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HENRIQUE
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MARÍTIMA
INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO
APONTAMENTOS
SOBRE
CONTROLADORES ANALÓGICOS
E.N.I.D.H. – 2012/2013
INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO 8. CONTROLADORES ANALÓGICOS
ÍNDICE
8. CONTROLADORES ANALÓGICOS 2
8.1. INTRODUÇÃO 2
REFERÊNCIAS DO CAPÍTULO 54
8. CONTROLADORES ANALÓGICOS
8.1. INTRODUÇÃO
Um controlador automático tem como função produzir um sinal de controlo que anule o erro
(desvio), ou que o reduza a um valor muito pequeno. O controlador compara o valor real da
saída do processo com o valor desejado (set-point), determina o erro ou desvio, e produz o
respectivo sinal de comando para o actuador. Os controladores podem ser classificados de
acordo com o tipo de tecnologia utilizada na sua construção. Deste modo, poderemos ter:
• Controladores pneumáticos
• Controladores óleo-hidráulicos
• Controladores electrónicos (analógicos e digitais)
A selecção do tipo de controlador deve ser estudada caso a caso, visto que irá depender da
natureza do processo, energia disponível, condições de segurança, custo, precisão, fiabilidade,
peso e dimensões do equipamento.
A realização do sinal de comando pelo controlador, pode ser obtida de diversas formas,
designadas por "acções de controlo ou de regulação", o que nos permite classificar os
controladores da seguinte forma:
Controlador automático
Referência
Erro
+ Algoritmo Saída
de Actuador Processo
_
controlo
Transdutor
medida
Este sistema de controlo apresenta a vantagem de ser simples e barato, o que se traduz na sua
grande aplicação, tanto em sistemas industriais como domésticos. Neste sistema, o elemento
possui apenas duas posições fixas, que são as de ligado ou desligado. Considerando o sinal de
saída do controlador u(t) e o sinal de erro e(t), num controlo deste tipo, o sinal u(t) permanece ou
num valor máximo ou num valor mínimo, dependendo do sinal de erro ser positivo ou negativo.
Assim:
⎧M e>0
u(t)= ⎨ 1 M1, M2 = constantes
⎩M 2 e<0
O valor mínimo M2 é normalmente nulo ou –M1. Os controladores deste tipo são geralmente
dispositivos eléctricos, onde é bastante utilizada uma válvula operada por um solenoide eléctrico
(Ex: termóstato eléctrico de temperatura).
Podemos ter controladores proporcionais pneumáticos/electrónicos a funcionar como
controladores de duas posições denominadas controladores Tudo ou Nada ou ON-OFF. Isto pode
suceder, se tivermos um controlador proporcional a funcionar com um ganho muito elevado. Na
Fig.8.2, podemos observar os diagramas de blocos destes dois controladores.
a) b)
Fig. 8.2.a) Diagrama de blocos de um controlador ON-OFF (liga-desliga); b) Diagrama de blocos de um
controlador “ON-OFF” com histerese diferencial.
Fig.8.3a) Sistema de controlo de nível de liquido. b) Curva do nível h(t) em função do tempo [1].
Neste caso a relação entre a saída u(t) e o sinal de erro e(t), é dada pela expressão:
m ( t ) = K p e( t )
Aplicando a transformada de Laplace, obtém-se
U(s)
= Kp
E (s)
em que Kp é designado por sensibilidade ou ganho proporcional. Um controlador deste tipo
consiste basicamente de um amplificador de ganho ajustável. O diagrama de blocos deste
controlador está indicado na Fig.8.4.
Nos reguladores industriais, é muitas vezes utilizado o parâmetro designado por Banda
Proporcional - B.P. (Proportional Band – P.B.), que é definida como o inverso de Kp em
percentagem (%). A B.P (%) pode igualmente ser definida da seguinte forma (ver tabela 8.1):
O ganho proporcional Kp pode deste modo vir expresso em diversas unidades, de que são
exemplo as seguintes: psi/ºC, V/mA, mA/V, etc.
TABELA 8.1
a)
b)
Fig.8.4-a) Relação entre BP (ou PB em língua inglesa) e Kp. b) Evolução da saída do controlador
em função do erro (a acção de controlo aumenta se o erro aumentar, e vice-versa).
EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Num sistema de controlo industrial, pretende-se controlar a temperatura da água à saída de um
permutador, com escala do transdutor de medida [0 ; 100] ºC. Admita que o valor desejado para
controlo é 50ºC, e que o sistema de medida fornece um valor de 40ºC quando a válvula de
controlo pneumática está toda aberta (Pressão = 3 psi na saída do controlador) e que para 60ºC
está toda fechada (Pressão = 15 psi na saída do controlador). Deste modo, determine a B.P. do
controlador.
Controlador Set-point
Sinal de controlo
Conversor I/P
Sinal do processo
Transdutor de válvula
temperatura Aquecedor
vapor
água quente
dreno
água fria
• B.P de 10%: neste caso a variação total de temperatura em torno do set-point (50ºC) é de
10ºC (variação de 45ºC a 55ºC). Podemos considerar um ajuste aceitável – erro pequeno;
• B.P de 20%: neste caso a variação total de temperatura em torno do set-point (50ºC) é de
20ºC (variação de 40ºC a 60ºC). Neste caso, a variação de temperatura admissível
duplica;
• B.P de 100%: neste caso a variação total de temperatura em torno do set-point (50ºC) é
de 100ºC (variação de 0ºC a 100ºC). Este valor de ajuste deve ser evitado, pois torna o
controlador muito pouco sensível, ou seja a acção de regulação é muito lenta.
NOTA:
No caso específico da BP=0%, como o ganho proporcional Kp, é o inverso da B.P., este teria que
ser infinito, o que não é possível de obter na prática. Deste modo, terá sempre que existir um erro
em regime estacionário com controlo de acção proporcional. Este erro designa-se por erro
estático (na língua inglesa - “offset”).
20
18
16
Saida do controlador [mA]
14
BP=0%
BP=10%
12
BP=20%
BP=100%
10
4
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Escala da sonda de temperatura [ºC]
Fig.8.4-d). Gráficos de evolução das B.P. de 0%, 20% e 100%, para o sistema de controlo de temperatura.
Podíamos obter igualmente este valor a partir das escalas de saída do controlador (mA) e de
entrada da sonda de temperatura (ºC). Assim, teríamos:
O controlo de temperatura é um exemplo típico de controlo com acção inversa (Em inglês
“Reverse Action”).
