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INTRODUÇÃO

Iremos aqui apresentar nossas idéias e opiniões que obtivemos através de pesquisas
sobre comportamentos humanos e direitos dos mesmos, fato esse que estão intimamente
ligados, a partir da analise do filme “Crianças Invisíveis” tentaremos fazer um paralelo com o
princípio da igualdade e o tratamento dado às crianças e adolescente no Brasil.. Rebuscamos
fatos históricos para justificar e comprovar aquilo que aqui será apresentado de forma que se
possam entender as teorias jurídicas em geral e em particular para o sistema de direitos
humanos.
Fazendo um exame do movimento de Constitucionalismo como a genética dos
princípios fundamentais e dos direitos humanos, colocando o princípio da dignidade da
pessoa humana como valor máximo de todo o ordenamento jurídico. Diferenciando princípios
fundamentais de direitos humanos a partir da criação da Organização das Nações Unidas e a
adoção de declarações, convenções e tratados internacionais para a proteção da pessoa
humana, os direitos humanos deixaram de ser uma questão exclusiva dos Estados nacionais,
passando a ser matéria de interesse de toda a comunidade internacional. Deixam clara esta
mudança na antiga formulação de conceito e soberania. Mas a Obrigação primária de
assegurar os Direitos Humanos continua responsabilidade interna dos Estados nacionais.
Valendo-se dos princípios constitucionais iremos discorrer sobre o conceito de justiça
do ponto de vista da igualdade e das desigualdades sociais. Tentando entender como os
princípios constitucionais surgem com o objetivo de nortear as ações para a concretização de
elementos essenciais à justiça
Finalizando o desenvolvimento deste trabalho com a crítica ao tratamento dado às
crianças e adolescente no Brasil a partir da analise do filme “Crianças invisíveis” – apenas
três dos sete curtas-metragens produzidos pela Paris Filmes em 2005 – onde as crianças aqui
retratadas pertencem a países distintos entre si, principalmente no que diz respeito à realidade
socioeconômica, mostra também de forma nua e crua a relação destes personagens com os
seus pais, isto quando tal relação existe.
Por fim concluiremos o trabalho um caso em concreto de uma decisão tomada pelo
Superior Tribunal de Justiça onde ilustra a aplicação do principio da dignidade da pessoa
humana.
4

DIREITOS FUNDAMENTAIS, DIREITOS HUMANOS E COSNTITUCIONALISMO

Partindo do pressuposto que a dignidade da pessoa humana é o valor máximo do


ordenamento jurídico1 e como fundamento da República, pode se assegurar como o objetivo
fundamental a diminuição das desigualdades sociais com erradicação da pobreza e da
marginalização dos indivíduos. A própria República Federativa brasileira em sua Constituição
Federal de 1988, em sei Art. 1o, III, assevera ser a dignidade da pessoa humana2, umas das
bases, servindo como infra-instrutora não apenas para os direitos da personalidade, contudo
da mesma forma com as demais categorias jurídicas, sem levar em conta sua natureza3.
Segundo Luís Roberto Barroso citado por Azevedo (2009): “o princípio da dignidade
da pessoa humana identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas as
pessoas por sua existência no mundo”.
A História nos mostra três momentos bem determinados do desenrolar desse princípio:
em primeiro temos os valores divinos baseados no cristianismo, em que se fundamentava a
proteção do ser humano, tais como “amar o próximo como a si mesmo” ou “não fazer ao
outro aquilo que não queremos que faça com nós mesmos”; posteriormente temos a razão
iluminista, baseada no pensamento de Kant, em que a importância e excelência do ser humano
baseiam-se nele próprio, como resultado de valores humanos; a terceira e mais importante
fase dessa evolução, advêm da Segunda Guerra Mundial, na qual se verifica que a liberdade
concedida aos modelos liberais pós-guerra, significavam uma transformação da opressão
estatal para os próprios particulares, transferindo a dominação do Estado par uma burguesia
tirânica4.
O Ser humano agora sendo o foco de convergência da ordem jurídica, um novo
horizonte se abre diante de todos por meio da dignidade da pessoa humana que presa por um
direito mais humanizado, que com garantias constitucionais ampara o ser humano por sua
simples natureza. Limitando o poder do Estado e de particulares, que consistem em viabilizar
a materialização de valores axiológicos para desenvolver virtudes e atributos do ser humano.
A dignidade da pessoa humana tem que sair do discurso meramente metafísico, para
que os direitos fundamentais também possam sair do plano meramente formal, sem o qual não
haverá a materialização das transformações sociais para a diminuição das desigualdades, com
erradicação da pobreza e da marginalização.

