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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA


CAMPUS DIADEMA

SILVANEY LEANDRO FERREIRA

ESTUDO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE


ELETROFIAÇÃO – PROPOSTA DE MONTAGEM
DE UM ELETROFIADOR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

DIADEMA/SP
2019
SILVANEY LEANDRO FERREIRA

ESTUDO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ELETROFIAÇÃO


– PROPOSTA DE MONTAGEM DE UM ELETROFIADOR

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Química, ao Instituto de
Ciências Ambientais, Químicas e
Farmacêuticas da Universidade Federal
de São Paulo – Campus Diadema.
Orientador: Viktor Oswaldo Cardenas
Concha

DIADEMA/SP
2019
RESUMO
As nanofibras poliméricas têm se mostrado de grande importância nas áreas de
engenharia e de saúde, e em especial na biomedicina, por ter uma alta capacidade
mimética. Dentre os inúmeros métodos de produção de nanofibras, a eletrofiação é hoje
uma técnica simples e eficiente em relação às demais, e tem sido desenvolvida com
grande entusiasmo para que seja cada vez mais viável a sua aplicação. Este trabalho
explora os primeiros aspectos importantes da eletrofiação, como o conceito da
eletrofiação, os tipos de configuração de eletrofiadores, parâmetros que influenciam nas
características das nanofibras obtidas e algumas aplicações que já vem sendo
estudadas. Nesta etapa é dada a base para o entendimento sobre o funcionamento de
um eletrofiador e obtenção de nanofiabras em escala laboratorial. Este embasamento é
importante para fundamentar conceitualmente a montagem de um eletrofiador, que será
objeto da segunda etapa deste Trabalho de Conclusão de Curso.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Aplicações das nanofibras nos setores de Água e meio ambiente, Energia e Saúde. .................6
Figura 1 - Número de publicações sobre eletrofiação de 2012 a 2017 .........................................................7
Figura 2 - Ilustração esquemática da configuração de um eletrofiador ........................................................9
Figura 3 - Alguns tipos de coletores utilizados em eletrofiação ..................................................................13
Figura 4 - Esquema simplificado da configuração multi-agulhas .................................................................14
Figura 5 - a) Esquema da configuração da eletrofiação coaxial; b) ilustração de uma fibra core-shell.......15
Figura 6 - Equipamento de eletrofiação needleless com cilindro rotativo ..................................................17
Figura 7 - Aplicações em engenharia tecidual das nanofibras eletrofiadas .................................................18
Figura 8 - Estrutura core-shell PVP-NanoAg/PLLA para eletrofiação ...........................................................19
Figura 9 - Ilustração da preparação do scaffold PVA/gelatina .....................................................................20
SUMÁRIO
RESUMO .............................................................................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................6
2 OBJETIVO ................................................................................................................................................8
Objetivos Específicos ......................................................................................................................8
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................................9
PROCESSO DE ELETROFIAÇÃO CONVENCIONAL ............................................................................9
PARÂMETROS DE SOLUÇÃO .........................................................................................................10
3.2.1 Viscosidade ...............................................................................................................................10
3.2.2 Tensão Superficial ....................................................................................................................11
3.2.3 Condutividade Elétrica .............................................................................................................11
PARÂMETROS DE PROCESSO........................................................................................................12
3.3.1 Campo Elétrico Aplicado ..........................................................................................................12
3.3.2 Tipo de coletor .........................................................................................................................12
3.3.3 Distância entre ponta da agulha e coletor ...............................................................................13
PARÂMETROS DE AMBIENTE .......................................................................................................13
3.4.1 Umidade e Temperatura ..........................................................................................................13
4 VARIAÇÕES DO PROCESSO DE ELETROFIAÇÃO ....................................................................................14
MULTI-AGULHAS ..........................................................................................................................14
COAXIAL........................................................................................................................................15
NEEDLE-LESS .................................................................................................................................16
5 APLICAÇÕES DAS NANOFIBRAS NA BIOMEDICINA ...............................................................................17
ENGENHARIA TECIDUAL ...............................................................................................................18
LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS...........................................................................................................19
SCAFFOLDS ...................................................................................................................................19
6 CRONOGRAMA TCCII ............................................................................................................................21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................21
1 INTRODUÇÃO

Os nanomateriais têm sido profundamente estudados e aplicados em diversas áreas


do conhecimento como engenharia, meio ambiente, química e medicina (HASSAN et al.,
2017; SHAN et al., 2009). Dentre os materiais desenvolvidos estão nanopartículas,
nanofios unidimensionais, nanotubos e nanofibras, sendo esta última considerada como
tendo um grande potencial de aplicação e tal destaque se deve à ótima relação entre
área superficial e volume e a alta porosidade que ela é capaz de ter, o que faz com que
as nanofibras sejam atraentes para serem estudadas e aplicadas em áreas de alta
complexidade (KENRY; LIM, 2017). O Quadro 1 destaca algumas das diversas áreas em
que as nanofibras têm sido aplicadas.
Quadro 1 - Aplicações das nanofibras nos setores de Água e meio ambiente, Energia e Saúde.