Quando os sinais de erro e de acção de controlo funcionam de forma directa, diz-se que o
controlador está a funcionar com acção directa (“Direct Action”).
Na acção integral, o valor de saída u(t) varia com uma taxa proporcional ao sinal de erro e(t).
Assim, teremos:
du ( t ) t
= K i e( t ) ou u ( t ) = Ki ∫ e( t )dt
dt 0
U (s) K i
= (Ki - ganho integral)
E (s) s
Se o valor de e(t) duplicar então u(t) irá variar duas vezes mais rapidamente. Para e(t)=0, o valor
de u(t) irá manter-se num valor constante ou estacionário. O diagrama de blocos deste tipo de
controlador, está representado na Fig.8.5.
1
Ki
s
Sum3 Integral Ganho
integral
⎛ 1 t ⎞ t
u ( t ) = K p ⎜ e( t ) + ∫ e( t )dt ⎟ = K p e( t ) + K i ∫ e( t )dt
⎝ Ti 0 ⎠ 0
U(s) K 1 Kp
= K p + i = K p (1 + ) em que Ki =
E (s) s Ti s Ti
Kp
Ganho
proporcional
1
Ki
s
Sum1
Sum3 Integral Ganho
integral
a)
1.5
erro - e(t)
0.5
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
6
P+I
Acções P,I e PI
4 I
P
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
tempo (seg.)
b)
Fig.8.6-a) Diagrama de blocos de um controlador proporcional+integral (PI). b) Diagramas indicando
a entrada degrau unitário e(t) e a saída do controlador u(t). (NOTA: Kp=1 ; Ti=1 seg.).
erro
tempo
Acção de
controlo Ti baixo
integral
Ti aumenta
Ti elevado
tempo
c)
TABELA 8.2
Tempo Integral (Ti) Ganho Integral (Ki)
Minutos Segundos Rep./minuto Rep./segundo
0.05 3 20 0.333
0.1 6 10 0.167
0.2 12 5 0.0833
0.5 30 2 0.0333
1 60 1 0.0167
2 120 0.5 0.00833
5 300 0.2 0.00333
10 600 0.1 0.00167
20 1200 0.05 0.00083
d)
Fig.8.d-c). Gráfico de evolução da saída do controlador integral em função do valor de Ti.
d) Escalas de valores de Ti mais usuais nos controladores industriais.
⎛ de( t ) ⎞ ⎛ de( t ) ⎞
u ( t ) = K p ⎜ e( t ) + T d ⎟ = K p e( t ) + K d ⎜ ⎟
⎝ dt ⎠ ⎝ dt ⎠
U(s)
= K p + K d s = K p (1 + Td s) em que K d = K p Td
E(s)
controlador PD. Se e(t) é uma função rampa unitária, então a saída u(t) será a indicada na
Fig.8.7c). Como se pode concluir da observação da Fig.8.7c), a acção de controlo derivativa tem
um carácter "antecipatório". Obviamente, a acção de controlo derivativa nunca poderá antecipar
uma acção que ainda não tenha ocorrido. Esta acção tem como desvantagem, amplificar os sinais
de ruído e causar um efeito de saturação no actuador.
NOTA IMPORTANTE: A acção de controlo derivativa nunca deve ser utilizada
isoladamente, porque esta acção somente actua quando o erro varia no tempo, ou seja durante os
períodos transitórios.
Kp
Ganho
proporcional
du/dt Kd
Sum1
Sum3 Derivada Ganho
derivativo
a)
0.8
erro - e(t)
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
2
Acções P,D e PD
1.5
P+D
1
P
0.5
D
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
tempo (seg.)
b)
Fig.8.7-a) Diagrama de blocos de um controlador proporcional + derivativo (PD); b), c) Diagramas
indicando a entrada em rampa unitária e a saída do controlador. (NOTA: Kp=1 ; Td=1 seg.).
Esta acção resulta da combinação de três acções, que são: a proporcional, a derivativa e a
integral (PID). A equação respeitante a esta acção mista, é dada por:
⎛ 1 t de( t ) ⎞ t
⎛ de( t ) ⎞
u ( t ) = K p ⎜⎜ e( t ) + ∫ e( t )dt + Td ⎟⎟ = K p e( t ) + K i ∫ e( t )dt + K d ⎜ ⎟
⎝ Ti 0 dt ⎠ 0 ⎝ dt ⎠
Aplicando a transformada de Laplace:
U(s) ⎛ 1 ⎞
= K p ⎜⎜1 + + Td s ⎟⎟
E(s) ⎝ Ti s ⎠
Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 8.11
INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO 8. CONTROLADORES ANALÓGICOS
A equação anterior é também conhecida em controlo industrial por algoritmo ou equação ideal.
O diagrama de blocos do algoritmo ideal pode ser observado na Fig.8.8a). Se e(t) for uma função
do tipo rampa unitária, então a saída u(t) terá o aspecto representado na Fig.8.8b).
Kp
Ganho
proporcional
1
Ki
s
Sum3 Integral Ganho Sum1
integral
du/dt Kd
Derivada Ganho
derivativo
a)
0.8
erro - e(t)
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
4
PID
Acções P,I, D e PID
2 I
1 P
0 D
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
tempo (seg.)
b)
Fig.8.8a) Diagrama de blocos de um controlador proporcional+integral+derivativo (PID).
b) Diagramas indicando a entrada em rampa unitária e a saída do controlador.
(NOTA: Kp=1 ; Ti= 1 seg. ; Td=1 seg.).
Na indústria, existem diversas variantes à equação do controlador PID ideal. As mais usuais são:
1 t ⎛ de( t ) ⎞
u ( t ) = K p e( t ) + ∫ e( t )dt +Td ⎜ ⎟
Ti 0 ⎝ dt ⎠
⎛ 1 t ⎞⎛ de( t ) ⎞
u ( t ) = K p ⎜⎜ e( t ) + ∫ e( t )dt ⎟⎟⎜1 + Td ⎟
⎝ Ti 0 ⎠⎝ dt ⎠
Da análise da Fig.8.9, pode-se verificar que estando o sistema estabilizado no valor de 40%,
sofre uma perturbação para t=5 segundos, o que faz aumentar a saída até cerca de 46 % no caso
do sistema que utiliza um controlador proporcional. Como é óbvio, todos os controladores
estabilizam o sistema, verificando-se que para t=40 segundos, o processo entrou definitivamente
em regime estacionário. Deste modo, é possível concluir que:
Fig.8.9. Evolução da saída do processo controlado através das variáveis de regulação P, PI e PID. De notar o
erro em regime estacionário (“offset”), evidenciado pela acção proporcional.
