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INTRODUÇÃO
No capítulo 35 do livro “Uma Vida com Propósitos” é trabalhado um tema considerado
central para o cristianismo, embora de difícil compreensão e aplicação até mesmo para
os próprios cristãos. Com o título “O Poder de Deus na Fraqueza,” o autor fecha com
chave de ouro a penúltima seção do seu livro, trazendo à tona uma verdade que tem
valor permanente; ou seja, ela nunca fica desatualizada e é válida para todos os
crentes, em todos os lugares e em todos os tempos: é na nossa fraqueza que o poder
de Deus é percebido. A força de Deus é aperfeiçoada somente onde brilha de modo tão
claro que ganha o louvor que lhe é devido. Em outras palavras, quanto mais fraco o
instrumento humano, mais claramente realça a graça de Deus. Ou ainda, o poder divino
se mostra brilhantemente quando a fraqueza humana está evidente aos olhos. Assim,
a expressão “o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” indica a suficiência da graça de
Deus e seu caráter independente da força humana. Essa frase aparece na Bíblia num
contexto em que o apóstolo Paulo fala sobre um tipo de sofrimento que lhe afligia
constantemente, o qual ele chamou de “espinho na carne”. Ele não explica exatamente
do que se trata, mas isso não importa, o que interessa é a doutrina que nasce desse
diálogo entre ele e Jesus. Paulo pede a Jesus para livrá-lo do “espinho” e Jesus lhe
responde: não, Paulo, “a minha graça te basta; porque o meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza”. Todos nós temos nossas fraquezas e elas podem ter diversas naturezas, seja
física, emocional, intelectual, comportamental, espiritual ou outra. Além de possuirmos
áreas de vulnerabilidade, passamos por situações que podem nos enfraquecer nos
colocando na dependência de outros. A fraqueza não é pecado, é uma limitação comum
à raça humana, da qual não podemos fugir e nem podemos mudar. O nosso problema
é que, normalmente, tentamos negar nossas fraquezas, ou nos defender delas
apresentando justificativas ou dando desculpas; às vezes as escondemos e
camuflamos, mas elas estão sempre presentes em todos nós. Essas são reações quase
instantâneas que adotamos, em consequência da perspectiva que o mundo advoga em
relação à fraqueza humana. Há um ditado que diz que “o mundo é dos fortes”. Mas a
perspectiva de Deus é diferente, é inversa. Sempre imaginamos que Deus quer usar
somente nossos pontos fortes, as nossas virtudes, mas Ele quer nos usar em nossas
fraquezas. Na Bíblia encontramos vários exemplos de pessoas imperfeitas que Deus
usou para realizar coisas maravilhosas, e isso deve nos incentivar a assumir nossas
fraquezas. Precisamos entender também que a fraqueza não é um acidente, Deus as
permitiu em nossa vida deliberadamente, porque o poder Dele é mostrado através da
nossa fraqueza. Em relação a esse tema, outros enfoques serão vistos no decorrer do
seu estudo.
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O capítulo 35 finaliza a 5ª seção e a argumentação de que um dos propósitos da nossa


existência é que fomos moldados para servir a Deus. Não que o Senhor necessite do
nosso trabalho, mas Ele articula um relacionamento entre os homens por meio da
dependência uns dos outros e Ele mesmo rege todo o sistema de forma que uns
dependam dos outros e todos dependam Dele. Ou seja, o relacionamento humano é
operacionalizado ao servir um ao outro. Essa é a lógica criada por Deus para nos
preparar para uma convivência eterna com Ele. Resumidamente, podemos dizer que
trilhamos o seguinte percurso:
O capítulo 29 “Aceitando sua missão” apresentou os fundamentos do serviço ao Reino
de Deus como uma missão, destacando sua relação com a criação, salvação e chamado
dos servos, ou seja, fomos criados, salvos e chamados para ser servos.
O capítulo 30 “Formado para servir a Deus”, por meio do acróstico FORMA, apresentou
as dimensões que constituem o ser humano e apresentou também a fundamentação
de que nossos dons espirituais e nossas opções do coração não são fruto do acaso, e
sim construções de Deus para nos modelar ao serviço que Ele quer de nós.
O capítulo 31 “Entendendo sua forma” detalhou as demais dimensões: Recursos
pessoais, Modo de ser e Áreas de experiência e apresentou a fundamentação de que
nossas habilidades naturais, nossa personalidade e nossas experiências profissionais
não são fruto do acaso, e sim construções de Deus para nos modelar ao serviço que
Ele quer de nós.
O capítulo 32 “Usando o que Deus deu a você” estabeleceu um passo-a-passo para
conhecermos a configuração (FORMA) que Deus nos deu, afim de aprimorá-la e
conciliá-la ao nosso serviço ao Reino.
O capítulo 33 “Como agem os verdadeiros servos” apresentou a importância do serviço
e as qualidades comportamentais do verdadeiro servo de Deus.
O capítulo 34 “Pensando como servo” apresentou as qualidades mentais indispensáveis
ao verdadeiro servo.
E assim chegamos ao capítulo 35 que vai estipular uma última condição para o servo:
que ele se esvazie de si (da sua arrogância, da sua presunção, da sua suficiência, da
sua autonomia), para que seja preenchido pelo próprio Deus; que se façam como vasos
de barro para que o tesouro seja neles armazenado, porque Deus gosta de colocar seu
grande poder em embalagens comuns.
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O objetivo do capítulo 35 é “Apresentar as atitudes do servo para permitir o


