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Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica (SBPH)

Anais da XXIII Reunião


Curitiba - 2003

FATOS E CASOS NA ESTF ÜTURAÇÃO DA CÂMARA DE


VEREADORES DE CHAPECÓ (SC): LEGISLATURA 1948/1951

Eli Maria Bellani


UNOESC

I - INTRODUÇÃO Na analise do quadro a seguir anota-se: o PSD


é partido vitorioso; os eleitos se destacavam como
O artigo é um retalho da pesquisa iniciada no lideranças em suas comunidades. Essas lideranças
ano de 2000. Procuro contribuir para a história se fixam na região do Oeste Catarinense, atraídos
política municipal, mais precisamente, a história pela política encetada pelas Empresas
do Poder Legislativo do município de Chapecó (SC), Colonizadoras, a partir de 1920. Desenvolviam
período de atuação da Câmara Municipal de 1948/ suas atividades diretamente ou indiretamente na
1951. Objetiva-se enfatizar os interesses políticos exploração dos recursos naturais e comércio local.
presentes naquele momento de reoordenamento Paralelamente, se constituem em sujeitos que
da vida política em Chapecó. ajudaram a reorganizar a vida política partidária do
A guisa de contextualização anota-se: em 1947, município, se filiando a um partido político e
Vicente Cunha é eleito Prefeito de Chapecó pela fazendo militância partidária na região.
sigla do PSD e treze vereadores. No âmbito estadual Paralelamente, no quadro, pode-se inserir, ter
Aderbal Ramos da Silva do PSD é o governador sido o PSD o partido vitorioso no município,
eleito. Irineu Bornhausen da UDN. o candidato cabendo-lhe a administração, e deve-se anotar que:
derrotado. a arrecadação municipal é precária para o
Em 15 de novembro de 1917, foi instalado o atendimento das necessidades do município de 14
Poder Legislativo de Chapecó. Decorridos quarenta mil quilômetros de extensão. Por outro lado, a
anos. o Poder Legislativo volta a atuar sob a égide participação do Governo Estadual era pouca - falta
da Constituição de 1946. Em 17 de dezembro de verbas. Contudo, nesse reorganizar da vida política
1947. o Juiz Eleitoral da Comarca de Chapecó José partidária, permitiu aos vereadores utilizarem o
Pedro Mendes de Almeida, diplomou o Chefe do seu espaço num local de interesse pessoal,
Executivo e os vereadores eleitos. empresarial e comunitário, entremeado pela
divergência política partidária.

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QUADRO 01
VEREADORES ELEITOS EM 1947
MUNICÍPIO DE CHAPECÓ

Nome Partido Profissão Distrito

Albino Bruxel l'S 1) Agricultor Itapiranga


Ângelo Rolim de Moura PSD Madeireiro Caxambú
Arduino Armiquele Antoniolli PTB Comerciante Xanxerê
Euclides Marinho PSD Escrivão de Paz Xanxerê
|Fredolino Zimmer PSD Madeireiro, comerciante São Carlos
Isidoro Chapinotti UDN Comerciante Caxambú
José' de Miranda Ramos PTB Advogado Sede
Lenoir Vargas Ferreira PSD Advogado Sede
Lindolfo Stangler PSD Comerciante. Madeireiro Mondai
Luiz Lunardi PSD Comerciante, Madeireiro Xaxim
Romualdo Ângelo Cerruti PSD Madeireiro Palmitos
Serafim Enoss Bertaso PSD Engenheiro Sede
Vicente João Schneider PRP |Comerciante, Madeireiro Itapiranga

FONTE: Livro Atas - Câmara Municipal de Chapecó (SC).

