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U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A


DIVERSIDADE

Impressão
e
Editoração

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 3
UNIDADE 1 - O PROBLEMA DA DIVERSIDADE .............................................................................................. 6
UNIDADE 2 - CULTURA E DIVERSIDADE ..................................................................................................... 17
UNIDADE 3 - TRABALHANDO COM OS TEMAS TRANSVERSAIS .................................................................. 37
CONCLUSÃO.............................................................................................................................................. 40
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................ 41

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INTRODUÇÃO

Há pouco mais de dez anos, o Ministério da Educação publicou os volumes


dos Parâmetros Curriculares Nacionais com orientações sobre o Ensino e a
Educação no Brasil. A novidade destes documentos é que os parâmetros
curriculares nacionais não trataram apenas de questões didáticas e conceituais
das diferentes disciplinas, mas foram publicados também volumes sobre os
Temas Transversais.

Os temas transversais são um conjunto de elementos relativos à formação


da cidadania, o que pede um complemento à formação dos profissionais em
educação. Não se trata somente de consciência política, como foi predominante
nas décadas de 1970 e 1980. A prática educacional deve estar voltada para a
compreensão da realidade social e também da formação do indivíduo em relação
à sua vida pessoal e coletiva e, evidentemente, os princípios da vida política.

Os Temas Transversais são:

 Ética;

 Pluralidade Cultural;

 Meio Ambiente;

 Saúde;

 Orientação Sexual;

 Trabalho e Consumo.

Os critérios de escolha desses Temas foram questões que englobam


inúmeros aspectos da vida social e que possibilitariam a experiência concreta
para a construção de uma identidade de democracia e cidadania. A urgência
social são as questões que chamam à atenção dos estudantes e que se tornam
obstáculos para a concretização da cidadania, por exemplo, o trabalho infantil.

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A abrangência nacional, os títulos dos temas remetem à problemas que


podem ser encontradas em todo o território nacional, mas há questões de caráter
regional que devem ser analisadas nas escolas.

A possibilidade de ensino e aprendizagem também foi um critério


importante para orientação dos temas, assim como para a escolha dos projetos
escolares, pois de nada adianta a escolha de temas interessantes para o universo
adulto, se o conteúdo não faz sentido para o universo de crianças e adolescentes.
Dessa forma, tanto a escolha dos temas para os projetos de trabalho, como a
abordagem deverão ser feitas de tal forma que envolva o interesse e a
participação dos estudantes.

Por fim, favorecer a compreensão da realidade e a participação social


é incentivar e capacitar os alunos a se posicionarem diante das questões que
interferem na vida coletiva e que exigem um posicionamento responsável. Os
Temas devem facilitar o aprendizado dos conteúdos escolares e também permitir
a formação de cidadãos ativos e responsáveis.

A inserção desses temas na elaboração do trabalho escolar e, em especial,


no trabalho docente significa criar um eixo vertebrador em torno do qual orbitam
as disciplinas escolares. Esse eixo é a formação para a cidadania. Isto não
significa a desvalorização das disciplinas, nem mesmo o acréscimo de novas
disciplinas no currículo, mas a criação de um elo entre o desenvolvimento
cognitivo e motor dos estudantes – promovidos pelas disciplinas escolares – e o
desenvolvimento de uma cultura de participação ativa da vida social.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais partem do princípio de que nossa


sociedade não é homogênea:

Ao se admitir que a realidade social, por ser constituída de diferentes


classes e grupos sociais, é contraditória, plural, polissêmica, e que isso
implica na presença de diferentes pontos de vista e projetos políticos,
será então possível compreender que seus valores e seus limites
também são contraditórios. (PCN, 1998, p. 23)

Ora, essa realidade social heterogênea e contraditória é reproduzida no


espaço escolar e deve ser o ponto de partida para o trabalho de formação da

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cidadania. A constituição da sociedade é um processo dinâmico, portanto, sujeito


à transformações constantes. Sendo assim, a escola deve ser um agente
transformador da sociedade para que haja tolerância entre as diferenças e ações
efetivas contra a desigualdade.

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UNIDADE 1 - O PROBLEMA DA DIVERSIDADE


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Prof. Dr. José Benedito de Almeida Júnior.

Quando se utiliza o termo diversidade, pode-se dirigir a uma série de


assuntos diferentes, porém que possuem alguns pontos em comum. O tema exige
uma abordagem no processo de formação de professores, porque a Escola é um
lugar onde ocorre a reprodução de fenômenos sociais, dentre eles o preconceito e
a discriminação, isto é, isolar, humilhar, perseguir algum indivíduo ou grupo de
indivíduos a partir de alguma característica que lhe seja ou lhes sejam
particulares. Alguns casos, que serão brevemente apresentados aqui, são:

a) O preconceito de gênero;

b) O preconceito cultural;

c) O preconceito racial ou étnico;

d) O preconceito de classe;

e) O preconceito religioso;

f) O preconceito em relação aos portadores de necessidades especiais;

As minorias ficam mais visíveis na medida em que dois processos ocorrem:


o primeiro é o de globalização que trouxe, inevitavelmente, a massificação ou a
homogeneização de comportamentos e padrões do que é ou não “culturalmente”
bom, correto, bonito. O segundo processo é justamente a busca por espaço social
e geográfico das minorias que, organizadas politicamente, reivindicam sua
visibilidade e a igualdade de condições com outros grupos da mesma sociedade.

Ocorre, também, o fenômeno de minorias majoritárias. Trata-se de um


fenômeno bastante comum, no qual a maioria da população é excluída de
determinados direitos ou de condições sociais iguais a de um pequeno grupo que

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José Benedito de Almeida Júnior é doutor em Ética e Filosofia Política pela Universidade de São
Paulo – USP – e professor de Prática de Ensino em Filosofia, na Universidade Federal de
Uberlândia.

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goza de determinados privilégios oficialmente estabelecidos ou socialmente


produzidos. O apartheid, da República Sul-Africana, era um exemplo de
sociedade que criou uma minoria (no sentido de grupo socialmente excluído de
determinados benefícios sociais) que é composta pela maioria da população.

Um outro caso, ainda em vigor, é o de estudantes da rede pública de


ensino no Brasil, na Educação Básica, que, apesar de serem a maioria em
relação aos estudantes da rede particular, não tem qualquer chance de competir
em condições de igualdade com esses nos exames vestibulares das
Universidades Públicas.

Em todo o mundo surgiu o fenômeno das ações afirmativas, isto é,


propostas de lei que têm por objetivo mitigar a desigualdade social decorrente de
condições históricas e culturais. São “medidas compensatórias”, cujo objetivo é
reduzir os efeitos das discriminações e preconceitos que afetam as minorias na
sociedade.

As ações afirmativas são políticas públicas – que atingem também os


setores privados – voltadas para a concretização do princípio constitucional de
igualdade contra os efeitos das discriminações: de gênero, de idade, racial ou
étnica, de origem nacional e de compleição física. Como se vê, essas políticas
ainda não atingem outras discriminações que ocorrem no cotidiano e que nas
escolas se tornam um grande problema: trata-se do preconceito sobre os
regionalismos.

No ambiente escolar há dois elementos que são fundamentais observar. O


primeiro é o combate ao assédio moral, assunto geralmente tratado em
ambientes de trabalho e do qual a escola não escapa. O assédio moral ocorre nas
relações entre os funcionários da escola, especialmente, entre direção,
coordenação, supervisão e professores e se refletem também nas relações entre
professores e alunos. É o caso de diretores que quando dão exemplo de coisas
erradas citam sempre os mesmos professores ou suas aulas e atividades como
exemplo de fracassos. E esses se sentem Inferiorizado, menosprezado, traído,
sem valor, constrangido.

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O assédio moral é a exposição de um trabalhador ou trabalhadora à


situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante o
exercício da função. Em geral, o assédio moral ocorre em relações hierárquicas
de superior para inferior, mas também entre cargos iguais, como o entre docentes
e de inferior para superior na hierarquia escolar.

Dentro da sala de aula, também podem ocorrer situações de assédio


moral, quando um professor ou professora “persegue” um estudante seja com
piadas, seja com broncas constantes ou ainda humilhando, desprezando ou
tomando-o sempre como exemplo do que está errado, pois trata-se de utilizar o
poder decorrente do cargo para tratar um outro indivíduo de forma desumana.
Ora, da mesma forma, pode ocorrer o assédio moral de professores por parte dos
alunos, quando o docente é constante alvo de ironia, de desrespeito e não
consegue exercer sua função. Esse tem sido o motivo de uma série de problemas
de ordem psicológica que levam muitos docentes a abandonarem a profissão ou
afastarem-se para tratamento médico.

