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ECONOMIA POLÍTICA DO FUTURO

ou, a política no tempo das cartas que não chegam ao seu destino

Gabriel Tupinambá
(PUC-Rio/CEII)
Gabriel Tupinambá
(PUC-Rio/CEII)
grupos de estudo

teoria dos modelos


e teoria das categorias
mestrado
problemas comuns
ao marxismo e pós-doutorado
à psicanálise
clínica as novas tarefas
condições sociais da da organização coletiva
clínica analítica
doutorado
CEII/Escritas/Autônomo
teoria da autonomização
Oficina Acadêmica
das formas sociais
CEII

teoria socio-econômica
da militância

Gabriel Tupinambá
(PUC-Rio/CEII)
grupos de estudo

teoria dos modelos


e teoria das categorias
mestrado
problemas comuns
ao marxismo e pós-doutorado
à psicanálise
clínica as novas tarefas
condições sociais da da organização coletiva
clínica analítica
doutorado
CEII/Escritas/Autônomo
teoria da autonomização
Oficina Acadêmica
das formas sociais
CEII

teoria socio-econômica
da militância

Gabriel Tupinambá
(PUC-Rio/CEII)
O escândalo de me contradizer, de estar dizer não saberia que não fosse
com e contra ti; contigo no peito, justa, mas insincera, abstrato
à luz, contra ti nas negras entranhas; amor, não dolorosa simpatia…


de meu estado paterno traidor Pobre entre os pobres, assim como eles
- numa sombra de ação, em pensamento - me apego a esperanças humilhantes,
sei que a ele me apego no calor e como eles para viver combato,

dos instintos, da paixão estética; todo dia. Mas nesta condição


atraído pela vida proletária desesperadora de deserdado
mesmo antes de ti, sua alegria é
 eu possuo, possuo a mais exaltante

para mim religião, não sua luta das possessões burguesas, o estado
milenar; sua natureza, não sua mais absoluto. Mas, se possuo a história,
consciência; é a força originária
 ela me possui, e dela me ilumino:

do homem, perdida enquanto se fazia, mas de que serve a luz?
que lhe dá um fervor da nostalgia,
uma luz poética; e outra coisa As Cinzas de Gramsci, VI, Pasolini, 1954
dizer não saberia que não fosse
justa, mas insincera, abstrato
amor, não dolorosa simpatia…


Pobre entre os pobres, assim como eles
me apego a esperanças humilhantes,
e como eles para viver combato,

todo dia. Mas nesta condição


desesperadora de deserdado
eu possuo, possuo a mais exaltante

das possessões burguesas, o estado


mais absoluto. Mas, se possuo a história,
ela me possui, e dela me ilumino:

mas de que serve a luz?

As Cinzas de Gramsci, VI, Pasolini, 1954


1. A era das expectativas decrescentes

2. A semântica do tempo histórico

3. A sintaxe política do mundo

SUMÁRIO: 4. Uma história do futuro

5. Da crise do valor à crise dos discursos

6. Cartas que não chegam ao seu destino
1. A ERA DAS EXPECTATIVAS DECRESCENTES

C. Lasch (1979) A Cultura do


Narcisismo, ou a vida americana numa
era de expectativas decrescentes
Nesse livro tentarei desenvolver a ideia de que o futuro acabou.
1. A ERA DAS EXPECTATIVAS DECRESCENTES
Como sabemos, essa não é uma ideia nova. Nascida com o
movimento punk, o lento cancelamento do futuro iniciou-se nos
anos 70 e 80. Mas agora suas predições bizarras se realizaram. A
ideia de que o futuro desapareceu é, certamente, um tanto estranha
- já que, enquanto escrevo essas linhas, o futuro não parou de
desdobrar.


Mas quando digo “futuro”, não me refiro à direção da flecha do
tempo. Penso, ao invés, na percepção psicológica, que emergiu
com a situação cultural da modernidade progressista, as
expectativas culturais que foram fabricadas durante o longo
período da civilização moderna, atingindo seu pico nos anos que
seguiram à Segunda Guerra Mundial. Minha geração cresceu no
F. Berardi (2011) After the Future ponto alto dessa temporalização mitológica e é muito difícil, talvez
impossível, para nós, abrir mão dela e olhar para o mundo sem
essas lentes culturais. Nunca serei capaz de viver de acordo com
essa nova realidade, não importa o que evidente, inegável e
incontestável sejam as novas tendências planetárias para a
realidade social. Essas tendências apontam para a dissipação do
legado da civilização, baseado numa filosofia dos direitos
universais. 


