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Hoje tem Batekoo? Análise das redes sociais do projeto Batekoo.

Alex de Almeida Alves¹


Bruna Carvalho Morais²
Saul Miranda Couto Mendes³

O presente artigo pretende traçar um panorama, apoiando-se nos produtos


audiovisuais produzidos pelo Projeto/Movimento Batekoo, sobre os seus impactos
na juventude preta periférica a partir do momento em que o projeto se coloca como
um gerador de ideologias contra-hegemônicas, anti-racista e anti-homofóbicas,
ocupando e preenchendo espaços historicamente negados, emancipando corpos
invisibilizados e reforçando a beleza do povo afro-brasileiro através da dança, do
ritmo, e da expressão de como é ser um(a) jovem, preto(a), homosexual e periférico
num país excludente e genocida.

Palavras-chave:​ Comunicação. Diversidade. Batekoo.

Comunicação, diversidade e mídia (plataformas sociais)

Com o incontrolável avanço das tecnologias da informação e transmissão,


especialmente da ​internet​, esferas dentro dos grupos marginalizados pela
sociedade civil no Brasil, vêm buscando meios de apropriar-se de espaços, antes
negados, através das mídias livres e de uma comunicação comunitária, seja nas
redes sociais, plataformas de compartilhamento de áudio e vídeo (​youtube, vimeo​),
blogs, jornais e revistas eletrônicas, entre outros, trazendo consigo uma narrativa
contra-hegemônica. Deslocando para essas produções discursos ideológicos,
carregados de diversidade e totalmente voltado para o povo preto periférico
LGBTQI+, seja nas periferias, seja nos grandes centros, ou mesmo, na internet.
Servido, por assim dizer, como um potencializador e catalisador no processo de
emancipação e empoderamento de grupos excluídos pela sociedade hegemônica,
sejam elas por diferenças sociais, raciais, de gênero, sexualidade ou econômicos.

Portais de notícias, como canais de produção de conteúdo da periferia e


para periferia, reafirma a ideia de autossuficiência. Surgem como alternativas de

¹ Graduando de Comunicação. Discente do V semestre. E-mail: alexalves.a94@gmail.com.


² Graduanda de Comunicação. Discente do V semestre. E-mail: brunacarvalhomorais@hotmail.com.
³ Graduando de Comunicação. Discente do VII semestre. E-mail: saulmcouto@gmail.com.
desviar-se das condições e das ideologias da mídia tradicional-hegemônica e de
nelas, nas novas mídias, eles conseguirem imprimir um o discurso de diversidade e
respeito. Sendo esses espaços, um lugar de autoconhecimento, reconhecimento e
de expressão de uma juventude negada e apagada, principalmente pelo genocídio.

E esse é o caso do projeto Batekoo, que surge como um movimento de


encontro, de empoderamento, reafirmação e resistência, dentro e fora das periferias
de Salvador, capital onde nasce o projeto. O público ao qual se destina os encontros
da festa batekoo, é, justamente, um público que é diariamente marginalizado e
hostilizado, em específico, nos espaços de socialização, como: Festas, baladas,
bares, restaurantes entre outros meios sociais. Bem como as formas de expressão
desses corpos no dia-a-dia, como o jeito de se vestir e características fenotípicas.

Mobilizados em sua maioria em coletivos, esses grupos populares, a exemplo


do Batekoo, movimento aqui discutido, buscam contrapor a narrativa hegemônica,
tantos nas ruas como na internet, através de um fomento de produção que é
protagonizado, elaborado e executado por negras e negros, LGBTQI+, gordos e
gordas das periferias. Forjando conteúdos mais afirmativos (ou positivos), os canais
apresentam um outro olhar sobre o que é o seu território; quem é você fora e dentro
de seus espaços pré-definidos por uma elite racista, sendo, por consequência,
geradores de ideologias que ditaram e ditam os espaços que povo preto periférico
deve ocupar dentro da sociedade brasileira.

O movimento Batekoo vem justamente na contra-mão desses pensamentos e


práticas. Exaltando a cultura afro-brasileira, falando de empoderamento, aceitação,
racismo, LGBTfobia, machismo, sexismo entre outros tipos de preconceitos e
dizendo que sim, podemos e devemos estar em todos os lugares e que a nossa
expressão é apenas mais uma ferramenta de luta contra o racismo estrutural e
ideológico.

O Brasil viveu mais de trezentos anos, mais precisamente, trezentos e


cinquenta oito anos de regime escravista negro africana. Homens, mulheres e
crianças foram sequestrados de várias regiões de África e trazidos para o Brasil, a
fim de servir ao sistema comercial e exploratório que a escravidão perpetuou.