Aplicações das nanofibras


Água e meio ambiente Energia Saúde
• Tratamento de água • Baterias e células • Engenharia de Tecidos
• Ultrafiltração combustível • Medicina regenerativa
• Fotocatálise • Supercapacitores • Curativos
• Sensores químicos e de gás • Celulas solares • Agentes
• Geração e administradores de
armazenamento de medicamentos e
hidrogênio terapia
• Piezoeletricidade

Fonte: KENRY e LIM (2017, p.3)

Existem diversas técnicas para a produção de nanomateriais, dentre elas drawing-


processing, template-assisted synthesis, self-assembly, solvent casting, separação de
fases e eletrofiação. Num contexto de crescente interesse nas áreas de nanomateriais e
nanoestruturas o termo ‘eletrofiação’ tem ganhado cada vez mais relevância, tendo ao
longo dos anos aumentado a quantidade de trabalhos publicados sobre o tema ou que
fazem uma referência a ele. (HAIDER; HAIDER; KANG, 2015; BABAR et al., 2019;

6
BOSWORTH; DOWNES, 2011). O crescimento no número de publicações envolvendo
eletrofiação pode ser verificado na Figura 1:

Figura 1 - Número de publicações sobre eletrofiação de 2012 a 2017

Fonte: Babar et al. (2019, p.10)

Aspectos como a simplicidade do procedimento, aplicabilidade a uma ampla gama de


polímeros e possibilidade de escalabilidade na produção tornam a eletrofiação um
processo viável e atraente para diversas aplicações em fármacos, bioengenharia,
proteção ambiental, sensores, catálise e eletrônica. (HAIDER; HAIDER; KANG, 2015)
Especialmente na área biomédica, a eletrofiação tem sido muito importante pela
capacidade de produzir nanofibras de polímeros biocompatíveis e biodegradáveis
(naturais ou sintéticos), contribuindo assim na especialização de curativos, liberação
controlada de fármacos no organismo, e na engenharia de tecidos com os scaffolds -
estruturas que permitem a sustentação e ambiente adequados para o desenvolvimento
de células e regeneração de tecidos (HUANG et al., 2011; SHI et al., 2018; HAIDER;

7
HAIDER; KANG, 2015).Neste contexto, o presente trabalho descreve o processo de
eletrofiação explorando suas características e especificidades, e apresenta algumas das
aplicações das nanofibras por ele obtidas.

2 OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo principal o estudo exploratório sobre a importância
do processo de eletrofiação na produção de nanofibras, as diferentes configurações de
eletrofiadores e as aplicações das nanofibras na biomedicina, por meio de pesquisa
bibliográfica de trabalhos publicados sobre o tema.

Objetivos Específicos

• Apresentar a relevância das nanofibras nas diversas áreas do


conhecimento, como biomedicina e engenharia, e a crescente demanda
da pesquisa e desenvolvimento em eletrofiação como método de
obtenção de nanofibras.

• Avaliação teórica, desenvolvimento prático e escolha da melhor


configuração de eletrofiador para a produção de nanofibras em escala
laboratorial.

• Obtenção de filmes em escala nanométrica pelo processo de


eletrofiação.

8
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

PROCESSO DE ELETROFIAÇÃO CONVENCIONAL

Segundo Babar et. al. (2018), a eletrofiação, mesmo sendo uma técnica simples, é
potencialmente o método mais eficiente e avançado para se produzir fibras contínuas em
escala nanométrica.
O processo foi patenteado em 1934 por Anton Formhals e consiste na criação de
nanofibras a partir da aplicação de um campo elétrico a uma solução polimérica ou
polímero fundido. (RAMAKRISHNA et. al., 2005) Este trabalho irá explorar apenas o
processo de eletrofiação de um ou mais polímeros em solução.
Basicamente, um sistema para eletrofiação (eletrofiador) consiste em uma fonte de
alta tensão, uma fieira (podendo ser uma ponta de pipeta ou agulha), um coletor e
eletrodos para promover uma diferença de potencial (BHARDWAJ; KUNDU, 2010; PHAM
et al., 2006). Esses componentes são dispostos conforme Figura 2:

