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World of Metal
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Director
Fernando Ferreira
EDITORIAL
Colaboradores
Sonho Tornado Realidade
Miguel Correia
Sónia Ferreira O mês passado falei de mudanças e este é um tópico que daria (dá!) pano para mangas.
Rosa Soares Este mês, um mês cheio de trabalho, venho constatar que apesar das mudanças, da sua
Cameraman Metálico inevitabilidade, que o nosso espírito humano invariavelmente reage da mesma maneira:
Carlos Lichman continuar, perseverar. Por muito saibamos que as mudanças são inevitáveis (e mesmo que
Paulo Barros não queiramos admitir, necessárias), está no nosso ADN criar raízes, estruturas, fundações
Luís Figueira para melhor podermos prosperar. É o que nos acontece também aqui no nosso pequeno
Renata Lino grande mundo do metal.
Cátia Godinho
Lex Thunder Este projecto, nascido quase por acaso e sem grandes expectativas é hoje a minha ocupação
Fátima Inácio principal e para quem sempre amou a música e onde sempre encontrou refúgio, nos bons
Paulo Aguiar e nos maus momentos (tal como os filmes e a B.D., curiosamente dois mundo que vamos
Hélio Cristovão também começar a explorar a partir desta edição), poder-me dedicar a tempo inteiro a algo
João Pedro Silva assim é como um sonho tornado realidade. Vê-lo a crescer de mês para mês, ter feedback
Carlos Ferraz positivo em relação às nossas reviews, reportagens, artigos e entrevistas, é o combustível
Jukka necessário para continuar.
Roberto Raposo
Filipa Nunes Hoje em dia já não sou apenas eu e a Sónia, eterna companheira e instigadora de tudo
Filipe Ferreira o que hoje podem ver e ler - acreditem que se não fosse ela, nada disto seria possível já
João Santos que se é necessário ter os pés no chão para não cair no vazio, também é necessário ter a
Pedro Amorim coragem de sonhar para que as coisas aconteçam. Já não somos dois, somos uma equipa
que mediante a vida louca e exigente dos dias de hoje contribui hoje em dia com o que
Garage World tem e com o que pode.
Miguel Correia Todos nós queremos mais, todos nós vamos ter mais, definitivamente, fruto do nosso
mcinbox@gmail.com trabalho e do vosso apoio. O nosso crescimento também representa o crescimento da nossa
cena, cada vez mais forte e unida, mesmo que por vezes ainda tenhamos as excepções para
comprovar a regra. 2018 está a ser sem dúvida um grande ano para todos nós, por isso
Publicidade vamos definitivamente acabá-lo em grande. Com os Moonshade na capa, pela primeira
Tiago Fidalgo - tiagofidalgo.wom@ vez na sua carreira, prémio e reconhecimento pelo seu excelente trabalho de estreia
gmail.com analisado também nesta edição. Representação dessa mesma qualidade que temos e que
queremos mostrar a todo o mundo.
Rosa Soares - worldofmetal.pub@
gmail.com
A música está na nossa vida, com o metal à nossa volta e a correr nas nossas veias.
Design
Fernando Ferreira – Dexembro 2018
Dina Barbosa
Tiago Fidalgo
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Indice
Eu sei que o propósito desta coluna é partir a louça toda. Deitar cá para fora, mesmo que de uma forma politicamente
incorrecta mas... acho essencial terminar o ano no melhor espírito natalício e apelar à paz e ao amor fraternal.
Afinal, não estamos todos nós aqui pelo mesmo? Pela música, pela festa, pela alegria que a mesma nos proporciona.
Mesmo se a música que alguns gostem é funeral doom ou black metal depressivo, há sempre uma alegria interior,
mais que não seja por estar deprimido ou por haver algo que ainda acentua mais essa depressão. E por que é que
eu me lembrei disto agora de repente?
Porque cada vez mais encontra-se guerras por todo o lado. Destes que gostam de nu-metal, dos outros que gostam
de heavy metal, dos que apoiam o V.O.A., dos que apoiam Vagos Metal Fest, dos que gostam de ver o horóscopo e
dos que acreditam que a terra é plana. Eu sei, eu sei, é estúpido, certo? Porque é que é tão importante ver a nossa
opinião perpetuada e ecoada pela voz dos outros? E o mais parvo é que na maior parte das vezes não é a nossa
opinião. Não é o que pensamos pela nossa própria cabeça, é o que nos foi incutido. Pelos nossos país, ídolos, grupo
de amigos, televisão. Ou seja, citando a sabedoria popular, emprenhamos pelos ouvidos.
O emprenhar pelos ouvidos é tentador. Faz-nos pertencer a algo e faz-nos saltar esse passo do hábito humano que é
pensar - chego a pensar que é um hábito em extinção. É chato pensar porque para além de fazer usar os neurónios
- para quem não está habituado, é coisa para ficar a doer pouco tempo depois - como também não é infalível.
Podemos estar errados, o que também é natural, se não nos damos ao trabalho de pensar ao ponto que cada vez
que o fazemos nos faz doer a cabeça, a falta de prática vai fazer com que a situação se agrave. Mas porque raio é
que aquilo que os outros pensam poderá ser o certo? E porque raio é que escolhemos representantes para as nossas
opiniões? Perguntas sem resposta.
Se todos nós admitissemos o erro, conseguissemos arrepiar caminho sem ter medo de sermos diminuídos perante
os outros, a vida não seria toda mais bela? Claro que arrepiar caminho é algo que exige humildade. Humildade é
também outra coisa que anda por aí extinta. Como no futebol. Quando alguém ganha, é sabido que esse alguém se
vai impôr sobre quem perde assim como é sabido que quando a situação se inverte, quem se impôs sabe o que lhe
espera. E evita a todo o custo ou então até fica irritado e ofendido por lhe estarem a fazer o mesmo que já fez aos
outros.
Porque há uma dissociação entre a pessoa que faz o mal e a pessoa que recebe o mal. Há sempre uma justificação
para fazer o mal e ela normalmente é - a mim também me fizeram e agora eu faço aos outros. No entanto quando
o mal lhe foi feito, eram discursos intermináveis acerca do triste destino da humanidade ou de Portugal como
nação. No fundo o que queremos é pertencer a algo fixe. E não é fixe ficar do lado de baixo, do lado que tem uma
posição difícil de defender apesar de ser a mais justa ou simplesmente apesar de ser a que se acredita. Não é fixe
ser a vítima. Mas quando se passa para o lado de lá e não se respeita a liberdade e o espaço dos outros, tal como
não fizeram connosco, já tudo é permitido.
Resumindo... porque é que não arranjamos todos um espelho e começamos a tratar-nos como gostaríamos de ser
tratados? Porque é que não nos vemos como realmente somos e não mais que os outros apenas porque "pensamos"
(ênfase no "pensar") que somos mais que todos os outros?
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É TRISTE QUANDO SE ESQUECEM DE TI
Chamo-me António Francisco Melão, mas para a maioria de vocês que gostam de heavy metal, sou o CAMERAMAN
METALICO e ponto final paragrafo.
Dediquei-me a esta causa nos anos 80, divulguei o que tinha de divulgar, tive a fanzine HARD HEAVY (a 1ª a ter
fotos originais), tive a 1ª página dedicada ao heavy-metal num jornal nacional, o vespertino DIÁRIO POPULAR,
escrevi e publiquei fotos em jornais como o Blitz, A Capital, Correio da Manhã, Diário do Alentejo e ainda em
magazines como a Promúsica, Rock Power, Rock Sound, etc, até em magazines estrangeiras como a Heavy Rock
e a Kerrang!
Tive dois programas de rádio na Rede A em Almada "Metalescencia" com o Nuno Torres e na Super FM "Anestesia
Geral" com o Nuno Luz e Pedro Gomes. Viajei muito, fui dos primeiros a ir a festivais no estrangeiro Gods of
Metal em Itália, Monsters of Rock em Inglaterra, Dynamo Open Air na Holanda e Wacken na Alemanha. Fiz
fotografia a inúmeras bandas como os Rebellion, Black Widows, Hate Over Grown, Agon, Moonspell, Tarantula,
Braindead, Procyon, Afterdeath, Alkateya, Ibéria, Thormenthor, Midnight Priest, Mass Disorder, etc.
Estes 33 anos de carreira tem tido altos e baixos, falta de trabalho, fecho de jornais, doença, de maneira que agora
tenho sido menos assíduo nos concertos, é natural, é a lei da vida... sabia que isto não ia durar para sempre. Fico
tambem a saber que a glória e o reconhecimento são efémeros... num dia és o maior, aclamam-te quando entras
no pit fazendo que todos os outros fotógrafos encolham os ombros (quem é este gajo?) e esquecem-te no dia a
seguir... passas de bestial a besta num fósforo como se costuma dizer.
Saiu recentemente um documentário HEAVY METAL PORTUGAL e nem uma virgula sobre o Cameraman
Metalico, não existe, nunca existiu, e voces sabem que não é verdade!
Se gostava de ter opinado sobre o heavy-metal em Portugal, se calhar até gostava mas não me perguntaram... era
só isto... sejam felizes e Boas Festas - Saúde da boa e VIVA O HEAVY-METAL.
CM Dezembro 2018
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eNTREVISTA
Os The Tangent, uma das grandes bandas de rock progressivo clássico vindas da Inglaterra continua
a lançar grandes álbuns e o mais recente "Proxy" é o seu décimo álbum de originais pouco mais de
um ano após o excelente "The Slow Rust Of Forgotten Machinery". A World Of Metal não poderia
deixar passar a oportunidade de falar com Andy Tillison sobre esta fase de inspiração criativa da sua
banda e ainda sobre toda a temática que "Proxy" encerra, não fugindo a outras questões de fundo
que são igualmente pertinentes.
Fernando Ferreira
Olá Andy, muito bom estar a falar que possa escrever música útil muitas das bandas no final da escalada destas guerras horríveis
contigo e ter-te de volta aos discos, quando eles estão à beira dos década de sessenta e no início mas esquivam-se em assumir as
tão depressa depois do “The Slow seus sessenta anos de idada é da de setenta, eu penso que é o culpas. Milhares de pessoas estão
Rust Of Forgotten Machinery”. sortudo por o poder fazer, por nosso trabalhar comentar sobre a sofrer em resultado isto e eu
Simplesmente não se consegue isso eu sou sortudo e muito feliz o mundo onde vivemos neste lamento que não haja esforços
parar inspiração, pois não? por poder ter todas estas formas momento. “Proxy” não é tão suficientes a serem feitos para
de comunicação. centrado políticamente como impedir que esto aconteça.
(Risos) Bem, honestamente o álbum anterior “Slow Rust” Deveriam haver masi pessoas
não acredito que seja tão “The Slow Rust Of Forgotten mas as histórias e imagens de a chamar a atenção sobre isto do
rápido quanto possas pensar. Machinery” tem como pano de guerras em sítios distantes ainda que apenas uma banda de rock
Afinal, Mozart escrever cerca fundo o comentário sócio-político, assombra o nosso quotidiano, progressivo europeia... mas essa
de sessenta sinfonias (como algo que é comum em todos os através de telejornais e as notícias é apenas uma faixas! O resto do
se fosse um álbum) e ele não trabalhos na vossa carreira. que nos chegam de outras fontes. álbum é muito mais focado em
chegou aos quarenta... É tudo Líricamente, o que retrata “Proxy”, Eu odeio mesmo o crescimento questões sociais, envelhecer, perder
relativo. No contexto do prog, qual é a mensagem principal? profundamente desagradável oportunidades na vida, mudar
de momento estou bastante nas chamadas guerras por as nossas crenças e princípios
prolífero mas não tanto como Bem, todos vivemos juntos procuração, como aquelas conforme envelhecemos. Eu penso
os Yes eram no início da década nesta pequena rocha e todos que estão a acontecer na Síria que o álbum é essencialmente
de setenta. Eles fizeram cinco vivemos em 2018 – mesmo que e no Iémen – onde as grandes positivo que apesar ser crítico
álbuns num período de três alguns de nós ainda desejassem potências mundiais do governo pela forma como vivemos, tem
anos... mas de qualquer forma, que fosse 1972. Mas tal como e indústria escolhem lados em muitas boas vibrações acerca do
este é um problema que estou em 1972, ainda temos grandes quesílias locais, investem em futuro e as possibilidades que
feliz por ter. Qualquer pessoa problemas no mundo e como hardware militar e permitem a existem para o tornar melhor.
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Voltando à música... já que este álbum anos mais tarde teríamos muito mais as outras bandas, bem, a forma música
foi escrito de uma forma muito orgânica que poderíamos trazer. É por esta razão não está a ir a lado nenhum. Também
durante a última digressão, ficamos que no “Proxy” decidimos fazer uma precisamos de estar atentos que não
com a sensação que estamos de volta longa canção prog de dezasseis minutos basta adicionar metal à mistura para
à década de setenta, onde as bandas baseada em todos os estilos musicais automaticamente estarmos a fazer algo
estava constantemente a trabalhar na que não existiam de todo na década novo. Metal tem feito muita progressão
sua música, e por vezes a esgotarem-se de setenta e que normalmente não são sozinho, apenas adicionar isso ao rock
devido a isso mesmo... foi um objectivo associados ao progressivo de todo. A progressivo não é a ÚNICA solução.
propositado que já tinham quando estavam cena excelente é que ainda funciona Porisso sim... os Haken são bons mas
em digressão, compôr o próximo álbum como rock progressivo e ainda soa aos para manter isto a avançar precisamos
ou apenas fluiu dessa forma? The Tangent. Todos sentimentos que de um pouco mais do que apenas um
esta foi uma experiência que realmente rival aos Dream Theater. O simpes facto
Bem, períodos de inspiração não são resultou. de encarares o progressivo como um
propriamente algo que possas pôr estilo “bem estruturado e definido” é
no calendário do Google ou no Wall Os indicativo dos problemas que ainda
Planner. Acontece quando acontece e
é isso. Não tinha “planeado” fazer um
"Os The Tangent não estão por ultrapassar...
O álbum é bastante diverso, mostrando para boys bands." as pessoas idealizam aquilo que querem
nas suas próprias cabeças. O mais perto
todas as diferentes facetas dos The Tangent te aproximas dessas idealizações, mais
e do género progressivo em si. Sente- bem sucedido serás. Os The Tangent
se como uma espécie de declaração The Tangent tem uma enorme lista de não ligam puto quão bem sucedidos
para todos os que pensam que o rock músicos que estiveram envolvidos com somos. É tudo pela música, é a única
progressivo é algo preso à década de a banda mas para este, se não estou coisa que interessa. Se quisessemos
setenta, como se dissesse “ainda não errado, mantiveram o mesmo grupo sucesso, estaríamos a escrever música
viste da missa a metada”, porque há de pessoas. Esta é uma das razões pela pop para boys bands.
muito mais a fazer e a mostrar, certo? qual a composição fluiu tão bem?
Lançaram um álbum, foram em digressão,
Ainda bem que o vês dessa forma A banda tem na realidade um alinhamento fizeram outro álbum nessa digressão,
porque é essencialmente a forma estável desde 2014, centrado em mim, gravaram e agora é tempo de promovê-lo
como o vemos. Eu realmente acho o no Luke, Jonas e Theo. Fizemos três outra vez. Ainda têm o mesmo entusiasmo
rock progressivo e as atitudes sobre álbuns e um par de digressões juntos e de voltar à estrada?
ele bastante frustrantes – e apesar de sim, aumenta a forma como a música
achar que eu também sou culpado flui. Adicionamos um novo baterista, Claro. Adoro tocar ao vivo e a vibração
disto, penso que existe muita influência não apenas para este álbum. Steve tem do público é combustível inspirador.
da música da década de setenta em estado connosco há já mais de um ano Eu vou continuar a fazê-lo desde que as
muita da música progressiva actual. e é excelente, adoramos trabalhar com minhas pernas me levem aos concertos
Particularmente Genesis e Pink Floyd. ele e foi uma grande adição à banda. e os meus braços continuem a tocar.
É um problema... e é a combinação Eu gosto de compôr para os músicos
dos fãs que adoram mais as coisas na banda, eu escrevo coisas que eu Em termos de digressão, onde é que
antigas, com as bandas a sentir que penso que eles vão gostar de tocar. esperas ir desta vez com o “Proxy”?
têm que manter os fãs felizes. Então Parece que está a funcionar!
temos mais bandas que querem ver Quero ir a Portugal! Nunca fomos...
bandas de tributo aos Genesis do que Pegando no que disseste e sendo que nunca fomos convidades para fazer
novas bandas... o que faz com que as a música está em constante evolução, qualquer um dos vossos festivais...
novas bandas terem que soar um pouco pensas que existem algunas fronteiras vá lá, pessoal! Não andamos a pedir
mais como os Genesis. Lamento mas para onde podem ir? Mesmo num género concertos às pessoas, se alguém quer-
isso comigo não funciona. Existe tanta e definido como o rock progressivo? nos a tocar, eles precisam de nos pedir!
música por aí que pode ser abordada Já fizemos a Rússia, E.U.A., Canadá,
na perspectiva progressiva. Se os King Bem, voltando à questão anterior... Espanha, França, Alemanha, Holanda,
Crimson pudessem trazer jazz moderno penso realmente que as barreiras Reino Unido, Itália, Suécia, Dinamarca...
e selvagem, hard rock e música clássica caíram. Se apenas ficarmos como fãs Todos eles pediram-nos para tocar.
para o seu som de 1968, bem, cinquenta de Genesis com um som igual a todas
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eNTREVISTA
São rockeiros pelos quais os anos não passam numa carreira com mais de trinta
anos - com interrupções, é certo, mas ainda assim, muita experiência com o rock
pesado. Deram uma entrevista honesta, directa e acreditem, fiquei fã! Falo dos
Electric Boys na palavra de Conny Bloom, vocalista.
Miguel Correia
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Novo álbum na rua, e sobre ele Sentimos que era uma boa os bons momentos, corações
eu li algures que vocês acham música a ideal para deitar abaixo partidos, a tristeza, os sonhos...
este disco diferente de tudo o a porta. Sentimos ser um bom Uma vida, acho eu!
que foi feito e muito divertido. começo, outros virão...
Por que essa afirmação? O que tem sido diferente desde
"The Ghost Ward Diaries" ... 2009, o ano da vossa reunião?
Nós desta vez trabalhamos de de onde vem a inspiração para Existe um antes e um depois,
uma forma diferente. Não nos este título? ou tudo fica igual?
limitarmos ao que costumávamos
soar, decidimos deixar as músicas O nome do estúdio é esse, Ghost Talvez Andy e Franco se
mostrarem o caminho a seguir Ward Studios e como eu estava tenham envolvido mais com
para o aquilo que soamos hoje. sentado lá a escrever as letras, composições. Caso contrário,
Nós simplesmente escolhemos então... é praticamente o mesmo, além
o que achamos que eram das novas músicas.
as melhores músicas, não
importando a vibe que as demos "Nós simplesmente Eu sei que vocês gravaram um
tivessem. Nós acreditamos que escolhemos o que achamos disco no Abbey Road, um lugar
quando tocamos e comigo a místico para todos os músicos...
cantar, tudo vai acabar a soar
que eram as melhores
aos Electric Boys, de forma músicas, não importando Sim. Na realidade nós gravamos
natural. E, olha, foi uma diversão,
também foi muito bom gravar
a vibe que as demos dois álbuns lá. Óptimo estúdio!
desta vez e nós gostamos muito tivessem. Nós acreditamos Falando de transcendente e
de trabalhar com o produtor que quando tocamos e voltando para "The Ghost Ward
David Castillo. Diaries” há alguma história
comigo a cantar, tudo vai desse género no álbum?
Eu senti muita ambição com acabar a soar aos Electric
essa afirmação... Na verdade, não. "Gone, Gone,
Boys, de forma natural." Gone" é sobre um amigo que
Claro que sim! Sem ambição, não faleceu... eu costumo ouvi-
há sentido em todo o processo lo a tocar saxofone nos meus
de um trabalho, necessária para O que separa, por exemplo, do sonhos. Ele ainda está aqui, a
criar um novo álbum. altamente aclamado "Funk-O- tocar connosco.
Metal Carpet Ride"?
A inspiração para a composição O que podemos esperar agora?
nunca acaba? Cerca de 30 anos...(risos)A Algo especial para a próxima
diferença é bem grande. Não tour? Existem planos para
Não há regras de composição. Às é tão funky ou punk. Um pouco alguma coisa?
vezes é difícil, enquanto algumas mais escuro, mais direto fwd
músicas quase "se escrevem" rock. Estamos a tentar colocar o
sozinhas. Às vezes a letra vem álbum no maior número de
primeiro, às vezes a música... Mas aparentemente é o diário países acompanhado do máximo
de uma viagem na estrada... de concertos possível. Temos
"Hangover In Hannover" foi o uma nova equipa a trabalhar
tema escolhido como single... Sim, é onde eu passei uma grande connosco, então parece um novo
parte da minha vida. As lutas, começo. Vamos ver...
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eNTREVISTA
eNTREVISTA
Deathrite poderá não ser um nome completamente desconhecido para os fãs portugueses de death metal.
Afinal eles ainda recentemente nos visitaram na data dupla dos Napalm Death e com os nosso besta a
abrir. A banda entretanto lançou um grande álbum de death metal na forma de "Nightmares Reign" que
vislumbra que a banda não é de ficar presa a uma fórmula específica mesmo que o death metal seja sempre
o mote principal. Sobre o novo álbum, sobre esta nova fase e sobre tocar ao vivo, os deathrite pela sua
própria voz.
Fernando Ferreira
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Olá pessoal e bem vindos ao Devido à nossa progressão musical
nosso World Of Metal. Depois e ao facto das canções terem um Tenho que salientar “Temptation
de três anos, estão de volta com feeling rock mais óbvio, pensámos Calls”, uma excelente faixa épica,
o excelente “Nightmares Reign”. que a melhor forma de gravar seria algo não muito usual da vossa
Entusiasmados pelo momento através de um processo analógico e parte. Têm intenções de a tocar
presente? bastante old school, e dessa forma ao vivo?
Rochards foi um nome que nos
Sim, claro! Mal podemos esperar surgiu e na realidade foi mesmo Obrigado, foi a última canção que
para que o álbum veja a luz do a nossa primeira escolha. escrevemos para o álbum e desde
dia e estamos com fome de tocar o início que foi planeado tornar-se
estas canções ao vivo. E em relação ao processo de a última canção de forma a ter um
gravação, o Richard introduziu fecho apropriado para o álbum e
“Revelations Of Chaos” foi algumas mudanças no processo sim, queremos um fecho apropriado
bastante bem sucedido entre os que já tinham? para os nossos futuros concertos.
fãs de death metal. Sentiram que
para este tinham que superar o Não, na realidade não. Quero Por falar em tocar ao vivo, vocês
que fizeram antes ou esse tipo dizer, para ambos os lados era uma têm um horário bastante ocupado
de pressão não vos incomoda situação nova. Ele grava na maior até ao final do ano, pela Europa.
de todo? parte das vezes blues e bandas rock Têm esperança que este álbum
e agora existe uma banda de death vos possa fazer chegar ainda mais
Na realidade não. No início do metal e estes gajos que querem longe no que diz respeito a andar
nosso processo composição, gravar alguma coisa. Mas acho em digressão?
estávamos certos que no próximo que foi uma experiência bastante
álbum iríamos abrir um novo refrescante para nós e fomos capaz Oh, yeah! Quero dizer, tocar ao
capítulo. Então estávamos livres de de materializar algumas boas ideias vivo é a coisa mais importante
todas as expectativas que as pessoas que tínhamos. para nós. Gravar e lançar um
poderiam ter. Quisemos puxar as novo álbum é apenas o gatilho
coisas um pouco mais à frente e para nós. Queremos dar às pessoas
recusámo-nos a ser limitados um "Portugal foi mesmo uma experiência sem filtros das
género muito restrito, porque nossas canções e esperamos ter
primeiro e antes de tudo, somos bom.(. .) Foi também a oportunidade de tocar mais
músicos e artistas e queremos ser
criativos. a primeira vez que frequentemente, especialmente em
sítios onde não há muitas bandas
Manimal, mais um nome da escola metálica sueca dentro da vertente power metale na sua mistura
com o heavy metal tradicional. E é um nome a reter, porque o futuro passa por aqui, sem dúvida!
