Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
ISBN: 978-85-908787-0-4
TERCEIRA EDIÇÃO
Abril de 2011
PROJETO GRÁFICO
Maha-design
REVISÃO
Cindy Chao
IMPRESSÃO
Parque Gráfico da Editora Santuário
CAPA
Flávio Pará
cmsw@uol.com.br | www.chand.com.br
EDITORA
reli hare
Ao meu querido mestre espiritual instrutor,
A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupäda,
e ao meu querido mestre espiritual iniciador,
Çréla Hådayänanda Däsa Gosvämé,
sem os quais, certamente, eu não teria acesso
ao verdadeiro espírito da Bhagavad-gétä
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO, 7
A BHAGAVAD-GÉTÄ, 11
O desejo de controlar, 19
A posição transcendental do Senhor, 23
Uma jornada de autoconhecimento, 27
VERDADE 1
JÉVA, O SER VIVO, 31
Sob a influência da ilusão, 34
A ajuda do mestre espiritual, 37
A verdadeira natureza do eu, 39
VERDADE 2
PRAKÅTI, A NATUREZA, 43
Percebendo a presença do Absoluto, 47
Os três modos da natureza, 51
O conhecimento verdadeiro, 57
VERDADE 3
KARMA, AS ATIVIDADES, 61
A pessoa sábia, 65
As complexidades do karma, 67
O yoga da devoção, 69
A importância do sacrifício, 72
VERDADE 4
KÄLA, O TEMPO, 79
As divisões das eras, 82
A morada transcendental suprema, 84
VERDADE 5
ÉÇVARA, O CONTROLADOR, 89
Os três aspectos do Absoluto, 92
O aparecimento divino do Senhor, 94
conclusão
LIVRANDO-SE DO CATIVEIRO MATERIAL, 103
APRESENTAÇÃO
7
prakåti, a jéva desce a este mundo e passa a executar
atividades materiais, envolvendo-se nas estritas leis de
ação e reação do karma. As atividades executadas pela
jéva podem ser de três categorias: piedosas, impiedosas
e mescladas, e suas combinações são infinitas. De
qualquer modo, estando no mundo material (o mundo
da prakåti), a jéva sempre estará sob a influência do fator
käla, o tempo eterno. Quer nasça em planetas celestiais
ou infernais, quer obtenha um nascimento numa
família aristocrática ou degradada, quer se torne rica ou
pobre, famosa ou infame, de qualquer maneira, käla irá
se impor e a jéva terá que permanecer presa à roda
interminável de nascimento, velhice, doença e morte.
Para livrar-se deste ciclo indesejável, a jéva terá que
aprender a executar atividades que não mais a prendam
à lei do karma. Esta liberação se torna uma
as cinco verdades essenciais
8
realizações pessoais, termino aqui oferecendo minhas
sinceras reverências a Sua Divina Graça A. C.
Bhaktivedanta Swami Prabhupäda, o renomado autor do
“Bhagavad-gétä Como Ele É” e meu eterno çikñä-guru,
que, na introdução de sua maravilhosa obra, fez uma
lúcida explanação sobre as cinco verdades essenciais
contidas no conteúdo completo da obra e nos deu uma
excelente visão do assunto completo da Gétä.
Chandramukha Swami
Ashram Vrajabhumi,
Teresópolis, Rio de Janeiro,
1 de Novembro de 2004
apresentação
9
10
as cinco verdades essenciais
f A BHAGAVAD-GÉTÄ f
Logo que assume a posição de mestre espiritual de
Arjuna, o Senhor Kåñëa vai direto ao assunto e
detecta a causa original de todo o seu sofrimento:
o esquecimento da sua natureza espiritual e a
identificação excessiva com seu ego material, que,
combinados, haviam criado grande confusão na
mente do guerreiro.
12
as cinco verdades essenciais
O texto da Bhagavad-gétä é originalmente
encontrado no épico indiano Mahäbhärata e
narra o famoso diálogo ocorrido há cinco mil anos entre
Kåñëa e Arjuna, minutos antes de uma batalha
devastadora. Dhåtaräñöra era o irmão mais velho de
Päëòu e, como havia nascido cego, não pôde herdar o
trono do seu falecido pai. Desse modo, o virtuoso Päëòu
tornou-se o imperador do mundo, mas não por muito
tempo, pois, pelos desígnios misteriosos do destino,
teve uma morte prematura, quando seus cinco filhos,
que passaram a ser conhecidos como Päëòavas, ainda
não tinham idade suficiente para herdar seu trono. Por
isso, enquanto os Päëòavas esperavam o momento ideal
a bhagavad-gétä
14
outro se uniu aos cobiçosos filhos do cego Dhåtaräñöra,
comandados pelo malvado Duryodhana. Nesse
momento o Senhor Kåñëa bondosamente estava
vivendo na Terra. Como nutria uma forte amizade
espiritual com o poderoso guerreiro Arjuna, Ele decide
guiar sua carruagem na luta contra o mal para, assim,
cumprir Sua promessa de dar proteção às pessoas de
natureza piedosa. Na verdade, todo esse drama foi
criado pela Providência para que Arjuna sentisse grande
dificuldade de controlar sua mente e, sentindo-se
impossibilitado de cumprir com seu dever de guerreiro,
manifestasse o desejo de abandonar o campo de
batalha. Em outras palavras, tal cenário se mostrou um
excelente pretexto para que Kåñëa, como condutor da
carruagem de Arjuna, aproveitasse sua fraqueza para
iluminá-lo com a essência do conhecimento
transcendental. Assim, para fortalecê-lo com a
determinação necessária para superar sua impotência,
o Senhor Kåñëa entoou Sua doce canção, a Bhagavad-
gétä, a qual foi registrada posteriormente pelo grande
a bhagavad-gétä
15
Quanto os búzios de ambos os exércitos foram
soprados, indicando o início do combate, Arjuna se
prepara para disparar suas flechas. Mas, antes disso, ele
pede para seu cocheiro divino, o Senhor Kåñëa, colocar
sua carruagem na frente de ambos os exércitos, pois
desejava ver pela última vez com quem ele deveria se
confrontar no campo de batalha. Satisfazendo Seu
amigo, Kåñëa assim o fez, dizendo, “Simplesmente
observa, Arjuna, todos os que vieram combater contigo
e com teus irmãos, desejosos de satisfazer os filhos de
Dhåtaräñöra!”. Ao ver que, no meio dos exércitos
estavam seus mestres, tios maternos, irmãos, filhos,
netos, amigos e muitas classes de benquerentes,
Arjuna, ficou transtornado e disse (Gétä 1.28 - 35):
16
infortúnio, ó Kåñëa. Não consigo ver qual o bem
que decorreria da morte de meus próprios
parentes nesta batalha, nem posso eu desejar
alguma vitória, reino ou felicidade subsequentes.
Ó Govinda, que nos adiantam um reino,
felicidade ou até mesmo a própria vida quando
todos aqueles em razão de quem somos
impelidos a desejar tudo isto estão agora
enfileirados neste campo de batalha? Ó, quando
mestres, pais, filhos, avós, tios maternos, sogros,
netos, cunhados e outros parentes estão prontos
a abandonar suas vidas e propriedades e
colocam-se diante de mim, por que deveria eu
querer matá-los, mesmo que, por sua parte, eles
sejam capazes de matar-me? Não estou
preparado para lutar com eles, nem mesmo em
troca dos três mundos, muito menos desta Terra!
