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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL

Prof. Monteiro Jr.

ILUMINISMO

INTRODUÇÃO
No início dos Tempos Modernos, expressão usada para
descrever o período que se estende da segunda metade do
século XV ao fim do século XVIII, a sociedade europeia foi
sacudida por dois significativos movimentos: o Renascimento e a
Reforma Protestante. O primeiro, de ordem cultural, artística e
científica. O segundo, de ordem religiosa (apesar de ter se
relacionado com aspectos políticos, econômicos e sociais do
período). Esses movimentos produziram grandes transformações
na civilização europeia ocidental, contribuindo para o rompimento
com diversos valores, padrões e estruturas do mundo medieval.

Na esteira das transformações desencadeadas pela


Renascença e pela Reforma, a Europa conheceu, nos séculos
XVII e XVIII, um movimento ideológico/filosófico/político/
econômico que ficou conhecido por Iluminismo ou Ilustração e
encarnou as aspirações da classe burguesa, uma vez que seus
pensadores enxergavam a si mesmos como defensores da razão O QUE OS ILUMINISTAS COMBATIAM
(a “luz”) na luta contra as instituições políticas, econômicas, Em sua luta contra as instituições da época (Antigo Regime),
sociais e culturais da época (as “trevas”). os pensadores iluministas militaram contra:
 no plano político – os regimes absolutistas, uma vez que os
“As origens do Iluminismo ligam-se aos progressos da Ciência iluministas desprezavam o Direito Divino dos Reis e as
e da Filosofia ocorridos no século VII, principalmente ao monarquias despóticas que nele se apoiavam;
Racionalismo desenvolvido por [René] Descartes e ao  no plano econômico – as práticas mercantilistas (intervenção
sensualismo (empirismo) de [John] Locke. Embora discordassem do Estado na economia, metalismo, superávit comercial,
muito entre si e apresentassem grandes incoerências, os filósofos protecionismo alfandegário e monopólio colonial), vistas
aplicavam o método de Descartes, baseado na Razão e no pelos economistas ligados às Luzes como um entrave ao
espírito crítico, à política e à religião, exaltando a Razão e o desenvolvimento do capitalismo;
Progresso, em oposição à Tradição.”  no plano social – os privilégios de nascimento da nobreza e
do clero, como o da isenção fiscal, o que caracterizava a
(AQUINO, Rubin Santos Leão de. et al. História das sociedades: ausência de igualdade jurídica;
das sociedades modernas às sociedades atuais. 26. ed. rev. e  no plano cultura/educacional – a dominação ideológica
atualizada. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1993, p. 120.) exercida pelo clero sobre a sociedade, resultando no controle
e “domesticação” das massas.
TUDO COMEÇOU NA INGLATERRA
A Inglaterra foi o berço do liberalismo politico, alicerce do O QUE OS ILUMINISTAS DEFENDIAM
pensamento ilustrado do século XVIII. Foi lá que a burguesia A mentalidade ilustrada, que se opôs ao que foi mencionado
chegara ao poder através da Revolução Gloriosa (1688-89). Foi a no tópico anterior, defendeu:
partir da Inglaterra que as idéias de John Locke ecoaram por todo  no plano político – o liberalismo político, onde a sociedade é
o continente europeu. Foi da Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia, livre para escolher seus governantes;
Irlanda do Norte e País de Gales) que o economista Adam Smith  no plano econômico – a não intervenção do Estado na
apresentou ao mundo suas doutrinas que ficaram conhecidas economia, a livre iniciativa e o fim dos monopólios;
como liberalismo econômico.  no plano social – a igualdade civil e as garantias jurídicas da
propriedade privada;
 no plano cultural/educacional – a liberdade de pensamento e
de expressão, bem como a laicização do ensino.

Em Le Temps Moderns, os historiadores franceses Jacues


Dupâquier e Marcel Lachiver citam as palavras que o célebre
advogado Séguier proferiu em 1770 acerca da atuação dos
pensadores iluministas: “Os Filósofos se erigiram como
preceptores do gênero humano. Liberdade de pensar, eis seu
brado, e este brado se propagou de uma extremidade a outra do
mundo. Com uma das mãos, tentaram abalar o Trono; com a
outra, quiseram derrubar os Altares. Sua finalidade era modificar

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nas consciências as instituições civis e religiosas e, por assim OS FILÓSOFOS ILUMINISTAS


