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Metodologia

da
Pesquisa Científica

Gedeon J. Lidório Jr.


Fevereiro/ 2016
Professor autor: Gedeon J. Lidório Jr
Coordenadoria Geral de Educação a Distância: Gedeon J. Lidório Jr
Coordenadoria de Educação a Distância: Edrei Daniel Vieira
Projeto Gráfico e Capa: Mauro S. R. Teixeira
Revisão: Éder Wilton Gustavo Felix Calado
Impressão:
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por:

Rua: Martinho Lutero, 277 - Gleba Palhano - Londrina - PR


86055-670 Tel.: (43) 3371.0200
SUMÁRIO

Unidade 01 - Instruções iniciais para Educação a distância na FTSA........05

Unidade 02 - Vocação Intelectual...................................................................................27

Unidade 03 - Atributos indispensáveis para a vida intelestual.......................33

Unidade 04 - Por que ler-escrever é importante? Reflexões sobre leitura


e escrita...............................................................................................................................................41

Unidade 05 - Princípios e tipologias para leitura e interpretação.............53

Unidade 06 - Relatórios de leitura: resumo e resenha........................................67

Unidade 07 - O fichamento..............................................................................73

Unidade 08 - Honestidade intelectual..........................................................77

Unidade 09 - Uma breve introdução à prática de pesquisa.........................85

Unidade 10 - A metodologia e a pesquisa......................................................93

Unidade 11 - Por que regras metodológicas?......................................................99

Unidade 12 - Uso de citações e notas de rodapé.........................................103

Unidade 13 - Breve introdução ao trabalho monográfico.....................113

Unidade 14 - A construção da argumentação............................................117

Unidade 15 - O que é um trabalho de conclusão de curso numa graduação


em teologia?....................................................................................................123

Unidade 16 - Publicações de produção acadêmica....................................129

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04 Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 1
Instruções iniciais para Educação a Distância na
FTSA
Estudar a distância não é algo novo, desde a antiguidade o método
de ensino-aprendizagem é algo que também é feito a distância.
A Educação a Distância (EAD) tem sido atacada, ao longo de sua
existência, por todo tipo de preconceito, principalmente voltada para a
falta de rigor acadêmico no ensino-aprendizagem que produz ou surte
efeito em estudantes de uma forma geral – preconceito incoerente com
a realidade de algo que veio para ficar não por imposição de poucos,
mas por necessidades de muitos. Em um episódio recente, numa greve
de professores numa grande universidade paulista, alunos aderiram
ao movimento exigindo o fim do ensino a distância na universidade.
Outro episódio, também recente, retrata o preconceito de quem julga
conhecer – um conselho representativo de uma classe decidiu não
emitir permissão para os graduados (em cursos reconhecidos pelo
MEC!) formados através da EAD, impedindo-os de terem o direito de
exercer sua profissão por meio do registro naquele conselho.
Na FTSA completamos 10 anos do início da implementação
da EAD na faculdade. Foram dez anos de um processo constante de
construção e readequação das necessidades e dos envolvidos – todos
nós, professores e professoras, tutores e tutoras, alunos e alunas,
administração, igrejas, mantenedores e tantos mais, perguntamos,
questionamos, acreditamos e caminhamos e, ainda hoje, seguimos
caminhando em direção a uma EAD de maior qualidade, mais
interação, mais diversidade, reconhecimento oficial (MEC) e tantas
outras conquistas.
O mundo passa por transformações de toda espécie e elas
determinam as perguntas que faremos e, sendo técnicas ou científicas,
econômicas, políticas e sociais trazem às Instituições de Ensino a
necessidade de permanente inovação com novas tecnologias, além
da adaptação às necessidades financeiras em tempos de crise sem
deixar de lado cada contexto diferente da tradicional relação entre

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aluno/sala de aula convencional. A EAD traz consigo novas formas
de olhar a organização das Instituições de Ensino e não apenas o
conceito educacional em si; nesse cenário, escolas devem buscar novas
alternativas para tornar viável a oferta diversificada de seus serviços
educacionais.
É necessário entender que no processo de EAD o aluno é co-
gestor de seu próprio aprendizado e que a tecnologia da informação
e comunicação (TIC) precisa ser um fator facilitador para aproximar
e gerar curiosidade suficiente para ambos (docentes e discentes) e,
assim, proporcionar INTERAÇÃO real. A função do docente nesse
processo é mais de um guia pelos caminhos da pesquisa e observação,
já o discente é quem deverá aprender e se tornar um pesquisador.
A ênfase na EAD deve ser problematizadora e sócio-
construtivista (Freire e Vygotsk) – ou seja, encarar o ser humano
como alguém em constante busca, capaz de lidar com novas situações
e exercer autonomia, inserido num contexto social e cultural no qual
pode intervir e transformar e, ao mesmo tempo, ter outro alguém
que possa lhe conduzir por esse processo, auxiliando, mostrando
caminhos, abrindo portas, incentivando etc. Paulo Freire diz que
ninguém educa ninguém e ninguém educa a si mesmo sozinho, mas
os seres humanos se educam em comunhão mediatizados pelo mundo.
Assim os educandos são investigadores críticos em diálogo com o
educador e outros educandos e o papel do educador é, juntamente
com os educandos, proporcionar as condições para a superação do
conhecimento (Freire, 1987).
A transmissão de conceitos teóricos é fundamental, mas também
é muito importante que os alunos saibam contextualizá-los na sua área
de atuação profissional/ministerial.
Os cursos online EAD-FTSA são concebidos segundo um
modelo pedagógico centrado no aluno, procurando que este aprenda
ensinando, compartilhando informações com os colegas de curso e
construindo, assim, conhecimento pessoal e coletivo.
A construção social do conhecimento é apoiada em ferramentas
disponibilizadas pelo próprio Ambiente Virtual de Aprendizagem
(Moodle) e algumas são: fóruns de discussão, wikis e mesmo o chat
como forma de comunicação síncrona (comunicação síncrona

06 Metodologia da Pesquisa Científica


pressupõe interação em “tempo real”). De forma a atender os diferentes
estilos cognitivos de aprendizagem, os conteúdos dos cursos são
concebidos, na sua maior parte, por uma equipe multidisciplinar e
disponibilizados através de suporte digital contemplando documentos
em formato texto (pdf e html) e/ou formato audiovisual.
Em todos os cursos são previstas atividades de autoestudo,
individuais ou em grupo, sendo esperada uma participação ativa por
parte de seus participantes.
Muitos participantes de cursos online desconhecem as exigências
que advêm dessa modalidade de ensino. Por isso, pode existir uma
discrepância entre as expectativas do aluno e a realidade.
A iniciativa da FTSA pretende divulgar o sistema de gestão
de aprendizagem (LMS, Learning Manegement System) Moodle
e capacitar pessoas ao ministério através do sistema de Educação a
Distância (EAD).
Uma sala de aula real não existe em cursos 100% online. Isso não
significa que o aluno se encontre isolado. Muito pelo contrário! Os
cursos foram criados de forma a propiciar a maior interação possível
entre os colegas de curso e entre esses e o tutor.
O aluno tem flexibilidade na escolha do horário e local de acesso
ao curso. O seu ritmo de estudo é respeitado, mas o ritmo de estudo do
grupo, ditado pelas atividades propostas e pela interação gerada entre
colegas de curso, não deve ser desconsiderado.
Uma sala de aula online é delimitada pelos participantes do curso,
pelo/a professor/a e o/a tutor/a, conteúdo das disciplinas, materiais
de apoio, vídeos, links para artigos, mas, também, pelas atividades
individuais e em grupo.
A construção do conhecimento de cada participante acontece,
em grande parte dos cursos, nos fóruns de discussão e em autoestudo.
Nos fóruns temáticos discute-se, reflete-se, colocam-se perguntas e
respostas, sugere-se material suplementar pesquisado e encontrado
na Internet. A participação ativa (não somente reativa) nos fóruns e
atividades é fundamental para o sucesso da aprendizagem de cada um
e de todos.
Nos cursos, em geral, é privilegiada uma avaliação contínua que
tem em consideração a participação nos fóruns temáticos do curso,

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a realização das atividades propostas que podem ser, por exemplo, a
entrega de um trabalho escrito, a realização de uma autoavaliação ou
a colaboração na redação de um texto de grupo no wiki, além dos
questionários e outras formas.
A avaliação não acontece exclusivamente online, pois é
considerado o percurso do aluno e o seu desempenho e engajamento
ao longo do curso. Além das atividades (Trabalho de Conclusão de
Curso, Atividades Complementares, Estágio Curricular Obrigatório e
avaliações presenciais), as avaliações presenciais tem um peso maior
na composição da nota do estudante na disciplina.
O/a aluno/a que pretende aprender online deve apresentar (ou
ter consciência) um perfil com as seguintes características:

• Apresenta automotivação.
Motivação
• Tem capacidade de se automotivar.

• Assume responsabilidade pelo seu percurso


de aprendizagem.
Responsabilidade • Dita o seu ritmo de aprendizagem, mas tem
em conta o ritmo da aprendizagem do grupo.
• Geralmente cumpre prazos.

Organização • Geralmente gerencia de forma eficaz o seu


tempo.

• Quase sempre tem capacidade de construir


Autodidata de forma autônoma o seu conhecimento.
• Tem capacidade para identificar os temas
que domina, os que necessitam ser aprofundados,
e para os quais precisa de apoio.

• Valoriza a interação com os colegas de curso


Ser social e as relações interpessoais.
• Transmite as suas dificuldades e ansiedades
aos colegas e tutores de curso.

08 Metodologia da Pesquisa Científica


Visando seu compromisso com a interdisciplinaridade e o
desenvolvimento do espírito científico e com a formação de sujeitos
autônomos e cidadãos, o perfil do egresso do curso enfatiza duas
dimensões da atividade do formado: (1) a reflexão teológica séria no
contexto da realidade contemporânea, e (2) o exercício das funções
religiosas e serviços que compõem a atividade profissional do egresso
de Teologia. Ambas as dimensões são igualmente contempladas
pela organização curricular. As disciplinas do currículo enfatizam a
capacitação do raciocínio teológico crítico, voltadas mais diretamente
para a habilitação profissional/prática. Há, também, uma clara relação
entre as disciplinas dessas duas ênfases distintas, para evitar que se
tornem compartimentos estanques na formação do corpo discente.
Ademais, as atividades complementares (eventos acadêmicos, semanas
culturais), o estágio supervisionado, e as atividades acadêmicas (PICs,
publicação de artigos, etc.) complementam a formação do estudante à
luz do perfil desejado pela instituição.
O egresso deverá ser capaz ainda de compreender a necessidade
de um contínuo aperfeiçoamento profissional e do desenvolvimento
pessoal; e prosseguir estudos de pós-graduação em programas de
especialização (lato sensu) ou de mestrado e doutorado (stricto sensu).
A FTSA prioriza a metodologia do Círculo Hermenêutico na
atividade docente. Os desafios das realidades, contextos e situações
contemporâneas nos convocam a novas perguntas e reflexões
bíblicas. Esse processo de uma nova leitura bíblica a partir dessas
situações concretas deve levar em consideração as origens e história
do Cristianismo, cristalizadas em suas diversas tradições teológicas.
Dessa maneira, a Teologia Sistemática passa a ter um novo propósito e
função, que é a preparação efetiva não só para o pensar, mas também
para o exercício profissional. Esse exercício profissional se dá em
meio à exigência de respostas consistentes, práticas e relevantes que
transformarão as situações vividas. É neste momento lógico que entra
a Teologia Prática, como fruto de uma reflexão contextual, bíblica e
cristã de forma interdisciplinar e com profunda relação com a prática
cotidiana. Essa lógica pode ser denominada de Círculo Hermenêutico,
que se encontra em diversas áreas do saber nas humanidades, ainda
que com diferentes terminologias.

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Dessa forma fica evidenciada a coerência da proposta
metodológica que prioriza as situações contemporâneas que estão
em constantes mudanças, bem como a sintonia com as Diretrizes
Nacionais Curriculares, excedendo sua carga horária em relação aos
cursos correlatos à Teologia.
Cada disciplina do curso integra um processo hermenêutico e
educativo que obedece à seguinte lógica:
O currículo da FTSA está estruturado à luz deste Círculo
Hermenêutico. As disciplinas estão distribuídas para atender a este
processo, revelando a inter-relação entre cada uma delas. Essas quatro
(4) áreas (Análise da Realidade, Bíblia, Teologia Sistemática e Teologia
Prática) são organizadas de acordo com a formação dos docentes. Esses
docentes se articulam, produzem e avaliam permanentemente cada
disciplina com o propósito de manter a devida inter-relação entre as
elas. Portanto, cada disciplina é parte integrante e fundamental de um
processo que, partindo da realidade contemporânea e passando pela
reflexão exegética, teológica e interdisciplinar, visa à transformação
das realidades, contextos e situações.
A transmissão de conceitos teóricos é fundamental, mas também
é muito importante que os alunos saibam contextualizar esses conceitos
na sua área de atuação profissional/ministerial.
Os cursos online EAD-FTSA são concebidos segundo um
modelo pedagógico centrado no aluno, procurando que este aprenda
ensinando, compartilhando informações com os colegas de curso e
construindo assim conhecimento pessoal e coletivo.
A construção social do conhecimento é apoiada em ferramentas
disponibilizadas pelo próprio Moodle, como fóruns de discussão, wikis
e mesmo o chat como forma de comunicação síncrona. De forma a
atender os diferentes estilos cognitivos de aprendizagem, os conteúdos
dos cursos são concebidos na sua maior parte por uma equipe
multidisciplinar e disponibilizados em suporte digital contemplando
documentos em formato texto (pdf e html) e/ou formato audiovisual.
Em todos os cursos são previstas atividades de autoestudo,
individuais ou em grupo, sendo esperada uma participação ativa por
parte dos participantes do curso.
Para apoiar os cursos estão previstos dois tipos de tutoria:

10 Metodologia da Pesquisa Científica


· Tutoria ativa que pressupõe um acompanhar de todo o processo
de aprendizagem do aluno e do grupo por parte do tutor, garantindo
um feedback (resposta e avaliação) construtivo e imediato, e
· Tutoria passiva, nos cursos que apresentam uma vertente de
autoestudo mais acentuada, tendo, nesse caso, o tutor a função de
assistir pontualmente às necessidades, dúvidas e problemas do aluno.
Independentemente da tutoria inerente ao respectivo curso, o
participante poderá sempre recorrer ao apoio técnico de suporte que
se encontra sempre disponível para resolver questões de foro técnico e
operacional da plataforma.

Processos de ensino-aprendizagem
Algumas características da educação a distância são bastantes
presentes em nosso curso:
a. Estudo individualizado e independente, mas inserido no
contexto do ensino-aprendizagem coletivo, juntamente com toda a
comunidade docente, discente e técnico-administrativa, exigindo do
estudante organização, disciplina e metodologias que contribuíram
para sua autonomia pessoal e ministerial;
b. Processo de ensino-aprendizagem através de disciplinas com
materiais instrucionais e atividades avaliativas presenciais e também online;
c. Docentes, tutores e monitores acompanham todo o processo
de ensino-aprendizagem;
d. Uso de novas tecnologias facilita e incrementa a relação
estudante-professor, estudante-processo de ensino-aprendizagem
e estudante-estudante construindo o conhecimento através de
tecnologias de comunicação e informação;
e. Comunicação bidirecional – estudante=>docente/tutor (dúvidas,
sugestões, troca de informações etc.) como docente/tutor=>estudante
(esclarecimentos, pro-atividade no guiar pelo conhecimento, análises,
avaliações, feedbacks etc) em um sistema de atendimento através de
e-mail, fóruns, Facebook, mensagens via Moodle, feedback via correção
de tarefas etc.;

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f. Encontros presenciais no Polo sede, no campus da FTSA, com a
realização de exames priorizando avaliação dos conteúdos ministrados
em todo o processo, troca de experiências entre estudantes e seus
pares, bem como com docentes, tutores e pessoal técnico administrativo;
g. Construção de uma rede de conhecimento e comunicação social –
Comunidade FTSA integrado com o Moodle, Facebook, Email e demais
redes sociais, proporcionando um ambiente ideal para compartilhar
conhecimentos, dúvidas, novidades, informações e notícias referentes
ao desempenho prático ministerial de todos os participantes.
O procedimento de avaliação para as disciplinas deve levar em
conta um conjunto de critérios norteadores, quais sejam:
• Priorizar a produção de saber por parte do estudante, à luz do
estado de arte da disciplina em foco;
• Priorizar a produção de saber por parte do estudante, à luz da
relação teoria e prática na realidade contemporânea;
• Coerência com o nível de desenvolvimento da dificuldade do
estudo, ao longo dos oito semestres letivos;
• Possibilitar que também seja avaliado o processo de ensino de
cada disciplina, e não só o desempenho do estudante;
• Atingir a maior objetividade e justiça possível na atribuição de
notas, visando ao progresso do estudante ao longo do curso.

Está expresso no PPC (Projeto Pedagógico do Curso) da FTSA


que o curso de Teologia da FTSA tem por objetivo formar pessoas que
tenham a capacidade de:
a. Compreender os conceitos pertinentes ao campo específico do
saber teológico, segundo sua Tradição, e ser capaz de estabelecer as
devidas correlações entre estes e as situações práticas da vida;
b. Compreender a construção do fenômeno humano e religioso
sob a óptica da contribuição teológica, considerando o ser humano
em todas as suas dimensões, e refletir criticamente sobre a questão do
sentido da vida;

12 Metodologia da Pesquisa Científica


c. Analisar, refletir, compreender e descrever criticamente os
fenômenos religiosos, articulando a religião e outras manifestações
culturais, apontando a diversidade dos fenômenos religiosos em
relação ao processo histórico-social;
d. Exercer presença pública, interferindo construtivamente
na sociedade na perspectiva da transformação da realidade e na
valorização e promoção do ser humano;
Igualmente, no que se refere ao perfil do egresso, a formação
profissional do curso de Teologia da FTSA pretende promover algumas
competências e habilidades, conforme segue em destaque:

I. Gerais:
a. Articular de forma interdisciplinar as interfaces existentes nas
diferentes áreas das ciências humanas, da Teologia e de outros campos
do saber, promovendo a integração teórico-prática.
b. Atuar em consonância com os princípios éticos de ação para
a cidadania, considerando as questões contemporâneas sobre temas
ligados aos direitos humanos, meio ambiente, educação étnico-racial,
educação indígena e sustentabilidade.

II. Específicas:
a. Empregar adequadamente os conceitos teológicos aliados
às situações do cotidiano, revelando-se profissional participativo e
criativo;
b. Articular o saber especificamente teológico com os saberes
das outras ciências, de forma interdisciplinar;
c. Tomar consciência das implicações éticas do seu exercício
profissional e da sua responsabilidade social;
d. Atuar de modo participativo e criativo junto a diferentes
grupos culturais e sociais, promovendo a inclusão social, a reflexão
ética, o respeito à pessoa e aos direitos humanos.

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Docentes
A equipe de professores do curso de Graduação em Teologia
EAD-FTSA é formada por especialistas nas áreas de conhecimento que
compõem a grade curricular e são eles os responsáveis pelo currículo e
disciplinas. O docente é responsável por:
a. Apoio aos módulos instrucionais, sempre disposto a dirimir
dúvidas e fazer esclarecimentos. Juntamente com o tutor ele é elemento
indispensável na formação acadêmica nos conteúdos das disciplinas;
b. Atualização contínua de materiais de apoio no ambiente de
aprendizagem virtual – textos, indicação de livros, vídeos, áudio,
indicações de filmes, páginas de internet etc.;
c. Atividades pedagógicas desenvolvidas no ambiente virtual de
aprendizagem, de acordo com o planejamento prévio do programa de
curso de cada disciplina e também nos encontros presenciais;
d. Orientação metodológica na elaboração do Trabalho de
Conclusão de Curso.

Tutoria
O curso de graduação em Teologia a Distância da FTSA é
oferecido apenas em seu polo sede, no Campus em Londrina, portanto,
todos os nossos tutores trabalham vinculados a este polo.
1) Cada tutor tem para dedicação de suas tarefas uma carga semanal;
2) O corpo de tutores da FTSA é composto por profissionais
graduados na área (Teologia) e com no mínimo pós-graduação lato sensu;
3) 100% do corpo de tutores possui experiência mínima de mais
de 3 (três) anos em educação a distância;

Pessoal técnico administrativo


O corpo técnico administrativo é composto por:
a) Secretaria Acadêmica - 3 (três) secretárias, sendo uma delas
disponível integralmente somente para a Educação a Distância;

14 Metodologia da Pesquisa Científica


b) Biblioteca - 3 (três) funcionários dedicados à biblioteca - 1
(uma) bibliotecária e 2 (dois) auxiliares;
c) Diretoria administrativa financeira - 1 (um) diretor financeiro
responsável pelo controle e pagamentos;
d) Tecnologia da Informação - 1 (um) funcionário - analista de TI
responsável pela aplicação das medidas de tecnologia da informação
no ambiente organizacional da FTSA, bem como na manutenção e
atualização de todos os sistemas, sites e portais da FTSA;
e) Comunicação e Marketing - 1 (uma) funcionária dedicada e
responsável por toda área de comunicação, marketing, redes sociais e
informações nos sites e portais da FTSA;
f) Produção de Materiais: 1 (um) funcionário responsável pela
diagramação, produção, impressão e digitalização de todo o material
didático impresso, material lúdico (interativo) para as unidades de
estudo e produção visual de informativos, manuais e guias;
g) Estúdio - 1 (um) funcionário responsável pela produção,
editoração e distribuição de videoaulas, vídeos institucionais,
filmagens, transmissão online de seminários, encontros, congressos,
formaturas e cultos;
h) Manutenção - 3 (três) funcionários dedicados à manutenção
dos prédios, ambientes, salas, equipamentos, energia, sistema de
água e esgotos, pinturas, reparos e tudo o que se faz necessário para
manutenção do espaço físico do polo sede no campus da FTSA em
Londrina;
i) Limpeza - 4 (quatro) funcionárias em regime de terceirização
responsáveis por toda a limpeza do polo sede no campus da FTSA em
Londrina;
j) Portaria e vigilância do Campus - 4 (quatro) funcionários que
trabalham em escala.

Plano de estudo
A metodologia de educação a distância demanda quebra de
paradigmas educacionais, tanto da parte da IES como do estudante
e da comunidade em que estão inseridos, pois demanda uma nova
visão sobre os processos em que se dão esse ensino-aprendizagem.

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É necessário construir uma nova maneira de práticas de ensino-
aprendizagem para o modelo EAD. O professor e seu conteúdo não
apenas migram para “dentro do texto”, mas também suas percepções,
dicas, demonstrações de “como” ele aprendeu, qual “caminho o levou
até aquele conhecimento”, dentre outras coisas, e, assim, o aluno,
acompanhado, adquire independência no manejo de tempo, estilo,
estudo e ganha sua formação.
A fim de dar suporte ao estudante nessa transição, o curso de
Graduação em Teologia EAD-FTSA possui um sistema de Tutoria para
a elaboração com o estudante do seu plano de estudos das disciplinas.
O plano de estudo de cada aluno deve conter:
a. Organização das horas de estudo individuais de cada disciplina;
b. Participação nas atividades pedagógicas no ambiente virtual
de aprendizagem;
c. Utilização dos ambientes de aprendizagem para estudo e
pesquisa;
d. Participação das atividades na semana de estudo presencial no
campus sede da EAD-FTSA;
e. Estágios supervisionados e práticas ministeriais, em períodos
que estão previstos no calendário escolar, fazendo com que as técnicas
e teorias apreendidas sejam vivenciadas no dia a dia de atividades
experienciais.
f. Instrução, acompanhamento e elaboração de TCC ao final do
curso.
Cada aluno deve se conhecer para desenvolver a melhor maneira
de estudar a distância. Algumas dicas são gerais.

Motivação
· Descreva quais as suas motivações para o curso.
· Descreva as suas expectativas realistas para o curso.

16 Metodologia da Pesquisa Científica


Gerenciamento do Tempo
· Estabeleça planos de acesso ao curso, experimentação,
aprendizagem, e de lazer. (Veja também o Anexo II). Crie uma rotina
adequada à aprendizagem e ao curso.
· Reserve tempo para acessar o curso.
· Reserve tempo de leitura do material de apoio.
· Reserve tempo (por dia ou semana) para realizar as atividades
declaradas obrigatórias ou a entrega de um trabalho escrito ou a
realização de uma avaliação.
· Reserve tempo para ler e responder aos comentários, perguntas,
debates que se estejam a desenvolver nos fóruns temáticos.