O preconceito de gênero

O sexismo e a homofobia podem ser definidos como preconceitos de


gênero ou preconceito em relação à diversidade sexual. Em geral, trata-se de
discriminar um indivíduo ou um grupo social por causa de seu gênero sexual. O
projeto de lei contra a homofobia (PLC 122/06) torna crime a discriminação por
gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. Em reportagens
recentes, destaca-se a diferença entre os salários de homens e mulheres quando
ocupam os mesmo cargos, destacando que os salários das mulheres são mais
baixos; assim como também o número de mulheres em cargos de comando é
bem menor do que o de homens.

Para fazer frente ao problema do sexismo e da homofobia formaram-se


inúmeras associações de defesa do direito das mulheres – conhecidos
popularmente como movimentos feministas e movimentos LGBTTTS (lésbicas,

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gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e simpatizantes). Tais


movimentos têm por objetivo dar visibilidade ao problema do sexismo e suas
propostas são as mais diversas, desde soluções radicais, até soluções mais
brandas.

Do ponto de vista teórico, formularam-se algumas propostas contra o


sexismo nos processos escolares. Trata-se de analisar os fundamentos do
androcentrismo, isto é, a organização da sociedade segundo modelos e padrões
que valorizem o universo masculino em detrimento do feminino. Neste sentido, a
projeção de algumas mulheres no cenário nacional e internacional vem contribuir
para a eliminação desse tipo de preconceito. Vejamos o que afirmam Sastre e
Fernández a este respeito:

A incorporação das mulheres ao cenário da vida pública e a valoração


positiva que seu estilo de atuação tem recebido, em todos os setores em
que elas foram aceitas, colocaram em dúvida a veracidade dos
postulados subjacentes ao androcentrismo. Mulheres e homens
passaram por experiências suficientes para experimentar vitalmente que
existem diferentes visões de mundo e que cada uma delas tem seus
aspectos positivos e negativos. (SASTRE e FERNÁNDEZ, 1999, p. 153).

Para reverter essa situação, as ações afirmativas têm demarcado um


espaço bastante sugestivo: por lei, os partidos políticos devem reservar até 30 %
das vagas para as mulheres que desejam ser candidatas a cargos eletivos. Essa
lei recebeu forte apoio popular e, pelo número de mulheres que ocupam cargos
no legislativo e no executivo em todos os níveis no Brasil, percebe-se que este
preconceito perde espaço.

A homossexualidade é um outro tema que chama a atenção sobre o


preconceito e a formação para a diversidade é a tolerância em relação à
homossexualidade ou homoafetividade. Até recentemente, pessoas públicas que
ocupavam cargos públicos de poder ou o comando em grandes empresas,
quando tinham sua vida privada “descoberta” deviam renunciar a esses cargos.
Mesmo pessoas famosas não apresentavam seus cônjuges publicamente para
não expor-se à execração pública.

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Um outro tema relativo a isso que tem tomado espaço na mídia é a luta
entre conservadores e progressistas a respeito do “casamento gay”. Trata-se de
formalizar o contrato de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em alguns
países, já há lei regulamentando e em outros há forte resistência. Destacamos
como um dos mais fortes símbolos da luta pelo fim do preconceito contra a
homossexualidade o cantor inglês Elton John, a já falecida cantora brasileira
Cássia Eller e o filme premiado com o Oscar em 2009: Milk.

O Preconceito cultural

Há diversas formas de preconceito cultural, a título de exemplo


destacamos: o linguístico, o escolar, o de comunidade. O preconceito linguístico
se caracteriza pela classificação de “errado” ou “certo”, relativamente aos
regionalismos, tanto no que se refere às construções gramaticais quanto à
pronúncia.

Nesse sentido, Magda Soares (2000) explica-nos que o conceito de


“deficiência linguística” entendido como afastamento da linguagem correta, é
inaceitável do ponto de vista sociolinguístico:

Do ponto de vista linguístico, ou sociolinguístico, o conceito de


“deficiência linguística” é um desses estereótipos, resultado de um
preconceito, próprio de sociedades estratificadas em classes, segundo o
qual é “superior”, “melhor” o dialeto das classes socialmente
privilegiadas; na verdade, essa “superioridade” não se deve a razões
linguísticas, ou a propriedades inerentes a esse dialeto, mas a razões
sociais: o prestígio de que essas classes gozam, sobretudo a seu
dialeto. Os demais dialetos – de grupos de baixo prestígio social – são
avaliados em comparação com o dialeto de prestígio, considerado a
norma-padrão culta, e julgados naquilo em que são diferentes dessa
norma, “incorretos”, “ilógicos”, e até “feios”. (SOARES, 2000, p. 41).

O preconceito escolar costuma confundir a cultura com escolarização, o


que leva a uma postura equivocada. Podemos tomar como exemplo de
preconceito cultural a seguinte afirmação de Montserrat Moreno:

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Os estudantes de um meio cultural rico, em cujas famílias


frequentemente se fala de questões relacionadas à ciência e à cultura,
costumam estabelecer a ponte entre o científico e o cotidiano de maneira
espontânea; entretanto, nesta posição encontra-se apenas uma parte
muito pequena da população escolar. (MORENO, 1999, p. 53).

É inadmissível utilizar termos como meio cultural rico ou meio cultural


pobre. Em primeiro lugar, o que vem a ser uma cultura pobre ou uma cultura rica?
Quando se utiliza o desenvolvimento científico ou o grau de urbanização para
diferenciar-se culturas, na verdade, está-se tomando uma cultura (que valoriza a
ciência e a urbanização) como referência de padrão cultural. Assim, as
sociedades industriais como França, Inglaterra e Estados Unidos costumam
definir-se como mais desenvolvidos ou mais ricos culturalmente do que
sociedades africanas, latinas e asiáticas.

Da mesma forma que, na citação acima, a autora chama de meio cultural


rico o meio cultural que valoriza os assuntos escolares, no caso explicitamente o
discurso científico. Ora, se tomarmos como exemplo uma criança de uma
comunidade que não pratica no cotidiano o discurso científico, mas que pratica os
conhecimentos relativos à agricultura, ou ao comércio ou ainda à manifestações
culturais como danças e cantos folclóricos; podemos chamar esse mundo de
culturalmente pobre?

Assim, quando se quer diferenciar a norma gramatical da norma popular,


em geral, chama-se a primeira de norma culta o que demonstra um preconceito a
priori, pois está atribuindo o termo cultura ao modo de se expressar de um
determinado grupo social e excluindo, consequentemente, outros grupos desse
grupo. Porém, como não há pessoa sem cultura, o correto não é utilizar o termo
norma culta para se opor à norma popular, mas norma gramatical, pois trata-se de
seguir as normas da gramática aceitas oficialmente.

O preconceito racial ou étnico

Esse tipo de preconceito ocorre já mesmo em sua formulação. Falava-se,


até algum tempo atrás em preconceito racial sem mais questões até que se

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propôs como tema a seguinte questão: a humanidade é composta por raças


diferentes? Ainda que haja divergências sobre este tema, é certo, para a maioria
dos pesquisadores, que a humanidade é composta por uma única raça,
diferenciada em etnias.

No caso do Brasil, o preconceito étnico manifesta-se tanto do ponto de


vista cultural como do econômico. As expressões e piadas “racistas”
(especialmente em relação às pessoas afro-descendentes) faziam e fazem parte
do cotidiano escolar. Do ponto de vista econômico, estudos mostram que as
pessoas afro-descendentes estão em menor número nos cargos de comando e
seus salários são mais baixos dos que os de outros.

As ações afirmativas sobre o problema do preconceito étnico vem sendo


um motivo de grandes debates especialmente no que se refere às cotas raciais
em vestibulares de universidades públicas. Trata-se de uma ação afirmativa que
tem por objetivo reparar a injustiça histórica vivida pelas sociedades que eram
escravocatas, qual seja, as pessoas negras tem menos acesso aos serviços
públicos como saúde e educação e, por consequência deste último, são
prejudicados nos exames vestibulares.

Além disso, já há inúmeros casos de processos por racismo, ou seja, o


preconceito tem sido coibido pela lei. Trata-se, agora, de formar novas gerações
que não precisem da lei para evitarem o preconceito, mas que tenham no respeito
pela diferença um valor inquestionável.

