Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Aula 10
Isso é a interpretação.
É importante notarmos que, dentro de um texto, há informações implícitas e explícitas.
1 – DADOS EXPLÍCITOS
Em um texto podemos encontrar os dados explícitos, isto é, aquilo que o pedido da questão
informou é encontrado literalmente no texto. Didaticamente, representamos os dados explícitos
com o sinal “xxx”:
Este é o tipo de questão mais simples e muitas vezes a banca CESPE tem cobrado em prova.
Veja nestas questões-modelo:
A mensagem veiculada nesse texto centra-se no descompasso existente entre a alta tecnologia
empregada nos aparelhos celulares e a baixa qualidade dos serviços oferecidos pelas operadoras de
telefonia celular.
Comentário: A interpretação é literal, concorda?! No primeiro quadrinho, fala-se da quantidade de
aplicativos, das várias opções do aparelho, observa-se a imagem feliz do usuário. No segundo, vê-se
uma imagem de um homem das cavernas indicando um serviço ultrapassado, antigo, sem recursos.
O conectivo de contraste “Já” marca ainda mais a ideia contrastante ao avanço da tecnologia
marcado no quadrinho anterior.
Assim, realmente a afirmativa está correta.
Gabarito: C
Com isso, realmente, a maior queda observada no que se refere ao índice de satisfação
comparativo nos anos de 2002 e 2012 diz respeito à satisfação do consumidor brasileiro com o
serviço de TV a cabo.
Gabarito: C
2 – DADOS IMPLÍCITOS
Neste tipo de interpretação, a questão não possui literalmente o mesmo trecho do texto.
Nela há um entendimento, uma conclusão (xxx), a qual podemos chamar de inferência, com base
nos vestígios (...), que são os vocábulos no texto. Para saber se a questão está correta, basta
confrontar esses dois textos e observar se há semelhança de sentido.
Muitas vezes, nesse tipo de questão, vemos expressões categóricas que eliminam a
possibilidade de semelhança no sentido. Por exemplo:
Podemos dizer que o Brasil vem crescendo economicamente e que o brasileiro está
melhorando sua qualidade de vida e aumentando seu poder de compra. Mas isso não quer dizer que
todo brasileiro aumentou seu padrão de compra, concorda? Por isso, chamamos de palavra
categórica aquela que especifica demais ou amplia demais o universo a que se refere o termo.
Perceba que a palavra “todo” ampliou muito (todo brasileiro aumentou seu poder de compra) um
referente tomado de maneira geral (o brasileiro aumentou seu poder de compra).
Assim, palavras como só, somente, apenas, nunca, sempre, ninguém, tudo, nada etc têm
papel importante nas afirmativas das questões. Essas palavras categóricas não admitem outra
interpretação e normalmente estão nas questões para que o candidato a visualize como errada.
Vale lembrar que essas palavras categóricas são encontradas nos diversos tipos de interpretação
(literal ou implícita).
Vamos exercitar tomando como exemplo a seguinte frase:
Marque (C) para informação de possível inferência do texto e (E) como informação equivocada do
texto.
1. O Ocidente necessita construir mísseis.
2. Há uma finalidade de defesa contra ataques de extremistas.
3. Os mísseis atuais não são suficientes para conter os ataques de extremistas.
4. Uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os extremistas.
5. A ação dos diplomatas com os extremistas é o único meio real de dissuadi-los de um ataque ao
Ocidente.
6. Todo o Oriente está contra o Ocidente.
7. O Ocidente está sempre sofrendo invasões do Oriente.
8. Mísseis nucleares são a melhor saída para qualquer situação bélica.
9. Os extremistas não têm bom relacionamento com o Ocidente.
10. O Ocidente aguarda estático um ataque do Oriente.
4. Uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os extremistas.
(E) (Inferência errada, pois a expressão “destruir o mundo inteiro” é uma suposição com base em
expressão categórica. Não há certeza de que os mísseis destruirão por completo o mundo, mas é
certo que vão abalar o mundo inteiro.)
5. A ação dos diplomatas com os extremistas é o único meio real de dissuadi-los de um ataque ao
Ocidente.
(E) (Inferência errada, pois novamente há expressão categórica. Pode haver outros meios, outras
negociações, não só pelos diplomatas.)
6. Todo o Oriente está contra o Ocidente.
(E) (Inferência errada, pois novamente há expressão categórica. Não se sabe se todo o Oriente está
contra o Ocidente. Pelo texto, são apenas os extremistas.)
7. O Ocidente está sempre sofrendo invasões do Oriente.
(E) (Inferência errada, pois novamente há expressão categórica: “sempre”. Além disso, houve uma
palavra que extrapolou o texto: “invasões”. Nada foi afirmado sobre invasão no texto.)
8. Mísseis nucleares são a melhor saída para qualquer situação bélica.
(E) (Consideração sem fundamento no texto. Veja as palavras categóricas.)
9. Os extremistas não têm bom relacionamento com o Ocidente.
(C) (Inferência possível, pois é vista a preocupação de possível ataque.)
10. O Ocidente aguarda estático um ataque do Oriente.
(E) (Consideração sem fundamento no texto.)
Assim, quando você for realizar as questões de interpretação, verá muitas dessas expressões
categóricas ou palavras que extrapolam o conteúdo do texto. Normalmente, já consideramos as
questões erradas já na primeira leitura, por estarem bem fora do contexto. Mas, logicamente,
sempre devemos voltar ao texto para confirmar. Aí vem o “burilamento”. Deve-se ter paciência para
encontrar os vestígios que comprovem sua resposta como a correta.
Vamos confirmar com algumas questões-modelo:
poder em um só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exercício da liberdade. É que, como
observou Montesquieu, “todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai até onde encontra
limites. Para que não se possa abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder
limite o poder”.
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza as esferas de abrangência dos poderes
políticos: “só se concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua separação; ninguém se
arriscava a apresentar, sob a forma de sistema coerente, as consequências de conceitos diversos”.
Pensador francês do século XVIII, Montesquieu situa-se entre o racionalismo cartesiano e o
empirismo de origem baconiana, não abandonando o rigor das certezas matemáticas em suas
certezas morais. Porém, refugindo às especulações metafísicas que, no plano da idealidade, serviram
aos filósofos do pacto social para a explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade civil, ele
procurou ingressar no terreno dos fatos.
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério Público em função da proteção dos direitos
humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).
7. (CESPE / MPU Analista)
Montesquieu busca a explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade civil de forma análoga
à dos metafísicos.
Comentário: Basta lermos o último parágrafo, especificamente na expressão “refugindo às
especulações metafísicas”, além da dualidade “plano da idealidade” X “terreno dos fatos”.
O verbo “refugindo” significa “distanciando, recuando”, sentido contrário ao adjetivo
“análoga” do pedido da questão, cuja afirmação está errada. Assim, percebemos que Montesquieu
procurou o terreno dos fatos, diferente das especulações metafísicas, que serviram aos filósofos do
pacto social no plano da idealidade.
Gabarito: E
Todo texto é veiculado com base em três tipos básicos: descritivo, narrativo e dissertativo. A
banca CESPE cobra a diferença entre os tipos de texto.
2 – TIPOLOGIA TEXTUAL
Veremos apenas o essencial da tipologia, noções que são cobradas nas provas da banca
CESPE.
1 – DESCRITIVO
O texto descritivo enfatiza o estático, é um retrato, um recorte de uma paisagem, uma ação,
um costume. O texto descritivo vai induzindo o leitor a imaginar o espaço, o tempo, o costume, isto
é, tudo que ambienta a história, a informação.
“Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. Nos bares, bocas cansadas conversam,
mastigam e bebem em volta das mesas. Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. O trânsito
caminha lento e nervoso. Eis São Paulo às sete da noite.”
(em Platão e Fiorin)
Podemos notar no texto muitos adjetivos, juntamente com a enumeração de substantivos e
verbos. Não há interpretação de movimento neste texto. Tudo é recorte de instantes, por isso
poderíamos pintar um quadro com base na imagem que ele nos sugere.
