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PentagramA

Revista Bimestral d o Lectorium Rosicrucianum 2005 número 6

Luz sobre o México – 1

POPOL VUH

OS POVOS DO MÉXICO

ONDE O SOL E A LUA SE UNEM

A VERDADE DISTORCIDA

PARA CONTEMPLAR O CÉU

AS PEDRAS FALAM

ATLÂNTIDA

ONDE A LUZ UM DIA BRILHOU...


PENTAGRAMA

Tema deste número: SUMÁRIO

Luz sobre o México – 1


02 I NTRO DUÇÃO

03 PO PO L VUH
Em muitas lendas da América Central, 07 O S POVO S DO MÉX ICO
Quetzalcoatl, a Serpente Emplumada, 14 O NDE O SO L E A L UA SE
UNEM
é considerado a mais alta manifestação

do divino no mundo das formas... 16 A VERDADE DISTO RCIDA

21 PARA CO NTEMPLAR O CÉU

24 AS PEDRAS FALAM

26 ATLÂNTIDA

31 O NDE A L UZ
UM DIA BRILHO U...

ANO 27
N ÚMERO 6
Introdução

Esta edição da Pentagrama evoca as ainda pouco conhecidas antigas culturas


da América Central que parecem, às vezes, tão misteriosas. Descrito sob
diferentes ângulos, o conjunto oferece uma imagem colorida e multifacetada do
México. São abordados também alguns desenvolvimentos da época atual.

Foi feito um esforço para reparar um como poderia ser diferente?


pouco a imagem de uma civilização A originalidade da presente edição
pagã e limitada que os conquistadores e da próxima está no fato de que estes
e a Igreja empenharam-se para dar à números “especiais” são inteiramente
América pré-colombiana. Nossa in- consagrados a um país, à sua história e
tenção foi mostrar que o impulso uni- à sua cultura. Embora cada artigo bas-
versal que incita ao restabelecimento e te por si mesmo, reunidos, eles for-
ao progresso da humanidade manifes- mam um todo que tende a fornecer
tou-se de diversas formas nessas civi- uma imagem coerente a partir de uma
lizações. diversidade de elementos. Compara-
À primeira vista, o simbolismo das mos essa imagem a uma árvore mile-
culturas encontradas no México não nar: embora os galhos e as folhas se
parece corresponder de modo algum espalhem em todas as direções, nas
Escultura de um
jaguar, um dos três
ao simbolismo ocidental nascido das raízes e no tronco circula a mesma
principais animais influências gregas, romanas e judaicas. seiva proveniente da mesma fonte.
dos mistérios da Porém, ao olhar mais de perto, é pos-
tradição mexicana. sível reconhecer uma fonte comum. E A redação

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Popol Vuh

Esse é o princípio das antigas histó- escritos constituem a mais importante


rias... Existia o livro original, tal como fonte da cultura maia e nos oferecem
foi escrito outrora, mas permaneceu uma visão de suas percepções e de seu
oculto ao pesquisador e ao pensador. universo mental, até onde podemos
Verdadeiramente poderosos são a des- compreendê-los. O conteúdo e a lin-
crição e o relato da criação universal, guagem nos parecem estranhos, bem
de como surgiram o céu e a terra; de como seu simbolismo, muitas vezes
como foram repartidos em quatro par- incompreensível. Porém, do conjunto
tes e seus quatro lados marcados por irradia um sentimento de familiarida-
sinais, e como foi medido o espaço do de, como se fosse algo que reconhece-
céu e da terra. mos, mas cujo significado continua
profundamente oculto.
“Esse é o princípio...” assim começa a
A ssim começa o prólogo do narra- história da criação entre os maias.
dor indígena do Popol Vuh, o livro “No princípio...” são as primeiras
sagrado dos maias, relato de um mito palavras do Gênese na Bíblia.
secular da criação do céu, da terra e do “Quando lá no Alto...” inicia a lenda
homem. É uma das numerosas tradi- babilônica da criação, da qual a epo-
ções orais registradas por escrito na péia de Gilgamesh faz parte.
Guatemala, na língua dos maias, o Uma observação mais apurada
quiché. Ele foi chamado também de O mostra que esses três mitos de criação
Livro do Conselho, e compreende têm uma grande semelhança entre si.
duas partes: “a criação e a vida celeste” Todos descrevem o surgimento do
e “a história de um povo”. macrocosmo, do mundo e da humani-
No início do século XVIII, esses dade com um simbolismo adaptado
textos foram levados ao conhecimento ao poder de imaginação e à consciên-
de um jovem padre espanhol, Francis- cia dos seres da época. Eles relatam a
co Ximenez, que havia desembarcado história de um homem expulso de um
no México, em 1688, numa expedição paraíso, de uma torre que subia até o
missionária. O padre transcreveu céu, de uma gigantesca catástrofe de
escrupulosamente o texto e o traduziu fogo e água, de um navio encalhado
para o espanhol. Acredita-se que esse numa montanha e, finalmente, o re-
manuscrito ainda exista. torno ao reino da Luz. O Popol Vuh
O Popol Vuh é, junto com os três descreve exatamente os mesmos acon-
códices maias de Dresden, Paris e tecimentos!
Madri e alguns outros manuscritos, os
únicos escritos remanescentes que tes- Pouco conhecido no Ocidente
temunham do profundo conhecimen-
to dos maias e de sua cultura. Esses Até o presente, o Ocidente não se

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interessou muito pela história da dônimo de H. W. Horn), que se inte-
criação segundo os maias, talvez pelo ressou apaixonadamente pela cultura
fato de o Popol Vuh parecer um livro maia, conseguiu traduzir e comentar o
de difícil acesso, e também porque a Popol Vuh a partir da língua original
história da cultura ocidental tem dos maias, o quiché. Esta tradução foi
suas raízes nas religiões e culturas publicada pela primeira vez em 1977,
judeo-egípcias, grecopersas e india- com o título: Popol Vuh, o Livro do
nas. Mas o Popol Vuh merece estar Conselho. Este artigo apóia-se princi-
em pé de igualdade na série das gran- palmente nessa tradução.
des lendas que nos ligam à aurora da
humanidade. A criação do mundo
Depois da invasão espanhola e do
aniquilamento da civilização maia em O relato da criação do Popol Vuh
1524, alguns eminentes maias tenta- começa com as palavras simbólicas:
ram compilar determinados elemen- “Eis a mensagem: outrora, o Uni-
tos de sua cultura para a posteridade. verso estava em repouso, sem um
Assim apareceu o Chilám Balám, sopro. Um mundo imóvel e silencio-
obra dos ou sacerdotes-jaguar. As des- so. E os céus estavam vazios. É a pri-
crições contidas nesses livros e os meira mensagem, a primeira palavra.
anais sobre os cultos e crenças religio- Ainda não havia nem homens, nem
sas foram velados para que fossem animais. Pássaros, peixes, crustáceos,
protegidos da Inquisição. árvores, pedras, grutas, ravinas não
Foi um francês, o abade Brasseur de existiam. Nenhuma erva, nenhuma
Bourbourg, que divulgou amplamen- floresta. Só existia o céu.
te a visão dos maias. Em 1861, ele A face da terra ainda não havia se
publicou O Popol Vuh, o livro sagra- revelado. Só havia as águas imóveis e o
do e os mitos da Antigüidade america- imenso espaço do céu. Nada ainda
na. A obra, baseada em grande parte estava ligado. Nenhum som, nenhum
numa versão espanhola do texto de movimento, nenhuma perturbação,
Ximenez, foi encontrada na sucessão nada rompia o silêncio do céu. Ainda
dos abades. Tudo que foi publicado nada havia se erguido. Só existia a
depois apóia-se nos escritos e inter- serenidade da água, a tranqüilidade do
pretações de Brasseur de Bourbourg. oceano, solitário, silencioso. Nada
O texto de Ximenez perdeu-se, mais.
após sua morte, em 1730, e acabou Imutável e muda estava a noite, a
num mosteiro da Guatemala. Após escuridão. Mas na água, irradiada pela
muitas idas e vindas, junto com outros luz, estavam o criador e o formador, o
manuscritos de Ximenez, o original vitorioso Tepëu e a Serpente de plu-
emergiu novamente. Em 1941, esse mas verdes, Gucumatz, e os procria-
manuscrito foi recuperado por Adrián dores. Eles estavam escondidos sob
Recinos, adido cultural da Guatemala plumas verdes e azuis: é por isso que
nos Estados Unidos, que descobriu se fala da serpente com plumas verdes.
esse importante documento na Biblio- Sua natureza é de grande sabedoria
teca de Newberry, em Chicago. Sua e grande conhecimento. Por isso, exis-
tradução, Popol Vuh, as histórias anti- tia o céu e o coração do céu, chamado
gas do quiché, foi publicada em 1947. Cabavil, aquele-que-vê-nas-trevas.
O escritor Wolfgang Cordan (pseu- Assim dizem.