Preconceito de classe

Esse tipo de preconceito é caracterizado pela discriminação social tomando


como referência a capacidade financeira ou de consumo. Esse tipo de
preconceito foi tema de debate em relação aos trabalhadores em serviços
domésticos que eram obrigados a tomar somente o “elevador de serviço” e não o
“elevador social” nos prédios de apartamentos. Na escola, esse tipo de
preconceito se manifesta das mais diversas formas, em geral, relativamente ao

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poder de consumo: marcas de tênis, roupas, marca do carro dos pais etc.
Também em relação aos alunos “bolsistas” nas escolas particulares.

As discussões sobre cotas em vestibulares de universidades públicas têm


levado a uma alternativa em relação às cotas raciais, que são as cotas por
demanda social. Esse tipo de cota não leva em conta o critério de classificação
das pessoas pela cor de sua pele, mas pelo fato de ter estudado, no mínimo ao
longo do ensino médio, em escolas públicas.

Assim, independentemente da cor da pele, a injustiça histórica seria


reparada, pois o problema – para os defensores desta política de afirmação – não
é a cor da pele em si, mas a diferença entre a educação básica (ensinos
fundamental e médio) ofertada nas escolas públicas e aquelas ofertadas em
escolas particulares. Como as condições são absolutamente díspares, os exames
vestibulares privilegiariam aqueles que tiveram condições financeiras de estudar
em escolas particulares que preparam os alunos para esses exames.

O preconceito religioso

Esse tipo de preconceito manifesta-se quando, por exemplo, um indivíduo


ou um grupo de indivíduos é discriminado no meio social no qual convive em
razão de seu credo ou da instituição religiosa a qual frequenta. Também, há o
caso de preconceitos em relação aos ateus e vice e versa, ou seja, ateus que
discriminam religiosos e religiosos que discriminam ateus.

A intolerância religiosa já causou verdadeiras catástrofes humanitárias,


especialmente na Europa, mas este é um fenômeno recorrente em toda
humanidade. As “guerras de intolerância” (como ficaram conhecidas) podem ser
motivo de um estudo histórico e, a partir deste estudo, fazer uma reflexão sobre a
situação atual do Brasil, propondo formas de convívio social tolerante entre
pessoas de diferentes credos.

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O preconceito em relação aos portadores de necessidades


especiais

Os portadores de necessidades especiais vêm conseguindo, recentemente,


uma série de conquistas para que possam ocupar os espaços na sociedade que
antes lhes era negado: transporte coletivo adequado; acessibilidade em prédios
públicos e particulares; em espaços de diversão e lazer e acesso ao mercado de
trabalho. É importante destacar que, no Brasil, desenvolvem-se, especialmente
nos cursos de pedagogia, as aulas de LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais)
cujo objetivo é a inclusão de surdos nas escolas regulares do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio.

As ações afirmativas para com os portadores de deficiência têm


conseguido abrir espaços públicos para terem acesso, tanto aos serviços básicos,
quanto ao lazer e ao trabalho. Desde a constituição de 1988, é assegurado o
direito da acessibilidade, mas, só recentemente os prédios públicos e privados
têm instalado elevadores e rampas para permitirem o acesso, tanto para os que
vão trabalhar, como para os que vão aos hospitais e clínicas ou espaços de lazer
como shoppings e cinemas.

Uma das maiores conquistas, no entanto, é a conquista de vagas em


serviços públicos, como estabelece a lei 8112/90, no seu artigo 5º, § 2:

às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se


inscrever em concursos públicos para provimento de cargo, cujas
atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadores.
Para tais pessoas são reservadas até 20 % das vagas oferecidas no
concurso.

Nas escolas, o assédio moral pode ocorrer também nas relações de sala
de aula, entre alunos, ou de alunos para professores ou ainda de professores
para alunos. Para estes casos utiliza-se o termo bullying. Pode-se dizer que só
recentemente o fenômeno do bullying tem sido como um grave problema escolar
e a partir daí recebe um tratamento mais apurado.

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Pode ser definido como uma prática de agressividade repetitiva expressa


por meio de humilhações e intimidações. Hoje, esse fenômeno é classificado
como mais uma síndrome: a SMAR (Síndrome dos Maus-Tratos Repetitivos).
Esse fenômeno era considerado comum nas escolas, típico da idade, mas com a
crescente onda de denúncias e protestos, por causa das consequências que as
vítimas sofrem – como dificuldade de ressocialização, perda do interesse nos
estudos, traumas psicológicos, depressão etc. – atualmente, tornou-se motivo de
estudos e propostas de intervenção. Os estudos apontam para a necessidade,
não somente de se diagnosticar e reverter os quadros, mas antes de mais nada,
de preveni-los.

Numa sociedade intolerante e agressiva, a escola se torna um lócus


privilegiado de reprodução de relações desiguais e desumanas. Assim, a
intolerância dos pais e da comunidade se reflete no convívio escolar, por isso, a
intervenção da escola pode não se limitar aos alunos, mas deve ultrapassar seus
muros e reverter os quadros de assédio moral também junto à comunidade.

Os projetos de trabalho (ver último item deste apostila) devem envolver o


maior número possível de pessoas da comunidade escolar, não somente
intramuros, pois seu objetivo não é o de ensinar o conteúdo de uma ou outra
disciplina e sim, o de ser uma oportunidade de discutir graves problemas sociais
que atingem o cotidiano escolar. Dentre esses, o bullying é sem dúvida um dos
mais graves.

Sua origem se encontra no preconceito – que é a aversão a determinados


grupos sociais – e na discriminação, quando esta aversão assume formas
concretas de exclusão, humilhação e até mesmo agressão física. Por isso, o
trabalho com a Pluralidade Cultural e, consequentemente, a formação de uma
consciência para a tolerância étnica e cultural são importantes nas escolas. De
certa forma, hoje, são até mesmo mais importantes do que o ensino dos
conteúdos das disciplinas escolares.

Ferrari e Laureano, apontam para esse fenômeno no artigo Bullying – o


desafio do combate à discriminação na escola:

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Dessa forma, o bullying é hoje um dos temas que vem suscitando


discussões importantes para a educação, visto que ele expõe a violência
que está presente não somente nas escolas, mas que está servindo para
organizar as relações entre os adolescentes, ao mesmo tempo em que
se transforma num grande desafio: educar para o combate à
discriminação e à violência, numa proposta para a paz e para o convívio
com as diferenças. (FERRARI e LAUREANO, 2006, p. 50).

É importante destacar também que os casos de bullying envolvendo


professores deve ser considerado como uma questão grave. Todos os anos
profissionais deixam a sala de aula porque não conseguem mais exercer suas
tarefas, uma vez que não encontram condições psicológicas de trabalhar. A
violência e a indisciplina dos alunos assumem proporções assustadoras em
grande parte dos estabelecimentos de ensino.

Muitas vezes, a indisciplina dos alunos é tratada como uma incompetência


do professor e, para provar tal tese, alegam que como um profissional controla
algumas salas com boa disciplina e outros não. Assim, o professor é o culpado
pela indisciplina. Ora, poder-se-ia argumentar que um aluno responsável por um
episódio de bullying tem boas relações com outros colegas, assim, a vítima passa
a ser a responsável pela agressão que sofre.

Os Temas Transversais ética e pluralidade cultural não tem o objetivo


somente de ensinar determinados conteúdos, mas principalmente estimular um
convívio tolerante, respeitoso que admita as diferenças e a diversidade.

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UNIDADE 2 - CULTURA E DIVERSIDADE

Os professores devem atentar-se ao problema da diversidade e, para tanto,


devem ter uma noção do significa de cultura e de identidade cultural.

Para todas as sociedades, a cultura é transmitida por meio da educação


dos mais jovens que vão recebendo as informações sobre os valores sociais
positivos e negativos para aquela sociedade. Assim, a sociedade transmite às
novas gerações os valores culturais de seus antepassados, sejam eles
conhecimentos, histórias, técnicas, entre outros.

Em uma sociedade, na qual não há escolas, a transmissão da cultura


ocorre pelo convívio dos mais jovens com a família e com o grupo adulto em
geral, por exemplo, em sociedades de caçadores, a partir de determinada idade,
os mais jovens acompanham os mais velhos nas caçadas para que comecem a
aprender aquelas técnicas. Nestes casos, diz-se que o processo de educação é
assistemático ou informal. Quando uma sociedade possui escolas, estas têm por
tarefa transmitir parte dos conteúdos culturais, em geral, ligados ao
desenvolvimento intelectual, e neste caso, diz-se que se trata de uma forma de
educação sistemática ou formal. No entanto, neste tipo de sociedade, a
transmissão da cultura não ocorre exclusivamente na escola, mas também na
família e em outros ambientes, como os meios de comunicação, a comunidade,
etc. Dessa forma, não se pode confundir a cultura erudita ou científica (da escola)
com a cultura popular (da sociedade) e, principalmente, atribuir mais valor a uma
do que a outra.

