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Ação Direta Inconst Nº 1.0000.18.

112485-0/000

<CABBCAADDABACCBDAACBCBAADBACBCCADBAA
ADDABACCB>

EMENTA: MEDIDA CAUTELAR – AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE – LEI N.º 12.889/2018 – MUNICÍPIO DE
UBERABA – NOME AFETIVO – “PERICULUM IN MORA” –
INSUFICIÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO – INDEFERIMENTO.
Ausente o “periculum in mora” para a suspensão de lei local que
prevê a utilização, no âmbito das instituições infantis do Município de
Uberaba, do nome afetivo das crianças em processo de adoção,
censurada por alegada invasão de competência legislativa da União,
impõe-se indeferir a medida cautelar.

AÇÃO DIRETA INCONST Nº 1.0000.18.112485-0/000 - COMARCA DE UBERABA - REQUERENTE: PREFEITO


MUNICIPAL DE UBERABA, PAULO PIAU NOGUEIRA - REQUERIDO: PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE
UBERABA

AC Ó R D ÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, o ÓRGÃO ESPECIAL do Tribunal


de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos
julgamentos, em INDEFERIR A MEDIDA CAUTELAR, VENCIDOS OS
VOGAIS DESEMBARGADORES MOREIRA DINIZ, BELIZÁRIO DE
LACERDA E ALEXANDRE VICTOR DE CARVALHO.

DES. EDGARD PENNA AMORIM


RELATOR

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DES. EDGARD PENNA AMORIM (RELATOR)

V OTO

Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade com


medida cautelar, ajuizada pelo PREFEITO DO MUNICÍPIO DE
UBERABA em face da CÂMARA MUNICIPAL DE UBERABA, a fim de
ser declarada a inconstitucionalidade da Lei Municipal n.º
12.889/2018, que dispõe “sobre o uso do nome afetivo nos
cadastros das instituições escolares, de saúde, cultura e lazer para
crianças e adolescentes que estejam sob guarda de família adotiva
no Município de Uberaba”.
Relata a inicial que a lei municipal inquinada de
inconstitucional trata do uso do nome afetivo nos cadastros das
instituições escolares, de saúde, cultura e lazer para crianças e
adolescentes que estejam sob guarda de família adotiva no
Município de Uberaba. Afirma que o veto apresentado pelo
PREFEITO DO MUNICÍPIO DE UBERABA foi derrubado pela
CÂMARA MUNICIPAL, o que teria ferido a competência privativa da
União para legislar sobre Direito Civil (inc. I) e registros públicos,
conforme art. 22, incs. I e XXV, da Constituição da República. Invoca
a violação aos arts. 165, parágrafo único, 169, 170 e 171 da CEMG.
Pugna pela concessão da medida cautelar, ao fundamento de que
haveria “periculum in mora” decorrente da aplicação da lei em
prejuízo à isonomia e à segurança jurídica, com a precoce
modificação do sobrenome da criança sujeita ao processo de
adoção.
Em informações, a CÂMARA MUNICIPAL DE UBERABA
manifestou-se pelo indeferimento da medida cautelar.
Parecer da douta Procuradoria-Geral de Justiça, da lavra da
i. Procuradora de Justiça MARIA ANGÊLICA SAÍD, pelo
indeferimento da medida cautelar (doc. de ordem 12).

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Assim relatados, passo ao exame da medida prevista nos


arts. 339 e seguintes do RITJMG.
Na espécie, em sede de medida cautelar em ação direta de
inconstitucionalidade, entendo não estarem presentes os requisitos
legais consistentes na plausibilidade das alegações e no perigo de
demora, que autorizam, nos termos do art. 10 da Lei Federal n.º
9.868/1999, o deferimento da medida.
Com efeito, a Lei questionada dispõe, “in verbis”:

Art. 1º Esta lei dispõe sobre uso do nome afetivo


nos cadastros das instituições públicas municipais
escolares, de saúde, cultura e lazer, destinadas à
crianças e adolescentes que estejam sob a guarda
da família adotiva, no período anterior a destituição
familiar.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-
se:
I - instituições escolares: todas as creches e
escolas públicas sob responsabilidade do
município de Uberaba;
II - instituições de saúde: todas as unidades de
saúde públicas sob responsabilidade do município
de Uberaba;
III - instituições de cultura e lazer: os locais
relacionados a atividades culturais ou de lazer para
crianças e adolescentes, tais como clubes,
colônias de férias, academias, dentre outros
espaços direcionados a estes fins sob
responsabilidade do município de Uberaba.
Art. 2º O nome afetivo é aquele pelo qual os
responsáveis legais pela criança ou adolescente
pretendem tornar definitivo quando das alterações
da respectiva certidão de nascimento.
Art. 3º Os registros dos sistemas de informação, de
cadastros, de programas, de serviços, de fichas,
de formulários, de prontuários e congêneres dos
órgãos e das entidades descritas no Art. 1º
deverão conter o campo "nome afetivo" em
destaque, acompanhado do nome civil, que será
utilizado apenas para fins administrativos internos.
Art. 4º O nome afetivo é a designação pela qual a
criança ou adolescente é identificada, nos casos
em que tiver sido adotada pela família, porém a
destituição familiar ainda não ocorreu, mas existe a
vontade de modificar o prenome ou sobrenome
civil após a guarda ser concedida.
Art. 5º O Poder Executivo regulamentará a
presente Lei, por Decreto, no que couber. (Doc. de
ordem 3.)

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Como visto, o normativo transcrito dispõe, no âmbito do


MUNICÍPIO DE UBERABA, sobre uso do nome afetivo nos
cadastros das instituições públicas municipais destinadas às
crianças e adolescentes sob guarda da família adotiva, no período
anterior à definitiva destituição do poder familiar dos pais biológicos.
Não me escapa que a adoção do nome, sobretudo para a
criança, é matéria de importância constitucional, por se ligar à
dignidade da pessoa humana, no aspecto de sua identidade familiar.
A propósito, é importante verificar que a finalidade
administrativa interna da informação alusiva ao nome se encontra
no art. 4º acima transcrito.
Nesta sede de cognição perfunctória, a referência ao campo
“nome afetivo” por certo não implica qualquer alteração no nome
civil, do ponto de vista registral, mas, abre a possibilidade de
acesso a informação adicional para fins administrativos internos, no
âmbito das repartições públicas municipais como creches e escolas,
unidades de saúde pública e locais de atividade cultural e de lazer
das crianças ou adolescentes.
Ao dispor dessa informação adicional, o agente público
municipal que lida com a criança e com seus responsáveis,
devidamente identificados, poderá fazê-lo com razoabilidade, de
forma eficiente e humanizada, máxime quando se tratar de crianças
em processo delicado de transição familiar, o que, sob o ponto de
vista pedagógico, psicológico e da saúde física e mental, precisa ser
considerado no interesse do menor atendido nas repartições
públicas municipais.
Portanto, com a devida vênia de opiniões contrárias, ainda
que se reserve o aprofundamento do exame da alegada invalidade
da norma questionada para o momento do julgamento do mérito,
não antevejo absurdo na iniciativa legislativa municipal.
No tocante ao “periculum in mora”, entendo que as
manifestações da Procuradora de Justiça sobre a desnecessidade
de deferimento da medida cautelar convencem mais do que a parca

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fundamentação a respeito dos riscos trazida na inicial, que, a


propósito, limitou-se a afirmar:
Já o perigo da demora na prestação jurisdicional,
que está a motivar a concessão da liminar, não se
apresenta exclusivamente na decorrência de se
persistir a alteração inválida da ordem jurídica
local. Decorre ele também do fato que a aplicação
da, trará prejuízos irreparáveis à população em
geral. (“Sic”; doc. de ordem 1, pág. 14, item 46.)

De outro lado, a Lei local previu, no art. 5º, a necessidade de


sua regulamentação pelo Poder Executivo, na medida em que o
diploma legal se destina às instituições públicas municipais
escolares, o que minora eventual risco de prejuízo à Administração
Pública por atribuir ao decreto o estabelecimento dos procedimentos
para o cumprimento do comando legal.
Por fim, embora seja plausível a alegação de invasão de
competência da União para legislar sobre direito civil e registros
Públicos (CR, art. 22, incs. I e XXV), verifica-se que o art. 4º da Lei
inquinada de inconstitucional prevê a existência do nome afetivo
quando haja “vontade de modificar o prenome ou sobrenome civil
após a guarda ser concedida”, o que, a par de não conferir força
normativa à Lei Municipal para alterar ou substituir o nome
constante do registro público, vincula sua aplicação à manifestação
de vontade dos diretamente interessados no bem estar da criança.
Tais circunstâncias afastam, ao menos nesta sede de
cognição provisória, o risco de não se suspender, desde logo, a
eficácia da Lei objurgada.
Pelo exposto, indefiro a medida cautelar.