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Na escuridão da noite, Tepëu e Todas as partes do mundo conser- A criação do mundo
Gucumatz encontraram-se e conver- vam mitos e tradições milenares que, e as criaturas que
o povoam.
saram. Assim falando, aconselharam- sob a forma de simbolismo e adapta-
Diego Rivera
se e deliberaram. Eles concordaram e dos a sua civilização, descrevem a cria- (1886-1957)
seus pensamentos e suas palavras se ção e o itinerário interior seguido pelo inspirou-se do
harmonizaram quando consideraram ser humano. Os filhos divinos do Sol, Popol Vuh, o livro
que, junto com a luz, os seres huma- Hunahpú e Ixbalanqué (comparáveis sagrado dos Maias,
nos deveriam surgir. Então, decidiram ao princípio masculino-feminino do redigido em quiché
no século XVI.
sobre a criação e o crescimento das homem verdadeiro), entregam-se ao
árvores e das trepadeiras, sobre o reino tenebroso da terra, Xibalda, o
começo da vida e sobre a criação do Hades dos maias, e vencem o mal.
homem. O coração do céu assim deci- “Depois eles se elevaram, em meio à
diu, na noite e nas trevas.” luz, e alcançaram o céu imediatamen-
As imagens evocadas no Popol Vuh te, um se tornou o sol e o outro a lua.
– a criação das formas, a evolução da A luz preencheu a abóbada celeste e a
consciência das criaturas, o papel dos face da terra.”
deuses e dos semideuses, a descida ao O Popol Vuh conta que o homem, a
mundo inferior e sua travessia e a rea- quarta criatura, emanou do milho, sím-
lização de milagres – concordam ple- bolo do Sol. O homem é, portanto,
namente, por exemplo, com as sete considerado como oriundo de uma for-
estâncias do Livro de Dzyan, traduzi- ça espiritual, como filho do Sol. Isso
do por H. P. Blavatsky, e com a mito- concorda indiscutivelmente com a pa-
logia suméria. Encontramos aí tam- lavra segundo a qual o homem foi cria-
bém elementos da antiga tradição do “à imagem e semelhança de Deus”.
egípcia, do Livro do Gênese e também “Dizem que os quatro primeiros
dos antigos mistérios gregos. homens, Jaguar da Floresta, Jaguar das

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Trevas, Senhor da Noite e Jaguar da como se houvesse soprado sobre um
Lua foram criados e formados a partir espelho. Seus olhos obscureceram-se:
de um mingau de milho e que não ti- eles só podiam ver o que estava perto
veram mãe. Eles não sofreram nem e era claro.
nascimento, nem transformação; fo- Assim desapareceu a sabedoria e o
ram criados por um milagre.” conhecimento desses quatro homens
Desses primeiros homens, o Popol originais do princípio.
Vuh testemunha: Assim foram criados e formados
“A inteligência foi-lhes dada. Eles nossos antepassados, nossos pais, pelo
sondavam o interior das coisas e pers- coração do céu, pelo coração da terra...
crutavam os confins do espaço; eles E suas esposas foram criadas. Deus
tudo viam e tudo sabiam. Quando eles mesmo as fez muito conscienciosas.
olhavam, viam imediatamente tudo Assim, durante seu sono, vieram belís-
em volta, e a abóbada do céu, e o inte- simas mulheres ao lado de Jaguar da
rior da terra. Floresta, Jaguar das Trevas, Senhor da
Eles viam todas as coisas que esta- Noite e Jaguar da Lua. Seus nomes
vam longe, sem se moverem. Eles viam eram: Água do Céu, Água da Fonte,
imediatamente a terra toda e viam Água do Colibri, Água do Papagaio.
tudo a partir do local onde se encon- Esses eram os nomes das esposas. As
travam. primeiras amantes.
Grande era sua sabedoria. Sua visão Elas geraram homens de elevada e
estendia-se até as florestas, as rochas, de baixa linhagem... Seus nomes eram
os iguanas, os oceanos, as montanhas e todos diferentes, enquanto se multi-
os vales. Eram verdadeiramente ho- plicavam no Oriente... Eles vieram
mens maravilhosos: Jaguar da Floresta juntos, do Oriente... Nem o sol nem a
e Jaguar das Trevas, o Senhor da Noite luz haviam ainda nascido quando se
e Jaguar da Lua... multiplicavam... E houve muitos ho-
Eles viam imediatamente todos os mens, sombrios e luminosos. Homens
homens, e o que havia no mundo… de todas as naturezas, com lingua-
Eles sabiam tudo, de uma só vez, e gens muito variadas. Era maravilhoso
concretizaram as quatro direções do ouvi-los...”
vento, as quatro direções do céu e da A criação descrita de maneira tão
face da terra.” colorida no Popol Vuh termina com
Mas o criador e o formador os estas palavras: “Aí, eles viram o nascer
acharam demasiadamente orgulhosos. do sol. Eles só tinham uma única lín-
“Não são eles simples criaturas fabri- gua. Eles não reverenciavam nem a
cadas? Deveriam eles também se mul- madeira nem a pedra e se lembravam
tiplicar? Refreemos um pouco seus da palavra do coração do céu e do
desejos, pois o que vemos não é bom. coração da terra...
Deveriam eles, finalmente, ser iguais a ‘Que a luz seja, que a aurora
nós que os criamos e que somos capa- apareça’, diziam eles, e aguardavam o
zes de olhar ao longe e tudo saber e nascer do sol. E, enquanto aguarda-
tudo ver?” Assim falaram e imediata- vam, viram a estrela da manhã, o astro
mente transformaram a natureza de grandioso que precede o sol, que ilu-
sua obra e de suas criaturas. mina a abobada do céu e a face da
“O coração do céu jogou um véu terra, e ilumina o caminhar dos ho-
sobre seus olhos, que se perturbaram, mens que foram criados e formados.”

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Os povos do México

Os primeiros homens do México viviam de caça e meiras construções de pe-


colheita. Uma opinião geralmente aceita é que eles dra com estrutura pirami-
teriam sido os descendentes de tribos asiáticas que, dal. Os centros mais im-
portantes foram San Lo-
atravessando o Estreito de Bering, teriam povoado o
renzo (1.200 a.C.) e La
continente americano, há 50.000 anos. Hipótese
Venta (900 a.C.). Ninguém
duvidosa, pois na época a América do Norte pode dizer a idade da civili-
encontrava-se sob uma espessa camada de gelo. zação olmeca, nem de onde
ela provém. Contudo, mui-
tos indícios testemunham
de relações com o conti-
nente africano. Existem
ruínas surpreendentes: o
O s primeiros vestígios de que pensar de uma plata-
presença humana no Méxi- forma artificial de mais de
co datam de aproximada- 30 metros de altura sobre a
mente 20.000 a.C. Entre qual se ergue uma imensa
7.000 e 2.000 a.C., no cha- construção de 1,2km de
mado “período arcaico”, comprimento por 700m de
essas populações começa- largura? Famosos bustos de
ram a se fixar. Entre 2.000 e pedra com traços negrói-
1.500 a.C. apareceram os des, cabeças monolíticas gi-
primeiros povoamentos de gantescas, que pesam mais
onde emergiu, assim pen- de 20 toneladas? E ainda
Ah Musen Cab, o deus das abelhas
sam, uma civilização reli- não-agressivas, representado descendo
não foi exumado nenhum
giosa e ritualística. dos céus.Também é dito que ele vem esqueleto olmeca. No en-
A antiga civilização do de Vênus. tanto, o cálculo binário e o
México foi dividida em três calendário maia provêm
grandes períodos: Período dos olmecas certamente dos olmecas, ou
de seus predecessores. As
• o período pré-classico Os olmecas prosperaram descobertas arqueológicas
(de 1.500 a 200 a.C.) no decorrer do período recentes mostram que a
pré-clássico, chamado de civilização dos olmecas
• o período clássico período da cultura-mãe, no surgiu de uma só vez, em
(de 200 a.C. a 950 d.C.) decorrer do qual aparece- seu nível mais elevado.
ram nas planícies do Golfo Como pode ser? Como um
• o período pós-clássico do México os primeiros povo chegou a uma arte tão
(de 950 a 1.500 d.C.) centros de cerimoniais reli- refinada e de tal valor? Há
giosos, assim como as pri- fenômenos que apresentam

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verdadeiros enigmas para a te Alban, que alcançou seu mico. Em diversas estelas
ciência moderna. apogeu entre 200 a.C. e estão representados rostos
Houve um tempo no 250 d.C. Em Oaxaca, por com traços negróides, es-
qual os cientistas iam lon- volta de 600 a.C. floresceu culturas que, no entanto,
ge na arte de ignorar e ne- a civilização dos zapotecas, não igualam o refinamento
gar fatos constrangedores. influenciada pelos olme- da arte olmeca. Por volta
Hoje em dia, a pesquisa ci- cas. É do início desse pe- de 800 d.C., Monte Alban
entífica reconhece que eles ríodo que data a primeira declinou e a civilização dos
podem justamente levar a inscrição em pedra de um mixtecas assumiu o poder,
resultados surpreendentes. calendário da América Cen- um povo do norte de Oaxa-
tral. Em Monte Alban es- ca cujo centro era o tem-
Período de Monte tende-se o cume de uma plo de Mitla, e cuja cultura
Alban colina artificial nivelada, é notável por seus esplên-
uma imensa plataforma didos ícones.
No decorrer do período cercada de grupos de pirâ- De acordo com os pes-
clássico desenvolveram-se mides e de outras constru- quisadores, na parte cen-
grandes civilizações em di- ções que estão mutuamen- tral do México (a região da
ferentes pontos do Méxi- te em relações geométri-
co. O centro mais impor- cas; uma delas devia servir Cronologia dos diversos povos
tante foi a cidade de Mon- de observatório astronô- do México.

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Tula – Estátuas de nove metros de
altura chamadas Os Atlantes.

cidade do México) apare-


ceram duas civilizações no
final do período pré-clás-
sico: a de Cuicuilco, cujo
primeiro templo foi des-
truído por um vulcão em
100 d.C., e depois flores-
ceu a civilização de Teoti-
huacã. Essa cidade-tem-
plo, ao norte da cidade do
México, e que lhe deu ori-
gem, é muito antiga. Teoti-
huacã se desenvolveu no
início do período clássico
até se tornar uma metró-
pole de mais de 200.000
habitantes e uma das maio- Ao mesmo tempo, em ritório: 900 km de norte a
res cidades do mundo. Seu Veracruz, desenvolveu-se sul; do litoral norte de
maior desenvolvimento o- a cultura de El Tajin, espe- Iucatã ao Oceano Pacífico,
correu entre 250 e 700 cialmente conhecida pelo e 500 km de nordeste a
d.C. Ela foi devastada em “jogo da bola” que, tam- sudoeste, entre a foz do
725 e, dois séculos mais bém entre os maias, fazia rio Usumacinta e o golfo
tarde, foi completamente parte dos rituais. Os maias de Honduras.
abandonada. ocuparam um enorme ter- Havia aí três grandes
regiões, tendo, cada uma,
formas culturais específi-
cas e uma história própria:
a região alta da Guatemala
e de El Salvador no litoral
do Oceano Pacífico, a
região baixa a nordeste de
Chiapas e ao sul de Cam-

Essas enormes cabeças de pedra


encontram-se nos principais centros
olmecas do México.