poderoso agir de Deus na sua fraqueza”. Deus não se impressiona com a força ou
a autossuficiência do homem, aliás, Ele é atraído por pessoas que são fracas e admitem
isso. A primeira bem-aventurança de Jesus no seu Sermão no Monte foi para os pobres
de espírito, que são justamente aqueles que reconhecem as próprias fraquezas,
necessidades e sua dependência. É precisamente no que o homem se considera fraco,
inútil, sem valor, que Deus revela sua glória.
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O autor faz alguns comentários a respeito do capítulo 35: Agora para concluir os nossos
estudos sobre o quarto propósito da vida: “Formado para servir a Deus” e Deus deseja
que você sirva, temos que voltar para esta questão da fraqueza. Você sabia que Deus
intencionalmente coloca fraquezas na sua vida, de modo que você O sirva como Ele
deseja? Suas fraquezas são na verdade parte da sua forma. Na verdade, cada
habilidade tem uma fraqueza associada e cada fraqueza tem um ponto forte
correspondente. Por exemplo, uma pessoa que tem grande discernimento, também
pode ser muito crítica e vice-versa. E uma pessoa que é muito misericordiosa, também
pode ser mole, sentimental e vice-versa. Então, sempre existe uma correspondência
entre pontos fortes e fracos e você deve aprender de Deus como usar os dois. No
capítulo 35 nós falamos sobre o poder de Deus nas nossas fraquezas. Paulo fala não
somente sobre nós aceitarmos as nossas fraquezas, mas glorificar em nossas
fraquezas, porque nós somos troféus de graça. Significa: olhem para mim, Deus está
me usando e eu sou uma pessoa fraca, comum e normal; eu não sou perfeito e nem
completo. Ao invés de esconder as nossas fraquezas, nós devemos ser capazes de
glorificar por saber que Deus quer nos usar nelas, para obter mais glória para si mesmo.
Uma das minhas histórias favoritas na bíblia é a história de Jacó. A bíblia diz que Jacó
tinha o hábito de fugir, ele sempre fugia das situações difíceis. Quando ele roubou o
direito da primogenitura do seu irmão, ele fugiu; ele tentou fugir do seu sogro Labão,
ele tentou fugir muitas vezes em várias circunstâncias. Em um determinado momento,
ele teve uma luta com Deus, um encontro face-a-face, ele duela com o anjo do Senhor
e ele diz: “eu não te deixarei ir até que você me abençoe”. O Anjo diz: “tudo bem eu
vou te abençoar”. Mas aí, ele toca na coxa dele, na coxa de Jacó e desloca a junta do
seu quadril. Agora, qual é o significado dessa história? Primeiramente, o músculo da
coxa é o mais forte músculo do corpo, então o Anjo tocou no ponto mais forte dele - o
seu músculo mais forte. E daí para frente ele passou a mancar para sempre. Deus
disse: Jacó, você tem um problema de fugir das situações difíceis, então agora vamos
garantir que isso nunca mais acontecerá. Você nunca mais fugirá, e ele ficou manco.
Se algum dia você vier a ser abençoado por Deus, você irá andar como um manco,
você precisa glorificar, não se preocupar, não esconder, mas entender que nas suas
fraquezas Cristo é forte.
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A bíblia contém inúmeros exemplos sobre como Deus usa pessoas comuns e imperfeitas
para realizar coisas extraordinárias, a despeito de suas fraquezas. Além disso,
encontramos na Palavra de Deus muitos versículos que abordam a fraqueza humana.
Mas, geralmente tais versículos focam o poderio de Deus ou exaltam o socorro de Deus
aos fracos. Hb 4:15 por exemplo, fala que agora temos um sumo sacerdote (Cristo)
que compadece das nossas fraquezas; Fp 4:3 afirma que podemos todas as coisas
naquele que nos fortalece; Rm 8:26 explica que o Espírito Santo nos ajuda as nossas
fraquezas porque não sabemos pedir como convém. Em Is 55:9 Deus deixa clara a
sua superioridade quando diz: “Os meus caminhos são mais altos do que os seus
caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos”.
E assim, vamos encontrar outras referências bíblicas sobre o assunto. Mas, a
correspondência entre o poder de Deus e a fraqueza humana concentra-se
principalmente no capítulo 12 da Carta aos Romanos em um contexto em que Paulo
ensina essa doutrina aos Coríntios usando seu próprio testemunho, falando do seu
esforço para não gloriar a si mesmo, porque ele sabia do perigo que o homem corre
quando ocupa altas posições, ou como no caso dele, quando recebe grandes revelações
de Deus. E aí Paulo vai dizer em 2 Co 12:7: “E, para que não me exaltasse pela
excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um
mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar”. Na
realidade, ninguém sabe a natureza desse sofrimento de Paulo permitido por Deus,
mas o certo é que esse espinho o mantinha sob controle da graça de Deus. O verso 8
dá continuidade ao relato de Paulo dizendo: “Acerca do qual três vezes orei ao
Senhor para que se desviasse de mim”. Paulo refletiu sobre o sofrimento em sua
vida e percebeu que sua própria força era inútil para fortalecê-lo e confortá-lo naquela
situação. Então ele entendeu sua total dependência do poder divino. E 2 Co 12:9 vai
trazer a resposta do Senhor para Paulo. O texto relata: “E disse-me: A minha graça
te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza (de Paulo). De boa
vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o
poder de Cristo”. Falar de um poder que se aperfeiçoa na fraqueza parece ser algo
completamente contraditório. Poder e fraqueza são conceitos opostos aos olhos
humanos. Mas é o poder de Cristo, e não o poder humano, que se aperfeiçoa na
fraqueza do homem. Por isso é Cristo quem recebe a honra e o louvor. O verdadeiro
cristão se gloria em Cristo, e não em sua própria força. E ainda, na sequência, 2 Co
12:10 completa o raciocínio: “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias,
nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque
quando estou fraco então sou forte”. Então, por amor a Cristo, fortalecido pelo seu
poder e ancorado na suficiência da graça, Paulo pôde sentir prazer nas fraquezas e
fazer tal declaração, revertendo a ordem do pensamento humano.
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O serviço ao Reino não pode ser feito conforme os parâmetros deste mundo porque na
concepção popular falar de um poder que se aperfeiçoa na fraqueza parece ser algo
completamente contraditório. Para o homem comum, poder e fraqueza são conceitos
opostos. Mas é o poder de Deus, e não o poder humano, que se aperfeiçoa na fraqueza
do homem. Por isso é Deus quem recebe a honra e o louvor. O verdadeiro servo se
gloria em Deus, e não em sua própria força. Servos verdadeiros permitem o poderoso
agir Deus adotando as seguintes posturas:
1) Admita as suas fraquezas
2) Regozije-se na sua fraqueza
3) Partilhe suas fraquezas de forma sincera
4) Glorie-se na sua fraqueza
Vamos, a partir de agora, analisar cada uma dessas posturas.
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A primeira atitude do servo para permitir o poderoso agir de Deus é admitindo suas
fraquezas. Para isso, sua primeira postura deve ser: admita suas limitações. Enquanto
não assumirmos que existem problemas que não temos condições de resolver, que
temos dificuldades intransponíveis para nós, que somos fracos para algumas questões
e reconhecermos que dependemos da ajuda de Deus para conseguirmos sobreviver e
continuar avançando, permaneceremos carregando sobre os nossos ombros
dificuldades que não deveriam estar mais conosco. O grande problema é que,
infelizmente, somos autossuficientes e temos enorme dificuldade de olhar para as
nossas limitações, pelo contrário, procuramos sempre focar naquilo que entendemos
ser os nossos pontos fortes.