O futuro que minha geração esperava era baseado na confiança
silenciosa de que os seres humanos nunca mais seriam tratados
como os Judeus foram trados durante o pesadelo alemão. Essa
assunção se provou errônea.
1. A ERA DAS EXPECTATIVAS DECRESCENTES

Não se trata de um cenário melodramático anunciando o fim dos


tempos - nem de requentar profecias regressivas - mas de constatar
que, tecnicamente, pelo menos, ingressamos num regime de
urgência: linearmente desenhado, o futuro se aproxima do presente
explosivamente carregado de negações. Não basta anunciar que o
futuro não é mais o mesmo, que ele perdeu seu caráter de evidência
progressista. Foi-se o horizonte do não experimentado. Com isso o
próprio campo de ação vai se encolhendo, e isso porque já
dispomos no presente de parte do futuro. Digamos, não custa
insistir, que cada vez mais a conjuntura tende a se perenizar. A
inovação clássica do futuro, em nome da qual se legitimou a
P. Arantes (2014) O novo tempo do mundo
iniciativa política nos tempos modernos, não só perdeu sua força
como deve ser rebatida sobre o presente. É isso, resumindo de
relance. Resta o dilema: se os efeitos indesejados devem ser
calculados e tender a zero, como, para além do slogan
desmoralizado de ‘escolher o futuro’, manter o horizonte de tal
modo descomprimido que o “não imaginado possa continuar
imaginável”? Mas e esse futuro inteiramente outro - sob pena de
apressar o desastre - que deve ser criado já é efetivo desde agora,
“se decide no presente prolongado”? Nesse redemoinho gira o
apocalipse dos integrados: gestão do presente, em suma, mas de
um presente no qual o futuro já chegou.
1. A ERA DAS EXPECTATIVAS DECRESCENTES

dimensão individual (Lasch)


compreensão do novo papel do narcisismo e das diferentes
psicopatologias contemporâneas; relação entre
transformações sociais e âmbito clinico

dimensão política (Berardi)


análise da imaginação política e da percepção socialmente
determinada das expectativas de transformação; discussão
das patologias como indicadores de mudança ideológica

dimensão sócio-econômica (Arantes)


revisão das bases sócio-econômicas da história da
modernidade que levaram ao surgimento do futuro como
categoria do não-experimentado, análise dos condicionantes
materiais da experiência histórica
1. A ERA DAS EXPECTATIVAS DECRESCENTES

Era das expectativas decrescentes

tese prescritiva tese descritiva

ideologia dominante neoliberal, predicamento social e ambiental


que garante a hegemonia de um que qualquer projeto de sociedade
modelo de sociedade condenando e qualquer ideologia terá que
os demais projetos alternativos ao considerar para garantir sua
campo do inimaginável. eficácia.

ênfase na disputa política, na ênfase nas condições técnicas e


dimensão discursiva, na econômicas, na ontologia da
historiografia, na captura história, nas condições materiais
ideológica da subjetividade da experiência subjetiva
1. A ERA DAS EXPECTATIVAS DECRESCENTES

Era das expectativas decrescentes

tese prescritiva tese descritiva

ideologia dominante neoliberal, predicamento social e ambiental


que garante a hegemonia de um que qualquer projeto de sociedade
modelo de sociedade condenando e qualquer ideologia terá que
os demais projetos alternativos ao considerar para garantir sua
campo do inimaginável. eficácia.

contra-hegemonia desativação do progresso


reativar o futuro, desobstruir a
refuncionamento da organização
imaginação histórica, demonstrar a
social, desatrelamento da ideia de
falácia ideológica do neoliberalismo,
revolução e de progresso material, etc.
etc
2. A SEMÂNTICA DO TEMPO HISTÓRICO

horizonte de expectativa
FUTURO
não-experimentado
presente
já experimentado
PASSADO
espaço de experiência

