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AS MULHERES E A LEI JUDAICA
Quando estudamos como a Lei de Moisés era colocada em prática no Velho
Testamento e a cultura judaica decididamente patriarcal, aprendemos que o
papel da mulher era seu trabalho, manutenção do lar, reprodução e a criação de
filhos. Embora algumas mulheres do Velho Testamento tenham conseguido ter
suas vozes ouvidas, foi através de muita fé, humildade e paciência, acreditando
no Salvador que viria, tão professado pelos profetas, sendo estes seus esposos
ou pais, a grande maioria se sobressaiu em sua esfera como pôde, vivendo em
retidão e aguardando a vinda tão desejada do Salvador. Vemos que os profetas
respeitavam suas esposas, e como servos do Senhor, as colocavam sempre em
alto patamar.
Quando estudamos a história antiga das civilizações, mulheres não são
sequer citadas, com raras exceções, trazendo alguns desafios, já que foi escrita
por homens com preconceitos sobre o papel da mulher. Mas os costumes
similares e leis patriarcais da época do Velho Testamento ou do Novo
Testamento descrevem os papéis de homens e mulheres de maneira
generalizada. Por exemplo, homens não podiam cumprimentar mulheres em
público, e mulheres raramente podiam deixar seus lares a não ser que fossem à
sinagoga ou obter água nos poços e outras necessidades para o lar e a família.
Embora diferentes em alguns locais, dependendo das condições
socioeconômicas, contexto cultural, geografia e afiliação religiosa, seja lá onde
ela se encontrasse, em sua grande maioria, a mulher estava sempre
subordinada à autoridade de um homem: primeiro seu pai, depois seu marido
ou o parente homem mais próximo se fosse viúva ou sozinha, mesmo para
acesso à herança. Qualquer dinheiro que possuísse pertencia ao seu marido.
Homens podiam legalmente se divorciar de uma mulher por qualquer razão,
mas uma mulher não tinha o mesmo direito.
A seguir, veremos algumas histórias das grandes mulheres das escrituras,
incluindo o Velho Testamento, Novo Testamento, O Livro de Mórmon, Doutrina
& Convênios e Pérola de Grande Valor.
O Antigo ou Velho Testamento traz os registros dos profetas antigos que
testificaram de Jesus Cristo e de Seu futuro ministério, muitos séculos antes de
Sua primeira vinda à terra. Contém também os registros de Abraão e seus
descendentes, os convênios – ou testamento – que o Senhor fez com Abraão e
sua posteridade.
Os primeiros cinco livros do Velho Testamento foram escritos por Moisés,
são eles: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, que incluem os
registros e revelações de Deus sobre a origem e criação da terra, humanidade,
línguas, raças e o início da Casa de Israel.
Os livros de Josué, Juízes, Rute, Samuel 1 e 2, Reis 1 e 2, Crônicas 1 e 2,
Esdras, Neemias e Ester trazem os registros históricos de algumas civilizações,
herdeiras dos convênios da Casa de Israel.
Há também livros poéticos que trazem a sabedoria e literatura dos
profetas entre os livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de
Salomão e Lamentações.
Os profetas admoestaram Israel e os advertiram sobre seus pecados,
testificando das bênçãos que vêm da obediência aos mandamentos de Deus.
Eles professaram a vinda de Cristo, que expiaria pelos pecados da humanidade,
e chamaram os povos ao arrependimento para que pudessem receber as
ordenanças salvatórias e viverem o Evangelho. Os livros dos profetas são Isaías,
Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
A maior parte dos livros do Velho Testamento foi escrita em hebreu.
Alguns também foram escritos em aramaico, língua relativa ao hebreu.
O termo Mulher é usado algumas vezes nas escrituras como título de
respeito (João 19:26; Alma 19:10).
O Senhor criou homem e mulher (Gênesis 1:27; Moisés 2:27; Abraão 4:27),
como a glória do homem (1 Coríntios 11:7). Nem o homem é sem a mulher, nem
a mulher sem o homem, no Senhor (1 Coríntios 11:1).
A seguir, algumas das grandes mulheres citadas no Antigo Testamento.
EVA
Referências nas escrituras: Gênesis 2:21-25; 3:20; 2 Nefi 2:15-20; D&C 138-
39; Moisés 3:15; 5:12; 4:26; 5:11-12.
Antes que o mundo fosse formado, sabemos que Jesus Cristo era Jeová, o
grande “Eu Sou” (D&C 38:1; 29:1; 39:1). Ele explicou a Abraão que as
inteligências haviam sido organizadas antes que o mundo existisse. O trabalho
conjunto na criação do mundo e a participação de Deus Pai ao criar o homem a
sua própria semelhança.
No final de toda a criação, Eles então criaram a mulher. Eva, a primeira
mulher a viver na terra (Gênesis 2:21-25; 3:20), nomeada por Adão como a mãe
de todos os seres viventes (Moisés 4:26). Adjutora do anjo tornado homem, ela
foi a primeira a decidir provar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do
mal, fazendo assim com que houvesse sangue em suas veias, e pudessem então
completar todos os mandamentos do Senhor de preencher a terra com sua
prole em prol de conhecer a vida eterna e as alegrias da redenção (Moisés 3:15;
5:11-12) através da Expiação de Jesus Cristo.
Eva perdeu seu filho, Abel, e acabou perdendo outro filho, Caim, para as
garras do inimigo também. E foi a grande matriarca escolhida por Deus para
trazer tantos espíritos dos céus que nasceram a partir de corpos criados em
coparticipação com Adão.
Adão e Eva não pecaram, mas transgrediram o mandamento divino
quando comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Dallin
H. Oaks explicou a diferença entre transgressão e pecado no cumprimento da
lei: “Alguns atos, como assassinato, são crimes porque são inerentemente
errados. Outros atos, como operar sem uma licença, são crimes apenas porque
são legalmente errados – cometidos após uma lei (mandamento) ser quebrada.
Sob essas distinções, o ato que produziu a queda de Adão e Eva não foi um
pecado inerentemente errado, mas uma transgressão – errado porque foi
formalmente proibido.” (7)
Quando Deus colocou Adão e Eva no jardim, Ele celebrou a união dos dois
através de Seu Sacerdócio (Gênesis 2:24-25; Moisés 3:25; Abraão 5:18-19),
celebrando assim o primeiro casamento. Ele também plantou naquele jardim
duas árvores: a árvore do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida.
Parte do propósito divino de Eva era justamente provar do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal, escolher entre a existência confortável no
Jardim do Éden, onde não havia progresso nem sangue em suas veias, ou
adentrar à mortalidade, aprender a diferença entre a alegria e a tristeza,
crescimento e potencial da vida eterna através do Plano e do Evangelho de
Cristo. A queda e a transgressão de Adão e Eva estavam previstas no Plano do
Senhor.
Completando as teorias mundanas que pregam a igualdade de direitos e
deveres entre homem e mulher, Eva não havia sido formada da costela de Adão
(Gênesis 2:22, Moisés 3:22-23) para ser exatamente igual a ele, mas para
completá-lo física, espiritual e intelectualmente, trazendo qualidades,
responsabilidades e atributos que ele não possuía, com o intuito principal de
criar vidas para os espíritos celestiais que aguardavam a chance de vir e provar
da mortalidade. Mulheres assim são salvadoras de homens, como esposas ou
como mães, pois trazem à vida e ensinam – ou deveriam ensinar – seus filhos a
caminhar sob a luz de Cristo. Mulheres são coparticipantes no Plano de Salvação
e, conforme a Proclamação ao Mundo, sim, as mulheres são tão importantes
quanto os homens perante Deus, mas com responsabilidades e papéis
diferentes para levar avante o Reino do Senhor. Deus as ama assim como aos
seus filhos e não faz acepção ou escolhe quais bênçãos um e outro podem ter,
mas ambos podem conseguir todas as bênçãos disponíveis a todos os Seus
filhos. Assim como, através de Maria, recebemos o presente maior de um Pai
amoroso enviando Seu Filho, através de Eva ganhamos nossas vidas no
decorrer de muitas gerações.
Eva, assim como cada mulher nas escrituras sagradas, e mesmo cada uma
de nós hoje, ajuda-nos a lembrar do papel divino e glorioso das mulheres no
Plano de Felicidade de Deus. Assim como Maria, Eva conhecia bem o Plano do
Pai, tendo recebido os convênios e ensinamentos para que, juntamente com
Adão, ao provar da árvore do fruto do conhecimento do bem e do mal,
pudessem construir toda uma vida e família fora do Jardim do Éden e repassar
os convênios através de suas gerações até que Jesus Cristo viesse. Assim como
Maria, que foi instrumento do Senhor ao trazer o Salvador do mundo, e com Ele
o acesso à árvore da vida, elas foram pré-ordenadas para cumprir importantes
papéis nesta esfera.
Eva é um exemplo para todas as mulheres de hoje. Russell M. Nelson
declarou que a criação de Eva foi "o elo final na cadeia da criação... Todos os
propósitos do mundo e tudo o que existia no mundo seria inútil, sem a mulher
— a pedra-angular no edifício da criação do sacerdócio."
Russell M. Nelson ensinou cinco lições fundamentais de importância
eterna que podemos aprender de Eva. (8)
1. Eva trabalhava ao lado de seu companheiro (Moisés 5:1).
Prodigiosamente, é preciso um homem e uma mulher para fazer um
homem ou uma mulher. Sem a união dos sexos, não podemos existir nem
nos tomar perfeitos. Pessoas comuns e imperfeitas conseguem edificar-se
mutuamente tomando-se uma só. A contribuição total de um cônjuge a
outro é essencial para a exaltação. Isto é assim para 'que a terra cumpra o
fim da sua criação' (D&C 49:16).
2. Eva assumiu as responsabilidades da maternidade (Moisés 5:2). As
recompensas espirituais da maternidade são acessíveis a todas as
mulheres. Acalentar os pequenos, confortar os assustados, proteger os
vulneráveis, ensinar e incentivar não precisa — nem deve — limitar-se
somente a nossos próprios filhos.
3. Eva adorava ao Senhor em oração (veja Moisés 5:4). Que todas as
mulheres aceitem a responsabilidade individual de conhecer e amar ao
Senhor, comunicar-se com ele. Ele nos dará força, inculcando em nossa
mente inspiração e revelação pessoal.
4. Eva cumpria os mandamentos divinos da obediência e sacrifício (veja
Moisés 5:5-6). As leis da obediência e sacrifício estão inapelavelmente
interligadas. Ao cumprirmos estes e outros mandamentos, tornamo-nos
disciplinados e discípulos. Tomamo-nos mais consagrados e santos —
como nosso Senhor!
5. Eva ensinou o evangelho aos filhos (veja Moisés 5:12). Antes de ensinar,
podemos aprender, estudar, e permitir que nosso conhecimento com a
verdade nos transforme. Russell M. Nelson diz: “Ao exercerdes vosso
arbítrio, ensinai coisas edificantes e úteis. Ensinai os princípios da
honestidade, autossuficiência e de abster-se de contrair dívidas
desnecessariamente. Construireis uma sociedade mais estável agindo
assim. E lembrai-vos de vosso exemplo. O que sois é muito mais importante
do que vossos atos ou palavras.”
O grande presente de Eva a nós mortais é a promessa do nascimento.
Através das mulheres que se tornam mães, parte das filhas de Eva, todos os
filhos de Deus terão a oportunidade de provar da mortalidade e provar do
mesmo fruto, o fruto do conhecimento do bem e do mal, tendo a oportunidade
de conhecer o arrependimento, as ordenanças e convênios nos apresentados
por Jesus para que voltemos à presença do Pai. Mesmo que algumas de nós não
possam ser mães, cada uma de nós tem um papel importante em nutrir e
inspirar os filhos do Pai Celeste, nossos irmãos e irmãs, a viver em retidão, com
fé em Jesus Cristo, e voltar ao nosso lar celestial.
Lembremos que Deus tem planos diferentes e personalizados para cada
um de Seus filhos e filhas e cada uma de nós é diferente, nossos corpos,
personalidades e mentes são diferentes, e cada situação em nossas vidas será
diferente entre nós, para que possamos aprender o que precisamos, evoluindo à
medida de nossa criação.
Algumas de nós nos casamos, outras não. Outras terão filhos, outras não.