Assim, descrever é enumerar características, ações e elementos que produzem uma imagem
“congelada” do instante ou da rotina.
Dentre a variedade de textos descritivos, ressaltam-se os textos instrucionais, injuntivos.
Veja um exemplo:
INSTRUÇÕES
Verifique se este caderno:
- corresponde a sua opção de cargo.
- contém 70 questões, numeradas de 1 a 70.
- contém a proposta e o espaço para o rascunho da Prova Discursiva. Caso contrário,
reclame ao fiscal da sala outro caderno.
Não serão aceitas reclamações posteriores.
- Para cada questão existe apenas UMA resposta certa.
- Leia cuidadosamente cada uma das questões e escolha a resposta certa.
- Essa resposta deve ser marcada na FOLHADE RESPOSTAS que você recebeu.
Capa de uma prova de concurso
Este texto é uma capa da prova de concurso. Nele se observa uma ordenação lógica, uma
interlocução direta com o leitor (o candidato ao cargo). Assim, a característica fundamental do texto
2 – NARRATIVO
Veja outro exemplo de narrativa, agora com o ponto de vista subjetivo, pois o narrador se
coloca na história:
"O pungente amor"
A descoberta da poesia de Carlos Drummond de Andrade, em 1949, atingiu-me de maneira
contraditória: chocou-me e obrigou-me a mudar de rumo.
Para que se entenda melhor o que ocorreu, devo esclarecer que a poesia que fazia até ali
nascera da leitura dos parnasianos, com os quais aprendera a compor sonetos rigorosamente
rimados e metrificados. Ignorava a poesia moderna. Alguns "sonetos brancos" de Murilo Mendes
publicados num jornal da cidade impressionaram-me, mas não me ganharam. Foi a leitura de Poesia
até agora, de Drummond, que provocou o choque. Havia no livro um poema intitulado "Lua
diurética". Fiquei perplexo: aquilo não podia ser poesia, disse-me, pois poesia para mim era, por
exemplo, "Ora direis, ouvir estrelas, certo/ perdeste o senso..." ou "Hão de chorar por ela os
cinamomos...". Lua diurética não tinha nada a ver...
Mas não conseguia largar o livro de Drummond. Lia e relia alguns dos poemas que mais me
perturbavam. E terminei tomando uma decisão: ler os críticos modernos para entender o que era de
fato aquela poesia antipoética.
E assim, na Biblioteca Pública, descobri O empalhador de passarinhos, de Mário de Andrade,
As cinzas do purgatório, de Otto Maria Carpeaux. Não sei se entendi direito o que diziam, não me
lembro. Mas terminei por admitir que havia uma nova poesia, distinta da que conhecia, cujo mérito
era exatamente estar ligada ao cotidiano. Em breve rendia-me ao fascínio de poemas como "Onde
há pouco falávamos" e "Viagem na família" ("Fala fala fala fala/ Puxava pelo casaco/ que se desfazia
em barro"). Uma outra dimensão da realidade se revelava a meus sentidos.
É verdade que passei a ler ao mesmo tempo todos os poetas modernos que me caíam nas
mãos: Bandeira, Jorge de Lima, Murilo Mendes, Mário de Andrade. E poetas estrangeiros, como
Rilke, Eliot e, mais tarde, Rimbaud, Lautréamont, Mallarmé e Artaud... O que bebi neles amontoou-
se dentro de mim, fundiu-se, virou sangue, fala, fogo - um magma que me temperou e me fez nascer
de novo.
A verdade é que, agora, quando releio alguns dos poemas de Drummond daquela época, me
reconheço neles, percebo que sua fala está entranhada na minha, que aprendi com ele o "o pungente
amor" da vida.
Ferreira Gullar. In: http://revistacult.uol.com.br/website/dossie
Fica fácil perceber o ponto de vista subjetivo, pois notamos no texto expressões que marcam
um posicionamento do narrador em primeira pessoa e um envolvimento emocional no que
menciona, como se vê em “atingiu-me de maneira contraditória: chocou-me e obrigou-me a mudar
de rumo”, “devo esclarecer que”, “Fiquei perplexo”, “não conseguia largar o livro de Drummond”,
“Lia e relia alguns dos poemas que mais me perturbavam. E terminei tomando uma decisão: ler os
críticos modernos para entender o que era de fato aquela poesia antipoética.”.
3 – DISSERTATIVO
1 – Dissertativo-expositivo
Quando o autor apenas transmite os saberes de uma comunidade (como em livros didáticos,
enciclopédias etc), não colocando sua opinião sobre o assunto, mas apenas os dados objetivos.
Veja alguns exemplos de texto dissertativo-expositivo:
Ferramenta que devolve spam ao emissor já é realidade
Uma nova ferramenta para combater a praga do spam foi recentemente desenvolvida. O
sistema é capaz de devolver os e-mails inconvenientes às pessoas que os enviaram, e está
estruturado em torno de uma grande base de dados que contém os números de identificação dos
computadores que enviam spam. Depois de identificar os endereços de onde procedem, o sistema
reenvia o e-mail ao remetente.
A empresa que desenvolveu o sistema assinalou que essa ferramenta minimiza o risco de
ataques de phishing, a prática que se refere ao envio maciço de e-mails que fingem ser oficiais,
normalmente de uma entidade bancária, e que buscam roubar informação como dados relativos a
cartões de crédito ou senhas.
Internet: <http://informatica.terra.com.br>. Acesso em mar./2005 (com adaptações).
(Prova: ANS / 2005 / superior/ CESPE)
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
(Excerto da CF/88. In: http://www.planalto.gov.br)
Não se nota em nenhum dos dois textos a intervenção do autor, sinalizando sua opinião.
Houve apenas a exposição de fato (no primeiro) e de dado conceitual (no segundo).
Note que nesses dois textos não houve a opinião do autor. A base deles foi a transmissão do
saber, a informação. Por isso são textos dissertativo-expositivos.
2 – Dissertativo-argumentativo ou opinativo
Quando o autor transmite sua opinião dentro do texto. Geralmente é o que a banca CESPE
cobra nos concursos, tanto em interpretação de textos quanto na elaboração de redações.
Veja alguns exemplos de texto dissertativo-argumentativo:
Existe, por certo, um abismo muito largo e profundo entre a cosmovisão dos médicos em geral
(fundada em sua leitura dos fenômenos biológicos) e as concepções de vida da vasta maioria da
população. Salta à vista, na abordagem do assunto (a ética e a verdade do paciente), que se fica,
mais uma vez, diante da pergunta feita por Pôncio Pilatos a Jesus Cristo, encarando, como estava,
um homem pleno de sua verdade, “O que é a verdade?” E é evidente que um e outro se cingiam a
verdades díspares.
Dalgimar Beserra de Menezes. A ética médica e a verdade do paciente. In: Desafios éticos, p. 212-5 (com
adaptações). (Prova: ANS / 2005 / superior)
Note a opinião do autor logo na declaração inicial do texto: “Existe, por certo, um abismo
muito largo e profundo entre a cosmovisão dos médicos em geral...”. A expressão “por certo” é
chamada de modalizadora, tendo em vista que sugere uma visão, um posicionamento do autor. No
fechamento do texto (“E é evidente que um e outro se cingiam a verdades díspares.”), também
encontramos o modalizador: “é evidente”.
Assim, notamos no texto anterior um texto dissertativo-argumentativo ou opinativo.
Vamos a mais um exemplo:
Com pouco mais de meio século de atividade da indústria automobilística no Brasil, de acordo
com registros, foram vendidos 2,5 milhões de carros. Contraposto aos sucessivos recordes de
congestionamentos nas grandes cidades brasileiras, esse resultado expõe as fragilidades de um
modelo de desenvolvimento e urbanização que privilegia o transporte motorizado individual,
prejudica a mobilidade e até a produtividade das pessoas. O carro, no entanto, não é o único vilão.
A solução para o problema da mobilidade passa pela criação de alternativas ao uso do transporte
individual.
