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Atos 21.

1-17 – Uma lição sobre discernir e cumprir a vontade de Deus


Como podemos discernir a vontade de Deus para as nossas vidas? A vontade de
Deus para o seu povo no geral está claramente revelada nas escrituras, é da vontade de
Deus, que todo seu povo seja salvo dos seus pecados, mediante arrependimento e fé
em Jesus Cristo e que vivam como um povo santo, em obediência a sua palavra, em
todas as esferas das suas vidas.
Mas quanto à vontade específica de Deus, a respeito da nossa caminhada
individual, a palavra de Deus não vai falar de maneira clara e específica como
gostaríamos, apesar de nos dar princípios a serem seguidos sobre a vontade de Deus
para cada âmbito da nossa vida.
O texto de Atos 21.1-17 fala sobre esse processo de discernimento e decisão que
o apóstolo Paulo teve que tomar em relação a vontade de Deus para sua vida, no tocante
a ele seguir viagem para Jerusalém ou não. A lição desse texto é que discernir e cumprir
a vontade de Deus nem sempre será um processo fácil e agradável.
Paulo já estava no fim da sua terceira viagem missionária, aproximadamente no
ano de 56 d.C., seguindo para Jerusalém. Lucas relata com grande precisão o caminho
que Paulo está fazendo desde sua partida de Mileto na província da Ásia (Atos 20) até a
cidade de Jerusalém, no qual destaca as paradas nas cidades de Tiro e Cesaréia.
O Navio em que Paulo estava parou em Tiro para descarregar, ficando ali por
aproximadamente uma semana, período em que Paulo esteve com os discípulos. Eles,
movidos pelo Espírito Santo (Atos 21.4) recomendaram a Paulo que não prosseguisse
para Jerusalém. Isso representava um dilema na vida do apóstolo Paulo, visto que em
Atos 19.21 ele tinha decidido em seu espírito seguir para Jerusalém antes de ir anunciar
o evangelho em Roma.
O texto de Atos não menciona de maneira específica porque Paulo queria ir para
Jerusalém, mas podemos deduzir por evidências encontradas nas cartas paulinas (1
Coríntios 16.1-4), uma delas é que Paulo havia recolhido uma oferta dos cristãos da
Grécia e que ele queria levar para os irmãos mais necessitados de Jerusalém. Isso
explica porque Paulo teria pressa para chegar em Jerusalém (Atos 20.16) e também por
conta da Festa de Pentecostes que se aproximava, onde teria grande concentração de
judeus, gerando uma boa oportunidade para anunciar as Boas Novas.
Em atos 20.22 vemos que a decisão de Paulo de ir para Jerusalém era
proveniente de orientação do Espírito Santo, e agora temos os irmãos de Paulo em Tiro
movidos pelo mesmo Espírito Santo, orientando Paulo a não seguir para Jerusalém.
Seria possível que o Espírito Santo estivesse se contradizendo ou que ele haveria
mudado de ideia?
A julgar pela decisão de Paulo nos versículos 5 e 6 de seguir viagem para
Jerusalém, podemos chegar há algumas conclusões diferentes. João Crisóstomo, um
dos pais da igreja, acreditava que Paulo tinha duvidado da inspiração ou da origem do
apelo dos seus irmãos em Tiro, mas o texto não dá nenhuma indicação se era esse o
caso. Já João Calvino concluiu que Paulo não questionou a inspiração daquele alerta,
mas sim a interpretação que os irmãos de Tiro deram ao mesmo, interpretando que seria
uma instrução para que Paulo não seguissem viagem.
Paulo em Atos 20.23 já havia reconhecido que por todos os lugares que fosse, o
Espírito Santo já estava o alertando que ele sofreria prisões e tribulações, ou seja, o
alerta que Paulo estava recebendo dos irmãos de Tiro já era algo conhecido por ele. A
Hipótese de João Calvino nos leva a entender que o Espírito Santo estava alertando
Paulo mais uma vez quanto ao seu sofrimento vindouro, e não o proibindo de seguir
viagem como os cristãos de Tiro tinham interpretado. John Stott resume que apesar do
alerta ter sido divino, a recomendação para não seguir viagem teria sido “humana”.
Esse episódio de Paulo em Tiro, nos mostra sobre como discernir a vontade
específica de Deus para as nossas vidas com alguns princípios. Primeiro: o texto não
indica que Paulo ou os irmãos de Tiro conheciam ou criam menos na palavra de Deus,
não havia uma parte mais ou menos instruída. A Palavra de Deus sempre deve ser o
nosso ponto de partida para tentar discernir a vontade de Deus, porque Deus nunca dirá
para fazer alguma coisa contrária a sua palavra.
Segundo: o texto não dá indícios de que uma ou outra parte estaria menos
submissa à vontade de Deus, o versículo 5 encerra com todos ajoelhados juntos em
oração. Ou seja, todos teriam a mesma disposição de submeter as suas decisões a
vontade de Deus. Após a verificação sob o que a palavra de Deus diz sobre determinado
assunto, a segunda coisa mais importante que devemos fazer antes de tomar nossas
decisões, é orar, colocando nas mãos de Deus as nossas decisões.
Terceiro: mesmo discordando da recomendação dos seus irmãos em Tiro, em
nenhum momento Paulo rompe a comunhão que ele tem com os mesmos, no versículo
6 eles se despedem em perfeita harmonia. Além da palavra de Deus e da oração, a
comunhão regular com a Igreja, especialmente com as pessoas mais maduras na fé, o
compartilhamento das nossas vidas e das nossas decisões com os irmãos, é uma
maneira regular pela qual Deus nos mostra a sua vontade.
A Igreja, corpo de Cristo é um lugar onde juntos lemos a Bíblia, juntos oramos
uns pelos outros e juntos nos aconselhamos para conhecermos e cumprirmos a vontade
de Deus. Mesmo após tudo isso, Paulo e os irmãos de Tiro discordavam a respeito de
Paulo seguir para Jerusalém, o texto nos ensina que por mais que eles discordassem de
Paulo, eles tiveram a humildade de se submeter, mesmo que entendessem que tinham
recebido uma mensagem clara do Espírito, a respeito de Paulo não ir para Jerusalém.
Agora, se a nossa recomendação estiver pautada numa posição clara das
escrituras, onde não haja dúvidas a respeito do assunto em questão, devemos falar a
verdade em amor, repreendendo nossos irmãos se for o caso.
A partir do versículo 7, Lucas destaca a parada de Paulo em Cesaréia, onde ele
se encontra mais uma vez no mesmo dilema, porém com uma intensidade superior. Ele
foi hospedado na casa de Filipe o evangelista, que era um dos sete primeiros diáconos
da Igreja (Atos 6), que tinha 4 filhas donzelas todas com o dom da Profecia.
Alguns dias após Paulo chegar a Cesaréia, veio da Judéia um profeta chamado
Ágabo, o mesmo homem que havia profetizado 15 anos antes, a fome que ocorreria na
Judéia e regiões vizinhas (Atos 11.27-28). Ao encontrar com Paulo, ele toma o cinto do
mesmo, e amarrando suas próprias mãos e pés, disse: “Assim diz o Espírito Santo, desta
maneira os Judeus amarrarão o dono deste cinto em Jerusalém e o entregarão nas mãos
dos gentios” (Atos 21.11). Após essa profecia de Ágabo, todos os que estavam ali,
inclusive os companheiros de viagem de Paulo, rogaram para que não seguisse para
Jerusalém (Atos 21.12).
Mesmo diante dessa cena, Paulo permaneceu convicto de que a direção de
Deus para sua vida, era que ele seguisse para Jerusalém e sofresse o que fosse
necessário, afirmando que estava pronto para ser preso e até mesmo morrer pelo nome
de Jesus.
Esse segundo episódio de Paulo, agora em Cesaréia, nos ensina sobre como
discernir a vontade específica de Deus para as nossas vidas com duas importantes
lições. Primeiro: mesmo aqueles que são mais maduros na fé, e mais usadas por Deus,
precisam aprender a fazer distinção entre os alertas e as ordens de Deus.
Filipe e suas quatro filhas, Ágabo e os acompanhantes de Paulo na viagem, todos
eram cristãos maduros, cheios do Espírito Santo, ambos foram usados por Deus para
alertar mais uma vez Paulo a respeito do que o aguardava em Jerusalém, mas em
nenhum momento temos registro do Espírito Santo ter proibido Paulo de seguir viagem,
como ocorreu em Atos 16.
Por mais que a recomendação dos irmãos a Paulo, temendo por sua vida fosse
genuína, ela surgiu da preocupação deles pelo bem-estar de Paulo e não de uma direção
clara do Espírito Santo. Na primeira carta de Paulo aos Coríntios, no capítulo 14 verso
29, Paulo orienta aos irmãos com o dom de Profetizar que submetam a profecia ao
julgamento de toda igreja, para tenhamos mais convicção para discernir o que é vontade
de Deus em contraste as nossas vontades.
Ou seja, quando não se tratar de uma orientação clara e explícita derivada da
palavra de Deus, por mais maduro e íntegro que seja o mensageiro, devemos submeter
uns aos outros as palavras que julgamos que venham de Deus, para que não
confundamos alertas de Deus, ordens de Deus e nossa intuição.
A segunda lição importante desse texto, é a resposta de Paulo e sua decisão de
seguir sua viagem rumo a Jerusalém, mesmo diante de todos os apelos dos seus irmãos
para que ele não fosse, mesmo sabendo de todo o sofrimento que ele haveria de passar.
Paulo não considerava sua proteção e segurança ou até mesmo sua liberdade para
seguir pregando o evangelho como prioridades, ele colocava acima de tudo isso, fazer
cumprir a vontade de Deus para sua vida, que Deus já o tinha revelado desde a sua
conversão. Conforme podemos ver em Atos 9.15-16, que o Senhor separou Paulo para
pregar o evangelho aos gentios e sofrer pela causa do seu nome.
O que será que essa decisão de Paulo, de aceitar corajosamente tudo que haveria
de enfrentar em Jerusalém, mesmo como todos os alertas e apelos contrários dos seus
amigos, tem algo a ver conosco? quais lições e princípios podemos extrair disso?
Oswald Chambers escreveu em um dos seus devocionais no livro “Tudo para ele”
que escolher o sofrimento significa que algo está errado, escolher a vontade de Deus,
mesmo que isso signifique sofrer, é algo muito diferente, nenhum santo sadio jamais
escolhe o sofrimento, ele escolhe a vontade de Deus, como fez Jesus, quer isso resulte
em sofrimento ou não.
Como cristãos, nós não fomos chamados para romantizar o sofrimento, como se
o caminho com sofrimento fosse sempre o melhor caminho. Mas através dos exemplos
de Jesus, de Paulo e de vários outros apóstolos podemos notar que conhecer e fazer a
vontade de Deus raramente nos isentará de algum tipo de aflição e sofrimento.
Em nossa fidelidade a Deus, nós não devemos buscar o sofrimento, nem
tampouco fugir do sofrimento, mas devemos buscar conhecer e viver a vontade de Deus,
quer isso envolva algum tipo de sofrimento ou não.
O que podemos aprender com esse texto, é que o processo para entender a
vontade específica de Deus, nem sempre é fácil e agradável, muito menos seus
resultados e consequências. Mas seja qual for a vontade de Deus para as nossas vidas,
que as nossas orações sejam em busca da graça de Deus, para conhecermos e
cumprirmos a vontade de Deus.
Lembremos de Jesus Cristo, que também seguiu para Jerusalém, mesmo com
oposição dos seus discípulos, sabendo que caminhava de encontro a morte na Cruz, e
que no Getsêmani orou a Deus: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; todavia não
se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc. 22.42).

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