A capital da Bahia, Salvador, é a cidade mais negra do Brasil, país em que


vive a maior comunidade de afrodescendentes do mundo. Segundo o censo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE) de 2017, quase 80% da
população soteropolitana se considera da cor preta ou parda. A cidade engloba o
maior número de africanos no mundo fora da África, superando Nova York e Nova
Jérsei, por exemplo. Essa população está concentrada justamente nos guetos,
ainda carregando as consequências da exploração (como baixa qualificação
educacional, saneamento básico, mobilidade, saúde, áreas de lazer, acesso à
informação e espaços culturais)

Nesse contexto, vivenciamos a formação de pequenos nichos sociais, a partir


de características segregacionais, esse fenômeno é denominado por MAFFESOLI
(1998) como “neotribalismo”, uma redescoberta de que “o indivíduo não pode existir
isolado, ele está ligado pela cultura, pela comunicação, pelo lazer, e pela
comunidade, que pode não ter as mesmas qualidades daquela da idade média, mas
que nem por isso deixa de ser uma comunidade”.

Se tratando de eventos e produções culturais alternativas de música e


dança, o monopólio se concentrava nos produtores brancos, que em sua maioria,
visa unicamente o lucro em seus eventos, criando ambientes inacessíveis para a
periferia, extremamente elitistas e segregadores, consumida por um público
majoritariamente branco.

Por sua vez, com a ascensão da geração “tombamento”, que é um


movimento que parte da juventude negra urbana e busca combater o racismo
usando a estética e as redes sociais que Wesley Miranda de 24 anos, morador de
Salvador resolveu criar a Batekoo com intuito de produzir festas para os jovens
negros periféricos, feita por negros e para negros. E com alguns anos depois
acabou se transformando em um significativo manifesto do movimento negro e
LGBTQ+ no Brasil. “Um movimento que se expressa através da dança, da música,
da pele preta, suor, da liberdade corporal e sexual, da cultura negra, periférica e
urbana”, como eles mesmos se definem. Para além de ser um movimento estético,
é também político e partindo da história do Brasil que teve um processo longo de
escravidão e desumanização, é de grande importância para a população negra a
estética como forma de subverter tais estigmas, assim como a entrada do negro na
universidade e a crescente quantidade de intelectuais negros como pesquisadores.

Movimento BATEKOO

Com o objetivo de promover a representação de jovens negros periféricos a


partir de um movimento livre de preconceitos embalado por ritmos exclusivamente
negros como o hip-hop, rap, funk carioca, R&B, trap, twerk, kuduro, e suas
vertentes, a Batekoo surge pautada na busca por representações em Salvador
criada pelos produtores e dj's, Maurício Sacramento e Wesley Miranda, em
dezembro de 2014.
A festa surgiu como forma de materializar tudo aquilo que o projeto prega:
Oferecer um evento inclusivo, onde as minorias se sentissem à vontade, felizes e
satisfeitos de estar ocupando aquele espaço. Buscando a valorização da cultura
negra, o evento prega a completa liberdade de expressão e representa a
diversidade, onde o visual do público chama a atenção por abusarem das cores e
do brilho presente nos cabelos das mais diversas formas e cores​: black power,
tranças enormes, dreads imensos, carecas e afins. Nesse sentido, Muniz Sodré,
afirma que:
“Minoria não é, portanto, uma fusão gregária mobilizadora,
como massa ou a multidão ou ainda um grupo, mas principalmente
um dispositivo simbólico com uma intencionalidade ético-política
dentro da luta contra-hegemônica” (SODRÉ, 2005, p.11).

Muniz Sodré (2005) conceitua minoria como “aqueles a quem não se


institucionaliza a permissão para ter voz própria, a ideia de menoridade, como o
enfant, cuja condição imposta os impedem de ser representado ​per si.​ ” Falam por
eles, mas se não lhes oportunizam o direito da fala. Esses grupos sociais
específicos que são entendidos como integrantes de uma menor parte da
população, são diferenciados por suas características étnicas, sexuais, religiosas,
cor e/ou condições econômicas. Os grupos minoritários possuem menor
representatividade e encontram-se em situações sociais precarizadas. Além disso,
há ainda o grande preconceito por parte do senso comum, que passa a criminalizar
os movimentos que surgem em prol de melhorias da qualidade de vida dos
indivíduos que se enquadram nesses grupos.

“Eu queria que os pretos ocupassem e que a festa fosse feita por um preto,
então aproveitei que não tinha festas alternativas voltadas ao público jovem e
negra/periférica/LGBTT (...)”, disse Maurício Sacramento em entrevista ao jornal
Estadão, evidenciando a necessidade de criação de espaços de lazer mais seguros
e acolhedores para o público negro e LGBT.