Interação
· Não deixe que os emails se “amontoem”. Verifique diariamente
novas mensagens.
· Ao ler os emails tente tomar decisões imediatas: Quais são para
tomar conhecimento, aos quais é esperada uma resposta da sua parte.
Coloque-se um prazo de resposta e cumpra-o.
· Seja ativo e não sempre reativo.
· Faça perguntas e tente responder as dos seus colegas.
Considere ainda as seguintes observações:
- Sempre que surgir uma dúvida, coloque-a no fórum. Não
hesite, não tenha vergonha, não tenha dúvidas acumuladas. Qualquer
pergunta é válida e, com certeza, estará ajudando outros colegas que
ou não a fizeram, mas gostariam ou nem mesmo sabiam que deveriam
tê-la feito.
- Utilize também perguntas como “Você pode explicar isso de
outra forma?” ou “Será possível dar um exemplo?”
- Partilhe nos fóruns as suas experiências sobre EAD.
- O curso pretende ser o início de uma comunidade de
aprendizagem e, assim sendo, depende da participação de todos.

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- Uma pergunta colocada no fórum espera pela SUA resposta.
- Um comentário colocado no fórum espera pelo SEU retorno.
- Prepare-se para aceitar desafios. As suas respostas não serão
sempre as “certas”. É da discussão que surge a construção de novos
conhecimentos, pessoais e do grupo.

Requisitos tecnológicos
Hardware e Software
· Computador com ligação à Internet (banda larga – ADSL ou
superior);
· Navegador, aceitando cookies (dê preferência ao Chrome ou
Firefox);
· Conta de email;
· Editor de textos (Exemplos: OpenOffice ou Office da Microsoft
– salve documentos como .TXT ou .RTF ou .DOC ou DOCX;
· Ferramenta para abrir arquivos com a extensão pdf (Adobe
Acrobat Reader ou outro leitor de PDFs);
· Ferramenta para descompactar arquivos com a extensão zip e/
ou rar (WinRar, Winzip ou outro);
· Programa para executar arquivos de vídeo, áudio ou flash –
geralmente o Firefox e o Chrome (browser de navegação pede para
instalar algum plugin – programa auxiliar – pode fazê-lo, assim você
poderá assistir aos vídeos a partir da sua navegação mesmo);
. Acesso através de outras plataformas, como Mac ou Linux
devem conter similaridades com o que se expõe aqui.

Conhecimentos básicos das tecnologias de


informação e comunicação
· Utilização de um navegador;
· Pesquisa e informação na Internet;
· Envio e recepção de emails;
· Edição de texto;
· Criação e gestão de pastas no disco rígido (HD).

18 Metodologia da Pesquisa Científica


Auxílios
Sou um aluno virtual?
Este teste pretende sensibilizar o futuro participante para
habilidades e características necessárias para alcançar um bom
aproveitamento nos cursos oferecidos em ambiente de aprendizagem
virtuais.
Observação: Seja sincero nas suas respostas.

Questões Sim Não

1. Tem acesso a um computador e à Internet?

2. Aprecia aprender novas habilidades na área da informática?

3. Utiliza software para tratamento de textos, como o Word


da Microsoft?

4. Está familiarizado com a navegação na internet?

5. Está disposto a investir (pelo menos) o tempo de estudo


previsto para alcançar sucesso no curso?

6. Consegue gerenciar de forma eficaz o seu tempo?

7. Sente-se bem estudando de forma independente e autônoma?

8. Gosta de partilhar os seus trabalhos e experiência educa-


cional com os seus colegas de curso?

9. Pede ajuda quando necessário?

10. Pensa que aprendizagem de qualidade pode acontecer em


qualquer lugar e a qualquer momento?

Total

19
Leia agora o que a pontuação alcançada significa.

Cada “Sim” vale dois pontos. O “Não” vale zero ponto.

15 e mais pontos
Você será provavelmente bem sucedido num curso de
aprendizagem a distância.

Entre 9 e 14 pontos
Um curso de aprendizagem a distância exige que ajuste a
forma de trabalhar e os seus hábitos de aprender às características
da EAD. O sucesso em um curso online pressupõe autodisciplina,
capacidade de gerenciamento do tempo (estabelecer horários,
esquemas e rotinas de estudo) e algumas competências básicas na
utilização de computadores e internet, que você pode ainda não ter.

8 e menos pontos
Um curso de aprendizagem a distância pode não ser a
modalidade de curso para você neste momento.

Explicação do Teste
1- Tem acesso a um computador e à Internet?
Sim - Ter acesso regular a um computador e à Internet
permitirá que complete as tarefas propostas e participe no
curso online com sucesso.

Não - O computador é a ferramenta de eleição para


a entrega de cursos em linha. Se não tem acesso em casa
a um computador e à Internet tente na sua instituição
educacional, numa biblioteca pública ou mesmo no seu
local de trabalho, o que pode significar custos financeiros
suplementares.

20 Metodologia da Pesquisa Científica


2 - Aprecia aprender novas habilidades na área da
informática?
Sim - Se você aprecia aprender sobre novas
tecnologias, ou se você já está familiarizado com estas, este
fato constituirá em um suporte para uma experiência de
aprendizagem positiva.
Não - Esperamos que a experiência no curso online
sensibilize você para a necessidade de se aprimorar nesta área.

3 - Utiliza software para tratamento de textos,


como o Word da Microsoft?
Sim - Durante o curso em linha será pedido que
escreva comentários, artigos, emails, etc. Conhecimentos
básicos de um programa de tratamento de textos será de
uma grande ajuda.

Não - Antes de iniciar um curso online recomendamos


que se familiarize com um programa de tratamento de
textos, já que será necessário escrever comentários, artigos,
emails, etc. durante os seus estudos.

4 - Está familiarizado com a navegação na


internet?
Sim - Saber navegar na Internet ajudará na pesquisa
de materiais na Internet, assim como facilitará a exploração
de links sugeridos pelo tutor e/ou colegas durante o curso.
Não - Recomendamos que se familiarize com a
navegação na Internet antes do curso se iniciar. Saber
navegar na Internet tornará mais fácil a pesquisa de
materiais necessários à realização das tarefas.

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5 - Está disposto a investir (pelo menos) o tempo de
estudo previsto para alcançar sucesso no curso
Sim - No plano de curso no qual se inscreveu
encontra-se enunciado qual o tempo, aproximadamente, a
investir nos estudos.
Não - Necessita estar disposto a investir o mesmo
tempo para o curso online como o estaria para um curso
presencial. Se não tem este tempo disponível, é desejável
que ajuste a sua agenda antes de se inscrever no curso.

6 - Consegue gerenciar de forma eficaz o seu


tempo?
Sim - Ter tempo e saber gerir o tempo de estudo são
fatores essenciais para o sucesso do curso online.
Não - Ter tempo e saber gerir o tempo de estudo são
fatores essenciais para o sucesso do curso online.

7 - Sente-se bem estudando de forma independente


e autônoma?
Sim - Saber estudar independentemente e assumir
responsabilidade pela própria aprendizagem são dois
fatores importantes para o sucesso da aprendizagem em
ambientes online. Terá que definir inicialmente os seus
objetivos pessoais de aprendizagem, controlar e gerenciar
o seu tempo de estudo e autoavaliar frequentemente o
processo de aprendizagem.
Não - No contexto de aprendizagem online, o
sucesso dos estudos depende da sua capacidade de
assumir responsabilidade pela própria aprendizagem. Isto
significa que terá que definir os seus objetivos pessoais
de aprendizagem, gerenciar o seu tempo de estudo e
autoavaliar o seu processo e progresso de aprendizagem
regularmente.

22 Metodologia da Pesquisa Científica


8 - Gosta de partilhar os seus trabalhos e
experiência educacional com os seus colegas de
curso?
Sim - Tirará grande proveito da partilha de ideias e
perspectivas com os seus colegas durante todo o decorrer
do curso. Aprender a trocar experiências entre pares é uma
das melhores formas de avançar no seu desenvolvimento
pessoal e profissional.
Não - Aprender online depende da sua capacidade
de aprender com os colegas de curso. É fundamental
compartilhar ideias e diferentes perspectivas sobre os
temas propostos, o que, por outro lado, exige capacidade
de expressão escrita.

9 - Pede ajuda quando necessário?


Sim - O sucesso de um curso online também
é sustentado pelo fato do participante saber quando
necessita de auxílio, como contatar o tutor e/ou o grupo de
aprendizagem.
Não - Num curso online é importante que tome
a iniciativa de pedir ajuda, quer as perguntas estejam
relacionadas com o curso, com a técnica ou com problemas
no processo de aprendizagem ou no grupo de colegas.

10 - Pensa que aprendizagem de qualidade pode


acontecer em qualquer lugar e a qualquer
momento?
Sim - Conhecimento é criado no grupo através da
interação com os colegas e com os professores/tutores, e
através da contextualização na sua própria realidade. Num
curso online isso pode acontecer independentemente do
lugar onde se encontre e sempre que tiver disponibilidade.
Não - Nesta modalidade de ensino/aprendizagem
não encontrará o professor como fonte de conhecimento e
direcionamento.

23
Gerenciamento do Tempo
Metas em longo prazo
Área Metas Obstáculos Passos iniciais para alcançar
Escola
Trabalho
Família
Amigos
Pessoal
Outras

Objetivos em médio prazo


Objetivo Atividade a realizar Tempo estimado Atividade realizada?
Sim?
Não?
Parcialmente

Agenda semanal
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
08-09h
09-10h
10-11h
11-12h
12-13h
14-15h

24 Metodologia da Pesquisa Científica


15-16h
16-17h
17-18h
18-19h
19-20h
20-21h
21-22h
22-23h
23-00h
Com essas instruções iniciais, podemos então passar para
outras coisas referentes à metodologia propriamente dita.

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Anotações
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26 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 2
Vocação Intelectual
O que é vocação?
O que faz de alguém uma pessoa vocacionada para algo?
Chamado? Treino?
Entendo que a inspiração ou chamado, dádiva se quiser, pode
nos conduzir a uma paixão, um amor, sentir prazer em ser o que se é e
o que fazemos.
Na vocação intelectual não sereia diferente. Vocação intelectual
é muito mais que simplesmente pensar, é um chamado para usar
aquilo que temos (o que somos, o que aprendemos, o que vemos, o
que sentimos) para transformar em útil e prazeroso todo e qualquer
conhecimento que adquirimos.
Na vocação intelectual somos chamados a olhar a vida com
outros olhos, fora da simples aparência e das futilidades. Nesta
vocação nos servimos de livros, logicamente, mas isso tudo vai além
deles. Lê-se também a realidade. Lemos também pessoas, situações,
vivências e tantas outras realidades, sejam físicas, virtuais ou até
mesmo emocionais.
Nessa vocação somos conclamados a viver na admiração pelo
novo; somos impelidos a fazer perguntas, muitas perguntas que possam
provocar nosso pensamento e levantar problemas a serem resolvidos.
Na vocação é preciso experimentar a distância (para poder
enxergar o todo), mas também a proximidade (para nos envolvermos
com tudo) e então prover uma comunicação (expressar o que
enxergamos, sentimos e absorvemos).
Reflitam comigo:
Eclesiaste 1.12-18
“12 Eu, o mestre, fui rei de Israel em Jerusalém. 13 Dediquei-
me a investigar e a usar a sabedoria para explorar tudo o que
é feito debaixo do céu. Que fardo pesado Deus pôs sobre os
homens! 14 Tenho visto tudo o que é feito debaixo do sol; tudo

27
é inútil, é correr atrás do vento! 15 O que é torto não pode
ser endireitado; o que está faltando não pode ser contado.
16 Fiquei pensando: Eu me tornei famoso e ultrapassei em
sabedoria todos os que governaram Jerusalém antes de mim;
de fato adquiri muita sabedoria e conhecimento. 17 Por isso me
esforcei para compreender a sabedoria, bem como a loucura
e a insensatez, mas aprendi que isso também é correr atrás do
vento. 18 Pois quanto maior a sabedoria, maior o sofrimento; e
quanto maior o conhecimento, maior o desgosto”.

Salomão é esse maioral em sabedoria, riqueza e experiências, ele


utiliza sua vocação intelectual para tentar entender a vida, pois a vê,
em si e nos outros e se questiona, pergunta, procura respostas (1.18;
2.9; 1Rs 10.23).
Ele desejou a sabedoria desde o princípio e se aplicou em
conhecer e saber (1 Reis 3.9).
Aqui vemos implícita a diferenciação entre sabedoria (se deseja, vem
de Deus) e conhecimento (fruto de aplicação e construção com esforço).
Em Salomão aprendemos o que Rubem Alves diz que “todo
pensamento começa com um problema”. Pensamos porque as coisas não
vão bem.
Pense comigo: como é que Eclesiastes reflete isso?
(1) O autor pode ter começado com uma pergunta: O que é a
vida? E por que a vida é assim? Qual é o seu sentido?
- Esse é o momento do “maravilhar-se”, da admiração, e
desconfiança para com o simples dado
- Aqui o problema é levantado. Quando se percebe que a realidade
Não é aquilo que as imagens e sons da mídia, por exemplo, me dizem...
- Contemplação: a espiritualidade também tem a ver com a
reflexão. “Uma reflexão que não ajude a viver segundo o Espírito não é
uma teologia cristã. Toda autêntica teologia é uma teologia espiritual”
(Gustavo Gutiérrez)
(2) A realidade a qual eu me dediquei a explorar, me mostra
um fardo pesado que Deus colocou sobre os homens. Vi que “tudo é
vaidade e correr atrás do vento”.
- Aqui está implícito o esforço próprio do cientista e do intelectual:

28 Metodologia da Pesquisa Científica


examinar cuidadosamente
- Libanio: “O desafio da vida intelectual está em mostrar que o
prazer está no fim e não no início” (p. 32).
- Toda excelência tem tanto uma dose de inspiração como de
esforço. A dose de esforço é sempre maior.
- Como na vida cristã, nos anos seguintes vocês precisarão de
muita disciplina e muita renúncia
(3) Pensar dói! “Pois quanto maior a sabedoria, maior o
sofrimento; e quanto maior o conhecimento, maior o desgosto” (v. 18)
- Miguel de Unamuno: “A consciência é uma doença”. A benção
da consciência é poder saber em que solo está pisando; a maldição é a
incapacidade de mudar de solo.
- Sabedoria X estupidez = a primeira é melhor. Mas sábio e
estúpido são igualados (2.15-16)
- Paradoxo da sabedoria = o saber é superior à ignorância; mas
quem sabe, além de sofrer mais, ainda é nivelado por baixo pelas
contingências da vida.
- Como diz Libânio (2006, p. 32), a vida intelectual pede uma
dose de solidão, requer concentração e convívio com o mistério. E
depois diz: “Só o amor à solidão permite que a inteligência depois
se embriague no vinho da verdade e da beleza! A cela é o lugar das
intuições, das inspirações, da criatividade”.
Então entendemos que o conhecimento é cheio de incertezas.

As incertezas do conhecimento
Síntese das ideias de Edgar Morin
Edgar Morin defende que a educação do futuro (no sentido de
que algumas de suas proposições ainda estão distantes da realidade
presente) precisa identificar e reconhecer erros, ilusões e incertezas do
conhecimento que produz e ensina. E isto se aplica tanto à educação
como à pesquisa “do futuro” – no sentido de que no presente assume
seus desafios.
(1) Incerteza histórica. A história segue um curso que não pode
ser previsto. Essa consciência nasce quando se desbanca o “mito do
progresso”, que afirmava que a civilização caminha inevitavelmente

29
para o progresso, para o melhor, para seu ápice em termos de
desenvolvimento.
- Morin, baseado nessa tese, apresenta uma sucessão de fatos
históricos que ele seleciona como “prova” de que, com a ideia de
progresso, não se previa os preços históricos que a humanidade teria
de pagar por ele.
- Um olhar para os “desvios” da história: a produção do novo não
pode ser prevista, senão não seria “novo”. Do enfrentamento dos problemas
e das incertezas do presente é que nasce o “novo”, como “desvio”.
- “Desvio” – quando alguém ousa pensar e examinar, desconfiando
da normalidade das coisas. Novas ideias precisam ser examinadas, ao
invés de descartadas de antemão (p. 83).
- A história que não possui uma “evolução linear” é, portanto,
uma história complexa, e que instiga o pensamento complexo (p. 83).
Esse tipo de pensamento, porém, ainda não foi devidamente absorvido
pela cultura científica.
(2) Enfrentar as incertezas. O conhecimento é uma aventura
incerta... O oxigênio de qualquer proposta de conhecimento é oferecer
lugar para as dúvidas sobre nossa possibilidade de conhecer.
Quais são os tipos de incertezas que podemos listar? Lógico que
não será uma lista exaustiva e nem fechada, mas uma indicação do que
poderia ser, do que podemos enfrentar:
• Incerteza cérebro-mental: conhecimento não é espelho, mas
construção/reconstrução de uma realidade.
• Incerteza lógica: a lógica não explica tudo e nem garante a
verdade, nem a contradição, necessariamente, indica uma mentira.
• Incerteza racional: racionalidade versus racionalização. A
segunda é fechada por natureza e a primeira é aberta, fruto do debate
e não da detenção de ideias; é autocrítica, reconhece seus limites, e
reconhece que a mente humana não é onisciente e que a realidade
comporta mistérios.
• Incerteza psicológica: por mais honesto que sejamos, há
zonas psicológicas que são desconhecidas a nós mesmos (ilusões do
“autoconhecimento”).

30 Metodologia da Pesquisa Científica


(3) Incerteza do real. Realidade X Ideia de realidade. Convite a
ser “realista no sentido complexo”, admitindo que o real é mais do que
o real que nossas ideias absorvem. Ex: Deus é mais do que a nossa
“ideia de Deus”. Isto é, nossas ideias sobre e experiências com Deus,
podem até se aproximar de Deus, mas não podem ser um espelho de
Deus em si.
(4) Incerteza do conhecimento. A incerteza não indica
apenas impossibilidade (nada pode ser dito de legítimo), mas seu
reconhecimento constitui a “oportunidade de chegar ao conhecimento
pertinente”, que examina e verifica a convergência de indícios (p. 86).
(5) Ecologia da ação. A ação tem uma dimensão de escolha
baseada em critérios objetivos, mas também de aposta, que indica o
risco e a incerteza da ação. O risco da ação se encontra no ambiente
que a recepciona. Não temos controle sobre a recepção (interpretação/
reprodução da ação). Ex: Fazer o bem a alguém não garante, como
troca, o recebimento do mesmo bem.
(6) Desafio e estratégia. Num ambiente instável e incerto,
impõem-se estratégias – exame das probabilidades, improbabilidades,
certezas e incertezas, a fim de modificar o olhar e o cenário quando
necessário.
A vocação intelectual se delineia então pela vida de cada um
de nós, num chamado para conhecer que requer esforço, dedicação
e sempre curiosidade e muita criatividade. Tudo isso pode e deve ser
desenvolvido. Nosso potencial está todo aí, dentro de cada um de
nós e o que está em nós e em nossa volta sempre nos estimular, se o
deixarmos, a conhecer mais, a saber mais, a procurar mais.

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Anotações
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32 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 3
Atributos indispensáveis para a vida intelectual
Jonathan Menezes

Introdução

Diante do desafio de tratar sobre metodologia científica em


teologia, pus-me a pensar sobre alguns elementos que seriam
indispensáveis nessa caminhada acadêmica. Há muitos desafios, desde
os mais teóricos, técnicos, até os que procuram delinear um perfil de
bom pesquisador, acadêmico, cientista, teólogo.
Todavia, as devocionais feitas antes de cada aula que tenho
ministrado nesta disciplina nos últimos anos, me conduziram noutra
direção, que tem a ver não precisamente com os conteúdos ou a
qualidade técnica do intelectual, mas tem a ver com sua espiritualidade.
E quando falo isso, não é para criar mais dicotomias (separações)
– como se a atividade técnica, científica ou profissional não fossem
parte da vida espiritual – mas destacar certos atributos e posturas que
nascem do interior e se manifestam nas atitudes para com a vida, em
geral, e também a vida intelectual.
Veremos, então, à luz das Escrituras e das tendências
contemporâneas, cinco atributos (não exaustivos), ocupando parte
de nossa agenda. São eles: amor, incompletude, fraqueza, liberdade e
práxis. A idéia aqui, portanto, é refletir detidamente sobre cada um
deles, pensando em sua função e implicações mais específicas para a
vida intelectual.

1. Amor
Não há muita coisa para ser dita sobre uma vida vivida no amor de
Deus que Jesus Cristo já não tenha demonstrado ou que as Escrituras já
não tenham resumido em sentenças, tais como “Deus é amor”, “Amai a

33
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, “Amai-vos
uns aos outros como eu vos amei”, e assim por diante.
Mas há um texto belo e poético que sintetiza muito bem e
poeticamente o ágape (do grego “caridade”, que se refere ao amor
divino): 1 Coríntios 13.
A vida intelectual é cheia de armadilhas. Uma delas é a de nos
jactarmos do conhecimento, nos orgulhar de quão virtuosos somos
por cultivar tanto conhecimento, habilidade, títulos, premiações,
eloqüência e proficiência. Vaidade de vaidades, esse mundo acadêmico
também é cheio delas; nele há fogueiras delas.
Tudo isso é válido, tem a sua função, cumpre seu papel, mas é
inútil se não for precedido pelo amor. A primeira parte do capítulo
segue essa tônica: não importa o que digamos, acreditemos, ou façamos,
estaremos falidos se nisso não tiver amor, se não for por amor.
Quando aquilo que somos e sabemos, nossas conquistas pessoais,
bens, habilidades, recursos e inteligência são exercidos sem amor, isto
é, sem o propósito de ter o outro em consideração antes de si mesmo,
de não se ensoberbecer, sentir ou provocar ciúmes, não forçar nem
abusar dos outros, muito menos se aproveitar das circunstâncias em
favor próprio, e não confiar em Deus sempre, elas perdem seu sentido
de ser. Isso, pois todas essas coisas têm pouca durabilidade, consumir-
se-ão com o tempo e com o fim dele, enquanto o amor, esse nunca
morre...
Como diria Paulo em outra oportunidade, “o conhecimento
ensoberbece, mas o amor edifica”. O apóstolo não está aqui
menosprezando o conhecimento em si, mas indicando a sua provável
finalidade (a soberba) sem a presença do amor. O amor dá vida aquele
que conhece, e, por conseguinte, ao conhecimento, que por sua vez
gerará vida a quem dele, na mutualidade, partilhar.
O conhecimento um dia conhecerá seu limite. Mas ele pode servir
a propósitos imprevisíveis, eternos e belos, se for hóspede freqüente da
casa do amor...

34 Metodologia da Pesquisa Científica


2. Incompletude
Essa é a parte em que reconhecemos nossas imperfeições,
limitações, que ainda há um longo caminho a percorrer; não somos
inventores de nossa vida e não temos tudo sob controle, ainda que,
muitas vezes, nossa existência nesse mundo possa se resumir em um
grande esforço e sofrimento em função do desejo de controlar tudo,
até o futuro.
Isso é muito difícil para o intelectual, que lida o tempo todo com a
busca pelo conhecimento que, num certo sentido, pode ser vista como
busca pela “completude”. Por isso, é sempre bom recordar a máxima
de Sócrates: “Só sei que nada sei”. Quanto mais eu sei, mas reconheço
que, na verdade, não sei. Contudo, por saber que nada sei, maior ainda
será meu esmero em prosseguir instintivamente no caminho do saber,
constante, provisório, inacabado...
E para o conhecimento teológico isso é ainda mais válido. A
incompletude é o ponto de partida do fazer teológico. A única coisa
que sabemos é que estamos a caminho e o que vale é o caminhar e nada
mais. Ainda não chegamos, há uma longa jornada pela frente. Pensar
que estou lidando com o conhecimento de Deus me inspira mais ainda
a vislumbrar esse caminho e a condição inacabada de nossa tarefa:
“conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Os 6.3).
Outras duas contribuições de Paulo me chamam a atenção. A
primeira está também em 1Coríntios 13, verso 12: “Agora, pois, vemos
apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos
face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da
mesma forma como sou plenamente conhecido”. Em outra tradução
(The Message) se diz: “Apenas conhecemos uma porção da verdade, e o
que dizemos sobre Deus é sempre incompleto. Mas quando o Completo
chegar, nossas incompletudes serão canceladas”. Faz sentido isso para
você? Pois para mim faz muito sentido...
A outra contribuição paulina está em Filipenses 3.12: “Não que
eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo
para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo
Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado”. Essa

35
é uma afirmação tremendamente Cristã, de humildade, honestidade
e inquietação: Eu ainda não terminei, ainda não estou acabado, não
cheguei à reta final. E porque eu não me considero um expert nesse
negócio, olho para frente e sigo adiante, procurando aquilo que ainda
me aguarda.
Esses exemplos me ajudam a entender um pouco mais que a
incompletude não é a minha tragédia (ainda que possa parecer),
mas o caminho para a liberdade e dependência de Deus, atributo
indispensável da vida, mais ainda da vida intelectual.