NOTA: Deve notar-se que, embora em geral o controlador PID permita obter os melhores
resultados, na prática existem processos que devido às suas características dinâmicas,
desaconselham a utilização da acção derivativa (D), devido fundamentalmente a problemas de
ruído. É o caso por exemplo do controlo de nível e de caudal. (NOTA: ver mais detalhes na
Tabela 8.3).
Fig.8.10. Diagrama de blocos do sistema de controlo completo, com a inclusão da variável de perturbação N(s).
A função de transferência do sistema completo que relaciona a variável de saída C(s) com a
entrada de referência R(s) e a variável de perturbação (distúrbio) N(s), pode ser obtida da
seguinte forma:
G r (s)G p (s) 1
C(s) = R (s) + N(s)
1 + G r (s)G p (s)H(s) 1 + G r (s)G p (s)H(s)
Combustivel
Para
máquina
diesel
Ê m bolo principal
Fig. 8.11. Regulador mecânico de velocidade de um motor Diesel, no qual é utilizado um actuador óleo-hidráulico.
No entanto, com o avanço da tecnologia electrónica, numa primeira fase analógica e mais
recentemente digital, esta tecnologia ganhou uma tal dimensão que hoje em dia a grande maioria
das aplicações industriais, recorre quase que exclusivamente a controladores electrónicos do tipo
digital.
Deste modo, vamos referir a título de exemplo, apenas as realizações práticas simplificadas dos
controladores pneumáticos e electrónicos do tipo analógico. Para mais detalhes relativos aos
controladores óleo-hidráulicos equivalentes, ver referências [1, 2] da Bibliografia do capítulo. A
análise dos controladores digitais, irá ser efectuada no Capítulo 10.
Designando por:
S – Área dos foles (admite-se que são todos iguais)
py – Pressão de saída do transmissor (sinal medido)
pr – Pressão de referência (set – point)
po – Pressão de saída do controlador
p0 =
l2
(p r − p y )
l1
Este controlador é do tipo proporcional visto que é sensível à diferença entre as pressões de
referência e da medida. A constante de proporcionalidade é dada pela relação entre os
comprimentos da barra, pelo que o seu ajuste é obtido através da variação da posição do fulcro
X.
Controlador proporcional + integral – A acção integral obtém-se através da adição de mais
um fole (fole da acção integral - I) ao dispositivo de forças do controlador proporcional,
conforme representado na Fig.8.12-b). Este fole encontra-se em oposição ao fole de saída (O). A
alimentação de ar ao fole I efectua-se através da pressão da saída, mas não é directa, pois o ar
tem que atravessar uma válvula (restrição) designada por “a”.
O caudal de ar Q que atravessa a restrição efectua-se em regime laminar, pelo que é proporcional
à diferença de pressões, ou seja:
po − pi = R pQ
(p 0 − p i ) × l1 = (p r − p y )× l 2 ⇒ p 0 = l 2 (p r − p y ) + p i
l1
dp i
Cf =Q
dt
Substituindo nesta expressão a variável po, obtêm-se:
Ti i = 2 (p r − p y )
dp l
dt l1
Integrando esta expressão, obtém-se:
l ⎛ 1 ⎞t
p i = 2 ⎜⎜ ⎟⎟ ∫ (p r − p y )dt
l1 ⎝ Ti ⎠0
Substituindo pi na expressão de po e l2/l1 por kp, obtém-se finalmente:
⎡ ⎛1 ⎞t ⎤
p o = k p ⎢(p r − p y ) + ⎜⎜ ⎟⎟ ∫ (p r − p y )dt ⎥
⎣ ⎝ Ti ⎠0 ⎦
NOTA: Para obter um Vout positivo, teríamos que introduzir um inversor na saída do controlador.
Nesta secção, vamos apresentar através o exemplo de um sistema de controlo de nível com acção
proporcional (P) de modo a estudar as características e o desempenho desta acção de controlo.
Deste modo, faz-se uma breve referência às características do actuador utilizado no exemplo
(válvula pneumática), visto ser um elemento bastante utilizado neste tipo de sistemas.
Seguidamente, descreve-se o sistema de controlo e o seu desempenho para uma variação do set-
point do tipo degrau.
Válvula de regulação pneumática - Uma válvula deste tipo pode fornecer uma grande potência
de saída. Na prática, possuem características que podem ser não lineares, ou seja o caudal não é
directamente proporcional á posição da palheta da válvula, ou ainda possuir outros efeitos não
lineares, como histerese.
Considere o esquema de uma válvula indicado na Fig.8.14. Suponha que A é a área do
diafragma, e que quando o erro é nulo, a pressão de controlo é igual a Pc e o deslocamento da
válvula é igual a X .
Vamos considerar apenas pequenas variações das variáveis, e vamos linearizar a característica da
válvula pneumática. Vamos definir pc e x como pequenas variações na pressão de controlo e
deslocamento da válvula, respectivamente. Quando se aplica uma pequena variação de pressão
ao diafragma, reposiciona-se a carga, que consiste numa mola, atrito viscoso e massa, pelo que a
equação de balanço de forças, será dada por:
d 2x dx
pc A = m 2 + b + kx
dt dt
pc
X ( s) A
= = Kc K c = const .
P c ( s) k
Se considerarmos que a variação no caudal (qi) através da válvula pneumática é proporcional a x,
a variação no deslocamento da palheta, será dada por:
Qi ( s)
= Kq K q =const.
X (S )
A função transferência entre qi e pc será:
Qi ( s)
= Kc Kq = Kv Kv=const.
P c ( s)
Análise de um sistema de controlo proporcional de nível de líquido - Considere-se o sistema de
controlo de nível de líquido indicado na Fig.8.15, no qual se pretende manter o nível de líquido
num valor constante, independentemente das variações na abertura na válvula de carga. Supondo
que o controlador é proporcional do tipo pneumático, e que a válvula de controlo é a indicada na
Fig.8.14, verifica-se que se o nível do líquido aumentar como resultado de uma variação na
válvula de carga, a bóia move-se para cima, fazendo com que a pressão de controlo Pc aumente
de modo a provocar um decréscimo na abertura da válvula, de modo a corrigir o aumento de
nível. (NOTA: considera-se que a válvula é do tipo ar para fechar).
Da análise do sistema de líquido, podemos verificar que a função de transferência é:
H 1 ( s) R
=
Qi ( s) RCs + 1
Se considerarmos que o ganho do controlador proporcional é Kp, a constante do sensor de nível
(bóia) é Kb e que a constante da válvula de controlo é Kv, podemos construir o respectivo
controlador Set-point
Proporcional
Pc
3-15 psi
Válvula pneumática
bóia
Válvula de carga
a)
Kb
b)
Fig.8.15-a). Sistema de controlo de nível de líquido. b) Diagrama de blocos.
