Вы находитесь на странице: 1из 6

A evolução de Guida Gusmão

O desenvolvimento de Guida se apresenta em dois momentos: os que precedem


seu casamento e as consequências do pós-matrimônio. Guida Gusmão, irmã mais velha
de Eurídice, é apresentada pela narrativa como o fruto concebido dos anos dourados;
destarte ela é uma figura feminina que busca se apropriar dos principais hábitos ditados
pela época e se espelha nas revistas para construir suas principais ambições de dona do
lar e esposa ideal.
As diferenças entre as irmãs não se encerram com Guida almejando ser uma boa
dona de casa e Eurídice, não; apesar de Guida ter tais anseios de certo “tradicionais”
(família e o lar), diferente de Eurídice, ela era ousada e decerto atrevida para sua época.
Guida investia considerável tempo e atenção em saídas as cinemas e um estudo
concentrado nos assuntos explorados por suas revistas favoritas; por exemplo, Guida se
divertia com a maquiagem, que era uma prática nova a ser adotada pelas mulheres já que
havia se deixado o estigma ligado à prostituição, ainda mais devido a popularização da
televisão e filmes mostrando diversas atrizes e celebridades com as faces pintadas, a
partir do citação a seguir, vê-se como se fez essa naturalização:

Dois fatores marcam os anos 40: Os filmes coloridos e a entrada da


mulher no mercado de trabalho, devido à Guerra Mundial. […] O
segundo fator influenciou o padrão de beleza feminino. Antes, belas
eram aquelas com rostos com formas mais ovais, sem ângulos
fortes. A partir dessa década, aos poucos o rosto feminino foi sendo
considerado mais belo com ângulos mais acentuados, denominando
força. (LOBO, 2015, p.44)

Por mais que a maquiagem de Guida não pecasse em um desprestígio popular,


eram muitas opiniões negativas para toda àquela cultura voltada aos filmes norte-
americanos, visto que os já consevadores da época julgavam-os más influências para a
juventude brasileira, afinal

Os filmes norte-americanos seduziam os brasileiros e atraíam


especialmente os jovens, com o American way of life e a crença no
futuro e na modernidade. E não poucas garotas aprenderam abeijar,
manifestar afeto e comportar-se mais informalmente vendo filmes
americanos. As revistas para a família registraram o ponto de vista
da moral mais tradicional da época: criticaram as liberalidades do
cinema, do rock’n roll, dos bailes de carnaval e dasdanças que
permitem que se abuse das moças inexperientes. (BASSANEZI, p.
519, 2013)

A partir dessa exposição aos cinemas, Guida não somente se apropriou daqueles
costumes cinematográficos (além das maquiagens e vestimentas, também dos costumes
e comportamentos vislumbrados pelas atrizes), como também buscou nos enredos dos
filmes que via, orientações de como seguiria os rumos da própria vida. Nas personagens
ousadas, que buscavam seus grandes amores, Guida se viu na missão de salvar Marcos
Godoy, aquele que seria seu futuro ex-marido, que a conquistou, pela ironia da narrativa,
na entrada do cinema da cidade.

A vida da primogênita dos Gusmão se dividia em cuidar da quitanda da família na


companhia dos pais, apreciar o glamour oferecido pelo cinema e ter uma boa conviência
com a irmã caçula; a vida de Guida, como a mesma admite começou “a desandar” com os
primeiros contatos dela com a família de Marcos, uma família aristrocata brasileira que,
desde sempre, viveu a base da própria fortuna. Partindo disso, as gerações seguintes da
família Godoy esbanjaram toda a sua riqueza e privilégios que viam com ela, sem que
pudessem estabelecer vínculos de responsabilidade e progresso próprio. Antes que Guida
pudesse ter noção da total incompetência a qual estava intrinseca em Marcos, ela tomou-
lhe como vítima daquela família esnobe e orgulhosa, ainda mais após o fatídico almoço
em que ela fora destratada por sua origem humilde:

Quanto mais se afastava da mansão mais Guida sentia a raiva se


formar em seu peito. Raiva por ter sido tratada como carne de
segunda por aquelas aberrações em formato de gente. A família de
Marcos emanava o clichê do “você sabe com quem está falando?”,
mas eram eles que não sabiam com quem estavam falando. Aquela
era Guida Gusmão, a mulher que nunca olhou para baixo. Guida
Gusmão, que não sabia o que era fracasso, e que alimentava suas
forças com as dificuldades de seu caminho. Um pouco antes do
bonde chegar ela apertou a mão do namorado: “Marcos, eu vou tirar
você deste lugar.” (BATALHA, 2016, p.57)

Com esse excerto, Guida não somente se viu humilhada, como pôde fazer uma
leitura de como Marcos era limitado por sua família; o narrador declara como Marcos se
sentia lmitado e preso dentro daquela família que tanto tinha para esbanjar seus feitos,
belezas e riquezas. Assim, ao declarar que o tiraria dali, Guida aceitou o encargo de
libertar o namorado, mesmo que ela tivesse de abrir mão de tantas coisas, desde o seu
lar e a segurança da sua família, como a boa imagem da moça do lar que ela era; afinal,
fugir de casa com o namorado não era algo que uma boa menina faria. O narrador expõe
que aqueles primeiros meses – da fuga, do casamento improvisado, do pequeno lar que
construíram – , para Guida, foram repletos de felicidades, mesmo que sustentados pelas
expectativas que ela tenha criado diante da carreira médica prometida por Marcos.

Com o diploma na mão, ele abriria um consultório. Assim que


estivessem estabilizados — casinha montada, consultório
funcionando, gente doente sendo atendida e pagando as contas da
nova vida […] (BATALHA, 2016, p.57)

Todas as atitudes de Guida podem ser explicadas pelo que Bassanezi (2004)
discorre quanto como as mulheres eram direcionadas a crerem que elas deveriam não
somente serem as amantes de seus esposos, como também assumirem o papel de suas
mães; por isso, tomou para si ter de salvá-lo e apresentá-lo a um lar em que ele serua
acolhido e amado. “A esposa ideal era antes de tudo o complemento do marido no
cotidiano doméstico” (BASSANEZI, 2004, p.529), assim sendo, Guida investiu todos seus
conhecimentos obtidos em suas revistas e caprichou em cuidar da casa, de se embelezar
e bem alimentar o marido. Contudo, Marcos passou a dar indícios que ele talvez não
fosse aquele homem por quem Guida abriu mão de tantas coisas: Marcos não passava de
uma farsa que, de tão bem controlada que sua vida havia sido por sua família, ele era
incapaz de tomar as próprias atitudes, agir de forma madura ou ter uma compostura de
homem adulto. Apesar de ter cursado Medicina, a narração expõe que seu pai manipulava
o andamento do filho dentro do curso, pagando um outro aluno que conquistava as
aprovações de Marcos. Por isso que, ao finalizar o curso e por em prática seu ofício, ele é
tão inapto.
Marcos tanto não soube cuidar de seus pacientes como não foi capaz de lidar com
as cobranças de Guida, já que, com os recursos da pequena família acabando e o rapaz
não os abastecendo, a qualidade de vida do casal ia ruindo. Mudaram-se de residência,
que de nada adiantou, pois a má reputação - e pacientes com danos irreversivéis – já
havia se espalhado pela região. Atordoado pelo tédio dos consultórios vazios, irritado
pelas cobranças da esposa e saudoso dos confortos que sua família tinha a oferecer,
Marcos abandona Guida para, enfim, voltar à modormia do lar Godoy.
O que Marcos sequer considerou era que, para ele, o retorno ao seu lar seria
aceito com facilidade – afinal, aos homens daquela época, a liberdade e as mais diversas
formas de explorar o mundo e a si próprio, era de maneira totalmente naturalizada e
aceitavél; logo, fora fácil reconquistar seus espaço dentro da família, arranjar-se com
qualquer parente solteira e disponível e seu pai, político poderoso da cidade (detalhe que
Marcos se recusou a se aprofundar com Guida sobre, defendendo que era um assunto
“complexo” demais para que ela fosse capaz de entender; isso indica que Marcos era tão
alheio à sua própria estrutura familiar que ele, provavelmente, desconhecesse as funções
as quais o pai exercia) pôde concender-lhe um cargo público, em uma evidente condição
de nepotismo.

