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Cálculo Diferencial

e Integral II
Profa. Jaqueline Luiza Horbach
Prof. Leonardo Garcia dos Santos

2019
2 Edição
a

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Copyright © UNIASSELVI 2019

Elaboração:
Profa. Dra. Jaqueline Luiza Horbach
Prof. Me. Leonardo Garcia dos Santos

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.
H811c

Horbach, Jaqueline Luiza

Cálculo diferencial e integral II. / Jaqueline Luiza Horbach; Leonardo


Garcia dos Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

209 p.; il.

ISBN 978-85-515-0295-2

1. Cálculo diferencial. – Brasil. 2. Cálculo integral. – Brasil. I. Santos,


Leonardo Garcia dos. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 517.1
Impresso por:

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Apresentação
Prezado acadêmico! Bem-vindo à disciplina de Cálculo Diferencial
e Integral II. Na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, vimos que
a necessidade de calcular as taxas de variação de uma função (de forma
instantânea) levou os “criadores” do cálculo a se interessarem pelo estudo
dos coeficientes angulares de retas tangentes a uma função dada, ou seja,
a derivada da função, a esse estudo foi atribuído o nome de “Cálculo
Diferencial”. Mas é óbvio que as derivadas só contam a metade da história
do Cálculo Diferencial e Integral.

Além de calcular como as funções estão variando, os “criadores” do


cálculo diferencial precisavam determinar (ou descrever) como as variações
instantâneas de uma função poderiam “acumular” ao longo do tempo para desta
forma modelar a função descritiva, ou seja, conhecendo como uma grandeza
física “variou”, era possível descrever o comportamento da grandeza em si.

Por exemplo, conhecendo-se a velocidade de um dado objeto que se


move, é possível determinar a sua posição em um dado intervalo de tempo.
Para determinar a posição do objeto é realizado uma análise da área abaixo
da curva dada pela velocidade, esta pesquisa culminou no segundo principal
objeto de estudo do cálculo: O cálculo integral!

A partir deste momento, como houve a obtenção de um método para


determinar coeficientes angulares e um método para calcular áreas sob curvas
(duas operações geométricas que parecem não se assemelhar), o desafio foi
criar uma relação entre eles, mais tarde essa relação ficou conhecida como
“Teorema Fundamental do Cálculo”, tornando o Cálculo Diferencial e
Integral uma das ferramentas mais poderosas da matemática.

Este livro fala mais especificadamente do Cálculo Integral e está


dividido em três unidades. Na primeira unidade iremos definir integral de
uma função usando limite, veremos que a principal motivação de integral é o
cálculo de área. Na Unidade 2 usaremos o conceito de integral para calcular
área lateral de um sólido de revolução e o seu volume. Já na sequência,
Unidade 3, iremos definir funções de várias variáveis reais e da mesma
forma que no Cálculo Diferencial e Integral I definir o limite e continuidade
de funções de várias variáveis.

Sabemos, acadêmico, que para ter sucesso esta disciplina exige


organização, determinação e um horário de estudos pré-definido. Em sua
caminhada acadêmica, você é quem faz a diferença! Como todo texto matemático,
por vezes denso, você necessitará de papel, lápis, borracha, calculadora, muita
concentração e dedicação. Aproveitando esta motivação vamos iniciar a leitura
deste livro. A melhoria constante deve ser o objetivo de todo acadêmico.

III

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Esperamos, que ao final deste estudo, você consiga notar a evolução do
seu entendimento na área do Cálculo Diferencial e Integral e consiga aplicar
estes conhecimentos nas mais diversas áreas. Desta forma, esta disciplina
pretende oportunizar a compreensão da construção dos conhecimentos aqui
trabalhados e servir de subsídio para os conhecimentos subsequentes.

Bons estudos!

Profa. Dra. Jaqueline Luiza Horbach


Prof. Me. Leonardo Garcia Santos

NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

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VI

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Sumário
UNIDADE 1 – INTEGRAL DE RIEMANN........................................................................................... 1

TÓPICO 1 – CÁLCULO DE ÁREA E INTEGRAL DE RIEMANN................................................... 3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 3
2 CÁLCULO DE ÁREA.............................................................................................................................. 3
3 SOMAS DE RIEMANN........................................................................................................................ 11
4 PROPRIEDADES DA INTEGRAL..................................................................................................... 14
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 15
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 16

TÓPICO 2 – TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO............................................................ 19


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 19
2 INTEGRAIS INDEFINIDAS .............................................................................................................. 21
3 TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO................................................................................ 25
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 30
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 31

TÓPICO 3 – TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO...................................................................................... 33


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 33
2 MÉTODO DA SUBSTITUIÇÃO........................................................................................................ 33
3 INTEGRAÇÃO POR PARTES............................................................................................................. 38
4 SUBSTITUIÇÃO TRIGONOMÉTRICA .......................................................................................... 43
4.1 QUANDO A FUNÇÃO ENVOLVE UM RADICAL DA FORMA √a2 – x2............................... 44
4.2 QUANDO A FUNÇÃO ENVOLVE UM RADICAL DA FORMA √a2 + x2............................... 45
4.3 QUANDO A FUNÇÃO ENVOLVE UM RADICAL DA FORMA √x2 – a2. .............................. 46
5 INTEGRAÇÃO TRIGONOMÉTRICA ............................................................................................. 48
6 INTEGRAÇÃO USANDO FRAÇÕES PARCIAIS.......................................................................... 54
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 63
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 69
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 70

UNIDADE 2 – INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME................................................................................ 73

TÓPICO 1 – APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS.......................................................... 75


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 75
2 CÁLCULO DE ÁREA............................................................................................................................ 75
3 VOLUMES .............................................................................................................................................. 86
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 92
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 94

TÓPICO 2 – INTEGRAIS IMPRÓPRIAS ........................................................................................... 97


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 97
2 INTERVALOS INFINITOS.................................................................................................................. 97
3 INTEGRANDOS DESCONTÍNUOS ............................................................................................. 100

VII

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4 COMPARAÇÃO ENTRE INTEGRAIS ........................................................................................... 103
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 105
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 107

TÓPICO 3 – INTEGRAL DE COMPRIMENTO DE ARCO........................................................... 111


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 111
2 DEMONSTRAÇÃO ALGÉBRICA E DEFINIÇÃO....................................................................... 111
3 COMPRIMENTO DE ARCO PARA CURVAS PARAMÉTRICAS............................................ 116
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 119
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 120

TÓPICO 4 – OUTRAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL.................................................................. 121


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 121
2 TRABALHO REALIZADO POR UMA FORÇA............................................................................ 121
2.1 CONCEITO DE TRABALHO........................................................................................................ 122
2.2 DEFINIÇÃO DE TRABALHO...................................................................................................... 122
3 PRESSÃO E FORÇA HIDROSTÁTICA.......................................................................................... 126
3.1 DEFINIÇÃO DE PRESSÃO........................................................................................................... 126
3.2 DEFINIÇÃO DE FORÇA HIDROSTÁTICA............................................................................... 126
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 130
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 134
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 135

UNIDADE 3 – FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS...................................................................... 137

TÓPICO 1 – FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL.......................................................... 139


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 139
2 FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS REAIS..................................................................................... 139
3 CURVAS DE NÍVEL DE FUNÇÕES DE DUAS VÁRIAVEIS REAIS ...................................... 147
4 FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS REAIS ................................................................................ 153
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 157
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 158

TÓPICO 2 – LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS............. 161


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 161
2 LIMITE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS ....................................................................... 161
3 CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS ................................................... 172
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 176
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 178

TÓPICO 3 – DERIVADAS PARCIAIS................................................................................................ 181


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 181
2 DERIVADAS PARCIAIS.................................................................................................................... 181
3 DERIVADAS PARCIAIS DE ORDEM SUPERIOR...................................................................... 186
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 191
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 192

VIII

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TÓPICO 4 – APLICAÇÕES .................................................................................................................. 195
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 195
2 INVESTIMENTOS EM PRODUÇÃO ............................................................................................ 195
3 ELASTICIDADES................................................................................................................................ 198
4 DIFERENCIAL..................................................................................................................................... 199
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 202
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 207
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 208

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 209

IX

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X

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UNIDADE 1

INTEGRAL DE RIEMANN

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:

• definir integral usando o cálculo de área;

• definir integral em um intervalo;

• calcular integrais usando várias técnicas;

• relacionar derivada com integral.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CÁLCULO DE ÁREA E INTEGRAL DE RIEMANN

TÓPICO 2 – TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO

TÓPICO 3 – TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

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2

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UNIDADE 1
TÓPICO 1

CÁLCULO DE ÁREA E INTEGRAL DE RIEMANN

1 INTRODUÇÃO
Neste material, abordaremos o conceito de integração, que é uma parte
do Cálculo Diferencial e Integral que possui uma vasta quantidade de aplicações
práticas, principalmente no campo da Física e das Ciências Naturais. Abordaremos
este conceito ainda nesta unidade, como uma extensão do conceito de derivação,
porém, numa concepção de “operação inversa” do processo.

Para tal, introduziremos um conceito bastante elementar, que é o conceito


de área. A partir dele, desenvolveremos o conceito de integração e mostraremos
na sequência que a integração e a derivação realmente são processos “íntimos”,
ligados por tratativas matemáticas bastante fortes e coerentes.

Caro acadêmico, você deve estar se perguntando: O que uma taxa de


variação tem a ver com área? Bom, ressalto que este será nosso objeto de estudos
para as linhas que seguem.

2 CÁLCULO DE ÁREA
Iniciaremos, como já citado, com o processo do entendimento de integração
pela motivação geométrica do cálculo de área. Este objeto de análise ainda será
ponto fundamental da própria definição de integral. Desta forma, vamos pensar
como calculamos áreas.

Por exemplo, para a área do retângulo, imaginaremos o gráfico da função
constante, entre dois pontos a e b.

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UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

GRÁFICO 1 – GRÁFICO DA FUNÇÃO CONSTANTE ENTRE a E b


y
f (x) = C

x
a b

FONTE: Os autores

A função que temos no gráfico é dada pela expressão y = c . É fácil perceber


que a medida da base deste retângulo é dada por (b – a) e a altura do retângulo é
dado pela medida c . Assim, a área do retângulo pode ser expressa por:

A  (b  a )  c .

Imaginando um outro tipo de figura que possamos calcular a área, nos


vem à mente o gráfico da função identidade y = x, apresentado a seguir:

GRÁFICO 2 – GRÁFICO DA FUNÇÃO y = x


y

y=x

x
0
b
FONTE: Os autores

Notamos que este gráfico nos dá a ideia de um triângulo, sendo que sua
área é dada pela região abaixo da linha do gráfico, limitada pelo eixo das abscissas
(X) de zero até b. Como a função é a identidade, esse triângulo é isósceles de lado
congruente b e sua área pode ser descrita por:

b2
A= .
2

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TÓPICO 1 | CÁLCULO DE ÁREA E INTEGRAL DE RIEMANN

ATENCAO

Para o caso citado, também poderíamos imaginar uma variação no ângulo de


referência, criando retas do tipo y=ax.

É fato que os exemplos até aqui analisados são figuras “retas”, do tipo
retângulo e triângulo, e daqui em diante podemos começar a combinar figuras
deste tipo para conseguir outras, porém, com as mesmas características do cálculo
de áreas, sendo que o cálculo da área destas figuras se dará pela composição de
triângulos e retângulos. Isso quer dizer que é possível, até o momento, com o uso
da geometria plana clássica, calcular a área entre a linha do gráfico de uma função
qualquer e o eixo x, desde que este gráfico seja composto apenas por segmentos
de reta. Entretanto, quais outras figuras nós sabemos calcular área? Se tomarmos
a função y = x2, obteremos o seguinte gráfico:

GRÁFICO 3 – GRÁFICO DA FUNÇÃO y=x2 ENTRE ZERO E b


y

b2 y = x2

x
b

FONTE: Os autores

Pelo que parece, utilizando apenas a geometria básica fica difícil calcular
a área indicada, pois esta ferramenta pode se reduzir a retângulos e triângulos
combinados (com a exceção do círculo). Outro ponto que refuta a utilização da
geometria para o caso é o fato de não conseguirmos decompor a área indicada
em “quadrados de área unitária”, para que a quantidade desses quadrados
represente a área em valor.

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UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Um engenheiro, por exemplo, poderia nos dar a alternativa de imaginar


que tenhamos uma chapa de um material com densidade constante, retangular,
com base b e altura b², ou seja, com preenchimento total da parte vazada do
gráfico y = x2. Em seguida, mediríamos a massa desta chapa, em kg, para que
posteriormente, utilizando uma ferramenta de corte de precisão, talharmos a
chapa com o formato da função y = x2 (minunciosamente). Medindo a massa da
chapa “cortada” e utilizando a área e a massa da chapa completa, poderíamos
chegar na área da chapa “cortada” usando regra de três. No entanto, obviamente,
seria um processo pouco prático e demorado, atitude que os matemáticos
procuram evitar.

Sendo assim, devemos buscar uma alternativa mais precisa e formal para a
resolução deste problema, fato que iniciaremos a buscar através de aproximações.
Imaginemos, neste caso, a quantidade de retângulos de área (qualquer) que
cabem na parte interna da região considerada, digamos, M1. Como esta forma
ainda deixará regiões sem serem preenchidas, consideraremos a quantidade de
quadrados de área (qualquer) que extrapolam a região considerada, digamos M1.
Para o caso da Gráfico 4, temos M1 = 5 e M1 = 5 o que nos traz:

GRÁFICO 4 – PARTICIPAÇÃO DA REGIÃO


y

b2

x
b

FONTE: Os autores

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TÓPICO 1 | CÁLCULO DE ÁREA E INTEGRAL DE RIEMANN

A desigualdade acima nos fornece uma aproximação para a área a ser


calculada, porém é uma aproximação um tanto quanto imprecisa para nossas
necessidades. E assim, podemos diminuir a área dos retângulos utilizados como
referência pela metade, obtendo quantidades de m2 retângulos pela região interna
e M2 retângulos que extrapolam a área. Realizando este procedimento de redução
da área dos retângulos de referência, chegaremos a um momento que os valores
mn e Mn terão os mesmos valores de área e assim teremos uma aproximação boa
para tal área, ou seja:

m1  m2    mn 1  mn    Área    M n 1    M 2  M 1.

Esta desigualdade nos mostra que, quando a quantidade de retângulos


internos e que extrapolam a área, tendem a ser iguais, esta quantidade pode ser
considerada a área real que estamos procurando. Outro ponto a ser considerado é
o fato de que este é um processo infinito, em que esta quantidade de retângulos a
priori nunca passará a ser exatamente a área considerada, até mesmo pelo fato de que
estamos tentando calcular a área abaixo de um gráfico curvo, suave e diferenciável.

Entretanto, nós temos ferramentas de cálculo suficientes e já vistas para
lidar com processos infinitos. Neste caso específico, estamos lidando com o
conceito de limites, desta forma, quando imaginamos que cada vez mais estamos
reduzindo os “erros” do processo, mitigando-os ao máximo, podemos afirmar
que em um dado momento, para um erro aceitável, teremos a área desejada.

Retomando o conceito de limites, veremos que se o limite, quando n tende
ao infinito, dos valores mn e Mn forem iguais, então este valor é a área exata a ser
considerada. De modo informal, neste momento podemos dizer que este “valor
exato” para esta área é a integral da função considerada, no intervalo considerado.
Vamos fazer isso agora?

Analisando novamente a função f(x) = x2 no intervalo de 0 a b. Chamaremos
de k a quantidade de subdivisões no intervalo [0,b], ou seja, dividiremos o intervalo
em k pedaços. Logo, teremos:

b0 b
x k    .
k k

em que ∆x(k) é o tamanho da subdivisão considerada sobre o eixo x, ou seja, se k =


1 teremos um intervalo de tamanho b, se k = 2, teremos um intervalo de tamanho
b/2 e assim por diante.

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UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

GRÁFICO 5 – REPRESENTAÇÃO DO RACIOCÍNIO PARA O DESENVOLVIMENTO


y

x
x0 x1 xK-1 b=xK

K sobintervalos
FONTE: Os autores

Assim, teremos que:

x0 = 0
b b
x1  x0  x k   0  
k k
b b 2b
x2  x0  x1  x( k )  0  
k k k

E assim por diante, até:

k b
xk  x0  x1    xk 1  x( k )  b
k

Para cada k ϵ Z e > 1, iremos calcular uma aproximação para a área


considerada, sendo por baixo ou por cima da curva, a critério. Por exemplo, se
tomarmos o ponto inicial como sendo x0, teremos a aproximação por baixo da
curva. Lembrando que a função é dada por f(x) = x2 e tendo os pontos x0, ..., xk,
teremos: mk = f(x0) · ∆x(k) + f(x1) · ∆x(k) + ··· + f(xk–2) · ∆x(k) + f(xk–1), em que mk é uma
aproximação da área, por baixo, conforme a figura a seguir:

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TÓPICO 1 | CÁLCULO DE ÁREA E INTEGRAL DE RIEMANN

Calculando mk, temos:

mk  x( k )   f ( x0 )  f ( x1 )    f ( xk  2 )  f ( xk 1 ) 

b  2  b   2b   k 1  
2 2 2

mk   0          b .
k  k  k   k  

Organizando a expressão e como b2/k2 aparece em todos os termos,


podemos escrever:

b b2  2 2
mk   2 0  1  22     k  1 
2

k k  
b3
mk  3 02  12  22     k  1  .
2

k  

Devemos perceber agora que a soma que se encontra dentro dos colchetes
é uma soma de quadrados que pode variar de acordo com a quantidade de
subdivisões k escolhida. Neste momento, devemos introduzir uma expressão
para números inteiros:

k   k  1   2k  1
12  22  32    k 2  .
6

E
IMPORTANT

Escolha alguns valores de k para comprovar que esta relação é válida. Em


seguida, pesquise em livros de análise matemática ou estruturas algébricas o conceito de
indução matemática. Este conceito auxiliará você a comprovar o porquê desta relação
funcionar para soma de quadrados. Note que isso não será feito neste material, por fugir do
escopo do Cálculo Integral.

Adaptando a expressão descrita anteriormente para k – 1, teremos:

b3   k  1  (k )  (2k  1) 
mk   
k3  6 

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UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Calculando:

b3  2k 2  3k  1) 
mk 
k 2  6 

b3
mk   2k 2  3k  1
2 
6k

Colocando k2 em evidência, teremos:

b3  3 1
mk   2  k  k 2  .
6

Por fim, seguindo a ideia considerada, faremos k crescer, de modo que


os subintervalos fiquem cada vez menores para aproximar a área considerada,
teremos, então:

b3  3 1  b3 b3
lim mk 
k  6  2  k  k 2   6  2  0  0  3 .

Dizemos que o procedimento realizado resultou em uma sequência:

b3
m1  m2  mk   Área.
3

Ao realizar as divisões, criando a área “por cima” (a cargo do leitor),


chegaremos a um valor:

b3
Mk = .
3

sendo que determinamos duas somas que convergem para o mesmo valor,
podendo gerar a seguinte definição:

● Definição 1: Definimos a área sob o gráfico f(x) = x2, entre 0 e b, com b > 0, sendo:

b3
A= .
3

10

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TÓPICO 1 | CÁLCULO DE ÁREA E INTEGRAL DE RIEMANN

Em suma, lidamos aqui com dois “ingredientes” importantes: o cálculo


da área de um retângulo e o conceito de limites. Sabemos que o procedimento
realizado foi calcular uma soma infinita de áreas de retângulos contida na área
desejada e, em seguida, o cálculo da área que contém a mesma. “Espremendo”
estas duas aproximações, chegamos à área desejada. Este procedimento será
formalizado no próximo tópico.

3 SOMAS DE RIEMANN
Para formalizar o conceito “à exaustão”, realizado anteriormente,
iremos imaginar uma função genérica y = f(x), no intervalo [a,b], sendo que
estamos interessados em calcular a área desta região abaixo da curva e dentro
do intervalo considerado.

GRÁFICO 6 – REPRESENTAÇÃO DE y = f(x), ENTRE [A,B]


y

y = f(x)

x
a b

FONTE: Os autores

A ideia é realizar o mesmo procedimento, escolhendo um valor k ≤ 1, que


representará a quantidade de subintervalos entre a e b, em que:

ba
x( k )  .
k

O próximo passo é esolher um ponto de referência dentro de cada


subintervalo gerado, sendo que este pode ser escolhido como sendo o ponto
inicial, final, ponto de mínimo, máximo etc., não importa qual seja o ponto
escolhido, sempre teremos uma soma bem definida a considerar. Para este caso,
escolheremos o ponto xi* ϵ [xi–1,xi], em que cada xi é dado por:

11

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UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

ba
xi  a  i  , com a  i  k .
k

Logo, teremos:

x0 = a
x1  a  x( k )
.
.
.
.
xk  1  a  (k  1)  x( k )

xk = b.

Desta forma, para cada subintervalo [xi–1,xi] tomaremos o ponto xi* e


verificaremos o valor da função neste ponto, ou seja, f(x*i), realizando, assim, o
cálculo da área do pequeno retângulo de base ∆x(k) e altura f(x*i).

FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DO PROCEDIMENTO UTILIZADO NO RACIOCÍNIO


y
y = f(x)

x
a b

Δx
x0 xK
FONTE: Os autores

Representaremos a soma de todos os retângulos que podemos gerar por


Sk*, que é dependente da escolha do xi*, ou seja, para cada escolha de xi* teremos
uma respectiva soma Sk* correspondente:

S k*  f ( x1* )  x( k )  f ( x2* )  x( k )    f ( xk* )  x( k ) .

12

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 12 29/07/2019 16:54:55


TÓPICO 1 | CÁLCULO DE ÁREA E INTEGRAL DE RIEMANN

Esta soma terá um nome. Ela será chamada de Soma de Riemann. O uso
do artigo indefinido “uma” (em: uma respectiva soma Sk*) se deve ao fato de que a
escolha de xi* pode ser feita de várias formas. Isso quer dizer, também, que para cada
k escolhido podemos ter uma soma distinta. Logo, teremos a sequência de somas:

S1* , S 2* , S3* , ⋅⋅⋅, S k* , ⋅⋅⋅

A pergunta que temos que nos fazer agora é: Será que esta sequência de
números converge para algum valor quando k tende ao infinito? Podemos chamar
este valor de S? A resposta é sim. Esse valor S é a integral da função considerada
independe da escolha realizada para a definição dos retângulos. Isto quer dizer
que quando todas as Somas de Riemann convergem para o mesmo valor, ou seja,
quando k tende ao infinito, estamos diante da definição de integral.

● Definição 2: Seja f:[a,b] →  . Seja k ≥ 1um número inteiro e S*k a Soma de


Riemann associada a f em [a,b], a partir de uma escolha de xi*. Dizemos que
f é integrável em [a,b] se para qualquer escolha dos pontos as sequências S*k
tendem a S quando k tende ao infinito.

As Somas de Riemann são definidas, algebricamente, pela expressão:

k
S k*   f ( xi* )  x( k ) .
i 1

E, similarmente, podemos escrever a simbologia da integração que será


vista no próximo tópico, que é:
b
S   f ( x)dx.
a

Essa simbologia será lida como “a integral de a até b da função f(x) com
relação a x”.

Por fim, este tópico procurou motivar geometricamente o conceito de


integral, tão importante para a continuidade dos estudos acerca do cálculo
diferencial e integral. Por meio dele já sabemos, relembrando os cálculos
desenvolvidos neste Tópico 1, resolver três tipos de integrais. São elas:

13

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 13 29/07/2019 16:54:57


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

b
a )  c dx  c  (b  a )
a

b
b2
b)  x dx 
0
2
b
b3
c)  x dx  .
2

0
3

TURO S
ESTUDOS FU

No próximo tópico, voltaremos a discutir como iremos proceder para a resolução


de integrais. Entretanto, mostraremos algumas propriedades importantes para as operações
que virão, sendo que elas estão pautadas no “bom comportamento” do conceito de áreas,
em que, por exemplo, ela pode ser calculada por decomposição, multiplicação etc.

4 PROPRIEDADES DA INTEGRAL
As propriedades aqui descritas são embasadas pelas somas de Riemann,
em que são conservadas as propriedades de área e de somatório.

Propriedade 1: seja a integral de uma soma ou subtração de funções, temos:


b b b

 [ f ( x)  g ( x)]dx   [ f ( x)dx   g ( x)dx.


a a a

Propriedade 2: esta propriedade, refere-se à linearidade da integração.


Dado c ϵ , temos que:
b b

 c  f ( x)dx  c   f ( x)dx.
a a

Propriedade 3: se f(x) ≤ 0, temos que:

b b

 f ( x)dx   f ( x)dx.
a a

14

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 14 29/07/2019 16:55:02


RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

● A motivação para o conceito de integral é o cálculo de área.

● A expressão:

S k*  f ( x1* )  x( k )  f ( x2* )  x( k )    f ( xk* )  x( k ) .

é uma Soma de Riemann, sendo que se ela converge para um valor comum S
(qualquer), dizemos que este valor é a integral da função f (x) considerada.

● A integral de uma função entre dois pontos a e b é simbolizada por:

 f  x  dx.
a

● É possível integrar três funções elementares, são elas:


b

◦ a)� c � dx  c   b  a 
a

b b2
◦ b) ∫ x dx =
0 2
.

b3
◦ c) ∫0 x 2 dx =
b
.
3

15

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 15 29/07/2019 16:55:04


AUTOATIVIDADE

1 Construa a soma superior Mk para a função f(x)= x² do exemplo desenvolvido


no tópico, mostrando que esta soma também converge para b3/3.

2 Calcule, através de uma soma de Riemann adequada, que:

b
b4
∫0 x dx = 4 .
3

3 Calcule:

1
a ) ∫5 dx =
1
4
b) ∫x dx =
0
3
c) ∫x ² dx =
0

4 Podemos definir o valor médio de uma função em um intervalo [a,b], no qual


a função é diferenciável através da integral

b
1
f ( x ) dx.
b − a ∫a
Vm =

Se o custo de produção de x unidades de um certo produto é dado pela


função f (x) = x3 + x2 – x + 20.

Qual é o valor médio do custo de produção, para um intervalo do 15 a


30 unidades do produto:

a) ( ) R$ 11 680,00.
b) ( ) R$ 12 300,58.
c) ( ) R$ 13 178,72.
d) ( ) R$ 21 420,50.
e) ( ) R$ 27 200,85.

16

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 16 29/07/2019 16:55:05


5 Sabemos que para definir a integral, usamos somas parciais de Riemann.
Calcule a integral

∫ 2 x + 3dx
0

usando a soma de Riemann com uma partição k = 5 e usando a definição de


integral. Qual a diferença numérica entre essas duas formas de calcular a
integral apresentada anteriormente?

17

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 17 29/07/2019 16:55:05


18

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 18 29/07/2019 16:55:05


UNIDADE 1
TÓPICO 2

TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO

1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, este tópico é destinado a mostrar os dispositivos de
cálculo conceituais que devemos utilizar para a resolução de integrais de funções.
Obviamente, deveremos partir de um ponto-base para que daí em diante possamos
fazer adaptações necessárias para o desenvolvimento de técnicas e processos de
cálculo mais rebuscados.

Para o caso das integrais, partiremos do pressuposto de que o Cálculo
Integral pode ser relacionado a “uma operação inversa” do Cálculo Diferencial.
Isso não lhe parece estranho? Vimos em Cálculo Diferencial e Integral I que a
derivada é associada à taxa de variação de uma função em um certo intervalo, e
no tópico anterior a este, motivamos você a compreender que a integral provém
do cálculo de uma área. Você deve estar se perguntando: O que uma “taxa de
variação” e uma “área” têm em comum (ou incomum) para serem chamadas, em
Cálculo, de “operações inversas”?

Em resposta a isso, vamos relembrar um conceito físico importante
aprendido em estudos anteriores. Dada uma função que descreve a posição de
um móvel ao longo do tempo, s(t), definimos a velocidade instantânea deste
móvel v(t) como sendo a derivada da função da posição, ou seja:

v ( t ) = s´( t ) .

Depois dessa lembrança, partiremos de uma situação prática. Imagine que


você necessita ir da cidade A até a cidade B, sendo que elas distam uma da outra
100 km. Como você já é acostumado a realizar esse percurso, normalmente você
executa a viagem em 1h. Obviamente, a velocidade média descrita é dada por:

100 km km
vmédia
= = 100 .
1h h

Entretanto, para descrever esta velocidade “média” é fato conhecer que,


ora o automóvel que você dirige se encontra a mais de 100 km/h, ora em uma
velocidade abaixo desta (vide teorema do valor médio). O Gráfico 4 na sequência
descreve a velocidade em relação ao tempo no percurso:

19

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 19 29/07/2019 16:55:05


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

GRÁFICO 8 – GRÁFICO v x t DO PERCURSO ENTRE AS CIDADES a E b.


V(km/h)

distância = V x t
120

100

t(min)
10 20 30 40 50 60

Δt
FONTE: Os autores

É notório pelo gráfico que o percurso possui uma série de “variações de


velocidade”, pois existem trechos entre as cidades A e B que não permitem altas
velocidades, a estrada não é tão boa etc. Contudo, existem trechos em bom estado
e composto por retas em que é possível ligar o piloto automático do veículo e
manter uma velocidade fixa acima de 100 km/h.

Observe que no intervalo entre 20 e 30 min, a velocidade se manteve


constante em 120 km/h (digamos que é dentro da lei). Para este trecho, relembrando
que distância = velocidade · tempo, podemos associar a distância percorrida pelo
móvel, com a área do retângulo perfeito abaixo do gráfico v x t entre 20 e 30 min.
Dessa maneira, é possível mesmo que de modo infinitesimal, calcular áreas de
retângulos em intervalos de tempo muito pequenos ao longo de todo o percurso
e determinar uma distância percorrida.

Ora, se podemos calcular a área de uma infinidade de retângulos abaixo


do gráfico v x t, podemos afirmar que:

Distância Total entre A e B = Soma de todos os retângulos abaixo de v x t.

A afirmação é justamente uma analogia entre o conceito de integral e o


caso prático que envolve distância, velocidade e tempo, em que a distância é a
integral da função velocidade ao longo de um intervalo de tempo. Então:
b
distância
= s=(t ) ∫
a
v(t )dt.

20

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 20 29/07/2019 16:55:05


TÓPICO 2 | TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO

mas,

v ( t ) = s´( t ) .

Note que está comprovado através do exemplo físico, que ao integrar


a função velocidade, obtemos a função distância, e na sequência, ao derivar a
função distância, obtemos a velocidade, ou seja, a integração é um procedimento
de cálculo que pode ser “considerado o inverso” ao da derivação.

Veremos, na próxima seção, que para calcular uma integral basta partir
do pressuposto de que já conhecemos a derivada da função que queremos obter.

2 INTEGRAIS INDEFINIDAS
No Tópico 1 trabalhamos com integrais definidas, ou seja, integrais
que tinham um intervalo de integração. Essas integrais devolvem um número,
similar ao que foi feito na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I quando
definimos derivada; calculávamos a derivada da função num ponto e obtínhamos
como derivada um número real; depois estendemos o conceito de derivada e
conseguíamos derivar uma função e encontrar outra função. Faremos o mesmo
aqui, em integral: calcular a integral de uma função e encontrar uma outra função.
Esse tipo de integral é chamada de integral indefinida.

Você já deve ter visto ou ouvido falar que a integral é a inversa da derivada.
Isso está errado, porque elas não são uma inversa à outra, porém elas têm uma
relação muito próxima disso. Para entendermos melhor, vamos definir o que é
uma primitiva de uma função.

Definição 1: dada uma função F(x) definida num intervalo I, dizemos que
F(x) é uma primitiva de f (x) nesse intervalo se:

F ′ ( x) = f ( x).

para todo x ϵ I.

ATENCAO

A primitiva também é chamada, por alguns autores, de antiderivada.

21

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 21 29/07/2019 16:55:05


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Exemplo: Determine a primitiva da função f (x) = 1.

Resolução: Relembrando da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I,


sabemos que se derivarmos a função F(x) = x temos que: F ′ ( x )= d x= 1= f ( x) , portanto
dx
encontamos a primitiva da função f. Mas será que ela é única?

Considere a função F1(x) = x + 2 é fácil de verificar que ela também é uma


primitiva de f, pois F ′ ( x=) dxd ( x + 2)= f ( x).

Acrescentando uma constante na primitiva F(x) = x, a nova função continua


sendo primitiva, já que a derivada de uma constante é 0. Então podemos concluir
que: F(x) = x + c, para toda constante c ϵ  é uma primitiva de f(x) = 1.

Proposição 1 : seja F(x) uma primitiva da função f(x), então para toda
constante c ϵ  temos que G(x) = F(x) + c também é primitiva de f(x).

Demonstração: Vamos verificar que G(x) é primitiva de f (x), observe que


G'(x) = dx (F(x) + c) = F'(x) = f(x), pois F'(x) = f(x), já que F é uma primitiva de f.
d

ATENCAO

O fato de a integral não ser a inversa da derivada se deve à proposição escrita


anteriormente, pois para uma função podem ter várias primitivas, ou seja, a integral de uma
função não é única.

Relembrando algumas derivadas estudadas na disciplina de Cálculo


Diferencial e Integral I, podemos determinar algumas primitivas de funções já
estudadas. Na Tabela a seguir apresentamos apenas três funções e suas primitivas.
Esperamos que você, acadêmico, se sinta instigado a aumentar essa tabela com
outras funções que já estudamos.