⎧ 1
⎪ X ( s) = K R ( s )
H 1 (s) K ⎪ b
= ⎨K = K p K v R Kb
X (s) Ts + 1 + K ⎪ T = RC
⎪
⎩
Se aplicarmos uma entrada degrau unitário a X(s), obtém-se:
⎛ K ⎞1
H 1 (s) = ⎜ ⎟
⎝ Ts + 1 + K ⎠ s
Aplicando a Transformada de Laplace Inversa a esta equação, obtém-se:
K ⎛⎜ − ⎞
t
T1 ⎟
h 1 (t) = 1− e para t ≥ 0
1 + K ⎜⎝ ⎟
⎠
em que
T
T1 =
1+ K
Quando for utilizado um controlador unicamente de acção proporcional, este erro ou offset
nunca poderá ser anulado. Para o eliminar, teremos que utilizar um controlador de acção
integral.
2
1.5
r(t) 0.5
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
1.5
h1(t)
offset
0.5
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
t [seg.]
Fig.8.16. Curva de resposta de nível h1(t) para uma entrada r(t) em degrau unitário.
Seguidamente apresenta-se a listagem em Matlab utilizada para obter a Fig.8.16. De notar que
foram utilizados os valores Kp=1 e T=1 seg.
Listagem em Matlab
% limpar o ambiente Matlab
clear all
close all
% vector de tempos
t=0:0.01:4;
t=t';
%acção P
sys=tf(num,den);
saida_p]=step(sys,t);
% gráficos de simulação
subplot(211)
plot(t,ref),grid,ylabel('r(t)')
subplot(212)
plot(t,ref,'-.',t,saida_p),grid,axis([0 4 0 2]),
xlabel('t [seg.]'),
ylabel('h_1(t)')
Para que se possa eliminar o erro verificado no controlo proporcional em regime estacionário na
resposta a uma entrada degrau, cuja função de transferência não possui o integrador 1/s, é
necessário incluir no controlador uma acção de controlo integral.
Assim, com o sinal de controlo integral, a saída do controlador em qualquer instante, é igual á
área sob a curva do sinal de erro até aquele instante. O sinal de controlo u(t) pode possuir um
valor não nulo quando o sinal de erro e(t) é nulo, conforme se indica na Fig.8.17a). Isto não é
possível de obter com uma acção de controlo proporcional, visto que um sinal de controlo não
nulo necessita de um sinal de erro que não seja nulo.
Sistema de controlo de nível de líquido com acção integral - Considere-se o sistema de controlo
de nível de líquido, indicado na Fig.8.15. Vamos supor que o controlador é de acção integral e
que a realimentação é unitária, de modo a tornar mais simples a obtenção da função de
transferência global. Deste modo, obtém-se o seguinte diagrama de blocos da Fig.8.17.
E(s) H(s)
X(s) K R
- s RCs + 1
1.5
1
r(t)
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0.8
0.6
c(t)
0.4
0.2
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0.8
u(t) ; acção P
0.6
0.4
0.2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
t [seg.]
a)
1.5
r(t)
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1.5
1
c(t)
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1.4
u(t) ; acção PI
1.2
0.8
0.6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
t [seg.]
b)
Fig.8.18. Gráficos de r(t), c(t) e u(t) para um processo com controlo proporcional (a) e com controlo
proporcional+integral (b). Nos gráficos, pode-se ver que com acção P e para um erro não nulo a
acção de controlo estabiliza, enquanto que com acção PI, só com um erro nulo é que a acção de
controlo estabiliza no tempo.
Como o sistema é estável, o erro em regime estacionário para uma entrada degrau unitário, pode
ser obtido através da aplicação do Teorema do Valor Final (ver Cap. 8). Assim:
pelo que
⎛ s( RC s2 + s) ⎞ 1
e(t → ∞) = lim ⎜ ⎟ =0
s→0 ⎝ RC s + s + KR ⎠ s
2
Vê-se assim, que o controlo integral elimina o erro em regime estacionário da resposta do
sistema para uma entrada degrau. Este resultado, constitui uma melhoria substancial
relativamente ao desempenho do controlador proporcional, que não conseguia eliminar o erro em
regime estacionário (offset).
Controlo de uma carga de inércia - Considere o sistema indicado na Fig.8.19a). Para este
sistema, obtém-se a seguinte função de transferência em anel fechado:
C ( s) Kp
= 2
R( s) Js + K p
Como as raízes da equação característica Js2 + K p = 0 , são imaginárias puras, a resposta para
uma entrada em degrau unitário, vai oscilar indefinidamente, conforme indicado na Fig.8.19b).
Os sistemas de controlo que exibem este tipo de respostas não são desejáveis, visto que o factor
de amortecimento é nulo, ou seja ξ=0. (NOTA: Sistema no limite da estabilidade).
Se ao controlador proporcional for adicionada uma acção derivativa, este passa a ter uma função
de transferência dada por K p (1 + T d s ) . O binário desenvolvido pelo controlador é proporcional a
K p (e + T d e) . A acção derivativa é essencialmente antecipatória, mede a velocidade instantânea
de erro, prediz a grande sobreelevação antecipadamente no tempo e produz uma acção contrária
apropriada antes de ocorrer uma sobreelevação demasiado elevada. A função de transferência em
anel fechado do sistema com acção PD é dada por:
C ( s) K p (1 + T d s)
= 2
R( s) Js + K p T d s + K p
A equação característica Js 2 + K pTd s + K p = 0 , passa ter duas raízes com partes reais
negativas, para valores positivos de J, Kp e Td. A curva de resposta típica c(t) para uma entrada
em degrau unitário, está representada na Fig.8.19-b). Esta curva, apresenta uma melhoria
significativa em relação á curva de resposta oscilatória obtida com controlo proporcional.
Seguidamente, apresenta-se a listagem do programa em Matlab utilizado para obter os gráficos
da Fig.8.19-b).
R(s)
Kp
1 C(s)
- Js 2
a)
Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 8.25
INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO 8. CONTROLADORES ANALÓGICOS
1.5
r(t)
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
1.5
c(t) ; acção P
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
2
c(t) ; acção PD
1.5
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
t [seg.]
b)
Fig.8.19-a) Diagrama de blocos do controlo proporcional de um sistema com carga de inércia;
b) Respostas a uma entrada em degrau unitário obtidas com acção P e acção PD.