R. Koselleck (1985) Futuro Passado


2. A SEMÂNTICA DO TEMPO HISTÓRICO

o começo e o fim dos tempos questões transcendentais

horizonte de expectativa
FUTURO
não-experimentado

já experimentado
PASSADO
espaço de experiência

experiência pré-moderna do tempo histórico


o já experimentado informa o que esperar do futuro

R. Koselleck (1985) Futuro Passado


2. A SEMÂNTICA DO TEMPO HISTÓRICO

“o que a história nos ensina é que nós não


aprendemos nada com a história”
(Hegel, A Razão na História)

horizonte de expectativa
FUTURO
não-experimentado

já experimentado
PASSADO
espaço de experiência

experiência moderna do tempo histórico


o futuro é o lugar de algo nunca antes experimentado

R. Koselleck (1985) Futuro Passado


2. A SEMÂNTICA DO TEMPO HISTÓRICO

horizonte de expectativa
FUTURO
não-experimentado

já experimentado
PASSADO
utopia
espaço de experiência
projeção de expectativas
sem experiência
ideologia
projeção de experiências
sem novas expectativas

K. Mannheim (1954) Ideologia e Utopia


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

SEMÂNTICA
qual o sentido de uma proposição?

MUNDO
os limites dentro dos quais uma
dada estrutura de significação se aplica
SINTAXE
o que constitui uma proposição significante?
3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

“tempo do mundo” (Braudel)


lógica temporal de transformação de longa
SEMÂNTICA duração num dado espaço social conexo (ex:
espaço de experiência e horizonte de o Mediterrâneo no século XVI)
expectativa de uma dada formação social

“sistema-mundo” (Wallerstein)
SINTAXE
a lógica da conexão espacial e temporal
princípios estruturantes e estruturados que de diferentes componentes de uma dada
organizam uma dada formação social organização social (ex: federação de tribos
no Brasil cerca 1550)
3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

Menenio de Agrippa
(500 AC)

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : transcendência

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

Platão
(420-340 AC)

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : transcendência

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

Aristóteles
(380-320 AC)

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : transcendência

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

Paulo
(5 - 67 DC)

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : membro intermediador

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

os dois corpos do Rei

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : membro intermediador

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

della Mirandola
(1463-1494)

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : membro intermediador

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

Hobbes
(1588-1679)

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : membro intermediador

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

O problema de David
(1793)

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : todo corpo é cindido em dois

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

Jean-Louis David (1793) A morte de Marat


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

Problema semântico:
o que no corpo dá sentido ao futuro?

Problema sintático:
o que no corpo constrói um futuro?

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : todo corpo é cindido em dois

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


Rousseau
(1672-1778)
vontade particular e geral
3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

Smith
(1723-1790)
simpatia e trabalho

Kant
(1724-1804)
patológico e razão

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : todo corpo é cindido em dois

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

trabalho do espírito

Sociedade Estado
Civil
Cultura

Hegel
(1770-1831)

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : todo corpo é cindido em dois

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


proletariado
3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

forças produtivas e relações de


relações de produção propriedade
reprodução das
relações de
produção

Marx
(1818-1883)

indivíduos : membro
sociedade: corpo
sentido : todo corpo é cindido em dois

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


3. A SINTAXE POLÍTICA DO MUNDO

mediação transcendental mediação individual todo corpo é dividido


entre corpo individual e entre corpo individual e entre corpo individual e
corpo social corpo social corpo social

a metáfora do corpo nos mundos do Ocidente


espaço
CAPITALISMO CAPITALISMO CAPITALISMO
DE MERCADO MONOPOLISTA TARDIO
4. UMA HISTÓRIA DO FUTURO

estrutura
do capitalismo

experiência
individual
tempo

1600 1900 1970

F. Jameson (1998) Mapeamento cognitivo


espaço
4. UMA HISTÓRIA DO FUTURO

estrutura
do capitalismo

experiência
individual
tempo

1600 1900 1970

F. Jameson (1998) Mapeamento cognitivo


espaço
4. UMA HISTÓRIA DO FUTURO

estrutura
do capitalismo

espaço público
experiência
individual
tempo

CAPITALISMO CAPITALISMO CAPITALISMO


1600 DE MERCADO
1900 MONOPOLISTA
1970 TARDIO

A. Kluge & O.Negt (1973) Espaço público e experiência


espaço

expectativa REVOLUÇÃO
4. UMA HISTÓRIA DO FUTURO

do futuro
(distante,
ordem nova)

estrutura
(próximo,
do capitalismo
ordem diferente)
GUERRA

(presente,
catástrofe)