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tecas era Tula, da qual se
sabe muito pouco. O mo-
numento mais extraordi-
nário dessa cidade é a pirâ-
mide de Quetzalcoatl, tam-
bém chamada de Pirâmide
da Estrela da Manhã. Nu-
Seção consagrada aos maias. Museu delas repentinamente. Chi- ma vasta esplanada er-
Antropológico da cidade do México. chén Itzá ainda alcançou guem-se os famosos Atlan-
um apogeu entre 1.000 e tes, quatro imensas estátuas
peche, e a vasta região ao 1.250 d.C., mas sua inva- de basalto, que, com suas
norte, a atual península de são por uma nova popula- quatro colunas, deviam
Iucatã. ção vinda do noroeste cau- sustentar o teto de um
A maior concentração sou sua perda. Uma das templo desaparecido. Mais
conhecida da cultura maia teorias diz que esses inva- além, descobre-se o Coa-
encontra-se a leste da cida- sores foram os toltecas, tepantli, o Muro da Ser-
de do México, na cidade que dominaram durante o pente, do lado norte da
de Chiapas e em Iucatã. A período pós-clássico. pirâmide. Esse muro, de
primeira civilização maia A influência social e es- dois metros de altura e de
data de aproximadamente piritual dos maias irradiou quarenta metros de com-
300 a.C. e vai até 250 d.C. por toda a América Cen- primento, possui um bai-
As inscrições mais antigas tral. Os toltecas, cujo no- xo-relevo denso de ser-
datam de 292 a.C. e en- me significa “mestres-cons- pentes engolindo seres hu-
contram-se em Tikal, na trutores” em náhuat, e que manos.
Guatemala. No período descendiam dos náhuatla- A religião original dos
clássico, essa civilização cas ou náhuas, fundaram náhuatl permite estudar
prosperou principalmente uma teocracia estabelecida esquematicamente as três
nas planícies e alcançou nos princípios religiosos representações do mundo
seu apogeu entre 300 e 800 dos maias. Em seguida, do império tolteca. Essas
d.C. No final, ainda houve quando o povo maia en- três concepções concorda-
um grande desenvolvi- trou em decadência e a vam com a cosmogonia
mento na península de violência militar dos tolte- pré-clássica dos maias e
Iucatã. Depois surgiu o cas se fez sentir, e depois a formavam a base da socie-
famoso estilo Puuc (300- dos astecas, os princípios dade pré-colombiana. Fun-
800 d.C.) e o célebre tem- espirituais se perderam e o damentada originalmente
plo de Chichén Itzá. Entre véu da ignorância caiu so- na magia, esta última rece-
950 e 1.200 a.C., a maioria bre o significado dos ri- beu, em seguida, uma es-
das cidades dessa região tuais praticados pelos sa- trutura religiosa, que, por
foi abandonada, algumas cerdotes. A capital dos tol- sua vez, constituiu uma es-

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A torre que subia até o céu

No princípio, antes que a luz do sol fosse criada, esse


lugar, Cholula, estava na escuridão e nas trevas; tudo aí
era plano, sem colinas, nem alturas, nem árvores, nem
coisas criadas; a água cercava de todos os lados.
trutura social. Segundo a Assim que o sol e a luz ergueram-se ao leste, aparece-
ciência esotérica, essas três ram homens gigantescos, com estranha estatura, que
fases precedem a formação tomaram posse da terra. Ofuscados pela beleza do sol
de uma civilização. Ne- e da luz, eles decidiram construir uma torre tão alta que
nhuma cultura o mostra seu topo alcançaria o céu. Uma vez reunidos os mate-
mais claramente do que a riais necessários, eles encontraram argila e argamassa
do antigo México. especialmente resistentes com as quais se puseram
Outras teorias foram imediatamente a construir.
emitidas sobre a natureza Depois da edificação da torre que subia até o céu, o
da civilização tolteca. Os Senhor irritou-se e disse aos habitantes do céu: “Vistes
descendentes atuais dos como os da terra elevaram até aqui uma torre orgulho-
toltecas afirmam que não sa a fim de se fartar de sol e de beleza? Vinde aniquilá-
devemos considerá-los co- la porque não é bom que os da terra, que vivem na
mo um povo, mas, sobre- carne, entrem em contato conosco.”
tudo, como um grupo de Imediatamente os habitantes do céu lançaram raios que
homens sábios e talento- destruíram o imenso edifício e dispersaram os habitan-
sos, a serem, talvez, com- tes pelos quatro cantos da terra.
parados com os caldeus da
antiga Mesopotâmia.
Pensa-se que os toltecas, grandeza no século X, até se sobre as regiões cen-
antes dos astecas, domina- seu declínio no século trais, do golfo do México
ram o centro e o sul do XIII; os astecas se propa- até o oceano Pacífico, e de
México atual. Os toltecas garam nos séculos XIV e Bajio até Oaxaca (Huaz-
estavam no auge de sua XV. Seu império estendeu- yacac).

Este baixo-relevo, descoberto num


sítio olmeca, em La Venta, parece
representar um navegador fenício.
Interpretação corroborada pela
descoberta de pedras, em 1976, em
Comalco, na costa caribenha, datando
dos primeiros séculos d.C. e levando
inscrições em neo-fenício e em antigo
líbico. Numa delas está marcado:
“Yasma Hamin”, que significa:
“protegido por Cristo”.

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Quando os espanhóis,
em 1519, desembarcaram
no Golfo do México perto
de Veracruz, foi o fim da
civilização mexicana. O
chefe europeu, Hernan
Cortés, cuja vinda foi to-
mada no início como o
Visão geral da localização dos retorno do deus Quetzal-
diferentes povos do México. coatl, revelou-se logo co-
mo o anjo da morte. Para
ele, as vidas humanas não
mexicanos, um novo povo contavam e ele só tinha ga-
cuja origem é assunto de nância por prata e ouro.
um mito. Eles alegam vir Nos anos seguintes, en-
de uma ilha branca do nor- quanto a poderosa Igreja se
deste: Aztlã. Os conquista- estabelecia no país, os espa-
dores espanhóis chama- nhóis queimaram, escravi-
ram-nos de astecas. No pe- zaram ou massacraram mi-
ríodo pós-clássico, antes de lhões de indígenas. Os con-
sua colonização pelos espa- quistadores mostraram uma
nhóis, esse povo tinha ins- ferocidade indescritível, as-
tintos dominadores. Eles sim como no Peru e na Bo-
ampliaram seu reinado até lívia. Os padres e a Inquisi-
as regiões dos antigos mai- ção fizeram desaparecer
as e adotaram muitos as- tudo o que puderam en-
Calendário asteca.
pectos culturais das popu- contrar de rolos e manus-
lações que os haviam pre- critos de uma cultura que, a
Época de perturbação cedido. Em certo sentido, seus olhos, era pagã. Eles
poderiam ser comparados apagaram até os nomes ori-
O período pós-clássico aos romanos, na Europa, ginais das diferentes popu-
foi muito perturbado. Gru- povo muito centrado na lações, dando-lhes o nome
pos vindos do norte inva- matéria. Os maias, assim co- de maias. Os espanhóis
diram regularmente o país. mo os primeiros toltecas e varreram assim, como num
O antigo templo abando- os purépechas (chamados furacão, a cultura milenar
nado de Tenochtitlã na ci- de tarascos pelos espanhóis), das Américas Central e do
dade do México, foi reto- tinham uma certa seme- Sul. O assim chamado po-
mado por aqueles que se lhança com os gregos apai- liteísmo foi completamente
chamaram mais tarde os xonados por filosofia. erradicado. Eles procede-

12
ram a uma cristianização
em regra, e todo o México
teve de se submeter à Igre-
ja romana. Mas os mexica-
nos jamais renegaram to-
talmente seu passado, e
essa mistura de populações
que professavam a fé cató-
lica permaneceu impregna-
da de tradições e ritos indí-
genas. O período colonial
durou até 1823. Depois,
chegou a luta pela indepen-
dência, que persistiu até
1910. Os mexicanos tive-
ram, então, de lutar contra
a França, a Áustria e os
americanos. A última guer-
ra, que os opôs a seus vizi- teosofia, a antroposofia e a Um exemplo de expressão binária.
nhos dos Estados Unidos, Rosacruz moderna, mas
despojou-os do Texas, do também o socialismo e o
Novo México, do Arizona comunismo. imperador mexicano, desa-
e da Califórnia, a metade Na mesma época, entre pareceram de modo miste-
de seu território da época. 1910 e 1920, ocorreram a rioso. Pode-se dizer que a
Nenhum outro país no revolução mexicana e a história do México é extre-
mundo teve tantos presi- revolução russa. Nos anos mamente movimentada.
dentes assassinados. sessentas do último século,
Notamos, ao mesmo tem- Paris e Amsterdã foram o
po, que um vento de reno- palco de uma rebelião estu-
vação soprava no mundo. dantil. Em 1968, na cidade
Das últimas décadas do do México, na véspera dos
século XIX ao início do Jogos Olímpicos, o exérci-
século XX, surgiram pode- to matou milhares de estu-
rosas aspirações à liberda- dantes contestadores. Con-
de, tanto espiritual como ta-se também que os qua-
social; impulsos que anun- tro representantes dos ná-
ciavam uma nova era e huatl, zapotecas, maias e
acarretaram o surgimento toltecas e o sucessor de
de movimentos como a Cuauhtemoc, o último

13
Onde a lua e o sol se unem

As tradições e concepções de vida dos tante diferentes do nosso. A isso


seres humanos de épocas remotas devemos acrescentar que nossa visão
decorreram de uma consciência que é distorcida pela cultura desprovida
hoje desconhecemos e que talvez nos de luz que marca nosso tempo e que
seja difícil compreender. Entretanto, o subordina tudo à pretensa superiori-
Altíssimo aí se expressava tal como dade e conhecimento do observador.
hoje em dia, deixando seus vestígios, a A verdade é atemporal; ela se
marca dos deuses. expressa em todos os tempos de acor-
do com as possibilidades da época. As
diferentes civilizações e grandes cul-
Os historiadores e arqueólogos, com turas como as da Índia, da Pérsia, da
base em suas descobertas, oferecem- Mesopotâmia, da China, do Egito e
nos relatos que constituem apenas da Grécia, dão provas incontestáveis
A Pirâmide do pontos de vista parciais de culturas dessa verdade.
Sol, uma parte da muitas vezes incompreendidas, pois Podemos dizer o mesmo da rica
escada. trata-se de níveis de consciência bas- cultura do antigo México. É um país