3. Fraqueza
É preciso ser muito “forte”, num sentido não muito convencional
de força, para embarcar no mundo de fracos e fraquezas. Isso, pois
nosso mundo é feito e disposto aos fortes, ou pelo menos os que
“aparentam” ser. E onde a suposta força é celebrada e a fraqueza é
rejeitada, não há lugar para os fracos e suas intragáveis demonstrações
de pequenez e falta de virtude, aos olhos humanos.
Nessas horas aparece o conflito entre a humildade e a vanglória,
a deficiência e a suficiência... Quero falar desse conflito aqui.
Em 2Coríntios 12, Paulo conta a história de um homem que
há catorze anos foi arrebatado ao paraíso – se no corpo ou fora do
corpo ele não sabia dizer – e que lá ele ouviu coisas indizíveis, que ao
ser humano não é licito referir. Em certo momento, ele denuncia ser
ele mesmo esse homem (v. 5-6), dizendo não se gloriar de tal feito,
embora pudesse fazê-lo, já que se trata de algo verdadeiro. Mas que
não o fez por uma razão simples: para se proteger contra os falatórios
das pessoas... Imagine o que elas diriam, ou como reagiriam!
É nesse contexto então que ele diz o que mais quero chamar a
atenção aqui: contra sua possível soberba, foi lhe dado um “espinho na
carne”. Na tradução The Message, usa-se a expressão: “Dom ou dádiva
de uma deficiência”. E a razão parece ser evidente: isso é para que você
fique em permanente contato com as suas limitações!
Fico imaginando (já que é o que posso fazer): esse espinho pode
ser a representação de qualquer coisa – a) uma deficiência física ou

36 Metodologia da Pesquisa Científica


mental; b) uma carência emocional; c) uma limitação externa ou
desarranjo provocado por alguém ou por uma situação adversa, etc.
Para mim, o espinho é um antídoto às avessas, é o que me livra de ser
dominado pela vontade de poder, de ser massacrado pelo meu ego.
Dificilmente de cara vejo essa deficiência como uma dádiva,
não é mesmo? É, na verdade, um incômodo, um embaraço, que
desejo arrancar a todo custo, como Paulo (v. 8). E nessas horas nós
procuramos o cirurgião, queremos a cirurgia! Mas o cirurgião diz: não
vou te operar, porque eu já estou operando em você, de um modo
diferente... Deus opera com a Graça! E por isso ele diz: a minha graça
é suficiente para você. E essa é uma palavra apropriada: “deficiência”,
pois é o oposto de “suficiência”. É por isso que lutamos tanto contra
ela, não é? Porque almejamos a suficiência quase em tudo, ou em tudo
o que podemos.
Um dos erros da vida intelectual hoje é o de continuarmos sendo
modernos no sentido de buscar a suficiência e evitar o erro a todo
custo, como se ele fosse o câncer da ciência. Pelo contrário, o câncer
da ciência se chama sufi-ciência! É quando o cientista ou intelectual
pensa que a ciência tem todas as respostas e é capaz de tudo e mais um
pouco. Essa falsa assunção é (foi) sua ruína. Pois o erro não é defeito,
mas é a condição de continuidade e processualidade da ciência, pois
“ciência sem erro é dogma”, afirma Pedro Demo, e mais: “A renovação
do conhecimento é diretamente proporcional a presença do erro”.1
Assim, a fraqueza – seja ela em que dimensão se apresentar – é
condição de nossa continuidade na graça, de nossa dependência de
Cristo, do aperfeiçoamento de seu poder em nós, como intelectuais
a serviço do Reino! Que você e eu aprendamos a celebrar e a ser
agradecidos por aquilo que somos, com nossas virtudes e defeitos.
Que o Senhor da graça nos ajude a exercitar nossa humildade em
nossa aceitação de que não podemos tudo, nem temos controle sobre
tudo e resposta para todas as coisas.

1 DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1995, p. 53.

37
4. Liberdade
Assim como a fraqueza, em um sentido, a liberdade também
é expressão de nossa condição em Cristo – no sentido de que “para
liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1) – bem como insígnia
de uma caminhada, já que a liberdade é também vocação – “vós fostes
chamados à liberdade” (Gl 5.13) – de modo que ela é uma tarefa ainda
inacabada que orienta nossa vida e nossas ações no caminhar.
Particularmente a vida intelectual, para ser criativa, viva,
produtiva, precisa de liberdade, que nos põe em movimento, não
deixando que a estagnação tome conta. Estagnação e pensamento não
são sinônimos ou companheiros de jornada. O pensamento estagnado
implica em morte intelectual, não em vida. E há uma grande chance
disso ocorrer quando nos acomodamos com meras repetições,
reproduções do que os outros fizeram, pensaram ou disseram, e assim
deixamos de pensar por nós mesmos, fazer nossas próprias sínteses,
opções e trilhas. Isso é muito comum na igreja, e cada vez mais
comum numa geração de jovens hiperconectada virtualmente, mas
desconectada em matéria de pensar.
A liberdade é a carta de alforria do pensamento, que permite novos
vôos, riscos e, por sua vez, novos olhares. Intimamente conectado com
o que eu vinha dizendo sobre a fraqueza, o erro é também um campo
fértil para a liberdade. Como diria Keith Jenkins, “a liberdade mora
na casa do erro”. Quem dera pudéssemos errar sem medo, nem culpa,
sendo livres na tentativa perene de acertar, sendo o acerto objeto de
nossa perseguição, mas impossível sem a graça.
Por outro lado, sendo condição para o bem pensar, a liberdade não
existe fora da disciplina, nem é parceira da perda total de controle. Nas
palavras de Renato Russo, “disciplina é liberdade”. Ela não tem um fim
em si mesma. Ela germina nas relações, lócus principal de seu exercício.
Nesse lugar ela contra propósito, finalidade e aperfeiçoamento.
Primeiro porque Deus é o autor da liberdade, sendo a sua glória
a finalidade máxima de sermos livres. Segundo, porque temos uma
consciência própria, que precisa de liberdade para discernir bem a
realidade, mas que, em terceiro lugar, se conduz e é moderada também
pela consciência alheia, a qual nos põe na dimensão onde ser livre é

38 Metodologia da Pesquisa Científica


ser respeitoso para com as limitações e interditos do outro, usando-as
como termômetro do exercício dessa liberdade, que, embora more na
casa do erro, simplesmente não sobrevive sem o amor.
Quarto: isso se dá dessa forma, pois, como diz Paulo, embora
tudo me seja lícito, nem tudo me convém e nem tudo edifica ou
constrói, e a liberdade visa a edificação. Assim, a largueza da licitude
que margeia o âmbito da consciência própria deve ser relativizada à
luz das limitações que margeiam a consciência do outro.
O “bom” intelectual, e o “pensar certo” nasce do exercício de
seu ofício em liberdade, mas sempre levando em consideração uma
consciência e compromisso maior com o todo em relação ao qual ele
se posiciona e se situa.

5. Práxis: a fusão entre teoria e prática


Eu sou um teórico. Admito isso sem jogar confetes, porque assim
sou eu. Tá no sangue. O que faz de mim um teórico? É que meu ofício
envolve pensar nas inúmeras possibilidades de explicação de algo e
por isso invisto um bom tempo com auto e alter (do outro) análises.
O que isso muda na realidade? Nada diretamente. Muda em mim,
pensador, e na medida em que “me” muda, o mundo – uma partícula
dele pelo menos – também muda. Para onde isto nos conduz? Para
o reconhecimento de que esta tarefa é tão importante quanto a de
realizar coisas.
Dependendo do círculo de pessoas para o qual falo, a questão
pode se inverter e alguns objetarão quanto a superioridade da idéia em
relação à ação, entendendo que esta gera aquela. Só que este é um jogo
sem fim e sem vencedores. Platonistas e Aristotélicos, Hegelianos e
Marxistas, Conservadores e Progressistas, Teóricos e Ativistas parecem
estar sempre às voltas com a velha questão: o que precede o que? Ou:
o que/quem vem primeiro?
Creio que este é um empreendimento tão infeliz quanto o de
tentar determinar que veio primeiro, se ovo ou se galinha. Inútil, como
jogar o bebê fora junto com a água do banho. A complexidade da vida
me conduz a uma lógica mais dilatada de e/e (mais possibilidades de
leitura) ao invés da de ou/ou (oito ou oitenta) na vida de modo geral e

39
também para esta questão. Logo, viver e entender a vida, experimentar
e analisar, teorizar e praticar são termos “colegas” de jornada e não
(precisam estar) em lados opostos, embora sejam diferentes.
Então, comecei dizendo que sou um teórico. A questão é: e daí
que sou? Daí que ser teórico não faz de mim um não prático – em
muitas circunstâncias tenho que botar em prática aquilo que creio,
penso e teorizo. Tampouco me leva a ignorar a importância da prática,
muito pelo contrário; e o mesmo se aplica ao prático em sua relação
com teoria e teóricos. Mas, se na ocupação de nossos lugares sociais
e vocações não tentássemos dividir ou dar primazia, esse papo de
obviedades, que com relutância travo aqui, não passaria de “conversa
pra boi dormir”. Mas temo que poucas pessoas (ainda e por mais antiga
que seja a questão) estejam livres da necessidade dessa conversa, com
exceção dos bois e de outros animais menos complicados.

40 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 4
Por que ler-escrever é importante? Reflexões
sobre leitura e escrita
Jonathan Menezes

1. Sobre a leitura

Primeiro, a leitura... Trata-se de um fator decisivo no estudo, que


amplia horizontes e perspectivas de quem lê. Tem a função de lapidar
o pensar e transformar o pensador.
A qualidade da escrita – sobre a qual veremos adiante – está
condicionada à qualidade da leitura. Melhor lemos, melhor pensamos,
melhor escrevemos.
Alguns benefícios interessantes da leitura: ampliação de
conhecimentos, obtenção de informações básicas ou específicas,
sistematização de pensamento, enriquecimento de vocabulário, novos
“insights” sobre o que se está pesquisando.
Segue abaixo alguns elementos para uma boa leitura (aplicável a
vários contextos acadêmicos):
a. Deve ter um objetivo determinado previamente;
b. Preocupação com o entendimento das palavras (vocabulário);
c. Deve ser continuada, quando a obra for fundamental, e
interrompida, se não for útil para o momento da pesquisa;
d. Deve ter um ritmo próprio: “nem tão rápida que não se capte
o que se lê e nem tão lenta que produza distração” (Libanio);
e. Deve ser submetida a discussões freqüentes com colegas;
Fases típicas da leitura acadêmica (baseado em João Batista Libanio,
2006):
A. Reconhecimento – consiste em dois exercícios: pré-leitura
(folha de rosto, orelhas) índice, sumário, informações sobre o autor);

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exploração (bibliografia, sumário, introdução, notas de rodapé).
B. Seletiva – seleção das partes mais importantes; eliminação do
supérfluo, concentração no que é pertinente ao seu objeto.
• Investir na prática de sublinhar, resumir e anotar nas bordas
• Dicas do próprio autor: “Este é o ponto” ou “Minha tese é...”

C. Crítico-reflexiva – reconhecimento das teses e afirmações do autor,


seguida da avaliação crítica dessas afirmações.
• Criticar o que o autor diz em função de seus propósitos
D. Interpretativa – relacionar essas afirmações com os problemas
para os quais se busca uma solução.
Todo texto, quer seja explícita ou implicitamente, possui uma
intenção (concreta ou abstrata). Essa intenção está ligada com o tipo
de texto que se quer produzir (propagandístico, informativo, opinativo,
literário, acadêmico, etc.), e com o seu conteúdo.
Como o título, sua função principal é dar o “endereço do
trabalho”. Em outras palavras, é dizer o que se pretende fazer ao longo
do trabalho ou do texto. Um texto, de qualquer natureza, sem uma
intenção clara, tende a se tornar disperso e a dispersar seus leitores.
A intenção pode ser descrita como “propósito” e como “tese”.
O propósito é onde o autor pretende chegar com o texto, é onde fica
explícita sua finalidade (apresentada com o uso de conectivos como
“para que”, “a fim de”, “visando”, etc.). Já a tese é uma sentença (frase,
parágrafo) que antecipa a teoria que o autor pretende defender ao
longo do texto. A coerência da leitura como da escrita de um texto ficam
comprometidas sem a indicação (no caso do autor) ou a identificação
(no caso do leitor) da intenção.
Ao mesmo tempo, é importante destacar que não convém e nem
se deve indicar uma intenção que não possa ser cumprida no final.
A avaliação de um trabalho tende hoje a ser a partir daquilo que se
“promete”. Se a promessa não for cumprida, isto indica que o trabalho
foi diferente do que se pretendia na intenção, o que indica a falsidade
da própria intenção.

42 Metodologia da Pesquisa Científica


2. Sobre a escrita
Depois, a escrita... Para pensar sobre ela, citarei um texto bíblico,
em seguida farei uma introdução quase que autobiográfica e, por fim,
farei comentários práticos sobre o texto, associando-o principalmente
com a atividade da escrita.
“Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que
se cumpriram entre nós, conforme nos foram transmitidos
por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e
servos da palavra. Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente,
desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó
excelentíssimo Teófilo, para que tenhas a certeza das coisas que
te foram ensinadas” (Lucas 1.1-4)

I. Por que escrever?


Por que eu escrevo? Por que desejo relatar minhas percepções,
pensamentos e resultados de pesquisa? Afinal, qual é a função disso?
Minha resposta mais imediata à questão poderia ser: escrevo
porque o ato de escrever me ajuda a articular meus pensamentos
de forma que não vagueiem tanto ao ponto de se dispersar ou até se
perder. Em outras palavras, quanto mais escrevo, melhor eu penso,
e mais bem articulo meu discurso, minha própria maneira de falar.
Quando comecei voluntariamente a escrever meus primeiros textos,
não tinha essa noção. Era apenas uma forma de compartilhar as
leituras das leituras que eu fazia. Tratava-se, em primeira instância,
mais de reprodução que de criação.
E não é assim que boa parte dos escritores começa, como uma
criança aprendendo a andar, engatinhando, dando os primeiros passos,
precisando do auxílio ou suporte daqueles que já sabem andar para
poder deslanchar? Ou seja, não acontece de uma hora para outra. Na
escrita, como em qualquer outra “arte de fazer” (Michel de Certeau)
vale a máxima de que é a prática que conduz à perfeição. Hoje percebo
que estou longe da perfeição, mas não tão longe se comparado a
quando comecei a dar os primeiros passos. Então, ninguém pode se
declarar péssimo escritor ou incapaz sem antes ter tentado, sem ter
dado os primeiros passos.

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Para quem eu escrevo? Em primeiro lugar, como já deve ter ficado
evidente, para mim mesmo, como forma de terapia, aprendizado, de
externar idéias que fervilham e sentimentos que transcorrem – ainda
que sentimentos sejam perigosos (é preciso deixar o texto “de molho”
quando se escreve tomado por eles) e a idéias, mutáveis. Em segundo
lugar, escrevo para alguém, para o outro, para gerar algum tipo de
impacto, por menor que seja, e nem que seja de repulsa (o que é bem
possível) em alguém – mas é óbvio que a intenção é fomentar o bem
e a boa transgressão em outras pessoas. Escrevo porque quero gerar a
fome de pensar!

II. Para quê (quem) Lucas escreveu?


Há pelo menos três coisas que me chamam atenção nessa
introdução de Lucas ao seu evangelho – e isso me ajuda a pensar na
pergunta do começo.
(1) Primeiro, ele diz que “muitos se dedicaram” à tarefa a qual ele
se propõe a fazer, talvez com muito mais habilidade, fôlego e extensão
que ele. Imagino que Lucas, ao levar isso em consideração, pode ter
pensado: “Bem, diante de tais relatos, que posso eu relatar?”. Não é
esse o conflito inicial de quem se vê na posição de ter que redigir um
relato: “Que posso eu escrever, se tantos já o fizeram e tão bem feito?”.
Aí é que está o ponto: muitos já o fizeram, mas não com o meu olhar.
Os conhecimentos podem até ser os mesmos, bem como a realidade
e os temas. A particularidade, porém, está no olhar de quem escreve:
suas perspectivas, experiências e maneiras de tratar o “comum”. Lucas
parece ter encontrado a sua. Eu, às vezes penso que encontrei, às vezes
ainda me vejo em busca.
(2) Segundo, ele diz que “investigou tudo cuidadosamente”
antes, para depois produzir um “relato ordenado”. Fica evidente que
esse “olhar” de Lucas não brotou do nada, sem esforço, sem pesquisa
dedicada, coleta minuciosa e análise cuidadosa das informações que
tinha à sua disposição. Ou seja, não se produz um “relato ordenado”
sem antes investir uma boa dose de leitura e investigação sobre aquilo
que se quer escrever. Há muitas besteiras sendo escritas, e boa parte
delas advém da falta de informação e dedicação antes de simplesmente

44 Metodologia da Pesquisa Científica


“se lançar” no ato de escrever. Alguém só poderá escrever bem e
ordenadamente se antes leu e pensou no que leu.
(3) Terceiro, o texto de Lucas tem um “para que”, indicando
finalidade, propósito. Ele queria que Teófilo tivesse “certeza”, segurança
acerca daquilo em que fora instruído. Há um teor testemunhal e
apologético nesse empreendimento de Lucas, uma meta clara. A
escrita precisa de uma finalidade para ser relevante, ainda que esta
seja, como disse no começo, atender anseios e necessidades pessoais.
E, ainda assim, é possível edificar outros. Henri Nouwen é um
modelo nesse quesito. Boa parte de seus escritos são diários, escritos
originalmente para si mesmo, como hábito, necessidade, disciplina e
satisfação pessoal. Mesmo assim – ou precisamente por isso – quando
publicados, ajudaram muitas pessoas a se identificarem e encontrarem
seu caminho, seja ele qual for. Quando escrevemos com um “para
que”, e esse cai na graça de encontrar outros “para quês” semelhantes,
dificilmente nossas palavras “voltam vazias”. O propósito, portanto, é
o alvo, que ajuda a evitar que nos percamos naquilo que nós mesmos
escrevemos, nem que aquilo que escrevemos se perca, caindo no vazio.
Outra vez: por que eu escrevo? Porque a escrita me transforma,
dá asas à boa transgressão, à chance do encontro, do diálogo, do
crescimento e, com eles, a possibilidade de transformar meu ambiente
e círculo de influência, por menor que ele seja.

Alguns problemas formais na redação de textos


acadêmicos
Por: Ciro Flamarion Cardoso
Para redigir é preciso: 1) ter algo a dizer; 2) ao escrever, submeter
os pensamentos a alguma ordem que faça sentido. Em termos gerais,
os aspectos a considerar seriam:
1. Há certas ideias ou fatos que se quer comunicar;
2. Tais ideias deverão ser plasmadas em palavras e expressões;
3. As palavras e expressões deverão ser englobadas em frases e
parágrafos gramaticalmente corretos e dotados de clareza;

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4. Palavras, frases e parágrafos devem fluir de um/a para o/a
outro/a, espelhando, em sua ordem de aparecimento no texto, um
pensamento ordenado e lógico;
5. O que se escreve destina-se a um público específico com certas
características e exigências (por exemplo: não é o mesmo escrever
um E-mail a um amigo e redigir uma comunicação destinada a ser
apresentada quando de uma reunião científica).
Os defeitos de redação podem aparecer em qualquer dos pontos
acima. O redator pode não ter claro o que pretende comunicar ou,
pior ainda, pode não ter algo a dizer. Neste último caso, naturalmente,
não deveria redigir coisa alguma. Se tem algo a dizer mas não o tem
claro, deve primeiro esclarecer o que pensa e só então redigir. Seu
vocabulário pode ser inadequado para uma redação acadêmica, ou
muito pobre. Isto se corrige lendo textos de bons autores, bem como
ouvindo pessoas de bom nível acadêmico, que dominem o vocabulário
necessário, ou com elas trocando idéias: por exemplo, freqüentando
ou pelo menos acompanhando com atenção as reuniões científicas de
seu setor de estudos. As frases e parágrafos podem violar as regras
gramaticais estabelecidas que não cabe a ninguém inventar enquanto
escreve ou ser pouco claras, seja por essa mesma, seja por outra
razão. A gramática, como qualquer outra coisa, pode ser aprendida e
treinada. A transição de um parágrafo ao seguinte talvez seja abrupta
ou pouco lógica, ou a ordem de apresentação dos dados e argumentos
quiçá não seja a melhor. O ordenamento desejável pode ser obtido
mediante a confecção de um plano antes de começar a redigir: um
plano assim segue algumas regras gerais que não são de aprendizagem
muito difícil. Por fim, a redação possivelmente não se adeque ao tipo
de público a que se destina, por estar plasmada, por exemplo, num
registro coloquial da língua ao se tratar de um texto que deveria usar o
registro erudito, formal, do mesmo idioma. Nada impede o redator de
esforçar-se no sentido de uma adequação do registro de seu texto ao
público específico a que se dirige.
Resolver equações e redigir textos são coisas que funcionam
segundo regras bem diferentes em cada caso. Em especial, a redação
só tem normas flexíveis, todas elas conhecedoras, em alguns casos, de

46 Metodologia da Pesquisa Científica


exceções legítimas. Por exemplo: embora a repetição de palavras deva
ser evitada, ela é permissível em certas construções e deve empregar-
se quando a clareza o exija. O uso pertinente das regras da redação
depende do bom senso e do treinamento, que permitem ao autor achar
a expressão mais adequada em cada ponto de seu texto.
Um dos conselhos mais úteis talvez o mais útil de todos que
podem dar-se a quem procura treinar uma boa redação é o seguinte:
ache e elimine as palavras inúteis. Quase sempre, a releitura atenta de
um texto permite encontrar palavras ociosas, com muita freqüência
adjetivos ou cláusulas limitativas, detalhes inúteis ou excessivos,
repetições das mesmas noções mediante palavras diferentes, explicações
desnecessárias que insultam a inteligência do leitor ou ouvinte. Em
todos estes casos, riscar o que sobra é uma excelente idéia.
Outros conselhos são os seguintes, sempre como regras gerais,
pois todos admitem exceções:
1) prefira palavras curtas, simples e familiares; evite palavras
longas e jargão;
2) prefira o termo concreto ao abstrato;
3) prefira o ativo ao passivo;
4) prefira a palavra única a uma locução equivalente composta
de várias palavras;
5) prefira o vocabulário português consagrado a neologismos,
anglicismos, galicismos, etc., bem como o vocabulário erudito ao
coloquial ou chulo.
A expressão “na eventualidade de” pode, quase sempre, ser
substituída com proveito por um simples “se” ou “caso”. Aquela
locução é indireta, “eventualidade” é termo longo, “se” é muito mais
inteligível de forma imediata, por ser termo usual e familiar da língua.
Em português existe, na atualidade, o péssimo hábito de preferir o
abstrato ao concreto. Assim, em lugar de “busca do lucro”, fala-se
em “busca da lucratividade”, o que, além de pomposo, é jargão e
anglicismo. Aliás, os anglicismos vicejam como erva daninha. Um dos
mais praticados hoje em dia, originado num ambiente de economistas,
é a expressão “demanda por” (do inglês demand for), em lugar do
correto “demanda [ou procura] de”. Há também certa tendência a

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preferir o passivo ao ativo, como em “não fui comunicado”, expressão
absurda gramaticalmente que se usa em vez de “não se me comunicou”,
“não me comunicaram tal coisa”, ou, num passivo correto, “isto não
me foi comunicado”. O passivo poderá preferir-se quando se desejar
que a ênfase recaia numa ação genérica, sem sujeito definido, como
em “alugam-se quartos” (com o sentido de “quartos são alugados”,
não se querendo dizer por quem).
Na construção de frases e parágrafos, os conselhos principais
podem ser os seguintes:
1) cada parágrafo deve conter uma única afirmação ou noção
central, situada na cláusula gramaticalmente principal do parágrafo; se
ele contiver duas ou mais afirmações ou idéias importantes, divida-o
em dois ou mais parágrafos;
2) prefira quase sempre a ordem natural das palavras na frase
(sujeito-predicado-complemento), evitando as inversões causadoras
de ambigüidade;
3) palavras que modificam ou qualificam outras, tais como
adjetivos e advérbios, devem situar-se o mais perto que for possível
dos termos que modificam ou qualificam, também neste caso para
evitar possíveis ambigüidades ou uma forma tortuosa e pouco fluida
de expressão;
4) o uso de pronomes que substituam outros termos deve ser
objeto de cuidadoso planejamento, ainda aqui num esforço para evitar
a ambigüidade;
5) as primeiras e as últimas palavras de um parágrafo atraem
mais a atenção do que as
demais: assim, o que se quer enfatizar no parágrafo deve vir no
início ou no final do
mesmo, não no meio dele;
6) não introduza em excesso, num parágrafo, expressões ou
frases que modifiquem ou
qualifiquem as afirmações;
7) quase sempre é preferível a forma mais breve à mais longa de
armar frases e parágrafos; entretanto, a busca da brevidade não deve
prejudicar a clareza.

