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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE (CCBS)


CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

EYMAEL SILVA DE SOUZA


JULIANA ALMEIDA MENEQUINI

DA MAGIA PARA A BIOLOGIA – POSSIBILIDADES DA SÉRIE


HARRY POTTER PARA O ENSINO DE GENÉTICA

São Paulo
2011
2

EYMAEL SILVA DE SOUZA


JULIANA ALMEIDA MENEQUINI

DA MAGIA PARA A BIOLOGIA – POSSIBILIDADES DA SÉRIE HARRY


POTTER PARA O ENSINO DE GENÉTICA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade
Presbiteriana Mackenzie como requisito
parcial à obtenção do grau de Licenciado
em Ciências Biológicas.

ORIENTADORA: Profa. Dra. Ana Paula Pimentel Costa

São Paulo
2011
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Agradecimentos

Agradecemos primeiramente a Deus, pela força em nós depositada, as


oportunidades a nós ofertadas, pelas portas abertas e desafios que superamos.
Sem Ele não somos nada.
À Universidade Presbiteriana Mackenzie, ao Centro de Ciências Biológicas
e da Saúde e à direção do curso de Ciências Biológicas pela oportunidade e
suporte oferecido e pelo incentivo ao nosso aprimoramento, como futuros
educadores.
Aos professores do Curso de Ciências Biológicas e, em especial, à equipe
de Licenciatura, em nome dos professores Adriano Monteiro de Castro, Rosana
dos Santos Jordão e Magda Medhat Pechliye, pelo empenho, persistência e
perseverança dedicados.
À nossa professora orientadora Ana Paula Pimentel Costa, por aceitar
participar dessa viagem fantástica, pela excelente orientação oferecida, pelos
conselhos produtivos e por acreditar em nós e em nosso potencial e criatividade.
Aos nossos amigos e familiares, pelo apoio que tem nos dado, pela força
que nos tem prestado e pela confiança em nós depositada. Nossa base e nossa
riqueza.
A todos os professores que, ao longo de nossa formação básica, estiveram
sempre conosco, nos estimulando a aprender, nos auxiliando a construir
conhecimentos, nos apoiando e nos incentivando a sempre buscar o melhor em
nós mesmos e a lutar pelos nossos ideais.
E especialmente a J. K. Rowling, por nos oferecer a chance de compartilhar
um mundo tão mágico e fascinante durante nossa infância e adolescência, por nos
mostrar que sonhos podem ser palpáveis, por despertar em nós (e em toda uma
geração) o gosto pela leitura e por nos mostrar valores importantes – e que faltam
hoje em dia – pelos quais realmente se vale a pena lutar. Essa foi, de verdade, a
verdadeira Magia de Harry Potter!
4

Perder tempo em aprender coisas que não


interessam, priva-nos de descobrir coisas
interessantes.

Carlos Drummond de Andrade

É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve


aprender a fazer.

Aristóteles
5

Resumo

O Ensino de Genética possui algumas dificuldades inerentes, dentre elas o


nível de abstração exigido, a linguagem difícil e a distância entre o que se aprende
na escola e a aplicação na vida real. Neste contexto, este trabalho apresenta: uma
proposta para o Ensino de Genética que considere a possibilidade de uso de uma
das séries literárias de maior destaque entre o público escolar do ensino Médio de
forma a gerar interesse nos alunos para o Ensino de Genética. Para isto foi
utilizada a série Harry Potter, escrita por J. K. Rowling; que se tornou uma febre
mundial em diversas faixas etárias, principalmente entre crianças e adolescentes.
Várias propostas de roteiros de atividades são apresentadas. Isto permite que
professores do ensino básico venham a conhecer essa alternativa, e possam
adaptá-la de acordo com as necessidades, demandas e peculiaridades de suas
classes. Não se visa que esta proposta tenha por objetivo apenas propor o ensino
da Genética da série Harry Potter per si, mas fornecer uma ferramenta que
possibilite a analogia com conceitos biológicos e maximize o processo de
construção de conhecimentos da área de Genética de uma forma mais
significativa para o educando.

Palavras-chave: Ensino de Genética. Harry Potter. Literatura. Hereditariedade.


Proposta de roteiro.
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Abstract

Education involving Genetics has some inherent difficulties as the degree of


abstraction, a complex vocabulary and the gap from “what you learn in school” to
the real life. In this context, the aim of this work was a proposal for Teaching
Genetics using a series of books, the Harry Potter series. Harry Potter books are
written by J. K. Rowling, and became a global fever, especially among children and
adolescents. So, we used the Harry Potter series as a hook to introduce and
discuss genetic concepts to high school students. Various activities guides were
proposed. They allow school teachers to adapt each of them according their
needs, demands and their classes‟ peculiarities. We not intended with this proposal
teaching the Genetics of the Harry Potter, but using it to do analogies with
biological concepts and for maximizing the process of building the knowledge of
genetics reaching a more significant level for the student.

Keywords: Teaching Genetics. Harry Potter. Literature. Heredity. Proposal for


a screenplay.
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Sumário

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................8
2. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................11
3. METODOLOGIA.................................................................................................20
4. RESULTADOS...................................................................................................23
4.1. Coleta de Dados...................................................................................23
4.1.1. O início de tudo: O mundo bruxo............................................23
4.1.2. O Status do Sangue................................................................24
4.1.3. Um padrinho presidiário e uma tia inconveniente..................27
4.1.4. Bruxos em todo o mundo e variedades mágicas....................29
4.1.5. A mui antiga e nobre casa dos Black......................................31
4.1.6. Os Mestiços: Gaunt e Snape..................................................33
4.1.7. Magia é Poder.........................................................................34
4.2. Heredogramas.......................................................................................37
4.3. Ações Propostas...................................................................................43
4.3.1. Levantando os conhecimentos prévios... com magia!............43
4.3.2. O Feitiço da Família no Papel: Construir Heredogramas.......44
4.3.3. Um caldeirão com dois ingredientes........................................44
4.3.4. Dois indivíduos iguais, sem Poção Polissuco..........................45
4.3.5. Ser bruxo é como não poder tomar leite.................................46
4.3.6. Ser bruxo e falar com as cobras é como ter seis
dedos.................................................................................................47
4.3.7. Fugindo de Azkaban: as exceções à regra.............................47
4.3.8. O Enigma do gene dominante e recessivo..............................48
5. ANÁLISE............................................................................................................51
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................58
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................60
8. APÊNDICE.........................................................................................................65
8.1 Glossário................................................................................................65
8

1. Introdução

Diversos autores vêm escrevendo nos últimos anos sobre o sucesso que a
coleção de livros da autora britânica Joanne Kathleen Rowling tem tido ao redor
do mundo. Harry Potter passou de uma série juvenil para um dos maiores
fenômenos literários da História em aproximadamente uma década; seu destaque
transpôs as páginas dos sete livros e chegou às telas de cinema com a produção
de oito filmes, além de inúmeros outros produtos, sites e livros. O sucesso de
Harry Potter, segundo Blake (2002) se deve a uma série de fatores, dentre eles o
fato das histórias serem coerentes, bem montadas e atrativas; permitindo que
tanto os novos leitores se identifiquem na obra, quanto aos tradicionais leitores
retomarem velhos clássicos pelos pontos de intertextualidade resgatados por
Rowling.
São poucos os jovens e crianças hoje em dia que não tenham tido um
mínimo contato com a história do pequeno órfão com uma cicatriz em forma de
raio na testa, que ao descobrir que é bruxo, passa a conhecer um mundo
fantástico e mágico, ao qual pertence, um mundo onde as aventuras se mesclam
a uma realidade quase palpável. Toda uma geração cresceu acompanhando a
publicação das histórias, o desenvolvimento de personagens que enfrentavam os
desafios da adolescência e cursavam a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
Essa foi a referência de muitos jovens ao ler Harry Potter: valores de amizade,
esforço, justiça e igualdade são algumas das razões que mobilizam o
desenvolvimento desta pesquisa. Mas a maior Magia de Harry Potter – e porque
não dizer de Rowling? - na verdade foi abrir os olhos de toda uma geração de
crianças e jovens para o gosto pela leitura e o desejo de aprender cada vez mais
(BLAKE, 2002). E estas foram experiências pelas quais passaram os dois autores
que redigem este texto.
Ao longo de todo processo de formação básica foi marcante e notório para
ambos os autores o fato de que muitas aulas chegavam quase a ser uma prisão
nas masmorras, perseguição por balaços ou afronta a dragões maiores do que os
do fantástico mundo da Magia: pelos conteúdos não fazerem sentido, pela
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descontextualização das aulas, pela crença de que os alunos fossem indivíduos


sem vontade e sem interesse, como esponjas as quais fosse dado conhecimento
a se absorver. O ensino em diversos momentos se convertia mais em um
processo de tortura do que uma experiência de formação.
Durante o curso de Licenciatura ficou evidente também, após o estudo dos
atuais autores sobre a Educação, que um ensino tradicional, que preze pela
memorização mecânica de conceitos tem por finalidade apenas domesticar os
alunos, fazê-los acríticos, torná-los iguais e competitivos para uma sociedade em
que as desigualdades só tendem a aumentar tendo o consumismo e o
materialismo como valores dominantes. Frente a isso, se fazem necessárias
novas propostas, novas maneiras de pensar e novas maneiras de agir em sala de
aula. Sendo a escola um âmbito de formação, é nele que as mudanças devem se
iniciar para que a sociedade possa mudar.
Neste contexto, este trabalho visa contribuir em parte com essa mudança,
pelo Ensino de Genética: um ensino que faça sentido para o aluno, que seja
atrativo para ele e que mostre que é possível entender o mundo real pela
compreensão da ficção. E é para isso que o trabalho está voltado: uma proposta
para o Ensino de Genética que considere a possibilidade de uso de uma das
séries literárias de maior destaque entre o público escolar do ensino Médio.
Este trabalho encontra-se estruturado em quatro momentos:
Um Referencial Teórico, em que serão discutidas as questões pedagógicas
que fundamentam esta pesquisa, afinal para entender uma proposta, faz-se
necessário que se situe a mesma em uma concepção de Educação e em uma
concepção de Escola, as quais devem estar voltadas para outros valores e
finalidades do que aqueles tradicionalmente definidos.
Entendendo o caráter e os fundamentos nos quais se baseiam a visão
deste trabalho segue-se uma parcela de discussão sobre a atual situação do
Ensino de Genética: quais são os atuais problemas, o que tem sido feito, quais
são as possíveis soluções apontadas e como é possível contribuir para a melhoria.
Segue-se, após esta fundamentação teórica, um relato dos procedimentos
metodológicos adotados para responder a pergunta de pesquisa: Qual a
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possibilidade de se utilizar a série Harry Potter para ensinar Genética? Neste


momento irá se encontrar descrito como foi feita a leitura dos livros com um novo
olhar, como os dados foram coletados e de que maneira foram utilizados. O
processo de confecção e elaboração deste trabalho também estão elucidados
nesta parte.
Na seguinte divisão, os dados coletados encontram-se organizados e
enumerados, de acordo com os livros, em forma de resumos de cada livro e
quadros que apresentam aspectos relativos a genética encontrados em cada livro.
Nos Resultados estão também apresentados as ações propostas e os
heredogramas montados a partir dos dados coletados nos livros.
E, com base nos referenciais adotados, os resultados serão discutidos na
Análise, de forma a se ter uma ideia sobre a validade e a viabilidade de se utilizar
os livros de J. K. Rowling para o Ensino de Genética. Logo na sequência estão
registradas as considerações finais que os autores assumem frente ao
desenvolvimento de todo o trabalho.
Deste modo o objetivo geral deste trabalho é:
Identificar possibilidades na série Harry Potter para a proposição de
situações em sala de aula que visem à resolução de problemas de
Genética.
São objetivos específicos:
Analisar a série Harry Potter como recurso gerador de interesse para o
Ensino de Genética.
Refletir sobre as dificuldades do Ensino de Genética e propor um
possível recurso alternativo para sua melhoria.
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2. Referencial Teórico