CRISE

experiência
individual
tempo

CAPITALISMO CAPITALISMO CAPITALISMO


1600 DE MERCADO
1900 MONOPOLISTA
1970 TARDIO

P. Arantes (1973) O novo tempo do mundo


espaço
CONSOLIDAÇÃO
SOCIEDADE DO TRABALHO CRISE DO VALOR
DO MUNDO DO TRABALHO

expectativa REVOLUÇÃO
4. UMA HISTÓRIA DO FUTURO

do futuro
(distante,
ordem nova)

estrutura
(próximo,
do capitalismo
ordem diferente)
GUERRA

(presente,
catástrofe)

CRISE

experiência
individual
tempo

CAPITALISMO CAPITALISMO CAPITALISMO


1600 DE MERCADO
1900 MONOPOLISTA
1970 TARDIO
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS

D MP + FT M …M D'

D: dinheiro
MP: meios de produção
FT: força de trabalho
M: mercadoria
… : da produção à circulação

D’: mais dinheiro
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS

D MP + FT M …M D'

valor de uso ≠ valor


o uso da mercadoria-trabalho é que, ao ser o valor da mercadoria-trabalho é
consumida, ela cria valor determinado pelo custo de reprodução da
força de trabalho

D: dinheiro
MP: meios de produção
FT: força de trabalho
M: mercadoria
… : da produção à circulação

D’: mais dinheiro
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS

Exemplo: um trabalhador empregado por 20 R$/h num dia de trabalho de 8 horas produz 4
canecas por hora, a serem vendidas por 5 reais cada. O capitalista então emprega novas máquinas
que permitem dobrar a produtividade.

custo de reprodução trabalho


da força de trabalho excedente

valor de uso
mais valia absoluta
do trabalho: 20R$/h
+ trabalhadores 4h 8h
+ tempo
R$ 80 +R$ 80
custo de reprodução trabalho
da força de trabalho excedente

mais valia relativa


valor de uso
+ produtividade
 do trabalho: 40 R$/h
- trabalhadores 2h 4h 8h
R$ 80 +R$ 240
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS
D MP + FT M…M D'
mais valia absoluta
valor de uso ≠ valor
mais trabalhadores = mais consumidores

o mesmo mecanismo que extrai e realiza a mais-valia


garante o horizonte de empregabilidade

A expectativa normativa do trabalho assalariado como uma responsabilidade individual tem mais a ver com
o papel de mediador social do trabalho do que com sua função estritamente produtiva. O trabalho é o
principal meio através do qual os indivíduos são integrados não só ao sistema econômico, mas aos modos
familiares, sociais e políticos de cooperação. Que os indivíduos devem trabalhar é parte fundamental do
contrato social; de fato, trabalhar é parte daquilo que deveria transformar sujeitos nos indivíduos
independentes do imaginário liberal e, por essa razão, é tratado como uma obrigação básica da cidadania. O
fato de que a saúde econômica depende de uma margem permanente de desemprego é apenas um dos
problemas mais notórios com essa convenção. Os sonhos de realização individual e o desejo de contribuir
ao bem comum passam a se articular ao trabalho assalariado, onde podem ser sequestrados para fins um
tanto distintos: produzir nem riqueza individual nem social, mas mais-valia privadamente apropriada. A
categoria da sociedade do trabalho significa assim não apenas a centralidade do trabalho, mas seu campo
mais amplo de relevância social.

Kathy Weeks (2011), O problema do trabalho


5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS
D MP + FT M…M D'
mais valia relativa
valor de uso ≠ valor
mais produtividade = menos consumidores

crise na sociedade do trabalho

A eliminação em escala massiva do trabalho vivo produtivo como fonte de criação de valor não pode
mais ser recuperada através da produção em massa de produtos cada vez mais baratos, já que o processo
de produção em massa não é mais mediato por um processo de reintegração uma população de
trabalhadores que foi tornada supérflua em outro lugar. Isso traz à tona uma transformação histórica
irreversível do relacionamento entre a eliminação de trabalho vivo produtivo através do avanço tecno-
científico, de um lado, e a absorção do trabalho produtivo vivo através de processos de capitalização ou
através da criação de novos ramos da produção, do outro: de agora em diante, é inexorável que mais
trabalho seja eliminado do que pode ser absorvido. Toda inovação tecnológica que podemos esperar
também tenderá somente na direção de eliminar ainda mais o trabalho vivo, todos os novos ramos da
produção já virão à luz com menos e menos necessidade de trabalho humano produtivo direto.