(Nota: foram utilizados os valores J=1, Kp=1 e Td=1 para obter os gráficos no Matlab).
Listagem em Matlab
% limpar o ambiente Matlab
clear all
close all
% vector de tempos
t=0:0.01:8;
t=t';
% definição da entrada degrau (só para o gráfico)
ref=ones(length(t),1);
% parâmetros do controlador e do sistema
Kp=1;
J=1;
Td=1;
% Função de transferência em anel fechado - acção P
num=[Kp];
den=[J 0 Kp];
%acção P
sys=tf(num,den);
saida_p]=step(sys,t);
% Função de transferência em anel fechado - acção PD
num=[Kp*Td Kp];
den=[J Kp*Td Kp];
sys=tf(num,den);
[saida_pd]=step(sys,t);
% gráficos de simulação
subplot(311)
plot(t,ref),grid,ylabel('r(t)')
subplot(312)
plot(t,ref, '-.',t,saida_p),grid,
ylabel('c(t) ; acção P')
subplot(313)
plot(t,ref,'-.',t,saida_pd),grid,axis([0 8 0 2]),
xlabel('t [seg.]'),
ylabel('c(t) ; acção PD')
Existem diversos métodos na literatura especializada para efectuar o ajuste automático dos
parâmetros dos controladores. Pelo seu carácter histórico, vamos apresentar um dos dois
primeiros e mais conhecidos métodos de ajuste de controladores, apresentados pelos
investigadores Ziegler e Nichols (1941). Este método é conhecido pelo método da sensibilidade
crítica (2º método).
c ( t p ) − c( ∞ )
Mp = = 0.25
c( ∞ )
Isto significa que o máximo sobre-impulso é de 25% de c(t) em regime estacionário. Assim, o
overshoot (oscilação) seguinte será de 25% do primeiro overshoot e assim sucessivamente até o
sistema estabilizar no valor de c(t) desejado.
Mp
a)
Pcr
b)
Fig.8.21a) Resposta a um degrau unitário, com um máximo de 25% de máximo sobre-impulso (Mp).
b) Oscilação limite estacionária de período Pcr.
TABELA 8.4
Tipo de Kp Ti Td
Controlador
P 0.5K cr ∞ 0
PI 0.45K cr 0.833Pcr 0
PID 0.6 K cr 0.5Pcr 0.125Pcr
Hoje em dia, já existem programas comerciais para computador que permitem efectuar o ajuste
automático de parâmetros de controladores, para uma vasta gama de marcas e de modelos.
TABELA 8.5
NOTA: Os valores da Tabela 8.5 são iniciais e consideram que o controlador PID se baseia na
expressão ideal ou série. Não se aplicam a todos os tipos de controladores PID existentes na
indústria. (Fonte: ExperTune).
Fig.8.24. Gráfico de variação da pressão de saída do controlador versus abertura das válvulas [3].
Ar fresco
Ar climatizado
Permutador
de calor
Sonda de
Set-point da Set-point do temperatura
temperatura caudal
C. Temp. C. Caudal.
(Master) (Slave)
Sonda de caudal
Medida da Medida do
temperatura caudal
Água gelada Água de retorno
a)
1.4
1.2
1
Variação de Temperatura [ºC]
0.8
0.6
0.4
Controlo convencional
Controlo em cascata
0.2
0
0 5 10 15
Tempo [segundos]
b)
Fig.8.26. Diagrama de blocos do sistema de controlo em cascata. No exemplo anterior, o controlador principal (Cp)
é o de temperatura, o controlador secundário (Cs) é o de caudal e a planta é o sistema de climatização.
Considere-se por exemplo o sistema representado na Fig.8.29, no qual se pretende manter uma
concentração fixa de ácido clorídrico num absorvedor. O sistema possui dois transdutores de
caudal: um que mede o caudal da variável primária (controlada manualmente - (HCL gasoso) e
um outro que mede a variável secundária (água). A função do controlador consiste em manter
automaticamente uma relação fixa entre os dois caudais, variando o caudal da variável
secundária (água), através de uma válvula de regulação, acompanhando deste modo a variação
da variável primária. Como é óbvio, o regulador possui um mecanismo especial para essa
finalidade (Ex: através de uma came).
controlador Set-point
Proporcional
Pc
3-15 psi
Válvula pneumática
bóia
Válvula de carga
Fig.1
Kb
Fig.8.30
Podemos reduzir o diagrama de blocos a um único bloco, por aplicação das regras da álgebra de
blocos, ou seja:
R
KpKv
H(s) RCs+1
=
H r (s) 1+K K R
p v
RCs+1
A função de transferência global do sistema de controlo em anel fechado (Kp=5), é dada por:
⎛ 4 ⎞ 4
Kp * 0.2 * ⎜ ⎟
H(s) ⎝ 10 s + 1 ⎠ = 10s + 1 = 4
=
H r (s) ⎛ 4 ⎞ 1+ 4 10s + 5
1 + Kp * 0.2 * ⎜ ⎟
⎝ 10s + 1 ⎠ 10s + 1
Vamos aplicar à referência Hr(s) uma entrada do tipo degrau unitário (Hr(s)=1/s). Assim, tem-se:
⎛ 4 ⎞1
H(s) = ⎜ ⎟
⎝ 10s + 5 ⎠ s
A resposta obtém-se através das Tabelas de Transformadas de Laplace. Neste caso, tem-se:
⎧ 1 ⎫ 1 − at
L⎨ ⎬ → (1 − e ) Prop.14
⎩ s(s + a) ⎭ a
Verifica-se através da análise da expressão de h(t), que o nível controlado não converge para 1,
pois em regime estacionário h = 0.8. Este resultado pode ser confirmado através da aplicação do
Teorema do Valor Final, que diz que:
⎛ 4 ⎞1 4
lim f ( t ) = lim s × F(s) ⇒ lim h ( t ) = lim s × H(s) = lim s × ⎜ ⎟ = = 0.8
t →∞ s →0 t →∞ s→0 s →0
⎝ 10s + 5 ⎠ s 5
nivel_r control
Scope
To Workspace1
controlo
4
5 0.2 nivel
10s+1
Step Kp valvula tanque To Workspace
Fig.8.31
Os gráficos obtidos através do Matlab/Simulink, para Kp=5 (azul), Kp=7.5 (vermelho) e Kp=10
(verde), estão representados na Fig.8.32 e 8.33. Verifica-se que o erro em regime estacionário
vai diminuindo à medida que o Kp vai aumentando, como seria de esperar. No entanto, irá existir
sempre um erro residual, que só poderá ser removido através da introdução de acção integral.
plot(tout,nivel_r,tout,nivel,'g'),grid,xlabel('tempo[s]'),ylabel('h
[m]')
0.9
0.8
0.7
0.6
h [m]
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
tempo [s]
Fig.8.32
10
6
Controlo
1
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
tempo [s]
Fig.8.33
Antes de se aplicar uma entrada degrau à referência Hr(s), é conveniente calcular as raízes do
denominador, para ver qual o tipo de raízes que o sistema possui, dado que o sistema em anel
fechado com controlo PI passou a ser de segunda ordem. Neste caso, pode utilizar-se o
comando do Matlab designado por roots, para calcular as raízes do polinómio denominador ou
seja:
>>roots([1 0.9 0.1]) <enter>
As raízes do denominador são s1=-0.7702 e s2=-0.1298 ou seja são reais, negativas e diferentes.
