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World of Metal
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Director
Fernando Ferreira
EDITORIAL
Colaboradores
Sonho Tornado Realidade
Miguel Correia
Sónia Ferreira O mês passado falei de mudanças e este é um tópico que daria (dá!) pano para mangas.
Rosa Soares Este mês, um mês cheio de trabalho, venho constatar que apesar das mudanças, da sua
Cameraman Metálico inevitabilidade, que o nosso espírito humano invariavelmente reage da mesma maneira:
Carlos Lichman continuar, perseverar. Por muito saibamos que as mudanças são inevitáveis (e mesmo que
Paulo Barros não queiramos admitir, necessárias), está no nosso ADN criar raízes, estruturas, fundações
Luís Figueira para melhor podermos prosperar. É o que nos acontece também aqui no nosso pequeno
Renata Lino grande mundo do metal.
Cátia Godinho
Lex Thunder Este projecto, nascido quase por acaso e sem grandes expectativas é hoje a minha ocupação
Fátima Inácio principal e para quem sempre amou a música e onde sempre encontrou refúgio, nos bons
Paulo Aguiar e nos maus momentos (tal como os filmes e a B.D., curiosamente dois mundo que vamos
Hélio Cristovão também começar a explorar a partir desta edição), poder-me dedicar a tempo inteiro a algo
João Pedro Silva assim é como um sonho tornado realidade. Vê-lo a crescer de mês para mês, ter feedback
Carlos Ferraz positivo em relação às nossas reviews, reportagens, artigos e entrevistas, é o combustível
Jukka necessário para continuar.
Roberto Raposo
Filipa Nunes Hoje em dia já não sou apenas eu e a Sónia, eterna companheira e instigadora de tudo
Filipe Ferreira o que hoje podem ver e ler - acreditem que se não fosse ela, nada disto seria possível já
João Santos que se é necessário ter os pés no chão para não cair no vazio, também é necessário ter a
Pedro Amorim coragem de sonhar para que as coisas aconteçam. Já não somos dois, somos uma equipa
que mediante a vida louca e exigente dos dias de hoje contribui hoje em dia com o que
Garage World tem e com o que pode.

Miguel Correia Todos nós queremos mais, todos nós vamos ter mais, definitivamente, fruto do nosso
mcinbox@gmail.com trabalho e do vosso apoio. O nosso crescimento também representa o crescimento da nossa
cena, cada vez mais forte e unida, mesmo que por vezes ainda tenhamos as excepções para
comprovar a regra. 2018 está a ser sem dúvida um grande ano para todos nós, por isso
Publicidade vamos definitivamente acabá-lo em grande. Com os Moonshade na capa, pela primeira
Tiago Fidalgo - tiagofidalgo.wom@ vez na sua carreira, prémio e reconhecimento pelo seu excelente trabalho de estreia
gmail.com analisado também nesta edição. Representação dessa mesma qualidade que temos e que
queremos mostrar a todo o mundo.
Rosa Soares - worldofmetal.pub@
gmail.com
A música está na nossa vida, com o metal à nossa volta e a correr nas nossas veias.
Design
Fernando Ferreira – Dexembro 2018
Dina Barbosa
Tiago Fidalgo

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Indice

5 - Sempre A Partir 66 - Garage world - Imaginarium


6 - Teias de Aranha - Cameraman Metalico 69 - Metal Business - Carlos Lichman
8 - The Tangent 72 - stories from the attick - Luíis Figueira
10 - electric Boys 73 - Golden years
12 - Deathrite 74 - Raios e trovoões - lex thunder
14 - Manimal 75 - A Day At The Movies
16 - Biolence 76 - artwork insights
18 - David Reece 78 - Top 20 hard n heavy 1970
20 - Cruz De Ferro 81 - World comics
24 - The making of - Paulo Barros 82 - Worlds fif inest
26 - Anneke Van Giersburgen 83 - Reviews
32 - Wolcensman 111 - ÁAlbum do Mêes
36 - Cyhra 112 - Máaquina do Tempo
38 - F.o.d. 115 - tape secret
40 - Satan 116 - WOM Live Report
43 - Banda sonora do apocalypse 140 - Rock In Amadora
44 - Riverside 141 - Ficha tecnica - Obscura qalma
50 - Decayed 142 - agenda
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- Moonshade
Foto na Contracapa por Sónia Ferreira
Sempre A Partir

Por Conan, o Barbeiro

Eu sei que o propósito desta coluna é partir a louça toda. Deitar cá para fora, mesmo que de uma forma politicamente
incorrecta mas... acho essencial terminar o ano no melhor espírito natalício e apelar à paz e ao amor fraternal.
Afinal, não estamos todos nós aqui pelo mesmo? Pela música, pela festa, pela alegria que a mesma nos proporciona.
Mesmo se a música que alguns gostem é funeral doom ou black metal depressivo, há sempre uma alegria interior,
mais que não seja por estar deprimido ou por haver algo que ainda acentua mais essa depressão. E por que é que
eu me lembrei disto agora de repente?
Porque cada vez mais encontra-se guerras por todo o lado. Destes que gostam de nu-metal, dos outros que gostam
de heavy metal, dos que apoiam o V.O.A., dos que apoiam Vagos Metal Fest, dos que gostam de ver o horóscopo e
dos que acreditam que a terra é plana. Eu sei, eu sei, é estúpido, certo? Porque é que é tão importante ver a nossa
opinião perpetuada e ecoada pela voz dos outros? E o mais parvo é que na maior parte das vezes não é a nossa
opinião. Não é o que pensamos pela nossa própria cabeça, é o que nos foi incutido. Pelos nossos país, ídolos, grupo
de amigos, televisão. Ou seja, citando a sabedoria popular, emprenhamos pelos ouvidos.
O emprenhar pelos ouvidos é tentador. Faz-nos pertencer a algo e faz-nos saltar esse passo do hábito humano que é
pensar - chego a pensar que é um hábito em extinção. É chato pensar porque para além de fazer usar os neurónios
- para quem não está habituado, é coisa para ficar a doer pouco tempo depois - como também não é infalível.
Podemos estar errados, o que também é natural, se não nos damos ao trabalho de pensar ao ponto que cada vez
que o fazemos nos faz doer a cabeça, a falta de prática vai fazer com que a situação se agrave. Mas porque raio é
que aquilo que os outros pensam poderá ser o certo? E porque raio é que escolhemos representantes para as nossas
opiniões? Perguntas sem resposta.
Se todos nós admitissemos o erro, conseguissemos arrepiar caminho sem ter medo de sermos diminuídos perante
os outros, a vida não seria toda mais bela? Claro que arrepiar caminho é algo que exige humildade. Humildade é
também outra coisa que anda por aí extinta. Como no futebol. Quando alguém ganha, é sabido que esse alguém se
vai impôr sobre quem perde assim como é sabido que quando a situação se inverte, quem se impôs sabe o que lhe
espera. E evita a todo o custo ou então até fica irritado e ofendido por lhe estarem a fazer o mesmo que já fez aos
outros.
Porque há uma dissociação entre a pessoa que faz o mal e a pessoa que recebe o mal. Há sempre uma justificação
para fazer o mal e ela normalmente é - a mim também me fizeram e agora eu faço aos outros. No entanto quando
o mal lhe foi feito, eram discursos intermináveis acerca do triste destino da humanidade ou de Portugal como
nação. No fundo o que queremos é pertencer a algo fixe. E não é fixe ficar do lado de baixo, do lado que tem uma
posição difícil de defender apesar de ser a mais justa ou simplesmente apesar de ser a que se acredita. Não é fixe
ser a vítima. Mas quando se passa para o lado de lá e não se respeita a liberdade e o espaço dos outros, tal como
não fizeram connosco, já tudo é permitido.
Resumindo... porque é que não arranjamos todos um espelho e começamos a tratar-nos como gostaríamos de ser
tratados? Porque é que não nos vemos como realmente somos e não mais que os outros apenas porque "pensamos"
(ênfase no "pensar") que somos mais que todos os outros?
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É TRISTE QUANDO SE ESQUECEM DE TI
Chamo-me António Francisco Melão, mas para a maioria de vocês que gostam de heavy metal, sou o CAMERAMAN
METALICO e ponto final paragrafo.
Dediquei-me a esta causa nos anos 80, divulguei o que tinha de divulgar, tive a fanzine HARD HEAVY (a 1ª a ter
fotos originais), tive a 1ª página dedicada ao heavy-metal num jornal nacional, o vespertino DIÁRIO POPULAR,
escrevi e publiquei fotos em jornais como o Blitz, A Capital, Correio da Manhã, Diário do Alentejo e ainda em
magazines como a Promúsica, Rock Power, Rock Sound, etc, até em magazines estrangeiras como a Heavy Rock
e a Kerrang!
Tive dois programas de rádio na Rede A em Almada "Metalescencia" com o Nuno Torres e na Super FM "Anestesia
Geral" com o Nuno Luz e Pedro Gomes. Viajei muito, fui dos primeiros a ir a festivais no estrangeiro Gods of
Metal em Itália, Monsters of Rock em Inglaterra, Dynamo Open Air na Holanda e Wacken na Alemanha. Fiz
fotografia a inúmeras bandas como os Rebellion, Black Widows, Hate Over Grown, Agon, Moonspell, Tarantula,
Braindead, Procyon, Afterdeath, Alkateya, Ibéria, Thormenthor, Midnight Priest, Mass Disorder, etc.
Estes 33 anos de carreira tem tido altos e baixos, falta de trabalho, fecho de jornais, doença, de maneira que agora
tenho sido menos assíduo nos concertos, é natural, é a lei da vida... sabia que isto não ia durar para sempre. Fico
tambem a saber que a glória e o reconhecimento são efémeros... num dia és o maior, aclamam-te quando entras
no pit fazendo que todos os outros fotógrafos encolham os ombros (quem é este gajo?) e esquecem-te no dia a
seguir... passas de bestial a besta num fósforo como se costuma dizer.
Saiu recentemente um documentário HEAVY METAL PORTUGAL e nem uma virgula sobre o Cameraman
Metalico, não existe, nunca existiu, e voces sabem que não é verdade!
Se gostava de ter opinado sobre o heavy-metal em Portugal, se calhar até gostava mas não me perguntaram... era
só isto... sejam felizes e Boas Festas - Saúde da boa e VIVA O HEAVY-METAL.
CM Dezembro 2018

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eNTREVISTA

Os The Tangent, uma das grandes bandas de rock progressivo clássico vindas da Inglaterra continua
a lançar grandes álbuns e o mais recente "Proxy" é o seu décimo álbum de originais pouco mais de
um ano após o excelente "The Slow Rust Of Forgotten Machinery". A World Of Metal não poderia
deixar passar a oportunidade de falar com Andy Tillison sobre esta fase de inspiração criativa da sua
banda e ainda sobre toda a temática que "Proxy" encerra, não fugindo a outras questões de fundo
que são igualmente pertinentes.
Fernando Ferreira

Olá Andy, muito bom estar a falar que possa escrever música útil muitas das bandas no final da escalada destas guerras horríveis
contigo e ter-te de volta aos discos, quando eles estão à beira dos década de sessenta e no início mas esquivam-se em assumir as
tão depressa depois do “The Slow seus sessenta anos de idada é da de setenta, eu penso que é o culpas. Milhares de pessoas estão
Rust Of Forgotten Machinery”. sortudo por o poder fazer, por nosso trabalhar comentar sobre a sofrer em resultado isto e eu
Simplesmente não se consegue isso eu sou sortudo e muito feliz o mundo onde vivemos neste lamento que não haja esforços
parar inspiração, pois não? por poder ter todas estas formas momento. “Proxy” não é tão suficientes a serem feitos para
de comunicação. centrado políticamente como impedir que esto aconteça.
(Risos) Bem, honestamente o álbum anterior “Slow Rust” Deveriam haver masi pessoas
não acredito que seja tão “The Slow Rust Of Forgotten mas as histórias e imagens de a chamar a atenção sobre isto do
rápido quanto possas pensar. Machinery” tem como pano de guerras em sítios distantes ainda que apenas uma banda de rock
Afinal, Mozart escrever cerca fundo o comentário sócio-político, assombra o nosso quotidiano, progressivo europeia... mas essa
de sessenta sinfonias (como algo que é comum em todos os através de telejornais e as notícias é apenas uma faixas! O resto do
se fosse um álbum) e ele não trabalhos na vossa carreira. que nos chegam de outras fontes. álbum é muito mais focado em
chegou aos quarenta... É tudo Líricamente, o que retrata “Proxy”, Eu odeio mesmo o crescimento questões sociais, envelhecer, perder
relativo. No contexto do prog, qual é a mensagem principal? profundamente desagradável oportunidades na vida, mudar
de momento estou bastante nas chamadas guerras por as nossas crenças e princípios
prolífero mas não tanto como Bem, todos vivemos juntos procuração, como aquelas conforme envelhecemos. Eu penso
os Yes eram no início da década nesta pequena rocha e todos que estão a acontecer na Síria que o álbum é essencialmente
de setenta. Eles fizeram cinco vivemos em 2018 – mesmo que e no Iémen – onde as grandes positivo que apesar ser crítico
álbuns num período de três alguns de nós ainda desejassem potências mundiais do governo pela forma como vivemos, tem
anos... mas de qualquer forma, que fosse 1972. Mas tal como e indústria escolhem lados em muitas boas vibrações acerca do
este é um problema que estou em 1972, ainda temos grandes quesílias locais, investem em futuro e as possibilidades que
feliz por ter. Qualquer pessoa problemas no mundo e como hardware militar e permitem a existem para o tornar melhor.
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Voltando à música... já que este álbum anos mais tarde teríamos muito mais as outras bandas, bem, a forma música
foi escrito de uma forma muito orgânica que poderíamos trazer. É por esta razão não está a ir a lado nenhum. Também
durante a última digressão, ficamos que no “Proxy” decidimos fazer uma precisamos de estar atentos que não
com a sensação que estamos de volta longa canção prog de dezasseis minutos basta adicionar metal à mistura para
à década de setenta, onde as bandas baseada em todos os estilos musicais automaticamente estarmos a fazer algo
estava constantemente a trabalhar na que não existiam de todo na década novo. Metal tem feito muita progressão
sua música, e por vezes a esgotarem-se de setenta e que normalmente não são sozinho, apenas adicionar isso ao rock
devido a isso mesmo... foi um objectivo associados ao progressivo de todo. A progressivo não é a ÚNICA solução.
propositado que já tinham quando estavam cena excelente é que ainda funciona Porisso sim... os Haken são bons mas
em digressão, compôr o próximo álbum como rock progressivo e ainda soa aos para manter isto a avançar precisamos
ou apenas fluiu dessa forma? The Tangent. Todos sentimentos que de um pouco mais do que apenas um
esta foi uma experiência que realmente rival aos Dream Theater. O simpes facto
Bem, períodos de inspiração não são resultou. de encarares o progressivo como um
propriamente algo que possas pôr estilo “bem estruturado e definido” é
no calendário do Google ou no Wall Os indicativo dos problemas que ainda
Planner. Acontece quando acontece e
é isso. Não tinha “planeado” fazer um
"Os The Tangent não estão por ultrapassar...

álbum este ano, nunca o faço, e este


aconteceu porque andámos em digressão
ligam puto quão bem Quais são as expectativas pela recepção
do álbum pelos vossos fãs e também
o ano passado e no início deste ano...
e foi uma sensação tão boa, gostámos
sucedidos somos. É tudo achas que poderá atrair novos?

tanto de tocar juntos e essa sensação


apenas fez com que eu quisesse escrever
pela música, é a única Honestamente não sei o que é que eles
vão pensar acerca do álbum mas por
música para esta gramde banda. Senti
que estava a compôr para este grupo
coisa que interessa. outro lado, eu nunca sei. Só tens que
decidir se queres comprar uma chaleira
de músicos. Não a compôr primeiro e
depois a adicionar os músicos depois.
Se quisessemos na Amazon e mesmo que seja a melhor
chaleira do mundo, haverão toneladas
Então, conforme sugeriste “apenas fluiu
dessa forma”. Estavamos a rodar e esta sucesso, estaríamos a de reviews em como ela é terrível, como
não tem apoio ao cliente e como não
música no “Proxy” é o resultado dessa
rodagem. escrever música pop podes controlá-la com Alexa (serviço da
Amazon). Vivemos num mundo onde

O álbum é bastante diverso, mostrando para boys bands." as pessoas idealizam aquilo que querem
nas suas próprias cabeças. O mais perto
todas as diferentes facetas dos The Tangent te aproximas dessas idealizações, mais
e do género progressivo em si. Sente- bem sucedido serás. Os The Tangent
se como uma espécie de declaração The Tangent tem uma enorme lista de não ligam puto quão bem sucedidos
para todos os que pensam que o rock músicos que estiveram envolvidos com somos. É tudo pela música, é a única
progressivo é algo preso à década de a banda mas para este, se não estou coisa que interessa. Se quisessemos
setenta, como se dissesse “ainda não errado, mantiveram o mesmo grupo sucesso, estaríamos a escrever música
viste da missa a metada”, porque há de pessoas. Esta é uma das razões pela pop para boys bands.
muito mais a fazer e a mostrar, certo? qual a composição fluiu tão bem?
Lançaram um álbum, foram em digressão,
Ainda bem que o vês dessa forma A banda tem na realidade um alinhamento fizeram outro álbum nessa digressão,
porque é essencialmente a forma estável desde 2014, centrado em mim, gravaram e agora é tempo de promovê-lo
como o vemos. Eu realmente acho o no Luke, Jonas e Theo. Fizemos três outra vez. Ainda têm o mesmo entusiasmo
rock progressivo e as atitudes sobre álbuns e um par de digressões juntos e de voltar à estrada?
ele bastante frustrantes – e apesar de sim, aumenta a forma como a música
achar que eu também sou culpado flui. Adicionamos um novo baterista, Claro. Adoro tocar ao vivo e a vibração
disto, penso que existe muita influência não apenas para este álbum. Steve tem do público é combustível inspirador.
da música da década de setenta em estado connosco há já mais de um ano Eu vou continuar a fazê-lo desde que as
muita da música progressiva actual. e é excelente, adoramos trabalhar com minhas pernas me levem aos concertos
Particularmente Genesis e Pink Floyd. ele e foi uma grande adição à banda. e os meus braços continuem a tocar.
É um problema... e é a combinação Eu gosto de compôr para os músicos
dos fãs que adoram mais as coisas na banda, eu escrevo coisas que eu Em termos de digressão, onde é que
antigas, com as bandas a sentir que penso que eles vão gostar de tocar. esperas ir desta vez com o “Proxy”?
têm que manter os fãs felizes. Então Parece que está a funcionar!
temos mais bandas que querem ver Quero ir a Portugal! Nunca fomos...
bandas de tributo aos Genesis do que Pegando no que disseste e sendo que nunca fomos convidades para fazer
novas bandas... o que faz com que as a música está em constante evolução, qualquer um dos vossos festivais...
novas bandas terem que soar um pouco pensas que existem algunas fronteiras vá lá, pessoal! Não andamos a pedir
mais como os Genesis. Lamento mas para onde podem ir? Mesmo num género concertos às pessoas, se alguém quer-
isso comigo não funciona. Existe tanta e definido como o rock progressivo? nos a tocar, eles precisam de nos pedir!
música por aí que pode ser abordada Já fizemos a Rússia, E.U.A., Canadá,
na perspectiva progressiva. Se os King Bem, voltando à questão anterior... Espanha, França, Alemanha, Holanda,
Crimson pudessem trazer jazz moderno penso realmente que as barreiras Reino Unido, Itália, Suécia, Dinamarca...
e selvagem, hard rock e música clássica caíram. Se apenas ficarmos como fãs Todos eles pediram-nos para tocar.
para o seu som de 1968, bem, cinquenta de Genesis com um som igual a todas
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eNTREVISTA

São rockeiros pelos quais os anos não passam numa carreira com mais de trinta
anos - com interrupções, é certo, mas ainda assim, muita experiência com o rock
pesado. Deram uma entrevista honesta, directa e acreditem, fiquei fã! Falo dos
Electric Boys na palavra de Conny Bloom, vocalista.
Miguel Correia

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Novo álbum na rua, e sobre ele Sentimos que era uma boa os bons momentos, corações
eu li algures que vocês acham música a ideal para deitar abaixo partidos, a tristeza, os sonhos...
este disco diferente de tudo o a porta. Sentimos ser um bom Uma vida, acho eu!
que foi feito e muito divertido. começo, outros virão...
Por que essa afirmação? O que tem sido diferente desde
"The Ghost Ward Diaries" ... 2009, o ano da vossa reunião?
Nós desta vez trabalhamos de de onde vem a inspiração para Existe um antes e um depois,
uma forma diferente. Não nos este título? ou tudo fica igual?
limitarmos ao que costumávamos
soar, decidimos deixar as músicas O nome do estúdio é esse, Ghost Talvez Andy e Franco se
mostrarem o caminho a seguir Ward Studios e como eu estava tenham envolvido mais com
para o aquilo que soamos hoje. sentado lá a escrever as letras, composições. Caso contrário,
Nós simplesmente escolhemos então... é praticamente o mesmo, além
o que achamos que eram das novas músicas.
as melhores músicas, não
importando a vibe que as demos "Nós simplesmente Eu sei que vocês gravaram um
tivessem. Nós acreditamos que escolhemos o que achamos disco no Abbey Road, um lugar
quando tocamos e comigo a místico para todos os músicos...
cantar, tudo vai acabar a soar
que eram as melhores
aos Electric Boys, de forma músicas, não importando Sim. Na realidade nós gravamos
natural. E, olha, foi uma diversão,
também foi muito bom gravar
a vibe que as demos dois álbuns lá. Óptimo estúdio!

desta vez e nós gostamos muito tivessem. Nós acreditamos Falando de transcendente e
de trabalhar com o produtor que quando tocamos e voltando para "The Ghost Ward
David Castillo. Diaries” há alguma história
comigo a cantar, tudo vai desse género no álbum?
Eu senti muita ambição com acabar a soar aos Electric
essa afirmação... Na verdade, não. "Gone, Gone,
Boys, de forma natural." Gone" é sobre um amigo que
Claro que sim! Sem ambição, não faleceu... eu costumo ouvi-
há sentido em todo o processo lo a tocar saxofone nos meus
de um trabalho, necessária para O que separa, por exemplo, do sonhos. Ele ainda está aqui, a
criar um novo álbum. altamente aclamado "Funk-O- tocar connosco.
Metal Carpet Ride"?
A inspiração para a composição O que podemos esperar agora?
nunca acaba? Cerca de 30 anos...(risos)A Algo especial para a próxima
diferença é bem grande. Não tour? Existem planos para
Não há regras de composição. Às é tão funky ou punk. Um pouco alguma coisa?
vezes é difícil, enquanto algumas mais escuro, mais direto fwd
músicas quase "se escrevem" rock. Estamos a tentar colocar o
sozinhas. Às vezes a letra vem álbum no maior número de
primeiro, às vezes a música... Mas aparentemente é o diário países acompanhado do máximo
de uma viagem na estrada... de concertos possível. Temos
"Hangover In Hannover" foi o uma nova equipa a trabalhar
tema escolhido como single... Sim, é onde eu passei uma grande connosco, então parece um novo
parte da minha vida. As lutas, começo. Vamos ver...
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eNTREVISTA
eNTREVISTA

Deathrite poderá não ser um nome completamente desconhecido para os fãs portugueses de death metal.
Afinal eles ainda recentemente nos visitaram na data dupla dos Napalm Death e com os nosso besta a
abrir. A banda entretanto lançou um grande álbum de death metal na forma de "Nightmares Reign" que
vislumbra que a banda não é de ficar presa a uma fórmula específica mesmo que o death metal seja sempre
o mote principal. Sobre o novo álbum, sobre esta nova fase e sobre tocar ao vivo, os deathrite pela sua
própria voz.
Fernando Ferreira

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Olá pessoal e bem vindos ao Devido à nossa progressão musical
nosso World Of Metal. Depois e ao facto das canções terem um Tenho que salientar “Temptation
de três anos, estão de volta com feeling rock mais óbvio, pensámos Calls”, uma excelente faixa épica,
o excelente “Nightmares Reign”. que a melhor forma de gravar seria algo não muito usual da vossa
Entusiasmados pelo momento através de um processo analógico e parte. Têm intenções de a tocar
presente? bastante old school, e dessa forma ao vivo?
Rochards foi um nome que nos
Sim, claro! Mal podemos esperar surgiu e na realidade foi mesmo Obrigado, foi a última canção que
para que o álbum veja a luz do a nossa primeira escolha. escrevemos para o álbum e desde
dia e estamos com fome de tocar o início que foi planeado tornar-se
estas canções ao vivo. E em relação ao processo de a última canção de forma a ter um
gravação, o Richard introduziu fecho apropriado para o álbum e
“Revelations Of Chaos” foi algumas mudanças no processo sim, queremos um fecho apropriado
bastante bem sucedido entre os que já tinham? para os nossos futuros concertos.
fãs de death metal. Sentiram que
para este tinham que superar o Não, na realidade não. Quero Por falar em tocar ao vivo, vocês
que fizeram antes ou esse tipo dizer, para ambos os lados era uma têm um horário bastante ocupado
de pressão não vos incomoda situação nova. Ele grava na maior até ao final do ano, pela Europa.
de todo? parte das vezes blues e bandas rock Têm esperança que este álbum
e agora existe uma banda de death vos possa fazer chegar ainda mais
Na realidade não. No início do metal e estes gajos que querem longe no que diz respeito a andar
nosso processo composição, gravar alguma coisa. Mas acho em digressão?
estávamos certos que no próximo que foi uma experiência bastante
álbum iríamos abrir um novo refrescante para nós e fomos capaz Oh, yeah! Quero dizer, tocar ao
capítulo. Então estávamos livres de de materializar algumas boas ideias vivo é a coisa mais importante
todas as expectativas que as pessoas que tínhamos. para nós. Gravar e lançar um
poderiam ter. Quisemos puxar as novo álbum é apenas o gatilho
coisas um pouco mais à frente e para nós. Queremos dar às pessoas
recusámo-nos a ser limitados um "Portugal foi mesmo uma experiência sem filtros das
género muito restrito, porque nossas canções e esperamos ter
primeiro e antes de tudo, somos bom.(. .) Foi também a oportunidade de tocar mais
músicos e artistas e queremos ser
criativos. a primeira vez que frequentemente, especialmente em
sítios onde não há muitas bandas

Tiveram uma mudança recenre conhecemos o pessoal a pararem.

no alinhamento com o Anton a


substituir o Geral e a expandir o
dos Besta, excelentes Vimos-vos com os Napalm
Death ainda no ano passado,
departamento das guitarras com
o Tom. Estas mudanças tiveram
pessoas e com música dois excelentes concertos em
Portugal. Quais são as memórias
algum impacto nas canções que
podemos ouvir no “Nightmares
mesmo selvagem" que têm daqueles dois concertos
e quando é que podemos esperar
Reign”? o regresso ao nosso país?
É o primeiro álbum pela Century
Media Records, uma das grandes Portugal foi mesmo bom, nunca
Sim, o nosso método de composição
editoras de Metal. Como é que tinhamos tocado lá antes e não
desenvolveu-se ainda mais. Toda
o contacto foi feito? Foram tínhamos expectativas, mesmo
a estrutura da canção é mais
abordados por eles? nenhumas, mas parecia que as
complexa, sem perder a sua crueza
e sem ficar muito técnico. A nossa pessoas estavam mesmo com o
Algum pessoal da Century Media espírito da coisa. Foi também a
música é ainda suja e malévola
foram a alguns dos nossos concertos primeira vez que conhecemos
mas agora não é apenas de uma
e de tempos a tempos, falávamos o pessoal dos Besta, excelentes
forma óbvia.
uns com os outros e pensámos pessoas e com música mesmo
que seria muito bom trabalharmos
Trabalharam com Richard selvagem, cumprimentos para
juntos. A experiência deles e a nossa
Behrens, não é o primeiro nome eles. Neste momento estamos a
fome de tocar e sermos criativos
que pensaríamos para produzir os planear uma digressão em espanha
estabelece uma combinação com
Deathrite. Como é que chegaram e esperamos que possamos regressar
potencial.
até ele? a Portugal. Façam figas!
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eNTREVISTA
eNTREVISTA

Manimal, mais um nome da escola metálica sueca dentro da vertente power metale na sua mistura
com o heavy metal tradicional. E é um nome a reter, porque o futuro passa por aqui, sem dúvida!
Samuel Nyman, vocalista dos Manimal, foi o nosso interlocutor.
Miguel Correia

Olá Samuel, muito já tocavam juntos há foram assim os nossos primitivos. Mas
obrigado por esta muitos anos. Daí para primeiros passos... acho que é tudo natural.
entrevista e é com muito a frente, nós os quatro Quero dizer, afinal somos
gosto que levamos aos formamos os Manimal. E o nome Manimal? todos animais, não somos?
nossos leitores o vosso Quando Richard e Pether
nome, o vosso trabalho. decidiram deixar a banda Ah, a nossa ideia do nome Reconheces que é
E, naturalmente quem são há uns dois anos atrás, da banda era basicamente sempre uma grande
os Manimal? começámos a procurar usar a combinação de responsabilidade, ter
por um novo baterista “homem” e “animal”, e nós origem num país com
Obrigado pela e baixista e chegámos sentimos que podemos nos uma enorme tradição na
oportunidade e direto ao André e ao Kenny. relacionar com o nome. cena metaleira. Quais são
à tua resposta, quando Os Manimal lançaram De alguma forma, a nossa suas influências musicais?
entrei para a banda em três álbuns até hoje e música traz o animal Nós ouvimos muitas
2001, o Henrik e alguns fizeram três digressões pela dentro de nós, expresso bandas diferentes de
dos agora ex-membros da Europa, tocámos em vários através do ritmo de bateria, diferentes géneros.
banda, Richard e Pether, festivais. Resumindo, riffs de guitarra e gritos Mas algumas são mais
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ou menos óbvias... fontes de “Purgatorio” é mais directo álbum antes de estarmos 100%
inspiração seriam nomes como e menos progressivo que o satisfeitos com as músicas, com
os Queensrÿche, Judas Priest, “The Darkest Room”. Os riffs o todo! Se isso significa que levar
Rammstein, Helloween e Dream de guitarra são melhores na um ou dez anos para fazer um
Theater. minha opinião, assim como o álbum, que assim seja. Estamos
desempenho geral. todos, na sintonia da qualidade
Helloween, Gamma Ray, Primal antes da quantidade.
Fear até que ponto o power Como defines esse álbum?
metal alemão influência a vossa O que aconteceu entre 2009
música? Boa pergunta... olha “power metal e 2015? Aparece apenas o
pesado, com alguns elementos album "The Darkest Room",
Muito, eu diria. Todas as três progressivos”...intenso! foi então esse o sentimento
bandas que referes são óptimas, existente, de as coisas não
e nós ouvimos tudo isso,
consumimos muito desse som...
"Nós nunca estarem prontas para um
álbum?
lançaremos um Ah, pois, aí a vida segue um
Até que ponto eles contribuem
para as vossas composições?
álbum antes de rumo, com outras coisas. Todos
estarmos 100% nós tivemos filhos. Além disso,
perdemos dois membros e
Eles inspiram-nos a continuar a
segurar a tocha do power metal
satisfeitos com tivemos que encontrar novos.
e a continuar a desenvolver e a as músicas" De "Purgatorio", quais são tuas
dar força ao género. músicas favoritas?
E o título "Purgatorio"?
Vamos falar sobre o fantástico Agora, meus favoritos pessoais
novo álbum "Purgatorio", A humanidade continua a repetir
erros, sem aprender com eles. são “Purgatorio”, espalhando o
um grande passo na minha temor e o traidor.
Portanto, é difícil evitar uma
opinião. Vocês apostam tudo
queda completa. Usamos o
neste álbum ou na tua opinião é E quais são os que farão parte
“Purgatório“, como uma metáfora
um dos muitos que ainda estão para todas as decisões erradas do futuro setlist?
por vir? que tomamos na vida e nunca
nos arrependemos. O título Provavelmente um monte deles.
Como compositor e artista, do álbum é obviamente muito Já adicionamos “Black Plague”,
nós sempre tentamos desafiar inspirado pela obra-prima de “Purgatorio”, “Manimalized”
e superar-nos em tudo o que Dante Alighieri e não é a primeira e “Denial” ao nosso set ao
fazemos, nas composições e vez que nos inspiramos nesse vivo e estamos ansiosos para
também nas performances. trabalho específico da literatura. experimentar mais músicas ao
Nós entrámos na produção do A música “The Journey”, no vivo.
"Purgatorio", com o objectivo de nosso último álbum, também foi
fazer nosso melhor álbum até inspirada na "Divinia Comédia". Quais são os próximos passos?
agora, e acho que conseguimos.
Só o tempo dirá se vamos Acabámos de voltar para casa
De qualquer forma, estou a
continuar a exceder os nossos do festival ProgPower USA em
encarar uma banda que conta
álbuns anteriores, mas vamos Atlanta e agora estamos a fazer
muito tempo de carreira, mas
certamente apontar para isso. planos para uma tour europeia
com isso são apenas três álbuns
lançados. Porquê? e alguns festivais em 2019. Nós
Comparando com o primeiro
nunca tocámos em Portugal, por
disco realizado?
Nós nunca lançaremos um isso esperamos poder chegar aí.
Vamos manter o foco nisso.
15
eNTREVISTA
eNTREVISTA

Vinte anos a destilar violência sob a forma de arte, Biolence já é um nome reconhecido entre o nosso
meio como mestres do Death/Thrash metal. Mediante a comemoração da sua existência, vamos
participar nos festejos com uma entrevista à banda, sobre a qual o nome já diz muito sobre eles.
César, vocalista e guitarrista da banda de Vila Nova de Gaia fez connosco a viagem ao mundo dos
Biolence.
Cátia Godinho

São duas décadas de existência em 98 formámos a banda. Os questões pessoais foram saindo nesta banda o que ajuda bastante.
com uma força quase sobre- gostos músicais eram algo distintos da banda. Já tivemos mais alguns Todos dão o seu contributo, mas
humana. Mas para quem ainda na altura e o que nos unia era elementos depois disso, mas o Dani sinto que para mim e para o David
desconhece, ou chegou à pouco principalmente a nossa amizade, ainda se foi mantendo alguns anos esta banda significa um pouco mais.
tempo ao nosso meio, quem são os o Dani sempre gostou de Rock, depois das saídas do Pedro e do O André Vieira foi entre alguns
Biolence? Qual a vossa história? Grunge e algum Metal, o Pedro Jaime. Em 2005 a entrada chave para vocalistas que experimentamos
e o Jaime era mais Hardcore, um o nosso som e filosofia de banda o que mais se destacou, demos
Basicamente, tudo começou no pouco de Metal e algum Hip-Hop, actual, foi o David (Guitarrista), bastantes concertos juntos e ele
Verão de 1998, nessa altura o meu e eu sempre gostei principalmente foi o primeiro elemento que é o autor de bastantes letras de
grupo de amigos parava no Jardim de Metal mais extremo em todos os me permitiu explorar metal músicas que ainda tocamos hoje
do Liceu de Gaia, e nesse grupo seus géneros e um pouco de todos mais extremo por partilhar dos em dia, tinhamos alta ligação, mas
estavam incluídos os primeiros os estilos falados anteriormente. mesmos gostos e acrescentou um infelizmente o André não tinha
elementos de Biolence e fundadores Ou seja, inicialmente Biolence era valor enorme à banda, a partir da tempo para nos dar a dedicação
da banda. Eu e o Dani ( o baterista) uma mistura de tudo isso, gostei entrada do David a banda começou que necessitavamos e tivemos
já eramos amigos desde 1991 ou muito de todas as fases músicais a ter solos mais técnicos e puros, que nos separar, depois do André
92 se não estou em erro, e desde de Biolence, mas tendo em conta característicos de Death / Thrash / decidi ser vocalista, e foi com a
muito novos já partilhávamos um que a minha tarefa como único Black dos 90´s, juntos evoluímos influência dele que consegui
gosto enorme por música, mas guitarrista na altura era compôr bastante e aos poucos isso foi-se evoluir até ter a voz que tenho
nunca tinhamos pensado sequer musicas, sempre tentei puxar para reflectindo na nossa sonoridade. hoje em dia, antes disso, pouco
em formar uma banda, mas depois algo mais pesado, e foi resultando Antes eu mantive a persistência conseguia cantar e evoluí bastante.
em 96/97 quando conhecemos o durante alguns anos, mas depois aos sozinho para manter a banda a O Marco (baixista) também foi
Pedro (Vocalista) e mais tarde o poucos o pessoal foi deixando de funcionar, mas desde a entrada do uma entrada importante em 2008,
Jaime (Baixista) começámos a falar se identificar tanto com o estilo e David já somos dois a puxar para e na altura e durante alguns anos
mais vezes nessa possibilidade, e aos poucos por essa razão ou outras o mesmo lado e a acreditar a 100% partilhámos os três esse gosto e
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empatia músical que estava a fazer o nosso Com tanta experiência como artistas e muito variedade e o acesso é extremamente
som evoluir bastante, mas entretanto ele amantes de música extrema, sentem que fácil a tudo, por isso a luta é conseguir
foi participando noutros projectos que ainda existe uma certa relutância em visibilidade e marcar a memória das pesso
lhe permitiam tocar guitarra em vez de apostar em bandas do género? as.
baixo e tinham mais visibilidade do que
nós, e ele decidiu dedicar mais tempo a a Na minha opinião não existe qualquer tipo Falemos do actual álbum, “ Violent
esses novos projectos impossibilitando o de relutância no meio Underground, se te Exhumation”. É nada mais, nada menos
ritual que sempre achámos essencial para a referes ao mainstream, espero sinceramente que o trabalho comemorativo de vinte
pureza do nosso som, que era a ligação de que a relutância se mantenha senão deixará anos de arte , “talhado” na perfeição
compormos as cordas sempre em conjunto. de haver Underground. para imortalizar o nome Biolence na
O Afonso (baterista) foi sem dúvida uma história do underground lusitano. Como
entrada chave para esta banda também, Em que é que se inspiram para escrever “nasceu”, “cresceu” , e se desenvolveu
tivemos algumas fases tremidas, mas ele cada letra e quais as temáticas que este apogeu da vossa carreira?
têm-se mantido até hoje, somos todos sublinham os valores dos Biolence? Que
amigos e essa união tem-nos mantido juntos, mensagem pretendem transmitir-nos Este álbum é um resumo das músicas
o Afonso é sem dúvida uma segurança com a vossa arte? mais relevantes que compusemos ao
enorme tendo em conta a sua técnica e longo destes 20 anos, mas que por falta
poder de execução, e principalmente bate Como na sonoridade também nas letras de meios nas épocas em que as tocávamos
com vontade que é essencial para um som exploramos as várias vertentes dentro do nunca tivemos oportunidade de as gravar.
"Biolento".Actualmente contamos também Metal, normalmente falamos muito sobre Decidimos guardar este material para o
com Daniel Marage, é novo nisto de tocar injustiça social, o lado negro da humanidade expôr num único trabalho comemorativo.
ao vivo, mas já é músico de Metal há muitos (corrupção e ganância), horrores e injustiças Grande parte destes temas continuam até
anos e já esteve noutras bandas, e para já da guerra, algumas letras nostálgicas a hoje a fazer parte das possíveis set lists
no geral além de excelente músico e pessoa, enaltecer o verdadeiro espírito metaleiro a executar ao vivo, também por isso ser
parece ser exactamente a peça que faltava! dos 90´s (quando a música importava importante gravá-las... Para a maioria
mais do que lucro ou ser-se conhecido), das pessoas é mais um álbum, para nós
Que termo pode definir o som de Biolence? alguma política, e até mitologia e contos é recordar todos os grandiosos momentos
Qual a melhor forma de descrever o som mais obscuros. que vivemos quando as tocávamos ao vivo
que produzem? ao longo dos anos, o que o torna para nós
um álbum muito especial.
O ideal é : Metal dos 90´s, nós gostamos
de dezenas de bandas de Death, Thrash e "Hoje em dia há Como será a promoção do álbum, e por
Black, e a nossa composiçao não é pensada,
é sentida! Quando começamos a compôr mais concorrência si só, a comemoração do aniversário de
Biolence?
uma música ela pode ter milhares de
desfechos diferentes, o que sair naturalmente
e sentirmos que é perfeito para aquela parte
e menos união, e A promoção já está neste momento a
acontecer, vamos tentar tocar ao vivo no
é o que fica independentemente do estilo
dentro das três vertentes acima. Gostamos para se conseguir máximo de sitios possíveis cá em Portugal,
já temos alguns concertos pré-acordados,
bastante é de contrastar agudos com graves
e brutalidade com melodias, isso é a base alguma visibilidade e queremos também explorar um pouco
mais lá fora, situação que também já está

é bastante
da nossa composição. em conversação e já com alguns feedbacks
positivos de ambas as partes. Comemorar
Em tantos anos de bom Death/Thrash a nossa música para nós resume-se em
metal, temos em lista uma “curta”
discografia, a que se deve essa, ainda,
reduzida produção de material?
complicado" tocar ao vivo e criar uma ligação com o
público através das nossas actuações, o
plano será esse.

Isso acaba por estar explicado na primeira O que nos reserva o futuro da banda?
pergunta, aconteceram muitas alteração Após uma demo e um ep, com um O que ainda falta fazer para sentirem-
na banda e nunca foi possível encontrar a interregno bastante grande entre as datas se completos enquanto artistas?
solidez necessária para lançamentos que de saída. Temos dois longa-duração com
fizessem total sentido, além de que, até 2008 um ano de diferença no seu lançamento, Posso dizer-te que já estamos a começar a
apesar de eu no fundo querer um percurso 2017 e 2018, ambos de um brilhantismo preparar o próximo trabalho de originais,
mais coerente e sério, a banda no geral único. Como explicam estas abruptas basicamente vamos manter a máquina em
sempre levou a cena mais numa onda de diferenças? E o que permitiu esta produção andamento sem mais paragens, é isso
divertimento para ir dando uns concerto de trabalhos mais assídua? que queremos. Quanto a sentirmo-nos
quando aparecessem oportunidades, completos, isso passa por tocar muito mais
pouco mais do que isso, a partir de 2008 Tal como referi nas questões anteriores, até ao vivo. Quer em festivais onde nunca
decidimos levar a cena mais a sério. De o problema de disponibilidade dos membros passámos antes, quer em terras onde nunca
2010 a 2017 que foi o hiato entre o EP e o e reestruturação da banda estar resolvido tocámos, o objetivo é levar a nossa música
álbum, foi uma altura conturbada, vários não era possível alcançar os objectivos ao máximo de pessoas possível, e é nesse
problemas de disponibilidades e prioridades traçados. Uma vez esse assunto tratado sentido que estamos a trabalhar.
etc, e nesse tempo fomos compondo o foi só pôr em prática o que já estava há
"Violent Non Conformity", nesse espaço muito pensado e encaminhado. 11. Querem deixar uma mensagem aos
decidimos que só iamos voltar a tocar ao nossos leitores?
vivo quando o álbum estivesse pronto, Quais as maiores adversidades que
que foi em 2017. Desde aí não parámos enfrentam enquanto músicos em Portugal? Antes de mais queria só agradecer-te
mais, tendo já lançado o nosso segundo pela entrevista e por esta oportunidade,
álbum de originais "Violent Exhumation" Actualmente acho que é a concorrência, continua com o bom trabalho! Quantos aos
em 2018, e posso já dizer que já começamos hoje em dia há mais concorrência e leitores, obrigado pelo apoio que tem dado
a compôr o próximo! menos união, e para se conseguir alguma ao Underground, continuem e apareçam
visibilidade é bastante complicado, há nos concertos! Cheers! \m/
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eNTREVISTA

O vocalista norte americano David L. Reece, está de volta desta vez a solo com Resilient Heart”.
Conhecido profissionalmente na cena heavy metal rock desde o final dos anos 80, com trabalhos
com várias bandas de diversos géneros, sendo “Eat The Eat” gravado com os Accept a sua porta para
a ribalta musical. Pelo caminho surgem outros trabalhos dignos de registo como a sua passagem
pelos Bonfire de janeiro de 2015 a julho de 2016 e mais recentemente com o projecto Sainted Sinners.
Miguel Correia

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Olá David, obrigado por esta novo baterista é então Sigurd Down, Bonfire. Tens com certeza
entrevista e parabéns pelo Jensen. Eu gravei todas as vozes, algo que ficou, um álbum favorito
teu novo trabalho, "Resilient mais uma vez com Mario Percudani, ou um momento de tudo isso?
Heart"... e, claro, este título é nos estúdios da Tanzan aqui em
uma demonstração de que estás Itália e Marco Angioni gravou as Claro, acima de tudo, estou aqui
vivo e cheio de ambição! guitarras produzidas e masterizadas por causa do álbum dos Accept,
nos Death Island Studios, na “Eat the Heat”, sem dúvida que
Obrigado a vocês, por me darem Dinamarca. Marco é um produtor me abriu muitas portas e sou
a oportunidade de me partilhar brilhante e eu recomendo-o para eternamente grato. Também estou
com vocês e com todos os vossos quem procura um som arrasador. muito orgulhoso do trabalho
leitores! Sim, vivo, muito vivo, bem realizado nos Bangalore Choir,
e cheio de energia e ambição! “On Target” e confesso que usei
"Estou aqui por algumas dessas cores vocais dos
E como surgiu esta oportunidade, dois álbuns no “Resilient Heart”.
falo num todo, chegar à Mighty causa do álbum
Music, um álbum solo, muita Sainted Sinners,? Algum plano
vibração, energia positiva, tudo dos Accept, “Eat para voltar?
o que sentimos quando se ouve
este brilhante disco... the Heat”, sem Dos Sainted Sinners, eu possuo
50% junto com o Frank Pane. Ele
Obrigado, mais uma vez obrigado,
concordo que o álbum está cheio
dúvida que me abriu agora está com os Bonfire e isso
torna difícil qualquer outro passo
de vibrações pesadas positivas! Fico
feliz por essa opinião!
muitas portas e sou para os Sainted, para algo mais
sério. É por isso que eu decidi

"Anytime At All", foi o primeiro


eternamente grato. " fazer este disco, dar este passo.
Estou cansado de ser cantor de
single, porquê essa a opção? outros grupos, para ser sincero,
Qual o teu momento neste disco. como eu tenho falado com ele há
Honestamente não foi uma escolha Aquela ou aquelas músicas com meses, é difícil dizer mais alguma
minha, eu não escolhi "Anytime mais te identificas? coisa. Ele não pode fazer Sainted
At All", para primeiro single. Eu Sinners sem minha autorização,
não tinha certeza de qual escolher, As minhas músicas favoritas são então eu vou esperar para ver...
ahaha, já que amo todas as faixas do “Apocalypse”, “Desire” e “Two Coins
álbum! Foi essa que saiu...poderia and a dead man”, são perfeitas, Recentemente andaste a tocar "Eat
ter sido outra! mas, para ser honesto eu mudo The Heat" na íntegra. Foi, mesmo
de ideias frequentemente sobre uma fase muito importante na
Quem são os músicos que estão essas coisas. tua vida?
contigo neste projecto?
Há planos para uma digressão Sim, não escondo, como referi
Nas guitarras é o Marco Angioni e de divulgação ao novo álbum? anteriormente, "Eat The Heat" foi e
Martin Jepsen Andersen, no baixo é incrivel! Eu costumo autografar
é o Malte Frederick Burkert que Sim, se vocês forem ao nosso site esse álbum para os fãs e muitos
conheces dos Sainted Sinners, na oficial, e até na nossa página do até hoje me dizem o quanto eles
bateria é Philip Mies, que decidiu Facebook, está lá uma agenda. Há o adoram! Estamos a falar de um
não ficar no grupo e queria tocar muito trabalho pela frente. disco que foi lançado em 1989!
blues e jazz. Nas teclas, o incrível Hoje eu ainda executo algumas
Andrea Vergori que também fez Estiveste envolvido com algumas dessas músicas no meu set ao vivo
alguns shows de Sainted Sinners, grandes bandas ao longo dos anos e é realmente indescritível, dar vida
bem como shows comigo e meu do Bangalore Choir, Accept, Tango a todas elas!
19
eNTREVISTA

eNTREVISTA

Os Cruz de Ferro são a antítese do lugar comum no heavy metal: cantam em português e não
nasceram numa das grandes cidades do país. Oriundos de Torres Novas, conquistaram já a alma
lusa mais “pesada”, com o seu som forte, as suas temáticas guerreiras e a voz tão característica
de Ricardo Pombo. E conquistaram-me a mim, que tendo como ponto de partida o EP “Imortal”,
lançado este ano, os fui entrevistar. Será que há novo álbum “no forno”?
Rosa Soares
Fotos - José Coutinho

Como é que a música entra na Portugal, terem temas que uma temática patriota. para melhor ou para pior.
vida dos diferentes elementos apelam a actos guerreiros, e
dos Cruz de Ferro? Com que usarem palavras como “País”, Uma das características O vosso último lançamento,
idade é que começaram a “Nação” ou “Pátria”, já fez da banda é cantarem o EP “Imortal”, tem quatro
perceber que era isto que com que vos apelidassem exclusivamente em português. temas: uma cover e três
queriam? de nacionalistas de extrema- Consideram que isso pode ser originais de trabalhos
direita, fascistas e afins. uma dificuldade na entrada anteriores. Porquê a escolha
Aconteceu, como acontece Esses episódios tiveram de mercados internacionais, destes temas?
com quase todos, um irmão alguma consequência para ou uma mais-valia?
ou um amigo mais velho que vocês enquanto banda ou A ideia de lançar um EP em
nos mostra um álbum com individualmente? Cantamos em português vinil partiu da editora do
uma daquelas capas fantásticas por escolha. Na altura em álbum “Morreremos de pé”,
e com um som ainda melhor! Não nos afectou minimamente. que começámos apenas os a Non Nobis. Já havia a ideia
Ali por volta dos 10 anos, finais Até porque as poucas vezes que Midnight Priest cantavam de retirar um tema do álbum,
dos anos 80 portanto, seja com tivemos conhecimento desses na nossa língua, se não o “Imortal”. Restavam escolher
Maiden ou Metallica, e depois adjetcivos vinham de pessoas me falha a memória. Não três temas. O “Glória ao Rey”
cada um trilhou um caminho que não nos conheciam. Nem estamos preocupados com em formato acústico já estava
próprio na exploração musical. a nós e nem à nossa música. os mercados internacionais, gravado há algum tempo,
E depois fica para sempre. Quem conhece bem os todavia consideramos o facto aguardando oportunidade
nossos discos sabe que isso de cantarmos em português para uma edição. O “Fúria
O facto de os Cruz de Ferro não é verdade. Quanto muito poderá mesmo ser considerado Divina” foi retirado da demo
se inspirarem na história de podem acusar-nos de termos um factor de distinção, seja de pré-produção e tem algumas
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coisas que acabaram por não ficar na mas enquanto consumidor acabo por sobreviver no underground metálico
versão final, achamos ser interessante usufruir também das tecnologias e português?
para quem segue os Cruz de Ferro. dessa forma de ouvir música. Embora
Por último, a versão de José Cid, “A continue a consumir álbuns inteiros, Ter uma banda em Portugal requer
Lenda de el-Rei D. Sebastião”, é um porque os encaro enquanto uma peça alguma paciência e espírito de
tema que gostamos muito e que se por si só e apenas assim fazerem sacrifício. Tens bandas que aparecem e
enquadra na nossa temática. Foi o sentido, a verdade é que por vezes tocam em todo o lado. Mas de repente
único a ser gravado de propósito para ouves um bom tema e o resto do desaparecem. Depois tens outras que
o vinil, que na prática é um item de trabalho não está à altura do single e se aguentam mais tempo, talvez porque
colecionador. assim, podes evitar uma má compra. são amigos e curtem tocar juntos. No
entanto, se olharmos para as bandas
As vossas letras são escritas por enquanto pequenas empresas todas
Eurico Gomes Dias, escritor e estão falidas. Gasta-se bom dinheiro
historiador. Vocês colaboram no
processo de escrita, dizem os temas
"Claro que lá fora em equipamento, em gravações, em
edições, em merchandising, na estrada
que querem, ou é um assunto que
entregam totalmente ao letrista? têm um pouco de e qual é o verdadeiro retorno? Dá
para pagar o investimento? A verdade
Normalmente é ele que nos apresenta
os temas. E ainda tem toda a liberdade
dificuldade em notar é que muito poucas bandas podem
ambicionar viver da música e esse
sucesso nem sempre depende delas.
para fazer as letras. O que acontece
é que depois temos de as adaptar à
o humor nos temas Os Cruz de Ferro, enquanto tiverem
vontade de tocar juntos vão cá andando
música. Essa reconstrução é feita por
nós com base nas letras do Eurico e focam mais a parte a chatear o pessoal. Não se trata de
sobrevivência, mas de tocar por prazer.
Dias. No entanto nem todas as letras
são feitas por ele, o vocalista Ricardo
Pombo e eu também colaboramos
musical contudo cá Para quando um novo longa-
duração?
na escrita das letras. o pessoal nada lhes Já temos uma demo de pré-produção
Imagina que tens D. Duarte de
Almeida, “O Decepado”, à tua frente, passa ao lado. " concluída e queremos começar as
gravações ainda este ano. Quem nos viu
mas que só lhe podes fazer uma este ano já teve oportunidade ouvir um
única pergunta. Qual seria? “Guerreiros do Metal”, “Morreremos tema novo, o “Soldado Desconhecido”.
de Pé”, “Imortal”: títulos que nos Aguardem mais um pouco, a Cruz
Se a batalha de Toro acontecesse hoje, remetem para bravura e tenacidade. em vai regressar em força!
e olhando para o estado da Nação, É preciso ser um guerreiro para
ainda teria feito
o mesmo?

A internet e as
plataformas di-
gitais mudaram
a forma de
como hoje se
ouve música. A
maioria das pes-
soas não ouve as
bandas nem os
álbuns, ouve
músicas avulso.
Concordas? O
que pensas deste
assunto?

É o mundo em
que vivemos. E
não conseguimos
alterar isso,
mas podemos
tentar adaptar-
nos. Enquanto
músico não gosto
dessa realidade
21
eNTREVISTA
NTREVISTA

Se nome há que merece toda a nossa consideração e respeito de tudo, senti-te a cantar
é o de Graham Bonnet, que com o seu projecto Graham Bonnet como nos velhos tempos...
simplesmente fantástico!
Band. Graham lançou recentemente “Meanwhile Back In The Como é que consegues manter
Garage”, um album cheio de uma energia bem demonstrativa essa qualidade vocal, depois
da sua força e vontade! de todos estes anos, manter
toda essa jovialidade?
Miguel Correia
Pois, eu tento sempre ter
cuidados com a minha voz,
Um novo trabalho, sobre o do que os outros vão dizer mais que as coisas aconteçam é o meu instrumento e às
qual eu escrevi, que sentimos do teu trabalho? dessa forma? vezes é muito difícil, porque
um Graham a viver uma sem um descanso adequado,
plenitude, onde musicalmente Wow, obrigado pelo elogio, Compreendo, aqui houve acompanhado com uma dieta
faz o que o preenche. Foi assim é sempre bom ouvir isso. um pouco das duas coisas. indicada pode afetar o meu
com “Meanwhile Back In The Claro, claro, há sempre essa Algumas partes foram feitas desempenho, as minhas cordas
Garage”? preocupação, faz parte, é todos juntos, outras, fruto de vocais.
a nossa profissão, o nosso diferentes compromissos, foram
Obrigado Miguel, obrigado reconhecimento, preocupo-me feitas separadamente. Existe neste disco alguma
pelo interesse e olha acima de sempre com o que as pessoas música em particular que
tudo se as pessoas gostaram da vão pensar, ou se vão gostar. Joe Tafolla. Qual foi a ocupa para ti um lugar
música de Alcatrazz, então elas participação dele neste disco? especial? Por quê?
vão gostar muito deste disco - Como foi o processo de
é como uma versão moderna composição? Foi old school, Ele escreveu algumas músicas Sim, sim, a faixa "The Crying
de Alcatrazz! tudo ali fechado numa sala e tocou guitarra... Chair", porque é sobre a minha
e agora vamos ver o que sai, mãe...
Escrevi também que fazes ou tendo em conta que por Quando eu ouvi pela primeira
aqui um trabalho incrível. vezes a distância e outros vez, senti uma enorme paixão Muitas bandas, especialmente
Ainda tens a preocupação compromissos não permite saindo da tua voz e, acima as mais antigas, hesitam
22
em fazer novas músicas devido acabou por não acontecer... teria sido demais!
à falta de vendas. Mas, contudo,
acabaram por lançar discos de Olha, sinceramente não sei, pode Michael Schenker. Andaste com ele
grande qualidade. Sentes que há ter sido por um problema com o recentemente em tour. Agarrando
uma mensagem implícita aqui que promotor ou agência, eu não estou na pergunta anterior e visto que a
Hey ainda somos capazes de fazer no por dentro desses assuntos...são passagem pelos Rainbow teria sido
boa música? coisas que nos ultrapassam! Mas diferente, houve alguma aproximação
gostaria de poder ir a Portugal. recente do Richie nesse sentido?
Yeah, eu penso um pouco isso, mas
somos todos músicos e sempre Tens um curriculum invejável, Não, não, nada mesmo, nenhum
criamos, e nem sempre podemos andaste por bandas como os contacto, seja de que forma for.
olhar para trás, porque os artistas Rainbow, Alcatrazz ou Michael
sempre pintam novas imagens, Schenker Group. Se tivesses que Cantaste com os melhores, és também
independentemente de recompensa voltar atrás o que farias de diferente? um deles, uma lenda do rock’n’roll.
financeira. Ficou alguma coisa por fazer? Até quando?

Estava previsto vires a Portugal, mas Eu teria ficado com os Rainbow um (Risos) Até o público morrer! (risos)
não sei o que aconteceu, porque isso pouco mais do que aquilo que estive...

