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2016

Português para o Teste ANPAD

Edição I - 2016
Professora Juliana Antunes Nasser

CursoANPAD Preparatório - Rua Voluntários da Pátria 147, 22.270-000, Rio de Janeiro, RJ


Este material, ou parte dele, não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização, por
escrito, do CursoANPAD Preparatório.
A Coordenação
Prof. José Aurimenes Alves Dias
profauri@yahoo.com.br
Caderno de Português

Teste Anpad

Juliana Nasser

juliana.nasser@gmail.com

Novembro de 2016

1
Sumário
Parte I: Habilidades básicas para a compreensão de texto .......................................................... 4
O que é compreensão de texto? ............................................................................................... 4
Introdução ................................................................................................................................. 5
Identificação da ideia central .................................................................................................... 5
Identificação de informações explícitas no texto ..................................................................... 8
Identificação de informações ou ideias implícitas no texto .................................................... 10
Erros clássicos...................................................................................................................... 11
Lista de exercícios de provas anteriores ................................................................................. 14
Exercícios de provas anteriores comentados.......................................................................... 38
Parte II: A organização textual .................................................................................................... 74
Tipos de texto .......................................................................................................................... 74
Texto descritivo ................................................................................................................... 74
Texto narrativo .................................................................................................................... 75
Texto injuntivo ou instrutivo ............................................................................................... 75
Texto dissertativo ................................................................................................................ 76
O parágrafo ............................................................................................................................. 78
Funções da linguagem ............................................................................................................. 79
Coesão e coerência textuais.................................................................................................... 83
Coesão textual ..................................................................................................................... 83
Coerência textual ................................................................................................................ 88
Lista de exercícios de provas anteriores ................................................................................. 90
Exercícios de provas anteriores comentados........................................................................ 101
Parte III: Recursos argumentativos de competência linguística ............................................... 118
Atitude do autor no texto ..................................................................................................... 118
Mecanismos linguísticos com efeitos de objetividade ou subjetividade .............................. 120
Efeito de sentido de objetividade ..................................................................................... 120
Efeito de sentido de subjetividade .................................................................................... 121
Variantes linguísticas............................................................................................................. 123
Linguagem denotada e linguagem figurada .......................................................................... 125
Figuras de linguagem ........................................................................................................ 128
Uso de tempos e modos verbais ........................................................................................... 131
Lista de exercícios de provas anteriores ............................................................................... 136

2
Exercícios de provas anteriores comentados........................................................................ 153
Parte IV: Correlação com outros textos .................................................................................... 179
Intertextualidade................................................................................................................... 179
Paráfrases .............................................................................................................................. 181
Paráfrases: alterações no léxico ........................................................................................ 182
Paráfrases: mecanismos sintáticos ................................................................................... 182
Polissemia.............................................................................................................................. 183
Ambiguidade ......................................................................................................................... 185
Lista de exercícios de provas anteriores ............................................................................... 187
Exercícios de provas anteriores comentados........................................................................ 204

3
Parte I: Habilidades básicas para a compreensão de texto

O que é compreensão de texto?

A compreensão de um texto pode ser definida, entre muitas possibilidades, como


apreensão de seu significado. Para tanto, são necessárias algumas habilidades do leitor. Este
Caderno de Português foi organizado de forma a apresentar e exemplificar cada uma das
habilidades exigidas pelo edital da ANPAD, conforme ilustra a figura a seguir:

Conhecimento Correlação Percepção da


da organização, entre partes do atitude do
estrutura ou texto e ideias autor,
tipologia (PARTE II) conforme a
textual e da Noções sobre
linguagem
lógica ou variantes
revelada pelo
técnica de linguísticas e
texto
argumentação figuras de
(PARTE III) linguagem
(PARTE II)
(PARTE III)

Identificação de
informações
explícitas e Correlação com
implícitas; e outros textos e
conhecimento aplicação de
de mundo suas ideias em
outras
(PARTE I) situações
(PARTE IV)
Compreensão
do texto
Capacidade de
parafraseá-lo
Identificação da adequadamente
ideia central e identificação
(PARTE I) de falhas
(PARTE IV)

4
Introdução

Nesta primeira parte, serão tratadas as habilidades básicas para a compreensão do


texto. Diferentemente das outras habilidades, que necessitam de certo aparato teórico, o
domínio das habilidades básicas pode ser alcançado por meio de estratégias de leitura, que
serão determinadas pelo enunciado da questão. Dessa forma, a partir do comando da pergunta,
decide-se o que será buscado no texto: a questão pode pedir a ideia central de um texto, pode
pedir uma informação específica (informações explícitas), ou uma possibilidade de interpretação
(informações implícitas). Cada tipo de questão pede um tipo específico de leitura, na qual serão
buscadas as informações solicitadas.

Identificação da ideia central

Ao realizar a primeira leitura de um texto, é possível que o candidato se depare com a


dificuldade de encontrar uma unidade por trás de tantos significados dispersos por ele. No
entanto, como ensinam Savioli e Fiorin (2003: 35), “quando se trata de um bom texto, por trás
do aparente caos, há ordem”. Nesse caso, após uma leitura atenta, é possível encontrar um fio
condutor, e assim, identificar a ideia central do texto.