Deste modo, o sistema de controlo PI possui o comportamento de um sistema de 2ªordem
sobreamortecido ( ξ > 1 ).Portanto a evolução temporal do nível não oscila para os parâmetros
Kp e Ti introduzidos no controlador.
Ou seja o sistema é exacto, pelo que e=hr-h=1-1=0, o que significa que o erro em regime
estacionário é nulo.
Cálculo da resposta de h(t) - Aplicando a Transformada de Laplace inversa aos dois termos de
H(s), obtém-se:
⎛ 1 ⎞ 1
L−1 ⎜⎜ ⎟⎟ → (e −at − e −bt ) Prop.15
⎝ (s + a)(s + b) ⎠ b − a
⎛ 1 ⎞ 1 ⎛ 1 ⎞
L−1 ⎜⎜ ⎟⎟ → ⎜1 + (be −at − ae − bt ) ⎟ Prop.17
⎝ s(s + a)(s + b) ⎠ ab ⎝ a − b ⎠
Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 8.37
INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO 8. CONTROLADORES ANALÓGICOS
Vamos fixar o valor de Kp=10 e introduzir acção integral (Ti=4 seg e 8 seg.). Neste caso, o
diagrama de blocos no Simulink para a ter o seguinte aspecto.
nivel_r control
Scope
To Workspace1 controlo
4
10 0.2 nivel
10s+1
Step Kp valvula tanque To Workspace
1
1/4
s
1/Ti Integrator
Fig.8.34
1.4
1.2
0.8
h [m]
0.6
0.4
0.2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
tempo [s]
Fig.8.35
Os gráficos obtidos no Matlab/Simulink para Ti=8 seg. (verde) e 4 seg. (vermelho), estão
representados na Fig.8.35. Pode verificar-se que o erro anula-se ao fim de um certo tempo. No
Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 8.38
INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO 8. CONTROLADORES ANALÓGICOS
entanto, a precisão obtida implica uma degradação na estabilidade do sistema, visto que à
medida que o Ti diminui aumenta o máximo sobreimpulso (overshoot), que corresponde no caso
de Ti = 4 seg. a cerca de 7.7 % do valor final.
A acção de controlo PI varia de forma a que só estabilize quando o erro final for nulo. Neste
caso, como o integral de zero é uma constante, a acção de controlo estabiliza no valor que tiver
atingido nesse instante. Este comportamento pode ser observado através da análise dos gráficos
da Fig.8.36.
10
6
Controlo
1
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
tempo [s]
Fig.8.36
A nova função de transferência em anel fechado, passa a ser a seguinte (Kp=10 ; Ti=4 seg. ;
Td=0.2 seg.):
⎛ 1 ⎞
G r (s) = Kp * ⎜1 + + Tds ⎟
⎝ sTi ⎠
⎛ 1 ⎞⎛ 0.8 ⎞ ⎛ 0.8s 2 + 4s + 1 ⎞⎛ 8 ⎞
Kp * ⎜1 + + Tds ⎟⎜ ⎟ ⎜⎜ ⎟⎟⎜ ⎟
H(s) ⎝ sTi ⎠⎝ 10 s + 1 ⎠ ⎝ 4 s ⎠⎝ 10s + 1 ⎠
= =
H r (s) ⎛ 1 ⎞⎛ 0.8 ⎞ ⎛ 0.8s 2 + 4s + 1 ⎞⎛ 8 ⎞
1 + Kp * ⎜1 + + Tds ⎟⎜ ⎟ 1 + ⎜⎜ ⎟⎟⎜ ⎟
⎝ sTi ⎠⎝ 10s + 1 ⎠ ⎝ 4s ⎠⎝ 10s + 1 ⎠
⎛ 0.8s 2 + 4s + 1 ⎞⎛ 8 ⎞
⎜⎜ ⎟⎟⎜ ⎟
H(s) ⎝ 4s ⎠⎝ 10s + 1 ⎠ 8(0.8s 2 + 4s + 1)
= =
H r (s) ⎛ 0.8s 2 + 4s + 1 ⎞⎛ 8 ⎞ 4s(10s + 1) + 8(0.8s 2 + 4s + 1)
4s(10s + 1) + ⎜⎜ ⎟⎟⎜ ⎟
⎝ 4s ⎠⎝ 10s + 1 ⎠
4s(10s + 1)
H(s) 8(0.8s + 4s + 1)
2
0.8s 2 + 4s + 1 0.1379s 2 + 0.6897s + 0.1724
= = =
H r (s) 8s(5s + 0.5) + 8(0.8s 2 + 4s + 1) 5.8s 2 + 4.5s + 1 s 2 + 0.7759s + 0.1724
Antes de se aplicar uma entrada degrau à referência Hr(s), é conveniente calcular as raízes do
denominador, para ver qual o tipo de raízes que o sistema possui, dado que o sistema com
controlo PID em anel fechado passou a ser de segunda ordem. Neste caso, pode utilizar-se o
comando do Matlab designado por roots para calcular as raízes do polinómio denominador, ou
seja:
C(s) ω 2n
= 2
R (s) s + 2ξωn s + ω 2n
Podemos obter, sem ter de calcular a resposta no tempo h(t), o valor de h em regime estacionário
através da aplicação do Teorema do Valor Final. Assim, teríamos:
O sistema de controlo PID é exacto, pelo que e=hr-h=1-1=0, o que significa que o erro em
regime estacionário é nulo. Este resultado era previsível devido ao facto de o controlador
utilizar a acção integral.