A segunda postura deve ser: revele suas imperfeições. Esse é um passo maior e mais
difícil do que apenas admitir; ele presume que já admitimos nossas limitações e agora
prosseguimos, revelando-as com naturalidade. A fraqueza é qualquer limitação ou
imperfeição que não temos meios de alterar. Pare de fingir que é perfeito e seja honesto
sobre si mesmo. Em vez de viver dando desculpas e se recusando a aceitar, identifique
sem pressa suas fraquezas pessoais, enquadrando-as segundo sua natureza, seja
física, emocional, comportamental, relacional, material, intelectual, laboral, espiritual
ou outra. Você pode até fazer uma lista delas. Faça isso abrindo-se para o agir de Deus.
1 Co 1:27-29 diz: “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para
confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para
confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as
desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma
carne se glorie perante ele”.

A terceira postura deve ser: Confesse a fortaleza de Deus. Duas grandes confissões
encontradas no Novo Testamento demonstram o que é necessário para uma vida cristã.
A primeira foi de Pedro, que disse a Jesus, conforme descrito em Mt 16:16: “Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo”. Dessa forma, Pedro está reconhecendo quem
realmente é Jesus e, em consequência, sua divindade, majestade, realeza e poderio.
Se quisermos que Deus nos use, devemos saber quem é Deus e confessar toda sua
fortaleza.

A quarta postura deve ser: Confesse a sua fraqueza. Das duas grandes confissões, a
segunda foi feita por Paulo, diante da adoração dos cidadãos de Listra que assistiram
o milagre do manco andar. As pessoas diziam que Paulo e Barnabé eram deuses
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semelhantes aos homens que haviam descido até eles. At 14:15 relata que Paulo disse
àquela multidão que o idolatrava: “Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós
também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos
anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu,
e a terra, o mar, e tudo quanto há neles”. Portanto, se quisermos ser usados por
Deus, devemos não somente saber quem é Deus, mas também quem nós somos. Isso
é, precisamos situar a nossa posição em relação a Deus e reconhecer que Ele sim é o
dono da glória. Muitos cristãos, principalmente líderes, esquecem da segunda verdade
de que somos simples seres humanos. A realidade é que se forem necessários
problemas graves para que admitamos isso, Deus não irá hesitar em permiti-los,
porque ele nos ama. Ele permitiu o espinho na carne de Paulo.
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A segunda atitude do servo para permitir o poderoso agir de Deus é regozijar-se na


fraqueza. A primeira postura é encontrar contentamento na sua própria fraqueza. Isso
é um paradoxo que em princípio não faz sentido, pois naturalmente, queremos ser
libertos de nossas fraquezas, e não nos regozijarmos nelas! Mas o regozijo é uma
manifestação da fé na graça e bondade de Deus. É como se disséssemos: Deus, eu sei
que o Senhor me ama e conhece o que é melhor para mim. Depois de ouvir do
Senhor: “o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”, o apóstolo Paulo foi capaz de se
gloriar e sentir prazer diante de suas fraquezas. Ele chega a dizer em 2 Co 12:10: “Pelo
que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas
perseguições, nas angústias […]”. Isso não significa que o apóstolo sentia prazer no
sofrimento em si; mas que se alegrava e sentia prazer e satisfação no poder de Cristo
aperfeiçoado e revelado através do seu sofrimento. Por isso, ele completa dizendo que
se gloriava nas fraquezas para que sobre ele repousasse o poder de Cristo.

A segunda postura é: a fraqueza nos remete a Deus. Paulo nos dá várias razões para
ficarmos felizes com as fraquezas que possuímos e enfrentamos e uma delas é a
dependência que passamos a ter de Deus quando vemos nossa incapacidade ou
impotência. Quando Paulo fala que: “quando estou fraco, então sou forte”, em 2
Co 12:10, o que ele quer dizer é que: quanto menos temos, mais dependemos dele”.
Não porque merecemos, uma vez que a graça contradiz o merecer. Nas tribulações,
Paulo aprendeu a depender da graça do Senhor. Quando sentimos que temos tudo sob
controle por causa da nossa própria capacidade, facilmente esquecemos de Deus. Nas
horas de maior fraqueza, quando sentimos incapazes de resolver os nossos problemas
sozinhos, tendemos a voltar para Deus e nos entregar a Ele. Nossa inteligência não nos
basta, nossos recursos financeiros não nos bastam, nossos amigos não conseguem
preencher as nossas necessidades. A graça de Deus é que nos basta, e o poder dele se
manifesta através da nossa fraqueza.