Algumas estratégias podem ser utilizadas para uma leitura direcionada ao tema central
(ou ideia principal) de um texto. A primeira delas tem relação com sua estrutura1. Normalmente,
em um texto dissertativo, a introdução e conclusão trazem o tema principal do texto, já que na
introdução costuma ocorrer a apresentação da tese (ou ideia a ser defendida), e na conclusão,
é frequente a retomada do principal conteúdo apresentado.

Outra maneira de identificar a ideia principal é proceder à análise, no sentido de divisão


do texto. Nessa estratégia, o candidato deve dividir o texto em parágrafos (alguns textos das
provas mais recentes da ANPAD contêm apenas um parágrafo – nesse caso, devem ser divididos
em frases), e em cada parágrafo (ou frase), deve destacar a ideia mais importante. Na
comparação entre as ideias principais dos diferentes parágrafos, será possível notar –
especialmente em textos bem escritos – algum elemento de repetição. A ideia (ou parte da ideia)

1
Para mais informações sobre estrutura do texto dissertativo, ver a Parte II

5
que se repetir em todos os parágrafos, ou na maior parte deles poderá ser considerada a ideia
central do texto.

Além desses dois procedimentos citados, é possível chegar à ideia principal de um texto
por meio de perguntas. Elas poderão ser feitas tendo em vista o tipo de texto em análise2. Caso
o texto seja narrativo, o candidato poderá se perguntar “Qual história está sendo contada?”.
Caso o texto seja dissertativo, o candidato poderá se perguntar “O autor escreveu esse texto
para defender qual ideia?”. As perguntas também são importantes porque na maior parte das
vezes, a banca elabora a questão para que o candidato tenha dúvida entre duas alternativas. Em
uma delas, está uma ideia pertinente ao texto, que faz sentido, mas que não é a central ou
principal. Caso o candidato se perceba nessa situação, uma pergunta adequada seria “qual
dessas duas alternativas traz a ideia mais central, e não meramente uma ideia presente no texto,
mas que não é a principal?”.

Finalmente, a averiguação do título também pode ajudar o candidato a chegar ao tema


principal de um texto. Segundo Menegassi (2000:29), “o título é uma síntese precisa do texto
[...]: ele nomeia o texto após sua produção, sugere o sentido do mesmo, desperta o interesse
do leitor para o tema, [...] e contribui para a orientação da conclusão à que o leitor deverá
chegar”. Nesse entendimento, um título adequado e articulado a todas as partes do texto deve
compreender seu significado global. É preciso, contudo, fazer uma ressalva. Como pode
desempenhar várias funções (pode servir, como foi citado, para despertar o interesse do leitor),
em alguns casos o título não revela explicitamente qual a ideia principal do texto. Nesses textos,
outras estratégias deverão ser utilizadas.

Como é possível perceber, a eficácia de cada uma das estratégias apresentadas não é
absoluta, e vai depender de fatores como o tipo de texto, de sua estrutura, da presença ou
ausência do título ou da função do título no texto em questão. Assim, o candidato deve testar
as estratégias uma a uma, até ter certeza de que chegou à ideia principal, ou pelo menos, à
alternativa que expressa uma ideia mais central, e menos específica.

O quadro a seguir resume os procedimentos citados:

Estratégias de identificação da ideia central de um texto

2
Para mais informações sobre tipos de texto, ver a Parte II

6
 Verificar introdução e conclusão
 Examinar ideia principal de cada parágrafo e verificar repetições
 Utilizar perguntas (“qual alternativa é mais central e menos específica?”)
 Verificar título

Exercício comentado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Ao contrário do que comumente se acredita, o desempenho dos países em


desenvolvimento no período em que o estado dominou o desenvolvimento foi superior ao que
eles alcançaram durante o período subsequente de reforma voltada para o mercado. Houve
alguns fracassos grandiosos da intervenção estatal, mas quase todos esses países cresceram
muito mais rápido, com uma distribuição de renda mais equitativa e com um número bem
menor de crises financeiras, durante os “maus dias do passado” do que o fizeram no período
das reformas voltadas para o mercado. Além disso, também não é verdade que quase todos os
países ricos tenham ficado ricos por meio de políticas de livre mercado. A verdade é mais ou
menos o oposto. Com apenas algumas exceções, todos os países ricos de hoje, entre eles a Grã-
Bretanha e os Estados Unidos – os supostos lares do livre comércio e do livre mercado – ficaram
ricos por meio da combinação do protecionismo, subsídios e outras políticas que hoje eles
aconselham os países em desenvolvimento a não adotar. As políticas de livre mercado tornaram
poucos países ricos até agora e poucos ficarão ricos por causa dela no futuro.

(CHANG, Ha-Joo. 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo. São Paulo:
Cultrix, 2013, p. 100.)

(Port./Fev2014/Q.2)

Assinale a alternativa que mais adequadamente evidencia a oposição que constitui a ideia
principal do texto.

A) Países ricos x países pobres.


B) Desenvolvimento x reforma.
C) Livre comércio x comércio fechado.
D) Intervenção estatal x livre mercado.
E) Fracassos grandiosos x sucessos grandiosos.

RESPOSTA: D

A) Errado. Embora o texto trate de países ricos, a oposição desses com países pobres não é
central no texto.
B) Errado. O texto, de fato, trata tanto de desenvolvimento como de reforma, contudo tal
oposição não é central no texto.
C) Errado. O texto não fala sobre “comércio fechado”.
D) Correto. Esta oposição constitui a ideia central do texto, e pode ser verificada na sua
introdução.
E) Errado. Embora o texto cite “fracassos grandiosos”, eles não constituem uma oposição
central com “sucessos grandiosos”.