17
Meu querido Arjuna, como foi que estas
impurezas desenvolveram-se em ti? Elas não
condizem com um homem que conhece o valor
da vida. Elas não conduzem aos planetas
superiores, mas à infâmia. Portanto, não cedas a
esta impotência degradante. Isto não te fica bem.
Abandona esta mesquinha fraqueza de coração e
levanta-te, ó castigador dos inimigos.
18
do guerreiro. Na realidade, não apenas Arjuna, mas
praticamente toda alma corporificada está sob o jugo da
energia ilusória material (mayä), pois ignora sua
verdadeira natureza eterna e espiritual – diferente do
corpo material temporário. Assim mayä induz a todos a
desenvolverem um falso sentimento de independência,
sentimento este que os impele a agir de modo a acarretar
diferentes espécies de sofrimentos e ansiedades
materiais.
O DESEJO DE CONTROLAR
19
partes integrantes do Supremo Controlador e possuem,
em quantidade infinitesimal, todas as qualidades
encontradas Nele. Isto significa que, uma vez que a
qualidade de controlar existe no Supremo, todo ser vivo
é também um controlador diminuto e possui a
tendência de controlar a natureza material. Por
exemplo, ao ver sua mãe cozinhar, a criança tem a
tendência de imitá-la. No entanto, ela nem sequer
consegue alcançar o fogão – isso para não falar da sua
incapacidade de lidar apropriadamente com o fogo.
Então, para satisfazer a tendência de seu filho, a mãe lhe
presenteia com um pequenino fogão de brinquedo, o
que a mantém ocupada em imitar suas atividades.
Similarmente, esquecendo-se de sua posição
insignificante, o ser vivo deseja imitar as atividades do
Controlador Absoluto e, desse modo, deseja também
as cinco verdades essenciais
20
identidade falsa é obtida pelo ser vivo para que ele se
sinta um importante controlador e, em sua ilusão,
consiga satisfazer o seu desejo infantil. Em outras
palavras, este mundo material não passa de um
brinquedo criado pelo Senhor, onde, através de
diferentes brincadeiras (diferentes vidas), a alma
corporificada tem a oportunidade de se sentir um
poderoso controlador e de “satisfazer” sua aspiração de
tornar-se Deus. Por exemplo, numa vida de cientista, a
alma corporificada desenvolve grande conhecimento,
conseguindo explorar e controlar diferentes aspectos da
energia material. Como um político bem-sucedido, ele
assume uma posição de grande influência e poder,
conseguindo controlar diferentes pessoas e situações.
Como um grande empresário, a alma corporificada
acumula grande soma de riquezas e é capaz de controlar
o mercado econômico. Como um artista habilidoso, ele
obtém grande fama e atrai a atenção das grandes massas
de pessoas, etc. Não só agora, mas em todas as épocas,
o desejo de controlar
21
inumeráveis planetas. Isso, porque o ser vivo possui, de
forma diminuta, esta mesma tendência. Entretanto, é
preciso saber que, apesar de nossa tendência de
assenhorearmo-nos da natureza material, nunca nos
tornaremos o Controlador Supremo. Ou seja, o
Controlador Absoluto é o Senhor Supremo. Ele é o
Controlador não só da natureza material, mas também
de todos os seres vivos e de tudo o que é manifesto e não-
m a n i f e s to. N i n g u é m o u n a d a p o d e a t u a r
independentemente, visto que tudo acontece sob a
direção direta ou indireta do Senhor. Certamente, por
trás dos diferentes fenômenos maravilhosos que
ocorrem na natureza cósmica, há o Controlador
Supremo. Uma criança tola, por exemplo, pode
acreditar que um veículo é capaz de se locomover sem a
ajuda de um animal ou de um motor. Mas, um homem
as cinco verdades essenciais
22
A POSIÇÃO TRANSCENDENTAL DO SENHOR
23
É sob o controle do tempo que esta
manifestação material pode acontecer. Depois de
permanecer por um período específico, ela entra
novamente no estado imanifesto. No entanto, este ciclo
ocorre eternamente, pois a natureza material também é
eterna. Sendo assim, para satisfazer os diferentes
desejos do ser vivo, ela manifesta diferentes formas
temporárias e ilusórias. Na Gétä aprendemos que esta
natureza material é a energia separada do Senhor,
enquanto os seres vivos são Sua energia superior,
eternamente relacionada a Ele. Na realidade, o Senhor,
o ser vivo, a natureza material e o tempo estão todos
inter-relacionados – e são eternos. Somente as
atividades materiais (karma) são temporárias. Isto
significa que, mesmo que os efeitos do karma sejam bem
antigos, podemos nos livrar deles, caso aceitemos o
as cinco verdades essenciais
24
conscientes, mas de maneira parcial. Embora tanto a
natureza material quanto o ser vivo sejam energia do
Senhor, somente o ser vivo é consciente. Porque não
possui consciência própria, a energia material é
considerada inferior. Embora o ser vivo seja uma energia
superior do Senhor, “à Sua imagem e semelhança”, ainda
assim ele é consciência infinitesimal, enquanto o
Senhor é consciência infinita. Isso mostra que o
argumento de que o ser vivo pode se tornar Deus
tornando-se supremamente consciente é falso, sem
fundamento e não encontra apoio nos versos da
Bhagavad-gétä. A distinção entre o ser vivo e o Senhor,
assim como a subordinação eterna do ser vivo ao
Senhor, é claramente apresentada em toda a Bhagavad-
gétä. Enquanto a alma corporificada é consciente apenas
do seu corpo em particular, o Senhor é plenamente
a posição transcendental do senhor
25
para que todos satisfaçam corretamente seus anseios
materiais e, finalmente, no momento certo, se voltem
para Ele. Outra grande diferença entre o ser vivo e o
Senhor é que a consciência do ser vivo pode ficar
encoberta por circunstâncias materiais, assim como
uma luz refletida através de um vidro colorido alterará
sua natureza e mudará de coloração. Mas a consciência
do Senhor não é afetada materialmente sob nenhuma
hipótese. Num dia nublado, um mero observador
acredita que o Sol esteja coberto pelas nuvens, mas, na
realidade, é a visão do observador que está coberta por
nuvens. O Sol é muito poderoso e imensurável – e não é
possível que uma simples nuvem o cubra. Em outras
palavras: o Sol é o pai das nuvens (que nada mais são do
que a água evaporada por ele) e, por isso, nunca estará
sob o controle delas; do mesmo modo, o Senhor é o pai
as cinco verdades essenciais
26
A Gétä também nos ensina que, enquanto
estivermos neste mundo, nunca seremos capazes de
parar com todas as nossas atividades e, por isso,
devemos purificá-las, ajustando-as ao desejo do Senhor.
Isto é chamado de bhakti-yoga, o processo de agir
visando à satisfação do Senhor. Esta é a qualidade
original da alma pura em completa consciência de
Deus, consciência de Kåñëa. Portanto, devemos
purificar nossa consciência, removendo dela as
contaminações materiais, para que, em consciência
pura, consigamos ajustar nossas ações à vontade do
Supremo. Somente assim experimentaremos
verdadeira felicidade.
