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Nº DOI: 10.18065/RAG.2018v24ne.

INTERPRETAÇÃO FENOMENOLÓGICA DO POEMA


“NOITE ESCURA” DE JOÃO DA CRUZ
Phenomenological Interpretation of the Poema “The Dark Night” of John of the Cross

Interpretación Fenomenológica del Poema “Noche Oscura” de Juan de la Cruz

Renato Kirchner
Jealison Machado Laroca

Resumo: Este artigo tem por escopo expor, analisar e interpretar, a partir do método fenomenológico, a obra Noite escu-
ra (Noche oscura), do místico cristão João da Cruz (1542-1591). Busca-se um aprofundamento no texto-base, bem como
de comentadores especializados. O horizonte fenomenológico é demarcado pelas anotações heideggerianas sob o título
“Os fundamentos filosóficos da mística medieval”, datadas de 1918/1919, e publicados no volume 60 da Obra completa
pelo título Fenomenologia da vida religiosa. A interpretação aqui realizada permite discernir em que medida o símbolo
“noite escura” pode ser comunicado e entendido pelo homem religioso e pelo homem não-religioso, uma vez que Noite
escura refere-se a um estado muito particular de experiência mística, o qual conduz à divina união de amor com Deus.
Palavras-chave: Noite escura. Experiência mística. Purificação. João da Cruz.

Abstract: This article aims to expose, analyze and interpret, from the phenomenological method, the work Dark Night
(Noche oscura), by the Christian mystic John of the Cross (1542-1591). We look for a deepening in the base text, as
well as of specialized commentators. The phenomenological horizon is demarcated by the Heideggerian notes under
the title “The Philosophical Foundations of Medieval Mysticism”, dated 1918/1919, and published in volume 60 of the
Complete Work by the title Phenomenology of religious life. The interpretation here makes it possible to discern to what
extent the symbol “dark night” can be communicated and understood by religious man and non-religious man, since
Dark Night refers to a very particular state of mystical experience, which leads to the divine union of love with God.
Keywords: Dark night. Mystical experience. Purification. John of the Cross.

Resumen: Este artículo tiene por objeto exponer, analizar e interpretar, a partir del método fenomenológico, la obra No-
che oscura, del místico cristiano Juan de la Cruz (1542-1591). Se busca una profundización en el texto base, así como
de comentaristas especializados. El horizonte fenomenológico es demarcado por las anotaciones heideggerianas bajo
el título “Los fundamentos filosóficos de la mística medieval”, datados de 1918/1919, y publicados en el volumen 60
de la Obra completa por el título Fenomenología de la vida religiosa. La interpretación aquí realizada permite discernir
en qué medida el símbolo “noche oscura” puede ser comunicado y entendido por el hombre religioso y el hombre no
religioso, ya que la noche oscura se refiere a un estado muy particular de experiencia mística, a la divina unión de
amor con Dios.
Palabras-Clave: Noche Oscura. Experiéncia Mística. Purificación. Juan de la Cruz.

Introdução É, pois, pelos fundamentos que o nosso cami-


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nho pela noite escura tem seu início. Antes de fazer-


Nesta reflexão objetiva-se realizar uma inter- mos a análise do texto de João da Cruz, buscaremos
pretação fenomenológica do poema Noite escura de os fundamentos filosóficos e a orientação fenomeno-
João da Cruz. Antes de se iniciar o percurso desta lógica necessária para o que aqui se pretende fazer.
interpretação, faz-se necessário definir qual seja o Heidegger elabora um esboço para uma preleção, a
início de tal caminho. O objeto da nossa investigação qual não vem a ser proferia. Tal esboço servirá aqui
será a “noite escura”, contudo, o método que nos au- como delimitação de um horizonte da presente ten-
xiliará em tal tentativa será o da fenomenologia hei- tativa de interpretação de Noite escura.
deggeriana. Assim, o nosso ponto de partida e princí- Uma pergunta que aqui nos interessa fazer é
pio orientador serão as anotações do filósofo alemão esta: poderia o homem não-religioso compreender
Martin Heidegger datadas dos anos de 1918/1919 sob a vida religiosa? Enfim, somente o homem religioso
o título “Os fundamentos filosóficos da mística me- poderia possuir os dados autênticos para tal com-
dieval”, publicado no volume 60 da obra completa preensão? A presente dificuldade poderia colocar-se
do filósofo: Fenomenologia da vida religiosa (Phänomelo- caso a intenção fosse o fomento da vida religiosa em
gie des religiösen Lebens)1. si. Mas não é isso que aqui se busca e, sim, uma com-
1 No Brasil, o volume 60 foi publicado pela editora Vozes: Mar-
preensão fenomenológica da vida religiosa – e, num
tin Heidegger, Fenomenologia da vida religiosa, Bragança Paulista, passo seguinte, da experiência mística (Heidegger,
Edusf; Petrópolis, Vozes, 2010. Em nossos estudos tivemos presen- 2010, p. 317-320).
te também a edição alemã do mesmo volume: Martin Heidegger, Heidegger não trata diretamente de João da
Phänomenologie des religiösen Lebens, Frankfurt am Main, Vittorio Cruz na obra citada. No entanto, o fato de o texto
Klostermann, 1995, embora não víssemos necessidade de também
referi-la nas citações utilizadas.

