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Revisão Textual:
Profa. Dr. Patricia Silvestre Leite Di Iorio
O Desenvolvimento sobre o
Pensar e o Fazer
Político no Ocidente
Atenção
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Contextualização
Mas, e se eu lhe disser que essa é apenas uma dimensão do que se entende
como política; e mais, uma dimensão gravemente restrita de algo que é muito mais
amplo e profundo?
À mesa, com sua família, no café da manhã, ao fugir de uma discussão com
seus pais ou tentar resolver uma desavença familiar, pode-se dizer que você esteja
sendo político?
Nesta unidade, vamos conhecer esse espectro muito mais amplo, profundo
e complexo do que venha a ser o termo política; bem como perscrutaremos as
origens do pensar e do fazer político no Ocidente; o que nos servirá de base para
compreender situações as mais diversas do nosso cotidiano, até as estruturas de
poder às quais estamos circunscritos.
Time lapse blurred view of people crossing the street and a tour bus in the background
Fonte: © Corbis
Ocorre que esta é apenas uma dimensão do que se refere à vida política! Uma
dimensão demasiadamente restrita, ou seja, “política” é muito mais que isso! Em verdade,
tratamos de algo muito mais amplo e que envolve a todos nós! Os partidos políticos, por si só,
lamentavelmente, não conseguem envolver-nos, dado o distanciamento entre seus reais
interesses e o eleitorado mediano.
Essa dimensão mais ampla de política, aqui mencionada, refere-se às negociações que
mantemos uns com os outros para um melhor convívio social, o que inclui as formas de
organizar esse convívio. Verificamos, então, a política em todas as relações que envolvem os
indivíduos na interação social.
E quando interagimos socialmente? Sempre! Uma vez que a vida humana se dá,
primordialmente, em grupos de interesses comuns, isso porque é muito mais fácil viver em
grupo do que isoladamente.
Vamos pensar juntos? Para atender a nossa necessidade biológica mais primordial - a
fome, como seria melhor organizar as atividades que garantiriam saciá-la (plantio, caça,
coleta, domesticação dos animais, o trabalho para obtenção de renda com a qual se compra
comida...), individualmente ou em grupo? Obviamente você deve ter respondido que é pela
“lei do menor esforço”: em grupo.
A interação dos indivíduos dentro dos grupos é natural à própria existência humana.
Esta interação entre indivíduos formando grupos e as relações que os grupos mantêm entre si
constituem, em essência, relações políticas. Sendo assim, há um campo muito grande de
possibilidades de definição quando perguntamos:
O que é política?
O que é política?
Por definição, trata-se de tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos e ao governo da
cidade, aos negócios públicos. Percebam que continuamos tratando de “como organizar” o
convívio social, agora no espaço das cidades.
Mas, antes de fecharmos com essa definição, vamos recorrer à etimologia, ou seja, à
origem do termo, para verificarmos a que se referia o termo “política” quando de sua criação:
ETIMOLOGIA:
Se a política pode ser verificada na interação entre indivíduos numa dada comunidade,
também se verifica nas relações entre as comunidades, incluindo aqueles que alcançaram o
grau de organização política na forma de Estado. Isso para dizer que é possível localizar a
política não somente no âmbito dos indivíduos convivendo entre si numa determinada
comunidade; mas também no âmbito das comunidades convivendo entre si, ou dos Estados
convivendo entre si numa outra dimensão de comunidade: a comunidade internacional.
A questão aqui é ampliar ou reduzir o foco para relações que, em essência, constituem-
se ordenadas por lógicas similares, por vezes idênticas: relações políticas.
Acabamos de definir a política como produto da interação social, sendo assim, como
conduta social. Ocorre que há outros campos de definição sobre a política:
Sendo assim, desdobra-se a política como Filosofia ou Ciência do Estado; bem como a
Filosofia ou Ciência do Poder.
Ocorre que tanto a filosofia como a ciência necessitam de fundamentos teóricos. É aqui
que localizamos então uma teoria política: a fundamentação teórica que orienta a filosofia e
a ciência que estuda a moral normativa do governo da sociedade civil.
Se a política, como teoria, é objeto de estudo, ela pode também ser ensinada.
Portanto, existe uma dimensão de política também como disciplina e da mesma forma com
que o conhecimento construído se encontra organizado entre Filosofia Política e Ciência
Política, o mesmo ocorre com a política como disciplina, ou seja, ela pode ser ensinada como
Filosofia Política ou como Ciência Política.
Com isso, chegamos à política como objeto de reflexão, de estudo, sobre as relações
interindivíduos; as relações interestados e sistemas de governo.
Tanto como reflexão quanto como atitude filosófica, trata-se do campo especulativo
sobre formas ideais de organização das sociedades, num grau de complexidade maior: de
governo e de instituições para exercício desse governo.
Como vimos, a política permeia a vida social, podendo ser entendida de forma
abrangente, dentre tantas definições, nas formas de organização da sociedade em torno de
objetivos comuns.