Para simular a resposta do sistema de controlo a uma entrada Hr(s) em degrau, vamos considerar
os valores anteriores (Kp=10 ; Ti = 4 seg.) e adicionar uma acção derivativa (Td=0.2 seg. ;
Td=0.4 seg.). Neste caso, o diagrama de blocos para a ter o seguinte aspecto.
nivel_r control
Scope
To Workspace1
controlo
4
10 0.2 nivel
Step 10s+1
Kp valvula tanque To Workspace
1
1/4
s
1/Ti Integrator
0.2 du/dt
Td Derivada
Fig.8.37
Os resultados obtidos para Td=0.2 seg. (verde), Td=0.4 seg. (vermelho) e Td=0 (preto) para uma
resposta a uma variação de Hr em degrau unitário, estão representados nos gráficos Fig.8.38
1.4
1.2
0.8
h [m]
0.6
0.4
0.2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
tempo [s]
Fig.8.38
Da análise dos gráficos, verifica-se que a acção derivativa atenua os efeitos do sobreimpulso
típico da acção integral, tornando a evolução do nível mais suave após este ter atingido o valor
máximo. Por outro lado, a obtenção do valor máximo de h(t) com acção derivativa atinge-se
mais tarde, ou seja para t=5 seg. (Td=0.2 seg) e t=6 seg. (Td=0.4 seg.).
Neste exercício vamos considerar que a referência é nula (não varia), mas que o nível do tanque
pode estar sujeito a perturbações súbitas (ex: descarga súbita de água vinda de um tanque de
condensados que entretanto tinha enchido). Esta tipo de funcionamento do controlador, designa-
se por acção de regulação, e pode ser representado através do diagrama de blocos genérico:
N(s)
R(s) E(s) U(s) + +
Gr(s) Gp(s) C(s)
_
B(s)
H(s)
Fig.8.39
A função de transferência do sistema completo que relaciona a variável de saída C(s) com a
entrada de referência R(s) e a variável de perturbação (distúrbio) N(s), pode ser obtida da
seguinte forma:
G r (s)G p (s) 1
C(s) = R (s) + N(s)
1 + G r (s)G p (s)H(s) 1 + G r (s)G p (s)H(s)
Como no nosso caso R(s) =0, a função de transferência passa a ser a seguinte:
1
C(s) = N(s)
1 + G r (s)G p (s)H(s)
H(s) 1 1 10s + 1
= = =
N(s) ⎛ 4 ⎞ 8 10s + 9
1 + 10 * 0.2 * ⎜ ⎟ 1+
⎝ 10s + 1 ⎠ 10s + 1
A evolução temporal do nível do tanque pode obter-se através da aplicação das Tabelas de
Transformadas de Laplace. Neste caso, tem-se:
⎧ 1 ⎫ 1 − at ⎧ 1 ⎫ − at
L⎨ ⎬ → (1 − e ) ; L⎨ ⎬→e
⎩ s(s + a ) ⎭ a ⎩s + a ⎭
0.1
h ( t ) = e −0.9 t +
0.9
( )
× 1 − e −0.9 t → h ( t ) = e −0.9 t + 0.11 × 1 − e −0.5 t ( )
Da análise da expressão, verifica-se que o valor de h(t) em regime estacionário é de 0.11, ou seja
irá aparecer um erro em regime estacionário com controlo proporcional de -0.11 (erro estático
negativo, visto que e=hr-h=0-0.11 = -0.11 m).
Para simular este exercício no Simulink, teremos que modificar o diagrama anterior. Neste caso,
o diagrama de blocos no Simulink, passa a ter o seguinte aspecto:
nivel_r
control
Scope
To Workspace1 controlo
perturbação nivel
0 4
10 0.2 To Workspace
referência 10s+1
1
0 Kp valvula tanque
s
1/Ti Integrator
0 du/dt
Td Derivada
Fig.8.40
Para simular a acção de regulação do controlador de nível, vamos colocar o degrau da referência
a zero e aplicar um degrau unitário à saída através do bloco “perturbação”. A resposta do sistema
de controlo a esta perturbação, considerando as acções P (Kp=10) e PI (Kp=10 ; Ti =4), está
representada nos gráficos da Fig.8.41.
Como pode verificar-se através da análise dos gráficos, a acção P não consegue fazer regressar o
nível a zero, ou seja o valor da referência desejada. Existe um erro residual de cerca de -0.11 m,
que corresponde ao erro em regime estacionário. A resposta da acção PI evidencia a anulação do
erro à custa de um sobreimpulso Mp negativo de cerca de 7.7%.
Se quisermos comparar as evoluções das respostas do nível h(t) com acção de controlo PI e PID,
obtém-se os seguintes gráficos (Fig.8.42), em que:
Mais uma vez, pode comprovar-se a melhoria da estabilidade do controlo obtida através da
introdução da acção derivativa. Com efeito a recuperação do nível para zero com Td > 0 é mais
suave o que melhora a estabilidade do anel de controlo.
1.2
0.8
0.6
nivel [m]
0.4
0.2
-0.2
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
tempo [seg.]
Fig.8.41
1.2
0.8
0.6
h [m]
0.4
0.2
-0.2
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
tempo [s]
Fig.8.42
Problema 1
Considere o diagrama de blocos do sistema de regulação representado na figura. Deste modo,
responda às seguintes questões:
+ N(s)
R(s) + +
K1 1 C(s)
_ s+3 s +
_
K2
a) Atendendo a que o máximo sobreimpulso deve ser de 15% e o tempo de pico 1.0 seg.,
determine os valores de K1 e K2. (Nota: Considere N(s)=0).
b) Determine a função de transferência do sistema em anel fechado. Como o caracteriza?
Justifique.
c) Determine a resposta no tempo de C(s) quando se aplica à entrada R(s) um degrau
unitário. Represente graficamente a curva obtida e assinale os valores característicos.
d) Admitindo que R(s)=0 e N(s) é uma entrada em degrau unitário, determine o valor em
regime estacionário de C(s). Comente o valor obtido.
