem exclusivas para a instituição que realiza a contratação.
Inovação Legislativa
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PLENÁRIO
É regra geral a utilização do pregão eletrônico para aquisição de bens e serviços comuns
por parte de instituições públicas, nelas inclusas agências reguladoras, sendo o uso do
pregão presencial hipótese de exceção, a ser justificada no processo licitatório
Mediante representação, apontaram-se possíveis irregularidades no regulamento próprio de
licitações da Agência Nacional de Telecomunicações – (Anatel), evidenciando a resistência da
entidade em adotar a modalidade pregão, em sua forma eletrônica, nas licitações de bens e
serviços comuns por ela promovidas. No processo, diversos responsáveis da Anatel foram
ouvidos acerca do entendimento de que as disposições da Lei nº 10.520/2002 e do Decreto nº
5.450/2005 não são aplicáveis no âmbito da Agência. Para o Tribunal, essa compreensão
implicaria oposição à decisão liminar do Supremo Tribunal Federal proferida no âmbito da
Ação Direta de Inconstitucionalidade – (ADIn) nº 1.668-5, bem como ao item 8.2.3 da Decisão
nº 497/1999-TCU/Plenário e à orientação da Advocacia-Geral da União. Ao examinar o feito, o
relator consignou que, conforme o entendimento mantido pelo STF na ADIn nº 1.668-5, “a
competência do Conselho Diretor da Anatel fica submetida às normas gerais e específicas de
licitação e contratação previstas nas respectivas leis de regência”. Todavia, para os
responsáveis da Anatel, a Lei 9.472/1997, Lei Geral de Telecomunicações – (LGT), seria norma
geral de licitações e contratos, a veicular comandos para a entidade reguladora, com o que
discordou o relator, para o qual a LGT, no que tange às licitações realizadas pela Anatel, “não é
norma geral, pois somente se aplica a esta autarquia federal”, sendo que, na espécie, “a Lei nº
10.520/2002 é a norma geral que disciplina o pregão, para a contratação de bens e serviços
comuns, no âmbito de todos os entes da Federação”, e, por isso, “resta incontroverso que o
Conselho Diretor da Anatel, depois da edição da Lei do Pregão, passou a ter suas atribuições
normativas jungidas às diretrizes que emanam desta lei geral e dos decretos federais que a
regulamentam”. Portanto, a Anatel, no entender do relator, estaria obrigada a seguir, como
regra, a modalidade pregão, em sua forma eletrônica, para a contratação de bens e serviços
comuns, utilizando o pregão presencial exclusivamente quando inquestionável a
excepcionalidade prevista no art. 4º, § 1º, do Decreto nº 5.450/2005, devidamente justificada
nos autos do processo licitatório, sendo a competência do Conselho Diretor da entidade para
aprovar normas próprias adstrita às disposições previstas na referida Lei 10.520/2002 e no
Decreto 5.450/2005, permanecendo, entretanto, sua competência supletiva para regulamentação
interna de matérias que não confrontem com os referidos normativos. Todavia, considerando
que, atualmente, a entidade reguladora já promovera a sua adequação à realidade jurídica a ela
imposta, deixou o relator de propor qualquer sanção aos potenciais responsáveis, acolhendo as
justificativas por eles apresentadas, no que contou com a anuência do Plenário. Acórdão n.º
2753/2011-Plenário, TC-025.251/2010-4, rel. Min. José Jorge, 19.10.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
de 2008, venceu três certames licitatórios dos quais participara irregularmente, na medida em
que eram restritos a ME e EPP. Para tal participação, a recorrente teria apresentado declarações
inverídicas de que era cumpridora dos limites previstos na Lei Complementar 123/2006 e de
que estava, por conseguinte, apta a usufruir do tratamento favorecido previsto na referida norma
legal. Ao examinar os argumentos apresentados, o relator, reiterando os exames feitos pelo
relator a quo, consignou, com relação à recorrente, que, “comprovou-se que seu faturamento
bruto era superior ao limite estabelecido para o enquadramento como pequena empresa, que a
empresa não solicitou a alteração de seu enquadramento e, por fim, que participou de
procedimento licitatório exclusivo para micros e pequenas empresas, vencendo o certame e
beneficiando-se de sua própria omissão. Ao não declarar a mudança de enquadramento legal,
a organização descumpriu o art. 3º, § 9, da Lei Complementar nº 123/2006, o art. 11 do
Decreto nº 6.204/2007 e o art. 1º da Instrução Normativa do Departamento Nacional de
Registro do Comércio nº 103/2007. Essa omissão possibilitou à empresa benefícios indevidos
específicos de ME ou EPP e a obtenção, na Junta Comercial, da ‘Certidão Simplificada’,
documento que viabilizou sua participação em licitações públicas exclusivas para ME ou
EPP”. Por consequência disso, ao entender adequada a sanção de declaração de inidoneidade da
empresa para licitar e contratar com a Administração, votou por que se negasse provimento ao
recurso manejado, no que foi acompanhado pelo Plenário. Precedentes citados: Acórdãos
1028/2010, 1972/2010 e 2578/2010, todos do Plenário. Acórdão n.º 2756/2011-Plenário, TC-
008.552/2010-0, rel. Min. José Múcio Monteiro, 19.10.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Não pode haver o aproveitamento de registro de preços por instituição pública quando as
especificações do objeto forem exclusivas para a instituição que realiza a contratação
Representação formulada ao Tribunal noticiou fatos que configurariam irregularidades no
Pregão Eletrônico, para registro de preços, nº 94/2010, conduzido pelo Tribunal Regional do
Trabalho da 10ª Região – (TRT-10ª Região), cujo objeto consistiu na eventual execução de
serviços especializados em gestão integrada de patrimônio mobiliário, compreendendo o
fornecimento e instalação de software aplicativo de comunicação e integração com o software
de controle patrimonial atualmente existente no TRT 10ª Região. Dentre as irregularidades
verificadas, estaria o uso do registro de preços, em hipótese que não o comportaria. Para ela,
diversos fatores atinentes impediriam o registro dos preços, tais como: as especificações do
software, que variariam significativamente em ambiente diverso do TRT-10ª Região; custos
específicos com relação a certos itens a serem contratados, tais como o encapsulamento com
layout específico, a personalização gráfica e eletrônica e outros fatores. Ao examinar os fatos, o
relator consignou que, na forma do Decreto nº 3.931, de 19 de setembro de 2001, o uso do
registro de preço para aquisição de bens e serviços de informática é possível, desde que
devidamente justificada e caracterizada a vantagem econômica para a Administração Pública.
Todavia o objeto só deve ser passível de contratação por outros órgãos da administração pública
na forma como licitado originalmente. E, no caso específico, ainda para o relator, “ficou
demonstrado que certas especificações dos serviços e dos materiais foram exclusivas para o
TRT/10ª Região e balizaram o preço proposto, não sendo plausível, pois, o aproveitamento da
ata por outro órgão”. Por conseguinte, propôs, dentre outras providências, que fosse
determinado ao TRT-10ª Região, que se abstivesse de permitir a adesão de outros órgãos ou
entidades à Ata de Registro de Preços decorrente do Pregão Eletrônico nº 94/2010. Nos termos
do voto do relator, o Plenário manifestou sua concordância. Acórdão n.º 2769/2011-Plenário,
TC-011.737/2011-5, rel. Min.-Subst. André Luís de Carvalho, 19.10.2011.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
PERÍODO DE 3 A 21 DE OUTUBRO DE 2011.
Decreto nº 7.581, de 11 de outubro de 2011– D.O.U. de 13/10/2011: Regulamenta o
Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, de que trata a Lei nº 12.462, de 5 de
agosto de 2011.
437
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. A falta de aderência dos atestados de qualificação técnica apresentados por licitante às
exigências delineadas em edital de pregão não pode, em avaliação preliminar, ser suprida por
verificação presencial nas instalações da licitante.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
01/2012 e dos atos dela decorrentes; b) realizar a oitiva desse ente acerca dos indícios de
irregularidade identificados. O Tribunal endossou tais providências. Comunicação de Cautelar,
TC 017.100/2012-7, rel. Min. Raimundo Carreiro, 27.6.2012.
440
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
do certame. Ressaltou, a esse respeito, que a licitante classificada em primeiro lugar no certame
atendeu à exigência contestada. Além disso, não seria “oportuno reverter o resultado da
licitação, devido ao risco de prejudicar o funcionamento da área de tecnologia da informação
do MME”. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu alertar o MME de que:
“9.2.1 a exigência da certificação Microsoft Gold Partner na fase de habilitação restringe o
caráter competitivo da licitação, e de que a reincidência do órgão nesta irregularidade sujeita
os responsáveis às sanções cabíveis”. Precedente mencionado: Acórdão nº 1.172/2008 –
Plenário. Acórdão nº. 1619/2012-Plenário, TC 003.837/2012-2, rel. Min. Raimundo Carreiro,
27.6.2012.
441
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Licitação de obra pública:
1 - A necessidade de comprovação de capacidade técnico-profissional será restrita,
cumulativamente, a parcelas do objeto da licitação de maior relevância e de valor significativo,
consoante estabelece o art. 30, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/93.
2 - É ilegal a exigência de que o profissional com habilitação técnica para execução de
obra assine a declaração de disponibilidade técnica, visto que esse compromisso é da empresa,
conforme se depreende dos comandos contidos nos §§ 6º e 10 do art. 30 da Lei 8.666/1993.
A exigência, em procedimento licitatório conduzido por município para aquisição de
retroescavadeira e trator agrícola, de que os licitantes possuam revenda exclusiva sediada no
estado em que se localiza o município e de que esteja ela instalada há pelo menos cinco anos
configura restrição à competitividade e violação ao comando contido no § 5º, do art. 30, da Lei
8.666/93.
A participação do Sesi em licitação pública para a prestação de serviços médicos, odontológicos
e ambulatoriais a servidores de empresa pública não se coaduna com a finalidade institucional
daquele serviço social autônomo.
Tratamento dispensado a microempresas e a empresas de pequeno porte em licitações:
1 - Nas licitações em que for conferido a microempresas e a empresas de pequeno porte o
tratamento diferenciado previsto no inciso I do artigo 48 da Lei Complementar nº 123/2006 e no
art. 6º do Decreto nº 6.204/2007 não se deve restringir o universo de participantes às empresas
sediadas no estado em que estiver localizado o órgão ou a entidade licitante
2 - As licitações processadas por meio do Sistema de Registro de Preços, cujo valor
estimado seja igual ou inferior a R$ 80.000,00, podem ser destinadas à contratação exclusiva de
microempresas e empresas de pequeno porte, competindo ao órgão que gerencia a ata de
registro de preços autorizar a adesão à referida ata, desde que cumpridas as condições
estabelecidas no art. 8º do Decreto nº 3.931, de 2001, e respeitado, no somatório de todas as
contratações, aí incluídas tanto as realizadas pelos patrocinadores da ata quanto as promovidas
pelos aderentes, o limite máximo de R$ 80.000,00 em cada item da licitação.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
empresa contratada acerca dos indícios de irregularidades apurados, os quais teriam levado à
habilitação de apenas uma licitante. Entre esses indícios, destaque-se aquele consistente na
“inabilitação de licitante por falta de atestado de capacidade técnico-profissional, a despeito de
ter sido apresentado, e, ainda, para item sem relevância técnica ou econômica e com base em
exigência ilegal (genérica etc.), infringindo o disposto nos arts. 3º, § 1º, inciso I, e 30, § 1º,
inciso I, da Lei 8.666/1993.” Conforme registrado pela unidade técnica, o item 22.2., alínea “a”,
do Edital exigiu do Engenheiro Civil, responsável técnico da empresa, atestado emitido pelo
CREA de execução de edificações que englobem os serviços de “execução de estruturas de aço
e concreto, execução de rede de abastecimento de água, drenagem e esgoto, instalações
elétricas de alta tensão, recuperação de pavimentos em paralelepípedo e obra de manejo
ecológico/recuperação ambiental”. Os responsáveis e a empresa contratada, em resposta a
oitiva do Tribunal, alegaram, como argumento principal, que as exigências contidas no edital
eram pertinentes, visto que o objeto licitado não seria uma obra usual de engenharia, mas sim a
“transformação do sítio em parque urbano, mediante realocação de famílias, revitalização de
área, construção de sistema de tratamento de esgotos sanitários e instalações elétricas e
hidráulicas”. O relator, porém, endossou as conclusões da unidade técnica, no sentido de que a
exigência contida no edital afronta o disposto no art. 30, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/93, segundo
o qual a necessidade comprovação de capacidade técnico-profissional será restrita às parcelas de
maior relevância e valor significativo do objeto da licitação. Na concorrência sob exame, a
exigência “abarcou a quase totalidade do objeto, tanto para itens de maior quanto para os de
menor monta, como é o caso de atestado que comprovasse a execução de serviço de
recuperação de erosão. Este item representa apenas 2,18% do orçamento da obra”. Ao final,
apresentou proposta de anulação da Concorrência 01/2011 e do contrato dela resultante, que foi
endossada pelo Plenário. Acórdão n.º 2934/2011-Plenário, TC-019.269/2011-0, rel. Min.
Valmir Campelo, 9.11.2011.
443
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
turno, sugere que a representação seja considerada improcedente, pois, no seu entender, não há
óbices legais para a participação do SESI no certame em comento. O relator do feito, Min. José
Jorge, na mesma linha de entendimento da unidade técnica, ressaltou a falta de consonância
entre o objeto da licitação e a finalidade do SESI. Com o intuito de demonstrar sua conclusão,
transcreveu o comando contido no art. 4º do Decreto 57.375/65, segundo o qual: “Constitui
finalidade geral do SESI: auxiliar o trabalhador da indústria e atividades assemelhadas e
resolver os seus problemas básicos de existência (saúde, alimentação, habitação, instrução,
trabalho, economia, recreação, convivência social, consciência sócio-política)”. Reproduziu,
também, argumentação contida na instrução técnica, no sentido de que a prestação assistencial
de serviços de saúde faz parte das finalidades do Sesi, mas não sua exploração comercial. E
também de que não seria válido o argumento de que o Sesi pode desenvolver quaisquer ações
que visem à melhoria geral do padrão de vida do país, sob pena de se chegar à conclusão de que
“o Sesi pode tudo: abrir revendas (ou mesmo fábricas) de automóveis, boates, agências de
turismo, transportadoras, autódromos etc, tudo destinado ao bemestar dos trabalhadores na
indústria ...”. Incorporou ao seu Voto, ainda, trechos da instrução técnica: “Não foram
apresentadas alegações de defesa para o fato de o objeto da licitação conter serviços em favor
da ECT, mas contra os interesses dos trabalhadores. Ou seja, se o Sesi for contratado irá, em
algumas situações, prejudicar os interesses dos trabalhadores da ECT. Quando o Sesi, na
execução do contrato, realizar ou solicitar exames admissionais, atestar que um trabalhador
está apto para voltar ao trabalho, auditar despesas médicas dos empregados etc, não fará isso
buscando o bem-estar do trabalhador, mas sim atendendo aos interesses do empregador, da
mesma forma que um perito das empresas seguradoras.” E mais: “ ... no caso presente, a
contratação tem por finalidade suprir uma necessidade emanada pela entidade patronal, no
caso a ECT, e não a de seus trabalhadores propriamente ditos”. Por essas razões, considerou
pertinente expedir determinação ao Departamento Nacional do Sesi para que oriente suas
unidades no sentido de se absterem de participar de licitações públicas cujo objeto não esteja
compreendido em suas finalidades institucionais. Tendo em vista, porém, que a ECT firmou
contrato com o Sesi para viger até 1º/3/2012 e que a “sua rescisão pode acarretar mais
transtornos que benefícios”, considerou conveniente efetuar determinação à ECT no sentido de
que o referido contrato não seja prorrogado. Acórdão n.º 2917/2011-Plenário, TC-
020.832/2010-9, rel. Min. José Jorge, 9.11.2011.
445
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
da Lei Complementar 123/2006) foi regulamentado pelo Decreto nº 6.204, de 2007. Fez
menção, também, ao art. 2º, inciso I, do Decreto nº 6.204, de 2007, segundo o qual os órgãos ou
entidades contratantes “devem identificar, sempre que possível, as ME e EPP sediadas
regionalmente, constituindo, para tanto, cadastro próprio, de acesso livre, ou adequando os
eventuais cadastros existentes, de modo a ampliar a participação dessas empresas nos
processos licitatórios conduzidos pela Administração”. Considerou, porém, que esse comando
“não tem o desiderato de impedir que acorram aos certames microempresas ou empresas de
pequeno porte que não estejam estabelecidas na mesma praça em que se situa o órgão licitante,
ressaltando-se tão-somente, de acordo com o inciso IV desse artigo 2º, que, na definição do
objeto da contratação, não devem ser utilizadas especificações que restrinjam,
injustificadamente, a participação das ME e EPP sediadas regionalmente”. Ao final, em linha
de consonância com o entendimento da assessoria jurídica do TST e da unidade técnica, o
relator sugeriu informar ao TST que: “nos editais de licitação em que for conferido o
tratamento diferenciado previsto no inciso I do artigo 48 da Lei Complementar nº 123, de 14 de
dezembro de 2006, e no art. 6º do Decreto nº 6.204, de 5 de setembro de 2007, não se deve
restringir o universo de participantes às empresas sediadas no estado em que estiver localizado
o órgão ou a entidade licitante;”. O Tribunal, então, endossou essa proposta de
encaminhamento. Acórdão n.º 2957/2011-Plenário, TC-017.752/2011-6, rel. Min. André Luís
de Carvalho, 9.11.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Lei nº 8.443/1993 deve ser aferido para cada item que passará a ter seu preço registrado. Tudo
se passa como se fossem realizadas “várias licitações distintas e independentes” para cada um
dos itens. Destacou o relator, ainda, que o art. 6º do Decreto nº 6.204, de 2007, ao impor à
administração o dever de realizar procedimento licitatório destinado exclusivamente à
participação de microempresas e empresas de pequeno porte nas contratações cujo valor seja de
até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), “teria ido além do previsto no art. 48, inciso I, da Lei nº
123, de 2006”. Concluiu, por isso, que essas licitações não necessariamente devem, mas sim
“podem ser destinadas à contratação exclusiva de Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte”. Em face dessas conclusões, ao acatar proposta do relator, o Plenário decidiu aprovar, em
resposta aos quesitos acima formulados, a seguinte resposta: “9.2.2. as licitações processadas
por meio do Sistema de Registro de Preços, cujo valor estimado seja igual ou inferior a R$
80.000,00, podem ser destinadas à contratação exclusiva de Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte, competindo ao órgão que gerencia a Ata de Registro de Preços autorizar a
adesão à referida ata, desde que cumpridas as condições estabelecidas no art. 8º do Decreto nº
3.931, de 2001, e respeitado, no somatório de todas as contratações, aí incluídas tanto as
realizadas pelos patrocinadores da ata quanto as promovidas pelos aderentes, o limite máximo
de R$ 80.000,00 em cada item da licitação;”. Acórdão n.º 2957/2011-Plenário, TC-
017.752/2011-6, rel. Min. André Luís de Carvalho, 9.11.2011.
SUMÁRIO
Plenário
Licitação de obras aeroportuárias:
1 - A habilitação técnico-operacional só pode ser exigida de licitantes para demonstração
da capacidade de execução de parcelas do objeto a ser contratado que sejam, cumulativamente,
de maior relevância e de maior valor;
2 - Em obras aeroportuárias a exigência de qualificação técnica deve-se limitar, nas
situações ordinárias, à demonstração de expertise na execução de obras similares ou
equivalentes, em respeito ao comando contido no art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/93;
3 - Para a realização de parcela da obra aeroportuária que seja técnica e materialmente
relevante e que, por sua especialidade, seja normalmente subcontratada, deve-se proceder ao
parcelamento do objeto a ser a ser licitado ou, se isso não for viável, deve-se admitir a
participação de consórcios na licitação;
4 - Não é cabível a exigência de atestados de capacitação técnica visando à comprovação
de experiência para a execução de serviços técnica e materialmente relevantes, passíveis de
serem executados apenas por poucas empresas, e que, por circunstância de mercado, já se saiba
de antemão que serão subcontratados;
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A preferência por determinados escritórios de advocacia em detrimento de outros, por meio de
critério de pontuação em procedimento de credenciamento, é incompatível com a natureza dessa
sistemática, que não possui caráter competitivo.
Os valores informados no Sistema de Custos Rodoviários – Sicro, para os benefícios e despesas
indiretas – BDI e para os custos unitários de serviços e respectivos insumos, aplicam-se,
também, a obras ferroviárias, dada a similaridade dos empreendimentos.
A exigência de apresentação de declaração de vínculo profissional exclusivo entre sociedade de
advogados interessada em participar de licitação e membros de sua equipe técnica é ilegal, visto
que extrapola as hipóteses previstas no art. 30 da Lei 8.666/93.
A omissão de empresa em informar que não mais se encontra na condição de empresa de
pequeno porte, associada à obtenção de tratamento favorecido em licitações, justifica a sua
inabilitação para participar de licitação na Administração Pública Federal.
É ilegal a exigência de que empresa esteja devidamente registrada no CREA, na modalidade
‘Engenharia Elétrica’, quando nenhuma das parcelas da obra sob exame integra o conjunto de
serviços para os quais a Decisão Normativa CONFEA nº 57/95 exige tal registro.
PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
com a sociedade a ser contratada não está previsto no dispositivo legal mencionado, nem se
mostra indispensável à regular execução do contrato, mesmo porque o sigilo profissional do
advogado é inerente à profissão, conforme o Código de Ética e Disciplina da OAB, capítulo III,
art. 25 ao 27. Assim, a garantia do sigilo buscada por meio da exigência licitatória em tela
mostra-se desnecessária e, consequentemente, restritiva à ampla competição e contrária à Lei”.
A despeito de considerar demonstrada a ocorrência de irregularidades na condução do citado
certame, entre as quais a acima explicitada, deixou de propor a anulação do certame. Levou em
conta o exiguidade de tempo para a realização de novo certame licitatório antes do final da
vigência do contrato atualmente em vigor e, também, o fato de que o Tribunal, por meio do
Acórdão 1208/2009 – 2ª Câmara, vedou a prorrogação de contratos para prestação de serviços
advocatícios contratados por inexigibilidade, como ocorrido no caso sob exame. Em face
dessas contingências, o Tribunal, ao acatar proposta do Relator, determinou a Furnas que:
“9.2.1. não promova a prorrogação do prazo de vigência do contrato decorrente da Tomada de
Preços TP.DAQ.G.00012.2011, ao final do período de 12 (doze) meses, previsto em sua
Cláusula 14; (...) 9.2.3. abstenha-se de incluir nos editais de licitação exigências dispensáveis à
garantia da normalidade da execução do futuro contrato, como verificado no item 3.5.1 (e) do
edital da Tomada Preços TP.DAQ.G.00012.2011, em desacordo com os arts. 3º e 30 da Lei
8.666/93 e art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal;”. Acórdão n.º 3070/2011-Plenário,
TC-029.624/2011-8, rel. Min. Raimundo Carreiro, 23.11.2011.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
UFF/MEC, que tem por finalidade a contratação de empresa para construção de prédio para
vestiário de apoio à piscina e espaço para judô do Departamento de Educação Física e Desporto
do Instituto de Educação Física e Desportos da UFF no Campus do Gragoatá, Niterói, Rio de
Janeiro. Motivado por essa provocação, determinou-se a oitiva da UFF/MEC, para justificar:
“a) exigência contida no subitem 8.1.2.2, o qual somente admite a participação na licitação de
empresa devidamente registrada no CREA, no ramo de Engenharia Elétrica – além do de
Engenharia Civil (subitem 8.l.2.1) –, não obstante a parte elétrica representar menos de 6%
(seis por cento) do valor estimado da contratação, incluindo todo o fornecimento dos materiais;
e b) no que diz respeito à apresentação de atestados para fim de comprovação da qualificação
técnica da licitante, a realização de “obra em instalação elétrica” como sendo um dos fatores
de maior relevância (subitem 11.1.3.1), apesar da ausência de complexidade da obra no campo
da Engenharia Elétrica”. A unidade técnica, ao examinar a resposta à oitiva realizada, anotou
que não existe fundamento técnico, nem relevância financeira, para a estratificação apresentada
no item 11.1.3.1 do citado edital, “onde constam 6 (seis) fatores de maior relevância, dentre
eles, por exemplo: ‘V. - obra em instalação elétrica’. Isso porque, (...) tanto esse fator quanto
aqueles identificados pelos romanos III, IV e VI, estão inseridos no fator ‘I. – obra de
construção civil de prédio comercial’.”.O relator do feito endossou essa linha de argumentação,
e acrescentou que nenhuma das parcelas da obra sob exame se insere no conjunto de serviços
para os quais a Decisão Normativa CONFEA nº 57/95 exige registro da pessoa jurídica no
CREA na “Modalidade de Engenharia Elétrica”. Reproduziu, ainda, ponderações da unidade
técnica no sentido de que não há necessidade de que se exija das licitantes registro no CREA-RJ
nas modalidades de Engenharia Civil e de Engenharia Elétrica, visto que “o ramo de atividade
objeto da licitação’ é da categoria da Engenharia, campo de atuação profissional da
Modalidade Civil, em cujo universo está contido o setor 1.1.1.13.01 – Instalações Elétricas em
Baixa Tensão para fins comerciais, portanto razoável se exigir das licitantes, apenas, o registro
no CREA, no ramo de atividade da engenharia civil (subitem 8.1.2.1 do Edital
01/2011/PROAD)”. Em face desses elementos de convicção, e também da notícia de que aquele
procedimento licitatório encontra-se suspenso, o Plenário, ao endossar proposta formulada pelo
relator, decidiu “... determinar à UFF que, caso tenha interesse no prosseguimento da
Concorrência nº 01/2011/PROAD, adote providências com vistas à exclusão das exigências
editalícias tidas por irregulares nos presentes autos, atentando para a necessidade de
divulgação das modificações na forma do que prescreve o art. 21, § 4º, da Lei nº 8.666/93”.
Acórdão n.º 3076/2011-Plenário, TC-028.426/2011-8, rel. Min. José Jorge, 23.11.2011.
SUMÁRIO
Plenário
A ausência de projeto básico satisfatório, em licitação de obra pública, justifica o
condicionamento do repasse de recursos federais para pagamento de despesas com a confecção
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
pronunciamento do Ministério das Cidades, exarado por meio de nota técnica, segundo o
qual:“Conforme documentação técnica encaminhada para análise da SNSA conclui-se quanto
ao Pacote Técnico de 1º e 2º Etapas que o escopo apresentado é insuficiente em relação ao
definido na Lei nº 8.666/93, art. 6º incisos X Projeto Básico e XI Projeto Executivo, devendo
ser complementado para o necessário enquadramento também quanto às Normas Técnicas
Brasileiras e às especificações mínimas para apresentação de projeto de engenharia
admitidas pelo SNSA do MCidades.” – grifos do relator. Concluiu, por esses motivos, que não
merecem prosperar as justificativas apresentas pelo Estado de Rondônia, nem as oferecidas pelo
consórcio contratado. O Plenário do Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu:
“9.1. determinar à Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral - SEPLAN do
Governo do Estado de Rondônia, ... que, caso tenha interesse em contar com o aporte de
recursos federais para a obra de esgotamento sanitário do Município de Porto Venho: 9.1.1.
adote as providências necessárias à anulação da Concorrência nº 042/2008/CPLO/SUPEL
[pré-qualificação] e da Concorrência nº 009/2009/CPLO/SUPEL e, por consequência, do
Contrato nº 083/PGE-2009, em atenção ao disposto no art. 6º, inciso IX; art. 7º, § 6º; e no art.
49, § 2º, todos da Lei 8.666/1993; 9.1.2. conclua o adequado projeto básico da obra, com todos
os elementos exigidos na Lei nº 8.666/1993 e nas demais normas aplicáveis a projetos de
esgotamento sanitário, submetendo-o à consideração dos órgãos federais repassadores; 9.1.3.
realize novo procedimento licitatório escoimado dos vícios identificados no presente processo;
9.2. determinar ao Ministério das Cidades e à Caixa Econômica Federal, com fulcro no art. 43
da Lei 8.443/1992 e no art. 250 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, que
condicionem a transferência de recursos federais destinados à execução das obras do sistema
de esgotamento sanitário de Porto Velho/RO, seja no âmbito dos Contratos de Repasse nºs
226.561-68/2008 e 296.770-66/2009, seja no âmbito de qualquer outro contrato de repasse,
termo de compromisso ou instrumento congênere que vier a ser firmado para a execução dessa
obra, ao cumprimento, por parte do Governo do Estado de Rondônia, do disposto no item 9.1 e
seus subitens, deste Acórdão;”. Acórdão n.º 3131 /2011-Plenário, TC- 009.360/2010-7, rel.
Min. Valmir Campelo, 30.11.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
solicitado em diligência”., Acrescentou o relator, quanto ao cerne da questão sob exame, que “a
inclusão, em lote único, dos serviços de transporte terrestre e aéreo (reserva, emissão de
bilhetes, marcação, remarcação, fornecimento de passagens, excesso de bagagens e seguro
viagem), de hospedagem e de locação de meios de transporte, com licitação do tipo menor
preço global por lote, poderá excluir do certame empresas com potencial de prestar apenas um
ou dois desses serviços com proposta mais vantajosa para a Administração”. Por esses motivos,
ao endossar proposta do relator, o Plenário decidiu determinar à FUB que: “9.2 ... adote, no
prazo de 15 (quinze) dias a contar da notificação, as providências necessárias à anulação do
Pregão Eletrônico nº 19/2011, encaminhando ao Tribunal, no mesmo prazo, documentação que
comprove o cumprimento desta determinação;” e “9.3. ... caso decida promover novo
procedimento licitatório, adote providências no sentido de realizar prévias avaliações técnica e
econômica quanto ao parcelamento do objeto do certame, antes de autorizá-lo ou descartá-lo,
fazendo constar do respectivo processo os documentos comprobatórios dessa condição, nos
termos do art. 23, § 1º, da Lei nº 8.666/93;”. Acórdão n.º 3155/2011-Plenário, TC-
021.007/2011-0, rel. Min. José Jorge, 30.11.2011.
A Anatel somente poderá utilizar-se do regramento sobre licitações contido na Lei Geral
de Telecomunicações, quando implementar concessão, permissão ou autorização de
serviços de telecomunicações e de uso de radiofrequência
Em sede da prestação de contas da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL do
exercício de 2008, o relator do feito avaliou a legalidade do processo licitatório denominado
Consulta nº 03/2008, que culminou na contratação da empresa Guerreiro Consult (Contrato SPB
nº 36/2008-Anatel) para “prestação de serviços especializados de consultoria para suporte às
atividades de mapeamento da situação atual da exploração dos serviços de telecomunicações,
perspectivas para o setor de telecomunicações, no período de 2010 a 2015, e de proposição de
metas e condicionamento aplicáveis aos serviços explorados em Regime Público”. Ao examinar
a matéria, observou que o parágrafo único do art. 54 da Lei nº 9.472/97 – Lei Geral de
Telecomunicações (LGT) – criou duas novas modalidades de licitação: “Art. 54. A contratação
de obras e serviços de engenharia civil está sujeita ao procedimento das licitações previsto em
lei geral para a Administração Pública. Parágrafo único. Para os casos não previstos no
caput, a Agência poderá utilizar procedimentos próprios de contratação, nas modalidades de
consulta e pregão.” – grifos do relator. E mais: “Os arts. 55 a 58 da LGT disciplinaram os
procedimentos a serem observados quando da utilização dessas duas modalidades licitatórias,
ressaltando-se que elas somente poderiam ser utilizadas em certames destinados à contratação
de bens e serviços (exceto de engenharia), haja vista que o caput do dispositivo legal transcrito
acima remete os casos de obras e serviços de engenharia à égide da Lei nº 8.666/93”.
Acrescentou: “O STF prolatou decisão, por maioria de votos, em sede liminar, no sentido de
dar ao art. 22, II, da LGT (‘Art. 22. Compete ao Conselho Diretor: (...) II - aprovar normas
próprias de licitação e contratação;’) interpretação conforme a Constituição, sem redução de
texto, fixando a exegese segundo a qual “a competência do Conselho Diretor da Anatel fica
submetida às normas gerais e específicas de licitação e contratação previstas nas respectivas
leis de regência”. Lembrou o relator também que o Tribunal, ao guiar-se pelo comando contido
no art. 22, XXVII, da CF/1988, por considerar que a LGT não é norma geral de licitações e
contratos e também que a Lei nº 10.520/2002 é a norma geral que disciplina o pregão para a
contratação de bens e serviços comuns, por meio do Acórdão nº 2753/2011-Plenário, decidiu
“dar ciência à Anatel de que esta se encontra sujeita, no tocante à contratação de bens e
serviços comuns, à Lei nº 10.520/2002 e ao Decreto Federal nº 5.450/2005” (subitem 9.3 do
Acórdão nº 2753/2011-Plenário)”. De forma análoga, para contratação de objetos não
caracterizados como comuns, anotou que deve incidir a regulação da Lei nº 8.666/93, que é
norma geral de licitações e contratos, “não havendo mais como prosperar, depois da decisão
liminar do STF na ADIn nº 1668-DF, a interpretação literal do art. 54, caput e parágrafo
único, da Lei nº 9.472/97, segundo a qual a lei de regência para a aquisição de bens e serviços
(exceto de engenharia) pela Anatel é a LGT”. Em seguida, valeu-se do caso concreto sob exame
(Consulta nº 03/2008) para demonstrar que o Regulamento de Contratações da Anatel não está
460
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
em perfeita consonância com a Lei nº 8.666/93. Destacou trechos da instrução técnica para
demonstrar sua assertiva: “... o Regulamento de Contratações da Anatel não define os critérios
de pontuação das propostas técnicas apresentadas em licitações sob a modalidade consulta
...” e também que “nada dispõe quanto aos critérios de julgamento das propostas técnicas”.
Ao final, após transcrever o comando contido no art. 210 da LGT (“Art. 210. As concessões,
permissões e autorizações de serviço de telecomunicações e de uso de radiofrequência e as
respectivas licitações regem-se exclusivamente por esta Lei, a elas não se aplicando as Leis n°
8.666, de 21 de junho de 1993, n° 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, n° 9.074, de 7 de julho de
l995, e suas alterações”) anotou que, somente em relação às licitações destinadas às
concessões, permissões e autorizações de serviço de telecomunicações e de uso de
radiofrequência, “... pode o Conselho Diretor da Anatel submeter-se à própria Lei nº 9.472/97
para o exercício de sua competência fixada pelo art. 22, II, da LGT”. O Tribunal, em face desse
panorama fático e normativo, decidiu: “9.2. dar ciência à Anatel de que: (...) 9.2.5. a Anatel
encontra-se subordinada à Lei nº 8.666/93 para a contratação de objetos não caracterizados
como comuns, não enquadráveis, portanto, no regime jurídico da Lei nº 10.520/2002;”.
Acórdão n.º 3151 /2011-Plenário, TC-015.071/2009-2, rel. Min. José Jorge, 30.11.2011.
461
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A obrigação de que licitante comprove possuir velocidade mínima de conexão com a internet de
1 Gb/s, apenas um dia após a realização dos lances, em pregão eletrônico para contratação de
serviços de processamento de dados de concursos públicos, restringe a competitividade do
certame, visto que deveria ter sido conferido prazo razoável para a disponibilização da
velocidade requerida pela empresa declarada vencedora.
A exigência, em pregão eletrônico que tem por objeto a aquisição de equipamentos de
informática para uso didático e administrativo, de que os equipamentos principais, os sistemas
operacionais e os respectivos periféricos (monitores, teclados e mouses) sejam produzidos pelo
mesmo fabricante configura restrição indevida ao caráter competitivo do certame.
É lícita a aquisição direta de livros, por inexigibilidade de licitação, quando feita junto a editoras
que possuam contratos de exclusividade com os autores para editoração e comercialização das
obras, o que, porém, não isenta o gestor de justificar os preços contratados.
A diminuição significativa de custos incorridos por empresa contratada para execução de obras
rodoviárias, como a severa redução da distância média de transporte do insumo cimento, impõe
a repactuação do contrato, com o intuito de que se reestabeleça o equilíbrio econômico-
financeiro da avença, em face do que dispõe o comando contido no art. 65, II, “d”, da Lei nº
8.666/93.
A deflagração de procedimento licitatório para contratação de obras rodoviárias, no âmbito do
Programa de Contratação, Restauração, e Manutenção por Resultados de Rodovia Federais
Pavimentadas - 2ª etapa, pressupõe a existência de projeto básico realizado a partir de
levantamentos que revelem as atuais condições do pavimento e em orçamento elaborado com
base em preços de referência também atualizados.
A inclusão, em editais de licitações para obras de manutenção rodoviária, de cláusulas que
impeçam a formalização de termos aditivos aos contratos para alteração quantitativa ou
qualitativa das soluções de projeto viola o disposto no art. 65 da Lei nº 8.666/93 e o contido no
art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal.
PLENÁRIO
462
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
competitividade do certame, visto que deveria ter sido conferido prazo razoável para a
disponibilização da velocidade requerida pela empresa declarada vencedora
Representação apontou possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico 08/2011, conduzido pela
Escola de Administração Fazendária – ESAF, que tem por objeto a contratação de serviços de
processamento de dados de concursos públicos, no valor estimado de R$ 3.940.000,00, as quais
teriam restringido a competitividade do certame. Consoante disposição contida no respectivo
edital, “9.2 - Após o encerramento da fase de recursos, antes da adjudicação do objeto, a
ESAF, por intermédio de representantes da Diretoria de Recrutamento e Seleção e da Gerência
de Tecnologia da Informação verificará na sede da empresa vencedora o atendimento às
exigências contidas nos subitens 11.1, 11.2, 12.1, 12.2, 12.3, 12.4, 12.5 e 13.2 do Termo de
Referência, anexo I do Edital”. Entre essas exigências, destaca-se a seguinte: “Termo de
Referência (...) 12.2 - Declaração de que possui a conexão com a internet com a velocidade
mínima de 1 Gb/s. A comprovação, anterior ou posterior, deverá ser feita mediante a
apresentação de certificação emitida pela concessionária dos serviços”. Ocorre que a segunda
colocada apresentou contrato particular por ela celebrado que indicava a possibilidade de, em 5
dias a contar do resultado do certame, disponibilizar a velocidade de conexão de internet de 1,5
Gbps, velocidade essa superior à prevista no edital. Consoante disposto, em ata, porém, a
desclassificação da primeira colocada deu-se em 8/11/2011, apenas um dia após a realização dos
lances; e a da segunda colocada, em 9/11/2011. Ao examinar o feito, o relatou fez menção ao
pronunciamento da Diretoria de Recrutamento e Seleção da ESAF, no sentido de que a
exigência sob investigação seria usual. O relator, porém, consignou que “a exigência de
requisitos de qualificação técnica deve estar de acordo com o art. 30 da Lei 8.666/93 e devem
ser devidamente fundamentadas no processo, conforme estabelece a jurisprudência do
tribunal”. E acrescentou que “o órgão deve apresentar as justificativas técnicas e não informar
que, por ser uma praxe da administração, a exigência deve ser mantida”. Anotou, ainda, que
“não consta dos itens 9.2 do edital e 12.2 do Termo de Referência prazo razoável para que a
empresa declarada vencedora pudesse disponibilizar a velocidade de conexão requerida no
edital”. E também que a exigência terminou por atingir, indevidamente, a licitação e não a
celebração do contrato. Arrematou: “Isso onera o licitante desnecessariamente e restringe a
competitividade da licitação”, além de afrontar orientação contida no Acórdão 2.583/2006 -
Primeira Câmara, com possível prejuízo ao erário da ordem de R$ 850.000,00. Por esses
motivos, o relator do feito decidiu: a) conceder medida cautelar com o intuito de suspender
todos os atos decorrentes do Pregão Eletrônico 08/2011, inclusive a celebração de contrato com
eventual licitante; b) promover a oitiva da Escola de Administração Fazendária – ESAF e da
fundação a qual foi adjudicado o objeto da licitação para manifestarem-se sobre as ocorrências
apontadas na representação. Precedentes mencionados: Acórdãos nº. 2.450/2009 – Plenário e
Acórdãos nº. 3.667/2009 e nº. 5.611/2009, ambos da Segunda Câmara. Comunicação ao
Plenário, TC-036.417/2011-4, rel. Min. Valmir Campelo, 7.12.2011.
463
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
seria mais eficiente e permitiria solução mais rápida dos problemas. A unidade técnica
considerou, no entanto, que tais argumentos não merecem acolhida, “devido à inexistência de
justificativa técnica adequada”. Isso porque “Os periféricos em questão (teclado, mouse e
monitor) possuem interfaces amplamente padronizadas, independentemente do fabricante. Além
disso, em caso de eventuais falhas, os fabricantes de equipamentos e sistemas operacionais
disponibilizam constantemente atualizações gratuitas que corrigem possíveis falhas”.
Observou, ainda, que “essa exigência restringe sobremaneira o mercado, visto que diversos
fabricantes de equipamentos não produzem periféricos”. Anotou, ao final, que “o único efeito
que se visualiza das exigências é a elevação dos custos da aquisição”. Também por esse
motivo, entendeu estar configurado o fumus boni iuris. O relator ratificou tais conclusões.
Acrescentou que o referido pregão eletrônico havia sido homologado em 27/10/2011 e que
provavelmente já teria sido constituída ata de registro de preços e celebrado contrato dela
decorrente, pela própria UFABC. E mais: “considerando ainda a perspectiva de que outros
órgãos/entidades venham aderir àquela ata, reconheço também a presença do requisito do
periculum in mora e a necessidade de urgência na ação desta Corte”. Determinou à UFABC,
então, em caráter cautelar, que se abstenha de “celebrar novos contratos decorrentes do Pregão
Eletrônico n.º 90/2011, envolvendo os itens 1, 2 e 3 do termo de referência (“Workstation tipo
1”, “Workstation tipo 2” e “Desktop”), nos quais foram constatadas irregularidades que
justificam o provimento acautelatório, bem assim de autorizar adesão à ata de registro de
preços dele resultante, até que o Tribunal delibere sobre o mérito da matéria”. Autorizou,
também, a oitiva da UFABC e das empresas vencedoras dos citados itens 1, 2 e 3 do termo de
referência para que se pronunciassem a respeito dos indícios de irregularidades apontados na
representação. O Plenário, em seguida, endossou a decisão do relator. Comunicação ao
Plenário, TC-032.116/2011-0, rel. Min. José Jorge, 7.12.2011.
É lícita a aquisição direta de livros, por inexigibilidade de licitação, quando feita junto a
editoras que possuam contratos de exclusividade com os autores para editoração e
comercialização das obras, o que, porém, não isenta o gestor de justificar os preços
contratados
Representação apontou como irregular a contratação direta de editora para a aquisição de livros
didáticos e paradidáticos para 300 escolas de ensino médio, no valor de R$ 2.516.225,00,
efetuada pela Secretaria Estadual de Educação do Pará – Seduc/PA, com recursos oriundos do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. O relator ressaltou inicialmente que
havia concedido medida cautelar, a qual foi endossada pelo Plenário, vedando novas aquisições
diretas de livros, por falta de observância do disposto no comando contido no art. 25, inciso I,
da Lei n. 8.666/1993. Ao abordar essa questão, observou que o Tribunal deparou-se, em outras
ocasiões, com casos concretos semelhantes ao que ora se examina. Registrou que “esta Casa
tem admitido a aquisição direta de livros, por inexigibilidade de licitação, quando feita
diretamente às editoras, por essas possuírem contratos de exclusividade, com os autores, para
a editoração e a comercialização das obras (Decisão nº 1.500/2002-P, Acórdão nº 1.299/2003-
1ªC, Acórdão nº 1.889/2007-P, Acórdão nº 835/2009-P, Acórdão nº 6.803/2010-2ªC e Acórdão
nº 950/2011-P); ou quando reconhecida a condição de comerciante exclusivo de uma empresa
(distribuidora ou livraria), outorgada pela editora (Acórdão 320/2005-1ªC)”. Tal orientação,
consignou, resulta fundamentalmente da inviabilidade de competição, por impossibilidade de
efetuar o confronto de ofertas. E prosseguiu: “Há que se verificar se, na contratação feita pela
Seduc/PA, por inexigibilidade de licitação, ficou caracterizada a exclusividade de fornecimento
e, portanto, a inviabilidade de competição, respaldada em atestado de exclusividade, em
acordo com o preconizado no art. 25, inciso I, da Lei nº 8.666/93 ...”. O relator, com esse
intuito, considerou declaração da Câmara Brasileira do Livro – CBL, que atesta a
“exclusividade da edição, publicação, distribuição e comercialização, em todo o território
nacional, das referidas obras”, assim como a declaração de que a editora contratada é
representante exclusiva, no estado do Pará, da editora que detém os direitos para distribuição de
seis dos títulos que foram adquiridos. Foram também trazidos aos autos cópias dos contratos
firmados entre os autores e as editoras, que demonstram a exclusividade de edição e
464
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
comercialização. Por esses motivos, o relator, divergindo do entendimento de que seria indevida
a referida inexigibilidade, considerou “estar comprovada a exclusividade da editora contratada
na editoração e comercialização das obras adquiridas, sendo regular, a meu ver, sua
contratação direta pela Seduc/PA”. Acrescentou, a propósito, que “normativo federal
(IN/MARE nº 02/98) permite a contratação direta de editoras, por inexigibilidade, para a
compra de livros e periódicos”. A despeito disso, vislumbrou indícios de sobrepreço nas
aquisições efetuadas. Isso por que não teria sido observada condição imposta pela IN/MARE
02/1998 de fornecimento de desconto mínimo de 20% sobre o preço de capa. Ressaltou que “a
referida inexigibilidade não é suficiente para dispensar o gestor da justificativa para os preços
contratados, a teor do que determina o art. 26, inciso III, da lei de licitações”. Por esses
motivos, ao acolher proposta formulada pelo relator, o Plenário decidiu considerar improcedente
a representação. Não obstante, determinou ao FNDE que “considere, quando da análise da
prestação de contas dos recursos repassados à Secretaria Estadual de Educação do Pará –
Seduc/PA, no âmbito do Programa Especial de Fortalecimento do Ensino Médio, os indícios de
sobrepreço apontados no presente processo, referentes à contratação das editoras (...) e, caso
sejam detectados que os potenciais prejuízos tenham se concretizado, instaure a competente
tomada de contas especial”. Precedente mencionados: Acórdãos nºs 6.803/2010 e 1.163/2011,
ambos da Segunda Câmara. Acórdão n.º 3.290/2011-Plenário, TC-030.180/2010-4, rel. Min.
José Jorge, 7.12.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
condições”. Anotou também que, “Com a anuência do consórcio (assinatura do aditivo), estar-
se-ia promovendo, consensualmente, o reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato Dnit/TT
nº 96/2010-00 ...”. Reconheceu, porém, que “Caso o consórcio não concordasse com a
aquisição do cimento dessa nova fábrica, a administração teria que partir para outra solução
economicamente mais vantajosa, a qual envolveria, muito provavelmente, a rescisão contratual
por motivo de interesse público e a realização de nova licitação...”. Acrescentou: não é
admissível que a contratada se beneficie da majoração do lucro na avença, “em consequência da
significativa redução de custos com aquisição de cimento para a obra”. Com base nesses
elementos de convicção, o Plenário do Tribunal, ao acolher proposta do relator, decidiu
conhecer o pedido de reexame interposto pelo consórcio contratado, mas negar provimento a
esse recurso. Acórdão n.º 3.289/2011-Plenário, TC-014.982/2010-2, rel. Min. José Jorge,
7.12.2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
467
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Plenário
A diminuição dos encargos incorridos por empresa contratada para execução de obras realizadas
no âmbito do Programa de Recuperação e Manutenção de Rodovias (Crema), resultante da
redução e alteração de insumos de alguns serviços, impõe a revisão do preço da obra com o
intuito de manter o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
A execução de serviços de recuperação de pistas e acostamentos de aeroporto pressupõe, em
avaliação inicial, a realização de estudos prévios que demonstrem a pertinência técnica e
econômica da solução adotada.
A radical elevação dos custos de aquisição de material proveniente de jazidas para execução de
obra rodoviária incorridos pela empresa contratada autoriza a celebração de aditivo com o
intuito de reestabelecer o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
A exigência de que motoniveladora a ser adquirida por meio de pregão presencial tenha
fabricação nacional configura, em juízo preliminar, restrição indevida ao caráter competitivo do
certame.
As contratações de sistemas informatizados de gestão de material e patrimônio devem ser
precedidas de procedimento licitatório, em respeito ao disposto no art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal e no art. 2º, caput, da Lei 8.666/1993.
A aquisição de sistema informatizado de gestão de material e patrimônio pressupõe a
realização de estudos técnicos preliminares, de plano de trabalho e de projeto básico que
levem em conta as reais necessidades do contratante e que estejam calcados em estimativa
consistente de preço.
Inovação Legislativa
Lei nº 12.440/2011, de 7/7/2011, com início de vigência em 4/1/2012.
Decreto nº 7670, de 16/1/2012.
PLENÁRIO
A diminuição dos encargos incorridos por empresa contratada para execução de obras
realizadas no âmbito do Programa de Recuperação e Manutenção de Rodovias (Crema),
resultante da redução e alteração de insumos de alguns serviços, impõe a revisão do preço
da obra, com o intuito de manter o equilíbrio econômico-financeiro do contrato
Auditoria nas obras de manutenção de trecho rodoviário com 680 quilômetros da BR 285, no
Estado do Rio Grande do Sul, custeadas com recursos oriundos do programa de Recuperação e
Manutenção de Rodovias (Crema) apontou irregularidades em contrato celebrado com a
empresa Torc Terraplanagem, Obras Rodoviárias e Construções Ltda. A equipe de auditoria
anotou, entre outras ocorrências, a execução de serviços da obra com redução e alteração de
insumos em relação aos previstos no contrato. Apontou, por exemplo, sobrepreço no
fornecimento de CBUQ, visto ter sido executado: a) com redução do teor de cimento asfáltico
de petróleo (CAP), b) com substituição de insumo e c) com alteração da localização da usina de
asfalto. O projeto executivo do lote previu a aplicação de 6% de cimento asfáltico de petróleo na
composição do concreto betuminoso usinado a quente, mas a contratada utilizou, a partir de
15/6/2009, apenas 4,8% de CAP na composição do serviço. O orçamento que integrou o
contrato previu, também, a utilização de areia como agregado fino em sua produção e a
instalação da usina de asfalto no quilômetro 495,7 da rodovia. A contratada, contudo, substituiu
a areia por pó de pedra e instalou a usina junto à pedreira, em Coronel Barros, no quilômetro
478,4 da rodovia. Além de argumentos pontuais que buscavam afastar a necessidade de revisão
dos valores pagos, a empresa contratada asseverou que, em face dos princípios norteadores do
programa Contrato de Restauração e Manutenção (Crema), os respectivos serviços deveriam ser
pagos por quilômetro de faixa recuperado e também que as planilhas de custos seriam meros
instrumentos auxiliares. Segundo esse raciocínio, “a contratada poderia alterar as
especificações técnicas previstas no projeto, nas composições de serviços e nas planilhas de
468
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
469
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
concreto, nos termos das normas que regem a matéria”. Acórdão n.º 30/2012-Plenário, TC
010.813/2006-5, rel. Min. Aroldo Cedraz, 18.1.2012.
A exigência de que motoniveladora a ser adquirida por meio de pregão presencial tenha
fabricação nacional configura, em juízo preliminar, restrição indevida ao caráter
competitivo do certame
Representação acusou possíveis irregularidades na condução do Pregão Presencial 9/2011,
promovido pela Prefeitura Municipal de Iguaba Grande/RJ, que tem por objeto a aquisição,
entre outros itens, de uma motoniveladora. A autora da representação alegou que o edital da
licitação teria violado o princípio da isonomia, ao exigir que a motoniveladora tivesse
fabricação nacional e que, por isso, teria restringido sua participação, uma vez que o
equipamento que fornece é de origem chinesa. Anotou que as especificações de seu
equipamento são melhores que as especificadas pelo edital. E, também, que oferece as garantias
necessárias e assistência técnica em todo o Estado do Rio de Janeiro. Acrescentou que a citada
restrição estaria vedada pela Lei 8.666/93, art. 3º, § 1º, inciso II. Apontou, ainda, possível dano
ao erário que se configuraria com a aquisição de um bem nacional por preço superior ao que
poderia ofertar. Requereu, ao final, a concessão de “medida liminar” para suspensão do certame
até julgamento do mérito. A Relatora do feito, em linha de consonância com a proposta da
unidade técnica, considerou pertinentes as ponderações da autora da representação e presente o
requisito do fumus boni juris, “uma vez que a regra legal é no sentido de permitir a maior
competitividade possível entre os licitantes”. Anotou, na oportunidade, que o Tribunal, por
meio do Acórdão 2.241/2011-Plenário, quando apreciou representação contra a exigência de
fabricação nacional para retroescavadeiras a serem adquiridas por pregão eletrônico do
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), decidiu determinar “àquela Pasta que
‘abstenha-se de promover licitações, cujo objeto seja exclusivamente de fabricação nacional,
até que este Tribunal delibere sobre a questão”. Anotou, também, que a iminência de realização
da sessão pública de abertura das propostas e realização de lances configura o periculum in
mora. Por esses motivos, determinou, em caráter cautelar, “a suspensão imediata do Pregão
Presencial 9/2011 – PMIG ou da execução do contrato dele decorrente, caso já tenha sido
firmado, até que este Tribunal delibere sobre o mérito da matéria”. O Plenário do Tribunal
endossou essa providência. Comunicação ao Plenário, TC 037.779/2011-7, rel. Ministra Ana
Arraes, 18.1.2011.
471
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Decreto 2.271, de 7 de julho de 1997; 9.2.3. instruir cada processo de contratação com
termo de referência ou projeto básico à luz do item 9.1 do acórdão 2.471/2008 - Plenário,
inclusive nos casos de dispensa e inexigibilidade de licitação, em atenção ao disposto no
inciso II do art. 21 do Decreto 3.555, de 8 de agosto de 2000, no inciso IX do art. 6º da Lei
8.666/1993, e no art. 17 da IN SLTI/MPOG 4/2008; 9.2.4. definir e especificar o objeto a
ser contratado de forma precisa, suficiente e clara, caracterizando-o de forma adequada,
inclusive nos casos de dispensa e inexigibilidade de licitação, em atenção ao disposto no
art. 14 da Lei 8.666/1993, c/c a Súmula TCU 177; 9.2.5. elaborar orçamento detalhado em
planilhas à luz do acórdão 2.170/2007 – Plenário e do item 9.1.6 do acórdão 2.471/2008 –
Plenário, inclusive nos casos de dispensa e inexigibilidade de licitação, em atenção ao
disposto nos arts. 6º, inciso IX, alínea “f”, e 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993”. O
Tribunal expediu, também, recomendação ao Conselho Nacional de Justiça – CNJ contendo
orientações de mesmo teor destinadas às entidades do Poder Judiciário federal. Acórdão n.º
54/2012-Plenário, TC 032.821/2008-0, rel. Min. Ana Arraes, 18.1.2012.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
PERÍODO DE 8/12/2011 A DE 23/1/2012.
SUMÁRIO
Plenário
A exigência contida no edital de tomada de preços para construção de unidade de saúde de que
visita técnica de licitante ao local da obra ocorra em dia e hora únicos e previamente
especificados configura restrição indevida ao caráter competitivo do certame.
Peculiaridades de mercado, limitações de armazenamento, inexistência de dano ao erário e de
favorecimento de empresas são circunstâncias capazes de atenuar a gravidade do fracionamento
na aquisição de merenda escolar por município da região amazônica e de, juntamente com
impropriedade na fundamentação da deliberação recorrida, justificar a desconstituição de multa
imposta a responsável.
473
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
É ilícita a utilização do sistema de registro de preços, por falta de observância aos comandos
contidos nos incisos do art. 2º do Decreto nº 3.931, de 19/9/2001, quando as peculiaridades do
objeto a ser executado e sua localização indicam que só será possível uma única contratação.
Indícios de irregularidades na condução de concorrência para contratação de serviços de
advocacia por empresa pública, entre eles a ausência de estudos técnicos prévios e de pesquisa
de mercado para verificação da viabilidade de parcelamento desse objeto, a coincidência entre
tais serviços e as atribuições de cargo de advogado da contratante e falta de definição adequada
dos limites de atuação de “escritórios parceiros”, justificam a suspensão cautelar do referido
certame.
Indícios de sobrepreço e de superfaturamento em serviço inserido por meio de aditivo a contrato
de implantação de obra de acesso rodoviário justificam a retenção cautelar dos respectivos
valores em pagamentos futuros até deliberação definitiva do Tribunal.
PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
vez de realizar concorrência para adquirir os respectivos produtos, utilizou-se de uma tomada de
preços e de sete convites, no valor total de R$ 745.346,00, o que teria contrariado o disposto no
art. 23, § 5º, da Lei nº 8.666/93. A unidade técnica, após examinar os argumentos do recorrente,
terminou por sugerir a manutenção da deliberação impugnada. O relator do processo, contudo,
dissentiu dessa proposta de encaminhamento. Ponderou que o responsável foi indevidamente
chamado a se pronunciar sobre suposta violação ao contido no art. 23, § 5º, da Lei nº 8.666/93.
Ressaltou, porém, que esse dispositivo “refere-se apenas a obras e serviços”. Teria havido, por
isso, prejuízo à defesa do responsável, que, no curso do processo, “centrou seus argumentos na
impossibilidade de aplicação ao caso concreto do § 5º do art. 23 da Lei nº 8.666/93, quando, na
realidade, este dispositivo só tem sentido se aplicado em conjunto com o § 2º do mesmo artigo”.
Segundo o relator, “a falha na fundamentação do Acórdão não constitui simples erro material”.
E prosseguiu: “houve prejuízo à defesa do responsável, que, ao longo de todo o processo,
centrou seus argumentos na impossibilidade de aplicação ao caso concreto do § 5º do art. 23
da Lei nº 8.666/93, quando, na realidade, este dispositivo só tem sentido se aplicado em
conjunto com o § 2º do mesmo artigo”. O relator registrou, quanto às contingências das
aquisições realizadas, que a utilização de uma única licitação seria exigível “se houvesse um
bom cronograma de entregas, pois, pelas circunstâncias relatadas nos autos, é possível inferir
as dificuldades logísticas enfrentadas pelo planejamento de compras, principalmente em se
tratando de um município amazônico cujo único acesso é feito por meio de embarcações
sujeitas ao severo regime de chuvas da região. Acrescentou que “são inegáveis as
peculiaridades dos mercados nos confins amazônicos e previsíveis as limitações de
armazenamento e estocagem dos pequenos municípios brasileiros”. Ressaltou, ao final,
inexistirem indícios de favorecimento indevido, de direcionamento das licitações realizadas e de
prejuízos ao interesse público em decorrência da adoção de modalidade licitatória distinta de
concorrência. O Plenário do Tribunal, por com base nesses fundamentos, ao endossar a proposta
do relator, decidiu conceder provimento ao recurso do responsável e isentá-lo da multa que lhe
havia sido aplicada. Precedente citado: Acórdão 2761/2008 - Segunda Câmara. Acórdão n.º
101/2012-Plenário, TC 011.886/2010-2, rel. Min. Raimundo Carreiro, 25.1.2012.
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SUMÁRIO
Plenário
A instalação de equipamentos eletromecânicos, como elevadores e escadas rolantes, inseridos
no objeto de obra de adequação do terminal de passageiros de aeroporto, demanda a incidência
de taxa de Bonificação e Despesas Indiretas – BDI própria e inferior à taxa aplicável aos demais
itens da obra.
A exigência de quantitativo mínimo, para fins de comprovação da capacidade técnico-
profissional, contraria o estabelecido no art. 30, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/93.
É licita a exigência de atestados de execução de quantidades mínimas de serviços relevantes de
dada obra para a comprovação da capacidade técnico-operacional de licitante.
A celebração de contratos resultantes de procedimentos licitatórios conduzidos por ente
municipal, custeados com recursos federais, em que foram verificadas diversas cláusulas
restritivas ao caráter competitivo dos respectivos certames justifica a apenação do gestor e de
procuradores municipais que contribuíram para a consumação das irregularidades.
Conjunto robusto de indícios de irregularidades, como o direcionamento de convites a
determinadas empresas, a coincidência de sócios proprietários de empresas participantes de
certames sucessivos e o fracionamento indevido de despesa com fuga a modalidade licitatória
adequada, consubstancia prova de fraude a procedimentos licitatórios e justifica a declaração de
inidoneidade das empresas beneficiadas e a aplicação das sanções cabíveis aos gestores
responsáveis.
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PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Conforme anotou a unidade técnica, em 32, de 34 certames realizados entre janeiro de 1999 e
agosto de 2001, houve direcionamento dos respectivos convites para as mesmas três empresas:
Prolabho Distribuidora de Produtos para Saúde Ltda.; Abacus - Tecnologia e Informática Ltda.,
depois substituída pela H.M Krolow & Cia Ltda.; e Victória Comércio de Produtos Hospitalares
Ltda. Entre setembro de 2001 e maio de 2002, foram efetuados convites a essas três empresas e
à Coffer Comercio de Equipamentos Hospitalares Ltda. Apurou-se também que as empresas
H.M. Krolow & Cia Ltda. e Coffer Comércio de Equipamentos Hospitalares Ltda. e Abacus -
Tecnologia e Informática Ltda. pertenciam ao Sr. Heron Mendonça Krolow, que havia servido
como tenente naquele Batalhão. Essas empresas foram vencedoras de quase todos os referidos
certames, o que correspondeu a cerca de 95% do montante licitado pela unidade para aquela
finalidade. Verificaram-se, também, contratações sucessivas dessas mesmas empresas por meio
de dispensa de licitação. Restou demonstrado, porém, por meio de consulta ao Sistema de
Cadastro de Fornecedores do Governo Federal (SICAF), que, em maio de 2003, existiam 19
empresas que comercializavam os mesmos produtos adquiridos pelo 9º BI Mtz. Foram
realizadas, então, audiências de diversos responsáveis e promovidas oitivas das empresas H.M.
Krolow & Cia Ltda. e Coffer Comércio de Equipamentos Ltda., acerca dos indícios de fraude a
licitação, fracionamento indevido de despesa e restrição do conjunto de licitantes convidados.
Após examinar as razões de justificativas apresentadas, o relator assim se pronunciou: “como
diz o STF, indícios vários e concordantes são prova” e, por isso, “pode-se concluir pela
comprovação da ocorrência de fraude nos procedimentos licitatórios realizados no período de
1999 a 2002 (parcial) para aquisição de kits laboratoriais, no âmbito do 9º BI Mtz”.
Considerou, ainda, efetivamente comprovada a ocorrência de fracionamento de despesa com
contratações sucessivas para aquisição de materiais laboratoriais, com inobservância das
modalidades de licitação previstas no art. 23 da Lei nº 8.666/1993. Entendeu ter ocorrido
também violação ao comando contido no § 6º do art. 22 da mesma lei, uma vez que, existindo
na praça mais de 3 possíveis interessados, a cada novo convite realizado, era obrigatório o
convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existissem cadastrados não convidados
nas últimas licitações. O Tribunal, ao acatar proposta do relator, decidiu: I) declarar, com fulcro
no art. 46 da Lei nº 8.443/1992, a inidoneidade das empresas H.M Krolow & Cia Ltda. e Coffer
Comercio de Equipamentos Hospitalares Ltda., para participar, durante o período de 3 anos, de
licitações junto à Administração Pública Federal; II) aplicar a ex-Comandante e ordenador de
despesas do 9º BI Mtz e a ex-Chefe do Posto Médico do Hospital da Guarnição multas no valor
de R$ 20.000,00, com suporte no que prescreve o inciso II do art. 58 da Lei nº 8.443/1992; III)
inabilitar, com fundamento no art. 60 da Lei nº 8.443, de 1992, tais agentes para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da administração pública federal, pelo
período de 5 anos. Acórdão n.º 159/2012-Plenário, TC 014.551/2005-0, rel. Min. André Luís
de Carvalho, 1.2.2012.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Segunda Câmara
Nos casos de contratação por dispensa ou inexigibilidade de licitação para serviços complexos,
compostos por itens diversos, a contratante deve, sempre que possível, fazer constar dos
respectivos processos a planilha de custos dos itens unitários, em respeito ao que dispõem o art.
7º, § 2º, inciso II e o § 9º do mesmo artigo, todos da Lei 8.666/93.
Plenário
A aprovação das contas de convênio celebrado entre o DNIT e o DER/PE para a execução de
obras de duplicação e restauração de pavimento e execução de obras de arte especiais em
rodovia demanda a demonstração de que o pavimento a ser executado é capaz de suportar o
volume de tráfego da rodovia e de garantir vida útil especificada no projeto executivo da obra,
assim como de que as obras de artes especiais e complementares tenham qualidade satisfatória.
A apresentação de Certificado de Regularidade do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
forjado, com o objetivo de permitir a participação de empresa em licitação, configura fraude e
justifica sua inabilitação para participar de certames licitatórios no âmbito da Administração
Pública Federal.
Alterações substanciais em itens que integram lote de licitação que tem por objetivo a
conformação de ata de registro de preços demandam a republicação do edital e a reabertura do
prazo para formulação de propostas, em respeito ao disposto no art. 21, § 4º, da Lei 8.666/1993
e no art. 20 do Decreto 5.450/2005.
SEGUNDA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
efetuou a contratação dos serviços com a empresa que cotou o menor preço total; d) “avaliou o
benefício de contratar empresas diversas para prestar cada serviço, diante do fato de que
seriam de comum emprego a todos os serviços tanto o sítio na rede mundial de computadores
como a ‘solução tecnológica’ ...”. A relatora do feito, ao reconhecer a plausibilidade de
argumentos trazidos pelo recorrente, ressaltou que “as três macroatividades inseridas no
serviço contratado eram interligadas, não cabendo a sua segregação por questão de
segurança” e que “o site disponibilizado pelo Banco e a solução tecnológica empregada para a
prestação dos serviços seriam comuns às atividades”. Ponderou que a contratada desenvolvera
software específico para o serviço demandado e o adaptou às necessidades do Banco do Brasil.
Acrescentou: “há serviços que podem ser desmembrados em itens e há outros que não” –
grifou-se. Nesse sentido, anotou que: “as informações prestadas pelo Banco do Brasil, na fase
de saneamento dos autos, permitem (...) concluir que o serviço em foco não poderia ser
contratado por partes, principalmente por se tratar de área extremamente sensível na atividade
bancária, com impacto direto nos interesses do próprio Banco e de correntistas (saques e
depósitos em contas correntes e verificação da fidedignidade de assinaturas)”. Anotou que, no
caso concreto, atendeu-se “à parte final do art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/1993”. Quanto ao
cerne da determinação recorrida, a despeito de considerá-la, como regra, adequada, entendeu
pertinente reformulá-la. O Tribunal, então, ao acolher proposta da relatora, decidiu conceder
provimento parcial ao citado pedido de reexame, a fim de conferir ao mencionado comando a
seguinte redação: “nos casos de contratação por dispensa ou inexigibilidade de licitação para
serviços complexos, compostos por itens diversos, instrua, sempre que possível, os respectivos
processos com a planilha de custos dos itens unitários, nos moldes do disposto no art. 7º, § 2º,
inciso II e § 9º do mesmo artigo, todos da Lei 8.666/93(...)” – grifou-se. Acórdão n.º 690/2012-
Segunda Câmara, TC 011.420/2007-0, rel. Min. Ana Arraes, 7.2.2012.
PLENÁRIO
A aprovação das contas de convênio celebrado entre o DNIT e o DER/PE para a execução
de obras de duplicação e restauração de pavimento e execução de obras de arte especiais
em rodovia demanda a demonstração de que o pavimento a ser executado é capaz de
suportar o volume de tráfego da rodovia e de garantir vida útil especificada no projeto
executivo da obra, assim como de que as obras de artes especiais e complementares
tenham qualidade satisfatória
Representação de equipe de auditoria do Tribunal apontou indícios de irregularidade em
contrato para elaboração de projeto, supervisão e execução das obras de duplicação, restauração
e execução de obras de arte no trecho da BR- 101/PE situado entre as cidades de Ponte dos
Carvalhos e Cabo de Santo Agostinho (km 94,9 a km 98,7), objeto do Convênio nº 056/2002-
00, celebrado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o
Departamento de Estradas e Rodagem de Pernambuco (DER/PE). Com base em relatório de
fiscalização do Tribunal de Contas de Pernambuco, a Secretaria de Obras – 2 do TCU
diligenciou ao Dnit a fim de que informasse as providências já adotadas com a finalidade de
corrigir os seguintes vícios construtivos: “a) desalinhamento na construção do viaduto de
acesso à PE-060; b) problemas estruturais em apoio elastomérico da ponte sobre o Rio
Pirapama; c) problemas na estrutura do pavimento asfáltico e do pavimento do concreto; d)
evidências de serviços mal executados nas obras de arte especiais; e) desmoronamentos e
deslizamentos dos taludes; f) má qualidade na execução das barreiras de proteção”. Em
resposta, o DNIT apresentou termo de compromisso firmado entre a contratada Galvão
Engenharia S.A. e o DER/PE, com o objetivo de realizar reparos naquela obra. O valor dos
serviços corretivos a serem promovidos pela contratada, sem ônus para a contratante foi
estimado em R$ 2.178.605,86. Tendo em vista, porém, que não houve encaminhamento do
projeto das intervenções a serem implementadas, a unidade técnica propôs que o DNIT
condicione a aprovação de contas do citado convênio à apresentação de dados técnicos capazes
de demonstrar a compatibilidade entre a qualidade dos serviços que vierem a ser executados e as
especificações do contrato. O relator, após anotar que “as tratativas administrativas para
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
tendo-lhe sido concedida a segurança. Anotou, porém, que esse provimento judicial “só foi
garantido depois de três meses do processamento da licitação”. Ponderou, ainda, que a
licitante, em vez de apresentar certificado eivado de vício, poderia ter quitado seus débitos junto
ao FGTS com antecedência ou pleiteado autorização judicial que lhe garantisse a participação
no certame. O Tribunal, então, ao acolher proposta do Relator, decidiu: a) conhecer a
representação; b) com fundamento no art. 46 da Lei nº 8.443/1992, declarar a empresa inidônea,
pelo período de um ano, para participar de licitação no âmbito da Administração Pública
Federal. Precedente mencionado: Acórdão nº 548/2007-Plenário. Acórdão n.º 260/2012-
Plenário, TC-032.693/2010-9, rel. Min. Augusto Nardes, 8.2.2012.
Alterações substanciais em itens que integram lote de licitação que tem por objetivo a
conformação de ata de registro de preços demandam a republicação do edital e a
reabertura do prazo para formulação de propostas, em respeito ao disposto no art. 21, §
4º, da Lei 8.666/1993 e no art. 20 do Decreto 5.450/2005
Representação formulada por empresa apontou supostas irregularidades no Pregão Eletrônico
25/2011, promovido pelo Comando da Brigada de Infantaria Paraquedista (Brigada), que tem
por objeto o registro de preços, do tipo menor preço por lote, visando a aquisição de material
para serviço de aprovisionamento. O objeto do pregão compõe-se de 14 lotes, que foram
conformados em razão de semelhanças entre seus itens. Ao todo, foram especificados 185 itens.
Ao examinar os elementos trazidos aos autos, anotou o relator que “o lote 12, objeto da
representação, era composto de 101 itens de utensílios domésticos, como açucareiros, baldes
de gelo, bandejas, baixelas, bules, talheres, copos, xícaras, coadores de café, refratários, dentre
outros”. Esse lote teve valor estimado de R$ 1.800.860,96, o que correspondeu a cerca de
15,70% da estimativa global da contratação. Ocorre que, ao apreciar impugnação de licitante,
em resposta encaminhada por meio eletrônico a ele, reconheceu que “alguns itens que compõem
o lote 12, são discrepantes do restante dos materiais”. Em decorrência dessa ausência de
características comuns, informou ao licitante “que os itens 125, 126, 127, 128, 129, 130, 144,
145, 149, 150, 158 e 174 seriam excluídos do certame”. A despeito disso, não foi efetuada
publicação dessa impugnação, nem de sua resposta no campo próprio do sistema. Conforme
registrado pela unidade técnica, os demais licitantes somente foram informados sobre o
cancelamento dos citados itens após a abertura das propostas, mediante aviso no sistema
Comprasnet. O relator do feito, ao examinar essa questão, ponderou: “Pela relevância da
quantidade e do valor dos itens excluídos em relação ao total do lote, o cancelamento dos itens
do grupo 12 constitui alteração substancial no objeto da licitação”. Tais alterações, portanto,
demandavam a “republicação do edital e de reabertura do prazo para formulação de
propostas, se o órgão licitante pretendesse manter o lote no certame, em conformidade com o
disposto no art. 21, § 4º, da Lei 8.666/1993 e do art. 20 do Decreto 5.450/2005”, cujos teores
foram explicitados em seu despacho: "[Lei 8.666/1993] Art. 21. §4º Qualquer modificação no
edital exige divulgação pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo
inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a
formulação das propostas” e “[Decreto 5.450/2005] Art. 20. Qualquer modificação no edital
exige divulgação pelo mesmo instrumento de publicação em que se deu o texto original,
reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a
alteração não afetar a formulação das propostas." O relator, em face dessa ocorrência e
também de provável sobrepreço em itens cotados no Pregão, determinou ao Comando da
Brigada de Infantaria Paraquedista que: a) não autorize adesões às atas de registro de preços
decorrentes do pregão eletrônico 25/2011, até posterior deliberação deste Tribunal; b) ao
utilizar-se dessa ata, afira os preços registrados e, quando esses forem superiores aos que
utilizou como preços de mercado, não os adquira. Promoveu, também, oitiva questionando a
falta de republicação do edital apesar do cancelamento de vários itens do mencionado lote 12. O
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A conclusão pela inexequibilidade de proposta apresentada por licitante em pregão eletrônico
para contratação de serviços demanda análise ampla de todos os itens que a compõem e não
apenas de um desses itens, como o de despesas administrativas.
A celebração de termo aditivo em contrato de reforma de prédio público, com acréscimo de
edificação de unidade independente e de reparos em áreas não previstas no edital da licitação,
viola os comandos contidos nos artigos 3º, caput; 3º, § 1º, inciso I, c/c 23, § 1º; 65, § 1º; todos
da Lei 8666/1993.
A condição de optante pelo Simples Nacional não impede empresa de participar de licitação
cujo objeto envolva a cessão de mão de obra, mas a licitante que venha a ser contratada não
poderá beneficiar-se daquela condição.
Para realização de obras custeadas com recursos de organismo financeiro internacional poderão
ser efetuadas exigências de qualificação econômico-financeira e de qualificação técnica mais
rigorosas que as contidas na Lei nº 8.666/1993, desde que não conflitem com o princípio do
julgamento objetivo e de que sejam compatíveis com a dimensão e complexidade do objeto a
ser executado.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Licitações. Observou, também, que a “suposta economia de escala não foi demonstrada no
processo”. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu: “9.1. conhecer dos
presentes pedidos de reexame para, no mérito, negar-lhes provimento, mantendo-se os exatos
termos do acórdão recorrido”. Acórdão n.º 327/2012-Plenário, TC-012.238/2005-2, rel. Min.
Augusto Nardes, 15.2.2012.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
envolvem o tema. Por esse motivo, a seleção das decisões que constam do Informativo é feita
pela Secretaria das Sessões, levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores:
ineditismo da deliberação, discussão no colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os
resumos apresentados no Informativo não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
É ilegal o estabelecimento de critérios de classificação para a escolha de escritórios de
advocacia por entidade da Administração em credenciamento.
O estabelecimento, em edital de pregão que tem por objeto a aquisição de aparelhos de raio-x,
de especificações que conduzem à aceitação de uma única marca, com a consequente exclusão
de outras conceituadas, e que, provavelmente, imporão gastos evitáveis com adaptações de
prédios para recebê-los faz presumir a ocorrência de ilicitude e justifica a suspensão cautelar do
certame.
É possível a contração por dispensa de licitação, com suporte no comando contido no inciso IV
do art. 24 da Lei nº 8.666/1993, ainda que a emergência decorra da inércia ou incúria
administrativa, devendo ser apurada, todavia, a responsabilidade do agente público que não
adotou tempestivamente as providências a ele cabíveis.
A falta de parcelamento de objeto que consiste em instalação de sistemas de ar condicionado em
seis unidades de ente do “Sistema S”, situadas em municípios distintos, sugere restrição ao
universo de pretensos licitantes e justifica o acompanhamento pelo Tribunal da concorrência
anunciada, a fim de que se verifique se tal opção está baseada em estudos prévios que denotem a
complexidade do objeto ou que atestem perda de escala resultante de parcelamento.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Considerou, ainda, que aquele Instituto lançou mão de um tipo de licitação para o qual não há
previsão legal, com afronta ao que estabelece o art. 45, § 5º da Lei nº 8666/1993. E que os
elementos de convicção indicariam, como solução adequada, a realização de licitação do tipo
melhor técnica ou, ainda, técnica e preço. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator,
decidiu: a) fixar prazo de 15 dias para que o IRB-Brasil Resseguros S/A adote as “providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, procedendo à anulação do Edital de Credenciamento
nº 010/2011”; b) informar ao IRB que, se decidir iniciar novo procedimento de credenciamento,
deverá promover ajustes, com o intuito de afastar a adoção de critérios de classificação e de
garantir que todos credenciados estarão aptos a serem contratados; c) caso entenda mais
adequado, realize procedimento licitatório, nos termos da lei. Acórdão n.º 408/2012-TCU-
Plenário, TC- 034.565/2011-6, rel. Min. Valmir Campelo, 29.2.2012.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A falta de parcelamento de objeto que implique diminuição sensível de licitantes aptos a prestar
parte dos serviços demandados configura violação ao comando contido no art. 23, § 1º, da Lei
nº 8.666/1993.
A contratação de entidade para prestação de serviços de assistência médica a servidores deve,
em regra, ser precedida de licitação, sob pena de afronta ao disposto no art. 2º da Lei nº
8.666/93.
Licitação de serviços advocatícios:
1- O estabelecimento de critério de pontuação técnica, em licitação do tipo técnica e
preço, que valoriza excessivamente determinado quesito, em detrimento do preço, restringe o
caráter competitivo do certame e compromete a obtenção da proposta mais vantajosa para a
Administração.
2 - A ausência de estudo técnico, financeiro, ou de pesquisa de mercado prévios sobre a
pertinência de parcelamento de dado objeto, quando esse se revela possível, configura, por si só,
afronta ao § 1º do art. 23 da Lei 8.666/1993.
3 - A contratação de tarefas inerentes a categorias funcionais abrangidas pelo plano de
cargos de entidade ou órgão da Administração Pública afronta o disposto no art. 1º, § 2º, do
Decreto 2.271/1997 e a regra do concurso público, somente podendo ser admitida
temporariamente para fazer frente a comprovada necessidade do contratante.
Súmula nº 269
Nas contratações para a prestação de serviços de tecnologia da informação, a remuneração deve
estar vinculada a resultados ou ao atendimento de níveis de serviço, admitindo-se o pagamento
por hora trabalhada ou por posto de serviço somente quando as características do objeto não o
permitirem, hipótese em que a excepcionalidade deve estar prévia e adequadamente justificada
nos respectivos processos administrativos.
Inovação Legislativa
Decreto nº 7.689, de 2/3/2012, publicado no D.O.U. em 5/3/2012.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
A falta de parcelamento de objeto que implique diminuição sensível de licitantes aptos a
prestar parte dos serviços demandados configura violação ao comando contido no art. 23,
§ 1º, da Lei nº 8.666/1993
Representação formulada por empresa deu notícia de possíveis irregularidades no Pregão
Eletrônico 229/7066-2011 conduzido pela Caixa Econômica Federal – CEF para a contratação
de prestação de serviço de transporte de executivos da entidade, com disponibilização de um
veículo blindado e 12 carros de passeio. O citado certame foi suspenso cautelarmente por meio
de despacho de Presidente do Tribunal em substituição, o qual foi posteriormente endossado
pelo Plenário. Os indícios que justificaram a adoção dessa medida consistiram na ausência de
parcelamento do objeto. Considerou-se que a “adjudicação global” do serviço implicaria
afronta ao comando contido no art. 23, § 1º, da Lei nº 8.666/1993. O relator do feito, ao se
deparar com informações prestadas pela CEF, anotou que o citado objeto “possui natureza
divisível (...), o que, em tese, afastou a participação de empresas que não estavam habilitadas a
fornecer a totalidade dos itens especificados, mas que poderiam trazer uma proposta mais
vantajosa para a Caixa, no que diz respeito aos demais itens”. Observou, ainda, que a própria
CEF adotara providências com o intuito de revogar o certame em tela e, também, de lançar novo
edital em que efetuaria a divisão do objeto. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator,
decidiu: “9.1. conhecer da Representação (...) para, no mérito,considerá-la parcialmente
procedente; 9.2. determinar à Caixa Econômica Federal que, quando da elaboração de novo
certame para substituição do Pregão Eletrônico 229/7066-2011, promova a separação do
objeto em dois itens distintos, a saber, veículo não blindado e veículo blindado ...”. Acórdão n.º
491/2012-Plenário, TC 037.753/2011-8, rel. Min. Valmir Campelo, 7.3.2012.
495
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
recorrida. O Tribunal, então, ao acolher proposta da relatora dos embargos, decidiu conhecê-lo
e, no mérito, rejeitá-los. Acórdão n.º 5130/2012-Plenário, TC 030.583/2007-9, rel. Min. Ana
Arraes, 7.3.2012.
496
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Súmula nº 269
Nas contratações para a prestação de serviços de tecnologia da informação, a remuneração deve
estar vinculada a resultados ou ao atendimento de níveis de serviço, admitindo-se o pagamento
por hora trabalhada ou por posto de serviço somente quando as características do objeto não o
permitirem, hipótese em que a excepcionalidade deve estar prévia e adequadamente justificada
nos respectivos processos administrativos.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
PERÍODO DE 5/3/2011 A DE 12/3/2012.
497
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Exigências de fornecimento de atestado de capacidade técnica a ser emitido por entidade situada
em local específico e de certificado de cadastro em associações que congregam agências de
viagens violam, em avaliação inicial, os comandos dos arts. 27 e 30 da Lei nº 8.666/93 e
restringem o caráter competitivo de licitação para contratação de serviços de realização de
eventos.
A falta de parcelamento de objeto, que abrange tarefas de vários ramos de expertise, como os de
publicidade, consultoria técnicas e turismo, indica provável restrição ao caráter competitivo de
certame que tem por objeto a contratação de serviços de realização de eventos.
A substituição, em contrato de arrendamento, de área inicialmente concedida por outra e a
concessão de nova área sem prévia licitação violam o disposto no art. 4º, inciso I, da Lei
8.630/93 e justificam a aplicação de multa aos responsáveis.
A decretação de nulidade de contrato de concessão que estendeu à contratada parcela de objeto
não submetido a licitação demanda avaliação não só de legalidade estrita, mas também de
economicidade.
A exigência de atestado de autenticidade de suprimentos destinados à impressão de documentos
sugere afronta aos comandos do art. 30 da Lei n. 8.666/1993 e restringe o caráter competitivo do
certame.
PLENÁRIO
498
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Decreto n.º 84.934/80, que ‘Dispõe sobre as atividades e serviços das Agências de Turismo,
regulamenta o seu registro e funcionamento e dá outras providências’, estabelece que as
agências de turismo só poderão funcionar no País após serem registradas na Embratur. O
citado dispositivo ... não exige a ... filiação a outras associações e/ou entidades de classe,
como as mencionadas na representação em tela: International Air Transport Association -
IATA, Associação Brasileira de Agências de Viagem – ABAV ...”. Acrescentou que, no presente
caso, das 10 licitantes que retiraram o edital, apenas 3 participaram do certame. O relator, por
considerar caracterizado o fumus boni iuris e o periculum in mora, decidiu determinar à
Fapex, em caráter cautelar, que se abstenha de praticar atos no âmbito da Concorrência Pública
nº 01/2012 ou, caso já tenha firmado contrato com a empresa vencedora do certame, suspenda
sua execução, até que haja decisão mérito sobre a questão. O Tribunal, em seguida, endossou
essa providência. Precedentes mencionados: Acórdãos nºs 3379/2007-1ªC, 1230/2008-P e
1285/2011-P. Comunicação de Cautelar, TC 006.644/2012-0, rel. Min. José Jorge, 14.3.2012.
A falta de parcelamento de objeto, que abrange tarefas de vários ramos de expertise, como
os de publicidade, consultoria técnicas e turismo, indica provável restrição ao caráter
competitivo de certame que tem por objeto a contratação de serviços de realização de
eventos
Ainda na Representação formulada por pessoa física que acusou possíveis irregularidades no
edital da Concorrência Pública nº 01/2012 conduzida pela Fundação de Apoio a Pesquisa e
Extensão da Universidade Federal da Bahia – Fapex, para a contratação de “serviço de
realização de eventos”, o relator identificou indício de irregularidade não apontado na
representação. Considerou que o objeto licitado “não é condizente, numa primeira
aproximação, com o ramo de negócio próprio das agências de viagens (fornecimento de
passagens aéreas e hospedagens)”. Isso porque, nos moldes em que foi conformada a licitação,
revela aglutinamento de vários desejos da Administração, agrupados inadequadamente em um
único objeto. Observou que essa concorrência abrange vários ramos de expertise (publicidade,
consultorias técnicas, turismo, eventos). Empresas do ramo de eventos, acrescentou, não
realizam várias das tarefas inerentes ao objeto licitado, “como, por exemplo, a identificação de
público-alvo e prospecção de parceiros estratégicos para eventos; identificação de
características regionais e locais que auxiliem na elaboração e temas dos eventos;
formalização de propostas e processos de apoio e patrocínio a entidades solicitantes ou aos
promotores de eventos e promoções ...; visita a parceiros para a distribuição de materiais de
divulgação e de informação”. As agências de viagens, por sua vez, não estariam aptas a, por
exemplo, “formalizar propostas e processos de apoio e patrocínio a entidades solicitantes ou
aos promotores de eventos e promoções; ou, coordenar a criação, a produção e a distribuição
de peças de comunicação relacionadas às ações de apoio e patrocínios ...; ou, ainda, identificar
público-alvo e prospectar parceiros estratégicos para eventos e características regionais e
locais que auxiliem na elaboração e temas dos eventos. Por esses motivos, concluiu que os
elementos contidos nos autos indicam ter havido ilegalidade em razão da falta de parcelamento
do objeto licitado. O relator, então, em caráter cautelar, decidiu determinar à Fapex que se
abstenha de praticar atos no âmbito da Concorrência Pública nº 01/2012 ou, caso já tenha
firmado contrato com a empresa vencedora do certame, abstenha-se de dar seguimento a sua
execução, até que decisão de mérito sobre a questão. O Tribunal endossou a adoção dessa
providência. Comunicação de Cautelar, TC 006.644/2012-0, rel. Min. José Jorge, 14.3.2012.
499
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
500
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A exigência de revenda exclusiva de fabricante baseada há, pelo menos, cinco anos em
determinado estado da federação, imposta a licitante em certame para aquisição de pá
carregadeira, viola o disposto no art. 3º, caput e §1º da Lei 8.666/93.
A exigência de atestados de capacidade técnica com registro de quantitativos superiores aos do
serviço que se pretende contratar configura, em avaliação preliminar, restrição ao caráter
competitivo de certame licitatório e justifica sua suspensão cautelar.
As orientações constantes da OT IBR 01/2006, que informam os elementos mínimos que devem
conter os projetos básicos de obras públicas, editada pelo Instituto Brasileiro de Obras Públicas
(Ibraop), devem ser observadas pelos entes da Administração Pública.
A condução de certame licitatório com utilização de projeto básico desatualizado afronta o
disposto no inciso IX do art. 6º da Lei nº 8.666/93 e sujeita os agentes responsáveis à multa do
art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/1992.
501
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A exigência de revenda exclusiva de fabricante baseada há, pelo menos, cinco anos em
determinado estado da federação, imposta a licitante em certame para aquisição de pá
carregadeira, viola o disposto no art. 3º, caput e §1º da Lei 8.666/93
Representação efetuada pelo Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo apontou suposta
ilegalidade no Edital do Pregão Presencial 133/2011 da Prefeitura Municipal de Afonso
Cláudio, que teve por objeto a aquisição de pá carregadeira, com utilização de recursos federais.
O edital desse certame exigia das licitantes a demonstração de possuírem revenda exclusiva do
fabricante baseada no Estado do Espírito Santo há, pelo menos, cinco anos, o que configuraria
violação ao disposto no art. 3º, caput e §1º da Lei 8.666/93, por se tratar de exigência
impertinente. O relator, por meio de despacho, determinou a suspensão do certame, sem prévia
oitiva daquela Prefeitura, a fim de evitar a celebração de contrato resultante de procedimento
presumidamente ilegal. Em resposta a oitiva, a Prefeitura de Afonso Cláudio/ES noticia que
decidiu não homologar o certame e que decretou sua anulação. Após se deparar com essas
informações, o relator endossou proposta da unidade técnica de promover o arquivamento do
feito, “uma vez que, embora o edital em exame veiculasse exigência ilegal e desarrazoada, tal
fato não causou qualquer prejuízo, nem se revestiu de gravidade suficiente para prosseguir a
instrução da presente Representação objetivando apenação de multa aos responsáveis”. O
Tribunal, então, decidiu revogar a referida medida e arquivar o processo. Acórdão n.º 655/2012-
Plenário, TC 035.018/2011-9, rel. Min. Aroldo Cedraz, 21.3.2012.
502
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
503
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
execução da obra”, imputada a ex-Diretor Geral do Dnit. Também foram ouvidos em audiência
o ex-Coordenador-Geral de Construção Rodoviária, por haver solicitado a elaboração de edital
da referida licitação com projetos básicos desatualizados, e o ex-Diretor de Infraestrutura
Terrestre por aprovar a proposta de licitação, a despeito de ter sido elaborada com base em
projeto básico deficiente. Em resposta, o ex-Diretor Geral do Dnit ressaltou a importância da
BR-101/RJ para a malha viária do país como eixo de escoamento para a exportação da produção
industrial da região sudeste e como via de transporte de passageiros e turismo. Alegou, em
especial, que, ao perceber “a significativa demanda de infraestrutura pela qual a região
enfrentava e ainda enfrenta, não poderia o Gestor tomar outra decisão senão a que mais
atendia ao Interesse Público, qual seja, a implementação imediata das obras de duplicação da
rodovia”. O relator, entretanto, ao endossar as conclusões de Secretaria de Obras do Tribunal,
ponderou que “o ex-Diretor-Geral preferiu assumir os riscos de prosseguir na licitação, mesmo
sabendo que os projetos disponíveis, elaborados em licitações anteriores, já revogadas, teriam
que sofrer atualizações, não apenas em função do tempo decorrido desde sua elaboração, mas
também em razão da integração da obra de duplicação com os demais projetos de grande porte
a serem desenvolvidos na mesma região”. Também em relação aos outros dois agentes acima
mencionados, considerou insatisfatórias as justificativas apresentadas. O Tribunal, então, ao
acolher proposta do relator e após levar em conta outras irregularidades cometidas por esses
agentes, decidiu: a) rejeitar as respectivas razões de justificativas; b) aplicar a cada um deles
multa do art. 58, inciso II, da lei nº 8.443/1992, em valores distintos. Acórdão n.º 645/2012-
Plenário, TC 007.286/2008-3, rel. Min. José Múcio Monteiro, 21.3.2012.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
504
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A opção por pregão presencial, em vez de pregão eletrônico, sem justificativa consistente,
associada a estipulação de local de apresentação de propostas distinto daquele em que serão
prestados os serviços configura, em avaliação preliminar, irregularidade e justifica a suspensão
cautelar certame.
É possível, “em caráter excepcional”, a substituição da retenção cautelar de pagamentos à
contratada por garantia prevista no art. 56 da Lei 8.666/93.
A elaboração de orçamento de obra exige não só a utilização de preços de insumos extraídos de
sistemas referenciais, mas também a adaptação de composições de custos unitários às condições
de projeto.
O regime de empreitada integral, previsto no art. 6º, inciso VIII, alínea “e”, da Lei nº
8.666/1993 deve ser considerado na condução de projetos de vulto e complexos.
A exigência de comprovação, para fim de qualificação técnica, de tempo de experiência dos
profissionais a serem disponibilizados pela licitante afronta o disposto no art. 30, § 5º, da Lei nº
8.666/93.
PLENÁRIO
A opção por pregão presencial, em vez de pregão eletrônico, sem justificativa consistente,
associada a estipulação de local de apresentação de propostas distinto daquele em que
serão prestados os serviços configura, em avaliação preliminar, irregularidade e justifica a
suspensão cautelar certame
Representação apontou supostas irregularidades na condução, pela Companhia Brasileira de
Trens Urbanos, do Pregão Presencial 004/2012/CBTU, que visa à contratação de serviço de
vigilância ostensiva e armada para 71 postos de 24h ininterruptas, nas áreas da CBTU/Recife.
As possíveis ilicitudes são as seguintes: a) escolha não motivada da modalidade pregão
presencial, em vez de pregão eletrônico; b) obrigatoriedade de as propostas serem apresentadas
na cidade do Rio de Janeiro/RJ, embora o serviço deva ser prestado em Recife/PE. Foram
credenciadas cinco empresas e a vencedora do certame ofertou proposta no valor de
R$ 9.949.900,00. O Presidente do TCU, atuando nos autos em função de férias do relator,
505
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
observou que teria sido violado o disposto no art. 4º, § 1º, do Decreto 5.450/2005, visto não se
ter comprovado a inviabilidade de adoção do pregão eletrônico e que a CBTU teria agido sem
respaldo técnico ou legal. Acrescentou que o fato de “o local de entrega e abertura das
propostas ser distante do local da prestação dos serviços licitados implica a restrição da
competitividade do certame” e aparente violação ao comando contido no art. 20, caput, da Lei
8.666/1993. Por considerar presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, determinou:
a) em caráter cautelar, a suspensão do certame até que o Tribunal delibere sobre o mérito da
representação; b) a realização de oitiva da CBTU sobre a não adoção de pregão eletrônico e a
escolha de local de apresentação das propostas distante do local de prestação dos serviços.
Comunicação de Cautelar, TC-007.473/2012-5, Ministro-Presidente Benjamin Zymler,
28.3.2012.
506
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
elétricos do Lote 5, eixo Norte, do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) com as
bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional. Entre as ocorrências relacionadas pela unidade
técnica especializada, destaca-se o sobrepreço de R$ 29.082.754,56 (data-base jan/2011) no
orçamento-base da licitação, que representa 5,53% do preço total da amostra examinada e
4,20% em relação ao valor total do orçamento (R$ 720.880.136,05), o que afrontaria o disposto
no art. 125 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012). A principal parcela do sobrepreço concentra-se em
cinco serviços relacionados com terraplenagem. Verificou-se, quanto a esses serviços, que, a
despeito de os preços orçados terem sido, em regra, calculados com a utilização de custos de
insumos e serviços constantes do Sistema de Custos Rodoviários (Sicro) e do Sistema Nacional
de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), não foram realizadas adaptações
em diversas composições de custos unitários, a fim de conformá-las às efetivas condições de
projeto. A título de exemplo, no caso do serviço “filtros e transposições finas horizontais de
areia natural”, utilizou-se o insumo "areia comercial lavada", em vês de "areia extraída de
jazida", esta última prevista no estudo de terraplenagem para as obras do lote 5. O relator, em
seu Voto, endossou a análise da Secob-4 a respeito de tais sobrepreços. O Tribunal, então, ao
acolher proposta do relator, decidiu determinar ao MI que informe ao TCU, em 15 dias, as
medidas a serem adotadas com o intuito de adequar os preços do orçamento-base da licitação
aos de mercado, tomando como limites máximos preços de vários serviços, que foram
explicitados no subitem 9.1.1 do Acórdão. Acórdão n.º 723/2012-Plenário, TC 037.773/2011-9,
rel. Min. Raimundo Carreiro, 28.3.2012.
O regime de empreitada integral, previsto no art. 6º, inciso VIII, alínea “e”, da Lei nº
8.666/1993 deve ser considerado na condução de projetos de vulto e complexos
Ainda no âmbito da auditoria nas obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as
bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional, o relator teceu considerações sobre o
empreendimento como um todo. Observou que o projeto está subdividido em dois eixos
principais: o Norte, que levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio
Grande do Norte, e o Leste, que beneficiará parte do Sertão e do Agreste de Pernambuco e da
Paraíba. Anotou que o valor nominal já contratado para essas obras é da ordem de R$ 5,2
bilhões e que “o Tribunal tem se defrontado, ao longo das diversas auditorias (...) com
problemas (...) relacionados ao processo de contratação do empreendimento, especificamente,
com a baixa qualidade dos projetos licitados e com a deficiente orçamentação, materializada,
sobretudo, por falhas na definição dos quantitativos necessários para a conclusão das obras e
dos preços unitários e globais dos serviços”. Lembrou da recente revogação pelo MI da
Concorrência nº 1/2010 (Execução de obras civis, fornecimento, instalação, montagem e testes
dos equipamentos mecânicos e elétricos dos lotes 5, 8, 15, 16, 17 e 18), após atuação do TCU
(Acórdão nº 1.667/2011 – Plenário), envolvendo recursos da ordem de R$ 1.679.261.731,42.
Acrescentou que o próprio MI aventa a hipótese de promover a rescisão de contratos dos lotes 3,
4 e 7 do Eixo Norte e de “licitar as parcelas remanescentes dos aludidos lotes e daqueles que já
atingiram o limite máximo legal de 25% de incremento de preço, tendo em vista acréscimos de
serviços”. Registrou que o citado órgão reconhece substancial elevação do valor total dos
investimentos previstos, que já alcança os R$ 8,2 bilhões. Com base nesse contexto, arrematou:
“entendo pertinente a utilização do regime de contratação designado como empreitada integral
ou turn key, previsto no art. 6º, inciso VIII, alínea “e”, da Lei nº 8.666/1993, para as licitações
que serão promovidas pelo Ministério da Integração Nacional, no âmbito do presente
empreendimento, a fim de se evitar as recorrentes falhas verificadas no decorrer do
acompanhamento do PISF por esta Corte”. Acrescentou que o vulto do empreendimento e o
alcance social e econômico vislumbrados reforçam a pertinência de adoção desse regime de
contratação e que há precedentes, no âmbito do TCU, que respaldam essa solução. O Tribunal,
então, ao acolher proposta do relator, decidiu: “9.2. determinar ao Ministério da Integração
Nacional, com espeque no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que,
preliminarmente à continuidade das licitações referentes aos lotes 15, 16, 17 e 18 (Ramal do
Agreste), aos serviços remanescentes dos lotes 3, 4 e 7 (Eixo Norte) e aos lotes que atingiram o
limite legal de 25%: 9.2.1 efetue avaliação econômica das alternativas de forma de ajuste,
507
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
considerando, inclusive, regime de empreitada integral, nos termos do art. 6º, inciso VIII,
alínea “e”, da Lei nº 8.666/1993, justificando a escolha daquela que se revelar mais
conveniente para o caso”. Precedentes mencionados: Acórdãos nº 1.566/2005 – Plenário e nº
3.977/2009 – 2ª Câmara. Acórdão n.º 723/2012-Plenário, TC 037.773/2011-9, rel. Min.
Raimundo Carreiro, 28.3.2012.
508
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
A aplicação da sanção prevista no inciso III do art. 87 da Lei 8.666/1993 impede, em avaliação
preliminar, a participação da empresa em certame promovido por outro ente da Administração
Pública.
O contrato de arrendamento para exploração de área interna de porto organizado pressupõe a
realização de licitação, consoante imposto pelos comandos contidos no art. 4º, inciso I, c/c os
artigos 1º, § 1º, inciso IV, 2º, e 5º, da Lei nº 8.630/93.
É lícita a inabilitação de licitante que não tenha apresentado a documentação comprobatória de
regularidade fiscal, qualificação econômico-financeira e jurídica, nem tenha autorizado a
consulta ao Sicaf consoante faculdade prevista no edital.
A contratação de obra por preço superior ao que se poderia obter por meio da utilização de
técnica igualmente satisfatória e menos onerosa demanda a readequação dos preços contratuais
a essa nova solução.
A experiência na destinação de resíduos orgânicos em usina de compostagem é suficiente para
demonstração da capacidade de processamento de resíduos orgânicos oriundos de frutas,
legumes e verduras.
PLENÁRIO
509
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
510
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A contratação de obra por preço superior ao que se poderia obter por meio da utilização
de técnica igualmente satisfatória e menos onerosa demanda a readequação dos preços
contratuais a essa nova solução
Auditoria na Petrobrás, com o intuito verificar a regularidade das obras de implantação da
Refinaria Premium I, no Estado do Maranhão, apontou a ocorrência de irregularidades na
condução do Contrato 0859.0059374.10.2, que tem por objeto a terraplenagem, drenagem e
realização de obras de acesso a refinaria, firmado com o Consórcio Galvão-Serveng-Fidens, no
valor de R$ 711.070.084,88. Foram apontados, pela equipe de auditoria, indícios de sobrepreço
no montante de R$ 63.956.229,30, decorrentes de: a) previsão do uso de cal hidratada
(aglomerante que pode aumentar a estabilidade de solos) para confecção de aterros, quando se
revelou tecnicamente equivalente solução que dispensa o emprego desse insumo (R$
31.920.840,00); b) vantagem indevida auferida pelo consórcio, em relação à segunda licitante
melhor classificada, após a supressão da cal hidratada (R$ 24.535.728,30); e c) excesso em
quantitativos de outros serviços (R$ 7.499.661,00). A equipe demonstrou que a realização dos
aterros sem utilização de cal hidratada atenderia “satisfatoriamente às condições de projeto”.
Observou, também, que a retirada desse insumo das composições de preços unitários de
serviços da obra das propostas das empresas que haviam participado do certame conduziria a
alteração da ordem de classificação dessas licitantes, caso tal supressão houvesse sido
promovida no curso do certame. Isso porque a vencedora da licitação havia cotado o insumo cal
hidratada por valor bastante inferior ao apresentado pela segunda colocada. Por esse motivo,
ponderou a Secob-4 que seria necessário não só recalcular o valor do contrato celebrado
considerando retirada daquele insumos das composições de serviços da obra, mas também
reduzir o valor total do contrato ao da proposta da segunda colocada, calculado com a supressão
da cal hidratada. A Petrobrás, ao ser chamada a se pronunciar, considerou pertinentes as
conclusões preliminares contidas no Relatório de Auditoria e, com a anuência do consórcio
contratado, celebrou os termos aditivos 1 e 2, por meio dos quais se operou a redução do valor
contratado em R$ 63.956.229,30. O Tribunal, então, ao acolher proposta de encaminhamento
apresentada pelo relator do processo, decidiu: “considerar saneadas as irregularidades que
acresciam indevidamente ao Contrato 0859.0059374.10.2 o valor de R$ 63.956.229,30,
relacionadas à desnecessidade do insumo cal hidratada (R$ 31.920.840,00), à vantagem
indevida auferida pelo consórcio, em comparação com a segunda licitante melhor classificada,
após a supressão da cal hidratada (R$ 24.535.728,30) e à imprecisão do quantitativo do item
de Escavação, Carga e Transporte - ECT de material de 1ª categoria, Distância Média de
Transporte - DMT de 2 a 5km, com presença de água (R$ 7.499.661,00)”. Acórdão n.º
791/2012-Plenário, TC 007.321/2011-2, rel. Min. José Múcio Monteiro, 4.4.2012.
511
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Primeira Câmara
O estabelecimento de especificações técnicas idênticas às ofertadas por determinado fabricante,
da que resultou a exclusão de todas as outras marcas do bem pretendido, sem justificativa
consistente, configura afronta ao disposto no art. 15, § 7°, inciso I, da Lei nº 8.666/1993.
Plenário
512
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
513
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
514
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
aos atestados que excedessem o número fixado”. Entendeu ter havido “rigor excessivo” por
parte da comissão de licitação. Reputou tal desclassificação prejudicial aos interesses da
Secom/PR, visto que a empresa afastada do certame teria alcançado a 2ª maior pontuação das
propostas técnicas, sendo que sua “participação na fase seguinte (das propostas de preços)
poderia contribuir sobremaneira para se alcançar a melhor proposta para a Administração”.
Ressaltou, também, que a comissão de licitação não procedeu com o mesmo rigor ao se deparar
com recurso de licitante que requeria a desclassificação de outra licitante que apresentara
proposta técnica sem a assinatura do seu representante legal em sua página final. Considerou a
comissão irrelevante que a “assinatura da representante legal constasse da folha final ou da
inicial da proposta”. O Relator observou, contudo que o subitem 1.1 do Edital estipulou
expressamente que a proposta técnica deveria ser apresentada, “sem emendas e rasuras,
rubricada em todas as suas laudas, e conter página de finalização com data, assinatura e
identificação clara do signatário (representante legal)”. Ressaltou que o cumprimento dessa
exigência, que tem por objetivo “garantir que as propostas apresentadas pelos licitantes não
serão alteradas após a entrega no órgão licitante ou que qualquer pessoa não autorizada a
representá-la apresente proposta em seu nome com o fim de prejudicá-la”, conforme ressaltado
no Acórdão n° 327/2007 – Plenário. Lembrou também que já houve homologação da licitação,
mas ainda não ocorreu a celebração do respectivo contrato. Em face desses elementos,
considerou presentes os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, que justificam
a adoção da medida pleiteada pela autora da representação. O relator, então, decidiu: a) em
caráter cautelar, determinar à Secom/PR que se abstenha de assinar contrato com a empresa
declarada vencedora da Concorrência 1/2011, até que o TCU delibere sobre o mérito da
representação; b) promover oitiva esse órgão a respeito dos indícios de irregularidades
apurados; c) dar ciência à empresa declarada vencedora do certame para que se manifeste, se
assim desejar. Comunicação de Cautelar, rel. Min. Aroldo Cedraz TC 014.560/2008-3,
11.4.2012.
515
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SÚMULAS
Súmula nº 270/2012: “Em licitações referentes a compras, inclusive de softwares, é possível a
indicação de marca, desde que seja estritamente necessária para atender a exigências de
padronização e que haja prévia justificação.”
Revogação da Súmula nº 190/TCU:
“Para a validade dos contratos administrativos, torna-se, em princípio, indispensável a
aprovação expressa de Ministro de Estado ou autoridade equivalente ou delegada (exceto o
ordenador de despesa ou celebrante), salvo aqueles cujo valor seja inferior a 500 (quinhentas)
vezes o maior valor de referência, fixado de acordo com o art. 2º da Lei nº 6.205 de 29/04/75, e
desde que sejam observados modelos ou padrões aprovados pelo Ministro de Estado ou
autoridade equivalente ou delegada (exceto o ordenador de despesa ou celebrante).”
516
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Primeira Câmara
A falta de apresentação pela licitante de item relevante do custo do serviço a ser contratado,
exigência essa contida em edital de pregão eletrônico, não merece ser considerada falha formal
passível de correção e justifica a desclassificação da respectiva proposta.
Plenário
É lícita a contratação direta, com suporte no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, de entidade
para realização de serviços afetos a seu conjunto de competências, desde que demonstrada a
correlação entre o objeto contratado e as atividades desenvolvidas pela empresa que o executará
e atendidas as exigências desse comando normativo e dos incisos II e III do art. 26 dessa mesma
lei.
