Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Parte 1
Por que é tão importante saber o tipo de mutação? Como é que a gente pode saber se
uma doença é ou não genética? Vou contar uma historinha para vocês terem uma noção de como
a gente consegue descobrir um gene que está intrinsecamente ligado a um desenvolvimento mais
adiantado ou não por exemplo de um câncer de mama, como se o indivíduo apresentar uma
determinada mutação quantos por cento ele tem possibilidade de desenvolver um CA. Essas
doenças são mais difíceis de conversar com o paciente, principalmente o CA que é considerado
uma doença complexa e vai caber a vocês, mesmo que não sejam geneticistas clínicos,
explicarem pros pacientes de vocês o que significa determinada mutação em relação àquela
doença, porque o SUS já autorizou que sejam feitas uma série de exames de doenças genéticas
raras, muitas doenças não tem cura e esse é o problema mas algumas doenças tem como
retardar o mal prognóstico. É muito importante saber sobre aconselhamento genético, e muita
gente pensa que tem a ver com eugenia e não tem nada a ver, tem a ver com o conhecimento,
esclarecimento. Tem pessoas que entendem que aconselhamento genético é dizer que não pode
engravidar por causa de alguma mutação, e não tem nada a ver com isso.
A gente pensa que mutação é sempre ruim, mas a mutação, depende da área que está
localizada, vai ser a causa de variabilidade, então nem sempre ela vai ser ruim. Embora todos
sejamos saudáveis, nós temos diferenças genéticas, causadas pelas mutações. As mutações
podem ter mudança na sequência de DNA (mudanças de base: adenina, guanina, citosina e
timina) ou podem ser mudanças ao longo do cromossomo. Dentro dos cromossomos estão
alocados os nossos genes e o gene determina que determinada proteína seja metabolizada pelo
nosso organismo, ou seja, uma mutação é pior para o indivíduo se acontecer no cromossomo já
que pode atingir mais de um gene, ou seja, atinge mais de uma proteína. Não esqueçam o dogma
que o DNA gera RNA, onde os ribossomos conseguem ler e traduzir em proteína.
Então mutações cromossômicas acabam sendo mais graves porque atingem diferentes
genes ao longo de um cromossomo e estes genes codificam diferentes proteínas. Os genes lado
a lado codificam sempre a mesma proteína? NÃO. A molécula de hemoglobina é formada por
proteínas, que são geradas no cromossomo 11 e 16, formam o tetrâmero que irá formar a
hemoglobina. Então, diferentes genes estão localizados em diferentes cromossomos e as vezes
traduzem a mesma informação, uma mutação cromossômica pode alterar várias regiões
metabólicas do nosso organismo.
Como o SUS liberou os exames para que se faça o diagnóstico de doenças genéticas
raras e nem todas as doenças genéticas se sabem os genes envolvidos, a gente precisa do
geneticista clínico descrevendo as manifestações para que a gente possa investigar alguns genes
que podem estar relacionadas a doença. Uma outra questão grave é que tem muitas doenças que
não são monogênicas (mendelianas) e de acordo com as informações clinicas que o médico nos
passa, a gente pode usar previamente o diagnóstico de um determinado gene que está
relacionado a essas manifestações. Nem todas as doenças tem a mesma expressividade, pode
ter uma variação clínica de doenças monogênicas. E por que tem essas variações? Porque os
laboratórios de DNA já identificaram que existem mutações que estão relacionadas ao bem-estar
do indivíduo (visto na aula de hemoglobinopatias).
A genética não é uma ciência exata, porque existe diferentes padrões de expressividade
dos pacientes e isso só quem vai mostrar pra vocês é a experiência de vida, são os diferentes
pacientes que vocês irão ter, eles podem ter o mesmo diagnostico com variabilidade de
expressões e vocês terão que entender que isso é possível por causa do ambiente que eles
vivem, por causa dos cuidados que eles têm, por causa da biologia do indivíduo.
Todos os indivíduos de uma espécie têm os mesmos genes. A rosa rósea não é rósea
porque ela é diferente da rosa branca, mas pelas variações dentro do mesmo gene que conferem
as diferenças de fenótipo. As características dentro de um gene é a mesma, o que diferencia são
as variações fenotípicas. Não somos diferentes porque temos genes diferentes, mas pelas
variações dentro dos fenótipos.