23
Por Paulo Barros

O LOOK - Parte 2

Olá pessoal!
No número anterior do WOM terminei com a minha opinião sobre alguns aspectos daquilo
que eu acho que os músicos não devem fazer em relação ao seu visual, ou seja, a preocupação
que nós deveremos ter com o nosso aspecto, pois como já devem ter reparado o sucesso
da maior parte de bandas que conhecemos está relacionado também com o look que eles
têm, entre outros factores claro…
Por exemplo quando escolhemos um fotógrafo devemos ter em conta ser um profissional
e, de preferência, um especialista em fotos de bandas, ou quando escolhemos um produtor
de vídeo, a decisão terá de ser pelo mesmo factor... Por exemplo…. quando os Tarântula
assinaram em 1997 o contrato com a AFM Records, a editora pediu 100 fotografias da
banda em vários locais mas tiradas por profissionais, para não correr riscos de ter um mau
resultado, e se por acaso não gostassem de nenhuma enviavam um fotógrafo da Alemanha
para fotografar com a respectiva conta a acompanhar... $$$$... Mas quem diz as fotos diz
outro pormenor qualquer.Tudo tem que estar bem definido, cada estilo musical tem que
ter um LOOK adequado. Por exemplo quando apareceram os Slayer nos anos oitenta,
eu lembro-me de ter ficado fascinado com a primeira foto deles publicada numa revista,
com o Kerry King vestido de couro preto com umas pulseiras de pregos. Sim, pregos!
Até aí só tínhamos visto tachas e picos de metal bem mais pequenos… mas aquilo era
24
uma inovação total em todos os aspectos! Era o som deles e era a produção e o LOOK e
tudo mais brutal! Nós ouvimos o primeiro disco deles e depois olhávamos para o LOOK
e era aquilo mesmo!
Não tinha que enganar, eles estavam a dizer que os outros que vinham para trás eram
mais soft…e aquilo era uma coisa nova no heavy-metal, era um produto mais brutal! Um
outro exemplo diferente... os lendários Kiss e Alice Cooper nos anos 70 talvez tenham
influenciado o LOOK, do princípio do Black Metal dos oitenta com os Venom e os
Mercyful Fate embora os estilos de música sejam muito diferentes.
E por falar em Kiss, para mim a maior referência em termos de marketing visual repare-se
nas pinturas e as roupas desta banda lendária. Aquilo foi mais de meio caminho andado
para o sucesso… e ainda mais quando a banda já tinha nos finais de oitenta uma carreira
de super-sucesso, eles tiveram a ideia genial de tirar as pinturas e as máscaras para os
fãs verem finalmente as caras deles… ou seja quando os fãs estavam um pouco cansados
de os ver, eles deram um balão de oxigénio enorme na carreira ao aparecer com as caras
deles sem as máscaras na digressão do álbum “Lick It Up” e depois na reunião de 1997
voltaram novamente a usar as maquilhagens e mais uma vez o tal balão de oxigénio.
Tal como o Alice Cooper e os Kiss, mais tarde vieram a usar este tipo de maquilhagem,
o King Diamond e o pessoal do Black Metal. Bem mais tarde tivemos o NU-METAL
em que a indústria do Heavy Metal teve que se refrescar mais uma vez e apareceram
centenas de bandas com um look e uma estética bem diferente daquilo a que estávamos
habituados, os cabelos compridos desapareceram, cresceram umas pequenas barbichas,
as roupas alargaram puseram uns piercings e umas argolas e também uns bonés… as
guitarras passaram para 7 cordas e os solos de guitarra desapareceram… sim, sim malta
passamos um mau bocado! MAIS UMA VEZ!!!
Mas isto também tem que mudar de vez em quando para inovar o estilo, pois, eu acho que
o Nu-metal trouxe muita coisa positiva para dentro do Heavy Metal assim como todos os
outros estilos, pois as diferenças e inovações só reforçam mais o género musical como
é óbvio. Por isso malta tenham cuidado com a imagem que vão criar, pois por vezes a
primeira foto do grupo é a primeira imagem que as pessoas vão ter, daí peço-vos que se
cuidem e se preocupem o máximo possível com o vosso Look! Pois podem maximizar
mais a vossa banda.
Paz para todos e até ao próximo número!

25
eNTREVISTA
NTREVISTA

Anneke Van Giersbergen é um nome incontornável no panorama da música pesada. Não só fez
parte da melhor fase dos The Gathering, como depois encetou uma carreira a solo cheia de
pontos altos, embarcando em diversos projectos bem sucedidos. A propósito do mais recente
trabalho “Symphonized” e das comemorações do vigésimo quinto aniversário da sua carreira,
tivemos uma conversa descontraída e bem esclarecedora com a simpática vocalist holandesa.

Fernando Ferreira / Daniel Laureano


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Fotos estúdio - Mark Uly / Ao vivo - Dani Silvia
É um enorme prazer e honra para mim orgulho neste álbum. As duas pessoas diferentes. Consigo expressar-me muito
e para a World of Metal estar a falar que trataram dos arranjos das canções bem através do metal e o metal é também
contigo... para a orquestra, fizeram um trabalho um género tão vasto, onde podes fazer
tão maravilhoso que estas canções mais tantas coisas diferentes como prog metal
Ah, obrigado. antigas tornaram-se quase novas canções. mas de qualquer forma também gosto da
É o que tem de tão especial. cena acústica a solo. Adoro tocar sozinha,
...sobre a celebração do vigésimo quinto apenas com a minha guitarra. É muito
aniversário da tua carreira e sobre o Foi difícil chegar a este conjunto de mais íntimo. E quando tocas ao vivo,
álbum "Symphonize" que será lançado temas? Foi complicado escolher o grupo também podes contar histórias, podes
no próximo dia 16 de Novembro. final de temas que tocaste e aparecem realmente conectar-te com o público
Começaria pela celebração do vigésimo no álbum? de forma muito diferente neste estilo
quinto aniversário. Há alguma coisa de música. Para mim ter ambas, tocar e
especial que tens preparada, algo que Siiim! Bem, há muitas canções por criar ambas mas também tocar ao vivo
possas partilhar a este ponto? onde escolher, certo? (risos) O director nestes dois géneros e naqueles no meio
criativo da orquestra, nós estávamos em é... eu diria que é importante para mim
Bem, estou a focar-me no álbum ao contacto próximo e estávamos a falar e tento misturar ou alternar entre coisas
vivo, que, ao mesmo tempo acaba por do que deveríamos fazer e quais as mais felizes e outras mais obscuras e
ser uma celebração dos vinte e cinco anos canções a escolher e eu disse-lhe "vou- depois passar para as coisas mais leves e
na minha carreira e, sabes, tudo o que te mandar uma lista no Spotify com as suaves. Mas sim, simplesmente adoro e
posso dizer é que estou super orgulhosa minhas canções favoritas dos vinte e sou muito abençoada em ter um público
quando olho para trás para aquilo que cinco anos e existem algumas músicas que que acompanha tudo o que faço.
fiz com os The Gathering mas também a quero definitivamente fazer mas existem
solo, porque normalmente não é algo que muitas canções que eu simplesmente Sim, que te sege.
faça, estou sempre ocupada com o aqui adoro e tu terás que fazer a lista mais
e com o agora, focar-me no agora e no pequena". Porque ele não conhece todas Sim, é excelente.
futuro. Com este concerto que fizemos as minhas canções e ele também tem um
com a orquestra e com o álbum, eu tive ouvido clássico, então ele sabe quais são Estás a falar de tocar concertos acústicos
que voltar atrás no tempo para ver as as canções que são mesmo boas para tocar e ficou-me na memória um que deste
canções, ver aquilo que ia tocar. Então com a orquestra e quais as canções que em Paris, está no youTube, pela forma
fui forçada, mais ou menos, a ouvir as são simplesmente boas. Ele fez essa lista como te conectaste ao público e de certa
canções antigas e a ver vídeos antigos. E eu mais pequena e em conjunto tivemos forma é algo que acho que és única a
nunca faço isso. Algumas vezes fico feliz esta setlist. E é bastante diversificada forma como cantas é pura emoção e é
com isso, feliz em perceber que aprendi também. fácil para ouvinte ligar-se a ti e seja qual
muito mas também muito orgulhosa o estilo que estás a cantar, seja rock ou
do que fiz com os The Gathering e o metal, consegues sempre isso. E isso
período posterior a isso. Mas sim, vou
celebrar por 2019 dentro, vai ser um
"Consigo expressar- deve ser libertador, esse sentimento de
liberdade de não estares presa a um
bom ano, sabes?
me muito bem através género específico de música e poderes
fazer aquilo que as tuas emoções ditam.
Também acho que sim. E sobre
"Symphonize"... o conceito deste
álbum surge, para mim, como um
do metal e o metal é Sim, isso é verdade e também, como
disse, a grande parte é que existe um
bastante interessante não só por ser
uma perspectiva sobre a tua carreira até também um género público para isso. Mas penso que por
vezes nem sequer interessa o tipo de
agora mas também ao próprio formato
do concerto, de ter apenas a tua voz
com uma orquestra por trás em vez
tão vasto, onde música porque a música são apenas doze
tons, certo? Nós fazemos tudo, todos
estes géneros em apenas doze tons e
de ter uma banda acompanhada pela
orquestra. O que esteve por trás da
podes fazer tantas acaba por ser o que fazes com eles que
interessa. Se nos expremirmos de forma
decisão desta formato?
coisas diferentes" positiva e honesta, se eu fizer música e
tocá-la de forma honesta e com amor, é
Bem... tal como tu disseste, tem-se tornado nisso que as pessoas pegam em vez do
mais excitante e muito mais único se não género de música. Claro que existem
colocares uma banda, porque uma banda Embora o elemento da orquestra seja sempre gostos diferentes mas penso
faz muito barulho, certo? Então tens as bem interessante, daquilo que temos que muito tem a ver com boa energia
canções que tocas com uma banda na estado a falar mas não é a primeira ou com algo que reconhecem ou algo
maior parte das vezes, com a bateria vez que o teu trabalho vai para além que querem partilhar, e que eu quero
e com as guitarras e quando colocas a daquilo que é expectável no reino do partilhar, esse tipo de ligação. È mais
orquestra por trás, claro que se torna rock ou metal, que é onde normalmente do que música aquilo que fazemos em
bem mais belo mas a orquestra não é estás mais associada. Analizando o teu cima do palco, sabes?
o foco principal. trabalho, quão importante é continuares
a experimentares com ideias e géneros Música é a linguagem universal, a
Perde-se na confusão. diferentes? Será algo que consideras vital linguagem que chega a toda a gente e
para a tua criatividade e interesse em que podes comunicar as tuas ideias,
Exactamente. Podes ouvir violinos belos fazer música ou estarias interessada em as tuas emoções.
e tudo isso mas é o seguinte, se tirares a ficar restrita a um género mais fechado
banda, tens que te focar nas canções e elas de música nos próximos tempos? Exacto, sim.
têm que ser adaptadas de forma a que
todas se tornem tocáveis pela orquestra Sim, eu não estou certa... eu realmente E é uma das coisas que acho fantástico na
sinfónica e é aí que está o meu maior adoro cantar e também de formas tua música ou nos teus vários projectos
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e bandas. Pensas que esta experiência a banda, como é que reflectes sobre minha carreira a solo e tão preciosa
"Symphonize" é algo que irás repetir esse período na tua vida assim como para mim como a minha carreira nos
ou fazer de outra forma? Recriar estes tudo o que veio depois? O capítulo The Gathering. Mas eu vejo-o como eras,
arranjos ao vivo, outra vez? The Gathering é algo que está sabes? Existe a era dos The Gathering,
orgulhosamente completo ou sentes existe a era da minha carreira a solo.
Sim, sim porque o trabalho com a que poderá haver potencialmente algo Mas responder à segunda parte da tua
Residentie Orkest foi tão natural, tão para criar com eles no futuro? pergunta, nós fizemos aquela reunião
bom. Não houve problemas, a música dos The Gathering, penso que foi cinco
que resultou dele é tão maravilhosa. Bem, para começar eu estou bastante anos atrás, não sei... e foi algo super-
Muitas das vezes em que tens uma boa orgulhosa de todo o meu período com divertido, gostei realmente de fazer outra
experiência, é logo "vamos fazer isto os The Gathering. Penso que vimos vez as velhas canções mas o meu foco
outra vez", certo? (risos) Mas vamos muito, aprendemos muito, fizemos muito. principal é mesmo o agora...
fazê-lo, vamos fazê-lo. dissemos após Divertimo-nos imenso no estúdio e ao
os concertos "vamos fazer isto outra vivo. Viajar pelo mundo foi para mim... No presente.
vez" e imediatamente fizemos planos eu era muito nova, era praticamente
para o fazer em 2019. Vamos então fazer uma miúda e eu cresci nesta banda. Sim, absolutamente.
alguns concertos, ainda não sabemos Olho para trás com muito amor e com
bem o que vamos fazer mas vamos fazê- muito orgulho mas quando fui para Além das bandas que fizeste parte,
lo juntos e novamente em 2019 vamos a minha carreira a solo, era mesmo a The Gathering, The Gentle Storm, e
fazer mais alguns concertos, talvez quatro altura certa de arriscar sozinha. Senti a tua empreitada mais receente, Vuur,
concertos, apenas na Holanda porque no meu coração que precisava de fazer és conhecida também como ser uma
é complicado viajar com esta orquestra algumas coisas sozinha, tomar as minhas colaboradora bastante prolífera com
grande mas vamos definitivamente fazer próprias decisões. Tinha os miúdos, uma outros artistas como Devin Townsend,
isto outra vez. jovem família e eu queria trabalhar sobre Ayreon e também aos nossos Moonspell,
as minhas próprias regras. Isso é uma Anathema, Amorphis. Falando no geral,
Já faz mais de uma década que saíste coisa, criativamente poderia embarcar o que é que sentes que é a principal
dos The Gathering que continua a ser nas mais diversas formas, que foi o que diferença entre trabalhar nas tuas
a banda à qual te identificam mais. fiz. e sinto-me muito abençoada por ter próprias bandas e projectos e trabalhar
Conforme te aproximas do vigésimo conhecido tantas pessoas, ter viajado como uma convidada? Ou melhor,
quinto aniversário da tua estreia com por tantos países diferentes. Então a será trabalhar que trabalhar como
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convidada traz-te algo que quando Por falar do Devin, com quem já por isso se pudesse cantar com ele, de
trabalhas sozinha não tens? colaboraste bastante e sente-se que de qualquer forma com a sua banda ou sem
todas as pessoas com quem colaboraste, a sua banda, ou comigo em qualquer
Sim, sim. Existe uma diferença quando ele será aquele com quem mais partilhas circunstância, adoraria trabalhar com ele.
trabalho com uma banda como os Vuur, um pouco da forma não conformista Ou compor uma canção ou produzir algo
por exemplo, tu tens de... é a minha de encarar a música e a sua variedade... mas acho que ele é um artista maravilhoso
ideia então tudo o que faço, tenho de e um cantor fantástico então adoraria, sim.
o fazer... parte de mim, formar a banda, (Risos) Sim.
escolher o estúdio, escrever as músicas, Já que somos uma revista portuguesa,
escolher como vamos fazer os concertos, E será que estas colaborações te não posso evitar de perguntar sobre a
tudo. Então, claro que tenho as pessoas influenciam na criação de material tua colaboração com os nossos próprios
à minha volta a ajudar-me mas é um para os teus próprios projectos? Retiras heróis musicais, Moonspell
trabalho enorme criar algo do nada. O algo delas?
que é fantástico, porque podes dar uso Sim, sim.
à tua criatividade, podes fazer o que Sim, sem dúvida. O Devin e a sua música
queres, porque és um artista a solo. Podes têm uma enorme influência na minha Em 2008, dez anos atrás, com o tema
realizar qualquer que seja a visão que música. Quando estava a trabalhar nas "Scorpion Flower". O que é que pensas
tenhas. De qualqurer forma, se o Devin músicas para Vuur, compus em conjunto dessa canção em particular e de todo
ou Amorphis ou qualquer artista que com algumas pessoas, coisas como o processo com Fernando e a malta?
fazem esta música de alta qualidade e melodias vocais, melodias de coros e tudo Estarias aberta a trabalhar com eles
que são pessoas fantásticas, se eles te isso. E por vezes cantava na demo e depois novamente no futuro?
pedem para fazer uma canção ou dez apercebia-me sempre "hum, isto soa um
canções, ou o quer que seja, tu pegas nas pouco como o Devin" (risos) ou até mesmo Oh, sim, sem dúvida. Eles são... adoro a
canções, que já são fabulosas, e ao vais Ayreon, pessoas com as quais trabalho música e desde o início da banda deles
lá ou gravas no teu próprio estúdio esta muito e cuja música eu verdadeiramente que tenho os seus álbuns. Eles foram um
canção com a tua voz, com o teu som mas adoro. Devin definitivamente reaparece dos primeiros para colaborar em algo
às vezes posso também escrever algumas na minha música. após em ter saído dos The Gathering,
coisas para ela, escrever letras ou linhas então eles realmente tinham fé em mim
melódicas mas no geral existe sempre uma Quem é que falta? Quem é que tu como uma artista a solo. Essa canção
base maravilhosa onde podes trabalhar adorarias trabalhar mas ainda não também se tornou realmente especial
e eu também gosto disso muito por isso tiveste hipótese? no álbum. Nós estamos em contacto
é que gosto tanto de colaborar, porque desde que também andámos em digressão
pede um tipo diferente de criatividade Bem... não muitas pessoas porque sou juntos. A nossa primeira digressão de
para acrescentar algo e tornar complento muito feliz por ter trabalhado com todas todas com os The Gathering, comigo
em vez de começar com nada. estas pessoas mas para ser honesta, eu como vocalista, foi com os Moonspell,
adoraria trabalhar com o Mikael Akerfeldt. então nós já temos essa ligação mesmo
Do zero. Penso que ao lado do Devin, ele é um dos muito antiga. E ainda falamos uns com
Exacto. (risos) melhores vocalistas na nossa cena. E os os outros muito, sempre que eles estão
Opeth são uma banda tão maravilhosa na Holanda ou quando eu estou aí,

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encontramo-nos, então sim, somos ambiencias progressivas que The mas ainda será pesado porque eu queria
também grandes amigos. Gathering tem. criar uma banda pesada e assim o fiz
mas, sim, ainda está a crescer, ainda está
E é engraçado ver que todas as bandas Sim, exactamente. a encontrar o seu caminho na cena. Está
e artistas com quem colaboraste, todos a correr muito bem, fizemos a digressão
têm algum tipo de liberdade musical, Penso que realmente surpreendeu toda que correu muito bem por isso sim, no
desde o Devin Townsend que... faz o a gente. Surpreendeu-me a mim. De geral, estou bastante novo.
que quer (risos) uma forma positiva.
Esta já é uma espécie de pergunta clichê,
Sim, exactamente. (risos) Oh, isso é bom, isso é bom! (risos) o que é que há de seguida para ti? Vais-
Mas também houve pessoas que foram te concentrar na tua carreira a solo,
Até aos próprios Moonspell que nunca surpreendidas e não de uma forma nos teus espectáculos acústicos que
fizeram o mesmo álbum duas vezes, positiva. Pensaram "ok, vamos ter agora já disseste que precisavas de fazer ou
sempre a fazer coisas diferentes. É esta banda eclética e pesada" e, como vais-te focar nos Vuur ou algo novo?
engraçado ver a forma tu também tens disseste agora mesmo, deste tipo de
essa liberdade e és igual aos teus pares. música mas não foi isso. Fizemos um Como disse, estou a escrever montes
álbum fantástico, aliás, fizemos o álbum de letras, muitas coisas mais suaves por
Sim. É engraçado porque estás a dizer- que quisemos fazer exactamente mas isso provavelmente vou fazer um álbum
me isto agora e nunca me ocorreu. É apercebi-me que muitas pessoas tiveram acústico a solo. Vou fazer muitas concertos
exactamente como disseste, é tão que se habituar às canções e sinto que acústicos a solo no próximo ano mas
verdade. Algo está-nos a ligar por causa ainda está a crescer nas pessoas. Recebo também vou andar em digressão com
desta liberdade criativa que todos nós muitas mensagens a dizer "ok, tenho que os Vuur mais um bocado e...
partilhamos. É maravilhoso. entrar na onda, tive que ouvir algumas
vezes e agora consigo percebê-lo", porque Desta vez como cabeça-de-cartaz?
Voltando aos teus próprios projectos... as pessoas tiveram que apagar a ideia de Abriram para Epica...
como é que a experiência com os Vuur que eram os The Gathering, o que é na
tem sido até agora? O álbum "In This verdade uma ideia estranha porque as É verdade. Provavelmente vamos andar
Moment We Are Free - Cities" satisfez pessoas, os músicos nos The Gathering, em digressão com os Delain, pela América
as tuas expectativas, tanto no sentido eles fazem a música dos The Gathering. Latina e vamos fazer alguns concertos
criativo como na recepção pelo público Eu era apenas uma parte desta coisa toda soltos. Vou trabalhar com a orquestra
nos últimos doze meses? que eram os The Gathering, então não novamente, vou trabalhar com outra
poderia ser os The Gathering, certo? orquestra.
Tenho que dizer que quando comecei a Tinha de ser outra coisa qualquer.
formar a banda até chegarmos ao álbum, Wow.
disse a todos "ok, eu vou formar uma Algo novo.
banda pesada e vou compor um álbum Sim (risos) fazer algo diferente e sim,
pesado" e todos começaram a pensar Claro. E a minha voz, a minha impressão estou a caminhar em direcção a algo
"ok, vai ser os The Gathering" e... não melódica claro que refere-se à música muito especial para o final de 2019 mas
foi, é muito mais urgente, sabes? Mais dos The Gathering, eu percebo isso mas, vou definitivamente compor e gravar
negro, mais pesado, não sei. resumindo, penso que as pessoas ainda um álbum entretanto.
se estão a habituar a este novo lado e se
E até é mais progressivo no sentido nós fizermos um segundo álbum, vou Ano muito ocupado.
tradicional do género, fugindo aquelas fazê-lo um pouco mais suave, não sei,
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" eu adoraria trabalhar com o Mikael Akerfeldt. Penso que ao lado do Devin,
ele é um dos melhores vocalistas na nossa cena."

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eNTREVISTA
eNTREVISTA

Wolcensmen é o surpreendente projecto de Dan Capp, guitarrista dos Winterfylleth, uma das
grandes bandas de black metal vindas do Reino Unido. O folk nunca foi um elemento estranho
no género, mas Wolcensmen é um regresso às raízes de Dan que agora vê o seu álbum de estreia
"Songs From The Fyrgen a ser reeditado pela Indie Recordings. Sobre o álbum em particular e
o folk no black metal, tivemos uma interessante conversa com ele.

Fernando Ferreira

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Olá Dan e bem vindo ao nosso acústicas em cassete, usando
World Of Metal. Tenho de os canais esquerdo e direito da Sim, quase tudo foi escrito e
começar por perguntar como minha aparelhagem (antes da tocado por mim, incluíndo os
é que sabe ver Wolcensmen era dos estúdios caseiros) e os coros. A minha visão original
finalmente a ser lançado como meus amigos gostavam realmente para os Wolcensmen era que fosse
merece? do resultado final. Não foi antes uma banda com vários membros
de muitos anos depois, por (daí o “men” no nome) mas não
Saudações e obrigado. Estou volta de 2012 que decidi formar conhecia ninguém na altura que
muito agradado por ter a Indie Wolcensmen especificamente fosse tão apaixonado sobre este
Recordings a apresentar o primeiro para criar este tipo de música. tipo de música e estética como eu
álbum “Songs From The Fyrgen” As primeiras influências que tive era. Então eventualmente decidi
ao mundo. A Deivlforst Records dessa cena (e para além dela) tentar cantar as partes de voz e
fez um grande trabalho a a seriam os primeiros rabalhos gradualmente fui melhorando
ajudar a produzir o lançamento de Ulver, Isengard, Wongraven, a minha técnica. A trompa, o
original mas como uma editora Empyrium, Forefather, os primeiro oboe e alguma da percussão
underground, não foram capazes trabalhos de Opeth e também fui são samplados, simplesmente
de distribuir ou promover o profundamente inspirado pelas porque não tive acesso à bateria
trabalho de forma abrangente. atmosferas criadas por Burzum, apropriada. Eu pedi a ajuda de
Estou bastante cansado da Storm, Summoning, os primeiros alguns amigos – Jake Rogers na
indústria musical (trabalhei nela trabalhos de Enslaved e Satyricon flauta, Raphael Weinroth-Browne
durante alguns anos, o que não – mesmo que eles nunca tenham no violoncelo, Dries Gaerdelen no
ajuda), então é encorajador e um propriamente gravado qualquer piano, Mark Capp no bodhran.
pouco surpreendente que o meu música acústica ou secção. Grimrik com algumas partes de
pequeno projecto obscuro tenha sintetizador e Nash Rothanburg
chamado a atenção de algumas a cantar Galdr nórdico (texto
grandes editoras independentes.
A Indie Recordings tem mostrado
até agora grande entusiasmo
"Mesmo que antigo). Passei um ano a misturar
o álbum para que soasse natural e
penso que ainda soa mais natural
peloo que faço e é isso só que
me interessa – mais que números,
eu tenha sido na remistura.

percentagens, a pontuação “Kvlt”


ou algo parecido.
largamente O folk escandinavo é, de uma
certa forma, semelhante ao vosso

É sabido que a inspiração inspirado próprio, na Grã Bretanha, que eu


particularmente adoro. E, para
principalpara Wolcensmen
é a cultura escandinava que pelas bandas mim, parece que “Songs From
The Fyrgen” é uma mistura de
algumas bandas de black
metal introduziram na sua
música no início da década de
norueguesas eu ambos. Concordas?

Sim, penso que sim. Mesmo que


noventa. Quais são as principais
influências que podes apontar,
nunca tentei fazer eu tenha sido largamente inspirado
pelas bandas norueguesas eu
além de Bathory, claro, que te
influênciaram quando estavas
Wolcensmen soar nunca tentei fazer Wolcensmen
soar “escandinavo” e eu penso
a compôr este álbum?
“escandinavo”" que existe um aspecto particular
na música folk e no black metal
A base de Wolcensmen leva-nos escandinavo que é único. Mas
até cerca de 1997, mais coisa menos claro, partes da Grã-Bretnaha
coisa, quando eu fui introduzido tiveram uma relação longa e
ao black metal – principalmente Basicamente é tudo feito por ti, próxima com a Escandinávei
através de bandas norueguesas certo? Consegues dizer quanto então existe uma ligação que
como disseste e bem. O que me do que ouvimos é acústico e provavelmente se evidencia
agarrou imediatamente nestas quanto é obtido através de na música. Para que conste,
bandas foi a sua habilidade de samples? Pergunto-te isto por eu também não tento que
criar algumas atmosferas com as curiosidade porque soa mesmo Wolcensmen soe especificamente
guitarras acústicas e sintetizadores. real e natural… e já agora na “inglês”. Apenas escrevo aquilo
Comecei por experimentar voz, também tens alguns coros, que surge naturalmente.
gravar partes de duas guitarras foram feitos por ti também?
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Ficaste surpreendido quando a música que consegui – música completamente acústica que eu
Indie Recordings se aproximou que eu próprio queria ouvir fiz e a outra é uma cover da “Man
para reeditado o álbum? mas sentia que poucas bandas Of Iron” dos Bathory. Quando
tinham levado até ao seu total a Indie propôs reeditado “songs
Sim, um pouco. Foi uma jogada potencial. É enternecedor que From The Fyrgen”, eu queria
arrojada para uma editora outros tenham visto a paixão incluir algo extra para os fãs
predominantemente metal na minha abordagem e queiram de “Wolcensmen”. Já passaram
escolher um projecto como ajudar-me a continuar a fazer este três anos desde que gravei o
Wolcensmen mas eu admiro a tipo de música. álbum então estava bastante
atitude deles em fazê-lo. Penso Apesar de não ter conseguido entusiasmado em gravar mais
que a Indie apercebe-se que ouvi-lo ainda, sabemos que vais algum novo material.
muitos dos fãs de metal estão lançar também um disco bónus
esfomeados por outros tipos de com novas canções. Foi este novo Por falar em “Man Of Iron”, esse
música e com uma abordagem conjunto de canções algo que é um grande tema, com uma
pagã com atmosfera negra já tinhas planeado lançar ou atmosfera bastante rica assim
semelhante e mitológica. Ulver foram escritos especialmente como ambiência. Esta era uma
e Wardrona, ambas introduziram para esta ocasião. que simplesmente tinhas de fazer.
muitos fãs de metal à ideia que
outros estilos de música poderiam É verdade, a reedição de “Songs Sim! Eu até fui introduzido
agarrá-los da mesma forma, e From The Fyrgen” vão incluír aos Bathory pelo “Blood On
claro, a Indie desempenhou um umEP especial – “Songs From Ice”, não muito depois de ter
papel no sucesso dos Wardruna. The Mere”. Duas canções foram sido (eventualmente) lançado,
Quando comecei os Wolcensmen, escritas especialmente para esta então sempre foi o meu álbum
eu não tinha qualquer tipo de ocasião e uma canção é uma principal. Simplesmente tem a
ambições e apenas criei a melhor reformulação da primeira música atmosfera perfeita e eu sempre
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adorei a canção “Man Of Iron” com que acontecesse de qualquer eu nunca tive qualquer ambição
pela sua pureza. O meu amigo forma e a experiências foram com Wolcensmen, além de criar a
Jo Quail que toca violoncelo e eu excelentes. Nas circunstâncias melhor música que consiga. Estou
compusemos uma intro especial certas, vamos fazê-lo novamente a ir na onda e a ver onde é que
para a canção, apenas para fazer no futuro. me leva... desde que tenha tempo
dela mais um “evento” no EP. É e as ferramentas para o fazer.
o meu próprio pequeno tributo Vamos imaginar que Wolcensmen
ao Quorthon e estou feliz com torna-se um grande sucesso, Já agora, o que é que significa
o resultado. ainda maior. Poderá tornar- o nome, Wolcensmen?
se atua prioridade?
Pensas que poderás fazer alguns Originalmente, eu ia chamar-lhe
concertos especiais destas Sem querer soar cliché, “Welkinsmen”. “Welkin” significa
canções? É algo que pensaste? Wolcensmen é uma expressão “os céus” em inglês moderno
da minha alma interiore muito ou um pouco arcaico, então foi
Uma actuação apenas das músicas arrojada e honesta. Os temas nas uma combinação de “Welkin”
do EP? músicas, o artwork e a imagem, e a e “Kinsmen”. Cedo me apercebi
atmosfera presente na música vem que preferia usar “Wolcen”
De todas, do EP e do álbum. do meu interior mais profundo. (significa a mesma coisa mas é
Não penso que tenha qualquer uma versão ainda mais arcaica da
Bem, Wolcensmen já tocou ao escolha – é, artisticamente, a palavra). Também inclui “-cen”,
vivo cerca de dez vezes, e na mais minha prioridade. Eu tenho estado que é o nome inglês para a runa
recente ocasião nós tocámos a a fazer Wolcensmen mesmo antes “Kenaz” (orientação, sabedoria,
nova canção “Lady Of The Dep”, de me juntar aos Winterfylleth, e parentesco). “Wolcensmen”
assim como “Man Of Iron”. eu comecei o processo do que se assim significa “homens dos
Originalmente nunca tive a tornaria vinte anos atrás. A minha céus” e incorpora as noções de
intenção de levar Wolcensmen outra banda, os Winterfylleth, é céu, orientação, parentesco e
para o palco porque pensei que obviamente importante para mim humanidade. Todos estes são
seria muito difícil encontrar os e estou muito excitado com aquilo simbolizados nas runas que
músicos certos juntos no ambiente que possamos criar no futuro. compõem o emblema rúnico
certo e realmente é, mas fizemos Como disse antes na entrevista, de Wolcensmen.

35
eNTREVISTA

Os CyHra são uma das revelações da cena heavy metal sueco. Actualmente são compostos pelo
vocalista Jake E" Lundberg (ex-Amaranthe), o guitarra ritmo, Jesper Strömblad (ex-In Flames),
Alex Landenburg (ex-Annihilator, ex-Axxis), na bateria e o finlandês e guitarra solo Euge Valovirta
(ex-Shining). Foi com Jake E" Lundberg que a World Of Metal quis saber o segredo por detrás
da máquina CyHra.
Carlos Ferraz

Olá Jake e obrigado por esta óptimas críticas, concertos e a inspiração? de todos os elementos
entrevista. Começo por falar tours! Não poderíamos estar da banda, mas, acima de
sobre o presente dos CyHra mais felizes com a resposta
Wow, incrível! Obrigado! tudo pode-se dizer que
já que o álbum “Letters to obtida e eu, pessoalmente,
Obra do Gustavo Sazes vocês soam como uma
Myself” tem algum tempo estou muito ansioso para
que é o homem, a mente, unidade nórdica bem
e tenho certeza que vocês já lançar o próximo álbum, que
por detrás disso. Ele é metal.Isto é algo que vos
devem estar a trabalhar em neste momento em que eu
simplesmente incrível! Eu deixa embaraçados ou
algo, mas o que eu quero escrevo para vocês está já a
fiz o chamado ski’s, por assim pelo contrário vos enche
perguntar, é sobre todo ser misturado na Dinamarca
dizer, para a capa do vinil e de orgulho?
este tempo, como foi tudo por Jacob Hansen. enviei para o Gustavo. Ele
desde “Letters to Myself ”, interpretou e criou nosso Estamos muito orgulhosos
o álbum conseguiu chegarOlha, pessoalmente, eu próprio "Eddie", que vocês do nosso som e quero dizer,
onde vocês esperavam? adorei a capa do álbum... poderão encontrar no CD temos um dos fundadores
eu arrisco mesmo a dizer e na versão oficial da capa. do "Gotemburgo Sound"
Acabamos de celebrar o que é uma das top 3 de capas na banda que é o Jesper
primeiro aniversário do para do ano. Como surgiu Vocês têm um som único, Strömblad. Nunca fui muito
álbum. Foi um ano com essa obra de arte e, claro, com toda a certeza fruto de categorias, rótulos na
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música, mas eu acho que a tua vibração muito interessante no Uma corrente nunca é por demais
descrição encaixa perfeitamente palco. A vibração e a comunicação forte, acho que não temos pontos
no que soamos... entre os membros da banda fracos entre nós. Eu sinceramente
são importantes? Como é que amo todos o pessoal da banda,
A minha música favorita é “Here todos entram, como é que tudo incluindo o Peter Iwers, mesmo,
to save you”. Qual a inspiração, acontece? Tudo num tempo e que ele, infelizmente, não tenha
o significado dessa música? propósito certo... parece que vocês tempo para continuar connosco.
se dão bem, que conseguem essa
Obrigado! Não é nenhum segredo corrente, entendes? É mesmo isso Quais são as tuas bandas nórdicas
que uma das maiores inspirações que acontece? favoritas neste momento? Alguma
para este álbum foi Jespers e a sua em particular?
luta contra os seus demónios, algo
que o seguiu por mais ou menos "Não é nenhum segredo Recentemente eu apaixonei-me
toda a sua carreira. Drogas e abuso que uma das maiores pelos Beast in Black, mas também
de álcool. “Here to save you” pode quero que as pessoas vejam o novo
ser interpretado de maneiras inspirações para este álbum dos Engels, que é uma obra-
diferentes, mas o meu ângulo é
que é a sua sanidade que tenta
álbum foi Jespers e prima do caralho.

tirar você do seu próprio inferno. a sua luta contra os Conheces alguma banda de metal

Vejo que vocês anunciaram p


seus demónios, algo portuguesa? Alguma com a qual
tu gostarias de partilhar o palco?
vosso último concerto na Suécia que o seguiu por
este ano antes de começar um
novo álbum. Já existem planos
mais ou menos toda Eu tenho de admitir que sou
extremamente ignorante sobre a
para 2019? Podemos saber algo a sua carreira. " cena metal portuguesa, não conheço
antecipadamente? nada para além dos Moonspell...

Sim, nós temos mais dois concertos Eu realmente gosto que tu digas Para finalizarmos, como é
na Suécia este ano e dois na isso! Significa muito para mim trabalhar com a Spinefarm?
Finlândia. Estamos orgulhosos de saber que isso pode ser visto do
ir abrir para os Amorphis a 17 de "outro lado". Quando os Cyhra Olha, a Spinefarm é fantástica, trata
Novembro e depois seguimos para começaram, esse era o propósito, muito bem as suas bandas e eu já
Helsínquia, possivelmente quando meu e o do Jesper, montar lancei cinco álbuns com eles e só
estiverem a ler esta entrevista, já uma banda onde a amizade e a tenho coisas boas para dizer.
é passado, mas, para o próximo irmandade seriam o ponto central.
ano, lançaremos o nosso segundo
álbum, que será seguido por tours
e festivais. Queremos muito voltar
para a estrada, mal podemos esperar
por isso!

Algum plano para uma passagem


por Portugal em 2019?

Esperamos fazer uma tour completa


na Europa e eu realmente espero
que possamos ir a Portugal! É um
país lindo! E eu sempre me diverti
quando toquei lá!

Vocês, como banda, têm uma


37
eNTREVISTA

O meu primeiro artigo para a WOM é uma entrevista a uma banda próxima da cena local
finlandesa chamada Fear of Domination de Helsínquia. Eles tiveram um sucesso algo
limitado com seus álbuns e parece que estão perto de uma pausa de reflexão e achei por
bem antes que isso aconteça de os ajudar a divulgar para quem não os conhece, esta é
então a melhor a hora de entrevistá-los. A entrevista foi realizada com Sara uma das duas
vozes deste projeto (eles são dois) e acreditem que a Sara é um portento vocal.
Carlos Ferraz

Olá Sara, obrigado por banda. Depois, houve aqueles um trabalho incrível juntaram editora. Ele disse que seria
este momento, e vamos lá, que encontraram "Metanoia" de forma soberba todas as importante ter a banda na
"Metanoia" já foi lançado de forma natural, os novos peças! capa do álbum e não apenas
há algum tempo como foi fãs de Fear. Chegamos a ser alguma arte abstrata. Claro,
o vosso percurso desde aí comparados aos Evanescence, Grande álbum e uma capa nós queríamos ter algo
Slipknot, Pain o que me leva fantástica! De quem é a mais do que apenas uma
Olá Carlos, obrigado nós a acreditar que as pessoas autoria? imagem nossa na capa,
por esta oportunidade! não tiveram dificuldade em então contatamos a Jani
Olha, depois de lançarmos entender a nossa música Obrigado Carlos! Falando da para criar uma obra-prima.
"Metanoia", o nosso quinto como ela é. O álbum recebeu capa ela é uma peça de arte Nós tínhamos algumas ideias
álbum, em Maio, a maioria grandes elogios, e por muito diversificada feita por sobre arte giger, e Jani fez
dos nossos fãs ficaram muito isso temos de agradecer à Jani Kormu de Kormugraphy. tudo acontecer. Estamos
entusiasmados com o nosso equipa do Fascination Street A primeira ideia veio do muito felizes com o resultado!
novo estilo, idealizado pelos Studios na Suécia por mixar representante do nosso da
nossos oito elementos da e masterizar o álbum. Fizeram Ranka Kustannus, nossa Som orgulhosamente nór-
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dico? Nós vamos lançar um novo apenas uma ou duas músicas de
videoclipe de “Sick and Beautiful” várias bandas como os Insomnium,
Bem, na verdade, nunca pensámos e estão previstos alguns concertos Arch Enemy, Kaunis Kuolematon,
sobre esse aspecto. Eu acho que nós - a maioria deles na Finlândia. In Flames, Amorphis, Mokoma,
somos orgulhosamente nórdicos em Staminna, Turmion Kätilöt,
todo o caminho porque o melhor Portugal? Amaranthe, Pain, Crimson Sun,
metal vem dos países nórdicos Dark Tranquility etc. Eu também
(risos). Claro, as nossas influências, Recebemos muitas mensagens dos gosto de ouvir pop e rock, mas não
não as podemos descartar, vão sendo nossos fãs portugueses a perguntar há muitas bandas boas de por aqui.
demonstradas agora e sempre. o mesmo, mas, a realidade é que Talvez alguns artistas solo como o
Por exemplo, o nosso guitarrista, ainda não temos nada planeado Robin ou o cantor folk Eivør.
Johannes Niemi, disse uma vez que para isso.
demorou um pouco para crescer nas Conheces alguma banda de metal
intermináveis imitações de nomes portuguesa?
como os Children of Bodom e os
Nightwish, porque essas bandas
"Somos muito O primeiro nome que me surge são
tiveram um impacto tão grande
em nossa infância e adolescência.
fiéis uns aos os Moonspell. Infelizmente todos
os outros não conheço, mas estou

A minha música favorita é “Face of


outros, temos uma aberta a propostas, se tiveres alguns
nomes para eu ouvir, é só dizer...
Pain”. O que nos conta este tema? boa química e se calhar até poderiam combinar
com os Fear of Domination!
"Face of Pain" é uma das minhas
favoritas! Eu realmente gosto de
importamo-nos uns Por fim, onde vocês se veem
como resultou - os arranjos são bem
diversificados e toda a música tem
com os outros. " em daqui a uns 2 anos, por
exemplo? Quais são as vossas,
uma vibração narrativa. A maioria tuas expectativas e sonhos?
das letras e a ideia principal da
Como é a vossa relação enquanto Eu tenho muitas ideias, sonhos e
música veio do nosso outro vocalista
Saku Solin. Os primeiros arranjos banda? planos para minha vida pessoal e
para as partes vocais foram bem para a minha carreira como cantora
diferentes e tivemos que mudar Nós temos o termo "FoD Family" e professora de canto. Cantar é a
algumas partes para torná-las maispara descrever a banda e as pessoas minha maior paixão, com a qual me
cativantes e intensas. Eu lembro- ao redor dela. Entrei na banda em deparei, então, naturalmente, quero
me do Saku me dizer uma vez que 2017 e aprendi que a parte "familiar" continuar a fazer isso desenvolvendo
a inspiração para essa música veioé muito importante no bom e no minhas habilidades e explorando
de uma musa sombria. Todos nós mau. Somos muito fiéis uns aos novas coisas no mundo da música.
outros, temos uma boa química e Dois anos é muito tempo e o mais
carregamos algum tipo de dor dentro
de nós, mas na música, queríamos importamo-nos uns com os outros. importante para mim é ser feliz e ter
Mas, como em todas as famílias, uma vida equilibrada. Para manter
deixar alguns significados em aberto.
Ele é muito talentoso, explicando pode haver algumas diferenças, isso em mente, vou onde for preciso
mas o mais importante é que no ir. Para os Fear Of Domination,
uma história de maneira metafórica.
Não queremos dar-lhe respostas final do dia sempre encontramos desejo tudo do melhor para esta
directas, mas queremos deixar algouma maneira de estarmos uns do família. Eles merecem...
em que pensar! lado dos outros.
https://www.fod.fi/
Quais são os vossos planos para Quais são as tuas bandas nórdicas https://www.facebook.com/
os próximos 6 meses? favoritas no momento? FearOfDomination/
https://www.youtube.com/user/
Seis meses é um longo período de Carlos, wow, isso é difícil. Hoje em FoDofficial
tempo e onde tudo pode acontecer! dia eu tenho a tendência de ouvir
39
eNTREVISTA

Os Satan são um dos grandes nomes da chamada New Wave Of British Heavy Metal, que
apesar de uma carreira irregular marcaram o som sagrado com grandes álbuns. Estão de
regresso com "Cruel Magic" e para nos falar sobre esta mais recente fase da mítica banda
britânica, tivemos Russ Tippins, guitarrista e líder dos Satan.
Miguel Correia

Satan, “Cruel Magic”, Russ Passamos dois anos e meio las, desenvolvê-las e depois, que tínhamos escolhido não
Tippins…sem demoras! nestas músicas, desde o deixas as em paz por algumas iam para lado nenhum, e o
primeiro germe de uma semanas, guardadas, e quando Brian observou que boa parte
Olá Miguel, finalmente... ideia até a mistura final e as voltares a ouvir novamente, das músicas eram tão rápidas
Obrigado pelo vosso interesse, masterização. Isso é muito mais tudo soa diferente. Às vezes, que ele não achava que seria
é um prazer poder responder do que aquilo que alguma vez também não são tão boas capaz de fazer nada com elas.
às tuas perguntas. Olha o fizemos anteriormente, mas quanto pensávamos. Acontece. Ele perguntou se eu tinha
novo álbum "Cruel Magic" é sabes, não podemos forçar Geralmente, começamos a alguma coisa midtempo do
a nossa imagem, é um álbum o processo, não podemos debruçar-nos por cima das caminho, algo em que ele
típico dos Satan, com todos forçar nada, é algo que demos e dos memorandos pudesse realmente entrar.
os ingredientes sonoros acontece naturalmente. uns dos outros para decidir Bem, eu não fiz, nenhum
característicos. Como escritor, precisas dar a com o que avançar e o que de nós fez, mas me fez parar
ti mesmo o tempo suficiente fazer. Nesta ocasião, muito para fazer um balanço e
Foi então fácil construi-lo... para experimentar ideias rapidamente, tudo ficou considerar tudo. Resumindo
como foi a composição? que vão surgindo, regista- claro, que duas das ideias a história, foi assim que
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surgiu a música "Ophidian". Eu bateria e baixo juntas - com uma voz jovens que tocam e gravam o com
acho que a partir desse ponto nos 'guia' que pode ou não ser mantida. influências old school – como os
tornamos muito mais focados em Parece simples, mas não é fácil Anti Christ, Natur, Danava, Night
conseguir os melhores arranjos abandonar os teus preconceitos Demon, Black Magic. É importante
vocais e quatro das músicas tiveram como intérprete - especialmente manter essa chama viva ou logo
grandes revisões para facilitar isso. quando estás entusiasmado no nos vamos ver enterrados em nada
Em contraste com tudo isso, uma momento e te concentras numa além de modernas bandas de metal
vez que sabíamos que tínhamos peça. Descobrimos que a melhor digital. A maioria parece tão feia
os arranjos definidos, a gravação coisa era não julgá-lo imediatamente, aos meus ouvidos. E falsa. E o pior
em si foi feita rapidamente. mas passar para outra coisa e depois de tudo - Symphonic Metal!
ouvir o que gravámos com ouvidos
Quais são as diferenças que vamos novos no dia seguinte. Pelo menos O termo "power metal" apareceu
sentir comparando com "Atom metade do que tu ouves no álbum muito no final dos anos 90 para
By Atom"? é o primeiro, os outros precisaram se referir a bandas que soavam
de duas ou três tentativas para melodias na composição, mas
Eu acho que a principal diferença conseguir o que queríamos, mas usavam os estilos mais agressivos
está na nossa atitude mental. ainda podes ouvir erros. de metal e death metal, como
Queríamos tentar recapturar parte do Helstar e Stratovarius. No entanto,
abandono selvagem que mostrámos os Satan foram quase os pioneiros
em "Court in the Act". Eu acho "Nós realmente do género em 1982. Como achas
que nós certamente conseguimos que o vosso primeiro álbum seria
isso e sim, há erros audíveis. Nós tentámos separar-nos recebido hoje?
realmente tentámos separar-nos da ideia da perfeição
da ideia da perfeição técnica e Eu realmente não sei. Às vezes eu
abordá-la como um concerto. Se técnica e abordá-la gostaria que tivéssemos mantido a
tu sabes que tens um dia inteiro
para trabalhar uma música, então
como um concerto. formação dos Satan de 1984. Muito
do que vivemos no passado é tudo
terás o dia todo para consegui-la. Se tu sabes que tens história agora. Uma coisa é certa:
Se tu sabes que tens apenas uma
hipótese, é mais do que provável
um dia inteiro para tivemos muito tempo para nos
tornarmos melhores aescrever
que a agarres logo. Quando nós trabalhar uma música, músicas e gravar como banda. E
gravamos 'Court in the Act' nós
não conhecíamos nada melhor
então terás o dia todo os lançamentos desde a reforma
da banda foram muito melhor
- para nossos próprios ouvidos para consegui-la. recebidos em geral do que "Court
nós já parecíamos perfeitos. E não
havia opção para tentar várias
Se tu sabes que tens ..." foi na época.

tomadas porque tínhamos apenas apenas uma hipótese, Bem, o que vos distancia por
dois dias para trabalhar em doze
músicas. Se chegamos ao fim de
é mais do que provável exemplo do Death Metal? Assumes
que os Satan mudaram na altura
uma música, foi isso que ficou! que a agarres logo." o nome em parte para evitar
Nós conversámos sobre isso antes ser comparado a nomes como
das sessões de gravação e todos os Venom e os Slayer. Musical
sentimos que com a nossa saída Mas "Cruel Magic" é outro álbum e artisticamente, como vocês se
posterior, a única coisa que faltava fantástico e olhando para o ano veem diferentes dessas bandas?
era um pouco daquela aspereza que de 2018 é mais um para o
que podes ouvir no “CITA”. Por lote... Eu diria que em geral a nossa
isso, decidimos ir para o primeiro música é muito mais complexa
take de todas as faixas básicas de Concordo. É encorajador ouvir do que a maioria da construída
apoio, com duas guitarras principais, mais lançamentos de novas bandas no Death metal ou Black Metal.
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Não pretendemos deliberadamente se eles secretamente acham que a personagem do juiz (a mascote)
tornar as nossas peças difíceis de eu sou um muito obcecado pelo surgiu. Uma personificação da
tocar, mas de alguma forma elas controlo de tudo...(risos) injustiça no nosso mundo. Por
acabam assim. Os riffs são mais exemplo agarrando na capa de “Cruel
baseados em notas únicas do que Uma vez li que tu disseste que Magic” e ao que ela representa,
em acordes, e tocados nas cordas querias- te afastar de temas mais não consigo pensar num exemplo
mais altas, e não nas mais baixas. sombrios. Achas que muitas bandas mais extremo de "justiça" errada.
Quando eu digo "a maioria dos da cena metal foram por um caminho Os julgamentos feitos há mais de
Death Metal" eu posso pensar em errado, tocando sobre temas que 300 anos a supostas bruxas!
excepções notáveis incluindo, claro, não deviam?
os Slayer e também os Antichrist. Vocês têm uma linha poderosa e
Essas bandas tocam riffs de precisão Huumm, eu não iria tão longe a forte pronta para seguir, já percebi
muito complexos e eu sou um ponto de dizer isso. Qualquer um isso ao longo de toda a entrevista.
grande fã de ambos. Onde nos que nos conheça sabe que nunca Os Satan estão de caminho definido
diferenciamos completamente de cantámos sobre o Diabo, excepto há muito...o que significa que muita
todas essas bandas está na nossa nos termos mais abstratos. Dito coisa ainda está para vir?
abordagem à voz. Não é fácil encaixar isso, também não temos interesse
uma linha melódica em algumas em assuntos ligeiros. Nunca vais Absolutamente! Depois de uma
de nossas composições loucas e ouvir as palavras 'Rock and Roll' digressão de duas semanas nos
harmonicamente desafiadoras, numa música dos Satan, nem de EUA no Halloween fomos para a
mas o Brian tem feito um trabalho qualquer referência a sexo, drogas, Alemanha para começar outra, que
fantástico e a sua voz, se tivermos carros ou grandes motas. Dado está em curso. Então nós temos
a dizer algo sobre ela é que está que somos uma banda de heavy um concerto em Londres e um
melhor do que nunca. metal, poderias perguntar sobre o festival em Atenas antes do final
que sobra então para escrever, mas, do ano. A única coisa que posso
E o que tudo isso influência a irias ter uma surpresa. Geralmente dizer sobre 2019 é que vamos
tua música? coisas más que acontecem por este manchá-lo em Abril! Quanto à
mundo, reais ou imaginárias. E a gravação, assinamos um contrato
Pessoalmente, estou envolvido injustiça, em particular, sempre foi de três álbuns com a Metal Blade
em todas as músicas que criamos, uma grande parte do que nos leva Records para que saibas haverão
incluindo músicas escritas por a escrever uma letra, que é como sim mais lançamentos...claro!
outros elementos da banda.
Eu não consigo manter meu
nariz de fora! Mesmo quando se
trata das linhas vocais e letras,
o Brian fica mais do que feliz em
aceitar uma ideia de qualquer
um de nós e se ele achar que
funciona para a música. Mas,
ao mesmo tempo, se alguém
tiver uma sugestão sobre algo
que eu trouxe para cima da
mesa, naturalmente estou sempre
aberto a novas sugestões. Não
tenho problema em reescrever
ou até mesmo eliminar músicas
inteiras. Eu acho que eu sou
um workaholic nessa banda,
embora às vezes eu me questione
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Banda sonora do Apocalypse

Jukka (incognita/Shapeshifter)

Yo! Waz up Portugeuse necrophiliacs?! O meu destaque vai para a segunda faixa, “Fabrication of
Souls”, da qual deixo aqui um pequeno excerto...“Liberate
O ano de 2019, segundo alguns especialistas, será o início the bastard souls, exterminate the human race...” Para mim,
para chegarmos a um ponto ou fase sem retorno. Serão daqui o metal extremo no seu melhor!
para a frente 13 anos até lá, quando o nosso mundo começar
a sua espiral incondicional e entra num inferno ardente, não https://kilsorrowklan.bandcamp.com/
muito diferente do nosso vizinho brilhante mais próximo,
Vénus! Então, temos de aproveitar, viver da melhor forma
possível agora, e para mim o melhor é procurar a música Morbid Evils, Turku, Finlândia
certa para o momento do apocalipse!