A previsão contida em edital de concorrência no sentido de que o impedimento de participar de
certame em razão de sanção do art. 87, III, da Lei nº 8.666/93 limita-se às empresas apenadas
pela entidade que realiza o certame autoriza a classificação de proposta de empresa apenada por
outro ente da Administração Pública federal com sanção do citado comando normativo, em face
da inexistência de entendimento definitivo diverso desta Corte sobre a matéria.
A exigência de atestados de capacidade técnica com registro de quantitativos superiores aos do
serviço que se pretende contratar configura restrição ao caráter competitivo de certame
licitatório e justifica sua suspensão cautelar.
A declaração de inidoneidade pelo Tribunal, com suporte no comando contido no art. 46 da Lei
nº 8.443/1992, demanda a demonstração de ter havido fraude à licitação imputável a
determinada empresa, mas dispensa a investigação acerca de o fato configurar infração penal,
avaliação essa estranha às competências do Tribunal.
PRIMEIRA CÂMARA
517
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
retificação de sua proposta, por entender que a omissão identificada não poderia ser considerada
falha formal. O relator, por sua vez, endossou essas conclusões e a respectiva proposta de
encaminhamento. O Tribunal, então, decidiu conhecer a representação e, no mérito, considerá-la
improcedente. Acórdão n.º 2.079/2012-Primeira Câmara, TC 000.537/2012-8, rel. Min. Weder
de Oliveira, 17.4.2012.
PLENÁRIO
É lícita a contratação direta, com suporte no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, de
entidade para realização de serviços afetos a seu conjunto de competências, desde que
demonstrada a correlação entre o objeto contratado e as atividades desenvolvidas pela
empresa que o executará e atendidas as exigências desse comando normativo e dos incisos
II e III do art. 26 dessa mesma lei
Representação apontou suposta irregularidade consistente na contratação direta, com suporte no
art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, do Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento
Social e Educacional do Estado do Espírito Santo (IPPES), pelo Município de Mimoso do
Sul/ES, visando a execução de ações de qualificação social e profissional e promoção de
oportunidades de trabalho, emprego e renda para jovens em situação de maior vulnerabilidade
social, no âmbito do Programa “Projovem Trabalhador-Juventude Cidadã”, no valor de R$
1.115.730,00. O relator, ao endossar as conclusões do diretor e do secretário da unidade técnica,
considerou ter sido “demonstrada a correlação entre o objeto contratado e atividades
desenvolvidas pelo ... IPPES”; registrou a existência de documentação que comprova a
habilitação jurídica e a regularidade fiscal e trabalhista da instituição. Observou que foram
trazidos aos autos declarações de utilidade pública e a Resolução que aprovou a inscrição do
IPPES em Conselho Municipal de Assistência Social, bem como os atestados de capacidade
técnica fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e por prefeituras do Estado
do Espírito Santo, documentação essa que comprova a constituição legal há mais de três anos,
com atuação no campo de sua especialidade. Tais documentos, no dizer do relator, “são
importantes para certificar que a entidade não foi criada recentemente e com o propósito de
participar de esquemas fraudulentos”. Acrescentou que “É acertada a exigência de que o
processo de dispensa seja instruído, dentre outros elementos, com a razão da escolha do
fornecedor ou executante e com a justificativa do preço (art. 26, parágrafo único, incisos II e
III da Lei 8.666/1993)”. Valeu-se, quanto ao último desses quesitos, de manifestação do diretor
técnico, segundo o qual restou “evidenciada a compatibilidade dos valores registrados no plano
de trabalho com os parâmetros definidos pela legislação aplicável do Conselho Deliberativo do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat)”. O Tribunal, então, ao acolher proposta do
relator, decidiu conhecer a presente representação e, no mérito, considerou-a improcedente.
Acórdão n.º 898/2012-Plenário, TC 032.264/2011-9, rel. Min. Aroldo Cedraz, 18.4.2012.
518
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A empresa Premier Produtos Alimentícios Ltda. opôs embargos de declaração contra o Acórdão
nº 2756/2011 – Plenário, por meio do qual o Tribunal a havia declarado inidônea para licitar ou
contratar com a Administração Pública por período de seis meses, em razão de ter vencido
licitações restritas à microempresas e empresas de pequeno porte, a despeito de auferir
faturamento bruto superior ao limite previsto no art. 3º da Lei Complementar 123/2006. Acusou
a embargante suposta contradição contida na deliberação recorrida, consistente na afirmação de
que o art. 46 da Lei 8.443/1993 possui “tipologia aberta”. Ponderou que somente poderia ser
punida com base numa “tipologia fechada” e que, por isso, teria sido violado o princípio da
legalidade. O julgado “parte do crime de falsidade ideológica para considerar fraudulento o
comportamento da empresa”, quando a própria deliberação constata não ter havido o crime em
questão. A unidade técnica registrou a prerrogativa conferida ao TCU de, com base no art. 46 da
Lei 8.443/1992, declarar inidoneidade de licitante fraudador para participar, por até cinco anos,
de licitação na Administração Pública Federal. Acrescentou que a recorrente, no ano de 2008,
vencera três certames licitatórios, beneficiando-se de declarações inverídicas de que estaria
enquadrada nos limites previstos no citado art. 3º da Lei Complementar 123/2006. O relator, em
consonância com a unidade técnica, ressaltou que não há alusão, no acórdão proferido, a “um
específico e fechado delito de falsidade ideológica”. O fundamento da apenação “foi a fraude
comprovada”. E que não cabe ao Tribunal concluir pela ocorrência ou não de delito de falsidade
ideológica. Assim, não seria indispensável para o deslinde do presente caso a discussão sobre
‘tipologia aberta’ ou ‘tipologia fechada’. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator,
conheceu os embargos de declaração da referida empresa, mas, no mérito, rejeitou-os. Acórdão
n.º 903/2012-Plenário, TC 008.552/2010-0, rel. Min. José Múcio Monteiro, 18.4.2012.
SUMÁRIO
Plenário
A perda da regularidade fiscal no curso de contratos de execução continuada ou parcelada
justifica a imposição de sanções à contratada, mas não autoriza a retenção de pagamentos por
serviços prestados.
A anulação de certame licitatório pela Administração, em razão de vícios graves identificados
em fiscalização do Tribunal, não isenta os responsáveis de apenação, mesmo quando tal
anulação seja implementada antes de deliberação definitiva do Tribunal.
A participação de duas filiais de dada empresa em pregão eletrônico não configura, por si só,
ilegalidade, especialmente quando as circunstancias inerentes ao certame apontam no sentido de
não ter havido intenção de frustrar seu caráter competitivo.
A comprovação de regularidade fiscal das microempresas e empresas de pequeno porte nas
licitações públicas somente deve ser exigida quando da assinatura do contrato com a
Administração, consoante disposto nos arts. 42 e 43 da Lei Complementar nº 123/2006.
520
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A participação de duas filiais de dada empresa em pregão eletrônico não configura, por si
só, ilegalidade, especialmente quando as circunstancias inerentes ao certame apontam no
sentido de não ter havido intenção de frustrar seu caráter competitivo
Representação formulada pela empresa JBS S/A, apontou possíveis irregularidades na condução
do Pregão Eletrônico 04/2011-SEDF pela Secretaria de Estado de Educação do Governo do
Distrito Federal (SEDF), para registro de preços relacionados ao fornecimento de alimentação
para os alunos da rede escolar pública do DF e entidades conveniadas. A autora da
representação insurgiu-se contra sua exclusão do certame a despeito de haver apresentado, na
fase de lances, os menores preços para três dos itens licitados. O pregoeiro, em resposta à oitiva
determinada pelo relator, esclareceu que a empresa JBS S/A fora inabilitada em razão de haver
participado da licitação por meio de duas filiais com CNPJs distintos. Argumentou que a
existência de sócios comuns de licitantes implicaria quebra do sigilo das propostas e prejudica a
isonomia e a competitividade do certame, consoante se pode depreender de deliberação do
Tribunal. O relator, apesar de reconhecer que a existência de empresas com sócios comuns
“pode constituir indício de conluio para fraudar o certame”, observou que, no caso sob exame,
vários licitantes participaram do certame. Entre elas, duas filiais da empresa JBS, que
“apresentaram propostas de mesmo valor para os itens em questão, mas somente a filial de
CNPJ 02.916.265/011-31 ofertou lances na etapa competitiva do certame, sagrando-se
vencedora dos itens 4, 68 e 100”. Considerou não haver indícios de má-fé da empresa, nem que
tenha obtido alguma vantagem em decorrência disso. E mais: “a participação de somente uma
das filiais na fase de lances afasta a hipótese de conluio, uma vez que essas unidades da mesma
empresa não se apresentaram como duas concorrentes frente às outras licitantes”. Por esses
motivos, o Tribunal, ao acolher proposta do relator, decidiu: I) determinar à Secretaria de
Educação do GDF que “adote providências no sentido de anular os atos de adjudicação dos
itens 04, 68 e 100” do Pregão Eletrônico 04/2011-SEDF; II) retorne o processo licitatório à fase
de aceitação das propostas, em relação aos itens 04, 68 e 100, e proceda à análise das
condições de habilitação da empresa JBS S/A. Precedente mencionado: Acórdão 1.793/2011 –
Plenário. Acórdão n.º 972/2012-Plenário, TC 001.081/2012-8, rel. Min. Raimundo Carreiro,
25.4.2012.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas na data
acima indicada, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
Acompanhamento das obras para a Copa do Mundo
1 - As obras que têm por objetivo viabilizar a Copa do Mundo de 2014 somente podem
ser licitadas e contratadas sob o Regime Diferenciado de Contratação Pública, instituído pela
Lei 12.462/2011, caso possam ser concluídas anteriormente ao início do evento.
2 - A extrapolação do prazo limite para conclusão das obras para a Copa do Mundo de
Futebol de 2014 pode implicar a perda das condições especiais de endividamento dos entes da
Federação, estabelecidas pela Resolução do Senado Federal nº 43/2001, comprometendo o fluxo
de recursos para os empreendimentos.
A oferta de taxa de administração negativa ou de valor zero, em pregão para prestação de
serviços de fornecimento de vale-alimentação, não implica inexequibilidade da respectiva
proposta, a qual só pode ser aferida a partir da avaliação dos requisitos objetivos especificados
no edital da licitação.
Contratação de projetos de obra pública
1 - É ilícita a exigência de número mínimo de atestados de capacidade técnica, assim
como a fixação de quantitativo mínimo nesses atestados superior a 50% dos quantitativos dos
bens ou serviços pretendidos, a não ser que a especificidade do objeto recomende o
estabelecimento de tais requisitos.
2 - É ilegal a inabilitação de empresas em razão da falta de apresentação de declarações
que não constavam do rol dos documentos especificados no edital como necessários à superação
dessa fase do certame.
Os órgãos e entidades da administração pública estão obrigados a exigir das empresas
contratadas, por ocasião de cada ato de pagamento, a apresentação da certidão negativa de
débitos trabalhistas, de modo a dar efetivo cumprimento às disposições constantes dos artigos
27, IV, 29, V, e 55, XIII, da Lei nº 8.666/1993, c/c os artigos 1º e 4º da Lei nº 12.440/2011.
PLENÁRIO
Acompanhamento das obras para a Copa do Mundo: 1 - As obras que têm por objetivo
viabilizar a Copa do Mundo de 2014 somente podem ser licitadas e contratadas sob o
Regime Diferenciado de Contratação Pública, instituído pela Lei 12.462/2011, caso possam
ser concluídas anteriormente ao início do evento
Acompanhamento dos procedimentos adotados pela Caixa Econômica Federal (CAIXA) para a
concessão de financiamentos destinados a obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo
de Futebol de 2014 identificou o baixo volume de recursos já repassados para esse fim.
Verificou-se que até março de 2012, somente 4,1% dos R$ 5,3,5 bilhões previstos haviam sido
executados. Além dos impactos para a realização do citado evento, observou o relator que
“existe um ‘regime de exceção’ para as obras da Copa, estabelecido tanto por meio do Regime
Diferenciado de Contratação Pública (RDC), como da resolução do Senado Federal nº
43/2001”, a qual versa sobre os limites de endividamento dos entes da federação e das
respectivas operações de crédito. Acrescentou que, por meio desses instrumentos, foram criadas
524
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Representação formulada por empresa deu notícia de possíveis irregularidades cometidas pelo
Conselho Regional de Nutricionistas do Estado de São Paulo (SESCOOP-SP), na condução do
Pregão Presencial nº 04/11, que antecedeu a contratação de empresa para prestar serviços de
fornecimento de vale-alimentação, abrangendo o gerenciamento, distribuição, implementação e
administração dos benefícios. Após sorteio realizado entre as empresa Planinvesti –
Administração e Serviços Ltda. e Sodexo Pass do Brasil Serviços e Comercio S.A., em razão de
haverem apresentado propostas de isenção de taxa de administração (0,00 %), o objeto do
pregão foi adjudicado à primeira delas. O relator considerou, em face do disposto no comando
contido no art. 4º, inciso XVII, da Lei nº 10.520/2002, que o pregoeiro não deveria ter realizado
“precocemente” o referido sorteio, mas sim negociado com as citadas empresas, a fim de obter
proposta ainda melhor. Rememorou o teor da Decisão nº 38/1996 – Plenário, por meio da qual o
Tribunal decidiu: “deixar assente que, no que pertine às licitações destinadas ao fornecimento
de vales-refeição/alimentação, a admissão de ofertas de taxas negativas ou de valor zero, por
parte da Administração Pública, não implica em violação ao disposto no art. 44, § 3º, da Lei nº
8.666/93, por não estar caracterizado, a priori, que essas propostas sejam inexequíveis,
devendo ser averiguada a compatibilidade da taxa oferecida em cada caso concreto, a partir de
critérios objetivos previamente fixados no edital”. A despeito dessa e de outras falhas apuradas,
considerou que a anulação do respectivo contrato traria inconvenientes que suplantariam
eventuais benefícios dela resultantes. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, quanto
ao aspecto acima enfocado, decidiu determinar ao SESCOOP-SP que, em futuras licitações:
“salvo quando houver comprovada e justificada inviabilidade, passe adotar o entendimento
firmado na Decisão nº 38/1996-Plenário, no sentido de que a apresentação de ofertas de taxas
de administração negativas ou de valor zero não torna as propostas inexequíveis, devendo ser
averiguada a compatibilidade da taxa oferecida em cada caso concreto, a partir de critérios
objetivos previamente fixados no edital”. Acórdão n.º 1.034/2012-Plenário, TC 010.685/2011-
1, rel. Min. Raimundo Carreiro, 2.5.2012.
526
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Segunda Câmara
A aquisição de bens ou de serviços comuns por Organização Social, efetuada com recursos
federais transferidos por meio de contrato de gestão, demanda a utilização de pregão,
preferencialmente na sua forma eletrônica, conforme estipula o art. 1º, caput e § § 1º e 5º, do
Decreto 5.504/05.
Plenário
O pagamento pela prestação de serviços de digitalização e impressão de documentos por preços
que invertem a lógica do ganho de escala configura dano ao erário e justifica a condenação
solidária do responsável e da empresa contratada, além da aplicação de multa.
A possibilidade de prorrogação do prazo de vigência de contrato de concessão de área pública,
ainda que prevista em lei e em contrato, é faculdade outorgada à Administração e não direito
subjetivo do contratado.
Indícios de sobrepreço identificados em fiscalizações do Tribunal justificam a realização de
auditorias com o intuito de avaliar a abrangência e confiabilidade dos procedimentos de coleta e
tratamento de dados relativos a preços de insumos contidos nos sistemas referenciais Sicro e
Sinapi.
SEGUNDA CÂMARA
A aquisição de bens ou de serviços comuns por Organização Social, efetuada com recursos
federais transferidos por meio de contrato de gestão, demanda a utilização de pregão,
preferencialmente na sua forma eletrônica, conforme estipula o art. 1º, caput e § § 1º e 5º,
do Decreto 5.504/05
O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE e alguns ex-gestores interpuseram Recursos
de Reconsideração contra o Acórdão 710/2011 – 2ª Câmara, por meio do qual o Tribunal julgou
528
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
O pagamento pela prestação de serviços de digitalização e impressão de documentos por
preços que invertem a lógica do ganho de escala configura dano ao erário e justifica a
condenação solidária do responsável e empresa contratada, além da aplicação de multa
Tomada de Contas da Secretaria Executiva do Ministério do Turismo do exercício de 2006
apurou possível dano ao erário em pagamentos por serviços de digitalização e de impressão de
documentos, no âmbito de contrato celebrado entre o Ministério do Turismo e a empresa
Gráfica e Editora Brasil Ltda. (Contrato nº 01/2006). Os preços praticados nesse contrato
emanaram da Ata de Registro de Preços constituída a partir do Pregão nº 22/2005. Os indícios
de sobrepreço apontados resultaram da falta de incorporação de ganhos de escala na formação
de preços unitários, a despeito do substancial aumento da quantidade de serviços em relação aos
quantitativos pré-estabelecidos no projeto básico. De 26 planilhas de custos com formação de
preços por faixas de quantidades crescentes, dezoito foram conformadas respeitando-se o
natural ganho de escala, decorrente da elevação da quantidade de serviços utilizados. Nas oito
529
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
restantes, isso não ocorreu: os respectivos preços, “além de não observarem ganho de escala,
foram majorados de forma desproporcional, sem justificativa”, conforme destacou o relator.
Como exemplo, registrou o ocorrido no com a planilha nº 2 (serviço de digitalização), em que o
preço unitário passou de R$ 0,64 (faixas de quantidades A e B) para R$ 1,53 (para uma faixa de
maior quantidade - faixa C); e com a planilha nº 10, onde o preço do serviço de impressão
passou de R$ 0,04 para R$ 0,30, aumentando mais de sete vezes, para a execução de
quantidades maiores. Prosseguiu: “Após a elevação dos preços unitários depois da faixa inicial,
a economia de escala volta a ser respeitada até a última faixa de quantidade. Isso evidencia
que a empresa adotou a regra da lógica do ganho de escala apenas quando lhe era
conveniente. De qualquer modo, acima de 86% dos serviços prestados se concentraram nas
faixas em que não havia ganho de escala”. - grifou-se. Com base em avaliação conservadora, o
pagamento pelos respectivos serviços gerou dano no montante de R$ 293.647,68. O Tribunal,
entre outras providências, ao acolher proposta do relator e sugestão do revisor sobre a
mensuração da multa, decidiu: I) julgar irregulares as contas de ex-Subsecretário de
Planejamento, Orçamento e Administração da Secretaria Executiva do Ministério do Turismo;
II) condená-lo, solidariamente com a empresa contratada, ao pagamento do referido débito; III)
apená-lo, assim como a empresa contratada, com multas do art. 57 da Lei nº 8.443/1992, no
valor de R$ 30.000,00. Acórdão n.º 1077/2012-Plenário, TC 019.300/2007-9, rel. Min. Walton
Alencar Rodrigues, 9.5.2012.
530
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Fica ao juízo discricionário da Administração Pública a decisão, devidamente motivada, quanto
à possibilidade de participação ou não em licitações de empresas em consórcio.
A aquisição de itens diversos em lotes deve estar respaldada em critérios justificantes.
Licitações com participação de microempresas e empresas de pequeno porte: para o fim do uso
do benefício de desempate constante do § 9º do art. 3º da Lei Complementar 123/2006 deverão
ser somadas todas as receitas obtidas pela empresa pleiteante, inclusive as auferidas no mercado
531
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
privado. O uso indevido de tal benefício implica fraude, justificante da aplicação da sanção da
declaração de inidoneidade para licitar e contratar com a Administração Pública.
Pregão para contratação de serviços de vigilância ostensiva e armada:
1 – A não realização de pregão eletrônico deve estar amparada em razões que indiquem,
concretamente, a sua impossibilidade;
2 – A realização de pregão em local diferente daquele em que serão prestados os
serviços significa a imposição de ônus indevido aos licitantes, com potencial de restringir a
competitividade da licitação.
PLENÁRIO
Fica ao juízo discricionário da Administração Pública a decisão, devidamente motivada,
quanto à possibilidade de participação ou não em licitações de empresas em consórcio
Relatório de Auditoria do Tribunal tratou das obras do Projeto de Integração do Rio São
Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF), especificamente do Lote
5, do Edital de Concorrência nº 12011/2011, realizada pelo Ministério da Integração Nacional –
(MI). Uma das irregularidades apontadas foi a restrição à participação de empresas em
consórcio. Segundo o MI, “a participação de empresas sob a forma de consórcio envolveria a
discricionariedade da Administração”, sendo que, conforme precedente jurisprudencial do
TCU, “o juízo acerca da admissão ou não de empresas consorciadas na licitação dependerá de
cada caso concreto”. Ao concordar com a alegação apresentada, o relator registrou em seu voto
que “há que se demonstrar com fundamentos sólidos a escolha a ser feita pelo gestor durante o
processo de licitação no que toca à vedação da participação de consórcios, ou mesmo à sua
autorização”. Deveria ser analisada, portanto, a situação de cada empreendimento, a partir de
suas variáveis, tais quais o risco à competitividade, as dificuldades de gestão da obra e a
capacitação técnica dos participantes. Diante disso, a partir do que fora examinado pela unidade
instrutiva, para o relator, “há que se ponderar para o fato de que cabe ao gestor definir qual o
caminho a tomar relativamente à participação ou não de consórcios, de forma motivada no
âmbito do processo licitatório”. Nos termos do voto do relator, o Plenário manifestou sua
anuência. Precedente citado: Acórdão nº 1246/2006, do Plenário. Acórdão n.º 1165/2012-
Plenário, TC 037.773/2011-9, rel. Min. Raimundo Carreiro, 16.5.2012.
532
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
em seu voto, teria trazido a vantagem de unir todos os itens imprescindíveis para a perfeita
utilização laboratorial. Assim, sopesando as inegáveis vantagens operacionais e pedagógicas
advindas desse agrupamento em cotejo com a competitividade necessária ao certame, entendeu
não haver máculas ao procedimento examinado. Votou, então, pela revogação da cautelar
anteriormente concedida, bem como pelo arquivamento do processo, no que foi acompanhado
pelo Plenário. Acórdão n.º 1167/2012-Plenário, TC 000.431/2012-5, rel. Min. José Jorge,
16.5.2012.
533
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
administrativa responsável pelo certame, deixar de proceder ao pregão eletrônico, desde que
apresentasse razões substantivas caracterizadoras da inviabilidade de adoção dessa modalidade,
o que não teria sido feito no caso concreto. Os argumentos apresentados, tais como
“especificidades e peculiaridades que envolvem os serviços revelaram a necessidade que o
representante ou o procurador da licitante demonstrassem deter profundo conhecimento dos
procedimentos necessários ao cumprimento do objeto a ser contratado”, não apontariam
concretamente, conforme o relator, nada que pudesse ser considerado como razão de
inviabilidade do uso do pregão eletrônico. Somou a isso o notório fato de que toda a
Administração Pública utilizaria o pregão eletrônico para contratação de serviços de vigilância
ostensiva e armada. O relator destacou em seu voto, ainda, que mesmo sabendo que o Tribunal
estava a examinar representação, com cautelar de suspensão do certame já proferida, a CBTU
optou por prosseguir com o pregão. Por conta disso e de outras razões, o Plenário anuiu à
proposta do relator de se determinar à CBTU a anulação do certame, sem prejuízo de se ouvir
em audiência os potenciais responsáveis a respeito deste e de outros fatos. Acórdão n.º
1184/2012-Plenário, TC 007.473/2012-5, rel. Min. Weder de Oliveira, 16.5.2012.
SUMÁRIO
Plenário
Exigências para comprovação de qualificação técnica: a inserção, nos editais de licitação, de
expressões que possam levar à interpretação restritiva quanto à demonstração de execução de
serviços atrelada a determinada tipologia de obra, como, por exemplo, obras portuárias, deve ser
evitada, salvo se imprescindível à certeza da boa execução do objeto e desde que devidamente
fundamentada no processo licitatório.
534
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Alterações contratuais sem a devida formalização mediante termo aditivo configura contrato
verbal, que pode levar à apenação dos gestores omissos quanto ao cumprimento do dever.
Para o fim de comprovação de capacidade técnica deve ser aceito o somatório de atestados,
sempre que não houver motivo para justificar a exigência de atestado único.
PLENÁRIO
Exigências para comprovação de qualificação técnica: a inserção, nos editais de licitação,
de expressões que possam levar à interpretação restritiva quanto à demonstração de
execução de serviços atrelada a determinada tipologia de obra, como, por exemplo, obras
portuárias, deve ser evitada, salvo se imprescindível à certeza da boa execução do objeto e
desde que devidamente fundamentada no processo licitatório
Mediante representação, o TCU apreciou potenciais irregularidades na Concorrência 11/2011,
realizada pela Companhia Docas do Estado de São Paulo – (Codesp), para a contratação de
empresa com vistas à execução de obras de construção e adequação do cais de Outerinhos, no
Porto de Santos. Dentre outras, a representante apontou que o consórcio vencedor apresentara
documentação não condizente com o específico objeto do certame, para o fim de demonstrar
capacidade técnica de execução, uma vez que os atestados fornecidos pelo vencedor relativos a
cravação de estacas metálicas e cravações submersas não se refeririam a obras portuárias, tal
qual descrito no item 4.4.1, alínea "c", do edital, em afronta aos princípios da legalidade e da
vinculação ao instrumento convocatório, bem como da isonomia. Em seu entender, a comissão
de licitação aceitara atestados de execução de píer, cravação de estacas e perfurações
relacionados à outras tipologias de obras, como pontes e obras pluviais, o que não poderia ter
acontecido. Ao analisar o assunto, o relator, após apontar diversos precedentes da jurisprudência
do TCU, anotou, em seu voto, que “a possibilidade de se exigir – ou restringir – a experiência
em um tipo específico de obra (...) teria como prerrogativa a fundamentação de que a execução
do serviço em outra tipologia de empreitada envolve cuidados, técnicas e habilidades distintas,
que, caso negligenciadas, poderiam colocar em risco a certeza quanto à proficiência do
licitante de executar o objeto pretendido – no caso, aquela tipologia de obra”. E, no caso
concreto, a influência das marés e todas as outras dificuldades apresentadas pela representante
possuiria pouca ou nenhuma influência na execução do objeto da licitação. A limitação da
concorrência atrelada a experiências exclusivamente em obras portuárias teria pouco ganho em
termos da segurança da perfeita execução da obra. Haveria restrição desnecessária – e, portanto,
ilegal – da licitação. E a comissão, ao não desqualificar atestados de obras semelhantes, agira
em conformidade com o instrumento convocatório. O fato de se aceitar atestados relativos a
obras similares fora, inclusive, objeto de indagações por parte das licitantes, tendo sido
prestados os esclarecimentos pela comissão, destacou o relator. Por conseguinte, entendendo
que as falhas contidas no edital seriam meramente formais, votou o relatar por que o Tribunal
determinasse à Codesp que se abstenha, em futuras licitações, de incluir no comando das
exigências habilitatórias expressão que possa levar à interpretação restritiva quanto à
demonstração de execução de serviços atrelada a determinada tipologia de obra, como, por
exemplo, a "obras portuárias", em face do estabelecido no art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666, de
1993, bem como no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, salvo se imprescindível à
certeza da boa execução do objeto e desde que devidamente fundamentado no processo
licitatório. Acórdão n.º 1226/2012-Plenário, TC 010.222/2012-0, rel. Min. Valmir Campelo,
23.5.2012.
535
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
termo aditivo que deveria formalizar alterações nas condições inicialmente pactuadas, ou seja,
promoveu-se contratação verbal, que alcançou quase 13% do valor da obra, em potencial
afronta ao art. 60 da Lei de Licitações. Para o relator, na ocorrência desse tipo de artifício
costuma-se contra-argumentar que “a dinâmica de uma obra pública (ainda mais desta
complexidade) exige uma tomada de decisões ágil, incompatível com a ritualística para a
celebração dos termos aditivos”. Entretanto, para ele, esse tipo de argumento, afora a mácula a
valores caros à Administração, “embute toda sorte de riscos, que vão desde o desvio de objeto;
serviços executados com preços acima do mercado; qualidade deficiente (pela eventual
incapacidade técnica da empresa executora); malversação de recursos; e nulidade da
intervenção”. O cumprimento das formalidades anteriores às alterações contratuais, ainda
conforme o relator, “é que possibilita a ampla fiscalização do contrato administrativo, em todos
os seus níveis. O termo aditivo, como requisito de validade, precisa atravessar todas as suas
fases, até atingir a sua eficácia, desde a solicitação e fundamentação, verificação de
disponibilidade orçamentária, até o exame de legalidade (pelo jurídico), atravessando o juízo
de conveniência e oportunidade em todos os planos de controle do órgão; do fiscal do contrato,
ao ordenador de despesas”. Por conseguinte, sopesando que, efetivamente, não teria sido
verificado qualquer prejuízo ao erário, o relator votou por que fosse notificada a Infraero que a
repetição das irregularidades identificadas pelo TCU nas obras do TPS-1 do Aeroporto de
Manaus-AM poderia ensejar a apenação dos gestores envolvidos, o que foi aprovado pelo
Plenário. Acórdão n.º 1227/2012-Plenário, TC 004.554/2012-4, rel. Min. Valmir Campelo,
23.5.2012.
536
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
Contratação de empresa especializada na prestação de serviços de reserva, emissão, marcação,
remarcação e fornecimento de passagens: para o fim de enquadramento como microempresa ou
empresa de pequeno porte, a receita bruta, no caso de agências de turismo, deve ser calculada
tendo por parâmetro as comissões e adicionais recebidos pela agência, e não a receita total das
vendas efetuadas.
Somente as parcelas da obra a serem tempestivamente concluídas até a Copa do Mundo de 2014
ou até as Olimpíadas de 2016 podem se valer do Regime Diferenciado de Contratações Públicas
– RDC. Configurada a inviabilidade técnica e econômica de se parcelar a empreitada, o
empreendimento como um todo pode ser licitado pelo novo Regime. Em caso contrário, a fração
da obra com término ulterior àqueles eventos esportivos deverá se utilizar do regime tradicional
estabelecido na Lei 8.666/1993.
Em caso de fraude comprovada, é possível a responsabilização não só da empresa, mas também
dos sócios, de fato ou de direito, a partir da desconsideração da personalidade jurídica da
instituição empresarial.
Segunda Câmara
A determinação de que os produtos a serem adquiridos mediante licitação sejam,
necessariamente, de fabricação nacional é ilícita, por constituir restrição indevida ao caráter
competitivo do certame.
Novas Súmulas
Súmula n.º 274
Súmula n.º 275
PLENÁRIO
Contratação de empresa especializada na prestação de serviços de reserva, emissão,
marcação, remarcação e fornecimento de passagens: para o fim de enquadramento como
microempresa ou empresa de pequeno porte, a receita bruta, no caso de agências de
turismo, deve ser calculada tendo por parâmetro as comissões e adicionais recebidos pela
agência, e não a receita total das vendas efetuadas
Representação noticiou ao Tribunal supostos atos ilegais do Pregoeiro e do Subsecretário de
Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério da Fazenda na condução do Pregão
Eletrônico nº 29/2011, que teve como objeto a contratação de empresa especializada na
prestação de serviços de reserva, emissão, marcação, remarcação e fornecimento de passagens,
para suprir necessidades de deslocamento de autoridades, servidores e colaboradores. A
representante alegou que a empresa ITS Viagens e Turismo Ltda. sagrou-se vencedora do
certame utilizando-se indevidamente da prerrogativa de efetuar lance de desempate, na condição
de empresa de pequeno porte, a partir do que prevê a Lei Complementar nº 123/2006 – (LC
123/2006). De acordo com a representante, a vencedora teria auferido, no exercício de 2010,
receita bruta de mais de R$ 7.000.000,00, bem superior ao limite de R$ 2.400.000,00, então
estabelecidos no art. 3º, inciso II, da LC 123/2006 como limite de faturamento para que uma
empresa fosse enquadrada como de pequeno porte. Tal fato, então, não permitiria que a
representada se utilizasse do regime diferenciado para oferecer proposta de desempate. Para o
deslinde da questão, considerou o relator ser necessário esclarecer o conceito de receita bruta,
para empresas que lidem na área de contratação examinada (passagens aéreas). Para isso, se
valeu de fundamentos lançados em Solução de Consulta 31/2011, da Primeira Região Fiscal
(D.O.U. de 21/9/2011), na qual se registrou que “a intermediação na venda e comercialização
de passagens individuais ou em grupo, passeios, viagens e excursões, bem como a
intermediação remunerada na reserva de acomodações em meios de hospedagem, são
537
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
operações em conta alheia, da agência de turismo. Nesses casos, a base de cálculo do Simples
Nacional é apenas o resultado da operação (comissão ou adicional recebido pela agência)”.
Isso significaria dizer que a receita bruta, no caso de agências de turismo, deve ser calculada
tendo por parâmetro as comissões e adicionais recebidos pela agência, e não a receita total das
vendas efetuadas. Levando em conta tal entendimento, a representada não teria atingido o
faturamento mínimo para o desenquadramento da condição de empresa de pequeno porte, e por
isso, votou o relator pela improcedência da representação, no que foi acompanhado pelo
Plenário. Acórdão n.º 1323/2012-Plenário, TC 034.816/2011-9, rel. Min. Valmir Campelo,
30.5.2012.
538
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
possuir qualquer vínculo com esta, o que foi refutado pelo relator, a partir de informações
constantes de ação civil pública em que o Ministério Público Federal demonstrou que o aludido
administrador usava empresas de fachada para fraudar licitações e desviar recursos públicos.
Para o relator, a participação da Construtora Concreto Ltda., ao fornecer documentos fiscais que
supostamente comprovariam a execução da avença, teria sido determinante para a perpetração
da fraude, a justificar a declaração de inidoneidade da empresa, de modo a impedi-la de
participar de licitações na Administração Pública Federal. Considerou, ainda, a necessidade de
se determinar a extensão da responsabilidade ao sócio administrador de fato da empresa, com
fundamento em precedente jurisprudencial do Tribunal, que permitiria a desconsideração da
personalidade jurídica da empresa para alcançar não só os sócios de direito, mas também seus
sócios ocultos. Votou, então, pela declaração de inidoneidade da empresa, bem como pela sua
condenação, em débito, solidariamente com o sócio administrador de fato, juntamente com os
demais envolvidos, o que foi aprovado pelo Plenário do Tribunal. Precedente citado: Acórdão nº
1891/2010, do Plenário. Acórdão n.º 1327/2012-Plenário, TC 008.267/2010-3, rel. Min.
Walton Alencar Rodrigues, 30.5.2012.
SEGUNDA CÂMARA
A determinação de que os produtos a serem adquiridos mediante licitação sejam,
necessariamente, de fabricação nacional é ilícita, por constituir restrição indevida ao
caráter competitivo do certame
Por conta de representação, o Tribunal tratou de supostas irregularidades no Pregão Presencial
162/2011, do Município de Castelo/ES, destinado à aquisição de retroescavadeira, plantadeira e
sulcador para atender às necessidades da Secretaria Municipal de Agricultura, certame o qual
fora financiado com recursos oriundos do Contrato de Repasse 0324480-
25/2010/MAPA/CAIXA. Dentre elas, constou a exigência de que a retroescavadeira a ser
adquirida fosse de fabricação nacional. A esse respeito, o relator destacou que a Lei 8.666/1993
não impediria a oferta de produtos estrangeiros nas licitações realizadas pela Administração
Pública. Para ele, “mesmo com as inovações da Lei 12.349/2010, que introduziu o conceito de
‘Desenvolvimento Nacional Sustentável’, tem-se apenas reservas, disciplinadas pelos Decretos
7.546/2011 e 7.709/2012, e não vedação absoluta de oferta de produtos estrangeiros”. Logo, a
exigência em comento seria ilegal e, por si só, macularia o procedimento, pela restrição ao
caráter competitivo do certame, em afronta ao art. 3º, caput e § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993,
bem como ao art. 3º, inciso II, da Lei 10.520/2002. Por conseguinte, votou por que o Tribunal
fixasse prazo para que a Prefeitura Municipal de Castelo/ES adotasse as medidas necessárias à
anulação do Edital do Pregão Presencial 162/2011, bem como determinasse que a
municipalidade se abstivesse de exigir que o bem a ser adquirido seja obrigatoriamente de
fabricação nacional, o que foi aprovado pela segunda Câmara. Acórdão n.º 3769/2012-2ª
Câmara, TC 000.262/2012-9, rel. Min. Aroldo Cedraz, 31.5.2012.
NOVAS SÚMULAS
539
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Segunda Câmara
A contratação direta de serviço de advocacia, por inexigibilidade de licitação, com suporte no
permissivo contido no inciso II do art. 25 da Lei nº 8.666/1993, demanda não só a demonstração
da notória especialização do profissional ou escritório escolhido, mas também a comprovação
da singularidade do objeto da avença, caracterizada pela natureza “excepcional, incomum à
praxe jurídica” do respectivo serviço.
Plenário
A aquisição de cartuchos para impressoras de fabricantes distintos do que fora especificado no
termo de referência de pregão eletrônico merece ser convalidada, quando as circunstâncias
concretas revelam a inexistência de prejuízo ao erário e também que a intenção da
Administração era admitir cartuchos originais de quaisquer fabricantes.
A contratação direta efetuada com suporte no permissivo contido no art. 24, inciso XIII, da Lei
nº 8.666/93, pressupõe a existência de nexo entre o respectivo objeto e as atividades de ensino,
pesquisa e desenvolvimento institucional especificadas no estatuto da entidade prestadora dos
serviços.
A contratação de serviços de fiscalização e controle de qualidade de obras pode ser efetuada por
meio de pregão, desde que o exame das especificidades do objeto da avença respalde a
conclusão de que se trata de serviços comuns, cujos padrões de qualidade e desempenho possam
ser objetivamente estabelecidos no edital.
Inovação Legislativa
Decreto nº 7.750, de 8/6/2012.
SEGUNDA CÂMARA
540
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
objeto do contrato abrangia: I) análise de títulos de imóveis da área do Porto de Maceió; II)
consultoria em concorrências de arrendamentos de instalações portuárias; III) elaboração de
minutas de editais de licitações e assistência à comissão de licitação; IV) adaptação de contratos
de arrendamento e operacionais a Resoluções da ANTAQ; V) consultoria em assuntos jurídico-
portuários; VI) acompanhamento de processos judiciais decorrentes dos certames licitatórios de
arrendamento das instalações portuárias. O Relator, em linha de consonância com a unidade
técnica e com o Ministério Público/TCU, ao refutar os argumentos do recorrente, ressaltou “que
a jurisprudência deste Tribunal está há muito consolidada no sentido de que o serviço de
advocacia só pode ser contratado sem licitação se o for junto a um profissional (ou escritório)
de notória especialização e desde que se trate de serviço de natureza singular”. E mais: a
contratação direta só pode ser admitida, conforme consignado no Voto condutor da Decisão nº
314/1994 - 1ª Câmara, em “ocasiões e condições excepcionalíssimas, quando o serviço a ser
contratado detenha inequívocas características de inédito e incomum, jamais rotineiro e
duradouro”. Valeu-se, também, de ensinamentos de Marçal Justen Filho (in “Comentários à Lei
de Licitações e Contratos Administrativos”, 12ª edição), segundo os quais a natureza singular
configura “situação anômala, incomum, impossível de ser enfrentada satisfatoriamente por
todo e qualquer profissional ‘especializado’...” – grifos do relator. Concluiu, então que, a
despeito de restar demonstrada a notória especialização do escritório contratado, “(...) o
recorrente não conseguiu comprovar a singularidade do objeto contratado, eis que não se
identificou, entre as atividades acima listadas, ‘qualquer serviço excepcional, incomum à
praxe jurídica’(...)”. O Tribunal, ao acolher proposta do relator, decidiu conhecer o recurso do
citado responsável, mas negar provimento a esse recurso. Precedente mencionado: Decisão nº
906/97 - Plenário. Acórdão n.º 3924/2012-Segunda Câmara, TC 012.314/2005-6, rel. Min.
José Jorge, 5.6.2012.
PLENÁRIO
541
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A contratação direta efetuada com suporte no permissivo contido no art. 24, inciso XIII,
da Lei nº 8.666/93, pressupõe a existência de nexo entre o respectivo objeto e as atividades
de ensino, pesquisa e desenvolvimento institucional especificadas no estatuto da entidade
prestadora dos serviços
Responsáveis do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE interpuseram recursos de
reconsideração contra o Acórdão nº 1.803/2010 - Plenário, por meio do qual o Tribunal decidiu
julgar irregulares suas contas relativas ao exercício de 1999 e apená-los com multa do art. 58,
inciso I, da Lei nº 8.443/1992, no valor de R$ 2.000,00. Entre os motivos que embasaram tal
deliberação, constou a celebração do Contrato 01.06.094.0/99, firmado pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais – INPE/MCT com a Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias
Espaciais – Funcate, por dispensa de licitação, sem comprovação de correlação entre o objeto da
avença e as atividades de ensino e pesquisa desenvolvidas pela citada Fundação. Ao examinar
as razões recursais dos responsáveis, anotou o relator: “... este Tribunal entende que a
contratação direta prevista no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93 só é possível quando
houver nexo entre o objeto do contrato e as atividades de ensino, pesquisa e desenvolvimento
institucional necessariamente previstas nos estatutos da entidade prestadora dos serviços...”.
Apresentou, em seguida, os objetivos estatutários da Funcate: “promover e incentivar estudos,
atividades de pesquisa e desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, nas áreas de alta
tecnologia, especialmente tecnologia espacial” e “promover, incentivar e executar atividades
que empreguem, direta ou indiretamente, técnicas, processos ou produtos provenientes ou
decorrentes de tecnologias aeroespaciais, inclusive nas áreas de sensoriamento remoto,
geoprocessamento e meteorologia”. Explicitou, também, o objeto do citado contrato:
“elaboração de Projeto Básico dos trechos II a VI, estudos de medidas de revitalização do Rio
São Francisco e estudos ambientais complementares necessários à obtenção de Licença de
Instalação”. Ao confrontar esses serviços com aquelas disposições estatutárias, ponderou que
tal objeto destoa “completamente” das áreas de atuação da Funcate. Concluiu, então, que os
elementos apresentados pelos responsáveis não foram capazes de atestar a regularidade da
referida contratação direta. O Tribunal, ao acolher proposta do relator e por considerar que os
recorrentes não foram capazes de justificar essa, nem as outras ilicitudes que embasaram a
decisão recorrida, decidiu conhecer os referidos recursos, “para, no mérito, negar-lhes
provimento, mantendo-se inalterados os termos do Acórdão nº 1.803/2010 – TCU – Plenário”.
Precedentes mencionados: Decisões nº. 657/1997 e 414/1999 – Plenário; Acórdãos nº. 19/2002
e 61/2003 – Plenário. Acórdão n.º 1391/2012-Plenário, TC 005.848/2000-0, rel. Min.
Raimundo Carreiro, 6.6.2012.
542
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
modalidade de licitação, sob o tipo melhor técnica ou técnica e preço, “visto tratar-se de
serviços de caráter intelectual”. Promoveu-se, então, audiência do diretor do Departamento de
Engenharia e Obras de Alta Tensão da empresa. Ao examinar as razões de justificativas
apresentadas, a unidade técnica reconheceu que não coube ao responsável a decisão de realizar
o certame sob a modalidade pregão eletrônico. Considerou, porém, desnecessária a promoção de
audiência do agente responsável pelo ato impugnado, uma vez que “... existem posições
divergentes na jurisprudência do TCU quanto à escolha da modalidade pregão para obras e
serviços de engenharia”. Citou o Acórdão nº. 1.615/2008-Plenário, por meio do qual foi
determinado à Furnas Centrais Elétricas S.A. que não utilizasse pregão para a contratação de
serviços de supervisão e fiscalização, definindo-os como serviços de natureza
predominantemente intelectual. E o Acórdão nº. 1.947/2008-Plenário, por meio do qual foi
expedida a seguinte determinação ao Dnit: “9.2.3. quando for licitar a contratação de serviços
de supervisão/consultoria, realize a licitação na modalidade pregão, haja vista serem
classificados como serviços comuns por terem padrões de qualidade e desempenho
objetivamente definidos nas normas técnicas, especificando detalhadamente os serviços que a
empresa de supervisão/consultoria deverá realizar”. Considerou, ainda, que a conclusão sobre a
licitude do referido ato demandaria avaliação detida do objeto contratado. Acrescentou, porém,
que não foi identificado prejuízo de nenhuma ordem em decorrência da celebração do citado
contrato de fiscalização e controle de qualidade. O relator, ao endossar o exame da unidade
técnica, repisou a divergência jurisprudencial apontada, “lembrado que a análise do caso
concreto é que pode lançar luzes sobre a adequação, ou não, da modalidade a ser empregada
na contratação de serviços dessa espécie” – grifou-se. Ponderou, entretanto, que “não ocorreu
lesão ao erário nem foram identificadas falhas na execução dos serviços contratados que
possam ser relacionadas à modalidade de licitação escolhida pela entidade”. O Tribunal, ao
acolher proposta do relator e por levar em contas as especificidades do caso concreto, decidiu,
em relação a esse tópico da audiência, acolher as razões de justificativas apresentadas pelo
responsável. Acórdão n.º 1407/2012-Plenário, TC 011.769/2010-6, rel. Min. André Luís de
Carvalho, 6.6.2012.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Decreto nº 7.750, de 8/6/2012: Regulamenta o Programa Um Computador por Aluno -
PROUCA e o Regime Especial de Incentivo a Computadores para Uso Educacional –
REICOMP.
SUMÁRIO
Plenário
Licitação de obra pública
543
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SUMÁRIO
Plenário
A utilização do Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC em obras com término
posterior à Copa do Mundo de 2014 - ou às Olimpíadas de 2016, conforme o caso - só é
legítima nas situações em que ao menos fração do empreendimento tenha efetivo proveito para a
realização desses eventos esportivos, e desde que reste evidenciada a inviabilidade técnica e
econômica do parcelamento das frações da empreitada a serem concluídas a posteriori, em
respeito ao disposto nos artigos 1º, incisos de I a III; 39 e 42 da Lei 12.462/2011, c/c o art. 23, §
1º, da Lei 8.666/93.
A pontuação do item técnica, em licitações do tipo técnica e preço, deve ser obtida a partir de
critérios consistentemente estruturados e de julgamento fundamentado, capazes de minimizar o
grau de subjetividade inerente a esse tipo de licitação.
Licitação de obra pública
1. A realização de certame licitatório com base em projeto básico elaborado sem a
existência de licença ambiental prévia configura, em avaliação preliminar, afronta aos
comandos contidos no art. 10 da Lei 6.938/1981, no art. 6º, inciso IX, c/c o art. 12, inciso VII,
da Lei 8.666/1993 e no art. 8º, inciso I, da Resolução/Conama 237/1997.
547
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
A pontuação do item técnica, em licitações do tipo técnica e preço, deve ser obtida a partir
de critérios consistentemente estruturados e de julgamento fundamentado, capazes de
minimizar o grau de subjetividade inerente a esse tipo de licitação
Representação efetuada por empresa apontou possíveis irregularidades na Concorrência
5.548/7066-2011, do tipo técnica e preço, conduzida pela Caixa Econômica Federal (Caixa),
cujo objeto é a contratação de empresa para prestação de serviços técnicos especializados em
assessoria de imprensa, com atuação em todo o território nacional e lotação nas unidades da
federação São Paulo e Rio de Janeiro. Em face de aparentes vícios identificados na condução
desse certame, o relator submeteu ao Plenário proposta de modificação de medida cautelar
anteriormente concedida para autorizar o seguimento do certame, sem permitir, porém, a
adjudicação do objeto da licitação, nem a consequente contratação da empresa vencedora.
Procedeu, em seguida, ao exame detido de todos os aspectos suscitados pela autora da
representação. Destaque-se, entre eles, a alegada obscuridade dos critérios de julgamento das
propostas técnicas (ausência de critérios objetivos). Consoante previsão contida no edital, a
pontuação da proposta técnica seria distribuída pelos itens ‘Conhecimento Caixa e Diagnóstico
da Situação’, ‘Planejamento e Soluções de Imprensa’, ‘Capacidade de Atendimento’, ‘Outros
Serviços Prestados’. A unidade técnica anotou que o instrumento convocatório esclareceu o que
se pretendia para o cumprimento de cada item. O Relator, ao endossar, a análise e conclusão da
unidade técnica, ressaltou que o julgamento, a partir de critérios objetivos, deve nortear as
licitações públicas, conforme imposto pelos comandos contidos nos arts. 44, § 1º, e 45 da Lei nº
8.666/1993. Registrou, porém, que “o critério de julgamento absolutamente objetivo só é
possível na licitação do tipo menor preço”. O que se pode exigir em certames como o sob
exame – do tipo ‘técnica e preço’ – “é o menor nível possível de subjetividade no seu
julgamento, com avaliações devidamente fundamentadas por parte dos membros da comissão
de licitação”. Isso se consegue por meio da estipulação de “parâmetros bem definidos no edital,
para a atribuição de notas aos diversos fatores avaliatórios nele previstos, cuja conjugação, na
forma igualmente estabelecida no ato convocatório, há de ser suficiente para mitigar eventuais
resquícios de imprecisão na maneira de julgar as propostas oferecidas ...”. Acrescentou que o
edital impugnado estabeleceu o que seria avaliado em cada item da proposta técnica e a
composição de seus subitens, com as respectivas pontuações mínimas e máximas. Além disso,
ressaltou que as notas das licitantes foram atribuídas após avaliação fundamentada da comissão
de licitação. Considerou também que as licitantes que participaram do certame tiveram suas
propostas técnicas classificadas e que a empresa vencedora, além de apresentar a melhor
pontuação técnica, ofertou preço 3% acima da proposta de menor valor. O Relator, ao final, em
linha de consonância com a proposta da unidade técnica, considerou insubsistente a impugnação
da autora da representação sobre esse aspecto e os demais por ela suscitados. O Tribunal, ao
acolher proposta do relator, decidiu conhecer a representação e, no mérito, julgá-la
improcedente, revogando, em consequência, a medida cautelar anteriormente adotada. Acórdão
nº. 1542/2012-Plenário, TC 037.751/2011-5, rel. Min. Valmir Campelo, 20.6.2012.
549
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
publicação do edital (17/5/2012). A unidade técnica ressaltou, porém, que o projeto básico
somente poderia ter sido elaborado após a obtenção da respectiva licença prévia. Ponderou, a
esse respeito, que “o projeto básico deve obrigatoriamente conter as licenças ambientais
requeridas, devendo ainda compreender o estudo de impacto ambiental antecipadamente
determinado...”. Garante-se, com isso, que “o empreendimento seja concebido e orçado
levando-se em conta as medidas mitigadoras, compensatórias e/ou corretivas do meio
ambiente, em cumprimento ao disposto na legislação aplicável, qual seja: art. 10 da Lei
6.938/1981; art. 6º, inciso IX, c/c o art. 12, inciso VII, da Lei 8.666/1993 e o art. 8º, inciso I, da
Resolução/Conama 237/1997”. A relatora do feito, ao endossar a análise da unidade técnica,
ressaltou que a jurisprudência do TCU é pacífica no sentido que “a Licença Prévia (LP) deve
existir antes da instauração da licitação, pois o atendimento das exigências ambientais é
determinante na própria concepção do objeto”. Ao avaliar a pertinência de adoção da medida
cautelar sugerida na representação, considerou que tal omissão configura, juntamente com
outros indícios de irregularidades identificados, o requisito da fumaça do bom direito. O perigo
na demora, por sua vez, resulta da previsão de entrega dos documentos pelas licitantes para
18/6/2012 e da iminente assinatura de contrato provavelmente viciado. A relatora, então,
também por esse motivo, decidiu determinar a suspensão cautelar da Concorrência 1/2012 –
TRE/RJ e promover a oitiva do órgão. O Tribunal, em seguida, endossou essa providência.
Precedentes mencionados: Acórdãos nºs. 2.886/2008, 1.580/2009, 1.620/2009, 1.726/2009,
2.013/2009, 2.367/2009, 870/2010 e 958/2010, todos do Plenário e 5.157/2009 da 2ª Câmara.
Comunicação de Cautelar, TC 017.008/2012-3, rel. Min. Ana Arraes, 20.6.2012.
550
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
PLENÁRIO
551
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
552
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
necessita; b) determinar à UFV que não autorize adesões à referida ata de registro de preços;
c) dar ciência à UFV de que as exigências de teclado e mouse serem do mesmo fabricante
da CPU e de que o fabricante do equipamento ofertado detenha registro no Inpi afrontam o
disposto no art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993 e destoam da orientação revelada pela
jurisprudência do Tribunal; d) determinar a sua unidade técnica especializada que avalie as
mencionadas especificações do sítio do Governo Eletrônico na internet, com vistas a, caso
confirmadas irregularidades em seu conteúdo, serem expedidas determinações ao Poder
Executivo Federal com o objetivo de balizar futuras contratações na área de tecnologia da
informação. Precedentes mencionados: Acórdãos 7.549/2010, 5.746/2011, 2.476/2012,
6498/2012 da 2ª Câmara e 998/2006, 2.479/2009, 535/2011, 2.403/2012 do Plenário. Acórdão
213/2013-Plenário, TC 043.053/2012-2, relator Ministro José Jorge, 20.2.2013.
553
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
medida de exceção que deve ser devidamente justificada no processo licitatório ...”. Acórdão
222/2013-Plenário, TC 014.017/2012-1, relatora Ministra Ana Arraes, 20.2.2013.
SUMÁRIO
Plenário
1. As impugnações apresentadas por licitantes contra disposições de editais devem ser
respondidas no prazo de cinco dias e anteriormente à abertura das propostas, tendo em vista o
que prescrevem o art. 41, § 2º, da Lei nº 8.666/1993 e o art. 24 da Lei nº 9.784/1999.
Inovação Legislativa
Decreto nº 7.775, de 4/7/2012.
PLENÁRIO
554
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
555
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
casos enquadrados no inciso III, por exemplo, onde a partir de uma cooperação mútua entre
órgãos/entidades diferentes, incluindo aí um planejamento consistente de suas necessidades, a
formação de uma ata de registro de preços poderia resultar em benefícios importantes.
Também nos casos de contratação de serviços frequentemente demandados, mas que não sejam
necessários ininterruptamente, a ata poderia ser uma solução eficaz e que coaduna com a
eficiência e a economicidade almejadas na aplicação de recursos públicos”. Ressaltou, porém,
a necessidade de impedir ilimitadas adesões a uma mesma ata de registro de preços, por ofensa
aos princípios da competição, da igualdade de condições entre os licitantes e da busca da maior
vantagem para a Administração Pública. O Tribunal, então, ao endossar a proposta de
encaminhamento da relatora, decidiu conhecer do pedido de reexame e conceder provimento
parcial a esse recurso, a fim de reformar o subitem da decisão atacada, o qual passou a assumir a
seguinte redação: “1.5.1.1 quando da utilização do SRP, inclusive para contratação de serviços
contínuos, fixe, no instrumento convocatório, os quantitativos máximos a serem contratados e
controle, enquanto órgão gerenciador da ata a ser formada, as adesões posteriores, para que
esses limites não sejam superados”. Acórdão nº. 1737/2012-Plenário, TC-016.762/2009-6, rel.
Min. Ana Arraes, 4.7.2011.
556
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3.3. É possível a realização de licitação para registro de preços em que os entes públicos
convenentes figurem como participantes do processo de planejamento da aquisição
Ainda na citada consulta formulada pelo MCTI, foi apresentada pelo relator alternativa para
aprimorar a execução de seus convênios, formulada a partir de sugestões da unidade técnica e
do Ministério Público/TCU. Consiste ela na promoção de licitação para registro de preços
contemplando a quantidade total de bens ou serviços necessários à execução de convênios a
serem celebrados com outros entes, com fundamento no art. 2º, inciso III, do Decreto
3.931/2001, que prevê a adoção preferencial do SRP nas contratações destinadas a atender a
mais de um órgão ou entidade ou a programas de governo. Nessa hipótese, os entes públicos
convenentes participariam do planejamento da aquisição. O Tribunal, ao endossar proposta do
relator, também a título de orientação, esclareceu ao MCTI que a legislação vigente também
possibilita: “9.3.2. alternativa 2: a realização de licitação pelo Ministério para registro de
preços destinado a atender ao programa de governo, contemplando o quantitativo máximo de
bens ou serviços necessários à execução dos convênios que serão celebrados com as demais
esferas, com fundamento no art. 2º, inciso III, do Decreto 3.931/2001 e consoante orientado no
557
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3.4. A realização pelo concedente de licitação para registro de preços destinado a atender a
programa de governo com a finalidade de adquirir e distribuir os bens constantes do
registro aos convenentes encontra amparo na legislação vigente
Também na citada consulta formulada pelo MCTI, o relator desenvolveu terceira rotina, a partir
de sugestões da unidade técnica e do Ministério Público/TCU, para aprimorar a execução de
seus convênios. Essa nova possibilidade sugere a utilização de ata de registro de preços
resultante de licitação a ser promovida pelo Ministério, com a aquisição e distribuição dos bens
constantes do registro aos convenentes. O Tribunal, ao endossar proposta do relator, a título de
orientação, esclareceu ao MCTI que a legislação vigente também possibilita: “9.3.3. alternativa
3: a realização de licitação pelo Ministério para registro de preços destinado a atender ao
programa de governo, contemplando o quantitativo máximo de bens ou serviços necessários à
execução dos convênios que serão celebrados com as demais esferas, com fundamento no art.
2º, inciso III, do Decreto 3.931/2001 e consoante orientado no Acórdão 1.233/2012-Plenário,
podendo o MCTI utilizar a ata resultante para adquirir e distribuir os bens constantes do
registro aos convenentes, com fulcro na padronização prevista no art. 15 do Decreto
6.170/2007;” Acórdão nº. 1717/2012-Plenário, TC-001.956/2012-4, rel. Min. Augusto
Sherman Cavalcanti, 4.7.2011.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Decreto nº 7.775, de 4/7/2012: Regulamenta o art. 19 da Lei no 10.696, de 2 de julho de 2003,
que institui o Programa de Aquisição de Alimentos, e o Capítulo III da Lei no 12.512/2011, e dá
outras providências.
SUMÁRIO
Plenário
1. É ilícita a realização de certame licitatório que tenha por objeto a contratação de empresa para
executar serviços concernentes à área finalística de ente da Administração Pública.
2. Indícios de deficiências grosseiras em projeto básico e de substancial sobrepreço no contrato
celebrado com a empresa vencedora da licitação justificam a suspensão cautelar da execução da
obra.
3. Participação de empresa de pequeno porte em licitação
558
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
559
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
560
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3.2. O período durante o qual constou no Sicaf registro de inidoneidade declarada pelo
Tribunal, a despeito da incidência de efeito suspensivo resultante da interposição pela
empresa de recurso contra a respectiva deliberação, merece ser computado para efeito de
cumprimento da sanção
Ainda nos autos do pedido de reexame interposto por empresa contra decisão do Tribunal que
declarou sua inidoneidade para participar de licitação no âmbito da Administração Pública
Federal, o relatou apreciou pleito da recorrente de se levar em conta, no cômputo do prazo da
sanção (6 meses), o período durante o qual o registro da declaração de inidoneidade da empresa
constou no Sicaf. Consoante, ressaltou o secretário da unidade técnica, a despeito da
interposição, em 27/12/2012, do citado pedido de reexame - que possui efeito suspensivo - tal
registro perdurou no sistema de 30/12/2011 a 7/3/2012. O relator, por sua vez, endossou o
entendimento de que “a simples existência do registro no Sicaf era capaz efetivamente de
prejudicar à recorrente”. Considerou, por isso, acertado computar, no tempo da sanção imposta,
o período durante o qual o registro da declaração de inidoneidade da empresa constou no Sicaf.
O Tribunal, então, ao endossar proposta do relator, decidiu, quanto a essa questão, comunicar à
Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, do Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão que, “no cômputo do prazo de 6 (seis) meses da declaração de inidoneidade
determinada no Acórdão 3.074/2011 – TCU – Plenário, deve ser considerado o prazo em que
já houve o registro da ocorrência no Sicaf (31/12/2011 a 7/3/2012)”. Acórdão n.º 1782/2012-
Plenário, TC-012.545/2011-2, rel. Min. Augusto Nardes, 11.7.2012.
561
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SÚMULAS
SUMÁRIO
Segunda Câmara
1. A imposição a entidade privada, por meio de cláusula contida em contrato de repasse, da
necessidade de observância do regramento contido na Lei nº 8.666/1993 encontra amparo no
ordenamento jurídico
Plenário
2. A comprovação de habilitação técnica para execução de dada obra pode ser efetuada por meio
da apresentação de atestados que demonstrem a execução de objeto do mesmo gênero e
complexidade superior ao que se pretende contratar, consoante autoriza o comando contido no
§3º do art. 30 da Lei 8.666/93.
3. A Sub-rogação da execução de contrato, configurada pela substituição de consórcio por
sociedade de propósito específico formada pelas duas empresas que o integravam e terceira
empresa, quando o edital limitava a duas o número de integrantes do consórcio, configura burla
à licitação.
562
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Inovação Legislativa
Lei nº 12.690, de 19/7/2012.
SEGUNDA CÂMARA
PLENÁRIO
2. A comprovação de habilitação técnica para execução de dada obra pode ser efetuada
por meio da apresentação de atestados que demonstrem a execução de objeto do mesmo
gênero e complexidade superior ao que se pretende contratar, consoante autoriza o
comando contido no §3º do art. 30 da Lei 8.666/93
Levantamento de Auditoria realizado na Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil -
Novacap, apontou indícios de irregularidades na condução da Concorrência 046/2008–
ASCAL/PRES Novacap/DF que teve por objeto a contratação das obras de construção de 1.290
unidades habitacionais na Vila Estrutural no Distrito Federal, os quais teriam restringido o
caráter competitivo do certame (25 empresas retiraram e somente duas participaram da
licitação). Além da falta de estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços unitários,
exigência de vínculo empregatício entre responsável técnico e a licitante, exigência, sem amparo
legal, de certificação emitida pelo GDF, apurou-se restrição indevida relacionada a quesito de
qualificação técnica da licitante. Essa última ocorrência ficou evidenciada nos esclarecimentos
563
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
prestados pela Administração a licitante que buscava demonstrar sua aptidão para realizar o
referido objeto, por meio da apresentação de atestados de construção de edifícios residenciais e
comerciais. Em resposta, a Novacap informou que os atestados deveriam guardar
compatibilidade com o objeto da licitação: “construção de habitações horizontais individuais
populares”. O relator, ao endossar o pronunciamento da unidade técnica a respeito desse item
do edital, ressaltou o disposto no art. 30, §3º, da Lei 8.666/93, segundo o qual “será sempre
admitida a comprovação de aptidão através de certidões ou atestados de obras ou serviços
similares de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior”. Observou que, a
despeito disso, “a Administração estabeleceu no edital requisito mais restritivo que tal
comando legal.” E acrescentou: “Ainda que haja diferenças na administração e na coordenação
da obra, em razão da dimensão dos canteiros de obras, não se justifica a exigência de tamanha
especialização”. Concluiu, então, que “... uma empresa que tenha executado obras mais
complexas poderia facilmente construir tais casas, que possuem procedimentos construtivos
primários”. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator e levar em conta todos os vícios
identificados nessa fiscalização, decidiu, entre outras providências, rejeitar razões de
justificativas de alguns gestores da Secretaria de Obras do DF e da Novacap e apená-los com
multas proporcionais à responsabilidade de cada um deles pelo cometimento das irregularidades
apuradas. Acórdão n.º 1847/2012-Plenário, TC-010.137/2009-3, rel. Min. Aroldo Cedraz,
18.7.2012.
564
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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INOVAÇÃO LEGISLATIVA
565
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. As microempresas, ao prestarem serviços que envolvam cessão de mão de obra, não podem
valer-se dos benefícios tributários inerentes ao Simples Nacional, em razão da vedação contida
no inciso XII do art. 17 da Lei Complementar nº 123/2006. Suas propostas apresentadas em
licitações, portanto, devem computar as contribuições para o “Sistema S” e os tributos federais.
2. As entidades privadas que recebem recursos oriundos de convênios celebrados com entes da
Administração Federal não estão obrigadas a realizar licitação propriamente dita para aquisição
de bens e serviços. Podem adotar procedimentos simplificados, desde que observem os
princípios da igualdade, legalidade, moralidade, publicidade e eficiência administrativa.
3. Impõe-se ao gestor especificar os itens componentes do objeto licitado, em nível de
detalhamento que garanta a satisfação das necessidades da Administração, da forma menos
onerosa possível.
4. Sobre os custos de fornecimento de tubulação e de fornecimento e montagem de estações de
bombeamento em obra de irrigação deve incidir BDI inferior ao aplicável aos demais itens da
obra.
5. A exigência de atestados de realização de determinados serviços em tipo específico de obra,
quando a capacidade de executá-los puder ser satisfatoriamente demonstrada por meio da
comprovação de execução de outros tipos de obra, restringe, em avaliação preliminar, o caráter
competitivo do certame.
PLENÁRIO
1. As microempresas, ao prestarem serviços que envolvam cessão de mão de obra, não
podem valer-se dos benefícios tributários inerentes ao Simples Nacional, em razão da
vedação contida no inciso XII do art. 17 da Lei Complementar nº 123/2006. Suas
propostas apresentadas em licitações, portanto, devem computar as contribuições para o
“Sistema S” e os tributos federais
Representação formulada por microempresa apontou supostas irregularidades no Pregão
Eletrônico nº 2/2012, conduzido pela Gerência Executiva do INSS em Mossoró/RN, que tem
por objeto a prestação de serviços de assistência técnica e manutenção em caráter preventivo e
corretivo em aparelhos de ar condicionado tipo “split system” e do tipo “janela”, nos prédios do
órgão. A autora da representação insurgiu-se contra sua desclassificação do certame, motivada
566
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
auditoria acusou a não estipulação de BDI diferenciado para os insumos fornecimento de tubos
e fornecimento e montagem das estações de bombeamento, em relação ao BDI para o restante
do contrato. Nos termos de seu relatório: “No presente caso, considerando que não houve o
parcelamento do objeto da licitação (...), a entidade deveria ter adotado BDI diferenciado para
compras de materiais e equipamentos, de forma a enquadrá-lo aos patamares estipulados no
Acórdão 2.369/2011-TCU-Plenário”. Informou, ainda, que o valor orçado para a aquisição da
referida tubulação correspondia a cerca de 29,76% do orçamento-base da licitação e que o
fornecimento e montagem das bombas representava cerca de 12,08% do referido total.
Acrescentou que a falta de diferenciação do BDI violou os princípios da eficiência, da
economicidade e da busca da melhor proposta, estipulados nos arts. 37 e 70 da Constituição
Federal e 3º da Lei 8.666/1993, além de afrontar entendimento consolidado no âmbito do
Tribunal, revelado pela Súmula TCU 253: "Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de
parcelamento do objeto da licitação, nos termos da legislação em vigor, os itens de
fornecimento de materiais e equipamentos de natureza específica que possam ser fornecidos
por empresas com especialidades próprias e diversas e que representem percentual
significativo do preço global da obra devem apresentar incidência de taxa de Bonificação e
Despesas Indiretas - BDI reduzida em relação à taxa aplicável aos demais itens". Ressaltou que
a planilha orçamentária e o projeto executivo da obra revelam que os requisitos estabelecidos
nessa Súmula para a adoção de BDI diferenciado foram atendidos, quais sejam: “i) o
fornecimento dos tubos e fornecimento e montagem das estações de bombeamento são de
natureza específica; ii) empresas fornecedoras com especialidades próprias, dado que na
maioria das vezes trabalham exclusivamente com o fornecimento desses insumos; iii) o
percentual desses itens é representativo em relação ao preço global da obra”. A unidade
técnica, ao final, sugeriu a adoção de BDI de referência de 18%, sinalizado pela própria
Codevasf em sua Nota Técnica 05/2012, para o fornecimento de tubulação e o fornecimento e
montagem de estações de bombeamento. A 7ª Superintendência Regional da Codevasf
manifestou-se favoravelmente à adequação do BDI, a ser promovida por ocasião do
relançamento do edital da concorrência. O relator, por sua vez, endossou a análise da unidade
técnica. O Tribunal, então, decidiu determinar à 7ª Superintendência Regional da Codevasf a
adoção de medidas corretivas quando do relançamento do edital da Concorrência 7/2011-7ª SR,
entre as quais a de: “9.1.4 adotar BDI diferenciado de 18% para aquisição de tubos e estações
de bombeamento e manter o percentual de 25% para os demais serviços, em cumprimento aos
princípios da eficiência, da economicidade e da busca da proposta mais vantajosa, previstos
nos arts. 37 e 70 da Constituição Federal e 3º da Lei 8.666/93, e à Súmula TCU 253”.
Precedente mencionado: Acórdão 2.369/2011-Plenário. Acórdão n.º 1932/2012-Plenário, TC-
036.666/2011-4, rel. Min. José Jorge, 25.7.2012.
569
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. A publicação do aviso de abertura de licitação conduzida por município e custeada com
recursos federais nos diários oficiais do município e do estado não supre a falta de sua
publicação no Diário Oficial da União.
2. A falta de efetiva disponibilização de edital de concorrência, no prazo estabelecido no art. 21
da Lei nº 8.666/1993, compromete a formulação de propostas pelas licitantes e embasa a
conclusão preliminar de ter havido restrição ao caráter competitivo do certame e celebração de
contrato com sobrepreço.
3. A reprodução de especificações técnicas mínimas idênticas às de equipamento de informática
de determinada marca, em edital de licitação visando à aquisição desse item, restringe o caráter
competitivo do certame, viola o princípio da isonomia e compromete a obtenção da proposta
mais vantajosa.
4. A falta de parcelamento do objeto da licitado, em tantas partes quantas se comprovem técnica
e economicamente viáveis, afronta o disposto no art. 23, §1º, da Lei nº 8.666/1993.
5. A utilização do sistema de registro de preços para contratação de serviços técnicos
especializados de consultoria, engenharia e arquitetura não encontra amparo na legislação
vigente.
PLENÁRIO
1. A publicação do aviso de abertura de licitação conduzida por município e custeada com
recursos federais nos diários oficiais do município e do estado não supre a falta de sua
publicação no Diário Oficial da União
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
torneio, apenas quatro participaram do procedimento licitatório”. Anotou ainda que a comissão
de licitação, ao dificultar que as interessadas obtivessem cópia do edital da Concorrência n.
7/2011 a tempo de formular adequadamente suas propostas, teria restringido indevidamente o
caráter competitivo da disputa e afrontado o princípio da publicidade. O relator registrou
também o recente início da execução do contrato e que a referida restrição pode ter concorrido
para celebração de avença por preço excessivo. Por considerar presentes os requisitos do fumus
boni iuris e do periculum in mora, determinou ao Município de Águas Lindas de Goiás/GO,
em caráter cautelar, que suspenda a execução física e financeira do contrato firmado para
execução do lote 1 da Concorrência n. 7/2011, até deliberação definitiva do Tribunal. O
Tribunal endossou tal deliberação. Comunicação de Cautelar, TC-036.142/2011-5, rel. Min.
Marcos Bemquerer Costa, 1º.8.2012
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Acórdão n. 296/2007 - 2ª Câmara. Fez referência também a julgados, segundo os quais “os
serviços intelectuais não podem ser considerados comuns, muito menos repetitivos, a exemplo
dos Acórdãos nº 1.615/2008-Plenário, nº 2545/2008-Plenário e nº 1815/2010-Plenário”. O
Relator, por sua vez, ressaltou que os vícios apurados justificariam determinação para anulação
do certame, não fosse o fato de o Instituto haver promovido sua revogação. O Tribunal, então,
decidiu: “9.1. encaminhar cópia desta deliberação, bem como da instrução da unidade técnica
(...) ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); 9.2. encerrar o
processo ...”. Precedentes mencionados: Acórdão nº. 296/2007-2ª Câmara, Acórdãos nº
1.615/2008, nº 2.545/2008 e nº 1815/2010, esses últimos do Plenário. Acórdão n.º 2006/2012-
Plenário, TC-012.153/2012-5, rel. Min. Weder de Oliveira, 1º.8.2012.
SUMÁRIO
Plenário
1. A exigência de apresentação de garantias anteriormente à data prevista para entrega dos
documentos de habilitação e da proposta de preços afronta o disposto no inciso I do art. 43 da
Lei nº 8.666/1993.
2. Exigências de qualificação técnica de pessoal de apoio, de número mínimo de computadores
interligados em impressora e de veículo para deslocamentos impostas a escritório de advocacia
configuram interferência desnecessária na organização administrativa da licitante e implicam
violação ao disposto nos comandos contidos nos §§ 5º e 6º do art. 30 da Lei nº 8.666/1993.
3. A disponibilização, em pregão eletrônico, dos preços unitários e global estimados apenas
após a fase de lances - e não no edital do certame - encontra amparo na legislação vigente.
4. A verificação dos preços unitários de orçamento base para licitação de obra pública sob o
regime de execução de empreitada por preço unitário não admite compensações entre
sobrepreços e subpreços de seus itens.
5. A defesa de entidade de fiscalização do exercício profissional, em causa trabalhista, não pode
ser contratada diretamente, sob o fundamento de inexigibilidade de licitação, visto que tal objeto
não possui natureza singular.
Inovação Legislativa
Medida Provisória nº 575, de 7/8/2012.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
serviço de mensageiro ...”. Utilizou o mesmo raciocínio para avaliar a exigência de treze
computadores interligados em impressora padrão: “Não restou evidenciado, no autos, que os
serviços só possam ser feitos com a alocação, no escritório, de ‘treze’ computadores nem que
eles devam ser ‘interligados em impressora padrão’. Podem-se utilizar, por exemplo,
computadores portáteis pessoais (notebooks), para cada advogado, ou impressoras individuais
e com características de impressão distintas”. Quanto ao veículo próprio, ressaltou que as
demandas poderiam ser supridas por “serviço terceirizado de motoboys e a contratação de
táxis”. Reputou, entretanto, razoável a estipulação de número mínimo de advogados alocados no
escritório a ser contratado , “ pois isso se relaciona diretamente com a capacidade operacional
necessária ao cumprimento do objeto”. A despeito disso, em face de possíveis prejuízos
advindos de atraso na contratação dos serviços e por não vislumbrar “antieconomicidade do
certame”, considerou conveniente admitir o seu seguimento. O Tribunal, então, ao acolher
proposta do relator, decidiu: I) conhecer da representação e, considerá-la parcialmente
procedente, por conta das exigências indevidas de qualificação técnica referentes a pessoal de
apoio, número mínimo de computadores interligados em impressora padrão e veículo para
deslocamentos, com afronta ao disposto nos arts. 3º, §1°, inciso I, e 30, §§ 5º e 6º, da Lei
8.666/93; II) autorizar, em caráter excepcional, o seguimento da citada concorrência, “vedando
a prorrogação do contrato dela decorrente”; III) determinar à EDP que, ao elaborar o novo
edital para contratação desses serviços “apenas inclua requisitos de habilitação técnica que
sejam absolutamente necessários e suficientes para garantir os níveis mínimos de qualidade,
segurança e eficiência na execução do futuro contrato, abstendo-se ... de estabelecer requisitos
inerentes a pessoal de apoio do escritório a ser contratado, número mínimo computadores,
forma de uso de impressoras e veículo...”. Acórdão n.º 2074/2012-Plenário, TC-018.726/2012-
7, rel. Min. Raimundo Carreiro, 8.8.2012.
576
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
4. A verificação dos preços unitários de orçamento base para licitação de obra pública sob
o regime de execução de empreitada por preço unitário não admite compensações entre
sobrepreços e subpreços de seus itens
Representação de secretaria do Tribunal especializada na fiscalização de obras apontou
possíveis irregularidades no edital da Concorrência 1/2012 – TRE/RJ, lançado pelo Tribunal
Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro para contratação das obras de construção do
edifício-sede desse órgão, do tipo menor preço. O regime de execução previsto é o de
empreitada por preço unitário. Foram identificados indícios de: I) falhas no projeto básico; II)
sobrepreço no orçamento base da licitação, III) inexistência de licença ambiental prévia; IV)
restrição à competitividade decorrente de excessivas exigências técnicas para habilitação. Em
face dessas ocorrências, a relatora determinou a suspensão cautelar do certame e a oitiva do
TRE/RJ. Ao examinar os elementos apresentados por aquele órgão, a unidade técnica
considerou subsistirem os vícios apurados. Destaque-se, entre elas, a irregularidade do
orçamento base da licitação, que resultou em sobrepreço de quase 9% em relação ao valor do
orçamento de referência. A unidade técnica ressaltou, a esse respeito, que: “A metodologia foi
baseada no critério de aceitabilidade de preços unitários, que possui como característica
determinante a não admissão de compensação de sobrepreços unitários de alguns serviços com
subpreços unitários de outros”. A relatora endossou tal entendimento. Observou, a esse
respeito, que, “na fase licitatória, essa sistemática de verificação dos preços consagra a
exigência das leis de diretrizes orçamentárias de que as tabelas referenciais, notadamente Sicro
e Sinapi, sejam os preços máximos adotados pela Administração Pública em suas licitações”.
Acrescentou que tal metodologia harmoniza-se com o entendimento fixado na Súmula 259 do
Tribunal, que sinaliza ser “obrigação do gestor fixar critério de aceitabilidade de preços
unitários”. O TRE/RJ, posteriormente a remessa dos referidos esclarecimentos ao TCU, decidiu
anular a Concorrência 1/2012 e informou que a republicação do certame se dará de forma a
sanear as inconsistências apontadas na representação. O Tribunal, então, ao acolher proposta da
relatora decidiu: “determinar à 1ª Secretaria de Fiscalização de Obras que acompanhe a
publicação do novo edital para construção do edifício-sede do TRE/RJ”. Acórdão n.º
2086/2012-Plenário, TC- 017.008/2012-3, rel. Min. Ana Arraes, 8.8.2012.
577
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
SUMÁRIO
Plenário
1. A celebração de contrato com ente da Administração Pública pressupõe a demonstração de
regularidade com o fisco e perante o FGTS da contratada e da entidade que a controla.
2. A falência precoce do pavimento de obra rodoviária custeada com recurso federais, associada
à ausência de reparos que confiram a esse pavimento condições funcionais e estruturais
satisfatórias, justifica a apenação dos gestores e impede a aprovação das respectivas contas.
3. A existência de excessos em preços de alguns itens da obra pode ser relevada em face,
especialmente, da inexistência de sobrepreço no valor total do respectivo contrato. Seus
aditivos, porém, não poderão impor redução do desconto global inicialmente pactuado,
conforme disposto em lei de diretrizes orçamentárias.
4. A mudança de configuração do objeto licitado demanda a realização de nova estimativa de
preço e a reabertura dos prazos para apresentação de propostas.
578
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
579
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. A existência de excessos em preços de alguns itens da obra pode ser relevada em face,
especialmente, da inexistência de sobrepreço no valor total do respectivo contrato. Seus
aditivos, porém, não poderão impor redução do desconto global inicialmente pactuado,
conforme disposto em lei de diretrizes orçamentárias
Ainda na Auditoria realizada nas obras de construção da BR-364/AC, foram identificados
indícios de sobrepreço em itens do contrato, especialmente nos relativos à execução de estacas
escavadas. A unidade técnica consignou que os gestores não apresentaram justificativas
consistentes para adoção de preços superiores aos de referência, o que ensejaria a imputação de
multa aos responsáveis. O relator, no entanto, a despeito de considerar demonstrada a prática de
preços unitários acima dos de referência, considerou a ocorrência de circunstâncias atenuantes
que “reduzem a gravidade dos apontamentos realizados e afastam a necessidade de apenação
580
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
dos gestores”. Ponderou, a esse respeito, que “a principal faceta das análises de preços
realizadas por esta Corte nas mais diversas fiscalizações de obras é o preço global contratado
– momento em que é verificada a compatibilidade deste valor com aqueles praticados no
mercado”. Ressaltou, então, a inexistência de sobrepreço global nos contratos auditados.
Considerou, por isso, suficiente expedir determinação com o intuito de resguardar o erário de
eventual prejuízo, em razão de futuras alterações nos contratos ainda vigentes. O Tribunal,
então, quanto a esse aspecto do contrato decidiu “dar ciência ao Deracre de que eventuais
aditamentos não poderão resultar em redução, a favor do contratado, do desconto global
inicialmente pactuado, conforme disposto no art. 109, § 6º da Lei 11.768/2008 - Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2008”. Acórdão n.º 2167/2012-Plenário, TC-
015.205/2009-8, rel. Min. Ana Arraes, 15.8.2012.
581
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
superiores aos da tabela da OAB, apontou-se possível vício na contratação direta dos serviços,
por inexigibilidade de licitação. Quanto a esse último aspecto, foram ouvidos em audiência o
ex-Presidente da entidade e o então assessor jurídico do Crea/PI que atuou no feito. O relator
ressaltou a falta de amparo para a contratação, tendo em vista que “não restou comprovada a
notória especialização dos contratados e a singularidade do objeto, de forma a respaldar a
contratação por inexigibilidade de licitação, nos termos do inciso II do art. 25 da Lei nº 8.666,
de 1993”. Acrescentou que a jurisprudência do Tribunal “tem se consolidado no sentido da
necessidade de se demonstrar, nas contratações diretas de serviço técnico profissional
especializado, que tal serviço tenha características singulares (incomum, anômalo, não usual)
e, ainda, que o prestador do serviço detém notória especialização (o que significa competências
que o diferenciem de outros profissionais, a ponto de tornar inviável a competição)”.
Acrescentou não ser possível acolher o argumento de emergência na contratação, tendo em vista
a previsibilidade de tais serviços, o que demandaria a alocação de advogado do quadro da
entidade ou prévia contratação, por meio de licitação, de advogados para realizá-los. Afirmou,
em seguida, a necessidade de responsabilização do ex-presidente do Crea/PI e também de seu
assessor jurídico. Quanto ao último desses agentes, ponderou terem sido de sua lavra os
pareceres jurídicos que respaldaram as contratações em questão, os quais se limitaram a
asseverar, em todas as avenças, que os contratados seriam “profissionais consagrados na esfera
trabalhista, especialistas que são no trato da matéria, o que, aliás, é público e notório no meio
jurídico”. Anotou o relator, ainda, que o parecer jurídico era “obrigatório e vinculante no
procedimento licitatório e na contratação, nos termos do art. 38 da Lei de Licitações, de modo
que, no presente caso concreto, por ter sido lavrado com erro grosseiro e dolo, mormente
quando se verifica que o texto se mostra lacônico e repetitivo, sobressai a necessidade de
responsabilização do parecerista jurídico” – grifou-se. O Tribunal, então, além julgar
irregulares as contas dos responsáveis, condenar em débito o ex-presidente do Crea/PI e os
advogados beneficiários dos pagamentos pelo dano apurado, decidiu apenar o ex-presidente e o
assessor jurídico com multa do art. 58 da Lei nº 8.443/1992, nos valores de R$ 6.000,00 e R$
4.000,00, respectivamente. Acórdão n.º 2176/2012-Plenário, TC-017.505/2011-9, rel. Min.
André Luís de Carvalho, 15.8.2012.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Lei nº 12.708 de 17/8/2012: Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da Lei
Orçamentária de 2013 e dá outras providências.
Decreto nº 7.793 de 17/8/2012: Dispõe sobre a contratação de serviços de agentes financeiros
pelos órgãos e entidades do Poder Executivo.
SUMÁRIO
Plenário
582
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
1. A natureza dos serviços de engenharia consultiva pode afastar a vinculação entre os valores
dos salários indicados nas propostas das licitantes, os quais passaram a constar do contrato, e os
efetivamente pagos aos seus trabalhadores.
2. A exigência simultânea de capital social mínimo e de garantia em montante correspondente a
percentual do valor do contrato a ser celebrado, como condições de qualificação econômico-
financeira, afronta o disposto no §2º, art. 31, da Lei 8.666/1993.
3. O registro ou visto em conselho regional de engenharia e arquitetura do local de realização de
obra é condição para celebração do contrato, mas não para participação de empresa na
respectiva licitação.
4. A estipulação, em edital de licitação, de requisito de habilitação indevido - como a existência
de profissionais no quadro permanente da empresa no curso da licitação - pode ser relevada, em
face da verificação de não ter efetivamente comprometido o caráter competitivo do certame.
PLENÁRIO
583
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
preços das licitantes não expressem o exato valor pago aos seus trabalhadores, no início da
execução do contrato, mas a média ponderada dos salários pagos, a cada categoria
profissional”. Distinta seria a situação dos contratos de “simples alocação de mão de obra, em
que o advento de reajustamento salarial é objeto de imediata revisão do preço contratual ...”.
Fez referência, também, às contingências desses contratos, quanto à grande variação das cargas
horárias contratadas, o que pode impor à empresa custos decorrentes de ociosidade dos
profissionais, ou custos excessivos por extrapolação do número de horas exigidas para atuação
de determinado profissional. Por esses motivos concluiu que “O cenário descrito é suficiente
para, no caso concreto, afastar a vinculação entre os salários declarados nas propostas de
preços e os efetivamente pagos”. Por último, com o intuito de delimitar o alcance de seu
entendimento, registrou a seguinte ressalva: “Tal conclusão não se aplica a todos os contratos
de engenharia consultiva. Necessário, em cada contratação, avaliar o método orçamentário, a
composição do orçamento estimativo de preços e os critérios de medição e pagamento eleitos
pela Administração, entre outros, para concluir pela ocorrência ou inocorrência do vínculo
entre os salários declarados e os efetivamente pagos pela consultora”. O Tribunal, então, ao
acolher a proposta do Relator, decidiu dar provimento ao recurso das citadas empresas e tornar
insubsistentes as determinações acima enunciadas. Acórdão n.º 2215/2012-Plenário, TC-
010.327/2009-8, rel. Min. Walton Alencar Rodrigues, 22.8.2012.
584
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
5.194/1966, segundo o qual: ”Só poderão ser admitidos nas concorrências públicas para obras
ou serviços técnicos e para concursos de projetos, profissionais e pessoas jurídicas que
apresentarem prova de quitação de débito ou visto do Conselho Regional da jurisdição onde a
obra, o serviço técnico ou projeto deva ser executado”. A unidade técnica, ao examinar as
justificativas apresentadas pela FUB/Ceplan, lembrou que tal argumento já havia sido
submetido ao exame do Tribunal e enfrentado pelo Ministro Aroldo Cedraz, no Voto condutor
do Acórdão nº 772/2009/Plenário. Nesse Voto, foi destacada a “firme” jurisprudência do
Tribunal, “no sentido de que a exigência de registro ou visto no CREA do local de realização
da obra licitada somente dar-se-á no momento da contratação”, consoante se pode verificar a
partir do exame das Decisões Plenárias 279/1998 e 348/1999, o Acórdão 979/2005-Plenário e o
Acórdão 992/2007-Primeira Câmara. Naquela oportunidade restou assente, também, que: “O
entendimento do Tribunal fundamenta-se no princípio constitucional da universalidade de
participação em licitações, impondo-se ao ato convocatório o estabelecimento de regras que
garantam a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, vedadas cláusulas
desnecessárias ou inadequadas que restrinjam o caráter competitivo do certame”. Por esses
motivos “... o dispositivo contido na Lei 5.194/66 não pode prevalecer diante do texto
constitucional, em especial o art. 37, inciso XXI, e da Lei 8.666/1993 (art. 30, inciso I)”. O
relator da representação ora em foco endossou, sem ressalvas, o exame realizado pela unidade
técnica. O Tribunal, então, em face dessa e das outras irregularidades identificadas na auditoria,
decidiu: a) estipular prazo para que a FUB/Ceplan anule a Concorrência 175/2012; b) informar a
essa Fundação que a exigência imposta a empresas registradas em Conselho de outra região de
visto ou registro no Crea/DF, para efeitos de habilitação, afigura-se irregular e contraria a
jurisprudência do Tribunal. Precedentes mencionados: Decisões nº 279/1998 e 348/1999, ambas
do Plenário e Acórdãos nº 979/2005-Plenário e nº 992/2007-Primeira Câmara. Acórdão n.º
2239/2012-Plenário, TC-019.357/2012-5, rel. Min. José Jorge, 22.8.2012.
585
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
outras providências, decidiu, apenas determinar ao MAPA que, em licitações futuras, “se
abstenha de exigir, como condição de qualificação técnica na fase de habilitação, que os
licitantes possuam em seu quadro permanente os profissionais com as certificações
requeridas”. Acórdão n.º 2241/2012-Plenário, TC- 007.497/2012-1, rel. Min. José Múcio,
22.8.2012.
SUMÁRIO
Plenário
1. A verificação de que determinado atestado de habilitação técnica é hábil para comprovar
efetivamente a capacidade de licitante para executar o objeto pretendido, a despeito de tal
atestado não se ajustar rigorosamente às especificações do edital, justifica sua aceitação pela
Administração.
2. É obrigatória a fixação, em edital, dos quantitativos máximos a serem adquiridos por meio
dos contratos decorrentes de ata de registro de preços. Compete à entidade que gerencia a ata
impedir que a soma dos quantitativos dos contratos dela derivados supere o quantitativo
máximo previsto no edital.
3. É lícita a exigência de quantitativo mínimo por atestado, quando for necessária para
comprovação da capacidade técnico-operacional de execução do objeto licitado.
4. O termo inicial do prazo estabelecido no art. 54 da Lei nº 9.784/99 para a Administração
anular ato praticado em procedimento licitatório é a data da realização desse ato. Caso, porém,
haja interposição de recurso contra tal ato, o termo inicial passa a ser a data da decisão desse
recurso.
5. A utilização de pregão para a contratação de obras de engenharia afronta o disposto no art. 1º
e em seu parágrafo único da Lei 10.520/2002.
Inovação Legislativa
Instrução Normativa nº 7 do MPOG, de 24/8/2012.
PLENÁRIO
586
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
587
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. É lícita a exigência de quantitativo mínimo por atestado, quando for necessária para
comprovação da capacidade técnico-operacional de execução do objeto licitado
Representação formulada por empresa apontou possíveis irregularidades na condução do Pregão
Eletrônico GCS.A/PE-038/11 pela Eletrobras Eletronuclear S.A. (Eletronuclear), visando a
seleção de empresa para a prestação de serviços de telefonia e de telecomunicações, incluindo
equipamentos, materiais e serviços de sistemas de telefonia, rede de dados e videoconferência,
sob o regime de empreitada por preços unitários. A autora da representação, embora tenha
ofertado proposta em valor pouco inferior à da vencedora, foi inabilitada, por não ter
apresentado atestado de capacidade técnica que comprovasse o fornecimento e a instalação, em
uma empresa no Brasil, de, no mínimo 3.000 telefones IP do subsistema de telefonia IP, assim
como a prestação de serviços de assistência técnica e de manutenção. O atestado por ela trazido
não foi capaz de comprovar o cumprimento de tal requisito, pois, apesar de informar a
instalação de sistema de telefonia com 3.500 telefones IP para a Empresa Brasileira de Negócios
e Associadas Ltda. - EBN, não especificou se o quesito de comprovação de instalação de 3.000
telefones IP, em determinada empresa, teria sido cumprido. O pregoeiro, então, ao indeferir o
recurso da ora representante, assinalou que: “a) o edital exige a comprovação de que os
aparelhos tenham sido instalados em uma empresa e não para uma empresa, situação que
possibilitaria que tal empresa atuasse como intermediária, administrando sistemas individuais
de menor porte instalados em vários locais; b) do ponto de vista técnico, no tocante à
dimensão, padrões de infraestrutura e exigências de atendimento e serviços, uma rede com
3.000 aparelhos telefônicos é muito mais complexa do que diversas redes menores; e c) apesar
de objetivamente questionada, a EBN, alegando cláusula de confidencialidade, não esclareceu
quantos aparelhos teriam sido instalados em cada um dos clientes” – grifou-se. O relator, por
sua vez, ao endossar a decisão do pregoeiro, anotou: “Quanto à comprovação da capacidade
técnico-operacional mediante atestados, a Súmula 263 do TCU admite a inclusão de exigências
de quantitativos mínimos e prazos máximos para essa comprovação, desde que observada a
proporção com a dimensão e a complexidade do objeto licitado”. Considerou, no caso concreto,
“plausível” a argumentação da Eletronuclear, no sentido de que “uma rede com 3.000 telefones -
a qual deverá abranger os seus escritórios nas quatro cidades mencionadas no item 6 deste
Voto - é muito mais complexa do que diversas redes menores”. E mais: “Daí a necessidade de
as licitantes comprovarem que prestaram serviço do mesmo porte ou superior ao licitado em
uma única empresa, o que está explicitado no edital”. Concluiu, então: “ ... não há que se falar
em restrição ao caráter competitivo da licitação, uma vez que tal exigência mostra-se aderente
aos ditames do art. 30 da Lei 8.666/1993 e do art. 37, inc. XXI, da Constituição Federal,
dispositivos esses que fundamentaram a Súmula 263 deste Tribunal”. O Tribunal, ao acolher
proposta do relator, considerou que o quesito acima referido não afrontou a legislação vigente.
588
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
589
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
SUMÁRIO
Plenário
1. A revogação de certame licitatório não configura impedimento para a aplicação da sanção de
declaração de inidoneidade para licitar e contratar com a Administração Pública Federal,
prevista no art. 46 da Lei nº 8.443/1992.
2. A exigência contida em edital de licitação de que periféricos (teclado, mouse e monitor)
tenham o mesmo fabricante que os de desktops e estações de trabalho a serem adquiridos
afronta o disposto no art. 3º, § 1º, I, da Lei nº 8.666/93.
3. A exigência constante de edital de licitação no sentido de que desktops e estações de trabalho
apresentem formato de gabinete do tipo BTX, em detrimento de tecnologia mais difundida para
solução de aquecimento desses equipamentos, como a ATX, afronta o disposto no art. 3º, § 1º, I,
da Lei nº 8.666/93.
4. É lícita a utilização de prova emprestada no processo do Tribunal, como no caso em que se
apura fraude a licitação, desde que haja autorização judicial para esse aproveitamento e seja
observado, no processo administrativo, o contraditório e a ampla defesa acerca de tal prova.
590
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
592
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. A transferência da capacidade técnico-operacional entre pessoas jurídicas é possível não
somente na hipótese de transferência total de patrimônio e acervo técnico entre tais pessoas, mas
também no caso da transferência parcial desses ativos.
2. A aplicação de multa a empresa pela Administração Pública, quando verificada a ocorrência
de infração especificada em contrato, cofigura obrigação e não faculdade do gestor.
3. A verificação, em contrato de obra pública, da existência de preços unitários acima dos
referenciais de mercado não configura dano ao erário, se o preço global da obra se encontrar
abaixo do preço de mercado. Os preços unitários de tais itens devem, contudo, ser reduzidos aos
preços de referência, na hipótese de aditivo ao contrato que aumente seus quantitativos.
4. O comando contido no inciso III do § 2º do art. 7º da Lei nº 8.666/1993 impõe a previsão de
recursos orçamentários para fazer frente às despesas com a execução do objeto licitado a serem
incorridas no exercício financeiro em curso. Caso sua execução se estenda aos exercícios
subsequentes, faz-se necessária a previsão das respectivas despesas no plano plurianual do ente
responsável por seu financiamento.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
5. A prática de atos com intuito de fraudar licitação custeada com recursos federais justifica a
declaração de inidoneidade de empresa para participar de licitações que envolvam “recursos da
Administração Pública Federal, mesmo os descentralizados mediante convênios, acordos,
ajustes ou outros instrumentos congêneres federais”.
Inovação Legislativa:
- Medida Provisória nº 580, de 14/9/2012.
PLENÁRIO
594
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
observou que tal flexibilização “não guarda conformidade com a Lei 11.768/2008 (LDO 2009),
bem como com a jurisprudência deste Tribunal”. Ponderou, no entanto, que a Curva ABC dos
insumos que compõem os serviços mais representativos da obra revelou a inexistência de
sobrepreço global para o objeto contratado. E também que, até aquele momento, não tinha
havido celebração de aditivos de quantidades nesse contrato. Por esses motivos, não se poderia
falar em dano ao erário. O relator endossou a análise da unidade técnica a respeito desse achado.
O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu: a) dar ciência à CEAL sobre a não
observância, para vários itens do contrato, do limite imposto pelo art. 109 da LDO 2009 (Lei
11.768/2008), segundo o qual “os custos unitários de insumos ou serviços executados com
recursos dos orçamentos da União devem ser iguais ou menores que a mediana de seus
correspondentes no Sinapi”; b) determinar à CEAL que, “na hipótese de futuros aditivos ao
contrato 223/2009 que envolvam itens que apresentem sobrepreço, adote para o custo destes
itens o limite dos referenciais previstos na LDO 2009 (custos de insumos ou serviços iguais ou
menores à mediana do Sinapi)”. Acórdão n.º 2452/2012-Plenário, TC-010.073/2012-4, rel.
Min. Raimundo Carreiro, 11.9.2012.
5. A prática de atos com intuito de fraudar licitação custeada com recursos federais
justifica a declaração de inidoneidade de empresa para participar de licitações que
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
NOVIDADE
A partir do dia 27/9/2012, estará disponível, no portal do Tribunal, opção de consulta textual a
todas as edições do Informativo de Licitações e Contratos.
SUMÁRIO
Primeira Câmara
1. As entidades conhecidas como serviços sociais autônomos devem adotar “preferencialmente
a licitação na modalidade pregão para aquisição de bens e serviços comuns”.
Plenário
2. A prestação de serviços por microempresa ou empresa de pequeno porte que envolva cessão
ou locação de mão de obra, entre os quais se incluem serviços contínuos ligados a atividade
meio da contratante, impede a incidência do regime tributário inerente ao Simples Nacional.
3. A previsão editalícia que permite à Administração promover alterações nos valores de
propostas de licitantes, com o intuito de conformá-las às alíquotas de tributos efetivamente
aplicáveis ao contrato, encontra amparo no ordenamento jurídico.
4. A utilização de licitação do tipo técnica e preço para contratação de obra usual, que pode ser
realizada sem emprego de tecnologia sofisticada, afronta o disposto no art. 46 da Lei
8.666/1993.
5. A exigência simultânea de capital integralizado mínimo e de prestação da garantia prevista no
§ 1º do art. 56 da Lei nº 8.666/1993 afronta o disposto no § 2º do art. 31 dessa mesma lei.
Inovação Legislativa:
- Decreto nº 7.810, de 20/9/2012;
- Decreto nº 7.812, de 20/9/2012.
Publicação do TCU
“Guia de Boas Práticas em Contratação de Soluções de Tecnologia da Informação: Riscos e
Controles para o Planejamento da Contratação”
PRIMEIRA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
d) alertar o BASA sobre a necessidade de “incluir nos editais de suas licitações disposição no
sentido de que, em ocorrendo as hipóteses de que trata o art. 17 da Lei Complementar nº
123/2006, seja vedada à licitante, optante pelo Simples Nacional, a utilização dos benefícios
tributários do regime tributário diferenciado na proposta de preços e na execução contratual
(com relação ao recolhimento de tributos), ressaltando que, em caso de contratação, estará
sujeita à exclusão obrigatória desse regime tributário diferenciado a contar do mês seguinte ao
da assinatura do contrato, nos termos dos arts. 30, inciso II, e 31, inciso II, da referida Lei
Complementar”. Acórdão n.º 2510/2012-Plenário, TC-013.038/2011-7, rel. Min. Valmir
Campelo, 19.9.2012.
4. A utilização de licitação do tipo técnica e preço para contratação de obra usual, que
pode ser realizada sem emprego de tecnologia sofisticada, afronta o disposto no art. 46 da
Lei 8.666/1993
Auditoria realizada no Instituto Federal de Educação Tecnológica do Maranhão – IFMA avaliou
a regularidade da obra de edificação da unidade de ensino descentralizada, no Município de
Pinheiro/MA. A equipe de auditoria, após informar o valor estimado da obra (cerca de R$ 5,47
milhões) e o fato de que tal empreendimento já esteve incluído no quadro de bloqueio da Lei
Orçamentária de 2010 (LOA 2010), apontou indício de irregularidade consistente em uso
indevido do tipo técnica e preço na licitação que antecedeu sua contratação. Os responsáveis
ouvidos em audiência acerca de tal ocorrência (chefe da Diretoria de Educação à Distância e
chefe da Procuradoria Jurídica) apresentaram justificativas, entre as quais destaquem-se as
seguintes: a) nos exercícios de 2007 e 2008, de onze licitações abertas para a realização das
obras do IFMA, nove foram vencidas por duas licitantes que se mostraram incapazes de
600
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
concluir os respectivos objetos; b) “as empresas ‘mergulhavam’ seus preços até as margens
admitidas na Lei nº 8.666/1993 e, após o início dos serviços, desaceleravam a execução,
terminando por não concluir as obras”; c) a Administração, por esse motivo, “buscou meios de
viabilizar a conclusão das obras ...”; d) a proposta mais vantajosa pressupõe padrão mínimo de
qualidade; e) o objeto contratado justificaria a adoção de licitação do tipo técnica e preço; f) as
instalações dos institutos federais, especialmente a parte dos laboratórios, devem ser concebidas
segundo normas técnicas especializadas; g) os projetos das obras envolvem serviços que teriam
características predominantemente intelectuais. A unidade técnica e o MP/TCU consideraram
que as justificativas apresentadas seriam incapazes de demonstra a incidência da
excepcionalidade prevista no § 3º do art. 46 da Lei de Licitações. Isso porque seria necessário
que a obra em questão fosse ‘majoritariamente dependente de tecnologia nitidamente
sofisticada e de domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de reconhecida
qualificação’. A citada obra, contudo, consiste em “edificação que não depende
majoritariamente de tecnologia sofisticada para sua execução”. Isso porque “Nada há na
Unidade Descentralizada de Ensino (UNED) de Pinheiro, Maranhão, que a diferencie de uma
miríade de outras obras tão correntes em construção civil ...”. O relator, por sua vez, endossou
as conclusões sobre a inadequação do tipo de licitação adotado, mas considerou que os
elementos contidos nos autos seriam capazes de minimizar a gravidade das condutas dos citados
agentes, a ponto de isentá-los da apenação com multa. Levou em consideração, especialmente,
“o propósito de evitar a repetição de contratações que se tornaram inviáveis ante a falta de
capacidade técnica das empresas vencedoras dos procedimentos licitatórios”, a inexistência de
indícios de restrição ao caráter competitivo do certame e de não haverem os responsáveis
auferido vantagem com a prática do ato ilegal, além do fato de que a obra ter sido contratada por
valor inferior ao valor de referência para a licitação. O Tribunal, então, decidiu: a) rejeitar as
razões de justificativa dos responsáveis, em relação à inobservância das disposições do art. 46
da Lei nº 8.666/1993, mas isentá-los da apenação com multa; b) dar ciência ao Instituto sobre a
“adoção de tipo indevido de licitação, técnica e preço, na Concorrência n° 8/2008, em
inobservância ao art. 46 da Lei nº 8.666/1993”. Acórdão n.º 2515/2012-Plenário, TC-
006.285/2009-0, rel. Min. José Múcio Monteiro, 19.9.2012.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
PUBLICAÇÃO DO TCU
NOVIDADE
Desde 27/9/2012, está disponível, no portal do Tribunal, opção de consulta textual a todas as
edições do Informativo de Licitações e Contratos.
SUMÁRIO
Plenário
1. A exigência de apresentação de amostras, em pregão presencial, é admitida apenas na fase de
classificação das propostas e somente do licitante provisoriamente classificado em primeiro
lugar.
2. Excessos em valores de itens componentes da parcela Bonificação e Despesa Indireta (BDI),
identificados em contrato de obra, podem ser relevados quando seu percentual total situar-se
abaixo do limite admitido pelo Tribunal.
3. A confluência de indícios robustos que apontem no sentido de ter havido fraude a licitação
justifica a declaração de inidoneidade das empresas que a praticaram. A aplicação de tal sanção
independe da ocorrência de dano ao erário.
4. A fraude à licitação justifica a declaração de inidoneidade de empresa para participar de
licitações no âmbito da Administração Pública Federal, bem como daquelas realizadas pela
Administração Pública de estados e municípios em que haja aporte de recursos federais.
602
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
5. A cobrança por edital, em valor superior ao do custo de sua reprodução gráfica, e a exigência
de demonstração do pagamento dessa taxa, como requisito de habilitação, restringem o caráter
competitivo de licitação conduzida por ente do Sistema “S”.
6. É lícita a cumulação dos requisitos de capital social integralizado mínimo e de caução de
garantia da proposta, em licitação conduzida por ente do Sistema “S”, quando essa
simultaneidade de exigências estiver contemplada em seu regulamento de licitações e contratos.
Inovação Legislativa:
Lei nº 12.715/2012, de 17/9/2012.
Decreto nº 7.816, de 28/9/2012.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
prosseguiu: o Tribunal, entretanto, por meio do Acórdão 2.369/2011 – Plenário, definiu “como
faixas aceitáveis de BDI para obras de reforma o intervalo entre 17,9% a 27,2%”. Tendo em
vista, pois, que “o Senado adotou o BDI de 26,99% para o Contrato 43/2008, não haveria mais
a irregularidade apontada, embora os itens isolados inquinados no relatório se mostrem
excessivos”. O relator, ao endossar esse raciocínio, ressaltou que o sobrepreço potencial,
resultante dos excessos dos citados itens, “acabou sendo compensado em outras parcelas
integrantes do BDI, de tal forma que o valor global, seja do BDI, seja do contrato, manteve-se
em patamares normais”. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu, quanto a
esse aspecto específico, acolher integralmente as razões de justificativas dos responsáveis.
Acórdão n.º 2582/2012-Plenário, TC-032.429/2010-0, rel. Min. José Múcio, 26.9.2012.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Lei nº 12.715/2012, de 17/9/2012: entre diversas providências, altera o art. 24 da Lei nº 8.666,
de 21 de junho de 1993.
Decreto nº 7.816, de 28/9/2012: estabelece a aplicação de margem de preferência em licitações
realizadas no âmbito da Administração Pública Federal para aquisição de caminhões, furgões e
implementos rodoviários, para fins do disposto no art. 3o da Lei no 8.666, de 21 de junho de
1993.
NOVIDADE
Desde 27/9/2012, está disponível, no portal do Tribunal, opção de consulta textual a todas as
edições do Informativo de Licitações e Contratos.
SUMÁRIO
Plenário
1. Diferença percentual entre o valor global do contrato e o obtido a partir dos custos unitários
do sistema de referência utilizado não poderá ser reduzida, em favor do contratado, em
decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária.
2. Licitações para registro de preços: prorrogação excepcional para o cumprimento dos efeitos
dos itens 9.3.2.1.4 e 9.3.2.1.5 do Acórdão 1.233/2012 e dos itens 9.2 e 9.3 do Acórdão
2.311/2012, ambos do Plenário.
3. As condições para realização de vistoria ‘in loco’ devem ser as mesmas para as empresas
participantes de licitação, sob pena de afronta ao princípio da isonomia e consequente anulação
do certame.
4. Em face de dúvidas na interpretação da Lei 12.349/2010, autoriza-se, excepcionalmente,
prosseguimento de licitação com exigência de que os produtos a serem adquiridos sejam
necessariamente de fabricação nacional.
PLENÁRIO
1. Diferença percentual entre o valor global do contrato e o obtido a partir dos custos
unitários do sistema de referência utilizado não poderá ser reduzida, em favor do
contratado, em decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. As condições para realização de vistoria ‘in loco’ devem ser as mesmas para as
empresas participantes de licitação, sob pena de afronta ao princípio da isonomia e
consequente anulação do certame
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência.