Parte 2
Conta a história da ilha de Maiandeua, em que havia muitos indivíduos com surdez; o
professor Luiz Santana resolvei investigar conversando com as famílias e montando
heredogramas, conseguindo provar que a surdez tratava-se de uma doença genética,
conseguindo até identificar o gene responsável pela doença. Depois acabaram descobrindo que a
comunidade foi fundada por dois irmãos, citando o “efeito do fundador”.
A maioria das doenças genéticas são causadas por variantes que surgem ou como
mutações, ou por recombinação, que também é uma importante fonte de variabilidade, mas se
acontecer no local errado, pode gerar grandes deleções ou adições.
As mutações espontâneas são as que ocorrem sem uma causa conhecida, todos nós
temos uma certa taxa dessas mutações. Elas servem para promover a variabilidade genética e a
adaptabilidade. Todos nós estamos sofrendo pressão seletiva e o que nos mantém é a nossa
variabilidade, sendo que as adaptações são observadas em milhões de anos, quando algumas
características se perdem e outras prevalecem. Ou seja, caso ocorresse uma catástrofe, nem
todos nós sobreviveríamos, mas hoje o ambiente é saudável para que a nossa variabilidade se
configure como neutra.
Por isso, temos que ter cuidado ao falar que mutações espontâneas não geram doenças,
porque já está comprovado que pode.
Outra coisa sendo muito estudada é a epigenética. São questões fora do gene que estão
interferindo nele. Um exemplo são os microRNAs, que estão sendo atrelados à não sintetização
de alguns genes, então algumas informações genéticas não estão sendo produzidas - por
exemplo gerando uma divisão celular desregulada que vai causar o câncer – porque esses
mRNAs estão trazendo problemas no organismo. É possível que daqui a algum tempo os médicos
já não pesquisem mais certos perfis de mutação no gene, e sim perfis de metilação em
microRNAs atrelados a ele.
As mutações podem ser benéficas, aquelas que estão causando adaptação, neutras, que
são os polimorfismos (mutações que têm alta frequência na população, então a maioria delas não
causa doenças, mas podem favorecer ou trazer resistência a alguma doença.
Parte 3
... e se elas estão em elevadas frequências na população, a maioria delas não causam,
mas elas podem favorecer ou trazer resistência algumas dessas doenças. A hemoglobina S é um
exemplo de polimorfismo, ela tem cerca de 6% da prevalência da população mundial. Por que
essa hemoglobina atingiu tanto a população mundial? Porque em algum momento da seleção
natural ela foi benéfica. Isso mostra que nem todo polimorfismo é neutro. A maioria deles são
neutros. Podemos apenas chamar de polimorfismo quando for uma mutação em elevadas
frequências na população mundial.
Genes Deletérios
Os genes deletérios são aqueles que promovem doenças genéticas. Onde acontece a
maioria das mutações deletérias? O gene é formado pela região promotora e é ele que vai dizer
quando o gene vai ser transcrito e traduzido numa proteína. Ele é formado por regiões chamadas
de éxons, que codificam proteínas, e regiões chamadas de íntrons, que são regiões não
codificantes, porém, os íntrons são importantes para o processo de splicing. O que é splicing?
Quando a molécula de DNA é transcrita em RNA no núcleo, tudo do gene é transcrito (o gene tem
a região promotora, éxons e íntrons). Quando essa informação em forma de RNA sai do núcleo
para o citoplasma, para ser traduzido pelos ribossomos em proteínas, deve apenas sair o que já
deve ser traduzido. Dessa forma, a parte transcrita de introns deve ser retirada do RNA, processo
denominado de splicing, ou seja, essas regiões não-codificantes são retiradas. Contudo, os
íntrons são muito importantes para desencadear diversos splicings (splicing alternativo) e assim
produzir mais de uma proteína com um mesmo gene, quebrando aquele dogma de que um gene -
uma proteína.