A Finlândia é um país com grandes taxas de suicídio - há muita


miséria, apatia e paranoia social auto-inflingida. Uma bebida
fatal de Koskenkorva é o princípio... Há muito espaço para
bandas de metal crescerem e o que eu pretendo apresentar
aqui são bandas que estão abaixo do radar - digamos, mais
pesadas que os Nightwish e com menos de 50 mil visualizações
no Youtube. Talvez estas próximas duas pérolas dementes
sejam aquelas que vos poderão acompanhar no momento
final...o tal do apocalipse! Se o som tivesse cor, os Morbid Evils, seriam bem dark.
Bem, acreditem que não há nenhum tipo de mensagem de
esperança no que fazem. Há algo especial em “Deceases”,
Kilsorrow Klan, Lahti, Finlândia implacável e atmosférico. Evoca cenas de genocídio de forma
muito cinematográfica. O filme “Come and See” de Elen
Klimov é uma referência que logo surge na minha mente.
Guitarras difusas afinadas, vocais rosnados e monótonos,
bateria de baixa resistência. Se vocês esperam que o mais
baixo dos baixos já tenha sido alcançado, um novo nível de
miséria é sentido a em cada faixa. Isso é algo mesmo para
ouvirem... no dia do apocalipse.

https://morbidevils.bandcamp.com/
Os Kilsorrow Klan são uma força de deathcore e death metal, que
inspiram o caos, intensos e esmagadores! “Demon Apparatus”, Fuck that was dark! Till next time.
o primeiro disco, atinge o ouvinte implacavelmente, riff após
o riff fazendo a maioria das outras bandas de metal soar Yours truly,
genérica e sem inspiração. Há uma fluidez muito orgânica e
groove na composição das músicas. A musicalidade é excelente Jukka of Finland
por todo o disco – um destaque especial dado às guitarras
de 7 cordas e ao amplo rosnado da voz. “Demon Apparatus”,
é um álbum com 16 minutos de muita ficção científica.
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eNTREVISTA
eNTREVISTA

Os Riverside são sem dúvida uma das grandes bandas de rock/metal progressivo da actualidade.
A banda polaca solidificou a sua posição álbum após álbum e após a traumática perda de um
membro fulcral, não desistiu e voltou com um excelente álbum (um dos nossos álbuns do mês
da edição passada) "Wasteland" e apaziguou os receios em relação ao seu futuro. Momentos
antes da subida ao palco do Lisboa Ao vivo, a World Of Metal teve uma breve conversa com
Mariusz Duda, baixista e voz dos Riverside
Filipe Ferreira
Fotos - oskar Szramka / filipa nunes
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Começaram a tour em Outubro, subiram de nível em todos os aspectos. neste álbum, a abordagem foi muito
como tem sido até agora? diferente?
Sentes que é uma tour mais leve
Tem sito óptimo. A maior audiência até então, e mais energética. Vou ser honesto contigo. Desde
agora, a melhor resposta. As pessoas “Shrine of New Generation Slaves” que
estão felizes e o mais importante é Energética, sim, mas também mais deixamos de ensaiar constantemente
que nós já não estamos numa tour de divertida, por causa da setlist, por na nossa sala de ensaios. Cada vez
luto como o ano passado. Porque aí causa das pessoas e das reacções da mais material começou a ser composto
era uma tour de despedida, estávamos audiência, mais talvez algumas das no estúdio, e eu fiz a maior parte das
a dizer adeus ao Piotr e estávamos componentes visuais que temos. coisas, porque queria mudar algo. Eu
em constante pesar. Mas desta vez Nunca tivemos grande apresentação não queria manter-me no mesmo
gravámos um novo álbum e estamos visual até agora, desta vez vamos ter lugar e foi por isso que “Shrine of New
a começar uma nova vida, por isso luzes diferentes, diferentes elementos Generation Slaves” foi numa direcção
penso que estamos cheios de energia visuais, por isso seguramente vai ter diferente. Nos apenas saltámos estas
em palco. E a setlist é diferente agora melhor aspecto do que costuma ter. influencias de metal progressivo e
porque liga as coisas mais antigas com coisas desse género. Queríamos focar-
as novas, e isso é bastante bom. Eu Vocês vem apresentar um novo nos mais nas melodias. E em “Love,
penso que as pessoas gostam disso. álbum. Este é o primeiro álbum… Fear and the Time Machine”, fomos
Alem de que escolhemos algumas ainda mais longe nisso, mas esse foi
faixas que as pessoas podem cantar Com um novo lineup. o álbum que eu compus sozinho, e
connosco, por isso é bastante divertido. o mesmo aconteceu agora. Nada
Por isso, estou a gostar bastante, e Sim, um novo lineup. A minha mudou sobre o ponto de vista da
penso que com esta tour os Riverside questão é sobre o processo criativo composição. Eu fiz a maior parte do

"Eu não queria manter-me no mesmo lugar e foi por isso que “Shrine of New
Generation Slaves” foi numa direcção diferente. Nos apenas saltámos estas
influencias de metal progressivo e coisas desse género. "

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material, o Michał tinha uma canção, Já falaste sobre o tema do álbum os westerns para mim porque, bem,
e nós tínhamos ai o álbum. Mais tarde ser este mundo pós-apocalíptico e eu gosto de jogos de computador,
apenas começámos a preparar isso no que isso é um bocado o reflexo da e jogo Fallout e coisas do género, e
estúdio. No passado era algo como, o experiencia da banda. Foi curiosa a portanto aí estás sozinho. O cavaleiro
Piotr tocava algumas coisas na guitarra, homenagem que fazem aos westerns solitário, e a desolação.
desta vez não tínhamos o Piotr por no álbum. Como surgiu essa ideia? A mesma coisa acontece em alguns
isso eu tive de fazer isso sozinho. filmes com o Clint Eastwood, todos os
Para alem disso pedi ajuda de alguns Em primeiro lugar “Wasteland” é spaghetti western. O cavaleiro solitário,
amigos como Maciej Meller e Mateusz um álbum influenciado por algumas sabes. Em todos os outros westerns
Owczarek. Por isso não é como se circunstancias que aconteceram na com o Clint Eastwood, o herói
antigamente estivéssemos a compor minha vida. A morte do Piotr é apenas solitário, apenas a tentar sobreviver.
na sala de ensaios e a fazer brainstorm uma delas, porque depois do Piotr Também está algo ligado com o filme
e o Piotr morreu e subitamente não morrer, dois meses depois perdi o “A Estrada” (“The Road”). Por isso
sabíamos o que fazer. Não, o processo meu pai, mais tarde divorciei-me e a coisa pós-apocalíptica, o filme “A
de composição foi o normal como era depois disso a minha mãe adoeceu com Estrada”, os westerns, eles são muito
antes, mas claro sentimos a falta deste cancro. Todas estas situações foram similares para mim, por isso neste
gajo não é. Mas também decidimos em 2016, e eu mal sobrevivi a esse ano. tema titulo eu tinha de fazer algo
fazer isto com 100% de positividade. É também por isso que eu peguei no ligado aos spaghetti western. E então
Eu apenas escolhi o tema desta terra meu projecto Lunatic Soul e tentei fizemos isso.
erma (Wasteland), esta historia focar-me nisso. Em “Fractured” eu
pós-apocalíptica de sobrevivência lidei com tudo isto e em “Under the No texto colocado no Facebook,
porque está ligada á nossa historia, Fragmented Sky” voltei a lidar com falam numa segunda fase da banda…

"Claro que existem algumas ligações com o passado, é obvio, é normal, o


espirito do Piotr está ali algures não é. Mas queríamos avançar neste momento.
O processo de gravação em si mesmo foi cheio de entusiasmo, e eu penso que
começamos a fazer mais experiencias. "
mas desta vez o álbum estava focado isso de novo, mas de alguma maneira Sim, isto deveria ser algo como
em nós, não sobre o passado e isso. apesar mesmo de forma subconsciente, “Second Life Syndrome” parte dois.
Claro que existem algumas ligações eu senti que os Riverside deviam ter Esse deveria ser o titulo, mas não
com o passado, é obvio, é normal, uma oportunidade para lidar com o queríamos voltar ao passado porque
o espirito do Piotr está ali algures assunto, porque, bem o Piotr era dos utilizar esse titulo significaria que
não é. Mas queríamos avançar neste Riverside, por isso devíamos faze-lo. A nós estávamos a tentar honrar algo
momento. O processo de gravação desolação, e o mundo pós-apocalíptico do passado ou ligado a isto. Mas
em si mesmo foi cheio de entusiasmo, são muito simbólicos desta situação, isto é um novo inicio e portanto eu
e eu penso que começamos a fazer mas também simbólicos da situação apenas quis deixar pequenos easter
mais experiencias. O som diferente na Europa, por exemplo na Polonia, eggs como a ligação “After”, “The Day
de guitarra que obtivemos é porque sabes, estamos mais divididos que After”, “Before”, “The Night Before”,
é uma ligação entre o baixo Piccolo nunca. Muitas pessoas andam a alguns instrumentais e outras coisas
e a guitarra, não é o som normal da lutar umas com as outras. Eu não para as pessoas que percebem o que
guitarra. É um som estranho algures sei, pensei que eramos mais unidos, esta a acontecer, certo. Para os recém
entre um baixo e uma guitarra. Por mas acabei por aperceber-me que chegados é apenas, “Ok, é um bom
isso é que me rio quando me dizem na realidade não somos. Temos o titulo”. Eu queria começar de fresco
“estas guitarras não são muito metal”, Brexit, e outras coisas. De qualquer porque penso é que uma banda
não existe guitarra ai meu, “como é forma eu queria contar uma historia diferente agora, ainda com o estilo
possível?”. Por isso hoje durante o também sobre isso. Portanto não é dos Riverside, mas queríamos mudar
espetáculo provavelmente vão também apenas sobre pesar e dizer adeus ao o som. Sabes, ainda ando a lutar com
poder ver o som desde baixo Piccolo. Piotr, isto está também ligado, não isto...eu não quero ser a banda que
Mas de qualquer forma, [um disco] sei, á situação na Europa. Quando se se orgulha com o facto de estarmos
cheio de experiencias, cheio de novas chega ao assunto do pós-apocalíptico, a tocar musica progressiva. Eu não
abordagens e portanto muita satisfação. existe uma grande parecença com quero estar junto de bandas como
46
"eu não quero ser a banda que se orgulha com o facto de estarmos a tocar
musica progressiva. Eu não quero estar junto de bandas como os Dream Theater
ou os Porcupine Tree. "
os Dream Theater ou os Porcupine Bem vamos tentar evitar todas as oportunidade de tocar, mas há 4 não
influencias progressivas e focarmo- conseguimos chegar a Portugal porque
Tree. Esse é o nosso estilo, ok, mas
nos apenas em musicas country.
eu queria procurar algo novo, e eu o nosso autocarro teve uma avaria. O
acho que este novo estilo de prog que eu quero dizer é que eu espero
é muito hermético, e que muitas Então podemos esperar… que com este concerto, com este novo
bandas são muito parecidas umas inicio, consigamos também voltar a
com as outras, e eu queria mesmo Covers do Jonny Cash. Portugal mais frequentemente, para,
focar-me mais no lado espiritual da não sei, criar um grupo de fãs maior,
E uma tour?
musica, nas melodias e nas emoções. ou para provar que ainda conseguimos
Eu não quero soar como os Haken, os ser a banda que entretém as pessoas
Sim.
Leprous ou esse tipo de bandas, mas numa forma diferente do que apenas
infelizmente temos de estar uns junto gritar e beber cerveja, mas também que
aos outros porque temos a mesma Parece-me óptimo. conseguimos dar emoções positivas
editora. É por isso que tocamos de e encher as pessoas com algo que
Algures pelos vales…
forma diferente, é por isso que existe consiga, não sei, inspira-las, ajuda-
tanta guitarra acústica, certo. Eu só las a sentirem-se mais felizes, ou pelo
quero tocar musica, apenas musicaÚltima pergunta. Alguma mensagem menos positivas. Portanto esse é o
que queiras deixar para os fãs nosso objectivo, a razão pela qual
rock, metal, sei lá, agora talvez country
portugueses?
western. Esse é o meu objectivo. Eu tocamos o nosso tipo de musica, e
não quero ser apenas outra banda que gostaríamos de tocar mais. Por
Tenho a dizer que Portugal é muito isso, quero pedir desculpa por não
progressiva do seculo 21. Eu não tenho
longe da Polónia. Esse foi sempre virmos cá com tanta frequência, mas
interesse nisso. É algo que gostava
de deixar bem assente. o problema, nós não conseguíamos também quero prometer que vamos
chegar ao vosso pais, sempre por tentar voltar tanto quanto possível.
Sim o meu ponto era como vias os causa de alguma coisa. A ultima vez,
Riverside no futuro… eu lembro-me, há 3 anos tivemos

47
“Out of Myself” “Second Life Syndrome” continua o ou “Cybernetic Pillow” ou outros que
caminho iniciado em “Out of Myself”. podiam ganhar com alguma edição
2003 - Edição de Autor Ao longo das 9 musicas do álbum ainda
encontramos uma certa ingenuidade e como “Parasomnia” ou “Ultimate Trip”.
alguns pontos nas musicas mais longas a É um pouco essa inconsistência que
precisarem de ser limados, mas é notório torna este álbum um pouco inferior
o crescimento da banda. Este é um álbum aos dois anteriores. Mesmo assim
mais ambicioso quer em termos musicais vale a pena ouvir pelo muito de bom
quer nas letras e bem mais negro do que
o anterior. A intro “After” não esconde o que tem.
que vamos encontrar aqui, os primeiros
segundos são apenas com Mariusz
Duda a falar “I can’t take anymore. I 8/10
can’t breathe. I’m sick of this goddamn
darkness, Sick of sadness and tears.”.
Este é um álbum de sentimentos a flor da “Anno Domini High Definition”
pele que tem tanto de depressivo como
de incrivelmente belo. Dois dos melhores 2015 - Mystic Production
exemplos disto são “Conceiving You”
(para mim a melhor “balada” deles), “I
Turned You Down” e “Before”. Temos
vários épicos progressivos em “Volte-
face”, “Second Life Syndrome” e a
O primeiro álbum dos Riverside fantásticas “Reality Dream III” e “Dance
with the Shadows”. Mesmo sendo um
tem certamente algumas pontas a álbum pesado o único momento de
limar, que a banda mais tarde foi explosão é “Artificial Smile”, um tema
aperfeiçoando, mas é um excelente mais de raiva do que de introspeção.
testemunho do que a banda viria a Se a guitarra de Piotr Grudziński era
marcante em “Out of Myself” aqui torna-
ser. Aos clássicos “Out of Myself” se num som de assinatura dos Polacos.
e “Loose Heart, juntam-se os dois Um álbum imprescindível no progressivo
instrumentais “Reality Dream” I e II do seculo XXI.
que demonstram bem a qualidade
dos polacos como músicos, com 9.5/10
a guitarra de Piotr Grudzinski e o
baixo de Mariusz Duda em grande
destaque. Além destas quatro faixas “Rapid Eye Movement ” Após encerrar aquilo a que chamaram
incontornáveis na carreira dos 2007 - InsideOut Music a “Reality Dream Triology” (que engloba
Riverside, juntam-se temas como os três primeiros álbuns), os Riverside
“I Belive” ou “In Two Minds” que chegaram aqui com uma nova estrada
indicam bem a vertente mais melódica para caminhar. “Anno Domini High
que a banda sempre teve e tem Definition” continua a soar como
vindo a abraçar cada vez mais. Para Riverside mas é notória uma grande
o fim ficam os dois temas menos diferença para os álbuns anteriores.
interessantes do álbum em “Curtain A maior maturidade e a qualidade
Falls” e “OK”. Logo no álbum de de som de “Rapid Eye Movement”
estreia fica a marca de uma banda mantem-se, mas estamos perante um
diferente e interessante com algo álbum que se encaixa perfeitamente
para dizer. Deixando a marca de no metal progressivo. Musicas longas,
um prog mais fundamentado no peso e um maior foco na perícia
sentimento do que na técnica que musical, quase que podemos dizer
sempre foi a marca dos Riverside. que este é o álbum Dream Theater
dos Riverside. “Hyperactive” que
inicia o “ADHD” é pesada, directa e
8.5/10 curta, mas depois disso entramos num
mundo de musicas progressivamente
Uma das coisas que salta logo em mais longas e complexas. Apesar
“Second Life Syndrome” “Rapid Eye Movement” foi a evolução
2005 - InsideOut Music de longas as musicas deste álbum
no que toca a produção e a forma nunca se tornam repetitivas. Existe
como a banda soa mais madura. aqui a capacidade de deixar a musica
Os Riverside carregam um pouco crescer e desenvolver-se. “Driven to
mais também no que toca a peso Destruction”e “Hybrid Times” são
começando logo com força em excelentes exemplos disto variando
“Beyond the Eyelids”. Este inicio entre momentos mais intimistas,
é complementado com mais duais “proggy” ou mais grandiosos mas
faixas perfeitas para serem singles em sempre em constante mutação. Mesmo
“Rainbow Box” e “02 Panic Room” sendo mais pesado e técnico, a melodia
que se tornou um verdadeiro clássico. e os momentos mais introspetivos,
Outro dos grandes destaques vai para uma das imagens de marca da banda
“Embryonic” mais um exemplo de polaca não ficam de fora nas varias
como os Riverside dominam a arte faixas, mas ganha um grande destaque
de fazer temas de cortar o coração. na excelente “Left Out”. Um álbum
Infelizmente “Rapid Eye Movement” de destaque na nova vaga de metal
tem também alguns momentos menos progressivo.
interessantes “Schizophrenic Prayer”
9.5/10
48
“Shrine of New Generation Slaves ”
2013 - InsideOut Music

“Wasteland” surge como uma


Primeiro álbum dos Riverside espécie de renascimento. Tal
totalmente composto pelo baixista e como em “Love, Fear and the Time
vocalista Mariusz Duda, e isso nota- Machine”, Mariusz Duda assume o
“Shrine of New Generation Slaves” se na enorme mudança de direção grosso da composição, bem como
recupera o tom mais negro e melódico que este álbum representa. Em “Love, as guitarras (contando com a ajuda
dos primeiros dois álbuns. Mas se Fear and the Time Machine” (LF&TM) do guitarrista Maciej Meller). Isto
antes a melancolia vinha de uma fonteos Riverside descartam quase na leva a que a filosofia deste álbum
introspetiva, aqui vem também de totalidade o peso e o ambiente mais seja muito semelhante a LF&TM,
uma fonte externa, lidando com as negro que os foi caracterizando. Aqui menos aventuras progressivas, menos
pressões da sociedade tecnológica todo o foco foi para criar canções metal, composição mais focada nas
em que vivemos, desde a forma e para a melodia, num álbum que musicas e especialmente em capturar
como trabalhamos ou a fixação pode nem sempre ser alegre, mas a melodia, as semelhanças ficam-se
na popularidade através das que representa os Riverside na sua por aqui, no entanto. “Wasteland”
redes sociais. Musicalmente onde versão mais “light” e “comercial” é um álbum que traz os Riverside
“ADHD” era mais metal, Shrine é um com alturas em que utilizam mesmo de volta a um ambiente mais negro,
álbum com influencias mais blues melodias que nos transportam para tendo o próprio Mariusz Duda referido
e rock and roll mantendo sempre um tempo mais inocente e infantil. que na realidade o titulo do álbum
o ambiente progressivo. Musicas Apesar de facilmente isto não agradar poderia ser “Second Life Syndrome
como “New Generation Slave” ou aos fãs da fase inicial da banda é II”. Á semelhança de “Second Life
“Celebrity Touch” têm um certo difícil argumentar contra a enorme Syndrome”, “Wasteland” começa
groove que nem sempre se vê qualidade de grande parte dos temas com a voz de Duda á capella abrindo
em musicas de Riverside, já “Feel aqui presentes. Destaques como espaço a “Acid Rain” um tema
Like Falling” adiciona uma leveza “Lost (Why Should I Be Frightened soturno que faz uma boa ponte entre
quase pop. Em “The Depth of Self- by a Hat?)”, “#Addicted”, “Saturate os antigos e os novos Riverside.
Delusion” encontramos os Riverside Me”, o single “Discard Your Fear” “Wasteland” é também um álbum
mais “típicos” no seu registo mais ou “Found (The Unexpected Flaw of dominado pelo lado mais acústico
melancólico, que volta a encontrar Searching)” que lembra bastante a da banda polaca, seja em ”Guardian
o seu expoente máximo em “We nova fase dos Anathema, fazem de Angel”, “River Down Below” (que
Got Used to Us”, que segue numa LF&TM um álbum que sem duvida se inicia com uma melodia quase
tradição de baladas com excelentes vale a pena ouvir de mente aberta. infantil), a lindíssima “The Night
solos de guitarra como “Conceiving Sem grandes floreados progressivos, Before” que consiste apenas em
You”. Onde o álbum se perde é nos com foco na melodia e bastante voz e piano, e a primeira parte da
dois temas mais longos “Deprived diretos ao assunto estes temas têm musica titulo “Wasteland”. Este tema
(Iretrievably Lost Imagination)” e algumas das melhores composições alias é um dos momentos de grande
“Escalator Shrine” que apesar de feitas por Mariusz Duda. Infelizmente destaque do álbum homenageando
conterem bons momentos falham no reverso da moeda temas como a musicas dos spaguetti westerns,
em se manterem consistentemente “Caterpillar and the Barbed Wire” evocando a imagem de uma figura
interessantes, algo que a banda “Towards the Blue Horizon” ou sozinha a atravessar a desolação, e
tinha conseguido fazer no álbum “Under the Pillow” arrastam-se um terminando de forma grandiosa. Outro
anterior, mas falha aqui. “Shrine bocado e com eles o próprio álbum dos destaques vai para “Lament”
of New Generation Slaves” mostra e facilmente comecei a saltá-los ao e o seu refrão épico que traz do
um bocado o melhor e o pior dos fim de algumas audições. melhor que os Riverside têm. Existe
Riverside, em que a excelente ainda espaço para o instrumental
qualidade das primeiras cinco 8.5/10 e grande momento “proggy” do
musicas acaba por contrabalançar álbum em “The Struggle for Survival”.
com o fim do álbum, mas ainda “Wasteland” “Wasteland” é um álbum que sai
assim é mais uma digna entrada 2018 - InsideOut Music de uma fase complicada da banda,
na discografia dos polacos. onde os polacos queriam provar que
8.5/10 continuam de boa saúde, e nesse
Depois do inesperado desapa- sentido conseguem perfeitamente
recimento do guitarrista Piotr o objetivo.
Grudzinski que sempre foi uma
“Love, Fear and the Time Machine ” peça fulcral do som da banda, 8/10
2015 - InsideOut Music
49
Decayed. Se para mim é um sonho tornado realidade todos os meses, a cada
edição, mais ainda o é ter a oportunidade de entrevistar J.A., líder e principal
instigador dos Decayed. Desde o seu mítico álbum de estreia, "The Conjuration
Of The Southern Circle", que os decayed têm vindo a apresentar regularmente
a sua fórmula clássica de black metal que deve mais à primeira vaga (venom,
bathory, celtic frost/hellhammer) do que propriamente à segunda escandinava
que popularizou o género no underground. 25 anos depois da estreia, a banda
lança o seu 12º álbum, "Of Fire And Evil" e obviamente tivemos que nos sentar
à mesa com J.A. para falar sobre actual momento da banda e ainda fazer uma
50
passagem POR TODA A DISCOGRAFIA DA BANDA
Por: Fernando Ferreira
Fotos AO VIVO - João pedro Silva e Hélio cristovão

51
” Quando formámos os Decayed em Junho de 1990 eu disse logo que esta
banda seria para continuar e não desaparecer á primeira adversidade.”

Olá J.A. e bem vindo a este World Of as ideias continuam a vir. É uma ideia que de vez em quando me passa
Metal. Antes de começar tenho que pela cabeça, principalmente para tocar ao
partilhar que é uma grande honra estar Decayed já teve várias formações vivo porque para gravar, vai-se arranjando
a falar contigo sobre os Decayed (já e várias fases onde a constante és baterista. Mas estou bastante satisfeito com
tinhamos falado antes por causa de sempre tu, no entanto não deixo de o G. R. e espero que ele se mantenha na
outros projectos), uma banda que me sentir que com Vulturius encontraste formação por longos anos. É lixado ter
acompanhou na minha descoberta da uma estabilidade muito forte. É de estar sempre a "recomeçar" do zero
música extrema, nomeadamente no efectivamente assim? cada vez que entra um novo baterista.
black metal. E aqui estamos para falar
sobre o décimo segundo álbum dos Até agora parece ser o caso. Já está na A perseverança dos Decayed e do
Decayed, "Of Fire And Evil", quase trinta banda fez agora 7 anos, está a tornar-se amor ao metal sempre foi algo que
anos após o início da banda. Como é no elemento que mais tempo se aguentou me fascinou e até inspirou, porque a
chegares a este ponto da carreira com aqui. Trabalhamos bem juntos, temos alguns vossa forma de fazer as coisas sempre
um historial tão grande e ainda teres gostos em comum o que torna tudo muito foi a de fãs a fazer a música que tanto
inspiração e gosto para continuares a mais fácil. Ele já sabe o que pode e o que gostam e que tanto vos inspiram. Apesar
lançar álbuns como "Of Fire And Evil"? não pode fazer em Decayed, por isso, já é de todos os anos que a banda já tem,
tudo muito natural. este continua a ser o teu principal
Saudações Fernando. Obrigado pela alento, não?
oportunidade de aparecer na WOM. O longo Por falar em alinhamento, este é o
historial deve-se pura e simplesmente á minha primeiro álbum com o novo baterista Completamente correcto Fernando! Continuo
teimosia. Quando formámos os Decayed em G.R., apesar de já estarem juntos desde a ser um fã de Metal que por acaso tem uma
Junho de 1990 eu disse logo que esta banda 2016. A posição de baterista sempre banda e que tenta perpetuar aquilo que o
seria para continuar e não desaparecer á foi um bocado problemática, tendo fez interessar-se por Metal. Que se fodam
primeira adversidade. A inspiração, felizmente, inclusive ter de usar bateria programada as modas... essas passam... mas quando
nunca faltou. Umas vezes mais ideias, outras durante alguns anos. Caso G.R. não se gosta realmente de algo... fica para a
tem que se trabalhar mais um bocado, mas tivesse surgido, ponderavas voltar vida toda.
novamente a essa solução/formato?
52
”Acho que poderia ser interessante lançar um DVD para celebrar os 30
anos. Isso e um 10" que nunca conseguimos fazer.”

Depois de tantos álbuns, splits, Eps,


lançamentos ao vivo, o que é que falta
fazer? O que é que sentes que falta aos
Decayed atingir ou fazer em termos
criativos?

Acho que poderia ser interessante lançar


um DVD para celebrar os 30 anos. Isso e
um 10" que nunca conseguimos fazer. De
resto... acho que já fiz praticamente tudo
mas como já referi... a inspiração não tem
faltado.
o J. B. entrou para a banda. Se não fosse apareceu um que conseguia, os ensaios
Sendo uma oportunidade única de ele na bateria, não acredito que o álbum estavam bons mas... não conseguia tocar
estar a falar contigo, gostaria de tivesse o impacto que teve. ao vivo. Foi quando me passei da cabeça e
fazer uma retrospectiva em relação resolvi comprar uma caixa de ritmos.
aos Decayed e que comentasses de Três anos depois “Resurrectiónem
acordo com as tuas memórias desses Mortuórum”, um grande álbum que Mais três anos e temos “The Book of
tempos e da forma como encaras o teve que contar com uma bateria Darkness”, que vos trouxe grandes
trabalho em questão nos dias de hoje. electrónica. Por esta altura já se tinha planos, daquilo que me recordo, mas
E para começar, teremos que começar tornado complicado a busca por um que os mesmos não chegaram a ir para
obviamente com “The Conjuration baterista, calculo... a frente por questões de orçamento
Of The Southern Circle”, clássico por e começa com o vosso maior tema
excelência do black metal nacional. Sim... quando o J. B. saiu em inicio de 94, em termos de duração até hoje,
começámos logo a procurar um baterista, “Death Chimes Of Armageddon”, à
Esse foi o nosso único álbum que demorou 2 até chegámos a tocar com alguns, mas semelhança do que os Venom tinham
anos a ser composto. Tudo começou quando não conseguiam tocar o material. Depois feito com “At War With Satan”, tanto
53
nesse álbum, como no “Black Metal” conseguimos fazer a nossa única tour pela
que tinha a preview desse mesmo Europa em 2000. Era para sair por outra
tema (e que a sua junção dá 21:12, editora também francesa, em formato de
em homenagem ao álbum dos Rush, livro, mas a editora foi á falência e os planos
“2112”). Se tivesses hipótese, lançarias foram por água abaixo. Por acaso vai ser
este álbum do formato que tinhas reeditado pela Drakkar mas ainda não é
idealizado inicialmente? desta que sai no formato originalmente
concebido.

“Nockthurnaal” é o primeiro no formato


duo e contém alguns dos melhores
temas que já gravaram como “Black
alguém. A coisa continuou a funcionar e
Metal Onslaught”. Foi uma fase
assim se manteve.
complicada esta, de formato duo?
“The Beast Has Risen” foi o regresso
Nem por isso... acho que foi natural. O VJ
a uma sonoridade mais orgânica, com
na altura tinha um trabalho que lhe exigia
bateria real e o último pela Drakkar
muitas horas e começou a não aparecer nos
Productions. Como avalias a passagem
ensaios. Eu e o JM continuámos a compor
por esta editora?
Esse foi o álbum que nos lançou mesmo até que já não dava para o VJ continuar.
no estrangeiro. Com a ajuda da Drakkar Acho que nem nunca se falou em meter
Continuou a ser a caixa. Mas na altura já
54
” Apenas precisas da capacidade de dizer não a algumas coisas que não
precisas e depois uma consequência descompometida naquilo que fazes.
Eu tive que aprender isso, de outra forma já teria morrido.”

renascer. E acho que o álbum reflecte isso


mesmo. Infelizmente o Pedra saiu antes de
poder gravar o álbum.

“The Black Metal Flame” vê-vos a


mudar de editora mais uma vez e
com mais mexidas de formação. É a
maior dificuldade dos Decayed mas
mesmo assim nunca foi impeditivo
de lançarem grandes álbuns.

a conseguia dominar a meu belo prazer. Sim, concordo plenamente. As coisas pararam
Estivemos lá 3 álbuns e mais umas coisas. (em termos de ensaios e concertos) depois
Foi das melhores editoras que tivemos. E do JM ter saído. Eu estava cansado e resolvi
está para breve o relançamento deste álbum focar-me só em gravações e lançamentos. E
e do "The Book Of Darkness" por eles. numa noite de copos, o Pedra (Grog) sugeriu
recomeçarem os ensaios e concertos de
“Hexagram” foi (é!) um grande Decayed. Tínhamos um baterista na mesa
álbum onde surgem revitalizados (Gabriel) ele tratava da voz, só precisávamos
com uma nova formação e com um de um baixista. Telefonei o K e começámos
som poderosíssimo. a ensaiar uns dias depois. Foi um verdadeiro
55
Isso deve-se ao facto de se ter sempre estáveis... até este álbum em que mais uma
conseguido arranjar alguém interessado. vez tive de mudar alguns elementos. As vidas
Ajudou bastante, a maior parte desses privadas alteraram-se bastante nesta altura.
músicos, serem seguidores do trabalho de Este álbum peca por ter uma produção um
Decayed. pouco confusa... de vez em quando tento
coisas novas e nem sempre resulta.
“Chaos Underground” é gravado nos
mesmos moldes e continuam com a Mudança de formação e “The Ancient
Blackseed Productions. Brethren”, o primeiro com o Vulturius.
Como é que foi a abordagem a ele
Sim. Por estas alturas as coisas estavam mais para integrar na banda?
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”Nunca perdi muito tempo a procurar editoras. Até ao terceiro album
ainda fui tentando, mas a resposta era sempre a mesma, que não soávamos
a ninguém e que era difícil promover uma banda assim... ”

Sim. Só conseguimos fazer dois concertos


com ele. Por isso é que usávamos o Nocturnus
para os concertos. Esse álbum está quase
perto da perfeição. Foi uma boa despedida
do Tormentor.

E por último, “Of Fire And Evil”, lançado


pela Lusitanian Musica. Mais fortes
que nunca?

Num jantar em casa do Nocturnus (Corpus promover uma banda assim... Geralmente
Christii) começámos a falar os dois e acabamos em editoras que alguém recomenda.
descobrimos que tínhamos alguns gostos
em comum e a pergunta surgiu naturalmente: “The Burning Of Heaven” é o segundo
"Queres vir tocar para Decayed?". O álbum pela Helldprod Records e dos
Vulturius aceitou e começámos a trabalhar meus favoritos desta década. O terceiro
no "Lusitanian Black Fucking Metal" que com Tormentor na bateria. Este factor
deveria ter sido anunciado como o novo complicava as vossas apresentações
álbum e não um EP... mais um erro. ao vivo, calculo...

“Into The Depths Of Hell” é o álbum Sem duvida nenhuma! Esta formação está
que se segue e por esta altura o vosso a funcionar muito bem em conjunto e só
som já está mais que estabelecido. espero que se mantenha junta por muitos
Voltam a uma editora nacional. Esta anos. Foi o primeiro álbum dos últimos 4 em
dança das editoras sempre foi algo que as musicas foram arranjadas no local de
que te consumiu muito energia ou as ensaio com a banda toda presente e acho
coisas vão/foram acontecendo? que isso se nota em todas as musicas. E
ter-mos gravado a bateria nos Rocn N Raw
Nunca perdi muito tempo a procurar editoras. foi uma boa decisão que ajudou a que o
Até ao terceiro album ainda fui tentando, álbum ainda ficasse melhor.
mas a resposta era sempre a mesma, que
não soávamos a ninguém e que era difícil
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Orgulho imenso de sermos a primeira revista do mundo a colocar os moonshade na
capa. Tal poderá soar como insignificante para alguns - principalmente para os que
não ouviram o seu fantástico álbum de estreia "Sun Dethroned" ou para quem não
aprecia death metal melódico de bom gosto - mas para nós, acreditamos que esta é
uma das bandas do nosso underground que tem um potencial imenso para chegar
muito mais longe. Por isso e muito mais, aqui estão eles, representados por Ricardo
Pereira, vocalista, e Daniel Laureano, guitarrista, para uma conversa reveladora.
Por: Fernando Ferreira
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59
”Encaramos o desafio como uma banda profissional e fizemos tudo como
os profissionais fariam, e isso é extremamente difícil de se fazer quando
a música não é a nossa profissão.”

Olá pessoal e bem vindos ao nosso desgastante foi este processo, mas acreditem e o início de 2018 ficaram reservados para
World Of Metal. Começava por vos que foi. Encaramos o desafio como uma banda captação, mistura e masterização, sendo que
dar os parabéns pelo vosso álbum de profissional e fizemos tudo como os profissionais o processo foi finalizado em Março de 2018.
estreia “Sun Dethroned”. Qual será o fariam, e isso é extremamente difícil de se fazer Depois disso ficamos até Outubro a tratar de
sentimento de ver o álbum cá fora? quando a música não é a nossa profissão. Por questões logísticas com a editora, assuntos
isso é que falamos do "Sun Dethroned" com legais e também estivemos a finalizar o artwork
Daniel - Antes de mais, muito obrigado pelo tanto orgulho! em conjunto com a Titanforged Productions.
convite e pelo interesse no nosso trabalho! Devo
dizer que a sensação é de extrema gratificação: Disseram que o processo demorou Daniel – Efectivamente, penso que pelos últimos
foi um processo que demorou mais de 3 anos três anos. Dividindo, quanto demorou dias de 2016 todas as músicas estavam mais
e poder finalmente vê-lo cá fora é fantástico. a terem as canções prontas e depois o ou menos compostas, sendo que ainda houve
da gravação? vários ajustes a ser feitos, naturalmente. Nos
Ricardo - Agradeço imenso. Tal como inícios de Março de 2017 entrámos em estúdio
disse o Daniel, o nível de satisfação de ter Ricardo - Bem, o processo de composição já para gravar tudo, processo que se arrastou até
finalmente encerrado este ciclo é titânico. atrasou mais do que devia devido a mudanças Novembro do mesmo ano. Neste intervalo
Eu sei que parecemos repetitivos, já não é de membros, tendo ocorrido ao longo de 2016 também tratámos das sessões fotográficas para
a primeira entrevista onde falamos do quão e o início de 2017. Quase todo o ano de 2017 aquilo que veio a ser a capa do disco. A fase
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”Eu só me apercebi que podia ser um álbum conceptual muito mais tarde,
quando já mais de metade da estrutura do álbum estava decidida.”

de mistura foi finalizada em Março de 2018 da nossa nova peça, poder contribuir para o E quais as principais dificuldades que
e a partir daí estávamos prontos para rolar! contrucção de um disco a partir da raíz... Para encontraram nas gravações? Houve
concluir as "firsts" relativas a esta música, foi pressão de ser o vosso primeiro álbum?
O tema “Lenora” é aquele que já tinham também o tema que abriu o nosso concerto
revelado no single ao vivo. Já era um no Vagos Open Air de 2015, um concerto que Ricardo - Não houve uma ideia fixa no
retrato fiel para aquilo que pretendiam nos abriu muitas portas e que nos deu uma processo de construção do Sun Dethroned.
para o álbum ou de alguma forma a exposição que nunca tínhamos tido antes. Eu sei que isto é um conceito estranho por
ideia embrionária foi mudando desta Alguns poderiam considerar loucura abrir um ser um álbum conceptual, mas a verdade é
altura até para aquilo que é o resultado concerto desta magnitude com uma música essa. Eu só me apercebi que podia ser um
final de “Sun Dethroned? que ainda nem sequer tinha sido gravada, álbum conceptual muito mais tarde, quando já
mas que estaríamos nós aqui a fazer sem um mais de metade da estrutura do álbum estava
Daniel - A "Lenore" é uma música muito pouco de loucura? No que toca ao tema em decidida. No entanto, a letra da Lenore foi a
especial para nós, porque foi a primeira música si, foi a música na qual começámos a traçar semente que gerou toda a história contada
do Sun Dethroned a ser criada. Na altura, eu as linhas daquilo que seria o Sun Dethroned, no "Sun Dethroned", sendo em última análise
não tinha entrado na banda há mais do que um com a mistura entre peso e acessibilidade, ligeiramente alterada para encaixar na história.
par de meses, pelo que foi muito gratificante algo que acabou por ser um objectivo que Todo o processo foi espectacularmente fluído
poder mergulhar imediatamente na composição definimos para o disco. e natural, e cheio de coincidências intrigantes.
61
”Temos recebido uma resposta muito forte, tanto de crítica especializada
como dos fãs, o que nos deixa orgulhosos, tamanha foi a nossa imersão
neste projecto.”
Se eu não fosse puramente determinista, diria por resultar na sua própria morte, terminando coroa, ambos símbolos de realeza. Ora se a
que estava destinado a acontecer. com um solilóquio onde lamenta a inocência coroa se liga ao trono, o destronar do Deus é
da loucura. Em suma, a história é uma parábola representado pelas chamas e pelo fumo que a
Por acaso ia a falar do conceito em si. que destaca a necessidade de equilíbrio para cobrem, o que espelha a queda de graça que
Como disseste, Ricardo foi algo que uma existência plena, deixando claro o preço esta personagem se encontra a experienciar.
nasceu quase por acaso, mas esse da ausência do mesmo.
conceito acaba por estar de alguma Qual tem sido o feedback que tiveram
forma presente até na forma como a Daniel – Nesse sentido, o trabalho que fizemos até agora do álbum?
imagem do artwork e todo o imaginário na elaboração do conceito para a capa do
do álbum está representado em termos Sun Dethroned foi muito centrado naquela Daniel - Até agora arrisco-me a dizer que
de design. O que representa em então que acaba por ser a personagem principal da tem sido quase universalmente positivo. Temos
“Sun Dethroned”, qual o seu conceito? história que é contada através do disco, o God recebido uma resposta muito forte, tanto de
Of Nothingness. A influência visual principal crítica especializada como dos fãs, o que nos
Ricardo - O "Sun Dethroned" é um álbum para a caracterização da personagem foi a capa deixa orgulhosos, tamanha foi a nossa imersão
conceptual que personifica a dualidade da do "Within The Realm Of A Dying Sun", dos neste projecto. Sabemos que ainda há coisas a
condição humana, na forma dos conceitos Dead Can Dance, que são uma das minhas melhorar, obviamente - aliás, mau seria se assim
abstractos de “bem” e “mal”, na forma de maiores influências, tanto a nível musical e não fosse! - mas também sabemos que é através
duas personagens envolvidas romanticamente: artístico/conceptual como também visual, do avançar do tempo que nós, como banda,
Lenore, e God Of Nothingness, o último estando focando mais específicamente as suas capas. vamos evoluindo e nos vamos aproximando,
representado na capa do álbum.Ao longo da obra A partir do momento em que o conceito foi passo a passo, dos nossos objectivo principais,
é contada uma história cujos acontecimentos delineado, tratou-se de encontrar a melhor que são o desenvolvimento e solidificação da
mais marcantes são a morte de Lenore e o maneira de representar o nosso Deus do nada nossa identidade.
enlouquecimento de God Of Nothingness, cuja e acabámos por criar uma ligação muito directa
fúria consome toda a sua realidade, acabando entre o trono ao qual aludimos no título e a Nós já fizemos a review, não vos quero
62
”O nosso objectivo não é ser saudosistas nem ser uma espécie de tributo
a glórias passadas de um sub-subgénero, há muitas bandas que fazem
isso mas nós não somos uma delas (...) Queremos desbravar terreno e
ser inovadores,”
revelar até agora mas posso dizer apenas reconhecido. Como membro fundador posso Daniel - De facto, todos os membros da
que a apreciação é muito positiva. Aquilo dizer que a base musical é essa. Citaste duas banda têm influências e gostos artísticos
que mais me salta à vista ou ao ouvido influências da banda, entre muitas outras do muito diferentes uns dos outros, o que faz
é a forma como vocês evoluíram desde género como Insomnium, Amorphis, Be'lakor, com que as nossas sessões de composição
os EPs (também já lá vão uns aninhos) e Amon Amarth, etc. Mas é importantíssimo sejam grandes melting pots de ideias, que no
como sem imitar alguém, soam de forma referir que isso é apenas uma pequena parte final acabam por criar algo que nos representa
mesmo clássica.A mim remete-me para os das nossas influências, que serviu como base aos 5. Para dar alguns exemplos, o Pedro tem
tempos aúreos do death metal melódico, para este álbum. O nosso objectivo não é ser enormes influências de Rammstein nos seus
com melodias muito bem caçadas, mas saudosistas nem ser uma espécie de tributo a riffs, as bandas favoritas do Sandro são os
soando sempre fresco. Aliás, é daí que glórias passadas de um sub-subgénero, há muitas Megadeth e os Nightwish e eu sou enormemente
vem o sentimento de saudosismo pelos bandas que fazem isso mas nós não somos influenciado por tudo desde Rotting Christ a
tempos que referi, consegue causar-me uma delas, por isso é que soamos "frescos". Sopor Aeternus ou Madredeus.
o mesmo entusiasmo de que quando Queremos desbravar terreno e ser inovadores,
ouvi pela primeira vez bandas como e este álbum surgiu muito desse sentimento. O É um álbum bastante forte e bastante
In Flames e Dark Tranquillity. Por isso, que nos guiou no "Sun Dethroned" foi recriar coeso. Muito complicado escolher um
como fã, tenho que perguntar, quais uma montanha-russa de emoções, criando tema favorito. Têm algum?
influências transpareceram para este uma tapeçaria de riffs épicos misturados com
álbum? arranjos mais melancólicos inspiradas em bandas Daniel - É curioso que faças essa pergunta,
como Opeth e Katatonia, e pelo meio mete porque nós, no seio da banda, já tivemos
Ricardo - Bem, em primeiro lugar queria um pouco de tudo: thrash, doom, folk, rock, essa conversa um par de vezes, e chegámos
agradecer por reconheceres que temos uma etc. Não focamos tanto a nossa inspiração em à conclusão que cada uma das respostas é
identidade própria e que ajudamos a acrescentar bandas específicas, mas sim em ideias vagas diferente! Nenhum de nós disse uma música
algo, trabalhamos imenso nesse sentido e como do que queríamos. repetida, o que mostra a força dos temas.
tal é muito porreiro ver esse esforço a ser Pessoalmente, apesar de amar cada uma das
63
”De momento estamos inteiramente focados nos nossos concertos de
apresentação”

músicas como um bebé, se me apontassem uma World Of Metal, que mais promoção Nós também! Todos vós trabalham, todos
arma à cabeça e me obrigassem a escolher, em cima dos palcos têm planeada para investem na banda como um projecto
provavelmente diria a "World Torn Asunder". “Sun Dethroned”? paralelo às vossas vidas profissionais. É
É uma música muito imprevisível e ambiciosa, complicado conciliar as ambições de uma
na qual acabámos por seguir caminhos que Daniel - De momento estamos inteiramente banda em ascensão com o trabalho e
seguramente pouca gente estaria à espera focados nos nossos concertos de apresentação, aquela necessidade chata que os humanos
de ouvir. pelo que a nossa vida depois do dia 22 de têm de comer, pagar contas e tal?
Dezembro só será pensada e ponderada no
Ricardo - Verdade. Se eu tivesse de escolher, seu devido tempo. Na verdade, para nós é de Ricardo - Bem, depende do trabalho, há
diria a "The Flames That Forged Us". Acho sobeja importância que estes dois momentos uns mais exigentes do que outros. Falando
igualmente inovadora, mas é menos homogénea de apresentação do nosso novo álbum - e que pessoalmente, a mim não me afecta muito
e representa melhor aquela "montanha-russa são os primeiros concertos que damos em porque não passo muito tempo a sonhar com
de emoções" que falei anteriormente. quase 2 anos - saiam irrepreensivelmente bem. encher estádios, logo o tempo e dinheiro que
Nesse sentido temos várias coisas planeadas, invisto não originam frustração, como é o caso
O álbum foi lançado pela Art Gates particularmente um espectáculo em palco mais de muitos. Invisto por mim, porque criar é um
Records, como é que chegaram até eles? elaborado e uma performance tecnicamente mais prazer e faz de mim uma pessoa melhor, ao
avançada, bem como uma setlist com algumas mesmo tempo que ajudo a alegrar o dia de
Ricardo - Enviamos o álbum para dezenas surpresas à mistura, mas que não vai deixar alguém com a nossa música.Além disso, ensaiar
editoras de todo o mundo. A Art Gates foi uma de cumprir o essencial, que é mostrar o Sun com os Moonshade permite-me descomprimir
das três que demonstraram interesse no que Dethroned ao mundo, naquilo que esperamos do stress diário de forma pró-activa, contribuindo
estamos a fazer. que seja uma afirmação enfática da nossa para algo maior do que eu.
parte: estamos aqui e viemos para ficar.
Daniel - E não podíamos ter escolhido melhor. Daniel - Comer e pagar contas é sobrevalorizado.
Sentimo-nos bastante apoiados por eles e penso Ricardo - Acrescento apenas que alguns Se não houvesse dificuldades isto não tinha
que a parceria tem sido, até agora, um sucesso. promotores portugueses de excelente reputação piada nenhuma!
já demonstraram interesse em trabalhar
Além dos concertos de apresentação connosco. Esperamos sinceramente que essas
em Lisboa e Porto, com o apoio da parcerias se materializem!
64
Supports

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Garage World
Os Imaginarium são uma banda do Baixo Alentejo, com 5 anos de existência, que procura vingar no meio musical
português. Actualmente, os quatro músicos, encontram-se a trabalhar no primeiro EP da banda, cujo lançamento
deveá acontecer no início de 2019. Com um videoclip a circular nas redes socias, da versão do tema “Os Vampiros”
de Zeca Afonso, os Imaginarium falaram connosco e contaram-nos um pouco da sua história e doa seus sonhos.
Directamente do Alentejo para a World of Metal, apresentamos os Imaginarium.

Rosa Soares

Olá! Muito obrigada pela vossa disponibilidade O vosso primeiro EP, vai sair em Dezembro e será
e enorme simpatia. É muito agradável para nós de edição própria. Porquê a edição deste EP agora,
podermos falar convosco. Vamos começar por saber e porque optaram pela edição de autor?
quem são os Imaginarium. Queres apresentar a
banda? Pedro - Na realidade é bem simples o motivo de
editarmos este EP, somos uma banda independente e
Tiago - Os Imaginarium são compostos por 4 membros: sentimos a necessidade de darmos a conhecer o nosso
Maria Infante, vocalista e guitarra ritmo; Pedro Nuno, trabalho, não existe melhor maneira de uma banda se
guitarra solo; Fábio Vital, baterista e Tiago Silva, baixista. dar a conhecer do que mostrar a música que faz, então
Nasceu de 4 amigos que se juntaram para fazer e criar um EP pareceu-nos um bom ponto de partida. O nosso
música juntos. Começou por ser uma banda de Rock/ EP é composto por covers de temas conhecidos mas
Pop que ao longo dos anos foi crescendo descobrindo completamente alterados, nada do que se vai ouvir
o seu próprio som. Apesar de todos serem amantes no EP está igual ao original ou até parecido, isso é
do rock e da música alternativa, provêm de mundos garantido. Temos ainda temas originais que apesar de
muito diferentes, a vocalista é fadista e formada em já serem tocados ao vivo apenas serão gravados no o
música clássica, o guitarrista (cérebro da banda) vem nosso primeiro álbum. Recorremos à edição de autor
do mundo do rock e do metal, o baterista do punk rock por ser a maneira mais rápida e eficaz de se editar
e ska e o baixista da música comercial e tradicional algo, principalmente quando não se pode contar com
portuguesa...seria de esperar que estes 4 membros nunca o apoio de uma editora, então decidimos fazer por nós.
se cruzassem, mas por acaso, destino ou amor à música,
acabaram todos na mesma sala, com o mesmo objetivo, O EP irá ter seis músicas, todas elas versões, na sua
fazer música e algo novo. E isto são os Imaginarium, a maioria portuguesas, cm uma “roupagem” de rock
sintonia de todos estes géneros que foram explorados alternativo. Pretendem ficar nas versões ou pensam
ao longo do percurso, o resultado foi a criação de um em se aventurarem pelos originais, no futuro?
estilo e sonoridade completamente novos.
Maria - Os originais sempre foram o nosso ideal.
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Começámos pelos covers como um processo de descoberta. de Portugal?
Sabíamos o que queríamos fazer, tínhamos imensas
ideias e várias fontes onde ir beber e os covers ajudaram Tiago - Ser uma banda em Portugal não é fácil, ser
nos a encontrar um caminho, com uma base harmónica uma banda com as nossas características sonoras e
e um poema já escritos, podemos concentrar-nos a ambições no interior mais remoto do pais é extremamente
100% na procura do nosso som e estilo que tanto nos complicado, ainda para mais estendemos nós numa zona
caracteriza. No entanto já temos um original que é de fronteiriça onde a influência de música espanhola é
tocado nos concertos e um outro que estamos a trabalhar, absurdamente grande, para ajudar ainda mais á festa
no futuro pretendemos lançar albuns só de originais. embora sejamos dois membros da banda de Moura e
dois de Portel, vivemos todos em terras diferentes, a
Apesar de terem ficado mais conhecidos agora (e já Maria vive em Lisboa, eu vivo em Portel o Fábio em
falaremos disso), os Imaginarium têm um percurso Évora e o Pedro em Moura. Actualmente ensaiamos em
de cinco anos, ao longo dos quais já houve alterações Portel embora já tenhamos ensaiado em Moura, quando
de vocalista. Optaram novamente por uma vocalista temos de ensaiar tem de toda a gente se mobilizar para
feminina. Essa é uma questão fulcral da banda? Portel com excepção de mim que já cá estou, se não
Porquê? fizéssemos o que fazemos pelo amor á musica nem o
faríamos pois como devem calcular o que ganhamos
Fabio – Não passa por ser uma questão fulcral, conhecemos com as atuações mal serve para pagar os investimentos
a atual vocalista num concurso de bandas onde travámos nos ensaios, isto sem falar na compra e manutenção
logo uma amizade e trocámos de ideias. Na altura que de instrumentos e outros equipamentos. Ainda existe
foi necessário encontrar nova vocalista achámos que outra questão, vivemos numa zona onde toda a gente
a Maria seria a melhor aposta, sabemos hoje que foi se conhece, o concelho de Portel tem cerca de 6000
uma escolha acertada. habitantes e o de moura Moura cerca de 15000, e se
por um lado é fácil toda a gente nos conhecer na nossa
Os Imaginarium são oriundos de Moura/Portel, zona por sermos uma das bandas que se expõe mais a
Alentejo. Como é ser uma banda de rock no interior nível de redes sociais por o outro também é fácil não
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sentirmos apoio, pois sabemos que o nosso estilo de políticas mas penso que todos temos ideias e ideais
música não é comercial e nem música espanhola e para pelo quais lutamos diariamente e a música não seria
piorar a situação ainda mais, não temos cunhas, então uma excepção, mas independentemente de sentirmos
por vezes torna-se difícil termos actuações aqui, e tem ou não essa questão, acho que como em todas as bandas
sido uma grande luta, mas também tem sido isso que nos o mais importante nas canções é a mensagem e aí
tem dado força e tem forçado a procurar cada vez mais sim, fazemos questão de passar a nossa mensagem,
expandir o nosso território de actuações e tentarmos umas vezes de revolta, outras de amor e algumas de
chegar a cada vez mais publico e mais longe. Não é esperança por dias melhores, e se isso for considerado
mesmo nada fácil sermos uma banda no interior do música de intervenção então sim, fazemos música de
Alentejo, mas também se fosse fácil não teria piada. intervenção, mas nunca por motivos ou fins políticos,
os temas que tocamos acabam por ser um reflexo da
Ficaram um pouco mais conhecidos quando a vossa realidade em que vivemos. Damos dois exemplos, um
versão do tema “Os Vampiros”, de Zeca Afonso, passou dos temas originais que ainda está a ser trabalhado, que
no programa de rádio “Em busca do rock perdido”, da tem por nome “Aurom”, expressa a frustração de uma
Rádio Portuense? As rádios nacionais “mainstream” luta inglória travada pelos artistas que se querem afirmar
deixaram de ter espaço para a divulgação de novas no local que os viu nascer, mas que constantemente são
bandas, ou bandas fora do circuito comercial… o ultrapassados e substituídos por artistas de fora, muitas
que me leva à questão seguinte: Como é que estão vezes de qualidade inferior, mas que merecem lugar
a preparar a divulgação do vosso trabalho? por simplesmente não pertenceram ao núcleo habitual,
remetendo ao tal ditado "Os santos da casa não fazem
Fábio - Sabemos que a entrada nas rádios nacionais milagres". Um outro original os "Trovadores", fala
será uma terefa complicada, pois o nosso estilo em sobre o flagelo do desemprego que atinge o nosso pais,
nada se relacionada com a atual música eleita para nesse campo temos uma palavra a dizer, mas apenas
passar. Felizmente há rádios que ainda apostam nos sobre o presente e futuro, nada de ligações ao passado.
novos talentos, como foi o caso da Rádio Portuense, aos
quais estamos muito gratos pela aposta e oportunidade. O que esperam do futuro e o que pretendem fazer
Grande parte da publicidade e divulgação será feita dos “Imaginarium”?
pelas plataformas digitais, onde iremos diaponibilizar o
nosso Ep na totalidade. Pretendemos ainda apostar nos Maria - Queremos crescer enquanto banda, divulgar o
videoclips, o próximo está para breve. Paralelamente nosso projecto e passar a nossa mensagem ao máximo de
dispomos ainda de um canal na operadora meo (580271). pessoas possível. Pretendemos apostar nos originais, em
português, fazer o público vibrar, mas também reflectir
Ainda sobre a versão do tema “Os Vampiros”: o e pensar. Nada é impossível por isso ambicionamos
Alentejo sempre esteve muito relacionado com os os grandes palcos nacionais e quiçá internacionais.
temas da denominada “música de intervenção”, Mas o mais importante é fazer música, apesar de toda
com a reforma agrária, com as questões sociais a nossa vontade, acabamos por ser uma banda muito
da desigualdade, da exploração laboral… Sentem experimental, por isso cada concerto é incógnita, pois
ainda essa herança política e sócio-cultural do pós- não sabemos como o público irá reagir. O próprio público
revolução? não sabe o que esperar, até mesmo o que nos acompanha
com mais regularidade, pois temos sempre algo novo
Pedro - Sinceramente não sentimos nada disso, talvez por para apresentar. O factor surpresa é algo presente na
termos sempre vivido e crescido aqui, então acaba por banda e esperemos que continue a jogar a nosso favor.
ser algo normal para nós, nenhum de nós tem ligações
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Por Carlos Lichman

Qual é a importância de um produtor musical!?

Bem amigos, sou uma pessoa que gosto de trazer para os meus artigos aqui na revista coisas
relacionadas com a minha vida e que acontecem em meu quotidiano. Desta vez não será diferente,
durante o MEET AND GREET dos Attick Demons na cidade do Porto, ocorreu uma conversa muito
interessante sobre a importância de um produtor musical dentro do estúdio durante a gravação
de uma banda. Naturalmente, eu como trabalho com produção, ouvi o que as pessoas iriam falar
sobre o assunto e na hora vi que os artigos da METAL BUSINESS seriam uma óptima forma de
abordar este assunto. Bem, vou directo ao assunto:
O produtor musical tem a função de fornecer as melhores condições para que a banda possa
desenvolver sua arte de uma forma verdadeira e criativa dentro de sua proposta. Direccionando
musicalmente a estética artística da banda/artista, inclusive nos custos da produção.
Muitas bandas pensam se realmente vale a pena contratar um produtor, o que é uma pergunta
muito frequente. Mas um bom produtor tem um home estúdio onde ele pode fazer toda a pré/ pós
produção e arranjos finais diminuindo os custos da produção do material da banda. Desta forma,
a banda tem a garantia de maior dedicação do produtor e um custo x benefício imbatível.
Outro pensamento que passa pela cabeça de algumas bandas é que o produtor vai mudar
as ideias musicais e isso não é verdade. O objetivo de se ter um produtor é uma pessoa que ajude
a banda a trabalhar na sua essência, fazendo que as músicas soem da melhor forma possível e
original. Lembre que o produtor serve como um elemento de auxílio ao artista. Olhe para a história
do rock provavelmente você já deve ter escutado falar em George Henry Martin. Todos sabem da
importância dele na carreira dos Beatles, um grande responsável por tornar viável o trabalho dos
Beatles.
Muitas bandas pensam em produzir seus trabalhos sozinhos. Contudo, este trabalho exige
uma pessoa experiente e um envolvimento emocional distante. Por exemplo: ao misturarar uma
música, cada instrumentista quer ouvir seu instrumento mais alto que os outros. Pelo produtor ter
uma visão um pouco diferente do produto final mais eficaz do que se fosse produzido pela banda.
Alguns músicos trazem o pensamento sobre o custo final de todo o trabalho mas posso
garantir que isso tudo é uma variação por exemplo: valor do estúdio utilizado, a complexidade
do arranjo da canção mas claro um produtor que tem seu próprio estúdio ajuda muito no valor de
uma produção.
Para finalizar este artigo que irei dar continuidade na próxima edição quero afirmar que o
produtor tem o dever de ajudar a banda/artista a criar um trabalho de qualidade, inovador e que
tenha consistência e diferente de que muitos pensam. Não tem o dever de marcar concertos e
entrevistas, isso é função do manager da banda/artista..
Gostaria de desejar um feliz natal e um fantástico ano novo e caso sejas um artista ou tenhas
uma banda e desejes produzir um trabalho com as características já citadas entra em contacto pois
tenho certeza que posso oferecer o melhor custo vs beneficio do mercado.
Contacto: carlos_lichman@yahoo.com.br

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Por Luís Figueira
Foto - Sónia Ferreira

Hail Metalheads!!!
Esta semana foi muito emotiva para nós enquanto banda. Fomos tocar pela terceira vez ao 38 Special, um bar de Hard
N´Heavy situado em Vicálvaro, nos subúrbios de Madrid. Tomámos conhecimento deste bar quando eu, o Artur e o nosso
amigo Rui Leal (fotógrafo) fomos a Madrid fazer a promoção do Let´s Raise Hell por diversas rádios e revistas.
No final da noite de um desses dias, fomos a alguns bares de música ao vivo com a intenção de conseguirmos um concerto
em Madrid. Tínhamos a indicação de que havia um bar, o 38 Special, onde actuavam bandas ao vivo, e onde estaria, nessa
noite, a actuar uma amiga nossa. Entrámos no 38 Special já a noite ia longa, e depará-mo-nos com um bar quase vazio,
sem banda ou público. Ficámos a saber que a actuação da noite já tinha terminado (a lei do ruído tem de ser cumprida
no seu horário...). Bom, sentamo-nos então ao balcão e pedimos 3 cervejas. E aqui começa a verdadeira história Attick
Demons - 38 Special. Após um comentário do Artur ao preço das cervejas, o proprietário - Ricardo Moraleda (que nos
estava a servir) quis saber a nossa nacionalidade. Sabendo que éramos portugueses, refere que há uma banda de heavy
metal portuguesa de que é fã e faz questão de nos mostrar, no computador que estava em cima do balcão, a sua banda de
eleição. E eis que damos por nós a olhar para a capa do nosso "Atlantis"... Eu tinha na mochila alguns CD's e, retirei um
de cada, que o Rui Leal entregou ao Moraleda, dizendo "vê lá se conheces alguém nas fotos". O que se passou a seguir
é impossível de descrever em palavras, pois a emoção tomou conta do momento, com o Moraleda a reconhecer-nos, a
sair de trás do balcão a correr e a ajoelhar-se ao pé de nós, a fazer vénias!!! Literalmente!!! Um momento inesquecível
que faz parte da nossa história!
E agora vem o real propósito desta rubrica, que tem sempre a ver com um tema dos Attick Demons… é que, depois de
estarmos a viver uma situação que nos faz sentir que afinal vale a pena fazer música, (e que realmente não há dinheiro
nenhum que pague isto!!!) acontece outra situação que nunca vamos esquecer!!! Estávamos já a altas horas da madrugada
e tínhamos que nos vir embora, porque tínhamos mais entrevistas na manhã do dia seguinte. O Moraleda meteu a “Flame
Of Eternal Knowledge” no P.A. do bar e ao despedir-se, agarrou-se ao Artur. Claro que o Artur começou a cantar… o
Moraleda agarrou-se ainda mais… e… quando acabou a música, estava com as lágrimas nos olhos!!!
Desde esse dia que cultivámos uma grande amizade e uma grande admiração mútua. Quando eu e o Rui Leal fomos, este
ano, a Madrid, para a festa de lançamento do livro dos cinquenta
anos de carreira do Mariskal (Revista La Heavy), encontrámo-nos
com o Moraleda no We Rock (Sala de concertos) que nos deu a
notícia que devido a alguns problemas, teve que vender o bar. Dali
em diante seria um bar de música latina, mas que manteríamos a
data de 24 de novembro (marcada anteriormente).
E no passado dia 24 de Novembro, lá rumámos a um 38 Special,
diferente do anterior, mas sempre "Special" para nós.Obviamente
que esta data foi muito emotiva, soou a despedida de um bar que nos
marcou muito, mas que cimentou a nossa amizade com o Ricardo
Moraleda, a quem ficamos eternamente gratos por todo o apoio que
nos tem dado.
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por Fernando Ferreira
Mais cedo ou mais tarde, sabia que tinha que escrever
nestas páginas. Não pertencendo à geração de alguns
dos meus colegas e alguns dos nossos convidados,
o meu período dourado no que à música pesada diz
respeito é diferente. Comecei, tal como muitos outros,
pela influência das pessoas mais velhas à minha volta,
mas tive sorte de ter crescido numa época de transição.
A melhor época possível para se ser introduzido ao som
sagrado - sempre discutível - que me levou a pensar
que coitados dos que vieram a seguir e que tiveram
de começar pelo nu-metal. No entanto, todos os ciclos
fazem parte da vida em si e não há nenhuma época
igual a outra - e a ilusão de que o que foi voltar a ser,
não passa disso mesmo. De uma ilusão.

seria uma constante nos próximos anos, com outros


agentes (que ia alternando entre Metallica, Iron Maiden
e Manowar). Essa obsessão foi sucedida ou intervalada
por uma série de álbuns como os dois "Use Your
Illusion", "Metallica","Fear Of Dark", "Adrenalize",
"Razor's Edge" e consequente "Live At Donnington",
sem esquecer claro "Nevermind", "Ten", "Keep The
Faith", "America's Least Wanted" e "Get A Grip". Num
período de dois a três anos, álbuns influentes saíram cá
para fora e que marcaram a minha adolescência. Hoje
em dia se calhar não conseguimos imaginar

As minhas memórias desses tempos são a de encontrar


refúgio naqualas músicas, aqueles hinos intemporais.
Um dos factores decisivos para a minha introdução Enquanto por aqui passaram memórias da cena, dos
ao som pesado foi sem dúvida a morte de Freddie concertos, a minha era dourada foi passada quase sempre
Mercury. Essa perda fez com que quisesse investigar a in-doors, lembranças de uma certa ingenuidade e do
carreira da banda - e numa altura para quem não tinha sonho. Algo que já falei muitas vezes aqui e que tenho a
dinheiro, limitava-se a programas de rádio, televisão sensação que vou continuar a falar por achar que nunca
e gravar em cassete os dois álbuns de "Greatest Hits". consegui passar concretamente o que representa o "sonho".
Dia e noite, o "Greatest Hits II" rodou até a cassete Aquela sensação de magia de vermos representados no
ficar gasta. E mais tarde, o "Greatest Hits I", com os exterior o que tanto sentimos interiormente.
primeiros êxitos da banda e mais obscuros. E depois,
claro, a edição do mítico "Live At Wembley", o meu Foi este o início de tudo. Mas depois houve vários
primeiro cd comprado. Ainda me recordo de andar a outros inícios. Várias oportunidades de expansão do
guardar dinheiro durante alguns meses e sair da escola conhecimento e de alimentar o bichinho insaciável que
(na altura estava no sexto ano) para ir à mítica Discosom pedia por mais e mais. Lembro-me também da minha
e comprar o CD duplo. abertura (ou a falta dela) à música extrema mas essa
será uma história para outra altura.
Cheguei a ser criticado por esta obsessão mas essa
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Por Lex Thunder (Midnight Priest/Toxikull)

Pedaços de eternidade

Podemos falar da fonte da juventude ou histórias para a percepção de outros seres


de mais lendas de vida eterna, mas existe e todo o pedaço de música que qualquer
apenas uma forma que é capaz de atravessar a artista faça, viverá para todo o sempre.
fronteira entre a vida e a morte transformando
assim o ser humano num animal eterno, esta Quando ouvimos um CD de 40 minutos nunca
magia é a arte. é apenas um CD de 40 minutos, cada tema
corresponde a um produto do intelecto de
A vida consiste na exceção do espaço alguém. Contem toda a complexidade do ser
interminável, escuro e silencioso em que humano em que estão presentes lágrimas,
estamos todos inseridos, vivemos todos suor, angustia, alegria, orgulho, horas de
numa exceção á realidade, ou uma realidade prática, dinheiro investido, poucas horas de
temporária que mais tarde o mais cedo, sono, experiencias, nervosismo, frio, calor,
terminará. etc... e sim, é verdade, isto tudo passa-se em
rápidos 40 minutos.
O que diferencia uns seres dos outros é a
atividade que se faz dentro das margens da A condição do compositor passa para a sua
vida, e como essa atividade consegue atravessar arte e torna material a sua ficção.
gerações, tornando-se assim uma parte de
nós próprios não temporária e sim eterna. Todo o verdadeira artista deve orgulhar-se
e saber que irá viver para sempre, que cada
A verdadeira música é uma arte, uma nota, letra, e ideia é um pedaço da verdadeira
transposição de sentimentos, ideias, ou eternidade de si mesmo e do mundo.
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A Day At The Movies

O mundo do cinema sempre foi um dos meus mais poderosos acção decorria ao longo de um período inferior a uma década,
refúgios, a par da música e da B.D., pelo que já tardava uma em "Bohemian Rhapsody" tinham duas décadas de carreira
rúbrica de cinema neste nosso mundo do metal porque de para retratar, isto até Mercury falecer. Sem querer spoilar,
certeza que existem outros como eu que sentem igualmente este filme foca apenas os primeiros catorze anos de carreira
o poder da sétima arte. E é apropriado que estes dois mundos e distorce a realidade de forma a encaixar eventos que se
estejam cruzados porque diversas vezes os mesmos já se passaram no período de tempo não focado.
encontram seja no campo da música como no do cinema. E
também nada mais apropriado que o primeiro filme escolhido Esse é o grande pecado deste filme que no final, para quem
seja exactamente um em que exista esse cruzamento entre os é conhecedor da sua história - quem não é poderá pensar que
dois - não quer dizer que seja algo que vá necessariamente é algo fidedigno, o que é chato - não deixa de ser frustrante.
acontecer no futuro. Apesar da vida privada de Mercury em muito ser poupada
ao escrutínio, inevitavelmente ele acaba por ser a figura
Bohemian Rhapsody. É um dos filmes mais aguardados dos central e até responsável por alguma dissidência no seio do
últimos anos, pelo menos para os fãs de Queen em particular grupo - que efectivamente houve mas era acerca da direcção
e de rock em geral. A sua história, a sua música e... Freddie musical pretendida que dividiu a banda a meio, com Roger
Mercury. E nesse aspecto, terá de ser dito que apesar das Taylor e Brian May a pretenderem continuar na vertente
opiniões acerca do filme variarem, em relação à interpretação rock enquanto John Deacon e Freddie Mercury pretendiam
de Rami Malek é quase unânime que a sua interpretação de aventurar-se na sonoridade mais electrónica e funk.
Mercury ser arrepiante. Quanto ao filme em si, devo dizer
que é uma excelente experiência cinematográfica, uma que Não deverá ser encarado como um filme biográfico e sim
vale a pena ver e rever. Mas apesar disso, não se deixa de como uma fantasia como nos livros da Marvel "O Que
se sentir que é uma oportunidade perdida. Aconteceria Se...?", que proporciona prazer ao espectador,
desde que consiga passar por cima destes "detalhes". Detaque
É sabido que os filmes biográficos têm sempre algo a dever também para as interpretações dos restantes actores que
em relação à verdade histórica da coisa - vejamos um filme interpretam Taylor (Ben Hardy - "X-Men: Apocalypse"),
como "Braveheart - O Desafio do Guerreiro", por exemplo, May (Gwilym Lee - "The Last Witness") e Deacon (Joseph
ou dentro da mesma categoria de biografias, "Doors - O Mazzello - "Jurassic Park"), principalmente May e Deacon
Mito De Uma Geração". A verdade é sempre contorcionada que estão praticamente fotocópias. Recomendado mas com
de forma a ter um maior impacto dramático. E dando o precaução.
desconto, em comparação ao filme de Oliver Stone cuja
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Continuamos na nossa senda com os Grave banda apresentar a cada álbum uma tonalidade
Digger e com o coveiro. Se em termos musicais diferente. É o álbum menos conseguido, de
- e isto a nível exclusivamente pessoal - os uma forma geral, da chamada trilogia da idade
melhores álbuns foram "Tunes Of War" e "Knights média. A banda já era vista como especialista em
Of The Cross" - em termos de arte a qualidade álbuns conceptuais e a grande ansiedade era ver
da banda teutónica não fraquejou mais, mesmo qual o tema escolhido no próximo álbum. "The
que nalguns momentos se tenha apresentado Grave Digger", o álbum quase auto-intitulado,
de forma mais ou menos previsível. Continuando apresenta uma imagem quase minimalista mas
onde ficámos no mês passado, temos "Excalibur". adequada já que o conceito era dedicado a
A capa, não sendo má, acaba por ser, lá está, Edgar Allen Poe. Houve ainda uma outra versão
previsível. Nota-se no entanto uma tentativa da da capa onde em vez do fundo negro, temos a
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ilustração de um cemitério. O impacto é diferente mas apesar de maior
riqueza de detalhes (esta é mesmo a ilustração da versão picture disc),
acho que continuo a preferir a versão mais sinistra e de acordo com o
conceito do álbum. "Rheingold" foi o álbum que se seguiu, onde temos
uma capa bem colorida mas algo horrível. O álbum apresentava mais
uma vez um álbum conceptual de extremo bom gosto e a capa, tendo
em conta o tema, poderia ter sido memorável mas é precisamente o
inverso. A banda acusou o toque desse cansaço e apresenta meio
álbum conceptual. "The Last Supper", como o próprio nome indica,
retrata na sua maioria os momentos finais de Cristo. A capa, a cargo
de Gyula Havancsák, é uma obra de arte que poderia muito bem estar
afixada como peça de decoração. O álbum poderá não ser imediato
mas também revela a banda no bom caminho, para longe do beco
sem saída onde parecia estar enfiada.