Tópicos de resolução
Alíneas a) e b)
Cálculo de K1 e K2:
Através de operações de álgebra de blocos, tem-se
Bloco de realimentação interno :
⎛ K1 ⎞
⎜ ⎟ K1
⎜ s+3 ⎟1 =
⎜ K1 ⎟ s s(s + 3 + K 1 K 2 )
⎜1+ K2 ⎟
⎝ s+3 ⎠
Função de transferência global :
K1
C(s) s(s + 3 + K 1 K 2 ) K1
= =
R(s) K1 s(s + 3 + K 1 K 2 ) + K 1
1+
s(s + 3 + K 1 K 2 )
C(s) K1
= 2 ⇒ Sistema de 2ª ordem
R(s) s + (3 + K 1 K 2 )s + K 1
Forma típica de um sistema de 2ª ordem sub − amortecido (ξ < 1) :
C(s) ω 2n ⎧ ω 2n = K 1
= 2 ⇒ ⎨
R(s) s + 2ξωn s + ω 2n ⎩2ξωn = 3 + K 1 K 2
ξπ
−
1− ξ 2
(log(M p )) 2 (log(0.15)) 2
M p = 0.15 = e ⇒ ξ= = = 0.5169
π 2 + (log(M p )) 2 π 2 + (log(015)) 2
π π π
tp = ⇒ ωd = = = 3.1416 rad/s
ωd t p 1.0
ωd 3.1416
ωd = ωn 1 − ξ 2 ⇒ ωn = = = 3.6699 rad/s
1− ξ2 1 − 0.5169 2
2ξωn = 2 * 0.5169 * 3.6699 = 3.7939
Assim, temos:
2
K 1 = ω n ⇒ K 1 = 3.6699 2 = 13.4682
2ξωn = 2 * 0.5169 * 3.6699 = 3.7939
3.7939 = 3 + K 1 K 2 ⇒ 3.7939 = 3 + K 2 * 13.4682
0.7939
K2 = = 0.0589
13.4682
Assim, a função de transferência do sistema em anel fechado, é a seguinte :
C(s) 13.4682
= 2
R(s) s + 3.7939s + 13.4682
As raízes do denominador da função de transferência (polos), são :
⎧- 1.8970 + 3.1416i
s1,2 = ⎨ (Ver diagrama de localização das raízes)
⎩- 1.8970 - 3.1416i
Root Locus
8
2
Imaginary Axis
-2
-4
-6
-8
-2 -1.8 -1.6 -1.4 -1.2 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0
Real Axis
t p = 1.0seg.
ω n = 3.6699rad / s
M p = 0.15
ξ = 0.5169
4 4
t s = 4T = = (Criterio de 2%)
σ ξω n
4
ts = = 2.1086 seg.
0.5169 * 3.6699
e −0.5169*3.6699t 1 − 0.5169 2
c(t ) = 1 − sin(3.1416t + arctan g )
1 − 0.5169 2 0.5169
c(t ) = 1 − 1.1682e −1.897 t sin(3.1416t + 1.0276)
Cálculo da alínea d)
G(s)
+ N(s)
R(s)=0 + +
K1 1 C(s)
_ s+3 s +
_
K2
N(s) + C(s)
_ G(s)
+
K1 1
_ s+3 s
K2
De acordo com o esquema de controlo, e tendo em conta que R(s) = 0 e que a N(s) é
aplicado um degrau unitário, tem - se :
K1
G(s) = ; H(s) = 1
s(s + 3 + K 1 K 2 )
C(s) 1 1 s(s + 3 + K 1 K 2 )
= = = 2
N(s) 1 + G(s)H(s) K1 s + (3 + K 1 K 2 ) s + K 1
1+
s(s + 3 + K 1 K 2 )
C(s) s 2 + (3 + K 1 K 2 ) s s 2 + 3.7939s
= =
N(s) s 2 + (3 + K 1 K 2 ) s + K 1 s 2 + 3.7939s + 13.4682
1.4
1.2
0.8
nivel h [m]
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
tempo [seg.]
Problema 2
Considere o diagrama de blocos de um servomotor eléctrico de posição da haste de uma válvula
de vapor, conforme representado na Fig.2. Deste modo, responda às seguintes questões:
Fig.2
g) Admitindo que N(s)=0, determine a resposta no tempo c(t) quando se aplica à entrada
R(s) um degrau unitário. Represente graficamente a curva obtida e assinale os
seguintes valores característicos (Mp, tp, c(tp), ts – critério de 2%).
Tópicos de resolução:
ξπ
−
1− ξ 2
a) Mp = e
Mp=0.25 => qsi =0.404
2.9487
G ( s) =
s + 1.3875s + 2.9487
2
Root Locus
4
1
Imaginary Axis
-1
-2
-3
-4
-0.7 -0.6 -0.5 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0
Real Axis
1.4
1.2 X: 1.99
Y: 1.25
0.6
0.4
0.2
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
tempo [s]
Parâmetros característicos:
• tp=2 s
• ts (critério de 2%) = 4/(qsi*wd)=6.3032 s
• Mp=0.25
• qsi=0.404
• c(tp)=1.25
em que:
1
GPD(s)=Kp(1+Td.s) ; Gprocesso(s)=
s( s + 1)
a) Determine a curva de resposta do sistema para Kp=10, Td=0 e R(s) degrau unitário.
b) Caracterize a resposta obtida. Como define o sistema obtido. Determine os valores típicos
característicos da resposta do sistema.
c) Pretende-se que o sistema exiba uma resposta ao degrau com um factor de amortecimento de
0.8. Determine o parâmetro Td do regulador PD a introduzir, de modo a atingir o objectivo
pretendido.
d) Para o caso anterior, determine a resposta do sistema para uma entrada degrau unitário.
Compare a nova curva de resposta com a curva obtida na alínea a).
+ N(s)
R(s) + +
K1 1 C(s)
_ s+2 s +
_
K2
i) Atendendo a que o máximo sobreimpulso deve ser 0.25 e o tempo de pico 1.5 seg., determine
os valores de K1 e K2. (Considere N(s)=0)
l) Admitindo R(s)=0 e N(s) uma entrada em degrau unitário, responda às seguintes questões:
d.1) Qual o significado físico de N(s)?
d.2) Qual o valor em regime estacionário de C(s) para a entrada referida de N(s).
+ N(s)
R(s) + U(s)
K 1 C(s)
p 2
4s +
-
K s+1
v
d) Admitindo R(s)=0 e N(s) uma entrada em degrau unitário, diga qual o valor em regime
estacionário de C(s) para a entrada N(s).
+ N(s)
R(s) + U(s)
PD 1 C(s)
s(Ts+0.6) +
-
d) Admitindo R(s)=0 e N(s) uma entrada em degrau unitário, responda às seguintes questões:
d.1) Qual o significado físico de N(s). Dê um exemplo de aplicação a um processo industrial.
d.2) Qual o valor em regime estacionário de C(s) para a entrada N(s).
REFERÊNCIAS DO CAPÍTULO
[3]. Luciano Sighieri e Akiyoshi Nishinari (1973), “Controlo automático de processos industriais
– Instrumentação”, Editora Edgard Blucher, Lda.