TABELA 1 – PRIMITIVA DAS FUNÇÕES DADAS


Função Primitiva
f (x) = 0 F (x) = c
x n +1
f (x) = xn ( x)
F= +c
n +1
f (x) = ex F (x) = ex + c
 
FONTE: Os autores

22

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 22 29/07/2019 16:55:05


TÓPICO 2 | TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO

Definição 2: dada f (x) uma função F (x) e uma primitiva de f (x), a integral
indefinida de f (x) é:

∫ f ( x=
) dx F ( x) + c.

e para toda constante c ϵ  .

Observe que ela é chamada de integral indefinida, pois o limite de


integração não é definido. As propriedades de soma e multiplicação por escalar,
que você estudou no Tópico 1, continuam válidas para integrais indefinidas.

Exemplo: Calcule a integral indefinida de f (x) = 3x2 + √x.

Resolução: Queremos calcular:

∫ 3 x 2 + x dx = 3 ∫ x 2 dx + ∫ x dx.

Para calcular essas integrais, primeiro precisamos determinar as primitivas


das funções f (x) = x2 e g(x) = √x. Note que a primitiva de f (x) é F' (x) = x3 , F' (x) =
d  x3  3x 2 2 3 3 d
 =  = x=2
f ( x ) . Já a primitiva da função g (x) é G (x) = x 2 pois G' (x) =
dx  3  3 3 dx

d 2 2 3
 2 3 1
g ( x).
 x  =⋅ x 2 =x = Portanto, concluímos que:
dx  3  3 2

( x)
3
3
x 2 3 2
∫ 3 x 2 + x dx =3 ⋅ + x =x 3 +
2
+ c.
3 3 3

Exemplo: Calcule a integral indefinida da função f (x) = sen (x).

Resolução: A primitiva da função f (x) é a função F (x) = – cos(x) pois F' (x)
= d (–cos(x) = f (x). Portanto, concluímos que:
dx
∫ sen ( x ) dx =
− cos ( x ) + c.

Note que podemos, através deste mesmo conceito de primitivas, adequar


uma lista-base para o cálculo de algumas integrais de modo imediato, por
exemplo, se dissermos que a função f (x) = u, temos a seguinte tabela:

23

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 23 29/07/2019 16:55:06


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

TABELA 2 – TABELA DE INTEGRAIS IMEDIATAS

1) ∫ du= u+c

u n +1
2) ∫ u n=
du + c, n ≠ −1
n +1

du
3) =
∫u n u +c

au
4) ∫ au du = ln a + c, a > 0, a ≠ 1

∫ e du=
u
5) eu + c

6) ∫ sen u du =
− cos u + c

7) ∫ cos u=
du sen u + c

∫ sec
2
8) u=
du tg u + c

∫ cossec u du =
2
9) −cotg u + c

10) ∫ sec u. tg u=
du sec u + c

11) ∫ cossec u. cotg u du =


−cossec u + c

12) ∫ sec u du= ln vsec u + tg u + c

13) ∫ cossec u =
du ln cossec u − cotg u + c

14) ∫=
tg u du ln sec u + c

15) ∫ cotg
= u du ln sen u + c

FONTE: Os autores

x 4+1 x5
∫ x dx =
4
Exemplo: +c= +c
4 +1 5

24

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 24 29/07/2019 16:55:06


TÓPICO 2 | TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO

x4 x4
Exemplo:
∫ 2 x dx = 2∫ x dx = 2 4 + c = 2 + c
3 3

Exemplo: 1 x −2+1 x −1 1
∫ x2 ∫
−2
dx = x dx = + c = + c =− + c
−2 + 1 −1 x

2 +1
1 3
x x 2
2 3
∫ ∫ x 2 dx=
1
Exemplo: x dx= + c= + c= x +c
1
2 +1 3
2 3

Exemplo:
∫ (6x )
dx 6 ∫ x 2 dx − 4 ∫ dx + 3∫ x 2 dx
2 1
− 4 + 3 x=

Na próxima seção estudaremos técnicas de integração que ampliaram o


número de funções que poderemos integrar.

3 TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO


Calcular integrais através das somas de Riemann é uma tarefa um tanto
quanto penosa. Já vimos que o processo para calcular uma integral indefinida
parte do pressuposto de que a integral de uma função é a função resultado, cuja
derivada é a função original. Após compreender esse fato, precisamos retornar
para o conceito inicial de motivação para o cálculo de integrais, que é o problema
da área, neste caso, a integral definida entre dois pontos. Para tal, introduziremos
o conceito do Teorema Fundamental do Cálculo.

Teorema 1(Fundamental do Cálculo): considere uma função f contínua no


intervalo [a,b], então: ∫ab f (x)dx = F(b) – F(a), com F uma função tal que F'(x) = f (x).

Demonstração: a demonstração deste resultado depende de um caso


preliminar que devemos tomar como válido. Trata-se de uma outra forma de
representar primitivas ou antiderivadas:
x
A ( x ) = ∫ f ( t ) dt.
a

Com A'(x) = f (x), para todo x em [a,b].

b
E assim, temos que
= A ( 0 ) 0=
e A (b) ∫ f ( t ) dt.
a

25

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 25 29/07/2019 16:55:06


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Por hipótese, temos que A'(x) = f (x), logo temos também que F' (x) = f (x).
Como sabemos que A e F são primitivas da mesma função, temos que elas diferem
apenas por uma constante C, logo: A(x) = F(x) + C. Para x = a, temos que 0 = A(a) =
F(a) + C ⇒ C = – F(a). Assim, A(x) = F(x), e então, para x = b: A(b)
a
b = ∫ f(t) dt = F(b) – F(a).

ATENCAO

1) Utilizaremos a notação F (x)| para denotar F(b) – F(a), assim escreveremos:

∫ f ( x=
a
) dx F (=
x ) |ba F ( b ) − F ( a )

2) Qualquer primitiva de f servirá para o cálculo de ∫ f(x) dx.

2
Exemplo: Calcular ∫-1 x5 dx.

Resolução: Uma primitiva para a função a ser integrada pode ser escrita
como:

x6
F ( x=
) + C.
6

Logo:

2
x6
2
 26 ( −1)6  64 1 63
∫ 6
5
x = =  − = − = .
 6 6  6 6 6
−1 −1  

Exemplo: Este exemplo tratará de um conceito importante, que é o “saldo


de área”. Quando temos um caso em que o intervalo de integração ora possui
gráfico acima do eixo X, ora abaixo do eixo X, então devemos saber que o resultado
encontrado na resolução da integral, como um todo, é a diferença entre a parte que
estava acima e abaixo do eixo X. Por exemplo, para calcular a seguinte integral:

∫ 2x
3
+ 2 x 2 − 4 x dx.
−2

Resolução: Note que analisando o gráfico da referida função, no intervalo


de -2 até 1, temos:

26

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 26 29/07/2019 16:55:06


TÓPICO 2 | TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO

GRÁFICO 9 - GRÁFICO DA FUNÇÃO 2X3 + 2X2 – 4X


5

R1 2

-3 -2 -1 0 1 2
R2

-1

FONTE: Os autores

O caso de R2 “descontará” a quantidade de área de R1, caso calculemos a


integral como um todo. Veja:

  ( −2 ) 2 ⋅ (−1)3
4
1 1
2 x 4 2 x3 4 x 2  14 2 ⋅13  9
∫ 2 x + 2 x − 4 x dx=
3 2
+ − =  + − 2 ⋅12  −  + − 2 ⋅ (−1) 2 = .
−2
4 3 2 2 3   2 3  2

Para calcular a área real, devemos dividir o cálculo em dois. A primeira


integral R1, contemplando o intervalo de -2 até 0, e a segunda integral R2,
contemplando o intervalo de 0 até 1 (vide Gráfico 5).

Calculando R1:
0
2 x 4 2 x 3 4 x 2 0  0 4 2 ⋅ 03   (−2) 4 2 ⋅ (−1)3  16
∫ 2 x + 2 x − 4 x dx=
3 2
+ − |−2  + − 2 ⋅ 02  −  + − 2 ⋅ (−1) 2 =
−2
4 3 2  2 3   2 3  3

Calculando R2:

Neste caso, como a parte do gráfico está abaixo do eixo X, devemos


inverter o sinal da integral definida:
1
2 x 4 2 x3 4 x 2 1  14 2 ⋅13   (0) 4 2 ⋅ (0)3  5
− ∫ 2 x 3 + 2 x 2 − 4 x dx =− − + |0  − − + 2 ⋅12  −  − + 2 ⋅ (0) 2  = .
0
4 3 2  2 3   2 3  6

27

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 27 29/07/2019 16:55:07


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

E assim, a área da região completa é dada por:


16 5 37
R = R1 + R 2 = + = .
3 6 6

Exemplo: Calcule o saldo de área e a área real, dada pela integral:

∫ sen ( x ) dx.
0

Resolução: A primitiva da função f (x) = sen(x) é F(x) = –cos (x). Logo:


=− cos ( 2π ) − ( − cos ( 0 ) ) =−1 + 1 =0.

∫ sen ( x ) dx =−cos ( x )
0
0

Perceba que o cálculo do saldo de área foi igual a zero. Analise o gráfico
da função f (x) = sen (x):

GRÁFICO 10 – GRÁFICO DA FUNÇÃO 2X3 + 2X2 – 4x

0.5 R1

0 π 2π

R2
-0.5

g
-1

FONTE: Os autores

28

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 28 29/07/2019 16:55:07


TÓPICO 2 | TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO

O valor resulta em zero, pois as áreas acima e abaixo do gráfico são iguais.
Desta forma, devemos, caso objetivemos calcular a área real, realizar o seguinte
procedimento:

π 2π
=A ∫ sen( x) dx −
0
∫π sen( x) dx
A =− cos( x) |π0 −(− cos( x) |π2π )
A = [− cos(π ) − (− cos(0))] − [− cos(2π ) − (− cos(π ))]
A = [1 + 1] − [−1 − 1] = 4 u.a.

Nesse exemplo, podemos perceber a diferença entre a área real e o saldo


de área, fique atendo ao comportamento do gráfico das funções observando se
eles estão acima ou abaixo do eixo x.

29

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 29 29/07/2019 16:55:07


RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

● Para calcular uma integral, basta partir do pressuposto de que já conhecemos a


derivada da função que queremos obter.

● Dada f (x) uma função e F (x) uma primitiva de f (x), a integral indefinida de f (x)
é ∫ f (x) dx = F (x) + c, para toda constante c ϵ  .

● Utilizaremos a notação F (x)|ba para denotar F(b) – F(a), assim escreveremos:

∫ f ( x=
a
) dx F (=
x ) |ba F ( b ) − F ( a ) .

● O “saldo de área” resulta do fato de que quando temos um caso em que o


intervalo de integração ora possui gráfico acima do eixo X, ora abaixo do eixo
X. O resultado encontrado na resolução da integral como um todo é a diferença
entre a parte que estava acima e abaixo do eixo X.

30

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 30 29/07/2019 16:55:07


AUTOATIVIDADE

1 Calcule as integrais indefinidas:

a) ∫ x n dx

b) ∫ e x dx

c) ∫ cos ( x ) dx

d) ∫ 4 x dx

1
e) ∫ dx
x
f) ∫ sec
2
( x ) dx
g) ∫ cosec ( x ) ⋅ cotg ( x ) dx

2 Calcule as integrais definidas:

∫ ( 9 − x ) dx
3
2
a)
0

∫ (x + 2 ) dx
3
2
b)
1

c) ∫
1

−1 ( 3
x4 + 4 3
)
x dx

∫ ( 3x − 5 x + 2 ) dx
3
2
d)
1

ln 3
e) ∫ 0
5e x dx
2
f) ∫ 0
2 x 2 x 3 + 1 dx

3 Ache a área da região limitada pela curva y = –x2 + 4x e pelo eixo x no


intervalo 1 ≤ x ≤ 3.

4 Encontre a área da região limitada pela curva y = x3 – 2x2 – 5x + 6, pelo eixo


x e pelas retas x = –1 e x = 2.

5 Calcule a área da região limitada pela curva y = √x, pelo eixo x e pelas retas
x = – 1 e x = 2.

31

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 31 29/07/2019 16:55:07


6 Encontre a área da região limitada pela curva y = 1 – x2 e pelo eixo x no
intervalo 0 ≤ x ≤ 2.
dg
7 (ENADE, 2008) Considere g:→  uma função com derivada dt contínua e
x
f a função definida f (x) = ∫ dg (t)dt para todo x ϵ  . Nessas condições, avalie
0 dt
as afirmações que se seguem.

I- A função f é integrável em todo intervalo [a,b], a, b ϵ  , a < b.


II- A função f é derivável e sua derivada é a função g.
III- A função diferença f – g é uma função constante.

É CORRETO o que se afirma em:


a) ( ) I, apenas.
b) ( ) II, apenas.
c) ( ) I e III, apenas.
d) ( ) I e III, apenas.
e) ( ) I, II e III.

8 Como no caso de derivadas, a integral tem várias propriedades, com relação


a essas propriedades analise as afirmações a seguir:

I- Se f e g forem continuas no intervalo [a,b], então:

b b b

∫ f ( x ) ⋅ g ( x ) dx =
a
∫ f ( x ) dx ⋅ ∫g ( x ) dx.
a a

II- Se f é continua num intervalo [2,5], então:

∫ f ′ ( x=
2
) dx f ( 5) − f ( 2 ) .

III- Se f e g são continuas no intervalo [a,b], então:

b b b

∫ f ( x ) + 4 g ( x ) dx = ∫ f ( x ) dx + 4∫g ( x ) dx.
a a a

Então as afirmações verdadeiras são:


a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) I, II e III.

32

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 32 29/07/2019 16:55:07


UNIDADE 1
TÓPICO 3

TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Análogo ao que foi feito quando estudamos o conceito de derivada, aqui
apresentaremos técnicas para calcular as integrais indefinidas, que também
servem para calcular integrais definidas. Nos tópicos anteriores, estudamos como
calcular a integral definida através da Soma de Riemann, bem como calcular
integral usando a primitiva (antiderivada) de uma função.

Calcular a integral usando a Soma de Riemann é demorado, já usando


a primitiva da função é mais rápido, porém não conhecemos as primitivas
de todas as funções e o que fazer com essas funções, como integra-las? Neste
tópico apresentaremos os métodos mais comuns para o cálculo de integrais.
Dependendo da função que você quer obter a integral, determinado método será
mais adequado que outro. Acadêmico, com a prática você determinará com mais
facilidade qual método usar.

É importante que você entenda todos os métodos e os pratique, pois eles


serão de fundamental importância para muitas outras disciplinas do seu curso.

2 MÉTODO DA SUBSTITUIÇÃO
Para entendermos melhor o método da substituição, precisamos de um
conceito de derivação chamado de diferencial. Se consideramos uma função y = f
(x) derivável então sua derivada em relação a x é:

dy
= f ′ ( x).
dx

Neste caso, o diferencial dx é uma variável independente e o diferencial


dy depende de dx e é dado por:

dy = f ′ ( x ) dx.

33

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 33 29/07/2019 16:55:07


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Essa relação entre o diferencial dx e o diferencial dy será muito importante


para aplicarmos o método da substituição. Além disso usaremos a Regra da Cadeia:

d
dx
( )
( g ( x )) f ′ ( g ( x )) ⋅ g′ ( x )
f=

DICAS

Caro acadêmico! É de suma importância que todas as regras de derivação que


você estudou na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I estejam claras para você. Caso
não lembre de algumas, sugerimos que você tenha uma tabela com todas as regras anotadas.

Para entendermos o método da substituição, vamos começar com um


exemplo, e então faremos a dedução formal.

Exemplo: Calcule a integral:

∫ 3 x 2 x3 + 5dx.

Resolução: Já comentamos anteriormente que no método da substituição


usaremos a Regra da Cadeia. Para isso, precisaremos de uma composição de
funções, e no caso da nossa integral temos que:

x3 + 5 =f ( g ( x )).

com f (x) = √x e g (x) = x3 + 5.

Agora defina: y = g (x) = x3 + 5, então temos que:

dy
= 3x 2 .
dx

Reescrevendo na forma diferencial obtemos:

= 3 x 2 ⋅ dx.
dy

34

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 34 29/07/2019 16:55:08


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

Voltando a nossa integral, e usando a identidade anterior, podemos


reescrever a integral da seguinte forma:

x3 + 5 3 x 2 ⋅ dx
∫ 3 x 2 x3 + 5=
dx ∫ y

dy
.

Note que considerando y = x3 + 5, a função que está na composição


conseguimos substituir a variável x pela variável y, portanto:

∫ 3 x 2 x3 + 5dx =
∫ ydy.

Essa nova integral é simples de resolver:

2 3
∫ ydy = y 2 + c.
3

Substituindo y por x3 + 5 concluímos que:

3
2 3
∫ 3 x 2 x3 + 5dx=
3
(
x +5 ) 2 + c.

AUTOATIVIDADE

Verifique se a integral feita no exemplo anterior está correta, calculando


a derivada da função 2 3 3
f ( x )= 2
( x + 5) + c.
3

Teorema 1: considere y = g (x) uma função derivável e f uma função


contínua, então:

∫ f ( g ( x ) ) g ′ ( x ) dx =
∫ f ( y ) dy.

Demonstração: como f é uma função contínua, então ela é integrável, e


sua primitiva é:

∫ f ( y ) dy =F ( y ) + c.

35

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 35 29/07/2019 16:55:08


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Ou, ainda, f(y) = F'(y), substituindo essa igualdade temos que:

∫ f ( g ( x ) ) g ′ ( x ) dx = ∫ F ′ ( g ( x ) ) g ′ ( x ) dx.

Usando a Regra da Cadeia sabemos que:

d
dx
( )
( g ( x )) F ′ ( g ( x )) ⋅ g′ ( x ).
F=

Assim:

d
∫ f ( g ( x) g '( x)dx
= ∫ ( F ( g ( x)))dx
dx
= F ( g ( x)) +=
c F ( y ) +=
c ∫ f ( y)dy.
Portanto, o Teorema está provado.

ATENCAO

Observe, acadêmico, que a regra da substituição não vale para todas as integrais.
É imprescindível que a função que queremos integrar seja escrita da seguinte forma: f (g (x))g'(x)
a menos de uma constante.

3
Exemplo: Calcule a integral ∫ dx.
(1 + 2 x )
3

3
Resolução: Primeiro vamos reescrever a função (1 + 2x )3 da seguinte
maneira: f(g(x))g'(x).
Considere a função g(x) = 1 + 2x. Note que a sua derivada é g'(x) e seja
1 , então:
f ( x) =
x3
3 3
= f ( g ( x )) ⋅ g′ ( x ).
(1 + 2 x ) 2
3

3
Observe que apareceu a constante 2 na frente do termo que queríamos,
mas isso não é um problema, pois já estudamos que a constante pode sair da
integral, então:

36

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 36 29/07/2019 16:55:08


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

3 3 3
∫ (1 + 2 x) dx= ∫ 2 f ( g ( x)) ⋅ g '( x)dx=
3
2∫
f ( g ( x)) ⋅ g '( x) dx.

Pela Regra da Substituição, concluímos que:

3 3
∫ dx = ∫ f ( y ) dy (1)
(1 + 2 x )
3
2

em que y = g(x) = 1 + 2x.

Vamos calcular a integral:

1 y −4 1
∫ f ( y ) dy = ∫ y −3 dy ==
∫ 3 dy = − 4.
y −4 4y

Substituindo em (1) concluímos:

3 3 1  3
∫ dx = − 4  =
− .
(1 + 2 x ) 8 (1 + 2 x )
3 4
2  4y 

Da mesma maneira que calculamos as indefinidas, podemos calcular


as integrais definidas. Devemos calcular a integral definida como se ela fosse
indefinida e então avaliar a função resultante nos extremos do intervalo (nos
limites de integração).

Exemplo: Calcule a integral:

∫xe dx.
2
−x

Resolução: Considere y = g(x) = –x2, temos que , e considere f


(x) = e , então:
x

1
f ( g ( x )) g′ ( x ).
2
xe − x = −
2

Pela Regra da Substituição:

2 1 1 1 2
∫ xe − x dx =− ∫ e y dy =− e y =− e − x .
2 2 2

37

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 37 29/07/2019 16:55:08


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Agora só falta avaliar nos limites de integração:

1 1 2 1 2  1 2 1 1

2
xe − x dx =− e − x |10 =− e −1 −  − e −0  =− + .
0 2 2  2  2e 2

3 INTEGRAÇÃO POR PARTES


Um outro método é a integração por partes, muito usada para integrações
de funções que podem ser escritas como o produto de outras duas funções.
Lembre-se de que na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I deduzimos a
fórmula da derivada do produto de duas funções:

d
 f ( x ) ⋅ g ( x )  = f ′ ( x ) ⋅ g ( x ) + f ( x ) ⋅ g ′ ( x ) .
dx 

Também podemos reescrever da seguinte forma:

d
f ′ ( x ) ⋅ g (=
x)  f ( x ) ⋅ g ( x )  − f ( x ) ⋅ g ′ ( x ) .
dx 

Integrando em relação a x em ambos os termos da igualdade temos:

d
∫ f ′ ( x )=
⋅ g ( x ) dx ∫  f ( x ) ⋅ g ( x )  dx − ∫ f ( x ) ⋅ g ′ ( x ) dx.
dx 

Observe que a integral da derivada pode ser calculada e encontramos

d
∫  f ( x ) ⋅ g ( x )  dx = f ( x ) ⋅ g ( x ) + c.
dx 

ou seja,

∫ f ′ ( x ) ⋅ g ( x ) dx =
f ( x ) ⋅ g ( x ) − ∫ f ( x ) ⋅ g ′ ( x ) dx + c

Como a integral f (x) · g'(x) vai resultar em uma função mais uma constante,
podemos desconsiderar a constante c. Portanto, a fórmula da integração por
partes é dada pela igualdade:

∫ f ′ ( x ) ⋅ g ( x ) dx =
f ( x ) ⋅ g ( x ) − ∫ f ( x ) ⋅ g ′ ( x ) dx

38

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 38 29/07/2019 16:55:09


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

ATENCAO

Uma outra maneira de escrevermos a fórmula da integração por partes é:

∫ u ′dv = uv − ∫ vdu.

Caro acadêmico, você deve estar pensando que essa fórmula não ajuda
em nada, não é mesmo? Já que se quisermos integrar uma função da forma f'(x)
· g(x), e usarmos a fórmula da integração por partes, transferimos o problema de
integração para a função f'(x) · g(x). Isso é verdade, pois a fórmula de integração
por partes transfere a integral de um a função para outra, porém cabe a nós a
escolha dessas funções e devemos escolher de forma adequada para que a nova
integral seja mais fácil de ser calculada. Vamos analisar como fazer isso através de
um exemplo padrão para esse assunto.

Exemplo: Calcule a integral:

∫ xe x dx.

Resolução: Primeiro precisamos determinar quem é f e quem é g para


usarmos a fórmula de integração por partes. Note que:

f ′( x) ⋅ g ( x) =
xe x .

Podemos escolher f e g de duas formas:

Primeira forma: f'(x) = x e g(x) = ex.



Para aplicarmos a fórmula de integração por partes, temos que determinar
que f e g':

x2
f ( x) =
∫ f ' ( x ) dx =
∫ xdx =.
2

Não vamos colocar a constante c novamente nessa integral, pois como já


comentamos, todas elas irão aparecer depois de resolvermos a última integral. E:

d x
g′( x)
= = e  e x
dx

39

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 39 29/07/2019 16:55:09


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Portanto, a fórmula de integração por partes é reescrita da seguinte


maneira:

x2 x x2
∫ x ⋅ e x dx= ⋅ e − ∫ ⋅ e x dx.
2 2

Observe que a segunda integral ficou pior para ser calculada do que a
integral inicial.

Segunda forma: f'(x) = ex e g(x) = x.

Vamos determinar que é f e g':

f ( x) =
∫ f ' ( x ) dx =
∫ e x dx =
ex .

d
′( x)
g= = [ x ] 1.
dx

Portanto, a fórmula de integração por partes é reescrita da seguinte


maneira:

∫ e x ⋅ x dx = e x ⋅ x − ∫ e x ⋅1 dx.

Já na segunda forma, a fórmula de integração por partes gerou uma


integral mais simples que a primeira e sabemos que:

∫ e x ⋅1 dx =∫ e x dx =e x + c.

Portanto, usando a segunda forma, concluímos que:

∫ xe x dx = xe x − e x − c.

Esse exemplo nos mostra que a escolha das funções f e g são fundamentais
para conseguirmos calcular a integral ou não. Fique atento a essa escolha.

Outra situação é termos que calcular a integral definida de uma função,
então primeiro integramos de forma indefinida e depois avaliamos a função no
intervalo de integração, como apresentamos a seguir:

2
x |
2
x x 1 1
(
∫xe dx =  xe − e  | = 2e − e − 1e − e = e .
2 2 2
)
1 1

40

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 40 29/07/2019 16:55:09


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

Uma maneira de reescrevermos a fórmula de integração por partes usando


integrais definidas é:

b
b
| b
∫a ( ) ( )  ( ) ( ) |a − ∫a f ( x ) ⋅ g ′ ( x ) dx.
f ′ x ⋅ g x dx = f x ⋅ g x 

Verifiquei que vale a igualdade ∫12xex dx = e2 usando a fórmula de integração


por partes com integrais definidas.

ATENCAO

A partir de agora, vamos apresentar a escolha de f' e g que são adequadas para
a resolução, mas não esqueça acadêmico, essa escolha demanda treino.

Acadêmico, você deve ficar atento! Em algumas situações não teremos


uma multiplicação de funções, mesmo assim é possível usar a fórmula de
integração por partes. O exemplo a seguir ilustra essa situação.

Exemplo: Usando a fórmula de integral por partes, calcule a integral:

∫ ln ( x ) dx

Resolução: Considere f' (x) = 1 e g(x) = In(x) então temos que:

f ( x) =
∫ 1dx =
x.

d 1
g′( x)
= = ln ( x )  .
dx x

Usando a fórmula de integração por partes temos:

1
∫ In( x=
) dx x In( x) − ∫ x ⋅ =
x
dx x In( x) − ∫ 1=
dx x In( x)=
− x x( In( x) − 1).

41

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 41 29/07/2019 16:55:09


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Outra situação que pode acontecer é precisar usar a fórmula de integração


por partes mais de uma vez para encontrar um integral que você consiga resolver.
No exemplo a seguir é apresentada uma função que, para ser integrada, usaremos
duas vezes a integral por partes:

Exemplo: Calcule a integral:

∫ x 2 cos ( x ) dx.

Resolução: Considere f'(x) = cos (x) e g (x) = x2 então:

f ( x) =
∫ cos ( x ) dx =
sen ( x ) .

d 2
g′( x) =  x  = 2 x.
dx  

Usando a fórmula de integral por partes, temos:

∫ x 2 cos
= ( x ) dx x 2sen ( x ) − ∫ 2 x ( sen ( x ) ) dx
( x ) dx x 2sen ( x ) − 2 ∫ x sen ( x ) dx.
∫ x 2 cos = (1)

Ainda não conseguimos calcular a segunda integral, porém, usando


novamente a integração por partes, com f'(x) = sen(x) e g(x) = x temos que:

∫ x sen ( x ) dx = − xcos ( x ) + ∫ cos ( x ) dx.

pois f(x)= –cos(x) e g'(x) = 1.

Substituindo na igualdade (1) temos:

∫ x 2 cos
= (
( x ) dx x 2sen ( x ) − 2 − xcos ( x ) + ∫ cos ( x ) dx )
∫ x 2 cos ( x ) dx = x 2sen ( x ) − 2 ( xcos ( x ) + sen ( x ) ) + c

∫ x 2 cos ( x ) dx =( )
x 2 − 2 sen ( x ) + 2 x cos ( x ) + c.

42

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 42 29/07/2019 16:55:10


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

4 SUBSTITUIÇÃO TRIGONOMÉTRICA
O método da substituição trigonométrica, como o nome já diz, é fazer
uma substituição adequada trocando algum termo na função original por uma
função trigonométrica. Esse método é muito similar ao método da substituição.

Antes de apresentarmos o método, precisamos relembrar algumas


relações trigonométricas do triângulo retângulo. Considere a figura a seguir:

FIGURA 1 – TRIÂNGULO RETÂNGULO


B

a
c

A C
b
FONTE: Os autores.

Assim temos as seguintes relações:

QUADRO 1 – RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS DO TRIÂNGULO RETÂNGULO


Ângulo 0 Ângulo B Ângulo C
cateto oposto b c
sen(θ ) = sen( B) = sen(C ) =
hipotenusa a a

cateto adjacente c b
cos(θ ) = cos( B) = cos(C ) =
hipotenusa a a

cateto oposto b c
tg (θ ) = tg ( B) = tg (C ) =
cateto adjacente c b
FONTE: Os autores.

Também usaremos algumas identidades trigonométricas e suas variações:

cos 2 ( x ) + sen 2 ( x ) =
1
1 + tg 2 ( x ) =
sec 2 ( x ) .
Dependendo do tipo de função, precisamos fazer uma substituição
diferente, por isso vamos dividir essa seção em subseções, apresentando
separadamente cada uma das substituições.

43

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 43 29/07/2019 16:55:10


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

4.1 QUANDO A FUNÇÃO ENVOLVE UM RADICAL DA


FORMA √a2 – x2
Das relações expressas no quadro anterior, temos sen(θ)= xa para um
ângulo θ, tal que o cateto que é oposto a esse ângulo mede x e a hipotenusa mede
a, ou ainda, x = a sen(θ).

Substituindo x = a sen(θ) no radical √a2 – x2, concluímos que:

a2 − x2 = a 2 − a 2sen 2 (θ )

a 2 − x=
2
( )
a 2 1 − sen 2 (θ ) .

Usando a igualdade trigonométrica 1 – sen2(θ) = cos2(θ), temos que:

a2 − x2 =a 2 cos 2 (θ )

a cos (θ ) .
a2 − x2 =

pois a ≥ 0 e −
π π.
≤θ ≤
2 2

Quando a função for envolver um radical da forma √a2 – x2 faremos a


seguinte mudança de variável: √a2 – x2 = a cos(θ) com dx = a cos(θ) dθ, pois:

dx d
= =  a sen (θ )  a cos (θ ) .
dθ dθ 

Exemplo: Calcule a integral:

2x
∫ dx.
16 − x 2

Resolução: Note que nesse caso:

a=4
x = 4 sen (θ )

4 cos (θ )
16 − x 2 =
dx = 4 cos (θ ) dθ .

44

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 44 29/07/2019 16:55:11


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

então reescrevemos a integral:

2x 2 ⋅ 4 sen(θ )
∫ 16 − x 2
dx = ∫ 4 cos(θ )
4 cos(θ )dθ = 8∫ sen(θ )dθ = −8cos(θ ).

pois, vale que:

∫ sen (θ ) dθ =
− cos (θ ) .

16 − x 2
= cos (θ )
Como √16 – x2 = 4 cos(θ) podemos escrever 4 e, portanto:

2x 8 16 − x 2
∫ dx =
− −2 16 − x 2 .
=
16 − x 2 4

4.2 QUANDO A FUNÇÃO ENVOLVE UM RADICAL DA


FORMA √a2 + x2
Das relações expressas no Quadro 1, temos que tg(θ) = xa para um ângulo
θ, tal que o cateto que é oposto a esse ângulo mede x e o cateto adjacente mede a,
ou ainda, x = a tg(θ).

Substituindo x = a tg(θ) no radical √a2 + x2 concluímos que:

a2 + x2 = a 2 + a 2 tg 2 (θ )

a 2 + x=
2
(
a 2 1 + tg 2 (θ ) . )
Usando a igualdade trigonométrica 1 + tg2(θ) = sec2(θ), temos que:

a2 + x2 =a 2 sec 2 (θ )

a sec (θ ) ,
a2 + x2 =
π π
pois a ≥ 0 e − <θ < .
2 2

Quando a função for envolver um radical da forma √a2 + x2 faremos a


seguinte mudança de variável: √a2 + x2 = a sec(θ) com dx = a sec2(θ) dθ, pois:

dx d
= =  a tg (θ )  a sec 2 (θ ) .
dθ dθ

45

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 45 29/07/2019 16:55:11


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Exemplo: Calcule a integral:

1
∫ dx.
36 + 9 x 2

Resolução: Essa integral não está escrita da mesma forma como


apresentamos anteriormente, porém:

( )
2
(
36 + 9 x 2 = 9 4 + x 2 = 9 ) 4 + x2 .

Logo, a integral pode ser reescrita como:

1 1
∫ dx =
∫ dx.
( )
2 2
36 + 9 x 9 4 + x2

Nesse caso:

a=2
x = 2 tg (θ )

2sec (θ )
4 + x2 =
dx = 2 sec 2 (θ ) dθ .

Então reescrevemos a integral:

1 1 1 1 1
∫ 9( ∫ 9 ⋅ (2sec(θ )) (θ )dθ ∫ dθ θ.
2
= dx 2
2sec= =
4 + x 2 )2 9 2 18

Como x = 2 tg(θ), podemos escrever θ = arctg ( x2 e, portanto:


(

1 1 x
∫ 2
dx = arctg   .
36 + 9 x 18 2

4.3 QUANDO A FUNÇÃO ENVOLVE UM RADICAL DA


FORMA √x2 – a2
Das relações expressas no Quadro 1 temos que sec(θ) = xa para um ângulo
θ, tal que o cateto que é adjacente a esse ângulo mede x e o cateto oposto mede a,
ou ainda, x = a sec(θ).

46

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 46 29/07/2019 16:55:12


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

Substituindo x = a sec(θ) no radical √x2 – a2, concluímos que:

x2 − a2
= a 2 sec 2 (θ ) − a 2

x2 − a2
= (
a 2 sec 2 (θ ) − 1 . )
Usando a igualdade trigonométrica 1 + tg2(θ) = sec2(θ), temos que:

x2 − a2 =a 2 tg 2 (θ )

atg (θ ) .
x2 − a2 =

pois a ≥ 0 e 0 ≤ θ < π2 .