Normalmente os álbuns ao vivo não são propriamente dignos de nota


em termos artísticos (bem, existem raras excepções, certo "Live After
Death"?), mas "25 To Live", que representa os vinte e cinco anos
de carreira da banda celebrados ao vivo no Brasil, um dos grandes
mercados da banda, tem uma capa fantástica. Simples, bem enquadrada
e com a mascote da banda no centro das atenções, uma forma muito
inteligente de usar essa ferramenta. E nesse ponto, os Grave Digger
não podem ser acusados de fraquejarem. Até mesmo o EP "Yesterday",
um lançamento não tão importante quanto um álbum, tem uma peça
de arte fantástica, novamente cortesia de Gyula Havancsák.

Para terminar, temos "Liberty Of Death", outra capa estrondosa e um


álbum que não reuniu o consenso nem dos fãs nem da crítica sendo
visto como o patinho feio da discografia da banda na primeira década
do novo milénio. Até poderá ser, mas esta capa, se for num vinil então,
é material para ficarmos a olhara para ela durante horas a fio! Para o
mês que vem terminaremos esta trilogia do coveiro.

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Top 20 Hard'n'Heavy 1970

LED ZEPPELIN BLACK SABBATH


“III” "Paranoid"
Atlantic Records Vertigo Records
Com 1969 a Um álbum intemporal e um dos mais
representar o ano
da descoberta e importantes trabalhos do heavy metal de
afirmação dos Led sempre. Reza a lenda que a banda o queria
Zeppelin como a
maior força do chamar de "War Pigs" - o primeiro tema
rock pesado a do álbum - mas a editora não achou muita
nível mundial, o
terceiro trabalho piada e reslveu chamar de "Paranoid", tema
da banda britânica escrito em literalmente quinze minutos,
representou a confirmação, embora tenha
sido recebido com alguma incompreensão que se tornou um dos grandes sucessos
por parte da imprensa que não esperava algo
tão diferente dos outros dois - bem vistas as da banda e um hino eterno do heavy metal. Mas além disso, este
coisas, a diferença não é assim tão grande. é um álbum que vê a banda a refinar a sua fórmula de heavy e
"Immigrant Song" e "Since I've Been Loving
You" são dois exemplos da sua riqueza. também do doom metal.

THE STOOGES BLACK SABBATH


"Fun House" "Black Sabbath"
Elektra Records Vertigo Records
É comum falarmos Um dos álbuns mais importantes de todos
aqui de álbuns
que ou foram os tempos. Podemos dizer que oficialmente
ignorados ou o heavy metal começa aqui. Que o doom
foram criticados
de forma negativa metal começa aqui. Apesar de termos muitos
mas que acabaram trabalhos anteriormente que evidenciam
por conquistar um
estatuto de culto as bases para aquilo que é o género hoje
e até servir de em dia - e nesta lista em concreto vamos
inspiração para gerações vindouras. É o
caso de "Fun House", o segundo álbum dos apresentar muitos desses, aqui é o mais
The Stooges que é cru o suficiente para
ser uma referência quer para o hard rock prósximo que temos da fórmula dos dois géneros em questão.
como para o punk. A intenção era de tentar Um clássico intemporal.
capturar em disco a selvageria da banda ao
vivo. Podemos dizer que foi conseguido..

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DEEP PURPLE THE WHO
"In Rock" "Live At Leeds"
Harvest Records Decca Records
Para com- O primeiro
pletar a trilogia álbum ao
sagrada
da música vivo dos The
pe-sada, Who que
teríamos que surgiu com
falar obriga- a intenção
toriamente
dos Deep de mostrar
Purple que que apesar
decidem dar de "Tommy",
um rumo um álbum
diferente ao
som com "In mais ce-
Rock", que vai na direcção daquilo que se convencionou rebral, que a banda continuava a ter em cima
chamar de hard rock, a exemplo dos Led Zeppelin. dos palcos um poder visceral. A missão foi
Estão aqui alguns dos melhores temas de sempre bem sucedida, já que "Live At Leeds" é um dos
dos Purple, onde se destacam naturalmente "Speed
grandes álbuns ao vivo de sempre.
DAVID BOWIE
King" e "Child In Time" e lançavam assim mais umas "The Man Who Sold The World"
fundações para o hard rock e heavy metal.
Mercury Records

Ta verdade
alvez seja uma surpresa para muitos
David Bowie aparecer neste top mas
é que este álbum (cujo tema-
título se tornou mais familiar após a
versão dos Nirvana no mítico "Unplugged
THE ROLLING STONES FREE
In New York") representa uma mudança
“Get Yer Ya-Ya's Out! The Rolling Stones In Concert” “Fire And Water” no som do cantor que aqui embarcou
Decca Records Island Records
por algo mais pesado. É visto como o
Mais uma Embora seja início do melhor período criativo do
vez é fácil o terceiro músico como também um marco que
justificar a álbum dos
presença de influênciou o rock gótico/pós punk e,
Free, para claro, glam rock.
uma banda muitos é
como The
Rolling Sto- como se
nes neste fosse o
top. Tudo primeiro,
porque se já que os
trata de um outros dois
lançamento passaram
ao vivo, onde os Stones surgem mais pesados praticamente despercebidos. "Fire And Water"
que nunca, demonstrando que o seu habitat é também mais um passo na solidificação do
natural são mesmo os palcos e que no seu som do hard rock, principalmente o seu êxito
sangue o rock corre livremente.
transversal, "All Right Now", hino maior tanto
da banda como do próprio género.

KING CRIMSON THE GUESS WHO


“In The Wake Of Poseidon” “American Woman”
Island Records RCA Victor Records
Sim, eu sei, Esta é uma
este não é b a n d a EMERSON, LAKE & PALMER
bastante
um álbum obscura, “Emerson, Lake & Palmer”
de hard mais conhe- Island Records
cida por esta
rock, muito música, que O primeiro álbum dos Emerson, Lake
menos de anos mais & Palmer, teria de constar neste top.
tarde seria Não só uma influência enorme para o
heavy metal, reinterpre-
mas um dos tada com rock e metal progressivo, como um
objectivos
grande su- início de carreira que foi bastante bem
cesso por Lenny Kravitz, no entanto temos aqui sucedido em termos comerciais. A
deste top é também incluir as principais o seu melhor trabalho onde o rock psicadélico
convive de forma perfeita com o hard rock típico mistura da banda entre rock, hard
referências para o género e não existem dúvidas
da década de setenta. Não só o seu melhor rock e até música clássica seria uma
que este álbum, tal como o anterior, é um trabalho como também o seu maior sucesso. das suas maiores marcas registadas
tratado para os géneros mais experimentais do seu som.
e aventureiros da música extrema.

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SIR LORD BALTIMORE BLOODROCK
“Kingdom Come” “Bloodrock”
Mercury Records Capitol Records
A banda Confesso
n o r t e - que só fiquei
americana a conhecer
Sir Lord este álbum
Baltimore e esta banda
pertence quando
ao lote de andava a
bandas investigar
desconheci- este top.
das para os Este álbum
fãs de mú- e esta banda
sica pesada mas vale a pena conferir este foi também uma das pioneiras na música pesada
álbum de estreia que foi o primeiro trabalho ainda que esteticamente se insiram na vertente
LUCIFER'S FRIEND a ser referenciado como heavy metal na hard rock / rock psicadélico que era tanto comum
imprensa escrita. Continua a ser considerado nesta época.
“Lucifer's Friend” como um dos marcos do heavy metal até
Philips Records aos dias de hoje.
O segundo álbum de David Bowie foi aquele
que o começou a apresentar ao grande
público. Este poderá não ser propriamente
o trabalho mais sólido mas é aquele onde
o músico ainda tem aquela costela mais art
rock, mais progressiva como também dá
indicação do glam rock conceptual que viria WARPIG ATOMIC ROOSTER
a marcar os próximos anos da sua carreira. “Warpig” “Death Walks Behind You”
Fonthill Records Elektra Records
Mais uma Apesar de
pequena ser uma
preciosidade banda, as-
que nos faz sumida-
levar a crer mente, pro-
gressiva,
que estamos os Atomic
perante um Rooster ti-
autêntico veram com
serviço este seu
público. segundo
Este foi o álbum um
único álbum editado pela banda canadiana dos seus maiores sucessos, assim como é
mas felizmente a sua memória permaneceu viva, também um bom exemplo de que o género
tendo sido já reeditado pela Relapse Records. progressivo começou a tornar-se um pouco
mais pesado já no início da década de setenta.
Hard'n'heavy com aquele feeling típico da década Até ao heavy metal ainda vai uma longa distância
de setenta que tem um charme que ainda hoje mas em relação ao hard rock nem por isso.
faz mossa.

MC5 TRAPEZE
“Back In The U.S.A.” “Medusa”
URIAH HEEP Atlantic Records Threshold Records
“... Very 'Eavy... Very 'Umble” Os MC5 Ao segundo
Vertigo Records regressam álbum, os

C heguei a encarar os Uriah Heep como com o seu Tr a p e z e


primeiro vêem-se
uma espécie de Deep Purple light mas a braços
isso é redutor de toda uma excelente álbum de
com uma
estúdio -
carreira que começou precisamente com mudança
"Kick Out de formação
este álbum, onde o primeiro tema é uma The Jams"
pesada "Gypsy", que é um dos maiores que os trans-
tinha sido formam
hinos da banda. Algures entre o rock gravado ao num trio
progressivo e o hard rock, este é um vivo - considerado por muitos um grande depois do vocalista e teclista abandonarem.
álbum mais que recomendado de 1970. flop. E embora não tenha o mesmo apelo Power-trio onde pontuava um tal de Glenn
do já citado álbum anterior, foi um trabalho Hughes que se torna vocalista principal e que
fundamental para solidificar a sua identidade tinha uma abordagem cheia de soul, tornando
e som e, principalmente, influência. o hard rock da banda bem rico.

80
Tenho que confessar que esta coluna nasceu por acaso. dono da Timely Comics, que surgiu a grande oportunidade
Sendo que a World Of Metal nasceu principalmente da minha de Stan Lee. Com apenas 19 anos, torna-se editor interino,
paixão pela música, pensei porque não deveria também posição que iria solidificar nos próximos anos, acumulando
explorar as minhas outras paixões? Quis o destino que com outras, tornando-se uma referência da futura Marvel
fosse por um motivo menos bom que esta decisão fosse Comics.
impulsionada: o desaparecimento de Stan Lee. Apesar de
uma vida cheia e preenchida, desapareceu um dos grandes Esta foi a chamada Era de Ouro da B.D.. A National Comics
responsáveis por aquilo que é a Marvel hoje em dia e pela (futura D.C. Comics) tinha o Super Homem, Batman e Mulher
criação de personagens que nos acompanharam a todos Maravilha, enquanto a Timely tinha o Capitão América,
durante a nossa infância, adolescência e idade adulta. Este Tocha Humana e Namor, O Príncipe Submarino - algo que
primeiro artigo será focado principalmente no seu trabalho focaremos nas futuras edições - mas foi na chamada Era de
mas posteriormente vamos levar-vos numa viagem, mais ou Prata que Stan Lee viria a gravar o seu nome com criações
menos cronológica, pela B.D. da Marvel e DC Comics - e de incontáveis personagens, algo que surgiu graças a Julius
outras editoras que tenham personagens de relevo dentro Schwartz, que reinventou e trouxe novas personagens como
do mesmo estilo. o Flash ou a Liga da Justiça, uma actualização da Sociedade
da Justiça da América. Não vendo muito futuro no seu
Este mês falamos exclusivamente de Stan Lee, que mudou trabalho, Stan optou por aceder ao desafio e criou uma série
de nome por ter alguma vergonha daquilo que as pessoas de personagens com características mais humanas, mais
dissessem quando soubessem que estava associado à indústria próximas da realidade e não tão acima da humanidade como
da banda desenhada - que na altura não era levada muito aquelas da concorrência. Trabalhando com artistas como
a sério e vista unicamente como algo exclusivamente para Kirby (de volta da D.C. Comics), Steve Dikto, Bill Everett,
as crianças. Parece incrível mas era esta a realidade das as bases para personagens emblemáticas como Quarteto
coisas, uma realidade que se alterou sobretudo graças ao seu Fantástico, X-Men, Hulk, Thor, Demolidor e claro, Homem
contributo que marcou gerações de crianças e adolescentes Aranha. Iria ser criada ainda a super-equipa Vingadores, onde
que cresceram e que não perderam o seu gosto, na sua juntariam personagens já criadas e acrescentando algumas
maioria, por personagens marcantes como X-Men, Vingadores novas, assim como recuperando outras da Era de Ouro,
e Homem-Aranha. como Capitão América e Namor.

A sua carreira na indústria começou na Timely Comics E este foi apenas o começo.
(aquela que se viria a tornar na Marvel Comics, título da
sua primeira revista alguma vez editada) e podemos dizer O legado de Stan Lee mais do que um punhado de personagens,
que começou mesmo por baixo. Tinha como tarefa assegurar é a capacidade de nos fazer sonhar, a sua capacidade dele
que os artistas tinham tinta suficiente, apagar os resquícios próprio sonhar, mesmo quando muitas vezes não acreditava
de lápis dos desenhos ou ler os textos para verificar erros. nos seus próprios sonhos. Felizmente acreditou o suficiente
Eventualmente teve a oportunidade de escrever uma história para nos ter acompanhado e continuar a acompanhar mas
do Capitão América, criado por Joe Simon e Jack Kirby. Foi principalmente por nos ter inspirado a todos. Por isso estamos
precisamente quando esta dupla saiu em desacordo com o todos gratos.
81
Parece estranho estarmos a começar esta rúbrica que visa fase da sua carreira, que gostamos do thrash metal lusitano
destacar todos os meses um álbum emblemático por um na sua génese, com todos os seus defeitos e virtudes.
trabalho que para todos os efeitos é novo. No entanto, não Para terminar, e este será um ponto em que também terá
só a sua qualidade garante o seu lugar aqui como também certamente peso na escolha destes World's Finest, a apresentação.
aquilo que representa e numa edição onde damos especial Muitas vezes, nas milhentas reviews que fazemos nestas
destaque às. Estamos a falar de uma banda que edita o seu páginas, não temos oportunidade (tempo) para analisarmos
álbum de estreia trinta anos do seu início, quando a banda também o artwork e embalagem e esse será sem dúvida
já estava extinta há mais de 20. Perseverança é dizer pouco, um ponto que temos que referir obrigatoriamente já que é
teimosia também não é propriamente o termo adequado. algo que acrescenta muito o seu valor. Sendo uma edição
Afinal como podemos descrever a paixão em acreditar em independente, totalmente DIY, temos um pacote para lá de
algo, algo que se sente e que muitas vezes não se consegue fantástico, onde além da tshirt e do CD splicase, temos dois
explicar. Nada como deixar a música deixar falar. pósteres e as letras dos temas no verso de cartões onde a
frente apresenta imagens criadas por Augusto Peixoto que
"The Cruelty That Enclosures" é um sonhado tornado já passou pelas páginas do nosso Artwork Insights, tornando
realidade, a materialização daqueles primeiros anos, daquelas este álbum não só essencial pela sua música mas uma peça
primeiras demos onde a mistura entre o thrash e o heavy de colecção muito apetecível pelo seu aspecto.
metal aconteceram de forma mágica. Os Dove pertence a um
lote restrito de bandas que apesar de não ter conseguido a
exposição que mereciam, mesmo assim conseguiram marcar
uma geração de fãs de música pesada. E a justiça faz-se com
este álbum de originais onde temos Pedro Gouveia na voz
(vocalista das primeiras três demos) assim como Henrique
Loureiro (que tinha colaborado com Augusto Peixoto nos
Cycles e nos Headstone e posteriormente Head:Stoned)
que também foi um dos pilares na composição daquilo que
podemos ouvir aqui. A longa de particpantes é longa e é bom
ver como todos se uniram em torno de um sonho comum.

E é engraçado notar como este lançamento, lançado em 2018


se apresenta como se tivesse sido registado na década de
noventa, com a mesma crueza e ferocidade e, de certa, forma
a mesma ingenuidade, o mesmo encanto. É um álbum que
poderá passar ao lado das grandes atenções internacionais,
que até poderá não ter o impacto significativo a nível nacional,
mas é nosso. Nosso que acompanhamos os Dove na primeira
82
Reviews do mes

22 3 MINUTES TO LIVE 45 TO ARGOS


“You Are Creating” “Strike The Shepherd” “XLV”
Long Branch Records Edição de Autor Edição de Autor
Não é muito costume Consta que este é o Interessante banda de
fora do contexto do rock terceiro álbum dos metal alternativo. Quem
clássico ou do metal diz metal alternativo
termos álbuns duplos norte-americanos 3
também diz rock.
conceptuais, mas é Minutes To Live mas
precisamente isso que Seis temas que têm
para nós é como se potencial radiofónico
os noruegueses 22
apresentam. E com um fosse o primeiro. Te- e que possuem bons
conceito que não é de todo mos aquele groove ganchos mas também
simples. Os 22 partem típico do metal sulista, não apresentam muitas
do princípio que a música não é criada por uns remniscente do nu-metal quando misturado mais atractivos do que esses. Boa produção, boa
e consumida por outros e sim que quem ouve
por thrash metal. O resultado até é bastante voz, mas depois... não temos muito mais que isso,
também tem a possibilidade de contribuir para o
processo criativo - daí o título do trabalho. É como engraçado, ainda que não muito memorável ficando a faltar algum arrojo para sobressaírem
se as músicas fossem apenas o príncipio para a no meio da maralha que anda por aí. Numa altura
- já todos ouvimos isto antes, certo? - pelo
viagem final que é efectuada por cada um dos em que a música está a cada pedra que damos
ouvintes, com as suas próprias emoções, o seu que o impacto será mesmo consoante o pontapé - embora hoje em dia seja mais fácil até
próprio som. Trocando por miúdos é um álbum gosto de cada um. Bons riffs, bons refrãeos encontrar músicas e bandas do que até pedras - é
de rock alternativo com tiques de progressivo, (da "House Of Cards" é fantástico) mas seria necessário haver algo que salte ao ouvido. Talento
dividido em dois discos (podiam estar os dois preciso algo mais.
num), e cheio de pormenores e detalhes, seja existe, só falta espantar-nos com ele.
nas letras como nas músicas em si que cabe ao
ouvinte descobrir. Um conceito intrigante com
música que se absorve muito bem.
[8/10] Fernando Ferreira [6.9/10] Fernando Ferreira [6.5/10] Fernando Ferreira

A TEAR BEYOND ABSTRACTER ACÂRASH


“Humanitales” “Cinereous Incarnate” “In Chaos Becrowned”
House Of Ashes Prod. Sentient Ruin Laboratoires Dark Essence Records
O terceiro álbum de Lenta descida até aos Occult hard rock. Este
originai dos italianos infernos, é o apanágio é um rótulo que nos
A Tear Beyond manda- deste terceiro álbum últimos dez anos anda
se para vários campos dos californianos muito na berlinda e ele
distintos, o que nem também chega ao som
sempre é resultado Abstracter que dos Acârash que no
positivo. No entanto, mergulha cada vez seu álbum de estreia
a coisa aqui até resulta mais no lamaçal têm essa referência
bem. Temos um ligeiro sludge de um doom como base mas depois
toque sinfónico que é acompanhado por metal enegrecido - de tal forma que até colocam-lhe em cima black e doom metal,
um lado mais gótico que já era mais que parece que escorre alcatrão das colunas numa mistura que não sendo inédita, não
expectável, mas depois também temos um deixa de ter o seu interesse. Som cru,
toque industrial que não sendo em demasia, enquanto ouvimo o álbum. Não é, de todo,
simples mas mesmo assim com groove
dá mais personalidade e dinâmica a estes dez de fácil audição, com um espírito para lá de e melodias invulgares que nos apanham
temas (contando com a intro "Humanitales" hermético onde parece que nem o ar entr. distraídos. Faz-nos lembrar Satyricon no
e outro "The Frozen Night"). Mas onde a Sendo composto por temas longos e apenas novo milénio, fase "Volcano", sendo que o
coisa resulta na perfeição é mesmo no mega dois breves interlúdios, torna-se complicado som aqui é bem mais orgânico. Som muito
épico "Tale" de quinze minutos. Sobriedade absorver tal negritude. Algo que nem com interessante que ganha ainda mais interesse
mas sem fugir ao que é esperado, este é habituação vai lá. No entanto, quem procura quando abrutalha um pouco como em temas
um álbum muito interessante e uma boa como "Shadows Roam".
introdução à banda. pela perdição, encontraram o sítio ideal.

[7.5/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira 83


ALUNAH ANTISOPH APARTHIVA RAKTADHARA
“Amber & Gold” “Antisoph” “Agyat Ishvar”
Edição de Autor Geisterasche Organisation Iron Bonehead Productions
Oh, não! Mais uma Os Antisoph surgiram Da Índia os Aparthiva
banda doom com uma nos escaparates com Raktadhara - agora
frontwoman! Não é a este álbum de estreia tentem dizer isto rápido
primeira vez que o vou auto-intitulado e que três vezes seguidas. Um
dizer - nem sequer a tem a capacidade de nos
primeira vez que vou deixar impressionados EP onde as sonoridades
dizer nesta edição - numa altura em que extremas estão na
mas quando a música não julgaríamos que ordem do dia e que
é boa, todas as teorias seria possível. Thrash têm por cima uma dose
da conspiração de que anda tudo à procura metal técnico e progressivo que é daqueles de ruído que tornam tudo numa grande
de uma fórmula específica para nos fazer capaz de desnortear qualquer um. Literalmente. bola ou massa de barulho que se torna
lavagem cerebral caem por terra. Um doom O nível técnico aliada à complexidade é de complicado discernir. Gravado ao vivo, há
metal a puxar pela voz da sua vocalista, Siân tal forma elevado que faz com que estes
Greenaway, e que nos traz tanto aquele sabor temas demorem a entranhar - o épico de aqui um ambiente muito próprio, isso é certo
típico do doom inglês, como também vai um treze minutos como "Distant Scream" é um mas para além disso, é complicado chegar
pouco mais atrás, ao proto-doom, que tudo exemplo maior disso mesmo. Um trabalho a uma conclusão mais sólida.
junto resulta de forma muito interessante, que poderá no futuro ter uma apreciação
principalmente com a cover "Wicked Game", bem mais positiva do que aquela que tem
bastante próxima do original, que por si só agora, mas temos que nos basear no aqui
era doom as fuck! e no agora. E agora é assim.

[8.6/10] Fernando Ferreira [7.3/10] Fernando Ferreira [5/10] Fernando Ferreira

ARABS IN ASPIC ARCANE TALES ARTILLERY


“De Dødes Tjern/ Step Into The Fire” “Legacy Of The Gods” “The Face Of Fear”
Apollon Records Prog Broken Bones Records / Silverstream Records Metal Blade Records

Dois novos temas Arcane Tales é uma one- Os Artillery já podem


man band de power metal ter mudado de vocalista
dos Arabs In Aspic sinfónico levada a cabo
que nos trazem a por Luigi Soranno, músico umas quantas vezes,
banda naquilo que e escritor de high fantasy. mas é inegável que
E é neste ponto em que com Michael Bastholm
sabem fazer melhor: activamos o nosso modo
rock progressivo tipi- céptico. É horrível de se Dahl, a banda não só
camente escandinavo dizer mas já ouvimos mantém a sua faceta
tanta coisa que já nos thrash metal como
que vai beber à fonte clássica da década de parece incrível termos uma one-man band de
setenta. Lançado em vinil, isto é material power metal sinfónico que consiga marcar a
ainda tem um alcance melódico muito mais
diferença. Efectivamente não marca. Não é que alargado. As malhas tornam-se ainda mais
para coleccionadores, é certo, mas os fãs da
tenhamos má música mas não consegue passar catchy, algo onde também teremos que
banda de certeza que não ficarão indiferentes. da mediania. A produção, típicamente caseira, atribuir responsablidades aos manos Stützer,
Até pode servir para atrair novos à causa. prejudica sobretudo no som de guitarra (que
por momentos até parece digital). A voz é boa que continuam com aquelas guitarradas
mas infelizmente surge muito colada ao timbre inconfundíveis, seja nos riffs seja nos solos.
daquele que é o lugar comum do género, o que Este é talvez um dos álbuns mais acutilantes
não ajuda a que se leve este trabalho a sério. E da banda dinamarquesa dos últimos anos e
o irritante é que temos aqui boas ideias, mas a
forma acaba por arruinar o conteúdo, que para nós só temos é motivos para ficar contentes.
começar nem é muito original. Esta artilharia continua a levar tudo à frente.

[7/10] Fernando Ferreira [5/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira

ASHES REBORN ASTRAY VALLEY ATAVISMA


“Contamination” “Unneth” “The Chtonic Rituals”
Firecum Records WormHoleDeath Records Memento Mori
"Contamination" é As estreias são Os Atavisma chegam-
uma daquelas bu- constantes, é impres- nos de França e tocam
jardas à antiga. O sionante o ritmo desta metal extremo, lento
segundo álbum dos nossa indústria que e ameaçador embora
vimaranenses Ashes
Reborn (de acordo encontra sempre também capaz de oca-
com o Metal Archives novos sangue para sionais explosões.
é o primeiro, por trazer ao público. Neste Criam um ambiente tão
isso meninos, não caso, os nuestros denso que por vezes
acreditem em tudo o que vêm na internet) hermanos Astray Valley trazem-nos um até dá a sensação que estamos perante
é poderoso e assume-se como um trabalho metalcore bastante próximo do death metal algo próximo do black metal. Apesar de
death/thrash cheio de poder, não esquecendo melódico, com um grande sentido ambiental e
a parte mais tradicional do estilo, ou seja, ser doom metal, a inteligência como usam
os solos de guitarras. Podemos dizer que com bons temas, apesar de descaírem de vez a lentidão nalguns temas faz com que
a abordagem vocal, também ela tradicional em quando para os lugares comuns, sendo seja tudo menos aborrecido - reparar na
mas desta feita com o death metal, acaba que a excelente voz de Clau Violette acaba "Monoliths" e na forma como vai construindo
por retirar alguma da dinâmica a estes temas por ser o ponto decisivo para que se torne uma teia de aranha em forma de riffs e
mas o que lhes falta neste ponto, sobra- algo mais do que apenas mais um grupo. melodias macabromelancólicas. Uma estreia
lhes definitivamente em poder e energia. muito interessante que recomendamos aos
Pesado e bruto, está aqui um belo exemplar
da capacidade destrutiva lusitana. aficionados de death/doom metal.

84 [8/10] Fernando Ferreira [7.6/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando Ferreira


ATTRACK AUTOVOID REDEMPTION AZUSA
“Um Salve da Selva” “Special Place” “Heavy Yoke”
Edição de Autor Edição de Autor Indie Recordings
A mistura de metal com Bom trabalho de O conceito de super
rap já é coisa para se poder estreia dos brasileiros - banda já não im-
comparar com o musgo.
Alguns podem achar Autovoid Redemption pressiona ninguém
interessante, outros podem que nos trazem um e até é desvalorizado
achar nojento. Acaba por stoner/sludge metal de sempre que puxado
ser sempre de acordo com
os gostos de cada um mas impor respeito, bem mas neste caso basta
uma coisa poderemos estar raçudo e poderoso. deixar a música falar
de acordo: há já muito Gostaríamos de ter por si. Temos o baixista
tempo que a moda em relação a este tipo de som mais informações sobre a banda, mas na dos The Dillinger Escape Plan, o baterista e
já morreu. De acordo com o que podemos ver e
ouvir aqui, os Attrack não andam à procura de falta disso, o melhor é mesmo deixar a música guitarrista dos Extol e a vocalista dos Sea
uma boleia para o sucesso e o seu som soa bem falar. Ritmos gingões e guitarras inspiradas + Air, ou seja, membros mais díspares não
honesto e por isso mais forte. Claro que quem com uma voz mais que perfeita para este poderiam haver mas a música, embora
tiver aversão ao rap, dificilmente vai conseguir
distinguir o quer que seja. É assim que funciona tipo de coisa, em quatro temas que fluem reflicta essa disparidade, é boa demais para
o preconceito. A produção é sólida assim como muito bem e que em menos de um repente que não nos faça mossa. Temos o sentido
estas músicas que soltam palavras de ordem com pede para que se lhe dê mais uma voltinha. espásmico dos The Dillinger Escape Plan, a
sentido, cantadas em português excepto pela
"Fight In The Right" (que pelo sotaque carregado, fúria thrash técnica e esquisita dos Extol e
o melhor é mesmo cantar em português. Com os dos Sea + Air temos Eleni Zafiriadou, que é
defeitos que encontramos no género em si, é um um espectáculo à parte. Um trabalho que se
bom álbum para tem o espírito aberto). estranha vezes sem parar mas antes disso
já está bem entranhado.
[6.8/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [8.6/10] Fernando Ferreira

BARST BILLYBIO BIOLENCE


“The Endeavour” “Feed The Fire” “Violence Exhumation”
Consouling Sounds AFM Records Edição de Autor
O título "The Endeavour" Falar de BillyBio é o Biolence é sinónimo, para
(traduzido como "O mesmo que falar de quem ainda não sabe, de
Billy Graziadei, o principal Biological Violence, sem
Empreendimento") vocalista dos norte- trocadilhos ou rodeios
não poderia estar americanos Biohazard, à moda do Porto. Uma
mais apropriado para uma das principais forças violência biológica oriunda
do crossover da década da cidade invicta, que
este álbum dos Barst de noventa. O músico é viu nascer bandas de
que nos trazem apenas conhecido por também ter uma extrema qualidade,
um tema de quarenta tido uma série de projectos e brutalidades jamais
e dois minutos que é uma daquelas viagen além dos Biohazard sendo que o mais recente são ouvidas.Com vinte anos de carreira, poucos
os Powerflo. Nesta nova carreira a solo, Billy surge serão os que não reconhecem a atitude guerreira
dignas de ser encetadas, muitas vezes. E igual a si próprio e a fazer o som que lhe é esperado e o poderoso som destes senhores.Em tributo às
viagem é o termo mais apropriado, já que - e até de certa forma exigido. O que "Feed The duas décadas dos portuenses, é disparado sem
tudo flui, como água, onde parece que não Fire" traz não é algo muito longe do que poderia piedade o trabalho Violent Exhumation, como se
estar num álbum dos Biohazard, e de certa forma houve-se ainda algo a provar, lançam o álbum
há nada forçado, nada contra a corrente. Os esse ponto poderá trazer alguma confusão. Se em que é um apogeu sonoro em prol do bom Death/
elementos electrónicos fundem-se bem com termos criativos não se encontram muitas razões Thrash metal, banhado a black metal. Reúne assim,
os mais orgânicos e não perturbam esse para a sua existência, a qualidade, essa, agradará músicas que têm sido tocadas ao vivo, verdadeiros
fluxo natural das coisas, aliás, até o ajuda. sempre para quem gosta desta abordagem única hinos imortalizados nas set-lists da banda nestes
ao hardcore, sempre com o thrash como base. anos de caminhos metálicos. E que agora podemos
Suave, agreste, viajante e desafiador. Motivos usufruir e ouvir nesta belíssima gravação limitada
não faltam para embcarcar nesta viagem. apenas a 66 cópias, uma autêntica relíquia. Muitas
foram as mudanças de line-up ao longo dos
tempos, mas interferências à parte, a essência
[8/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira base foi irreversívelmente captada com toda a
alma e diversidade sonora explorada pela banda.
Falando sobre os temas deste "Violent Exhumation",
BLACK JUJU INC. BLACK SPACE RIDERS logo de primeira, a voz agressiva faz-nos reagir
automaticamente, pois atira-nos à cara com um
“Crosses and Crossroads” “Amoretum Vol.2” death/thrash simples e directo. Os riffs acutilantes
Valentin Music Records Black Space Records / Cargo Records
e detalhados, delineam-se e desenvolvem-se na
esfera do trabalho de bateria, cheio de blastbeats
Trabalho bem interes- Parece que foi ontem sedentos de headbanging. E quando necessário
sante apesar do nome da o ambiente sonoro acalma, e devaneiam por
que ouvimos falar dos trilhas melódicas , devidamente construídas e
banda que não lembra ao Atreyu pela primeira talhadas para nos elevar a outros horizontes,
diabo e da indicação que vez e aqui estamos a quase a relembrar uns Dark Tranquility em certos
se trata indicado para analisar o seu sétimo momentos, mas sem possível comparação no
fãs como Fear Factory, expoente máximo de brutalidade composta por
álbum quase duas Biolence. "Death is Reality" e "Manipulação" surgem
Alice In Chains e Prong. décadas depois. como bônus, duas faixas que completam todo
Apesar de ter pontos em Confessamos que a o contexto comemorativo de uma carreira que
comum com os géneros em que as referidas ainda agora vai a meio, e muito mais virá com
banda nunca foi daquelas que fez o nosso muita criatividade e "biolência". Versáteis na arte
bandas se movem, a sonoridade acaba por sangue ferver mas sem dúvida que a banda que fazem, os Biolence vão além do mero Death
ficar mais no rock/metal alternativo (por vezes conseguiu estabelecer uma bela carreira Metal agregado ao Thrash e Black Metal, exploram
a roçar o nu-metal) sem propriamente prender- outros géneros e sub-géneros bem orelhudos, que
furto da sua junção de melodia e peso, complementam a sua existência sem deixarem-se
se a nenhum dos universos, algo diferentes
com refrães marcantes, algo que continua estagnar. Tal como o artwork demonstra é o hastear
entre si, das bandas citadas. Bons temas mas
aqui bem presente. Mesmo sem conseguir da bandeira desta guerra pela sobrevivência no
falha em apresentar ganchos que nos agarrem underground português, o momento da vitória,
deslumbrar, não temos nada a apontar a este
irremediavelmente. mediante as intermináveis batalhas de manter viva
trabalho que consegue puxar para uma ou uma banda no nosso meio. Além de vencerem
duas voltas sem dificuldades. honradamente, e serem pilares fundamentais da
breve história do metal nacional, continuam a lutar
por mais e melhor, sem cessar fogo.

[6/10] Fernando Ferreira [7.8/10] Fernando Ferreira [9/10] Cátia Godinho 85


BLOQUEIO MENTAL BOOKAKEE BRAINSTORM
“Demente” “Ignominies” “Midnight Ghost”
Edição de Autor Transcending Records AFM Records
Apesar da longa carreira Este é um daqueles álbuns Um novo álbum de uma
dos Bloqueio Mental que tem tudo para não das bandas mais regulares
deixar quem quer que do Power Metal é sempre
(consta que são quase um grande acontecimento.
duas décadas) temos que seja indiferente. A capa
até poderá ser um pouco Os alemães lançaram
confessar que o nome nos a atirar para o horrível recentemente este 12º
é desconhecido. Ou pelo mas a forma como este álbum de originais e a
menas era. "Demente" primeira impressão é que
death metal ultra-técnico a temática de monstros e
é o seu mais recente se junta à melodia (apesar ambiente terror série B do
trabalho e apresenta-se de alguma previsibilidade álbum anterior, Scary Creatures, é mantida. Assim
com aquela mistura tão grata a muitas bandas de alguns breakdowns típicos de metalcore ou que as faixas começam a tocar, o seu Power melódico
deathcore) é para demais viciante. Admitimos, é apoiado por grandes riffs e a inconfundível voz de
brasileiras, misturando thrash e hardcore (sim, preciso um certo estofo e/ou pre-disposição para Andy B. Franck, são bem indicadores da presença
sabemos que essa é a definição do crossover por este tipo de coisa, seja para os malabarismos das de um grande album. Midnight Ghost foi produzido,
excelência, mas também há por aqui algo mais guitarras e baixo seja com a voz à lá slam brutal projetado, misturado e masterizado por ninguém
extremo) com bons resultados embora a produção death, mas a verdade é que a coisa resulta e menos do que Sebastian "Seeb" Levermann (Order
seja um impedimento para que possamos ouvir resulta bem, até mesmo em temas com mais de Ogan) e o resultado é excelente. É claro que alguns
com calma esta dúzia de músicas. O poder perde- onze minutos (!) como é o caso de "Scullion" ou poderiam argumentar que é a mesma fórmula, segura,
numa inesperada cover do Super Mário em "Mario mas aqueles que gostam de Power Metal forte e
se um pouco embora a brutalidade se mantenha. melódico, tipicamente europeu, não se importam.
Whirl". Sim, o canalizador italiano da Nintendo.
Será mesmo para os aficionados do género. Seguramente um dos melhores albuns de Brainstorm,
que se ouve de uma ponta à outra. A palavra final
para a impressionante caixa de edição limitada com
um verdadeiro despertador estilo antigo.

[6.2/10] Fernando Ferreira [8.8/10] Fernando Ferreira [9/10] João Santos

BREATH OVER COMA BURNING WITCHES CALLIDICE


“Leaders” “Hexenhammer” “Anthem For Resistance”
Edição de Autor Nuclear Blast Records Inverse Records
Os Breath Over Coma Já há muito tempo que Da Finlândia não existe
chegam da Grécia e as bandas constituídas dúvidas em relação
apenas por mulheres
encantam todos sem deixaram de ser um à sua qualidade,
grandes dificuldades, chamariz de marketing. principalmente no
com um rock alternativo Não que tenha deixado campo do death metal
de ser apelativo, mas o melódico. Essa é a
que vai bem além do facto de ser mais comum
que é expectável do e de termos cada vez nossa eterna expectativa
género - aliás, dizemos mais o sexo feminino mesmo quando nos
que é rock alternativo por conveniência e por representado no metal, deixou de ser algo exótico. surgem bandas novas como é o caso dos Callidice.
E no final, o que interessa mesmo é a música certo?
ter alguns elementos em comum. Grandes E nesse ponto as Burning Witches dão cartas com A banda com quatro anos de existência já lançou
melodias e um groove assinalável que em um álbum de heavy metal épico que consegue dois EPs e agora lança o álbum de estreia que
temas como "Duncan Harris" e "I, The Animal" cativar do início ao fim. Alguns poderão falar de consegue cativar com grandes malhas, melodias
retro, já que este som é bem clássico, no entanto, contagiantes e um poder old school (dentro
apaixonam logo à primeira. Um nome que é heavy metal. Se aparecesse de outra forma, já
merece não ficar confinado às fronteiras do não seria heavy metal, seria outra coisa qualquer - do género que estamos a falar) que não deixa
seu próprio país. nada contra as "outras coisas quaisquer". Grandes de impressionar a cada vez que o ouvimos.
malhas, uma grande voz, grandes guitarradas e Ainda para mais por se tratar de um álbum
uma secção rítmica que mantém a tudo coeso. conceptual que conta uma história tocante de
Procuras por heavy metal? Não procures mais,
tens aqui o que procuras. Do bom! amizade. Um pequeno bónus.

[8/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando Ferreira

CHROME DIVISION CIRCENSES CITY OF THIEVES


“One Last Ride” “Tightrope Walk On The Ground” “Beast Reality”
Nuclear Blast Records Inverse Records Frontiers Music
De vez em quando Apesar do rótulo Mais um nome da
acontece, termos álbuns de death metal pro- Frontiers, e natural-
que anunciam o fim de mente tendo em conta
uma banda. E esses gressivo, aquilo que
álbuns nem sempre são encontramos é um a aposta do selo italiano
memoráveis. No caso dos death metal moderno na linha hard ‘n’ heavy,
Chrome Division, sendo com toques melódicos com “Beast Reality”
que o propósito da banda - embora muitas vezes estamos perante um
é simplesmente rockar de parece que anda bom álbum, mas
forma descomprometida, bastante próximo do que não deslumbra.
a expectativa logo à partida também não é alta metalcore. A realidade estará conciliada entre Os sucessivos lançamentos do género que
para que tenhamos a reinvenção da roda. O que me tem chegado às mãos tem afinado ou
temos é simplesmente o hard rock sujo e sem uma destas duas opções, num resultado
tretas por parte da banda norueguesa. Os Chrome sóbrio que nos traz bons resultados em temas apurado os meus sentidos para o que ouço
Division completam quinze anos de carreira quando como "Lunacy" e "My Mask", onde a melodia e naturalmente a fasquia vai ficando cada
a mesma chega ao final mas não poderia acabar da surge sobretudo nos riffs e em grandes vez mais elevada e sinto que aqui, com boas
melhor forma e por isso também é apropriado que solos de guitarra, mas não deixamos de ter melodias, um rock pesado e bons riffs, os
o vocalista original, Eddie Guz, volte para a banda a sensação de que faltam por aqui ganchos CoT são uma banda a ficar debaixo de olho,
para a despedida. Rockão gingão mas longe de ser que sejam mais efectivos. No entanto, olho mas tem de ter a ambição de não ser mais
tosco, este é um trabalho que se assume como neles, que há aqui talento para surpreender. um para se juntar ao grupo, o que tendo em
uma grande despedida. Não sabemos ainda o seu atenção a qualidade do catálogo da Frontiers
lugar na discografia da banda - provavelmente só
o tempo o dirá - mas vai andar por aqui a rodar se afigura tarefa árdua.
durante alguns tempos.

86 [8.8/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira [7/10] Miguel Correia


CODENAME: DELIRIOUS COFFIN BIRTH CONSTRUCT OF LETHE
“The Great Heartless” “The Serpent Insignia” “Exiler”
Edição de Autor Narcotica / Time To Kill Records Everlasting Spew Records
Tenho que confesssar Todos gostamos de Segundo álbum de
que este não é exac- death metal sueco, uma banda que está a
tamente o estilo que certo? Até gostamos aos poucos a construir
de death metal sueco uma boa reputação
esperava encontrar
graças também a uma
neste trabalho dos quando nos chega por solidez presente nos
Codename: Delirious. parte de uma banda seus lançamentos até
Diz o facebook, na sua que vem da Itália e de agora. "Exiler" é apenas
página oficial, que se Malta. Sim, podemos o segundo álbum mas
trata de dub metal. Por muito parvo que dizer que temos uma super banda que junta é representativo dessa solidez, com um death
pareça, até que não é algo desfazado embora membros de Hour Of Penance, Fleshgod metal que tanto aponta na direcção de uns Morbid
na prática o que temos mesmo é uma espécie Apocalypse, Beheaded e Buffalo Grillz. Angel mais brutos assim como uns Immolation
Promete, não é? E cumpre. Sim, sim, é mais dinâmicos. São duas referências que se
de metalcore / nu-metal industrial cheio de
sentem sobretudo no trabalho de guitarra, fruto
melodias cativantes. Claro que este formato death metal conforme as regras estabelecidas de uma dupla experiente. Complexos, brutos
é daqueles que faz comichão na espinha dos trinta anos atrás, mas porque raio é que mas sem perder de vista que o importante é ter
mais alérgicos e é compreensível, mas ainda isso haveria de ser mau. É simples sem músicas que não sejam apenas veículo de exibição
assim, está bem construído e explorado. É ser básico, soa bruto sem ser plástico e é técnica, este é um trabalho cujos fãs do género
pena é que não se diferencia muito do que um trabalho ao qual nos vemos voltar com não vão conseguir encontrar defeitos, ainda que
é comum encontrarmos. frequência. Não sabemos se é para durar, não seja fácil de interiorizar - não que isso seja
mas para já, esta "Serpent Insignia" deixa propriamente um defeito.
uma boa impressão.
[6/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando Ferreira [8.9/10] Fernando Ferreira

CREYE CULT OF SELF DESTRUCTION CURSE UPON A PRAYER


“Creye” “Exitium” “The Three Woes”
Frontiers Music War Productions / Base Records Saturnal Records
Os suecos Creye, são Álbum de estreia A Finlândia sempre
uma formação com base deste duo que se
na suécia, país profícuo apresentou uma
em nomes AOR. Boas apresenta como Cult sonoridade diferente
harmonias, riffs melódicos, Of Self Destruction e
rock direto sem rodeios que nos traz um black na música extrema do
num disco que foi de metal bem dinâmico rest dos seus vizinhos
“fácil” de ouvir, pois e melódico. Agora escandinavos e os
fluiu e sem espaço para
clichés musicais. Mas bato calma, por melódico Curse Upon A Prayer
na mesma tecla de outra review. A Frontiers tem não estamos a dizer (um nome incomum e
apostado forte no género, ainda bem, vem nomes que se trata de algo acessível. Apenas nos pouco catchy) são a excepção que comprovam
com qualidade, vem outros candidatos a mais um e apresenta uma atmosfera criada por teclados
sinto os Creye estão no lote da qualidade. A minha a regra. Trazem-nos black metal melódico
que oferece uma dinâmica acrescida e faz
interrogação vai para o mercado, para o espaço
a diferença no resultado final. No entanto, como mandam as regras da segunda vaga
atual que o mesmo terá para eles e para outros que
procuram o seu lugar ao sol. Sei que nos tempos que apesar desses elementos, tudo encaixa muito mas conseguem soar originais o q.b. - ou
correm muitas bandas old school cessam atividades bem e funciona como uma unidade onde o pelo menos interessantes o suficiente para
e que novos nomes terão de surgir, mas e o pessoal principal são mesmo os temas, como é o que não pareçam cópias. Três temas que
está disposto a dar uma oportunidade a estas novas caso de "Moon On Saturn" onde os riffs e os
bandas? Neste caso, com 4 anos de vida, pelo apesar de saber a pouco, dão boas indicações
menos é isso que nos é dado a entender, estes teclados juntam-se para termos um grande do seu valor.
suecos merecem mesmo a oportunidade de serem malha. Um bom início de carreira.
ouvidos e apreciados, pois este trabalho é mesmo
muito convincente e merece isso!

[10/10] Miguel Correia [8/10] Fernando Ferreira [7.2/10] Fernando Ferreira

DAPUNKSPORTIF DÉLÉTÈRE DEMON HEAD


“Sounds Of Squeeze 'o' Phrenia” “De Horae Leprae” “The Resistance”
Rastilho Records Sepulchral Productions The Sign Records
Apesar do silêncio Quem diria que Este EP dos Demon
desde o último álbum o Quebec era Head é um excelente
("Fast Changing sinónimo de black aquecimento para o
World" de 2012), não metal escandinavo próximo álbum da
seria esperado que da segunda vaga.
Bem, talvez seja uma banda que vai surgir
encontrássemos uma generalização muito no próximo ano. Trata-
revolução no mundo grande tendo por base se de dois temas onde
dos Dapunksportif. A o trabalho dos Délétère todo o charme da
banda também não esteve propriamente parada mas a verdade é que o duo canadiano traz- banda dinamarquesa se espalha de forma
seja com concertos da sua banda seja com nos com este segundo álbum uma lembrança irresistíel. Para quem não os conhece, trata-
novos projectos. Mas o que temos aqui é o de como o black metal podia ser melódico se daquele feeling meio doom, só que em
bom velho rock (com a habitual piscadela a e ameaçador ao mesmo tempo, sem que
tivessemos necessidade esmiuçá-lo ou criar vez de ter os pés no metal, tenm os pés
um feeling punk) dos Dapunksportif. Rockão novas categorias musicais ou subgéneros. assentes no rock ou no hard rock vá. EP
com um groove muito próprio, onde temos Este é um álbum imponente e impressionante de 7" limitado a 500 unidades, esta é uma
também uma atmosfera ou ambiência única que não cansa apesar da sua mais de uma peça de colecção mas talvez seja algo curto
que tornam este trabalho digno de pertencer à hora de duração e de ser composto na sua para aqueles que querem ser introduzidos
discografia da banda. Acaba por essa atmosfera maioria por temas longos - o mais pequeno a sério à banda.
o ponto de destaque e fio condutor a todos tem quase seis minutos. Sem dúvida um dos
os temas. Para descobrir e deixar crescer. grandes destaques do ano.

[7.5/10] Fernando Ferreira [8.9/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira 87


DEPTHS ABOVE DISOWNING DISRULE
“Ex Nihilo” “Battle Of Nerverness” “Sleep In Your Honor”
Edição de Autor Xenokorp Records Seeing Red Records
Álbum de estreia - que Primeiro lançamento O segundo álbum dos
também passaria por EP deste projecto dinamarqueses Disrule
já que estamos a falar de traz-nos um doom metal
quatro temas em pouco internacional - que
mais de trinta minutos - o é sem ser uma clássico, algo próximo
dos checos Depths Above superbanda - e apesar do heavy metal e com
que é uma mistura muito aquele espírito bem
interessante de música de ser complicado hoje
em dia uma banda orgânico. Aliás, espírito
extrema. Temos a aura
do black metal, alguma orgânico é o que temos
surpreender, sem
da técnica do death metal, os andamentos e mais aqui. Este trabalho foi gravado ao vivo
desvirtuar muito o género, os Disowning
paisagens do doom metal, isto tudo com aquele em apenas dois dias e isso nota-se pela forma
feeling caótico e dissonante que associamos a até não se dão mal. Temos um death metal directa como os temas fluem. Em termos de
bandas como Deathspell Omega, sem no entanto old school, a pender para o técnico e que som, o mesmo também está adequado ao
haver uma colagem directa aos franceses ou a apresentam uma sonoridade bem poderosa.
qualquer outra banda. Trata-se de uma estreia estilo, com fuzz e sujidade suficiente para nos
valorosa que rasga interiormente e procura o seu Com apenas cinco temas em menos de vinte manter a bordo. É um bom trabalho, curto mas
lugar. Não é algo pacífico (a imagem de termos minutos não conseguimos chegar a nenhuma que surge na medida certa. Desconfiamos
algo a rasgar-nos a carne por dentro não é de conclusão definitiva, mas o que podemos que se o mesmo tivesse mais um tema que
todo por acaso) mas este ente estranho acaba dizer é que este é um EP que se ouve muito
por se tornar parte de nós. provavelmente seria demais.
bem e que deixa boas indicações para uma
eventual confirmação.

[8.6/10] Fernando Ferreira [7.4/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira

DISTORTED FORCE DOOMSDAY OUTLAW DR. BIFES & OS PSICOPRATAS


“Curves Of Sidereal Cosmos” “Suffer More” “3º Testamento”
Edição de Autor Frontiers Music Hell Xis Records
Terceiro álbum por Os Doomsday Outlaw, Quis o destino que este
parte dos gregos ufa que até custa dizer, álbum fosse lançado
Distorted Force que chegam com o seu a título póstumo de
foram para nós uma segundo disco e aqui Sérgio Curto, o Dr.
boa surpresa. Metal custa menos, mas sem
dúvida, ouvir. Rock ‘n’ Bifes. A Hell Xis sentiu-
progressivo ambicioso
e épico - Três temas Roll, traduzido em 15 se obrigada a fazê-lo
ultrapassam os dez temas ultra fenomenais, e a entregar todos os
minutos e desses, um que nos fazem navegar lucros à família, uma
deles ultrapassa os vinte minutos de duração, desde o início, numa onda sonora muito clássica, atitude rara (única?) no nosso underground e
numa vertente pesada do género onde temos com Groove, blue, grandes solos, cheio de que representa o espírito de união que Sérgio
alma e com todos os ingredientes musicais.
a mistura de heavy/power metal com death Trata-se de um disco que não nos deixa ficar encarnava. Musicalmente, o "3º Testamento"
metal (neste caso as influências death metal parados, mexe, e é contagiante. O que pensam não poderia ser melhor - punk rock potente
estão limitadas às vocalizações). Poder e esperar deles e de “Suffer More” é na realidade (esta produção é um mimo), que de vez em
virtuosismo que apesar da duração dos temas o que vão obter, honestamente estava longe quando evidencia poder mais hardcore e até
e do álbum (quase uma hora) resulta bastante de estar a fazer esta review, porque nem me
bem. Conseguiria ter um impacto maior se metal, com letras blasfemas, ao melhor estilo
apercebi do lançamento, mas quando a recebi
a promo que nos foi enviada tivesse mais a expectativa foi elevada, pois havia o mínimo horror punk que resultam num trabalho que
qualidade - algo que não será certamente que sabia que iria ter e isso foi sem dúvida é o legado perfeito para o talento de Sérgio
problemático para quem comprar o álbum. superado! Bem-vindos! Curto, o Dr. Bifes. Para rodar sem parar.

[7.5/10] Fernando Ferreira [10/10] Miguel Correia [9/10] Fernando Ferreira

DRAGHKAR DROWNING DYSTOPOLIS


“The Endless Howling” “23” “V.EN.O.M.”
Craneo Negro Records / Nameless Grave Records Demons Run Amok Entertainment Ram It Down Records
Dos E.U.A., os Draghkar Um dos meus principais O power metal alemão,
que têm andado bas- e primordiais problemas
com (um certo tipo de) sempre foi uma
tante activos nos hardcore, foi sempre com referência e assim,
últimos tempos, prin- a forma de cantar. Ou pelo
cipalmente agora em muitos dos novos
menos numa altura em que
2018, sendo que era bastante ferveroso do nomes têm ido buscar
este é o seu terceiro metal e tinha aversão a tudo inspiração a essa
o que fossem resquícias de
lançamento (os dois música dita urbana. Bem, escola. Naturalmente
anteriores foram splits passados todos este sanos, posso dizer que muita que uma banda cujas
com Desekryptor e Ossuarium. com uma água passou debaixo da ponte e que hoje já me é fundações são germânicas e a sua orientação
abordagem bem podre, este é um death possível apreciar a música sem estar com as portas do
musical se enquadre dentro do referido
metal primitivo mas longe de ser tosco. preconceito bem fechadas (ou aberta, como quiserem
Quer-se dizer, é um bocado tosco mas a sua encarar). A tendênbia para não gostar de "23" surge género, nada mais normal do que tudo soe
assim que temas como "Danny Gunnz" ou "World Of então dentro dos padrões. Falo assim dos
tosquice não impede que tenham ambição Snakes" apresentam essa forma de cantar, própria de
nas suas composições e que as mesmas não um álbum de rap. Mas esse é mesmo um detalhe, Dystopolis, da Ram It Down Records, que
sejam bastante dinâmicas, que o são. Tem porque o que interessa é a forma como a música vem reforçar a fileira do underground power
um encanto especial, mesmo que passe ao é tratada. Não fossem os milhentos breakdowns,
até poderíamos ter algo mais interessante, mas metal alemão com um excelente disco.
lado daquilo que é moderno e comercial no infelizmente, aos nossos ouvidos, não é isso o que “V.EN.O.M”, tem tudo para ser um clássico,
espectro do metal moderno. acontece. Ao final da terceira música já estamos pois há por aqui muito material de qualidade
cansados e a pensar noutra coisa qualquer. Mas
isso somos apenas nós. para se ouvir e certamente que não se vão
arrepender de o fazer.