dizer, a revolução se processou (...).” O iluminismo atingiu seu apogeu na França do século XVIII,
“De acordo com a análise do filósofo e sociólogo Lucien razão pela qual esse século ficou conhecido como “Século das
Goldmann (1913-1979), os valores fundamentais defendidos Luzes”. Entre os pensadores iluministas, destacam-se:
pelos iluministas (igualdade, tolerância, liberdade e propriedade  Voltaire (1694-1778) – anti absolutista e anti clerical, Voltaire
privada) podem ser relacionados com a atividade comercial. Em defendeu a liberdade de pensamento, de expressão e de
outras palavras, esses pensadores teriam sido ideólogos da religião e a igualdade perante a lei.
burguesia. Vejamos essa interpretação:  Montesquieu (1689-1755) - concebeu a teoria da tripartição
dos poderes do Estado em Executivo, Legislativo e
Igualdade jurídica Judiciário.
 No ato de comércio, como, por exemplo, a compra e venda,  Jean-Jacques Rousseau (1712-78) – criticou a propriedade
todas as eventuais desigualdades sociais entre compradores privada, responsabilizando-a pelos problemas da sociedade,
e vendedores não são essenciais. Na compra e venda, o que ao mesmo tempo em que defendeu a idéia de que só o
efetivamente importa é a igualdade jurídica dos participantes sufrágio universal seria capaz de conferir legitimidade ao
do ato comercial. poder de um governante e dotar o Estado de força para agir
 Observamos que a grande parte da burguesia dessa época em prol do bem comum.
defendeu a igualdade jurídica de todos perante a lei. Todos  Denis Diderot (1713-84) - auxiliado por Jean D’Alembert,
seriam cidadãos com direitos básicos, embora com editou a Grande Enciclopédia, uma obra que sintetizou todo
diferentes situações socioeconômicas. o conhecimento disponível à época e contribuiu para a
difusão das Luzes.
Tolerância religiosa ou filosófica
 Para a realização do ato comercial, não têm a menor
importância as convicções religiosas ou filosóficas das
pessoas. Do ponto de vista econômico, seria irracional,
absurdo, o processo de compra e venda somente entre
pessoas da mesma religião ou filosofia. Seja muçulmano,
judeu, cristão ou ateu, a capacidade econômica de um
indivíduo não depende de suas crenças religiosas ou
filosóficas.

 Sabemos que os representantes da burguesia moderna


assumiram na época a defesa da tolerância.

Liberdade pessoal e social


 O comércio só pode se desenvolver numa sociedade onde
as pessoas estejam livres para realizar seus negócios. Pois
sem homens livres, recebendo salários, não pode haver Jean-Jacques Rousseau
mercado comercial.

 Verificamos que a burguesia posicionou-se então contra a


escravidão da pessoa humana.

Propriedade privada
 O comércio também só é possível entre pessoas que
detenham a propriedade de bens ou de capitais, pois a
propriedade privada confere ao proprietário o direito de usar
e dispor livremente do que lhe pertence.

 Observamos que nessa época os representantes da


burguesia passaram a defender o direito à propriedade
privada, que se tornou essencial à sociedade capitalista.”

(COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: história e grandes


temas. 16. ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 155-
156.)  Immanuel Kant (1724-1804) – procurou conciliar o
pensamento empirista de John Locke (a consciência humana
depende das experiências) com o idealismo de David Hume
(o conhecimento deriva-se das sensações).

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OS PENSADORES ILUMINISTAS DO CAMPO ECONÔMICO Para muitos Rousseau foi um precursor do socialismo devido,
O Iluminismo produziu, no campo econômico, diversos como já foi dito, às críticas que deferiu contra a propriedade
pensadores que, de forma unânime, criticavam a intervenção do privada.
Estado na economia e as demais práticas mercantilistas. O lema
dos fisiocratas “Laissez faire et laissez passer, le monde va de lui-
memê” (“Deixai fazer, deixai passar, o mundo caminha por conta
própria”) acabou por se transformar no símbolo do liberalismo
econômico. Os mais importantes economistas ligados às Luzes
foram:
 François Quesnay (1697-1774) – foi umdos grandes
representantes da fisiocracia, escola econômica que
defendia a ideia de que toda riqueza provém da terra (o
comércio apenas transfere a riqueza existente), logo era
necessário proteger a propriedade privada mediante a
segurança das instituições jurídicas.

 Adam Smith (1723-90) – autor de A Riqueza das Nações, o


escocês lançou as bases do liberalismo econômico ao
defender a não intervenção do Estadona economia, a plena
liberdade de concorrência, alei da oferta e da procura como
elemento regulador na produção e distribuição das riquezas
e a ideia deque o trabalho humano era a verdadeira fonte de
riquezas (em oposição ao pensamento fisiocrata de que a
terra era a única fonte criadora de riquezas). O DIA A DIA NO SÉCULO DAS LUZES
Na França do Século das Luzes, hábitos, costumes e diversos
aspectos do cotidiano merecem um olhar mais atento e nos
convidam à reflexão:
 os cafés, típicas instituições parisienses, acabaram se
transformando numa espécie de clubes revolucionários, pois
se converteram em centros de discussões das idéias liberais
e de debates políticos, fomentando o clima que descambaria
na Revolução de 1789;
 apesar de o pão constituir a principal refeição fora da capital
e entre os mais pobres, Paris borbulhava com as inovações
alimentares (massas, arroz, café com leite, cafezinho, chá,
chocolate e sorvete);
 ainda persiste a crença de que frutas e verduras devem ser
consumidas cozidas, caso contrário podem ser perigosas à
saúde;
 a sociedade permanecia machista, dominada pela
concepção de que o papel da mulher deveria ser restrito aos
afazeres domésticos e cuidados do lar;
 na moda, o colorido da aristocracia começou a ser
ILUMINISMO, IGUALDADE SOCIAL E DEMOCRACIA substituído pela cor burguesa, o preto;
É falsa a premissa de que os pensadores iluministas
defendiam a igualdade social. A igualdade que os iluministas
defendiam era meramente jurídica/civil, uma vez que seus
pensadores provinham da burguesia e representavam seus
interesses. Não é à toa que o movimento encampou, de forma
contundente, a defesa da propriedade privada.
Outra idéia equivocada em relação ao Iluminismo é a de que
seus pensadores acreditavam numa democracia baseada no
sufrágio universal. A democracia defendida pelos burgueses
iluministas era censitária, um grande avanço se comparada aos
regimes absolutistas da época.
Rousseau se diferencia dos outros pensadores iluministas pela
crítica à propriedade privada e pela defesa do sufrágio universal
na construção de um governo legitimamente democrático.
Para Rousseau, a liberdade é, ao mesmo tempo, um direito e
um dever dos homens. Renunciar à liberdade é renunciar à Café parisiense (fim do século XVIII)
própria natureza humana.
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 em Paris, no fim do século XVIII, as prostitutas chegam a 25