A terceira postura é: a fraqueza incentiva a comunhão entre os irmãos. Essa é outra


razão que Paulo nos oferece para buscarmos contentamento na fraqueza, ou seja, para
valorizarmos as fraquezas e o sofrimento humano. Nossas fraquezas, injúrias,
necessidades, perseguições e angústias previnem o crescimento da arrogância em nós
e nos mantêm humildes e isso é muito importante para o relacionamento com os
irmãos. Paulo disse em 2 Co 12:7: “Para que eu não ficasse muito orgulhoso, me
foi dado o dom de uma deficiência, para me colocar em constante contato com
minhas limitações”. A limitação pode agir como o controlador que nos impede de ir
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rápido demais e passar à frente de Deus e de outras pessoas, o que impacta a nossa
relação entre irmãos e por isso podemos afirmar que as fraquezas também incentivam
a comunhão entre os crentes. Enquanto a força gera um espírito independente (não
preciso de mais ninguém), nossas limitações demonstram quanto precisamos uns dos
outros.

A quarta postura é: a fraqueza aumenta nossa capacidade para o exercício do ministério


e da solidariedade. Acima de tudo, nossas fraquezas aumentam nossa capacidade de
ministrar e de sentir compaixão. Ela nos torna mais propensos a ser atenciosos e a
sentir compaixão pelas fraquezas dos outros. Nesse sentido, as mais profundas
mensagens de vida e o ministério mais eficiente surgirão das dores mais profundas que
experimentamos. As coisas que nos deixam mais constrangidos, mais envergonhados,
as quais relutamos em partilhar, são os instrumentos que Deus usa com mais poder
para curar os outros. Nada foge do controle de Deus e misteriosamente Ele opera seus
propósitos mesmo através das nossas fraquezas. Inúmeras histórias de personagens
bíblicos nos mostram que Deus é especialista em transformar fraqueza em força: Todos
os gigantes de Deus são pessoas fracas”. A fraqueza de Moisés estava em seu
temperamento, o que o levou a assassinar um egípcio, ferir a rocha com a qual deveria
conversar e quebrar as tábuas dos Dez Mandamentos. Ainda assim, Deus transformou
Moisés em um homem muito paciente, mais do que qualquer outro que havia na terra
(Nm 12:3). As fraquezas de Gideão eram a baixa autoestima e profunda insegurança,
mas Deus o transformou em um poderoso homem e guerreiro de valor. (Jz 6:12). A
fraqueza de Abraão era o medo. Por duas vezes, ele afirmou que a esposa era sua irmã,
mentindo para se proteger. Mas Deus transformou Abraão no pai de todos os que creem
(Rm 4:11). Pedro era impulsivo e sem força de vontade, mas se tornou pedra, suporte
para a igreja de Cristo (Mt 16:18). Davi, de adúltero e assassino, tornou-se um homem
segundo o meu coração (At 13:22) e João, um dos arrogantes Filhos do Trovão, se
tornou o Apóstolo do Amor. Tudo isso testemunha a favor de que devemos sentir alegria
em nossas fraquezas.
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A terceira atitude do servo para permitir o poderoso agir de Deus é partilhar suas
fraquezas de forma sincera. A primeira postura é considerar que o ministério começa
com a aceitação da nossa vulnerabilidade. Quanto mais baixamos a guarda, retiramos
a máscara e assumimos nossas lutas e debilidades, mais Deus poderá nos usar em
Seus propósitos. Quando expomos nossos fracassos, sentimentos, frustrações e
temores, arriscamos até mesmos sermos rejeitados, mas os benefícios valem o risco.
A vulnerabilidade liberta emocionalmente. Quando nos abrimos, aliviamos a tensão e
dissipamos nossos medos, o que é o primeiro passo rumo à libertação. Paulo foi
também um exemplo de vulnerabilidade, conforme assumiu em todas as suas cartas.
Ele contava abertamente:
Suas falhas: em Rm 7:19 ele diz: “Quando quero fazer o bem, não o faço e,
quando tento não cometer erros, acabo errando do mesmo jeito”.
Seus sentimentos: em 2 Co 6:11 ele diz: “Meus queridos amigos de Corinto! Eu
contei-lhes tudo quanto sentia; eu os amo de todo o coração”.
Suas frustrações: em 2 Co 1:8 ele diz: “Fomos esmagados e totalmente oprimidos.
Pensamos que jamais iríamos sobreviver àquela situação”.
Seus medos: em 2 Co 2:3 ele diz: “Quando vim até vocês, eu estava fraco,
amedrontado e trêmulo”.