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heideggeriano não tratar diretamente de João da tam com toda força o lirismo de João da Cruz. Usa-
Cruz não nos parece ser um empecilho para a reali- -se a alegoria do amor humano para falar da união
zação da investigação aqui proposta. Em “Os funda- do humano com o divino (Teixeira, 2018, p. 15-16).
mentos filosóficos da mística medieval” há a citação Como veremos mais adiante, a união mesma com
explícita, embora breve, de Teresa de Ávila. Devido o divino, ou a contemplação ela mesma, não pode
à proximidade da temática mística vivenciada e de- ser descrita tal como se dá, mas somente por figuras.
senvolvida por João da Cruz e Teresa de Ávila, nes- A grandeza de João da Cruz está no fato de haver
te trabalho foi possível preencher a lacuna deixada encontrado um símbolo denso e sugestivo capaz de
quanto à figura de João da Cruz. Mais propriamente, exprimir a experiência mística: dizer, com linguagem
como será melhor desenvolvido em lugar oportuno, humana, o indizível (João da Cruz, 2018, p. 150). Tal é
aproveitou-se da menção de Heidegger a respeito a natureza do símbolo.
dos Sermões de São Bernardo ao Cântico dos Cânticos. É Quanto às declarações, são de tal profundida-
no contexto da citação de Bernardo que Teresa é cita- de e riqueza, que fazem com que o nome de João
da. Contudo, um olhar mais atento ao texto da Noite da Cruz fulgure entre os maiores da literatura espa-
escura permitiu constatar que também João da Cruz nhola de todos os tempos. As declarações são expli-
faz o uso direto de Bernardo, quando fala dos dez cações, em prosa, dos versos do poema. Dividem-se
degraus da escada mística. em dois livros: no primeiro livro é explicada e decla-
rada a canção primeira, à qual o autor dá o sentido de
1. A noite escura: um primeiro olhar purificação da parte sensitiva do homem, ou como
também a denomina, a noite escura dos sentidos
Uma vez delimitado o horizonte de investiga- (primeira noite). No livro segundo, encontra-se a de-
ção, passemos à análise do objeto de estudo deste claração da primeira e da segunda estrofes. Muda-se,
trabalho, isto é, a obra Noite escura. Lancemos um pri- porém, o nível da purificação: fala-se da passiva e
meiro olhar sobre a obra de João da Cruz de modo a obscura purificação realizada na parte espiritual do
considerá-la, de início, quanto à sua forma, ou seja, homem. É a noite escura do espírito (segunda noite).
quanto à sua estrutura. Quando chega na declaração da terceira canção,
Nesta primeira esfera de análise, pode-se per- João da Cruz interrompe de modo inesperado a obra,
ceber que a obra se estrutura da seguinte maneira: sem lhe dar o acabamento que seria de se esperar. Dá
trata-se de um poema seguido de uma longa decla- apenas uma breve explicação da estrofe em questão,
ração em prosa. Quanto ao poema, que também é sem fazer a declaração detalhada, como nas estrofes
chamado “canções da alma”, observamos que este é anteriores, de cada verso per si (Teixeira, 2018, p. 14).
composto de oito estrofes de cinco versos cada. João
da Cruz segue o estilo literário corrente na Espanha 1.1. A noite escura dos sentidos
da segunda metade do século XVI, a saber, a litera-
tura ascética e mística (Borriello et alii, 2003, p. 588). O livro primeiro da Noite escura – como já men-