14
que nos surpreende e nos convida a todos ancestrais dos mexicanos atuais.
explorar seu solo e o interior de nós Quanto aos olmecas, pouco ou quase
mesmos. Esse país tem muito a nos nada se sabe a seu respeito.
dizer se podemos tão-somente senti- A exemplo dos incas no Peru e na
lo e compreendê-lo. Seu nome deriva Bolívia, os maias são, sem dúvida, o
de um mantra secreto utilizado pelos povo mais célebre da história das
sacerdotes de Quetzalcoatl: “Me- Américas Central e do Sul. Porém,
xihc-co – Me-xihc-co – Me-xihc-co”, existiram culturas anteriores signifi-
que significa “o lugar onde a lua e o cativas no antigo México, que forma-
sol se unem”; ou seja: o lugar onde a ram a base para o desenvolvimento de
alma e o Espírito se reúnem e se tor- numerosos elementos da cultura
nam um. maia.
O México atual tem uma superfície Com seus três mil vulcões, o Méxi-
de quase dois milhões de km2, ou seja, co é tido como um país particular-
ele é quatro vezes maior que o estado mente instável, palco de incessantes
de Minas Gerais. Sua história cobre abalos sísmicos e erupções de uma
muitos milênios, no decorrer dos violência tão imprevisível quanto des-
quais floresceram numerosas culturas trutiva. Ainda recentemente, em
que deixaram uma grande quantidade 1985, um tremor de terra atingiu a
de vestígios. Suas pirâmides, templos, cidade do México, matando milhares
mitologias e calendários solares ates- de pessoas e demolindo numerosos
tam que essas civilizações foram sus- imóveis. País de todas as contradi-
tentadas e guiadas por impulsos espi- ções, cujo povo lança orgulhosamen-
rituais. te seu conhecido grito: “Viva Méxi-
Entre as muitas culturas que pude- co!”, ao longo dos séculos de opres-
ram se desenvolver nesse país tão es- são, de exploração, de corrupção e de O Códice
Fejervary-Mayer,
pecial, duas ocupam um lugar pre- humilhação, através de todos os declí-
um dos raros
ponderante: a cultura dos maias e a nios de onde soube se erguer. Possa documentos
cultura dos náhuas. Existiram tam- esse país conhecer novos apogeus cul- pré-hispânicos do
bém os bem conhecidos povos tolteca turais e espirituais, permitindo assim México que foram
e asteca, e o mais recente, o mixteca, “à lua e ao sol se unirem”. preservados.

15
A verdade distorcida

Toda a história contada sobre os in- teu reino é meu reino e tua salvação
dígenas e as culturas mexicanas deve é minha salvação”.
ser aceita com certa cautela, seja por- Diante da amplidão insondável da
que a verdade foi omitida, seja por- criação e sua idade incomensurável,
que ela foi desnaturada. Permane- fica estranho acreditar que o fenô-
cem, felizmente, monumentos que meno “homem”, com sua cultura e
falam por si só. Os vestígios de arqui- sociedades, tenha surgido somente
teturas e esculturas testemunham de há 6500 anos, conforme querem nos
civilizações florescentes, fundamen- fazer crer a ciência e a religião tradi-
tadas em valores e conhecimentos cionais.
universais que estão à disposição dos
seres humanos ao longo de sua via- Novas descobertas
gem terrestre.
Na década de 20 do século passa-
do, foi descoberta, no sul da cidade
Os oni, pluri, mega-universos, qual- do México, uma pirâmide com de-
quer que seja o nome que lhes seja graus, de arquitetura complexa,
dado, surgem e desaparecem na tanto mais notável por ser circular.
imensidão do espaço no decorrer de Como conseqüência de uma desco-
tempos incomensuráveis. Fantásti- nhecida erupção vulcânica, que os
cos desenvolvimentos aí ocorrem. geólogos foram convidados a datar,
Milhares de sistemas estelares e ne- a pirâmide estava soterrada por uma
bulosas, em todos os estados da ma- camada de lava. Para espanto geral,
téria, aí gravitam, assim como incon- concluíram que a erupção vulcânica
táveis sistemas solares e planetas ocorrera há pelo menos sete mil
compostos de átomos cuja estrutura anos. Os historiadores e arqueólo-
nuclear é a mesma no Universo. En- gos recusaram veementemente essa
tão, surge a pergunta: Por que tudo datação, pois ela não concordava
isso existe? Qual é o objetivo? A com as teorias estabelecidas: era sim-
terra e o homem, a lua e o sol, não plesmente impossível. Ninguém
são independentes do restante do queria admitir que numa época tão
Universo. Na imensidão do Univer- remota houvesse existido, no Méxi-
so, tudo depende de tudo, tanto no co, uma civilização capaz de cons-
infinitamente grande como no infi- truir pirâmides. O arqueólogo ame-
nitamente pequeno. ricano, Byron Cunnings, que desen-
Na filosofia dos Ubuntu da África terrou a pirâmide, declarou, ao con-
do Sul, que poderíamos supor ser trário e sem rodeios, que o templo
primitiva, há esta frase tão profunda: havia desmoronado oito mil e qui-
“Teu sofrimento é meu sofrimento, nhentos anos antes de nossa era, ou

16
seja, mil e quinhentos anos antes da doria de seus predecessores. Contu- Cabeça de jaguar
erupção. E aí vemos com espanto as do, a humanidade tem incessante em pedra.

facções conservadoras da ciência e necessidade de ser recolocada no


da religião maravilharem-se diante bom caminho. Mensagens destilam-
dos vestígios das sociedades antigas, lhe, por assim dizer, um saber pleno
altamente desenvolvidas cultural e de solicitude, oriundo de uma outra
espiritualmente, antes de concluir, realidade que orienta sua marcha
de modo categórico, que é preciso evolutiva.
considerar todas essas culturas como É o desenrolar infindável do “su-
“formas de politeísmo pagão”, sem bir, brilhar, descer”. De todas essas
ao menos suspeitar que poderiam ter experiências, entretanto, nada se
sido inspiradas pelo único Criador perde. Tudo é registrado tanto no
de todas as coisas. cosmo como no microcosmo. A vida
Recentemente, cientistas demons- do homem é registrada na lípika de
traram que a terra, assim como toda seu microcosmo, e esses registros
a manifestação, está incluída num constituem o ponto de partida da
gigantesco campo energético na existência seguinte. Em uma escala
memória do qual está armazenada a maior, acontece o mesmo com a
totalidade das informações e dos terra e o Universo.
acontecimentos do passado. Incons-
cientemente, os homens se suprem Ondas de probabilidade
de certos conhecimentos a partir
dessa memória. As civilizações er- O homem possui uma memória,
guem-se umas após as outras, her- embora ela falhe às vezes. A terra
dando do conhecimento e da sabe- também tem uma memória que, a

17
O simbolismo maia esses registros. Eles podem reconhe-
cer, entre outras coisas, quais acon-
Na antiga cosmologia maia, a terra é descrita tecimentos se desenrolaram e como
como sendo plana e quadrangular. Cada terminaram.
canto é localizado em um ponto cardeal e tem Para a grande maioria dos ho-
uma cor: vermelho para o leste, branco para o mens, o campo de energia ponto ze-
norte, preto para o oeste e amarelo para o sul. ro permanece um livro selado, e eles
O centro é de cor verde. têm dificuldade em aceitar esse
Para eles, além da superfície da terra habitada conhecimento, pois esses registros
pelos homens existem treze estratos celestes ainda lhes inspiram um certo ceticis-
que se elevam a partir do estrato terrestre. mo. Desconfiados, querem tudo
A palavra maia para “céu” é semelhante à controlar, tudo provar.
palavra para “serpente”. Esses céus são susten- Contudo, a física quântica nos
tados por quatro deuses de imensa força física. esclarece: ela descreve as ínfimas
Igualmente, o mundo subterrâneo é dividido partículas de matéria como sendo
em nove diferentes níveis, empilhados uns “ondas de probabilidade”. O que
sobre os outros, cada nível regido por um significa que antes de serem perce-
senhor da noite. bidos esses quantas são apenas pro-
Pirâmides escalonadas simbolizam essa estru- babilidades, mas ainda não são reali-
tura do Universo, do mais baixo estrato até o dades.
topo espiritual. A escalada dessa “montanha O homem pode fazer da probabi-
sagrada” simbolizava o caminho espiritual lidade uma realidade; ele pode cons-
que um dia todos os homens deveriam galgar. cientemente elevar-se à energia po-
Essa grande montanha era também vista tencial que, desde o princípio, está
como uma grande árvore que mergulha suas presente em sua alma sob a forma de
raízes no mais profundo da terra, e eleva-se qualidades; ele tem o poder de pene-
até aos céus. trar no círculo da atenção. A proba-
Na experiência dos maias, o renascimento é bilidade torna–se, então, realidade.
alcançado depois que os nove senhores da Está o homem, aí, no limite de seus
noite são vencidos dentro do homem. A poderes sutis? Esses limites devem
morte, uma vez vencida, significa a elevação recuar, ou ele deve ultrapassá-los?
ao reino de Quetzalcoatl, a Serpente Emplu-
mada. O filho do Sol se eleva de todas as limi- O homem faz parte do todo
tações. Aqui, o morcego é o símbolo da morte.
A ressurreição é simbolizada pelo pequeno A experiência religiosa dos indí-
pássaro quetzal, que representa o Bem supre- genas levou-os a pensar que os ossos
mo, Quetzalcoatl, o rei do céu e da terra. permanecem e que somente a alma
pode empreender a viagem que con-
duz à união com o sol espiritual. Os
princípio, é acessível a todos. Os maias viam o homem como sendo
cientistas a chamam de campo de composto de um corpo físico (widil-
energia ponto zero. Há muito tempo lil), de uma personalidade astral
que os esoteristas já falavam de (pixã), que dá ao corpo físico sua
“registros akáshicos”, que são como forma, e de um espírito que dá a vida
um livro cujos registros são sempre (inhã). Widil-lil significa estar em
traduzidos em energia. Alguns ho- constante vibração; pixã é a alma que
mens possuem a faculdade de ler transmite a vibração; inhã é o espiri-