O Senhor está mais preocupado com a forma que agimos proativamente para
viver Seu Plano independentemente de nossas circunstâncias. É interessante
notar que as grandes matriarcas da história do mundo não podiam ter filhos,
algumas os tiveram por milagres necessários para a compleição dos desígnios
divinos, mas outras não. O Senhor se preocupa sobre nossa fé e perseverança, e
a confiança que colocamos Nele ao saber com certeza que Ele nos conhece
melhor que nós mesmas. Seu amor por nós transcende os véus da mortalidade,
e Ele nos ama da mesma forma que ama todos os Seus filhos.
SARA
Referências nas escrituras: Gênesis 11:29-31; 12:5-17; 16:1-8; 17:15-
21; 18; 20:2-18; 21:1-12;23:1-19; 24:36, 37; 25:10, 12; 49:31; Isaías
51:2; Romanos 4:19; 9:9; Hebreus 11:11; 1 Pedro 3:6; Abraão 1-2.
Sara era a esposa do patriarca Abraão, e também sua meia-irmã, ou seja,
Abrão e Sarai eram filhos do mesmo pai, mas de mães diferentes. Quando o
Senhor e Seus anjos os renomearam Sara e Abraão (Gênesis 18:9), Abraão sabia
que ela era uma das mulheres mais bonitas e obedientes ao Senhor que já viveu
nesta terra. Quando a fome abateu o Egito, e fez com que ambos fossem
capturados como prisioneiros do faraó, Abraão atestou que ela era sua irmã – o
que não era totalmente mentira – para que ela não fosse desonrada pelos
soldados, já que o abuso sexual pelos servos do faraó era comum, e ela como o
amava e também temia por sua vida, acabou concordando, pois, se os servos de
faraó soubessem que eles eram casados, matariam Abraão, e o faraó a tomaria
como uma das mulheres de seu harém. O Senhor, porém, tinha um propósito
maior para eles e os livrou da prisão, juntando-os novamente.
Nós temos mais informações registradas sobre Sara do que qualquer outra
mulher nas escrituras, pois somente sobre ela há nove capítulos onde
acompanhamos sua história de vida. O livro de Abraão nos conta a história dele,
quando ele mesmo precisou ser salvo de ser sacrificado no altar do sacerdote
egípcio onde seria oferecido como sacrifício humano pelo próprio pai, cuja
história se repetiu mais tarde com Isaque, e posteriormente, com o próprio
Jesus Cristo e Seu Pai. A dor de Sara de não conceber filhos foi tanta que ela
ofereceu Agar, sua criada, como segunda esposa de Abraão, o que foi permitido
e aprovado pelo Senhor (D&C 132:34). Ela sabia que a ele havia sido prometida
numerosa posteridade e que, através dele e Sara, Deus estabeleceria o convênio
com seu povo, mas Sara não conhecia toda a promessa de que ela se tornaria
mãe eventualmente e, devido a sua infertilidade, ofereceu ao marido Agar, que
concebeu Ismael (Gênesis 16:1-2).
Sara tinha noventa anos de idade quando três homens santos apareceram
a Abraão e a ela e lhes prometeram que Sara teria um filho (Gênesis 18:10).
Embora Abraão já houvesse sido avisado de que ela lhe daria um filho muito
tempo antes (Gênesis 17), ela não sabia da promessa, e riu da impossibilidade,
observando a situação com seus olhos naturais humanos. Abraão tinha noventa
e nove anos de idade (Gênesis 18:13), mas “ o Senhor visitou Sara, como tinha
dito; e fez o Senhor a Sara como tinha falado. E concebeu Sara, e deu um filho a
Abraão na sua velhice, ao tempo determinado que Deus lhe tinha dito. E chamou
Abraão o nome de seu filho que lhe nascera, que Sara lhe dera, Isaque”, e o
Senhor estabeleceu o convênio abraâmico através da segunda geração (Gênesis
26:1-7, 24).
Pelo senso comum, uma mulher de noventa anos que provavelmente já
passou pela menopausa pelo menos trinta anos antes, não poderia conceber um
filho; da mesma forma uma virgem séculos mais tarde também não o poderia.
Mas, como o anjo revelou a Maria, “para Deus nada é impossível”. (Lucas 1:37).
No dia em que Isaque foi desmamado, significando que Sara ainda o
amamentou por alguns anos, Abraão fez uma festa, e viu que Ismael zombava.
As escrituras apenas nos dizem que ele “zombava”, não necessariamente do
filho. A tradução literal do hebreu esclarece que ele, nesta época, já era um
adolescente. Quando a Agar foi prometido um filho, o Senhor lhe avisou que ele
seria “um homem feroz” (Gênesis 16:12), e o hebreu sugere que, talvez, ele
estivesse zombando das “coisas sagradas”, o que preocupou Sara pelo
relacionamento entre irmãos e a paz no lar do Sumo Sacerdote. Ela então pediu
ao marido que enviasse Agar e seu filho para outro lugar. Abraão, entristecido,
afinal Ismael também era seu filho, perguntou ao Senhor o que fazer, e Ele lhe
pediu que ouvisse Sara. Conforme Sua promessa décadas antes, Isaque
receberia a primogenitura (Gênesis 21:11-12). As escrituras nos dizem que
Abraão preparou a viagem de Agar e Ismael, e o Senhor o confortou dizendo que
a semente de Isaque seria a sua semente, mas também a de Ismael, mesmo após
Agar tomar seu filho e voltar ao Egito.
Embora isso pareça injusto, o Senhor enviou Agar e Ismael ao deserto para
testar sua fé se realmente cumpririam os mandamentos. Após algum tempo, o
Senhor pediu a Abraão que oferecesse Isaque em holocausto (Gênesis 22) e,
vendo que tanto Abraão quanto Isaque seriam obedientes ao Seu pedido, Ele
enviou o anjo do Senhor, e por sua obediência, o Senhor lhe abençoou de tal
forma dizendo que, “deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a
tua semente como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar;
e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos; e em
tua semente serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à
minha voz” (Gênesis 22:17-18).
Em revelação direta a Joseph, o Senhor esclareceu, em D&C 132:34-36, que
“Deus deu a ordem a Abraão e Sara entregou-lhe Agar como esposa. E por que
ela o fez? Porque essa era a lei; e de Agar descendeu muita gente. Isso, portanto,
foi para o cumprimento, entre outras coisas, das promessas. Estava Abraão,
portanto, sob condenação? Em verdade vos digo que não; porque eu, o
Senhor, dei-lhe essa ordem. Foi ordenado a Abraão que sacrificasse seu
filho Isaque; não obstante, estava escrito: Não matarás. Abraão, contudo, não se
negou e isso lhe foi imputado por retidão.”
A Bíblia nos traz um capítulo inteiro – Gênesis 23 – sobre Abraão
adquirindo o local onde Sara foi enterrada em Canaã, a terra prometida pelo
Senhor onde a matriarca do convênio abraâmico descansou seu corpo, onde
mais tarde se tornaria a terra da herança dos judeus.
AGAR
Referências nas escrituras: Gênesis 16; 21:9-17; 25:12; Gálatas 4:24, 25.
Agar era egípcia e a criada principal de Sara, esposa de Abraão (Gênesis
12:16). A tradição judaica diz que Agar foi presenteada como assistente de Sara
pelo faraó enquanto Abraão e Sara eram prisioneiros e conhecidos como
irmãos. Agar amava Sara e converteu-se ao seu Deus e escolheu tornar-se sua
serva ao invés de permanecer na casa do faraó adorando deuses egípcios. Agar
também é querida por muçulmanos, que acreditam que Muhammad era
descendente de seu filho Ismael. Em Gênesis 15, o Senhor prometeu a Abraão
que ele teria grande posteridade, mas Sara ainda não poderia ter filhos. Quando
ela percebeu que, em seu entendimento da promessa, não poderia lhe dar filhos,
ela ofereceu Agar como segunda esposa de seu marido.
Em Gênesis 16, o Senhor revelou a Agar o sexo, nome e a futura missão de
seu filho e a grande nação que dele viria. Ele a conhecia como filha, e seu
conhecimento Dele a tornou livre. Ela sabia que o Senhor tinha um plano para
ela e a via como filha. O Senhor prometeu a ela que sua posteridade se
multiplicaria, assim como Ele havia prometido a Sara com o convênio
abraâmico. Mas, após Agar dar um filho a Abraão, ela desprezou Sara, achando
que agora ela carregava a promessa do Senhor para Abraão, e o relacionamento
das duas mulheres mudou (Gênesis 16:5), e houve ciúmes de uma com a outra,
o que abalou a paz na casa de Abraão.
Anos se passaram até Sara receber a visita dos três homens santos e o
milagre da concepção de Isaque. No desmame de Isaque (Gênesis 16), Abraão
fez uma festa, e Ismael, já adolescente (Gênesis 17:25), “zombava” da situação, o
que fez com que Sara pedisse a Abraão que Agar e seu filho se mudassem para o
bem futuro do relacionamento entre irmãos e para o cumprimento da promessa
do Senhor a Abraão através de Isaque, após anos de atritos entre Sara e Agar.
Abraão sentiu profunda tristeza e buscou o Senhor em oração, e recebeu a
resposta de ouvir Sara e que Agar e Ismael ficariam bem e dele viriam muitas
nações. Abraão, de coração partido, preparou todas as providências para a
viagem de Agar e Ismael. O Senhor também abriu os olhos de Agar, e ela teve
uma visão de uma fonte onde ela e o filho bebiam da água e viveriam (Gênesis
21:19-20), ou seja, ela recebeu a resposta que o Senhor concordara com a
mudança. Ela e Ismael partiram então em direção à terra de Paran, e anos mais
tarde, Ismael acabou se casando com uma mulher egípcia (Gênesis 21:21).
A Bíblia nos diz que Ismael teve doze filhos homens. “E estes são os nomes
dos filhos de Ismael, pelos seus nomes, segundo as suas gerações: o primogênito
de Ismael era Nebaiote, depois Quedar, e Adbeel, e Mibsão, e Misma, e Dumá, e
Massá, Hadade, e Tema, Jetur, Nafis, e Quedemá. Esses são os filhos de Ismael, e
esses são os seus nomes pelas suas vilas e pelos seus castelos; doze príncipes
segundo as suas famílias” (Gênesis 25:13-16).
No Islã, Agar é querida, embora ela não seja mencionada no Corão, apenas
como “filha de um Rei” que fora capturada e entregue ao Egito como escrava, e
mais tarde dada a Abraão como esposa. A tradição islâmica também confirma
que Abraão enviou Agar e Ismael ao deserto para testar se continuariam
obedientes aos mandamentos.
A grande maioria pensa que Agar foi injustiçada grandemente por Sara e
Abraão ao ser enviada com Ismael ao deserto, e que sua rebeldia nada tinha a
ver com as bênçãos do Senhor. Agar foi uma mulher corajosa a qual o Senhor
amava. Ele pessoalmente falou a ela duas vezes e a abençoou com grande
posteridade, tanto quanto Ele o fez a Abraão e Sara. Sara a amava tanto que a
escolheu para dar posteridade ao marido. Agar escolheu ser orgulhosa e dura
com Sara, o que levou a Agar e Ismael precisarem deixar a casa de Abraão, mas
ela partiu não mais como escrava, e sim como mulher livre e mãe de um homem
que lhe daria grande posteridade.
As duas vezes em que o Senhor falou com Agar foi num poço. A primeira,
para lhe dar instrução e paz de que Ele a conhecia e amava. A segunda, quando
ela e Ismael já estavam no deserto no caminho de volta ao Egito, Ele a
relembrou de suas muitas bênçãos que havia tido e continuaria tendo.
A história de Agar traz o ensinamento de que se recebemos uma bênção,
não precisamos nos gabar por ela, muito menos desprezar outros,
principalmente aqueles que nos ajudaram antes, mas também traz o lembrete
de que, cada mulher que sofre, o Senhor as conhece, sabe de suas adversidades,
e tem um plano para cada uma, e Ele nunca retira as bênçãos já dadas, a não ser
que ela mesma a perca por escolha própria e/ou falta de retidão.
Ismael, considerado o filho de Abraão nascido da carne, e Isaque, o filho de
Abraão nascido da promessa. Conforme Paulo usou a história de Agar (Gálatas
4:21-31) sobre a diferença entre lei e graça, Agar representa assim o velho
convênio, e Sara o novo convênio do Cristianismo, num lar onde a fé prevaleceu
e o Senhor cumpriu sua promessa.