A escola é uma construção histórica e está inserida em um contexto social


que influencia fortemente a sua constituição. Dentro desta lógica, a escola possui
um papel social, que ao longo dos últimos anos, vem sendo caracterizado como
um espaço que visa ensinar práticas de submissão aos seus educandos, com a
finalidade de prepará-los para a vida em sociedade; ao invés de entender a escola
como parte da vida do aluno (FREITAS, 2004).
Freire (1996), reconhecendo esta ideia, propõe que haja uma mudança na
lógica da escola, pois todo indivíduo tem direito à liberdade, e esta deve ser o
objetivo norteador, fundamentado no pensamento crítico; já que a partir da
liberdade se constrói o senso de autonomia, e este é pré-requisito para a
formação da responsabilidade.
O indivíduo autônomo tem base para discutir e entender as questões
relacionadas ao seu cotidiano e a sociedade em que está inserido. Desta forma o
indivíduo consegue perceber como os interesses humanos são sobrepostos pelos
interesses dominantes; em que a intenção da Educação é ser transmissora de
informações e ideologias estabelecidas (FREIRE, 1996).
Frente a esta lógica de Educação, a escola atual vem sendo contestada por
muitos pesquisadores, que vêem na perspectiva tradicional um entrave para a
aprendizagem. Um possível recurso para mudar este status quo seria a
fundamentação do trabalho em um referencial construtivista, em que se valorize a
forma como o aluno aprende e não tanto no método utilizado pelo professor. A
socialização em grupo e o trabalho em equipe são bases fundamentais para esta
nova abordagem, pautada em uma nova seleção de conteúdos, que leve em conta
a realidade do aluno e nos aspectos que motivam a sua aprendizagem (SOLÉ,
COLL, 1998).
Para Solé e Coll (1998) a provocação de dúvidas tem papel importante no
processo de ensino-aprendizagem, pois implica numa alteração dos esquemas de
conhecimentos próprios, e através destes rearranjos, é possível que os alunos
12

construam o seu próprio conhecimento. A partir desta perspectiva, o docente


ganha novo papel em sala de aula: o de mediador do processo de Ensino-
Aprendizagem.
Segundo Mauri (1998) esta aprendizagem do aluno está intimamente
relacionada com a elaboração de representações pessoais sobre o conteúdo, e
isto não ocorre em uma mente vazia de ideias, mas sim com os conhecimentos
prévios que os alunos já possuem e que serão utilizados para enganchar, modular
e construir novos conceitos, afim de que estes passem a ter significado e o
professor possa ter, então, participação nesta construção.
Os alunos passam a ter um papel ativo na construção do conhecimento,
pois são levados a estabelecer relações entre vários objetos, ver semelhanças e
diferenças e assim nomeá-los. Portanto, o conhecimento é uma construção
pessoal e que, desta forma, necessita que a sua criação seja constantemente
incentivada, independente da disciplina escolar (MAURI, 1998).
Para o Ensino de Biologia propriamente dito, uma área que merece
destaque é a Genética. O estudo e a compreensão dos conteúdos da Genética
pelos estudantes se fazem necessárias, uma vez que a atual sociedade se
encontra frente às inovações científicas e desenvolvimentos tecnológicos, que
demandam a compreensão de alguns conceitos básicos para que os educandos
desenvolvam uma visão crítica frente ao mundo e a sociedade (GOLDBACH, ET
AL, 2009).
Partilhando desta importância, diversos autores têm relatado as dificuldades
e os fracassos do ensino de Genética para o Ensino Básico, devido o alto grau de
abstração envolvido, pela complexidade dos conceitos estruturantes, pela
descontextualização dos conteúdos apresentados, pela quantidade de termos
específicos da área e pela fragmentação dos currículos e dos livros didáticos
(GOLDBACH, ET AL, 2009; CAMARGO, INFANTE-MALAQUIAS, 2007; SALIM,
ET AL, 2007).
Há também a questão de que boa parte dos conteúdos de Genética são
mal compreendidos por não estabelecerem uma clara relação entre o
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conhecimento popular e o conhecimento científico, que poderiam ajudar ao aluno


a relacionar suas concepções com os novos conteúdos (ABRIL, ET. AL, 2002).
Para Goldbach e Macedo (2007) essa abordagem pouco integrada e
fragmentária incorre em uma visão reducionista, determinística e simplificada de
Genética, acarretando nos alunos, por exemplo, a concepção de que toda herança
genética é determinada por apenas um par de alelos e que estas são imutáveis e
independem de outros fatores.
Estas dificuldades implicam na busca por novas estratégias de ensino, que
promovam uma aprendizagem correta e significativa para o educando; dada esta
necessidade, são possíveis alternativas o uso de práticas inovadoras e recursos
pedagógicos diferenciados, que respeitem o perfil do aluno (GOLDBACH, ET AL,
2009).
Dessa forma, novos assuntos, novos tópicos e novas abordagens, que
considerem os conhecimentos prévios dos alunos e seus interesses, podem
contribuir para um Ensino de Genética mais interessante, contextualizado e mais
próximo, como elucida Camargo e Infante-Malaquias (2007).
Capelli e Nascimento (2008) sugerem que os professores tenham planos de
atividades pautadas na produção autoral do aluno, que auxiliam os estudantes na
auto-organização e na valorização de seu próprio trabalho; esta é uma alternativa
para a ação docente no ensino de Genética, uma vez que tais planos orientam o
professor em seus objetivos e lhe dão ideias de como nortear seu trabalho em
sala de aula, adaptando e trabalhando conforme as necessidades encontradas em
cada grupo.
Contudo, a compreensão do conteúdo pelo professor também é
fundamental, pois uma vez que ele é o mediador que irá trabalhar e discutir com
os estudantes, este deve conhecer os conceitos de Genética para que consiga
construí-los com propriedade junto a seus alunos, de maneira estimulante e
contextualizada sem incorrer em erros conceituais (OLIVEIRA, SILVEIRA, 2010).
Uma possível perspectiva para o avanço no Ensino de Genética, e também
para as Ciências, é a proposição de problemas em sala de aula. Esta estratégia já
vem sendo utilizada para o ensino de Genética atual, mas de uma maneira que
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visa somente a busca por respostas preparadas e decoradas, como discutem


Goldbach e Macedo (2007).
Problemas reais são aqueles em que há situações instigantes que
envolvem os estudantes e que implicam na organização e reorganização do
conhecimento do aluno para que se atinja uma solução; os problemas devem
exigir a compreensão da tarefa, a elaboração de um plano que alcance a meta
explicitada e a execução deste plano para encontrar uma resposta que sane a
situação-problema apresentada (POZO, ECHEVERRÍA, 1998).
Normalmente em sala de aula, os alunos não se deparam com problemas
que sintam a necessidade de resolver, vendo-os apenas como exercícios que são
impostos e que devem ser cumpridos (POZO, CRESPO, 1998). Um problema
verdadeiro é aquele que possui uma resolução pautada em estratégias, em
contraponto ao problema falso, que possui uma solução obtida de maneira
repetitiva e tecnicista; em Genética, conceitos podem ser mal compreendidos
dentro desta visão transmissiva de conhecimento (CAMPOS, NIGRO, 1999;
CAMARGO, INFANTE-MALAQUIAS, 2007).
O efetivo uso de problemas em sala de aula proporciona uma maior
abrangência para aprendizagem, e para isso demanda-se a mobilização dos
alunos para que possam buscar a resolução do problema e contem com o tempo
necessário para tanto (POZO, ECHEVERRÍA, 1998). A atenção do aluno
converte-se então em um recurso que viabiliza o posicionamento deste como
sujeito ativo na sua construção de conhecimentos.
Esta atenção pode ser obtida quando o professor se utiliza de ferramentas
diferenciadas para a proposição dos problemas, ferramentas estas que incluam o
que o aluno já conheça e se sinta preparado para lidar, de forma que este se
empenhe na busca por respostas e sinta prazer enquanto o faz (RAMALHO , ET.
AL, 2006).
A realização de atividades diferentes, dinâmicas e lúdicas também instiga
os alunos a uma participação mais efetiva e uma relação mais íntima com os
conteúdos escolares, gerando melhores resultados e facilitando o aprendizado
(WASKO, ET. AL, 2007).
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Maestrelli e Ferrari (2006) abordam o uso de analogias para o ensino de


Genética, elucidando como modelos que transponham situações análogas podem
atuar para uma melhor compreensão da situação apresentada, desde que o
professor deixe claro o uso da analogia para não incorrer em erro.
Pensando-se na questão do interesse e do uso de analogias, a série Harry
Potter poderia ser um ponto de partida para a melhoria do ensino de Genética.
Craig et. al (2005) propôs um padrão de herança autossômico recessivo para o
fenótipo bruxo da série Harry Potter, destacando este exemplo como uma possível
e útil ferramenta a ser utilizada como analogia para o ensino de Genética
Mendeliana no ensino básico.
Dodd et. al (2005) discordou da ideia proposta por Craig et. al (2005),
creditando a possibilidade de um caráter diferencial para este fenótipo, incluindo
questões como expressividade variável e não haver um padrão específico para o
fenótipo bruxo na obra de Rowling (1997, 1998, 1999, 2000, 2003, 2005, 2007),
embora também releve a série Harry Potter como um possível ponto de partida
para gerar interesse.
Em um estudo de caso, feito na Austrália, Driessnack (2009) utilizou a série
Harry Potter para explicar a uma família e a um garoto de nove anos a ocorrência
de fibrose cística como um padrão de herança análogo aquele proposto
inicialmente por Craig et. al (2005), contribuindo e concordando com a
possibilidade de uso da série Harry Potter para ensinar conceitos estruturantes da
Genética.
O uso da série Harry Potter para a Educação básica aparenta ser
promissor, como aponta Rosa (2008), uma vez que tal série atrai os jovens em
idade escolar, pois reflete sua imagem, seus conflitos e suas dúvidas, permitindo
que se identifiquem com os personagens, expressando e personificando seus
dramas.
Blake (2002) destaca ainda que a série Harry Potter é um fenômeno que
merece atenção e pode ser melhor utilizado, já que seu sucesso atinge tanto a
jovens, quanto crianças e adultos, devido as histórias coerentes, bem montadas e
com tramas atrativas; permite a identificação do jovem e do velho leitor, e ainda
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traz contribuições e valores que faltam à atual sociedade, como o combate a


preconceitos, cooperação, amizade e a superação de desafios através da
persistência, tanto nos filmes, quanto nos livros.
Frente ao fenômeno da série Harry Potter é necessário entender que, na
contemporaneidade, os meios de comunicação têm ganhado destaque por
disseminar informação de maneira cada vez mais rápida e com maior alcance,
como aponta Pechula (2007), popularizando e divulgando obras de sucesso.
Em consequência, o contato dos jovens com complexos conceitos de
Genética tem ocorrido cada vez mais cedo, devido à exposição destes aos meios
de comunicação que veiculam tais informações por desenhos animados e filmes, e
estes rapidamente se tornam sucesso entre os jovens. Harry Potter não é
exceção. Tal conhecimento pode ser utilizado pela escola como pontos iniciais
para discussão a enriquecerem o processo de ensino-aprendizagem
(DRIESSNACK, 2009).
A ficção presente nestes tipos de obras, programas e documentos pode
atuar como mecanismo desencadeador e/ou organizador da estrutura conceitual
do educando, pois implica em uma releitura e, portanto, reorganização de ideias,
do universo fictício (análogo) para o racional (conceito real), que favorece a ação
educativa (GOMES-MALUF, SOUZA, 2008).
Por estarem expostos a esta gama de mundos ficcionais dos veículos de
comunicação em massa, os jovens tem conseguido construir uma visão sincrética
de Ciência, e em decorrência, tem reformulado hipóteses para sua própria
compreensão de mundo (DRIESSNACK, 2009). Os impactos científicos têm sido
refletidos pela mídia, e tem afetado diretamente a sociedade, de forma que o
conhecimento não é mais unidirecional, mas sim resultante de uma série de
informações veiculadas (PECHULA, 2007).
Carvalho (2008) discute a literatura como uma ferramenta de veiculação de
informações, pois traz consigo conhecimentos do autor que se transpõem em
discursos e saberes transcendentes de determinadas áreas, como é o caso da
Biologia implícita nas obras literárias.
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Pechula (2007) elucida a questão de que conhecimentos e valores de uma