Analisemos a estrutura do poema: é escrito na cionado – trata da noite do sentido, declarando a
forma de “lira garcilasiana”2, que consiste num mo- primeira canção, na qual a “noite escura” significa a
delo de estrofe composto por cinco versos. O primei- contemplação purificadora realizada na parte sensi-
ro, o terceiro e o quarto versos possuem seis sílabas tiva do homem. Entram na noite escura dos sentidos
tônicas cada um; o segundo e o quinto verso pos- as almas às quais Deus deseja tirar do estado de prin-
suem dez sílabas tônicas (decassílabo italiano). cipiantes para conduzi-las ao estado dos perfeitos. É
Com o verso “Em uma noite escura” começa uma noite de purificação dos vícios nos quais incor-
a primeira estrofe. Deste verso provém o nome da rem os que já se exercitam no caminho espiritual.
obra: Noite escura. Nas quatro primeiras estrofes, João As imperfeições em que incorrem os princi-
da Cruz narra o movimento de saída da alma em di- piantes são apresentadas por meio dos sete vícios Dossier Fenomenologia e Idade Média
reção ao Amado, saída esta que se dá em “noite dito- capitais: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e
sa”, na qual a alma se encontra inflamada de amor. preguiça. Todos eles tratados num sentido espiritual.
É também uma noite “secreta” e “segura” na qual a Vejamos cada um dos vícios, conforme tematiza-
alma caminha sem ser vista e sem olhar coisa algu- dos por João da Cruz em Noite escura: A soberba espiri-
ma, senão a luz que no coração lhe arde e ilumina tual torna a alma semelhante ao fariseu do Evangelho
(João da Cruz, 2018, p. 21-22). que se gabava das obras que fazia, enquanto despreza-
A quinta estrofe é o ápice do poema: narra-se a va o publicano. A avareza espiritual consiste no apego às
chegada da amada e o encontro com o Amado. É a práticas exteriores de devoção. A luxúria espiritual é a
noite “mais amável que a alvorada”, na qual dá-se a causa e origem de todos os demais vícios. No fervor dos
união do Amado com a amada: “amada já no Amado exercícios espirituais, sem cooperação alguma da vonta-
transformada” (Teixeira, 2018, p. 11). de, surgem movimentos e atos baixos na sensualidade.
Nas três últimas estrofes é descrito como se dá a Três são as causas: primeira, do gosto que muitas vezes
união da amada com seu Amado. Nestas estrofes bro- experimenta a natureza nas coisas espirituais; depois,
2 A lira garcilasiana é modelo de estrofe criado, sob influência do
do demônio, que desperta na natureza tais movimen-
Renascimento, por Garcilaso de la Vega (Toledo, 1500-1531). Com- tos sensuais a fim de inquietar e perturbar a alma no
põe-se de cinco versos em que o primeiro, o terceiro e o quarto têm momento da oração; bem como do temor que tais mo-
seis sílabas cada um. O segundo e o quinto são decassílabos italia- vimentos incutem naqueles que lhes são sujeitos. A ira
nos. Rimas (soantes ou toantes): A/B/A/BB. Foi usado muitas vezes espiritual diz respeito ao mal humor surgido na alma
por João da Cruz em seus poemas, sendo que cada estrofe mereceu
do autor um comentário místico-teológico (Fonte: https://rogerioluz. ao lhe acabar o sabor e o gosto nas coisas espirituais;
wordpress.com/2013/06/03/a-lira-garcilasiana/).