88 [7.3/10] Fernando Ferreira [6/10] Fernando Ferreira [10/10] Miguel Correi


E-AN-NA EARTHLESS EINHERJER
“Jiana” “From The West” “Norrøne Spor”
Edição de Autor Nuclear Blast Records Indie Recordings
Fantástico EP de Os Earthless podem ter Os vikings estão de
uma excelente ban- mudado um pouco com volta. Depois da regra-
da de folk metal da o seu último álbum de
originais "Black Heaven" vação do mítico álbum
Roménia. E-A-Na po- mas sem dúvida que a de estreia "Dragons Of
de ter até um nome banda ao vivo continua The North" em 2016,
esquisito (que tem) a dar-lhe bem nas chegou a altura de
no entanto consegue mega longas jams voltar aos originais,
instrumentais viajantes.
apresentar música Este álbum ao vivo é a prova de que precisavamos. onde a banda revela-
suficientemente boa para que isso nem São sete temas (onde se inclui uma curtíssima se cada vez mais madura e num ponto de
sequer seja uma questão. Festivo e animador, "Volt Rush" e a cover "Communication Breadown" equilíbrio entre a fase mais inicial da sua
estas faixas são matéria para provocar uma dos Led Zeppelin com direito a solo longo e carreira e os trabalhos mais recentes. Som
bela festarola em cima de um qualquer palco. tudo), com uma sonoridade podre mas com poderoso, groove a rodos e aquele feeling
aquele feeling fuzz bem vivo e que no fundo
A banda é praticamente desconhecida e este deixam um aroma no ar a deserto ao qual próprio do que se convencionou chamar de
EP, tirando mais alguns singles, é o único não conseguimos resistir. Talvez quem tenha viking metal. Bons temas que se estabelecem
lançamento que têm, por isso é algo que começado por "Black Heaven" não consiga facilmente entre os melhores que a banda
recomendamos a todos os fãs de metal. encaiar tão bem este álbum ao vivo, mas para já fez anteriormente e onde se junta uma
quem gosta do espírito desta banda ao vivo
(ou seja, longas jams orgânicas), então este excelente cover de Motörhead, "Deaf Forever".
trabalho é simplesmente obrigatório.

[8/10] Fernando Ferreira [9.2/10] Fernando Ferreira [8.8/10] Fernando Ferreira

EMPTY V ENDRE OLSEN ENGST


“Mus-Pri” “Bøttevis Med Blått” “Flächenbrand”
Raging Planet Records Apollon Records Arising Empire
Por vezes é engraçado Consta que este é o Os Engst são uma nova
quando fazemos o primeiro álbum de En- banda de Berlin que
caminho inverso. O dre Olsen cantado em
caminho natural é com "Flächenbrand"
ouvirmos o álbum norueguês e que se trata chegam ao tão aguar-
de uma banda e também do seu primeiro dado álbum de estreia.
depois eventualmente álbum a solo, depois de O seu som é uma
apanhá-la ao vivo ter gravado com bandas
e comprovarmos a mistura de rock e metal
diferença. Neste caso como Angry Wasp ou alternativo com aquele
ouvimos este trabalho primeiro ao vivo e só agora menos como Endre Olsen & The Landmarks.
espírito do punk alemão e com a sua capacidade
estamos a escrever o resultado da nossa análise. O resultado é um disco que curiosamente se
Para já, há uma forte componente visual que ao aproxima bastante do típico som americana
de criar hinos com grandes refrães. Agora
vivo ajuda a que a música tenha ainda mais força, vindo do outro lado do Atlântico. Rock indie situando isto no resto do mundo fora da
algo que infelizmente o CD ainda não tem, mas Alemanha, o apelo desta estreia poderá ser
não existe problema já que a música tem força com um saborzinho a pop nas melodias, acaba
suficiente para se sustentar sozinha. E realmente por ser um disco muito agradável e que terá, limitada já que a banda canta em alemão,
sustenta-se. Rock/metal alternativo com tiques prevemos nós, uma longevidade grande dentro no entanto, e em sua defesa, os temas são
industrais - que até pensávamos que fossem mais do seu país. Fora da Noruega... não tanto, mas mesmo bons pelo que já vimos coisas mais
acentuados - numa sonoridade geral dificil de estranhas a acontecer. Da nossa parte fica
definir mas fácil de interiorizar. Temos algumas ainda assim, de valor.
faixas com voz, mas o espírito continua o mesmo - a nota positiva.
favor ouvir a "Sonic Boom". Uma excelente estreia.

[8.5/10] Fernando Ferreira [7.1/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira

EVERGREY DEVIL MASTER EVILNESS


“The Atlantic” “Manifestations” “New Perspectives, No Evolution”
AFM Records Relapse Records Edição de Autor

A cena metal sueca Os Devil Master são Os franceses Evilnesse


continua a ser uma ár- norte-americanos, demoraram a editar o
vore de bom fruto, com existem desde 2016 seu álbum de estreia
grandes produções. Os mas lançam discos mas valeu bem a
espera. Treze anos
acla-mados Evergrey como se estivessem depois de iniciar a
tem programado para em 1989. Black metal sua carreira e de ter
finais de janeiro lançar apunkalhado, gravado editado desde então,
aquele que será o seu de forma vintage - ou uma demo e um EP,
11º álbum! Assim, sem mais nem menos, via pelo menos soa dessa forma - e bastante a banda apresenta um tabalho bem forte
AFM, “The Atlantic” promete ser uma autêntica eficaz. São oito temas que andam pelos dois onde junta a brutalidade do death metal ao
revelação dentro do conceito dark melodic virtuosismo do thrash metal. À primeira
e três minutos, sem grandes complicações poderá parecer que não é nada demais, e
metal progressivo, uma obra de arte a não e sem grandes "rodriguinhos". Toscos, sim em abono da verdade, não é uma revolução
perder. Grandes malhas, grandes solos, um mas directos ao assunto e por isso mesmo ou a reinvenção da roda, mas mesmo assim
disco que considero muito autêntico, muito eficazes. consegue cativar-nos sem problema. Um
genuíno, uma vez que para os Evergrey chegar pouco com a dinâmica em falta mas ainda
a este ponto foi um processo reconhecidamente assim, muito interessante.
difícil. Acredito muito neste disco, acredito
muito na banda e no seu potencial. Enorme!

[10/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira 89


FAITH HEAD FAITHXTRACTOR FARMER BOYS
“Are You A Faith Head?” “Proverbial Lambs To The Ultimate “Born Again”
Edição de Autor Hells Headbangers Arising Empire
Música cristã. Conti- Apesar do nome es- Existem álbuns e bandas
nuam aí? Óptimo. Nós tranho, os Faithxtractor que têm o condão de
aqui não fazemos des- tocam algo bastante nos passarem desperce-
criminação de género descomplicado: death bidas. Os Farmer Boys são
e muito menos de reli- metal bem bruto e uma delas, não sabemos
gião. Claro que ainda bem cru como se bem porquê? Citando uma
não nos deparámos,
estivessemos outra reposta fácil, talvez nunca
vez no início da década tenha feito o click. "Born
conscientemente, de de noventa. A banda Again" talvez mude tudo
tratarmos uma banda que tenha uma perspectiva norte-americana já é algo experiente e isso isso. É também o primeiro álbumda banda em
contra a qual somos fundamentalmente contra é algo que se sente ao ouvir este terceiro quase quinze anos. A banda apresenta uma
(algo como pedophile metal ou algo do género) álbum. Temas curtos (a rondar os dois, três mistura entre metal alternativo e um certo encanto
mas até lá, até esse desafio, tratamos todos por minutos), crus q.b. e directos ao assunto. melódico do metal gótico mais musculado. Tenho
igual, julgando e analisando o seu som. Neste Este power trio não brinca em serviço como que este noção é pálida para vos tentar convencer
caso, a vertente cristã que ilustra as suas letras estes doze temas mostram. Claro que se do quer que seja ou sequer daquilo que podemos
- de uma forma bem discreta - é abafada pelo forem mais exigentes poderão chegar à encontrar aqui. Este renascimento é feito da melhor
poder da sua música, um metal alternativo de conclusão rapidamente que já tudo isto foi forma já que este é potencialmente o seu melhor
extremo bom gosto a fazer lembrar os Alter feito, visto e ouvido anteriormente. É death trabalho até hoje.
Bridge, levemente. Uma boa banda e bom metal, simplesmente isso. Para o bem e
para o mal.
álbum independentemente da sua fé.

[7/10] Fernando Ferreira [6.8/10] Fernando Ferreira [8.8/10] Fernando Ferreira

FESTERDAY FIFTH ANGEL FINIS


“Cadaveric Virginity” “The Third Secret” “Visions Of Doom”
Massacre
Season OfRecords
Mist Underground
Pure Steel Activists
Records Massacre
Nuclear Blast
Records
Records
Pure Steel Records Massacre
Iron Bonehead
Records
Productions
Pure Steel Records
Os Festerdays não Como as duas reedições Depois da demo "At
enganam ninguém. dos álbuns anteriores One With Nothing"
provaram (curiosamente
Apesar de ser uma lançadas pela Metal Blade aqui está este MCD/
banda clássica, a banda Records), os Fith Angel era MLP que apresenta o
ainda não deitou cá uma entidade heavy metal próximo passo para a
temível, principalmenteno
para fora o seu álbum seu temível álbum auto- banda alemã de black/
de estreia. Pertencem intitulado de estreia. death metal hermético
ao grupo de bandas O segundo, apesar de e... peculiar. São três
suecas que não chegaram a seguir em frente continuar a ser um bom trabalho, não deixou de temas que não permitem ao ouvinte ficar quieto
acusar a pressão de se tornar mais comercial e
no final da década de oitenta mas que causarm acessível. Este terceiro álbum, quase trinta nos ou pelo menos confortável. Não há aqui nada
um impacto considerável no underground. depois surge com a questão: "qual dos dois é mais de confortável. Desespero, depressão e até
Este EP de dois temas é mais um bom próximo?" Bem, perante o peso e o espírito mais loucura são algumas das coisas que tenta
próximo do heavy metal tradicional (ou até mesmo
aquecimento para essa estreia prometida para power metal) diremos que está mais próximo (e de vez em quando consegue) provocar.
2019. O primeiro é compassado mas intenso do primeiro, no entanto, apresenta um espírito Principalmente o desespero que é palpável.
enquanto o segundo, tendo pouco mais de novo, quase renovado onde até sentimos uma Três temas longos e que ainda fazem crescer
um minuto, é sempre a rasgar fininho. Malta ligeira influência de Ronnie James Dio por parte mais o culto da banda no underground. A
de Kendall Bechtel que acumula as funções de
do vinil, ponham os olhos nisto. vocalista principal, além de dominar nas guitarras. versão em Cd vem com a já referida demo
Um excelente álbum de heavy metal mais que como bónus.
recomendado.não podem mesmo!
[7.5/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira

FLEDDY MELCULY FOG LIGHT FOTOCRIME


“Live @ Graspop Metal Meeting '18” “2nd Impression” “Principle Of Pain”
Sony Music Inverse Records Golden Antenna Records

Isto é mesmo uma Nem sempre a música Definitivamente o pós-


cena? Existe uma banda instrumental é sinónimo punk ainda mexe. Os
que se chama Fleddy de espaço para as gui- anos oitenta já lá vão há
tarradas brilharem em
Melculy, a sério? Não todo o seu esplendor. décadas mas mesmo
sei se rie se chore... Quando isso acontece, assim ainda temos
no entanto parece que por vezes também nem uma banda como o
estes belgas são a cena sempre é positivo. power trio Fotocrime a
no seu próprio país (e O truque é equilibrar apresentar o seu álbum
para quem não sabe, a vontade de exibir de estreia em 2018 e
o Graspop é um festival belga) e depois de capacidades técnicas com de facto apresentar com uma sonoridade que não ficaria nada
apenas um single e dois álbuns lançados, temas que sejam apenas desculpas para isso. desfasada da dita década. Uma capacidade
Os Fog Light chegam ao seu segundo álbum e
já têm o estatuto de estrelas lá no burgo. apresentam numa vertente rock, espaço para as bem impressionante para apresentar um som
Em termos sonoros, o que temos é um guitarras brilharem mas sempre sem exageros e vintage mas de forma a que o mesmo soe
hardcore metalizado ou mesmo metalcore. de forma bastante sóbria. Não fazendo a mínima fresco, sem cheiros a bafios ou a requentado.
A qualidade do som não é má mas também ideia do que significam os títulos, a sonoridade é Claro que será algo que os apreciadores
não impressiona por aí além, e depois estes forte, a lembrar as propostas prog e shred e com de rock gótico e pós-punk vão conseguir
temas cantados em flamengo também não excelentes bons momentos, inclusive alguns bem apreciar melhor do que um fã de thrash
nos entram logo à primeira. Ainda assim, pesados - como "Kiven Möyhennystä". Dinâmico metal mas não é por ser pertencente a um
fica a nota para ficarmos atentos aos seus e pesado, cresce interiormente em pouco tempo género diferente e algo fora do metal que o
embora seja necessário já um certo gosto pelo prog.
trabalhos de estúdio e comprovar se há mais torna menos valoroso.
aqui do que apenas um nome engraçado.
90 [6/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira
FRAYLE GARDEN HESPERIDES GLUTTONY
“The White Witch” “Forest Journey Pt.III - Final Moments” “Cult Of The Unborn”
Seeing Red Records | Lay Bare Recordings Bloody Mountain Records Vic Records
Frayle lembra a Terceira parte, Por esta não
palavra frágil e a terceiro EP, dos esperávamos.
voz de Gwyn Strang Garden Hesperides e Normalmente a Vic
poderá realmente dar não poderia finalizar Records anda com o
olho atento ao passado
essa sensação, no melhor a trilogia por mas desta vez foi a
entanto essa fragilidade parte desta one-man um passo recente.
apenas dá mais força band norte-americana, Muito recente. Este
aos quatro temas neste levada a cabo por segundo álbum dos
EP de estreia. Trata-se de um duo onde temos Vasara, também nos Sxuperion e Valdur. suecos Gluttony (atenção que a banda tem
Sean Bilovecky responsável por todos os Apesar do feeling épico, as músicas não se este nome mas encara tudo da perspectiva
instrumentos, além da já citada Gwyn que alonga, na sua maioria por grandes devaneios zombie por isso não pensem que estamos
perante odes culinárias ao pastel de nata) foi
trazem uma sonoridade refrescante e próxima mas o elemento atmosférico é realmente o lançado de forma independente em Abril e
do doom metal mas não exactamente doom melhor dos seus grandes trunfos. Agora seria em Maio já tinham sido repescados pela Vic
metal. O pós-metal poderá ser uma pista mas juntar isto tudo num álbum, esse sim, épico. Records. Repescados e bem porque esta é uma
fica a ideia de qualquer que seja o género, não Black metal contemplativo mas ainda assim pomada sueca que até dá gosto ouvir. Aquele
faz jus ao que podemos ouvir. Sem dúvida longe das modas e fiel às raízes. som cheio de gravilha, gutural a vociferar
que se trata de algo que queremos ouvir e o baixo quase engolido por tudo o resto
e pela bateria. Aaah, nada como o bom e
mais vezes no futuro sendo um primeiro velho death metal sueco.
lançamento promissor. Muito promissor!

[9/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando Ferreira


GÖSTA BERLINGS SAGA GRAVECOVEN GREENLEAF
“ET EX” “Coughing Blood” “Hear The Rivers”
InsideOut Music Godz Ov War Productions Napalm Records

A estreia dos suecos Se o fim do mundo caís- "Rise Above The


Gösta Berlings na se alguma vez do céu aos Meadow" foi um
trambulhões, soaria ao daqueles álbuns mar-
InsideOut Music deu-se cantes, que tanto tem
ao quinto álbum, este início de "Summoning
um pezinho no stoner,
"ET EX", e é uma estreia Vengeance", onde o como no hard rock
em grande. Com um batuque meio tribal, clássico. Aliás, mete os
uso de teclados bem meio "Jumanji" dão pés em tanto sítio que
um ambiente uma co- nos faz questionar se
vintage - a lembrar as
notação apocalíptica. Negritude com fartura, devemos estar atentos aos pés ou mesmo
velhas bandas sonoras de filmes de terror
peso bruto, o que temos é algo que sendo à música. Fiquemos pelo stoner. "Hear The
italiano, junto com alguma da maluquice difícil de interiorizar para o comum mortal, Rivers" é o álbum seguinte que a banda
própria do space rock da década de setenta. é mesmo o que se procura para quem tem sueca nos traz e ficamos completamente
Com apenas algumas vocalizações que ajudam petróleo negro a correr nas veias. Doom e reféns do seu groove que tanto é imediato
ao ambiente tenebroso instalado, esta não é black metal a medir forças e a contribuírem como poderoso, além de nos trazer aquele
a típica proposta de rock progressivo. Um em conjunto para um EP bastante interessante sentimento positivo de déjà vú, de estarmos
trabalho excelente que rema contra a maré ouvir outra vez pela primeira vez aquelas
onde o ambiente é mesmo tudo. Primeiro EP
da música actual e que esse é apenas um malhas que tanto gostamos (como a "Sweet
depois das duas demos e de um single lançado Is The Sound", por exemplo). "Rise Above
dos seus muitos valores. Uma viagem para e a expectativa de vermos isto ampliado para The Meadow" prometeu, "Hear The Rivers"
fazer e repetir constantemente. um suposto álbum. cumpriu.

[8.5/10] Fernando Ferreira [7.6/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira

GROSS MISCONDUCT HAKEN HALLIG


“Equinox” “Vector” “A Distant Reflection Of The Void”
Edição de Autor InsideOut Music Talheim Records
O ritmo editorial dos Os Haken são uma Ao segundo álbum,
canadianos Gross daquelas bandas que os Hallig esforçam-se
Misconduct não é alto (mais ou menos) pela por chamar a atenção
mas o que interessa calada, têm vindo a lan- com um black metal
isso se que com este çar excelentes álbuns.
álbum nos trazem Já pudemos passar virtuoso e, de certa
uma refrescante pelos seus primeiros forma, melódico. E a
mistura entre thrash trabalhos com as forma como o fazem
metal pesadão e até re-centes reedições acaba por ir contra as
um certo espírito mais death'n'roll a fazer levadas a cabo pela InsideOut e constatar regras ou pelo menos contra os seus lugares
lembrar em parte trabalhos dos Carcass e isso mesmo. "Affinity" foi um grande álbum comuns. E é esse ponto que torna este segundo
Gorefest nas suas fases mais acessíveis? Não e "L-1VE" confirmou a banda como uma das
interessa mesmo nada perante a qualidade álbum tão interessante, principalmente quando
grandes potências do metal progressivo.
aqui apresentada. A mistura atrás indicada E agora aqui temos este grande álbum, o embarcam por coisas mais épicas que tornam
(e onde fazem parte características de death quinto, que apresenta a banda mais pesada, o seu som mais dinâmico. Com algumas
metal melódico também e aquele feeling de mais moderna mas ao mesmo tempo com semelhanças com os Ancient (na fase do "The
sludge progressivo à la Mastodon) tem um o ouvido no sítio certo para capturar as Cainian Chronicle", curiosamente também o
excelente resultado como temas como "A Place melodias certas. Apesar de ser invulgarmente segundo álbum da banda norueguesa), não
of Bones" ou "Triserpentine" evidenciam. Sete curto (apenas sete temas em pouco mais deixamos de ter uma identidade própria bem
anos de silêncio que valeram bem a pena. de quarenta minutos), ele flui como nenhum
outro na sua discografia sendo mesmo um interessante que se torna mais evidente a
dos mais viciantes que nos passaram pelo cada nova audição.
estreito neste ano de 2018.
[8.5/10] Fernando Ferreira [9.3/10] Fernando Ferreira [8.4/10] Fernando Ferreira 91
HANK VON HELL HARNESSING THE UNIVERSE HATE ETERNAL
“Egomania” “Beyond The Bright” “Upon Desolate Sands”
Century Media Records Edição de Autor Season Of Mist
Este é um nome que Quando temos influên- Ah canina que até
provavelmente não vos cias como Stoned Je- a casa estremece.
dirá nada, pelo me- sus e Brant Bjork mas Somos suspeitos
nos numa primeira a banda é mais pro- em falar dos Hate
Eternal, afinal é uma
abordagem. Não demo- gressiva do que outra daquelas bandas que
rará muito para saber coisa qualquer, sem no que diz respeito ao
que este trata-se do dúvida que temos algo death metal sempre
primeiro trabalho a muito interessante. Um nos preencheu as
solo do ex-vocalista dos Turbonegro, um groove fantástico instala-se logo desde o medidas, seja quando tentavam ser mais
dos maiores casos de sucesso das últimas primeiro momento e percorre toda a mais brutos do que todos os outros, seja agora
décadas no rock escandinavo. Os Turbonegro de uma hora deste trabalho. Não é um quando encaixam tiradas melódicas que só
faz com que os temas ainda batam mais
nunca mais forma a mesma coisa após a álbum imediato e de certa forma o nome forte pela dinâmica que ganham. Quando
saída do seu emblemático vocalista e tanto Tool que surge no comunicado de imprensa se fala em melodia no contexto da música
tempo depois, talvez esteja aqui o regresso faz sentido na medida em que temos todos extrema existem logo aqueles que ficam
que tanto esperavam. Hank Von Helvete estes grooves a serem montados como uma melindrados - "ah e tal, estão a amaricar".
converteu-se em Von Hell e traz-nos uma notável tapeçaria e que são tudo menos Garantimos que a banda nunca esteve tão
mão cheia de temas de rock/punk cheios de directos. E isso não énecessariamente mau. bruta e isso acontece principalmente pela
dinâmicas que algumas passagens fazem,
raça e energia. Tal como gostamos. Pelo contrário, é muito bom mesmo. pelo contraste que provocam. O resultado
é só um dos álbuns death metal do ano. Só.
[8.5/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira

HATE SQUAD HEART OF JORDAN HELL IN TOWN


“Reborn From Ashes” “Heart Of Jordan” “Bones”
Massacre Records Edição de Autor Vapocalypse
Apesar da longa Provavelmente iríamos Regresso dos
carreira (que começou rir se nos dissessem franceses Hell In
na primeira metade da que há uma banda que Town que já andavam
década de noventa), os anuncia (ou alguém
Hate Squad não estão caladinhos há mais de
anuncia por eles, nos
entre as bandas mais dias de hoje nunca oito anos. É sempre
conhecidas propostas se sabe) que o seu curioso quando
thrash metal teutónico. som é uma mistura temos uma banda da
Olhando para a sua
discografia conseguimos notar primeiro uma de metalcore e hard Europa com um som
irregularidade qualitativa e depois, nos anos rock. Não rimos mas pensámos para com tipicamente norte-americano, mas neste
mais recentes, uma irregularidade editorial - os nossos botões "yah, yah, é isso tudo". caso a qualidade é tão boa que isso perde
este trabalho, por exemplo, surge sete anos Logo ao primeiro tema ficámos obrigados toda e qualquer importância. Apesar de lhe
após o último trabalho de originais. Com um a retratar-nos porque é exactamente a isso
que este álbum soa. E soa bem. Muito bem podermos apontar o dedo de se tratar de um
pé no hardcore (ou death metal, conforme
quiserem encarar a voz de Burkhard Schmitt, até. Felizmente o foco está mais no hard rock estilo que muitas vezes acaba por cansar
que em certos momentos faz lembrar Barney do que propriamente no metalcore, mas é por falta de dinâmica, os Hell In Town até
dos Napalm Death), este é um trabalho que vive uma mistura que resulta em grandes temas, se safam muito bem com o seu southern/
por méritos próprios e que conseguirá cativar marcantes e infecciosos. Pensando bem... stoner metal, não ficando pelo groove e
para quem chegou apenas agora. Para quem poderíamos dizer que era metal alternativo
se esqueceu deles, terá um bom motivo para acrescentando também excelentes solos.
e se calhar ainda se enquadrava. Oh well...
se lembrar deles. Um regresso em grande.

[8/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [8.4/10] Fernando Ferreira

HELL NIGHT / SWEA SHOPPE HERUKA HIEROPHANT


“Split 7"” “Deception's End” “Spawned Abortions”
Encapsulated Records Narcoleptica Productions Unholy Anarchy Records
Split que junta Álbum de estreia dos A isto é o que eu
duas bandas norte- italianos Heruka que nos chamo verdadeira...
americanas, mais deixaram um misto de PUTÊNCIA! Os
emoções. Por um lado
concretamente de é visível a sua ambição, Hierophant são uma
St. Louis. Os Hell não sendo necessárias das grandes atracções
Night trazem um muitas audições deste da música extrema
som estranho mas álbum para chegarmos italiana e para quem
a essa conclusão. Mas
poderoso. Algures por outro o seu black metal sinfónico não acordou só agora, tem
entre a mistura de hardcore e punk mas consegue soar... verdadeiro. Isto é capaz de ser aqui este EP que garantimos que não voltam a
com umas guitarras que apesar do tom polémico e passar uma ideia diferente daquela adormecer. Death metal bruto de proporções
estranho são bem poderosas. As segundas que é a intencionada mas o que quero dizer é épicas. É certo que só temos uma faixa original
carregam mais no punk de forma tradicional que este álbum soa demasiadamente digital, - o tema-título - mas a cover do clássico dos
as guitarras soam muito comprimidas, o que
e acabam por soar bem mais interessantes. dá ideia de algo pouco orgânico. Não é que Bolt Thrower está tão excelente que tem igual
Para quem não dispensa o vinil e gosta um estilo frio e hermético como o black metal peso. Se depois disto não forem procurar
dos géneros abrasivos citados atrás, este não possa soar pouco orgânico (maior parte por mais, então penduramos as botas (ou
lançamento não é uma má aposta, apesar das vezes até soa mesmo bem dessa forma). a caneta) e desistimos!
Apenas não nos soa tão bem aqui como seria
de curto. desejável. É o primeiro álbum, vamos ver para
o futuro como corre.

92 [8/10] Fernando Ferreira [6/10] Fernando Ferreira [8.9/10] Fernando Ferreira


HOCHIMINH HOLTER HORNWOOD FELL
“Ashes” “Vlad The Impaler” “Inferus”
Raging Planet Records Frontiers Music Edição de Autor

Finalmente o EP está “Vlad The Impaler” Black metal cru e


é o trabalho solo de agreste vindo da
cá fora. Confesso Trond Holter, depois da
que nunca tive espe- experiência fantástica que
Itália e sem grandes
foi a que tida com Jorn floreados. Como já
cial apreço pelos dissemos muitas vezes,
Land, Trond deu um passo
HoChiMinh, achando em frente na sequela e certas vezes o som
que o som da banda continuou a aventura por podre tem um certo
alentejana era bastante caminhos vampirianos e encanto e consegue
aterrorizantes com este
(demasiado) próximo disco. Assim, temos uma sonoridade power heavy criar uma atmosfera
das sonoridades mais descartáveis da música metal, com excelentes riffs e solos deslumbrantes. Há muito própria. Isto não é, todavia, infalível
moderna. No entanto, bastou vê-los ao vivo a tendência de se procurar logo a comparação vocal e este é um desses casos. A prodição é
a Jorn Land, que tinha essa missão em “Drácula”, realmente podre e apesar da tonelada de
para ficar com uma ideia completamente trabalho anterior, mas deixem que vos diga que reverb em cima, o tal ambiente não encaixa
diferente. Não que consiga ter mais apreço Nils K. Rue, tem aqui um excelente desempenho,
complementado por Eva Iselin Erichsen, a voz feminina propriamente, nem os temas em si são
pela sonoridade da banda mas é contagiante presente. Pessoalmente, adorei ouvir este “Vlad The propriamente memoráveis, entrando por
a forma como a banda actua e a energia que Impaler” pois é daqueles discos que nos prende e uma toada que se revela pouco dinâmica
mete num palco. A energia que agora é mais que a cada segundo de audição revela capacidade e pouco atractiva. Não ficamos com uma
de nos surpreender com pequenas variações e com impressão definitiva sobre o som da banda,
fácil reconhecer quando ouvimos a banda em refrões muito catchy. Globalmente é forte, divertido e
como referi anteriormente não há sequer a tentação apenas com vontade de ouvir os três álbuns
estúdio, reconhecer o seu verdadeiro poder. lançados para tirar teimas.
de saltar para a faixa seguinte, pois a oferta é muito
acima da média. Aconselho!

[8/10] Fernando Ferreira [10/10] Miguel Correia [4/10] Fernando Ferreira


I AM THE LAW IMPRISONED INFRAKTOR
“Hymn Of The Vulture” “Slave To Nothing” “Exhaust”
Junecrow Media Isolation Records Rastilho Records
Bom, cinco temas para Porrada bruta e grossa. Apesar de ter sido lan-
ouvir destes ilustres Se dissermos que é çado no início deste ano,
desconhecidos, pelo hardcore, provavel- não nos poderia passar
menos para mim, I mente vão ter um ao lado o trabalho de
Am The Law. Confesso tipo de imagem pré- estreia dos Infraktor. A
que fiquei curioso pelo sua sonoridade poderá
concebida que depois até inserir-se dentro
nome, mas não totalmente
convencido pelo que me não vai bater certo com de uma vertente muito
foi dado a ouvir neste o que podem ouvir aqui comum entre as bandas
apelidado de trailer do álbum “Hymn Of The já que em termos instrumental (e de certa nacionais - o thrash metal bruto a roçar o
Vulture”. Um bom groove metal, nada mais do forma na voz) a aproximação até ao death death - mas o poder da banda do Porto não
que isso, construído numa heterogénea mistura metal é mais que muita - Obituary é um dos é propriamente comum. Como já tivemos
de estilos, metalcore, sludge, que combinam nomes que nos surge constantemente em oportunidade de comprovar ao vivo, aliás.
bem, soam por vezes poderosos, mas que causa E ao contrário também de algumas bandas,
mente. É pena é ser apenas um 7" composto em estúdio a banda tem tanto poder como
sentimentos algo contraditórios na sua audição.
por dois temas que se despacham em pouco em cima dos palcos. Agora que o ano
Acredito que é daqueles que depois de ouvir mais
vezes algo mais irá chegar a nós, mas como não mais de seis minutos. Fora isso... vício. chega ao fim e estamos a rever os melhores
há tempo para isso, pelo menos agora... lançamentos do ano, não poderíamos deixar
de falar deste álbum de estreia fantástico.

[7/10] Miguel Correia [8.6/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando Ferreira

INJURY JOHN RENBOURN JOHNNY TASK FORCE


“Wreckage” “Live In Kyoto 1978” “To Trash”
Volcano Records Drag City FBP Music
Depois de dois Mítica performance Álbum de estreia por
álbuns interessantes realizada pelo grande parte dos Johnny Task
os thrashers (ou se John Renbourn num Force que apresentam
calhar crossovers) pequeno café em um rock suave, ora
italianos Injury estão Kyoto, quarenta anos alternativo ora bem
de volta depois de atrás. E é incrível funk. Uma muito boa
estarem ausentes perceber que mesmo onda que consegue
durante quatro anos. todo este tempo após instalar-se conforme
Este EP é um óptimo cartão de visita embora estas gravações como as mesmas não passeamos por estas onze faixas. A questão
os cinco temas sejam curtos para apagar perderam toda a sua magia. Apenas uma é que também não passa disso. Não temos
a ideia de que a banda inse-re na vertente voz, uma viola e uma imensa atmosfera aqui nenhum tema que nos agarre à primeira.
mais que batida que junta o hardcore ao que parece que nos consegue transportar Nem à segunda nem à terceira, acabando
thrash metal. O que lhes vale é que têm até lá ou até um outro qualquer lugar ídilico por ser um álbum ao qual ouvimos como
grandes riffs e grandes solos, mesmo que dentro da nossa própria cabeça. Folk de música de fundo em quando fazemos outra
a dinâmica e a distanciação entre centenas qualidade intemporal num pequeno tesouro coisa qualquer mais importante.
(ou milhentas) bandas do género andem a recomendado.
fazer a mesma coisa.

[8.6/10] Fernando Ferreira [8.7/10] Fernando Ferreira [4.5/10] Fernando Ferreira 93


JUNIPER GRAVE KAELAN MIKLA KIELKROPF
“Of Hellions & Harridans” “Nótt Eftir Nótt” “Ignorance Is Bliss”
Wasted State Records Artoffact Records Sludgelord Records
Que rockão! Ok, por Se dissermos "let's Segundo EP dos
esta altura já deverão go back in time", austríacos Kielkropf
estar, cinicamente como provavelmente vão
eu, fartos de qualquer e compensando a
proposta que se apresente
pensar "olha este dificuldade que temos
como rock obscuro saído enganou-se na em dizer o seu nome
das entranhas da década rúbrica, deveria estar temos quatro temas de
de setenta com uma na Máquina do Tempo". sludge metal pesadão
mulher com voz hipnótica Não, poderia ser mas
à frente dos destinos do não, trata-se mesmo da e clássico que nos faz
microfone. É compreensível. Provavelmente também introdução apropriada para o trio islandês lembrar os Crowbar. Os temas andam à volta
estarão fartos de ouvir (embora eu não esteja farto conhecido como Kaelan Mikla que nos traz dos seis minutos de duração mas até gozam
de o sentir) que apesar dos pressupostos serem um pós-punk como se estivessemos em de uma assinalável dinâmica onde não é alheio
sempre os mesmos, que esta (sempre aquela em
questão) é uma proposta que nos arrebatará e 1981 outra vez. Um ambiente assombroso também um certo espírito doom metal. Por esta
fará esquecer que são tantas propostas parecidas estabelecido logo pela intro "Gandreið" e que altura, já parecem estar prontos para lançar o
que a novidade há já muito tempo se perdeu. A aprofunda a sua sonoridade retro sem pudor primeiro álbum, de acordo com temas como
questão, e em defesa da minha pessoa e deste e até com algum brilhantismo. Confesso que "Lost". Podem não acrescentar grandes coisas
trabalho de estreia por parte dos escoceses Juniper o pós-punk nunca foi a minha cena mas ao estilo mas que dão um grande gozo a ouvi-
Grave, este é um trabalho que exerce um fascínio a ouvir isto, até eu fico a bater o pezinho
inexplicável. Carrega consigo uma mística que los, isso não existe dúvidas.
com aquela batida digital típica da década
nos deixa desarmados de qualquer preconceito de oitenta. Uma viagem no tempo para
ou enfartamento do quer que seja. Posto isto,
vamos ali á década de setenta no instantinho e saudosistas mas que está a ter sucesso nos
já voltamos, ok? dias de hoje. Este álbum explica o porquê.
[9.1/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira

KLEE PROJECT KUAR NHIAL L.A. GIRLFRIEND


“Living In Confusion” “Kuar Nhial” “Regina”
UAP Music Consouling Sounds All DSPS
Este projeto viu a Este mês, parece que Noise pop. Parece que
luz do dia em 2011 o pós-black metal está agora inventam tudo
mesmo na ordem do
por terras italianas. dia. Pelo menos aqui na mas até que este rótulo
“Living In Confusion” nossa redacção, sendo faz todo o sentido.
é então o mais recente que apesar de termos Confessamos que este
propostas, nenhuma
trabalho de originais delas é igual, o que é até foi inventado por
da banda, o segundo um testemunho não só nós já que aquele que
se não estou em para amplitude do pós- nos foi apresentado foi
erro, composto por 11 faixas, muito fortes black metal como também a forma como um fuzz pop, mas o sentido é o mesmo. Temos
género tão hermético como o black metal consegue
musicalmente, concebidas numa mistura apresentar tantas variações interessantes. Os quatro temas que apesar de se inserirem um
perfeita de um rock sulista alternativo e Kuar Nhial assentam mais o seu som no pós- pouco no pop retro, não deixam de ter uma
contemporâneo muito anos 80! Tratam-se metal mas sem dúvida que tingem a sua tela de estética mais suja e própria do noise rock
preto com a estética e atmosfera do black metal,
para mim de uns perfeitos desconhecidos, o que acaba por surpreender na forma como que até ficam muito bem neste contexto.
pelo menos até agora e depois de os ouvir pela podemos ouvir num tema como "Nonam". É um Se todo o pop fosse assim... este seria um
primeira vez, fico com este nome debaixo de álbum curto (quatro temas, meia hora apenas) mundo bem mais feliz.
olho e aconselho a todos os fans do género que deixa a sensação que poderia conter mais um
tema, mas que mesmo assim enche as medidas
a fixarem bem Klee Project...eles prometem! de todos os que procuram por algo (ainda) mais
fora da caixa.

[9/10] Miguel Correia [8.5/10] Fernando ferreira [7/10] Fernando Ferreira

LACUNA COIL a incorporar mais solos de guitarra. E este LANDMVRKS


é um concerto/lançamento essencial para “Fantasy”
“The 119 Show - Live In London”
perceber e interiorizar toda essa evolução,
Century Media Records Arising Empire
onde temos toda a carreira da banda italiana
Quem diria que aquela passada em revista, com temas que já não A Arising Empire tem
banda italiana que tocavam há muito tempo (e até outros que sido uma boa fonte
nos foi apresentada de metal moderno
nunca tinham tocado antes ao vivo). E tudo sempre com o hardcore
no concerto de apre- isto com um som fantástico e com uma à espreita - quer-se
sentação do, na produção cénica de valor acrescentando, dizer, neste caso é o
altura, novo álbum recriando um verdadeiro circo com tudo o contrário, o hardcore
dos Moonspell "Sin/ que se tem direito. Mesmo para quem perdeu moderno com o metal
Pecado", chegaria a o encanto com a já mencionada evolução da à espreita. A banda
ter uma carreira de vinte anos (até agora) banda italiana, este é um lançamento que francesa apresenta-se muito forte com este
e cheia de sucessos e reconhecimentos segundo álbum quando o primeiro ainda está
poderá inverter isso. A qualidade tanto de fresco na nossa mente. Não escapam aos
dentro da cena rock/metal? Este concerto imagem e de som é fantástica em quase três lugares comuns do género, é certo, alternado
registado em Londres, precisamente o seu horas de conteúdo. a voz gritada com os refrães hiper-melódicos
199º concerto, como o nome do álbum indica, que se colam imediatamente. No entanto
celebra os vinte anos de carreira. Carreira não é tanto a forma (ou fórmula) mas os
essa que evoluiu muito mais além do que a resultados efectivos que a mesma obtem
sonoridade de metal gótica inicial para algo que interessam aqui. Um álbum poderoso e
mais próximo do rock e até do nu-metal - até dinâmico que além de agradar os fãs do
primeiro trabalho de certeza que conquistará
embora por outro lado tenham começado mais uns novos.
94 [8/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira
LEVIATHAN LJUNGBLUT LOIMANN
“Can't Be Seen By Looking: Blurring The Lines, Clouding The Truth”
“Villa Carlotta 5959” “A Voluntary Lack Of Wisdom”
Stonefellowship Recordings Karisma Records Argonauta Records
Que raio de nome de Por vezes é assim, temos Pelo início de "Intro
álbum mais... peculiar, projectos que começam - Slaughterhouse Nº
para não dizer outra coisa. sem expectativas ou 5", ninguém diria que
Antes que pensem "ah objectivos que não estaríamos perante
e tal, estes jovens são apenas deitar cá para fora uma proposta stoner/
demasiado imaturos, a criatividade que fica
falta-lhes traquejo e presa por não se encaixar pós-doom como o
sobriedade", temos que em mais lado nenhum e comunicado deste
informar que este bandajá depois acabam por se álbum dos Loimann
existe desde 1989 e que tornar algo mesmo sério. sugere. Aliás, os
embora tivessem cessado funções em 1998 e Foi o que aconteceu com Kim Ljung quando criou momentos seguintes também não sugere
voltado em 2009, que experiência não lhes falta. este projecto em 2005 e depois transformou-se em isso, mas é compreensível porque não é fácil
Ainda assim, não deixa de ficar a ideia que este algo com vida própria. Este é já o seu sexto álbum, encontrarmos propriamente uma prateleira
trabalho, nalguns pontos, acaba por não passar a o terceiro de uma trilogia de álbuns cantados em que faça justiça a este som. Diríamos que
barreira do produto caseiro. A começar na produção norueguês numa espécie de álbum conceptual sobre
e passando pelo sentido de estética progressivo, diversos factos históricos ocorridos no século talvez o sludge faça mais sentido que o
tipicamente norte-americano e que remete para o passado. Musicalmente anda pelo progressivo stoner, mas é secundário. O que interessa
final da década de oitenta, existe por aqui muitos mas sem propriamente estar próximo de algo pré- reter é a capacidade para estabelecer uma
pontos que poderiam ser melorados. Talento há formatado, exceptuando o seu próprio trabalho, atmosfera muito própria, nunca esquecendo
de sobra, sem dúvida, mas um pouco mais de claro. Este conjunto de temas é simplesmente o peso - principalmente pelo som do baixo
sobriedade (lá está) na exploração das ideias e fantástico e é impossível não lhe ficarmos rendidos. distorcido que é monstruoso e pela voz
os resultados poderiam ser bem mais positivos. E o facto de ser cantado em norueguês não pesa a pender para o gutural - que acaba por
minimamente. Até podia ser cantado em marciano, cativar-nos, entrando na categoria já batida
continuaria a ser um grande álbum.
do "estranha-se e depois entranha-se".
[5/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira
LONELY GRAVE LORD OF THE LOST LORDS OF THE STONE
“Craterface” “Confession - Live At Christuskirche” “Roses For The Dead”
Discouraged Records Napalm Records Vic Records
Eita pessoal levado da Os Lord Of The Lost são Zero informação.
um dos nomes teutónicos
breca. O que temos de metal gótico (embora Por vezes parece
aqui é porrada da eles sejam classificados que estamos de
grossa, misturando o como metal moderno com
elementos industriais, no volta à década de
grindcore, um pouco fundo a coisa vai bater oitenta e noventa, na
da sonoridade do death sempre no mesmo ponto) qual não tínhamos
metal sueco (os Lonely que mais projecção tem
ganho nos tempos recentes. informação nenhuma.
Grave também são A banda tem conseguido manter a sua identidade apesar Apresentavam-nos uma
suecos) e aquele espírito muito próprio de não se negar a fazer algumas experimentações, cassete gravada, com os títulos numa letra
como neste álbum ao vivo - que é acompanhado por
do punk/crust escandinavo. O resultado um DVD (ou vice-versa, como o queiram encarar) que não percebíamos e o resto teriamos que
são onze faixas que têm uma média de um onde vemos a banda a tocar ao vivo os seus temas deixar à nossa imaginação. Foi um pouco com
minuto, um minuto e meio cada uma, bem mais emblemáticos com uma pequena orquestra que
inegavelmente elevam tudo a um nível completamente esta reedição da Vic Records. Calculámos que
dinâmicas, com os tempos a irem do zero novo. Apesar de confessar não ser o maior fã dos fosse uma reedição porque pronto... costuma
aos cem num instante e por vezes andarem a seus trabalhos, a beleza deste DVD/álbum ao vivo é ser. É e não é. Trata-se de uma compilação que
pastelar (a triturar) nos cinquenta. Uma boa simplesmente esmagadora. Mesmo que o registo se
possa tornar um pouco cansativo, não deixa de ser reedita as demos da banda de doom metal
surpresa. É curta mas proveitosa. um grande lançamento que recomendamos aos fãs holandesa e que mostra que estava aqui uma
da banda e aos fãs do metal gótico em geral, sendo
que o foco aqui é mais no sinfónico e no gótico do senhora banda. Apesar de ser dos primórdios
que propriamente no metal. da década de noventa, o som está muito
bom. Temos assim a demo "The Rhymes Of
[7/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando Ferreira Bitterness" de 1992, "Diamond In The Dust"
de 1994 (com um som mais digital que é um
passo atrás e uma sonoridade mais próxima
LYKHAEON MALSANCTUM do heavy metal) e "In An Eyelid's Fall" onde
“Ominous Eradication of Anguished Souls” “Malsanctum” apresentam um misto das duas sonoridades
Godz Ov War Productions Iron Bonehead Productions com uma aproximação ao rock gótico, algo
Já nos habituámos a Três faixas e quase aprimorado na última demo, já de 98, "Sweet
ter a cada lançamento quarenta e cinco minutos Revenge". Confessamos que conforme a banda
de duração? Têm a nossa vai evoluindo vai perdendo o interesse mas
por parte da Godz Of atenção. Álbum de estreia
War Productions, mas dos canadiano Malsanctum mesmo assim não deixa de ser um documento
a cada um que nos que têm aqui um funeral muito interessante ao qual os coleccionadores
surge, não deixamos doom épico. Somos
poderão não resistir.
de ficar surpreendidos. grandes fãs do género
e sabemos que é difícil
Neste caso, com o acertar em cheio no género
segundo lançamento - por isso apreciamos aqueles que lhes juntam mais
dos suiços Lykhaeon, a coisa não fica por dinâmica e instrumentos - mas os Malsanctum (nem
menos. Dois temas, mais ou menos com sabemos nada acerca deles) vão pelo caminho mais
a mesma duração (treze minutos) e um difícil. Guitarra, baixo (achamos nós, nao é inteiramente
perceptível) e uma bateria que tanto podem ser bidons
sentido de lentidão própria do doom aliada e latas de tinta velha. E o ambiente mais hermético
ao desesperod o black metal depressivo possível. Aqui nem entram as pulgas. Que diabos,
resulta num trabalho apropriado para cortar nem o oxigénio entra, de tão sufocante é este álbum.
os pulsos. E não é fácil atingir este impacto - O primeiro tema, "The Father" é um tormento chegara
a não ser que seja mesmo um trabalho muito ao fim, "The Son" um pouco mais aberto mas mesmo
assim, muito pesadão e intenso, enquanto o último
mau - e mesmo assim ter música dinâmica. tema, "The Shattered Spirit" com quase vinte e cinco
Tanto não é que aqui isso quase que escapa minutos, acaba com o resto. Gostamos muito de
ao lado. Os dois temas por vezes arrastam- funeral doom mas acabámos de encontrar o nosso
se e o impacto perde-se um pouco mas ainda limite. Este é um álbum apenas para corajosos, para os
assim, uma obra valorosa. bravos que consegume estar nisto este tempo todo e
não puxar da faca para curtar os pulsos. Não é fácil...

[7/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira 7/10] Fernando Ferreira 95


MASS INFECTION MATERDEA METAL MIRROR
“Shadows Became Flesh” “Pyaneta” “Outlaw Rider”
Comatose Music Rockshots Records Downfall Records
Os gregos Mass Infec- Os MaterDea são É comum encontrar-
tion são já uma das um dos bons nomes mos bandas que
propostas clássicas italianos do folk metal, por qualquer motivo
da música extrema com uma sonoridade acabaram e agora
encontram um segundo
na Grécia, mesmo suave à qual se junta fólego. Os britânicos
que a sua regularidade um cariz sinfónico que Metal Mirror são um
editorial não seja funciona muito bem. dos que tais, que
propriamente elevada. "Pyaneta" é o quinto surgiram na explosão
Este "Shadows Became Flesh" surge-nos álbum da banda e consegue cativar sem da NWOBHM e que não foram além de um
passados quatro anos de silêncio, servido grandes dificuldades embora, confeso, por single e uma demo. Mudaram de nome duas
pelas mãos experientes da Comatose Music, vezes não fazia nada mal ter aqui um pouco vezes, com alguns novos membros e depois
voltaram em 2006 para dois álbuns ao vivo,
uma das referências das sonoridades mais mais de sangue na guelra. Ainda assim, temas tendo lançado o tão aguardado álbum de estreia
brutas do death metal. Dinâmicas assinaláveis como "The Return Of The King" e "The Legend apenas no ano passado. Pouco mais de um
e uma brutalidade inegável mas que surge Of The Pale Mountains" estão muito bem ano depois, temos aqui o segundo trabalho
com ganchos que tornam temas como conseguidos, sendo indicado para aqueles que nos traz aquele heavy metal tradicional
"Demise Of The Almighty" autênticos vícios. que procura sonoridades mais calmas e gingão que até está mais próximo de uns
Uma excelente surpresa para quem chegou belas dentro do rock e metal. Motörhead do que propriamente de uns
Iron Maiden. Sujo mas puro e com grande
agora, um regresso mais que esperado para feeling. Os Metal Mirror vieram para ficar!
quem já os conhecia.

[8.9/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira

METHEDRAS MIDNITE CITY MOENEN OF XEZBETH


“The Ventriloquist” “There Goes The Neighbourhood” “Ancient Spells Of Darkness”
Massacre Records AOR Heaven Nuclear War Now! Productions
Um álbum conceptual Estamos perante uma Parece que já soa
inspirado no filme “Dead fórmula musical que estranho falar de retro
Silence”, apelidado de elevou o nome de muitas quando estamos a
um novo capítulo da bandas na década de 80. analisar uma banda
Algo que hoje se chama que NÃO É hard rock
discografia da banda de Glam Metal, mas que
de death metal italiana! clássico, ou doom rock
no passado levava essas ou coisa que o valha.
Fiquei rendido ao som, ao mesmas bandas para um
rótulo de Hair Metal e
O som dos Moenen Of
poder, à forma como tudo Xezbeth (até o nome é
soa. “The Ventriloquist” não era nada mais, nada
menos, do que um rock’n’roll, cheio de rebeldia, retro, apontando ali para a cena underground
é um passo em frente, sem dúvida, nos 22 anos do Necronomicon e do Lovecraft) é do mais
melódico, estruturado e tocado numa linha mais
de carreira de uma banda que procura sempre podre que pode haver. Podre a um nível demo
pesadota. Tenho acompanhado a tentativa de
evoluir na sua criação, com a incorporação de sucesso de muitas bandas e m revitalizar o género registada em 1992. Como já disse muitas vezes,
novos elementos musicais à base que os define. e aqui os ingleses Midnite City têm de ser levados nesta edição incluída, por vezes o encanto desse
Assim, acredito que este disco irá agradar aos a sério e forçosamente, uma referência para esse "podrismo" ajuda. Neste caso, não tenho tanto
fans e que novos lhes irão bater à porta, com dito movimento. “There Goes The Neighborhood” a certeza, nem que sim nem que não. Existirão
toda a certeza. é o segundo disco e trata-se de mais forte marca aqueles que encontram aqui esse ambiente,
revivalista do processo. Excelentes melodias que no nosso caso, achamos que a ambição em
honram a velha escola, que tanto tem inspirado fazer músicas de sete minutos exigia um
muitos dos nomes que vão trabalhando para pouco mais. Do produtor (se é que houve) e
ganhar o seu lugar ao sol. da própria banda.

[10/10] Miguel Correia [10/10] Miguel Correia [5/10] Fernando Ferreira

MONSTRATH MOONSHADE Nothingness" que rapidamente me envolveu


na sua névoa introdutória de teclas e coros
“The World Serves To Evil” “Sun Dethroned”
logo seguida por uma cativante melodia,
Downfall Records Art Gates Records
riffs técnicos e distintos de guitarra; uma voz
Estreia em grande dos Os portugueses Moon- quente e gutural melhor que nunca e uma
brasileiros Monstrath que shade esperaram 4 secção rítmica absolutamente sólida e por
se revelam autênticos anos para apresentar o
monstros... de death metal!
vezes frenética! Criatividade, empenho e rigor,
sucessor do promissor tendo como foco principal a composição e não
Está aqui coisa para fazer
cair pessoal dos arranha- EP "Dream | Oblivion" tanto a brutalidade permitem um resultado
céus como azeitonas em no qual construíram fluído e super agradável. A combinação destas
dia de apanha. E, apesar os alicerces da sua diversas texturas e aspectos revelam uma
de toda esta brutalidade, sonoridade... mas singular identidade e incomparável qualidade.
não dispensam o uso de melodia. Confesso que o valeu a pena, pelo empenho empregue, a Aconselho veemente a descobrirem esta
marketing a este lançamento tem sido incansável prolongada espera. Sun Dethroned, álbum preciosidade, na minha opinião um dos
através de pr's e da própria editora, o que fez quase de estreia é um enorme e excelente passo na
como que começasse a fazer juízos de valor antes
melhores álbuns do ano, e... é português!
evolução artística do quinteto portuense. Este
de ouvir o quer que seja mas não foi preciso muito
disto para que ficasse completamente refém destas conceptual é composto por 8 temas de puro
dez faixas. E o Brasil tem mais uma força bruta da Death Metal melódico, refinado com toques
música extrema. Mas estes prometem não serem de influências Black Metal, mas mais cerebral
apenas mais uns. que outras propostas dos ícones do género.
Como principal exemplo desta ambiciosa
criação o excelente primeiro tema, "God Of

96 [9/10] Fernando Ferreira [9.5/10] Paulo Aguiar


MUTILATE NAG NASTY SURGEONS
“Tormentium” “Nagged To Death” “Infectious Stench”
Iron Bonehead Productions Fysisk Format Xtreem Music

Diz o comunicado Eita barulheira mais O nome diz tudo,


de imprensa que os adorável. Só o reverb do os Nasty Surgeons
Mutilate e este seu microfone do vocalista trazem-nos a boa e
álbum de estreia soam dá logo aquele sinal de velha mortadande
como se tivessem que estavamos perante com aquele carimbo
apanhado uma uma javardeira bem espanhol. A banda
máquina do tempo de interessante. Aquela é nova e parece
trinta anos atrás até javardeira escandinava apostada em dominar
aos dias de hoje e... sim, é a uma descrição que tanto gostamos mas em vez de nos as atenções no death metal. "Infectious
perfeitamente válida para o que encontramos chegar da Finlândia, chega-nos da Noruega. Stench" é o segundo álbum da banda e é
aqui. A não ser por alguma da estética do Este trio conhecido por NAG é uma murraça uma bomba death metal bruto dos queixos
som e isto será algo complicado de explicar. de punk/hardcore/crust bem crua, com riffs que recomendamos. Sem entrar em exageros
É um som podre mas é claramente um som acutilantes, estruturas simples e um feeling e com muitos toques de classe, a começar
podre a tentar algo vintage mas com o rabo necro quase próprio do black metal. Quase, nos riffs e a acabar nos solos, já há muito
digital de fora. E depois em termos técnicos não se assustem. Para os incoformados e tempo que não nos aparecia um álbum de
a coisa é algo tosca principalmente alguns para os revoltados, uma banda sonora para death metal desta craveira. Old school por
pregos na bateria - ou então são contratempos vos manter motivados. um lado mas por outro... intemporal!
jazzísticos. Não convence na sua maioria das
vezes mas às vezes acerta no alvo.

[5/10] Fernando Ferreira [7/10] Miguel Correia [8.8/10] Fernando Ferreira


NATURE MORTE NEFASTU NEMUS
“NM1” “Obscura Transcendência” “See - Mensch”
Argonauta Records Purodium Rekords Naturmach Productions
Apesar do rótulo pós- Primeiro EP por parte Tem sido impres-
rock black metal ser dos Nefastu, banda de sionante o número
algo estranho (porque black metal do Porto de bandas/projectos
não logo pós-black que tinha lançado que nos surgem este
metal cujo sentido é apenas duas demos, ano com o segundo
praticamente o mesmo) em 2011 e 2012 e que álbum, após a estreia
e poder assustar poten- com este lançamento no ano passado. É o
cialmente apreciadores regressa em grande. A caso desta one-man
de ambos os géneros, vamos tomar especial produção é podre mas podemos dizer que alemã que lançou a estreia o ano passado,
atenção para a música e não para os seus pertence à categoria "podre mas bom". Estamos "Wald - Mensch", que conseguiu causar
rótulos. O sentido atmosférico destas quatro a falar de black metal e mais importante do um impacto na Naturmach Productions
músicas é bem apreciável assim como a sua que termos produções poderosas e vistosas, suficiente para fazer com que a editora se
eficácia melancólica e até épica. O que também é termos grandes malhas onde o feeling e a chegasse à frente para lançar agora o segundo
é apreciável é o poder metálico que acaba atmosfera se sobrepõem a tudo. Três temas álbum de originais. Se falarmos em pós-
por estar sempre presente, mesmo quando num EP de 7" numa edição limitada a 150 black metal, provavelmente vão pensar em
é comandado pela melodia. Um álbum de cópias. Um regresso em grande. propostas como Alcest ou outras que tais
estreia auspicioso e que nos deixa grandes que pendem para o shoegaze. Neste caso,
indicações para esta banda parisiense. o "pós", refere-se mesmo a "pós" metal e a
parte do black metal está mesmo presente.
[8.5/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira Provavelmente não fará muito sentido mas
é algo necessário para separar as águas. Em
termos concretos, estas seis faixas acabam
NEW LIGHT CHOIR NORDIC UNION por encontrar um equilíbrio muito bom
“Torchlight” “Second Coming” entre a parte mais atmosférica e ambiental
Svart Records Frontiers Music do black metal sem ser preciso enterrar-se
Não me conseguiu Este projeto é mais uma em reverb ou fazer uso de melodias mais
surpreender este disco aposta ganha do boss da dóceis. Temos melodia, sim, mas algo que
Frontiers Serafino Perugino! surge sempre compensado por peso épico
dos norte americanos Aqui une-se a veterania,
New Choir Light. Tudo por assim dizer, de Ronnie do metal. Talvez apenas a voz surja como
soa muito cru, ok, sem Atkins com a irreverência de um pouco monocórdica mas mesmo assim,
problema, uma opção Erik Martsen e o resultado
este não deixa de ser um projecto que não só
respeitável, mas não dá neste segundo disco supera
aquela pica que muitas aquela que foi a primeira nos conquistou como ficámos com vontade
experiência de Nordic de ouvir o álbum de estreia.
vezes nos prende a um Union. Falar então de “Second Coming”, é tão simples
disco, quando ouvimos pela primeira vez. como todas as onze faixas que o compõem. Rock
Há bons riffs, uma voz nasalada mas limpa, melódico, pesado, direto, sem rodeios de composição
que confesso ser para mim o elemento chave e muito catchy, como por exemplo “Because Of Us”
que naturalmente se destaca logo à primeira passagem.
de todas as musicas, pois soa como uma Eu, por exemplo, tive alguma dificuldade em passar
cola que une as diferentes peças, e pouco à faixa seguinte, pois prendi aqui a audição algumas
mais... talvez precise de mais audições até vezes, tal a forma como tudo soa... mas há muito
encaixarmos as ideias por detrás deste mais! Vamos então concluir esta análise. Ronnie é
conceito metal. um mito, Erik para lá caminha e “Second Coming”, já
percebendo que não sendo inovador, nem imprevisível,
não deixa de ser um excelente álbum o que confirma
que este ano de 2018, tem sido muito positivo, no
que a lançamentos discográficos diz respeito. Não
percam este disco!

