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CORVISIER, André. A Reforma. In. História Moderna. São Paulo: DIFEL, 1983. P. 65-81.
• “O conceito de reforma é ainda mais antigo que o de renascença. A história da
Igreja, na Idade Média, é a de uma sequência de reformas suscitadas por papas,
concílios, fundadores de ordens, que procuravam conduzi-la à pureza primitiva
eliminando os abusos causados pela presença do clero na época.” (p.65)
• Obras principais:
• O papado de Roma: “o Reino de Deus está dentro de nós”;
• Apelo à nobreza cristã da nação alemã: conclamava os príncipes, os nobres e
os magistrados a lutar contra a tirania de Roma, a reformar a vida cristã e a pôr
em relevo o sacerdócio universal;
• O cativeiro babilônico da Igreja: insurgia-se contra a hierarquia romana que,
havendo feito dos sacramentos o meio da graça, disso se aproveitava para
dominar as almas. (Reconhecia apenas o batismo, a ceia e a penitência);
• Da liberdade do cristão: a alma iluminada pela fé se tornava livre em relação a
tudo que não fosse Deus.
• “Não obstante, encontravam-se nos escritos e nos propósitos de Lutero
conclusões práticas. Ele reclamava a formação de uma Igreja nacional
autônoma, a supressão das ordens mendicantes e do celibato eclesiástico, a
comunhão sob as duas espécies, medidas contra o luxo e a usura.” (p.70)
• “A atitude dos príncipes foi decisiva. [...] A independência religiosa proposta
por Lutero revelou-se aos olhos dos príncipes como o complemento de sua
independência perante o imperador e o papa.” (p.70)
• “Em 1555, pela paz de Augsburgo, Carlos V reconhecia uma existência oficial
às Igrejas luteranas. Os súditos deveriam seguir a religião de seus países [...],
na realidade de seu príncipe.” (p.71)
• O luteranismo ganhara os dois terços da Alemanha, mas perdera o
dinamismo. Contudo, abriria a porta a outras reformas, obras dos príncipes,
dos patriciados urbanos (sacramentários), ou propostas aos elementos
populares (anabatistas).” (p.71)
Calvino
• “A ideia essencial de Calvino é que Deus nos é transcendente e incompreensível.
Só sabemos dele aquilo que Ele nos quis revelar através da Escritura, nela
compreendido o Antigo Testamento negligenciado por Lutero. Sem a Escritura o
homem só pode ter de Deus uma ideia falsa, pois o pecado original lhe
enfraqueceu a inteligência. A lei só pode ser o efeito da graça divina.” (p.73)
• A predestinação eterna de Deus (1552): “A predestinação é absoluta. Deus por
antecipação, ‘destina alguns à vida eterna, os outros à eterna maldição’”. (p.73)
• “Em 1558, Calvino fundou a Academia de Genebra destinada a formar pastores e
missionários, cujo diretor foi Théodore de Bèze. Genebra torna-se uma capital;
no século XVI, ela foi o centro principal do calvinismo. Sua Igreja servia de
modelo nos países de língua francesa, nos Países Baixos, na Alemanha renana.
Na Boêmia, na Hungria e na Polônia, o calvinismo submergia o luteranismo mas
se chocava com a resistência do catolicismo dominante e, também, com a dos
anabatistas.” (p.74)
A Reforma inglesa
• “Wyclif já havia solicitado um retorno à simplicidade primitiva da Igreja. Os
lolardos, que se valiam do testemunho de Wyclif, mantinham no século XVI, entre
os humildes, uma corrente simultaneamente religiosa e social visando ao retorno
do Evangelho. O humanista John Colet (1519) difundia no seio das elites um
humanismo reformador que influenciou Erasmo e preparou os espíritos para o
erasmismo.” (p.75)
• “Ora, por razões exteriores à religião, a Inglaterra engajou-se num cisma que só não
foi qualificado de erasmiano devido ao apego de Erasmo à Igreja romana. Henrique
VIII, não tendo tido filhos da rainha Catarina de Aragão e estando apaixonado por
Ana de Bolena, solicitara em vão ao papa a anulação de seu casamento. Em 1531,
ele fez-se proclamar pelo Parlamento protetor da Igreja inglesa. As anatas
[impostos], a serem recolhidas para o papa, seriam recebidas pelo rei. O clero
entregou ao rei a chefia da Igreja.” (p.75)
• Em novembro de 1534, o Parlamento votava o primeiro Ato de supremacia, que
estabelecia o rei como ‘Chefe supremo na Terra da Igreja da Inglaterra’”. (p.75)
• Com a morte de Henrique VIII, sobrevinda em 1547, a coroa passou a seu
filho Eduar VI, uma criança débil. Os ‘protetores’ do rei, Somerset, depois
Warwick, o Arcebispo Thomas Cranmer e, finalmente, o próprio rei dirigiram
a Inglaterra para o calvinismo.” (p.76)
• “Em 1553, a Eduardo VI sucedia Maria Tudor, filha de Catarina de Aragão,
que se mantivera católica. A rainha tentou reconciliar a Inglaterra e Roma”.
(p. 76)
• Morrendo Maria Tudor, em 1558, sua meia-irmã Elisabeth, filha de Ana de
Bolena e, por isso mesmo, bastarda aos olhos de Roma, retorna à religião de
Enrique VIII. O Parlamento, sempre dócil, votou o restabelecimento do Ato
de supremacia e o livro de orações de 1542. Em 1563 era definida a
Confissão dos 39 artigos, que mantinha a hierarquia episcopal e um culto de
aparência católico. O dogma situa-se mais próximo do calvinismo que do
catolicismo erasmiano. Nascia, desse modo, uma confissão religiosa original,
o anglicanismo (...)” (p.76)
A Reforma Católica
• “Na atitude do mundo católico é possível distinguir três aspectos: a Contra
Reforma, isto é, a defesa da lei pela apologética e, também, pelas
perseguições; a reforma disciplinar e doutrinal; enfim, a Renascença católica
com o despertar da fé e do impulso missionário.” p. 76.
• “A história da Contra Reforma pertence tanto à história política e à história
das mentalidades quanto à história religiosa. (...) Em toda a parte, a defesa da
ortodoxia era considerada como o dever do Estado; o não conformismo
religioso surgia não apenas como uma subversão, mas como uma traição.”
p.76.
• “Podemos dividi-la [a Contra Reforma] em dois períodos. O primeiro é
caracterizado pela esperança de um retorno à unidade da Igreja. No segundo,
começando em 1541, a Igreja romana, havendo se resignado à ruptura, se
organiza em função de suas únicas perspectivas.” p. 77.
A nostalgia da unidade
• Concílio universal: Papa Paulo III, 1536.