O produtor Wesley Miranda diz que "Pessoas históricas como Martin Luther
King, Malcom X, Zumbi dos Palmares, Dandara, e o pessoal mais contemporâneo
como Angela Davis, Suely Carneiro e Djamila Ribeiro” foram pessoas que o
inspiraram muito em toda essa jornada, evidenciando a importância de referências
históricas na construção e no desenvolvimento da seriedade do projeto. O lema do
Batekoo é a oposição ao racismo e a via do embranquecimento, o que nos lembra
ao movimento literário ​négritude dos anos 1940 e 1950 constituído por intelectuais
negros . E de acordo com o antropólogo Kabengele Munanga (2009):

“A negritude nasce de um sentimento de frustração dos


intelectuais negros por não terem encontrado no humanismo
ocidental todas as dimensões de sua personalidade. Nesse
sentido, é uma reação, uma defesa do perfil cultural do negro (…)
uma recusa da assimilação colonial, uma rejeição política, um
conjunto de valores do mundo negro, que devem ser
reencontrados, defendidos e mesmo repensados. Resumindo,
trata-se primeiro de proclamar a originalidade da organização
sociocultural dos negros, para depois defender sua unidade através
de uma política de contra aculturação, ou seja, desalienação
autêntica.”

O movimento da negritude tem em sua gêneses a refutação ao racismo


branco, e vai contra a via do embranquecimento, exibindo e reafirmando a
originalidade e valores positivos da cultura negra. R​e​tomando a afirmação cultural,
moral, física e intelectual do negro. Recusando e militando sobre qualquer influência
que reforce o sistema de manutenção de desigualdade por parte do dominador
branco. O público das festas da Batekoo é diversificado, indo do religioso que largou
a igreja até a mulher trans que se reconheceu negra pela primeira. E mesmo sendo
uma festa baiana feita de negros para negro num país racista, há quatro anos
deixou de ser um simples evento da cena noturna para se tornar um movimento
empoderador do negro, ganhado popularidade e se tornando um dos principais
eventos do tipo no país.

O movimento atua também através das plataformas de rede social ​Instagram


e Facebook, ​onde a Batekoo se firmou como movimento e se tornou popular,
chegando a quase 40 mil seguidores no ​instagram e a quase 30 mil no ​Facebook​.
Expandindo-se para as cidades de São Paulo – SP, Rio de Janeiro – RJ e Brasília –
DF. Sodré explica que essa transversalidade é:

“O que move uma minoria é o impulso de transformação. [...]


isto é, minoria não como um sujeito coletivo absolutamente idêntico a
si mesmo e numericamente definido, mas como um fluxo de mudança
que atravessa um grupo, na direção de uma subjetividade não
capitalista. Este é na verdade um “lugar” de transformação e
passagem, assim como o autor de uma obra é um “lugar” móvel de
linguagem. “ (SODRÉ, 2005).

Seus organizadores ficam espalhados pelo Brasil e o coletivo estrelou um


episódio exclusivo na terceira temporada da série de TV “Inspire the Night”,
produzida pela Red Bull TV, retratando o impacto que teve na vida de seus
frequentadores.. ​“Há uma ideia superficial de colocar a festa, a noite como algo fútil,
então só de colocar gays, gordos e trans no mesmo lugar se divertindo, a subversão
já está acontecendo assim”​ . Com essa frase, o mini documentário da festa Batekoo
tenta nos emergir em sua ideologia. Sua estréia aconteceu no dia 27 de novembro,
no Red Bull Music Festival em São Paulo.

Como um movimento que está sempre em mudança e em transformação, a


Batekoo abriu uma produtora independente em paralelo as festas que ocorrem
mensalmente, lançando seu selo musical com enfoque nos artistas negros. Nós
pensamos na necessidade de criar um selo ao olhar para as festas que fazíamos”,
afirma Wesley Miranda, 25, co-criador da festa. “Lá mesmo havia uma enorme
quantidade de artistas que já possuíam talento, letras, músicas, mas nunca havia a
estrutura necessária para alavancar essas carreiras”, completa Miranda. O novo
projeto é centrado em trazer e dar visibilidade para novos artistas negros, que por
muitas vezes ainda não tiveram oportunidade de produzir seus conteúdos, além de
estimular a produção cultural por jovens negros no cenário urbano. Contando no
início com poucos artistas, mas atuando em diversas frentes: produção
audiovisual/musical, redes e mídias sociais, design e agendamento de shows. “A
nossa ideia é utilizar as plataformas da BATEKOO para possibilitar uma expansão
dos artistas não só em suas cidades natais, mas também nas cidades que o
Coletivo atua ao redor do Brasil”, explica Artur Santoro, 22, produtor e relações
públicas. “Há uma rede nossa já existente através da qual iremos divulgar as
produções realizadas, queremos produzir artistas da BATEKOO”, completou.