FATOS E CASOS DA LEGISLATURA do Legislativo - também Presidente do PSD


1948/1951 Municipal, - fortalecendo a posição socioeconômica
da família na região e do PSD. Serafim, filho do
A partir do panorama político-administrativo colonizador Ernesto Bertaso. participava da
municipal e partidário, selecionamos alguns administração da empresa colonizadora familiar e
"momentos" que compuseram o pano de fundo da do setor da atividade madeireira. Completam a mesa
atuação dos vereadores na Legislatura - 1948/1951. diretiva os vereadores do PSD nas pessoas de: Albino
Lembramos, Benjamin (1995) que diz: "A história Bruxel (Vice), Euclides Marinho (I o Secretário), e
é objetivo de uma construção cujo lugar não é o Lindolfo Stangler (2o Secretário).
tempo homogêneo e vazio, mas um tempo saturado A partir desse marco da organização interna da
de "agoras". Esses, "agoras", permitem a Câmara de Vereadores - eleição da mesa diretiva -,
identificação de como as relações de poder e disputa 'as atas das sessões nos apresentam os "agoras e as
política aconteciam no espaço representativo no falas" dos vereadores. Com eles sempre a defesa
Legislativo de Chapecó. Conforme FAVARO (apud contumaz do poder econômico e político no Oeste
VOL-VELLE 1997, p. 17), um local onde "as lutas de Santa Catarina, bem como descortinam a posição
de representações têm tanta importância como as antagônica entre os líderes partidários.
lutas econômicas para compreender os mecanismos Lenoir Vargas Ferreira coordena a bancada
pelos quais um grupo impõe, ou tenta impor, a sua majoritária e, José de Miranda Ramos a de oposição.
concepção do mundo social, os valores que são os Adversários políticos entre si atuavam na
seus e seu domínio". comunidade como advogados, que dotados de boa
No quadro do panorama político do município oratória, faziam "bonitos discursos". Cabia a Lenoir
destaca-se a visibilidade do PSD na defesa de diversos Ferreira defender o PSD, os interesses da Empresa
setores do "poder local". Nele inserido, é que a Colonizadora Bertaso e, de outros munícipes ligados
Câmara de Vereadores de Chapecó inicia suas à atividade madeireira. Já Miranda Ramos, a defesa
atividades, tendo de um lado a euforia dos dos princípios do trabalhismo e, cumprir seu papel
vencedores e do outro a insatisfação dos de oposição.
"derrotados nas urnas" e, complementado com As fontes não relevam reação contrária à
desavenças entre as lideranças partidárias do poder eleição da Mesa Diretiva. Mas, de imediato devido
político local. a falta do Regimento Interno do Poder Legislativo
Os divergências políticas na Câmara Municipal, de Chapecó, provoca no decorrer das sessões
envoltas em pretensões de mando, se concretizam dúvidas, no trâmite e encaminhamento de matérias.
com a eleição de Serafim Bertaso para Presidente Imediatamente a oposição se faz presente com