NOVIDADE
Desde 27/9/2012, está disponível, no portal do Tribunal, opção de consulta textual a todas as
edições do Informativo de Licitações e Contratos.
SUMÁRIO
Plenário
1. O tratamento diferenciado por parte de empregado de instituição pública contratante à
empresa privada com a qual mantém relação obstada pelo inc. III do art. 9º da Lei 8.666/1993
impõe aplicação de multa ao infrator, ainda que não haja prejuízo ao erário.
2. Engenharia consultiva: em contrato medido por homem/hora, para que haja retenção da
diferença dos valores declarados pela contratada em sua proposta e os efetivamente pagos aos
seus funcionários a título de salários é necessária previsão expressa no edital norteador do
certame.
3. A exigência para o fim de habilitação de experiência anterior com relação a serviços que
serão subcontratados é restritiva à competitividade.
4. Obras públicas que em sua execução ultrapassem um exercício financeiro devem ser
obrigatoriamente incluídas no Plano Plurianual do ente federativo licitante.
5. É descabido o uso do pregão para trabalho eminentemente intelectivo e complexo.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
2. Engenharia consultiva: em contrato medido por homem/hora, para que haja retenção
da diferença dos valores declarados pela contratada em sua proposta e os efetivamente
pagos aos seus funcionários a título de salários é necessária previsão expressa no edital
norteador do certame
Mediante auditoria, o Tribunal tratou das obras de Ampliação de Molhes do Canal de Acesso ao
Porto de Rio Grande/RS. Uma das avenças examinadas foi o Contrato AQ 96/2003-00,
originalmente firmado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes – (Dnit)
e o Consórcio Ecoplan-Planave, vencedor da Concorrência 0053/2002-00, para a prestação de
serviços de supervisão e assessoria à fiscalização das obras em questão. Apurou-se, com base na
folha de pagamento da empresa líder do consórcio, que os salários efetivamente pagos aos
empregados eram inferiores aos que constaram da proposta oferecida na licitação, donde se
concluiu que o consórcio contratado estava a auferir, a princípio, lucros indevidos. Por isso, foi
determinado no Acórdão 327/2009-Plenário, que a Secretaria Especial de Portos da Presidência
da República, à qual fora sub-rogado o contrato, fizesse retornar aos cofres públicos a diferença
entre os salários pagos pela contratada a seus empregados e os valores constantes da proposta,
contra o que a contratada demonstrou inconformismo, por meio de pedido de reexame. Ao
examinar o recurso, o 2º revisor, ministro Valmir Campelo, discordando do voto do relator,
ministro Ubiratan Aguiar, entendeu não ser possível a retenção da diferença dos valores
declarados pela contratada em sua proposta e os efetivamente despendidos aos funcionários.
Segundo ele, para que isso ocorresse, seria necessário que o edital da licitação contivesse
cláusula expressa nesse sentido, o que não houve. Para o 2º revisor, nessas contratações de
serviços de consultoria por homem/hora, “a identidade entre o valor declarado e o realmente
pago é condição para a garantia da vantajosidade e moralidade dos certames”. Entretanto,
entendeu que uma determinação genérica ao Dnit para que fizesse constar em seus instrumentos
convocatórios, doravante, cláusula que estipulasse a necessidade da correspondência entre o
valor do salário contratado com o realmente pago à mão de obra nos contratos de supervisão iria
extrapolar as raias do pedido de reexame em discussão. Por isso, votou por que o Tribunal
constituísse grupo de trabalho para se aprofundar nos assuntos afetos às contratações de
engenharia consultiva, de modo a contribuir para o aprimoramento dos instrumentos
convocatórios, projetos básicos e dos orçamentos desses contratos. De sua parte, o 1º revisor,
ministro José Múcio, destacou que, de fato, “a planilha com os preços unitários apresentados
na licitação vincula o proponente”. O equívoco de compreensão, todavia, seria entender que as
quantias ali constantes devessem corresponder aos custos que serão incorridos pelo contratado
para cumprir o objeto, pois, “no regime de execução contratual por empreitada, no qual a
retribuição do contratado se dá mediante o preço avençado, e não por uma margem de lucro,
como na contratação por administração, o que a planilha ostenta são os preços dos insumos
considerados pelo concorrente na formação do valor a ser cobrado da Administração, e não os
seus reais custos”. Em sua opinião, pareceria ilegítimo o repasse direto à Administração de
eventuais ganhos oriundos da diferença entre o preço proposto e as despesas incorridas na
prestação dos serviços. Ainda para o 1º revisor, “a tese que vincula os gastos com insumos aos
valores da proposta confunde custos da contratada com os seus preços (os quais somente são
custos sob o ponto de vista da Administração)”. Como consequência disso, a aferição do
superfaturamento acabaria sendo feita equivocadamente em relação aos custos do contratado, e
não aos valores de mercado. Contudo, por entender que a proposição do 2º revisor contemplaria
tal diferenciação, aprimorando, ainda, sua própria proposta, o 1º revisor acolheu como seu o
acórdão oferecido pelo 2º revisor. Ao dar provimento ao pedido de reexame, para tornar sem
efeito a redação do item 9.1 do Acórdão 327/2009, do Plenário, o Tribunal determinou adoção
das providências apresentadas pelo 2º revisor, entre elas a constituição do grupo de trabalho
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. A exigência para o fim de habilitação de experiência anterior com relação a serviços que
serão subcontratados é restritiva à competitividade
Auditoria do Tribunal no processo de licitação realizada pelo Estado do Mato Grosso para a
construção do novo hospital da Universidade Federal do Mato Grosso – (UFMT), em
Cuiabá/MT, indicou diversas falhas, potencialmente restritivas à competitividade do certame.
Dentre elas, constou a exigência de experiência anterior na execução de serviços que são
invariavelmente subcontratados. Para a relatora, tal impositivo desnaturaria o processo de
habilitação técnica, isso porque não haveria sentido em requerer expertise para realização de
serviço que, muitas vezes, acaba sendo executado por terceiros. Segundo a relatora, “exigida do
licitante, como pressuposto para participar da licitação, capacidade para execução de
determinada tarefa, a prestação não pode ser transferida. A entidade que realiza a
concorrência deve, portanto, avaliar a relevância dos serviços para os quais exige prévia
experiência, de forma a não adotar exigências desnecessárias e restritivas”. Mesmo com a
anulação do certame feita pelo Governo Matogrossense, a relatora houve por bem encaminhar
alerta a respeito desta e de outras irregularidades observadas, de modo a evitar que venham a se
repetir em futuras licitações a serem realizadas por aquela unidade federativa, sem prejuízo de
que as obras do novo hospital fossem acompanhadas pelo Tribunal, em face da materialidade e
da relevância do empreendimento, o que contou com a anuência do Plenário. Acórdão n.º
2760/2012-Plenário, TC-014.017/2012-1, rel. Min. Ana Arraes, 10.10.2012.
4. Obras públicas que em sua execução ultrapassem um exercício financeiro devem ser
obrigatoriamente incluídas no Plano Plurianual do ente federativo licitante
Ainda na auditoria em que foi avaliado processo de licitação realizado pelo Estado do Mato
Grosso para a construção do novo hospital da Universidade Federal do Mato Grosso – (UFMT),
em Cuiabá/MT, o TCU constatou a falta de previsão do investimento no plano plurianual
vigente. Para o relator, a questão seria de relevante gravidade, já que pode até comprometer a
integral execução do objeto. Segundo ele, “a complexidade das obras e o porte do
empreendimento exigem que, em eventual retomada do processo, também o plano plurianual
2012-2015 traga previsão orçamentária suficiente para completa execução do objeto,
mormente porque as obras devem ultrapassar um exercício financeiro e não foram sequer
iniciadas”. Diante disso, votou por que fosse dada ciência ao Governo do Estado do Mato
Grosso da exigência disposta no §1º do artigo 167 da Constituição Federal, no sentido de ser
obrigatória a inclusão do investimento para construção do hospital universitário da UFMT no
atual plano plurianual, haja vista que as despesas devem ultrapassar um exercício financeiro, o
que contou com a anuência do Plenário. Acórdão n.º 2760/2012-Plenário, TC-014.017/2012-1,
rel. Min. Ana Arraes, 10.10.2012.
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NOVIDADE
Desde o dia 27/9/2012, está disponível, no portal do Tribunal, opção de consulta textual a
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SUMÁRIO
Plenário
1. A exigência de garantia da proposta, contida em edital de pregão eletrônico, afronta o
disposto no inciso I do art. 5º da Lei 10.520/2002.
2. A Petrobras submete-se aos ditames da Lei nº 8.666/93 até que seja regulamentado o art. 173,
§1º, da Constituição Federal de 1988. O art. 67 da Lei nº 9.478/1997 e o Decreto nº 2745/1998
padecem do vício de inconstitucionalidade.
3. A decisão de vedar a participação de consórcio em licitação de obra pública insere-se na
esfera de discricionariedade do gestor. Tal opção, contudo, demanda a explicitação de
justificativas técnicas e econômicas robustas que a respaldem.
4. Ganhos de escala, como os resultantes de modulação e padronização, podem justificar a
licitação de obra em lote único, sem parcelamento.
5. Deficiências graves de projeto básico que impedem o dimensionamento dos quantitativos de
obra implicam a nulidade do certame licitatório e, por consequência, do contrato dele resultante.
PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
2. A Petrobras submete-se aos ditames da Lei nº 8.666/93 até que seja regulamentado o
art. 173, §1º, da Constituição Federal de 1988. O art. 67 da Lei nº 9.478/1997 e o Decreto nº
2745/1998 padecem do vício de inconstitucionalidade
Levantamento de Auditoria nas obras de modernização e adequação do sistema de produção da
Refinaria Gabriel Passos – REGAP, em Betim/MG, conduzidas pela Petrobras S/A, acusou
supostas irregularidades na condução de procedimentos licitatórios, consistentes na realização
de convites (Convites nºs 0373623.07.8, 0450350-07.8, 0185069.06.8, 0283939.06.8), quando
os valores dos respectivos objetos exigiam o processamento do certame na modalidade
concorrência, consoante disposto no art. 23 da Lei nº 8.666/93. O Ministro Raimundo Carreiro,
relator do feito, ao examinar a matéria, historiou a “controvérsia” existente no âmbito do
Tribunal a respeito da necessidade de observância, pela Petrobras, do regramento contido na Lei
nº 8.666/1993. Mencionou “inúmeros mandados de segurança impetrados no STF, todos com
liminares deferidas, para suspender as decisões do TCU que exigiram da Petrobras a
observância da Lei nº 8.666/93” – grifos do original. Ressaltou que, a despeito disso, o
Tribunal tem privilegiado o entendimento no sentido de serem inconstitucionais o art. 67 da Lei
n. 9.478/1997 e o Decreto n. 2.745/1998, ordinariamente utilizado pela Petrobrás na condução
de seus procedimentos licitatórios. Ao examinar o caso concreto, propôs a rejeição das razões de
justificativas dos responsáveis, sem aplicação a eles de multa, visto que “a matéria relativa à
aplicação da Lei nº 8.666/93 à Petrobras encontra-se sob a apreciação do Supremo Tribunal
Federal, e ainda que, no caso concreto, não se identificou dano ao erário nem benefício
indevido a agentes públicos e particulares ...”. Ao final, propôs que o Tribunal deliberasse no
sentido de: a) reiterar o entendimento de que se aplica à Petrobras a Lei nº 8.666/1993, até que
seja regulamentado o art. 173, §1º, da CF/1988; b) reiterar o entendimento “quanto à
inconstitucionalidade do art. 67 da Lei nº 9.478/1997 e do Decreto nº 2745/1998”; c) “deixar
assente que, em homenagem ao princípio da segurança jurídica e da racionalidade do sistema
jurídico, a fiscalização da Petrobras, no que concerne às contratações, será feita com base no
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Decreto nº 2745/1998 e nos princípios aplicáveis à espécie, até que o Supremo Tribunal
Federal decida no mérito sobre a aplicação da Lei nº 8.666/93 à Petrobras, assim como sobre a
constitucionalidade ou não do art. 67 da Lei nº 9.478/1997 e do Decreto nº 2745/1998”; d)
registrar que o entendimento firmando no item anterior “não impede que este Tribunal se
manifeste quanto à constitucionalidade de dispositivos isolados do Decreto nº 2.745/1998”. O
Ministro Augusto Nardes, porém, após invocar a “independência de instâncias administrativa
(TCU) e judicial (STF)” e a precariedade das decisões do STF, em sua Declaração de Voto,
reputou acertado manter a orientação que vem sendo adotada pelo TCU, quanto a essa matéria.
O Tribunal, então, decidiu: a) por unanimidade, rejeitar as razões de justificativas apresentadas
pelos responsáveis, mas não aplicar-lhes multa; b) por maioria de cinco votos a quatro, com
suporte na referida Declaração de Voto, apenas reiterar o entendimento do TCU no sentido de
que: b.1) “até que seja regulamentado o art. 173, §1º, da Constituição Federal de 1988, aplica-
se à Petrobras a Lei nº 8.666/93”; b.2) o art. 67 da Lei nº 9.478/1997 e o Decreto nº 2745/1998
padecem do vício de inconstitucionalidade. Precedentes mencionados pelo revisor: Acórdãos
nºs. 405/2010 e 560/2010, ambos do Plenário. Acórdão n.º 2811/2012-Plenário, TC-
009.364/2009-9, relator Min. Raimundo Carreiro e redator Min. Augusto Nardes, 17.10.2012.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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NOVIDADE
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todas as edições do Informativo de Licitações e Contratos.
SUMÁRIO
Plenário
1. A falta de conformidade entre a metodologia de execução de determinado serviço, adotada no
orçamento e no contrato, e a efetivamente empregada na obra justifica a conformação do preço
unitário pactuado ao preço de referência, calculado com base na forma de execução do serviço.
2. É lícita a utilização de pregão para contratação de serviço técnico de apoio à fiscalização de
projetos executivos e de execução de obras de engenharia.
3. O impedimento de participação de consórcios de empresas em licitação de obra de elevada
complexidade e grande vulto restringe o caráter competitivo do certame.
4. É indevida a adoção de desconto linear como critérios de aceitabilidade de preços e de
julgamento das propostas, salvo quando o objeto do certame abranger itens homogêneos e
sujeitos a controle de preços, como os exemplificados no art. 9º, § 1º, do Decreto nº 3.931/2001.
5. A adoção, em licitação do tipo técnica e preço, de peso excessivamente elevado para a
pontuação técnica em relação à de preço, sem justificativa plausível, e de critérios subjetivos de
julgamento das propostas contraria o disposto nos arts. 3º, 40, inciso VII, 44, § 1º, e 45, da Lei
8.666/1993.
PLENÁRIO
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Piauí – Semar/PI, visando à contratação de empresa para execução das obras do sistema adutor
Bocaina/Piaus II, no valor estimado de R$ 76,9 milhões. Entre as impugnações efetuadas,
destaque-se a proibição de participação de empresas em consórcio (item 3.4 do edital). Ao se
debruçar sobre as justificativas apresentadas pelos gestores, o relator, em linha de consonância
com a unidade técnica, destacou que tal vedação “não encontra respaldo na jurisprudência
deste Tribunal, segundo a qual, nos casos de obras de grande complexidade e relevante vulto,
deve ser sempre admitida a união de esforços entre empresas como forma de suprir as
condições de habilitação, as quais, isoladamente, não teriam como fazê-lo”. Ponderou que
determinadas empresas, “apesar de possuírem competência e capacidade operacional na sua
área de atuação, necessitam se associar a outras empresas para a execução de serviços dos
quais não detém expertise, mas que são indispensáveis para que alcancem seu nicho de
mercado ...”. Anotou que, no caso concreto, somente quatro empresas participaram da licitação,
sendo que apenas duas foram habilitadas. E que a variedade de competências exigidas para
execução do objeto limitou a participação de empresas no certame. Endossou as considerações
da unidade técnica, no sentido de que empresas com experiência em implantação de adutoras,
embora tenham condições de comprovar a capacidade técnica exigida pelo edital, talvez não
tenham condições de executar isoladamente o objeto licitado. O Tribunal, então, ao acolher
proposta do relator, decidiu: a) fixar prazo para que a Semar/PI adote as medidas necessárias à
anulação da Concorrência n.º 01/2012-Semar/PI; b) determinar à Semar/PI que, em futuros
certames, admitida a formação de consórcio quando o objeto do certame “envolver questões de
alta complexidade e de relevante vulto, em que empresas, isoladamente, não tenham condições
de suprir os requisitos de habilitação do edital, com vistas à ampliação da competitividade e à
obtenção da proposta mais vantajosa, em atendimento ao art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei
8.666/1993...”. Precedentes mencionados: Acórdãos 22/2003, 1094/2004, 1672/2006 e
1417/2008, todos do Plenário. Acórdão n.º 2898/2012-Plenário, TC-026.382/2012-1, rel. Min.
José Jorge, 24.10.2012.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
preços, como consta do art. 9º, § 1º, do Decreto nº 3.931/2001”. Em seguida, a despeito de
concluir pela ilegalidade das citadas cláusulas, registrou que, no caso concreto, dela não resultou
restrição à competitividade do certame, nem outro prejuízo sensível. O Tribunal, então, ao
acolher proposta do relator, decidiu: a) conhecer a representação; b) julgá-la parcialmente
procedente; c) indeferir o pedido de anulação do certame; d) determinar ao Sebrae/RJ que, em
suas próximas licitações, “não use o desconto linear como critério de aceitabilidade de preços
nem de julgamento, salvo quando o objeto abranger itens homogêneos e sujeitos a controle de
preços, tais como os exemplificados no art. 9º, § 1º, do Decreto nº 3.931/2001”. Acórdão n.º
2907/2012-Plenário, TC-020.447/2012-4, rel. Min. José Múcio Monteiro, 24.10.2012.
619
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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NOVIDADE
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todas as edições do Informativo de Licitações e Contratos.
SUMÁRIO
Plenário
1. A exigência de certificado de registro cadastral ou de certidão emitidos pelo ente que conduz
a licitação, com exclusão da possibilidade de apresentação de documentação apta a comprovar o
cumprimento dos requisitos de habilitação, afronta o comando contido no art. 32 da Lei nº
8.666/1993.
2. A declaração de inidoneidade de determinada empresa só pode ser estendida a outra de
propriedade dos mesmos sócios quando restar demonstrada ter sido essa última constituída com
o propósito deliberado de burlar a referida sanção.
3. A comprovação de rede credenciada, em licitação para a contratação de serviço de
administração e gerenciamento de auxílio-alimentação, deve ser exigida na fase de contratação e
não como condição de qualificação técnica. A ausência, em concreto, de restrição ao caráter
competitivo resultante dessa exigência indevida permite a convalidação do certame.
4. A degradação prematura de pavimento, resultante do emprego de material inadequado em sua
confecção, configura prejuízo ao erário e justifica a adoção de medidas que assegurem o
ressarcimento dos valores necessários ao refazimento dos serviços nos moldes especificados em
projeto.
5. A adoção do critério de menor preço por grupo (e não por itens) para julgamento das
propostas, em licitação visando o registro de preços para aquisição de gêneros alimentícios,
afronta os comandos contidos no art. 15, IV, e no art. 23, § 1º, da Lei 8.666/1993.
PLENÁRIO
620
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
emitida pelo mesmo órgão, comprobatória do preenchimento, até o oitavo dia anterior a data
do recebimento das Documentações e Propostas, de todos os requisitos indispensáveis ao
cadastramento". A unidade técnica anotou que tal exigência afrontaria o disposto no art. 32 da
Lei 8.666/1993. Não se poderia, segundo a lógica de sua análise, retirar a possibilidade de que
interessados em participar do certame cumprissem as exigências de habilitação por meio da
apresentação de documentação suficiente para tanto e não somente por meio dos referidos
certificado ou certidão. Acrescentou que a obrigação de apresentar o CRC constitui fator
impeditivo para que as empresas que nunca participaram de licitações no órgão ultrapassem a
fase de habilitação. O relator, por meio de despacho, suspendeu cautelarmente o andamento do
certame, o que mereceu o endosso do Plenário. O referido município, em seguida, comunicou a
suspensão do certame e informou que promoveria a correção do edital, com o intuito de sanear
os vícios identificados. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu: a) conhecer a
representação; b) julgá-la procedente; c) determinar à Prefeitura Municipal de São José da
Tapera/AL que “somente dê prosseguimento à concorrência 1/2012, após a republicação do
edital, escoimado das irregularidades apontadas nestes autos, reabrindo-se o prazo
inicialmente estabelecido”. Acórdão n.º 2951/2012-Plenário, TC-017.100/2012-1, rel. Min.
Raimundo Carreiro, 31.10.2012.
621
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
622
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
construído, no valor estimado de R$ 18,41 milhões (24,25% do valor total das obras)” – grifou-
se. Tal montante foi mensurado pela unidade técnica, a partir do “custo médio por quilômetro
para reexecutar cada uma das etapas da pavimentação, tomando por base os quantitativos e
preços unitários medidos até a 4ª medição, e o preço corrigido do CBUQ”. Após examinar
todas as peças de defesa apresentadas pela empresa contratada e pela Seinf/AM, a unidade
técnica anotou que o vício foi constatado a partir de “ensaios dos materiais da base e da sub-
base aplicados na obra, que demonstram o não atendimento aos parâmetros de aceitação
definidos nas normas do Dnit”. Tal material, acrescentou, “é propenso à formação de trincas,
as quais podem se propagar na camada de revestimento de CBUQ”. O relator, quanto a essa
questão e às demais avaliadas, endossou a proposta de encaminhamento apresentada pela
unidade técnica. O Tribunal, então, decidiu determinar ao Dnit que: a) adote providências para
apurar o eventual prejuízo ao erário na execução dessas obras e obtenha o devido ressarcimento,
entre outras parcelas, daquela resultante da execução de serviços de pavimentação com
qualidade deficiente, devendo tal montante ser capaz de: a.1) assegurar a execução de ações
corretivas que forneçam ao pavimento “condições estruturais e funcionais indispensáveis ao
cumprimento da vida útil prevista originalmente em projeto”; a.2) fazer frente a despesas que
extrapolem a mera conservação rotineira e preventiva da obra. Acórdão n.º 2948/2012-
Plenário, TC-011.652/2011-0, rel. Min-Subst. André Luís de Carvalho, 31.10.2012.
5. A adoção do critério de menor preço por grupo (e não por itens) para julgamento das
propostas, em licitação visando o registro de preços para aquisição de gêneros
alimentícios, afronta os comandos contidos no art. 15, IV, e no art. 23, § 1º, da Lei
8.666/1993
Representação de empresa apontou possíveis irregularidades na condução do Pregão Eletrônico
nº 06/2012, pelo Comando da 9ª Região Militar, que teve por objeto o registro de preço para
aquisição de gêneros alimentícios destinados a suas unidades. Entre os supostos vícios
identificados no certame, destaque-se a adoção do critério de menor preço registrado por grupo
(e não por itens) para julgamento das propostas. Em resposta à oitiva, o responsável argumentou
que tal sistemática permitiria economia de escala e tornaria a licitação mais célere. A unidade
técnica considerou que essa modelagem poderia ser admitida, em face da grande quantidade de
itens (401 itens) especificados no edital, tendo em vista a possibilidade de seleção de 401
fornecedores, na hipótese de adjudicação do objeto por itens. O relator, no entanto, anotou que
“a regra básica da modelagem das licitações, como determinam o art. 15, IV, e o art. 23, § 1º,
da Lei 8.666/1993 e a jurisprudência consolidada deste Tribunal, expressa na Súmula 247, é a
do parcelamento da disputa por itens específicos e não por lotes, compostos de diversos
produtos ou serviços adjudicados a um único fornecedor”. O fato de a Administração não se
ver, à cada compra, obrigada adquirir todos os itens do lote, demanda a adjudicação do objeto
por itens e não por grupo. E mais: “A adoção do critério de julgamento de menor preço por
lote somente deve ser adotado quando for demonstrada inviabilidade de promover a
adjudicação por item e evidenciadas fortes razões que demonstrem ser esse o critério que
conduzirá a contratações economicamente mais vantajosas”. Acrescentou que o fato de o
“pregão eletrônico do portal Comprasnet prever a possibilidade de ‘julgamento por preço
global-lote’ não autoriza a administração pública a fazer uso desse procedimento sem
comprovar sua capacidade de induzir à seleção, em cada caso concreto, da proposta mais
vantajosa”. Acrescentou que a hipótese de seleção de número exageradamente elevado de
fornecedores, vislumbrada pela unidade, afigura-se como possibilidade apenas teórica. Como
exemplo, lembrou que pregão eletrônico conduzido pelo Comando da 11ª Região Militar para
aquisição de 622 produtos, modelado por itens, que levou à seleção de 14 fornecedores. E
arrematou: “Em registro de preços, a realização de licitação utilizando-se como critério de
julgamento o menor preço global por grupo/lote leva, vis à vis a adjudicação por item, a
flagrantes contratações antieconômicas e dano ao erário, potencializado pelas possibilidades
de adesões, uma vez que, como reiteradamente se observa, itens são ofertados pelo vencedor do
grupo a preços superiores aos propostos por outros competidores”. O Tribunal, então, ao
acolher proposta do relator e a despeito de haver o referido certame sido anulado pelo citado
623
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NOVIDADE
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SUMÁRIO
Primeira Câmara
1. A exigência de loja física em determinada localidade para prestação de serviços de
agenciamento de viagens, com exclusão da possibilidade de prestação desses serviços por meio
de agência de virtual, afronta o disposto no art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993.
Plenário
2. A opção por orçamento aberto ou fechado em licitação regida pelo RDC insere-se na esfera
de discricionariedade do gestor. A adoção do orçamento fechado, em obras com parcela
relevante dos serviços sem referências de preços nos sistemas Sicro ou Sinapi, tende a elevar o
risco de retardo na conclusão do empreendimento.
3. A Tabela elaborada pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - Cmed do
Ministério da Saúde apresenta, para diversos medicamentos, preços referenciais superiores aos
dos preços de mercado. A aquisição de medicamentos por preço excessivo, ainda que inferior ao
constante da citada tabela, pode dar ensejo à responsabilização do agente causador do prejuízo.
4. A realização do ENEM pode ser contratada diretamente, com suporte no comando contido no
artigo 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993. Com o intuito de fomentar o mercado e afastar os
riscos inerentes às contratações sucessivas de uma mesma prestadora de serviços, impõe-se o
rodízio das empresas contratadas.
5. O acompanhamento da avaliação efetuada pela Administração acerca de protótipo exigido em
licitação configura direito do licitante. A supressão dessa faculdade pode ser relevada quando,
sob o aspecto substancial, os critérios adotados pela Administração se revelarem adequados.
Inovação Legislativa
624
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
PLENÁRIO
2. A opção por orçamento aberto ou fechado em licitação regida pelo RDC insere-se na
esfera de discricionariedade do gestor. A adoção do orçamento fechado, em obras com
parcela relevante dos serviços sem referências de preços nos sistemas Sicro ou Sinapi,
tende a elevar o risco de retardo na conclusão do empreendimento
Acompanhamento do Tribunal avaliou as ações governamentais voltadas à realização da Copa
do Mundo de 2014, especificamente nas áreas aeroportuária, portuária, de mobilidade urbana,
de estádios, de turismo e de segurança. Entre os diversos apontamentos efetuados a respeito de
ocorrências capazes de comprometer a satisfatória realização do Mundial de Futebol de 2014, o
relator destacou recentes fracassos em licitações com orçamentos fechados promovidas pela
Infraero, fundamentalmente em razão de as propostas das licitantes apresentarem preços
superiores aos orçados pela Administração. Lembrou que “O orçamento fechado, no RDC
[Regime Diferenciado de Contratações Públicas], foi pensado em prestígio à competitividade
dos certames. Isso porque, a disponibilização prévia do valor estimado das contratações tende
a favorecer a formação de conluios”. Nessa hipótese, a perda de transparência estaria justificada
pelo aumento da competitividade. Anotou que os orçamentos de obras públicas têm seus custos
625
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
estimados com base fundamentalmente nos sistemas Sinapi e Sicro. As obras portuárias e
aeroportuárias, porém, abrangem diversos serviços “não passíveis de parametrização direta
com o Sinapi”. A Administração, por esse motivo, “promove adaptações aos serviços similares,
ou motiva estudos e pesquisas próprias, para estimar o valor razoável daquele item
orçamentário”. Em face dessas contingências, as avaliações dos licitantes “podem resultar em
preços maiores ou menores que os do edital”. Se o mercado considerar que os encargos
associados à execução daqueles serviços incomuns são maiores que os estimados pela
Administração, “existirá uma grande possibilidade de fracasso do certame licitatório, por
preços ofertados superiores aos valores paradigma”. O relator lembrou, ainda, que a opção
pelo orçamento aberto ou fechado decorre do exercício de competência discricionária. O
“contraponto” dessa maior margem de manobra conferida aos gestores “é um maior dever
motivador”. Ressaltou que caberia à Infraero avaliar a pertinência de “realizar procedimentos
com preço fechado em obras mais complexas, com prazo muito exíguo para conclusão e em que
parcela relevante dos serviços a serem executados não possua referência explícita no
Sinapi/Sicro, em face da possibilidade de fracasso das licitações decorrente dessa
imponderabilidade de aferição de preços materialmente relevantes do empreendimento”. O
Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu “recomendar à Infraero ... que, em face
do caráter optativo do orçamento fechado em licitações vigidas segundo o RDC, pondere a
vantagem, em termos de celeridade, de realizar procedimentos com preço fechado em obras
mais complexas, com prazo muito exíguo para conclusão e cuja parcela relevante dos serviços
a serem executados não possua referência explícita no Sinapi/Sicro, em face da real
possibilidade de preços ofertados superiores aos orçados, decorrente da imponderabilidade da
aferição dos custos dessa parcela da obra”. Acórdão n.º 3011/2012-Plenário, TC-
017.603/2012-9, rel. Min. Valmir Campelo, 8.11.2012.
626
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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627
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INOVAÇÃO LEGISLATIVA
NOVIDADE
Desde o dia 27/9/2012, está disponível, no portal do Tribunal, opção de consulta textual a
todas as edições do Informativo de Licitações e Contratos.
SUMÁRIO
Plenário
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
modo a prevenir reincidências futuras, entre as quais, “a utilização de projeto básico deficiente
e incompleto para realizar contratações, mesmo em obras emergenciais, (...)”. Acórdão n.º
3065/2012-Plenário, TC-000.437/2012-3, rel. Min. Valmir Campelo, 14.11.2012.
630
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Consórcio não acatará as determinações desta Corte, como já o fez no passado e muito menos
concordará em realizar os serviços nas mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor,
no caso, o próprio Consórcio...”. E mais: “A Lei não autorizou o uso desse instrumento para
casos em que há problemas nas próprias condições oferecidas pelo vencedor, que precisam ser
revistas parcial ou totalmente, como é o caso desse contrato com a Infraero”. Fez menção, em
seguida, à deliberação proferida por meio do Acórdão nº 1.939/2006-Plenário, que afirmou a
necessidade de preservação das condições resultantes da licitação. Concluiu, então, que “a
matéria apreciada neste processo não é alcançada pela hipótese prevista no art. 24, XI, da Lei
de Licitações, ou seja, não pode a Infraero retomar a obra, por meio de contratação direta, sem
licitação”. Em seu entendimento, conforme já registrado no tópico anterior deste Informativo, a
solução mais adequada para garantir a conclusão do empreendimento, seria a realização de nova
licitação. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu, apenas, informar à Infraero
que “ não há novas providências a serem adotadas por este Tribunal em relação as obras do
Aeroporto de Vitória, cabendo aos gestores públicos, observada a legislação, adotarem as
medidas que entenderem mais adequadas”. Acórdão n.º 3075/2012-Plenário, TC-
013.389/2006-0, rel. Min. Raimundo Carreiro, 14.11.2012.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
considerada apta a prestar os serviços médicos a que se destina. O relator, após registrar que a
licitação também contou com a participação de outra empresa, considerou que os
esclarecimentos fornecidos pela empresa Helibrás, em conjunto com os documentos por ela
apresentados, foram capazes de afastar a suposição de direcionamento do certame. O Tribunal,
então, ao endossar proposta do relator, considerou, quanto a essa e às demais ocorrências
apontadas, improcedente a representação. Acórdão n.º 3062/2012-Plenário, TC-004.018/2010-
9, rel. Min-Subst. Weder de Oliveira, 14.11.2012.
NOVIDADE
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todas as edições do Informativo de Licitações e Contratos.
SUMÁRIO
Plenário
1. A contração de empresa que elaborou projeto básico ou executivo de obra para exercer as
funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento do empreendimento encontra amparo no
comando contido no art. 9º, § 1º da Lei nº 8.666/1993.
2. É indevida, em avaliação inicial, a concessão do benefício estipulado no art. 44 da Lei
Complementar nº 123/2006 a consórcio de empresas cuja soma dos faturamentos anuais
extrapole o limite previsto no art. 3º, inciso II, dessa lei.
3. Em avaliação preliminar, o estabelecimento de data específica para realização de visita
técnica, mesmo na hipótese de não ser ela obrigatória, compromete o caráter competitivo do
certame e favorece a formação de acertos prévios entre licitantes. O caráter facultativo dessa
visita demanda, também em análise precária, a inserção, no edital, de cláusula que estipule ser
da responsabilidade do contratado a assunção de eventuais prejuízos decorrentes da opção de
não realizá-la.
4. A necessidade de preservação do sigilo de informações e da imagem de instituição bancária
submetida aos ditames da Lei de Licitações não autoriza a contratação direta de empresa pública
para a modernização de infraestrutura tecnológica. Diversas empresas são capazes de executar
tal objeto satisfatoriamente.
5. A contratação de serviços comuns de engenharia que possam ser objetivamente definidos em
edital, aí incluídos os relativos à conservação de rodovia, deve se dar por meio de pregão.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
1. A contração de empresa que elaborou projeto básico ou executivo de obra para exercer
as funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento do empreendimento encontra
amparo no comando contido no art. 9º, § 1º da Lei nº 8.666/1993
Denúncia encaminhada ao Tribunal apontou supostas irregularidades na Concorrência nº
1/2012-MI, conduzida pelo Ministério da Integração Nacional, com o objetivo de viabilizar a
contratação de empresas de engenharia para a prestação de serviços de consultoria especializada
em supervisão, acompanhamento técnico e controle tecnológico nas obras do Projeto de
Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (Trechos I,
II e V). O autor da denúncia, além de apontar suposta restrição ao caráter competitivo do
certame, alegou que a participação, nessa Concorrência, do consórcio Ecoplan-Techne-Skill,
responsável pela elaboração do projeto executivo das obras do PISF do Trecho V, e sua
posterior contratação para prestar os referidos serviços não poderia ter sido admitida pela
Administração. Por isso, requereu a anulação dos atos que resultaram nessa contratação. O
relator, porém, além de afastar alegada restrição à competitividade da licitação, observou que “o
art. 9º, § 1º da Lei nº 8.666/1993 permite, na licitação de obra, a participação de empresa,
isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração de projeto básico ou executivo, nas
funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento”. O Tribunal, então, ao acolher a proposta
do relator, decidiu: a) conhecer a denúncia; b) julgá-la improcedente; c) retirar a chancela de
sigilo que recaia sobre o processo. Acórdão nº 3156/2012-Plenário, TC-029.694/2012-4, rel.
Min. Raimundo Carreiro, 21.11.2012.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
benefício estendido ao consórcio não seria devido. O relator, então, também por esse motivo,
suspendeu o andamento dos atos relacionados à condução do Grupo 3 do Pregão Eletrônico
39/2012 e promoveu a oitiva do consórcio beneficiado e do FNDE. O Tribunal endossou essa
providência. Comunicação de Cautelar, TC-042.183/2012-0, rel. Min. José Jorge, 21.11.2012.
634
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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NOVIDADE
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todas as edições do Informativo de Licitações e Contratos.
SUMÁRIO
Plenário
1. A sanção prevista no inciso III do art. 87 da Lei nº 8.666/93 produz efeitos apenas no âmbito
do órgão ou entidade que a aplicou.
2. A inserção de parcelas consideradas indevidas em BDI de obra pública pode ser relevada
quando o valor total do contrato situar-se abaixo do preço de mercado. As parcelas
correspondentes a itens computados também como custos diretos da obra, no entanto, devem ser
expurgadas do BDI, a fim de afastar duplicidade de pagamentos.
3. A exigência de apresentação de amostras em pregão presencial é admitida apenas na fase de
classificação das propostas e somente do licitante provisoriamente classificado em primeiro
lugar.
4. A vigência de atas de registro de preços resultante de pregão promovido por município não
pode superar o prazo de um ano, tendo em vista o disposto no inciso III, do § 3º, do art. 15 da
Lei 8.666/1993.
5. A revogação de ato eivado de grave irregularidade posteriormente a sua identificação pelo
Tribunal não isenta o agente que o praticou de responsabilização.
PLENÁRIO
1. A sanção prevista no inciso III do art. 87 da Lei nº 8.666/93 produz efeitos apenas no
âmbito do órgão ou entidade que a aplicou
Representação formulada por empresa apontou possíveis irregularidades na condução do Pregão
Presencial nº 11/2011, promovido Prefeitura Municipal de Cambé/PR, que teve por objeto o
fornecimento de medicamentos para serem distribuídos nas Unidades Básicas de Saúde e na
Farmácia Municipal. Entre as questões avaliadas nesse processo, destaque-se a exclusão de
empresas do certame, em razão de terem sido apenadas com a sanção do art. 87, III, da Lei nº
8.666/93 por outros órgãos e entidades públicos. Passou-se, em seguimento de votação, a
discutir o alcance que se deve conferir às sanções estipuladas nesse comando normativo
(“suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a
Administração”). O relator, Ministro Ubiratan Aguiar, anotara que a jurisprudência do Tribunal
havia-se firmado no sentido de que a referida sanção restringia-se ao órgão ou entidade que
aplica a punição. A sanção prevista no inciso IV do mesmo artigo, relativa à declaração de
inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública, produziria efeitos para os
636
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
órgãos e entidades das três esferas de governo. O relator, a despeito disso, ancorado em
precedente revelado por meio do Acórdão nº 2.218/2011-1ª Câmara, de relatoria do Ministro
Walton Alencar Rodrigues, e na jurisprudência do dominante do STJ, encampou o
entendimento de que a sanção do inciso III do art. 87 também deveria produzir efeitos para as
três esferas de governo. O primeiro revisor, Min. José Jorge, sustentou a necessidade de se
reconhecer a distinção entre as sanções dos incisos III e IV, em função da gravidade da infração
cometida. Pugnou, ainda, pela modificação da jurisprudência do TCU, a fim de se considerar
que “a sociedade apenada com base no art. 87, III, da Lei nº 8.666/93, por órgão/entidade
municipal, não poderá participar de licitação, tampouco ser contratada, para a execução de
objeto demandado por qualquer ente público do respectivo município”. O segundo revisor, Min.
Raimundo Carreiro, por sua vez, ao investigar o significado das expressões “Administração” e
“Administração Pública” contidos nos incisos III e IV do art. 87 da Lei nº 8.666/1993,
respectivamente, assim se manifestou: “Consoante se lê dos incisos XI e XII do art. 6º da Lei nº
8.666/93, os conceitos definidos pelo legislador para ‘Administração Pública’ e para
‘Administração’ são distintos, sendo o primeiro mais amplo do que o segundo. Desse modo,
não creio que haja espaço hermenêutico tão extenso quanto tem sustentado o Superior Tribunal
de Justiça nos precedentes citados no voto do relator no que concerne ao alcance da sanção
prevista no inciso III do art. 87”. Mencionou, também, doutrinadores que, como ele,
privilegiam a interpretação restritiva a ser emprestada a esse comando normativo. Ressaltou,
ainda, que as sanções dos incisos III e IV do art. 87 da multicitada lei “guardam um distinto
grau de intensidade da sanção”, mas que “referidos dispositivos não especificaram as hipóteses
de cabimento de uma e de outra sanção ...”. Segundo ele, não se poderia, diante desse panorama
normativo, admitir que o alcance de ambas sanções seria o mesmo. Chamou atenção para o fato
de que “a sanção prevista no inciso III do art. 87 é aplicada pelo gestor do órgão contratante
ao passo que a sanção do inciso IV é de competência exclusiva do Ministro de Estado, do
Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso”. E arrematou: “ ... para a sanção de maior
alcance o legislador exigiu também maior rigor para a sua aplicação, ao submetê-la à
apreciação do titular da respectiva pasta de governo”. Acrescentou que a sanção do inciso III
do art. 87 da Lei de Licitações não poderia ter alcance maior que o da declaração de
inidoneidade pelo TCU (art. 46 da Lei nº 8.443/1992). Por fim, invocou o disposto no inciso XII
do art. 6º da Lei de Licitações, que definiu “Administração” como sendo “órgão, entidade ou
unidade administrativa pela qual a Administração Pública opera e atua concretamente”, para
refutar a proposta do primeiro revisor, acima destacada. O Tribunal, então, ao aprovar, por
maioria, a tese do segundo revisor, Min. Raimundo Carreiro, decidiu: “9.2. determinar à
Prefeitura Municipal de Cambé/PR que nas contratações efetuadas com recursos federais
observe que a sanção prevista no inciso III do art. 87 da Lei nº 8.666/93 produz efeitos apenas
em relação ao órgão ou entidade contratante”. Acórdão nº 3243/2012-Plenário, TC-
013.294/2011-3, redator Ministro Raimundo Carreiro, 28.11.2012.
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Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Transporte
Diário de Pessoal, Subsídio para Refeições, Uniformes e de aplicação de percentual considerado
excessivo para item Administração. Ao reexaminar a apontada sobreavaliação de parcelas
componentes dos BDI’s dos citados contratos, a unidade técnica manifestou-se no sentido da
“impossibilidade de atestar a irregularidade dos preços de um contrato tomando-se como base,
apenas, seus custos indiretos”. Acrescentou que tal questão “seria prejudicial em relação aos
demais argumentos apresentados pelos recorrentes, no que diz respeito aos itens 9.1 e 9.2 do
Acórdão 2.336/2011-TCU-Plenário”. Observou que os orçamentos dos lotes 2, 3 e 7 já haviam
sido analisados pelo TCU e considerados regulares (Acórdão 2.046/2008-Plenário). Fez
referência à deliberação proferida por meio do Acórdão nº 1.648/2003-Plenário e a
ensinamentos doutrinários, ambos no sentido de que “inexistiria o sobrepreço em uma proposta
cujo valor global não ultrapasse os valores de mercado”. O relator, ao endossar esse
entendimento, acrescentou: “não há que se falar de sobrepreço se apenas parte dos itens que
compõem o preço está sendo analisada”. E mencionou decisões do Tribunal nesse sentido
(Acórdãos 1.053/2009, 1.913/2011 e 3.239/2011, todos do Plenário). Divergiu, porém, da
unidade técnica, em relação ao subitem 9.1.2.2 do Acórdão recorrido. Entendeu que, em
respeito aos comandos contidos nos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/64, os quais vedam a duplicidade
de pagamentos, a parcela relativa à Conservação do Canteiro de Apoio (fixado em 0,50% do
custo direto da obra), deve ser expurgada do BDI, visto constar do contrato “item específico de
remuneração da contratada, ... Despesas com Instalação/Manutenção de Canteiros e
Acampamentos, incluso nas despesas diretas da obra”. O Tribunal, então, ao acolher proposta
do relator, decidiu conceder provimento parcial aos recursos interpostos pelos citados
consórcios e excluir da decisão recorrida os subitens 9.1.1, 9.1.2 e 9.1.3 do Acórdão recorrido
que impunham ao Dnit a adoção de medidas com o intuito de expurgar parcelas integrantes dos
BDI’s dos citados contratos, com exceção da parcela computada em duplicidade, relativa à
conservação do canteiro de apoio. Acórdão nº 3241/2012-Plenário, TC-008.612/2007-8, rel.
Min. Valmir Campelo, 28.11.2012.
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NOVIDADE
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SUMÁRIO
Plenário
1. É lícita a adoção da sistemática de revisão por meio de índices (reajuste) dos valores de
contratos de prestação de serviço de duração continuada em que não há prevalência de mão de
obra.
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PLENÁRIO
1. É lícita a adoção da sistemática de revisão por meio de índices (reajuste) dos valores de
contratos de prestação de serviço de duração continuada em que não há prevalência de
mão de obra
Pedido de reexame interposto pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT contra o
Acórdão 2.219/2010-Plenário requereu a reforma de diversos itens dessa deliberação. Destaque-
se, entre eles, o que continha determinação dirigida a essa empresa, lavrada nos seguintes
termos: “9.8.1. reveja as orientações constantes no Manual de Licitações de Contratações –
MANLIC, de forma a adequá-las ao entendimento firmado pelo TCU no Acórdão nº
1.374/2006-Plenário, no sentido de que as empresas estatais devem adotar a sistemática de
repactuação dos contratos de prestação de serviço de duração continuada, com base na
variação dos custos efetivos, em detrimento da sistemática de adoção de índices gerais de preço
para reajustamento periódico, conforme estabelecido na Resolução nº 10/1996 do CCE c/c a IN
MARE nº 18/1997”. A recorrente alegou que tal determinação deveria abranger somente as
contratações de serviços de duração continuada com prevalência de mão de obra, mas não
aquelas “em que o elemento principal não seja a mão de obra, como no caso de serviços de
telefonia, energia elétrica e serviços de transporte em geral, por exemplo”. Asseverou que o
manual de licitações de contratações da empresa, para os contratos com prevalência de mão de
obra, “atende à decisão desta Corte de Contas, mas que, em relação aos outros, adota o
estabelecimento de índice de reajuste”. De acordo com a ECT, os comandos contidos nos arts.
40, XI, e 55, III, ambos da Lei 8.666/93, servem de fundamento para o estabelecimento de um
índice como critério de revisão de tais contratos. A unidade técnica, então, reconheceu a
consistência dessa argumentação e invocou decisão que respalda esse raciocínio, proferida por
meio do Acórdão 602/2009 – Plenário. Por isso, propôs tornar o acima transcrito comando
decisório sem efeito, sob o argumento de que, “na maioria das vezes que o Tribunal debateu a
fixação de índice de reajuste, o caso concreto estava relacionado à contratação com a
prevalência de custo na mão de obra e que isso não significa dizer que a lógica de repactuação
se limite a esse tipo de avença, e que nos demais casos a melhor alternativa seja fixar índice de
reajuste”. E mais: “... o critério de reajuste previsto na Lei 8.666/93 não pode ser interpretado
como a autorização para que o contratante adote diretamente na avença um índice setorial sem
agregar outros elementos que lhe faculte confrontar os valores com os preços de outros
contratos celebrados pela Administração ...”. Por esses motivos, o MP/TCU reitera seu
entendimento no sentido de que “a repactuação deve ser a regra a ser aplicada nos casos das
contratações de prestação de serviços de natureza continuada, sem restringir a sua adoção aos
casos em que haja a prevalência dos custos de mão de obra”. Propõe, ao final, a manutenção da
citada determinação. O relator, ao se alinhar ao posicionamento da unidade técnica, anotou que
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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se afigura inconveniente engessar a Administração, uma vez que pode ser adequada a adoção de
uma ou outra forma, a depender do contrato (repactuação de preços ou revisão com base em
índices). Concluiu, então, que “não há qualquer afronta ao ordenamento jurídico, quando se
fazem presentes em um contrato de serviços de natureza continuada cláusulas que preveem seu
reajuste, isso supondo que a vigência do contrato extrapola 12 meses, bem como sua
repactuação”. Citou então precedentes que respaldam esse entendimento: Acórdão 54/2012 e
Acórdão 2760/2012, ambos do Plenário. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator e da
unidade técnica, concedeu provimento ao pedido de reexame da ECT e tornou insubsistente do
subitem 9.8.1 do Acórdão 2.219/2010-Plenário. Acórdão nº 3388/2012-Plenário, TC-
005.383/2007-0, rel. Min. Aroldo Cedraz, 5.12.2012.
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visto que a nulidade da licitação induz à nulidade do contrato, nos termos do art. 49, § 2º, da
Lei nº 8.666/93, garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa dos interessados, de
acordo com o § 3º do citado artigo. Deve ser observada, também, a necessidade de se
indenizar o contratado, cuja avença foi anulada, pelo que houver executado e demais prejuízos
que não lhe sejam imputáveis, como preceitua o art. 59 da referida lei;” Acrescentou que “a
possibilidade de anulação parcial de procedimento licitatório eivado por vício insanável,
aproveitando-se os atos praticados regularmente, tem sido admitida na jurisprudência”. Fez
referência a decisões do Tribunal em que se promoveu a anulação de atos constituintes de
licitação e o seu refazimento, “a partir da fase em que ocorreu o vício identificado, ainda que a
licitação já houvesse sido encerrada e o contrato assinado”. O Tribunal, então, ao acolher
proposta da relatora, decidiu determinar à Petrobras que “adote as medidas necessárias à
anulação de todos os atos praticados desde a injustificada desclassificação de três
concorrentes por inexequibilidade das propostas”. Precedentes mencionados: Acórdãos
267/2006, 2.389/2006 e 2.264/2008, todos do Plenário. Acórdão nº 3344/2012-Plenário, TC-
006.576/2012-5, rel. Min. Ana Arraes, 5.12.2012.
NOVIDADE
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SUMÁRIO
Plenário
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PLENÁRIO
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razão dessa e de outras irregularidades, decidiu: a) fixar prazo para que o IFSP adote
providências com o intuito de promover à anulação da Concorrência n.º 14/2012; b) determinar
ao IFSP que, na hipótese de instaurar nova licitação em substituição a essa concorrência,
estabeleça prazo adequado para a realização da visita técnica, “não a restringindo a dia e
horário fixos, com vistas a inibir que potenciais licitantes tomem conhecimento prévio do
universo de concorrentes, bem assim permitir aos possíveis interessados, após a realização da
visita, tempo hábil para a finalização de suas propostas”. Acórdão nº 3459/2012-Plenário, TC-
041.260/2012-0, rel. Min. José Jorge, 10.12.2012.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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artigo 30, § 1º, inciso I, da Lei n. 8.666/1993. Recorreu, ainda, ao Voto condutor do Acórdão n.
141/2008 – Plenário, no sentido de que “o fundamental, para a Administração Pública, é que o
profissional esteja em condições de efetivamente desempenhar seus trabalhos por ocasião da
execução do futuro contrato. É inútil, para ela, que os licitantes mantenham profissionais de
alta qualificação empregados apenas para participar da licitação...”. Acrescentou que “tanto
na data da entrega da proposta quanto ao longo da execução do contrato, a contratada deve
contar com profissional qualificado, vinculado à empresa por meio de contrato de prestação de
serviços, celebrado de acordo com a legislação civil comum, ou que tenha vínculo trabalhista
ou societário com a empresa”. O Tribunal, então, em face dessa e de outras irregularidades,
decidiu: a) aplicar multa à Prefeita do município e aos integrantes da comissão de licitação do
município; b) admitir a continuidade do contrato celebrado como resultado dessa concorrência,
dado seu avançado estágio de execução, sem prejuízo verificar a compatibilidade dos preços
contratados com os de mercado. Precedentes mencionados: Acórdão n. 2.297/2005 e 141/2008,
ambos do Plenário. Acórdão nº 3474/2012-Plenário, TC-009.650/2012-1, rel. Min.-Substituto
Marcos Bemquerer Costa, 10.12.2012.
SUMÁRIO
Plenário
1. A demonstração da capacidade técnico-operacional para execução de serviços deve-se
restringir às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto a ser contratado.
2. A inclusão de itens produzidos por empresas de ramo de negócio distintos, em um mesmo
lote de pregão, compromete, em avaliação inicial, o caráter competitivo do certame.
3. A prática de ato irregular por representante comercial que não integre o quadro societário da
empresa com a qual se relaciona, nem detenha autorização para se pronunciar em nome dela, é
insuficiente para justificar a declaração de inidoneidade de tal empresa.
4. É lícito o estabelecimento de remuneração por horas de trabalho para serviços de tecnologia
da informação, quando não for possível vinculá-la a resultados.
5. A fixação de limites salariais mínimos a serem pagos por empresa contratada para prestação
de serviço de tecnologia da informação a seus empregados, quando ao menos parte de tais
tarefas for remunerada por horas trabalhadas, não afronta a legislação vigente.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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650
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. A prática de ato irregular por representante comercial que não integre o quadro
societário da empresa com a qual se relaciona, nem detenha autorização para se
pronunciar em nome dela, é insuficiente para justificar a declaração de inidoneidade de
tal empresa
Pedido de Reexame interposto pela empresa Samsung Medison Brasil contra a deliberação
proferida por meio do Acórdão 662/2012 - TCU- Plenário requereu a reforma da declaração de
inidoneidade para participar de licitação e contratar com a Administração Pública por três anos,
imposta à empresa por ela adquirida, Medison do Brasil Comércio, Importação e Exportação de
Equipamentos. Tal sanção havia sido aplicada a essa última empresa por suposto conluio entre
fornecedores de equipamentos de ultrassom, adquiridos com recursos federais pela Sociedade
Beneficente São Camilo, fato que também justificou apenação de gestor dessa entidade. Foram
identificadas, ainda na fase de cotação de preços que antecedeu a realização de pregão
presencial, propostas comerciais das empresas Medison e Rad Filme com o mesmo endereço,
entregues à Sociedade Beneficente São Camilo. Após considerar os argumentos da recorrente, a
unidade assim se manifestou: “A nosso ver, o fato de a proposta ter sido veiculada por meio de
folha timbrada da empresa Medison do Brasil não autoriza concluir tenha referida empresa
efetivamente apresentado no certame uma proposta de preço, mormente porque a Sra. Beatriz
Kormann, embora representante comercial, não era sócia da Medison do Brasil e não se pode
presumir autorizada a praticar atos e contrair obrigações em nome da empresa da qual é
representante comercial por força de contrato”. Anotou, ainda, que “a própria condição de
representante comercial – que pressupõe expandir os negócios da representada, porém,
normalmente em nome próprio – pode explicar o fato de aquela representante comercial
possuir folhas timbradas da empresa Medison”. O relator, ao endossar a análise da unidade
técnica, ressaltou que a referida representante “jamais integrou o quadro societário daquela
empresa”. E que não há elementos que autorizem a conclusão de que estivesse legitimada a
participar de licitação em nome da empresa Medison do Brasil. Concluiu, então, que todo o
ocorrido “transcorreu à revelia da empresa ora recorrente”. O Tribunal, então, ao acolher a
proposta relator, decidiu conhecer o referido recurso e, no mérito, tornar insubsistente a
declaração de inidoneidade que havia sido imposta à empresa Samsung Medison do Brasil
Comércio, Importação e Exportação de Equipamentos Médicos Ltda., mantendo-se a sanção ao
gestor por esse fato. Acórdão 24/2013-Plenário, TC 023.299/2006-4, relator Ministro
Raimundo Carreiro, 23.1.2013.
651
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
da Súmula-TCU 269, lavrado nos seguintes termos: “Nas contratações para a prestação de
serviços de tecnologia da informação, a remuneração deve estar vinculada a resultados ou ao
atendimento de níveis de serviço, admitindo-se o pagamento por hora trabalhada ou por posto
de serviço somente quando as características do objeto não o permitirem, hipótese em que a
excepcionalidade deve estar prévia e adequadamente justificada nos respectivos processos
administrativos”(grifos da unidade técnica). Acrescentou que as justificativas que impediam a
submissão ao regramento de remuneração por resultados constaram do respectivo processo de
licitação. Por isso, não se teria configurado a ilegalidade aventada pela autora da representação.
O relator, ao endossar o pronunciamento da unidade técnica, anotou que “a contratação envolve
o dimensionamento dos serviços por homens-hora/postos de serviço” para parte das tarefas a
serem executadas, mas que o edital estabelece, também, a necessidade de “vinculação dos
pagamentos mensais ao atendimento de indicadores de níveis de serviço detalhados no termo
de referência”. Fez menção à IN-SLTI/MP 04, de 2010, que dispõe sobre o processo de
contratação de Soluções de Tecnologia da Informação pelos órgãos integrantes do Sistema de
Administração dos Recursos de Informação e Informática (SISP) do Poder Executivo Federal,
observada de forma subsidiária pelo TST. Consoante estipulado nos §§ 2º e 3º de seu art. 15: “§
2º - A aferição de esforço por meio da métrica homens-hora apenas poderá ser utilizada
mediante justificativa e sempre vinculada à entrega de produtos de acordo com prazos e
qualidade previamente definidos. § 3º - É vedado contratar por postos de trabalho alocados,
salvo os casos justificados mediante a comprovação obrigatória de resultados compatíveis com
o posto previamente definido”. Citou, também, deliberação proferida por meio do Acórdão nº
1.125/2009-Plenário, em que o Tribunal considerou lícita, em determinada licitação, a
remuneração de parte dos serviços dessa natureza com base em horas trabalhadas, dada a
impossibilidade de estipulação da remuneração com base em resultados. Concluiu, em face
desse panorama, que o modelo híbrido adotado pelo TST não afrontou a legislação vigente. O
Tribunal, então, por considerar insubsistente esse e os outros questionamentos da autora da
representação, julgou-a improcedente. Acórdão 47/2013-Plenário, TC 046.269/2012-6, relator
Ministro-Substituto André Luís de Carvalho, 23.1.2013.
5. A fixação de limites salariais mínimos a serem pagos por empresa contratada para
prestação de serviço de tecnologia da informação a seus empregados, quando ao menos
parte de tais tarefas for remunerada por horas trabalhadas, não afronta a legislação
vigente
Ainda no âmbito da Representação que apontou supostas irregularidades na condução do Pregão
Eletrônico 100/2012 pelo Tribunal Superior do Trabalho – TST, destinado à contratação de
serviços de operação de central de atendimento a usuários de tecnologia da informação, foi
suscitada possível ilegalidade decorrente do estabelecimento de valores salariais mínimos pagos
aos profissionais a serem disponibilizados pela contratada. O relator, em linha de consonância
com a manifestação da unidade técnica, lembrou que o TCU já se pronunciou sobre tal questão,
por meio do Acórdão 614/2008-Plenário. Constou do Voto condutor de tal decisão menção ao
comando contido no § 3º do art. 44 da Lei nº 8.666/1993: (“§ 3o Não se admitirá proposta que
apresente preços global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com
os preços dos insumos e salários de mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o
ato convocatório da licitação não tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se
referirem a materiais e instalações de propriedade do próprio licitante, para os quais ele
renuncie a parcela ou à totalidade da remuneração”. Ficou registrado também que: “a
compreensão da contratação de mão-de-obra terceirizada abrange dois caminhos a percorrer:
um, que aponta a obrigatoriedade de adoção dos pisos salariais definidos em pactos laborais; e
outro que indica a possibilidade de a Administração Pública estipular valores mínimos de
remuneração com base em pesquisas de mercado efetuadas previamente e calcadas tanto em
dados obtidos junto a associações e sindicatos de cada categoria profissional quanto em
informações divulgadas por outros órgãos públicos que tenham recentemente contratado o
mesmo tipo de serviço”. Ressaltou, entretanto, que “esse Acórdão também considerou indevida
a fixação de piso salarial para serviços que devem ser medidos e pagos por resultados”.
652
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Observou ainda que “o TST justificou nos documentos licitatórios a adoção de medição também
por homens-hora/postos de trabalho, o que justifica a fixação dos limites salariais mínimos
para tais itens de serviço apenas”. E mais: o TST informara, no termo de referência da
licitação, “que os valores de remuneração também tiveram como parâmetro os valores pagos
por outros órgãos da administração pública”. Concluiu, a partir desses elementos de convicção,
que a “inclusão de faixa salarial mínima na licitação ora analisada não configurou
irregularidade”. O Tribunal, então, por considerar insubsistente esse e os outros
questionamentos apresentados, julgou improcedente a representação. Acórdão 47/2013-
Plenário, TC 046.269/2012-6, relator Ministro-Substituto André Luís de Carvalho, 23.1.2013.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Lei nº 12.766, de 27/12/2012: altera a Lei no 11.079, de 30/12/2004, que institui normas gerais
para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública, e
dá outras providências.
Medida Provisória n° 600, de 28/12/2012: insere o art. 63-A na Lei nº 12.462/2011, que
instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC e dá outras providências.
Decreto nº 7.892, de 23/1/2013: regulamenta o Sistema de Registro de Preços previsto no art.
15 da Lei 8.666, de 21/6/1993.
SUMÁRIO
Plenário
1. Para fins de enquadramento na hipótese de excepcionalidade prevista na Decisão 215/1999-
Plenário (acréscimos contratuais acima dos limites estabelecidos pela Lei 8.666/93), as
alterações qualitativas havidas não podem decorrer de culpa do contratante, nem do contratado.
2. É obrigatória a comprovação, em licitações na modalidade convite, da regularidade das
licitantes perante a seguridade social e o FGTS, uma vez que o comando contido no art. 195, §
3º, da Constituição Federal se sobrepõe ao disposto no art. 32, § 1º, da Lei 8.666/93.
3. A exigência de credenciamento ou autorização fornecida por fabricante de equipamento
objeto de manutenção a ser contratada pela Administração configura, em regra, restrição ao
caráter competitivo do certame. Tal requisito de habilitação somente pode ser admitido em
situações excepcionais, devidamente fundamentadas.
4. A exigência do emprego de cartão contendo microprocessador com chip, como ferramenta de
controle na prestação de serviços de abastecimento com fornecimento de combustíveis, afigura-
se razoável e não merece ser considerada restritiva ao caráter competitivo do certame.
653
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
5. Os valores contratuais de serviços que, por suas características, não são executados com o
emprego exclusivo de mão de obras podem, em face do que prescreve o art. 19, inciso XXII, da
IN-SLTI/MP-2/2008, ser corrigidos após um ano de vigência do ajuste por índice setorial ou
específico, que deverá, obrigatoriamente, estar definido no edital da licitação e no termo
contratual.
PLENÁRIO
654
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
5. Os valores contratuais de serviços que, por suas características, não são executados
com o emprego exclusivo de mão de obras podem, em face do que prescreve o art. 19,
inciso XXII, da IN-SLTI/MP-2/2008, ser corrigidos após um ano de vigência do ajuste
por índice setorial ou específico, que deverá, obrigatoriamente, estar definido no edital
da licitação e no termo contratual
Representação de empresa apontou possíveis irregularidades ocorridas no Pregão Eletrônico
10/2011, conduzido pela Diretoria de Gestão Interna do Ministério da Cultura (DGI/MinC), que
tem por objeto a prestação de serviços técnicos na área de tecnologia da informação (TI), que
englobavam a disponibilização de ambientes operacionais de desenvolvimento, implantação e
uso de link de comunicação (internet) entre os ambientes da contratada e do MinC, entre outros.
Entre as supostas ilicitudes apontadas pela autora da representação, destaque-se a previsão de
reajustes lineares, com a aplicação de índice setorial. Quanto a essa questão, o relator destacou,
em linha de concordância com a manifestação da unidade técnica, que tal sistemática não
afronta a legislação vigente. Observou que esse serviço, por suas características, não é
executado com o emprego exclusivo de mão de obra. Por isso, em face da previsão contida no
art. 19, inciso XXII, da IN-SLTI/MP-2/2008, os valores contratuais podem ser corrigidos, após
um ano, por índices setoriais ou específicos. Reputou indevida, no entanto, a falta de
explicitação, no edital e no contrato, do índice setorial ou específico a ser utilizado. Anotou,
então, em acréscimo à análise da unidade técnica, que tal omissão deve ser saneada por meio do
aditamento do contrato. O Tribunal decidiu, então, a) “determinar à DGI/MinC que celebre
termo aditivo ao contrato de forma a restar estabelecido formalmente o índice de correção a
ser utilizado, o qual deverá ser preferencialmente um índice setorial ou específico, e, apenas na
ausência de tal índice, um índice geral, o qual deverá ser o mais conservador possível de forma
a não onerar injustificadamente a administração”; b) “recomendar à Secretaria de Logística e
Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento - SLTI/MP que considere a
conveniência e oportunidade de definir índice específico de reajuste, ou cesta de índices, que
reflita a variação efetiva dos custos de TI, de forma a orientar a administração pública
federal”. Acórdão 114/2013-Plenário, TC 028.305/2011-6, relator Ministro-Substituto
Augusto Sherman Cavalcanti, 30.1.2013.
656
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Primeira Câmara
1. A pesquisa de preços que antecede a elaboração do orçamento de licitação demanda avaliação
crítica dos valores obtidos, a fim de que sejam descartados aqueles que apresentem grande
variação em relação aos demais e, por isso, comprometam a estimativa do preço de referência.
Plenário
2. A terceirização de atividades advocatícias previstas em plano de cargos do órgão ou entidade
só é permitida excepcionalmente, nas seguintes hipóteses: a) demanda excessiva, incompatível
com o volume de serviço possível de ser executado por servidores ou empregados do quadro
próprio; b) especificidade do objeto a ser executado; c) conflitos entre os interesses da
instituição e dos empregados que poderiam vir a defendê-la.
3. O credenciamento, hipótese de inexigibilidade de licitação, não pode ser mesclado às
modalidades licitatórias previstas no art. 22 da Lei 8.666/1993, por não se coadunar com
procedimentos de pré-qualificação nem com critérios de pontuação técnica para distribuição dos
serviços.
4. As sanções de suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar
com a Administração, previstas no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/1993, alcançam apenas o
órgão ou a entidade que as aplicaram.
5. A subcontratação da empresa autora do projeto básico pela empresa contratada para a
execução das obras e serviços, com a finalidade de elaborar o projeto executivo, afronta o
disposto no art. 9º, inciso I e § 3º, da Lei 8.666/1993.
PRIMEIRA CÂMARA
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Concluiu, por isso, ter havido violação ao disposto no art. 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993.
Anotou, no entanto, que desse vício não resultou dano ao erário, porque a disputa entre as
licitantes conduziu à contratação do serviço por valor adequado. O Tribunal, então, ao acolher
proposta do relator, decidiu apenar os responsáveis com multa do art. 58 da Lei nº 8.443/1992.
Precedente mencionado: Acórdão 1.108/2007-Plenário. Acórdão 403/2013-Primeira Câmara,
TC 013.319/2011-6, relator Ministro Walton Alencar Rodrigues, 5.2.2013.
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Número 177
Sessões: 12, 13 e 14 de novembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A mera variação de preços de mercado não é suficiente para determinar a realização de
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, sendo essencial a presença de uma das hipóteses
previstas no art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/93. Diferenças entre os preços contratuais
reajustados e os de mercado é situação previsível, já que dificilmente os índices contratuais
refletem perfeitamente a evolução do mercado.
2. A adjudicação de itens aos licitantes remanescentes, sem a observância das mesmas
condições propostas pelos vencedores do certame, embora viole o § 2º do art. 64 da Lei
8.666/93, não implica, necessariamente, a configuração de dano ao erário, o qual deve ser
parametrizado em função dos preços efetivamente praticados no mercado.
3. É legal, para a comprovação da capacidade técnico-profissional da licitante, a exigência de
quantitativos mínimos, executados em experiência anterior, compatíveis com o objeto que se
pretende contratar.
4. A alta complexidade da obra não afasta a proibição de se exigir, na qualificação técnico-
operacional dos licitantes, comprovação de propriedade de máquinas e equipamentos, vedação
para a qual a lei não prevê nenhum tipo de exceção.
PLENÁRIO
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apresentadas, registrou que "a adoção de tal sistemática motivou um incremento de 4,86% ao
valor contratual até então não executado (...), que foi incorporado adicionalmente aos
percentuais de reajustamento contratualmente previstos". Observou, a esse respeito, que "a
mera variação de preços, para mais ou para menos, não é suficiente para determinar a
realização de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, sendo essencial a presença de
uma das hipóteses previstas no art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993, a saber: fatos
imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato
do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual." Destacou ainda
que a ocorrência de pequenas variações entre os preços contratuais reajustados e os preços de
mercado é situação previsível, "já que dificilmente os índices contratuais refletem perfeitamente
a variação de preços do mercado". Por fim, ressaltou que "caso a metodologia adotada pela
Codevasf fosse considerada adequada, o art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993 restaria inócuo,
já que qualquer variação de preço seria capaz de ensejar a obrigatoriedade da realização de
reequilíbrio econômico-financeiro, o que substituiria o reajustamento dos contratos". O
Tribunal, seguindo o voto do relator, decidiu, em relação ao ponto, condenar em débito a
construtora solidariamente com os gestores responsáveis. Acórdão 3024/2013-Plenário, TC
019.710/2004-2, relator Ministro Benjamin Zymler, 13.11.2013.
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Sessões: 26 e 27 de fevereiro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. As licitações sob a égide do RDC, quando estabelecerem intervalo mínimo de diferença de
valores entre os lances, devem prever mecanismos que coíbam a possibilidade de eventual
licitante cobrir o menor preço ofertado com desconto irrisório.
2. Nas licitações regidas pelo RDC é possível a abertura do sigilo do orçamento na fase de
negociação de preços com o primeiro colocado, desde que em ato público e devidamente
justificado.
3. A flexibilização de exigências editalícias excessivamente rigorosas não impede a fuga de
interessados em participar do certame e introduz critério subjetivo e secreto ao julgamento das
propostas.
4. É indevida a exigência de seguro em licitações que se destinem a compras de equipamentos
que não demandem pagamentos antecipados, por ser medida antieconômica, salvo motivo
justificado constante do instrumento convocatório.
5. A aferição da aceitabilidade de obra rodoviária demanda a realização de ensaios técnicos que
se fizerem necessários para a demonstração de que as condições do pavimento executado
atendem às especificações do projeto licitado.
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PLENÁRIO
2. Nas licitações regidas pelo RDC é possível a abertura do sigilo do orçamento na fase de
negociação de preços com o primeiro colocado, desde que em ato público e devidamente
justificado
Ainda no âmbito da auditoria realizada em obras no Aeroporto Internacional de Salvador/BA, o
diretor da unidade técnica encarregada da instrução do processo apontou possível quebra de
sigilo do orçamento na fase de negociação efetuada após a definição da melhor proposta da fase
de lances. A negociação ocorreu porque o menor lance fora significativamente superior ao valor
orçado. Como o valor final negociado representou desconto irrisório (0,023%) em relação ao
orçamento da administração, a ocorrência poderia apontar para quebra do sigilo do orçamento
em benefício da empresa licitante e em prejuízo à obtenção de proposta mais vantajosa. O
relator considerou não haver elementos materiais mínimos para corroborar a ocorrência da
irregularidade. Considerou também que, não obstante o momento da publicação do orçamento
estar previsto na Lei 12.462/2011 (imediatamente após o encerramento da licitação, art. 6º) e no
Decreto 7.581/2011 (imediatamente após a adjudicação do objeto, art. 9º), a questão merece
cautela, notadamente por se tratar de novidade em matéria licitatória, pois “existem situações
em que não vislumbro como manter, de modo judicioso e a estrito rigor, o sigilo na fase de
negociação”. Após apresentar situações hipotéticas para corroborar seu entendimento, concluiu:
para se “fazer valer a real possibilidade de negociar, desde que em ato público e devidamente
justificado, não vejo, em princípio, reprovabilidade em abrir o sigilo na fase de negociação”. O
Tribunal, então, endossou o entendimento do relator quanto a essa questão. Acórdão 306/2013-
Plenário, TC 039.089/2012-6, relator Ministro Valmir Campelo, 27.2.2013.
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SUMÁRIO
Plenário
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PLENÁRIO
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4. A regra prevista no art. 48, § 3º, da Lei 8.666/1993 não pode ser aplicada a licitantes já
excluídos em outras etapas da licitação, sendo possível sua aplicação ou aos licitantes
desclassificados, ou aos licitantes inabilitados, e não a ambas as hipóteses simultaneamente
Representação de empresa apontou supostas irregularidades no Pregão Presencial
(Internacional) 232/2012, realizado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear e Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), com vistas à aquisição de cela de dispensa e
processamento de radiofármaco. Destaque-se, entre elas, a aplicação indevida do disposto no
art. 48, § 3º, da Lei 8.666/1993, uma vez que não se poderia permitir que licitantes inabilitadas e
desclassificadas reapresentassem novos documentos. Segundo a representante, o dispositivo
legal citado prevê situações alternativas, evidenciadas pela conjunção “ou”. O Relator observou
que, no mencionado Pregão, “em razão da desclassificação de duas propostas e da inabilitação
do único proponente com proposta classificada, decidiu o pregoeiro pela aplicação do referido
dispositivo, de modo que fixou prazo para que todos os licitantes credenciados reapresentassem
propostas ou novos documentos...”. Concluiu que, de fato, houve irregularidade no
procedimento adotado. Ressaltou que “o dispositivo prevê a possibilidade da chamada
‘repescagem’ das propostas ou das habilitações, de modo que sua aplicabilidade está adstrita a
cada uma das duas fases (ou etapas) previstas em uma licitação: ou se aplica na fase de
habilitação, quando todos os licitantes são inabilitados, ou se aplica na fase de classificação
das propostas (julgamento), quando não há proposta classificada”. Valeu-se, então, de
deliberação deste Tribunal (Decisão 85/1998-Plenário) segundo a qual a própria interpretação
sistêmica da Lei 8.666/93 indica a distinção entre as duas fases da licitação, “pois esse diploma
legal em seu art. 41, § 4º, preconiza que: § 4º A inabilitação do licitante importa preclusão do
seu direito de participar das fases subsequentes”. Citou ainda o Acórdão 2.048/2006-Plenário,
no qual restou consignado que,“se um único licitante preencher os requisitos estabelecidos no
edital, não se deve admitir o saneamento dos vícios por parte dos demais. Além disso, a regra
não pode ser aplicada relativamente a licitantes já excluídos em outras fases no curso da
licitação”. Ressaltou que no Pregão há uma inversão de fases, mas que,“ainda assim, há etapas
distintas da licitação (...). E como a aplicação do art. 48, § 3º, da Lei 8.666/1993 ao pregão se
dá de forma subsidiária ... o entendimento adequado acerca da aplicação do dispositivo ao
pregão deve ser mesmo aquele segundo o qual se considera distintamente as etapas do
procedimento”. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, considerou parcialmente
procedente a representação, sem determinar a anulação do certame, “uma vez que o
procedimento adotado não influiu no resultado do pregão”. Em relação à irregularidade
apontada, deu ciência ao Ipen de que a regra prevista no art. 48, § 3º, da Lei 8.6668/1993 não
pode ser aplicada a licitantes já excluídos em outras etapas no curso da licitação, “sendo
possível sua aplicação ou aos licitantes desclassificados, quando houver desclassificação de
todas as propostas, ou aos inabilitados, quando todos os licitantes participantes da fase de
habilitação forem considerados inabilitados, e não a ambas as situações simultaneamente ...”.
Precedentes mencionados: Decisão 085/1998-Plenário e Acórdão 2.048/2006-Plenário. Acórdão
429/2013–Plenário, TC 045.125/2012-0, relator Ministro-Substituto Augusto Sherman
Cavalcanti, 6.3.2013.
5. O disposto no art. 48, § 3º, da Lei 8.666/1993 é de aplicação facultativa e não impede que
a administração, em vez de empregá-lo, repita o certame com abertura de nova sessão
pública para apresentação de propostas por maior número de licitantes
Ainda no âmbito do Pregão Presencial (Internacional) 232/2012, conduzido pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), com vistas
à aquisição de cela de dispensa e processamento de radiofármaco, o relator destacou que, no
caso concreto, “o ideal e recomendável seria a realização de uma nova licitação, para se
permitir a participação de mais concorrentes e viabilizar a competição pela apresentação de
sucessivos lances verbais de forma a reduzir o preço ofertado, já que o pregão em tela resultou
em apenas uma proposta capaz de conduzir o certame à etapa de habilitação”. Acrescentou
que a aplicação do dispositivo é facultativa e deve obedecer ao interesse da administração.
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Ainda a esse respeito, ressaltou que “não haveria impedimentos, de ordem legal, em se repetir o
certame, com abertura de nova sessão pública para apresentação de propostas por um universo
maior de licitantes, que se daria no mesmo prazo de oito dias úteis referido no dispositivo ora
em exame, uma vez que esse também é o prazo mínimo previsto pela Lei 10.520/2002 para a
realização da sessão pública de recebimento das propostas, após a publicação do edital de
licitação”. O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu, sem determinar a
anulação da licitação, dar ciência ao Ipen de que “o disposto no art. 48, § 3º, da Lei 8.666/1993,
por ser de aplicação facultativa, não cria óbices a que a Administração, em vez de empregá-lo,
repita o certame com abertura de nova sessão pública para apresentação de propostas por um
universo maior de licitantes, que se daria no mesmo prazo de oito dias úteis referido no
dispositivo...”. Acórdão 429/2013–Plenário, TC 045.125/2012-0, relator Ministro-Substituto
Augusto Sherman Cavalcanti, 6.3.2013.
SUMÁRIO
Plenário
1. A declaração de inidoneidade para participar de licitação, prevista no art. 46 da Lei 8.443/92,
não pode ser aplicada aos sócios e administradores, nem a futuras empresas constituídas com o
mesmo quadro societário de empresas declaradas inidôneas.
2. A ausência ou precariedade de equipamentos e serviços públicos, que podem ser entendidas
como “urgência controlada”, não caracterizam por si sós a imprevisibilidade e a
excepcionalidade exigidas para a contratação direta fundamentada no inciso IV do art. 24 da Lei
8.666/1993, a qual, ainda, deve se restringir aos itens estritamente necessários ao afastamento de
riscos iminentes à segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos
ou particulares.
3. As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, devem ser previamente
examinadas e aprovadas por assessoria jurídica, em razão do disposto no art. 38, parágrafo
único, da Lei 8.666/1993. Caso o órgão jurídico restitua o processo com exame preliminar, faz-
se necessário o seu retorno, após o saneamento das pendências apontadas, para emissão de
parecer jurídico conclusivo.
4. A falta de implementação do encaminhamento apontado no parecer jurídico de que tratam o
inciso VI e o parágrafo único do art. 38 da Lei nº 8.666/1993 demanda a explicitação, por
escrito, dos motivos que embasam a solução adotada e sujeita o gestor às consequências de tal
ato, caso se confirmem as irregularidades apontadas pelo órgão jurídico.
5. A participação simultânea de empresas com sócios comuns em licitação não afronta a
legislação vigente e somente merece ser considerada irregular quando puder alijar do certame
outros potenciais participantes, como nos casos de: a) convite; b) contratação por dispensa de
licitação; c) existência de relação entre as licitantes e a empresa responsável pela elaboração do
projeto executivo; d) contratação de uma das empresas para fiscalizar serviço prestado por
outra.
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6. A adoção do critério de julgamento de menor preço por lote somente deve ser adotado
quando for demonstrada inviabilidade de promover a adjudicação por item e evidenciadas fortes
razões que demonstrem ser esse o critério que conduzirá a contratações economicamente mais
vantajosas.
PLENÁRIO
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3. As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, devem ser previamente
examinadas e aprovadas por assessoria jurídica, em razão do disposto no art. 38,
parágrafo único, da Lei 8.666/1993. Caso o órgão jurídico restitua o processo com exame
preliminar, faz-se necessário o seu retorno, após o saneamento das pendências apontadas,
para emissão de parecer jurídico conclusivo
Representação apontou supostas irregularidades em processos licitatórios conduzidos pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), notadamente, os relacionados ao
desenvolvimento e fabricação de subsistemas de satélite. O representante relatou alguns casos
nos quais o Inpe teria conduzido seus processos licitatórios e as contratações sem que os autos
dos processos administrativos retornassem ao órgão de consultoria jurídica, escoimados dos
vícios apontados nas análises preliminares, para fins de emissão de parecer conclusivo. Após
análise dos esclarecimentos do Inpe, o relator afastou os indícios de irregularidades apontados
nos documentos jurídicos, mas constatou que, em três situações apontadas, não houve emissão
de parecer jurídico conclusivo sobre as contratações. Em relação ao processo referente à
Concorrência Internacional 661/2010, observou que “não há, sobre este ponto, qualquer
referência a um possível retorno do processo à consultoria para emissão de parecer definitivo,
com base nos esclarecimentos prestados e informações complementares, as quais poderiam ser
prestadas à época ao órgão jurídico”. No que concerne à Concorrência Internacional 125/2010,
considerou que, a despeito dos esclarecimentos prestados ao Tribunal, “faltou, a meu ver, a
prestação de tais informações ao órgão jurídico e o retorno do processo para, com base nessas
informações, realizar novo e conclusivo exame”. No que tange ao processo de contratação
direta 880/2011, registrou que “o prosseguimento da contratação sem que os autos retornassem
aos órgãos de assessoramento, para apreciação conclusiva, não foi objeto de justificativas pelo
Inpe ...”. Ainda sobre essa contratação, acrescentou que “as explanações indicadas pelo Inpe
poderiam ter sido levadas ao conhecimento do órgão jurídico, fazendo-se retornar os autos
para novo pronunciamento, em vez de se dar prosseguimento ao processo de contratação com
ressalvas antes registradas pela consultoria jurídica”. O Tribunal, então, ao acolher proposta
do relator, considerou parcialmente procedente a representação. Em relação à falha apontada,
deu ciência ao Inpe de que “em razão do disposto no art. 38, parágrafo único, da Lei
8.666/1993, as minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, necessitam ser
previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração, de modo que,
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
havendo o órgão jurídico restituído o processo com exame preliminar, torna-se necessário o
retorno desse, após o saneamento das pendências apontadas, para emissão de parecer jurídico
conclusivo, sobre sua aprovação ou rejeição”. Acórdão 521/2013-Plenário, TC 009.570/2012-
8, relator Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, 13.3.2013.
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casos de: “a) convite; b) contratação por dispensa de licitação; c) existência de relação entre
as licitantes e a empresa responsável pela elaboração do projeto executivo; d) contratação de
uma das empresas para fiscalizar serviço prestado por outra”. O relator consignou, porém, que,
nos processos em que tal exigência indevida foi identificada, não houve exclusão de nenhuma
empresa por essa razão, nem foram apontados indícios de conluio ou fraude. Levou em conta,
ainda, a informação fornecida pelo Sesi/DN e Senai/DN de que não mais incluem em seus
editais cláusula com tal conteúdo restritivo, em respeito a deliberação já proferida pelo Tribunal,
por meio da qual ratificou-se medida cautelar que determinara a suspensão de outros certames
conduzidos por tais entidades, em razão de ilegalidade dessa mesma natureza (Acórdão n.
2.341/2011-P). O Tribunal, então, em face de falhas outras identificadas na auditoria decidiu
efetuar recomendações e determinações aos Sesi/DN e Senai/DN, e deixou de expedir
determinação corretiva acerca do quesito acima destacado, tendo em vista a informação de que a
referida vedação não mais tem sido inserida em editais dessas entidades. Precedentes
mencionados: Acórdão 526/2013-Plenário, TC 028.129/2012-1, relator Ministro Marcos
Bemquerer Costa, 13.3.2013.
6. A adoção do critério de julgamento de menor preço por lote somente deve ser adotado
quando for demonstrada inviabilidade de promover a adjudicação por item e evidenciadas
fortes razões que demonstrem ser esse o critério que conduzirá a contratações
economicamente mais vantajosas
Representação contra o Pregão Eletrônico 2/2012 conduzido pela Academia Militar das Agulhas
Negras (Aman) para o registro de preços de materiais permanentes e descartáveis de copa e
cozinha apontou, entre outras, irregularidade no critério de julgamento pelo menor preço por
lote de itens, e não por item isolado. A unidade justificou o critério com base na busca de
padronização de materiais e na facilidade de entrega e recebimento dos produtos. O relator
contraditou argumentando que a garantia da padronização “seria a especificação do produto e
não o fornecimento de dezenas de produtos especificados genericamente por uma empresa que
não os fabrica”, além do que não havia no termo de referência qualquer justificativa para a
definição dos lotes e para a adoção do julgamento segundo o menor preço por lote. Consignou
como agravante o fato de a licitação ser voltada para a obtenção de uma ata de registro de
preços, pois esta não se presta “ao compromisso de pronta aquisição de quantidades
determinadas e, dada as características dos materiais a ser adquiridos, não havendo por parte
da Administração a necessidade ou obrigação de, a cada aquisição, adquirir todos os itens do
lote, não se vislumbra razão para que a adjudicação das propostas não tenha sido realizada de
maneira individual, para cada item de material estipulado no termo de referência”. Ademais,
demonstrou que o parcelamento por lotes, aliado a outras exigências restritivas à
competitividade, ocasionou a adjudicação de itens (contidos em lotes) com preços acima do
valor máximo estimado pela Aman, configurando contratação antieconômica. O Tribunal, ao
seguir o voto do relator, além de multar os responsáveis pelas irregularidades confirmadas,
determinou à Aman “que se abstenha, em licitação para registro de preços, de adotar como
critério de adjudicação o de menor preço global por grupo/lote, concomitantemente com
disputa por itens, sem que estejam demonstradas nos autos as razões pelas quais tal critério,
conjuntamente com os que presidiram a formação dos grupos, é o que conduzirá à contratação
mais vantajosa, comparativamente ao critério usualmente requerido de adjudicação por menor
preço por item, devendo ainda restar demonstrada nos autos a compatibilidade entre essa
modelagem e o sistema de registro de preços quando a Administração não estiver obrigada a
proceder a aquisições por grupo”. Acórdão 529/2013-Plenário, TC 007.251/2012-2, relator
Ministro-Substituto Weder de Oliveira, 13.3.2013.
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Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Primeira Câmara
1. A prestação de serviços de transporte de passageiros que envolva locação de automóveis com
motorista não configura cessão/locação de mão-de-obra, vedada pela Lei Complementar nº
123/2006, e não impede o enquadramento das empresas que o prestam no regime tributário
inerente ao Simples Nacional.
Plenário
2. Compete ao Tribunal assinar prazo para que o ente da Administração adote providências com
o intuito de promover a anulação de ato viciado, identificado em procedimento licitatório. A
produção de ato que se ajuste ao balizamento contido na legislação vigente, entretanto, cabe ao
gestor público.
3. A empresa estatal que explora atividade econômica, de modo a não ficar em desvantagem em
ambiente concorrencial, pode utilizar norma internacional de orçamentação que represente as
práticas de mercado, restringida sua aplicação ao objeto específico de que trata e observados os
princípios constitucionais atinentes à Administração Pública.
4. A Petrobras, ao aplicar a IRP (Internacional Recommended Practice) 18R-97 para elaboração
de estimativas de custos e de aceitabilidade de propostas de preços, não deve utilizar intervalo
fixo para a faixa de precisão, nos limites extremos previstos. Isso porque, nos termos desse
regulamento internacional, o intervalo de precisão é influenciado pelo grau de maturidade do
projeto (característica primária) e pelos riscos sistêmicos (características secundárias), fatores
esses que devem ser levados em conta nessas estimativas.
5. As sanções de suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar
com a Administração, previstas no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/1993, alcançam apenas o
órgão ou a entidade que as aplicaram. A falta de precisão em cláusula de edital de licitação, de
tal modo que deixe de explicitar tal limite, justifica a suspensão cautelar do respectivo certame.
PRIMEIRA CÂMARA
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SUMÁRIO
Primeira Câmara
1. A antecipação de pagamentos só pode ocorrer se tiver sido prevista no edital e no respectivo
contrato e se forem prestadas garantias que assegurem o pleno cumprimento do objeto.
Plenário
2. A exigência, nas aquisições de bens de informática, da certificação emitida por instituições
públicas ou privadas credenciadas pelo Inmetro, prevista no inciso II do art. 3º do Decreto
7.174/2010, é ilegal, visto que estipula novo requisito de habilitação por meio de norma
regulamentar e restringe o caráter competitivo do certame.
3. É ilícita a exigência de registros do licitante, de responsáveis técnicos e de atestados em
conselho de engenharia e agronomia ou em conselho de arquitetura, em licitação que tem por
objeto a produção e instalação de mobiliário, por não se tratar de serviço de engenharia, ainda
que tenha sido assim qualificado em resolução do Conselho Federal de Engenharia e
Arquitetura.
4. A exigência de apresentação da rede credenciada, no fornecimento de vale refeição, deve ser
efetuada no momento da contratação e não na ocasião da apresentação de proposta, de forma a
garantir a adequada prestação dos serviços, sem comprometer a competitividade do certame.
5. A fixação de valores salariais mínimos no ato convocatório, não amparada em justificativas
fundamentadas, afronta o disposto no art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993.
6. A exigência de prévia aprovação, pelo órgão contratante, das empresas a serem
subcontratadas pela vencedora da licitação é ilegal e indevida, visto que não encontra amparo na
legislação e transfere ao contratante, em parte, a responsabilidade pela escolha de empresas
subcontratadas.
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PRIMEIRA CÂMARA
PLENÁRIO
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serviços relacionados na forma estabelecida nesta lei, só poderão iniciar suas atividades depois
de promoverem o competente registro nos Conselhos Regionais, bem como o dos profissionais
do seu quadro técnico. (...) Art. 60. Toda e qualquer firma ou organização que, embora não
enquadrada no artigo anterior tenha alguma seção ligada ao exercício profissional da
engenharia, arquitetura e agronomia, na forma estabelecida nesta lei, é obrigada a requerer o
seu registro e a anotação dos profissionais, legalmente habilitados, delas encarregados.” A
unidade técnica, no entanto, ponderou que o referido dispositivo da resolução do CONFEA
“claramente exorbita o poder regulamentar conferido àquela entidade, ao estabelecer
obrigações sem amparo legal”. Acrescentou que “Carpinteiros e marceneiros não exercem
atividades de engenharia, arquitetura e agronomia, logo não podem ser registrados no
conselho criado por lei para fiscalizar o exercício dessas profissões”. Não há, por isso,
“necessidade ou cabimento mobilizar um arquiteto ou engenheiro para acompanhar, ou se
responsabilizar tecnicamente, pela fabricação de móveis de escritório.” E mais: “... as firmas,
empresas e indústrias que exploram a atividade de marcenaria e carpintaria não se sujeitam
a registro no órgão de classe indigitado, que regula outras atividades ...”. Quanto à alegação
do reitor de que não poderia desprezar a citada norma regimental, observou que o gestor não
deve se submeter a regramento que “ofenda norma hierarquicamente superior, pois assim
agredirá o princípio da legalidade, descumprindo, outrossim, a própria Constituição”. Anotou,
ainda, que a presunção de legitimidade não é absoluta, “devendo ser ultrapassada quando uma
determinada linha interpretativa decorrente de sua observância conduz a situações absurdas,
como a de exigir a atuação de engenheiros em trabalhos de marcenaria”. O relator endossou
os fundamentos e a sugestão de encaminhamento apresentados pela unidade técnica. O Tribunal,
então, ao acolher a proposta do relator, determinou à UFES a adoção de providências
necessárias à anulação do Pregão Eletrônico nº 204/2012. Acórdão 681/2013-Plenário, TC
045.072/2012-4, relator Ministro José Jorge, 27.3.2013.
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SUMÁRIO
Plenário
1. O comando contido no art. 64, § 2º, da Lei 8.666/1993, pode ser utilizado, por analogia, para
fundamentar a contratação de licitante remanescente, observada a ordem de classificação,
quando a empresa vencedora do certame assinar o contrato e, antes de iniciar os serviços,
desistir do ajuste, desde que o novo contrato possua igual prazo e contenha as mesmas
condições propostas pelo primeiro classificado.
2. A rescisão amigável do contrato sem a devida comprovação de conveniência para a
Administração e de que não restaram configurados os motivos para a rescisão unilateral do
ajuste constitui irregularidade, por afronta ao disposto no art. 79, inciso II, da Lei 8.666/1993.
3. Vícios em obras públicas, como os resultantes da utilização de materiais que não atendem a
especificações técnicas ou que sofreram danos na instalação, podem ser sanados por meio de
utilização da garantia estabelecida no art. 618 do Código Civil.
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PLENÁRIO
1. O comando contido no art. 64, § 2º, da Lei 8.666/1993, pode ser utilizado, por analogia,
para fundamentar a contratação de licitante remanescente, observada a ordem de
classificação, quando a empresa vencedora do certame assinar o contrato e, antes de
iniciar os serviços, desistir do ajuste, desde que o novo contrato possua igual prazo e
contenha as mesmas condições propostas pelo primeiro classificado
Auditoria realizada nas obras de construção de trechos rodoviários na BR-156/AP apontou
suposta irregularidade consistente na contratação, por dispensa de licitação, da segunda
colocada da Concorrência Pública 6/2010-CEL-SETRAP (empresa CR Almeida S/A) para a
execução das obras, em afronta aos comandos dos arts. 3º, e 24, inciso XI, e 64, § 2º, da Lei
8.666/1993 e o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal. A empresa Egesa Engenharia S/A
sagrou-se vencedora do aludido certame e assinou o Contrato 45/2010 para a execução da obra.
Entretanto, o referido contrato foi rescindido amigavelmente sem a realização de nenhum
serviço, o que motivou a celebração de nova avença (Contrato 22/2011) com a segunda
colocada. Realizou-se, então, audiência do responsável acerca dessa ocorrência. O relator, ao
avaliar as razões de justificativas apresentadas, anotou que “o aproveitamento de uma licitação
com a convocação de licitante que não se sagrou vendedor do certame tem como razão
fundamental os princípios da supremacia do interesse público e da eficiência, estando previsto
em duas hipóteses na Lei 8.666, de 21/6/1993: Art. 24, inciso XI - na contratação de
remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde
que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições
oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; Art. 64 §
2º - É facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não
aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos, convocar os
licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas
condições propostas pelo primeiro classificado”. Em relação aos dispositivos legais
mencionados, destacou que “as hipóteses abarcam as situações em que a execução contratual
foi iniciada, porém interrompida em consequência de rescisão contratual (art. 24, inciso XI); e
em que sequer houve a assinatura ou retirada do termo de contrato ou instrumento
equivalente...”. Reconheceu que a situação apresentada no caso concreto, em que “houve a
assinatura do contrato com a licitante vencedora e esta, posteriormente, desistiu de executar a
avença, tendo anuído a rescisão do ajuste anteriormente firmado ...”, não foi contemplada na
disciplina legal. Ponderou, contudo, que “a ausência de expressa previsão legal ... não pode ser
interpretada como um caso de manifesta vedação legal ... mas de uma típica hipótese de lacuna
normativa decorrente da impossibilidade fática de o legislador prever antecipadamente todas
as situações de fato passíveis de sofrerem o influxo do Direito”. Mencionou que, nesse caso,
deve-se valer de um dos meios de integração da ordem jurídica. Ao considerar presentes “os
mesmos princípios inspiradores dos arts. 24, inciso XI e 64, § 2º da Lei 8.666/1993 ...”, julgou
pertinente, por meio de analogia, “o uso da mesma solução jurídica enfeixada por essas
normas, para o fim de permitir a contratação das demais licitantes, segundo a ordem de
classificação e mantendo as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, também na
hipótese em que este houver assinado o contrato e desistido de executá-lo, mesmo sem ter
executado qualquer serviço”
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- grifos do relator. Observou que “as diferenças circunstanciais entre as situações fáticas
previstas na lei e a observada nos presentes autos não são juridicamente relevantes para
merecer um tratamento jurídico distinto”. Ao final, reputou “correto o enquadramento do
Contrato 22/2011-SETRAP no art. 64, § 2º da Lei 8.666/1993, não havendo, quanto a esse
ponto, nenhum óbice à celebração do referido ajuste”. O Tribunal, então, decidiu acolher as
justificativas do responsável e declarar esclarecida essa questão. Acórdão 740/2013-Plenário,
TC 016.087/2012-7, relator Ministro Benjamin Zymler, 3.4.2013.
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ponto; e ‘Produção de Programa’, de 0 a 3 pontos. Observou a equipe, porém, que o edital não
fixou a gradação de pontos que permitisse identificar os motivos que levariam dada licitante a
obter, por exemplo, no quesito ‘Experiência’, a pontuação 0, 1, 2 ou 3. Não foram estabelecidas,
no edital, regras “para o aumento ou diminuição gradual da pontuação”. Ressaltou a relevância
de tal omissão, em face especialmente da possibilidade de desclassificação da proposta, por
insuficiência técnica, se a licitante obtivesse nota inferior a 0,5 ponto em qualquer dos quesitos.
E concluiu: a fixação deficiente de regras nos editais desses certames, dada a ausência de
critérios para a gradação das notas das propostas técnicas, conferiu "elevada carga de
subjetividade aos avaliadores, colocando em risco a lisura do procedimento e possibilitando
eventual direcionamento na contratação e a não seleção da proposta mais vantajosa”.
Contrariou, também, “o princípio da isonomia, insculpido no art. 5º, caput, da Constituição
Federal/88 e os princípios da igualdade e do julgamento objetivo, mencionados no art. 2º do
Regulamento Senac 845/2006”. O relator endossou a análise empreendida pela unidade técnica.
O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu determinar ao Sesc e ao Senac que:
“estabeleçam critérios específicos para a gradação das notas técnicas em certames do tipo
técnica e preço, de forma a evitar a ocorrência de subjetividade no julgamento das propostas,
eis que tal circunstância atenta contra o princípio da isonomia e da igualdade”. Acórdão
769/2013-Plenário, TC 032.966/2012-1, relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer
Costa, 3.4.2013.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
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SUMÁRIO
Plenário
1. A sanção de suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar
com a Administração, prevista no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/1993, alcança apenas o órgão
ou a entidade que a aplicou.
2. As exigências de que a placa mãe, a BIOS e o software de gerenciamento sejam do mesmo
fabricante do equipamento a ser adquirido, bem como a exigência das certificações (FCC, UL
60950-1, IEC 60950-1 e CE), como requisitos de habilitação, afrontam o disposto no art. 3º, §
1º, inciso I, da Lei 8.666/1993.
3. A falta de estimativa prévia, no edital, das quantidades a serem adquiridas por não
participante impede a adesão desses entes a atas de registro de preços conformadas após o início
da vigência do novo Decreto 7.892/2013. As atas constituídas antes da vigência do mencionado
normativo (sob a égide do antigo Decreto 3.931/2001) somente podem ser utilizadas pelo órgão
gerenciador e pelos órgãos participantes, não sendo cabível a adesão por parte de órgãos não
participantes.
4. É indevida a exigência de demonstração de parceria entre o licitante e o fabricante de sistema
operacional em procedimentos visando a contratação de serviços de tecnologia da informação.
5. É lícito o agrupamentos em lotes de itens a serem adquiridos por meio de pregão, desde que
possuam mesma natureza e que guardem relação entre si.
6. A deflagração de procedimentos licitatórios exige estimativa de preços que pode ser realizada
a partir de consultas a fontes variadas, como fornecedores, licitações similares, atas de registros
de preço, contratações realizadas por entes privados em condições semelhantes, entre outras. No
entanto, os valores obtidos por meio dessas consultas que sejam incapazes de refletir a realidade
de mercado devem ser desprezados.
PLENÁRIO
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recorreu ao Acórdão 213/2013 – Plenário, de sua relatoria, que tratou de representação similar
ao caso concreto, na qual se questionou a exigência de que “a BIOS deve ser produzida pelo
mesmo fabricante do equipamento ou desenvolvida/customizada especificamente para o projeto
do equipamento ofertado (...)”. Naquela ocasião, a despeito de considerar a exigência restritiva,
ponderou que a anulação do certame traria prejuízo maior, motivo pelo qual propôs
determinação para que o órgão se abstivesse de autorizar adesões à ata de registro de preços. Ao
se reportar ao caso em apreciação, ressaltou que o valor obtido no certame foi cerca de 20%
inferior ao valor estimado. Ponderou ainda que não houve manifestação de intenção de recorrer
por empresas que apresentaram proposta. O Tribunal então, ao acolher a proposta do relator,
decidiu, também por esses motivos: a) permitir o seguimento do certame que se encontrava
cautelarmente suspenso e autorizar a FUFMA a constituir ata de registro de preços, efetivando
as contratações que julgar necessárias; b) determinar à FUFMA que não autorize adesões à
referida ata de registro de preços. Precedente mencionado: Acórdão 213/2013-Plenário.
Acórdão 855/2013-Plenário, TC 044.700/2012-1, relator Ministro José Jorge, 10.4.2013.
3. A falta de estimativa prévia, no edital, das quantidades a serem adquiridas por não
participante impede a adesão desses entes a atas de registro de preços conformadas após o
início da vigência do novo Decreto 7.892/2013. As atas constituídas antes da vigência do
mencionado normativo (sob a égide do antigo Decreto 3.931/2001) somente podem ser
utilizadas pelo órgão gerenciador e pelos órgãos participantes, não sendo cabível a adesão
por parte de órgãos não participantes
Ainda no âmbito do Pregão Eletrônico 103/2012, promovido pela Fundação Universidade
Federal do Maranhão (FUFMA) para a aquisição, mediante registro de preços, de material de
informática, o relator invocou fundamento adicional para embasar a vedação de adesões, por
não participantes, à ata de registro de preços que resultará dessa licitação. Recorreu então a
ponderações já efetuadas no voto condutor do Acórdão 213/2013 – Plenário, também de sua
relatoria, no sentido de que é vedada a adesão de caronas a atas de registro de preços
conformadas após o início da vigência do novo Decreto 7.892/2013 (como no caso concreto sob
exame), quando não houver estimativa prévia, no edital, das quantidades a serem adquiridas por
esses não participantes. Transcreveu então trecho do referido voto: “a sobredita vedação de
adesão à ata por parte dos chamados ‘caronas’ (órgãos não participantes) estaria implícita por
força do art. 9º, III, c/c o art. 22, § 4º, ambos do novel Decreto nº 7.892/2013, que regulamenta
o Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666/93, senão vejamos: ‘Art. 9º
O edital de licitação para registro de preços observará o disposto nas Leis nº 8.666, de 1993, e
nº 10.520, de 2002, e contemplará, no mínimo: (...) III – estimativa de quantidades a serem
adquiridas por órgãos não participantes, observado o disposto no § 4º do art. 22, no caso de o
órgão gerenciador admitir adesões. Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem, a
ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá ser utilizada por qualquer órgão ou
entidade da administração pública federal que não tenha participado do certame licitatório,
mediante anuência do órgão gerenciador. § 4º O instrumento convocatório deverá prever que
o quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de preços não poderá exceder, na
totalidade, ao quíntuplo do quantitativo de cada item registrado na ata de registro de preços
para o órgão gerenciador e órgãos participantes, independente do número de órgãos não
participantes que aderirem.” Anotou ainda que, mesmo que a ata já tivesse sido constituída
quando da entrada em vigor do Decreto nº 7.892/2013, “a sua utilização por parte dos ‘órgãos
não participantes’ - haja vista a não fixação, no edital, do quantitativo decorrente das adesões -
estaria implicitamente vedada pelo art. 24 da referida norma regulamentadora, o qual somente
resguarda o direito do gerenciador e dos eventuais participantes de utilizarem as atas
constituídas na vigência do antigo Decreto nº 3.931/2001...” – grifou-se. O Tribunal, ao acolher
proposta do relator, decidiu, como já havia sido explicitado no tópico anterior deste informativo,
determinar à FUFMA que não autorize adesões à referida ata de registro de preços. Acórdão
855/2013-Plenário, TC 044.700/2012-1, relator Ministro José Jorge, 10.4.2013.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
5. É lícito o agrupamentos em lotes de itens a serem adquiridos por meio de pregão, desde
que possuam mesma natureza e que guardem relação entre si
Representação efetuada por empresa, com pedido de medida cautelar, apontou supostas
irregularidades na condução do Pregão Eletrônico 01/2013, que tem por objeto a aquisição de
mobiliário para as unidades da Advocacia-Geral da União no Rio de Janeiro. Entre os quesitos
do edital impugnados, destaque-se o que estabeleceu o agrupamento dos itens de mobiliários
(estações de trabalho, mesas diversas, gaveteiros, armários variados e estantes) em lotes.
Argumentou a autora da representação que a licitação por lote, em que os componentes sejam
“elementos díspares entre si”, afrontaria o disposto no art. 3°, caput e § 1°, da Lei 8.666/1993,
c.c. art. 5°, caput e parágrafo único, do Decreto 5.450/2005, assim como a orientação contida na
Súmula 247 TCU, na medida em que impediria um maior número de empresas de participar do
certame, pois muitas delas seriam capazes de ofertar apenas alguns itens e não outros. A
relatora, no entanto, ao endossar o exame empreendido pela unidade técnica a respeito dessa
questão, considerou pertinente a justificativa de que tal medida visou à “padronização do design
e do acabamento dos diversos móveis que comporão os ambientes da AGU” e objetivou
“garantir um mínimo de estética e identidade visual apropriada, por lote e localidade, já que os
itens fazem parte de um conjunto que deverá ser harmônico entre si”. E de que se buscou evitar
o aumento do número de fornecedores, com o intuito de “preservar o máximo possível a rotina
das unidades, que são afetadas por eventuais descompassos no fornecimento dos produtos por
diferentes fornecedores”. Acrescentou que “lidar com um único fornecedor diminui o custo
administrativo de gerenciamento de todo o processo de contratação: fornecimento, vida útil do
móvel e garantias dos produtos”. E mais: “O aumento da eficiência administrativa do setor
público passa pela otimização do gerenciamento de seus contratos de fornecimento. Essa
eficiência administrativa também é de estatura constitucional e deve ser buscada pela
administração pública”. Mencionou ainda decisão do Tribunal que forneceu orientação que se
ajustaria às especificidades do caso sob exame, no sentido de que “inexiste ilegalidade na
realização de pregão com previsão de adjudicação por lotes, e não por itens, desde que os lotes
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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sejam integrados por itens de uma mesma natureza e que guardem relação entre si” - Acórdão
5.260/2011-1ª Câmara. Acrescentou que houve efetiva competição no certame, que contou com
a participação de quinze empresas. O Tribunal, então, por não identificar razões para a
suspensão do certame, julgou improcedente a representação.Precedente mencionado: Acórdão
5.260/2011-1ª Câmara. Acórdão 861/2013-Plenário, TC 006.719/2013-9, relatora Ministra
Ana Arraes, 10.4.2013.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. É indevida a exigência de que atestados de qualificação técnica sejam acompanhados de
cópias das respectivas notas fiscais, visto não estarem estes últimos documentos entre os
relacionados no rol exaustivo do art. 30 da Lei 8.666/1993.
2. Ultrapassada a fase de habilitação, não é mais cabível a desclassificação de licitante por
motivo relacionado à habilitação, salvo em razão de fato superveniente ou só conhecido após o
julgamento.
3. A inserção, em mesmo lote, de itens usualmente produzidos por empresas de ramos distintos
restringe o caráter competitivo da licitação.
4. É obrigatória a fundamentação, com base em estudos e levantamentos específicos, para
definição dos valores de índices de qualificação econômico-financeira de licitante.
5. Os requisitos definidos para a conformação de rede credenciada devem compatibilizar o
caráter competitivo do certame com a satisfação das necessidades da entidade, de tal modo a
garantir o conforto e liberdade de escolha dos usuários.
PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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índices de liquidez geral, solvência geral e liquidez corrente superiores a 1,0, sequer prevendo
exigência de grau de endividamento”. Observou ainda que “O fato de a lei não fixar o limite do
índice a ser adotado não afasta a responsabilidade do gestor por sua definição, que não pode
ser aleatória, nem depender de simples ‘palpite’ do administrador público”. E arrematou: “Este
Tribunal já enfrentou essa questão e deliberou no sentido da obrigatoriedade de
fundamentação em estudos/levantamentos específicos que demonstre a necessidade e
adequação da adoção desses índices, principalmente, quando os adotados não sejam os usuais,
como no caso ora examinado (acórdãos do Plenário 2.495/2010, 170/2007 e 291/2007)”. O
Tribunal, então, ao acolher proposta da relatora e levar em conta o fato de ter havido efetiva
restrição ao caráter competitivo do certame, decidiu: a) considerar procedente a representação;
b) aplicar multa do art. 58 da Lei nº 8.443/1992 aos responsáveis. Acórdão 932/2013-Plenário,
TC 019.620/2012-8, relatora Ministra Ana Arraes, 17.4.2013.
SUMÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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Primeira Câmara
1. Eventuais vantagens auferidas pela contratada decorrentes da subcontratação de cooperativa
de trabalho, apesar de a avença prever pessoal sob o regime de CLT, não representam prejuízo
para a Administração, pois, se não houver expressa disposição acordada em contrário, dizem
respeito exclusivamente à gestão de custos da empresa contratada e ao relacionamento desta
com terceiros.
Segunda Câmara
2. A aceitação excepcional de preços irrisórios ou nulos, prevista no § 3º do art. 44 da Lei
8.666/1993 (no caso de fornecimento de materiais e instalações de propriedade do próprio
licitante), depende da apresentação por parte da licitante de justificativas que evidenciem, de
forma contundente, a possibilidade de execução de sua oferta.
Plenário
3. A participação de empresa cujo sócio tenha vínculo de parentesco com servidor da entidade
licitante afronta, por interpretação analógica, o disposto no art. 9º, inciso III, da Lei 8.666/1993.
A alteração do contrato social no curso do certame não descaracteriza a irregularidade e
constitui indício de simulação e fraude à licitação.
4. A sanção prevista no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/1993 (suspensão temporária de
participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração) tem aplicação
restrita ao órgão ou entidade que a cominou.
PRIMEIRA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
que o contratado observe as normas aplicáveis à atividade por ele exercida e que lhe entregue,
tal como especificado, o objeto do contrato. Se, no caso presente, esses requisitos foram
satisfeitos – e não há, nos autos, elementos que indiquem o contrário –, então a decisão de
subcontratar uma cooperativa para a execução dos serviços previstos no Contrato DT-TUC
004/75 representou uma questão interna do consórcio contratado, alusiva à sua maneira
particular de gerir o negócio e de compor e administrar seus custos”. Ademais, ressaltou
questão essencial para o deslinde do caso concreto: “a inexistência de fundamento jurídico para
reter a diferença apurada, diante da ausência de expressa previsão contratual. Em nome do
princípio da segurança jurídica, ao particular é assegurado conhecer as ‘regras do jogo’, antes
de seu início, para que, em um ambiente de estabilidade, possa estimar as consequências de
seus atos; e daí firmar os termos de seus contratos, com exata ciência dos riscos associados à
oferta do preço”. Os Embargos foram acolhidos, com efeito infringente sobre ao acórdão
recorrido. Acórdão 2420/2013-Primeira Câmara, TC 008.748/2000-9, relator Ministro Valmir
Campelo, 23.4.2013.
SEGUNDA CÂMARA
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PLENÁRIO
700
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
4. A sanção prevista no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/1993 (suspensão temporária de
participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração) tem aplicação
restrita ao órgão ou entidade que a cominou.
Agravo interposto pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) contra
decisão cautelar que determinara a correção do edital do Pregão Eletrônico
122/ADCO/SRCO/2012 de modo a ajustá-lo ao disposto no art. 87, inciso III, da Lei
8.666/1993, ou seja, para que a penalidade ali prevista alcance apenas as empresas suspensas
por aquela estatal, consoante o entendimento do Acórdão 3.243/2012-Plenário. Argumentou a
recorrente que: (i) a jurisprudência do TCU não estaria pacificada nos termos da citada decisão;
(ii) diante da dúvida objetiva, seria tecnicamente impróprio falar-se em fummus boni iuris; (iii)
a aplicação retroativa do novel entendimento atentaria contra o princípio da segurança jurídica
consubstanciado no art. 2º, caput, da Lei 9.784/1999. O relator refutou todos os argumentos,
esclarecendo que “o Tribunal pacificou a sua jurisprudência em considerar que a sanção
prevista no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/1993, que impõe a ‘suspensão temporária para
participar em licitação e impedimento para contratar com a Administração, por prazo não
superior a 2 (dois) anos’, tem aplicação restrita ao órgão ou entidade que a aplicou” e
restabeleceu “o entendimento já consolidado na sua jurisprudência, no sentido de fazer a
distinção nítida entre as sanções previstas nos aludidos incisos III e IV do art. 87 da Lei
8.666/1993, conforme Acórdão 3.243/2012 – TCU – Plenário”. Quanto à suposta aplicação
retroativa, o relator contra-argumentou que, além de o acórdão em questão não ter criado novo
entendimento, mas restabelecido a jurisprudência antes consolidada, “a Infraero teve
oportunidade de corrigir o instrumento convocatório logo após tomar conhecimento da edição
da mencionada deliberação e, também, ao receber a impugnação apresentada ... , o que,
entretanto, preferiu não fazer, mesmo após ter sido comunicada da Cautelar concedida no
mesmo sentido pelo Tribunal”. “Em segundo lugar, as jurisprudências deste Tribunal e do
Supremo Tribunal Federal são firmes no sentido de que o disposto na Lei 9.784/1999 não se
aplica aos processos de controle externo apreciados por esta Corte de Contas.” O Plenário
acompanhou o relator e negou provimento ao Agravo. Acórdão 1017/2013-Plenário, TC
046.782/2012-5, relator Ministro Aroldo Cedraz, 24.4.2013.
SUMÁRIO
Segunda Câmara
701
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
702
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
2. O conceito de singularidade de que trata o art. 25, inciso II, da Lei 8.666/1993 não está
vinculado à ideia de unicidade, mas de complexidade e especificidade. Dessa forma, a
natureza singular não deve ser compreendida como ausência de pluralidade de sujeitos em
condições de executar o objeto, mas sim como uma situação diferenciada e sofisticada a
exigir acentuado nível de segurança e cuidado.
Auditoria na Petrobras Transportes S.A. – Transpetro apontou possível irregularidade em
contratações diretas por inexigibilidade de escritório de advocacia, no âmbito do Programa de
Modernização e Expansão da Frota da Transpetro – Promef. Os objetos dos contratos foram a
elaboração de minutas de edital de pré-qualificação, de convite e de contratos para a aquisição
de embarcações, e o acompanhamento de demanda consultiva e contenciosa relativa ao edital de
pré-qualificação e ao procedimento licitatório. Ao discordar da unidade técnica quanto à
existência de irregularidade, o relator ponderou que “o ineditismo e a complexidade dos
aspectos que envolvem o Promef mostram-se suficientes para justificar a contratação direta ...
no âmbito da estrutura técnico-jurídica criada para lidar com a implementação do projeto”,
além do que “com as aquisições, realizadas mediante a construção de navios pelas empresas
nacionais consorciadas com as estrangeiras, será possível a obtenção, pelas referidas empresas
brasileiras, de um nível de competitividade aferido por meio de curva de aprendizado
previamente estipulada consoante padrões de excelência internacional”. Diante do contexto em
exame, o relator considerou tratar-se “de exemplo típico de inexigibilidade de licitação”, por
restar justificada a natureza singular das atividades a serem realizadas pelo escritório contratado.
“Primeiramente, porque o conceito de singularidade não está vinculado à ideia de unicidade.
Para fins de subsunção ao art. 25, inciso II, da Lei 8.666/93, entendo não existir um serviço que
possa ser prestado apenas e exclusivamente por uma única pessoa. A existência de um único
sujeito em condições de ser contratado conduziria à inviabilidade de competição em relação a
qualquer serviço e não apenas em relação àqueles considerados técnicos profissionais
especializados, o que tornaria letra morta o dispositivo legal.” “Em segundo lugar, porque
singularidade, a meu ver, significa complexidade e especificidade. Dessa forma, a natureza
singular não deve ser compreendida como ausência de pluralidade de sujeitos em condições de
executar o objeto, mas sim como uma situação diferenciada e sofisticada a exigir acentuado
nível de segurança e cuidado.” Seguindo o voto do relator, as justificativas dos responsáveis
foram acatadas pelo Plenário. Acórdão 1074/2013-Plenário, TC 024.405/2007-1, relator
Ministro Benjamin Zymler, 8.5.2013.
3. A desclassificação de proposta por inexequibilidade deve ocorrer a partir de critérios
previamente estabelecidos e estar devidamente motivada no processo, franqueada ao
licitante a oportunidade de demonstrar a exequibilidade da proposta e a sua capacidade
de bem executar os serviços, nos termos e nas condições exigidos pelo instrumento
convocatório, antes de a Administração exarar sua decisão.
Representação contra o Convite Eletrônico 1225072.12.8 da Petrobras alegou ocorrência de
possíveis irregularidades relacionadas ao cerceamento de defesa quanto à declaração de
inexequibilidade da proposta da representante. O objetivo do certame é contratar empresa de
auditoria externa e interna em serviços de saúde. A unidade técnica considerou haver indícios
suficientes para se concluir pela inexequibilidade da proposta, apesar de a Petrobras não ter
motivado objetivamente a desclassificação. A estatal alegou “que o sigilo da estimativa de
preços se baseia no risco envolvido na divulgação destas informações para o mercado, no
sentido de que as empresas contratadas passariam a ter acesso a dados sigilosos sobre como a
Companhia desenvolve as suas estimativas, o que inibiria o caráter competitivo de futuras
licitações”. Ao analisar o caso, o relator, amparado na jurisprudência do Tribunal, destacou: “A
703
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
704
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. A estimativa de custo do objeto do pregão pode constar apenas nos autos do procedimento da
licitação, devendo o respectivo edital, nesse caso, ter de informar aos interessados os meios para
obtê-la.
2. Nas contratações diretas não há que se falar em direcionamento ilícito, pois a escolha do
contratado é opção discricionária do gestor, desde que satisfeitos os requisitos estabelecidos no
art. 26 da Lei 8.666/1993: justificativa do preço, razão da escolha do contratado e, se for o caso,
caracterização da situação emergencial.
3. A atualidade do projeto básico é, antes de qualquer exigência legal, uma questão de lógica,
porque a Administração tem o dever de assegurar aos participantes da licitação que o objeto
almejado está definido em parâmetros e elementos que traduzem fielmente sua adequação e
composição, de modo a se evitar a apresentação de propostas com base em realidade que não
mais existe e a necessidade de termos aditivos que acabam por descaracterizar o objeto licitado.
4. É indevida a desclassificação de licitantes em razão da ausência de informações na proposta
que possam ser supridas pela diligência prevista no art. 43, § 3º, da Lei de Licitações.
Inovação Legislativa
Decreto 8.002, de 14.5.2013.
PLENÁRIO
705
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
706
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
em realidade que não mais existe e a necessidade de termos aditivos que acabam por
descaracterizar o objeto licitado.
Pedidos de Reexame interpostos por ex-dirigentes do Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transporte (Dnit) contra o Acórdão 645/2012-Plenário requereram a insubsistência das
multas aplicadas aos recorrentes. A principal irregularidade constatada no julgado combatido
fora a realização da licitação (Edital 105/2006) das obras de duplicação da BR-101/RJ e do
acesso ao Porto de Sepetiba com projeto básico desatualizado. Alegaram os responsáveis, em
síntese, que: (i) a finalidade pública fora atendida, com a conclusão da obra e sua
disponibilização aos usuários; (ii) o projeto básico contivera os elementos necessários para
caracterizar a obra e deflagrar a licitação: (iii) a Lei 8.666/1993 permite que o projeto básico
seja posteriormente adequado e detalhado por meio do projeto executivo; (iv) a exigência de
projeto básico detalhado como condição para se licitar não significa a imutabilidade do contrato;
(v) as demandas supervenientes foram licitadas em processos distintos; (vi) não há na Lei de
Licitações nem em normativos do TCU exigência de que apenas se licite com projeto básico
atualizado. A relatora rebateu ao afirmar que “a atualidade do projeto básico é, antes de
qualquer exigência legal, uma questão de lógica, porque, se a entidade se propõe a realizar
determinado procedimento licitatório, tem dever de assegurar aos participantes que o que se
busca está balizado em parâmetros e elementos que traduzem fielmente o objeto almejado, na
sua adequação, composição e atualidade. Caso contrário, induz os participantes a erro na
apresentação da proposta baseada em realidade que não mais existe, o que acarreta, como
ocorreu nestes autos, a celebração de uma série de termos aditivos, que descaracterizaram
totalmente o objeto licitado, uma vez que foram feitas alterações substanciais em serviços
necessários à execução da obra”. Além de se amparar na jurisprudência consolidada do
Tribunal, inclusive na Súmula TCU 261, a relatora acrescentou: “não merece prosperar a
tentativa de defender que alterações posteriores do contrato tiveram respaldo no art. 65 da Lei
8.666/1993, posto que aquele normativo legal regula alterações que possam vir a ocorrer na
execução do contrato em razão de certas circunstâncias que devem ser justificadas. Não é o
caso que agora se examina, eis que, desde a contratação do projeto básico, já se sabia de sua
defasagem e de sua incompatibilidade com o objeto a ser licitado”. O Tribunal negou
provimento aos recursos. Acórdão 1169/2013-Plenário, TC 007.286/2008-3, relatora Ministra
Ana Arraes, 15.5.2013.
4. É indevida a desclassificação de licitantes em razão da ausência de informações na
proposta que possam ser supridas pela diligência prevista no art. 43, § 3º, da Lei de
Licitações.
Representação contra o Pregão Eletrônico 4/2012 realizado pela Diretoria do Pessoal Civil da
Marinha (DPCvM) para registro de preços de equipamentos de microfilmagem apontou, entre
outras irregularidades, a "ausência de apresentação, pela vencedora do certame, da descrição
completa do objeto ofertado, ante a omissão do modelo do equipamento". Segundo a
representante, "com a omissão do modelo ..., a equipe técnica da DPCvM não teria condições
de saber se o equipamento ofertado preenchia os requisitos e exigências mínimas do termo de
referência do Pregão 4/2012". Argumentou ainda que a diligência prevista no art. 43, § 3º, da
Lei 8.666/1993 não se mostra cabível em algumas situações, "...ante o elevado número de
informações faltantes nas propostas ..., comprometendo a análise acerca do produto ofertado e
do atendimento às condições exigidas no edital". A relatora, ao endossar as conclusões da
unidade técnica, destacou que os documentos acostados aos autos "comprovaram que o
equipamento entregue pela empresa Scansystem Ltda. atendeu as especificações técnicas
previstas no termo de referência ...". Acrescentou que "não há qualquer ilegalidade na
diligência realizada pela pregoeira para esclarecer o modelo de equipamento ofertado pela
Scansystem Ltda. Por um lado, porque a licitante apresentou sua proposta com as informações
requeridas no edital ..., e, por outro, porque o ato da pregoeira objetivou complementar a
instrução do processo, e não coletar informação que ali deveria constar originalmente".
Mencionou que a jurisprudência deste Tribunal é clara em condenar a desclassificação de
licitantes em virtude da ausência de informações que possam ser supridas pela diligência
prevista no art. 43, § 3º, da Lei de Licitações. Concluiu, por fim, que não houve prejuízo à
707
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Decreto 8.002/2013, de 14.5.2013: altera o Decreto nº 7.709, de 3 de abril de 2012, e o Decreto
nº 7.840, de 12 de novembro de 2012, para dispor sobre margens de preferência na aquisição de
pás carregadoras, tratores de lagarta e produtos afins, para fins do disposto no art. 3º da Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993.
SUMÁRIO
Plenário
1. Os percentuais dos componentes de BDI definidos pelo Acórdão 325/2007-Plenário não
podem ser aplicados de forma generalizada ou mesmo linear para todas as obras públicas, em
face das nuanças que diferenciam uma obra de outra.
2. A ausência de complexidade do objeto a ser licitado, por si só, não afasta o cabimento da
pré-qualificação de licitantes, prevista no art. 114 da Lei 8.666/1993. É admitida a realização da
pré-qualificação em razão de peculiaridades do objeto que justifiquem a opção do gestor pela
sua adoção.
3. A transferência parcial de patrimônio e profissionais decorrente de reestruturação societária
de empresas pode implicar a transferência efetiva de qualificação técnica e operacional entre
elas, sendo admissível, se confirmada essa hipótese, a utilização pelas empresas incorporadoras,
para fins de habilitação em licitações públicas, de atestados de qualificação técnica de
titularidade das incorporadas, atinentes ao acervo técnico transferido.
4. A parcela do capital social integralizada com precatórios, cuja execução está suspensa por
decisão judicial, não serve à comprovação de qualificação econômico-financeira em licitação
(capital mínimo), porquanto incerta a sua liquidez e o recebimento dos seus valores.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
2. A ausência de complexidade do objeto a ser licitado, por si só, não afasta o cabimento da
pré-qualificação de licitantes, prevista no art. 114 da Lei 8.666/1993. É admitida a
realização da pré-qualificação em razão de peculiaridades do objeto que justifiquem a
opção do gestor pela sua adoção.
Representação apontou possíveis irregularidades no Edital de Pré-qualificação 1/2012,
promovido pela Prefeitura Municipal de Osasco (SP), destinado à pré-qualificação de empresas
ou consórcios de empresas para a futura licitação e subsequente contratação das obras de
urbanização do Jardim Rochdale. Destaque-se, entre as supostas irregularidades, "a opção pela
fase de pré-qualificação para a contratação pretendida, quando tal procedimento somente pode
ser adotado caso o objeto licitado recomendar uma análise mais detida da capacidade técnica
dos potenciais interessados ...". O Relator anotou que "o art. 114 da Lei nº 8.666/1993 admite a
pré-qualificação de licitantes em concorrências cujo objeto a ser licitado recomende a análise
mais detida da qualificação técnica dos interessados. É um procedimento que se insere na
esfera discricionária do Administrador". Destacou que "a jurisprudência do Tribunal aponta
para a admissibilidade da pré-qualificação quando a peculiaridade do objeto a ser licitado
assim a justificar. Portanto, a ausência de complexidade não afasta o cabimento da pré-
qualificação". Ao se reportar ao caso concreto, endossou as considerações da unidade técnica no
sentido de que a urbanização do Jardim Rochdale (obras de infraestrutura, pavimentação,
drenagem e obras de arte especial) não exige "um alto grau de especialização nem larga
experiência técnica. Em outras palavras, não podem ser considerados de alta complexidade".
709
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
4. A parcela do capital social integralizada com precatórios, cuja execução está suspensa
por decisão judicial, não serve à comprovação de qualificação econômico-financeira em
licitação (capital mínimo), porquanto incerta a sua liquidez e o recebimento dos seus
valores.
Embargos de Declaração apontaram omissão em decisão que manteve julgamento pela
improcedência de representação contra a inabilitação do consórcio embargante em certame
promovido pelo Ministério da Integração Nacional. A licitação destinara-se à contratação de
serviços para a execução, entre outras, de obras civis da primeira etapa de implantação do
Projeto de Integração do Rio São Francisco. A inabilitação do consórcio decorrera da não
comprovação do capital social mínimo exigido no edital, quando desconsiderada a parcela do
capital social de uma das consorciadas integralizada com valores de acervo técnico e de
precatórios. O relator, ao tempo em que acatou a alegação de omissão na decisão guerreada,
refuta o ponto central do argumento recursal não apreciado, qual seja, a tese de que, no caso
concreto, os precatórios deveriam ser enquadrados como capital integralizável. Registra que o
710
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. É legítima a especificação editalícia das características de eficiência energética desejadas nos
equipamentos a serem adquiridos pela administração, sem, contudo, vinculá-los a certificações
específicas, a exemplo do selo PROCEL.
2. A introdução do conceito de "Desenvolvimento Nacional Sustentável" no art. 3º da Lei
8.666/1993 não autoriza: (i) o estabelecimento de vedação a produtos e serviços estrangeiros e,
(ii) a admissão de margem de preferência para contratação de bens e serviços, sem a devida
regulamentação por decreto do Poder Executivo Federal.
3. É admitida excepcionalmente a contratação direta de locação sob medida (operação built to
suit), por meio de licitação dispensável fundada no art. 24, inciso X, da Lei 8.666/1993, desde
que, além da observância das demais disposições legais aplicáveis ao caso, o terreno onde será
construído o imóvel seja de propriedade do particular que será o futuro locador.
4. A Parceria Público-Privada na modalidade concessão administrativa deve ser considerada
como alternativa à locação sob medida.
5. Para o aperfeiçoamento da contratação e gestão de contratos de prestação de serviços de
natureza contínua, recomenda-se à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do
Ministério do Planejamento a incorporação dos seguintes procedimentos à IN/MP 2/2008:
5.1. Fixação de índices financeiros específicos como condição de habilitação econômico-
financeira de licitantes na contratação de serviços terceirizados contínuos;
711
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
'sobre o preço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros'. Observo que a lei não
estabeleceu 'vedação' a produtos ou serviços estrangeiros e, sim, 'margens de preferência'. Por
fim, concluiu que "enquanto não for publicado Decreto estabelecendo os percentuais das
margens de preferência e discriminando a abrangência de sua aplicação, não cabe ao gestor
adotar, ao seu juízo, restrições objetivando a aquisição de produtos nacionais nos editais
licitatórios, em detrimento aos produtos estrangeiros". O Tribunal, ao acolher a proposta do
relator, decidiu que: a) é ilegal o estabelecimento de vedação a produtos e serviços estrangeiros
em edital de licitação, uma vez que a Lei 12.349/2010 não previu tal situação; b) é ilegal o
estabelecimento, por parte de gestor público, de margem de preferência nos editais licitatórios
para contratação de bens e serviços sem a devida regulamentação via decreto do Poder
Executivo Federal, estabelecendo os percentuais para as margens de preferência normais e
adicionais, conforme o caso e discriminando a abrangência de sua aplicação. Acórdão
1317/2013-Plenário, TC 032.230/2011-7, relator Ministro Aroldo Cedraz, 29.5.2013.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 154
Sessões: 4 e 5 de junho de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
716
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Plenário
1. Em observância ao princípio da motivação, a liquidação de despesa de terraplenagem deve
estar baseada em memoriais técnicos fundamentados, com a apresentação de planilhas de
cubagem e diagramas de movimentação de massa.
2. A fixação de prazo de vigência para as contratações efetuadas pela Administração Pública é,
à luz do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, impositiva, independentemente do regime
legal sob o qual foram fundamentadas.
3. As entidades integrantes do Sistema S (Serviços Sociais Autônomos) não estão obrigadas a
utilizar a modalidade pregão para a aquisição de bens e serviços comuns.
4. A sistemática de licitação estabelecida pela Lei 8.666/93 impõe – diferentemente dos
regramentos estabelecidos para as concessões, as parcerias público-privadas, o pregão e o RDC
– que o exame das propostas de preços oferecidas pelos licitantes deve ocorrer somente após a
etapa de habilitação das empresas.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 155
Sessões: 11 e 12 de junho de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Não há vedação legal à participação, em uma mesma licitação, de empresas cujos sócios
tenham relações de parentesco entre si. Contudo, essas relações podem e devem ser levadas em
conta sempre que houver indícios consistentes de conluio.
2. Nas licitações sob a égide do RDC, quando estabelecerem intervalo mínimo de diferença de
valores entre os lances, é recomendável prever mecanismos que coíbam a possibilidade de
eventual licitante cobrir o menor preço ofertado com desconto irrisório.
3. Nas licitações realizadas mediante o regime de contratação integrada, previsto no art. 9º da
Lei 12.462/11 (RDC), é recomendável inserir “matriz de riscos” no instrumento convocatório e
na minuta contratual, de modo a tornar o certame mais transparente e isonômico, assim como a
conferir maior segurança jurídica ao contrato.
4. O desequilíbrio econômico-financeiro do contrato não pode ser constatado a partir da
variação de preços de apenas um serviço ou insumo, devendo, ao contrário, resultar de um
exame global da variação de preços de todos os itens da avença.
PLENÁRIO
1. Não há vedação legal à participação, em uma mesma licitação, de empresas cujos sócios
tenham relações de parentesco entre si. Contudo, essas relações podem e devem ser
levadas em conta sempre que houver indícios consistentes de conluio.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
2. Nas licitações sob a égide do RDC, quando estabelecerem intervalo mínimo de diferença
de valores entre os lances, é recomendável prever mecanismos que coíbam a possibilidade
de eventual licitante cobrir o menor preço ofertado com desconto irrisório.
Representação acerca de licitação conduzida pela Secretaria de Infraestrutura Hídrica do
Ministério da Integração Nacional (SIH/MI), mediante Regime Diferenciado de Contratação
(RDC), apontara possível burla ao novel instituto do lance intermediário e aos princípios da
isonomia e da economicidade. A burla consistiria no fato de determinada licitante – tendo
oferecido lances intermediários sempre superiores à oferta mais vantajosa já obtida, mas com
respeito ao intervalo mínimo – ter aguardado a desistência de todos os licitantes para, na última
rodada, apresentar lance minimamente inferior à melhor oferta e sagrar-se vencedora. Cotejando
julgados recentes sobre o instituto do lance intermediário, o relator anotou que “por ser matéria
relativamente nova, a jurisprudência deste Tribunal sobre o assunto ainda não se encontra
plenamente consolidada”. Vislumbrando a oportunidade de aprimorar os procedimentos
adotados pela Administração, o relator entendeu pertinente que, tal como decidido em processos
análogos, fosse a Representação considerada parcialmente procedente, efetuando-se à SIH/MI
recomendação para que, “quando vier a estabelecer um intervalo mínimo de diferença de
valores entre os lances, tal qual regrado pelo art. 17, § 1º, inciso I da Lei nº 12.462/2011,
preveja mecanismos que coíbam a possibilidade de eventual licitante - que venha
sistematicamente ofertando propostas intermediárias - de cobrir o menor preço por desconto
720
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
irrisório, como, por exemplo, obrigando a apresentação de lances com intervalo mínimo
aplicado, tanto com relação às propostas de cada licitante, como também com relação à
melhor proposta, no caso de o lance intentar cobrir o menor preço”. O Tribunal, ao acolher o
juízo de mérito formulado pelo relator, julgou parcialmente procedente a Representação e
expediu a recomendação proposta. Acórdão 1442/2013-Plenário, TC 010.324/2013-5, relator
Ministro Raimundo Carreiro, 12.6.2013.
721
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
relatora, ainda que restasse comprovado o desequilíbrio contratual não haveria razão para a
descontinuidade da contraprestação dos serviços: “a solução legalmente possível para a suposta
falta de equidade seria a repactuação da avença, e não a inexecução de atividades que já
haviam sido pagas”. Nesse passo, concluiu pela não comprovação do desequilíbrio,
especialmente em face das repactuações ocorridas. Em decorrência, o Plenário acolheu a
proposta da relatora no sentido de que as contas de um responsável fossem julgadas irregulares,
com a imputação de débito solidário com a empresa contratada, e as contas dos demais
responsáveis julgadas regulares com ressalvas. Acórdão 1466/2013-Plenário, TC
006.010/2000-4, relatora Ministra Ana Arraes, 12.6.2013.
Número 156
Sessões: 18 e 19 de junho de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Segunda Câmara
1. A existência de apenas um competidor em determinada fase do certame não impede a
aplicação do art. 48, § 3º, da Lei 8.666/93, ressalvados os casos de licitação na modalidade
convite, onde se exige o mínimo de três propostas aptas à seleção.
Plenário
2. A utilização da contratação integrada, prevista no Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC), a qual deve estar fundamentadamente justificada técnica e economicamente no
processo, requer que a obra ou o serviço de engenharia preencha pelo menos um dos requisitos
elencados no art. 20, § 1º, da Lei 12.462/11, quais sejam: (i) natureza predominantemente
intelectual e de inovação tecnológica; (ii) possibilidade de execução com diferentes
metodologias; (iii) possibilidade de emprego de tecnologias de domínio restrito no mercado.
3. Na utilização da contratação integrada, prevista no Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC), a estimativa de preço deve se basear em orçamento sintético tão detalhado
quanto possível, devidamente adaptada às condições peculiares da obra, devendo a utilização de
estimativas paramétricas e avaliações aproximadas baseadas em obras similares ser restringida
às frações do empreendimento não suficientemente detalhadas pelo anteprojeto.
4. À luz do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e do art. 3º da Lei 8.666/93, para cada
lote em disputa em dada licitação as regras licitatórias aplicam-se como se fossem certames
distintos, não se justificando a exigência de acumulação de atestados de capacidade técnico-
operacional.
722
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
PLENÁRIO
723
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
724
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
quanto dos indiretos da obra. Destacou, inicialmente, a importância da estimativa de preço ser
bem feita: “o resultado do orçamento estimativo será o balizador do critério de
aceitabilidade de preços. Tal parâmetro é a informação primeira para o julgamento das
propostas. Levando em conta que o resultado da licitação será um valor de mercado
apenas presumido (o que dependerá do nível de competição efetiva do certame), o poder
público carece de um parâmetro tão preciso quanto se consiga. É uma garantia primeira
da vantajosidade do preço ofertado, barreira essencial para obstar ganhos espúrios ou
enriquecimentos sem causa”. Assim, continuou, “diante de duas ou mais metodologias
expeditas ou paramétricas possíveis para abalizar o valor do empreendimento, deve-se
preferir a que viabilize a maior precisão orçamentária, para guarda de valores
fundamentais licitatórios, como a eficiência e a economicidade, sem esquecer, claro, o da
obtenção da melhor proposta possível”. Para exemplificar no caso concreto, asseverou que
a Infraero, no que se refere ao anteprojeto estrutural, “em vez de ter orçado a estrutura dos
terminais com base em parâmetros globais de preços de outros empreendimentos, poderia
ter estimado o volume de concreto com base no pré-lançamento estrutural (exigível em um
anteprojeto). A partir daí, em razão das taxas de aço e formas por metro cúbico de
concreto, obtidos em outros objetos semelhantes, potencializaria a quantidade estimada
também desses serviços. Com referências específicas do Sicro e Sinapi, adaptadas às
condições ambientais da obra, poder-se- ia chegar a uma estimativa um tanto quanto justa
para o valor global das estruturas. A metodologia citada, por evidente viabilidade prática
(ainda em nível de anteprojeto), é preferível à concepção genérica do valor geral das
estruturas obtidas em empreendimentos de mesmo porte. Promover-se- ia, assim, mais
segurança à comissão de licitação em julgar a razoabilidade dos valores ofertados”. Ao
acatar a proposta do relator, o Tribunal cientificou a Infraero “que, sempre que o
anteprojeto, por seus elementos mínimos, assim o permitir, as estimativas de preço a que se
refere o art. 9º, § 2º, inciso II, da Lei 12.462/2011 devem se basear em orçamento sintético
tão detalhado quanto possível, balizado no Sinapi ou no Sicro, devidamente adaptadas às
condições peculiares da obra, conforme o caso, devendo a utilização de estimativas
paramétricas e a avaliação aproximada baseada em outras obras similares serem
realizadas somente nas frações do empreendimento não suficientemente detalhadas pelo
anteprojeto, em prestígio ao que assevera o art. 1º, §1º, inciso IV c/c art. 8º, §§ 3º e 4º,
todos da Lei 12.462/2011”. Acórdão 1510/2013-Plenário, TC 043.815/2012-0, relator
Ministro Valmir Campelo, 19.6.2013.
4. À luz do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e do art. 3º da Lei 8.666/93, para
cada lote em disputa em dada licitação as regras licitatórias aplicam-se como se fossem
certames distintos, não se justificando a exigência de acumulação de atestados de
capacidade técnico-operacional.
Representação acerca de licitação promovida pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará (IFCE) para a construção dos campi Horizonte e Boa Viagem, em lotes
distintos, apontou possível restrição ao caráter competitivo do certame. A irregularidade
consistiria na exigência de comprovação de experiência em serviço a executar com quantitativos
superiores aos limites observados na jurisprudência do TCU. Em sede de oitiva prévia restou
confirmada a irregularidade atinente aos quantitativos, sobrevindo, ainda, a constatação de que o
edital exigira, dos licitantes interessados em participar dos dois lotes, atestados com
quantitativos em valores dobrados. Diante da anulação do certame pelo IFCE, o relator entendeu
pertinente que a representação fosse considerada prejudicada ante a perda do objeto, sem
prejuízo de cientificar a autarquia, dentre outros fatos apurados, que “à luz do art. 37, inciso
XXI, da Constituição Federal, e do art. 3º da Lei 8.666/1993, para cada lote em disputa as
regras licitatórias aplicam-se como se fossem em certames diferentes, não devendo haver
exigência de acumulação de atestados de capacidade técnico-operacional”. O Tribunal acolheu
o juízo de mérito formulado pelo relator. Acórdão 1516/2013-Plenário, TC 009.072/2013-6,
relator Ministro Valmir Campelo, 19.6.2013.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 157
Sessões: 26 e 27 de junho de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A opção de se licitar por lote de itens agrupados deve estar acompanhada de justificativa,
devidamente fundamentada, da vantagem dos agrupamentos adotados, em atenção aos artigos
3º, § 1º, I, 15, IV e 23, §§ 1º e 2º, todos da Lei 8.666/1993.
2. A adoção de critérios de regionalização em licitações deve ser precedida de estudos que
comprovem a sua vantajosidade, à luz do art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993.
3. O exercício de atividades profissionais privadas por oficiais médicos militares em hospitais e
clínicas que operam no mercado não constitui, à luz do princípio da competitividade, óbice à
contratação destas entidades pela corporação militar.
4. Nas licitações para fornecimento de vale refeição e vale alimentação, é ilegal, nos termos do
art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, a exigência de que os licitantes mantenham rede
credenciada em todo o território nacional, notadamente quando normas internas do órgão
licitante prevejam indenização de despesas com alimentação nos deslocamentos de funcionários
para fora da localidade onde deva ocorrer a execução dos serviços.
5.Os conselhos de fiscalização profissional, dada sua natureza jurídica autárquica, devem
adotar, na aquisição de bens e serviços comuns, a modalidade pregão, preferencialmente na
forma eletrônica, nos termos do art. 4º, caput e § 1º, do Decreto 5.450/2005.
Súmulas
Súmula nº 283: Para fim de habilitação, a Administração Pública não deve exigir dos licitantes a
apresentação de certidão de quitação de obrigações fiscais, e sim prova de sua regularidade.
PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
isonomia dos procedimentos licitatórios e que justifica, portanto, a aplicação da multa prevista
no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992 ao ex-servidor ...". Em relação aos outros oficiais
médicos que prestavam serviços às empresas contratadas, o relator anotou que, a rigor, incidiria
sobre eles a mesma proibição constante do art. 9º, inciso III, da Lei 8.666/1993. Ponderou,
contudo, que a situação fática é totalmente distinta, merecendo encaminhamento diverso: "A lei
autoriza que os oficiais médicos que servem junto a PMDF tenham atividades profissionais
privadas. Assim, considerando o número significativo de médicos vinculados à corporação e
que o seu regime de trabalho usual possibilita o atendimento em dois, às vezes três ou quatro,
hospitais distintos durante a semana, chegaremos à conclusão de que parcela relevante, senão
a maioria dos hospitais disponíveis, contará, entre os que lá clinicam, com pelo menos um
oficial médico da PMDF. Excluir esses hospitais dos procedimentos licitatórios da corporação
implicaria restringir demasiadamente o universo dos possíveis interessados, com prejuízos
evidentes à competitividade dos certames". O Tribunal, ao recepcionar a proposta do relator,
rejeitou as razões de justificativas apresentada pelo oficial militar sócio das empresas
contratadas – sancionando-o com multa e declarando-as inidôneas para contratar, pelo período
de dois anos, com a Administração Pública Federal – e acolheu as justificativas dos demais
responsáveis oficiais médicos. Acórdão 1620/2013-Plenário, TC 008.608/2006-7, relator
Ministro José Múcio Monteiro, 26.6.2013.
4. Nas licitações para fornecimento de vale refeição e vale alimentação, é ilegal, nos termos
do art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, a exigência de que os licitantes mantenham rede
credenciada em todo o território nacional, notadamente quando normas internas do órgão
licitante prevejam indenização de despesas com alimentação nos deslocamentos de
funcionários para fora da localidade onde deva ocorrer a execução dos serviços.
Representação relativa a licitação conduzida pelo Conselho Regional de Nutricionistas - 3ª
Região (CRN-3), destinada à contratação de empresa para fornecimento de vale refeição e vale
alimentação para funcionários e estagiários da entidade, apontou possível restrição à
competitividade do certame. A limitação decorreria da exigência de que a empresa fornecedora
dos vales refeição e alimentação mantenha rede de atendimento em todo território nacional,
tendo em vista que os beneficiários estão lotados na região específica de atuação do Conselho
(SP e MS). Em juízo de mérito, realizadas as oitivas adequadas após concessão da cautelar
pleiteada pelo representante, o Relator, reafirmou a análise que empreendeu em sede de oitiva
prévia: “mostra-se desarrazoado exigir-se capacidade de atendimento em todos os Estados da
federação, mesmo nos mais longínquos, mormente quando as normas aplicáveis preveem o
fornecimento de diárias para cobertura de despesas, inclusive alimentação, aos empregados do
Conselho nessas ocasiões. De se destacar, ainda, que mesmo que houvesse um número
significativo de deslocamentos de empregados para outros CRNs, somente existe sede de tais
Conselhos Regionais em dez Estados. Tal exigência tem, portanto, em princípio, o potencial de
restringir indevidamente o caráter competitivo do certame.”. Nesse passo, configurada a
irregularidade, sugeriu o relator a fixação de prazo para que o CRN-3 adotasse providências
com vistas a anulação do certame. O Tribunal, ao acolher o juízo de mérito formulado pelo
relator, julgou procedente a Representação, fixou prazo para a anulação do certame e cientificou
o CRN-3 acerca da irregularidade identificada. Acórdão 1623/2013-Plenário, TC
007.030/2013-4, relator Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, 26.6.2013.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
capacitado para a realização de licitações na modalidade pregão, o Relator sugeriu fosse ele
cientificado de que “a adoção da concorrência como modalidade de licitação para aquisição
de serviço de natureza comum afronta o disposto no art. 4º do Decreto no 5.450/2005”. O
Tribunal, ao acolher o juízo de mérito formulado pelo relator, julgou procedente a
Representação, fixou prazo para a anulação do certame e cientificou o CRN-3 acerca da
irregularidade identificada. Acórdão 1623/2013-Plenário, TC 007.030/2013-4, relator
Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, 26.6.2013.
SÚMULAS
Súmula nº 283: Para fim de habilitação, a Administração Pública não deve exigir dos licitantes
a apresentação de certidão de quitação de obrigações fiscais, e sim prova de sua regularidade.
Acórdão 1613/2013-Plenário, TC 014.543/2009-0, relator Ministro José Jorge, 26.6.2013.
Número 158
Sessões: 2 e 3 de julho de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A adjudicação e a homologação do objeto do certame à empresa declarada vencedora com
base em critério de classificação desconforme com os requisitos do edital e do termo de
referência, introduzido em sistema oficial (Comprasnet) sem a republicação do instrumento
convocatório, afronta os princípios da legalidade, da vinculação ao instrumento convocatório e
do julgamento objetivo.
2. É legítima a aquisição de tablet produzido por fabricante específico quando comprovado que
apenas determinado equipamento é compatível com outros equipamentos e sistemas
previamente adquiridos pela Administração.
3. Nas licitações para fornecimento de vale refeição, o momento adequado para exigir a
apresentação da rede de estabelecimentos credenciados é na contratação, concedendo-se ao
licitante vencedor prazo adequado para realizar o credenciamento, sendo ilegal estabelecer tal
exigência como critério de habilitação técnica.
Segunda Câmara
730
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. Nas licitações para fornecimento de vale refeição, o momento adequado para exigir a
apresentação da rede de estabelecimentos credenciados é na contratação, concedendo-se
ao licitante vencedor prazo adequado para realizar o credenciamento, sendo ilegal
estabelecer tal exigência como critério de habilitação técnica.
Representação concernente a licitação conduzida pelo Conselho Regional de Psicologia - 6ª
Região (CRP-06), destinada à contratação de serviços de administração, gerenciamento,
emissão e fornecimento de vale refeição, apontou possível restrição à competitividade do
certame. A limitação decorreria da exigência de que a empresa fornecedora apresentasse, como
critério de habilitação técnica, relação atualizada dos estabelecimentos credenciados pela
proponente nas cidades mencionadas no edital. Em juízo de mérito, realizadas as oitivas
regimentais após concessão da cautelar pleiteada pelo representante, o Relator consignou que “o
momento adequado para exigir a apresentação da rede credenciada de estabelecimentos é
quando da contratação, a partir da concessão ao licitante vencedor de prazo razoável para
tanto. Incluir tal exigência como critério de habilitação técnica constitui ônus financeiro e
operacional desarrazoado para as empresas licitantes, o que pode conduzir à inabilitação
indevida de empresa, bem como reduzir o caráter competitivo do certame.”. Nesse passo,
configurada a irregularidade, sugeriu o relator a fixação de prazo para que o CRP-06 adotasse
providências com vistas à anulação do certame. O Tribunal, ao acolher a proposta do relator,
julgou procedente a Representação, fixou prazo para a anulação do certame e determinou ao
CRP-06 que nas próximas contratações de serviço de fornecimento de vale refeição, abstenha-se
de exigir a apresentação da rede credenciada como critério de habilitação técnica. Acórdão
1718/2013-Plenário, TC 012.940/2013-5, relator Ministro-Substituto Augusto Sherman
Cavalcanti, 3.7.2013.
SEGUNDA CÂMARA
732
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
5. A prática de atos irregulares por pregoeiro pode ensejar a apenação da autoridade que
homologou o certame, quando tais irregularidades são facilmente constadas a partir da
análise isolada da ata do pregão.
Representação acerca de pregão eletrônico realizado pelo Hospital Universitário Cassiano
Antônio de Morais – HUCAM, tendo por objeto “a manutenção preventiva e corretiva em
equipamentos hospitalares daquele nosocômio”, apontou as seguintes irregularidades: a)
habilitação de empresa sem registro de que tenha encaminhado a documentação requerida no
edital; b) inabilitação de empresa que preenchera todos os requisitos editalícios; e c)
cerceamento do direito de interposição de recurso à licitante inabilitada. O relator, em
consonância com a unidade técnica, considerou caracterizadas as irregularidades praticadas pela
pregoeira. Em relação à responsabilidade da autoridade homologadora do certame, endossou as
considerações da unidade técnica no sentido de que, nos termos da jurisprudência majoritária do
TCU, "a homologação de procedimento licitatório é ato administrativo que conserva o condão
de ratificar todos os atos pretéritos praticados, assumindo a responsabilidade integral a
autoridade signatária”. A atribuição de responsabilidade à autoridade homologadora derivaria,
de um lado, do fato de que “tendo liberdade relativa para montar suas equipes de trabalho,
supõe-se serem de sua confiança os subordinados colaboradores, cujas falhas são absorvidas
sob sua responsabilidade, por culpa in eligendo”. E, de outro, porque “na matéria em comento,
sendo processo cuja remessa à Procuradoria Jurídica havia sido comunicada a um nível abaixo
da linha hierárquica ..., muito mais atenção deveria ser-lhe devotada, especialmente porque as
irregularidades seriam facilmente detectadas a partir da análise da ata do pregão,
isoladamente, o que abre ensanchas para a caracterização da culpa in vigilando" (grifos do
relator). O Tribunal, ao acolher a proposta do relator, rejeitou as razões de justificativas
apresentadas pela pregoeira e pelo gestor que homologou o certame, aplicando-lhes a multa
prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992. Acórdão 3785/2013-Segunda Câmara, TC
033.326/2011-8, relator Ministro José Jorge, 2.7.2013.
Número 159
733
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. Às entidades do Sistema S é vedada a contratação com aqueles que se encontrem em débito
com a seguridade social ou com o FGTS, devendo a regularidade fiscal ser verificada, na forma
estabelecida pelo gestor, durante toda a execução contratual.
2. A inclusão de novos serviços, mediante termos aditivos, deve observar o valor médio de
serviços similares presentes nos demais lotes de uma mesma licitação, em atendimento ao que
determina o Acórdão 2013/2004 – Plenário, bem como ao disposto no § 6º do art. 109 da Lei
11.768/08, mantendo-se, no que se refere ao valor total contratado, o percentual de desconto
oferecido no certame licitatório.
3. As entidades do Sistema S não podem inovar na ordem jurídica, por meio de seus
regulamentos próprios, instituindo novas hipóteses de dispensa e de inexigibilidade de licitação,
haja vista que a matéria deve ser disciplinada por norma geral, de competência privativa da
União.
Segunda Câmara
4. A contratação de serviços por preços superiores às referências legais (Sinapi e Sicro) deve
ser, à vista das disposições contidas nas recentes leis de diretrizes orçamentárias, justificada por
relatório técnico circunstanciado aprovado pela autoridade competente.
PLENÁRIO
734
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
2. A inclusão de novos serviços, mediante termos aditivos, deve observar o valor médio de
serviços similares presentes nos demais lotes de uma mesma licitação, em atendimento ao
que determina o Acórdão 2013/2004 – Plenário, bem como ao disposto no § 6º do art. 109
da Lei 11.768/08, mantendo-se, no que se refere ao valor total contratado, o percentual de
desconto oferecido no certame licitatório.
Levantamento de Auditoria realizado nas obras de duplicação da BR-101/SC apontou, dentre
outros aspectos, possível sobrepreço decorrente da inclusão de novos serviços, mediante termos
aditivos, com base em fatores inadequados, com preços ou BDI excessivos em relação ao
mercado. Além dos encaminhamentos sugeridos pelas unidades técnicas que atuaram no feito,
destinados à emissão de determinações para ajustes nas composições de preços unitários, o
relator acatou as ponderações sugeridas pela SecobRodov no tocante à desnecessidade da
aplicação do percentual de desconto alcançado na licitação sobre os preços unitários de novos
serviços incluídos, sendo bastante que, em consonância com a exigência constante do § 6º do
art. 109 da Lei 11.768/08 (LDO 2009), o desconto global seja mantido, caso sobrevenham
aditamentos aos contratos. O Tribunal, ao deliberar, acolheu a proposição do relator, expedindo
determinações destinadas à recomposição do erário e aos ajustes necessários nas composições
de preços unitários, consignando no corpo das determinações expedidas que “quando da
inclusão de novos serviços, observe o valor médio de serviços similares presentes nos demais
lotes da mesma licitação, em atendimento ao que determina o Acórdão 2013/2004 – TCU –
Plenário, cuidando, ainda, de observar o disposto no § 6º do art. 109 da Lei 11.768/2008, no
sentido de que, no que se refere ao valor total contratado, seja mantido o percentual de
desconto oferecido no certame licitatório”. Acórdão 1754/2013-Plenário, TC 007.407/2009-9,
relator Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, 10.7.2013.
3. As entidades do Sistema S não podem inovar na ordem jurídica, por meio de seus
regulamentos próprios, instituindo novas hipóteses de dispensa e de inexigibilidade de
licitação, haja vista que a matéria deve ser disciplinada por norma geral, de competência
privativa da União.
Auditoria com o objetivo de analisar processos licitatórios e contratos de aquisição de bens e
prestação de serviços na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil) – decorrente de Solicitação do Congresso Nacional para que o TCU realizasse
auditoria nas despesas das entidades do Sistema S – apontou, dentre outras falhas, a existência,
no Regulamento de Licitações e Contratos da entidade, de hipótese de dispensa de licitação
“para a participação em feiras, exposições, congressos, seminários e eventos em geral,
relacionados à atividade-fim”. Sobre o assunto, anotou o relator que “não obstante o fato de os
serviços sociais autônomos não se sujeitarem aos ditames da Lei n. 8.666/1993, devem seus
regulamentos próprios atender aos princípios básicos que regem a Administração Pública,
dispostos no art. 37 da Constituição Federal, em especial os da impessoalidade, da moralidade
e da igualdade”. Relembrou voto revisor vitorioso na prolação do Acórdão 2790/2013 –
Segunda Câmara, oportunidade em que ficou assente que “embora não se exija a plena
submissão dos entes integrantes do Sistema S à Lei n. 8.666/1993, eles não detêm competência
para legislar sobre este assunto, por se tratar de matéria de lei ordinária (reserva legal
735
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
Número 160
Sessões: 16 e 17 de julho de 2013
736
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A não adoção do pregão na forma eletrônica, sem a comprovação da inviabilidade ou
desvantagem de sua utilização pela autoridade competente, pode caracterizar ato de gestão
antieconômico, em especial quando o certame, na forma presencial, ocorrer em localidade
distinta daquela em que o objeto da licitação deverá ser executado, contrariando o art. 20, caput,
da Lei 8.666/93.
2. Para comprovar a capacidade técnico-operacional das licitantes, guardada a proporção com a
dimensão e a complexidade do objeto da licitação, podem-se exigir, desde que devidamente
justificados, atestados de execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços similares,
limitados, contudo, às parcelas de maior relevância e valor significativo.
3. É ilegal a exigência, para participação em licitação, de comprovação de vínculo empregatício
do responsável técnico com a empresa licitante.
4. A vistoria prévia no local da obra só pode ser demandada se for imprescindível para a
caracterização do objeto, e deve ser agendada em datas e horários específicos para cada
licitante, de modo a preservar o caráter competitivo do certame.
Primeira Câmara
5. A Administração pode estabelecer o momento adequado para a autenticação por servidor
público, facultada pelo art. 32 da Lei 8.666/93, da documentação necessária à habilitação, desde
que as condições e o prazo para tal sejam estabelecidos com precisão no instrumento
convocatório.
PLENÁRIO
737
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
738
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
4. A vistoria prévia no local da obra só pode ser demandada se for imprescindível para a
caracterização do objeto, e deve ser agendada em datas e horários específicos para cada
licitante, de modo a preservar o caráter competitivo do certame.
Ainda na Representação concernente à licitação para a implantação de sistema de esgotamento
sanitário no Município de Brasilândia D’Oeste/RO, fora detectada exigência de vistoria prévia
em data e horário comum a todos as licitantes. Analisadas as justificativas apresentadas pelos
responsáveis, a relatora relembrou que “a jurisprudência deste Tribunal tem se posicionado no
sentido de que a vistoria ao local da obra só pode ser demandada da licitante se for
imprescindível para caracterização do objeto, uma vez que pode representar um custo
adicional desnecessário para as licitantes, o que viola o disposto no art. 3º, caput e § 1º, inciso
I, da Lei 8.666/1993”. Ainda que indispensável a avaliação prévia do local de execução,
esclareceu a relatora que “o edital de licitação deve prever a possibilidade de substituição da
vistoria por declaração formal assinada pelo responsável técnico acerca do conhecimento
pleno das condições e peculiaridades da obra”. Não obstante a opção pela vistoria prévia esteja
na esfera de discricionariedade do gestor, ela, no entendimento da relatora, “deve estar
previamente fundamentada na demonstração das peculiaridades do objeto, de modo a justificar
a necessidade de adoção de procedimento que deveria ser excepcional, por restritivo à
participação de potenciais licitantes”. E, não menos importante, “a data e horário para a
vistoria não devem ser simultâneos para os diversos interessados (acórdão 534/2011 –
Plenário, dentre vários outros), na forma verificada no edital em vértice, sob o risco de que o
conhecimento prévio acerca do universo de concorrentes comprometa a concorrência no
certame”. Assim, permanecendo injustificado o ponto, o Plenário acatou a proposta da relatora
para que a Representação fosse considerada procedente, rejeitando-se as razões apresentadas
pelos responsáveis e imputando-lhes multas individuais. Acórdão 1842/2013-Plenário, TC
011.556/2012-9, relatora Ministra Ana Arraes, 17.7.2013.
PRIMEIRA CÂMARA
739
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 161
Sessões: 23 e 24 de julho de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A licitação por lote, com a adjudicação pelo menor preço global, sem comprovação de
eventual óbice de ordem técnica ou econômica que inviabilize o parcelamento do objeto em
itens, caracteriza restrição à competitividade do certame, em vista do disposto nos art. 15, inciso
IV, e 23, § 1°, da Lei 8.666/93.
2. A contratação pela Administração de empresas pertencentes a parentes de gestor público
envolvido no processo caracteriza, diante do manifesto conflito de interesses, violação aos
princípios constitucionais da moralidade e da impessoalidade.
3. As exigências legais e normativas aplicáveis aos aditivos devem ser, em regra, as mesmas
exigíveis do contrato de que decorrem.
4. Os aditivos devem observar os preços de serviços e insumos firmados no contrato e, caso
estes não constem do ajuste, devem ser consentâneos com os preços praticados no mercado.
5. É ilegal a participação em licitação de empresa cujos sócios sejam associados ao autor do
projeto básico em outras sociedades empresariais, à vista do disposto no art. 9º, inciso I e § 3º,
da Lei 8.666/93.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
1. A licitação por lote, com a adjudicação pelo menor preço global, sem comprovação de
eventual óbice de ordem técnica ou econômica que inviabilize o parcelamento do objeto
em itens, caracteriza restrição à competitividade do certame, em vista do disposto nos art.
15, inciso IV, e 23, § 1°, da Lei 8.666/93.
Representação relativa à licitação conduzida pelo Banco do Brasil S/A, mediante pregão para
ata de registro de preços, destinada à aquisição de equipamentos de ar condicionado tipo Split,
para as dependências do banco localizadas nos estados do Amapá e Pará, apontara, dentre outras
irregularidades, possível restrição à competitividade do certame. A limitação decorreria da
organização da licitação em um único lote e da adjudicação pelo menor preço global, sem a
comprovação da inviabilidade técnica e econômica do parcelamento do objeto em itens. Em
juízo de mérito, realizadas as oitivas regimentais após concessão da cautelar pleiteada pelo
representante, o relator considerou insuficientes os argumentos trazidos pelo Banco do Brasil,
mormente no que respeita aos óbices à participação de fabricantes dos equipamentos licitados,
decorrentes da adoção de lote único. Nesse sentido, consignou que “a falta de parcelamento do
objeto, quando este é técnica e economicamente viável, contraria a legislação em vigor (arts.
15, inciso IV, e 23, § 1°, da Lei nº 8.666/1993) e a jurisprudência consolidada no Tribunal
(Súmula nº 247), restringe a competitividade da licitação e prejudica a obtenção da proposta
mais vantajosa para a Administração, ao impedir que os fabricantes dos produtos possam
participar diretamente da competição”. Nesse passo, configurada a irregularidade, o Tribunal,
ao acolher o juízo de mérito formulado pelo relator, julgou procedente a Representação e fixou
prazo para o Banco do Brasil adotar medidas destinadas à anulação do pregão. Acórdão
1913/2013-Plenário, TC 004.526/2013-9, relator Ministro José Múcio Monteiro, 24.7.2013.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 162
Sessões: 30 e 31 de julho de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A empreitada por preço global deve ser adotada quando for possível definir previamente no
projeto, com boa margem de precisão, as quantidades dos serviços a serem executados;
enquanto que a empreitada por preço unitário deve ser preferida para objetos que, por sua
natureza, não permitam a precisa indicação dos quantitativos orçamentários.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
2. Nas empreitadas por preço global, os editais devem especificar, de forma objetiva, as regras
para as medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa conclusa do empreendimento ou de
acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, em atendimento ao que dispõe o art. 40,
inciso XIV, da Lei 8.666/93.
3. A utilização da empreitada por preço global para objetos com imprecisão intrínseca de
quantitativos deve ser justificada no processo, em termos técnicos, econômicos ou outros
devidamente motivados.
4. Nas empreitadas por preço global, alterações no projeto ou nas especificações de obra ou
serviço, realizadas unilateralmente pela Administração, implicam a necessidade de celebração
de termo aditivo.
5. Nas empreitadas por preço global, erros ou omissões relevantes no orçamento poderão
ensejar termos aditivos, de modo a evitar o enriquecimento sem causa de qualquer das partes.
Primeira Câmara
6. A aplicação do sistema de credenciamento na contratação de serviços deve observar os
seguintes requisitos, conforme as orientações expedidas pelo Acórdão 351/2010-Plenário:
a) a contratação de todos os que tiverem interesse e que satisfaçam as condições fixadas pela
Administração, não havendo relação de exclusão;
b) a garantia da igualdade de condições entre todos os interessados hábeis a contratar com a
Administração, pelo preço por ela definido;
c) a demonstração inequívoca de que as necessidades da Administração somente poderão ser
atendidas dessa forma, cabendo a devida observância das exigências do art. 26 da Lei 8.666/93,
principalmente no que concerne à justificativa de preços.
Inovação Legislativa
Lei 12.846, de 1.8.2013.
PLENÁRIO
1. A empreitada por preço global deve ser adotada quando for possível definir
previamente no projeto, com boa margem de precisão, as quantidades dos serviços a
serem executados; enquanto que a empreitada por preço unitário deve ser preferida para
objetos que, por sua natureza, não permitam a precisa indicação dos quantitativos
orçamentários.
Levantamento de Auditoria realizado nas obras de adequação do Terminal de Passageiros 1 do
Aeroporto do Galeão/RJ, executadas mediante empreitada por preço global, apontara, dentre
outras impropriedades, a adoção de critério de medição incompatível com o objeto real
pretendido (serviço a serviço, como se a preço unitário fosse). Instada a justificar o achado, a
Infraero argumentara que “a escolha do regime decorreu do disposto no art. 8º, § 1º, da Lei
12.462/2011, que estabelece a empreitada global como preferencial”. Analisando o mérito, o
relator destacou a existência “de certos tipos de obras e sistemas construtivos que, por suas
características, não possibilitam uma quantificação absolutamente acurada dos exatos volumes
a executar”. Exemplificou com os serviços de terraplenagem e reforma de edificação, para os
quais, não obstante os cuidados no projeto básico para quantificar adequadamente os itens de
744
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
serviço, “sempre haverá uma boa margem de indeterminação”. Consignou que “caso utilizada
uma empreitada por preço global nesses tipos de objetos, as medições serão realizadas por
etapas; não por quantitativos medidos”. Nesse sentido, considerando a forte indeterminação nas
mensurações, “os construtores irão alocar uma parcela muito alta de risco para adimplir, com
segurança, o objeto licitado”. Por essa razão, concluiu o relator, que “nesses empreendimentos
eivados de imprecisão congênita, é preferível a utilização de empreitadas por preço unitário,
pelas características próprias do sistema de medição”. E acrescentou que outra não pode ser a
inteligência a ser extraída do art. 47 da Lei 8.666/93, ao correlacionar a adoção da modalidade
de execução de empreitada por preço global ao “completo conhecimento do objeto da
licitação”. Nesses termos, propôs a fixação de prazo para que a Infraero adotasse as
providências a seu cargo para promover, junto à contratada, a alteração do regime de execução
do empreendimento, notificando-a de que “a empreitada por preço global (...) deve ser adotada
quando for possível definir previamente no projeto, com boa margem de precisão, as
quantidades dos serviços a serem posteriormente executados na fase contratual; enquanto que
a empreitada por preço unitário deve ser preferida nos casos em que os objetos, por sua
natureza, possuam uma imprecisão inerente de quantitativos em seus itens orçamentários, como
são os casos de reformas de edificação, obras com grandes movimentações de terra e
interferências, obras de manutenção rodoviária, dentre outras”. O Plenário do TCU, ao acolher
a proposta do relator, estabeleceu, dentre outras medidas pontuais, prazo para que a estatal
alterasse o regime de execução do empreendimento. Acórdão 1978/2013-Plenário, TC
007.109/2013-0, relator Ministro Valmir Campelo, 31.7.2013.
2. Nas empreitadas por preço global, os editais devem especificar, de forma objetiva, as
regras para as medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa conclusa do
empreendimento ou de acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, em
atendimento ao que dispõe o art. 40, inciso XIV, da Lei 8.666/93.
Ainda no Levantamento de Auditoria realizado nas obras de adequação do Terminal de
Passageiros 1 do Aeroporto do Galeão/RJ, em vista da adoção de regime inadequado de
execução do empreendimento, o relator consignou que “o instrumento convocatório não
objetivou a forma de como seriam medidas as etapas do empreendimento”, o que levou a
dificuldades significativas na execução contratual. Destacou que “em face do vácuo contratual,
as medições começaram a ser realizadas serviço a serviço; quantidade a quantidade; como se
preço unitário fosse. Na prática, a obra está sendo executada por regime por empreitada por
preço unitário”. Nesse passo, propôs o relator, além da fixação de prazo para que a Infraero
adotasse providências para promover a modificação formal do regime de execução do
empreendimento, a expedição de notificação à estatal de que, nas empreitadas por preço global,
“os instrumentos convocatórios devem especificar, de forma objetiva, as regras sobre como
serão realizadas as medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa conclusa do
empreendimento ou de acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, em atendimento ao
que dispõe o art. 40, inciso XIV, da Lei 8.666/93”. O Plenário do TCU, ao acolher a proposta do
relator, expediu, dentre outras medidas, a notificação sugerida. Acórdão 1978/2013-Plenário,
TC 007.109/2013-0, relator Ministro Valmir Campelo, 31.7.2013.
3. A utilização da empreitada por preço global para objetos com imprecisão intrínseca de
quantitativos deve ser justificada no processo, em termos técnicos, econômicos ou outros
devidamente motivados.
Ao apreciar estudo sobre o regime de empreitada por preço global, desenvolvido por unidade
técnica especializada do TCU com vistas a uniformizar procedimentos de fiscalização e
apresentar diretrizes sobre o tema, o relator da matéria enfrentou várias questões pertinentes e
essenciais à aplicação do instituto, assim como à fiscalização exercida pelo Tribunal. Dentre
elas, destaca-se, em primeiro lugar, a necessária motivação para a escolha do regime de
execução indireta do objeto. Para o relator, uma vez assentado na legislação, na doutrina e na
jurisprudência que “em empreendimentos carregados de incertezas, as empreitadas globais, em
745
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
regra, não se fazem vantajosas” situações em que “é preferível a utilização de empreitadas por
preço unitário, pelas características próprias do sistema de medição”, faz-se importante que as
fiscalizações do TCU atentem para a devida motivação da escolha do regime de execução
contratual pelo gestor. Nesse sentido, o Tribunal expediu orientação às suas unidades técnicas
para, em fiscalizações de obras e serviços de engenharia executados sob o regime de empreitada
por preço global, observarem que “nas situações em que, mesmo diante de objeto com
imprecisão intrínseca de quantitativos, ... , se preferir a utilização da empreitada por preço
global, deve ser justificada, no bojo do processo licitatório, a vantagem dessa transferência
maior de riscos para o particular – e, consequentemente, maiores preços ofertados – em termos
técnicos, econômicos ou outro objetivamente motivado, bem assim como os impactos
decorrentes desses riscos na composição do orçamento da obra, em especial a taxa de BDI –
Bonificação e Despesas Indiretas”. Acórdão 1977/2013-Plenário, TC 044.312/2012-1, relator
Ministro Valmir Campelo, 31.7.2013.
4. Nas empreitadas por preço global, alterações no projeto ou nas especificações de obra
ou serviço, realizadas unilateralmente pela Administração, implicam a necessidade de
celebração de termo aditivo.
Também na apreciação do estudo sobre o regime de empreitada por preço global, o relator
enfrentou a questão da legalidade e da legitimidade dos aditivos contratuais. Inicialmente,
discorreu sobre as situações decorrentes de modificações de projetos e especificações. Sobre o
tema, destacou que a lei não diferencia os regimes de execução quando define as situações que
ensejam o ajuste de termos aditivos. “Ao contrário, caso se tratar de fato respectivo à álea
extraordinária ou extracontratual, definida com precisão no art. 65 da Lei 8.666/93, haverá de
se providenciar a revisão do contrato.” Além do mais, lembrou que o equilíbrio entre os
encargos do contratado e sua justa remuneração tem suporte constitucional. “Caso não
estipulada condição contratual diversa, alterações de projeto – devidamente motivadas, diante
dos riscos aos quais expus – vinculam a aplicação do art. 65 da Lei 8.666/93. No fim das
contas, a alteração do projeto será um ato unilateral. Além do mais, deve haver um fato novo a
caracterizar álea extraordinária e extracontratual. Mesmo que se demonstre existir solução de
engenharia melhor que a definida no projeto básico (o que seria questionável, em termos de
eficiência e economicidade exigidas nessa peça fundamental), tal condição deve ser entendida
como novidade, não passível de conhecimento prévio na fase licitatória. Havendo modificação
das especificações a que foi dado conhecimento a todos os licitantes, há de se rever o contrato,
tanto em proteção a princípios basilares como o da obtenção da melhor proposta, da isonomia
e da moralidade.” Seguindo a proposta do relator, o Tribunal expediu orientação às suas
unidades técnicas para, em fiscalizações de obras e serviços de engenharia executados sob o
regime de empreitada por preço global, observarem que “alterações no projeto ou nas
especificações da obra ou serviço, em razão do que dispõe o art. 65, inciso I, alínea 'a', da Lei
8.666/93, como também do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, repercutem na
necessidade de prolação de termo aditivo”. Acórdão 1977/2013-Plenário, TC 044.312/2012-1,
relator Ministro Valmir Campelo, 31.7.2013.
5. Nas empreitadas por preço global, erros ou omissões relevantes no orçamento poderão
ensejar termos aditivos, de modo a evitar o enriquecimento sem causa de qualquer das
partes.
Ainda no âmbito do estudo sobre o regime de empreitada por preço global, o relator continuou
analisando o tema da legalidade e da legitimidade dos aditivos contratuais. Agora com enfoque
nos casos de erros ou omissões nos orçamentos, situação que considerou “o ponto mais
controverso sobre a prática contratual nas empreitadas globais”. Para o relator, “a dicotomia
em questão está em balancear a idealização da empreitada global com a vedação do
enriquecimento sem causa. Não seria concebível que falhas na elaboração do edital redundem,
com justa causa, em um superfaturamento. Tampouco a Administração poderia se beneficiar de
erro que ela própria cometeu, pagando por um produto preço relevantemente inferior que o seu
justo preço de mercado. Erro preliminar da própria Administração, independentemente do tipo
746
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
de empreitada, não pode redundar em ganhos ilícitos; porque se ilícito for, o enriquecimento de
uma parte, em detrimento de outra, sem causa jurídica válida, faz-se vedado”. Assim, caberia
analisar, em cada caso concreto, se o erro verificado se caracteriza como vício do edital ou não,
ou seja, se o erro induziu a uma noção inexata (e a ganhos ilícitos) sobre o negócio a ser
contratado ou se era irrisório, acessório ou facilmente perceptível pelo chamado homem médio.
Diante das inúmeras situações passíveis de ocorrerem, cada uma com suas particularidades e
interveniências, concluiu o relator que cada caso concreto exigirá solução distinta. Assim,
melhor cada instrumento convocatório explicitar, com precisão, o que será considerado como
“erro substancial”, capaz de motivar a revisão do contrato. Ao acatar a proposta do relator, o
Tribunal expediu orientação às suas unidades técnicas para, em fiscalizações de obras e serviços
de engenharia executados sob o regime de empreitada por preço global, proporem
recomendação aos gestores para que incluam “nos editais cláusula a estabelecer, de forma
objetiva, o que será objeto de aditamentos durante a execução da avença, bem como a
definição do que venha a ser ‘subestimativas ou superestimativas relevantes’ ,... , como, por
exemplo, o estabelecimento de percentuais de tolerância quantitativa admitida em cada item do
orçamento que torne descabida a celebração de aditivo, como, ainda, a necessidade de que a
imprecisão se refira a serviço materialmente relevante do empreendimento”. Acórdão
1977/2013-Plenário, TC 044.312/2012-1, relator Ministro Valmir Campelo, 31.7.2013.
PRIMEIRA CÂMARA
747
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
interessadas que obtivessem pontuação zero em algum dos itens”. Ao revés, “ante a
apresentação de mais de uma proposta para um determinado curso, seria selecionada a
entidade proponente com a pontuação mais alta”. Nesse sentido, avaliou o relator que “o
sistema adotado pela Setrab/AM não se tratou de credenciamento propriamente dito, mas da
mixagem de algumas feições desse sistema com aspectos característicos de licitação”,
evidenciando o descumprimento da Lei de Licitações e a inobservância do Acórdão 351/2010 -
Plenário. O Tribunal, ao acolher a proposta de encaminhamento do relator, considerou
procedente a representação e cientificou a Secretaria de Estado do Trabalho do Amazonas
(Setrab/AM) de que a aplicação do sistema de credenciamento na contratação de prestação de
serviços custeados por recursos federais deve observar as orientações expedidas no Acórdão
351/2010-Plenário. Acórdão 5178/2013-Primeira Câmara, TC 023.697/2011-3, relator
Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, 30.7.2013.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Número 163
Sessões: 6 e 7 de agosto de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A contratação de serviços sem a previsão da devida remuneração da parte contratada, ou sem
a previsão no orçamento de todos os quantitativos e respectivos custos, viola o art. 7º, § 2º,
inciso II, e § 4º, da Lei 8.666/93 e o art. 3º, inciso III, da Lei 10.520/02.
2. É desnecessária a definição, no edital, das hipóteses de caso fortuito e força maior
impeditivas da execução contratual. A configuração dessas situações deve ser demonstrada em
cada caso concreto, podendo os eventuais prejudicados se socorrer de todos os elementos de
prova cabíveis para demonstrar a materialidade e o prejuízo advindo dessas ocorrências.
3. A alteração nas exigências de comprovação da qualificação técnica, sem a reabertura do
prazo inicialmente estabelecido pelo edital, não configura afronta ao art. 21, § 4º, da Lei
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
8.666/93, desde que não afete inquestionavelmente a formulação das propostas e, ainda, seja
conferida publicidade e remanesça prazo razoável até a data da apresentação das propostas.
4. Os limites de aditamento estabelecidos no art. 65, inciso II, § 1º, da Lei 8.666/93 devem ser
verificados separadamente, tanto nos acréscimos quanto nas supressões de itens e quantitativos,
e não pelo cômputo final que tais alterações (acréscimos menos decréscimos) possam provocar
na equação financeira do contrato.
5. A relação de parentesco entre o sócio da empresa vencedora do certame e o autor do projeto
caracteriza a participação indireta deste na licitação, o que afronta o disposto no art. 9º, § 3º, da
Lei 8.666/93.
PLENÁRIO
749
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
quanto à suposta interpretação restritiva dos institutos pela ECT, compreendo não ser razoável
partir da premissa de que a entidade irá desprezar a jurisprudência e o entendimento
doutrinário acerca da teoria da imprevisão". O Tribunal, acolhendo proposta do relator, julgou
improcedente a representação em relação a esse ponto. Acórdão 2055/2013-Plenário, TC
015.746/2013-5, relator Ministro Benjamin Zymler, 7.8.2013.
4. Os limites de aditamento estabelecidos no art. 65, inciso II, § 1º, da Lei 8.666/93 devem
ser verificados separadamente, tanto nos acréscimos quanto nas supressões de itens e
quantitativos, e não pelo cômputo final que tais alterações (acréscimos menos decréscimos)
possam provocar na equação financeira do contrato.
Auditoria nas obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas
do Nordeste Setentrional (Pisf) verificara, em dois contratos, acréscimos e supressões em
percentual superior ao legalmente permitido. A equipe de auditoria constatara que a
metodologia empregada pelo Ministério da Integração Nacional (MI) para calcular o montante
dos acréscimos e decréscimos contratuais divergia do entendimento consolidado do TCU
atinente ao assunto, uma vez que estavam sendo efetuadas compensações entre os acréscimos e
as supressões. O relator consignou que, ao celebrar os aditivos aos contratos em questão, o
Ministério “incorreu em acréscimos ou supressões em percentual superior a 25% do valor
inicial dos contratos, contrariando o art. 65, caput e §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.666/1993, assim
750
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
como a jurisprudência consolidada deste Tribunal no sentido de que tais limites legais devem
ser verificados separadamente tanto nos acréscimos quanto nas supressões de itens ao
contrato, e não pelo cômputo final que tais alterações (acréscimos menos decréscimos) possam
provocar na equação financeira do contrato (Acórdãos nº 1.733/2009, 749/2010, 1.924/2010 e
2.819/2011, todos do Plenário)”. Como o órgão vinha seguindo normativo interno “que
facultava a utilização de metodologia distinta da consagrada pelo TCU, bem como o fato de
que alguns aditivos que contribuíram para a extrapolação dos limites legais (aumentando ou
diminuindo os valores inicialmente contratados) foram firmados quando o entendimento sobre
a questão estava em processo de consolidação no âmbito desta Casa”, o relator entendeu
suficiente cientificar o MI sobre o fato, a fim de evitar sua repetição. O Plenário acolheu o voto.
Acórdão 2059/2013-Plenário, TC 009.861/2013-0, relator Ministro Raimundo Carreiro,
7.8.2013.
Número 164
Sessões: 13 e 14 de agosto de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. Os critérios objetivos, previstos nas normas legais, de aferição da exequibilidade das
propostas possuem apenas presunção relativa, cabendo à Administração dar oportunidade ao
licitante para demonstrar a viabilidade de sua proposta.
2. Os contratos firmados no exterior que devam produzir efeitos jurídicos no Brasil devem ser,
obrigatoriamente, redigidos em língua portuguesa, em atendimento ao princípio da publicidade.
3. Nos contratos firmados por sociedades de economia mista exploradoras de atividade
econômica, a adoção de cláusulas de juízo arbitral deve estar técnica e economicamente
justificada e comprovadamente em conformidade com as práticas de mercado.
4. Nas contratações do tipo turn key em que a elaboração do projeto básico for de
responsabilidade da contratada (contratação integrada), deve ser promovida, previamente à
abertura da licitação, a definição adequada das características do objeto a ser contratado, por
meio de estudos, ensaios e projetos preliminares de engenharia.
Segunda Câmara
5. Nas licitações e contratações de obras e serviços de engenharia, compete aos gestores
públicos exigir, a cada etapa (projeto, execução, supervisão e fiscalização), as respectivas
Anotações de Responsabilidade Técnica, sob pena de responsabilização.
6. A homologação é um ato de fiscalização e controle praticado pela autoridade competente
sobre tudo o quanto foi realizado pela comissão de licitação, e equivale a aprovar os
procedimentos até então adotados.
PLENÁRIO
752
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
2. Os contratos firmados no exterior que devam produzir efeitos jurídicos no Brasil devem
ser, obrigatoriamente, redigidos em língua portuguesa, em atendimento ao princípio da
publicidade.
Pedido de Reexame interposto pela Petrobras contra o Acórdão 2094/2009 - Plenário
questionou determinação imposta a essa estatal para que os futuros contratos sejam,
obrigatoriamente, redigidos “em língua portuguesa, ou em textos bicolunados, com tradução da
língua estrangeira para a língua portuguesa, conforme o disposto no art. 13 da Constituição
Federal, c/c o art. 224 da Lei n. 10.406/2002 (Código Civil Brasileiro)”. A recorrente
argumentou que seriam lícitos os instrumentos contratuais firmados apenas em língua
estrangeira por sua subsidiária sediada no exterior. O relator, assentado na legislação e na
jurisprudência desta Corte, rebateu essa argumentação destacando a necessidade de que os
contratos estejam vertidos para o vernáculo para que produzam efeitos jurídicos no Brasil.
Observou ainda que "a Petrobras é integrante da administração pública indireta, de forma que
está sujeita ao princípio da publicidade ... De acordo com esse princípio, o trato da coisa
pública deve ser dotado de máxima transparência, de forma a possibilitar o controle social por
parte dos administrados". Ponderou, contudo, a abrangência da determinação impugnada, a
qual abarcaria todos os contratos celebrados pela estatal, inclusive as avenças firmadas pelas
subsidiárias no exterior, sem qualquer efeito jurídico no Brasil. Destacou que "esse
procedimento, além de onerar as contratações com custos de tradução, pode provocar
insegurança jurídica nos contratados do exterior, os quais possivelmente não possuem
expertise em firmar contratos em língua diversa daquela de seu país de origem". Nesse sentido,
ponderando a aplicação do princípio da publicidade com os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, propôs a redução do campo de aplicação do comando, de forma a não
abarcar negócios jurídicos que não devam produzir efeitos no Brasil. O Tribunal, ao acolher a
proposta do relator, deu provimento parcial ao recurso a fim de conferir a seguinte redação ao
item questionado: "nos futuros contratos que vier a celebrar e que devam produzir efeitos
jurídicos no Brasil, atente para a obrigatoriedade de os termos contratuais serem pelo menos
redigidos em língua portuguesa". Acórdão 2145/2013-Plenário, TC 006.588/2009-8, relator
Ministro Benjamin Zymler, 14.8.2013.
753
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
“entende-se que ... somente deve ser utilizada em situações peculiares devidamente justificadas
e de modo a se seguir a comprovada prática de mercado”. Nesse sentido, propôs a alteração da
determinação impugnada, “de forma que a utilização de cláusula arbitral não seja restrita à
atividade fim da empresa, devendo entretanto ser justificada técnica e economicamente e ser de
acordo com a prática de mercado”. Nesses termos, o Plenário acolheu a proposta formulada
pelo relator, dando provimento parcial ao recurso. Acórdão 2145/2013-Plenário, TC
006.588/2009-8, relator Ministro Benjamin Zymler, 14.8.2013.
4. Nas contratações do tipo turn key em que a elaboração do projeto básico for de
responsabilidade da contratada (contratação integrada), deve ser promovida, previamente
à abertura da licitação, a definição adequada das características do objeto a ser
contratado, por meio de estudos, ensaios e projetos preliminares de engenharia.
Também no Pedido de Reexame interposto pela Petrobras contra o Acórdão 2094/2009-
Plenário, a estatal questionou determinação no sentido de que “mesmo em contratações do tipo
‘turn key’ passe a elaborar previamente à abertura do certame licitatório o projeto básico e o
seu respectivo orçamento detalhado”. Segundo a recorrente, a contratação ocorrera de acordo
com o Decreto 2.745/98 (Regulamento do Procedimento Licitatório Simplificado da Petrobras).
O relator, em preliminar, ressaltou que as contratações do tipo turn key podem ocorrer “com a
elaboração prévia do projeto básico pela contratante ou com a atribuição à contratada de
execução do projeto básico”. Destacou que a deliberação impugnada refere-se à segunda
hipótese, denominada contratação integrada, quando a elaboração do projeto básico fica a cargo
da contratada, a qual é prevista tanto na Lei 12.462/11, que estabelece o RDC, quanto no
Decreto 2.745/98, que aprova o regulamento licitatório da Petrobras. “Nesses casos, a definição
do objeto e a sua orçamentação devem ocorrer mediante anteprojeto de engenharia, de acordo
com os normativos pertinentes”. Em relação ao RDC, observou que, nos termos da Lei
12.462/11, “a Petrobras pode dele se utilizar caso execute alguma ação integrante do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Entretanto, até porque a norma lhe é
posterior, a decisão ora impugnada não tratou dessa matéria, de forma que caberia a reforma
da decisão para excepcionar a hipótese de aplicação do RDC pela Petrobras”. Observou ainda
que a deliberação estaria incompatível com a jurisprudência do TCU, segundo a qual “a licitude
da utilização pela Petrobras de contratações tipo EPC [turn key] deve ser aferida em cada caso
concreto”. Considerando que a determinação em questão vedara a prática de forma geral, o
Tribunal, após os debates, decidiu por sua reforma para torná-la menos restritiva, dando
provimento parcial ao recurso de modo a conferir a seguinte redação ao item questionado: “nas
hipóteses legalmente permitidas para a adoção de contratações tipo “turn key” sem a
elaboração prévia de projeto básico, promova, previamente à abertura do certame licitatório,
por meio de estudos, ensaios e projetos preliminares de engenharia, a definição adequada ...
[das] características do objeto a ser contratado”. Acórdão 2145/2013-Plenário, TC
006.588/2009-8, relator Ministro Benjamin Zymler, 14.8.2013.
SEGUNDA CÂMARA
754
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Técnica – ART do projeto básico e do orçamento da licitação e (iii) designou como fiscais das
obras servidores sem qualificação para o encargo. No entendimento da relatora, o diretor-geral,
ao agir dessa maneira “assumiu para si toda a responsabilidade pela coerência e suficiência
das informações contidas naquele importante documento”. A propósito, lançou mão do parecer
exarado pelo representante do Ministério Público que, alicerçado na legislação e na
jurisprudência incidente, anotou: “deveria o gestor público ter exigido, nos termos da lei, a
apresentação de ART referente ao projeto básico em questão, sendo que a sua inexistência fez
recair sobre o mesmo, autoridade que homologou o processo licitatório, a responsabilidade por
eventual deficiência de projeto ... Ademais, jurisprudência do TCU há muito se mostra pacífica
acerca da obrigatoriedade de exigência, por parte do gestor público, da apresentação de
Anotação de Responsabilidade Técnica – ART referente a projeto, execução, supervisão e
fiscalização de obras e serviços de engenharia. Nesse sentido, inclusive, foi publicada a
Súmula/TCU n. 260 ...”. Também recorrendo ao parecer do MP, a relatora entendeu não ser
possível afastar a responsabilidade das empresas executoras: “o simples fato de terem executado
obras de engenharia sem a apresentação da competente Anotação de Responsabilidade Técnica
- ART faz recair sobre as empresas contratadas a responsabilidade sobre os defeitos, vícios ou
incorreções, resultantes da elaboração e execução do projeto de engenharia em questão”.
Nesse sentido, acolhendo proposta da relatora, o Tribunal julgou irregulares as contas do gestor,
condenando-o ao recolhimento dos débitos apurados, dois deles solidariamente com as
empresas contratadas, aplicando-lhes, individualmente, a multa capitulada no art. 57 da Lei
8.443/92. Acórdão 4790/2013-Segunda Câmara, TC 020.190/2010-7, relatora Ministra Ana
Arraes, 13.8.2013.
Número 165
Sessões: 20 e 21 de agosto de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
755
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A ausência, em edital de licitação internacional, de previsão de equalização das propostas
ofertadas por licitantes nacionais e estrangeiros configura desobediência aos princípios da
isonomia, da eficiência e do julgamento objetivo da licitação, previstos no art. 37, caput e inciso
XXI, da Constituição Federal c/c o art. 42, §§ 4º e 5º, da Lei 8.666/93.
2. É irregular a participação de cooperativas em licitação cujo objeto se refira a prestação de
serviço que exija relações próprias de emprego, como subordinação (hierarquia) e habitualidade
(jornada de trabalho) dos trabalhadores.
3. A sanção prevista no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/93 produz efeitos apenas em relação ao
órgão ou entidade sancionador, enquanto a prevista no art. 7º da Lei 10.520/02 produz efeitos no
âmbito do ente federativo que a aplicar.
Segunda Câmara
4. As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando houver previsão de recursos
orçamentários que assegurem o pagamento das respectivas obrigações no exercício financeiro
em curso.
5. As exigências de habilitação devem guardar proporcionalidade com a dimensão e a
complexidade do objeto licitado, de modo a proteger a Administração Pública de interessados
inexperientes ou incapazes para prestar o serviço desejado.
Inovação Legislativa
Decreto 8.080, de 20.8.2013.
PLENÁRIO
756
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
um projeto mais amplo, no qual diversas aquisições estão programadas para ocorrer nos
próximos meses e anos, utilizando-se das regras e do normativo do BIRD”. Ressalvou,
especialmente, as disposições do edital, aderentes às diretrizes do BIRD, que conferem
tratamento diferenciado às licitantes nacionais e internacionais, “exigindo das primeiras a
inclusão de todos os tributos e outras taxas de importação, dispensando, porém, as últimas da
discriminação desses encargos”. A propósito, relembrou que, no tocante às aquisições
viabilizadas com recursos de organismos internacionais, o TCU tem jurisprudência consolidada
de que a aplicação das regras de aquisição próprias desses organismos não afasta, no que não for
conflitante, a observância dos dispositivos da Lei 8.666/93. Em conclusão, registrou que “a
comparação de preços das licitantes estrangeiras e nacionais, em bases tributárias e de custos
totalmente distintas, sem a devida equalização, a exemplo do previsto na licitação em comento,
importa em violação aos princípios da isonomia, do julgamento objetivo e da obtenção da
proposta mais vantajosa para a Administração, devendo, portanto, ser repelido por este
Tribunal”. Nesse sentido, o Plenário do TCU, acolhendo a proposta do relator, considerou
parcialmente procedente a representação, cientificando a Eletrobras da irregularidade. Acórdão
2238/2013-Plenário, TC 008.590/2013-3, relator Ministro José Jorge, 21.8.2013.
3. A sanção prevista no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/93 produz efeitos apenas em relação
ao órgão ou entidade sancionador, enquanto a prevista no art. 7º da Lei 10.520/02 produz
efeitos no âmbito do ente federativo que a aplicar.
Representação versando sobre pregão eletrônico promovido pelo Serviço Federal de
Processamento de Dados - Regional de São Paulo (Serpro/SP) apontara possível restrição à
competitividade decorrente de disposição editalícia vedando a participação de empresas “que
estejam com o direito de licitar e contratar suspenso com o SERPRO e/ou outros órgãos da
Administração Pública, bem como tenham sido declaradas inidôneas pela mesma”. Em juízo
de mérito, realizadas as oitivas regimentais após concessão da cautelar pleiteada pelo
757
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
758
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Número 166
759
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. Os orçamentos de licitações em obras e serviços de engenharia devem considerar a
desoneração instituída pela Lei 12.844/13, que possibilita a redução de custos previdenciários
das empresas de construção civil, caracterizando sobrepreço a fixação de valores em contrato
que desconsidere tal dedução.
2. Nas licitações para aquisição de veículos, no que se refere a consumo e emissão de poluentes,
devem os editais adotar exigências tecnicamente embasadas que possam ser objetivamente
avaliadas, sem a imposição de restrições a tecnologias que possam oferecer níveis compatíveis
com os parâmetros pretendidos.
Primeira Câmara
3. A atestação é condição prévia essencial ao pagamento do serviço, pois representa a
confirmação, pelo contratante, de que o objeto foi integralmente atendido nos termos acordados,
sendo inadmissível o pagamento de serviço medido por parâmetro dissonante daquele
estipulado em contrato.
PLENÁRIO
760
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
12.546/2011 – a impactar nos custos das empresas da construção civil nas áreas de construção
de edifícios; instalações elétricas, hidráulicas e outras instalações em construções; obras de
acabamento e outros serviços especializados de construção – especificamente quanto à
desoneração do INSS nos encargos sociais sobre a mão de obra e quanto à criação da
Contribuição Previdenciária sobre a Renda Bruta (CPRB), a onerar o BDI em 2%". Acórdão
2293/2013-Plenário, TC 017.124/2013-1, relator Ministro Valmir Campelo, 28.8.2013.
PRIMEIRA CÂMARA
761
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 167
Sessões: 3 e 4 de setembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A exigência de apresentação de amostras é compatível com as licitações realizadas mediante
pregão, inclusive na forma eletrônica, e deve ser requerida na fase de classificação das propostas
e somente do licitante provisoriamente classificado em primeiro lugar.
2. O estabelecimento do prazo de validade da ata do sistema de registro de preços é competência
privativa da União, tendo em vista sua fixação em norma de caráter geral (art. 15, § 3º, da Lei
8.666/93).
762
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. Nos termos dos artigos 60, parágrafo único, e 62 da Lei 8.666/93, a execução de serviços sem
a formalização de termo contratual caracteriza contrato verbal, ainda que o pagamento seja
realizado após a assinatura do contrato.
4. A especificação, no edital, de produto ou bem cuja descrição e características correspondem a
modelo exclusivo de determinado fabricante, sem que haja justificativas técnicas, afronta o
disposto nos arts. 3º, caput e § 1º, e 7º, § 5º, da Lei 8.666/93 c/c o art. 9º da Lei 10.520/02.
Segunda Câmara
5. É legítima a adoção da licitação por lotes formados com elementos de mesma característica,
quando restar evidenciado que a licitação por itens isolados exigirá elevado número de
processos licitatórios, onerando o trabalho da administração pública, sob o ponto de vista do
emprego de recursos humanos e da dificuldade de controle, colocando em risco a economia de
escala e a celeridade processual e comprometendo a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração.
PLENÁRIO
763
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. Nos termos dos artigos 60, parágrafo único, e 62 da Lei 8.666/93, a execução de serviços
sem a formalização de termo contratual caracteriza contrato verbal, ainda que o
pagamento seja realizado após a assinatura do contrato.
Embargos de Declaração apontaram omissão em deliberação que julgara irregulares as contas
do embargante em razão, dentre outras, de irregularidade relativa à execução de serviços para
premiação institucional sem amparo contratual. Segundo a recorrente, a omissão estaria
caracterizada pela falta de fundamentação da irregularidade, motivo pelo qual solicitara que
fosse explicitado “por que uma empresa que sabe que será contratada para apresentar o
desenho do prêmio e que tem obrigação de apresentar o produto no ato da contratação, há de
ser considerada como prestadora de serviço sem contrato”. No caso concreto, a empresa fora
contratada por inexigibilidade de licitação, ao amparo do art. 25, inciso II, da Lei 8.666/93. A
relatora, ao rejeitar a alegação de omissão, destacou trechos do relatório e do voto condutor da
deliberação recorrida que fundamentam a irregularidade: "Tanto a cláusula primeira, quanto a
cláusula quarta do referido contrato (...) demonstram, de maneira inequívoca, previsão
expressa para entrega e pagamento da primeira parcela do objeto do contrato (concepção e
desenho), respectivamente, no ato de sua assinatura, circunstância essa que não seria possível
se não houve execução da primeira parcela em data anterior à da assinatura. Com isso, fica
evidente que a execução da primeira parcela do contrato se deu em data anterior à da
assinatura do termo do contrato e, portanto, sem que houvesse formalização do mesmo... Ainda
que o pagamento tenha ocorrido em data posterior à da assinatura do contrato, a contratação
do serviço se deu em data anterior a celebração do contrato e sem a formalização do termo
764
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
contratual..." (grifamos). Destacou ainda a relatora que "a assinatura do contrato representou
mera formalidade, já que na verdade as partes já haviam celebrado antes um contrato verbal",
o que afronta a legislação, que só o admite em situações excepcionais (arts. 60, parágrafo único,
e 62 da Lei 8.666/1993). Considerando que não houve a omissão alegada, o Tribunal negou
provimento ao recurso. Acórdão 2380/2013-Plenário, TC 015.335/2006-8, relatora Ministra
Ana Arraes, 4.9.2013.
SEGUNDA CÂMARA
765
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
contrário, no sentido de que as compras, sempre que possível, devem ser divididas em tantas
parcelas quanto forem necessárias ao aproveitamento das peculiaridades do mercado, em
obediência ao princípio da economicidade, aduzindo que, por essa razão, a licitação foi
dividida em dezesseis lotes, cujos itens foram grupados conforme as particularidades de cada
produto”. Analisando o feito, anotou o relator a pertinência da representação, “haja vista não
ser a matéria, como visto, pacífica no âmbito do TCU, de sorte que, de certa maneira, enseja a
análise de situações concretas, para que se possa concluir se houve, ou não, afronta à
competitividade do certame”. No caso vertente, em que 16 lotes contemplaram 107 itens, o
relator consignou que a adoção da licitação por itens isolados exigiria “elevado número de
procedimentos para seleção”, o que “tornaria bem mais oneroso o trabalho da administração
pública, sob o ponto de vista do emprego de recursos humanos e da dificuldade de controle, de
sorte que poderia colocar em risco a economia de escala e a celeridade processual,
comprometendo a seleção da proposta mais vantajosa para a administração”. E concluiu no
sentido de considerar, diante de irregularidade formal apurada, a representação parcialmente
procedente, anotando que “diante das peculiares circunstâncias do presente caso concreto (...)
a licitação por itens isolados poderia trazer indesejáveis riscos à administração pública,
mostrando-se adequado, pois, o agrupamento desses itens em lotes, com elementos de mesma
característica”. O Plenário do TCU, ao acolher a proposta da relatoria, julgou parcialmente
procedente a representação. Acórdão 5301/2013-Segunda Câmara, TC 009.965/2013-0, relator
Ministro-Substituto André Luís de Carvalho, 3.9.2013.
Número 168
Sessões: 10 e 11 de setembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Não compete ao TCU atuar na defesa de interesses privados do licitante junto à administração
contratante, sob pena de representar avanço indevido nas atribuições que são próprias do órgão
ou da entidade pública ou do Poder Judiciário.
2. Na licitação de serviços de natureza continuada é factível fixar as seguintes exigências de
qualificação técnico-operacional: (i) para a contratação de até 40 postos de trabalho, atestado de
execução de contrato com mínimo de 20 postos e, para contratação de mais de 40 postos,
atestado com mínimo de 50% dos postos; e (ii) atestado de execução de serviços de
terceirização compatíveis em quantidade com o objeto licitado por período igual ou superior a 3
anos.
766
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
767
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Contas da União pelo Texto Constitucional”, ressalvando, contudo, que “esta Corte poderá
intervir no processo, em defesa do interesse público, diante de atos a serem praticados pelo
FNDE, para prosseguimento do pregão relativo ao item em questão, que possam, de alguma
forma, representar prejuízo para a Administração”. Nesse sentido, o Tribunal, acolhendo a tese
da relatoria, não conheceu da representação. Acórdão 2439/2013-Plenário, TC 009.707/2013-1,
relator Ministro Valmir Campelo, 11.9.2013.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
supervenientes devem ser formalizadas por meio de termos aditivos ao contrato principal”.
Quanto à incidência das determinações apenas nos contratos celebrados por preço global,
destacou o relator que “a previsão de pagamento de valores adicionais sem vínculo a um objeto
específico e determinado é sempre uma impropriedade, independentemente da modalidade
escolhida. Mesmo que a cláusula em questão se denomine ‘Encargos Globais’, por se destinar
a cobrir despesas contratuais decorrentes de caso fortuito ou força maior, entendo que não é
lícita sua previsão dentro do contrato, pois também são fatos futuros e incertos que não
deveriam onerar o contrato principal no presente”. Em sinopse, o relator registrou que partilha
“o posicionamento de que o procedimento impugnado fere o próprio princípio de licitação,
uma vez que, sob o abrigo dessas cláusulas indeterminadas e sem recorrer a nenhum
procedimento formal que busque aferir a melhor proposta para a empresa, poder-se-ia alterar
ilimitadamente o objeto do contrato tanto sob o aspecto quantitativo, quanto em relação ao
aspecto qualitativo”. O Plenário, acolhendo a tese do relator, negou provimento ao recurso,
mantendo inalterada a deliberação recorrida. Acórdão 2450/2013-Plenário, TC 006.306/2008-3,
relator Ministro Raimundo Carreiro, 11.9.2013.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
6. É irregular o uso da modalidade pregão para a licitação de obra, que, nos termos da Lei
8.666/93, é toda “construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação”,
independentemente dos materiais nela empregados ou de eventual mobilidade do objeto a
ser executado.
Representação relativa à contratação, com recursos federais, de Unidades Modulares de
Assistência à Cidadania com Portabilidade, realizada pela Secretaria de Estado de Saúde do
Distrito Federal, apontara, dentre outras irregularidade, "o uso de modalidade inadequada –
pregão eletrônico – para contratação de obra". Realizadas as oitivas regimentais após a
concessão de medida cautelar, a Secretaria de Saúde alegou que o objeto contratado refere-se a
fornecimento de bens "em face da sua 'mobilidade', característica esta incompatível com a
execução de obra". O Relator rebateu, destacando que "o material a ser empregado nessas
construções – painéis metálicos pré- fabricados – delas não retira a condição de obra de
engenharia, porque a edificação, espécie do gênero obra, não se desnatura em razão dos
materiais utilizados". Destacou que "a Lei de licitações e contratos administrativos não leva em
consideração os materiais empregados na obra para conceituá-la. Obra, nos termos da Lei, é
'toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução
direta ou indireta' (art. 6º, inciso I, da Lei 8.666/1993)". Ainda em relação ao objeto contratado,
destacou que a produção dos painéis metálicos nas instalações da contratada "é também
qualificada como obra, porque o legislador incluiu a 'fabricação' como espécie do gênero
obra". Acrescentou que a fabricação desses materiais é obra acessória à obra principal
(construção dos prédios) e que o edital da licitação exigiu "a prestação de serviços de
engenharia indissociáveis às obras de edificação". Por fim, anotou que "eventual operação de
desmontagem e remontagem do prédio, em local diverso, dele não retiraria a condição de
imóvel, tampouco afasta a conclusão de que a incorporação dessas unidades modulares ao solo
é obtida por meio de construção, de obra de engenharia". Considerando que o objeto não se
ajusta ao conceito de compra, mas ao de contratação de obra, o Tribunal, acolhendo a proposta
do relator, considerou a representação procedente e emitiu determinações corretivas aos agentes
envolvidos. Acórdão 2470/2013-Plenário, TC 015.707/2013-0, relator Ministro-Substituto
Augusto Sherman Cavalcanti, 11.9.2013.
770
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 169
Sessões: 17 e 18 de setembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A existência de eventuais créditos tributários não considerados expressamente na proposta da
contratada não indica, por si só, a ocorrência de sobrepreço. Para a apuração da economicidade
dos preços praticados é necessária a avaliação da contratação de forma global.
2. Nas licitações para a contratação de empresa para operar plano ou seguro privado de saúde, a
definição de uma rede mínima de estabelecimentos credenciados não constitui, a priori,
irregularidade, pois objetiva resguardar o interesse da Administração de que os beneficiários
tenham acesso a uma rede adequada de assistência à saúde.
3. O edital da licitação, ao estabelecer vedações à participação no certame, deve ser
suficientemente claro no sentido de que a penalidade de suspensão para licitar e contratar,
prevista no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/93, tem abrangência restrita ao órgão ou entidade que
aplicou a sanção.
4. Alterações promovidas no edital que repercutam substancialmente no planejamento das
empresas interessadas, sem a reabertura do prazo inicialmente estabelecido ou sem a devida
publicidade, restringem o caráter competitivo do certame e configuram afronta ao art. 21, § 4º,
da Lei 8.666/93.
PLENÁRIO
771
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
tributos pelo regime não cumulativo – na forma especificada pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 –
mediante o qual a empresa contribuinte pode se beneficiar de créditos correspondentes à
incidência desses tributos sobre as diversas etapas de sua cadeia produtiva e de comercialização.
Nesse regime, a carga de tributos efetivamente suportada pela contratada pode ser
significativamente menor do que a carga nominal indicada em sua proposta de preços, razão
pela qual, para evitar possível enriquecimento ilícito da contratada, fora determinado à Petrobras
que apurasse a diferença. Em sede de oitiva, a Petrobrás manifestou-se pela impossibilidade de
realização da apuração determinada pelo TCU, pelo fato de a escrituração contábil da contratada
não discriminar receitas e despesas tributárias para cada contrato. Reconhecendo o argumento
da Petrobras, o relator anotou que para apurar a incidência tributária “ter-se-ia que analisar
toda a cadeia de produção ou comercialização da empresa, aferindo-se caso a caso o
enquadramento de cada situação na legislação tributária e os seus eventuais efeitos
financeiros”, dificuldade agravada pelos óbices decorrentes do sigilo fiscal. Noutra ótica,
observou que “o cerne da questão, de acordo com o princípio da economicidade, é saber se
foram praticados preços de mercado, de forma que a administração não tenha despendido
recursos além do necessário para preencher a finalidade pública objeto da contratação”. Em
decorrência, “a existência de eventuais créditos tributários não considerados expressamente na
proposta da contratada não indica, por si só, a ocorrência de sobrepreço”. Em primeiro lugar,
“porque não pode ser descartada a hipótese de que a contratada, de forma a ampliar a
competitividade de sua proposta, tenha considerado esses créditos quando da fixação de seus
preços unitários”. E, em segundo, “porque a jurisprudência desta Corte indica que a existência
de alguns itens com preços unitários superiores aos de mercado não afasta a necessidade de
ser avaliada a contratação de forma global para ser analisada a economicidade dos preços
praticados”. Nesse sentido, o relator concluiu que “o exame isolado dos tributos praticados
pela contratada não permite chegar à conclusão acerca da economicidade dos preços
praticados”. O Plenário do TCU, acolhendo a tese do relator, considerou, dentre outras
medidas, prejudicada a determinação. Acórdão 2531/2013-Plenário, TC 011.647/2007-5,
relator Ministro Benjamin Zymler, 18.9.2013.
2. Nas licitações para a contratação de empresa para operar plano ou seguro privado de
saúde, a definição de uma rede mínima de estabelecimentos credenciados não constitui, a
priori, irregularidade, pois objetiva resguardar o interesse da Administração de que os
beneficiários tenham acesso a uma rede adequada de assistência à saúde.
Representação acerca de possíveis irregularidades ocorridas em pregão eletrônico conduzido
pelo TRT-2ª Região – cujo objeto era a contratação de empresa para operar plano ou seguro
privado de assistência à saúde para magistrados, servidores e seus dependentes – apontara
possível restrição à competitividade do certame. O questionamento cingia-se ao fato de que o
edital especificava os estabelecimentos de saúde que deveriam fazer parte da proposta das
licitantes. Analisando o mérito, o relator consignou não vislumbrar irregularidade no
procedimento adotado pelo TRT-2ª Região, já que não fora evidenciado “qualquer elemento
que indique que a rede de hospitais exigida no edital tenha sido excessiva, desarrazoada ou que
tivesse o objetivo de direcionar a contratação”. Relembrando que a licitação busca conciliar a
ampliação da competitividade com o atendimento do interesse público, o relator anotou que “a
definição de uma rede mínima de estabelecimentos credenciados não constitui, a priori, uma
irregularidade e objetiva resguardar o interesse da administração de que seus servidores e
magistrados tenham acesso a uma rede adequada de assistência à saúde”. Destacou, contudo, a
necessidade de observância aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade na definição
da rede. Nesse passo, refutou, por entender de difícil operacionalização, a sugestão da
representante para que se pudesse apresentar “hospitais equivalentes” aos nominados no edital,
“uma vez inexistirem parâmetros técnicos para avaliação se determinado hospital é equivalente
a outro”, o que colocaria em risco a conclusão do certame pela subjetividade envolvida. Nesse
sentido, o Tribunal, acolhendo a tese da relatoria, considerou improcedente a representação.
Acórdão 2535/2013-Plenário, TC 007.580/2013-4, relator Ministro Aroldo Cedraz, 18.9.2013.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 170
Sessões: 24 e 25 de setembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. É possível a adoção do registro de preços nas licitações de obras, sob o regime do RDC, em
que seja demonstrada a viabilidade de se estabelecer a padronização do objeto e das propostas,
de modo que se permitam a obtenção da melhor proposta e contratações adequadas e vantajosas
às necessidades dos interessados.
2. Nas licitações para registro de preços direcionadas apenas para aderentes, é obrigatório aos
vencedores do certame contratar a integralidade dos quantitativos registrados na ata, conforme o
mens legis estabelecido no art. 96 c/c o art. 99 do Decreto 7.581/11.
3. É indevida a inabilitação de licitante em razão da apresentação de atestado de capacidade
técnica com data posterior à da abertura do certame, uma vez que tal documento tem natureza
declaratória - e não constitutiva – de uma condição preexistente.
4. Em sede de pregão eletrônico ou presencial, o juízo de admissibilidade das intenções de
recurso deve avaliar tão-somente a presença dos pressupostos recursais (sucumbência,
tempestividade, legitimidade, interesse e motivação), constituindo afronta à jurisprudência do
TCU a denegação fundada em exame prévio do mérito do pedido.
5. A licitação para aquisição de cartuchos de toner, por se tratar de bem de informática, está
sujeita à disciplina da Lei 8.248/91 e dos Decretos 5.906/06 e 7.174/10, inclusive no tocante ao
direito de preferência aos bens e serviços produzidos com tecnologia desenvolvida no País e/ou
de acordo com processo produtivo básico.
6. A taxa de BDI deve ser formada pelos componentes: administração central, riscos, seguros,
garantias, despesas financeiras, remuneração do particular e tributos incidentes sobre a receita
auferida pela execução da obra. Custos diretamente relacionados com o objeto da obra,
passíveis de identificação, quantificação e mensuração na planilha de custos diretos
(administração local, canteiro de obras, mobilização e desmobilização, dentre outros), não
devem integrar a taxa de BDI.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
1. É possível a adoção do registro de preços nas licitações de obras, sob o regime do RDC,
em que seja demonstrada a viabilidade de se estabelecer a padronização do objeto e das
propostas, de modo que se permitam a obtenção da melhor proposta e contratações
adequadas e vantajosas às necessidades dos interessados.
Representação formulada por equipe de fiscalização do Tribunal acerca de possíveis
irregularidades em editais de registro de preços lançados pelo FNDE apontara “ilegalidade da
aplicação do Sistema de Registro de Preços (SRP) para obras”. As licitações em questão,
realizadas mediante Regime Diferenciado de Contratação (RDC), tiveram por objeto a “eventual
construção de escolas-padrão” no âmbito do Programa Proinfância, obedecendo às tipologias
dos Projetos-Padrão definidos pelo FNDE. Após a oitiva do órgão, o relator destacou que o
Decreto 7.581/11, que regulamenta o RDC, bem como o Decreto 7.892/13, que regulamenta o
SRP, não contemplavam previsão para a utilização do instituto do registro de preços para obras.
Ponderou, contudo, diante da situação fática evidenciada nos autos, que a anulação do certame
não seria cabível em razão dos prejuízos sociais decorrentes da paralisação do programa,
destacando que a “visão teleológica da lei” e a publicação posterior do Decreto 8.080/13 (que
alterou o Decreto 7.581/11) são decisivos na análise da questão. Sobre o mencionado decreto,
ressaltou que, ao autorizar, de forma literal, a utilização do SRP para obras, não teria
extrapolado a Lei 12.462/11 (RDC). Explicou que em um SRP os objetos devem ser
padronizáveis, sob pena de não oferecer uma contratação vantajosa, e como as obras, em geral,
não são padronizáveis, a Lei não dispôs sobre elas de forma direta. No caso concreto, contudo,
“a modelagem da licitação foi engenhosamente concebida” de forma a possibilitar a
padronização de propostas e a precificação justa das edificações, destacando, além da baixa
complexidade técnica e porte das obras, a regionalização dos lotes e a utilização da contratação
integrada como fatores determinantes para a padronização da obra. Concluiu, por fim, que “o
mens legis do dispositivo questionado foi plenamente atendido. A licitação em escopo teve o
poder de escolher a melhor proposta ...”. Ressalvou, por fim, os riscos de se licitar,
generalizadamente, obras por registro de preço, motivo pelo qual propôs o acompanhamento do
programa, desde a construção até o pós-obra. O Tribunal endossou a proposta do relator quanto
a essa questão, julgando a Representação parcialmente procedente. Acórdão 2600/2013-
Plenário, TC 019.318/2013-8, relator Ministro Valmir Campelo, 25.9.2013.
2. Nas licitações para registro de preços direcionadas apenas para aderentes, é obrigatório
aos vencedores do certame contratar a integralidade dos quantitativos registrados na ata,
conforme o mens legis estabelecido no art. 96 c/c o art. 99 do Decreto 7.581/11.
Ainda na Representação relativa aos editais de registro de preços lançados pelo FNDE no
âmbito do Programa Proinfância, o relator questionou cláusula que permitira aos fornecedores
beneficiários da ata “optar pela aceitação ou não do fornecimento aos interessados que ainda
irão aderir à Ata de Registro de Preços, independentemente dos quantitativos registrados ...”.
O relator registrou que a cláusula fundamentou-se no Decreto 7.581/11, que regulamenta o
RDC, o qual prescreve que os fornecedores “não serão obrigados a contratar com órgãos
aderentes [caronas]”, impondo fornecimento obrigatório apenas aos participantes. Explicou que,
em um processo convencional, as quantidades editalícias são o somatório das necessidades do
gerenciador e dos diversos participantes, sendo esse quantitativo de fornecimento obrigatório.