O único consolo de Marcos era saber que desfrutava de liberdade


condicional. […] Passava suas horas livres num escritório na praça
da República, olhando para um caderno pautado e sublinhando com
força as linhas de um jogo da velha. Pensava de vez em quando no
filho que nunca veria, calculava a sua idade e não sabia se fazia as
contas para imaginar o filho adolescente, ou o tempo longe de Guida.
(BATALHA, 2016, p. 92)

O trecho selecionado acima apresenta Marcos, com mais de uma década passada
desde sua fuga, não sequer amadureceu, como também não buscou criar
responsabilidades. Aproveitou a liberdade que a segurança financeira que seu arco
familiar garantia para poder continuamente agir de maneira covarde e irresponsável com
outrem, principalmente com Guida e a história que ambos escreveram e ele fez questão
de descartar. Ademais, sequer buscou saber do filho que teve – máximo que lhe foi
instigado era a idade do rapaz; não se preocupou em saber da saúde, educação e
necessidades do próprio primogênito -, o que evidencia seu desmazelo.
Guida, por outro lado, não pode se dar o luxo de não se preocupar e voltar para o
lar de de sua família. Ela, na verdade, além de abandonada, teve de lidar com a
responsabilidade de uma gravidez inesperada, como buscar maneiras de poder se
sustentar sem que tivesse algum estudo ou experiência além da básica admnistração que
fazia na quitanda da família. Bassanezi (2004) explana que o desquite juntamente a uma
gravidez solitária, nos anos de 1940-1950 era praticamente uma declaração de que
aquela mulher havia cometido seríssimos erros e péssimas escolhas – de total
responsabilidade própria, já que a maternidade só estaria isenta de reprovações
seocorresse no âmbito de um casamento legítimo, pois o matrimônio com a gestação
eram o ponto alto da vida de um casal. Em um paradoxo, a mulher que fosse mãe-
solteira, teria de carregar consigo a vergonha que a sociedade pregava em uma ideologia
própria; e tal mulher, não poderia decidir não prosseguir com a gravidez, visto que manter
e criar a futura criança seria uma forma de rendição da desonra cometida. Assim, Guida,
por impulso em manter o status quo da maternidade (não rejeitá-la por isso não parecer
natural), decide prosseguir com a gravidez.
O bairro em que ela se estabelecia era cercado por famílias financeiramente mais
humildes e por isso, era comum ver mais mulheres ativas no mercado de trabalho, o que
levou ao não estranhamento de terceiros quando Guida apareceu oferecendo seus
serviços de maquiadora e cabeleleira. Um fator indicativo de pobreza era quando as
mulheres da família tinham de trabalhar, a fim de auxiliar no sustento da casa; as
mulheres que trabalhavam e/ou estudavam ou pertenciam a grande elite brasileira – que
se dava ao luxo de financiar o ensino superior das filhas – ou eram pobres, assim tendo
que cooperar com a renda da casa exatamente por carência, “não era muito fácil
encontrar esposas de classe média trabalhando fora de casa a não ser por necessidades
econômicas – situação que, de certa forma, poderia chegar a envergonhar o marido”
(BASSANEZI, 2004, p.266).
Guida, neste caso, teve de trabalhar porque ela era o próprio sustento. Além da
comunidade não rejeitar Guida trabalhando, eles também a acolheram quando a gravidez
ficou tão evidente quanto o abandono do progenitor.