Quando Abraão faleceu, Isaque e Ismael o enterraram juntos, e não havia
animosidade entre os dois, embora houvessem sido separados para um
propósito maior (Gênesis 25:9).
REBECA
Referências nas escrituras: Gênesis 22:23; 24; 25:20-28; 26:6-
35; 27; 28:5; 29:12; 35:8; 49:31; Romanos 9:6-16.
Rebeca é mencionada na genealogia de Naor, o irmão de Abraão (Gênesis
22:20-24). Um dos filhos de Naor, Betuel, era o pai de Rebeca, irmã de Labão.
A história de Rebeca e Isaque é repleta de beleza e romantismo. Acima de
tudo, Rebeca sabia quem ela era. Sem ela, a casa de Israel não teria existido. Ela
sabia quais eram suas responsabilidades perante as promessas do Senhor,
entendia as bênçãos do Sacerdócio e fez o que pôde para que a promessa do
Senhor se manifestasse através de seu esposo, Isaque, e de seus filhos,
especialmente Jacó.
Após o falecimento de Sara, Abraão, já em idade bem avançada, enviou seu
servo em busca de uma esposa para seu filho Isaque. O requisito é que fosse
alguém da família de seu irmão, Naor, que vivesse os convênios feitos com o
Senhor. Eliezer, o servo, ficou apreensivo, mas Abraão explicou que o Senhor
estava preparando alguém entre a descendência de seu irmão para seu filho.
Com fé que ele encontraria esta mulher, e o mais difícil, que ela aceitaria segui-
lo em tão curto prazo, ele partiu, viajando centenas de milhares de quilômetros
através do deserto. Quando Eliezer finalmente chegou à cidade de Naor, ele
parou com seus camelos para descansar num poço na entrada da cidade.
No final da tarde, as mulheres normalmente iam aos poços artesianos para
coleta de água, e entre muitas delas, ele pediu ao Senhor que apontasse aquela
que Ele havia preparado, e que lhe ajudaria a matar a sede de seus camelos
(Gênesis 24:12-14).
Imediatamente após sua oração, Rebeca chegou ao poço. Ele não sabia que
ela era quem era. Filha de Betuel, este, filho de Micah, esposa de Naor, irmão de
Abraão. A tradução de Joseph Smith de Gênesis 24:16 (9) diz que “e a donzela
era muito formosa à vista, virgem, a qual o servo de Abraão não havia visto, nem
qualquer outro homem havia conhecido”. Quando ela se aproximou, ele lhe
pediu um pouco de sua água para tomar. Ele não baseou sua busca na beleza e
apresentação, mas no coração e nas maneiras, segundo o convênio abraâmico
que havia lhe sido ditado previamente por seu senhor. Rebeca, graciosamente,
ofereceu água não somente a ele, mas continuou colhendo água do poço até que
todos os seus camelos estivessem saciados.
Ele tinha uma caravana de dez camelos que precisavam, cada um, de trinta
e cinco galões de água. Isso significa que ela deve ter colhido pelo menos uma
centena de baldes cheios de água do poço. Ela simplesmente colheu água para
todos eles sem sequer perguntar se ele gostaria que ela o fizesse. Eliezer era o
servo de confiança de Abraão, as escrituras nos dizem que ele era inteligente,
obediente e prudente. Ele, extremamente surpreso pela atitude de Rebeca, não
perdeu tempo e contou a Rebeca quem ele era, de onde tinha vindo. Ele também
foi totalmente honesto com Rebeca sobre seu propósito. Então, lhe perguntou
quem ela era. Tamanha foi sua surpresa quando ela respondeu, uma resposta
incrível direta do Senhor às suas orações.
Eles então se dirigiram à casa dos pais e família de Rebeca. Eles
entenderam que o pedido viera do Senhor, e perguntaram se ela iria com ele na
manhã seguinte, e ela respondeu: “Irei”. Após tentarem racionalizar pedindo
que o servo aguardasse mais uns dias, acabaram concordando que Rebeca
poderia ir, após o servo de Abraão entregar a eles os muitos presentes que
Abraão havia enviado. Juntamente com seu pai Betuel, seu irmão Labão deu
uma bênção a Rebeca na hora da partida, e ela seguiu caminho com o servo de
Abraão rumo a encontrar-se com Isaque.
Como uma donzela, em torno de seus vinte anos de idade, assim como sua
sogra, Sara, ela era uma das mais belas mulheres existentes, amável,
trabalhadora, membro de uma família de crentes ao Senhor. O trabalho árduo
de carregar água suficiente para dez camelos mostra que ela não se esquivava
das tarefas domésticas. Mulher de fé, seus melhores atributos se mostraram na
resposta à abordagem de Eliezer, em seu serviço a ele e em sua disposição de
acreditar e agir. Ela era modesta, franca, bondosa, tinha grande energia e fé,
além de conhecer o convênio abraâmico e ter crescido vivendo-o.
Elaine S. Dalton disse sobre a história de Isaque e Rebeca: “Rebeca era
digna e estava preparada para fazer e guardar convênios sagrados e de se
tornar a esposa de convênio de Isaque. Ela não teve que esperar e preparar-se.
Antes de sair do convívio de sua família, ela recebeu uma bênção, e as palavras
me emocionam, porque lhe foi prometido que ela se tornaria ‘mãe de milhares
de milhões’. Mas a melhor parte dessa história de amor foi quando Rebeca viu
Isaque, e ele a viu, pela primeira vez. Não está escrito na Bíblia, mas acho que foi
amor à primeira vista! Porque “a virtude ama a virtude; [e] a luz se apega à luz”
(10). (D&C 88:40) Quando Isaque saiu para encontrar-se com a caravana,
Rebeca ‘desceu do camelo’. E a escritura diz ‘ela foi-lhe por mulher, e Isaque
amou-a’ (Gênesis 24:64). É nesse ponto que eu suspiro!”.
Rebeca ecoa as palavras de Néfi perante uma situação de difícil decisão. 1
Néfi 3:7 relembra-nos, “Eu irei e cumprirei as ordens do Senhor, porque sei que
o Senhor nunca dá ordens aos filhos dos homens sem antes preparar um
caminho pelo qual suas ordens possam ser cumpridas”. A resposta e as atitudes
de Rebeca demonstram que ela não somente tinha uma fé tamanha e era
obediente, mas também que estava preparada, totalmente pronta para agir
perante o chamado que recebera. Ela havia vivido o Evangelho por toda sua
vida, e conhecia as promessas do Senhor para Seu povo, e não pestanejou
quando o Senhor lhe chamou para ser a esposa de um profeta, e mãe de muitas
nações.
O tempo passa e Isaque preocupava-se por sua esposa devido ao fantasma
da infertilidade. Rebeca e Isaque se casaram após a morte de Sara. Logo após,
Abraão casou-se novamente com uma mulher chamada Quetura. Quetura gerou
mais seis filhos a Abraão, e Gênesis 25 nos diz que todos eles nasceram antes
que Rebeca pudesse gerar qualquer filho de Isaque. Rebeca estava com
quarenta anos quando finalmente engravidou, e foi uma gravidez conturbada. O
mesmo capítulo de Gênesis diz que ela inquiria constantemente ao Senhor em
sua gravidez, muitas vezes aos prantos, porque seus “filhos lutavam dentro
dela; então disse: Se assim é, por que estou eu assim? E o Senhor lhe disse: Duas
nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um
povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor. E
cumprindo-se os seus dias para dar à luz, eis que havia gêmeos no seu ventre”. E
assim, nasceram: o primeiro a nascer foi Esaú. O segundo, Jacó, e o coração de
Rebeca como mãe se acalmou tamanha sua alegria, mas ela guardou as palavras
do Senhor sobre o chamado posterior de Jacó.
Quando Rebeca nasceu, sua mãe adoecida, deixou que Debora, sua
enfermeira, a amamentasse e cuidasse dela. Independentemente das
circunstâncias que levaram àquela escolha, Debora e Rebeca eram próximas, e
Debora acompanhou Rebeca quando ela se casou com Isaque, ajudando-a a
cuidar de Esaú e Jacó.
As divergências entre os gêmeos baseavam-se no temperamento,
ocupação e aspirações religiosas. Isaque amava Esaú, que era o típico menino
levado, que gostava das coisas de menino, bom na caça, na pesca, mas este se
deliciava com as tentações carnais. Rebeca amava Jacó, e direcionou sua vida a
ajudá-lo a cumprir a preordenação na Casa de Israel conforme o Senhor lhe
havia revelado. Rebeca indagou o Senhor muitas vezes sobre as bênçãos
reservadas a Jacó e Esaú, e seu papel foi imprescindível na realização do
mandamento divino. Rebeca buscou revelação direta do Senhor por toda sua
vida, como donzela, esposa, e agora mãe, e avó do que seria posteriormente, o
Povo do Convênio. Ela conhecia seus filhos, e sabia que o Senhor os conhecia
ainda mais.
Na tradição judaica, Rebeca é chamada da “Leoa guardiã do convênio da
casa de Israel” (11). Quando Rebeca ouviu de Isaque, já ancião e cego, que ele
desejava transferir a Esaú os direitos de primogenitura, Rebeca soube que ele
cometeria um erro. Esaú não vivia os convênios há tempos e havia se casado
fora do convênio com várias mulheres, entregando-se aos prazeres carnais, e
ela sabia que suas esposas não ensinariam seus netos nos caminhos do Senhor,
e o povo do convênio sequer existiria como prometido a Isaque e a ela pelo
próprio Jeová, ou seja, ela sabia que Esaú não perpetuaria o Convênio
Abraâmico. Afinal, o Senhor havia lhe revelado, na gravidez, sobre quem o
direito de primogenitura deveria recair: “o maior servirá o menor”. Em hebreu,
isso traduz que o mais velho servirá o mais novo.
Ela foi corajosa e disse a Jacó para preparar a carne de dois cabritos para
que Isaque o abençoasse antes de sua morte (Gênesis 27:9-10), exatamente
como Esaú fazia normalmente para o pai com suas caças. Jacó sabia que seu pai
o distinguiria facilmente de Esaú e não queria sentir que estaria enganando o
pai, mas seguiu a ordem da mãe. Ela cuidadosamente vestiu Jacó com as roupas
de Esaú, preparou o guisado que Isaque tanto gostava e, como guardiã do
convênio, sob ordem divina que acreditava ter recebido diretamente do Senhor
na gravidez dos gêmeos, ela queria ajudar o esposo patriarca a decidir o destino
da Casa de Israel. Isaque pediu que seu primogênito lhe beijasse, e Jacó, no lugar
de Esaú, o fez. Enquanto se abraçavam, Isaque não teve dúvidas, e abençoou
Jacó com sua bênção patriarcal.
Podemos então pensar que Isaque foi enganado pela própria esposa e
abençoou Jacó pensando que ele fosse Esaú, ou podemos concluir que, em seu
coração, ele sabia que Esaú, embora fosse seu preferido, não era o preferido do
Senhor. Isaque era um pai que tinha esperança que Esaú, que reunia tantas
qualidades como líder, já possuía várias esposas e havia começado sua prole,
pudesse voltar e tomar parte na promessa do convênio abraâmico. Mas, não
havia mais tempo. A morte logo chegaria, e sua bênção seria importante para
que seus filhos soubessem o que fazer. Tanto é que o Senhor tornou válida a
bênção de Isaque sobre Jacó. Após isso, quando a verdade veio à tona e Esaú se
zangou grandemente e demonstrou remorso por ter trocado sua primogenitura
pelo prato de lentilhas lhe oferecido por Jacó em troca de sua primogenitura, e a
verdade também foi apresentada a Isaque, embora pudesse, ele se recusou a
revogar a bênção que havia dado a Jacó, concordando que ele estava pronto
para cumprir as promessas para o povo do Senhor.
Jacó recebeu a bênção patriarcal de seu pai, Isaque, no leito de sua morte.
Temendo sobre sua vida devido à reação de Esaú, Rebeca o enviou ao seu irmão
Labão com outra intenção além de sua proteção. Ela sabia que, para que o
convênio abraâmico permanecesse, Jacó teria que se casar dentro do convênio,
e isso aconteceria somente através de sua própria família. Ela havia vivido os
convênios do Senhor sua vida toda e preparado seus filhos para serem dignos
portadores do Sacerdócio honrando seus convênios, mas um deles desprezou
seus ensinamentos. Isaque, após a bênção dada a Jacó, concordou com Rebeca
que ele deveria buscar uma esposa na casa de Labão, e ele se foi. Isaque faleceu
logo após.