1
Gustavo Torpelino citado por Fábio de Oliveira Azevedo, in Direito Civil: Introdução e Teoria Geral, p. 179.
2
Constituição da República Federativa do Brasil. 16ª Edição. São Paulo: Rideel, 2010.
3
Fábio de Oliveira Azevedo, in Direito Civil: Introdução e Teoria Geral, p. 179.
4
Fábio de Oliveira Azevedo, in Direito Civil: Introdução e Teoria Geral, p. 179.
5

Do movimento chamado de constitucionalismo e que surgem os direitos fundamentais,


inaugurando a segunda etapa da evolução constitucional. Os direitos fundamentais da pessoa
humana, no regime democrático, toda pessoa deve ter a sua dignidade respeitada e a sua
integridade protegida, independentemente da origem, raça, etnia, gênero, idade, condição
econômica e social, orientação ou identidade sexual, credo religioso ou convicção política.
Para que tais direitos pudessem tornassem realidade, a evolução constitucional passou
por três momentos distintos: o primeiro remonta à Idade Média, onde imperava o
absolutismo, a soberania dos governantes, visto como divindades, sem limites de poder,
atuavam de forma tirânica e desumana; o segundo momento, que dá origem ao movimento
constitucionalista, é caracterizado pela prevalência das Constituições Liberais, temos como
gênese desse movimento a Magna Carta na Inglaterra de 1215, as Constituições dos Estados
Unidos de 1787 e a da França que é produto da Revolução Francesa de 1789, tento como base
ideológica assegurar a liberdade através de direitos e garantias individuais, no entanto,
protegido da opressão do Estado, os indivíduos não estavam protegidos de outros indivíduos,
a igualdade formal escondia uma desigualdade material; surge então, num terceiro momento,
as constituições sociais, tal como a atual do Brasil, que garantem que toda a pessoa deve ter
garantido seus direitos civis (como o direito à vida, segurança, justiça, liberdade e igualdade),
políticos (como o direito às participações nas decisões políticas), econômicos (como o direito
ao trabalho), sociais (como o direito à educação, saúde e bem-estar), culturais (como o direito
à participação na vida cultural) e ambientais (como o direito a um meio ambiente saudável).
Ensina-nos Azevedo (2009) que é muito comum a referencia doutrinária a direitos
humanos e direitos fundamentais como sendo sinônimos, mas autores como Canotilho citado
por ele, mostram uma diferença entre os dois institutos, notadamente quanto ao seu âmbito de
incidência.
Os direitos fundamentais possuem uma dimensão nacional, enquanto os direitos
humanos têm dimensão universal. A adoção, pela Assembléia Geral da Organização das
Nações Unidas, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, constitui o
principal marco no desenvolvimento do direito internacional dos direitos humanos. A
Declaração Universal dos Direitos Humanos contém um conjunto indissociável e
interdependente de direitos individuais e coletivos, civis, políticos, econômicos, sociais e
culturais, sem os quais a dignidade da pessoa não se realiza por completo.
Esta Declaração tornou-se uma fonte de inspiração para a elaboração de cartas
constitucional e tratada internacional voltada à proteção dos direitos humanos e um autêntico
paradigma ético a partir do qual se pode medir e contestar ou afirmar legitimidade de regimes
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e governos. Os direitos ali inscritos constituem hoje um dos mais importantes instrumentos de
nossa civilização visando assegurar um convívio social digno, justo e pacífico.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos não é apenas um conjunto de preceitos
morais que devem informar a organização da sociedade e da criação do direito. Inscritos em
diversos tratados internacionais e constituições, os direitos contidos na Declaração Universal
estabelecem obrigações jurídicas completas aos Estados Nacionais. São normas jurídicas
claras precisas, voltadas para a proteção e promoção dos interesses mais fundamentais da
pessoa humana. São normas que obrigam os Estados nacionais no plano interno e externo.
Com a criação da Organização das Nações Unidas e a adoção de declarações,
convenções e tratados internacionais para a proteção da pessoa humana, os direitos humanos
deixaram de ser uma questão exclusiva dos Estados nacionais, passando a ser matéria de
interesse de toda a comunidade internacional. A criação de mecanismos judiciais
internacionais de proteção de direitos humanos, como a Corte Interamericana e a Corte
Européia de Direitos Humanos ou quase judiciais como a comissão Interamericana de
Direitos Humanos ou o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, deixam clara esta
mudança na antiga formulação de conceito e soberania. Mas a Obrigação primária de
assegurar os Direitos Humanos continua responsabilidade interna dos Estados nacionais.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu a mais precisa e detalhada carta
de direitos de nossa história, que inclui uma vasta identificação de direitos civis, políticos,
econômicos, sociais e culturais, além de um conjunto preciso de garantias constitucionais. A
Constituição impôs ao Estado brasileiro a obrigação de reger-se, em suas relações
internacionais de Direitos Civis e Políticos e de Direitos econômicos, Sociais e Culturais e às
convenções Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes e Americana de Direitos Humanos, que se encontram entre os mais relevantes
instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos.

