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HIDROVIA TIETÊ-PARANÁ
Fabyolla Lopes do Prado1 - UNITOLEDO
Thales Augusto de Souza Silva2 – UNITOLEDO
Mozart Mariano Carneiro Neto3 - UNITOLEDO
Resumo
A proteção de pilares em pontes está ligada ao risco de colisões de embarcações. Este
artigo refere-se a tipos de protetores, mais específico em flutuantes, instalados na ponte SP-
563, que devido a movimentos excessivos ocorreram avarias, apresentando novo projeto para
resolução do problema. O estudo foi aprofundado em flutuantes devido a maior existência na
Hidrovia Tietê-Paraná. Pode-se verificar que a implantação de proteções é de extrema
importância, para evitar transtornos e salvar vidas.
Palavras-chave: Proteção para pilares, pontes, sistemas flutuantes.
Abstract
The pillar protection for bridges it's attached with the risk of boat collisions. This
article refers to the types of protectors, in specific the floating systems, installed on the bridge
sp-563, that due to the excessive movement got some damages, presenting a new project to
the problem solving. This study was deepened in floating protection system due to the large
use on the Tiete-Parana waterway. Was possible to say that the implementation of protector
are very important, to avoid disorders and save lives.
Keywords: Pillars protection, bridges, floating systems.
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1 - Graduando em Engenharia Civil – Faculdade UniToledo (2016)
2 - Graduando em Engenharia Civil – Faculdade UniToledo (2016)
3 – Graduado em Engenharia Civil – Universidade Estadual Paulista (2012)
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1 INTRODUÇÃO
O Projeto Hidroviário da ligação Paraná, Tietê, Grande e Paranaíba, principais
formadores da bacia hidrográfica do Paraná, foi iniciado com a construção das hidroelétricas
que hoje formam o parque energético principal da região sudoeste do Brasil. Foram
planejadas e construídas eclusas junto aos barramentos formados no rio Tietê, para que
quando implantada a sucessão de reservatórios fosse viabilizado o início de operação dos
trechos hidroviários (CASTRO, 2003).
A necessidade de proteção de pilares de pontes nas hidrovias está intimamente ligada
ao risco de colisões de embarcações. Uma colisão direta pode ocasionar seríssimos danos,
tanto à embarcação e sua tripulação, quanto à própria estrutura da ponte, sendo, portanto, a
implantação dessas proteções de extrema importância.
Com o intuito de proteger pilares em rios contra possíveis acidentes de embarcações, o
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo, na USP, desenvolveu um
sistema flutuante de proteção, comumente denominado flutuante. Atualmente
O dispositivo, único no mundo, é específico para rios de grande profundidade e que
tenham uma distância estreita entre os pilares. Atualmente, essa proteção de segurança é a
mais utilizada e moderna ao longo da Hidrovia Tietê-Paraná, e por esse fato foi realizado
estudo detalhado sobre esse sistema.
Serão apresentadas suas características, estrutura física, assim como os problemas já
apresentados nesse sistema desde sua criação. Na ponte da SP-563, no município de Pereira
Barreto, devido às condições climáticas locais, os flutuadores apresentavam movimentos
excessivos excitados por ondas, que foram geradas pelos ventos locais. Estes movimentos
causavam choques do sistema de bolinas com as chapas dos tanques, que ao longo do tempo
apresentaram avarias. Serão também apresentados o anteprojeto dos protetores, tendo como
objetivo diminuir movimentos induzidos pelas ondas locais.
Ao longo da Hidrovia existem oito barragens dotadas de dez eclusas, além de cinco
barragens sem eclusa, gerando potência de vinte e cinco milhões de kW instalados (CASTRO,
2003).
O que define o melhor tipo de proteção para o pilar de determinada ponte é o conjunto
de características locais, além do custo que se espera da obra. Essas características envolvem
profundidade do rio, largura do vão navegável, além da capacidade de carga para o trecho.
Entre os tipos de proteção estão:
3.1.1 GABIÃO
São pedras britadas envolvidas em telas em formas de caixas, formadas por redes de
aço zincado preenchidas com rochas como mostra figura 02. São estruturas flexíveis,
duráveis, resistentes e com grande capacidade de drenagem. Utilizado em locais onde a
profundidade do rio seja relativamente baixa, para que não seja dificultoso o processo
construtivo. Pode ser empregado em junção com vigas de concreto, como ilustra figura 03.
Figura 02 – Gabião.
3.1.2 DOLFINS
Dolfins ou “dolphins”, são blocos de concreto circulares e semicirculares que assim
como as outras proteções servem para proteger os pilares da ponte contra o choque de
embarcações como representado na figura 04.
Dolfins
3.1.3 ENROCAMENTO
Constitui-se em um revestimento de proteção em pedra, como na figura 05,
convenientemente colocadas ou lançadas sobre superfícies em solo, como taludes, margens de
rios, locais de deságue de drenagens, etc., para protegê-las da ação erosiva das águas.