sociedade são reflexos culturais dessa mesma sociedade, e que estes também
são transpostos pelos meios de informação e pelas obras culturais. O uso da
literatura para o ensino de Ciências acaba tendo, por esse viés, um papel
constitutivo na reflexão e reconstrução de significados, levando em conta o
desenvolvimento histórico destas construções (CARVALHO, 2008).
Escritores de ficção, contudo, não se preocupam em produzir verdades, já
que seu compromisso é com a imaginação e a fantasia, mesmo criando mundos
não pensados pelas “Ciências”, mas que seguem os padrões de conhecimento
daquilo que o autor conhece para explicar sua realidade (GOMES-MALUF,
SOUZA, 2008).
Portanto, ao entender o universo do autor, é possível conhecer as
concepções deste sobre diversos assuntos. O conhecimento biológico, em
especial, assume um papel de pano de fundo, compondo cenários e realidades
nos interstícios da história, para estabelecer um arranjo e um padrão lógico
coerente para a ficção. Dessa forma, a literatura traz universos em que as
Ciências Naturais, sob o olhar do escritor, são palpáveis e verificáveis
(CARVALHO, 2008).
Em apoio a esta idéia, Gomes-Maluf e Souza (2008) afirmam que a
aprendizagem é uma construção feita de recortes do mundo real, mas que pode
se tornar mais rica quando associada a realidades multifacetadas e fictícias, pois
permite extrapolar conceitos e especular conhecimento para novas realidades.
Como na atualidade conhecimento não é mais concebido e referenciado em
uma única fonte-parâmetro, mas partilhada em diversas interfaces, a Biologia – e
também a Genética – como construções sociais, também se articulam a diversas
instâncias para produção de conhecimentos (CARVALHO, 2008).
Estratégias inovadoras que envolvam tais modelos mostram-se promissores
para o Ensino de Genética, pois enriquecem e contribuem para o processo de
ensino-aprendizagem e permitem uma maior interação entre professor, aluno e
conhecimento (VALADARES, RESENDE, 2009). A ação do educador, desta
forma, como afirma Goldbach et. al (2009), deve ser no sentido de trabalhar em
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cima dos conhecimentos prévios dos alunos, transformando as ideias de senso


comum e erros conceituais que os alunos possuem.
Um destes erros conceituais comuns nos alunos que estudam Genética é a
não relação das características biológicas com a transmissão da informação
genética pela formação gamética através da meiose, e em decorrência também
não há uma clara compreensão do conceito de probabilidade envolvido nos
cruzamentos (ABRIL, ET. AL, 2002). Há também uma concepção arraigada entre
os alunos do ensino básico de que DNA, e consequentemente as características
hereditárias, são fatores físicos que estão presente apenas no sangue e no
material reprodutivo, como apontam os trabalhos de Oliveira e Silveira (2010).
Pedrancini e Corazza-Nunes (2008) discorrem que a concepção de
hereditariedade ligada e transmitida pelo sangue é recorrente tanto entre alunos,
quanto na sociedade, já que esta é uma idéia de senso comum presente desde a
Antiguidade e que concebe o sangue como um agente transmissor de
características genéticas; este senso comum vem sendo manifesto até os dias de
hoje através do uso de termos tais como “consaguinidade”, “puro sangue”,
“sangue do meu sangue”, “família de sangue azul”; nos dias de hoje, os testes de
DNA são feitos na maior parte dos casos com sangue, favorecendo a continuidade
deste senso comum.
Discutir Genética em sala de aula, então, implica em uma seleção de
conteúdos relevantes e que sejam necessários às exigências e peculiaridades de
cada classe (GOLDBACH, ET. AL, 2009). Nesta perspectiva, os livros didáticos de
Biologia não precisam ser rigidamente seguidos, mas podem ser utilizados como
um parâmetro de orientação e fonte de pesquisa para os alunos (XAVIER, ET AL,
2006).
Algumas das demandas a nortearem o ensino de Genética devem ser: os
conceitos de Dominância e Recessividade dos alelos – que precisam ser bem
trabalhados já que é padrão a maioria das heranças, Heranças Quantitativas
precisam ser abordadas para se romper com a visão monogênica e determinística
das heranças genéticas, a compreensão do Diagrama de Punnet relacionado à
meiose e a formação de gametas – questão esta que é o cerne da Genética
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Clássica, assim como os Fatores Sanguíneos, que por sua amplitude, permitem
entender as relações de polialelia, codominância e aplicação da Genética à saúde
humana (VALADARES, RESENDE, 2009; CAMARGO, INFANTE-MALAQUIAS,
2007).
Dessa maneira, um Ensino de Genética realmente significativo exige que o
professor provoque uma mudança conceitual em seus alunos e que trabalhe em
torno de seus conhecimentos prévios (ABRIL, ET. AL, 2002). Partindo-se desta
premissa, em concordância com Padilha et. al (2009), é possível popularizar
Ciência através do incentivo à leitura de livros e acesso a materiais que
transponham o conhecimento para a realidade e provoquem a curiosidade do
estudante, favorecendo sua formação crítica e sua postura autônoma na
compreensão do mundo e da sociedade.
20

3. Metodologia

O presente trabalho foi desenvolvido em torno da série literária Harry Potter,


por motivações pessoais e acadêmicas de ambos os integrantes da dupla, que
vieram sendo ponderadas e discutidas há aproximadamente dois semestres ao
longo do curso de Licenciatura.
Este trabalho apresenta um cunho de análise documental, que segundo
Pádua (1996) consiste em toda pesquisa que se baseie na busca de dados,
estudos e consulta de material fixado em forma de documento. E, para tanto, a
coleta de dados foi feita através da leitura dos livros de J. K. Rowling. A
abordagem da obra diretamente da autora permite uma consulta direta à fonte
primária, uma coleta de dados isenta de influências e opiniões críticas, e que
demanda a garantia de autenticidade dos documentos (PÁDUA, 1996).
Durante um mês e meio as leituras foram divididas, um integrante leria os
quatro primeiros livros (Harry Potter e a Pedra Filosofal, Harry Potter e a Câmara
Secreta, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e Harry Potter e o Cálice de
Fogo) e o outro integrante da dupla ficaria responsável pela leitura dos três últimos
livros (Harry Potter e a Ordem da Fênix, Harry Potter e o Enigma do Príncipe e
Harry Potter e as Relíquias da Morte). A divisão levou em consideração o tamanho
dos livros e o tempo para elaboração deste trabalho; como ambos os integrantes
da dupla já haviam lido todos os livros antes já conheciam aspectos da história de
cada livro.
A leitura foi feita direcionando o olhar para aspectos dos livros relacionados
às características dos personagens, hereditariedade dessas características,
descrições sobre as famílias e heranças e aspectos que fossem considerados
relevantes para entendimento e compreensão dos mecanismos de hereditariedade
da obra de J. K. Rowling. As passagens que apresentassem alguns desses
aspectos eram marcadas e anotadas em fichas de leitura, com a respectiva página
e breve descrição do que tratava. A organização de dados em fichas de leitura é
21

recomendável para pesquisas documentais, pois permite que os dados sejam


melhor sistematizados e organizados para sua descrição e comparação (PÁDUA,
1996).
Após a leitura, os dados destas fichas foram organizados de acordo com
cada livro. Montando-se, assim, um perfil do que cada história de Harry Potter
apresentava de dados úteis. Paralelamente a coleta e organização dos dados,
também foram feitas pesquisas de referenciais sobre o Ensino de Genética em
artigos científicos, bancos de teses e periódicos da área. Algumas fontes também
foram obtidas por indicação da professora-orientadora e por consulta a outros
Trabalhos de Conclusão de Curso anteriores feitos nesta área. Os referenciais
encontrados também foram lidos, e a partir deles foram feitos fichamentos com as
ideias principais de cada autor. Com isso, foi se cercando uma problemática
comum para a qual o trabalho seria direcionado: as dificuldades do Ensino de
Genética.
Os dados coletados e que estavam organizados em fichas de leitura para
cada livro da série foram então reunidos em quadros, e a partir deles, utilizando o
software GenoPro®, foram montados Heredogramas que representassem as
genealogias das famílias da série Harry Potter. Algumas famílias apresentavam-se
com mais indivíduos do que outras, principalmente aquelas relacionadas a
personagens principais, enquanto as famílias menores, de personagens de menor
destaque, foram montadas pela importância de suas características e tipo de
herança para a compreensão total da obra.
Os Heredogramas montados encontram-se no item Resultados. Para cada
característica encontrada nos personagens foram indicados símbolos
correspondentes, com finalidade didática e ilustrativa, pois as genealogias podem
ser utilizadas para o trabalho em sala de Aula. Todos os dados dos personagens e
suas famílias que foram encontrados nos livros foram utilizados na montagem das
famílias, contudo alguns indivíduos não tiveram nomes elucidados pela autora –
mesmo que sua existência e características fossem mencionadas, e para estes foi
adotado a nomenclatura Sr. ou Sra. seguido do sobrenome da família a qual
pertence.
22

Uma vez que todos os heredogramas estavam montados verificou-se que


havia algumas questões não bem definidas para a hereditariedade e padrão de
herança de uma característica importante e recorrente nesta série: ser bruxo. Os
referenciais encontrados também discutiam essa questão, pois ora ser bruxo
parecia ser dominante e ora parecia ser recessivo. Com base nas genealogias que
foram organizadas, com os dados coletados e nas fichas de leitura se propôs um
padrão de herança coerente para „ser bruxo‟, que abrangesse as diversas
situações apresentadas na obra de J. K. Rowling e que ainda não foi apresentado
por nenhum autor.
O padrão de herança da Magia, proposto neste trabalho, consta da
compreensão da existência de três alelos IW, IM e IO. Esta nomenclatura foi
adotada devido os termos em inglês da obra de J. k. Rowling, o gene IW vem de
Wizard, e representa o gene que expressa o fenótipo Bruxo (com poderes
mágicos); IM vem do termo Muggle, que corresponde ao indivíduo dito Trouxa
(sem poderes mágicos) nos livros da série, e representa o gene que expressa o
fenótipo sem magia; IO vem a ser mais um gene que também expressa o fenótipo
sem magia, mas de diferente relação de dominância que IM.
Com maior clareza sobre o padrão de herança da Magia, e escolhendo
genealogias de maior destaque (devido os personagens e características
apresentadas) foi montado um roteiro de possíveis abordagens a temas relativos
ao ensino de Genética e que podem ser utilizados em sala de aula tais propostas
se encontram no item Resultados. Para tanto, a unidade de Genética de um livro
de biologia do Ensino Médio (Biologia – Volume Único, J. Laurence, 2005) foi
tomado como referência para se montar uma sequência de Conteúdos que
subsidiasse esse roteiro.
A análise do produto final e da coleta de dados será feita correlacionando-
se os aspectos pedagógicos envolvidos para esta proposta e as questões
conceituais obtidas da obra de J. K. Rowling com os referenciais consultados.
23

4. Resultados

Os dados coletados durante a leitura dos livros da Série Harry Potter foram
organizados em fichas de leitura e serão a seguir apresentados, de acordo com o
que foi encontrado em cada livro, em forma de resumos – para a história dos livros
– e em quadros – para os dados pertinentes a Genética e Hereditariedade. Numa
segunda parte são apresentadas sugestões de roteiros de atividades para serem
desenvolvidas em aula. E por último serão apresentados os heredogramas
produzidos com base nos dados.

4.1. Coleta de dados

4.1.1. O início de tudo: O mundo bruxo

O primeiro livro, Harry Potter e a Pedra Filosofal, inicia a série contando a


história de um jovem garoto órfão de onze anos, de nome Harry Potter, criado
pelos tios (Válter e Petúnia Dursley) que o abominam. Harry é forçado a conviver
com um primo implicante (Duda Dursley) durante toda sua infância. Sua história
guarda mistérios que vão sendo revelados ao longo da história; segue-se a
revelação de que Harry é um bruxo, um ser humano dotado de poderes, capaz de
fazer coisas sobrenaturais que outros humanos – ditos trouxas – não conseguem.
Harry é apresentado a um novo mundo, oculto e secreto ao qual os bruxos
pertencem, vivendo organizados e em sociedade.
Com a entrada de Harry para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts,
novos personagens aparecem, com suas histórias e peculiaridades, assim como
diferentes matérias a aprender, estranhas criaturas e curiosidades do mundo
bruxo. Rony Weasley e Hermione Granger são os amigos mais próximos de Harry
na escola, Draco Malfoy destaca-se como o rival e adversário de Harry e seus
amigos. Ao longo do livro, Harry é levado a descobrir como seus pais (Lílian e
Thiago Potter) morreram de verdade – não em um acidente de carro como
24

sugerem seus tios, mas assassinados por um bruxo das trevas denominado Lord
Voldemort.
A história deste primeiro livro é concluída com o confronto entre Harry e
Lord Voldemort – auxiliado por seu servo, professor de Defesa Contra as Artes
das Trevas, Quirrel – em que o bruxo das trevas busca obter um item alquímico
que lhe permita viver eternamente: a Pedra Filosofal, do qual extrairia o Elixir da
Vida.
Devido ao foco deste trabalho, buscaram-se informações que fossem
pertinentes a Genética e a Hereditariedade e estes são apresentados no Quadro
1.