DES. MOREIRA DINIZ

Estou divergindo do douto Relator, e concedendo a cautelar,


para suspender os efeitos de uma lei que, afinal, guarda verdadeiro
absurdo.
O criticado diploma autoriza o lançamento, nos registros do
Município e dos Órgãos a ele vinculados, dos nomes dos adotantes

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na composição do adotando, na pendência de ação de adoção ou


mesmo de destituição de poder familiar.
Ora, a União tem competência exclusiva para legislar no
tocante à pessoa, à personalidade, e, evidentemente, ao nome.
Assim, a nenhum outro Ente Federativo é permitida a
interferência no tema, especialmente para autorizar que ao
adotando seja dado nome que, segundo a lei, o mesmo ainda não
tem; porque não está lançado no assento de nascimento.
Se a lei autoriza tanto, o que está ela fazendo é criar um
“registro” de nascimento paralelo, criando para a pessoa um nome
que aos olhos da lei a mesma ainda não tem.
A inconstitucionalidade, no caso, é tão flagrante, que sequer
seria necessário chegar à questão do risco de dano irreparável ou
de difícil reparação.
Mas, ainda que esse exame se faça, o risco é evidente,
especialmente para o adotando – sempre um menor, que terá uma
certidão de nascimento, e documentos legais e oficiais registrando
um nome, enquanto na Municipalidade, inclusive em escolas
municipais, será conhecido por outro nome.
Não bastasse isso, é fácil perceber os problemas daí
surgidos, com a geração de documentos municipais consignando
um nome e, no futuro, havendo um cruzamento com documentos
oficiais, constatar-se a discrepância.
Principalmente – mas não exclusivamente – quando nos
deparamos com a situação de, por motivo qualquer, a adoção não
se consumar; ou mesmo a destituição do Poder Familiar.
Por tal motivo, defiro a cautelar, para suspender os efeitos do
descrito diploma legal.

DES. PAULO CÉZAR DIAS - De acordo com o Relator.

DES. ARMANDO FREIRE - De acordo com o Relator.

DES. SALDANHA DA FONSECA - De acordo com o Relator.

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DES. AFRÂNIO VILELA

Em exame, ação direta de inconstitucionalidade pretendendo


a suspensão dos efeitos da Lei Municipal n.º 12.889/2018, que
dispõe “sobre o uso do nome afetivo nos cadastros das instituições
escolares, de saúde, cultura e lazer para crianças e adolescentes
que estejam sob guarda de família adotiva no Município de
Uberaba”.
Para tanto, o autor defende que a lei fere a competência
privativa da União para legislar sobre Direito Civil e registros
públicos, conforme art. 22, incs. I e XXV, da CR, bem como viola aos
arts. 165, parágrafo único, 169, 170 e 171 da CEMG.
Sem embargo, a concessão da medida cautelar em sede de
ação direta de inconstitucionalidade está adstrita à presença do
‘fumus boni iuris’ e do ‘periculum in mora’, inteligência do art. 300,
do CPC, bem ainda seja relevante a matéria impugnada e haja
especial significado para a ordem social e a segurança jurídica.
Dispõe a lei impugnada:
“Art. 1º Esta lei dispõe sobre uso do nome afetivo
nos cadastros das instituições públicas municipais
escolares, de saúde, cultura e lazer, destinadas à
crianças e adolescentes que estejam sob a guarda
da família adotiva, no período anterior a destituição
familiar.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-
se:
I - instituições escolares: todas as creches e
escolas públicas sob responsabilidade do
município de Uberaba;
II - instituições de saúde: todas as unidades de
saúde públicas sob responsabilidade do município
de Uberaba;
III - instituições de cultura e lazer: os locais
relacionados a atividades culturais ou de lazer para
crianças e adolescentes, tais como clubes,
colônias de férias, academias, dentre outros
espaços direcionados a estes fins sob
responsabilidade do município de Uberaba.
Art. 2º O nome afetivo é aquele pelo qual os
responsáveis legais pela criança ou adolescente
pretendem tornar definitivo quando das alterações
da respectiva certidão de nascimento.