No caso peculiar da licitação em questão, em razão de ela ser concebida unicamente para a
adesão dos municípios, inexistem necessidades do gerenciador, nem mesmo participantes.
Assim, as quantidades são estimadas em função apenas das necessidades dos aderentes. Como
consequência, “o fornecedor, considerando que existem apenas ‘aderentes’, pode tender a
contratar apenas a ‘boa fatia’ da licitação. Para aqueles lotes mais onerosos, pode decidir não
contratar", o que afastaria o alcance da "boa proposta". Nesse sentido, concluiu o relator,
"para assegurar o objetivo dessa licitação – que, afinal, é o que guarda o art. 99 do Decreto
7.581/2011, ao obrigar o fornecimento para o gerenciador e participantes – o fornecimento não
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
pode ser optativo, para a vencedora. Tem de ser obrigatório... Tal condição tem de estar
estampada nos instrumentos convocatórios nesse modelo, como condição para garantia da
melhor proposta". O Tribunal, em caráter excepcional, anuiu à continuidade da licitação, sem
prejuízo de notificar o FNDE, dentre outras, da falha relativa à "opção conferida à vencedora do
certame de não contratar a integralidade dos quantitativos licitados na Ata de Registro de
Preços, em desconformidade com o mens legis estabelecido no art. 96 c/c art. 99 do Decreto
7.581/2011". Acórdão 2600/2013-Plenário, TC 019.318/2013-8, relator Ministro Valmir
Campelo, 25.9.2013.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
6. A taxa de BDI deve ser formada pelos componentes: administração central, riscos,
seguros, garantias, despesas financeiras, remuneração do particular e tributos incidentes
sobre a receita auferida pela execução da obra. Custos diretamente relacionados com o
objeto da obra, passíveis de identificação, quantificação e mensuração na planilha de
custos diretos (administração local, canteiro de obras, mobilização e desmobilização,
dentre outros), não devem integrar a taxa de BDI.
Processo administrativo apreciou relatório de grupo de trabalho formado por unidades técnicas
especializadas do Tribunal cujo objetivo foi, no essencial, “definir faixas aceitáveis para
valores de taxas de Benefícios e Despesas Indiretas – BDI específicas para cada tipo de obra
pública e para aquisição de materiais e equipamentos relevantes (...), com utilização de
critérios contábeis e estatísticos e controle da representatividade das amostras selecionadas”.
Em preliminar, o relator, recuperando o histórico jurisprudencial do TCU sobre a matéria,
anotou a abrangência do trabalho desenvolvido, no qual foram adotados técnicas amostrais e
conceitos da contabilidade de custos capazes de alcançar a dinâmica da formação de preços de
obras públicas e as formas de classificação dos custos incorridos, de modo a possibilitar a
especificação dos itens que compõem a taxa de BDI e a respectiva fórmula a ser empregada para
definição do percentual final e, a vista das complexidades incidentes, a adoção de faixas e de
BDI específico para determinados itens do orçamento. A regra geral para a composição da taxa
de BDI em obras públicas, destacou o relator, predica que “os custos que podem ser
identificados, quantificados e mensurados na planilha de custos diretos, por estarem
relacionados diretamente com o objeto da obra, não devem integrar a taxa de BDI, tais como:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 171
Sessões: 1º e 2 de outubro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A exigência de visita prévia ao local da obra pelo engenheiro indicado como responsável pela
execução e em datas pré-definidas, sem a demonstração da imprescindibilidade da visita, é
ilegal.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
1. A exigência de visita prévia ao local da obra pelo engenheiro indicado como responsável
pela execução e em datas pré-definidas, sem a demonstração da imprescindibilidade da
visita, é ilegal. Em autos de Representação acerca de possíveis irregularidades em
concorrência pública realizada pela Prefeitura Municipal de Brejo do Cruz/PB, no âmbito de
convênio firmado com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para a conclusão do sistema de
esgotamento sanitário no município, foram identificados indícios de restrição à competitividade
do certame, em especial “exigência de que a visita prévia ao local da obra fosse efetuada pelo
engenheiro indicado pela licitante como responsável pela sua execução”. Em juízo de mérito,
realizadas as audiências dos responsáveis e a notificação da contratada, após revogação de
cautelar concedida, o relator anotou que, de fato, “a exigência de que a visita prévia ao local da
obra fosse efetuada pelo engenheiro responsável pela execução e em data previamente definida,
sem qualquer motivação, nos moldes adotados no presente caso, não se coaduna com a
jurisprudência deste Tribunal, representando restrição à competitividade”. Isso porque “a Lei
nº 8.666/1993, no seu art. 30, inciso III, limita a documentação relativa à qualificação técnica à
comprovação de que, quando exigido, o licitante tomou conhecimento de todas as informações
e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação”. Nesse sentido,
“a simples declaração de ciência das condições locais é suficiente”. A admissão de exigência
daquela natureza requer, segundo o relator, o atendimento de, ao menos, três condições: (i) a
demonstração da imprescindibilidade da visita; (ii) a não exigência de que a visita seja realizada
pelo engenheiro responsável pela obra; e (iii) o estabelecimento de prazo adequado e
suficientemente elástico. Além disso, devem-se adotar medidas capazes de obstar a reunião de
licitantes, de modo a evitar o conhecimento prévio entre os concorrentes. Em epílogo, anotou o
relator que “a exigência de visita técnica não admite condicionantes que importem restrição
injustificada da competitividade do certame”, como evidenciado na licitação promovida pelo
município de Brejo do Cruz. O Tribunal, ao acolher o juízo de mérito da relatoria, julgou
procedente a Representação, adotando a sanção de multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei
8.443/92, e cientificou a municipalidade, dentre outros pontos, de que “a exigência de visita
prévia ao local da obra pelo engenheiro responsável pela sua execução em datas pré-definidas,
sem a demonstração da imprescindibilidade da visita, não se conforma ao disposto no art. 3º,
caput, e § 1º, inciso I, e no art. 30, inciso III, da Lei nº 8.666/1993”. Acórdão 2669/2013-
Plenário, TC 008.674/2012-4, relator Ministro Valmir Campelo, 02.10.2013.
779
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. Nos termos da Súmula TCU 259, a fixação de preços máximos é obrigatória apenas nas
contratações de obras e serviços de engenharia. Nas demais contratações, é facultativa,
podendo, por exemplo, o preço máximo ser definido com base no valor orçado, mas
sempre em conformidade com o mercado.
Em Auditoria realizada na Prefeitura Municipal de Nova Cruz/RN, com o objetivo de verificar a
regularidade da aplicação dos recursos dos programas "Caminho da Escola" e Programa
Nacional de Apoio ao Transporte Escolar, foram evidenciadas possíveis irregularidades em
tomada de preços conduzida pelo município, tendo em vista a adjudicação de serviços em
preços superiores aos valores orçados pela administração. Invocando a Súmula TCU 259 (Nas
contratações de obras e serviços de engenharia, a definição do critério de aceitabilidade dos
preços unitários e global, com fixação de preços máximos para ambos, é obrigação e não
faculdade do gestor), a unidade técnica sustentara que “o orçamento elaborado pela
Administração, independentemente do objeto em licitação, sempre deverá ser considerado o
limite máximo para formulação de proposta por parte dos licitantes, haja vista que qualquer
oferta de preço acima deste será reputada como sobrepreço”. Sobre o assunto – e relembrando
que o objeto licitado fora serviço de transporte escolar – o relator registrou que a Súmula TCU
259 estabeleceu a obrigatoriedade da fixação de preços máximos, tanto unitários quanto global,
apenas para obras e serviços de engenharia, “donde se conclui que, para outros objetos que não
obras e serviços de engenharia, essa fixação é meramente facultativa”. Nesse sentido, registrou
que “orçamento”, “valor orçado”, “valor de referência” ou “valor estimado” não se confundem
com “preço máximo”: “O valor orçado, a depender de previsão editalícia, pode eventualmente
ser definido como o preço máximo a ser praticado em determinada licitação, mas não
necessariamente. Num dado certame, por exemplo, o preço máximo poderia ser definido como
o valor orçado acrescido de determinado percentual. São conceitos, portanto, absolutamente
distintos, que não se confundem”. No caso concreto, considerando a natureza do objeto licitado,
a fixação de preço máximo, na forma disciplinada pelo art. 40, X, da Lei de Licitações e
Contratos, não seria obrigatória. Assim, o fator decisivo seria a demonstração de
compatibilidade dos preços praticados na licitação, não com o valor orçado, mas com os preços
de mercado. Nesse sentido, Tribunal, ao apreciar a matéria, acompanhou o voto do relator pelo
acolhimento das justificativas apresentadas pelos responsáveis ouvidos em audiência,
cientificando a municipalidade das impropriedades consignadas no relatório de auditoria.
Acórdão 2688/2013-Plenário, TC 034.468/2011-0, relator Ministro José Jorge, 02.10.2013.
4. A adoção de critério de adjudicação pelo menor preço global por lote em registro de
preços é, em regra, incompatível com a aquisição futura por itens, tendo em vista que
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
alguns itens podem ser ofertados pelo vencedor do lote a preços superiores aos propostos
por outros competidores.
Representação relativa a licitação promovida pelo Comando Militar do Leste (CML), mediante
pregão eletrônico destinado a registro de preços para futura e eventual aquisição de
equipamentos, acessórios e materiais de informática, apontara possível restrição à
competitividade do certame. A limitação decorreria, dentre outros aspectos, da utilização
injustificada de licitação por lotes. Em juízo de mérito, realizadas as oitivas regimentais, o
relator destacou, em preliminar, que a licitação fora “dividida em grupos, formados por um ou
mais itens, (...) facultando-se ao licitante a participação em quantos grupos forem de seu
interesse, devendo oferecer proposta para todos os itens que o compõem”. Relembrou que a
jurisprudência do TCU “tem sido no sentido de que a adoção da adjudicação do menor preço
global por grupo/lote, concomitantemente com disputa por itens, pode ser excepcionalmente
admissível se estiver embasada em robusta e fundamentada justificativa, capaz de demonstrar a
vantajosidade dessa escolha comparativamente ao critério usualmente requerido de
adjudicação por menor preço por item, em cumprimento às disposições dos arts. 3º, § 1º, inciso
I, 15, inciso IV, e 23, §§ 1º e 2º, todos da Lei n. 8.666/1993”. E anotou que “a modelagem de
que se valeu o Comando Militar do Leste, isto é, a adjudicação pelo menor preço global por
grupo/lote concomitantemente com a disputa por itens, já foi objeto de crítica por parte do
Tribunal de Contas da União ( ... ) nos autos do TC 022.320/2012-1 (Acórdão n. 2.977/2012 –
Plenário)”. Desse julgado, destacou importante excerto, no qual se lê: “A adjudicação por
grupo, em licitação para registro de preços, sem robustas, fundadas e demonstradas razões
(fáticas e argumentativas) que a sustente, revela-se sem sentido quando se atenta para o
evidente fato de que a Administração não está obrigada a adquirir a composição do grupo a
cada contrato, podendo adquirir isoladamente cada item, no momento e na quantidade que
desejar. (...) O que fica registrado quando a adjudicação se dá pelo menor preço por grupo,
não é o menor preço de cada item, mas o preço do item no grupo em que se sagrou vencedor o
futuro fornecedor. (...)Em modelagens dessa natureza, é preciso demonstrar as razões técnicas,
logísticas, econômicas ou de outra natureza que tornam necessário promover o agrupamento
como medida tendente a propiciar contratações mais vantajosas, comparativamente à
adjudicação por item. É preciso demonstrar que não há incoerência entre adjudicar pelo
menor preço global por grupo e promover aquisições por itens, em sistema de registro de
preços. A Administração não irá adquirir grupos, mas itens. Repisando, na licitação por
grupos/lotes, a vantajosidade para a Administração apenas se concretizaria se fosse adquirido
do licitante o grupo/lote integral, pois o menor preço é resultante da multiplicação de preços
de diversos itens pelas quantidades estimadas. Em registro de preços, a realização de licitação
utilizando-se como critério de julgamento o menor preço global por grupo/lote leva, vis à vis a
adjudicação por item, a flagrantes contratações antieconômicas e dano ao erário,
potencializado pelas possibilidades de adesões, uma vez que, como reiteradamente se observa,
itens são ofertados pelo vencedor do grupo a preços superiores aos propostos por outros
competidores” (grifos do relator). Analisando o caso concreto, registrou o relator que os
argumentos apresentados pelo CML foram incapazes de demonstrar a vantajosidade do modelo
escolhido. Em conclusão, considerando a efetiva competição verificada no pregão, exceto em
um dos grupos, optou o relator pela manutenção da licitação, “devido à possibilidade de que os
ganhos com a repetição do certame sejam inferiores ao custo de um novo procedimento”.
Nesse sentido, caracterizada falha estrutural nesse tipo de modelagem, sugeriu fosse expedida
determinação destinada a adoção de iniciativa junto à Secretaria de Logística e Tecnologia do
Ministério do Planejamento “no sentido de que seja desenvolvido mecanismo que impeça a
administração, em pregões eletrônicos regidos pelo sistema de registro de preços com a opção
pela adjudicação por grupos, de registrar em ata de registro de preços item com preço superior
àquele de menor valor resultante da disputa por itens dentro do respectivo grupo, ainda que o
item de maior valor faça parte da proposta vencedora contendo o menor valor global por
grupo”, bem como determinação ao CML para que restrinja a utilização da ata de registro de
preços ao próprio órgão. O Tribunal, ao acolher o juízo de mérito formulado pelo relator, julgou
parcialmente procedente a Representação, expedindo, dentre outras, as determinações propostas.
781
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
5. A aceitação provisória da obra é tanto um direito do contratado – que, por meio dela,
transfere a posse do bem ou do resultado do serviço – quanto um dever da Administração
Pública – que assegura o controle sobre o desempenho das obras recebidas e sobre a
conformidade do objeto com as especificações técnicas, legais e contratuais.
Em Auditoria realizada na Secretaria Especial de Portos da Presidência da República (SEP/PR),
visando avaliar a qualidade das obras de reconstrução dos berços 1 e 2 do Porto de Itajaí/SC,
foram enfatizados os procedimentos adotados pela Administração quanto ao controle sobre o
desempenho das obras contratadas e recebidas, de modo a garantir o direito de acionar os
responsáveis em caso de vícios construtivos, tendo em vista o período quinquenal de garantia
das obras, constante do art. 618 do Código Civil. No trabalho fora identificado que “a emissão
do termo de recebimento definitivo não foi precedida da aceitação provisória consoante
determina a Lei 8.666/1993, em seu art. 73, inciso I, alínea a”. Sobre o assunto, anotou o
relator que, nos termos da Lei 8.666/93, o recebimento da obra é dividido em dois estágios: “O
primeiro, provisório, é feito pelo responsável pelo acompanhamento e fiscalização, em até
quinze dias da comunicação escrita da conclusão da obra pelo contratado da obra; já o
segundo, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, após o decurso do
prazo de observação ou de vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos
contratuais”. Cuidou o legislador de resguardar o recebimento da obra “pela vontade do fiscal
do contrato combinada com a do servidor ou da comissão designada pela autoridade
competente”. Nesse sentido, “a aceitação provisória das obras é também um direito do
contratado, que, por meio dela, transfere a posse do bem ou do resultado do serviço, mas, por
outro lado, assegura o controle da Administração Pública sobre o desempenho das obras
recebidas, dando-lhe condições para que examine o objeto e verifique se foram executadas em
conformidade com as especificações técnicas, legais e contratuais”. Em epílogo, após discorrer
sobre o acompanhamento das obras posteriormente ao recebimento e suas implicações no
tocante à responsabilização do gestor, registrou o relator que “a complexidade do caso concreto
deveria ter conduzido a SEP/PR a ter maior zelo no recebimento desta obra, todavia, como
apontado no relatório precedente, não foi evidenciada má fé dos gestores ou prejuízo ao erário
ou a terceiros, motivo pelo qual entendo suficiente o envio de cópia do relatório precedente à
unidade jurisdicionada para ciência”. O Tribunal, ao apreciar a matéria, adotou as medidas
preconizadas pelo relator. Acórdão 2696/2013-Plenário, TC 018.841/2013-9, relator Ministro-
Substituto Marcos Bemquerer Costa, 02.10.2013.
Número 172
Sessões: 9 de outubro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. É ilegal, no pregão eletrônico, cláusula que exclua, da fase de lances, a participação dos
licitantes que apresentaram propostas superiores a 10% do menor preço até então ofertado, ante
a ausência de previsão no Decreto 5.450/05.
2. É ilegal a subcontratação, pela empresa executora da obra ou do serviço, de autor do projeto
básico para elaboração do projeto executivo.
3. Nos pregões eletrônicos, é recomendável a adoção de procedimentos padronizados de
publicidade dos atos de suspensão e retomada do certame no sistema eletrônico, de modo a
conferir maior transparência aos atos dos pregoeiros.
4. A prova de conceito, meio para avaliação dos produtos ofertados, pode ser exigida do
licitante provisoriamente classificado em primeiro lugar, mas não pode ser exigida como
condição para habilitação, por inexistência de previsão legal.
PLENÁRIO
1. É ilegal, no pregão eletrônico, cláusula que exclua, da fase de lances, a participação dos
licitantes que apresentaram propostas superiores a 10% do menor preço até então
ofertado, ante a ausência de previsão no Decreto 5.450/05.
Denúncia contra possíveis irregularidades em pregão eletrônico da Secretaria Extraordinária de
Segurança para Grandes Eventos (Sesge), do Ministério da Justiça, para aquisição de mobiliário,
apontara possível desclassificação indevida de licitantes, com prejuízo à obtenção de propostas
mais vantajosas. Tal fato decorrera de cláusula do edital a estabelecer que somente o autor da
oferta mais baixa e os das propostas com valores até 10% superiores àquela poderiam fazer
novos e sucessivos lances. Segundo o denunciante, seria regra própria do pregão presencial, não
do pregão eletrônico. Em razão dos indícios de irregularidade, o relator determinara a suspensão
cautelar do certame. Realizadas as oitivas regimentais, o órgão reconheceu o vício questionado
e noticiou a anulação do pregão. Não obstante, anotou o relator que, ao contrário do Decreto
3.555/00, que regula o pregão presencial, o Decreto 5.450/05, que dispõe sobre o pregão
eletrônico, não prevê esse tipo de limitação na fase de lances. No mérito, seguindo o voto do
relator, o Tribunal considerou a Denúncia procedente e notificou a Sesge/MJ “quanto à
ilegalidade de se incluir cláusula, no Pregão Eletrônico, que limite a participação na fase de
lances de concorrentes que apresentem propostas superiores a 10% ao menor preço
apresentado, ante a ausência de previsão no Decreto 5.450/2005”. Acórdão 2770/2013-
Plenário, TC 019.516/2013-4, relator Ministro Valmir Campelo, 9.10.2013.
783
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
784
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
4. A prova de conceito, meio para avaliação dos produtos ofertados, pode ser exigida do
licitante provisoriamente classificado em primeiro lugar, mas não pode ser exigida como
condição para habilitação, por inexistência de previsão legal.
Em Representação contra edital de pregão eletrônico da Companhia Brasileira de Trens Urbanos
(CBTU), para aquisição de solução de gerenciamento eletrônico de documentos e para
contratação de serviço de digitalização de documentos e certificados digitais, verificou-se,
dentre outras, possível irregularidade na exigência de realização de prova de conceito pelos
licitantes, como requisito de qualificação técnica. A unidade técnica especializada do Tribunal,
ao analisar a matéria, esclareceu que a prova de conceito se assemelha à avaliação de amostras.
No caso em questão, a prova de conceito objetivaria verificar se a solução apresentada satisfaz
as exigências do termo de referência. Destacou, entretanto, que, “quando exigida, não pode
constituir condição de habilitação dos licitantes, devendo limitar-se ao licitante classificado
provisoriamente em primeiro lugar. Caso não seja aceito o material entregue ou apresentado
para análise, o licitante deve ser desclassificado, devendo ser exigido do segundo e assim
sucessivamente, até ser classificada uma empresa que atenda plenamente às exigências do ato
convocatório”. Apoiado em jurisprudência pacificada da Corte, e em consonância com o
posicionamento da unidade técnica especializada, o relator sustentou que “a prova de conceito,
meio para avaliação dos produtos ofertados pelas licitantes, pode ser exigida do vencedor do
certame, mas não pode ser exigida como condição para habilitação, por inexistência de
previsão legal”. Ao acolher a proposta do relator, o Tribunal considerou a Representação
procedente e determinou à CBTU, quanto ao ponto, que em futuras licitações “abstenha-se de
estabelecer prova de conceito como requisito para habilitação técnica dos licitantes, ante o
disposto no art. 30, caput e § 5º, da Lei 8.666/1993”. Acórdão 2763/2013-Plenário, TC
012.741/2013-2, relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira, 9.10.2013.
Número 173
Sessões: 15 e 16 de outubro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A adoção do pregão presencial, sem estar justificada e comprovada a inviabilidade na
utilização da forma eletrônica, não acarreta, por si só, a nulidade do procedimento licitatório,
785
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
786
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
788
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 174
Sessões: 22 e 23 de outubro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. É ilegal a exigência, como documento de habilitação, de certificado de registro cadastral
(CRC). A faculdade legal de apresentação do CRC não pode se converter em obrigação, de
forma a restringir a competitividade dos certames ao conjunto de empresas cadastradas.
2. Nas licitações para contratação sob regime de empreitada por preço global, não se exclui a
necessidade de limitação dos preços unitários, uma vez que, mesmo nesses ajustes, os valores
pactuados para cada item, em princípio, servirão de base para eventuais acréscimos contratuais,
sob pena de uma proposta aparentemente vantajosa vir a se tornar desfavorável à
Administração.
3. A prestação de declaração falsa para usufruto indevido do tratamento diferenciado
estabelecido pela Lei Complementar 123/06 caracteriza fraude à licitação e burla ao princípio
constitucional da isonomia e à finalidade pública almejada pela lei e pela Constituição (fomento
ao desenvolvimento econômico das micro e pequenas empresas).
4. Os contratos de prestação de serviços celebrados com empresas beneficiadas pela Lei
12.546/11 devem considerar, em seus orçamentos, a desoneração da folha de pagamento
decorrente da mudança da base de cálculo para a contribuição previdenciária instituída pela lei,
sendo passível de ressarcimento a fixação de preços que a desconsidere.
789
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Inovação Legislativa
Lei 12.873, de 24.10.2013.
PLENÁRIO
2. Nas licitações para contratação sob regime de empreitada por preço global, não se
exclui a necessidade de limitação dos preços unitários, uma vez que, mesmo nesses ajustes,
os valores pactuados para cada item, em princípio, servirão de base para eventuais
acréscimos contratuais, sob pena de uma proposta aparentemente vantajosa vir a se
tornar desfavorável à Administração.
Ainda no âmbito dos Pedidos de Reexame interpostos por gestores da SRHMA/TO, fora
questionada a irregularidade relativa à "inexistência de critérios de aceitabilidade de preços
unitários para os Editais ...,em afronta ao art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993". Segundo o
recorrente, tais critérios não seriam relevantes em empreitadas por preço global. O relator, em
oposição, registrou que "o fato de um processo licitatório ter sido realizado para uma
contratação em regime de empreitada por preço global não exclui a necessidade de limitação
dos preços unitários". Explicou que "mesmo nessas contratações, os valores pactuados para
cada item, em princípio, servirão de base no caso de eventuais acréscimos contratuais, de sorte
que uma proposta aparentemente vantajosa poderá se tornar desfavorável à Administração".
Ao se reportar ao caso concreto, destacou que, em um dos contratos, cujo preço total sofreu
significativa majoração após modificações no projeto executivo, observou-se "a elevação de
quantitativos em itens com sobrepreço e a redução de outros com preços equivalentes aos de
mercado", ocasionando desequilíbrio econômico- financeiro. Em relação a outro ajuste, o
relator observou que, apesar de afastada a ocorrência de sobrepreço global, "alguns itens
apresentaram preços unitários até 20% acima dos de mercado, ocorrência que poderia ser
evitada pelo estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços unitários associada a uma
estimativa adequada dos preços referenciais". O Tribunal, seguindo a proposta do relator,
negou provimento ao recurso. Acórdão 2857/2013-Plenário, TC 028.552/2009-1, relator
Ministro Benjamin Zymler, 23.10.2013.
790
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
791
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Número 175
Sessões: 29 e 30 de outubro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Na elaboração de orçamentos destinados às licitações, deve a administração desconsiderar,
para fins de elaboração do mapa de cotações, as informações relativas a empresas cujos preços
revelem-se evidentemente fora da média de mercado, de modo a evitar distorções no custo
médio apurado e, consequentemente, no valor máximo a ser aceito para cada item licitado.
2. Na contratação de serviços de buffet, se inexistente espaço próprio adequado para a
realização de eventos, é legal, em princípio, a inclusão da locação de salão no objeto da
licitação.
3. Nas contratações de obras e serviços, as exigências de qualificação técnica devem admitir a
experiência anterior em obras ou serviços de características semelhantes, e não necessariamente
idênticas, às do objeto pretendido.
4. É ilegal, por não caracterizar requisito essencial ao cumprimento do objeto, a exigência
editalícia de que a contratatada deva disponibilizar, desde o momento da contratação,
equipamentos que só serão utilizados em etapas mais avançadas da obra.
Inovação Legislativa
Lei 12.873, de 24.10.2013.
792
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
793
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
utilização do espaço do Clube das Nações a custo mais baixo que as locações do mercado em
geral, proceda à inclusão de itens específicos no edital que representem o custo desse espaço e
da locação do mobiliário necessário, conforme a média de sua utilização nos anos anteriores,
de modo a evitar que o licitante vencedor transfira o custo desses itens para os demais itens”.
Acórdão 2943/2013-Plenário, TC 023.919/2012-4, relator Ministro Benjamin Zymler,
30.10.2013.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
794
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Lei 12.873/2013: Acresce ao art. 24 da Lei 8.666/1993 (licitação dispensável) a seguinte nova
hipótese:
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de
cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção de
alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular
de água.
Número 176
Sessões: 5 e 6 de novembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Diante da legislação ambiental, em especial a que disciplina o correto manejo florestal, e
considerando que a comprovação da procedência legal da madeira é condição necessária para
sua comercialização, a exigência de atestado de certificação ambiental quanto à madeira
utilizada não compromete, em princípio, a competitividade das licitações públicas.
2. A participação simultânea de empresas coligadas em licitação afronta a legislação quando
evidenciado que a empresa de maior porte – não enquadrada como microempresa ou empresa de
pequeno porte – busca usufruir indiretamente dos benefícios da Lei Complementar 123/06 por
meio da sociedade de pequeno porte.
3. A mera apresentação de atestado com conteúdo falso caracteriza o ilícito administrativo
previsto no art. 46 da Lei Orgânica do TCU e faz surgir a possibilidade de declarar a
inidoneidade da licitante fraudadora.
Primeira Câmara
4. O conceito de singularidade de que trata o art. 25, inciso II, da Lei 8.666/93 não está
vinculado à ideia de unicidade, mas de complexidade e especificidade. Dessa forma, a natureza
singular não deve ser compreendida como ausência de pluralidade de sujeitos em condições de
executar o objeto, mas sim como uma situação diferenciada e sofisticada a exigir acentuado
nível de segurança e cuidado.
Inovação Legislativa
Decreto 8.135, de 4.11.2013.
795
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
796
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
incluindo a oferta de lances a partir de um mesmo computador. Além dessas evidências, foram
as empresas instadas a se manifestar por cometimento de fraude ao pregão eletrônico por uso
indireto, pela de maior porte, dos benefícios concedidos às empresas de pequeno porte (EPP)
pela Lei Complementar 123/06, arts. 44 e 45, em face de sua coligação com a outra empresa,
essa de pequeno porte. Em juízo de mérito, o relator consignou, em preliminar, que as
justificativas apresentadas não lograram descaracterizar que as duas empresas eram coligadas e
que faziam parte de um mesmo grupo econômico, com fortes evidências de gestão em comum,
com atuação no mesmo ramo de mercado e comercialização de produtos idênticos, destacando-
se o fato de que uma das empresas revendia produtos de propriedade da outra. Ademais, restou
assente que uma das empresas, vencedora de sete lotes, utilizou-se indevidamente das
prerrogativas legais conferidas às microempresas e às empresas de pequeno porte. A contratação
não chegou a ser efetivada, contudo, em razão de a empresa ter sido desclassificada do certame
pelo pregoeiro. Inobstante a participação de sociedades coligadas em dado certame não
constitua, por si só, a ocorrência de ilícito, anotou o relator que o caso em tela diz respeito à
violação do disposto na LC 123/06, por desrespeito às restrições de enquadramento capituladas
no art. 3º, §4º, cujo objetivo, anota o relator, é “evitar que empresas não enquadráveis nos
critérios da lei complementar aufiram seus benefícios de forma indireta”. No caso concreto,
anota o relator, a empresa de maior porte – não caracterizada como microempresa ou empresa
de pequeno porte – buscou usufruir indiretamente dos benefícios da LC 123/06 por meio da
atuação de uma empresa de pequeno porte. Ademais, registrou que “não obsta essa conclusão o
fato de a situação dessas empresas não se enquadrar diretamente nas vedações antes
mencionadas, pois, diante do contexto probatório, resta permitida a conclusão de que houve a
intenção de burlar o espírito da norma”. Assim, inobstante o fato de que as contratações não se
consumaram e considerando que ilícitos de caráter formal não exigem a ocorrência de
resultados, propôs o relator a aplicação da sanção capitulada no art. 46 da Lei 8.443/92, de
modo a declarar a inidoneidade das empresas para participar, por seis meses, de licitação na
Administração Pública Federal. O Plenário, acolhendo a proposta do relator, julgou procedente
a Representação e aplicou a sanção. Acórdão 2978/2013-Plenário, TC 036.959/2011-1, relator
Ministro Benjamin Zymler, 6.11.2013.
797
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
4. O conceito de singularidade de que trata o art. 25, inciso II, da Lei 8.666/1993 não está
vinculado à ideia de unicidade, mas de complexidade e especificidade. Dessa forma, a
natureza singular não deve ser compreendida como ausência de pluralidade de sujeitos em
condições de executar o objeto, mas sim como uma situação diferenciada e sofisticada a
exigir acentuado nível de segurança e cuidado.
Pedido de Reexame interposto pelo TRE/MG questionou deliberação proferida pelo TCU, pela
qual fora dada ciência ao órgão da seguinte falha: “contratação direta, por inexigibilidade de
licitação, do Instituto de Desenvolvimento Gerencial S.A. (INDG), sem que estivesse
configurada a singularidade do objeto e a inviabilidade de competição, contrariando o art. 25,
inciso II, da Lei nº 8.666/1993”. A contratação tivera por objeto a prestação de serviços de
consultoria na concepção, desenvolvimento e implementação de Projeto Piloto da Gestão de
Pessoas. A contratação direta fora considerada indevida pela suposição de que poderia haver
outras empresas no mercado aptas a prestar os serviços contratados. Analisando o mérito
recursal, o relator ponderou que “o requisito da singularidade de que trata o inciso II do art. 25
da Lei 8.666/1993 não se confunde com a ideia de unicidade. Ou seja, o fato de haver mais de
uma empresa atuando em determinado segmento do mercado não é incompatível com a ideia de
singularidade do objeto a ser contratado”. Nesse sentido, “caso o conceito de singularidade
significasse um único sujeito possível de ser contratado, estar-se-ia diante de inviabilidade de
competição subsumível diretamente ao caput do art. 25 da Lei 8.666/1993”, tornando
inaplicáveis as disposições do inciso II desse mesmo artigo, “que exigem o atributo da
singularidade para as contratações diretas de serviços especializados com profissionais e
empresas de notória especialização”. A propósito, recorreu o relator a ponderações presentes
no Acórdão 1074/2013-Plenário, no sentido de que a singularidade não requer um único sujeito
em condições de ser contratado e que, conceitualmente, significa complexidade e
especificidade: “a natureza singular não deve ser compreendida como ausência de pluralidade
de sujeitos em condições de executar o objeto, mas sim como uma situação diferenciada e
sofisticada a exigir acentuado nível de segurança e cuidado”. Nessa linha, citou precedente do
STF em que se enfatiza o elemento subjetivo da confiança, aliado à notória especialização,
como os requisitos centrais para a contratação direta de serviços técnicos especializados.
Entendendo assistir razão ao TRE/MG, e ponderando que, nessas situações, há certo grau de
discricionariedade do gestor na escolha da empresa a ser contratada, considerou o relator
afastado o fundamento determinante para a expedição da ciência questionada pelo recurso.
Evidenciado que o órgão adotou os devidos cuidados para justificar a contratação por
inexigibilidade, o Plenário, acolhendo a proposta do relator, julgou procedente o recurso,
tornando insubsistente o item questionado. Acórdão 7840/2013-Primeira Câmara, TC
013.157/2012-4, relator Ministro Benjamin Zymler, 5.11.2013.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
798
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 177
Sessões: 12, 13 e 14 de novembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A mera variação de preços de mercado não é suficiente para determinar a realização de
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, sendo essencial a presença de uma das hipóteses
previstas no art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/93. Diferenças entre os preços contratuais
reajustados e os de mercado é situação previsível, já que dificilmente os índices contratuais
refletem perfeitamente a evolução do mercado.
2. A adjudicação de itens aos licitantes remanescentes, sem a observância das mesmas
condições propostas pelos vencedores do certame, embora viole o § 2º do art. 64 da Lei
8.666/93, não implica, necessariamente, a configuração de dano ao erário, o qual deve ser
parametrizado em função dos preços efetivamente praticados no mercado.
3. É legal, para a comprovação da capacidade técnico-profissional da licitante, a exigência de
quantitativos mínimos, executados em experiência anterior, compatíveis com o objeto que se
pretende contratar.
4. A alta complexidade da obra não afasta a proibição de se exigir, na qualificação técnico-
operacional dos licitantes, comprovação de propriedade de máquinas e equipamentos, vedação
para a qual a lei não prevê nenhum tipo de exceção.
PLENÁRIO
799
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
valor contratual até então não executado (...), que foi incorporado adicionalmente aos
percentuais de reajustamento contratualmente previstos". Observou, a esse respeito, que "a
mera variação de preços, para mais ou para menos, não é suficiente para determinar a
realização de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, sendo essencial a presença de
uma das hipóteses previstas no art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993, a saber: fatos
imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato
do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual." Destacou ainda
que a ocorrência de pequenas variações entre os preços contratuais reajustados e os preços de
mercado é situação previsível, "já que dificilmente os índices contratuais refletem perfeitamente
a variação de preços do mercado". Por fim, ressaltou que "caso a metodologia adotada pela
Codevasf fosse considerada adequada, o art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993 restaria inócuo,
já que qualquer variação de preço seria capaz de ensejar a obrigatoriedade da realização de
reequilíbrio econômico-financeiro, o que substituiria o reajustamento dos contratos". O
Tribunal, seguindo o voto do relator, decidiu, em relação ao ponto, condenar em débito a
construtora solidariamente com os gestores responsáveis. Acórdão 3024/2013-Plenário, TC
019.710/2004-2, relator Ministro Benjamin Zymler, 13.11.2013.
800
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
801
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 178
Sessões: 19 e 20 de novembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Constitui irregularidade a inobservância, pelos administradores de órgãos e entidades
jurisdicionados, dos entendimentos firmados pelo Tribunal de Contas da União, em especial na
área de licitações.
2. É juridicamente viável, para fins de cálculo dos limites de aditamento, a compensação entre o
conjunto de acréscimos e supressões ao objeto dos contratos referentes a obras de infraestrutura
celebrados antes do trânsito em julgado do Acórdão 749/2010-Plenário por órgãos e entidades
vinculados ao Ministério dos Transportes.
3. É regular a contratação de seguro de responsabilidade civil para conselheiros, diretores e
administradores de empresas estatais, desde que a cobertura não alcance defesas judiciais ou
administrativas, indenizações e sanções decorrentes de atos ilícitos ou ilegais praticados (i)
dolosamente pelo agente ou (i) com culpa, se comprovado que não foram adotadas as
precauções e medidas normativas e legais que se esperariam de um homem médio.
802
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
803
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
sentido de que, em tese, para a aplicação dos limites definidos no art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei
8.666/93, “os acréscimos e as supressões nos montantes dos ajustes firmados pelos órgãos e
pelas entidades da Administração Pública devem ser realizados de forma isolada, sendo
calculados sobre o valor original do contrato, vedada a compensação entre seus valores”.
Relembrando a semelhança da hipótese sob consulta à situação examinada na prolação do
Acórdão 2.819/2011-Plenário, anotou que, naquela assentada, o Tribunal, “ao mesmo tempo em
que ratificou esse entendimento jurisprudencial, ressaltou a necessidade de que determinados
casos, pela sua especificidade, requereriam tratamento excepcional no intuito de atender à
supremacia do interesse público, haja vista que a necessidade de rescindir avenças
administrativas, readequar todos os projetos básicos e promover novos procedimentos
licitatórios com todos os trâmites burocráticos a eles inerentes poderia levar à paralisação de
serviços e de obras relevantes em curso, a comprometer o interesse público quanto à segurança
das rodovias federais e a causar danos imponderáveis ao interesse público”. Nesse sentido,
fora demonstrada no processo correlato a existência de contratos vigentes, de indubitável
relevância econômica para o país, cuja conclusão exitosa, haja vista a deficiência dos projetos
básicos originais, necessitava de aditamentos em quantitativos “com compensação entre o
conjunto de acréscimos e supressões ao objeto dos ajustes”. Assim, concluiu o relator que o
entendimento adotado naquele acórdão deveria ser aplicado ao presente caso. Contudo,
seguindo o parecer do MP/TCU, adotou o trânsito em julgado do Acórdão 749/2010-Plenário
como marco temporal para o tratamento excepcional concedido, visto que em julgamento a
embargos de declaração ao Acórdão 2.819/2011-Plenário o Tribunal já decidira (Acórdão
570/2012-Plenário) que aquela decisão estabelece o momento a partir do qual o Dnit deve
observar a determinação de não fazer compensações de acréscimos e supressões. O Tribunal,
endossando a proposta do relator, decidiu responder ao consulente, dentre outros pontos
correlacionados, que: “é juridicamente viável a compensação entre o conjunto de acréscimos e
supressões ao objeto dos contratos referentes a obras de infraestrutura celebrados antes do
trânsito em julgado do Acórdão 749/2010 – Plenário por órgãos e entidades vinculados ao
Ministério dos Transportes”, desde que “em cada caso abrangido por essa solução temporária
e intertemporal acima indicada, os aditivos que vierem a ser celebrados deverão ser
justificados quanto à sua pertinência e à sua conformidade às características e diretrizes
fundamentais estabelecidas no projeto básico, devendo ser devidamente registrados nos
respectivos processos administrativos, estando, assim, disponíveis à fiscalização dos órgãos de
controle”. Acórdão 3105/2013-Plenário, TC 000.522/2013-9, relator Ministro Walton Alencar
Rodrigues, 20.11.2013.
804
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
seguro dessa natureza “não pode alcançar atos ilícitos ou ilegais praticados dolosamente ou
com culpa”. Ressalvou, contudo, os atos praticados com culpa nos quais, apesar de resultar em
falha, “restar comprovado que foram adotadas as precauções e medidas normativas e legais
que se esperaria de um homem médio”, caso em que os atos podem estar cobertos pelo seguro.
Nessa linha, relembrou que o Código Civil de 2002 vedou a contratação de seguro para garantir
risco proveniente de ato doloso do segurado (art. 762 da Lei 10.406/02). Assim, anotou o
relator: “parece-me haver o nítido delineamento que deve ser considerado quanto à
legitimidade do interesse segurado: atos dolosos não podem ser cobertos. Atos culposos, a
princípio, podem”. A existência do dolo ou da culpa na prática de um ato presta-se inclusive
para a verificação da legitimidade da cobertura de pagamento de multas e penalidades pela
seguradora em nome do segurado, não obstante a existência de determinação da Susep no
sentido da suspensão da cobertura para esses tipos de sanção. Ademais, em voto complementar,
o relator registrou que “as coberturas previstas no edital referentes a investigações extra-
judiciais e para recursos voluntários quando da aplicação de multas referem-se à fiscalização
de natureza econômica”, o que tornaria desnecessário que o edital expressamente estabelecesse
a impossibilidade de cobertura para as sanções de competência do TCU. O Tribunal, acolhendo
majoritariamente a tese do relator, julgou parcialmente procedente a Representação, revogando,
ex tunc, a cautelar adotada e cientificando a Eletrobras de que: (i) “a contratação de seguro
cuja apólice inclua cobertura de indenização ou pagamento de sanções aplicadas por órgãos
do Estado, em virtude de atos praticados com dolo ou culpa, no segundo caso quando
comprovado que não foram adotadas as precauções e medidas normativas e legais que se
esperaria de um homem médio, afronta os princípios da moralidade e da supremacia do
interesse público, previstos, respectivamente, no art. 37, caput, da Constituição da República, e
no art. 2º, caput, da Lei nº 9.784/1999”; e (ii) “a contratação de seguro para defesa de
dirigentes em processos administrativos ou judiciais, cuja apólice inclua cobertura em caso de
prática de atos manifestamente ilegais, contrários ao interesse público, praticados com dolo ou
culpa, nesse último caso quando comprovado que não foram adotadas as precauções e medidas
normativas e legais que se esperaria de um homem médio, afronta o disposto nos princípios da
moralidade, legalidade e supremacia do interesse público, previstos, respectivamente, no art.
37, caput, da Constituição da República, e no art. 2º, caput, da Lei nº 9.784/1999”. Acórdão
3116/2013-Plenário, TC 043.954/2012-0, relator Ministro Raimundo Carreiro, 20.11.2013.
805
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
é tão ou mais importante que a definição de critérios os mais objetivos possíveis. Quanto maior
a margem de subjetividade (impossível de ser eliminada) que restar ao avaliador na aplicação
dos critérios, tanto mais consistente e fundamentada deverá ser a respectiva justificativa para a
nota/conceito que atribuir a cada licitante". Nesse sentido, concluiu que "a Valec deve adotar
as medidas necessárias para garantir que os membros da comissão de licitação fundamentem
adequadamente suas avaliações e as deixem consignadas nos autos, não se limitando a
meramente expressar [cada] um dos conceitos acima elencados". O Tribunal decidiu, no ponto,
julgar a representação parcialmente procedente e expedir recomendação à Valec nos termos
propostos pelo relator. Acórdão 3139/2013-Plenário, TC 016.357/2013-2, relator Ministro-
Substituto Weder de Oliveira, 20.11.2013.
Número 179
Sessões: 26 e 27 de novembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
806
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. É admissível a especificação de marca para aquisição de cartuchos no período de garantia das
impressoras se, contratualmente, a cobertura de defeitos estiver vinculada ao uso de produtos
originais ou certificados pela fabricante do equipamento.
2. Nas licitações destinadas à aquisição de licenças de uso de softwares já desenvolvidos, se
caracterizada a unicidade e indivisibilidade de cada item licitado, não há que se estabelecer item
ou parcela de maior relevância para fins de comprovação da qualificação técnica.
3. O edital, ao exigir o fornecimento de informações meramente indicativas, deve explicitar que
tais dados são apenas de caráter informativo, sem qualquer efeito no julgamento das propostas
ou vinculação aos termos contratuais a serem estabelecidos.
Primeira Câmara
4. A aceitação de proposta de produtos com qualidade e/ou especificação inferiores às exigidas
no edital, inclusive no que respeita aos requisitos de sustentabilidade ambiental, poderá ensejar
a anulação dos respectivos atos praticados no certame.
Segunda Câmara
5. É legal a exigência de cadastramento e habilitação dos licitantes no Sicaf como condição de
participação nos pregões eletrônicos realizados por meio do Portal de Compras do Governo
Federal (ComprasNet).
PLENÁRIO
807
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
808
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
que a exigência tinha caráter meramente informativo, em consonância com o próprio acórdão
indicado na defesa ...". O relator, alinhado à análise da unidade técnica, e considerando a
anulação do certame pelo próprio Cremesp, propôs dar ciência ao Conselho da orientação
extraída do Acórdão 1.878/2005- Plenário, "vez que não fora devidamente observada pela
entidade". Nesse sentido, o Plenário do TCU, acolhendo a proposta do relator, considerou
prejudicada a Representação ante a perda de seu objeto, sem prejuízo de cientificar o Cremesp
da irregularidade. Acórdão 3269/2013-Plenário, TC 022.945/2013-0, relator Ministro-
Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, 27.11.2013.
PRIMEIRA CÂMARA
SEGUNDA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
por meio do Portal de Compras do Governo Federal (ComprasNet). Assim, não existe qualquer
ilegalidade no estabelecimento de tal requisito para participação no certame. Há, inclusive,
previsão legal que a autoriza, consubstanciada no art. 13 do Decreto 5.450/2005". O Tribunal,
acolhendo a proposta da relatora, considerou a Representação improcedente. Acórdão
7295/2013-Segunda Câmara, TC 026.849/2013-5, relatora Ministra Ana Arraes, 26.11.2013.
Número 180
Sessões: 3 e 4 de dezembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. O disposto no caput do art. 41 da Lei 8.666/93, que proíbe a Administração de descumprir as
normas e o edital, deve ser aplicado mediante a consideração dos princípios basilares que
norteiam o procedimento licitatório, dentre eles o da seleção da proposta mais vantajosa.
2. É admissível a contratação, mediante registro de preços, de serviços de reforma de pouca
relevância material e que consistam em atividades simples, típicas de intervenções isoladas, que
possam ser objetivamente definidas conforme especificações usuais no mercado, e possuam
natureza padronizável e pouco complexa.
3. A prova de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional é efetuada mediante apresentação
das certidões disciplinadas pelo Decreto 6.106/07, restando tacitamente revogadas as
disposições do Decreto 84.701/80, que instituiu o Certificado de Regularidade Jurídico-Fiscal
(CRJF).
Primeira Câmara
4. O histórico de sanções sofridas pela licitante não deve interferir no julgamento da habilitação,
que deve ser feito de forma objetiva e com base nos critérios previstos na lei e no edital.
Segunda Câmara
5. O edital deve estabelecer, no caso de visita técnica facultativa, a responsabilidade do
contratado pela ocorrência de eventuais prejuízos em virtude de sua omissão na verificação das
condições do local de execução do objeto.
6. É ilegal cláusula do edital que exija, como condição de habilitação técnica, a realização de
vistoria por servidor público nas dependências da licitante.
810
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
812
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
unidade técnica: “Ora, a lei não prevê, entre as hipóteses de inabilitação, o fato de a licitante
ter sofrido sanções anteriores (advertências e multas) em seu relacionamento comercial com a
Administração Pública, de modo que o conhecimento do recorrente quanto à vida pregressa da
licitante em nada poderia interferir no julgamento da habilitação, que deve ser feito de forma
objetiva e com base nos critérios previstos na lei e no edital.” Ponderou, contudo, que "as
irregularidades cometidas não tiveram graves consequências para a administração pública,
uma vez que não foi necessária a suspensão ou anulação do certame, tampouco houve débito".
O Tribunal, seguindo o voto do relator, deu provimento ao recurso, eximindo o responsável do
pagamento da multa. Acórdão 8636/2013-Primeira Câmara, TC 037.840/2012-6, relator
Ministro Walton Alencar Rodrigues, 3.12.2013.
SEGUNDA CÂMARA
6. É ilegal cláusula do edital que exija, como condição de habilitação técnica, a realização
de vistoria por servidor público nas dependências da licitante.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 181
Sessões: 10 e 16 de dezembro de 2013
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. No orçamento base para licitação de obras, os valores referentes à cobertura de riscos
eventuais ou imprevisíveis devem estar contidos no BDI, não nos custos diretos.
2. A metodologia a ser aplicada para a quantificação de sobrepreço deve ser avaliada em cada
caso concreto. Em situações normais, o Método de Limitação dos Preços Unitários Ajustado é
cabível para avaliação de sobrepreço ainda na fase editalícia; enquanto o Método da Limitação
do Preço Global deve ser aplicado no caso de contratos assinados.
3. É ilegal a exigência de certificações como critério de habilitação, uma vez que tais
documentos não estão previstos no rol exaustivo contido no art. 30 da Lei 8.666/93. Não
814
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
obstante, é lícita a inclusão dos resultados esperados na especificação técnica dos serviços a
serem realizados, segundo modelos de qualidade de processo, tais como CMMI ou MPS.BR,
para fins de acompanhamento da execução contratual.
Inovação Legislativa
Medida Provisória 630, de 24.12.2013
Decreto 8.184, de 17.1.2014
Decreto 8.185, de 17.1.2014
Decreto 8.186, de 17.1.2014
PLENÁRIO
815
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
pelo acórdão 2.319/2009 – Plenário, por meio do qual o sobrepreço é calculado pela soma dos
sobrepreços unitários, sem que se faça nenhuma compensação com os itens subavaliados".
Destacou que, em situações similares ao caso concreto, "o TCU tem aplicado o método da
limitação do preço global, o qual prevê a compensação entre preços super e subavaliados". A
propósito, recorreu ao Acórdão 3443/2012-Plenário, segundo o qual o Método de Limitação dos
Preços Unitários Ajustado – indicado como padrão pelo Acórdão 2319/2009-Plenário – não
deve ser aplicado a todo e qualquer caso concreto. Segundo aquele precedente, o MLPUA é
cabível quando o sobrepreço é “constatado ainda em fase editalícia. Afinal, o gestor não pode
se afastar do seu dever em balizar os preços unitários de seu certame pelos referenciais da
LDO, fazendo valer critérios de aceitabilidade de preços unitários e globais, tal qual prevê o
art. 40, inciso X, da Lei 8.666/93. Outra possibilidade seria a limitação de preços unitários
para serviços novos, incluídos por meio de termos aditivos, não crivados pelo processo
licitatório". Nesse sentido, registrou a relatora que "em situações corriqueiras, o MLPUA
mostra-se adequado apenas à fase editalícia. Havendo contrato assinado, a análise de eventual
prejuízo ao erário deve ser feita por meio da avaliação global". Considerando as peculiaridades
do caso concreto (sobrepreço global inferior a 1%, amostra analisada correspondente a 70% do
valor contratual e desconto de 15% obtido na licitação), concluiu "não ser possível asseverar a
prática de preços superiores às referências de mercado". Ponderou, contudo, que "a existência
de distorções nos preços unitários pode propiciar a prática do jogo de planilha (...)", e que
deve ser assegurado, nas alterações contratuais, o desconto original obtido. O Tribunal,
acolhendo o voto da relatora, determinou à Unila que encaminhasse quadro consolidado das
alterações contratuais que tenham impactado a planilha orçamentária, com memória de cálculo
das aferições dos quantitativos de todos os serviços materialmente relevantes da obra e a
demonstração da não redução do desconto original, para posterior análise da unidade técnica.
Acórdão 3650/2013-Plenário, TC 004.743/2012-1, relatora Ministra Ana Arraes, 10.12.2013.
3. É ilegal a exigência de certificações como critério de habilitação, uma vez que tais
documentos não estão previstos no rol exaustivo contido no art. 30 da Lei 8.666/93. Não
obstante, é lícita a inclusão dos resultados esperados na especificação técnica dos serviços
a serem realizados, segundo modelos de qualidade de processo, tais como CMMI ou
MPS.BR, para fins de acompanhamento da execução contratual.
Em Representação apresentada por empresa contra pregão eletrônico promovido pela Secretaria
de Economia e Finanças (SEF) do Comando do Exército, destinado à contratação de serviços de
desenvolvimento e manutenção de sistema de informação, a unidade técnica apontara
irregularidade atinente à exigência de certificados para fins de habilitação. Em suas alegações, a
SEF ponderou que, embora regra geral seja esse o entendimento do TCU, sua jurisprudência
admite exceções. Ao analisar o mérito da matéria, o relator esclareceu que “o TCU não admite a
exigência de certificações como critério de habilitação, uma vez que tais documentos não estão
previstos no rol exaustivo contido no art. 30 da Lei n. 8.666/1993. O que este Tribunal
preconiza é que a administração pública federal adote para si metodologia que assegure a
qualidade no desenvolvimento de software, compatível com os padrões reconhecidos nos
certificados emitidos pelas instituições que constituem referência nessa matéria. Ressalte-se a
expressão ‘compatível’, que implica a desnecessidade de implementação integral da
metodologia tomada como referência e a respectiva certificação”. Continuou: “uma vez
internalizados os padrões de qualidade dos processos de desenvolvimento de software, os
órgãos e entidades contratantes estarão aptos a descrever, no edital ou no termo de referência
da licitação, as etapas e produtos que deverão ser observados no processo de desenvolvimento
do software, e assim caracterizar o objeto licitado e o requisito técnico obrigatório da
execução dos serviços, fundamentado no art. 3º, inciso IX, alínea c, da Lei n. 8.666/1993
(‘especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento’). Uma vez
especificados os aspectos desejáveis do processo de desenvolvimento do software, caberá ao
licitante definir a experiência prévia a ser exigida nos atestados de capacidade técnica e
demonstrada pelos interessados em contratar com a administração”. Assim, concluiu o relator:
“o verdadeiro critério diferenciador dos licitantes é o grau de maturidade dos seus respectivos
816
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
processos de desenvolvimento de software, que podem ou não ter sido reconhecidos mediante
certificação. A existência de certificação anterior é um fator secundário, porque a expertise do
contratado deve ser aferida ao longo da execução contratual, pela observância de padrões e
entrega de produtos pré-estabelecidos no edital ou no seu termo de referência, para cuja
aferição o órgão contratante também deve estar capacitado. Em outras palavras, a qualidade
do processo de desenvolvimento de softwares está vinculada a elementos e características do
objeto contratado, e não à prévia qualificação do prestador de serviço”. Seguindo a proposta
do relator, o Plenário, dentre outras deliberações, conheceu da Representação, determinou a
anulação do pregão e deu ciência à SEF que “a exigência de certificados (CMMI, MPS.BR) não
é admitida pela jurisprudência majoritária deste Tribunal, na fase de habilitação; entretanto,
tais certificados podem ser exigidos, na fase de execução contratual, com a devida justificativa,
nas condições previstas no Acórdão 5736/2011-1ª C; outrossim é lícita a inclusão, na
especificação técnica dos serviços a serem realizados, dos resultados esperados, segundo
modelos de qualidade de processo, tais como CMMI ou MPS.BR”. Acórdão 3663/2013-
Plenário, TC 016.684/2013-3, relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa,
10.12.2013.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Medida Provisória 630, de 24.12.2013: Altera a Lei 12.462, de 4 de agosto de 2011, que
institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC e dá outras providências.
Número 182
Sessão: 22 de janeiro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A caracterização de fraude à licitação não está associada ao seu resultado, ou seja, ao sucesso
da empreitada. Configura, em analogia ao direito penal, ilícito de mera conduta, sendo
suficiente a demonstração de o fraudador ter praticado simulação para conferir vantagem para si
ou para outrem.
2. É ilegal a exigência de execução pretérita de serviços com qualidade superior ao objeto
licitado, uma vez que para a comprovação da qualificação técnica pode-se exigir execução de
obra ou serviço compatível com o objeto licitado, não superior ao que se pretende executar,
conforme o disposto no art. 30, inciso II e § 1º, da Lei 8.666/93.
3. Considerando a competência discricionária da Administração de instituir as regras do certame
licitatório dentro das balizas da lei, é admitido o estabelecimento de critérios diferenciados,
condicionados pelo valor das propostas, para apresentação da documentação de habilitação.
4. Nos termos do art. 51, § 3°, da Lei 8.666/93, somente a existência de posição divergente,
expressamente consignada em ata, possibilita a exclusão de responsabilidade de membro de
comissão de licitação pelos atos irregulares por ela praticados.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
anotou que "a exigência de experiência pretérita na execução de serviços de produção editorial
de revistas científicas classificadas pelo Sistema Qualis da CAPES como A1 ou A2 constitui
cláusula restritiva à licitação, uma vez que corresponde à exigência de execução pretérita de
serviços com qualidade superior ao objeto licitado". Sobre a classificação de periódicos pelo
Sistema Qualis da Capes, esclareceu que "esses veículos são enquadrados em estratos
indicativos da qualidade - A1, o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C - com peso zero". No
caso concreto, "o periódico objeto do certame foi classificado como B1 pela área de avaliação
‘Interdisciplinar’, em aplicativo de classificação e consulta de sistema da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes". Assim, concluiu o relator que "a
entidade exigiu da futura contratada a comprovação de execução prévia de serviço em
qualidade superior ao objeto que será executado, o que não é aceito pela jurisprudência deste
Tribunal, e contraria o disposto no art. 30, inciso II e § 1º, da Lei 8.666/1993, uma vez que
para a comprovação da qualificação técnica pode-se exigir execução de obra ou serviço
compatível com o objeto licitado e não superior ao que se pretende executar". Seguindo a
proposta do relator, o Tribunal determinou a anulação do pregão e deu ciência ao INCQS da
irregularidade. Acórdão 52/2014-Plenário, TC 033.436/2013-4, relator Ministro Benjamin
Zymler, 22.1.2014.
4. Nos termos do art. 51, § 3°, da Lei 8.666/93, somente a existência de posição divergente,
expressamente consignada em ata, possibilita a exclusão de responsabilidade de membro
de comissão de licitação pelos atos irregulares por ela praticados.
Recursos de Reconsideração interpostos por ex-secretário de estado e servidores públicos
estaduais contestaram deliberação proferida em sede de Tomada de Contas Especial, por meio
da qual foram apuradas responsabilidades por dano ao erário e outras irregularidades verificadas
em licitações e contratações diretas conduzidas pela Secretaria de Estado da Educação de
Sergipe, com recursos provenientes de verbas federais conveniadas. O acórdão recorrido
imputara, dentre outras, as seguintes sanções: a) o pagamento solidário de débitos pelo ex-
secretário de estado da Educação e empresas diversas; b) o pagamento de multas individuais por
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 183
Sessões: 28 e 29 de janeiro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
820
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
2. É obrigatória, nas licitações cujo objeto seja divisível, a adjudicação por item e não por
preço global, de forma a permitir uma maior participação de licitantes que, embora não
dispondo de capacidade para o fornecimento da totalidade do objeto, possam fazê-lo com
relação a itens ou unidades autônomas.
Representação relativa a pregão eletrônico promovido pelo Hospital Federal dos Servidores do
Estado (HFSE), para aquisição de insumos para serviço de cirurgia bariátrica por meio de
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
822
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 184
Sessões: 4 e 5 de fevereiro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A apólice que assegura o contrato contra inadimplementos na execução dos serviços não se
mostra hábil a proteger o erário no caso de dano decorrente do pagamento de preços
superfaturados e, por isso, não pode ser utilizada como alternativa à retenção de valores.
2. O momento adequado para a exigência de comprovação de rede credenciada não é a fase de
habilitação, mas sim a de contratação, concedendo-se ao licitante vencedor prazo razoável para
tanto, de forma a garantir uma boa prestação do serviço, sem causar prejuízo à competitividade
do certame.
Segunda Câmara
3. Não há vedação a que um hospital possua duas atas vigentes com preço registrado para o
mesmo item, principalmente quanto àqueles cuja carência possa acarretar riscos ao
funcionamento da instituição e à vida de seus pacientes. No entanto, o gestor deve adotar
medidas para garantir que as aquisições efetuadas terão por base os preços mais vantajosos para
a Administração.
PLENÁRIO
1. A apólice que assegura o contrato contra inadimplementos na execução dos serviços não
se mostra hábil a proteger o erário no caso de dano decorrente do pagamento de preços
superfaturados e, por isso, não pode ser utilizada como alternativa à retenção de valores.
Auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) apontara
indícios de irregularidades graves em três contratos (dois deles com recomendação de
paralisação) relativos a obras de construção de trechos rodoviários no corredor Oeste-Norte, na
BR-163/PA. Posteriormente, processados pedidos de reexame e embargos de declaração
manejados pelas contratadas, fora constatado que o Dnit não havia adotado as medidas
necessárias ao saneamento das irregularidades e que a inércia da Administração poderia
consumar dano ao erário estimado em R$ 18,6 milhões. Em consequência, o Plenário expediu
medida determinando a retenção cautelar, em medições subsequentes, de parcela do dano
apurado, bem como estabelecendo limites para futuro pagamento dos serviços superfaturados,
até que fossem adotadas as medidas preconizadas pelo TCU. Nas manifestações trazidas aos
autos em oitiva, suficientes para sanear os indícios relativos a dois dos contratos, a autarquia e
823
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
uma das contratadas alegaram, no que concerne ao outro contrato impugnado (argumento
também esgrimido por outra empresa), que “a contratada teria apresentado seguro hábil a
prevenir potencial dano ao Erário, no valor de R$ 18,3 milhões, importância superior à
retenção cautelarmente determinada pelo Tribunal, no montante de R$ 7,6 milhões”.
Analisando o feito, o relator consignou a imprestabilidade da garantia apresentada para cobrir o
dano decorrente do superfaturamento motivador da cautelar concedida. No seu entendimento,
“a apólice trazida aos autos garante indenização em relação a eventual inadimplemento na
execução dos serviços contratados, exclusivamente no que se refere ao 2ª termo aditivo,
celebrado em 27/11/2012, sem proteger a Administração de dano decorrente do pagamento de
preços superfaturados”. Segundo o relator, o fato de a autarquia e o consórcio contratado
planejarem firmar compromisso bilateral incluindo o superfaturamento de preços como
modalidade de inadimplemento contratual não acarretará proteção ao erário, porque o acordo
não poderá ser oposto à seguradora sem a expressa aquiescência desta. E que o arranjo
pretendido pelas partes trata-se de “promessa de fato de terceiro, que somente obriga o terceiro
– no caso, a seguradora – se este aceitar o encargo (arts. 439 e 440 do Código Civil), o que
não é absolutamente o caso”. Nesses termos, o Plenário acolheu a proposta do relator no
sentido da manutenção das cautelares concernentes a apenas um dos contratos impugnados,
restituindo os autos à unidade técnica para prosseguimento do feito. Acórdão 193/2014-
Plenário, TC 015.532/2011-9, relator Ministro Walton Alencar Rodrigues, 5.2.2014.
SEGUNDA CÂMARA
3. Não há vedação a que um hospital possua duas atas vigentes com preço registrado para
o mesmo item, principalmente quanto àqueles cuja carência possa acarretar riscos ao
funcionamento da instituição e à vida de seus pacientes. No entanto, o gestor deve adotar
medidas para garantir que as aquisições efetuadas terão por base os preços mais
vantajosos para a Administração.
824
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 185
Sessões: 11 e 12 de fevereiro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Divergência entre o edital e os avisos publicados quanto à data de recebimento das propostas,
acarretando prejuízo à ampla competitividade e à obtenção da proposta mais vantajosa, implica
a nulidade do certame.
2. Nas licitações de serviços de manutenção preventiva e corretiva, é ilegal a exigência, como
critério de habilitação, de que as empresas participantes possuam representação ou equipe
825
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
técnica em local previamente definido no edital. Tal exigência pode ser feita a partir da
assinatura do contrato, desde que respaldada em análise técnica fundamentada.
3. É ilegal, nos editais de licitação, o estabelecimento de:
(a) vedação a produtos e serviços estrangeiros, uma vez que a Lei 12.349/10 não previu tal
restrição;
(b) margem de preferência para contratação de bens e serviços sem a devida regulamentação,
via decreto do Poder Executivo Federal, estabelecendo os percentuais para as margens de
preferência normais e adicionais, conforme o caso, e discriminando a abrangência de sua
aplicação.
4. A inclusão, nas propostas de preços, de custos relativos a reserva técnica (cobertura de faltas,
férias, aviso prévio e demais substituições de empregados habituais na execução do contrato)
deve ser permitida apenas quando houver justificativa fundamentada em estudos específicos que
demonstrem sua pertinência e adequação.
Inovação Legislativa
Decreto 8.194, de 12.2.2014.
PLENÁRIO
826
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
de mérito, após as oitivas regimentais, o relator registrou que a exigência "traz prejuízos à
competitividade do certame, impedindo, em consequência, a seleção da proposta mais
vantajosa para a Administração. Isso porque, a despeito dos serviços a serem contratados
terem de ser prestados na cidade do Rio de Janeiro, a colocação à disposição da entidade
licitante de uma equipe de emergência na mesma localidade não significa, necessariamente,
que os serviços de emergência serão prestados dentro do prazo necessário". Acrescentou ser
irrelevante "se essa equipe está localizada na cidade do Rio de Janeiro ou em qualquer outra,
uma vez que a eficiência e a rapidez da prestação do serviço não está necessariamente
vinculada à localização do prestador, mas, sim, à disponibilidade de sua equipe, estrutura e
mobilidade". Por fim, concluiu pela improcedência das justificativas apresentadas pelo Inca no
sentido de que "tal restrição atenderia ao princípio da economicidade, pois empresas sediadas
em outros estados teriam custos elevados...". Para o relator, endossando a análise da unidade
técnica, não é cabível "excluir possíveis participantes presumindo que não poderiam oferecer
propostas competitivas (...) Se o Inca entender pela necessidade de a empresa contratada vir a
instalar escritório em local previamente definido, que estabeleça prazos para tal a partir da
assinatura do contrato, abstendo-se de estabelecer tal requisito como critério de habilitação
para participação no certame. Vale assinalar, ainda, que tal entendimento deverá ser
respaldado em análise técnica quanto à necessidade de fato de tal exigência”. Nesse sentido,
considerando que não houve a assinatura do contrato e que o Inca já efetivara a contratação
emergencial dos serviços, propôs, em razão também de outras ocorrências, a anulação do
certame e a ciência ao Inca da irregularidade. O Tribunal endossou a proposta do relator.
273/2014-Plenário, TC 028.110/2013-7, relator Ministro Benjamin Zymler, 12.2.2014.
3. É ilegal, nos editais de licitação, o estabelecimento de: (a) vedação a produtos e serviços
estrangeiros, uma vez que a Lei 12.349/10 não previu tal restrição; (b) margem de
preferência para contratação de bens e serviços sem a devida regulamentação, via decreto
do Poder Executivo Federal, estabelecendo os percentuais para as margens de preferência
normais e adicionais, conforme o caso, e discriminando a abrangência de sua aplicação.
Pedido de Reexame interposto pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC) questionara determinação ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(MP), como órgão central do Sistema de Planejamento e Orçamento Federal, para que
informasse aos demais órgãos e entidades da Administração Pública Federal que “é ilegal o
estabelecimento de vedação a produtos e serviços estrangeiros em edital de licitação, uma vez
que a Lei 12.349/2010 não previu tal situação”. O acórdão recorrido apreciara resultados de
grupo de trabalho instituído para verificar as repercussões da Lei 12.349/10 no regime
licitatório, especificamente sobre o alcance e a aplicação do princípio do desenvolvimento
nacional sustentável nos certames. Superadas as preliminares recursais relativas a possível
ofensa ao contraditório, esclareceu o relator que a questão está solidificada e não há que se falar
em nulidade do Acórdão 1.317/2013. No que respeita ao mérito, anotou que o entendimento do
Tribunal foi ratificado em processo de consulta, que resultou no Acórdão 1.550/2013 –
Plenário, mediante o qual fora informado ao consulente que: “9.2.1. é ilegal o estabelecimento
de vedação a produtos e serviços estrangeiros em edital de licitação, uma vez que a Lei
12.349/2010 não previu tal restrição; 9.2.2. é ilegal o estabelecimento, por parte de gestor
público, de margem de preferência nos editais licitatórios para contratação de bens e serviços
sem a devida regulamentação via decreto do Poder Executivo Federal, estabelecendo os
percentuais para as margens de preferência normais e adicionais, conforme o caso, e
discriminando a abrangência de sua aplicação”. O relator anotou, ainda, a necessidade de se
esclarecer ao recorrente que “o TCU, no presente caso, não está se imiscuindo na legítima
discricionariedade que tem os Poderes Legislativo e Executivo na formação e condução das
políticas públicas, como alegado”. Nesse sentido, o Tribunal, acolhendo a proposição da
relatoria, negou provimento ao Pedido de Reexame interposto. Acórdão 286/2014-Plenário,
TC 018.457/2013-4, relator Ministro José Múcio Monteiro, 12.2.2014.
827
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Número 202
Sessão: 18 de junho de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Plenário
1. Ocorre preclusão lógica do direito à repactuação de preços decorrente de majorações salariais
da categoria profissional quando a contratada firma termo aditivo de prorrogação contratual sem
suscitar os novos valores pactuados no acordo coletivo, ratificando os preços até então
acordados.
2. Em procedimento de dispensa de licitação, devem constar, no respectivo processo
administrativo, elementos suficientes para comprovar a compatibilidade dos preços a contratar
com os vigentes no mercado ou com os fixados por órgão oficial competente, ou, ainda, com os
que constam em sistemas de registro de preços.
Inovação Legislativa
Instrução Normativa SLTI/MP 5/2014, de 27.6.2014
PLENÁRIO
829
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
830
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 203
Sessões: 24 e 25 de junho de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Nos contratos por escopo, inexistindo motivos para sua rescisão ou anulação, a extinção do
ajuste somente se opera com a conclusão do objeto e o seu recebimento pela Administração,
diferentemente dos ajustes por tempo determinado, nos quais o prazo constitui elemento
essencial e imprescindível para a consecução ou a eficácia do objeto avençado.
2. Nas licitações para contratação de serviços de vale-refeição e vale-alimentação, é necessária,
para a fixação do quantitativo mínimo de estabelecimentos credenciados, a definição clara dos
critérios técnicos utilizados, os quais devem ser fundamentados em levantamentos estatísticos,
parâmetros e estudos previamente realizados.
3. É possível a exigência de laudos para comprovação da qualidade do objeto licitado, desde que
(i) haja previsão no instrumento convocatório, (ii) sejam exigidos apenas na fase de julgamento
das propostas e do licitante provisoriamente classificado em primeiro lugar, e (iii) seja
estabelecido prazo suficiente para a obtenção dos laudos.
4. A Administração somente deve emitir autorização para início das obras após a efetiva
comprovação da titularidade das respectivas áreas, não admitindo para esse fim documentos
diversos daqueles constantes nas normas específicas.
5. Os empregados colocados à disposição da empresa urbana tomadora dos serviços ficam
subordinados à empresa de trabalho temporário contratada, sendo esta a responsável pelo
cumprimento de todas as exigências legais inerentes a tal relação, incluindo a observância dos
direitos e deveres dos trabalhadores. A empresa tomadora dos serviços é responsabilizada
solidariamente apenas no caso de falência da empresa contratada relativamente à remuneração e
aos direitos previdenciários.
PLENÁRIO
1. Nos contratos por escopo, inexistindo motivos para sua rescisão ou anulação, a extinção
do ajuste somente se opera com a conclusão do objeto e o seu recebimento pela
Administração, diferentemente dos ajustes por tempo determinado, nos quais o prazo
constitui elemento essencial e imprescindível para a consecução ou a eficácia do objeto
avençado.
831
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
832
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
4. A Administração somente deve emitir autorização para início das obras após a efetiva
comprovação da titularidade das respectivas áreas, não admitindo para esse fim
documentos diversos daqueles constantes nas normas específicas.
Em Auditoria destinada a avaliar a execução das obras de construção de unidades habitacionais
na cidade de Manaus/AM, fora constatada a não comprovação da titularidade de parte da área
onde seria realizado o empreendimento. Com base em precedente jurisprudencial do Tribunal
(Acórdão 1213/2013-Plenário), o relator destacou, em seu voto, a importância, no caso de
desapropriação necessária, de a instituição pública providenciar antecipadamente a
regularização fundiária das áreas, mediante justa e prévia indenização, para, somente então,
833
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
autorizar o início das obras, não sendo suficiente, a princípio, a mera expedição do decreto
desapropriatório para autorizar a realização do empreendimento. A aceitação do decreto de
desapropriação e do Registro Geral de Imóveis (RGI), como documentos úteis para o início das
obras, seria medida excepcional e, ainda assim, necessitaria que o proprietário do imóvel em
processo de desapropriação interviesse no contrato de repasse e concordasse com o
procedimento adotado, o que não aconteceu no caso em exame. Por conseguinte, o relator votou
por que fossem multados os responsáveis envolvidos, bem como determinado ao município de
Manaus que somente emitisse autorização para início da execução de obras após a efetiva
comprovação da titularidade das respectivas áreas, não se admitindo, para este fim, documentos
diversos daqueles constantes nas normas específicas, no que contou com a anuência do Plenário.
Acórdão 1681/2014-Plenário, TC 000.278/2010-6, relator Ministro-Substituto Marcos
Bemquerer Costa, 25.6.2014.
834
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 204
Sessões: 1º e 2 de julho de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Constitui falta grave a supressão ou o descumprimento do prazo legal para o exercício pelos
licitantes do direito a recorrer, o qual, necessariamente, só pode ser exercido antes de
homologada a licitação e adjudicado seu objeto.
2. A concessão de reequilíbrio econômico-financeiro em prazo inferior a um ano, sem a
comprovação de ocorrência das condições previstas em lei, afronta o disposto no art. 65, inciso
II, alínea d, da Lei 8.666/93, c/c o art. 2º, § 1º, da Lei 10.192/01, e implica responsabilização
dos gestores envolvidos.
3. Todos os fatores de risco entendidos como pertinentes pela contratada devem estar previstos
no BDI, em item único e próprio, e não no campo para custos diretos. O BDI é o elemento
orçamentário destinado a cobrir as despesas classificadas como custo indireto, ou seja, as não
diretamente relacionadas à execução do objeto contratado, como a cobertura de riscos eventuais
ou imprevisíveis.
PLENÁRIO
835
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
vista dos elementos constitutivos dos autos, concluiu o relator pela rejeição dos argumentos
recursais. O Plenário do TCU, acolhendo a tese da relatoria, negou provimento aos recursos.
Acórdão 1728/2014-Plenário, TC 006.493/2011-4, relator Ministro Raimundo Carreiro,
2.7.2014.
3. Todos os fatores de risco entendidos como pertinentes pela contratada devem estar
previstos no BDI, em item único e próprio, e não no campo para custos diretos. O BDI é o
elemento orçamentário destinado a cobrir as despesas classificadas como custo indireto,
ou seja, as não diretamente relacionadas à execução do objeto contratado, como a
cobertura de riscos eventuais ou imprevisíveis.
Auditoria de conformidade realizada na Secretaria de Portos da Presidência da República
(SEP/PR) para verificar a execução das obras de dragagem do Porto de Itaguaí/SC apontara,
dentre outros achados, possível sobrepreço decorrente da inclusão, na composição de preços
unitários do item “Dragagem”, do custo direto “Despesas Eventuais”, que estaria em
duplicidade com o custo indireto “Taxa de Margem de Incerteza”, contemplado no BDI. Em
preliminar, o relator consignou que o orçamento base fora elaborado no âmbito do Instituto
836
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 205
Sessões: 9 de julho de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
837
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. É irregular a exigência de garantia de proposta para todas as empresas participantes de
consórcio, mesmo que de modo proporcional à participação de cada uma. A garantia pode ser
satisfeita por qualquer uma das integrantes, ainda que tenha participação minoritária. As
empresas formadoras do consórcio são responsáveis solidárias pelos atos praticados na licitação,
por força do disposto no art. 33, inciso V, da Lei 8.666/93.
2. A simples participação de licitante como microempresa ou empresa de pequeno porte,
amparada por declaração com conteúdo falso, configura fraude à licitação e enseja a aplicação
das penalidades da lei. Não é necessário, para a configuração do ilícito, que a autora obtenha a
vantagem esperada.
3. Os patamares das rubricas “férias” e “13º salário”, especificados no art. 7º da Constituição
Federal, devem ser considerados como percentuais mínimos, não havendo óbice a que sejam
ultrapassados com respaldo em negociação coletiva de trabalho, cuja norma resultante é de
observância cogente pela empresa contratada, por força do art. 7º, inciso XXVI, da Lei Maior.
4. O abuso da personalidade jurídica evidenciado a partir de fatos como (i) a completa
identidade dos sócios-proprietários de empresa sucedida e sucessora, (ii) a atuação no mesmo
ramo de atividades e (iii) a transferência integral do acervo técnico e humano de empresa
sucedida para a sucessora permitem a desconsideração da personalidade jurídica desta última
para estender a ela os efeitos da declaração de inidoneidade aplicada à primeira, já que
evidenciado o propósito de dar continuidade às atividades da empresa inidônea, sob nova
denominação.
Primeira Câmara
5. O Banco de Preços em Saúde, tendo em vista suas fragilidades e limitações para obtenção do
preço de mercado, não deve ser utilizado como parâmetro legítimo na apuração de sobrepreço
em medicamentos.
PLENÁRIO
838
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
mínimo, de forma que não se exige a apresentação de garantias por cada um dos consorciados,
na proporção de suas participações no ajuste”. Acrescentou ainda o relator que, sendo
modalidade de ajuste acessório, e considerando a solidariedade legal dos integrantes do
consórcio, o contrato de garantia pode apresentar como garantido qualquer um dos
consorciados, importando apenas que sejam atendidas as condições básicas de qualquer garantia
(a exata especificação de valor garantido, o beneficiário e a obrigação garantida). No caso em
exame, considerando atendidos os requisitos mencionados, concluiu o relator que não haveria
razão lógica nem jurídica para se exigir a apresentação de garantia por todos os integrantes do
consórcio. Seguindo a proposta da relatoria, o Plenário do Tribunal negou provimento ao
recurso. Acórdão 1790/2014-Plenário, TC 010.021/2012-4, relator Ministro Benjamin Zymler,
9.7.2014.
839
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
em convenção coletiva de trabalho. Além disso, a partir dos comprovantes de pagamento, era
possível confirmar o recebimento dos valores, nos percentuais cotados, pelos empregados da
empresa prestadora dos serviços. Contrapondo os argumentos da unidade instrutiva, o relator
afirmou que “o percentual de 11,11% [(1 + 1/3) x (100% / 12)] referente a férias [resultante do
acréscimo de 1/3 ao salário (art. 7º, XVII, da Constituição Federal), dividido pelo número de
meses do ano], bem como o percentual de 8,33% (100% / 12) referente a 13º salário
(correspondente a um salário mensal dividido pelo número de meses do ano), a que alude o art.
7º, VIII, da Lei Maior, devem ser tomados como patamares (percentuais) mínimos, não havendo
óbice a que sejam ultrapassados com respaldo em negociação coletiva de trabalho, cuja norma
resultante é de observância cogente pela empresa contratada, por força do art. 7º, XXVI, da
Constituição Federal”, dispositivo albergado como direito fundamental dos trabalhadores. Do
que expôs o condutor do processo, o Tribunal acolheu a tese de que não houve demonstração de
prejuízo ao erário e considerou indevidas as glosas sugeridas pela unidade técnica. Acórdão
1805/2014-Plenário, TC 021.874/2011-5, relator Ministro José Jorge, 9.7.2014.
840
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
Número 206
Sessões: 15 e 16 de julho de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. O reconhecimento do representante como parte é situação excepcional. Depende, além do
pedido de ingresso nos autos como interessado, da demonstração de legítima e comprovada
razão para intervir no processo, o que não se dá com a simples participação como licitante em
certame sobre o qual se alegam indícios de irregularidade. O reconhecimento fica, em regra,
condicionado à possibilidade concreta de lesão a direito subjetivo em decorrência de eventual
deliberação que venha a ser adotada pelo Tribunal.
841
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
842
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
verificar a regularidade e eficiência na aplicação dos recursos públicos. Por fim, a relatora
observou que o processo no âmbito da Corte de Contas não visa tratar de interesses do
particular, razão pela qual não há previsão normativa para o representante comparecer aos autos
a fim de defender seus pontos de vista. O Plenário, na linha defendida pela relatoria, decidiu não
conhecer dos embargos. Acórdão 1881/2014-Plenário, TC 034.089/2013-6, relatora Ministra
Ana Arraes, 16.7.2014.
SEGUNDA CÂMARA
843
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 207
Sessões: 22 e 23 de julho de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A retomada de contrato cujo prazo de vigência encontra-se expirado configura recontratação
sem licitação, o que infringe os arts. 2º e 3º da Lei 8.666/93 e o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal.
2. Em contratos administrativos, é ilegal e inconstitucional a sub-rogação da figura da
contratada ou a divisão das responsabilidades por ela assumidas, ainda que de forma solidária,
844
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
845
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. Os pareceres jurídicos exigidos pelo art. 38 da Lei 8.666/93 integram a motivação dos
atos administrativos. Devem apresentar abrangência suficiente para tanto, evidenciando a
avaliação integral dos documentos submetidos a exame. É ilegal a adoção de pareceres
jurídicos sintéticos, com conteúdo genérico, sem a demonstração da efetiva análise do
edital e dos anexos.
Em Representação relativa a concorrências públicas promovidas pela Secretaria Municipal de
Educação de Manaus/AM (Semed), objetivando a construção de creches do tipo B segundo o
padrão FNDE, a unidade técnica apontara, dentre outras irregularidades, “a adoção de
pareceres jurídicos pró-forma”. Ao apreciar a questão, o relator observou que “a utilização de
pareceres jurídicos sintéticos, de apenas uma página, com conteúdo genérico, sem
demonstração da efetiva análise do edital e dos anexos, em especial quanto à legalidade das
cláusulas editalícias, permitiu, no caso concreto, a presença de itens posteriormente
impugnados”. Nesse sentido, lembrou o relator que o Tribunal já se posicionara “acerca da
necessidade de os pareceres jurídicos exigidos pelo art. 38 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993, integrarem a motivação dos atos administrativos, com abrangência suficiente,
evidenciando a avaliação integral dos documentos submetidos a exame (v. g.: Acórdão
748/2011-Plenário)”. Diante disso e de outras irregularidades subsistentes, o Tribunal decidiu
por fixar prazo para que a Semed e a Comissão Municipal de Licitação anulassem os certames,
bem como expediu diversas determinações corretivas às instituições municipais. Acórdão
1944/2014 Plenário, TC 004.757/2014-9, relator Ministro-Substituto André Luís de Carvalho,
23.7.2014.
846
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 208
Sessões: 29 e 30 de julho de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. O prazo para aprovação do balanço patrimonial e demais demonstrações contábeis para fins
de cumprimento do art. 31 da Lei 8.666/93 é o estabelecido no art. 1.078 do Código Civil,
portanto, até o quarto mês seguinte ao término do exercício social (30 de abril). Desse modo,
ocorrendo a sessão de abertura de propostas em data posterior a esse limite, torna-se exigível,
para fins de qualificação econômico-financeira, a apresentação dos documentos contábeis
referentes ao exercício imediatamente anterior.
2. Não configura irregularidade a inexistência de regra expressa no edital permitindo o
somatório de atestados de capacidade técnica. O impedimento à utilização de mais de um
atestado é que demanda, além da demonstração do seu cabimento por parte do contratante, estar
expressamente previsto no edital.
Primeira Câmara
3. Em licitação para registro de preços, é irregular a adoção de adjudicação por menor preço
global por grupo/lote, concomitantemente com disputa por itens, sem que estejam demonstradas
as razões pelas quais tal critério, conjuntamente com os que presidiram a formação dos grupos,
é o que conduzirá à contratação mais vantajosa, comparativamente ao critério usualmente
requerido de adjudicação por menor preço por item.
Inovação Legislativa
Lei Complementar 147, de 7.8.2014
PLENÁRIO
847
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
848
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
849
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 209
Sessões: 5 e 6 de agosto de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. O pregão, presencial ou eletrônico, não permite a conjugação de fatores para seleção da
proposta vencedora, visto que, nessa modalidade licitatória, o preço é o único critério a ser
utilizado para aferir o ganhador do certame.
2. É recomendável a utilização de pregão eletrônico para a concessão remunerada de uso de
bens públicos.
3. Nos contratos de execução continuada ou parcelada, o inadimplemento das obrigações fiscais
da contratada, incluindo a seguridade social, enseja, além das penalidades legais, a rescisão do
contrato e a execução das garantias para ressarcimento de valores e indenizações devidos à
Administração, sendo vedada a retenção de pagamento por serviço já executado, ou
fornecimento já entregue, sob pena de enriquecimento sem causa da Administração.
4. A sanção de impedimento de licitar e contratar pautada no art. 7º da Lei 10.520/02 (Lei do
Pregão) produz efeitos não apenas no âmbito do órgão/entidade aplicador da penalidade, mas
em toda a esfera do respectivo ente federativo (União ou estado ou município ou Distrito
Federal).
PLENÁRIO
850
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
pregão, pois insere critério de julgamento (melhor proposta técnica) não previsto na Lei
10.520/02. Adicionou o condutor do processo que o “pregão, presencial ou eletrônico, não
permite a conjugação de fatores para seleção da proposta vencedora. Nessa modalidade
licitatória, o preço é o único critério a ser utilizado para aferir o vencedor do certame”. Não
obstante, o relator alertou que a impossibilidade de uso de pregão dos tipos “melhor técnica” e
“técnica e preço” não pode ser interpretada como vedação ao estabelecimento de requisitos
atinentes à habilitação jurídica, às qualificações técnica e econômico-financeira e à regularidade
fiscal e trabalhista do licitante provisoriamente classificado em primeiro lugar, após encerrada a
fase de lances. Advertiu, por fim, que a miscelânea de tipos de licitação é expressamente
vedada pelo art. 45, § 5º, da Lei 8.666/93, de aplicação subsidiária ao pregão, motivo pelo qual
não é admissível a realização de certame nos moldes propostos pela entidade auditada. O
Plenário acompanhou o entendimento do relator. Acórdão 2050/2014-Plenário, TC
012.613/2013-4, relator Ministro Walton Alencar Rodrigues, 6.8.2014.
851
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
relembrou o relator que o Plenário do TCU, em resposta a consulta formulada pelo Ministério
da Saúde (Acórdão 964/2012), reafirmou a obrigatoriedade de que a Administração Pública
Federal exija, nos editais e contratos de execução continuada ou parcelada, durante toda a
vigência contratual, a comprovação da regularidade fiscal e social, sob pena de rescisão do
contrato e execução de garantias, além das penalidades já previstas em lei. Entendeu, contudo,
que “Verificada a irregular situação fiscal da contratada, incluindo a seguridade social, é
vedada a retenção de pagamento por serviço já executado, ou fornecimento já entregue, sob
pena de enriquecimento sem causa da Administração”. Assim, consignou o relator que, embora
obrigatória a exigência da documentação indicada, “tal obrigatoriedade não fundamenta a
retenção de pagamento, mas sim a rescisão contratual e eventual execução de garantia”.
Considerando que o pregão já havia sido homologado e que não houve prejuízos à
competitividade do certame, o Plenário julgou parcialmente procedente a Representação,
determinando ao Cofen que “observe o entendimento constante do Acórdão 964/2012 -
Plenário na eventualidade da não comprovação da regularidade fiscal e trabalhista por parte
da empresa contratada em decorrência do Pregão Eletrônico 21/2014”. Acórdão 2079/2014-
Plenário, TC 013.367/2014-5, relator Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti,
6.8.2014.
852
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
jurisprudência do TCU, no sentido de que a sanção prevista no art. 7º da Lei 10.520/02 produz
efeitos no âmbito interno do ente federativo que a aplicar. Acórdão 2081/2014-Plenário, TC
030.147/2013-1, relator Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, 6.8.2014.
Número 210
Sessões: 12 de agosto de 2014
(Excepcionalmente, não houve Sessão do Plenário nesta semana)
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Primeira Câmara
1. A contratada, ao iniciar, tardiamente, a execução dos serviços sem condicioná-la a revisão de
preços, implicitamente reconhece a adequação e a exequibilidade dos valores propostos na
licitação, o que configura renúncia ao reequilíbrio econômico-financeiro das condições iniciais
contratadas, dando ensejo à preclusão lógica.
Segunda Câmara
2. Em observância ao princípio da segregação de funções, não se deve permitir, em certames
licitatórios para a contratação de serviços de monitoramento ambiental, a participação de
empresa já contratada para a execução de outros serviços que podem causar impacto no
ambiente a ser monitorado.
Inovação Legislativa
Decreto 8.293/2014, de 12.8.2014
PRIMEIRA CÂMARA
853
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
854
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
óbvio, a aspectos ambientais”. Assim, em sintonia com a posição defendida pela unidade
técnica, sustentou que não há irregularidade na vedação imposta pela Codesp, pois a disposição
do edital “origina-se no princípio da segregação de funções e destina-se a evitar possíveis
distorções tanto no cumprimento das atividades de monitoramento ambiental quanto nas de
dragagem”. Para alicerçar o seu posicionamento, a condutora do processo lançou mão de
disposições contidas no termo de referência do certame e apontou que elas “evidenciam o risco
de conflito de interesses entre o responsável pelo controle ambiental e o executor da dragagem,
com consequente prejuízo às atividades contratadas pela Codesp”. Desse modo, concluiu que a
vedação à participação no certame de empresa já contratada para execução de obras de
dragagem apresenta-se não apenas legítima, mas necessária para salvaguardar a independência
dos responsáveis pelas ações de monitoramento ambiental. Por fim, transcrevendo o art. 54 da
Lei dos Portos, asseverou que, ao contrário do alegado pela representante, o mencionado
dispositivo não autoriza a contratação de uma mesma empresa para execução de serviços de
dragagem e de monitoramento ambiental. Do que expôs a relatoria, a Segunda Câmara, dentre
outras deliberações, conheceu da Representação e, no mérito, considerou-a improcedente,
indeferindo pedido para adoção de medida cautelar. Acórdão 4204/2014-Segunda Câmara, TC
014.783/2013-2, relatora Ministra Ana Arraes, 12.8.2014.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Decreto 8.293, de 12.8.2014: Altera o Decreto 7.775, de 4 de julho de 2012, que dispõe sobre o
Programa de Aquisição de Alimentos.
Número 211
Sessões: 19 e 20 de agosto de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. As contratações de entidades para a realização de avaliações educacionais, nos moldes do
Enade, da Prova Brasil e do Encceja, não se enquadram no disposto no art. 24, inciso XIII, da
Lei 8.666/93, uma vez que não se constituem em instrumentos de seleção de estudantes para
ingresso em instituições públicas de ensino, como é o caso do Enem. Devem, em regra, ser
precedidas de licitação, ressalvado o enquadramento em outras hipóteses de contratação direta,
mediante decisão devidamente fundamentada.
855
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
856
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
857
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 212
Sessões: 26 e 27 de agosto de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Nas publicações dos órgãos da Administração Pública Federal de avisos de licitação e
extratos de contrato, dispensa e inexigibilidade no Diário Oficial da União, são obrigatórias as
seguintes informações: i) para avisos de licitação: número do processo, descrição do objeto e
local de disponibilização do edital, com base na Lei Complementar 101/01, art. 48-A, inciso I e
Lei 8.666/93, art. 21, § 1º; ii) para extratos de contrato: número do processo, descrição do
objeto, identificação do contratado (nome e CNPJ/CPF), valor, identificação do procedimento
licitatório que deu origem à contratação, com base na LC 101/01, art. 48, parágrafo único c/c
art. 48-A, inciso I; iii) para extratos de dispensa ou de inexigibilidade: número do processo,
descrição do objeto, identificação do contratado (nome e CNPJ/CPF), valor, fundamento legal
específico e autoridade ratificadora, com base na LC 101/01, art. 48, parágrafo único c/c art. 48-
A, inciso I e Lei 8.666/93, art. 26.
2. Nas licitações para registro de preços em que o interesse do órgão gerenciador da ata não seja
o de demandar bens e serviços para si, mas sim o de viabilizar a contratação por outros órgãos,
notadamente estados e municípios, que não participem do certame, é obrigatório o fornecimento
dos quantitativos registrados, observadas as condições definidas no instrumento convocatório, o
qual deve estabelecer com clareza essa obrigação dos licitantes vencedores. Não é possível ao
fornecedor, nos limites quantitativos registrados, escolher que órgãos atender.
3. Nas licitações do tipo técnica e preço, devem constar do edital os critérios objetivos a serem
utilizados para a gradação dos quesitos pontuáveis no caso de atendimento parcial.
PLENÁRIO
859
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
2. Nas licitações para registro de preços em que o interesse do órgão gerenciador da ata
não seja o de demandar bens e serviços para si, mas sim o de viabilizar a contratação por
outros órgãos, notadamente estados e municípios, que não participem do certame, é
obrigatório o fornecimento dos quantitativos registrados, observadas as condições
definidas no instrumento convocatório, o qual deve estabelecer com clareza essa obrigação
dos licitantes vencedores. Não é possível ao fornecedor, nos limites quantitativos
registrados, escolher que órgãos atender.
Por intermédio de Pedido de Reexame, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) insurgiu-se contra deliberações prolatadas em autos de Representação que questionara
os procedimentos utilizados pelo órgão para a contratação de empresas, objetivando a
construção de creches no âmbito do Programa Proinfância, por meio de sistema de registro de
preços. O relator iniciou o exame do recurso afirmando que, para construções da espécie, o
fundo utilizava-se da sistemática tradicional de celebração de convênios com os estados e
municípios interessados e estes se encarregavam de realizar as licitações e contratar as obras.
Contudo, diante dos resultados insatisfatórios dessa sistemática, o FNDE passou a realizar as
licitações, pelo sistema de registro de preços, com a contratação sendo feita pelas unidades da
federação. O relator salientou que, não obstante o Tribunal ter reconhecido a engenhosidade da
nova solução apresentada pelo FNDE, que garante maior celeridade e qualidade nas obras
executadas, houve o entendimento de que algumas irregularidades ficaram caracterizadas no
julgamento original da Representação. Dentre essas, a “possibilidade conferida aos vencedores
do certame de não contratar a integralidade dos quantitativos previstos na ata de registro de
preços, o que seria extremamente danoso para os fins pretendidos, desnaturando a própria
sistemática concebida”. No ponto em questão, o relator destacou que as licitações analisadas
não se inserem no modelo tradicional para registro de preço, pois: a) o órgão gerenciador, o
FNDE, está realizando o certame licitatório para atender a demanda que não é sua, e sim de
860
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
terceiros; e b) não há, propriamente, a presença de órgãos participantes, uma vez que os
municípios a serem beneficiados não participam dos procedimentos iniciais do registro de
preços. Aduziu que o “entendimento de que o fornecedor poderia ‘escolher’ quais creches
construir, porque todos os municípios seriam ‘órgãos aderentes’, subverteria completamente a
lógica desses processos licitatórios específicos, que se destinam a suprir as necessidades desses
municípios, ainda que estes não estejam identificados e individualizados no processo”. Nessa
perspectiva, o condutor do processo, reconhecendo que os normativos vigentes não tratam de
forma adequada o assunto e em concordância com a unidade técnica, asseverou “que tanto os
termos dos editais de licitação como a própria figura da ‘estipulação em favor de terceiro’,
buscada no Direito Civil (art. 436 do Código Civil), fornecem os elementos necessários para
que se conclua pela obrigatoriedade do fornecimento por parte dos licitantes vencedores, nos
limites dos quantitativos definidos nos editais de licitação”. Por fim, transcrevendo itens dos
editais lançados pelo FNDE, reconheceu que eles estabelecem que o fornecimento dos
quantitativos registrados é obrigatório, sendo que a faculdade dada aos fornecedores “refere-se
às eventuais adesões que se queiram realizar às atas, que extrapolem os quantitativos definidos
nos editais”. Dessa forma, o Plenário, acolhendo os argumentos do relator, dentre outras
medidas, modificou a determinação contida no subitem 9.3 do acórdão recorrido, impondo ao
FNDE o ônus de aprimorar, nos registros de preços constituídos para viabilizar contratações por
estados e municípios, mediante utilização de atas por ele gerenciadas, “a redação dos editais
para estabelecer, com clareza, a obrigatoriedade de fornecimento dos quantitativos
registrados, observadas as condições definidas no instrumento convocatório”. Adicionalmente,
diante da ausência de normativos que explicitem o caráter obrigatório do fornecimento, nos
limites dos quantitativos previstos nos editais, no caso de licitações análogas, o Colegiado
recomendou ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que avalie a possibilidade de
contemplar esse aspecto nos regulamentos pertinentes. Acórdão 2242/2014-Plenário, TC
019.318/2013-8, relator Ministro Aroldo Cedraz, 27.8.2014.
3. Nas licitações do tipo técnica e preço, devem constar do edital os critérios objetivos a
serem utilizados para a gradação dos quesitos pontuáveis no caso de atendimento parcial.
Representação formulada por sociedade empresária apontara possíveis irregularidades em
concorrência, do tipo técnica e preço, promovida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae), tendo por objeto a contratação de empresa especializada para
prestação de serviços de informática. Em síntese, a representante alegara inobservância aos
critérios de avaliação das propostas técnicas e ausência de fundamentação no julgamento dessas
propostas. Determinada a suspensão cautelar do certame e promovidas as oitivas regimentais, o
relator, em sintonia com a unidade técnica, ressaltou que os responsáveis não conseguiram elidir
o ponto central dos fatos representados, que seria demonstrar a objetividade dos critérios de
julgamento das propostas técnicas dos licitantes. Destacou que “não restou claro no edital ou
nas demais peças que compõem os autos da contratação, qual seria a metodologia e os
critérios objetivos a serem utilizados para a gradação da pontuação de dois dos três quesitos
pontuáveis no caso de atendimento parcial”. Além disso, em situação idêntica entre a empresa
representante e a empresa considerada vencedora da licitação, relativamente à avaliação de um
dos quesitos de pontuação técnica, “a primeira teve pontuação do quesito menor que a última,
sem qualquer justificativa para essa disparidade”. Assim, o relator concluiu que permanecia
injustificada “a falha atinente à inexistência, no edital do certame, do detalhamento dos
critérios de julgamento das propostas técnicas no edital, em ofensa aos princípios da
vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo previstos no art. 2º do
Regulamento de Licitações e Contratos do Sistema Sebrae, além de violação ao art. 8º, § 2º, do
referido regulamento, bem como à jurisprudência do TCU”. Após o pronunciamento da unidade
técnica, o Sebrae informou que providenciaria a anulação do certame e solicitou o arquivamento
dos autos. Contudo, diante da falta de comprovação de que tal medida houvesse sido
efetivamente adotada, o relator acolheu o encaminhamento proposto pela unidade instrutiva, no
sentido de determinar a anulação da concorrência, assim como dos atos dela decorrentes.
Ademais, o relator considerou oportuno “determinar ao Sebrae que, em caso de realização de
861
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
nova licitação tipo técnica e preço visando à contratação do objeto do certame ora
questionado, faça constar do edital os critérios objetivos a serem utilizados para a gradação da
pontuação dos quesitos pontuáveis no caso de atendimento parcial.” O Tribunal recepcionou na
íntegra o voto da relatoria. Acórdão 2253/2014 Plenário, TC 010.950/2014-1, relator Ministro-
Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, 27.8.2014.
Número 213
Sessões: 2 e 3 de setembro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. As boas práticas administrativas impõem que as atividades de fiscalização e de supervisão de
contrato devem ser realizadas por agentes administrativos distintos (princípio da segregação das
funções), o que favorece o controle e a segurança do procedimento de liquidação de despesa.
2. A comparação entre preços de licitações realizadas em momentos distantes, utilizando-se a
aplicação de índices econômicos como fator de atualização, especialmente se empregados
índices não específicos, não constitui, por si só, método hábil a demonstrar a ocorrência de
sobrepreço, pois tende a promover distorções nos valores confrontados.
3. A exigência de certificação emitida por instituições públicas ou privadas credenciadas pelo
Inmetro para aquisições de bens e serviços de informática e automação, prevista no art. 3º,
inciso II, do Decreto 7.174/10, é ilegal, visto que estipula novo requisito de habilitação por meio
de norma regulamentar e restringe o caráter competitivo do certame.
PLENÁRIO
862
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
863
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
864
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 214
Sessões: 9 e 10 de setembro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
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inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
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SUMÁRIO
Plenário
1. Em licitações de serviços de terceirização de mão de obra, é admitida restrição ao somatório
de atestados para a aferição da capacidade técnico-operacional das licitantes, pois a execução
sucessiva de objetos de pequena dimensão não capacita a empresa, automaticamente, para a
execução de objetos maiores. Contudo, não cabe a restrição quando os diferentes atestados se
referem a serviços executados de forma concomitante, pois essa situação se equivale, para fins
de comprovação de capacidade técnico-operacional, a uma única contratação.
2. Em licitações para aquisição de equipamentos, havendo no mercado diversos modelos que
atendam completamente as necessidades da Administração, deve o órgão licitante identificar um
conjunto representativo desses modelos antes de elaborar as especificações técnicas e a cotação
de preços, de modo a evitar o direcionamento do certame para marca ou modelo específicos e a
caracterizar a realização de ampla pesquisa de mercado.
PLENÁRIO
865
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
licitante em gerir mão de obra. Adicionou que, para tratar dessa questão, o TCU constituiu
grupo de trabalho com a participação de representantes de vários órgãos da Administração
Pública, cujos resultados foram apreciados por intermédio do Acórdão 1214/2013-Plenário,
quando foi recomendado à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento que incorporasse à IN/MP 2/2008 que “seja fixada em edital, como qualificação
técnico-operacional, para a contratação de até 40 postos de trabalho, atestado comprovando
que a contratada tenha executado contrato com um mínimo de 20 postos e, para contratos de
mais de 40 (quarenta) postos, seja exigido um mínimo de 50%”. Após informar que a
recomendação do TCU foi acatada com a edição da IN 6/2013-SLTI-MPOG, o relator asseverou
que “resta permitida, portanto, a interpretação de que a exigência deveria ser demonstrada em
uma única contratação, não se podendo, pois, considerar o somatório dos quantitativos
referentes a mais de um atestado”. Discorrendo sobre a razão desse entendimento, o relator
justificou que “se uma empresa apresenta sucessivos contratos com determinados postos de
trabalho, ela demonstra ter expertise para executar somente os quantitativos referentes a cada
contrato e não ao somatório de todos”. Em outros termos, prosseguiu o condutor do processo,
“a demanda por estrutura administrativa dessa empresa está limitada aos serviços exigidos
simultaneamente, não havendo que se falar em duplicação dessa capacidade operacional
apenas porque determinado objeto executado em um exercício é novamente executado no
exercício seguinte”. Assim, divergindo da unidade técnica, o relator concluiu que não há como
supor “que a execução sucessiva de objetos de pequena dimensão capacite a empresa
automaticamente para a execução de objetos maiores”. Não obstante a conclusão, o relator
reconheceu que exceção a esse entendimento deve ser feita quando os diferentes atestados
referirem-se a serviços executados de forma concomitante. Em tais situações, “para fins de
comprovação de capacidade técnico-operacional, é como se os serviços fossem referentes a
uma única contratação”. Exemplificando, o relator mencionou que “se uma empresa executa
simultaneamente dez contratos de dez postos de serviços cada, cabe a suposição de que a
estrutura física da empresa é compatível com a execução de objetos referentes a cem postos de
serviços”. No caso concreto, o relator admitiu que a empresa fora inabilitada indevidamente,
pois os atestados por ela apresentados indicavam o gerenciamento concomitante de 49 postos de
vigilância, em cinco diferentes contratos, atestados suficientes para demonstrar mais que o
dobro do mínimo de vinte postos exigidos no edital. No entanto, como não restou caracterizada
a prática de ato antieconômico e como o contrato já se encontrava em execução, o Tribunal, na
linha defendida pela relatoria, entendeu que o interesse público vedava a retomada do
procedimento licitatório. Acórdão 2387/2014-Plenário, TC 018.872/2014-0, relator Ministro
Benjamin Zymler, 10.9.2014.
866
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 215
Sessões: 16 e 17 de setembro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A aquisição de bens de alto valor, que representam percentual significativo do contrato, sem
que sejam necessários no estágio em que a obra se encontra ou em momento próximo, expõe
indevidamente a Administração à perda precoce da garantia do fabricante, à deterioração e ao
jogo de cronograma, por meio do qual a empreiteira antecipa a medição de serviços mais
rentáveis e abandona o contrato sem executar os menos rentáveis. A medição de tais bens
somente deve ser feita quando forem efetivamente necessários à execução dos serviços a que se
destinam, considerando a manutenção de estoque mínimo que permita a continuidade e o bom
andamento dos serviços.
867
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
868
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
869
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Acrescentou o relator que tal raciocínio se aplicaria a “qualquer tipo de obra executada com
recursos públicos”. Para fundamentar seu entendimento, citou o art. 65, § 5º, da Lei 8.666/93,
segundo o qual “quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como
a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a data da apresentação da
proposta, de comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a revisão destes para
mais ou para menos, conforme o caso”. Em relação às licitações e contratos sob o regime do
RDC, o relator também não vislumbrou características peculiares que afastassem a necessidade
de análise da pertinência e adequação das taxas de BDI pactuadas. Nesse sentido, amparado na
doutrina, lembrou que a Lei 12.462/2011 determina que os licitantes comprovem, mediante
planilhas, a formação de seus preços, incluindo o detalhamento dos componentes do custo. O
Plenário, na linha defendida pela relatoria, manteve os exatos termos das determinações
questionadas. Acórdão 2440/2014-Plenário, TC 036.076/2011-2, relator Ministro-Substituto
Marcos Bemquerer Costa, 17.9.2014.
870
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 216
Sessões: 23 e 24 de setembro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Havendo recusa ou omissão da empresa construtora em arcar com a garantia legal obrigatória
estabelecida no art. 618 do Código Civil, o gestor deve se valer de todas as medidas ao seu
alcance para buscar o refazimento de serviços ou a reparação de dano causado por vícios
construtivos constatados posteriormente à entrega da obra, sob pena de responsabilidade
solidária do agente público por eventual prejuízo decorrente da má execução.
Segunda Câmara
2. A adjudicação por grupo ou lote não é, em princípio, irregular, devendo a Administração,
nesses casos, justificar de forma fundamentada, no respectivo processo administrativo, a
vantagem dessa opção.
3. É indevida a fixação, nos editais de licitação, de percentuais, ainda que mínimos, para
encargos sociais e trabalhistas. A Administração Pública não está vinculada ao cumprimento de
cláusulas de convenções coletivas de trabalho, excetuadas as alusivas às obrigações trabalhistas.
PLENÁRIO
871
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
872
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. É indevida a fixação, nos editais de licitação, de percentuais, ainda que mínimos, para
encargos sociais e trabalhistas. A Administração Pública não está vinculada ao
cumprimento de cláusulas de convenções coletivas de trabalho, excetuadas as alusivas às
obrigações trabalhistas.
Representação formulada por sociedade empresária em face de pregão presencial realizado pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Administração Regional em Sergipe
(Senac/SE), tendo por objeto a prestação de serviços de limpeza e conservação, apontara
possíveis irregularidades no certame e na execução contratual, dentre as quais adoção de
percentuais de encargos sociais inferiores ao limite mínimo fixado na Convenção Coletiva de
Trabalho. Quanto a esse ponto, o relator registrou que “de acordo com o entendimento
predominante no TCU, é indevida a fixação de percentual para encargos sociais e
trabalhistas”. Nesse sentido, expôs o entendimento do TCU sobre a matéria, veiculado na
relatoria do Acórdão 1407/2014 – Plenário, no sentido de que a Administração Pública não está
obrigada ao cumprimento de cláusulas de convenções coletivas de trabalho, exceto no que
respeita às obrigações trabalhistas. No caso concreto, assinalou que a proposta da empresa
vencedora contemplara 77,06% de encargos sociais e trabalhistas, enquanto a Convenção
Coletiva vigente previra 85,41%, o que, “no entendimento desta Corte, não representa
irregularidade, tendo em vista que a administração pública não está vinculada ao cumprimento
de cláusulas de Convenções Coletivas de Trabalho, excetuadas as alusivas às obrigações
trabalhistas”. Ademais, destacou que o edital não fixara percentuais mínimos de encargos,
conforme sugerira o representante, não havendo, portanto, na execução contratual, qualquer
violação ao instrumento convocatório. Nesses termos, acolheu o Plenário a proposta da
relatoria, para considerar parcialmente procedente a Representação, expedindo determinações
873
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 217
Sessões: 30 de setembro e 1º de outubro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Nas situações em que a Administração não possui condições técnicas para aferir, mediante
amostra, a qualidade do produto ofertado, é admitida, como condição para classificação ou
como requisito contratual, mas não para habilitação, a utilização de certificações para
comprovar a aderência do produto às normas técnicas de qualidade.