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entendimento diferenciado da liderança do PSD. Diante dessa posição da maioria na Câmara,
A primeira polêmica surge devido ao fato de mesmo defendo interesses pessoais ou classistas,
Serafim Bertaso. pouco participar depois de sua anota-se que o setor madeireiro e congênere, mesmo
eleição para Presidente. Alega motivo particular, restrito a um segmento cia comunidade, se constituía
solicita licença por quarenta dias, ainda em em agentes que ajudaram a impulsionar o
fevereiro de 1948. Albino Bruzel (Vice), assume, e crescimento econômico regional.
determina a convocação do primeiro suplente na Nessa linha das posições políticas, outro
pessoa de Plínio de Nês. que não atende a momento: o requerimento datado de fevereiro de
convocação, e também encaminha pedido de licença 1948. suberisto por vereadores tidos como
por 15 dias. Na continuidade, convoca o segundo "oposição ao PSD", nas pessoas de Vicente
suplente do PSD. Schneider, Izidoro Chapinotti, Arduíno Antoniolli
Pode-se dizer, tem-se a "primeira queda de e Miranda Ramos - solicitam a fixação no plenário
braços " entre os líderes. Tanto Vargas Ferreira da Bandeira Nacional e um crucifixo.
como Miranda Ramos, em face de eloqüência de Necessário se faz anotar que a Câmara de
discurso e conhecimento jurídico se revezam na Vereadores, funcionava no prédio do Poder
defesa de suas interpretações. O primeiro entende Executivo, daí surgindo as justificativas por parte
que a decisão do pedido é matéria de competência do líder do PDS para a rejeição do pedido. No prédio
exclusiva do Presidente da Casa. em que pese sua existiam os dois símbolos. Em relação ao símbolo
condição de interino, bem como a convocação do da cristandade, havia sido ofertado pelo Vereador
segundo suplente. Em contrapartida, Miranda Schneider e. confeccionado por um artesão morador
Ramos, entende que devido a inexistência do do distrito que representava Itapiranga. Diante
Regimento Interno, o Poder Judiciário deve ser desse quadro, Lenoir Ferreira também sugere que
consultado para depois tomar decisão. em vista dos vereadores Albino Bruxel e Vicente
Miranda Ramos, diante da proposição do líder Schneider terem em seu poder o crucifixo, era
do PSD, sugere que a decisão cabe ao plenário. necessário a formação de uma comissão para
Depois de muitas falas é acordado pelas lideranças depositar o crucifixo na Igreja ou na Casa Canônica
que o Regimento Interno da Câmara da cidade de até ser retirado para a entronização no recinto da
Florianópolis seria utilizado como suporte dos Câmara.
trabalhos. Após muitas delongas é convocado o Períodos legislativos se sucediam, os vereadores
segundo suplente do PSD por quinze dias, na pessoa discutiam a matéria. Depois de muitas "falas", o
de João Batista Zeca. plenário decide formar uma comissão para estudar,
Outro momento de "atrito" é provocado com dar parecer e se fosse o caso, providenciar a
a aprovação de um projeto de lei concedendo colocação dos símbolos. Como forma de serenar
isenção dos impostos municipais às cooperativas os ânimos, o presidente Serafim Bertaso diz: ser de
instaladas ou as que se instalam no município. entendimento da presidência consultar o Juiz de
Existia no município, desde o ano de 1941a Direito. Em caso positivo, marcaria a data da
Cooperativa Madeireira do Vale do Uruguai, e sete solenidade para fixação "em lugar de destaque dos
dos vereadores eram sócios dessa organização símbolos da pátria e do cristianismo. Somente no
classista. Em 1949. foi fundada a Cooperativa de final da legislatura estudada, a Câmara instalou os
Consumo Vicente Cunha (proprietário Vicente símbolos da pátria e da cristandade em suas
Cunha - Prefeito). No ano de 1949 foram fundadas dependências.
nos distritos de São Carlos, Palmitos e Itapiranga Paralelamente, as fontes revelam discussão de
mais três cooperativas, respectivamente a outros tipos de expedientes e matérias de interesse
Cooperativa de Credito de São Carlos, a público. Um diz respeito ao problema de carência
Cooperativa de Palmitos e a Agrícola Mista de de energia, produzida por pequenas usinas e de
Peperi Ltda. distribuição deficitária. No caso da sede do
As fontes não dizem se a origem do projeto município, o contrato é celebrado com a Empresa
que provocou acirradas manifestações dos líderes, Força e Luz Ltda. - a Empresa Bertaso tem
foi de iniciativa executiva ou legislativa. No trâmite participação acionária.
do projeto, tanto nas comissões como em plenário, Diante disso, a oposição parte para cobrança e
muitas falas apareceram apresentando emendas e solução do problema energético que "entrava o
idéias contrárias. As sessões eram realizadas sempre desenvolvimento de Chapecó", conforme Miranda
sob forte oposição da bancada minoritária. No Ramos. Já o entendimento de Lenoir Vargas Ferreira
final, acabou aprovado, como não poderia ser de e José de Miranda Ramos era conflitante. Ferreira
outra forma, pela maioria, sem restrições dos esclarece que o contrato em apreço tem sua origem
presentes a sessão. antes da instalação desse período legislativo:

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"quando o senhor Prefeito exercia os poderes do particulares, foi uma constante desse período
Legislativo e Executivo. O único proponente foi o Legislativo. As convocações dos suplentes nem
cidadão Augusto Barrela que afirmou ( pelo senhor sempre foram bem aceitas, conforme expediente
Prefeito), organizado uma comissão para estudar e de autoria do suplente de vereador Bernardo Max
dar seu parecer sobre a propostas apresentadas, Bartz pedia: " (...) não ser mais convocado como
pelo proponente Barella. Ainda, afirma que era suplente de vereador, devido aos acumulo de
conhecedor do contrato, bem como dos serviços serviços e da distância a ser percorrida até Chapecó
que vinham sendo oferecidos, ao qual dava seu apoio
Outro motivo de discussão entre os líderes diz
A discussão adentrou por muitas sessões. respeito à mensagem encaminhada pelo Prefeito
Diversos oradores usaram da palavra, todos Municipal de Chapecó - relatório sobre os serviços
destacando a relevância da melhoria para o executados pela municipalidade. Cobranças,
desenvolvimento de Chapecó. Os vereadores do solicitação de informações parte da oposição,
PSD, defendendo o trabalho já implantado pela contudo apenas ficaram na palavra, o mesmo foi
empresa geradora e, que tem ajudado o município. aprovado sem restrições.
Contudo, para Miranda Ramos, ao analisar o Já o pedido de origem executiva para a abertura
contrato celebrado entre a empresa geradora e a de crédito - cem mil cruzeiros- para a construção
Prefeitura Municipal, diz "pouca coisa tem sido de um prédio para a Prefeitura e do Hospital Santo
feita, e o fornecimento é precário e, havia urgência Antônio, foi aprovado por todos. Os terrenos foram
que havia de remover esta deficiência para esta doados pela Empresa Bertaso, bem como os
cidade, sede do grande e rico Município de projetos de engenharia coordenados por Serafim
Chapecó," Ainda, entende que algumas cláusulas Bertaso (Presidente da Casa). Em que pese a
deviam ser revistas. importância das construções é o poder da Família
João Batista Zeca, parte em defesa do Poder Bertaso se sobrepondo.
Executivo e discorre sobre as melhorias que estão Para o ano de 1950. já no início dos trabalhos.
sendo realizadas. Comunica aos colegas que "a o vereador presidente Serafim Bertaso, respondendo
comunidade havia subscrito quase um milhão de pela chefia do Poder Executivo é reeleito pela
cruzeiros e, desse montante arrecado havia sido terceira vez Presidente da Câmara, juntamente com
destinado trinta por cento para atender as primeiras Lindolfo Stangler (vice) e, Luiz Lunardi (secretário).
despesas, como o pagamento inicial para a compra Novo momento de "confronto na tribuna"
da turbina e outras despesas, bem como o conserto entre Miranda Ramos e Vargas Ferreira, motivado
do gerador já devia estar pronto na cidade de Porto pelo expediente encaminhado pelo Prefeito
Alegre" Municipal em exercício (Serafim Bertaso).
Miranda Ramos, num outro momento comunicando da impossibilidade de enviar balancete
entende ser de "bom alvitre" esclarecer o a das contas públicas. Miranda Ramos, da tribuna diz
importância e função do cargo de vereador nas que essa atitude vem ferir a Lei Orgânica, sendo
pequenas cidades brasileiras, frente aos desafios que passível de uma representação judicial. Concluiu:
a comunidade exige do parlamentar. Solicita aos "que fosse atendido no prazo mais curto possível
colegas uma reflexão da atividade que vem sendo e, devida o executivo a situação econômica-
desenvolvida. Concluiu: "ser vereador nas pequenas financeira do Município, restringir as despesas". Já
cidades deste imenso Brasil, não é um negócio da Lenoir Vargas, em aparte concorda com a posição
China, se constitui num verdadeiro presente grego do líder da oposição e que pessoalmente irá
que o eleitorado concede depois de muitas lutas gestionar junto ao executivo.
eleitorais, onde há uma perda incomparável de O ano de 1950 representa a aproximação de
energia e eloqüência. O cargo para esses constitui mais um período de campanha eleitoral. Muitas
uma honra, um motivo de orgulho e uma críticas à administração local. A oposição cumpre
oportunidade para servir ao Brasil". seu papel. A Câmara passa vivenciar um clima de
No ano de 1949 motivado pelas excessivas pouca harmonia e mesmo de postura que o poder
licenças de vereadores titulares e suplentes, não Legislativo tem que ter em relação a coisa pública.
havia quorum nas sessões. Lenoir Ferreira e Outro embate entre os dois líderes: pedido de
Miranda Ramos, sempre presentes. Contudo, numa abertura de crédito para as despesas da solenidade
sessão com a presença dos nove vereadores do PSD. de inauguração do prédio da Prefeitura Municipal
é eleita a mesa diretora daquele ano. O PSD mantém de Chapecó - Cr$ 42.000.00. Na ocasião seria
sua hegemonia com o Presidente: Serafim Bertaso; homenageado o Senador Nereu Ramos, presidente
Vice: Lindolfo Stangler e o Secretário- Luiz Lunardi. do Congresso Nacional, que chega a Chapecó em
A pratica da licença para tratar de assuntos companhia do candidato a Governador do Estado

