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Unidade IV
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Os agentes públicos podem praticar, no exercício das funções estatais, condutas violadoras do
Direito, capazes de sujeitá-los à aplicação das mais diversas formas de punição. Se o comportamento
causar prejuízo patrimonial, pode ser proposta ação civil pública visando à reparação do dano. Sendo
praticada conduta tipificada como crime, instaura-se um processo penal tendente à aplicação de
sanções restritivas da liberdade. Já na hipótese de infração de natureza funcional, o Poder Público
poderá instaurar um processo administrativo que, em caso de condenação do agente, resulta na fixação
de sanções relacionadas ao cargo público, como advertência, suspensão e até demissão do servidor.
Essas três instâncias distintas de responsabilidade, a civil, penal e administrativa, compõem a denominada
tríplice responsabilidade do agente. A par das repercussões civil, penal e administrativa, é possível identificar
uma quarta esfera de responsabilização do agente público em decorrência de conduta praticada no exercício
de suas funções, a saber, aquela decorrente da aplicação da LIA – Lei 8.429/92. Como aplicação das sanções
decorrentes da prática de ato de improbidade administrativa ocorre em processo judicial autônomo em
relação às demais esferas de responsabilização, a doutrina afirmar que a apuração do ato de improbidade
independe do resultado nos processos civil, penal e administrativo. Isso porque, em regra, as diferentes
instâncias punitivas são independentes entre si, de modo que o resultado em uma independe das demais.
Base Constitucional - art. 37, § 4º, da CF. Trata-se de norma de eficácia limitada cuja aplicabilidade
somente ganhou alcance prático com a promulgação da Lei 8.429/92. A lei definiu contornos concretos
para o princípio da moralidade administrativa, com base no enunciado no art. 37, caput. Na verdade,
o princípio da probidade é um subprincípio dentro da noção mais abrangente de moralidade. O dever
de punição dos atos de improbidade é também uma imposição ao princípio da legalidade. Outras
disposições – dever de probidade administrativa: art. 14, § 9º, 15, V, 85, V. Abrangência e natureza da
lei – art. 1º, da Lei é aplicável aos atos praticados por qualquer agente público - servidor ou não, .....;
o parágrafo único – estende as penalidades previstas também aos atos praticados contra o patrimônio
de entidade que recebe subvenção, benefício ou incentivo fiscal ou creditício, de órgão público, Sendo
aplicável simultaneamente a todos os âmbitos federativos – a lei tem natureza de lei nacional diferindo
das leis federais comuns que são obrigatórias somente para a esfera nacional.
Sujeito passivo – é a entidade que sofre as consequências do ato de improbidade administrativa – art. 1º.
Sujeito ativo - qualquer agente público – significa que os atos de improbidade podem ser praticados
por todas as categorias de agentes públicos, incluindo os servidores estatutários, empregados celetistas,
agentes políticos, contratados temporários, particulares em colaboração, tais como os requisitados
de serviço (mesários e conscritos, por exemplo). A LIA também se aplica a funcionários dirigentes de
sindicatos, entidades do terceiro setores, como as assistenciais, e pessoas componentes do Sistema S.
Entretanto, o artigo 3º, estende as penas àquele que, mesmo não sendo agente público, induza
ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma, direta ou
indireta.
Síntese – aplica-se a LIA a todas as categorias de agentes públicos, a não agentes, desde que induzam,
concorram ou se beneficiem dos atos de improbidade. Portanto, o sujeito ativo é quem figurará no polo
passivo da ação judicial de improbidade.
Arts. 9º a 11 – define um rol exemplificativo das condutas que caracterizam improbidade administrativa,
dividindo em 3 categorias:
- Atos de improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário – art. 10 - possuem gravidade
intermediária. Não produzem enriquecimento do agente, mas provocam uma lesão financeira aos
cofres públicos. Tratam-se de casos em que o agente público causa lesão ao erário por meio de
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbarateamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades públicas mencionadas na lei.