Samuel Nyman, vocalista dos Manimal, foi o nosso interlocutor.
Miguel Correia
Olá Samuel, muito já tocavam juntos há foram assim os nossos primitivos. Mas
obrigado por esta muitos anos. Daí para primeiros passos... acho que é tudo natural.
entrevista e é com muito a frente, nós os quatro Quero dizer, afinal somos
gosto que levamos aos formamos os Manimal. E o nome Manimal? todos animais, não somos?
nossos leitores o vosso Quando Richard e Pether
nome, o vosso trabalho. decidiram deixar a banda Ah, a nossa ideia do nome Reconheces que é
E, naturalmente quem são há uns dois anos atrás, da banda era basicamente sempre uma grande
os Manimal? começámos a procurar usar a combinação de responsabilidade, ter
por um novo baterista “homem” e “animal”, e nós origem num país com
Obrigado pela e baixista e chegámos sentimos que podemos nos uma enorme tradição na
oportunidade e direto ao André e ao Kenny. relacionar com o nome. cena metaleira. Quais são
à tua resposta, quando Os Manimal lançaram De alguma forma, a nossa suas influências musicais?
entrei para a banda em três álbuns até hoje e música traz o animal Nós ouvimos muitas
2001, o Henrik e alguns fizeram três digressões pela dentro de nós, expresso bandas diferentes de
dos agora ex-membros da Europa, tocámos em vários através do ritmo de bateria, diferentes géneros.
banda, Richard e Pether, festivais. Resumindo, riffs de guitarra e gritos Mas algumas são mais
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ou menos óbvias... fontes de “Purgatorio” é mais directo álbum antes de estarmos 100%
inspiração seriam nomes como e menos progressivo que o satisfeitos com as músicas, com
os Queensrÿche, Judas Priest, “The Darkest Room”. Os riffs o todo! Se isso significa que levar
Rammstein, Helloween e Dream de guitarra são melhores na um ou dez anos para fazer um
Theater. minha opinião, assim como o álbum, que assim seja. Estamos
desempenho geral. todos, na sintonia da qualidade
Helloween, Gamma Ray, Primal antes da quantidade.
Fear até que ponto o power Como defines esse álbum?
metal alemão influência a vossa O que aconteceu entre 2009
música? Boa pergunta... olha “power metal e 2015? Aparece apenas o
pesado, com alguns elementos album "The Darkest Room",
Muito, eu diria. Todas as três progressivos”...intenso! foi então esse o sentimento
bandas que referes são óptimas, existente, de as coisas não
e nós ouvimos tudo isso,
consumimos muito desse som...
"Nós nunca estarem prontas para um
álbum?
lançaremos um Ah, pois, aí a vida segue um
Até que ponto eles contribuem
para as vossas composições?
álbum antes de rumo, com outras coisas. Todos
estarmos 100% nós tivemos filhos. Além disso,
perdemos dois membros e
Eles inspiram-nos a continuar a
segurar a tocha do power metal
satisfeitos com tivemos que encontrar novos.
e a continuar a desenvolver e a as músicas" De "Purgatorio", quais são tuas
dar força ao género. músicas favoritas?
E o título "Purgatorio"?
Vamos falar sobre o fantástico Agora, meus favoritos pessoais
novo álbum "Purgatorio", A humanidade continua a repetir
erros, sem aprender com eles. são “Purgatorio”, espalhando o
um grande passo na minha temor e o traidor.
Portanto, é difícil evitar uma
opinião. Vocês apostam tudo
queda completa. Usamos o
neste álbum ou na tua opinião é E quais são os que farão parte
“Purgatório“, como uma metáfora
um dos muitos que ainda estão para todas as decisões erradas do futuro setlist?
por vir? que tomamos na vida e nunca
nos arrependemos. O título Provavelmente um monte deles.
Como compositor e artista, do álbum é obviamente muito Já adicionamos “Black Plague”,
nós sempre tentamos desafiar inspirado pela obra-prima de “Purgatorio”, “Manimalized”
e superar-nos em tudo o que Dante Alighieri e não é a primeira e “Denial” ao nosso set ao
fazemos, nas composições e vez que nos inspiramos nesse vivo e estamos ansiosos para
também nas performances. trabalho específico da literatura. experimentar mais músicas ao
Nós entrámos na produção do A música “The Journey”, no vivo.
"Purgatorio", com o objectivo de nosso último álbum, também foi
fazer nosso melhor álbum até inspirada na "Divinia Comédia". Quais são os próximos passos?
agora, e acho que conseguimos.
Só o tempo dirá se vamos Acabámos de voltar para casa
De qualquer forma, estou a
continuar a exceder os nossos do festival ProgPower USA em
encarar uma banda que conta
álbuns anteriores, mas vamos Atlanta e agora estamos a fazer
muito tempo de carreira, mas
certamente apontar para isso. planos para uma tour europeia
com isso são apenas três álbuns
lançados. Porquê? e alguns festivais em 2019. Nós
Comparando com o primeiro
nunca tocámos em Portugal, por
disco realizado?
Nós nunca lançaremos um isso esperamos poder chegar aí.
Vamos manter o foco nisso.
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eNTREVISTA
eNTREVISTA
Vinte anos a destilar violência sob a forma de arte, Biolence já é um nome reconhecido entre o nosso
meio como mestres do Death/Thrash metal. Mediante a comemoração da sua existência, vamos
participar nos festejos com uma entrevista à banda, sobre a qual o nome já diz muito sobre eles.
César, vocalista e guitarrista da banda de Vila Nova de Gaia fez connosco a viagem ao mundo dos
Biolence.
Cátia Godinho
São duas décadas de existência em 98 formámos a banda. Os questões pessoais foram saindo nesta banda o que ajuda bastante.
com uma força quase sobre- gostos músicais eram algo distintos da banda. Já tivemos mais alguns Todos dão o seu contributo, mas
humana. Mas para quem ainda na altura e o que nos unia era elementos depois disso, mas o Dani sinto que para mim e para o David
desconhece, ou chegou à pouco principalmente a nossa amizade, ainda se foi mantendo alguns anos esta banda significa um pouco mais.
tempo ao nosso meio, quem são os o Dani sempre gostou de Rock, depois das saídas do Pedro e do O André Vieira foi entre alguns
Biolence? Qual a vossa história? Grunge e algum Metal, o Pedro Jaime. Em 2005 a entrada chave para vocalistas que experimentamos
e o Jaime era mais Hardcore, um o nosso som e filosofia de banda o que mais se destacou, demos
Basicamente, tudo começou no pouco de Metal e algum Hip-Hop, actual, foi o David (Guitarrista), bastantes concertos juntos e ele
Verão de 1998, nessa altura o meu e eu sempre gostei principalmente foi o primeiro elemento que é o autor de bastantes letras de
grupo de amigos parava no Jardim de Metal mais extremo em todos os me permitiu explorar metal músicas que ainda tocamos hoje
do Liceu de Gaia, e nesse grupo seus géneros e um pouco de todos mais extremo por partilhar dos em dia, tinhamos alta ligação, mas
estavam incluídos os primeiros os estilos falados anteriormente. mesmos gostos e acrescentou um infelizmente o André não tinha
elementos de Biolence e fundadores Ou seja, inicialmente Biolence era valor enorme à banda, a partir da tempo para nos dar a dedicação
da banda. Eu e o Dani ( o baterista) uma mistura de tudo isso, gostei entrada do David a banda começou que necessitavamos e tivemos
já eramos amigos desde 1991 ou muito de todas as fases músicais a ter solos mais técnicos e puros, que nos separar, depois do André
92 se não estou em erro, e desde de Biolence, mas tendo em conta característicos de Death / Thrash / decidi ser vocalista, e foi com a
muito novos já partilhávamos um que a minha tarefa como único Black dos 90´s, juntos evoluímos influência dele que consegui
gosto enorme por música, mas guitarrista na altura era compôr bastante e aos poucos isso foi-se evoluir até ter a voz que tenho
nunca tinhamos pensado sequer musicas, sempre tentei puxar para reflectindo na nossa sonoridade. hoje em dia, antes disso, pouco
em formar uma banda, mas depois algo mais pesado, e foi resultando Antes eu mantive a persistência conseguia cantar e evoluí bastante.
em 96/97 quando conhecemos o durante alguns anos, mas depois aos sozinho para manter a banda a O Marco (baixista) também foi
Pedro (Vocalista) e mais tarde o poucos o pessoal foi deixando de funcionar, mas desde a entrada do uma entrada importante em 2008,
Jaime (Baixista) começámos a falar se identificar tanto com o estilo e David já somos dois a puxar para e na altura e durante alguns anos
mais vezes nessa possibilidade, e aos poucos por essa razão ou outras o mesmo lado e a acreditar a 100% partilhámos os três esse gosto e
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empatia músical que estava a fazer o nosso Com tanta experiência como artistas e muito variedade e o acesso é extremamente
som evoluir bastante, mas entretanto ele amantes de música extrema, sentem que fácil a tudo, por isso a luta é conseguir
foi participando noutros projectos que ainda existe uma certa relutância em visibilidade e marcar a memória das pesso
lhe permitiam tocar guitarra em vez de apostar em bandas do género? as.
baixo e tinham mais visibilidade do que
nós, e ele decidiu dedicar mais tempo a a Na minha opinião não existe qualquer tipo Falemos do actual álbum, “ Violent
esses novos projectos impossibilitando o de relutância no meio Underground, se te Exhumation”. É nada mais, nada menos
ritual que sempre achámos essencial para a referes ao mainstream, espero sinceramente que o trabalho comemorativo de vinte
pureza do nosso som, que era a ligação de que a relutância se mantenha senão deixará anos de arte , “talhado” na perfeição
compormos as cordas sempre em conjunto. de haver Underground. para imortalizar o nome Biolence na
O Afonso (baterista) foi sem dúvida uma história do underground lusitano. Como
entrada chave para esta banda também, Em que é que se inspiram para escrever “nasceu”, “cresceu” , e se desenvolveu
tivemos algumas fases tremidas, mas ele cada letra e quais as temáticas que este apogeu da vossa carreira?
têm-se mantido até hoje, somos todos sublinham os valores dos Biolence? Que
amigos e essa união tem-nos mantido juntos, mensagem pretendem transmitir-nos Este álbum é um resumo das músicas
o Afonso é sem dúvida uma segurança com a vossa arte? mais relevantes que compusemos ao
enorme tendo em conta a sua técnica e longo destes 20 anos, mas que por falta
poder de execução, e principalmente bate Como na sonoridade também nas letras de meios nas épocas em que as tocávamos
com vontade que é essencial para um som exploramos as várias vertentes dentro do nunca tivemos oportunidade de as gravar.
"Biolento".Actualmente contamos também Metal, normalmente falamos muito sobre Decidimos guardar este material para o
com Daniel Marage, é novo nisto de tocar injustiça social, o lado negro da humanidade expôr num único trabalho comemorativo.
ao vivo, mas já é músico de Metal há muitos (corrupção e ganância), horrores e injustiças Grande parte destes temas continuam até
anos e já esteve noutras bandas, e para já da guerra, algumas letras nostálgicas a hoje a fazer parte das possíveis set lists
no geral além de excelente músico e pessoa, enaltecer o verdadeiro espírito metaleiro a executar ao vivo, também por isso ser
parece ser exactamente a peça que faltava! dos 90´s (quando a música importava importante gravá-las... Para a maioria
mais do que lucro ou ser-se conhecido), das pessoas é mais um álbum, para nós
Que termo pode definir o som de Biolence? alguma política, e até mitologia e contos é recordar todos os grandiosos momentos
Qual a melhor forma de descrever o som mais obscuros. que vivemos quando as tocávamos ao vivo
que produzem? ao longo dos anos, o que o torna para nós
um álbum muito especial.
O ideal é : Metal dos 90´s, nós gostamos
de dezenas de bandas de Death, Thrash e "Hoje em dia há Como será a promoção do álbum, e por
Black, e a nossa composiçao não é pensada,
é sentida! Quando começamos a compôr mais concorrência si só, a comemoração do aniversário de
Biolence?
uma música ela pode ter milhares de
desfechos diferentes, o que sair naturalmente
e sentirmos que é perfeito para aquela parte
e menos união, e A promoção já está neste momento a
acontecer, vamos tentar tocar ao vivo no
é o que fica independentemente do estilo
dentro das três vertentes acima. Gostamos para se conseguir máximo de sitios possíveis cá em Portugal,
já temos alguns concertos pré-acordados,
bastante é de contrastar agudos com graves
e brutalidade com melodias, isso é a base alguma visibilidade e queremos também explorar um pouco
mais lá fora, situação que também já está
é bastante
da nossa composição. em conversação e já com alguns feedbacks
positivos de ambas as partes. Comemorar
Em tantos anos de bom Death/Thrash a nossa música para nós resume-se em
metal, temos em lista uma “curta”
discografia, a que se deve essa, ainda,
reduzida produção de material?
complicado" tocar ao vivo e criar uma ligação com o
público através das nossas actuações, o
plano será esse.
Isso acaba por estar explicado na primeira O que nos reserva o futuro da banda?
pergunta, aconteceram muitas alteração Após uma demo e um ep, com um O que ainda falta fazer para sentirem-
na banda e nunca foi possível encontrar a interregno bastante grande entre as datas se completos enquanto artistas?
solidez necessária para lançamentos que de saída. Temos dois longa-duração com
fizessem total sentido, além de que, até 2008 um ano de diferença no seu lançamento, Posso dizer-te que já estamos a começar a
apesar de eu no fundo querer um percurso 2017 e 2018, ambos de um brilhantismo preparar o próximo trabalho de originais,
mais coerente e sério, a banda no geral único. Como explicam estas abruptas basicamente vamos manter a máquina em
sempre levou a cena mais numa onda de diferenças? E o que permitiu esta produção andamento sem mais paragens, é isso
divertimento para ir dando uns concerto de trabalhos mais assídua? que queremos. Quanto a sentirmo-nos
quando aparecessem oportunidades, completos, isso passa por tocar muito mais
pouco mais do que isso, a partir de 2008 Tal como referi nas questões anteriores, até ao vivo. Quer em festivais onde nunca
decidimos levar a cena mais a sério. De o problema de disponibilidade dos membros passámos antes, quer em terras onde nunca
2010 a 2017 que foi o hiato entre o EP e o e reestruturação da banda estar resolvido tocámos, o objetivo é levar a nossa música
álbum, foi uma altura conturbada, vários não era possível alcançar os objectivos ao máximo de pessoas possível, e é nesse
problemas de disponibilidades e prioridades traçados. Uma vez esse assunto tratado sentido que estamos a trabalhar.
etc, e nesse tempo fomos compondo o foi só pôr em prática o que já estava há
"Violent Non Conformity", nesse espaço muito pensado e encaminhado. 11. Querem deixar uma mensagem aos
decidimos que só iamos voltar a tocar ao nossos leitores?
vivo quando o álbum estivesse pronto, Quais as maiores adversidades que
que foi em 2017. Desde aí não parámos enfrentam enquanto músicos em Portugal? Antes de mais queria só agradecer-te
mais, tendo já lançado o nosso segundo pela entrevista e por esta oportunidade,
álbum de originais "Violent Exhumation" Actualmente acho que é a concorrência, continua com o bom trabalho! Quantos aos
em 2018, e posso já dizer que já começamos hoje em dia há mais concorrência e leitores, obrigado pelo apoio que tem dado
a compôr o próximo! menos união, e para se conseguir alguma ao Underground, continuem e apareçam
visibilidade é bastante complicado, há nos concertos! Cheers! \m/
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eNTREVISTA
O vocalista norte americano David L. Reece, está de volta desta vez a solo com Resilient Heart”.
Conhecido profissionalmente na cena heavy metal rock desde o final dos anos 80, com trabalhos
com várias bandas de diversos géneros, sendo “Eat The Eat” gravado com os Accept a sua porta para
a ribalta musical. Pelo caminho surgem outros trabalhos dignos de registo como a sua passagem
pelos Bonfire de janeiro de 2015 a julho de 2016 e mais recentemente com o projecto Sainted Sinners.
Miguel Correia
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Olá David, obrigado por esta novo baterista é então Sigurd Down, Bonfire. Tens com certeza
entrevista e parabéns pelo Jensen. Eu gravei todas as vozes, algo que ficou, um álbum favorito
teu novo trabalho, "Resilient mais uma vez com Mario Percudani, ou um momento de tudo isso?
Heart"... e, claro, este título é nos estúdios da Tanzan aqui em
uma demonstração de que estás Itália e Marco Angioni gravou as Claro, acima de tudo, estou aqui
vivo e cheio de ambição! guitarras produzidas e masterizadas por causa do álbum dos Accept,
nos Death Island Studios, na “Eat the Heat”, sem dúvida que
Obrigado a vocês, por me darem Dinamarca. Marco é um produtor me abriu muitas portas e sou
a oportunidade de me partilhar brilhante e eu recomendo-o para eternamente grato. Também estou
com vocês e com todos os vossos quem procura um som arrasador. muito orgulhoso do trabalho
leitores! Sim, vivo, muito vivo, bem realizado nos Bangalore Choir,
e cheio de energia e ambição! “On Target” e confesso que usei
"Estou aqui por algumas dessas cores vocais dos
E como surgiu esta oportunidade, dois álbuns no “Resilient Heart”.
falo num todo, chegar à Mighty causa do álbum
Music, um álbum solo, muita Sainted Sinners,? Algum plano
vibração, energia positiva, tudo dos Accept, “Eat para voltar?
o que sentimos quando se ouve
este brilhante disco... the Heat”, sem Dos Sainted Sinners, eu possuo
50% junto com o Frank Pane. Ele
Obrigado, mais uma vez obrigado,
concordo que o álbum está cheio
dúvida que me abriu agora está com os Bonfire e isso
torna difícil qualquer outro passo
de vibrações pesadas positivas! Fico
feliz por essa opinião!
muitas portas e sou para os Sainted, para algo mais
sério. É por isso que eu decidi
eNTREVISTA
Os Cruz de Ferro são a antítese do lugar comum no heavy metal: cantam em português e não
nasceram numa das grandes cidades do país. Oriundos de Torres Novas, conquistaram já a alma
lusa mais “pesada”, com o seu som forte, as suas temáticas guerreiras e a voz tão característica
de Ricardo Pombo. E conquistaram-me a mim, que tendo como ponto de partida o EP “Imortal”,
lançado este ano, os fui entrevistar. Será que há novo álbum “no forno”?
Rosa Soares
Fotos - José Coutinho
Como é que a música entra na Portugal, terem temas que uma temática patriota. para melhor ou para pior.
vida dos diferentes elementos apelam a actos guerreiros, e
dos Cruz de Ferro? Com que usarem palavras como “País”, Uma das características O vosso último lançamento,
idade é que começaram a “Nação” ou “Pátria”, já fez da banda é cantarem o EP “Imortal”, tem quatro
perceber que era isto que com que vos apelidassem exclusivamente em português. temas: uma cover e três
queriam? de nacionalistas de extrema- Consideram que isso pode ser originais de trabalhos
direita, fascistas e afins. uma dificuldade na entrada anteriores. Porquê a escolha
Aconteceu, como acontece Esses episódios tiveram de mercados internacionais, destes temas?
com quase todos, um irmão alguma consequência para ou uma mais-valia?
ou um amigo mais velho que vocês enquanto banda ou A ideia de lançar um EP em
nos mostra um álbum com individualmente? Cantamos em português vinil partiu da editora do
uma daquelas capas fantásticas por escolha. Na altura em álbum “Morreremos de pé”,
e com um som ainda melhor! Não nos afectou minimamente. que começámos apenas os a Non Nobis. Já havia a ideia
Ali por volta dos 10 anos, finais Até porque as poucas vezes que Midnight Priest cantavam de retirar um tema do álbum,
dos anos 80 portanto, seja com tivemos conhecimento desses na nossa língua, se não o “Imortal”. Restavam escolher
Maiden ou Metallica, e depois adjetcivos vinham de pessoas me falha a memória. Não três temas. O “Glória ao Rey”
cada um trilhou um caminho que não nos conheciam. Nem estamos preocupados com em formato acústico já estava
próprio na exploração musical. a nós e nem à nossa música. os mercados internacionais, gravado há algum tempo,
E depois fica para sempre. Quem conhece bem os todavia consideramos o facto aguardando oportunidade
nossos discos sabe que isso de cantarmos em português para uma edição. O “Fúria
O facto de os Cruz de Ferro não é verdade. Quanto muito poderá mesmo ser considerado Divina” foi retirado da demo
se inspirarem na história de podem acusar-nos de termos um factor de distinção, seja de pré-produção e tem algumas
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coisas que acabaram por não ficar na mas enquanto consumidor acabo por sobreviver no underground metálico
versão final, achamos ser interessante usufruir também das tecnologias e português?
para quem segue os Cruz de Ferro. dessa forma de ouvir música. Embora
Por último, a versão de José Cid, “A continue a consumir álbuns inteiros, Ter uma banda em Portugal requer
Lenda de el-Rei D. Sebastião”, é um porque os encaro enquanto uma peça alguma paciência e espírito de
tema que gostamos muito e que se por si só e apenas assim fazerem sacrifício. Tens bandas que aparecem e
enquadra na nossa temática. Foi o sentido, a verdade é que por vezes tocam em todo o lado. Mas de repente
único a ser gravado de propósito para ouves um bom tema e o resto do desaparecem. Depois tens outras que
o vinil, que na prática é um item de trabalho não está à altura do single e se aguentam mais tempo, talvez porque
colecionador. assim, podes evitar uma má compra. são amigos e curtem tocar juntos. No
entanto, se olharmos para as bandas
As vossas letras são escritas por enquanto pequenas empresas todas
Eurico Gomes Dias, escritor e estão falidas. Gasta-se bom dinheiro
historiador. Vocês colaboram no
processo de escrita, dizem os temas
"Claro que lá fora em equipamento, em gravações, em
edições, em merchandising, na estrada
que querem, ou é um assunto que
entregam totalmente ao letrista? têm um pouco de e qual é o verdadeiro retorno? Dá
para pagar o investimento? A verdade
Normalmente é ele que nos apresenta
os temas. E ainda tem toda a liberdade
dificuldade em notar é que muito poucas bandas podem
ambicionar viver da música e esse
sucesso nem sempre depende delas.
para fazer as letras. O que acontece
é que depois temos de as adaptar à
o humor nos temas Os Cruz de Ferro, enquanto tiverem
vontade de tocar juntos vão cá andando
música. Essa reconstrução é feita por
nós com base nas letras do Eurico e focam mais a parte a chatear o pessoal. Não se trata de
sobrevivência, mas de tocar por prazer.