7
Identificação de informações explícitas no texto

Os exercícios que buscam avaliar essa habilidade são também chamados exercícios de
intelecção. Eles pedem, basicamente, que o candidato reconheça o que de fato está escrito, de
maneira clara e explícita.

Nesses exercícios, é preciso coletar os dados do texto, e a leitura requerida é a


informativa, pois dá respostas a questões específicas e, para tanto, exige que o candidato seja
seletivo e crítico.

Os comandos dessas questões normalmente são do tipo:

 “O autor afirma que”


 “De acordo com o texto”
 “Tendo em vista as ideias do texto”
 “Segundo o texto, está correta a afirmação”

Além disso, se o enunciado especificar “segundo o parágrafo X”, a informação a ser


verificada deverá estar contida apenas no parágrafo X, e não em outro.

A figura a seguir resume o procedimento de localização de informações explícitas no


texto

Confirmar se o Verificar qual


comando da questão informação específica
pede, de fato, uma está sendo solicitada e
informação explícita buscá-la no texto

Exercício comentado

8
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir.

A volta da “ceia da vigília”


RIO – O natal de1983 foi inesquecível para cerca de 400 alunos, pais e professores do
Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho. Com dinheiro arrecadado num “pedágio”
cobrado na Rua Cosme Velho, e com contribuições trazidas de casa, entre sacos de dormir e
velas, eles fizeram a “Ceia da Vigília”, no pátio do colégio, exigindo a reintegração de dez
professores e um coordenador demitidos dois dias antes. O presente não chegou e, após mais
de um mês acampados lá, eles caminharam em caravana chorando e cantando “Está Chegando
a Hora”, para o Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat), onde demitidos (e outros profissionais
que pediram demissão para acompanhá-los) foram convidados a criar um curso de segundo
grau, hoje Ensino Médio, a fim de receber os alunos descontentes. O movimento, que agitou as
ruas do bairro, foi parar nos jornais e elevou o Ceat para o ranking dos melhores colégios do Rio,
está completando 30 anos e será comemorado mais confortavelmente neste sábado, no
conhecido castelinho em que o Ceat funciona.

(AUTRAN, Paula. Primeiro Cadernos de O Globo, 08 de outubro de 2013, p. 20.)

(Port./Fev2014/Q.10)

Considerando exclusivamente o que informa o texto, sabemos que os alunos e professores do


Colégio São Vicente foram para o Ceat porque

A) era um colégio de vanguarda, cujas turmas de segundo grau estavam, naquele


momento, com vagas ociosas.
B) se aproveitou do movimento realizado pelos professores e alunos para inaugurar
um curso de segundo grau.
C) não tinha um curso de segundo grau e fazia restrições à atitude antidemocrática dos
donos do outro colégio.
D) convidou os professores demitidos a fundar um curso de segundo grau, em que os
alunos inconformados poderiam matricular-se.
E) a agitação ganhou as ruas do bairro e as páginas dos jornais, gerando grande
expectativa no meio educacional carioca.

RESPOSTA: D

A) Errado. O texto afirma que os professores “foram convidados a criar um curso de


segundo grau”. Não há elementos do texto que confirmem que existiam turmas do
segundo grau com vagas ociosas antes do fato narrado.
B) Errado. O Ceat, de fato, inaugurou as turmas de segundo grau na ocasião, mas o texto
não afirma em nenhum momento que houve oportunismo (“se aproveitou”).
C) Errado. A primeira parte do item está correta (“não tinha um curso de segundo grau”).
A segunda (“e fazia restrições à atitude antidemocrática dos donos do outro colégio”),
no entanto, não encontra respaldo no texto.
D) Correto. A afirmação pode ser encontrada no trecho “eles caminharam [...] para o Centro
Educacional Anísio Teixeira (Ceat), onde demitidos [...] foram convidados a criar um
curso de segundo grau, hoje Ensino Médio, a fim de receber os alunos descontentes”.
E) Errado. A informação encontra-se no texto, mas não está relacionada à mudança de
professores e alunos.

9
Identificação de informações ou ideias implícitas no texto

Questões que pedem a identificação de informações implícitas no texto são aquelas


chamadas questões de interpretação. Diferentemente da informação explícita, a informação
implícita não pode ser meramente reconhecida e apontada no texto. Ela precisa ser
desencadeada por algum elemento textual, ou por relações presentes no texto.

A maior dificuldade desse tipo de questão é o entendimento do candidato sobre o que


pode ser considerado implícito. Para muitos, a busca de informações implícitas pode ser feita
sem maiores critérios, já que a informação não pode ser situada explicitamente no texto. No
entanto, é fundamental esclarecer que, embora não possa ser pontualmente localizada, a
informação implícita deve decorrer do próprio texto, e não de elementos externos, como
conhecimento de mundo ou outros textos. Tais fatores externos são importantes para a
compreensão de um texto, no entanto, não podem ser confundidos ou computados no
reconhecimento das informações implícitas.

Conhecimento prévio
ou conhecimento de
mundo é o CUIDADO!!! Na prova, o conhecimento
conhecimento de mundo só deve ser utilizado se o
acumulado do assunto enunciado pedir. Caso contrário, o
abordado no texto. conhecimento prévio não deve ser
levado em conta. Uma questão pode
levar à extrapolação, caso apresente
uma alternativa com informações que
fazem parte da crença ou
conhecimento prévio do candidato,
mas que não pode ser comprovada
pelo texto.