mil, quase 13% da população feminina da cidade (um retrato
de uma sociedade onde a prostituição foi incorporada à
paisagem);

 os hábitos e condições de higiene ainda eram precários, a


maioria das casa não possuía instalações sanitárias, a
população dependia das latrinas públicas ou dos penicos
para o alívio de suas necessidades fisiológicas.

A REAÇÃO CONSERVADORA: DESPOTISMO ESCLARECIDO


Na segunda metade do século XVIII, alguns monarcas
europeus lançaram mão de uma estratégia, a fim de evitar/atrasar
revoluções de caráter liberal em seus países: o despotismo Frederico II, déspota esclarecido
esclarecido, também conhecido como reformismo ilustrado. Catarina II, da Rússia

Trata-se de uma política de reformas modernizadoras que tais O IMPACTO DAS IDÉIAS ILUMINISTAS
monarcas adotaram, sem abrir mão do poder absolutista na As idéias liberais do Iluminismo influenciaram, nos séculos
prática. As reformas atingiram áreas como a economia, a XVIII e XIX:
educação e a cultura. Dessa forma, os monarcas ilustrados  a tentativa de sobrevivência das monarquias absolutistas
garantiam, através do apoio conquistado junto a grupos ou (despotismo esclarecido);
setores da sociedade, sua permanência no poder.  a eclosão das revoluções burguesas que derrubaram o
É importante mencionar que essas reformas eram superficiais, Antigo Regime;
uma vez que não alteravam as estruturas do Antigo Regime. Em  o desenvolvimento dos movimentos de emancipação nos
alguns casos, a inspiração para as mesmas veio da aproximação países americanos.
entre monarcas e pensadores iluministas (como é o caso da
estreita relação entre a soberana russa Catarina II e o filósofo
Voltaire). A HERANÇA DO SÉCULO DAS LUZES
Para muitos historiadores, o fenômeno do despotismo
Ao enaltecer a razão como guia infalível para a sabedoria e
esclarecido não atingiu a França devido:
como único critério para julgamento do bem e do mal, os
 à falta de disposição do regime absolutista francês em fazer
pensadores iluministas lançaram as bases da sociedade
concessões ou realizar reformas que alterassem, por menos
contemporânea.
que fosse, a ordem vigente;
Discorrendo sobre essa herança, o historiador Francisco José
 o pensamento ilustrado ter se desenvolvido de forma Calazans Falcon escreveu:
particularmente intensa e crítica nesse país. “No plano político restou-nos principalmente a vertente
autoritária do Iluminismo, sempre distante e hostil à participação
Entre os principais representantes desse fenômeno político popular, tão elitista hoje quanto o eram à sua época os nossos tão
estão: Frederico II (Prússia), Catarina II (Rússia), José II (Áustria), familiares ‘déspotas esclarecidos’. De fato, como designar, na
Calos III (Espanha) e José I (Portugal). atualidade, senão como manifestações ‘iluministas’, as formas
iluminadas de que se revestem tantas ditaduras e líderes
carismáticos, tantas elite tecnocráticas e tantos partidos que se
proclamam, todos eles, donos exclusivos da verdade, ou seja, do
que é melhor para todos?
No nível intelectual, o Iluminismo converteu-se nesse
modelo paradigmático da verdade única e indiscutível, acima de
qualquer dúvida, que reconhecemos simplesmente pela palavra
ciência. À sua sombra protetora vicejam a tecnocracia e a
burocracia. Esse triunfo da racionalidade científica (...) representa
a mais sólida e quase imbatível aquisição do Iluminismo
contemporâneo.”

HISTÓRIA E ARTE
O pensamento iluminista do Século das Luzes enalteceu o
individualismo burguês e o transformou num dos principais temas
de discussões entre as ciências humanas e sociais. Ao contrário
do que muitos pensam, individualismo não significa egoísmo. O
individualismo está relacionado à individualidade, ou seja, à
capacidade de se reconhecer como unidade, ainda que integrada
a um contexto maior (família, amigos, sociedade etc.).