Todas as sociedades possuem sua própria cultura, manifestada em sua


língua ou línguas, nas técnicas de manufatura, de construção, de agricultura,
enfim, em todo o seu cotidiano. Os indivíduos que vivem nesta sociedade e que
dela receberam a herança, compartilham a mesma identidade cultural, o que faz
com que os indivíduos pertençam a um grupo, a uma comunidade, a uma nação
etc. e, principalmente, se sintam pertencentes a ele.

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No entanto, é preciso lembrar, também, que as sociedades se influenciam


mutuamente e que suas culturas, portanto, transformam-se na medida em que
esses contatos surgem. Dessa maneira, a cultura de um grupo, de uma
comunidade, etc., não é estática e sim dinâmica, logo, quando se fala em
transmissão de valores culturais herdados dos antepassados não se trata de algo
imutável, mas de algo que está sujeito a transformações a cada nova geração.
Neste processo há permanências e transformações culturais.

Como já havíamos dito, em termos de língua, por exemplo, costuma-se


falar em norma culta e linguagem popular. O termo “norma culta”, no entanto, é
carregado de preconceito, pois exclui o termo cultura da linguagem cotidiana.
Ocorre que o termo mais adequado seria “norma gramatical’ e não norma culta.
Da mesma forma, costuma-se dizer que uma pessoa é “culta” quando ela é bem
informada, tem formação universitária, utiliza corretamente as normas gramáticas
da língua, etc. No entanto, o que dizer de uma pessoa que conhece todos os
pormenores da organização da festa de Folia de Reis? Por exemplo, os trajes, as
danças, as músicas, os significados e a história dessa tradição; não pode ser dita
também uma pessoa culta?

Um exemplo interessante da consciência de como se transmite a cultura e


o valor que ela tem para cada sociedade pode ser encontrado no trecho abaixo.
No século XIX, nos Estados Unidos, os estados da Virgínia e de Maryland
assinaram um tratado de paz com os Índios das Seis Nações, uma organização
que fez frente à colonização branca. Na solenidade, foi oferecida às nações a
oportunidade de mandar mais jovens para serem educados nas suas escolas.
Declinando do convite os chefes redigiram a seguinte resposta:

Muitos de nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do


Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas quando eles voltaram
para nós eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e
incapazes de suportar o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado,
matar o inimigo ou construir uma cabana, e falavam muito mal nossa
língua. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como
guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora, não
possamos aceitá-la, para mostrar nossa gratidão concordamos que os
nobres senhores da Virgínia nos enviem alguns de seus jovens, que lhes

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ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles homens. (BRANDÃO,


1984, pp. 8 – 9).

A importância da ciência antropológica para a formação de professores é


o fato de que sua produção permite a compreensão de alguns elementos
fundamentais da nossa sociedade. A antropologia pode ser dita como o estudo
das alteridades (em latim, alter = outro) que permite compreender facetas das
culturas de diferentes povos e comunidades dentro de povos. Cada cultura tem
sua própria história e, portanto, suas próprias características, não cabendo
qualquer classificação hierárquica entre elas. A partir disto, podemos
compreender alguns conceitos fundamentais da antropologia, qual sejam: o de
cultura, raça e etnia. Nas palavras dos PCNs (1998, p. 132): “Alguns temas,
conceitos e termos da temática da Pluralidade Cultural dependem intrinsecamente
de conhecimentos antropológicos, por se referirem diretamente à organização
humana, na qual se coloca a diversidade.”

Sobre a cultura é preciso compreender que não existe pessoa sem cultura.
A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecidos por um determinado
grupo social a partir dos quais se produz conhecimentos e os valores morais. É
por intermédio desses códigos simbólicos que o indivíduo é inserido nas
obrigações do mundo adulto.

Sobre o conceito de raça, pode-se dizer que, apesar de ser utilizado


constantemente, tem sido evitado cada vez mais pelas ciências sociais. Em
primeiro lugar, porque o conceito de raça é oriundo das ciências biológicas e
comprometeu-se com as teorias raciais (frenologia, fisiognomia, craniometria e
outras) dos séculos XIX e XX que procuravam defender a tese de que a “raça
branca” é superior às outras “raças” do planeta. Por outro lado, o conceito de
“raça” é uma subdivisão do de “espécie” e seria preciso provar por meio da
ciência que somos raças diferentes e nenhuma pesquisa apontou nesta direção.
Por isso, pode-se concluir que não somos divididos em raças.

Desta forma, o melhor para caracterizar os seres humanos a partir das


diferenças de estereótipos, mas ainda mais por critérios sociais e culturais é o

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termo “etnia” e “grupo étnico”. As características culturais são mais importantes


para definir a identidade de um indivíduo do que suas características biológicas.

Há alguns anos, conheci em Nova York um jovem que não falava uma
palavra em inglês e estava evidentemente perplexo com os costumes
americanos. Pelo “sangue”, era tão americano como qualquer outro, pois
seus pais haviam nascido em Indiana e tinham ido para a China como
missionários. Órfão desde a infância, o rapaz fora criado por uma família
chinesa, numa aldeia perdida. Todos os que o conheceram o acharam
mais chinês do que americano. O fato de ter olhos azuis e cabelos claros
impressionava menos que o andar, os movimentos dos braços e das
mãos, a expressão facial e os modos de pensar que caracterizam os
chineses. A herança biológica era americana, mas a formação cultural
fora chinesa. Ele acabou retornando à China, seu verdadeiro lar.
(KLUCKHOHN, 1963, p. 30 apud OLIVEIRA, 2005, p. 139).

Para que se realize um trabalho de combate à discriminação e ao


preconceito, o professor deve estar preparado para discutir e apresentar a
diversidade como um dado concreto de nossa sociedade que, ao contrário de ser
um problema, é um elemento que a torna tão rica, do ponto de vista cultural. Uma
vez compreendido que podemos ser diferentes, é preciso compreender que temos
direitos iguais, ou seja, que as diferenças não devem ser apagadas, mas
valorizadas.

Enfrentar a discriminação é tarefa importante e fundamental do trabalho


escolar. A discriminação tem sua origem no medo e tornar explícito este elemento
psicológico pode reverter o quadro de discriminação. A discriminação tem sempre
dois pólos: no primeiro o medo apresenta-se como reação ao desconhecido, visto
sempre como algo ameaçador da ordem psicológica ou social (cor de pele,
hábitos e costumes diversos, forma de falar). No pólo em que se encontra o
discriminado o medo é a ameaça permanente diante da discriminação, desde o
assédio moral até a violência física contra o outro indivíduo.

Uma das melhores formas de se trabalhar esses “medos’ e, portanto, de


mitigar a discriminação é com informação. Trazer à tona os saberes dos
diferentes grupos étnicos, mostrar qual sua relação com as características desses
grupos e, por fim, demonstrar que aos olhos dos outros nossos costumes também

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são estranhos (lembremos do caso da carta dos índios norte-americanos) e que


não se deve julgar uma cultura “estranha” ou “esquisita”.

Os temas transversais e a formação do professor para a


diversidade

A ideia dos temas transversais é justamente a de preparar os professores


para uma nova realidade relativa ao ensino que não pode mais se conformar
somente às ditas ciências tradicionais, as quais não perderam o valor, mas não
são a única resposta que a escola pode e deve dar à sociedade. Como vimos
mais acima, as sociedades que têm escolas transmitem parte de sua cultura
neste ambiente, em geral, esta parte eram as ciências. No entanto, com a
redução do papel da família no processo de educação dos jovens, assim com a
crescente influência dos meios de comunicação, a escola precisa ter uma ação
mais incisiva no processo de educação que vá além da transmissão dos
conhecimentos científicos. Os temas transversais são: pluralidade cultural, ética,
saúde, etc.

Em primeiro lugar, cumpre salientar que os temas transversais não devem


ser tratados como novas disciplinas, pois isso iria apenas sobrecarregar as
tarefas docentes, de secretaria, bem como os programas. Além disso, seria uma
forma de dar a um novo conhecimento, uma abordagem tradicional que não
contribuiria para sua melhor realização. Por exemplo, não faz qualquer sentido
pensar em prova de Pluralidade Cultural, ou ainda, simulado com questões de
múltipla escolha, como se se tratasse de um conteúdo, cujo tratamento deva ser
igual ao das disciplinas tradicionais como língua portuguesa, história, matemática
etc.