Quando a função envolver um radical da forma √x2 – a2 faremos a seguinte


mudança de variável: √x2 – a2 = a tg(θ) com dx = a sec(θ) tg(θ)dθ, pois:

dx d
= =  a sec (θ )  a sec (θ ) tg (θ ) .
dθ dθ 

Exemplo: Calcule a integral:

x−2
∫ dx.
x2 − 4x

Resolução: Essa integral não está escrita da mesma forma como


apresentamos anteriormente, porém:

( x − 2)
2
x2 − 4x = x2 − 4x + 4 − 4 = − 4.

Fazendo a substituição de variável y = x – 2 temos que:

( x − 2)
2
− 4 = y 2 − 4.

dy = dx.

Logo, a integral pode ser reescrita como:

47

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 47 29/07/2019 16:55:12


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

x−2 y
∫ dx =
∫ dy.
x2 − 4x y2 − 4

Nesse caso:

a=2
y = 2 sec (θ )

2 tg (θ )
y2 − 4 =
dy = 2 sec (θ ) tg (θ ) dθ .

Então, reescrevemos a integral:

y 2sec(θ )
∫= dy ∫ ∫ sec (θ )dθ
θ ) tg (θ )dθ 2= 2tg (θ ).
2
2sec(
=
y −4 22 tg (θ )

Como √y2 – 4 = 2 tg(θ), podemos escrever tg(θ) = √y – 4 e, portanto:


2

2
y
∫ y2 − 4 .
dy =
2
y −4

Por último, trocamos y = x – 2 temos que:

x−2
∫ y2 − 4
dx =
2
x − 4x
x−2
dx = ( x − 2 ) − 4
2

2
x − 4x
x−2
∫ dx = x2 − 4 x.
2
x − 4x

5 INTEGRAÇÃO TRIGONOMÉTRICA
Nesta seção apresentaremos estratégias para resolver integrais que são
potências das funções trigonométricas e/ou produto delas. Sabemos que:

∫ sen ( x ) dx =
− cos ( x ) + c

∫ cos ( x ) dx =
sen ( x ) + c.

48

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 48 29/07/2019 16:55:12


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

Mas como calculamos, por exemplo, a integral?


∫ sen ( x ) ⋅ cos ( x ) dx.

Das propriedades de integração sabemos que não podemos apenas


multiplicar o resultado das integrais. A ideia aqui também é usar substituição.
Considere u = sen(x) então du = cos(x)dx, fazendo a substituição temos:

u2
∫ sen ( x ) ⋅ cos ( x ) dx =
∫ u du =+ c.
2

Trancando a variável, temos que:

sen 2 ( x )
∫ sen ( x ) ⋅ cos ( x ) dx = + c.
2

ATENCAO

Note que sen2(x) = 1 – cos2(x) logo podemos reescrever a integral como:

sen 2 ( x )
∫ sen ( x ) ⋅ cos ( x ) dx = + c.
2

As duas respostas estão corretas, a única diferença é a constante. Fique atento a esses
ajustes na solução das integrais trigonométricas.

Suponha, agora, que queremos calcular:

∫ sen m ( x ) ⋅ cos n ( x ) dx.

com n um número ímpar, ou seja, n = 2k + 1. Vamos reescrever a nossa integral de


outra maneira, mais adequada à situação:

∫ sen m ( x ) ⋅ cos n ( x ) dx =
∫ sen m ( x ) ⋅ cos 2 k ( x ) ⋅ cos ( x ) dx.

Lembre-se de que cos2(x) = 1 – sen2(x), então cos2k(x) = (1 – sen2(x))k, logo ∫


senm(x) · cosn(x) dx = ∫ senm(x) · (1 – sen2(x))k · cos(x) dx.

49

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 49 29/07/2019 16:55:13


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Agora, usando a substituição trigonométrica u = sen(x) sabemos que du =


cos(x) dx, então ∫ senm(x) · (1 – sen2(x))k cos(x)dx.

Exemplo: Calcule a integral de:

∫ sen 4 ( x ) ⋅ cos3 ( x ) dx.

Resolução: Pela observação anterior temos, para u = sen(x), que:

u5 u7 sen5 ( x) sen7 ( x)
∫ sen ( x) ⋅ cos ( x)dx = ∫ u ⋅ (1 − u ) du = ∫ u − u du =
4 3 4 2 1 4 6
− +c= − + c.
5 7 5 7

Aqui é importante ressaltar que m = 0 também vale a propriedade.

Exemplo: Calcule a integral de:

∫ cos5 ( x ) dx.

Resolução: Pela observação anterior temos, para u = sen(x), que:

( )
2
∫ cos5 ( x ) dx =∫ 1− u2 du.

Usando produtos notáveis temos:

u3 u5 2 sen3 ( x) sen5 ( x)
∫ cos ( x) dx = ∫ 1 − 2u + u du = u − 2
5 2 4
+ + c = sen( x) − + + c.
3 5 3 5

Outra situação é termos o valor de m ímpar, ou seja, m = 2j + 1 nesse caso


a integral pode ser reescrita da seguinte maneira:

∫ sen m ( x ) ⋅ cos n ( x ) dx =
∫ sen 2 j ( x ) ⋅ sen ( x ) ⋅ cos n ( x ) dx.

Usando novamente a identidade trigonométrica sen2(x) = 1 – cos2(x) temos:

( )
j
∫ sen m ( x ) ⋅ cos n ( x ) dx =∫ 1 − cos 2 ( x ) ⋅ cos n ( x ) ⋅ sen ( x ) dx.

Nesse caso, usamos a substituição trigonométrica u = cos(x), pois du = –


sen(x) dx, e assim:

( )
j
∫ sen m ( x ) ⋅ cos n ( x ) dx =∫ 1− u2 u n du.

50

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 50 29/07/2019 16:55:13


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

Exemplo: Calcule a integral:

∫ sen5 ( x ) ⋅ cos3 ( x ) dx.

Resolução: Fazendo a substituição trigonométrica u = cos(x) podemos


reescrever a integral da seguinte maneira:

( )
2
∫ sen5 ( x ) ⋅ cos3 ( x ) dx =∫ 1− u2 u 3 du.

Usando produtos notáveis temos:

u 4 u 6 u8 cos 4 ( x) cos 6 ( x) cos8 ( x)


∫ sen ( x) ⋅ cos ( x)dx = ∫ (1 − 2u + u )udu ∫ u − 2u + u du =
5 3 2 4 3 5 7
− + +c= − + + c.
4 3 8 4 3 8

ATENCAO

Observe que se n = 0, temos que:

( )
j
∫ sen m ( x ) dx =∫ 1− u2 du.

Outra situação que pode ocorrer é quando, tanto m quanto n, são


números pares. Nesse caso a estratégia é um pouco diferente, lembre-se de
que podemos escrever o produto de seno e cosseno usando as identidades dos
ângulos metades, ou seja:

1
sen 2 (=
x)
2
(1 − cos ( 2 x ) )
1
cos 2 (=
x)
2
(1 + cos ( 2 x ) ) .

Assim a integral, quando m = 2j e n = 2k, é reescrita da seguinte maneira:

j k
1  1 
∫  (1 − cos ( 2 x ) ) 
∫ sen ( x ) ⋅ cos ( x ) dx =
m n
⋅  (1 + cos ( 2 x ) )  dx.
2  2 

51

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 51 29/07/2019 16:55:14


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Exemplo: Calcule a integral:

∫ sen 2 ( x ) ⋅ cos 2 ( x ) dx.

Resolução: Usando as propriedades de arco metade, temos:


1 1
1  1  1 1 1
∫ sen ( x) ⋅ cos ( x)dx =
∫  2 (1 − cos(2 x))  ⋅  2 (1 + cos(2 x))  dx =
4∫ 4∫ 4∫
2 2 2 2 2
1 + cos(2 x) − cos(2 x) − cos (2 x)dx = 1 − cos (2 x)dx = sen (2 x)dx.

Usando novamente a identidade do arco metade, temos que sen2(2x) = 1


2
(1 – cos(4x)), logo:

1 1 1 x sen(4 x)
∫ sen (2 x)dx =−
∫ 2 (1 cos(4 x))dx =
2∫
1dx − ∫ cos(4 x)dx =
2
− + c.
2 2 8

Portanto, podemos concluir que:

x sen ( 4 x )
∫ sen 2 ( x ) ⋅ cos 2 ( x ) dx = − + c1.
8 32

AUTOATIVIDADE

Outra maneira de resolver essa integral é usando a identidade do


produto entre o seno e o cosseno:

1
cos ( x ) ⋅ sen ( x ) = sen ( 2 x )
2

Porém, fique atento, pois você só pode usar no caso em que m = n.


Refaça o exemplo anterior usando essa igualdade.

ATENCAO

Mesmo que apareçam outras funções trigonométricas, podemos usar as


estratégias citadas no UNI anterior, pois sempre podemos reescrever como um produto de
função seno e cosseno, já que:

52

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 52 29/07/2019 16:55:14


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

sen ( x ) cos ( x ) 1
=tg ( x ) = , cotg ( x ) = , sec ( x )
cos ( x ) sen ( x ) cos ( x )
1
cossec ( x ) = .
sen ( x )

No exemplo anterior precisamos calcular a integral de

∫ cos ( 4 x ) dx.

Para isso basta usar mudança de variável, como aprendemos nas seções
anteriores, porém, o que acontece se temos um produto de seno e cosseno dessa
forma? Por exemplo, como calculamos

∫ sen ( 5 x ) cos ( 4 x ) dx.

A estratégia aqui é usar as seguintes identidades:

Caso 1: Para resolver uma integral da forma

∫ sen ( mx ) cos ( nx ) dx.

usamos a identidade

1
sen ( mx ) cos (=
nx )
2
( )
sen ( ( m − n ) x ) + sen ( ( m + n ) x ) .

Caso 2: Para resolver uma integral da forma

∫ sen ( mx ) sen ( nx ) dx.

usamos a identidade

1
cos ( mx ) cos (=
nx )
2
( )
cos ( ( m − n ) x ) + cos ( ( m + n ) x ) .

Caso 3: Para resolver uma integral da forma

∫ cos ( mx ) cos ( nx ) dx.

53

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 53 29/07/2019 16:55:15


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

usamos a identidade

1
cos ( mx ) cos (=
nx )
2
(
cos ( ( m − n ) x ) + cos ( ( m + n ) x ) . )
Então, para resolver

∫ sen ( 5 x ) cos ( 4 x ) dx.

vamos usar a identidade

1
sen ( 5 x )=
cos ( 4 x )
2
( sen ( x ) + sen ( 9 x ) ) .

logo, a integral pode ser reescrita da seguinte maneira:

1 1 cos(9 x)  cos( x) cos(9 x)


∫ sen(5 x) cos(4 x)dx =2 ∫ sen( x) + sen(9 x)dx =2  − cos( x) − 9 
 + c =−
2

18
+ c.

6 INTEGRAÇÃO USANDO FRAÇÕES PARCIAIS


Antes de apresentarmos a integração usando frações parciais, vamos
entender o que são frações parciais. Considere a função:

2x
f ( x) = 2
.
x −1

Sabemos que x2 – 1 = (x + 1)(x – 1), então a função f é reescrita:

2x
f ( x) = .
( x + 1)( x − 1)

Agora vamos reescrever essa função como soma de frações, já que o


denominador é o produto de duas funções queremos, então, encontrar A e B tal
que a igualdade a seguir seja verdadeira:

2x A B
= + .
( x + 1)( x − 1) x + 1 x − 1

Desenvolvendo o lado direito, concluímos que:

54

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 54 29/07/2019 16:55:15


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

2x A ( x − 1) + B ( x + 1)
=
( x + 1)( x − 1) ( x + 1)( x − 1)
2x Ax − A + Bx + B
=
( x + 1)( x − 1) ( x + 1)( x − 1)
2x
=
( A + B) x − A + B .
( x + 1)( x − 1) ( x + 1)( x − 1)
Portanto, precisamos escolher A e B de forma que:

 A+ B = 2

− A + B =0

Resolvendo o sistema linear, encontramos A = 1 e B = 1, portanto:

2x 1 1
=2
+ .
x −1 x +1 x −1

Suponha, agora, que o objetivo era integrar essa função, assim:

2x 1 1 1 1
∫x 2
−1
dx =∫ +
x +1 x −1
dx =∫
x +1
dx + ∫
x −1
dx.

Reescrevendo a função como uma soma de frações, transformamos o


cálculo da integral de uma função em duas integrais cujo cálculo é mais simples
de ser feito. No caso anterior, vemos que as integrais que aparecem são calculadas
usando substituição de variáveis.

Seja y = x + 1, então dy = dx e

1 1 y −2 1 1
∫ dx = ∫ y −1dy = =
∫ dy = − 2 =
− .
2 ( x + 1)
2
x +1 y −2 2y

E considerando y = x – 1 temos dy = dx e

1 1 −1 y −2 1 1
∫ dx =
∫ dy =
∫ y dy = = − 2 =
− .
2 ( x − 1)
2
x −1 y −2 2y

Portanto:
2x 1 1
∫ dx =
− − + c.
2 ( x + 1) 2 ( x − 1)
2 2 2
x −1

55

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 55 29/07/2019 16:55:15


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

AUTOATIVIDADE

Calcule a derivada da função:

1 1
F ( x) =
− − +c
2 ( x + 1) 2 ( x − 1)
2 2

e verifique se é igual à função que integramos.

O método de integração por partes é um método aplicado para funções


racionais, ou seja, funções da forma

p ( x)
f ( x) = .
q ( x)

com p(x) e q(x) polinômios.

O método consiste em decompor o polinômio q(x) como produto de


polinômios da forma (ax + b)m ou (ax2 + bx + c)m para algum m ϵ N. No exemplo
anterior, decompomos o polinômio do denominador em polinômios da forma (ax
+ b)m, com m = 1, a = 1 e b = 1 ou b = – 1 dependendo do polinômio.

Quando o polinômio q(x) de grau n tem n raízes reais e distintas, sejam


elas x1, ... , xn, tal que xi ≠ xj para todo i ≠ j temos que:

q ( x) =
( x − x1 ) ( x − xn ) .

Exemplo: Calcule a integral:

x2 + 1
∫ dx.
x3 − x

Resolução: Note que x3 – x = x(x – 1)(x + 1). Decompondo em frações


parciais:

x2 + 1 A B C
3
=+ +
x − x x x −1 x +1
x2 + 1 A ( x − 1)( x + 1) + Bx ( x + 1) + Cx ( x − 1)
=
x3 − x x ( x − 1)( x + 1)

56

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 56 29/07/2019 16:55:16


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

x 2 + 1 Ax 2 − A + Bx 2 + Bx + Cx 2 − Cx
=
x3 − x x ( x − 1)( x + 1)
x2 + 1 ( A + B + C ) x + ( B − C ) x − A
2

= .
x3 − x x ( x − 1)( x + 1)

Ou seja, precisamos que:

A+ B +C = 1
B −C = 0
−A =1.

Resolvendo o sistema, concluímos que A = –1, B = 1 e C = 1, assim podemos


reescrever a integral da seguinte maneira:

x2 + 1 1 1 1
3
dx =− dx + dx + dx.
x −x x x −1 x +1

Vamos calcular as três integrais. A primeira integral é:

1
− − ln ( x ) ,
dx = para x > 0
x

Já a segunda integral é muito parecida com a primeira, se considerarmos


y = x – 1 temos que dy = dx logo:

1 1
dy ln ( y ) ln ( x − 1) ,
dx === para x > 1.
x −1 y

O mesmo ocorre com a terceira:

1
=dx ln ( x + 1) , para x > −1.
x +1

Portanto:

x2 + 1
− ln ( x ) + ln ( x − 1) + ln ( x + 1) .
dx =
x3 − x

57

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 57 29/07/2019 16:55:16


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Usando as propriedades de logaritmo, concluímos que:

x2 + 1  ( x − 1)( x + 1) 
3
dx = ln  3
x −x  x 
x2 + 1  x2 −1 
dx = ln  
x3 − x  x 
x2 + 1  1
3
= dx ln  x −  .
x −x  x

Quando o polinômio q(x) de grau n tem k raízes reais e distintas, com k <
n, sejam elas x1, ... , xk tal que xi ≠ xj para todo i ≠ j, temos que:

q ( x) =
( x − x1 ) 1  ( x − xk ) n .
k k

tal que k1 + ... + kn = n. Para integral, funções cujo denominador é decomposto


dessa maneira, precisamos tomar cuidado. No exemplo a seguir vamos
evidenciar esse cuidado.

Exemplo: Calcule a integral:

16
∫ dx.
( x − 2)
2 3
x

Resolução: Note que o denominador já está decomposto, então, escrevendo


na forma de frações parciais, temos:

16 A B C D E
= + + + + .
( x − 2) x ( x − 2) ( x − 2)
3 2 3 2
x 2
x x−2

ATENCAO

Observe que escrevemos a função racional de grau 5 como soma de 5 frações.

58

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 58 29/07/2019 16:55:17


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

A ( x − 2 ) + Bx ( x − 2 ) + Cx 2 + Dx 2 ( x − 2 ) + Ex 2 ( x − 2 )
3 3 2
16
=
x2 ( x − 2) x2 ( x − 2)
3 3

Ax3 − 6 Ax 2 + 12 Ax − 8 A + Bx 4 − 6 Bx3 + 12 Bx 2 − 8 Bx + Cx 2 + Dx3 − 2 Dx 2 + Ex 4 − 4 Ex3 + 4 Ex 2


=
x2 ( x − 2)
3

=
( B + E ) x 4 + ( A − 6 B + D − 4 E ) x3 + ( −6 A + 12 B + C − 2 D + 4 E ) x 2 + (12 A − 8B ) x − 8 A .
x2 ( x − 2)
3

Então A = –2, B = –3, C = 4, D = –4 e E = 3 é a solução do sistema linear.

B+E = 0
A − 6B + D − 4E = 0
−6 A + 12 B + C − 2 D + 4 E =
0
12 A − 8 B = 0
−8 A =16.

Assim, a integral pode ser reescrita da seguinte forma:

16 2 3 4 4 3
∫ dx = − ∫ dx − ∫ dx + ∫ dx − ∫ dx + ∫ dx.
x2 ( x − 2) ( x − 2) ( x − 2)
3 2 3 2
x x x−2

Resolvendo as cinco integrais:

2 −2 2 x −2 2
−∫ dx = − 2 ∫ x dx = − =
x2 −1 x
3
− ∫ dx = −3ln ( x )
x
4 ( x − 2)
−2
4 2
4 ( x − 2)
−3
∫ dx =∫ dx = =−
( x − 2) ( x − 2)
3 2
−2

4 ( x − 2)
−1
4 4
dx = −4 ∫ ( x − 2 ) dx = −
−2
−∫ =
( x − 2)
2
−1 x−2
3
∫ dx =3ln ( x − 2 ) .
x−2

59

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 59 29/07/2019 16:55:17


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Assim, concluímos que:

16 2 2 4
∫ dx =− 3ln ( x ) − + + 3ln ( x − 2 )
x ( x − 2) ( x − 2) x − 2
3 2
2
x

2 ( x − 2) − 2x + 4x ( x − 2)
2
16
=
∫ 2 dx + 3ln ( x − 2 ) − 3ln ( x )
x ( x − 2) x ( x − 2)
3 2

16 6 x 2 − 18 x + 8  x−2
∫ dx = + 3ln  .
x2 ( x − 2) x ( x − 2)
3 2
 x 

E por último, quando o polinômio q(x) é fatorado por funções do segundo


grau (ax2 + bx + c).

Exemplo: Calcule a integral:

9
∫ dx.
( )
2
x2 x2 + 3

Resolução: Note que o denominador já está decomposto, então, escrevendo


na forma de frações parciais, temos:

9 Ax + B Cx + D Ex + F
= 2 + + 2 .
( ) ( )
2 2
x2 x2 + 3 x x2 + 3 x +3

9 ( Ax + B ) ( x 2 + 3) + ( Cx + D ) x 2 + ( Ex + F ) x 2 ( x + 3)
=
( ) ( )
2 2
x2 x2 + 3 x2 x2 + 3
Ax 5 + 6 Ax 3 + 9 Ax + Bx 4 + 6 Bx 2 + 9 B + Cx 3 + Dx 2 + Ex 4 + 3Ex3 + Fx3 + 3Fx 2
=
( )
2
x2 x2 + 3
Ax 5 + ( B + E ) x 4 + ( 6 A + C + 3E + F ) x 3 + ( 6 B + D + 3F ) x 2 + 9 Ax + 9 B
= .
( )
2
x2 x2 + 3

Então, A = 0, B = 1, C = 3, D = –6, E = –1 e F = 0 é a solução do sistema linear:

A=0
B+E=0
6A + C + 3E + F = 0
6B + D + 3F = 0
9A = 0
9B = 9.

60

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 60 29/07/2019 16:55:18


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

Assim, a integral pode ser reescrita da seguinte forma:

9 1 3x − 6 x
∫ dx = ∫ dx + ∫ dx − ∫ dx.
( ) ( x + 3)
2 2 2
x2 x2 + 3 x x+3

Resolvendo as cinco integrais:

1 −2 2 x −2 2
∫ 2
dx =
∫ x dx == − .
x −1 x

Considere y = x + 3 e dy = dx então:

3x − 6 3 y − 15
∫ dx =
∫ dy
( x + 3)
2
y2
1 1
=3 ∫ dy − 15 ∫ 2 dy
y y
30 30
= 3ln ( y ) − = 3ln ( x + 3) − .
y x+3

x y −3
−∫ dx = − ∫ dy
x+3 y
1
= − ∫ 1dy + 3 ∫ dy
y
=− y + 3ln ( y ) =− ( x + 3) + 3ln ( x + 3) .

Assim, concluímos que:

9 2 30
∫ dx =− − 3ln ( x + 3) − − ( x + 3) + 3ln ( x + 3)
( )
2
x 2 2
x +3 x x+3

9 x 3 + 6 x 2 + 11x + 36
∫ 2 dx =
− + 3ln (1) .
x ( x − 2)
3
x ( x + 3)

O método das frações parciais depende da decomposição do polinômio


q(x) da função racional f ( x ) = p ( x ) , então:
q ( x)
a) Se a decomposição é da forma ax+ b, a fração parcial é:

61

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 61 29/07/2019 16:55:18


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

A
.
ax + b

b) Se a decomposição é da forma (ax + b)k, a fração parcial é:

A1 A2 Ak
+ + + .
ax + b ( ax + b ) 2
( ax + b )
k

c) Se a decomposição é da forma ax2 + bx + c, a fração parcial é:

Ax + B
2
.
ax + bx + c

d) Se a decomposição é da forma (ax2 + bx + c)k, a fração parcial é:

A1 A2 Ak
+ + + .
( ) ( ax )
2 2 k
ax + bx + c ax 2 + bx + c 2
+ bx + c

62

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 62 29/07/2019 16:55:19


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

O CÁLCULO NA IDADE CONTEMPORÂNEA

Marcio A. Fulini

Pickover (2011, p. 160) relata que foi o matemático francês Guillaume


François Antoine (1661-1704), o Marquês de L’Hospital, quem publicou o
primeiro livro sobre Cálculo, em 1969, sob o título Analyse des infiniment petits,
pour l’intelligence des lignes courbes, que pode ser traduzido como Análise dos
infinitamente pequenos, para a compreensão das curvas. Um dos assuntos do livro
de L’Hospital é a apresentação de um método que permite calcular o valor limite
de uma fração onde o denominador e o numerador tendem simultaneamente a
zero ou ao infinito, que ficou conhecida como Regra de L’Hospital. O objetivo
do autor com a sua obra era “... que o livro fosse um veículo para promover a
compreensão das técnicas do cálculo diferencial”.

MARQUÊS DE L’HOSPITAL

FONTE: (EVES, 2011, p. 445)

Devlin (apud PICKOVER, 2011, p. 160) declara que “De facto, até ao
aparecimento do livro de L’Hôpital, Newton, Leibniz e os irmãos Bernoulli eram
realmente as únicas pessoas à face da Terra que tinham sólidos conhecimentos
em cálculo”. Outro matemático que enaltece a obra de L’Hospital é Ball (apud
PICKOVER, 2011, p. 160): “O crédito de juntar o primeiro tratado que explicava
os princípios e a utilização do método é devido a L’Hopital... Este trabalho foi
amplamente difundido; generalizou o uso da notação diferencial em França, e
contribuiu para torná-lo conhecido na Europa”.

63

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 63 29/07/2019 16:55:19


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

Após o falecimento de L’Hospital, Johann Bernoulli tornou público o


acordo realizado entre ambos sobre o uso dos estudos de Bernoulli, reclamando
que muitas das descobertas publicadas por L’Hospital eram suas (PICKOVER,
2011). Como Johann já possuía várias desavenças que eram de conhecimento
do público, inclusive com seu irmão, Jacques, não lhe foi dado crédito. O
reconhecimento de que Johann foi autor da Regra de L’Hospital aconteceu
somente em 1922, quando foi encontrada uma cópia do curso de Bernoulli para o
marquês de L’Hospital (PIEHOWIACK, 2008).

Piehowiak (2008) traz mais um nome importante da família Bernoulli
para a história do cálculo. É Daniel Bernoulli (1700-1782), filho de Johann
Bernoulli. Daniel foi um grande matemático, apesar de ser formado em medicina,
como o pai, e aplicou a física-matemática para se doutorar em medicina. O seu
maior mérito na área do cálculo foi o fato de ter aceitado e utilizado as teorias
de Newton em conjunto com o cálculo de Leibniz, o que contribuiu muito para
o desenvolvimento da física-matemática. Daniel também foi um precursor no
campo das equações diferenciais parciais.

Por volta de 1700, a maior parte do cálculo, que hoje se vê nos cursos
de graduação, já havia sido estabelecida, juntamente com alguns tópicos mais
avançados (EVES, 2004).

O matemático francês Jean Le Rond D’Alembert (1717-1783) afirmou


que fora dada “maior atenção a aumentar o edifício (da Matemática) do que
a iluminar sua entrada, a elevá-lo mais alto do que fortalecer suas fundações”
(GARBI, 2009, p. 299). D’Alembert foi um dos primeiros a afirmar que a ideia das
grandezas infinitesimais como fundamento para os cálculos era muito frágil, e
tentou substituí-la pelo conceito de limites.

JEAN-LE-ROND D’ALEMBERT

FONTE: (EVES, 2011, p. 478)

64

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 64 29/07/2019 16:55:20


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

Maria Gaetana Agnesi, nascida em Milão em 1718, foi linguista, filósofa


e matemática. Agnesi faleceu em 1799. Esta foi autora da primeira obra a unir as
ideias de Isaac Newton e Gottfried Leibniz; escreveu também um dos primeiros
livros sobre Cálculo Diferencial e Integral. É dela também a autoria da chamada
“curva de Agnesi”, em 1748.

MARIA GAETANA AGNESI

FONTE: (EVES, 2011, p. 480)

O italiano Joseph Louis Lagrange (1736-1813) foi o primeiro grande


matemático a reconhecer a precariedade dos fundamentos da análise, e se
empenhou para atingir o rigor necessário, influenciando as pesquisas matemáticas
posteriores (EVES, 2004).

JOSEPH LOUIS LAGRANGE

FONTE: (EVES, 2011, p. 485)

65

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 65 29/07/2019 16:55:20


UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

O cálculo de variações é considerado a maior contribuição de Lagrange


para o cálculo. Lagrange publicou sua obra apoiado pelo suíço Leonhard Euler
(1707-1783), matemático que deixou diversos trabalhos significativos em muitos
ramos da matemática. Euler e Lagrange são considerados os maiores matemáticos
do século XVIII (GARBI, 2009).

LEONHARD EULER

FONTE: (EVES, 2011, p. 472)

O conceito de função ganha destaque no processo de formalização do


Cálculo, ocorrido durante o século XIX, chamado de idade do rigor na Matemática.
E a partir desse conceito, Cauchy, Weierstrass e Dedekind introduzem os conceitos
formais de limite e de derivadas.

AUGUSTIN-LOUIS CAUCHY

FONTE: (EVES, 2011, p. 531)

66

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 66 29/07/2019 16:55:20


TÓPICO 3 | TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO

Os matemáticos antigos lidaram com a ideia de aproximação e limites de


modo intuitivo por dois séculos. Percebiam a falta do mesmo nível de rigor ensinado
pelos gregos antigos para poderem justificar formalmente os procedimentos, e
até mesmo evitar contradições e erros que fizeram, mas a humanidade precisou
esperar até o século XIV para que este rigor fosse finalmente encontrado pelo
francês Augustin-Louis Cauchy (1789-1857), que criou uma definição formal de
limite. Os estudos de Cauchy foram incompletos, mas muito importantes por
terem dado início à investigação sobre os fundamentos do Cálculo Integral,
levando ao desenvolvimento da Análise Matemática e da teoria das funções.

Conhecido como “Apóstolo do Cálculo” pelo seu rigor nas demonstrações


matemáticas, o também Cauchy provou que D’Alembert estava correto, mostrando
que era possível fundamentar o Cálculo sem utilizar as grandezas infinitesimais
utilizando a noção de limite que Cauchy definiu como: “Quando os valores
sucessivamente atribuídos a uma variável aproximam-se indefinidamente de um
valor fixo de modo que difiram dele por uma quantidade tão pequena quanto
quisermos, aquele valor é chamado limite de todos os outros (GARBI, 2009, p. 299).

O tratado de Cauchy abre com uma definição clara da derivada. (...)


Stephen Howking escreveu: ‘Cauchy (...) definiu a derivada de f em x
como o limite da diferença do coeficiente, à medida que i se aproxima
de zero, que é a nossa definição moderna e não geométrica da derivada
(PICHOVER, 2011, p. 220).

A ideia ou o conceito de integral foi formulado por Newton e Leibniz no


século XVII, mas a primeira tentativa de uma conceituação precisa foi feita por
volta de 1820, também por Cauchy. Eves (2004) afirma que o responsável pela
definição de integral que é utilizada até hoje é o alemão Bernhard Riemann (1826-
1866). Por volta de 1854, Riemann realizou um estudo bem mais aprofundado
sobre a integral e, em sua homenagem, a integral estudada por ele passou a
receber o nome de Integral de Riemann. Tal nome serve para distinguir essa
integral de outras que foram introduzidas mais tarde, como por exemplo, a
Integral de Lebesgue.

GEORG RIEMANN

FONTE: (EVES, 2011, p. 613)

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UNIDADE 1 | INTEGRAL DE RIEMANN

A forma usada para introduzir o conceito de Integral de Riemann nos


cursos de Cálculo é a versão devida a Cauchy. O que justifica isto é que ela é simples
e bastante acessível aos alunos de um curso inicial de Cálculo, além de atender
aos propósitos de um curso desta natureza. Nos cursos de Análise Matemática
apresenta-se uma versão mais refinada, a Integral de Darboux-Riemann, usando
os conceitos de soma inferior, soma superior, integral inferior e integral superior,
que correspondem ao Método de Exaustão usando, respectivamente, polígonos
inscritos e polígonos circunscritos. Mas, para que ninguém alimente ideias
equivocadas, observamos que as diversas definições da Integral de Riemann
mencionadas são equivalentes, e a diferença entre elas se situa na adequação das
definições para a obtenção das propriedades da referida integral.

Já no século XIX, o Cálculo foi abordado de uma forma muito mais


elaborada. Foi também durante este período que as ideias do Cálculo foram
generalizadas ao espaço euclidiano e ao plano complexo. Henri Lebesgue nasceu
em 1875, na França, e generalizou a noção de integral.
FONTE: FULINI, M. A. História do Cálculo Diferencial e Integral. Trabalho de Conclusão de Curso.
Universidade Federal de São João Del- Rei São Paulo, 2016. p. 45-51. Disponível em: https://bit.
ly/2OwbVmq. Acesso em: 7 nov. 2018.

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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

● Existem vários métodos de integração, e os cinco mais comuns são:


◦ Método da substituição: ∫ f (g(x))g'(x) dx = ∫ f (y) dy
◦ Integração por partes: ∫ f' (x) · g (x) dx = f (x) · g (x) – ∫ f (x) · g'(x) dx
◦ Substituição trigonométrica:
a) √a2 – x2 = a cos(θ) com dx = a cos(θ) dθ
b) √a2 + x2 = a sec(θ) com dx = a sec2(θ) dθ
c) √a2 – a2 = a tg(θ) com dx = a sec(θ) tg(θ) dθ
p(x)
◦ Frações parciais: é usado para função racional f (x) = q(x), e decompomos o
polinômio p(x):
A
a) Se a decomposição é da forma ax + b, a fração parcial é: ax + b
b) Se a decomposição é da forma (ax + b)k, a fração parcial é:
Ax + B
c) Se a decomposição é da forma ax2 + bx + c, a fração parcial é: ax + bx + c 2

d) Se a decomposição é da forma (ax2 + bx + c)k, a fração parcial é:

A1 A2 Ak
+ + +
( ) ( ax )
2 2 k
ax + bx + c ax 2 + bx + c 2
+ bx + c

◦ Integrais trigonométricas: para resolver integrais da forma ∫ senm(x) · cosn(x)


dx:
a) Caso 1: quando n = 2k + 1 usamos a mudança de variável u = cos(x).
b) Caso 2: quando m = 2j + 1 usamos a mudança de variável u = sen(x).
c) Caso 3: quando m = 2j e n = 2k usamos as identidades de arco metade
cos2(x) = 12 (1 + cos(2x)) e sen2(x) = 12 (1 – cos(2x)).