Jacó teve sua própria história com Lia e Raquel, mas casou-se dentro do
convênio, e foi pai de José e Efraim através da promessa dada a ele, da mesma
forma quando, anteriormente, aconteceu a Sara e Abraão, e “foi através dele que
o convênio abraâmico continuou” (Gênesis 28:1-4), conforme revelado a sua
mãe Rebeca. A venda da primogenitura de Esaú a Jacó desqualificou Esaú como
primogênito perante os olhos do Senhor, de sua mãe, e finalmente, de seu pai.
Julie B. Beck, ao falar de Rebeca, disse que cada mulher obediente ao
Senhor e fiel aos convênios eternos é um elo entre gerações (12). Ao escolher
nossa missão, temos poder e influência, e o Senhor depende de nós. Sem uma
Rebeca que entendia as bênçãos do sacerdócio, a Casa de Israel não teria
sobrevivido, principalmente depois que as tribos se perderam.
LIA E RAQUEL
Referências nas escrituras: Gênesis 29; 30; 31; 33:1, 2, 7; 35:16-
26; 46:19, 22, 25; 48:7; Rute 4:11; 1 Samuel 10:2; Jeremias 31:15; Mateus 2:18.
Rebeca e Isaque enviaram Jacó à casa de Labão, irmão de Rebeca, receosos
de que Esaú fizesse algo contra o irmão, após Jacó ter recebido a primogenitura
de Isaque em seu lugar, e também para que ele encontrasse e se casasse com
uma mulher temente a Deus que vivia Seus convênios, perpetuando assim o
convênio abraâmico.
Jacó acabou ficando por bastante tempo com seu tio Labão, e se casou com
duas de suas filhas, Lia e Raquel. Mesmo após casar-se com as duas, ele
trabalhou como pastor de ovelhas de Labão por muitos e muitos anos.
A história começou quando Jacó chegou em Haran e encontrou sua prima,
Raquel, no poço de Labão saciando a sede das ovelhas de seu pai. Foi amor à
primeira vista para Jacó. O Talmud diz que quando ele a viu, ele a beijou e
imediatamente pediu sua mão em casamento, e ela aceitou (13) – igual ao seu
pai quando viu Rebeca! Trabalhando para Labão, Jacó ganhava algum
pagamento. Embora Labão nunca o tenha pago honestamente, ele concordou
em servir o tio por sete anos com a condição de que, ao final daquele tempo,
Labão concordasse e lhe deixasse casar com sua filha Raquel. Ele foi paciente e
trabalhou incansavelmente por sete anos.
No dia do casamento, Labão o enganou, e na “tenda nupcial”, colocou Lia, por
ser mais velha, ao invés de Raquel. Na
manhã seguinte, quando Jacó percebeu que fora cruelmente enganado pelo
próprio tio, ele rebelou-se contra Labão, pois havia trabalhado os sete anos por
Raquel, não por Lia! Mas Labão informou que a filha mais nova não poderia se
casar antes da primogênita, então ele propôs a Jacó que se ele completasse os
sete dias da festa de casamento com Lia, mantivesse-a como esposa, e
trabalhasse para ele por mais sete anos, ele lhe daria a filha Raquel também.
Jacó não tinha outra escolha. Lia, então, teve Jacó por sete dias. Ao final daquela
semana, Jacó casou-se com Raquel também, e começou sua jornada de mais sete
anos de trabalho para Labão.
Embora Jacó amasse Raquel mais do que Lia, Lia o amava genuinamente.
Conforme as escrituras, vemos que Raquel tornou-se ciumenta, amarga e muitas
vezes petulante em relação à irmã, Lia, que foi desprezada por Jacó. Lia, porém,
foi definitivamente lembrada pelo Senhor, que lhe concedeu a bênção da
fertilidade, enquanto Raquel foi infértil por muito tempo. As duas irmãs
sofreram de uma forma ou outra. Enquanto Raquel sofreu com a infertilidade e
buscava ter filhos, Lia sofreu com o desprezo e buscava a atenção e amor de
Jacó.
Tamanho era o sofrimento de Raquel, que ela chegou a implorar a Jacó,
“Dá-me filhos, senão morro” (Gênesis 30:1). Jacó irou-se, perguntando-lhe se ele
por acaso era Deus para “impedir o fruto de teu ventre?”. Raquel, então, decidiu
dar a ele sua serva, Bila, para que esta parisse filhos de Jacó, assim como Sara
havia oferecido Agar a Abraão. Bila deu a Jacó um filho, Dã, e um segundo, que
Raquel nomeou Naftali. Raquel, quando viu que Lia não podia mais ter filhos
após o quarto filho Judá, tomou a serva de Lia, Zilpa, e também deu-lhe a Jacó.
De Zilpa e Jacó nasceram Gade, e após, Aser.
Um dia, o filho mais velho de Lia, Rúben, achou mandrágoras no campo e
trouxe algumas para sua mãe Lia – essas ervas eram conhecidas na antiguidade
como remédio para infertilidade. Raquel aprendeu sobre a erva e pediu algumas
a Lia. A rivalidade entre as irmãs era mais que somente o ciúme de Jacó. Em
suas mentes, elas pensavam que casando-se com ele e gerando seus filhos, elas
desenvolveriam uma relação mais íntima com Deus, entrando para a história da
Casa de Israel ao serem mães das muitas gerações que propagariam o convênio
abraâmico. Lia acabou contando a Jacó das mandrágoras, e juntos tiveram um
quinto filho, Issacar, depois mais um – Zebulom e, novamente, uma filha, que
chamou de Diná. Lia, portanto, concebeu sete filhos de Jacó. Jacó, por sua vez,
mais tarde foi chamado de Israel pelo Senhor, e os seis homens, filhos dele e Lia,
tornaram-se reis de seis das doze tribos de Israel (Gênesis 29:32-35; 30:16-21).
Lia continuou paciente e esperançosa, sempre aguardando que Jacó amansasse
seu coração e lhe amasse. Segundo as escrituras, Lia não era bonita como
Raquel, mas tinha o olhar meigo e o coração bom. Lia foi excelente mãe, criando
seus filhos sob o sagrado convênio abraâmico. Após todos os filhos nascidos de
Lia, Bila e Zilpa – estas duas últimas provavelmente não tinham direitos sobre
seus filhos sendo criadas e estavam sob ordens de Raquel - Raquel finalmente
engravidou, para sua alegria e também de Jacó. Seu primeiro filho, “chamou o
seu nome José” (Gênesis 30:24), e ele se tornou o grande José do Egito.
Após o nascimento de José, Jacó, após trabalhar para Labão muito mais
que sete anos, desejou deixar a casa do sogro com sua grande família e retornar
à terra de seus pais, mesmo que ainda corresse risco de Esaú atentar contra sua
vida. Apesar de ser empregado de Labão, ele estava em posição financeira
melhor que o sogro, o que despertava a exploração de Labão em grande escala,
portanto, quis buscar assim sua independência (Gênesis 31:2). Ele propôs um
conselho de família, conforme nós mesmos como membros de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias somos ensinados a fazer. Como o patriarca
da família, ele literalmente pediu a opinião de suas esposas, Lia e Raquel, e
ambas concordaram que era hora de mudança. E assim, partiram.
Jacó, preocupado com a ameaça antiga de Esaú, decidiu que lhe daria
presentes, e pediu aos seus servos que separassem um rebanho de cabras,
ovelhas, camelos, bois e cavalos para que, quando chegasse de volta a Canaã,
seus servos haveriam já presenteado Esaú, na tentativa de amenizar qualquer
mau sentimento antigo que existisse entre os dois. Ele dividiu suas caravanas,
enviando Lia e os filhos primeiro, e depois Raquel e José. Quando finalmente
Esaú viu Jacó, Esaú, feliz por ver o irmão, correu e lhe abraçou, beijou-o e,
juntos, choraram (Gênesis 33:4). Felizmente, Esaú fez bem-vinda a família de
Jacó.
(Continue lendo sobre Lia e Raquel no próximo capítulo.)
DINÁ
Referências nas escrituras: Gênesis 34:1-31
Duas grandes tragédias abateram a vida das irmãs Lia e Raquel. Na terra
da infância de Jacó, após voltarem e se estabelecerem como família, a filha mais
nova de Lia e Jacó, Diná, foi estuprada. Mais tarde, Raquel engravidou
novamente, e no momento do parto de Benjamim, morreu enquanto lhe dava à
luz.
Os irmãos de Diná, furiosos ao saber o que havia acontecido com a irmã,
exterminaram todos os homens de uma cidade após seu estupro (Gênesis 34:1-
2). Diná era a única filha nascida de Lia e Jacó e tinha onze irmãos. Ao
retornarem a Canaã, Diná foi passear um dia “com outras filhas da cidade”,
provavelmente jovens de sua idade, ao centro comercial para comprar tecidos e
outras coisas. Enquanto no centro comercial da cidade, o príncipe chamado
Shechem, tomou-a em seu recinto e estuprou-a. No passado, alguns estudiosos
já a consideraram culpada pelo acontecido por ter sido inocente e ido sem
proteção à cidade, mas a tradução do acontecimento é clara: o príncipe a tomou
à força, usando violência, basicamente sequestrando-a. Mesmo que mais tarde
leiamos que Shechem se apaixonou por ela, isso não desculpa seu
comportamento.
Infelizmente, o que aconteceu a Diná foi o mesmo que poderia ter
acontecido a Sara e a Rebeca, quando tomadas como prisioneiras juntamente
com seus maridos, Abraão e depois Isaque, e estes precisaram mentir dizendo
que eram seus irmãos para poderem protegê-las e salvá-las. Diferente das
matriarcas, porém, Diná não teve proteção, assim como Cristo sofreu no
Calvário até a cruz. O abuso sexual não é algo que nos faz crescer ou que seja
necessário, assim como a tortura ao Salvador também não o era.
O restante da história de Diná é contada por Simeão e Levi, seus irmãos.
Após o estupro de Diná, ela foi mantida como cativa na casa do Rei, e o pai de
Shechem ainda foi a Jacó e pediu que ele oferecesse a filha ao seu filho como
esposa, e ele lhe pagaria o preço. Jacó ficou extremamente ofendido, pois sua
filha havia sido tomada à força e deflorada, e também sabia do interesse do Rei
em suas posses. Simeão e Levi, furiosos, intercederam na conversa e disseram
ao rei que dariam as filhas deles aos homens de Shechem se todos eles,
incluindo Shechem, fossem circuncidados. O Rei voltou e contou aos homens da
guarda dele e do filho, mas quando eles concordaram, Simeão e Levi se viram
em um beco sem saída, pois blefaram achando que eles não aceitariam, e assim
teriam sua irmã de volta. Eles, então, visitaram a propriedade do Rei e seu filho
Shechem, e exterminaram a todos enquanto ainda estavam se recuperando das
cirurgias de circuncisão, e resgataram Diná da casa de Shechem onde ela estava
cativa.
Jacó, desesperadamente infeliz com as ações dos filhos e temendo que eles
perdessem todas as bênçãos guardadas para a Casa de Israel como povo do
convênio, anos mais tarde, em sua bênção patriarcal, a eles falou claramente de
sua crueldade e derramamento de sangue (Gênesis 49:5, 7). Infelizmente, nada
mais é dito sobre Diná. Assim como muitas das vítimas de abuso sexual em
nossos dias vivem uma vida reclusa, muitas vezes dadas à depressão e dor
profunda na alma, guardou-se até o final de seus dias. Talvez não, mas não
sabemos se ela constituiu família, se teve filhos e se conseguiu sair de sua triste
realidade. Sabemos com certeza, porém, que seu pai e irmãos protegeram-na de
alguma forma até o final de seus dias.
Quando Raquel faleceu ao dar à luz Benjamim, a família estava a caminho
entre Bethel e Efrata e, por falta de tempo e recursos, ela precisou ser sepultada
no caminho, próximo a Belém (Gênesis 35:19). Jacó fez-lhe uma coluna de
pedras. Séculos mais tarde, a tribo de Benjamim herdou as terras ao redor, e o
lugar derradeiro onde a mãe Raquel estava sepultada foi marcado, e foi o
mesmo local onde Jesus Cristo nasceu.