Para evitar o inconveniente do acúmulo de novos conteúdos a serem


ensinados, trata-se de modificar a perspectiva e partir do princípio que o ensino
das disciplinas tradicionais deve ter como sentido algo além de fazer com que os
alunos decorem seus conteúdos, mas entender que o papel da escola, em nossa

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sociedade, atualmente, exige mais do que o simples ensino de conteúdos


científicos; é necessário que os professores, os dirigentes escolares e toda a
comunidade tenha compreensão de que a escola deve contribuir para a formação
da cidadania.

Dessa forma, os temas transversais não devem ser inseridos como


elementos externos ou exógenos às disciplinas tradicionais, mas serem
incorporados no processo de elaboração do curso e das aulas. Evidentemente,
todo o corpo docente deve participar das discussões e tomar decisões sobre os
temas transversais que deverão ser inseridos nos conteúdos para que a escola
realize um trabalho integral de formação.

Moreno (1999) observa que as matérias curriculares tradicionais são meios


pelos quais cumpre-se o objetivo de se desenvolver a capacidade dos estudantes
para aprender e manejar adequadamente as informações que recebe. Quando se
esquece desse objetivo, o ensino das disciplinas torna-se um fim em si mesmo e
distanciam-se do mundo real fazendo que com a escola seja responsável por uma
fissura irrecuperável entre aquilo que se ensina – e que se valoriza como cultura –
e aquilo que se vive – e que na prática passa a ser valorizado para a vivência no
mundo.

Essa cisão entre o mundo da escola e o mundo fora da escola leva ao


desinteresse de boa parte dos alunos às atividades que se desenvolvem dentro
dos estabelecimentos de ensino, pois não se sentem estimulados a aprender
conteúdos que não fazem sentido (no sentido de aprendizagem significativa) para
ele. Assim, acrescenta Moreno:

Se considerarmos os conteúdos do ensino, do ponto de vista das


matérias transversais, isto é, como algo necessário para viver em um
sociedade como a nossa, a disposição de cada uma das outras matérias
muda, re-situa-se e adquire um novo valor: o de ajudar-nos a conquistar
macroobjetivos imprescindíveis para viver em uma sociedade
desenvolvida e autoconsciente.
A vinculação entre as matérias transversais e os conteúdos curriculares
dá um sentido a estes últimos, fazendo-os aparecer como instrumentos
culturais valiosíssimos para aproximar o científico do cotidiano.
(MORENO, 1999, p. 39).

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A formação para a diversidade deve levar em conta, portanto, a


necessidade de incluir os temas transversais no conteúdo das disciplinas para
que o processo de formação cultural, hoje, sob responsabilidade da escola, seja
dirigido de maneira competente e significativa para a sociedade em que vivemos.
A nossa sociedade é constituída por uma série de minorias que, muitas vezes,
são excluídas ou em outras palavras, não têm as mesmas condições de competir
por espaços com determinados grupos sociais que ocupam lugares privilegiados.
O trabalho escolar não deve ter como foco somente os estudantes, cuja condição
socioeconômica é privilegiada, mas todos os indivíduos que tem direito ao ensino
público de qualidade.

Conteúdos de aprendizagem

Esse é outro aspecto importante para o trabalho do professor disposto a


considerar a importância de estar atento à diversidade é à noção de conteúdos de
aprendizagem. Conforme a teoria do construtivismo são três os conteúdos de
aprendizagem com os quais os professores atuam durante suas aulas.

 Conteúdos conceituais – trata-se de conhecimentos do tipo o que


aprender; são aqueles conteúdos tradicionais das disciplinas escolares,
por exemplo, o estudo do relevo em geografia; os polinômios, em
matemática; os tempos verbais em língua portuguesa. Esses conteúdos
são objeto de inúmeras propostas de abordagens didática, de tal forma que
seu aprendizado seja facilitado em virtude de uma série de recursos e
técnicas das quais os professores podem lançar mão. Tais conteúdos são
importantes para todo o trabalho escolar e não deve ser descartado como
“inútil” ou “burguês” apenas porque está distante da realidade imediata do
aluno. Trata-se isto, sim, de aproximar esses conhecimentos produzidos
pela cultura ocidental – que foram e são fundamentais para toda a
sociedade – da realidade imediata dos alunos. Infelizmente, muitos

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estudiosos confundiram a inserção de temas transversais e a preocupação


em formar professores para a diversidade como uma forma de lutar contra
esses conteúdos que seriam a expressão da “ideologia burguesa”, assim,
só para citar um exemplo, consideravam o ensino de História do mundo
greco-romano como inútil, ou pior, ideológico, afinal não estavam próximos
do mundo do aluno. Ora, em nosso entender, a história do mundo greco-
romano faz parte da nossa formação cultural (pensemos na influência
destas línguas sobre a nossa, além da herança de determinados
fenômenos sociais, como o esporte, a política, o teatro, a poesia etc.) e não
devemos negar aos nossos alunos o acesso a esse universo cultural. O
que ocorre, porém, é que como dissemos, esses conteúdos devem ser
aproximados da vida dos alunos para que possam ser objeto de
aprendizado significativo.

 Conteúdos procedimentais – esses conteúdos podem ser definidos como


o saber fazer. Esses conteúdos são as habilidades e competências que os
professores ensinam aos estudantes. Por exemplo, todos os professores
podem ensinar os alunos a fazerem pesquisas em bibliotecas ou on-line;
professores de geografia ensinam os alunos a fazerem mapas, pesquisas
de campo etc.; professores de produção de texto ensinam os alunos a
escreverem melhor; todos os professores ensinam os alunos a ler e
interpretar textos etc. Essas habilidades não devem ser ensinadas como
algo externo ao trabalho docente, como algo que se deve ensinar “além do
conteúdo”, pois elas são, em si mesmas, conteúdos. No entanto,
analisemos os conteúdos que são os objetos de nossa análise.

 Conteúdos atitudinais – Esses conteúdos são relativos às ações, isto é,


ao comportamento dos alunos. Contudo, não se pode supor que se trata de
aulas de Educação Moral e Cívica ou de lições de moral que os
professores apliquem aos alunos. Trata-se, isto sim, em primeiro lugar, de
se ter consciência de que a escola é um lugar onde o aluno também
aprende a valorizar determinados tipos de comportamento e que todos os
profissionais que atuam neste ambiente estão direta ou indiretamente
envolvidos com a formação ética dos estudantes.

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Ainda a respeito desses conteúdos, há bastante o que se conceber sobre


eles, pois como observa Brandão (1993, p. 7) “ninguém escapa da educação. Em
casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós
envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, aprender-e-
ensinar”. Portanto, todas as ações dos professores (e dos outros funcionários da
escola) faz parte do processo de ensino de atitudes para os alunos. Os conteúdos
atitudinais podem e devem ser objeto de ensino aos alunos, por isso, Mauri
desenvolve alguns tópicos que podem orientar a intervenção dos professores na
construção de atitudes dos alunos, às quais apresentaremos de modo sintético:

 A escola deve estabelecer claramente os critérios e os valores pelos quais


é regida;

 Os professores devem facilitar o conhecimento e a análise das normas


existentes para que os alunos possam compreendê-las e respeitá-las.
Neste mesmo ponto, criar formas de participação dos alunos para
contribuir com a melhoria ou adequação das normas;

 Auxiliar os alunos a compreenderem a relação entre as normas e as


atitudes que se pretende que desenvolvam em situações concretas nos
espaços da escola; apresentar normas e atitudes vinculando-as a
situações concretas e familiares para os alunos;

 Facilitar o intercâmbio e a participação entre os alunos para debater


opiniões e ideias sobre diferentes aspectos que dizem respeitos às
atividades na escola;

 Por meio de atividades que facilitem o aprendizado, apresentar aos alunos


determinados comportamentos sociais que são fundamentais para a vida
coletiva, dentro e fora do ambiente escolar, tais como, a solidariedade, a
cooperação, a equidade, a fraternidade;

 Oferecer modelos de atitudes nos quais os alunos podem se inspirar e


auxiliá-los no que for necessário para que possam ensaiar e testar os
modelos; além disso, os professores devem estar preparados para apoiar

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os alunos nos momentos em que estes apresentarem resistência à


mudança de comportamento ou insegurança.