2. O fato de o preço a ser cobrado da Administração ser o mesmo por qualquer empresa
prestadora do serviço demandado não justifica, por si só, a contratação direta por inexigibilidade
de licitação, uma vez que o procedimento licitatório, além de se destinar à busca da melhor
proposta para a Administração, também deve propiciar aos possíveis interessados em prestar o
serviço a possibilidade de competir pelo contrato sob igualdade de condições.
Primeira Câmara
3. Na contratação de artista consagrado, inexistindo indícios de dano ao erário e comprovado
que o objeto conveniado foi executado com os recursos do ajuste, não há que se falar na glosa
dos valores federais repassados, ainda que a contratação tenha sido realizada mediante irregular
utilização do instituto da inexigibilidade de licitação, por ausência de apresentação do contrato
de exclusividade do artista com o empresário contratado pela Administração.
PLENÁRIO
1. Nas situações em que a Administração não possui condições técnicas para aferir,
mediante amostra, a qualidade do produto ofertado, é admitida, como condição para
classificação ou como requisito contratual, mas não para habilitação, a utilização de
certificações para comprovar a aderência do produto às normas técnicas de qualidade.
874
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Representação formulada por unidade técnica do TCU em face de pregão eletrônico realizado
pela Fundação Universidade Federal do Acre (Ufac), destinado à contratação de fornecimento,
com serviços de implantação, de materiais de identificação, incluindo piso tátil e comunicações,
apontara possíveis irregularidades no certame, dentre as quais a exigência de laudo de
verificação de aderência de camada de tinta como condição para habilitação. Em análise de
mérito, realizadas as oitivas regimentais após a suspensão cautelar do certame, o relator
registrou, no que respeita ao ponto impugnado, que situação similar fora apreciada quando da
prolação do Acórdão 1054/2014-Plenário, que analisara pregão para registro de preços
promovido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (Ifac), no qual a
Ufac figurava como órgão participante. Naquela oportunidade, a relatoria destacara que “as
exigências habilitatórias visam auscultar se a pessoa da licitante possui capacidade ampla de
adimplir aos comandos licitatórios. No que se refere ao âmbito técnica, intenta-se averiguar a
expertise da empresa, em termos de ‘saber fazer’. E a comprovação desse know how se faz por
meio de atestados técnicos demonstrativos de experiência anterior bem-sucedida. São,
portanto, requisitos pessoais da licitante a serem avaliados”. Por outro lado, os requisitos de
atendimento a normas de qualidade e às especificações do objeto são caracterizadores do
produto, “demonstram que o objeto está em conformidade com as exigências do edital”, não se
prestando, contudo, para comprovar, em sede de habilitação, a capacidade da licitante para
oferecer o produto na especificação desejada. Ademais, acrescentara o relator do acórdão citado,
características próprias do objeto “além de não traduzirem a capacidade das concorrentes,
também não constam do rol exaustivo das condições de habilitação previstos no art. 30 da Lei
de Licitações”. Nada obstante, consignara aquele relator que “diante de situações em que a
administração, por si própria, não possui condições ferramentais para aferir, mediante
amostra, a qualidade do produto ofertado, esta Corte tem admitido a utilização de certificações
para comprovar a aderência do produto às normas técnicas de qualidade. E isso pode ser feito
como condição para classificação ou como requisito contratual”. Com essa moldura, tanto lá
como aqui, concluíram os relatores que as condições de habilitação examinadas constituíam
cláusulas restritivas à competitividade dos certames. Nesses termos, acolheu o Plenário a
proposta da relatoria, assinando prazo para que a Ufac adote as providências necessárias à
anulação do pregão, em face de “restrição indevida à competitividade decorrente da exigência
de laudo de verificação de aderência de camada de tinta como condição habilitatória”.
Acórdão 2583/2014-Plenário, TC 014.969/2014-9, relator Ministro Bruno Dantas, 1/10/2014.
2. O fato de o preço a ser cobrado da Administração ser o mesmo por qualquer empresa
prestadora do serviço demandado não justifica, por si só, a contratação direta por
inexigibilidade de licitação, uma vez que o procedimento licitatório, além de se destinar à
busca da melhor proposta para a Administração, também deve propiciar aos possíveis
interessados em prestar o serviço a possibilidade de competir pelo contrato sob igualdade
de condições.
Em Auditoria realizada no Serviço Social do Comércio (Sesc) e no Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (Senac), com o objetivo de analisar processos licitatórios e
respectivos contratos de aquisição de bens ou prestação de serviços, fora identificada, dentre
outras irregularidades, a contratação pelo Senac, mediante inexigibilidade de licitação, de
agência para a prestação de serviços de publicidade (veiculação de anúncios em jornais).
Realizado o contraditório, o Diretor-Geral da entidade aduziu que “a inexigibilidade estaria
amparada pelo simples fato de o preço a ser cobrado da Administração, por qualquer empresa,
ser o mesmo, ou seja, constituir-se-ia em uma parcela de 80% relativa ao pagamento dos
veículos de divulgação e 20% direcionado à Agência de Publicidade”, razão pela qual “a
realização da licitação representaria custo adicional à entidade sem o correspondente
benefício financeiro, porquanto toda e qualquer firma contratada apresentaria a mesma
estrutura de preços”. Analisando o mérito, anotou o relator que “a aplicação da tese aventada
pelos responsáveis encontra óbice no inafastável princípio da isonomia que deve reger as
licitações”. Nesse marco, “ainda que o custo final para a entidade fosse o mesmo, o certame
deveria ser realizado, porquanto em que pese estarem satisfeitos os interesses da entidade, o
875
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
interesse particular – representado pela vontade daqueles que desejassem participar do torneio
licitatório – não poderia ser afastado, sob pena de ofensa ao princípio da isonomia”. Nesse
sentido, com esteio na melhor doutrina, pontuou o relator que em todas as situações em que é
justificado o afastamento do certame mediante inexigibilidade, “há um traço comum, qual seja,
não há ofensa ao princípio da isonomia, pois somente um fornecedor ou prestador do serviço é
capaz de atender à demanda da Administração”. Assim, considerando que as entidades do
Sistema S vinculam-se juridicamente aos princípios que regem a administração pública, e que o
Regulamento Próprio de Licitações do Senac vincula a figura da inexigibilidade à inviabilidade
de competição, concluiu o relator que o afastamento da licitação “foi efetuado em desacordo da
normatização cabível à espécie”. Nesses termos, acolheu o Plenário a proposta da relatoria, no
sentido de determinar ao Senac que, se ainda vigente o contrato impugnado, “abstenha-se de
prorrogá-lo e efetue licitação caso pretenda contratar o serviço objeto daquela avença”.
Acórdão 2585/2014-Plenário, TC 032.966/2012-1, relator Ministro-Substituto Marcos
Bemquerer Costa, 1/10/2014.
PRIMEIRA CÂMARA
876
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 218
Sessões: 7 e 8 de outubro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. É viável juridicamente ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), desde que tecnicamente
motivado, o estabelecimento de regra que dispense a obrigatoriedade da emissão de parecer
jurídico nas licitações e contratações de bens e serviços efetuadas pelos postos no exterior, cujos
valores sejam inferiores a US$ 150,000.00, excetuadas as referentes a locação de imóveis, em
consonância com o art. 123 da Lei 8.666/93, com os princípios da eficiência e da economicidade
e ainda considerando as peculiaridades institucionais do MRE.
2. No contrato por regime de empreitada por preço global, a ausência de pessoal por motivo de
férias ou saúde não pode ensejar glosa parcial, como contrato em regime de preço unitário fosse,
especialmente se não há qualquer prejuízo ao serviço. Em situações da espécie, o máximo que
se admite é a aplicação de multa contratual.
3. É possível a utilização, pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, de um
mesmo parecer jurídico em procedimentos licitatórios diversos, desde que envolva matéria
comprovadamente idêntica e seja completo, amplo e abranja todas as questões jurídicas
pertinentes.
PLENÁRIO
877
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
das unidades situadas no exterior que cumpram a integralidade da Lei 8.666/93”. Quanto à
necessidade dos pareceres jurídicos (art. 38, inciso VI, da Lei de Licitações) em contratações
abaixo de US$ 150,000.00, pontificou o relator que “não há colisão com qualquer princípio da
Lei de Licitações e que a regra até está em consonância com alguns princípios que devem reger
a atuação da administração pública, como os da eficiência e da economicidade”. Além disso,
no que respeita aos custos e às dificuldades operacionais para a implementação da regra do art.
38, parágrafo único (apreciação prévia de minutas de editais pela assessoria jurídica da
administração), salientou: “como elas devem seguir as legislações próprias de cada país, seria
quase que inviável, sob o ponto de vista técnico, que o exame das minutas fosse feita
centralizadamente pela Consultoria Jurídica do MRE no Brasil, além do aumento da
‘burocracia’ para o exame dos processos, que implica em menor eficiência. A outra
possibilidade, de terceirização dessas análises em cada país, certamente representaria custo
elevado”. Outrossim, em face das peculiaridades próprias das legislações de cada país,
considerou o relator razoável a fixação do limite de US$ 150,000.00. Assim, acolhendo a
proposta do relator, por maioria, o Plenário conheceu da consulta para responder à autoridade
consulente que “em consonância com o art. 123 da Lei 8.666/93 e com os princípios da
eficiência e economicidade, considerando as peculiaridades institucionais do MRE, é viável
juridicamente, desde que tecnicamente motivada, o estabelecimento de regra que dispense a
obrigatoriedade da emissão de parecer jurídico nas licitações e contratações de bens e serviços
efetuadas pelos postos no exterior, cujos valores sejam inferiores a US$ 150.000,00, excetuadas
as contratações para locação de imóveis”. Acórdão 2633/2014-Plenário, TC 030.960/2013-4,
relator Ministro Aroldo Cedraz, 8/10/2014.
2. No contrato por regime de empreitada por preço global, a ausência de pessoal por
motivo de férias ou saúde não pode ensejar glosa parcial, como contrato em regime de
preço unitário fosse, especialmente se não há qualquer prejuízo ao serviço. Em situações
da espécie, o máximo que se admite é a aplicação de multa contratual.
Recurso de Revisão interposto pelo Ministério Público junto ao TCU pleiteara a reabertura das
contas ordinárias, exercício de 2007, de um dos responsáveis pelo Fundo de Administração do
Hospital das Forças Armadas, em razão de possíveis irregularidades na execução de contrato
para prestação de serviços de gerenciamento de equipamentos médico-hospitalares. Entre as
questões enfrentadas nos autos, foram apontadas ausências, não glosadas, de profissionais por
motivo de férias ou de saúde. Sobre esse aspecto, transcreveu o relator trecho de posterior
parecer do Ministério Público, exarado após a apresentação da defesa no feito: “entendemos que
são pertinentes as alegações dos responsáveis de que a natureza do contrato é diferente de uma
simples intermediação de mão de obra. Além disso, há de ser considerado que o regime de
execução do contrato, empreitada global, imputava à empresa riscos de que as despesas ao
decorrer na execução do serviço fossem maiores do que as inicialmente previstas, risco esse
que, ressalte-se, não incorre uma empresa que faz intermediação de mão de obra, e que deveria
necessariamente ser considerado no preço do serviço”. Na esteira do entendimento do
MP/TCU, o relator destacou não abonar a tese de que em contrato de resultado, sob o regime de
empreitada de preço global, seja permitida “a glosa relativa a ausências esporádicas, como se
de contrato de intermediação de mão de obra se tratasse”. No regime de execução adotado,
concluiu o relator, “a ausência de pessoal por motivo de férias ou saúde não pode ensejar a
transformação do contrato para preço unitário para fins de glosa parcial, mais ainda quando
não há notícia de qualquer prejuízo ao serviço (...) O máximo que se admitiria em ajustes do
tipo seria a aplicação de multa contratual, o que não foi objeto dos presentes autos”. Nesse
sentido, enfrentadas as demais questões, adotou o Plenário a solução preconizada pelo relator,
negando provimento ao Recurso de Revisão e mantendo inalterada a decisão recorrida. Acórdão
2636/2014-Plenário, TC 017.005/2008-8, relator Ministro Aroldo Cedraz, 8/10/2014.
878
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 219
Sessões: 14 e 15 de outubro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. Ainda que não se verifique sobrepreço ou superfaturamento, o TCU pode, no exercício
regular de sua competência, fixar prazo para que a entidade fiscalizada adote providências ao
exato cumprimento da lei, caso verifique irregularidades que afrontem o núcleo essencial dos
princípios listados no art. 3º da Lei 8.666/93.
2. A exigência de registro ou inscrição na entidade profissional competente, para fins de
comprovação de qualificação técnica (art. 30, inciso I, da Lei 8.666/93), deve se limitar ao
conselho que fiscalize a atividade básica ou o serviço preponderante da licitação.
PLENÁRIO
880
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 220
Sessões: 21 e 22 de outubro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
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SUMÁRIO
Plenário
1. Na contratação de serviços advocatícios, a regra geral do dever de licitar é afastada na
hipótese de estarem presentes, simultaneamente, a notória especialização do contratado e a
singularidade do objeto. Singular é o objeto que impede que a Administração escolha o
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
“exigência de visita prévia ao local da obra pelo engenheiro responsável por sua execução em
datas pré-definidas, sem demonstração da imprescindibilidade do procedimento, em
desconformidade com os arts. 3º, caput, e § 1º, inciso I, e 30, inciso III, da Lei 8.666/1993”. Os
recorrentes arguiram, em síntese, que a exigência não ocasionara dano, sendo “indispensável à
boa execução da obra”. Alegaram, ainda, que “havia previsão expressa no edital das datas em
que ocorreriam tais visitas, o que propiciou às empresas tempo hábil para agendamento”. Ao
analisar o ponto, o relator, alinhado à análise da unidade técnica, rejeitou os argumentos
apresentados, destacando que “os recorrentes nem sequer tentaram demonstrar a
imprescindibilidade do procedimento”. Em seguida, reiterando o exame realizado pelo relator a
quo, ressaltou que a exigência de visita técnica é admitida, “desde que atendidos três requisitos:
(i) demonstração da imprescindibilidade da visita, cuja falta de comprovação fere outros
valores legais que necessitam ser preservados, como a competitividade, a moralidade e a
isonomia; (ii) não imposição de que a visita seja realizada pelo engenheiro responsável pela
obra, por ser essa incompatível com a legislação, além de impor ônus desnecessário aos
licitantes e restrição injustificada à competitividade do certame (acórdãos 2.543/2011,
2.583/2010 e 1.264/2010, todos do Plenário); e (iii) não seja estabelecido prazo exíguo para os
licitantes vistoriarem os diversos locais onde os serviços serão executados, pois isso importa
em restrição ao caráter competitivo do certame (acórdão 890/2008-Plenário)”. Considerando
que os recorrentes não comprovaram o atendimento de tais requisitos para a exigibilidade da
visita, cujo prazo fixado foi de apenas dois dias, o Tribunal, seguindo o voto da relatoria, em
razão dessa e de outras irregularidades, manteve a sanção imposta aos responsáveis.
Acórdão22826/2014-Plenário, TC 008.674/2012-4, relator Ministro-Substituto Weder de
Oliveira, 22/10/2014.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
‘verba’, ‘grupo’ ou similar sem que exista detalhamento da exata grandeza de cada item”
(Súmula 258). Com tais premissas, e inexistindo superfaturamento, o Plenário, acolhendo a
proposta da relatoria, cientificou a Eletrobrás Termonuclear S.A. “da obrigatoriedade de
adotar, desde o projeto básico, planilhas orçamentárias que expressem a composição dos
custos unitários dos itens de serviço com detalhamento suficiente à sua precisa identificação,
abstendo-se, por conseguinte, de utilizar-se de grandes ‘grupos funcionais’ para mão de obra
ou de outras unidades genéricas do tipo ‘quantia fixa’”. Acórdão 2827/2014-Plenário, TC
009.182/2012-8, relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira, 22/10/2014.
SEGUNDA CÂMARA
5. Na aquisição de imóvel mediante dispensa de licitação (art. 24, inciso X, da Lei 8.666/93)
faz-se necessária a conjugação de três requisitos: (i) comprovação de que o imóvel se
destina ao atendimento das finalidades precípuas da Administração; (ii) escolha
condicionada a necessidades de instalação e de localização; e (iii) compatibilidade do preço
com o valor de mercado, aferida em avaliação prévia. É inaplicável a contratação direta se
há mais de um imóvel que atende o interesse da Administração.
Pedidos de Reexame interpostos por ex-presidente e ex-conselheiro do Conselho Regional de
Corretores de Imóveis da 2ª Região (Creci/SP) requereram a reforma de deliberação do TCU
pela qual foram, em sede de representação, condenados ao pagamento de multa em face de
dispensa indevida de licitação na aquisição de imóvel destinado a abrigar a sede da entidade.
Analisando o mérito recursal, anotou o relator que os recorrentes “não trouxeram, contudo,
nenhum motivo capaz de amparar as condutas irregulares a eles imputadas”. A propósito,
destacou que o parecer conclusivo da unidade instrutiva já apontara que, nos termos do art. 24,
inciso X, da Lei 8.666/93, “para que se possa adquirir imóvel mediante dispensa de licitação,
faz-se necessária a conjugação de três requisitos: a comprovação de que o imóvel se destina ao
atendimento das finalidades precípuas da administração; a escolha condicionada a
necessidades de instalação e de localização; e a compatibilidade do preço com o valor de
mercado, aferida em avaliação prévia”. No caso concreto, anotou, “Nenhum dos aludidos
requisitos (...) foi atendido, mesmo porque não demonstraram os recorrentes que somente o
imóvel adquirido atenderia ao interesse da administração”. Como destacado pela unidade
instrutiva, “o próprio recorrente (...) confirma a existência de quatro imóveis selecionados pela
Comissão ‘por atenderem aos requisitos exigidos pelo Conselho’, o que corrobora a tese
exposta de que havia possibilidade de competição, o que torna inaplicável a contratação
direta”. Ademais, segue o relator, “a entidade não promoveu a avaliação prévia exigida pela
lei, sendo que os laudos de avaliação emitidos pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do
Brasil demonstram unicamente a ausência de dano, mas não elidem a irregularidade afeta à
dispensa de licitação”. Nesses termos, o Colegiado, acolhendo a proposta do relator, negou
provimento aos recursos. Acórdão 5948/2014-Segunda Câmara, TC 000.218/2011-1, relator
Ministro Raimundo Carreiro, 21/10/2014.
Número 221
Sessões: 28 e 29 de outubro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A documentação probatória de qualificação ambiental, quando exigida na licitação, precisa
ser apresentada apenas pela vencedora do certame, após a adjudicação do objeto e previamente
à celebração do contrato. Dos proponentes, pode ser requisitada somente declaração de
disponibilidade da documentação ou de que a empresa reúne condições de entregá-la no
momento oportuno.
2. Os requisitos de habilitação, quando o objeto estiver dividido em lotes, devem ser exigidos
para cada lote individualmente, não em relação ao total de lotes. O edital deve estabelecer
critérios objetivos a fim de assegurar que somente sejam adjudicados a uma mesma empresa os
lotes para os quais esta demonstre ter os requisitos mínimos necessários para garantir o
cumprimento das obrigações assumidas.
3. É ilegal a exigência de que a visita técnica ao local da obra seja realizada exclusivamente por
engenheiro civil ou técnico de edificações vinculado à empresa licitante.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. É ilegal a exigência de que a visita técnica ao local da obra seja realizada exclusivamente
por engenheiro civil ou técnico de edificações vinculado à empresa licitante.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 222
Sessões: 4 e 5 de novembro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. É juridicamente inadmissível a revisão de preços sob o argumento de compatibilizá-los aos
praticados em outros contratos da entidade contratante, já que a adoção de preços diferentes em
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 223
Sessões: 11 e 12 de novembro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Não existe percentual tolerável de sobrepreço global, de forma que somente é admissível
contratar empreendimento por valores superiores aos de sistemas referencias de preço oficiais se
presentes condições extraordinárias, devidamente justificadas no procedimento administrativo.
2. A locação de equipamentos de informática deve ser precedida de estudos de viabilidade que
comprovem vantagem para a Administração quando comparada com a aquisição.
3. A proposta de licitante com margem de lucro mínima ou sem margem de lucro não conduz,
necessariamente, à inexequibilidade, pois tal fato depende da estratégia comercial da empresa.
A desclassificação por inexequibilidade deve ser objetivamente demonstrada, a partir de
critérios previamente publicados, após dar à licitante a oportunidade de demonstrar a
exequibilidade de sua proposta.
4. O procedimento de adesão de órgão não participante a ata de registro de preços depende de
planejamento prévio que demonstre a compatibilidade de suas necessidades com a licitação
promovida e de demonstração formal da vantajosidade da contratação.
PLENÁRIO
1. Não existe percentual tolerável de sobrepreço global, de forma que somente é admissível
contratar empreendimento por valores superiores aos de sistemas referencias de preço
oficiais se presentes condições extraordinárias, devidamente justificadas no procedimento
administrativo.
Auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT com o
objetivo de fiscalizar as obras de construção do trecho rodoviário Manaus – Divisa AM/RO, na
BR-319, apontara, dentre outras ocorrências, sobrepreço de R$ 6.571.165,21, correspondente a
7,97% do valor global do contrato, calculado com base nas composições do Sicro. Em etapa
processual posterior, a unidade técnica, em exame de mérito, concluiu pela insubsistência do
referido sobrepreço “uma vez que tal percentual encontra-se na faixa de precisão esperada do
custo global estimado de uma obra em relação ao seu custo global final”. Analisando o ponto,
o relator opinou pela improcedência do “raciocínio utilizado pela unidade técnica especializada
para relevar o sobrepreço apurado”. Reproduzindo excerto da Orientação Técnica OT-IBR
004/2012, do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (IBRAOP), que prevê faixa de
precisão de 10%, concluiu o relator que aquela norma “não diz respeito à margem aceitável de
sobrepreço ou superfaturamento, mas ao desvio máximo esperado entre o orçamento de uma
obra e o orçamento elaborado após a conclusão da obra, com base nos preços, consumos e
produtividades efetivamente incorridos, sem significativas alterações de escopo”. Nesse
sentido, afirmou que “Não existe percentual tolerável de sobrepreço global. Os valores pagos
pelas compras e contratações da Administração não podem exceder os preços de mercado,
cujos valores máximos, no caso da contratação de obras e serviços de engenharia, estão
indicados no SICRO e no SINAPI”. E que “Somente é admissível que um empreendimento seja
contratado por valores superiores aos obtidos a partir da utilização dos sistemas referencias de
preço oficiais ante a presença de condições extraordinárias que assim justifiquem, o que não
está demonstrado nestes autos”. Acolhendo a proposta do relator, o Plenário determinou, dentre
outras medidas, a conversão dos autos em tomada de contas especial, com a promoção das
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. A proposta de licitante com margem de lucro mínima ou sem margem de lucro não
conduz, necessariamente, à inexequibilidade, pois tal fato depende da estratégia comercial
da empresa. A desclassificação por inexequibilidade deve ser objetivamente demonstrada,
a partir de critérios previamente publicados, após dar à licitante a oportunidade de
demonstrar a exequibilidade de sua proposta.
Representação de empresa participante de pregão eletrônico conduzido pela Universidade
Federal da Paraíba (UFPB), destinado à contratação de serviços terceirizados e continuados de
limpeza, asseio e conservação, apontara a desclassificação indevida da proposta da
representante, sob alegação de inexequibilidade de preços, fundamentada “apenas na
informação de que a sua margem de lucro seria de 0,1%”. Realizadas as oitivas regimentais
após a suspensão cautelar do certame, o relator, alinhado à unidade técnica, rejeitou as
justificativas apresentadas, destacando a Súmula-TCU 262 segundo a qual “o critério definido
no art. 48, inciso II, § 1º, alíneas ‘a’ e ‘b’, da Lei nº 8.666/93 conduz a uma presunção relativa
de inexequibilidade de preços, devendo a Administração dar à licitante a oportunidade de
demonstrar a exequibilidade da sua proposta”. Mencionou ainda outras deliberações do
Tribunal no sentido de que “a desclassificação de proposta por inexequibilidade deve ser
objetivamente demonstrada, a partir de critérios previamente publicados” (grifos do relator).
Sobre a questão da margem de lucro, o relator relembrou o Acórdão 325/2007-Plenário que, no
seu entendimento, poderia ser aplicado para a contratação de serviços continuados:
“Dependendo da escolha da estratégia comercial, a empresa pode ser bem agressiva na
proposta de preços, relegando a segundo plano o retorno do investimento considerado para o
contrato ... As motivações para perseguir o sucesso em uma licitação em detrimento da
remuneração possível pela execução da obra variam: a empresa pode estar interessada na obra
específica por sinergia com suas atuais atividades; pode haver interesse em quebrar barreiras
impostas pelos concorrentes no mercado ...; pode haver interesse em incrementar o portfolio de
execução de obras da empresa; pode haver interesse na formação de um novo fluxo de caixa
advindo do contrato ... Esses exemplos podem traduzir ganhos indiretos atuais para empresa ou
mesmo ganho futuro, na ótica de longo prazo para o mercado. Assim, é possível que empresas
atuem com margem de lucro mínima em propostas para concorrer nas contratações ..., desde
que bem estimados os custos diretos e indiretos.”. Por fim, destacou o relator, “não há norma
que fixe ou limite o percentual de lucro das empresas”, de forma que “atuar sem margem de
lucro ou com margem mínima não encontra vedação legal, depende da estratégia comercial da
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 224
Sessões: 18 e 19 de novembro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A entidade contratada por dispensa de licitação, com base no art. 24, inciso XIII, da Lei
8.666/93, deve comprovar indiscutível capacidade para a execução do objeto pactuado por
meios próprios e de acordo com as suas finalidades institucionais, sendo regra a
inadmissibilidade de subcontratação.
2. Nas contratações de entidades sem fins lucrativos com esteio no art. 24, inciso XIII, da Lei
8.666/93, é admissível a prestação de serviços auxiliares por terceiros – referentes a partes não
relevantes do objeto da contratação – e a complementação do quadro de pessoal da contratada,
de acordo com as necessidades impostas pela situação.
3. As entidades do Sistema S não podem instituir em seus regulamentos novas hipóteses de
contratação direta, haja vista que a matéria deve ser disciplinada por norma geral, de
competência privativa da União.
4. Na hipótese de o projeto básico ser contratado por órgão distinto daquele responsável pela
licitação do seu objeto, o recebimento do projeto por parte do primeiro não dispensa a
aprovação do mesmo projeto por parte do segundo órgão, uma vez que os institutos do
recebimento (art. 73 da Lei 8.666/93) e da aprovação do projeto (art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei
8.666/93) não se confundem.
5. Em licitações do tipo técnica e preço em que houver preponderância da proposta técnica, os
fatores de ponderação entre técnica e preço devem ser expressamente fundamentados, a fim de
evidenciar sua razoabilidade e demonstrar que não representam privilégio ou proporcionam
aumento indevido de preço em decorrência de diferenças técnicas não substanciais.
Segunda Câmara
6. A vedação ao somatório de atestados, para o fim de comprovação da capacidade técnico-
operacional, deve estar restrita aos casos em que o aumento de quantitativos acarretarem,
incontestavelmente, o aumento da complexidade técnica do objeto ou uma desproporção entre
quantidades e prazos de execução, capazes de exigir maior capacidade operativa e gerencial da
licitante e ensejar potencial comprometimento da qualidade ou da finalidade almejadas na
contratação, devendo a restrição ser justificada técnica e detalhadamente no respectivo processo
administrativo.
PLENÁRIO
1. A entidade contratada por dispensa de licitação, com base no art. 24, inciso XIII, da Lei
8.666/93, deve comprovar indiscutível capacidade para a execução do objeto pactuado por
meios próprios e de acordo com as suas finalidades institucionais, sendo regra a
inadmissibilidade de subcontratação.
Em Prestação de Contas ordinária da Companhia das Docas do Estado da Bahia S.A. (Codeba),
fora efetuada a audiência dos responsáveis (Diretor-presidente e a Coordenadora do
Departamento Jurídico) em face, dentre outros aspectos, da contratação direta de entidade sem
fins lucrativos, com esteio no inciso XIII do art. 24 da Lei 8.666/93, para a prestação de serviços
técnico-administrativos especializados na área de meio ambiente, os quais, de fato, foram
executados por um terceiro particular. Ao analisar a ocorrência, registrou o relator que a
fundação escolhida não dispunha, antes da contratação, de corpo técnico qualificado para a
execução dos serviços. Em decorrência, “a contratação direta teria sido indevida porque
estaria em desacordo com jurisprudência desta Corte, mediante a qual é estabelecido que a
entidade contratada por dispensa de licitação, com base no art. 24, XIII, da Lei 8.666/1993,
deve comprovar a capacidade de execução do objeto pactuado com meios próprios e de acordo
com as suas finalidades institucionais, sendo, portanto, inadmissível a subcontratação dos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
serviços (v.g. Acórdãos Plenário 1.803/2010 e 551/2010)”. Aduziu o relator que esse
entendimento destina-se a “evitar que se utilize desse permissivo legal para contratação direta
de empresa que atuará meramente como intermediária na prestação dos serviços”, afastando-se
o risco de “fuga ao regular certame licitatório, pois a empresa de fato executora do objeto não
preencheria os requisitos subjetivos e objetivos para que fosse contratada com fulcro nessa
hipótese de dispensa de licitação”. Ademais, caso a contratada não possua as condições técnicas
para a execução dos serviços contratados, inferiu o relator, não há como supor que ela atenda ao
requisito legal que estabelece a necessidade de as contratadas possuírem “inquestionável
reputação ético-profissional”. Noutro giro, anotou o relator que o entendimento jurisprudencial
pretende assegurar o respeito ao princípio da economicidade, evitando “o desnecessário
pagamento de valores a título de taxa de intermediação, correspondente à diferença entre o
montante despendido pela administração e aquele auferido pela subcontratada executora dos
serviços”. Em conclusão, assentou que “o essencial é verificar em cada caso se houve a
desvirtuação da norma legal de forma a se concluir que a contratada atuou como mera
intermediária ou não detinha a capacitação necessária para a execução do objeto”.
Evidenciada a efetiva realização dos serviços por outra instituição e também que a contratada
não detinha capacidade para a execução do objeto por meios próprios, o Plenário,
acompanhando o relator, rejeitou as razões de justificativa apresentadas, para, dentre outras
decisões, julgar irregulares as contas do Diretor-presidente e da Coordenadora do Departamento
Jurídico, aplicando-lhes a multa capitulada no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/92. Acórdão
3193/2014-Plenário, TC 015.560/2006-1, relator Ministro Benjamin Zymler, 19.11.2014.
2. Nas contratações de entidades sem fins lucrativos com esteio no art. 24, inciso XIII, da
Lei 8.666/93, é admissível a prestação de serviços auxiliares por terceiros – referentes a
partes não relevantes do objeto da contratação – e a complementação do quadro de
pessoal da contratada, de acordo com as necessidades impostas pela situação.
Ainda no tocante à irregular contratação direta de entidade para a prestação de serviços técnico-
administrativos especializados, evidenciada em Prestação de Contas da Codeba, em face dos
requisitos estabelecidos no inciso XIII do art. 24 da Lei 8.666/93, anotou o relator que as
conclusões acerca da capacidade operacional da contratada para a execução do objeto “não
devem ser interpretadas de forma absoluta no sentido de que todo o pessoal necessário para a
execução do objeto já deve compor os quadros da entidade previamente à contratação ou de
que ela não possa de forma alguma se valer da prestação de serviços de terceiros”. A realidade
mercadológica pode, no entendimento do relator, “impor uma diversidade de fornecedores
necessários à execução contratual”. Em seu sentir, “o espírito da norma legal é estabelecer que
a futura contratada disponha de irrefutável experiência na realização do objeto a ser
contratado e de um núcleo permanente de pessoal qualificado”. Assim, “a prestação de
serviços auxiliares por terceiros – referentes a partes não relevantes do objeto – e a
complementação do quadro de pessoal poderiam ocorrer de acordo com as necessidades
impostas pela contratação”. Evidenciadas a efetiva realização dos serviços por outra instituição
e que a contratada não detinha capacidade para a execução do objeto por meios próprios, o
Plenário, acompanhando o relator, rejeitou as razões de justificativa apresentadas, para, dentre
outras decisões, julgar irregulares as contas do Diretor-presidente e da Coordenadora do
Departamento Jurídico, aplicando-lhes a multa capitulada no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/92.
Acórdão 3193/2014-Plenário, TC 015.560/2006-1, relator Ministro Benjamin Zymler,
19.11.2014.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
4. Na hipótese de o projeto básico ser contratado por órgão distinto daquele responsável
pela licitação do seu objeto, o recebimento do projeto por parte do primeiro não dispensa
a aprovação do mesmo projeto por parte do segundo órgão, uma vez que os institutos do
recebimento (art. 73 da Lei 8.666/93) e da aprovação do projeto (art. 7º, § 2º, inciso I, da
Lei 8.666/93) não se confundem.
Auditoria realizada nas obras de construção do Canal Adutor Vertente Litorânea, geridas pela
Secretaria do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Ciência e Tecnologia do Estado da
Paraíba (Serhmact/PB), apontara, dentre outras ocorrências, a ausência de aprovação do projeto
básico que serviu de base para licitação de lotes do empreendimento. O relator verificou que a
Serhmact/PB se absteve de promover a aprovação formal do projeto básico no procedimento
administrativo da licitação em decorrência de o projeto ter sido contratado no âmbito do
Ministério de Integração Nacional. Ressaltando a natureza peculiar do caso em exame, o relator
sustentou que o recebimento do projeto pelo órgão federal não afasta, por si só, a necessidade de
sua aprovação pela autoridade competente do órgão estadual. Nesse aspecto, assinalou que “o
recebimento do objeto contratado, qual seja, o projeto básico, na forma prevista no art. 73 da
Lei 8.666/93, não se confunde com o instituto da aprovação de projeto, prevista no art. 7°, §2°,
inciso I, da mesma norma. O primeiro instituto tem por objetivo averiguar se o produto
contratado foi entregue nos termos e condições previstos no contrato, enquanto que o segundo
remete a um juízo de adequação do projeto no momento em que se decide promover a
contratação da execução daquele projeto, não se confundindo, por óbvio, com o ato de
recebimento”. Do que expôs a relatoria, o Tribunal decidiu, no ponto em questão, dar ciência
aos órgãos envolvidos quanto à ausência de aprovação do projeto básico que subsidiou a
licitação das obras fiscalizadas, em afronta ao disposto no art. 7°, § 2°, inciso I, da Lei 8.666/93
Acórdão 3213/2014-Plenário., TC 000.910/2011-2, relator Ministro Bruno Dantas,
19.11.2014.
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SEGUNDA CÂMARA
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 225
Sessões: 25 e 26 de novembro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Em processos licitatórios para contratações custeadas com recursos federais, é ilegal a
exigência de apresentação de certificado do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade
no Habitat (PBQP-H) como requisito de habilitação técnica.
2. A comprovação da capacidade técnico-profissional da licitante deve limitar-se à indicação de
profissional detentor do acervo técnico estabelecido no edital que, à data da celebração da
avença com a Administração, esteja vinculado à empresa por meio de contrato de prestação de
serviços celebrado de acordo com a legislação civil comum, sem, necessariamente, possuir
liame com o quadro permanente da empresa licitante.
3. No pregão, não é possível a desistência da oferta. Recebido o envelope da proposta, ela está
formalizada. O pregoeiro não tem a faculdade de devolver o envelope à licitante como se o
documento nunca houvesse sido entregue, nem de mantê-lo no processo para fins de registro
histórico.
4. Ao decidir sobre a vantagem da prorrogação de contratos (art. 57, inciso II, da Lei 8.666/93)
relativos a serviços continuados de engenharia, a Administração deve considerar os descontos
contidos nos preços contratados e os efetivamente praticados pelo mercado em relação ao
referencial de preços utilizado, a exemplo do Sicro.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
4. Ao decidir sobre a vantagem da prorrogação de contratos (art. 57, inciso II, da Lei
8.666/93) relativos a serviços continuados de engenharia, a Administração deve considerar
os descontos contidos nos preços contratados e os efetivamente praticados pelo mercado
em relação ao referencial de preços utilizado, a exemplo do Sicro.
Representação formulada pelo Ministério Público Federal noticiara possíveis irregularidades em
contratos de conservação e manutenção rodoviária geridos pela Superintendência Regional do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em Santa Catarina (SR/Dnit/SC).
Promovida a instrução processual, a unidade técnica constatou, dentre outras ocorrências, a
presença de diversas prorrogações contratuais “sem que tenham sido realizados inventários
mais apurados do estado da rodovia, sendo que a metodologia adotada pelo Dnit não avaliava
a oportunidade ou não de novas licitações e simplesmente prorrogava os contratos, se o seu
custo atualizado não fosse superior ao Sicro”. Analisando o caso, o relator ressaltou as
considerações feitas pela unidade técnica a respeito da metodologia da Superintendência
900
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Regional do Dnit, destacando que a análise global da vantagem das prorrogações consistia,
basicamente, na “comparação entre o montante dos custos das quantidades atuais do contrato
(...) com os preços praticados na licitação e reajustados para a data da prorrogação, em
contrapartida com o Sicro”. Tomando por base os números de um dos contratos fiscalizados, o
relator observou que o desconto derivado de aditivo contratual não se coadunava com o
desconto inicial da licitação, nem indicava vantagem para a Administração. Dessa forma, em
consonância com o posicionamento da unidade técnica, o relator concluiu que “a simples
prorrogação de prazo do contrato mediante aditivo teria que ter outros parâmetros que
mostrassem de forma clara que as exigências do inciso II do art. 57 da Lei 8.666/1993 estavam
sendo atendidas em razão de fatores, como por exemplo, os descontos do mercado naquele
momento ou a negativa da empresa em aceitar a prorrogação de prazo com descontos iguais ou
superiores aos praticados naquele momento em outros contratos da SR/Dnit/SC ou até mesmo
em outros referenciais do Dnit”. Por fim, o relator salientou a importância de se ponderar a
dinâmica dos descontos praticados no mercado em relação ao Sicro com o objetivo de propiciar
efetiva vantagem para a Administração. Acolhendo na íntegra o voto da relatoria, o Tribunal
determinou ao Dnit “que desenvolva estudos para incluir, na sistemática de decisão da
vantajosidade da prorrogação de contratos de serviços continuados como conservação e
manutenção rodoviária, comparações entre o percentual de desconto embutido nos preços
contratados e os descontos médios que estão sendo efetivamente praticados pelo mercado no
momento da renovação do ajuste, de tal forma que a análise dessa vantajosidade não se
restrinja apenas a verificações de compatibilidade entre os custos unitários pactuados e os
previstos no Sicro”. Acórdãoiv3302/2014 Plenário, TC 014.378/2011-6, relator Ministro-
Substituto Marcos Bemquerer, 26.11.2014.
Número 226
Sessões: 2 e 3 de dezembro de 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Nenhum sobrepreço unitário é aceitável nos serviços constantes do orçamento da licitação,
ainda que a planilha orçamentária apresente preço global inferior aos referenciais adotados pelo
TCU.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 227
Sessões: 9 e 10 de dezembro 2014
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. O credenciamento é hipótese de inviabilidade de competição não expressamente mencionada
no art. 25 da Lei 8.666/93 (cujos incisos são meramente exemplificativos). Adota-se o
credenciamento quando a Administração tem por objetivo dispor da maior rede possível de
prestadores de serviços. Nessa situação, a inviabilidade de competição não decorre da ausência
de possibilidade de competição, mas sim da ausência de interesse da Administração em
restringir o número de contratados.
2. O instituto da rescisão amigável previsto na Lei 8.666/93 tem aplicação restrita, uma vez que
não é cabível quando configurada outra hipótese que dê ensejo à rescisão e somente pode
ocorrer quando for conveniente para a Administração. Por conseguinte, não pode resultar em
prejuízo para o contratante. Sendo necessário o serviço, não pode o gestor, discricionariamente,
autorizar o término do contrato.
3. A modalidade pregão não é aplicável à contratação de obras de engenharia, locações
imobiliárias e alienações, sendo permitida a sua adoção nas contratações de serviços comuns de
engenharia.
4. É possível a contratação de serviços comuns de engenharia com base em registro de preços
quando a finalidade é a manutenção e a conservação de instalações prediais, em que a demanda
pelo objeto é repetida e rotineira. Contudo, o sistema de registro de preços não é aplicável à
contratação de obras, uma vez que nesta situação não há demanda de itens isolados, pois os
serviços não podem ser dissociados uns dos outros.
Segunda Câmara
904
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
2. O instituto da rescisão amigável previsto na Lei 8.666/93 tem aplicação restrita, uma vez
que não é cabível quando configurada outra hipótese que dê ensejo à rescisão e somente
pode ocorrer quando for conveniente para a Administração. Por conseguinte, não pode
resultar em prejuízo para o contratante. Sendo necessário o serviço, não pode o gestor,
discricionariamente, autorizar o término do contrato.
Ainda no processo relativo à licitação para contratação de escritórios de advocacia pelo Centro
de Apoio aos Negócios e Operações Logísticas de São Paulo (Cenop Logística São Paulo) do
Banco do Brasil S.A., ponderou o Ministro Revisor que “o principal objetivo da estatal com o
certame (...) é a assinatura de contratos que tenham maior flexibilidade que os contratos
administrativos, de modo a tornar mais ágil a rescisão contratual, a qual será seguida pela
contratação imediata de escritório constante do cadastro, segundo sua ordem de
classificação”. Revisando o regramento da Lei 8.666/93 no tocante às rescisões contratuais,
lembrou o revisor que o art. 79 da Lei 8.666/93 prevê a possibilidade de rescisão amigável do
contrato administrativo, caso haja interesse da Administração. No modelo examinado,
prosseguiu, o Banco do Brasil “disciplinou a rescisão amigável, que passa a ser possível
mediante autorização fundamentada do contratante após o recebimento de aviso prévio por
905
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
escrito do contratado no prazo de 60 dias (ou de prazo menor a ser negociado entre as
partes)”. Com isso, anotou o revisor que“o Banco do Brasil objetiva simplificar a prática de
rescisão amigável e permitir a contratação imediata de novo escritório constante de cadastro
de reserva”. Sobre o assunto, ponderou que o instituto da rescisão amigável previsto na Lei
8.666/93 (i) “tem aplicação restrita”; (ii)“não é cabível quando configurada outra hipótese que
daria ensejo à rescisão”; (iii) “somente pode ocorrer quando for conveniente para a
administração”; e (iv) “não pode, jamais, resultar em prejuízo para o contratante”. Assim,
assinalou ser “difícil imaginar rescisão amigável em serviço de natureza continuada, salvo se o
gestor estiver se valendo desse expediente para solucionar pendências com a empresa
contratada, o que seria um desvio de finalidade”. De sorte que, “sendo necessário o serviço,
não pode o gestor, discricionariamente, autorizar o término do contrato. E, caso a contratada
não esteja desempenhando suas atribuições a contento, é dever do gestor aplicar as sanções
previstas nos arts. 86 e 87 da Lei 8.666/1993”. A par dessa irregularidade e das demais
enumeradas no voto revisor, o Plenário, com a anuência do relator, acatou a proposta revisora,
concedendo medida cautelar inaudita altera pars e determinando “a suspensão do certame (...)
por não observar as disposições relativas às licitações previstas na Lei 8.666/1993, bem assim
aquelas que regem os contratos administrativos”, bem como a oitiva da entidade. Acórdão
3567/2014-Plenário, TC 018.515/2014-2, revisor Ministro Benjamin Zymler, 9.12.2014.
906
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
obras não atende aos requisitos previstos no art. 3º do Decreto 7.892/13, que regulamenta o
Sistema de Registro de Preços. Em seu entendimento, “o aludido normativo viabiliza a
contratação de serviços comuns de engenharia com base no registro de preços quando a
finalidade é a manutenção e a conservação de instalações prediais, em que a demanda pelo
objeto é repetida e rotineira. Mas o uso desse sistema com o intuito de contratar obras não
pode ser aceito, uma vez que não há demanda de itens isolados, pois os serviços não podem ser
dissociados uns dos outros. Não há, nessa situação, divisibilidade do objeto”. Ressaltou ainda
o relator que a opção de utilização do registro de preços está prevista na Lei 8.666/93, mas, em
relação a obras, a Lei explicita, em seu art. 10º, os regimes de contratação (empreitada global,
empreitada por preços unitários, tarefa e empreitada integral), “sem fazer menção à
possibilidade de emprego do registro de preço”. Acrescentou, por fim, que as obras de reforma,
ampliação, reparação e construção não seriam padronizadas “a ponto de constarem em sistema
de registro de preços e de, eventualmente, suscitarem o interesse de outros órgãos públicos na
adesão à ata ...”. Considerando que “os serviços foram quantificados para utilização tanto em
manutenção como para obras de reforma, ampliação, reparação e construção”, concluiu o
relator que “não há como contratá-los com a adoção do sistema de registro de preços”. Diante
dessa e de outras irregularidades, o Tribunal, na linha defendida pela relatoria, julgou a
Denúncia procedente, fixando prazo para que o 9º B Sup anulasse o certame. Acórdão
3605/2014-Plenário, TC 014.844/2014-1, relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer
Costa, 9.12.2014.
SEGUNDA CÂMARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 228
Sessões: 21, 27 e 28 de janeiro de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. As exigências da fase de habilitação técnica devem assegurar proporcionalidade entre o
objeto do certame e a experiência exigida dos licitantes, sendo desarrazoado exigir
comprovação de capacidade em quantitativos superiores aos do objeto da licitação.
2. O fiscal do contrato tem o dever de conhecer os limites e as regras para alterações contratuais
definidos na Lei de Licitações, e, por conseguinte, a obrigação de notificar seus superiores sobre
a necessidade de realizar o devido aditivo contratual, evitando a atestação da execução de itens
não previstos no ajuste, sob pena de ser-lhe aplicada a multa do art. 58, inciso II, da Lei
8.443/92.
PLENÁRIO
908
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 229
Sessões: 3 e 4 de fevereiro de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. É admitido o uso da modalidade pregão nas contratações de serviços de organização e
produção de eventos, desde que todo o processo criativo seja definido nos projetos básico e
executivo que nortearão a concretização do evento.
2. A exigência de apresentação de certificações com base na Portaria 170 do Inmetro (requisitos
de avaliação da conformidade para bens de informática) e no Decreto 7.174/2010 (contratação
de bens e serviços de informática e automação) é permitida em licitações como requisito dos
bens a serem adquiridos, não como critério de habilitação.
3. O fato de o serviço objeto da contratação fazer parte de projeto inédito e com eventuais
complexidades logísticas não repercute necessariamente no nível de dificuldade intrínseca do
serviço, sendo possível o seu enquadramento na condição serviço comum.
4. Nas contratações para aquisição de livros didáticos ou para bibliotecas, é permitido o uso do
modelo de “aquisição por área do conhecimento”, em que o objeto não é dividido em itens, mas
sim parcelado em grupos temáticos sem a indicação prévia dos livros a serem adquiridos, os
quais serão demandados posteriormente. Para tanto, a licitação será do tipo “maior desconto”,
que deverá incidir sobre o preço dos livros listados nos catálogos oficiais das respectivas
editoras.
910
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
911
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. O fato de o serviço objeto da contratação fazer parte de projeto inédito e com eventuais
complexidades logísticas não repercute necessariamente no nível de dificuldade intrínseca
do serviço, sendo possível o seu enquadramento na condição de serviço comum.
Em Prestação de Contas da Eletrosul Centrais Elétricas S.A., fora efetuada a audiência dos
responsáveis em face, dentre outros aspectos, do uso indevido da modalidade pregão eletrônico
para contratação de bens e serviços destinados à execução das obras de implantação da linha de
transmissão 230 KV Desterro - Palhoça - Biguaçu, que não se enquadrariam na condição de
bens e serviços comuns: fretamento de helicóptero; aquisição de estruturas metálicas e postes de
concreto; serviços de escala, embalagem, carga, transporte e descarga de estruturas metálicas;
fornecimento de escadas de manutenção para postes de concreto; e serviços de movimentação,
transporte e descarregamento de três bobinas de cabo submarino. Ao analisar a ocorrência,
registrou o relator que “a utilização do pregão vem beneficiando a administração pública com
descontos maiores que os anteriormente vistos em concorrências”, além de eliminar “conflitos
demorados sobre a habilitação dos participantes. Apesar disso, volta e meia deparamo-nos com
questionamentos acerca da pertinência do enquadramento do objeto licitado na condição de
bens e serviços comuns”. Sobre o caso concreto, ressaltou que os pareceres que concluíram pela
inviabilidade do pregão eletrônico “fundam-se não em uma avaliação criteriosa da
complexidade dos objetos licitados, mas das obras como um todo”. Nesse sentido, destacou que
“o fato de o fretamento de helicóptero servir a projeto inédito e com eventuais complexidades
logísticas não repercute necessariamente no nível de dificuldade intrínseca do serviço”,
relembrando o Acórdão 798/2005 – 2ª Câmara, por meio do qual o Tribunal, no exame de
licitação promovida pela Eletronorte, defendera a viabilidade da contratação desse item
mediante pregão. Ademais, “o serviço complexo para determinada empresa pode não sê-lo
para outra a ele acostumado”. Nessa linha, concluiu o relator, não seria “incomum ao mercado
e, em especial, a empresas da área de atuação da Eletrosul a aquisição de estruturas metálicas
e postes de concreto, serviços de manipulação dessas estruturas, escadas de manutenção e
serviços de movimentação e transporte de bobinas de cabos”. Considerando que os
responsáveis comprovaram a competitividade dos pregões eletrônicos, o Plenário,
acompanhando o relator, acolheu no ponto as justificativas apresentadas e, dentre outras
decisões, julgou regulares com ressalvas as contas dos responsáveis. Acórdão 166/2015-
Plenário, TC 028.277/2010-4, relator Ministro José Múcio Monteiro, 4.2.2015.
912
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
seleção da proposta mais vantajosa, reconhecendo, contudo, que a definição de somente dois
grandes grupos (curso superior e curso técnico) geraria prejuízos ao processo de aquisição,
motivo pelo qual o pregão fora suspenso para reabertura em data futura, “desta feita subdividido
em oito grupos, observando os critérios de classificação por áreas do conhecimento”. Ao
analisar o caso, o relator discorreu sobre os modelos de aquisição de livros pela Administração
Pública, destacando o modelo que vem sendo utilizado pelas bibliotecas públicas, “em que o
objeto é parcelado em grupos temáticos sem a indicação prévia dos livros a serem adquiridos,
os quais serão demandados posteriormente, e a licitação é do tipo ‘maior desconto’ sobre o
preço dos livros listados nos catálogos oficiais das respectivas editoras. Por óbvio, o modelo
ideal depende dos critérios de conveniência e oportunidade intrínsecos ao poder discricionário
de cada gestor, tudo devidamente fundamentado”. Nesse sentido, o relator acolheu as
justificativas do Instituto para a adoção do modelo de “aquisição por área de conhecimento”,
uma vez que “listando previamente todos os livros, corre-se o risco de adquirir livros que não
serão utilizados e de impedir a aquisição de livros novos (ou edições mais recentes) não
listados (...) Por outro lado, no modelo de ‘aquisição por área do conhecimento’, a seleção do
fornecedor é feita de acordo com o maior desconto concedido e a motivação para isso é evitar
o engessamento da contratação, considerando que não é preciso elaborar previamente a
relação de livros e que a definição e a aquisição do título são feitas à medida que a necessidade
surge”. Por fim, concluiu o relator que “assiste razão parcial à representante, não pela
necessidade de aquisição por item, mas sim pela possibilidade de maior parcelamento do
objeto”. O Tribunal, pelos motivos expostos pelo relator, julgou a Representação parcialmente
procedente, determinando ao IFMA que, no caso de reabertura do pregão eletrônico, “seja
adotado o modelo de ‘aquisição por área do conhecimento’, dividindo o objeto nos oito grupos
originalmente previstos no termo de referência (...) conforme aventado pelo próprio Instituto
em sua resposta à oitiva”. Acórdão 180/2015-Plenário, TC 032.610/2013-0, relator Ministro
Bruno Dantas, 4.2.2015.
Número 230
Sessões: 10 e 11 de fevereiro de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
913
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. A vistoria ao local das obras somente deve ser exigida quando for imprescindível ao
cumprimento adequado das obrigações contratuais, o que deve ser justificado e demonstrado
pela Administração no processo de licitação, devendo o edital prever a possibilidade de
substituição do atestado de visita técnica por declaração do responsável técnico de que possui
pleno conhecimento do objeto. As visitas ao local de execução da obra devem ser
prioritariamente compreendidas como um direito subjetivo da empresa licitante, e não uma
obrigação imposta pela Administração, motivo pelo qual devem ser uma faculdade dada pela
Administração aos participantes do certame.
2. A previsão editalícia de realização de visitas técnicas coletivas contraria os princípios da
moralidade e da probidade administrativa, uma vez que permite tanto ao gestor público ter
prévio conhecimento das licitantes quanto às próprias empresas terem ciência do universo de
concorrentes, criando condições propícias para o conluio.
3. Sendo necessária a exigência de vistoria técnica, admite-se que as licitantes contratem
profissional técnico para esse fim específico, não sendo exigível que a visita seja feita por
engenheiro do quadro permanente das licitantes.
Segunda Câmara
4. Na contratação direta de artistas consagrados, com base na hipótese de inexigibilidade
prevista no art. 25, inciso III, da Lei n. 8.666/93, por meio de intermediários ou representantes,
deve ser apresentada cópia do contrato de exclusividade dos artistas com o empresário
contratado, registrado em cartório. O contrato de exclusividade difere da autorização que
assegura exclusividade apenas para os dias correspondentes à apresentação dos artistas e que é
restrita à localidade do evento, a qual não se presta a fundamentar a inexigibilidade.
PLENÁRIO
1. A vistoria ao local das obras somente deve ser exigida quando for imprescindível ao
cumprimento adequado das obrigações contratuais, o que deve ser justificado e
demonstrado pela Administração no processo de licitação, devendo o edital prever a
possibilidade de substituição do atestado de visita técnica por declaração do responsável
técnico de que possui pleno conhecimento do objeto. As visitas ao local de execução da
obra devem ser prioritariamente compreendidas como um direito subjetivo da empresa
licitante, e não uma obrigação imposta pela Administração, motivo pelo qual devem ser
uma faculdade dada pela Administração aos participantes do certame.
Em Auditoria realizada nas obras de construção do Contorno Ferroviário de Três Lagoas/MS,
viabilizada mediante convênio celebrado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit) com o Governo do Estado do Mato Grosso do Sul, fora identificada, dentre
outros aspectos, possível restrição à competitividade da licitação – promovida pela Agência
Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) – face à “exigência
de atestado de visita ao local das obras, a ser realizada exclusivamente por responsável técnico
pertencente ao quadro permanente das empresas licitantes, reunindo os potenciais interessados
em duas datas distintas para realização de visitas coletivas”. O relator manifestou integral
concordância com a análise promovida pela unidade técnica do TCU, “no sentido de que a
jurisprudência deste Tribunal estabelece que a vistoria ao local das obras somente deve ser
exigida quando imprescindível, bem como o edital de licitação deve prever a possibilidade de
substituição de tal atestado por declaração do responsável técnico de que possui pleno
conhecimento do objeto”. Ademais, prosseguiu: “a exigência de visita técnica é legítima,
quando imprescindível ao cumprimento adequado das obrigações contratuais, o que deve ser
justificado e demonstrado pela administração no processo de licitação”. No caso examinado,
aduziu o relator que “a realização de visita técnica pouco contribui para o conhecimento do
914
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
objeto, pois não seria possível aos interessados realizar exame minucioso dos 12,37 km do
traçado da linha férrea a ser construída, levantando todas as eventuais interferências
existentes. Ademais, trata-se de obra realizada em campo aberto, não havendo nenhuma
restrição ao acesso ou necessidade de presença da Administração para que os potenciais
interessados inspecionem o seu sítio e realizem os levantamentos que entenderem pertinentes”.
Sobre esse aspecto, ponderou o relator que “as visitas ao local de execução da obra devem ser
prioritariamente compreendidas como um direito subjetivo da empresa licitante, e não como
uma obrigação imposta pela Administração” (grifamos) e devem ser facultadas aos licitantes,
“pois têm por objetivo servir de subsídio à elaboração da proposta de preços e dirimir
eventuais dúvidas acerca dos projetos e demais elementos que compõem o edital”. Em tal
contexto, concluiu que a exigência “acarretou ônus excessivo aos interessados, restringindo o
caráter competitivo do certame”, evidenciado pelo comparecimento de apenas dois consórcios
na sessão pública de abertura das propostas, um dos quais teve sua proposta desclassificada.
Assim, o Tribunal, na linha defendida pelo relator, rejeitou as razões de justificativas
apresentadas pelo coordenador de licitações e pelo procurador jurídico da Agesul, sancionando-
lhes com a multa capitulada no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92. Acórdão 234/2015-Plenário,
TC 014.382/2011-3, relator Ministro Benjamin Zymler, 11.2.2015.
915
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92. Acórdão 234/2015-Plenário, TC
014.382/2011-3, relator Ministro Benjamin Zymler, 11.2.2015.
SEGUNDA CÂMARA
Número 231
916
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. Nas licitações para contratação de projetos no âmbito do RDC, deve ser evitada a estimativa
do custo do projeto como percentual do custo estimado da obra, sendo necessária a elaboração
de orçamento detalhado com a especificação da quantidade de horas e o custo dos profissionais
(art. 6º da Lei 12.462/11), exceção feita ao valor estimado da contratação integrada, ante o que
dispõe o art. 9º, § 2º, inciso II, da mesma lei.
2. No RDC, a definição dos critérios de avaliação e ponderação da qualidade técnica das
propostas está no âmbito da discricionariedade da Administração, devendo ser adotados, de
forma justificada, os requisitos que melhor se amoldem às características peculiares do objeto
licitado (art. 20, caput, da Lei 12.462/11).
3. Esclarecimentos prestados administrativamente para responder a questionamento de licitante
possuem natureza vinculante para todos os participantes do certame, não se podendo admitir,
quando da análise das propostas, interpretação distinta, sob pena de violação ao instrumento
convocatório.
Primeira Câmara
4. Na celebração de aditivos contratuais, deve ser mantido o desconto proporcional oferecido
pela contratada em relação ao valor total estimado pela Administração, de modo a se evitar o
“jogo de planilhas”, tanto para modificação de quantidades de itens existentes quanto para
inclusão de novos serviços.
Segunda Câmara
5. Nas licitações de serviços de manutenção e reparo de veículos, o emprego de critério de
distância máxima entre a localização do órgão licitante e a da empresa licitante pode ser
utilizado, desde que represente solução que garanta a economicidade almejada e não imponha
restrições desnecessárias ao caráter competitivo do certame.
PLENÁRIO
1. Nas licitações para contratação de projetos no âmbito do RDC, deve ser evitada a
estimativa do custo do projeto como percentual do custo estimado da obra, sendo
necessária a elaboração de orçamento detalhado com a especificação da quantidade de
horas e o custo dos profissionais (art. 6º da Lei 12.462/11), exceção feita ao valor estimado
da contratação integrada, ante o que dispõe o art. 9º, § 2º, inciso II, da mesma lei.
Em Representação de sociedade empresária acerca de licitação sob Regime Diferenciado de
Contratações Públicas (RDC) conduzida pela Fundação Universidade Federal do ABC, para
contratação de serviços de elaboração dos estudos preliminares, projetos básicos e executivos
necessários à implantação do conjunto de Blocos Lambda no Campus São Bernardo do Campo,
a unidade técnica apontara irregularidade no orçamento estimativo do certame. Realizadas as
oitivas processuais, após a suspensão cautelar da execução do contrato, o relator observou que a
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
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quantitativos de insumos que estavam depreciados; e criação de novos serviços sem que sejam
aplicados os descontos da proposta da licitante contratada”. No caso concreto, “o ajuste havia
sido formalizado com desconto de mais de 30% em relação ao valor de referência da licitação,
sem que esse abatimento fosse aplicado quando da celebração de aditivo”. Além do mais,
“parte considerável do acréscimo consistiu em itens novos referentes à construção de
interceptor final, obra cuja necessidade de realização os recorrentes já tinham conhecimento
prévio”. Nesse contexto, concluiu, “ainda que os preços unitários respeitem os valores de
referência oficiais (Sinapi), é ilegal e danosa ao erário a alteração contratual quando não é
aplicado o mesmo desconto da avença original. Esse foi o mecanismo escolhido pelo legislador
para evitar o mencionado subterfúgio orçamentário”. Assim, acolheu o Plenário a proposta do
relator, negando provimento aos Recursos de Reconsideração. Acórdão 1153/2015-Primeira
Câmara, TC 044.045/2012-3, relator Ministro José Múcio Monteiro, 24.2.2015.
SEGUNDA CÂMARA
Número 232
Sessões: 3 e 4 de março de 2015
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A Administração deve observar, em suas contratações, a prática de preços de mercado, de
acordo com o princípio da economicidade, não cabendo questionar os custos tributários
efetivamente incorridos pelas contratadas, tampouco remunerá-las ou apontar sobrepreço de
acordo com esses custos. A efetiva carga tributária de cada empresa é matéria intrínseca de sua
estrutura administrativa e componente de sua estrutura de custos, a qual não deve servir de base
para remunerações contratuais.
2. Aplicam-se as disposições da Lei 8.666/93, quanto ao prazo máximo de vigência contratual
de sessenta meses, aos contratos regidos pelo Decreto 2.745/98 (Regulamento do Procedimento
Licitatório Simplificado da Petrobras). A ausência de norma estabelecendo os prazos máximos
de vigência dos contratos administrativos violaria o princípio constitucional da impessoalidade,
na medida em que concederia excessivo poder discricionário ao gestor público, a quem
competiria decidir pela prorrogação do contrato ou pela realização de nova licitação.
3. A adesão ao Simples Nacional não se faz necessária para que empresas sejam classificadas
como EPP ou ME e tampouco é imprescindível para que sejam beneficiadas pela Lei
Complementar 123/06.
4. Permitir que produtos adquiridos e pagos fiquem em poder do fornecedor caracteriza
pagamento antecipado, vedado pelos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/64, mesmo diante da existência
de documento de autorização para posterior recebimento do material do fornecedor.
PLENÁRIO
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
excessivo poder discricionário para o gestor público, a quem competiria decidir pela
prorrogação do contrato ou pela realização de nova licitação”. O Plenário do Tribunal,
alinhado ao voto do relator, rejeitou os argumentos recursais no ponto, mantendo a
determinação recorrida. Acórdão 332/2015-Plenário, TC 009.847/2008-7, relator Ministro
Benjamin Zymler, 4.3.2015.
3. A adesão ao Simples Nacional não se faz necessária para que empresas sejam
classificadas como EPP ou ME e tampouco é imprescindível para que sejam beneficiadas
pela Lei Complementar 123/06.
Pedidos de Reexame interpostos por sociedade empresária e pela Secretaria Executiva do
Comitê Gestor do Simples Nacional questionaram deliberação do TCU mediante a qual a
primeira recorrente fora declarada inidônea para participar de licitações na Administração
Pública Federal pelo período de seis meses, em virtude de fraude à licitação, e fez
determinações à segunda. O órgão questionou determinação dirigida ao Comitê Gestor de
Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (CGSN) para que estudasse
“formas de aprimorar os procedimentos de fiscalização do cumprimento das obrigações
principais e acessórias relativas ao Simples Nacional, a fim de verificar a ocorrência das
hipóteses previstas no art. 29 da Lei Complementar nº 123/2006”. A recorrente pontuou que “a
competência do CGSN está restrita à fiscalização do simples nacional, não interferindo
diretamente no enquadramento das empresas licitantes como microempresa (ME) ou empresa
de pequeno porte (EPP)”. Analisando o mérito desse recurso, o relator reconheceu que “a
determinação exarada por este colendo Tribunal relaciona-se ao aprimoramento de
procedimentos de fiscalização do cumprimento das obrigações principais e acessórias relativas
ao simples nacional, assunto este não contemplado pela representação” apreciada pelo acórdão
recorrido. Nesse mister, aduziu, “a adesão ao Simples Nacional não se faz necessária para que
as empresas sejam classificadas como EPP ou ME e tampouco é imprescindível para que as
empresas sejam beneficiadas pela Lei Complementar 123/2006”. Tal entendimento, prosseguiu,
coaduna-se com “a recente alteração promovida pela Lei Complementar 147, de 7 de agosto de
2014, mediante a qual foi incluído o artigo 3-B na Lei Complementar 123/2006, em que é
expresso que os dispositivos da Lei Complementar 123/2006 são aplicáveis ‘a todas as
microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas pelos incisos I e II do caput e § 4º
do art. 3º, ainda que não enquadradas no regime tributário do Simples Nacional’”. Nesse
sentido, o Plenário do TCU, acolhendo a proposta do relator, ao tempo em que negou
provimento ao recurso da sociedade empresária, proveu parcialmente o Pedido de Reexame
interposto pela Secretaria Executiva do Comitê Gestor do Simples Nacional, alterando a redação
da determinação questionada, de modo a harmonizá-la com as disposições da Lei
Complementar 123/06. Acórdão 330/2015-Plenário, TC 028.839/2012-9, relator Ministro Vital
do Rêgo, 4.3.2015.
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Número 233
Sessões: 10 e 11 de março de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Os preços dos serviços novos acrescidos por termo aditivo, embora derivem de prévio acordo
entre as partes (art. 65, § 3º da Lei 8.666/93), devem ser parametrizados pelos preços
referenciais da Administração vigentes à época da licitação (sistemas oficiais de custos e taxa de
BDI do orçamento base), e não pelos preços em vigor à época do aditamento, observando-se
ainda a manutenção do mesmo percentual de desconto entre o valor global do contrato original e
o obtido a partir dos preços referenciais à época da licitação.
2. A utilização de equipamentos já mobilizados em razão de contrato anterior constitui
vantagem competitiva da contratada, que tem direito a ser remunerada pelas despesas de
“mobilização e desmobilização” conforme previsto na planilha orçamentária do contrato, desde
que o preço orçado esteja de acordo com as especificações de projeto e os custos de referência.
3. Não cabe desclassificação de licitante motivada por presunção de intenção de fraude durante
a execução do contrato.
4. A capacidade técnico-operacional da empresa não é afastada em razão de mudanças no seu
quadro de responsáveis técnicos.
5. Não viola o princípio da isonomia a participação de pessoa jurídica enquadrada no regime de
desoneração tributária previsto na Lei 12.546/11 em licitação cujo objeto caracteriza atividade
econômica distinta da atividade principal que vincula a empresa ao referido regime.
6. A adesão a ata de registro de preços deve ser justificada pelo órgão não participante mediante
detalhamento das necessidades que pretende suprir por meio do contrato e demonstração da sua
compatibilidade com o objeto discriminado na ata, não servindo a esse propósito a mera
reprodução, parcial ou integral, do plano de trabalho do órgão gerenciador. A comprovação da
vantagem da adesão deve estar evidenciada pelo confronto entre os preços unitários dos bens e
serviços constantes da ata de registro de preços e referenciais válidos de mercado.
Inovação Legislativa
Decreto 8.420, de 18.3.2015
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
1. Os preços dos serviços novos acrescidos por termo aditivo, embora derivem de prévio
acordo entre as partes (art. 65, § 3º da Lei 8.666/93), devem ser parametrizados pelos
preços referenciais da Administração vigentes à época da licitação (sistemas oficiais de
custos e taxa de BDI do orçamento base), e não pelos preços em vigor à época do
aditamento, observando-se ainda a manutenção do mesmo percentual de desconto entre o
valor global do contrato original e o obtido a partir dos preços referenciais à época da
licitação.
Auditoria realizada nas obras de implantação e pavimentação da BR-448/RS, sob
responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), apontara,
dentre outras ocorrências, “sobrepreço decorrente da inclusão de serviços novos em termos
aditivos, cujos valores unitários estavam acima dos limites admissíveis pela legislação vigente
à época e pela jurisprudência do TCU”. Conforme demonstrado no relatório de fiscalização, os
preços unitários de serviços novos foram pactuados indevidamente a partir de cotações de
mercado, retroagidos à data base dos contratos e acrescidos de percentual de BDI (Bonificação e
Despesas Indiretas) de 30 %, proposto pelos consórcios construtores. Além disso, o DNIT não
exigira desconto adicional a fim de manter o mesmo equilíbrio econômico financeiro resultante
da licitação, de forma que os preços unitários dos aditamentos foram superiores aos preços de
referência da Administração (obtidos a partir de parâmetros de custos do Sistema SICRO e de
taxa de BDI de 19,6%). Ao analisar o caso, o relator observou que, “embora o regime jurídico
dos contratos administrativos preveja que o estabelecimento dos valores dos serviços novos
dependa de acordo entre as partes, a Administração tem por dever verificar a adequação dos
preços a serem contratados aos preços de mercado, observando as exigências da Lei e os
princípios da eficiência e da economicidade”. Explicou ainda que, nos termos do artigo 37,
inciso XXI da Constituição Federal, “o valor referencial máximo admitido pela Administração
para o serviço novo acrescido por meio de termo aditivo deve ser aquele vigente à data base
dos contratos, por espelhar mais fielmente as condições efetivas da proposta estabelecidas ao
tempo da licitação (...). Tais condições iniciais devem ser mantidas ao longo da execução das
avenças mesmo em face da celebração de termos aditivos”. Dessa forma, no caso em exame, os
preços de referência para os serviços novos deveriam ser parametrizados pelos custos unitários
constantes do Sistema SICRO/RS vigentes na data base dos contratos, e não aqueles em vigor
na época dos aditamentos. “A esses custos paramétricos deve ser acrescida taxa de BDI
referencial de 19,60%, também adotada no orçamento base licitação, e não a taxa vigente no
período dos aditivos”. Acrescentou o relator que os preços estimativos traduzem a quantia
máxima autorizada a se pagar pelos serviços novos, considerando as regras do edital de
licitação, as limitações impostas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias e os princípios da
economicidade e eficiência. Por fim, mencionou diversos julgados do Tribunal que exigem a
limitação dos preços unitários de serviços novos aos preços unitários referenciais apurados com
base no Sistema SICRO, acrescidos da taxa de BDI do orçamento base, vigentes à época da
licitação, ressaltando ainda que deve ser mantido, nos aditamentos, “o mesmo percentual de
desconto entre o valor global do contrato original e o obtido a partir dos custos unitários e BDI
do Sistema SICRO à época da licitação”. Considerando o sobrepreço apurado, o Tribunal,
acolhendo o voto do relator, determinou, dentre outras medidas, a instauração de Tomada de
Contas Especial para a citação dos responsáveis. Acórdão 467/2015-Plenário, TC
012.291/2013-7, relator Ministro Walton Alencar Rodrigues, 11.3.2015.
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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
926
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
analisado, a regular execução contratual deve ser verificada pelo fiscal do contrato, até porque
“a mera existência de certificação de todas as autoclaves não garante a correta destinação do
lixo hospitalar, como se verifica de notícia veiculada na mídia acerca de empresa que
depositava os resíduos hospitalares em terreno a céu aberto”. Ademais, acrescentou, “não se
deve olvidar que o tratamento irregular dos resíduos pode sujeitar a empresa e seus dirigentes
a sanções de natureza administrativa, civil e penal, o que deve, em princípio desestimular a
empresa a fugir de suas obrigações contratuais, principalmente, se tiver ciência da existência
de uma eficiente fiscalização do ajuste por parte do contratante”. Em conclusão, entendeu o
relator que “a desclassificação da representante não ficou devidamente justificada no
procedimento licitatório”. Assim, o Plenário, acolhendo o entendimento do relator, julgou
parcialmente procedente a Representação, em face dessa e de outras irregularidades apuradas
nos autos, razão pela qual determinou à Fiocruz a adoção de providências para declarar a
nulidade do pregão e do contrato dele decorrente. Acórdão 478/2015-Plenário, TC
025.178/2014-8, relator Ministro Benjamin Zymler, 11.3.2015.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
6. A adesão a ata de registro de preços deve ser justificada pelo órgão não participante
mediante detalhamento das necessidades que pretende suprir por meio do contrato e
demonstração da sua compatibilidade com o objeto discriminado na ata, não servindo a
esse propósito a mera reprodução, parcial ou integral, do plano de trabalho do órgão
gerenciador. A comprovação da vantagem da adesão deve estar evidenciada pelo
confronto entre os preços unitários dos bens e serviços constantes da ata de registro de
preços e referenciais válidos de mercado.
Denúncia apontara possíveis irregularidades em contrato decorrente de adesão do Ministério do
Esporte (ME) a ata de registro de preços de pregão eletrônico promovido pelo Ministério da
Defesa (MD) com vistas à prestação de serviços de manutenção e desenvolvimento de sistemas.
Segundo o denunciante, a adesão do ME à ata do MD foi caracterizada por irregularidades,
dentre as quais destacam-se: a) falta de planejamento da contratação, uma vez que o contrato
“não foi precedido de um levantamento efetivo de necessidades do Ministério dos Esportes”,
mas se embasou em transcrição do termo de referência do pregão eletrônico realizado pelo MD;
b) ausência de descrição da metodologia empregada pelo MD para definir a unidade de
referência utilizada (Unidade de Serviço Técnico - UST) para fins de pagamento,
impossibilitando que outros órgãos aplicassem a mesma métrica; c) inviabilidade de aferir a
vantajosidade da contratação devido à ausência de pesquisa de preços válida que demonstrasse a
economicidade da adesão à ata do MD. Em juízo de mérito, o relator destacou a inconsistência
da adesão do ME à ata promovida pelo MD, uma vez que “a medição dos serviços executados,
para fins de pagamento, não estava sendo feita com base no referencial UST previsto no
Contrato (...), mas sim em termos de Pontos de Função – PF”. Ou seja, o órgão contratou
serviços especificados em uma métrica e utilizou outra distinta para o cálculo do pagamento.
Alinhado à análise da unidade técnica, o relator aduziu que a conduta dos responsáveis “foi
inadequada por terem prescindido do levantamento de necessidades do órgão que dirigem, uma
vez que transcreveram o plano de trabalho do Ministério da Defesa; por terem incorporado ao
contrato a utilização de unidade de quantificação de serviços notadamente inconsistente,
desacompanhada de qualquer metodologia de cálculo (...); e por não terem comprovado a
economicidade da adesão à Ata de Registro de Preços do Pregão Eletrônico (...) do Ministério
da Defesa (MD), haja vista que utilizaram parâmetros de preços inválidos”. Por fim, concluiu o
relator que houve ofensa ao art. 8º do Decreto 3.931/01 (revogado pelo Decreto 7.892/13), o
qual dispunha que “a Ata de Registro de Preços, durante sua vigência, poderá ser utilizada por
qualquer órgão ou entidade da Administração que não tenha participado do certame licitatório,
mediante prévia consulta ao órgão gerenciador, desde que devidamente comprovada a
vantagem”. O Tribunal, endossando o voto do relator, rejeitou as justificativas apresentadas
pelos responsáveis, aplicando-lhes a multa prevista no art. 58, inciso II da Lei 8.443/92.
Acórdão 509/2015-Plenário, TC 028.577/2011-6, relator Ministro-Substituto Marcos
Bemquerer, 11.3.2015.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Decreto 8.420, de 18.3.2015: Regulamenta a Lei 12.846, de 1o de agosto de 2013, que dispõe
sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a
administração pública, nacional ou estrangeira e dá outras providências.
Número 234
Sessões: 17 e 18 de março de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Em procedimentos licitatórios para contratação de sociedades de advogados, é ilegítima a
previsão em edital de rateio dos honorários advocatícios entre as futuras prestadoras de serviços
e a associação de advogados do quadro permanente da entidade contratante, uma vez que o
contrato deve reger apenas a relação entre contratado e contratante, jamais criar direitos para os
empregados da instituição promotora da licitação.
2. Na fase de habilitação, é ilegal a exigência de apresentação de laudos de ensaios técnicos para
comprovação de qualidade de insumo ou produto. Desde que previsto no instrumento
convocatório, na fase de propostas a Administração pode exigir, do licitante provisoriamente
classificado em primeiro lugar, em prazo razoável e suficiente para tal, a apresentação de
amostra do produto ou insumo, acompanhada dos laudos técnicos necessários a comprovar a
qualidade do bem a ser fornecido.
3. É ilegal a exigência de certificações, do tipo ISO e SCORM, como critério que possa, de
alguma forma, ensejar a desclassificação de propostas, ainda que constem como quesitos de
pontuação técnica.
4. É admitida a utilização de certificação ISO 9001 como critério de pontuação de proposta,
desde que vinculado tão-somente à apresentação de certificado válido, com atribuição de pontos
ao documento em si, de forma global pelos serviços prestados, sendo vedada a pontuação de
atividades específicas.
PLENÁRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
acompanhada dos laudos de ensaio técnico necessários a comprovar a qualidade do bem a ser
fornecido à Administração”. Em seu entendimento, a exigência não compromete “a execução
da obra se o órgão contratante planejar adequadamente a contratação de molde a estipular, no
edital de licitação, prazo razoável e suficiente para a licitante com melhor proposta de preço
apresentar laudos e certificados exigidos para o produto”. Assim, concluiu o relator que a
exigência da apresentação de laudos de ensaios na fase de qualificação técnica dos licitantes não
tem supedâneo legal e constitui restrição indevida à participação de outros licitantes. Nesses
termos, o Plenário, dentre outras deliberações, rejeitou, no ponto, as justificativas apresentadas
pelos responsáveis, aplicando-lhes a multa capitulada no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/93, e
cientificou o Ministério da Defesa e o Comando do Exército acerca da exigência irregular de
laudos geotécnicos como critério de habilitação técnica de licitantes. Acórdão 538/2015-
Plenário, TC 011.817/2010-0, relator Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti,
18.3.2015.
3. É ilegal a exigência de certificações, do tipo ISO e SCORM, como critério que possa, de
alguma forma, ensejar a desclassificação de propostas, ainda que constem como quesitos
de pontuação técnica.
Em Representação sobre concorrência tipo técnica e preço, promovida pelo Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), destinada à contratação de empresa
especializada para desenvolver, sob demanda, conteúdo educacional na modalidade a distância
via internet, a unidade técnica apontara a exigência indevida de certificações ISO 9001 e
SCORM como critério de habilitação, em desacordo com a jurisprudência do TCU. Em sua
análise, a unidade instrutiva constatara que a pontuação da proposta técnica corresponde a 60%
da pontuação final, sendo no máximo 15 pontos para a certificação ISO 9001 e 10 pontos para a
certificação SCORM. “Considerando a pontuação quanto à experiência da empresa e de sua
capacidade, de no máximo 35 pontos, e que o edital estipula que somente serão classificadas as
propostas que atingirem, no mínimo, 36 pontos, a não apresentação concomitante das
certificações referidas eliminaria a licitante da disputa”. Nesse sentido, concluira a unidade
técnica que, no caso, a despeito de a apresentação dos certificados estar prevista nos critérios de
pontuação da proposta técnica, a exigência constitui, em essência, “requisito para a
participação no certame, uma vez que exclui a possibilidade de que licitantes que não possuam
ambos os certificados classifiquem-se para a disputa”. O relator, alinhado à análise da unidade
instrutiva, ressaltou que a jurisprudência do TCU “é firme no sentido de proibir a exigência de
certificações na fase de habilitação das licitações”, e visa “impedir o afastamento de
concorrentes em razão da ausência de certificação, a qual somente poderia ser exigida para
fins de pontuação técnica”. Sobre o caso em exame, observou o relator que, “muito embora se
trate da fase de julgamento das propostas e o Sebrae tenha procurado justificar a necessidade
dos certificados, a distribuição dos pontos constantes da licitação e a previsão de
desclassificação de propostas, nos limites em que estipulado, indica tratar-se de um requisito
de habilitação técnica transverso, o que representa indevida restrição à competividade no
certame”. Destacou ainda que “a despeito de a contratação envolver serviços da ordem de
aproximadamente R$ 15 milhões, apenas duas empresas participaram do certame".
Comprovado o prejuízo à competitividade, o Tribunal fixou prazo para a anulação da
concorrência e determinou ao Sebrae, no ponto, que “em futuros certames, abstenha-se de exigir
a apresentação de certificações, do tipo ISO e SCORM, como critérios que ensejem a
desclassificação de propostas, ainda que constem como itens de pontuação técnica”. Acórdão
539/2015-Plenário, TC 021.768/2014-5, relator Ministro-Substituto Augusto Sherman
Cavalcanti, 18.3.2015.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Ainda na Representação sobre a concorrência tipo técnica e preço promovida pelo Sebrae, para
a contratação de empresa especializada no desenvolvimento de conteúdo educacional na
modalidade a distância, a representante apontara a exigência de certificação ISO 9001 com
atribuição de pontos a expressões e redações específicas no escopo do certificado. Em suas
justificativas, o Sebrae alegou que decidira pontuar processos específicos da certificação,
considerando “o objeto a ser contratado e os itens que envolvem os serviços de ensino a
distância, uma vez que processos genéricos de educação ou de educação presencial não
comprovariam a excelência em processos específicos de educação a distância”. Ao analisar a
questão, o relator registrou que o TCU “tem aceitado a exigência desse tipo de certificado como
critério de pontuação desde que vinculado tão somente à apresentação de certificado válido,
com atribuição de pontos ao documento em si, de forma global pelos serviços de informática
prestados, vedada a pontuação de atividades específicas”. Nessa linha, citou, dentre outros
precedentes, o Acórdão 1094/2004-Plenário, de sua relatoria. O Plenário do Tribunal, em razão
dessa e de outras irregularidades, fixou prazo para a anulação da concorrência e determinou ao
Sebrae, no ponto, que “em futuros certames abstenha-se de estabelecer pontuação de atividades
específicas quando exigir certificações ISO 9001 para fins de classificação técnica das
propostas”. Acórdão 539/2015-Plenário, TC 021.768/2014-5, relator Ministro-Substituto
Augusto Sherman Cavalcanti, 18.3.2015.
Número 235
Sessões: 24 e 25 de março de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. As contratações de seguros por órgãos da Administração Pública, e seus respectivos aditivos,
quando realizadas mediante simples emissão de apólices de forma unilateral pela empresa
seguradora e sem a devida formalização por meio de instrumento de contrato, configuram
desconformidade com os arts. 60 e 62 da Lei 8.666/93, tendo em vista a necessária
discriminação de cláusulas previstas no art. 55 e das informações constantes do art. 61 da
mesma lei.
2. É vedada a intermediação de empresa corretora na execução de contrato de seguros
adquiridos pela Administração Pública, ainda que inexista vínculo formal direto da corretora
com o órgão contratante.
3. Ante a lacuna existente no Decreto 2.745/98 e nos normativos da Petrobras acerca dos
elementos mínimos que devem constar nas propostas comerciais recebidas nas licitações,
aplicam-se às contratações de obras e serviços de engenharia da estatal, em especial às
932
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
empreitadas por preço global, procedimentos análogos aos das contratações integradas do
Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), delimitados em entendimentos do TCU,
em prestígio aos princípios da segurança jurídica, do julgamento objetivo, da isonomia, da
eficiência e da obtenção da melhor proposta.
PLENÁRIO
933
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
3. Ante a lacuna existente no Decreto 2.745/98 e nos normativos da Petrobras acerca dos
elementos mínimos que devem constar nas propostas comerciais recebidas nas licitações,
aplicam-se às contratações de obras e serviços de engenharia da estatal, em especial às
empreitadas por preço global, procedimentos análogos aos das contratações integradas do
Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), delimitados em entendimentos do
TCU, em prestígio aos princípios da segurança jurídica, do julgamento objetivo, da
isonomia, da eficiência e da obtenção da melhor proposta.
Auditoria realizada nas obras de implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj), executadas pela Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), apontara, como indício de
irregularidade, o modelo de formalização das propostas comerciais, denominado Demonstrativo
de Formação de Preços (DFP), que não exigia a apresentação das composições dos custos dos
serviços ofertados pelos licitantes. Ao examinar o caso, o relator, mencionando o Manual da
Petrobras para Contratação e destacando a omissão do Decreto 2.745/98 sobre o tema,
sentenciou que “é de clareza solar que não há regra geral sobre como os preços ofertados
pelos licitantes deverão ser discriminados; em cada contratação, os parâmetros a serem
seguidos pelos licitantes na formulação de suas propostas comerciais serão arbitrados, a
critério dos agentes da Petrobras. As licitantes, pautadas nas exigências editalícias – e na
ausência de critérios cogentes inscritos em normativos superiores, detalham seu preço no DFP
segundo os padrões estabelecidos”. Por causa da utilização desse modelo, prosseguiu o relator,
“ao ofertar seus preços, os empreiteiros não indicam os serviços que estão sendo precificados,
nem apresentam quaisquer composições e/ou memórias justificativas que minudenciem a forma
934
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
935
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 236
Sessões: 31 de março e 1º de abril de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A economicidade da contratação alcançada no certame licitatório deve ser preservada em
casos de alterações contratuais, por força dos princípios da seleção da proposta mais vantajosa
para a Administração e da vinculação ao instrumento convocatório e ao contrato.
2. Nas contratações de serviços de automação, tanto a empresa quanto os profissionais que
executam o serviço devem possuir, no momento da celebração do contrato, registro no Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), uma vez que a atividade de automação é
considerada como técnica de engenharia, a teor do disposto nas Resoluções do Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA 218/73 e 427/99, bem como nas Leis 5.194/66
e 6.496/77.
Primeira Câmara
3. É possível a contratação de fundação de apoio por dispensa de licitação, com fundamento no
art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/93, para a realização de vestibular, desde que haja nexo efetivo
936
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
entre a natureza da instituição e o objeto contratado, assim como compatibilidade com os preços
de mercado.
Inovação Legislativa
Decreto 8.428, de 2.4.2015
PLENÁRIO
937
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
a pessoa física ou jurídica que a exerce sem o registro ou inscrição no CREA”. Realizadas as
oitivas regimentais, após a suspensão cautelar do certame, o relator, alinhado à análise da
unidade instrutiva, registou que, “de fato, caberia a exigência de registro da empresa licitante
naquele Conselho Regulamentador”. Acrescentou que “o exame das Resoluções do Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA 218/1973 e 427/1999, bem como da Lei
5.194/1966 (art. 6º, alínea a), deixa claro que, em sendo a atividade de automação considerada
como técnica de engenharia, não só o profissional deve possuir registro no CREA, mas também
a firma que desenvolve tal atividade”. Considerando que o conjunto de falhas verificadas no
procedimento licitatório não ocasionaram prejuízo ao erário, o Tribunal, pelos motivos expostos
pelo relator, decidiu, no ponto, cientificar a Codevasf de que, no caso de certames que visam à
contratação de serviços de automação, “tanto os profissionais quanto a própria empresa, no
momento da celebração do contrato, devem possuir registro no CREA, a teor do disposto nas
Resoluções do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA 218/1973 e 427/1999,
bem como na Lei 5.194/1966 e na Lei 6.496/1977”. Acórdão 679/2015-Plenário, TC
021.676/2014-3, relator Ministro Substituto Marcos Bemquerer Costa, 1.4.2015.
PRIMEIRA CÂMARA
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
938
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 237
Sessões: 7 e 8 de abril de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Os gestores das áreas responsáveis por conduzir licitações devem autuar processo
administrativo com vistas à apenação das empresas que praticarem, injustificadamente, na
licitação, na contratação ou na execução contratual, ato ilegal tipificado no art. 7º da Lei
10.520/02, sob pena de responsabilização.
2. A aplicação da sanção de impedimento de licitar e contratar com a União, estados, Distrito
Federal ou municípios, em face de irregularidade elencada no art. 7º da Lei 10.520/02, não
depende da comprovação de dolo ou má-fé. Requer tão somente a evidenciação da prática
injustificada de ato ilegal tipificado nesse dispositivo legal.
3. Em licitações para registro de preços, é obrigatória a adjudicação por item como regra geral,
tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes e a seleção das
propostas mais vantajosas. A adjudicação por preço global é medida excepcional que precisa ser
devidamente justificada, além de ser incompatível com a aquisição futura por itens.
PLENÁRIO
1. Os gestores das áreas responsáveis por conduzir licitações devem autuar processo
administrativo com vistas à apenação das empresas que praticarem, injustificadamente,
na licitação, na contratação ou na execução contratual, ato ilegal tipificado no art. 7º da
Lei 10.520/02, sob pena de responsabilização.
Auditoria realizada na Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MP), tendo por objeto pregões eletrônicos lançados
entre 2009 e 2012 (Comprasnet), apontara, dentre outros achados, a ocorrência de “empresas
com sócios em comum que apresentam propostas para o mesmo item de determinada licitação”
e a “existência de licitantes reiteradamente desclassificados por não atenderem aos editais ou
não honrarem suas propostas”, sinalizando possível enquadramento nas condutas irregulares
tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/02 (Lei do Pregão). Diante dos fatos, determinou a relatora a
realização das oitivas e audiências sugeridas pela unidade instrutiva, em especial de agentes
públicos (pregoeiros e responsáveis pela homologação dos certames) “envolvidos em pregões
em que se observou elevado número de ocorrências tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/2002
sem que tivesse havido a autuação de procedimento administrativo com vistas à aplicação das
939
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
940
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
licitação na Administração Pública Federal pelo TCU, com fulcro na sua Lei Orgânica,
depende de comprovação de fraude à licitação”; (iv) “deve ser considerado fraude à licitação
o comportamento de licitante que, sem motivos escusáveis, incide repetidamente, ao longo do
tempo, nos mesmos tipos de irregularidades tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/2002. No caso,
o elemento doloso configura-se pela repetição deliberada e consciente da conduta prejudicial
aos certames e, portanto, ilícita, segundo preconiza a Lei do Pregão”. Assim, concluiu a
relatora que “não há dúvidas de que a aplicação da sanção de inidoneidade de que trata o art.
7º da Lei 10.520/2002 independe da comprovação de dolo ou má-fé por parte do licitante.
Basta que se incorra, sem justificativa, numa das condutas ali consignadas para que seja
aplicada a pena”. Já no que respeita à aplicação do art. 46 da Lei 8.443/92, prosseguiu, “a
comprovação da fraude é essencial, para o que se faz necessária a constatação de dolo ou má-
fé”. Noutro giro, abrindo divergência com a unidade instrutiva, ponderou a relatora que, para a
maioria dos pregões examinados, “não se pode concluir pela existência do dolo pela simples
repetição do fato, ao menos num caso como o aqui tratado”, afastando assim, para esses casos,
a hipótese de declaração de inidoneidade pelo Tribunal, com arrimo no art. 46 da Lei 8.443/92.
Contudo, acrescentou que “a simples incidência injustificada numa das condutas previstas no
art. 7º da Lei 10.520/2002 permitiria ao órgão licitante, após o trâmite do devido processo
administrativo, declarar a inidoneidade [impedimento] da empresa infratora,
independentemente da comprovação da fraude”. Ao revés, diante de condutas
comprovadamente fraudulentas detectadas no comportamento de duas empresas participantes de
um pregão realizado no exercício de 2011 pelo Laboratório Nacional Agropecuário no Rio
Grande do Sul, nos quais fora utilizada a técnica do “coelho”, entendeu a relatora presentes os
requisitos para a sanção das licitantes fraudadoras com espeque no art. 46 da Lei 8.443/92.
Assim, o Plenário, dentre outras medidas, declarou a inidoneidade dessas empresas para
participar de licitações na Administração Pública Federal pelo período de dois anos. Acórdão
754/2015-Plenário, TC 015.239/2012-8, relator Ministra Ana Arraes, 8.4.2015.
3. Em licitações para registro de preços, é obrigatória a adjudicação por item como regra
geral, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes e a seleção
das propostas mais vantajosas. A adjudicação por preço global é medida excepcional que
precisa ser devidamente justificada, além de ser incompatível com a aquisição futura por
itens.
Representação formulada por sociedade empresária apontara possíveis irregularidades em
pregão eletrônico realizado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Farroupilha (IFFarroupilha), destinado ao registro de preços de mobiliário para escritório,
mediante adjudicação por lotes de itens. Em síntese, fora questionada a rejeição sumária da
intenção de recurso de uma das licitantes e a ausência de justificativa detalhada para o
quantitativo de itens licitados. Analisando o último aspecto, após a suspensão cautelar do
certame e a realização das oitivas regimentais, o relator assentiu às conclusões da unidade
instrutiva no sentido de considerar regular os quantitativos previstos no edital, tendo em vista
sua similaridade com os itens requeridos pelas unidades do instituto. Sobre o assunto, ressaltou
que “em processos de controle externo envolvendo pregões para registro de preços devem ser
sempre avaliados os aspectos relativos ao planejamento, como o procedimento de IRP
[intenção de registro de preços], aplicável a partir da vigência do Decreto 7.892/2013, e à
estimativa das quantidades a serem adquiridas, devidamente justificada e baseada em estudos
técnicos preliminares e elementos objetivos - Acórdãos 1.100/2008, 392/2011e 3.137/2014, do
Plenário, 612/2004 e 559/2009, da 1ª Câmara, e 1.720 e 4.411/2010, da 2ª Câmara -, haja vista
a possibilidade de alimentação indevida, por vezes até mesmo despropositada, do pernicioso
‘mercado de atas’”. Além disso, prosseguiu, deve o controle externo aferir sistematicamente a
aplicação de outros dispositivos legais e regulamentadores do sistema de registro de preços,
como, por exemplo, a adoção em regra da adjudicação por item (adjudicação por preço global é
medida excepcional que precisa ser devidamente justificada), e explicitação das hipóteses
autorizadoras para a adoção do sistema de registro de preços (inclusive quanto ao atendimento a
vários órgãos). Nesse passo, acolhendo a proposta do relator, o Plenário julgou parcialmente
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 238
Sessões: 14 e 15 de abril de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A escolha entre as composições de preços unitários de restauração ou de construção
rodoviária, em licitações para obras de duplicação de rodovia, deve decorrer de estudo técnico
acerca das interferências que a obra recebe da operação da via pré-existente. A escolha da
solução mais onerosa deve ser necessariamente justificada, na etapa de planejamento da obra, a
partir de parâmetros técnicos que demonstrem o acréscimo no custo de execução dos serviços.
2. Nos contratos executados sob regime de preço unitário, não havendo a possibilidade de
utilização de jazida prevista no projeto, sem culpa da executora, e sendo necessário o uso de
uma fonte mais distante, a contratada faz jus à repactuação contratual que considere o acréscimo
de transporte. Da mesma forma, sendo utilizada jazida mais próxima do que a prevista no
projeto, a Administração possui direito a alteração contratual a seu favor.
3. Nos contratos executados sob regime de preço unitário, a remuneração de cada serviço passa
pela efetiva conferência da atividade executada, tanto em termos quantitativos como
qualitativos, implicando o reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos a adoção pela
contratada de outro método construtivo, mais racional e econômico do que o considerado no
orçamento da obra, se este previu metodologia executiva claramente ineficiente, antieconômica
ou contrária à boa técnica da engenharia.
4. No pregão, qualquer modificação na proposta tendente a alterar o teor das ofertas deve
ocorrer na etapa de negociação, a qual deve ser realizada entre o pregoeiro e o licitante por meio
do sistema eletrônico (art. 24, §§ 8º e 9º, do Decreto 5.450/05), tendo como finalidade a
942
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
943
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
fora contratada com desconto de R$ 4,2 milhões em relação ao estimado, entendeu o relator, nos
termos da jurisprudência do TCU, elidido eventual sobrepreço ou superfaturamento. Nesses
termos, o Plenário, acompanhando o relator, acolheu parte das razões de justificativa
apresentadas, para determinar ao Dnit que, “em atendimento ao que dispõem os arts. 3º, caput,
e 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993, faça constar dos projetos básicos destinados à contratação
de obras de adequação de capacidade de tráfego ou de duplicação rodoviária, aprovados a
partir da ciência deste acórdão, justificativa técnica específica para a eventual escolha de
composição de preços unitários de serviços de restauração ou alteração das composições
aplicáveis aos serviços de construção, notadamente no que se refere à eficiência dos
equipamentos mecânicos alocados a cada serviço”. Acórdão 839/2015-Plenário, TC
015.754/2010-3, relator Ministro Walton Alencar Rodrigues, 15.4.2015.
2. Nos contratos executados sob regime de preço unitário, não havendo a possibilidade de
utilização de jazida prevista no projeto, sem culpa da executora, e sendo necessário o uso
de uma fonte mais distante, a contratada faz jus à repactuação contratual que considere o
acréscimo de transporte. Da mesma forma, sendo utilizada jazida mais próxima do que a
prevista no projeto, a Administração possui direito a alteração contratual a seu favor.
Auditoria realizada nas obras de construção da rodovia BR-429/RO, no segmento compreendido
entre as cidades de Presidente Médici e Costa Marques, sob responsabilidade do Dnit, apontara,
dentre outras possíveis irregularidades, o superdimensionamento da distância de transporte de
materiais para o serviço de sub-base estabilizada granulometricamente sem mistura. Realizadas
as oitivas regimentais, o consórcio executor e o Dnit confirmaram a utilização, para o serviço de
sub-base, da jazida localizada na estaca 2858-LD, “indicada na Segunda Revisão do Projeto em
Fase de Obras do Lote 1 unicamente para a execução da camada de base com mistura de
brita”. A relatora, alinhada à análise da unidade técnica, ressaltou que, em contratos executados
sob o regime de preço unitário, não havendo a possibilidade de utilização de uma jazida prevista
no projeto, sem ter havido culpa da executora, “e sendo necessário o uso de uma fonte mais
distante, a contratada faz jus à repactuação contratual que considere o acréscimo de
transporte. Pela mesma razão, descoberta uma jazida mais próxima, a Administração possui o
direito à alteração contratual a seu favor”. Considerando que o consórcio e o Dnit
reconheceram a utilização de jazida mais próxima do que a prevista em projeto e considerada
nas medições, o Tribunal, pelos motivos expostos pela relatora, determinou ao órgão, no ponto,
que realizasse levantamento do quantitativo de material utilizado da jazida 2858-LD para
adequada remuneração dos serviços de sub-base. Acórdão 826/2015-Plenário, TC
005.736/2011-0, relatora Ministra Ana Arraes, 15.4.2015.
3. Nos contratos executados sob regime de preço unitário, a remuneração de cada serviço
passa pela efetiva conferência da atividade executada, tanto em termos quantitativos como
qualitativos, implicando o reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos a adoção pela
contratada de outro método construtivo, mais racional e econômico do que o considerado
no orçamento da obra, se este previu metodologia executiva claramente ineficiente,
antieconômica ou contrária à boa técnica da engenharia.
Ainda na Auditoria realizada nas obras de construção da rodovia BR-429/RO, sob
responsabilidade do Dnit, fora apontada a previsão antieconômica de escavação com
carregadeira ou motoscraper, tendo sido utilizada preponderantemente a escavadeira,
ocasionando potencial prejuízo no Lote 2, decorrente de superfaturamento por alteração de
metodologia construtiva. Em sua análise, a unidade técnica explicou que “o orçamento da obra
considerou metodologia executiva claramente ineficiente, antieconômica ou contrária à boa
técnica da engenharia, e, posteriormente, durante a execução da obra, a contratada adotou
outro método construtivo, mais racional e econômico”. Ao analisar o ponto, a relatora anotou
que “eventuais acréscimos de eficiência e produtividade implementados pelo particular devem
ser incorporados aos seus ganhos, mas não pode ser considerado incremento de eficiência a
substituição de equipamentos cuja previsão era sabidamente antieconômica. É o caso clássico
de superfaturamento por alteração de método executivo”. Nesse sentido, acrescentou que, a
944
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
despeito de o projeto básico ter indicado a realização dos serviços de escavação, carga e
transporte por meio de carregadeiras/tratores de esteiras e motoscraper, “as execuções
privilegiaram o uso de escavadeiras/caminhões, com redução de custo estimada em mais de R$
6 milhões na totalidade dos lotes de 1 a 3”. Observou ainda a relatora que “a utilização de
motoscraper e carregadeira/trator apenas encontra viabilidade econômica para distâncias de
transporte reduzidas”, fato que “não poderia ter escapado aos projetistas e, portanto, a
alteração executiva não pode ser recebida como vantagem das empreiteiras”. Por fim,
ressaltou que “os contratos foram assinados no regime de execução por preço unitário, em que
a remuneração de cada serviço passa pela efetiva conferência de cada atividade executada,
tanto em termos quantitativos como qualitativos. Aliás, no ato da assinatura da avença, é
pactuada a justa contraprestação remuneratória para cada serviço e estabelecido o equilíbrio
do ajuste. As condições iniciais da proposta devem ser mantidas, inclusive durante a execução
contratual, com equilíbrio entre os pagamentos e os encargos dela decorrentes”. Considerando
que, no caso concreto, não foi apresentado qualquer estudo que demonstre a inviabilidade da
metodologia mais econômica (escavadeira e caminhão), o Tribunal, acolhendo o voto da
relatora, determinou ao Dnit, dentre outras medidas, a realização de “levantamento da
composição mecânica efetivamente utilizada nos serviços de escavação, carga e transporte
para quantificação dos efeitos financeiros das substituições de patrulhas com
carregadeira/trator e motoscraper por escavadeira/caminhão, promovendo os ajustes
necessários à correta remuneração dos serviços, compatibilizando os pagamentos à
contraprestação efetivamente prestada pela contratada”. Acórdão 826/2015-Plenário, TC
005.736/2011-0, relatora Ministra Ana Arraes, 15.4.2015.
4. No pregão, qualquer modificação na proposta tendente a alterar o teor das ofertas deve
ocorrer na etapa de negociação, a qual deve ser realizada entre o pregoeiro e o licitante
por meio do sistema eletrônico (art. 24, §§ 8º e 9º, do Decreto 5.450/05), tendo como
finalidade a obtenção de preços melhores dos que os cotados na fase competitiva e,
consequentemente, a proposta mais vantajosa para a Administração.
Representação formulada por sociedade empresária apontara possíveis irregularidades em
pregão eletrônico patrocinado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, destinado à
prestação de serviço de telecomunicações pelo período de sessenta meses, com objeto agrupado
em lote único de cinco itens. A controvérsia principal, segundo o relator, residiria no fato de que
a modelagem adotada no edital permitiria dupla interpretação para o critério de julgamento:
menor preço global por item x menor preço global por grupo/lote. Como resultado, embora o
certame tenha na prática adotado o critério de julgamento mediante “o menor preço global por
item”, as duas empresas participantes formularam propostas de forma totalmente antagônicas: a
representante ofertando valores proporcionais à estimativa dos Correios para cada item e a outra
concorrente lançando valores “incondizentes com a realidade do mercado para os itens
somente para fins de composição do valor global do grupo/lote”. Diante disso, e considerando
a baixa média de lances por item, aduziu o relator, após a suspensão cautelar do certame e a
promoção das oitivas regimentais, não ter “a menor dúvida de que a lacuna quanto ao critério
de julgamento acarretou a absoluta inexistência de disputa no pregão (...), em total afronta a
diversos princípios licitatórios, principalmente os da vantajosidade e competitividade”. Além
da dubiedade no instrumento convocatório, fora apontada negociação, realizada pelo pregoeiro
por fora do sistema eletrônico oficial, de valores que superaram o melhor lance ofertado para o
item 1 durante a fase de disputa do pregão, com majoração de cerca de 444%. Nesse ponto, o
relator refutou os argumentos esgrimidos pelos Correios e pela licitante vencedora de que “os
valores ofertados para os itens em disputa na fase competitiva do certame possam ser
livremente modificados em momento posterior da licitação”. A propósito fez referência ao
Acórdão 2.977/2012-Plenário, no qual o relator (Ministro Weder de Oliveira) esclarecera que
“atenta contra os princípios da razoabilidade, da isonomia, da transparência e da
competitividade o fato de uma licitante vencer as demais na etapa de lances e depois, numa fase
posterior, negociar livremente com o pregoeiro os valores dos itens anteriormente cotados,
mesmo que o preço global da proposta seja mantido”. Ao revés, ainda naquele julgado, “a
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 239
Sessão: 22 de abril de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A aprovação de projeto básico inadequado, com grandes implicações nos custos e prazos de
execução do empreendimento, reveste-se de gravidade suficiente para justificar a apenação
pecuniária do gestor responsável e a sua inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal.
2. Nas contratações para a prestação de serviços de tecnologia da informação (TI), a utilização
de métricas semelhantes a Unidade de Serviço Técnico (UST) e Unidade de Medida de Serviços
(UMS) mostra-se inadequada para a remuneração de serviços que não geram resultados ou
produtos aferíveis pelo ente público contratante, e não se coaduna ao disposto na Súmula TCU
269.
3. A utilização de taxas estimativas de consumo de aço por volume de concreto, para o cálculo
do quantitativo da armadura dos elementos estruturais de obras, não atende às exigências legais
946
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
relativas à elaboração do projeto básico (art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93), por não representar
elemento necessário e suficiente, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra e
avaliar o respectivo custo, bem como definir os métodos e o prazo de execução.
4. Eventuais peculiaridades de uma obra, que possam requerer preços superiores aos normais de
mercado ou aos referenciais, devem ser justificadas com minúcias no momento próprio, isto é,
na orçamentação, sempre com o estabelecimento dos critérios de aceitabilidade legais (art. 40,
inciso X, da Lei 8.666/93), e não tão-somente depois da contratação.
PLENÁRIO
1. A aprovação de projeto básico inadequado, com grandes implicações nos custos e prazos
de execução do empreendimento, reveste-se de gravidade suficiente para justificar a
apenação pecuniária do gestor responsável e a sua inabilitação para o exercício de cargo
em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal.
Em Auditoria realizada nas obras da Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul, contratadas pela Valec
Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., foram realizadas audiências do diretor de engenharia
e do superintendente de projetos em razão, dentre outros achados, do atesto e aprovação de
termo de referência contendo projeto básico deficiente, o que resultou na realização da licitação
sem contemplar os requisitos mínimos exigidos pelos arts. 6º e 7º da Lei 8.666/93, e na
consequente contratação de execução da obra baseada em projeto básico deficiente. Ao analisar
a questão, o relator anotou que “a precariedade do projeto básico resultou em uma alta
demanda de termos aditivos nos lotes da Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul, visando corrigir
falhas, além da demanda de novos estudos para solucionar interrupções de traçado que não
estavam previstas, o que culminou no aumento do valor do contrato e no comprometimento do
adequado andamento da obra, ocasionando prejuízo ao erário e ao interesse público”.