Robert Kurz, (2014) The Crisis of Exchange Value:


Science as Productive Force; Productive Labor and
Capitalist Reproduction
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS
D MP + FT M…M D'
mais valia relativa
valor de uso ≠ valor
crise na sociedade do trabalho

acesso ao crédito

programas sociais
estratégias de investimento público
privatização
crescimento de indústria de serviços
crescimento do sub-emprego e da informalidade
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS
D MP + FT M…M D'

matéria-prima maquinaria
aluguel
impostos
etc MP + trabalho

trabalho trabalho
intelectual manual
não alienável
custo de reprodução tende ao zero
imediatamente social

D: dinheiro
MP: meios de produção
FT: força de trabalho
M: mercadoria
… : da produção à circulação

D’: mais dinheiro
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS

trabalho trabalho
manual intelectual desemprego
(qnt) (qld) (ex)

sociedade manifestação modelado no trabalhador


do trabalho essencial trabalho manual em potencial

homogeneidade social

crise da
desempregado modelo de desemprego
sociedade do em potencial trabalhador crônico
trabalho

heterogeneidade social
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS

É como se os três componentes do processo de produção - planejamento intelectual e marketing,


produção material, e a disponibilidade de recursos materiais - estivessem cada vez mais
autonomizados, emergindo como três esferas separadas. Em suas consequências sociais, essa
separação aparece na forma das “três principais classes” das sociedades desenvolvidas
contemporâneas, que, justamente, não são classes, mas três frações da classe trabalhadora:
trabalhadores intelectuais, os antigos trabalhadores manuais, e os excluídos - desempregados,
morando nas favelas ou em outros interstícios do espaço público. (…) O proletariado está, assim,
dividido em três, cada parte em tensão com as demais: intelectuais cheios de preconceitos culturais
contra os trabalhadores reacionários, trabalhadores manuais com um ódio populista contra os
intelectuais e os excluídos, e os excluídos em antagonismo com a sociedade enquanto tal.

Slavoj Zizek, How to Begin from the Beginning

crise da
desempregado modelo de desemprego
sociedade do em potencial trabalhador crônico
trabalho

antagonismos intra-classe
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS espaço
CONSTITUIÇÃO
SOCIEDADE DO TRABALHO CRISE DO VALOR
DO MUNDO DO TRABALHO

expectativa REVOLUÇÃO
do futuro
(distante,
ordem nova)

estrutura
(próximo,
do capitalismo
ordem diferente)

TRABALHO E SABER E
GUERRA
PRODUÇÃO CIRCULAÇÃO
(presente,
catástrofe)

CRISE

experiência
individual
tempo

CAPITALISMO CAPITALISMO CAPITALISMO


1600 DE MERCADO
1900 MONOPOLISTA
1970 TARDIO
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS

“inversão”
idealismo religioso materialismo do homem
tensão interna entre:
naturalismo determinista
ideologia s ição humanismo voluntarista
p o
“anti-clerical” ecom
r

“decentramento”
idealismo humanista materialismo da linguagem
tensão interna entre:
sobre-determinação estrutural
cisão irredutível do sujeito
s ição
ideologia mpo
o
“anti-fundamentalista” rec

idealismo discursivo materialismo do sujeito


tensão interna entre:
organização discernível do mundo
e reorganização de algo indiscernível
A. Badiou (1982) Teoria do Sujeito
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS
MUNDO DO TRABALHO

“inversão”
idealismo religioso materialismo do homem
tensão interna entre:
naturalismo determinista
ideologia s ição humanismo voluntarista
p o
“anti-clerical” ecom
r

SOCIEDADE DO TRABALHO
“decentramento”
idealismo humanista materialismo da linguagem
tensão interna entre:
sobre-determinação estrutural
cisão irredutível do sujeito
s ição
ideologia mpo
o
“anti-fundamentalista” rec