A segunda postura é considerar que quanto mais fraco você for, mais obterá a graça
de Deus. Deus dá graça ao humilde, mas muitos não compreendem a humildade. Ter
humildade não é se rebaixar ou negar a própria força, mas ser sincero sobre suas
fraquezas. Quanto mais franco você for, mais terá da graça de Deus. As nossas
fraquezas são a porta de entrada de Deus em nossas vidas porque sem elas, sequer
perceberíamos a necessidade de Deus e nos achamos autossuficientes. A presunção, a
vaidade, o autoritarismo, a arbitrariedade, a arrogância e o orgulho afastam a presença
de Deus de nossas vidas e reduzem as oportunidades de experimentar a sua graça,
bênção e socorro. Graça significa favor e é por isso que Paulo faz uma diferenciação
em Rm 4:4 entre o pagamento do trabalho e a graça imerecida, dizendo: “Ora, ao que
trabalha, o salário não lhe é considerado como favor, mas como dívida”. Então,
a graça não é algo que Deus nos concede como se fosse uma dívida dele para conosco
pelo fato de termos trabalhado, ao contrário, é diante da nossa fraqueza que sua graça
opera. Então, quando Deus nos diz: “A minha graça te basta”, entre outras coisas
eles está afirmando: “Eu estou com você. Nas suas angústias, nas suas fraquezas, nas
suas dificuldades, quando satanás e seus anjos estão contra você, nas suas
necessidades, eu estou do seu lado”.
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A terceira postura é considerar que a vulnerabilidade é uma qualidade cativante. Da


mesma forma que a arrogância, a pretensão, a presunção, a vaidade, o autoritarismo,
a arbitrariedade, e o orgulho geram aversão, a autenticidade atrai, e a vulnerabilidade
é o caminho para a intimidade entre as pessoas. Em função disso, a vulnerabilidade
cativa os irmãos e traz a graça deles também sobre nós. É por isso que Deus usa nossas
fraquezas e não apenas nossos pontos fortes em nossos relacionamentos com os
irmãos. Se os irmãos só puderem ver nossos pontos fortes, eles irão desanimar e
pensar: Bem, melhor para ele; mas nunca poderei fazer isso. Entretanto, quando veem
Deus nos usar apesar de nossas fraquezas, animam-se e pensam: Talvez Deus também
possa usar-me! Nossos pontos fortes criam competição, mas nossas fraquezas criam a
vida em comunidade.

A quarta postura é considerar que a sinceridade constrói a credibilidade. A sinceridade


é a aceitação e mesmo exposição da nossa vulnerabilidade, das nossas fraquezas e
incompetências. Muitos líderes, para impressionar seus liderados, fazem de tudo para
camuflar esse aspecto de suas vidas, maquiando-se com uma aparência de potentes,
sábios, fortes, determinados, inteligentes e corajosos. Mas, a liderança presume
influência e os líderes podem impressionar as pessoas de longe, mas têm de chegar
perto para influenciá-las; e, quando assim fizerem, elas poderão ver suas imperfeições.
Isso acontece em qualquer relacionamento, não somente entre líder e liderado, de
modo que não há nenhum problema em sermos sinceros quanto aos nossos pontos
fracos. A qualidade essencial em um líder, assim como a de qualquer pessoa, não é a
perfeição, mas a credibilidade. As pessoas devem ser capazes de confiar em nós, caso
contrário não nos seguirão. Ao contrário do que se pensa, não construímos a
credibilidade fingindo ser perfeitos, mas sendo sinceros.
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A quarta atitude do servo para permitir o poderoso agir de Deus é gloriar-se na sua
fraqueza, gloriando também a Deus. A primeira postura é a de não aguardar ser
fortalecido para gloriar a Deus. Quando nos colocamos nessa posição, temos em vista
o resultado de um processo, e não de um só momento pontual. Nesse processo, temos
convicção de que fomos agraciados com dons espirituais e naturais, com inclinações,
temperamento, personalidade, áreas de experiência e nesse conjunto de dimensões há
pontos fortes e fracos que nos dão condições de cuidar e sermos cuidados. Assim é a
tessitura de Deus para a convivência e relacionamento entre os seus filhos, por isso
não precisamos aguardar os consertos, as resoluções, a melhoria das nossas fraquezas,
porque o entendimento maduro nos faz compreender que elas também são importantes
para nós e a isso também devemos dar glórias. A versão de 2 Co 12:5b na Bíblia Viva
é muito clara quanto a essa realidade. Nela, Paulo diz: “De uma experiência assim
vale a pena gloriar-se, porém não vou fazê-lo. Vou apenas gloriar-me de quão
fraco sou e quão grandioso é Deus para usar uma fraqueza dessas para sua
glória”.