Registrou ainda o relator que, em auditoria anterior realizada nessas obras, fora apontada a
inexistência de dados de sondagens geotécnicas no projeto básico utilizado na contratação, bem
como a ausência de classificação de solos, que resultaram na adoção de soluções
antieconômicas na execução dos serviços de terraplenagem da obra. Ressaltou, contudo, que o
dano resultante dessa deficiência não pôde ser calculado tendo em vista o estágio avançado em
que se encontrava a execução do empreendimento. Além da ausência das sondagens necessárias
à caracterização do solo no leito da ferrovia, o relator destacou que “o projeto básico também
não previu as soluções de traçado para o cruzamento com as linhas de alta tensão” e que,
“embora eventualmente tenham sido adotadas soluções em campo para contornar os problemas
de cruzamento”, ocorreram interrupções na execução da obra nesses pontos. “Essas
interrupções nas frentes de obras resultam em impactos negativos não apenas nos prazos de
execução, mas também nos próprios custos dos serviços de terraplenagem”. Por fim, concluiu
que “a conduta dos responsáveis, que resultou na aprovação de projeto básico inadequado,
com grandes implicações nos custos e prazos de execução do empreendimento, é de gravidade
suficiente não apenas para justificar a apenação pecuniária, como também a sua inabilitação
para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração
Pública”. O Tribunal, pelos motivos expostos pelo relator, rejeitou as justificativas apresentadas
pelos responsáveis e aplicou-lhes a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92,
inabilitando os gestores para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no
âmbito da Administração Pública Federal pelo período de cinco anos (art. 60 da mesma Lei).
Acórdão 915/2015-Plenário, TC 012.612/2012-0, relator Ministro-Substituto Augusto
Sherman, 22.4.2015.
947
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Relatório de consolidação das auditorias realizadas para avaliar o processo de trabalho de gestão
de contratos de Tecnologia da Informação (TI) em órgãos da Administração Pública Federal
apontara, dentre outros achados, falhas relacionadas à mensuração de serviços em contratos de
suporte ou sustentação à infraestrutura de tecnologia da informação e comunicações. Nesse
aspecto, a unidade técnica destacara que – apesar de um dos pilares do novo modelo de
contratações de TI, regulamentado pela IN 4/10, da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, consistir na remuneração
vinculada ao alcance de resultados, em consonância coma a Súmula TCU 269 – alguns
contratos auditados utilizaram-se de métricas de resultados para serviços que não geram
qualquer produto ou resultado aferível. Como consequência, ainda segundo a unidade técnica,
ter-se-ia um maior risco de pagamento por serviços não realizados, assim como “de conflito de
interesses por parte da empresa contratada, já que, quanto maior o número de chamados ela é
instada a solucionar, maior será seu faturamento. Reedita-se, assim, o paradoxo do lucro-
incompetência (Acórdão 786/2006) sob um modelo supostamente vinculado a resultados”.
Endossando a análise da unidade técnica, o relator anotou que “de acordo com o novo modelo
de contratação de TI, a remuneração deve estar vinculada aos resultados obtidos, admitindo-se
apenas de forma excepcional o pagamento por hora trabalhada ou por posto de serviço. Para
isso, nos contratos de suporte à infraestrutura de rede, estão sendo desenvolvidos novos
critérios e mecanismos para remuneração dos serviços, como a Unidade de Serviço Técnico
(UST) ou Unidade de Medida de Serviços (UMS)”. Explicou que “nesse critério de
remuneração, o ente público promotor da licitação elabora, como anexo ao edital, um catálogo
de serviços a serem prestados, contendo a descrição e a respectiva quantidade de UST de cada
serviço, de acordo com a natureza, a complexidade e criticidade do serviço”. Ponderou o
relator, contudo, que “há serviços cuja execução é praticamente impossível de ser monitorada,
porquanto não geram qualquer produto ou resultado aferível, não sendo viável a quantificação
do número de ocorrências”. Nesse caso, “a empresa contratada é quem classifica e contabiliza
o respectivo número mensal de ocorrências, sem qualquer possibilidade prática de contestação
ou de verificação por parte do ente público contratante”. Nesse sentido, concluiu o relator que
“a métrica UST (ou UMS) mostra-se inadequada para serviços que não geram resultados ou
produtos aferíveis pelo ente público contratante, pois contribui para aumento do risco de
remuneração por serviços não prestados, além de gerar um cenário de conflito de interesses
por parte da empresa contratada, já que, quanto maior o número de chamados ela é instada a
solucionar, maior será seu faturamento”. O Tribunal, alinhado ao voto do relator, decidiu,
dentre outros comandos, recomendar aos órgãos envolvidos que alertem os gestores de que “a
utilização de métricas, como Unidade de Serviço Técnico (UST) e Unidade de Medida de
Serviços (UMS), por exemplo, mostra-se inadequada para serviços que não geram resultados
ou produtos aferíveis pelo ente público contratante e não se coaduna ao disposto na Súmula
TCU 269”. Acórdão 916/2015-Plenário, TC 014.815/2014-1, relator Ministro-Substituto
Augusto Sherman, 22.4.2015.
948
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
4. Eventuais peculiaridades de uma obra, que possam requerer preços superiores aos
normais de mercado ou aos referenciais, devem ser justificadas com minúcias no momento
próprio, isto é, na orçamentação, sempre com o estabelecimento dos critérios de
aceitabilidade legais (art. 40, inciso X, da Lei 8.666/93), e não tão-somente depois da
contratação.
Ainda na auditoria destinada a verificar a regularidade de licitação para a construção de ponte
sobre o Canal das Laranjeiras na BR 101, fora realizada a oitiva do Dnit em face do custo
excessivo de mão de obra para o lote 2. Nesse caso, anotou o relator, “a unidade especializada
apurou que, embora tenham sido empregados no orçamento os custos previstos para mão de
obra das categorias profissionais de servente e operários qualificados constantes do Sicro, as
referências de custo para este item estavam superestimadas no aludido sistema, haja vista que
não foram adotados os pisos salariais acordados nas respectivas convenções coletivas, tal
como estabelece a norma constante do Manual de Custos Rodoviários do Dnit”. O titular da
Coordenação-Geral de Custos de Infraestrutura do Dnit reconheceu ter adotado valores de
referência salariais sem seguir as instruções preconizadas no Manual de Custos do Dnit,
deixando de adotar os valores das convenções coletivas de trabalho. Por seu turno, o consórcio
vencedor defendeu a inexistência de sobrepreço em face da escassez da mão de obra e outros
fatores incidentes (equipamentos de proteção, alimentação, seguro de vida, etc). Analisando o
feito, o relator ponderou que “o piso salarial ajustado em convenção coletiva de trabalho
reflete bem a realidade de mercado no momento de sua celebração”. Nesse sentido,
“flutuações de demanda e oferta de mão de obra ao longo da vigência da convenção podem ou
não afetar significativamente a atratividade de trabalhadores disponíveis no mercado, com
949
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
impacto em sua remuneração, para além ou aquém dos termos da convenção”. Assim, “em
casos excepcionalíssimos e tecnicamente justificados, poderia haver a necessidade de
adequação de tais custos à realidade de mercado, o que afetaria inclusive os referenciais de
custos”. O próprio TCU, prosseguiu, “admite adaptação dos sistemas oficiais de referência de
acordo com as circunstâncias específicas de cada empreendimento e o contexto em que elas
estão inseridas, desde que sejam justificadas tecnicamente as condições específicas
relacionadas àquela obra que a distingue de outras semelhantes, inclusive destacando a causa
de incidência de custos diferenciados dos constantes do referencial oficial de preços”.
Exemplificando, reproduziu excerto do sumário do Acórdão 2.068/2006-Plenário, onde se lê:
“Eventuais peculiaridades de uma obra, que possam significar alteração dos preços normais de
mercado ou referenciais, devem ser justificadas com minúcias no momento próprio, isto é, na
orçamentação, sempre com o estabelecimento dos critérios de aceitabilidade prescritos no art.
40, inciso X, da Lei nº 8.666/93, e não tão-somente depois da contratação, sob pena de se tê-las
sumariamente rejeitadas”. No caso concreto, concluiu o relator, “a alegada escassez de mão
obra versus realidade de mercado não é suficiente para justificar o descumprimento às regras
de precificação de mão de obra constante do Manual de Custos Rodoviários do Dnit porque
desacompanhada de elementos probatórios capazes de justificar eventual modificação da
composição dos custos unitários registrados no sistema de referência Sicro”. Nesses termos, o
Plenário, acolhendo a proposta da relatoria, rejeitou as manifestações do Dnit e do consórcio
vencedor quanto ao sobrepreço relativo ao custo excessivo de mão de obra, determinando à
autarquia que, no prazo de trinta dias, altere os custos de mão de obra do orçamento de
referência do edital da licitação do lote 2, de modo a contemplar o estabelecido no art. 127 da
Lei 12.309/10 (LDO/2011) e no Manual de Custos Rodoviários do Dnit, promovendo,
assegurado o contraditório e a ampla defesa à contratada, a repactuação contratual dos serviços
cujos preços unitários sejam superiores aos de referência e, caso ainda não tenha feito, a glosa
dos valores pagos a maior nas medições já realizadas. Acórdão 896/2015-Plenário, TC
003.807/2011-8, relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa, 22.4.2015.
Número 240
Sessões: 28 e 29 de abril de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Na licitação para compra de medicamentos isentos de ICMS, a Administração deve exigir que
as propostas dos licitantes apresentem preços desonerados desse imposto, consoante decidido no
Acórdão 140/2012. Contudo, para licitações ocorridas em data anterior à da publicação desse
acórdão, o regramento do assunto é aquele previsto nos editais.
950
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Primeira Câmara
2. A dispensa de licitação também se mostra possível quando a situação de emergência decorrer
da falta de planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos púbicos, pois a
inércia do gestor, culposa ou dolosa, não pode vir em prejuízo de interesse público maior
tutelado pela Administração. Nessas situações, contudo, o reconhecimento da situação de
emergência não implica convalidar ou dar respaldo jurídico à conduta omissiva do
administrador, a quem cabe a responsabilidade pela não realização da licitação em momento
oportuno.
PLENÁRIO
951
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PRIMEIRA CÂMARA
Número 241
952
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SUMÁRIO
Plenário
1. A exigência simultânea, para fins de qualificação econômico-financeira, de garantia de
participação na licitação e de patrimônio líquido mínimo afronta o disposto no art. 31, § 2º, da
Lei 8.666/93 e na Súmula TCU 275.
2. A mera variação de preços ou flutuação cambial não é suficiente para a realização de
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, sendo essencial a presença de uma das hipóteses
previstas no art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/93, associada à demonstração objetiva de
que ocorrências supervenientes tornaram a execução contratual excessivamente onerosa para
uma das partes.
PLENÁRIO
953
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
954
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 242
Sessões: 12 e 13 de maio de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Inexistindo determinação do TCU neste sentido, é ilegal a paralização da execução contratual
unilateralmente pela contratada, sob o pretexto de que aguarda decisão de mérito em processo
de fiscalização em trâmite no Tribunal.
2. O preço do serviço de degravação deve ser cotado com base no resultado, ou seja, no
quantitativo de horas efetivamente degravadas, e não no tempo necessário para a realização do
serviço de degravação, sob pena de se estabelecer sistemática em que quanto mais lento o
serviço, maior a remuneração.
3. No Sistema de Registro de Preços, não cabe ao órgão gerenciador a verificação da vantagem
da adesão de cada interessado. Compete ao órgão ou entidade não participante utilizar os preços
previstos na ata combinados com os quantitativos da contratação que pretende realizar para
avaliar e demonstrar a economicidade de sua adesão.
Segunda Câmara
4. A licitação é a regra, mesmo para as empresas estatais submetidas a regime jurídico próprio
das empresas privadas (art. 173, § 1º, inciso II, da Constituição Federal), inclusive em sua área
finalística, e só pode ser afastada em situações nas quais for demonstrada a existência de
obstáculos negociais, com efetivo prejuízo às atividades da estatal, que impossibilitem a
licitação.
PLENÁRIO
955
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
2. O preço do serviço de degravação deve ser cotado com base no resultado, ou seja, no
quantitativo de horas efetivamente degravadas, e não no tempo necessário para a
realização do serviço de degravação, sob pena de se estabelecer sistemática em que quanto
mais lento o serviço, maior a remuneração.
Tomada de Contas Especial instaurada pelo TCU apurara possível dano ao erário decorrente de
irregularidades ocorridas em contrato celebrado para a realização da 3ª Conferência Nacional de
Aquicultura e Pesca, patrocinada pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. Dentre as
irregularidades apontadas, destaca-se o pagamento por serviços não prestados referentes a horas
de degravação. A unidade técnica explicara que a empresa contratada cobrara “uma quantidade
de horas de áudio muito superior às geradas no evento”, adotando “um critério distorcido para
cálculo do preço”, baseado na quantidade de horas que o profissional necessitaria para realizar
a transcrição, e não na quantidade de horas de áudio entregues. Em suas justificativas, a
contratada alegara que “a degravação seria processo complexo e que seriam necessárias, em
média, quatro horas de trabalho para a transcrição de uma hora de gravação. Com base nesse
fator e para um evento de quatro dias com plenárias e vinte grupos de trabalho simultâneos,
chegar-se-ia a total de 2.048 h”. Ao analisar o ponto, o relator rejeitou as justificativas
apresentadas, destacando que “o preço do serviço de degravação deve ser cotado com base no
quantitativo de horas degravadas e não no tempo necessário para o serviço de degravação. A
prevalecer o entendimento da [empresa], a cotação da hora de degravação seria inócua, já que
o valor a ser cobrado ao final resultaria da multiplicação do valor cotado pelo número de
horas utilizadas na degravação, supostamente a ser definido pela contratada. Essa sistemática
favoreceria o lucro pela incompetência: quanto mais lento o serviço, maior o ganho”. Sobre o
caso concreto, destacou o relator que, “no caso da 3ª Conferência, com 195 horas de gravação
previstas na agenda do evento, a cobrança de 2.112 horas corresponderia a mais de dez horas
de degravação por hora gravada, ao custo de mais de R$ 2.000,00 por hora de gravação”.
Contudo, pesquisa realizada pela unidade técnica junto a empresas do ramo demonstrou que,
para efeito de cobrança, “cada hora degravada corresponde a uma hora de gravação”.
Considerando que as justificativas foram insuficientes para elidir a irregularidade, o Tribunal,
acolhendo a proposta do relator, condenou os responsáveis solidariamente com a empresa
contratada ao pagamento do débito apurado pela unidade técnica, aplicando-lhes ainda a multa
prevista no art. 57 da Lei 8.443/92. Acórdão 1151/2015-Plenário, TC 002.143/2011-9, relatora
Ministra Ana Arraes, 13.5.2015.
956
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
SEGUNDA CÂMARA
957
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
constatação de que os contratos de transporte não eram precedidos de licitação, destacando que
a jurisprudência mais recente do TCU é no sentido de que “a licitação é a regra, inclusive para
a área finalística da empresa, e só pode ser afastada em situações nas quais for demonstrado
efetivo prejuízo às atividades da estatal, algo que não foi demonstrado pela recorrente para o
transporte de produtos”. Sobre a possibilidade de realizar licitação para os serviços de
transporte, esclareceu o relator que “o objeto a ser contratado pode ser adequadamente
delimitado, fixando-se previamente os diversos parâmetros do serviço, tais como preço, prazo,
condições de transporte e de entrega, dentre outros. Quanto à demanda, é possível prever de
antemão o volume a ser transportado e, ainda que ocorram variações, é possível alterar seus
valores por meio de termo aditivo. Existe no mercado um número significativo de empresas que
prestam o serviço, fator que implica a possibilidade de competição nos certames e que favorece
a busca da proposta mais vantajosa para a estatal”. Ponderou contudo o relator que não estaria
“impondo o procedimento licitatório a todas as atividades finalísticas, mas apenas afirmando
que essa é a regra. Compete à estatal demonstrar, em cada caso, a existência de eventuais
obstáculos negociais que impossibilitem a licitação”. Por fim, ressaltou que estaria superado o
entendimento fixado no Acórdão 121/1998-Plenário, “segundo o qual seria excluída a
obrigatoriedade de a Petrobras realizar processo licitatório para as contratações de
transportes que sejam atividade-fim da empresa, como a de transporte de produtos”. Pelos
motivos expostos pelo relator, o Plenário do Tribunal negou provimento ao recurso da
Petrobras. Acórdão 2384/2015-Segunda Câmara, TC 012.573/2005-8, relator Ministro
Benjamin Zymler, 12.5.2015.
Número 243
Sessões: 19 e 20 de maio de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. É ilegal a exigência de que atestados de capacidade técnica estejam acompanhados de cópias
de notas fiscais ou contratos que os lastreiem, uma vez que a relação de documentos de
habilitação constante dos artigos 27 a 31 da Lei 8.666/93 é taxativa.
Segunda Câmara
2. Nos processos de fiscalização de obras, presume-se que os referenciais oficiais da
Administração refletem os preços de mercado, razão pela qual podem e devem ser considerados
para a análise de adequação de preços e apuração de eventual superfaturamento. Alegações em
contrário devem ser comprovadas com base em elementos fáticos que permitam afastar os
preços de referência utilizados pelo TCU.
958
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
SEGUNDA CÂMARA
959
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
960
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
proposta da relatora, fixando prazo de trinta dias para que o Dnit adote medidas tendentes à
elisão do débito constatado nos autos, conduzindo a formalização de acordo, entre a Prefeitura
Municipal de Cacoal/RO e a empresa contratada, para a promoção de compensação dos valores
indevidamente pagos com os créditos devidos à contratada na execução do contrato. Acórdão
2654/2015-Segunda Câmara, TC 012.573/2005-8, relatora Ministra Ana Arraes, 19.5.2015.
961
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 244
Sessões: 26 e 27 de maio de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A ata de registro de preços caracteriza-se como um negócio jurídico em que são acordados
entre as partes, Administração e licitante, apenas o objeto licitado e os respectivos preços
ofertados. A formalização da ata gera apenas uma expectativa de direito ao signatário, não lhe
conferindo nenhum direito subjetivo à contratação.
2. Na contagem do prazo de validade da ata de registro de preços, computa-se o período em que
vigorou medida cautelar suspensiva adotada pelo TCU. Ultrapassados doze meses (art. 12 do
Decreto 7.892/13), a própria vantagem da contratação pode estar prejudicada, seja qual for o
adquirente (gerenciador, participante ou "carona"). A proteção ao valor fundamental da licitação
– obtenção da melhor proposta - se sobrepõe à expectativa do vencedor da licitação.
3. O órgão gerenciador do registro de preços deve justificar eventual previsão editalícia de
adesão à ata por órgãos ou entidades não participantes (“caronas”) dos procedimentos iniciais. A
adesão prevista no art. 22 do Decreto 7.892/13 é uma possibilidade anômala e excepcional, e
não uma obrigatoriedade a constar necessariamente em todos os editais e contratos regidos pelo
Sistema de Registro de Preços.
PLENÁRIO
962
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 245
Sessões: 2 e 3 de junho de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados no Informativo
não são repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o
inteiro teor da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL
e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Havendo dúvidas sobre o enquadramento da licitante na condição de microempresa ou de
empresa de pequeno porte, segundo os parâmetros estabelecidos no art. 3º da Lei Complementar
123/06, além de se realizar as pesquisas pertinentes nos sistemas de pagamento da
Administração Pública Federal, deve ser solicitado à licitante a apresentação dos documentos
contábeis aptos a demonstrar a correção e a veracidade de sua declaração de qualificação como
microempresa ou empresa de pequeno porte para fins de usufruto dos benefícios da referida lei.
2. A certificação FSC (Forest Steward Council) pode constar como especificação técnica do
objeto a ser fornecido, não como exigência de habilitação da licitante (arts. 2º e 3º do Decreto
7.746/12).
3. É legítimo que as contratações da Administração Pública se adequem a novos parâmetros de
sustentabilidade ambiental, ainda que com possíveis reflexos na economicidade da contratação.
Deve constar expressamente dos processos de licitação motivação fundamentada que justifique
a definição das exigências de caráter ambiental, as quais devem incidir sobre o objeto a ser
contratado e não como critério de habilitação da empresa licitante.
4. A exigência de declaração emitida por fabricante, no sentido de que a empresa licitante é
revenda autorizada, de que possui credenciamento do fabricante ou de que este concorda com os
termos da garantia do edital, conhecida como declaração de parceria, contraria o art. 3º, § 1º,
inciso I, da Lei 8.666/93, aplicado subsidiariamente no âmbito do pregão.
PLENÁRIO
965
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
2. A certificação FSC (Forest Steward Council) pode constar como especificação técnica do
objeto a ser fornecido, não como exigência de habilitação da licitante (arts. 2º e 3º do
Decreto 7.746/12).
Representação interposta por sociedade empresarial apontara possíveis irregularidades em
pregão eletrônico realizado pela Fundação Ceciliano Abel de Almeida (FCAA), destinado ao
registro de preços para a prestação de serviços de impressão de material didático. Com o
desenvolvimento dos autos, inobstante tenha ocorrido o cancelamento da ata de registro de
preços por iniciativa da FCAA, fora promovida a audiência do pregoeiro e fiscal do contrato,
dentre outros aspectos, pela “inclusão de cláusula editalícia de habilitação no certame,
exigindo a apresentação pela licitante de certificação FSC ou equivalente, quanto ao papel a
ser empregado na futura prestação dos serviços”. Sobre o assunto, anotou o relator que “a
especificação técnica que se pretendia com a certificação FSC deveria constar como
característica do objeto a ser fornecido, e não como exigência de habilitação da licitante, em
conformidade com os arts. 3º e 2º, parágrafo único, do Decreto 7.746/2012, que regulamentou
o art. 3º da Lei 8.666/1993”. Nessa seara, prosseguiu, também o TCU “já entendeu em diversas
assentadas que a exigência de certificação na fase habilitatória é ilegal – Ac. 423/2007, Ac.
492/2011, Ac. 1.612/2008 confirmado pelo Ac 1.085/2011, todos do Plenário”. Contudo,
966
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
ponderou o relator que a irregularidade não prejudicou a competitividade do certame, razão pela
qual propôs, no ponto, o acolhimento das justificativas do responsável. Nada obstante, o
Tribunal, à luz das demais irregularidades constatadas nos autos, considerou parcialmente
procedente a Representação, aplicando ao responsável a multa capitulada no art. 58, inciso II, da
Lei 8.443/92, e, dentre outros comandos, cientificou a FCAA da irregularidade consubstanciada
na “inclusão no edital do referido certame como exigência de habilitação, não como
característica do objeto a ser fornecido, da apresentação pela licitante de certificação FSC ou
equivalente quanto ao papel a ser empregado na futura prestação dos serviços, em ofensa ao §
5º do art. 30 da Lei 8.666/1993 e mostrando-se em desacordo com o disposto no art. 2º, §
único, c/c o art. 3º do Decreto 7.746/2012 e com o deliberado no Acórdão 122/2012-Plenário”.
Acórdão 1375/2015-Plenário, TC 025.651/2013-7, relator Ministro Bruno Dantas, 3.6.2015.
967
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Número 246
Sessões: 9 e 10 de junho de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de
julgamento das Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas
datas acima indicadas, relativas a licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o
acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes que envolvem o tema. A seleção das
decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões, levando em
consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados não são
repositórios oficiais de jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor
da deliberação, bastando clicar no número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL e,
simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Na elaboração do orçamento estimativo da licitação, bem como na demonstração da
vantajosidade de eventual prorrogação de contrato, devem ser utilizadas fontes diversificadas de
pesquisa de preços. Devem ser priorizadas consultas ao Portal de Compras Governamentais e a
contratações similares de outros entes públicos, em detrimento de pesquisas com fornecedores,
publicadas em mídias especializadas ou em sítios eletrônicos especializados ou de domínio
amplo, cuja adoção deve ser tida como prática subsidiária.
2. Somente é lícito exigir que o atestado de capacidade técnica seja visado, reconhecido,
autenticado ou averbado pelo conselho de fiscalização profissional se a legislação especial
aplicável à atividade em questão previr que a entidade de fiscalização mantenha controle
individualizado sobre cada trabalho realizado. O edital da licitação não pode conter exigências
de habilitação técnica que não guardem correspondência com o regramento próprio da atividade
demandada, sob pena de criar restrição arbitrária e indevida à participação de potenciais
interessados.
Inovação Legislativa
Medida Provisória 678, de 23.6.2015.
Lei 13.140, de 26.6.2015.
968
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
PLENÁRIO
2. Somente é lícito exigir que o atestado de capacidade técnica seja visado, reconhecido,
autenticado ou averbado pelo conselho de fiscalização profissional se a legislação especial
969
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Medida Provisória 678, de 23 de junho de 2015: altera a Lei 12.462, de 4 de agosto de 2011,
que institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas.
970
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos
Lei 13.140, de 26 de junho de 2015: dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de
solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da Administração
Pública.
i Link não disponível até o fechamento deste número. Tão logo possível, o link será inserido em nova versão.
ii Link não disponível até o fechamento deste número. Tão logo possível, o link será inserido em nova versão.
iii Link não disponível até o fechamento deste número. Tão logo possível, o link será inserido em nova versão.
iv Link não disponível até o fechamento deste número. Tão logo possível, o link será inserido em nova versão.
971
Número 247
Sessões: 16 e 17 de junho de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de julgamento das
Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas datas acima indicadas, relativas a
licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes
que envolvem o tema. A seleção das decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões,
levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados não são repositórios oficiais de
jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor da deliberação, bastando clicar no
número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Para se concluir pela ocorrência de dano ao erário nas contratações por preço global em que o objeto tenha
sido satisfatoriamente executado, deve-se examinar o preço total do contrato, pois não configura
superfaturamento diferença a maior encontrada exclusivamente em itens de custo unitário isolados.
2. O cálculo do percentual de superfaturamento apurado a partir de amostra de itens de contrato deve ter como
referência o preço total da amostra, considerados os preços unitários de mercado (valor apurado de
superfaturamento/valor total de referência da amostra), e não o preço global do contrato (valor apurado de
superfaturamento/valor total do contrato).
3. As reduções ou supressões de quantitativos devem ser consideradas de forma isolada, ou seja, o conjunto de
reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados sobre o valor original do contrato,
aplicando-se a cada um desses conjuntos, individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles, os
limites de alteração estabelecidos no art. 65 da Lei 8.666/93.
4. Para evitar a ocorrência de jogo de planilha, a diferença percentual entre o valor global do contrato e o obtido
a partir dos custos unitários do sistema de referência utilizado não poderá ser reduzida em favor do contratado
em decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária.
PLENÁRIO
1. Para se concluir pela ocorrência de dano ao erário nas contratações por preço global em que o objeto
tenha sido satisfatoriamente executado, deve-se examinar o preço total do contrato, pois não configura
superfaturamento diferença a maior encontrada exclusivamente em itens de custo unitário isolados.
Tomada de Contas Especial instaurada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) apurara irregularidades
ocorridas em contrato que teve como objeto a contratação de empresa especializada em serviços de limpeza
técnica de ambiente hospitalar. O débito decorrera de pagamentos indevidos referentes ao adicional noturno,
incluído na remuneração mensal dos empregados da contratada que não exerceram suas atividades no período
noturno. Realizadas as audiência e citação dos responsáveis, a unidade técnica não acatou as justificativas
apresentadas, propondo multa ao gestor e débito à empresa contratada. O relator, dissentindo da unidade
técnica, registrou que “a jurisprudência mais recente do TCU tem defendido que, para se concluir pela
ocorrência de dano ao erário nas contratações em que o objeto tenha sido satisfatoriamente executado, como
é o caso ora em análise, deve-se examinar o preço total do contrato nos casos de empreitada por preço global
(Acórdão 739/2015-Plenário). Assim, o superfaturamento não pode se dar exclusivamente por meio de itens
isolados do custo unitário, como é o caso do adicional noturno”. Acrescentou o relator que a unidade técnica
não apontou indícios de superfaturamento global no contrato, destacando ainda “a existência de quatro
indicativos da ausência de débito, que estão relacionados aos seguintes fatores: produtividade, adicional de
insalubridade, encargos sociais e salário-base”. Sobre esses fatores, observou o relator que os parâmetros de
produtividade praticados no contrato eram superiores aos definidos no edital da licitação, o que reduziria o
custo final do serviço e compensaria a superestimativa identificada no adicional noturno. Quanto ao adicional
de insalubridade, o relator identificou subpreço que também deveria ser compensado em relação ao sobrepreço
do adicional noturno. Por fim, destacou a ausência de indícios de sobrepreço em relação aos itens encargos
sociais e salário-base, significativos para o custo final da mão de obra, observando que o salário-base fora
estipulado com fundamento em convenção coletiva vigente à época do certame. Considerando esses fatores, o
relator apresentou tabela comparativa dos preços praticados no contrato, a qual evidenciou que os preços
contratuais estavam abaixo dos preços referenciais. Ponderou, contudo, que a análise efetuada “não visa
afastar de modo definitivo a existência de superfaturamento no contrato, mas tão somente afirmar que o débito
decorrente do adicional noturno, tal como apontado pela unidade técnica, é compensado pela maior
produtividade da empresa e pela subestimativa no contrato da rubrica do adicional de insalubridade”.
Comprovada a insubsistência do débito apontado pela unidade técnica, o Tribunal, pelos motivos expostos
pelo relator, acolheu as justificativas dos responsáveis, julgando regulares as contas do gestor. Acórdão
1495/2015-Plenário, TC 013.126/2011-3, relator Ministro Benjamin Zymler, 17.6.2015.
2
749/2010 - Plenário por órgãos e entidades vinculados ao Ministério dos Transportes”. Analisando o mérito,
divergiu o relator da manifestação da unidade técnica, ante as particularidades do caso concreto. Ademais,
relembrou “o Acórdão que responde à consulta tem caráter normativo e constitui prejulgamento da tese, mas
não do fato ou caso concreto”. Como registrado pela equipe de fiscalização, prosseguiu, a “situação
encontrada alterou significativamente os quantitativos dos projetos inicialmente contratados, ocasionando
relevantes alterações em relação ao projeto básico originalmente licitado. Do contrato 14/2006, por exemplo,
permaneceu na planilha menos de 29% do objeto originalmente licitado. Embora não tenha ocorrido variação
superior a 25% do valor inicial do contrato, o objeto licitado foi profundamente alterado”. Outrossim, “há
evidências de que houve supressão de itens que eram essenciais para a conclusão do objeto ou à integridade
da ferrovia (proteção vegetal de taludes e drenagem) em alguns pontos, causando perda de serviços já
realizados”. Dessa forma, “a supressão de serviços indispensáveis para a operação da ferrovia teve como
único objetivo aumentar a margem para acréscimos de serviços, de forma que o valor final do contrato não
superasse em mais de 25% o seu valor original”. Nesses termos, e em harmonia com a solução adotada na
prolação do Acórdão 1.910/2012-Plenário, que multou os referidos responsáveis por falha idêntica, o Tribunal,
dentre outras deliberações, aplicou aos responsáveis pelas alterações contratuais irregulares a multa prevista
no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92. Acórdão 1498/2015-Plenário, TC 011.287/2010-1, relator Ministro
Benjamin Zymler, 17.6.2015.
4. Para evitar a ocorrência de jogo de planilha, a diferença percentual entre o valor global do contrato
e o obtido a partir dos custos unitários do sistema de referência utilizado não poderá ser reduzida em
favor do contratado em decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária.
Auditoria realizada nas obras de construção da Ferrovia Norte-Sul, trecho Palmas/TO-Uruaçu/GO, sob
responsabilidade da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S/A, apontara, dentre outras ocorrências,
superfaturamento decorrente de jogo de planilha em contrato para execução das obras. O valor do
superfaturamento foi obtido por meio de comparativo entre os valores e quantidades inicialmente pactuados
com aqueles consignados a partir dos aditivos firmados, o qual evidenciou “uma redução do desconto
inicialmente obtido pela Administração, ensejando um dano estimado em R$ 20,7 milhões ...”. Em preliminar,
o relator destacou que o procedimento denominado jogo de planilha, consistente “ no aditamento do contrato
com a majoração dos itens com preço acima do mercado e a consequente redução, por aditivos, dos que
apresentam preços inferiores aos parametrizados”, ainda se mostra uma prática recorrente nas obras públicas,
em que pese “ser veementemente combatido nas deliberações proferidas”. Relembrou ainda o relator
deliberação do TCU que defende a tese de que o jogo de planilha decorre da conjugação dos seguintes fatores:
(i) má qualidade do projeto básico; (ii) falta de definição de critérios de aceitabilidade de preços unitários; (iii)
contratação de proposta de menor preço global compatível com a estimativa da Administração, mas com
grandes disparidades nos preços unitários; e (iv) aditamento do contrato com o aumento dos quantitativos dos
itens de preços unitários elevados e a diminuição dos quantitativos dos itens com preços inferiores. Ao analisar
as justificativas apresentadas em resposta à oitiva, o relator rebateu a alegação da empresa executora de que
“a irregularidade consubstanciada na prática de jogo de planilha careceria de amparo legal”. Sobre a
questão, ressaltou o relator que “em consonância com o que prescreve o art. 109, § 6º, da Lei 11.768/2008
(Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO de 2009), a diferença percentual entre o valor global do contrato e
o obtido a partir dos custos unitários do SINAPI não poderá ser reduzida, em favor do contratado, em
decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária”. Acrescentou ainda que “a LDO apenas
veio a positivar o entendimento já pacificado por esta Corte de Contas e de necessária observância na gestão
de obras públicas federais”. Sobre a metodologia utilizada para a estimativa do dano, destacou o relator que
“levou em consideração tanto os itens com sobrepreço quanto aqueles com subpreço, promovendo-se a devida
compatibilização”, concluindo que “o incremento dos itens com preço acima do referencial excedeu
sobremaneira aqueles com subpreço”, resultando no superfaturamento apontado. Considerando a existência
de outro processo pendente de análise conclusiva da adequação dos preços licitados no mesmo certame, o que
impactaria diretamente na quantificação do débito apurado, o Tribunal, seguindo o voto da relatoria, decidiu,
dentre outras deliberações, determinar à unidade técnica que apure, no âmbito de processo de tomada de contas
especial a ser autuado, o superfaturamento decorrente do jogo de planilha identificado no contrato analisado.
Acórdão 1514/2015-Plenário, TC 006.264/2012-3, relator Ministro Bruno Dantas, 17.6.2015.
3
Número 248
Sessões: 23 e 24 de junho de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de julgamento das
Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas datas acima indicadas, relativas a
licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes
que envolvem o tema. A seleção das decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões,
levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados não são repositórios oficiais de
jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor da deliberação, bastando clicar no
número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. A imposição de restrição temporal para autenticação dos documentos de habilitação dos licitantes afronta o
art. 32 da Lei 8.666/93. A comissão de licitação pode realizar a autenticação dos documentos apresentados por
meio de cópia na própria sessão de entrega e abertura das propostas, em atenção aos princípios do formalismo
moderado e da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, e em consonância com o art. 43, §
3º, da Lei 8.666/93.
2. A repactuação de preços aplica-se apenas às contratações de serviços continuados com dedicação exclusiva
de mão de obra e ocorre a partir da variação dos componentes dos custos do contrato, desde que seja observado
o interregno mínimo de um ano das datas dos orçamentos aos quais a proposta se referir, conforme estabelece
o art. 5º do Decreto 2.271/97, devendo ser demonstrada analiticamente, de acordo com a Planilha de Custos e
Formação de Preços.
3. Na contratação de empresa fornecedora de coletes balísticos, ou outros produtos controlados pelo Exército,
a Administração deve observar as especificações que deram suporte à expedição do Relatório Técnico
Experimental (ReTEx) correspondente.
4. A justificativa do preço em contratações diretas (art. 26, parágrafo único, inciso III, da Lei 8.666/93) deve
ser realizada, preferencialmente, mediante: (i) no caso de dispensa, apresentação de, no mínimo, três cotações
válidas de empresas do ramo, ou justificativa circunstanciada se não for possível obter essa quantidade mínima;
(ii) no caso de inexigibilidade, comparação com os preços praticados pelo fornecedor junto a outras instituições
públicas ou privadas.
PLENÁRIO
1. A imposição de restrição temporal para autenticação dos documentos de habilitação dos licitantes
afronta o art. 32 da Lei 8.666/93. A comissão de licitação pode realizar a autenticação dos documentos
apresentados por meio de cópia na própria sessão de entrega e abertura das propostas, em atenção aos
princípios do formalismo moderado e da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, e
em consonância com o art. 43, § 3º, da Lei 8.666/93.
Representação formulada por sociedade empresária apontara possíveis irregularidades em tomada de preços,
promovida pela 7ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco
e do Parnaíba (Codevasf), com objetivo de contratar empresa para elaboração de projeto executivo de obras
em municípios do Estado do Piauí. Dentre os pontos impugnados, alegara a representante que teria sido
indevidamente inabilitada em decorrência da apresentação de documentos não autenticados. O citado certame
fora suspenso na fase de adjudicação por iniciativa da Codevasf, no aguardo da apreciação de mérito do TCU.
Realizadas as oitivas regimentais, a unidade técnica considerou que “a Codevasf agiu estritamente conforme
o Edital, o qual previa que as cópias dos documentos deveriam ser autenticadas em cartório ou poderiam ser
autenticados por servidor da 7ª SL ou por membro da Comissão Técnica de Julgamento a partir do original,
desde que até às 17h30min do dia útil anterior à data marcada para o recebimento da documentação ..., e
não na hora da abertura das propostas”. Dissentindo da unidade técnica, o relator registrou que a mencionada
cláusula do edital “afronta o art. 32 da Lei 8.666/93, o qual prevê que ‘os documentos necessários à
habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia autenticada por cartório
competente ou por servidor da administração ou publicação em órgão da imprensa oficial’. O referido
dispositivo também não permite nenhuma restrição temporal para que a comissão de licitação se recuse a
autenticar os documentos, como previsto no item 6.2.1.5.1 do edital impugnado”. Argumentou ainda o relator
que, mesmo que houvesse amparo legal para o procedimento adotado pela comissão de licitação, “não haveria
por que, em atenção ao princípio da seleção da proposta mais vantajosa, previsto no art. 3º da Lei 8.666/1993
e em consonância com o que prescreve o art. 43, § 3º, da Lei 8.666/1993, não realizar a autenticação dos
documentos na própria sessão de entrega e abertura das propostas. Conduta diversa configura formalismo
exagerado que pode levar à restrição indevida do caráter competitivo da licitação e à seleção de proposta
que não seja a mais vantajosa”. Por fim, relembrou o Acórdão 357/2015-Plenário, segundo o qual “a
Administração Pública deve pautar-se pelo princípio do formalismo moderado, que prescreve a adoção de
formas simples e suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos
administrados, promovendo, assim, a prevalência do conteúdo sobre o formalismo extremo”. Comprovado o
vício insanável no ato de inabilitação da licitante, o Tribunal, alinhado ao voto do relator, decidiu, dentre outras
deliberações, fixar prazo para que a Codevasf anulasse o certame, cientificando os responsáveis da
irregularidade relativa à inabilitação da empresa “em virtude da ausência de apresentação de documentos
autenticados, apesar de a licitante ter apresentado documentação original, o que afronta o disposto no art.
32 da Lei 8666/93”. Acórdão 1574/2015-Plenário, TC 033.286/2014-0, relator Ministro Benjamin Zymler,
24.6.2015.
2
balísticos. Realizadas as oitivas regimentais, a unidade técnica concluíra que, de fato, a habilitação da
vencedora “mostrou-se indevida, em razão de inconsistências identificadas entre o tecido balístico fornecido
atualmente pela fabricante e o ReTEx apresentado pela licitante”. Ao endossar a análise da unidade técnica,
o relator ressaltou “a importância da manifestação do Exército diante de toda e qualquer alteração ocorrida
nas informações registradas no ReTEx, não cabendo a nenhum outro ator exercer esse papel”. Diante disso,
rejeitou as justificativas do MJ no sentido de que a declaração do fabricante seria suficiente para assegurar
qualquer alteração nas especificações do tecido balístico em relação ao ReTEx, sendo desnecessária a
manifestação do Exército sobre a matéria. Explicou o relator, reproduzindo a análise da unidade técnica, que
a tese defendida pelo MJ “além de não ter qualquer amparo legal, contraria a tão conclamada preocupação
com a segurança do produto a ser adquirido. Primeiro, porque o nome comercial do tecido é uma das
informações requeridas na nomenclatura que identifica o colete à prova de balas (art. 20 do regulamento
anexo à Portaria nº 18/2006-DLOG), item que, indiscutivelmente, foi alterado; segundo, porque é preciso que
o Exército expeça novo ReTEx (ou apostile o já existente), considerando as competências que lhe são
estabelecidas nos arts. 19 e 20 do Decreto nº 3.665/2000; terceiro, a apresentação do ReTEx consistia em
obrigatoriedade prevista no item 10.4 do edital”. Seguindo o voto da relatoria, o Plenário, em razão dessa e
de outras irregularidades, considerou parcialmente procedente a representação e determinou à CGL que “se
abstenha de contratar empresa que oferte coletes balísticos, ou outros produtos controlados pelo Exército,
com especificações distintas daquelas que deram suporte à expedição do Relatório Técnico Experimental
(ReTEx) correspondente, a exemplo de tecido balístico, por contrariar dispositivos do Decreto nº 3.665/2000
e/ou do regulamento aprovado pela Portaria nº 18/2006 – DLOG, revendo, em razão disso, o ato que habilitou
a empresa” vencedora do certame licitatório. Acórdão 1568/2015-Plenário, TC 003.146/2015-4, relator
Ministro José Múcio Monteiro, 24.6.2015.
4. A justificativa do preço em contratações diretas (art. 26, parágrafo único, inciso III, da Lei 8.666/93)
deve ser realizada, preferencialmente, mediante: (i) no caso de dispensa, apresentação de, no mínimo,
três cotações válidas de empresas do ramo, ou justificativa circunstanciada se não for possível obter essa
quantidade mínima; (ii) no caso de inexigibilidade, comparação com os preços praticados pelo
fornecedor junto a outras instituições públicas ou privadas.
Pedidos de Reexame interpostos por gestores do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(Inmetro) questionaram deliberação pela qual o TCU aplicara multas aos recorrentes em razão, dentre outras
irregularidades, da “aquisição de equipamentos, por dispensa de licitação (art. 24, XXI, da Lei 8.666/93), por
preços unitários superiores ao menor preço obtido na cotação/pesquisa de mercado, sem justificativa para a
escolha do fornecedor e do preço praticado”. Ao analisar as razões recursais, o relator entendeu que a escolha
dos fornecedores para as aquisições “foi tecnicamente motivada pela entidade”. Quanto ao preço, destacou
que, “mesmo nos casos de contratações diretas, deve ser justificado, a teor do art. 26, III, da Lei 8.666/93”,
ressaltando ainda que “o Tribunal tem entendido que a apresentação de cotações junto ao mercado é a forma
preferencial de se justificar o preço em contratações sem licitação (dispensa de licitação), devendo ser
cotadas, no mínimo, 3 propostas válidas de empresas do ramo; ou, caso não seja viável obter esse número de
cotações, deve-se apresentar justificativa circunstanciada (...). E, nos casos de inviabilidade de licitação, este
Plenário se manifestou, conforme ...o Acórdão 819/2005, no sentido de que, para atender o disposto no inciso
III do art. 26 da Lei de Licitações, poder-se-ia fazer uma comparação entre os preços praticados pelo
fornecedor exclusivo junto a outras instituições públicas ou privadas”. Nesse sentido, concluiu o relator que,
no caso concreto, a prática adotada pelo Inmetro para os casos de dispensa de licitação estaria de acordo com
o entendimento do TCU. Quanto aos casos de inviabilidade de licitação, observou que não fora comprovado
“que a entidade tenha promovido alguma medida tendente a verificar outros preços praticados pelo
fornecedor exclusivo do microscópio”. Ponderou, contudo, que “essa medida, ainda que desejável, é, ainda,
uma orientação singular feita por esta Casa”. Considerando que a manutenção da multa aplicada aos gestores
seria medida de extremo rigor, “especialmente frente à ausência de dano ao erário”, o Tribunal, pelos motivos
expostos pelo relator, deu provimento aos pedidos de reexame, afastando a sanção imposta aos responsáveis.
Acórdão 1565/2015-Plenário, TC 031.478/2011-5, relator Ministro Vital do Rêgo, 24.6.2015.
3
Número 249
Sessões: 30 de junho e 1º de julho de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de julgamento das
Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas datas acima indicadas, relativas a
licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes
que envolvem o tema. A seleção das decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões,
levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados não são repositórios oficiais de
jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor da deliberação, bastando clicar no
número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. Nas contratações de serviços continuados, a previsão no edital de critério de remuneração por resultados,
em contraposição ao pagamento por postos de trabalho, não exime a Administração de fixar no contrato que
vier a ser firmado o quantitativo de postos de trabalho, de modo a viabilizar a fiscalização sobre o cumprimento
das obrigações trabalhistas.
2. Não é qualquer omissão ou modificação de itens contratuais que conduz à conclusão de que o projeto básico
foi deficiente. A grave violação ao art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93, necessária à aplicação da multa do art.
58, inciso II, da Lei 8.443/92, requer evidenciação de materialidade, impacto e aderência das modificações à
concepção inicial do projeto como um todo, caracterizando transfiguração do objeto.
3. Não há óbice à concessão de reequilíbrio econômico-financeiro visando à revisão (ou recomposição) de preços
de itens isolados, com fundamento no art. 65, inciso II, alínea "d", da Lei 8.666/1993, desde que estejam presentes
a imprevisibilidade ou a previsibilidade de efeitos incalculáveis e o impacto acentuado na relação contratual
(teoria da imprevisão); e que haja análise demonstrativa acerca do comportamento dos demais insumos relevantes
que possam impactar o valor do contrato.
PLENÁRIO
2. Não é qualquer omissão ou modificação de itens contratuais que conduz à conclusão de que o projeto
básico foi deficiente. A grave violação ao art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93, necessária à aplicação da multa
do art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, requer evidenciação de materialidade, impacto e aderência das
modificações à concepção inicial do projeto como um todo, caracterizando transfiguração do objeto.
Auditoria realizada no Governo do Estado do Maranhão com o objetivo de avaliar a conformidade dos contratos
de repasse relativos a obras em unidades prisionais no estado apontara, dentre outras ocorrências, a execução de
contratos com base em projetos básicos deficientes ou desatualizados. Realizadas as audiências regimentais, a
unidade técnica rejeitou as justificativas apresentadas, propondo a aplicação de multa aos responsáveis, tendo em
vista a ausência de previsão de diversos itens de serviços necessários à caracterização da obra, bem como a
realização de modificações nos contratos logo após a sua assinatura, “ocasionadas por fatos já existentes à época
da elaboração dos projetos arquitetônicos, mas que não foram considerados”, em razão de projetos básicos
ineptos e desatualizados. Dissentindo da unidade técnica, o relator registrou que “as evidências colhidas pela
unidade técnica não são suficientes para configurar um grave distanciamento do parâmetro de legalidade
esperado, segundo os contornos da Lei 8.666/1993”. Acrescentou que a unidade instrutiva “relacionou várias
falhas nos projetos que deram causa à celebração de aditivos, mas não perquiriu se as modificações eram
financeiramente relevantes, se transfiguraram o objeto e se constituíram ou não mera adequação técnica aos
objetivos do projeto. Ademais ..., não foi bem evidenciado se as alterações decorreram de circunstâncias que
poderiam ser racionalmente previstas ou de fatos que surgiram posteriormente e, ainda, se constituíram mero
aperfeiçoamento do projeto que não necessariamente era falho”. Nesse sentido, o relator destacou que “não é
qualquer omissão ou modificação de itens contratuais que conduz à conclusão de que o projeto foi deficiente. A
uma porque a própria Lei 8.666/1993 admite alteração contratual para melhor adequação técnica aos seus
objetivos e para modificar quantitativamente o seu objeto, desde que seja atendido o limite fixado em seu art.
65; e a duas porque os projetos de engenharia possuem uma imprecisão intrínseca, de modo que é impossível a
exata identificação de todos os seus elementos constitutivos”. Tendo em vista que a unidade técnica não
evidenciou “suficientemente a materialidade, o impacto e a aderência ou não das modificações ocorridas à
concepção inicial dos projetos como um todo, isto é, se houve transfiguração do objeto”, o relator considerou
“não comprovada a grave violação ao art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993, circunstância necessária à aplicação
da multa do art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992”, motivo pelo qual deixou de penalizar os responsáveis, acatando
parcialmente as justificativas apresentadas. O Tribunal, acolhendo o voto do relator, decidiu, no ponto, cientificar
a Secretaria de Estado da Justiça e da Administração Penitenciária do Estado do Maranhão acerca da ocorrência.
Acórdão 1608/2015-Plenário, TC 015.696/2011-1, relator Ministro Benjamin Zymler, 1.7.2015.
2
não teria previsto “procedimento de análise global e exauriente de cada contrato, tendo em vista as
peculiaridades regionais de cada situação, a fim de se verificar o impacto financeiro provocado pelo aumento
de preço dos materiais betuminosos em face também de outros itens da planilha orçamentária”. Dessa forma
“não estaria atendido um dos requisitos a sustentar a aplicação da teoria da imprevisão, qual seja, a avaliação
do impacto da onerosidade excessiva no equilíbrio econômico-financeiro original dos contratos”. Realizadas as
oitivas processuais, a unidade técnica reafirmara a “impossibilidade de promover reequilíbrio econômico-
financeiro de contrato administrativo apenas por meio da análise dos insumos betuminosos, o que violaria o
disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição da República e no art. 65, inciso II, alínea "d", da Lei
8.666/1993”, acrescentando ainda que “não se vislumbra na legislação e na jurisprudência nenhuma alusão a
reequilíbrio econômico-financeiro referente apenas à variação de um tipo de insumo contratual”. Em juízo de
mérito, o relator rebateu a tese defendida pela unidade técnica “uma vez que existe a possibilidade de um insumo
isolado ser o responsável pelo desequilíbrio contratual diante da manutenção da equação econômica original
da cesta dos demais itens contemplados na proposta”. Sobre o caso em exame, explicou o relator que o instituto
jurídico aplicável seria “o da revisão (ou recomposição) de preços e funda-se no art. 65, inciso II, alínea "d", da
Lei 8.666/1993 e na teoria da imprevisão, que requer o atendimento dos seguintes requisitos: i. fato imprevisível
ou previsível, mas de consequências incalculáveis, alheio à vontade das partes; e ii. desequilíbrio econômico ou
financeiro elevado no contrato, impondo onerosidade excessiva a uma das partes ou a ambas, eventualmente”.
Nesse contexto, com amparo na doutrina sobre o tema, o relator concluiu que estaria caracterizado o fato
imprevisível, uma vez que a Petrobras, na condição de reguladora dos preços do mercado de insumos asfálticos,
promovera, “em duas ocasiões, elevação de preços pontual, imprevisível e anormal, que, acumulada,
representou mais de 30% de acréscimo sobre os patamares anteriores”. Dessa forma, ressaltou o relator, seria
legítimo o procedimento adotado pelo Dnit, que levara em consideração “este evento imprevisível como
motivador da necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos em andamento ..., com destaque
para os recém reajustados ligeiramente antes do término do exercício de 2014, sobre os quais o impacto
financeiro da alta de preços é mais significativo”. Registrou ainda o relator, amparado nas análises da unidade
técnica e do Dnit, que não houve, com relação aos demais insumos, variações imprevisíveis, motivo pelo qual
“não se pode pretender provocar ampla e irrestrita revisão dos preços contratuais a fim de se computarem
compensações em favor daquela autarquia ...”. Ou seja, a demonstração de desequilíbrio econômico-financeiro
em contrato administrativo “não requer que se considerem, como procedimento geral, todas as variações
ordinárias nos preços dos insumos contratados - cobertos naturalmente pelos índices de reajustamento da
avença -, mas apenas alterações de preços significativas e imprevisíveis (ou previsíveis, porém de consequências
incalculáveis), capazes de justificar a aplicação da teoria da imprevisão”. Nesse contexto, concluiu o relator
que “a) não há óbice à concessão de reequilíbrio econômico-financeiro de contrato administrativo, visando à
revisão (ou recomposição) de preços de itens isolados, com fundamento no art. 65, inciso II, alínea "d", da Lei
8.666/1993, desde que:a.1) estejam presentes os requisitos enunciados pela teoria da imprevisão, que são a
imprevisibilidade (ou previsibilidade de efeitos incalculáveis) e o impacto acentuado na relação contratual; a.2)
haja análise demonstrativa acerca do comportamento dos demais insumos do contrato, ao menos os mais
importantes em aspecto de materialidade, com a finalidade de identificar outras oscilações de preços
enquadráveis na teoria da imprevisão que possam, de igual maneira, impactar significativamente o valor
ponderado do contrato”. O Tribunal, alinhado ao voto da relatoria, dentre outras deliberações, determinou ao
Dnit, no ponto, que, por meio de ato normativo próprio, “oriente todas as unidades de sua estrutura
organizacional responsáveis pela análise e processamento dos requerimentos fundados na IS-DG 2/2015 ...,
quanto à necessidade de demonstrar o impacto acentuado nos contratos em andamento em razão dos aumentos
imprevisíveis nos preços dos insumos betuminosos, ocorridos no final de 2014”, especialmente quanto às
situações que “apontam para a inaplicabilidade dos critérios previstos no referido normativo em função do não
atendimento dos pressupostos da teoria da imprevisão, bem como das disposições contidas no art. 65, inciso II,
alínea "d", da Lei 8.666/1993 ....”. Acórdão 1604/2015-Plenário, TC 007.615/2015-9, relator Ministro Augusto
Nardes, 1.7.2015.
3
Número 250
Sessões: 7 e 8 de julho de 2015
Este Informativo, elaborado a partir das deliberações tomadas pelo Tribunal nas sessões de julgamento das
Câmaras e do Plenário, contém resumos de algumas decisões proferidas nas datas acima indicadas, relativas a
licitações e contratos, e tem por finalidade facilitar o acompanhamento, pelo leitor, dos aspectos relevantes
que envolvem o tema. A seleção das decisões que constam do Informativo é feita pela Secretaria das Sessões,
levando em consideração ao menos um dos seguintes fatores: ineditismo da deliberação, discussão no
colegiado ou reiteração de entendimento importante. Os resumos apresentados não são repositórios oficiais de
jurisprudência. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor da deliberação, bastando clicar no
número do Acórdão (ou pressione a tecla CTRL e, simultaneamente, clique no número do Acórdão).
SUMÁRIO
Plenário
1. O excessivo detalhamento das características do imóvel que se pretende adquirir ou alugar, sem a
demonstração da necessidade dessas particularidades, evidencia restrição ao caráter competitivo do certame e
direcionamento da contratação.
2. O critério de julgamento de menor preço por lote somente deve ser adotado quando for demonstrada
inviabilidade de se promover a adjudicação por item e evidenciadas razões que demonstrem ser aquele o
critério que conduzirá a contratações economicamente mais vantajosas.
1ª Câmara
3. Nos estudos técnicos preliminares de contratação de mão de obra terceirizada, a ausência de indicação, de
forma clara e precisa, do sindicato, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa que rege a
categoria profissional que executará o serviço, com base na Classificação Brasileira de Ocupações - CBO, afronta
o art. 6º, inciso IX, alínea 'a', da Lei 8.666/93.
PLENÁRIO
1. O excessivo detalhamento das características do imóvel que se pretende adquirir ou alugar, sem a
demonstração da necessidade dessas particularidades, evidencia restrição ao caráter competitivo do
certame e direcionamento da contratação.
Em Relatório de Auditoria realizada pela Secex/SP no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado
de São Paulo (Crea/SP), tendo por objetivo avaliar a regularidade dos procedimentos adotados nas áreas de
licitações e contratos, assim como na concessão de passagens e diárias, apontou a unidade técnica indícios, entre
outros, de irregularidades na licitação promovida para aquisição do imóvel “sede Angélica”, a constituir nova
instalação do Crea/SP. Consistiam, basicamente, na excessiva especificação do objeto, de modo a direcionar a
licitação ou restringir o caráter competitivo do certame. Foram chamados em audiência o Presidente e o Consultor
Jurídico da Autarquia, além do gestor do contrato e signatário do memorial descritivo com as especificações
técnicas do imóvel a ser adquirido. Em análise, posicionou-se a unidade instrutiva pelo acolhimento das razões
de justificativa e exclusão da responsabilidade do gestor do contrato, por restar evidenciado que sua conduta não
concorrera para a inclusão de tais características no memorial, foi mero produtor da peça técnica. Já quanto ao
Presidente e ao Consultor Jurídico, as conclusões da análise técnica foram pela rejeição das razões de justificativa,
com proposição de multa. Não lograram justificar as exigências de localização, de área mínima construída
privativa, estacionamento rotativo, número de vagas na própria edificação, nas proximidades e de uso privativo;
de área livre para 400 pessoas; de número mínimo de elevadores e capacidade mínima de pessoas; de ambientes
climatizados com tipos específicos de ar condicionado para diferentes áreas, e outras. Várias dessas demandas
não poderiam ser cogitadas antes de se saber a estrutura e o tipo do imóvel oferecido (vagas de uso privativo ou
rotativo, tipo de ar condicionado, etc.). Tamanhas e tão detalhadas exigências, agregadas a outras de
equipamentos (para votação, sistema de segurança e alarme, acústica), demandariam ampla reforma no imóvel e
foram consideradas pela unidade instrutiva como desproporcionais e inadequadas à realização do objeto da
licitação. Não há nos autos fundamentos que justifiquem a localização do imóvel apenas na Av. Paulista e,
exatamente, em área circunscrita à Av. Angélica. Foi rechaçada pela unidade técnica argumentação dos
responsáveis quanto a eventual zelo, pelo fato de se ter optado pelo procedimento licitatório, em vez de utilizar
a dispensa do art. 24, X, da Lei 8.666/1993. Tal dispositivo não pode ser invocado para afastar a licitação na
hipótese discutida, já que não há no processo comprovação das necessidades de instalação e localização que
pudessem condicionar a escolha de um imóvel específico. E mesmo que houvesse justificativa quanto à
localização, ainda se haveria de provar que o preço era compatível com o valor de mercado, segundo avaliação
previa, o que, no caso, aparentaria ser inviável, haja vista as inúmeras intervenções e modificações reclamadas
para conformar o imóvel às descrições feitas e dotá-lo dos equipamentos exigidos. Careceria de pesquisas de
preços de mercado. Registrou ainda a unidade instrutiva a ocorrência de pré-empenho com mais de um mês de
antecedência da abertura das propostas e o fato de o procedimento contar com a intermediação de imobiliária que
intermediara outras duas outras vendas de imóveis do Crea/SP, cujo sócio majoritário também é sócio da
consultoria imobiliária que intermediou uma quarta compra de imóvel pelo Conselho. Dez empresas retiraram o
edital, mas apenas uma participou do certame, e ainda assim com dificuldades de cumprir as exigências. Todos
esses fatores foram considerados no exame técnico como indicativos de direcionamento, não havendo sido
justificados pelo Presidente, autorizador e homologador da licitação, nem pelo Consultor Jurídico, que emitira
parecer favorável à contratação. Em juízo de mérito, o Relator acolheu as conclusões da unidade instrutiva, que
igualmente foram recepcionadas pelo Tribunal, o qual deliberou por aplicar multas individuais ao Presidente e
ao Consultor Jurídico do Crea/SP. Acórdão 1656/2015-Plenário, TC 035.902/2011-6, relator Ministro Marcos
Bemquerer, 8.7.2015.
2. O critério de julgamento de menor preço por lote somente deve ser adotado quando for demonstrada
inviabilidade de se promover a adjudicação por item e evidenciadas razões que demonstrem ser aquele o
critério que conduzirá a contratações economicamente mais vantajosas.
Representação formulada por licitante a respeito de possíveis irregularidades cometidas pelo Comando da 8ª
Região Militar na condução de pregão eletrônico destinado a registro de preços para contratação de solução de
infraestrutura de servidores de rede, contemplando o fornecimento de gabinetes (chassis), de servidores de rede
em lâminas (blade) e de softwares de virtualização. Foram apresentadas pela representante cinco alegações de
irregularidades que, após análise de oitivas pela unidade técnica, mostraram-se inexistentes ou sem suporte
documental para fundamentá-las. No entanto, do exame da ata do pregão questionado, a unidade instrutiva
constatou que a licitante vencedora, embora tenha oferecido o melhor preço global, ofertou preço unitário mais
vantajoso em somente 11 (34,35%) dos 32 itens da licitação: nove dos dezessete itens do Lote 1 (revogado pelo
órgão licitante antes mesmo do atendimento das oitivas) e dois dos quinze itens que compunham o Lote 2. Tal
fato, consignou a unidade técnica, contraria a jurisprudência do TCU, a qual considera que a adjudicação por
lote é, em regra, incompatível com a aquisição futura por itens, tendo em vista que alguns itens podem ser
ofertados pelo vencedor do lote a preços superiores aos propostos por outros competidores (Acórdão 2695/2013-
Plenário) e que nas licitações por lote para registro de preços, mediante adjudicação por menor preço global
do lote, deve-se vedar a possibilidade de aquisição individual de itens registrados para os quais a licitante
vencedora não apresentou o menor preço (Acórdão 343/2014-Plenário). Por se tratar de registro de preços, a
unidade técnica propôs restringir adesões à ata de registro de preços do Comando da 8ª Região Militar, uma vez
que a permissão integral pode levar a que outros órgãos da administração equivocadamente adquiram produtos
para os quais a detentora da ata não ofertou preço mais vantajoso na fase de lances. No mérito, o Relator anuiu
às conclusões da unidade instrutiva e colacionou julgado no sentido de se adotar preferencialmente o critério de
adjudicação por item, admitindo-se o julgamento de menor preço por lote aos casos de comprovada inviabilidade
do primeiro e evidenciada vantagem econômica, haja vista que na licitação por menor preço global do lote, a
vantajosidade para a Administração somente se concretiza na medida em que for adquirido do licitante o lote
integral dos itens, pois o preço é resultante da multiplicação de preços dos bens licitados pelas quantidades
estimadas, configurando dano ao erário a compra de itens cujos preços registrados não sejam os menores
ofertados na disputa (Acórdão 4.205/2014 - 1ª Câmara). Destacou, também, precedente do TCU com
determinação ao Comando da 9ª Região Militar para que se abstenha, em licitação para registro de preços, de
adotar como critério de adjudicação o de menor preço global por grupo/lote, concomitantemente com disputa
por itens, sem demonstração da vantagem econômica dessa modelagem de certame (Acórdão 2.977/2012 –
Plenário). O Tribunal, seguindo o voto do relator, decidiu determinar ao Comando da 8ª Região Militar que não
adquira, individualmente, os itens do Lote 2 não adjudicados pelo melhor lance e se abstenha de autorizar adesão
a quaisquer dos referidos itens, dando ciência ao referido Comando de que o critério de julgamento de menor
preço por lote, como o verificado no Pregão Eletrônico 28/2014, somente deve ser adotado quando for
demonstrada inviabilidade de promover a adjudicação por item e evidenciadas fortes razões que demonstrem
ser esse o critério que conduzirá a contratações economicamente mais vantajosas. Acórdão 1680/2015-
Plenário, TC 030.513/2014-6, relator Ministro Marcos Bemquerer Costa, 8.7.2015.
2
1ª CÂMARA
3. Nos estudos técnicos preliminares de contratação de mão de obra terceirizada, a ausência de indicação,
de forma clara e precisa, do sindicato, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa que rege
a categoria profissional que executará o serviço, com base na Classificação Brasileira de Ocupações - CBO,
afronta o art. 6º, inciso IX, alínea 'a', da Lei 8.666/93.
Representação de licitante a respeito de possíveis irregularidades ocorridas na condução de pregão eletrônico
pela Prefeitura Universitária da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), para contratação de serviços de
manutenção e conservação da estrutura física dos campi I, II, III e IV, com fornecimento de mão de obra,
utensílios e equipamentos necessários. Alegou a representante, entre outras supostas desconformidades, a
desclassificação indevida de licitantes com propostas mais vantajosas e a aceitação de proposta em desacordo
com item do edital. Segundo a representante, teria sido indicada, para elaboração da planilha de custo e formação
de preços de encargos sociais e trabalhistas, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) do Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil. A empresa declarada vencedora, contudo, teria utilizado a
CCT do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Prestadoras de Serviços Gerais da Paraíba (Sinteg/PB),
beneficiando-se em detrimento das demais. Os pontos foram objetos de audiência e análise pela unidade técnica,
que concluiu pela rejeição das razões de justificativa apresentadas pelo pregoeiro, com proposta de aplicação de
multa. Entendeu a unidade instrutiva ter agido o pregoeiro com formalismo exacerbado e em ofensa aos
princípios da razoabilidade e da economicidade (ante um prejuízo potencial de R$ 197.133,48/ano), pois
proposta mais vantajosa e exequível foi desclassificada por um suposto erro que, além de poder ser
caracterizado como formal, não prejudicaria a análise do preço global de acordo com as normas pertinentes.
Destacou a unidade técnica falhas no edital do pregão e no respectivo termo de referência. Por exemplo, da leitura
da Nota explicativa constante do edital não fica claro em qual CCT os licitantes deveriam se basear para
apresentar suas propostas; o item 6.7 do edital determina que o participante teria que seguir os sindicatos,
acordos coletivos, convenções coletivas ou sentenças normativas que regem as categorias profissionais que
executarão o serviço e as respectivas datas bases e vigências, com base na Classificação Brasileira de
Ocupações – CBO, no entanto, o Termo de Referência do pregão em apreço não fez conexão entre a categoria
profissional a ser terceirizada e a CBO, assim como não trouxe de forma clara e precisa a memória de cálculo
do custo de cada categoria profissional, o que impossibilitaria a avaliação dos custos da contratação, na forma
do art. 6º, IX, da Lei 8.666/1993. Essas falhas contribuem para problemas como o verificado no caso em exame,
de apresentação de propostas com valores mais vantajosos que os oferecidos pela empresa declarada vencedora.
Por fim, ante o fato de se tratar de pregão que deu origem a ata de registro de preços, ponderou a unidade técnica
sobre a importância se impedir a prorrogação ou mesmo a adesão por outros órgãos e entidades à referida ata, de
modo a estancar prejuízos decorrentes dessa contratação, que poderiam chegar a quase R$ 1 milhão se o contrato
fosse prorrogado até o máximo permitido. O relator, em seu voto, anuiu às conclusões manifestas pela unidade
técnica, divergindo apenas quanto à aplicação de multa ao pregoeiro. Entendeu que o pregoeiro, apesar de ter
atuado com formalismo exagerado, em princípio baseou-se em edital e termo de referência falhos e
inconsistentes. Observou, ainda, que, embora sua atuação rígida tenha comprometido a economicidade e a
escolha da proposta mais vantajosa para a administração, com possível prejuízo para a contratação, houve
competitividade de lances em todos os itens, conforme se observa da ata do pregão, e não há indícios de que a
desclassificação das propostas de menor valor tenha tido como intuito direcionar a contratação para outra
licitante. O Tribunal, seguindo o voto do relator, decidiu determinar à Prefeitura da UFPB que se abstenha de
prorrogar o Contrato vigente e de autorizar a utilização por órgãos da administração pública da Ata de Registro
de Preço oriunda do pregão eletrônico questionado, e dar ciência à UFPB acerca da irregularidade constatada no
certame, relativamente à ausência, nos estudos técnicos preliminares de contratação de mão de obra
terceirizada, da indicação de forma clara e precisa do sindicato, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença
normativa que rege a categoria profissional que executará o serviço, com base na Classificação Brasileira de
Ocupações - CBO, em afronta ao art. 6º, inciso IX, alínea "a", da Lei 8.666/1993. Acórdão 3982/2015-1ª
Câmara, TC 027.026/2014-0, relator Ministro Bruno Dantas, 7.7.2015.
3
Número 251
Sessões: 14 e 15 de julho de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitações e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. O sistema de registro de preços não é aplicável nas situações em que o objeto não é padronizável, tais como
os serviços de promoção de eventos, em que os custos das empresas são díspares e impactados por vários
fatores, a exemplo da propriedade dos bens ou da sua locação junto terceiros; de sazonalidades (ocorrência de
feiras, festas, shows e outros eventos nos mesmos dia e localidade); do local e do dia de realização do evento;
e do prazo de antecedência disponível para realização do evento e reserva dos espaços.
2. É irregular a adoção de forma de remuneração do contratado mediante percentual incidente (taxa de
administração) sobre o custo efetivo dos serviços prestados, prática que caracteriza a administração contratada,
regime de contratação vetado quando da sanção do projeto que originou a Lei 8.666/93, assim como na sanção
da Lei 8.883/94.
Primeira Câmara
3. Incorre na prática de ato antieconômico o responsável que estabelece exigência impertinente ou irrelevante ao
objeto da contratação e, posteriormente, aceita receber produto de qualidade inferior, em desconformidade com
as especificações do edital de licitação.
PLENÁRIO
1. O sistema de registro de preços não é aplicável nas situações em que o objeto não é padronizável, tais
como os serviços de promoção de eventos, em que os custos das empresas são díspares e impactados por
vários fatores, a exemplo da propriedade dos bens ou da sua locação junto terceiros; de sazonalidades
(ocorrência de feiras, festas, shows e outros eventos nos mesmos dia e localidade); do local e do dia de
realização do evento; e do prazo de antecedência disponível para realização do evento e reserva dos
espaços.
Representação formulada por sociedade empresária questionara possíveis irregularidades praticadas em pregão
eletrônico para registro de preços promovido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG),
destinado à contratação de serviços de planejamento, organização e coordenação de eventos. Presentes indícios
de irregularidades graves no certame, o relator determinou a suspensão cautelar da licitação e a oitiva do órgão.
Ao examinar as justificativas do Ministério e discorrer sobre as irregularidades encontradas, especialmente a
relativa ao fato de o critério de julgamento ter sido por preço global e haver a possibilidade de contratação por
itens, o que poderia ensejar pagamento de serviços por valores acima dos de mercado, o relator questionou “a
própria adequação do uso do SRP em contratações de empresas promotoras de eventos, pois o parcelamento
da licitação em itens é claramente inviável, haja vista que poderia implicar na contratação de dezenas de
fornecedores/prestadores de serviço para a realização de um único evento. Por outro lado, a adjudicação por
preço global não garante a escolha da proposta mais vantajosa, que somente seria alcançada se o grupo de
itens licitados fosse integralmente adquirido ou, ao menos, mantida a proporção entre os quantitativos de
todos itens unitários em relação aos quantitativos totais previstos no grupo de itens”. Apesar de considerar as
grandes vantagens do sistema de registro de preços, consignou o relator que o SRP “não pode ser
indistintamente considerado um remédio para todos os males, pois alguns tipos de objeto, por suas
singularidades e características não podem ser contratados mediante registro de preços. Sempre que não
houver demanda de itens isolados, pelo fato de os serviços não poderem ser dissociados uns dos outros, não
havendo, assim, a divisibilidade do objeto, considero não haver atendimento aos requisitos previstos no art.
3º do Decreto 7.892/13, que regulamenta o sistema de registro de preços. É o caso da contratação de obras
(...) ou da própria prestação de serviços de eventos, que ora se discute, em que o parcelamento do objeto em
itens de serviço é inviável, por resultar na contratação de dezenas de fornecedores/prestadores de serviço
para a realização de um único evento”. Arrematou, ainda: “É digno de nota também que há completa ausência
de padronização nos preços de serviços de hospedagem, que podem variar em função de diversos fatores, tais
como local de hospedagem, época do ano, prazo de antecedência das reservas etc., tornando impraticável o
SRP para a contratação desse tipo de objeto”. Considerando essa e as demais irregularidades verificadas nos
autos, o Plenário acolheu a proposta da relatoria para considerar procedente a Representação, assinando prazo
para que o MPOG promova a anulação do certame e expedindo determinações e recomendações destinadas
regulamentar a modelagem de licitação a ser implementada para contratação de empresa especializada na
prestação de serviços de realização de eventos, dentre as quais a determinação do item 9.3.2 do acórdão: “observe
que o sistema de registro de preços não é adequado nas situações em que o objeto não é padronizável, tais
como os serviços de promoção de eventos, em que os custos das empresas são díspares e impactados por
vários fatores, a exemplo da propriedade dos bens ou da sua locação junto terceiros; de sazonalidades
(ocorrência de feiras, festas, shows e outros eventos no mesmo dia e localidade); do local e do dia de
realização do evento; e do prazo de antecedência disponível para realização do evento e reserva dos
espaços/apartamentos”. Acórdão 1712/2015-Plenário, TC 004.937.2015-5, relator Ministro Benjamin
Zymler, 15.7.2015.
PRIMEIRA CÂMARA
2
que o vídeo produzido fora entregue em formato Full HD, de qualidade inferior ao especificado no edital (Ultra
HD 4k). Realizada inspeção na entidade, constatou-se “a ausência de justificativas para a própria exigência, em
edital, do padrão Ultra HD 4K na produção do vídeo institucional. Ademais, o produto realmente entregue pela
contratada referiu-se a vídeo em formato Full HD, o qual foi considerado satisfatório para atender às
necessidades da entidade”. Realizadas as audiências dos responsáveis, anotou o relator que “a exigência do
padrão 4K mostrou-se impertinente, haja vista que no formato Full HD também atenderia ao fim proposto, tanto
assim que aceito pelas responsáveis”. Ademais, destacou, “a entidade sequer possuía equipamento de
reprodução de vídeo que suportasse o padrão Ultra HD 4K”. Além de impertinente, prosseguiu o relator, “o
padrão exigido em edital certamente restringiu indevidamente a participação de mais empresas no certame, e
induziu as participantes, especialmente aquelas cujos preços foram bastante elevados se comparados à licitante
vencedora, a formularem seus preços tendo por base um custo mais elevado para esse padrão”. Nesse sentido,
registrou concordância com a seguinte observação da unidade técnica especializada: “Ao estabelecer exigência
impertinente ou irrelevante ao objeto da contratação e, posteriormente, aceitar receber produto de qualidade
inferior ao que deveria ser entregue, em não conformidade com as especificações do Edital, a responsável
incorreu na prática de ato antieconômico, sujeitando-se, portanto, à apenação pelo TCU”. Nesse sentido,
acompanhando o relator, o Plenário considerou procedente a Representação, sancionando as responsáveis com a
multa capitulada no art. 58, incisos II e III, da Lei 8.443/92, e determinando ao Sest que promova, no prazo de
sessenta dias, “as medidas administrativas necessárias para quantificação e ressarcimento do dano aos cofres
da entidade, decorrente de, no Edital do Pregão Eletrônico 1/2014, haver sido inserida especificação exagerada
e desnecessária de formato de produção do vídeo mais oneroso do que veio a ser, de fato, entregue e aceito,
informando a este Tribunal sobre as providências adotadas ao final do referido prazo, sob pena de instauração
da devida tomada de contas especial”. Acórdão 4063/2015-1ª Câmara, TC 011.790/2014-8, relator Ministro-
Substituto Augusto Sherman Cavalcante, 14.7.2015.
3
Número 252
Sessões: 21 e 22 de julho de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. A deficiência ou o erro na publicidade das licitações somente podem ser considerados falha formal quando
não comprometem o caráter competitivo do certame.
2. É irregular a inabilitação de licitante em razão de ausência de informação exigida pelo edital, quando a
documentação entregue contiver de maneira implícita o elemento supostamente faltante e a Administração não
realizar a diligência prevista no art. 43, § 3º, da Lei 8.666/93, por representar formalismo exagerado, com
prejuízo à competitividade do certame.
3. A exigência de declaração do fabricante, carta de solidariedade ou credenciamento, como condição para
habilitação de licitante, por configurar restrição à competitividade, somente é admitida em casos excepcionais,
quando for necessária à execução do objeto contratual, situação que deverá ser adequadamente justificada de
forma expressa e pública.
PLENÁRIO
1. A deficiência ou o erro na publicidade das licitações somente podem ser considerados falha formal
quando não comprometem o caráter competitivo do certame.
Tomada de Contas Especial decorrente de Solicitação do Congresso Nacional apurara irregularidades ocorridas
em contratos de repasse envolvendo recursos do Programa de Urbanização, Regularização e Integração de
Assentamentos Precários, que tiveram como objetivo a construção habitacional, a regularização fundiária e a
implantação de esgotamento sanitário no Município de Caxias/MA. Além das irregularidades que resultaram
em débito, a unidade técnica constatara ocorrências que, apesar de não terem causado dano ao erário,
motivaram a audiência dos responsáveis, dentre elas, a restrição ao caráter competitivo da licitação, tendo em
vista a ausência de publicidade de dois certames (concorrência e tomada de preços) em jornal de grande
circulação, com violação do disposto no art. 21, inciso III, da Lei 8.666/93, resultando na participação de
apenas uma empresa na concorrência e duas empresas na tomada de preços. Em suas justificativas, os
responsáveis alegaram “tratar-se de falha meramente formal”, e que “os procedimentos licitatórios ocorreram
de forma regular e transparente, em atendimento aos dispositivos legais pertinentes, sem fraude ou qualquer
outra prática ilícita que possa maculá-los”. Ao analisar a matéria, o relator registrou que a falha não poderia
ser relevada, uma vez que não haveria como dissociar a ausência de ampla divulgação do fato de poucas
empresas terem acorrido aos certames, “que, aliás, eram de grande vulto e tinham por objeto serviços comuns”.
Enfatizou também que, “por se tratar de objetos inseridos em mercado altamente concorrencial, era de se
esperar que houvesse interesse de número elevado de empresas capazes de participar dessas licitações”. Por
fim, destacou o relator que o Tribunal, “ao examinar ocorrências semelhantes, considera como falha formal
deficiências na publicidade das licitações quando estas não comprometem o caráter competitivo do certame,
o que não se observa na hipótese sob exame”. O Tribunal, alinhado ao voto da relatoria, e considerando o
conjunto de irregularidades apuradas, julgou irregulares as contas dos responsáveis, condenando-os em débito
e aplicando-lhes as multas previstas nos arts. 57 e 58 da Lei 8.443/92. Acórdão 1778/2015-Plenário, TC
009.212/2011-6, relator Ministro Benjamin Zymler, 22.7.2015.
2. É irregular a inabilitação de licitante em razão de ausência de informação exigida pelo edital, quando
a documentação entregue contiver de maneira implícita o elemento supostamente faltante e a
Administração não realizar a diligência prevista no art. 43, § 3º, da Lei 8.666/93, por representar
formalismo exagerado, com prejuízo à competitividade do certame.
Representação de licitante (escritório de advocacia) apontara suposta irregularidade em concorrência
promovida pela Celg Distribuição S.A. para contratação de serviços advocatícios. Alegara o escritório
representante que teria sido indevidamente inabilitado no certame em função de eventual insuficiência de sua
infraestrutura física, mesmo após ter comprovado, em sede de recurso administrativo, possuir a infraestrutura
mínima exigida no edital. Em sede de oitiva, a Celg informou que o licitante não atendera ao edital, uma vez
que “fez juntar ‘Declaração de Disponibilidade Técnica’ (...) de forma genérica, deixando de mencionar a
existência de linhas telefônicas”. Complementou que “tal ocorrência denota falta de atenção, sem contar
ainda o fato de os demais licitantes terem atendido tal item, conforme a regra do edital”. Ao rejeitar as
justificativas da Celg, o relator destacou que “a ‘Declaração de Disponibilidade Técnica’ apresentada pelo
licitante, conquanto não tenha declarado explicitamente possuir uma linha telefônica, continha, em seu
rodapé, o endereço completo e o número de telefone de sua sede, suprindo, de forma indireta, a exigência”.
Acrescentou o relator que, “se mesmo assim, ainda pairassem dúvidas sobre o fato, a CELG poderia ter
requerido esclarecimentos complementares, como previsto no art. 43 da Lei 8.666/1993”. Nesse sentido,
concluiu que “a decisão de excluir o representante pela ausência de informação que constava implicitamente
em sua documentação revela-se como formalismo exagerado por parte dos responsáveis pela análise do
certame, com prejuízo à sua competitividade”. O Tribunal, alinhado ao voto da relatoria, considerou
procedente a Representação, fixando prazo para que a Celg adotasse “as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, no sentido de desconstituir o ato de inabilitação do escritório”. Acórdão 1795/2015-
Plenário, TC 010.975/2015-2, relator Ministro José Múcio Monteiro, 22.7.2015.
2
Número 253
Sessões: 28 e 29 de julho de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. A opção pelo regime de contratação integrada exige, nos termos do art. 9º da Lei 12.462/11 (Regime
Diferenciado de Contratações), que haja justificativa sob os prismas econômico e técnico. No econômico, a
Administração deve demonstrar em termos monetários que os gastos totais a serem realizados com a
implantação do empreendimento serão inferiores se comparados aos obtidos com os demais regimes de
execução. No técnico, deve demonstrar que as características do objeto permitem que ocorra real competição
entre as contratadas para a concepção de metodologias/tecnologias distintas, que levem a soluções capazes de
serem aproveitadas vantajosamente pelo Poder Público.
2. Os orçamentos estimativos das contratações da Petrobras são de natureza pública. Não são dados
imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado, nem constituem segredo comercial da companhia,
estando, assim, fora do alcance dos arts. 155, § 1º, da Lei 6.404/76, 1.190 e 1.191 do Código Civil.
3. O § 4º do art. 42 da Lei 8.666/93 poderá ter sua aplicação afastada, nas concorrências de âmbito internacional
realizadas com recursos provenientes de agências oficiais de cooperação estrangeira ou de organismos
financeiros multilaterais de que o Brasil seja parte, quando incompatível com as regras estabelecidas por essas
entidades, exceto se tais regras implicarem inobservância de princípios da Constituição Federal brasileira
relativos a licitações públicas.
Segunda Câmara
4. É vedado às Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), nessa condição, participar de
processos licitatórios promovidos pela Administração Pública Federal. A partir da edição do Decreto 7.568/11,
tornou-se obrigatória a seleção de Oscips por meio de publicação de edital de concursos de projetos.
PLENÁRIO
1. A opção pelo regime de contratação integrada exige, nos termos do art. 9º da Lei 12.462/11 (Regime
Diferenciado de Contratações), que haja justificativa sob os prismas econômico e técnico. No econômico,
a Administração deve demonstrar em termos monetários que os gastos totais a serem realizados com a
implantação do empreendimento serão inferiores se comparados aos obtidos com os demais regimes de
execução. No técnico, deve demonstrar que as características do objeto permitem que ocorra real
competição entre as contratadas para a concepção de metodologias/tecnologias distintas, que levem a
soluções capazes de serem aproveitadas vantajosamente pelo Poder Público.
Mediante monitoramento, o Tribunal examinou o cumprimento das determinações expedidas pelo Acórdão
2547/2014-Plenário para correção de irregularidades verificadas no edital de concorrência RDC presencial,
com regime de execução por contratação integrada e critério de julgamento do tipo menor preço, promovida
pela Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional (SIH/MI), para a execução das
obras de implantação do Ramal do Agreste Pernambucano, integrante do Projeto de Integração do Rio São
Francisco (Pisf). Dentre as irregularidades apontadas, destacara-se a “adoção de regime de execução
contratual inadequado ou antieconômico”, a qual motivara determinação à SIH/MI para que realizasse “estudo
conclusivo acerca do regime de execução mais apropriado para o caso concreto, em especial justificando a
vantajosidade econômica que a contratação integrada teria, em virtude do incremento de R$ 123 milhões
relativos à taxa de risco”. A SIH/MI justificou a sua escolha com base em comparação entre o regime de
empreitada por preço unitário e o regime de contratação integrada, destacando, dentre outros aspectos, que a
contratação integrada seria mais vantajosa “em virtude de o adicional de risco adotado (...) ser inferior ao
percentual esperado de alterações contratuais, caso fosse adotada a empreitada por preço unitário”.
Ressaltou ainda a “economia em função da menor possibilidade de aditivos”, em relação aos contratos do Pisf
celebrados por preço unitário. Ao analisar o ponto, o relator considerou as justificativas apresentadas
insatisfatórias quanto ao aspecto econômico, resgatando as suas considerações realizadas na análise preliminar
dos autos: “O artigo 8º da Lei 12.462/2011 estabelece os possíveis regimes de execução para obras e serviços
de engenharia e, conforme §1º, elenca três regimes preferenciais: empreitada por preço global, empreitada
integral e contratação integrada. Além disso, o caput do artigo 9º, em que pese confirmar a possibilidade da
adoção da contratação integrada para obras de engenharia, condiciona tal opção à existência de justificativa
técnica e econômica”. No caso concreto, “observo que o Ministério da Integração Nacional não demonstrou
a vantagem econômica que a escolha do regime de execução contratação integrada traz ao certame, em
especial em relação ao regime de execução empreitada integral, também considerado regime preferencial
pela Lei do RDC ”. Além disso, continuou, “a mera comparação direta de possíveis aditivos contratuais da
ordem de 25% com a taxa de risco de 10,98% não deve prosperar, em especial por partir de pressuposto de
que o projeto executivo aprovado seria deficiente, bem como em virtude da possibilidade da deficiência dos
projetos ser em desfavor da administração pública, onerando excessivamente a contratação”. Explicou o
relator que “a motivação do uso da contratação integrada sob um prisma econômico, conforme estatuído pelo
caput do art. 9º do RDC, deve preferencialmente demonstrar em termos monetários que os dispêndios totais
realizados com a implantação do empreendimento sejam inferiores aos obtidos caso fossem utilizados os
demais regimes de execução, não podendo a fundamentação apresentada se limitar a argumentos genéricos
e subjetivos”. Destacou, ainda, que “também deve haver justificativa de cunho técnico para a utilização da
contratação integrada, dada a redação do art. 9º, caput, da Lei 12.462/2011”. Sobre a questão, relembrou o
Acórdão 1510/2013-Plenário, segundo o qual “as características do objeto devem permitir que haja a real
competição entre as contratadas para a concepção de metodologias/tecnologias distintas, que levem a
soluções capazes de serem aproveitadas vantajosamente pelo Poder Público (...). Os ganhos advindos da
utilização da contratação integrada devem compensar esse maior direcionamento de riscos aos particulares.
Essa demonstração é o cerne para a motivação da vantagem para utilizar o novo regime”. Nesse sentido,
quanto à motivação de ordem técnica, explicou o relator que “a contratação integrada teria como objetivo
possibilitar ao contratado a incorporação de novas soluções e metodologias construtivas. Seria uma
verdadeira licitação do tipo ‘melhor engenharia’, em que a empresa licitante com soluções técnicas mais
adequadas e metodologias inovadoras estaria apta a ofertar as propostas com condições mais vantajosas
para a Administração. As empresas competiriam tanto em termos de custos e margens de lucro utilizados em
suas propostas quanto em termos de eficiência e tecnologia aplicada à execução do objeto”. Nesse aspecto, o
relator concordou, alinhado à unidade instrutiva, que “tal condição se aplicaria ao Ramal do Agreste, tendo
em vista a existência de estruturas complexas como túneis, barragens e aquedutos”. Em síntese, concluiu o
relator que “o órgão contratante usufruiria dos benefícios decorrentes de adoção de metodologias
diferenciadas e/ou soluções técnicas alternativas com a adoção do regime da contratação integrada,
notadamente em objetos de complexidade singular (...). Por outro lado, deverão ser utilizados os demais
regimes de execução contratual nos objetos mais simples, que admitam soluções semelhantes, ou em que as
diferenças metodológicas sejam mínimas ou pouco relevantes para o contratante”. A despeito da deficiência
na motivação apresentada para a escolha da contratação integrada, o relator ponderou a importância do
empreendimento e a conclusão da licitação para considerar atendidas as determinações contidas no acórdão
monitorado, tendo o colegiado acolhido a proposta. Acórdão 1850/2015-Plenário, TC 011.588/2014-4, relator
Ministro Benjamin Zymler, 29.7.2015.
2. Os orçamentos estimativos das contratações da Petrobras são de natureza pública. Não são dados
imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado, nem constituem segredo comercial da companhia,
estando, assim, fora do alcance dos arts. 155, § 1º, da Lei 6.404/76, 1.190 e 1.191 do Código Civil.
Em processo constituído a partir de Relatório de Auditoria nas obras de construção da Refinaria Abreu e Lima
em Recife/PE, sob responsabilidade da Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), o Tribunal apreciou petição
protocolada pela Petrobras, em que esta solicita a reforma do Acórdão 1.319/2011-Plenário, modificado pelo
Acórdão 1.784/2011-Plenário, que deferiu aos consórcios contratados a concessão de cópias e/ou vistas de
peças do processo original, que continham informações classificadas como sigilosas pela estatal, a fim de
subsidiar suas defesas nos autos. Especificamente, a Petrobras se insurgiu contra a disponibilização das
planilhas elaboradas pela unidade técnica do TCU para a apuração de sobrepreço nos contratos celebrados com
os consórcios. Em defesa da modificação da deliberação mencionada, a Petrobras alegou, dentre outros
argumentos que: “a) a planilha contém dados sigilosos ‘de modo que sua publicidade só pode ser concedida
2
caso autorizada pela autoridade competente’; b) o art. 155, § 1º, da Lei 6.404/1976 e o art. 86, inciso IV, da
Lei 8.443/1992 impõem o dever de sigilo ao Tribunal”. Ao analisar o caso, o relator registrou que “a
classificação de uma informação quanto à confidencialidade deve levar em conta a Constituição, as leis e os
princípios jurídicos que regem a Administração Pública. Nesse sentido, não pode o administrador atribuir
livremente a pecha de sigilosa a uma informação sem respeitar as disposições normativas pertinentes, pois se
assim o fizer estará agindo em abuso de direito”. Ao traçar o panorama normativo sobre a matéria, o relator
destacou os itens 1.8.1 e 5.2 do Decreto 2.745/98, que regulamenta as licitações da Petrobras: “1.8.1 A licitação
não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis a todos os interessados os atos de seu procedimento. 5.2 O
pedido de licitação deverá conter, dentre outros, os seguintes elementos: I – No caso de obra ou serviço: a)
descrição das características básicas e das especificações dos trabalhos a serem contratados”. Nesse
contexto, concluiu que “as informações do orçamento, por absoluta imposição normativa, são de natureza
pública e não se enquadram em nenhuma hipótese de sigilo especificada nas normas de regência. Além de
não serem dados imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado, não constituem segredo comercial
da companhia, estando, portanto, fora do alcance dos arts. 155, § 1º, da Lei nº 6.404/1976, e 1.190 e 1.191
do Código Civil”. Acrescentou ainda o relator que “não se trata de conflito de princípios constitucionais a ser
resolvido por meio da técnica da harmonização e da concordância prática. Ainda que a validade jurídica do
Decreto 2.745/1998 possa ser questionada, principalmente por questões formais, o fato é que o Presidente da
República, ao regulamentar a matéria, deu conteúdo aos princípios da publicidade e da proteção do segredo
comercial, excluindo da esfera deste último as informações relativas aos orçamentos das licitações da
Petrobras”. Diante do exposto, o relator considerou incorreto o procedimento da Petrobras, “que
indevidamente qualificou como sigilosas as suas estimativas de custo, mesmo havendo norma expressa
dispondo de forma contrária”, ressaltando ainda que “as informações extraídas do orçamento estimativo da
Petrobras serviram de base para o cálculo do sobrepreço e, portanto, devem ser franqueados aos
responsáveis, sob pena de se restringir, ilegitimamente, o direito de defesa”. O Tribunal, pelos motivos
expostos pelo relator, rejeitou o pedido formulado pela estatal, mantendo inalterado o acórdão questionado, e
reabriu prazo para que os consórcios exerçam seu direito de defesa, nos termos deferidos na deliberação.
Acórdão 1854/2015-Plenário, TC 046.098/2012-7, relator Ministro Benjamin Zymler, 29.7.2015.
3. O § 4º do art. 42 da Lei 8.666/93 poderá ter sua aplicação afastada, nas concorrências de âmbito
internacional realizadas com recursos provenientes de agências oficiais de cooperação estrangeira ou de
organismos financeiros multilaterais de que o Brasil seja parte, quando incompatível com as regras
estabelecidas por essas entidades, exceto se tais regras implicarem inobservância de princípios da
Constituição Federal brasileira relativos a licitações públicas.
Consulta formulada pelo então Ministro de Estado da Fazenda questionara sobre os critérios de avaliação de
propostas aplicáveis a licitações públicas brasileiras financiadas com recursos do Banco Internacional para
Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), considerando a correta aplicação dos parágrafos 4º e 5º do art. 42 da
Lei 8.666/93. Em síntese, o consulente solicitara esclarecimentos sobre qual interpretação deve sobressair, “se
aquela em que prevalecem as prescrições da entidade financiadora ou as da Lei de Licitações”. Em juízo de
mérito, o relator registrou que a jurisprudência dominante do Tribunal é no sentido de que as regras licitatórias
da entidade financiadora devem prevalecer, “desde que sejam observados o princípio do julgamento objetivo
e os demais princípios de ordem Constitucional aplicáveis aos certames”. Sobre o caso em exame, esclareceu
que “a incompatibilidade entre as referidas normas se estabelece na medida em que o § 4º do art. 42 da Lei
de Licitações determina que propostas apresentadas por licitantes estrangeiros devem ser acrescidas dos
gravames consequentes dos mesmos tributos que oneram exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à
operação final de venda. Por outro lado, o subitem 2.21 das Diretrizes de Aquisições do BIRD dispõe regras
próprias para apresentação dos preços para fins de comparação de propostas”. Explicou o relator que, de
acordo com as regras do organismo internacional, para os bens a serem ou que já tiverem sido importados, os
licitantes devem cotar seus preços tomando como base o “local de destino” (CIP). “O preço CIP corresponde
ao preço no local do destino, acrescido dos custos do transporte e do seguro, porém não inclui tributos de
importação ou tarifas aduaneiras”. No caso de bens manufaturados ou montados no país do mutuário, as
propostas devem ser comparadas com base no "custo de fábrica" ou "preço de fábrica" (EXW). “Esse valor
engloba todos os tributos que incidiram na produção ou na montagem do equipamento, assim como o seguro
e o transporte terrestre para levar os bens a seu destino final”, e não inclui os tributos que incidem sobre a
operação final de venda (IPI, ICMS e outros). Diante do exposto, o relator concluiu que as normas do Bird
“não implicam ofensa ao princípio da isonomia, considerando que, de fato, não há vantagem dos bens
importados sobre aqueles fabricados no Brasil que justifique o acréscimo requerido pelo § 4º do art. 42 da
Lei 8.666/1993. Isso porque, se os produtos estrangeiros não são onerados dos gravames consequentes dos
tributos e taxas de importação, os brasileiros, por sua vez, não sofrem incidência de ICMS e IPI, para fins de
3
comparação de propostas. Um ajuste nos moldes daquele dispositivo acabaria por desequilibrar esse cotejo
entre os preços dos bens nacionais e importados”. Assim, concluiu o relator que “o § 4º do referido artigo
poderá ter sua aplicação afastada, vez que resta configurada sua incompatibilidade com o item 2.21 das
Diretrizes de Aquisições do Grupo Banco Mundial, e que este não viola o princípio do julgamento objetivo e
os demais princípios constitucionais aplicáveis às licitações”. Acolhendo a proposta do relator, o Plenário
conheceu da Consulta para responder, no ponto, à autoridade consulente que “atendidos todos os pressupostos
previstos no art. 42, § 5º, da Lei 8.666/1993 para que possam ser admitidas as condições previstas pelas
entidades ali mencionadas quanto ao critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração
Pública Federal, o § 4º do art. 42 da mesma lei poderá ter sua aplicação afastada, caso seja incompatível
com as regras estabelecidas por essas entidades, exceto se tais regras implicarem em inobservância de
princípios da Constituição Federal brasileira relativos a licitações públicas”. Acórdão 1866/2015-Plenário,
TC 028.518/2014-4, relator Ministro José Múcio Monteiro, 29.7.2015.
SEGUNDA CÂMARA
4. É vedado às Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), nessa condição, participar
de processos licitatórios promovidos pela Administração Pública Federal. A partir da edição do Decreto
7.568/11, tornou-se obrigatória a seleção de Oscips por meio de publicação de edital de concursos de
projetos.
Representação da Advocacia-Geral da União (AGU) apontara possíveis irregularidades ocorridas na Prefeitura
Municipal de Rio Branco do Sul (PR), relacionadas à contratação de empresas de transporte escolar e à
terceirização da saúde municipal, dentre elas, a utilização de modalidade incorreta de seleção de Oscip, por
meio de processos licitatórios nas modalidades de concorrência e tomadas de preços, em detrimento do
concurso de projetos. Em sua análise, a unidade técnica acolheu as justificativas dos responsáveis, tendo em
vista estudo promovido por grupo de trabalho constituído pelo TCU a respeito da matéria, o qual concluiu que
“não se pode ter como irregulares processos de seleção de Oscips para contratação com o Poder Público
mediante processos licitatórios regidos pela Lei 8.666/1993 e pela Lei 10.520/2002, antes da edição do
Decreto 7.568/2011”. Ao analisar o caso, a relatora esclareceu que “a Lei 9.790/1999 dispôs sobre a
qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público e instituiu o termo de parceria como o instrumento a ser utilizado na formação de
vínculo de cooperação entre o Poder Público e as referidas entidades, visando ao fomento e à execução das
atividades de interesse público previstas naquela norma. A forma de escolha dessas entidades, entretanto, foi
objeto de regulamentação no Decreto 3.100/1999, que fixou como possível a seleção de Oscips por meio de
publicação de edital de concursos de projetos. A utilização da citada modalidade apenas tornou-se
obrigatória com a edição do Decreto 7.568, em 16 de setembro de 2011”. Nesse sentido, endossando a análise
da unidade instrutiva, a relatora registrou que, no caso concreto, todos os processos concorrenciais sob exame
foram realizados em data anterior ao Decreto 7.568/11, motivo pelo qual a participação das Oscips nas
licitações, fundamentadas na Lei 8.666/93 ou na Lei 10.520/02, não poderia ser considerada irregular. Com
efeito, embora desejável desde sua instituição, apenas a partir do citado regulamento tornou-se obrigatória a
seleção de Oscip por meio de concursos de projetos. O Tribunal, alinhado ao voto da relatora, acolheu as
justificativas dos responsáveis, dando ciência ao Município que “é vedado às Organizações da Sociedade Civil
de Interesse Público - OSCIP, nessa condição, participar de processos licitatórios promovidos pela
Administração Pública Federal”. Acórdão 4652/2015-Segunda Câmara, TC 004.078/2012-8, relatora
Ministra Ana Arraes, 28.7.2015.
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Número 254
Sessões: 4 e 5 de agosto de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. A Administração Pública Federal não está obrigada a promover prévio procedimento licitatório destinado a
contratação de instituição financeira oficial para, em caráter exclusivo, prestar serviços de pagamento de
remuneração de servidores ativos, inativos e pensionistas e outros serviços similares, podendo optar por efetuar
a contratação direta com fundamento no art. 37, inciso XXI (primeira parte), da Constituição Federal, c/c o art.
24, inciso VIII, da Lei 8.666/93, hipótese em que deverá cumprir as exigências estabelecidas no art. 26 da Lei
8.666/93, apresentando os motivos da escolha do prestador de serviços e a justificativa do preço.
2 A delegação a terceiros da prestação de serviços, em caráter exclusivo, de pagamento de remuneração de
servidores ativos, inativos e pensionistas e outros serviços similares deve ser instrumentalizada por meio de
contrato administrativo, não se admitindo a utilização de convênios ou instrumentos similares, haja vista a
ausência, no objeto da relação jurídica, de interesses recíprocos e de regime de mútua cooperação.
3. Havendo interesse de a Administração Pública Federal promover prévio procedimento licitatório para
contratação de prestação de serviços, em caráter exclusivo, de pagamento de remuneração de servidores ativos,
inativos e pensionistas e outros serviços similares, com a previsão de contraprestação pecuniária por parte da
contratada, deverá a contratante, além de franquear acesso ao certame tanto às instituições financeiras públicas
como às privadas, adotar a modalidade pregão (Lei 10.520/2001), preferencialmente sob forma eletrônica,
tendo por base critério "maior preço", em homenagem ao princípio da eficiência e da seleção proposta mais
vantajosa para a Administração Pública.
4. A redução, durante a execução de obra rodoviária, da distância média de transporte de insumos (DMT),
obriga a adequação dos preços aos serviços efetivamente realizados, sob pena de caracterização de
superestimativa de quantidade, vício que não permite ponderação na análise do preço global do contrato.
PLENÁRIO
1. A Administração Pública Federal não está obrigada a promover prévio procedimento licitatório
destinado a contratação de instituição financeira oficial para, em caráter exclusivo, prestar serviços de
pagamento de remuneração de servidores ativos, inativos e pensionistas e outros serviços similares,
podendo optar por efetuar a contratação direta com fundamento no art. 37, inciso XXI (primeira parte),
da Constituição Federal, c/c o art. 24, inciso VIII, da Lei 8.666/93, hipótese em que deverá cumprir as
exigências estabelecidas no art. 26 da Lei 8.666/93, apresentando os motivos da escolha do prestador de
serviços e a justificativa do preço.
Consulta formulada pelo então Presidente da Câmara dos Deputados questionara a juridicidade da contratação
de instituição financeira oficial para a prestação, em caráter exclusivo, de serviços de gestão financeira da folha
de pagamento de servidores públicos ativos, inativos e pensionistas da Administração Pública Federal e de
outros pagamentos correlatos. Especificamente, o consulente perguntara se o gestor público estaria obrigado a
realizar licitação para a “concessão de exclusividade” às instituições financeiras oficiais para a prestação dos
serviços de pagamento de remuneração e similares; e, ainda, se seria viável a contratação direta de banco
oficial com amparo no art. 24, inciso VIII, da Lei 8.666/93. Em juízo de mérito, o relator inicialmente
apresentou uma análise da natureza jurídica da atividade em questão, destacando que a folha de pagamento
dos servidores públicos “constitui-se em subproduto da atividade de gestão da Administração Pública, cujo
valor pode ser aferível monetariamente e transformado em receita para a Administração”, situação similar às
folhas de pagamento de empresas privadas, “cujo montante é uma derivada da sua atividade econômica, sendo
livremente negociada pela empresa, normalmente em prol da rentabilidade de seus negócios, ou em benefício
dos titulares das contas creditadas”. Acrescentou o relator que a elaboração da folha de pagamento constitui
“mera ação administrativa, com caracteres nitidamente operacionais, secundários, não-finalísticos, com o
conteúdo de atividade meio do Estado, por não estar vinculada à prestação de serviço público ou ao interesse
primário da sociedade”. Nesse contexto, tal atividade, “que movimenta recursos vultosos, decorrentes da
prestação da atividade estatal por agentes públicos”, seria capaz de “agregar valor ao serviço e atrair o
interesse de instituições financeiras, com possibilidade de competição”, de forma similar às atividades
tipicamente terceirizáveis pela Administração (copeiragem, segurança e manutenção predial). Para o relator,
seria possível enquadrar o serviço em questão como atividade bancária ordinária, “com potencial de
aproveitamento econômico indireto, tanto para a Administração, quanto para a entidade bancária, ante a
possibilidade da ampliação da carteira de clientes da instituição contratada”. Nesse sentido, destacou o
“amplo leque de possíveis prestadores de serviço no segmento mercadológico”, concluindo que o contrato
administrativo seria instrumento jurídico adequado para regular as relações entre o Estado e o terceiro para
execução do objeto em análise, devendo a sua celebração ser obrigatoriamente precedida de procedimento
licitatório, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, excepcionado apenas por hipóteses
específicas prevista em lei. Sobre a possibilidade jurídica de a Administração Federal realizar a contratação
direta de instituição financeira oficial para a prestação, em caráter exclusivo, de serviços de pagamento de
servidor público, observou o relator que está fundamentada no art. 24, inciso VIII, da Lei 8.666/93, uma vez
que essas entidades bancárias são anteriores à edição da Lei, além do que elas atuam, imemorialmente, na
prestação de serviços de suporte à Administração Pública, mesmo quando o potencial econômico das folhas
de pagamento era desprezado pelo setor bancário privado. Dessa forma, aduziu o relator, a prestação dos
serviços em questão caracteriza-se “tanto como atividade econômica, como atividade de nítido suporte à
Administração”, podendo ser licitada a juízo de conveniência e oportunidade da Administração, “que deverá
optar entre a realização do amplo procedimento ou a dispensa autorizada pelo art. 24, VIII, da Lei
8.666/1993”. Endossando o parecer do Ministério Público, registrou o relator não trazer, “no contexto da
realidade vigente”, prejuízo ao regime concorrencial previsto no art. 173, § 1º, da Constituição Federal a
contratação direta, com fundamento no art. 24, inciso VIII, da Lei 8.666/93, uma vez que, embora o
procedimento licitatório seja constitucionalmente exigível, “as instituições privadas por vezes não têm
manifestado interesse na prestação de serviços de gerenciamento financeiro da folha do funcionalismo
público, como comprova notícia de licitações desertas, promovidas pela Administração, trazidas pela
autoridade consulente”. Assim, propôs o relator responder ao consulente que: a)“A Administração Pública
Federal não está obrigada a promover prévio procedimento licitatório destinado a realizar a contratação de
instituição financeira oficial para, em caráter exclusivo, prestar serviços de pagamento de remuneração de
servidores ativos, inativos e pensionistas e serviços similares, podendo optar por efetuar a contratação direta
com fundamento no artigo 37, inciso XXI (primeira parte), da Constituição Federal, c/c o artigo 24, inciso
VIII, da Lei 8.666/1993, desde que demonstrados os benefícios para a Administração, em relação à adoção
do procedimento licitatório; b)Havendo interesse, a Administração Pública Federal pode promover o prévio
procedimento licitatório, para contratação da prestação de serviços, em caráter exclusivo, de pagamento de
remuneração de servidores ativos, inativos e pensionistas e outros serviços similares, devendo franquear a
participação no certame de instituições financeiras públicas e privadas, em cumprimento aos princípios da
legalidade, da isonomia, da moralidade da impessoalidade, da publicidade e da eficiência, previstos no caput
do artigo 37 da Constituição, bem assim da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração e dos
outros princípios estampados no artigo 3º da Lei 8.666/1993”. Sobre a viabilidade da contratação direta de
banco oficial, o relator propôs informar ao consulente que “é viável a contratação direta de instituição
financeira oficial, com fundamento no artigo 24, inciso VIII, da Lei 8.666/1993, para a prestação de serviço,
em caráter exclusivo, de pagamento de remuneração de servidores ativos, inativos e pensionistas e outros
serviços similares, devendo, ainda, serem observadas as condições de validade do ato administrativo
estabelecidas no artigo 26, caput, e parágrafo único, do referido diploma legal, bem como demonstrada a
vantagem da contratação direta em relação à adoção do procedimento licitatório”. Acolhendo a proposta do
relator, o Plenário conheceu da Consulta, respondendo ao consulente nos termos propostos no voto. Acórdão
1940/2015-Plenário, TC 033.466/2013-0, relator Ministro Walton Alencar Rodrigues, 5.8.2015.