Figura 2 - Ilustração esquemática da configuração de um eletrofiador

Fonte: Yoon et al. (2018, p.2)

9
Quando é fornecida alta tensão ao sistema, a primeira gota de polímero em solução
na ponta da agulha sofre deformação e acaba por tomar a forma de um cone (conhecido
como Cone de Taylor). Essa deformação é decorrente da ação de forças eletrostáticas
que, à medida que aumentam a intensidade, atingem um valor crítico e conseguem
superar as forças de tensão superficial da gota e a solução é então ejetada da agulha em
direção ao coletor. Durante esse percurso, o solvente evapora e o fio se deposita sólido
no coletor. (LONG et al., 2019; BHARDWAJ; KUNDU, 2010)
Apesar do processo de eletrofiação ser relativamente simples e de baixo custo, estão
envolvidos no processo muitos parâmetros que devem ser ajustados de acordo com o
polímero a ser eletrofiado. Os principais parâmetros relacionados à solução utilizada,
condições de processo e de ambiente serão abordados no próximo item.

PARÂMETROS DE SOLUÇÃO

3.2.1 Viscosidade

A viscosidade de uma solução é influenciada por parâmetros como concentração,


massa molecular do polímero utilizado, temperatura ambiente e também por possíveis
impurezas que possam estar presentes na solução. Mesmo havendo muitos parâmetros
que influenciam na viscosidade, é muito importante manter níveis de viscosidade
constantes para a produção de fibras consistentes. (BOSWORTH; DOWNES, 2011).
Para que níveis constantes de viscosidade sejam atingidos, é possível atuar de modo
alterar a concentração do polímero, temperatura ambiente, ou ainda podem ser
manipuladas as condições operacionais, como a temperatura de operação. Nas
situações em que a manipulação dos parâmetros citados não seja suficiente para que o
polímero atinja determinada viscosidade requerida, é possível ainda utilizar aditivos como
sais. (BOSWORTH; DOWNES, 2011).

10
3.2.2 Tensão Superficial

Segundo Bhardwaj e Kundu (2010), a tensão superficial, como função da composição


dos solventes da solução utilizada, tem papel fundamental no processo de eletrofiação,
pois este parâmetro pode definir os limites em que a formação das fibras é viável.
Soluções com valores altos para a tensão tendem a ter instabilidades nos jatos e
formação de gotículas, o que acaba por inibir a formação de fios.
Há a possibilidade de se usar surfactantes para que se diminua a tensão superficial e
aumente a possibilidade de se produzir fibras com maior uniformidade. (RAMAKRISHNA
et al., 2005)

3.2.3 Condutividade Elétrica

O jateamento da solução de polímero que forma os fios no processo de eletrofiação


é motivado pelo transporte das cargas elétricas dos íons em solução. Este transporte
ocorre após a aplicação de um campo elétrico na solução, e o que determina a
capacidade de condução dos íons é, principalmente, o tipo do polímero em solução.
O aumento da condutividade elétrica resulta na diminuição do diâmetro da fibra
eletrofiada, enquanto que soluções com baixa condutividade elétrica não viabilizam jatos
longos o suficiente para produzir fios uniformes, além de resultar na formação de gotas.
É possível aumentar a condutividade de uma solução adicionando sais. (BHARDWAJ;
KUNDU, 2010).
Estudos específicos sobre a condutividade elétrica na eletrofiação têm sido
conduzidos a fim de se verificar as influências das alterações desse parâmetro na
morfologia e diâmetro das fibras. Por exemplo, já foi identificado que a tensão mínima
para que ocorra a eletrofiação pode ser diminuída se aumentada a condutividade da
solução polimérica. (ANGAMMANA; JAYARAM, 2011).
A adição de íons à solução aumenta a condutividade da solução e, como mencionado
anteriormente, isso pode levar à diminuição do diâmetro da fibra, contudo há um limite
no quanto o diâmetro pode ser reduzido. (RAMAKRISHNA et. al., 2005).