18
tual em perpétuo devir. Sacrifícios humanos
Os indígenas acreditavam igual-
mente que o homem reencarna em Eis o excerto do livro
diferentes épocas e lugares e que a A conquista da Nova Espanha,
finalidade da existência é adquirir redigido pelo mercenário Bernal
múltiplas experiências a fim de que a Diaz, que foi publicado em
alma aprenda a conhecer sua especi- 1568, cinqüenta anos depois
ficidade. O mais importante para os de ter sido escrito. Ele fez dos
maias é ver que tudo faz parte de nós indígenas canibais que conso-
mesmos e sentir que somos unos mem carne humana com molho
com a Criação. Essa compreensão de tomate apimentado.
possibilita a modificação de nossos “...Vimos como nossos compa-
hábitos de comportamento egocên- nheiros foram feitos prisioneiros
tricos. É a única maneira de alcançar após a derrota de Cortés. Eles
a harmonia. foram arrastados escada acima
As diferentes culturas indígenas para serem sacrificados aos
mexicanas que se sucederam sempre deuses... Eles tiveram de dançar
ensinaram que este mundo é uma em honra de Huitzilopochtl.
ilusão e um mundo de sonhos. Os Depois de terem dançado,
próprios indígenas não se considera- foram estendidos de costas sobre
vam como habitantes da terra, mas uma estreita pedra de altar.
como filhos do Sol. As religiões do Seus peitos foram abertos e seus
Sol, em todos os lugares, são trans- corações palpitantes arrancados
mitidas pelas alegorias de todas a e ofertados aos deuses.
velhas lendas e pelos relatos esotéri- Em seguida, os corpos foram
cos da humanidade. empurrados escada abaixo
Dois ou três cronistas espanhóis a pontapés. Embaixo,
relatam cerimônias no decorrer das aguardavam os açougueiros
quais o coração das vítimas era indígenas que cortaram braços
arrancado, mas suas crônicas, que e pernas e arrancaram a pele
davam a versão dos conquistadores, dos rostos.
foram publicadas somente quarenta A pele foi preparada e transfor-
anos depois de serem escritas. O mada em luvas de couro, guar-
único cronista – duvidoso – que dadas para grandes celebrações.
escreveu uma história sobre os aste- Depois, participaram de uma
cas é Bernal Diaz del Castillo. Seu refeição de carne humana com
homólogo, para os maias, é o fran- molho de tomate apimentado.”
ciscano Diego de Landa. Somente
Bernardino de Sahagun, um outro
franciscano, é digno de fé, pois ele dos antigos maias, de Linda Schele e
compilou uma história dos astecas, David Freidel, o prefácio diz o
de sua religião e mitologia, apoian- seguinte: “A idéia de que existem
do-se numa comunicação com os tantas realidades quanto sociedades
indígenas e no estudo de seus ideo- parece, para muitos de nós, uma
gramas. Em seguida, as autoridades novidade. No entanto, vemos o
espanholas interditaram seus livros. mundo através de um filtro, quer
No livro A história não contada disso estejamos conscientes ou não.

19
neo, o país de Xibalda. Lá, eles são
– a não ser por pouco – vencidos e
mortos pelos poderes das trevas.
Mas os deuses são imortais e renas-
cem sempre sob uma forma ou
outra. O Popol Vuh narra este
mito: a Luz se oferta às trevas do
coração humano para que o ho-
mem, por vontade própria, vença
seu desejo de se esconder no
mundo das sombras. Depois disso,
ele poderá ofertar, simbolicamente,
seu coração ao Criador.

Relevo da deusa Interpretamos o real em função da


Coyolxauqui. sociedade à qual pertencemos; e essa
interpretação determina, por sua
vez, a sociedade, bem como outras
interpretações totalmente diferentes
determinaram outras sociedades
através do mundo.”
Os conquistadores ocidentais, as-
sim como testemunha a história
mais do que eloqüentemente, não
tinham outra paixão a não ser a do
ouro. Em sua avidez, e em nome de
Deus, eles passaram pelo fio da espa-
da centenas de milhares de indíge-
nas. Assim como no Egito antigo, o
ouro não tinha nenhum valor espe-
cial no México. Ele só servia para a
decoração e a fabricação de orna-
mentos.
Os relatos míticos de todos os tem-
pos mostram que o princípio divino
só quer salvar o homem da matéria.
Por isso a Luz se oferta incessante-
mente a ele e nele. Tanto nos relatos
dos maias como nos dos astecas, os
deuses descem no mundo subterrâ-

20
Para contemplar o céu

“O lugar onde o homem se torna dúvida alguma, têm uma relação com
Deus”: era assim que um belo folheto o céu e as estrelas, e por fim, a Ilha de
sobre o México definia as Pirâmides Páscoa, denominada “os olhos que
do Sol e da Lua, edificadas na monu- contemplam o céu”, ou ainda “o um-
mental cidade de Teotihuacã, “para, bigo do mundo”.
ali, contemplar o céu”. Ao lermos isso,
logo surge a seguinte pergunta: quem Fatos...
contemplaria o céu a partir dessas
Foto da Pirâmide
do Sol e do pirâmides e com que objetivo? Em 2004, o governo mexicano foi o
Caminho dos primeiro no mundo a reconhecer a
Mortos da Pirâmide existência dos OVNIs (objetos voa-
da Lua. Cientistas
como Hancock
A mesma pergunta também pode ser dores não identificados). Com isso,
feita a respeito de todos os monu- ele conscientemente pôs um fim à
também chamam
mentos semelhantes espalhados pelo recusa de outros governos a rende-
o caminho dos
mortos de
mundo: no México, no Peru, na Bolí- rem-se às evidências, e assim isso se
“o caminho das via, no Egito, no Camboja, os hieró- tornou um fato estabelecido! Imagi-
estrelas”. glifos da planície de Nazca que, sem nemos, por um momento, o seguinte:

21
Já no início do último século desco-
O rei anão de Uxmal briu-se entre as duas camadas mais
altas da Pirâmide do Sol, em Teoti-
Segundo a lenda, a cidade maia huacã, uma espessa camada de mica.
de Uxmal foi construída por um Sendo bastante valiosa, a mica foi
anão com o auxílio de forças vendida discretamente. Evidentemen-
mágicas. Uxmal significa “cons- te, ninguém perguntou de onde ela
truído três vezes”. viera. No final do século passado,
Do ovo de um mago nasceu uma mais mica foi descoberta em Teoti-
criança anã. Um dia aconteceu huacã, desta vez no assim chamado
de ele tocar o gongo, o que era “Templo da Mica”. Esse templo faz
proibido. Sabia-se que quando o parte de um conjunto de construções
gongo soasse, o soberano deveria que cercam uma esplanada situada a
ceder seu trono a um jovem que aproximadamente trezentos metros
“não fosse nascido de mulher”. da Pirâmide do Sol. Ali foram desco-
O soberano queria condenar o bertas, logo abaixo de um chão de
jovem à morte, mas não antes pedras, portanto invisíveis ao olhar,
que ele realizasse três tarefas, duas enormes placas de mica de vinte
praticamente irrealizáveis. e sete metros quadrados colocadas
Uma dessas tarefas era construir uma sobre a outra. Esse tipo de mica
a Pirâmide do Mago em uma só é encontrado no Brasil, a três mil
noite. O jovem sai-se bem em quilômetros de distância.
sua tarefa, porém o soberano As placas dão a impressão de terem
continua querendo levá-lo à sido colocadas ali com um propósito
morte. Inicia-se, então, um definido, porém ignorado. Em
combate, no qual o soberano é nenhuma outra parte do mundo foi
quem perde a vida. E, assim, o encontrada semelhante utilização da
anão se torna o rei de Uxmal. mica.
A mica é muito adequada para apli-
cações técnicas: graças a seu poder de
quando verificamos que ainda não so- isolação térmica e elétrica, ela é atual-
mos capazes de determinar com pre- mente empregada na produção indus-
cisão a idade das pirâmides de Teoti- trial de condensadores. Impermeável
huacã nem tampouco a das pirâmides aos nêutrons acelerados, ela é igual-
do Egito que, segundo os arqueólo- mente utilizada na regulação dos rea-
gos, datam de apenas alguns milhares tores nucleares.
de anos, uma simples frase como: “edi-
ficadas para, ali, contemplar o céu”, ...e probabilidades
provoca o efeito de uma ducha fria.
Pensemos igualmente na recente des- É bem possível que o homem não
coberta de conchas e de restos de ani- esteja sozinho no Universo. E que a
mais marinhos na base das grandes Terra não seja o único planeta habita-
pirâmides do Egito e da esfinge, que do. Mesmo na hipótese mais conser-
remontam pelo menos a 11.500 anos e vadora e nas estimativas mais pruden-
que provam que a erosão da esfinge tes concernentes à atmosfera, à dis-
não se deve à areia, mas à água. As pi- tância até o Sol e à composição quími-
râmides já estavam lá naquela época! ca de outros planetas, existem pelo