Enrocamento
3.1.4 FLUTUANTES
Segundo ROSSI (2002), CASTRO (2003), o IPT desenvolveu o sistema após ser
contratado, em 1996, pela então Diretoria de Hidrovias da Companhia Energética de São
Paulo (CESP) para reduzir os acidentes na Hidrovia Tietê-Paraná, cujas atribuições e equipe
técnica foram, em 1999, transferidas para o Departamento Hidroviário da Secretaria de Estado
dos Negócios dos Transportes.
De acordo com PADOVEZI (2001) “a proteção física de pilares de pontes pode ser
feita por meio de interposição de algum obstáculo na trajetória de colisão de uma embarcação
com um dos pilares que delimitam a rota de navegação”.
A partir da constatação de que grande parte das pontes da Hidrovia Tietê-Paraná
encontra-se em locais de profundidades relativamente altas, a solução técnica e mais viável
foi a adoção de módulos flutuantes, ilustrados nas figuras 06, 07 e 08, fabricados em aço,
ancorados por poitas. O sistema foi concebido com grandes bolinas presas aos cascos, atuando
como amortecedores hidrodinâmicos, e com amarras de nylon, que absorvem energia com sua
deformação elástica em caso de tração.
Como cita PADOVEZI (2001), o sistema foi projetado para operação do comboio
Tietê formado por um empurrador e duas chatas dispostas em linha apresentando as
características principais:
Comprimento total: 137,00 metros
Boca: 11,00 metros
Calado máximo: 2,50 metros
Calado leve: 0,50 metro
Altura máxima acima da linha d´água: 7,00 metros
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Flutuante
3.3.1 CASCOS
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3.3.2. BOLINAS
O freio do sistema de proteção em questão é realizado também pelas bolinas. Elas
ficam submersas, em uma profundidade de segurança de 06 metros abaixo da linha de base
dos do fundo dos flutuantes, para que em caso de colisão realizem sua função que é de
amortecer o dispositivo. Seu propósito é contrário ao das pás de navios a vapor, cuja função é
de propulsionar a embarcação, pois a função das bolinas é aumentar o atrito na água.
Geralmente são em número de duas, retráteis, presas por pinos ao casco de cada módulo: uma
disposta longitudinalmente, na linha de centro do casco, com comprimento de 09 metros, e
outra disposta perpendicularmente à bolina longitudinal, como mostra figura 10.
Casco
Bolinas
3.3.3 DEFENSAS
Além de absorver parte da energia em caso de impacto, tem a função de evitar o
contato aço com aço, da embarcação com o flutuante, em caso de colisão. Nas defensas a
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madeira utilizada é ITAÚBA, porque são as que atendem ao Boletim Técnico número 1 do
convênio IBDF-IPT-ABPM, quanto ao limite de curvatura, sinuosidade, fendas, etc. São
colocadas na parte frontal e lateral interna de cada módulo, parte no qual ficam voltadas para
a rota de navegação.
3.3.4 AMARRAS
As amarras do sistema flutuante têm a propriedade de deformar-se sob tração,
absorvendo parte da energia de colisão e possuem: cabos navais de nylon; correntes (dentro
dos escovéns, a fim de evitar abrasão nos cabos de nylon); manilhas e sapatilhas: conexões
entre cabos de nylon, correntes e poitas; anéis de ligação, unindo cada sapatilha a uma
manilha; cabos de aço, que unem os conveses de dois módulos, popa a popa, posicionados
junto a um mesmo pilar.
3.3.5 POITAS
São feitas em concreto armado, pesam toneladas e ficam no fundo do rio.
colocadas lateralmente cada uma do lado externo (em relação à rota de navegação) de um dos
módulos flutuantes, servindo para a ancoragem dos módulos que se alinham transversalmente
com ela.
O sistema foi concebido para absorver a energia de colisão de embarcação pelas
defensas, pelas amarras de nylon e pelo casco flutuante e suas bolinas submersas.
Nos dois primeiros sistemas flutuantes em operação, no caso, das pontes SP-333 e SP-
147, as bolinas são soldadas no fundo dos cascos dos módulos. Nos demais, a partir da
construção do sistema da ponte SP-225, as bolinas são retráteis. Nestes, em cada módulo
flutuante, há uma bolina longitudinal e outra transversal que podem subir ou descer, se houver
necessidade de transporte ou manutenção.
“ilhas”, ou seja, enrocamento, que consiste na acumulação de material ao redor do pilar, deve
ser usado quando a distância entre os pilares é grande; do contrário pode obstruir a passagem.
Outro mecanismo muito comum, o “dolfin” é uma coluna de concreto fincada ao solo, em
frente ao pilar. Comparado a esses dois sistemas fixos de proteção, o dispositivo flutuante
causa menos danos às embarcações que colidem e tem um custo bem mais baixo, além de ser
um mecanismo que pode ser removido facilmente.