Para resolver integral da forma ∫ sen(mx) cos(nx) dx usamos a identidade


1
sen(mx) cos(nx) = 2 (sen((m – n)x) + sen((m + n)x)).
Para resolver integral da forma ∫ sen(mx) sen(nx) dx usaremos a identidade
sen(mx) sen(nx) = 12 (cos((m – n)x) – cos((m + n)x)).
Para resolver integral da forma ∫ cos(mx) cos(nx) dx usaremos a identidade
1
cos(mx) cos(nx) = 2 (cos((m – n)x) + cos((m + n)x)).

● Todos os métodos valem tanto para a integração indefinida quanto para a definida.

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AUTOATIVIDADE

1 Usando a Regra da Substituição, calcule as integrais indefinidas:

a ) ∫ ( 5 − 3 x ) dx b) ∫ sen ( 2 x ) dx
6

2x
c) ∫ dx d) ∫ x 3 3 x 4 + 3 dx
( 2
x +3 )
1
e) ∫ dx f ) ∫ xln ( x ) dx
2− x
ex
g) ∫ 4 − 3 x dx h) ∫ dx
1 + ex

2 Usando a Fórmula de integração por partes calcule as integrais a seguir:

a. ∫ x cos ( x ) dx b. ∫ e x cos ( 2 x ) dx

c. ∫ ( ln ( x ) ) dx
2
d. ∫ ln ( 2 x + 1) dx
ln ( x )
e. ∫ x5 x dx f.∫ dx
x2

3 Usando a Regra da Substituição Trigonométrica, calcule as integrais:

1 x3
a) ∫ dx b) ∫ dx
x2 x2 − 9 16 − x 2
x3 1 + x2
c) ∫ dx d) ∫ dx
x2 + 9 x

e) ∫ x 1 − x 4 dx f ) ∫ x 2 + 1dx

4 Usando as estratégias de resolver as integrais trigonométricas, calcule as


integrais: 

a ) ∫ sen3 ( x ) cos ( x ) dx b) ∫ cos 2 ( x ) dx


c) ∫ sen ( x ) cos3 ( x ) dx d) ∫ cos5 ( x ) dx
e) ∫ tg 2 ( x ) sen3 ( x ) dx f ) ∫ cotg 2 ( x ) cos 4 ( x ) dx
g) ∫ sen ( 4 x ) cos ( 3 x ) dx h) ∫ sen3 ( 4 x ) dx

70

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5 Calcule as integrais a seguir:

x −1
a ) ∫ x cos 2 ( x ) dx b) ∫ 2
dx
x − 4x − 5
c) ∫ x 4 ln ( x ) dx d) ∫ x sen −1 ( x ) dx
1 + ex x+2
e) ∫ dx f )∫ dx
1 − ex x2 + 4
1
g) ∫ cos 2 ( x ) tg 2 ( x ) dx h) ∫ dx
4 x2 − 4 x − 3

6 (ENADE, 2011) No contexto de investimento e formação de capital, M(t) se


representa o montante do capital de uma empresa existente em cada instante
t e I(t) representa a taxa de investimento líquido por um período, então

b
M = ∫I ( t ) dt
a

Fornece o montante acumulado no período a ≤ t ≤ b. Considere que a função


I(t) = t In (t) definida para t ≥ 1, representa a taxa de investimento líquido, em
milhares de reais, de uma empresa de cosméticos. Nesse caso, utilizando In (3) ≅
1,1, o valor do montante acumulado no período 1 ≤ t ≤ 3 é igual a:

a) ( ) R$ 1 100,00.
b) ( ) R$ 2 100,00.
c) ( ) R$ 2 950,00.
d) ( ) R$ 3 750,00.
e) ( ) R$ 4 950,00.

7 Um aluno estava estudando para métodos de integração, ele precisou


calcular a seguinte integral

∫ 3 x − 5dx.

Porém, esse aluno não sabia como proceder, não sabia qual método deveria
escolher. Sobre os métodos que ele pode usar para resolver a integral, analise
os itens a seguir:

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I- Método de Substituição
II- Integral por partes
III- Substituição trigonométrica
IV- Frações Parciais

a) ( ) Somente os métodos I e II.


b) ( ) Somente os métodos I e III.
c) ( ) Somente os métodos II e IV.
d) ( ) Somente os métodos III e IV.

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UNIDADE 2

INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender o conceito prático das integrais;

• calcular áreas de figuras que antes não eram possíveis;

• utilizar integral para calcular a área lateral de um sólido de revolução;

• utilizar integral para calcular o volume de um sólido de revolução;

• calcular integrais impróprias;

• calcular comprimento de curvas;

• aplicar o conceito de integral em outras áreas do conhecimento.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS

TÓPICO 2 – INTEGRAIS IMPRÓPRIAS

TÓPICO 3 – INTEGRAL DE COMPRIMENTO DE ARCOS

TÓPICO 4 – OUTRAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL

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74

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UNIDADE 2
TÓPICO 1

APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS

1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 1 introduzimos os conceitos de integral e vimos que a
principal motivação para definirmos integral é área de uma região delimitada por
curvas. Neste tópico, o objetivo é estudar algumas das aplicações para o conceito
de integral, dentre elas está o cálculo de áreas, mas também iremos calcular
volumes de sólidos de revolução, comprimento de curvas, entre outras.

Você vai perceber, acadêmico, que a gama de aplicações para integrais é


vasto e aqui iremos apenas iniciar esse estudo.

Também enfatizaremos que é imprescindível que você não tenha dúvidas


nas técnicas de integração aprendidas na Unidade 1, pois é com o auxílio dessas
técnicas que iremos estudar as aplicações. Sugerimos ainda que você tenha sempre
em mãos uma tabela com todas as integrais e derivadas que você já calculou e
com todas as técnicas de integração, isso irá facilitar os próximos estudos.

2 CÁLCULO DE ÁREA
Considere uma curva f qualquer e considere a região R abaixo da curva f até
o eixo x delimitada pelo intervalo [a,b], como está representada no gráfico a seguir:

GRÁFICO 1 – ÁREA ENTRE A CURVA f E O EIXO x


y

f (x)

a b x
FONTE: Os autores

75

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UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Sabemos, da Unidade 1, que a área da região R é dada pela integral


definida:

b
Área = ∫ f ( x ) dx.
a

Vamos iniciar o nosso estudo de área com um exemplo simples, calculando


a área de um retângulo. Sabemos que a fórmula da área de um retângulo é base
vezes altura. Se temos um retângulo de 4 unidades de medida de base e altura 3
unidades de medida, então a área é:

A = b · h = 4 · 3 = 12.

GRÁFICO 2 – REGIÃO RETANGULAR


y

1 2 3 4 x

FONTE: Os autores

Vamos calcular agora a área do retângulo usando integrais. Note que a


curva é a função f (x) = 3 e o intervalo de integração é [0,4], portanto a área é dada
pela integral. Note que f(x) = 3 é a função constante com valor fixo em 3, assim
como você viu na disciplina de Introdução ao Cálculo:

4
4
AR = ∫3dx = 3 x = 3 ⋅ 4 − 3 ⋅ 0 = 12.
0
0

Exemplo: Calcule a área da região entre a curva f (x) = x2 + 3 e o eixo x no


intervalo [0,2].

Resolução: Quando estamos trabalhando com integrais e, principalmente,


com área de uma região, é importante que saibamos o comportamento da curva
e o formato da região. Por isso, é sempre bom construirmos o gráfico da região.

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TÓPICO 1 | APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS

GRÁFICO 3 – ÁREA DA REGIÃO ENTRE A CURVA f(x) x2 + 3


E O EIXO x NO INTERVALO [0,2]

FONTE: Os autores

Agora que sabemos o formato da região, vamos calcular sua área:

2  x3  2 23 03 8 26

2
A= x + 3dx =  + 3 x  = + 3⋅ 2 − − 3⋅ 0 = + 6 =
0
 3  0 3 3 3 3

Portanto, a área da região é 263 u.a.

O exemplo anterior nos propôs uma situação que não trouxe nenhuma
novidade, porém existem situações que demandam muito cuidado e atenção. O
próximo exemplo é uma dessas situações.

Exemplo: Calcule a área da região entre a curva f (x) = x3 e o eixo x no


intervalo [–2,2].

Resolução: Note que a princípio a ideia de resolução é a mesma que a


do exemplo anterior, mas perceba que essa curva corta o eixo x no intervalo
considerado, como podemos ver no gráfico a seguir:
77

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UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

GRÁFICO 4 – GRÁFICO DA FUNÇÃO f(x) = x3 NO INTERVALO [–2,2]


8
y

2
R1

-2 0 2 X
R2

-2

-4

-6

-8

FONTE: Os autores

Esse encontro entre a curva f (x) = x3 e o eixo x cria duas regiões: a região
R1 que está acima do eixo x e a região R2 abaixo do eixo x. Vamos trabalhar com
essas duas regiões de maneiras separadas.

Região R1: Temos a situação usual e calculamos normalmente:

2
2
 x4  24 04 16
AR1 = ∫x dx =   = − =
3
= 4.
0  4 0 4 4 4

Região R2: Esta região está abaixo do eixo x, vamos ignorar esse fato por um
momento e proceder como se estivéssemos na situação usual. Então, temos que:

0
04 ( −2 )
0 4
 x4  16
∫−2
3
AR2 = x dx =
  = − =
− = −4.
 4  −2 4 4 4

78

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TÓPICO 1 | APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS

Mas essa situação não pode acontecer, já que a área é sempre um valor
positivo. Podemos consertar isso invertendo o sinal da integral e, portanto:

0
− ∫ x3 dx =
AR2 = 4.
−2

Assim, concluímos que a área total da região são 8 unidades de área.

Observe que o valor da área R1 é igual ao valor da área R2, pois existe uma
simetria em relação ao eixo y. Se trocássemos o intervalo de integração, o valor
das duas áreas possivelmente seria diferente.

E
IMPORTANT

Sempre que a região que queremos calcular a área estiver abaixo do eixo x
temos que inverter o sinal da integral.

Podemos estender o conceito de área para uma região delimitada entre duas
curvas f e g definidas num intervalo [a,b] através do cálculo da integral definida:

b
Área
= ∫ f ( x ) − g ( x ) dx.
a

GRÁFICO 5 – ÁREA ENTRE DUAS CURVAS


y

f (x)

g (x)

a b x

FONTE: Os autores

79

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UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

A definição dessa área segue a ideia da primeira definição de área, ou seja,


podemos calcular a área sob a curva f (x) e sob a curva g (x) no intervalo [a,b], logo:

AR = Af – Ag

em que AR é a área 4x da região que queremos, Af é a área abaixo da curva f (x) e


Ag é a área abaixo da curva g (x).

E
IMPORTANT

Fique atento, acadêmico, a curva mais baixa, no caso g, é que contém o sinal
negativo. Veja o caso do gráfico a seguir.

GRÁFICO 6 – SUBTRAÇÃO DAS ÁREAS


0 0 0

A A A

a b a b a b
FONTE: Os autores

Novamente vamos começar com uma situação simples: suponha que


nosso retângulo inicial de base 4 e altura 3 esteja deslocado da origem, mesmo
assim a área continua sendo 12 unidades de área.

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TÓPICO 1 | APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS

GRÁFICO 7 – ÁREA DE UM RETÂNGULO


y
5

0 1 2 3 4 5 6 x

FONTE: Os autores

Vamos usar integral para verificar que a área do retângulo é igual a 12 u. a..
Note que o retângulo é definido pelas curvas f (x) = 4 e g (x) = 1 no intervalo [2,6]
portanto a área é:

6 3 6
AR = ∫
2
4 − 1 dx = ∫
2
3 dx = 3 x = 3 ⋅ 6 − 3 ⋅ 2 = 18 − 6 = 12.
2

Em muitas situações, o intervalo de integração não é fornecido. Ele


pode ser descoberto ao observarmos onde as funções se encontram, como no
exemplo seguinte.

Exemplo: Calcule a área da região delimita pelas curvas f (x) = 4x – x2 e


g (x) = x2.

Resolução: Vamos analisar o gráfico das curvas f e g:

81

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UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

GRÁFICO 8 – GRÁFICO DAS FUNÇÕES f(x) = 4x – x2 E g(x) =x2


y
4

3
f(x)

1 g(x)

-1 0 1 2 3
x

-1

FONTE: Os autores

Observe que as curvas se interceptam em dois pontos do plano cartesiano:


no ponto (0,0) e no ponto (2,4). Pois:

4x − x 2 =
x2
4x − 2x2 =
0
2x ( 2 − x) =
0

ou seja, x = 0 e x = 2. Portanto, o intervalo de integração será [0,2] e a área será


calculada por:

∫ ( 4 x − x ) − ( x ) dx
2 2
A=
0
2
2
 4 x 2 2 x3 
∫0
2
= 4 x − 2 x dx = − 
 2 3 0
4 ⋅ 2 2 2 ⋅ 23 4 ⋅ 0 2 2 ⋅ 03
= − − +
2 3 2 3
16 16 48 − 32 16 8
= − = = = u. a..
2 3 6 6 3

82

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TÓPICO 1 | APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS

O exemplo a seguir apresenta uma situação em que a região que queremos


calcular a área está uma parte sobre o eixo x e outra abaixo do eixo x.

Exemplo: Calcule a área da região delimitada pelas curvas f (x) = 2x3 e


g (x) = 2x.

Resolução: Observe o gráfico a seguir:

GRÁFICO 9 – GRÁFICO DAS FUNÇÕES f(x) = 2x3 e g(x) = 2x


y

1
g(x)
f(x)

1 0 1
x

-1

-2

FONTE: Os autores

Os pontos de interseção são (0,0), (1,2) e (–1, –2) pois:

2 x3 = 2 x
2 x3 − 2 x =
0
(
2 x x2 −1 =
0 )
2 x ( x − 1)( x + 1) =
0.

83

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 83 29/07/2019 16:55:23


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Temos duas regiões: uma abaixo do eixo x que é igual à região que está
acima do eixo x. Portanto, a área total é:

1 1
2 ∫g ( x ) − f ( x ) dx =
A= 2 ∫ 2 x − 2 x 3 dx
0 0
1
 2x2 2x4  2 2
= 2 −  = 2  −  = 1u. a..
 2 4 0 2 4

E
IMPORTANT

Note que este caso pode ser calculado de outras maneiras utilizando este
conceito e subdividindo as áreas de modo diferente, tente descobrir outras formas.

Nem sempre a área da região que estamos calculando vai ser dada por
uma função, como vimos nos exemplos anteriores, mas sim por uma curva como
uma hipérbole, circunferência ou outras. Vamos analisar o exemplo a seguir que
apresenta uma situação.

Exemplo: Encontre a área limitada pelas equações yx = 1, x = 0, y = 1 e y = e.

Resolução: Vamos analisar a região:

GRÁFICO 10 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA REGIÃO DELIMITADA POR yx = 1, x = 0,


y=1Ey=e

FONTE: Os autores

84

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 84 29/07/2019 16:55:23


TÓPICO 1 | APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS

Note que, para calcular a área da região, primeiro precisamos dividir em


duas áreas, uma no intervalo de 0 até 1e e outra de 1e até 1, como podemos ver a seguir:

GRÁFICO 11 – DIVISÃO DA REGIÃO DELIMITADA POR


yx = 1, x = 0, y = 1 E y = e
y

0 1 1 1 2
e 2 x

FONTE: Os autores

Logo, a área total será:

1
1
e
1
A =∫e − 1dx + ∫ − 1dx
0 1 x
e
1 1
1 1
e
1 e
= ∫e dx − ∫1dx + ∫ dx − ∫1dx
0 0 1 x 1
e e
1 1 1 1

+ ln ( x )
e e
= ex −x 1 −x 1
0 0 e e

1 1 1 1
= e ⋅ − e ⋅ 0 − + 0 + ln (1) − ln   − 1 + = 1.
e e e e

85

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 85 29/07/2019 16:55:23


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Observe que, se considerarmos uma integração em relação a y, calcular


a área da região se tornará mais simples. O limite de integração será 1 até e da
função x = y1 , logo:

e
e
1
A = ∫ dy = ln ( y ) = ln ( e ) − ln (1) = 1.
y
1
1

Observe que a segunda maneira foi muito mais simples. Toda vez que
você for calcular a área de alguma região é importante que você faça essa análise
para encontrar o caminho mais curto. Nem sempre será simples decidir qual das
duas é o caminho mais vantajoso, em outras situações as duas apresentarão a
mesma dificuldade. O que podemos afirmar aqui é que a prática faz com que esse
processo de decisão se torne mais rápido e eficiente.

3 VOLUMES
Motivados pela seção anterior, queremos estender o conceito de área
usando integrais para o conceito de volume usando integrais. Como no caso de
áreas, sabemos calcular volumes de formas bem-comportadas, porém se o sólido
for definido por uma curva qualquer ficará difícil determinar o seu volume. A
princípio, conseguiremos apenas calcular volume de sólidos de revolução. Vamos
começar a análise de um sólido simples.

Considere a reta y = x no intervalo de [0,4], sabemos que seu gráfico é:

GRÁFICO 12 – RETA y = x NO INTERVALO DE [0,4]

y
4

0 1 2 3 4 5
x

FONTE: Os autores

86

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 86 29/07/2019 16:55:23


TÓPICO 1 | APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS

Pense que esse plano agora está em um espaço de três dimensões, ou seja,
podemos rotacionar a reta em torno do eixo x (ou eixo y) formando um sólido de
revolução que no caso é um cone, como veremos a seguir:

GRÁFICO 13 – SÓLIDO DE REVOLUÇÃO FORMADO PELA RETA y = x


NO INTERVALO DE [0,4]
y
4

0 4

-4

FONTE: Os autores

Da mesma forma que dividimos uma região em retângulos para calcular


a área aproximada, aqui usaremos a mesma ideia, só que no lugar de retângulos
utilizaremos uma fatia do sólido. Faremos a espessura dessa fatia tender a zero
até termos apenas a área da seção transversal, como apresentada a seguir:

GRÁFICO 14 – A) FATIA DO SÓLIDO DE REVOLUÇÃO


E B) SEÇÃO TRANSVERSAL
y
4 x

0 4 -x x
x x

-x
-4

FONTE: Os autores

87

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 87 29/07/2019 16:55:24


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Agora, ao somarmos todas as fatias teremos o volume do sólido de revolução.


Lembre-se de que essa soma que pretendemos fazer é uma integração, logo, o volume
do sólido de revolução que está entre x = a e x = b é dado pela integral:

b
Volume = ∫ A ( x ) dx
a

com A(x) é a área da região transversal em relação ao ponto x.

No caso do cone, sabemos que a cada seção transversal é uma circunferência


de raio x, logo A(x) = πx2 e, portanto, o volume do cone é:

4 4
π x3 π ⋅ 43 03 64π
∫π x dx −π ⋅ =
2
V
= = = u. v.
0
3 0
3 3 3

Você perceberá que, em geral, os sólidos de revolução terão a região


transversal dada por uma circunferência cujo raio será o valor da função no ponto
x. Assim, poderemos definir o volume de um sólido de revolução que está entre
x = a e x = b pela integral:

b
2
Volume = π ∫  f ( y )  dyx
a

desde que esse sólido não tenha buracos.

No caso do sólido ser formado pela rotação em relação ao eixo y, o volume do


sólido de revolução que está entre y = a e y = b pela integral:

b
2
Volume = π ∫  f ( y )  dy
a

desde que esse sólido não tenha buracos.

Exemplo: Calcule o volume do sólido de revolução formado pela rotação


de f(x) = √x no intervalo [0,2] em torno do eixo y.

Resolução: Vamos analisar o nosso sólido:

88

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 88 29/07/2019 16:55:24


TÓPICO 1 | APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS

GRÁFICO 15 – SÓLIDO DE REVOLUÇÃO FORMADO PELA ROTAÇÃO DE f(x) = √x NO


INTERVALO [0,2] EM TORNO DO EIXO y
y

√2

1 2 x
FONTE: Os autores

Como estamos relacionando em torno do eixo y, temos que considerar y


como a variável de integração, logo:

y = √x é equivalente a x = y2 no intervalo [0,2] para x e [0,4] para y.



Portanto, o volume é dado pela integral:

4 4
2
∫  y  dy π ∫ y dy
V π= 2 4
=
0 0

5 4
πy π ⋅ 45 π ⋅ 05 1024π
= = − = u. v.
5 0
5 5 5

Exemplo: Calcule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação


da região delimitada pelas curvas y = x2 e y = 2 em torno do eixo y.

Resolução: Vamos analisar o gráfico que segue:

GRÁFICO 16 – SÓLIDO DE REVOLUÇÃO FORMADO


POR DUAS CURVAS

√2

-√2
FONTE: Os autores

89

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 89 29/07/2019 16:55:24


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Note que o intervalo de integração é de 0 até 2 e a função é f(y) = x = √y.


Logo, o volume é:

2 2
2 32 2 32 2 32 2 4 2
V =∫ ydy = y = 2 − 0 = 2 2= u. v.
0
3 0
3 3 3 3

No caso de a região ter buracos, trata-se de quando o sólido de


revolução é formado por duas curvas f(x) e g(x) no intervalo [a,b], como
podemos observar a seguir:

GRÁFICO 17 – SÓLIDO DE REVOLUÇÃO FORMADO POR DUAS CURVAS


y

x
a b

FONTE: Os autores

Neste caso, o volume é dado pela integral:

b
2 2
=V π ∫  f ( x )  −  g ( x )  dx
a

se o eixo de rotação for o x. Já se o eixo de rotação for y, basta trocar a variável de


integração e considerar as curvas f e g adequadamente.

Exemplo: Calcule o volume do sólido de revolução dado pelas curvas
y = x e y = x2 revolucionadas em torno do eixo x.

Resolução: Vamos analisar o gráfico do sólido:

90

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 90 29/07/2019 16:55:24


TÓPICO 1 | APLICAÇÕES DAS INTEGRAIS DEFINIDAS

GRÁFICO 18 – SÓLIDO DE REVOLUÇÃO FORMADO PELAS CURVAS y = x E y = x2 EM


TORNO DE x
y

-1

FONTE: Os autores

Note que o problema não nos fornece o limite de integração, porém


podemos encontrá-los observando onde as curvas são iguais, ou seja, em que x =
x2. Logo, quando x = 0 e quando x = 1, o volume é:

1 1
2
π ∫ [ x ] −  x 2  dx =
2
V= π ∫x 2 − x 4 dx
0 0

1
 x3 x5   13 15   03 05 
= π  −  = π  −  −π  − 
 3 5 0 3 5  3 5

 1 1  2π
= π  − = u. v.
 3 5  15

91

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 91 29/07/2019 16:55:24


RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

● A integral da área de uma região delimitada pela curva f (x) e o eixo x no


intervalo [a,b] é dado pela integral:

b
Área = ∫ f ( x ) dx
a

com a curva f (x) toda acima do eixo x.

● A integral da área de uma região delimitada pelas curvas f (x) e g (x) no intervalo
[a,b] é dada pela integral:

b
Área
= ∫ f ( x ) − g ( x ) dx
a

com a curva f (x) toda acima da curva g (x).

● Podemos usar a variável y como a variável de integração, assim a área é


calculada por:

b
Área
= ∫ f ( y ) − g ( y ) dy
a

com a curva f (y) toda mais à direita que a curva g (y).

● A definição de volume do sólido de revolução que está entre x = a e x = b é dada


pela integral:

b
Volume = ∫ A ( x ) dx
a

com A (x) é a área da região transversal em relação ao ponto x.

● Se o sólido de revolução que está entre x = a e x = b o volume é dado pela


integral:

92

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 92 29/07/2019 16:55:24


b
2
Volume = π ∫  f ( x )  dx
a

desde que esse sólido não tenha buracos.

● No caso do sólido ser formado pela rotação em relação ao eixo y, o volume do


sólido de revolução que está entre y = a e y = b é indicado pela integral:

b
2
Volume = π ∫  f ( y )  dy
a

desde que esse sólido não tenha buracos.

● No caso de a região ter buracos, a área do sólido de revolução é:

b
2 2
=V π ∫  f ( x )  −  g ( x )  dx
a

se o eixo de rotação for o x. Já se o eixo de rotação for y, basta trocar a variável


de integração e considerar as curvas f e g adequadamente.

93

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 93 29/07/2019 16:55:24


AUTOATIVIDADE

1 Calcule a área das regiões entre as curvas abaixo. Esboce o gráfico de cada
uma das regiões.

a) f(x) = x + 1 e g(x) = 9 – x2 no intervalo [–1,2]


b) f(x) = sen(x) e g(x) = ex no intervalo 0,π2
c) f(x) = x2 e g(x) = x
d) f(x) = e g(x) = e x = 2
e) x = 2y2 e x + y = 1
f) f(x) = x2 e g(x) = 4x – x2
g) f(x) = ex e g(x) = xex e x = 0

2 Encontre o valor de b para que a reta y = b divida a região delimitada pelas


curvas y = x2 e y = 4 em duas regiões de áreas iguais.

3 Encontre os valores de c tal que a área da região delimitada pelas parábolas


y = x2 – c2 e y = c2 – x2 seja 576.
4
4 Mostre que o volume de uma esfera de raio r é dado pela formula V = 3 πr3.
Use a integral para mostrar.

5 Mostre que o volume de um cilindro circular reto de raio r e altura h é dado


pela fórmula V = πr2h. Use a integral para mostrar.

6 Calcule o volume do sólido de revolução formado pela rotação de f(x) =


sen(x) no intervalo [0,π] em torno do eixo x.

7 Encontre o volume do sólido obtido pela rotação da região delimitada pelas


curvas y = x2, x = 1 e y = 0 ao redor do eixo x.

8 Encontre o volume do sólido obtido pela rotação da região delimitada pelas


curvas y = ex, e y = 0, x = 0 e x = 1 ao redor do eixo x.

9 Encontre o volume do sólido obtido pela rotação da região delimitada pelas


curvas y = x2, 0 ≤ x ≤ 2, y = 4 e x = 0 ao redor do eixo y.

10 Encontre o volume do sólido obtido pela rotação da região delimitada


pelas curvas y2 = x, x = 2y ao redor do eixo y.

11 (ENADE, 2017) Considere f:[a,c] →  uma função contínua e b ϵ (a,c),


conforme ilustra o gráfico abaixo. Represente por:

94

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 94 29/07/2019 16:55:24


a) a área da região limitada pela reta de equação y = 0 e pela curva {(x, f(x)); x
ϵ [a, 0]};
b) a área da região limitada pela reta de equação y = 0 e pela curva {(x, f(x)); x
ϵ [0, b]};
c) a área da região limitada pela reta de equação y = 0 e pela curva {(x, f(x)); x
ϵ [b, c]};
y

A f

0 C c x
a B b

Sabendo-se que A = 5, B = 3 e C = 2, avalie as afirmações a seguir.

0
I-
∫ f ( x ) dx = 5
a
b

II- ∫ f ( x ) dx = 3
0
c
III- f ( x ) dx = 4
∫a

É CORRETO o que se afirma em:


a) ( ) I, apenas.
b) ( ) II, apenas.
c) ( ) I e III, apenas.
d) ( ) II e III, apenas.
e) ( ) I, II e III.

12 (CESGRANRIO, 2018) As funções reais de variáveis reais f e g estão


representadas abaixo, no mesmo sistema de eixos cartesianos, sendo 0 e
4 os zeros da função quadrática f, e g uma função linear que intersecta o
gráfico de f nos pontos (0,0) e (3,6). Seja S a região do plano (sombreada)
constituída de todos os pontos que estão abaixo do gráfico de f e acima do
gráfico de g.

95

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 95 29/07/2019 16:55:25


y
9

6
S

0 3 4 x

A área da região S corresponde a que fração da área do retângulo de vértices


(0,0), (4,0), (4,9) e (0,9)? 

a) ( ) 2/9
b) ( ) 2/7
c) ( ) 1/3
d) ( )¼
e) ( ) 1/5

96

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 96 29/07/2019 16:55:25


UNIDADE 2 TÓPICO 2

INTEGRAIS IMPRÓPRIAS

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Você pôde perceber que no Tópico 1 estudamos
(calculamos) integrais de funções contínuas e num intervalo limitado [a,b]. Os
casos que estudaremos neste tópico serão integrais em que o integrando (função)
não é contínuo e/ou o intervalo de integração é infinito.

A priori, este conceito não possuirá aplicações práticas futuras relacionadas


a algum fenômeno físico, porém, será de grande utilidade na resolução de
problemas teóricos quando teremos somas infinitas e/ou limites infinitos.

Neste sentido, este tópico está dividido em dois subtópicos, os quais


trabalharemos com as duas situações que podem acontecer: o primeiro em
integrais de funções que não são contínuas e logo na sequência em casos onde o
integrando é infinito.

2 INTERVALOS INFINITOS
Lembre-se de que um intervalo infinito pode ser da forma (–∞,a], [a,∞)
ou (–∞, ∞) com a um número real. Considere uma função f:I →  , com I um
intervalo de  , temos assim três casos:

Caso 1: Se I = [a,∞), então a integral é:

∞ t

∫ f ( x ) dx = lim ∫ f ( x ) dx.
a
t →∞
a

Exemplo: Calcule a integral da função f(x) = 1x no intervalo [1,∞).


2

Resolução: Usando a definição anterior, temos que:

∞ 1 t 1 t x −1 t 1t 1 1
∫ ∫ ∫
−2
2
dx = lim 2
dx = lim x dx = lim = lim − = lim − + = 1
1 x t →∞ 1 x t →∞ 1 t →∞ −1 l t →∞ x l t →∞ t 1

97

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 97 29/07/2019 16:55:25


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

pois:

1
lim − =0.
t →∞ t

Quando a integral de ∫a∞ f(x) dx é finita como no exemplo anterior, dizemos


que a integral é convergente. Caso a integral seja infinita, dizemos que ela diverge,
como podemos ver no próximo exemplo. Esta observação vale para os três casos
que iremos apresentar.

Exemplo: Calcule a integral da função f(x) =1x no intervalo [1,∞).

Resolução: Usando a definição anterior, temos que:

∞ 1 t 1 t

∫ 1 x
lim ∫ dx =
dx =
t →∞ 1 x
lim ln( x) =
t →∞ l
lim ln(t ) + ln(1) =
t →∞
∞,

pois:

lim ln ( t ) = ∞.
t →∞

Caso 2: Se I = (–∞,a], então a integral é:

a a

∫ f ( x ) dx = lim ∫ f ( x ) dx.
−∞
t →−∞
t

Exemplo: Calcule a integral da função f(x) = xex no intervalo (–∞,0].

Resolução: Usando a definição anterior, temos que:

0 0

∫ xe dx = lim ∫xe dx.


x x
t →−∞
−∞ t

Para resolver a integral, vamos usar o método da integração por partes.


Considere:

u=x dv = ex dx

du = dx v = ∫ ex dx = ex

98

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 98 29/07/2019 16:55:25


TÓPICO 2 | INTEGRAIS IMPRÓPRIAS

Assim:

t
0
 x 0

∫−∞xe dx = lim − ∫e x dx 
x
t →∞
 xe
 l t 

t →−∞
(
= lim tet − 1 − =
ex l lim tet − 1=
t
− et )
−1
t →−∞
( )
pois lim et = 0, e pela regra de L’Hôspital, como visto em Cálculo Diferencial I:
t→∞
-∞

t 1
lim tet = lim − t
= lim − t = lim − et = 0.
t →−∞ t →−∞ e t →−∞ −e t →−∞

Portanto, a integral anterior é convergente.

Caso 3: Se I = (–∞, ∞), então a integral é:

∞ a ∞
f ( x ) dx ∫ f ( x ) dx + ∫ f ( x ) dx.
∫=
−∞ −∞ a

Exemplo: Calcule a integral da função f(x) = xe-x² no intervalo (–∞, ∞).

Resolução: Antes de calcularmos, analisaremos o gráfico da função para


determinar qual será o valor para a:

GRÁFICO 19 – GRÁFICO DA FUNÇÃO f(x) = xe-X²

2
y

-2 -1 0 1 2 x

-1

FONTE: Os autores

99

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 99 29/07/2019 16:55:25


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Note que é conveniente escolher a = 0, pois a função tem um eixo de simetria


em relação ao y. Essa escolha para a facilita os cálculos, mas nada impede de você
escolher qualquer outro valor para a. Usando a definição anterior, temos que:

∞ 0 ∞

∫= ∫ xe dx + ∫xe dx.
2 2 2
xe − x dx −x −x

−∞ −∞ 0

Note que, com a simetria, temos:

0 ∞

∫ xe dx = −∫xe dx,
2 2
−x −x

−∞ 0

Portanto:

∫ xe
− x2
dx = 0.
−∞

3 INTEGRANDOS DESCONTÍNUOS
A ideia agora é integrar funções que tenham descontinuidades em algum
ponto do intervalo [a,b]. Podem acontecer três casos de descontinuidades:

Caso 1: Se a função f é contínua em [a,b) e descontínua em b, calculamos


a integral:

b t

∫ f ( x ) dx = lim− ∫ f ( x ) dx.
a
t →b
a

Caso 2: Se a função f é contínua em (a,b] e descontínua em a, calculamos


a integral:

b b

∫ f ( x ) dx = lim+ ∫ f ( x ) dx.
a
t →a
t

Caso o valor da integral seja finito, dizemos que a integral é chamada


de convergente; caso a integral seja infinita, dizemos que a integral é chamada
de divergente.

Exemplo: Calcule a integral:

100

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 100 29/07/2019 16:55:26


TÓPICO 2 | INTEGRAIS IMPRÓPRIAS

5
1

2 x−2
dx.

1
Resolução: Podemos notar que a função f(x) = √x – 2 é contínua no intervalo
(2,5] e descontínua em 2, logo, a integral é calculada da seguinte maneira:

5 5
1 1

2 x−2
dx = lim+ ∫
t →2
t x−2
dx.