Dias. No entanto nem todas as letras
são feitas por ele, o vocalista Ricardo
Pombo e eu também colaboramos
musical contudo cá Para quando um novo longa-
duração?
na escrita das letras. o pessoal nada lhes Já temos uma demo de pré-produção
Imagina que tens D. Duarte de
Almeida, “O Decepado”, à tua frente, passa ao lado. " concluída e queremos começar as
gravações ainda este ano. Quem nos viu
mas que só lhe podes fazer uma este ano já teve oportunidade ouvir um
única pergunta. Qual seria? “Guerreiros do Metal”, “Morreremos tema novo, o “Soldado Desconhecido”.
de Pé”, “Imortal”: títulos que nos Aguardem mais um pouco, a Cruz
Se a batalha de Toro acontecesse hoje, remetem para bravura e tenacidade. em vai regressar em força!
e olhando para o estado da Nação, É preciso ser um guerreiro para
ainda teria feito
o mesmo?
A internet e as
plataformas di-
gitais mudaram
a forma de
como hoje se
ouve música. A
maioria das pes-
soas não ouve as
bandas nem os
álbuns, ouve
músicas avulso.
Concordas? O
que pensas deste
assunto?
É o mundo em
que vivemos. E
não conseguimos
alterar isso,
mas podemos
tentar adaptar-
nos. Enquanto
músico não gosto
dessa realidade
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eNTREVISTA
NTREVISTA
Se nome há que merece toda a nossa consideração e respeito de tudo, senti-te a cantar
é o de Graham Bonnet, que com o seu projecto Graham Bonnet como nos velhos tempos...
simplesmente fantástico!
Band. Graham lançou recentemente “Meanwhile Back In The Como é que consegues manter
Garage”, um album cheio de uma energia bem demonstrativa essa qualidade vocal, depois
da sua força e vontade! de todos estes anos, manter
toda essa jovialidade?
Miguel Correia
Pois, eu tento sempre ter
cuidados com a minha voz,
Um novo trabalho, sobre o do que os outros vão dizer mais que as coisas aconteçam é o meu instrumento e às
qual eu escrevi, que sentimos do teu trabalho? dessa forma? vezes é muito difícil, porque
um Graham a viver uma sem um descanso adequado,
plenitude, onde musicalmente Wow, obrigado pelo elogio, Compreendo, aqui houve acompanhado com uma dieta
faz o que o preenche. Foi assim é sempre bom ouvir isso. um pouco das duas coisas. indicada pode afetar o meu
com “Meanwhile Back In The Claro, claro, há sempre essa Algumas partes foram feitas desempenho, as minhas cordas
Garage”? preocupação, faz parte, é todos juntos, outras, fruto de vocais.
a nossa profissão, o nosso diferentes compromissos, foram
Obrigado Miguel, obrigado reconhecimento, preocupo-me feitas separadamente. Existe neste disco alguma
pelo interesse e olha acima de sempre com o que as pessoas música em particular que
tudo se as pessoas gostaram da vão pensar, ou se vão gostar. Joe Tafolla. Qual foi a ocupa para ti um lugar
música de Alcatrazz, então elas participação dele neste disco? especial? Por quê?
vão gostar muito deste disco - Como foi o processo de
é como uma versão moderna composição? Foi old school, Ele escreveu algumas músicas Sim, sim, a faixa "The Crying
de Alcatrazz! tudo ali fechado numa sala e tocou guitarra... Chair", porque é sobre a minha
e agora vamos ver o que sai, mãe...
Escrevi também que fazes ou tendo em conta que por Quando eu ouvi pela primeira
aqui um trabalho incrível. vezes a distância e outros vez, senti uma enorme paixão Muitas bandas, especialmente
Ainda tens a preocupação compromissos não permite saindo da tua voz e, acima as mais antigas, hesitam
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em fazer novas músicas devido acabou por não acontecer... teria sido demais!
à falta de vendas. Mas, contudo,
acabaram por lançar discos de Olha, sinceramente não sei, pode Michael Schenker. Andaste com ele
grande qualidade. Sentes que há ter sido por um problema com o recentemente em tour. Agarrando
uma mensagem implícita aqui que promotor ou agência, eu não estou na pergunta anterior e visto que a
Hey ainda somos capazes de fazer no por dentro desses assuntos...são passagem pelos Rainbow teria sido
boa música? coisas que nos ultrapassam! Mas diferente, houve alguma aproximação
gostaria de poder ir a Portugal. recente do Richie nesse sentido?
Yeah, eu penso um pouco isso, mas
somos todos músicos e sempre Tens um curriculum invejável, Não, não, nada mesmo, nenhum
criamos, e nem sempre podemos andaste por bandas como os contacto, seja de que forma for.
olhar para trás, porque os artistas Rainbow, Alcatrazz ou Michael
sempre pintam novas imagens, Schenker Group. Se tivesses que Cantaste com os melhores, és também
independentemente de recompensa voltar atrás o que farias de diferente? um deles, uma lenda do rock’n’roll.
financeira. Ficou alguma coisa por fazer? Até quando?
Estava previsto vires a Portugal, mas Eu teria ficado com os Rainbow um (Risos) Até o público morrer! (risos)
não sei o que aconteceu, porque isso pouco mais do que aquilo que estive...
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Por Paulo Barros
O LOOK - Parte 2
Olá pessoal!
No número anterior do WOM terminei com a minha opinião sobre alguns aspectos daquilo
que eu acho que os músicos não devem fazer em relação ao seu visual, ou seja, a preocupação
que nós deveremos ter com o nosso aspecto, pois como já devem ter reparado o sucesso
da maior parte de bandas que conhecemos está relacionado também com o look que eles
têm, entre outros factores claro…
Por exemplo quando escolhemos um fotógrafo devemos ter em conta ser um profissional
e, de preferência, um especialista em fotos de bandas, ou quando escolhemos um produtor
de vídeo, a decisão terá de ser pelo mesmo factor... Por exemplo…. quando os Tarântula
assinaram em 1997 o contrato com a AFM Records, a editora pediu 100 fotografias da
banda em vários locais mas tiradas por profissionais, para não correr riscos de ter um mau
resultado, e se por acaso não gostassem de nenhuma enviavam um fotógrafo da Alemanha
para fotografar com a respectiva conta a acompanhar... $$$$... Mas quem diz as fotos diz
outro pormenor qualquer.Tudo tem que estar bem definido, cada estilo musical tem que
ter um LOOK adequado. Por exemplo quando apareceram os Slayer nos anos oitenta,
eu lembro-me de ter ficado fascinado com a primeira foto deles publicada numa revista,
com o Kerry King vestido de couro preto com umas pulseiras de pregos. Sim, pregos!
Até aí só tínhamos visto tachas e picos de metal bem mais pequenos… mas aquilo era
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uma inovação total em todos os aspectos! Era o som deles e era a produção e o LOOK e
tudo mais brutal! Nós ouvimos o primeiro disco deles e depois olhávamos para o LOOK
e era aquilo mesmo!
Não tinha que enganar, eles estavam a dizer que os outros que vinham para trás eram
mais soft…e aquilo era uma coisa nova no heavy-metal, era um produto mais brutal! Um
outro exemplo diferente... os lendários Kiss e Alice Cooper nos anos 70 talvez tenham
influenciado o LOOK, do princípio do Black Metal dos oitenta com os Venom e os
Mercyful Fate embora os estilos de música sejam muito diferentes.
E por falar em Kiss, para mim a maior referência em termos de marketing visual repare-se
nas pinturas e as roupas desta banda lendária. Aquilo foi mais de meio caminho andado
para o sucesso… e ainda mais quando a banda já tinha nos finais de oitenta uma carreira
de super-sucesso, eles tiveram a ideia genial de tirar as pinturas e as máscaras para os
fãs verem finalmente as caras deles… ou seja quando os fãs estavam um pouco cansados
de os ver, eles deram um balão de oxigénio enorme na carreira ao aparecer com as caras
deles sem as máscaras na digressão do álbum “Lick It Up” e depois na reunião de 1997
voltaram novamente a usar as maquilhagens e mais uma vez o tal balão de oxigénio.
Tal como o Alice Cooper e os Kiss, mais tarde vieram a usar este tipo de maquilhagem,
o King Diamond e o pessoal do Black Metal. Bem mais tarde tivemos o NU-METAL
em que a indústria do Heavy Metal teve que se refrescar mais uma vez e apareceram
centenas de bandas com um look e uma estética bem diferente daquilo a que estávamos
habituados, os cabelos compridos desapareceram, cresceram umas pequenas barbichas,
as roupas alargaram puseram uns piercings e umas argolas e também uns bonés… as
guitarras passaram para 7 cordas e os solos de guitarra desapareceram… sim, sim malta
passamos um mau bocado! MAIS UMA VEZ!!!
Mas isto também tem que mudar de vez em quando para inovar o estilo, pois, eu acho que
o Nu-metal trouxe muita coisa positiva para dentro do Heavy Metal assim como todos os
outros estilos, pois as diferenças e inovações só reforçam mais o género musical como
é óbvio. Por isso malta tenham cuidado com a imagem que vão criar, pois por vezes a
primeira foto do grupo é a primeira imagem que as pessoas vão ter, daí peço-vos que se
cuidem e se preocupem o máximo possível com o vosso Look! Pois podem maximizar
mais a vossa banda.
Paz para todos e até ao próximo número!
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eNTREVISTA
NTREVISTA
Anneke Van Giersbergen é um nome incontornável no panorama da música pesada. Não só fez
parte da melhor fase dos The Gathering, como depois encetou uma carreira a solo cheia de
pontos altos, embarcando em diversos projectos bem sucedidos. A propósito do mais recente
trabalho “Symphonized” e das comemorações do vigésimo quinto aniversário da sua carreira,
tivemos uma conversa descontraída e bem esclarecedora com a simpática vocalist holandesa.
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encontramo-nos, então sim, somos ambiencias progressivas que The mas ainda será pesado porque eu queria
também grandes amigos. Gathering tem. criar uma banda pesada e assim o fiz
mas, sim, ainda está a crescer, ainda está
E é engraçado ver que todas as bandas Sim, exactamente. a encontrar o seu caminho na cena. Está
e artistas com quem colaboraste, todos a correr muito bem, fizemos a digressão
têm algum tipo de liberdade musical, Penso que realmente surpreendeu toda que correu muito bem por isso sim, no
desde o Devin Townsend que... faz o a gente. Surpreendeu-me a mim. De geral, estou bastante novo.
que quer (risos) uma forma positiva.
Esta já é uma espécie de pergunta clichê,
Sim, exactamente. (risos) Oh, isso é bom, isso é bom! (risos) o que é que há de seguida para ti? Vais-
Mas também houve pessoas que foram te concentrar na tua carreira a solo,
Até aos próprios Moonspell que nunca surpreendidas e não de uma forma nos teus espectáculos acústicos que
fizeram o mesmo álbum duas vezes, positiva. Pensaram "ok, vamos ter agora já disseste que precisavas de fazer ou
sempre a fazer coisas diferentes. É esta banda eclética e pesada" e, como vais-te focar nos Vuur ou algo novo?
engraçado ver a forma tu também tens disseste agora mesmo, deste tipo de
essa liberdade e és igual aos teus pares. música mas não foi isso. Fizemos um Como disse, estou a escrever montes
álbum fantástico, aliás, fizemos o álbum de letras, muitas coisas mais suaves por
Sim. É engraçado porque estás a dizer- que quisemos fazer exactamente mas isso provavelmente vou fazer um álbum
me isto agora e nunca me ocorreu. É apercebi-me que muitas pessoas tiveram acústico a solo. Vou fazer muitas concertos
exactamente como disseste, é tão que se habituar às canções e sinto que acústicos a solo no próximo ano mas
verdade. Algo está-nos a ligar por causa ainda está a crescer nas pessoas. Recebo também vou andar em digressão com
desta liberdade criativa que todos nós muitas mensagens a dizer "ok, tenho que os Vuur mais um bocado e...
partilhamos. É maravilhoso. entrar na onda, tive que ouvir algumas
vezes e agora consigo percebê-lo", porque Desta vez como cabeça-de-cartaz?
Voltando aos teus próprios projectos... as pessoas tiveram que apagar a ideia de Abriram para Epica...
como é que a experiência com os Vuur que eram os The Gathering, o que é na
tem sido até agora? O álbum "In This verdade uma ideia estranha porque as É verdade. Provavelmente vamos andar
Moment We Are Free - Cities" satisfez pessoas, os músicos nos The Gathering, em digressão com os Delain, pela América
as tuas expectativas, tanto no sentido eles fazem a música dos The Gathering. Latina e vamos fazer alguns concertos
criativo como na recepção pelo público Eu era apenas uma parte desta coisa toda soltos. Vou trabalhar com a orquestra
nos últimos doze meses? que eram os The Gathering, então não novamente, vou trabalhar com outra
poderia ser os The Gathering, certo? orquestra.
Tenho que dizer que quando comecei a Tinha de ser outra coisa qualquer.
formar a banda até chegarmos ao álbum, Wow.
disse a todos "ok, eu vou formar uma Algo novo.
banda pesada e vou compor um álbum Sim (risos) fazer algo diferente e sim,
pesado" e todos começaram a pensar Claro. E a minha voz, a minha impressão estou a caminhar em direcção a algo
"ok, vai ser os The Gathering" e... não melódica claro que refere-se à música muito especial para o final de 2019 mas
foi, é muito mais urgente, sabes? Mais dos The Gathering, eu percebo isso mas, vou definitivamente compor e gravar
negro, mais pesado, não sei. resumindo, penso que as pessoas ainda um álbum entretanto.
se estão a habituar a este novo lado e se
E até é mais progressivo no sentido nós fizermos um segundo álbum, vou Ano muito ocupado.
tradicional do género, fugindo aquelas fazê-lo um pouco mais suave, não sei,
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" eu adoraria trabalhar com o Mikael Akerfeldt. Penso que ao lado do Devin,
ele é um dos melhores vocalistas na nossa cena."
31
eNTREVISTA
eNTREVISTA
Wolcensmen é o surpreendente projecto de Dan Capp, guitarrista dos Winterfylleth, uma das
grandes bandas de black metal vindas do Reino Unido. O folk nunca foi um elemento estranho
no género, mas Wolcensmen é um regresso às raízes de Dan que agora vê o seu álbum de estreia
"Songs From The Fyrgen a ser reeditado pela Indie Recordings. Sobre o álbum em particular e
o folk no black metal, tivemos uma interessante conversa com ele.
Fernando Ferreira
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Olá Dan e bem vindo ao nosso acústicas em cassete, usando
World Of Metal. Tenho de os canais esquerdo e direito da Sim, quase tudo foi escrito e
começar por perguntar como minha aparelhagem (antes da tocado por mim, incluíndo os
é que sabe ver Wolcensmen era dos estúdios caseiros) e os coros. A minha visão original
finalmente a ser lançado como meus amigos gostavam realmente para os Wolcensmen era que fosse
merece? do resultado final. Não foi antes uma banda com vários membros
de muitos anos depois, por (daí o “men” no nome) mas não
Saudações e obrigado. Estou volta de 2012 que decidi formar conhecia ninguém na altura que
muito agradado por ter a Indie Wolcensmen especificamente fosse tão apaixonado sobre este
Recordings a apresentar o primeiro para criar este tipo de música. tipo de música e estética como eu
álbum “Songs From The Fyrgen” As primeiras influências que tive era. Então eventualmente decidi
ao mundo. A Deivlforst Records dessa cena (e para além dela) tentar cantar as partes de voz e
fez um grande trabalho a a seriam os primeiros rabalhos gradualmente fui melhorando
ajudar a produzir o lançamento de Ulver, Isengard, Wongraven, a minha técnica. A trompa, o
original mas como uma editora Empyrium, Forefather, os primeiro oboe e alguma da percussão
underground, não foram capazes trabalhos de Opeth e também fui são samplados, simplesmente
de distribuir ou promover o profundamente inspirado pelas porque não tive acesso à bateria
trabalho de forma abrangente. atmosferas criadas por Burzum, apropriada. Eu pedi a ajuda de
Estou bastante cansado da Storm, Summoning, os primeiros alguns amigos – Jake Rogers na
indústria musical (trabalhei nela trabalhos de Enslaved e Satyricon flauta, Raphael Weinroth-Browne
durante alguns anos, o que não – mesmo que eles nunca tenham no violoncelo, Dries Gaerdelen no
ajuda), então é encorajador e um propriamente gravado qualquer piano, Mark Capp no bodhran.
pouco surpreendente que o meu música acústica ou secção. Grimrik com algumas partes de
pequeno projecto obscuro tenha sintetizador e Nash Rothanburg
chamado a atenção de algumas a cantar Galdr nórdico (texto
grandes editoras independentes.
A Indie Recordings tem mostrado
até agora grande entusiasmo
"Mesmo que antigo). Passei um ano a misturar
o álbum para que soasse natural e
penso que ainda soa mais natural
peloo que faço e é isso só que
me interessa – mais que números,
eu tenha sido na remistura.
35
eNTREVISTA
Os CyHra são uma das revelações da cena heavy metal sueco. Actualmente são compostos pelo
vocalista Jake E" Lundberg (ex-Amaranthe), o guitarra ritmo, Jesper Strömblad (ex-In Flames),
Alex Landenburg (ex-Annihilator, ex-Axxis), na bateria e o finlandês e guitarra solo Euge Valovirta
(ex-Shining). Foi com Jake E" Lundberg que a World Of Metal quis saber o segredo por detrás
da máquina CyHra.
Carlos Ferraz
Olá Jake e obrigado por esta óptimas críticas, concertos e a inspiração? de todos os elementos
entrevista. Começo por falar tours! Não poderíamos estar da banda, mas, acima de
sobre o presente dos CyHra mais felizes com a resposta
Wow, incrível! Obrigado! tudo pode-se dizer que
já que o álbum “Letters to obtida e eu, pessoalmente,
Obra do Gustavo Sazes vocês soam como uma
Myself” tem algum tempo estou muito ansioso para
que é o homem, a mente, unidade nórdica bem
e tenho certeza que vocês já lançar o próximo álbum, que
por detrás disso. Ele é metal.Isto é algo que vos
devem estar a trabalhar em neste momento em que eu
simplesmente incrível! Eu deixa embaraçados ou
algo, mas o que eu quero escrevo para vocês está já a
fiz o chamado ski’s, por assim pelo contrário vos enche
perguntar, é sobre todo ser misturado na Dinamarca
dizer, para a capa do vinil e de orgulho?
este tempo, como foi tudo por Jacob Hansen. enviei para o Gustavo. Ele
desde “Letters to Myself ”, interpretou e criou nosso Estamos muito orgulhosos
o álbum conseguiu chegarOlha, pessoalmente, eu próprio "Eddie", que vocês do nosso som e quero dizer,
onde vocês esperavam? adorei a capa do álbum... poderão encontrar no CD temos um dos fundadores
eu arrisco mesmo a dizer e na versão oficial da capa. do "Gotemburgo Sound"
Acabamos de celebrar o que é uma das top 3 de capas na banda que é o Jesper
primeiro aniversário do para do ano. Como surgiu Vocês têm um som único, Strömblad. Nunca fui muito
álbum. Foi um ano com essa obra de arte e, claro, com toda a certeza fruto de categorias, rótulos na
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música, mas eu acho que a tua vibração muito interessante no Uma corrente nunca é por demais
descrição encaixa perfeitamente palco. A vibração e a comunicação forte, acho que não temos pontos
no que soamos... entre os membros da banda fracos entre nós. Eu sinceramente
são importantes? Como é que amo todos o pessoal da banda,
A minha música favorita é “Here todos entram, como é que tudo incluindo o Peter Iwers, mesmo,
to save you”. Qual a inspiração, acontece? Tudo num tempo e que ele, infelizmente, não tenha
o significado dessa música? propósito certo... parece que vocês tempo para continuar connosco.
se dão bem, que conseguem essa
Obrigado! Não é nenhum segredo corrente, entendes? É mesmo isso Quais são as tuas bandas nórdicas
que uma das maiores inspirações que acontece? favoritas neste momento? Alguma
para este álbum foi Jespers e a sua em particular?
luta contra os seus demónios, algo
que o seguiu por mais ou menos "Não é nenhum segredo Recentemente eu apaixonei-me
toda a sua carreira. Drogas e abuso que uma das maiores pelos Beast in Black, mas também
de álcool. “Here to save you” pode quero que as pessoas vejam o novo
ser interpretado de maneiras inspirações para este álbum dos Engels, que é uma obra-
diferentes, mas o meu ângulo é
que é a sua sanidade que tenta
álbum foi Jespers e prima do caralho.
tirar você do seu próprio inferno. a sua luta contra os Conheces alguma banda de metal
Sim, nós temos mais dois concertos Eu realmente gosto que tu digas Para finalizarmos, como é
na Suécia este ano e dois na isso! Significa muito para mim trabalhar com a Spinefarm?
Finlândia. Estamos orgulhosos de saber que isso pode ser visto do
ir abrir para os Amorphis a 17 de "outro lado". Quando os Cyhra Olha, a Spinefarm é fantástica, trata
Novembro e depois seguimos para começaram, esse era o propósito, muito bem as suas bandas e eu já
Helsínquia, possivelmente quando meu e o do Jesper, montar lancei cinco álbuns com eles e só
estiverem a ler esta entrevista, já uma banda onde a amizade e a tenho coisas boas para dizer.
é passado, mas, para o próximo irmandade seriam o ponto central.
ano, lançaremos o nosso segundo
álbum, que será seguido por tours
e festivais. Queremos muito voltar
para a estrada, mal podemos esperar
por isso!
O meu primeiro artigo para a WOM é uma entrevista a uma banda próxima da cena local
finlandesa chamada Fear of Domination de Helsínquia. Eles tiveram um sucesso algo
limitado com seus álbuns e parece que estão perto de uma pausa de reflexão e achei por
bem antes que isso aconteça de os ajudar a divulgar para quem não os conhece, esta é
então a melhor a hora de entrevistá-los. A entrevista foi realizada com Sara uma das duas
vozes deste projeto (eles são dois) e acreditem que a Sara é um portento vocal.
Carlos Ferraz
Olá Sara, obrigado por banda. Depois, houve aqueles um trabalho incrível juntaram editora. Ele disse que seria
este momento, e vamos lá, que encontraram "Metanoia" de forma soberba todas as importante ter a banda na
"Metanoia" já foi lançado de forma natural, os novos peças! capa do álbum e não apenas
há algum tempo como foi fãs de Fear. Chegamos a ser alguma arte abstrata. Claro,
o vosso percurso desde aí comparados aos Evanescence, Grande álbum e uma capa nós queríamos ter algo
Slipknot, Pain o que me leva fantástica! De quem é a mais do que apenas uma
Olá Carlos, obrigado nós a acreditar que as pessoas autoria? imagem nossa na capa,
por esta oportunidade! não tiveram dificuldade em então contatamos a Jani
Olha, depois de lançarmos entender a nossa música Obrigado Carlos! Falando da para criar uma obra-prima.