4 PROBLEMAS NO SISTEMA
O sistema flutuante de proteção dos pilares da rodovia SP-563 sobre a HTP, no
município de Pereira Barreto, requereu a necessidade de sofrer algumas alterações.
Devido às condições climáticas locais, onde pode-se verificar a ocorrência de ondas no
rio de até 1,5 metro de altura geradas pelos fortes ventos, o módulo flutuante apresentava
movimentos excessivos, ocorrendo choques do sistema de bolinas com as chapas dos tanques,
que ao longo do tempo causaram avarias.
As alterações tiveram como objetivo garantir o funcionamento adequado do sistema de
proteção, que estava comprometido por ocorrência dessas avarias nos tanques dos módulos
flutuantes, que foram observadas nas vistorias realizadas pelo Instituto de Pesquisas
Tecnológicas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Devido aos riscos provocados pelo alto volume de tráfego hidroviário, pelas grandes
dimensões das embarcações modernas, assim como as condições meteorológicas, idade e
localização de determinadas pontes, existe a extrema necessidade da adoção de sistemas de
proteção dos elementos estruturais de pontes.
Dentre todas as formas de proteções, os sistemas flutuantes são os mais utilizados
atualmente. O dispositivo, único no mundo, é específico para rios de grande profundidade e
que tenham uma distância estreita entre os pilares, como é o caso da maior parte das pontes da
Hidrovia Tietê-Paraná, onde o número de acidentes devido a colisões de embarcações em
pilares foi reduzido a zero, desde a instalação do sistema, que já está disponível para o
mercado.
Devido a problemas desenvolvidos por condições climáticas locais, em Pereira
Barreto, houve necessidade de estudo para um novo flutuante. As alterações do projeto do
módulo flutuante implicaram numa dinâmica de movimento semelhante ao sistema original,
mas sem risco de avarias, que pode ser assegurado pela retirada das bolinas de grandes
dimensões, que no caso eram 06 metros abaixo da linha de cascos dos módulos. O sistema
continua capaz de absorver a energia de impacto, por meio da atuação em conjunto das
defensas de madeira, do novo arranjo das novas bolinas e das amarras de nylon.
Para que exista equilíbrio entre custo benefício e prevenção de acidentes é essencial
que seja compatibilizada a avaliação detalhada das condições de canal de navegação, do
comboio tipo, do levantamento batimétrico e hidrológico do local de travessia, para então ver
qual tipo de proteção é mais adequada para tal região. Prevenindo podemos evitar acidentes,
diminuir transtornos e custos, e o principal: salvar vidas.
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7 REFERÊNCIAS
ARAUJO, Marcos Felipe Bettini P. de; ARRUDA, Renan Vinicius de; PADOVEZI, Carlos
Daher. Análise Estrutural da Bolina Transversal do Sistema Flutuante de Proteção de
Pilares das Pontes da Hidrovia Tietê-Paraná. In: 23° CONGRESSO NACIONAL DE
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE, 23., Rio de
Janeiro: Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, 2010. p. 01 - 08.
BRITO, Marcus Alexandre Noronha de; SOBRINHO, Brunno Emidio; MANSUR Fabiana
Cardoso Meirelles. Critérios de Definição e Dimensionamento de Proteção de Pilares em
Pontes. In: VII CONGRESSO BRASILEIRO DE PONTES E ESTRUTURAS, VII., 2014,
Rio de Janeiro. Critérios de Definição e Dimensionamento de Proteção de Pilares em
Pontes. Rio de Janeiro: Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, 2014. v. 1, p. 01 - 10.
Disponível em: <http://www.abpe.org.br/trabalhos/trab_99.pdf>. Acesso em: 05 mai. 2016.
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2010. Elaborado por CCA Brasil Soluções Sustentáveis, 2010. Disponível em:
<http://www.ccabrasil.org.br/Coproduto_Gabiao.asp>. Acesso em: 12 abr. 2016.
MELLO, Natália; REZENDE Thais. Parte de ponte da Alça Viária, no PA, desaba após
balsa bater em pilastra, 2014. Disponível em:
<http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2014/03/veja-imagens-da-ponte-que-caiu-na-alca-viaria-
apos-colisao-no-para.html>. Acesso em: 18 set 2016.
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PADOVEZI, Carlos Daher; Carlos GUEDES, Danyllo de Lima; ZANUTTO, José Carlos.
Alterações no projeto do sistema flutuante de proteção dos pilares na ponte da rodovia
SP-563, sobre o rio Tietê, em Pereira Barretos-SP. São Paulo: Instituto de Pesquisas
Tecnológicas, 2013. Cliente: Secretaria Estadual de Logística e Transporte e Departamento
Hidroviário. Unidade executante: Centro de Engenharia Naval e Oceânica CNAVAL.
ROSSI, Camila. Novo sistema protege pontes e embarcações, 2002. Disponível em:
<http://www.usp.br/aun/exibir?id=488>. Acesso em: 18 set. 2016.