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de rotação
e matéria
escura
INTRODUÇÃO
CONSPIRAÇÃO CÓSMICA EM
de matéria não visível. Ou seja, 95% da
massa do universo seria matéria escura.
CURVAS DE ROTAÇÃO
Nos últimos anos surgiu uma novidade
que colocou em questão os modelos acei-
tos. Qualquer que seja o valor de 1, os
modelos acima prevêem que o universo Existe algo um pouco estranho, como
deveria estar numa fase de deceleração. uma conspiração cósmica, nas curvas de
Observações recentes de supernovas situa- rotação de galáxias. Lembremos que, quan-
das a redshifts elevados (Wang et al., 2003; do falamos de curva de rotação, estamos
Tonry et al., 2003) indicam que a expansão falando de galáxias espirais, que possuem
do universo é acelerada. Isso tem levado os uma fração importante de sua massa no
cosmólogos a reintroduzir uma constante disco. Nas partes mais internas, a curva é
cosmológica R não nula, o que equivale a plana devido à contribuição da parte visí-
postular a existência de uma grande quan- vel da matéria contida no disco. Na parte
tidade de “energia escura” que explicaria a mais externa, a curva seria plana como re-
aceleração. O mínimo que se pode pensar sultado da distribuição de matéria escura.
é que isso torna frágeis os argumentos em A maioria dos autores que produzem mo-
favor de 1 = 1, que eram baseados na hipó- delos de curva de rotação considera que a
tese de R nula. Acredita-se hoje que o uni- matéria escura tem uma distribuição esfé-
verso é constituído de 73% de energia es- rica, semelhante ao halo. Consegue-se uma
cura, 23% de matéria escura e apenas 4% curva plana com uma lei de densidade do
de matéria bariônica. Esses números são tipo l ~ r -2 (ver Binney & Tremaine, 1987,
revisados com freqüência (ver por exem- eq. 2-45). Portanto, uma parte da curva é
plo: Wang et al., 2003). explicada por matéria visível distribuída
Os argumentos observacionais em favor num disco, e outra, em raios maiores, seria
da existência de matéria escura são basica- por matéria escura com distribuição esféri-
mente as curvas de rotação de galáxias espi- ca. Por que estes dois patamares de veloci-
rais e as massas de aglomerados de galáxias. dade constante ocorrem na mesma veloci-
Nos dois casos o argumento é que as veloci- dade de rotação, se têm causas diferentes e
dades observadas indicam a presença de geometrias diferentes? Este é o sentido da
massa maior do que a massa visível. No caso “conspiração”. Deveríamos ter curvas de
dos aglomerados de galáxias, é comum su- rotação com dois patamares.
por que as galáxias estejam “virializadas”
para poder estimar a massa do aglomerado.
AVALIANDO A CONTRIBUIÇÃO
Como essa hipótese não é nada óbvia, não se
trata realmente de uma medida da massa. Já
DO HIDROGÊNIO
as curvas de rotação, que discutiremos com
mais detalhe, têm sido consideradas como o
argumento mais convincente. É importante
ressaltar, no entanto, que as razões cosmo- Por outro lado, se conseguimos medir a
lógicas para a existência de matéria escura curva de rotação a grande distância do cen-
A CURVA DE ROTAÇÃO DE
plo: Swaters et al., 2002). Para sustentar a
existência de matéria escura, é necessário
REGIÕES EXTERNAS?
é suficiente para ser detectada, não tem
massa suficiente para explicar a curva de
rotação. Note-se que, caso o hidrogênio
fosse o responsável pela região plana ex- A curva de rotação de nossa galáxia é
terna das curvas de rotação, o problema da até mais difícil de se obter que a de galáxias
conspiração discutido acima seria facilmen- externas, e mais incerta, pelo fato de estar-
te resolvido. Estaríamos falando apenas de mos tentando medi-la a partir de um ponto
matéria concentrada no disco. Poderia ter que se encontra ele mesmo em rotação.
havido no início da vida da galáxia uma Apesar disso, é importante analisar todos
única distribuição de matéria no disco; os detalhes dessa curva, porque em nossa
posteriormente, nas regiões internas, parte galáxia temos uma avaliação precisa da
do gás teria se transformado em estrelas, quantidade de matéria “visível”, e temos
mas a distribuição espacial em termos de condições de quantificar a necessidade de
massa teria continuado a mesma. matéria escura.