27
superior, iniciando uma árdua luta pela existência – luta
marcada por sucessivos nascimentos e mortes. Estando,
portanto, sob a influência da energia ilusória, a alma
corporificada permanece atada às reações de suas
atividades e é forçada pelas leis da natureza a divagar
entre diferentes espécies de vida. Certas vezes, ela é
promovida ao reino celestial superior onde, devido ao
bom karma material alcançado, recebe um corpo
elevado de semideus e consegue desfrutar delícias
celestiais. Entretanto, ao esgotar seu bom karma, a alma
corporificada volta aos planetas intermediários
terrestres e obtém novamente um corpo humano, onde
se encontra com as frequentes dualidades do bem e do
mal, do prazer e da dor, etc. No entanto, caso desvalorize
a preciosa forma humana de vida, ela pode acabar se
envolvendo com atividades nefastas e se transfere para
as cinco verdades essenciais
28
força-o a habitar diferentes corpos constituídos de
energia material inferior. Isto o faz sujeito à influência
do implacável fator “tempo”, que, por sua vez, destrói
todos os seus planos materiais, vida após vida. Com o
passar do tempo, o sofrimento acumulado de muitas
vidas materiais causa uma profunda insatisfação,
levando a alma corporificada a finalmente recuperar
seu interesse pela vida espiritual. Então, ele começa a
indagar seriamente sobre a verdadeira meta da vida,
sobre sua verdadeira existência – e volta sua atenção
para o conhecimento espiritual. Neste momento
auspicioso, quando o ser vivo inicia sua jornada pelo
autoconhecimento, a Bhagavad-gétä assume um papel
de vital importância, pois é especialmente destinada à
pessoa que deseja livrar-se das garras da existência
material e decide recuperar sua condição de vida eterna
uma jornada de autoconhecimento
29
divindade Çré Kåñëa resumindo em setecentos versos a
essência de todo o conhecimento védico. Com isto, as
gerações atuais e futuras podem receber a mensagem
transcendental da Gétä originalmente narrada pelo
Senhor ao guerreiro Arjuna que, por representar o papel
de uma pessoa absorta em sofrimento material, formula
perguntas relevantes sobre os problemas que todos têm
de enfrentar na vida. Assim, através deste sublime
diálogo, o Mestre Supremo, o Senhor Çré Kåñëa, convida
todas as almas sinceras a trilharem o caminho da
liberação: o caminho de volta ao lar.
as cinco verdades essenciais
30
f VERDADE 1 f
JÉVA, O SER VIVO
31
as cinco verdades essenciais
32
A s jévas são partes integrantes do Senhor, assim
como a folha é parte integrante da árvore, e o
dedo é parte integrante do corpo. O que acontece se a
folha perde seu vínculo com a árvore? O que será do
dedo se ele for separado do corpo? Outro bom exemplo
é o fogo e suas partes integrantes: as centelhas. Assim
como o fogo, as centelhas também possuem calor e luz,
mas, evidentemente, em menor quantidade. No
entanto, à medida que as centelhas se distanciam do
fogo, elas vão gradualmente perdendo suas qualidades
de calor e luz, até que, finalmente, se extinguem. De
modo semelhante, as jévas são dotadas das mesmas
qualidades do Supremo, ou seja, elas também são
eternas (sat), cheias de conhecimento (cit) e cheias de
jéva, o ser vivo
33
apresentam em menor quantidade. Se mantiverem um
contato direto com o Supremo, as jévas também
manterão estas qualidades divinas; caso contrário, elas
irão perdê-las. Em outras palavras, ao mal utilizar seu
livre-arbítrio a jéva prefere tentar sua sorte no mundo
material temporário e, como resultado inevitável, se
priva das suas qualidades divinas originais – perde suas
qualidades de eternidade, conhecimento e bem-
aventurança plenos. As jévas que são influenciadas por
mayä (ilusão) passam a executar diferentes tipos de
atividades materiais e acabam atadas às estritas leis da
natureza de sucessivos nascimentos.
34
da maré, a beira do mar pode ficar ou não coberta pela
água. Do mesmo modo, a jéva pode manter-se
eternamente no mundo espiritual desfrutando de um
relacionamento amoroso com o Supremo e, assim,
permanecer absolutamente livre da influência da
energia material inferior, ou pode se atrair por um tipo
de vida separada do Supremo. Neste caso, ela receberá a
cobertura da matéria e permanecerá vítima da ilusão
material. Ao entrar em contato com o mundo material e
receber um corpo específico, a jéva recebe também a
influência do tempo, sujeitando-se, portanto, ao
constante ciclo de nascimento, velhice, doença e morte.
Certamente, este contato com a matéria faz com que a
jéva perca sua força espiritual e caia vítima do seu ego
material, o qual sempre busca falsos prazeres.
Esquecida de seu relacionamento eterno com o
Supremo, a jéva perde sua conexão com o serviço
amoroso a Ele e, como resultado, seu desejo natural de
sob a inf luência da ilusão
35
enquanto evita qualquer coisa que prejudique seu
interesse pessoal. Por isso, na Gétä (2. 2) Arjuna é
alertado pelo Senhor Kåñëa sobre as impurezas que
fazem uma pessoa escrava dos seus sentidos. Tais
palavras enérgicas do Senhor devem servir de grande
estímulo para todos nós que, ao esquecermos nossa
natureza espiritual eterna, somos dominados por nossa
inimiga mais traiçoeira: a mente, que sempre procura,
com imperceptível sutileza, nos desviar do verdadeiro
dever de autorrealização espiritual. O melhor exemplo
disso foi dado por Arjuna, que, por trás dos argumentos
sensatos, simplesmente inventava excelentes desculpas
para esconder seus sentimentos mundanos de apego e
medo. Devido à influência do ego-falso, a jéva se esquece
de que é uma alma eterna e se apega excessivamente ao
corpo material – e a tudo e todos que estejam ligados a
as cinco verdades essenciais
36
da influência do ego-falso, ela iniciará uma luta contra
seus próprios desejos materiais. Portanto, da mesma
maneira que o Senhor Kåñëa considerou os argumentos
de Arjuna como simples fraqueza do coração, qualquer
argumento dado pela jéva para não lutar contra seus
desejos materiais será apenas uma falsa idéia de não-
violência. A conclusão é que todas as desculpas da jéva
baseadas na ignorância acerca do verdadeiro eu não se
justificam. Por isso, o Senhor tenta animar Arjuna (e a
todos nós) a abandonar a impotência revestida de tal
suposta não-violência e recomenda que ele se levante e
participe energicamente da batalha.
37
condição, estou Te pedindo que me digas com
certeza o que é melhor para mim. Agora sou Teu
discípulo e uma alma rendida a Ti. Por favor,
instrui-me. Não consigo descobrir um meio de
afastar este pesar que está secando meus
sentidos. Não serei capaz de suprimi-lo nem
mesmo que ganhe na Terra um reino próspero e
inigualável com soberania como a dos
semideuses nos céus.
38
deste mundo. Devemos, portanto, seguir os passos de
Arjuna que, em meio a tantas dificuldades, reconheceu
sua fraqueza e confusão mental e assumiu sua
incapacidade de cumprir corretamente seus diferentes
deveres.
A VERDADEIRA NATUREZA DO EU
39
suprema, autoluminosa. É ela que mantém o corpo,
pois, com a sua partida, o corpo começa a se decompor.