Lia também morreu antes de Jacó, mas foi enterrada juntamente com os
demais da família, incluindo Abraão, Sara, Isaque e Rebeca. Anos mais tarde,
Jacó foi enterrado pelos filhos na mesma caverna juntamente a ela (Gênesis
49:31). Lia havia finalmente conseguido estar ao lado de seu amado, mesmo que
fosse após a morte.
AZENATE
Referências nas escrituras: Gênesis 41:45, 50; 46:20.
Jacó passou o direito da primogenitura a José, conforme instrução do
Senhor, já que ele era o primogênito natural dele e Raquel. Ele o amava, pois era
o filho de sua velhice (Gênesis 37:3) e lhe costurou uma túnica de muitas cores.
Enquanto os outros filhos se tornaram violentos e, ciumentos, odiavam o irmão,
José era digno, obediente e disposto a continuar os convênios de seus amados
patriarcas.
A história continua. Sabemos em um ponto, que seus próprios irmãos
planejaram sua morte. Como o plano não foi unânime, por fim decidiram por
sua venda como escravo ao Egito. Lá, José ficou famoso por interpretar os
sonhos com profecias que mais tarde se concretizaram, e assim acabou
ganhando a confiança do faraó e se tornando seu conselheiro. Quando José
interpretou o sonho das sete vacas gordas e sete vacas magras, e os
acontecimentos que se seguiram confirmaram suas profecias, o faraó deu-lhe
Azenate como presente.
O pai de Azenate era um sacerdote pagão, e ela havia sido ensinada a
adorar os deuses egípcios, mas quando ela viu José que visitou seu pai a mando
do faraó, imediatamente se apaixonou por ele. José, por sua vez, ciente da
necessidade de se casar dentro do convênio, abençoou-a, foi gentil com ela, mas
descartou a possibilidade de tê-la como esposa.
Azenate, inconsolável, voltou para seu quarto e puniu a si mesma. A
tradição judaica nos revela que ela retirou todas as suas joias caras e as jogou
pela janela, cobriu-se com trapos e cinzas e ficou sete dias e sete noites sem
comer (14). No oitavo dia, ela orou como sabia a Deus para que lhe perdoasse
de ter adorado os deuses do Egito. O evangelho apócrifo de José e Azenate (15)
descreve que uma luz apareceu, um anjo do Senhor chamou-a pelo nome. O anjo
lhe disse que o Senhor aceitara sua confissão, e que a partir daquele dia ela teria
vida nova. O anjo ainda lhe pediu que se vestisse como noiva e iria avisar José, e
foi. Por convite do anjo do Senhor, José retornou a casa do sacerdote, e viu que
Azenate estava completamente diferente e convertida ao Deus de Israel. E se
casou com ela.
Mais tarde, sabemos da história de José. Ele se tornou o governador de
todo o Egito, e acabou salvando os irmãos – sim, mesmo após eles o terem
vendido, José os perdoou e demonstrou extrema felicidade em encontrá-los – e
todos os parentes. José também escapou da sedução pela esposa de Potifar. Ele
nunca se esqueceu de sua aliança entre o Senhor e o povo de Israel, e continuou
o convênio quando se casou com a filha do sacerdote de Om, Azenate. Ela
concebeu dois filhos de José, Efraim e Manassés, que formaram as duas últimas
tribos de Israel.
Se continuarmos a leitura do Velho Testamento, vemos que, após mais de
dois séculos, o povo tornou-se escravo novamente no Egito, e foi então libertado
por Moisés, filho de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi. Como vemos acontecer
com muitas de nós mesmas, Lia e Raquel viveram sob ciúmes e dor, mas foram
corajosas e mantiveram a confiança e fizeram o que sabiam para manter o
convênio com o Senhor, amando Jacó, e construindo com ele a Casa de Israel.
Azenate também foi valente em seu testemunho após sua conversão, e foi
excelente mãe de duas das mais importantes tribos de Israel que têm feito
milagres na congregação das tribos hoje, Efraim e Manassés.
RUTE E NOEMI
Referências nas escrituras: Rute 1-4, Mateus 1:5.
O livro de Rute nos conta em seus capítulos que, na época dos juízes,
Elimeleque, da tribo de Judá, emigrou para Moabe com sua esposa Noemi e seus
dois filhos, Malom e Quiliom. Após sua morte, seus filhos se casaram com duas
mulheres moabitas, Rute e Orpa. Ambos morreram, e Noemi ficou desamparada
e voltou para Israel. Ela disse às noras que poderiam ir para onde quisessem já
que não estavam casadas com seus filhos. Orpa ficou em Moabe, mas Rute
decidiu partir com Noemi.
Boaz, que era da família de Elimeleque, interessou-se por Rute, casaram-se
e tiveram um filho, Obed, que gerou a Jessé, que gerou a Davi, que mais tarde se
tornou rei e pai de Salomão e, gerações mais tarde, Jesus Cristo também dele
descendeu.
Com a perda do marido e dos filhos, Noemi havia se tornado amarga e
inconsolável, mas Rute era apegada à sogra e a amava como verdadeira amiga.
As grandes tragédias que atingiram Naomi, aparentemente impensadamente,
levantam a velha questão da justiça de Deus em permitir que o inocente sofra. O
autor de Ruth artisticamente levanta este tema quando Noemi responde aos
seus amigos há muito perdidos: “Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi;
chamai-me Mara, porque grande amargura me deu o Todo-Poderoso. Cheia
parti, porém vazia o Senhor me fez retornar; por que, pois, me chamareis
Noemi? Pois o Senhor testifica contra mim, e o Todo-Poderoso
me fez tanto mal.” (Rute 1: 20–21). Embora o lamento de Noemi não acuse
diretamente a Deus, ele certamente se queixa da injustiça de sua situação e
implica que Deus é injusto. Sua queixa não é abordada neste ponto da história,
mas
é totalmente resolvida quando Noemi louva a Deus no meio da história,
bem como quando seus amigos o elogiam no final de a história. A relação
exemplar das duas mulheres ecoa através dos tempos como verdadeira
irmandade divina. Dois dos versos mais tocantes da história das matriarcas
bíblicas, em Rute 1:16-17, traduz o amor de Rute por Noemi: “Não me instes
para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores, irei
eu, e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o
teu Deus é o meu Deus; Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei
sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a
morte me separar de ti”.
Tocada pelo amor da nora, Noemi aceitou que Rute a acompanhasse. E,
juntas, seguiram caminho até Belém.
Rute tornou-se viúva muito jovem e, pela lei levítica da época, Boaz estava
após outro homem na linhagem familiar por direito. Mas quando a viu, ele quis
muito cuidar dela e de Noemi, conforme Rute lhe pediu. Aliás, ela praticamente
o pediu em casamento, quando disse, “estende, pois, a aba do teu manto sobre a
tua serva, porque tu és o remidor”. Boaz era um homem honesto. Ele sabia que
havia outro remidor que, por direito, poderia casar-se com Rute, e no dia
seguinte foi perguntar a ele se gostaria de fazê-lo, mas o homem negou que
pudesse, senão sua esposa e filhos perderiam sua herança. E Boaz então tomou
Rute por mulher, e “o Senhor lhe fez conceber, e ela deu à luz um filho” (Rute
4:13), Obede.
Rute escolheu seu amor após a tragédia da morte de seu esposo. E Boaz
fez-lhe bem-vinda juntamente com sua sogra. A fidelidade e cuidado de Rute em
relação à Noemi demonstra a verdadeira conversão de Rute. Se ela tivesse
ficado em Moabe com Orpa, poderia ter retornado a Baal, conforme a velha
tradição da crença de seu povo, mas ela foi determinada a seguir Jeová,
identificando-se completamente com o povo do convênio, e tornando-se, assim,
ascendente direta de Jesus Cristo.
Boaz trouxe o exemplo de cavalheirismo e honestidade de um homem.
Rute, por sua vez, com o nascimento de Obede, encontra-se como uma das
matriarcas eleitas na genealogia de Cristo.
A redenção de Rute foi realizada por causa de vários fatores. Primeiro, ela
escolheu entrar no convênio, tanto com Noemi como com o Senhor. Esses
convênios deram-lhe acesso às bênçãos do Senhor e direito ao Redentor. Sem
essa aliança, Rute não era elegível para redenção. Tendo feito o pacto, Boaz foi
obrigado a redimi-la. Segundo, o Senhor embutiu em seu plano para Israel uma
maneira de libertar aqueles que não puderam se entregar. Ele providenciou um
Redentor para salvar aqueles que foram colocados em uma posição de servidão
e destituição. Terceiro, o Senhor colocou em prática um homem justo que fosse
capaz e estivesse disposto a servir como redentor de Rute. Assim, por causa de
seus convênios, do plano de Deus e da justiça de um redentor, Rute recebeu
redenção para si mesma e seus entes queridos. A descendência desta redenção
levou ao maior rei político de Israel, Davi, e ao maior libertador espiritual de
Israel, rei e Redentor, Cristo. Ela que estava disposta a salvar, e por sua vez foi
salva por outra, foi ancestral do Salvador. Não é coincidência que nosso
Redentor tenha nascido de uma linhagem de redenção.
Gentia por nascimento, escolhida e convertida por escolha, seu exemplo de
lealdade, modéstia, graça e altruísmo, virtudes que ultrapassam qualquer
racismo e discriminação de cor ou credo, constroem a personalidade
descendente resultante no sangue do convênio que correu nas veias de Jesus.
Esse sangue dos gentios que perfeitamente pode ser absorvido pelo sangue do
povo do convênio atesta que o Pai não faz acepção de pessoas, e faz bem-vindos
todos os Seus filhos que Dele desejam receber e viver convênios verdadeiros.
ANA, MÃE DE SAMUEL
REFERÊNCIAS DAS MULHERES
CITADAS NO VELHO TESTAMENTO
Gênesis
Eva – Gênesis 1:26-28; 2:17-18, 22-24, 3:6, 13, 16, 20-21, 9:23; Êxodo
28:42; 2 Néfi 2:15-20; 9:9; Alma 42:4-5; D&C 138:38-39; Moisés 2:28, 3:17,
4:4, 10-12, 5:1, 11; Abraão 3:23-25.
A esposa de Noé – Gênesis 6:18, 7:7, 13, 8:15-18; Moisés 8:12.
Sarai/Sarah – Gênesis 12:1, 5, 16, 16:3, 17:15-16, 20:12, 21:6-8; 2 Néfi 8:2;
Abraão 1:30, 2:5-6, 15.
Hagar – Gênesis 16, 18:11, 21:9-21, 25:12; Gálatas 4:22-31; D&C 132: 34,
65.
A esposa de Ló – Gênesis 19:5, 8, 24, 26; Lucas 17:32.
As filhas de Ló – Gênesis 19:37,
Rebeca – Gênesis 24:58, 65, 25:27, 26:35, 27:7-10, 43, 59-67, 35:8.
Raquel – Gênesis 29:16-17, 30, 31.
Lia – Gênesis 29:16-17, 30, 31.
Bila e Zilpa – Gênesis 30, 31.
Débora, a enfermeira de Rebeca – Gênesis 24:59, 35:8.
Diná – Gênesis 34:1-2.
Tâmara – Gênesis 38:10, 24-26; Levitico 18.
Quetura – Gênesis 25:1-2, 6.
Zípora, uma das esposas de Moisés – Êxodo 4:24-26, 18:2-3.
A esposa de Potifar que tentou seduzir José – Gênesis 39.
Asenate – Gênesis 41:45, 50, 46:20.
Êxodo
Puá e Sifrá – Êxodo 1:15-22.
Joquebede – Êxodo 2:7-9; Números 26:59.
A filha do faraó que encontrou e cuidou de Moisés – Êxodo 2:6, 8-9.
Eliseba e as filhas de Aarão – Êxodo 6:23, 29; Levítico 10:14; Números
18:11, 19; 1 Crônicas 2:10.
Miriam, a irmã de Moisés – Êxodo 2:4-8, 15:20–21; Números 12:1–15, 2,
10-12, 20:1, 26:59; Deuteronômio 24:9; Miqueias 6:4.
As mulheres de coração sábio – Êxodo 35:21, 25-26
Números
As filhas de Zelofea: Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza – Números 26:33,
27:1-11, 36:2-12; Josué 17:3-6; 1 Crônicas 7:15.
A esposa etíope de Moisés – Números 12:1; D&C 132:38.