48 Metodologia da Pesquisa Científica


Como se pode ver, muitas das regras se referem à eliminação
da ambigüidade. Por exemplo, uma frase como “Os alunos devem
apresentar-se no terreno de ginástica só de tênis” é ambígua devido a
uma construção ruim, que, entre outras coisas, pode dar a entender
que tais alunos devam aparecer nus (“só de tênis”). A frase, um aviso
colegial, provavelmente pretendesse comunicar uma de duas coisas, ou
ambas: “Só se admite o uso de tênis pelos alunos durante as aulas de
ginástica”; ou “O uso de tênis pelos alunos é obrigatório nas aulas de
ginástica”. Os pronomes substitutivos e o “que” podem facilmente causar
ambigüidade. Por exemplo: “Eu vi os anúncios dos tênis Nike, de que
não gostei”. Ou ainda: “Eu vi os anúncios dos tênis Nike mas não gostei
deles”. Em ambos os casos: a pessoa não gostou dos anúncios, ou dos
tênis? O mesmo quanto a cláusulas subordinadas. “Eu vi Ana sentada
numa pedra com o tornozelo torcido” pode parecer involuntariamente
cômico, ao sugerir um pedra cujo tornozelo esteja torcido. A outra
grande busca, que é a da concisão (e não “pela concisão”, vejam lá!), às
vezes deve ceder o lugar a repetições, quando necessárias para garantir
a clareza das afirmações. Num dos exemplos acima, seria melhor dizer
“Eu vi os anúncios dos tênis Nike, mas não gostei desses tênis”, apesar da
repetição da palavra “tênis”, pois em tal caso não haveria ambigüidade.
Se tratarmos agora do uso dos elementos gramaticais de conexão,
os principais são:
1) partículas de conexão, como “e”, “mas”, “embora”, etc.;
2) advérbios e locuções de sentido adverbial, como
“evidentemente”, “por exemplo”, “já que é assim”, “como veremos”, etc.;
3) pronomes e artigos (por exemplo, quando uma frase começa
com “Ele” ou com “O homem em questão”, por exemplo, uma conexão
está sendo estabelecida necessariamente com algo dito antes);
4) repetições gramaticalmente válidas (por exemplo aquelas
introduzidas pela palavra “tal”).
A conexão (eventualmente também separação ou oposição)
entre partes integrantes do discurso depende dos elementos acima e
também do bom uso da pontuação. Quanto aos elementos gramaticais
de conexão, é preciso, antes de mais nada, aprender o que cada

49
um deles de fato quer dizer, as gradações semânticas e lógicas que
implique o seu emprego. Questão mais ampla é a seguinte: que grau
de conexão deve estabelecer-se entre os elementos do discurso? Não
existem regras fixas. Tanto se pode pecar pela ausência ou parcimônia
excessiva das conexões e transições, tornando o discurso desconexo
e por conseguinte obscuro, como pelo excesso de conexões. Existe,
nos ouvintes e leitores, como em todos os seres humanos, algo que
se conhece como competência textual e permite omitir algumas das
conexões ou transições, deixando-as implícitas, sem prejuízo da
compreensão. Quando se ouve ou lê “Soou um tiro. A ave caiu”, quem
ouvir ou ler inferirá sem dificuldade, por si mesmo/a, que a ave caiu
porque foi atingida pelo tiro.
A articulação mais geral do texto depende de certo planejamento
prévio, cujo detalhe necessário pode variar com a prática acumulada.
Também neste ponto, as regras não são absolutas. Se por um lado
é verdade que um texto acadêmico não planejado tende a ser mal
organizado e pouco lógico em suas articulações, bem como na ordem
de apresentação dos dados e argumentos, também o é que, enquanto
se redige, novas possibilidades costumem apresentar-se, novas
idéias inclusive quanto ao ordenamento geral possam surgir. Se tais
elementos não previstos de início forem válidos e interessantes, não há
razão alguma para não operar mudanças no planejamento inicial com
a finalidade de introduzi-los.
Há autores que chegam ao resultado final mediante sucessivas e
às vezes numerosas versões: reescrevem, portanto, seu próprio texto
até que este os satisfaça. Pessoalmente, acho que isso é uma perda de
tempo. Com alguma prática, é perfeitamente possível redigir o texto
numa única versão, corrigindo-a, sem dúvida, com cuidado e, se for o
caso, nela introduzindo algumas modificações o que é bem diferente
de produzir diversas aproximações antes da versão final e, também,
um processo menos longo.
A releitura do texto produzido, para correção e polimento, é
essencial. O melhor método consiste em deixar repousar o texto por
alguns dias antes de proceder à mencionada releitura: se esta for feita
imediatamente após terminada a redação, o autor não conseguirá
perceber “de fora” o produto de seu trabalho e deixará de detectar

50 Metodologia da Pesquisa Científica


problemas que, algum tempo depois, se lhe tornariam patentes ao reler.
Ao retomar o trabalho e reexaminá-lo para correções e ajustes,
convirá formular para si mesmo certas perguntas:
1. Será que permaneci no interior de minha temática
principal, sem introduzir recheios, irrelevâncias, detalhes
excessivos, desenvolvimentos colaterais? Pelo contrário, o
desenvolvimento dos tópicos centrais é suficiente?
2. Cada parágrafo do texto é uma unidade natural e
equilibrada, bem situada no conjunto? Existem tópicos fora de
contexto, aparentemente isolados ou irrelevantes?
3. Minhas frases são concisas e diretas, ou longas demais
e tortuosas? Seu sentido é sempre claro? Todos os pronomes
substitutivos usados têm de fato um antecedente?
4. Serei capaz de definir cada palavra que usei, sem exceção?
Empreguei na maioria dos casos termos concretos e usuais,
evitando modismos, jargão e termos vagos?
5. O efeito geral do texto é o pretendido ao planejá-lo? Não
haverá partes maçantes ou pesadas?
6. Uma pessoa não especializada no assunto entenderá o
meu texto? As afirmações nele contidas estarão suficientemente
apoiadas em dados, exemplos e outros elementos imprescindíveis?

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Anotações
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52 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 5
Princípios e tipologias para leitura e interpretação
Para entendermos que leitura e interpretação de textos devem
ser bem mais que simples saber de palavras e significados. Abaixo
algumas ideias:
Como dizia Rubem Alves “Todo pensamento começa com um
problema” e esse problema precisa ser solucionado ou quando menos,
analisado. Por isso nos deparamos sempre com paradoxo = aquilo que
é contrário à opinião comum (doxa); desequilíbrio.
A Bíblia faz muito isso. Eclesiastes reflete isso.
Por exemplo: O que é a vida? (Desconfiança, admiração e
problematização da realidade); A vida é vaidade... (exame cuidadoso,
esforço, trabalho) etc.
Pensar dói... (convivência com o mistério, aceitação do paradoxo,
do inexplicável).
Por causa de tudo isso, somos chamados à excelência e
honestidade, também com aquilo que escrevemos.

Lidando com Problemas

Afinal, quem pecou? O cego, Jesus e o pensamento


complexo.
Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. Seus discípulos lhe
perguntaram: “Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais,
para que ele nascesse cego?”. Disse Jesus: “Nem ele nem seus
pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se
manifestasse na vida dele” (João 9.1-3)

Esse texto pode servir de exemplo para como olhamos para os


problemas práticos (e os de pesquisa) e que soluções nós damos para eles.
A narrativa diz que Jesus, caminhando, viu um cego de nascença. Se
ele era “cego de nascença”, isso significa que não teve escolha e essa sempre
fora uma das “porções” de sua “vida debaixo do sol”: ser cego. Mas havia
pressupostos culturais e religiosos em jogo. Muitos judeus acreditavam

53
que a “má sorte” (ou sinais da contingência) temporal era fruto do pecado.
Baseados nesse “senso comum”, os discípulos fazem a pergunta:
“Afinal, quem pecou”, que oferece apenas duas possibilidades ao
problema: (a) assume que ele pecou, é fato, só pode ser isso; (b)
restando saber se foi ele (na improvável chance dele ter pecado ainda
no útero de sua mãe), ou seus pais (numa versão judaica da “maldição
hereditária”). Como disse recentemente o educador britânico Ken
Robinson, em entrevista para a Revista Isto é, “o mundo se divide em
duas categorias de pessoas: aquelas que dividem o mundo em duas
categorias e aquelas que não”. Os discípulos parecem se encaixar na
primeira categoria...
Jesus, por sua vez, oferece uma visão alternativa (não categorizável)
e bem mais complexa: “Nem uma coisa, nem outra; isso ocorreu pra que
na vida dele se manifestasse a obra de Deus”. Muito antes de inventarem o
paradigma moderno da complexidade, Jesus já pensava complexamente.
A prova disso é que em sua resposta ele não fecha questão – não é
somente isto ou somente aquilo – mas abre o leque de possibilidades,
que envolve as dinâmicas da vida, da fé e da ação de Deus.
Talvez, o problema de fundo da questão seja o problema do
sofrimento humano. E a pergunta específica poderia ser: “Por que
sofremos de doenças e outras limitações físicas e humanas?”. O
olhar dos discípulos para a questão é o cultural-religioso, baseado
em pressupostos e teorias fechadas. A resposta, por consequência, é
determinista e simplista, baseada na lógica (Teo-lógica) de causa-efeito:
existe o sofrimento (cegueira); e sofrer é sempre ruim, porque é fruto do
pecado; logo, alguém pecou, ou o cego ou seus pais. Resolvido o dilema!
O resultado de uma pergunta na qual a resposta já está embutida
e de um problema mal formulado é a construção de respostas capengas,
simplistas e unilaterais.
O olhar de Jesus para a questão é o divino, compassivo, abrangente,
complexo, que enxerga diferentes lados e não se arvora em oferecer
respostas simplistas, fáceis, para situações complexas. A resposta de
Jesus me faz parar pra pensar se a Bíblia tem uma resposta lógica e
definitiva ao problema do sofrimento. Parece-me que não. Isto, pois,
se pode considerar que: (a) todos sofremos, de um jeito ou de outro;

54 Metodologia da Pesquisa Científica


(b) nem todo tipo de sofrimento tem uma origem certa ou razão de ser
lógica e racional. Então, a questão permanece aberta...
A resposta de Jesus não é a de alguém que quer dar explicações, é
a de quem quer encontrar finalidade e propósito na existência, por mais
dura que seja. O que ele responde, portanto, não é o que Deus “pensa”
sobre o sofrimento daquele homem, para remontar a sua origem, e
sim o que Deus faz a respeito. Nesse caso, Deus curou e libertou. Mas
a obra de Deus é dinâmica (como a vida) e não se apresenta apenas de
um jeito. E não é para que ela se manifeste que existe o sofrer, mas, em
meio ao sofrer, ela pode se manifestar de modo surpreendente. Como
disse William P. Young, autor de A Cabana: “A graça não depende da
existência do sofrimento, mas onde há sofrimento você encontrará a
graça de inúmeras maneiras”.

1. Leitura: função e relevância


Definir a função e relevância dos textos é fator decisivo no
estudo, que amplia horizontes e perspectivas. Lógico que a qualidade
da leitura está condicionada à qualidade da escrita. Quanto melhor
lemos, melhor pensamos, melhor escrevemos.
Ler traz grandes benefícios: ampliação de conhecimentos,
obtenção de informações básicas ou específicas, sistematização de
pensamento, enriquecimento de vocabulário, novos “insights”.
Há alguns elementos para uma boa leitura (vários contextos
acadêmicos):
1. Procurar, antes de tudo, saber quem é o autor do texto;
2. Preocupação com o entendimento das palavras (mais ou
menos conhecidas), conceitos, fatos, autores citados, etc;
3. Deve ser continuada, quando a obra for fundamental, e
interrompida, se não for útil para o momento da pesquisa;
4. Deve ter um ritmo próprio: “nem tão rápida que não se capte
o que se lê e nem tão lenta que produza distração”;
5. Deve ser submetida a discussões frequentes com colegas.

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2. Fases típicas de leitura acadêmica
Há diversos tipos de delimitações, aqui destaco quatro delas:
(a) Reconhecimento – pré-leitura e exploração do texto em geral;
(b) Seletiva – seleção das partes mais importantes; eliminação do
supérfluo, concentração no que é pertinente ao seu objeto (investir na
prática de sublinhar, resumir e anotar nas bordas);
(c) Compreensiva – reconhecimento das teses e afirmações do
autor no texto; antes de interpretar, é preciso compreender! Dicas do
próprio autor: “Este é o ponto” ou “Minha tese é...”. Criticar o que o
autor diz em função de seus propósitos;
(d) Interpretativa – aqui o leitor coloca suas perguntas ao autor,
dialogando com ele; formula juízo crítico e toma posição;
(e) Problematizadora – levantar problemas, a partir do texto,
para reflexão pessoal e discussão coletiva sobre ele. De que modo este
texto nos provoca e para onde pode nos levar?
E a chamada “leitura dinâmica”? Em uma entrevista, Rubem
Alves chamou-a de “praga”, e acrescentou as seguintes palavras:
“A leitura é um prazer! E, como todo prazer, demanda tempo.
Quando pensamos que estamos ganhando tempo, estamos o
estragando”.

3. O que são textos?


Numa leitura mais literal e simples, o texto é uma sequência de
expressões conectadas em cadeia de maneira ininterrupta; segundo uma
visão mais específica, texto é um conjunto de elementos linguísticos,
escritos ou falados, organizado como um todo, visando comunicar
um sentido sobre algo, ou seja, não poderiam ser considerados textos,
na segunda acepção, palavras que são jogadas e unidas sem nenhum
sentido ou critério.
Exemplo: “Mim saber ontem a estabelecimentos de uma vez
por todas não me peça o Corinthians Palmeiras se amam não me
importune”.
Não faz sentido, então não é um texto.

56 Metodologia da Pesquisa Científica


4. O texto e seus leitores
Não há textos sem leitores; leitores pedem textos e textos, seus
leitores, mas há formas e formas de apreensão das leituras de um texto.
Eis algumas:
1. Forma ascendente – Leitura como processo de decodificação
de palavras, para entender o sentido que o próprio texto oferece; cabe
ao leitor decifrar.
2. Forma descendente – Leitura como um esforço de construção
de sentido a partir do próprio leitor; o sentido não reside no texto, mas
em seu leitor.
3. Forma interacionista – Leitura como uma fusão de dois
mundos, o do texto e o do leitor. A prática de leitura condensa tanto
as informações do texto, com as que o leitor traz consigo.

5. O texto e sua intenção


Todo texto, quer seja explícita ou implicitamente, possui uma
intenção (concreta ou abstrata). Essa intenção está ligada com o tipo
de texto que se quer produzir (propagandístico, informativo, opinativo,
literário, acadêmico, etc.), e com o seu conteúdo.
Como o título, sua função é dar o “endereço do trabalho”.
Um texto, de qualquer natureza, sem uma intenção clara, tende
a se tornar disperso e a dispersar seus leitores. A intenção pode
ser descrita como “propósito” e como “tese” - propósito = onde o
autor pretende chegar com o texto/finalidade (“para que”, “a fim de
”, “visando”, etc.). Tese = sentença (frase, parágrafo) que antecipa a
teoria que o autor pretende defender ao longo do texto.
A coerência da leitura como da escrita de um texto ficam
comprometidas sem a indicação da intenção. Não se pode indicar
uma intenção que não possa ser cumprida no final (avaliação a partir
daquilo que se “promete”).
Exemplos - textos bíblicos

57
A intenção (ou intenções) geralmente vem no início (dicas que
autor dá), ou podem estar no meio do texto ou obra.
“Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que
se cumpriram entre nós, conforme nos foram transmitidos
por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e
servos da palavra. Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente,
desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó
excelentíssimo Teófilo, para que tenhas a certeza das coisas que
te foram ensinadas” (Lc 1.1-4)

“Jesus realizou na presença dos seus discípulos muitos outros


sinais miraculosos, que não estão registrados neste livro. Mas
estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo,
o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (Jo
20.30-31)

“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar


aos seus servos o que em breve há de acontecer. Ele enviou
o seu anjo para torná-la conhecida ao seu servo João, que dá
testemunho de tudo o que viu, isto é, a palavra de Deus e o
testemunho de Jesus Cristo” (Ap 1.1-2)

6. Níveis de leitura
Platão e Fiorim
Refletem a noção de que a leitura possui “níveis” ou etapas a
percorrer. À medida que você avança as etapas, do mais concreto ao
mais abstrato, o texto vai ficando mais claro.
Platão e Fiorin propõem três níveis básicos e progressivos:
1. Estrutura superficial, de onde brotam os significados mais
concretos e diversificados. É nesse nível que se instalam no texto o
narrador, os personagens, o tempo, a situação-problema, o contexto e
as ações concretas;
2. Estrutura intermediária, onde se definem basicamente os
valores com que os diferentes sujeitos entram em acordo ou desacordo,

58 Metodologia da Pesquisa Científica


e se estabelecem níveis de argumentação;
3. Estrutura profunda, onde ocorrem os significados mais
abstratos e mais simples. É nesse nível que se podem identificar dois
significados abstratos que se opõem entre si e garantem a unidade do
texto inteiro. [Ex. Culpa versus Graça]
Libânio
João Batista Libânio (2006) faz distinção entre 3 níveis:
1. Desconfiança: o que diz a realidade? (Momento objetivo).
Momento de escuta, humildade, atenção objetiva, de querer
saber o que o texto diz por si mesmo;
2. Proximidade: o que a realidade me diz? (Momento subjetivo).
Momento de aproximação entre o texto e nossa interpretação
do texto; instante de originalidade e criação;
3. Comunicação: o que a realidade me faz dizer? (Momento
intersubjetivo). Momento de pensar e dizer aos outros o que o
texto me (nos) diz. Implica na criticidade e distinção diante do
texto, de mim mesmo e de quem me ouve (lê).

7. Relação entre textos


1. Intertextualidade: o uso que um texto faz de outros, a
ele anteriores ou contemporâneos, por três formas: citação
(uso literal), alusão (não literal) e estilização (imita o
estilo);
2. Interdiscursividade: o uso que um texto faz de discursos,
a ele anteriores ou contemporâneos, de forma contratual
(por acordo entre ideias) ou polêmica (quando o discurso
é utilizado sem concordância).

8. Escrever: a abertura de poços profundos


Por Henri J. M. Nouwen
Traduzido de Daily Meditation (Henri Nouwen Society)

59
I. Escrever pode ser uma verdadeira disciplina
espiritual.
Escrever pode nos ajudar a nos concentrar, a entrar em contato
com o que há de mais profundo em nossos corações, a clarear
nossas mentes, a processar emoções confusas, a refletir sobre nossas
experiências, a dar expressões artísticas ao que estamos vivendo, e a
armazenar eventos significantes em nossas mentes. Escrever pode ser
bom também pra quem vai ler o que escrevemos.
Muitas vezes um difícil, doloroso ou frustrante dia pode ser
“redimido” ao se escrever sobre ele. Pela escrita podemos reclamar
aquilo que vivemos e integrar isso mais plenamente em nossas
jornadas. A escrita pode ser uma forma de salvar nossas próprias vidas
e às vezes as dos outros também.

II. Escrever não é apenas uma anotação de ideias.


Frequentemente se diz: “Eu não sei o que escrever. Não tenho
pensamentos que valham a pena ser anotados”. Porém, a boa escrita,
em si, nasce do próprio processo de escrever.
Tal como simplesmente sentamos em frente a uma folha de papel e
começamos a expressar em palavras o que está em nossas mentes ou em
nossos corações, novas idéias emergem, ideias quem podem nos surpreender
e nos levar a lugares interiores que mal sabíamos que estavam lá.
Um dos aspectos mais prazerosos da escrita é que ela abre poços
profundos para tesouros escondidos que para nós são bonitos de ver, e
às vezes para os outros também.

III. Falta de originalidade não é desculpa para


deixar de escrever.
Um dos argumentos frequentemente usados para não escrever
é esse: “Não tenho nada de original para dizer. O que quer que eu
diga alguém já disse antes de mim, e bem melhor do que eu nunca
poderia ter dito”. Esse, contudo, não é um bom argumento para não se
escrever. Cada pessoa humana é única e original, e ninguém viveu o
que essa pessoa viveu.

60 Metodologia da Pesquisa Científica


Além disso, o que temos vivido não é apenas para nós próprios,
mas para outros também. A escrita pode ser uma maneira muito
criativa e revigorante para tornar nossa vida disponível a nós mesmos
e aos outros. Temos que confiar que as nossas histórias merecem ser
contadas. Podemos descobrir que quão melhor escrevermos nossas
histórias, melhor desejaremos vivê-las.

9. Aspectos formais da escrita


Aspectos a se considerar em termos gerais:
• clareza – nasce de quem escreve, para comunicar a quem lê;
• vocabulário – domínio da linguagem necessária p/ comunicar;
• Plano/ esboço – antecede a escrita/ serve para orientá-la;
• Redação – normas flexíveis/ liberdade/exceções legítimas;
• Público específico, com certas características e exigências;
• Palavra certa , no lugar certo– fazer “lipoaspirações” no texto;
• Coerência – relação que se estabelece entre partes do texto,
criando uma unidade de sentido (de não-contradição);
• Coesão – conexão entre palavras ou expressões do texto por
meio de conectivos (porque, no entanto, mas, ora, ou, e, assim, o qual,
para que, quando, etc.). Este uso indica um tipo de relação semântica
entre seguimentos do texto (causa, finalidade, conclusão, contradição,
condição, etc.)
Para escrever um texto acadêmico, veja algumas indicações:
A) Em qualquer texto acadêmico, seja resenha, análise, resumo,
projetos (iniciação científica, mestrado, doutorado, pós-doutorado), é
de primordial importância escrever de maneira clara, precisa, concisa
e com bom domínio do idioma culto.
B) O texto deve se desenvolver por meio de encadeamentos
lógicos ou nexos argumentativos evidentes. Um texto prolixo,

61
impreciso e desorganizado dificilmente prenderá a atenção do leitor e,
portanto, não conseguirá convencê-lo das hipóteses defendidas e das
teses sustentadas. Um texto que exige do leitor um enorme esforço de
compreensão é, do ponto de vista demonstrativo, ineficaz.
C) Convém que as frases sejam curtas e que cada uma delas
contenha uma só ideia. Evite intercalações excessivas ou ordens
inversas desnecessárias.
D) Na construção dos argumentos, é preciso evitar tanto o excesso
de parágrafos, em que cada frase é considerada um novo parágrafo,
como a ausência de parágrafos. No texto, os parágrafos representam
a articulação dos raciocínios e por isso a relação entre um parágrafo
e o seguinte deve ser evidente e linear. Lembre-se que “a mudança de
parágrafo toda vez que se avança na sequência do raciocínio marca o
fim de uma etapa e o começo de outra” (SEVERINO, 2003, p. 85).
E) Evite expressões coloquiais, gírias, jargões, excesso de termos
técnicos, pedantismo, barbarismos, bem como expressões e raciocínios
de senso comum. Tampouco aposte numa suposta erudição para
impressionar o leitor.
F) Um bom texto é gramaticalmente correto. Respeite as regras
de pontuação e acentuação (em especial a crase). Atente para a
concordância verbal e nominal, regência verbal e nominal. Lembre-
se que nem os acentos nem a pontuação foram abolidos. Na dúvida,
consulte um bom livro de gramática e os dicionários da língua
portuguesa.

10. O uso dos conectivos em um texto


De acordo com a análise de Platão e Fiorin (2003), são várias
as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de
elemento de coesão:
- as preposições: a, de, para, com, por, etc.;
- as conjunções: que, para que, quando, embora, mas, e, ou, etc.;
- os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, que, o qual, etc.;

62 Metodologia da Pesquisa Científica


- os advérbios: aqui, aí, lá, assim, etc.
“O uso adequado desses elementos de coesão confere unidade ao
texto e contribui consideravelmente para a expressão clara das ideias.
O uso inadequado sempre tem efeitos perturbadores, tornando certas
passagens incompreensíveis”.
Exemplo 1 – Coerência e Coesão
Coerência
“Embora existam políticos competentes e honestos, preocupados
com as legítimas causas populares, os jornais, na semana passada,
noticiaram casos de corrupção comprovada, praticados por um
político eleito pelo povo. Isso demonstra que o povo não sabe escolher
seus governantes”.

Coesão
“O remédio para a doença – ainda que amargo e nem sempre
tão eficaz e instantâneo como um tranquilizante narcísico – pode ser
expresso pelo que Rosset chama de “aceitação jubilosa de si”, ou o que
Tillich chama de “coragem de ser a despeito de não ser” (...) Tomando
de empréstimo todos esses termos, eu diria que a aceitação jubilosa
de si mesmo passa por uma profunda assimilação – tão profunda
que penetre não somente o intelecto, mas o âmago, as “entranhas”...
– das tenras palavras de aceitação do Pai: “A minha graça te basta”
(2Co 12.9). Parafraseando Tillich, trata-se da coragem de “aceitar a
aceitação”, isto é, aceitar a nós mesmos como somos, porque assim
fomos previamente aceitos pelo Pai, sem nenhum requisito mínimo”.