A leitura requerida nesse tipo de questão é a interpretativa, na qual não vale a opinião
do leitor, mas apenas o que diz o autor no texto. Dessa forma, é possível chegar a afirmações
válidas, garantindo que as informações que formam a base a para a afirmação estejam de fato
presentes no texto, mesmo que afirmação não seja explícita.

Os comandos dessas questões normalmente são do tipo:

10
 “Com apoio no texto, depreende-se que”
 “O autor pretende demonstrar”
 “Escolha a interpretação correta”
 “Escolha a interpretação adequada”

Além disso, o candidato deverá ficar atento a palavras como não, exceto,
respectivamente e apenas, pois elas são determinantes para a escolha adequada.

Erros clássicos

Em relação à resolução de exercícios de interpretação de texto, é preciso tomar cuidado


com três erros clássicos aos quais os candidatos são induzidos. São eles:

 Extrapolação: Dizer mais que o texto e generalizar o que é particular


 Afirmação: Os portugueses José, Antônio e Joaquim são simpáticos.
 Extrapolação: Os portugueses são simpáticos.

 Redução: Particularizar o que é geral, ater-se apenas a uma parte, esquecendo


outras importantes
 Afirmação: O estudo dá prazer, por isso deve ser cultivado.
 Redução: Quando se estuda bem, o estudo dá prazer.

• Contradição: concluir contrariamente ao texto ou omitir passagens importantes


para fugir ao sentido original

 Afirmação: O homem, racional, quando sob o domínio do ódio, pode agir


como um animal selvagem.
 Contradição: O homem é racional, porque pode agir como um animal.

A figura a seguir ilustra as estratégias utilizadas para a resolução das questões que
pedem o reconhecimento de informações implícitas:

11
Verificar se a
alternativa possui
Cuidar para que o Verificar se não uma afirmação
Confirmar se o
conhecimento está incorrendo em válida, garantindo
comando da
prévio ou um dos erros que as informações
questão pede, de
conhecimento de clássicos: que formam a base
fato, uma
mundo NÃO seja extrapolação, a para a afirmação
informação
utilizado na redução ou estejam presentes
implícita
resolução contradição no texto, mesmo
que a afirmação
não seja explícita.

Exercício comentado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Nos últimos trinta anos houve um aumento significativo da desigualdade tanto nas
sociedades desenvolvidas quanto nas regiões periféricas. Até meados dos anos 1970, é bom
lembrar, o crescimento econômico foi acompanhado do aumento dos salários reais, da redução
das diferenças entre os rendimentos do capital e do trabalho e de uma maior igualdade dentro
da escala de salários.
A crise da classe média norte-americana não é fruto da Grande Recessão, iniciada em
2007, mas um fenômeno de longo prazo. De 1973 até 2010, o rendimento de 90% das famílias
norte-americanas cresceu apenas 10% em termos reais, enquanto os ganhos dos situados na
faixa dos super-ricos – a turma do 1% superior – triplicaram. Pior ainda: a cada ciclo a
recuperação do emprego é mais lenta e, portanto, maior é a pressão sobre os rendimentos dos
assalariados.

(BELLUZZO, L. G. In: Thomas Piketty e o segredo dos ricos. São Paulo:


Veneta, 2014, p. 80-81.)
(Port./Jun2015/Q.7)

Da leitura do texto depreende-se:

A) nas últimas décadas, a classe média mais prejudicada foi a norte-americana.


B) a crise da classe média norte-americana vai perdurar por um longo período.
C) a classe média norte-americana não foi atingida pela Grande Recessão, iniciada em
2007.
D) a ideia central do texto é o aumento da desigualdade social em consequência do
desnível expressivo entre os rendimentos do trabalho e a remuneração do capital.
E) até meados dos anos 1970, houve crescimento econômico graças a três fatores:
aumento dos salários, redução das diferenças entre a remuneração do capital e a
do trabalho e menor desigualdade na escala de salários.

RESPOSTA: D

12
A) Errado. Não há, no texto, comparação entre a classe média americana e a classe média
de outros países do mundo.
B) Errado. Não há, no texto, elementos para afirmar que a crise da classe média norte-
americana vai perdurar por um longo período.
C) Errado. Ao afirmar que “A crise da classe média norte-americana não é fruto da Grande
Recessão”, é possível depreender que a causa da crise da classe média seja outra, mas
não é possível comprovar que a Grande Recessão não tenha atingido, de alguma forma,
tal classe média.
D) Correto. Essa é a ideia central que perpassa todo o texto.
E) Errado. A alternativa afirma que “houve crescimento econômico graças a três fatores”,
o que extrapola o sentido de “ser acompanhado” desses fatores, como afirma o texto
original.

13
Lista de exercícios de provas anteriores

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Seu valor é determinado por seu salário?


Quem defende aumento de remuneração sem esperar nenhuma contrapartida em
termos da qualidade do serviço está subvertendo uma das leis basilares da economia: a que
estabelece que remunerações são proporcionais à produtividade do trabalhador. Americanos e
europeus não ganham quatro ou cinco vezes mais que nós porque seus patrões são bonzinhos,
mas porque é isso que produzem. Basta ver os dados da Organização Internacional do
Trabalhado: o trabalhador brasileiro produz, por uma hora trabalhada, um quinto do que produz
um americano.