O que é conhecido como morte nada mais é do
que o fenômeno que ocorre quando a jéva abandona o
corpo que não apresenta mais condições apropriadas
para a sua permanência. O corpo está freqüentemente
sujeito a diferentes transformações: nascimento,
permanência por algum tempo, crescimento, produção
de subprodutos e decomposição. Entretanto, a jéva não
passa por tais mudanças. Ela não nasce; mas, ao ser
lançada num ventre materno, acaba aceitando a
cobertura de um determinado corpo – e é pela
influência dela que este corpo pode se desenvolver.
Tudo o que nasce também morre. No entanto, por não
ter nascimento, a jéva não tem passado, presente ou
futuro – ela é sempre-existente e primordial. A jéva
as cinco verdades essenciais
40
entidade viva, a jéva simplesmente atua como fonte de
energia para que o corpo possa executar suas funções.
Às vezes, devido às nuvens, não podemos ver o
Sol no céu, mas, quando existe claridade, podemos ter a
completa convicção de que é dia e que o Sol ainda está
presente. Da mesma forma, mesmo que não se consiga
encontrar a jéva dentro do coração, ainda assim, se um
corpo apresenta consciência, isto indica a sua presença
dentro dele. E, quando o corpo perde completamente
sua consciência, isso é uma evidência concreta que a jéva
partiu, sendo transferida para outro corpo. Esta
transferência é feita sob a supervisão da manifestação
do Senhor conhecida como Superalma, a qual também
reside dentro de todos os corpos. A Gétä esclarece que a
jéva é indestrutível, imensurável e eterna, e somente o
corpo material chega ao fim. A jéva não mata nem é
morta – e não houve um momento em que ela passou a
a verdadeira natureza do eu
41
podendo jamais ser destruída por arma alguma,
queimada pelo fogo, umedecida pela água ou enxugada
pelo vento. Ela é invisível, inconcebível e imutável.
as cinco verdades essenciais
42
f VERDADE 2 f
PRAKÅTI, A NATUREZA
43
as cinco verdades essenciais
44
O conhecimento completo inclui a compreensão
da energia material, prakåti, da energia
espiritual, jéva, e da fonte de ambos, o Supremo. Sendo a
manifestação temporária da energia do Senhor, esta
prakåti se caracteriza pela ilusão. Portanto, para ajudar
seu íntimo amigo Arjuna, o Senhor revela na Gétä (7. 4-
5) que tudo o que existe é um produto da combinação de
matéria e espírito:
45
Embora esta manifestação cósmica seja criada,
mantida e aniquilada pelo Supremo, ainda assim, Ele
permanece completamente neutro e desapegado, pois
tudo ocorre através de Suas potências, que agem
maravilhosamente pela Sua ordem divina. A Gétä (9. 7-
10) explica que, quando chega o momento da
aniquilação, as manifestações materiais entram
novamente na prakåti e, quando o Senhor deseja, por
Sua potência mística, uma nova criação acontece. Toda
a ordem cósmica está sujeita a Ele, já que é sob Sua
vontade que a criação se manifesta e é aniquilada
repetidas vezes. Mas, embora tudo funcione sob Sua
direção e todos obedeçam ao Seu comando, o Senhor
permanece sempre neutro.
Este mundo material é a manifestação da prakåti
inferior do Supremo. É aqui que, como resultado de suas
atividades, as jévas são fecundadas e assumem
as cinco verdades essenciais
46
espécies de vida surgem ao mesmo tempo – quer sejam
seres humanos, feras, vegetais, etc. Tais atividades
materiais de criação e aniquilação ocorrem unicamente
pela potência inconcebível do Supremo, o qual
permanece imutável, embora tudo esteja sob Seu
completo controle. O Senhor não está diretamente
vinculado a este mundo material, porque as jévas
recebem seus diferentes corpos devido aos próprios atos
e desejos passados. Depois da aniquilação, elas são
lançadas no corpo de Mahä-Viñëu, uma manifestação
transcendental do Senhor, onde permanecem
imanifestas e aguardam o momento da nova criação.
Quando isso ocorre, Mahä-Viñëu simplesmente lança
Seu olhar na prakåti e as injeta novamente no ventre da
prakåti. A conclusão é que o Supremo é o sustentáculo e
o diretor de toda criação, embora, sob Suas ordens, a
percebendo a presença do absoluto
48
sou a vida de tudo o que vive. Eu sou as
penitências de todos os ascetas e sou a semente
original de todas as existências. Eu sou a
inteligência dos inteligentes, sou o poder de
todos os homens poderosos e a força dos fortes,
desprovida de paixão e desejo. Eu sou também a
vida sexual que não é contrária aos princípios
religiosos. Saiba que qualquer estado de
existência – bondade, paixão ou ignorância –
manifesta-se por Minha prakåti. Num certo
sentido, Eu sou tudo, mas Eu sou independente.
Eu não estou sob a influência dos modos da
natureza material. Ao contrário disso, eles estão
dentro de Mim. Sob a ilusão dos três modos,
ninguém é capaz de Me conhecer, pois estou
acima dos modos e sou inesgotável. Consistindo
nos três modos da natureza material, esta Minha
prakåti é difícil de ser suplantada. Mas aqueles
que se renderam a Mim podem facilmente
percebendo a presença do absoluto
transpô-la.
49
jéva aceita um corpo que, devido à sua presença, pode se
desenvolver, a manifestação cósmica da prakåti se
desenvolve unicamente devido à presença do Senhor
Onipresente conhecido como a Superalma. Esta
Superalma é a grande causa deste Universo – nela tudo
repousa e por ela tudo é mantido. A verdadeira
finalidade de se praticar yoga é poder perceber a
presença deste Senhor em cada milímetro da criação
para, finalmente, prestar serviço devocional a Ele e,
como resultado, transcender os três modos da natureza
material.
Fica claro, portanto, que este mundo não passa
de uma combinação entre a jéva e a prakåti. Esta
natureza material pode ser comparada ao ventre de uma
grande mãe, em que o Supremo é o pai que fecunda a
semente (na forma das jévas) na prakåti. Dessa maneira,
as diferentes jévas surgem em várias espécies de vida de
as cinco verdades essenciais
50
OS TRÊS MODOS DA NATUREZA
51
Aqueles que estão situados neste modo
condicionam-se a uma sensação de felicidade e
conhecimento. O modo da paixão nasce de
desejos e anseios ilimitados, ó Arjuna, e por causa
disso a jéva corporificada está presa às ações
egoístas materiais. Ó filho de Bhärata, fica
sabendo que no modo da escuridão, nascido da
ignorância, todas as jévas corporificadas ficam
iludidas. Os resultados deste modo são a loucura,
a indolência e o sono, que atam a alma
condicionada. O modo da bondade condiciona o
homem à felicidade; a paixão o condiciona à ação
egoísta; e a ignorância, cobrindo seu
conhecimento, o ata à loucura... Ó Arjuna,
quando há um aumento do modo da paixão,
desenvolvem-se sintomas de grande apego,
atividade egoísta, esforço intenso, desejo e anseio
incontrolável. Quando predomina o modo da
ignorância, manifesta-se escuridão, inércia,
loucura e ilusão. Quando alguém morre no modo
as cinco verdades essenciais
52
feita no modo da paixão resulta em miséria, e a
ação executada no modo da ignorância resulta
em tolice. Do modo a bondade, desenvolve-se o
verdadeiro conhecimento; do modo da paixão,
desenvolve-se a cobiça; e do modo da ignorância,
desenvolvem-se a tolice, a loucura e a ilusão.