Exemplo 2 – Uso dos conectivos na redação


“Eu não escolhi nascer, diz alguém, sempre que precisa culpar
outro alguém (no caso, seus pais) por quão infeliz é a sua existência.
Há algumas escolhas às quais nos submetemos sem poder participar
nem retrucar, e o nascimento é uma delas”.
Mas, no processo de nosso crescimento, desde a infância, pode

63
parecer que não, mas nós fizemos escolhas. Levei meu primeiro choque
elétrico porque eu escolhi pôr o dedo na tomada; fiquei com o olho
roxo porque eu escolhi provocar meu colega (e porque ele escolheu
revidar); a mentira fez parte da minha vida porque eu escolhi mentir,
e por aí vai...
Assim, por mais imaturas, infantis e até inconsequentes, todos os
que têm pulso de vida, inteligência e corpo, desde muito cedo, fazem
escolhas, e fazem de suas vidas o que bem entendem.
Portanto, posso até não ter escolhido nascer, mas não posso viver
minha vida miserável, pra sempre culpando outros por sua miséria.
Tenho de me perguntar: e depois de tudo, quem escolheu viver assim?
Quem se limitou a esse modo de vida? É preciso coragem para assumir,
e carregar o fardo (ou o peso leve) de suas próprias escolhas.

Exemplo 3 – Apresentação de uma obra


Auxiliar o aluno a tornar-se um leitor autônomo e um produtor
competente de textos é o compromisso primeiro de nosso ofício.
Todos sabem, porém, que essa tarefa é difícil. Para contornar essa
dificuldade, não têm faltado propostas pedagógicas que, quando não
apelam para soluções fáceis, perdem-se em generalidades e conselhos
vagos que não fornecem nenhum subsídio para a prática diária do
professor e nenhum indicador dos passos que o aluno deve seguir. Este
livro, resultado de estudos e da prática de vários anos em sala de aula,
foi escrito para arriscar uma resposta concreta ao desafio de ensinar o
aluno a interpretar e a produzir textos. Ele surge da crença de que, ao
menos no âmbito de nossa realidade social, a escola não pode deixar-
se levar pela ilusão de que o aprendizado da leitura e da escrita vá
resultar de uma competência a ser espontaneamente adquirida ao
longo da experiência escolar. Este livro baseia-se antes no pressuposto
de que a explicitação dos mecanismos de produção de sentido do
texto contribui decisivamente para melhorar o desempenho do aluno
na leitura e na escrita. (Platão e Fiorin, 2003, p. 03)

64 Metodologia da Pesquisa Científica


11. Redação e linguagem acadêmicas
Preferências:
Uso de linguagem não discriminatória (Manual de Metodologia
da FTSA)
Evite usar Sugestões para uso
Deus ama o homem Deus ama a humanidade, o ser humano, ou
ainda... O homem e a mulher

Terceiro mundo Países em desenvolvimento


Os alunos Alunos e alunas
Use linguagem simples, direta e concreta – evitar pomposidade,
verbalismo vazio e fórmulas feitas.
É facultativo o uso da terceira ou primeira pessoa. Dependem
dos objetivos, estilo e habilidades de cada um. O “nós” do autor remete
a uma convenção (leis do meio).
Estes são alguns princípios e tipologia para uma boa leitura
e interpretação de textos. Procure por mais, aprofunde na leitura e
descubra mais sobre isso.

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Anotações
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66 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 6
Relatórios de leitura: resumo e resenha
Jonathan Menezes
1. Resumindo de um texto
Primeiro: O que é um Resumo?
O resumo pode ser definido como:

Apresentação objetiva, com suas próprias palavras, das


principais idéias desenvolvidas na obra, visando à compreensão
da obra.

Resumir significa “reduzir o texto”, com palavras próprias, sem


perder de vista três elementos:
a. Cada uma das partes essenciais do texto;
b. A progressão que se dá entre elas (estruturação de idéias);
c. A relação entre essas partes no texto (não tornar incoerente a
coerência) ;
Ao resumir um texto, é preciso responder duas questões
principais: de que trata este texto? (idéia central), e O que pretende
demonstrar? (propósito).
Não cabe, no resumo, comentários críticos ao que está sendo
condensado – isso o diferencia da resenha, por exemplo, como
veremos adiante.
Não se trata de reproduzir partes ou frases do texto original. A mera
reprodução de frases já presentes no texto atesta a não compreensão
do texto. Sei que isto pode ir contra a maneira como você aprendeu a
resumir até hoje – e a conclusão (óbvia) pode ser a de que aprendemos
errado e resumimos errado muitas coisas.
Antes de resumir, portanto, é necessário compreender
globalmente o que o texto diz, resistindo a tentação de resumir ao
mesmo tempo em que lê a fim de remir o tempo. Neste caso, remir o

67
tempo igualmente poderá significar remir a qualidade do resumo.
Segundo: Alguns procedimentos ao se resumir um texto (baseado
em Platão & Fiorin, 2003);
1. Ler o texto uma vez, sem interrupção, do começo ao fim
(busca da noção de conjunto); responder genericamente a pergunta:
do que trata o texto? (Estrutura superficial);
2. Ler o texto pela segunda vez, agora com lápis e dicionário
na mão (para anotar significado de palavras importantes); buscar
significado de frases longas e complexas, e preocupação com o sentido
dos conectivos (assim, isto é, porém, todavia, etc.);
3. Tentar dividir o texto por blocos de idéias, buscando uma
unidade de significado entre elas (enumere ao lado do texto, ou no
topo da página);
4. Resuma as idéias centrais de cada bloco por você percebido
no texto (pode ser em tópicos);
5. Dar a redação final com suas palavras, procurando resumir
os segmentos de modo coerente, para que o encadeamento das idéias
do texto apareça de modo claro e conciso em seu resumo.

Exemplo de um breve resumo


Observe o texto abaixo e em seguida o resumo:
Resumo de: DEMO, Pedro. Metodologia científica em
Ciências sociais. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1995, trechos da p. 12.
Metodologia é diferente de métodos e técnicas. Enquanto
os segundos lidam com as coisas práticas do mundo externo,
a primeira preocupa-se, sobretudo, com o nível teórico da
pesquisa e com indagações sobre a prática científica em si. Na
parte teórica, diferentes afirmações têm diferentes pesos, e que,
portanto, podem vir como teses, hipóteses ou afirmações de
teor menos rigoroso, isto é, sem o objetivo ou possibilidade de
explicar muito os assuntos.
Fazendo Juntos...

68 Metodologia da Pesquisa Científica


Agora, faça você mesmo: resuma o trecho abaixo, apenas
como exercício!
Os presbíteros devem olhar pelo rebanho não por obrigação,
como sendo um fardo, mas de livre vontade como Deus quer.
Uma prática de liberdade. O jugo de Jesus não nos escraviza nem
nos induz a aprisionarmos outros, mas nos conduz à liberdade.
Sua forma, porém, é paradoxal, por isso o mundo não consegue
compreender. O serviço é a marca do presbiterato. Servir é
tornar-se livre e, ao mesmo tempo, promover a libertação do
próximo de seus cativeiros. Todavia, a graça de servir um Reino
destinado aos despossuídos e fracos, onde todos são colocados
num mesmo patamar de importância, é tarefa para os humildes,
não para os auto-suficientes. Servir ao Reino significa ingressar
num mundo de deficientes, considerando-se o maior (pior) de
todos eles.
Desse modo, a principal, e talvez mais onerosa recomendação
de Pedro aos presbíteros, jovens e demais membros da comunidade
é: “Sejam todos humildes uns para com os outros, porque Deus
se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes” (1Pe
5.5). Eis o mistério que torna o ofício do presbítero algo tanto
custoso quanto fascinante: para ser líder (servo), antes é preciso
aprender a se humilhar. Presbíteros devem ser servos maduros. Só
que maturidade não significa apenas saber guiar, mas, sobretudo
deixar-se guiar igualmente pelos outros (Jo 21.18). Ser líder, em
parte, é também ser liderado. Num sentido mais amplo, o caminho
do presbítero, do líder cristão, é o caminho de Cristo, que, nas
palavras de Henri Nouwen, “não é o caminho da ascensão, no
qual o mundo atual investe tanto. É o caminho descendente, que
termina na cruz”.
Trechos de MENEZES, Jonathan. “O ofício do presbítero”.
Disponível em: <http://escreveretransgredir.blogspot.com>
2. Resenhando uma obra
Primeiro: o que é?
Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um
objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever
as circunstâncias que o envolvem (Platão & Fiorin, 1997, p. 426).

69
Particularmente, no caso de um texto, relaciona-se à análise
interpretativa de um documento visando fornecer uma apreciação
crítica sobre determinada obra.
Além de trazer o conteúdo de uma obra devidamente
resumido, a resenha caracteriza-se pela análise e apreciação
crítica de uma parte da obra.
Então: o que faz mesmo a resenha ser “crítica”?
• É crítica, pois se trata de descrição minuciosa de uma
obra, bem como sua análise e apreciação (olhar pessoal)
• Objetivo 1: exercício de compreensão e crítica (por parte
do aluno)
• Objetivo 2: facilitar o caminho da pesquisa/ servir como
fonte de informação básica e seletiva (para um público leitor);
• Pode ser funcional, em vista de uma intenção pré-definida;
• Não é idêntica ao resumo, embora uma de suas partes se
ocupe da síntese da obra (sempre com suas palavras);
• Características indispensáveis: (a) capacidade de fazer uma
análise direta, sem rodeios; (b) poder de síntese; (c) visão crítica;
Segundo: procedimentos formais para a elaboração da
resenha...
Estrutura retórica básica: APRESENTAR – DESCREVER –
AVALIAR – RECOMENDAR O LIVRO
1. Referência bibliográfica
Fazer a referência bibliográfica completa da obra resenhada
de acordo com o manual da faculdade; é recomendável, no caso
de resenhas, colocar aqui somente a referência da obra que foi
analisada.
- Uma apresentação própria; pode conter um título,
diferente do da obra, referente ao objetivo...
2. Apresentação do/a autor/a da obra
Apresenta-se um autor falando dos principais fatos
relacionados à sua vida: local e ocasião de nascimento, formação
acadêmica, pessoas que exerceram influência teórica sobre sua

70 Metodologia da Pesquisa Científica


obra, fatos que teriam marcado sua vida e, conseqüentemente,
sua forma de pensar.
- Também consta como apresentação da própria resenha.
A função da apresentação é conduzir o leitor a se interessar pela
resenha (não pelo livro); deve ser breve, interessante, chamar
atenção.
3. Perspectiva teórica da obra
Toda obra escrita pertence a uma determinada perspectiva
teórica; é muito importante saber a que tradição/escola teórica
pertence o/a autor/a da obra que se está analisando, pois isso
permite compreender a forma como está organizada, bem como
a lógica da argumentação utilizada; quando se reconhece a
perspectiva teórica do/a autor/a, sabe-se o que se pode esperar
da obra que será analisada.
4. Breve síntese da obra
Antes de começar a análise de uma obra é muito importante
procurar ter uma visão panorâmica desta; isto pode ajudar a
visualizar o começo, o meio e o fim da obra, permitindo saber
de onde parte e para aonde vai o/ autor/a na sua argumentação;
esta parte da resenha (somente esta!) pode ser feita na forma de
um esquema.
5. Principais teses desenvolvidas na obra
Depois de tudo preparado se pode analisar o conteúdo da
obra de forma propriamente dita; o objetivo é traçar as principais
teses do/a autor/a e não resumir a sua obra (resenha não é
resumo!); é preciso ler com muita atenção para se apreender o
que é fundamental no pensamento do/a autor/a.
- Opção: “Resumo com crítica” (Azevedo, 2001) – você vai
exercendo a sua opinião, destacando pontos válidos ou pontos
fracos, pondo suas perspectivas em relação com as perspectivas
do autor, etc.
- Apesar de atraente, essa opção envolve maior esforço e
dificuldades (honestidade intelectual)
- Citações: elas devem aparecer, mas não em abundância.

71
Devem vir “entre aspas” seguidas da indicação das páginas de
onde foram extraídas. Quando há reelaboração do texto, isto se
faz desnecessário.

6. Reflexão crítica sobre a obra e implicações para o


ministério
Depois de apresentar e compreender o/a autor/a e sua obra
deve-se traçar alguns comentários pessoais sobre o assunto,
ancorados em argumentos fundamentados academicamente.
Além disso, exige-se que o aluno aplique os principais temas da
obra integrando-os ao seu contexto ministerial. Isso corresponde
a 50% de seu trabalho.
- Criticar não é sinônimo de “apontar erros” ou fazer juízo
de valores (“esse autor é um liberal ou herege”)
- A crítica numa resenha tem a função de “dar a cara a
tapa”, se colocar em diálogo com o autor e suas perspectivas;
contextualizar a obra, indicar implicações explícitas ou não,
endereçá-la a um grupo específico ou geral de leitores.
- Passo A = Desqualificar ou Recomendar livro; Passo B =
Recomendar livro, apesar das falhas indicadas

Extraído e adaptado de: OLIVA, A., BARRO, J. H. e


ZABATIERO, J. Manual de metodologia da pesquisa científica.
3ª ed. Londrina: FTSA, 2006, p. 47.

72 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 7
O fichamento
O que é?
O fichamento é uma forma organizada de se ter as informações
de textos que lemos, sejam livros ou artigos. Pode ser utilizado para
identificação de uma obra, para conhecer o seu conteúdo ou mesmo
para analisar o material para uma leitura crítica; também é bastante
utilizado para controlar e fazer as citações de trabalhos que você
está realizando, seja um artigo científico, um ensaio monográfico ou
mesmo um trabalho de conclusão de curso. O fichamento, além de
tudo pode ajudar você a embasar a produção do seu texto.

Como é classificado?
Ele pode ser basicamente classificado em dois tipos gerais:

1. Fichamento bibliográfico (descritivo, simples ou de citações)

2. Fichamento de leitura (de resumo ou de conteúdo)


O fichamento bibliográfico consiste em uma resenha ou comentário
que dê ideia do que trata a obra, sempre com indicação completa da fonte.
O fichamento bibliográfico é o mais simples, onde selecionamos as frases
que consideramos mais importantes no texto (e que tenham sentido) e
destacamos na ficha ou folha de papel. Esse tipo de fichamento ajuda na
pré-leitura; é uma primeira aproximação com o assunto investigado e sua
utilização pode ser muito útil em pesquisas futuras.
É a primeira aproximação do texto, depois de ler o texto mesmo
que seja por cima, destacamos assuntos que nos interessam.
A ideia da citação é deixa-la exatamente como está no artigo ou
livro, indicando página, o lugar exato onde pode ser encontrada mais
tarde. Há de se tomar cuidado para nao citar pedaços de frase que
percam o sentido do que o autor quis dizer.

73
O fichamento de leitura é mais complexo que o bibliográfico,
pois requer uma visão mais crítica e não somente pegar o texto onde e
como ele se encontra.
Reúne tanto conceitos, como fatos, ideias, informações, do tema
ou da área de estudo. Transcrição de textos ou mesmo um resumo
dele, ou ainda no registro de ideias, segundo a visão do leitor. As
transcrições literais devem estar entre aspas e com indicação completa
da fonte (autor, título, cidade, editora, data e página).
Se for fazer uma síntese da ideia, as aspas serão dispensadas, mas
não a fonte completa.
Se fizer um fichamento temático apenas com ideias pessoais é
dispensável qualquer indicação de fonte.

Como iniciar o fichamento?


Primeiro passo:
Fazer uma leitura de todo o texto, ou do capítulo do livro, para
somente se inteirar do assunto tratado. Neste momento pode-se anotar
algum vocabulário não conhecido para posterior busca de sentido no
dicionário. (leitura panorâmica)
Segundo passo:
Fazer uma segunda leitura, agora mais criteriosa e para isso
divida o texto em partes, de um subtítulo a outro, por exemplo, e a
cada parágrafo vá grifando a ideia central do texto, conectando-a
com a ideia de outro parágrafo e assim por diante. Algumas vezes
é necessário voltar a ler o parágrafo mais de uma vez. Observe as
chamadas palavras chaves, porque abrem possibilidades de ideias no
texto, elas são importantes para um bom entendimento do conteúdo.
Terceiro passo:
Terminado a grifagem do texto, transcreva-o tal e qual como
está no livro, releia-o e verifique a ordem e a lógica fiel ao conteúdo
abordado. Esta é uma maneira de se fazer um fichamento. Quando
precisar ler o texto ou o livro novamente, ficará mais rápido de recordar
os dados pela releitura do fichamento do mesmo.

74 Metodologia da Pesquisa Científica


Na prática, como é?
Veja o modelo abaixo:
FICHAMENTO
Título da obra: O que é fichamento?
Fonte completa da citação: LIDÓRIO JR, G J. Metodologia da
pesquisa científica. Londrina: FTSA, 2015.
Data da entrega: 15 de dezembro de 2015
Aluno(a): Gedeon José Lidório Jr
Turma: 2015-1
Ideias centrais: (destaque 5 ou 6 principais ideias e faça o destaque
em tópico ou frases)
- O que é fichamento?
- Como fazer um fichamento?
- Quais os passos para um fichamento?
Palavras-chaves: (destaque de 3 a 5 palavras que são chaves para
o texto)
- Fichamento - Leitura - Resumo crítico - Modelo
Resumo objetivo: (aqui é sobre a ideia do autor - de 3 a 5 parágrafos,
dependendo de sobre o que esteja sendo feito o fichamento)
O autor enfatiza a importância de se fazer fichamento para facilitar
o acesso à leitura dos artigos, dos textos, dos livros, principalmente
quando se pretende fazer uma pesquisa maior e produzir um artigo,
ou mesmo um trabalho de conclusão de curso.
Ele quer ensinar aprendendo a fazer fichamento para alunos
e alunas de graduação em Teologia da Faculdade Teológica Sul
Americana.
Então, a partir de perguntas ele estabelece o ensino sobre o que
é fichamento e dá um exemplo no final demonstrando como se faz na
prática um fichamento.
Comentário crítico: (de sua autoria, um parágrafo)
Entendo que o fichamento servirá para a base do conhecimento,
mas tenho certeza que pouca gente usará o mesmo, pois entenderão

75
com isso que terão mais trabalho e, portanto descartarão a ideia, o
que é uma pena, pois o fichamento é uma grande ajuda no ensino-
aprendizagem.

Finalmente
Tudo pode ser feito em modelo texto, mas também pode ser
organizado como tabelas dentro de documentos do Word, ou mesmo
em fichas de papelão compradas para isso. Faça do jeito que preferir
e for mais fácil de manusear – mas sempre vale a pena perguntar ao
professor que tipo de fichamento ele deseja, quando é o caso de ter que
entregar.

76 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 8
Honestidade intelectual
Honestidade é uma qualidade da personalidade que afeta a vida
toda – relações pessoais, trabalho, negócios, igreja, etc. Manifesta-se
ou não na atividade intelectual pelo tipo “uso” e de apropriação do
produto intelectual alheio.
João Batista Libanio distingue 3 níveis:
A) Nível da aproximação = observação dos pré-conceitos
formados antes de falar sobre certo assunto; Ideal: antes o contato
direto com o pensamento e não se contentar com fontes secundárias
(o que dizem sobre...);
B) Nível da penetração no pensamento alheio = não isolar a ideia
de seu contexto e criticá-la. Isto é desonestidade intelectual. Provar o
autor – entendê-lo, antes, a partir de seu lugar próprio;
C) Nível da reprodução = cuidado com a confusão do pensamento
alheio com o seu próprio (apropriação indevida).
A relação autor, leitor, texto e lugar
Toda escrita (texto) reserva ou oculta um “lugar social”, a partir
do qual fala o autor. Quem lê, interpreta e reproduz um texto, também
faz a partir de um “lugar”. O leitor não só reproduz, mas cria.
Intenção subjetiva do autor e intencionalidade objetiva do texto.
A boa “criação” (leitura) respeita o movimento próprio do texto.
“Crítica dos pressupostos” – explicitar os pontos de vista a partir
dos quais analisamos os pressupostos do autor.
Exemplo: Quero analisar o conceito de “práticas” de Roger
Chartier, a partir do ponto de vista das práticas religiosas nas igrejas
pentecostais de Cambé, Paraná. Declaração do lugar social do usuário:
seus interesses, objetivos e valores pré-optados.
Ideias importantes de Libanio
O mínimo do mínimo da honestidade intelectual: citação ou uso
do pensamento alheio sem deturpar lhe o conteúdo.
Honestidade intelectual é uma luta constante contra nossos

77
interesses subjetivos, valores pré-estabelecidos e o desejo de manipular
o texto de acordo com eles.
Honestidade intelectual implica em uma aproximação livre do
texto e seu autor, buscando compreendê-los com boa vontade, bom
senso, humildade e cautela.

Exercício de aproximação

O que você vê?


Perguntas: Como pode uma mesma causa gerar efeitos tão
diferentes? É possível ver as duas ao mesmo tempo?
Concepções científicas são resultado das perspectivas que
adotamos
Leitura como consumo desonesto
“Em tempos de consumismo, alta velocidade, banda larga e
outras formas de aceleração da experiência temporal da vida humana,
não é nada fácil escrever um texto teológico sobre a espiritualidade
cristã. Em primeiro lugar, por que qualquer coisa que escrevemos fica
logo obsoleta pela passagem ultra veloz do tempo. Em segundo, por
que qualquer coisa que escrevemos sobre espiritualidade é consumido
antropofagicamente e reduzido a um ‘gostei’ ou ‘não gostei’ de leitoras
e leitores...” (Julio Zabatiero).

78 Metodologia da Pesquisa Científica


“É só num segundo momento de compreensão, o mais correta
possível, do pensar alheio, que se constitui a crítica. É o oposto do dito
irônico: ‘Não li, não gostei’. A honestidade intelectual leva à posição
antípoda: ‘Li, entendi e tenho meus reparos” (João Batista Libanio).

Pontos de partida para o diálogo


Aprender a separar o campo pessoal do campo das ideias.
Respeitar o direito alheio de dizer o que pensa, seja lá o que for
esse pensar.
Resguardar a crítica à matéria do debate, e privilegiar argumentos
que não redundem mais em confusão do que esclarecimento.
Aceitar que o outro pode permanecer convicto de seus ideais, a
despeito dos meus argumentos e posições.
Ouvir atentamente, ler com cuidado e interpretar o outro com
boa vontade e discernimento.
Estar aberto e disponível ao relacionamento, independente da
discordância no campo das ideias.
Entender que temos a tendência de tratar o diferente como
ameaça; nós somos aqueles (as) que criam barreiras.

Plágio
Relembrando: O que é plágio?
“Plágio significa que você simplesmente usou formulações de
outros autores sem lhes prestar reconhecimento por isso e tornar
evidente que você as captou deles” (FLICK, 2013, p. 49).
TRÊS formas principais de plágio, segundo Flick (2013, p. 49):
1. Copiar o trabalho de outra pessoa (isto é, ideias e/ou
formulações sem citar os autores;
2. Misturar seus próprios argumentos com as ideias e palavras
de outras pessoas sem se referir a elas; e
3. Parafrasear as formulações de outros autores sem se referir a
elas, fingindo que o trabalho é seu.

79
Mas foi involuntário! Sim, pode acontecer, por ignorância,
descuido ou insegurança. Mas as consequências são as mesmas do
plágio realizado intencionalmente.

Como evitar o plágio?