JUSTIÇA, IGUALDADE E AS DESIGUALDADES SOCIAIS

Entendemos que os princípios constitucionais surgem com o objetivo de nortear as


ações para a concretização de elementos essenciais à justiça. No entanto como ser justo,
diante das enormes diferenças que existem em nosso ambiente social? Percebemos, através da
realidade, que tratar todos igualmente, sem levar em conta as suas necessidades específicas,
não é a melhor forma de materializar a justiça.
7

A noção de justiça consiste, por certo, na aplicação da idéia de igualdade, porém como
um elemento indeterminado, ou seja, que possibilite o levantamento e discussão de suas
divergências. De tal elemento variável, numa pluralidade de determinações, é que advirão as
mais opostas fórmulas de justiça, até que se chegue à um ideal de limite, sendo justiça a
igualdade, não absoluta, mas a parcial, como algo possível de execução prática.
Ser justo persiste Perelman5, é tratar a todos de forma igual, contudo tendo em mente a
idéia de "limite", em contraposição às possibilidades de realização de tais critérios de
distribuição do que seja justo. É a noção de "categorias essenciais" de Perelman, pela qual a
justiça implica o tratamento igual dos seres que são iguais em dadas circunstâncias. Só é
realizável a justiça desde que haja identidade comum entre os indivíduos à que a mesma é
aplicada.
Portanto, pode-se definir a justiça formal ou abstrata como um princípio de ação
segundo o qual os seres de uma mesma categoria essencial devem ser tratados da mesma
forma. Abandonar-se-ia, de uma vez por todas, a improfícua procura da “justiça material”
como algo suscetível de prévia determinação.
Conclui, portanto, que “o único meio que temos de dizer sobre a justiça ou injustiça de
um ato consiste na igualdade de tratamento que reserva a todos os membros de uma mesma
categoria essencial”. A partir daí, pode-se definir a noção de “eqüidade” como técnica de
superação das antinomias da justiça, decorrentes do desejo de se aplicar simultaneamente
várias regras de justiça incompatíveis
As considerações acima servem de preâmbulo à discussão da igualdade, dentro da
ótica de justiça na visão de Perelman. O que nos leva ao entendimento de que igualdade
formal consiste “no direito de todo cidadão não ser desigualado pela lei senão em consonância
com os critérios albergados, ou ao menos não vedados, pelo ordenamento constitucional.”
(PERELMAN, 2002).
O ordenamento jurídico constitucional brasileiro dá mais ênfase ao que dispõe a
igualdade formal, ou seja, garante igualdades e algumas desigualdades, desde que positivas
com vistas ao bem comum. Para ilustrar o tema, ninguém melhor que o professor Celso
Antônio Bandeira de Mello, em seu festejado livro, e de imprescindível leitura para
aprofundamento no tema, O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade6.
Na obra citada, o autor discorre sobre o princípio em apreço, dando especial atenção às
discriminações que devem ser aceitas em nosso ordenamento jurídico desde que guardem
5
PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
6
MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade, 13ª tiragem, 3ª ed., SP:
Malheiros, 2006.
8