11
PARÂMETROS DE PROCESSO

3.3.1 Campo Elétrico Aplicado

A ejeção da solução polimérica acontece quando as forças eletrostáticas provocadas


pelo campo elétrico superam a tensão superficial da solução. (RAMAKRISHNA et al.,
2005)
Quando essas forças se aproximam, a gota de solução na agulha é distorcida e toma
a forma de um cone, o Cone de Taylor. (BOSWORTH; DOWNES, 2011).
O aumento do campo elétrico sobre uma solução pode resultar em uma ejeção maior
de solução pela agulha. Com mais material sendo direcionado ao coletor, é possível que
o fio formado seja mais espesso e que não haja tempo suficiente para a evaporação do
solvente. (BOSWORTH; DOWNES, 2011).

3.3.2 Tipo de coletor

Para que haja campo elétrico entre a fonte de alta tensão e o coletor e ocorra a
eletrofiação, o coletor tipicamente é feito de um material condutor. (RAMAKRISHNA et
al., 2005)
A morfologia das fibras depositadas pode ser influenciada pelo tipo de coletor
escolhido. Um coletor em formato de um rotor cilíndrico favorece a deposição dos fios de
forma orientada e pode favorecer a evaporação do solvente durante a deposição. Já em
uma placa coletora, os fios são direcionados aleatoriamente para a placa (BOSWORTH;
DOWNES, 2011). Alguns exemplos de coletores utilizados em eletrofiação podem ser
observados na Figura 3:

12
Figura 3 - Alguns tipos de coletores utilizados em eletrofiação

Fonte: Babar (2019, p.13)

3.3.3 Distância entre ponta da agulha e coletor

Outro fator importante na qualidade das fibras obtidas pelo processo de eletrofiação
é a distância entre a ponta da agulha que ejeta a solução polimérica e o coletor. É durante
o percurso da solução, entre a agulha e o coletor, que o solvente evapora e deixa a fibra
para que ela se deposite sólida e, portanto, se a distância até o coletor não for adequada,
as fibras depositadas não terão boas características morfológicas. (BOSWORTH;
DOWNES, 2011)

PARÂMETROS DE AMBIENTE

3.4.1 Umidade e Temperatura

A temperatura no ambiente em que ocorre a eletrofiação pode afetar a viscosidade


da solução e, por consequência, características das fibras formadas podem ser afetadas.
Há uma relação inversa entre viscosidade e temperatura, e existem casos em que o
aumento da temperatura resultou em fibras com diâmetro reduzido. (BHARDWAJ E
KANDU, 2010).
No caso da umidade do ambiente, Ramakrishna et al. (2005) observaram que quando
aumentada levou ao surgimento de poros de formas circulares, com profundidade que ia
aumentando até um ponto de saturação.

13
4 VARIAÇÕES DO PROCESSO DE ELETROFIAÇÃO

Visando aprimorar a técnica de eletrofiação e proporcionar maior produtividade,


melhor qualidade das fibras ou funcionalidades adicionais, foram desenvolvidas variantes
da configuração tradicional do equipamento para eletrofiação (KENRY; LIM., 2017).
Nesta seção serão apresentadas algumas configurações existentes:

MULTI-AGULHAS

A eletrofiação por (multi-agulhas ou multicamadas), como pode ser observado na


Figura 4, é baseada na combinação de múltiplas agulhas que são organizadas de forma
específica, dependendo da necessidade. Algumas possibilidades são: bocal (ou agulha)
único com múltiplos jatos, bocais múltiplos com um jato cada ou ainda bocais múltiplos
em que cada bocal contém múltiplos jatos. (SALEHHUDIN, 2017).

Figura 4 - Esquema simplificado da configuração multi-agulhas

Fonte: He (2019, p.201)

O objetivo desse arranjo é conseguir o aumento do número de jatos de polímero


aumentando o número de bocais, e assim aumentar a produtividade. Porém devem ser
observados dois aspectos para o sucesso desse arranjo: i) As soluções de polímero em
todos os bocais devem tem pressão ou vazão constante; e ii) A disposição dos bocais no
arranjo deve ser de forma que o campo elétrico seja distribuído uniformemente. (HE;
ZHOU, 2019)
14
COAXIAL

A eletrofiação coaxial tem sido uma configuração amplamente utilizada por oferecer
algumas soluções para dificuldades encontradas no arranjo primário, como a
possibilidade de se criar fibras no modelo core-shell. Nesta variação da técnica,
esquematizada na Figura 5a), são injetadas duas cargas de polímeros distintas em
câmaras coaxiais (uma para o núcleo e outra para a casca) e são então ejetados
simultaneamente formando a fibra core-shell, ilustrada na Figura 5b).