“Como as opções alternativas ao transporte individual são pouco eficientes, pela falta de
conforto, segurança ou rapidez, as pessoas continuam optando pelos automóveis, motocicletas ou
mesmo táxis, ainda que permaneçam presas no trânsito”, afirma S. G., profissional da área de
desenvolvimento sustentável. Contudo, restringir o uso do carro não resolve o problema. De acordo
com consultores em transportes, a tecnologia é uma das ferramentas para equacionar o problema
do trânsito, desde que escolhida e implementada com competência.
Enfrentamento do problema da mobilidade determinará futuro das grandes metrópoles.
In: Revista Ideia Socioambiental. São Paulo. Internet: <www.ideiasocioambiental.com.br>. (com adaptações). (Prova:
DETRAN 2010 Médio)
Ponto de vista:
Os diversos tipos de texto são expressos por um emissor, que orienta o leitor sobre o que se
quer defender, criticar, contrastar. Esse ponto de vista pode ser objetivo ou subjetivo.
Subjetivo:
É subjetivo (intimista) o texto em que a impressão do autor extrapola a razão, a informação
do texto. Logicamente todo texto possui de alguma forma a opinião do autor, aquilo em que ele
acredita. Mas isso pode se dar de forma velada (mascarada) ou enfática. No texto subjetivo, o autor
se mostra pelo uso de verbos e pronomes em primeira pessoa, com vocabulário depreciativo ou
demasiado valorativo. A intenção é mostrar sua insatisfação, supervalorização, baseado na emoção,
no sentimento.
Como a linguagem é dinâmica e é por meio dela que o texto se veicula, não se pode ser
categórico ao se analisar o tipo de texto, nem mesmo seu ponto de vista; pois tudo depende da
intenção do autor. Um texto pode ser objetivo, mas com alguns traços de subjetividade, assim como
um texto altamente subjetivo pode possuir traços de objetividade. Leia o texto a seguir, extraído do
blog de Diogo Mainard, colunista da Revista Veja. Perceba nele os verbos e pronomes em primeira
pessoa, certos vocábulos que mostram a liberdade expressiva de sua opinião altamente pessoal. Isso
caracteriza o texto dissertativo-argumentativo, com ponto de vista subjetivo:
O leitor de VEJA já sabe o que esperar de mim: em matéria de prognósticos eleitorais, eu erro
fatalmente, eu erro teimosamente, eu erro rumorosamente. Nos primeiros meses de 2008,
prognostiquei que a candidata petista chegaria em quinto lugar. Dois anos e meio depois, estou aqui
reivindicando meu erro. Errei, errei, errei.
É bom errar. É bom repetir que errei. Só há um aspecto de meu trabalho de que realmente me
orgulho: eu nunca tentei compreender a mente ou o comportamento de meus compatriotas. Eu me
atormentaria se um dia, mesmo que por engano, acabasse acertando um resultado eleitoral. Os
valores aos quais sou mais apegado ruiriam. Quem compreende a mente e o comportamento dos
brasileiros é Valdemar Costa Neto. Quem compreende a mente e o comportamento dos brasileiros é
a Mulher Melancia. Quem compreende a mente e o comportamento dos brasileiros é Chico Buarque.
Eles sabem o que os brasileiros querem. Eu só sei o que os brasileiros repelem. Eles repelem Antonello
da Messina e Memling. Eles repelem Pitágoras e Empédocles.
De todos os nossos escritores, o único que conseguiu compreender a mente e o
comportamento dos brasileiros foi Euclides da Cunha. Eu sempre recorro a ele quando tenho de tratar
do assunto. Ele é meu Valdemar Costa Neto particular. Euclides da Cunha podia interpretar o caráter
de uma pessoa a partir do formato e da medida de suas orelhas ou de sua testa. Eu me pergunto
como ele teria interpretado o formato e a medida das orelhas de um eleitor do PT, como Chico
Buarque.
http://veja.abril.com.br/blog/mainardi/
Objetivo:
O ponto de vista objetivo procura basear-se em fatos, argumentos, informações, evitando
transparecer a opinião pessoal do autor. O texto continua sendo opinativo, mas o autor mascara sua
opinião para ganhar credibilidade. Para isso se baseia em argumentos de autoridade (especialistas
entendidos no assunto, leis, regulamentos), pensamentos filosóficos, máximas, etc. Tudo para fugir
da impressão, do “eu acho”. Quanto mais dados para consubstanciar a opinião “velada” do autor,
melhor para a sustentação dos argumentos, tornando o texto objetivo, com verbos e pronomes
normalmente em terceira pessoa.
Veja um exemplo de trecho dissertativo-argumentativo, com ponto de vista objetivo.
O homem e a natureza
A ideia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas ingênua, se não fosse
perigosamente pretensiosa.
Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por doutrinas que situam
corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da evolução, mas incidem no equívoco de fazer
dele uma espécie de finalidade da criação. Pode-se dizer com segurança que nada na natureza foi
feito para alguma coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio entre seres e coisas. A aquisição
de características muito específicas como a linguagem, raciocínio lógico, memória pragmática,
noção de tempo e capacidade de acumular não fizeram do homem um ser superior no sentido
absoluto, mas apenas mais bem dotado para determinados fins.
Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do universo conhecido deve
prestar-lhe vassalagem, como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder decisório no
mundo.
Lisboa, Luiz Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir. Rio de Janeiro, Difel, 1977.
Note que o texto é iniciado por uma ideia geral (a natureza não existe para servir o homem)
que será desenvolvida em seguida. Há várias inserções do autor, que provam sua opinião, em
terceira pessoa. São os chamados modalizadores:
“Pode-se dizer com segurança...”; “pode-se crer em permuta e equilíbrio...”; “Isso não lhe
confere autoridade...”; “...como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder decisório
no mundo...”.
É claro que um texto não terá apenas uma tipologia textual. Muitas vezes terá as três num só
texto, mas vale o que predomina, aquele que transmite a ideia central, o objetivo.
Vamos a mais algumas questões-modelo:
Gabarito: E
da narrativa, como tempo, cenário, personagens, falas, isto é, tudo que percebemos numa história.
Veja:
Em 47 a.C., envolvendo-se na disputa entre a voluptuosa Cleópatra e seu irmão, o imperador
Júlio César mandou incendiar a esquadra egípcia ancorada no porto de Alexandria. O fogo se
propagou até as dependências da Biblioteca, queimando cerca de 500.000 rolos.
Em 640 d.C., o califa Omar ordenou que fossem queimados todos os livros da Biblioteca,
utilizando o seguinte o argumento: “ou os livros contêm o que está no Alcorão e são desnecessários
ou contêm o oposto e não devemos lê-los.”
Resta claro perceber os trechos dissertativos, como os dois parágrafos seguintes à narrativa
acima. Veja:
A destruição da Biblioteca de Alexandria talvez tenha representado o maior crime contra o
saber em toda a história da humanidade.
Se vivemos hoje a era do conhecimento é porque nos alçamos em ombros de gigantes do
passado. A Internet representa um poderoso agente de transformação do nosso modus vivendi et
operandi.
É um marco histórico, um dos maiores fenômenos de comunicação e uma das mais
democráticas formas de acesso ao saber e à pesquisa.
O quinto parágrafo já se inicia com uma consideração do autor, ao afirmar que a destruição
de tal biblioteca representaria, segundo ele, o maior crime contra o saber em toda a história da
humanidade. Isso é uma opinião. Pode haver gente que concorde, pode haver gente que discorde.
Perceba os verbos no presente, o que reforça o discurso argumentativo.
Dessa forma, realmente, o texto possui passagens narrativas e dissertativas.
Gabarito: C
acendia as luzes já deve ter se transferido para o mundo das trevas eternas, ou seja, ido para o
mundo onde é sempre escuridão, isto é, já morreu.
Assim, a afirmativa está correta.
Gabarito: C
O nome é o nosso rosto na multidão de palavras. Delineia os traços da imagem que fazem de
nós, embora não do que somos (no íntimo). Alguns escondem seus donos, outros lhes põem nos
olhos um azul que não possuem. Raramente coincidem, nome e pessoa. Também há rostos quase
idênticos, e os nomes de quem os leva (pela vida afora) são completamente díspares, nenhuma letra
se igualando a outra.
Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor, junto com outra, do admirável,
maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem ser verdadeiros, mas — como se
verá — relativos).
A alternativa (B) está errada, pois o erro não foi de Liszt, mas sim do tipógrafo. Confirme:
Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto, os nomes
de Pixis e Beethoven...
A alternativa (C) está errada, pois a plateia não soube do erro. Desse modo, aplaudiram a
música de Pixis como se fosse de Beethoven e desprezaram a música de Beethoven que foi atribuída
a Pixis. Confirme:
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e paixão, e a de
Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
A alternativa (D) é a correta, pois, devido ao que estava escrito no programa, o público julgou
erroneamente as músicas.
A alternativa (E) está errada, pois o público distinguiu as duas peças, mas confundiu os
compositores.
Gabarito: D
Por fim, para atender às duas demandas, o Estado poderia diminuir a tributação sobre um
setor da economia, o que acarretaria as seguintes consequências: diminuição dos custos do setor e,
consequentemente, do valor do produto final, aumentando as vendas; aumento do lucro das
empresas, acarretando mais investimentos e provável crescimento da produção, além do aumento
da concorrência, refletindo nos preços. Leia isso no último parágrafo:
Por outro lado, se o Estado reduzisse a tributação de determinado setor da economia, os
custos desse setor diminuiriam, o que possibilitaria a queda dos preços de seus produtos e poderia
gerar um crescimento das vendas. Outro efeito viável dessa política seria o aumento do lucro das
empresas, favorecendo-se, assim, a elevação dos seus investimentos — e, consequentemente, da
produção — e o surgimento de novas empresas, o que provavelmente resultaria no crescimento da
produção, bem como no acirramento da concorrência, com possíveis reflexos sobre os preços. Em
qualquer um desses cenários, o setor seria estimulado.
Portanto, notamos claramente que o texto aponta possíveis consequências sociais e
econômicas da política tributária.
Assim, a alternativa (B) é a correta.
Gabarito: B
simplificação, contribuindo para o incremento de uma guerra fiscal entre os estados, que buscam
alterar regras para conceder benefícios e isenções, a fim de atrair e facilitar a instalação de novas
empresas. É, portanto, um dos instrumentos mais utilizados na disputa por investimentos, gerando,
com isso, consequências negativas do ponto de vista tanto econômico quanto fiscal.
A competitividade gerada pela interdependência estadual é outro ponto. Na década de 60, a
adoção do imposto sobre valor agregado (IVA) trouxe um avanço importante para a tributação
indireta, permitindo a internacionalização das trocas de mercadorias com a facilitação da
equivalência dos impostos sobre consumo e tributação, e diminuindo as diferenças entre países. O
ICMS, adotado no país, é o único caso no mundo de imposto que, embora se pareça com o IVA, não
é administrado pelo governo federal — o que dá aos estados total autonomia para administrar,
cobrar e gastar os recursos dele originados. A competência estadual do ICMS gera ainda dificuldades
na relação entre as vinte e sete unidades da Federação, dada a coexistência dos princípios de origem
e destino nas transações comerciais interestaduais, que gera a já comentada guerra fiscal.
A harmonização com os outros sistemas tributários é outro desafio que deve ser enfrentado. É
preciso integrar-se aos países do MERCOSUL, além de promover a aproximação aos padrões
tributários de um mundo globalizado e desenvolvido, principalmente quando se trata de Europa. Só
assim o país recuperará o poder da economia e poderá utilizar essa recuperação como condição para
intensificar a integração com outros países e para participar mais ativamente da globalização.
André Pereira. Os desafios do direito tributário brasileiro. In: DCI – Diário Comércio, Indústria e Serviços.
2/mar./2017. Internet: (com adaptações).
25. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Receita Estadual 2019)
Os três aspectos que representam desafios para o direito tributário brasileiro, na ordem em que
aparecem no texto, são
(A) a alteração de regras para benefícios e isenções, a competitividade propiciada pela
interdependência dos estados e a recuperação do poder econômico do país.
(B) o conflito fiscal proporcionado pelo ICMS, a competitividade produzida pela interdependência
dos estados e a recuperação do poder econômico do país.
(C) a alteração de regras para benefícios e isenções, a competitividade gerada pela
interdependência dos estados e a recuperação do poder econômico do país.
(D) o afinamento com outros sistemas tributários, a adoção do IVA e o conflito fiscal favorecido pelo
ICMS.
(E) o conflito fiscal propiciado pelo ICMS, a competitividade gerada pela interdependência dos
estados e o afinamento com outros sistemas tributários.
Comentário: Leia, literalmente, os três aspectos que representam desafios para o direito tributário
brasileiro, retirados do texto:
Entre esses pontos de atenção, destacam-se três. O primeiro é a guerra fiscal ocasionada pelo ICMS.
[...] A competitividade gerada pela interdependência estadual é outro ponto. [...] A harmonização
com os outros sistemas tributários é outro desafio que deve ser enfrentado.
instrumentos mais utilizados na disputa por investimentos, gerando, com isso, consequências
negativas do ponto de vista tanto econômico quanto fiscal.”
Assim, fica claro que se infere das ideias do texto que o autor é contrário à competência
estadual para o ICMS.
As alternativas (A), (C) e (E) estão erradas, pois fica claro que o autor não é contrário ao
modelo tributário europeu, nem ao sistema tributário do MERCOSUL, muito menos aos padrões
tributários do mundo globalizado. O que foi mencionado no texto é que é preciso integrar-se aos
países do MERCOSUL, além de promover a aproximação aos padrões tributários de um mundo
globalizado e desenvolvido, principalmente quando se trata de Europa.
A alternativa (B) está errada, pois o autor reforça no texto que a adoção do imposto sobre
valor agregado (IVA) trouxe um avanço importante para a tributação indireta, permitindo a
internacionalização das trocas de mercadorias com a facilitação da equivalência dos impostos sobre
consumo e tributação, e diminuindo as diferenças entre países. Assim, não há pensamento
contrário, como afirma a questão.
Gabarito: D
A alternativa (B) está errada, pois a ideologia de associar a escrita a uma manifestação
superior à fala não é compartilhada pelas sociedades. De acordo com o texto, há sociedades que
valorizam mais a escrita em detrimento da fala ou vice-versa. Comprove lendo o seguinte trecho:
Existem sociedades que valorizam mais a fala, e outras que valorizam mais a escrita.
A alternativa (C) está errada, pois, de acordo com o ponto de vista linguístico, fala e escrita
são manifestações diferentes, e cada uma tem certa importância dependendo do ponto de vista. Por
exemplo, a fala precede a escrita, mas a escrita é mais valorizada nas sociedades contemporâneas,
ou seja, a valorização de uma ou de outra depende da postura ideológica de cada sociedade.
Comprove lendo os trechos a seguir:
...deve-se [...] considerar que essa relação não é nem homogênea nem constante.
Portanto, do ponto de vista cronológico, a fala tem precedência sobre a escrita, mas, do ponto de
vista do prestígio social, a escrita tem supremacia sobre a fala na maioria das sociedades
contemporâneas.
Não se trata, porém, de algum critério intrínseco nem de parâmetros linguísticos, e sim de postura
ideológica. São valores que podem variar entre sociedades e grupos sociais ao longo da história.
A alternativa (D) está errada, pois, no texto, os autores não afirmam que, ao longo da história
e nas diversas civilizações, identificam-se momentos de maior e de menor valorização da língua
escrita. O que eles afirmam é que “do ponto de vista do prestígio social, a escrita tem supremacia
sobre a fala na maioria das sociedades contemporâneas.”
A alternativa (E) está errada, pois os autores não afirmam que, em sociedades letradas, a
comunicação por meio da escrita supera a comunicação por meio da fala, mas, de acordo com o
texto, apesar de a escrita ser muito importante, ainda somos povos orais, ou seja, a fala é tão
importante quanto a escrita. Comprove:
Mesmo considerando a enorme e inegável importância que a escrita tem nos povos e nas civilizações
ditas “letradas”, continuamos povos orais.