Quadro 1. Dados coletados a partir da leitura de Harry Potter e a Pedra Filosofal.


Harry Potter e a Pedra Filosofal
Descrição da família Evans: Dursley e Potter. (página 7)
Detalhes sobre a família Evans – Lílian Evans era bruxa [família se
orgulha disso] e se casa com Thiago Potter. (página 51)
Rony Weasley descreve sua família no Expresso de Hogwarts: pai, mãe
e 7 irmãos, todos bruxos e ruivos. (página 89)
Discussão entre os garotos da Grifinória – Simas Finnighan fala que é
mestiço (pai trouxa e mãe bruxa), Neville Longbottom discorre sobre
sua família e sobre a manifestação da Magia. (página 110 e 111)

4.1.2. O Status do Sangue

O segundo livro, Harry Potter e a Câmara Secreta, em continuidade à trama


desenvolvida no primeiro, inicia-se com novas curiosidades do mundo bruxo e o
surgimento de uma criatura mágica: Dobby, o elfo doméstico, que traz notícias e
pede a Harry Potter – que está de férias – a não retornar a Hogwarts, sob o
argumento de que estão sendo tramadas coisas ruins contra a escola e contra ele.
25

Algumas confusões se seguem, e fugindo dos castigos impostos pelos tios,


Harry foge da casa dos Dursley com auxílio de Rony e seus irmãos, em um carro
voador de modelo Ford Anglia, para a casa dos Weasley.
Lá ele permanece durante todas as férias e junto com a família Weasley vai
comprar seus materiais escolares. Ao retorna para Hogwarts novas figuras são
apresentadas, como o novo e excêntrico professor de Defesa Contra as Artes das
Trevas, Gilderoy Lockhart – autor de diversos livros e obcecado pela fama.
Mais mistérios são lançados ao longo do livro, seguidos por diversos
acontecimentos e ataques a alunos da escola, começa a circular o boato da
existência de uma possível Câmara Secreta na escola, que guarda um monstro
que expurgará de Hogwarts todos os bruxos nascidos trouxas. Em decorrência
desta história, são afloradas entre os alunos as questões de preconceito entre
bruxos ditos “puro-sangues” para com os bruxos “nascidos trouxas” e “mestiços”.
Um dos antigos fundadores da escola, descobre-se, era favorável à seleção
de alunos a serem admitidos devido a sua família: somente os bruxos de sangue
puro e vindos das tradicionais famílias bruxas deveriam ser aceitos. E é deste
fundador a quem se credita o fato da criação da Câmara Secreta.
Alunos nascidos trouxas são atacados ao longo do ano (dentre eles
Hermione Granger, amiga de Harry), assim como a gata de estimação do zelador
Argos Filch (que é um aborto) e um fantasma. O clímax do livro se dá quando
Harry e Rony descobrem a localização desta Câmara Secreta, momento em que a
irmã mais nova de Rony, Gina Weasley, é levada à Câmara para ser morta. O
professor Lockhart é forçado a os acompanhar, perdendo a memória em um feitiço
acidental no meio do caminho.
Harry chega a Câmara Secreta, enfrenta e mata o monstro (que se trata de
um basilisco) e resgata Gina; descobrindo que esta havia sido a responsável por
abrir a Câmara e incitar o ataque aos nascidos trouxas, mas sob estado de transe,
por estar possuída por Lord Voldemort, ao escrever em seu diário antigo que
estava impregnado de Magia Negra.
Estes eram os acontecimentos que Dobby tentara revelar a princípio, mas
não podia dizer diretamente devido às leis de sua espécie e por servir a família
26

dos Malfoy, que foram os responsáveis por implantar o diário de Voldemort entre
os bens de Gina.
Neste livro, embora o foco da leitura tenha sido Genética e Hereditariedade,
as questões de preconceito e concepções de transmissão de caracteres também
foram coletadas e encontram-se enumerados no Quadro 2.

Quadro 2. Dados coletados a partir da leitura de Harry Potter e a Câmara Secreta.

Harry Potter e a Câmara Secreta


Maior descrição da família Weasley, abordando a existência dos irmãos
mais velhos Carlinhos e Gui. (página 27)
Draco Malfoy e seu pai Lúcio Malfoy, vão a loja de magia negra Borgin
& Burkes, demonstram acreditar na superioridade de seu sangue bruxo
puro e insatisfação contra a miscigenação entre bruxos e trouxas.
(página 50 e 51)
Rony menciona a existência de um primo distante, ao qual não mantém
contato e que se casou com uma trouxa, teve filhos sem magia. (página
76)
Surgimento de outro nascido trouxa em Hogwarts: Colin Creevey, filho
de um leiteiro. (página 86 e 87)
Draco Malfoy chama Hermione de sangue-ruim, Rony lança um feitiço
com raiva, mas erra e vomita lesmas por algum tempo. (página 100)
Rony e Hagrid - o guarda-caças da escola – explicam o termo Sangue-
Ruim (termo pejorativo para nascidos trouxas) e esclarecem o
preconceito de algumas famílias sobre a questão do sangue. (página
102)
Argos Filch – o zelador da escola – revela que é um aborto (filho sem
magia de pais bruxos). (página 125)
Draco Malfoy explica a visão de Salazar Slytherin, antigo fundador da
escola, em não aceitar sangues-ruins e seu desejo de expurgar
nascidos trouxas de Hogwarts. (página 190 e 191)
27

4.1.3. Um padrinho presidiário e uma tia inconveniente

O terceiro livro da série, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, continua a


história de Harry Potter, revelando novos adendos da história dos pais de Harry e
quem efetivamente causou a morte de Lílian e Thiago.
A história começa com Harry novamente na casa de seus tios, agora
prestes a voltar ao seu terceiro ano de estudos em Hogwarts. O jovem bruxo tem
que encarar e conviver durante duas semanas de férias a irmã de tio Válter, Guida
Dursley, uma mulher solteira afeita a criar cães, que costuma implicar com ele e
insistir em achar-lhe defeitos.
Em um arroubo de raiva, Harry se descontrola e seu poder extravasa a tal
ponto que transforma tia Guida em um balão. Novamente o garoto foge da casa
dos tios, e se acomoda em uma estalagem em Londres com a família de seu
amigo Rony, que retorna de férias do Egito. O mundo bruxo encontra-se em
estado de atenção, pois um suposto criminoso fugiu da prisão bruxa de Azkaban:
Sirius Black; a quem se acredita ser um dos mais fiéis seguidores de Voldemort e
traidor que delatara o paradeiro dos Potter, ronda a notícia de que Sirius Black
tenha fugido para matar Harry.
Em Hogwarts, dementadores – criaturas mágicas que drenam a alegria e a
felicidade dos seres humanos – montam guarda a fim de evitar que Sirius Black
entre na escola; um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas é
contratado: Remo Lupin, outro antigo amigo da família Potter; Rúbeo Hagrid, o
guarda-caças se torna também professor de Trato das Criaturas Mágicas, e a
enigmática Sibila Trelawney, professora de Adivinhação, também ganha destaque.
Itens mágicos, mapas da escola que indicam posição de todos os
habitantes, hipogrifos, bisbilhoscópios, vira-tempos e visitas ao povoado de
Hogsmeade, próximo à escola, permitem o desenrolar da narrativa.
Os acontecimentos se sucedem ao ponto em que finalmente Sirius Black
consegue encontrar Harry, Rony e Hermione sozinhos. Remo Lupin também
aparece, assim como o rancoroso professor de Poções, Severo Snape, que é
desacordado durante o encontro. A situação culmina com a revelação de que o
28

culpado pela morte dos Potter não era Sirius Black, e sim Pedro Pettigrew – outro
amigo de Thiago Potter – que em realidade encontrava-se na forma do rato de
estimação de Rony e não morto. Acreditava-se que Pettigrew havia sido
assassinado por Sirius Black, motivo de sua condenação à Azkaban.
Como a noite deste encontro era de lua cheia, Remo Lupin se transforma
em lobisomem, uma condição que escondia de todos os alunos; o que garante
uma distração, permitindo que Pedro Pettigrew fuja e Sirius Black, que é o
padrinho de Harry, permaneça incriminado. Black consegue fugir antes de ser
preso voando em um hipogrifo, graças à ajuda de Harry e Hermione e o uso de um
vira-tempo.
Os dados obtidos a partir da leitura direcionada deste livro, encontram-se
enumerados no Quadro 3.

Quadro 3. Dados coletados a partir da leitura de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban.


Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
Descrição em detalhes da família Dursley e Potter e do afastamento
entre Lílian e Petúnia por serem, respectivamente, bruxa e trouxa.
(página 10)
Tia Guida apresenta sua concepção de herança de caracteres: “(...)
Você não deve se culpar pelo que os meninos são hoje Válter. Se
existe alguma coisa podre por dentro, não há nada que ninguém possa
fazer.” (página 27)
Tia Guida compara a herança de caracteres „ruins‟ dos Potter com a
criação de cães: “(...) Isso é uma das regras básicas da criação. – disse
ela. – A gente vê isso o tempo todo em cachorros. Se tem alguma coisa
errada com a cadela, vai ter alguma coisa errada com o filhote... (...)”
(página 27)
Tia Guida continua sua concepção de hereditariedade e genética,
relacionando Harry ao cruzamento de cães: “(...) Esse aí tem um jeito
ruim e mirrado. A gente vê isso nos cachorros. Pedi ao coronel Fubster
para afogar um no ano passado. Era um ratinho. Fraco. Subnutrido.
29

(...)” e “(...)- A coisa toda está ligada ao sangue, como eu ia dizendo


ainda outro dia. O sangue ruim acaba aflorando. Mas não estou dizendo
nada contra a sua família, Petúnia. (...) Sua irmã não era flor que se
cheirasse. Isso acontece nas melhores famílias. Depois fugiu com
aquele imprestável e aí está o resultado bem diante dos olhos da gente
(...).” (página 29)
Remo Lupin revela que é lobisomem e que esta é uma característica
adquirida pela mordida de um lobisomem, mas demonstra preocupação
de que isso seja transmissível aos seus descendentes. (página 284)

4.1.4. Bruxos em todo o mundo e variedades mágicas

Em Harry Potter e o Cálice de Fogo, o quarto livro da série, a história se


desenvolve em torno de dois grandes acontecimentos: a ocorrência de um
Campeonato Internacional de Quadribol (esporte mágico e popular entre os
bruxos) e o Torneio Tribruxo (competição entre três escolas de magia da Europa).
Harry vai passar as férias junto com a família Weasley, e com eles vai
assistir o Campeonato de Quadribol; o evento conclui-se com um ataque de
Comensais da Morte – seguidores de Lord Voldemort – à trouxas e bruxos
nascidos trouxas, após a final entre Irlanda e Bulgária. De volta a Hogwarts, Harry
e seus colegas ficam sabendo da ocorrência de um torneio interescolar que irá
ocorrer entre Hogwarts e duas escolas de bruxaria de outros países – Durmstrang
e Beauxbattons.
Entre aulas e surgimento de novos personagens, Harry Potter é convocado
a participar do Torneio Tribruxo, contrariando o limite etário imposto (só bruxos
maiores de 17 anos poderiam participar), pois o instrumento seletor dos
participantes – o Cálice de Fogo – do torneio é enganado. Superar dragões,
buscar reféns no lago dos sereianos e atravessar um labirinto com criaturas e
obstáculos mágicos são os desafios que Harry e os outros concorrentes devem
enfrentar.
30

Ao final da história, Harry e o outro campeão de Hogwarts, Cedrico Diggory,


conseguem chegar ao fim do labirinto e tocam juntos a taça que finaliza o torneio.
A taça era uma armadilha armada por um comensal da morte infiltrado na escola
(na forma do novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Alastor
Moody), que leva os dois campeões a um cemitério, onde estão reunidos os
Comensais da Morte e Lord Voldemort, que através de um ritual recupera
plenamente seu corpo e seus poderes. Harry consegue escapar, mas Cedrico
morre.
Os aspectos obtidos no livro e que concernem a possíveis relações a
hereditariedade e genética são a seguir apresentados no Quadro 4.

Quadro 4. Dados coletados a partir da leitura de Harry Potter e o Cálice de Fogo.