"Metanoia", o nosso quinto como ela é. O álbum recebeu capa ela é uma peça de arte Nós tínhamos algumas ideias
álbum, em Maio, a maioria grandes elogios, e por muito diversificada feita por sobre arte giger, e Jani fez
dos nossos fãs ficaram muito isso temos de agradecer à Jani Kormu de Kormugraphy. tudo acontecer. Estamos
entusiasmados com o nosso equipa do Fascination Street A primeira ideia veio do muito felizes com o resultado!
novo estilo, idealizado pelos Studios na Suécia por mixar representante do nosso da
nossos oito elementos da e masterizar o álbum. Fizeram Ranka Kustannus, nossa Som orgulhosamente nór-
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dico? Nós vamos lançar um novo apenas uma ou duas músicas de
videoclipe de “Sick and Beautiful” várias bandas como os Insomnium,
Bem, na verdade, nunca pensámos e estão previstos alguns concertos Arch Enemy, Kaunis Kuolematon,
sobre esse aspecto. Eu acho que nós - a maioria deles na Finlândia. In Flames, Amorphis, Mokoma,
somos orgulhosamente nórdicos em Staminna, Turmion Kätilöt,
todo o caminho porque o melhor Portugal? Amaranthe, Pain, Crimson Sun,
metal vem dos países nórdicos Dark Tranquility etc. Eu também
(risos). Claro, as nossas influências, Recebemos muitas mensagens dos gosto de ouvir pop e rock, mas não
não as podemos descartar, vão sendo nossos fãs portugueses a perguntar há muitas bandas boas de por aqui.
demonstradas agora e sempre. o mesmo, mas, a realidade é que Talvez alguns artistas solo como o
Por exemplo, o nosso guitarrista, ainda não temos nada planeado Robin ou o cantor folk Eivør.
Johannes Niemi, disse uma vez que para isso.
demorou um pouco para crescer nas Conheces alguma banda de metal
intermináveis imitações de nomes portuguesa?
como os Children of Bodom e os
Nightwish, porque essas bandas
"Somos muito O primeiro nome que me surge são
tiveram um impacto tão grande
em nossa infância e adolescência.
fiéis uns aos os Moonspell. Infelizmente todos
os outros não conheço, mas estou
Os Satan são um dos grandes nomes da chamada New Wave Of British Heavy Metal, que
apesar de uma carreira irregular marcaram o som sagrado com grandes álbuns. Estão de
regresso com "Cruel Magic" e para nos falar sobre esta mais recente fase da mítica banda
britânica, tivemos Russ Tippins, guitarrista e líder dos Satan.
Miguel Correia
Satan, “Cruel Magic”, Russ Passamos dois anos e meio las, desenvolvê-las e depois, que tínhamos escolhido não
Tippins…sem demoras! nestas músicas, desde o deixas as em paz por algumas iam para lado nenhum, e o
primeiro germe de uma semanas, guardadas, e quando Brian observou que boa parte
Olá Miguel, finalmente... ideia até a mistura final e as voltares a ouvir novamente, das músicas eram tão rápidas
Obrigado pelo vosso interesse, masterização. Isso é muito mais tudo soa diferente. Às vezes, que ele não achava que seria
é um prazer poder responder do que aquilo que alguma vez também não são tão boas capaz de fazer nada com elas.
às tuas perguntas. Olha o fizemos anteriormente, mas quanto pensávamos. Acontece. Ele perguntou se eu tinha
novo álbum "Cruel Magic" é sabes, não podemos forçar Geralmente, começamos a alguma coisa midtempo do
a nossa imagem, é um álbum o processo, não podemos debruçar-nos por cima das caminho, algo em que ele
típico dos Satan, com todos forçar nada, é algo que demos e dos memorandos pudesse realmente entrar.
os ingredientes sonoros acontece naturalmente. uns dos outros para decidir Bem, eu não fiz, nenhum
característicos. Como escritor, precisas dar a com o que avançar e o que de nós fez, mas me fez parar
ti mesmo o tempo suficiente fazer. Nesta ocasião, muito para fazer um balanço e
Foi então fácil construi-lo... para experimentar ideias rapidamente, tudo ficou considerar tudo. Resumindo
como foi a composição? que vão surgindo, regista- claro, que duas das ideias a história, foi assim que
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surgiu a música "Ophidian". Eu bateria e baixo juntas - com uma voz jovens que tocam e gravam o com
acho que a partir desse ponto nos 'guia' que pode ou não ser mantida. influências old school – como os
tornamos muito mais focados em Parece simples, mas não é fácil Anti Christ, Natur, Danava, Night
conseguir os melhores arranjos abandonar os teus preconceitos Demon, Black Magic. É importante
vocais e quatro das músicas tiveram como intérprete - especialmente manter essa chama viva ou logo
grandes revisões para facilitar isso. quando estás entusiasmado no nos vamos ver enterrados em nada
Em contraste com tudo isso, uma momento e te concentras numa além de modernas bandas de metal
vez que sabíamos que tínhamos peça. Descobrimos que a melhor digital. A maioria parece tão feia
os arranjos definidos, a gravação coisa era não julgá-lo imediatamente, aos meus ouvidos. E falsa. E o pior
em si foi feita rapidamente. mas passar para outra coisa e depois de tudo - Symphonic Metal!
ouvir o que gravámos com ouvidos
Quais são as diferenças que vamos novos no dia seguinte. Pelo menos O termo "power metal" apareceu
sentir comparando com "Atom metade do que tu ouves no álbum muito no final dos anos 90 para
By Atom"? é o primeiro, os outros precisaram se referir a bandas que soavam
de duas ou três tentativas para melodias na composição, mas
Eu acho que a principal diferença conseguir o que queríamos, mas usavam os estilos mais agressivos
está na nossa atitude mental. ainda podes ouvir erros. de metal e death metal, como
Queríamos tentar recapturar parte do Helstar e Stratovarius. No entanto,
abandono selvagem que mostrámos os Satan foram quase os pioneiros
em "Court in the Act". Eu acho "Nós realmente do género em 1982. Como achas
que nós certamente conseguimos que o vosso primeiro álbum seria
isso e sim, há erros audíveis. Nós tentámos separar-nos recebido hoje?
realmente tentámos separar-nos da ideia da perfeição
da ideia da perfeição técnica e Eu realmente não sei. Às vezes eu
abordá-la como um concerto. Se técnica e abordá-la gostaria que tivéssemos mantido a
tu sabes que tens um dia inteiro
para trabalhar uma música, então
como um concerto. formação dos Satan de 1984. Muito
do que vivemos no passado é tudo
terás o dia todo para consegui-la. Se tu sabes que tens história agora. Uma coisa é certa:
Se tu sabes que tens apenas uma
hipótese, é mais do que provável
um dia inteiro para tivemos muito tempo para nos
tornarmos melhores aescrever
que a agarres logo. Quando nós trabalhar uma música, músicas e gravar como banda. E
gravamos 'Court in the Act' nós
não conhecíamos nada melhor
então terás o dia todo os lançamentos desde a reforma
da banda foram muito melhor
- para nossos próprios ouvidos para consegui-la. recebidos em geral do que "Court
nós já parecíamos perfeitos. E não
havia opção para tentar várias
Se tu sabes que tens ..." foi na época.
tomadas porque tínhamos apenas apenas uma hipótese, Bem, o que vos distancia por
dois dias para trabalhar em doze
músicas. Se chegamos ao fim de
é mais do que provável exemplo do Death Metal? Assumes
que os Satan mudaram na altura
uma música, foi isso que ficou! que a agarres logo." o nome em parte para evitar
Nós conversámos sobre isso antes ser comparado a nomes como
das sessões de gravação e todos os Venom e os Slayer. Musical
sentimos que com a nossa saída Mas "Cruel Magic" é outro álbum e artisticamente, como vocês se
posterior, a única coisa que faltava fantástico e olhando para o ano veem diferentes dessas bandas?
era um pouco daquela aspereza que de 2018 é mais um para o
que podes ouvir no “CITA”. Por lote... Eu diria que em geral a nossa
isso, decidimos ir para o primeiro música é muito mais complexa
take de todas as faixas básicas de Concordo. É encorajador ouvir do que a maioria da construída
apoio, com duas guitarras principais, mais lançamentos de novas bandas no Death metal ou Black Metal.
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Não pretendemos deliberadamente se eles secretamente acham que a personagem do juiz (a mascote)
tornar as nossas peças difíceis de eu sou um muito obcecado pelo surgiu. Uma personificação da
tocar, mas de alguma forma elas controlo de tudo...(risos) injustiça no nosso mundo. Por
acabam assim. Os riffs são mais exemplo agarrando na capa de “Cruel
baseados em notas únicas do que Uma vez li que tu disseste que Magic” e ao que ela representa,
em acordes, e tocados nas cordas querias- te afastar de temas mais não consigo pensar num exemplo
mais altas, e não nas mais baixas. sombrios. Achas que muitas bandas mais extremo de "justiça" errada.
Quando eu digo "a maioria dos da cena metal foram por um caminho Os julgamentos feitos há mais de
Death Metal" eu posso pensar em errado, tocando sobre temas que 300 anos a supostas bruxas!
excepções notáveis incluindo, claro, não deviam?
os Slayer e também os Antichrist. Vocês têm uma linha poderosa e
Essas bandas tocam riffs de precisão Huumm, eu não iria tão longe a forte pronta para seguir, já percebi
muito complexos e eu sou um ponto de dizer isso. Qualquer um isso ao longo de toda a entrevista.
grande fã de ambos. Onde nos que nos conheça sabe que nunca Os Satan estão de caminho definido
diferenciamos completamente de cantámos sobre o Diabo, excepto há muito...o que significa que muita
todas essas bandas está na nossa nos termos mais abstratos. Dito coisa ainda está para vir?
abordagem à voz. Não é fácil encaixar isso, também não temos interesse
uma linha melódica em algumas em assuntos ligeiros. Nunca vais Absolutamente! Depois de uma
de nossas composições loucas e ouvir as palavras 'Rock and Roll' digressão de duas semanas nos
harmonicamente desafiadoras, numa música dos Satan, nem de EUA no Halloween fomos para a
mas o Brian tem feito um trabalho qualquer referência a sexo, drogas, Alemanha para começar outra, que
fantástico e a sua voz, se tivermos carros ou grandes motas. Dado está em curso. Então nós temos
a dizer algo sobre ela é que está que somos uma banda de heavy um concerto em Londres e um
melhor do que nunca. metal, poderias perguntar sobre o festival em Atenas antes do final
que sobra então para escrever, mas, do ano. A única coisa que posso
E o que tudo isso influência a irias ter uma surpresa. Geralmente dizer sobre 2019 é que vamos
tua música? coisas más que acontecem por este manchá-lo em Abril! Quanto à
mundo, reais ou imaginárias. E a gravação, assinamos um contrato
Pessoalmente, estou envolvido injustiça, em particular, sempre foi de três álbuns com a Metal Blade
em todas as músicas que criamos, uma grande parte do que nos leva Records para que saibas haverão
incluindo músicas escritas por a escrever uma letra, que é como sim mais lançamentos...claro!
outros elementos da banda.
Eu não consigo manter meu
nariz de fora! Mesmo quando se
trata das linhas vocais e letras,
o Brian fica mais do que feliz em
aceitar uma ideia de qualquer
um de nós e se ele achar que
funciona para a música. Mas,
ao mesmo tempo, se alguém
tiver uma sugestão sobre algo
que eu trouxe para cima da
mesa, naturalmente estou sempre
aberto a novas sugestões. Não
tenho problema em reescrever
ou até mesmo eliminar músicas
inteiras. Eu acho que eu sou
um workaholic nessa banda,
embora às vezes eu me questione
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Banda sonora do Apocalypse
Jukka (incognita/Shapeshifter)
Yo! Waz up Portugeuse necrophiliacs?! O meu destaque vai para a segunda faixa, “Fabrication of
Souls”, da qual deixo aqui um pequeno excerto...“Liberate
O ano de 2019, segundo alguns especialistas, será o início the bastard souls, exterminate the human race...” Para mim,
para chegarmos a um ponto ou fase sem retorno. Serão daqui o metal extremo no seu melhor!
para a frente 13 anos até lá, quando o nosso mundo começar
a sua espiral incondicional e entra num inferno ardente, não https://kilsorrowklan.bandcamp.com/
muito diferente do nosso vizinho brilhante mais próximo,
Vénus! Então, temos de aproveitar, viver da melhor forma
possível agora, e para mim o melhor é procurar a música Morbid Evils, Turku, Finlândia
certa para o momento do apocalipse!
https://morbidevils.bandcamp.com/
Os Kilsorrow Klan são uma força de deathcore e death metal, que
inspiram o caos, intensos e esmagadores! “Demon Apparatus”, Fuck that was dark! Till next time.
o primeiro disco, atinge o ouvinte implacavelmente, riff após
o riff fazendo a maioria das outras bandas de metal soar Yours truly,
genérica e sem inspiração. Há uma fluidez muito orgânica e
groove na composição das músicas. A musicalidade é excelente Jukka of Finland
por todo o disco – um destaque especial dado às guitarras
de 7 cordas e ao amplo rosnado da voz. “Demon Apparatus”,
é um álbum com 16 minutos de muita ficção científica.
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eNTREVISTA
eNTREVISTA
Os Riverside são sem dúvida uma das grandes bandas de rock/metal progressivo da actualidade.
A banda polaca solidificou a sua posição álbum após álbum e após a traumática perda de um
membro fulcral, não desistiu e voltou com um excelente álbum (um dos nossos álbuns do mês
da edição passada) "Wasteland" e apaziguou os receios em relação ao seu futuro. Momentos
antes da subida ao palco do Lisboa Ao vivo, a World Of Metal teve uma breve conversa com
Mariusz Duda, baixista e voz dos Riverside
Filipe Ferreira
Fotos - oskar Szramka / filipa nunes
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Começaram a tour em Outubro, subiram de nível em todos os aspectos. neste álbum, a abordagem foi muito
como tem sido até agora? diferente?
Sentes que é uma tour mais leve
Tem sito óptimo. A maior audiência até então, e mais energética. Vou ser honesto contigo. Desde
agora, a melhor resposta. As pessoas “Shrine of New Generation Slaves” que
estão felizes e o mais importante é Energética, sim, mas também mais deixamos de ensaiar constantemente
que nós já não estamos numa tour de divertida, por causa da setlist, por na nossa sala de ensaios. Cada vez
luto como o ano passado. Porque aí causa das pessoas e das reacções da mais material começou a ser composto
era uma tour de despedida, estávamos audiência, mais talvez algumas das no estúdio, e eu fiz a maior parte das
a dizer adeus ao Piotr e estávamos componentes visuais que temos. coisas, porque queria mudar algo. Eu
em constante pesar. Mas desta vez Nunca tivemos grande apresentação não queria manter-me no mesmo
gravámos um novo álbum e estamos visual até agora, desta vez vamos ter lugar e foi por isso que “Shrine of New
a começar uma nova vida, por isso luzes diferentes, diferentes elementos Generation Slaves” foi numa direcção
penso que estamos cheios de energia visuais, por isso seguramente vai ter diferente. Nos apenas saltámos estas
em palco. E a setlist é diferente agora melhor aspecto do que costuma ter. influencias de metal progressivo e
porque liga as coisas mais antigas com coisas desse género. Queríamos focar-
as novas, e isso é bastante bom. Eu Vocês vem apresentar um novo nos mais nas melodias. E em “Love,
penso que as pessoas gostam disso. álbum. Este é o primeiro álbum… Fear and the Time Machine”, fomos
Alem de que escolhemos algumas ainda mais longe nisso, mas esse foi
faixas que as pessoas podem cantar Com um novo lineup. o álbum que eu compus sozinho, e
connosco, por isso é bastante divertido. o mesmo aconteceu agora. Nada
Por isso, estou a gostar bastante, e Sim, um novo lineup. A minha mudou sobre o ponto de vista da
penso que com esta tour os Riverside questão é sobre o processo criativo composição. Eu fiz a maior parte do
"Eu não queria manter-me no mesmo lugar e foi por isso que “Shrine of New
Generation Slaves” foi numa direcção diferente. Nos apenas saltámos estas
influencias de metal progressivo e coisas desse género. "
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material, o Michał tinha uma canção, Já falaste sobre o tema do álbum os westerns para mim porque, bem,
e nós tínhamos ai o álbum. Mais tarde ser este mundo pós-apocalíptico e eu gosto de jogos de computador,
apenas começámos a preparar isso no que isso é um bocado o reflexo da e jogo Fallout e coisas do género, e
estúdio. No passado era algo como, o experiencia da banda. Foi curiosa a portanto aí estás sozinho. O cavaleiro
Piotr tocava algumas coisas na guitarra, homenagem que fazem aos westerns solitário, e a desolação.
desta vez não tínhamos o Piotr por no álbum. Como surgiu essa ideia? A mesma coisa acontece em alguns
isso eu tive de fazer isso sozinho. filmes com o Clint Eastwood, todos os
Para alem disso pedi ajuda de alguns Em primeiro lugar “Wasteland” é spaghetti western. O cavaleiro solitário,
amigos como Maciej Meller e Mateusz um álbum influenciado por algumas sabes. Em todos os outros westerns
Owczarek. Por isso não é como se circunstancias que aconteceram na com o Clint Eastwood, o herói
antigamente estivéssemos a compor minha vida. A morte do Piotr é apenas solitário, apenas a tentar sobreviver.
na sala de ensaios e a fazer brainstorm uma delas, porque depois do Piotr Também está algo ligado com o filme
e o Piotr morreu e subitamente não morrer, dois meses depois perdi o “A Estrada” (“The Road”). Por isso
sabíamos o que fazer. Não, o processo meu pai, mais tarde divorciei-me e a coisa pós-apocalíptica, o filme “A
de composição foi o normal como era depois disso a minha mãe adoeceu com Estrada”, os westerns, eles são muito
antes, mas claro sentimos a falta deste cancro. Todas estas situações foram similares para mim, por isso neste
gajo não é. Mas também decidimos em 2016, e eu mal sobrevivi a esse ano. tema titulo eu tinha de fazer algo
fazer isto com 100% de positividade. É também por isso que eu peguei no ligado aos spaghetti western. E então
Eu apenas escolhi o tema desta terra meu projecto Lunatic Soul e tentei fizemos isso.
erma (Wasteland), esta historia focar-me nisso. Em “Fractured” eu
pós-apocalíptica de sobrevivência lidei com tudo isto e em “Under the No texto colocado no Facebook,
porque está ligada á nossa historia, Fragmented Sky” voltei a lidar com falam numa segunda fase da banda…
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“Out of Myself” “Second Life Syndrome” continua o ou “Cybernetic Pillow” ou outros que
caminho iniciado em “Out of Myself”. podiam ganhar com alguma edição
2003 - Edição de Autor Ao longo das 9 musicas do álbum ainda
encontramos uma certa ingenuidade e como “Parasomnia” ou “Ultimate Trip”.
alguns pontos nas musicas mais longas a É um pouco essa inconsistência que
precisarem de ser limados, mas é notório torna este álbum um pouco inferior
o crescimento da banda. Este é um álbum aos dois anteriores. Mesmo assim
mais ambicioso quer em termos musicais vale a pena ouvir pelo muito de bom
quer nas letras e bem mais negro do que
o anterior. A intro “After” não esconde o que tem.
que vamos encontrar aqui, os primeiros
segundos são apenas com Mariusz
Duda a falar “I can’t take anymore. I 8/10
can’t breathe. I’m sick of this goddamn
darkness, Sick of sadness and tears.”.
Este é um álbum de sentimentos a flor da “Anno Domini High Definition”
pele que tem tanto de depressivo como
de incrivelmente belo. Dois dos melhores 2015 - Mystic Production
exemplos disto são “Conceiving You”
(para mim a melhor “balada” deles), “I
Turned You Down” e “Before”. Temos
vários épicos progressivos em “Volte-
face”, “Second Life Syndrome” e a
O primeiro álbum dos Riverside fantásticas “Reality Dream III” e “Dance
with the Shadows”. Mesmo sendo um
tem certamente algumas pontas a álbum pesado o único momento de
limar, que a banda mais tarde foi explosão é “Artificial Smile”, um tema
aperfeiçoando, mas é um excelente mais de raiva do que de introspeção.
testemunho do que a banda viria a Se a guitarra de Piotr Grudziński era
marcante em “Out of Myself” aqui torna-
ser. Aos clássicos “Out of Myself” se num som de assinatura dos Polacos.
e “Loose Heart, juntam-se os dois Um álbum imprescindível no progressivo
instrumentais “Reality Dream” I e II do seculo XXI.
que demonstram bem a qualidade
dos polacos como músicos, com 9.5/10
a guitarra de Piotr Grudzinski e o
baixo de Mariusz Duda em grande
destaque. Além destas quatro faixas “Rapid Eye Movement ” Após encerrar aquilo a que chamaram
incontornáveis na carreira dos 2007 - InsideOut Music a “Reality Dream Triology” (que engloba
Riverside, juntam-se temas como os três primeiros álbuns), os Riverside
“I Belive” ou “In Two Minds” que chegaram aqui com uma nova estrada
indicam bem a vertente mais melódica para caminhar. “Anno Domini High
que a banda sempre teve e tem Definition” continua a soar como
vindo a abraçar cada vez mais. Para Riverside mas é notória uma grande
o fim ficam os dois temas menos diferença para os álbuns anteriores.
interessantes do álbum em “Curtain A maior maturidade e a qualidade
Falls” e “OK”. Logo no álbum de de som de “Rapid Eye Movement”
estreia fica a marca de uma banda mantem-se, mas estamos perante um
diferente e interessante com algo álbum que se encaixa perfeitamente
para dizer. Deixando a marca de no metal progressivo. Musicas longas,
um prog mais fundamentado no peso e um maior foco na perícia
sentimento do que na técnica que musical, quase que podemos dizer
sempre foi a marca dos Riverside. que este é o álbum Dream Theater
dos Riverside. “Hyperactive” que
inicia o “ADHD” é pesada, directa e
8.5/10 curta, mas depois disso entramos num
mundo de musicas progressivamente
Uma das coisas que salta logo em mais longas e complexas. Apesar
“Second Life Syndrome” “Rapid Eye Movement” foi a evolução
2005 - InsideOut Music de longas as musicas deste álbum
no que toca a produção e a forma nunca se tornam repetitivas. Existe
como a banda soa mais madura. aqui a capacidade de deixar a musica
Os Riverside carregam um pouco crescer e desenvolver-se. “Driven to
mais também no que toca a peso Destruction”e “Hybrid Times” são
começando logo com força em excelentes exemplos disto variando
“Beyond the Eyelids”. Este inicio entre momentos mais intimistas,
é complementado com mais duais “proggy” ou mais grandiosos mas
faixas perfeitas para serem singles em sempre em constante mutação. Mesmo
“Rainbow Box” e “02 Panic Room” sendo mais pesado e técnico, a melodia
que se tornou um verdadeiro clássico. e os momentos mais introspetivos,
Outro dos grandes destaques vai para uma das imagens de marca da banda
“Embryonic” mais um exemplo de polaca não ficam de fora nas varias
como os Riverside dominam a arte faixas, mas ganha um grande destaque
de fazer temas de cortar o coração. na excelente “Left Out”. Um álbum
Infelizmente “Rapid Eye Movement” de destaque na nova vaga de metal
tem também alguns momentos menos progressivo.
interessantes “Schizophrenic Prayer”
9.5/10
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“Shrine of New Generation Slaves ”
2013 - InsideOut Music
51
” Quando formámos os Decayed em Junho de 1990 eu disse logo que esta
banda seria para continuar e não desaparecer á primeira adversidade.”