DICAS baseadas em Uwe Flick (2013, p. 50):
PRESTE ATENÇÃO... Na hora de colocar a lista completa de
todas as referências feitas em seu trabalho;
SEJA CRITERIOSO... No momento de usar as palavras de outras
pessoas; todas as palavras alheias devem ser apresentadas entre aspas,
com referência no fim;
USE A CACHOLA... Isto é, tente formular também seus próprios
pensamentos e ideias. Isso torna também o trabalho menos chato!
DIVERSIFIQUE... No momento de fundamentar seu trabalho,
procure usar mais que uma fonte.
Dificuldades na formação escolar brasileira
Os dados do ensino no Brasil são alarmantes, mas não queremos
enfatizar isso aqui. Gostaríamos de destacar apenas as questões difíceis

80 Metodologia da Pesquisa Científica


que influenciam de forma direta e indireta a questão da leitura, da
produção de textos, da interpretação e do uso correto das regras e
honestidade intelectual.
Para que tenhamos uma ideia, citamos aqui o que a ONG Todos
pela Educação compilou e foi publicado no UOL em 23/4/2014:
Em 2013, 21,5% dos professores brasileiros que davam aulas
nos anos finais do ensino fundamental (6° ao 9° ano) não
fizeram ensino superior. Dos profissionais em sala de aula nessa
fase de ensino, 35,4% não são habilitados para dar aula - ou
seja, não fizeram licenciatura. Os dados são do Censo Escolar e
foram compilados pela ONG Todos pela Educação. De acordo
com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, todos
os docentes de ensino fundamental e médio deveriam ter
diploma de ensino superior em pedagogia ou uma licenciatura
para estar em sala de aula. No entanto, o Brasil ainda não
conseguiu superar o déficit de formação do professorado (Guia
do Estudante, 2014).
Logicamente, com um piso fixado em 2014 de pouco mais de
1600 reais, bons profissionais, formados, quando podem não vão para
a carreira do professorado.
Sabemos também, que não é só a presença de um diploma de
curso superior que garante que o professor ou a professora seja bem
formado.
Isso reflete grandemente no que encontramos quando vamos
para a sala de aula, seja presencial ou virtual e encontramos com alunos
e alunas que vem desse ensino médio brasileiro - ali, enxergamos
claramente as deficiências. Dentre algumas podemos destacar que são
intra e extra escola:
- questões econômicas, sociais, culturais e familiares;
- falta de preparo de professores;
- condições precárias da gestão administrativa, pedagógica e
estrutural nas escolas;
- dentre outras.
Logicamente, o estudante sai da escola sem aprender corretamente
e isso reflete nos testes.

81
O MEC utiliza cinco competências para análise de uma redação.
Veja o quadro abaixo:

Porém, não é somente a questão de como o aluno quer ou não


quer aprender, mas de como os docentes pensam sua prática de ensino
para gerar aprendizagem.
Scoz fala que [...], no que se refere à prática docente suponho
que o despreparo e a insegurança estão na raiz da dissimulação, da
estratégia de culpar a vítima e ao mesmo tempo ama-la sem nada
poder fazer de objetivo para evitar-lhe o peso do fracasso. Uma melhor
capacidade profissional do professor permitiria, no mínimo, eliminar
essa hipótese. [...] vejo na capacidade profissional o ponto crítico a
partir do qual imprimir um caráter político à prática docente para esse
professor. (SCOZ, 2002, p. 12).
Assim, o aluno ou a aluna, de maneira geral, sai do ensino médio
sem aprender a ler - ler não significa decodificar sinais e formar
palavras, mas ler é apreender (mais que aprender) o significado do
texto através de uma leitura-contextual-hermenêutica. O estudante
precisaria aprender a ler para entender o sentido do texto em sua
própria vivência; isso o ajudaria a tornar o ensino e aprendizagem mais
favorável a ele, em seu momento, em seu contexto, em sua cultura, em
sua família.

82 Metodologia da Pesquisa Científica


- não se aprende a gostar de ler
- não se aprender a ler interpretando
- aceita-se pesquisas feitas de colagens de internet ou livros
- não estimula a crítica e o debate
Assim o estudante chega na faculdade sem ter aprender a ler,
escrever e interpretar textos.

O que fazer com isso?


Os programas de nivelamento são opções plausíveis, mas mesmo
assim deficitárias para tratar do tema.

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Anotações
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84 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 9
Uma breve introdução à prática de pesquisa
Jonathan Menezes

1. A pesquisa: antes de se lançar, planejar

Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro


não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro
suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for
capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, dizendo:
‘Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar’.
Ou, qual é o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei,
primeiro não se assenta e pensa se com dez mil homens é capaz
de enfrentar aquele que vem contra ele com vinte mil? Se não
for capaz, enviará uma delegação, enquanto o outro ainda está
longe, e pedirá um acordo de paz. Da mesma forma, qualquer
de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser
meu discípulo (Lucas 14.28-33)

No contexto em que diz tais palavras, Jesus está querendo ressaltar,


diante da multidão que se encontra ao seu redor, os custos do que significa
segui-lo em seu reino: amar a ele mais do que a sua própria vida, e tomar
a sua cruz, negando-se a si mesmo. Tudo isso, como resposta aqueles
que, sem pensar, concluíram: “Feliz será aquele que comer no banquete
do Reino de Deus” (Lc 14.15). Jesus não nega que esse alguém será feliz.
Mas o que ele faz aqui é indagar: pois bem, mas, antes, avaliemos o que
significa tomar parte no banquete do reino de Deus.
Em suma, a questão parece ser: Não se pode prosseguir no caminho do
discipulado sem fazer uma avaliação do que de fato significa seguir a Jesus.
O que desejo chamar atenção aqui é: nos dois exemplos que Jesus
usa, está explícita a idéia de uma necessidade, em todo empreendimento,
de uma avaliação anterior. No caso da torre, a questão é o cálculo
financeiro (o dinheiro vai dar?); no caso dos reis em guerra, a questão

85
é de estratégia (podemos vencer com esse contingente?).
No caso de uma pesquisa, o cuidado e o zelo não devem ser
menores. Em todo trabalho de pesquisa, a máxima deve ser: planejar
é preciso! O planejamento é o cálculo, o esquema, a estratégia e o
pensamento que antecedem à ação. Sem ele, a ação possivelmente
será dispersa e generalizante, e o resultado final será cheio de falhas,
incoerências e a impossibilidade de concluir satisfatoriamente.
Nossas decisões, por exemplo, diante da dúvida entre uma fonte ou
informação e outra (estudá-la ou não? Usar este conceito ou aquele
outro?) só poderão ser feitas mediante a consideração séria do que foi
planejado. Se nada foi planejado, o que considerar?
Assim como não podemos ser discípulos de Jesus sem assumir com
integridade o significado mais amplo do discipulado, não poderemos
ser pesquisadores, sem um planejamento prévio, cuidadoso e pensado,
antes de “entrarmos de cabeça” na pesquisa. Mas, lembrem-se: todo
planejamento pode dar errado, e, de certo modo, foi feito para dar errado.
Estranho, não? Sim, e Não. Sim, se pensarmos que planejamos com o
desejo de que dê certo (ora bolas!). E não, se nos conscientizarmos de que
no processo de execução aprendemos coisas novas, nos reinventamos e,
assim, mudamos um pouco (senão toda) a rota.
Planejar não é o mesmo que construir um mundo perfeito,
mas ajudar a nos situar e crescer em meio às imperfeições e
imprevisibilidades que nos circundam nesse mundo. Sejamos
pesquisadores com excelência para o reino!

2. O que é pesquisar?
Talvez seja melhor começar dizendo o que ela não é. Pesquisar
não é: “fazer um trabalho escolar”, nem “realizar uma busca na
internet”. Nestes casos o pressuposto ainda é o da mera reprodução de
conhecimentos existentes.
PESQUISAR É:
(a) Eleger um tópico de pesquisa;
(b) lançar perguntas interessantes sobre esse tópico;

86 Metodologia da Pesquisa Científica


(c) estabelecer um problema a ser solucionado;
(d) reunir as informações necessárias à busca de respostas às
perguntas e soluções para o problema;
(d) manusear tais informações através de procedimentos
científicos coerentes com seu tópico de pesquisa.
A ideia aqui é seguir passo a passo a explicação de cada um
desses tópicos. Antes, gostaria de dar algumas dicas importantes na
trilha da pesquisa: (A) a “rota natural” é: trabalho árduo, mistura de
prazer e frustração, indecisão, erros, aprendizado e aperfeiçoamento.
(B) Todos passam pela experiência inicial de repetir o que se lê, ao
invés de analisar, criticar e sintetizar. (C) Envolve habilidades que se
aprende pela repetição, mas não é como “andar de bicicleta”, ou seja,
por mais habilidoso que seja o pesquisador, cada nova pesquisa requer
um “começar de novo”, um “trilhar o caminho das pedras”, acumulando
um pouco mais de experiência talvez.

3. Eleição de um tópico de pesquisa


Antes, é preciso fazer distinção entre “temática ou interesse” e
“tópico ou tema”.
(a) Temática ou interesse designa-se pelo assunto geral que
desperta nosso interesse. Ex. “Graça”, “Trindade”, “Crescimento de
Igreja”; “Sofrimento”.
(b) Tópico de pesquisa ou tema é um assunto específico o suficiente
para ser abordado em uma pesquisa e relatado de modo satisfatório
em um artigo ou dissertação.
#Dica#: Comece pelo que o interessa profundamente. “O primeiro
passo para um bom sucesso num trabalho escolar é sondar seu mundo
de desejos e encontrar nele o tema” (J. B. Libanio).
Exercitamos nosso papel de pesquisadores e imaginamos o papel
de nosso leitor. Assim, segue abaixo alguns exemplos de exercícios
ou tentativas de transformar temáticas ou interesses em tópicos de
pesquisa mais específicos

87
Temática ou interesse Tópico ou tema
1. “A Graça de Deus no ministério” 1. “A importância da Graça de
Deus na identificação da vocação e
escolhas ministeriais”
2. “Martírio e sofrimento”
2. “O sofrimento na Igreja Primiti-
va: o caso de perseguição e martí-
3. “Fé cristã e ecologia” rio na Igreja de Éfeso”

3. “O cristão entre dois mundos:


a re-conciliação entre o mandato
cultural de cuidado com a criação
e a vinda do Reino”
#Dica# - menos de 4 ou 5 palavras
pode indicar que o tópico seja am-
plo demais

#Função# - reconhecer melhor os


problemas, lacunas e inconsistên-
cias que irá questionar

4. Perguntas da pesquisa
O desafio neste próximo passo é o de transformar tópicos
de pesquisa em perguntas. A primeira dica é para que se tente
formular perguntas cujas respostas possam ser tanto possíveis como
interessantes.
A segunda: que cada pergunta se identifique com uma parte
constitutiva de seu tópico (neste caso, imagine-se dividindo seu tópico
em perguntas, de modo progressivo e que apontem para um esquema
ou roteiro de pesquisa).
Terceira: que ela indique uma curiosidade em torno de algo que
você não sabe e deseja investigar; evite perguntas nas quais a resposta
já esteja embutida.

88 Metodologia da Pesquisa Científica


Alguns exemplos para ilustrar o que estou dizendo:
#O que não perguntar: A graça é realmente importante para o
ministério? Os cristãos sofreram?
#O que se pode perguntar: (a) O que a Bíblia entende por mundo?
(b) Qual é a relação desse entendimento com o mandato cultural? (c)
Como conciliar as perspectivas cristãs de cuidado com a criação e
expectativa escatológica pela vinda do reino de Deus?

Vamos fazer...
Gostaria de sugerir um exercício interessante, e creio que
eficaz, para a observação de como autores fazem perguntas acerca
dos temas por eles propostos.
Tente pegar três tipos de fonte diferentes: (a) um livro – qualquer
um, pode ser de sua prateleira mesmo; (b) um artigo – você pode
conseguir um entrando em uma dessas revistas que disponibiliza
artigos on-line, tal como a “Estudos Teológicos” (http://www3.est.
edu.br/publicacoes/estudos_teologicos/); (c) uma monografia ou
dissertação (você pode encontrar muitas e de diferentes áreas no
seguinte site: http://www.dominiopublico.gov.br/
Em seguida, vá faça o seguinte exercício: 1. Anote o título do
texto; 2. Vá até a introdução do trabalho e verifique se ele apresenta
perguntas orientadoras do trabalho, em seguida anote aquelas
que você julgar mais fundamentais; 3. Compare as perguntas
apresentadas (ou não) com o título do trabalho, e veja se uma coisa
está bem alinhada com a outra.

5. Levantando e resolvendo um Problema


“Todo pensamento começa com um problema”, já diria Rubem
Alves. Ou seja, segundo sua forma de pensar deste autor, a
gente pensa porque as coisas não vão bem...
Mas, o que é um problema de pesquisa?
O problema é apresentação de uma dificuldade reconhecida pelo
pesquisador na abordagem ao seu tema, para o qual se deve encontrar

89
uma solução. Neste caso, é importante fazer uma diferenciação entre
o que chamamos de “problema prático” e o “problema de pesquisa”
propriamente dito.
Problema prático: Origina-se na realidade, a partir da constatação
de uma situação que custa algo a alguém (dinheiro, tempo, saúde,
felicidade, etc.) e cuja solução não é necessariamente óbvia. Exemplo:
“Meu pneu furou”; “Minha igreja não cresce”.
Resolução: muda-se algo na realidade (mas nem sempre resolve,
pois algumas soluções podem ser apenas paliativas ou provisórias).
Problema de pesquisa: Origina-se na mente do pesquisador, a
partir de um conhecimento incompleto e de uma compreensão falha.
Exemplo: “Investigar quais são as possíveis causas que fizeram com
que meu pneu furasse”.
Resolução: muda-se algo na mente, na compreensão do problema.
Não resolve, mas ajuda na compreensão do que fazer para resolver.

Formular um problema de pesquisa consiste, portanto,


em identificar um problema prático, dizer de maneira clara e
objetiva, por meio de uma proposição (problema de pesquisa),
qual é a dificuldade teórica que pretendemos “resolver” ao
longo da pesquisa.

Exemplo 1: tema – “A gripe infantil, suas causas e particularidades”;


problema prático – “Meu filho está com gripe”; perguntas – O que é
uma gripe? Como se contrai? Quais são seus sintomas? Há variações?;
Problema da pesquisa – “Investigar o que pode ter ocasionado a
manifestação dos sintomas de gripe em meu filho”.
Exemplo 2: tema – “O perfil da mãe que deixa o filho recém-
nascido para adoção”; perguntas – o que define o “ser Mãe”? Em que
condições essa definição pode mudar? Por que as mães têm deixado
seus filhos para a adoção?; Problema – “Investigar quais condições
exercem mais influência na decisão das mães em dar o filho recém-
nascido para adoção”.
A frase de Booth, Colomb e Williams (2008), resume bem

90 Metodologia da Pesquisa Científica


o espírito da tarefa de levantar um problema de pesquisa: “Se você
não tem um bom problema de pesquisa, tem um problema prático
realmente ruim”. E, acrescento, todo o restante da pesquisa pode ficar
comprometido.

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92 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 10
A metodologia e a pesquisa
O jogo da ciência
Abertura e senso crítico
Um maior aproveitamento da vida de estudos exige abertura.
Abertura = abrir a caixa de nossos conceitos antigos e deixar com
que passem por uma suspeita e crise necessária.
Pensar além da caixa: alargamento de horizontes/ aceitação da
pluralidade/ uso da interdisciplinaridade/ crítica à tradição.
Vencer a etapa de medo/ aversão ao que é diferente (desarme).
“O segredo do pensar: alguém aprenderá a pensar à medida que
souber fazer-se perguntas sobre seu pensamento” (Libanio).
A luta pela abertura é também uma luta espiritual (Pv 2.1-6).
Modo eficaz de abertura e senso crítico: admissão de nossa obstrução
mental em matéria de entendimento (Pv. 3.5). Uma das finalidades do
senso crítico: serviço à comunidade

O que é uma produção científica?


Todo tipo de produção intelectual que respeita procedimentos
cientificamente estabelecidos.
Ciência = uma “sistematização de conhecimentos”, um conjunto
de proposições logicamente estruturadas sobre determinados
“fenômenos” (Marconi e Lakatos, p. 80).
Fenômeno = o que se dá a conhecer no tempo e espaço
(Ex. “Deus” – da categoria do “Nôumeno”, incognoscível).
Procedimento cientificamente estabelecido = (a) uma teoria
científica; (b) uma metodologia de trabalho coerente com a teoria; (c)
o exame detalhado do objeto de estudo; (d) a formulação de hipóteses
(e) apresentação de evidências e argumentos.
Objeto = recorte da realidade feito pelo procedimento

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cientificamente estabelecido (o que se pretende estudar).
Intenção: produzir conhecimento verdadeiro (Alves, 2008, p. 178)

Jogos de verdadeiro (e falso)


Fatos (sensíveis e particulares) Teorias (invisíveis)
As igrejas pentecostais crescem mais
As igrejas pentecostais são as que mais
porque assimilam melhor a cultura do
crescem no Brasil
povo brasileiro

A ênfase protestante na educação se


Os protestantes históricos têm forte
deve a reforma de João Calvino na Suí-
ênfase na educação
ça (séc. XVI)

O comando das favelas está nas mãos


A maioria das favelas do Rio é coman-
dos traficantes em virtude do enfraque-
dada por traficantes
cimento do Estado

A diplomacia e o altruísmo de Karol


Karol Josef Wojtyla (João Paulo II) tor-
Wojtyla foram o que o conduziu ao pa-
nou-se Papa em 16 de Outubro de1978
pado

Talhar mentes para o século 21


Núcleo da compreensão científica moderna: conhecer a “coisa
em si” (essência), objetivamente. A “essência” é o que está encoberto e
precisa ser descoberto.
O jogo científico era esse: a origem explicando o atual, o presente.
Tendências mais contemporâneas: não se pode conhecer a
essência ou origem de nada; elas não se dão a conhecer.
Todo conhecimento é construído a partir de linguagem. A
linguagem não é o espelho da realidade (Richard Rorty). Os objetos
não se mostram por inteiro; logo, nossa compreensão é uma parcela
do que se pode conhecer; provisória.

94 Metodologia da Pesquisa Científica


“Cada cientista consciente deveria lutar contra sua própria teoria.
E é isso que torna uma pessoa capaz de perceber o novo” (R. Alves)

Mudanças na pesquisa e ciência


“Poder-se-ia dizer que a formalização da pesquisa tem,
precisamente, por objetivo produzir ‘erros’ – insuficiências,
falhas, cientificamente utilizáveis. (...) A pesquisa muda
de front. Apoiando-se nas totalidades formais, propostas
decisoriamente, ela se volta para os desvios que as combinações
lógicas das séries revelam. Joga com os limites. Para retomar
um vocabulário antigo, que não mais corresponde à sua nova
trajetória, poder-se-ia dizer que ela não mais parte de ‘raridades’
(restos do passado) para chegar a uma síntese (compreensão
presente), mas que parte de uma formalização (um sistema
presente) para dar lugar aos “restos” (indícios de limites e,
portanto, de um passado que é produto do trabalho)”.

Michel de Certeau. A escrita da história, p. 86.

Metodologia e pesquisa em áreas do conhecimento teológico


São especialmente consideradas nas seguintes modalidades:

Pesquisa em Teologia Bíblica


A aplicação de diferentes metodologias teológicas tem como
resultado diferentes “produtos”.
Proposta de uma teologia bíblica: expor o conteúdo da revelação
de Deus em seu desenvolvimento histórico. A questão é a do “como”
se usa a bíblia: métodos e usos da bíblia para elaboração teológica e
aplicação contextual.
A. Foco no paradigma do sujeito (moderna)
Sujeito racional: interpreta o sentido do texto, que deve
corresponder à intenção e à realidade (conteúdo textual).
Dois modelos: histórico-gramatical e histórico-crítico.
Concepção de História: descrição dos fatos “como
verdadeiramente ocorreram”

95
B. Superação do Paradigma do sujeito (pós-moderna)
Sentido não corresponde à intenção do sujeito nem ao referente
(há tantos sentidos quanto há sujeitos). O sentido é fruto da interação
humana e discursiva.
História: parte da cadeia sem fim de produção de sentidos
C. Alguns rumos da pesquisa bíblica (Zabatiero)
Transição paradigmática não implica que os antigos valores não
tenham mais validade. Estudo intenso e “certezas incertas”, pouca
contundência. Abertura ao diálogo sem o prejuízo às convicções.
Cooperação ao invés de concorrência (sistemas únicos).
Paixão pela Palavra – ação cristã libertadora hoje.

Pesquisa em Teologia Sistemática


Reflexão sistematizada sobre os fundamentos da fé cristã. Seu
método privilegiou aproximação com a filosofia e elaboração de grandes
compêndios sistemáticos. Concentrou-se na “vontade de verdade” dos
teólogos. Afirmações humanas que se pretendem “universais”. Defesa
da “univocidade”: correspondência entre o discurso e a realidade (não-
contradição e exclusão). Teologia como atividade de profissionais
“autorizados”.
A. Mudança de paradigmas na pós-modernidade:
Afirmação da “plurivocidade” (várias vozes). Uma exploração
sem fim na busca eterna pela verdade. Linguagem metafórica X
linguagem literal. Teologia baseada na existência e não na essência.

Pesquisa em Teologia Histórica


Também conhecida como “história da teologia”, “história dos
dogmas” ou “história do pensamento cristão”, tem estreita conexão com
a história da Igreja e a teologia cristã. Seu objetivo é considerar o corpo
de doutrinas existente na vida da Igreja em cada período da história.
Alister McGrath: “é o ramo da investigação teológica que objetiva
explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs e identificar
os fatores que influenciaram sua formulação”.

96 Metodologia da Pesquisa Científica


Ela não somente documenta as respostas às questões do
pensamento cristão, mas procura dar razão aos fatores que
influenciaram sua formulação.
Para Alderi Matos (historiador), ela é uma ferramenta crítica e
pedagógica.
Procura analisar o surgimento contextual de certas teologias,
como respostas às ocasiões e lacunas de sua época.

Pesquisa em Teologia Prática


Antigo nome: “teologia pastoral”, gerou diversos conceitos e
confusões quanto à função dessa teologia (restrita ou ampla). Bebe do
conceito de “teologia como segundo ato” (Gutierrez).
“A teologia prática faz ponte entre a pastoral e a teologia, entre
teoria e prática, permitindo um ir e vir fecundo” (J. B. Libanio).
Julio Zabatiero (2005) a define em três categorias:
A) Discurso – ação comunicativa que se constrói pela reflexão,
diálogo e confronto (teólogo – partilha e estimula);
B) Crítico – concebe a prática como inacabada e imperfeita,
carente de discernimento constante;
C) Construtivo – não se resume a apontar erros, mas visa
construir comunidades de reconciliação, amor e justiça;
Teologia “contextual”, pois busca integração da reflexão e ação
cristãs no mundo.

O círculo hermenêutico - J L Segundo


Crítica à teologia acadêmica: libertação da teologia.
Definição: “a contínua mudança de nossa interpretação da Bíblia
em função das contínuas mudanças de nossa realidade presente, tanto
individual quanto social”.
O caráter circular: a realidade enriquece a teologia, obrigando-a
a fazer novas perguntas às suas fontes, que, por sua vez, produzirá
novas interpretações.

97
Duas condições para que haja o círculo:
1. Suspeita geral de nossas ideias e juízos de valor;
2. Mudança de interpretação, em função das suspeitas.
O círculo procede então de quatro passos:

1. Nossa maneira de experimentar a realidade, nos leva à suspeita


ideológica;
2. Ocorre a aplicação da suspeita ideológica à toda superestrutura
ideológica geral e à teologia;
3. Nossa maneira de experimentar a realidade leva à suspeita
exegética (frente à exegese tradicional);
4. Nasce uma nova hermenêutica: novo modo de experimentar a
fé e sua fonte, as Escrituras, como novos elementos à nossa disposição.
“A libertação não pertence tanto ao conteúdo quanto ao método
que se usa para fazer teologia frente à nossa realidade” (1978, p. 11).

98 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 11
Por que regras metodológicas?
A ciência e a arte da escrita, leitura e produção de textos pode e
deve ser definida por suas regras metodológicas, posto que são elas que
fazem aparecer a seriedade de pesquisa, sua abrangência, a maneira
como foi feita, quais são os objetivos dela e sobretudo o que ela pode
contribuir com o mundo hoje.
A metodologia ajudará sua pesquisa a se localizar dentro de uma
área do conhecimento específica, para isso é necessário entender e saber
que a Epistemologia = ramo da filosofia é que trata dos aspectos teóricos
e metodológicos das diversas ciências, também do estudo da teologia.
A metodologia (epistemologia) discute critérios, conceitos,
categorias, procedimentos de investigação, avaliação, resolução de
problemas. Há níveis diferentes, em termos de procedimentos, para se
distinguir os diferentes referenciais teóricos.
Como você pode perceber, essa disciplina não aborda somente
métodos, mas os caminhos teóricos que estão por trás deles:
Um referencial teórico possui quatro dimensões:
(1) teoria, propriamente dita;
(2) perspectiva ou interesse;
(3) enfoque disciplinar; e
(4) metodologia. 

Teoria
Também usado como sinônimo de paradigma designa um
conjunto de conceitos, que reunidos e sistematizados pretendem
explicar uma determinada realidade/fenômeno. As diferentes ciências
desenvolvem teorias a partir de seu campo. Podem ser viáveis
ou inviáveis, mas são sempre mutáveis e inacabadas - padrões de
explicação não são permanentes.

