Вы находитесь на странице: 1из 4

INFORMATIVO TÉCNICO

Mancha branca no milho: etiologia e controle


Felipe Tecchio Borsoi1, Leonardo Schmitz2, João Américo Wordell Filho3 e Cristiano Nunes Nesi3

Resumo – A mancha branca, que tem a bactéria Pantoea ananatis como principal agente etiológico, além de espécies fúngicas
associadas, como Phaeosphaeria maydis, é uma doença que vem causando reduções na produtividade do milho, podendo
chegar até 60% quando são utilizados híbridos suscetíveis sujeitos a condições favoráveis para a doença. Este trabalho tem
como objetivo apresentar informações sobre a mancha branca e suas principais técnicas de manejo. Entre tais técnicas,
destacam-se os controles genético, cultural e químico, sendo este último o mais utilizado, com ênfase na aplicação do grupo
das estrobilurinas, por apresentar os melhores resultados.

Termos para indexação: Zea mays L.; Pantoea ananatis; controle químico.

White spot in maize: etiology and control

Abstract – The White spot (WS), which has the bacterium Pantoea ananatis as the main pathogen, associated with fungal
species, like Phaeosphaeria maydis, is a disease that has been causing reductions in the maize yield. Losses can reach up to 60%
when susceptible hybrids are used and conditions for the disease are favorable. This study aims to present some information
about WS and main control methods. Among the control methods recommended, genetic, cultural and chemical control stand
out, but fungicides are the most used tool, highlighting the strobilurin group because it presents the best results.

Index terms: Zea mays L.; Pantoea ananatis; chemical control.

Introdução gia, danos, perdas e principais técnicas por gelo (ina). Tais genes permitem a
de manejo da mancha branca do milho. formação de cristais de gelo sob tempe-
O estado de Santa Catarina contri- raturas desfavoráveis (ABE et al., 1989).
bui de forma significativa para a produ- Etiologia
ção de milho no Brasil, com estimativa Epidemiologia
para safra 2016/2017 de 3,1 milhões de A mancha branca do milho é uma
toneladas, 6,7% maior que a safra de doença foliar descrita inicialmente A mancha branca é favorecida por
2015/2016, que foi de 2,5 milhões de como causada pelo fungo Phaeospha- temperaturas amenas (15 a 20°C) e
toneladas (EPAGRI/CEPA, 2017). eria maydis, f. imp. Phyllosticta sp. elevada umidade relativa do ar (>60%)
A mancha branca ou pinta bran- Contudo, mediante as dificuldades de (COSTA et al., 2011), condições que
ca vem se constituindo como uma das isolamento e reprodução dos sintomas, ocorrem com maior frequência na re-
principais doenças da cultura do milho, o papel do fungo como agente pato- gião de Chapecó, Santa Catarina, nos
devido à frequência e severidade com gênico primário da doença vem sendo períodos de agosto a novembro e de
que afeta as lavouras. A incidência des- questionado (MANERBA, 2010). Gonçal- março a maio (Figura 1). Os plantios tar-
sa doença aumentou a partir da década ves et al. (2013), utilizando técnicas de dios favorecem elevadas severidades da
de 1990, causando danos principalmen- microscopia eletrônica de transmissão doença devido a tais condições climáti-
te em períodos chuvosos, com tempera- e métodos moleculares, identificaram cas durante o florescimento da cultura,
turas amenas. Em híbridos suscetíveis, a bactéria Pantoea ananatis em plan- fase na qual as plantas são mais susce-
a mancha branca pode reduzir a pro- tas infectadas natural e artificialmente, tíveis ao ataque do patógeno e, con-
dutividade em cerca de 60%, devido à reforçando a hipótese de que essa bac- sequentemente, os sintomas são mais
seca prematura das folhas, o que afeta téria seja o principal agente etiológico severos (COSTA et al., 2011). Os restos
o tamanho e peso dos grãos (COSTA & da doença. P. ananatis é uma bactéria culturais também ajudam a aumentar a
COTA, 2009). Este trabalho tem como formadora de colônias amarelas, sendo severidade dessa doença, uma vez que
objetivo apresentar informações sobre uma das poucas espécies conhecidas a bactéria P. ananatis pode sobreviver
etiologia, epidemiologia, sintomatolo- que apresentam genes de nucleação como saprófita, ou nas formas epifítica,