Olá J.A. e bem vindo a este World Of as ideias continuam a vir. É uma ideia que de vez em quando me passa
Metal. Antes de começar tenho que pela cabeça, principalmente para tocar ao
partilhar que é uma grande honra estar Decayed já teve várias formações vivo porque para gravar, vai-se arranjando
a falar contigo sobre os Decayed (já e várias fases onde a constante és baterista. Mas estou bastante satisfeito com
tinhamos falado antes por causa de sempre tu, no entanto não deixo de o G. R. e espero que ele se mantenha na
outros projectos), uma banda que me sentir que com Vulturius encontraste formação por longos anos. É lixado ter
acompanhou na minha descoberta da uma estabilidade muito forte. É de estar sempre a "recomeçar" do zero
música extrema, nomeadamente no efectivamente assim? cada vez que entra um novo baterista.
black metal. E aqui estamos para falar
sobre o décimo segundo álbum dos Até agora parece ser o caso. Já está na A perseverança dos Decayed e do
Decayed, "Of Fire And Evil", quase trinta banda fez agora 7 anos, está a tornar-se amor ao metal sempre foi algo que
anos após o início da banda. Como é no elemento que mais tempo se aguentou me fascinou e até inspirou, porque a
chegares a este ponto da carreira com aqui. Trabalhamos bem juntos, temos alguns vossa forma de fazer as coisas sempre
um historial tão grande e ainda teres gostos em comum o que torna tudo muito foi a de fãs a fazer a música que tanto
inspiração e gosto para continuares a mais fácil. Ele já sabe o que pode e o que gostam e que tanto vos inspiram. Apesar
lançar álbuns como "Of Fire And Evil"? não pode fazer em Decayed, por isso, já é de todos os anos que a banda já tem,
tudo muito natural. este continua a ser o teu principal
Saudações Fernando. Obrigado pela alento, não?
oportunidade de aparecer na WOM. O longo Por falar em alinhamento, este é o
historial deve-se pura e simplesmente á minha primeiro álbum com o novo baterista Completamente correcto Fernando! Continuo
teimosia. Quando formámos os Decayed em G.R., apesar de já estarem juntos desde a ser um fã de Metal que por acaso tem uma
Junho de 1990 eu disse logo que esta banda 2016. A posição de baterista sempre banda e que tenta perpetuar aquilo que o
seria para continuar e não desaparecer á foi um bocado problemática, tendo fez interessar-se por Metal. Que se fodam
primeira adversidade. A inspiração, felizmente, inclusive ter de usar bateria programada as modas... essas passam... mas quando
nunca faltou. Umas vezes mais ideias, outras durante alguns anos. Caso G.R. não se gosta realmente de algo... fica para a
tem que se trabalhar mais um bocado, mas tivesse surgido, ponderavas voltar vida toda.
novamente a essa solução/formato?
52
”Acho que poderia ser interessante lançar um DVD para celebrar os 30
anos. Isso e um 10" que nunca conseguimos fazer.”
a conseguia dominar a meu belo prazer. Sim, concordo plenamente. As coisas pararam
Estivemos lá 3 álbuns e mais umas coisas. (em termos de ensaios e concertos) depois
Foi das melhores editoras que tivemos. E do JM ter saído. Eu estava cansado e resolvi
está para breve o relançamento deste álbum focar-me só em gravações e lançamentos. E
e do "The Book Of Darkness" por eles. numa noite de copos, o Pedra (Grog) sugeriu
recomeçarem os ensaios e concertos de
“Hexagram” foi (é!) um grande Decayed. Tínhamos um baterista na mesa
álbum onde surgem revitalizados (Gabriel) ele tratava da voz, só precisávamos
com uma nova formação e com um de um baixista. Telefonei o K e começámos
som poderosíssimo. a ensaiar uns dias depois. Foi um verdadeiro
55
Isso deve-se ao facto de se ter sempre estáveis... até este álbum em que mais uma
conseguido arranjar alguém interessado. vez tive de mudar alguns elementos. As vidas
Ajudou bastante, a maior parte desses privadas alteraram-se bastante nesta altura.
músicos, serem seguidores do trabalho de Este álbum peca por ter uma produção um
Decayed. pouco confusa... de vez em quando tento
coisas novas e nem sempre resulta.
“Chaos Underground” é gravado nos
mesmos moldes e continuam com a Mudança de formação e “The Ancient
Blackseed Productions. Brethren”, o primeiro com o Vulturius.
Como é que foi a abordagem a ele
Sim. Por estas alturas as coisas estavam mais para integrar na banda?
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”Nunca perdi muito tempo a procurar editoras. Até ao terceiro album
ainda fui tentando, mas a resposta era sempre a mesma, que não soávamos
a ninguém e que era difícil promover uma banda assim... ”
Num jantar em casa do Nocturnus (Corpus promover uma banda assim... Geralmente
Christii) começámos a falar os dois e acabamos em editoras que alguém recomenda.
descobrimos que tínhamos alguns gostos
em comum e a pergunta surgiu naturalmente: “The Burning Of Heaven” é o segundo
"Queres vir tocar para Decayed?". O álbum pela Helldprod Records e dos
Vulturius aceitou e começámos a trabalhar meus favoritos desta década. O terceiro
no "Lusitanian Black Fucking Metal" que com Tormentor na bateria. Este factor
deveria ter sido anunciado como o novo complicava as vossas apresentações
álbum e não um EP... mais um erro. ao vivo, calculo...
“Into The Depths Of Hell” é o álbum Sem duvida nenhuma! Esta formação está
que se segue e por esta altura o vosso a funcionar muito bem em conjunto e só
som já está mais que estabelecido. espero que se mantenha junta por muitos
Voltam a uma editora nacional. Esta anos. Foi o primeiro álbum dos últimos 4 em
dança das editoras sempre foi algo que as musicas foram arranjadas no local de
que te consumiu muito energia ou as ensaio com a banda toda presente e acho
coisas vão/foram acontecendo? que isso se nota em todas as musicas. E
ter-mos gravado a bateria nos Rocn N Raw
Nunca perdi muito tempo a procurar editoras. foi uma boa decisão que ajudou a que o
Até ao terceiro album ainda fui tentando, álbum ainda ficasse melhor.
mas a resposta era sempre a mesma, que
não soávamos a ninguém e que era difícil
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Orgulho imenso de sermos a primeira revista do mundo a colocar os moonshade na
capa. Tal poderá soar como insignificante para alguns - principalmente para os que
não ouviram o seu fantástico álbum de estreia "Sun Dethroned" ou para quem não
aprecia death metal melódico de bom gosto - mas para nós, acreditamos que esta é
uma das bandas do nosso underground que tem um potencial imenso para chegar
muito mais longe. Por isso e muito mais, aqui estão eles, representados por Ricardo
Pereira, vocalista, e Daniel Laureano, guitarrista, para uma conversa reveladora.
Por: Fernando Ferreira
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”Encaramos o desafio como uma banda profissional e fizemos tudo como
os profissionais fariam, e isso é extremamente difícil de se fazer quando
a música não é a nossa profissão.”
Olá pessoal e bem vindos ao nosso desgastante foi este processo, mas acreditem e o início de 2018 ficaram reservados para
World Of Metal. Começava por vos que foi. Encaramos o desafio como uma banda captação, mistura e masterização, sendo que
dar os parabéns pelo vosso álbum de profissional e fizemos tudo como os profissionais o processo foi finalizado em Março de 2018.
estreia “Sun Dethroned”. Qual será o fariam, e isso é extremamente difícil de se fazer Depois disso ficamos até Outubro a tratar de
sentimento de ver o álbum cá fora? quando a música não é a nossa profissão. Por questões logísticas com a editora, assuntos
isso é que falamos do "Sun Dethroned" com legais e também estivemos a finalizar o artwork
Daniel - Antes de mais, muito obrigado pelo tanto orgulho! em conjunto com a Titanforged Productions.
convite e pelo interesse no nosso trabalho! Devo
dizer que a sensação é de extrema gratificação: Disseram que o processo demorou Daniel – Efectivamente, penso que pelos últimos
foi um processo que demorou mais de 3 anos três anos. Dividindo, quanto demorou dias de 2016 todas as músicas estavam mais
e poder finalmente vê-lo cá fora é fantástico. a terem as canções prontas e depois o ou menos compostas, sendo que ainda houve
da gravação? vários ajustes a ser feitos, naturalmente. Nos
Ricardo - Agradeço imenso. Tal como inícios de Março de 2017 entrámos em estúdio
disse o Daniel, o nível de satisfação de ter Ricardo - Bem, o processo de composição já para gravar tudo, processo que se arrastou até
finalmente encerrado este ciclo é titânico. atrasou mais do que devia devido a mudanças Novembro do mesmo ano. Neste intervalo
Eu sei que parecemos repetitivos, já não é de membros, tendo ocorrido ao longo de 2016 também tratámos das sessões fotográficas para
a primeira entrevista onde falamos do quão e o início de 2017. Quase todo o ano de 2017 aquilo que veio a ser a capa do disco. A fase
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”Eu só me apercebi que podia ser um álbum conceptual muito mais tarde,
quando já mais de metade da estrutura do álbum estava decidida.”
de mistura foi finalizada em Março de 2018 da nossa nova peça, poder contribuir para o E quais as principais dificuldades que
e a partir daí estávamos prontos para rolar! contrucção de um disco a partir da raíz... Para encontraram nas gravações? Houve
concluir as "firsts" relativas a esta música, foi pressão de ser o vosso primeiro álbum?
O tema “Lenora” é aquele que já tinham também o tema que abriu o nosso concerto
revelado no single ao vivo. Já era um no Vagos Open Air de 2015, um concerto que Ricardo - Não houve uma ideia fixa no
retrato fiel para aquilo que pretendiam nos abriu muitas portas e que nos deu uma processo de construção do Sun Dethroned.
para o álbum ou de alguma forma a exposição que nunca tínhamos tido antes. Eu sei que isto é um conceito estranho por
ideia embrionária foi mudando desta Alguns poderiam considerar loucura abrir um ser um álbum conceptual, mas a verdade é
altura até para aquilo que é o resultado concerto desta magnitude com uma música essa. Eu só me apercebi que podia ser um
final de “Sun Dethroned? que ainda nem sequer tinha sido gravada, álbum conceptual muito mais tarde, quando já
mas que estaríamos nós aqui a fazer sem um mais de metade da estrutura do álbum estava
Daniel - A "Lenore" é uma música muito pouco de loucura? No que toca ao tema em decidida. No entanto, a letra da Lenore foi a
especial para nós, porque foi a primeira música si, foi a música na qual começámos a traçar semente que gerou toda a história contada
do Sun Dethroned a ser criada. Na altura, eu as linhas daquilo que seria o Sun Dethroned, no "Sun Dethroned", sendo em última análise
não tinha entrado na banda há mais do que um com a mistura entre peso e acessibilidade, ligeiramente alterada para encaixar na história.
par de meses, pelo que foi muito gratificante algo que acabou por ser um objectivo que Todo o processo foi espectacularmente fluído
poder mergulhar imediatamente na composição definimos para o disco. e natural, e cheio de coincidências intrigantes.
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”Temos recebido uma resposta muito forte, tanto de crítica especializada
como dos fãs, o que nos deixa orgulhosos, tamanha foi a nossa imersão
neste projecto.”
Se eu não fosse puramente determinista, diria por resultar na sua própria morte, terminando coroa, ambos símbolos de realeza. Ora se a
que estava destinado a acontecer. com um solilóquio onde lamenta a inocência coroa se liga ao trono, o destronar do Deus é
da loucura. Em suma, a história é uma parábola representado pelas chamas e pelo fumo que a
Por acaso ia a falar do conceito em si. que destaca a necessidade de equilíbrio para cobrem, o que espelha a queda de graça que
Como disseste, Ricardo foi algo que uma existência plena, deixando claro o preço esta personagem se encontra a experienciar.
nasceu quase por acaso, mas esse da ausência do mesmo.
conceito acaba por estar de alguma Qual tem sido o feedback que tiveram
forma presente até na forma como a Daniel – Nesse sentido, o trabalho que fizemos até agora do álbum?
imagem do artwork e todo o imaginário na elaboração do conceito para a capa do
do álbum está representado em termos Sun Dethroned foi muito centrado naquela Daniel - Até agora arrisco-me a dizer que
de design. O que representa em então que acaba por ser a personagem principal da tem sido quase universalmente positivo. Temos
“Sun Dethroned”, qual o seu conceito? história que é contada através do disco, o God recebido uma resposta muito forte, tanto de
Of Nothingness. A influência visual principal crítica especializada como dos fãs, o que nos
Ricardo - O "Sun Dethroned" é um álbum para a caracterização da personagem foi a capa deixa orgulhosos, tamanha foi a nossa imersão
conceptual que personifica a dualidade da do "Within The Realm Of A Dying Sun", dos neste projecto. Sabemos que ainda há coisas a
condição humana, na forma dos conceitos Dead Can Dance, que são uma das minhas melhorar, obviamente - aliás, mau seria se assim
abstractos de “bem” e “mal”, na forma de maiores influências, tanto a nível musical e não fosse! - mas também sabemos que é através
duas personagens envolvidas romanticamente: artístico/conceptual como também visual, do avançar do tempo que nós, como banda,
Lenore, e God Of Nothingness, o último estando focando mais específicamente as suas capas. vamos evoluindo e nos vamos aproximando,
representado na capa do álbum.Ao longo da obra A partir do momento em que o conceito foi passo a passo, dos nossos objectivo principais,
é contada uma história cujos acontecimentos delineado, tratou-se de encontrar a melhor que são o desenvolvimento e solidificação da
mais marcantes são a morte de Lenore e o maneira de representar o nosso Deus do nada nossa identidade.
enlouquecimento de God Of Nothingness, cuja e acabámos por criar uma ligação muito directa
fúria consome toda a sua realidade, acabando entre o trono ao qual aludimos no título e a Nós já fizemos a review, não vos quero
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”O nosso objectivo não é ser saudosistas nem ser uma espécie de tributo
a glórias passadas de um sub-subgénero, há muitas bandas que fazem
isso mas nós não somos uma delas (...) Queremos desbravar terreno e
ser inovadores,”
revelar até agora mas posso dizer apenas reconhecido. Como membro fundador posso Daniel - De facto, todos os membros da
que a apreciação é muito positiva. Aquilo dizer que a base musical é essa. Citaste duas banda têm influências e gostos artísticos
que mais me salta à vista ou ao ouvido influências da banda, entre muitas outras do muito diferentes uns dos outros, o que faz
é a forma como vocês evoluíram desde género como Insomnium, Amorphis, Be'lakor, com que as nossas sessões de composição
os EPs (também já lá vão uns aninhos) e Amon Amarth, etc. Mas é importantíssimo sejam grandes melting pots de ideias, que no
como sem imitar alguém, soam de forma referir que isso é apenas uma pequena parte final acabam por criar algo que nos representa
mesmo clássica.A mim remete-me para os das nossas influências, que serviu como base aos 5. Para dar alguns exemplos, o Pedro tem
tempos aúreos do death metal melódico, para este álbum. O nosso objectivo não é ser enormes influências de Rammstein nos seus
com melodias muito bem caçadas, mas saudosistas nem ser uma espécie de tributo a riffs, as bandas favoritas do Sandro são os
soando sempre fresco. Aliás, é daí que glórias passadas de um sub-subgénero, há muitas Megadeth e os Nightwish e eu sou enormemente
vem o sentimento de saudosismo pelos bandas que fazem isso mas nós não somos influenciado por tudo desde Rotting Christ a
tempos que referi, consegue causar-me uma delas, por isso é que soamos "frescos". Sopor Aeternus ou Madredeus.
o mesmo entusiasmo de que quando Queremos desbravar terreno e ser inovadores,
ouvi pela primeira vez bandas como e este álbum surgiu muito desse sentimento. O É um álbum bastante forte e bastante
In Flames e Dark Tranquillity. Por isso, que nos guiou no "Sun Dethroned" foi recriar coeso. Muito complicado escolher um
como fã, tenho que perguntar, quais uma montanha-russa de emoções, criando tema favorito. Têm algum?
influências transpareceram para este uma tapeçaria de riffs épicos misturados com
álbum? arranjos mais melancólicos inspiradas em bandas Daniel - É curioso que faças essa pergunta,
como Opeth e Katatonia, e pelo meio mete porque nós, no seio da banda, já tivemos
Ricardo - Bem, em primeiro lugar queria um pouco de tudo: thrash, doom, folk, rock, essa conversa um par de vezes, e chegámos
agradecer por reconheceres que temos uma etc. Não focamos tanto a nossa inspiração em à conclusão que cada uma das respostas é
identidade própria e que ajudamos a acrescentar bandas específicas, mas sim em ideias vagas diferente! Nenhum de nós disse uma música
algo, trabalhamos imenso nesse sentido e como do que queríamos. repetida, o que mostra a força dos temas.
tal é muito porreiro ver esse esforço a ser Pessoalmente, apesar de amar cada uma das
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”De momento estamos inteiramente focados nos nossos concertos de
apresentação”
músicas como um bebé, se me apontassem uma World Of Metal, que mais promoção Nós também! Todos vós trabalham, todos
arma à cabeça e me obrigassem a escolher, em cima dos palcos têm planeada para investem na banda como um projecto
provavelmente diria a "World Torn Asunder". “Sun Dethroned”? paralelo às vossas vidas profissionais. É
É uma música muito imprevisível e ambiciosa, complicado conciliar as ambições de uma
na qual acabámos por seguir caminhos que Daniel - De momento estamos inteiramente banda em ascensão com o trabalho e
seguramente pouca gente estaria à espera focados nos nossos concertos de apresentação, aquela necessidade chata que os humanos
de ouvir. pelo que a nossa vida depois do dia 22 de têm de comer, pagar contas e tal?
Dezembro só será pensada e ponderada no
Ricardo - Verdade. Se eu tivesse de escolher, seu devido tempo. Na verdade, para nós é de Ricardo - Bem, depende do trabalho, há
diria a "The Flames That Forged Us". Acho sobeja importância que estes dois momentos uns mais exigentes do que outros. Falando
igualmente inovadora, mas é menos homogénea de apresentação do nosso novo álbum - e que pessoalmente, a mim não me afecta muito
e representa melhor aquela "montanha-russa são os primeiros concertos que damos em porque não passo muito tempo a sonhar com
de emoções" que falei anteriormente. quase 2 anos - saiam irrepreensivelmente bem. encher estádios, logo o tempo e dinheiro que
Nesse sentido temos várias coisas planeadas, invisto não originam frustração, como é o caso
O álbum foi lançado pela Art Gates particularmente um espectáculo em palco mais de muitos. Invisto por mim, porque criar é um
Records, como é que chegaram até eles? elaborado e uma performance tecnicamente mais prazer e faz de mim uma pessoa melhor, ao
avançada, bem como uma setlist com algumas mesmo tempo que ajudo a alegrar o dia de
Ricardo - Enviamos o álbum para dezenas surpresas à mistura, mas que não vai deixar alguém com a nossa música.Além disso, ensaiar
editoras de todo o mundo. A Art Gates foi uma de cumprir o essencial, que é mostrar o Sun com os Moonshade permite-me descomprimir
das três que demonstraram interesse no que Dethroned ao mundo, naquilo que esperamos do stress diário de forma pró-activa, contribuindo
estamos a fazer. que seja uma afirmação enfática da nossa para algo maior do que eu.
parte: estamos aqui e viemos para ficar.
Daniel - E não podíamos ter escolhido melhor. Daniel - Comer e pagar contas é sobrevalorizado.
Sentimo-nos bastante apoiados por eles e penso Ricardo - Acrescento apenas que alguns Se não houvesse dificuldades isto não tinha
que a parceria tem sido, até agora, um sucesso. promotores portugueses de excelente reputação piada nenhuma!
já demonstraram interesse em trabalhar
Além dos concertos de apresentação connosco. Esperamos sinceramente que essas
em Lisboa e Porto, com o apoio da parcerias se materializem!
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Supports
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Garage World
Os Imaginarium são uma banda do Baixo Alentejo, com 5 anos de existência, que procura vingar no meio musical
português. Actualmente, os quatro músicos, encontram-se a trabalhar no primeiro EP da banda, cujo lançamento
deveá acontecer no início de 2019. Com um videoclip a circular nas redes socias, da versão do tema “Os Vampiros”
de Zeca Afonso, os Imaginarium falaram connosco e contaram-nos um pouco da sua história e doa seus sonhos.
Directamente do Alentejo para a World of Metal, apresentamos os Imaginarium.
Rosa Soares
Olá! Muito obrigada pela vossa disponibilidade O vosso primeiro EP, vai sair em Dezembro e será
e enorme simpatia. É muito agradável para nós de edição própria. Porquê a edição deste EP agora,
podermos falar convosco. Vamos começar por saber e porque optaram pela edição de autor?
quem são os Imaginarium. Queres apresentar a
banda? Pedro - Na realidade é bem simples o motivo de
editarmos este EP, somos uma banda independente e
Tiago - Os Imaginarium são compostos por 4 membros: sentimos a necessidade de darmos a conhecer o nosso
Maria Infante, vocalista e guitarra ritmo; Pedro Nuno, trabalho, não existe melhor maneira de uma banda se
guitarra solo; Fábio Vital, baterista e Tiago Silva, baixista. dar a conhecer do que mostrar a música que faz, então
Nasceu de 4 amigos que se juntaram para fazer e criar um EP pareceu-nos um bom ponto de partida. O nosso
música juntos. Começou por ser uma banda de Rock/ EP é composto por covers de temas conhecidos mas
Pop que ao longo dos anos foi crescendo descobrindo completamente alterados, nada do que se vai ouvir
o seu próprio som. Apesar de todos serem amantes no EP está igual ao original ou até parecido, isso é
do rock e da música alternativa, provêm de mundos garantido. Temos ainda temas originais que apesar de
muito diferentes, a vocalista é fadista e formada em já serem tocados ao vivo apenas serão gravados no o
música clássica, o guitarrista (cérebro da banda) vem nosso primeiro álbum. Recorremos à edição de autor
do mundo do rock e do metal, o baterista do punk rock por ser a maneira mais rápida e eficaz de se editar
e ska e o baixista da música comercial e tradicional algo, principalmente quando não se pode contar com
portuguesa...seria de esperar que estes 4 membros nunca o apoio de uma editora, então decidimos fazer por nós.
se cruzassem, mas por acaso, destino ou amor à música,
acabaram todos na mesma sala, com o mesmo objetivo, O EP irá ter seis músicas, todas elas versões, na sua
fazer música e algo novo. E isto são os Imaginarium, a maioria portuguesas, cm uma “roupagem” de rock
sintonia de todos estes géneros que foram explorados alternativo. Pretendem ficar nas versões ou pensam
ao longo do percurso, o resultado foi a criação de um em se aventurarem pelos originais, no futuro?
estilo e sonoridade completamente novos.
Maria - Os originais sempre foram o nosso ideal.
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Começámos pelos covers como um processo de descoberta. de Portugal?