Aqueles situados no modo da bondade
gradualmente elevam-se aos planetas superiores;
aqueles no modo da paixão vivem nos planetas
terrestres; e aqueles no abominável modo da
ignorância descem para os mundos infernais.
53
de suas reações – o que faz com que não sinta tanto as
misérias deste mundo. No entanto, uma pessoa na
bondade geralmente acaba induzida a se sentir superior
aos outros. Devido ao conhecimento superior
adquirido, tais pessoas têm a forte tendência de ficarem
orgulhosas de suas posições; e, assim, permanecem
atadas a este mundo material. Elas não sentem
necessidade de se libertarem do cativeiro material e, por
isso, ficam reencarnando em diferentes espécies de vida
sob a influência da bondade. Devido à ilusão que a
prakåti lhes impõem, elas pensam que uma vida como
cientista, filósofo ou poeta é agradável e não
consideram que a verdadeira meta da vida é transferir-
se ao mundo espiritual.
Uma jéva sob a influência do modo da paixão
tem grande anseio por prazer material. Por isso, a
as cinco verdades essenciais
54
viver o tempo todo com bastante ansiedade. A
característica da paixão é que uma pessoa sob sua
influência nunca se sente feliz com a posição adquirida,
pois suas propostas de gozo dos sentidos são
intermináveis. Pode ser que esta pessoa se declare feliz,
mas sua felicidade é ilusória e só existe dentro de sua
mente. Ela não pára de desejar e, por isso, acaba levando
uma vida miserável. Tal pessoa apaixonada está sempre
presa a uma vida de cobiça excessiva e, mesmo que
tenha condições financeiras favoráveis ao desfrute, não
pode experimentar tal felicidade porque não possui paz
de espírito. Ela vive traçando planos e projetos para
conseguir muito dinheiro e tem de se submeter a um
constante esforço físico excessivo. Se uma pessoa,
portanto, abandona seu corpo sob a influência da
paixão, possivelmente voltará à forma de vida humana
no planeta terrestre. Logicamente, isto dependerá do
os três modos da natureza
55
ignorância degrada a pessoa, levando-a à loucura, e tal
pessoa não pode entender as coisas como elas são. Tais
pessoas são preguiçosas e relutam muito em receber
qualquer instrução superior. Elas nem sequer são ativas
como as pessoas no modo da paixão. Pelo contrário, sob
a influência da ignorância, uma pessoa é indolente e
tem grande propensão ao uso de drogas, bebidas
alcoólicas, sendo muita adicta também ao sono
excessivo. Uma característica da ignorância é a
propensão a entregar-se à matança de animais com o
único propósito de satisfazer as exigências da língua.
Certamente, o abate de animais inocentes é o mais
grosseiro ato de ignorância. Na ignorância, a pessoa não
é capaz de planejar sua vida e não tem metas superiores.
Ela nunca se esforça para obter nada e é uma pessoa tola
e sem inteligência. Suas atividades acabam resultando
as cinco verdades essenciais
56
O CONHECIMENTO VERDADEIRO
57
O verdadeiro conhecimento é chegar a
compreender que todos são partes integrantes do
Supremo e, por isso, são Seus servos amorosos. Com
esta compreensão, a jéva se inclinará naturalmente a
praticar o yoga devocional com sinceridade, a qual, por
sua vez, é o próprio resultado último de todo o
conhecimento. Dotada de conhecimento, a jéva pode
realizar de um modo objetivo que o corpo é constituído
de prakåti, ao passo que a jéva (a alma) é energia
espiritual pura. Ambos são elementos eternos e fazem
parte da energia do Senhor.
Antes de este cosmo ser manifestado, tanto a
prakåti quanto a jéva já existiam em seu estado latente. A
prakåti é, portanto, considerada inferior porque não
possui vida própria – depende de sua interação com jéva.
Porém, como uma energia superior do Senhor, a jéva não
ganha nada em interagir com a prakåti inferior. Ela não
as cinco verdades essenciais
58
material: ignorância, paixão e bondade – e sua
consciência original permanecerá adormecida.
o conhecimento verdadeiro
59
as cinco verdades essenciais
60
f VERDADE 3 f
KARMA, AS ATIVIDADES
Movida pelo falso ego, a jéva, que ignora a sua
natureza espiritual eterna, considera-se a causa dos
resultados de suas atividades – e atribui o mérito
unicamente a si. Ela não reconhece que seu corpo é
um simples resultado de seu karma passado, o qual
funciona sob a ordem do Supremo.
as cinco verdades essenciais
62
P ode-se definir karma simplesmente como a lei da
ação e reação. Em outras palavras, ao executar
ações piedosas, a jéva estará criando um bom karma, ou
seja: como reação de sua boa ação, estará atraindo
condições favoráveis para si. Por outro lado, se executa
ações impiedosas ou pecaminosas, a jéva atrairá reações
indesejáveis, que se manifestarão através de diferentes
classes de sofrimentos. Na Gétä (3. 27-29) o Senhor
Kåñëa explica que a causa do enredamento material é a
identificação com o ego-falso, ou seja, o conceito
corpóreo de vida:
karma, as atividades
63
conhecimento da Verdade Absoluta, ó pessoa de
braços poderosos, não se ocupa a serviço dos
sentidos e do gozo dos sentidos, pois conhece
bem as diferenças entre trabalho com devoção e
trabalho em busca de resultados egoístas.
Confundidos pelos modos da natureza material,
os ignorantes ocupam-se plenamente em
atividades materiais e tornam-se apegados.
64
podemos comprovar que ela é dotada de grande
conhecimento espiritual, pois mostra sua indiferença
às exigências mundanas dos sentidos materiais. Por
outro lado, absorto em designações materiais ilusórias,
o ignorante vive preso ao desfrute de seus sentidos.
Portanto, qualquer pessoa que queira se tornar sábia
deve desenvolver conhecimento prático a respeito da
existência eterna da alma e precisa compreender que ela
não é este corpo material e, sim, uma alma espiritual
que tem habitado diferentes corpos temporários. Este
conhecimento irá ajudá-la a agir numa plataforma
transcendental, além das reações indesejáveis do
karma.
A PESSOA SÁBIA
65
(karma), e, assim, pode exercer controle sobre suas
paixões materiais e utilizar seus sentidos em trabalhos
práticos com o único propósito de se purificar. O
conhecimento transcendental é, portanto, essencial
para que a jéva consiga se livrar do seu karma material. A
Gétä (3. 30-32) afirma:
66
conduzir as pessoas para o caminho correto. Um
verdadeiro erudito nunca perturba as mentes dos
homens ignorantes, que estão apegados aos resultados
egoístas, induzindo-os a parar de trabalhar. Ao
contrário, ele procura inspirá-los a trabalhar com
espírito de devoção, ocupando-os em todas as espécies
de atividades que, pouco a pouco, podem ajudá-los a
desenvolver consciência espiritual.