22
menos cem milhões de planetas nos de carbono, nitrogênio, oxigênio e
quais poderia haver vida semelhante à hidrogênio, que possui certa vibração.
vida que existe na Terra. Em seu livro O que acontece se essa vibração se
A vida no Universo, editado pelo Ins- eleva e já não é, para nós, perceptível?
tituto de Tecnologia de Massachu- A Bíblia fala acerca de corpos terres-
setts, John Billingham chega à seguin- tres e de corpos celestes. E a Bíblia se
te conclusão: “Existe um número dirige a homens terrestres, e não a
suficiente de elementos que permite habitantes do Sol, de Marte, Mercú-
aos cientistas afirmarem a existência rio, Júpiter, Saturno, Vênus ou de
de vida orgânica, e provavelmente de outros planetas e astros de nosso dis-
vida inteligente, como sendo parte tante Universo. Sob essa perspectiva,
intrínseca da evolução cósmica, e não o fato de as Pirâmides do Sol e da Lua,
apenas como algo acidental no plane- em Teotihuacã, o lugar onde o
ta Terra”. homem se torna Deus, terem sido eri-
Semelhante conclusão permite-nos gidas para que se possa, ali, contem-
dizer com alguma segurança que o plar o céu, passa a ter um sentido
homem não está sozinho no Univer- totalmente diferente; um sentido que
so. Outros cálculos, menos restriti- vai muito além da existência de discos
vos, admitem que cinco por cento de voadores.
todos os sistemas solares poderiam As pirâmides mostram ao homem
ser capazes de portar vida, o que cor- o sentido de sua existência terrestre.
responde a aproximadamente cem Seria bom ou, melhor dizendo, per-
bilhões de planetas. Outros cientistas, feitamente correto, que ele se dispu-
utilizando a famosa equação de sesse a reavaliar a visão que tem de si
Drake, fizeram pesquisas, em 1979, e mesmo, dos céus, da criação inteira e,
concluíram que existem, só em nossa sobretudo, de Deus.
galáxia, quase um milhão de socieda- Não devemos compreender a ex-
des avançadas. Drake já havia compu- pressão o lugar onde o homem se
tado em 1960 que só em nossa Via torna Deus unicamente de forma inte-
Láctea poderia haver pelo menos dez lectual, mas devemos fazê-lo em
mil civilizações tecnologicamente outro nível. Essa expressão oculta
desenvolvidas. De acordo com recen- uma profunda alegoria. O homem se
tes estimativas, existiriam em nossa torna Deus ou divino quando se des-
Via Láctea pelo menos cem bilhões de prende do tempo e de tudo o que se
sistemas solares, e no Universo, mui- relaciona a ele. As pirâmides são um
tas dezenas de bilhões de nebulosas, testemunho da vitória sobre o que é
que “emergem” cada vez mais em nos- terreno, mediante a morte do ser
so campo de visão. Dessa forma, não natural e o renascimento na verdadei-
é só totalmente improvável que ape- ra Vida.
nas a Terra seja habitada, como esse
também é um pensamento realmente
limitado!
Então, teríamos em comum com
outros seres não apenas um corpo de
matéria grosseira, como o nosso.
Com efeito, somos seres animados,
esculpidos numa matéria constituída

23
As pedras falam

As pirâmides são monumentos funerários, templos-sepulcros de natureza e


importância extraordinárias. Dessas construções emana uma força misteriosa
que durante milênios excitou a curiosidade e que ainda assombra diariamente
a multidão de visitantes.

Muitos conhecem as figuras das sível. Sua localização é estritamente


grandes pirâmides do Egito. Esses tes- determinada em relação às estrelas,
temunhos monumentais do longín- bem como a orientação das câmaras e
quo passado da humanidade podem das galerias subterrâneas. A linguagem
ser vistos a grande distância. Suas qua- desses edifícios não pode ser facilmen-
tro faces triangulares inicialmente te compreendida. Apenas o homem de
estavam recobertas de mármore bran- coração e espírito abertos pode com-
co luminoso, dizem as lendas, e o preendê-la. Essa linguagem antiga fala
cume era revestido de ouro. A rever- das razões e do sentido da existência.
beração do sol nelas devia ser maravi- Por um lado, ela diz que não há nada
lhosa. Que mensagem elas traziam? A de novo debaixo do sol, que tudo já
quem, e por que? Embora nesse meio existiu e se repete incessantemente,
tempo os ladrões a tenham saqueado, tendo a morte como o final da vida.
as pedras continuam a falar. Por outro lado, ela também indica, em
Um pouco menos conhecidas, caracteres luminosos, o caminho que
porém não menos impressionantes e devemos seguir para sairmos do labi-
importantes, são muitas pirâmides do rinto da existência terrestre e do antro
México. As mais conhecidas pirâmides da morte.
do centro do país são as do Sol e da Os homens do Ocidente falam do
À esquerda: baixo
Lua, que sofreram grandes mudanças céu ao qual devem retornar. Para os
relevo maia com o
colapso de um
externas, assim como as pirâmides de indígenas, o lugar do repouso eterno é
templo-pirâmide e degraus dos santuários maias em Iuca- o centro do Universo. Os maias co-
seu desaparecimento tã. Elas também têm um significado nheciam os grandes períodos de de-
sob as águas, um astronômico. E são milagres de preci- senvolvimento da humanidade e os
vulcão em erupção são geométrica. O número pi e a relação chamavam de “ciclos” ou “sóis”. Qua-
e seres humanos phi provam ser um critério universal. tro deles já quase passaram. Aproxi-
morrendo.
O que essas pirâmides têm a dizer? mamo-nos, atualmente, do início do
À direita: painel
com notáveis coisas
Terão elas caído do céu sem mais nem período do quinto “sol”, do qual tes-
em comum entre menos, ou foram projetadas simples- tifica o livro sagrado dos maias, o
os continentes. mente por hobby? Não, isso é impos- Popol Vuh.

24
Todos os livros sagrados de quase Biblioteca de Alexandria, então o
todos os povos da terra, as lendas, os conhecimento que poderíamos ter das
contos, os hieróglifos, os templos e as civilizações atlante e egípcia, bem
pirâmides testificam, a seu modo e como de outros continentes e perío-
com pequenas diferenças, do mesmo dos antecedentes, teria uma amplitude
curso de desenvolvimento. Eles fazem e teor completamente diferentes. O
menção aos grandes períodos da mesmo se aplica aos conquistadores

humanidade e relatam muitos cataclis- espanhóis e aos seguidores da igreja


mos, dilúvios e terremotos gigantes- romana. Eles destruíram todos os es-
cos. Continentes são apagados do critos dos maias que representavam
mapa seja pelo fogo ou pela água, e uma herança de fabulosos conheci-
também por terremotos e erupções mentos e apagaram todos os traços re-
vulcânicas ou por grandes inundações. lativos à sua origem. Somente alguns
A superfície do planeta está em contí- manuscritos foram salvos e hoje se en-
nuo movimento. A subida e a descida contram em Dresden, Paris e Madri.
dos continentes se sucedem Assim, no Em A Doutrina Secreta, H. P. Bla-
século XIX, por exemplo, toda a costa vatsky explica que diferentes povos
da América do Sul elevou-se em curto atlantes emigraram para a América
espaço de tempo entre três e quatro Central e para o norte da África bem
metros acima do nível do mar e baixou antes do desaparecimento de seu con-
logo em seguida. O professor Huxley tinente e, segundo ela, foram esses
assegurou que no curso da história as povos que construíram as pirâmides
ilhas britânicas haviam desaparecido de Gizé, muito antes do apogeu da
várias vezes sob as ondas do oceano. E civilização egípcia. Ela também escre-
quem não conhece os relatos sobre o ve que os atlantes, os asuramaias, pas-
tema da lendária Atlântida, que afun- saram seus conhecimentos sobre ani-
dou progressivamente nas ondas? Os mais aos egípcios. A questão sobre de
sacerdotes egípcios haviam falado a quem os egípcios teriam recebido sua
Sólon sobre ela, e também Platão, em avançada cultura e sua ciência é tão
suas obras, menciona a ilha Poseidô- atual hoje quanto antigamente. Se-
nia, o último remanescente desse con- guindo os traços das antigas culturas
tinente grandioso. egípcias, os cientistas encontraram
Se o cristianismo crescente não provas de que há dez mil anos, a esfin-
tivesse destruído com um certo fana- ge estava debaixo das águas! À luz
tismo zeloso a literatura “pagã”, se o desses dados não é de admirar o
imperador Diocleciano, em 296, não conhecimento dos maias sobre o Uni-
tivesse queimado as obras esotéricas verso. Eles possuíam diferentes pirâ-
dos egípcios, bem como seus livros mides, observatórios astronômicos,
sobre Alquimia, se o fanático arcebis- templos nos quais, apesar de todas as
po Teófilo, cem anos depois, não destruições dos europeus, seu modo
tivesse incitado o povo a queimar o de vida ainda é expressado. Essas
Mouséion e todos os livros da famosa pedras falam.

25
Atlântida

“O faraó enviou uma expedição para conhecimento secreto, transmitido


o ocidente com a missão de pesquisar aos gregos mil anos mais tarde, razão
os vestígios da Atlântida, o país de pela qual um homem como Pitágoras
onde há 3350 anos vieram os ances- viajou até o Egito para estudá-lo.
trais dos egípcios, que trouxeram con- Sólon foi confrontado, entre outras
sigo todo o conhecimento da casa de coisas, com as inscrições gravadas nos
seu pai.” pilares do templo da deusa Neith.
Essas inscrições guardavam um
tesouro de informações bastante con-
Foi assim que uma notável parte de cretas a respeito da Atlântida. Os
escritos da Segunda Dinastia (2853- sábios egípcios já há muito possuíam
2734 a.C.) do antigo Egito chegou até esses conhecimentos.
nós. Heinrich Schliemann (1822- Não sem uma certa ironia, eles lhe
18909), o descobridor da lendária disseram: “Ó Sólon, Sólon, vós, gre-
Tróia, depositou, pouco antes de sua gos, sempre crianças: um grego nunca
morte, no cofre de um banco pari- é velho”. Como Sólon se espantasse
siense, o papiro que contém esses tex- diante dessas palavras, foi-lhe dito:
tos. Em uma carta lacrada, ele descre- “Sois jovens o quanto sois por vossa
ve suas interpretações do texto, que alma, pois nela não tendes nenhuma
provavelmente tem 5000 anos. opinião antiga, nem nenhuma ciência
encanecida pelo tempo. E eis a razão:
Verdadeiro ou falso? os homens foram destruídos, e o
serão ainda, de muitas maneiras, pelo
Há muitas pessoas para quem é fogo e pela água; tiveram lugar as des-
irrefutável que a Atlântida existiu. truições mais graves, mas as houve
Elas acreditam nisso incondicional- menores, de mil outra maneiras”.
mente. Outras consideram essa idéia Em seguida Sólon foi instruído so-
um disparate e a ignoram a despeito bre essas coisas por um relatório mi-
de tudo o que possa ser dito, sugerido nucioso em forma de mito. “A capital
ou mesmo provado. Nem o darwinis- era provida de múltiplas fontes natu-
mo, nem o cristianismo levam em rais e o alimento era abundante. Altas
conta esse episódio da história da hu- montanhas abrigavam a cidade do
manidade. vento norte. Nas pradarias passeavam
Aproximadamente há 2500 anos, em liberdade os cavalos e os elefantes
Platão escreveu Timeu e Crítias, onde se abeberavam nos lagos e nos rios.
Sólon, o estadista grego, fala da Essa ilha paradisíaca conhecia o
Atlântida, de acordo com o que ouvi- governo de dois reis, e os habitantes
ra dos sacerdotes de Saís, no Egito. viviam ali em perfeita harmonia”.
Esses sacerdotes dispunham de um Em Crítias, Platão é explícito quan-