99
Teoria não é o mesmo que conceito. Ex. conceito de Trindade, na
teologia, ou de Passado, na história. Uma teoria em teologia seria, por
exemplo, a barthiana, a existencialista de Bultmann, a da esperança de
Moltmann. Uma característica das teorias é que elas não podem ser
completamente provadas, verdadeiras ou falsas.
Sua validade está no domínio de seu discurso na explicação de
certo objeto, ainda que não se possa “dar conta de” ou ainda provar
com plena certeza.
O bom pesquisador é, segundo Pedro Demo (1995, p. 103) aquele
leva seus pressupostos e teorias ao questionamento constante, que tem
autocrítica, que assume a provisoriedade de suas ideias e que:
[...] submete a teoria ao teste saudável da modéstia, porque,
em contato com a realidade concreta e política, se descobre
facilmente que uma coisa é o discurso, outra coisa é a prática;
não esgotamos a realidade, nem temos a verdade na mão; somos
apenas pesquisadores e atores sociais, gente que duvida, que erra,
que deturpa, mas que, sabendo disso, quer reduzir o desacerto.

Pense
Quais são suas maiores dificuldades fazer uso de uma teoria?
O que fazer para solucionar ou diminuir estas dificuldades?

Perspectiva
Diz respeito ao posicionamento sociocultural do pesquisador
diante do objeto pesquisado. Um mesmo objeto pode ser visto de
perspectivas diversas.
É o primeiro afunilamento da teoria; ainda que genérica, trilha
um pouco mais o caminho da especificação.
Assim como as teorias, elas podem ser igualmente válidas e
variadas.
Como interpretamos um conflito? Como um conflito de
interpretações refletem o compromisso ético-político da pesquisa –
que pode ser traduzido como “ideologia” ou “interesse”?
Exemplos de perspectiva: libertadora, feminista, evangelical,
conservadora, progressista, liberal, etc.

100 Metodologia da Pesquisa Científica


Enfoque disciplinar
Refere-se ao recorte acadêmico mais específico da pesquisa,
delimitado conforme as disciplinas acadêmicas reconhecidas.
Pressupõe que a pesquisa se dá em diálogo interdisciplinar. Por
exemplo: pode-se escrever uma dissertação exegética a partir da
teoria semiótica do sentido, com uma perspectiva evangélica e um
enfoque disciplinar “histórico”, ou “sociológico”, ou “antropológico”,
ou “literário”.
Pode-se escrever uma dissertação ou monografia de Teologia
Sistemática com enfoque “político”, “filosófico”, “histórico”, “pastoral”,
“educacional”, etc. Ex. “Superando a ansiedade: apontamentos bíblicos,
teológicos e psicológicos para uma espiritualidade integral”.

Metodologia
Refere-se ao conjunto de procedimentos usados para a
investigação específica do objeto da pesquisa. A metodologia precisa
ser adequada ao objeto, derivada do enfoque disciplinar, e coerente
com a perspectiva e a teoria adotadas no projeto. Sua validade depende
de sua capacidade de resolver o problema.
Exemplos de método na Teologia são: exegese, análise
bibliográfica, entrevistas, estudos de caso, pesquisa de campo. Os
métodos são experimentações – podem ser adotados ou descartados
conforme a natureza do objeto. Há procedimentos metodológicos de
outras pesquisas que devem ser apropriados de maneira criativa em
sua pesquisa.
“A pesquisa processa-se como um contínuo confronto entre o
marco teórico inicial e em mutação e os sempre novos dados” (Libanio)

O método teológico
A teologia não tem “um método”, mas tem tantos métodos
quantos são seus pontos de partida, pessoas e contextos.
Um aspecto fundamental e transversal é a interpretação – bíblica,
da realidade, do ser humano e da vida.
Qual é a matéria-prima da teologia? Moltmann responde: a vida!

101
Então, pode-se dizer que a teologia interpreta e dá significado à
vida humana, à luz da Palavra de Deus. A questão, porém, é: de que
forma sob qual perspectiva encaramos a vida?
Duas metáforas: arquibancada e caminho: quem faz teologia da
arquibancada, “vê a banda passar”, ouve seu som, detalha aspectos da
música, mas não toca, nem dança; quem faz teologia a e no caminho,
parte de dois princípios:
1. da natureza da prática e comunitária de todo fazer teológico;
2. do caráter provisório e inacabado de nossas proposições;
Por tudo isso as regras metodológicas são importantes, pois elas
estruturam nosso pensamento, pesquisa e organizar os escritos, os
textos, os hipertextos.

102 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 12
Uso de citações e notas de rodapé

Porque fazer o uso de citações?


A competência de um trabalho acadêmico pressupõe fazer uso
de citações de outros autores, na maioria das vezes. Elas são uma
amostra prática de nossa responsabilidade e honestidade intelectual
e capacidade de situar nosso tema. Elas servem para enriquecer o
trabalho, trazendo conceitos e informações, ou esclarecendo outros
que você esteja trabalhando.
Uma boa citação é aquela que pode ser colocada no lugar certo e
na hora certa, intermediada pelas reflexões do seu texto.
Cuidado com o “argumento de autoridade”. É preciso manter uma
relação crítico-construtiva entre citação e texto. Citar não é “pecado”,
nem errado. Comete-se um sério erro quando se transcreve partes de
um texto, ideias e sugestões alheias sem se fazer as devidas referências
das fontes.
Por que é provável que as pessoas não acreditem que sua pesquisa
seja séria se ela estiver fora dos padrões corretos de referência.

Dicas importantes: lembre-se:


Preferível não começar uma frase com citação – inicie com suas
palavras e depois insira a citação.
Faça uma introdução para a citação – apresente a ideia básica em
questão, mencionando (ou não o autor).
Ex. Na elaboração que Paul Tillich faz da relação fé e cultura,
a fé é sempre um risco que se joga na incerteza que atravessa tanto a
cultura quanto a própria religião, desde a incondicionalidade do reino.
Afirma ele: “A fé contém um elemento contingente e encarna um risco.
Combina a certeza ontológica do Incondicionado com a incerteza de
tudo o que é condicional e concreto” (TILLICH, 1974, p. 32).
Entremeie a citação com suas palavras, intervindo, interagindo
com a ideia, ou explicando sua presença naquela parte do texto.

103
Citação direta
“Consiste na transcrição literal das palavras do autor, respeitando
todas as suas características” (MARCONI; LAKATOS, 2009, p. 288) –
sendo esta explicação já um exemplo. Pode ser apresentada por duas
formas diferentes:
A. Citações curtas (Até 3 linhas). Ex. São tipos de citações
que podem ser “incorporadas ao texto, transcritas entre aspas, com
indicação das fontes de onde foram retiradas” (CORNELSEN;
MULLER, 2007, p. 32).
B. Citações longas (Mais de 3 linhas). Essas são transcritas em
bloco, em espaço simples, recuo de 4 cm da margem esquerda, sem
aspas, com indicação das fontes.
Exemplo:
A fim de estarmos equipados para cumprir aquilo para o qual
Deus nos chama – profeta e homem – não paralisando a nossa
vida pela inadequação, necessitamos conhecer profundamente
estes dois assuntos, Deus e o mundo, sendo plenamente
treinados neles. Em ambos, as primeiras impressões e as
aparências superficiais enganam (PETERSON, 2004, p. 67).
 
Citação indireta
Ocorre quando, como observam as autoras, faz-se referência às
ideias originais do texto, sem, porém, reproduzi-lo em suas palavras
(MARCONI; LAKATOS, 2009, p. 289).
Observação: Nesses casos, dispensa-se o uso correntes de aspas e
o número da página é opcional.
Segundo Cornelsen e Muller (2007, p. 34), esse tipo de citação
pode ser apresentado também de duas maneiras:
A. por paráfrase: “quando alguém expressa a ideia de um dado
autor, ou de uma determinada fonte, com palavras próprias a citação
deve manter, aproximadamente, o mesmo tamanho do original”;
B. por condensação: “quando se faz uma síntese do texto
consultado, sem alterar o pensamento ou ideias do autor”.

104 Metodologia da Pesquisa Científica


Em ambos os casos, o usos de aspas é opcional, devendo porém
se colocar a fonte de onde a ideia foi extraída.

Exemplos de paráfrase e condensação


1. Tomemos a seguinte frase de Eugene Peterson: “O evangelho
tem a missão de nos fazer parar de falar sobre Deus e nos levar a falar
com Ele”.
- Vamos citá-la por paráfrase: Precisamos resgatar a missão do
evangelho, que, parafraseando Eugene Peterson (2005, p. 129), é a de
nos fazer parar de falar de Deus e nos levar a falar com Deus.
2. Tomemos agora uma frase de Paulo Freire: “Gosto de ser gente
porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo
parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo”.
3. Vamos citá-la por condensação: É preciso resgatar o valor de
ser gente, pois, sendo gente, como diria Paulo Freire (1996, p. 59),
vivemos a história como tempo de possibilidades e não determinismo.

Citação da citação
Esse tipo de citação ocorre “quando o autor do trabalho
transcreve, direta ou indiretamente, um texto ao qual não se teve
acesso ao original” (CORNELSEN; MULLER, 2007, p. 34). Nesse
caso, quem cita a citação deverá acrescentar, antes da referência à fonte
consultada, a palavra latina apud (junto a). Veja o exemplo:
Nesse sentido, há aqui uma aproximação indispensável entre a
história e a antropologia, como destaca Roger Chartier:
A antropologia tem muito a oferecer ao historiador: uma
abordagem (ganhar a entrada em outra cultura a partir de um
rito, texto ou ato, aparentemente incompreensível ou opaco);
um programa (“tentar ver as coisas a partir do ponto de vista
do nativo, entender o que ele quer dizer e buscar dimensões
sociais do significado”); e um conceito de cultura como
“mundo simbólico” no qual, símbolos compartilhados servem
ao pensamento e à ação, moldam classificação e julgamento, e
fornecem avisos e acusações. (apud PROENÇA, 2007, p. 08).

105
Indicação de fontes consultadas
1. Sistema autor-data: as fontes autorais são indicadas no corpo
do texto, entre parênteses, por sobrenome, ano e página, podendo ter
a seguintes formas:
• Único autor (SOBRENOME [maiúsculo], ano, página). Ex.:
(PETERSON, 2004, p. 67).
• Dois (ou três) autores (HOLLAND; HENRIOT, 1994, p. 14).
• Autor com livros publicados no mesmo ano (PETERSON,
2004a, p. 67), (PETERSON, 2004b, p. 78), (PETERSON,
2004c, p. 150). As letras a, b, c são para diferenciar os livros
publicados, e devem fazer parte da bibliografia.
• Em caso de ênfase é necessário acrescentar a observação
dentro dos parênteses. Ex.: (PETERSON, 2004, p. 67, grifo
meu/nosso).

2. Sistema numérico: citações do trabalho no rodapé, que


acompanha a seguinte estrutura (sobrenome em maiúsculas, nome
do autor em minúsculas, título da obra em negrito, cidade da editora,
editora, ano e página).
Na primeira vez em que a obra é citada, deve ser completa.
Exemplo:
______________
1 PETERSON, Eugene. Trovão inverso: o livro do apocalipse e a
oração imaginativa. Rio de Janeiro: Habacuc, 2004, p. 95.
Quando uma obra já citada anteriormente, mas intercalada com
a referências a outras obras, deve-se usar op. cit. (= na obra citada).
Exemplo:
______________
2 PETERSON, op. cit., p. 98.
No caso de existir a citação de uma obra seguidamente, sem
intercalação, deve-se usar a abreviação ibid. (= na mesma obra).

106 Metodologia da Pesquisa Científica


_______________
1 SHELLEY, Bruce L. História do cristianismo ao alcance de
todos. São Paulo: S. Publicações, 2004, p. 134.
2 Ibidem.
3 Ibid., p. 136.
Em situações em que são referenciadas seguidamente diferentes
obras de um mesmo autor, usa-se id. (igual à anterior):
______________
1 OLSON, Roger . História das controvérsias na teologia cristã:
2.000 anos de unidade e diversidade. São Paulo: Vida Nova, 2004, p. 407.
2 Id., História da teologia cristã. São Paulo: Vida Nova, 2001, p. 577.

Notas de rodapé
Devem ser utilizadas para explicações, comentários ou indicações
de informações que, apesar de importantes, não serão incluídas no
corpo do texto.
O sistema de citação a ser usado de preferência, quando houver
notas de rodapé, é o de “autor-data”.
Devem ser colocadas no final de cada página, em ordem numérica
contínua, com um traço acima das mesmas.
A numeração das notas de rodapé em cada novo capítulo deverá
ter um novo início. A fonte deverá ser tamanho 10.
Imaginemos que você use o termo “pluralismo” no corpo do
texto e deseje esclarecê-lo melhor. Usará o rodapé:
______________
1 Doutrina que afirma a existência de uma pluralidade ou
multiplicidade de seres, individuais e autônomos e que considera o
real como múltiplo.

Referências bibliográficas
1. Autor pessoa física
CAVALCANTE, Ronaldo. A cidade e o gueto: Introdução a
uma teologia pública protestante e o desafio do neofundamentalismo
evangélico no Brasil. São Paulo: Fonte, 2010.

107
Obs.
A) Até 3 autores: sobrenomes e nomes abreviados (MENEZES,
J.) seguidos de ponto e vírgula (;).
B) Mais de 3 autores, colocar “et al” após o primeiro autor
(indicado no livro).
2. Capítulo de uma obra (quando o autor não é o mesmo da obra):
MÚZIO, Rubens R. Um pesquisador de sua cidade. In: BARRO,
Jorge H (Org.). O pastor urbano. Londrina: Descoberta, 2003, pp. 19-45.
3. Artigo de revista
MENEZES, Jonathan. Diálogo com um decepcionado: Nietzsche,
Deus e a teologia. Práxis, Londrina, FTSA, v. 1, n. 15, pp. 61-74, 2009.
4. Texto da Internet
Taís MACHADO. Preciso de amigos. Disponível em: <http://
www.novosdialogos.com>. Acesso em 20 Set. 2010.
5. Musica gravada em cd
Canção de amor. Caetano Veloso. CD Fina Estampa ao vivo.
Faixa 6, n.º 528918-2, Polygram, 1995.
6. Filme/ DVD
CENTRAL do Brasil. Dir. Walter Salles. Manaus: Videolar, s.d.
DVD (111 min).
7. Artigo de jornal
DINIZ, L. Leila Diniz, uma mulher solar. Entrevista concedida
ao Pasquim. Almanaque Pasquim, Rio de Janeiro, n. especial, p. 10-17,
jul. 1982.

O uso da Internet na pesquisa em Teologia


Introdução
“Era virtual”, “Aldeia global”, “Sociedade da informação”, “Era
digital”, nomes comuns; há um papel fundamental da “World Wide
Web” (WWW) ou Internet no processo, pois tudo hoje passa a estar
“em rede”, conectado.
Uso da internet como base de captação, armazenamento,

108 Metodologia da Pesquisa Científica


intercâmbio, produção de dados de pesquisa; a pesquisa e educação já
migraram ao “digital”.
Nosso problema de pesquisa aqui: Investigar limites e
possibilidades do uso da internet na pesquisa/ produção acadêmica
em teologia.

A questão do uso acadêmico


Comum ver o apelo à necessidade de se criar critérios,
confiabilidade, credibilidade. Internet como “terra de ninguém” ou
espaço alternativo. Lida-se bem com os tipos tradicionais reproduzidos
na web – artigos, resenhas, livros, dissertações, teses, etc, mas não se
sabe o que fazer com as “novas formas”: hipertextos (textos dentro de
outros), fóruns, redes sociais, blogs, vlogs, etc.
De espaço alternativo ela se torna, cada vez mais, em tempos
pós-modernos ou “líquidos”, um espaço comum, ocupando um lugar
irrevogável na educação e pesquisa.

Uma marca: o hipertexto


O hipertexto é o texto da internet, que tem por marca ser um
texto aberto a intervenção e colaboração, conectado a outros, em
construção, com possibilidades infindas, tendo a reticência (...) como
melhor sinal.
Benefício para a educação e pesquisa: conexões e interfaces que
abre a todos os usuários virtualmente alfabetizados, com um leque
infinito de informações e possibilidades (alternativas e autônomas) de
construção do saber, sem hierarquia ou restrição.
Exemplo mais comum: Wikipédia.

Vantagens e desvantagens
Em resumo: A internet possibilita acessos, facilita processos e
encurta distâncias e isso é fascinante! Com apenas um clique no mouse
e estamos diante de um universo de recursos e informações sem ter
que sair de casa.
Que tipos de pesquisadores isso tem forjado? Em que medida a

109
atividade virtual atual pode ser chamada de “pesquisa” e não “sucção”
sem critérios de dados?
A vantagem pode, assim, virar desvantagem. Possibilidades,
facilidades e encurtamentos demais podem virar empenho,
discernimento e reflexão de menos!
Atenção: A potencialização do pesquisador preguiçoso, que já
existe em nós!

A internet e o sagrado
Analogia teológica: o verbo, para se fazer presente na internet, se
fez “bit” (tornando-se um caco de informação). As novas tecnologias
mudam não apenas o jeito de comunicar, mas a comunicação e o ser
humano – e sua nova maneira de experimentar a fé.
Busca de Deus na internet: “as mídias sociais viraram templo”, de
uma religião imediatista, espírito desse tempo.
Destaque para duas lógicas: (a) lógica da “bolha”; (b) lógica do
compartilhamento e publicização da vida privada (ao invés do “quarto
secreto”).
A experiência da fé – dentre outras diversas manifestações
religiosas –  pode ser vivenciada na internet por meio de diversos
serviços: versões online da Bíblia e de textos sagrados; orientações
online com líderes religiosos; pedidos de oração; as chamadas “velas
virtuais”; programas religiosos em áudio e vídeo; dentre muitas
outras opções. O fiel, onde quer que esteja, quando quer que seja, por
meio da internet, desenvolve um novo vínculo com a Igreja e com
o transcendental, em um novo ambiente de culto. Isso possibilita
uma nova modalidade de revelação e de manifestação de Deus e do
sagrado: agora, porém, midiatizada – uma espécie de midioteofania
(Moisés Sbardelotto – Entrevista ao IHU Online, Acesso 14-05-2013).

Concluindo
Nesta aula, pontuamos que:
1. A internet é o presente da educação e pesquisa;
2. Nos fez migrar de uma concepção do digital como espaço

110 Metodologia da Pesquisa Científica


alternativo, para espaço comum;
3. Estar “conectado”, hoje, denota novas maneiras de se comunicar
e de ser humano;
4. No campo religioso/ teológico, de se experimentar e dar
significado à fé.

Perguntas que carecem de aprofundamento:


1. Que tipo de ser humano é esse que vem sendo gerado, nutrido
e propagado na era digital?
2. Que novos paradigmas de pesquisa surgem daí?
3. Em que medida a academia estará disposta a incorporar essas
novas práticas de pesquisa em seu saber-fazer educacional?
Virtual ou digital não são espaços ou ambientes apenas, mas
marcas de um novo jeito de ser gente hoje!

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Anotações
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112 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 13
Breve introdução ao trabalho monográfico

O que é monografia?
É a abordagem ou escrita de um só tema, em oposição à tese
panorâmica. Como diz U. Eco é melhor que se assemelhe a um ensaio
que a uma enciclopédia. (Eco, 2007, p. 39).
Relatório resultante de uma pesquisa, sobretudo bibliográfica.
Nela, o (a) aluno(a) deve mostrar habilidade de ler, interpretar e
comparar o pensamento de diferentes autores
Não se exige uma “tese original”, do (a) aluno(a) e sim que saiba
ler, interpretar e expor criticamente os textos
Significa pôr em ordem as próprias ideias e ordenar dados,
construindo um trabalho que sirva também para outros.
Na prática, não importa tanto o tema da tese quanto a experiência
de trabalho que ela comporta (Eco, 2007, p. 32).
A regra de ouro é: quanto mais se restringe o campo, melhor e
com mais segurança se trabalha (Eco, 2007, p. 39).

Problema comum: como começar?


Para aliviar as consciências: ninguém é genial o bastante para
começar um trabalho do zero sem nenhum apoio! Nas palavras de
Umberto Eco (2007, p. 41):
“É difícil movermo-nos no vago e estabelecer uma exposição ab
initio [do começo]. Precisamos encontrar um ponto de apoio,
especialmente para problemas tão vagos como a noção de ser
ou de liberdade. Mesmo quando se é gênio, e especialmente
quando se é gênio, não significa uma humilhação partir-se
de outro autor. Com efeito, partir de um autor anterior não
significa prestar-lhe culto, adorá-lo ou reproduzir sem crítica
as suas afirmações; pode também partir-se de um autor para
demonstrar os seus erros e os seus limites. Mas tem-se um
ponto de apoio (...). Mais uma vez, se deve partir do princípio

113
de que, se se é um anão inteligente, é melhor subir aos ombros
de um gigante qualquer, mesmo se for de altura modesta; ou
mesmo de outro anão”.

Ser esforçado não é pecado


Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a
genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer
que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para
conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor.
Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi
aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes
de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe
C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país. Da mesma forma
que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe
a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De
que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo
em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar
garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade
é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista
para compreender a geração do “eu mereço”.
Eliane Brum. “Meu filho, você não merece nada”. Época, Maio-2012.

Estrutura monográfica
A Introdução
Parte inicial do trabalho, porém, última a ser escrita. Somente
com o trabalho concluído se pode dizer com segurança os elementos
que ela enuncia, assim, a introdução cumpre quatro funções:
1. Falar sobre como se deu a aproximação do autor/a do objeto
de pesquisa (contexto/ justificativa);
2. Tecer algumas considerações sobre a natureza do fenômeno/
objeto pesquisado (situar o objeto);
3. Oferecer espaço para esclarecimentos quanto à delimitação
(temática, espacial, temporal, teórica...) do assunto abordado;

114 Metodologia da Pesquisa Científica


4. E, por fim, apresentar de forma breve o que se pretende
desenvolver no corpo do trabalho (estrutura temática/ capítulos) –
por isso ela vem por último.

O Corpo do trabalho
A redação do trabalho em si; corpo da monografia formado por
capítulos; começa-se por aqui.
Cada capítulo deve ser um desenvolvimento do tema/título do
trabalho e deve ter uma relação equilibrada de proporção com os
demais.
Antes de escrever, esboce um esquema geral, que obedeça a uma
lógica. O esquema é progressivo e mutável.
Dificuldade de delimitação = problemas de coerência
Tome cuidado e delimite bem o problema e a abrangência de
cada capítulo. Cada capítulo precisa ter uma co-relação com os demais
e ser um desdobramento do mesmo tema. Na escrita, siga-se a “lei da
economia das palavras”, evitando afirmações óbvias e expressões de
“puro enchimento”.

A Conclusão
Parte final da monografia; alguns preferem chamar de
“considerações finais”. O importante a destacar é que ela deve:
1. Ser breve, ocupando, no máximo, um décimo do trabalho;
2. Fazer uma síntese final sobre o assunto abordado;
3. Ressaltar os aspectos mais importantes da análise feita no
corpo do trabalho;
4. Identificar algumas consequências do resultado obtido;
5. Apontar para pesquisas que poderiam ser realizadas a partir
de lacunas e limites existentes no presente trabalho;
6. Mostrar que não se esgotou o tema, e que ele pode ser
continuado por outras pesquisas.

115
Começando pelo óbvio: o que outros fizeram
antes de mim
Trabalho prático na Biblioteca (anotações no caderno):
1. Escolha aleatoriamente, ou por tema de interesse, três ou quatro
monografias na biblioteca que tiver acesso ou mesmo na internet;
2. Dê uma boa folheada nela em geral, seu tema – se é bem
delimitado ou não, a abordagem geral;
3. Depois se concentre em ler a introdução e identificar os
elementos básicos que devem estar contidos em uma introdução,
conforme aprendemos;
4. Observe como o autor desenvolve ou subdivide o trabalho, e se
esta subdivisão é compatível com seu problema de pesquisa – presente
ou não na introdução;
5. Vá até a conclusão e use o mesmo princípio da introdução.

116 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 14
A construção da argumentação
Jonathan Menezes

Para que serve uma argumentação?


Faz parte da construção do pensamento e dá a ele concretude.
Através de proposições, declarações e sentenças tenta-se convencer e
esclarecer a audiência. Não é apenas retórica. Argumento tem que ter
substância (algo a dizer).
Problema: Nessa era “pós-argumentação” em que vivemos, que
formas ou tipos de argumentação ainda nos restam em um contexto
acadêmico?
É um recurso que tem como propósito tentar convencer alguém
sobre o que falamos. O intuito é que esta pessoa que ouve ou lê tenha a
mesma opinião que a nossa ou pelo menos saiba por onde caminham
nossas assertivas.
No momento em que construímos nosso texto, os argumentos
são essenciais, esses serão as provas que apresentaremos, com o
propósito de defender nossa ideia e convencer o leitor de que sabemos
do que falamos ou mesmo que possa convencê-lo de nossa ideia.
Na resenha “O argumentar como objetivo de ensino”, o autor fala
sobre o argumento, citando o seguinte:
Argumentar não é um comportamento a ser apresentado
apenas por filósofos ou cientistas. Ele é útil para a vida
cotidiana e profissional de qualquer pessoa. Para quê? Segundo
vasta literatura a respeito desse comportamento (Carraher,
1983; Tenreiro-Vieira, 2000; Mortari, 2001; Navega, 2005,
entre outros), para que um indivíduo seja capaz de tomar
decisões mais racionais, para avaliar fenômenos sociais, para
tornar-se um cidadão mais consciente e participativo, para
trabalhos em equipe, em situações que envolvem resolução de
problemas, para aumentar o conhecimento dos envolvidos na
argumentação e daí por diante (KUBO, 2011).

