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A vida depois da morte: a ressurreição dos homens e a comunhão dos santos.

Há uns tempos publicámos nesta secção um artigo intitulado “Ressurreição”, mais


concretamente sobre a ressurreição de Jesus de Nazaré. Esse constitui o fundamento deste
outro artigo, que diz respeito à nossa ressurreição.

São Paulo é muito claro ao considerar que a ressurreição de Cristo e a nossa constituem duas
facetas indissociáveis do mesmo mistério: “ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos,
como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos?” (1 Cor 15, 12).

A Escatologia é a disciplina da Teologia, que trata das realidades últimas (o étimo eschaton
significa último). Mais correctamente toda a Teologia tem um horizonte escatológico, isto é,
está apontada às realidades últimas. Com efeito, a Bíblia inicia com a criação e tem por
desfecho como que uma nova criação, com o despontar duma nova realidade: “Vi, então, um
novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido” (Ap
21, 1). Também o Credo, no final, se refere a uma última e sempre nova realidade: “ [Creio] na
comunhão dos Santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; na vida eterna.
Ámen.” Há todo um dinamismo transformante que perpassa toda a história de salvação.

No final da vida pública, quando a paixão já está próxima, o discurso de Jesus assume, por
vezes, um tom escatológico. Jesus refere-se ao emergir duma nova ordem, e para isso utiliza a
linguagem e os artifícios retóricos da cultura do seu tempo: por um lado recorre ao género de
discurso apocalíptico, que põe a tónica na destruição do existente, a fim de dar lugar a uma
realidade nova; e, por outro, às parábolas. Dois géneros muito especiais, com acentuado
recurso a imagens. Recorrendo à linguagem e ao imaginário da época, Jesus consegue dizer o
essencial acerca da vida depois da morte: por um lado, traduz na medida do possível este
mistério em palavras e, por outro, interpela o estilo de vida que levamos.

Consideremos as aparições do ressuscitado, sob a forma de corpo glorioso, aos seus discípulos.
O que é que manifestam e acrescentam de novo? O que é fundamental naquilo que nos dizem,
nomeadamente, da vida após a morte? Em primeiro lugar e antes de mais, que a morte não é o
fim, mas o início duma nova realidade. Mas, também, que Jesus não é imediatamente
identificado, mesmo por aqueles que conviviam diariamente com Ele, pois ainda estavam
fechados nos seus velhos esquemas; que transpõe toda e qualquer barreira, concretamente a
morte, quando os seus se encontravam fechados no cenáculo; que faz questão que os
discípulos se certifiquem que Ele não é um mero espírito e, por isso mostra-lhes as chagas e
insiste para porem o dedo no lugar dos cravos, a mão no lado aberto pela lança e, inclusive,
pede-lhes algo de comer; que muitas destas aparições concluem com uma refeição, em que
Jesus oferece a sua própria vida aos discípulos, franqueando-lhes a vida divina; que a dispersão
e o medo dos discípulos, após a morte de Jesus, vai dar lugar com a Páscoa e o Pentecostes a
uma comunidade unificada em torno da presença de Jesus, pacificada e alegre, solidária na
partilha de bens, e forte para estender a todo o mundo a realidade do Reino.

A vida depois da morte, a ressurreição dos homens e a comunhão dos santos, é uma
experiência que, com avanços e recuos, já vai sendo realidade, embora ainda não dum modo
pleno. Nos Actos dos apóstolos, encontramos vários exemplos, a nível pessoal e comunitário,
desta nova vivência. Os Actos apresentam uma dinâmica de instauração progressiva do Reino,
tendo como epicentro o Pentecostes, enquanto que o Apocalipse apresenta uma dinâmica de
grandes convulsões, tendo como desfecho a implantação definitiva do Reino. Actos e
Apocalipse tocam-se no tempo presente. A questão da vida depois da morte não é teórica,
pelo contrário, pede-me uma resposta que não podia ser mais pragmática: que fazer para que
a minha ressurreição e participação na comunidade dos santos já se vá tornando em parte
realidade?!

Sugestões de aprofundamento: Vasco Pinto de Magalhães, O Olhar e o Ver, Tenacitas

P. Luís Maria da Providência, sj

01.11.2010

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