Para calcular a integral, vamos usar a mudança de variável y = x – 2 e dy =


dx. Note que os novos intervalos de integração serão:

Para: x = t Para x = 5

y=t–2 y=5–2=3

Logo:

5 3
1 1

2 x−2
dx = lim+ ∫
t →2
t −2 y
dy

3 1 3

+ ∫
= lim
= y dy lim+ 2 y 2
t →2 t →2
t −2 t-2
= lim+ 2 3 − 2 t=
− 2 2 3.
t →2

Caso 3: Se a função f tiver uma descontinuidade num ponto c tal que a < c
< b, então a integral é:

b c b
f ( x ) dx
∫= ∫ f ( x ) dx + ∫ f ( x ) dx.
a a c

Exemplo: Calcule a integral:

3
1
∫ x − 2 dx.
0

101

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 101 29/07/2019 16:55:26


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

1
Resolução: Note que a função f(x) = x–2 é descontínua apenas em x = 2,
logo a integral é:

3 2 3
1 1 1
∫0=
x−2
dx ∫0 x − 2 dx + ∫2 x − 2 dx.

Vamos calcular cada uma das integrais separadamente:

2 t
1 1
∫0 x − 2 dx = tlim
→2 − ∫
0
x−2
dx

Usando a mudança de variável y = x – 2, temos dy = dx e os intervalos de


integração serão:

● Para x = 0 temos y = 0 – 2 = –2
● Para x = t temos y = t – 2

Assim:

2 t −2
t −2
1 1
∫0 x − 2 dx tlim
= =
→2 − ∫
y
dy lim− ln y
t →2
−2
−2
= lim− ln t − 2 − ln −2 = lim− ln ( 2 − t ) − ln ( 2 ) = −∞ .
t →2 t →2

Pois:

lim ln ( 2 − t ) = −∞.
t → 2−

Seguindo a mesma ideia, calculamos:

3 3
1 1
∫2 x − 2 dx = tlim
→2 + ∫
t
x−2
dx

Usando a mudança de variável y = x – 2, temos dy = dx e os intervalos de


integração serão:

● Para x = t temos y = t – 2
● Para x = 3 temos y = 3 – 2 = 1

Assim:

102

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 102 29/07/2019 16:55:27


TÓPICO 2 | INTEGRAIS IMPRÓPRIAS

3 1
1
1 1
∫2 x − 2 dx tlim
= =
→2 + ∫
y
dy lim+ ln y
t →2
t −2
t −2

=lim+ ln 1 − ln t − 2 =− lim− ln ( 2 − t ) =∞.


t →2 t →2

Portanto, a integral diverge e, por este motivo, é desnecessário calcular a


segunda. Outra observação importante a se fazer será caso não considerarmos a
descontinuidade em x = 2. Assim, a integral seria calculada da seguinte maneira:

3 1
1
1 1
∫0 x − 2 dx =−∫2 y dy =ln x =ln (1) − ln −2 =− ln ( 2 ) .
−2

Note que este exemplo reforça muito a importância de verificar a


continuidade das funções, pois considerando a descontinuidade da função, temos
que a integral diverge, já não considerando, ela converge.

4 COMPARAÇÃO ENTRE INTEGRAIS


Você deve lembrar do Teorema do Sanduíche que estudamos para
determinar o limite de uma função usando a comparação entre duas outras
funções, não é mesmo? Aqui, no estudo de integral, temos um teorema muito
similar que usa comparação para determinar se a integral converge ou diverge.
Para relembrar: uma integral converge se o limite das somas de Riemann existe e
é finito. Caso contrário, diverge.

Teorema (comparação): considere duas funções f e g contínuas, tais que


0 ≤ g(x) ≤ f(x) para todo x ≥ a. Então, valem as seguintes condições:

a) Se ∫a∞g(x)dx é divergente, então ∫a∞ f(x)dx também é divergente.


b) Se ∫a∞ f(x)dx é convergente, então ∫a∞g(x)dx também é convergente.

Demonstração: A demonstração deste teorema segue diretamente da


desigualdade:

∞ ∞

∫g ( x ) dx ≤ ∫ f ( x ) dx.
a a

103

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 103 29/07/2019 16:55:27


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Você já deve ter tentado calcular a integral da função e-x². Esta é uma
função elementar, porém não tem uma primitiva, ou seja, usando as técnicas
de integração não conseguimos calculá-la, mas quando estamos analisando
uma integração imprópria envolvendo a função anterior, conseguimos
informações mesmo sem calculá-la.

Note que para todo x ≥ 1 temos que x ≤ x2, ou ainda, –x2 ≤ –x. Assim,
conseguimos comparar as funções da seguinte maneira:
2
e− x ≤ e− x .

E como a integral:

∞ t
t
1
∫e dx = lim ∫e dx = lim − e = lim − e − t + e −1 = ,
−x −x −x
t →∞ t →∞ t →∞ e
1 1
1

já que lim
t→∞
–e-t = 0 ou seja, a integral é convergente e, portanto, a integral:

∫e
− x2
dx
1

também é convergente, mas não podemos afirmar que o valor é 1e .

104

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 104 29/07/2019 16:55:27


RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

● A integral infinita de uma função f: I →  é definida por:


◦ Caso 1: Se I = [a, ∞), então a integral é:

∞ t

∫ f ( x ) dx = lim ∫ f ( x ) dx.
a
t →∞
a

◦ Caso 2: Se I = (–∞, a], então a integral é:


a a

∫ f ( x ) dx = lim ∫ f ( x ) dx.
−∞
t →−∞
t

◦ Caso 3: Se I = (–∞, ∞), então a integral é:


∞ a ∞
f ( x ) dx
∫= ∫ f ( x ) dx + ∫ f ( x ) dx.
−∞ −∞ a

● Quando o integrando é descontínuo, temos três casos:


◦ Caso 1: Se a função f é contínua em [a,b) e descontínua em b, então calculamos
a integral:

b t

∫ f ( x ) dx = lim ∫ f ( x ) dx.
a
t →b −
a

◦ Caso 2: Se a função f é contínua em (a,b] e descontínua em a, então calculamos


a integral:

b b

∫ f ( x ) dx = lim+ ∫ f ( x ) dx.
a
t →a
t

◦ Caso 3: Se a função f tiver uma descontinuidade num ponto c tal que a < c <
b, então a integral:

105

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 105 29/07/2019 16:55:27


b c b
f ( x ) dx ∫ f ( x ) dx + ∫ f ( x ) dx.
∫=
a a c

Vale o Teorema da Comparação, ou seja, para f e g contínuas, tais que 0 ≤ g(x) ≤ f(x)
para todo x ≥ a, valem as seguintes condições:

a) Se ∫a∞ g(x)dx é divergente, então ∫a∞ f(x)dx também é divergente.


b) Se ∫a∞ f(x)dx é convergente, então ∫a∞ g(x)dx também é convergente.

106

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 106 29/07/2019 16:55:28


AUTOATIVIDADE

1 Calcule as integrais a seguir e as classifique em convergente ou divergente:


1
a) ∫ 1+ x
0
2
dx


b) e − x dx

−∞

c) sen ( x ) dx

0
d)
∫ cos ( x ) dx
−∞

ln ( x )
e) ∫
1
x2
dx

2 Calcule as integrais a seguir e as classifique em convergente e divergente:

3
1
a)
∫x
−2
4
dx
3
1
b) ∫x
0 x
dx
1
1
c) ∫
0 1 − x2
dx

1
ln ( x )
d)

0 x
dx

3 Dizemos que a Transformada de Laplace de uma função f é dada pela integral:


F ( s ) = ∫ f ( t ) e − st dt.
0

O domínio da função F é o conjunto de todos os pontos onde a integral converge.


Determine o domínio da Transformada de Laplace das funções a seguir:

a) f(t) = 2
b) f(t) = et
c) f(t) = t

107

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 107 29/07/2019 16:55:28


4 Uma função f positiva integrável é chamada de densidade de probabilidade se:

∫ f ( x ) dx = 1.
−∞

Definimos a probabilidade de um número x estar entre os valores a e b por:

b
P (a < x < b) =∫ f ( x ) dx
a

E também definimos o valor esperado do número x por:


E ( x) = ∫ x f ( x ) dx.
−∞

Qual é a probabilidade de um número x estar entre 0 e 1 e o valor esperado do


número x, se a função é:

2e −2 x , se x ≥ 0
f ( x) =  .
 0, se x < 0

5 Use o Teorema da Comparação para determinar se a integral converge ou


diverge:

∞ −x
a) 1 + e dx

1
x

1
b) ∫ x+e
1
2x
dx

c) e x2 dx

1

6 (QUADRIX, 2018) Considera-se um sólido dado pela rotação em torno do


eixo Ox da região limitada pelo gráfico de f(x) = e pelas retas x = 1, x = t e y
= 0, onde t > 1. O volume desse sólido é uma função V(t) que depende de t.
Nesse caso, se t tende para o infinito, o volume V(t) tende para:

a) ( )1
b) ( ) In(π)
c) ( )π
d) ( ) π2
e) ( )∞

108

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 108 29/07/2019 16:55:28


7 (ENC, 2003) Um quadrado de lado 2 gira em torno de um de seus lados,
gerando um sólido de revolução. O volume deste sólido é igual a:

a) ( ) 4π3
b) ( ) 2π
c) ( ) 8π3
d) ( ) 4π
e) ( ) 8π

109

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 109 29/07/2019 16:55:28


110

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 110 29/07/2019 16:55:28


UNIDADE 2 TÓPICO 3

INTEGRAL DE COMPRIMENTO DE ARCO

1 INTRODUÇÃO
Uma aplicação bastante importante para o cálculo de integrais de linha
de campos vetoriais é o cálculo do comprimento de uma curva. Este fato gera
resultados importantes no estudo de deslocamentos em fluidos e em campos
magnéticos, por exemplo.

Para calcular o comprimento de um arco (relacionado a um gráfico de uma


função), podemos intuitivamente imaginar colocar um pedaço de barbante sobre
a curva e, logo na sequência, medir este barbante “esticado” com uma régua. O
fato é que este processo, além de ser bastante complicado de ser realizado, exige
uma precisão imensa para que a aproximação encontrada possa ser aceitável.

Por este motivo, devemos imaginar uma ferramenta que permita somar
pequenos pedaços poligonais cujos comprimentos tendem a zero. No decorrer deste
tópico, veremos como a integral nos auxiliará na realização deste procedimento.

2 DEMONSTRAÇÃO ALGÉBRICA E DEFINIÇÃO


Vamos supor que tenhamos uma curva definida pela função y = f(x) com a
prerrogativa de que f é contínua no intervalo fechado [a,b]:

GRÁFICO 20 – REPRESENTAÇÃO DO ARCO DA CURVA DE f(x) EM [a,b]

FONTE: Os autores

Caso a curva citada fosse poligonal, poderíamos medir seu comprimento


somando a medida dos segmentos que a formam. Porém, é inviável no caso anterior.

111

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 111 29/07/2019 16:55:28


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Contudo, pelo fato de sabermos calcular comprimentos de poligonais,


podemos aproximar o comprimento da curva como sendo uma “poligonal”,
obtendo assim uma aproximação para o comprimento da curva indicada. Para
tanto, iremos subdividir o intervalo [a,b], uma quantidade de n subintervalos,
com comprimentos ∆x > 0 e extremidades dadas por a = x0, x1, ..., xn = b.

O próximo pensamento é determinar pontos Pi = (xi, yi), i = 1, 2, ..., n., pois


ligando estes pontos P1, P2, ..., Pn, obtemos a poligonal a seguir:

GRÁFICO 21 – REPRESENTAÇÃO DA POLIGONAL EM [a,b]


y
P2
y = f(x)
P1
Pi – 1
Pi
PR

P0

0 a x1 x2 xi – 1 xi b x

FONTE: Stewart (2008, p. 340)

Utilizando a ideia da distância entre os pontos Pi –1 = (xi – 1, yi – 1) até Pi = (xi,


yi) que é dada por:

( xi − xi −1 ) + ( yi − yi −1 ) ² .
2
Pi −1 Pi =

Sabemos que o comprimento total da poligonal (L) é a soma de todos os


segmentos indicados, logo, podemos escrever:

n
Li = ∑ Pi −1 Pi .
i =1

Este somatório é uma aproximação para o comprimento L da curva. É


claro que aumentando a quantidade de pontos que constituem a poligonal, cada
vez mais estamos aprimorando a qualidade do resultado encontrado. Deste
modo, ao aplicarmos a ideia de limite, teremos o valor real da curva, imaginando
que a quantidade de segmentos da poligonal tende ao infinito:

n
L = lim ∑ Pi −1 Pi .
n →∞
i =1

112

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 112 29/07/2019 16:55:29


TÓPICO 3 | INTEGRAL DE COMPRIMENTO DE ARCO

Sabendo que podemos escrever:

∆x = xi − xi −1

∆y = yi − yi −1

temos que:

( ∆x ) + ( ∆y ) ².
2
Pi −1 Pi =

Agora, lembrando do teorema do valor médio para a função f no


subintervalo [xi – 1, xi], sabemos que existe algum ci ϵ (xi – 1, xi), em que,

f ( xi ) − f ( xi −1=
) f '(ci ) ⋅ ( xi − xi −1 )
yi − yi −=
1 f '(ci ) ⋅ ( xi − xi −1 )
∆y f '(ci ) ⋅ ∆x .
=

Assim, temos que:

| Pi −1 Pi=| (∆x) 2 + ( f '(ci ) ⋅ ∆x) 2

| Pi −1 Pi=| (∆x) 2 + ( f '(ci )) 2 ⋅ ∆x) 2

| Pi −1 Pi |= (∆x) 2 ⋅ (1 + ( f '(ci )) 2 )

| Pi −1 Pi |=∆x ⋅ 1 + ( f '(ci )) 2 .

Finalizando, o comprimento da curva é dado por:

n b
L lim ∑ ∆x ⋅ 1 + ( f '(ci ))=
= 2
∫ 1 + ( f '( x)) 2 dx .
n →∞
i =1 a

NOTA

Esta integral existe, desde que a derivada de f seja contínua no intervalo


considerado.

113

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 113 29/07/2019 16:55:29


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Definição 1 (comprimento do arco): Se f' (x) for contínua no intervalo [a,b],


então calculamos o comprimento da curva y = f(x), em que a ≤ x ≤ b através da fórmula:

b
1 + ( f ′ ( x ) ) dx .
2

a

Definição 2 (comprimento do arco para x = g(y)): se g'(y) for contínua em


[c,d], em que g(c) = a e g(d) = b, temos que o comprimento da curva g(y), com c ≤ y ≤ d,
como sendo:

d
1 + ( g ' ( y ) ) dy .
2

c

Exemplo: Determine o comprimento do arco da curva y = 2x + 1, com 1 ≤ x ≤ 4.

Resolução: Para determinar o solicitado, inicialmente devemos calcular a


derivada da curva dada. Logo, temos:

y' = 2.

Aplicando na fórmula demonstrada para o cálculo do comprimento de


curva, temos:

4 4
4


1
1 + (2) 2 dx = ∫ 5 dx = 5 ⋅ x 1 = 4 5 − 5 = 3 5 u.c .
1

NOTA

O símbolo u.c significa: unidades de comprimento.

Exemplo: Calcule o comprimento do arco de curva da função y = x2 com


x ϵ [0,4].

Resolução: A derivada da função y = x2 é dada por y = 2x. Logo:

4 4
1 + ( 2 x ) dx =+
2
∫ ∫ 1 4 x dx .
2

0 0

114

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 114 29/07/2019 16:55:30


TÓPICO 3 | INTEGRAL DE COMPRIMENTO DE ARCO

Para resolver esta integral, devemos lembrar do procedimento por


substituição trigonométrica, onde faremos 2x = tg(θ). Assim, teremos:

sec 2 (θ )
dx = dθ .
2

Realizando a substituição:

sec 2 (θ ) sec 2 (θ )
1 + 4 x 2 dx =1 + tg 2 (θ ) dθ = sec 2 (θ ) dθ
2 2
1 1
sec3 (θ )dθ = (sec(θ ) ⋅ tg (θ ) + i |=
=ln | sec(θ ) + tg (θ ) |)
2 8

Segue que, retornando para a variável x:

1
∫ 1 + 4 x 2 dx
=
8
(sec(θ ) ⋅ tg (θ ) + ln | sec(θ ) + tg (θ ) |)

1
=⋅ (2 x 1 + 4 x 2 + ln( 1 + 4 x 2 + 2 x)) + C .
8

E, portanto, substituindo no intervalo de integração, vem:

4
1

0
1 + 4 x 2 dx =⋅ (2 x 1 + 4 x 2 + In( 1 + 4 x 2 + 2 x)) |04 ≈ 16,81u.c .
8

Exemplo: Determinar o comprimento da curva y = In(sec(x)), com 0 ≤ x ≤ π4 .

Resolução: Derivando a expressão, teremos:

y' = tg(x).

Logo:

π
4
L
= ∫ 1 + tg 2 ( x )dx .
0

115

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 115 29/07/2019 16:55:30


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Ou ainda:

π π
π
4 4 4

∫ ∫ sec(
2
=L sec
= ( x)dx = x) dx ln | sec( x) + tg ( x) 0
0 0

=L In( 2 + 1) u.c .

3 COMPRIMENTO DE ARCO PARA CURVAS PARAMÉTRICAS


Trataremos de uma situação semelhante ao item anterior, em que
o resultado encontrado possui a mesma interpretação, porém a análise da
representação da curva é distinta. Neste momento, trabalharemos com a forma
parametrizada da curva em questão. Neste momento, será apenas um conceito
teórico, porém, no momento do entendimento das integrais de linha, o conceito
de curvas paramétricas será a base fundamental para os dispositivos de cálculo a
serem utilizados. Vamos começar definindo o conceito.

Dada uma curva parametrizada com:

 x = x ( t )
 , comt ∈ [t0 , t1 ]
 y = y ( t )

Sendo t o parâmetro e que x(t) e y(t) são contínuas e deriváveis. Sabemos que
estas expressões definem uma curva y = f(x), onde suas derivadas são dadas por:

dy y′ ( t )
= .
dx x ' ( t )

Logo, realizando uma mudança de variáveis, na expressão conhecida para o


cálculo do comprimento de arcos, que é dada por:

b
1 + ( f ′ ( x ) ) dx
2
∫a

e fazendo x = x(t) com dx = x'(t)dt, obteremos:

2
b t1
 y′ ( t ) 
∫ 1 + ( f ′ ( x ))
2
L= ∫t  x′ ( t )  x′ ( t ) dt ,
dx = 1 + 
a 0  

116

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 116 29/07/2019 16:55:31


TÓPICO 3 | INTEGRAL DE COMPRIMENTO DE ARCO

onde sabemos que x(t0) = a e x(t1) = b, logo, realizando os cálculos convenientes,


teremos como resultado:

t1
2
=L ∫  x ' ( t )  +  y ' ( t )  ² dt .
t0

Exemplo: Calcule o comprimento do arco dado pela seguinte função


parametrizada:

 1 3
 x  3 t
 , com 0  t  2 .
y  t1 2
 2

Resolução: Inicialmente, iremos derivar cada uma das componentes da


curva parametrizada resultando em:

 x ' (t ) = t ²
 .
 y=t

Substituindo na fórmula resolutiva, vem:

2 2

∫ [t ² ] + [t )] ² dt =
2
∫ t + t ² dt
4
L=
0 0
.

Onde, simplificando a expressão teremos:

2 2 2


0
t 4 + t 2 dt = ∫ t 2 ⋅ (1 + t 2 ) dt = ∫ t ⋅ 1 + t 2 dt
0 0
.

Para calcular esta integral, devemos relembrar o método da integração


por substituição, onde iremos realizar u = 1 + t2. Logo, teremos du = 2t dt, ou ainda:

du
= t dt.
2

Realizando a substituição, teremos:

3 3
du 1 1 u2 u2
∫ ∫ 2 2∫
2
t 1 + t dt = u = u du = ⋅ =
2 3 3
2

117

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 117 29/07/2019 16:55:32


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

Retornando para a variável x, teremos:

3 2
2
(1 + t ² ) 2

∫t ⋅
0
1 +=
t ² dt
3
≈ 3, 72 u.c.
0

118

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 118 29/07/2019 16:55:33


RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

● Para calcular o comprimento de uma curva no intervalo de a até b, devemos


utilizar:

b
1 + ( f ′ ( x ) ) dx
2

a

Quando a função estiver dependendo de x, e:

d
1 + ( g ' ( y ) ) dy
2

c

Quando a função estiver dependendo de y.

● Para calcular o comprimento de curvas parametrizadas, utilizamos a relação:

t1
2
=L ∫  x ' ( t )  +  y ' ( t )  ² dt
t0

119

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 119 29/07/2019 16:55:33


AUTOATIVIDADE

1 Determine o comprimento do gráfico da função (y – 1)³ = x² no intervalo


[0,8].
2
2 Determine o comprimento da curva y = x 3 do ponto (1,1) a (8,4).

3 Calcule o comprimento da curva 8y = x4 + 2x - 2 do ponto em que x = 1 ao


ponto x = 2.

4 Determine, através da curva paramétrica x = t³/3 e y = t²/2 no intervalo [0,1],


o comprimento desta curva.

5 Determine o comprimento da curva conhecida como hipocicloide, utilizando


x = 2.sen³t e y = 2.cos³t, como parametrização para a mesma.

6 (ENADE, 2014) A Construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, no rio Paraná,


na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, iniciou-se na década de 70, mais
precisamente em janeiro de 1975. Nessa época não existiam ferramentas
computacionais para representar os desenhos referentes à planta de
construção da usina e nem para realizar cálculos com tamanha exatidão
e rapidez. Um engenheiro civil da época precisou apresentar os cálculos
do comprimento da barragem da usina, sendo que após diversas análises,
concluiu que era possível obter esta medida com base em conceitos de
cálculo diferencial e integral que aprendeu durante o seu curso de graduação
em Engenharia. Geometricamente, através do desenho da planta da Usina,
constatou que a função matemática que mais se aproximava da curva
representativa da barragem da Usina era f(x) = ln (cos x) em que f(x) é dado
em km. Em cima destas informações, qual das alternativas abaixo representa
o valor provável do comprimento da barragem da usina, sabendo-se que o
valor de x da função f(x) varia de π/4 a π/6?

FONTE: http://www.enade.estacio.br/pdf/2simulado/Engenharia%20El%C3%A9trica.pdf. Acesso


em: 22 mar. 2019.

a) ( ) 0,3320 km
b) ( ) 0,8813 km
c) ( ) 0,5493 km
d) ( ) 1,4306 km
e) ( ) 0,6640 km

120

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 120 29/07/2019 16:55:33


UNIDADE 2
TÓPICO 4

OUTRAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL

1 INTRODUÇÃO
A história conta que as ferramentas matemáticas do cálculo se
desenvolveram através de estudiosos que procuravam compreender as leis que
regiam o universo, porém não dispunham de dispositivos de cálculo adequados
para tais ações. Por exemplo, quando estudamos o conceito de integral, com
certeza não realizamos a relação devida com a motivação principal de sua criação,
que é o estudo da física.

Por meio do cálculo integral podemos realizar uma série de cálculos


de elementos físicos, como o trabalho realizado por uma força, pressão e força
hidrostática. Estes aqui citados serão vistos com um pouco mais de profundidade
e com os seus devidos exemplos.

Prezado acadêmico, o convidamos a pesquisar e aprofundar as aplicações


acerca das integrais na física, pois trata-se de um campo bastante interessante
deste estudo. Deixamos como sugestão a leitura complementar desta unidade,
que trata sobre o cálculo do centro de massa de um corpo através do cálculo da
integral definida.

2 TRABALHO REALIZADO POR UMA FORÇA


Um dos principais eixos de estudo nas ciências físicas está baseado no
conceito de trabalho realizado por uma força. Quando realizamos a análise de
qualquer tipo de deslocamento, sabemos que este fenômeno se realiza pelo fato
de que estamos transferindo energia ao corpo que se desloca. Esta transferência
de energia é chamada de trabalho.

Sendo assim, é de extrema relevância o estudo das aplicações do


Cálculo Diferencial neste conceito, por ele sistematizar um processo ao qual nos
deparamos a todo momento, e, desta forma, conseguir compreendê-lo melhor.
Para tal, iniciaremos introduzindo o conceito formal de trabalho.

121

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 121 29/07/2019 16:55:33


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

2.1 CONCEITO DE TRABALHO


Em física, o conceito de trabalho está ligado a uma força quando esta gera
algum deslocamento em um corpo. Em termos numéricos, o trabalho pode ser
positivo ou negativo e é dado em Joules (J), que expressa quantos Newtons (N)
de força são necessários para deslocar o corpo ao longo de 1 metro (m).

Quando a força atua no sentido do deslocamento, o trabalho realizado


é positivo, ou seja, está acrescentando energia no corpo durante este processo.
O contrário também é válido: quando uma força atua no sentido contrário do
deslocamento, o trabalho é negativo. Assim, a força retira energia do corpo ao
longo do processo. O tipo de energia envolvida (potencial, cinética ou outra
qualquer) depende do caso em questão.

Devemos nos lembrar, caro acadêmico, de que aplicar apenas uma força
em um corpo não nos garante a existência de trabalho. Para que o trabalho exista é
necessário que haja algum deslocamento do centro de massa do corpo envolvido
na direção que a força está sendo aplicada.

2.2 DEFINIÇÃO DE TRABALHO


Para construir esta definição, inicialmente temos que imaginar uma
partícula que se desloca através de uma força constante F, neste caso onde o
movimento é retilíneo e no sentido positivo da força:

FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DA PARTÍCULA EM MOVIMENTO


F

d
FONTE: Os autores

Dizemos que o trabalho realizado pela força F sobre a partícula é dado por:

W=F·d

sendo que d é o deslocamento obtido pela partícula.

Sabemos também que se F é calculado em Newtons (N) e o deslocamento é


calculado em metros (m), a unidade padrão para o trabalho realizado é N · m (Newton-
metro), popularmente chamada de J (Joule), em homenagem ao físico James Joule.

Exemplo: Determine o trabalho realizado sobre um corpo de 20 kg por


uma distância vertical de 15 m.

122

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 122 29/07/2019 16:55:34


TÓPICO 4 | OUTRAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL

Resolução: Todos sabemos que para levantar um corpo estamos realizando


uma ação contrária à força peso (P) do corpo, contrária da gravidade. Sabemos,
pela segunda lei de Newton, que o peso é calculado por:

P = m · g.

Logo:

P = 20.10 = 200N.

Assim, o trabalho realizado para o caso em questão é:

W = F · d ⇒ W = 200 · 15 = 3000 J.

É claro que este é um exemplo bastante simples e, com certeza, trata-se


de uma força constante. Este fato nos mostra que este procedimento de calcular o
trabalho é apenas um caso particular. Vamos considerar agora que a partícula que
está se movendo sofra a ação de uma força variável, porém contínua F(x). Nossa
atenção será voltada a calcular o trabalho realizado pela força no deslocamento
que liga os pontos x = a até x = b.

Conforme já citado, pelo fato de a força ser variável não podemos utilizar
o conceito de força visto anteriormente. Iremos, então, utilizar o mesmo conceito
visto na definição de integral e particionar o intervalo em n subintervalos cujas
extremidades são a = x0, x1, x1, ..., xn. Estes subintervalos deverão possuir larguras
dadas por:

b−a
∆x = .
n

Se definirmos Wi como sendo o trabalho realizado para deslocar a partícula


no intervalo genérico [xi – 1, xi], então:

n
W = ∑Wi .
i =1

Desta forma, o problema recairá em aproximar Wi. Para este processo, iremos
escolher pontos arbitrários em cada subintervalo [xi – 1, xi], como por exemplo:

x1 ∈[ x0 , x1 ], x2 ∈ [ x1 , x2 ], x3 ∈ [ x2 , x3 ],..., xn ∈ [ xn −1 , xn ]

123

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 123 29/07/2019 16:55:34


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

e desta forma, assumiremos que a força necessária para deslocar a partícula [xi – 1,
xi] em é constante e de valor F(x1), logo:

Wi ≈ F(xl) · ∆x.

E pelo conceito visto anterior:

n
 ÿ
=W ∑
i =1
F  xi  ⋅ ∆x
 

sendo que, por fim, tornando a aproximação cada vez melhor através na noção de
limite deste somatório, recaímos no conceito de integral definida, provando que o
trabalho realizado por uma força variável é dado pela integral da função força, no
intervalo fixado pela origem e término do deslocamento realizado:

n b
 ÿ
=W lim ∑=
n →∞
i =1
F  xi  ⋅ ∆x
 
∫F ( x ) dx .
a

Exemplo: Uma partícula desenvolve movimento retilíneo através de uma


força variável dada pela função:

10
F ( x) = ,
(1 + x ) ²

para realizar o deslocamento do ponto x = 0 até x = 9. Determine o trabalho


realizado neste processo.

Resolução: Sabemos que pelo conceito de trabalho de uma força


variável, basta calcular a integral da função força ao longo do deslocamento
considerado. Logo:

9
9
10  10 
∫0 (1 + x ) ² dx =
W= −  =
 (1 + x )  0
9 J.

AUTOATIVIDADE

Note que a integral anterior foi resolvida de modo direto. Como dica,
a técnica utilizada foi a da substituição simples, com u = 1 + x. Será que você
consegue resolvê-la e chegar no mesmo resultado?

124

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 124 29/07/2019 16:55:35


TÓPICO 4 | OUTRAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL

Exemplo (Lei de Hooke): De acordo com o conceito físico, a Lei de Hooke


nos diz que a força necessária para uma mola distendida por x unidades é
proporcional ao próprio comprimento de distensão (x). Ou seja:

F=k·x

onde k é a constante de proporcionalidade conhecida como constante elástica de


uma mola.

Desta forma, supondo que 2 J de trabalho foram necessários para


estender uma mola de 30 cm para 42 cm de comprimento, determinar o trabalho
necessário para estender uma mola com as mesmas características de 5 cm para
10 cm de comprimento.

Resolução: Utilizando o conceito de trabalho e adaptando à força variável


para a Lei de Hooke, a fórmula deste modo é:

0,10
W
= ∫ k ⋅ x dx
0,05

pois, 5 cm = 0,05m e 10 cm = 0,10 m.



Sabendo ainda que k é uma constante e integrando deste modo, com
relação a x temos:

0,10 0,10
 kx ² 
W= ∫ k ⋅ x dx=   = 375 ⋅ k ⋅10−5 J .
0,05  2  0,05

O próximo passo é a determinação da constante elástica k para poder


responder ao exemplo. Para tal, utilizaremos a primeira informação dada em que
o deslocamento da mola é de 30 cm para 42 cm (isto é, o mesmo que de 0 até 12
cm, pois 30 cm é o comprimento natural da mola). Logo:

0,12 0,12
 kx 2  1
2= ∫0 k ⋅ x dx ⋅ 2 = 
 2 0
 ⋅k =
36
⋅104 .

E finalizando:

1
W = 375 ⋅ ⋅104 ⋅10−5 J ≈ 1, 04 J .
36

125

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 125 29/07/2019 16:55:35


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

3 PRESSÃO E FORÇA HIDROSTÁTICA


Estudaremos a seguir uma aplicação muito importante do conceito da
integral definida em aspectos físicos. Este conceito está ligado à força exercida
através da pressão da água. Verificaremos que a ideia de integral permanece
intrínseca a este processo.

3.1 DEFINIÇÃO DE PRESSÃO


Dada uma força de intensidade F, sendo que esta é aplicada em uma área
de superfície medindo A, então dizemos que a pressão exercida é dada por:

F
P= .
A

3.2 DEFINIÇÃO DE FORÇA HIDROSTÁTICA


Devemos supor, neste momento, que uma placa fina de área A m² esteja
submersa em um fluido que possui densidade p kg/m³. Esta placa se encontrará a
uma profundidade d m abaixo da superfície. Sabemos, pelo conceito de volume,
que o fluido diretamente acima da placa possui volume igual a:

V = A · d.

E sabendo que sua massa pode ser dada por:

m = p · V.

Realizando as devidas substituições, temos que:

m = p · A · d.

Sabendo que o peso (força da coluna de fluido) é dado por F = m · g


temos que:

F = p · g · A · d.

Logo, retornando ao conceito de pressão, temos que:

F ρ ⋅ g ⋅ A⋅ d
P= = = ρ ⋅ g ⋅ d.
A A

126

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 126 29/07/2019 16:55:36


TÓPICO 4 | OUTRAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL

Este resultado nos ajudará a determinar a força hidrostática em uma placa


vertical, ou ainda paredes (barragens) de fluidos. Basta imaginar que a ideia de
distância para cálculo da força se dá em duas dimensões. Note na figura a seguir
que uma placa possui uma largura variável w(x) e uma profundidade variável
h(x). Logo, podemos supor que d = w(x).h(x):

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DA PLACA SUBMERSA

a
h(x)

w(x)
x

FONTE: Stewart (2008, p. 302)

Definimos a força hidrostática com a mesma ideia da integral definida,


como sendo:

b
F= ∫ρ ⋅ g ⋅ h ( x ) ⋅ w ( x ) dx
a

em que os extremos a e b são os marcos das profundidades superior e inferior


da placa.

Exemplo: A face de uma barragem é um retângulo perfeito com altura de


100 metros e extensão de 200 metros. Determine a força total que um fluido de
densidade 62,4 kg/m³ exerce no ponto mais alto da barragem.