A escola pode estar preparada para o trabalho com os conteúdos


atitudinais, mas ainda poderíamos nos perguntar como os alunos podem aprender
esses conteúdos. Para responder a essa questão Mauri (1999, p. 118) elenca
uma série de orientações que parte dos saberes pessoais dos alunos.

Do ponto de vista teórico, esses saberes pessoais dos alunos são


denominados conhecimentos prévios. Geralmente, considera-se que esses
conhecimentos prévios se referem somente aos aspectos cognitivos e habilidades
dos alunos, mas eles incluem também as atitudes. Aprende-se atitudes assim
como aprende-se a ler e escrever, a calcular, pesquisar, comunicar-se, entre
outros. Quando os alunos chegam à escola trazem uma série de conhecimentos
prévios oriundos do aprendizado ao longo do tempo com sua família, sua
comunidade e, sem dúvida nenhuma, também dos meios de comunicação. O
professor não deve e não pode negar esses conhecimentos se quiser auxiliar a
aprendizagem dos alunos, pois é preciso ajudá-los a fazer a conexão entre os
conhecimentos prévios e aqueles que se quer que eles adquiram. Em suma, uma
aprendizagem será tanto mais significativa quanto mais relações se estabelecem
entre aquilo que ele já sabe e aquilo que se lhe quer ensinar.

Os principais aspectos para que se possa ensinar novas atitudes são:

 Familiarizar-se com certas normas e possuir tendências de comportamento


que se manifestem em situações específicas, que sirvam de base às novas
normas e atitudes que são os objetos de aprendizagem;

 Quando apresentadas as novas normas e atitudes que se pretende que os


alunos tenham, auxiliá-los a rememorar sentimentos, julgamentos e
avaliações que tenham feito sobre situações que podem ser úteis para a
aprendizagem dos novos conteúdos;

 Apoiar os alunos e estimulá-los a expressarem suas opiniões e ideias, por


quaisquer meios possíveis, pois isso o ajuda a ter algum grau de

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consciência sobre elas e também para que os outros colegas de sala o


conheçam. Isto permite que os alunos reflitam sobre suas opiniões e
ideias, mas também sobre seus comportamentos que podem ser
comparados com suas opiniões, de tal forma a ter consciência de suas
próprias atitudes.

 Para poder ligar a nova norma ou atitude ao seu comportamento ou


opinião, o aluno deve ser estimulado a, por exemplo, colocar-se sob o
ponto de vista do outro para conseguir interpretar sua consciência;
observar o conflito ou as contradições entre as atitudes e opiniões;
observar comportamentos que inspiram afeto, respeito e admiração;

 Por fim, elaborar critérios pessoais de comportamento ético para poder dar
maior relevância a determinadas normas e atitudes em situações concretas
e progredir na consecução da autonomia pessoal e moral;

 Poder aceitar as mudanças de atitude com confiança e segurança. É


preciso que os professores se lembrem que a mudança de atitudes, toda
inovação pessoal, implica certo grau de temor e pressupõe a aceitação de
algum tipo de risco.

 A mudança de atitude só é possível se todos tiverem consciência de que o


apoio coletivo é fundamental, por isso, é importante evitar os “dramatismos
exagerados” e “culpas desmoralizadoras”.

Vale a pena destacar a obra de Philippe Perrenoud (2000) As dez novas


competências para ensinar destaca no capítulo 9 os deveres e dilemas éticos da
profissão. Em primeiro lugar, observamos que toda profissão implica em maior ou
menor grau, determinados dilemas éticos que cumpre conhecer e enfrentá-los.
Em segundo lugar, há um interessante paralelismo entre a experiência brasileira
de uma educação para a diversidade e a experiência francesa relatada por
Perrenoud.

Já no início do livro, observa que não cabe mais na sociedade


contemporânea limitar a atuação e, portanto, a formação do professor à antiga
função de mestre de magister: aquele que domina determinado conteúdo teórico

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e o ensina aos estudantes; pois há novas exigências em nossa sociedade ligadas


à cidadania, à ética, ao convívio com a diversidade e a escola que não pode se
eximir do seu papel de agente ativo da sociedade nesse processo de formação de
novos cidadãos.

De modo direto, sugere que se lute contra preconceitos e discriminações


sexuais, étnicas e sociais no ambiente escolar. Essa é uma lição de tolerância no
sentido que vai além daquele de “aturar” as diferenças, mas no sentido de
“respeitá-las”. Antes de mais nada, é preciso ter consciência de que não basta
que o professor seja, ele mesmo, tolerante e não manifeste qualquer forma de
preconceito. É preciso estimular e ensinar os alunos não sê-los também. Alguns
professores afirmam que essa não é uma tarefa da escola, mas da família, no
entanto, isto não é verdade, pois é também tarefa da escola, não somente dela,
sem dúvida nenhuma. Assim, é preciso que o estabelecimento escolar, por meio
dos profissionais que nele atuam, ensinem aos alunos as atitudes de tolerância e
respeito para com as diferenças.

Revendo os princípios dos conhecimentos prévios, podemos afirmar que


nenhum aluno ou aluna é uma tabula rasa em termos de conhecimentos
cognitivos, nem em termos de atitudes e valores morais: há alunos educados em
ambientes sexistas, racistas ou preconceituosos em relação à classes sociais.

Combater os preconceitos de toda espécie é tornar o presente viável e


preparar a sociedade futura para uma vida fecunda; para isso, as vítimas de toda
sorte de preconceitos, mesmo porque não somente a vida social é afetada, mas
também sua vida cognitiva, pois os alunos vítimas de preconceitos apresentam
dificuldades de aprendizagem, uma vez que não encontram na escola um
ambiente acolhedor e isto é determinante para que ele não consiga concentração
e atenção suficiente para o aprendizado.

Perrenoud (2000) nos lembra que os alunos educados em ambientes


preconceituosos nem sempre manifestam estas atitudes de forma explicita, na
frente de adultos, mas costumam agir deste modo quando o professor vira as
costas ou fora da sala de aula, o que leva à tentação de se fechar os olhos diante
desta realidade. Há ainda os que se sentem fortes o suficiente para que possam

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agir de modo preconceituoso, mesmo na frente de professores e outras


autoridades, porque acreditam que seu comportamento é tolerável ou ao menos
não tem qualquer receio de punição. Perrenoud (2000) diz que é preciso energia
e coragem do professor para enfrentar as situações de preconceito.

Os valores pessoais e o comprometimento do professor para lutar contra o


preconceito são fundamentais. No entanto, deve-se observar que as situações
são tão diversas que nem sempre é possível ao professor encontrar formas de
combater o preconceito. Para tanto, sem dúvida nenhuma o professor deve se
prepara para enfrentar as situações de preconceito de modo ético, mas firme, não
deixando passar expressões que sejam evidentemente preconceituosas ou
mesmo aquelas que apareçam de modo velado.

Nesse ponto, é preciso determos em nossa análise, de acordo com


Perrenoud (2000), e debruçarmos sobre o problema do apoio da direção da
escola no combate ao preconceito. De nada adianta a atitude isolado de um
professor ou um grupo de professores se não há respaldo dos superiores para
que as atitudes antiéticas sejam coibidas. Além disso, as atitudes de apoio da
direção devem envolver um trabalho específico com os pais, pois se a escola
detecta um comportamento preconceituoso do aluno, muitas vezes sua origem
está na educação familiar, o que demanda um trabalho também com os pais.

Com frequencia, os programas impostos aos professores – e a


necessidade de cumpri-los – leva a uma situação de apatia, ou seja, uma vez que
é necessário cumprir a programação, o professor não terá “tempo” para
interromper sua aula para discutir com os alunos assuntos relativos à ética e à
moral. Ora, tal atitude revela uma concepção de escola que não considera a
importância de seu papel educativo na sociedade, como se fosse possível que um
ambiente como este não tivesse qualquer influência sobre a formação ética dos
alunos.

Para Perrenoud (2000), o debate é um momento importante para que todos


possam expressar suas opiniões e, principalmente, realizarem o exercício de
respeito à opinião e à voz do outro. Quando se fala em competência de gestão de
classe, lembra-se, normalmente, de organização do tempo, das atividades

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didáticas e da distribuição espacial. Ora, deve-se inserir nesta questão, também,


a instauração de valores, de relações sociais e de atitudes que favoreçam o
desenvolvimento das atividades intelectuais e o convívio tolerante entre todos.

A autoridade do professor no processo de formação para a


diversidade

Há várias experiências nas quais os alunos são convidados a participar da


elaboração das regras para o convívio dentro da sala de aula e na escola como
um todo. Quando bem conduzidas, essas experiências levam a uma mudança de
postura dos estudantes que deixam de considerar as regras como externas ou
impostas de “cima para baixo” e assumem um compromisso maior com seu
cumprimento.