Harry Potter e o Cálice de Fogo
Descrição da família Riddle (toda composta por trouxas) e sua morte
misteriosa: Origem paterna de Lord Voldemort. (página 7)
Sr. Weasley fala sobre a organização da Copa Mundial de Quadribol e
revela a existência de bruxos em todo o mundo, configurando Magia
como uma característica presente em uma população maior. (página
59)
Menção a 100 mil bruxos reunidos na Copa Mundial de Quadribol.
(página 84)
Família Malfoy denota desagrado com a presença de Hermione
Granger, uma nascida trouxa, no mesmo camarote para assistir a
partida final. (página 85)
Aparecimento de bruxos estrangeiros: Sr. Obalonsk (Ministro da Magia
búlgaro), equipes de quadribol da Irlanda e da Bulgária. (página 85)
Surgimento das Veelas: criaturas mágicas que exercem atração aos
homens, capazes de lançar bolas de fogo. (página 86)
Confusão após a partida final de Quadribol: Comensais da Morte caçam
e torturam trouxas e bruxos nascidos trouxas no acampamento em
torno do estádio. (página 100 e 101)
31

Surgimento de outro bruxo nascido trouxa em uma mesma família:


Denis Creevey, irmão de Colin Creevey. (página 141)
Fleur Delacour, uma das participantes do Torneio Tribruxo revela que
descende de uma linhagem de veelas, sua avó também era. (página
247)
Rúbeo Hagrid e Madame Maxime – diretora de Beauxbattons –
reconhecem ser meio-gigantes. Filhos de mãe gigante e pai bruxo.
(páginas 340 e 349)

4.1.5. A mui antiga e nobre casa dos Black

A morte de Cedrico Diggory atormenta Harry Potter ao longo de todas suas


férias, e é assim que se inicia o quinto livro da série. Agora que Lord Voldemort
efetivamente ressurgiu, o Ministério da Magia não reconhece e o jornal dos
bruxos, o Profeta Diário, veicula que Harry Potter é mentiroso e Alvo Dumbledore
(diretor de Hogwarts e que reconhece a versão de Harry) como um
desestabilizador da situação de paz.
Em Harry Potter e a Ordem da Fênix, Dumbledore reúne um grupo de
bruxos confiáveis que estão dispostos a lutar e combater Lord Voldemort e seus
seguidores no intuito de purificar a raça bruxa. Remo Lupin, Sirius Black, Alastor
Moody e a família Weasley são alguns dos membros da ordem, assim como
alguns personagens novos, como os aurores Kingsley Shacklebolt e Ninfadora
Tonks e o mendigo Mundungo Fletcher.
De volta a Hogwarts, Harry e os demais alunos são submetidos a uma nova
professora de Defesa Contra as Artes das Trevas: Dolores Umbridge, uma bruxa
admitida devido a pressão do Ministério, e que pouco a pouco toma para si o
poder na escola, fazendo tudo o que for possível para tanto com a permissão do
Ministro da Magia.
Inconformados, os alunos decidem montar um clube secreto para aprender
Defesa Contra as Artes das Trevas, por fora das aulas de Umbridge: a Armada de
32

Dumbledore, cujo professor é Harry Potter. Mesmo sendo proibido, os alunos


continuam com este clube até o ponto em que são descobertos. Alvo Dumbledore
é demitido pelo Ministro da Magia e um decreto ministerial promove Umbridge a
diretora da escola. Hogwarts se transforma em um internato de severas regras.
Os Comensais agem no mundo bruxo, mortes de trouxas e nascidos
trouxas começam a acontecer. E em certo momento, há uma fuga em massa de
presidiários de Azkaban que haviam sido, em outros tempos, seguidores de
Voldemort.
Iludido por uma visão forjada de que seu padrinho Sirius Black está sendo
morto, Harry Potter e seus amigos fogem da escola, vão ao Ministério da Magia e
lá enfrentam os comensais. A Ordem da Fênix aparece em socorro, mas Sirius
Black é assassinado por uma fiel comensal de Voldemort e também sua prima,
Bellatriz Lestrange; Lord Voldemort aparece no Ministério, mas não consegue
assassinar Harry Potter. O Ministro enfim é forçado a aceitar e acreditar que
Voldemort realmente ressurgiu.
Neste livro foram coletadas algumas passagens referentes ao foco decidido
para este trabalho, e estas se apresentam enumeradas no Quadro 5.

Quadro 5. Dados coletados a partir da leitura de Harry Potter e a Ordem da Fênix.

Harry Potter e a Ordem da Fênix


Sirius Black, em sua mansão no Largo Grimmauld, mostra a Harry
Potter a árvore genealógica de sua família. Incluindo seu parentesco
com os Malfoy, os Lestrange e Tonks. (página 96)
Revelação de Arabella Figg (ou Sra. Figg): uma aborto que vive próxima
a Harry Potter e que pertence à Ordem da Fênix. (página 120)
Menção à família de Neville Longbottom, um bruxo de sangue puro,
mas que tem seus poderes afetados devido à pressão que este sente,
ora da família ora dos professores. (página 420)
Rúbeo Hagrid conta e revela a Harry, Rony e Hermione que tem um
meio-irmão gigante, chamado Grope; escondido na Floresta Proibida de
Hogwarts. (página 560)
33

4.1.6. Os Mestiços: Gaunt e Snape

O escândalo do surgimento público de Lord Voldemort e a prisão de alguns


Comensais fugitivos dentro do Ministério provocam grandes alterações no mundo
bruxo: o Ministério passa a tomar uma postura rígida e o mundo bruxo é
bombardeado com notícias de ataques à família de trouxas e mortes de bruxos
nascidos trouxas.
Neste novo ambiente se passa a história de Harry Potter e o Enigma do
Príncipe. Harry volta a Hogwarts e começa a ter encontros com o diretor Alvo
Dumbledore, que começa a lhe instruir mais a respeito de Lord Voldemort, sua
história e seu passado; pensando nisto como uma das ferramentas que podem
ajudar Harry a sobreviver e combatê-lo.
A escola de magia sofre novamente transformações, um novo docente é
contratado para a disciplina de Poções, Horácio Slughorn, um bruxo idoso e
professor já aposentado, afeito a eleger alunos favoritos e promissores; dentre
eles, Harry Potter é um de seus alunos preferidos, pela fama de seu nome e pelo
seu bom desempenho em Poções – possibilitado pelo uso de um livro que
pertencia a um antigo aluno que assina “‟Príncipe Mestiço”.
Enquanto que o antigo docente de Poções, Severo Snape, se torna o
professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Harry aos poucos vai conhecendo a história de Tom Riddle, o menino bruxo
mestiço, criado em um orfanato e que veio a se transformar em Lord Voldemort,
através das memórias obtidas por Dumbledore e que são vistas em um
instrumento mágico denominado Penseira. Dentre tais memórias, Harry descobre
que Lord Voldemort partiu sua alma em 7 fragmentos encerrados em objetos ou
seres – as horcruxes, sendo esta a missão a qual Dumbledore lhe confia: destruir
as horcruxes.
Ao fim do livro, Harry e Dumbledore tentam localizar uma horcrux; mas ao
retornarem à escola, são recepcionados na torre de Astronomia por Comensais da
Morte e Draco Malfoy (que os levou para dentro da escola). Harry é forçado a se
34

esconder e Dumbledore é assassinado por Severo Snape. Harry descobre que a


horcrux que encontraram era falsa e que a verdadeira já havia sido roubada.
Neste livro a maioria dos dados encontrados refere-se à família de Tom
Riddle (Lord Voldemort) e Severo Snape (o verdadeiro “Príncipe Mestiço”), tais
dados encontram-se abaixo enumerados no Quadro 6.

Quadro 6. Dados coletados a partir da leitura de Harry Potter e o Enigma do Príncipe.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe


Descrição da família Gaunt, composta apenas por bruxos e não
tolerantes aos trouxas; Mérope, a filha mais nova, possuía poderes
instáveis, o que levam seus pais a crer que ela podia ser um aborto.
(página 167)
Características da família Gaunt são descritas como sendo mantidas
nas gerações devido ao hábito do casamento entre primos. (página
168)
Mérope Gaunt foge de casa e se junta ao trouxa Tom Riddle,
contrariando o pai e o irmão. (página 169)
Mérope encontra-se em depressão, grávida e abandonada em Londres.
Perde seus poderes e morre, após deixar o filho recém nascido em um
orfanato trouxa. (página 206)
Tom Riddle – filho – volta à casa dos Gaunt, encontra o tio Morfino e o
assassina. Há menção à descendência dos Gaunt de Salazar Slytherin.
(página 286)
Descrição da família de Severo Snape: sua mãe, Eileen Prince, era
bruxa e seu pai, Tobias Snape, era trouxa. (página 499)

4.1.7. Magia é Poder

Com a morte de Alvo Dumbledore, novas incertezas voltam ao mundo


bruxo, o Ministério da Magia é tomado pelos Comensais da Morte e por Lord
35

Voldemort. Hogwarts também ganha um novo diretor, Severo Snape, e dois


comensais da morte passam a ser professores da escola.
Em Harry Potter e as Relíquias da Morte, o sétimo livro da série, os bruxos
das trevas liderados por Lord Voldemort dominam o mundo bruxo. Assassinatos e
mortes de bruxos nascidos trouxas e acidentes no mundo trouxa acontecem a
todo o momento.
Harry Potter e seus amigos, Rony Weasley e Hermione Granger, decidem
não regressar a Hogwarts para o sétimo e último ano de formação; e ao invés
disso, decidem caçar as Horcruxes de Voldemort. Duelos e combates são
travados a todo instante; por toda Inglaterra bruxos nascidos trouxas fogem, pois
até o Ministério passa a persegui-los, sob a bandeira de purificação da raça
defendida por Voldemort.
Lord Voldemort começa uma incursão em busca de uma varinha que lhe
permita matar de uma vez por todas Harry Potter. Hermione encontra em um livro,
ganhado de herança de Dumbledore, uma lenda antiga que fala sobre a existência
de três objetos cujo dono poderia se tornar senhor da morte, as Relíquias da
Morte. Harry descobre que sua capa da invisibilidade e o pomo-de-ouro, herdado
de Dumbledore (que contém a Pedra da Ressurreição), são duas dessas relíquias,
e lhe falta somente a Varinha das Varinhas, a qual Voldemort também busca.
Ao longo do livro, a história de Alvo Dumbledore é contada e detalhes de
sua vida são mencionados pela leitura que Hermione faz de um livro
sensacionalista denominado “A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore”.
A caça às horcruxes segue por meses, algumas horcruxes são encontradas
e por fim Harry se vê forçado a retornar a Hogwarts, onde acredita estar escondido
outro pedaço da alma de Voldemort.
Com o retorno de Harry a escola, acompanhado pela descoberta de
Voldemort da caça às suas horcrux, inicia-se uma batalha que se arrasta e leva
muitos personagens à morte. Dentre eles Severo Snape, que revela ter matado
Dumbledore devido um trato feito anteriormente com o próprio, que já sabia que
iria morrer.
36

A Varinha das Varinhas era a que Dumbledore usava e a qual Voldemort


obtém durante a batalha. Depois de encontrar e destruir todas as horcruxes, Harry
e Voldemort finalmente se enfrentam e Voldemort é morto.
Dezenove anos depois, Gina está casada com Harry, Rony com Hermione,
ambos tem filhos e os levam para embarcar para Hogwarts.
Os dados coletados a partir do foco na Genética e Hereditariedade da
história encontram-se apresentados a seguir no Quadro 7.

Quadro 7. Dados coletados a partir da leitura de Harry Potter e as Relíquias da Morte.

Harry Potter e as Relíquias da Morte


Bellatriz Lestrange e Narcisa Malfoy discutem brevemente seu
parentesco durante uma reunião de Comensais da Morte. (página 16)
Lord Voldemort ridiculariza a declaração de Caridade Burbage, antiga
professora de Estudo dos Trouxas de Hogwarts, que defende a
miscigenação entre bruxos e trouxas, antes de matá-la. (página 17)
Depoimento de Elifas Doge, em nota fúnebre no Profeta Diário, sobre a
família de Alvo Dumbledore. (página 22)
Descrição e aparecimento da família de Ninfadora Tonks: o pai trouxa
Ted Tonks e a mãe bruxa Andrômeda Tonks (antiga Black). (página 54)
Casamento entre Gui Weasley e Fleur Delacour, com descrição da
família de Fleur. (página 88)
Elifas Doge e tia Muriel Weasley discutem durante a festa de
casamento sobre a família de Dumbledore; uma mãe bruxa nascida
trouxa e uma irmã com problemas para controlar a Magia. (página 125)
Ministério da Magia inicia as audiências com bruxos nascidos trouxas,
sob a concepção de que nascidos trouxas roubam a magia e a varinha
de algum bruxo. (página 167)
Dino Thomas e Ted Tonks aparecem como fugitivos do Ministério por
serem respectivamente, um bruxo nascido trouxa e um trouxa que se
casou com uma bruxa. (página 234)
Ariana Dumbledore, irmã de Alvo Dumbledore é descrita como tendo
37

uma “doença emocional” que influi na manifestação de seus poderes.