[7/10] Miguel Correia [10/10] Miguel Correia [9/10] Fernando Ferreira97


NORTHWARD NORTHWOODS NOT MY MASTER
“Northward” “Wasteland” “Disobey”
Nuclear Blast Records Shove / Brigante / Mothership Records Extreme Metal Music
A vida está difícil, mais Caos organizado é aquilo O termo groove é-nos
que nunca, pelo que que os Nortwoods um paradoxo. Por
não nos admiramos trazem com "Wasteland". um lado gostamos de
de ter constantemen- música com groove, é
Oito temas que se essencial, seja de que
te músicos a desdo- despacham em menos
brarem-se por projec- tipo for. Por outro lado,
tos, numa altura que de meia hora, sempre o chamado groove metal
as vendas já não são com a intensidade ao sempre nos causou um
garantia de sustento. máximo e com um pouco de urticária por
feeling caótico que nos faz pensar em nomes ser sinónimo de momentos mais desinspirados
Os Northward têm o seu centro na Floor de algumas bandas (como Overkill) ou de bandas
Jansen, vocalista dos Nightwish e Jorn como Converge. Agressivo e zangado, este é com sonoridade com falta de dinâmica. E o
Viggo Lofstad, guitarrista dos Pagan's Mind um álbum que vai muito mais além do hardcore paradoxo mantém-se neste trabalho dos Not My
e os dois trazem para cima da mesa algo caótico, e onde as guitarras nos trazem diversas Master, que embora na teoria usem e abusem
bastante inesperado tendo em conta as suas melodias cativantes como no tema "Asylum". Não da chamada fórmula groove como conseguem
bandas principais. Temos um hard'n'heavy sendo, mesmo assim, uma audição tranquila introduzir momentos fantásticos como no tema
inspirado e com grande raça que centra-se "Revenge", onde o elemento atmosférico acaba
sobretudo na excelente voz de Floor, que principalmente para quem não é habitual a este ser tão importante. A duração acaba por ser
aqui surge numa vertente mais tradicional tipo de coisas não deixa de provar um impacto apropriada e tornar este trabalho como um que
e nas acrobacias sóbrias de Jorn. São onze muito positivo. assim que acabamos queremos voltar a repetir.
temas que rockão como tudo e mesmo que Um paradoxo bem surpreendente.
este projecto não passe deste álbum, já
valeu a pena.
[8.7/10] Fernando Ferreira [7.4/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira

OBSOLETE THEORY OFF THE CROSS OLD MAN LIZARD


“Mudness” “Era” “True Misery”
My Kingdom Music Edição de Autor Wasted State Records
Quanto mais rica e Excelente surpresa este Groove. Calma. Não
especial é a música, mais EP dos belgas Off The é desse groove. É
difícil é de colocar numa Cross. Quatro temas daquele que parece
prateleira toda bonitinha.
dentro do espectro de que faz escorrer óleo
Como este álbum dos
Obsolete Theory, que nos um gothic metal meio das colunas e que
surge como uma espécie sinfónico, meio death nos faz viajar até ao
de black metal atmosférico metal melódico e que deserto - nenhum
com retinques de doom, conta com uma série em específico mas
death e pós-black metal - isto de acordo com o de convidados especiais em cada um deles poderemos falar das vastas planícies
comunicado de imprensa. E não é nada que ande (Marcela Bovio dos MaYan, Jons Renkse dos alentejanas - e pensar em road movies, mais
fora da realidade, mas pdoeríamos também dizer Katatonia, Tiis Vanneste dos Van Echelpoel ou menos famosos. Divagações aparte, este
que se trata de um death/doom melódico com
e Matthijs Vanstaen dos Lighthousing). O é um trabalho que flui muito bem, ainda que
retinques de black metal. E é nesta altura, perante
a qualidade deste som, que nos apercebemos resultado é supreendente pela qualidade que por vezes sintamos que faltaria por aqui um
quão parvo é esta discussão quando na realidade os mesmos conseguem imprimir. Poderoso pouco mais de dinâmica. Bons temas mas
o que interessa dizer é que este é um álbum em termos de produção mas como as próprias que tornam o fluir do trabalho algo arrastado.
dantástico. Cinco temas longos mas que soam músicas batem no ouvinte. Um trabalho e Sabemos que é stoner, mas mesmo assim...
bem dinâmicos e viciantes. O problema é tentar uma indicação para o futuro fantásticos. Para os aficionados da coisa.
decidir em que categoria o vamos colocar na lista
dos melhores dos anos.
[9/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando ferreira [7/10] Fernando Ferreira

OPETH aqui as inevitáveis "Ghost Of Perdition", OPHIDIAN FOREST


"Demon Of The Fall", "Heir Apparent" e o
“Garden Of The Titans: Live At Red Rocks Amphiteatre” “VotIVe”
épico "Deliverance" que fechou o concerto.
Nuclear Blast Records Code666
Também do passado temos "In My Time Of
Temos que dar a mão Need" do álbum "Damnation", que apesar O black metal dos
à palmatória. Apesar de ter sido o primeiro álbum mais calmo Ophidian Forest sempre
foi muito particular, não
de todas as críticas foi muito bem aceite na altura. "Sorceress" sendo propriamente
acerca da mudança é o álbum em destaque e aqui encontramos unânime. Não é algo
do seu som, os Opeth um bom equilíbrio que os evidencia como que mude com este que
não vacilaram, têm uma banda mais forte que nunca e que é seu quarto álbum,
conseguido apresentar como indica o título.
conseguiu, mantendo-se firme aos seus Continuamos a ter temas
em termos criativos planos, encontrar a paz com o seu público. longos, com passagens melódicas com recurso
algo de bom na generalidade, mantendo- Um bom documento do estado actual da a teclados mas antes que se pense que é algo
se fiel à sua identidade. E os concertos banda e claro, o mais importante, com polido e bonitinho para atrair moçoilas e moçoilos
continuam a atrair muitos fãs, mesmo que excelente música. incautos, temos que avisar que é precisamente
alguns continuem à espera pelas velhas o contrário. Há sempre uma espécie de sujidade
no ar, um ruído omnipresente que embora
malhas mais viscerais. A cada álbum que lhe dê mais carisma, não deixa também por
passa, o peso desta sua fase vai diminuindo cansar - afinal são sete temas, na sua maioria
e podemos considerar que neste ponto há longos, em quase uma hora de música. Não é
um ponto de equilíbrio entre as duas fases imediato e não é garantido que chegue alguma
vez a entrar, mas sem dúvida que é intrigante
embora se perceba que o passado esteja o suficiente para que continuemos a tentar.
cada vez mais longe. Desse passado temos

98 [8.5/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira


ORION’S REIGN OSTURA P.O.D.
“Scores Of War” “The Room” “Circles”
Pride & Joy Music Universal Music MENA Mascot Label Records
Há bandas e bandas! Segundo álbum dos Ao nos depararmos com
Começo por aqui, porque libaneses Ostura e há, logo "Circles" mesmo sem
vou dizendo, escrevendo à partida, várias coisas querer, o nosso primeiro
ou que seja, que muitas a retirar. Para já, termos pensamento foi: "P.O.D.,
das bandas que surgem de uma banda deste género isto ainda existe?" Pois é,
hoje em dia enquadradas (metal sinfónico) a chegar parece mentira que aquela
em diferentes estilos, do Líbano é logo uma banda que chegou a passar
correm sempre o risco vitória. Depois, os seis com fartura na Sic Radical
de ser mais uma, de cair anos que separam este e noutros sítios que lhes
no esquecimento de forma do trabalho de estreia são davam tempo de antena
rápida. Aqui, está o exemplo de um disco, de uma compreensíveis, tendo em conta o país de origem. E e que depois nunca mais se ouviu falar, ainda
banda, que eu não conhecia, o que é normal, apesar por último, se uma banda poderá sofrer um pouco existe. Existe e continuam cheios de garra. Tenho
dos seus treze anos de existência, mas que com toda do preconceito pelo sítio de onde surge (e neste que confessar, nunca me impressionaram. Não só
a certeza irei querer acompanhar daqui para a frente, caso, o preconceito estamos a falar literalmente, faziam o som que todos faziam na altura, com a sua
isto porque este “Scores Of War” não é mais um, de pensar que uma banda que vem deste sítio tem própria identidade, isso é inegável, como esse som
é simplesmente um enorme disco de heavy metal, produções boas ou más, músicos experientes que todos faziam não era particularmente digno de
pronto, ok, de power metal sinfónico! Descrever um ou inexperientes. Pois aqui, não só a produção nota em termos de música pesado, sendo apenas
álbum assim, é para mim muito, muito difícil, porque é brutal como a performance - e composição - uma extensão das sonoridades urbanas como o
quem sou eu para o fazer? Pessoal, fã do género, dos temas são de uma qualidade excepcional, que hip hop. Ainda assim, é um sinal da perseverança e
fã de heavy metal oiçam e degustem calmamente tornam este álbum um grande destaque entre a da sua qualidade. Temas bem construídos, catchy
de cada faixa, de tudo o que ela nos faz sentir... concorrência. Uma enorme surpresa à qual não e que num outro mundo poderiam passar até na
é mesmo o melhor dentro do género que já ouvi conseguimos largar. rádio como no passado. O mundo é outro mas
neste ano de 2018! existem coisas que não mudam.

[10/10] Miguel Correia [9/10] Fernando Ferreira [6/10] Fernando Ferreira


PA VESH EN PENTARIUM PERPETUAL NIGHT
“A Ghost” “Zwischenwelt” “Anâtman”
Iron Bonehead Productions Boersma Records WormHoleDeath Records
Depois das duas demos, Não há nenhum género da Costuma-se dizer que de
o misterioso projecto one- música pesada que tenha Espanha não é costume
propriamente entrado em vir coisa boa mas no
man band estreia-se nos extinção, mesmo que a que diz ao respeito,
EPs com este primeiro sua relevância possa esse é um ditado onde
ter decrescido com a a suposta sabedoria
composto por dois temas popular espalha-se ao
mudança dos tempos. comprido. Esta é a estreia,
e portadores do seu som
É o caso do death metal finalmente, dos Perpetual
bem cru dentro do espectro melódico que em parte Night que apresentam um
do black metal. Reverb como se estivesse numa viu a sua relevância a ser substituída pela do death metal melódico de grande qualidade que
metalcore mas mesmo assim não deixou de junta aqueles ingredientes que consideramos
caverna esquecida por Deus, a reverberação do ruído fundamentais para o género: Primeiro, tem uma
apresentar bons trabalhos no underground. Como
a fundir-se com a distorção e a abafar quase tudo, ambiência fantástica, onde a melancolia épica
este segundo álbum dos alemães Pentatarium, acaba por ser o grande destaque (o tema título é
inclusive a bateria, está aqui algo que por vezes entra temos um bom exemplo dessa vitalidade, com a uma obra de arte) e depois tem também um poder
nos domínios do noise e drone. Interessante estreia banda a recorrer a uma vertente mais sinfónica metálico que agarra quem gostar de coisas mais
que acrescenta ainda mais variedade ao seu directas. O equilíbrio entre estas duas facetas é feito
e interessante exercício de música extrema mas som. Não consegue equiparar-se às referências de forma magistral, sendo que ficamos contentes
insuficiente para que nos convença por definitivo. clássicas do estilo mas é sem dúvida uma boa por este álbum não nos ter passado ao lado agora
adição a qualquer audioteca. que chegamos ao final de mais um ano.
Venha mais.

[5.5/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira

PINK COCOON POLYPLASTIC PRINS SVART


“Alienation” “Not No” “Prins Svart”
Edição de Autor Edição de Autor Musica Ex Machina
Montreal nunca foi O pós-punk não está Bom, os suecos Prins
uma região propensa limitado à década de Svart têm aqui um disco
ao doom - e se calhar interessante. Muito mal-
podemos ampliar oitenta e no entanto, a
has zeppelianas, muito
a coisa ao Canadá sua sonoridade típica
rock’n’roll bem pesado,
inteiro, embora remete-nos sempre
existam sempre as sonoridade moderna e
para aquele período interessante, pois revela
excepções à regra.
São seis temas onde o stoner surge com da música. Mais do que ser uma proposta capacidade de nos prender durante toda a audição
um certo espírito psicadélico e de jam que nostálgica, o que temos são quatro temas sem aquela tentação de passar à frente ou passar
faz com que se instale logo um feeling que vivem pelos seus próprios méritos. Se à faixa seguinte. São 7 temas requintados para os
de hipnose que abraçamos sem qualquer
pegarmos numa música como "Next Slide", nossos ouvidos e a curiosidade levou-me a perceber
resistência. Sem grandes complicações,
"Alienation" apenas confia no seu dom de os seus encantos funcionam de imediato e que desde os anos 90 que estes 4 brilhantes músicos
instalar um groove que nos vai envolvendo, andam nestas andanças, portanto, já há por aqui muita
não são necessárias muitas voltas para que se
faixa após faixa. Não é dos melhores EPs que experiência, pois os diferentes currículos são disso
ouvimos este ano mas é um bom trabalho e instale facilmente. Melodia clássica e intemporal.
um exemplo. Mas voltando a “Prins Svart”, sim, é
boa apresentação à banda que, infelizmente, um produto altamente recomendável, totalmente
não tem dos melhores nomes possíveis.
cantado em sueco!

[7.3/10] Fernando Ferreira [7.2/10] Fernando Ferreira [9/10] Miguel Correia 99


QUANTUM LEAP QUARTER HOUR OF POWER RAVEN THRONE
“No Reason” “Compilation” “Biaskoncy Snieh Casu / Niazhasnaje”
Viskningar Och Vrål Encapsulated Records Possession Productions
Diz o comunicado de Ora aqui está um Black metal cheio
imprensa que esta conceito interessante. de atmosfera mas
estreia dos Quantum Catorze bandas em sem qualquer tipo
Leap é uma banda apenas num 7", cada de aditivos (pós) é
sonora para o colapso uma com apenas um aquilo que os Raven
dos eco sistemas. Bem, minuto máximo (mais Throne apresentam
não é bem essa imagem coisa menos coisa) neste EP. A banda
que nos provoca a não para mostrar o seu consegue criar uma
ser que esse colapso se passasse num som. E em menos de catorze minutos temos série de ambientes não muito comuns (até
filme futurista da década de oitenta. O pós uma variedade impressionante e que até podemos alegar que por vezes anda mais
punk é mesmo o prato forte, com uma resulta. Do rock/pop (a lembrar os B'52) pelo death metal do que pelo black metal) e
costela alternativa e indie que faz com dos Bruiser Queen, até ao punk rock da que não tem vergonha de usar a melodia para
que a coisa se torne mais interessante. A maior parte das bandas, até ao hardcore atingir os seus fins. O resultado são cinco
produção é bastante crua, e neste caso de bandas como Suicide Dive ou grindcore belas faixas (contando com a intro) que se
até joga a favor do trabalho, dotando-o de de bandas como Chalked Up, é uma montra instalam facilmente nos nossos ouvidos.
uma personalidade muito própria. Um bom interessante de talentos e, mais uma vez, Compassado mas dinâmico na forma como
trabalho e recomendável para quem acha que ideia excelente. usam os temas, esta foi uma boa surpresa
o pós-punk é coisa do passado. apesar da banda já andar nesta vida já há
quase quinze anos.

[6.5/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira

RAVENSKÜL RED BEE RED DRAGON CARTEL


“At The Gates Of God” “Silent Enemy” “Patina”
Edição de Autor Dinner For Wolves Frontiers Music
Temos o máximo respeito Da Austrália, uma banda Jack E. Lee e os seus
por todos os músicos e por que nos surpreendeu Red Dragon Cartel,
todos os géneros embora pela sua energia e estão aí com o segundo
por vezes possamos estar poder, mesmo sem disco. Se por um lado
em dias menos inspirados o guitarrista dispensa
e as nossas palavras não tocar especialmente
metal. Podemos dizer todas as presentações,
reflitam esse respeito que é possivelmente este seu
intrínseco. Bem isto porque que anda lá perto por
espero que hoje não seja vezes, dentro de uma novo projeto será ainda
um desses dias, já que este desconhecido de alguns.
vertente mais alternativa, Mas certifiquem-se dele
álbum de Ravenskül, um projecto a solo do músico mas não é o primeiro termo que nos ocorre.
que no Metal Archives é espanhol mas no comunicado e garanto-vos que tudo o que se ouve em dois
Há um certo pedigree prog embora tenhamos discos é muito Mr. Jack E. Lee. O seu o primeiro
de imprensa é norte-americano/norueguês, é do pior
que pode haver. A voz é declamada como se fosse o na sua maioria temas curtos e directos que disco distinguiu-se pela sua solidez musical,
Orson Wells num álbum dos Manowar - sempre! - e fazem mossa imediata - ouçam o malhão que mesmo com a participação de inúmeras vozes
este é o segundo álbum de sete (!!!) lançados neste é "Autumn Blood Horizon" e digam lá se não convidadas, agora, com Darren Smith como
ano. Mas já divago, vamos a este "At The Gates Of é assim, onde até temos blast beats - e uma vocalista a estrutura musical estabilizou ainda
God". Produção manhosa, musicalidade básica e a capacidade para encantar graças a uma voz bem mais. “Patina”, navega muito na sonoridade de riffs
voz, Orson Wells. Nós queremos ser positivos e não característica e cheia de feeling, que resulta metal old school, blues e algo até um pouco mais
queremos esmagar os sonhos de quem quer que muito bem neste contexto. Agora que isto está grunger, mas o cunho do mestre é, naturalmente,
seja mas assim... não há condições. Todavia, devo despachado, vamos mas é ouvir outra vez. ouvido em cada composição. É um disco muito
dizer, fico curioso para ouvir os outros seis álbuns divertido de se ouvir e que vai proporcionar bons
da sua discografia. Principalmente o "Conquistador momentos com toda a certeza.
Esquelético", que tem um título que promete.

[2/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando ferreira [10/10] Miguel Correia

REMARK REVENGE OF THE FALLEN RHODIUM


“Keep Running” “Pareidolia” “Scream Into The Void”
Edição de Autor Edição de Autor Edição de Autor

EP que nos traz duas “Pareidolia” é o EP de A Grécia é sempre


estreia simples e directo do garantia no campo
músicas originais por quinteto de Cascais Revenge
parte dos moscovitas Of The Fallen formados
do power metal e os
Remark e duas covers em 2016. Composto por Rhodium apresentam
4 temas -germinados pela com o seu álbum de
de temas clássicos. inspiração, ao longo dos estreia mais uma prova
Numa roupagem alter- anos pelo guitarrista Tiago dessa boa média.
nativa (algures ali entre Espadinha e impulsionado "Scream Into The Void"
pelo amigo das 6 cordas
o que os Creed tinham Fábio Gil- apresenta um Hard'N'Heavy moderno traz uma sonoridade
de bom com a identidade dos Candlebox), que merece a devida atenção. Com uma energia e forte e a pender para o progressivo mas não
uma grande produção, poderosa que favorece emoção própria, música, uniforme, cheia de variações, abusa dos lugares comuns, excepto, talvez,
técnica cristalina, melodia sentimental e boas linhas na voz de Mike Lee. Nada de preocupante.
qualquer um dos temas, este EP surpreendeu vocais de Cláudio Santos com apontamentos que Portanto temos bom som, boa banda, boas
pela sua eficácia. "Comeback" é um grande salientam as amarguras das letras que escrevem.
Uma proposta onde o empenho e o compromisso é prestações aliadas a uma boa voz e, o mais
tema, assim como como "Purple Haze" e as bem patente entre os elementos a que se somam os importante, bons temas. O importante a
covers acústicas de "Shout" (Tears For Fears) talentos de Martin Gaspar no baixo e Carlos Araújo salientar é a forma como não se perdem
e "Too Close" (Alex Clare") estão feitas de na bateria. A banda tem estado muito activa ao vivo em divagações e têm o foco no ponto certo.
e os atributos destilados neste trabalho prometem Tudo junto o que faz com que este álbum
forma a reinventar o que é clássico e safam- o concretizar das expectativas num futuro longa
se com distinção. Grande banda. duração. Fiquem atentos, descubram este trabalho facilmente cresça a cada audição que se
e esta nova banda lusitana. lhe dedica.

100 [8.5/10] Fernando Ferreira [8/10] Paulo Aguiar [8.3/10] Fernando Ferreira
RICH DAVIS RISE OF THE NORTHSTAR ROAD
“Not Dead Yet” “The Legacy Of Shi” “_TKLTSSG_HBJ”
Crushing Notes Entertainment Nuclear Blast Records Hammer Records

Rich Davis poderá ser Os Rise Of The Northstar Nãotemos muita


um nome desconhecido têm sido uma grande informação acerca
aposta da Nuclear destes Road.
para a maior parte Blast Records, com Desconfiamos que
dos nossos leitores campanhas agressivas são húngaros e a
de marketing mas
por isso vamos fazer aquilo que apresentam sonoridade que
não nos impressionou apresentam é um
as apresentações a metal moderno, cheio
por ai além no seu
propósito deste seu trabalho "Not Dead Yet", primeiro álbum e agora... até que tem algum de groove, cantado na sua língua natal
composto por um CD e DVD. Rich notabilizou-se impacto. Sim, continuamos a ter breakdowns (calculamos nós) e cujo impacto é reduzido.
a torto a direito e motivos para que o pessoal Não se tratando propriamente de um mau
pela presença em várias compilações de revistas das acrobacias arraçadas de artes marciais
tenham o prato cheio, no entanto, parece álbum, e até gozando de um bom som,
como Zero Tolerance e Terrorizer com singles não há nada que o faça sobressair diante
haver mais alguma "maturidade" nas malhas
que foi lançando ao longo de 2015 e 2016 mas aqui apresentadas. No entanto, para quem é de todas as propostas de metal moderno
alérgico ao contágio nu-metal no metal, sem que por aí circulam, principalmente aquelas
"Not Dead Yet", salvo erro - a informação não
falar do hardcore, poderá ter doses valentes cheias de groove. Interessante trabalho mas
é propriamente clara a esse respeito) - o seu de urticária. A ideia é ir introduzindo a coisa dificilmente nos vamos lembrar dele daqui
primeiro álbum de originais. Em termos visuais, o aos poucos. a seis meses. Ou nem tanto.
DVD é composto por vídeos para quase todas as
músicas do álbum, vídeos que parecem ter sido [6.6/10] Fernando Ferreira [5.6/10] Fernando Ferreira
feitos numa perspectiva DIY mas que mesmo
ROSTRES RUNESPELL
assim têm uma boa qualidade. Musicalmente
“Les Corps Flottants” “Order Of Vengeance”
é uma mistura entre a sonoridadetipicamente WOOAAARGH Iron Bonehead Productions
shred (onde o amigo Rich evidencia talento bruto) Não é fácil esta vida de
analista musical. Não é fácil
Depois de um ano da
e uma sonoridade que arrebanha tudo o que porque o tempo é curto e estreia, aqui está o
se pode considerar moderno. Temos tiques de cada vez mais nos chegam segundo álbum da one-
propostas para cima da
man band australiana
metalcore, industrial e aqui e ali até um pouco mesa às quais sentimos
ter a obrigação de atender de Nightwolf, também
de nu, em doses aceitáveis. Apesar de alguma - é esse o nosso principal presente nos Blood
motivo de existir, divulgar
estranheza inicial, a coisa até funciona mas fica a a música pesada. A boa e Stronghold. Para
ideia de que se houvesse mais pessoas a ajudar a má também. E por vezes o cansaço e as mil e uma quem não sabe do que
coisas dentro do nosso mundo do metal tira-nos as estamos a falar, este é black metal a puxar
no processo criativo, poderíamos ter algo mais energias. Felizmente depois temos a recompensa de
nos depararmos com álbuns como este "Les Corps ao épico. A coisa entusiasma a princípio
marcante. Sendo o primeiro lançamento fica Flottants", simplesmente uma obra prima do pós- pelas melodias mas depressa começam
metal, pós-doom, ou simplesmente doom. Um álbum
a expectativo de preenciarmos uma evolução instrumental que estabelece logo nas primiras notas a saltar à vista (ou aos ouvidos) allguns
um ambiente especial. Aquele ambiente que nos dos seus problemas. O primeiro é o mais
a partir deste ponto. diz aos ouvidos "já foste, daqui já não sais". E irrita, óbvio, a produção. Mas sendo black metal,
porque efectivamente não saímos. Não conseguimos.
Não queremos sequer. Uma estreia monumental de é também o menos importante. O segundo
uma banda que é para acompanhar nos próximos é a voz que acaba por se separar da música
lançamentos. Até lá, repeat até à exaustão.
em vez de soar como uma unidade. Ainda
assim não é problemático. O problema é
que estes dois pontos juntos, que até nem
[6/10] Fernando Ferreira [9.2/10] Fernando Ferreira são muito importantes, esbarram naquele
que é o principal problema. Se a voz soasse
como uma unidade com o instrumental e se
SADDAYAH SAINT KARLOFF o som fosse mais poderoso, talvez disfaçasse
“Apopheny Of Life” “All Heed The Black God” um pouco a falta de ideias que temos neste
Edição de Autor Twin Earth Records segundo álbum. Não me interpretem mal,
O álbum de estreia dos Não sei porquê mas assim continuamos a ter aqui matéria suficiente
romenos Saddayah que vi o nome desta banda para quem gosta de black metal épico e
poderá não chegar a pensei logo em doom compassado. O problema é que ficamos
metal clássico, segundo sempre com a sensação que já ouvimos
muito lado. Afinal é uma
a tradição Black Sabbath. tudo isto de forma bem mais superior. O
banda desconhecida de E acertei em cheio. Esta
um país que apesar que é um sentimento frustrante.
banda norueguesa parece
de ter uma boa cena, que são os descendentes
não tem própriamente directos da formação
nenhum nome de peso, principalmente no clássica da banda, soando muito, muito próximos
género death metal. No entanto devemos avaliar daquilo que fizeram no seu álbum de estreia,
a música por aquilo que ela é, por si só, sem embora nomes como Saint Vitus também façam
muito sentido neste contexto. Algo que vai entrar
ter atenção a detalhes. E nesse respeito, até
directamente para quem é fã do género mas que
que nem nos desiludimos com o que ouvimos vai soar a rip off a muitos outros. Embora eu
aqui. É um álbum coeso, diversificado, com perceba esse sentimento, não há como esconder
atenção aos detalhes técnicos. Bons riffs e o entusiasmo com temas como "Space Junkie"
dinâmicas que conquistam sem dificuldades. e a forma como rockam sem se preocupar com
Faltam ganchos que nos agarrem sem direito detalhes. É puro e visceral, de uma forma que nem
a estrabuchar, é certo, mas sendo o primeiro sempre é possível nos dias de hoje.
álbum, podemos dizer que temos aqui um
potencial diamante.
[7/10] Fernando Ferreira [7.6/10] Miguel Correia [6.4/10] Fernando Ferreira 101
SAINT MARILYN SAPPHIRE EYES SATORI
“Tangle” “Breath of Ages” “The Golden Dwarf”
Really Great Gum The Junction Endless Winter
Synth Pop. Eu sei, até Sei que se trata de uma E bem vindos à década
vos pela a pele toda. banda com um percurso de setenta com os Satori.
de respeito, mas peço
Não é de propósito desculpa por não os Este é um projecto que
embora gostemos de conhecer até ao momento. junta aquele espírito
abalar com qualquer tipo Agora, que oiço “Breath clássico do hard rock
de fundamentalismo. Of Ages”, fico até, algo da década de setenta
Neste caso temos um incrédulo, e tento perceber onde os riffs até parece
porque não se fala numa
duo que nos traz aquela banda como esta? Sei que que transpiravam óleo
sonoridade (agora) o mercado anda inundado de nomes, de música e gasolina com um
cinematográfica, para sempre associada à década de todo o género, mas quando ouvimos algo de espírito progressivo/psicadélico que não é
de oitenta. São seis temas bem construídos que qualidade interrogamo-nos com isso e com as opções, estranho a nomes como Pink Floyd e The
funcionam muito bem dentro do género que algo compreensíveis, dos média em geral para dar Doors. Agora juntem tudo isso como se fosse
importância a tentativas musicais que de música
se movem, conseguindo até alguma dinâmica não tem... nada! Certamente, nem todos estarão de tocado pelos Black Sabbath antes de lançarem
inesperada. Dinâmica e groove. Não irá marcar acordo comigo, se calhar por acharem que eu digo o primeiro álbum. "All Gods Die" junta tudo isso
presença na nossa playlist, mas é um daqueles isto só a este género mais AOR, mas, desenganem- e é a apresentação perfeita. Para o pessoal
sons que poderíamos mostrar ou até recomendar se porque eu estendo esta minha opinião a muitos que gosta daqueles cigarrinhos para rir, está
a alguém que tivesse saudades da década de géneros de boa música. Este disco é portentoso aqui ganga que dispensa o uso de substâncias
dentro do referido género e sentir aqui um mistura
oitenta. de nomes como os Journey, Toto, por exemplo... ilícitas, já que o efeito é o mesmo. E como se
não são eles uma referência para muitas gerações? não bastasse, dá-lhe no final com uma épica
Então, se sim, têm de dar a devida oportunidade aos cover em modo doom do "Light My Fire" dos
Sapphire Eyes e deixa-los brilhar. The Doors. Taruz, perfeito. Não é para todos
mas é mesmo perfeito.
[7/10] Fernando Ferreira [10/10] Miguel Correia [8.9/10] Fernando Ferreira
SEAN ALAN AND THE TRUE LOVE BAND
SECOND TO SUN SEVEN EYED CROW
“The Show Must Go On” “The Black” “Organized Chaos”
Edição de Autor Edição de Autor Edição de Autor
O amigo Sean Alan Não foi preciso muito Vindos de França, os
está de volta e trouxe deste "The Black" para Seven Eyed Crow são
com ele uma capa ficarmos cientes que um bom exemplo da
daquelas míticas os Second To Sun eram riqueza e amplitude da
que pensávamos que malta... peculiar. Ou música pesada. A banda
estavam confinadas melhor, até antes de consegue com este álbum
na década de setenta. mergulharmos no de originais, o seu primeiro,
Felizmente em termos som, basta olhar para a juntar uma série de géneros diferentes e não só
sonoros, a coisa é bem mais agradável. discografia e verificar que para quem achava soar frescos como ainda lançar a escada para a
Temos um rock suave e ligeiro, a lembrar, que os tempos modernos já não são amigos
estabelecimento de uma identidade própria. O rock
em termos de voz, Bob Dylan, e mesmo sem do single como formato, poderá ver que os
alternativo moderno aponta para a fase em que
ser folk, a tradição americana (americana, o Second To Sun editam em média dez singles
género musical) está muito bem representada, entre álbuns. Quanto à música, "The Black, o nu-metal dominava as atenções, mas junta-lhe
assim como o blues (muito ao de leve). que é o quinto álbum da banda (e o primeiro aquele elemento progressivo que torna tudo muito
Depois temos a secção de sopro que dão editado este ano), começa com "Ladoga mais interessa. Bem pesado, esta é um bom nome
um toque exótico mas bem conseguido, o "Master" que tem no início uma espécie para quem anda à procura de algo diferente no reino
que nos deixa com um bom conjunto de de paródia à música da 20th Century Fox do rock. Diferente e bom.
temas. Não é metal mas é bom. de fazer doer aos ouvidos. Mau presságio.
Felizmente há muito mais aqui do que isso.
[7/10] Fernando Ferreira A raiz black metal continua presente apesar [7.5/10] Fernando Ferreira
das mudanças ao longo dos anos (que raios,
até um álbum djent fizeram - em sua defesa,
arrepederam-se e deserdaram o mesmo)
SEVENTH WONDER no entanto parece que querem incluir tanta SHIBALBA
“Tiara” coisa que acabam por não soar a nada. Soar “Stars Al-Med Hum”
Frontiers Music a nada é demasiado forte... nada consistente Agonia Records
Começo por destacar ou assinalável o suficiente para nos agarrar A capa, e até o título,
a capa...sem dúvida, pelos ouvidos com força. Não deixa de ser um deste álbum diz tudo. A
fantástica, bem conseguida trabalho interessante, com bons momentos, componente espacial, de
e foi logo o que me chamou uma forma quase esotérica
a atenção de “Tiara” dando mas seria necessário algum foco adicional. é a primeira coisa que nos
assim a minha prioridade atinge. Logo ao primeiro
para a audição deste disco. tema, "AlignementI Fa
Ra On", fica-se intrigado
Para além de ser algo que ao mesmo tempo que
esperava há muito, um hipnotizado. Convém dizer
novo disco dos Seventh que este é um prjecto por parte de membros de
Wonder, pois fiquei positivamente impressionado Acherontas e Nastrond que se distancia daquilo o
com trabalhos anteriores e quase que iam caindo que é o black metal normal para mergulhar em peças
no meu esquecimento, pois, se não estou em erro já (à falta de melhor termo) cujo objectivo é fazer-nos
passaram 7 anos desde o lançamento do ambicioso viajar na maionese. E conseguem, sem grandes
“The Great Escape”. “Tiara” marca assim o regresso dificuldades. Mas umas fraldas também não seria
da banda sueca, talvez uma das mais subestimadas mal pensado porque o que temos aqui é material
da cena metal progressiva e eleva os padrões de para nos fazer voltar a ter cinco anos e a ter medo
qualidade do seu catálogo. Há por aqui algumas do escuro. Ou a ter apenas cinco anos, porque medo
melodias de abordagem muito forte, diria muito do escuro a malta já tem. Um trabalho perturbador
futurista, com riffs e solos muito bem conseguidos, e inquietante mas que resulta no seu intuito. Não é
a voz de Tommy Karevik assinam cada música de de fácil audição nem sequer é a proposta típica de
forma sublime e no global fazem um disco fabuloso! ambient, mas é por isso mesmo que é tão especial.

102 [10/10] Miguel Correia [6/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira
SICK OF IT ALL SIEGE COLUMN SISSY SPACEK
“Wake The Sleeping Dragon” “Inferno Deathpassion” “Ways Of Confusion”
Century Media Records Nuclear War Now! Productions Nuclear War Now! Productions

Os mestres do hardcore O duo misterioso de Sissy Spacek é a actriz que


nova-iorquino estão New Jersey estreia- eternamente ficou ligada ao
de volta para mais se com esta podridão filme de terror, "Carrie". É
porrada hardcore épica. em formato death também a designação para
Esta é uma daquelas metal blasfemo e bem
primitivo - daquele que uma banda de grindcore
bandas que não falha até passava por thrash que tem lançamentos que
nunca. Não consegue metal não fosse a voz a nunca mais acabam (mais
simplesmente falar. vociferar.. Não é paixão à coisa menos coisa, metade dos Agathocles) o que
Palavras de ordem gritadas, sempre com a primeira audição embora tenha que confessar
energia a convidar-nos ao movimento. Estou que existe um encantonostálgico nesta quase quer dizer que "Ways Of Confusion" são mais quarenta
sentado a ouvir o álbum pela enésima vez e meia hora. Um encanto que se traduz muito bem e um (41!) temas que se despacham em coisa de
asseguro que continua a dar-me vontade de nas edições em vinil ou em cassete. Tirando esse quinze minutos. Podemos dizer que o extremo dos
levantar-me e andar a fazer acrobacias epilépticas encanto, que como uma boa anedota, se esgota extremos tem sempre consequeências, e neste caso é a
pelo espaço do nosso escritório. São muitos anos após algumas repetições, acabamos por ficar dinâmica onde basicamente não existem praticamente
com pouco. Resta a curiosidade para as várias
a virar frangos mas é normal encontrar nalguns demos e splits para verificarmos se o registo se diferenciações de tempo, batidas e vocalizações - não
veteranos o cansaço criativo, algo que não se mantém, mas quase que apostamos que sim. falamos da guitarra, porque a mesma fica enterrada
nota nada neste "Wake The Sleeping Dragon", sobre a voz e bateria, sobrando apenas um "suave"
porque este não estava realmente a dormir. feedback. Fãs de grindcore, mas mesmo daqueles
acérrimos, isto é para vós.

[9/10] Fernando Ferreira [6/10] Fernando Ferreira [5/10] Fernando Ferreira


SJUKDOM SKULL PIT SMASHING PUMPKINS
“Shiny And Oh So Bright Vol. 1 - LP: No Past. No Future.
“Stridshymner Og Dodssalmer” “Skull Pit ” No Sun”
Osmose Productions Metal Blade Records Golden Antenna Records
Por esta altura o mito do Não gostam daquelas bandas Quando já não faria
que o black metal só é bom que nos fazem começar
vindo da Noruega já há muito análises como esta da supor, os Smashing
que foi à vida - até porque a seguinte forma: "e o que Pumpkins regressam
geografia nunca foi garantia temos quando jutamos o com um álbum que tem
de qualidade para nada na vocalista dos thrashers um título estupidamente
vida. Nem mesmo para o bom Exumer com o baixista dos longo mas com o som
tempo, pela forma como isto doomsters/sludgers Church demais, ainda que
anda tudo maluco. Divago. Of Misery"? Nós gostamos, demasiadamente radio
Temos com "Stridshymner principalmente quando a friendly. Não que eles
Og Dodssalmer" um regresso após uma estreia que resposta é tudo menos óbvia. Quer-se dizer, podemos
teve um excelente impacto no underground cinco anos obviamente constatar que temos aqui a sujidade própria dos tenham sido uma banda pesada 24 horas por
atrás. O silêncio não poderia ter sido quebrado da melhor Church Of Misery e que o ataque vocal de Mem (vocalista dia, mas aqui parece que surgem estranhamente
forma. E é aqui que damos sentido à frase com que dos Exumer) obviamente que leva a coisa para o seu suaves. Não apáticos, apenas apelativos ao
começámos esta análise. A proposta vai de encontro campo, mas este é um bicho completamente diferente. ouvido sem fazer o sangue ferver na maior
ao que temos como referência da sonoridade típica do Uma espécie de Motörhead thrashado e chateado, onde parte das vezes. "Solara" e "Marchin' On" são
black metal da segunda vaga e para muitos será mais não existem grandes preocupações a não ser rockar como provavelmente os pontos onde temos a excepção
do mesmo, mas o segredo desse estilo específico (aliás, se não houvesse amanhã. Clássico e badalhoco como os que comprova a regra. No geral são nove temas
como muito outros, como o death metal sueco) é que mestres citados atrás mas como também como muitas
desde que as músicas sejam boas, o estilo é secundário. outras propostas que não saíram do underground. Está que passam num instante e que mostram uns
E a qualidade deste trabalho é superior, mesmo que em aqui um senhor vício, é o que é. Recomendado para quem Smashing Pumpkins descomprometidos e
termos de originalidade fique aquém. Só não tem mais julga que a música pesada hoje em dia é toda digital e relaxados, com o seu som tradicional, sem
impacto por ser um disco algo curto mas se formos pré-processada para agradar as massas. grandes experimentações. Um bom álbum
a ver, quarenta anos era esta a duração que a grande embora tenha o dom de nos passar despercebido
maioria dos trabalhos tinham. Recomendado. durante as primeiras audições.
[8.5/10] Fernando Ferreira [8.7/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira

SODOM SOFT KILL SONNY ELLIOT


“Partisan” “Savior” “Broken Glasses”
Steamhammer/SPV Profound Lore Records Edição de Autor
Quando surgiram as notícias Tem sido recorrente Se há algum tipo de
de que os Sodom iriam
ficar sem o seu baterista falarmos do pós-punk pop que nos seja
e guitarrista de uma e poderá ser falacioso,
assentada, a incerteza poderá pensar-se que amigável ao ouvido é
cercou todos os dãs da
clássica banda de thrash estamos a ter um o dreampop. Talvez este
metal teutónico. No entanto, ressurgir desse género duo britânico não seja
essas incertezas mudaram de som mas a verdade
com o anúncio da entrada o exemplo perfeito do
não de um guitarrista mas de dois, sendo que um é que esta foi uma cena
deles era o mítico Frank Blackfire, que já tinha estado que nunca desapareceu completamente, género, mas há de certeza aqui alguns elementos
na banda naquela que é considerada uma das suas
melhores fases ("Persecution Mania" e "Agent Orange") havendo sempre um underground que o que acabam por fazer sentido neste contexto
e que também acumula funções nos Assassin. Na acolhe. Os Soft Kill, por outro lado, parece
bateria ainda conta com Tormentor, que já tocou nos que poderá estar até mais próximo do rock
que estão apostados em elevar a coisa até
nossos Decayed e nos Desaster assim como também alternativo. Seja que estilo for, estes quatro
está presente Asphyx. O outro guitarrista, Yorck Segatz, ao mainstream. Não é que mudem o género
poderá não ser tão ilustre mas definitivamente. Os de forma a torná-lo mais atractivo. Apenas temas são ideias para nos fazer relaxar após
nomes não interessam muito se não tivermos boa o apresentam de uma forma tão boa, que
música e embora seja curto apreciarmos isso por um dia difícil - comecem lá pela "Hold On",
apenas dois temas originais e um ao vivo ("Tired parece incrível como é que não obtém mais
And Red" precisamente do já mencionado "Agent sucesso. Fãs de Sister Of Mercy, The Mission, um verdadeira épico de nove minutos que até
Orange"), a verdade é que os Sodom surgem bem
agressivos e com uma vitalidade que já não víamos Fields Of The Nephilim, ouçam isto e digam vos vai fazer recuar no tempo e levitar - não
há algum tempo. Um grande EP que esperemos que lá que não tenho razão. exactamente por esta ordem.
seja´o prelúdio para um grande álbum.

[9/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira 103


[8.5/10] Fernando Ferreira
SONS OF LAZARETH SOUL GRIP SPURV
“Blue Skies Back To Gray” “Not Ever” “Myra”
Argonauta Records Consouling Sounds Fysisk Format
Álbum de estreia dos Da Bélgica para o "Et Loft I Fall" serve de
italianos Sons Of mundo, os Soul Grip introdução perfeita para
que trazem para cima o início de um filme de
Lazareth que trazem da nossa mesa um black terror. Estabelece
um stonerzão de metal refrescante, com ambiente tenso e denso
impôr respeito. Mais alguns toques fora do que antecede qualquer
som tradicional mas que situação macabra
próximo do rock do não deverá ser nada tão prestes a acontecer.
que propriamente do grave que impeça todos Em termos musicais,
metal, o feeling é o principal trunfo da banda, os fãs do género de ficarem réfiens de temas no entanto, é a porta de entrada para o terceiro
épicos como "Ton Rêve". As melodias são álbum dos noruegueses Spurv que são os
com músicas que nos conseguem contagiar. muito bem caçadas e não perdem o efeito mestres quando o assunto é criar ambientes
Talvez tenhamos também um feeling alternativo agressivo, trazendo uma dinâmica acrescida. profundos e densos. Tal como a própria paisagem
a marcar presença, sendo que tudo junto faz Aliás, dinâmica é mesmo o principal termo norueguesa que se estente pelo infinito e funde
que deverá ser aplicada a este conjunto de terra e céu com a ajuda da neblina. Assim está
com que seja uma estreia muito agradável e temas, que conseguem fugir de forma genial "Myra", impossível de dizer onde começa acaba
até revela potencialidades para ir mais longe, a uma proposta unidimensional mas não este ou aquele elemento. É um trabalho de
havendo aqui grandes proababilidades de se descaracterizam aquilo que é ou representa o pós rock istrumental enorme e que nos eleva
black metal. Uma excelente estreia e surpresa. no ar, faz-nos levitar, a cada audição que lhe
tornar um sucesso comercial. A ver vamos, damos. E já foram tantas que... por esta altura
por enquanto temos um bom álbum de estreia. é melhor tirar brevet.

[7.5/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira

STAY TUNED STEPHEN PEARCY STILLBORN


“Stay Tuned” “View To Thrill” “Mirrormaze & Die In Torment 666”
earMusic Frontiers Music Godz Ov War Productions
Não é a primeira vez É quase impossível Não sendo um dos
que ouvimos falar deste separar as águas, refiro- nomes essencias do
projecto Stay Tuned, me concretamente a
que é instigado pelo separar Stephen Pearcy death metal blasfemo da
músico austríaco dos eternos Ratt, sua Polónia (país onde tem
Bernhard Welz e banda de sempre. uma feroz concorrência
que conta com a Curiosamente, tenho
no género), os Stillborn
colaboração de nomes acompanhado algumas
como Steve Hackett, Suzi Quatro, Tony notícias e visualizado no youtube algumas têm de uma década para cá uma regularidade
Martin, Jorn Lord, Ian Paice, Ian Gillan, performances ao vivo de Stephen, menos editorial interessante quer em termos de
Don Airey, Roger Glover, Steve Morese, Bod conseguidas, mas, entretanto, devidamente qualidade como de frequência. Esta compilação
Daisley e mais uma porrada de músicos. justificadas pelo próprio. Ao vivo a voz parece
Alguns destes temas já nos tinham sido estar distante daquilo que soa em estúdio, o reúne os dois primeiros lançamentos da banda,
apresentados numa encarnação anterior do que também será sempre normal, mas, deixa a demo “Mirrormaze” de 1999 e a “Die In
projecto cujos valores arrecadados reverte Pearcy numa posição algo desconfortável, Torment 666” de 2001 que são duas autênticas
a favor do Centro de Angariação de Linda perante fans, como eu. Logo estar perante
McCartney. É bom conjunto de temas de hard um novo disco solo deixou-me algo curioso bujardas que merecem, sim, ser reeditadas e
rock com destino a ajudar os outros, o que de atestar a sua atual capacidade criativa. reapresentadas. Um vício inesperado.
poderá haver melhor que isso? Bem, dou a mão à palmatória, pois “View
[6.5/10] Fernando Ferreira To Thrill”, atenção não confundir com “View [8.7/10] Fernando Ferreira
To Kill” dos D.D., está um disco fabuloso e
acredito que irá dar ao vocalista a força para
continuar o seu caminho sem se preocupar
SUFFERING QUOTA com as questões legais que se arrastam com SUIDAKRA
“Life In Disgust” o nome Ratt, pois Stepehen tem aqui uma “Cimbric Yarns”
Loner Cult Records / Dawnbreed Records / Mono Canibal Records demonstração enorme de que pode seguir AFM Records

Porrada da grossa. Os em frente e não ficar agarrado ao passado. Por esta é que a malta
Suffering Quota chegam Claro, que a sonoridade deste disco não está não esperava, um álbum
com capacidade para longe daquilo que a banda norte americana acústico por parte dos
dar cabo de tudo e de sempre fez, mas o cunho pessoal está ali, Suidakra, a banda
todos. São doze temas traduzido numa voz inconfundível, que desejo alemã de death metal
despachados em apenas que não se perca.
pouco mais de vinte melódico. E se este
minutos. Se já existiu tipo de jogadas poderá
uma altura em que a parecer sempre algo
duração (curta) fosse um problema, agora forçado, aqui felizmente não é o que acontece.
há valores que falam mais alto. Primeiro, a Tendo como pano de fundo o mundo de fantasia
brutalidade é tanta que se durasse mais tempo, criado entre o pintor Kris Verwimp e o vocalista
dificilmente teríamos arcaboiço para aguentar e líder da banda, Arkadius Antonik, quando
tamanha violência. Não se trata no entanto de trabalharam no artwork e no som de "Realms
algo unidimensional - parece um conceito difícil Of Odoric", o penúltimo álbum de originais. É
de perceber mas o grindcore também pode ser
dinâmico. Tanto pode que o é aqui. uma espécie de prequela acústica que consegue
ter um feeling muito próprio. Poderá desiludir
quem gosta de emoções mais fortes, mas para
quem gosta de bandas sonoras épicas, este é
um excelente trabalho a conferir.
104 [8.8/10] Fernando Ferreira [10/10] Miguel Correia [8/10] Fernando Ferreira
SUPREME CARNAGE SURVIVAL SYLVAINE
“Morbid Ways To Die” “Murkin Hella Fools” “Atoms Aligned, Coming Undone”
Redefining Darkness Records | Raw Skull Records NBRD Records Season Of Mist

Groooove! Calma, Quem nunca passou pela Sylvaine não só é uma


estamos a falar aqui fase de fazer música no banda como é (quase)
de Supreme Carnage, computador e ter uma uma one-woman band.
banda de death metal bateria de midi que atire Quase por contar
a primeira pedra! No nalgumas faixas com
alemã que não cedeu às entanto... algo tem que ser
tentações do demónio dito. Como disse, é uma a colaboração de alguns
e vender-se aos sons fase, comum aquando os músicos de sessão, mas
mais modernos (não computadores eram mais mesmo assim não deixa
que haja algo de errado acessíveis e já se conseguia de ser impressionante.
com isso). Ao terceiro álbum a banda traz-nos fazer umas brincadeiras engraçadas sem gastar O black metal é uma componente óbvia,
a certeza de que esta banda sabe bem como (muitos) milhares de euros. Hoje em dia, ouvir que principalmente em malhas como "Mørklagt",
tratar bem a sua música e por consequência alguém lançou um álbum com uma bateria destas, mas a atmosfera e o ambiente são próprios
é de arrepiar a espinha e de fazer cair a penugem. do pós-metal mais ambiental. Faz-nos lembrar
os seus fãs. Temos porrada clássica, produção Embora possa ser útil para poupar no barbeiro, poderá
moderna com direito a leads que cheios de ser chato para quem não precise. Temos um heavy/ de certa forma Myrkur (e ouvimos já algumas
melodia metálica, colam-se imediatamente. thrash metal alternativo sem brilho e com aquela pessoas a levantarem-se e a saírem da sala)
Decididamente garantimos que está aqui um bateria... meu Zeus, porquê aquela bateria?! - Ah e mas aqui o foco está mesmo na componente
senhor álbum de death metal, mesmo sem atenção que a bateria também vai mudando o seu ambiental que eleva estas seis músicas a um
apresentar nada de novo. Correndo o risco de som, mas nunca chega a mudar até ficar bom. Nota nível completamente superior. Um trabalho
repetir a mesma coisa pela centésima vez, o para três faixas (demo) que curiosamente têm o som fantástico que mais do que seguir qualquer linha
que interessa com malhões como "The World de bateria bom mas tudo o resto é mau. Uma pessoa ou tendência anteriormente criada, consegue
simplesmente não pode ser feliz... estabelecer um espírito muito próprio. Uma
Is Lost"?!
beleza hipnótica.
[8/10] Fernando Ferreira [3/10] Fernando Ferreira [9.2/10] Fernando Ferreira
TEMPLE DESECRATION TEN TEXAS METAL OUTLAWS
“Whirlwinds Of Fathomless Chaos” “Illuminati” “Texas Metal Outlaws”
Iron Bonehead Productions Frontiers Music Heaven and Hell Records / Texas Metal Underground
Álbum de estreia Trata-se do quarto disco Wow a cena metal texana
da entidade polaca da banda em quatro decidiu juntar-se para
conhecida como Temple anos! Empreendedores, uma jam e deu nisto!
Desecration que trazem sem dúvida, numa “Texas Metal Outlaws”
aquele death metal aposta algo arriscada, é uma celebração digna
blasfemo e bem javardo mas quando se está de heavy metal, divertida,
que parece que saiu das seguro do caminho e de arrojada cheia de espírito
entranhas da década de tudo o que se faz, como festivo. Por aqui há um
noventa mas que ainda é o caso dos britânicos pouco de tudo e sei que
se verifica ter muito bom aspecto hoje em dia. Ten, nada há a temer. “Illuminati” é um disco é algo que não agrada a todos, a produção
Apesar dos seus quatro temas, temos aqui de temática interessante e sempre controversa, também não ajuda, ou é mesmo assim? Mas,
quase quarenta minutos de música que apesar estruturado num hard rock melódico, de som, na realidade eu achei um must musical, uma
da sua potência, não gozam de muita variedade. digamos, limpo, comercial q.b. e irresistível peça que parece ter sido tirada de um baú e
que agora teve oportunidade de ver a luz do
A unidimensionalidade é boa em alguns casos para os apreciadores, mas atenção para as dia. Tudo muito heavy metal old school, uns
mas é preciso alguma mestria para conseguir expectativas, não as elevem muito! Há bons grunhidos pelo meio, umas vozes estridentes
atingi-la da melhor forma. Neste caso, essa momentos musicais, sem dúvida, bons riffs, por outro, guitarras bem rasgadas, ritmos
dinâmica parece surgir nos momentos certos bons solos, refrões bem conseguidos, a voz rápidos, pesados, uma bateria que parece
mas compreendemos que possa ser complicado de Hughes continua forte e de referência, mas, soar a um conjunto de tachos velhos...é isto,
para quem goste de blastbeats e produções globalmente, é um trabalho que não deslumbra, é Heavy Metal amigos! Será um projecto de
bombásticas. Não será por aqui o caminho pelo menos para mim! um disco só?
se é isso que querem.
[7/10] Miguel Correia [8/10] Miguel Correia [9/10] Miguel Correia

THE ALIVE THE BROWNING THE CASUALTIES


“We Are Rock N Roll” “Geist” “Written In Blood”
Eternal Sound Records Spinefarm Records Cleopatra Records
“We Are Rock n Roll” Regresso dos The Regresso dos The
e nós aqui temos rock Browning, uma banda
que opera dentro das Casualties aos discos
‘n’roll e do bom! É sonoridades mais é sempre motivo de
um álbum cheio de modernas e que já nos
vibrações rockeiras, tinha sido apresentada. celebração. Parece que
A sua mistura do peso nem passaram dois anos,
riffs clássicos, e bem do metal(core) com
rasgados! Os The Alive, elementos electrónicos mas nesses dois anos,
oriundos do Arkansas, causou boa impressão
no passado e a expectativa é a mesma. Não a banda também sofreu
revelam uma forte e contagiante energia podemos dizer que seja uma decepção, no entanto mudanças, apresentando um novo vocalista David
musical em 10 faixas bem conseguidas. este trabalho acaba por apresentar um pouco
Bem, na realidade, não são 10, mas sim o beco sem saída criativo em que a banda se Rodriguez. E será que isso representa alguma
11 só que a última trata-se de uma cover a vê encerrada. Em termos de fórmula, temos mudança na sonoridade da banda norte-americana?
sempre uma atmosfera densa, electrónica e algo
“Dream On”, dos Aerosmith. E perguntam artificial que está sempre presente, assim como Nada, nada mesmo. Temos quinze temas de punk
vocês: Ok, como soa isso? De igual modo ao os breakdowns e se a coisa resulta bem num
EP, num álbum com doze faixas já começa a corrido, potente e cheio de raça e hinos para
restante álbum “Dream On” está um must!
É uma grande estreia, cheia de intensão! cansar. Ainda assim, para quem gosta de coisas cantar de braço no ar. A simplicidade do punk
modernaças, este será um álbum a conferir. Para
todos os outros, terão alguma dificuldade em nem sempre se manifesta da melhor maneira,
chegar ao final do mesmo. mas no caso dos The Casualties, existem certas
coisas que não mudam.

[9/10] Miguel Correia [6/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando Ferreira105


THE FLESH THE HIRVI THE INTERSPHERE
“Dweller” “Old School Killspree” “The Grand Delusion”
Edição de Autor Inverse Records Long Branch Records
Algo comum no mundo Diz o comuncado de Este novo álbum
da música é termos um imprensa que este é dos alemães The
grupo de músicos que um trabalho próprio Intersphere demorou
depois de uma noite para fazer recuar na cinco anos a estar cá
cena metal finlandesa, fora, um período que
nos copos acabam mais concretamente, hoje em dia costuma
por criar uma banda. thrash metal, na época ser fatal, num mundo
Como aquelas casos anterior aos trabalhos que exige constantes
de uma noite que mais comerciais dos actualizações e que
depois resultam em bebés. Neste caso o Metallica e dos Megadeth. Normalmente este esquece quem não marca presença. Bem, o
bebé foram os The Flesh. Composto por tipo de conversa serve, como qualquer intenção facto de terem já cinco álbuns faz com que
membros de Verwoed, Blood Diamond e de marketing do que propriamente descrição do não seja exactamente um problema e a avaliar
que podemos ouvir mas no caso dos The Hirvi, pela qualidade do seu rock alternativo aqui
Herder, bandas não muito conhecidas do presente, também podemos dizer que será
não é que é mesmo isso que transmite? Thrash
underground holandês, o que temos aqui é metal old school, sem grandes inovações ou difícil passarem despercebidos. Com algumas
death metal bruto mas bastante simples em fogo de artífico, apenas cavalgadas, riffs bem qualidades técnicas que à partida poderiam
termos técnicos. Ainda assim, interessante inspirados por parte de uma banda que iniciou passar despercebidas numa banda deste género,
o suficiente para nos capturar a atenção ao a carreira em 1987 mas que além de uma demo os The Intersphere apresentam um álbum sólido
longo deste EP. Um bom ponto de partida em 1989, nunca foi mais longe. Até agora. Bom cheio de músicas muito, mas muito atractivas
álbum, bem vindos de volta malta. ao ouvido. Moderno, sim, mas também pesado
para algo maior. e dinâmico. Um regresso em grande portanto.

[7.2/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira

THE MONOLITH DEATHCULT THE TANGENT THRONEUM


“V2 - Vergelding” “Proxy” “The Tight Deathrope”
Human Detonator Records InsideOut Music Hells Headbangers
Os The Monolith Não seria expectável que A discografia dos
Deathcult têm vindo os The Tangent estivessem polacos Throneum é
de volta tão pouco tempo impressionante. A banda
a transformar o seu depois do excelente e algo sempre andou activa,
som aos poucos e político "The Slow Rust nunca se afastando
hoje até poderão ser Of Forgotten Machinery". do seu death/black
Tendo em conta que este metal e também nunca
uma banda bastante "Proxy" foi escrito durante
diferente daquela que as digressões do álbum
evoluíndo, pelo menos
anterior, com a mesma esteticamente, e essa
nos foi apresentada em acaba por ser a maior barreira que poderíamso
2003 com "The Apotheosis". As características equipa, é, no entanto de esperar que tenhamos uma
espécie de sequela. Mais ou menos. Apesar dos encontrar. Curiosamente não é aqui essa a barreira
electrónicas estão bastante acentuadas mas isso comentários políticos e sociais continuem a dominar que se manifesta e sim a produção. O atractivo old
não prejudica em nada o som que podemos o conceito, há por aqui muito mais música (e foco na school do seu som acaba por esbarrar nas limitações
encontrar aqui, chegando quase a tornar-se mesma) do que propriamente termos apenas veículos da produção que sem dúvida que não deixam a
para crítica política e social. E por si só este é um facto banda ir mais além - até porque tecnicamente
em algo sinfónico. Fear Factory é um dos que faz com que o nosso interesse seja ainda maior. são tudo menos toscos e em termos criativos
nomes que nos vem à memória, assim como Trata-se de um álbum de rock progressivo clássico conseguem ir por caminhos bem interessantes
Ministry, mas a banda continua a soar igual que soa moderno, que soa integrado perfeitamentena - algo difíceis de interiorizar mas sem dúvida
a si própria, com a brutalidade a ser o seu discografia dos The Tangent e, sinceramente, um interessantes. Um exemplo da evolução pela
álbum obrigatório para quem gosta do género. Mesmo regressão... mas um pouco de evolução na forma
trunfo, com dinâmica acrescida. O resultado sendo apenas composto por cinco (longos) temas, também seria bom. Aliás, seria perfeito..
é positivo, sem dúvida. é um daqueles vícios que faz com que o tempo voe.

[8/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira

TORIAN TORII TORN THE FUCK APART


“God Storms” “A Judgement Divine” “A Genetic Predisposition To Violence”
Ram It Down Records Edição de Autor Gore House Productions
Que surpresa. Abrir a caixa O mais próximo que Antes de tudo, temos
de correio e ser notificado podemos ter de uma
para ouvir apreciar este que dizer: grande capa!
disco, fio algo dentro do one-man band é um Horrível, no bom
normal, mas a história é duo em que temos sentido. Com um
que foi a primeira vez que um desgraçado a nome de banda como
a Ram It Down me solicitou fazer tudo e o outro a este, é fácil também
tal coisa e bom tempo o fez! contribuir apenas com
Já tinha acabado o meu leque cair no mau gosto
de audições quando decidi a voz. Os Torii são um (no mau sentido).
então dar oportunidade aos Torian e ao seu quarto desses exemplos. A Ao quarto álbum, a
álbum, “God Storms” e que acabou por acompanhar banda, apesar de ter sido criada em 2012, banda de death metal técnico apresenta
todo o meu fim de semana, uma vez que fui literalmente chega agora ao sexto álbum e apesar de não um bom conjunto de temas que, como
surpreendido, muito positivamente, pelo que me era podermos falar dos lançamentos anteriores,
dado a ouvir. Clichés, aqui vão eles, as bandas tem de normal, não brinca em serviço e é bastante
ter a preocupação em não ser mais um, os Torian, não podemos dizer que o que temos aqui até é unidimensional. O que vai ao encontro de
o são. As bandas tem de se preocupar em dar qualidade bastante bom embora lhe falte algum rumo. tudo o que um amante de death metal gosta
ao seu trabalho, os Torian fazem-no com maestria... fico A deambular pelo death, doom e black metal - e os elementos técnicos não se metem no
por aqui! Da melhor escola de power metal, a alemã, os melódico (este último, muito ao de leve), caminho de termos grandes temas. Não é
Torian têm aqui uma preciosidade musical que arrepia seria bom encontrar um pouco de foco e
caminho logo no primeiro segundo da faixa de abertura, dos álbuns mais poderosos que ouvimos
“Old Friend Failure” é cativante e deixa a banda na linha limitar as ideias de forma a que houvesse este ano, mas um bom trabalho para o
de fogo para mais power metal de qualidade, entusiasmo alguma uniformidade. Assim teríamos algo género, sem dúvida.
e paixão. Enorme! mais do que apenas interessante.