Sabíamos o que queríamos fazer, tínhamos imensas
ideias e várias fontes onde ir beber e os covers ajudaram Tiago - Ser uma banda em Portugal não é fácil, ser
nos a encontrar um caminho, com uma base harmónica uma banda com as nossas características sonoras e
e um poema já escritos, podemos concentrar-nos a ambições no interior mais remoto do pais é extremamente
100% na procura do nosso som e estilo que tanto nos complicado, ainda para mais estendemos nós numa zona
caracteriza. No entanto já temos um original que é de fronteiriça onde a influência de música espanhola é
tocado nos concertos e um outro que estamos a trabalhar, absurdamente grande, para ajudar ainda mais á festa
no futuro pretendemos lançar albuns só de originais. embora sejamos dois membros da banda de Moura e
dois de Portel, vivemos todos em terras diferentes, a
Apesar de terem ficado mais conhecidos agora (e já Maria vive em Lisboa, eu vivo em Portel o Fábio em
falaremos disso), os Imaginarium têm um percurso Évora e o Pedro em Moura. Actualmente ensaiamos em
de cinco anos, ao longo dos quais já houve alterações Portel embora já tenhamos ensaiado em Moura, quando
de vocalista. Optaram novamente por uma vocalista temos de ensaiar tem de toda a gente se mobilizar para
feminina. Essa é uma questão fulcral da banda? Portel com excepção de mim que já cá estou, se não
Porquê? fizéssemos o que fazemos pelo amor á musica nem o
faríamos pois como devem calcular o que ganhamos
Fabio – Não passa por ser uma questão fulcral, conhecemos com as atuações mal serve para pagar os investimentos
a atual vocalista num concurso de bandas onde travámos nos ensaios, isto sem falar na compra e manutenção
logo uma amizade e trocámos de ideias. Na altura que de instrumentos e outros equipamentos. Ainda existe
foi necessário encontrar nova vocalista achámos que outra questão, vivemos numa zona onde toda a gente
a Maria seria a melhor aposta, sabemos hoje que foi se conhece, o concelho de Portel tem cerca de 6000
uma escolha acertada. habitantes e o de moura Moura cerca de 15000, e se
por um lado é fácil toda a gente nos conhecer na nossa
Os Imaginarium são oriundos de Moura/Portel, zona por sermos uma das bandas que se expõe mais a
Alentejo. Como é ser uma banda de rock no interior nível de redes sociais por o outro também é fácil não
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sentirmos apoio, pois sabemos que o nosso estilo de políticas mas penso que todos temos ideias e ideais
música não é comercial e nem música espanhola e para pelo quais lutamos diariamente e a música não seria
piorar a situação ainda mais, não temos cunhas, então uma excepção, mas independentemente de sentirmos
por vezes torna-se difícil termos actuações aqui, e tem ou não essa questão, acho que como em todas as bandas
sido uma grande luta, mas também tem sido isso que nos o mais importante nas canções é a mensagem e aí
tem dado força e tem forçado a procurar cada vez mais sim, fazemos questão de passar a nossa mensagem,
expandir o nosso território de actuações e tentarmos umas vezes de revolta, outras de amor e algumas de
chegar a cada vez mais publico e mais longe. Não é esperança por dias melhores, e se isso for considerado
mesmo nada fácil sermos uma banda no interior do música de intervenção então sim, fazemos música de
Alentejo, mas também se fosse fácil não teria piada. intervenção, mas nunca por motivos ou fins políticos,
os temas que tocamos acabam por ser um reflexo da
Ficaram um pouco mais conhecidos quando a vossa realidade em que vivemos. Damos dois exemplos, um
versão do tema “Os Vampiros”, de Zeca Afonso, passou dos temas originais que ainda está a ser trabalhado, que
no programa de rádio “Em busca do rock perdido”, da tem por nome “Aurom”, expressa a frustração de uma
Rádio Portuense? As rádios nacionais “mainstream” luta inglória travada pelos artistas que se querem afirmar
deixaram de ter espaço para a divulgação de novas no local que os viu nascer, mas que constantemente são
bandas, ou bandas fora do circuito comercial… o ultrapassados e substituídos por artistas de fora, muitas
que me leva à questão seguinte: Como é que estão vezes de qualidade inferior, mas que merecem lugar
a preparar a divulgação do vosso trabalho? por simplesmente não pertenceram ao núcleo habitual,
remetendo ao tal ditado "Os santos da casa não fazem
Fábio - Sabemos que a entrada nas rádios nacionais milagres". Um outro original os "Trovadores", fala
será uma terefa complicada, pois o nosso estilo em sobre o flagelo do desemprego que atinge o nosso pais,
nada se relacionada com a atual música eleita para nesse campo temos uma palavra a dizer, mas apenas
passar. Felizmente há rádios que ainda apostam nos sobre o presente e futuro, nada de ligações ao passado.
novos talentos, como foi o caso da Rádio Portuense, aos
quais estamos muito gratos pela aposta e oportunidade. O que esperam do futuro e o que pretendem fazer
Grande parte da publicidade e divulgação será feita dos “Imaginarium”?
pelas plataformas digitais, onde iremos diaponibilizar o
nosso Ep na totalidade. Pretendemos ainda apostar nos Maria - Queremos crescer enquanto banda, divulgar o
videoclips, o próximo está para breve. Paralelamente nosso projecto e passar a nossa mensagem ao máximo de
dispomos ainda de um canal na operadora meo (580271). pessoas possível. Pretendemos apostar nos originais, em
português, fazer o público vibrar, mas também reflectir
Ainda sobre a versão do tema “Os Vampiros”: o e pensar. Nada é impossível por isso ambicionamos
Alentejo sempre esteve muito relacionado com os os grandes palcos nacionais e quiçá internacionais.
temas da denominada “música de intervenção”, Mas o mais importante é fazer música, apesar de toda
com a reforma agrária, com as questões sociais a nossa vontade, acabamos por ser uma banda muito
da desigualdade, da exploração laboral… Sentem experimental, por isso cada concerto é incógnita, pois
ainda essa herança política e sócio-cultural do pós- não sabemos como o público irá reagir. O próprio público
revolução? não sabe o que esperar, até mesmo o que nos acompanha
com mais regularidade, pois temos sempre algo novo
Pedro - Sinceramente não sentimos nada disso, talvez por para apresentar. O factor surpresa é algo presente na
termos sempre vivido e crescido aqui, então acaba por banda e esperemos que continue a jogar a nosso favor.
ser algo normal para nós, nenhum de nós tem ligações
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Por Carlos Lichman
Bem amigos, sou uma pessoa que gosto de trazer para os meus artigos aqui na revista coisas
relacionadas com a minha vida e que acontecem em meu quotidiano. Desta vez não será diferente,
durante o MEET AND GREET dos Attick Demons na cidade do Porto, ocorreu uma conversa muito
interessante sobre a importância de um produtor musical dentro do estúdio durante a gravação
de uma banda. Naturalmente, eu como trabalho com produção, ouvi o que as pessoas iriam falar
sobre o assunto e na hora vi que os artigos da METAL BUSINESS seriam uma óptima forma de
abordar este assunto. Bem, vou directo ao assunto:
O produtor musical tem a função de fornecer as melhores condições para que a banda possa
desenvolver sua arte de uma forma verdadeira e criativa dentro de sua proposta. Direccionando
musicalmente a estética artística da banda/artista, inclusive nos custos da produção.
Muitas bandas pensam se realmente vale a pena contratar um produtor, o que é uma pergunta
muito frequente. Mas um bom produtor tem um home estúdio onde ele pode fazer toda a pré/ pós
produção e arranjos finais diminuindo os custos da produção do material da banda. Desta forma,
a banda tem a garantia de maior dedicação do produtor e um custo x benefício imbatível.
Outro pensamento que passa pela cabeça de algumas bandas é que o produtor vai mudar
as ideias musicais e isso não é verdade. O objetivo de se ter um produtor é uma pessoa que ajude
a banda a trabalhar na sua essência, fazendo que as músicas soem da melhor forma possível e
original. Lembre que o produtor serve como um elemento de auxílio ao artista. Olhe para a história
do rock provavelmente você já deve ter escutado falar em George Henry Martin. Todos sabem da
importância dele na carreira dos Beatles, um grande responsável por tornar viável o trabalho dos
Beatles.
Muitas bandas pensam em produzir seus trabalhos sozinhos. Contudo, este trabalho exige
uma pessoa experiente e um envolvimento emocional distante. Por exemplo: ao misturarar uma
música, cada instrumentista quer ouvir seu instrumento mais alto que os outros. Pelo produtor ter
uma visão um pouco diferente do produto final mais eficaz do que se fosse produzido pela banda.
Alguns músicos trazem o pensamento sobre o custo final de todo o trabalho mas posso
garantir que isso tudo é uma variação por exemplo: valor do estúdio utilizado, a complexidade
do arranjo da canção mas claro um produtor que tem seu próprio estúdio ajuda muito no valor de
uma produção.
Para finalizar este artigo que irei dar continuidade na próxima edição quero afirmar que o
produtor tem o dever de ajudar a banda/artista a criar um trabalho de qualidade, inovador e que
tenha consistência e diferente de que muitos pensam. Não tem o dever de marcar concertos e
entrevistas, isso é função do manager da banda/artista..
Gostaria de desejar um feliz natal e um fantástico ano novo e caso sejas um artista ou tenhas
uma banda e desejes produzir um trabalho com as características já citadas entra em contacto pois
tenho certeza que posso oferecer o melhor custo vs beneficio do mercado.
Contacto: carlos_lichman@yahoo.com.br
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Por Luís Figueira
Foto - Sónia Ferreira
Hail Metalheads!!!
Esta semana foi muito emotiva para nós enquanto banda. Fomos tocar pela terceira vez ao 38 Special, um bar de Hard
N´Heavy situado em Vicálvaro, nos subúrbios de Madrid. Tomámos conhecimento deste bar quando eu, o Artur e o nosso
amigo Rui Leal (fotógrafo) fomos a Madrid fazer a promoção do Let´s Raise Hell por diversas rádios e revistas.
No final da noite de um desses dias, fomos a alguns bares de música ao vivo com a intenção de conseguirmos um concerto
em Madrid. Tínhamos a indicação de que havia um bar, o 38 Special, onde actuavam bandas ao vivo, e onde estaria, nessa
noite, a actuar uma amiga nossa. Entrámos no 38 Special já a noite ia longa, e depará-mo-nos com um bar quase vazio,
sem banda ou público. Ficámos a saber que a actuação da noite já tinha terminado (a lei do ruído tem de ser cumprida
no seu horário...). Bom, sentamo-nos então ao balcão e pedimos 3 cervejas. E aqui começa a verdadeira história Attick
Demons - 38 Special. Após um comentário do Artur ao preço das cervejas, o proprietário - Ricardo Moraleda (que nos
estava a servir) quis saber a nossa nacionalidade. Sabendo que éramos portugueses, refere que há uma banda de heavy
metal portuguesa de que é fã e faz questão de nos mostrar, no computador que estava em cima do balcão, a sua banda de
eleição. E eis que damos por nós a olhar para a capa do nosso "Atlantis"... Eu tinha na mochila alguns CD's e, retirei um
de cada, que o Rui Leal entregou ao Moraleda, dizendo "vê lá se conheces alguém nas fotos". O que se passou a seguir
é impossível de descrever em palavras, pois a emoção tomou conta do momento, com o Moraleda a reconhecer-nos, a
sair de trás do balcão a correr e a ajoelhar-se ao pé de nós, a fazer vénias!!! Literalmente!!! Um momento inesquecível
que faz parte da nossa história!
E agora vem o real propósito desta rubrica, que tem sempre a ver com um tema dos Attick Demons… é que, depois de
estarmos a viver uma situação que nos faz sentir que afinal vale a pena fazer música, (e que realmente não há dinheiro
nenhum que pague isto!!!) acontece outra situação que nunca vamos esquecer!!! Estávamos já a altas horas da madrugada
e tínhamos que nos vir embora, porque tínhamos mais entrevistas na manhã do dia seguinte. O Moraleda meteu a “Flame
Of Eternal Knowledge” no P.A. do bar e ao despedir-se, agarrou-se ao Artur. Claro que o Artur começou a cantar… o
Moraleda agarrou-se ainda mais… e… quando acabou a música, estava com as lágrimas nos olhos!!!
Desde esse dia que cultivámos uma grande amizade e uma grande admiração mútua. Quando eu e o Rui Leal fomos, este
ano, a Madrid, para a festa de lançamento do livro dos cinquenta
anos de carreira do Mariskal (Revista La Heavy), encontrámo-nos
com o Moraleda no We Rock (Sala de concertos) que nos deu a
notícia que devido a alguns problemas, teve que vender o bar. Dali
em diante seria um bar de música latina, mas que manteríamos a
data de 24 de novembro (marcada anteriormente).
E no passado dia 24 de Novembro, lá rumámos a um 38 Special,
diferente do anterior, mas sempre "Special" para nós.Obviamente
que esta data foi muito emotiva, soou a despedida de um bar que nos
marcou muito, mas que cimentou a nossa amizade com o Ricardo
Moraleda, a quem ficamos eternamente gratos por todo o apoio que
nos tem dado.
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por Fernando Ferreira
Mais cedo ou mais tarde, sabia que tinha que escrever
nestas páginas. Não pertencendo à geração de alguns
dos meus colegas e alguns dos nossos convidados,
o meu período dourado no que à música pesada diz
respeito é diferente. Comecei, tal como muitos outros,
pela influência das pessoas mais velhas à minha volta,
mas tive sorte de ter crescido numa época de transição.
A melhor época possível para se ser introduzido ao som
sagrado - sempre discutível - que me levou a pensar
que coitados dos que vieram a seguir e que tiveram
de começar pelo nu-metal. No entanto, todos os ciclos
fazem parte da vida em si e não há nenhuma época
igual a outra - e a ilusão de que o que foi voltar a ser,
não passa disso mesmo. De uma ilusão.
Pedaços de eternidade
O mundo do cinema sempre foi um dos meus mais poderosos acção decorria ao longo de um período inferior a uma década,
refúgios, a par da música e da B.D., pelo que já tardava uma em "Bohemian Rhapsody" tinham duas décadas de carreira
rúbrica de cinema neste nosso mundo do metal porque de para retratar, isto até Mercury falecer. Sem querer spoilar,
certeza que existem outros como eu que sentem igualmente este filme foca apenas os primeiros catorze anos de carreira
o poder da sétima arte. E é apropriado que estes dois mundos e distorce a realidade de forma a encaixar eventos que se
estejam cruzados porque diversas vezes os mesmos já se passaram no período de tempo não focado.
encontram seja no campo da música como no do cinema. E
também nada mais apropriado que o primeiro filme escolhido Esse é o grande pecado deste filme que no final, para quem
seja exactamente um em que exista esse cruzamento entre os é conhecedor da sua história - quem não é poderá pensar que
dois - não quer dizer que seja algo que vá necessariamente é algo fidedigno, o que é chato - não deixa de ser frustrante.
acontecer no futuro. Apesar da vida privada de Mercury em muito ser poupada
ao escrutínio, inevitavelmente ele acaba por ser a figura
Bohemian Rhapsody. É um dos filmes mais aguardados dos central e até responsável por alguma dissidência no seio do
últimos anos, pelo menos para os fãs de Queen em particular grupo - que efectivamente houve mas era acerca da direcção
e de rock em geral. A sua história, a sua música e... Freddie musical pretendida que dividiu a banda a meio, com Roger
Mercury. E nesse aspecto, terá de ser dito que apesar das Taylor e Brian May a pretenderem continuar na vertente
opiniões acerca do filme variarem, em relação à interpretação rock enquanto John Deacon e Freddie Mercury pretendiam
de Rami Malek é quase unânime que a sua interpretação de aventurar-se na sonoridade mais electrónica e funk.
Mercury ser arrepiante. Quanto ao filme em si, devo dizer
que é uma excelente experiência cinematográfica, uma que Não deverá ser encarado como um filme biográfico e sim
vale a pena ver e rever. Mas apesar disso, não se deixa de como uma fantasia como nos livros da Marvel "O Que
se sentir que é uma oportunidade perdida. Aconteceria Se...?", que proporciona prazer ao espectador,
desde que consiga passar por cima destes "detalhes". Detaque
É sabido que os filmes biográficos têm sempre algo a dever também para as interpretações dos restantes actores que
em relação à verdade histórica da coisa - vejamos um filme interpretam Taylor (Ben Hardy - "X-Men: Apocalypse"),
como "Braveheart - O Desafio do Guerreiro", por exemplo, May (Gwilym Lee - "The Last Witness") e Deacon (Joseph
ou dentro da mesma categoria de biografias, "Doors - O Mazzello - "Jurassic Park"), principalmente May e Deacon
Mito De Uma Geração". A verdade é sempre contorcionada que estão praticamente fotocópias. Recomendado mas com
de forma a ter um maior impacto dramático. E dando o precaução.
desconto, em comparação ao filme de Oliver Stone cuja
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Continuamos na nossa senda com os Grave banda apresentar a cada álbum uma tonalidade
Digger e com o coveiro. Se em termos musicais diferente. É o álbum menos conseguido, de
- e isto a nível exclusivamente pessoal - os uma forma geral, da chamada trilogia da idade
melhores álbuns foram "Tunes Of War" e "Knights média. A banda já era vista como especialista em
Of The Cross" - em termos de arte a qualidade álbuns conceptuais e a grande ansiedade era ver
da banda teutónica não fraquejou mais, mesmo qual o tema escolhido no próximo álbum. "The
que nalguns momentos se tenha apresentado Grave Digger", o álbum quase auto-intitulado,
de forma mais ou menos previsível. Continuando apresenta uma imagem quase minimalista mas
onde ficámos no mês passado, temos "Excalibur". adequada já que o conceito era dedicado a
A capa, não sendo má, acaba por ser, lá está, Edgar Allen Poe. Houve ainda uma outra versão
previsível. Nota-se no entanto uma tentativa da da capa onde em vez do fundo negro, temos a
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ilustração de um cemitério. O impacto é diferente mas apesar de maior
riqueza de detalhes (esta é mesmo a ilustração da versão picture disc),
acho que continuo a preferir a versão mais sinistra e de acordo com o
conceito do álbum. "Rheingold" foi o álbum que se seguiu, onde temos
uma capa bem colorida mas algo horrível. O álbum apresentava mais
uma vez um álbum conceptual de extremo bom gosto e a capa, tendo
em conta o tema, poderia ter sido memorável mas é precisamente o
inverso. A banda acusou o toque desse cansaço e apresenta meio
álbum conceptual. "The Last Supper", como o próprio nome indica,
retrata na sua maioria os momentos finais de Cristo. A capa, a cargo
de Gyula Havancsák, é uma obra de arte que poderia muito bem estar
afixada como peça de decoração. O álbum poderá não ser imediato
mas também revela a banda no bom caminho, para longe do beco
sem saída onde parecia estar enfiada.
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Top 20 Hard'n'Heavy 1970
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DEEP PURPLE THE WHO
"In Rock" "Live At Leeds"
Harvest Records Decca Records
Para com- O primeiro
pletar a trilogia álbum ao
sagrada
da música vivo dos The
pe-sada, Who que
teríamos que surgiu com
falar obriga- a intenção
toriamente
dos Deep de mostrar
Purple que que apesar
decidem dar de "Tommy",
um rumo um álbum
diferente ao
som com "In mais ce-
Rock", que vai na direcção daquilo que se convencionou rebral, que a banda continuava a ter em cima
chamar de hard rock, a exemplo dos Led Zeppelin. dos palcos um poder visceral. A missão foi
Estão aqui alguns dos melhores temas de sempre bem sucedida, já que "Live At Leeds" é um dos
dos Purple, onde se destacam naturalmente "Speed
grandes álbuns ao vivo de sempre.
DAVID BOWIE
King" e "Child In Time" e lançavam assim mais umas "The Man Who Sold The World"
fundações para o hard rock e heavy metal.
Mercury Records
Ta verdade
alvez seja uma surpresa para muitos
David Bowie aparecer neste top mas
é que este álbum (cujo tema-
título se tornou mais familiar após a
versão dos Nirvana no mítico "Unplugged
THE ROLLING STONES FREE
In New York") representa uma mudança
“Get Yer Ya-Ya's Out! The Rolling Stones In Concert” “Fire And Water” no som do cantor que aqui embarcou
Decca Records Island Records
por algo mais pesado. É visto como o
Mais uma Embora seja início do melhor período criativo do
vez é fácil o terceiro músico como também um marco que
justificar a álbum dos
presença de influênciou o rock gótico/pós punk e,
Free, para claro, glam rock.
uma banda muitos é
como The
Rolling Sto- como se
nes neste fosse o
top. Tudo primeiro,
porque se já que os
trata de um outros dois
lançamento passaram
ao vivo, onde os Stones surgem mais pesados praticamente despercebidos. "Fire And Water"
que nunca, demonstrando que o seu habitat é também mais um passo na solidificação do
natural são mesmo os palcos e que no seu som do hard rock, principalmente o seu êxito
sangue o rock corre livremente.
transversal, "All Right Now", hino maior tanto
da banda como do próprio género.
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SIR LORD BALTIMORE BLOODROCK
“Kingdom Come” “Bloodrock”
Mercury Records Capitol Records
A banda Confesso
n o r t e - que só fiquei
americana a conhecer
Sir Lord este álbum
Baltimore e esta banda
pertence quando
ao lote de andava a
bandas investigar
desconheci- este top.
das para os Este álbum
fãs de mú- e esta banda
sica pesada mas vale a pena conferir este foi também uma das pioneiras na música pesada
álbum de estreia que foi o primeiro trabalho ainda que esteticamente se insiram na vertente
LUCIFER'S FRIEND a ser referenciado como heavy metal na hard rock / rock psicadélico que era tanto comum
imprensa escrita. Continua a ser considerado nesta época.
“Lucifer's Friend” como um dos marcos do heavy metal até
Philips Records aos dias de hoje.
O segundo álbum de David Bowie foi aquele
que o começou a apresentar ao grande
público. Este poderá não ser propriamente
o trabalho mais sólido mas é aquele onde
o músico ainda tem aquela costela mais art
rock, mais progressiva como também dá
indicação do glam rock conceptual que viria WARPIG ATOMIC ROOSTER
a marcar os próximos anos da sua carreira. “Warpig” “Death Walks Behind You”
Fonthill Records Elektra Records
Mais uma Apesar de
pequena ser uma
preciosidade banda, as-
que nos faz sumida-
levar a crer mente, pro-
gressiva,
que estamos os Atomic
perante um Rooster ti-
autêntico veram com
serviço este seu
público. segundo
Este foi o álbum um
único álbum editado pela banda canadiana dos seus maiores sucessos, assim como é
mas felizmente a sua memória permaneceu viva, também um bom exemplo de que o género
tendo sido já reeditado pela Relapse Records. progressivo começou a tornar-se um pouco
mais pesado já no início da década de setenta.
Hard'n'heavy com aquele feeling típico da década Até ao heavy metal ainda vai uma longa distância
de setenta que tem um charme que ainda hoje mas em relação ao hard rock nem por isso.
faz mossa.