(IOSCHPE, Gustavo. Revista VEJA, edição 2.342, ano 46, n. 42, 16 de outubro de 2013, p. 99.)

1. (Port./Fev2014/Q.7)

O mesmo artigo é ilustrado por uma foto do escritor norte-americano Upton Sinclair, legendada
pela seguinte frase de sua autoria: “É difícil conseguir que uma pessoa entenda algo quando o
seu salário depende de que não entenda.”

Identifique a única interpretação adequada da frase acima.

A) É difícil uma pessoa entender algo quando é paga para não entender.
B) Se uma pessoa fosse paga para entender algo, o seu salário seria maior.
C) Não se pode exigir capacidade de entendimento de quem tem seu salário
determinado pela falta dessa capacidade.
D) Não se consegue que uma pessoa tenha capacidade do entendimento se o seu
trabalho não é devidamente remunerado.
E) É difícil especialmente para uma pessoa com baixa capacidade de entendimento
admitir que é justa a recompensa financeira de seu trabalho.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir.

A volta da “ceia da vigília”


RIO – O natal de1983 foi inesquecível para cerca de 400 alunos, pais e professores do
Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho. Com dinheiro arrecadado num “pedágio”
cobrado na Rua Cosme Velho, e com contribuições trazidas de casa, entre sacos de dormir e
velas, eles fizeram a “Ceia da Vigília”, no pátio do colégio, exigindo a reintegração de dez
professores e um coordenador demitidos dois dias antes. O presente não chegou e, após mais
de um mês acampados lá, eles caminharam em caravana chorando e cantando “Está Chegando
a Hora”, para o Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat), onde demitido (e outros profissionais
que pediram demissão para acompanhá-los) foram convidados a criar um curso de segundo
grau, hoje Ensino Médio, a fim de receber os alunos descontentes. O movimento, que agitou as
ruas do bairro, foi parar nos jornais e elevou o Ceat para o ranking dos melhores colégios do Rio,
está completando 30 anos e será comemorado mais confortavelmente neste sábado, no
conhecido castelinho em que o Ceat funciona.

(AUTRAN, Paula. Primeiro Cadernos de O Globo, 08 de outubro de 2013, p. 20.)

14
2. (Port./Fev2014/Q.11)

Além dos dez professores e do coordenador demitidos, mais professores também se


transferiram para o Ceat. O texto nos diz que isso ocorreu porque

A) a direção do São Vicente resolveu fechar suas turmas de segundo grau.


B) as manifestações dos alunos sensibilizaram os pais e moveram as autoridades.
C) outros docentes, depois, também foram demitidos pela direção do São Vicente.
D) a solidariedade levou outros professores a se demitirem para apoiar os colegas.
E) a possível reintegração dos docentes acabou sendo prejudicada pelo movimento.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir, que é a continuação do anterior.

No último conselho de classe do ano, sentimos que a situação estava muito difícil. Até
que no dia 22 de dezembro recebi um recado para ir à escola, e, ao chegar, encontrei com outro
professor, André Valente (português) que tinha o mesmo recado. Ele entrou primeiro e foi
demitido. Eu também com a alegação de que era anticlerical e comunista. Foram chamando de
um por um que ia chagando: Anésio Pereira (português), Luiz Fernando (matemática), Marcelo
de Sá Corrêa (matemática), Maria Isabel (matemática), Rubim Aquino (história), Antônio Cesar
Pereira (física), José Cláudio Veloso (física/matemática) e Cesar Castro (geografia), além do
coordenador Aloízio Melo de Oliveira, psicólogo – conta Luiza, que tinha 15 anos de casa, e dava
25 tempos semanais de história.
As férias já tinham começado, mas os alunos logo ficaram sabendo, como lembra o
secretário municipal de Cultura Sérgio Sá Leitão, que na época era representante de turma do
2° ano e soube das demissões por amigos que faziam parte do grêmio do colégio. (...)
Procurada, a direção do Colégio São Vicente de Paulo não comentou o assunto.

(AUTRAN, Paula. Primeiro Caderno de O Globo, 08 de outubro de 2013, p. 20.)

3. (Port./Fev2014/Q.12)

A matéria revela que o motivo da demissão em massa dos professores tinha motivação

A) política e religiosa.
B) partidária e ideológica.
C) pedagógica e acadêmica.
D) econômica e administrativa.
E) disciplinar e comportamental.

4. (Port./Fev2014/Q.13)

“As férias já tinham começado, mas os alunos ficaram sabendo...” Essa passagem mostra que,
apesar do recesso escolar, a demissão dos professores

A) provavelmente foi divulgada de modo amplo por meio das redes sociais, gerando
uma comoção na comunidade escolar.
B) aconteceu bem no início das férias, quando os alunos ainda compareciam ao colégio
para buscar as notas finais.

15
C) gerou comoção suficiente para que os alunos se comunicassem de modo rápido e
eficiente e propagassem a notícia.
D) já era esperada por boa parte dos alunos, que sabiam serem seus professores uma
ameaça aos padrões rígidos do colégio.
E) tinha sido pressentida pelos diretores do grêmio do colégio, que ficaram de
sobreaviso para convocar os colegas imediatamente.