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não é desprovida de toda a razão, esta faculdade é nela mais


elementar do que no homem, e ela não deve cultivá-la senão na
medida em que dela tem necessidade para assegurar o
cumprimento dos deveres naturais (obedecer ao marido, ser-lhe
fiel e cuidar dos filhos). Segundo Rousseau, a mulher mantém-se
perpetuamente na infância; ela é incapaz de ver tudo o que é
exterior ao mundo fechado da domesticidade que a natureza lhe
legou, e daí resulta que ela não pode praticar as “ciências exatas”.
A única ciência, para além da dos seus deveres (os quais ela
conhece, aliás, intuitivamente), que ela deve conhecer é a dos
homens que a rodeiam e, essencialmente, a do seu marido, e que
é baseada no sentimento. O mundo – afirma Rousseau – é o livro
das mulheres, que não tem necessidade de qualquer outra leitura.
(...)
Caspar David Friedrich (1774-1840), hoje o mais conhecido Umas das preocupações das Luzes é pensar a diferença
pintor do romantismo alemão, pintou a tela Monge à beira mar feminina, diferença sempre mais ou menos marcada pela
(1810). Nessa tela, acima reproduzida, percebe-se a temática do inferioridade, tentando, ao mesmo tempo, torná-la compatível
individualismo ao observar o monge contemplando a natureza, como princípio de uma igualdade baseada no direito natural.
que se apresenta praticamente infinita através do céu com nuvens Trata-se assim de conferir às mulheres papéis sociais: esposa,
lúgubres. mãe... Todos os pensadores iluministas sublinham que existe
O infinito da natureza defronte à diminuta figura do monge nisso, para o sexo, uma necessidade. É por esta função, querida
aponta para o isolamento do homem moderno diante da ilimitada pela natureza, que a mulher pode, de algum modo, ser cidadã.
vastidão do céu e do mar. Vazio, solidão, angústia parecem saltar (...) Podemos dizer que a ideologia mais representada no século
da tela de Friedrich. O homem surge como ser solitário na XVIII consiste em considerar que o homem é a causa final da
natureza, cuja força o subjuga. mulher.
DUBY, Georges. PERROT, Michelle. História das mulheres – do
LEITURA COMPLEMENTAR I: “OUTRO OLHAR” Renascimento à Idade Moderna. São Paulo: Ebradil, 1991.
O pensamento iluminista, como se pode perceber, atendia
LEITURA COMPLEMENTAR III: “O PROGRESSO E A RAZÃO”
essencialmente às aspirações da burguesia, se bem que parcela
da nobreza também se interessava por ele. Essas ideias foram O Iluminismo produziu a grande utopia moderna: a ideia de
consideradas, durante muito tempo, pelos historiadores, como progresso. Acreditava-se que o homem conseguiria plena
causa importante dos movimentos revolucionários que ocorreram autonomia em relação à natureza, alcançando domínio sobre a
nos séculos XVIII e XIX, visão que ultimamente tem sido alterada, matéria, melhorando gradativamente suas condições de vida
graças aos estudos de Robert Darnton, pesquisador norte- mediante o trabalho instrumentado pela técnica. A educação
americano. Em seus trabalhos, principalmente em Boemia literária passou a ser encarada como um caminho fundamental para
e revolução, Darnton mostrou que as obras dos escritores libertar o homem do reino das superstições e fazê-lo seguir os
iluministas atingiam um número muito pequeno de pessoas nas desígnios da ciência e da razão. É a busca da modernidade, um
sociedades européias. A grande massa não conseguia acesso às rompimento com o passado, o homem em sua tentativa de
obras e tinha dificuldade para compreender o pensamento planejar e controlar o futuro. Ao criticar as instituições da época, o
iluminista. Segundo ele, o grande público lia outro tipo de Iluminismo contribuiu para redefini-las, uma vez que estimulou as
literatura, mais explosiva, de caráter obsceno, inclusive, em que revoluções e ajudou a radicalizar conflitos.
os nobres e as famílias reais eram ridicularizados. Esses (...) A exaltação desmedida do progresso levou, no entanto, ao
“panfletos” é que teriam, de fato, contribuídos para desgastar a mundo tecnicista de hoje, preocupado com a produção material,
imagem da realeza e da nobreza e possibilitado, portanto, com marcado por dificuldades econômicas e pela burocracia estatal.
motivos políticos e econômicos, os movimentos revolucionários, Um mundo onde o espaço dos sonhos e dos desejos foi assaltado
notadamente a grande Revolução Francesa, de 1789. pela propaganda, pelo consumo e pela ostentação sem limites,
FARIA, Ricardo de Moura. MIRANDA, Mônica Liz. CAMPOS, onde o homem está distanciado da natureza e submetido ao
Helena Guimarães. Estudos de História. São Paulo: FTD, 2010, trabalho mecanizado. O progresso, enfim, ameaça voltar-se
p. 151. contra seu próprio criador – esse homem que acreditou ser Deus
– e destruí-lo com as modernas tecnologias militares e com a
LEITURA COMPLEMENTAR II: “A MULHER E O degradação do meio ambiente.
PENSAMENTO ILUSTRADO” REZENDE, Antonio Paulo. DIDIER, Maria Thereza.
Rumos da história: a construção da modernidade. São Paulo:
Para a maior parte dos filósofos iluministas, que à mulher falte
Atual, 1996, p. 229-230.
a razão ou tenha apenas uma razão inferior é de uma evidência
tranqüilizadora, mas que, no entanto, pretende apoiar-se em
LEITURA COMPLEMENTAR IV: “ESCLARECIMENTO”
fatos. Entre esses fatos, o mais frequentemente citado é que não
existem mulheres capazes de invenção, elas estão excluídas do Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da
gênio, ainda que possam ter acesso à literatura e a certas qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de
ciências. Esta incapacidade é baseada numa psicologia “natural”. fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo.
A mulher é o ser da paixão e da imaginação, não do conceito. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela
Rousseau eleva até à caricatura a convicção de que se a mulher não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de

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decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de


outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento,
tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as
causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que
a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha,
continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a
vida.
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?
Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).