AS COMPLEXIDADES DO KARMA
67
resultados, assim como o akarma (quando
irresponsavelmente se deixa de cumprir o dever), que
também produz reações negativas. Somente as
atividades executadas em conexão com o Supremo não
produzem maus ou bons resultados (do ponto de vista
material) e, por isso, são niñkarma. A Gétä (4. 16-24)
esclarece este tema da seguinte maneira:
68
independente, ele não executa nenhuma ação
egoísta, embora ocupado em todas as espécies de
empreendimentos. Tal homem de compreensão
age com mente e a inteligência sob perfeito
controle, deixa de ter qualquer sentimento de
propriedade por suas posses e age apenas para
obter as necessidades mínimas da vida.
Trabalhando assim, ele não é afetado pelo karma.
Aquele que se contenta com o ganho que vem
automaticamente, que está livre de dualidade e
não inveja, que é estável no sucesso e no fracasso,
nunca se enreda, embora execute ações. O
trabalho do homem que não está apegado aos
modos da natureza material e que está situado
em pleno conhecimento transcendental imerge
por completo na transcendência. Quem se
absorve por completo em consciência de Kåñëa
com certeza alcançará o reino espiritual por causa
de sua plena contribuição às atividades
espirituais, cuja execução é absoluta e nelas tudo
o que se oferece é da mesma natureza espiritual.
O YOGA DA DEVOÇÃO
o yoga da devocão
69
passa a ter uma conexão devocional com o Supremo.
Isto se torna possível quando a jéva começa a recuperar
sua consciência espiritual e passa a agir por amor ao
Supremo, vivendo livre de interesses egoístas. Para se
alcançar esta fase elevada, é necessário livrar-se das
especulações mentais e se absorver no conhecimento
apresentado pelo Senhor, compreendendo o verdadeiro
significado de ação, inação e ação proibida. Somente
isso nos ajudará a nos libertarmos das complexas leis do
karma.
Ao se tornar consciente de Deus, a jéva aprende
naturalmente a se relacionar com o Supremo e com as
demais jévas. Compreendendo que toda jéva é uma
partícula integrante do Supremo, uma jéva
compreenderá que o seu relacionamento com todas as
demais também deve visar à satisfação Dele. Qualquer
ação diferente desta conclusão é considerada vikarma,
as cinco verdades essenciais
70
satisfação do Supremo, e isto torna a pessoa
completamente livre do cativeiro do karma.
Materialmente falando, tal pessoa está completamente
inativa, pois seu sentimento de servidão a Kåñëa faz com
que ela se torne akarma, uma pessoa imune a todas as
espécies de reações ao trabalho. O conhecimento sobre
a ação em consciência espiritual é verdadeiro
conhecimento. Ele é comparado ao fogo, pois é capaz de
queimar todas as espécies de reações ao trabalho. A
palavra brahman significa “espiritual”; o Senhor é o
Supremo Brahman e qualquer atividade oferecida a Ele
também se torna brahman, ou espiritual. Na verdade, o
resultado desta atividade e o próprio executor também
se tornam brahman (espirituais), devido à influência
espiritual do Senhor.
A prakåti, conhecida como mayä, é também
considerada divina, sendo uma das energias do Senhor.
Quando utilizada para propósitos materiais, esta mayä
atua para confundir a jéva, que acaba desenvolvendo
o yoga da devocão
71
Brahman. Este é, portanto, o método transcendental da
consciência de Kåñëa: utilizar tudo a serviço do Senhor,
onde a execução, o executor e o resultado último – tudo –
se une no Absoluto e atinge a plataforma espiritual.
A IMPORTÂNCIA DO SACRIFÍCIO
72
rumo ao conhecimento espiritual. Neste momento, o
Supremo ajuda-a interna e externamente, pondo-lhe
em contato com um mestre espiritual auto-realizado.
Na verdade, o mestre espiritual é simplesmente um
representante do Senhor. Ele nunca é um desfrutador
das facilidades oferecidas pelo discípulo. Como o
próprio mestre espiritual primeiramente também se
submeteu ao seu mestre espiritual, ele pôde também
aprender a ver as coisas no verdadeiro prisma espiritual.
A Gétä (4. 35) também descreve a visão perfeita do
mestre espiritual, da seguinte maneira:
73
dificuldades, o discípulo deve tentar executar seus
deveres em consciência espiritual e, ao mesmo tempo,
atuar também no campo material da forma mais
impecável possível. Na Gétä (3. 9-13) isto é chamado
tecnicamente de yajïa, ou sacrifício:
74
dádivas sem oferecê-las aos semideuses como
reconhecimento é certamente um ladrão. Os
devotos do Senhor libertam-se de todas as
espécies de karma porque comem alimento que
primeiramente é oferecido como sacrifício.
Outros, que preparam alimento para o próprio
gozo dos sentidos, na verdade, só comem pecado.
75
simples, voltada principalmente para seu interesse em
autorrealização, o Supremo estará satisfeito e
abençoará a todos, suprindo-os com amplo
fornecimento de opulências materiais. O verdadeiro
propósito dos sacrifícios é satisfazer o Supremo, o
Senhor dos sacrifícios. Quando os sacrifícios são
devidamente executados, o Senhor dos sacrifícios Se
torna satisfeito e, como conseqüência, os semideuses,
que são Seus agentes, também ficam satisfeitos. Como
são encarregados dos diferentes departamentos de
fornecimentos, quando estão satisfeitos, os semideuses
não permitem que haja escassez de recursos naturais.
Eles são considerados, na verdade, partes do Senhor e,
por agirmos em consciência de Kåñëa, estaremos
servindo e satisfazendo o Todo, o que inclui
naturalmente a satisfação de Suas partes, os
as cinco verdades essenciais
76
entanto, quando o Supremo é adorado, os semideuses,
que são Seus diferentes membros, são também
automaticamente adorados, sendo desnecessário um
esforço em adorá-los independentemente do Senhor. A
conclusão é que a adoração dos semideuses é executada
por aqueles que têm conhecimento insuficiente. Ainda
assim, através deste processo, uma pessoa poderá se
livrar do mau karma de usurpar as substâncias naturais
que, sob a sanção superior do Senhor, são fornecidas
pelos semideuses.É completamente evidente que nossa
vida depende dos elementos naturais fornecidos pelo
Senhor e que devemos fazer um uso apropriado deles,
mantendo-nos saudáveis e em condições adequadas
para a autorrealização espiritual. Porém, se aquilo que
recebemos do Supremo e de Seus agentes é utilizado
para mero gozo dos sentidos, certamente nos
tornaremos ladrões e teremos de ser punidos pelas leis
a importância do sacrifício
da natureza material.