Josué
Raabe – Josué 2:6, 9, 12-14.
Juízes
Acsa – Juízes 1:12-15.
Débora – Juízes 2, 4, 8.
Jael – Juízes 4:17-22, 5:6, 24-27.
A filha de Jefté – Juízes 11:30-31, 34-35.
A mãe de Sansão – Juizes 13:3-5.
A esposa filistina de Sansão – Juízes 14:3-4.
Dalila – Juízes 15:6, 16:4-15, 17, 18.
A mãe infiel de Mica – Juízes 17:1-7.
A concubina indefesa do levita – Juízes 19:25-27.
As esposas de Benjamin – Juízes 21.
Rute
Rute – Rute; Deuteronômio 22:30; Ezequiel 16:8.
Noemi – Rute 1, 4:13-16.
Orfa – Rute 1:15.
1 Samuel
Ana – 1 Samuel 1:8; 22-24.
Mical – 1 Samuel 19:11-13, 17-18; 2 Samuel 6:23, 21:8-11.
Abigail – 1 Samuel 25:3- 43, 27:2, 30:5-18; 2 Samuel 2:2, 3:3; 1 Chronicles
3:1.
Ahinoã – 1 Samuel 30:5.
A feiticeira de Endor – 1 Samuel 28.
A esposa grávida de Fineias – 1 Samuel 4:19-22.
Penina – 1 Samuel 1:2-7.
2 Samuel
Rispa – 2 Samuel 11:4, 27; 1 Reis 1:28-31.
Bateeba – 2 Samuel 11.
A mulher sábia de Abel – 2 Samuel 20:15-19.
Tâmara, filha de Davi – 2 Samuel 13:10-12, 14, 18.
A mulher sábia de Tecoa – 2 Samuel 14:1-3.
1 Reis
A viúva de Sarepta – 1 Reis 17:9-24; Lucas 4:25-26.
A rainha de Sabá – 1 Reis 10:1-3, 10-13.
Abisague – 1 Reis 1:1-4; Cantares 6:13.
Jezabel – 1 Reis 16:31-33, 18:4, 19-39, 19:2; 2 Reis 9:30-33.
A filha do faraó (esposa de Salomão) – 1 Reis 3:1, 7:8, 9:16, 24, 11:1; 2
Crônicas 8:11.
As rainhas mães dos reis de Judá – 1 Reis 2:17-19, 15:13; Ezequiel 19:2-7;
Mosias 29:13-17.
2 Reis
A mulher sunamita – 2 Reis 4:8-37, 8:1-6.
A serva de Naamã – 2 Reis 5:2-4.
Atalia – 2 Reis 8:18, 26, 11:1-3, 13-16; 2 Crônicas 21:6, 22:2-4, 10-12,
23:12-15, 21, 24:7.
Hulda – 2 Reis 22:12-20; 2 Crônicas 34:22-28.
Jeosabeate – 2 Reis 11:2-3; 2 Crônicas 22:11.
A mulher importante de Suném – 2 Reis 4:8-10, 27-36.
A pequena criada – 2 Reis 5:2-15.
1 Crônicas
As três filhas de Hemã – 1 Crônicas 25:5-7.
2 Crônicas
Atalia, filha de Jezebel – 2 Crônicas 22:3-4, 10.
Esdras
A filha de Barzilai, o gileadita – Esdras 2:61-63; Neemias 7:63.
Neemias
As filhas de Shallum – Neemias 3:12.
Ester
Vasti – Ester 1:3, 9-19.
Ester – Ester 2:15, 17, 3-10.
Jó
As filhas de Jó: Jemima, Quezia, Querén-Hapuque – Jó 1:2, 4-5, 13-15, 42:13-
15.
A esposa de Jó – Jó 2:5-10.
Provérbios
A mãe do Rei Lemuel – Provérbios 31:1 (a descrição da mulher ideal).
Cantares de Salomão
A noiva sulamita – Cantares 6:13.
Isaías
As filhas de Sião – Isaías 3:16-26; 2 Néfi 13:16-26.
A profetiza/esposa de Isaías – Isaías 8:3-4; 2 Néfi 18:3.
Jeremias
As mulheres que oravam, ofereciam incensos e outros presentes à “Rainha
celestial” achando que o Pai Celestial não respondia suas orações e
precisavam de mais ajuda – Jeremias 44:3-27; Jonas 1:6.
Oseias
Gômer e Lo-Ruama – Oseias 1:2-9, 2, 3:1-3.
Mulheres do Novo Testamento
O Novo Testamento traz uma coleção de livros inspirados sobre a vida e
ministério de Jesus Cristo, Seus apóstolos e discípulos.
Os Evangelhos, especificamente os livros de Mateus, Marcos, Lucas e João, são
relatos da vida de Jesus Cristo.
O livro de Atos traz a história da Igreja e dos Apóstolos, especialmente as
viagens missionárias de Paulo após a morte de Cristo, e suas instruções aos
líderes e membros da Igreja. As cartas de Paulo aos Coríntios 1 e 2, Gálatas,
Efésios, Filipenses, Colossenses, Tessalonicenses 1 e 2, Timóteo 1 e 2, Tito,
Filemom e Hebreus trazem à luz mais conselhos e diretrizes do apóstolo aos
líderes e membros da Igreja cristã.
As outras cartas reúnem ensinamentos e revelações dos outros apóstolos,
Tiago, Pedro 1 e 2, João 1, 2 e 3 e Judas.
O Apocalipse, escrito pelo apóstolo João, contém a maioria das profecias e
revelações relativas aos últimos dias antes da segunda vinda de Jesus Cristo, e
após.
A seguir, algumas das mulheres citadas no Novo Testamento, enquanto Jesus
caminhou nesta terra.
MARIA, MÃE DE JESUS CRISTO
Referências nas escrituras: Mateus 1:16, 18-25, 2:11, 13-14, 20-21, 12:46-
50, 13:55; Marcos 3:31-35, 6:3; Lucas 1:26-56, 2:5-8, 16, 19, 22, 27, 34-35, 43-
51, 8:19-20, 11:27-28; João 2:1-5, 12, 6:42, 19:25-27; Atos 1:14; Gálatas 4:4.
De acordo com as escrituras, Maria era uma mulher humilde que morava
num pequeno vilarejo chamado Nazaré, descendente da tribo de Judá e
linhagem de Davi, descrita conforme a genealogia real de Mateus e humana de
Lucas. Enquanto noiva de José, filho de Eli (Lucas 3:23), o anjo Gabriel lhe
anunciou que seria mãe de Jesus (Lucas 1:28, 30), como revelado por profetas
antigos (Isaías 7:14-16; 9:6-7; Miqueias 5:2-3). A mulher que daria luz ao
Salvador, cujo colo seria seu conforto e quem cuidaria Dele em Sua infância e
guiaria seus passos de bebê à vida adulta como uma mãe devota, precisava ser
um vaso santificado de acordo com os propósitos divinos.
Maria primeiramente concedeu Cristo em seu coração pela fé, antes de
permitir a concepção em seu ventre. O testemunho de sua prima, Elisabeth,
expressa e sela o caráter de Maria, “Mãe do Senhor”, “Bendita entre as
mulheres”, como uma mulher de fé maior sobre todas as outras em sua época,
de espírito reverente, humilde, gentil, pura de coração, cheia de graça e
sabedoria divina, e obediente à vontade do Senhor, perfeitamente virgem de
corpo e alma.
Conforme o evangelho de Lucas, que era um médico e poderia se
sensibilizar com sua condição, aprendemos impressionantemente que ela
possuía paz de espírito consigo mesma e disposição meditativa, um
autocontrole admirável, devota e graciosamente sagrada, com uma mente
saturada pelo Espírito, pois conhecia as profecias antigas da vinda do Filho de
Deus.
Mesmo escolhida para a maior honra como mulher, ela retinha um
profundo senso pessoal de humildade frente à tamanha bênção. Nunca julgou-
se perfeita, pois sabia da responsabilidade que teria, mesmo conhecendo suas
imperfeições como humana. De qualquer forma, ela nunca demonstrou
incredulidade ou ceticismo. Cristo fora formado pela substância da virgem e da
onisciência de Deus, “Deus manifestado na carne”. Não entendemos agora como
a concepção aconteceu quando Maria permitiu que seu corpo fosse tocado e
Cristo concebido miraculosamente, mas acreditamos que para o Senhor, nada é
impossível.
Jesus era o primogênito também de Maria, que teve outros filhos e filhas
com José (Mateus 12:46, Lucas 8:19, Marcos 3:31, João 7:1-10, Atos 1:14). A
Bíblia nos diz que Jesus teve quatro irmãos: Tiago, José, Simão e Judas (Mateus
13:55). A Bíblia também cita irmãs, embora não sejam contadas ou nomeadas
(Mateus 13:56). A família não era favorecida monetariamente. Quando Maria e
José apresentaram Jesus no templo, tudo o que puderam oferecer era um casal
de pombos, uma oferta comum das famílias pobres. Lucas reportou que,
enquanto exilados no Egito, posses terrenas eram escassas, mas eram ricos dos
presentes divinos de valor infinitamente mais importante que o dinheiro não
compra. Eles ainda puderam dar ao Salvador um lar, mas ela o ensinou que o
“Senhor é conosco”, e que o Pai estaria sempre presente. Como ela obedeceu ao
Senhor, ela o ensinou sobre as palavras dos profetas. Quando Simeão tomou o
bebê Jesus em seus braços, ele disse a Maria que “...uma espada transpassará
também a tua própria alma” (Lucas 2:35). Maria não sabia o que estava pela
frente, mas entendia que como mãe do filho de Deus, ao invés do garoto se
submeter a ela, ela um dia teria que se submeter a Ele, sem egoísmo. E a espada
cruzou seu coração enquanto desolada e em lágrimas, porém firmemente
segurava-se aos pés da cruz, no Calvário.
Nos últimos momentos de Jesus, Ele empaticamente sentiu o coração
despedaçado de sua mãe, agora viúva. Ele não precisava de afeição humana
para cumprir sua missão, mas demonstrou-a por sua mãe transferindo sua
presença, não aos seus irmãos e irmãs, mas a João, amado discípulo, em cujo lar
e coração, Maria encontraria o conforto espiritual que necessitava.
A próxima menção de Maria no Novo Testamento é que ela se encontrava
com os discípulos, orando juntamente com seus filhos, aguardando pelo
presente de Pentecostes, quando Jesus lhes apareceu, ressurreto (Atos 1:12-
14).
A mãe terrena de Jesus Cristo nos traz tantos exemplos. Muitos profetas
citaram o papel vital de Maria na vinda do Salvador e no Plano de Deus. A
obediência à palavra divina, a alegria expressiva e sedenta pelas bênçãos do
Senhor, a humildade em ser Seu instrumento, a prontidão em ser testemunha
do Pai Celestial e corajosa e humildemente, pedir o apoio do marido. Sua força e
reverência em criar a família nos caminhos do Senhor, erguendo uma
posteridade que glorificou a Deus, nos mostra que Jesus Cristo honrava seus
pais terrenos e respeitava sua mãe enquanto fazia o trabalho de Seu Pai.
Maria estava pronta e ouviu a voz do Senhor e o conselho de Seus servos.
Cada um deles, incluindo os três reis magos, vinham de uma parte diferente do
mundo e a conheciam, pelas muitas profecias antigas, como mulher eleita e
escolhida pelo Senhor para gerar o Salvador de toda a humanidade.
ANA, A PROFETIZA
Referências nas escrituras: Lucas 2:21–38.
As escrituras nos contam que Ana era viúva por mais de oitenta anos,
tendo sido casada por apenas sete anos até a perda de seu esposo. Todos os
seus dias ela havia servido no templo dia e noite, e havia profetizado sobre a
vinda do Salvador, até que o encontrou quando Maria e José, pouco após o
nascimento de Cristo, apresentaram o menino Jesus no templo a ela e a Simeão,
o profeta.
Ana dedicava suas orações por décadas em seu serviço abnegado no
templo do Senhor, rogando pela vinda do Messias. Quarenta dias após o
nascimento de Jesus, no final de seu tempo de purificação – segundo a lei
mosaica – Maria e José levaram o menino Jesus ao templo. O Senhor havia
prometido a Simeão que ele veria o Cristo vivo, e que Jesus era o Messias
prometido. Enquanto Simeão segurava o bebê em seus braços e profetizava a
Maria e José sobre sua missão divina, Ana veio “num instante” e reconheceu o
Salvador. Imediatamente, ela soube que todas as profecias do Velho Testamento
de Sua vinda haviam se concretizado.