Resolução: Imaginando um sistema de coordenadas, conforme a figura a


seguir, sendo que a origem é a superfície do fluido, temos:

127

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 127 29/07/2019 16:55:36


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DO EXEMPLO


0
h(x)
x w(x) = 20
0

100

FONTE: STEWART (2008, p.356)

Em um ponto x qualquer, teremos extensão w(x) = 200 m e profundidade


variável h(x) = x. Logo:

100 100
F
= ∫ 62, 4 ⋅10 ⋅ x ⋅ 200=
0
dx ∫ 12480 x dx.
0

E seguindo:

100 100
12480 x 2 
∫0
12480 ⋅ = x dx 
 2
= 
0
62.400.000 kgf .

Exemplo: Uma chapa com formato representado por um triângulo isósceles


possui base de 10 m e altura de 4 m. Esta chapa é imersa a uma profundidade
de 3 m, conforme mostra a figura. O fluido é óleo com densidade de 30 kg/m³.
Determine a força hidrostática sobre esta chapa.

FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO DO EXEMPLO

4 pés

4 pés

10 pés

FONTE: STEWART (2008, p.357)

Resolução: Introduzindo um sistema de coordenadas, teremos:

128

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 128 29/07/2019 16:55:37


TÓPICO 4 | OUTRAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL

FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DO EXEMPLO

h(x) = 3 + x 0

x
4
10

FONTE: STEWART (2008, p.357)

Utilizando a semelhança de triângulos para determinar a variação de


w(x), temos:

w( x) x 5
=⋅w ( x ) =x .
10 4 2

Logo:

4 4
5 
F= ∫0 30 ⋅10 ⋅ ( 3 + x ) ⋅  2 x  dx = ∫ ( 225 x + 75 x² ) dx.
0

E seguindo:

∫ ( 225 x + 75 x² ) dx =
0
3400 kgf .

129

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UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

LEITURA COMPLEMENTAR

APLICAÇÕES DO CÁLCULO INTEGRAL – CENTRO DE MASSA

Gabriela Alves

No cotidiano, mesmo que não percebamos, encontramos situações


envolvendo o centro de massa dos objetos. Ao arrumar a carga de um caminhão,
por exemplo, a mesma precisa estar com o seu centro de massa alinhado com
o eixo central do Caminhão, caso contrário, se for uma carga muito pesada, a
mesma contribuirá para um possível acidente. Observe as duas situações a seguir:

CENTRO DE MASSA
DA CARGA
CENTRO DE MASSA
DA CARGA

FIGURA 1 FIGURA 2

Na Figura 1 temos um exemplo de uma carga mal distribuída, já na Figura


2 a carga está com o seu centro de massa sobre o eixo de alinhamento central
do caminhão. Na primeira situação, se o motorista executar uma curva para a
esquerda, a força centrífuga fará com que a carga saia de sua trajetória fazendo
com o que o caminhão tombe para a esquerda.

Se temos uma região delimitada por duas curvas, o centroide desta região,
ou o seu centro de massa terá sua coordenada expressa por:

1 b
A ∫a
=x x[ f ( x) − g ( x)]dx

1 b
=y
2A ∫a
x[ f 2 ( x) − g 2 ( x)]dx

130

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 130 29/07/2019 16:55:38


TÓPICO 4 | OUTRAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL

Para objetos com distribuição de massa homogênea, o seu centro de massa


corresponderá ao seu centro de simetria. Porém, quando a distribuição da massa
do corpo não for homogênea, o seu centro de massa dependerá da densidade do
corpo em questão e do seu momento de massa.

Vamos considerar como k sendo a densidade do corpo, e (Mx, My) o


momento de massa, que será definido por:

Momento de massa em y:

b
My = k ∫ xf ( x) dx
a

Momento de massa em x:

k b
Mx =
2 ∫a
[ f ( x)]2 dx

E a massa total M como sendo:

b
M = k ∫ f ( x) dx
a

O centro de massa do corpo terá coordenada em (x, y), em que:

My Mx
x= y=
M e M
b
k ∫ xf ( x) dx
x= a
b
k ∫ f ( x) dx
a

k b
∫a [ f ( x)] dx
2

y= 2
b
k ∫ f ( x) dx
a

131

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 131 29/07/2019 16:55:38


UNIDADE 2 | INTEGRAIS, ÁREA E VOLUME

O cálculo do centro de massa é essencial, tanto para situações mais simples,


como a fabricação de bandejas. Porém, na construção civil, por exemplo, saber
o centro de massa dos projetos a serem desenvolvidos é de suma importância.
Em lugares como Japão, terremotos acontecem com uma certa frequência e os
prédios precisam ser resistentes a situações como esta, pois uma força externa
pode mudar o centro de massa de lugar, o provocaria o desequilíbrio de um
edifício, para isso, os prédios são construídos com certos “artifícios” para manter
este equilíbrio. Um exemplo disso é o uso de um sistema de massa compensatória
que se movimenta na estrutura, para compensar a mudança do centro de massa.

Como exemplo, vamos encontrar o centro de massa da área delimitada


pelos gráficos da função f(x) = x e g(x) = x².

x
x2
x

FIGURA 3

Primeiro, devemos encontrar a área da figura, sabemos que a mesma


é limitada superiormente pela função f e inferiormente pela função g. E
compreendida no intervalo 0 ≤ x ≤ 1.

Então agora basta montar a integral:

1
∫ | x−x
2
A
= | dx
0

x 2 x3
A
= −
2 3
1 1 1
A= − =
2 3 6

132

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 132 29/07/2019 16:55:39


TÓPICO 4 | OUTRAS APLICAÇÕES DA INTEGRAL

Vamos agora encontrar o centro de massa:

1 1 1
x=
1 ∫0
x[ x − x 2 ] dx = 6 ∫ ( x 2 − x 2 ) dx
0

6
 x3 x 4  3 3x 4
x =6  −  = 2 x −
 3 4  2
3(1) 4 3 1
x = 2(1)3 − =2 − =
2 2 2
1 1 1
∫ [x 3∫ ( x 2 − x 4 ) dx
2
y= − ( x 2 ) 2 ]dx =
1 0 0
2
6
 x3 x5  3x5
y =3  −  =x 2 −
 3 5 5
3(1)5 3 2
y =13 − =1 − =
5 5 5

As coordenadas no centro de massa correspondem ao ponto


1
2
, 25 .

FONTE: ALVES, Gabriela. Aplicações do Cálculo Diferencial e Integral. Trabalho de Conclusão


de Curso. UESB: Salvador, 2016. p. 30. Disponível em: http://www2.uesb.br/cursos/matematica/
matematicavca/wp-content/uploads/monografia.-Gabriela-Alves-Vers%C3%A3o-Final.pdf. Acesso
em: 20/03/2019.

133

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RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

● O trabalho realizado pela força F constante sobre a partícula dada é dado por:

W = F · d.

● O trabalho realizado pela força F(x) variável sobre a partícula dada é dado por:

∫F ( x ) dx .
a

● A força hidrostática sobre uma superfície rígida é dada por:

b
F= ∫ρ ⋅ g ⋅ h ( x ) ⋅ w ( x ) dx.
a

em que os extremos a e b são os marcos das profundidades superior e


inferior da placa.

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AUTOATIVIDADE

1 Determine o trabalho realizado sobre um corpo de 50 kg por uma distância


vertical de 12 m.

2 Uma partícula desenvolve movimento retilíneo através de uma força


variável dada pela função:

F(x) = ex³ · ­x2,

para realizar o deslocamento do ponto x = 0 até x = 5. Determine o trabalho


realizado neste processo.

3 Supondo que 5 J de trabalho foram necessários para estender uma mola de


20 cm de comprimento para 36 cm de comprimento, determine o trabalho
necessário para estender uma mola com as mesmas características de 15 cm
para 30 cm de comprimento.

4 A face de uma barragem é um retângulo perfeito com altura de 50 metros e


extensão de 60 metros. Determine a força total que um fluido de densidade
31,2 kg/m³ exerce no ponto mais alto da barragem.

5 Uma chapa com formato representado por um triângulo isósceles possui


base de 15 m e altura de 6 m. Esta chapa é imersa a uma profundidade
de 2 m. O fluido é óleo com densidade de 20 kg/m³. Determine a força
hidrostática sobre esta chapa.

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136

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UNIDADE 3

FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• definir funções de várias variáveis;

• definir e calcular o limite de funções de várias variáveis;

• verificar a continuidade de funções de várias variáveis;

• definir e calcular derivadas parciais;

• apresentar aplicação para as funções de várias variáveis.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL

TÓPICO 2 – LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS


VARIÁVEIS

TÓPICO 3 – DERIVADAS PARCIAIS

TÓPICO 4 – APLICAÇÕES

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138

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UNIDADE 3
TÓPICO 1

FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico estudaremos as funções de várias variáveis reais a valores
reais, ou seja, o domínio da função vai estar contido em ℝn com n ≥ 2 e a imagem
vai estar contida em ℝ. Em geral, os estudos físicos, químicos e econômicos são
modelados por funções de duas ou mais variáveis, por isso o estudo dessas
funções é importante.

O objetivo deste tópico é introduzir o conceito de funções de várias


variáveis, apresentando suas principais características e enfatizando a diferença
entre funções de uma variável e de várias variáveis.

Você perceberá, acadêmico, que em geral trabalharemos com funções de


duas variáveis, pois seu gráfico será representado em um espaço de três dimensões.
Para as funções de mais de três variáveis não conseguimos ter uma visualização
geométrica, já que sua representação seria num espaço de quatro ou mais dimensões.

2 FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS REAIS


Antes de definirmos uma função de várias variáveis, vamos relembrar a
definição de uma função de uma variável real. Uma função f é uma relação que
associa todo número real x ϵ D ℝ a um número real y de maneira única:

FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA DEFINIÇÃO DE FUNÇÃO

x ℝ y
D
FONTE: Os autores

139

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UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Notação:

f: D → ℝ
x → y = f(x).

O gráfico de uma função de uma variável está contido em ℝ2, já que temos
uma dimensão do domínio e uma dimensão da imagem. Por exemplo: a função
f(x) = x2 tem como domínio o conjunto D = ℝ e a imagem o conjunto Im(f) = [0, ∞)
ℝ, e seu gráfico é uma parábola com concavidade voltada para cima. O gráfico
de uma função pode ser expresso por um conjunto, assim:

Grafico(f) = {(x,y) ϵ ℝ2; y – x2}

ou representado graficamente da seguinte maneira:

GRÁFICO 1 – GRÁFICO DA FUNÇÃO f(x) = x2


y
5

–2 –1 0 1 2 3 x

FONTE: Os autores

Para funções de duas variáveis reais temos que o seu domínio está contido
em ℝ2, mas sua imagem ainda continua em ℝ. Uma função f de duas variáveis
reais é uma relação que associa todo par ordenado (x, y) ϵ D ℝ2 a um número
real z de maneira única:

f: D → ℝ
(x, y) → z = f(x, y).

140

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 140 29/07/2019 16:55:39


TÓPICO 1 | FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL

GRÁFICO 2 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA DEFINIÇÃO DE UMA FUNÇÃO


DE DUAS VARIÁVEIS REAIS

f
D (x, y)

ℝ z = f(x, y) ℝ

FONTE: Os autores

Um exemplo de função de duas variáveis pode se dar deste modo:

x + y2
f ( x, y ) = .
x+2

Podemos observar, acadêmico, que essa função tem duas variáveis: x e


y. Para determinar o domínio da função, precisamos avaliar a função em alguns
pontos para entender melhor seu comportamento. Se avaliarmos a função no
ponto (0, 0), teremos:

0 + 02 0
f ( 0, 0 =
) = = 0.
0+2 2

Agora, se avaliarmos a função no ponto (–2, 3), temos que:

−2 + 32 7
f ( −2,3=
) = .
−2 + 2 0

No primeiro caso, a função é bem-comportada no ponto. Já no segundo


caso, como não podemos dividir por 0, concluímos que o ponto (–2, 3) não pode
estar no domínio da função f. Ainda, podemos verificar que todo ponto da forma
(–2, y) para todo y ϵ ℝ não pode estar no domínio da função f.

Você já deve ter percebido que para determinar o domínio de uma função
de duas variáveis procedemos da mesma maneira que para funções de uma
variável: observamos onde a função tem problema e retiramos esses pontos. Na
função anterior, o problema é a divisão por 0, logo, temos que ter:

x+2≠0
x ≠ –2

141

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UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

e o domínio da função é o conjunto de todos os pontos de ℝ2 tal que x ≠ –2, ou seja:

= Dom ( f =
D ) {( x, y ) ∈  ; ∃f ( x, y )}
2

=D ( f ) {( x, y ) ∈  ; x ≠ −2} .
Dom= 2

x + y²
Graficamente, o domínio da função f(x, y) = x + 2 são todos os pontos de ℝ2,
exceto os pontos da forma (–2, y) ou seja, os pontos que estão sobre a reta x = –2.

x + y²
GRÁFICO 3 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO DOMÍNIO DA FUNÇÃO f(x, y) = x+2

2
Dom(f)
1

–1 0 1 2 3 x

–1

FONTE: Os autores

Já a imagem é um subconjunto de ℝ dado por:

Im ( f ) = { f ( x, y ) ∈ ; ( x, y ) ∈ Dom ( f )}
 x + y2 
Im
= ( ) 
f ∈ ; x ≠ −2  .
 x+2 

O gráfico de uma função de duas variáveis reais é o subconjunto de ℝ3:

G ( f=
) {( x, y, z ) ∈  ;=z f ( x, y ) com ( x, y ) ∈ Dom ( f )}
3

 x + y2 
G ( f ) ( x, y, z ) =
= ∈ 3 ; z com x ≠ −2  .
 x+2 

142

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TÓPICO 1 | FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL

A representação gráfica da função f é mostrada na figura a seguir:

x + y²
GRÁFICO 4 – GRÁFICO DA FUNÇÃO f(x, y) = x+2

FONTE: Os autores

Observe que, como o domínio da função é quase todo o plano de ℝ2, o


gráfico da função f parece contínuo, mas toda vez que x = –2, o gráfico não está
definido. No gráfico isso fica representado por duas retas brancas.

NOTA

Nem sempre é fácil saber o gráfico de uma função de duas variáveis. Use o
software Geogebra 3D para fazer as representações gráficas das funções. Você pode usar a
versão on-line acessando: <https://www.geogebra.org/3d?lang=pt.>.

As funções bem-comportadas, como as funções polinomiais, têm como


domínio todos os pares ordenados (x, y) ϵ ℝ2. Portanto, se:

p ( x, y ) = ∑a mn xm y n
m + n≤k

143

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 143 29/07/2019 16:55:40


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

é um polinômio de grau k, então:

Dom ( p ) =  2 .

Apresentaremos a seguir mais alguns exemplos e situações que podem


surgir quando estamos determinando o domínio de uma função de várias variáveis.

● Exemplo:

Determine e represente graficamente o domínio da função:

f ( x, y ) = y + x + 2 − y.

Resolução: Agora temos uma função com duas raízes. Lembre-se


de que não podemos calcular raiz quadrada de números negativos. Então,
obrigatoriamente precisamos que:

y+x≥0 e 2 – y ≥ 0.

Como y + x ≥ 0, então y ≥ –x. E como 2 – y ≥ 0, então y ≤ 2. Juntando as duas


desigualdades temos:

–x ≤ y ≤ 2.

Portanto, o domínio da função é:

Dom (=
f) {( x, y ) ∈ ;− x ≤ y ≤ 2}.

GRÁFICO 5 – DOMÍNIO DA FUNÇÃO f(x ,y) = √y + x + √2 – y


y
3

–3 –2 –1 0 1 2 x

–1

FONTE: Os autores

144

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TÓPICO 1 | FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL

● Exemplo:

Determine e represente graficamente o domínio da função:

2
f ( x, y ) = .
2 y − 4x2

Resolução: Uma situação similar ao exemplo anterior, em que não


podemos calcular raiz quadrada de números negativos e não podemos ter divisão
por zero, logo é necessário que:

2y – 4x2 > 0
2y > 4x2
y > 2x2.

Portanto, o domínio da função é:

Dom ( f )= {( x, y ) ∈ ; y > 2 x }. 2

2
GRÁFICO 6 – DOMÍNIO DA FUNÇÃO f(x, y) =
√2y – 4x²
y

–2 –1 0 1 2 x

FONTE: Os autores

145

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 145 29/07/2019 16:55:40


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

ATENCAO

Até agora estudamos os seguintes casos:

● Se a função é da forma f = , então é necessário que h ≠ 0.

● Se a função é da forma f = para n, então é necessário que g ≥ 0.

● Se a função é da forma f = para n, então é necessário que g > 0.

Um caso especial de função de várias variáveis reais é a função homogênea.


Se f é uma função definida de f: D → ℝ e satisfaz à seguinte relação:

f ( λ x, λ y ) = λ k f ( x, y )

Então dizemos que a função f é homogênea de grau k.

ATENCAO

Acadêmico, fique atento a esta propriedade de homogeneidade que vale para


funções com mais de duas variáveis reais.

● Exemplo:

Verifique se é homogênea e determine o grau de homogeneidade das


funções a seguir:

a) f(x,y) = 2x3 + 4xy2 + 3x2y

Resolução: Vamos verificar se vale a propriedade:

f (λ x, λ y ) =
2(λ x)3 + 4(λ x)(λ y ) 2 + 3(λ x) 2 (λ y )
=2λ 3 x3 + 4λ 3 xy 2 + 3λ 3 x 2 y
= λ 3 (2 x3 + 4 xy 2 + 3 x 2 y )
= λ 3 f ( x, y ).

146

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 146 29/07/2019 16:55:40


TÓPICO 1 | FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL

Concluímos que a função é homogênea de grau 3.

x 2 + xy
b) f ( x, y ) =
x− y
Resolução: Vamos verificar se vale a propriedade:

(λ x) 2 + (λ x)(λ y )
f (λ x, λ y ) =
λx − λ y
λ 2 x 2 + λ 2 xy
=
λ ( x − y)
λ 2 ( x 2 + xy )
=
λ ( x − y)
= λ f ( x, y ).

Concluímos que a função é homogênea de grau 3.

c) f(x,y) = 3x3 + 2y

Resolução: Vamos verificar se vale a propriedade:

f (λ x=
, λ y ) 3(λ x)3 + 2(λ y )
= 3λ 3 x3 + 2λ y.

Concluímos que a função não é homogênea.

3 CURVAS DE NÍVEL DE FUNÇÕES DE DUAS VÁRIAVEIS REAIS


Uma das principais motivações para estudarmos funções de duas variáveis
é que seu gráfico se encontra em três dimensões, e, como o nosso mundo está em
três dimensões, a maioria dos fenômenos podem ser representados como funções
de duas variáveis.

Uma aplicação muito interessante sobre funções de duas variáveis está na


geografia. Todo relevo pode ser representado por uma função de duas variáveis
(mesmo que a função seja bem exótica). Uma propriedade interessante nesta
área é saber as curvas de nível de um terreno. Essas curvas de nível mostram as
variações de altitude do relevo. São linhas imaginárias e todos os pontos dessa
linha estão a mesma altitude, como você pode observar na figura a seguir:

147

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 147 29/07/2019 16:55:40


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

FIGURA 2 – CURVAS DE NÍVEL DE UMA MONTANHA

FONTE: <https://geografalando.blogspot.com/2013/03/cartografia-escala-e-curvas-de-
nivel.html>. Acesso em: 28 nov. 2018.

Na figura anterior temos duas imagens: uma montanha, onde foram


traçadas linhas imaginárias na altitude de 20, 40, 60, 80, 100, 120 e 160 metros e
a planificação das curvas de nível (representação no espaço de duas dimensões),
que é chamado de mapa topográfico. Com o auxílio de cores, quando um geógrafo
ler o mapa topográfico, saberá que nessa região terá uma montanha.

Outra situação em que as curvas de nível são usadas é na meteorologia,


em que é possível determinar a variação de calor ou determinar a chuva. Podemos
usar curvas de nível em muitas outras áreas. Convencidos da importância do
estudo das curvas de nível, vamos defini-las.

● Definição 1:

Seja z = f(x,y) uma função e c ϵ Im(f) o conjunto de todos os pontos (x, y) ϵ


Dom(f), em que a função:

f(x, y) = c

é chamada de curva de nível de f e corresponde ao nível z = c.

Na sequência, apresentaremos alguns exemplos de diferentes curvas de nível


que podemos encontrar. Trabalharemos com funções bem-comportadas e, portanto,
suas curvas de nível também serão. Em situações reais, as funções em geral são mais
elaboradas, podendo até ser definidas por mais de uma sentença, isso faz com que
as curvas de nível também sejam mais elaboradas, como vimos na Figura 3.

● Exemplo:

Encontre as curvas de nível das funções a seguir:

f(x, y) = 5 – x – y.

148

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 148 29/07/2019 16:55:40


TÓPICO 1 | FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL

Resolução: Para determinar as curvas de nível devemos igualar a função


a valores c escolhidos.

Para c = 0, temos:

f(x, y) = 0
5–x–x=0
y=5–x

Essa curva de nível é uma reta.

Para c = 2 temos:

f(x, y) = 2
5–x–y=2
y=3–x

Essa curva de nível é uma reta.

Note que, para qualquer c que colocarmos, a curva de nível sempre será
uma reta, já que o valor de c não altera nem o x e nem y:

f(x, y) = c
5–x–y=c
y = 5 – c – x.

A representação gráfica das curvas de nível é dada pelo seguinte gráfico:

GRÁFICO 7 – CURVAS DE NÍVEL DA FUNÇÃO f(x, y) = 5 – x – y

7 y

3
c=0
2
c=2
1
c=4

–2 –1 0 1 2 3 4 5 x
–1

FONTE: Os autores

149

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 149 29/07/2019 16:55:40


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

No gráfico representamos apenas três curvas de nível, mas podemos


representar tantas quantas forem necessárias para ter uma visualização melhor
do sólido. Note que, mesmo alterando o valor de c, a curva de nível continua
sendo uma reta. Podemos concluir, assim, que o gráfico dessa função é bem-
comportado e não varia com a altura z. O gráfico da função f(x, y) = 5 – x – y é um
plano, como podemos verificar no gráfico a seguir.

GRÁFICO 8 – GRÁFICO DA FUNÇÃO f(x, y) = 5 – x – y

FONTE: Os autores

Agora que conhecemos o gráfico da função, fica claro que a única


possibilidade para curvas de nível são retas, porém é importante fazermos o
exercício contrário: olhar as curvas de nível e tentar visualizar o gráfico da função.

● Exemplo:

Encontre as curvas de nível das funções a seguir:

f(x, y) = √x2 + y2 – 8.

Resolução: Para determinar as curvas de nível devemos igualar a função


a valores c escolhidos.

Para c = 1 temos:

f ( x, y ) = 1
x2 + y 2 − 8 =
1
x2 + y 2 − 8 =
1
x2 + y 2 =
9

150

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 150 29/07/2019 16:55:41


TÓPICO 1 | FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL

Essa curva de nível é uma circunferência centrada em (0, 0) e raio 3.

Para c = 4 temos:

f ( x, y ) = 4
x2 + y 2 − 8 =4
x2 + y 2 − 8 =
16
x2 + y 2 =
24

Essa curva de nível é uma circunferência centrada em (0,0) e raio √24.

Note que, para qualquer c que colocarmos, a curva de nível sempre será
uma circunferência centrada em (0,0), a única diferença será o raio, que mudará
conforme o valor de c:

f ( x, y ) = c
x2 + y 2 − 8 =c
x2 + y 2 − 8 =c2
x2 + y 2 = c2 + 8

A representação gráfica das curvas de nível é dada pelo seguinte gráfico:

GRÁFICO 9 – CURVAS DE NÍVEL DA FUNÇÃO f(x, y) = √x2 + y2 – 8

6
5
c=4
4

3
c=1
2

–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 x
–1 y

–2
–3

–4

–5

FONTE: Os autores

151

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 151 29/07/2019 16:55:41


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

● Exemplo:

Encontre as curvas de nível das funções a seguir:

f(x, y) = x2 – y2

Resolução: Para determinar as curvas de nível devemos igualar a função


a valores c escolhidos.

Para c = 0 temos:

f ( x, y ) = 0
x2 − y 2 =
0
x2 = y 2

Nesse caso, temos y = x ou y = –x, ou seja, a curva de nível são duas retas
passando pela origem.

Para c = 9 temos:

f ( x, y ) = 9
x2 − y 2 =
0
x2 y 2
− 1
=
9 9

Essa curva de nível é uma hipérbole centrada em (0,0) com vértices em


(±3,0) e (0,±3).

Note que, para qualquer c > 0, as curvas de nível serão hipérboles centradas
em (0,0). A única diferença serão seus vértices, que mudam conforme o valor de c:

f ( x, y ) = c
x2 − y 2 =
c
x2 y 2
− 1
=
c c

A representação gráfica das curvas de nível é dada pelo gráfico a seguir:

152

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 152 29/07/2019 16:55:41


TÓPICO 1 | FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL

GRÁFICO 10 – CURVAS DE NÍVEL DA FUNÇÃO f(x, y) = x2 – y2

c=0
1
c = 16
c=9

–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 x

–1

–2

FONTE: Os autores

E
IMPORTANT

É importante frisar aqui que as curvas de nível podem ser qualquer curva que já
estudamos, como retas, polinômios, parábolas, circunferências, hipérboles, elipses etc.

4 FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS REAIS


Uma função f de n ≥ 3 variáveis reais é uma relação que associa todo ponto
(x1, x2, ..., xn) ϵ D ℝn a um número real z de maneira única:

f: D → ℝ
(x1, x2, ..., xn) → z = f(x1, x2, ..., xn).

Considere o exemplo a seguir, que foi retirado do livro Cálculo A, B e


C das professoras Diva Marília Flemming e Mirian Buss Gonçalves. O circuito
tem cinco resistores e a corrente desse circuito é uma função que depende das
resistências Ri (i = 1, 2, 3, 4, 5), ou seja:

E
I ( R1 , R2 , R3 , R4 , R5 ) =
R1 + R2 + R3 + R4 + R5

com I é a corrente e E é a tensão da fonte.

153

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UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

FIGURA 3 – CIRCUITO
R1 R2 R3

E R4 R5
FONTE: Flemming e Gonçalves, (2007, p. 76)

No exemplo anterior temos uma função I que depende de cinco variáveis.


Quanto mais resistores o circuito tiver, mais variáveis serão necessárias para
determinar a corrente do circuito.

Enfatizamos aqui que a representação gráfica dessas funções não é mais


possível, apenas podemos ainda representar graficamente o domínio de funções
de três variáveis.

● Exemplo:

Encontre o domínio da função:

f ( x, y, z ) = − x 2 − y 2 − z 2 + 4.

Resolução: Neste caso, precisamos que – x2 – y2 – z2 + 4 ≥ 0.

Ou, ainda:

x2 + y2 + z2 ≤ 4.

O domínio dessa função são todos os pontos de ℝ3 dentro da bola de raio


2 e centro (0,0,0).

154

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 154 29/07/2019 16:55:41


TÓPICO 1 | FUNÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL

GRÁFICO 11 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO DOMÍNIO DA FUNÇÃO f

FONTE: Os autores

Em relação às curvas de nível, quando estamos com uma função de três


variáveis chamamos de superfícies de nível e as calculamos da mesma maneira,
considerando a função:

f ( x, y , z ) = − x 2 − y 2 − z 2 + 4

Para determinar as curvas de nível temos que igualar a função a valores


reais c

Para c = 0 temos que:

f ( x, y , z ) = c
− x2 − y 2 − z 2 + 4 =
0
x2 + y 2 + z 2 =
4.

Ou seja, a superfície de nível é a casca esférica de raio 2 e centro (0,0,0).

Para c = 1 temos que:

f ( x, y , z ) = c
− x2 − y 2 − z 2 + 4 =
1
x2 + y 2 + z 2 =
3.

155

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 155 29/07/2019 16:55:41


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Ou seja, a superfície de nível é a casca esférica de raio √3 e centro (0,0,0).

Para c = 2 temos que:

f ( x, y , z ) = c
− x2 − y 2 − z 2 + 4 =2
x2 + y 2 + z 2 =
0.

Ou seja, a superfície de nível é o ponto (0,0,0).

Para funções de mais variáveis é possível ainda determinar o domínio e


calcular as curvas de nível, seguindo a mesma ideia apresentada anteriormente,
porém não conseguimos representar graficamente.

156

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RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

● Uma função de duas variáveis reais é definida por:

f: D → ℝ
(x, y) → z = f(x, y).

f
D (x, y)

ℝ z = f(x, y) ℝ

● O domínio de uma função de duas variáveis é:

= Dom ( f =
D ) {( x, y ) ∈  ; ∃f ( x, y )}.
2

● O domínio de uma função de duas variáveis é:

Im ( f ) = { f ( x, y ) ∈ ; ( x, y ) ∈ Dom ( f )}.
● O gráfico de uma função de duas variáveis é:

G ( f=
) {( x, y, z ) ∈  ;=z f ( x, y ) com ( x, y ) ∈ Dom ( f )}.
3

● A curva de nível de uma função z = f(x, y) correspondente ao nível z = c é o


conjunto de todos os pontos (x, y) ϵ Dom(f) em que a função f(x, y) = c.

157

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 157 29/07/2019 16:55:41


AUTOATIVIDADE

1 Considerando a função f(x, y) = 4x2 + 3xy + 5, calcule:

a) f ( 2, −1)

b) f ( 4, 2 )

c) f ( 2, x )

f ( x + h, y ) − f ( x, y )
d)
h
e) f ( x, y + k ) − f ( x, y )
k

2 Represente graficamente o domínio das funções a seguir:

4 y − 3x
a) f ( x, y ) =
x + 2 y2 − 4 2

3x
b) f ( x, y ) =
2x + 4 y
1
c) f ( x, y ) =
x+ y+4

d) f ( x, y=
) x − 2 y2

e) f ( x=
, y ) ln 2 x 2 + 5 − y ( )
f) f ( x, y, z )= x2 + y 2 + z 2 − 9

3 Verifique se são homogêneas e determine o grau de homogeneidade das


funções abaixo:

a) f ( x, y ) = x + y − 9
2 2

4 x5 + y 3 x 2
b) f ( x, y ) =
x2 + y 2
2 xy 5 − 3 x3 y 3
c) f ( x, y ) =
3 xy

158

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 158 29/07/2019 16:55:42


4 Suponha que uma função f: ℝ2 → ℝ é homogênea de grau 2 e que vale a
seguinte igualdade:

f(a,b) = a

Para todo ponto (a,b) que satisfaz a2 + b2 = 1. Assinale qual é a única sentença
que podemos afirmar ser verdadeira:

a) ( ) f(1,1) = 1
b) ( ) f(0,3) = 0
c) ( ) f(1,0) = 1
d) ( ) f(2,0) = 2
e) ( ) f(1,3) = 1

5 Determine o domínio e as curvas de nível das funções abaixo:

a) f(x,y) = 1 – x2 – y2
b) f(x,y) = √4 – x2 – 4y2
c) f(x,y) = x + y + 2
d) f(x,y) = x + 4y
e) f(x,y) = x2

6 Determine o domínio das funções abaixo, faça a representação gráfica


utilizando algum software e determine a superfície de nível para c = 0 e c = 1:

a) f(x,y,z) = √1 – x2 – y2 – z2
b) f(x,y,z) = x
c) f(x,y,z) = In(x2 + y2 + z2)
d) f(x,y,z) = 4x2 + y2 + z2

7 Suponha que a distribuição de temperatura numa placa é dada pela função:

T (x,y) = 4x2 + 9y2.

No caso das curvas de nível de uma função temperatura, essas curvas


são chamadas de isometrias, ou seja, regiões da placa que têm a mesma
temperatura. Qual das afirmações abaixo está INCORRETA?

a) ( ) A isometria correspondente à temperatura igual a 36°C é a elipse


x² x²
+ = 1.
9 4
b) ( ) Todas as isometrias são circunferências de centro (0,0,0).
c) ( ) Nenhuma das isometrias se interceptam.
d) ( ) Todas as isometrias são elipses de centro em (0,0,0).

159

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 159 29/07/2019 16:55:42


8 Um paraboloide é uma superfície que é determinada por duas variáveis. Um
dos casos particulares de paraboloides é quando em uma direção (x ou y ou z)
suas curvas de nível são circunferências, neste caso chamamos de paraboloide
circular. Determine qual função determina o paraboloide a seguir:

FIGURA – PARABOLOIDE DE RAIO 3


z
4

3 y

x
FONTE: Flemming e Gonçalves, (2007, p. 87)

4 2
a) ( ) f ( x=
, y)
9
(x + y2 )
4
b) ( ) f ( x, y ) =
− x2 + y 2
9
( )
4 2
c) ( ) f ( x, y ) =
4−
9
(
x + y2 )
4 2
d) ( ) f ( x, y ) =
4+
9
(
x + y2 )

160

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UNIDADE 3
TÓPICO 2

LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estenderemos a definição de limite e continuidade de
funções de uma variável real para limite e continuidade de funções de várias
variáveis reais. Apresentaremos o conceito para funções de duas variáveis reais,
sendo que, a partir disso, ao conhecermos as definições e o modo de operar com
funções de duas variáveis, o processo de trabalhar com funções de mais de duas
variáveis será elementar.

Iniciaremos definindo algumas noções topológicas como distância,


vizinhança e ponto de acumulação, para então definirmos o limite de funções de
duas variáveis. Apresentaremos também vários exemplos das possíveis situações
que podem aparecer quando trabalhamos com funções de várias variáveis.

A maioria dos teoremas e proposições será análoga ao que já


trabalhamos para funções de uma variável, por isso não iremos apresentar as
demonstrações. Você, acadêmico, que sentir necessidade ou curiosidade de
ampliar e aperfeiçoar seu conhecimento, poderá consultar essas demonstrações
nos livros deixados como referência.