Gabarito: A
atenção, que concentra todo o poder operacional do cérebro sobre uma coisa só, aquela que for
julgada a mais importante no momento.
Suzana Herculano-Houzel. Por que guardar segredo é difícil? E outras curiosidades da neurociência do cotidiano.
São Paulo: Amazon. Ed. Kindle, loc. 107 (com adaptações).
31. (CESPE / TCE-PB Auditor de Contas 2018)
O efeito textual pretendido pela autora ao empregar a pergunta que encerra o segundo parágrafo
do texto é o de
(A) apontar a impossibilidade de o cérebro, ao mesmo tempo, processar estímulos e registrá-los na
memória.
(B) menosprezar os leitores que acreditam ser possível se lembrar de tudo o que lhes ocorre.
(C) obter diretamente dos leitores respostas honestas à indagação proposta.
(D) modificar o modo como os leitores lidam com os dados provenientes do mundo exterior.
(E) provocar os leitores a refletir sobre os processos de recepção de estímulos e formação de
memórias.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o cérebro processa todos os estímulos em conjunto
e seleciona aqueles que formam a memória. Assim, aquilo que o cérebro julgar o mais importante
fica registrado. Confirme:
...a atenção, que concentra todo o poder operacional do cérebro sobre uma coisa só, aquela que for
julgada a mais importante no momento.
A alternativa (B) está errada, pois a intenção da autora não é menosprezar seus leitores, mas
fazê-los repensar suas convicções acerca do processamento de dados e da memória.
A alternativa (C) está errada, pois não há com a autora obter diretamente as repostas de
todos os leitores, mas sim ela pretende incentivá-los a refletir sobre o assunto.
A alternativa (D) está errada, pois a pergunta pretende incentivar o leitor a refletir sobre o
assunto, e não modificar o modo como os leitores lidam com os dados provenientes do mundo
exterior.
A alternativa (E) é a correta, pois a intenção da autora, ao encerrar o segundo parágrafo com
uma pergunta, é instigar, incentivar o leitor a refletir sobre como ocorre o processamento e a
memorização de estímulos. Confirme:
“Você realmente esperava processar todos os estímulos a cada momento e ainda formar
registros duradouros de todos eles?”
Gabarito: E
Portanto, os livros estão à disposição para atribuir sentido àquilo que não se sabe ou atribuir
um sentido novo àquilo que já se conhece. Confirme:
“Seja como for, enquanto não chega esse dia, os livros estão aqui, como uma galáxia pulsante, e as
palavras, dentro deles, são outra poeira cósmica flutuando, à espera do olhar que as irá fixar num
sentido ou nelas procurará o sentido novo”.
Gabarito: E
Comentário: Note que realmente o texto não se refere a lugar de onde ou para onde supostamente
Rubião teria descido. Assim, as informações constantes do fragmento do texto são insuficientes, por
isso a afirmação está correta.
Gabarito: C
d) ele ter perdido a esperança de ser professor do Liceu ou do Seminário de Santo Antônio.
e) ele estar desempregado e não ter meios para lutar contra a escravidão.
Comentário: A causa do sentimento de derrota está no fato de ele não poder denunciar a escravidão
e estar desempregado. Veja isso nos trechos abaixo:
“Com a morte recente do Dr. Sotero dos Reis, tinha tido a esperança de que viriam chamá-lo para
ocupar-lhe o lugar no Liceu. Esperara em vão: já outro professor fora nomeado.”
(...)
“E Damião sentia renascer no seu espírito o impulso da revolta, querendo denunciar a burla e
protestar contra o novo engodo à liberdade dos negros. Mas vinha-lhe o desânimo. De que adiantava
o seu protesto, se não dispunha de um jornal, se não tinha uma tribuna?”
Assim, a alternativa correta é a (E).
Gabarito: E
s) conclusão.
d) adversidade.
e) condição.
Comentário: A conjunção “Mas” é coordenada adversativa. Assim, a alternativa correta é a (D).
Gabarito: D
Gabarito: C
A alternativa (C) é a correta, pois é uma interpretação literal do seguinte trecho do texto do
primeiro parágrafo do texto:
“atribui à polícia federal e às polícias civis dos estados as funções de polícia judiciária — de natureza
essencialmente investigatória, com vistas à colheita de provas e, assim, à viabilização do transcorrer
da ação penal — e a apuração de infrações penais”.
A alternativa (D) está errada, pois o segundo parágrafo afirma que “não cabe ao delegado de
polícia de carreira e a seus agentes sair pelas ruas ostensivamente em patrulhamento”.
A alternativa (E) está errada, pois cabe à polícia militar, e não à polícia judiciária, o
policiamento ostensivo, preventivo e repressivo.
Gabarito: C
ação penal cabível. Nessa linha, percebe-se que o destinatário imediato do inquérito policial é o
Ministério Público, nos casos de ação penal pública, e o ofendido, nos casos de ação penal privada.
De acordo com o conceito ora apresentado, para que o titular da ação penal possa, enfim,
ajuizá-la, é necessário que haja justa causa. A justa causa, identificada por parte da doutrina como
uma condição da ação autônoma, consiste na obrigatoriedade de que existam prova acerca da
materialidade delitiva e, ao menos, indícios de autoria, de modo a existir fundada suspeita acerca
da prática de um fato de natureza penal. Dessa forma, é imprescindível que haja provas acerca da
possível existência de um fato criminoso e indicações razoáveis do sujeito que tenha sido o autor
desse fato.
Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que serão coletadas as
informações e as provas que irão formar o convencimento do titular da ação penal, isto é, a opinio
delicti. É com base nos elementos apurados no inquérito que o promotor de justiça, convencido da
existência de justa causa para a ação penal, oferece a denúncia, encerrando a fase administrativa da
persecução penal.
Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério Público na fase pré-processual penal.
Artigo científico. Rio de Janeiro: Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet :
<www.emerj.tjrj.jus.br>. (com adaptações).
60. (CESPE / MPU Analista – 2015)
A fase do inquérito policial em que são coletadas as informações e as provas que irão formar o
convencimento do titular da ação penal é denominada opinio delecti.
Comentário: Pela própria análise sintática, podemos perceber o erro na afirmação da questão, pois
“opinio delecti” é o aposto explicativo, o qual se refere ao convencimento do titular da ação penal.
Isso é confirmado no último parágrafo, quando se afirma o seguinte:
“...o convencimento do titular da ação penal, isto é, a opinio delicti”
Já a questão afirma que “opinio delecti” é a denominação de uma fase do inquérito policial.
Gabarito: E
Isso é confirmado no último período do texto: “É com base nos elementos apurados no
inquérito que o promotor de justiça, convencido da existência de justa causa para a ação penal,
oferece a denúncia, encerrando a fase administrativa da persecução penal.”. Assim, ao término da
primeira fase (“fase administrativa da persecução penal”), após o convencimento do promotor de
justiça, entra-se imediatamente na próxima (“fase jurisdicional da persecução penal”).
Por tudo isso, confirmamos que a afirmação está correta, pois realmente a fase jurisdicional
da persecução penal tem início após o oferecimento da denúncia pelo promotor de justiça.
Gabarito: C
Texto:
As cidades foram criadas para a segurança de seus habitantes. Foram elas que propiciaram, segundo
autores clássicos e contemporâneos, o desenvolvimento da cidadania, da racionalidade econômica,
de um sistema de leis válidas para todos e de novas formas de associação entre indivíduos, fora dos
laços de parentesco e de servidão. Desde o clássico de Weber (1958) até as obras mais recentes de
Godbout (1997) e Jacobs (1993), a liberdade é apresentada como uma conquista urbana. Essas novas
formas de liberdade foram saudadas porque dissolviam laços de domínio dos poderes familiares e
feudais que impediam o aparecimento de um poder público voltado para o povo (Habermas, 1994).
Afirmativa da questão:
Infere-se da leitura do texto que as cidades propiciaram, além do fortalecimento dos laços de
parentesco entre os indivíduos, desenvolvimento da cidadania, da racionalidade econômica, de um
sistema de leis válidas para todos e de novas formas de associação pessoal.