MC5 TRAPEZE
“Back In The U.S.A.” “Medusa”
URIAH HEEP Atlantic Records Threshold Records
“... Very 'Eavy... Very 'Umble” Os MC5 Ao segundo
Vertigo Records regressam álbum, os
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Tenho que confessar que esta coluna nasceu por acaso. dono da Timely Comics, que surgiu a grande oportunidade
Sendo que a World Of Metal nasceu principalmente da minha de Stan Lee. Com apenas 19 anos, torna-se editor interino,
paixão pela música, pensei porque não deveria também posição que iria solidificar nos próximos anos, acumulando
explorar as minhas outras paixões? Quis o destino que com outras, tornando-se uma referência da futura Marvel
fosse por um motivo menos bom que esta decisão fosse Comics.
impulsionada: o desaparecimento de Stan Lee. Apesar de
uma vida cheia e preenchida, desapareceu um dos grandes Esta foi a chamada Era de Ouro da B.D.. A National Comics
responsáveis por aquilo que é a Marvel hoje em dia e pela (futura D.C. Comics) tinha o Super Homem, Batman e Mulher
criação de personagens que nos acompanharam a todos Maravilha, enquanto a Timely tinha o Capitão América,
durante a nossa infância, adolescência e idade adulta. Este Tocha Humana e Namor, O Príncipe Submarino - algo que
primeiro artigo será focado principalmente no seu trabalho focaremos nas futuras edições - mas foi na chamada Era de
mas posteriormente vamos levar-vos numa viagem, mais ou Prata que Stan Lee viria a gravar o seu nome com criações
menos cronológica, pela B.D. da Marvel e DC Comics - e de incontáveis personagens, algo que surgiu graças a Julius
outras editoras que tenham personagens de relevo dentro Schwartz, que reinventou e trouxe novas personagens como
do mesmo estilo. o Flash ou a Liga da Justiça, uma actualização da Sociedade
da Justiça da América. Não vendo muito futuro no seu
Este mês falamos exclusivamente de Stan Lee, que mudou trabalho, Stan optou por aceder ao desafio e criou uma série
de nome por ter alguma vergonha daquilo que as pessoas de personagens com características mais humanas, mais
dissessem quando soubessem que estava associado à indústria próximas da realidade e não tão acima da humanidade como
da banda desenhada - que na altura não era levada muito aquelas da concorrência. Trabalhando com artistas como
a sério e vista unicamente como algo exclusivamente para Kirby (de volta da D.C. Comics), Steve Dikto, Bill Everett,
as crianças. Parece incrível mas era esta a realidade das as bases para personagens emblemáticas como Quarteto
coisas, uma realidade que se alterou sobretudo graças ao seu Fantástico, X-Men, Hulk, Thor, Demolidor e claro, Homem
contributo que marcou gerações de crianças e adolescentes Aranha. Iria ser criada ainda a super-equipa Vingadores, onde
que cresceram e que não perderam o seu gosto, na sua juntariam personagens já criadas e acrescentando algumas
maioria, por personagens marcantes como X-Men, Vingadores novas, assim como recuperando outras da Era de Ouro,
e Homem-Aranha. como Capitão América e Namor.
A sua carreira na indústria começou na Timely Comics E este foi apenas o começo.
(aquela que se viria a tornar na Marvel Comics, título da
sua primeira revista alguma vez editada) e podemos dizer O legado de Stan Lee mais do que um punhado de personagens,
que começou mesmo por baixo. Tinha como tarefa assegurar é a capacidade de nos fazer sonhar, a sua capacidade dele
que os artistas tinham tinta suficiente, apagar os resquícios próprio sonhar, mesmo quando muitas vezes não acreditava
de lápis dos desenhos ou ler os textos para verificar erros. nos seus próprios sonhos. Felizmente acreditou o suficiente
Eventualmente teve a oportunidade de escrever uma história para nos ter acompanhado e continuar a acompanhar mas
do Capitão América, criado por Joe Simon e Jack Kirby. Foi principalmente por nos ter inspirado a todos. Por isso estamos
precisamente quando esta dupla saiu em desacordo com o todos gratos.
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Parece estranho estarmos a começar esta rúbrica que visa fase da sua carreira, que gostamos do thrash metal lusitano
destacar todos os meses um álbum emblemático por um na sua génese, com todos os seus defeitos e virtudes.
trabalho que para todos os efeitos é novo. No entanto, não Para terminar, e este será um ponto em que também terá
só a sua qualidade garante o seu lugar aqui como também certamente peso na escolha destes World's Finest, a apresentação.
aquilo que representa e numa edição onde damos especial Muitas vezes, nas milhentas reviews que fazemos nestas
destaque às. Estamos a falar de uma banda que edita o seu páginas, não temos oportunidade (tempo) para analisarmos
álbum de estreia trinta anos do seu início, quando a banda também o artwork e embalagem e esse será sem dúvida
já estava extinta há mais de 20. Perseverança é dizer pouco, um ponto que temos que referir obrigatoriamente já que é
teimosia também não é propriamente o termo adequado. algo que acrescenta muito o seu valor. Sendo uma edição
Afinal como podemos descrever a paixão em acreditar em independente, totalmente DIY, temos um pacote para lá de
algo, algo que se sente e que muitas vezes não se consegue fantástico, onde além da tshirt e do CD splicase, temos dois
explicar. Nada como deixar a música deixar falar. pósteres e as letras dos temas no verso de cartões onde a
frente apresenta imagens criadas por Augusto Peixoto que
"The Cruelty That Enclosures" é um sonhado tornado já passou pelas páginas do nosso Artwork Insights, tornando
realidade, a materialização daqueles primeiros anos, daquelas este álbum não só essencial pela sua música mas uma peça
primeiras demos onde a mistura entre o thrash e o heavy de colecção muito apetecível pelo seu aspecto.
metal aconteceram de forma mágica. Os Dove pertence a um
lote restrito de bandas que apesar de não ter conseguido a
exposição que mereciam, mesmo assim conseguiram marcar
uma geração de fãs de música pesada. E a justiça faz-se com
este álbum de originais onde temos Pedro Gouveia na voz
(vocalista das primeiras três demos) assim como Henrique
Loureiro (que tinha colaborado com Augusto Peixoto nos
Cycles e nos Headstone e posteriormente Head:Stoned)
que também foi um dos pilares na composição daquilo que
podemos ouvir aqui. A longa de particpantes é longa e é bom
ver como todos se uniram em torno de um sonho comum.
100 [8.5/10] Fernando Ferreira [8/10] Paulo Aguiar [8.3/10] Fernando Ferreira
RICH DAVIS RISE OF THE NORTHSTAR ROAD
“Not Dead Yet” “The Legacy Of Shi” “_TKLTSSG_HBJ”
Crushing Notes Entertainment Nuclear Blast Records Hammer Records
102 [10/10] Miguel Correia [6/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira
SICK OF IT ALL SIEGE COLUMN SISSY SPACEK
“Wake The Sleeping Dragon” “Inferno Deathpassion” “Ways Of Confusion”
Century Media Records Nuclear War Now! Productions Nuclear War Now! Productions
Porrada da grossa. Os em frente e não ficar agarrado ao passado. Por esta é que a malta
Suffering Quota chegam Claro, que a sonoridade deste disco não está não esperava, um álbum
com capacidade para longe daquilo que a banda norte americana acústico por parte dos
dar cabo de tudo e de sempre fez, mas o cunho pessoal está ali, Suidakra, a banda
todos. São doze temas traduzido numa voz inconfundível, que desejo alemã de death metal
despachados em apenas que não se perca.
pouco mais de vinte melódico. E se este
minutos. Se já existiu tipo de jogadas poderá
uma altura em que a parecer sempre algo
duração (curta) fosse um problema, agora forçado, aqui felizmente não é o que acontece.
há valores que falam mais alto. Primeiro, a Tendo como pano de fundo o mundo de fantasia
brutalidade é tanta que se durasse mais tempo, criado entre o pintor Kris Verwimp e o vocalista
dificilmente teríamos arcaboiço para aguentar e líder da banda, Arkadius Antonik, quando
tamanha violência. Não se trata no entanto de trabalharam no artwork e no som de "Realms
algo unidimensional - parece um conceito difícil Of Odoric", o penúltimo álbum de originais. É
de perceber mas o grindcore também pode ser
dinâmico. Tanto pode que o é aqui. uma espécie de prequela acústica que consegue
ter um feeling muito próprio. Poderá desiludir
quem gosta de emoções mais fortes, mas para
quem gosta de bandas sonoras épicas, este é
um excelente trabalho a conferir.
104 [8.8/10] Fernando Ferreira [10/10] Miguel Correia [8/10] Fernando Ferreira
SUPREME CARNAGE SURVIVAL SYLVAINE
“Morbid Ways To Die” “Murkin Hella Fools” “Atoms Aligned, Coming Undone”
Redefining Darkness Records | Raw Skull Records NBRD Records Season Of Mist
112 [7.5/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando Ferreira [7.8/10] Fernando Ferreira
EDGUY GABRIEL THE POET OF DOOM GROG
“Burning Down The Opera” “Nepenthe” “Macabre Requiems”
AFM Records Edição de Autor Helldprod Records/Chaosphere Recordings
114 [7/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [9.2/10] Fernando Ferreira
et
cr
Se
pe
Ta
Por Fernando Ferreira
CATTLE DECAPITATION
“Medium Rarities”
115
WOM Live Report
Caligula's Horse, Circles, I Built The Sky
RCA Club, Lisboa - 15.10.18
Texto Fernando Ferreira | Fotos Sónia Ferreira | Agradecimentos: Daniel Makosh e Clap Box
Hoje vamos falar-vos da magia dos concertos ninja. Mediante A noite começaria com os I Built The Sky, a banda do mago
a tonelada de concertos que acontecem todas as semanas australiano Rohan Stevenson, que além de talentoso, tem uma
(muitas vezes, todos os dias!), é natural que alguns escapem, secção rítmica de apoio absurdamente boa com o baixista
por muita vontade que tenhamos (e temos!) de vos trazer Sam Tan e o baterista Rob Brens. Com um feeling muito
tudo neste vasto mundo do metal, a nossa equipa continua bom nas melodias, e dinâmicas impressionantes indo do
reduzida e o número de braços e pernas continua também, zero aos cem em segundos, o facto de ser instrumental não
infelizmente, o mesmo. E por isso motivo quase que nos foi motivo para aborrecimentos, não deixando de puxar pelo
passou despercebido esta grande noite de metal progressivo público numa actuação que começou com alta intensidade
- quase a nós e também a muito boa gente pelo que sabemos. com "Stratiformis" e que marcou o nível que teríamos durante
Uma noite que juntava no mesmo palco, três grandes bandas o resto do alinhamento. Tanto Sam como o próprio Rohan
australianas, todas diferentes mas todas com uma qualidade não pararam quietos - este último até dando uma aparatosa
estupidamente alta, sendo que o foco vai para os Caligula's queda para trás que nem assim o impediu de debitar notas na
Horse, que lançaram no ano passado o excelente "In Contact", sua guitarra. Para nós que somos fãs de música instrumental,
uma das nossas escolhas para os vinte melhores trabalhos foi um grande concerto, no entanto, temos a certeza que
de metal progressivo. qualquer apreciador do som de guitarra acompanhados a
bateria e baixo ficariam igualmente impressionados.
Circles
Caligula's Horse
Chegava a vez dos senhores da noite, Caligula's Horse. E
que concerto. Tal como os Circles, os cabeças-de-cartaz
apoiaram-se no seu último álbum de originais, "In Contact",
conseguindo encaixar no seu alinhamento sete temas do
mesmo. E se o número parecer excessivo, só temos a dizer que
a actuação fluiu de forma muito orgânica e sempre muito bem
recebido pelo público que demonstrou estar perfeitamente
encaixado na frequência da banda. "Dream The Dead", o
épico, abriu da melhor forma e demonstrou logo que esta
banda ao vivo é uma visão digna de se ter. Não se trata
apenas da exuberância técnica, nem da forma como tudo
Caligula's Horse
Challenge
metálico por parte dos Terror Empire.
A noite começaria com uma sala ainda algo vazia, mas isso
não foi impedimento para uma actuação cheia de raça e
energia, que provocou logo sérias movimentações acrobáticas
em frente ao palco. O poder dos Challenge é só comparável
à sua humildade e isso é notório a cada actuação que dão,
onde nunca faltam os agradecimentos a todos os fãs, bandas
e agentes do underground que mantém a cena viva. Com Terror Empire
malhões como "Our Streets" e "Legends Never Die" (que a uma quebra de interesse pelos mais cínicos mas tanto a
banda dedica sempre ao seu amigo Sérgio e que agora seria experiência como a qualidade e poder da música dos Terror
dedicada também a outro Sérgio, ao "Bifes" que tão cedo partiu Empire impediram que algo assim acontecesse. E se houve
de nós), não haviam dúvidas em relação à perda que temos alguma timidez por parte do público, bujardões como "Times
todos com o fim da banda das Caldas da Rainha. Alguns Of War" e "Burn The Flags" ajudaram a que as acrobacias,
problemas técnicos encurtaram a sua actuação e quebraram sempre impressionantes de se observar, tivessem lugar no
o fluir da mesma, mas o hardcore nunca foi perfeição, o espaço em frente ao palco, ao qual Rui Alexandre apelidou de
hardcore sempre foi o sentimento e o extravasar de emoções Golden Circle, sendo que este era do povo, livre de encargos,
fortes e isso certamente não faltou. Ainda falta uma despedida hardcore style. O thrash metal da banda de Coimbra é das
para fazer, dia 25 de Novembro no Porto. coisas mais acutilantes que temos no nosso underground e
a sua brutalidade não deveria ser estranha a todos os fãs de
Com uma toada mais metálica, seria de prever que houvesse Sworn Enemy que estavam presentes e que à partida poderiam
não estar tão receptivos. As pontes feitas com o hardcore
118
Sworn Enemy Sworn Enemy
já existem há algum tempo e as fronteiras são derrubadas Apesar da posição de cabeças de cartaz, a atitude dos
quando se tem uma actuação bem sólida e segura que foi Sworn Enemy foi sempre pautada pela humildade que lhes
do agrado de todos os presentes. é reconhecida, onde nem faltaram um pedido de aplausos
para os Challenge e Terror Empire - referir-se pelos nomes
Para finalizar, a banda pela qual se esperava e que era o motivo às bandas de abertura é sempre um sinal de respeito. Ou seja
da reunião naquela noite de sexta-feira: Sworn Enemy. A não basta pregar, tem que se fazer também. Depressa "As
banda tem vindo a celebrar o décimo quinto aniversário do Real As It Gets" é tocado na íntegra - Sal Lococo, o vocalista e
seu emblemático álbum de estreia, "As Real As It Gets", que único membro original, referiu isso mesmo quando disse que
é uma bujarda épica de hardcore metalizado, onde o thrash quinze anos de história tocados em trinta minutos - e ainda
é parte mais que integrante assim como outros elementos houve tempo para ouvir a novidade "Prepare For Payback"
de metal extremo. A banda norte-americana tocou o álbum do álbum a sair no início do próximo ano e a passagem pelas
na íntegra, com algumas das faixas a formarem sequências já inevitáveis "Punishment" dos mestres do crossover nova-
verdadeiramente explosivas. O público ficou logo ao rubro iorquinos Biohazard e a "We Hate" que desagua invariavelmente
desde o primeiro acorde de "Sworn Enemy", o primeiro tema na secção final da "Domination" dos Pantera. Com as portas
do alinhamento. Os números de espectadores poderiam ser já abertas e inesperadamente, a banda ainda voltou para o
inferiores aos que uma banda destas mereceria mas tiveram o encore, tocando a também emblemática "I.D.S.", colocando
entusiasmo e a resposta por parte dos mesmos bem à altura. o ponto final de forma perfeita a mais uma grande noite de
No entanto, não era para menos porque a abordagem dos música pesada no RCA Club. São celebrações destas que
norte-americanos convida ao movimento. Mesmo a quem estão na base da sobrevivência do underground, tanto no
não tem por hábito extravasar fisicamente. metal como no hardcore.
27 de Outubro, foi o dia em que os Attick Demons fizeram o palato, até dos mais cépticos.
o lançamento das suas cervejas artesanais, resultado de uma
parceria com a Cervejeira Sadina. A cidade escolhida para a
apresentação oficial da “Ghost” e da “Dark Angel” ao público
e à imprensa, foi o Porto e alguns dos seus mais emblemáticos
espaços da história do Metal e do underground nacional.
Olá meus amigos. Com muito prazer escrevo meu artigo sobre
o primeiro evento/concerto que pude assistir em Portugal,
mais especificamente na cidade do Porto num lugar clássico
da cidade: o Metalpoint no dia 27 de Outubro. Acredito
que para as pessoas que viram a minha reacção durante o
concerto não se vão surpreender com o texto abaixo:
Wiegedood
Quando, em 2015, Wiegedood apresentou o seu primeiro
álbum no Amplifest, poderia ainda ser vista como a banda
de elementos de outras já consagradas da Church of Ra,
como Amenra e Oathbreaker. Em 2018, com mais dois álbuns
lançados, não só deixaram de ser alvo de mera curiosidade
como ganharam o estatuto de uma banda com plena identidade Wiegedood
e com uma massa de seguidores crescente. As bandas que quase uma hora de concerto, com os três elementos puxados
têm acompanhado em tour também dão prova do estatuto para a frente do palco (bateria incluída) a criar uma barreira
ascendente da banda, presentemente YOB, mas já antes humana consentânea com a barreira musical que criaram:
com Belphegor (possivelmente, a mais próxima em termos quem conhece a banda, conhece os riffs enérgicos e velozes e
de género, se bem que o Black Metal que ambas praticam a bateria incansável e ininterrupta, em temas longos, de vez
seja distinto, manifestação evidente da multiplicidade de em quando entrecortados pela voz rasgada de Levy Seynaeve.
estilos que o próprio Black Metal encerra), tendo também
passado por festivais de renome, como o Inferno Fest e o Aliás, o fabuloso "Ontzieling", do segundo álbum, abriu um
Roadburn, e preparando-se, agora, para seguir para uma concerto impoluto, da parte da banda, que teria sido perfeito
tour nos Estados Unidos. se alguns dos presentes no público falassem menos e a barreira
de som debitada do palco não nos obrigasse a circular na sala
No Porto, o trio mostrou ao vivo a razão pela qual se têm para encontrar o melhor spot para encontrar o puro equilíbrio
imposto na chamada “nova vaga” do Black Metal, género das duas guitarras, bateria e voz. A setlist, que passou pelo três
que eles assumem plenamente, até como forma de marcar a álbuns, contou ainda com temas como "Cataract", do segundo
sua identidade e estabelecer uma fronteira com as restantes álbum, ou a homónima do terceiro (a "De Doden Hebben Het
bandas a que pertencem. Foi um concerto intenso, quase Goed III"), temas que trouxeram alguma acalmia, e apenas
sem interrupção entre os temas, sem qualquer saudação em no seu arranque, ao ritmo frenético que atravessou toda a
122
YOB YOB
atuação, e ainda com a poderosa "Prowl", finalizando com o também com uma componente progressiva vincada, assim
único tema do primeiro álbum, "Ondergaan", que encerrou como com momentos melódicos que parecem levar-nos à
a atuação, tal como no Roadburn e no Inferno Festival, com transcendência meditativa, influência esta a não menosprezar
o amplo fôlego do seu black metal atmosférico. Concluída, no processo criativo do mentor, Mike Scheidt. Tudo isto é
com este álbum, a trilogia iniciada em 2014, aguarda-se com YOB e tudo isto explica que, ao oitavo álbum, mesmo com
expectativa a direção que esta banda seguirá, assim como, uma interrupção forçada pela doença que quase se veio a
desde já, o seu regresso. revelar fatal, se possa dizer que a banda se encontra num
grande momento, o que se sentiu quer no desempenho dos
seus três elementos em palco, quer na qualidade deste álbum
“Our Raw Heart”.
Terceira edição do Oeste Underground Fest, um evento que Feira de Sant’iago que lhes permitiu abrir para os Moonspell
contou com o apoio da World Of Metal, e que é quase um no mesmo evento. Dessa altura até à terceira edição do Oeste,
caso único no nosso underground, onde todas as receitas pudemos verificar que a banda já passou por diversas mudanças
revertem sempre a favor, e na totalidade, dos Bombeiros de formação, embora estilisticamente a sua abordagem
Voluntários da Malveira. O metal solidário, mas também continue a mesma, assim como a sua energia irreverente.
representando com bandas de excelente qualidade, num Uma actuação que convidou para a frente do palco alguns
espaço que oferece as condições mais que perfeitas e que entusiastas da modalidade livre de artes marciais na vertente
este ano contou com a qualidade sonora que os estúdios epiléptica. Ainda com um caminho a percorrer em termos
Rock 'N' Raw já nos habituaram. Tudo conjugado para que de evolução, a energia é sem dúvida a sua principal arma.
tivessemos uma excelente tarde/noite. Efectivamente assim foi.
Oppidum Mortum
O certame foi iniciado com os Oppidum Mortum, uma
banda que apesar de não ser muito activa em termos de
concertos ou até ter uma discografia extensa, é dona de
um som que impressiona pela sua potência. Death metal
old school que se revelou após uma intro que trouxe uma
atmosfera bastante densa, e palpável até, para o Pavilhão
Multiusos da Malveira. Apesar de a sala ainda estar a meio
gás, essa atmosfera preencheu os espaços vazios e banda de
Óbidos revelou-se uma máquina temível de debitar death
metal. Recomendada a todos os apreciadores do género com
mística - aquela que muitos julgam desaparecida.
Undersave
Hourswill
Karbonsoul Ver e ouvir. E depois conta com um frontman enorme que é
Leonel Silva, que apesar de estar constrangido por questões de
Ainda dentro do death metal, subiram ao palco os Karbonsoul tempo - a banda tinha apenas meia hora para tocar - ainda teve
que também são uma referência do death metal nacional, oportunidade para tanto puxar pelo público como não deixou
numa outra vertente mais imediata. A banda de Muffy e de dar conta da sua frustração, no início da sua actuação, por
Mário Rodrigues veio a substituir os espanhóis Rencor que a frente do palco estar um pouco vazia. A perseverança dá
cancelaram a sua actuação. Melhor assim, porque o produto os seus frutos e malhões como "Mass Insanity" e "Everyday
nacional é tão bom (ou melhor) do que o que nos chega de Sage" conseguiu chamar mais público a si. Com um som
fora. Sem nacionalismos baratos, esta afirmação prova-se límpido e poderoso, esta banda simplesmente não sabe dar
pelo concerto seguro e sólido que a banda deu, com um maus concertos, por muito que as pessoas não consigam
à-vontade impressionante, capaz de superar até um falso apreciar isso.
arranque no primeiro tema devido a problemas técnicos.
Instrumentalmente acutilantes e com Muffy sempre a puxar pelo
público, os Karbonsoul tiveram uma prestação bem positiva.
Warhammer
Temos estado a falar do produto nacional mas esta terceira
edição do Oeste Underground Fest também nos trouxe excelente
produto estrangeiro sendo que o primeiro exemplo foram
os gregos Warhammer (que também podem verificar na
entrevista na mesma edição), que nos trouxe o seu thrash
metal cheio de vida aliado a uma atitude bastante humilde.
A energia foi constante, algo mais impressionante depois do
vocalista Hercules Giotis nos ter confidenciado que tinha
apenas dormido duas horas na noite anterior. Não se notou
e não só a banda gostou da energia do público como este
também vibrou com malhas dos seus dois álbuns de originais
em temas como "Mass Burial" e "Destroy What You Hate".
Uma excelente primeira impressão ao vivo que desejamos
ver repetida.
