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Entendemos que a nossa situação é ainda mais crítica por não haver outras
universidades públicas no Acre, de modo que a UFAC concentra boa parte do ensino público e
gratuito do Estado, seja em Rio Branco, seja nos campi do interior. Sem a liberação dos cerca
de R$15 milhões cortados/contingenciados, o quadro é de iminente calamidade financeira,
quadro que não seria revertido por nenhuma das promessas do Governo com essa proposta
denominada “Future-se”, que só teriam efeito a médio e longo prazo. Entendemos que os
cortes/contingenciamentos, nesse contexto, não são apenas derivados da queda de
arrecadação do governo, mas foram utilizados como ferramentas políticas de chantagem para
a aceitação de um programa formulado sem qualquer debate com a comunidade acadêmica,
cuja imposição de cima para baixo é mal disfarçada dado que a adesão “voluntária” se dá
diante da imensa crise gerada por tais cortes/contingenciamentos e de ataques às
Universidades públicas.
O segundo aspecto que foi muito discutido é que, ao mesmo tempo em que fere de morte
o princípio da Autonomia Universitária, o “Future-se” pretende dar um passo sem volta no
sentido da desresponsabilização do Estado em financiar a educação superior no Brasil.
Confundindo autonomia decisória e político-pedagógica com a desfinanceirização da educação
pública, o “Future-se” declara um “salve-se quem puder” como suposta solução para o
problema que a EC 95 criou. O resultado já é conhecido de antemão: algumas unidades,
centros ou faculdades localizadas em universidades do sul e sudeste talvez conseguirão
manter parte de suas atividades de ensino e pesquisa a partir de parcerias com a iniciativa
privada; a grande maioria das universidades e faculdades definharão com pouquíssimos
recursos. Além disso, as atividades de extensão mormente realizadas pelas universidades
públicas sofrerão com a falta de recursos e provavelmente serão descontinuadas.
Nessa linha privatista, o Estado deixa de assumir seu papel constitucional de garantir
recursos públicos destinados à manutenção (custeio) das Universidades e Institutos,
relegando-as ao sabor e interesses do “mercado”, pavimentando o caminho sem volta da
“mercadorização” do conhecimento. Ademais, o Governo aponta uma medida descabida para
garantir “autonomia financeira” das IFES, sob a governança e gestão das Organizações
Sociais: a entrega do patrimônio público para a iniciativa privada, sem nenhuma garantia de
estabilidade do financiamento, visto que os recursos arrecadados com a “venda dos bens
imobiliários” serão objeto de especulação no mercado financeiro (fundos de investimentos).
Seria possível ainda elaborar muitas outras críticas ao projeto, sobretudo no que tange às
suas omissões e lacunas, que entendemos serem propositais para obscurecer ainda mais seu
processo de implementação, tirando qualquer possibilidade de discussão democrática. Assim,
as e os docentes do Centro de Filosofia e Ciências Humanas posicionam-se contrariamente à
proposta do “Future-se” e defendem que nenhuma outra discussão preceda a liberação dos
recursos cortados/contingenciados, a fim de que se possam manter as atividades da
universidade ainda em 2019. Não queremos “Future-se”, o presente exige nossa luta para
reverter a EC 95, por entendermos que “educação não é gasto, mas investimento”.
Assim, além de rejeitar esse “pacote do mercado financeiro”, que avança sobre as IFES,
retirando-lhes sua condição de serem instituições públicas, de caráter público, mantidas
prioritariamente com recursos públicos (do Estado), o CFCH reitera sua posição histórica em
defesa da autonomia das Universidades públicas, contra toda e qualquer forma de ingerência
do Governo em relação à gestão democrática, que deve ser mantida baseada nos princípios
constitucionais que gozam as IFES. Não abriremos mão de nossos patrimônios públicos, a
UFAC não é moeda de troca, no jogo de interesses do Governo e seus parceiros do mercado,
do presente e do “future-se”!