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bem como o irritar-se com zelo irrequieto contra os Tal noite consiste em uma saída de si em direção
próprios vícios, tornando-os manifestos; assim como o à liberdade do amor de Deus. Saída que se dá estan-
zangar-se consigo mesma, por causa das imperfeições, do sossegada a casa da sensualidade, de sorte que a
desejando ser perfeita de um dia para o outro. A gula alma se expressa no último verso da canção primeira:
espiritual consiste no exagero na prática dos exercícios “Já minha casa estando sossegada”.
espirituais, não pelo amor de Deus, mas pelo sabor e É Deus que, em tal sossego, nutre a alma, de
prazer neles encontrados, fazendo os principiantes ul- modo que ela não coopera ativamente em nada
trapassarem o justo meio, no qual se encontram todas (quanto às suas potências e raciocínios) neste cami-
as virtudes, indo além do que sua frágil natureza pode nho que leva à via do espírito, que consiste na se-
suportar. Quanto à inveja espiritual, essa representa o gunda noite.
pesar sentido na alma pelo progresso espiritual perce-
bido nos outros. Já a preguiça espiritual significa o tédio 1.2. A noite escura do espírito
nas coisas espirituais, a fuga dos pios exercícios, por ne-
les não encontrar consolação sensível, gerando o aban- O segundo livro trata da noite escura do espí-
dono do caminho de perfeição. rito. Começa por dizer em que tempo tal purificação
“Em uma noite escura”: Os principiantes, após tem início. A purificação dos sentidos, por mais forte
percorrerem por algum tempo o caminho da virtu- que tenha sido, não está acabada e perfeita se não
de, pelo sabor e gosto encontrados na meditação e ocorre a principal purificação, que é a do espírito.
oração, sentem-se iluminados pelo sol dos diversos Isto se dá pela íntima conexão que existe entre sen-
favores divinos. Mais eis que Deus, para que progri- tido e espírito. Deus põe a alma, propositalmente,
dam, lhes obscurece toda luz interior, submergindo numa terrível noite de contemplação para conduzi-
todo sentido nesta noite, em total aridez, de forma -la à divina união de amor.
que só encontram amargura e desgosto. Duas são as espécies de imperfeições e peri-
Contudo, nem toda aridez provém da noite es- gos que são próprios aos adiantados (aproveitados):
cura. Ao contrário, é muito comum sentir aridez. Por umas, habituais, outras, atuais. As imperfeições ha-
isso, há alguns sinais para discernir se esta provém bituais são os apegos e costumes que permanecem,
desta purificação sensitiva ou se nasce dos vícios es- como raízes, no espírito. Bem como a habetudo mentes,
pirituais acima mencionados. São três os sinais prin- a dureza natural que todo homem possui por conta
cipais: 1) Falta de gosto ou consolo, não somente nas do pecado, a distração e o derramamento do espírito.
coisas divinas, mas também em coisa alguma criada; As imperfeições atuais ocorrem de modo dife-
2) Lembrança contínua de Deus, com coração aflito rente em cada um, podendo vir por meio de ilusões,
por se ver indigno servidor de Deus; 3) Impossibili- visões imaginárias e espirituais. Alguns mesmo caem
dade de praticar a meditação. em vícios piores do que aqueles apontados na noite
A maneira como devem proceder os princi- dos sentidos.
piantes nesta noite escura é a seguinte: perseverar A noite do espírito é necessária para que o sen-
pacientemente na oração, já que nesta passiva puri- tido se conforme ao espírito, de modo que a comuni-
ficação não podem agir por si mesmos. No caminho cação espiritual posa ser pura e forte na medida em
da noite escura, não há lugar para a imaginação e o que se exige para a união com Deus. O meio próprio
raciocínio. É um tempo de paz e ócio da alma. e adequado para unir-se com Deus é despojar o sen-
Quanto mais se vai adiante nesta noite, passa- tido e o espírito, caminhando em obscura e pura fé.
-se a entender os três outros versos da canção primei- “Em uma noite escura”. Por que chama a alma
ra. A alma passa a sentir-se com desejo de Deus: “De à luz divina de “noite escura”? Por dois motivos: 1)
amor em vivas ânsias inflamada”, de sorte que ela Pela elevação da sabedoria de Deus, que excede a
mesma não entende de onde lhe brota tanto amor capacidade da alma, tornando-se treva para a alma
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e afeto. É uma ditosa ventura – “Oh! ditosa ventu- e 2) devido à baixeza e impureza da alma, que faz
ra”, diz o verso –, os grandes proveitos recebidos com que a luz de Deus lhe seja penosa e aflitiva, bem
pela alma, ainda que esta não seja capaz ainda de os como obscura.
perceber. Só julga ser grande ventura haver saído do A contemplação infusa, chamada por Dionísio
laço e aperto dos sentidos. Eis a grande ventura des- “raio de treva divina” (Catalán, 2008, p. 25-26), possui
ta saída: “Saí sem ser notada”. Sair da sujeição que tantas excelências, extremamente boas, e a alma ain-
tinha a alma à parte sensitiva, de modo que nenhum da está cheia de misérias em extremos. Não podem
dos inimigos (mundo, demônio e carne) a pudessem caber os dois contrários num mesmo sujeito. O penar
perceber, deixando de buscar a Deus pela via tão li- e o sofrimento se dão na alma pela luta destes dois
mitada dos sentidos. contrários. Embora a mão de Deus seja branda e sua-
O principal proveito causado na alma por esta ve, a alma a sente tão pesada e contrária.
escura purificação é o conhecimento de si e de sua O maior sofrimento da alma é crer-se abando-
miséria. Estado que leva a alam, depois, a ser mais nada por Deus. A alma, no mais profundo desta noi-
comedida e respeitosa perante Deus, logrando hu- te, sente as sombras e gemidos da morte e as dores
mildade espiritual, donde lhe brota o amor ao próxi- do inferno. Sente-se sem Deus, castigada e abando-
mo, a todos estimando, ao invés de os julgar. É tempo nada, indigna dele. O mesmo sente a alma em rela-
de submissão e obediência no caminho espiritual. ção às criaturas e aos amigos.
Outros proveitos trazidos à alma são: deleite de As almas que padecem tal noite são as que
paz; ordinária lembrança de Deus; limpidez e pureza verdadeiramente descem vivas ao inferno, fazendo
do espírito; exercício de virtudes. (sofrendo) em vida a purificação que deveriam fazer