Não se deve confundir, contudo, a experiência democrática da participação


com a instalação de tribunais internos nas escolas, onde queixas e punições são
constantes e problemas que poderiam e deveriam ser tratados de modo dialógico.
Mesmo porque, as crianças e adolescentes ainda não têm maturidade para
julgamentos.

É possível perceber que há risco nesse tipo de postura, pois leva os


professores dispostos a encarar as novas exigências como uma necessidade de
nossa sociedade. Antes de mais nada, porque não se pode contar com a
educação que tragam de casa, pois sabemos que muitas famílias, por falta de um
projeto educativo, não apoiam o trabalho educativo da escola, o que leva a uma
necessidade de a escola assumir, em parte, este papel.

Ora, se se trata de educar os estudantes para uma sociedade de tolerância


não se pode pretender fazê-lo por meio de uma autoridade que se confunda com
autoritarismo, mas demonstrar que o diálogo e a tolerância são o caminho para a
construção de uma sociedade mais humana. Contudo, isto não significa que o
professor abandone sua condição de adulto e de mestre. Insistir na necessidade
da experiência de diálogo dentro da sala de aula não significa que o professor

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deva colocar-se numa situação de absoluta igualdade com os alunos, ao


contrário, faz-se necessária a presença de alguém mais experiente no processo
de diálogo para o caminho da tolerância para que os estudantes o aprendam.

A Pluralidade Cultural nos PCNs

A sociedade brasileira é formada por uma gama enorme de culturas e


identidades próprias. É preciso que a escola cumpra seu papel de contribuir na
formação de futuros cidadãos para uma sociedade justa e tolerante com as
diferenças. Para tanto, é preciso lembrar que o trabalho com a Pluralidade
Cultural deve atender aos pré-requisitos da ética, ou seja, os valores que
nortearão todas as nossas ações. O objetivo é, portanto, educar para superação
dos preconceitos e da discriminação.

Conforme os PCNs, a temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao:

[...] conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais


dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às
desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais
discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira,
oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país
complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal. (PCN, 1998, p.
121)

A escola é um lugar privilegiado para a discussão e exercício da


democracia social, por meio da promoção de princípios éticos como a liberdade, a
dignidade humana e animal, respeito mútuo, justiça e equidade e solidariedade. É
bom recordar que os direitos humanos pregam o direito a ser tratado com
dignidade, por isso, o assédio moral, o bullying e a intolerância não podem ser
admitidos dentro das instituições de educação. Isto não significa somente punir,
mas principalmente, educar enquanto for possível.

A pluralidade cultural oferece uma gama de temas e oportunidades de


trabalho muito ampla, por isso os PCNs oferecem alguns temas que podem ser
desenvolvidos em cada realidade regional ou de cada comunidade, de acordo

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com as exigências locais. Isto é muito importante, porque não há como um


documento querer ordenar o trabalho docente sem levar em conta as diferentes
realidades. Por outro lado, é preciso que elementos comuns sejam trabalhados na
escola no Brasil.

Pluralidade cultural e a vida dos adolescentes no Brasil

Estudar a temática dos adolescentes, com os próprios adolescentes, é um


desafio que deve ser encarado como necessário para nossa realidade hoje. Não é
mais possível o professor limitar seus trabalhos a somente ensinar o conteúdo de
sua disciplina, desprezando a importância das relações sociais, nas quais o
trabalho do professor e da escola estão, inevitavelmente, envolvidos. Assim,
alguns tópicos que podem orientar o trabalho com os adolescentes são: a família,
as responsabilidades, as relações comunitárias e as relações com tempo e o
espaço. Assim, é preciso atentar-se aos seguintes tópicos:

 Compreensão da organização familiar como instituição em transformação


no mundo contemporâneo

Como toda instituição social a organização familiar também está em constante


transformação. Aqui cabe entender a função da família em diferentes grupos
étnicos em seus diferentes tipos de agregação.

 Compreensão e valorização das relações de cooperação e


responsabilidade mútua na família. A importância de partilhar
responsabilidades.

Em primeiro lugar, observar que diferentes culturas e etnias consideram as


responsabilidades de cada membro das famílias de modo característico, portanto,
neste nível, trata-se do papel da informação. Mas, considerando a realidade
brasileira, há elementos sobre as responsabilidades sociais presentes nas

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famílias, dentre eles podemos destacar: os direitos da criança e do adolescente,


os direitos dos idosos, a cooperação entre todos na vida diária. É preciso
observar que, se por um lado exige-se a observação dos direitos nas relações de
gênero e geracionais, por outro, deve-se observar que a casa é responsabilidade
de todos e que todos devem compartilhar dos cuidados para com ela.

Da mesma forma, e por extensão, o espaço da escola deve ser o lugar de


convívio de diferentes gerações, mas deve haver uma corresponsabilidade entre
os grupos no que se refere ao respeito mútuo, pois todos possuem, igualmente,
direitos e deveres.

 Conhecimento e análise da vida comunitária como referência afetiva e


forma de organização.

Além da família, uma outra referência para a formação do adolescente é a


vida comunitária. Portanto, conhecer a comunidade na qual se está inserido, por
meio de levantamentos socioeconômicos, pode ser uma forma de
conscientização.

Para o adolescente, também é fator determinante de sua formação cultural


a relação comunitária que lhe é mais imediata, a sua “tribo”. Conhecer as tribos,
estudar seus costumes e gostos é uma forma de trazer à tona o que há de
comum e de diferentes nestes grupos.

Também se encaixa neste tema a questão da inserção do jovem e do


adolescente no mercado de trabalho.

 O conhecimento, o respeito e a valorização de diferentes formas de relação


com o tempo.

Como se sabe, diferentes culturas organizam-se em torno do tempo de


modos diversos e nenhum desses modos pode ser considerado certo ou errado
em relação a outro. Trata-se, portanto, de, a partir de informações, discutir as
diferenças culturais no sentido de valorizar a tolerância com a diversidade.

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O tempo também promove a oportunidade de se compreender os


processos de permanências e mudanças entre as diferentes gerações. A ideia é,
portanto, valorizar as características de cada geração mostrando as questões as
quais elas respondiam em seu tempo e quais questões os adolescentes
respondem ao seu modo, por exemplo, com os comportamentos das tribos.

Aqui também cabe explorar os ciclos de vida, isto é, como cada cultura
concebe os diferentes papéis sociais da criança, do jovem, do indivíduo maduro e
dos idosos.

 Diferentes formas de relação com o espaço.

Neste tópico, sugere-se explorar as diferentes formas de relação das


culturas com o espaço e, em especial, com a questão ambiental. Analisar,
também, os códigos de valores no que tange às relações com o espaço em
ambientes rurais e urbanos, usando os referenciais da geografia.

Nesse sentido, a noção de “lugar” ganha um privilégio, pois segundo o


geógrafo Milton Santos, o “lugar” não é um espaço físico qualquer, mas um
espaço com o qual um indivíduo ou comunidade possuem identidade. Essa
perspectiva aplicada à relação dos adolescentes e crianças, com a escola e com
a casa, leva a esses compreenderem o que significa corresponsabilidade de
todos para com o espaço que ocupam em comum.

 Valorização dos grupos que contribuiram para a formação da cultura


brasileira.

Neste tópico, o objetivo é demonstrar que a cultura brasileira, rica e


diversificada é resultado da contribuição de diversos grupos étnicos, desde sua
origem até hoje, com a chegada de imigrantes ao longo dos séculos XIX e XX.

Também, reveste-se de fundamental importância o problema da migração


interna no Brasil e o convívio de diferentes culturas regionais, o que é motivo de
uma série de preconceitos e discriminações que deve ser encarado como
primordial para uma escola que tem por meta a luta contra os preconceitos.

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Outro tópico central que deve ser o propulsor de novos debates e


perspectivas é o ser humano como agente social e produtor de cultura.

Este tópico chama a atenção para o fato de o ser humano ser o agente da
cultura, numa relação dinâmica com o tempo e o espaço. Este movimento é
mediado por diferentes linguagens que denotam os valores e tradições da cultura
em que foram formadas. Os subtópicos dessa proposta são:

 Conhecimento, respeito e valorização das diferentes linguagens pelas


quais se expressa a pluralidade cultural;

 Levantamento e valorização das formas de produção cultural mediadas


pela tradição oral;

 Conhecimento de usos e costumes de diferentes grupos sociais em sua


trajetória histórica;

 Conhecimento e compreensão da produção artística como expressão de


identidade etnocultural;

 Conhecimento e compreensão da língua como fator de identidade na


interação sociopolítica e cultural;

 Conhecimento, análise e valorização de visões de mundo, relações com a


natureza e com o corpo, em diferentes culturas.