2 LIMITE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS


Lembre-se de que, dados dois pontos, u = (x1, ..., xn) e v = (y1, ..., yn) em
ℝn, a distância entre esses dois pontos é dada pela norma diferença entre os
pontos, ou seja:

( x1 − y1 ) +  + ( xn − yn ) .
2 2
|| u − v =||

Quando estamos com n = 2, temos que (x1, y1) e (x2,y2):

|| ( x1 , y1 ) − ( x2 , y2 ) ||= ( x1 − x2 ) + ( y1 − y2 )
2 2
.

161

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 161 29/07/2019 16:55:42


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

NOTA

Observe que a norma dos vetores é calculada fazendo a diferença do termo


que está na primeira entrada do primeiro vetor com o termo que está na primeira entrada do
segundo vetor, e assim por diante. Cada entrada de um vetor só se relaciona com a entrada
correspondente do outro vetor.

A primeira definição importante é a de vizinhança. A bola aberta de raio


r > 0e centro (x0, y0), dada pelo conjunto:

{
V =( x, y ) ∈  2 ;|| ( x, y ) − ( x0 , y 0 ) ||< r }
é uma vizinhança para o ponto (x0, y0) Para cada valor de r temos uma nova
vizinhança.

Assim, podemos dizer que o ponto (x0, y0) é um ponto de acumulação de
um conjunto D ℝ2, se para toda vizinhança V de (x0, y0) temos que:

V ∩ D − {( x0 , y0 )} ≠ ∅.

Ou seja, existe um ponto (x, y) ϵ D que está em toda vizinhança de (x0, y0)
e que é diferente de (x0, y0).

As noções topológicas apresentadas anteriormente podem parecer simples


para alguns e até mesmo confusas para outros, mas sem elas a formalização do
cálculo de várias variáveis não seria possível. Vamos entender melhor como essas
noções se comportam no exemplo seguinte.

● Exemplo:

Considere o conjunto D = {( x, y ) ∈  ; y ≤ 2 x} . A representação gráfica


2

desse conjunto é:

162

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TÓPICO 2 | LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

GRÁFICO 12 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE VIZINHANÇA


E PONTO DE ACUMULAÇÃO

–2 –1 0 1 2 3

FONTE: Os autores

Observe que o ponto (2,1) é um ponto de acumulação, já que todas as


suas vizinhanças contêm um ponto diferente de (2,1) que está tanto na vizinhança
quanto em D. O mesmo acontece com o ponto (1,2), mesmo ele estando sobre a
fronteira de D sempre existirá um ponto que está tanto na vizinhança quanto em
D. Já o ponto (–1,1) não é um ponto de acumulação, já que existe uma vizinhança
tal que a interseção de D com D é vazia.

ATENCAO

O próximo passo é estender a definição de limite para funções de duas variáveis.


Caso você, acadêmico, não lembre da definição de limite de funções de uma variável, sugerimos
que você busque o seu Livro de Estudos de Cálculo Diferencial e Integral I para recordar.

163

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 163 29/07/2019 16:55:42


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

● Definição 2:

Seja f: D ⊂ ℝ2 → ℝ uma função e (x0, y0) um ponto de acumulação de D. O


limite de f(x, y) quando (x, y) tende para (x0, y0) é L, se para todo ε > 0 existe δ > 0
tal que para todo (x, y) ϵ D com:

0 <|| ( x, y ) − ( x0 , y0 ) ||< δ

Concluímos que:

|f(x,y) – L| < ε.

A notação usada para representar o limite de f(x,y) quando (x,y) tende


para (x0, y0) é:

lim f ( x, y ) = L.
( x , y )→( x0 , y0 )

Em algumas situações é mais vantajoso usar as seguintes equivalências na


definição de limite de funções de duas variáveis reais:

lim f ( x, y ) =L ⇔ lim f ( x0 + h, y0 + k ) =L
( x , y )→( x0 , y0 ) ( h , k )→( 0,0 )

ou

lim f ( x, y ) = L ⇔ lim f ( x, y ) − L = 0.
( x , y )→( x0 , y0 ) ( x , y )→( x0 , y0 )

AUTOATIVIDADE

Caro acadêmico! Seguindo a ordem e as observações feitas, reescreva


as definições 1 e 2 anteriores, para funções de n variáveis reais.

Usando a definição de limite de funções de duas variáveis, vamos


mostrar que:

lim 2 x + 3 y =
8.
( x , y )→(1,2 )

164

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 164 29/07/2019 16:55:43


TÓPICO 2 | LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Da definição de limite, para todo ε > 0 precisamos encontrar δ > 0 tal que:

0 < || ( x, y ) − (1, 2 ) ||< δ

( x − 1) + ( y − 2 )
2 2
0< < δ ⇒ 2x + 3y − 8 < ε .

Note que:

| 2 x + 3 y − 8 |= | 2 x + 3 y − 2 − 6 |
= | 2( x − 1) + 3( y − 2) |
≤ 2 | x − 1| +3 | y − 2 |
= 2 ( x − 1) 2 + 3 ( y − 2) 2
≤ 2 ( x − 1) 2 + ( y − 2) 2 + 3 ( x − 1) 2 + ( y − 2) 2
= 5 ( x − 1) 2 + ( y − 2) 2 < 5δ .

ε
Escolhendo 0 < δ < 5 concluímos que |2x + 3y – 8| < ε para todo (x,y), tal
que:

( x − 1) + ( y − 2 )
2 2
0< < δ.

Quando trabalhamos com funções de várias variáveis, também temos


a garantia de que se o limite existir, então ele é único. Essa propriedade da
unicidade de limite é fundamental para que as operações de limites sejam
verdadeiras. Elas são as mesmas que já estudamos para funções de uma variável
real e reapresentamos na definição a seguir.

● Definição 3:

Considere as funções f(x,y) e g(x,y), tais que:

=lim f ( x, y ) L=
1 e lim g ( x, y ) L2
( x , y )→( x0 , y0 ) ( x , y )→( x0 , y0 )

Então valem as seguintes igualdades:

a) lim  f ( x, y ) + g ( x, y )  =
L1 + L2 .
( x , y )→( x0 , y0 ) 

b) ( x , y )lim kf ( x, y ) = kL1 , para todo k ϵ ℝ.


→( x , y )
0 0

165

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 165 29/07/2019 16:55:43


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

c) ( x , y )lim f ( x, y ) ⋅ g ( x, y ) =
L1 ⋅ L2 .
→( x0 , y0 )

f ( x, y ) L1
d) lim = , desde que L2 ≠ 0.
( x , y )→( x0 , y0 ) g ( x, y ) L2

Essas propriedades são padrões e, por isso, não demonstraremos, mas


novamente relembramos que, caso você tenha interesse, poderá encontrar essas
demonstrações em muitos livros de Cálculo, bem como nos livros que deixamos
como referência.

● Exemplo:

Calcule o limite:

2 x3 − y + 2
lim .
( x , y )→( 0,0 ) x−2

Resolução: Vamos aplicar a proposição:

2 x3 − y + 2
lim
( x , y )→( 0,0 )
( 2x 3
− y+2 )
lim = item d )
( x , y )→( 0,0 ) x−2 lim
( x , y )→( 0,0 )
( x − 2)
3
2  lim x  − lim y + lim 2
= 
( x , y )→( 0,0 )  ( x , y )→( 0,0 ) ( x , y )→( 0,0 )
item a ), b) e c)
lim x − lim 2
( x , y )→( 0,0 ) ( x , y )→( 0,0 )

2 ⋅ (0) − 0 + 2
3
2
= = = −1.
0−2 −2

Uma propriedade interessante, que também podemos resgatar das


funções de uma variável real, é quando temos uma multiplicação de função na
qual uma delas tem limite igual a zero e a outra função é limitada.

● Definição 4:

Se lim f ( x, y ) = 0 e g ( x, y ) ≤ M , para todo 0 < ( x, y ) − ( x0 , y0 ) ≤ r


( x , y )→( x0 , y0 )
com r > 0 e M > 0, então:

lim f ( x, y ) ⋅ g ( x, y ) =
0.
( x , y )→( x0 , y0 )

166

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 166 29/07/2019 16:55:43


TÓPICO 2 | LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

● Exemplo:

Calcule o limite:

1
lim y sen   .
( x , y )→( 0,0 ) x

Resolução: Sabemos que o limite:

lim y=0
( x , y )→( 0,0 )

e que o seno é uma função limitada, pois:

1
sen   ≤ 1
x

Então, pela Definição 4 concluímos que:

1
lim y sen   = 0.
( x , y )→( 0,0 ) x

Um dos teoremas mais famosos de limite é o Teorema do Sanduíche


ou Teorema do Confronto, que foi estudado no Livro de Estudos de Cálculo
Diferencial e Integral I e continua valendo para funções de várias variáveis.

● Definição 5: Teorema do Confronto ou Teorema Sanduíche

Se f(x,y) ≤ g(x,y) ≤ h(x,y) para todo 0 < ||(x,y) – (x0,y0)|| ≤ r para r > 0 e se:

=lim f ( x, y ) L=
e lim h ( x, y ) L
( x , y )→( x0 , y0 ) ( x , y )→( x0 , y0 )

Então:

lim g ( x, y ) = L.
( x , y )→( x0 , y0 )

● Exemplo:

Calcule o limite:
2x2 y
lim .
( x , y )→( 0,0 ) x 2 + 2 y 2

167

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 167 29/07/2019 16:55:43


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Resolução: Aqui, a ideia é usar o Teorema do Confronto, já que, se


calcularmos usando as propriedades, chegaremos numa indeterminação:

2x2 y 2 ⋅ 02 ⋅ 0 0
lim = = .
( x , y )→( 0,0 ) x 2 + 2 y 2 2
0 + 2⋅0 2
0

Note que:

2x2 y 2x2 y 2x2 y


= ≤ ≤2 y.
x2 + 2 y 2 x2 + 2 y 2 x2

Portanto, vale a desigualdade:

2x2 y
−2 y ≤ ≤2 y
x2 + 2 y 2

E como lim 2=
y lim − 2 =
y 0 , por meio do Teorema do Confronto,
( x , y )→( 0,0 ) ( x , y )→( 0,0 )
concluímos que:

2x2 y
lim = 0.
( x , y )→( 0,0 ) x 2 + 2 y 2

Você deve estar se perguntando: O que acontece quando chegamos a uma


indeterminação e não podemos usar o Teorema do Confronto? Ou ainda: Todos
os limites existem? A resposta é que nem todos os limites existem e nem sempre é
tão simples identificar e resolver os limites, somente com a prática você se tornará
mais eficiente em resolvê-los. Mas algumas dicas poderão te ajudar.

A primeira dica é que, diferente das funções de uma variável real, em


que tínhamos apenas dois caminhos para nos aproximar do ponto, aqui temos
infinitos caminhos:

GRÁFICO 13 – CAMINHOS PARA APROXIMAÇÃO DE UM PONTO

FONTE: Os autores

168

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TÓPICO 2 | LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

No gráfico anterior temos o ponto P. Note que nos aproximamos de P de


três maneira diferentes:

● Por uma reta paralela ao eixo x.


● Por uma reta paralela ao eixo y.
● Por uma curva qualquer.

Quando queremos provar que um limite não existe, devemos escolher


duas curvas de tal forma que a aproximação por dois caminhos diferentes gere
limites diferentes. A ideia é similar aos limites laterais para funções de uma
variável real. Vamos entender melhor essa ideia através de exemplos.

● Exemplo:

Se existir, calcule o limite. Caso contrário, mostre que ele não existe:

2 xy
lim
( x , y )→( 0,0 ) x + y2
2

Resolução: A primeira observação a ser feita é o fato de que o ponto (0,0)


não pertence ao domínio da função e, nesse caso, se aplicássemos as propriedades
chegaríamos em uma indeterminação. Outra observação a ser feita é que não
podemos usar o Teorema do Confronto, já não não temos uma função g limitada.

Vamos considerar o caminho y = 0, ou seja, a reta que está sobre o eixo x:

GRÁFICO 14 – CAMINHO y = 0

y
2

0 1 2 3
x

FONTE: Os autores

169

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 169 29/07/2019 16:55:44


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Calculando o limite sobre esse caminho, encontramos:

2 xy 2x ⋅ 0
lim 2 2
= lim
( x , y )→( 0,0 ) x + y ( x ,0 )→( 0,0 ) x 2 + 02

0
= lim
= = lim 0 0.
( x ,0 )→( 0,0 ) x 2 ( x ,0 )→( 0,0 )

A próxima ideia seria seguir o caminho sobre o eixo y, ou seja, a reta x = 0,


mas se você fizer esse caminho, encontrará:

2 xy 2⋅0⋅ y
lim 2 2
= lim
( x , y )→( 0,0 ) x + y ( 0, y )→( 0,0 ) 0 2 + y 2

0
= lim
= lim 0 0.
=
y2
( 0, y )→( 0,0 ) ( 0, y )→( 0,0 )

É o mesmo resultado que o limite anterior. Mas, acadêmico, não podemos


concluir que o limite é zero, pois pode existir um outro caminho em que o limite
seja diferente. Considere o caminho y = x:

GRÁFICO 15 – CAMINHO y = x

y
2

–1 0 1 2 3
x

–1

FONTE: Os autores

170

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 170 29/07/2019 16:55:44


TÓPICO 2 | LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Calculando o limite sobre esse caminho, encontramos:

2 xy 2 xx
lim 2 2
= lim
( x , y )→( 0,0 ) x + y ( x , x )→( 0,0 ) x + x 2
2

2x2
= lim = lim 1 1.
=
( x , x )→( 0,0 ) 2 x 2 ( x , x )→( 0,0 )

Portanto, concluimos que o limite não existe, já que existe dois caminhos que
geram limites diferentes e, pela propriedade de limite único, isso não pode acontecer.

Em geral, os caminhos y = 0, x = 0 e y = mx para algum m ϵ ℝ são suficientes


para garantir que não existe limite. Mas existem situações nas quais precisaremos
encontrar outros caminhos.

● Exemplo:

Calcule o limite, se existir, caso contrário, mostre que ele não existe:

2x2 y
lim
( x , y )→( 0,0 ) x 4 + y 2

Resolução: Considere a curva y = x, então:

2x2 y 2 x3
lim = lim
( x , y )→( 0,0 ) x 4 + y 2 ( x , x )→( 0,0 ) x 4 + x 2

2 x3 2x 2⋅0
= lim = lim = = 0.
( x , x )→( 0,0 ) x 2 ( x 2 + 1) ( x , x )→( 0,0 ) x + 1 02 + 1
2

Os caminhos y = 0, x = 0 e y = mx para m ≠ 1 resultaram em:

2x2 y
lim = 0.
( x , y )→( 0,0 ) x 4 + y 2

Porém, o limite não existe, então precisaremos encontrar outro caminho.


Considere o caminho y = x2, neste caso:

2x2 y 2x4
lim = lim
( x , y )→( 0,0 ) x 4 + y 2 ( x , x2 )→( 0,0) x 4 + x 4
2x4
= lim= lim 1 1.
=
( x , x2 )→( 0,0) 2 x 4 ( x , x )→( 0,0 )

171

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UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Portanto, concluímos que o limite não existe.

As propriedades de limites no infinito ou limites infinitos continuam


valendo para funções de várias variáveis.

● Exemplo:

Calcule:

x2 + 3 y 2
lim .
( x , y )→( 3,3) x − y

Resolução: Note que, ao aplicarmos o limite no denominador e numerador,


encontraremos o seguinte:

lim x 2 + 3 y 2 = 32 + 3 ⋅ 32 = 36
( x , y )→( 3,3)

lim x − y = 3 − 3 = 0.
( x , y )→( 3,3)

Como o denominador tende para 0, então:

x2 + 3 y 2
lim = ±∞
( x , y )→( 3,3) x − y

Dependendo do caminho que estamos considerando, ou seja, se x – y tende


a zero positiva ou negativamente. Neste caso, concluímos que o limite não existe.

3 CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS


A continuidade de funções de uma variável real é muitas vezes motivada
pela seguinte frase: uma função é contínua se podemos desenhar seu gráfico sem
tirar o lápis do papel. Porém, para funções de mais variáveis, essa motivação
já não faz tanto sentido, pois não estamos falando de uma linha, e sim de uma
superfície. Observando as diferenças entre as funções de uma variável e várias
variáveis, podemos definir a continuidade de funções de várias variáveis usando
a definição que já conhecemos.

172

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 172 29/07/2019 16:55:44


TÓPICO 2 | LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

● Definição 6:

Seja f: D ⊂ ℝ2 → ℝ e (x0, y0) um ponto de acumulação de D, então dizemos


que f é contínua em (x0, y0) se valerem as três condições:

i) f está definida no ponto (x0, y0).


ii) Existe limite de f quando (x,y) tende para (x0, y0).
iii) ( x , y )lim f ( x, y ) = f ( x0 , y0 ) .
→( x , y )
0 0

Vamos analisar esta definição através de um exemplo.

● Exemplo:

Verifique se a função f(x,y) = 3x3y + 2xy2 é contínua no ponto (1,1).

Resolução: Vamos verificar as três propriedades:

i) f está definida no ponto (1,1), pois:

f (1,1) = 3 ⋅13 ⋅1 + 2 ⋅1 ⋅12 = 3 + 2 = 5.

ii) O limite de f quando (x,y) tende para (1,1) existe, pois:

lim 3 x3 y + 2 xy 2 = 3 ⋅13 ⋅1 + 2 ⋅1 ⋅12 = 3 + 2 = 5.


( x , y )→(1,1)

iii) Vale a igualdade:

lim f ( x, y ) = f (1,1) .
( x , y )→(1,1)

Observamos facilmente que essa função satisfaz as três condições para


qualquer ponto (x,y) do domínio de f. Neste caso, dizemos que a função é contínua
em todos os pontos do domínio ou simplesmente que a função é contínua. A
função dada no exemplo anterior é uma função polinomial, todas as funções
polinomiais são contínuas.

Para mostrar que a função é contínua em todos os pontos, consideramos


um ponto (x0,y0) qualquer do domínio e verificamos que as três condições são
verdadeiras:

i) f está definida no ponto (x0,y0) pois domínio de f é conjunto ℝ2, ou ainda:

f ( x0 , y0 ) = 3 ⋅ x03 ⋅ y0 + 2 ⋅ x0 ⋅ y02 .

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UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

ii) O limite de f quando (x,y) tende para (x0,y0) existe, pois:

lim 3 x3 y + 2 xy 2 = 3 ⋅ x03 ⋅ y0 + 2 ⋅ x0 ⋅ y02 .


( x , y )→( x0 , y0 )

iii) Vale a igualdade:

lim f ( x, y ) = f ( x0 , y0 ) .
( x , y )→(1,1)

As propriedades de continuidade estudadas para funções de uma variável


continuam valendo para funções de várias variáveis.

● Definição 7:

Sejam f e g funções contínuas no ponto (x0,y0) de ℝ2 e c uma constante.


Então as funções f + g, cf, f · g e g ◦ f também são contínuas.

Lembre-se de que uma função é descontínua em (x0,y0) ou descontínua se pelo


menos uma das condições não é satisfeita, como é mostrado no próximo exemplo.

● Exemplo:

Verifique que a função:

 −3 x 2 y 2 + x3

f ( x, y ) =  x 2 − 1
, se ( x, y ) ≠ (1, y )
 1,
 se ( x, y ) = (1, y )

não é contínua nos pontos da forma (1,y) com y ϵ ℝ.

Resolução: Vamos verificar as três propriedades:

i) f está definida no ponto (1,y0) pois:

f(1,y0) = 1.

ii) O limite de f quando (x,y) tende para (1,y0) não existe, pois o denominador
tende para 0, logo, o limite pode ser infinito ou menos infinito.

iii) Consequentemente não vale a igualdade:

lim f ( x, y ) = f (1, y0 ) .
( x , y )→(1, y0 )

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TÓPICO 2 | LIMITE E CONTINUIDADE DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Portanto, a função não é contínua.



Como consequência do exemplo anterior, podemos afirmar que toda
função da forma:

h ( x, y )
f ( x, y ) =
g ( x, y )

é descontínua em todos os pontos em que a função g(x,y) = 0

175

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 175 29/07/2019 16:55:45


RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

● A distância entre dois pontos é:

|| ( x1 , y1 ) − ( x2 , y2 ) ||= ( x1 − x2 ) + ( y1 − y2 )
2 2
.

● A bola aberta de raio r > 0 e centro (x0,y0), dada pelo conjunto:

{
V =( x, y ) ∈  2 ;|| ( x, y ) − ( x0 , y 0 ) ||< r }
é uma vizinhança para o ponto (x0,y0).

● Um ponto (x0,y0) é um ponto de acumulação de um conjunto D ⊂ ℝ2 se para


toda vizinhança V de (x0,y0), temos que:

V ∩ D − {( x0 , y0 )} ≠ ∅.

● O limite de f(x,y) quando (x,y) tende para (x0,y0) é L, se para todo ε > 0 existe
δ > 0 tal que para todo (x,y) ϵ D com 0 < ||(x,y) – (x0,y0)|| < δ concluímos que
|f(x,y) – L| < E usamos a notação lim f ( x, y ) = L.
( x , y )→( x0 , y0 )

● O limite é único.

● Se as funções f(x,y) e g(x,y) são tais que x , y lim f ( x, y ) = L1 e


( )→( x0 , y0 )
lim g ( x, y ) = L2 , então valem as seguintes igualdades:
→( x0 , y0 ) g ( x, y ) = L , então valem as seguintes igualdades:
( x , y )lim 2
( x , y )→( x0 , y0 )

◦ ( x , y )lim  f ( x, y ) + g ( x, y )  =
L1 + L2 .
→( x0 , y0 ) 

◦ lim kf ( x, y ) = kL1 , para todo k ϵ ℝ.


( x , y )→( x0 , y0 )

◦ ( x , y )lim f ( x, y ) ⋅ g ( x, y ) =
L1 ⋅ L2 .
→( x0 , y0 )

f ( x, y ) L1
◦ lim = , desde que L2 ≠ 0.
( x , y )→( x0 , y0 ) g ( x, y ) L2

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● Se lim f ( x, y ) = 0 e g ( x, y ) ≤ M , para todo 0 < ||(x,y) – (x0,y0)|| ≤ r,
( x , y )→( x0 , y0 )

com r > 0 e M > 0 então lim f ( x, y ) ⋅ g ( x, y ) =


0.
( x , y )→( x0 , y0 )

● Se f(x,y) ≤ g(x,y) ≤ h(x,y) para todo 0 < ||(x,y) – (x0,y0)|| ≤ r para r > 0 e se
lim f ( x, y ) = L e lim h ( x, y ) = L , então lim g ( x, y ) = L.
( x , y )→( x0 , y0 ) ( x , y )→( x0 , y0 ) ( x , y )→( x0 , y0 )

● Se o limite por dois caminhos diferentes der valores diferentes, então o limite
não existe.

● Uma função f é contínua em (x0,y0) se valem as três condições:

i) f está definida no ponto (x0,y0).


ii) Existe limite de f quando (x,y) tende para (x0,y0).
iii) ( x , y )lim f ( x, y ) = f ( x0 , y0 ) .
→( x0 , y0 )

● Se f e g são funções contínuas no ponto (x0,y0) de ℝ2 e c uma constante, então as


funções f + g, cf, f · g e g ◦ f e também são contínuas.

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AUTOATIVIDADE

1 Use a definição de limite para mostrar que:

lim 3 x 2 + 2 xy − 4 =
12.
( x , y )→( 2,1)

2 Calcule os limites se existirem, caso contrário, prove que não existem:

x
a) ( x , ylim
)→(1,0 ) x 2 + y 2

2 x − xy + 2
b) lim
( x , y )→( 0,1) x 2 + 3 xy − y 3

c) lim 2x2 + y 2
( x , y )→( 3, −4 )

x2
d) ( x , ylim
)→( 0,0 ) x2 + y 2
x3
lim
e) ( x , y )→( 0,0 ) 2
x + y2

f) xy
lim
( x , y )→( 0,0 ) x − y

3 Verifique se a função é contínua em todos os pontos do seu domínio:

 xy
 , se ( x, y ) ≠ ( 0, 0 )
a) f ( x, y ) =  5 x 2 + y 2
 0, se ( x, y ) = ( 0, 0 )

4 x 2 − 3x + y
b) f ( x, y ) = 2
x + y2 −1

x2 y
c) f ( x, y ) =
x4 + y 2

x− y
d) f ( x, y ) =
1 − x2 − y 2

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4 Com relação ao limite e continuidade de funções de várias variáveis reais,
classifique as sentenças a seguir como verdadeira (V) ou falsa (F):

a) ( ) (0,0) é um ponto de acumulação do conjunto A = {(x,y) ϵ ℝ2; y > x}.


b) ( ) Todo ponto de acumulação de um conjunto pertence a esse conjunto.
c) ( ) Todos os pontos de um conjunto são pontos de acumulação desse
conjunto.
d) ( ) ℝ2 é um conjunto aberto.
e) ( ) O conjunto vazio não tem pontos de acumulação.

5 A definição de ponto de acumulação é essencial para podermos definir limite


de funções de várias variáveis. Os pontos de acumulação são os pontos do
domínio da função em que é possível calcular o limite e, por consequência,
derivadas. Considere o conjunto e responda quais dos pontos não é um
ponto de acumulação de A:

A {( x, y ) ∈  2 ;0 < x 2 + y 2 + 2 y + 1 < 1}
=

a) ( ) (0,–1)
b) ( ) (–1,–1)
c) ( ) (0,0)
d) ( ) (1,1)

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180

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UNIDADE 3
TÓPICO 3

DERIVADAS PARCIAIS

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Você se lembra das regras de derivação que estudamos
na disciplina Cálculo Diferencial e Integral I? Neste tópico, veremos como elas
se aplicam em funções de duas variáveis independentes, possibilitando um
entendimento de maneira simples do conceito de derivadas parciais.

Este conceito é amplamente utilizado na área econômica, por exemplo, em um


modelo de produção de um determinado produto, constituído por duas variáveis,
P(K,L), em que K refere-se ao capital, L ao trabalho e P às unidades desse produto.

Ao calcular a derivada parcial em relação à variável K, obtemos a taxa de


variação de produção P relativa à K, enquanto L se mantém constante, ou seja,
determinamos o produto marginal do capital. Analogamente, ao calcular a derivada
parcial em relação à L, obtemos a taxa de variação de produção relativa P à L, enquanto
K se mantém constante, ou seja, determinamos o produto marginal do trabalho.

2 DERIVADAS PARCIAIS
O cálculo da derivada parcial de uma função de duas ou mais variáveis é
parecido com o cálculo de funções de uma variável, sendo utilizadas as mesmas
regras de derivação. A  diferença é que na derivada parcial  de uma  função  de
várias variáveis, sua derivada é em relação a uma daquelas variáveis, e as outras
variáveis são mantidas como constantes.

Para representar a derivada de uma função de várias variáveis, também


conhecida como derivadas parciais, utilizamos o símbolo " ∂ " (pronuncia-se
derron), que significa D-redondo, em francês. Esta notação é apenas um outro
tipo de simbologia para a derivada que, quando trabalhamos com funções de
uma variável, era representada por y ou f'(x). Conheça outras notações para
representar as derivadas parciais. Se z = f(x,y) escrevemos:

∂f ∂z
= f x ( x, y=
) = Dx f → Derivada parcial da função f em relação à variável x.
∂x ∂x
∂f ∂z
= f y ( x, y=
) = Dy f → Derivada parcial da função f em relação à variável y.
∂y ∂y

181

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UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

A interpretação geométrica das derivadas parciais, a partir de uma função


z = f(x,y), como já visto, representa uma região do espaço que podemos nomear
de S. Isto quer dizer que, se P(a,b,c) pertence a esta região (superfície) do espaço,
devemos ter então c = f(a,b).

Tomaremos C1 como sendo a curva de interseção do plano y = b com a


superfície S. Isto quer dizer que, no plano y = b, a curva C1 é representada pela
função z = f(x,b) = g(x), com x variável e b constante. Já vimos também, no estudo
das funções de uma variável, que g'(a) é o coeficiente angular da reta tangente à
C1 no ponto (a,b). Ou ainda:

g (a + h) − g (a) f ( a + h, b ) − f ( a, b ) ∂f
=g´( a ) lim
= lim = ( a, b )
h →0 h h →0 h ∂x
∂f
Logo, ∂x (a,b) trata-se do coeficiente angular da reta tangente à curva de
interseção do gráfico f(x,y) com o plano y = b, no ponto (a,b,f(a,b)).

De modo análogo, tomaremos C2 como sendo a curva de interseção do


plano x = a com a superfície S. Isto quer dizer que, no plano x = a, a curva C2 é
representada pela função z = f(a,y) = w(y), com y variável e a constante. Assim,
w'(b)é o coeficiente angular da reta tangente à C2 no ponto (a,b). Ou ainda:

w (b + h ) − w (b ) f ( a, b + h ) − f ( a, b ) ∂f
=w´( b ) lim
= lim = ( a, b )
h →0 h h →0 h ∂y
∂f
Logo, ∂x (a,b) trata-se do coeficiente angular da reta tangente à curva de
interseção do gráfico f(x,y) com o plano x = a, no ponto (a,b,f(a,b)).

Resumindo, interpretamos as derivadas parciais em relação a x e y, como


os coeficientes angulares das retas T1 e T2, tangentes às curvas obtidas pelas
interseções de S com os planos y = b e x = a, no ponto (a,b,f(a,b)), respectivamente.

FIGURA 4 – INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DAS DERIVADAS PARCIAIS


z T1

C1
S T2
P(a,b,c) C2
0

x y
(a,b,0)
FONTE: STEWART (2009, p.147)

182

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 182 29/07/2019 16:55:46


TÓPICO 3 | DERIVADAS PARCIAIS

Acompanhe alguns exemplos de cálculo de derivadas parciais:

● Exemplo:

Encontre as derivadas parciais de f(x,y) = 5x3 – 4xy + 3exy³ – 5.

Resolução: Para encontrar a derivada parcial de f em relação a x, devemos


olhar para a variável y da função f como uma constante e derivarmos apenas a
variável x, ou seja, aplicaremos as regras de derivação somente na variável x:

∂f 3
= 5 ⋅ 3 x 2 − 4 ⋅1 ⋅ y + 3e xy ⋅1 ⋅ y 3 − 0
∂x
∂f 3
= 15 x 2 − 4 y + 3 y 3e xy .
∂x

De forma análoga, para derivar parcialmente f em relação a y, devemos


olhar para a variável x da função f como uma constante e derivarmos apenas a
variável y, ou seja, aplicaremos as regras de derivação somente na variável y:

∂f 3
= 0 − 4 x ⋅1 + 3e xy ⋅ x ⋅ 3 y 2 − 0
∂y
∂f 3
=−4 x + 9 xy 2 e xy .
∂y

● Exemplo:

Encontre as derivadas parciais de f(x,y) = 3x2 – xy + y.

Resolução: Derivando f em relação a x (lembre-se de considerar o y como


constante):

∂f
= 6 x − y.
∂x

E derivando f em relação a y (agora considere o x como constante):

∂f
=− x + 1.
∂y

183

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 183 29/07/2019 16:55:46


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

● Exemplo:
x–y y–x
Encontre as derivadas parciais de f(x,y) = e –e .

Resolução: Aqui, vamos proceder como nos exemplos anteriores. Assim,


a derivada parcial de f em relação a x é:

∂f
= e x − y ⋅1 − e y − x ⋅ ( −1)
∂x
∂f
= e x− y + e y− x
∂x

E a derivada parcial de f em relação a y é:

∂f
= e x − y ⋅ ( −1) − e y − x ⋅1
∂y
∂f
= −e x − y − e y − x .
∂y

● Exemplo:

Calcule as derivadas parciais de f(x,y) = (x + y)sen(x – y).

Resolução: Observe que a função f é um produto de outras duas funções


u e v. Assim, lembramos da regra do produto:


(u ⋅ v ) = u ′ ⋅ v + u ⋅ v′.

Usando a regra do produto, temos as derivadas parciais:

∂f
= 1.sen ( x − y ) + ( x + y ) ⋅1 ⋅ cos ( x − y )
∂x
∂f
= sen ( x − y ) + ( x + y ) ⋅ cos ( x − y )
∂x

∂f
= 1 ⋅ sen ( x − y ) + ( x + y ) ⋅ ( −1) ⋅ cos ( x − y )
∂y
∂f
= sen ( x − y ) − ( x + y ) ⋅ cos ( x − y ) .
∂y

184

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 184 29/07/2019 16:55:47


TÓPICO 3 | DERIVADAS PARCIAIS

● Exemplo:

Calcule as derivadas parciais de f(x,y) = exy + In(x2 + y).

Resolução: Para derivar a função acima, vamos utilizar a regra do


logaritmo:

′ u′
( ln u ) =
u

Assim, as derivadas parciais são:

∂f 2x
= y e xy + 2
∂x x +y
∂f 1
= x e xy + 2 .
∂y x +y

● Exemplo:

Calcule as derivadas de primeira ordem da função f(x,y,z) = 1 + xy2 –2z3.

Resolução: Ao derivar f em relação a x, lembre-se de considerar y e z como


constantes:

∂f
= y2.
∂x

Derivando f em relação a y (agora considere x e z como constantes):

∂f
= 2 xy.
∂y

E derivando f em relação a z (considere x e y como constantes):

∂f
= −6 z 2 .
∂z

185

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 185 29/07/2019 16:55:47


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

3 DERIVADAS PARCIAIS DE ORDEM SUPERIOR


∂f ∂f
As derivadas parciais ∂x e ∂y são funções de x e y, assim elas mesmas
podem ter derivadas parciais. Com isso, teremos quatro derivadas parciais, estas
de segunda ordem de f, que são definidas por:

∂2 f ∂  ∂f 
2
=  
∂x ∂x  ∂x 
∂2 f ∂  ∂f 
=  
∂y∂x ∂y  ∂x 
∂2 f ∂  ∂f 
2
=  
∂y ∂y  ∂y 

E
IMPORTANT

Observe que começamos a derivar em relação à variável que está mais à direita,
por exemplo, , derivamos a função f em relação a x e depois derivamos a nova função em
relação a y.

