Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
CRAIG
entrevista
clínica e
diagnostica
Colaboraram na revisão:
Maria Regina L. B. Osório, Fernando Lejderman «
Marcelo P. A. Fleck
TIPOS DE ENTREVISTA
ENTREVISTA ESTRUTURADA VERSUS
NÃO-ESTRUTURADA Existem diferentes tipos de entrevista, caracterizados pelo objeti-
VG em direção ao qual as entrevistas estão sendo conduzidas.
As entrevistas podem ser estruturadas ou não-estruturadas. Entre-
vistas estruturadas incluem uma série de questões sobre áreas defini-
das de conteúdo. (Várias referências sobre entrevista estruturada são Entrevista de Tomada de Dados
fornecidas na seção III deste volume, de modo que não nos estendere-
mos sobre o assunto agora.) Entrevistas não-estruturadas são o tipo O propósito da entrevista de tomada de dados é obter informa-
mais comum nos settings clínicos. Em geral elas não têm um formato ções preliminares sobre um paciente em perspectiva. Esse tipo de entre-
rígido, mas não deixam de ter uma certa estrutura. A entrevista segue vista geralmente ocorre em instituições, cujos propósitos incluem a de-
uma sequência, como é descrito neste capítulo, e inclui áreas-chaves terminação da elegibilidade do paciente em termos do âmbito de atua-
ção da referida instituição. Outros objetivos da entrevista de tomada
de mesmo
ra conteúdos,
na entrevista
como podemos
não-estruturada.
ver na seção III. Assim, há uma estrutu- de dados são (1) obter informação suficiente para apresentar o caso
em uma conferência clínica, (2) clarificar a natureza dos serviços que
a instituição oferece ou a natureza do tratamento que o paciente vai
receber, (3) comunicar as regras, regulamentos e política da instituição
ao paciente em perspectiva, (4) determinar o tipo de tratamento e o
Reexposição (Paráfrase)
A reexposição simplesmente coloca em outras palavras, de ma-
neira mais clara e mais articulada, o que o paciente diz. Esta técnica
é também conhecida como "paráfrase" e faz com que o paciente sai-
ba que o terapeuta está prestando atenção. Ela se diferencia da refle-
xão em seu propósito. A reexposição é em geral empregada para faci-
litar a compreensão e para esclarecer, enquanto a reflexão é utiliza-
da como uma intervenção terapêutica.
Clarificação
A clarificação geralmente se faz pela utilização de alguma das ou-
tras técnicas (questionamento, paráfrase ou reexposição ), mas seu pro-
pósito é auxiliar o paciente a compreender o que é dito na entrevis-
ta. Esta técnica raramente provoca uma reação defensiva no pacien-
te, porque a maioria dos pacientes deseja que o terapeuta compreen-
da os seus problemas e a sua perspectiva. Com a clarificação o tera-
peuta dá ao paciente a oportunidade de contar sua história de manei-
ra totalmente compreensível.
Confrontação
REFERENCIAS
Barreira de estímulos
A barreira de estímulos indica o limiar, a sensibilidade e a consci- A Entrevista Estrutural
ência que o indivíduo tem em relação aos estímulos das variadas mo- Kernberg (1975, 1976) acredita que a compreensão das caracterís-
dalidades sensoriais. A avaliação do funcionamento da barreira de es- ticas estruturais intrapsíquicas do paciente contribui muito para a preci-
tímulos também diz respeito à natureza das reações aos vários nfveis são do diagnóstico. O id, ego e superego são estruturas que integram
de estimulação sensorial - em termos da extensão da desorganização dinamicamente os processos mentais de operações defensivas e de rela-
ou do retraimento provocado e dos mecanismos de manejo e defesas ções objetais internalizadas. Kernberg aplica conceitos estruturais na
acíonadas. análise dos conflitos instintivos e da organização intrapsíquica predomi-
nante no paciente e propõe a existência de três amplas organizações
Funcionamento autónomo estruturais: neurótica, borderllne* e psicótica. Kernberg afirma que
além dos fatores biológicos,familiares, psicodinâmícos ou psicossociais
O funcionamento autónomo é avaliado de acordo com o grau que contribuem para o desenvolvimento de um distúrbio específico,
de prejuízo dos mecanismos de autonomia primária, como distúrbios os efeitos interativos de todos estes fatores refletem-se na estrutura psí-
funcionais da visão, audição, intenção, linguagem, memória, aprendi- quica global do indivíduo.