Ana havia servido como uma das missionárias do Senhor pregando a vinda
do Filho de Deus que redimiria toda a humanidade, e teve a honra de carregar o
Salvador nos braços.
(Continue lendo sobre Ana no próximo capítulo.)
ELIZABETH
Referências nas escrituras: Lucas 1:5-80; 1:25, 37, 41-45.
Elizabeth, ou Isabel como traduzido para o português e espanhol, era
prima de Maria de Nazaré, esposa de Zacarias e já apresentava certa idade, mas
era conhecedora dos mistérios do Reino dos Céus quando tornou-se a mãe de
João Batista, nascido seis meses antes de seu primo, Jesus.
Seu pai havia recebido uma profecia de que seu filho prepararia o caminho
para o Salvador (Lucas 1:76). Isabel era estéril, e Lucas nos conta que viviam em
completa retidão, e já idosos, quando Zacarias, enquanto sob suas
responsabilidades levíticas no templo, recebeu a visita do anjo Gabriel dizendo
que sua esposa Isabel teria um filho e que seu nome seria João. Zacarias
duvidou e o anjo o fez cair mudo por terra.
Com medo de represálias e talvez falatórios, Isabel escondeu a gravidez
até o quinto mês, e no sexto mês de sua gravidez, Maria recebeu a visita de
Gabriel dizendo que ela seria mãe do filho de Deus. Quando Maria perguntou ao
anjo como isso se daria já que era virgem, ele contou-lhe da gravidez da prima, e
disse que, para Deus, nada é impossível (Lucas 1:37).
Quando Maria visitou Isabel, ambas receberam testemunho de que o
mesmo anjo que as havia visitado estava certo. O bebê de Isabel se mexeu
quando ouviu a voz de Maria e ambas também souberam através do Espírito
Santo que o filho de Maria seria o Messias tão esperado.
Embora as histórias de Ana e Isabel não estejam exatamente intercaladas
como as de Lia e Raquel ou Rute e Noemi, ambas tiveram algo em comum:
foram testemunhas oculares do Salvador, mas, mais do que isso, elas receberam
a confirmação do Espírito Santo da divindade do chamado de Jesus, o Cristo,
antes de Seu nascimento.
Exatamente como os apóstolos de Jesus, o conhecimento da missão divina
de Jesus Cristo pode vir a cada um de nós através da confirmação do Espírito
Santo, tenhamos nós sido testemunhas oculares do milagre e do Salvador ou
não. Ana e Simeão já sabiam, através dos ensinamentos repassados de Adão aos
descendentes, e do patriarca Adão às tribos de sua descendência, que Ele seria
enviado à terra por Seu Pai antes de vê-lo nos braços de Maria. Isabel e Zacarias
também o sabiam e receberam confirmação do Espírito antes de Seu
nascimento.
Um dos dons do Espírito a cada um de nós é saber pela fé que Jesus Cristo
é o Filho de Deus (D&C 46:13), que foi crucificado pelos pecados do mundo,
ressuscitou no terceiro dia e subiu aos céus, e um dia voltará para confirmar o
que já sabemos, que ele é o Redentor da humanidade. Todos nós podemos e
devemos ser valentes em nosso testemunho se buscarmos e perguntarmos ao
Senhor (Tiago 1:5-6).
MARIA MADALENA
MARIA E MARTA
Referências nas escrituras: Lucas 10:37-42; João 11:1-5, 26; 1-14, 12:3-8,
17-21, 28-34, 39-45, 12:3-9; 17:21; João 11:26.
O capítulo 10 de Lucas no Novo Testamento nos conta que, certo dia,
entremeio aos chamados que Jesus Cristo estendia aos setenta com instruções
missionárias e outros ensinamentos importantes, Ele resolveu parar em
Betânia, na casa de Marta, para uma visita.
Assim como Cafarnaum era o lar de Jesus na Galileia (Marcos 2), Betânia
poderia ser chamada de seu lar na Judeia. Betânia era um lugar querido para
Jesus Cristo por muitas razões. Embora fosse uma aldeia da antiga Judeia e
parte do império de Herodes, cerca de três quilômetros de Jerusalém, no
terceiro século, Orígenes substituiu o nome Betânia por Betabara, e a
versão Trinitariana segue esta tradução; no entanto, os manuscritos mais
fidedignos apontam a Betânia. O lugar desta Betânia além ou ao L do Jordão é
desconhecido, mas alguns, favorecendo o lugar tradicional do batismo de Jesus,
o situariam além do Jordão, defronte de Jericó. Atualmente, o local é assinalado
pela pequena aldeia de el-ʽAzariyeh (El ʽEizariya) (19), nome árabe que significa
“o Lugar de Lázaro”, situada a 2,5 km ao leste do monte do Templo. Betânia era
também o lugar onde João Batista prestou testemunho de Cristo aos sacerdotes
levitas (João 1).
Durante os últimos quatro dias da sua vida terrestre, Jesus passava o dia
em atividade em Jerusalém, mas à noite ele e seus discípulos deixavam a cidade
grande para se alojar na modesta aldeia de Betânia, na encosta L do monte das
Oliveiras, sem dúvida, no lar de Marta, Maria e Lázaro. (Marcos 11:11, Mateus
21:17, Lucas 21:37). Ainda, quarenta dias depois da ressurreição de Jesus,
quando chegou o tempo de Ele se despedir dos seus discípulos, Ele os levou, não
ao templo, que então já havia sido abandonado por Deus, mas, antes, “para fora,
até Betânia”, no monte das Oliveiras, e o local foi escolhido para Sua ascensão
aos céus (Lucas 24).
Os Evangelhos nos ensinam que Jesus se sentia confortável na casa de
Marta, Maria e Lázaro, os três irmãos. Eles não eram apenas conhecidos, mas
bons amigos. Antes daquele dia, Jesus também havia ressuscitado Lázaro,
acontecimento onde Ele já havia demonstrado grande amor e respeito pelas
duas irmãs (João 11:3, João 11:20-39). Eles conversavam com Jesus como se Ele
fosse parte de sua família, e na ocasião da morte do irmão, chorou com elas
(João 11:33).
Jesus Cristo conhecia bem os três irmãos e as diferentes personalidades de
cada um, e sentia-se à vontade para conversar abertamente sobre o Evangelho e
outros assuntos.
Marta era mais velha, e tinha mais experiência de vida e perspectivas
diferentes de Maria e Lázaro. Ela era mais prática, eficiente, sincera, leal e
responsável em relação aos afazeres da casa. Ela estava disposta em servir ao
Senhor com excelência e isso era o resultado do testemunho que ela tinha de
Cristo. Ao convidar Jesus para seu lar (Lucas 10:38), ela foi preparar um jantar
para recepcioná-lo, e Maria sentou aos Seus pés para ouvi-Lo. Enquanto Marta
era a anfitriã, Maria foi sociável.
Maria era mais tímida e sensível, tinha Jesus não somente como Salvador,
mas Senhor. Mais do que qualquer outra mulher no Novo Testamento, sentou-
se aos pés de Jesus, demonstrando sua humildade, reverência e desejo de obter
o conhecimento espiritual que Jesus a banqueteava.
Na época era comum que os rabinos sentassem nas altas cadeiras
enquanto os discípulos e acadêmicos se esparramassem pelo chão aos pés de
seu mestre para aprender.
Ambas as irmãs, Marta e Maria, deram suas preciosas contribuições ao
Salvador, mas a “boa parte” escolhida por Maria era a apreciação de sua
comunhão espiritual com o Senhor.
Ambas amavam seu irmão Lázaro, mas temos a menção somente das
lágrimas de Maria. Quando as duas ouviram que o Senhor estava a caminho,
Marta levantou-se rapidamente para recepcioná-lo, enquanto Maria chorava
copiosamente dentro da casa. Quando Marta veio buscá-la e disse-lhe que Jesus
queria vê-la, Maria veio ao encontro de Jesus e jogou-se aos seus pés em
prantos. Ele, extremamente movido por suas lágrimas, também chorou (João
11:38-37). E após, ressuscitou Lázaro.
Em Betânia também morava Simão, o único dos dez previamente leprosos
(Lucas 17:15-17) que voltou a Ele para agradecer o milagre de tê-lo curado, em
cujo lar Jesus era sempre muito bem-vindo. Uma grande ceia foi preparada para
celebrar a ressurreição de Lázaro, o que aconteceu seis dias antes da última
Páscoa de Jesus (João 12). Após o dia sagrado, Ele e seus apóstolos usufruíram
uma refeição noturna no lar de Simão, do qual também estavam presentes
Marta, Maria e Lázaro ressurreto. Naquela mesma ocasião, enquanto Marta
servia o jantar e Lázaro conversava com Jesus, “Maria, tomando um arrátel de
unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe
os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento”, que
provocou a objeção hipócrita de Judas e a censura que Jesus lhe deu.
Sobre esta passagem, há outra confusão também entre esta Maria e a
mulher adúltera cujo nome não foi mencionado nas escrituras, pois a mulher
adúltera também ungiu os pés de Jesus em outra ocasião.
Maria ouviu constantemente as palavras de Jesus sobre sua futura
ressurreição, e tinha colecionado os melhores e mais caros unguentos
entesourados para a ocasião, mas decidiu usá-los ao limite para dedicar seu
Mestre como Cordeiro de Deus ao sacrifício que Ele estava prestes a cumprir. E
Ele apreciou sua oferta, dizendo, “Em verdade vos digo que, em todas as partes
do mundo onde este evangelho for pregado, também o que ela fez será contado
para sua memória” (Marcos 14:9).
AS OUTRAS MARIAS
Referências nas escrituras: Maria de Cleófas – Mateus 27; Marcos 15;
Lucas 6, 24; Judas 1; Atos 1, 13. Maria, Mãe de Marcos – Atos 4, 12;
Colossenses 4.
Maria de Cleófas era assim chamada porque ela era esposa de Cleófas-
Alfeu, tia de Jesus, esta Maria era mãe de Tiago, José, Simão Cananeu e Judas
Tadeu, primos de Jesus (Judas 1; Atos 1, 13, Lucas 6). Um deles, Tiago, foi
escolhido por Jesus como seu apóstolo e, mais tarde com a morte de alguns
apóstolos, Judas Tadeu também foi chamado como um. Aquele primeiro irmão
foi conhecido como o Tiago Menor, para diferenciá-lo de outro apóstolo com
mesmo nome (Mateus 27:55-61, Marcos 15:40,47; 16:1; Lucas 24:10; 23:49-
56). Todos eles nascidos em Caná, terra de Maria de Cleófas, diferente de
Nazaré, terra de Maria, mãe de Jesus.
Lucas 8 descreve que algumas mulheres que seguiam a Jesus tinham
posses suficientes e ministraram a Ele e a Seus discípulos com prendas
materiais ajudando-os na obra missionária. Interessante notar que esposas e
mães com seus filhos juntaram-se à companhia de Jesus e seus discípulos e
alguns deles tornaram-se apóstolos.
Ela também era a “outra Maria”, que estava “aos pés da cruz” com Maria de
Nazaré, sua irmã, e Maria Madalena, mencionada por Mateus. No capítulo 28 de
Mateus ainda, descreve-se que juntamente com Maria Madalena na manhã do
terceiro dia, estava também a “outra Maria” (de Cleófas) que também foi ver o
sepulcro, e após a visita do anjo, correram do túmulo vazio para anunciar sobre
o desaparecimento do corpo aos apóstolos. Mateus tem uma versão diferente
dizendo que, quando Jesus lhes apareceu, “elas, chegando, abraçaram os seus
pés, e o adoraram” (Mateus 28:9).
Ela também teve a bem-aventurança de ver o Cristo ressuscitado, era uma
mulher de fé, mesmo após a morte de Jesus. Seu marido, Cleófas, começou a
demonstrar certa incredulidade após a morte de Cristo (Lucas 24:21-25), mas
ele foi convencido mais tarde, quando Cristo apareceu a ele no caminho de
Emaús (Lucas 24::13-32).
Maria de Cleófas era mãe de um filho que se tornou apóstolo e sacrificou
muito em prol da missão de Cristo. Embora quieta, serviu e dedicou tudo o que
tinha a serviço do Mestre.