Ocorre que grupos sociais podem se organizar de diferentes formas, com distintos graus
de complexidade, ou seja, pode haver grupos cuja organização seja simples e grupos cuja
organização seja complexa.
Podemos dizer que aquilo que distingue grupos de organização social simples de
grupos de organização social complexa seja o seu grau de institucionalização, ou seja, a
existência de instituições que garantam o cumprimento das práticas de organização, práticas
essencialmente políticas.
Já sabemos que a política é o âmbito de relações vetorizadas pela força, sendo assim,
constituem relações de poder. A questão é: como se exerce o poder para que se faça cumprir
as práticas de organização da sociedade? Pelo uso da força! Mas, você sabe a partir de quais
instrumentos?
Muito bem, criam-se normas para a organização da sociedade: leis. Esse processo de
normatização, em seu aspecto legal, recebe o nome de “jurisdização”. Nesse sentido, a
complexização dos grupos, que é entendida por nós como sua crescente institucionalização,
pressupõe também um grau sempre crescente de jurisdização da vida social (criação de leis
cuja finalidade é regular o convívio social).
Quanto mais complexos os grupos, maior o seu grau de
institucionalização e jurisdização.
Temos então, da mesma forma, dois tipos de leis que correspondem a distintos graus
de complexidade das sociedades que as produzem.
Para as mais simples temos leis que advêm da tradição, cuja transmissão é oral e se
ensina de geração para geração: são chamadas de leis consuetudinárias ou tradicionais.
Não que não haja leis consuetudinárias em sociedades complexas, a questão é que,
primordialmente, nessas sociedades há a tendência de burocratizar a normatização da vida
social.
Assim sendo, se obedecemos às leis, por exemplo, para não fumarmos em lugares
públicos, não é só porque nos conscientizamos de que esta atitude pode atentar contra a
saúde do próximo. Se assim fosse, a ética, sozinha, poderia pautar o convívio social, na
medida em que um não faria ao outro aquilo que não desejaria que fosse feito consigo
mesmo (uma sociedade ideal, ainda distante da real). Quando obedecemos este tipo de lei é
também porque agentes do poder público (representantes do Estado como fiscais ou policiais,
por exemplo) podem, efetivamente, forçar-nos por lei a pagar uma multa, ou fazer recair sobre
nós outras medidas punitivas (restritivas de liberdade ou de direitos, dependendo do delito).
Ocorre que esses fenômenos não se verificam apenas nas relações que os indivíduos
mantêm com o Estado, mas nos mais variados níveis intermediários que podem existir em
diversos contextos. Tratemos de alguns exemplos que ilustram essas relações nesses níveis
intermediários.
Ocorre que nada disso está estipulado em forma de lei escrita; o que não quer dizer
que não possa ser entendido, de alguma forma, como lei. Trata-se aqui daquele tipo que
definimos como “leis tradicionais” ou “consuetudinárias”. Ocorre que você poderia indagar:
mas é garantido o seu cumprimento pelo uso da força? Em alguma medida sim! Imagine
aquele que se nega a ajudar! Não participará das festas, não será ajudado quando precisar,
ele estará excluído do grupo em todos os aspectos! Em alguma medida, o grupo exerce
pressão sobre o indivíduo excluindo-o, percebe-se uma força sendo operada por parte do
grupo contra aquele que passa a ser considerado como “desunido” e egoísta, e então não
participa mais da comunidade. A ameaça da exclusão pode ser entendida como a ameaça do
uso da força, nesse caso, a força necessária para excluir o indivíduo do grupo.
Podemos também pensar numa comunidade que escolhe plantar a sua própria
comida, não agredir ao meio-ambiente, não participar da sociedade de consumo de massa e
não eleger nenhuma liderança para sua comunidade, diluindo a autoridade para que todas as
decisões daquele grupo partam da vontade coletiva. Ainda que nada disso seja escrito, são
normas que devem ser obedecidas, ainda que tradicionais ou consuetudinárias, sob pena de o
indivíduo desobediente ser excluído do grupo. No mesmo sentido, há força sendo operada no
âmbito do grupo.
Por exemplo, criam normas para o uso de equipamentos sonoros, para evitar que
alguém ouça músicas em volume exageradamente alto a ponto de importunar o sossego dos
demais moradores. Ainda que exista uma lei maior que trate da figura legal da “importunação
de sossego”, o grupo resolve que o morador que assim proceder, além de estar suscetível a
processo criminal, deverá pagar multa, para que isso não ocorra novamente e, temendo o
pagamento da multa, outros moradores não façam o mesmo.
Ora, quem criou essas normas? Quem as tornou legítimas? Quem cobraria a multa? A
quem ela deveria ser paga?
Percebam que se não houver uma instituição com legitimidade para realizar as tarefas
descritas, a finalidade da organização desse grupo de moradores, no grau desejado, não pode
ser operada. Seria preciso quem instrumentalizasse, em termos políticos, o uso legítimo da
força, ou seja, uma instituição. Um condomínio, por exemplo, é um dos exemplos desse tipo
de instituição.
A ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL
Ela deve ser dotada de processos decisórios que contemplem o desejo da maioria
daqueles que vivam circunscritos ao espaço daquela autoridade, de poucos privilegiados, ou
de um apenas que tenha poder de impor sua única e exclusiva vontade. Essa instituição deve,
ainda, deter formas de representatividade para o conjunto de moradores, além de ser dotada
de assembleias nas quais possam ser propostas a criação de novas normas ou a re-elaboração
das antigas, ou seja, deve ser dotada de um desenho institucional complexo que garanta a
legitimidade de suas decisões. A legitimidade em questão está pautada na realização do bem
comum, entendido como a aspiração da maior parte de seus moradores.
Com tudo o que vimos até aqui, o condomínio trata-se de uma organização, em
essência, política e de tipo complexo. Isso porque como instituição deve ser dotada de leis
burocráticas (escritas e estatutariamente legítimas) e manter meios para garantir, pelo uso
legítimo da força (entendida aqui como coerção para dobrar a vontade do outro em direção
ao bem comum) o convívio social harmônico em seus limites.
O profundo estudo que realizou sobre o pensamento político ocidental, seus mais
importantes autores e o conjunto de sua obra: os clássicos do pensamento político, permitiu a
Norberto Bobbio uma visão de conjunto que articulava, sob vários aspectos, a Filosofia e a
Ciência Política, ou seja, as intersecções e interpenetrações entre o pensar e o fazer político.
O termo “Teoria Geral da Política” apareceu pela primeira vez apenas em 1984,
quando foi realizado um congresso dedicado ao pensamento político de Bobbio e que levava
o nome: “Por uma teoria geral da Política”. Ao congresso seguiu-se, no ano seguinte, a
publicação de um livro com o mesmo nome.
Apesar de em 1998 o próprio Norberto Bobbio ter afirmado que a edificação de uma
Teoria Geral da Política ter consistido em uma promessa não mantida, sua proposta para uma
teoria política constitui hoje o maior esforço compreensivo articulado sobre o pensamento e o
fazer político no Ocidente.
Em essência, consiste no estudo das obras daqueles que são considerados “autores
clássicos”, ou seja, atemporais, cujas obras guardam significados importantes não apenas para
o tempo e sociedade na qual foi escrita, mas para todos os tempos e sociedades. A partir de
seu pensamento, cruzando a análise linguística com referências
históricas, seria possível reconstruir categorias fundamentais do
pensamento político.
Rawls propunha um tipo normativo de reflexão sobre a política a partir de duas diretrizes: a do
valor, ou seja, da justificação das políticas; e a do dever ser, o que quer dizer, das orientações
prescritivas (no sentido pragmático), sobre as políticas.
Obviamente há uma ideia incutida no modelo de reflexão política sugerido por Rawls:
encontrar a melhor solução possível para uma sociedade mais justa. Isso, por si só, restringe
também o próprio campo de atuação da política de acordo com o que vimos no início deste
texto.
O problema principal da Teoria Geral da Política seria, portanto, as relações entre fato
e valor, mais amplamente, entre Ciência e Filosofia Política. Isso se traduz a uma questão
clássica em política: sua dependência ou independência da moral (por exemplo, deve-se
obedecer a uma ordem injusta?). As medidas políticas são fato, a moral é valor: em que
sentido as medidas políticas são condicionadas por valores? Sobre isso, Bobbio nos chamou a
atenção para a existência dos juízos, tanto de fato como de valor.
Nesse caso, os juízos de fato (sobre o que é e como é), sempre foram definidos como
distintos dos juízos de valor sobre uma conduta ideal (o que deve ser ou como deve ser). A
solução proposta por Bobbio é a conexão entre essas duas dimensões, a do fato e a do valor
e, mais amplamente, entre Filosofia e Ciência, nesses termos, Política. A essa conexão se daria
o nome de Teoria Geral da Política.
Essa teoria, como dito, partiria do estudo dos clássicos, ou seja, seria edificada a partir
do estudo de autores que refletiram, cada um ao seu tempo, sobre a política. Ocorre que não
se trataria dos clássicos em sua totalidade, mas daquilo que Bobbio nominou de “clássicos
maiores”: autores que elaboraram modelos conceituais de amplo horizonte e construíram
visões gerais do universo político, demonstrando ampla percepção de problemas e soluções,
bem como a conexão entre distintas percepções de problemas e soluções apresentadas. Nisso
consistiria o que Bobbio chamou de a “Lição dos Clássicos”, o significado da própria Teoria
Geral da Política, segundo seu criador.
O que é importante frisar é que essa lição dos clássicos abarca questões tanto de fato
como de valor, assim sendo, tanto de Filosofia como de Ciência, daí sua distinção em relação
à Teoria Geral do Direito.
http://pt.shovoong.com/social-sciences/political-science/1636126-que-é-política
OLIVIERI
Anotações
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