 Prática e valorização da circulação de informações para a organização


coletiva e como fundamento da liberdade de expressão e associação;

 Compreensão da definição do conhecimento de leis como princípios de


cidadania;

 Prática e valorização dos direitos humanos;

 Valorização da possibilidade de mudança como obra humana coletiva;

 Conhecimento dos instrumentos disponíveis para o fornecimento da


cidadania.

Por fim, a proposta curricular traz como eixo de reflexão os direitos


humanos, direitos de cidadania e pluralidade. Este tópico traz, em linhas gerais, a

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proposta de se trabalhar com os direitos humanos como um elemento


fundamental do exercício da cidadania. Sobre os direitos de cidadania, entende-
se os direitos dos cidadãos de uma determinada nação a partir das instituições
públicas que a organizam, como é o caso do acesso ao ensino nos níveis básico
e superior. Por fim, a pluralidade traz à tona a necessidade de se refletir sobre o
respeito aos direitos humanos, direitos de cidadania dentro de uma sociedade
plural, diversa, na qual todos são iguais e possuem direitos.

Assim, para que os aspectos teóricos sejam melhor compreendidos é


preciso ir ao nível da informação e demonstrar que a nossa sociedade possui
mecanismos de defesa dos direitos, por exemplo, órgãos como o IDEC (Instituto
de Defesa do Consumidor), o Conselho Tutelar, a Polícia Militar e o Corpo de
Bombeiros, o sistema judiciário, dentre outros.

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UNIDADE 3 - TRABALHANDO COM OS TEMAS


TRANSVERSAIS

Há duas formas elementares de inserir os temas transversais no trabalho


docente. A primeira delas está diretamente ligada ao conteúdo da disciplina
ministrada pelo professor e pode ser trabalhada de modo independente das
demais disciplinas do currículo. Muitos livros didáticos e paradidáticos trazem
sugestões para o trabalho com temas transversais tendo como referência apenas
uma disciplina.

A outra maneira pressupõe a realização de Projetos que envolvam mais de


uma disciplina e mais de uma turma, muitas vezes, todas as turmas de um ano ou
da escola. Pode ser usado em momentos específicos do trabalho didático, por um
professor ou um grupo de professores. A orientação dos projetos deve pautar-se
pelas seguintes diretrizes:

 Posicionar-se frente às questões sociais relevantes para a comunidade


escolar e interpretar a tarefa educativa como um elemento de intervenção
na realidade;

 não tratar os valores envolvidos no projeto como meros conceitos ideais,


mas como propostas de comportamento;

 agregar o maior número possível de disciplinas e de participantes para que


o projeto seja reconhecido em sua significância.

A organização dos conteúdos deve oferecer uma visão e compreensão da


multiplicidade de aspectos que compõem a realidade, não apenas por causa da
articulação de diversos conhecimentos, mas também por causa da multiplicidade
de fontes de informação.

Os projetos são uma das formas de organizar o trabalho didático, que pode
integrar diferentes modos de organização curricular. Esses trabalhos têm a
característica de envolver os estudantes na elaboração de tarefas e, portanto, no

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exercício da responsabilidade. Por isso, no encerramento, os resultados do


projeto devem ser expostos publicamente, por meio de cartazes ou mostras de
resultados, pois isto será um estímulo vindo do reconhecimento público; e
também porque os resultados do projeto devem interessar à comunidade escolar,
por exemplo, em casos como projetos que estudem a coleta seletiva de lixo,
métodos de economia de água, respeito às diferenças, etc. Dentro dessa
perspectiva, os projetos escolares devem orientar-se por alguns princípios que
justificam sua relevância, como:

a) Projeto para o ensino de valores

Só faz sentido realizar projetos educativos se esses tiverem como objetivo


o aprendizado de valores, o que em ética significa adotar alguns referenciais
morais para o comportamento. As regras e leis existentes na sociedade
estabelecem direitos e deveres e devem ser conhecidas por todos, em seu
caráter histórico e em relação às situações presentes. Porém, nem sempre os
comportamentos são dirigidos por regras existentes, por isso, cabe discuti-los e
selecioná-los. Por exemplo, a coleta seletiva do lixo doméstico não está
regulamentada por lei, nem está em nenhuma regra oficial, no entanto, todos têm
consciência de sua importância para nossa sociedade.

Assim, ensinar os alunos e as famílias, bem como ser praticado na escola,


a coleta seletiva é o ensinamento de um valor a partir da realidade mundial,
brasileira e regional. Da mesma forma, os ensinamentos sobre a economia de
água ou do respeito à culturas e regionalismos podem ser temas para os projetos
escolares.

b) Convívio escolar

Trata-se de incorporar no cotidiano da escola aqueles valores


transformados em regras. Dessa forma, ocorre a promoção da coerência entre o
que se ensina e o que se pratica no ambiente escolar. Como dissemos no
exemplo acima, de nada adianta projetos para coleta seletiva do lixo doméstico se
na escola não o pratica; da mesma forma, de nada adianta discursos de
tolerância e não-preconceituosos se há aceitação de determinados preconceitos
em ambiente escolar.

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Aqui, toca-se em um ponto decisivo: o professor é um referencial de


comportamento para os estudantes, por isso, é preciso que o docente esteja
consciente da necessidade de ser cidadão e de não comportar-se de modo
preconceituoso. Os valores pessoais dos docentes devem direcionar suas
atividades para o ensinamento do convívio dos diferentes grupos sociais numa
sociedade heterogênea.

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CONCLUSÃO

A formação de professores para a diversidade implica na compreensão da


pluralidade cultural brasileira e uma postura ética por parte de todos os agentes
envolvidos no processo de educação. Trata-se da postura de perceber que hoje em dia,
tão importante quanto os conteúdos teóricos e procedimentais das disciplinas tradicionais
do currículo escolar, é também a formação de cidadãos éticos, tolerantes que
componham uma sociedade onde o respeito mútuo seja um dos principais valores.

Para que esse objetivo seja alcançado, o Ministério da Cultura lançou os


Parâmetros Curriculares Nacionais, nos quais apresentam os Temas Transversais: Ética,
Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual e Trabalho e Consumo.
Esses temas visam complementar o trabalho docente e de toda a comunidade escolar,
visto que nossa sociedade exige da instituição Escolar mais do que o ensino dos
conteúdos das disciplinas. Seu papel de formadora de cidadania é inquestionável e quem
não estiver disposto a ele não estará agindo de acordo com o que a sociedade tem mais
premência, ou seja, de cidadãos éticos e responsáveis.

Em primeiro lugar, tratou-se de demonstrar que a diversidade de comportamentos,


etnias, linguagens, costumes, etc. faz parte de nossa sociedade e tem reflexos no
ambiente escolar. Em segundo lugar, que o assédio moral e o bullying são síndromes
que estão presentes nos ambientes sociais e que devem ser prevenidos, mas também
combatidos na medida em que se apresentem. Por fim, procurou-se demonstrar que os
projetos de trabalho, uma forma de integrar os conteúdos de diferentes disciplinas à
temas que se fazem prementes na escola, como a reciclagem, o desperdício, a
tolerância, o respeito mútuo, entre outros.

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REFERÊNCIAS

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1993.

BUSQUETS, M. D. et all. Temas Transversais em Educação: bases para uma formação


integral. Série Fundamentos. São Paulo: Ática, 1999.

COLL, C. et all. O Construtivismo na Sala de Aula. Série Fundamentos. São Paulo: Ática,
1999.

FERRARI, A. e LAUREANO, I. D. Instrumento. Bullying – o desafio do combate à


discriminação na escola. Juiz de Fora, n. 7 e n. 8, p. 1 – 144, 2005/2006, pp. 49 – 64.

MEC – Parâmetros Curriculares Nacionais. Temas Transversais. 1998.

MORENO, M. Temas Transversais: um ensino voltado para o futuro. In: Temas


Transversais em Educação: bases para uma formação integral. São Paulo: Ática, 1999.

OLIVEIRA, P. S. Introdução à sociologia. Série Brasil. São Paulo: Ática, 2005.

PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 2000.

SOARES, M. Linguagem e Escola: uma perspectiva social. Séries Fundamentos. São


Paulo: Ática, 2000.

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