Outra singularidade do projeto é que ele fará um comeback de artistas, ou


seja, trazer personalidades com nomes conhecidos, mas que a indústria musical
tradicional os deixaram cair no esquecimento ou pararam de produzir por motivos
variados. A Batekoo Records tem como objetivo romper com o modelo dessa
indústria e lançar novos produtos de artistas que tiveram sucesso no passado. “Há
diversos artistas que não são mais vistos pela cenário musical atual, mas que
sabemos como as pessoas nunca deixaram de vibrar com suas músicas nas
festas”, comenta Maurício Sacramento, 22, criador e diretor criativo da BATEKOO.
“A periferia sempre fez muito com pouco. É um local de grande produção de cultura.
Todo o potencial já está lá, só falta oportunidade”, afirma Sacramento ao mencionar
que a BATEKOO começou com apenas 20 reais.

A ascensão da festa alcançou um patamar que seus produtores não


planejavam. “A cada dia que passa, a Batekoo vai virando outra coisa que a gente
não tem bem a dimensão. Começou como uma festa, de fato, mas aí virou um
movimento geracional” diz Miranda em uma entrevista com o CORREIO. Movimento
de um público “negro, gay e gordo”. “Todos os corpos fora do padrão que sofrem
opressões da sociedade”, completou Maurício. “ Se você não está bem em relação
à autoestima, à representatividade, você não consegue estar bem em nenhuma
outra esfera” afirmou Miranda sobre o poder da festa que quase se chamou “treta”.
Entretanto, os criadores decidiram optar pelo pelo sono polêmico nome Batekoo,
porque treta pode ser qualquer coisa e Batekoo você sabe que é uma festa onde
você vai dançar”, resume sorrindo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto/movimento Batekoo já conquistou muita visibilidade com sua luta,


apoiada na comunicação através da estética. Eles estão fazendo de tudo para
chamar atenção, buscando conhecer e fazer uso de seus traços culturais ancestrais
na militância. Dessa forma, eles se conectam numa rede de elos e fortalece o
movimento. A partir dessa união, eles podem trocar experiências e informações, a
fim de passar o empoderamento de uns para os outros. Sua aparição nas mídias,
como revistas, sites, jornais etc. serve para retomar a autoestima coletiva,
instigando para o fim da segregação do seu povo. Essa representatividade é
fundamental para que as minorias, e principalmente, os negros cresçam sabendo
que podem chegar a onde quiserem, sem esbarrar em barreiras criadas pelo
racismo.

Mas a valorização estética e a conquista das mídias devem ser apenas o


começo. O objetivo final é a conquista de um poder pleno e duradouro, para que as
próximas gerações não necessitem passar pelas opressões que eles sofreram ao
longo da vida.

Para que isso ocorra, gerando uma verdadeira mudança nas questões
sociais, é necessário que as movimentações e discussões se estendam a questões
humanitárias. O foco deve voltar-se à busca da desmarginalização do povo negro,
possibilitando que todos tenham acesso a uma vida digna, com educação, saúde,
alimentação, moradia e mobilidade de qualidade. Enquanto boa parte da população
afrodescendente continuar tendo o acesso a direitos básicos negados, a tomada de
poder será superficial e sem esperanças para o futuro.
REFERÊNCIAS

FANON, Frantz​. Os condenados da Terra​. Minas Gerais: Editora UFJF,


2010._____________. Pele negra, máscaras brancas. Bahia: Editora Edufba, 2008.

HALL, Stuart. ​Da diáspora – identidades e mediações​. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2002.

LEITE, Nara de Cervino Teixeira; SOUZA, Josenilde Silva. ​Geração “afrotombamento”


baiana - A estética negra como meio difusor de empoderamento​. in 13º Colóquio de
Moda de Bauru. UNESP. Baurú, São Paulo. 2017.

MAFFESOLI, Michael. ​O Tempo das Tribos. O declínio do individualismo nas


sociedades de massa​. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998.

MUNANGA, Kabengele. ​Negritude: usos e sentidos​. São Paulo, Editora Autêntica, 2009.

PAIVA, Raquel; BARBALHO, Alexandre (Orgs.). Comunicação e cultura das minorias. São
Paulo: Paulus, 2005.

SODRÉ, Muniz. ​Por um conceito de minoria​. In: PAIVA, Raquel; BARBALHO, Alexandre.
(Orgs.).Comunicação e cultura das minorias. São Paulo: Paulus, 2005.

SOVIK, Liv (Org.). ​Da diáspora: identidades e mediações culturais​. 1. ed. atual. Belo
Horizonte: Ed. da UFMG, 2009.

REDBULL. Batekoo in Inspire The Night. site, 2018. Disponível em:


<​https://www.redbull.com/br-pt/music/rbmsp-batekoo-inspire-the-night​>. Acesso em: 08 ago.
2019.

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