zagem ou funcionamento motor. Também é avaliado o grau de prejuí- Kernberg (1984) desenvolveu uma abordagem que utiliza uma "en-
zo da autonomia secundária, incluindo transtornos nos padrões de há- trevista estrutural" como método diagnóstico.A premissa da qual ele
bitos, habilidades complexas adquiridas, rotinas de trabalho, hobbies parte é que o foco do entrevistador nos principais conflitos do pacien-
e interesses. te provocará tensão suficiente para fazer emergir a organização estrutu-
ral do funcionamento mental. O entrevistador combina o tradicional
Função sintético-integradora exame-mental com uma avaliação de orientação analítica focada na in-
teração paciente-terapeuta. O objetivo da entrevista é fazer emergir,
O funcionamento
tradições no ego - isto sintético-integrador inclui a eliminação
é, a capacidade de conciliar ou integrarde con-
discre- de maneira hábil, a patologia do paciente, ao mesmo tempo demonstran-
pAnclaeem atitudes, valores, afetos, comportamentos e auto -represen-
do respeito e preocupação com sua realidade emocional.
Inções. Ele também se refere ao grau em que é mantida a continuida-
de no comportamento, como a capacidade de completar uma ativida-
(!c pl.incj.ida. Outro componente é a capacidade de relacionar e inte- * Fronteiriça ou limítrofe. (N. T.)
()(> / .1
U.•!••;! Craig Entrevista Clinica e Diagnostica / 67
A avaliação da organização estrutural baseia-se principalmente Outro aspecto estrutural estritamente relacionado refere-se à quali-
no grau de integração da identidade (a integração do self do das re- dade das relações objetais*. O importante aqui são a estabilidade e a
presentações de objeto), nos tipos de defesa predominantes (primiti- profundidade dos relacionamentos do indivíduo com os outros, manifes-
vos versus maduros) e na capacidade de teste da realidade (prejudica- tadas por cordialidade, preocupação, empatia, compreensão e capaci-
da versus intacta). A entrevista estrutural centra-se no esclarecimen- dade de manter um relacionamento quando ele é sujeito a conflito ou
to, confrontação e interpretação dos conflitos de identidade, mecanis- frustração. A qualidade das relações objetais depende muito da integra-
mos de defesa e distorções da realidade que o paciente revela na inte- ção da identidade, e as disfunções tornam-se imediatamente aparentes
ração com o entrevistador. Kernberg define o esclarecimento como na interação do paciente com o entrevistador. Kernberg afirma que
uma exploração cognitiva, não-desafiadora, dos limites de consciência tais interações são tipicamente breves, mas altamente diagnosticas, per-
dos pacientes sobr e suas produções. Através da confront ação, o entre- mitindo a avaliação da organização estrutural.
vistador descreve ao paciente aqueles aspectos dos dados que indicam Como mencionamos anteriormente, outro critério da organização
a presença de funcionamento conflitivo, operações defensivas, repre- estrutural é a natureza do repertório defensivo do indivíduo. Opera-
sentações contraditórias do self e dos objetos e diminuída consciência ções defensivas mais evoluídas baseiam-se na repressão e nos corres-
da realidade. O entrevistador utiliza a interpretação numa tentativa pondentes mecanismos de formação reativa, isolamento, anulação, inte-
de explicar a natureza contraditória dos dados, propondo defesas e lectualização e racionalização. Tais mecanismos agem para proteger o
motivos inconscientes que fazem o contraditório parecer lógico. A inter- ego de conflitos intrapsíquicos, através da rejeição de um impulso, de
pretação da transferência também é empregada na confrontação e sua representação ideativa ou de ambos, pelo ego consciente. Opera-
no esclarecimento da interação
Kernberg dispensou muitaentre o paciente
atenção e o entrevistador.