A segunda atitude é ver-se como um troféu da graça de Deus. Em vez de posar como
ícone de invencibilidade e autoconfiança trazendo para si as medalhas e troféus, veja
a si mesmo como um troféu da graça de Deus. Quando satanás apontar as fraquezas
que você tem, concorde com ele e encha o coração de louvores a Deus, que
compreende todas as nossas fraquezas. Como troféus da graça de Deus e não da nossa
autossuficiência devemos nos gloriar no que Ele é para nós. Assim seremos seus
troféus. Nesse sentido, Jr 9:23-24 traz um aconselhamento maravilhoso vinda da parte
do Senhor. O texto diz: “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua
sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas
riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer,
que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque
destas coisas me agrado, diz o Senhor”.

A terceira atitude é deixar o coração transbordar de louvores a Deus. Pv 3:5-10 nos


ajuda a entender essa postura de entrega completa quando diz: “Confia no Senhor
de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.
Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.
Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto
será saúde para o teu âmago, e medula para os teus ossos. Honra ao Senhor
com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos; e se
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encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares”. Essa


postura é transbordante de adoração e louvor. Geralmente, quando estamos passando
por momentos de fraquezas, nos sentirmos mal e culpados, mas isso mostra que Deus,
por meio do Espírito Santo, atua no nosso convencimento e isso também é razão de
deixar o coração transbordar de louvores a Deus.

A quarta atitude é considerar que Deus transforma uma virtude em fraqueza para nos
usar ainda mais. 2 Co11:30 diz: “Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz
respeito à minha fraqueza” e isso vale até mesmo nas situações em que Deus toma
uma de suas habilidades ou virtudes e a usa como fraqueza. Sim, porque algumas
vezes Deus faz conosco o que fez com Jacó, Ele transforma um ponto forte em fraqueza,
a fim de nos usar ainda mais. A passagem de Gn 32:22-30 relata toda essa história de
Jacó. Jacó foi um manipulador, passou a vida conspirando e então fugindo das
consequências. Certa noite, ele lutou com Deus e disse: Eu não o deixarei ir enquanto
não me abençoar. Deus disse: Tudo bem, mas então lhe deslocou a coxa do quadril. O
que significa tudo isso? Deus tocou a força de Jacó (o músculo da coxa é o mais forte
do corpo humano) e a transformou em fraqueza. Daquele dia em diante, Jacó passou
a mancar, para que jamais voltasse a fugir. Isso o forçou a depender de Deus, quer
desejasse, quer não. Se queremos que Deus nos abençoe e nos use de forma poderosa,
precisamos nos colocar dispostos a mancar pelo resto da vida, pois Deus usa pessoas
fracas.
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Nesse capítulo o tema para reflexão é: “Deus opera melhor quando admito minhas
fraquezas”. O versículo para memorizar está em 2 Co 12:9 e diz: “E disse-me: A
minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa
vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o
poder de Cristo”. A pergunta para meditar é: “É possível que eu esteja limitando
o poder de Deus na minha vida por esconder minhas fraquezas? Sobre o quê
preciso ser sincero para que possa ajudar às pessoas?”

Meu convite para todas nós é que dediquemos as próximas 7 semanas para saber o
que Deus quer que façamos no restante delas, ou seja, no restante da nossa vida.

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