Filomena
A Vida Invisível de Eurídice Gusmão tem o enredo principal centralizado na vida de
uma mulher branca, casada, com a família ascendendo financeiramente. Os poucos
personagens negros e/ou marginalizados que ali aparecem, não têm nada se suas
histórias desenvolvidas. O que não quer dizer, necessariamente, que eles não algum
marco essencial na obra. O narrador, por mais simplório que ele seja ao comentar tais
personas, consegue introduzir traços da subjetividade deles, uma vez que muitos têm um
nome ou apelido introduzidos e neles são impostas alguma importância – seja alguma
ligeira lembrança infantil, como a Chica de Jesus, a Negra das Carnes Fartas que cuidou
de seu Antônio quando criança, ou Tinoco, o mulato auxiliar da Papelaria; Maria das
Dores, a empregada que tem a própria história ignorada propositalmente pela narrativa,
afinal, não é sobre seus três filhos ou seu planejamento funerário que a história gira em
torno. Spivak, em Pode o Subalterno Falar? (2010), reflete o quão legítima pode ser uma
história de pessoas não brancas contadas por brancos; ou, ampliando a leitura, a
legibilidade de uma narrativa sobre colonizados explorada por seus colonos – o que eles
teriam para contar se não uma versão própria da história de outros? Partindo desse
ponto, o silenciamento desses personagens indica que, o narrador de Eurídice Gusmão
permite uma perspectiva de que, as protagonistas, apesar de viverem cada um seus
enredos, não estão insentas de serem racistas ou elitistas, afinal, a história desses não as
interessa.
Contudo, Filomena ganha espaço na história, pois ela integra ao núcleo de Guida,
o que permite a narrativa poder explorar um pouco o desenvolvimento da ex-prostituta.
Com o progresso da gravidez, Guida foi ganhando o afeto da vizinhança – e por mais que
insistisse em contar que era viúva, todos sabiam que se tratava de abandono -, até que
chega o momento do parto e, segura em se manter com Francisco, Guida é acolhida por
Filomena, a principal babá da vila. O que seria temporário, extende-se a união e criação
de uma família, em que Guida também se torna uma babá requisitada. Com o maior
desenvolvimento desse ponto da narrativa, sabe-se que Filomena não era “a mais bonita
ou a mais versada, mas tinha um sorriso tão bom que os homens gostavam de descansar
em seu peito.” (BATALHA, p.65, 2016), em resposta do tempo e a tanta exploração, a
mulher que um dia teve o sorriso mais belo da vizinhança, passa a definhar em uma série
de doenças. Entre elas, a que tira sua vida é o câncer de mama que logo se torna
metástase. Quando parte, ela enxerga seus filhos perdidos, saudando-a na entrada do
céu: “’Seja bem-vinda. Seus oito anjinhos estão ali na frente te esperando’.” (BATALHA,
p.71, 2016), foi o que São Pedro disse ao recepcioná-la, na entrada do céu.
Filomena ao se tornar a família de Guida conciliou em seu desenvolvimento por
diversos direcionamentos: Guida não encarou a criação do filho de forma solitária,
podendo ter a companhia de alguém que o amava tanto quanto ela; soube cuidar de uma
casa e todas as despesas que ali são feitas, como também teve de explorar as piores
facetas de sua sexualidade a fim de garantir os remédios que cuidariam de Chico e de
Filomena, em momentos em que os três estariam fragéis, ao se envolver com o dono da
Drogaria; todas estas etapas contribuíram para o amadurecimento de Guida, como
também para que ela pudesse conciliar seus conflitos, e também refletir sobre toda sua
trajetória. Com a morte de Filomena, Guida se vê em grande dificuldade: praticamente
toda a clientela, assustada com o estágio final de Filomena, se dissolveu; ficou complexo
demais tentar reerguer toda a estrutura – creche e salão - que as duas tinham com
somente uma. A partir disso, Guida resolve ir em busca de Eurídice, a fim de reatar laços
e encontrar uma nova base para sua família.