26
to ao tempo e à localização da Atlân- resumo, parece que a Atlântida teria
tida. Esta se situava ao longo das sido um imenso reino insular que
Colunas de Hércules. Os sacerdotes afundou progressivamente no ocea-
egípcios explicam a Sólon: “Com efei- no, inclusive Poseidônia, a última
to, nossas escrituras relatam como ilha, que se estendia a oeste das Colu-
vossa cidade outrora aniquilou a inso- nas de Hércules, ou seja, Gibraltar.
lente potência que invadia de um só Há ainda a hipótese de que o
golpe a Europa e toda a Ásia, e que impacto de um asteróide no Oceano
sobre ela se lançava do fundo do ocea- Atlântico teria provocado um gigan-
no Atlântico. Pois naquele tempo tesco maremoto: entre 17.000 e 7.000
podia-se atravessar este mar. Ele tinha anos a.C. o planeta teria passado por
uma ilha, diante daquela passagem várias grandes mudanças climáticas.
que vós gregos chamais de ‘Colunas Um derretimento rápido de geleiras
de Hércules’. Essa ilha era maior que com quilômetros de espessura teria
a Líbia e a Ásia reunidas. E os viajores feito subir cerca de 1,20m o nível dos
daqueles tempos podiam passar dessa mares e dos oceanos. Por volta de
Mapa do continente
ilha para as outras, e destas podiam 11.600 a.C. ter-se-ia produzido um da Atlântida, tirado
alcançar todo o continente na mar- dilúvio mundial ou um maremoto do livro com o
gem oposta daquele mar, que verda- gigantesco, acompanhado de uma mesmo nome, de W.
deiramente merecia seu nome”. Em intensificação da atividade vulcânica e Scott-Elliot (1906).

27
Canárias. E o que devemos pensar
Manuscrito Troano sobre esses fragmentos de lava que
foram pescados a uma profundidade
No British Museum de Londres de 3.000 metros, ao norte dos Açores?
está o famoso manuscrito Troano, Parece que essa lava solidificou-se ao
que data de aproximadamente ar livre, por conseguinte acima do
3.500 anos, e foi escrito pelos nível do mar. Do mesmo modo, as
maias do Iucatã. Ele descreve o formações de corais do platô dos
desastre que levou ao afunda- Açores não poderiam ter sido empur-
mento da ilha Poseidônia: radas a essa profundidade.
“No ano 6 de Kan, no 11 Muluc Numerosas outras pesquisas cientí-
da lua Zac aconteceram terríveis ficas, de maior ou de menor enverga-
terremotos, que abalaram a terra dura, mostram ou permitem-nos
sem interrupção até o 13 Chuen. supor que tenham existido terras no
A região das colinas de argila, a meio do Atlântico. E isto permite-nos
terra de Mu, ergueu-se por duas considerar sob uma outra luz as ana-
vezes e desapareceu durante a logias verificadas na América e na
noite. Após ter sido constante- África, na Europa e na Ásia. Existem,
mente sacudida pelas forças em todo o mundo, mais de quinhen-
vulcânicas, a terra afundou em tos “relatos sobre a criação” que men-
vários lugares e reapareceu até cionam semelhante catástrofe.
que a superfície finalmente
cedeu, deslocando os dez países. A Atlântida como berço
Sob o impulso das águas, eles
foram tragados com seus 64 Os papiros de Schliemann e o rela-
milhões de habitantes, 8060 anos tório de Sólon apresentam surpreen-
antes deste livro ser escrito.” dentes pontos em comum. De acordo
com os papiros, os atlantes que emi-
graram para o Egito levando consigo
de grandes sismos. Foram encontra- todo o conhecimento relacionado à
dos conchas e restos de animais mari- sua civilização são os ancestrais dos
nhos junto da Grande Pirâmide de antigos egípcios. Há muito tempo,
Gisé; a datação com o carbono 14 antes da imersão definitiva de sua
revelou que devem ter uns 11.600 pátria, eles teriam se instalado no
anos, o que corrobora esses fenôme- Egito e se integrado à população.
nos. Dito de outro modo: a Atlântida
Nas Bahamas, próximo às ilhas seria de fato o berço da civilização
Bimini, mergulhadores descobriram egípcia, o que explica o rápido desen-
em águas profundas uma muralha de volvimento da cultura desta última.
pedra de 600 metros de comprimento, Ademais, é muito provável que ela
recobertas de raízes de plantas de tenha sido também o berço da civili-
mangue fossilizadas; o carbono 14 zação pré-colombiana.
revelou que devem existir há uns Um baixo-relevo de origem maia
12.000 anos. O mesmo gênero de apresenta numerosas evocações da
ajuntamento de blocos de pedras submersão da Atlântida no oceano.
pode ser visto nas cercanias da costa Pode-se ver uma pirâmide-templo
do Marrocos, da Espanha e da Ilhas afundando nas ondas, um vulcão em

28
erupção, um afogado no mar, o que
nos leva a pensar que muita gente
pereceu desse modo nessa catástrofe,
enquanto alguns conseguiram fugir
em embarcações.
Relatos muito antigos atestam que
os ancestrais dos astecas chegaram
por mar provindo de uma pátria len-
dária: Aztlã, um país maravilhoso
mencionado pela tradição como “Ilha
Branca”, onde sete grutas lhes servi-
ram de abrigo. Um desenho de uma
época antiga mostra Aztlã cercada de
água enquanto um homem se afasta
da ilha, remando. As tribos de Aztlã
que atracaram às margens do conti-
nente americano foram, por isso, cha-
madas de astecas pelos invasores
espanhóis. Um desses povos vive no
México.

As cosmologias

As diversas cosmologias que des-


crevem o desenvolvimento da huma- Blavatsky explica que os descenden-
nidade até a época atual, denominada tes dos asuramaias (os atlantes) emi-
época ariana, falam de uma grande graram para a península do Iucatã e
civilização atlante composta de sete ainda mais distante a oeste. Isso leva-
raças que surgiram após o período le- nos a supor que eles já sabiam da sorte
muriano. reservada à sua terra natal.
Helena P. Blavatsky, Rudolf Steiner Assim ensinaram os sábios egípcios
e Max Heindel, bem como Jan van a Sólon: “Os homens foram destruí-
Rijckenborgh e Catharose de Petri, dos, e o serão ainda, de muitas manei-
dão amplas explicações sobre o assun- ras”. O acúmulo de tensões atmosfé-
to em seus escritos e alocuções. ricas desencadeia cataclismos geológi-
Segundo William Scott-Elliot, a cos que se constituem em grandes
Atlântida alcançou o seu apogeu nos mudanças na história da terra, tal
tempos da terceira raça, os toltecas, como atualmente isso parece se anun-
que se tornaram ilustres devido à sua ciar com as mudanças que vêm acon-
notável arquitetura. Mas, com o apa- tecendo com as radiações provenien-
recimento dos turanianos e de seu tes do cosmo. O próprio fato de tais
poder autoconservador, manifestou- informações serem percebidas na
se a imersão progressiva das terras esfera astral da terra mostra que em
Fuga dos mexicanos
atlantes no oceano: a interpretação todo o planeta existem grupos de pes- para Atzlã,
esotérica do acontecimento imputa a soas que podem ver, de antemão, a a lendária Ilha Branca,
causa à degenerescência espiritual de data marcada de um naufrágio deste a mítica pátria dos
seu povo. Em A doutrina secreta, H.P. mundo. Contudo, não é possível maias. Códice Boturini.

29
adiantar nada a esse respeito, por- decorrer do qual a humanidade se
quanto a ocorrência de novas circuns- defrontou com um incessante comba-
tâncias possibilitaria à terra e à huma- te entre a Luz regeneradora e as trevas
nidade elevarem-se a um nível supe- limitadoras, combate esse que possi-
rior de consciência. É por esta razão, bilita um progresso, uma expansão
sem dúvida, que os maias diziam que interior.
“o quinto sol deve brilhar”. Na época atual em que assistimos a
A humanidade retira suas forças do liberação inútil de energia atômica na
campo energético central da terra. A atmosfera, ou vemos a energia cósmi-
terra recebe a energia do sol, o sol ca que alimenta a terra pelo pólo
recebe a energia da galáxia e assim norte ser perturbada de modo irres-
por diante. Levando esse raciocínio ponsável, apresenta-se a seguinte per-
um pouco mais adiante, pode-se afir- gunta: “A Luz não estaria em vias de
mar que o átomo, como portador de se perder?” Nós não o sabemos. O
consciência, é idêntico ao conjunto certo é que cada ser humano que está
da onimanifestação material. As mais apto para liberar esta Luz pode causar
recentes descobertas concluem que a uma reviravolta nesse combate.
consciência individual separada não
existe, muito embora nós a sintamos
como tal.
O campo magnético que envolve
tudo, inclusive o domínio terrestre,
corresponde, nos ensinamentos eso-
téricos, aos “registros akáshicos”,
onde estão registrados todos os acon-
tecimentos e experiências ocorridos
no espaço-tempo. A criação constitui
um todo infinitamente mais impor-
tante que nosso pequeno desenvolvi-
mento terrestre. Nosso Universo tri-
dimensional no espaço-tempo possui
a mais baixa freqüência e é o mais
denso de toda criação. Os universos
multidimensionais e seus campos
energéticos se elevam muito acima
dele e pertencem a uma outra ordem.
Suas radiações dirigem e mantêm
nosso Universo. Isso está expresso na
sentença hermética: “Assim como em
cima, assim é embaixo”.
Isto é confirmado pelos grandes
estágios evolutivos da criação, inclusi-
ve em nossa pequena porção do Uni-
verso, na terra onde vivemos, e parti-
cularmente no próprio homem.
A civilização atlante experimentou
um grande desenvolvimento no

30
Onde a luz um dia brilhou...

A alma dos indígenas mexicanos sem- coração humano, as trevas, aparente-


pre esteve voltada para o mundo invi- mente sempre vitoriosas, combatem a
sível, o mundo dos ancestrais, o mundo Luz. Mas a Luz, que vem de Deus,
dos verdadeiros viventes. Para eles, o dá-se incessantemente em sacrifício às
mais alto ideal é o triunfo interior so- trevas. Nelas ela se dissolve... e sem-
bre “o mundo inferior” (o mundo vi- pre triunfa. Este é o drama universal
sível e seu reflexo enganador no invi- do – e no – homem. Eis por que não
sível) e o ingresso na natureza supe- devemos nos espantar ao descobrir-
rior. Aquele que o consegue é um ver- mos mais uma vez essa mensagem
dadeiro guerreiro: um homem que secular, a essência de toda religião ver-
venceu a si mesmo. Então, é-lhe con- dadeira, fundamentada num princípio
cedido ornamentar a cabeça com plu- único que se exprime em diversos
mas de águia, a força do Espírito. Este símbolos e mitos através do mundo.
é um símbolo cujo sentido profundo
acaba tocando o ser interior até que a Deus está oculto em cada
imagem exterior desapareça. ser humano!