Onde as mutações vão gerar a doença? Ocorrem nos ÍNTRONS, uma série de mutações
deletérias estavam nessas porções dos genes porque tem íntima relação com a formação da
proteína. Ocorrem muito mais mutações deletérias em íntrons do e éxons. Para entender melhor,
vamos pensar o seguinte: se a mutação acontecer no éxon, saberemos o que ele vai gerar,
saberemos o aminoácido que vai gerar, então, pontualmente, iremos saber qual aminoácido está
sendo modificado, e, dessa forma, por análises proteômicas para entender que proteína está
sendo formada por esse novo aminoácido. Assim, poderemos dizer que a estrutura
conformacional da proteína está impedindo que gere metabolização de determinado medicamento
e etc. O problema mesmo são as mutações que afetam os íntrons porque neles vamos ter
que descobrir o mecanismo de splicing de determinada proteína para poder suspeitar de
alguma fisiopatologia. Os principais problemas de mutações genéticas são aquelas encontradas
nos íntrons.
Mutações Pontuais
6º Códon
Vamos imaginar uma molécula de DNA sendo transcrita numa molécula de RNA, que vai
ser traduzida em proteína. Os aminoácidos que formam essa proteína serão Rosa, Marrom,
Verde, Roxo e Amarelo.
É uma mutação que faz com que a proteína perca o sentido (isso mesmo, perca o
sentido). É uma mutação que vai gerar uma trinca que não tem leitura de aminoácido. Quando
estudamos para o vestibular, onde fomos obrigados a decorar três trincas que não tinham sentido
nenhum e que fazia desacoplar ribossomos da molécula, o UAA, UAG, UGA, que são trincas que
no código genético não vão encontrar nenhum aminoácidos atrelado a elas. Essas trincas são
exemplos de mutação de ponto que podem causar ao longo de uma molécula que iria produzir
uma determinada proteína uma perda de função. Um exemplo desse tipo de mutação é a
Neurofibromatose Tipo I (NF1) – 17 q 11. 2, um quadro que não é grave, mas é fisicamente
incômoda. Os indivíduos que não produzem a sequência de aminoácidos impede a produção da
proteína Neurofibromina, importante para parada da divisão celular (supressora de tumor). Esses
pacientes desenvolverão processos de tumoração, mas benignos, apresentando alguns caroços
no corpo.
É uma mutação que promove a modificação de um aminoácido. Isso pode provocar uma
alteração de uma proteína com consequências bastante grave, onde a proteína terá uma função
que dificultará o organismo ou ela pode ter uma configuração semelhante a proteína original, não
sendo tão prejudicial.
A partir daquele ponto, tudo será diferente, todos os aminoácidos seguintes serão
diferentes. Por que? Porque teremos uma deleção de bases e as trincas vão se encontrar de
outra forma, ou haverá uma adição de bases e as proteínas vão se modificar também.
MECANISMOS DE RECOMBINAÇÃO
Parte 4
Recombinação ≠ Mutação
Se a recombinação ocorrer entre genes errados, pode provocar doenças. Em uma última
análise, a recombinação promove uma variabilidade que pode conferir uma melhor adaptação de
ambas as características. Recombinação sítio específica é a forma correta, o problema ocorre
quando ela acontece em genes mal pareados. Qual seria o problema nisso? Porque as enzimas
irão cortar regiões dentro de genes, permitindo cromossomos com informação genética de 2
genes diferentes, devido a forma mal pareada de genes diferentes, além da possibilidade de
haver cromossomos sem informação genética integra. Esse exemplo é a da doença Talassemia
Alfa, causada por deleções do cromossomo, pode-se ver na imagem abaixo que há parte de Alfa2
e parte de Alfa1, porém não tem o Alfa1 íntegro, nem o Alfa2 íntegro. O portador desse tipo de
talassemia é assintomático, e embora o volume corpuscular médio (VCM) se apresente como
discretamente microcítico (VCM < 80), a morfologia eritrocitária é geralmente normal com
microcitose em algumas células. Se uma triagem fosse realizada, provavelmente encontraríamos
uma deleção desse tipo entre nós.