[10/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira


106
TORYSE TRUCHŁO STRZYGI TUNJUM
“Erased” “Pora Umierac” “Deidades Del Inframundo”
Boersma Records Godz Ov War Productions Dunkelheit Produktionen
Os toRyse - nome Por falar em Godz Of War Não deixa de ser
estranho - inserem- Productions, aqui está espantoso verificar que
se na vertente mais uma proposta que não apesar dos esforços que
esperávamos. Apesar fizemos, muita coisa ficou
comum do metal para mostrar de 2017
de ter algumas raízes
moderno. Podemos blasfemas, esta banda (muita dela também ainda
chamar-lhe de polaca cujo nome não vai aparecer em 2018)
metalcore mas se mas mesmo assim, mais
sabemos bem como
espantoso é o número
calhar metal moderno pronunciar anda pelos absurdo de bandas novas que surgiram, como
faz mais sentido já que temos aqui algumas meandros do thrash/punk, com uma sonoridade que os Tunhum que nos chegam do Peru. Este é um
características comuns a muitas propostas não é bem imediata e também não é exactamente álbum de estreia que não traz nada de novo ao
que surgiram no novo milénio. E somos original. Não conseguindo apontar algo de errado, death metal. Nada de novo a não ser a própria
também temos dificuldades em enunciar os seus identidade dos Tunjum que é válida principalmente
suspeitos porque normalmente não nos
pontos positivos. Apenas que se torna... aborrecido. para todos os fãs da música de uns Incantation
entusiasmamos com este tipo de som mas Não há propriamente ganchos que garantam ou Immolation. Death metal bruto, old school,
neste caso, não mudando a nossa opinião, a nossa atenção principalmente em faixas que para não dizer primitivo, que só peca por ter
não conseguimos encontrar aqui nada de andamo pelos cinco e seis minutos. Esforçado algumas canções com demasiado tempo para este
exactamente errado. O entusiasmo também mas... não chega. formando. De qualquer forma não deixa de traz
ao de cimo aquela questão que já sabíamos: por
ajuda a isso e um pouco de sobriedade nos mais tempo que passe, haverá sempre espaço e
lugares comuns. Faz toda a diferença. pessoas interessadas neste tipo de som.

[6.8/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [6/10] Fernando Ferreira

TYGERS OF PAN TANG UNBORN GENERATION URARV


“Hellbound Spellbound ’81 – Live Album” “Vøid” “Argentum”
Mighty Music Inverse Records Svart Records
Um registo lendário Grind'n'roll é um termo Poderíamos jurar que os
de uma banda que soa muito bem Urarv eram russos, pela
também ela...lendária. assim como a música estranheza que o seu
Reportando ao ano de dos Unborn Generation, black metal provoca no
um dos nomes bem ouvinte. Temos um som
1981, o auge dos Tyger, interessantes da que usa como base o
originalmente gravado cena Finlandesa do black metal, mas depois
pela formação clássica death/grind. Não só junta-lhe um pouco o
e registado por Chris têm aquela gravilha espírito de bandas
Tsangarides, “Hellbound Speellbound’81” é característica, as descargas brutas como ainda como Bethlehem, na sua sua melhor fase. E
pelo que sabemos de edição limitada, onde lhe injectam dinâmica suficiente para que se quem diz os Bethlehem diz outras bandas com
todos os hits da banda estão eternizados e torne tudo muito mais urgente e interessante. som igualmente estranho que normalmente
É um álbum que definitivamente cai (ou assim custa a entrar á primeira. Aliás, poderá nem
claro é sempre demais sentir a energia que a acreditamos) no goto de todos os que gostam entrar de todo. Talvez seja um gosto adquirido,
banda debitava na época! Em poucas e parcas da sua grindalhada longe do marasmo e da falta caberá a cada um. Nós, para ser sincero, é
palavras, corram para conseguirem obter a de criatividade. Poderá não ser, no entanto, a um estilo de coisa que nem sempre resulta e
vossa cópia pois a coisa promete não chegar... escolha ideial para quem gosta de algo mais que apreciamos como algo pontual. Não para
unidimensional, mas aí já não é defeito de consumir diariamente.
"Vøid", é feitio de que se contenta com pouco.
Há gostos para tudo...

[10/10] Miguel Correia [8.8/10] Fernando ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira

URSA URSO BARDO VALGRIND


“Abyss Between The Stars” “Vida E Morte De D. Antónia” “Blackest Horizon”
Blood Music Raging Planet Records Everlasting Spew Records
É possível chegarmos quase Os Urso Bardo foram Os Valgrind pertencem
ao final de 2018 e mesmo uma das primeiras
assim continuarmos àquele lote de bandas
a encontrar álbuns bandas a passar pelas que apesar de terem
monstruosos? Sim, pelos páginas do nosso bastante melodia na
vistos sim. Podemos já Garage World pelo que sua música, o seu
dizer que está aqui um dos é muito bom estarmos teor bruto, podre e
grandes álbuns doom do aqui a analisar este
ano. "Wizard's Path" poderá old school mantém-
até ser um tema que surge seu álbum de originais. nos preso ao death
de forma calma, pelo menos aparente, mas é algo que Poderíamos defini-los metal. E isso não é
vai crescendo aos poucos até que antes mesmo de facilmente como música instrumental - o mau. Pelo contrário, é muito bom, porque
acabar já nos agarrou pelo pescoço não nos deixando que na realidade são - mas isso não era as músicas que resultam dessa fórmula são
ir a lado nenhum. Não entanto não se pense que o que toda a verdade. O rock está presente mas
temos aqui é material para curar insónias. Longe disso, a para lá de viciante, além de soar a clássico
lentidão não é sinónimo de aborrecimento,principalmente também o alternativo. Melodias invulgares como tudo, a lembrar um pouco a cena
quando é apresentado em formas tão dinâmicas como e um certo espírito de "jam" quando está da Flórida. Atenção, para quem não sabe,
este, com algumas tonalidades progressivas e ainda com tudo no relaxamento e a tocar sem grandes estamos a falar de uma banda death metal
um conceito lírico próprio de high fantasy, algo que não expectativas. E depois grandes melodias italiano que já anda nisto desde 1994 e que
é comum neste tipo de som. O conjunto total resulta saem inesperadamente. Fluído e orgânico
num grande álbum ao qual vamos voltar diversas vezes. este é apenas o seu terceiro álbum. Não
como uma força da natureza, este é um se trata de saudosismo, é apenas o som
grande disco que recomendamos. da banda. E querem saber que mais? Soa
fresco e tão brutal como se estivessemos
em 1989 outra vez.
[9/10] Fernando Ferreira [8.8/10] Fernando Ferreira [8.8/10] Fernando Ferreira
107
VETALA VIRGIN STEELE VIRGIN STEELE
“Retarded Necro Demential Hole” “Seven Devils Moonshine” “Ghost Harvest - Vintage I - Black Wine For Mourning”

Signal Rex Steamhammer/SPV Steamhammer / SPV


Mais um trabalho do Antes de mergulharmos Primeiro álbum da grande
misterioso duo nacional, nesta mega análise, empreitada levada a cabo
Vetala. A banda tem pelos Virgin Steele. A primeira
teremos que fazer uma coisa que salta à vista é que...
pouco mais de uma análise aos próprios a produção é cócó. Eu sei que
década de existência Virgin Steel para vos por vezes posso ser bastante
mas uma forte presença situar na banda. Esta é picuinhas neste ponto, mas
no underground com uma banda que sempre estamos a falar de Virgin
uma série infindável de associei aos Manowar. Steele, uma das maiores
splits, demos, EPs e até bandas de heavy/power metal
dois álbuns e um álbum ao vivo. Pois bem, para Aliás, numa altura em do underground, com excelentes músicos, pessoal que já
o final do ano está já agendado o lançamento que os Manowar estavam a entrar em declinío anda nisto há décadas. Então porque raio temos um álbum
deste seu terceiro álbum de originais que nos com o álbum "Louder Than Hell" (é sempre que soa como se tivesse sido gravado na minha casa? Bateria
discutível mas não digam que é melhor sintética sem qualquer poder, um baixo com um som tosco,
traz black metal lo-fi, do mais podre que pode guitarras nalguns praticamente inexistente, uma voz que se
haver mas que também acaba por apresentar do que o "Triumph Of Steel" ou "Kings Of tornou uma caricatura dos seus melhores momentos e a
algum do charme próprio do underground. Metal"), eles lançaram um álbum bruto como sensação de que estamos perante uma colecção de temas
Não é um trabalho fácil de ouvir para quem "Invictus" ou até mesmo as duas parte do que não ligam entre si. Não é preciso que sejam álbuns
tem os ouvidos formatados para sonoridades "The House Of Atreus" ou ainda "The Book conceptuais mas pelomenos que todas tenham o mesmo
mais límpidas mas não deixa de ter ser o seu Of Burning". É certo que após esse trabalho, tipo de feeling ou até som. Infelizmente falta aqui aquela garra
bruta, própria dos Virgin Steele, ficando algo demasiado
valor principalmente para quem gosta do seu também assistimos a um lento declínio, pretensioso para o seu próprio. Ah, e ainda temos duas
black metal bem primitivo. Bem, mais primitivo com os álbuns a demorarem a sair e a não versões, com uma épica "Wicked Game" (9 minutos!) de
que isto - e feito com pés e cabeça - não há. corresponderem às expectativas quer com Chris Isaak, que curiosamente até é a melhor coisa deste
as músicas em si, quer com a produção. primeiro disco e uma estranhíssima "Little Wing" que ainda
"The Black Light Bacchanalia" e "Nocturnes nos deixa na dúvida em relação ao seu resultado. Ainda não
temos a certeza. Termina com a "The Gods Don´t Remember"
Of Hellfire & Damnation" acentuam bem essa que pega onde a cover ficou.
[6.5/10] Fernando Ferreira decadência. Entretanto, paralelamente, a [5.5/10] Fernando Ferreira
banda, ou melhor o seu líder de sempre, David
DeFeis, tem vindo a trabalhar em reedições VIRGIN STEELE
VIRGIN STEELE luxuosas dos seus álbuns já lançados e foi
alías dessa forma que surgiu este produto “Gothic Voodoo Anthems”
“Ghost Harvest - Vintage II - Red Wine For Warning” cujo propósito era reeditar os álbuns "Hymns Steamheammer / SPV
Steamhammer / SPV To Victory" e "The Book Of Burning" em
Este é composto por
Round two, fight! simultâneo, ao qual iriam juntar um álbum versões orquestrais de
de originais. Bem, DeFeis e restante malta uma série de temas. Até
O primeiro não entusiasmou-se e começaram a compôr e a aqui tudo bem. O pior é
foi famoso, e as gravar até que ficaram com três (3!) álbuns! que as versões orquestrais
expectativas para o num total de mais de seis horas de música. são orquestradas com...
segundo disco não Quase sete! Bem, como não tivemos acesso samples. Isto é, arranjem
aos dois álbuns das reedições, focámo-nos as músicas em midi, fazem
eram muito maiores. umas alteraçõesinhas nos
Uma coisa que faz logo nos álbuns originais, embora as reedições
arranjos e podem ficar
tenham faixas bónus e tenham também
confusão é, se a ideia algumas regravações. Bem, e como puderam
com algo parecido ao que têm aqui. Claro que não
era ter três álbuns com material novo, porquê têm a voz de um David DeFeis, mas de resto têm
apreciar, o resultado não é particularmente todos os elementos. Até mesmo na interessante
meter regravações de temas lá no meio? E entusiasmante. Esta caixa vale sobretudo versão da "No Quarter" dos Led Zeppelin. E
porque raio começar um álbum com uma pelas reedições que provavelmente não foram quando não existem as orquestrações, temos o
versão de piano e voz da "The Evil In Her Eyes" prejudicadas, pelo menos é essa a nossa piano a ocupar todo o espaço. Como na cover a
expectativa. Apesar de DeFeis salientar que piano da "Spoonful". Mais próximo do segundo
(do "The Noble Savage"). E depois logo de disco do que propriamente do primeiro, este
seguida uma cover de Joe Cocker, "Feelin' estes três discos não são sobras de estúdio
disco é provavelmente o mais fraco. Não está
nem material que decidiram compilar em em causa o talento dos músicos e sim a forma
Alright", cheia de groove blues e é aqui que álbuns, aquilo que soa é completamente
encalhamos. Porque temos "Sister Moon" como ele é usado.
diferente. Difuso, disperso e na maior parte
de Sting, "Summertime" de Ella Fitzgerald das vezes, confuso. Infelizmente... não era
(incluída na "Summertime Darkness Suite", que algo que esperávamos como fãs da banda
é o mesmo que dizer que é a "Summertime" que continnuamos a ser.
com intro e outro". E com isto chegamos à [6.5/10] Fernando ferreira [5/10] Fernando Ferreira
sétima música (que por acaso é uma cover
de T.Rex) e estamos com a sensação de que VIRTUAL SYMMETRY VOR
estamos perante um álbum de covers ou uma “XLive Premiere” “Depravador”
manta de retalhos que ameaça romper-se a PBR Record Third I Rex
qualquer momento. É neste momento que Nem só de rock vivem
Poderá parecer
nos apercebemos que é tudo uma questão estranho termos uma os duos. Também dão
de perspectiva. Que se encararmos com um um pezinho no sludge/
banda cujo primeiro doom metal como é o caso
disco de covers, a coisa até nem desilude, álbum é lançado em desta banda espanhola. Os
porque as abordagens quase de lounge e até, 2016 e depois de um EP Vur, com apenas bateria,
de certa, forma caseira, consegue cativar-nos em 2017, lance agora voz e um baixo ultra-
facilmente. Um disco movido praticamente o seu primeiro álbum distorcido conseguem
ao vivo. E logo duplo. criar um chavascal
a piano e voz, com a guitarra a aparecer de engraçado embora por
E é incomum, é certo
vez em quando. mas também tendo em conta a qualidade vezes sintamos que com apenas estes elementos,
sobra muito espaço para acrescentar outras coisas.
da música, não deixa de ser uma aposta Eu sei, eu sei, toda a cena do menos é mais,
no seu som. Nestes dois CDs a banda mas nem sempre essa máxima é verdadeira. Se
italiana Virtual Symmetry passa por todas encararmos este álbum como uma experiência,
as músicas que já editou em versões que torna-se mais fácil perceber faixas como o tema
não são muito diferentes daquilo que temos título de oito minutos que abre o álbum ou o
em estúdio mas que tornam este pacote "Dark Fraga" que o fecha (ou o "Daga" que o
apetecível de qualquer forma. Power metal antecede) mas mesmo assim não deixamos de ter
progressivo que tanto faz lembrar Labyrinth a sensação de que há por aqui aquela modalidade
do encher o chouriço e que com ela nem sempre
como Symphony X ou mesmo os primórdios se tem música memorável. Vamos dar o benefício
dos Dream Theater. Uma viagem musical da dúvida porque o saldo final não deixa de ser
que recomendamos que façam. positivo apesar destes pontos.
[6.5/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando Ferreira [7.1/10] Fernando Ferreira
108
VRSA WARGOAT / BLACK CEREMONIAL WARKINGS
“Cvlt Of Machina” “Unapproachable Laws Of The Abyss” “Reborn”
Edição de Autor Godz Ov War Productions Napalm Records
Consta que de Split que une os gregos O início de "Give Em War"
Wargoat aos chilenos impressiona. Com umas
Connecticut costuma- guitarradas próprias de
se ter bandas mais Black Ceremonial Kult para thrash metal, só quando a
celebrar o death/black voz de The Tribune entra
tradicionais de
metal e/ou black death é que nos apercebemos
hardcore e metalcore. metal. Se a proposta dos que estamos perante uma
E que os VRSA nem primeiros é mais ritualista proposta de power metal. E
tocam num ponto ou que proposta! Realmente a
e amiga do ambiente (isto colocar um ênfase no termo
noutro. Pelo menos não é, gosta de estabelecer o "power". Trata-se de um álbum de estreia que não consegue
de forma permanente - a roçar podemos dizer ambiente macabro ideal para a coisa), em faixas passar despercebido apesar dos dias áureos do power
mais directas e brutas, os segundos já apostam metal já terem passado. Para já o conceito é muito
que estão muito mais perto do hardcore. Há interessante - cada um dos membros da banda representa
uma atmosfera própria, como se os Neurosis mais na velocidade e não tanto no ambiente, um povo guerreiro. Temos o tribuno em representação
mas acabam por construir duas músicas longas do Imério Romano (vocalista), depois temos o nórdico a
não fossem tão apocalípticos e estivessem
e algo dinâmicas - para o seu tamanho, isto é. representar os vikings (Baixo), o cruzado a representar o
mais próximos do mundo mundano - se é Duas abordagens que se complementam e que Império Cristão (guitarras) e o espartano a representar a
que algo assim faz sentido. São as melodias por isso deverá ir ao encontro dos fãs da mistura feroz Esparta (bateria). Temas muito bem caçados e uma
que nos conseguem cativar sem grande estreia promissora, daquela que nos faz crer que isto
destes dois mundos da música extrema. não vai esmorecer ao segundo álbum como é normal.
problema e alguns espamos suaves próximos Benefício da dúvida assente sobretudo na qualidade
do mathcore. Apesar de serem apenas três, deste grande álbum e de malhas como "Hephaistos"
e "Gladiator".
deixam uma boa impressão.

[6.8/10] Fernando Ferreira [6.9/10] Fernando Ferreira [8.9/10] Fernando Ferreira

WARPATH WARTHORN WHITE WIDDOW


“Filthy Bastar Culture” “G.O.D.” “Victory”
Massacre Records Envenomed Music AOR Heaven
Longe de ser um nome Death/thrash metal old Mais um discaço AOR, com
unânime da cena thrash school vindo da Grécia o selo dos australianos White
metal teutónica, seja na Widdow, que serve para
não é propriamente algo reforçar o que já escrevi
sua primeira encarnação novo, nem na forma em outras reviews a bandas
como na segunda, os nem no conteúdo, dentro deste rótulo, quando
Warpath voltam à carca mas isso não impede faço referência à atual época
após "Bullets For A Desert que tenhamos especial revivalista do estilo. Eu gosto,
Session" no ano passado. expectativa para ouvir particularmente, de AOR,
Apesar de ser notório o como gosto de qualquer
entusiasmo da banda, os resultados continuam esta estreia dos tipo musical que me faça sentir bem durante a audição.
a ficar aquém daquilo que desejávamos ouvir Warthorn. Expectativa que sai algo frustrada. Confesso, que na década de 80 pouco valorizava outros
numa banda de thrash metal. Não é que não A produção é algo tosca mas revela-se apropriada estilos, era até algo radical nas escolhas, quem não o foi,
à música em si, que sem grandes complicações mas acima de tudo era fechado a isso. Passei por várias
tenhamos peso, não é que a voz de Dirk Weiss não épocas, de forma muito natural, mas nunca deixei que as
seja potente... é apenas que as músicas acabam cumpre o seu propósito. De vez em quando mesmas mudassem aquilo que eram os meus horizontes
por não convencer e depois o facto de termos a banda sai fora da casca, como na épica na cena metal, principalmente. Hoje, é fantástico ver,
catorze delas, também não ajuda a esse efeito. "Scythopolis", e fica a pergunta no ar porque ouvir, ter a oportunidade de receber discos com tanta
Se no passado lhes demos algum benefício da é que a banda não segue mais essa linha de qualidade, como é o caso deste “Victory”. Aqui sinto
dúvida, agora esse espaço começa a escassear, orientação? Independentemente disso, "G.O.D." o gosto de ouvir Night Ranger, White Lion, não que a
sonoridade oferecida se cole a isto, mas no global há
mesmo com alguns temas interessantes, que não consegue sair da mediania, infelizmente. esse sentimento, pois as influências são normais para
os temos aqui. quem escreve e compõe música nos tempos que correm.
Grandes riffs, músicas muito sólidas, grande melodias
e como comecei esta review... discaço!

[6.5/10] Fernando Ferreira [6/10] Fernando ferreira [10/10] Fernando Ferreira

WISDOM IN CHAINS WITCH KING WOMBRIPPER


“Nothing In Nature Respects Weakness” “Voice Of The Ossuary” “From The Depths Of Flesh”
Demons Run Amok Blood Harvest Redefining Darkness Records
Pessoal do hardcore, Álbum de estreia dos Nada como um bom
ponham os ouvidos Witch King e "Voz e velho death metal
nisto. Numa altura do Ossuário" não sueco da... Rússia?
de super-bandas até poderia ser título Já sabíamos que este
evitamos o termo mais apropriado ao é um género clássico
porque dá ideia que que podemos ouvir e imortal e que para
se está a usar uma aqui. Death metal bem chegar lá, ter o pedal
ferramenta de marketing javardo e blasfemo HM-2 é logo caminho
do que propriamente a como se andasse a andado para conseguir
falar de uma banda. O estatuto dos Wisdom In remoer nas entranhas de Satã antes de ser ter death metal sueco embora também seja
Chains sempre foram esse desde o primeiro dia arrancado de lá à força. A banda não é novata igualmente importante termos músicas que
consigam cativar - não basta a forma, é preciso
em que até eram um projecto internacional, no - aliás, este álbum também assinalda dez ter algum conteúdo. E neste caso, apesar da
entanto, com as mudanças, a banda tornou-se anos da sua carreira), mas experiência no estética estar toda cá, também as malhas
100% norte-americana e conseguiu solidificar underground não lhe falta. E o álbum não em si apela à nostalgia dos tempos em que
o seu poder, algo que fez com que a banda lhe tira esse estatuto já que é um trabalho tinhamos brutalidade imperfeita e que era rude
chegasse a este sétimo álbum com alguma que não estará ao alcance de todos, sendo mas com um encanto muito próprio. Algo que
expectativa, expectativa justificada. Hardcore de difícil acesso a quem não é fã aficionado neste trabalho temos de sobra. Não vou ser
longe de ser aborrecido e de fórmulas esgotadas das raízes da música extrema. É um álbum exagerado e dizer que está aos pés dos melhores
até à exaustão, com ataques dinâmicos das fiel a esse espírito. momentos dos Entombed e Dismembered...
guitarras e boas soluções criativas, sem esquecer não vou dizer isso, mas apetece!
as palavras de ordem. Um grande álbum.
[8.7/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira [8.6/10] Fernando Ferreira
109
Todos os dias um programa diferente

Segunda - A Hora da Morte


Terça - A Hora do Chifrudo
Quarta - A Hora Delicatessen
Quinta- A Hora do Monolito
Sexta - A Hora do Heavy Mental
Sábado - A Hora do Rasganço

Todos os domingos um programa diferente


Heróis do Mar
A Hora do Entulho
A Hora do Prog
A Máquina do Tempo

às 21h com repetições à 1h e 9h


http://worldofmetalmag.com
110
App no google play
album do mêes
20 Biolence 14 Orion’s Reign 08 Obsolete Theory
“Violence Exhumation” “Scores Of War" “Mudness”
Edição de Autor Pride & Joy Music My Kingdom Music
Iron Void
19 Monstrath 13 Perpetual Night 07
“The World Serves To Evil” “Anâtman” “Excalibur”
Downfall Records WormHoleDeath Records Shadow Kingdom

18 Artillery 12 Evergrey 06 Sick Of It All


“The Face Of Fear” “The Atlantic” “Wake The Sleeping Dragon”
Metal Blade Records AFM Records Century Media Records

17 The Tangent 11 Spurv 05 Juniper Grave


“Proxy” “Myra” “Of Hellions & Harridans”
InsideOut Music Fysisk Format Wasted State Records

16 Ostura 10 Torian 04 Sylvaine


“The Room” "God Storms” “Atoms Aligned, Coming Undone”
Universal Music MENA Ram It Down Records Season Of Mist

15 Soul Grip 09 Ljungblut


“Not Ever” “Villa Carlotta 5959"
Consouling Sounds Karisma Records

03 Rostres 02 Haken 01 Moonshade


“Les Corps Flottants” “Vector” “Sun Dethroned“
WOOAAARGH InsideOut Music Art Gates Records 111
,
Maquina do tempo

AEON RISING ARTILLERY DEATH STRIKE


“Aeon Rising” “One Foot In The Grave Another One On The Trash" “Fuckin' Death”
Rock Avenue Records Metal Mind Productions Vic Records
Álbum de estreia (e O Promosheet deste Conta que estes Death
único álbum lançado disco diz-nos que Strike terão sido uma
ao momento) por estamos perante um das primeiras bandas
parte desta banda de de metal extremo,
metal progressivo, dos tesouros mais bem
tendo lançado uma
praticamente guardados na história demo em 1985 que se
desconhecida mas que do metal “One of the tornou uma raridade do
até tem aqui um álbum best hidden treasures in género. Curiosamente
curioso. O formato é um Metal history is back!”. quando este álbum foi
pouco datado, apontando-nos para a cena A pergunta que naturalmente me ocorre é, originalmente lançado pela Nuclear Blast em
shred do final da década de oitenta e início como diabos pode um disco com 30 anos 1991, as primeiras quatro faixas são exactamente
da de noventa, e para a cena progressiva as mesmas da dita demo, e é isso que acontece
norte-americana de igual período. Após o vindo da longínqua Austrália ser um tesouro? também aqui. Temos um proto-death metal
tema instrumental épico que abre o álbum (Devem pensar que é tipo o vinho do Porto). próximo dos Possessed ou daquilo evidenciado
que aponta na direcção do primeiro género “Sacudido o pó” é tempo de carregar no play. nas demos dos Death, com alguns momentos
indicado atrás, de seguida temos até ao final Instantaneamente somos transportados para interessantes. Na sesgunda parte, temos uma
do álbum o segundo género. Apesar de aquele som cru e analógico que caracteriza abordagem mais lenta, igualmente interessante
algumas questões em relação ao formato e à os discos e o metal dos 80’s e que foi a mas que surge um pouco mais polida, e
produção (demasiado reverb também mata), consequentemente, com menos poder em
não deixa de ser um trabalho interessante. semente para tantos projectos e estilos
relação aos temas anteriores.
bem sucedidos. Riffs poderosos a lembrar
o eterno Randy Rhoads e os primeiros anos
[6.6/10] Fernando Ferreira de Ozzy, uma voz que remete para Judas [6/10] Fernando Ferreira
Priest e temos o pacote completo. Se por um
lado gostaria de ouvir uma remasterização
DESTRUCTION e uma produção mais poderosa por outro DET SKANDALOSE ORKESTER
é sem dúvida uma agradável surpresa esta “No Har De Laget Skandale Igjen”
“Release From Agony”
que nos chegou às mãos. Não sendo uma Apollon Records Prog
Steamhammer/SPV
obra prima é sem dúvida um disco que
Para muitos e inclusive envelheceu e ficou bem mais apetecível. Nota Reedição do álbum de
para a banda também, estreia dos noruegueses
este foi o início do editorial – na habitual pesquisa que realizo
sobre as bandas onde tenho a ousadia de Det Skandalose Orkester
fim dos Destruction.
Quando começaram a - que em tradução livre
“avaliar” o trabalho que fazem, facilmente
descaracterizar o seu poderá ler-se como a
se entende que os Black Alice apenas não
som. Pessoalmente não orquestra escandalosa.
sei se concordo muito deram o salto por questões financeiras, o Apesar do som bem
com isso, já que para que os levou a simplesmente não realizar vintage que se pode
mim a adição de mais um uma tour europeia. Fica a interrogação e um
guitarrista é algo sempre positivo. É verdade que ouvir neste conjunto de temas, este álbum
a entrada de Harry Wilkens viria a trazer um grau disco para os arquivos da memória. foi editado originalmente apenas em 2014. Não
de complexidade superior ao som da banda, cada é um som fácil de ouvir aos ouvidos de hoje
vez mais intricado e cerebral. Apesar desse nível mas a sua exuberância técnica e instrumental
de complexidade ser bem vindo por parte aqui da
World Of Metal, o que é certo é que também não aponta na direcção do rock progressivo da
temos por aqui um conjunto de temas memoráveis. década de setenta e aponta bem. Poderá não
Não deixa de ser no entanto um trabalho que sem propriamente temas na cabeça ou ter ganchos
ser clássico, acaba por ser histórico. Um pequeno memoráveis (à primeira audição) mas têm uma
tesourinho desprezado, que nunca sabemos bem certa loucura que se torna bem agradável. Para
o porquê mas que depois de ouvir percebemos.
quem gosta de Frank Zappa então, será como
sentir-se em casa.

112 [7.5/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Fernando Ferreira [7.8/10] Fernando Ferreira
EDGUY GABRIEL THE POET OF DOOM GROG
“Burning Down The Opera” “Nepenthe” “Macabre Requiems”
AFM Records Edição de Autor Helldprod Records/Chaosphere Recordings

Muitas vezes já nos Qualquer projecto que E o que dizer de


ouviram falar (ou tem o nome de “Gabriel, uma obra prima do
leram) sobre como os O Poeta da Perdição” underground nacional,
álbuns ao vivo de hoje corre o risco de não que agora é reeditado
em dia são isto ou são
aquilo. Só alguém com ser levado a sério ou em vinil? Vamos
memória fraca (ou que então de ser visto como apenas dizer que se não
não tivesse conhecido algo arrogante, por se têm gira discos, este
os tempos idos) é que tratar de uma one-man lançamento é razão
poderá não notar a diferença entre o álbum band por parte de, claro, o Gabriel, que é mais que suficiente para que o adquiram.
ao vivo que não é mais do que do um produto o responsável por isto tudo. Editado em Trata-se de um lançamento histórico, que não
fácil de comercializar e com custos de 2016, este trabalho reúne uma série de só premiou o trabalho da banda durante todos
produção reduzidos em relação a um álbum de
estúdio. Ou melhor, era fácil de comercializar temas editados anteriormente na página os anos anteriores, com todas as demos,
porque a moda pegou e graças a produtos ReverbNation no período compreendido EP e concertos dados - e não esqueçamos
menores, a oferta estrangulou o interesse. entre 2010 e 2014. Apesar de todos estes que em 1996 lançar um cd por parte de uma
A oferta e a qualidade da mesma. A partir do pontos desfavoráveis, não há dúvidas da banda nacional de metal extremo como os
momento em que muitas bandas começaram qualidade de malhas que misturam o metal grog não era algo tão corriqueiro - como
a jogar pelo seguro e a apresentarem nada gótico com o sinfónico, onde as guitarras marcou o grind feito por cá e marcou um
menos do que versões praticamente iguais e os coros combinam de forma perfeita. exemplo para a podridão vindora. Clássico
ao trabalho de estúdio. Se para quem vai
aos concertos esse não é um problema por obrigatório. Ah e trata-se de uma tiragem
aí além, já um álbum ao vivo que é igual ao limitada a 300 unidades.
trabalho de estúdio com única diferença [8/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira
de algumas palmas e barulhos do público
que nem sempre são reais, não é algo que IRON MAIDEN LULU BLIND
tenha um impacto memorável. Depois disto
“No Prayer For The Dying" “Dread"
tudo e de ainda não me ter referido uma
única vez aos Edguy, se calhar é melhor EMI Rastilho Records
começar, certo? Bem os Edguy estavam Durante muito tempo Tenho um trauma com
em pico de carreira, com um "Mandrake" os Lulu Blind. Lembro-
que confirmou a tendência crescente dos vi este álbum como
me que na altura em
últimos álbuns/anos. Conseguiam recuperar sendo o mais fraco que este álbum saiu, o
os fãs de Helloween, roubar outros aos da discografia e é um vídeo da "Rita Hot Pussy"
Stratovarius que estavam a apresentar sinais sentimento que ainda rodava constantemente
de cansaço e os seus concertos - neste caso na (altura) TV2. Irritava-
não mudou embora, me o video e irritava-
em Portugal no Paradise Garage a 21 de este ponto é muito me a música. Mais de
Dezembro de 2001 foi uma coisa épica à importante, tenha vinte anos passaram e
qual tive a oportunidade de assistir, sendo felizmente o meu espectro musical aumentou
que a banda no dia seguinte seguiu a uma suportado melhor o teste do tempo do que um pouco mais. Posso dizer que hoje em dia
das melhores salas portuguesas de sempre, aquilo que eu esperava. Contextualizando, consigo olhar para este trabalho de outra forma
o extinto (snif) Hard Club em Gaia - eram, este trabalho foi o primeiro após a saída de e até reconhecer a sua importância na cena punk/
isso sim, bastante memoráveis. Por esses Adrian Smith e a substituição com Janick alternativa. Importância devida a uma sonoridade
motivos todos, um álbum ao vivo não é curta e grossa, sem rodeios. Tivesse este trabalho
Gers. E rompe com o passado. De fora ficam uma produção (equalização) diferente e o seu
para encher chouriços (este foi o último as guitarras sintetizadas ou os temas mais impacto seria ainda maior. De qualquer forma,
álbum antes de irem para a Nuclear Blast) para os coleccionadores, é uma oportunidade
nem apenas para facturar guita fácil. Um progressivos - exceptuando pela excelente
única, principalmente os amantes do vinil.
verdadeira documento de uma banda e "Mother Russia", de longe o melhor tema do
de todo um género, no seu auge criativo e álbum mas que nos dá a sensação de que
comercial. Um grande álbum ao vivo que fica bem aquém do seu potencial, podendo
recomendamos. ser muito melhor explorada - e os teclados
[9/10] Fernando Ferreira são minimizados. Está muito mais próximo [7/10] Fernando Ferreira
dos álbuns seguintes do que dos anteriores.
Contudo ao passar por estes temas novamente,
não deixamos de encontrar qualidades em
MAÏEUTISTE temas como "Fates Warning" ou o tema título, MALEKHAMOVES
“Maïeutiste" que aliado a temas imediatos como "Holy “Malekhamoves”
Les Acteurs De L'Ombre Productions Smoke" e "Bring Your Daughter... To The Battlesk'rs
Excelente álbum de Slaughter" que apesar de simples não deixam Reedição do EP de
estreia por parte do de ser eficazes. "Hooks In You" quase que 2013, lançado de
grupo de francês chega lá mas é demasiado simples, chegando forma limitada em
Maïeutiste que vai a ser básica. No entanto, o incompreensível cassete, que agora
bem mais além do que é como a "Tailgunner" foi escolhida para é apresentado em
o típico black metal abrir o álbum. Sei que o ódio a esta música vinil. São apenas
não é universal mas é demasiado fraquinha duas faixas, excluíndo
melódico. Podemos, a intro "Libération",
com vontade (ou principalmente para ser interpretada ao vivo de um death metal
preguiça), encaixá-los nessa prateleira mas a as (poucas mas ainda demasiadas) vezes para lá de podre e sem brilho nenhum,
verdade é que há por aqui algo de diferente, algo que foi. Não sendo o momento mais alto da sendo que o pior ponto são mesmo as
de, arrisco a dizer, único que vai ter a outros banda, também não é um mau álbum, não vocalizações, sem poder algum - nem cantam
campos mas sem dúvida que o black metal é passando apenas da mediania com alguns nem berram, um misto aborrecido entre as
sempre o ponto de referência. Ambicioso pelos rasgos de brilhantismo. Como todos os duas - e que faz com que estes pouco mais
seus quase oitenta minutos, é um trabalho que álbuns de transição, o melhor viria depois. de dez minutos pareçam duas horas. Não
consegue estabelecer um ambiente próprio e somos fundamentalistas das produções
cristalinas - até porque já defendemos o total
que deve ser ouvido do início ao fim. Poderá oposto disso - mas quando algo não serve o
falta a paciência no entanto para quem gosta propósito de cativar o ouvinte, está a mais.
de coisas mais directas, mas garantimos que Como neste caso, infelizmente. Fraquinho
emoções fortes e dinâmica não faltam. muito fraquinho.
[8.5/10] Fernando Ferreira [6.5/10] Fernando Ferreira [3/10] Fernando Ferreira 113
MISSING LINK PENSEES NOCTURNES PROPHECY
“Lobotomized” “Grotesque” “Twisted Reality”
Vic Records Les Acteurs De L'Ombre Productions Edição de Autor
Ora aí temos mais Reedição em vinil do A Dinamarca já trouxe
serviço público por segundo álbum dos muitas coisas boas para
parte da nossa amiga franceses Pensées o metal, sendo que duas
Vic Records que desta Nocturnes que por delas são, assim apenas
vez vai ao underground acaso, só por acaso, de repente, os Mercyful
dinamarquês para ir até é uma bomba Fate e os Artillery. E
buscar esta pequena daquelas que em vinil por falar em thrash
preciosidade. Apesar deve soar mesmo bem. metal dinamarquês,
temos também aqui os
de ter sido lançado Um black metal caótico Prophecy, com a sua segunda demo, lançada em
na década de noventa (em 97), a banda e bem extravagante que se junta a sonoridades 2016. A banda não esconde o seu amadorismo,
transpira ao bom som da década de oitenta orquestrais - sem poder ser algo que possamos quer pela sua apresenatação gráfica, quer pela
e apresenta nove temas onde aquela mistura associar a metal sinfónico - para um resultado fotografia "promocional" que têm, no entanto,
(que por esta altura já tinha saído de moda impressionante. Não é coisa que entre à primeira ao ouvir os dois temas que estão na demo,
há já muito tempo) entre o heavy metal e o (boa sorte com isso) mas tem aqui ganchos que ficamos muito bem impressionados com o
thrash. Não conhecemos o primeiro álbum qualquer fã de black metal poderá agarrar logo poder instrumental. Bons riffs, bom ritmo.
mas este segundo é um daqueles trabalhos à primeira. Inquietante e cinematográfico, esta O problema é mesmo a voz, uma espécie de
que não queremos largar por nada deste é uma pequena pérola, mais que recomendada. gutural arranhado que não funciona - aliás se
mundo. Fantástico! fosse instrumental, a coisa seria bem mais
positiva. Esperemos que a banda não tenha
ficado por aqui e que apresente uma evolução
após esta "Twisted Reality".

[8.6/10] Fernando Ferreira [9/10] Fernando Ferreira [6/10] Fernando Ferreira

RAIN SADNESS STREAM OF PASSION


“Dad Is Dead - 10th Anniversary Edition” “Ames De Marbre” “Embrace The Storm”
Aural Music Vic Records InsideOut Music
Tenho que coefessar que Consta que esta banda Álbum de estreia dos Stream
não conhecia este álbum é uma pérola do Of Passion, banda criada
- com um título tão... underground suiço. por Arjen Lucassen, mais
peculiar, não é coisa que "Ames De Marbre" é conhecido pelo seu trabalho
se esqueça - por isso esta com os Ayreon. Arjen viria
o primeiro álbum de a participar apenas neste
é uma reedição que sabe a originais dos Sadness
novidade, mas mesmo que trabalho, sendo além do
que agora vê a luz do dia criador do projecto, também
não soubesse, traz muita através da Vic Records. E o principal compositor, algo
coisa extra que faz com que que se nota completamente
se torne assim. Então o que aquilo que temos a dizer,
começando logo pela capa, é que este é um álbum apesar da orientação mais gótica - bastante próximo
é que temos aqui? No primeiro disco temos o disco daquilo que os Within Temptation faziam nos seus
remasterizado, que nos traz um heavy metal poderoso. muito estranho. Estão a ver os Bethlehem no
primeiros tempos - factor que acaba sempre por ter
Para os cépticos das remasterizações e mesmo não "S.U.I.Z.I.D.E."? É tipo isso mas sem os assomos importância na avaliação final já que não soa tão fresco
tendo acesso ao original, podemos dizer que isto soa de desespero - a coisa aqui fica pela melancolia. como o desejável. Também se sente que é uma banda
muito bem. Heavy metal musculado e bem cativante Praticamente impossível de categorizar, é um construída à volta de Marcela Bovio (que monopoliza um
que termina com a cover dos The Cult, "Rain". Bem álbum único e que só por isso merece a reedição. pouco as atenções no artwork), algo que só no segundo
boa esta versão, bom bónus. Depois temos ainda Ninguém vai ficar indiferente, é certo, mas também trabalho conseguiria ser sacudido. Mais menos. Ainda
um segundo disco que nos traz um álbum ao vivo recomendamos para os apreciadores de doom e assim, não deixa de envelhecer bem e de ser um trabalho
que é inédito. O som poderá não estar tão pujante metal gótico embora tenhamos outros géneros ao qual se volta com gosto. Esta edição especial tem um
como no primeiro cd mas sem dúvida que faz justiça à espreita. Esta reedição traz a demo de 1992 DVD que nos traz o making of do álbum, numa altura
aos temas, fazendo com que esta seja uma reedição em que isso não se via com tanta frequência - nesse
"Eodipus" - embora o comunicado de imprensa aspecto a InsideOut Music sempre deu cartas. Não sendo
mais que recomendada. diga que a anterior, "Y", também se junta ao pacote. o álbum que nos lembramos muitas vezes, é daquele que
Na nossa promo isso não aconteceu. causa surpresas agradáveis sempre que voltamos a ele.

[9/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira [7.5/10] Fernando Ferreira

THE TEMPLE UNDERGUST WOLCENSMEN


“Demo-nio” “Irrational Behavior” “Songs From The Fyrgen”
Raging Planet Records Edição de Autor Indie Recordings

A vantagem de estarmos Excelente apresentação Um álbum assombrante.


num projecto como este dos nossos amigos Para quem não sabe este
da World Of Metal é que brasileiros Undergust é o trabalho a solo de
podemos fazer as coisas que nos trazem um
simplesmente porque Dan Capp, guitarrista dos
misto de géneros cuja
sim. Por exemplo Winterfylleth, senhores de
começar a explorar afinidade em comum
é porrada gratuita. som fantástico dentro do
o catálogo da Raging
Planet, um catálogo Apesar do pedigree black metal atmosférico.
dos mais ricos em Portugal, em quantidade hardcore, há por aqui um poder death/thrash Este é um projecto a solo em que Dan revisita as suas
e sobretudo em qualidade, e começámos metal que nos remete para nomes como velhas influências folk retiradas da cena escandinava e
pelo início. "Demo-nio" dos The Temple. Uma Napalm Death caso estes fossem um pouco
das bandas mais interessantes do nosso cria algo novo, completamente fantástico. O álbum foi
underground. Começaram como thrash metal mais thrashados. É uma boa apresentação
lançado originalmente em 2015 e a Indie Recordings
mas por esta alturar a sua sonoridade por algo e um bom aperitivo para o primeiro álbum
"Chaos Farm" que foi recentemente lançado. resolveu reeditá-lo com uns extras que infelizmente
mais alternativo e aqui temos esse novo som
em pleno esplendor. Sonoridade crua mas Recomendamos começar por aqui. não tivemos acesso. Mas só o principal serve para
temas com raça embora na minha opinião, a ficarmos satisfeitos e completamente agarrados.
primeira fase da banda era um bocado mais Obrigatório para quem gosta de folk escandinavo
interessante.
e britânico.

114 [7/10] Fernando Ferreira [8/10] Fernando Ferreira [9.2/10] Fernando Ferreira
et
cr
Se
pe
Ta
Por Fernando Ferreira

CATTLE DECAPITATION
“Medium Rarities”

Blood Harvest / Helter Skelter Productions



Reedição em cassete do ensaio lançado no ano passado pela própria banda de forma
Metal Blade Records independente e digital. Os Cavurn são uma entidade misteriosa dos E.U.A. que
tocam metal extremo pesadão, primitivo e algo lento ao qual juntam um ambiente
bem negro e sufocante, algo que diz bem com estes três temas. Uma edição com a
Quem diria, a Metal Blade a apostar nas cassetes? Só lhe ficam bem tarimba de qualidade da Blood Harvest e que é bem caçada. (7/10)
esses sentimentos e logo numa colecção de raridades, segundo a banda
de médio calibre. Trata-se se faixas que a banda foi compilando desde IRON VOID
2008, em faixas bónus, EPs, inclusive uma faixa que gravaram para “Excalibur”
a eventualidade de uma versão japonesa do álbum "To Serve Man"
que nunca aconteceu e a mesma acabou por se perder. E Travis Ryan,
o vocalista, apesar de estar orgulhoso deste lançamento e de todas
as suas versões, aquela que lhe fala mais ao coração é a edição em
cassete limitada a 500 unidades. Eu diria o mesmo. Temos os temas
bónus, temos demos de temas e temos aquela grindalhada que tanto
gostamos em estado bruto e primitivo nalguns casos. Não é preciso
dizer mais nada em relação a isto certo? (9/10)

ALMS Shadow Kingdom


“Act One”
Edição de luxo de um álbum de luxo. O terceiro álbum dos Iron Void além de ser
lançado em CD e LP, também foi lançado em cassete numa edição limitada a 100
unidades. Mas maior luxo vem lá dentro, com um grande álbum de doom metal
tradicional (daquele que é bem próximo do heavy metal) e que resulta muito bem,
quer no contexto vintage das edições em cassete quer em qualquer outro. Grandes
malhas que confirmam a banda do Reino Unido como uma das grandes forças do
género nos dias de hoje. (9/10)

SHED THE SKIN


“We Of Scorn”

Shadow Kingdom Records

E um doomzinho (ou doomzão) para abrir o apetite? Os norte-americanos


Alms iniciam oficialmente a sua discografia nos álbuns (depois da demo
editada no ano passado) com este álbum que é editado em CD, LP e
cassete. Como podem verificar, estamos aqui para falar da edição em
cassete onde nos apresenta os seus temas (pouco mais de meia hora)
na totalidade em cada um dos lados - uma melhor alternativa do que
deixar o lado b em branco. Quando à música em si, é um proto-heavy Hells Headbangers
doom metal de qualidade surpreendente. É daqueles lançamentos que
cativam-nos sem grande esforço. Sonoridade clássica mas com temas Quando se trata de death metal, há todo um mundo para descobrir. E este segundo
que soam frescos, apesar de conseguirmos identificar a sua origem. álbum dos norte-americanos Shed The Skin é um excelente exemplo disso mesmo.
Uma banda a acompanhar. (8.4/10) Death metal em todo o seu esplendor mas que surge com uma generosa dose
de melodia que apenas o torna mais acutilante. E claro, não fosse esta secção
Tape Secret, damos primazia à edição em cassete - além da vinil e CD). A Hells
Headbangers a revelar a pontaria e faro do costume para o bom material. O estilo
CAVURN surge num impressionante equilíbrio entre a brutalidade a melodia e torna-se uma
“Rehearsal” proposta quase irresistível. (8/10)

115
WOM Live Report
Caligula's Horse, Circles, I Built The Sky
RCA Club, Lisboa - 15.10.18
Texto Fernando Ferreira | Fotos Sónia Ferreira | Agradecimentos: Daniel Makosh e Clap Box

Hoje vamos falar-vos da magia dos concertos ninja. Mediante A noite começaria com os I Built The Sky, a banda do mago
a tonelada de concertos que acontecem todas as semanas australiano Rohan Stevenson, que além de talentoso, tem uma
(muitas vezes, todos os dias!), é natural que alguns escapem, secção rítmica de apoio absurdamente boa com o baixista
por muita vontade que tenhamos (e temos!) de vos trazer Sam Tan e o baterista Rob Brens. Com um feeling muito
tudo neste vasto mundo do metal, a nossa equipa continua bom nas melodias, e dinâmicas impressionantes indo do
reduzida e o número de braços e pernas continua também, zero aos cem em segundos, o facto de ser instrumental não
infelizmente, o mesmo. E por isso motivo quase que nos foi motivo para aborrecimentos, não deixando de puxar pelo
passou despercebido esta grande noite de metal progressivo público numa actuação que começou com alta intensidade
- quase a nós e também a muito boa gente pelo que sabemos. com "Stratiformis" e que marcou o nível que teríamos durante
Uma noite que juntava no mesmo palco, três grandes bandas o resto do alinhamento. Tanto Sam como o próprio Rohan
australianas, todas diferentes mas todas com uma qualidade não pararam quietos - este último até dando uma aparatosa
estupidamente alta, sendo que o foco vai para os Caligula's queda para trás que nem assim o impediu de debitar notas na
Horse, que lançaram no ano passado o excelente "In Contact", sua guitarra. Para nós que somos fãs de música instrumental,
uma das nossas escolhas para os vinte melhores trabalhos foi um grande concerto, no entanto, temos a certeza que
de metal progressivo. qualquer apreciador do som de guitarra acompanhados a
bateria e baixo ficariam igualmente impressionados.

Circles

Os senhores que se seguiram foram-nos apresentados


recentemente - e que nos passámos a vez a todos os nossos
I Built The Sky leitores na nossa mais recente edição, onde analisámos o seu
116
mais recente trabalho "The Last One". A impressão positiva soa perfeito, mas sobretudo como a componente musical
com que os Circles nos deixaram em disco foi reforçada pelo aliada ao sentimento transmitido pelas letras e sobretudo
que pudemos ver ao vivo, onde a banda conseguiu conjugar pelas emoções colocadas nas interpretações que fazem com
as paisagens mais atmosféricas e clássicas do metal e rock que se fique desarmado. Outra da arma infalível da banda é a
progressivo com as tendências modernas onde a aproximação sua extrema simpatia, sendo que o seu porta-voz, o frontman
ao djent e metalcore difere completamente da banda que Jim Grey, sabe como comunicar aos corações daqueles que
os antecedeu mas ainda assim consegue ser efectiva numa estão à sua frente.
sala já bem composta e com bastantes fãs da banda. De
"Breaker" a "Arrival", ambos do já citado último álbum de Grey indicou que esta digressão europeia era a primeira
originais que foi o grande foco do alinhamento, a actuação que a banda fazia como cabeça de cartaz assim como era
foi bastante sólida. a primeira vez que visitavam Lisboa, não sabendo muito
bem o que encontrar. Era visível nas expressões dos músicos
que a reacção do público superou as suas expectativas. A
interacção foi fantástica em todo o espectáculo onde houve
espaço para que o público escolhesse o tema que queria
ouvir (entre "Rust" e "Turntail", sendo que foi o primeiro
escolhido) e até a que cantasse na "Songs For No One",
em que o tinha o papel de cantar "We Are All", depois de
devidamente ensaiado.  Momentos de beleza memorável
onde "Graves" - um grande épico de mais de dez minutos -
foi um dos pontos altos assim como os dois últimos temas
já em regime de encore, "Inertia and the Weapon of the
Wall" - uma arrepiante peça de spoken word que serve de
introdução para a "The Cannon's Mouth", que colocou um
ponto final adequado a uma grande noite de metal progressivo.

Caligula's Horse
Chegava a vez dos senhores da noite, Caligula's Horse. E
que concerto. Tal como os Circles, os cabeças-de-cartaz
apoiaram-se no seu último álbum de originais, "In Contact",
conseguindo encaixar no seu alinhamento sete temas do
mesmo. E se o número parecer excessivo, só temos a dizer que
a actuação fluiu de forma muito orgânica e sempre muito bem
recebido pelo público que demonstrou estar perfeitamente
encaixado na frequência da banda. "Dream The Dead", o
épico, abriu da melhor forma e demonstrou logo que esta
banda ao vivo é uma visão digna de se ter. Não se trata
apenas da exuberância técnica, nem da forma como tudo

Caligula's Horse

Segundo Jim Grey, o mais importante de andar em digressão


pelo mundo é dar a conhecer a sua música e espalhar uma
mensagem de amor e aceitação e que é esse mesmo amor que
é a nossa verdadeiramente a riqueza, algo que vem muito da
forma como se sente a música e que vai ao encontro daquilo
que temos por base aqui na World Of Metal e tudo isso foi
o maior tesouro que foi entregue a todos os que estiveram
presentes numa noite mágica, daquelas que raramente
acontecem.
Caligula's Horse
117
Sworn Enemy, Terror Empire, Challenge
RCA Club, Lisboa - 26.10.18
Texto por Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Hell Xis Agency

Anos atrás, seria quase impensável termos uma noite que


juntasse na perfeição o espírito hardcore e o metal. A união
faz a força e a música não poderia ser excepção e embora nem
sempre seja assim, naquela noite de celebração no RCA Club,
foi efectivamente se passou. Foi uma noite especial a vários
níveis. Não só festejávamos o décimo quinto aniversário do
álbum do Sworn Enemy, "As Real As It Gets" como seria a
oportunidade de ver pela última vez em Lisboa os Challenge
depois do seu fim anunciado e, claro, conferir todo o poderio

Challenge
metálico por parte dos Terror Empire.
A noite começaria com uma sala ainda algo vazia, mas isso
não foi impedimento para uma actuação cheia de raça e
energia, que provocou logo sérias movimentações acrobáticas
em frente ao palco. O poder dos Challenge é só comparável
à sua humildade e isso é notório a cada actuação que dão,
onde nunca faltam os agradecimentos a todos os fãs, bandas
e agentes do underground que mantém a cena viva. Com Terror Empire
malhões como "Our Streets" e "Legends Never Die" (que a uma quebra de interesse pelos mais cínicos mas tanto a
banda dedica sempre ao seu amigo Sérgio e que agora seria experiência como a qualidade e poder da música dos Terror
dedicada também a outro Sérgio, ao "Bifes" que tão cedo partiu Empire impediram que algo assim acontecesse. E se houve
de nós), não haviam dúvidas em relação à perda que temos alguma timidez por parte do público, bujardões como "Times
todos com o fim da banda das Caldas da Rainha. Alguns Of War" e "Burn The Flags" ajudaram a que as acrobacias,
problemas técnicos encurtaram a sua actuação e quebraram sempre impressionantes de se observar, tivessem lugar no
o fluir da mesma, mas o hardcore nunca foi perfeição, o espaço em frente ao palco, ao qual Rui Alexandre apelidou de
hardcore sempre foi o sentimento e o extravasar de emoções Golden Circle, sendo que este era do povo, livre de encargos,
fortes e isso certamente não faltou. Ainda falta uma despedida hardcore style. O thrash metal da banda de Coimbra é das
para fazer, dia 25 de Novembro no Porto. coisas mais acutilantes que temos no nosso underground e
a sua brutalidade não deveria ser estranha a todos os fãs de
Com uma toada mais metálica, seria de prever que houvesse Sworn Enemy que estavam presentes e que à partida poderiam
não estar tão receptivos. As pontes feitas com o hardcore
118
Sworn Enemy Sworn Enemy
já existem há algum tempo e as fronteiras são derrubadas Apesar da posição de cabeças de cartaz, a atitude dos
quando se tem uma actuação bem sólida e segura que foi Sworn Enemy foi sempre pautada pela humildade que lhes
do agrado de todos os presentes. é reconhecida, onde nem faltaram um pedido de aplausos
para os Challenge e Terror Empire - referir-se pelos nomes
Para finalizar, a banda pela qual se esperava e que era o motivo às bandas de abertura é sempre um sinal de respeito. Ou seja
da reunião naquela noite de sexta-feira: Sworn Enemy. A não basta pregar, tem que se fazer também. Depressa "As
banda tem vindo a celebrar o décimo quinto aniversário do Real As It Gets" é tocado na íntegra - Sal Lococo, o vocalista e
seu emblemático álbum de estreia, "As Real As It Gets", que único membro original, referiu isso mesmo quando disse que
é uma bujarda épica de hardcore metalizado, onde o thrash quinze anos de história tocados em trinta minutos - e ainda
é parte mais que integrante assim como outros elementos houve tempo para ouvir a novidade "Prepare For Payback"
de metal extremo. A banda norte-americana tocou o álbum do álbum a sair no início do próximo ano e a passagem pelas
na íntegra, com algumas das faixas a formarem sequências já inevitáveis "Punishment" dos mestres do crossover nova-
verdadeiramente explosivas. O público ficou logo ao rubro iorquinos Biohazard e a "We Hate" que desagua invariavelmente
desde o primeiro acorde de "Sworn Enemy", o primeiro tema na secção final da "Domination" dos Pantera. Com as portas
do alinhamento. Os números de espectadores poderiam ser já abertas e inesperadamente, a banda ainda voltou para o
inferiores aos que uma banda destas mereceria mas tiveram o encore, tocando a também emblemática "I.D.S.", colocando
entusiasmo e a resposta por parte dos mesmos bem à altura. o ponto final de forma perfeita a mais uma grande noite de
No entanto, não era para menos porque a abordagem dos música pesada no RCA Club. São celebrações destas que
norte-americanos convida ao movimento. Mesmo a quem estão na base da sobrevivência do underground, tanto no
não tem por hábito extravasar fisicamente. metal como no hardcore.

Sworn Enemy Sworn Enemy


119
Attick Demons, H.O.S.T.
Metalpoint, Porto - 27.10.18
Texto por Rosa Soares e Carlos Lichman | Fotos por Pedro Amorim (Fotos de H.O.S.T.) e Rui M Leal |
Agradecimentos: Attick Demons, H.O.S.T, Bunker Store, Celta Endovélico, Metalpoint e Lado B

27 de Outubro, foi o dia em que os Attick Demons fizeram o palato, até dos mais cépticos.
o lançamento das suas cervejas artesanais, resultado de uma
parceria com a Cervejeira Sadina. A cidade escolhida para a
apresentação oficial da “Ghost” e da “Dark Angel” ao público
e à imprensa, foi o Porto e alguns dos seus mais emblemáticos
espaços da história do Metal e do underground nacional.

Restaurante Celta Endovélico


Seguiu-se o Lançamento Oficial das Cervejas Attick Demons,
evento realizado com o apoio do Restaurante Celta Endovélico.
Bunker Store Mais uma vez, o calor humano que se fez sentir num final
de tarde com temperaturas já outonais, deixava antever uma
O dia começou cedo, na capital e na Invicta, onde uns se grande noite de heavy metal. “A “Ghost“ e a “Dark Angel”
preparavam para uma viagem rumo ao Norte e outros foram as rainhas, entre espadas e artefactos medievais, que
tratavam dos últimos preparativos para os três eventos que serviram de cenário e adereços fotográficos, para os mais
iriam decorrer: Concerto no Metalpoint com os H.O.S.T. a destemidos.
fazerem a abertura, Meet & Greet na Bunker Store e Lançamento
Oficial da Cerveja no Restaurante Celta Endovélico. E finalmente chegou a noite e com ela a grande expectativa.
Há cerca de dois anos que os Attick Demons não tocavam
Na Bunker Store, Attick Demons e H.O.S.T., receberam e foram no Porto, e seria a primeira vez que o fariam no Metalpoint,
recebidos de forma muito calorosa e familiar. O convívio entre com os H.O.S.T. a fazerem a abertura da noite. E assim foi, os
fãs, amigos e bandas foi pontuado de conversas, autógrafos, H.O.S.T. abriram com “Mesmerize Me”, último tema do EP
fotos, muita música e prova das cervejas, que conquistaram “Bastard of the Fallen Thrones”, escolha pouco convencional
120
Os Attick Demons estão, actualmente a trabalhar no seu
novo álbum, e até ao fim do ano têm na agenda concertos
em Espanha e Ceuta. Aguardamos novidades e esperamos
que o regresso à Invicta não seja tão espaçado no tempo,
como foi este. Expectativas superadas! (Rosa Soares)

Olá meus amigos. Com muito prazer escrevo meu artigo sobre
o primeiro evento/concerto que pude assistir em Portugal,
mais especificamente na cidade do Porto num lugar clássico
da cidade: o Metalpoint no dia 27 de Outubro. Acredito
que para as pessoas que viram a minha reacção durante o
concerto não se vão surpreender com o texto abaixo:

O dia estava frio, podemos sentir a chegada do inverno


europeu com uma temperatura baixa beirando o zero e
bastante vento. O evento começou as 15h, um Meet and
H.O.S.T. Greet na loja Bunker, outro local já muito conhecido pela
para abertura, sendo este um tema calmo onde a voz de malta metálica portuguesa, sempre com Manuel Fernandes
Gerrit Dries é apenas acompanhada pela guitarra de Filipe a receber os que ali passam. Contudo, neste dia o evento
Moreira. Mas se a abertura foi calma, a restante prestação dos também trazia outra figura muito importante, minha amiga
H.O.S.T. aqueceu bem o público presente, que continuava a Rosa Soares, responsável pela organização do Meet and Greet,
chegar. A bateria de Augusto Peixoto, o baixo da Vera Sá, as jantar e o concerto que iria acontecer algumas horas após.
guitarras de Carlos Barbosa e Filipe Moreira, acompanharam
a voz de Gerrit Dries numa prestação cheia de energia e Durante o evento da tarde, pude já conhecer os membros
atitude em palco.  Para além das músicas do EP, os H.O.S.T. das bandas Attick Demons e a H.O.S.T., todos muito bem
tocaram ainda dois temas novos e uma cover de “I Died For humorados e mostrando-se bem dispostos para as apresentações.
You” dos Iced Earth.  Gerrit, cuja imagem preenche o palco, Pude conversar com o grande Luiz Figueira (guitarrista dos
não deixa que isso ofusque os restantes elementos da banda, Attick Demons) assim como conhecer e conversar com os
que irrepreensivelmente, fez uma abertura digna de banda bem humorados e talentosos Augusto Peixoto e Gerrit Dries
cabeça de cartaz. (respectivamente baterista e vocalista da banda H.O.S.T.).
Além deste encontro, aconteceu um jantar de confraternização
o qual não pude comparecer mas fiquei depois a saber que
foi um espetáculo gastronômico. Já ao anoitecer, cheguei ao
Metalpoint por volta das 23h com um bom público presente
no local e podendo beber as cervejas que estavam sendo
lançadas dos Attick Demons: Dark Angel e Ghost.