CINEMATECA
Filmes relacionados ao tema (Iluminismo):
 A Imperatriz Galante (1934), do diretor Joseph von
Sternberg, apresenta uma biografia de Catarina II, da Rússia,
considerada um dos déspotas esclarecidos;
 A Rainha Imortal (1934), do diretor Paul Czinner, biografia
de Catarina II;
 Catarina, Imperatriz da Rússia (1962), do diretor Umberto
Lenzi, outra biografia da imperatriz russa;
 A Flauta Mágica (1975), dirigido por Ingmar Bergman,
aborda a ópera de Mozart, acusada, na época, de ter
revelado os segredos da maçonaria;
 Amadeus (1984), do diretor Milos Forman, retrata a vida de
Wolfgang Amadeus Mozart na corte de José II, na Áustria, e
seu confronto com o músico Antonio Salieri;
 Divino Amadeus (1985), dirigido por Slavo Luther, investiga
as causas da morte misteriosa de Mozart, em Viena;
 O Perfume – história de um assassino (2006), do diretor
Tom Tykwer, aborda ficcionalmente a trajetória de um
assassino na França, ao mesmo tempo em que apresenta
um retrato do cotidiano e dos hábitos franceses do século
XVIII.

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EXERCÍCIOS DE SALA Assinale a alternativa que apresenta corretamente como ficou


conhecida a modernização referida pelo autor.
Questão 01 a) Anarquismo, porque os reis perderam a autoridade nos setores
“São verdades incontestáveis para nós: todos os homens nascem administrativo, social e econômico.
iguais; o Criador lhes conferiu certos direitos inalienáveis, entre os b) Socialismo utópico, porque os reis desejavam transformações
quais os de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; para impossíveis de serem realizadas.
assegurar esses direitos, se constituíram homens-governo cujos c) Despotismo esclarecido, visto que os monarcas se apropriaram
poderes justos emanam do consentimento dos governados; de alguns preceitos iluministas.
sempre que qualquer forma de governo tenda a destruir esses d) Socialismo cristão, pois os monarcas desejavam reformas
fins, assiste ao povo o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo administrativas e econômicas com base nos preceitos religiosos.
um novo governo cujos princípios básicos e organização de e) Totalitarismo, uma vez que os reis almejavam o poder absoluto
poderes obedeçam às normas que lhes pareçam mais próprias nas instâncias intelectual, administrativa, social e econômica.
para promover a segurança e a felicidade gerais.”
Trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos da Questão 04
América. Adam Smith, autor de "A Riqueza das Nações" (1776), referindo-
se à produção e à aquisição de riquezas, observou:
“É somente na minha pessoa que reside o poder soberano... É
somente de mim que os meus tribunais recebem a sua existência "Não é com o ouro ou a prata, mas com o trabalho que toda a
e a sua autoridade; (...) a plenitude desta autoridade, que eles não riqueza do mundo foi provida na origem, e seu valor, para aqueles
exercem senão em meu nome, permanece sempre em mim (...); é que a possuem e desejam trocá-la por novos produtos, é
unicamente a mim que pertence o poder legislativo (...); Toda precisamente igual à quantidade de trabalho que permite alguém
ordem pública emana de mim...”. adquirir ou dominar."
Resposta do Rei Luís XV ao Parlamento de Paris, em 1766.
Os pontos de vista de Adam Smith opõem-se às concepções
Com base na análise dos textos, infere-se que a) mercantilistas, que foram aplicadas pelos diversos estados
a) apresentam visões complementares sobre a natureza do absolutistas europeus.
poder. b) monetaristas, que acompanharam historicamente as
b) representam concepções opostas sobre a origem do poder. economias globalizadas.
c) marcam posições conciliadoras acerca do exercício do c) socialistas, que criticaram a submissão dos trabalhadores aos
poder. donos do capital.
d) caracterizam regimes políticos autocráticos e personalistas. d) industrialistas, que consideraram as máquinas o fator de
e) afirmam o papel soberano do Estado e principal do povo para criação de riquezas.
o poder. e) liberais, que minimizaram a importância da mão de obra na
produção de bens.
Questão 02
“É proibido matar, e, portanto, todos os assassinos são punidos, a Questão 05
não ser que o façam em larga escala e ao som das trombetas.” Observe as duas afirmações de Montesquieu (1689-1755), a
O autor desta frase é Voltaire, sempre lembrado por seu discurso respeito da escravidão:
irreverente, sarcástico, e pela atualidade de suas idéias, embora “A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem ao senhor,
tenha participado de um movimento intelectual do século XVIII, o nem ao escravo: a este porque nada pode fazer por virtude;
Iluminismo, que propunha: àquele, porque contrai com seus escravos toda sorte de maus
a) a defesa das idéias absolutistas e o controle da liberdade de hábitos e se acostuma insensivelmente a faltar contra todas as
expressão dos cidadãos. virtudes morais: torna-se orgulhoso, brusco, duro, colérico,
b) a eliminação de qualquer tipo de propriedade privada e a voluptuoso, cruel.
estatização da economia. Se eu tivesse que defender o direito que tivemos de tornar
c) a valorização dos privilégios de nascimento e a crítica aos escravos os negros, eis o que eu diria: tendo os povos da Europa
ideais burgueses de participação política. exterminado os da América, tiveram que escravizar os da África
d) a defesa dos direitos individuais e o fim das práticas para utilizá-los para abrir tantas terras. O açúcar seria muito caro
centralizadoras em nível político. se não fizéssemos que escravos cultivassem a planta que o
e) a defesa de reformas apenas no plano cultural e a produz”.
manutenção dos valores do Antigo Regime nos níveis político (Montesquieu.O espírito das leis.)
e econômico.
Com base nos textos, podemos afirmar que, para Montesquieu:
Questão 03 a) o preconceito racial foi contido pela moral religiosa.
Na última parte do século XVIII, as necessidades de coesão e b) a política econômica e a moral justificaram a escravidão.
eficiência estatais, bem como o evidente sucesso internacional do c) a escravidão era indefensável de um ponto de vista econômico.
poderio capitalista, levaram a maioria dos monarcas a tentar d) o convívio com os europeus foi benéfico para os escravos
programas de modernização intelectual, administrativa, social e africanos.
econômica. e) o fundamento moral do direito pode submeter-se às razões
(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. "A Era das Revoluções". São econômicas.
Paulo: Paz e Terra, 1997. p. 39.)