Calcular a derivada de segunda ordem nada mais é do que calcular a


derivada parcial na função já derivada. Acompanhe os exemplos a seguir:

● Exemplo:

Sendo f(x,y) = y2 ex + 5y, calcule as derivadas parciais de segunda ordem


de f.

Resolução: Primeiro temos que calcular as derivadas de primeira ordem


da função f, elas são:

∂f ∂f
= y 2e x = 2 y e + 5
x

∂x e ∂y

Para fazermos as derivadas parciais de segunda ordem, vamos derivar


parcialmente cada uma das derivadas de primeira ordem em relação a x e a y.
Fique atento à notação!

Vamos iniciar calculando a derivada segunda da função derivando a


função em relação a x, assim temos:

186

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 186 29/07/2019 16:55:47


TÓPICO 3 | DERIVADAS PARCIAIS

∂2 f ∂  ∂f  ∂ 2 x
=
∂x 2
=   =
∂x  ∂x  ∂x
( y e ) y 2e x .

Podemos também calcular a derivada da função em relação a y, e


encontramos:

∂2 f ∂  ∂f  ∂ 2 x
= =   =
∂y∂x ∂y  ∂x  ∂y
( y e ) 2 y ex .

Para finalizar, temos que calcular as derivadas parciais da função


primeiro em relação a x, depois em relação a y. Temos assim:

∂2 f ∂  ∂f  ∂
= = 
∂x∂y ∂x  ∂y  ∂x
( + 5) 2 y e x
2 y ex=

∂2 f ∂  ∂f  ∂
=
∂y 2 = 
∂y  ∂y  ∂y
( + 5 ) 2e x .
2 y ex=

● Exemplo:

Sendo f(x,y) = x2 cos y + y2sen x, encontre as derivadas parciais de segunda


ordem da função f.

Resolução: Novamente calculamos as derivadas de primeira ordem da


função f:

∂f
= 2 x cos y + y 2 cos x
∂x
∂f
=− x 2 sen y + 2 y sen x.
∂y

Agora, consideramos a função e calculamos sua derivada em relação a


x e em relação a y:

∂2 f ∂
2
= ( 2 x cos y + y 2 cos x ) =2 cos y − y 2sen x
∂x ∂x
∂2 f ∂
=
∂y∂x ∂y
( 2 x cos y + y 2 cos x ) =
−2 x sen y + 2 y cos x.

187

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 187 29/07/2019 16:55:47


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Por fim, consideramos a função e calculamos sua derivada em relação


a x e em relação a y:

∂2 f ∂
=
∂x∂y ∂x
( − x 2 sen y + 2 y sen x ) =
−2 x sen y + 2 y cos x

∂2 f ∂
∂y 2
=
∂y
( − x 2 sen y + 2 y sen x ) =
− x 2 cos y + 2 sen x.

● Exemplo:

Encontre as derivadas parciais de segunda ordem de f(x,y) = √x + 3y.

Resolução: Primeiro, devemos escrever a função na forma de potência:

f ( x, y=
) ( x + 3y)
1
2

Então, devemos aplicar a regra da potência para a derivação:


(u )
a
= a ua −1u ′.

Vamos calcular as derivadas de primeira ordem da função f:

∂f 1
( x + 3y) 2
−1
=
∂x 2
∂f 1 3
( x 3 y ) 2 ( 3) =+ ( x 3y) 2 .
−1 −1
=+
∂y 2 2

E, agora, encontrar as derivadas de segunda ordem:

∂2 f ∂ 1 −1  1 1 1
= ( x + 3 y ) 2  = − ( x + 3y) − ( x + 3y) 2
− 1 2 −1 −3

2
=
∂x ∂x  2  2 2 4
∂2 f ∂ 1 −1  1 1 3
= ( x + 3 y ) 2  =  − ( x + 3y) ( 3) =− ( x + 3y) 2
− 1 2 −1 −3

∂y∂x ∂y  2  2 2 4
∂f ∂ 3 −1  3 1 3
= ( x + 3 y ) 2  =  − ( x + 3y) − ( x + 3y) 2
−1 −1 −3
2
=
∂x∂y ∂x  2  2 2 4
∂2 f ∂ 3 −1  3 1 9
= ( x + 3 y ) 2  = −  ( x + 3 y ) ( 3) =
− ( x + 3y) 2 .
−1 −1 −3
2
2
∂y ∂y  2  2 2 4

188

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 188 29/07/2019 16:55:48


TÓPICO 3 | DERIVADAS PARCIAIS

● Exemplo:

Dada a função f(x,y) = x3y + 4x2y3, calcule:

∂2 f
a)
∂y∂x
Resolução: Usando a definição, temos que:

∂2 f ∂  ∂f 
=  
∂y∂x ∂y  ∂x 

2 ∂f 3
Como= 3 x y + 8 xy , temos que:
∂x

∂2 f ∂
=
∂y∂x ∂y
( 3 x 2 y + 8 xy 3 )

∂2 f
= 3 x 2 + 24 xy 2 .
∂y∂x

∂2 f
b)
∂x 2
∂f 2 3
Resolução: Como = 3 x y + 8 xy , temos que a derivada segunda de f
∂x
∂2 f
em relação a x é = 2
6 xy + 8 y 2 .
∂x

∂3 f
c)
∂x∂y∂x

Resolução: Vamos iniciar derivando da direita para a esquerda, primeiro


em relação a x:

∂f
= 3 x 2 y + 8 xy 3
∂x

Agora, em relação a y:

∂2 f
= 3 x 2 + 24 xy 2
∂y∂x

189

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 189 29/07/2019 16:55:48


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

E, por fim, em relação a x novamente:

∂3 f
= 6 x + 24 y 2 .
∂x∂y∂x

∂3 f
d)
∂y∂x 2

Resolução: Iniciamos calculando a derivada segunda da função f em


relação a x:

∂f
= 3 x 2 y + 8 xy 3
∂x
∂2 f
= 2
6 xy + 8 y 3
∂x

E, então, derivamos a função resultante em relação a y:

∂3 f
=
2
6 x + 24 y 2 .
∂y∂x

190

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

● Calcular derivadas parciais é similar ao cálculo de derivadas simples. A


diferença está no fato de agora ter duas variáveis e ter que derivar a função em
termos de uma delas, enquanto a outra é considerada como constante.

● As derivadas parciais podem ser interpretadas como taxas de variação de z,


tendo uma das variáveis fixas.

● Para calcular as derivadas de ordem superior, por exemplo, podemos fazer:

∂2 f ∂  ∂f  ∂ 2 f ∂  ∂f 
2
=   e =  .
∂x ∂x  ∂x  ∂y∂x ∂y  ∂x 

191

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 191 29/07/2019 16:55:49


AUTOATIVIDADE

1 Nos exercícios a seguir, calcule as derivadas parciais e das funções:

a) f ( x, y ) = 2 x − 3 y − 4
2

(
b) f ( x, y ) = x − 1 ( y + 2 )
2
)
c) f ( x, =
y) ( xy − 1)
2

1
d) f ( x, y ) =
x+ y
e) f ( x, y ) = e x + y +1

f) f (=
x, y ) ln ( 2 x + y )

2
2
∂2 f ∂2 f ∂ f
2 Calcule as derivadas parciais de segunda ordem ∂ f , , e
das funções: ∂x 2 ∂x∂y ∂y∂x ∂y 2

a) f(x,y) = e3xsen(y)
b) f(x,y) = xey + y + 1

3 Uma equação diferencial parcial é uma equação que envolve derivadas


parciais de uma função. Se uma função satisfaz a uma equação diferencial
parcial dizemos que ela é uma solução da equação diferencial parcial. Em
relação a isso, podemos dizer que a função z = ey(x2 – y2) é solução de qual
das equações diferenciais?

∂2 z ∂2 z ∂2 z
a) ( ) 2
+ − 2e y
=
∂y ∂x∂y ∂y∂x
∂2 z ∂2 z ∂2 z
b) ( ) + − 2e y
=
∂x 2 ∂x∂y ∂y∂x
∂2 z ∂2 z ∂2 z
c) ( ) + − 0
=
∂x 2 ∂x∂y ∂y∂x
2 2 2
d) ( ) ∂ z + ∂ z + ∂ z =
2e y
2
∂y ∂x∂y ∂y∂x

192

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 192 29/07/2019 16:55:49


4 Uma das condições para que uma função de duas variáveis reais seja
diferenciável no ponto (x0,y0) é que exista as suas duas derivadas parciais
no ponto (x0,y0). Muitas vezes, a função pode até não estar definida em
(x0,y0), porém ser diferenciável. Verifique qual é a única função a seguir que
não tem derivadas parciais no ponto (0,0)e lembre-se de usar a definição de
limite para verificar:

a) ( ) f ( x,=
y) x2 + y 2

b) ( ) f ( x,=
y ) 5 xy − x 2

c) ( ) f ( x, y=
) x2 − y 2
d) ( ) f ( x, y )= x + y

193

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194

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 194 29/07/2019 16:55:49


UNIDADE 3
TÓPICO 4

APLICAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Este tópico será destinado a apresentar algumas aplicações das ferramentas
de cálculo vistas nos dois tópicos anteriores. Existe uma grande variedade destas
aplicações e apresentar todas não será o objetivo das linhas que seguem, até porque
algumas são de uma complexidade que desvia do escopo deste livro didático.

Entende-se que após o embasamento teórico visto nos itens e tópicos
anteriores, que focaram questões de entendimento das funções de várias variáveis,
o desfecho se dará em aplicações, para que se consiga identificar a real importância
deste aprendizado nos cursos de ciências exatas.

Das aplicações existentes, focaremos nos investimentos em produção


e elasticidade, muito presentes em análises empresariais por se tratarem de
concepções simples e plausíveis.

2 INVESTIMENTOS EM PRODUÇÃO
Investimentos em produção, ou mesmo produtividade marginal, é uma
das principais aplicações dos conceitos de taxas de variação. Esta taxa de variação,
de modo específico, ocorre quando estamos diante de alguma função de produção
P, que depende do capital (K) investido e da força de trabalho (L) existente.

De modo particular, estudaremos a famosa função de Cobb-Douglas,
que é dada por:

P(K,L) = aKaL1–a
com a constante e 0 < a < 1.

E
IMPORTANT

A função de Cobb-Douglas é uma função de duas variáveis, conforme já vimos


no Tópico 1 desta unidade.

195

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 195 29/07/2019 16:55:49


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Temos, neste caso, que a derivada parcial de P em relação à K (taxa


de variação da produção em relação ao capital investido) será chamada de
produtividade marginal do capital. E, de modo análogo, a derivada parcial de
P em relação à L (taxa de variação da produção com relação à força de trabalho)
será chamada de produtividade marginal do trabalho.

● Exemplo:

Uma determinada empresa possui sua função de produção modelada por:

P ( K , L ) = 20 K 0,6 L0,4

O nível de investimento é da ordem de R$ 25.000,00 (estrutura e


maquinário) e R$ 30.000,00 em trabalho. Vamos determinar as produtividades
marginais envolvidas no caso.

Resolução: Deveremos calcular as derivadas parciais envolvidas:

∂P
=20 L0,4 ⋅ 0, 6 K 0,6−1 =12 L0,4 K −0,4
∂K
∂P
=20 K 0,6 ⋅ 0, 4 L0,4−1 =18 K 0,6 L−0,6 .
∂L

Na sequência, aplicamos os valores já conhecidos dos investimentos:

∂P
( 25000, 30000 ) =12 ⋅ 300000,4 ⋅ 25000−0,4 ≈ 12,907
∂K
∂P
( 25000, 30000 ) =8 ⋅ 250000,6 ⋅ 30000−0,6 ≈ 7,171.
∂L

Este resultado nos faz compreender que, para cada real investido em
capital, temos uma variação da produção de cerca de 12,9 unidades, e para cada
real investido em trabalho, temos um ganho de 7,17 unidades de produção.

Outro ponto a ser entendido é que, de modo absoluto, está sendo investido
mais em trabalho, porém o retorno produtivo será maior no investimento em
estrutura e maquinários.

● Exemplo:

Vamos, agora, inverter os papéis. Considerando o mesmo exemplo


anterior, vamos alterar os valores dos investimentos. Desta vez, colocaremos R$
70.000,00 investidos em capital e apenas R$ 10.000,00 em trabalho.

Resolução: Como as derivadas parciais do caso já estão resolvidas no


exemplo anterior, basta agora substituir os valores:
196

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 196 29/07/2019 16:55:50


TÓPICO 4 | APLICAÇÕES

∂P
( 70000,10000 ) =
12 ⋅100000,4 ⋅ 70000−0,4 ≈ 5,509
∂K
∂P
( 70000,10000 ) =
8 ⋅ 700000,6 ⋅10000−0,6 ≈ 25, 712.
∂L

Verifique que, neste caso, mesmo que o investimento em capital seja


sete vezes maior que o trabalho, o ganho em produtividade fica bem abaixo
do esperado (comparado com o caso anterior). Isso mostra que deve haver um
equilíbrio entre os investimentos para que os resultados sejam maximizados.

● Exemplo:

A indústria X possui sua produtividade modelada por:

P ( K , L ) = 0,5 K 0,3 L0,7 .

Iremos determinar para este caso K = 10.000 e L = 20.000 (o dobro do


investimento em trabalho). Um novo gerente decidiu aproximar mais estes
investimentos, então, ficou definido que haverá um aumento de R$ 1.500,00 em
capital investido. Calcule o ganho em produtividade com esta alteração.

Resolução: Como desejamos calcular o ganho de produtividade apenas


em capital, bastará calcular a derivada parcial em relação a esta variável, ou seja:

∂P
=0,5 L0,7 ⋅ 0,3K 0,3−1 =0,15 L0,7 K −0,7 .
∂K

Para os investimentos iniciais envolvidos, teremos:

∂P
(10000, 20000 ) =
0,15 ⋅ 200000,7 ⋅10000−0,7 ≈ 0, 243.
∂K

Este resultado se refere à variação da produção para cada real investido. Logo,
para o caso indicado pelo exemplo (investido R$ 1.500), basta realizar a multiplicação:

0,243 · 1500 = 364,50 unidades.

197

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 197 29/07/2019 16:55:50


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

3 ELASTICIDADES
A elasticidade é outro processo bastante utilizado em Economia no que se
refere à medida de quanto uma função é sensível com a variação de uma variável
(ou mais). Aqui, comprovaremos que os coeficientes da equação de Cobb-Douglas
α e 1 – α são os índices que delimitam esta elasticidade.

Salientamos que, neste ponto do conteúdo, trataremos com um foco
de cunho teórico para a comprovação dos resultados, e você, acadêmico, será
convidado a realizar testes numéricos para esta comprovação, posteriormente.

Definiremos ϵK como sendo a elasticidade da produção em relação ao capital


investido e ϵL como sendo a elasticidade da produção com relação ao trabalho.

Como a elasticidade, por definição, é a variação da função principal para
cada variação unitária da variável particular, teremos:

P K a    L1 K
K    1
  1   .
K P K aK L

E, ainda:

P L a  1     K

L
L    
  1  1   .
L P L aK L

como queríamos provar.

● Exemplo:

Para comprovação dos resultados anteriores, dada a função de produção:

P ( K , L ) = 20 K 0,6 L0,4 .

Já vimos que as elasticidades deverão ser:

ϵK = 0,6 e ϵL = 0,4.

Pela definição de elasticidade, verifique se estes resultados são verdadeiros,


utilizando K = 25000, L = 10000, com K e L variando 1000 unidades cada.

Resolução: Como já citado, este exemplo será utilizado para comprovar


que a função de Cobb-Douglas realmente, além de calcular as produtividades
marginais, ainda consegue nos mostrar as elasticidades envolvidas.

Pelas definições de elasticidade, temos:

198

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 198 29/07/2019 16:55:52


TÓPICO 4 | APLICAÇÕES

P K
K  
K P
P L
L   .
L P

Dos resultados dos exemplos anteriores, temos:

25000
 K  12, 907   0, 5999
20  250000,6  300000,4
30000
 L  7,171   0, 3999.
20  250000,6  300000,4

o que se aproxima dos resultados desejados, ou seja, os coeficientes


(expoentes) da equação de Cobb-Douglas realmente expressam as elasticidades
individuais envolvidas.

4 DIFERENCIAL
Quando trabalhamos com funções de uma variável real, os conceitos
de diferenciabilidade e de derivada são iguais. Para funções de mais de duas
variáveis, esses dois conceitos são diferentes ao passo que dizer que uma função
é diferenciável se existir as derivadas parciais não é suficiente.

● Definição:

Dizemos que uma função f(x,y) é diferenciável no ponto (x0,y0) se as


∂f ∂f
derivadas parciais e ∂y existem no ponto (x0,y0) e que:
∂x
 ∂f ( x0 , y0 ) ∂f ( x0 , y0 ) 
f ( x, y ) −  ( x − x0 ) + ( y − y0 )
 ∂x ∂y  = 0.
lim
( x , y )→( x0 , y0 )
( x − x0 ) + ( y − y0 )
2 2

Se a função é diferenciável em todos os pontos, dizemos que ela é


diferenciável. Caso alguma das condições apresentadas do parágrafo anterior
não sejam satisfeitas para algum ponto, então a função não é diferenciável no
ponto em questão.

Uma das conclusões mais relevante de diferenciabilidade é que, se uma


função é diferenciável no ponto (x0,y0) então ela é contínua neste ponto. Outra
conclusão importante é que, se uma função é diferenciável, podemos definir a
diferencial dessa função.

199

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 199 29/07/2019 16:55:54


UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

● Definição:

A diferencial (diferencial total) de uma função f no ponto (x,y), relativa aos


acréscimos ∆x e ∆y, é dada por:

∂f ( x, y ) ∂f ( x, y )
df= dz
= dx + dy
∂x ∂y

em que dx = ∆x e dy = ∆y são as diferenciais das variáveis independentes x e y relativas


aos acréscimos ∆x e ∆y. Vamos analisar como utilizar essa definição em aplicações.

● Exemplo:

O custo para construir uma caixa cilíndrica com tampa de 2 cm de raio


e 5 cm de altura é de R$ 0,81 por cm2. Suponha que as dimensões sofrem um
acréscimo de 10% no raio e 2% na altura. Qual é o valor aproximado do acréscimo
no custo da caixa?

Resposta: Primeiro, temos que determinar a função custo. Note que a área de
superfície da caixa é a soma da tampa e da base (2πr2) com a lateral (2πrh), ou seja:

As 2π rh + 2π r 2 .
=

FIGURA 5 – FORMATO DA CAIXA PLANIFICADA

FONTE: Flemming e Gonçalves (2007, p. 112)

200

Cálculo Diferencial e Integral II.indd 200 29/07/2019 16:55:54


TÓPICO 4 | APLICAÇÕES

Como o custo depende da área, temos que a função custo é:

(
C ( r , h ) 0,81 2π rh + 2π r 2 .
= )
Vamos calcular o diferencial:

∂C ( r , h ) ∂C ( r , h )
=dC dr + dh
∂r ∂h
dC= 0,81( 2π h + 4π r ) dr + 0,81( 2π r ) dh.

Agora, basta substituir os valores r = 2, h = 5 e os acréscimos ∆x = 0,2 e


∆y, - 0,1, pois:

∆r = 10% de 2 = 0,1 · 2 = 0,2


∆h = 2% de 5 = 0,02 · 5 = 0,1

Assim:

dC = 0,081(2π · 5 + 4π · 2) 0,2 + 0,81(2π · 2) · 0,1


dC = 2,916π + 0,324π
dC = 3,24π ≈ 10,18.

Portanto, o acréscimo no custo da caixa quando as dimensões dela são


modificadas é 10,18, isso corresponde a 14,28%, pois o custo de produção é de:

C(2,5) = 0,81(2π · 2 · 5 + 2π(2)2) ≈ 71,25

Logo, 10,18 é 14,28% de 71,25.

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UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

LEITURA COMPLEMENTAR

USO DE DERIVADAS PARCIAIS EM TERMODINÂMICA QUÍMICA

Vamos considerar, como ponto de partida, a equação de estado para


gases ideais:

PV = nRT, ou (1)
PVm = RT (em que Vm = V/n) (2)

A partir dessas equações é possível dizer que qualquer uma das variáveis
depende das outras duas, e poderíamos escrever cada variável como sendo uma
função de duas variáveis. Por exemplo:

P = P(Vm, T) = (RT/Vm) (3)


Vm = Vm(P, T) = (RT/P) (4)
T = T(Vm, P) = (PVm/R) (5)

O uso de cálculo diferencial permite saber a maneira como uma


variável dependente, por exemplo, P na Equação (3), varia quando as variáveis
independentes (T e Vm na Equação 3) são alteradas.

Uma derivada parcial representa a taxa de mudança de uma função


dependente de várias variáveis independentes, quando todas as variáveis, exceto
uma, são mantidas constantes. Por exemplo, a mudança da pressão de um gás
com a temperatura mantendo o volume molar constante (como no pneu de um
carro) pode ser representado por:

 ∂P   ∂ ( RT / Vm  R
=
  =  (6)
 ∂T v  ∂T V Vm
De maneira análoga, podemos representar a variação da pressão com o
volume molar mantendo a temperatura constante através da Equação (7):

 ∂P   ∂ ( RT / Vm  RT
=
  =  2 (7)
 ∂Tm T  ∂Vm V Vm

Derivadas parciais também podem ser calculadas usando Equação (5), em


que Vm é agora a variável dependente e P e T são as variáveis independentes, ou
Equação (6), em que T é a variável dependente e P e Vm são as variáveis independentes.

Voltando à Equação (6), podemos integrar esta expressão para calcular


a mudança na pressão com uma variação infinitesimal do volume molar à
temperatura constante:

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TÓPICO 4 | APLICAÇÕES

 ∂P  RT
A temperatura constante dP =   dVm = − 2 dVm (8)
 ∂Vm T Vm

Em muitas situações na termodinâmica, e em aplicações termodinâmicas,


é importante conhecer o valor numérico da derivada e não apenas a fórmula analítica!
Podemos ilustrar isso para um caso específico: um gás ideal a P = 1 atm e T = 300
K. Conforme a equação dos gases ideais, Vm = 24,6 dm3 para estas condições de
temperatura e pressão. Assim, substituindo na Equação 8, podemos obter o valor
numérico de (∂P/∂Vm)300 K para as condições especificadas.

−[0, 082 × 300 / (24, 6) 2 ] =


(∂P / ∂Vm)300 K = −4,1×10−2 atm mol dm −3

Como usar a Equação (8) e o resultado numérico obtido no parágrafo


anterior? Dois casos separados podem ser ilustrados:

(a) Para uma mudança pequena de volume, ∆Vm = Vfinal - Vinicial e ∆Vm <<
Vm, a expressão diferencial (8) pode ser aproximada como sendo:

dP ≈ ∆P ≈ –(RT/Vm2)∆Vm = –0,041 atm mol dm–3 ∆Vm

Por exemplo, uma mudança de ∆Vm = 0,1 dm3 (muito menor do que Vm
= 24,6 dm3), a mudança de pressão do gás seria:

∆P = –0,0041 atm

Isto significa que a pressão final após esta mudança (quase infinitesimal
de Vm) seria:

∆P = Pfinal – Pinicial = –0,0041 atm


Como Pinicial = 1 atm
Pfinal = 0,9959 atm.

(b) Quando a mudança de volume não obedece a relação acima (∆Vm =


Vfinal - Vinicial e ∆Vm << Vm), torna-se necessário proceder a uma integração formal
da equação. Vamos considerar a situação em que Vfinal = 30, 6 dm3 ou ∆Vm = 6 dm3.
Para este caso, os dois lados da Equação (8) devem ser integrados:

P ( final ) 30,6
RT

1atm
dP
= ∫
24,6

Vm 2
dVm

 1 1 
Pfinal − 1(atm)= 0, 082 × 300 ×  − 
 30, 6 24, 6 
Pfinal = 0, 0804 atm

203

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UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Mudança simultânea das duas variáveis

Um exemplo importante do uso de derivadas parciais se refere ao caso em


que se pretende calcular a variação de uma variável dependente (por exemplo, P
nas equações do gás ideal) quando as variáveis independentes (Vm e T, no caso em
questão) mudam simultaneamente.

Em termos matemáticos, a variação infinitesimal de P é representada pela


expressão:

 ∂P   ∂P  R RT
dP =
  dT +   dV =dT − 2 dV (9)
 ∂T V  ∂V  V V

Na Equação (9), V se refere ao volume molar (Vm) e o valor das derivadas


parciais é válido pressupondo que o sistema em questão se comporta como
um gás ideal.

Vamos considerar, novamente, dois casos distintos:

(a) Variação pequena de T e V, ou seja (∆T = Tf - Ti) << Ti, e (∆V = Vf - Vi)
<< Vi. Neste caso, considerando o gás inicialmente a uma temperatura de 300 K e
Vm = 24,6 dm3:

0, 082 0, 082 × 300


dP ≈ ∆
=P Pfinal − 1 ≈ ∆T − ∆Vm
24, 6 (24, 6) 2

(b) O segundo caso é quando estas variações em T e Vm não são pequenas,


e a mudança de pressão não pode ser simplesmente calculada conforme feito
acima. Isto se deve ao fato de que a grandeza Vm (usada como constante acima e
igual a 24,6 dm3 não permanece constante durante o processo).

Existem diversas maneiras de resolver este problema e podemos ilustrar


um deles aqui. Vamos idealizar que a variação do sistema de Pinicial, Vinicial, Tinicial
para Pfinal, Vfinal, Tfinal possa ser realizada em duas etapas: (i) primeiro, uma mudança
de Vinicial para Vfinal mantendo a temperatura Tinicial constante; e (ii) segundo, uma
mudança de Tinicial para Tfinal mantendo Vfinal constante. A mudança de pressão
resultante destas duas etapas pode ser calculada facilmente usando os conceitos
ilustrados anteriormente:

P (1) V ( fin )
RT

P ( ini )
dP
= ∫
V ( ini )

Vm 2
dVm
(i)
 1 1 
P1 − Pini = RTini ×  − 
V V
 fin ini 

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TÓPICO 4 | APLICAÇÕES

Nesta expressão, P1 é a pressão após a mudança de volume à temperatura


constante.

(ii) A segunda etapa pode ser calculada usando a variação de P com T a


volume constante (Equação 6):
P ( fin ) T ( fin )
R
6)

P (1)
dP = ∫
T ( ini )
V fin
dT

Pini − P1 ( R / V fin )(T fin − Tini )


=

Somando as etapas (i) e (ii), obtemos:

RTini RTini RT fin RTini RT fin RTini


Pfin − Pini = − + − = −
V fin V fin V fin V fin V fin Vini

(Este resultado poderia ser previsto usando simplesmente a Lei dos


Gases Ideais).

Um procedimento alternativo poderia ser usado: (i) calcular primeiro a


mudança de pressão resultante de uma mudança de temperatura de Tinicial para
Tfinal mantendo Vinicial constante, e a seguir (ii) calcular a variação de pressão
decorrente da mudança de volume de Vinicial para Vfinal mantendo a temperatura
Tfinal constante. O procedimento é semelhante àquele utilizado anteriormente, e o
resultado exatamente igual, ou seja:

RT fin RTini
Pfin − Pini= −
V fin Vini

Este resultado ilustra uma função P (pressão) cujo cálculo independe do


caminho escolhido para realizar o processo, dependendo apenas do estado final
e do estado inicial. Em outras palavras, o valor final de P, Pfinal, irá depender
exclusivamente de Tfinal e Vfinal mas não depende da maneira como o processo é
realizado (por exemplo, primeiro uma variação de volume e depois uma variação
de temperatura ou vice-versa; ou uma variação simultânea das duas variáveis).
Funções termodinâmicas que obedecem a este critério são denominadas de
funções de estado.

Em termos matemáticos, uma função de estado corresponde a uma função


cuja diferencial é exata. Uma diferencial exata em matemática tem a seguinte
propriedade (usando a Equação 9 como exemplo):

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UNIDADE 3 | FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

 ∂P   ∂P 
=dP   dT +   dV .
 ∂T V  ∂V 
(10)
∂  ∂P  ∂  ∂P 
e  =  
∂V  ∂T  ∂T  ∂V 

Utilizando a equação de estado para um gás ideal (apenas como exemplo)


é fácil comprovar a Equação (10). É importante destacar que todas as grandezas
não são necessariamente diferenciais exatas e, na discussão da primeira lei da
termodinâmica, será possível verificar que o trabalho realizado e o calor trocado
entre o sistema e a vizinhança não são diferenciais exatas, já que a quantidade de
trabalho e de calor depende do caminho escolhido para realizar o processo.

Um exemplo banal de uma diferencial exata e inexata pode ser ilustrado


pela seguinte situação: numa viagem de São Paulo a Santos, a mudança de
energia potencial é sempre a mesma (é dado pela diferença de altura com relação
ao nível do mar), mas o consumo de gasolina irá depender do caminho escolhido
ou do trânsito. Assim, neste exemplo, a energia potencial é uma diferencial exata
ou uma função de estado, mas o consumo de gasolina e o trabalho mecânico
realizado pelo carro dependerão do caminho escolhido!
FONTE: SANTOS, Daniel L. Uso de derivadas parciais em termodinâmica química. Disponível em:
http://sistemas.eel.usp.br/docentes/arquivos/5817712/TDQ%20I/DerivadasParciaisTDQ.pdf. Acesso
em: 13 dez. 2018.

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RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu que:

● Uma das principais aplicações do conceito de derivadas parciais é a


produtividade marginal.

● Podemos destacar a equação de Cobb-Douglas da seguinte maneira:

P(K,L) = aKαL1–α

● A derivada parcial de P em relação à K (taxa de variação da produção em relação


ao capital investido) será chamada de produtividade marginal do capital.

● A derivada parcial de P em relação à L (taxa de variação da produção em relação


à força de trabalho) será chamada de produtividade marginal do trabalho.

● Os coeficientes da equação de Cobb-Douglas α e 1 – α são os índices que


delimitam esta elasticidade.

● A diferencial (diferencial total) de uma função f no ponto (x,y) relativa aos


acréscimos ∆x e ∆y é dada por:

∂f ( x, y ) ∂f ( x, y )
df= dz
= dx + dy
∂x ∂y

em que dx = ∆x e dy = ∆y são as diferenciais das variáveis independentes x e y


relativas aos acréscimos ∆x e ∆y.

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AUTOATIVIDADE

1 Uma empresa possui sua função de produção modelada por:

P(K,L) = 5K0,2L0,8

O nível de investimento em capital é de R$ 15.000 (estrutura e maquinário) e R$


20.000 em trabalho. Determine as produtividades marginais envolvidas no caso.

2 A indústria FAZBEM possui sua produtividade modelada por:

P(K,L) = 0,5K0,3L0,7

Atualmente, ela possui os seguintes investimentos: K = 10.000 e L = 20.000.


Pretende-se aumentar em R$ 3.000 o investimento em trabalho. Determine o
ganho produtivo do processo.

3 Mostre através da definição de elasticidade que, sendo a função de


produção P(K,L) = 5K0,2L0,8 com os investimentos K = 25000, L = 10000, com
K e L variando 1000 unidades cada, que realmente os coeficientes α e 1 – α
da equação de Cobb-Douglas são as elasticidades ϵK e ϵL, respectivamente.

4 Um terreno tem a forma retangular. Estima-se que seus lados medem 1.200
m e 1.800 m, com erro máximo de 10 m e 15 m, respectivamente. Determine
o possível erro no cálculo da área do terreno.

5 Usando a diferencial, obtenha o aumento aproximado do volume de um


cilindro circular reto, quando o raio da base varia de 3 cm para 3,1 cm e a
altura varia de 21 cm para 21,5 cm.

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REFERÊNCIAS
ALVES, Gabriela. Aplicações do Cálculo Diferencial e Integral. Trabalho de
Conclusão de Curso. UESB: Salvador, 2016. p. 30. Disponível em: http://www2.
uesb.br/cursos/matematica/matematicavca/wp-content/uploads/monografia.-
Gabriela-Alves-Vers%C3%A3o-Final.pdf. Acesso em: 20/03/2019.

ANDRADE, Aécio A.; SILVA, Wendys M. da. Aplicações de limites de funções na


físico-química. In: JICE - Jornada de Iniciação Científica e Extensão, 5, Palmas, TO.
Anais...Palmas, 31 out. 2014. Disponível em: http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/
jice/5jice/paper/viewFile/6548/3213. Acesso em: 30 abr. 2019.

CASTELLAN, Guilbert William. Fundamentos de físico-química. Rio de


Janeiro: Editora LTC, 2010.

FLEMMING, Diva; GONÇALVES, Mirian. Cálculo A, B e C. 2. ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2007.

GUIDORIZZI, H. L. Um curso de Cálculo. V. 1, 2, 3 e 4. Livros Técnicos e


Científicos. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001.

MESQUITA FILHO, A. Introdução à físico-química das soluções. [s.d.]. Disponível


em: http://ecientificocultural.com/ECC3/solu03.htm. Acesso em: 3 jul. 2018.

STEWART, James. Cálculo. V. 1. 5. ed. São Paulo: Thomson, 2008.

THOMAS, G. B. Cálculo. V. 1-2. 10. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2003.

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