CRISE DO VALOR

idealismo discursivo materialismo do sujeito


tensão interna entre:
organização discernível do mundo
e reorganização de algo indiscernível
A. Badiou (1982) Teoria do Sujeito
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS

metáfora arquitetônica metáfora textual

outro outro

interpretação
superfície superfície
construção

profundeza profundeza

um um

MUNDO DO TRABALHO SOCIEDADE DO TRABALHO

K. Karatani (1983) Arquitetura como metáfora


5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS

materialismo discursivo:
teoria regional
tensão produtiva
desnaturalização da cultura
localização de indeterminações metáfora textual
apelo às ciências formais
outro

interpretação
superfície

profundeza
idealismo discursivo:
um
teoria global
identificação do teórico
culturalização da natureza homogeneidade vital (Negri)
interdição do novo as demandas sociais, por serem sociais,
produzem seus próprios meios de realização
crítica da universalidade científica

homogeneidade negativa (Laclau)


as demandas sociais, por serem demandas, são
passíveis de serem mediadas
5. DA CRISE DO VALOR À CRISE DOS DISCURSOS espaço

expectativa REVOLUÇÃO
do futuro

estrutura
do capitalismo

TRABALHO E CULTURA E
GUERRA LOGÍSTICA E
PRODUÇÃO CIRCULAÇÃO REPRODUÇÃO SOCIAL

CRISE

experiência
individual
tempo
LENIN MAO
MARX ROSA ALTHUSSER
TROSTKY NEGRI
novos movimentos

FREUD LACAN
6. CARTAS QUE NÃO CHEGAM AO SEU DESTINO
Mudança no papel do Estado
O Estado como mediador do futuro
O Estado como gestor de populações excedentes

Mudança na lógica da reprodução social


O Capital como organizador dos trabalhadores
O Capital como organizador do valor

Mudança na composição de classe


O horizonte da classe como populus
O horizonte da classe como vulgus

Mudança na estratégia política


A política como produção de interrupção
A política como produção de consistência

Mudança na tática política


A organização como meio político
A organização como fim político

Mudança na subjetivação política


Inscrição das demandas no espaço público
Produção da infra-estrutura do espaço comum
6. CARTAS QUE NÃO CHEGAM AO SEU DESTINO

Crítica do capitalismo desde o presente:




- papel da acumulação primitiva e dos cercamentos

- centralidade da mais valia relativa na formação capitalista

- mudanças na relação centro-periferia

- interdependência da revolução, guerra e crise

- reconstrução do conceito de classe

- reconstrução do conceito de trabalho


Construção de uma nova teoria e prática militante:


- conflito de identificações antagônicas

- meios objetivos de apropriação da logística 

- meios subjetivos de apropriação da logística

- estratégia na falta de futuro

- estratégia e a necessidade da experimentação

- reprodução social e a orientação pelo feminismo

- vicissitudes da lógica da organização coletiva
6. CARTAS QUE NÃO CHEGAM AO SEU DESTINO
diferença do presente

indeterminação
(luta pela do passado
expectativa REVOLUÇÃO tradição dos oprimidos)
do futuro
(distante,
ordem nova)

(próximo,
ordem diferente)
GUERRA

(necessidade
da memória) (presente,
catástrofe)

(retorno ao CRISE
conhecido)

tempo

1600 1900 1970


6. CARTAS QUE NÃO CHEGAM AO SEU DESTINO

traumas
presente que não dissolve no passado

horizonte de expectativa
FUTURO
não-experimentado

já experimentado utopia
PASSADO
espaço de experiência expectativa sem experiência

ideologia
experiência sem expectativa

experiência moderna do tempo histórico


o futuro é o lugar de algo nunca antes experimentado

R. Koselleck (1985) Futuro Passado


6. CARTAS QUE NÃO CHEGAM AO SEU DESTINO

utopia
retorno às expectativas passadas

ideologia
retorno às experiências passadas horizonte de expectativa
FUTURO
tende ao presente

lugar do não-experimentado
PASSADO
espaço de experiência traumas
dimensão presente do futuro

experiência do novo tempo do mundo


o passado torna-se o lugar do não-experimentado
os traumas incidem no presente desde o futuro
gabrieltupinamba@mac.com

www.ideiaeideologia.com

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