Recebido em 17/02/2017. Aceito para publicação em 10/04/2018. http://dx.doi.org/10.22491/RAC.2018.v31n3.1


¹ Engenheiro-agrônomo, Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), CEP: 89870-000, Pinhalzinho, SC, e-mail: felipe.tecchio@gmail.com
² Estudante de agronomia, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), CEP 89815-455, Chapecó, SC, e-mail: leonardoschmitz193@gmail.com
³ Engenheiro-agrônomo, Dr., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar, CEP 89801-791, Chapecó, SC, e-mail: wordell@epagri.sc.gov.br, cristiano@
epagri.sc.gov.br

Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.31, n.3, p.31-34, set./dez. 2018 31


veridade da mancha branca no estádio
R5 do milho, há uma redução de 0,23%
na produtividade e de 0,16% no peso
dos grãos (CARSON, 2005).

Manejo da doença
Entre as principais medidas reco-
mendadas para o manejo da mancha
branca, têm-se os controles genético,
cultural e químico. O uso de híbridos
resistentes é o método mais eficaz para
o controle da mancha branca (PEREIRA
et al., 2005), e atualmente há híbridos
Figura 1. Temperatura média e número de dias com umidade relativa superior a 60% nos disponíveis no mercado com excelente
decêndios de agosto a maio de 2006 na região de Chapecó, SC. nível de resistência a essa doença (COS-
TA et al., 2011). Em relação ao controle
endofítica e patogênica, em diferentes mento da planta quando infectada e das cultural, a antecipação da semeadura
estádios de desenvolvimento do hos- condições ambientais favoráveis às in- pode reduzir as manchas foliares, de
pedeiro (FIGUEIREDO et al., 2012). Os fecções. Maiores reduções de produtivi- forma que a fase de maior suscetibilida-
fungos associados à doença também dade podem ser observadas em tempe- de da planta não coincida com a época
podem sobreviver nos restos culturais, raturas moderadas e elevada umidade mais propícia para o desenvolvimento
uma vez que são necrotróficos, aumen- relativa do ar. As infecções se desenvol- da doença (COSTA et al., 2011).
tando assim o inóculo inicial para safras vem preferencialmente se houver água A aplicação de fungicidas é outro
posteriores. A disseminação dos pató- livre na superfície da folha, condições método amplamente utilizado pelos
genos pode ocorrer por meio do vento encontradas facilmente em regiões aci- agricultores. Os produtos mais reco-
e de respingos de chuva (PEREIRA et al., ma de 600m de altitude (PEREIRA et al., mendados para o controle da mancha
2005). 2005). Para cada 1% de aumento da se- branca são as misturas de grupos quí-

Sintomatologia
As lesões da mancha branca são
inicialmente circulares, aquosas e de
coloração verde clara (anasarcas). Pos-
teriormente, tornam-se necróticas, de
cor palha, circulares a elípticas, com di-
âmetro variando de 0,3 a 1cm, podendo
coalescer (Figura 2). Geralmente são en-
contradas dispersas no limbo foliar, mas
se iniciam na ponta da folha e progri-
dem para a base. Em geral, os sintomas
aparecem inicialmente nas folhas infe-
riores, progredindo rapidamente para
as superiores. Os sintomas se tornam
mais severos após o pendoamento. Sob
condições de ataque severo, a doença
pode ser observada também na palha
da espiga. Normalmente lesões da man-
cha branca não ocorrem em plântulas
de milho em condições de campo (COS-
TA et al., 2011).

Danos e perdas
As perdas causadas por essa doença
são dependentes da suscetibilidade do
hospedeiro, do estádio de desenvolvi- Figura 2. Sintoma de mancha branca em folha de milho.