Um pouco antes da meia noite sobe ao palco H.O.S.T. que eu


conhecia por vídeos na internet. Algumas coisas me chamaram
muito a atenção. Primeiro foi que a música de abertura era
uma canção apenas guitarra e voz, algo muito diferente e ao
mesmo tempo arriscado já que se tratava de um concerto de
heavy metal, mas que mostrou muita coragem, autenticidade
da banda e agradou a todos que estavam. Segundo ponto: uma
banda bem coesa, directa ao assunto e com composições que
Attick Demons agradam aos fãs de heavy metal. Terceiro ponto: parabêns
ao Metalpoint e às pessoas envolvidas na qualidade sonora,
E chegava a vez dos anfitriões da noite, os tão esperados pois poucas vezes vi a banda de abertura ter uma qualidade
Attick Demons, que nos brindaram com mais uma das suas sonora como a que o H.O.S.T. teve e último ponto a presença
fantásticas prestações. Sendo uma das bandas de heavy de palco e voz de Gerrit Dries, realmente óptimo timbre.
metal português, com mais anos consecutivos no activo
(vinte e dois, tantos quantos os anos da banda), estes cinco Após a abertura que aqueceu a noite, sobem ao palco os
demónios não dão sinais de cansaço nem de adormecimento anfitriões, Attick Demons que assim como a H.O.S.T. eu
de garra ou paixão. Assim que começam, os seus concertos somente conhecia por vídeo na internet. Uma banda que
transformam-se numa descarga de energia que não deixa mostrou muita maturidade e o motivo de ter uma carreira
ninguém indiferente. O heavy metal clássico que os caracteriza, longa. Musicalidade e punch do começo ao fim do concerto
as guitarras melódicas e irrequietas de Nuno Martins e Luís levando as pessoas até as nuvens com suas composições que
Figueira, o baixo poderoso de João Clemente, o som forte da abrangeram sua discografia, sempre sendo incentivados pelo
bateria de Ricardo Oliveira e a voz encorpada e melódica de grande vocalista Artur Almeida. Uma presença de palco
Artur Almeida, fizeram vibrar o Metalpoint, ao longo de doze impecável fazendo que houvesse interacção de todos os que
temas originais da banda e uma cover de “Run To The Hills” ali estavam e aumentando a sua legião de fãs que participaram
de Iron Maiden. Sem dar sinais de cansaço, quer da banda do começo ao fim. Um prato cheio para todos os grandes
quer do público, houve ainda tempo para um encore, onde fãs da New Wave Of The British Heavy Metal, pois os Attick
“Back In Time” e “Atlantis” fecharam a magnífica prestação Demons mostra ter uma grande influência de bandas como
da banda, numa noite que já ia longa (valeu-nos ser noite de Iron Maiden e Judas Priest.
mudança de hora, que deu para enganar os mais distraídos).
Uma noite que me mostrou que o underground português
Foi um concerto memorável, num espaço bastante acolhedor tem força, qualidade e pessoas que querem que o cena cresça
e onde o som é bem acima da média. O público foi exemplar, cada vez mais, resumindo uma ótima primeira impressão!
e desde o início mostrou que estava ali para agarrar a noite! (Carlos Lichman)
121
Yob, Wiegedood
Hard Club, Porto - 27.10.18
Texto e Fotos por Fátima Inácio | Agradecimentos: Amplificasom

Se é certo que YOB era a banda cabeça de cartaz e a razão


que levou muitos a fazer muitos quilómetros para estarem
presentes nesta data única, em Portugal, também é verdade que
Wiegedood terá sido a razão de outros tantos se deslocarem ao
Porto, à sala 2 do Hard Club, que esgotou duas semanas antes
do concerto. Não estivesse já agendado um outro concerto
para a sala um, bem a promotora poderia ter mudado de
sala, para alegria dos muitos que, nas duas últimas semanas,
se afadigaram pelas redes sociais em busca de um bilhete
sobrante.

Wiegedood
Quando, em 2015, Wiegedood apresentou o seu primeiro
álbum no Amplifest, poderia ainda ser vista como a banda
de elementos de outras já consagradas da Church of Ra,
como Amenra e Oathbreaker. Em 2018, com mais dois álbuns
lançados, não só deixaram de ser alvo de mera curiosidade
como ganharam o estatuto de uma banda com plena identidade Wiegedood
e com uma massa de seguidores crescente. As bandas que quase uma hora de concerto, com os três elementos puxados
têm acompanhado em tour também dão prova do estatuto para a frente do palco (bateria incluída) a criar uma barreira
ascendente da banda, presentemente YOB, mas já antes humana consentânea com a barreira musical que criaram:
com Belphegor (possivelmente, a mais próxima em termos quem conhece a banda, conhece os riffs enérgicos e velozes e
de género, se bem que o Black Metal que ambas praticam a bateria incansável e ininterrupta, em temas longos, de vez
seja distinto, manifestação evidente da multiplicidade de em quando entrecortados pela voz rasgada de Levy Seynaeve.
estilos que o próprio Black Metal encerra), tendo também
passado por festivais de renome, como o Inferno Fest e o Aliás, o fabuloso "Ontzieling", do segundo álbum, abriu um
Roadburn, e preparando-se, agora, para seguir para uma concerto impoluto, da parte da banda, que teria sido perfeito
tour nos Estados Unidos. se alguns dos presentes no público falassem menos e a barreira
de som debitada do palco não nos obrigasse a circular na sala
No Porto, o trio mostrou ao vivo a razão pela qual se têm para encontrar o melhor spot para encontrar o puro equilíbrio
imposto na chamada “nova vaga” do Black Metal, género das duas guitarras, bateria e voz. A setlist, que passou pelo três
que eles assumem plenamente, até como forma de marcar a álbuns, contou ainda com temas como "Cataract", do segundo
sua identidade e estabelecer uma fronteira com as restantes álbum, ou a homónima do terceiro (a "De Doden Hebben Het
bandas a que pertencem. Foi um concerto intenso, quase Goed III"), temas que trouxeram alguma acalmia, e apenas
sem interrupção entre os temas, sem qualquer saudação em no seu arranque, ao ritmo frenético que atravessou toda a
122
YOB YOB
atuação, e ainda com a poderosa "Prowl", finalizando com o também com uma componente progressiva vincada, assim
único tema do primeiro álbum, "Ondergaan", que encerrou como com momentos melódicos que parecem levar-nos à
a atuação, tal como no Roadburn e no Inferno Festival, com transcendência meditativa, influência esta a não menosprezar
o amplo fôlego do seu black metal atmosférico. Concluída, no processo criativo do mentor, Mike Scheidt. Tudo isto é
com este álbum, a trilogia iniciada em 2014, aguarda-se com YOB e tudo isto explica que, ao oitavo álbum, mesmo com
expectativa a direção que esta banda seguirá, assim como, uma interrupção forçada pela doença que quase se veio a
desde já, o seu regresso. revelar fatal, se possa dizer que a banda se encontra num
grande momento, o que se sentiu quer no desempenho dos
seus três elementos em palco, quer na qualidade deste álbum
“Our Raw Heart”.

O concerto arrancou, precisamente, com o tema inicial, "Ablaze",


que deixa de imediato claro, a quem pudesse estar ali por acaso,
aquilo que define a banda e já foi anteriormente referido: peso
e leveza, velocidade e cadência arrastada, tudo embrulhado
na voz rouca e também vibrante de Mike S.. Seguiu-se The
Screen, com o seu riff insidiosamente repetitivo, como um
mantra negro, também do novo álbum, tal como o belo
tema homónimo "Our Raw Heart". Os outros quatro temas,
"Ball of Molten Lead", "The lie that is sin, Grasping Air" (que
contou com a participação do vocalista de Wiegedood) e,
para finalizar, a longa e  atmosférica Marrow, possibilitaram
a viagem por quatro outros álbuns.
Quando o tema terminou, quando os aplausos terminaram,
parecia que ninguém, nem músicos nem público, queria
deixar a ligação que se tinha criado. Tanto o baixista, Aaron
Reiseberg  (que simpaticamente se apresentou em palco com
uma tshirt da cidade do Porto), como o baterista, Travis Foster,
se deixaram ficar a cumprimentar o público e Mike S. foi ainda
mais solícito, tendo-se sentado no palco a beber e a conversar
com os muitos que dele se acercaram. Sabendo que vem de
uma tour já longa, que continuaria no dia seguinte, maior o
apreço por este gesto, pela sua simplicidade e humanismo.

Foi, pois, uma grande noite, com “apenas” duas bandas


que, com os seus três elementos cada, mostraram que, por
vezes, less is more. Os promotores, Amplificasom, estão de
YOB parabéns por não terem fechado os olhos à tour destas duas
belíssimas bandas.
Os YOB fizeram-nos ainda esperar um bom bocado pela sua
actuação, mas assim o exigiu a necessidade de retirar todo o
set montado para Wiegedood. Não foi uma espera incómoda,
tanto mais que os espíritos se teriam de preparar para a
transição musical. E a presença em palco dos próprios músicos,
em particular de Mike Scheidt, sobre quem, naturalmente,
recaíam todos os olhares, fizeram esse tempo de espera
passar levemente. E, se bem que o estilo musical de YOB é
manifestamente distinto do da banda belga, essa transição
não foi tão abrupta quanto seria de esperar, passando de uma
banda de black metal para uma de doom/sludge/stoner. YOB
combina, na perfeição, a vibração rápida e densa do sludge
com momentos de arrastamento, numa linha mais doom, mas YOB
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Oeste Underground Fest III
Pavilhão Multiusos da Malveira - 03.11.18
Texto por Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Oeste Underground

Terceira edição do Oeste Underground Fest, um evento que Feira de Sant’iago que lhes permitiu abrir para os Moonspell
contou com o apoio da World Of Metal, e que é quase um no mesmo evento. Dessa altura até à terceira edição do Oeste,
caso único no nosso underground, onde todas as receitas pudemos verificar que a banda já passou por diversas mudanças
revertem sempre a favor, e na totalidade, dos Bombeiros de formação, embora estilisticamente a sua abordagem
Voluntários da Malveira. O metal solidário, mas também continue a mesma, assim como a sua energia irreverente.
representando com bandas de excelente qualidade, num Uma actuação que convidou para a frente do palco alguns
espaço que oferece as condições mais que perfeitas e que entusiastas da modalidade livre de artes marciais na vertente
este ano contou com a qualidade sonora que os estúdios epiléptica. Ainda com um caminho a percorrer em termos
Rock 'N' Raw já nos habituaram. Tudo conjugado para que de evolução, a energia é sem dúvida a sua principal arma.
tivessemos uma excelente tarde/noite. Efectivamente assim foi.

Oppidum Mortum
O certame foi iniciado com os Oppidum Mortum, uma
banda que apesar de não ser muito activa em termos de
concertos ou até ter uma discografia extensa, é dona de
um som que impressiona pela sua potência. Death metal
old school que se revelou após uma intro que trouxe uma
atmosfera bastante densa, e palpável até, para o Pavilhão
Multiusos da Malveira. Apesar de a sala ainda estar a meio
gás, essa atmosfera preencheu os espaços vazios e banda de
Óbidos revelou-se uma máquina temível de debitar death
metal. Recomendada a todos os apreciadores do género com
mística - aquela que muitos julgam desaparecida.

Undersave

Tínhamos grandes expectativas para vermos os Undersave.


Não só são uma banda que temos acompanhado (a nível
pesssoal) desde o seu início da carreira como também é um
dos grandes valores do nosso death metal nacional (cuja
Fear The Lord entrevista podem ler aqui), com um som único e nem sempre
fácil de interiorizar. Esse foi provavelmente o grande desafio
O Oeste já tem uma tradição de tentar focar vários géneros que tinham que superar, algo que conseguiram razoavelmente.
musicais, por isso já não nos constitui surpresa passarmos do A complexidade, principalmente do trabalho de guitarras,
death metal dos Oppidum Mortum para o hardcore tingindo nem sempre foi perceptível da melhor forma com o som a
de nu-metal dos Fear The Lord. A última vez que os vimos ficar algo confuso em certas ocasiões mas de qualquer forma,
foi em Setúbal, quando venceram o concurso de bandas da não nos mudou a opinião que já tínhamos e nem do público
124
que se juntou em número considerável em frente ao palco.

Hourswill
Karbonsoul Ver e ouvir. E depois conta com um frontman enorme que é
Leonel Silva, que apesar de estar constrangido por questões de
Ainda dentro do death metal, subiram ao palco os Karbonsoul tempo - a banda tinha apenas meia hora para tocar - ainda teve
que também são uma referência do death metal nacional, oportunidade para tanto puxar pelo público como não deixou
numa outra vertente mais imediata. A banda de Muffy e de dar conta da sua frustração, no início da sua actuação, por
Mário Rodrigues veio a substituir os espanhóis Rencor que a frente do palco estar um pouco vazia. A perseverança dá
cancelaram a sua actuação. Melhor assim, porque o produto os seus frutos e malhões como "Mass Insanity" e "Everyday
nacional é tão bom (ou melhor) do que o que nos chega de Sage" conseguiu chamar mais público a si. Com um som
fora. Sem nacionalismos baratos, esta afirmação prova-se límpido e poderoso, esta banda simplesmente não sabe dar
pelo concerto seguro e sólido que a banda deu, com um maus concertos, por muito que as pessoas não consigam
à-vontade impressionante, capaz de superar até um falso apreciar isso.
arranque no primeiro tema devido a problemas técnicos.
Instrumentalmente acutilantes e com Muffy sempre a puxar pelo
público, os Karbonsoul tiveram uma prestação bem positiva.

Warhammer
Temos estado a falar do produto nacional mas esta terceira
edição do Oeste Underground Fest também nos trouxe excelente
produto estrangeiro sendo que o primeiro exemplo foram
os gregos Warhammer (que também podem verificar na
entrevista na mesma edição), que nos trouxe o seu thrash
metal cheio de vida aliado a uma atitude bastante humilde.
A energia foi constante, algo mais impressionante depois do
vocalista Hercules Giotis nos ter confidenciado que tinha
apenas dormido duas horas na noite anterior. Não se notou
e não só a banda gostou da energia do público como este
também vibrou com malhas dos seus dois álbuns de originais
em temas como "Mass Burial" e "Destroy What You Hate".
Uma excelente primeira impressão ao vivo que desejamos
ver repetida.

Talvez tenha sido um pouco ingrato para os Hourswill terem


sucedido aos Warhammer. Ingrato e sobretudo injusto para Gaerea
o som que a banda tem e faz. Com o público para desertar
para ir comer, a banda subiu ao palco e trouxe-nos o seu Gaerea. Apesar de terem lançado apenas um EP e um álbum,
heavy metal progressivo bem forte e musculado. Em termos esta é uma banda que podemos dizer que já deixou um
instrumentais, esta é uma das bandas que dá gosto ver tocar. impacto positivo no underground nacional - aliás, álbum
125
esse, "Unsettling Whispers" que de certeza que figurará nas não deu descanso nem ao público nem aos seus pescoços e
nossas escolhas dos melhores do ano. A atmosfera que os pernas. Headbanging frenético, com a própria banda a dar o
seus temas criam são formas de escape para um transe do exemplo de como se faz, numa actuação épica, das melhores
qual não queremos voltar tão cedo e o mesmo aconteceu que já vimos da banda e sem dúvida uma das melhores (se
na sua prestação no Oeste Underground, onde o tempo que não a melhor da noite). Passeando pelos seus três álbuns com
tinham disponível voou praticamente. Como já é habitual, não um som poderosíssimo, onde a guitarra e o baixo competiam
houve qualquer comunicação com o público mas também que em termos de brutalidade e a bateria assegurava as fundações.
palavras poderiam fazer sentido pertante tal demonstração No mínimo, memorável.
de potência e mestria do seu black metal único. Uma das
bandas da noite. Muito atrás não estiveram os Analepsy que apesar de terem
um som que não é dos mais acessíveis (o dia em que brutal
death metal técnico for acessível, é o dia em que temos o
mundo virado do avesso), deram um concerto que deveriam
constar nos manuais escolares da disciplina do metal, no
capítulo "Como Partir Tudo Em 40 Minutos". Tecnicamente
irrepreensíveis e com um som que favoreceu claramente esse
mesmo tecnicismo assim como a complexidade dos seus
temas - algo que por exemplo não aconteceu anterioremente
com os Undersave - esta foi um actuação que poderia ter sido
facilmente gravada e colocada num DVD para a posteridade.
Sim, foi assim tão bom. Ainda contaram com a prestação de
Sérgio Afonso que subiu ao palco para cantar o último tema.
Final com chave-de-ouro de uma actuação já de si brilhante.

Prayers Of Sanity
Por falar em banda da noite, o que dizer dos Prayers Of
Sanity?  Simplicidade, humildade e energia em dose cavalar,
tudo resumido pelas primeiras palavras de Tião (vocalista
e guitarrista da banda algarvia) ao público: "Como é que é,
pessoal?! Siga!" Efectivamente a coisa seguiu, seguiu para
cerca de quarenta minutos de thrash metal vitaminado que

Repulsive Vision
Seria algo difícil de superar, uma actuação como aquela que
os Analepsy. Apesar dos britânicos Repulsive Vision não o
terem feito, deram sem dúvida um enorme concerto. Nem
parecia que estávamos perante uma banda que apenas o ano
passado lançou o seu álbum de estreia. O seu death metal
tipicamente britânico (tipicamente se pensarmos em bandas
como Bolt Thrower e Benediction, com aquela distorção a
puxar à gravilha e também próximo do chamado death metal
sueco de Estocolmo como Entombed e Dismember). Grande
parte da sua actuação baseou-se no já referido álbum de estreia,

Analepsy Serrabulho
126
"Look Past The Gore And See The Art" onde destacamos
temas como "Credophilic" e "Pit of Putridity", finalizando
o seu alinhamento com a cover de "Supposed To Rot", dos
Entombed.

Serrabulho
nos microfones, circle pits no palco . Foi o último concerto
da enorme digressão que a banda tem feito um pouco por
todo o lado e esse factor também deve ter tido impacto na
forma mais solta e descontraída (ainda mais que o normal)
como a banda abordou este concerto.

Serrabulho
Para o final, a festa que já se antecipava. Depois da sua épica
passagem pelo Oeste Underground Fest aquando a sua primeira
edição, o regresso dos Serrabulho já estava prometido e assim
se concretizou, embora o mesmo não tenha tido propriamente
o impacto que se esperava, tendo sido prejudicado por alguns
detalhes que acabaram por fazer toda a diferença na avaliação
do concerto da banda de Vila Real. Um dos mais importantes
foi o longo soundcheck que atrasou o início da actuação em
quase meia hora, o que fez com que parte do público fosse
abandonando o recinto aos poucos. Quando começou, o
som estava fortíssimo, como foi, aliás, apanágio ao longo
de todo o dia, mas a fluidez pareceu algo quebrado - talvez
também motivado pelo cansaço da banda que chegou ao Serrabulho
recinto quando festival já tinha começado, vindos de Évora
onde também tinham tocado na noite anterior. Foi uma edição praticamente sem pontos negativos onde
tudo fluiu muito bem, excepto as raras excepções apontadas e
Mas estamos a falar de Serrabulho, sempre sinónimo de onde foi bom ver o público comparecer para mais uma festa
boa disposição, de subidas ao palco, participações especiais que, voltamos a lembrar, tem como principal intuito ajudar
(desde Mafalda dos Karbonsoul a cantar, até ao Dico a tocar os Bombeiros Voluntários da Malveira da mesma forma que
bateria na já incontornável "Quero Cagar E Não Posso", estes estão sempre dispostos a ajudar a população que precisa
viu-se de tudo), de se cantar os parabéns, gaitas de beiços de si. Missão cumprida, com louvor, já que tanto as bandas
a soar, almofadas a serem destruídas e os comboios que escolhidas como o som que as mesmas usufruíram foram
passearam pelo recinto, incluindo a passagem pelas casas das melhores que já tivemos prazer de apreciar. Também
de banho - que fez lembrar quando o Júlio Isidro enfiou não não é demasiado dizer que esta é uma iniciativa que deverá
sei quantas pessoas dentro de um mini. O caos expectável, continuar a ser apoiada e repetida, demonstrando que o
mas desta vez, o caos pareceu ser ainda maior tinhamos fãs metal também se consegue unir para um objectivo maior.
Algo que ainda deverá fazer confusão a muitas cabeças.
127
Riverside, Mechanism
Lisboa Ao Vivo, Lisboa - 03.11.18
Texto por Filipe Ferreira | Fotos por Filipa Nunes | Agradecimentos: Free Music Events

Depois de terem actuado em Portugal pela última vez em


2015 no Paradise Garage, os Riverside regressaram agora
para apresentar o novo trabalho “Wasteland”, sendo também
esta nova passagem marcada por ser a primeira depois do
triste desaparecimento do guitarrista Piotr Grudziński.

Mechanism
com o grande destaque a ir para o vocalista Rafal Stefanowski
que conquistou o público com a excelente prestação e simpatia,
e acabou mesmo a fazer um pequeno vídeo a partir do palco.
A despedida fez-se com “The Grand Confusion” e sem dúvida
que a banda polaca deve ter conseguido mais alguns fãs em
Portugal, especialmente julgando por aqueles que no fim da
noite se deslocaram á banca de merchandise para obter o novo
álbum autografado e ter dois dedos de conversa com a banda.

Mechanism Riverside
Com eles trouxeram os também polacos Mechanism que Após uma pequena pausa, entravam os Riverside no palco do
se encontram a apresentar o segundo álbum “Entering the Lisboa ao Vivo. Depois de um período muito difícil para a
Invisible Light” lançado este ano. Os cerca de 45 minutos banda, os Riverside entraram numa nova fase da carreira, e o
que durou a actuação permitiu aos Mechanism mostrarem a concerto de Lisboa foi disso um exemplo, ao apresentar uma
qualidade do seu prog metal. O som esteve óptimo durante banda muito positiva e a fazer um concerto em que acima
todo o concerto e a banda manteve-se sempre comunicativa, de tudo queriam que o publico se divertisse e participasse.
128
com “Left Out” a recuperar “Anno Domini High Definition”.
Temas de álbuns passados como “Lost (Why Should I be
Frightened By a Hat?)”, “Forgotten Land” e “Loose Heart”
(aqui com uma roupagem ligeiramente diferente), foram
intercaladas pelos novos temas, a balada “Guardian Angel”,
e o instrumental “The Struggle for Survival” que funciona
como um tema mais progressivo á moda antiga dos Riverside.
A set principal encerrou da melhor forma com “Wasteland”
um dos grandes destaques do novo álbum, onde as luzes e
as imagens nos ecrãs ajudaram a transportar o ambiente de
western pós-apocaliptico ao LAV, com o coro dos presentes na
sala a ajudar muito a tornar o momento ainda mais especial.
O encore iniciou-se com Mariusz Duda apenas a cantar
acompanhado pelo teclista Michał Łapaj em “The Night
Before” num momento que teve tanto de belo como de
intimista. Seguiu-se outro clássico “02 Panic Room” onde
Duda desafiou o público mais uma vez a cantar o refrão, e
o publico respondeu positivamente. Antes de “River Down
Below” houve espaço para uma sentida homenagem a Piotr
Grudziński que conseguiu aquele que foi de longe o maior
aplauso da noite.

Riverside
Esse objectivo foi cumprido logo com o coro de vozes que
acompanhou Mariusz Duda em “Acid Rain” e “Vale of Tears”,
os primeiros temas da noite, como se fossem já clássicos da
banda. Rapidamente se percebeu que o público do LAV estava
com os Riverside na forma calorosa como os receberam e
ás novas músicas.

Riverside
Foi numa nota positiva com Mariusz Duda despedir-se do
público português desejando que todos fossem felizes que os
Riverside polacos deram por terminada mais esta paragem no nosso país.
Essa atitude foi uma constante ao longo de um concerto em
A setlist com a duração de duas horas, teve um foco muito que existiu uma banda em palco genuinamente feliz por estar
forte em “Wasteland” (que tirando a intro “The Day After” foi ali, e um publico que fez questão de demonstrar o carinho pela
tocado na totalidade), mas ainda assim foi bastante equilibrada, banda. Tal como Duda dizia antes do concerto em conversa
conseguindo passar por toda a discografia dos polacos. A com a WOM, nesta tour os Riverside subiram de nível em
primeira incursão pelo passado dos Riverside fez-se com relação a todos os aspectos. O facto de se apresentarem numa
“Reality Dream I” e “Out of Myself ” (sempre um momento sala maior, com o espectáculo visualmente mais interessante
marcante), ambas do primeiro álbum de 2004. Pelo meio até agora na carreira da banda, e com um concerto deste nível
houve espaço para uma musica nova “Lament” que não destoa só o vem a comprovar. Ficou a promessa de que as passagens
do material mais antigo. O inicio da “Second Life Syndrome” da banda polaca por Portugal seriam mais frequentes. Lá
transformou-se em mais um momento “proggy” da noite estaremos de novo.

129
Tremonti, The Raven Age, Disconnected
Lisboa Ao Vivo, Lisboa - 04.11.18
Texto por Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Prime Artists

O regresso de Tremonti ao nosso país, desta vez em nome


próprio, era bastante aguardado pelos fãs que compareceram
numa noite de chuva em que o que mais apetecia era mesmo ficar
em casa. Vieram acompanhados pelos franceses Disconnected
e pelos britânicos The Raven Age - que também tinham
estado com Tremonti meses atrás a abrir para Iron Maiden
- e criavam assim muitos bons motivos para se ter uma noite
de excelente música na vertente metal moderno e alternativo.

Disconnected
Começando pelos franceses Disconnected, a noite iniciou-
se de forma perfeita. A banda tinha alguns fãs entre a sala,
que ainda se encontrava a meio gás, mas podemos garantir
que a sua humildade e o seu talento arrecadou para o seu
lado mais uns quantos fãs. A junção entre o metal e o rock
alternativo não é nada de novo nem se quer exótico - muito
menos neste contexto em que as três bandas da noite se
inserem nesse mesmo contexto - mas a entrega e a ligação
que a banda conseguiu estabelecer com o público fizeram
toda a diferença. Ivan Pavlakovic, o vocalista é um excelente
frontman e músicas como "Blind Faith" e "White Colossus" The Raven Age
- tema-título do último álbum - conseguiram agarrar todos a abrir para Iron Maiden, uma posição sempre injusta já
os que estavam no Lisboa Ao Vivo. Ivan ainda incentivou que se tratam de bandas completamente diferentes. Bem
o público a manter-se em contacto com eles, mantendo a neste contexto era a oportunidade para se redimirem aos
relação iniciada naquele concerto e referindo com humildade nossos olhos - algo que não seria necessário para a maior
que respondem a todas as mensagens que recebem. parte da sala que aguardava com entusiasmo a entrada da
banda de George Harris, entusiasmo aumentado quando
Era a vez dos The Raven Age e terei que confessar que a entraram no palco. A fórmula é sensivelmente a mesma dos
minha opinião sobre eles não era particularmente efusiva. Disconnected: metal moderno, a puxar ao alternativo, com
Não que achasse que tinham um mau som, apenas que bastante músculo mas também algum virtuosismo. A nossa
eram algo banais - para perceber esta linha de pensamento, opinião mudou, talvez não o suficiente para ficarmos fãs
é importante ter em consideração que quando os vimos foi absolutos mas pelo menos para termos mais respeito por esta
130
banda trabalhadora e pela forma como conseguem trazer
vida a temas como "Promised Land". Conquistaram o nosso
respeito e confirmaram o seu talento para um público que
nem sequer precisava dessa confirmação.

Tremonti
O que vale é que o fizemos ao som dos Lamb Of God ao vivo.
Menos mal. No entanto, a espera perdeu todo o significado
assim que Tremonti entrou em palco. Com um som poderoso
- aliás, algo extensível também às outras bandas da noite - a
sua mistura de thrash metal com rock alternativo teve uma
representação muito boa, levando imediatamente o Lisboa Ao
Vivo, agora bem mais composto em termos de público, ao vivo.
Apesar de podermos constatar que a música de Tremonti é
claramente mais pesada do que aquela que a sua principal
banda, os Alter Bridge, faz, não deixa de apostar também nas
dinâmicas e alternando os momentos mais calmos com os
mais intensos. Uma forma inteligente não só de tornar o seu
alinhamento mais interessante, como também explorar vários
estados de espírito. Assim ao lado de a brutal "Cauterize"
que abriu o alinhamento ou da "My Last Mistake" pudemos
apreciar a beleza emocional de temas como "Traipse" e "Trust".
Sem direito a encores - Tremonti referiu que em vez de estar
a sair para ficar atrás das colunas a ouvir o público a pedir
Tremonti mais uma, prefere tocar logo - o concerto seria finalizado
com uma apoteótica "Wish You Well", sem faltar os devidos
Normalmente por esta altura diria "e de seguida entraram agradecimentos ao público por ter comparecido e pedindo
em palco os Tremonti", mas a verdade é que demorou até para que se dirigissem à banca de merch para dois dedos
uma eternidade para que isto acontecesse. Sabemos que de conversa com a banda. A simplicidade aliada à potência
foi o horário definido, mas quando o palco já estava todo sonora fazem uma combinação imbatível. Para primeiro
preparado - que até nem é nada complicado de montar, já concerto da digressão europeia, diríamos que Tremonti, The
estava praticamente pronto, foi só retirar os adereços dos Raven Age e Disconnected tiveram um início auspicioso e
The Raven Age e confirmar o som - ainda ficámos uns bons um presságio para o resto da mesma.
quinze minutos (se não mais) à espera da hora tão aguardada.
131
Earth Electric
Bafo de Baco, Loulé - 03.10.18
Texto e Fotos por Roberto Raposo | Agradecimentos: Bafo de Baco

Os Earth Electric marcaram presença pela primeira vez em


terras algarvias com uma actuação no Bafo de Baco em Loulé
para apresentar o seu disco de estreia “Vol.1: Solar” lançado
recentemente pela Season Of Mist. Para quem não conhece,
os Earth Electric são o novo projecto do guitarrista Rune "
Blasphemer" Eriksen, mais conhecido por ter integrado os
Mayhem, Aura Noir, Ava Inferi, entre outras bandas. Earth
Electric conta também com a Carmen Simões também
conhecida por ter sido também a vocalista de Ava Inferi.

Earth Electric
pois augura-se um futuro promissor. Se tiverem oportunidade
assistam a um concerto da banda, pois vale mesmo a pena,
pois apesar da falta de comunicação, apresentam uma
excelente actuação cheia de energia.

Earth Electric
O som dos Earth Electric caracteriza-se por uma sonoridade
que mistura hard rock com doom e até rock progressivo e
psicadélico dos anos 70. O colectivo presenteou-nos uma
actuação de cerca de uma hora cheia de "power" e presença ao
apresentar o seu disco de estreia na integra e só a completa falta
de comunicação com o público marcou negativamente esta
actuação, sendo que não houve tão pouco uma apresentação
da banda e nem dos temas que iam tocando, pelo que ficou
uma certa má impressão no público que no final ficou a
comentar entre si este mesmo facto.

Tirando esse facto negativo, esta é uma banda a acompanhar, Earth Electric
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Estreia Heavy Metal Portugal
- O Documentário
Cinemas São Jorge, Lisboa - 08.11.18
Texto por Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: João Mendes e Muvi - Festival Internacional de Música no Cinema

A World Of Metal esteve presente na estreia em Lisboa do actividade profissional. Seis anos que demorou e que muitos
"Heavy Metal Portugal - O Documentário", sem dúvida um duvidavam já que visse a luz do dia. Mas viu e agora é altura
marco para a nossa música pesada. Uma multidão de fãs, de todos nós contribuirmos, porque é importante que estas
músicos e pessoas ligadas ao nosso som sagrado acorreu às iniciativas não caiam  no vazio.
duas salas reservadas para a exibição no São Jorge, inserida no
festival Muvi - Festival Internacional de Música no Cinema Quanto ao documentário em si, é sem dúvida um documento
esgotando as duas salas que o exibiam em simultâneo. fundamental para a nossa música pesada. Prescindindo de um
narrador que guiasse o espectador pela documentário, esse papel
cabe a cada um dos entrevistados que contam as suas experiências
e que vão dando uma perspectiva da cena. Divide-se em três
fases distintas: Os primórdios, a transformação e maturação
da cena e o futuro. Talvez o que diz respeito ao futuro pudesse
ter sido mais explorado mas tendo em conta que algumas
entrevistas já foram registadas há algum tempo, é compreensível
que tenha sido um capítulo que serviu mais como epílogo.

Não é fácil condensar mais de trinta anos de história num


documento com cem minutos mas sem dúvida que tal foi
conseguido de forma exemplar e até fica a ideia de que há
espaço para pegar nesta ideia e desenvolvê-la ainda mais
- a exemplo da série "Metal Evolution" que Sam Dunn fez
a contar a história do metal, que desenvolveu "Metal - A
Headbanger's Journey". Seja embrionário para algo maior,
ou fique por aqui, sem dúvida que é uma peça importante
João Mendes do nosso underground que é fundamental apoiar com
a sua aquisição. E esta é uma das grandes conclusões do
Antes do início da sessão, João Mendes, o realizador e documentário. Nenhuma cena, em nenhum país, poderá
principal responsável por todo o trabalho apresentado subsistir sem o seu público. A cena que temos sobrevive
disse foi algumas palavras ao público, referindo que foi um graças ao amor e paixão de todos os seus integrantes e de
período muito duro, durante cerca de seis anos, onde sem projectos como este que nascem do nada graças ao sacríficio
ajudas e sozinho foi realizando as entrevistas e montando e até teimosia dos seus instigadores. Se esse sacríficio não
o documentário aos poucos, conciliando com a sua própria for de alguma forma seguido
133
Empty V, Albatroz, New Mecanica, Nowhere
To Be Found, Revenge Of The Fallen
RCA Club, Lisboa - 09.11.18
Texto Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Empty V, Raging Planet e Daniel Makosh

A noite era de celebração. O RCA Club recebia a festa de


lançamento do álbum dos Empty V, "Mus-Pri", cuja review
poderão encontrar na edição de Dezembro da World Of
Metal, e para acompanhá-los estavam um lote luxuoso de
bandas, representativas da riqueza do nosso underground
nacional. Todas com o seu género distinto e a sua própria
identidade mas tendo em comum uma qualidade absurda.
Os espectáculos estavam previstos de começar a uma hora
mais tardia que o normal, uma decisão que foi-se revelando
como talvez menos acertada, mas já lá vamos.

Revenge Of The Fallen


Os primeiros senhores a subir ao palco foram os Revenge Of
The Fallen, para um RCA Club ainda algo vazio mas que se
encheu com a energia com que a banda deixou em cima do
palco. Começando logo pelo início, antes sequer da música Nowhere To Be Found
começar, quando a banda pede ao público que estava no agora tivemos a confirmação.
fundo da sala para se aproximar do palco e sentir um pouco
do calor humano. Sem dúvida que se sentiu esse calor, já
que o entusiasmo com que a banda de Cascais agarrou a sua
actuação foi como se estivessem a tocar num estádio para
milhares de pessoas. "Vicious Pride" e "Dark Side Of Age"
foram exemplos dessa energia contagiantge.

Estava a ver-se que o horário estava longe de ser cumprido


- supostamente cada banda subiria ao palco de meia em
meia hora - e apesar dos alinhamentos em modo expresso, a
preparação foi quase sempre morosa e no caso dos Nowhere
To Be Found, o soundcheck mostrou-se intricado mas
valeu bem a espera, já que o som esteve no ponto e tirando
os problemas que a guitarra de Tiago Duarte (também
vocalista) teve num tema, essa foi uma constante - aliás,
no tema em questão, a adaptação a uma guitarra apenas
superou o problema. Rock e metal alternativo, com uma
identidade muito forte e vincada e com muito energia. Já
tínhamos ficado fãs da banda no Festival Bardoada mas New Mecanica
134
Seguiram-se os New Mecanica, responsáveis por um dos
grandes álbuns nacionais de 2018, "Vehement", que foi
inclusive um dos álbuns do mês da edição de Novembro da
nossa World Of Metal Magazine. O peso do metal alternativo
da banda do Barreiro foi uma constante e o Dinho, vocalista,
esteve bastante comunicativo com o público, apesar do pouco
tempo disponível que tinham. Foram apenas seis temas -
a média da noite para as bandas de abertura rondou entre
os cinco e os seis temas - mas foi um actuação perfeita para
comprovar que toda a excelência da banda não se limita aos
três álbuns lançados, como também em cima dos palcos a
banda demonstra estar no seu elemento.

Empty V
resultado final do trabalho, era totalmente compreensível: a
bateria colocada mais à frente, ficando no centro e nas laterais
do palco o guitarrista e baixista, cada um no seu lado. Atrás
destas laterais, monitores que iriam passar imagens relativas
a cada um dos temas, com a iluminação ao mínimo mas
sempre com um efeito dramático que é imbatível. Quanto
à música, tanto o cenário, como a intro "Nucleosynthesis"
sugeriam uma sonoridade dentro do industrial mas o que
tivemos foi mesmo um rockão quase sempre instrumental
(e quando não o era, a mesma era fruto de uma pista pré
gravada), com o referido álbum "Mus-Pri" a ser o centro das
atenções, tendo sido tocado na íntegra, segundo nos pareceu.

Albatroz
A hora já era avançada mas ainda faltava passar pelos
Albatroz. Confesso que me eram desconhecidos mas a Empty V
primeira impressão não poderia ter sido mais positiva. A
banda situa-se no campo vasto do rock alternativo mas não Groove a rodos e um ambiente fantástico, que só não teve
se proíbe de colocar também na mistura alguns elementos um impacto maior porque já era de madrugada e o cansaço
de shoegaze que resultam de forma positiva. Apesar de era enorme. Ainda assim, por parte do público, o entusiasmo
contarem apenas com um EP ("The Road Less Travelled" de foi enorme por presenciar uma actuação tão original onde
2015) e um single ("Building Bridges" do final de 2017), a a imagem e a música foram o principal prato, não havendo
banda revelou um grande à-vontade em cima do palco mas comunicação (a não ser por gestos) com o público. Tudo fluiu
não seria de estranhar já que se tratam de músicos muito e tudo resultou na perfeição, tirando já os referidos atrasos.
experientes. Boa e divertida comunicação com o público e Um retrato fiel daquilo que é o nosso underground nacional.
música também ela de boa qualidade, não há muito mais a Uma sala que já é quase uma segunda casa para muitos de
pedir. Fica a vontade de voltá-los a ver, num contexto em nós, cinco bandas com qualidade capaz de competir com
que tenham mais tempo de antena. qualquer outra internacional e pouco público... mas bom,
que esteve presente para apoiar a música nacional, não por
Se o atraso já era grande por esta altura, a montagem do ser nacional, mas por ser excelente. A esse público todas as
palco para os Empty V ainda o piorou mais. Verificando o bandas demonstraram de uma forma ou outra a sua gratidão.
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Sirenia, Triosphere, Paratra,
Season Of Tears
RCA Club, Lisboa - 10.11.18
Texto por Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Prime Artists e Napalm Records

Para os fãs de metal de cariz gótico e sinfónico, a noite de dia


10 de Novembro no RCA Club era uma das mais aguardadas.
E como brinde, além dos senhores da noite, os noruegueses
Sirenia, também se tinha o brinde de recebermos mais três
bandas, (Triosphere, Paratra e Season Of Tears) bastante
diferentes entre si mas que serviram para tornar a noite
ainda mais memorável. E a ansiedade era perceptível e até
palpável pelo momento em que a música começasse a soar.
Não demorou muito tempo até que isso acontecesse.

Seasons Of Tears
Os franceses Seasons Of Tears subiram ao palco à hora certa
e com a sua sonoridade sinfónica dentro do death metal mais
melódico, aqueceram logo a noite. Com os níveis energéticos
bem altos, a banda apresentou a sua sonoridade de forma
convincente e também revelou capacidades técnicas que Paratra
impressionaram pela solidez e coesão. E claro, pela forma E de seguida, algo completamente diferente. Os Paratra já
como tornam a sua actuação mais vistosa e atractiva ao olhar. nos tinham sido apresentados, nos primórdios da nossa
Não sendo fogo de vista, em termos sónicos, também ficou World Of Metal. Na altura, a conclusão que chegámos foi
uma boa impressão nesta sua primeira visita ao nosso país. que a sua música funcionava melhor quando as componentes
A banda tem no seu histórico dois EPs (o último lançado ficavam reduzidas ao mínimo. E felizmente a nossa teoria
este ano) e um álbum de originais (editado no ano passado) foi comprovada como correcta, com uma grande actuação
e um futuro que poderá ser brilhante à sua frente. Um bom onde as estrelas foram o guitarrista Samron Jude e o tocador
concerto que ainda deu para ser apresentado um novo tema. de sitar Akshat Deora, embora tanto a solidez rítmica do
136
baterista Aritra como os dotes vocais de Siddharth Basrur em vinil assim como o anterior "The Road Less Travelled)
não tenham passado despercebidos. Mesmo um bocado que foi o grande foco da sua actuação e que garantiu, pelo o
ao lado da sonoridade dos cabeças de cartaz, o concerto que pudemos avaliar da reacção do público, mais uma série
dos indianos teve um impacto positivo entre o público que de fãs convertidos à sua causa. Power metal que foge ao que
conseguiu entrar no espírito da sua música, graças também é comum no género e que causa grande impacto.
a uma humildade por parte da banda apaixonante.

Sirenia
A noite caminhava rapidamente para o seu final, o que também
era indicação da qualidade geral da música em exposição. No
entanto, a atenção estava agora toda concentrada nos Sirenia
que regressavam ao nosso país - sendo esta a primeira ocasião
Triosphere que nos visitam com a vocalista francesa Emmanuelle Zoldan.
Esse sentido de antecipação chegou ao rubro com a intro do
O primeiro regresso da noite deu-se com os Triosphere. A tema "Styx Embrace", que é também o tema de abertura do
banda norueguesa já nos tinha visitado o ano passado (com mais recente trabalho dos Sirenia, "Arcane Astral Aeons",
os Sonata Arctica), com uma actuação para lá de sólida. Desta que analisámos recentemente nas nossas páginas. A banda
vez não só repetiam o feito como o conseguiram superar, e a em palco apresenta-se bem mais pesado que em estúdio, o
avaliar pela reacção do público no geral, esta não foi apenas que também não deixa de ser refrescante, com os samples
a nossa opinião. Ida Haukland é uma frontwoman fantástica orquestrais a estarem relegados para segundo plano, embora
que consegue comunicar com o público de forma vibrante efectivamente estejam sempre presentes.
assim como garantir a execução perfeita quer do baixo quer
da voz. O último álbum de originais continua a ser "The O foco da banda esteve nos álbuns mais recentes, principalmente
Heart Of The Matter" de 2018 (mas que agora foi reeditado nos dois últimos (quando o tema-título do "Dim Days Of
Dolor" foi tocado, foi o rubro total por parte do público),
um dos momentos altos numa noite rica nesse aspecto. A
interacção dos elementos da banda entre si e com o público,
principalmente da vocalista Emmanuelle foi algo digno de
se ver e recordar mais tarde. O RCA Club mesmo sem estar
esgotado estava muito bem composto de público e o mesmo
fazia-se notar em temas como " Queen Of Lies" e "Ashes To
Ashes" ou até mesmo quando a banda saiu antes do encore.
Eventualmente o final teria de chegar mas apesar de poder
ter soado a pouco para os fãs mais acérrimos - que estavam
em presentes em peso - foi uma barriga cheia de temas de
orientação gótica e sinfónica, sendo que para o final ficou
reservada a "Sister Nightfall", do primeiro álbum, o já
clássico "At Sixes And Sevens". Acabado o concerto a banda
ainda premiou os fãs que tinham permanecido na sala com
autógrafos e fotografias, revelando também humildade e
gratidão por todos os que continuam a apoiar a banda. Uma
Sirenia noite rica em todos os sentidos.
137
Elder, Desert'Smoke
RCA Club, Lisboa - 13.11.18
Texto por Fernando Ferreira | Fotos por Sónia Ferreira | Agradecimentos: Garboyl Lives

Que grande noite de música se viveu no RCA Club naquela


noite de terça-feira. E é engraçado ver como uma banda que
não sendo absurdamente pesada, não é também, nem de perto
nem de longe, comercial conseguiu atrair uma verdadeira
multidão para um RCA Club, ávida de boa música. E os seus
pedidos foram mais que satisfeitos, já que foi um enxurrada
de excelente música, dentro do género stoner/doom metal.
Os Elder lançaram o ano passado um excelente trabalho,
"Reflections Of A Floating World" e vinham a Lisboa terminar
a sua digressão europeia. Podemos dizer que foi um final
apoteótico. Mas comecemos pelo início, comecemos pelos
nossos Desert'Smoke que abriram o certame da melhor forma.

Desert'Smoke
Recentemente falámos nas nossas páginas do excelente
lançamento dos Desert'Smoke (podem conferir aqui), o
EP "Hidden Mirage" e fomos afortunados o suficiente para
vermos (e ouvirmos!) a banda a tocar as suas músicas ao Elder
138
vivo. Para quem não sabe do que se trata, temos um stoner
instrumental que nos agarra desde o primeiro momento.
Em disco foi assim e em cima do palco do RCA Club, não
foi muito diferente. Temas instrumentais que soaram de
forma perfeita para quem gosta de longas jams - e ao vivo,
todos os temas ganham uma vida própria, mais orgânicos e
livres de toda e qualquer restrição. Uma abertura mais que
adequada para o que iríamos ter de seguida.

Depois do aquecimento a roçar a perfeição dos Desert'Smoke,


era chegada a vez dos senhores da noite, Elder. A banda
tinha dado um concerto impressionante no Hard Club,
no Porto dois dias antes, onde até contaram com a ilustre
participação do Dr. Space, e as expectativas para o último
concerto da digressão não eram menos que estratosféricas.
Foi esse o ambiente que se sentiu quando um RCA Club
recebeu efusivamente Jack Donovan, Matt Couto e Nick
DiSalvo, que ao vivo contam ainda com os préstimos
de Mike Risberg, encarregue da guitarra e teclados. E é
difícil transcrever por palavras o que veio de seguida.

O grande foco foi o já mencionado último álbum de originais,


"Reflections Of A Floating World", que ao vivo ganha toda
uma nova dimensão. Aliás, todos os temas escolhidos tiveram
esse impacto. O mesmo espírito que já tinha sido trazido
por Desert'Smoke anteriormente e que atingiu toda uma
nova dimensão com o quarteto norte-americano em palco.
"Sanctuary" iniciou da melhor forma uma actuação que foi
uma autêntica comunhão com os seus fãs e que marcou
o mote para o resto da noite. O tempo perdeu qualquer
significado e a música foi sempre o valor mais alto. Não se
trata de música instrumental mas quase que parecia, já que Elder
o transe instalado foi uma experiência única que pudemos facto pelo qual as bandas, ambas, mostraram agradecimentos.
todos presenciar. Sem dúvida um dos grandes concertos do Acreditem, nós é que ficámos agradecidos.
ano, ao qual o público português não deixou passar ao lado,
139
A sétima edição do Rock In Amadora (RIA) realizou-se no
passado dia 8 de Setembro no Parque Urbano do Zambujal
(Alfragide – Amadora). A iniciativa é uma actividade conjunta
da Associação Amadora Passado Presente e Futuro (AAPPF)
e da Junta de Freguesia de Alfragide (JFA).

A Associação Run for Friends animou parte da tarde com


uma iniciativa intitulada Kids Rock Run, uma demonstração
de atletismo para os mais novos, muito participada e muito
apreciada, seguramente uma iniciativa a repetir dado o interesse
que despertou e dada a importância que estas iniciativas
têm na formação do gosto pelo desporto nos mais jovens.

Mais animação estava para chegar com a música Bué Radical,


com o seu ritmo, dinâmica e arte de envolver a assistência
conduziu o crescente número de público até ao por do sol,
momento em que teve início o Rock In Amadora.

Pedro Canina, interpretou o hino do Rock In Amadora, um


tema de sua autoria que acompanha o festival desde a sua
Devolver à Amadora o nome que é seu por direito no primeira edição sendo o tema de abertura e encerramento
panorama musical nacional. Dotar a cidade dum festival do festival.
de música de referência. Permitir o contacto e a partilha de
palco entre as gerações de músicos emergentes e os músicos Um entusiasmo crescente acompanhou a entrada em palco das
já consagrados são apenas alguns dos pilares que dão força bandas que compunham o cartaz desta edição. Contrasenso,
e razão de ser ao RIA. Hourswill, Dogma e Corvos abrilhantaram a noite e foi
com um sentimento misto que se chegou ao fim de mais
O dia 8 de Setembro foi um dia cheio no Parque Urbano uma edição deste festival, por um lado a satisfação pela
do Zambujal. Cheio de trabalho, cheio de iniciativas, cheio reacção do público e pelo entusiasmo despertado, por outro
de participação e, como não podia deixar de ser, cheio de a vontade de ter mais.
música.
Ficou a promessa. Para o ano há mais!
A manhã começou cedo com os últimos ajustes no palco,
no som, nos camarins e nas estruturas de apoio às bandas.
Tudo preparado, tudo pronto era chegado o momento de
começar a sentir o pulsar do Rock In Amadora com as
bandas a subirem ao palco para darem início aos testes de
som e luzes, um espectáculo dentro do espectáculo.

O Rock In Amadora é mais, muito mais, do que o festival


de música, é também um espaço que se quer repleto de
iniciativas, animação, boa comida e bebida fresca garantida
pela presença de vários espaços dedicados à street food e
muita, muita gente.
140
Ficha Técnica
Os italianos Obscura Qalma são uma nova banda italiana de metal extremo que vão dar que falar e este é o equipamento
que usam.

Guitarras e baixo usado em estúdio? Auscultadores ou monitores?


- Um baixo LTD e guitarras ESP. - Estamos a começar a usar auscultadores agora.

Guitarras e Baixo usedos em digressão? Processo de gravação analágico ou digital?


- Usamos basicamente o mesmo equipamento, acrescentando - Digital.
guitarras Jackson.
Sistema Pro-tools system ou outro?
Cordas favoritas? -Usamos Cubase da Steinberg tanto para o estúdio como
- Ernie Ball tanto para baixo como para guitarra. ao vivo.

- Bateria? Patrocinados por alguma banda?


- Tamburo com triggers Roland triggers um módulo Alesisrack. - Ainda não.

Cymbals? Usam pedais?


- Paiste e Ufip. - Não, não usamos.

Amplificadores de guitarras e baixo? Quantas pessoas na vossa equipa?


- Pré-amplificador Engl com colunas Brunetti e Mesa Boogie - Temos apenas um técnico de som que nos ajuda de vez
para guitaras. Colunas Gallien Krueger cabinet para baixo. em quando.

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Agenda
Dezembro 22 - Aniversário do Cave - Juseph, Pledge, Thörne - Cave
Avenida, Viana do Castelo
Vivo, Lisboa

01 - Lyfordeath, Venial Sin, Sollar - Canecas Bar, Paços 28 - Pestilence - RCA Club, Lisboa
de Ferreira 29 - Uburen, Anifernyen, Espectro - Metalpoint, Porto 29 - Pestilence - Hard Club, Porto
01 - Atrox, Mourning Sun, Collapse Of Light - Stereogun, Leiria 29 - Dogma, Inner Blast, Blame Zeus - Side B Rocks, Alenquer 30 - Mark Knopfler - Altice Arena, Lisboa
01 - Último Concerto - As They Come, Revolution Within 29 - Darkness Is Forever Fest - Year 0 - Harakiri For The 30 - Soen, Ghost Iris, Wheel - Hard Club, Porto
- Old Rock & Blues, São João da Madeira Sky, Uburen, OAK, Cavemaster, Pilar - RCA Club, Lisboa
31 - Soen, Ghost Iris, Wheel - RCA Club, Lisboa
02 - Atrox, Mourning Sun, Collapse Of Light - Metalpoint, Porto 29 - Nerve, Notwan - Musicbox, Lisboa

02 - Britfloyd - Altice Arena, Lisboa 29 - Assembleia do Metal - Serrabulho, Sacred Sin, Shutter

02 - Public Service Broadcasting - Lisboa Ao Vivo, Lisboa


Down, Midnight Priest, Deadlyforce, Divine Ruin - Assembleia
do Metal, Pavilhão dos Bombeiros Voluntários, Pindelo dos Milagres,
Abril
03 - Public Service Broadcasting - Lisboa Ao Vivo, Lisboa São Pedro do Sul 05 e 06- Moita Metal Fest - Decapitated, Destruction, No
Fun At All, Extreme Noise Terror, Enforcer, Dr. Living
04 - The Dead Daisies, Iberia - Lisboa Ao Vivo, Lisboa
Dead, Holocausto Canibal, Gwydion, Grog, Simbiose,
04 - Gravesite, Buzzocracy - Metalpoint, Porto Gaerea, Artigo 21, The Voynich Code, Irae, Diabolical
06 - Helloween - Altice Arena - Sala Tejo, Lisboa
Janeiro Metal State, Mindtaker, Infraktor, Moonshade, Dream
12 - Mangualde HardMetalFest - Chris Holmes Mean Man, Pawn Shop - Largo do Pavilhão Municipal de Exposições, Moita
07 - Affäire, Erotic Psycho - Popular Alvalade, Lisboa
Steve Grimmett's Grim Reaper, Gama Bomb, Night In 14 - The Young Gods - Lisboa Ao Vivo, Lisboa
07 - Púrpura - Metalpoint, Porto Gales, Agressor, Balmog, Ironsword, Dark Oath, Analepsy,
Affäire, Basalto - Mangualde 15 - The Young Gods - Hard Club, Porto
07 - Sistema, Killt - Cine Incrível Alma Danada, Almada
15 - Steven Wilson - Sala Tejo, Altice Arena 17 - Orphaned Land, Subterranean Masquerade, Paratra
07 e 08 - Under The Doom - Arcturus, Sólstafir, Draconian,
- Hard Club, Porto
Shining, While Heaven Wept, Antimatter, The Wounded, 18 e 19 - Xxxapada na Tromba - Gut, Prostitute Disfigurement,
Sinistro, Desire, Collapse Of Light, Wyatt E., Kontinuum Brodequin, Devangelic, Cripple Bastards, Inhume, Meat 18 - Orphaned Land, Subterranean Masquerade, Paratra
- Lisboa Ao Vivo, Lisboa Spreader, Epicardiectomy, Tu Carne, Grog, Analepsy, - RCA Club, Lisboa
08 - Earth Drive, Arruda, My Master The Sun - Marginália Fleshless, Serrabulho, Crepitation, Dehydrated, 20 - Ressurreição do Metal - Milagre Metaleiro, Pindelo dos Milagres
Bar, Portimão Homenotomy, UxDxS, Rato Raro, Satans Revenge of 21 - Sick Of It All, Good Ridance - RCA Club, Lisboa
09 - Sólstafir - Hard Club, Porto Mankind, Anihilation, PornTheGore, Undersave, Monigo
23 - Battle Beast, Arion - Lisboa Ao Vivo, Lisboa
- RCA Club, Lisboa
09 - Brujeria, Simbiose, Systemik Violence - RCA Club, 26 a 28 - SWR Barroselas - Saint Vitus, Godflesh,  B
Lisboa 25 e 26 - Cascais Rock Fest - Stage Dolls, Hardline, FM,
enediction,  Craft,  The Black Dahlia Murder,  Midnig
D.A.D., Gene Loves Jezebel, Alcoolémia - Casino Estoril, Estoril
12 - Alestorm, Skálmöld - Lisboa Ao Vivo, Lisboa ht,  Vomitory,  Arkhon Infaustus, Demilich, Nervosa, 
26 - Colhões de Ferro XIV - Bowelism, Beyond Carnage, I Ascension, Wormed, Skull Fist, Venenum, Birdflesh, Eagle
13- Crystal Viper, Toxikull, Deadly Force - RCA Club, Lisboa nsolência, Grievance, Sonneillon BM, Vizir - Associação Twin, Sublime Cadaveric Decomposition, Dopelord, Namek,
13 - Daniel Cavanagh - Hard Club, Porto A062, Caldas da Rainha Imperial Triumphant, Analepsy, Deafkids, Serrabulho, Morte
14 - Daniel Cavanagh - RCA Club, Lisboa 26 - Empty - Cine Incrível Alma Danada, Almada Incandescente, Barshaketh, Martelo Negro, Rkta, Auroch,
14 e 15 - Butchery At Christmas Time XIX - Fermento, Besta, Vacivus, Woslom + 20 bandas para SWR Arena - Barroselas,
Brutal Sphincter,  Reincarnation, Undersave, Lead Coffin, Viana do Castelo
Biolence, Terror Empire, Dallian, Divine Ruin - Centro Fevereiro
Cívico de Vila do Carvalho, Covilhã
02 - Iberian Rock Fest - Blame Zeus, Scream Soul, Mano
15 - Concerto de apresentação do álbum "Sun Dethroned" - de Piedra - Fábrica de Chocolate, Vigo Maio
Moonshade, Dark Oath, Lvnae Lvmen - RCA Club, Lisboa
09 - Echo And The Bunnymen - Hard Club, Porto 01 - Metallica, Ghost, Bokassa - Estádio do Restelo, Lisboa
15 - Sunya, Dogma - Side B Rocks, Alenquer
10 - Echo And The Bunnymen - Lisboa Ao Vivo, Lisboa
16 - Fuck Cancer Benefit Concert - For The Glory, Grankapo,
10 - Michale Graves - RCA Club, Lisboa
Last Hope, Somber Rites - RCA Club Lisboa
17 - Mastodon, Kvelertak, Mutoid Man - Lisboa Ao Vivo, Lisboa Julho
16 - The Crows Go Acoustic - Gloom & The Crows - Casa 04 e 05 - VOA 2019 - Slipknot - Estádio do Restelo, Lisboa
Raphael Baldaya, Lisboa 24 - Bury Tomorrow - RCA Club, Lisboa
20 - The Parkinsons, Palmers - Sabotage Club, Lisboa 25 - Bury Tomorrow - Hard Club, Porto
21 - The Parkinsons, From Atomic - Sabotage Club, Lisboa Agosto
21 - Concerto de apresentação do álbum "Sun Dethroned"
-Belphegor, Holocausto Canibal, Web - Hard Club, Porto
Março 08 a 11/08/19 - Vagos Metal Fest - Stratovarius, Alestorm,
Candlemass, Iron Reagan, Napalm Death, Jinjer, Aborted,
01 - Discharge, Simbiose - RCA Club, Lisboa Tyr, Necrophobic, Dagoba, Process Of Guilt, The Godiva
22 - Concerto de apresentação do álbum "Sun Dethroned" -
Moonshade, Dark Oath, Secret Chord - Metalpoint, Porto 02 - Korpiklaani, Turisas, Trollfest - Hard Club, Porto (com Orquestra para comemorar os 20 anos da banda),
15 - Slash feat Miles Kennedy & The Conspirators - Wormwood, Letters From The Colony, SDI, Visions Of
22 - Belphegor , Theriomorphic, Skinning - RCA Club, Lisboa
Campo Pequeno, Lisboa Atlantis, Chepang, Infraktor, Painted Black, Toxikull,
22 - Moloch, Stones Of Babylon - Fora de Rebanho, Viseu Equaleft, Burn Damage, Repulsive Vision, Ways, Vendetta
15 - Septicflesh, Krisiun, Diabolical, Xaon - Hard Club, Porto FM - Quinta do Ega, Vagos
22 - Blame Zeus - TreBARuna, Lamego
16 - Septicflesh, Krisiun, Diabolical, Xaon - Lisboa Ao

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