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Acredito que os centros nas danças circulares sempre foram objeto de minha atenção,
devido a minha formação em artes e ao trabalho atual com cerâmica. Desde as minhas
primeiras experiências dançantes ao lado de minha irmã - Regina e de minha amiga Luciana no
Festival organizado por Guataçara Ribeiro e João Paulo, no Vale do Paraiba, o centro tinha
grande destaque. As imagens elaboradas pela arte de Guataçara, com muita energia e cores
sempre atraiam meu olhar. Em todas as rodas que participo, e em especial aquela que
freqüento com maior assiduidade - com Estela Gomes na UMAPAZ(Universidade Aberta do
Meio ambiente e Cultura da Paz), sempre observei os centros. Na UMAPAZ existe grande
cuidado na elaboração deles, normalmente feito em conjunto por Estela Gomes e as
estagiárias. Acredito que a maioria dos centros são organizados com flores naturais e outros
elementos da natureza recolhidos no parque Ibirapuera.
No final de 2015 ofereci um pouco de meu trabalho como ceramista para montar um
centro que comemorava o natal, cada participante da roda representado por um pequeno
vaso de cerâmica e uma plantinha suculenta. Depois da roda cada um levou seu vasinho e o
centro ficou ainda mais presente e significativo para mim, constatei que na verdade, eu
mesma recebo a cada dia de dança circular na UMAPAZ um presente: as pessoas sempre me
trazem noticias sobre suas plantinhas, como cresceram!
A primeira ação para pensar e refletir sobre os centros de roda foi Olhar com cuidado e
carinho como os centros que eu já conhecia eram elaborados, para a tarefa contei com a ajuda
de Estela Gomes que enviou inúmeras imagens. A fim de aprimorar meu Olhar para os centros
pensei nas seguintes questões:
- quais são os elementos que os constituem?
- quais as interpretações possíveis de leitura das imagens escolhidas (através de objetos)?
- a organização dos elementos constitutivos do centro favorece a percepção de cores,
formas, luz e sombra?
-podem auxiliar a suscitar diferentes sensações, emoções?
Retomando uma autora muito querida: Mirian Celeste Dias Martins, pesquisadora que
acompanha meu percurso profissional como educadora em escolas e posteriormente em
minha pesquisa sobre arte e meio ambiente(mestrado realizado na UNISO), estabeleço um
foco para minha reflexão: analisar e pensar no centro como produção artística:
"Cada som, cada gesto, cada linha, massa e cor de uma produção artística nos apresentam
uma qualidade sensorial que faz visíveis idéias de sentimentos/pensamentos que poetizam o
mundo."1
MARTINS, Miriam Celeste Dias, PICOSQUE, Gisa e GUERRA, Terezinha Telles. Didática do
ensino da arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.
Outra ação fundamental foi reconhecer o centro como elemento das danças circulares
e assim conto com o auxilio mais uma vez das palavras de Estela Gomes:
2
https://issuu.com/deaumapaz/docs/livro_-_aprendizagem_socioambienta_: aceso em
25/05/2016
foto - arquivo Estela
Gomes Imagem internet -
centro em roda de Angelina
Uma outra classificação que envolve um trabalho artístico muito significativo, são os
tecidos pintados, em especial de Guataçara Monteiro um artista plástico super envolvido no
movimento das danças circulares.
Foto - imagem internet em roda Foto internet - em roda de Ana Paula Paim
de Tania Halsman e Monica Ferreira
Goberstein
Centros feitos com vários tipos de trabalhos artesanais, como por exemplo fuxicos e
bordados e também outros elementos adicionais:
As dobraduras - Origami, estão presentes em muitos centros, muito pelo trabalho de uma
focalizadora especial a Lena das dobraduras:
imagem internet -
imagem internet -
Alguns centros sãode Angelina
roda
roda de Angelina com
feitos somente com
Santa Sara
objetos:
Assim, muitas idéias de centro foram surgindo como também maneiras de construí-los,
imaginando que essa ação pode envolver somente o focalizador ou de forma compartilhada.