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de SC. Udo Deeke do PSD. sessões - a Prefeitura estava acéfala, situação que
Miranda Ramos diz não ser contra a não pode continuar, é inconstitucional.
homenagem ao homem público catarinense, Serafim Bertaso. não se manifesta se vai
continua colocando que não tinha intenção de fazer assumir ou não, o cargo de Prefeito. O vereador
alusão a possível desvio do montante solicitado, Luiz Lunardi respondendo pelo exercício da
mas que exigia a remessa imediata dos Presidência entende que vereador Bertaso era
comprovantes. Finaliza afirmando que ele e seus considerado impedido. Encaminha então
liderados votam contra o pedido de verba. convocação ao Vereador Albino Bruxel, tendo
Em defesa do Executivo, Vargas Ferreira, visto ser o segundo mais votado pela ordem e
explica a casa que: "talvez esse montante não fosse deve ser o substituto legal do Prefeito.
gasto ou mesmo viesse a ser ultrapassado, mas que Albino Bruxel também não se manifesta: há
a festa era decorrente da estada do Vice-presidente necessidade do preenchimento do cargo de Chefe
da República em visita ao município". Conclui, do Executivo. Muitos discursos até mesmo da
dando reposta a Miranda Ramos, que era papel não bancada majoritária, cobram uma solução. Diante
só da oposição de zelar a acompanhar o bom da falta, de resposta cabe a Lindolfo Stangler,
andamento das coisas públicas. agora na condição de presidente em exercício da
De concreto, quando os projetos de origem do Câmara, colocar que:
poder executivo eram postos em votação, os
polêmicos. O que acontecia nas sessões da Câmara (...).a mesa ainda não havia recebido
era uma espécie de bate bola entre os líderes e os resposta, e que devido o silêncio do
vereadores. Um dos embates, diz respeito às dito senhor vereador, deveria ser
solicitações de melhoria das estradas do interior do considerado como impedido, mas que
Município de Chapecó. O vereador solicitante, pela verificação de votação constatou-
sempre concluía sua fala dizendo que: "(...) pelo se ser o vereador Lindolfo Stangler. o
menos, fosse temporariamente feito um imediato pela ordem de votação , quem
cascalhamento, isso era o mínimo que podia ser deveria assumir (...).
feito.'*Na continuidade em defesa do executivo a
fala de Vargas Ferreira, diz que pessoalmente ira Decorridos dois meses e a Prefeitura continua
negociar com o Executivo que por certo encontrará sem titular. Em 26 de novembro de 1948, a Câmara
uma solução, como sempre tem sido. se reúne, em caráter extraordinário, quando foi
No segundo semestre do ano de 1949, definido a "hora da posse do novo prefeito, pois
problemas de saúde acometeram o Prefeito pela ordem de votação, cabe a Vereador Stangler".
Vicente Cunha, sendo hospitalizado em Curitiba No dia seguinte às quinze horas, a Câmara dá posse
(PR). Decorridos mais de trinta dias, a Câmara a Lindolfo Stangler, que permaneceu até o final
entra num período de expectativa devido ao estado do mandato.
de saúde do prefeito que se agravava. No limiar do término da Legislatura 1948/
A partir da apresentação de um requerimento 1951. a despedida de Lenoir Vargas, da Câmara
assinado por Jacinto Cunha, irmão e procurador Municipal de Chapecó, agora na condição de
do prefeito, o impasse, pois no mesmo expediente Deputado Estadual eleito, diz estar satisfeito pelo
consta a solicitação da licença do cargo por tempo desempenho dos vereadores da casa, independente
indeterminado, pedido auxílio na casa de dez mil de cores partidárias. Conclui que:
cruzeiros para custear o tratamento de saúde na
cidade de Curitiba e. o ressarcimento das despesas Como estava prevista para o final
com o transporte aéreo, Posto o requerimento desta reunião a entronizaçào do
em discussão e votação, entende o plenário que o Crucifixo e da Bandeira Nacional,
pedido de licença de cargo deva ser feito por queria frisar não existir melhor fecho
Vicente Cunha. O Presidente, em exercício, para as atividades desta casa, do que
Lindolfo Stangler entende que a licença poder ser tal cerimônia, verdadeira 'Chave de
concedida conforme o solicitado. Muita polêmica Ouro' de uma atividade profícua e
no tocante ao aspecto legal dos pedidos, que honesta e como lembrança aos futuros
acabam sendo concedidos. legisladores municipais,
Uma vez a licença surge novo impasse: o
Presidente Serafim Bertaso, em período de licença José de Miranda Ramos, na condição de Prefeito
e, ausente do município deveria assumir ou não o eleito de Chapecó, afirma que: a experiência
Executivo, conforme a posição da bancada vivenciada na Câmara serviu para que os vereadores
majoritária. A oposição se pronuncia em todas as do futuro procedam sempre com espírito voltado