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Questão 06 Questão 08
Numa época de revisão geral, em que valores são contestados, Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de
reavaliados e substituídos e muitas vezes recriados, a crítica tem maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria
papel preponderante. Essa, de fato é uma das principais perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou
características das Luzes que, recusando as verdades ditadas por dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer
autoridades, submetem tudo ao crivo da crítica. leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes
KANT, I. O julgamento da razão.In: ABRÃO, B. S. História da ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes
Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma
independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não
O Iluminismo tece críticas aos valores estabelecidos sob a rubrica existe se uma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes
da autoridade e, nesse sentido, propõe concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril
a) a defesa do pensamento dos enciclopedistas que, com seus Cultural, 1979 (adaptado).
escritos, mantinham o ideário religioso.
b) o estímulo da visão reducionista do humanismo, permeada A divisão e a independência entre os poderes são condições
pela defesa de isenção em questões políticas e sociais. necessárias para que possa haver liberdade em um Estado. Isso
c) a consolidação de uma visão moral e filosófica pautada em pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja
valores condizentes com a centralização política.
d) a manutenção dos princípios da metafísica, dando vastas a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
esperanças de emancipação para a humanidade. b) consagração do poder político pela autoridade religiosa.
e) o incentivo do saber, eliminando superstições e avançando c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
na dimensão da cidadania e da ciência. d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições
do governo.
Questão 07 e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de
Do mesmo modo que o poder, assim também a honra do soberano um governante eleito.
deve ser maior do que a de qualquer um, ou a de todos os seus
súditos. Tal como na presença do senhor os servos são iguais, assim
também o são os súditos na presença do soberano. E, embora alguns
tenham mais brilho, e outros menos, quando não estão em sua
presença, perante ele não brilham mais do que as estrelas na
presença do sol.
HOBBES, Thomas. Leviatã. Coleção Os Pensadores. São Paulo:
Abril Cultural, 1979, p. 112 (Adaptada)

O ato que institui o Governo não é, de modo algum um, contrato, mas
uma lei; os depositários do Poder Executivo não são absolutamente
os senhores do povo, mas seus funcionários; e o povo pode nomeá-
los ou destituí-los quando lhe aprouver. Fazem senão desempenhar
seu dever de cidadãos, sem ter, de modo algum, o direito de discutir
as condições.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. Coleção Os
Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p. 113 (adaptado)

A partir da análise dos excertos, infere-se que


a) apresentam visões opostas, uma vez que o primeiro defende a
concentração de poderes nas mãos do governante e o segundo, a
participação popular na organização do poder.
b) expressam uma mesma visão em relação ao processo de
organização das estruturas do poder político, já que ambos defendem
a participação popular.
c) o primeiro texto exalta a participação popular na escolha do
governante, enquanto o segundo atribui à vontade divina o direito de
algumas pessoas possuírem o poder.
d) complementam-se, já que o primeiro trata do início da formação
das chamadas Monarquias Modernas e o segundo, da concretização
de suas estruturas.
e) defendem uma mesma teoria em relação ao poder político: a
participação popular deve ser restrita para evitar a deposição de
governantes por meio de revoltas.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 03