117
Assim entendemos que a construção da argumentação faz parte
da estrutura e é importantíssimo para a construção do pensamento.
Demo fala que a “ciência é a arte de argumentar” (1995).
Sobre isso ele ainda diz o seguinte:
1. o cerne do argumento é questionamento, sua face
desconstrutiva, rebelde, provocativa; em todo argumento
há misto de dúvida e pergunta, confronto e entendimento,
autonomia e busca; na linguagem comum, tendemos a
interpretar argumento como confirmação;
2. para não incidir na contradição performativa, argumento
reclama naturalmente, na mesma dinâmica, o contra-
argumento, estabelecendo a ponte do diálogo crítico; quem
argumenta busca o debate, não sua conclusão, a mudança
de perspectiva, não o fechamento, novos horizontes, não a
mesmice;
3. argumentar é fundamentar; significa aduzir razões plausíveis,
bem formuladas e amarradas, de tal sorte que se espere do
outro não crença, mas discernimento;
4. argumentar é jogo aberto e produtivo; não se esgota na tertúlia,
diatribe ou exaltação, mas no confronto bem feito de teorias e
práticas, com o objetivo de avançar no conhecimento;
5. argumentar é compreender; no campo hermenêutico somos
naturalmente agressores e agredidos; somos agressores,
porque, interpretando os outros, os deformamos a nosso gosto;
somos agredidos, porque, sendo interpretados pelos outros,
somos também deformados a gosto deles; por isso, argumentar
implica, como primeira fase indispensável da desconstrução,
tentar compreender bem o que o outro queria dizer;
6. argumentar é reconstruir; a reconstrução é posterior à
desconstrução, mas não é, por isso, menos relevante;
7. argumentar é saber pensar; a habilidade de saber pensar
inclui a esperteza, que sempre aprecia passar os outros para
trás, mas seu cerne é outro: significa a mão dupla de crítica e

118 Metodologia da Pesquisa Científica


da autocrítica – quem não sabe pensar, acredita no que pensa,
mas quem sabe pensar, questiona o que pensa; aponta para
o descortino de transformar limites em desafios, rompendo
barreiras, confrontando-se com a realidade, buscando
alternativas;
8. argumentar é constituir-se sujeito autônomo; esta face apanha
o que muitos consideram o centro do conhecimento – a
fábrica da autonomia humana; embora isto seja absurdamente
ambivalente, quem argumenta bem, torna-se capaz de,
conduzindo bem seu raciocínio, conduzir bem sua vida;
Neste contexto, é possível convencer sem vencer. Deve prevalecer
o melhor argumento. É claro que isto é utopia, no bom sentido.
Mas sem ela, ficamos com o que temos. Perdemos a alternativa. A
politicidade intrínseca do conhecimento efetiva-se no bom argumento
pelo confronto que provoca o mesmo confronto no outro, não no
confronto que arrasa e mata. É possível colaborar com a autonomia
do outro, desde que o outro a faça. O sujeito que argumenta exige o
sujeito que contra-argumenta. É jogo de sujeitos. Por isso, ciência é
literalmente a arte de argumentar.

1. Argumentação transcendental
Convencimento com base na ideia de que o que se argumenta é
“inegável”.
Marcas (ou pretensões) principais:
1. Objetividade
2. Certeza absoluta
3. Supremacia da evidência ou experiência
4. Neutralidade e solidez
Problema: confere-se status a uma forma que é mais pretensiosa que
eficaz. Não reconhece fragilidades. Ex.: o uso comum da palavra “fato”.
Um “fato” pode ser visto, enxergado, analisado de vários ângulos
diferentes.

119
Por exemplo: um acidente que acontece, na rua, por exemplo,
é um fato – quem narra o acidente e fala de como o caminhão se
envolveu no acidente está dando uma versão do fato. Quem narra do
ponto de vista do pedestre que foi atropelado, fala de outro ponto de
vista. Quem narra do ponto de vista de pais que veem seus filhos todos
os dias atravessaram a rodovia, narra a partir de outro ponto de vista.
O fato permanece, mas as visões para narrarmos, para nos referirmos
a ele são diferentes.
Argumentar, porém, é uma forma provisória de articular nossa
percepção ou ponto de vista sobre um assunto.

2. Argumento de autoridade
Utilização de referências mais pela autoridade garantida que
possuem. Sempre que usando este argumento, aferimos a pessoas
“consagradas” ou “famosas”, fazemos este argumento principalmente
por meio de citações.
Marcas mais comuns:
1. Confusão de competência com adesão
2. “Autoridades intocáveis” no assunto
3. Falta de senso crítico e autocrítico
4. Banalização conceitual e teórica
5. Fuga da busca pelo melhor argumento
6. Domesticação acadêmica
Três implicações negativas: por exemplo, quando o assunto é
uma interpretação que pode ter mais do que uma opção válida – No
AT, a questão de seguir ou não seguir o sábado; ou mesmo na guarda
de certas leis e outras não e assim por diante.
O que acontece com o argumento da autoridade:
1. Fere a convivência igualitária
2. Implica em alguma forma de imbecilização (enfraquece a crítica)
3. Implica em subordinação do outro

120 Metodologia da Pesquisa Científica


Como eu sei se estou ou não utilizando um
“argumento de autoridade”?
A diferença é muito sutil. É preciso prestar atenção nas motivações
ao citar um autor e também a forma como o fazemos, se em diálogo
construtivo ou se como uma maneira fácil de legitimar o que se mal
construiu através de alguém que bem e reconhecidamente construiu
um argumento sobre o assunto, podendo, portanto, falar por nós ao
invés de falar conosco. Em suma, é um caminho e um aprendizado em
longo prazo.

3. Autoridade do argumento
Uma forma não autoritária de argumento, que procura convencer
sem vencer, através de crítica e autocrítica, discussão aberta, sujeita a
questionamentos, inventada para “deixar campos abertos” (DEMO,
2005, p. 47).
Quando olhamos assim (com a autoridade do argumento)
apresentamos a capacidade de argumentar sem recorrer ao argumento
de autoridade, apresentando fundamentação aberta e portanto passível
de discussão e erro.
Propostas de saída e saúde intelectual, com base em Demo (1995,
p. 54-58):
1. Elogio ao erro: a renovação do saber é proporcional à
presença do erro;
2. Aproximações e possibilidades são tudo o que conseguimos;
3. Convite à credulidade sóbria: o saber é feito de apostas
possíveis.

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Anotações
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122 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 15
Orientação práticas sobre o TCC na EAD-FTSA
O que é um trabalho de conclusão de curso numa
graduação em teologia?
De acordo com a ABNT, são documentos que representam o
resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto
escolhido, que deve ser emanado da disciplina, módulo, estudo
independente, curso, programa, e outros ministrados. Devem ser feitos
sob a coordenação pessoas que já passaram por esta etapa em suas vidas
e se transformam em orientadores.
Monografia é a exposição exaustiva de um problema ou assunto
específico, investigado cientificamente. Na FTSA, a monografia é
requisito parcial para a conclusão dos cursos de graduação e pós-
graduação e para obtenção dos respectivos títulos.
O trabalho de pesquisa pode ser denominado monografia quando
é apresentado como requisito parcial para o título de bacharelado,
ou pode ser denominado trabalho de conclusão de curso, quando é
apresentado como requisito parcial para a conclusão de curso.
Memória é a monografia publicamente comunicada em congressos,
encontros, simpósios, academias, sociedades científicas, segundo
normas estipuladas pela coordenação dessas reuniões e entidades.

Conceitos
Entende-se por TCC a produção científica do aluno,
individualmente, entregue na forma de trabalho monográfico, de
relatório de desenvolvimento de projeto experimental ou mesmo de
um artigo científico sobre determinado assunto.
O TCC deverá refletir:
a) A consolidação dos conhecimentos construídos durante o
curso e/ ou disciplinas;
b) A formação básica, científica, técnica, sociopolítica.
c) A capacidade investigativa e produtiva do aluno;
d) O aprimoramento da capacidade de interpretação e crítica científica;
e) As implicações práticas e ministeriais para o tema abordado.

123
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Como parte das atividades obrigatórias do curso de Bacharel


em Teologia, durante os três últimos semestres do curso, você deverá
produzir seu TCC. Para isso, todos os alunos e alunas serão inscritos na
disciplina: “TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO”, no A.V.A.
O procedimento para a redação do trabalho segue as seguintes
etapas: 1) no quarto semestre do curso, é necessário que você redija
uma proposta de TCC, que nada mais é que apresentar o roteiro de sua
pesquisa; 2) no quinto semestre, você escreverá resenhas dos textos
apresentados como bibliografia básica de sua pesquisa; 3) no sexto
semestre (último do curso), você desenvolverá sua reflexão, aquilo que
você propôs ainda na primeira etapa. Esta reflexão será em formato de
artigo, tendo como bibliografia básica os textos lidos e resenhados na
segunda etapa. Seguem de forma mais detalhada cada etapa, cada uma
delas consistirá na nota semestral da disciplina de TCC:

TCC 1 – Proposta de TCC


Esta etapa consiste na elaboração de uma proposta de pesquisa
para o cumprimento do TCC. Nela você deverá apresentar o tema de
sua escolha, bem como justificar a escolha do tema e apresentar os
objetivos de sua pesquisa.
Além disso, você deverá escolher os textos que servirão de base
para seu trabalho. Esses textos deverão ser artigos científicos e deverão
fazer parte da coletânea de revistas e periódicos disponibilizados pela
FTSA dentro da página da disciplina. Essa exigência da FTSA deve-
se ao fato da instituição desejar que o(a) discente leia e pesquise em
fontes acadêmicas, a fim de seu trabalho possuir maior relevância e
profundidade.
Após pronta, a proposta deve ser enviada para avaliação (via
A.V.A.) do tutor/tutora responsável por acompanhar-lhe no TCC. O
tutor/tutora ajudará você a lapidar a proposta para que o trabalho seja
mais coeso e produtivo.

124 Metodologia da Pesquisa Científica


TCC 2 – Resenhas
Nesta segunda etapa do TCC, você escreverá resenhas dos artigos
escolhidos e apresentados na proposta. Para isso, você deverá observar
o modelo de resenha disponibilizado na página da disciplina, pois nele
estão presentes as instruções de como proceder.
Durante esta etapa, recomendamos que você faça anotações
extras, além das utilizadas para a resenha. Pois serão de grande valia
na confecção do artigo (etapa posterior do TCC.

TCC 3 – Artigo e apresentação


Depois das quatro resenhas feitas, você iniciará a etapa final do TCC.
Nela você deverá produzir uma reflexão sobre o tema escolhido em formato
de artigo científico, tendo por base teórica os artigos lidos e resenhados na
etapa anterior (bem como apresentados na Proposta do TCC).
Este artigo possui seis (6) passos: 1) Título; 2) Introdução; 3)
Pontos de divergências entre os artigos; 4) Pontos de convergências
entre os artigos; 5) Reflexão (sua) sobre o tema escolhido – nesta etapa
você poderá utilizar outros referenciais (ou seja, poderão ser utilizadas
outra bibliografias sobre o assunto em questão, sejam artigos, livros,
entrevistas, dentre outras coisas); e 6) Conclusão, na qual você deverá
levantar as conclusões chegadas na pesquisa e abordar a importância
de todo o trabalho para sua vida pessoal, ministerial e acadêmica.
Cada etapa do TCC – TCC 1, TCC 2 e TCC 3 –, como dito
acima, será desenvolvida em um dos três últimos semestres do curso,
logo será atribuída nota a cada etapa, aparecendo em seu histórico
escolar. Por isso, você poderá reprovar em cada etapa individualmente,
necessitando concluir as três para terminar seu TCC.
Por fim, como parte do TCC 3, você deverá apresentar o trabalho
presencialmente para uma banca composta por docentes da FTSA,
mediante agendamento (normalmente os trabalhos são apresentados
na semana presencial, ao final do curso).

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Considerações finais
O TCC é uma obrigatoriedade do curso. Por isso, você não
terá como concluir o curso sem fazê-lo. Devido a importância desse
trabalho, quando você chegar no TCC, todas as orientações lhe serão
dadas, além disso, um tutor(a) lhe acompanhará e orientará nesse
processo.

126 Metodologia da Pesquisa Científica


Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade 16
Publicação de produções acadêmicas
O que NÃO é um trabalho acadêmico?
Publicações pessoais em blogs, sites ou mesmo redes sociais,
mesmo que tenham o intuito acadêmico, pois não são feitos a partir
de sua inserção através de instituições de ensino.

O que é um trabalho acadêmico?


Sendo resumido, é o texto resultado de processos ligados
à produção e transmissão de conhecimento feitos no âmbito
das instituições ensino (IES), pesquisa e extensão universitária,
formalmente reconhecidas para o exercício dessas atividades. Esta é
uma boa definição breve do que seja um trabalho acadêmico.
De modo geral, pode-se afirmar que trabalhos acadêmicos
são textos que representam o resultado de um estudo. São fruto de
leituras, pesquisa, compreensão e elaboração argumentativa. Revelam
conhecimento a respeito de temas emanados de disciplinas curriculares,
módulos, estudo independente, curso e outros estudos de natureza
científica. Devem ser realizados sob a supervisão de um professor/
orientador. Nesse sentido, constituem-se de textos sistematizados e
organizados considerando critérios e orientações que sustentam as
produções da comunidade científica.
Para que você entenda como funciona o “fazer” teológico,
descrevo abaixo a metodologia em que a FTSA está inserida quando
pensa os seus cursos.

Círculo hermenêutico
A FTSA prioriza a metodologia do Círculo Hermenêutico na
atividade docente. Os desafios das realidades, contextos e situações
contemporâneas nos convocam a novas perguntas e reflexões bíblicas.
Esse processo de uma nova leitura bíblica a partir dessas situações

127
concretas deve levar em consideração as origens e história do
Cristianismo, cristalizadas nas diversas tradições teológicas do mesmo.
Desta maneira, a Teologia Sistemática passa a ter um novo propósito e
função, que é a preparação efetiva não só para o pensar, mas também
para o exercício profissional. Esse exercício profissional se dá em
meio à exigência de respostas consistentes, práticas e relevantes que
transformarão as situações vividas. É neste momento lógico que entra
a Teologia Prática, como fruto de uma reflexão contextual, bíblica e
cristã de forma interdisciplinar e com profunda relação com a prática
cotidiana. Esta lógica pode ser denominada de Círculo Hermenêutico,
que se encontra em diversas áreas do saber nas humanidades, ainda
que com diferentes terminologias.
O círculo hermenêutico funciona assim:
1. Análise da realidade - neste ponto utilizamos o ferramental
a nossa disposição para estudar e ler a realidade - antropologia,
sociologia, psicologia, filosofia dentre outras disciplinas são utilizadas
para este fim. A ideia principal é ler a realidade em que vivemos
(tanto do ponto de vista docente como apresentar ferramentas para
que os alunos e alunas possam também ler suas realidades) para que
entendamos as demandas, as perguntas, as necessidades, por onde
começar.
2. Bíblia - com a capacidade de leitura da realidade, vamos para
as disciplinas de Bíblia, onde então encontramos as respostas que esta
realidade pede - introduções, grego, hebraico, exegese são disciplinas
desta área que habilita o estudante a responder à realidade que ele leu
anteriormente.
3. Teologia Sistemática - em mãos com a análise da realidade
e as respostas bíblicas para as situações, podemos então formular as
teologias bíblicas e sistematiza-las para que nessa coesão um assunto
seja interdependente do outro e faça sentido no cumprimento da
missão de Deus.
4. Teologia Prática - ao final, já munidos dos ferramentais
necessários, voltamos à realidade, mas não mais para lê-la como no
início, mas para provocar transformação.

128 Metodologia da Pesquisa Científica


Dessa forma fica evidenciada a coerência da proposta
metodológica e prioriza as situações contemporâneas que estão
em constantes mudanças, bem como a sintonia com as Diretrizes
Nacionais Curriculares (aguardando homologação), excedendo sua
carga horária em relação aos cursos correlatos à Teologia.
O curso de graduação em teologia, tanto a distância como
o presencial estão de acordo com este círculo hermenêutico, mas
também estão de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Teologia, da portaria ainda aguardando homologação e as
disciplinas do curso estão organizadas nos seguintes eixos de formação:
fundamental; teórico-prático; interdisciplinar; e complementar.
No eixo fundamental, assim chamado, pois há um conjunto
de disciplinas que modelam o pensamento e a tradição cristã e são
contemplados conteúdos de formação básica que caracterizam o
campo da Teologia, propriamente dito.
O eixo de formação interdisciplinar contempla conteúdos de
cultura geral e de formação ética e humanística que provê a necessária
interação dialogal da Teologia com as demais áreas do conhecimento

129
e, como resultado natural e prático, as unidades curriculares do curso
buscarão a compreensão dos dilemas humanos e a consequente
resposta aos mesmos.
No eixo teórico-prático são contemplados conteúdos de
domínios conexos importantes para a construção do perfil do egresso
e das competências pretendidas de acordo com o projeto pedagógico
da escola, que concedem ao egresso as condições necessárias para que
obtenham as competências/habilidades/atitudes.
Em cada eixo são contempladas atividades obrigatórias,
que demandam, em sua maioria, atividades similares às descritas
anteriormente que juntas favorecem a formação do estudante nos
fundamentos constitutivos do fenômeno humano e religioso sob a
ótica da contribuição teológica considerando o ser humano em todas
as suas dimensões.
Juntamente com isso, temos também o programa de iniciação
científica.

Programa de iniciação científica


Considerando a Lei de Diretrizes e Bases que estabelece que o
ensino superior deve “incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da
criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento
do ser humano e do meio em que vive”, a Iniciação Científica busca o
aprimoramento epistemológico e metodológico, desenvolvimento de
uma visão multidisciplinar, postura crítica face à realidade e proposição
de alternativas de ação diante dos problemas sociais.
O programa da FTSA tem por diretrizes o aperfeiçoamento
do ensino da graduação, contribuindo para o desenvolvimento da
comunidade acadêmica e promoção do incentivo a iniciação científica,
estabelecendo relação entre o ensino e a pesquisa. Os projetos de
iniciação científica são iniciados por docentes/tutores da EAD-FTSA,
em grupo, usando a mesma plataforma de ensino para estabelecer
vínculo e compartilhamento de informações, além do levantamento
de temáticas de interesse nas diferentes áreas de estudo, assim como
possibilitar uma maior integração com a comunidade.

130 Metodologia da Pesquisa Científica


Ao criarem seus projetos, os docentes/tutores convidam os
estudantes a livremente participarem e contribuírem, produzindo
depois do tempo determinado para o projeto, um ou mais textos
que visam a reflexão e produção de conhecimento de temais atuais
e relevantes. Os textos produzidos tem a possibilidade de serem
publicados na revista teológica da escola, a Práxis Evangélica, impressa,
qualificada como B5.
Esta estrutura é condizendo com o que eu falei lá no início,
dizendo que de modo geral, pode-se afirmar que trabalhos acadêmicos
são textos que representam o resultado de um estudo. É a partir
destes estudos, nestas áreas, inserido na sua realidade que preparará
os seus textos de trabalhos acadêmicos, refletindo sua realidade, mas
propondo transformações para ela.
Assim, será possível, a partir do que estuda, publicar textos acadêmicos,
tanto nas revistas da FTSA como em outras de âmbito nacional.
A FTSA tem duas publicações. Uma impressa (Práxis Evangélica,
classificada com Qualis B5) e a Revista Eletrônica chamada
TeologiaHoje (também classificada com Qualis B5).
Na revista eletrônica iremos disponibilizar artigos científicos,
monografias e outros trabalhos acadêmicos de estudantes da FTSA. Ela
ficará no site da Biblioteca Digital da FTSA (em fase de acabamento).
A revista Práxis Evangélica pode ser adquirida no site da FTSA e
ser enviada para o seu endereço de correio.

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Para publicar nesta revista, veja as instruções do editor, Prof.
Jonathan Menezes:
Instruções para Encaminhamento de Textos:
1. A Revista Práxis Evangélica visa contribuir com a prática
cotidiana da missão e ministérios cristãos e com a reflexão teológica
e acadêmica em geral, priorizando temas relacionados à Teologia
Prática, em sua vocação de construir pontes entre a prática missionária
e ministerial da Igreja e dos cristãos, a reflexão teológica e as ciências
em geral, especialmente as ciências humanas, em seu esforço por
compreender a condição humana e a realidade em que vivem as
sociedades.
2. Contribuições originais que se encaixem no perfil da revista
podem ser enviadas para avaliação do Conselho Editorial através
do endereço eletrônico: jonathan@ftsa.edu.br, exclusivamente nos
formatos DOC ou RTF.
3. As contribuições podem assumir a forma de artigo (entre
5.000 e 10.000 palavras) ou resenha (entre 1.500 e 2.500 palavras),
preferencialmente em português, ainda que também sejam aceitos
textos em espanhol.
4. O simples envio de uma contribuição original implica na
autorização do(a) autor(a) para a publicação da mesma, e também que
este(a) assume quaisquer responsabilidades cabíveis pelo conteúdo do
artigo ou resenha.
5. O simples envio de uma contribuição original não implica,
necessariamente, em sua publicação. Só será publicada se: (a) adequar-
se aos padrões acadêmicos e perfil da revista; (b) for aprovada após
avaliação e parecer do corpo técnico da revista.
6. Autores de artigos recebem, como cortesia, cinco exemplares
do número correspondente, e autores de resenhas recebem dois
exemplares.
7. Nos artigos/resenhas devem constar:
7.1. Breve resumo biográfico constando nome completo do(a)
autor(a), titulações, instituição(ões) à qual esteja ligado(a), em nota
de rodapé.

132 Metodologia da Pesquisa Científica


7.2. No caso de artigos, resumo e abstract (máximo de 100 palavras)
e 3 a 5 palavras-chave (e suas equivalentes keywords em inglês).
8. Os artigos e resenhas, quanto à sua formatação, devem seguir
as diretrizes da ABNT. Algumas instruções específicas:
8.1. O texto deverá ser digitado em página A4, espaçamento
1,5 (um vírgula cinco), margens esquerdo-direito de 3 (três) cm e
superior-inferior de 2,5 (dois vírgula cinco) cm, recuo de 1 (um) cm,
letra Times New Roman, corpo 12 (doze) e as citações endentadas e
notas de rodapé na mesma letra, em corpo 10 (dez).
8.2. Os títulos e subtítulos devem ser numerados com algarismos
arábicos (respectivamente, na forma 1. e 1.1.), sendo desnecessária
qualquer outra formatação (negrito, itálico, etc.);
8.3. As citações devem seguir o padrão autor-data. Exemplo
(Moltmann, 2002, p. 51);
8.4. As notas de rodapé devem ser utilizadas apenas com a
finalidade de explicação de termos, conceitos, etc.
8.5. A bibliografia deve trazer apenas os livros citados ao longo
do texto, conforme o seguinte modelo:
8.5.1. Para livros: MAFFESOLI, Michel. O tempo retorna.
Formas elementares da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2012.
8.5.2. Para capítulos de livros: MENEZES, Jonathan. Uma igreja
com os pés no presente e os olhos no futuro: In: BARRO, A. C.; KOHL,
M. A igreja do futuro. Londrina: Descoberta Editora, 2011, pp. 289-295.
8.5.3. Para artigos de periódicos: STAM, Juan. CLADE V e o
futuro da FTL. In: Práxis Evangélica, nº 21/2013, pp. 67-74.
8.5.4. Para artigos da internet: LEMLE, Marina. Educação contra
a exclusão digital. Disponível em: <http://jbonline.terra.com.br.>.
Acesso em Fev de 2010.
8.6. Ênfases do texto: Utilizar apenas o itálico. Nada em negrito,
sublinhado ou entre aspas.
8.7. As referências de citações de textos bíblicos devem seguir o
seguinte padrão: (Lc. 15.20).
9. Todas as tabelas, figuras e gráficos devem ser apresentados
em branco e preto, próximos ao texto a que se referem, numerados

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com algarismos arábicos e seguidos de um pequeno título, sempre em
formato compatível com o MS Office.
10. No caso de textos publicados em espanhol, seguiremos a
formatação apresentada pelo(a) autor(a).

Existem muitas outras revistas que podem aceitar os textos


que vocês produzirem academicamente. Vale a pena ler, pesquisar e
utilizar estas revistas tanto na internet como impressas.

134 Metodologia da Pesquisa Científica


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