Os sistemas religiosos ocidentais im-


A s lendas, os mitos e testemunhos puseram, com violência, uma divinda-
que ainda restam dos antigos indíge- de que teria se manifestado num con-
nas da América Central são de grande texto histórico, e do segundo ao quar-
espiritualidade. Neles reconhecemos to séculos de nossa era uma história
a mesma força universal e a mesma adaptada do cristianismo se estabele-
inspiração que originaram os ritos ceu. Uma grande parte da humanida-
sagrados dos povos antigos, da Índia à de foi levada a crer que um único e
Grécia e do Egito à Galiléia. No Mé- mesmo homem, Jesus, seria o próprio
xico, foi Quetzalcoatl e Kukulcã ou Deus encarnado excluindo, desse
Gucumatz, o deus-serpente emplu- modo, a idéia da presença divina no
mado, mensageiro da eternidade, o ser humano. Muito do que foi incul-
portador da Luz da qual o sol era o cado ao ocidental, particularmente a
símbolo. idéia de uma manifestação histórica
Na Antigüidade, o sol era uma ale- de Deus, na realidade não passa de um
goria usada para designar o “Altíssi- mito universal interpretado de modo
mo”, o “muito puro”, a divindade falacioso. Esse mito transmite uma
mesma. O sol era o símbolo da verda- suprema verdade interior, bem como
deira natureza, da força propulsora, e a possibilidade de sua manifestação,
também era experimentado como a porém não tem qualquer sentido no
força espiritual por trás do sol visível: plano histórico e jamais foi um fim
o símbolo do divino no homem. No em si mesmo.

31
O espanhol Francisco Pizarro, cau- formados de pessoas convictas de que
sador de terríveis danos entre os indí- Deus habita em segredo no mais pro-
genas do Peru e da Bolívia, relatou fundo do ser humano e que o objeti-
que as crenças e ritos dos maias e dos vo da existência é fazê-lo ressurgir.
astecas apresentavam semelhanças no-
táveis com os do cristianismo. Após a Uma carta notável
conquista, há 500 anos, os espanhóis
impuseram o catolicismo às popula- Em Guadalajara, uma das maiores
ções indígenas da América Central, o cidades do México, há um grupo do
que deixou, até os dias de hoje, mar- gênero acima descrito, cuja busca deu
cas profundas. O conquistador Her- uma guinada decisiva em 2001. Os
nán Cortés queria – como ele próprio membros desse grupo entraram em
disse em seu diário – “extirpar a alma contato com o Lectorium Rosicrucia-
dos indígenas”, pois, segundo ele, num de Haarlem, Holanda, através de
“fora Satã quem havia ensinado aos seu Núcleo em Zaragoza, na Espanha.
mexicanos as coisas que Deus ensina- Na inauguração de seu primeiro
ra aos cristãos”. Mesmo aplicando os Núcleo, em 26 de novembro de 2004,
mais atrozes meios para conseguir seu em Guadalajara, foi lida a carta que
intento, Cortés não obteve sucesso. um dos buscadores havia escrito espe-
Atualmente, existem no México cialmente para essa ocasião, onde sua
grupos religiosos de todas as tendên- busca era relatada:
cias, uma dezena dos quais ainda con- “[Em nosso grupo] percorremos
serva as antigas tradições. Oitenta por vários caminhos e muitas pessoas se
cento da população pertence oficial- juntaram a nós. O ano de 2001 foi
mente às igrejas cristãs, porém esse decisivo para nós, embora a busca
número está diminuindo, assim como espiritual à qual nos tínhamos entre-
Templo circular
em Teuchtitlã,
está acontecendo em todo mundo. gado ainda se apresentasse infrutífera.
perto de Em seguida, vêm os movimentos de Tínhamos encontrado alguns livros
Guadalajara. natureza mais ou menos esotérica, dos grão-mestres do Lectorium Rosi-

32
crucianum que correspondiam à aspi- entrado em contato, programaram Luz Nova em
ração mais profunda de nossos cora- sua vinda a esta cidade para janeiro de Zapotlán:
Lectorium
ções: a mensagem da libertação! Esses 2002. Alguns dias antes do Natal, foi-
Rosicrucianum.
livros estavam em uma de nossas bi- nos comunicada a impossibilidade
bliotecas há sete anos sem que os ti- dessa visita em razão de certos impe-
véssemos notado. Tão logo foram dimentos. Profundamente decepcio-
descobertos, aconteceu uma grande nados, decidimos, então, que sería-
mudança em nosso grupo. Esses li- mos nós que iríamos até eles, já que os
vros eram: O advento do novo ho- editores não podiam vir até aqui. Foi
mem, Dei gloria intacta e A fraterni- assim que, em fevereiro de 2002, os
dade de Shamballa. A leitura desses responsáveis pelo grupo cruzaram o
livros nos transformou a todos. A oceano, tendo como única certeza a
confusão do grupo chegou ao auge aspiração de seu coração. Nós que
quando esses livros nos fizeram com- aqui ficamos, sabendo da importância
preender que, até então, havíamos di- do acontecimento, permanecemos em
rigido nossos esforços em má direção contato com eles através de e-mails.
e seguido por longo tempo uma falsa Isso era o bastante para acender em
pista. Na Páscoa desse mesmo ano nós um fogo ainda mais ardente. Ora,
renunciamos a nossas antigas práticas antes mesmo que esse primeiro grupo
– em realidade fundamentadas no voltasse, foi estabelecida uma segunda
ocultismo – e ingressamos em uma missão: sete pessoas se preparariam
nova fase. imediatamente para viajar.
Quando compreendemos o grande A notícia sobre a existência de uma
valor dessas publicações, fizemos o organização religiosa, de uma organi-
possível para reunir todas as informa- zação internacional que praticava o
ções disponíveis, pois queríamos que estava escrito nos livros, foi uma
saber um pouco mais a respeito das enorme surpresa. Nossos amigos
perspectivas que elas ofereciam. Bus- foram adquirir ainda mais conheci-
camos em todas as livrarias de nossa mento e voltaram com uma só mensa-
cidade por outros títulos dos mesmos gem: transmitir o ensinamento e par-
autores, sem conseguirmos descobrir tilhá-lo com outros. Que podiam eles
mais que cinco. Ao mesmo tempo, partilhar? A pequena chama que
entramos em contato com um porta- haviam recebido na Europa e que
voz do grupo espanhol graças à inter-
mediação de um líder do grupo. As
práticas anteriores foram suspensas, e
o grupo que se havia formado, após a
leitura dos livros disponíveis, devo-
rou as informações recebidas: todos
passaram a se encontrar para, durante
as reuniões nos parques ou nas casas
de amigos, ler e comentar os textos, o
que suscitou grande e profunda ativi-
dade interior.
Em dezembro de 2001 aguardáva-
mos as reações da Espanha. Em segui-
da, os editores, com quem havíamos
ardia em seus corações! Cheios de realização da Grande Obra. Isso
entusiasmo e de ardor, graças aos no- somente é possível se a Gnosis atuar
vos livros recebidos da Espanha, con- nos homens, se ela se expressar neles e
sagramos o resto do ano a nos apro- os purificar. Hoje, após muitas difi-
fundar nos diferentes assuntos. culdades e obstáculos, vivenciamos
A primeira visita dos amigos da esse dia tão esperado da consagração
Europa aconteceu em junho de 2002 do primeiro templo mexicano do
e, nessa mesma semana, foi organiza- Lectorium Rosicrucianum. Se consi-
da a primeira palestra pública na derarmos o que precede, no tocante
pequena cidade de Juanacatlan, Jalis- ao novo Núcleo, cabe aqui confirmar
co. A partir de então, tudo mudou, a sentença que diz: “um templo con-
nada mais foi como antes. Seria essa a sagrado à Luz da Gnosis é reaberto
primeira etapa que levaria à abertura onde a Luz, um dia, brilhou com
de um primeiro Núcleo da Gnosis grande intensidade!”
nesta latitude? Sem dúvida, podemos
responder a essa pergunta se pensar-
mos nas antigas tradições de nosso
país:
• nos maias e no lendário rei Kucul-
kã, dotados de sabedoria e conheci-
mento;
• nos astecas, com Quetzalcoatl, o
filho da Serpente Emplumada: com
plumas de águia que simbolizam a
nova faculdade pensante, o novo
poder mental que emana do segun-
do batismo, o batismo de fogo,
representado em nossa bandeira
nacional pela águia que devora uma
serpente;
• em Huachimontones, um lugar de
pesquisas arqueológicas, a sessenta
quilômetros apenas de nossa cidade
(Guadalajara). Esse lugar é agora
conhecido pelo nome de Teuchitlã
(o lugar do primeiro e único Deus),
com suas pirâmides circulares, suas
cidadelas de treze níveis, e seu
conhecimento da inclinação dada
pela famosa relação 7/4 dos tem-
plos maias de há dois mil anos: o
período do impulso crístico.

O caminho, hoje, não é fácil: além


do confronto da personalidade com
outras personalidades, é preciso tra-
balhar na senda estreita que conduz à

34
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Chac Mool
Chac Mool é o nome de uma estátua maia de uma
pessoa numa estranha posição “deitada-sentada”.
Ela é a mesa de oferenda de muitos templos.
Sobre seu ventre Chac Mool carrega um grande
disco solar e sobre seu coração está uma borboleta.
Chac Mool significa literalmente jaguar vermelho.
Existe uma antiga lenda no México que fala de
um jaguar branco que, através do sangue sagrado,
é colorido de vermelho e, iluminado pelo sol,
transforma-se em um jaguar dourado.

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