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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este sistema como um todo, sofre alterações de acordo com a vogal articulada
(SOUZA, 1994). Segundo Capistrano (2004),
A nasalidade é um atributo não-verbal à qualidade da comunicação, que se
refere à ressonância nasal da voz, podendo se encontrar ausente ou presente
em grau variado. Pode ser influenciada por questões anatômicas das
cavidades oral e nasal, ou por razões sociolinguísticas, caracterizando uma
variante regional (CAPISTRANO, 2004).
REVISÃO TÉRICA
A nasalidade vem sendo, durante muitos anos, alvo de muitas pesquisas. Commented [GP2]: http://www.revistadeletras.ufc.br/rl26Art1
0.pdf
Nogueira (1958, apud CAPISTRANO, 2004) quando descreveu a assimilação dos
fonemas, já destacava a nasalação como transformação da ressonância que faz com que
o fonema oral se torne em nasal, ou melhor, oro-nasal, devido ao fonema vizinho ser
nasal, ou o anterior (nasalação progressiva) ou posterior (nasalação regressiva).
Fisiologicamente ocorre um abaixamento do véu palatino em graus variados.
(CAPISTRANO, 2004).
ESTUDO DA NASALIDADE NA CIDADE DE FORTALEZA, NUMA PERSPECTIVA
PERCEPTUAL E FONÉTICA
Rev. de Letras - N0 60 . 26 - Vol. 1/2 - jan/dez. 2004
Segundo Lacerda (1963) concluiu que,
a vogal pré-nasal tônica manifesta um decurso inteiramente oral ou oral-nasal
com nasalização durante uma breve zona final e também, que vogais pré-
nasais sem acentuação lexical nos registros analisados manifestam diversos
decursos: inteiramente oral ou oral com breve final de nasalização com grau
diminuto, mínimo ou mínimo-médio, ou com nasalização de grau mínimo
desde o início até o final. (LACERDA, 1963)
Fica muito evidente que a literatura que refere a nasalidade como um modo de
falar de uma região é bastante vasto na área da Fonética. Porém, pesquisas relacionadas
às variedades faladas pelo povo marajoara ainda é escassa, o que motiva trabalhos como
este com o intuito de aumentar o número de pesquisas nesta área nesta região.
2. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA
Para a realização desta pesquisa foi escolhida uma informante do sexo feminino
com idade entre 20 a 30 anos, nativa do município de Breves e que têm como língua
materna a variedade do português brasileiro dessa cidade. A seleção das palavras para
este estudo foi realizada com a finalidade de incluir as vogais orais e nasais, que fazem
parte dos extremos do triângulo de vogais ([a], [i] e [u]) a fim de verificar a possível
influência da posição da língua (altura e anteriorização\posteriorização) na duração
destes sons.
Foi escolhida a posição tônica para as vogais alvo uma vez que a tonicidade da
sílaba influencia na duração destes segmentos. Com o intuito de verificar a possível
influência do modo de articulação da consoante subsequente na duração das vogais
estudadas, foram escolhidos como contexto fonético seguinte às vogais alvo fonemas
oclusivas e fricativas e para verificar a influência do ponto de articulação da consoante
subsequente foram escolhidos como contexto fonético seguinte às vogais alvo fonemas
alveolar e bilabial.
Com a finalidade de controlar os contextos tônico e fonético e a posição da
palavra na frase, foi utilizada a leitura da frase veículo: “Diga _________ para ela”
contendo as palavras utilizadas no estudo, de modo que o falante não tenha o modelo de
produção da pesquisadora. Foi solicitada a informante a fazer a leituras com o máximo
possível de naturalidade. A informante desta pesquisa produziu corpus composto por 22
palavras contendo os sons alvo, incluídos nas frases veículo.
- Cata e Canta: palavras em que a vogal [a] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema oclusivo.
- Capa e Campa: palavras em que a vogal [a] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema oclusivo.
- Pita e Pinta: palavras em que a vogal [i] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema oclusivo.
- Cuca e Cunca: palavras em que a vogal [u] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema oclusivo.
- Paca e Panca: palavras em que a vogal [a] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema oclusivo.
- Pita e Pinda: palavras em que a vogal [i] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema oclusivo.
- Pipa e Pimpa: palavras em que a vogal [i] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema oclusivo.
- Tudo e Tunda: palavras em que a vogal [u] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema oclusivo.
- Paga e Panga: palavras em que a vogal [a] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema oclusivo.
- Caça e Cansa: palavras em que a vogal [a] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema fricativo.
- Fifa e Finfa: palavras em que a vogal [i] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema fricativo.
O corpus desta pesquisa foi colhido a partir de gravação feita por aparelho
smartphone Sansung e por um aplicativo de gravador de voz. A gravação teve a duração
de 1 minuto e 33 segundos.
3. EXERCÍCIO DE ANÁLISE
Os dados acima revelam que a duração dos segmentos vocálicos foi maior para os Commented [GP4]: Na maioria dos pares a diferença é
insignificante.
nasais, ratificando trabalhos anteriores que já confirmavam este fato como os de Di
Ninno, (2008); Jesus, (1999); Moraes e Wetzels (1992); Seara, (2000); Souza, (1994).
Segundo Jesus (1999) a maior duração da vogal nasal em relação a sua correlata oral é
decorrente de aspectos articulatórios, podendo atribuir tal alongamento à ação mecânica Commented [GP5]: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspa
ce/bitstream/handle/1843/ALDR-7YAMV9/1257m.pdf?sequence=1
do palato e infere que o abaixamento do palato, na produção destas vogais, implique em
uma complexidade articulatória maior. Na variedade do português falada em Breves não
os dados acimas não mostram o contrário, ou seja, a produção do segmento vocálico
nasal também é produzida de forma mais alongada. Commented [GP6]: Alongamento não pareceu significante.
A tabela acima também permite observar que a vogal [a] nos vocábulos cata e
canta apresentaram uma duração bem mais baixa que a média das outas vogais dos
vocábulos da pesquisa. O espectograma mostra 0.144652 ms a vogal oral e 0.158881 ms
para a vogal nasal. O contexto onde essas vogais ocorrem é diante de uma consoante
oclusiva alveolar sonora. Os dados acima não mostram as mesmas vogais no mesmo
contexto para confirmar ou refutar tal regra.
Em relação à mesma vogal central diante de uma oclusiva bilabial a duração se
apresenta maior tanto para a oral quanto para a nasal, embora a nasal sempre tenha uma
duração um pouco maior que a sua correlata. No vocábulo capa e campa a duração
respectiva é 0.457963 ms e 0.465004 ms. Diante de uma oclusiva vela a vogal central
também obedece o padrão fonético de maior duração para a nasal, com 0.414026 ms, e
0.354668 ms para a oral. Com relação ao contexto diante de uma oclusiva velar a
central apresenta para a nasal 0.422898 ms e para sua correlata oral, 0.353189 ms. Por
fim, considerando a vogal central, diante de uma fricativa alveolar a duração da nasal e
de sua correlata oral apresenta uma similaridade de tempo de produção, pois mostraram
números bem próximos: 0.454020 ms e 0.443036 ms, respectivamente.
Com relação à vogal alta posterior a pesquisa apresentou quatro grupos de pares:
pita/pinda, pida/pinda, pipa/pimpa e fifa/finfa. No grupo das altas posteriores que
ocorrem diante de consoante e oclusiva alveolar surda a duração foi de 0.303619 ms
para a oral e 0.439374 ms para a nasal. No grupo das altas posteriores que ocorrem
diante de consoante oclusiva alveolar sonora a duração foi de 0.374102 ms para a oral e
0.348542 ms para a nasal. No grupo das que ocorrem diante de consoante oclusiva
bilabial surda temos a duração de 0.332699 ms para a oral e 0.422898 ms para a nasal.
No último grupo das vogais altas posteriores que ocorrem diante de uma consoante
fricativa labiodental a duração foi de 0.327841 ms para a oral e de 0.353823 ms para a
nasal. Neste grupo das vogais altas posteriores, em especial na vogal nasal que ocorre
diante da oclusiva alveolar sonora, há uma idiossincrasia na duração da oral em relação
a nasal que destoa das regularidades anteriores vista nas durações das vogais, pois neste
ambiente a nasal apresenta uma duração menos que a oral.
Considerando, por fim, as vogais altas anteriores desta pesquisa nos pares:
cuca/cunca e tudo/tunda, pode-se observar a regra categórica da duração maior das
nasais em relação à sua correlata oral. Na vogal que ocorre diante da consoante oclusiva
velar a duração é 0.436206 ms para a oral e 0.515842 ms para a nasal. Já no segundo
par das altas anteriores a duração é de 0.293972 ms para a oral e de 0.517532 ms para a
nasal.
REFERÊNCIAS
ARNOLD, G.R. Voice, speech and language. New York: Wadsworth Publishing; 1965.
CÂMARA JUNIOR, J.M. Problemas de lingüística descritiva. 3a. ed. Rio de Janeiro:
Vozes Editora; 1970.
MORAES, J.A.; WETZELS, L.W. Sobre a duração dos segmentos vocálicos nasais e
nasalizados em português: Um exercício de fonologia experimental. Cadernos de
Estudos Linguísticos, v.23, p. 153-166. 1992.
SILVA, T.C. Fonética e fonologia: roteiro de estudos e guia de exercícios. 2a. ed. São
Paulo: Contexto; 1999.