Assim, a afirmativa está errada.
Gabarito: E
se fala de comunicação mediada, como rádio e TV, destaca-se consideravelmente a sua função de
tornar comum a muitos.
Pierre Bordieu. Questões de sociologia e comunicação. FAPESP, ANABLUME, 2007, p. 42-3 (com
adaptações).
Infere-se do texto que o termo “comunicação” adquire, no mundo moderno, interpretações
distintas.
Comentário: Nota-se que o último parágrafo refere-se ao mundo moderno. A questão trabalha a
inferência por meio da estrutura comparativa e contrastante “quando se fala em comunicação face
a face ou interativa, pode-se dizer que se trata de troca e partilha, mas quando se fala de
comunicação mediada, como rádio e TV, destaca-se consideravelmente a sua função de tornar
comum a muitos”.
Dessa forma, realmente, o termo “comunicação” adquire, no mundo moderno,
interpretações distintas.
Gabarito: C
4 – LISTA DE QUESTÕES
A mensagem veiculada nesse texto centra-se no descompasso existente entre a alta tecnologia
empregada nos aparelhos celulares e a baixa qualidade dos serviços oferecidos pelas operadoras de
telefonia celular.
rios. Muito antes da chegada dos colonizadores na Amazônia, os nativos já utilizavam canoas. Ainda
hoje, grande parte da população amazônica vive da pesca. Além disso, o deslocamento do ribeirinho
se faz através da infinidade de rios que retalham a grandeza territorial.
Mas para conhecer a Amazônia de verdade é preciso entender sua posição estratégica para
o país. Os rios são a chave para esse conhecimento. São as estradas que a natureza construiu e em
cujas margens se desenvolveram inúmeras povoações. Portanto, é impossível pensar em Amazônia
sem associar a importância que os rios têm para o desenvolvimento econômico e social. Eles devem
ser vistos como os grandes propulsores do desenvolvimento sustentável da região.
Domingos Savio Almeida Nogueira. In: Internet: <www.portosenavios.com.br/artigos> (com adaptações).
Predomina no texto a narração, já que nele se identificam um cenário e uma ação.
15. (CESPE / Antaq Técnico)
Alexandria, no Egito, reinou quase absoluta como centro da cultura mundial no período do
século III a.C. ao século IV d.C. Sua famosa Biblioteca continha praticamente todo o saber da
Antiguidade em cerca de 700.000 rolos de papiro e pergaminho e era frequentada pelos mais
conspícuos sábios, poetas e matemáticos.
A Biblioteca de Alexandria estava muito próxima do que se entende hoje por Universidade. E
faz-se apropriado o depoimento do insigne Carl B. Boyer, em A História da Matemática: “A
Universidade de Alexandria evidentemente não diferia muito de instituições modernas de cultura
superior. Parte dos professores provavelmente se notabilizou na pesquisa, outros eram melhores
como administradores e outros ainda eram conhecidos pela sua capacidade de ensinar.”
Em 47 a.C., envolvendo-se na disputa entre a voluptuosa Cleópatra e seu irmão, o imperador
Júlio César mandou incendiar a esquadra egípcia ancorada no porto de Alexandria. O fogo se
propagou até as dependências da Biblioteca, queimando cerca de 500.000 rolos.
Em 640 d.C., o califa Omar ordenou que fossem queimados todos os livros da Biblioteca,
utilizando o seguinte o argumento: “ou os livros contêm o que está no Alcorão e são desnecessários
ou contêm o oposto e não devemos lê-los.”
A destruição da Biblioteca de Alexandria talvez tenha representado o maior crime contra o
saber em toda a história da humanidade.
Se vivemos hoje a era do conhecimento é porque nos alçamos em ombros de gigantes do
passado. A Internet representa um poderoso agente de transformação do nosso modus vivendi et
operandi.
É um marco histórico, um dos maiores fenômenos de comunicação e uma das mais
democráticas formas de acesso ao saber e à pesquisa. Mas, como toda inovação, a Internet tem
potencial cuja dimensão não deve ser superdimensionada. Seu conteúdo é fragmentado,
desordenado e, além disso, cerca de metade de seus bites é descartável.
Jacir J. Venturi. Internet: <www.geometriaanalitica.com.br> (com adaptações).
Nesse texto, que pode ser classificado como artigo de opinião, identificam-se trechos narrativos e
dissertativos.
Se prestarmos atenção à nossa volta, perceberemos que quase tudo que vemos existe em razão
de atividades do trabalho humano. Os processos de produção dos objetos que nos cercam
movimentam relações diversas entre os indivíduos, assim como a organização do trabalho alterou-
se bastante entre diferentes sociedades e momentos da história.
De acordo com o cientista social norte-americano Marshall Sahlins, nas sociedades tribais, o
trabalho geralmente não tem a mesma concepção que vigora nas sociedades industrializadas.
Naquelas, o trabalho está integrado a outras dimensões da sociabilidade — festas, ritos, artes, mitos
etc. —, não representando, assim, um mundo à parte.
Nas sociedades tribais, o trabalho está em tudo, e praticamente todos trabalham. Sahlins propôs
que tais sociedades fossem conhecidas como “sociedades de abundância” ou “sociedades do lazer”,
pelo fato de que nelas a satisfação das necessidades básicas sociais e materiais se dá plenamente.
Thiago de Mello. Trabalho. Internet: (com adaptações).
18. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)
Conclui-se do texto que, devido à abundância de recursos, nas sociedades tribais os indivíduos não
têm necessidade de separar as práticas laborais das outras atividades sociais.
(CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)
O nome é o nosso rosto na multidão de palavras. Delineia os traços da imagem que fazem de
nós, embora não do que somos (no íntimo). Alguns escondem seus donos, outros lhes põem nos
olhos um azul que não possuem. Raramente coincidem, nome e pessoa. Também há rostos quase
idênticos, e os nomes de quem os leva (pela vida afora) são completamente díspares, nenhuma letra
se igualando a outra.
O do autor deste texto é um nome simples, apostólico, advindo do avô. No entanto, o
sobrenome, pelo qual passou a ser reconhecido, é incomum. Sonoro, hispânico. Com uma
combinação incomum de nome e sobrenome, difícil seria encontrar um homônimo. Mas eis que um
surgiu, quando ele andava pelos vinte anos. E continua, ao seu lado, até agora — sombra amiga.
Impossível não existir aqui ou ali alguma confusão entre eles, um episódio obscuro que, logo,
viria às claras com a real justificativa: esse não sou eu. Houve o caso da mulher que telefonou para
ele, esmagando-o com impropérios por uma crítica feita no jornal pelo outro, sobre um célebre
arquiteto, de quem ela era secretária.
João Anzanello Carrascoza. Homônimo. In: Diário das Coincidências. Ed. digital. São Paulo: Objetiva, p. 52 (com
adaptações).
19. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)
A afirmação de que alguns nomes põem nos olhos de seus donos “um azul que não possuem” (ℓ. 3)
contradiz a ideia de que os nomes definem não as qualidades reais de cada um, mas o modo como
os outros o veem.
20. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)
Infere-se que o autor do texto é espanhol.
(A) tecnologia ambígua, pois é capaz de, ao mesmo tempo, preservar informações úteis e contribuir
para a disseminação de textos inúteis.
(B) atividade que transforma escritos em arquivos, garantindo, assim, a integridade das informações
frente às inconstâncias da história.
(C) invenção da primeira fase da modernidade, voltada a manter vivas as memórias sociais e
culturais.
(D) forma de evitar o desaparecimento de informações importantes que não deveriam ser
esquecidas ou perdidas.
(E) manifestação efêmera, que podia ser registrada, depois apagada e, mais tarde, recuperada pela
reescrita.
29. (CESPE / TCE-PB Agente de documentação 2018)
Predomina no texto a tipologia
(A) narrativa.
(B) prescritiva.
(C) argumentativa.
(D) descritiva.
(E) expositiva.