77
as cinco verdades essenciais
78
f VERDADE 4 f
KÄLA, O TEMPO
Ao aceitar sua residência no mundo material, a jéva
passa a ficar sob o controle de käla, o tempo poderoso
– o representante do Supremo que corrói todas as
coisas neste mundo material. Por isso, Kåñëa declara
que uma parte importante do conhecimento
transcendental é a percepção de que as manifestações
de käla na forma de nascimento, velhice, doença e
morte são condições indesejáveis.
as cinco verdades essenciais
80
A o aceitar sua residência no mundo material, a jéva
passa a ficar sob o controle de käla, o tempo
poderoso – o representante do Supremo que corrói
todas as coisas neste mundo material. Por isto, na Gétä
(13. 9) o Senhor Kåñëa declara que uma parte importante
do conhecimento transcendental é a percepção de que
as manifestações de käla na forma de nascimento,
velhice, doença e morte são condições indesejáveis. Tal
percepção da situação miserável da jéva sob o controle
de käla produz um grande ímpeto para a vida espiritual e
faz com que a jéva desenvolva o desejo de recuperar seu
corpo espiritual (o qual está absolutamente livre de
käla) e retornar ao lar, de volta ao Supremo. Por isso, a
käla, o tempo
81
AS DIVISÕES DAS ERAS
82
S e g u n d o o co n h e c i m e n t o vé d i co, a
manifestação cósmica é dividida em quatro eras: Satya,
Tretä, Dväpara e Kali e, para termos uma idéia do que
isto significa, um dia de Brahmä tem a duração da soma
de mil ciclos de quatro eras, o que é conhecido como
uma Kalpa. A era de Satya caracteriza-se pela virtude e
tem uma duração de 1.728.000 anos. Em Treta, a virtude
diminui, e a era dura 1.296.000 anos. Na Era de Dvapara,
além de diminuir a virtude, a religião começa a se
perder, os vícios se infiltram, e a duração é de 864.000
anos. Na era atual, a era de Kali, a desavença e a irreligião
predominam, e duração diminui para 432.000 anos. Se
somarmos os anos de todas as quatro eras e as
multiplicarmos por mil vezes, teremos uma kalpa, ou
em outras palavras, um dia de Brahmä – e este mesmo
número corresponderá à sua noite. Do nosso ponto de
vista, portanto, os cem anos de Brahmä representam 311
trilhões e 40 bilhões de anos terrestres. Se os seres vivos
são criados no início da vida de Brahmä, no final de sua
as divisões da era
83
um Brahmä específico volta a nascer é que eles se
manifestam de novo. A pessoa inteligente não deve
perder tempo executando atividades que a conservarão
cativada pelo encanto desta prakåti, que, por sua vez, a
manterá em constantes renascimentos dentro deste
mundo material. Ela deve despertar seu interesse pela
morada de Deus, que é constituída de energia espiritual
superior. Além disso, a morada suprema está livre da
influência de käla e nada tem a ver com a manifestação e
a aniquilação deste mundo, que acontecem durante os
dias e noites de Brahmä.
84
como se efetua o processo de rendição – e este é o ponto
central da Bhagavad-gétä. Ao aceitar o serviço
devocional, a jéva atrai a misericórdia do Supremo, que é
o único que pode conceder a liberação. Como veremos
nos versos seguintes (Gétä, 15. 5-6), a aceitação do
serviço devocional só se torna possível para uma pessoa
que, devido à inteligência, tenha se tornado
verdadeiramente humilde e se livrado do orgulho
absurdo de se julgar o senhor da natureza material:
85
o curioso que executaram atividades piedosas se voltam
para a adoração do Senhor. De um modo geral, quando
as dificuldades surgem nas vidas dessas pessoas
piedosas, elas não encontram alternativa melhor do que
buscar abrigo no serviço devocional ao Senhor.
Entretanto, aqueles que estão acumulando ações
impiedosas não podem se aproximar do Supremo. Ao
contrário disso, tais pessoas impiedosas permanecem
associadas com as atividades falsas da energia ilusória
material e nunca se rendem ao Senhor. Na verdade, a
menos que a pessoa tenha a misericórdia do Senhor, não
poderá admitir e entender que este mundo material é
um lugar perigoso e cheio de calamidades. O sintoma de
uma pessoa verdadeiramente inteligente é que ela
desiste de fazer planos para ajustar-se
permanentemente a essas calamidades materiais. Ao
as cinco verdades essenciais
86
transcendental às aparentes calamidades materiais,
comparáveis a um pesadelo. Num sonho, por exemplo,
um homem pode ter a sensação de que um tigre o está
engolindo. Certamente, ele sofrerá com isso. Porém,
assim como esse “tigre”, o sofrimento material é
ilusório, pois se trata unicamente de um pesadelo. Já
que são ilusórias, as calamidades desse mundo só
poderão afetar a pessoa que não compreendeu a
natureza deste mundo material. Aquele que não se
rende ao Senhor, portanto, não pode compreender a
verdadeira essência deste mundo. Desse modo, ao invés
de dedicar sua vida ao Senhor, uma pessoa tola prefere
buscar sua felicidade neste mundo cheio de perigos. Ela
não tem informação da morada do Senhor, que é eterna,
plenamente bem-aventurada e livre de qualquer
vestígio de calamidades. Este mundo é comparável a um
a morada transcendental suprema
87
com as situações mais adversas. Por isso, nossa única
preocupação deveria ser como atravessar o mais rápido
possível este oceano de perigos. Quem se refugia no
Senhor está aceitando o barco mais adequado para
cruzar o oceano de ignorância. O destino final é residir
na divina morada do Senhor, que nada tem a ver com o
lugar onde existe perigo a cada passo. Já que, enquanto
estivermos neste mundo, não poderemos evitar suas
adversidades, então, com ou sem adversidades,
devemos cantar os santos nomes do Senhor,
especialmente o mahä-mantra Hare Kåñëa, Hare Kåñëa,
Kåñëa Kåñëa, Hare Hare, Hare Räma, Hare Räma, Räma
Räma, Hare Hare – e nos dedicar ao desenvolvimento da
consciência espiritual para retornarmos ao mundo
espiritual, onde tudo é iluminado pela potência interna
do Senhor.
as cinco verdades essenciais
88
f VERDADE 5 f
ÉÇVARA, O CONTROLADOR
"Eu sou a fonte de todos os mundos materiais e
espirituais. Tudo emana de Mim. Os sábios que
conhecem isto perfeitamente ocupam-se em Meu
serviço devocional e adoram-Me com todo o coração".
"Os pensamentos de Meus devotos puros residem em
Mim, suas vidas são plenamente devotadas ao Meu
serviço, e eles obtêm grande satisfação e bem-
aventurança sempre iluminando uns aos outros e
conversando sobre Mim".
as cinco verdades essenciais
90
D os cinco temas básicos da Gétä, devemos
compreender claramente que éçvara, o
Supremo, o Senhor Kåñëa, o Controlador Absoluto, é o
maior e o mais importante de todos. A Gétä (9. 4-6)
afirma que éçvara pode ser percebido sob três aspectos: o
aspecto impessoal (a energia cósmica), o aspecto
localizado (a Superalma) e o aspecto pessoal (a
Suprema Personalidade de Deus):
91
fonte da criação. Compreende que, assim como o
vento poderoso sopra em toda parte e sempre
permanece no céu, todos os seres criados
repousam em Mim.
93
corações de todas as jévas como a Superalma localizada.
Todas as maravilhosas manifestações cósmicas existem
pela suprema vontade de éçvara, e a Ele estão
subordinadas. Por Sua misericórdia, embora mantenha
Sua forma transcendental, Ele sempre vem a este
mundo e derrama o conhecimento transcendental da
Gétä sobre as jévas condicionadas.
94
mas tu não podes, ó subjugador do inimigo!
Embora Eu seja não nascido e Meu corpo
transcendental jamais se deteriore, e embora Eu
seja o Senhor de todas as jévas, mesmo assim, em
cada milênio Eu apareço sob Minha forma
transcendental original.
95
Sempre que aparece, éçvara o faz através de Sua
própria potência interna e a Seu bel-prazer. O Seu corpo
nunca se deteriora: Ele passa da infância à juventude e,
surpreendentemente, nunca ultrapassa esta fase.