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Interpretação Fenomenológica do Poema “Noite Escura” de João Da Cruz

(sofrer) depois da morte. De sorte que é de muito ra nas trevas porque estão adormecidos suas potên-
maior proveito uma hora deste sofrimento aqui na cias e apetites.
terra do que muitas depois da morte. Sai a alma segura “pela secreta escada disfarça-
Tudo que se pode expressar acerca desta infu- da”: secreta escada é o nome pelo qual chama a alma
sa purificação, quanto às aflições e angústias, é cer- esta contemplação obscura; disfarçada é o modo pelo
tamente muito abaixo da realidade. Muitos são os qual caminha a alma. É secreta porque segundo a
exemplos nas Sagradas Escrituras que ajudam a ilus- teologia mística denominada pelos teólogos de “sa-
trar esta purificação e noite espiritual. bedoria secreta”, que, para Santo Tomás, é infundi-
A alma que passa por tais tormentos imagina não da e comunicada (secretamente) na alma pelo amor.
ser esta noite o remédio de que ela necessita. Mas é Não é só a alma que não o entende, ninguém mais,
Deus que a purifica, do modo que melhor lhe convém, nem mesmo o demônio.
de sorte que em nada a alma pode agir. Esta é como Esta sabedoria secreta é também escada, porque
prisioneira em obscura masmorra, atada de pés e mãos. através dela sobe a alma a escalar, conhecer e possuir
A alma deve permanecer humilde, para que se os bens e tesouros do céu. É escada, sobretudo, por-
humilhe, abrande e purifique o espírito, de tal modo que os mesmos degraus que servem para subir, ser-
que seu espírito possa tornar-se um com o espírito de vem para descer: as comunicações do amor de Deus,
Deus, segundo o grau de união de amor que a divina ao mesmo tempo que elevam a alma em direção de
misericórdia deseja conceder-lhe. Segundo tal medi- Deus, humilham-na em si mesma. Neste caminho,
da, será maior ou menor a noite escura. descer é subir e subir é descer. Esta escada mística
Neste estado, a alma padece por não conseguir de amor, tal como descrevem São Bernardo de Cla-
rezar e por não sentir-se ouvida por Deus. Contudo, raval e Santo Tomás de Aquino, possui dez degraus
não é tempo de se falar com Deus, mas sim de sofrer por onde a alma sobre, passando de um a outro, até
com paciência sua purificação. E, se tal purificação chegar a Deus (João da Cruz, 2018, p. 153-155).
lhe parecer obscura, é porque, conforme diz o Filóso- O primeiro degrau de amor faz a alma enfermar
fo, “as coisas sobrenaturais são tanto mais escuras ao salutarmente. O segundo degrau faz com que a alma
nosso entendimento quanto mais luminosas e mani- busque a Deus. O terceiro faz a alma agir e lhe dá
festas em si mesmas”. calor para não desfalecer. O quarto degrau causa na
Embora tal noite obscureça o espírito, esta é alma uma disposição para sofrer, sem se fatigar, pelo
destinada a esclarecer-lhe e dar-lhe luz. Se o humi- seu Amado. O quinto faz a alma apetecer e cobiçar a
lha e torna miserável, é para exaltá-lo e levantá-lo. O Deus impacientemente. O sexto degrau leva a alma
espírito deve estar simples, puro e desapegado das a correr para Deus com ligeireza, muitas vezes con-
afeições naturais (atuais e habituais), para comuni- seguindo tocar nele. O sétimo torna a alma ousada