Os dados observacionais de HI consis-
tem em espectros, ou gráficos da “tempera-
Figura 1
tura de brilho” em função da freqüência.
Estimar, a partir dos espectros obtidos em
21 cm, a massa do hidrogênio existente nas
partes externas de galáxias implica adotar
algumas hipóteses como a de que o gás é
opticamente fino, e supor que a temperatu-
ra do gás é da mesma ordem que se estima
para as partes mais internas da galáxia, ou
seja, cerca de 100 K. Alterando de forma
perfeitamente razoável as hipóteses sobre
a espessura óptica e sobre a temperatura,
que provavelmente é menor nas regiões
distantes, é possível variar consideravel-
mente a quantidade de HI necessária para
explicar os espectros (tese de Eraldo M.
Rangel, sob orientação de Roberto Ortiz,
Ufes).
Uma outra hipótese que existe na litera-
tura é que o hidrogênio das partes externas Curva de rotação da galáxia baseada nos dados de
das galáxias se encontra na forma molecular Clemens (1985), reinterpretados para R0 = 7,5 kpc.
(H2). Essa molécula não possui dipolo elé-
trico, e não emite na região rádio do espec-
O traço fino indica aproximadamente qual seria a
tro. Para emitir no infravermelho, requer tendência da curva de Brand e Blitz discutida no texto.
COLISÕES DE GALÁXIAS
são normalmente levadas em conta.
Supondo que o eixo de rotação de uma
galáxia e o plano do céu apresentem entre
si um ângulo e, a velocidade observada de A existência de halos escuros mais ex-
rotação é a velocidade de rotação projetada tensos do que as partes visíveis das galá-
na linha de visada, ou seja, a velocidade xias poderia ter efeitos estranhos, no caso
verdadeira multiplicada por cos (e). A ve- de colisão de galáxias. A matéria escura
locidade de rotação é obtida dividindo a seria a primeira a colidir, e deveria ser de-
velocidade observada por cos (e). Por exem- formada ou mesmo arrancada. Poderiam
plo, para uma galáxia vista exatamente de resultar concentrações de matéria escura
frente, a rotação produz velocidade obser- separadas das galáxias visíveis, e posteri-
vável zero, já que o movimento é perpendi- ormente poderiam ocorrer colisões de ga-
cular à linha de visada. Ao contrário, para láxias visíveis com essas bolhas de matéria
uma galáxia observada pela borda, a veloci- escura. Nada disso é observado. As simu-
dade de aproximação de um lado e de afas- lações de colisões de galáxias que existiam
tamento do outro nos dá diretamente a rota- antes do advento da hipótese de matéria
ção. O fator de correção para obter a velo- escura, como aquelas que eram feitas por
cidade de rotação – o inverso de cos (e) – Toomre e Toomre, na década de 70, conse-
pode ser grande. guiam explicar as observações de galáxias
Normalmente, o que é feito é determi- interatuantes, de forma muito satisfatória.
nar a inclinação da galáxia com relação ao
céu, usando a parte visível da mesma, e
CONCLUSÃO
partindo da hipótese (também um pouco
questionável) de que, se ela fosse vista de
frente, teria uma forma circular. Em segui-
da, supõe-se que esse ângulo e assim deter- A interpretação habitual de que as cur-
minado vale também para as partes exter- vas de rotação planas refletem a presença
nas da galáxia, e aplica-se o mesmo fator às de matéria escura é precipitada, embora não
observações de HI. Essa hipótese tem toda possa ser excluída. A cosmologia não im-
probabilidade de estar errada, já que uma põe que a matéria escura, se existir, deva
porcentagem elevada das galáxias espirais estar concentrada nas galáxias. Em muitos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS