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FORTALEZA
2019
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Orient
ador (a): Clara Maria Teles Rodrigues
FORTALEZA
2019
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Este artigo foi julgado adequado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em
Direito e aprovado em sua forma final pelo curso de Direito do Centro Universitário da
Grande Fortaleza – UNIGRANDE.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Clara Maria Teles Rodrigues (Presidente)
_____________________________________________
José Herannd Diógenes Saldanha (Examinador)
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente sou eternamente grato a Deus, por ter me dado coragem e força
para vencer todos os obstáculos até aqui e por ter me ajudado a conquistar esse sonho que
tanto almejei por toda minha vida.
À Francinece Nobre da Silva, minha rainha, guerreira e mãe, por sempre ter
estado ao meu lado em todos os momentos, por me encorajar a seguir meus sonhos, por ser
única e perfeita ao seu modo em minha vida, e por nunca ter desistido de mim, a ti devo tudo,
devo minha vida.
À minha querida irmã Luiza Nobre da Silva, minhas sobrinhas Cecília e Malú, e
ao meu cunhado Carlos por estarem presentes em toda a minha caminhada e por me revigorar
com todo o seu amor e companheirismo.
Ao Gabriel Bezerra Santos, por ter me apoiado, me motivado e me ajudado em
toda a minha caminhada, pelo carinho e paciência, pela sua disponibilidade e por todo o
tempo gasto comigo, pelo companheirismo, amizade e por tudo que vivemos juntos, sou
eternamente grato.
Ao meu grande amigo Matheus Freitas de Andrade, pelo seu ombro amigo, por
sempre estar presente em todos os momentos da minha vida me dando suporte de todas as
maneiras possíveis, por ser essa pessoa maravilhosa que só nos motiva a ser nós mesmo e por
também nos motivar a lutar contra o preconceito, meus sinceros agradecimentos.
Aos meus amigos do curso de Direito, por dividirem comigo todas as alegrias e
aflições nessa longa caminhada trilhada por todos nós, em especial ao Jefferson Barros,
Daniele Albuquerque, Tana Ingrid, Luanna Oliveira, e a todos os outros que fizeram parte de
alguma maneira desse percurso.
À Zelma Nobre e ao Célio Nobre, por terem me apoiado no começo de toda a
minha história neste curso, por terem me ajudado a dar o ponta pé inicial e principalmente por
todo o suporte, carinho e atenção prestados a mim nesse período, sou eternamente grato.
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Albert Einstein
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RESUMO
ABSTRACT
When we begin to understand that prejudice is a set ofattitudes, beliefs and negative behaviors
that are attributedto certain social groups, the aim of this article is to make ananalysis of the
existing prejudice against the Minorities,seeking to see that education is the most plausible
solution to solve this problem that has raved society since thebeginnings of it and still causes
a great uneasiness, besideshaving as objective to exploit human rights and toemphasize the
Principle of the dignity of the human person,based on the measures taken by the State to
prevent andcombat such evil throughout the history of Brazilian society, listing statistics that
were collected through tests conducted throughout the national territory, proving that
prejudice is still present in our society reporting on the evolution of rights towards minorities
withthe aim of guaranteeing equality and not Discrimination.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................10
2 Raízes históricas do preconceito.........................................................................................11
2.1 Estereótipos como preconceito coletivo.........................................................................12
2.2 Preconceito e Direitos Humanos.....................................................................................13
2.3 Preconceito Brasileiro e suas formas..............................................................................14
3 Estado democrático brasileiro e a disciplina aplicada ao Preconceito............................15
3.1 Fases e fatos políticos e sociais e suas relações com o Preconceito...............................16
4. Psicologia social e preconceito...........................................................................................17
5. Preconceito e Desconstrução Humana..............................................................................19
5.1 Da dignidade da pessoa humana.....................................................................................21
5.2 Vertentes históricas.........................................................................................................22
6. Procedimentos metodológicos............................................................................................24
7. Análise de dados..................................................................................................................25
8. Considerações finais............................................................................................................27
9. Referências............................................................................................................................28
10
1 INTRODUÇÃO
políticas severas para o efetivo combate ao preconceito, pois a sociedade também sofre com o
preconceito institucionalizado pelo Estado, visto que o mesmo ainda não trata de uma forma
real o preconceito em todas as suas diretrizes.
e Sudeste formularem preconceitos para com as pessoas das regiões Norte e Nordeste,
simplesmente por conta de posições geográficas, como temos visto bem recente o preconceito
por conta da decisão política adotada no primeiro turno dessas eleições para presidência.
Várias frases com críticas sem conceito e de forma bem agressiva, generalizando a população
dessas regiões, sendo tachadas como burras, escórias da sociedade etc.
De acordo com Carneiro (1983), desde a Antiguidade o homem tem se valido das
diferenças, sejam elas de cor, raça ou religião para ascender de forma econômica, usavam
esses pretextos a fim de justificar sua ganância em sempre ser superior e pela sua ganância
econômica e com isso, esse sentimento de superioridade culminando em preconceito foi sendo
cultivado em nossa sociedade, fazendo com que o preconceito, de fato, tenha sua raiz
instalada na cultura do homem, seja de onde for, de qual raça, de qualquer religião.
Infelizmente, até mesmo entre essas classes, existem preconceito, como negro com
preconceito com outro negro, um religioso com preconceito com outro religioso. O que de
fato precisamos, é que essa cultura do preconceito tenha a sua raiz desfeita para que tenhamos
uma sociedade mais amorosa com o próximo e, para isto, precisamos de uma educação de
qualidade e que venha a fazer a diferença.
Em um passado não muito distante, era comum que homossexuais, negros e
mulheres fossem espancados, muitos não tinham a quem recorrer e acabavam passando por
essas situações calados, pois não tinham a quem recorrer, ou a quem denunciar ou até mesmo
alguém que os compreendessem. Porém, a sociedade vem passando por mudanças e fazendo
com que essas pessoas que sofrem os diversos abusos, tenham órgãos aos quais recorrem. As
“minorias”, como são chamadas essas classes de mulheres, negros, índios, homossexuais,
travestis entre outros, tem se organizado a fim de combater o preconceito e a violência pelo
simples fato de serem quem são, identificando esses problemas e os levando aos órgãos
responsáveis para que tomassem as medidas cabíveis para que este fato fosse minimizado e
até mesmo extinto. Com isso, é comum vermos cada vez mais casos de violência contra as
minorias, talvez porque a quantidade desses casos aumentaram, mas também porque hoje a
sociedade que sofre não fica mais calada e temos registrado cada vez mais esses casos em
busca da justiça (BANDEIRA; BATISTA, 2002).
serem humanos, ignorando qualquer fator de cor, sexualidade, religiosidade ou qualquer outro
grupo que não faça parte do padrão que a sociedade estabelece.
O princípio da dignidade da pessoa humana está diretamente ligado quanto aos
direitos humanos, pois este princípio é inerente ao ser humano, sendo irrenunciável e
inalienável, só por existir, pois até mesmo aquele que desconhece que a tem, merece tê-la
preservada. (PENA JÚNIOR, 2008)
Este princípio, orienta todos os demais da nossa constituição, e vem para deixar
claro que o Estado deve existir somente em favor do indivíduo, e não o contrário, além de
que, como bem afirma o estudioso Ingo Wolfgang Sarlet (2001, p. 60), a particularidade da
dignidade da pessoa humana está intrínseca ao homem e tem uma necessidade de mais
normas legais que venham a preserva-la.
De acordo com Ingo Wolfgang (2001, p.60):
para trabalhos que necessitem de sua força braçal, ignorando totalmente que o negro é
também um indivíduo como qualquer outro e totalmente capaz de exercer qualquer função e
sair dessa bolha que o cerca, desses padrões que a sociedade definiu para o negro. Fica bem
nítido, que a sociedade em si, apesar de já ter se livrado da escravidão, em tese, ainda faz o
negro refém de todos esses adjetivos, mas nunca esquecendo o seu papel social, além de que,
na sociedade brasileira, como também em outras, a história e conduta das pessoas que
possuem a pele branca, é imensamente mais valorizada do que a negra, mesmo em estados
como a Bahia onde sua população é predominantemente formada por negros, acabando por os
próprios negros incorporarem essa ideia de que são inferiores aos demais e tomando pra si
uma imagem negativa do seu povo, intensificando mais ainda o preconceito, que agora não
mais passa a ser praticado pelo resto da sociedade, mas também pelas próprias pessoas que
sofrem com ele.
Apesar das mudanças no nosso ordenamento jurídico e na legislação serem
bastante pequenas, elas têm sido de grande importância na luta contra o preconceito, mesmo
quando o mesmo só passou a ser crime a partir da nossa Constituição Federal de 1988, que em
seu artigo 5º, inciso XLII, constitui o racismo como crime inafiançável e imprescritível,
aplicando assim pena de reclusão para aqueles que praticarem o preconceito.
O início de uma nova fase de reivindicações sociais foi marcado pelas primeiras
revoluções da classe operária, onde a mesma, clamava por direitos os quais a fossem proteger
da violência que era a exploração exacerbada nas relações sociais de trabalho, onde sempre
era dado ênfase somente ao homem trabalhador, e a mulher, mais especificamente um grupo
feminista, viu a necessidade de abrir os olhos da sociedade e mostrar que a classe operária era
formada por dois sexos, iniciando assim uma série de estudos a respeito da importância da
mulher trabalhadora, que, quando eram tratadas como invisíveis, acabavam por sofrer
preconceito e por serem excluídas, gerando assim mais violência. (BANDEIRA; BATISTA,
2002)
Cada vez mais, foi surgindo a necessidade de estudos que fossem à fundo a
respeito das “múltiplas faces do povo que é um”, dando início a vários movimentos sociais de
afirmação identitária naquelas sociedades que costumavam calar as diferenças, as
singularidades, que até então, viviam escondidos em seus casulos, ansiando por direitos
sociais e por uma assistência maior advinda do Estado, onde o mesmo fosse valorizar e
respeitar as diferenças, deixando de lado o valor negativo que foi construído pela sociedade de
que ser homossexual, negro, mulher, velho ou indígena, em outras palavras, havia um
sentimento de vergonha por ser diferente, e foi nesse momento que surgiu o desejo de
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combater, de ascender esse sentimento para orgulho, orgulho de ser diferente, orgulho de lutar
contra o preconceito, até que não se precise mais lutar.
De fato, os movimentos sociais que aconteceram durante toda a história do Brasil
acarretaram várias mudanças no legislativo do nosso país, principalmente após a Constituição
Federal de 1988, pois foi a partir dela que práticas preconceituosas e ações discriminatórias
começaram a ser punidas de forma mais severas e rígidas comparado as leis anteriores a esta,
tendo esta recebido várias emendas ao decorrer dos anos que fizeram com que o leque de
formas e expressões discriminatórias passassem a ser punidas também.
família ao ver um filme romântico naturalmente irá ficar emocionada. Mas esse componente é
relativo quando inserido no processo de criação da atitude, pois mesmo um sentimento pode
ser contido. Não são poucos os relatos que vemos em programas policiais, jornais e revistas,
casos de crimes passionais, ou mesmo casos de homofobia no qual um indivíduo tem um
sentimento de nojo ou ódio pela opção sexual de outra pessoa.
Já o componente comportamental, ainda segundo Aroldo (2000), confunde-se com
o componente emocional, porém o comportamental se encaixa na formulação de uma
predisposição do ser humano, geralmente baseado em experiências passadas, junto com uma
situação atual, que ocasiona o surgimento de uma nova atitude. Para simplificar, o
componente comportamental pode ser definido simplesmente como um reflexo. Já o
emocional também é trazido de uma predisposição, porém atrelado a sentimentos e não
comportamentos. Vale ressaltar que todos esses componentes são ligados entre si, podendo
um indivíduo em uma atitude desenvolver mais de um componente.
A partir desses conceitos podemos começar a formular um, de muitos caminhos,
onde o comportamento preconceituoso está relacionado com o ambiente que é inserido.
Lembrando que essa diretriz é dinâmica, pois um mesmo individuo inserido em um ambiente
propicio a formação de um ato preconceituoso, não necessariamente aquele terá a mesma
atitude que este, porque o componente cognitivo é diferente.
Preconceito. Uma prática milenar que é um dos maiores e mais graves problemas
da sociedade, prática ao qual traz não apenas problemas no âmbito social, mas também
problemas de saúde que muitas das vezes se encerram em um transtorno e na pior das
hipóteses, o suicídio. Perder uma vida por não aceitar a diferença do outro é inaceitável, tudo
isso por ignorância e por medo do desconhecido, por não aceitar que o outro pode viver em
sociedade e igualdade só por não se encaixar nos padrões que a sociedade estabelece.
Ao longo do tempo, vemos que a educação tem sido o melhor caminho para
combater o preconceito, pois quando saímos da zona de ignorância, passamos a aceitar e
entender a diferença do outro, adquirindo conhecimento suficiente para saber que pelo outro
ser diferente, não significa que preciso temer o desconhecido ou que esse fato irá me
prejudicar, mas sim que devo respeitar e trata-lo de forma igual aos demais na sociedade, pois
só assim estarei interceptando a desconstrução do ser, impedindo que haja uma regressão do
que me torna um ser humano e evoluindo para aceitar as dessemelhanças.
20
A educação, portanto, é o maior e o mais árduo problema que pode ser proposto aos
homens. De fato, os conhecimentos dependem da educação e esta, por sua vez,
depende daqueles. Por isto, a educação não poderia dar um passo à frente a não ser
pouco a pouco, e somente pode surgir um conceito da arte de educar na medida em
que cada geração transmite suas experiências e seus conhecimentos à geração
seguinte, a qual lhes acrescenta algo de seu e os transmite à geração que lhe segue
(KANT, 2002, p. 20)
Existe ainda, o auto preconceito, onde o indivíduo, devido toda a pressão exercida
pela sociedade em relação a sua individualidade, ou seja, às suas diferenças, cria um
mecanismo de defesa para se preservar, sendo esse um sentimento oculto e de total negação
sobre o seu ser, pois aquele individuo não aceita fazer parte daquele determinado grupo de
minorias, e acaba por discriminar as pessoas que fazem parte do mesmo grupo que ele,
rejeitando a si mesmo por sentir vergonha. Para vencermos esse tipo de preconceito,
precisamos parar com esse pensamento incapacitante, onde diminuímos o outro que se
encontra na mesma situação, empurrando essas pessoas para baixo, e começar a entender que,
a sua posição não vai mudar só porque conseguiu derrubar mais ainda quem já estava por
baixo, e sim que você afundará junto com ela.
As ações afirmativas estão ganhando cada vez mais espaço contra as
discriminações, possuem o objetivo de eliminar estas além de garantir que todos sejam
tratados de forma igual e que exista oportunidade para todos, independentemente de suas
diferenças. Podemos citar como um grande avanço que partiu dessas ações o trabalho que o
legislador vem executando desde 1961 com o deficiente na sua inclusão no meio escolar, e
que só se intensificou em 1991 com a obrigatoriedade de contratação de deficientes para
exercer trabalhos em empresas tanto públicas como privadas, e que só melhorou ainda mais
com a chegada da Constituição Federal de 1988. Ainda sobre a inclusão do deficiente, o
Decreto Nº 3.956/2001 chegou para deixar bem claro e reafirmar que essas pessoas são
também totais detentoras de liberdade e direitos fundamentais.
Precisamos combater o preconceito diariamente, lutando para desconstruí-lo, e
não a pessoa humana, usando como arma a educação, pois enquanto houver ignorância,
haverá preconceito. “Unamo-nos por uma luta comum! Unamo-nos para exigir nossa
completa participação e igualdade de oportunidade! ”.1
1
Grito dos participantes do I congresso mundial da Organização Mundial de Pessoas
Deficientes, Singapura, 1981.
21
Como previsto no artigo 1º, inciso III, da nossa Constituição Federal de 1988, o
Estado democrático de direito tem como fundamento o princípio da dignidade da pessoa
humana, que estabelece o direito de todo ser humano ser respeitado como pessoa, garantindo
o mínimo para a sobrevivência, além de não ser prejudicado em sua existência a sua saúde, a
vida e o corpo, pois o quando o estado passa a adotar esse princípio como fundamento de sua
democracia, entende-se que o ser humano passa a se tornar o centro e o fim do direito, ou seja,
esse princípio se torna uma grande muralha impenetrável, visto que é o valor supremo
cultivado pela Constituição Federal.(AWAD; 2006)
Este princípio, possui uma ligação direta com o direito natural, pois quando
falamos em direitos naturais, nos referimos a algo que nasce com o homem, logo, a dignidade
faz parte dele. Ao nascer, todo ser humano se encontra em igualdade no que diz respeito à
dignidade, o que vem a diferenciar e individualizar a dignidade de cada ser, será o contexto
econômico e sociocultural ao qual estes seres se encontrarão posteriormente. Mesmo havendo
essa diferenciação, o objeto ao qual esse princípio é determinado a proteger é toda e qualquer
pessoa, nunca levando em consideração o seu sexo, idade, origem, cor, capacidade de
entendimento, condição social ou status jurídico. É de total importância destacar que tal
princípio, que é um princípio fundamental, não necessita de nenhuma norma
infraconstitucional para que sua devida aplicação seja efetivada e nem para ser
regulamentado, se tornando autoaplicável, ou seja, uma norma jurídica de eficácia plena.
Em 1937, surge uma nova constituição que ficou marcada pelo seu retrocesso,
pois voltou a empregar a velha fórmula lacônica, prevendo simplesmente que todos eram
iguais perante a lei. Em 1940, entrou em vigor o novo Código Penal, o qual está vigente até os
dias atuais. A priori o Código Penal não tratava de nenhuma tipificação sobre condutas
racistas ou discriminatórias, mas que em 1997 teve esse cenário alterado com a chegada da
tipificação do crime de injúria qualificada pelo preconceito. O legislador brasileiro só passou
a realmente encarar o preconceito como algo negativo em 1946, partindo do “espirito
mundial”, pois o mundo acabava de presenciar os terríveis acontecimentos da segunda guerra
mundial, e com isso os povos começaram a se preocupar mais e dar mais importância a
questão do preconceito, criando alguns mecanismos capazes de combate-lo para evitar novas
atrocidades parecidas com às da segunda guerra mundial.
A Constituição de 1946, foi a primeira legislação pátria que realmente buscou
combater o terrível problema do preconceito, pois consagrava em seu artigo 5º que “não seria
tolerada propaganda de guerra, de processos violentos para subverter a ordem política e
social, ou de preconceitos de raça ou de classe. ”. De autoria do Deputado Federal Afonso
Arino de Melo Franco, em 1951 surgiu a lei 1.390/51, que passou a tipificar como
contravenções penais todos os atos que fossem resultados de preconceito de raça ou cor, tendo
como punição pena de prisão simples de até um ano, de multa ou de perda do cargo público.
Porém, a lei de Afonso Arino foi bastante criticada por não conter sanções severas, e foi assim
que a nova Constituição de 1967 pela primeira vez enunciava uma punição em relação ao
racismo. Já na constituição de 1969, o contexto da anterior foi mantida, porém, melhorada no
aspecto de que não seria tolerada a propaganda de preconceito de religião. Em 1978 a Lei de
Segurança Nacional (lei 6.620/78) passou a tipificar como crime à segurança nacional a
24
incitação do ódio e da discriminação racial. E então, em 1988, com o fim do regime militar
além de uma grande movimentação nacional, foi promulgada a nova Carta Magna que rege
até os dias atuais, chamada de “constituição cidadã”, tendo evoluindo cada vez mais, pois
trouxe consigo diversos dispositivos com a temática do racismo, instituindo a promoção do
bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação, o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana e começou a tomar
uma postura de repúdio ao terrorismo e racismo nas relações internacionais, além de
estabelecer o princípio da igualdade, sem distinção de qualquer natureza e conceder ao crime
de racismo o status de crime imprescritível e inafiançável. Apenas três meses após a entrada
em vigor da Constituição Federal de 1988, foi sancionada a Lei 7.716/89 que tipifica as
condutas racistas como crimes punidos com pena de reclusão de até cinco anos.
6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
7. ANÁLISE DE DADOS
realizada por Marconi e Bicudo ([200-]), publicada pelo Sindicato dos professores de São
Paulo (SIMPRO-CE), afirma que o preconceito racial, no Brasil, ainda continua camuflado e
não assumido, de acordo com dados obtidos em uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu
Abramo, mostrando que 90% entrevistados afirmavam que realmente existe sim a
discriminação, porém 96% deles informaram que não possuem preconceito contra negros,
97% não são preconceituosos com brancos e 96% relataram não ter preconceito com índios. A
pesquisa foi bem abrangente, entrevistando 5003 pessoas com mais de 16 anos em 266
municípios brasileiros.
A entrevista supracitada não abordou apenas perguntas simples, o questionário
envolvia outras perguntas para ver, se realmente, as pessoas estavam respondendo
verdadeiramente ou se estavam respondendo de forma contrária ao que realmente pensava por
vergonha ou outro motivo. Assim, os pesquisadores envolveram questões relacionadas a
linguagem cotidiana, crenças em superioridade intelectual de alguma raça, ao voto quando se
tratava de candidatos de cor diferente e a relação familiar e da comunidade com pessoas de
outra raça ou cor e foi observado que a tese de não-preconceito relatada no início da
entrevista, não se sustentava e que, na verdade, o preconceito era muito forte (MARCONI;
BICUDO, [200-]).
Felizmente, ainda segundo Marconi e Bicudo ([200-]), a pesquisa realizada pela
Fundação Perseu Abramo mostrou que houve uma redução na taxa de preconceito quando
comparada. Atualmente 75% dos entrevistados apresentaram preconceito e, para a população
urbana, que compreendia 89% dos entrevistados, 74% apresentavam algum tipo de
preconceito enquanto que na pesquisa do Datafolha esse número era de 87%. Também a não
manifestação de preconceito dobrou de 13% para 26%, o preconceito leve passou de 36%
para 50%, o preconceito forte caiu de 4% para 1%, e o médio foi de 47% para 23%. Esses
dados mostram que é possível sim mudarmos e erradicar o preconceito e que é natural que o
homem evolua e com essa evolução, também devemos mudar nossa visão com relação ao
outro, entender que existem pessoas diferentes e que essas pessoas devem ser tratadas iguais
nas suas diferenças e limitações.
Já com relação a homofobia e transfobia, de acordo com a ONUBR ([2016]),
ainda são bastante fortes em todos o mundo, expondo a classe LGBT de todas as idades a
flagrantes violações de direitos humanos e, no Brasil, a situação não é diferente. Dados
publicados em 2012, pelo 2º Relatório Sobre Violência Homofóbica,, publicado pela
Secretaria dos Direitos Humanos, aponta que no ano de 2012 foram 9.982 denúncias de
violações de direitos humanos relacionadas à população LGBT registradas pelo governo
26
federal, enquanto que no ano anterior, em 2011, esse número foi bem menos, registrando
apenas 6.809, mostrando que a violência contra essa classe está aumentando de forma
alarmante no país, onde a quantidade de relatos aumentou em mais de 3 mil no país.
Em uma notícia publicada hoje por Melo (2018) no Jornal Diário do Nordeste, 20
pessoas LGBTIs+ foram assassinadas no Ceará no ano de 2018, este dado foi coletado pelo
Centro de referência LGBT Janaína Dutra, que está ligado à Secretaria de Direitos Humanos e
Desenvolvimento Social da Prefeitura de Fortaleza. Em 2017, este número chegou a 30 casos.
De janeiro a agosto de 2018, o centro acompanhou 656 casos e, em 2017 foram 873
atendimentos jurídico, psicossocial e educativo. Vale ressaltar que as pessoas que relataram
esses abusos envolviam pessoas desde analfabetas até com pós-graduação, mostrando que o
preconceito está presente em todas as esferas do ensino.
A reportagem do Jornal Diário do Nordeste afirma ainda que, no Brasil, as
estatísticas apontam que Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros
(LGBTI+) são alvos recorrentes de insegurança nas ruas. Muitos acham que o preconceito não
mata, mas as pesquisas mostram justamente o contrário, além de tudo que já relatamos, o
preconceito ainda é um caso de saúde, pois muitas pessoas acabam tirando a vida por conta do
preconceito que sobre corriqueiramente, afetando o seu estado emocional e psicológico
(MELO, 2018).
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo assim, constatamos que as ações tomadas pelo Estado, sozinhas, não são
capazes de resolver o problema e promover a grande mudança que é necessária em nossa
sociedade, no entanto, o caminho trilhado pela legislação atual em prol da igualdade abre a
visão da população para que as gerações futuras possam nascer com um novo olhar, que de
um modo geral, será positivo.
9. REFERÊNCIAS
BOBBIO, Noberto. Elogio da Serenidade. 2. Ed. São Paulo: Unesp, 2011. 216 p.
CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Preconceito Racial: Portugal e Brasil - Colônia. São
Paulo: editora brasiliense. 1983, p. 18.
LEMISZ, Ivone Ballao. O princípio da dignidade da pessoa humana. [S. l.], 25 mar. 2010.
Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/5649/O-principio-da-dignidade-
da-pessoa-humana>. Acesso em: 3 abr. 2019.
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LIMA, Jhéssica Luara Alves de. Direitos humanos e discriminação racial. em: Âmbito
Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 92, set 2011. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10352>. Acesso em abr 2019.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.41
PENA JÚNIOR, Moacir César. Direito das pessoas e das famílias: doutrina e
jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 10.