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para o alto e no interesse do município. alguns vereadores e discussões meramente partidá-
Diante do exposto, os três primeiros anos de rias, de uma forma ou outra, esse foi o espaço que
funcionamento da Câmara Municipal de Chapecó. acolheu anseios de um povo simples, humilde da
(1948/1950), o Legislativo Chapecoense desem- região do Oeste de Santa Catarina, decorridos
penhou sua função. Apesar, dos entraves cinqüenta anos do século XX.
burocráticos, a falta de experiência parlamentar de

REFERÊNCIAS

ARQUIVOS BELLANI. Eli Maria. Santos Marinho e Passos


Maia : a política do Velho Chapecó. 1917-1931.
Acervo Documental da Câmara Municipal de Chapecó: Litroprint Editora Gráfica Lida..
Vereadores de Chapecó - SC: Livro de Atas, 1990.
Correspondências recebidas.
CABRAL, Oswaldo Rodrigues. Breve Notícia Sobre
o Poder legislativo de Santa Catarina.
FONTES IMPRESSAS Florianópolis: Editora Lunardelli.

ANDRADE. Regis de Castro (org). Assembléias CORREIA. Carlos Humberto. Governadores de


Legislativas e Câmaras de Vereadores: o papel Santa Catarina., encarte especial Jornal Diário
das instituições subnacionais no entendimento Catarinense, ed. 1993.
da democracia brasileira. In Revista Brasileira
de Ciências Socais. V 15 n" 42. São Paulo. Fev. FAVARO, Cleci Eulália. Na fronteira da exclusão:
2000. estratégias para a cidadania. In. Revista da
BELLANI, Eli Maria. Município de Chapecó: SBPH. N. 19. Curitiba, 2000 p. 83-90.
Legislação e Evidências. 1917-1931. Chapecó:
CEON, 1989.

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