5. (Port./Fev2014/Q.14)

A matéria termina com a seguinte frase: “Procurada, a direção do Colégio São Vicente de Paulo
não comentou o assunto.” O segmento “não comentou o assunto” pode ser compreendido de
várias maneiras pelo leitor, exceto:

A) A direção atual não sabe o que dizer sobre o assunto.


B) A direção atual acha prudente não tocar nesse assunto.
C) A direção atual nega o que aconteceu trinta anos atrás.
D) A direção atual não quer reacender as discussões sobre esse episódio.
E) A direção atual prefere não se pronunciar sobre um fato que ocorreu trinta anos
atrás.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

O Tempo, que envelhece as faces e os cabelos, envelhece também, mas mais depressa ainda, as
afeições violentas. A maioria da gente, porque é estúpida, consegue não dar por isso, e julga que
ainda ama porque contraiu o hábito de se sentir a amar. Se assim não fosse, não havia gente
feliz no mundo. As criaturas superiores, porém, são privadas da possibilidade dessa ilusão,
porque nem podem crer que o amor dure, nem, quando o sentem acabado, se enganam
tomando por ele a estima, ou a gratidão, que ele deixou.

6. (Port./Jun2014/Q.2)

Assinale a alternativa que apresenta uma interpretação correta do texto acima, também de
Fernando Pessoa.

A) O tempo leva as pessoas ao hábito de se sentir a amar.


B) Sem ilusão do amor, as afeições pereceriam ao Tempo.
C) As criaturas superiores não amam; apenas têm estima ou gratidão.
D) A felicidade no mundo se justifica na existência de pessoas que amam.
E) O amor é efêmero, mas nem todas as pessoas percebem quando ele acaba.

7. (Port./Jun2014/Q.3)

Não há dúvidas quanto à importância do trabalho para a vida dos indivíduos, já que ele é
considerado como a essência da humanidade, aquilo que faz o homem ser homem (SAVIANI,
1997). Desse modo, pode-se afirmar que o trabalho se apresenta como um valor importante na
vida das pessoas, conservando um lugar de destaque na sociedade humana (MORIN, 2001). No
entanto, como apresenta Thiry-Cherques (2004) em suas reflexões sobre a relação homem-
trabalho, o mesmo ambiente de trabalho que promove o bem-estar do ser humano é também
fonte de vários sofrimentos e problemas.

16
Com base no texto acima, é correto afirmar:

A) Saviani (1997), Morin (2001) e Thiry-Cherques (2004) são exemplos de textos que
abordam a relação homem-trabalho.
B) Morin (2001) se baseia em Saviani (1997) para defender que o trabalho se apresenta
como um valor importante na vida das pessoas.
C) Thiry-Cherques (2004) discorda de Morin (2001) e assevera que o trabalho é fonte
de vários sofrimentos e problemas.
D) Enquanto Saviani (1997) e Morin (2001) enxergam apenas o lado positivo do
trabalho, Thiry-Cherques (2004) identifica apenas seus males.
E) Dos três autores citados, apenas Thiry-Cherques (2004) tem interesse em refletir
criticamente sobre a relação homem-trabalho.

INSTRUÇÃO: Leia o seguinte excerto de uma entrevista

Estudos avançados - Por que você redigiu uma Constituição alternativa por ocasião do debate
que resultou na promulgação da Constituição de 1988? Em que medida você agora julga um
passo adiante a nossa última Carta Magna?
Fábio Konder Comparato – Na agonia do regime empresarial-militar, eu, como tantos outros
brasileiros, alimentava a ingênua convicção de que o nosso país tornar-se-ia uma autêntica
Democracia. Era indispensável, para tanto, deixar de tratar apenas retoricamente do assunto e
organizar as instituições próprias do regime democrático. Com esse objetivo, propus, entre
outras medidas, o reconhecimento constitucional do plebiscito e do referendo popular como
instrumentos indispensáveis ao funcionamento efetivo da soberania do povo. Além disso,
sempre fiel aos ensinamentos de Celso Furtado, incluí no anteprojeto de Constituição o Poder
de Planejamento, autônomo em relação aos demais Poderes. Pequei, no entanto, por
ingenuidade. Ignorava, então, que todo regime político funda-se numa mentalidade coletiva,
feita de valores éticos e costumes bem assentados; e que, desde o Descobrimento, sempre
vivemos impregnados de uma mentalidade animada pelos valores capitalistas, isto é,
antirrepublicanos e antidemocráticos. Não me dei assim conta de que o novo regime, instaurado
pela Constituição de 1988, embora deixando de ser militar, permaneceria empresarial como
sempre fora, não obstante a enganosa fachada democrática constitucional.

(Entrevista “Um defensor dos direitos políticos do cidadão brasileiro”, publicada em ESTUDOS
AVAÇADOS, São Paulo v.27, n. 77, p. 265-280, 2013).

8. (Port./Jun2014/Q.4)

Em relação às duas perguntas feitas pela revista Estudos Avançados, Fábio Konder Comparato
apresenta uma resposta que

A) não atende a nenhuma das perguntas, ou seja, o entrevistado fornece uma resposta
extensa, porém evasiva.
B) não explicita exatamente em que momento está sendo abordada cada uma das
perguntas feitas pela revista.
C) não aborda a segunda pergunta, pois não menciona passos adiante na atual
Constituição da República.
D) é marcada por subjetividade e se baseia em sua experiência, não atendendo à
objetividade das perguntas.