car-se livremente, em dilatação espiritual com a di- com veemência. O oitavo degrau faz a alma agarrar e
vina sabedoria. segurar seu Amado. O nono faz a alma arder suave-
Esta luz divina que a purifica é a mesma a que mente. O décimo degrau faz a alma assimilar-se to-
a alma chega, quando da união deífica. E, se produz, talmente a Deus e, depois de passar o nono degrau,
nos primeiros tempos, efeitos penosos e estranhos, sai da carne, em virtude da clara visão de Deus.
é por causa da fraqueza e imperfeição da alma, de “Disfarçado” é o modo pelo qual a alma vai
tudo quanto é contrário à recepção de tal iluminação. pela secreta escada. Outra coisa não é senão dissimu-
O fundamento da noite escura pode ser dado lando-se e encobrindo-se sob um traje diferente do
por meio da comparação do fogo que queima a ma- de costume, que manifesta seu novo estado e a faz
deira. A divina iluminação vai dispondo a alma do esconder-se dos já citados adversários. Tal disfarce
mesmo modo que o fogo ateado à madeira vai secan- possui três cores, as quais significam as três virtudes
do, tirando a umidade e expelindo a seiva, a fim de teologais.
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transformá-la em si mesmo, em fogo. A fé é representada por uma túnica de excelsa
“De amor em vivas ânsias inflamada”, no fogo brancura, que ofusca a visão de todo entendimento,
de amor já referido, o espírito sente-se apaixonado resistindo sobretudo ao demônio. Logo acima veste
por esta inflamação espiritual, que produz paixão de a alma a almilha verde, que representa a esperança,
amor. É paixão porque tal amor infuso é mais passivo com a qual liberta-se do segundo inimigo, o mundo.
que ativo. A alma apenas dá seu consentimento. Sobre o branco e o verde a alma traz a terceira veste
“Oh! ditosa ventura”. A ditosa ventura da alma que é a toga vermelha da caridade, que lhe faz crescer
é justamente o que se segue: “saí sem ser notada, já o amor do Amado, podendo resistir com maior for-
minha casa estando sossegada”. A heroica união com taleza ao outro adversário, a carne. Estas três virtu-
o divino Amado é realizada fora da casa da sensuali- des separam de tudo quanto aparta a alma de Deus
dade, na solidão, estando adormecidos todos os ape- e têm por ofício uni-la com Deus. Como só é possível
tites e paixões. a alma chegar à perfeita união de amor com Deus
É uma ditosa ventura ter Deus adormecido na vestida com o traje destas três virtudes, ela considera
casa da alma todos os moradores, isto é, suas paixões ser grande ventura poder tê-lo vestido.
e potências, afeições e apetites, quer da parte sensiti- Por isso, declara: “ditosa ventura!” ter passado
va, quer da parte espiritual. Saindo sem ser notada, das coisas baixas para as altas, alcançando tão deseja-
ou seja, impedida por todas estas afeições. da liberdade de espírito, “às escuras, velada”, ou seja,
A alma, caminhando nas trevas, “na escuridão”, escondidamente, porque, quanto mais espiritual, in-
vai “segura”. Tal escuridão é entendida quanto aos terior e remoto dos sentidos é a comunicação, tanto
apetites e potências já mencionados. Caminha segu- menos o demônio consegue entendê-la.