Prayers Of Sanity
Por falar em banda da noite, o que dizer dos Prayers Of
Sanity? Simplicidade, humildade e energia em dose cavalar,
tudo resumido pelas primeiras palavras de Tião (vocalista
e guitarrista da banda algarvia) ao público: "Como é que é,
pessoal?! Siga!" Efectivamente a coisa seguiu, seguiu para
cerca de quarenta minutos de thrash metal vitaminado que
Repulsive Vision
Seria algo difícil de superar, uma actuação como aquela que
os Analepsy. Apesar dos britânicos Repulsive Vision não o
terem feito, deram sem dúvida um enorme concerto. Nem
parecia que estávamos perante uma banda que apenas o ano
passado lançou o seu álbum de estreia. O seu death metal
tipicamente britânico (tipicamente se pensarmos em bandas
como Bolt Thrower e Benediction, com aquela distorção a
puxar à gravilha e também próximo do chamado death metal
sueco de Estocolmo como Entombed e Dismember). Grande
parte da sua actuação baseou-se no já referido álbum de estreia,
Analepsy Serrabulho
126
"Look Past The Gore And See The Art" onde destacamos
temas como "Credophilic" e "Pit of Putridity", finalizando
o seu alinhamento com a cover de "Supposed To Rot", dos
Entombed.
Serrabulho
nos microfones, circle pits no palco . Foi o último concerto
da enorme digressão que a banda tem feito um pouco por
todo o lado e esse factor também deve ter tido impacto na
forma mais solta e descontraída (ainda mais que o normal)
como a banda abordou este concerto.
Serrabulho
Para o final, a festa que já se antecipava. Depois da sua épica
passagem pelo Oeste Underground Fest aquando a sua primeira
edição, o regresso dos Serrabulho já estava prometido e assim
se concretizou, embora o mesmo não tenha tido propriamente
o impacto que se esperava, tendo sido prejudicado por alguns
detalhes que acabaram por fazer toda a diferença na avaliação
do concerto da banda de Vila Real. Um dos mais importantes
foi o longo soundcheck que atrasou o início da actuação em
quase meia hora, o que fez com que parte do público fosse
abandonando o recinto aos poucos. Quando começou, o
som estava fortíssimo, como foi, aliás, apanágio ao longo
de todo o dia, mas a fluidez pareceu algo quebrado - talvez
também motivado pelo cansaço da banda que chegou ao Serrabulho
recinto quando festival já tinha começado, vindos de Évora
onde também tinham tocado na noite anterior. Foi uma edição praticamente sem pontos negativos onde
tudo fluiu muito bem, excepto as raras excepções apontadas e
Mas estamos a falar de Serrabulho, sempre sinónimo de onde foi bom ver o público comparecer para mais uma festa
boa disposição, de subidas ao palco, participações especiais que, voltamos a lembrar, tem como principal intuito ajudar
(desde Mafalda dos Karbonsoul a cantar, até ao Dico a tocar os Bombeiros Voluntários da Malveira da mesma forma que
bateria na já incontornável "Quero Cagar E Não Posso", estes estão sempre dispostos a ajudar a população que precisa
viu-se de tudo), de se cantar os parabéns, gaitas de beiços de si. Missão cumprida, com louvor, já que tanto as bandas
a soar, almofadas a serem destruídas e os comboios que escolhidas como o som que as mesmas usufruíram foram
passearam pelo recinto, incluindo a passagem pelas casas das melhores que já tivemos prazer de apreciar. Também
de banho - que fez lembrar quando o Júlio Isidro enfiou não não é demasiado dizer que esta é uma iniciativa que deverá
sei quantas pessoas dentro de um mini. O caos expectável, continuar a ser apoiada e repetida, demonstrando que o
mas desta vez, o caos pareceu ser ainda maior tinhamos fãs metal também se consegue unir para um objectivo maior.
Algo que ainda deverá fazer confusão a muitas cabeças.
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Riverside, Mechanism
Lisboa Ao Vivo, Lisboa - 03.11.18
Texto por Filipe Ferreira | Fotos por Filipa Nunes | Agradecimentos: Free Music Events
Mechanism
com o grande destaque a ir para o vocalista Rafal Stefanowski
que conquistou o público com a excelente prestação e simpatia,
e acabou mesmo a fazer um pequeno vídeo a partir do palco.
A despedida fez-se com “The Grand Confusion” e sem dúvida
que a banda polaca deve ter conseguido mais alguns fãs em
Portugal, especialmente julgando por aqueles que no fim da
noite se deslocaram á banca de merchandise para obter o novo
álbum autografado e ter dois dedos de conversa com a banda.
Mechanism Riverside
Com eles trouxeram os também polacos Mechanism que Após uma pequena pausa, entravam os Riverside no palco do
se encontram a apresentar o segundo álbum “Entering the Lisboa ao Vivo. Depois de um período muito difícil para a
Invisible Light” lançado este ano. Os cerca de 45 minutos banda, os Riverside entraram numa nova fase da carreira, e o
que durou a actuação permitiu aos Mechanism mostrarem a concerto de Lisboa foi disso um exemplo, ao apresentar uma
qualidade do seu prog metal. O som esteve óptimo durante banda muito positiva e a fazer um concerto em que acima
todo o concerto e a banda manteve-se sempre comunicativa, de tudo queriam que o publico se divertisse e participasse.
128
com “Left Out” a recuperar “Anno Domini High Definition”.
Temas de álbuns passados como “Lost (Why Should I be
Frightened By a Hat?)”, “Forgotten Land” e “Loose Heart”
(aqui com uma roupagem ligeiramente diferente), foram
intercaladas pelos novos temas, a balada “Guardian Angel”,
e o instrumental “The Struggle for Survival” que funciona
como um tema mais progressivo á moda antiga dos Riverside.
A set principal encerrou da melhor forma com “Wasteland”
um dos grandes destaques do novo álbum, onde as luzes e
as imagens nos ecrãs ajudaram a transportar o ambiente de
western pós-apocaliptico ao LAV, com o coro dos presentes na
sala a ajudar muito a tornar o momento ainda mais especial.
O encore iniciou-se com Mariusz Duda apenas a cantar
acompanhado pelo teclista Michał Łapaj em “The Night
Before” num momento que teve tanto de belo como de
intimista. Seguiu-se outro clássico “02 Panic Room” onde
Duda desafiou o público mais uma vez a cantar o refrão, e
o publico respondeu positivamente. Antes de “River Down
Below” houve espaço para uma sentida homenagem a Piotr
Grudziński que conseguiu aquele que foi de longe o maior
aplauso da noite.
Riverside
Esse objectivo foi cumprido logo com o coro de vozes que
acompanhou Mariusz Duda em “Acid Rain” e “Vale of Tears”,
os primeiros temas da noite, como se fossem já clássicos da
banda. Rapidamente se percebeu que o público do LAV estava
com os Riverside na forma calorosa como os receberam e
ás novas músicas.
Riverside
Foi numa nota positiva com Mariusz Duda despedir-se do
público português desejando que todos fossem felizes que os
Riverside polacos deram por terminada mais esta paragem no nosso país.
Essa atitude foi uma constante ao longo de um concerto em
A setlist com a duração de duas horas, teve um foco muito que existiu uma banda em palco genuinamente feliz por estar
forte em “Wasteland” (que tirando a intro “The Day After” foi ali, e um publico que fez questão de demonstrar o carinho pela
tocado na totalidade), mas ainda assim foi bastante equilibrada, banda. Tal como Duda dizia antes do concerto em conversa
conseguindo passar por toda a discografia dos polacos. A com a WOM, nesta tour os Riverside subiram de nível em
primeira incursão pelo passado dos Riverside fez-se com relação a todos os aspectos. O facto de se apresentarem numa
“Reality Dream I” e “Out of Myself ” (sempre um momento sala maior, com o espectáculo visualmente mais interessante
marcante), ambas do primeiro álbum de 2004. Pelo meio até agora na carreira da banda, e com um concerto deste nível
houve espaço para uma musica nova “Lament” que não destoa só o vem a comprovar. Ficou a promessa de que as passagens
do material mais antigo. O inicio da “Second Life Syndrome” da banda polaca por Portugal seriam mais frequentes. Lá
transformou-se em mais um momento “proggy” da noite estaremos de novo.
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Tremonti, The Raven Age, Disconnected
Lisboa Ao Vivo, Lisboa - 04.11.18
Texto por Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Prime Artists
Disconnected
Começando pelos franceses Disconnected, a noite iniciou-
se de forma perfeita. A banda tinha alguns fãs entre a sala,
que ainda se encontrava a meio gás, mas podemos garantir
que a sua humildade e o seu talento arrecadou para o seu
lado mais uns quantos fãs. A junção entre o metal e o rock
alternativo não é nada de novo nem se quer exótico - muito
menos neste contexto em que as três bandas da noite se
inserem nesse mesmo contexto - mas a entrega e a ligação
que a banda conseguiu estabelecer com o público fizeram
toda a diferença. Ivan Pavlakovic, o vocalista é um excelente
frontman e músicas como "Blind Faith" e "White Colossus" The Raven Age
- tema-título do último álbum - conseguiram agarrar todos a abrir para Iron Maiden, uma posição sempre injusta já
os que estavam no Lisboa Ao Vivo. Ivan ainda incentivou que se tratam de bandas completamente diferentes. Bem
o público a manter-se em contacto com eles, mantendo a neste contexto era a oportunidade para se redimirem aos
relação iniciada naquele concerto e referindo com humildade nossos olhos - algo que não seria necessário para a maior
que respondem a todas as mensagens que recebem. parte da sala que aguardava com entusiasmo a entrada da
banda de George Harris, entusiasmo aumentado quando
Era a vez dos The Raven Age e terei que confessar que a entraram no palco. A fórmula é sensivelmente a mesma dos
minha opinião sobre eles não era particularmente efusiva. Disconnected: metal moderno, a puxar ao alternativo, com
Não que achasse que tinham um mau som, apenas que bastante músculo mas também algum virtuosismo. A nossa
eram algo banais - para perceber esta linha de pensamento, opinião mudou, talvez não o suficiente para ficarmos fãs
é importante ter em consideração que quando os vimos foi absolutos mas pelo menos para termos mais respeito por esta
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banda trabalhadora e pela forma como conseguem trazer
vida a temas como "Promised Land". Conquistaram o nosso
respeito e confirmaram o seu talento para um público que
nem sequer precisava dessa confirmação.
Tremonti
O que vale é que o fizemos ao som dos Lamb Of God ao vivo.
Menos mal. No entanto, a espera perdeu todo o significado
assim que Tremonti entrou em palco. Com um som poderoso
- aliás, algo extensível também às outras bandas da noite - a
sua mistura de thrash metal com rock alternativo teve uma
representação muito boa, levando imediatamente o Lisboa Ao
Vivo, agora bem mais composto em termos de público, ao vivo.
Apesar de podermos constatar que a música de Tremonti é
claramente mais pesada do que aquela que a sua principal
banda, os Alter Bridge, faz, não deixa de apostar também nas
dinâmicas e alternando os momentos mais calmos com os
mais intensos. Uma forma inteligente não só de tornar o seu
alinhamento mais interessante, como também explorar vários
estados de espírito. Assim ao lado de a brutal "Cauterize"
que abriu o alinhamento ou da "My Last Mistake" pudemos
apreciar a beleza emocional de temas como "Traipse" e "Trust".
Sem direito a encores - Tremonti referiu que em vez de estar
a sair para ficar atrás das colunas a ouvir o público a pedir
Tremonti mais uma, prefere tocar logo - o concerto seria finalizado
com uma apoteótica "Wish You Well", sem faltar os devidos
Normalmente por esta altura diria "e de seguida entraram agradecimentos ao público por ter comparecido e pedindo
em palco os Tremonti", mas a verdade é que demorou até para que se dirigissem à banca de merch para dois dedos
uma eternidade para que isto acontecesse. Sabemos que de conversa com a banda. A simplicidade aliada à potência
foi o horário definido, mas quando o palco já estava todo sonora fazem uma combinação imbatível. Para primeiro
preparado - que até nem é nada complicado de montar, já concerto da digressão europeia, diríamos que Tremonti, The
estava praticamente pronto, foi só retirar os adereços dos Raven Age e Disconnected tiveram um início auspicioso e
The Raven Age e confirmar o som - ainda ficámos uns bons um presságio para o resto da mesma.
quinze minutos (se não mais) à espera da hora tão aguardada.
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Earth Electric
Bafo de Baco, Loulé - 03.10.18
Texto e Fotos por Roberto Raposo | Agradecimentos: Bafo de Baco
Earth Electric
pois augura-se um futuro promissor. Se tiverem oportunidade
assistam a um concerto da banda, pois vale mesmo a pena,
pois apesar da falta de comunicação, apresentam uma
excelente actuação cheia de energia.
Earth Electric
O som dos Earth Electric caracteriza-se por uma sonoridade
que mistura hard rock com doom e até rock progressivo e
psicadélico dos anos 70. O colectivo presenteou-nos uma
actuação de cerca de uma hora cheia de "power" e presença ao
apresentar o seu disco de estreia na integra e só a completa falta
de comunicação com o público marcou negativamente esta
actuação, sendo que não houve tão pouco uma apresentação
da banda e nem dos temas que iam tocando, pelo que ficou
uma certa má impressão no público que no final ficou a
comentar entre si este mesmo facto.
Tirando esse facto negativo, esta é uma banda a acompanhar, Earth Electric
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Estreia Heavy Metal Portugal
- O Documentário
Cinemas São Jorge, Lisboa - 08.11.18
Texto por Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: João Mendes e Muvi - Festival Internacional de Música no Cinema
A World Of Metal esteve presente na estreia em Lisboa do actividade profissional. Seis anos que demorou e que muitos
"Heavy Metal Portugal - O Documentário", sem dúvida um duvidavam já que visse a luz do dia. Mas viu e agora é altura
marco para a nossa música pesada. Uma multidão de fãs, de todos nós contribuirmos, porque é importante que estas
músicos e pessoas ligadas ao nosso som sagrado acorreu às iniciativas não caiam no vazio.
duas salas reservadas para a exibição no São Jorge, inserida no
festival Muvi - Festival Internacional de Música no Cinema Quanto ao documentário em si, é sem dúvida um documento
esgotando as duas salas que o exibiam em simultâneo. fundamental para a nossa música pesada. Prescindindo de um
narrador que guiasse o espectador pela documentário, esse papel
cabe a cada um dos entrevistados que contam as suas experiências
e que vão dando uma perspectiva da cena. Divide-se em três
fases distintas: Os primórdios, a transformação e maturação
da cena e o futuro. Talvez o que diz respeito ao futuro pudesse
ter sido mais explorado mas tendo em conta que algumas
entrevistas já foram registadas há algum tempo, é compreensível
que tenha sido um capítulo que serviu mais como epílogo.
Empty V
resultado final do trabalho, era totalmente compreensível: a
bateria colocada mais à frente, ficando no centro e nas laterais
do palco o guitarrista e baixista, cada um no seu lado. Atrás
destas laterais, monitores que iriam passar imagens relativas
a cada um dos temas, com a iluminação ao mínimo mas
sempre com um efeito dramático que é imbatível. Quanto
à música, tanto o cenário, como a intro "Nucleosynthesis"
sugeriam uma sonoridade dentro do industrial mas o que
tivemos foi mesmo um rockão quase sempre instrumental
(e quando não o era, a mesma era fruto de uma pista pré
gravada), com o referido álbum "Mus-Pri" a ser o centro das
atenções, tendo sido tocado na íntegra, segundo nos pareceu.
Albatroz
A hora já era avançada mas ainda faltava passar pelos
Albatroz. Confesso que me eram desconhecidos mas a Empty V
primeira impressão não poderia ter sido mais positiva. A
banda situa-se no campo vasto do rock alternativo mas não Groove a rodos e um ambiente fantástico, que só não teve
se proíbe de colocar também na mistura alguns elementos um impacto maior porque já era de madrugada e o cansaço
de shoegaze que resultam de forma positiva. Apesar de era enorme. Ainda assim, por parte do público, o entusiasmo
contarem apenas com um EP ("The Road Less Travelled" de foi enorme por presenciar uma actuação tão original onde
2015) e um single ("Building Bridges" do final de 2017), a a imagem e a música foram o principal prato, não havendo
banda revelou um grande à-vontade em cima do palco mas comunicação (a não ser por gestos) com o público. Tudo fluiu
não seria de estranhar já que se tratam de músicos muito e tudo resultou na perfeição, tirando já os referidos atrasos.
experientes. Boa e divertida comunicação com o público e Um retrato fiel daquilo que é o nosso underground nacional.
música também ela de boa qualidade, não há muito mais a Uma sala que já é quase uma segunda casa para muitos de
pedir. Fica a vontade de voltá-los a ver, num contexto em nós, cinco bandas com qualidade capaz de competir com
que tenham mais tempo de antena. qualquer outra internacional e pouco público... mas bom,
que esteve presente para apoiar a música nacional, não por
Se o atraso já era grande por esta altura, a montagem do ser nacional, mas por ser excelente. A esse público todas as
palco para os Empty V ainda o piorou mais. Verificando o bandas demonstraram de uma forma ou outra a sua gratidão.
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Sirenia, Triosphere, Paratra,
Season Of Tears
RCA Club, Lisboa - 10.11.18
Texto por Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Prime Artists e Napalm Records
Seasons Of Tears
Os franceses Seasons Of Tears subiram ao palco à hora certa
e com a sua sonoridade sinfónica dentro do death metal mais
melódico, aqueceram logo a noite. Com os níveis energéticos
bem altos, a banda apresentou a sua sonoridade de forma
convincente e também revelou capacidades técnicas que Paratra
impressionaram pela solidez e coesão. E claro, pela forma E de seguida, algo completamente diferente. Os Paratra já
como tornam a sua actuação mais vistosa e atractiva ao olhar. nos tinham sido apresentados, nos primórdios da nossa
Não sendo fogo de vista, em termos sónicos, também ficou World Of Metal. Na altura, a conclusão que chegámos foi
uma boa impressão nesta sua primeira visita ao nosso país. que a sua música funcionava melhor quando as componentes
A banda tem no seu histórico dois EPs (o último lançado ficavam reduzidas ao mínimo. E felizmente a nossa teoria
este ano) e um álbum de originais (editado no ano passado) foi comprovada como correcta, com uma grande actuação
e um futuro que poderá ser brilhante à sua frente. Um bom onde as estrelas foram o guitarrista Samron Jude e o tocador
concerto que ainda deu para ser apresentado um novo tema. de sitar Akshat Deora, embora tanto a solidez rítmica do
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baterista Aritra como os dotes vocais de Siddharth Basrur em vinil assim como o anterior "The Road Less Travelled)
não tenham passado despercebidos. Mesmo um bocado que foi o grande foco da sua actuação e que garantiu, pelo o
ao lado da sonoridade dos cabeças de cartaz, o concerto que pudemos avaliar da reacção do público, mais uma série
dos indianos teve um impacto positivo entre o público que de fãs convertidos à sua causa. Power metal que foge ao que
conseguiu entrar no espírito da sua música, graças também é comum no género e que causa grande impacto.
a uma humildade por parte da banda apaixonante.
Sirenia
A noite caminhava rapidamente para o seu final, o que também
era indicação da qualidade geral da música em exposição. No
entanto, a atenção estava agora toda concentrada nos Sirenia
que regressavam ao nosso país - sendo esta a primeira ocasião
Triosphere que nos visitam com a vocalista francesa Emmanuelle Zoldan.
Esse sentido de antecipação chegou ao rubro com a intro do
O primeiro regresso da noite deu-se com os Triosphere. A tema "Styx Embrace", que é também o tema de abertura do
banda norueguesa já nos tinha visitado o ano passado (com mais recente trabalho dos Sirenia, "Arcane Astral Aeons",
os Sonata Arctica), com uma actuação para lá de sólida. Desta que analisámos recentemente nas nossas páginas. A banda
vez não só repetiam o feito como o conseguiram superar, e a em palco apresenta-se bem mais pesado que em estúdio, o
avaliar pela reacção do público no geral, esta não foi apenas que também não deixa de ser refrescante, com os samples
a nossa opinião. Ida Haukland é uma frontwoman fantástica orquestrais a estarem relegados para segundo plano, embora
que consegue comunicar com o público de forma vibrante efectivamente estejam sempre presentes.
assim como garantir a execução perfeita quer do baixo quer
da voz. O último álbum de originais continua a ser "The O foco da banda esteve nos álbuns mais recentes, principalmente
Heart Of The Matter" de 2018 (mas que agora foi reeditado nos dois últimos (quando o tema-título do "Dim Days Of
Dolor" foi tocado, foi o rubro total por parte do público),
um dos momentos altos numa noite rica nesse aspecto. A
interacção dos elementos da banda entre si e com o público,
principalmente da vocalista Emmanuelle foi algo digno de
se ver e recordar mais tarde. O RCA Club mesmo sem estar
esgotado estava muito bem composto de público e o mesmo
fazia-se notar em temas como " Queen Of Lies" e "Ashes To
Ashes" ou até mesmo quando a banda saiu antes do encore.
Eventualmente o final teria de chegar mas apesar de poder
ter soado a pouco para os fãs mais acérrimos - que estavam
em presentes em peso - foi uma barriga cheia de temas de
orientação gótica e sinfónica, sendo que para o final ficou
reservada a "Sister Nightfall", do primeiro álbum, o já
clássico "At Sixes And Sevens". Acabado o concerto a banda
ainda premiou os fãs que tinham permanecido na sala com
autógrafos e fotografias, revelando também humildade e
gratidão por todos os que continuam a apoiar a banda. Uma
Sirenia noite rica em todos os sentidos.
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Elder, Desert'Smoke
RCA Club, Lisboa - 13.11.18
Texto por Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Garboyl Lives
Desert'Smoke
Recentemente falámos nas nossas páginas do excelente
lançamento dos Desert'Smoke (podem conferir aqui), o
EP "Hidden Mirage" e fomos afortunados o suficiente para
vermos (e ouvirmos!) a banda a tocar as suas músicas ao Elder
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vivo. Para quem não sabe do que se trata, temos um stoner
instrumental que nos agarra desde o primeiro momento.
Em disco foi assim e em cima do palco do RCA Club, não
foi muito diferente. Temas instrumentais que soaram de
forma perfeita para quem gosta de longas jams - e ao vivo,
todos os temas ganham uma vida própria, mais orgânicos e
livres de toda e qualquer restrição. Uma abertura mais que
adequada para o que iríamos ter de seguida.
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Agenda
Dezembro 22 - Aniversário do Cave - Juseph, Pledge, Thörne - Cave
Avenida, Viana do Castelo
Vivo, Lisboa
01 - Lyfordeath, Venial Sin, Sollar - Canecas Bar, Paços 28 - Pestilence - RCA Club, Lisboa
de Ferreira 29 - Uburen, Anifernyen, Espectro - Metalpoint, Porto 29 - Pestilence - Hard Club, Porto
01 - Atrox, Mourning Sun, Collapse Of Light - Stereogun, Leiria 29 - Dogma, Inner Blast, Blame Zeus - Side B Rocks, Alenquer 30 - Mark Knopfler - Altice Arena, Lisboa
01 - Último Concerto - As They Come, Revolution Within 29 - Darkness Is Forever Fest - Year 0 - Harakiri For The 30 - Soen, Ghost Iris, Wheel - Hard Club, Porto
- Old Rock & Blues, São João da Madeira Sky, Uburen, OAK, Cavemaster, Pilar - RCA Club, Lisboa
31 - Soen, Ghost Iris, Wheel - RCA Club, Lisboa
02 - Atrox, Mourning Sun, Collapse Of Light - Metalpoint, Porto 29 - Nerve, Notwan - Musicbox, Lisboa
02 - Britfloyd - Altice Arena, Lisboa 29 - Assembleia do Metal - Serrabulho, Sacred Sin, Shutter
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