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Art. 3º Os registros dos sistemas de informação, de


cadastros, de programas, de serviços, de fichas,
de formulários, de prontuários e congêneres dos
órgãos e das entidades descritas no Art. 1º
deverão conter o campo "nome afetivo" em
destaque, acompanhado do nome civil, que será
utilizado apenas para fins administrativos internos.
Art. 4º O nome afetivo é a designação pela qual a
criança ou adolescente é identificada, nos casos
em que tiver sido adotada pela família, porém a
destituição familiar ainda não ocorreu, mas existe a
vontade de modificar o prenome ou sobrenome
civil após a guarda ser concedida.
Art. 5º O Poder Executivo regulamentará a
presente Lei, por Decreto, no que couber.”

Prevê o art. 24, XV, da CR, que a competência para legislar


sobre proteção à infância e juventude é concorrente entre a União,
os Estados e o Distrito Federal.
Portanto, ao que parece, a norma é mesmo inconstitucional,
por invasão da competência da União para legislar sobre a matéria,
estando presente, pois, o fumus boni iuris.
Ocorre que, como muito bem vislumbrou o e. relator, Des.
Edgard Penna Amorim, não está caracterizado o periculum in mora,
uma vez que há previsão de que seja utilizado o nome afetivo tão
somente mediante manifestação de vontade dos interessados, que,
supõe-se, agem em prol do interesse do infante.
Desta forma, deve ser indeferido o pedido cautelar, eis que
não há presença concomitante dos requisitos fumus boni iuris e
periculum in mora.
Posto isso, acompanho o voto sufragado pelo e. relator, Des.
Edgard Penna Amorim, para indeferir a medida cautelar.

DES. WANDERLEY PAIVA - De acordo com o Relator.

DESA. ÁUREA BRASIL - De acordo com o Relator.

DESA. MARIANGELA MEYER - De acordo com o Relator.

DES. MOACYR LOBATO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. AMORIM SIQUEIRA - De acordo com o Relator.

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DES. ALEXANDRE SANTIAGO - De acordo com o Relator.

DES. EDISON FEITAL LEITE - De acordo com o Relator.

DES. RENATO DRESCH

Acompanho o eminente Relator, pois em análise restrita aos


requisitos da tutela de urgência verifica-se que a Lei nº 12.889/2018
do Município de Uberaba, ao dispor “sobre o uso do nome afetivo
nos cadastros das instituições escolares, de saúde, cultura e lazer
para crianças e adolescentes que estejam sob guarda de família
adotiva no Município de Uberaba”, prevê que referida norma será
regulamentada pelo Poder Executivo, por Decreto, o que retira o
perigo de dano necessário à concessão da medida de urgência.

DES. GILSON SOARES LEMES - De acordo com o Relator.

DES. KILDARE CARVALHO - De acordo com o Relator.

DESA. MÁRCIA MILANEZ - De acordo com o Relator.

DES. ANTÔNIO CARLOS CRUVINEL - De acordo com o Relator.

DES. WANDER MAROTTA - De acordo com o Relator.

DES. AUDEBERT DELAGE - De acordo com o Relator.

DES. BELIZÁRIO DE LACERDA

Com a devida vênia do eminente Relator, acompanho a


divergência inaugurada pelo i. Des. Moreira Diniz para deferir a
cautelar.

DES. DÁRCIO LOPARDI MENDES - De acordo com o Relator.

DES. DOMINGOS COELHO - De acordo com o Relator.

DES. ALEXANDRE VICTOR DE CARVALHO

Peço vênia para acompanhar a divergência inaugurada pelo


eminente Desembargador Moreira Diniz para deferir a cautelar.

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SÚMULA: "INDEFERIRAM A MEDIDA CAUTELAR, VENCIDOS OS


VOGAIS DESEMBARGADORES MOREIRA DINIZ, BELIZÁRIO DE
LACERDA E ALEXANDRE VICTOR DE CARVALHO."

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