Figura 5 - a) Esquema da configuração da eletrofiação coaxial; b) ilustração de uma fibra core-shell

Fonte: Wang (2019, p.126) e Babar (2019, p.13)

Polímeros que não poderiam ser eletrofiados por terem alta tensão superficial ou
baixa condutividade, com essa técnica podem ser trabalhados. Isso porque o polímero
incapaz de ser ejetado sozinho será carregado internamente pela solução extrudada
externamente. Ao final do processo retira-se o polímero externo e a fibra do polímero
interno pode ser utilizada. De forma semelhante, pode ser retirado o polímero extrudado

15
internamente para obter fibras ocas. Esses são recursos em se utiliza apenas uma das
partes da nanofibra (núcleo ou casca).
Além dos recursos mencionados anteriormente, a nanofibra core-shell, por ser feita
da combinação de dois polímeros pode trazer propriedades interessantes quando
utilizada de forma completa. Seu potencial tem sido muito explorado em aplicações tais
como sistemas de liberação controlada de fármacos, em que os fármacos podem ser
introduzidos no núcleo da fibra (LONG et al., 2019; WANG; ZHAO, 2019; KENRY; LIM,
2017).

NEEDLE-LESS

O arranjo de eletrofiação needle-less ou free liquid surface se caracteriza por não


haver a influência de um efeito capilar para a ejeção da solução. A solução livre, quando
exposta à ação do campo elétrico, pode então gerar muitos jatos de uma só vez, o que
acaba por aumentar produção em uma ordem de duas ou três vezes em comparação ao
método convencional de eletrofiação. (STRECKOVA et al, 2018; YAN, 2019)
Uma das configurações possíveis desse arranjo se utiliza de um cilindro rotativo que
fica parcialmente imerso na solução polimérica a ser eletroafiada. A superfície gira
continuamente no sentido de se banhar na solução de polímero e, em seguida, ser
exposta ao campo elétrico que irá induzir a formação dos Cones de Taylor e formação
dos jatos em direção ao coletor (JIRSAK; PETRIK, 2012). Um exemplo dessa
configuração é apresentado na Figura 6.

16
Figura 6 - Equipamento de eletrofiação needleless com cilindro rotativo

FONTE: website http://www.ciexpo.cz (Czech Innovation Expo)

5 APLICAÇÕES DAS NANOFIBRAS NA BIOMEDICINA

A combinação de especialidades de engenharia e biológicas resultou em campos


interdisciplinares como a engenharia tecidual (ou engenharia de tecidos) e medicina
regenerativa, que buscam o desenvolvimento de soluções em restauração e regeneração
de tecidos e órgãos naturais, utilizando células, biomoléculas e biomateriais (KENRY;
LIM, 2017). Neste sentido, as nanofibras obtidas pelo processo de eletrofiação têm sido
amplamente usadas em aplicações biomédicas por oferecerem uma alta relação de área
superficial por volume e também por ser possível a combinação de polímeros
biocompatíveis e biodegradáveis de diferentes propriedades. Esse tipo de flexibilidade
viabiliza a construção de fibras com boa adesão celular, capazes de realizar liberação
controlada de fármacos no organismo e podem também imitar a estrutura extracelular
(scaffolds) para auxiliar na regeneração de tecidos. (YOON, 2018).

17
ENGENHARIA TECIDUAL

Uma das possibilidades que as nanofibras trazem é a capacidade de se confeccionar


materiais uni, bi e tri-dimensionais em escala nanométrica. Com isso, foi possível entrar
no campo da biomimética a nível celular, criando estruturas para desenvolvimento celular
(STACK, 2019). Na engenharia de tecidos, as células teciduais vivas de um paciente são
extraídas e cultivadas in vitro, e então são mantidas numa matriz extracelular ou scaffold
para que se desenvolvam e se reproduzam em laboratório. São três os componentes
básicos que caracterizam a engenharia de tecidos: células, uma estrutura básica para
desenvolvimento (matriz extracelular) e sinais biológicos.
A aplicação da eletrofiação na engenharia de tecidos está relacionada a um adequado
microambiente para adesão, proliferação e diferenciação celular fornecidos pelas
nanofibras obtidas por este método. As nanofibras são utilizadas para a fabricação de
estruturas-base para desenvolvimento celular, os scaffolds. Uma vez que seja promovida
a bioatividade em um scaffold a partir do cultivo de células em seu interior, esta estrutura
pode então ser utilizada na fabricação de tecidos ou órgãos funcionais. (MO et al., 2019).
Algumas aplicações das nanofibras eletrofiadas são exibidas na Figura 7.