Sanções cabíveis sem prejuízo das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação
especial, está o responsável pelo ato de improbidade que causa lesão ao erário sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade
do fato. Art. 12, II.
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Unidade IV
Declaração de bens – determina o artigo 13, da LIA, que a posse e o exercício de agente público
ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores componentes de seu patrimônio
privado. A declaração deverá indicar imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações e qualquer
outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no país ou no exterior, e quando for o caso,
abrangerá bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas
que vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos apenas objetos e utensílios de uso
doméstico – art. 13, § 1º.
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TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO PÚBLICO (OPTATIVA)
Regras – a LIA não define regras para sequestro de bens – observam-se os artigos 822 e 825, do CPC.
MP e a pessoa jurídica prejudicada pela improbidade poderão, quando for o caso, formular pedido de
medida cautelar: sequestro, investigação, exame ou bloqueio de bens; bloqueio de contas bancárias e
aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior.
Ação judicial de improbidade – deve ser proposta na primeira instância e sua tramitação segue
o rito ordinário, aplicando-se subsidiariamente as regras da Lei da Ação Civil Pública – Lei 7247/85.
Somente o Ministério Público e a pessoa jurídica prejudicada podem propor ação de improbidade
administrativa. Quando não for o MP o autor, obrigatoriamente atuará como fiscal da lei, sob pena de
nulidade do processo.
Cuidado: O artigo 17, § 1º, da Lei de Improbidade, foi revogado pela Medida Provisória n. 703, de
18 de dezembro de 2015. Portanto, atualmente, é possível a transação, acordo e conciliação na ação de
improbidade administrativa.
Estando a inicial em termos, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruído com documentos e justificações, dentro do
prazo de 15 dias. Recebidas as manifestações, o juiz, no prazo de 30 dias, em decisão fundamentada,
rejeitará a ação se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da
inadequação da via eleita.
Só depois será realizada a citação do réu para contestar o feito. A sentença que julgar procedente
ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o
pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo
ilícito. A efetivação da suspensão dos direitos políticos e a perda do cargo somente ocorre com trânsito
em julgado da sentença condenatória. Admite-se, no entanto, que a autoridade administrativa ou o juiz,
no interesse da investigação, determine o afastamento do agente, hipótese em que ele permanecerá
recebendo a remuneração mesmo afastado.
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Unidade IV
Prescrição – art. 23, da LIA, determina que as ações destinadas a levar a efeito as sanções decorrentes
de improbidade poderão ser propostas:
- dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com
demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego. Entretanto,
em atenção ao disposto no artigo 37, § 5º, da CF, na hipótese de o ato causar prejuízo ao erário,
ação de improbidade é imprescritível. Segundo a 2ª Turma do STJ.
Condenação por improbidade e lei da ficha limpa – art. 1º, I, da Lei Complementar 135 – 4 de
junho de 2010, declara inelegíveis os agentes públicos que forem condenados à suspensão dos direitos
políticos em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de
improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a
condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 anos após o cumprimento da pena.
Tornaram-se inelegíveis todos os agentes públicos condenados em segunda instância por ato doloso
de improbidade administrativa, ainda que a decisão não tenha transitado em julgado. A inelegibilidade
começa a contar da data da condenação e permanecerá em vigor durante o cumprimento da pena
somando ao prazo de 8 anos. Nem toda condenação por improbidade é punida pela Lei da Ficha Limpa
Devem estar presentes os seguintes requisitos:
- uma das penas aplicadas pelo órgão colegiado deve ter sido a de suspensão dos direitos políticos;
- lesão ao erário.
No julgamento das ADCs 29 e 30 e da ADI 135/2010, realizado em fevereiro de 2012, o STF considerou
constitucional a Lei da Ficha Limpa inclusive quanto à definição de novos casos de inelegibilidade mesmo
antes do trânsito em julgado da decisão condenatória.
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Informações:
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