30. (CESPE / TCE-PB Agente de Documentação 2018)
Quando nos referimos à supremacia de um fenômeno sobre outro, temos logo a impressão de
que se está falando em superioridade, mas, no caso da relação entre oralidade e escrita, essa é uma
visão equivocada, pois não se pode afirmar que a fala seja superior à escrita ou vice-versa. Em
primeiro lugar, deve-se ter em mente o aspecto que se está comparando e, em segundo, deve-se
considerar que essa relação não é nem homogênea nem constante. A própria escrita tem tido uma
avaliação variada ao longo da história e nos diversos povos.
Existem sociedades que valorizam mais a fala, e outras que valorizam mais a escrita. A única
afirmação correta é a de que a fala veio antes da escrita. Portanto, do ponto de vista cronológico, a
fala tem precedência sobre a escrita, mas, do ponto de vista do prestígio social, a escrita tem
supremacia sobre a fala na maioria das sociedades contemporâneas.
Não se trata, porém, de algum critério intrínseco nem de parâmetros linguísticos, e sim de
postura ideológica. São valores que podem variar entre sociedades e grupos sociais ao longo da
história. Não há por que negar que a fala é mais antiga que a escrita e que esta lhe é posterior e, em
certo sentido, dependente. Mesmo considerando a enorme e inegável importância que a escrita tem
nos povos e nas civilizações ditas “letradas”, continuamos povos orais.
Luiz Antônio Marcuschi e Angela Paiva Dionisio. Princípios gerais para o tratamento das relações entre a fala e a
escrita. In: Luiz Antônio Marcuschi e Angela Paiva Dionisio. Fala e escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 26-7
(com adaptações).
etc.). Com uma boa formação, eles serão capazes de trazer informações importantes sobre a
convivência entre os alunos e que poderão ser objeto de análise para que o orientador educacional,
juntamente com o diretor e a equipe docente, planeje e execute intervenções.
O papel do monitor na formação dos alunos. Internet: <http://gestaoescolar.org.br> (com adaptações).
40. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)
A forma verbal “transita” (linha 2) foi empregada para transmitir a ideia de que o monitor muda
constantemente de função na escola.
41. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)
Infere-se que, para o autor do texto, muitos diretores de escolas possuem uma visão restrita sobre
a função do monitor.
42. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)
O vocábulo “suspeitos” (linha 7) foi empregado, no texto, como substantivo, no sentido de aqueles
sobre os quais recaem suspeitas.
superficial da época em que vivemos é suficiente para mostrar a precariedade dessas condições. O
ritmo do tempo histórico é marcado pelo círculo produção e consumo, até mesmo daquilo que
entraria na categoria dos “bens culturais”. Os fatores de desagregação cultural incluem o
imediatismo e o caráter efêmero e disperso dos interesses que os indivíduos são encorajados a
cultivar, a fragmentação e a distorção da informação, a mercantilização extremada dos meios de
comunicação.
Os acessos ao mundo da cultura são cada vez mais intensamente submetidos a mecanismos
industriais, sem que se assuma qualquer medida no sentido de garantir acesso efetivamente
democrático. A universidade pública é uma instância em que se pode resistir, de alguma maneira e
por algum tempo, a esse processo, sendo a instituição em que a cultura pode ser considerada sem
as regras do mercado e sem os critérios de utilidade e oportunidade socialmente introjetados a partir
da mídia.
Para que a disseminação pública da cultura fuja a determinações pragmáticas e
economicistas, é necessário um espaço público de preservação, de apropriação e de reflexão.
As atividades que aí se desenvolvam não se podem subordinar a critérios da expectativa de
retorno de investimento. Por isso, a universidade, como instituição pública, pode assumir a função
de garantir o efetivo caráter público de que, em princípio, se revestem os bens de cultura
historicamente legados ao presente.
Faz parte da autonomia da universidade pública essa relação intrínseca com a cultura, que
permite que o acesso não seja filtrado por mecanismos de outras instâncias da vida social. É essa
publicidade desinteressada da cultura — que só na instituição pública pode-se articular em algum
grau — que garante o conhecimento, a apropriação intelectual, a reflexão, a crítica e o debate.
Franklin Leopoldo e Silva. Universidade pública e cultura. In: Estudos Avançados, v. 15, n.º 42, São Paulo (com
adaptações).
46. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)
De acordo com as ideias do texto, o acesso ao mundo da cultura realiza-se majoritariamente
mediante a ação do Estado.
47. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)
De acordo com as ideias do texto, a produção de cultura no ambiente universitário garante
rentabilidade em relação aos investimentos feitos.
48. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)
De acordo com as ideias do texto, a relação entre mercado e cultura é benéfica para a sociedade.
(CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)
Vez por outra, Damião deixava-se ficar, madrugada adentro, na Casa-Grande das Minas,
vendo as danças, ouvindo as cantigas, atraído pelo bater dos tambores. A sensação íntima de derrota
pessoal, que sentia aprofundar-se na sua consciência, levava-o a isolar-se num canto do terreiro,
metido consigo. Com a morte recente do Dr. Sotero dos Reis, tinha tido a esperança de que viriam
chamá-lo para ocupar-lhe o lugar no Liceu. Esperara em vão: já outro professor fora nomeado.
Agora, nem sequer com o apoio do velho mestre, que ainda lhe tinha um pouco de amizade, podia
mais contar. Por outro lado, continuava a ver os negros maltratados, sem que nada pudesse fazer
em seu favor. Não fazia duas semanas tinha ouvido na rua um tilintar de correntes, à altura do Largo
do Quartel, e vira uma fila de pretos, uns amarrados aos outros, submissos, descendo a Rua do Sol.
Nas conversas do Largo do Carmo, perto da coluna do Pelourinho, contavam-se novos casos de
mortes violentas de escravos, ali mesmo em São Luís. A Lei do Ventre Livre, que a imprensa da Corte
havia recebido com muita festa, não merecera o mais breve registro da imprensa de São Luís. No
fundo, pensando bem, que era essa lei senão uma burla? Os negros nasceriam e cresceriam nas
senzalas, debaixo do chicote dos senhores, e só aos vinte e um anos seriam livres. Ao fim de tanto
tempo de sujeição, que iriam fazer cá fora, sem saber em que se ocupar? E Damião sentia renascer
no seu espírito o impulso da revolta, querendo denunciar a burla e protestar contra o novo engodo
à liberdade dos negros. Mas vinha-lhe o desânimo. De que adiantava o seu protesto, se não dispunha
de um jornal, se não tinha uma tribuna? Ao mesmo tempo arriava os ombros, curvando a espinha,
esmagado pela convicção de sua inutilidade e de sua derrota. Se protestasse, como ia fazer depois
para educar os filhos e sustentar a família? Além do mais, embora desempregado havia muito
tempo, não perdera a esperança de colocar-se a qualquer momento, quer de novo no Liceu, quer
no Seminário de Santo Antônio.
Josué Montello. Os tambores de São Luís. 5.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 374-5 (com adaptações).
49. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)
Depreende-se do texto que a “sensação íntima de derrota pessoal” (linhas 2 e 3) que levava Damião
a “isolar-se num canto do terreiro, metido consigo” (linhas 3 e 4) se devia ao fato de
a) a Lei do Ventre Livre ter sido promulgada.
b) o Dr. Sotero dos Reis, seu mestre e amigo, ter morrido.
c) ele não ser dono de jornal ou político.
d) ele ter perdido a esperança de ser professor do Liceu ou do Seminário de Santo Antônio.
e) ele estar desempregado e não ter meios para lutar contra a escravidão.
50. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)
Infere-se do texto que, para Damião, a aprovação da Lei do Ventre Livre representou uma
a) possibilidade de os negros ascenderem socialmente por meio do trabalho remunerado.
b) chance de ele voltar a ministrar aulas no Liceu ou no Seminário de Santo Antônio.
c) vitória da Corte e da imprensa de São Luís na luta pela libertação dos negros.
d) falsa promessa de liberdade vindoura para os negros que nascessem a partir de então.
e) oportunidade de os negros finalmente se libertarem da escravidão.
51. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)
De acordo com o texto, Damião era um homem que
a) havia se convencido do êxito das suas lutas contra a violação dos direitos dos negros.
b) sofria preconceito racial e, por essa razão, se revoltava contra as injustiças decorrentes d
regime escravocrata.
c) se sentia impotente diante dos atos de violência e de injustiça praticados contra os negros.
d) desejava integrar um movimento político de luta pela abolição da escravatura.
e) negligenciava os assuntos relativos à escravidão.
52. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)
No texto, refere-se ao “Dr. Sotero dos Reis” (linha 4) a forma pronominal empregada em
(A) “lhe tinha um pouco de amizade” (linha 7).
(B) “outro professor” (linha 6).
(C) “em seu favor” (linha 8).
(D) “viriam chamá-lo” (linha 5).
(E) “para ocupar-lhe” (linha 5).
53. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)
No texto, a oração “Mas vinha-lhe o desânimo” (linha 18) expressa uma ideia de
a) consequência.
b) finalidade.
s) conclusão.
d) adversidade.
e) condição.
54. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)
No texto, a palavra “burla” (linha 17) foi empregada no sentido de
a) honra ou glória.
b) transgressão ou ofensa.
c) ilusão ou fraude.
d) compaixão ou piedade.
e) afronta ou agressão.
(CESPE / TCE PE Analista – 2017)
Comecemos pelo conceito. A democracia veio dos gregos. Democracia não é só a eleição do
governo pelo povo, mas, sim, a atribuição, pelo povo, do poder — que inclui mais que o mero
governo; inclui o direito de fazer leis. Na democracia antiga, direta, isso cabia ao povo reunido na
praça pública.
Um grande êxito dos atenienses, se comparados aos modernos, era o amor à política. Moses
Finley, um dos maiores conhecedores do tema, conta que, em Atenas, a assembleia popular se
reunia cerca de quarenta vezes ao ano. Pelo menos mil pessoas costumavam comparecer, às vezes
dez mil, de um total de quarenta mil possíveis (a presença não era obrigatória). Comparo esse
empenho ao nosso. Quantos não resmungam para votar uma só vez a cada dois anos? Nesse
período, o ateniense teria passado oitenta tardes na praça, ouvindo, votando.
Mas a “falha” dos atenienses era a inexistência de direitos humanos. Não havia proteção
contra as decisões da assembleia soberana. Ela podia decretar o banimento de quem quisesse, sem
se justificar: assim Temístocles foi sentenciado ao ostracismo pelo mesmo povo que ele salvara dos
persas. Desde a era moderna, os direitos do homem, protegendo-o do Estado, se tornam cruciais.
Estes são os grandes legados das três revoluções modernas — a inglesa, a americana e a francesa:
somos protegidos não só dos desmandos do monarca absoluto, contra os quais o melhor antídoto
seria a soberania popular, mas também da tirania do próprio povo e de seus eleitos.
55. (CESPE / TCE PE Analista – 2017)
De acordo com o autor, no mundo contemporâneo há proporcionalmente mais participação política
do que havia na democracia ateniense.
56. (CESPE / TCE PE Analista – 2017)
O texto defende a ideia de que, com as revoluções modernas, aumentou a capacidade de defesa do
indivíduo contra o Estado.
57. (CESPE / TCE PE Analista – 2017)
O autor emprega recursos do tipo textual narrativo para explicar o funcionamento da democracia
direta ateniense
(CESPE / PC GO Delegado – 2017)
A diferença básica entre as polícias civil e militar é a essência de suas atividades, pois assim
desenhou o constituinte original: a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF), em
seu art. 144, atribui à polícia federal e às polícias civis dos estados as funções de polícia judiciária —
de natureza essencialmente investigatória, com vistas à colheita de provas e, assim, à viabilização
do transcorrer da ação penal — e a apuração de infrações penais.
Enquanto a polícia civil descobre, apura, colhe provas de crimes, propiciando a existência do
processo criminal e a eventual condenação do delinquente, a polícia militar, fardada, faz o
patrulhamento ostensivo, isto é, visível, claro e perceptível pelas ruas. Atua de modo preventivo-
repressivo, mas não é seu mister a investigação de crimes. Da mesma forma, não cabe ao delegado
de polícia de carreira e a seus agentes sair pelas ruas ostensivamente em patrulhamento. A própria
comunidade identifica na farda a polícia repressiva; quando ocorre um crime, em regra, esta é a
primeira a ser chamada.
Depois, havendo prisão em flagrante, por exemplo, atinge-se a fase de persecução penal, e
ocorre o ingresso da polícia civil, cuja identificação não se dá necessariamente pelos trajes usados.
Guilherme de Souza Nucci. Direitos humanos versus segurança pública. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 43 (com adaptações).
Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que serão coletadas as
informações e as provas que irão formar o convencimento do titular da ação penal, isto é, a opinio
delicti. É com base nos elementos apurados no inquérito que o promotor de justiça, convencido da
existência de justa causa para a ação penal, oferece a denúncia, encerrando a fase administrativa da
persecução penal.
Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério Público na fase pré-processual penal.
Artigo científico. Rio de Janeiro: Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet :
<www.emerj.tjrj.jus.br>. (com adaptações).
60. (CESPE / MPU Analista – 2015)
A fase do inquérito policial em que são coletadas as informações e as provas que irão formar o
convencimento do titular da ação penal é denominada opinio delecti.
61. (CESPE / MPU Analista – 2015)
A fase jurisdicional da persecução penal tem início após o oferecimento da denúncia pelo promotor
de justiça.
62. (CESPE / MPU Analista – 2015)
A existência de prova da materialidade delitiva é suficiente para que se considere a existência de
indícios de autoria.
(CESPE / Anatel Técnico – 2014)
No começo dos tempos, as pessoas precisavam aproveitar o período em que o Sol estava
radiante para praticar suas atividades diárias. Com o passar dos anos, essa diferenciação entre dia
para agir e noite para dormir foi ficando menos evidente. Isso porque o advento da iluminação e,
mais precisamente, da iluminação pública, permitiu que as pessoas desfrutassem mais da noite e
deixou as cidades mais seguras e bonitas. Dos lampiões a querosene aos leds, a evolução da
iluminação contribuiu para a transformação das cidades e dos hábitos das pessoas.
Desde a Idade Média, os seres humanos vinham tentando resolver o problema da escuridão
com velas e outros artefatos. Nesse período, eram usadas tochas com fibras torcidas e impregnadas
com material inflamável. Foi, sobretudo, no século XV que a iluminação pública se tornou uma
preocupação nas cidades. A história indica que, em 1415, na Inglaterra, a iluminação surgiu como
uma solução para amenizar a violência e, principalmente, os roubos a comerciantes, que aconteciam
com frequência na região.
Não é à toa que especialistas consideram a iluminação como uma grande aliada das cidades
na luta contra a violência urbana, já que é uma grande inibidora de atos de vandalismo, roubo e
agressões.
Internet: <http://www.osetoreletrico.com.br> (com adaptações).
63. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)
O texto estabelece uma relação paradoxal entre iluminação pública e aumento de segurança urbana.
significativa da dependência do modal rodoviário até os portos do Sudeste, e representa mais uma
opção de integração nacional, com a redução de trânsito pesado nas rodovias da região Centro-Sul.
Idem (com adaptações).
Infere-se das informações do texto que o transporte por hidrovia ajuda a preservar o meio ambiente,
dado o baixo consumo de combustível, e reduz a dependência do transporte rodoviário.
70. (CESPE / Antaq Técnico – 2014)
As obras de dragagem objetivam remover os sedimentos que se encontram no fundo do
corpo d'água para permitir a passagem das embarcações, garantindo o acesso ao porto. Na maioria
das vezes, a dragagem é necessária quando da implantação do porto, para o aumento da
profundidade natural no canal de navegação, no cais de atracação e na bacia de evolução. Também
é necessária sua realização periódica para o alcance das profundidades que atendam o calado das
embarcações.
Internet: <www.antaq.gov.br> (com adaptações).
Depreende-se das informações do texto que a dragagem realizada na implantação do porto para
garantir o acesso das embarcações é definitiva, não havendo necessidade de ser refeita.
5 – GABARITO