Figura 7 - Aplicações em engenharia tecidual das nanofibras eletrofiadas

18
LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS

O desenvolvimento celular de tecidos de regeneração ocorre em estruturas


poliméricas tri-dimensionais obtidas por eletrofiação em que as células podem se
desenvolver. Essas estruturas transmitem sinais às células no seu interior na forma de
liberação controlada de fármacos que estão incorporados em sua estrutura altamente
porosa. (STACK, 2019)
A liberação dos fármacos no organismo pode acontecer devido a diferentes estímulos,
como pH, temperatura ou ativação de luz.
As classes de nanomateriais baseados em polímeros utilizados na liberação
controlada de fármacos podem ser agrupadas por conjugados polímero-fármaco,
micelas, nanogéis e dendrímeros.. (HASSAN, 2017)
Zhang et al (2013) relataram a confecção de um sistema core-shell em que usaram
externamente uma mistura de poli (vinil pirrolidona) (PVP) e nanopartículas de prata, e
no núcleo utilizaram poli(L- ácido láctico) (PLLA) com uma droga modelo, conforme
esquema da Figura 8, e verificaram nos testes que as fibras formadas como o fármaco,
além de antimicrobianas, também liberavam o fármaco de maneira ideal por 6 dias.

Figura 8 - Estrutura core-shell PVP-NanoAg/PLLA para eletrofiação

Fonte: Zhang et al (2013, p.e37)

SCAFFOLDS

Com avanços constantes em pesquisas e conhecimento sobre nanotecnologia e a


importância de nanestruturas como os scaffolds, a eletrofiação tem se tornado a técnica
19
mais utilizada para a fabricação dessas estruturas fundamentais na engenharia tecidual.
A capacidade de criação de fibras com características de redes interconectadas porosas
que se assemelham às características naturais da matriz extracelular de tecidos vivos
conferem à eletrofiação uma grande importância no avanço da biomedicina e
biomimética. Estas características, somadas à ótima relação entre área superficial e
volume e à alta porosidade que propiciam uma grande capacidade de carregar
substâncias biológicas, conferem aos scaffolds um ambiente favorável ao crescimento,
proliferação e diferenciação celular. Para cada aplicação específica dos scaffolds, uma
combinação de polímeros naturais ou sintéticos, biocompatíveis e biodegradáveis pode
ser feita (por exemplo na eletrofiação coaxial) a depender das características da região
afetada (KENRY; LIM, 2017).
Como exemplo de materiais sintéticos biodegradáveis utilizados tem-se o ácido
poliglicólico, ácido polilático, policaprolactona (PCL), poli (L-ácido láctico-co-ácido
glicólico) (PLGA), entre outros. Exemplos de materiais poliméricos naturais são colágeno
e quitosana.
Em geral, os materiais sintéticos têm como vantagem maiores suportes mecânicos,
enquanto que os naturais têm melhor biocompatibilidade. Sendo assim, técnicas de
mistura de polímeros com diferentes características foram desenvolvidas, como a
eletrofiação coaxial, para a fabricação de scaffolds com melhores características gerais.
(MO et al., 2019).
Yang et a.l (2010) prepararam scaffolds por eletrofiação de nanofibras de uma solução aquosa de
poli(álcool vinílico) (PVA) e gelatina, conforme esquema da
Figura 9.

Figura 9 - Ilustração da preparação do scaffold PVA/gelatina

20
Fonte: YANG (2010, p.3050)

A nanofibra obtida pela mistura de PVA e gelatina se apresentou mais biocompatível


e controlável do que as fibras obtidas pelos componentes puros. Além disso, apresentou
ótimos parâmetros de biossegurança, o que sugere que esse material tem potencial para
ser aplicado como scaffold para pele ou curativos. (YANG et al, 2010).

6 CRONOGRAMA TCCII

A continuidade deste trabalho se dará pelo aprofundamento nos temas abordados até
o momento e a montagem de um eletrofiador para obtenção de fibras poliméricas. Serão
explorados os parâmetros (de solução, de processo e de ambiente) e os impactos de
suas variações nas fibras produzidas, conforme os relatos bibliográficos já realizados por
diversos autores. Com o objetivo de se obter fibras pelo processo de eletrofiação em
escala laboratorial, um eletrofiador convencional será montado. A escolha pelo modelo
convencional é pertinente tendo em vista a baixa complexidade de montagem e o grande
potencial de se obter resultados relevantes à proposta do trabalho nesta fase.

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