(página 440)
Harry, Rony, Hermione e Gina levam os filhos ao Expresso de
Hogwarts. (página 585 a 590)

4.2. Heredogramas

A seguir estão apresentados os heredogramas montados a partir dos dados


coletados, sintetizando a descrição das famílias e dos indivíduos principais da
série Harry Potter. Este material pode ser utilizado pelo professor que aplicar as
propostas já apresentadas.
38

Figura 1. Heredograma da Família Riddle.


39

Figura 2. Heredogramas das Famílias Dumbledore, Snape, Finnighan, Figg e Filch.


Figura 3. Heredograma da Família Weasley.
40
41

Figura 4. Heredograma da Família Black.


42

Figura 5. Heredograma da Família Evans/ Potter.


43

4.3. Ações Propostas

Com base nos dados coletados, foram elaboradas oito propostas de


atividades que podem ser desenvolvidas no ensino básico utilizando-se Harry
Potter como ponto de partida. Tais propostas encontram-se a seguir descritas.

4.3.1. Levantando os conhecimentos prévios... com magia!

Uma primeira atividade em sala de aula poderia consistir em uma discussão


com os alunos em torno do assunto Hereditariedade. Pensando que os alunos já
conheçam algo da série Harry Potter – por já terem visto os filmes ou lido os livros,
para um primeiro contato com esta proposta, o professor pode levar à sala o
heredograma da família Weasley (Figura 3). E propor a seguinte questão “Por que
os seres vivos apresentam características de seus progenitores?”, pedindo um
registro para entrega ou no caderno.
Esta questão inicial pode promover um debate que revele as concepções
de Hereditariedade dos alunos. Partindo-se de um pressuposto interativo-
construtivo, tais dados podem ser utilizados para que o docente encaminhe e
norteie sua prática no sentido de promover uma mudança conceitual em seus
alunos, conhecendo aquilo que eles já sabem, o que desconhecem, os conceitos
que possuem e que incorrem em erros. Conceitos como transmissibilidade de
características, conservação da espécie, genes, cromossomos e DNA podem ser
abordados e discutidos pelo professor.
Neste primeiro momento, é importante ressaltar que a hereditariedade não
é uma especificidade dos seres humanos, mas de todos os seres vivos, e que
depende basicamente da ideia de reprodução como mecanismo para conservação
da espécie.
44

4.3.2. O Feitiço da Família no Papel: Construir Heredogramas

Uma das habilidades exigidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de


Ciências Naturais, Matemática e suas Tecnologias é que os alunos do ensino
básico aprendam a reconhecer e desenvolver capacidade de leitura de esquemas,
simbologias e códigos da área científica, dessa forma faz-se necessário a
abordagem, em algum momento do ensino médio, a leitura e a compreensão de
Heredogramas.
Sugere-se que o docente leve à sala de aula neste momento o
heredograma da família Dumbledore (Figura 2), como um exemplo simplificado,
em que seja possível mostrar a simbologia adequada e explicar como famílias
podem ser representadas por meio deste tipo de representação gráfica.
Uma atividade em grupo também pode ser proposta, para que os alunos se
reúnam em grupos de 4 integrantes, e cada um desenhe em seu caderno o seu
heredograma, com os parentes que se recordar. Este tipo de produção autoral
permite que o aluno possa integrar seus conhecimentos a procedimentos
metodológicos; atrelado a um processo de mediação, o professor conseguirá
identificar e auxiliar cada aluno com suas respectivas dificuldades.

4.3.3. Um caldeirão com dois ingredientes

Contando já com algumas contribuições das discussões realizadas


inicialmente, é possível se trabalhar com os alunos a questão da composição
genética de um indivíduo a partir da problemática: “Como características parentais
passam aos filhos?”.
É importante ressaltar e construir junto com os alunos a idéia de que um
indivíduo apresenta uma carga genética resultante da junção de uma parcela
materna e uma paterna. Para tanto se sugere que o professor aborde o conceito
de Meiose relacionado à formação de gametas e a representação da reprodução
através do Quadro de Punnet. O heredograma da família Evans (Figura 5) pode
representar esta questão, principalmente no que concerne à relação Sr. Evans X
45

Sra. Evans e sua filiação, pois filhas com fenótipos diferentes são resultantes de
um mesmo casal.
A diferença entre gametas deve ser abordada pelo professor, que pode
também sugerir que os alunos busquem nos heredogramas que montaram de
suas famílias casos semelhantes para características diferentes em filhos de um
mesmo casal, pedindo que os alunos registrem hipóteses explicando e elucidando
esta característica pela formação de gametas e pelo Quadro de Punnet.
Se o professor desejar, este seria um bom momento para discutir também
as duas Leis de Mendel, a Segregação dos Fatores, indicando que a característica
bruxo e trouxa segregam de forma independente uma da outra; e a Segregação
Independente dos Fatores, na compreensão de que os gametas podem ser
diferentes, quando duas ou mais características são envolvidas.

4.3.4. Dois indivíduos iguais, sem Poção Polissuco

O estudo sobre a formação de gametas e reprodução como mecanismo de


hereditariedade pode ser enriquecido ainda mais utilizando-se também o
heredograma da família Weasley (Figura 3), focando o olhar nos gêmeos Fred e
Jorge Weasley. Ambos são fisicamente semelhantes, com as mesmas
características, como altura, físico, aparência e sexo.
Este exemplo permite que o professor possa abordar em sala de aula com
seus alunos a formação de gêmeos, tanto univitelinos quanto divitelinos. “O que
pode ter levado ao nascimento de dois indivíduos fenotipicamente iguais?” é uma
pergunta chave para esta discussão, já que o caso dos gêmeos Weasley revela
possivelmente gêmeos univitelinos, de mesma carga genética. A formação de
clones naturais é uma questão que também pode ser levantada pelo professor.
Uma idéia essencial para a compreensão deste caso é o conceito de Mitose
– tanto para a formação do indivíduo completo como para a fissão do zigoto e
formação de dois embriões. O momento em que essa mitose ocorreu, qual a
célula que sofreu este processo e as conseqüências dela podem ser pontos úteis
para que o professor utilize, e caso os alunos já conheçam o assunto podem
46

participar com suas contribuições. Uma mediação que considere os “achismos”


dos alunos e leve-os a se questionar pode promover mudanças conceituais.

4.3.5. Ser bruxo é como não poder tomar leite

Utilizando-se os heredogramas da família Evans (Figura 5) e da família


Weasley (Figura 3) com foco nos Granger, o professor poderá iniciar uma
discussão sobre heranças autossômicas recessivas, indagando os alunos quanto
à relação entre os alelos bruxos e trouxas: “Como podem surgir filhos bruxos em
uma família cujos pais são trouxas?”.
Retomando a questão dos cruzamentos, formação de gametas e
diversidade destes, possivelmente alguns alunos talvez já consigam explicar
relações de dominância e recessividade. Utilizando as contribuições dos alunos (e
mesmo quando estas não ocorrerem) recomenda-se que o professor elucide em
lousa a formação de gametas possíveis dos indivíduos envolvidos e realize os
cruzamentos pelo Quadro de Punnet. Neste momento também é interessante
chamar a atenção para a aleatoriedade da probabilidade envolvida nos
cruzamentos. Fazendo-se este cruzamento em lousa fica evidenciado um caráter
recessivo, e, portanto, que só ocorre em homozigose, do fenótipo bruxo.
Pensando-se na herança da magia como um caráter autossômico
recessivo, fica evidente que nos casos destas famílias de bruxos nascidos trouxas
(Hermione Granger e Lílian Evans) foi resultante possivelmente de um cruzamento
entre heterozigotos.
O professor pode completar essa analogia, transpondo o conhecimento da
herança autossômica recessiva para alguns exemplos reais, tais como
galactosemia, fenilcetonúria e fibrose cística, através de situações-problema ou
exercícios.
47

4.3.6. Ser bruxo e falar com as cobras é como ter seis dedos

O contra-exemplo para as heranças recessivas são as dominantes, e


utilizando os heredogramas das famílias Riddle (Figura 1), Black (Figura 4),
Finnighan e Snape (Figura 2) são possíveis algumas analogias.
Nestas genealogias ser bruxo parece seguir uma herança de padrão
dominante, pois em cruzamentos de bruxos com trouxas os filhos são sempre
bruxos. No caso da Família Gaunt há ainda a característica Ofidioglossia (falar
com as cobras), presente em todos os membros, inclusive em Tom Riddle, que é
um mestiço; caracterizando possivelmente uma herança autossômica dominante
que também pode ser elucidada.
O professor pode levar os heredogramas destas famílias para a aula e pedir
que os alunos tentem identificar o que aparece de comum entre todas elas. Pode-
se esperar que os alunos já identifiquem o fato de que nestas famílias ser bruxo é
uma característica dominante, pois em cruzamentos de bruxos com trouxas
sempre há nascimento de filhos bruxos. A princípio esta é a conclusão a que se
pretende: a compreensão de que pode haver características em que um alelo é
dominante e expressa um fenótipo em relação a outro alelo de mesmo locus. O
professor pode encaminhar, durante a aula, a ideia de que um gene dominante
pode se manifestar tanto em heterozigose quanto em homozigose.
Esta atividade pode estar atrelada como analogia a comparação de outras
características que seguem o mesmo padrão de herança (autossomia dominante)
na realidade, como é o caso do fator Rh+, da Surdez Hereditária e da Polidactilia,
que podem ser abordadas também por atividades e cruzamentos-teste.

4.3.7. Fugindo de Azkaban: as exceções à regra

Em contraponto aos padrões de herança mendeliana apresentados, o


professor pode mostrar alguns possíveis exemplos e gerir atividades com os
alunos para a compreensão de que não há um padrão determinístico para toda as
características hereditárias.
48

É o caso, por exemplo, de Ninfadora Tonks na família Black (Figura 4), uma
bruxa metamorfomaga (com capacidade de alterar sua aparência segundo sua
vontade) que diz ter nascido com este dom – portanto é uma característica inata –
e que nunca antes surgiu na família. O professor pode se utilizar deste caso para
discutir “É possível que uma característica seja hereditária ou genética sem que
ela tenha ocorrido antes na família?”. O conceito de Mutação pode ser abordado a
partir desse caso.
A família Weasley (Figura 3) também pode fornecer material de discussão
para padrões não mendelianos de herança, como é o caso da característica ser
Ruivo e ser bruxo. Todos os filhos de Molly e Arthur Weasley são ruivos e bruxos,
seria possível, caso o professor julgue adequado discutir a possibilidade de
abordar o conceito de genes ligados (linkage).
Ainda dentro do heredograma da família Weasley, seria interessante
trabalhar a questão das heranças relacionadas à determinação sexual. Ao se
observar os indivíduos da família Delacour (Apolline, Fleur, Gabrielle e Victoria), a
característica Veela (beleza e atração a homens) mostra notoriamente um caso de
Herança Restrita ao Sexo, em que apenas mulheres apresentam esta
característica, dando margem e analogia para que o professor aborde a
Hipertricose auricular, uma herança ligada ao sexo real, mas que só se manifesta
em homens.
O momento também é propício para que o professor aborde outras
características de padrão de herança ligada ao sexo e herança holândrica, como a
Hemofilia e o Daltonismo. Que também são características hereditárias
transmitidas pelos cromossomos sexuais.