às características clínicas e ções defensivas
nismos primitivas
relacionados a ela,baseiam-se na dissociação
como a idealização, e em outros
identificação meca-
projetiva,
diagnosticas dos principais critérios estruturais. A integração da iden- negação, onipotência e desvalorização. Estes mecanismos protegem o
tidade refere-se a duas qualidades das representações do self e dos ego do conflito através da dissociação. Isto é, experiências contraditó-
objetos. Primeiro, há uma diferenciação das representações do self rias que envolvem oself e outros significativos são mantidas ativamen-
em relação às representações de objeto, possibilitando a manutenção te separadas, num esforço para reduzir a ansiedade relativa a estes conflitos.
das fronteiras do ego e uma separação clara entre o self e os outros. 0 terceiro critério estrutural importante identificado por Kernberg
Segundo, todas as imagens do self e as imagens do objeto, tanto "bo- é o teste de realidade, definido pela capacidade de diferenciar o self
as" quanto "más", foram integradas em um conceito abrangente do do não-sel/, de distinguir as srcens intrapsíquicas das srcens externas
self e dos outros. A entrevista estrutural é uma situação experimental de percepções e estímulos, além de avaliar realisticamente os conteú-
na qual a extensão da integração do self e a percepção dos objetos dos do próprio-afeto, comportamento e pensamento, em termos de
pode ser explorada e testada. A falta de integração da identidade, normas sociais comuns. O teste de realidade é representado clinicamen-
ou a difusão da identidade, é representada clinicamente por um con- te pela ausência de alucinações e delírios, pela ausência de comporta-
ceito insuficientemente integrado do self e das pessoas significativas. mentos, conteúdos de pensamento e afetos estranhos ou inadequados,
Para ilustrar, Kernberg (1984) descreve uma mulher que estava des- bem como pela capacidade de empatizar com as Impressões de outra
gostosa com os homens que "queriam apenas usar as mulheres co- pessoa a respeito de si e de esclarecê-las. Kernberg afirma que a entre-
mo objetos sexuais". Ela havia se esquivado às propostas sexuais de vista estrutural oferece a oportunidade ideal de avaliar o teste de reali-
um chefe anterior e evitava contatos sociais por causa das aproxima- dade. Por exemplo, se a interpretação de um mecanismo de defesa pri-
ções sexuais predatórias dos homens, mas havia também trabalhado mitivo resulta na melhoria de funcionamento imediato do paciente, is-
por algum tempo como uma "coel hinha" da Playboy. Quando confron- to reflete a manutenção do teste de realidade. Se a mesma Intervenção
tada
lho, acom
paciente
a contradição
reagiu com
entre
surpresa.
suas afirmações e sua escolha de traba-
* No Brasil, particularmente no Rio Grande do Sul, relações objetnls significam as
primitivas relações de objeto (intrapsíquicas), de acordo com os conceitos teóricos
da assim chamada "Escola Kleiniana". Para um exame abrangente e crítico, recomen-
damos Greenberg & Mitchell, Object relations in psychoanalytlc theory, Harvard,
1983. {N. T.)
enchere ocom
dicou cheque.
a clínica,
Dadosatravés
estes de
estímulos,
sua dúvida
o conteúdo
sobre como
das deveria
associações
pre- Psychoffterap/iy.
Bellak, New
L. e Fielding, C. York:
(1978). Brunner Mazel.
Diagnosingshizo phrenla.In Clinicai Dltiurm.ils of Men-
seria entendido, em primeiro lugar, como uma percepção inconsciente tal Di&orders, ed. B. J Wolman, pp. 757-774. New York: 1'lniiuiu
dn terapeuta como alguém que, da mesma forma que a paciente, es- Bellak, L. e Hurvích, M. (1969). A systematic study oí agu fmu tloim. Journal ofNer-
vous and Mental Diseases 148:569-585.
Ifi "com medo de ficar sozinha", e que poderia ter dificuldade em Bellak, L., Hurvich, M. e Gediman, H. (1973). Ega Functhn* In Schizophrenics, Neu-
os limites adequados. Tais percepções têm sua srcem na rela- roties, and Normais. New York: Wiley.