2
Ainda na Consulta acerca da juridicidade da contratação de instituição financeira oficial para a prestação, em
caráter exclusivo, de serviços de gestão financeira da folha de pagamento de servidores públicos ativos,
inativos e pensionistas da Administração Pública Federal, o consulente indagara sobre o instrumento jurídico
adequado para se proceder à contratação da entidade (contrato ou convênio). Sobre o ponto, o relator ressaltou
“a nítida existência de interesses e obrigações contrapostos” na relação estabelecida entre a Administração e
as entidades bancárias, destacando que, “por um lado, a Administração procura tornar mais eficiente a gestão
financeira da folha de pagamento de pessoal, bem como o pagamento a fornecedores, pela via da transferência
dessa atividade operacional a terceiro”, e, por outro lado, o ente privado busca “obter o retorno adequado,
derivado da exploração econômica da gestão financeira da folha de pagamento de funcionários públicos e
demais serviços similares”. Considerando que os interesses da Administração e os das entidades bancárias são
diversos e contrapostos, aduziu o relator que tal vínculo jurídico não se amoldaria “às condições necessárias
para utilização de convênio ou instrumento congênere, tal qual definido no artigo 1º, § 1º, inciso I, do Decreto
6.170/2007, com redação dada pelo Decreto 8.180/2013”. Nesse sentido, concluiu que o contrato
administrativo seria a única forma “juridicamente adequada para instrumentalizar a terceirização da
atividade de gestão de folha de pagamento de servidores e serviços similares”, salientando por fim que o
próprio TCU, em diversas deliberações,” já determinou aos órgãos e entidades da Administração Federal a
utilização de contrato como o instrumento correto para regular a prestação dos serviços de gestão financeira
de pagamentos de funcionários e a terceiros”, a exemplo dos Acórdãos 3042/2008-Plenário, 1457/2009-
Plenário e 1952/2011-Plenário. Acolhendo a proposta do relator, o Plenário conheceu da Consulta para
responder, no ponto, à autoridade consulente que “a delegação a terceiros da prestação de serviços, em caráter
exclusivo, de pagamento de remuneração de servidores ativos, inativos e pensionistas e outros serviços
similares deve ser instrumentalizada por meio de contrato administrativo, haja vista a ausência, no objeto da
relação jurídica, de interesses recíprocos e de regime de mútua cooperação”. Acórdão 1940/2015-Plenário,
TC 033.466/2013-0, relator Ministro Walton Alencar Rodrigues, 5.8.2015.
3
subsidiariamente à modalidade Pregão por força do artigo 9º da Lei 10.520/2002”, uma vez que “privilegia
a busca da finalidade constitucional da proposta mais vantajosa para a Administração”. Além disso, “não
afeta a isonomia entre licitantes, uma vez estabelecidas no edital todas as condições objetivas para habilitação
e julgamento das propostas”, e não viola a “proibição normativa que veda a criação modalidade licitatória
não prevista em lei, porquanto o Pregão é preservado como procedimento adequado à contratação dos
serviços. Por fim, não se está a desvirtuar o pregão, convertendo-o em espécie de leilão, pois o objeto do
contrato é a prestação de serviços comuns, não se confundindo com a alienação de bens ou a sua exploração
por terceiros”. Nesse contexto, o relator concluiu que, sendo o pregão “a modalidade adequada para
contratação do objeto em análise (...), reputa-se que a forma eletrônica deve ser preferencialmente utilizada,
consoante determina o artigo 4º, § 1º, do Decreto 5.450/2005”. O Plenário do Tribunal conheceu da Consulta
para responder, no ponto, à autoridade consulente que “havendo interesse de a Administração Pública Federal
promover prévio procedimento licitatório para contratação de prestação de serviços, em caráter exclusivo,
de pagamento de remuneração de servidores ativos, inativos e pensionistas e outros serviços similares, com
a previsão de contraprestação pecuniária por parte da contratada, deverá a contratante, além de franquear
acesso ao certame tanto das instituições financeiras públicas como das privadas, adotar as seguintes medidas:
(...); b) realizar licitação na modalidade pregão, prevista na Lei 10.520/2001, preferencialmente sob forma
eletrônica, conforme exige o artigo 4º, § 1º, do Decreto 5.450/2005, tendo por base critério ‘maior preço’, em
homenagem ao princípio da eficiência, insculpido no caput do artigo 37 da Constituição Federal e da seleção
proposta mais vantajosa para a Administração Pública, inserto no caput do artigo 3º da Lei 8.666/1993”.
Acórdão 1940/2015-Plenário, TC 033.466/2013-0, relator Ministro Walton Alencar Rodrigues, 5.8.2015.
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Número 255
Sessões: 11 e 12 de agosto de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. A dispensa de licitação, em casos de emergência ou calamidade pública (art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/93),
apenas é cabível se o objeto da contratação direta for o meio adequado, eficiente e efetivo de afastar o risco
iminente detectado.
2. Para apuração de superfaturamento em contratos de obras públicas, admite-se a utilização de valores obtidos
em notas fiscais de fornecedores das contratadas como parâmetro de mercado (acrescido dos custos indiretos
e do BDI), quando não existirem preços registrados nos sistemas referenciais e o insumo provier de um
mercado monopolístico.
3. Para fins de dispensa de licitação com fundamento no art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/93, entende-se por
controlada a empresa em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito
a voto, em analogia ao conceito do art. 165, § 5º, inciso II, da Constituição Federal, que baliza a noção de
empresa controlada.
Segunda Câmara
4. As Organizações Sociais, em suas contratações mediante uso de verbas públicas, não estão sujeitas à
observância dos estritos procedimentos das normas gerais de licitações e contratos aplicáveis ao Poder Público,
e sim aos seus regulamentos próprios, pautados nos princípios gerais aplicáveis à Administração pública.
PLENÁRIO
1. A dispensa de licitação, em casos de emergência ou calamidade pública (art. 24, inciso IV, da Lei
8.666/93), apenas é cabível se o objeto da contratação direta for o meio adequado, eficiente e efetivo de
afastar o risco iminente detectado.
Representação a respeito de possíveis irregularidades ocorridas na Prefeitura Municipal de Mirassol apontara,
dentre outras ocorrências, suposta dispensa indevida de licitação, sem a caracterização de situação
emergencial, para a contratação das obras de reconstrução da canalização e da ponte do Córrego Piedade. A
unidade técnica concluiu que a contratação direta efetuada pelo ente municipal não atendera ao disposto no
art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/93. O relator, endossando a análise técnica, esclareceu que a causa da situação
de emergência fora a ocorrência de fortes chuvas em dezembro de 2009, e que, em agosto de 2010, a
emergência ainda perdurava “uma vez que a área atingida pela enxurrada continuava sujeita a risco de
perecimento ou deterioração, ou seja, permanecia a situação de risco à integridade física das pessoas e a
bens particulares e públicos da região”. Contudo, ressaltou o relator, “a despeito de os recursos estarem
disponíveis em agosto de 2010 e de os pareceres técnicos apontarem a necessidade imediata de início das
obras, de forma a permitir a sua conclusão antes do início das próximas chuvas, o Prefeito Municipal somente
efetivou a aludida contratação direta em 17/12/2010, ou seja, já no início do período chuvoso”. Acrescentou
ainda que “tal demora, a qual não foi devidamente justificada pelo responsável, não se coaduna com o disposto
na Decisão 347/1994-Plenário, lavrada em sede de consulta, segundo a qual restou consignado que um dos
requisitos necessários para a caracterização de emergência e calamidade pública, para fins de contratação
direta com dispensa de licitação é ‘que a imediata efetivação, por meio de contratação com terceiro, de
determinadas obras, serviços ou compras, segundo as especificações e quantitativos tecnicamente apurados,
seja o meio adequado, efetivo e eficiente de afastar o risco iminente detectado’ ”. Ou seja, “aplica-se, ao caso,
uma espécie de juízo de proporcionalidade, de adequação entre meios e fins. Se não for possível suprimir o
risco de dano por meio da contratação direta, inexiste cabimento da dispensa da licitação”. Nesse contexto,
concluiu o relator que a contratação direta “realizada somente em dezembro de 2010, não constituía medida
idônea para eliminar o risco existente, uma vez que se fazia impossível concluir as obras, antes do período
das chuvas”, ressaltando ainda que “o período em que o ajuste foi assinado parecia impróprio até mesmo para
a execução dos serviços”, uma vez que houve atraso na sua realização “justamente em razão da intensidade
de chuvas registrada nos primeiros quatro meses de 2011”. O Tribunal, acolhendo o voto da relatoria, julgou
procedente a Representação, aplicando ao responsável a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92.
Acórdão 1987/2015-Plenário, TC 001.386/2013-1, relator Ministro Benjamin Zymler, 12.8.2015.
2
Caracterizado o dano ao erário, o Tribunal, pelos motivos expostos pelo relator, decidiu converter os autos em
tomada de contas especial, determinando à unidade técnica, dentre outras medidas, que “envide esforços para
ampliar a amostra de itens do Contrato (...) a ser usada para a análise da ocorrência de sobrepreço,
averiguando, inclusive, as pesquisas de preço eventualmente realizadas pelo Dnocs com vistas ao exame da
economicidade do ajuste antes do início da execução contratual”. Acórdão 1992/2015-Plenário, TC
028.869/2011-7, relator Ministro Benjamin Zymler, 12.8.2015.
3. Para fins de dispensa de licitação com fundamento no art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/93, entende-
se por controlada a empresa em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital
social com direito a voto, em analogia ao conceito do art. 165, § 5º, inciso II, da Constituição Federal,
que baliza a noção de empresa controlada.
Representação formulada por unidade técnica especializada do TCU questionara possíveis irregularidades em
processo de aquisição de participação acionária em empresa de transporte aéreo de cargas pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), com o fito de, posteriormente, contratá-la diretamente, mediante a
dispensa de licitação capitulada no art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/93. Em preliminar, relembrou o relator
que a ECT logrou modificar seu objeto social, que passou a admitir, dentre suas competências, “a exploração
dos serviços postais de logística integrada, financeiros e eletrônicos”, podendo, para tal, “constituir
subsidiárias” e “adquirir o controle ou participação acionária em sociedades empresárias já estabelecidas”,
mediante alterações introduzidas pela Lei 12.490/11 no Decreto-Lei 509/69, o qual criou a empresa. Segundo
o relator, “é com base em tal permissivo que a ECT está em processo de aquisição de uma empresa para
operacionalizar o transporte aéreo da carga postal”. E, a teor da Representação oferecida pela unidade
técnica, tal processo poderia resultar em dano ao erário ou irregularidade grave, por controversa a contratação
direta, com esteio no art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/93, de empresa em que a estatal contratante venha a
possuir participação acionária minoritária, como no caso analisado. Segundo a representante, contratações
diretas nesses moldes poderiam configurar “burla à licitação e consequente inobservância aos princípios da
isonomia, legalidade, impessoalidade, entre outros”. Realizadas as oitivas regimentais, anotou o relator que a
primeira questão a ser discutida nos autos é a própria motivação para a aquisição da participação societária em
comento, que, conforme concluiu a unidade instrutiva, está alicerçada na “possibilidade de contratá-la [a
empresa aérea] diretamente, com base no art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/1993”. Tal intenção restara
evidente em consulta formulada pela ECT à Advocacia-Geral da União, acerca da possibilidade legal da
contratação direta de subsidiárias e da aquisição de controle e participação acionária em empresas
estabelecidas, com o fito de contratá-las por dispensa de licitação. Analisando esse modelo de negócios, o
relator registrou que, basicamente, trata-se de “formar sociedades com companhias por intermédio de
participações acionárias minoritárias, para que, em seguida, as empresas prestem serviços para a entidade
pública, mediante contratação direta”. Tal estratégia, prosseguiu, “parece ter sido idealizada para
possibilitar a flexibilização da atuação do Estado, com o fito de liberar determinadas áreas ou atividades das
empresas estatais dos procedimentos burocráticos e formais impostos aos órgãos públicos em geral, tais
como: (...) subordinação às normas de licitações e contratos administrativos (art. 1º, parágrafo único, da Lei
8.666/1993); etc.”. No que respeita à hipótese de dispensa de licitação pretendida (contratação realizada por
empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para aquisição ou
alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços), anotou o relator que “para os fins de direito público
regulados pela Lei 8.666/1993 (licitações e contratos da Administração Pública), a definição do termo
‘controlada’ deve ser a mesma que apresenta em outras normas jurídicas de natureza pública. Como dito, o
art. 165, § 5º, inciso II, da CF/1988, inserido em capítulo que trata de finanças públicas, faz menção às
‘empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto’,
que é a noção que passou a balizar o conceito de empresa controlada no nível infraconstitucional”. Nesse
sentido, prosseguiu, “não me afigura plausível a tese de que uma empresa investida com participação estatal
minoritária não seja ‘controlada’ para os fins do art. 1º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 (o que causaria
sua subordinação às normas de licitações e contratos administrativos), mas que se pretenda ‘controlada’ para
os fins do art. 24, inciso XXIII, da mesmíssima Lei (o que dispensaria a licitação para a sua contratação).
Reputo mais crível que o sentido do termo ‘controlada’ seja um só em todo o corpo da Lei 8.666/1993”. Nesse
sentido, asseverou o relator não ter dúvidas que “a vontade legislativa para os fins de direito público regulados
pela Lei 8.666/1993 foi dispensar o procedimento licitatório somente entre entes da Administração nos quais
o Estado detém a titularidade da maioria do capital votante, a fim de dar atendimento aos interesses públicos,
transcendentes aos meramente privados”. Nesses termos, acolheu o Plenário a proposta da relatoria, para,
dentre outros comandos, julgar procedente a Representação, assinando prazo para que a ECT anule o processo
de aquisição de participação acionária objeto da representação, cientificando a empresa de que “para fins de
aplicação do art. 24, inciso XXIII, da Lei 8.666/1993, entende-se por controlada a empresa em que a União,
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direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto, em analogia ao conceito
insculpido no art. 165, § 5º, inciso II, da CF/1988, que baliza a noção de empresa controlada para fins de
direito público no nível infraconstitucional”. Acórdão 1985/2015-Plenário, TC 001.577/2015-8, relator
Ministro Bruno Dantas, 12.8.2015.
SEGUNDA CÂMARA
4. As Organizações Sociais, em suas contratações mediante uso de verbas públicas, não estão sujeitas à
observância dos estritos procedimentos das normas gerais de licitações e contratos aplicáveis ao Poder
Público, e sim aos seus regulamentos próprios, pautados nos princípios gerais aplicáveis à
Administração pública.
Recurso de Reconsideração interposto pela organização social Associação Instituto Nacional de Matemática
Pura e Aplicada questionou deliberação mediante a qual o Tribunal determinara à entidade que adequasse seu
Regulamento de Aquisições de Bens e Serviços “às regras previstas no Decreto nº 5.504/2005, a fim de que
essa Entidade passe a utilizar a modalidade licitatória ‘pregão’, preferencialmente na forma eletrônica, nas
contratações de bens e serviços comuns, realizadas em decorrência de transferências voluntárias de recursos
públicos da União, decorrentes de convênios ou instrumentos congêneres, ou consórcios públicos, evitando-
se a contratação direta”. Analisando o mérito recursal, anotou o relator que “não deve ser exigido das
Organizações Sociais — que não são integrantes da Administração Pública, e, portanto, não são destinatárias
da obrigatoriedade de licitar, segundo a conceituação que se extrai da Constituição Federal (art. 22, inciso
XXVII, e art. 37, inciso XXI) — a submissão às mesmíssimas regras aplicáveis à Administração Direita e
Indireta, sobretudo porque tais organizações do setor privado devem gozar de maior flexibilidade em suas
aquisições (compras e contratação de obras e serviços), o que não ocorreria com a sujeição aos estritos
procedimentos previstos na Lei nº 8.666/93 ou na Lei nº 10.520/2002, mais formais e menos céleres”. Com
esteio nas análises realizadas pela unidade instrutiva e pelo MP/TCU, prosseguiu o relator consignando que
“as Organizações Sociais não se submetem às normas licitatórias aplicáveis ao Poder Público, devendo as
suas contratações com terceiros — com previsão de dispêndios com suporte em verbas públicas – observar o
que tiver sido disposto em regulamento próprio, que deve, isso sim, ser orientado pelo núcleo essencial dos
princípios da Administração Pública referidos no art. 37, caput, da Constituição Federal, compatibilizando-
se, dessa forma, a incidência dos princípios administrativos com as atributos mais flexíveis inerentes ao
regime de direito privado”. Nesses termos, acolheu o Colegiado a proposta da relatoria, para, no mérito, dar
provimento ao recurso, tornando sem efeito a determinação questionada. Acórdão 5236/2015-Segunda
Câmara, TC 029.423/2013-9, relator Ministro Raimundo Carreiro, 11.8.2015.
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Número 256
Sessões: 18 e 19 de agosto de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. É dever da Administração agir para o resguardo do direito de reparação de vícios e defeitos construtivos
constatados em empreendimentos de engenharia, por meio da realização de vistorias periódicas e, se
necessário, do acionamento da contratada no prazo legal (art. 618 do Código Civil). A omissão do gestor que
venha a trazer ônus ao erário pode implicar sua responsabilização.
2. As alterações realizadas em projeto de obra pública, com as consequentes modificações na planilha de
quantitativos e quaisquer outras necessárias, devem ser registradas em termos aditivos, juntamente com as
justificativas técnicas. Entretanto, não há necessidade de haver justificativas técnicas ou celebração de aditivos
contratuais nos casos de alterações pontuais que não tragam reflexo nos quantitativos, nas especificações
técnicas ou no dimensionamento dos serviços contratados.
Primeira Câmara
3. Nas licitações públicas, é irregular a exigência de que as empresas de locação de mão de obra estejam
registradas no Conselho Regional de Administração, uma vez que a obrigatoriedade de inscrição de empresa
em determinado conselho é definida em razão de sua atividade básica ou em relação àquela pela qual preste
serviços a terceiros, nos termos do art. 1º da Lei 6.839/80.
Inovação Legislativa
Medida Provisória 691, de 31/8/15.
PLENÁRIO
PRIMEIRA CÂMARA
3. Nas licitações públicas, é irregular a exigência de que as empresas de locação de mão de obra estejam
registradas no Conselho Regional de Administração, uma vez que a obrigatoriedade de inscrição de
empresa em determinado conselho é definida em razão de sua atividade básica ou em relação àquela
pela qual preste serviços a terceiros, nos termos do art. 1º da Lei 6.839/80.
Pedido de Reexame interposto por empresa licitante contestou deliberação que julgara improcedente
representação formulada pela recorrente contra suposta irregularidade contida em edital de pregão eletrônico
promovido pelo Banco do Brasil S/A para contratação de serviços de vigilância armada. A recorrente alegou,
em síntese, que “na contratação de serviços, especialmente de vigilância para a administração pública, seria
imprescindível o cumprimento da obrigatoriedade do registro cadastral das empresas de vigilância e do seu
Administrador Responsável Técnico no Conselho Regional de Administração, nos termos dos arts. 14 e 15 da
Lei 4.769/1965, bem como no art. 5º da Constituição”. Aduziu ainda que “a locação de mão de obra
especializada decorre de recrutamento, seleção e treinamento, práticas privativas da profissão do
Administrador, conforme alínea ‘b’ do art. 2º da Lei 4.769/1965”. O relator rejeitou as alegações recursais,
registrando que “a jurisprudência desta Corte de Contas vem se assentando no sentido de não ser exigível das
2
empresas de locação de mão de obra o registro nos Conselhos Regionais de Administração - CRA para a
participação nas licitações da administração pública federal. Somente nos casos em que a atividade fim das
empresas licitantes esteja diretamente relacionada à do administrador é que a exigência de registro junto a
Conselho Regional de Administração se mostra pertinente. Não é o caso da contratação de serviços de
vigilância armada objeto do pregão em questão”. Explicou o relator que tal entendimento estaria de acordo
com o art. 37, inciso XXI, da Constituição, o qual “estabelece que, nas licitações, somente se pode fazer
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações
que deverão ser assumidas pela futura contratada”. Ademais, ressaltou, “a obrigatoriedade de inscrição de
empresas em determinado conselho é definida segundo a atividade central que é composta pelos serviços da
sua atividade fim, nos termos do art. 1º da Lei 6.839/1980. Dessa forma, os mencionados arts. 2º, alínea ‘b’,
14 e 15 da Lei 4.769/1965, que dispõem sobre o exercício da profissão de Técnico de Administração, não
impõem às empresas que exploram atividade de prestação de serviços de vigilância o registro na entidade
competente para a fiscalização do exercício da profissão de administrador”. Considerando a improcedência
dos argumentos recursais, o Tribunal, pelos motivos expostos no voto, conheceu do Pedido de Reexame para,
no mérito, negar-lhe provimento. Acórdão 4608/2015-Primeira Câmara, TC 022.455/2013-2, relator
Ministro Benjamin Zymler, 18.8.2015.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Medida Provisória 691, de 31/8/15: Dispõe sobre a administração, a alienação, a transferência de gestão de
imóveis da União e seu uso para a constituição de fundos.
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Número 257
Sessões: 25 e 26 de agosto de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. A realização de licitação, a assinatura de contrato e o início de obras com adoção de projeto básico deficiente,
sem os elementos exigidos em lei, por si sós, caracterizam irregularidade grave passível de aplicação de multa
aos responsáveis.
Segunda Câmara
2. O tratamento tributário diferenciado previsto na Lei 12.546/11 não ampara a adoção de dois orçamentos
estimativos como critério de aceitabilidade de preços máximos na licitação, a depender de a licitante recolher
a contribuição previdenciária sobre o valor da receita bruta ou sobre o valor da folha de pagamento.
3. A exigência de regularidade ambiental como critério de qualificação técnica é legal, desde que não
represente discriminação injustificada entre os licitantes, uma vez que objetiva garantir o cumprimento da
obrigação contratual e é essencial para que o objeto da licitação seja executado sem o comprometimento do
meio ambiente.
PLENÁRIO
1. A realização de licitação, a assinatura de contrato e o início de obras com adoção de projeto básico
deficiente, sem os elementos exigidos em lei, por si sós, caracterizam irregularidade grave passível de
aplicação de multa aos responsáveis.
Auditoria realizada nas obras de construção de unidades habitacionais em Porto Alegre (RS), vinculadas a
contratos de repasse no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apontara, dentre outros
achados, a utilização de projeto básico deficiente e desatualizado. Segundo a equipe de auditoria, “foi utilizado
um projeto elaborado para outro tipo de edificação”, o que teria gerado “vários aditivos contratuais de
alteração de quantitativos de serviço e de aumento de prazo”. Foram chamados em audiência os ex-diretores,
o coordenador de obras e o ex-superintendente de urbanismo, todos do Departamento Municipal de Habitação,
além do arquiteto da Caixa Econômica Federal (mandatária da União). Em análise, posicionou-se a unidade
instrutiva pelo acolhimento das razões de justificativa e exclusão da responsabilidade do coordenador de obras
e do arquiteto da Caixa, por restar evidenciado que suas condutas não concorreram para a irregularidade.
Quanto aos ex-diretores e o ex-superintendente, responsáveis pela aprovação do projeto básico deficiente, as
conclusões da equipe técnica foram pela rejeição das razões de justificativa, com proposição de multa.
Endossando as conclusões da unidade técnica, registrou o relator que o art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93
“estabelece de forma clara as características esperadas de um projeto básico, sendo exigência imprescindível
para realização de qualquer obra pública, porquanto a sua utilização correta visa a resguardar a
Administração Pública de atrasos em licitações, superfaturamentos, aditamentos contratuais desnecessários,
modificações no projeto original, entre outras ocorrências indesejáveis que geram consequências e entraves
à execução das obras”. Ao rejeitar as justificativas apresentadas, o relator destacou que o fato de o projeto
básico ter respaldo da área técnica não afasta o dever do administrador público de observar a conveniência e
oportunidade do ato para o interesse público. Além disso, “antes de decidir deve o agente público verificar a
aderência dos seus atos à lei. E, no caso deste processo, não se observou o artigo 6º, inciso IX, da Lei
8.666/1993, que estabelece os elementos e as características necessárias ao projeto básico”. Por fim,
mencionou diversos julgados da jurisprudência do TCU que, em situações similares, decidira aplicar multa aos
responsáveis, dentre eles o Acórdão 610/2015-Plenário, segundo o qual “a realização de licitação, assinatura
de contrato e o início de serviços sem que haja adequado projeto básico para a obra, com os elementos
exigidos em lei, levando à necessidade de reformulação do projeto, são condutas graves que conduzem à
aplicação da multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n.º 8.443/92”. Nesse contexto, o Tribunal, acolhendo
o voto da relatoria, decidiu aplicar aos responsáveis a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92.
Acórdão 2158/2015-Plenário, TC 000.291/2010-2, relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer,
26.8.2015.
SEGUNDA CÂMARA
2. O tratamento tributário diferenciado previsto na Lei 12.546/11 não ampara a adoção de dois
orçamentos estimativos como critério de aceitabilidade de preços máximos na licitação, a depender de
a licitante recolher a contribuição previdenciária sobre o valor da receita bruta ou sobre o valor da folha
de pagamento.
Embargos de Declaração opostos pelo Diretor-Geral da Câmara dos Deputados apontaram possíveis omissão
e obscuridade em deliberação adotada pela Segunda Câmara, relativa à adoção de mais de um orçamento nas
licitações que envolvam a contratação de serviços com licitantes beneficiários da desoneração tributária
prevista na Lei 12.546/11. Em síntese, aduzira o embargante que “não ficou suficientemente claro qual
orçamento deve constar como valor global anual estimado da contratação, se é o que leva ou aquele que não
leva em consideração o regime diferenciado de tributação”. Em preliminar, registrou o relator que “os serviços
a que se referem o embargante são aqueles em que as empresas usufruem do benefício da desoneração da
folha salarial, nos termos da Lei nº 12.546/2011”. No mérito, registrou não assistir razão ao embargante já
que o acórdão embargado cuidara adequadamente da matéria ao emitir ciência à Casa Legislativa da seguinte
impropriedade no pregão analisado: “ausência de amparo legal para a adoção de dois orçamentos diferentes,
a serem utilizados como critério de aceitabilidade de preços máximos, a depender de a licitante recolher a
contribuição previdenciária incidente sobre o valor da receita bruta ou recolher as contribuições
previdenciárias incidentes sobre a folha de pagamento, considerando-se, ainda, que o ordenamento legal
pátrio prevê o tratamento diferenciado, sem que haja afronta à isonomia, nos termos da Lei 12.546/2011”.
Como apontado na peça instrutiva, “a previsão de diferentes critérios de aceitabilidade de preços máximos
não impactará o critério de julgamento do certame (menor preço) e que, apenas na situação improvável de
não participação de empresa beneficiada pela Lei 12.546/2011 o preço máximo para empresas que recolhem
a contribuição pela folha de pagamentos seria aplicado”. Assim, ainda na peça instrutiva, “tendo em vista
que o critério de julgamento do pregão é o menor preço, para que uma determinada empresa se sagre
vencedora do pregão deverá ofertar a proposta de menor valor, independentemente do regime de contribuição
previdenciária em que se enquadre”. Nesse contexto, em vista da ausência de ofensa ao princípio da isonomia,
o Colegiado acolheu a proposta da relatoria, rejeitando, no mérito, os Embargos de Declaração. Acórdão
6013/2015-Segunda Câmara, TC 013.680/2015-3, relator Ministro Augusto Nardes, 25.8.2015.
3. A exigência de regularidade ambiental como critério de qualificação técnica é legal, desde que não
represente discriminação injustificada entre os licitantes, uma vez que objetiva garantir o cumprimento
da obrigação contratual e é essencial para que o objeto da licitação seja executado sem o
comprometimento do meio ambiente.
Pedidos de Reexame questionaram deliberação da Segunda Câmara, mediante a qual fora aplicada multa aos
recorrentes em face de exigência de documentação, como critério de qualificação técnica, que comprovasse a
regularidade ambiental (licença de operação) de usina de asfalto em concorrências promovidas pelo município
de Mossoró/RN, para a execução de obras de recapeamento e restauração da pavimentação asfáltica.
Analisando o mérito recursal, anotou o relator não ser crível “falar em favorecimento de determinado licitante,
considerando-se que a exigência da regularidade ambiental contemplava tanto as empresas que
eventualmente possuíssem usina, quanto aquelas que necessitassem de um Termo de Compromisso de
fornecimento do concreto betuminoso”. Ademais, prosseguiu, a mencionada exigência “não feriu o caráter
competitivo do certame, uma vez que teve por objetivo garantir o cumprimento da obrigação, ou seja, dar
certeza à Administração de que o serviço seria executado”. E indagou: “de que adiantaria viabilizar a
participação de outros interessados — com o infundado receio de ferir o caráter competitivo do certame —
para, depois, por falta da garantia estabelecida no Termo de Compromisso, correr-se o risco de o serviço não
poder ser realizado, ser realizado com atrasos, ou, mais grave ainda, ser realizado com desrespeito ao meio
ambiente, cujo dever de preservá-lo, para ‘as presentes e futuras gerações’, é imposto tanto ao Poder Público,
quanto à coletividade (art. 225 da Constituição Federal)?”. Assim, registrou, “as exigências editalícias não
só não feriram o § 6º do art. 30 da Lei nº 8.666/93 (objeto de questionamento no acórdão recorrido), como,
2
na verdade, vieram ao encontro da pretensão legal. É que a regularidade ambiental — requerida de forma
indistinta de todos os licitantes — pode ser vista como uma necessidade essencial para que o objeto da
licitação seja executado sem o comprometimento ambiental”. Nesse passo, concluiu o relator que “não houve
ofensa nem à competitividade nem à igualdade de condições entre os concorrentes; tampouco pode-se, no
meu sentir, apontar restrição ao caráter competitivo do certame”. À vista do exposto, o Colegiado acolheu a
proposta do relator, dando provimento aos recursos, para tornar insubsistentes as multas aplicadas aos
recorrentes. Acórdão 6047/2015-Segunda Câmara, TC 037.311/2011-5, relator Ministro Raimundo
Carreiro, 25.8.2015.
3
Número 258
Sessões: 1º e 2 de setembro de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. A utilização do Sistema de Registro de Preços é adequada em situações em que a demanda é incerta, seja
em relação a sua ocorrência, seja no que concerne à quantidade de bens a ser demandada.
2. Os contratos redigidos em língua estrangeira devem ser traduzidos para a língua portuguesa nas hipóteses
expressamente previstas em lei, quando houver solicitação nesse sentido por parte dos órgãos de controle,
interno ou externo, ou por parte de qualquer interessado que tiver acesso ao contrato com amparo na Lei de
Acesso à Informação (Lei 12.527/11).
3. Não afronta o princípio constitucional da prévia licitação a possibilidade de antecipação das prorrogações
dos contratos de arrendamento portuário celebrados sob a vigência da Lei 8.630/93 e precedidos de regular
procedimento licitatório, desde que condicionada à realização de novos investimentos (art. 57, caput e § 1º, da
Lei 12.815/13).
4. Não é admissível a utilização do regime de contratação integrada quando o objeto a ser licitado já dispuser
de projeto executivo em sua totalidade, uma vez que as soluções de engenharia estarão previamente definidas,
afastando as condições previstas no art. 9º da Lei 12.462/2011 para a aplicação do instituto.
5. A subcontratação parcial de serviços, ao contrário da subcontratação total, é legalmente admitida (art. 72 da
Lei 8.666/93), razão pela qual não requer expressa previsão no edital ou no contrato, bastando que estes
instrumentos não a vedem.
PLENÁRIO
2. Os contratos redigidos em língua estrangeira devem ser traduzidos para a língua portuguesa nas
hipóteses expressamente previstas em lei, quando houver solicitação nesse sentido por parte dos órgãos
de controle, interno ou externo, ou por parte de qualquer interessado que tiver acesso ao contrato com
amparo na Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011).
Embargos de Declaração opostos pela Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) contestara a seguinte determinação
endereçada à estatal: “nos futuros contratos que vier a celebrar e que devam produzir efeitos jurídicos no
Brasil, atente para a obrigatoriedade de os termos contratuais serem pelo menos redigidos em língua
portuguesa”. Em síntese, a embargante alegara a “falta de amparo jurídico para a exigência de que todos os
contratos firmados pela estatal sejam redigidos em língua portuguesa”, uma vez que a legislação “exige
apenas a tradução para o português dos contratos celebrados em língua estrangeira” (grifos nossos). Ao
analisar o recurso, o relator abordou inicialmente a natureza dos contratos celebrados pela Petrobras,
ressaltando que podem ser divididos em 3 grupos: contratos nacionais, contratos celebrados no exterior sem
que devam produzir efeitos jurídicos no Brasil e contratos internacionais. Explicou o relator que os contratos
nacionais (celebrados no Brasil, cujas partes sejam nacionais e cujo objeto será executado em território
nacional) estariam submetidos somente ao sistema jurídico pátrio, não havendo dúvidas acerca da necessidade
de que sejam redigidos em língua portuguesa. Quanto aos contratos celebrados no exterior sem que devam
produzir efeitos jurídicos no Brasil (celebrados pelas subsidiárias da Petrobras no exterior com fornecedores e
parceiros comerciais da região onde estão localizadas), ressaltou o relator que estariam “somente submetidos
ao ordenamento jurídico em que foram constituídos e seria incabível a exigência de que fossem celebrados
em idioma que não o local”. Para o relator, essa imposição traria “óbice à atividade negocial das subsidiárias
da estatal no exterior, pois essas empresas deveriam, por exemplo, elaborar todos os seus contratos para
aquisição de bens de expediente e prestação de serviços, dentre outros, em duas línguas - português e a língua
local da subsidiária”, o que iria “onerar as contratações com custos de tradução”, provocando “insegurança
jurídica nos contratados do exterior, os quais possivelmente não possuem expertise em firmar contratos em
língua diversa daquela de seu país de origem”. Nesse sentido, endossando o parecer do Ministério Público, o
relator considerou que “a determinação impugnada deve ter reduzido o seu campo de aplicação, de forma a
não abarcar negócios jurídicos que não devam produzir efeitos no Brasil”. Em relação aos contratos de caráter
internacional, vinculados a dois ou mais ordenamentos jurídicos, e decorrentes diretamente da atividade
negocial da estatal, destacou o relator, com base na doutrina, que “a escolha do idioma pode ser objeto de
negociação entre as partes, mas sem dúvida levará em conta os costumes e as práticas internacionais a
respeito”. Ainda sendo, concluiu, “exigir que os contratos internacionais celebrados pela Petrobras sejam
redigidos em língua portuguesa, de forma diversa à prática de mercado, pode limitar o poder de negociação
da estatal e até mesmo pôr em risco a celebração do contrato, ante a possibilidade de que a outra parte
negociadora não aceite esses termos ou exija compensações para aceita-lo”. Em relação aos contratos
internacionais associados à atividade-meio da estatal (menos relacionados a sua atividade negocial), ponderou
que a “a adoção de contratos em língua estrangeira deve ser cercada de maiores cuidados. Isso porque, de
acordo com os fundamentos adotados para os contratos nacionais, em especial considerando o princípio da
transparência, os contratos administrativos, em regra, devem ser redigidos em português”. Diante do exposto,
concluiu o relator “pela possibilidade de a Petrobras, em determinadas hipóteses, celebrar contratos em
língua estrangeira”. Sobre a solução defendida no acórdão embargado, de que os contratos redigidos em língua
estrangeira sejam acompanhados de versão em português, ponderou o relator que a exigência de duas versões
oficiais “pode gerar insegurança jurídica para as partes e dificultar a própria celebração do negócio”,
apresentando os mesmos inconvenientes da celebração de um contrato em língua diversa da usualmente
utilizada pelo mercado. Ao tratar da exigência de tradução nos contratos, prevista no art. 224 do Código Civil,
aduziu o relator que “a exigência indiscriminada de tradução sem que se preveja qualquer utilização para
tanto, terá apenas o efeito de criar um ônus meramente burocrático para as empresas e cidadãos, aumentando
os custos da realização de negócios”, de forma que a interpretação a ser conferida ao dispositivo legal é no
sentido de que “a tradução deve ocorrer quando for prevista uma utilidade para tanto...”. Assim, concluiu o
relator que, “além das hipóteses previstas expressamente em lei, deveria ser providenciada a tradução quando
houver solicitação por parte dos órgãos de controle e por parte de qualquer cidadão, quando da
disponibilização de documentos com fulcro na Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011)”. O Plenário do
Tribunal, pelos motivos expostos pelo relator, acolheu parcialmente os embargos, conferindo a seguinte
redação ao acórdão recorrido: “De acordo com o princípio da publicidade, nos futuros contratos redigidos em
língua estrangeira, providencie a tradução do instrumento para a língua portuguesa nas seguintes hipóteses:
2
a) quando houver solicitação nesse sentido efetuada por órgão de controle interno ou externo; b) quando
houver solicitação nesse sentido efetuada por interessado que tiver acesso ao contrato com fulcro na Lei
12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação)”. Acórdão 2203/2015-Plenário, TC 006.588/2009-8, relator
Ministro Benjamin Zymler, 2.9.2015.
4. Não é admissível a utilização do regime de contratação integrada quando o objeto a ser licitado já
dispuser de projeto executivo em sua totalidade, uma vez que as soluções de engenharia estarão
previamente definidas, afastando as condições previstas no art. 9º da Lei 12.462/2011 para a aplicação
do instituto.
Auditoria realizada na Secretaria de Aviação Civil (SAC/PR) avaliara um dos projetos padrão a serem
utilizados pelo órgão nas licitações do Programa de Aviação Regional. Para execução do programa, a
Secretaria de Aviação Civil firmou convênio com o Banco do Brasil (BB), que, a partir das diretrizes
estabelecidas pela SAC/PR, será responsável pelas ações administrativas, aí incluídas as licitações e
contratações. A equipe de fiscalização apontara diversos achados relacionados a inconsistências na planilha
orçamentária, decorrentes de inadequação nos quantitativos, nos coeficientes de produtividade ou de consumo,
nos referenciais de preços unitários e nas taxas de BDI, além de outras falhas em composições de custos
específicas. Ao analisar a matéria, a unidade técnica, considerando que o projeto objeto da fiscalização “é um
dos elementos que irá constituir a futura licitação regida pelo RDC na modalidade de contratação integrada,
na qual o custo global da obra é aferida mediante orçamento sintético ou metodologia expedita ou
paramétrica (Lei 12.462/2011, art. 9º, §2º, inciso II), e a redução no valor total do orçamento não foi
3
expressiva, cerca de 3% do valor original e abaixo da margem de erros para orçamentos paramétricos”,
propôs apenas recomendar ao BB que efetuasse os ajustes detalhados no relatório de auditoria. O relator,
contudo, divergiu desse entendimento, ressaltando que “a utilização da contratação integrada nas futuras
licitações não serve de justificativa para conservação das falhas, pois o fundamento para adoção da referida
modalidade no programa de aviação regional tem por ponto central as indeterminações nos outros
componentes das instalações aeroportuárias, não no terminal de passageiros”. Observou ainda que “os
projetos-padrão contratados pelo Banco do Brasil se pretendem ‘projetos executivos’ dos terminais e, ainda
que seja razoável admitir a necessidade de algum detalhamento adicional no momento da execução, não é
esperado que os concorrentes apresentem soluções essencialmente diversas daquelas indicadas nos modelos”.
Ainda sobre a questão, acrescentou que “sequer poderia ser admitida a utilização da contratação integrada
para licitar objeto para o qual já se dispõe de projeto executivo em sua totalidade, já que as soluções de
engenharia já estariam previamente postas e não é possível vislumbrar circunstância que satisfaça as
condições definidas no art. 9º da lei 12.462/2011 para aplicação do instituto. Não haveria espaço para
inovação tecnológica ou para competição com foco em metodologias diferenciadas e, em se tratando de obras
civis comuns, reduzidas seriam as hipóteses de execução com tecnologia de domínio restrito no mercado que
permitam justificar a contratação integrada. O relator considerou ainda “questionável a opção do gestor de
despender recursos com a elaboração de projeto detalhado e, em seguida, conferir flexibilidade ao particular
na definição das intervenções”, uma vez que “a contratação integrada, em geral, importa na aceitação de
maiores riscos pelos contratados e na consequente majoração dos custos para a Administração”. Por fim,
relembrou o Acórdão 1850/2015-Plenário, que defende a obrigatoriedade “de se demonstrar a vantajosidade
na utilização do regime de contratação integrada, especialmente quando a competição está associada às
metodologias executivas propostas pelos licitantes”. Pelo que expôs, o relator concluiu que “as medidas
corretivas recomendadas pela unidade instrutiva devem ser objeto de determinação ao Banco do Brasil, para
que os projetos utilizados nas futuras licitações não incorram nas falhas já constatadas”. O Plenário acolheu
o voto da relatoria, determinando ao Banco do Brasil que, previamente à utilização dos projetos padrão nas
licitações, realizasse a correção das impropriedades indicadas na fiscalização. Acórdão 2209/2015-Plenário,
TC 020.788/2014-2, relatora Ministra Ana Arraes, 2.9.2015.
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Elaboração: Secretaria das Sessões
Contato: infojuris@tcu.gov.br
5
Número 259
Sessões: 8 e 9 de setembro de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. As empresas que oferecem propostas com valores acima dos praticados pelo mercado, tirando proveito de
orçamentos superestimados elaborados pelos órgãos públicos contratantes, contribuem para o
superfaturamento dos serviços contratados, sujeitando-se à responsabilização solidária pelo dano evidenciado.
Primeira Câmara
2. É irregular a contratação de serviços por postos de trabalho, com medição e pagamento por hora trabalhada
ou por posto de serviço, sempre que a prestação do serviço puder ser avaliada por determinada unidade
quantitativa ou por nível de serviço alcançado (aferição por resultados), em obediência ao art. 3º, § 1º, do
Decreto 2.271/97.
PLENÁRIO
1. As empresas que oferecem propostas com valores acima dos praticados pelo mercado, tirando
proveito de orçamentos superestimados elaborados pelos órgãos públicos contratantes, contribuem para
o superfaturamento dos serviços contratados, sujeitando-se à responsabilização solidária pelo dano
evidenciado.
Tomada de Contas Especial, originada em levantamento de auditoria, apurara possível sobrepreço em contrato
firmado pela Secretaria de Estado de Infraestrutura de Alagoas (Seinfra/AL) com recursos provenientes do
Ministério da Integração Nacional, destinados às obras do perímetro de irrigação do Rio Bálsamo, no
município de Palmeira dos Índios/AL. Realizado o contraditório, mediante citação solidária dos ordenadores
de despesa da Seinfra/AL e da empresa contratada, esta última, dentre outras alegações, argumentou que “os
preços de sua proposta estavam em consonância com o limite máximo do valor global fixado no orçamento
elaborado pela Seinfra/AL”. Sobre o assunto, ressaltou o relator que “se por um lado o valor global máximo
serve de parâmetro para apreciação das propostas da licitação, por outro, torna-se necessário, para que haja
atendimento ao critério legal previsto no art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993, ou seja, que os preços
praticados na licitação e no referido orçamento reflitam os preços praticados no mercado, sob pena de não
isentar de responsabilidade por eventual sobrepreço ou superfaturamento tanto o agente público que pratica
o ato irregular como a empresa contratada que dele se beneficia”. Nesse sentido, prosseguiu, “ainda que o
preço orçado pela administração esteja acima dos valores passíveis de serem praticados no mercado, têm as
empresas liberdade para oferecerem propostas que sabem estar de acordo com os preços de mercado”.
Assim, “não devem as empresas tirar proveito de orçamentos superestimados, elaborados por órgãos
públicos contratantes, haja vista que o regime jurídico-administrativo a que estão sujeitos os particulares
contratantes com a Administração não lhes dá direito adquirido à manutenção de erros de preços unitários,
precipuamente quando em razão de tais falhas estiver ocorrendo o pagamento de serviços acima dos valores
de mercado”. Em decorrência, anotou o relator, “a responsabilização solidária do particular pelo dano resta
sempre evidenciada quando, recebedor de pagamentos por serviços superfaturados, contribui de qualquer
forma para o cometimento do débito, nos termos do § 2º do art. 16 da Lei 8.443/1992”. Em tal contexto,
acolheu o Plenário a proposta do relator para, dentre outras medidas, julgar irregulares as contas dos gestores
responsáveis, condenando-os, solidariamente com a contratada, ao pagamento dos débitos apurados, e
aplicando-lhes, ainda, a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/92. Acórdão 2262/2015-Plenário, TC
000.224/2010-3, relator Ministro Benjamin Zymler, 9.9.2015.
PRIMEIRA CÂMARA
2. É irregular a contratação de serviços por postos de trabalho, com medição e pagamento por hora
trabalhada ou por posto de serviço, sempre que a prestação do serviço puder ser avaliada por
determinada unidade quantitativa ou por nível de serviço alcançado (aferição por resultados), em
obediência ao art. 3º, § 1º, do Decreto 2.271/97.
Em Auditoria realizada na área de licitações, contratos e convênios do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas do Mato Grosso do Sul, fora apontada, entre as irregularidades encontradas, a ausência de critérios
quantitativos para contratação e pagamento de serviços de manutenção predial, com previsão de pagamento
por hora trabalhada. Como destacou a unidade instrutiva, a natureza dos serviços a serem licitados (manutenção
predial preventiva e corretiva, que compreende serviços de hidráulica, elétrica, pintura, carpintaria, esquadrias,
cobertura, gesso e serralheria) permite a quantificação dos custos com base em critérios estabelecidos em
publicações técnicas e governamentais, como Sinapi e a TCPO (Tabela para Composição de Custos para
Orçamentos), de larga utilização em certames públicos. Adotar remuneração por hora trabalhada, para esse
tipo de serviço, possibilita a ocorrência do aumento do lucro da empresa proporcionalmente à sua inaptidão na
execução dos serviços, pois quanto mais tempo usar para realizar um serviço maior será o seu lucro. Taxativo
em seu voto, e acolhendo a manifestação da unidade técnica, o relator afirmou a inadequação do critério de
pagamento por hora trabalhada, bem como sua contrariedade à jurisprudência do Tribunal. Foram rejeitadas
as razões de justificativa dos responsáveis, com imputação de multa. Acórdão 5157/2015-Primeira Câmara,
TC 007.603/2012-6, relator José Múcio Monteiro, 8/9/2015.
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Número 260
Sessões: 15 e 16 de setembro de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. Aplica-se à Petrobras a Lei 8.666/93 até que seja regulamentado o art. 173, § 1º, da Constituição Federal,
sendo considerados inconstitucionais o art. 67 da Lei 9.478/97 e o Decreto 2.745/98.
Segunda Câmara
2. Os preços de referência para aquisição de veículos pela Administração Pública são aqueles divulgados pela
Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe).
3. Não cabe desconsiderar a responsabilidade solidária das empresas consorciadas pelos atos praticados pelo
consórcio ao longo da execução do contrato, na forma disciplinada pelo art. 33, inciso V, da Lei 8.666/93,
ainda que alguma delas não tenha, de fato, participado da execução da obra.
4. A exigência de certificação do Inmetro a que faz menção o art. 3º do Decreto 7.174/10, como requisito de
qualificação técnica, não se aplica às licitações para fornecimento de softwares, mas tão-somente àquelas que
têm previsão de fornecimento de bens de informática e automação (hardwares).
PLENÁRIO
1. Aplica-se à Petrobras a Lei 8.666/93 até que seja regulamentado o art. 173, § 1º, da Constituição
Federal, sendo considerados inconstitucionais o art. 67 da Lei 9.478/97 e o Decreto 2.745/98.
Representação formulada por sociedade empresária apontara possíveis irregularidades ocorridas em convite
eletrônico promovido pela companhia Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras), destinado à contratação de empresa
para locação de grupos geradores para as unidades do Sistema Petrobras. Em síntese, a representante alegara
que teria ocorrido “a abertura de nova rodada de negociação sem a ocorrência de empate entre as
proponentes”, o que afrontaria os princípios da igualdade, da publicidade e o regulamento licitatório da
Petrobras (Decreto 2.745/98). Realizadas inicialmente as oitivas regimentais e a suspensão cautelar do certame,
a unidade técnica defendeu, por fim, a revogação da medida cautelar e a improcedência da representação, por
considerar que os procedimentos adotados pela companhia na condução do certame “guardam consonância
com as disposições do Decreto 2.745/1998, que aprovou o Regulamento do Procedimento Licitatório
Simplificado da Petrobras”. O relator, contudo, endossando o parecer do Ministério Público, rebateu essa tese,
ressaltando que “a utilização pela Petrobras do aludido decreto vem sendo objeto de incessantes
questionamentos nesta Corte de Contas”, motivo pelo qual a Lei 8.666/93 deveria ser utilizada “como
parâmetro de controle de legalidade dos atos praticados no Convite Eletrônico”. Sobre a questão, relembrou
o Acórdão 2811/2012-Plenário, por meio do qual o Tribunal deliberou que, “até que seja regulamentado o art.
173, § 1º, da Constituição Federal de 1988, aplica-se à Petrobras a Lei 8.666/1993”, reiterando ainda o
entendimento “quanto à inconstitucionalidade do art. 67 da Lei 9.478/1997 e do Decreto 2.745/1998,
consoante pacífica jurisprudência desta Corte”. Nesse sentido, amparado no parecer do Ministério Público,
observou o relator que o certame apresentara diversos vícios de ilegalidade por violação à Lei 8.666/93, entre
eles “a inobservância do limite de contratação para a realização do convite, com valores tão elevados que se
enquadrariam na modalidade concorrência, em afronta a norma legal insculpida na alínea ‘a’ do inciso II do
art. 23 da Lei 8.666/93” e, ainda, a aplicação indevida da fase de negociação ao convite, prevista apenas para
licitações na modalidade pregão e no RDC, em inobservância ao § 8.º do art. 22 da Lei de Licitações.
Caracterizadas as irregularidades no procedimento realizado pela Petrobras, o qual não permitiu a obtenção da
proposta mais vantajosa para a Companhia, e considerando o periculum in mora reverso, o Plenário do
Tribunal, pelos motivos expostos pelo relator, julgou a representação parcialmente procedente e revogou a
medida cautelar adotada, determinando, entre outras medidas, o acompanhamento, pela unidade técnica
responsável, do desfecho do contrato em vigor e da solução que vier a ser adotada pela Petrobras para a
continuidade da prestação dos serviços de locação de geradores, e a elaboração de matriz de responsabilidade
dos agentes envolvidos nos processos licitatórios e nas contratações respectivas, para que, se for o caso, sejam
promovidas as audiências pertinentes. Acórdão 2302/2015-Plenário, TC 016.416/2015-5, relator Ministro
José Múcio Monteiro, 16.9.2015.
SEGUNDA CÂMARA
2. Os preços de referência para aquisição de veículos pela Administração Pública são aqueles divulgados
pela Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Recursos de Reconsideração questionaram deliberação proferida na apreciação de tomada de contas especial,
na qual foram julgadas irregulares as contas de ex-reitor e ex-diretor do hospital universitário da Fundação
Universidade de Pernambuco (UPE), os quais foram condenados solidariamente com outro servidor e com
uma empresa contratada pela entidade ao recolhimento do débito apurado nos autos e ao pagamento de multas
individuais, com espeque no art. 57 da Lei 8.443/92. A tomada de contas especial fora constituída em face de
superfaturamento na gestão de recursos repassados mediante convênio celebrado pela UPE com o Ministério
da Saúde, para a aquisição de duas unidades móveis de saúde. Analisando o mérito dos recursos, anotou o
relator que a unidade instrutiva demostrara que “houve inequívoco prejuízo ao erário, uma vez que os preços
cobrados para a aquisição de Unidades Móveis de Saúde estavam em desconformidade com os praticados no
mercado à época”. Nesse passo, rememorou que “vem se consolidando na jurisprudência desta Corte de
Contas o entendimento de que os preços de referência dos veículos são aqueles pesquisados pela Fundação
de Pesquisas Econômicas/Fipe, segundo a qual, as tabelas baseiam-se em pesquisas de preços médios
praticados em 24 estados brasileiros, descartando valores muito abaixo ou acima da média (Acórdãos
2.877/2011, 3.019/2011, 5.324/2011, 5.325/2011, 6.758/2011, 7.723/2011, todos da 2ª Câmara)”. Nessas
condições, prosseguiu, “a variação causada pelas diferenças regionais já se encontra precificada nas tabelas
de referência”. No caso concreto, concluiu, “não ficou comprovado, por argumentos ou por documentação
válida como prova, que o preço do bem adquirido seria compatível com o valor de mercado, tampouco
justificou-se, adequadamente, a diferença verificada”. Nesses termos, o Tribunal, entre outros comandos,
negou provimento aos recursos interpostos pelo ex-diretor do hospital universitário e pela empresa contratada,
acolhendo, contudo, de forma parcial o recurso interposto pelo ex-reitor, reformando o acórdão recorrido para
reduzir o valor da multa a ele aplicada. Acórdão 7502/2015-Segunda Câmara, TC 003.392/2013-9, relator
Ministro Raimundo Carreiro, 15.9.2015.
3. Não cabe desconsiderar a responsabilidade solidária das empresas consorciadas pelos atos praticados
pelo consórcio ao longo da execução do contrato, na forma disciplinada pelo art. 33, inciso V, da Lei
8.666/93, ainda que alguma delas não tenha, de fato, participado da execução da obra.
Recursos de Reconsideração interpostos pelo Estado de Roraima, por empresa integrante de consórcio
contratado e por gestores questionaram deliberação do TCU mediante a qual suas contas foram julgadas
irregulares, com imputação de débito solidário e aplicação de multas individuais aos recorrentes em razão,
entre outras irregularidades, da execução parcial das obras relativas ao convênio celebrado entre o Estado de
Roraima e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para a construção de sistema de esgotamento sanitário nos
bairros Canarinho, São Francisco, Paraviana e São Vicente, todos na cidade de Boa Vista (RR). Ao analisar o
ponto, o relator rejeitou as alegações apresentadas pelos recorrentes, com exceção às do membro da comissão
de recebimento da obra, tendo em vista a presença de circunstâncias atenuantes. Em relação aos argumentos
recursais da empresa consorciada, destacou o relator que “não há como acatar a tese de ilegitimidade passiva
da empresa (...) para integrar o polo passivo deste processo”, uma vez que “o documento apresentado pela
recorrente, com o intuito de comprovar a transferência da parte que lhe cabia no objeto do convênio às demais
empresas consorciadas, nada relata da transferência mencionada”. Ademais, explicou, “não se pode
desconsiderar a responsabilidade solidária dos consorciados pelos atos praticados ao longo da execução do
contrato, na forma disciplinada pelo art. 33, inciso V, da Lei 8.666/1993. Ainda que a empresa recorrente não
tenha, de fato, participado da execução da obra, os consorciados comparecem perante a Administração como
uma unidade. Não é por outro motivo que, para contratar, a Administração Pública considera o conjunto dos
bens, de recursos financeiros e de capacitação técnica de todos os consorciados, e não de cada um
individualmente”. Assim, no ponto, acolheu o Plenário a proposta do relator, negando provimento ao Recurso
2
de Reconsideração da empresa consorciada. Acórdão 7493/2015-Segunda Câmara, TC 031.251/2010-2,
relator Ministro Vital do Rêgo, 15/9/2015.
4. A exigência de certificação do Inmetro a que faz menção o art. 3º do Decreto 7.174/10, como requisito
de qualificação técnica, não se aplica às licitações para fornecimento de softwares, mas tão-somente
àquelas que têm previsão de fornecimento de bens de informática e automação (hardwares).
Em Representação formulada com pedido de cautelar suspensiva, foram alegadas possíveis irregularidades no
edital do Pregão Eletrônico 32/2015 do Hospital das Forças Armadas/DF (HFA), cujo objeto era a “aquisição
de software de gestão hospitalar customizado e implantado, contratação de serviços de treinamento de
utilização do sistema e da área de TI, manutenção corretiva, adaptativa, evolutiva e operação assistida do
sistema”. Entre as irregularidades apontadas estava a exigência, no item 8.6.3 do edital, de apresentação pelos
licitantes “de certificação emitida por instituições públicas ou privadas credenciadas pelo INMETRO como
comprovação de qualificação técnica, com fundamento no art. 3º do Decreto 7.174/2010”. Após análise
preliminar da unidade instrutiva, entendeu o relator não estar presente o periculum in mora para suspensão
cautelar do certame, determinando a oitiva prévia do Hospital, com alerta para eventual responsabilização em
caso de continuidade da licitação antes do pronunciamento do TCU. O HFA apresentou sua manifestação,
porém os argumentos não foram entendidos como suficientes para elidir a questão. Consoante explicitou a
unidade instrutiva, o texto do art. 3º do mencionado Decreto estabeleceu aquele requisito de certificação para
as hipóteses de “aquisições de bens de informática e automação”, não se estendendo tal obrigação à aquisição
de softwares. Essa conclusão resta evidenciada de duas formas: a) a Portaria Inmetro 170/12, que regulamentou
o Decreto 7.174/10, relaciona no seu Anexo A quais são os “bens de informática e automação” a que se refere
o art. 3º do Decreto, sendo descritos ali somente equipamentos de hardware, portanto, não alcançando as
licenças de software; b) as características que deverão ser medidas e atestadas pelas certificações emitidas por
instituições credenciadas pelo Inmetro, a saber, segurança para o usuário e as instalações, compatibilidade
eletromagnética e consumo de energia dizem respeito, todas, a características próprias de equipamentos de
hardware. Anuindo às conclusões da unidade instrutiva e ressaltando que a presença de tal exigência pode, de
fato, ter restringido a competição no certame, o relator propôs o julgamento pela procedência da
Representação, com determinação ao HFA para abster-se de realizar tal exigência nas licitações cujo objeto
não envolva aquisição de equipamentos de informática. O Colegiado aprovou a proposta de deliberação.
Acórdão 7498/2015-Segunda Câmara, TC 017.486/2015-7, relator Ministro-Substituto André de Carvalho,
15.9.2015.
3
Número 261
Sessões: 22 e 23 de setembro de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. No âmbito do Sistema S, o administrador pode exigir, no todo ou em parte, apenas a documentação listada
no regulamento licitatório próprio da entidade, na forma estabelecida pelo edital, uma vez que o rol de
exigências de habilitação em licitação é taxativo.
Segunda Câmara
2. O Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle (CBPF), emitido pela Anvisa, pode ser exigido
como condição de qualificação técnica em licitações destinadas à aquisição de medicamentos (art. 30, inciso
IV, da Lei 8.666/93).
Inovação Legislativa
Decreto 8.538, de 6/10/15.
Decreto 8.540, de 9/10/15.
PLENÁRIO
SEGUNDA CÂMARA
2. O Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle (CBPF), emitido pela Anvisa, pode ser
exigido como condição de qualificação técnica em licitações destinadas à aquisição de medicamentos
(art. 30, inciso IV, da Lei 8.666/93).
Representação formulada por sociedade empresária questionara supostas irregularidades em edital de pregão
presencial promovido pela Fundação Municipal de Saúde de Teresina/PI, para a aquisição de medicamentos,
por meio de sistema de registro de preços. Em síntese, alegara a representante que “a apresentação de
Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle (CBPF), exigida pela Portaria MS nº 2.814, de 29 de
maio de 1998 (há mais de 16 anos), já estaria ultrapassada, pois as indústrias só teriam direito ao registro
do medicamento junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se possuíssem o CBPF, o qual
deveria ser renovado em até 120 dias do fim da validade, após a publicação do laudo de inspeção pela Anvisa,
muito embora pudessem existir empresas aguardando a inspeção há mais de 2 anos, de modo que a não
aceitação na licitação do laudo de inspeção com parecer pela aprovação seria ilegal”. Analisando o mérito,
após a realização das oitivas regimentais, anotou o relator que “a jurisprudência mais recente do TCU não
mais se fixou em considerar ilegal a exigência do CBPF, mesmo reconhecendo que o procedimento pudesse
violar a exaustividade do rol de exigências para qualificação técnica, previsto no art. 30 da Lei nº 8.666, de
1993”. No caso concreto, aduziu o relator, “a exigência do CBPF não se mostrou capaz de afetar a isonomia
e a competitividade do certame, se prestando a garantir o interesse público presente nas aquisições de
medicamentos com a observância dos devidos cuidados sanitários na sua fabricação, destacando-se que o
gestor público motivou o ato a partir de orientações normativas emanadas do Ministério da Saúde e da Anvisa,
indicando que tal requisito atendia à legislação sanitária”. De fato, prosseguiu, “o CBPF é exigência
aplicável a todas as empresas que fabricam ou comercializam medicamentos, de forma a garantir a qualidade
do processo e o controle dos fatores de risco à saúde do usuário, de sorte que esta certificação está prevista
no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, conforme se depreende das normas aplicáveis ao controle de
medicamentos, em especial, da Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976, e da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de
1999, e dos Decretos no 79.094, de 5 de janeiro de 1977, e do Decreto nº 8.077, de 14 de agosto de 2013”.
Ademais, relembrou, a Portaria Interministerial MP/MS/MCT/MDIC 128, de 29 de maio de 2008, que
estabelece diretrizes para a contratação pública de medicamentos e fármacos pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), prevê expressamente que “nas aquisições de medicamentos acabados, deverá estar prevista no
instrumento convocatório a exigência de apresentação do certificado de registro do produto e do certificado
de boas práticas de fabricação do produtor, emitidos pela ANVISA, bem como declaração do produtor, sujeita
à comprovação, referente à origem do produto acabado e do insumo farmacêutico ativo que o compõe” (art.
2º, § 1º). Em conclusão, anotou o relator, “vê-se que o CBPF poderia ser exigido, como foi no aludido certame,
com arrimo inclusive no art. 30, inciso IV, da Lei nº 8.666, de 1993, que prevê a possibilidade de exigir prova
de atendimento de requisito previsto em lei especial no escopo da documentação relativa à habilitação
técnica”. O Colegiado, seguindo a proposta do relator, julgou improcedente a representação e considerou
prejudicado o pedido de medida cautelar formulado pela representante para suspensão da licitação, ante o
encerramento do certame. Acórdão 7783/2015-Segunda Câmara, TC 028.396/2014-6, relator Ministro-
Substituto André Luís de Carvalho, 22/9/2015.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
3
Número 262
Sessões: 29 e 30 de setembro de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. Diante da ausência de projeto básico com detalhamento de custos unitários ou da indisponibilidade de preços
de referência para diversos itens do contrato, eventual superfaturamento poderá ser caracterizado com base
nos elementos disponíveis para análise, sem necessidade de se observar a representatividade amostral
usualmente adotada pelo TCU. Nessas situações, há presunção relativa de que os itens não avaliados
representam os valores de mercado, facultado aos responsáveis demonstrar diferentemente, de modo a
justificar o preço global contratado.
2. As licitações regidas pelo Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) devem ser realizadas
preferencialmente sob a forma eletrônica, devendo a opção pela forma presencial conter justificativa técnica e
econômica (art. 13 da Lei 12.462/11).
PLENÁRIO
2. As licitações regidas pelo Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) devem ser realizadas
preferencialmente sob a forma eletrônica, devendo a opção pela forma presencial conter justificativa
técnica e econômica (art. 13 da Lei 12.462/11).
Relatório de Auditoria no Ministério das Cidades e na Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos
(Metrofor) apontara falhas em certame, ainda sem edital lançado, cujo objeto prevê a implantação da Linha
Oeste do Metrô de Fortaleza/CE. A equipe de fiscalização realizou visita ao local em que as obras serão
realizadas e examinou documentos relacionados ao processo licitatório, tais como: anteprojeto, justificativas
para utilização do Regime Diferenciado de Contratação (RDC) – contratação integrada, minuta do edital, carta-
consulta e estudos de viabilidade. Da análise empreendida, foi identificada, entre outras, falha relativa à
ausência de justificativa para o uso da modalidade presencial de RDC. Ponderou o relator que a “Lei
12.462/2011 define que as licitações sob Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC serão
realizadas pela forma eletrônica. Esta apresenta vantagens em relação ao presencial pela participação de
maior número de licitantes, por proporcionar maior disputa, transparência e competitividade, apesar disso,
a mencionada lei admite o RDC presencial e, em alguns casos, o uso dessa forma pode ser a melhor escolha.
Todavia, considerando a expressa preferência na norma para a forma eletrônica, a escolha diversa deve ser
motivada”. Por fim, concluiu que “a realização de licitações pelo RDC deve-se dar preferencialmente sob a
forma eletrônica, admitida a presencial somente quando devidamente justificada do ponto de vista técnico e
econômico”. Diante do estágio preliminar da contratação, o relator considerou ser este “o momento adequado
para se promoverem as alterações necessárias para mitigar os riscos de insucesso da licitação”. O Plenário,
acolhendo essas conclusões, deu ciência da irregularidade à Metrofor e à Caixa Econômica Federal. Acórdão
2438/2015-Plenário, TC 010.199/2015-2, relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer, 30.9.2015.
2
Número 263
Sessões: 13 e 14 de outubro de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. Não é aceitável a inclusão do “fator chuva” nos orçamentos de obras rodoviárias, pois a precipitação de
chuvas ordinárias não repercute de modo significativo sobre os custos dos empreendimentos, além de ser
contrabalanceada por fatores não considerados pelo Sicro na formação do preço de referência, como fator de
barganha, economia de escala, valor residual subestimado no cálculo das depreciações dos equipamentos,
produtividades ultrapassadas, entre outros.
2. Em regra, os editais de pregão devem contemplar orçamento detalhado e critérios de aceitabilidade de preços
unitários e global, admitida sua dispensa, motivadamente e considerando os riscos e benefícios da medida, no
caso de objetos complexos, com alto grau de incerteza em sua definição e/ou características muito peculiares
de mercado.
3. Quanto à abrangência da sanção, o impedimento de contratar e licitar com o ente federativo que promove o
pregão e fiscaliza o contrato (art. 7º da Lei 10.520/02) é pena mais rígida do que a suspensão temporária de
participação em licitação e o impedimento de contratar com um órgão da Administração (art. 87, inciso III, da
Lei 8.666/93), e mais branda do que a declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com toda a
Administração Pública (art. 87, inciso IV, da Lei 8.666/93).
4. Nas licitações de serviços de outsourcing de impressão, os limites referentes à gramatura de papel devem
ser devidamente justificados pela Administração com estudos técnicos.
Primeira Câmara
5. A exigência de prestação de garantia antes da data de apresentação dos documentos de habilitação não
encontra amparo na Lei 8.666/93, pois, além de constituir fator restritivo à competitividade, permite o
conhecimento antecipado das empresas que efetivamente participarão do certame, com possível dano à ampla
concorrência
Inovação Legislativa
Lei 13.173, de 21/10/15
PLENÁRIO
1. Não é aceitável a inclusão do “fator chuva” nos orçamentos de obras rodoviárias, pois a precipitação
de chuvas ordinárias não repercute de modo significativo sobre os custos dos empreendimentos, além
de ser contrabalanceada por fatores não considerados pelo Sicro na formação do preço de referência,
como fator de barganha, economia de escala, valor residual subestimado no cálculo das depreciações
dos equipamentos, produtividades ultrapassadas, entre outros.
Em Auditoria realizada nas obras de execução da BR-226/RN, o TCU determinara, entre outras medidas, a
audiência de diversos responsáveis, em decorrência da consideração do “fator chuva” nos orçamentos que
serviram de base para reavaliação dos preços contratados. Especificamente, o Tribunal constatara a majoração
do orçamento base da contratação em cerca de 2,76% do valor global, em razão da influência das chuvas nas
produtividades das equipes mecânicas constantes das composições do Sistema de Custos Rodoviários (Sicro)
do Dnit. Ao examinar o caso, o relator assinalou que “desde a prolação do Acórdão 2.061/2006-Plenário, em
8/11/2006, o Tribunal passou a rejeitar a inclusão do ‘fator chuva’ nos orçamentos de obras rodoviárias”.
Esse entendimento baseou-se no fato de que a mera ocorrência de chuvas ordinárias não deveria repercutir
sobre os custos consignados no Sicro, “porque a influência das precipitações seria pouca sobre o total
contratado e seria contrabalançada por outros fatores não considerados pelo sistema orçamentário (fator de
barganha e fator de escala para compra dos insumos, valor residual subestimado no cálculo das depreciações
dos equipamentos, produtividades ultrapassadas, etc.)”. Não obstante isso, o condutor do processo observou
que, no momento da aprovação dos projetos e celebração dos aditivos, “era aplicável o entendimento
preconizado pelo Acórdão 490/2005-Plenário, quando admitiu-se, mesmo que excepcionalmente, a inclusão
do ‘fator chuva’ nos orçamentos das obras do Corredor Nordeste. Na mesma época, o Tribunal também
acatou a inclusão do ‘fator chuva’ ao discutir a ocorrência de sobrepreço em obra da BR-242/TO, conforme
Acórdão 1438/2005-Plenário, de 14/9/2005”. Assim, considerando o entendimento jurisprudencial da época e
que a falha verificada não acarretou prejuízo ao erário, pois houve a retenção cautelar dos valores medidos a
maior devido à inclusão do “fator chuva”, o relator propôs acolher as razões de justificativa apresentadas pelos
responsáveis, no que foi acompanhado pelo Colegiado. Acórdão 2514/2015-Plenário, TC 010.702/2005-8,
relator Ministro Benjamin Zymler, 14.10.2015.
3. Quanto à abrangência da sanção, o impedimento de contratar e licitar com o ente federativo que
promove o pregão e fiscaliza o contrato (art. 7º da Lei 10.520/02) é pena mais rígida do que a suspensão
temporária de participação em licitação e o impedimento de contratar com um órgão da Administração
(art. 87, inciso III, da Lei 8.666/93), e mais branda do que a declaração de inidoneidade para licitar ou
contratar com toda a Administração Pública (art. 87, inciso IV, da Lei 8.666/93).
Em sede de Embargos de Declaração, o TCU analisou suposto paralelismo relacionado com a aplicação das
sanções previstas no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/93 e no art. 7º da Lei 10.520/02, arguido por sociedade
empresária do seguinte modo: “soa mais razoável interpretar o artigo 7° da Lei 10.520 considerando-se a
mesma abrangência do inciso III do artigo 87 da Lei 8.666, a não ser que haja a declaração de inidoneidade,
hipótese em que haveria abrangência semelhante à constante do inciso IV do artigo 87 da Lei 8.666”. Após
conhecer do recurso, o relator afirmou que a questão da abrangência das penalidades previstas nos referidos
2
normativos está pacificada no Tribunal. Mencionando idêntica discussão travada no Acórdão 2.081/2014
Plenário, o relator asseverou que “os dispositivos estão inseridos em leis diferentes e tratam do assunto dando
tratamento diferenciado em cada situação”, inexistindo paralelismo de entendimento entre os normativos. Na
ótica do relator, a Lei 10.520/02 criou mais uma penalidade que pode integrar-se às sanções previstas na Lei
8.666/93, não havendo antinomia entre elas. Em arremate ao seu posicionamento, o relator aquilatou que “o
impedimento de contratar e licitar com o ente federativo que promove o pregão e fiscaliza o contrato (art. 7º
da Lei 10.520/2002) seria pena mais rígida que a mera suspensão temporária de participação em licitação e
impedimento de contratar com um órgão da Administração (art. 87, inciso III, da Lei 8.666/1993) e mais
branda que a declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com toda a Administração Pública (art.
87, inciso IV, da Lei 8.666/1993)” (grifos nossos). Transcrevendo diversas deliberações que amparavam o seu
posicionamento e aduzindo a ausência de contradição pelo fato de não terem sido acolhidas as teses e
interpretações apresentadas, o relator concluiu que a recorrente, na verdade, tentava rediscutir o mérito da
deliberação recorrida, o que não é admissível na via dos embargos de declaração. Dessa forma, acompanhando
o voto da relatoria, o Plenário decidiu conhecer do recurso, para, no mérito, rejeitá-lo. Acórdão 2530/2015-
Plenário, TC 016.312/2015-5, relator Ministro Bruno Dantas, 14.10.2015.
PRIMEIRA CÂMARA
3
continuou: “na verdade, a exigência, além de ilegal e contrária à jurisprudência do TCU, permite conhecer
antecipadamente as empresas que efetivamente participarão do certame, facilitando eventuais acordos entre
elas, com possível dano à ampla concorrência”. Considerando que as explicações apresentadas foram
incapazes de afastar a ilicitude, o relator votou pela rejeição das razões de justificativa com aplicação de multa
ao ex-prefeito. A proposta foi acolhida pelo Colegiado. Acórdão 6193/2015-Primeira Câmara, TC
009.586/2011-3, relator Ministro José Múcio Monteiro, 13.10.2015.
INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Lei 13.173, de 21/10/15: Dispõe sobre autorização para a realização de obras e serviços necessários ao
fornecimento de energia elétrica temporária para os Jogos Rio 2016 e altera as Leis 11.473, de 10/05/07, que
dispõe sobre cooperação federativa no âmbito da segurança pública; 11.977, de 07/07/09, que dispõe sobre o
Programa Minha Casa, Minha Vida e a regularização fundiária de assentamentos em áreas urbanas; 12.035, de
1º/10/09, que institui o Ato Olímpico; 12.462, de 04/08/11, que institui o Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC); e revoga o art. 5º-A da Lei 12.035, de 1º/10/09.
4
Número 264
Sessões: 20 e 21 de outubro de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. Nas contratações diretas por inexigibilidade de licitação, o conceito de singularidade não pode ser
confundido com a ideia de unicidade, exclusividade, ineditismo ou raridade. O fato de o objeto poder ser
executado por outros profissionais ou empresas não impede a contratação direta amparada no art. 25, inciso II,
da Lei 8.666/93. A inexigibilidade, amparada nesse dispositivo legal, decorre da impossibilidade de se fixar
critérios objetivos de julgamento.
2. O Método de Limitação dos Preços Unitários Ajustado (MLPUA) deve ser utilizado para a quantificação de
sobrepreço na fase licitatória, tendo em vista que os preços unitários só devem superar os referenciais de
mercado em condições especiais, devidamente justificadas em relatório técnico circunstanciado aprovado pela
autoridade competente.
3. As estimativas de preços prévias às licitações devem estar baseadas em cesta de preços aceitáveis, tais como
os oriundos de pesquisas diretas com fornecedores ou em seus catálogos, valores adjudicados em licitações de
órgãos públicos, sistemas de compras (Comprasnet), valores registrados em atas de SRP, avaliação de
contratos recentes ou vigentes, compras e contratações realizadas por corporações privadas em condições
idênticas ou semelhantes.
4. Nas licitações realizadas mediante pregão, constitui poder-dever da Administração a tentativa de negociação
para reduzir o preço final do contrato, tendo em vista a maximização do interesse público em obter-se a
proposta mais vantajosa, mesmo que eventualmente o valor da oferta tenha sido inferior à estimativa da
licitação (art. 24, §§ 8º e 9º, do Decreto 5.450/05).
PLENÁRIO
1. Nas contratações diretas por inexigibilidade de licitação, o conceito de singularidade não pode ser
confundido com a ideia de unicidade, exclusividade, ineditismo ou raridade. O fato de o objeto poder
ser executado por outros profissionais ou empresas não impede a contratação direta amparada no art.
25, inciso II, da Lei 8.666/93. A inexigibilidade, amparada nesse dispositivo legal, decorre da
impossibilidade de se fixar critérios objetivos de julgamento.
Fiscalização em processo de Solicitação do Congresso Nacional apurou possíveis irregularidades ocorridas no
Ministério Público Federal (MPF), relacionadas à contratação direta de empresa, por inexigibilidade de
licitação, para a “implantação de mecanismos de governança interna com o intuito de melhorar o diálogo
entre o Gabinete do Procurador-Geral da República, a alta administração, os membros e servidores do
Ministério Público Federal”. Entre os fatos que motivaram a requisição da fiscalização, destaca-se a
contratação de empresa, por inexigibilidade de licitação, “com base no inciso II do artigo 25, combinado, com
o inciso III do artigo 13, todos da Lei 8.666, de 1993”, sem o atendimento dos requisitos de "inviabilidade de
competição", "natureza singular do serviço" e "notória especialização", uma vez que “a empresa contratada
não seria a única capacitada a atender à demanda do MPF e essa necessidade de comunicação interna não
seria tão fora do comum que exigisse um prestador de serviço com notória especialização técnica”. Em sua
análise, a unidade técnica considerou que “o conceito de singularidade de que trata o art. 25, inciso II, da Lei
8.666/1993 não estaria vinculado à ideia de unicidade, mas de complexidade e especificidade. Dessa forma,
a natureza singular não deveria ser compreendida como ausência de pluralidade de sujeitos em condições de
executar o objeto, mas sim como uma situação diferenciada e sofisticada a exigir acentuado nível de
segurança e cuidado”. Nesse sentido, concluiu que a empresa contratada “possuiria a notória especialização,
tanto pelo currículo dos profissionais que a compõem quanto pela experiência anterior em trabalhos
realizados em outras entidades públicas e por ter realizado diagnóstico na área de comunicação do próprio
MPF”. Contudo, ponderou que não restara caracterizada a singularidade do objeto “pois seria de se esperar
que o relatório do diagnóstico realizado pudesse servir de base para o trabalho de qualquer outra empresa
competente, que poderia simplesmente utilizá-lo”, sendo possível a definição e o detalhamento dos produtos a
serem contratados, “de modo a permitir a comparação objetiva entre propostas a serem submetidas em
eventual certame licitatório”. Ao analisar o ponto, o relator anotou que “a contratação direta por
inexigibilidade, com base no art. 25, inciso II, da Lei 8.666/1993, exige simultaneamente a demonstração dos
seguintes requisitos: que o objeto se inclua entre os serviços técnicos especializados do artigo 13 da Lei de
Licitações; que tenha natureza singular e que o contratado detenha notória especialização”. Assim, em linha
com a análise da unidade técnica, o relator considerou que o objeto da contratação teria “todas as
características inerentes a uma contratação de consultoria, espécie enumerada no art. 13, inciso III, da Lei
de Licitações e Contratos”, sendo possível “o enquadramento da contratação no inciso II do art. 25 da mesma
Lei”, além de “estar bem caracterizada a notória especialização”. Contudo, divergiu pontualmente do exame
realizado pela unidade instrutiva em relação à singularidade do objeto. Sobre o ponto, enfatizou que “tal
conceito não pode ser confundido com unicidade, exclusividade, ineditismo ou mesmo raridade. Se fosse único
ou inédito, seria caso de inexigibilidade por inviabilidade de competição, fulcrada no caput do art. 25, e não
pela natureza singular do serviço. O fato de o objeto poder ser executado por outros profissionais ou empresas
não impede que exista a contratação amparada no art. 25, inciso II, da Lei 8.666/1993”. Divergiu ainda da
correlação realizada pela unidade técnica “no sentido de que não existe singularidade do objeto quando é
possível a especificação tanto de qualificação técnica da empresa a ser contratada quanto dos serviços e
produtos a serem produzidos, detalhando a metodologia a ser utilizada e os conteúdos dos produtos a serem
entregues. Isso porque em alguns tipos de contratação deve ser observada a relação que existe entre a
singularidade do objeto e a notória especialização. Embora tal fato não possa ser tomado como uma regra
geral, a singularidade do objeto muitas vezes decorre da própria notória especialização de seu executor”.
Assim, para o relator, “nesse tipo de objeto 'consultoria ' a inexigibilidade de licitação é possível para
contratação de objetos mais complexos, em particular quando a metodologia empregada e os produtos
entregues são interdependentes da atuação do prestador de serviço, assim como de suas experiências
pretéritas, publicações, equipe técnica, aparelhamento e atividades anteriormente desenvolvidas para o
próprio órgão. A própria escolha do contratado acaba dependendo de uma análise subjetiva, e não poderia
ser diferente, pois, se a escolha pudesse ser calcada em elementos objetivos, a licitação não seria inviável.
Ela é impossível justamente porque há dificuldade de comparação objetiva entre as propostas, que estão
atreladas aos profissionais que executarão os trabalhos. Portanto, nesse tipo de objeto, resta caracterizada a
discricionariedade na escolha do contratado (...) Essa é a melhor interpretação da Súmula 264 do TCU, de
que a contratação de serviços por notória especialização somente é cabível quando se tratar de serviço de
natureza singular, capaz de exigir, na seleção do executor de confiança, grau de subjetividade insuscetível de
ser medido pelos critérios objetivos de qualificação inerentes ao processo de licitação”. Sobre o caso em
exame, observou que a empresa contratada “prestou serviços de diagnóstico de governança da comunicação
interna no âmbito do MPF, o que demonstra que possuía melhor conhecimento da estrutura interna do órgão,
dos seus fluxos de trabalho, dos seus pontos positivos e dos problemas de comunicação interna. Embora isso
não necessariamente torne a empresa fornecedora exclusiva, não se pode olvidar que justifique sua
contratação, caso presentes os requisitos exigidos para o enquadramento da contratação no inciso II do art.
25 da Lei 8.666/1993”. Salientou por fim o relator que “o fato da impossibilidade de se fixar critérios objetivos
de julgamento, aliada à discricionariedade do gestor na escolha do profissional a ser contratado, não autoriza
a Administração a efetuar escolhas arbitrárias ou inadequadas à satisfação do interesse público. A seleção
deverá observar os critérios de notoriedade e especialização, sendo devidamente fundamentada no processo
de contratação”. Caracterizada a singularidade do objeto e justificada a escolha do contratado, o Plenário do
Tribunal, considerando a ausência de outras irregularidades na contratação, decidiu, entre outras medidas,
considerar a solicitação integralmente atendida e arquivar o processo. Acórdão 2616/2015-Plenário, TC
017.110/2015-7, relator Ministro Benjamin Zymler, 21.10.2015.
2. O Método de Limitação dos Preços Unitários Ajustado (MLPUA) deve ser utilizado para a
quantificação de sobrepreço na fase licitatória, tendo em vista que os preços unitários só devem superar
os referenciais de mercado em condições especiais, devidamente justificadas em relatório técnico
circunstanciado aprovado pela autoridade competente.
Auditoria realizada nas obras de implantação do corredor de ônibus M'Boi Mirim - trecho M’Boi Mirim-
Cachoeirinha, no município de São Paulo/SP, apontara, dentre outras irregularidades, possível sobrepreço nas
2
planilhas do orçamento do projeto básico. O empreendimento, ainda na fase interna de licitação, conduzida
pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo/SP (Siurb/SP), será executado com
recursos do Ministério das Cidades, com acompanhamento da Caixa Econômica Federal. No que respeita ao
sobrepreço apurado, anotou o relator que a análise, baseada em metodologia tradicional adotada pelo TCU em
auditorias de obras públicas, efetuou, de forma conservadora, “o cotejo entre orçamento auditado e preços
paradigmas estipulados com base em sistemas de referência, promovidas as devidas adequações às
especificidades da obra, conforme preconiza a boa técnica de engenharia de custos e a legislação (em
especial, o Decreto 7.983/2013)”. Ainda quanto à metodologia de análise, destacou o relator que “o orçamento
foi avaliado segundo o método da limitação dos preços unitários ajustados (MLPUA)”. Nessa métrica,
prosseguiu, “o sobrepreço calculado decorreu da simples soma dos valores unitários que ultrapassaram os
preços referenciais, sem que tenha havido qualquer tipo de compensação com eventuais itens subavaliados”.
Ou seja, “a ênfase recai sobre cada serviço isoladamente, a partir da premissa de que o preço unitário de
nenhum item da planilha pode ser injustificadamente superior ao paradigma de mercado”. Sobretudo porque,
como bem anotou a unidade instrutiva, “o orçamento analisado se refere a um projeto básico e não a um
contrato de obra pública já celebrado, o que indica a possibilidade de correção das irregularidades ainda na
fase de projeto básico sem afetar direitos de terceiros”. Nesse passo, em consonância com a jurisprudência
do Tribunal, endossou o relator a adoção do método da limitação dos preços unitários ajustado “para a análise
de editais, visto que os preços unitários só devem superar os referenciais em condições especiais, devidamente
justificadas em relatório técnico circunstanciado aprovado pela autoridade competente (Decreto 7.983/2013,
art. 8º, parágrafo único)”. Assim, face à necessidade de correção das irregularidades mediante a revisão dos
valores estimados no projeto básico, acolheu o Plenário a proposta do relator, cientificando a Siurb/SP acerca
dos indícios de irregularidade verificados, de modo a induzir melhorias nos projetos ainda antes do lançamento
do edital. Acórdão 2636/2015-Plenário, TC 011.533/2015-3, relator Ministro Bruno Dantas, 21.10.2015.
3. As estimativas de preços prévias às licitações devem estar baseadas em cesta de preços aceitáveis, tais
como os oriundos de pesquisas diretas com fornecedores ou em seus catálogos, valores adjudicados em
licitações de órgãos públicos, sistemas de compras (Comprasnet), valores registrados em atas de SRP,
avaliação de contratos recentes ou vigentes, compras e contratações realizadas por corporações privadas
em condições idênticas ou semelhantes.
Em Representação formulada por sociedade empresária acerca de pregão eletrônico promovido pela Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), destinado à contratação de central de serviços (service desk) para a manutenção
de equipamentos, atendimento e suporte técnico remoto e presencial aos usuários dos ativos de tecnologia da
informação, a unidade técnica apontou falhas na realização das pesquisas de preços para a elaboração da
estimativa do valor da contratação. Em síntese, destacou a unidade técnica que a pesquisa de preços se baseara
em orçamento superior à média de mercado, uma vez que a Funasa não excluíra as cotações manifestamente
fora de mercado, “de modo a evitar distorções no custo médio apurado e, consequentemente, no valor máximo
a ser aceito para cada item licitado”. Apontou ainda que a pesquisa de preços teria sido restrita, considerando
o amplo mercado fornecedor do serviço licitado, além da não comprovação de consultas a outros órgãos e
entidades da Administração, ao sistema Compras Governamentais e demais sítios especializados, o que pode
ter comprometido a qualidade e a confiabilidade da estimativa de preços construída. Ao analisar o ponto, o
relator, endossando a análise da unidade instrutiva, discorreu sobre a jurisprudência do TCU acerca da matéria:
“Historicamente, o TCU sempre defendeu que as estimativas de preços prévias às licitações devem estar
baseadas em uma ‘cesta de preços aceitáveis’. Nessa linha, os Acórdãos 2.170/2007 e 819/2009, ambos do
Plenário. Tais precedentes levaram ao Guia de Boas Práticas em Contratações de Soluções de TI do TCU, de
2012, que lista uma série de fontes de informação que podem ser utilizadas para analisar o mercado com
vistas à obtenção de dados sobre preços. Em reforço, o Acórdão 2.943/2013-Plenário consolidou que não se
deve considerar, para fins de elaboração do mapa de cotações, as informações relativas a empresas cujos
preços revelem-se evidentemente fora da média de mercado, de modo a evitar distorções no custo médio
apurado e, consequentemente, no valor máximo a ser aceito para cada item licitado. Todo esse esforço do
TCU culminou na edição da IN-SLTI/MPOG 5/2014, que dispõe sobre os procedimentos administrativos
básicos para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral”.
Nesse sentido, asseverou que “o argumento de que o valor do melhor lance estaria abaixo do orçamento
estimativo e que, portanto, estaria atendido o princípio da seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração somente merece guarida quando evidenciado que a pesquisa de preços da licitação foi feita de
acordo com a melhor técnica possível para cada caso, a exemplo dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG
5/2014, o que não restou demonstrado neste processo”. Considerando que os valores obtidos no pregão
encontravam-se dentro da média de preços praticados por outros órgãos da Administração Pública, o Plenário
do Tribunal, pelos motivos expostos pelo relator, decidiu, no ponto, apenas dar ciência à Funasa acerca da
3
impropriedade relativa à “realização de pesquisa de preços com amplitude insuficiente (...) tendo-se obtido
apenas três orçamentos, não obstante o mercado fornecedor do serviço ser vasto; e, ainda, que não se
considerou a utilização de preços de contratações similares na Administração Pública e a informações de
outras fontes, tais como o ComprasNet e outros sites especializados, afrontando o art. 26, parágrafo único,
incisos II e III, e o art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993, conforme entendimento do TCU, a exemplo dos
Acórdãos 2.170/2007 e 819/2009, ambos do Plenário”. Acórdão 2637/2015-Plenário, TC 013.754/2015-7,
relator Ministro Bruno Dantas, 21.10.2015.
4
Número 265
Sessões: 27 e 28 de outubro de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. O atraso na execução de obras públicas é ocorrência de extrema gravidade, sendo cabível, quando a
Administração dá causa ao descumprimento dos prazos, a apuração de responsabilidades dos gestores. Nos
atrasos advindos de incapacidade ou mora da contratada, o órgão contratante tem o dever de adotar as medidas
cabíveis para aplicar as multas contratuais e demais penalidades previstas em lei.
2. Os estudos técnicos vinculados a concessões de serviços públicos podem ocorrer mediante autorização do
poder concedente, inexistindo a obrigatoriedade de que o ato, face ao seu caráter discricionário, seja precedido
por processo seletivo formal (art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal c/c art. 21 da Lei 8.987/95).
3. O licitante pode apresentar a taxa de BDI que melhor lhe convier, desde que o preço proposto para cada
item da planilha e, por consequência, o preço global não estejam em limites superiores aos preços de referência.
4. Nas licitações de serviços de manutenção integrada de infraestrutura de datacenter, é cabível a exigência de
comprovação de habilidade para prestação de serviços de acordo com a NBR 15.247 (requisitos para instalação
e uso de sala-cofre), como requisito de qualificação técnica, quando a magnitude e a relevância dos dados a
serem tratados justificarem a apresentação de certificações que garantam a qualidade e a continuidade dos
serviços prestados.
5. Nas licitações para a aquisição de produtos controlados pelo Exército Brasileiro é regular a exigência de
apresentação, além da necessária homologação prévia dos produtos pelo Exército, de memorial descritivo, de
modo a permitir a avaliação da pertinência do objeto ofertado às demandas específicas do adquirente.
PLENÁRIO
1. O atraso na execução de obras públicas é ocorrência de extrema gravidade, sendo cabível, quando a
Administração dá causa ao descumprimento dos prazos, a apuração de responsabilidades dos gestores.
Nos atrasos advindos de incapacidade ou mora da contratada, o órgão contratante tem o dever de adotar
as medidas cabíveis para aplicar as multas contratuais e demais penalidades previstas em lei.
Unidade técnica do TCU realizou auditoria com a finalidade de verificar a legalidade e a legitimidade da gestão
dos recursos repassados para a execução de obras de canalização e dragagem do Rio Bengalas, bem como a
recuperação da microdrenagem em bairros da cidade de Nova Friburgo/RJ. No curso dos trabalhos foram
identificados indícios de irregularidades, entre elas a paralisação e diminuição do ritmo de execução das obras.
Verificou-se que a obra sofrera atrasos e paralisações que ensejaram a prorrogação do prazo de conclusão
inicialmente estabelecido. Concluiu a unidade técnica que entre os motivos para os atrasos está a
intempestividade dos repasses financeiros por parte do Ministério das Cidades. O órgão repassador, entretanto,
demonstrou que ao longo do período de execução do empreendimento, a transferência de recursos financeiros
ocorreu em montantes suficientes à execução do cronograma planejado. Para o relator, “o atraso na conclusão
das obras expõe a população local aos riscos de novas enchentes e catástrofes naturais, como a que foi
verificada em janeiro/2011”, portanto “a situação narrada é um indício de grave transgressão a normas
legais, podendo ensejar a aplicação das penalidades previstas na Lei Orgânica do TCU aos responsáveis”.
Em exame preliminar, o ministro ponderou que “constatado o atraso injustificado da execução do ajuste pela
empresa contratada, deve-se instaurar procedimento com vistas a um exame objetivo das razões do atraso.
Este pode ter sido ocasionado por culpa da própria construtora, por atos e fatos de terceiro, pela
superveniência de fato excepcional ou imprevisível, ou, ainda, por atos e omissões da própria Administração”.
E continuou: “quando a Administração concorre para o descumprimento dos prazos acordados, a apuração
de responsabilidades dos gestores é cabível, principalmente quando a dilação for consequência de
negligência, imperícia ou imprudência dos gestores. De outra forma, nos atrasos advindos da incapacidade
ou mora da contratada, o órgão contratante tem o dever de adotar as medidas cabíveis para aplicar as multas
contratuais e demais penalidades previstas em lei”. Ao concluir, o relator destacou que “o atraso na execução
de obras públicas é ocorrência de extrema gravidade, que pode inclusive ser enquadrada no tipo penal
previsto no art. 92 da Lei de Licitações e Contratos”. Acompanhando as conclusões do relator, o Plenário
determinou a realização das oitivas propostas pela equipe de auditoria, com a finalidade de colher evidências
e informações acerca das causas dos atrasos das obras, para a devida apuração de responsabilidades. Acórdão
2714/2015-Plenário, TC 011.481/2015-3, relator Ministro Benjamin Zymler, 28.10.2015.
2. Os estudos técnicos vinculados a concessões de serviços públicos podem ocorrer mediante autorização
do poder concedente, inexistindo a obrigatoriedade de que o ato, face ao seu caráter discricionário, seja
precedido por processo seletivo formal (art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal c/c art. 21 da Lei
8.987/95).
Pedido de Reexame interposto por deputado federal questionara deliberação do Tribunal mediante a qual fora
dado “provimento parcial à Representação decorrente da conversão de Denúncia oferecida pelo ora
recorrente, anuindo ao prosseguimento dos atos decorrentes da Portaria SEP/PR 38/2013, por meio da qual
a Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR) autorizou a Estruturadora Brasileira de
Projetos S.A. (EBP) a realizar estudos destinados a subsidiar a preparação de procedimentos licitatórios de
concessões de arrendamentos portuários”. Desta feita, questionou o parlamentar o seguinte:“(i)
incompetência da SEP/PR para dispor sobre os atos regulados pela Portaria SEP/PR 38/2013; (ii) ilegalidade
do objeto da Portaria SEP/PR 38/2013; (iii) vício de forma da autorização conferida pela Portaria SEP/PR
38/2013; (iv) inadequação da estrutura produtiva da EBP com a autorização a ela conferida; (v) lesividade
ao patrimônio público; e (vi) desvio de finalidade na autorização conferida à EBP”. Analisando o mérito, no
tocante à suposta incompetência da SEP/PR para dispor sobre os atos regulados pela Portaria SEP/PR 38/2013,
afastou o relator a argumentação do recorrente no sentido de que “a SEP/PR, na qualidade de Poder
Concedente, teria tão somente a competência de planejar estrategicamente o setor portuário e que isso não
incluiria a realização dos procedimentos licitatórios, a celebração dos contratos de concessão e a emissão da
autorização a que se refere o art. 21 da Lei 8.987/1995”. A propósito, destacou o relator que “a Portaria não
delega competência alguma à EBP, mas sim autoriza a empresa a realizar os estudos destinados a subsidiar
a SEP/PR na preparação dos estudos que fundamentarão os processos licitatórios”. No que respeita ao
argumento de que a SEP/PR deveria ter licitado a elaboração dos estudos, entendeu o relator que, “a opção
pela autorização prevista no art. 21 da Lei 8.987/1995 (ou no art. 6º, § 3º, do Decreto 8.033/2013) é uma
faculdade do Poder Concedente, sendo, portanto, legítima”. A propósito, a constitucionalidade e a legalidade
dessas autorizações foram suficientemente esclarecidas no voto revisor, da lavra do ministro Benjamin Zymler,
que acompanhou o voto vencedor do acórdão recorrido, no qual resta assentado que (i) “o ordenamento
jurídico pátrio permite que os estudos técnicos referentes a concessões de serviços públicos ocorram mediante
autorização”, (ii) “o caráter discricionário deste ato, uma vez que o Poder Público analisará a conveniência
e a oportunidade dessa autorização”, (iii) “não existe a obrigatoriedade de a autorização em tela ser
precedida por um processo seletivo formal” e (iv) “a Administração Pública, se entender necessário, poderá
realizar um certame competitivo ou mesmo uma licitação para escolher um projeto que servirá de base para
uma concessão de um porto organizado ou um arrendamento portuário”. Na dicção do relator, “antes de
lançar os editais de desestatização, o Poder Concedente deve fazer a seguinte escolha: realizar estudos de
forma direta e por conta própria, com seus recursos humanos e materiais, ou remunerar particulares pelo uso
de recursos a eles pertencentes”. Ademais, prosseguiu, “os estudos referidos no art. 21 da Lei 8.987/1995,
por expressa previsão legal, não constituem atividade a ser necessariamente desenvolvida pelo próprio Poder
Público, nem implicam transferência da atividade regulatória nem a seu autor, nem aos titulares dos recursos
por ele mobilizados, ainda que o autor em questão tenha sido indevidamente favorecido quando escolhido
para realizá-los”. Nesses termos, e em face de outros aspectos analisados pelo relator, o Plenário negou
provimento ao recurso. Acórdão 2732/2015-Plenário, TC 012.687/2013-8, relator Ministro Bruno Dantas,
28.10.2015.
3. O licitante pode apresentar a taxa de BDI que melhor lhe convier, desde que o preço proposto para
cada item da planilha e, por consequência, o preço global não estejam em limites superiores aos preços
de referência.
Embargos Declaratórios opostos por empresa apontaram, entre outros pontos, suposta contradição em acórdão
que apreciara atos de pregão eletrônico promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência
2
Social (Dataprev), destinado à contratação de empresa especializada para manutenção integrada de
infraestrutura de datacenter. A contradição em questão residiria em o acórdão recorrido não ter considerado o
descumprimento ao edital do certame, uma vez que a empresa vencedora apresentara BDI em percentual
superior ao limite estabelecido. Assim, solicitou a embargante que fosse dado efeito infringente ao recurso e
anulado o pregão. Ao analisar o ponto, o relator iniciou ponderando “que a aceitação de BDI em valor superior
ao definido como teto pelo edital não se configura vício insanável ensejador de anulação do Pregão 357/2015.
Ademais, essa questão foi expressamente examinada quando da prolação do acórdão de mérito, haja vista a
própria decisão trazer a medida capaz de convalidar a impropriedade, qual seja a determinação para que a
contratação só seja efetivada com a exclusão da diferença entre o BDI ofertado (27,5%) e o apresentado no
edital (25%)”. Apesar de pontuar que a via dos embargos não se presta a rediscutir o mérito da decisão
combatida, considerou que o entendimento preponderante do TCU é no sentido “de cada particular poder
apresentar a taxa que melhor lhe convier, desde que o preço proposto para cada item da planilha e, por
consequência o preço global, não estejam em limites superiores aos preços de referência, valores estes obtidos
dos sistemas utilizados pela Administração e das pesquisas de mercado, em casos de lacunas nos mencionados
referenciais”. Desse modo, concluiu “pela viabilidade do certame, ao sopesar que os elementos dos autos
indicam que o orçamento estimado pela Administração está apto a balizar os preços de mercado e que o
desconto ofertado traz a economicidade ao Pregão 357/2015. Ao privilegiar o princípio do formalismo
moderado, e ao sopesar que os princípios da economicidade e da eficiência sobrepujam a ofensa ao princípio
da vinculação ao instrumento convocatório, entendo que não há óbices ao prosseguimento dessa
contratação”. O Plenário do Tribunal, em consonância com a proposta do relator, não conheceu dos embargos
declaratórios e manteve o acórdão recorrido em seus exatos termos. Acórdão 2738/2015-Plenário, TC
011.586/2015-0, relator Ministro Vital do Rêgo, 28.10.2015.
5. Nas licitações para a aquisição de produtos controlados pelo Exército Brasileiro é regular a exigência
de apresentação, além da necessária homologação prévia dos produtos pelo Exército, de memorial
3
descritivo, de modo a permitir a avaliação da pertinência do objeto ofertado às demandas específicas do
adquirente.
Representação formulada por sociedade empresária questionara possíveis irregularidades em pregão eletrônico
de responsabilidade do Comando Logístico do Exército Brasileiro (Colog), destinado ao registro de preços de
capacetes de combate, em especial a inabilitação da representante no certame por não ter apresentado o
memorial descritivo do produto, exigido pelo edital. Em síntese, a representante “questionou a razoabilidade
da exigência editalícia de apresentação de Memorial Descritivo dos produtos que pretende fornecer, sob o
argumento de já tê-lo feito no processo de homologação do produto”. Isso porque, em seu entendimento,
existiria “interdependência entre as licitações realizadas pelo Colog para aquisição de produtos controlados,
nos termos do Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados (R-105), aprovado pelo Decreto
3.665/2000, e o procedimento de homologação e fiscalização desses mesmos produtos, a cargo do Exército”.
Ou, em outros termos, “a exigência de apresentação de memorial descritivo seria ilegal porque o
procedimento de aprovação e homologação prévia do produto pelo Departamento de Ciência e Tecnologia
do Exército – DCT tem como requisito a apresentação desse mesmo documento, fato que dispensaria nova
verificação do documento nos certames licitatórios para aferir o preenchimento das exigências técnicas”.
Analisando o ponto, anotou o relator que “o fato de a licitante ter um produto previamente homologado pela
Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados não significa que tal produto atenda às exigências de toda
e qualquer licitação promovida pelo Comando do Exército”. Isto porque “a fiscalização de produtos
controlados atende a diversas finalidades elencadas no art. 2º do Regulamento para a Fiscalização de
Produtos Controlados, aprovado pelo Decreto 3.665/2000”. Assim, “diante da variedade de propósitos a que
se presta o processo de homologação de produtos controlados pelo Comando do Exército, surge a necessidade
de, a cada licitação, avaliar a pertinência do produto ofertado às demandas específicas do adquirente”.
Ademais, como pontuado pela unidade instrutiva, “a exigência contida no edital não constitui nenhum óbice
à participação de interessados, haja vista que a elaboração do documento requerido depende tão somente do
próprio licitante”. Diante desses elementos, concluiu o relator pela regularidade da conduta da pregoeira ao
inabilitar a representante em face da ausência de documento essencial exigido pelo edital. Nesse sentido,
acolheu o Plenário a proposta da relatoria, considerando improcedente a Representação. Acórdão 2712/2015-
Plenário, TC 014.846/2014-4, relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa, 28.10.2015.
4
Número 266
Sessões: 3 e 4 de novembro de 2015
Este Informativo contém informações sintéticas de decisões proferidas pelos Colegiados do TCU, relativas à
área de Licitação e Contratos, que receberam indicação de relevância sob o prisma jurisprudencial no período
acima indicado. O objetivo é facilitar ao interessado o acompanhamento dos acórdãos mais importantes do
Tribunal na área. Para aprofundamento, o leitor pode acessar o inteiro teor das deliberações por meio dos links
disponíveis. As informações aqui apresentadas não são repositórios oficiais de jurisprudência.
SUMÁRIO
Plenário
1. No planejamento de suas aquisições de equipamentos, a Administração deve identificar um conjunto
representativo dos diversos modelos existentes no mercado que atendam completamente suas necessidades
antes de elaborar as especificações técnicas e a cotação de preços, de modo a caracterizar a realização de ampla
pesquisa de mercado e evitar o direcionamento do certame para modelo específico pela inserção no edital de
características atípicas.
2. O argumento de que o valor do melhor lance encontra-se abaixo do orçamento estimativo e que, portanto,
estaria atendido o princípio da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração somente merece
guarida quando evidenciado que a pesquisa de preços da licitação foi feita de acordo com a melhor técnica
possível para cada caso, a exemplo dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/14.
3. A elaboração do orçamento base após publicação do edital constitui descumprimento dos art. 8º, § 5º, e art.
2º, parágrafo único, da Lei 12.462/11, que instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC),
ainda que a Administração opte pelo sigilo do orçamento (art. 6º, § 3º, da mesma Lei).
PLENÁRIO
2. O argumento de que o valor do melhor lance encontra-se abaixo do orçamento estimativo e que,
portanto, estaria atendido o princípio da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração
somente merece guarida quando evidenciado que a pesquisa de preços da licitação foi feita de acordo
com a melhor técnica possível para cada caso, a exemplo dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG
5/14.
Ainda na Representação a respeito de possíveis irregularidades ocorridas em pregão eletrônico realizado pelo
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do Sul (IFMS), a unidade técnica entendeu
que, apesar do descumprimento de normas que regem a matéria, a conduta dos agentes do IFMS não resultou
em prejuízo ao erário. Ao contrário, como observou, os preços pagos ao final do certame estavam abaixo do
patamar estimado pelos gestores, sendo cerca de 80% do valor previsto, acarretando vantagem financeira para
a Administração na contratação. O relator, por sua vez, registrou “discordância com a alegação de que houve
vantagem financeira para a Administração na contratação derivada do pregão”. Na espécie, “não é possível
aceitar tal argumento sem um parâmetro confiável, pois não se pode afirmar que realmente houve
economicidade caso o orçamento estimativo não tenha sido feito de forma escorreita e caso não reflita os
preços efetivamente praticados no mercado. Historicamente, o TCU sempre defendeu que as estimativas de
preços prévias às licitações devem estar baseadas em uma ‘cesta de preços aceitáveis’”. Nessa linha, a
jurisprudência do Tribunal consolidou-se no sentido de que “não se deve considerar, para fins de elaboração
do mapa de cotações, as informações relativas a empresas cujos preços revelem-se evidentemente fora da
média de mercado, de modo a evitar distorções no custo médio apurado e, consequentemente, no valor máximo
a ser aceito para cada item licitado”. O ministro relator destacou que “todo esse esforço do TCU culminou
na edição da IN-SLTI/MPOG 5/2014, que dispõe sobre os procedimentos administrativos básicos para a
realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral”. Finalizou
concluindo que “o argumento de que o valor do melhor lance estaria abaixo do orçamento estimativo e que,
portanto, estaria atendido o princípio da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração somente
merece guarida quando evidenciado que a pesquisa de preços da licitação foi feita de acordo com a melhor
técnica possível para cada caso, a exemplo dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014, fato que não
foi analisado pela unidade instrutiva neste processo”. Acolhendo as razões do relator, o Plenário do TCU
considerou a Representação parcialmente procedente. Acórdão 2829/2015-Plenário, TC-019.804/2014-8,
relator Ministro Bruno Dantas, 04.11.2015.
3. A elaboração do orçamento base após publicação do edital constitui descumprimento dos art. 8º, §
5º, e art. 2º, parágrafo único, da Lei 12.462/11, que instituiu o Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC), ainda que a Administração opte pelo sigilo do orçamento (art. 6º, § 3º, da mesma Lei).
Em Auditoria realizada na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), com o objetivo de
fiscalizar o edital referente à contratação, mediante o regime diferenciado de contratações, da complementação
do projeto executivo e da execução das obras de ampliação e reforma do terminal de passageiros e construção
de pátio de aeronaves do Aeroporto Internacional de Fortaleza/CE, fora constatada, entre outros aspectos, a
elaboração do orçamento base após a publicação do edital. Sobre o fato, a equipe de auditoria consignou em
relatório que “a possibilidade de tornar sigiloso o orçamento elaborado pela administração, dado pelo art. 6º
da Lei 12.462/2011, não significa que esse possa ser preparado no interstício entre a divulgação do edital e
abertura dos lances dos participantes, conforme se depreende da leitura integral da Lei do Regime
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Diferenciado de Contrações Públicas”. Isso porque, nos termos do parágrafo único do art. 2º da Lei 12.462/11,
“o orçamento detalhado do custo global da obra é um dos elementos mínimos do projeto básico que, de acordo
com o § 5º do art. 8º, deverá estar aprovado pela autoridade competente para as licitações de obras e serviços
para os regimes de empreitada por preço unitário, caso do edital em questão”. Tal procedimento, entendeu a
equipe auditora, “além da aderência legal, possibilita uma maior qualidade no processo de orçamentação,
que poderá realizar as cotações juntos aos fornecedores e revisões das composições sem risco de interrupção
dos trabalhos devido a data de abertura das propostas”. Analisando o ponto, o relator demonstrou
preocupação “com a possibilidade de reincidência dessa prática, que parte da ideia de que, por ser sigiloso,
o orçamento poderia ser finalizado próximo à avaliação das propostas e sem prejuízos aos interesses da
Administração”. Nesse sentido, prosseguiu, “além desse procedimento constituir descumprimento aos arts.
8º, § 5º, e 2º, parágrafo único, da Lei 12.462/2011, é imperioso que, antes de lançar um edital, a administração
tenha conhecimento do valor que poderá ser necessário para o investimento e seu planejamento
orçamentário”. Assim, o Plenário acolheu a proposta do relator para, entre outros comandos, dar ciência à
Infraero que “a elaboração do orçamento base após publicação do edital constitui descumprimento do art.
8º, § 5º, e art. 2º, parágrafo único, da Lei 12.462/2011”. Acórdão 2832/2015-Plenário, TC 002.905/2015-9,
relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa, 4.11.2015.