Um centro construído de forma significativa poderá gerar uma boa experiência estética e
talvez provocar ressonâncias na vida pessoal de cada um dos participantes do circulo.
Um aspecto importante para refletir sobre os centros, foi detectar quais são os artistas
que em sua obra tratam do círculo de dança - não necessariamente dança circular, foi uma
outra pesquisa realizada, cada vez que ampliamos nosso olhar para um tema, agregamos
informações que começam a compor nossa cultura visual. No momento em que pensamos em
um centro de roda estamos realizando uma curadoria:
- como foi a seleção dos objetos, como escolhemos os tecidos ou crochê?
- o que foi privilegiado - as cores, formatos, texturas?
"Nossos guardados são expostos e contam a trajetória de nosso olhares e interesses, quem
somos e como lidamos com o design e a cultura visual."
A ação de elaborar e criar os centros foi intensamente prazerosa, o primeiro passo foi
imaginar quais os conceitos, além daqueles que já são intrínsecos eu poderia agregar. Um
ponto que logo surgiu foi o centro compartilhado - o focalizador pode solicitar objetos que
tenham relação com o tema desafiado no mês ou na semana, como exemplo, a delicadeza que
pode ser traduzida em vidros. Cada participante deve fazer a sua escolha e o tema fica mais
presente durante toda a semana:
-podem ser vidros de perfume, quais as preferências e exclusões?
- um vidro de geléia, de compota, grande ou pequeno.
Cada participante ao chegar para a roda com cuidado deverá dispor seu objeto, e
talvez unir outros elementos, hortelã e/ou anilina colorida:
Centros de flores:
Objetos do cotidiano podem compor lindos centros de roda e também contar sobre
seus donos. Pensei em alguns elementos como cumbucas, canecas, colheres de pau, colheres
grandes e pequenas, até mesmo bacia de plástico:
Seus pertences mais significativos, um lenço carregado de histórias, um porta vela que
ganhou de presente formam lindos centros e além disso são objetos que podem desencadear
histórias e relatos afetivos.
Durante minhas visitas em lojas de artigos para presente, loja de embalagens e até mesmo
nas famosas lojas de R$1,00 sempre surgia uma nova idéia! Algo simples e de grande efeito
são os guarda-chuvas de papel:
Logo após essa primeira experiência retomei meu trabalho em uma ONG - Grupo
Laços, cujo principal objetivo é desenvolver ações que visam garantir o direito de toda criança
e adolescente crescer em família, evitando seu acolhimento institucional e/ou apoiando seu
retorno à família. Em outro momento fui voluntária trabalhando com arte e artesanato e agora
o grande desafio é a Dança Circular. Eu e uma amiga também voluntária nos encontramos
quinzenalmente para dançar com as mães e muitas vezes as crianças. Experimentar aquilo que
é possível e acostumar a dançar cirandas no chão de terra e desenvolver instrumentos novos
refletindo sobre Focalizar para um publico muito, muito especifico.
Existe certa transformação entre aquilo que idealizamos - centros coloridos e perfeitos, e
tudo que na atuação prática é possível, pois muitas vezes já encontramos o centro quase
pronto e é preciso fazer adequações:
O centro começou a ser montado antes da aula e cada pessoa que chegava era
convidada e auxiliar e assim durante toda a nossa manhã. No final era um lindo
centro compartilhado e cada um vivenciou uma experiência milenar.
Centro para observar, modificar, usufruir e depois levar ingredientes para preparar em
casa um delicioso Tchai.
Agradeço ao grupo e em espcial a Estela pela oportunidade e envolvimento.
Referências Bibliograficas:
https://issuu.com/deaumapaz/docs/livro_-_aprendizagem_socioambienta_: aceso em
25/05/2016
https://vaisnavisanga.blogspot.com.br/2011/06/rangoli-arte-da-gratidao-e-boas-
vindas.html - acesso em 18 de setembro de 2017.
MARTINS, Miriam Celeste Dias, PICOSQUE, Gisa e GUERRA, Terezinha Telles. Didática do
ensino da arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.