17
E) dá uma opinião ressentida pelo fato de a Constituição aprovada em 1988 se mostrar
inferior à que ele havia proposto.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Toda manhã, jovens mal alimentados se dirigem às escolas. Não surpreendentemente, tais
estudantes frequentemente apresentam déficits de aprendizado (IBGE, 2010 apud SILVA, 2012).
O cérebro, já diziam Reivich et al. (1978), é o órgão que mais consome glicose, e, como
evidenciam Korol e Gold (1998), a administração de glicose antes do aprendizado fortalece
memórias. Isso sugere que, “independentemente do método pedagógico empregado – por
exemplo, expositivo, demonstrativo ou interrogativo -, a má nutrição afeta negativamente o
aprendizado” (KOROL; GOLD, 1998, p. 10).

9. (Port./Jun2014/Q.7)

Avalie cada uma das afirmativas a seguir como verdadeira (V), falsa (F) ou não passível (NP) de
ter sua verdade julgada a partir do texto.

( ) A memória faz parte do aprendizado.


( ) Existe uma relação entre má alimentação e déficit de aprendizado.
( ) Os déficits de aprendizado atingem os jovens oriundos de famílias carentes.
( ) Não há relação entre método pedagógico e déficit de aprendizado.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) F F F F.
B) V V F F.
C) V NP V V.
D) NP V NP F.
E) V V NP NP.

10. (Port./Jun2014/Q.11)

Você caminha distraído pela rua, quando de repente, ouve alguém o chamando. É aquele seu
colega que você não vê há mais de 10 anos. Nem no Facebook ele está para você manterem
contato. Vocês trocam uma e outra palavra, mas seu colega lhe diz que ele se deu mal na vida,
porque nunca levou os estudos a sério. Tentou alguns concursos, mas nem para ensino médio
passa. Também coitado, fez aquela faculdade de fundo de quintal. Você, um empreendedor
bem-sucedido, pensa: “É! Diria que ele é coitado não por ter se dado mal na vida; mas sim
porque me parece passivo. Sempre foi assim. Em vez de correr atrás das coisas. ”

Aforismo é uma máxima ou sentença que, em texto curto e sucinto, explicita regra ou princípio
de natureza prática ou moral (cf. Dic. Houaiss). Assinale a alternativa que apresenta um aforismo
que se aplica ao caso relatado acima.

A) É pecado pensar mal dos outros, mas raramente é engano.


B) Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo alheio.
C) Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos levados a vê-las.
D) O universo não precisa de comprado de desculpas, necessita de vendedor de
soluções.

18
E) O que realmente deixa um homem lisonjeado é o fato de você o considerar digno
de adulação.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Tudo o que eu queria era entender por que os indianos que conheci estavam tirando o
trabalho dos americanos, por que haviam se tornado uma referência tão importante no campo
da terceirização de serviços e tecnologia da informação dos EUA e outros países industrializados.
Colombo dispunha de mais de cem homens em seus três navios; eu contava com uma equipe
do canal de televisão Discovery Times, pequena o bastante para acomodar-se confortavelmente
em duas vans sucateadas, com motoristas indianos que dirigiam descalços. Ao embarcar,
também eu acreditava que a Terra era redonda, mas o que encontrei na verdadeira Índia abalou
profundamente a minha fé. Colombo foi parar na América por acidente, achando que havia
descoberto uma parte da Índia; eu estive na Índia, mas muitas das pessoas que lá conheci mais
pareciam americanas. Algumas chegaram a adotar nomes americanos, enquanto outras
reproduziam à perfeição o sotaque americano nos call centers e as técnicas americanas de
gerenciamento nos laboratórios de software.
Colombo informou seus soberanos de que a Terra era redonda – e entrou para a história
como o autor dessa constatação. Quando voltei para casa compartilhei apenas com a minha
esposa a minha descoberta, e num sussurro: “Querida”, confidenciei, “acho que o mundo é
plano”.

(FRIEDMAN, Thomas. O mundo é plano: uma breve história do século XXI. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2005, p. 13.)

11. (Port./Set2014/Q.5)

Qual é a ideia central do texto?

A) O desemprego nos Estados Unidos.


B) A tese de Colombo nos dias de hoje.
C) A influência norte-americana nas empresas indianas.
D) A globalização no fornecimento de produtos e serviços.
E) A superioridade profissional dos indianos nos países industrializados.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Hoje, prevalece a certeza de que andar de ônibus ou de trem é coisa de pobre. Quem
consegue juntar algum dinheiro trata logo de comprar um carro. Mesmo que ele passe a maior
parte do tempo na garagem ou engarrafado. O que importa é o símbolo de status, a ideia de
que está subindo na vida. Poucas coisas estão mais distantes da ideia de civilização do que estar
sozinho num carro preso no trânsito.

(VIEIRA, Agostinho. A gente se vê por aqui. O GLOBO, 20 de março de 2014, p. 24.)

12. (Port./Set2014/Q.10)

Observe as seguintes afirmativas sobre o texto.

19
I. Andar de ônibus ou de trem ser coisa de pobre é apresentado como um
conceito generalizado e não como uma opinião do autor.
II. Se soubesse que iria passar a maior parte do tempo parado, ninguém
compraria um carro.
III. O que leva uma pessoa a comprar um carro é ostentar uma posição social
superior.
IV. Quem compra um carro quer fugir da má qualidade do transporte público.

Estão corretas

A) apenas as afirmativas I e III.