Um Estado é uma multidão de seres humanos submetida a leis de
TEXTO I direito. Todo Estado encerra três poderes dentro de si, isto é, a
O Estado sou eu. vontade unida em geral consiste de três pessoas: o poder
soberano (soberania) na pessoa do legislador; o poder executivo
Frase atribuída a Luís XIV, Rei Sol, 1638-1715. Disponível em: na pessoa do governante (em consonância com a lei) e o poder
http://portalprofessor.mec.gov.br. Acesso em: 30 nov. 2011. judiciário (para outorgar a cada um o que é seu de acordo com a
lei) na pessoa do juiz.
TEXTO II
A nação é anterior a tudo. Ela é a fonte de tudo. Sua vontade é KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: EDIPRO, 2003.
sempre legal; na verdade é a própria lei.
De acordo com o texto, em um Estado de direito
SIEYÈS, E-J. O que é o Terceiro Estado. Apud. ELIAS, N. Os a) a vontade do governante deve ser obedecida, pois é ele que
alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos tem o verdadeiro poder.
séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. b) a lei do legislador deve ser obedecida, pois ela é a
representação da vontade geral.
Questão 01 c) o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é soberano, pois é ele
Os textos expressam alteração na relação entre governantes e que outorga a cada um o que é seu.
governados na Europa. Da frase atribuída ao rei Luís XIV até o d) o Poder Executivo deve submeter-se ao Judiciário, pois
pronunciamento de Sieyès, representante das classes médias que depende dele para validar suas determinações.
integravam o Terceiro Estado francês, infere-se uma mudança e) o Poder Legislativo deve submeter-se ao Executivo, na
decorrente da pessoa dos governantes, pois ele que é soberano.

a) ampliação dos poderes soberanos do rei, considerado Questão 04


guardião da tradição e protetor de seus súditos e do Império. Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular
b) associação entre vontade popular e nação, composta por pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante
cidadãos que dividem uma mesma cultura nacional. conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-
c) reforma aristocrática, marcada pela adequação dos nobres se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar
aos valores modernos, tais como o princípio do mérito. se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo
d) organização dos Estados centralizados, acompanhados pelo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.
aprofundamento da eficiência burocrática.
e) crítica ao movimento revolucionário, tido como ilegítimo em KANT, I. Critica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian,
meio à ascensão popular conduzida pelo ideário nacionalista. 1994 (adaptado).

Questão 02 O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido


Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se
faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais duas posições filosóficas que
que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos
em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do
ideias consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. conhecimento.
Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos
conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e somente o ceticismo.
podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que c) revelam a relação de interdependência os dados da experiência
nos é familiar. e a reflexão filosófica.
d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São das ideias em relação aos objetos.
Paulo: Abril Cultural, 1995. e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso
conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao
considerar que Questão 05
a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação. É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer;
b) o espírito é capaz de classificar os dados da percepção mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre
sensível. presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A
c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um
determinadas pelo acaso. cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais
d) os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser liberdade, porque os outros também teriam tal poder.
processados na memória.
e) as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova
são colhidos na empiria. Cultural, 1997 (adaptado).

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A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz A visão de Rousseau em relação à natureza humana, conforme
respeito expressa o texto, diz que
a) o homem civil é formado a partir do desvio de sua própria
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as natureza.
decisões por si mesmo. b) as instituições sociais formam o homem de acordo com a sua
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade essência natural.
às leis. c) o homem civil é um todo no corpo social, pois as instituições
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, sociais dependem dele.
livre da submissão às leis. d) o homem é forçado a sair da natureza para se tornar absoluto.
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, e) as instituições sociais expressam a natureza humana, pois o
desde que ciente das consequências. homem é um ser político.
e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus
valores pessoais. TEXTO I
A ação democrática consiste em todos tomarem parte do
Questão 06 processo decisório sobre aquilo que terá consequência na vida de
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual toda coletividade.
ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer GALLO, S. etal. Ética e Cidadania. Caminhos da Filosofia.
uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O Campinas: Papirus, 1997 (adaptado).
homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela
não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de TEXTO II
decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de É necessário que haja liberdade de expressão, fiscalização sobre
outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, órgãos governamentais e acesso por parte da população às
tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as informações trazidas a público pela imprensa.
causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br.
a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, Acesso em: 24 abr. 2010.
continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a
vida. Questão 08
Partindo da perspectiva de democracia apresentada no Texto I, os
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? meios de comunicação, de acordo com o Texto II, assumem um
Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). papel relevante na sociedade por
a) orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários à sua
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental sobrevivência e bem-estar.
para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. b) fornecerem informações que fomentam o debate político na
Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa esfera pública.
c) apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos.
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como d) propiciarem o entretenimento, aspecto relevante para
expressão da maioridade. conscientização política.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante e) promoverem a unidade cultural, por meio das transmissões
das verdades eternas. esportivas.
c) a imposição de verdades matemáticas, como caráter objetivo,
de forma heterônoma. Questão 09
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas
da falta de entendimento. características de uma determinada corrente de pensamento.
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias “Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme
produzidas pela própria razão. dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses,
igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa
Questão 07 liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao
“O homem natural é tudo para si mesmo: ele é a unidade domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio
numérica, o inteiro absoluto que só tem relação com ele próprio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a
ou com seu semelhante. O homem civil é apenas uma unidade utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente
fracionária que depende do denominador cujo valor está em sua exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores
relação com o inteiro, que é o corpo social. As boas instituições tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na maior parte, pouco
são aquelas que melhor sabem desnaturar o homem, tirar-lhe sua observadores da eqüidade e da justiça, o proveito da propriedade
existência absoluta para lhe dar uma relativa, e transportar o eu que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado.
para a unidade comum: de tal modo que cada particular não se Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que,
creia mais um, mas parte da unidade, e apenas seja sensível no embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é
todo.” sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade
ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo: Martins com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a
Fontes, 1999. mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo
de propriedade.”
(Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)