relação com este. Tais discriminações consistem em atos legitimados pelo legislador a fim de
suprir uma desigualdade já existente. Nas palavras de Aristóteles, ratificadas por Rui Barbosa:
“A igualdade consiste tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”. Basta agora
definir quem são os iguais e quem são os desiguais.
Historicamente, diversas são as discriminações que resultam em reflexos até os dias de
hoje. Exemplo disso seria o número de pessoas negras que se encontram em universidades
públicas atualmente, ou até mesmo o número de mulheres que obtinham o nível superior a 40
anos.
Nesses casos, é preciso legislar a fim de diminuir tais desigualdades e futuramente,
caso seja possível, acabar com esse comando legal, pois a cultura social já abrigou essas
pessoas de tal modo que não se faz mais necessário exigir a conduta de paridade. Entretanto,
se não for possível igualar a situação entre os atores sociais, deve permanecer o comando
legal, para que se garanta o direito e a situação de igualdade. Nas palavras do professor
Bandeira de Mello, para que o discrímem legal seja conveniente com a isonomia, é necessário
que concorram quatro elementos:
a) que a desequiparação não atinja, de modo atual e absoluto, um só indivíduo;
b) que as situações ou pessoas desequiparadas pela regra de direito sejam efetivamente
distintas entre si, vale dizer, possuam características, traços, nelas residentes, diferençados;
c) que exista, em abstrato, uma correlação lógica entre os fatores diferenciais
existentes e a distinção de regime jurídico em função deles, estabelecida pela norma jurídica;
d) que, in concreto, o vínculo de correlação supra-referido seja pertinente em função
dos interesses constitucionalmente protegidos, isto é, resulte em diferenciação de tratamento
jurídico fundada em razão valiosa – ao lume do texto constitucional – para o bem público.
(BANDEIRA DE MELLO, 2005, p. 41).
Sendo assim, para o professor Bandeira de Mello, a igualdade existe entre muitos,
mas, quando há desigualdades, devemos reequilibrar a situação com atos imediatos e
mediatos. As discriminações positivas são um típico exemplo de reequilíbrio imediato, pois
há uma desequiparação entre as pessoas e é preciso uma atitude instantânea dos governantes.
Sendo assim, para o professor Bandeira de Mello, a igualdade existe entre muitos,
mas, quando há desigualdades, devemos reequilibrar a situação com atos imediatos e
mediatos. As discriminações positivas são um típico exemplo de reequilíbrio imediato, pois
há uma desequiparação entre as pessoas e é preciso uma atitude instantânea dos governantes.
CRÍTICA AO TRATAMENTO DADO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO
BRASIL A PARTIR DA ANALISE DO FILME CRIANÇAS INVISÍVEIS
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Crianças Invisíveis que tem como título original All the Invisible Children, é um filme
que foi produzido em 2005 na Itália pela Paris Filmes. O filme é um drama filmado em sete
países, com sete diretores, retratando em histórias curtas sete realidades infanto-juvenis, mas,
todas com grande profundidade no que se refere ao mundo das crianças e adolescentes dos
respectivos países. No entanto, somente três curta metragem serão analisados aqui. São eles:
Blue Gipsy, João e Bilu e Jesus Children of America.
Mas antes analisaremos o que diz nosso texto constitucional no seu Art 227:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e


ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

É possível perceber a preocupação do legislador no que tange à proteção de crianças e


adolescentes. Contudo, a experiência no trato com a realidade, nos mostra o distanciamento
para a efetivação do disposto no artigo supracitado. Como foi possível perceber, nas
atividades em sala, durante a exibição dos filmes.
Em relação ao filme Blue Gipsy, nos deparamos com uma história que tem como pano
de fundo a temática dos reformatórios para menores infratores, mas foca-se, principalmente,
nas atitudes dos adultos dentro e fora destas instituições com relação aos internos. Uros é um
menino que está para ser liberado da casa de detenção, mas não tem certeza de que realmente
quer esta ‘liberdade’ quando se recorda do mundo de oportunistas sem escrúpulos que vai
reencontrar lá fora. Prefere a ‘segurança’ de sua situação carcerária, porque sabe que seu
próprio pai, um alcóolatra violento que explora crianças para trocar o dinheiro por bebida, vai
obrigá-lo novamente a cometer roubos.
Um típico caso onde a família, por conta de um ou dos dois responsáveis, não dar
conta de proteger os seus filhos das adversidades presentes em nossa sociedade desigual. O
que mais chama a nossa atenção no filme Blue Gipsy é, justamente, o fato de que a criança
está em melhor condição na tutela do Estado, quando comparado ao ambiente familiar que o
aguarda. O pai não apenas explora o trabalho infantil, o que por si só seria deplorável, como
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esse ‘trabalho’ é materializado em atos ilícitos. Cabe a indagação: como ressocializar essa
criança? Quais os mecanismos mais eficientes para modificar a sua realidade?
Uma coisa é certa: Uros não poderá ficar nesse constante entra e sai dos reformatórios.
O Estado e a sociedade não podem ficar cego ante aos casos de reincidências infracionais
cometidas pelas crianças e adolescentes.
Nas casas de internações brasileiras, por conta dos dispositivos previstos no Sistema
Nacional de Medida Socioeducativa – SINASE – as crianças e adolescentes são recebidas por
uma ampla rede de ações que objetivam propor uma nova realidade à vida dos
socioeducandos. Ações que aproximam esferas políticas no sentido de concretizar condições
propícias ao desenvolvimento das potencialidades biopsicossociais dos atores atendidos.
Acreditamos que toda essa proteção é importante. Contudo, entendemos que o
atendimento preventivo seria mais eficiente. Os socioeducandos encontram uma proteção
jamais vista quando estão na tutela do Estado, mas ao retornarem aos seus lares, na maioria
dos casos, voltam às práticas que materializam os seus valores construídos historicamente,
denotando que todo o trabalho de ressocialização não funciona. Quais os motivos desse
‘fracasso’ expresso nos dados estatísticos que comprovam os casos de reincidências?
Não basta a “proteção” nos braços do Estado é preciso transcender os altos muros da
casa de internação. É preciso fortalecer a família com medidas eficazes, para que ocorra um
esforço coletivo. Quantos pequenos Uros não estão por aí? O que fazer com esses pais? O
problema é muito complexo.
Não é possível pensar em uma solução isolada. Precisamos ampliar a cosmo visão para
todos os ângulos essenciais que o Estado, Família e Sociedade possam convergir esforços no
sentido de transformar o vigente quadro.
Os pais precisam ter condição de prover com as necessidades dos seus filhos; ao
Estado cabe a função de atender as crianças e adolescentes, sem esquecer-se da promoção de
políticas de emprego e renda, educação, saúde, lazer, moradia, etc; à sociedade cobrar do
Estado e atuar positivamente no sentido de proteger as crianças e adolescentes desse cancro
social que é o mundo do crime e das drogas.
A Partir de uma visão capitalista a palavra igualdade passa a ser o centro de grandes
debates, pois como chegaremos a ela se todo o sistema/composição da sociedade possui como
base a desigualdade das pessoas. Hodiernamente o sentimento mais cultivado no ser humano
passa a ser o individualismo/egoísmo e a concorrência entre as pessoas que são alimentadas
por uma sociedade em que se tem pregado como modelo de vida o consumismo. Há os que
sustentam que a desigualdade é a essência de tudo, ou seja, o epicentro do universo, pois os
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seres humanos nascem e perduram desiguais. Seguindo essa linha de raciocínio a igualdade
não passaria de um simples nome, sem significado no mundo real, os adeptos desse
pensamento são chamados nominalistas. No sentido oposto essa a linha de raciocínio temos
os idealistas que postulam um igualitarismo absoluto entre as pessoas. Temos também a
posição realista que consiste basicamente segundo Anacleto de Oliveira, “Uma posição
realista reconhece que os homens são desiguais sob múltiplos aspectos, mas também entende
ser supremamente exato descrevê-los como criaturas iguais, pois, em cada um deles, o
mesmo sistema de características inteligíveis proporciona, à realidade individual, aptidão
para existir”7. Resumindo, como seres humanos, não se vê como deixar de reconhecer a
igualdade entre os homens como basicamente animas de uma mesma espécie.
Partindo dessa complexidade que existe na sociedade como iremos efetivar o art.227
da Constituição Federal se todo o nosso ordenamento jurídico esta positivado para manter o
status quo do sistema capitalista. Esse que tem como condição erga omnes a dominação da
grande parte da sociedade por aqueles detentores dos meios de produções. As conquistas
obtidas pelas revoluções ditas sociais, não passaram basicamente de conquistas burguesas nos
quais conquistaram a igualdade formal e não a material que seria de suma importância para a
massa operária. De acordo com José Afonso da Silva

“a afirmação do Art.1 da Declaração dos Direitos do Homem


e do Cidadão cunhou o princípio de que os homens nascem e
permanecem iguais em direito. Mas aí afirmara a igualdade jurídico-
formal no plano político, de caráter puramente negativo, visando
abolir os privilégios, isenções pessoais e regalias de classes. Esse
tipo de igualdade gerou as desigualdades econômicas, porque
fundada numa visão individualista do homem membro de uma
sociedade liberal relativamente homogênea.”8

Baseando no filme Crianças invisíveis podemos retirar alguns exemplos do que foi
citado em linhas anteriores. Muitas mensagens subentendidas no filmes expressam uma
sociedade puramente capitalista e consumista. Na parte do filme no qual tem o titulo João e
Bilu, encontramos duas crianças vivendo em São Paulo que busca na sua labuta diária
satisfazer o seu sentimento pessoal de consumo, mesmos elas sendo pessoas excluídas de tudo
7
FARIA, Anacleto de Oliveira, Do Princípio da Igualdade Jurídica, São Paulo, Ed. RT/EDUSP, 1973 p.43.
8
SILVA, José Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo, 32 edição, São Paulo, Ed. Malheiros, 2009,
p.214.
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que a sociedade e nosso ordenamento jurídicos possam lhe garantir. No inicio de sua jornada
encontramos João tentado se inserir no mercado informal de catadores de lixos recicláveis.
Logo de inicio ele se apodera de um meio de produção, um carrinho de transporte, à custa de
um aluguel de 05 reais, e quando foi questionado por Bilú o que era aquilo, ele responde que
era a sua Ferrari. Esse que é sonho de consumo de quase toda sociedade capitalista, mesmo
para aqueles que estão excluídos do sistema. Na segunda parte de um filme no qual João tenta
se inserir em outro mercado, transportador de compras, encontramos a concorrência no qual
vence o mais forte e capacitado. Demonstrando como o sistema capitalista é desleal,
individualista e egoísta e que todo esse sentimento nos é passado diariamente em nosso
subconsciente.
Evidente que muitas leituras poderiam ser feitas desse filme, mas o nosso foco é
demonstrar que enquanto estivermos inseridos em uma sociedade capitalista em que o “mais
capacitado vence”, e que o sentimento que impera na sociedade é o egoísmo, e o
individualismo será completamente impossível garantir os direitos fundamentais, pois isso
nunca foi, e nem será em um sistema capitalista a prioridade da sociedade.
A Constituição de 1988 traz no Título I, os princípios fundamentais da República
Federativa do Brasil e no art. 3°, trata dos objetivos fundamentais, dispondo no inciso IV:
"promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação"9, ou seja, o Estado deve garantir que não haja qualquer forma
de discriminação, o que é óbvio. Mas como que isso pode ser possível? Uma pessoa, às vezes,
é discriminada no próprio meio em que vive como é o caso de Blanca, personagem do filme
Jesus Children of America, que na escola, é rejeitada pelas colegas, que a discriminam pela
sua doença. Assim, é considerada um perigo para as outras crianças. Na nossa legislação
existem diversas fontes e recursos de combate a discriminação, mas para que haja eficácia
nessa batalha, é necessária a existência de uma consciência. Que aqueles que são
discriminados estejam conscientes da discriminação sofrida e reajam contra seus
discriminadores, inclusive denunciando-os à justiça.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu art.16º diz: “A partir da idade
núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma
de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos
têm direitos iguais. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento
dos futuros esposos. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem
direito à proteção desta e do Estado.”. Sendo a família o elemento fundamental e que a
9
Constituição da República Federativa do Brasil. 16ª Edição. São Paulo: Rideel, 2010.
13

sociedade e o Estado são protetores da mesma, como será possível que se chegue a um ideal
de igualdade, sabendo que o próprio grupo o qual a pessoa participa a discrimina e que o
Estado, o outro ente de proteção, normalmente não lhe dar o devido apoio e ajuda que se
merece. Estaremos afirmando que todas as lutas que houveram no passado, revoluções, todos
os movimentos históricos em luta dos nossos direitos não valeram para nada.
O art. 5º da Constituição Brasileira dispõe: "Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
país a inviolabilidade do direito á vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade,
nos termos seguintes."10. Entretanto, sabemos que a constituição apresenta o conceito de
igualdade no sentido jurídico-formal e que não é suficiente para que se exista a igualdade
plena na sociedade, pois as pessoas por si só não possuem as mesmas idéias, pensamentos.
Então se deve tentar diminuir essas diferenças ou como o professor Chaïm Perelman diz: “...
hoje, a idéia que se impõe cada vez mais é a de diminuir as desigualdades entre os membros
de uma mesma sociedade, ou entre povos e Estados cujo desenvolvimento é desigual,
concedendo privilégios aos que estão em estado de inferioridade.”11.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

10
Constituição da República Federativa do Brasil. 16ª Edição. São Paulo: Rideel, 2010.
11
PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
14

Podemos concluir que o princípio da dignidade da pessoa humana é a bússola que


orienta todo ordenamento jurídico, e que princípios fundamentais, direitos e garantia
individuais, além dos direitos humanos devem se matéria das constituições modernas. Mas, é
de fato, impressionante como, às portas do tão esperado terceiro milênio, pouca coisa mudou,
com relação à proteção e ao respeito aos direitos humanos, à dignidade da pessoa humana.
Atualmente, não é difícil constatar a miséria, a violência, a degradação dos costumes que
estamos vivenciando. Os jornais, revistas, televisão, não se cansam de anunciar, a todo o
momento, o total desrespeito do homem para com ele próprio, quem dirá para com seus
semelhantes.
São casos de jovens que resolvem "brincar" ateando fogo em um pacato índio que
dorme ao relento; de policiais que, ao invés de proteger o cidadão, espancam e matam
menores, em uma verdadeira chacina física e moral; discriminações e preconceitos contra a
mulher, os negros, homossexuais, enfim, as chamadas minorias sociais; pais que se esquecem
do dever natural de proteger seus filhos e os espancam, ou até mesmo estupram e matam;
enfim, uma enorme e variada quantidade de atrocidades cometidas, as vezes até mesmo em
nome da lei, que nos fazem questionar, a todo momento: onde estão os Direitos Humanos, os
direitos do cidadão, da pessoa humana?
Estamos vivenciando uma espécie de violação em massa desses direitos e, diante de
tanta miséria, discórdia, violência, o ser humano clama por JUSTIÇA, IGUALDADE E
FRATERNIDADE!

O governo brasileiro considera as normas constitucionais e a adesão a tratados


internacionais passos essencial para a promoção dos direitos humanos, mas está consciente de
que a proteção efetiva destes direitos depende da atuação constante do Estado e da sociedade.
Com este objetivo, o governo federal tem se empenhado na proteção e promoção dos direitos
humanos nos pais, a começar pela elaboração da Agenda de Direitos Humanos, que resultou
em um elenco de propostas e projetos de lei contra a violência.
Num estado federal como é o Brasil, os Estados da Federação tem um papel
fundamental na implementação do Programa Nacional de Direitos Humanos e na luta contra a
violência, discriminação e impunidade e pela efetiva proteção dos direitos humanos no país. O
PNDH propõe ações governamentais que devem ser implementadas nos Estados da
Federação, pelos governos estaduais ou através de parcerias entre o governo federal, governos
estaduais, governos municipais e sociedade civil.
15

Fecharemos esse trabalho com uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que
exemplifica a aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana. O STJ (AgRg na SLS
753/SP) determinou a transferência de adolescentes da unidade que ocupavam por ausência de
condições mínimas de higiene, afirmando que para isso a necessidade de transferência dos
adolescentes para outras unidades, afim de resguardar os seus direitos individuais e respeitar o
principio constitucional da pessoa humana.12
É preciso coragem e luta para romper as barreiras do "Direito posto", na busca do
"Direito Justo".

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

12
Cf. AZEVEDO, Fábio de Oliveira. Direito Civil: Introdução e Teoria. Rio de Janeiro. Lúmen Júris, 2009, p.
180.
16

AZEVEDO, Fábio de Oliveira. Direito Civil: Introdução e Teoria. Rio de Janeiro. Lúmen
Júris, 2009.

BONAVIDES, Paulo, Curso de Direito Constitucional, Edição 19, São Paulo, Editora
Malheiros,2006.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 16ª Edição. São


Paulo: Rideel, 2010.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Adotada em assembléia


geral das Nações Unidas em 1948.

FARIA, Anacleto de Oliveira, Do Princípio da Igualdade Jurídica, São Paulo, Ed.


RT/EDUSP, 1973.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade, 13ª
tiragem, 3ª ed., SP: Malheiros, 2006.

PERELMAN, Chain. Ética e Direito. Tradução de Maria E. Galvão. São Paulo: Martins
Fontes, 2002.

SILVA, José Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo, 32 edição, São Paulo, Ed.
Malheiros, 2009

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