4.3.8. O Enigma do gene dominante e recessivo

Imaginando que os alunos já tenham compreendido a questão de


dominância para a Magia em algumas famílias e em outras como um caráter
recessivo, o professor pode então abordar um outro conteúdo conceitual de
Genética importante para o Ensino Médio: a Polialelia.
49

Uma atividade em grupo pode ser uma alternativa para promover uma
discussão crítica entre os alunos e valorizar a elaboração de hipóteses. O
professor pode levar todos os heredogramas das famílias da série Harry Potter
(Figuras 1, 2, 3, 4 e 5) para a sala e após mostrar que a característica bruxo se
comporta tanto como dominante quanto como recessiva em algumas famílias,
lançar a pergunta “Como é possível explicar que uma característica determinada
por um mesmo loci gênico se comporte de maneira diferentes?”; a discussão pode
ficar ainda mais interessante ao se acrescentar o caso dos Abortos (como o caso
de Arabella Figg e Argos Filch), indivíduos sem magia, filhos de pais bruxos e
extremamente raros.
É interessante deixar que os alunos tentem chegar a conclusões próprias
pelo que já sabem ou mesmo consultando o livro didático que possuem; esta
atividade permite que os alunos desenvolvam uma postura diferenciada em
relação à Genética, não a enxergando como um campo de conhecimentos prontos
e preparados, mas um constructo resultante de discussão, pesquisa e
envolvimento de pesquisadores (neste caso, os alunos).
Durante a mediação, o professor pode lançar mão de questões como
Expressividade Variável de um gene, Herança Quantitativa, Interação Genótipo x
Ambiente para composição do Fenótipo, indagando e levando os alunos a
testarem suas hipóteses no papel. Caso os alunos consigam chegar a uma
resposta coerente, o professor deve considerá-la uma vez que não há um padrão
especificamente definido por J. K. Rowling para a Magia nos indivíduos da série
Harry Potter.
Para este trabalho, sugere-se a possibilidade de Polialelia, que o professor
pode discutir com a sala, a partir da existência de três possíveis alelos envolvidos
nesta herança: IM, IW e IO. IM sendo o gene que expressa o fenótipo trouxa (e,
portanto, sem magia), que é dominante em relação aos outros dois alelos. IW é o
gene responsável pelo fenótipo bruxo (com magia), que por sua vez é recessivo
para IM e dominante em relação ao último gene: IO, outro gene que codifica o
fenótipo sem magia, mas que é recessivo em relação aos outros dois.
50

A existência dessa hipótese justifica, portanto, que nasçam abortos em


famílias bruxas, e que bruxos nasçam de pais trouxas, uma vez que o fenótipo
sem magia que caracteriza tanto abortos quanto trouxas e pode ser explicado pela
presença de IO mesmo na população trouxa. É uma opção para o professor
também que os alunos tentem identificar o genótipo de todos os indivíduos de
alguma família ou de indivíduos pontuais. Uma vez que os alunos tenham
compreendido este conceito, o professor pode também trazer casos reais de
polialelia como a herança da cor da pelagem em coelhos, com os fenótipos Aguti
(C+), Chinchila (Cch), Himalaia (Ch) e Albino (C), que apresentam dominância C+ >
Cch > Ch > C. É também uma oportunidade perfeita para que se discuta a questão
da determinação dos grupos sanguíneos em seres humanos pelo sistema ABO.
51

5. Análise

A partir dos resultados obtidos, é possível delinear alguns paralelos em


relações com os referenciais consultados.
Dentre eles, um dos focos deste trabalho foi trazer para as aulas de
Biologia o uso de um tipo de literatura popular e conhecida pelos jovens e
estudantes, de forma a buscar despertar o interesse nos alunos para o Ensino de
Genética.
Goldbach et al (2009), frente as dificuldades encontradas para ensina
Genética, destaca a importância de se utilizar outros recursos diferenciados que
respeitem as características dos alunos. Wasko et al (2007) complementam essa
ideia ao elucidar que atividades lúdicas, diferentes e dinâmicas podem ser
utilizadas para buscar um ensino de Genética que seja mais significativo para o
estudante.
O uso da literatura para ensinar Ciências também deve ser visto como um
recurso que enriquece o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que permite
ao aluno fazer releituras do mundo do autor (CARVALHO, 2008).
Dessa forma, a escolha pelo uso da série Harry Potter, como
desencadeador do interesse dos educandos para aprender Genética, levou em
consideração o fato desta ser uma obra de sucesso entre o público escolar. O uso
da série Harry Potter, na perspectiva apontada e através das propostas
apresentadas, exemplifica o caso de transposição de conhecimentos científicos a
partir do universo fictício.
Rosa (2008) explicita o quanto é interessante a escolha e o uso da série
Harry Potter em contexto escolar, pela identificação que ocorre dos jovens com os
personagens, assim como Blake (2002) ao dizer que as histórias são atrativas e
coerentes.
Em um contexto maior, Gomes-Maluf e Souza (2008) ao elucidar a literatura
como instrumento para enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem,
afirmam que a compreensão do mundo fictício permite uma reorganização de
ideias para o mundo real, de forma a favorecer e facilitar a aprendizagem do
52

educando. Driessnack (2009), em seu estudo de caso, expõe a utilidade de se


utilizar dados fictícios para o ensino de conceitos reais.
Neste ponto, Driessnack (2009) também comenta que o contato dos jovens
com conceitos complexos de Genética se dá cada vez mais cedo, seja na forma
de literatura, desenhos ou filmes. Pensando nisso, é de grande interesse usar
desses recursos para ensinar em contexto escolar.
As ações propostas apresentadas neste trabalho acabam por ter este foco,
na medida em que relaciona questões dos livros de Rowling (1997, 1998, 1999,
2000, 2003, 2005, 2007) com os conhecimentos a serem desenvolvidos e
construídos pelos alunos, que apresentam conceitos de genética relacionados a
história dos livros da série Harry Potter, mesmo que estes passem despercebidos.
Quanto a este aspecto, Carvalho (2008) também aponta que os veículos de
informação, como é o caso dos filmes e livros, carregam consigo conhecimentos
próprios e transcendentes de algumas áreas. Este tipo de ocorrência se dá devido
ao fato de que autores de ficção – como é o caso de Rowling, mesmo não
conhecendo a fundo conceitos científicos, implicitamente acabem por inserir em
suas obras, as suas próprias concepções sobre o conhecimento biológico que
possuem, para dar um fundamento lógico a sua trama (GOMES-MALUF, SOUZA,
2008).
São exemplos destes conhecimentos do autor que passaram para a obra,
no caso da série Harry Potter e as concepções de Genética e Hereditariedade, a
ideia de transmissibilidade de características pelo sangue, como fica evidente nas
falas de Tia Guida, em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, e no uso dos
termos puro sangue e sangue ruim.

A noção de que o sangue é um agente veiculador de informações


hereditárias e genéticas é um senso comum, presente tanto entre alunos quanto
na sociedade, tal concepção tem sido arraigada ao longo da história da
humanidade desde a antiguidade devido ao uso de determinados termos, como
apontam Oliveira e Silveira (2010) e Pedrancini e Corazza-Nunes (2008). O
trabalho docente deve então, no caso da Genética, ir de encontro a transformar
53

estas ideias de senso comum e erros conceituais dos estudantes (GOLDBACH,


ET AL, 2009).
A presença desta concepção na série Harry Potter não invalida o seu uso
em sala de aula ou as propostas feitas com base nele, uma vez que as ações
propostas visam romper este tipo de senso comum. Há ainda, que se creditar,
também, que a série Harry Potter também traz contribuições para uma
compreensão de uma Genética mais ampla e ao mesmo tempo não
determinística, ao elucidar, por exemplo, o fenótipo bruxo como uma característica
em uma população maior e o fato de que fatores externos podem influir na
manifestação desta característica, como presente na obra de Rowling (1997,
1998, 1999, 2000, 2003, 2005, 2007).
Um Ensino de Genética atual, que vise formar um indivíduo de pensamento
crítico frente a essa área de conhecimentos, deve privilegiar conteúdos que
rompam com a visão determinística e monogênica, resultante de um ensino
simplificado (VALADARES, RESENDE, 2009).
Pensando nisto, a primeira proposta apresentada sugere que o professor
leve a sala de aula um heredograma de uma das famílias da série Harry Potter, e
peça aos alunos para que respondam a uma pergunta. Essa atividade tem como
objetivo o reconhecimento das concepções alternativas destes estudantes sobre
hereditariedade.
Mauri (1996) ressalta que os conhecimentos prévios que os alunos
possuem devem ser levados em consideração e reconhecidos pelo professor; já
que é a partir deles que os educandos irão modular e construir novos
conhecimentos. Solé e Coll (1998) evidenciam que discutir as concepções
alternativas dos alunos e utilizá-las para nortear o trabalho docente é um dos
fundamentos para que o ensino provoque alguma mudança no aluno e seja
efetivamente significativo.
Esse tipo de mudança só é possível a partir do momento em que os
estudantes levantem hipóteses e estabeleçam novas relações frente a um
problema apresentado; dessa maneira a alteração nos esquemas de
54

conhecimento e a reformulação dos modelos pessoais é que irá permitir que o


aluno efetivamente aprenda (MAURI, 1996).
Já a segunda proposta está pautada na produção gráfica por parte dos
alunos de heredogramas de suas próprias famílias, a partir do conhecimento que
possuem e contando com a mediação do professor.
Este é uma das alternativas que podem favorecer o sucesso dos alunos em
Genética. Os professores devem ter em mente que planos de atividades que
valorizem o trabalho autoral por parte dos alunos é um tipo de recurso que
possibilita desenvolver habilidades de auto-organização e reconhecimento por
parte do próprio aluno, de maneira que estes construam conhecimentos
procedimentais específicos e valiosos, como apontam Capelli e Nascimento
(2008).
A terceira proposta trabalha com a concepção de meiose, formação de
gametas, Quadro de Punnet e as Leis de Mendel; utilizando indivíduos da família
Evans, para mostrar a diferença entre os gametas de um mesmo indivíduo e como
os filhos de um mesmo casal podem ser diferentes entre si.
Este tipo de trabalho, estabelecendo as devidas conexões contribui para
que determinados conceitos estruturantes de Genética se contextualizem de forma
não fragmentária, mas íntegra. Abril et al (2002) afirmam que quando estas
relações não são respeitadas em sala de aula, e são apresentadas
sistematicamente como partes individualizadas, provocam uma não
compreensão, por parte dos alunos, entre a aleatoriedade dos cruzamentos, a
probabilidade envolvida e a formação gamética.
A terceira proposta contempla ainda conteúdos que Camargo e Infante-
Malaquias (2007) acreditam ser essenciais e fundamentais para nortear o Ensino
de Genética, já que meiose, formação de gametas e cruzamentos resultantes são
o cerne da Genética Mendeliana Clássica.
A quarta proposta coloca em questão a formação de clones naturais e a
ideia de mitose, relacionado com os gêmeos Weasley; propondo assim que os
alunos elaborem hipóteses para a ocorrência de gêmeos univitelinos e divitelinos.
55

A elaboração de hipóteses, como apontada por Mauri (1996), tem uma


função importante para o processo de ensino-aprendizagem, pois ao tentar
explicar uma situação, o aluno é levado a transformar seus modelos pessoais para
adequar uma explicação plausível para a situação apresentada.
Esta atividade também entra em consonância com a definição de uma
situação problema real, como definida por Pozo e Crespo (1998), já que demanda
do aluno raciocínio, exige dele a busca por uma resolução e implica na
organização e reorganização de conhecimentos para se alcançar uma meta: a
proposição da hipótese, que deve ser testada.
A quinta e a sexta proposta apresentam a abordagem e a discussão dos
conceitos de dominância e recessividade. A quinta proposta com um enfoque na
herança autossômica recessiva, apresentada na família Evans e os Weasley. A
sexta proposta relaciona o fenótipo bruxo com heranças autossômicas
dominantes. Em ambas as situações também são apresentadas as possíveis
analogias com algumas doenças e heranças que o professor pode estabelecer.
Valadares e Resende (2009) apontam que a discussão destes conceitos,
sua diferenciação e compreensão é fundamental para os alunos do ensino básico.
Já que grande parte das características herdáveis apresentam este tipo de
relação, as quais os alunos devem compreender com propriedade.
O uso das analogias para ensinar Genética é interessante, pois permite a
transposição de um conhecimento de uma situação análoga, que é geralmente
compreendida mais facilmente, para uma realidade mais complexa (MAESTRELLI,
FERRARI, 2006).
Na sétima proposta o objetivo é trabalhar com características que não
seguem um padrão de herança mendeliana, trabalhando com mutação, linkage e
heranças ligadas ao sexo.
Trabalhar estes conteúdos também permite, que em certa maneira, o
estudante construa uma visão diferenciada sobre Genética, pois mostram que
outros fatores e outros tipos de fenômenos podem influir nos mecanismos de
hereditariedade de uma maneira não determinística (VALADARES, RESENDE,
2009).
56