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Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma Tendo por base esse texto da Enciclopédia, é correto afirmar que
tentativa de justificar: o autor:
a) pressupunha, como os demais iluministas, que os direitos de
a) a existência do governo como um poder oriundo da natureza. cidadania política eram iguais para todos os grupos sociais e
b) a origem do governo como uma propriedade do rei. étnicos.
c) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza b) propunha o princípio político que estabelecia leis para legitimar
humana. o poder republicano e democrático.
d) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e c) apoiava uma política para o Estado, submetida aos princípios
aos direitos. da escolha dos dirigentes da nação, por meio do voto universal.
e) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual d) acreditava, como os demais filósofos do Iluminismo, na
acima da propriedade. revolução armada como único meio para a deposição de
monarcas absolutistas.
Questão 10 e) defendia, como os outros filósofos iluministas, os princípios do
Analisando o texto [citado na questão anterior], podemos concluir liberalismo político que se contrapunham aos regimes
que se trata de um pensamento absolutistas.

a) do liberalismo. Questão 14
b) do socialismo utópico. Leia este trecho:
c) do absolutismo monárquico.
d) do socialismo científico. "[As] camadas sociais elevadas, que se pretendem úteis às
e) do anarquismo. outras, são de fato úteis a si mesmas, à custa das outras [...]
Saiba ele [o jovem Emílio] que o homem é naturalmente bom [...],
Questão 11 mas veja ele como a sociedade deprava e perverte os homens,
Em O espírito das leis afirma-se: “É uma verdade eterna; qualquer descubra no preconceito a fonte de todos os vícios dos homens;
pessoa que tenha poder tende a abusar dele. Para que não haja seja levado a estimar cada indivíduo, mas despreze a multidão;
abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja veja que todos os homens carregam mais ou menos a mesma
contido pelo poder”. Essa afirmação reflete: máscara, mas saiba também que existem rostos mais belos do
que a máscara que os cobre."
a) o espírito clássico renascentista.
b) os princípios da teoria do direito divino. (ROUSSEAU, Jean-Jacques. "Emílio ou Da educação". São
c) o liberalismo político iluminista. Paulo: Martins Fontes, 1985. p. 311.)
d) a filosofia política anarquista.
e) o pensamento do despotismo esclarecido A partir dessa leitura e considerando-se outros conhecimentos
sobre o assunto, é CORRETO afirmar que o autor:
Questão 12 a) compreende que os preconceitos do homem são inatos e
“Os filósofos adulam os monarcas e os monarcas adulam os responsáveis pelos infortúnios sociais e pelas máscaras de
filósofos”. que este se reveste.
b) considera a sociedade responsável pela corrupção do homem,
Assim se refere o historiador Jean Touchard à forma de estado pois cria uma ordem em que uns vivem às custas dos outros e
europeu que floresceu na segunda metade do século XVIII. Os gera vícios.
“reis filósofos”, temendo revoluções sociais, introduziram reformas c) deseja que seu discípulo seja como os homens do seu tempo
inspiradas nos ideais iluministas. e, abraçando as máscaras e os preconceitos, contribua para a
coesão da sociedade.
Estas observações se aplicam d) faz uma defesa do homem e da sociedade do seu tempo, em
que, graças à Revolução Francesa, se promoveu uma igualdade
a) às Monarquias Constitucionais. social ímpar.
b) ao Despotismo Esclarecido.
c) às Monarquias Parlamentares. Questão 15
d) ao Regime Social-Democrático. O texto a seguir se refere ao liberalismo econômico.
e) aos Principados ítalo-germânicos
A Escola de Manchester, conhecida também como Escola
Questão 13 Clássica, desenvolveu o pensamento econômico dominante na
“A autoridade do príncipe é limitada pelas leis da natureza e do época do capitalismo industrial e liberal. Coube a Adam Smith
Estado... O príncipe não pode, portanto, dispor de seu poder e de formular em "A Riqueza das Nações", que foi publicado em 1776,
seus súditos sem o consentimento da nação e as ideias iniciais do Liberalismo Econômico, igualmente defendido
independentemente da escolha estabelecida no contrato de por Davi Ricardo em "Princípios da Economia Política e do
submissão...” Imposto", Thomas Robert Malthus em "Ensaio Sobre o Princípio
(DIDEROT, artigo “Autoridade Política”, Enciclopédia, 1751.) da População" e Jean Baptiste Say em "Tratado de Economia
Política".
AQUINO, S. L. de A.; et alii. "História das sociedades modernas
às atuais". Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1995, p. 1281.

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A obra Riqueza das Nações (1776), fundamental na evolução do


pensamento econômico, defendia, entre outras, a ideia de que:
a) a grandeza de um Estado exige a planificação e o dirigismo
econômico.
b) o trabalho é a fonte de riqueza, baseando-se no valor da lei da
oferta e da procura.
c) a riqueza deve basear-se, fundamentalmente, na exploração
dos recursos da natureza.
d) a "mais-valia" resultado da exploração do trabalhador deve ser
suprimida.
e) a socialização dos meios de produção e distribuição aumentam
a eficiência da economia.

GABARITO
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
B A B A B A A B D A
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
C B E B B __ __ __ __ __

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