Como essa deleção não é grave já que há perda de genes? Diferente da fibrose cística,
em que a mudança de 3 bases causa tanta gravidade, no caso da talassemia alfa os dois genes
Alfa, que formam as cadeias peptídicas das moléculas de hemoglobinas, são idênticos (diferença
em apenas 5 bases), significando que a união de partes de Alfa 1 com partes de Alfa 2 geram a
síntese de um gene Alfa, então esse indivíduo terá microcitose e hipocromia por questões por
fenotípicas que serão abordadas em hemoglobinopatias. Mesmo assim, ele terá genes Alfa sendo
produzidos. Por conta disso, deveremos ter cuidado ao tratar esse assunto com o paciente, pois
ele pode pensar que possui uma doença grave e letal. Por que há discrepância nisso? Porque na
recombinação correta existe a formação de genes que podem atuar com função biológica com
genes que em um dos doadores de material genético (pai ou mãe) não estavam atuando, são os
casos de imprinting e dissomia.
PADRÕES DE HERANÇA
(DIPLÓIDE)
Ligadas ao sexo: quando a doença é causada por gene localizado nos cromossomos
sexuais. Também, podendo ser dominante ou recessiva. Pelo padrão do heredograma, qual é a
principal diferença de uma característica causada por uma mutação em um gene autossômico
dominante e recessivo? Será avaliado pelo sexo afetado, sendo dominante nos homens, mesmo
que tenha caráter recessivo, pois o homem possui apenas 1X.
Risco da prole de 50%, porque basta que apenas um dos alelos seja doente para que o
indivíduo desenvolva a doença. Membros fenotipicamente normais não transmitem o fenótipo para
os seus filhos. Número igual de homens e mulheres afetados, pois não depende do sexo.
Número igual de homens e mulheres não significa que se tem 2 mulheres afetadas na
família e necessariamente 2 homens, isto é, tanto homens quanto mulheres podem ser afetados.
Podendo ser transmitido de pai para filho, porque em doenças ligadas ao X o pai nunca vai
transmitir a doença ao filho, já que ele não vai dar o cromossomo X ao seu filho. Um exemplo de
autossômica dominante é a ACONDROPLASIA. O heterozigoto tem estatura reduzida e o
homozigoto dominante com maior severidade. Prestem atenção que as características
autossômicas dominantes possuem uma maior quantidade de expressividade, porque uma coisa
é o indivíduo possuir apenas um alelo doente e a outra é ele possuir 2 apelos doentes.
Parte 5
Já no caso das doenças autossômicas recessivas, vale destacar que são mais
visíveis entre irmãos, quando os pais forem heterozigotos para a doença, e o risco de
recorrência, isto é, desses indivíduos gerarem filhos com a mesma doença, é de 25%
(lembrando daquelas contas chatas do tempo do vestibular). Possuem mesma incidência em
homens e mulheres, já que se trata de doenças autossômicas (e não alossômicas), e a
cosanguinedade é mais presente nesses casos (ocorrendo a chamada “seleção natural
negativa”). Como exemplo de doença autossômica recessiva pode-se citar o albinismo
(incapacidade do corpo de produzir melanina). Estudem esse quadro aqui para a prova:
Lembrando que cada gene, por possuir 2 alelos, pode gerar até 3 genótipos diferentes:
• Homozigoto normal;
• Heterozigoto normal, e
• Homozigoto recessivo.
Ou seja, em uma doença determinada por, por exemplo, 5 genes, existem 35 (243) genótipos
diferentes possíveis. Mas isso significa então que nesse caso existem 243 fenótipos? NÃO, pois
existe a possibilidade de o alelo do pai ser a mesma coisa que o alelo da mãe, e também porque
pode ocorrer o efeito sinérgico, que é quando um alelo interfere na função do outro, seja
agravando ou melhorando a doença. Novamente é possível citar como principal exemplo a
obesidade, na qual os genes da produção de adipócitos atuam agravando a doença. Inclusive, os
laboratórios de genética atualmente buscam criar painéis de genes que possam agravar ou
melhorar determinadas doenças, para assim poder detectar através do genótipo de um paciente a
probabilidade dele ter sua doença agravada ou melhorada.