A oitava proposta traz uma ideia de síntese dos conceitos aprendidos, em


que os alunos trabalhariam com todos os heredogramas e frente as diferentes
possíveis heranças teriam de elaborar uma teoria ou hipótese que englobasse
todas as famílias discutidas anteriormente. Neste momento os autores do trabalho
apresentam uma possibilidade de padrão de herança bruxa, que é de polialelia.
É interessante ressaltar que diferentes propostas podem ser viáveis e
aceitas, que não há uma resposta definitiva, uma vez que autores de literatura não
têm preocupação com a verdade, apesar de usarem de seus conhecimentos em
Ciência, para explicarem a sua realidade ficcional, como destacam Gomes-Maluf e
Souza (2008).
Esta atividade também se apresenta como um problema real para os
alunos, pois, segundo Pozo e Crespo (1998), estes são caracterizados por
despertar interesse e gerar dúvidas reais, de forma que os alunos se dediquem a
desenvolvê-los; elaborando diferentes esquemas para tanto.
A elaboração de uma representação pessoal sobre o conteúdo é uma das
metas dessa proposta, de forma que o aluno se vê frente a uma situação e terá
que organizar-se de tal maneira que consiga resolvê-la. Este é um requisito chave
para o desenvolvimento cognitivo do educando, pois ele deve considerar aquilo
que aprendeu, traçando um curso e estabelecendo uma meta para sanar a
situação problema apresentada, como discorrem Pozo e Echeverría (1998).
A proposta de Polialelia para o fenótipo bruxo, apresentada neste trabalho,
mostra-se como uma proposição inédita. Craig et al (2005) apontou um caráter
puramente autossômico recessivo para esta característica, enquanto Dodd et al
(2005), em discordância, elucidou que não havia um padrão de herança definido
para a Magia.
Esta proposta foi feita levando-se em consideração todas as situações
apresentadas nas obras de Rowling (1997, 1998, 1999, 2000, 2003, 2005, 2007) e
a partir de todos os dados coletados, buscando incluir todas as situações
apresentadas.
Mas como explicitam Gomes-Maluf e Souza (2008), uma vez que autores
de ficção tem compromisso com a fantasia e não com a verdade, a realidade
57

ficcional retrata apenas as concepções biológicas destes autores e não uma


verdade científica plenamente testada e elaborada.
É importante ressaltar que o professor não precisa utilizar todas as
propostas, que o mais interessante é que ele as utilize de acordo com o perfil da
sala, adequando-as com as características individuais da turma e com o seu
próprio plano pedagógico.
As propostas oferecem ainda a possibilidade para uma ação interdisciplinar
com os professores de Língua Portuguesa, através do trabalho com Leitura; de
Matemática, ao integrar o cálculo de probabilidade; ou com os professores de
História e Filosofia, uma vez que toda esta problemática do ser bruxo e ser trouxa
na obra de Rowling (1997, 1998, 1999, 2000, 2003, 2005, 2007) levam a
discussões sobre pureza de raça, eugenia e preconceito. Assuntos recorrentes
que em outros tempos também levaram a ações de pureza racial, como o
Nazismo alemão.
As propostas não têm intenção de serem um roteiro pronto a ser seguido,
visam apenas fornecer um plano de orientação ao professor, com a intenção de
facilitar e melhorar a aprendizagem de genética que tem como característica
própria ser abstrata, distante da realidade e envolver conceitos complexos, como
relatam diversos autores (ABRIL, ET. AL, 2002; GOLDBACH, ET. AL, 2009;
CAMARGO, INFANTE-MALAQUIAS, 2007; SALIM, ET. AL, 2007).
As propostas de atividade foram a opção escolhida, pois permite que
professores do ensino básico, que venham a conhecer essa alternativa, possam
adaptá-lo de acordo com as necessidades, demandas e peculiaridades de suas
classes. Não se visa que esta proposta tenha por objetivo apenas propor o ensino
da Genética da série Harry Potter per si, mas fornecer uma ferramenta que
possibilite a analogia com conceitos biológicos e maximize o processo de
construção de conhecimentos da área de Genética de uma forma mais
significativa para o educando.
58

6. Considerações Finais

Tendo em vista os nossos objetivos iniciais, conseguimos alcançá-los ao


fazer uma análise dos problemas relativos ao Ensino de Genética que já foram
publicados, conseguimos utilizar os dados da série Harry Potter para propor
atividades que contemplassem os conteúdos que normalmente são trabalhados
em sala de aula e os que são destacados como essenciais pelo referencial
estudado.
Por demandar muito tempo para a sua elaboração, não foi possível aplicar
a proposta de roteiro, e assim avaliar a sua aplicabilidade, seus pontos positivos e
os negativos. Portanto, julgamos que seria interessante a continuidade deste
trabalho, uma vez que a análise do material produzido e a reflexão sobre o mesmo
produziria resultados interessantes que contribuiriam significativamente para uma
perspectiva de melhoria do Ensino de Genética.
Existe também a possibilidade de explorar outros assuntos presentes na
série Harry Potter, uma vez que, dentro da perspectiva de trabalho de conclusão
de curso, não foi possível abranger todas as possibilidades apresentadas na
mesma.
Algumas abordagens encontradas pelos autores deste trabalho foram a
temática da Eugenia, uma vez que ao longo da história, um dos cernes centrais da
trama é a questão da superioridade da raça de bruxos sobre a de outros seres
mágicos, assim como a supremacia dos puro-sangues sobre os nascidos trouxas
ou mestiços.
Há possibilidade de se introduzir conceitos de Zoologia, de Botânica e de
Biogeografia com os animais e vegetais fantásticos citados ao longo da obra, e
que são apresentados nas aulas de Herbologia e Trato de Criaturas Mágicas.
Também poderiam ser trabalhadas algumas questões de concepções
alternativas apresentadas no livro e que costumam ser expressa por crianças,
como no caso das Mandrágoras, que se alimenta de terra e tem o
desenvolvimento semelhante ao de seres humanos; apresentando uma
59

possibilidade de se trabalhar este tipo de literatura com uma faixa etária mais
jovem que a do Ensino Médio.
60

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acesso em 17 de Set. 2011.
65

8. APÊNDICE

8.1 Glossário

Aborto: Indivíduo filho de pais bruxos, mas sem poderes mágicos.

Auror: Bruxos do Ministério da Magia especializados na caça e no combate a


bruxos e feiticeiros das trevas.

Azkaban: Prisão bruxa para a qual os criminosos da sociedade mágica são


enviados.

Balaço: Um dos três tipos de bolas do jogo de Quadribol. Bola enfeitiçada, que
junto com seu par, voa pelo ar tentando atingir qualquer jogador visando derrubá-
lo de cima da vassoura.

Basilisco: Criatura mágica e mítica altamente perigosa, com o formato de uma


serpente de tamanho colossal. Seu olhar direto pode matar um ser humano.

Beauxbattons: Uma das escola de Magia estrangeira que compete no Torneio


Tribruxo. Localizada provavelmente na França.

Bisbillhoscópio: Instrumento mágico que detecta segredos. Semelhante a um


peão, quando localiza algum segredo, começa a girar e apitar.

Bruxo: Ser humano dotado de capacidades sobrenaturais, capaz de executar


feitiços, manusear varinha e instrumentos mágicos.

Cálice de Fogo: Instrumento seletor dos alunos de cada escola participantes do


Torneio Tribruxo. Uma taça de madeira que contém flamas azuladas.

Comensal da Morte: Bruxos das trevas, seguidores e apoiadores de Lord


Voldemort, assim como de sua ideologia de pureza racial bruxa.

Dementador: Criaturas mágicas das trevas que se alimentam de alegria e


felicidade dos seres humanos. Sua presença é marcada por um frio intenso, e tal
criatura é capaz de drenar a alma de um ser humano através de seu beijo.

Durmstrang: Uma das escola de Magia estrangeira que compete no Torneio


Tribruxo. Localizada provavelmente em algum país ao norte da Europa.
66

Elfo Doméstico: Criatura Mágica, cuja espécie serve como empregado aos bruxos.
Um elfo é preso a uma família de bruxos até que receba uma peça de roupa de
presente de algum dos membros da família, sendo assim liberto.

Hipogrifo: Criaturas mágicas metade cavalo e metade águia. São carnívoros e


capazes de voar.

Horcrux: Item resultante de magia negra altamente perigosa. Consiste em um item


ou ser vivo na qual um bruxo encerra parte de sua alma, de forma que caso seja
atacado, não morre uma vez que sua alma não é totalmente destruída e encontra-
se dividida.

Lobisomem: Condição patológica na qual um ser humano se transforma em uma


criatura bestial toda lua cheia, perde a razão e assume instintos selvagens.
Condição contraída a partir da mordida de um lobisomem plenamente
transformado.

Mandrágora: Planta mágica, cuja raiz se assemelha a um formato humanóide de


desenvolvimento semelhante ao humano. Quando retirada de baixo da terra, a
mandrágora emite um grito que pode ser mortal.

Mestiço: Indivíduo que é filho de pais que são respectivamente trouxa e bruxo.

Metamorfomago: Condição inata mágica em que o bruxo é capaz de alterar sua


aparência e sua fisionomia de acordo com a sua vontade.

Nascido-trouxa: Indivíduo bruxo, e portanto com poderes mágicos, cujos pais são
trouxas.

Ofidioglota: Indivíduo capaz de entender e falar com as serpentes.

Pedra Filosofal: Item alquímico e mágico raro, a partir do qual é possível se extrair
o Elixir da Vida e transformar metais em ouro.

Penseira: Instrumento mágico com formato de bacia de pedra, dentro da qual os


bruxos são capazes de visualizar memórias que ali depositem.
67

Poção Polissuco: Bebida mágica preparada ao longo de um mês, que concede a


quem a bebe a capacidade de se transformar fisicamente por uma hora em outro
indivíduo, cuja parte do corpo tenha sido adicionada a poção.

Profeta Diário: Jornal diário do mundo mágico que veicula as notícias e


acontecimentos do mundo bruxo.

Quadribol: Esporte popular entre os bruxos; joga-se montado em vassouras. Duas


equipes, cada uma composta por sete jogadores, tem por objetivos fazer pontos
arremessando uma bola principal (goles) entre os três aros do campo da equipe
adversária. Vence quem obtiver mais pontos e o jogo se encerra quando um dos
apanhador , jogador especializado, captura o pomo de ouro (uma pequena bola
dourada e ágil).

Relíquias da Morte: Três itens mágicos que teriam sido supostamente dadas pela
própria Morte a três bruxos. O possessor dos três itens se torna o senhor da Morte
e não pode ser morto enquanto as possuir. São as relíquias a Pedra da
Ressurreição, a Varinha das Varinhas e a Capa da Invisibilidade.

Sangue-puro: Termo cunhado pelas famílias bruxas que não possuem ligação, elo
ou trouxas na família.

Sangue-ruim: Termo pejorativo utilizado para ofender os indivíduos bruxos


nascidos-trouxa.

Torneio Tribruxo: Competição interescolar entre as três escolas de magia européia


(Hogwarts, Beauxbattons e Durmstrang), em que cada escola possui
tradicionalmente um aluno representante, denominado campeões. Os campeões
passam por três provas, e o que obtiver mais pontos vence o torneio para sua
escola.

Trouxa: Ser humano que não possui capacidades mágicas, descrito como a maior
parte da população humana.

Veela: Criaturas Mágicas humanóides capazes de exercer atração aos homens,


quando irritadas são capazes de lançar bolas de fogo.
68

Vira-tempo: Item mágico, extremamente raro e regulamentado, que possibilita


voltar no tempo.
69

Estou ciente do conteúdo da Monografia “DA MAGIA PARA A


BIOLOGIA – POSSIBILIDADES DA SÉRIE HARRY POTTER PARA O
ENSINO DE GENÉTICA”

___________________________________
Profª. Drª. Ana Paula Pimentel Costa

(Orientadora – Universidade Presbiteriana Mackenzie)

___________________________________
Eymael Silva de Souza

(Aluno – Código de Matrícula 3098415-7)

Trabalho a ser apresentado em: Novembro/2011

___________________________________
Juliana Almeida Menequini

(Aluna – Código de Matrícula 3095525-4)

Trabalho a ser apresentado em: Novembro/2011

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