32 Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.31, n.3, p.31-34, set./dez. 2018


Tabela 1. Controle da mancha branca em híbridos de milho suscetíveis, em relação à testemunha, em diferentes estádios de aplicação e
com diferentes ingredientes ativos
Resistência do
Ingrediente ativo Controle¹ Estádios de aplicação Fonte
híbrido

Mancozeb 15% V8 Suscetível Manerba (2010)

V8 e pré-
Piraclostrobina + epoxyconazole 21% Suscetível Costa & Cota (2009)
pendoamento
V8 e pré-
Azoxistrobin + ciproconazol 24% Suscetível Costa & Cota (2009)
pendoamento
Jardine & Laca-
Azoxistrobin 28% Pré-pendoamento Suscetível
Buendía (2009)
Jardine & Laca-
Piraclostrobina 36% Pré-pendoamento Suscetível
Buendía (2009)
Jardine & Laca-
Ciproconazol 36% Pré-pendoamento Suscetível
Buendía (2009)
Jardine & Laca-
Tebuconazole + mancozeb 48% Pré-pendoamento Suscetível
Buendía (2009)

Fluxapiroxade + piraclostrobina 84% V8, VT e R1 Suscetível Uebel (2015)

Bixafen + trifloxistrobina + protioconazol 85% V8, VT e R1 Suscetível Uebel (2015)

Altamente
Oxitetraciclina 85% V8, VT e R1 Gonçalves et al. (2013)
suscetível
¹ Redução da severidade da mancha branca em relação à testemunha.

micos contendo estrobilurinas + triazóis (COSTA et al., 2012), fato explicado pelo cultura (COSTA & COTA, 2009).
e estrobilurinas + carboxamida. A asso- elevado potencial que estas moléculas
ciação dos ingredientes ativos fluxapiro- apresentam de suprimir o desenvolvi- Considerações finais
xade + piraclostrobina e bixafen + triflo- mento de fitobactérias (BONON et al.,
xistrobina + protioconazol resultou em 2006), o que não acontece com fungi- O manejo genético é o mais reco-
um controle de 84% e 85% da doença cidas do grupo dos triazóis. Bomfeti et mendado, porém o controle químico é
quando comparados à testemunha, res- al. (2007) demonstraram de forma ine- ainda o método mais utilizado, apresen-
pectivamente (Tabela 1). No entanto, quívoca que os fungicidas eficazes para tando melhor eficácia com os ingredien-
há vários relatos de baixa eficiência de o controle da mancha branca no cam- tes ativos do grupo das estrobirulinas.
alguns fungicidas no controle da man- po também inibem o crescimento da P. O agente etiológico da mancha
cha branca, dentre eles os pertencen- ananatis in vitro, enquanto os ineficazes branca tem sido tema de controvérsias
tes aos grupos químicos dos triazóis, o não apresentam atividade inibidora de e discussões, o que evidencia a necessi-
carbendazim e o tiofanato metílico, o crescimento da bactéria. dade de mais estudos.
que gera dúvidas quanto a sua eficácia A época correta e o número de apli-
e viabilidade, além da forma correta de cações também influenciam a eficiência
uso (COSTA et al., 2012). Além disso, do controle da doença. Deve-se ter cui-
Referências
apesar de utilizados em baixa escala, os dado com as aplicações realizadas antes
ABE, K.; WATABE, S.; EMORI, Y.; WATANABE,
antibióticos são uma forma de controle, do estádio V8 (oito folhas expandidas),
M.; ARAI, S. An ice nucleation active gene
uma vez que a doença é causada pela pois a maior incidência dessa doença
of Erwinia ananas: sequence similarity to
bactéria P. ananatis. A oxitetraciclina se dá após o pendoamento da cultura. those of Pseudomonas species and regions
controlou a severidade da doença em Por outro lado, é necessário considerar required for ice nucleation activity. FEBS Let-
85% quando comparada à testemunha, também o momento do aparecimen- ters, Chichester, v.258, n.2, p.297-300, 1989.
como observado por Gonçalves et al. to das doenças na lavoura, dado que a
(2013). época ideal para a aplicação de fungici- BONON, K.; GARCIA, F. A. O.; ZAMBOLIM, L.;
Vale ressaltar que estudos demons- das na cultura do milho depende de um ROMEIRO, R. S. Sensibilidade “in vitro” de
tram a eficiência da classe das estrobi- monitoramento da lavoura, que deve fitobactérias a fungicidas do grupo das es-
lurinas no controle da referida doença ser iniciado ainda na fase vegetativa da trobilurinas. Summa Phytopathologica, Bo-

Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.31, n.3, p.31-34, set./dez. 2018 33


tucatu, v.32, p.S70, 2006. Número especial. F. E.; FIGUEIREDO, J. E. F. Eficiência de fungi- v.95, n.3, p.559-569, 2013.
cidas para o controle da mancha branca do
BOMFETI, C. A.; MEIRELLES, W. F.; SOUZA- milho. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, JARDINE, D. F.; LACA-BUENDÍA, J. P. Eficiên-
PACCOLA, E. A.; CASELA, C. R.; FERREIRA, A. Sete Lagoas, v.11, n.3, p.291-301, 2012. cia de fungicidas no controle de doenças fo-
S.; MARRIEL, I. E.; PACCOLA-MEIRELLES, L. D. liares na cultura do milho. Fazu em Revista,
Avaliação de produtos químicos comerciais, EPAGRI/CEPA. Síntese anual da agricultura Uberaba, n.6, p.11-52, 2009.
in vitro e in vivo, no controle da doença fo- de Santa Catarina 2016/2017. Florianópolis:
liar, mancha branca do milho, causada por Epagri; Cepa, 2017. Disponível em: <http:// MANERBA, F. C. Controle químico da man-
Pantoea ananatis. Summa Phytopathologi- docweb.epagri.sc.gov.br/website_cepa/ cha branca do milho. 2010. 32f. Dissertação
ca, Botucatu, v.33, n.1, p.63-67, 2007. publicacoes/Sintese-Anual-da-Agricultura- (Mestrado em Fitopatologia) – Faculdade de
SC_2016_17.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2018. Agronomia, Universidade Federal de Lavras,
CARSON, M. L. Yield loss potential of Pha- Lavras, 2010.
eosphaeria leaf spot of maize caused by FIGUEIREDO, J. E. F.; COSTA, G. M. C.; PAC-
Phaeosphaeria maydis in the United States. COLA-MEIRELLES, L. D.; RAMOS, T. C. D. PEREIRA, O. A. P.; CARVALHO, R. V.; CAMAR-
Plant Disease, Saint Paul, v.89, n.9, p.986- A.; LANZA, F. E.; CORREA, C. L. Diagnóstico GO, L. E. A. Doenças do milho (Zea mays L.).
988, 2005. molecular de Pantoea ananatis. In: CON- In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J. A.
GRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 29., M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L. E.
COSTA, R. V.; COTA, L. V. Controle químico
2012, Águas de Lindóia. Anais… Sete Lagoas: A. (Eds.). Manual de fitopatologia: doenças
de doenças na cultura do milho: aspectos a
Embrapa Milho e Sorgo, 2012. p.75-81. Dis- das plantas cultivadas. 4. ed. São Paulo: Ce-
serem considerados na tomada de decisão
ponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa. res, 2005. v.2, p.477-488.
sobre aplicação. Sete Lagoas: Embrapa Mi-
br/digital/bitstream/item/65559/1/Diag-
lho e Sorgo, 2009. UEBEL, J. D. Avaliação de fungicidas no
nostico-molecular.pdf>. Acesso em: 3 nov.
controle de doenças foliares, grãos ardi-
COSTA, R. V.; COTA, L. V.; SILVA, D. D.; LANZA, 2016.
dos e efeito no NDVI (índice de vegetação
F. E. Recomendações para o controle quími-
GONÇALVES, R. M.; FIGUEIREDO, J. E. F.; PE- por diferença normalizada) em híbridos de
co da mancha branca do milho. Sete Lagoas:
DRO, E. S.; MEIRELLES, W. F.; LEITE JUNIOR, milho. 2015. 119f. Dissertação (Mestrado
Embrapa Milho e Sorgo, 2011. (Circular Téc-
nica 167). R. P.; SAVER, A. V.; PACCOLA-MEIRELLES, L. D. em Agronomia) – Faculdade de Agronomia e
Etiology of Phaeosphaeria leaf spot disease Medicina Veterinária, Universidade de Brasí-
COSTA, R. V.; COTA, L. V.; SILVA, D. D.; LANZA, of maize. Journal of Plant Pathology, Pisa, lia, Brasília, DF, 2015.

Laboratórios de análises de água:


Fone: (49) 2049-7561
E-mail: cepaf@epagri.sc.gov.br
Chapecó, SC

Fone: (48) 3403-1400


E-mail: eeur@epagri.sc.gov.br
Urussanga, SC

Fone: (49) 3398-6300


E-mail: eei@epagri.sc.gov.br
Itajaí, SC

34 Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.31, n.3, p.31-34, set./dez. 2018

Вам также может понравиться