Guida e seu Antônio, Eurídice e Chico

Quando finalmente consegue estabelecer contato com a irmã, Guida despeja-lhe


uma imensidão de novas informações que antes Eurídice sequer poderia imaginar,
princicipalmente o fato de que Guida buscou há muito tempo antes reatar laços com os
pais – e fora negada pelo pai. Quando Guida recém havia fugido, seus pais entraram em
contato com a família Godoy e a resposta que o pai de Guida recebeu da família de
Marcos, foi a mesma que ele passou a adotar para a própria vida: aquelas duas pessoas,
Guida e Marcos, não existiriam mais para seus familiares. Como já foi dito, a família de
Marcos pôde aceitá-lo com muita naturalidade, mas o pai de Guida foi incapaz de
conseguir separar a falta que sentia da filha dos estigmas condenatórios que uma mulher
desquitada com um filho consigo carregaria. Eurídice, por outro lado, assumiu a irmã no
primeiro instante – e não haveria nada em que Antenor pudesse negar diante de tais
circunstâncias.
Seu Antônio, filho de dona Eulália e dono da papelaria local, nutre muito interesse
por Eurídice, e ao que indica a narrativa, desde que a família criou aposentos na Tijuca.
Tal carinho não ultrapassava os limites de uma paixão platônica e discreta, afinal, Eurídice
era casada e seu Antônio, apesar de solteiro, era comprotimento integralmente com sua
mãe. Dona Eulália foi integrante de uma grande família burguesa de sua época, viveu os
grandes ares aristrocatas da cidade e todo luxo que a grande cervejaria da família poderia
oferecer; em consequência das herdeiras dos bens não terem acesso à estrutura
empresarial e aos negócios da família, isso ficando ao encargo de seus maridos que nada
tinham conhecimento sobre este controle, a Cervejaria faliu e toda Eulália, a caçula, só
pouco aproveitou do restante do que um dia foi sua riqueza. Mãe de vários rapazes,
Eulália acabou se atrelando a Antônio, o caçula que aos 40 anos, era solteiro e
responsável por ela Não adiantaria Antônio se interessar por alguma moça se não tivesse
a aprovação da mãe, não haveria novos avanços para quaisquer relacionamentos, ainda
mais que “A cada ano partia um [filho]. Quando Eulália se deu conta só restou o caçula,
Antônio. Agarrou-se ao rapaz com braços de polvo, e fez do apartamento seu reino, e do
filho, seu servo. ‘Você não me deixará, jamais’, decretou” (BATALHA, p. 85, 2016). Pode-
se imaginar que se deva a condição da Síndrome do Ninho Vazio, que se define:

o sofrimento das mulheres, associando [...] à perda do papel de


cuidadora dos filhos, função tradicionalmente ligada ao papel
feminino. Mulheres que dedicaram sua vida, de modo exclusivo, à
criação dos filhos acham difícil vê-los partindo […] (SARTORI,
ZILBERMAN, p.113, 2008)

E com isso, mesmo que Eulália tenha terceirizado a criação de Antônio a suas
empregadas, ela despeje muita dificuldade em qualquer potencial relacionamento do filho;
a não ser aqueles em que ela própria tente investir, mas na contrapartida, Antônio
também estabelece uma repulsa por criar mais responsabilidades que o afeta fisicamente.
Mas então, surgiu Guida, que conseguiu conciliar as doenças somáticas de Eulália e os
nervosismos de Antônio. No momento em que os dois se arranjaram – não um casamento
totalmente formal, mas que teve direito a Lua de Mel -, a vida de Guida conseguiu entrar
em um determinado equilíbrio, já que com o seu novo relacionamento Guida entrou
determinada estabilidade de lar, uma boa referência ao filho, um equilíbrio financeiro,
além de um companheiro que a admirava. Pôde reatar contato, também, com o pai.
Eurídice, por outro lado, consegue ter uma relação de muita cumplicidade com
Francisco, filho de Guida. O relacionamento da tia com o sobrinho tem mais afinidade do
que de Eurídice com os próprios filhos, uma vez que sua relação com Cecília e Afonso se
resumia a “uma filha que se mostrava cada dia mais diferente, um filho que só era dela
porque saiu dentre suas pernas” (BATALHA, p.109, 2016); eles dividiam as leituras,
compartilhavam ideais e iam juntos aos protestos; tal aproximação se decorre por Chico
ter uma noção de mundo mais ampla do que os filhos de Eurídice – ou até mesmo de
todo o núcleo masculino, uma vez que ele foi exposto a uma grande diversidade de
histórias e pessoas – e ele, consegue ouvir e interpretar Eurídice, diferente de outra
gama de personagens.

Вам также может понравиться