Então temos Maria, mãe de Marcos. Entre as Marias mencionadas no Novo
Testamento, temos brevemente a mãe de João Marcos, que escreveu o segundo
Evangelho (Atos 12:1-19). Ela era a tia ou irmã de Barnabé, que foi
companheiro missionário de Paulo (Colossenses 4:10).
Esta Maria, viúva, era também uma líder responsável por muitas das
reuniões dos discípulos, onde estes se reuniam em seu lar espaçoso, em
Jerusalém, e sua casa era usada para grandes reuniões cristãs (Atos 4:36; 13:4).
Foi em sua casa também, no andar superior, onde o Senhor Jesus Cristo
observou a última ceia com seus discípulos, e aquele era o local mais conhecido
da igreja em Jerusalém.
Foi em sua casa onde Pedro se refugiou em uma de suas milagrosas
libertações da prisão (Atos 12:12), onde um grupo de discípulos estava orando
por sua liberdade – juntamente com suas mulheres. Pedro chamava Marcos
carinhosamente de filho espiritual (1 Pedro 5:13), pois o ensinou a seguir o
Salvador. Assim como Barnabé deu suas terras em serviço a Cristo, Maria
também cedeu sua casa em Jerusalém para o uso da igreja. Ela abria sua casa
constantemente a muitos discípulos cristãos que haviam se tornado mendigos e
perdido todos os seus pertences por seguirem a Cristo, e seu lar também foi o
local onde soldados de Herodes vieram e prenderam seguidores de Cristo na
época.
Por todos estes motivos, Marcos era profundamente apegado à sua mãe e
por isso retornou a Jerusalém após seu tempo em Perga (Atos 13:13). Maria era
decidida e tinha altos ideais cristãos e fé firme.
Maria de Cleófas e Maria, mãe de Marcos, beberam da mesma fonte de
vida.
A MULHER NO POÇO
Referências nas escrituras: João 4:1-42.
Em uma de suas viagens à Galileia, Jesus parou para se refrescar no poço
de Jacó, passando por uma das cidades na Samaria.
Ali, em Samaria, aconteceu uma das mais longas conversas que Jesus teve
com um discípulo, neste caso, uma mulher (João 4: 7-28). Jesus descansava
sozinho perto do poço de Jacó, enquanto Seus discípulos haviam ido à cidade
para comprar pão para a refeição do meio-dia (João 4: 8). Enquanto descansava,
“uma mulher samaritana veio buscar água, [e] Jesus disse a ela: 'Você me dará
uma bebida?'” (João 4: 7). Este foi um pedido incomum porque um judeu
religioso nunca comeria algo tocado por alguém ritualmente "impuro" como um
samaritano era considerado.
A mulher, espantada pela quebra das regras sociais de Jesus, perguntou-
lhe: “Como és tu, sendo judeu, que bebes de mim, que sou mulher de Samaria?”
(João 4: 9). O comportamento de Jesus não seguia as velhas normas sociais
judaicas. Ele conversou com uma mulher, a uma samaritana e ainda lhe pediu
água para beber de um pote impuro. Sabemos, porém, que Suas ações
reforçaram Sua mensagem de que Deus não faz acepção de pessoas (2 Crônicas
19: 7; Atos 10:34).
Jesus podia controlar sua sede, mas tinha intenções mais elevadas quando
conversou com a mulher no poço. Ele lhe disse, “Se tu conhecesses o dom de
Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber; tu lhe pedirias, e ele te daria água
viva” (João 4:10). No entanto, a mulher samaritana não entendeu aquele
simbolismo mais
elevado. Ironicamente, ela respondeu: "És tu maior do que o nosso pai Jacó,
que nos deu o poço, e ele mesmo dele bebeu, e os seus filhos, e o seu gado?"
(João 4:12). Ao que Jesus respondeu: “Qualquer que beber desta água tornará a
ter sede; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque
a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida
eterna” (João 4: 13-14). Apenas ciente de sua necessidade literal de sustentar a
água, a mulher pensou em um plano físico: "Senhor, dá-me dessa água, para que
não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la" (João 4:15).
Os desafios de obter água de um poço, além das adversidades que ela já
tivera em sua vida, fez daquela oferta repleta de esperança, convidativa, mas
essa não era a mensagem do Senhor. Ele pacientemente a ensinou a olhar além
de sua esfera de entendimento e explicou que Ele não estava se referindo a
sustentá-la fisicamente, mas eternamente (João 4:14). Jesus queria emancipá-la
de sua escravidão espiritual, praticamente pedindo o fardo que ela carregava
após a desilusão recebida de cinco maridos, perdoá-los e seguir em frente.
Então, ele divulgou seu conhecimento sobre seus cinco divórcios e o fato de que
ela atualmente vivia em pecado. Ela, por sua vez, reconheceu humildemente:
“Senhor, vejo que és profeta” (João 4:19).
Sua resposta após uma revelação que, à primeira vista, parecia humilhante
e embaraçosa de um completo estranho tocou fundo em seu coração. Em vez de
agir na defensiva, fugir ou recuar com autopiedade, a mulher reconheceu Jesus
como profeta. Ela então lhe questionou sobre o que, na época, era dúvida
doutrinária comum entre os judeus e os samaritanos: “Onde está o lugar correto
para adorar?” O monte Gerizim em Samaria (como os samaritanos acreditavam)
ou o monte Moriá em Jerusalém (como os judeus acreditavam)? Ou seja, a
mulher pediu novamente evidências terrenas, enquanto a resposta de Jesus a
levava aos princípios divinos. Ele explicou que o local não era a questão chave
da adoração; era Quem, porque e como se adorava. A verdadeira adoração vem
da condição do coração da pessoa, quando disse: “Porém a hora vem, e agora é,
em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade;
porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4:23). Essa conversa
dramática colocou abaixo as barreiras do fanatismo étnico existente na
doutrina farisaica.
Essa se tornou a mais antiga referência bíblica em que o Evangelho de João
anunciou o messianismo de Jesus. Disse a mulher: “Eu sei que o Messias (que se
chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas”. E então
Ele lhe anunciou: “Eu o sou, eu que falo contigo” (João 4:25-26). Esta declaração
corajosa contrasta com as muitas vezes nos Evangelhos quando o Senhor
limitou o que Ele divulgaria devido ao ceticismo de Sua audiência (Marcos 13:4;
Lucas 20:2-8; 22:67; João 3:10-12 3; Néfi 17: 2.). A diferença é que Ele conhecia
o coração daquela mulher, mesmo que ela estivesse vivendo em pecado, e
honrou-a com grande discernimento.
A descrição de João sobre o que aconteceu em seguida oferece um
profundo simbolismo: ela deixou seu pote de água. Seu pote pode significar suas
preocupações do mundo, sua antiga vida e sua antiga fonte de sustento. Ela
deixou tudo para trás por sua nova vida que a levou a compartilhar a água viva
ou a boa notícia – o Evangelho.
Vemos que Jesus Cristo convidou outras pessoas a lhe seguirem, e algumas
não o fizeram. O exemplo da mulher do poço, de reconhecer a voz do Mestre,
mudar de vida, e pregar as boas novas, testemunhando do que viu, ouviu e da
esperança que o Evangelho pode nos trazer, é para ser seguido e compartilhado.
A MULHER COM O
FLUXO DE SANGUE
Referências nas escrituras: Marcos 5:22-43.
A mulher com o fluxo de sangue aparece pela primeira vez quando Jesus
estava a caminho de Cafarnaum. Imediatamente após a sua chegada, "muitas
pessoas se reuniram a ele", enquanto ele ainda estava "perto do mar" (Marcos
5:21, 22). Andando pelas ruas estreitas de Cafarnaum, a multidão deixava pouco
espaço para que qualquer pessoa se aproximasse (Lucas 8:45). Uma dessas
pessoas era aquela mulher que sofria de uma terrível doença há doze anos.
A lei, conforme descrita em Levítico 15:19, havia instruído a congregação
de Israel que, uma mulher menstruada era considerada impura e
consequentemente separada do acampamento de Israel por sete dias, até que
terminasse. Se a questão do sangue continuasse além do tempo normal, “todos
os dias do fluxo da sua imundície será imunda, como nos dias da sua
menstruação” (Levítico 15:25). Durante o período da mulher, qualquer um que
a tocasse seria considerado impuro por um dia (Levítico 19:19), e tocar o lugar
onde ela dormiu ou sentou resultaria na mesma restrição (Levítico 15: 25-30).
Essas descrições nos dizem algo sobre a vida dessa mulher. Como uma fiel
israelita e seguidora da Lei de Moisés, ela estava isolada física, espiritual e
psicologicamente, sem o conforto de um único toque, por cento e quarenta e
quatro meses: mais de quatro mil, trezentos e oitenta dias.
As escrituras nos informam que ela “havia padecido muito com muitos
médicos, e despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando, antes indo a
pior” (Marcos 5:26). Ela não poderia pedir a Cristo que sequer a tocasse.
Muitas vezes, em meio a nossas próprias provações, tentamos de tudo,
sofremos e nos estressamos até quase perdermos a esperança e não termos
outra saída a não ser entregar nossa vida nas mãos do Senhor. Ela ouvira falar
de Jesus, o médico supremo da alma e do corpo. Ela acreditava no que todos nós
devemos acreditar: o que quer que Jesus tocasse, viveria.
Como ela poderia aproximar-se Dele? Os dez leprosos “levantaram a voz”
(Lucas 17:13). Outro leproso veio "suplicando-lhe” (Marcos 1:41). Até mesmo
os doentes de Genezaré “rogavam-lhe para que ao menos tocasse a orla de suas
vestes” (Mateus 14:34-36).
Mas ela não falou uma palavra. Doze anos marginalizada fez com que se
sentisse impura, indigna e invisível. Ela não podia pedir o toque de Suas mãos.
Isso O tornaria impuro. Assim, ela pensou que pelo menos se conseguisse tocar
suas vestes, tornaria-se íntegra novamente (Marcos 5:28). E então, ela “veio por
detrás, entre a multidão, e tocou a sua veste” (Marcos 5:27). E foi curada
instantaneamente.
Jesus sentiu o toque e soube que era mais do que um toque. O Salvador
sentiu a virtude (ou poder) sair dEle. Ele perguntou: “Quem tocou as minhas
vestes?” (Marcos 5:30). Seus discípulos ficaram surpresos com a sua pergunta.
“Mestre”, disseram eles, “a multidão te aperta, e dizeis: Quem me tocou?”
(Marcos 5:31). Talvez muitas outras pessoas estavam tentando tocá-Lo, mas ela
conseguiu alcançar somente a barra de seu manto.
“Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e
tremendo, aproximou-se, e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade.
E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste teu mal”
(Marcos 5:33-34).
O Senhor está ciente de nossos pensamentos, nossas palavras, nossos atos
e nossas necessidades. Nosso alcance justo sempre O tocará e Ele saberá. Se os
cabelos das nossas cabeças estão contados (Mateus 10:30; Alma 40:23; D&C
84:80), e até os pássaros não caem sem serem notados (Mateus 10:29),
podemos ter certeza de que Ele sabe tudo sobre nós. Jacó disse: “Oh! Quão
grande é a santidade de nosso Deus! Pois ele conhece todas as coisas e não há
nada que não conheça” (2 Néfi 9:20).
Mesmo assim, a mulher se aproximou Dele e lhe contou a verdade,
temendo a consequência da lei. Jesus, porém, vivia o Espírito da lei, não a letra
da lei. A promessa da cura, onde “O Filho da Retidão se levantará com poder de
cura em suas asas” (3 Néfi 25:2, Malaquias 4:2), traz-nos alento e a certeza da
cura divina.
A fé da mulher com o fluxo de sangue e sua abnegação e paciência,
aguardando pelo momento, e mantendo sua fé intacta, mesmo enquanto
marginalizada pela sociedade e considerada impura, ensina a todas nós
mulheres que nada neste mundo pode nos separar do amor de Deus. Nada neste
mundo pode compensar o relacionamento que temos com nosso Pai. Mesmo
que todos nos rejeitem e não reconheçam o nosso valor, nós ainda somos filhas
amadas de um Pai Celestial que nos conhece e sabe de nossas necessidades,
dores e sonhos.
E um dia, teremos a chance de tocar, mesmo que somente a barra de suas
vestes, e receber todas as bênçãos que nos estão reservadas.
A MULHER ADÚLTERA