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“Já minha casa estando sossegada”, diz a alma, Na escuridão, segura,


para terminar a segunda canção, significando o se- Pela secreta escada, disfarçada,
guinte: estando a parte superior da alma – bem como Oh! Ditosa ventura!
a inferior – já sossegada de seus apetites e potências, Na escuridão, velada,
parte para a divina união de amor com Deus. Já minha casa estando sossegada (João da
Cruz, 2018, p. 21).
2. O símbolo “noite”
É nesta estrofe que concentraremos nossa aten-
A densidade do símbolo “noite” é tamanha que ção a partir de agora. Porém, convém delimitar mais
é até difícil exprimi-lo. Uma chave para a interpreta- um pouco ainda nossa consideração, uma vez que,
ção e compreensão pode, ou melhor, deve ser anco- para cada palavra desta estrofe, o autor atribui um
rada no tema da união com Deus. De fato, João da significado específico. Por isso, lançaremos um olhar
Cruz nunca fala da “noite escura” desassociada da especial sobre duas palavras: “secreta” e “escada”.
união divina: é sempre “noite” que conduz à “união” Consideremos primeiramente em que consiste ser a
(Di Santa Maria Madalena, 1961, p. 155). noite escura “secreta escada”.
A noite é uma purificação que conduz à união. João da Cruz lança mão da figura da escada: a
Mas por que, então, chama a alma de “noite” tal pu- noite escura é também escada. O tema da escada, con-
rificação? Se Deus é luz e nele não há trevas, como tudo, não é originário de João da Cruz, já aparecendo
pode conduzir a alma a tal estado? Chama-se noi- no livro do Gênesis (Gn 28,10-19) e na Regra de São
te porque é um obscurecer dos sentidos, quando Bento, no capítulo sétimo, sobre a humildade3.
da primeira purificação, e um obscurecer das falsas Para declarar que esta noite é escada, João da
imagens de Deus, quando da segunda purificação. Cruz lança mão dos dez degraus da escada mística
É pela via dos sentidos que o homem tem acesso ao do amor divino de São Bernardo de Claraval e de
mundo. Os sentidos são as “janelas da alma”. A noite Santo Tomás de Aquino, conforme já havíamos re-
é um obscurecer dos sentidos. Um passar do super- ferido anteriormente. Os dez degraus são explicados
ficial para o profundo, isto é, colocar as potências na dentro da perspectiva da noite: secreta sabedoria,
escuridão. isto é, secreta escada. Pode-se ver nestes dez degraus
A noite dos sentidos possui dois aspectos: moral como que um resumo de todo o itinerário da Noite
e ontológico. O aspecto moral diz respeito à distância escura.
que a alma sente de Deus. A alma tem consciência de E por que isso nos é tão interessante? Nas ano-
que está distante de Deus e, por isso, padece todos tações heideggerianas “Os fundamentos filosóficos
os tormentos descritos. Contudo, tais sofrimentos da mística medieval” há uma menção aos comentá-
não são causados pela ausência de Deus. Deus está rios de São Bernardo ao Cântico dos Cânticos, pois, ao
presente (verdadeiramente presente), e é justamente mencionar Bernardo, Heidegger cita Santa Teresa. É
o peso dessa presença que causa tanto penar. A noi- por via desta proximidade temática que foi possível
te escura, porém, não é um silêncio de Deus. Deus fazer a aproximação de Heidegger e João da Cruz,
não se cala na noite dos sentidos, mas acontece que como já havia sido mencionado inicialmente e que
sua voz é tão ensurdecedora que o homem não tem será melhor desenvolvido a partir de agora (Heideg-
consciência de que Deus está lhe falando (Stinissen, ger, 2010, p. 319-320).
2011, p. 17).
Do aspecto ontológico é possível dizer que é 3.1. Os dez degraus da escada mística do amor
causado pela fundamental diferença entre Deus e a divino
criatura. Deus é infinitamente diferente, superior ao
homem, porém, deseja divinizar o homem. Tal divi- João da Cruz cita várias razões para que a noite
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nização só é possível mediante um esvaziamento da escura seja chamada de escada. Destacamos o fato de
alma. Por isso, padece a alma tão grandes sofrimen- que ao mesmo tempo a secreta contemplação eleva a
tos: para que, estando vazia de si, possa ser preen- alma até Deus, humilha a alma em si mesma. Assim se
chida pelo amor de Deus. Deus que é amor, quer ser entende o que significa: “Neste caminho, subir é des-
amado por aquilo que ele é. Quer transformar a alma cer e descer é subir” (João da Cruz, 2018, p. 153-155).
em amor. O desejo de Deus é “fazer-nos ‘deuses’ por O autor está ciente de que só pode tratar com
participação”, diz João da Cruz nos Ditos de Luz e de precisão do lado natural desta contemplação, porque
Amor, “Ele que é Deus por natureza, como fogo que o lado espiritual não é passível de compreensão sen-
transforma tudo em fogo” (Stinissen, 2011, p. 20). sível. Os degraus de amor, como na verdade são, não
podem ser conhecidos pela via natural. Afinal, fala-se
3. A secreta escada
3 Segundo o fenomenólogo holandês Gerardus van der Leeuw
(1890-1950), no clássico livro Fenomenologia da religião (§ 75. Mística):
Uma vez delimitado o horizonte de investiga- “Não há nada mais característico da mística que a descrição do cami-
ção e exposto o objeto de nosso trabalho, passemos nho que o homem deve percorrer para alcançar sua meta. Este cami-
à interpretação propriamente dita. Como se pode nho está dividido em degraus, em estágios. A denominação destes de-
observar, a densidade da obra Noite escura, de João graus é sempre diferente, mas no fundo é sempre o mesmo. Podem
ser sete os graus que devem ser ascendidos, como no sufismo: arre-
da Cruz, abre muitas possibilidades de estudos e in- pendimento, abstinência, renúncia, pobreza, paciência, confiança em
terpretações. Aprouve por bem reduzir o horizonte deus, satisfação; podem ser quatro, como para os jhanas do budismo,
de nossa consideração à segunda estrofe do poema: etc. – mas sempre o fadigoso caminho que conduz à plenitude sim-
ples da vida ao sublime vazio do não ser, do morrer em Deus” (Van
der Leeuw, 1964, p. 475).

