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Fonte: Club-k.net
Noutros termos, todos os Arcebispos ou Patriarcas que por ali passarem, em princípio,
recebem o legado cardinalício depois da morte do predecessor. O exemplo mais próximo
para nós é a arquidiocese de Kinshasa. Depois da morte do Cardeal Joseph Malula já teve
mais dois Cardeais sucessores (Monsenhores Etsou e Laurent Moussengo). Quanto ao
título pessoal, é o caso do nosso Cardeal Alexandre Nascimento. Foi Arcebispo do
Lubango e de Luanda. Os seus sucessores nestas arquidioceses não têm direito de
sucessão cardinalícia porque o título não está vinculado ao território mas à pessoa. É o
mesmo caso de Brazzaville que desde a morte do Cardeal Emile Biayenda, em 1978,
nunca mais teve Cardeais. No âmbito das Conferências Episcopais, os Cardeais só têm
jurisdição nas suas respectivas dioceses enquanto ́ ́Ordinários do Lugar ́ ́.
De resto, mantêm em relação aos demais Bispos e Arcebispos o direito de precedência
protocolar. Nas concelebrações onde participam Bispos e Arcebispos estes normalmente
presidem ou então assistem apenas. Muitas vezes a imprensa angolana tratou o Cardeal
Alexandre como chefe da Igreja católica em Angola. Grande aberração! Lembro-me que
nos anos 90, na minha qualidade de Secretário da CEAST, me foi dada a incumbência de
mandar ao jornal de Angola uma nota de esclarecimento a propósito do assunto. Nessa
altura o Presidente Jose Eduardo dos Santos havia recebido os bispos da CEAST no
Futungo de Belas e o Jornal deu mais ou menos a notícia com este teor: O PR recebeu o
Cardeal Alexandre Nascimento no palácio presidencial...O chefe da Igreja católica em
Angola fez-se acompanhar pelos Bispos da CEAST...etc. É claro que os demais Bispos
não gostaram de serem retrados como acólitos do senhor Cardeal. Daí a reacção que
também não caiu bem ao Cardeal. Mas era preciso esse esclarecimento!
3. A minha posição em relação à elevação do D. Dal Corso. Segundo o cân. 351 do código
de direito canónico, «Os Cardeais a promover são escolhidos livremente pelo Romano
Pontífice, pertencentes pelo menos à ordem do presbiterado, e que se distingam
notavelmente pela doutrina, costumes, piedade e prudente resolução dos problemas...»
Não tenho qualquer pretensão de colocar em causa esse direito pontifício, mas por aquilo
que eu sei essa suposta ́ ́livre escolha ́ ́ do Romano Pontifice tem muito que se lhe diga.
Para começar, o Papa não conhece todos os sacerdotes e o respectivo nível de doutrina,
os seus costumes, a sua piedade, etc...há sempre algum lobby com interesses nem sempre
identificáveis com o evangelo que serve de canal e persuade o Papa a dar o seu voto de
confiança. Ademais os tais conselheiros estão lá para isso. Os altos postos do Vaticano
são disputados muitas vezes fora dos cânones da moral e do evangelho.
No Vaticano estão acoitados verdadeiros abutres que não hesitam em fazer uma
eliminação fisica quando os seus interesses estejam em causa. Sabem porquê o Papa
Bento XVI resignou?! Se tivesse continuado no posto, talvez já não estava em vida! Para
já os italianos têm uma propensão crónica ao carreirismo eclesiástico. Vejam o caso do
antigo Núncio Apostólico, Angelo Becciu, pela ascensão meteórica que teve nos últimos
anos ascendendo ao grau de Cardeal Prefeito para a Causa dos Santos, mas com muita
influência ainda na Secretaria de Estado do Vaticano. Não pensem que foi apenas uma
questão de mérito. Também não quero falar dos méritos pessoais do D.Eugénio Dal
Corso. Mas creio que a Igreja africana, em geral, e de Angola, em particular, nada ganha
com a sua promoção. Aliás é um sacerdote já na reforma. Sempre me bati pela
africanização da Igreja no nosso continente na esteira dos teólogos africanos que
entendem que a Africa deve assumir a sua própria evangelização com os seus próprios
recursos e que os tempos de ́ ́Terra de missão ́ ́ já passaram.