Embora seja a pessoa mais velha, nem Seu corpo nem
Sua inteligência jamais se deterioram. Assim como o
poderoso Sol, Ele só aparentemente “nasce” e “morre”.
Na verdade, o Sol está praticamente fixo em sua posição,
só que, devido a nossos sentidos precários, calculamos o
seu “nascimento” e “morte”. Analogamente, o Senhor é
não-nascido. Ele aparece diante de nossa visão, executa
atividades para o bem-estar de todos e, ao concluir Sua
missão, desaparece de nossa visão, tornando-Se
imanifesto. O propósito do aparecimento de éçvara
neste mundo é revelado na Gétä (4. 7-9) como se segue:
as cinco verdades essenciais
96
conhece a natureza transcendental do Meu
aparecimento e atividades, ao deixar o corpo não
volta a nascer neste mundo material, senão que
alcança Minha morada eterna, ó Arjuna.
espiritual da religião.
Na verdade, para conseguir se libertar do
cativeiro material, a jéva precisa vencer sérias
dificuldades. Para tal, nada melhor do que aceitar a
ajuda do Senhor na forma do conhecimento védico, do
mestre espiritual e da associação com os devotos. Só
97
assim ela poderá compreender a natureza
transcendental do corpo e das atividades de éçvara e,
como resultado, após findar este corpo, não correr o
risco de voltar a este mundo material. Nesta passagem
da Gétä, portanto, o Senhor confirma de fato que,
sempre e onde quer que exista a necessidade, Ele
aparece para resgatar Seus devotos queridos. Tais
devotos compreendem que o nascimento e as atividades
do Senhor são completamente espirituais e, aceitando
esta verdade com fé, eles não perdem tempo com
especulações filosóficas inúteis. Este tema continua a
ser apresentado na Gétä (4. 10-11) da seguinte maneira:
98
O Senhor declara que, mesmo no passado,
muitas pessoas adotaram o yoga da devoção amorosa e
se livraram dos diferentes obstáculos deste mundo, que
se apresentam na forma de apego, medo e ira. Portanto,
o Senhor Kåñëa encoraja Seu amigo e discípulo Arjuna (e
a todos nós) a praticar a consciência de Kåñëa,
concluindo que devemos cultivá-la com fé e
conhecimento e, com isso, alcançar a perfeição. Com
certeza, o Senhor recompensará a tentativa sincera
empreendida pelo devoto que, apesar das dificuldades
encontradas neste mundo, persiste em praticar serviço
devocional ao Senhor. No capítulo dez, encontramos
quatro versos que são considerados os mais
importantes da Gétä (10. 8-11). Estes versos nos dão uma
compreensão bastante clara da opulência de éçvara, a
Suprema Personalidade de Deus:
o aparecimento divino do senhor
99
devotadas ao Meu serviço, e eles obtêm grande
satisfação e bem-aventurança sempre
iluminando uns aos outros e conversando sobre
Mim. Para aqueles que estão constantemente
devotados a Me servir com amor, Eu dou a
compreensão pela qual eles podem vir a Mim.
Para lhes mostrar misericórdia especial, Eu,
residindo em seus corações, destruo com a luz
brilhante do conhecimento a escuridão nascida
da ignorância.
100
compreensão da diferença entre espírito e matéria fica
mais clara. Munido desse conhecimento, o devoto vai se
livrando de toda espécie de dúvida e ilusão. Como parte
do treinamento espiritual, ele desenvolve tolerância às
ofensas alheias e, ao mesmo tempo, para o benefício das
pessoas em geral, torna-se veraz, apresentando as coisas
sem deturpação. Um devoto vive neste mundo sem
apego ou aversão a ele, enquanto permanece satisfeito
com aquilo que é obtido pela misericórdia do Senhor.
Quando são recomendadas pelas escrituras, ele aceita
as inconveniências corpóreas em prol do avanço
espiritual e é caridoso com as pessoas que se dedicam a
propagar a consciência de Kåñëa. Controlando os
sentidos por utilizá-los apenas para cultivar a
consciência de Kåñëa, o devoto consegue também
afastar da mente os pensamentos prejudiciais ao seu
o aparecimento divino do senhor
101
sofrimentos aos outros; pelo contrário, sempre está
propagando o conhecimento espiritual e, com isso,
ajudando todos a atingirem a verdadeira felicidade.
as cinco verdades essenciais
102
f CONCLUSÃO f
LIVRANDO-SE DO
CATIVEIRO MATERIAL
104
S e, ao estudar a Gétä, a jéva compreende a
importância de ajustar sua vida de tal maneira que
possa desenvolver sua consciência de Kåñëa,
compreende-se que ela alcançou imensa fortuna, pois,
segundo a Gétä (12. 6-7), éçvara pessoalmente a resgatará
do oceano de existência material:
106
serviço devocional puro está garantido e, no
final, ele voltará a Mim. Não há neste mundo
servo que Me seja mais querido do que ele,
tampouco jamais haverá alguém mais querido.
107
cuidará de Seu devoto, salvando-o de todo o seu karma.
Uma vez que o Senhor cancelará o karma passado, é
melhor que a pessoa aceite a guia do mestre espiritual e
se preocupe unicamente com a boa execução do seu
serviço devocional e confie na misericórdia de éçvara, o
Supremo Controlador.
A raiz da existência material é a ignorância, que
se manifesta como indiferença ao serviço devotado ao
Senhor. Esta indisposição à execução do serviço
devocional se deve ao ego-falso, sempre querendo
colocar sua vítima na falsa posição de controlador ou
desfrutador independente. A Gétä, portanto, ilumina a
jéva sobre sua posição como parte integrante de éçvara e a
instrui a ocupar-se corretamente, eliminando, assim, a
ignorância e o ego-falso. Por dedicar-se a pregar sobre as
glórias do serviço devocional, a jéva se torna liberada de
as cinco verdades essenciais
108
tornarem conscientes de Kåñëa. Isso é completamente
aprovado pela encarnação misericordiosa de Kåñëa para
esta atual era de Kali, o Senhor Chaitanya, que ordenou
a todos que primeiramente se purificassem aceitando o
serviço amoroso a éçvara e, depois disso, o divulgassem
por todo o mundo. Tal ocupação constitui a verdadeira
atividade beneficente e torna a pessoa reconhecida pela
Suprema Personalidade de Deus. O Senhor conclui a
Gétä (18. 63-65) transmitindo-nos o conhecimento mais
confidencial: simplesmente se renda ao Senhor
Supremo e se alivie de todas as misérias causadas pela
vida material. Na verdade, render-se ao Senhor é o
interesse supremo de todo ser vivo, pois somente nesta
posição de servo rendido ao Senhor ele pode se situar
numa condição de felicidade plena: livrando-se do cativeiro material
109
devoto. Adora-Me e Me oferece tuas
homenagens. Assim, virás a Mim
impreterivelmente. Eu te prometo isto, Meu
amigo muito querido.
110
executando seus deveres e oferecendo os frutos em
sacrifício ao Senhor. De qualquer modo, se a pessoa se
mantém simplesmente glorificando o Senhor,
cantando Hare Kåñëa, Hare Kåñëa, Kåñëa Kåñëa, Hare
Hare, Hare Räma, Hare Räma, Räma Räma, Hare Hare,
ela avançará em direção à consciência de Deus,
consciência de Kåñëa.
111
112
as cinco verdades essenciais