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Interpretação Fenomenológica do Poema “Noite Escura” de João Da Cruz

da secreta escada, sabedoria de Deus, e na simplicida- A experiência mística é sempre, da parte do su-
de de tal contemplação, a alma apenas sente, por isso jeito que a vive, algo propriamente singular. Tal sin-
não consegue manifestar aquilo que experimenta. gularidade torna, de certa maneira, impossível que
O mesmo dado pode ser encontrado em Santa a mesma seja partilhada de tal modo que, quem por
Teresa de Jesus: “Pois aquilo que quero apresentar é ela não passe, possa encontrar os dados autênticos
bastante difícil e obscuro, onde não há experiência para um ver originário, no sentido heideggeriano4.
disso”. Para Heidegger, o olhar místico de Teresa “vê Portanto, a experiência mística, ela mesma, isto
fenomenologicamente” sem ver eideticamente e con- é, a contemplação em si, não pode ser descrita tal
forme uma eidética especificamente religiosa (Teresa como ocorre. Tudo o que é possível dizer da expe-
de Jesus, in: Heidegger, 2010, p. 319-320). Ou seja, é riência mística é aquilo que pode ser expresso pelo
possível ter, de certa maneira, consciência do fenôme- símbolo, por exemplo, o símbolo noite, no caso de
no do Divino que vem ao encontro da alma, porém, João da Cruz. Estar diante da noite escura é estar
exprimi-lo quanto à sua ideia e à sua essência não seria diante daquele mistério que se realiza no mais recôn-
ver o fenômeno a partir da mística. Não cremos ser dito da alma humana.
possível trazer a compreensão originária da experiên-
cia mística para uma esfera de compreensão absoluta.
Já não seria mística, mas qualquer outra coisa! Referências
Devido a tal impasse, de que trata, então, tal
gradação em relação ao amor divino? Heidegger Borriello, L., Caruana, E., Del Genio, M.R. & Suffi, N.
apresenta “nexos imanentes essenciais da gradação” (2001). Dicionário de mística. São Paulo: Paulus;
e os faz por meio de São Bernardo: “Não quero che- Loyola.
gar repentinamente ao cume; quero subir lentamen-
te” (São Bernardo, in: Heidegger, 2010, p. 318). Se- Catalán, J. O. (2008). A experiência mística e suas expres-
gundo a compreensão heideggeriana, aquilo que é sões. São Paulo: Loyola.
superior ao homem não deve ser rebaixado a si mes-
Di Santa Maria Maddalena, G. (1961). A união com Deus:
mo, pelo contrário, é a vivência religiosa que deve
segundo São João da Cruz. Lisboa: Aster.
crescer constantemente a partir do sujeito.
A vivência religiosa originária presente na Noite Heidegger, M. (2010). Fenomenologia da vida religiosa.
escura é expressa de um modo diferente. É Deus que Bragança Paulista: Edusf; Petrópolis: Vozes.
vem ao encontro da alma. E, nesta secreta escada, vai
iluminando e ilustrando a alma, de grau em grau, Heidegger, M. (1995). Phänomenologie des religiösen Le-
por meio de uma enamorada inflamação de amor. bens. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann.
Pois somente pelo amor é que a alma pode unir-se
a Deus. É um conhecimento amoroso e infuso de João da Cruz, São (2018). Noite escura. 6. ed. Petrópolis:
Deus. À medida que a alma vai subindo de grau em Vozes.
grau, vai crescendo no amor e na ilustração das rea-
lidades que a esperam (João da Cruz, 2018, p. 155). Stinissen, W. (2011). A noite escura segundo João da Cruz.
5. ed. São Paulo: Loyola.
Considerações finais Teixeira, F. (2018). Apresentação. In: São João da Cruz.
Noite escura. Petrópolis: Vozes.
Afinal, que considerações é possível fazer pelo
que foi exposto, retomando o questionamento colo- Van der Leeuw, G. (1964). Fenomenologia de la religión.
cado na introdução, a saber, se somente o homem México: Fondo de Cultura Económica.
não-religioso poderia compreender a experiência
mística. Entendemos que uma resposta a esta per- Dossier Fenomenologia e Idade Média
gunta está no nível de compreensão a que se pode
chegar pela experiência mística propriamente dita.
Ou seja, o homem não-religioso não é capaz de
compreender a experiência mística em si, porque a
experiência mística, ela mesma, não é nem mesmo
compreendida pelo próprio sujeito que a vive, pois
ela ocorre num âmbito da pessoa onde cessa todo e
qualquer discurso meramente racional.
Se existe a possibilidade de se narrar algo da
experiência mística, segundo João da Cruz, isso só
pode ser realizado de maneira bastante genérica: e é 4 Durante a abordagem da nossa temática, privamo-nos em uti-
lizar demasiadamente outros comentadores da obra heideggeriana
isso que ele faz em toda obra Noite escura. Então, qual sobre o tema da mística. Contudo, parece-nos apropriado recomen-
o fenômeno que pode ser percebido? Tal fenômeno dar ao menos algumas publicações: Bento Silva Santos, Fenomenologia
não pode ser descrito racionalmente: e é por esta ra- e Idade Média, Curitiba, CRV, 2013; Christian Dubois, Heidegger: intro-
zão que João da Cruz lança mão do símbolo da noite, dução a uma leitura, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2004; Philippe Cape-
lle-Dumont, Filosofía y teología en el pensamiento de Martin Heidegger,
a saber, uma tentativa de expressar ou comunicar o Buenos Aires, Fondo de Cultura Económica, 2012; John D. Caputo,
incomunicável. Que a pessoa sinta a experiência mís- The Mystical Element in Heidegger’s Thought, Nova Iorque, Fordham
tica, isso não se pode negar, mas não estamos tão cer- University Press, 1986; John van Buren e Theodore Kisiel (eds.), Rea-
tos se tal experiência pode ser racionalizada. ding Heidegger from the Start: Essays in His Earliest Thought, Albany, Sta-
te University of New York, 1994.

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Renato Kirchner; Jealison Machado Laroca

Renato Kirchner é Professor e Pesquisador na Pontifícia


Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
Membro do corpo docente permanente da Faculdade de
Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Religião. Doutor e Mestre em Filosofia pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, coordena o
Programa de Mestrado Stricto Senso em Ciências da Reli-
gião. E-mail: renatokirchner00@gmail.com

Jealison Machado Laroca é Graduado em Filosofia pela


Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Bolsis-
ta de Iniciação Científica na modalidade PIBIC/CNPq.
E-mail: jealisonlaroca@hotmail.com

Recebido em 02.05.2018
Aceito em 02.08.2018
Dossier Fenomenologia e Idade Média

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