B) apenas as afirmativas I e IV.
C) apenas as afirmativas II e IV.
D) apenas as afirmativas III e IV.
E) apenas as afirmativas I, III e IV.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Dito e feito
Não deixa de ser uma estranha sensação, esta de me ver mais uma vez reaparecendo
regularmente em jornal. É uma espécie do palco, ou picadeiro, em que me exponho, faço
cabriolas e gatimonhas, executo as pelotiquices de costume.
Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenho feito outra coisa. Andei como
um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando, como se fosse pela primeira
vez.
E agora aqui estou, realmente pela primeira vez neste jornal. Começar é sempre difícil,
deixa a gente meio sem jeito, não sabendo o que dizer, como no início de um namoro: dá licença
de falar com você? posso acompanhá-la? E pronto: admitida a abordagem, que dizer agora?
Pois então, sejam minhas primeiras palavras um rápido improviso de saudação aos
leitores, um abraço aos novos colegas, lembranças aos meus familiares – e vamos em frente.

(SABINO, Fernando. Livro aberto. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 458.)

13. (Port./Set2014/Q.11)

Antes de dizer a seus leitores objetivamente o que deseja, o autor faz algumas reminiscências,
entre as quais inclui

A) sua constante mudança de local de trabalho.


B) sua vida de jornalista respeitado e experiente.
C) seu cumprimento aos familiares, colegas e leitores.
D) seu jeito meio improvisado de escrever crônicas diárias.
E) sua sensação estranha ao olhar para seu próprio passado.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Não fique tanto tempo no escritório


Trabalhar menos pode melhorar o resultado
Na área privada, a Treehouse, uma startup de ensino online na Flórida, adotou a semana
de trabalho de quatro dias úteis, dando folga aos 75 funcionários a partir de sexta-feira. O

20
sistema vem dando bons resultados, segundo seu CEO, Ryan Carson. A tese é de que o período
maior de folga atrai mão de obra qualificada. Além disso, a semana de trabalho mais curta obriga
os funcionários a ter maior produtividade – porque as tarefas continuam as mesmas. A
Treehouse já conquistou 70 mil usuários e arrecadou US$ 13 milhões com investidores.
Em artigo para a revista Foreign Policy, o economista Charles Kenny fornece argumentos
para a redução de jornada: na atual economia do conhecimento, a produtividade gera mais
riqueza do que horas trabalhadas. Segundo Kenny, 40 anos de estudos mostram que as pessoas
trabalham com mais afinco se tiverem limitado seu tempo para realizar a tarefa.

(NOGUEIRA, Paulo Eduardo, Revista ÉPOCA NEGÓCIOS, junho de 2014, p. 18.)

14. (Port./Fev2015/Q.7)

Assinale a alternativa que não apresenta o que o texto caracteriza como vantagem para uma
empresa adotar a redução da jornada de trabalho.

A) Melhores resultados.
B) Maior grau de captação de profissionais qualificados no mercado de trabalho.
C) Maior empenho dos funcionários: cumprir tarefas com menor disponibilidade de
prazo.
D) Maior capacidade de atração de aportes financeiros: mais interesse do público
investidor.
E) Maior produtividade dos funcionários: menos tempo para realizar a mesma
quantidade de trabalho.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Analfabetos voluntários
Quem não lê nem escreve nunca, embora saiba como fazer as duas coisas, não tem
realmente nenhuma vantagem pratica em relação a quem não sabe ler nem escrever – como
ensina Mark Twain, não vale mais do que um analfabeto puro, simples e legítimo.
É um sujeito que conhecemos muito bem no Brasil: aquele infeliz que tem de decorar a
cor do seu ônibus, porque não é capaz de ler os números e letras que aparecem no letreiro, ou
assina o seu nome com um X, porque não aprendeu a escrever. Caso você esteja entre a
multidão que nunca ê um livro, ou uma frase com mais de 140 toques, e nunca escreve nada
mais longo do que isso, aqui vai uma notícia interessante: você é um analfabeto.
Eu? Sim, você mesmo. É uma pena; infelizmente, também é a verdade. Tanto faz que
tenha se formado na universidade, seja um alto executivo multinacional ou nacional, disponha
de um certificado de “celebridade”, por ser top model ou alguma coisa “famosa”, possa utilizar
150 “apps” no seu celular, conte com 1000 amigos no Facebook e, em casos extremos, tenha
até sido presidente da República. O indivíduo que nunca lê nada é uma vítima do analfabetismo
– vítima voluntária, certo, mas analfabeto do mesmo jeito.

(GUZZO, J. R. Revista VEJA, n° 2377, 11/06/2014, p. 100-1.)

15. (Port./Fev2015/Q.11)

O texto começa com uma referência a Mark Twain, segundo a qual a pessoa que sabe ler e
escrever, mas não lê nem escreve

21
A) é um analfabeto puro, simples e legítimo.
B) rejeita internacionalmente as benesses da cultura.
C) merece ser criticada muito mais do qualquer outra.
D) vale tanto quanto a pessoa que não sabe ler nem escrever.
E) tem a maior possibilidade de recuperação para a vida social.

16. (Port./Fev2015/Q.13)

No segundo e terceiro parágrafos, o autor altera a informação sobre quem sabe ler e escrever,
mas nunca lê nem escreve. Passamos então a entender que uma das características desse tipo
de analfabeto é

A) contar com mil amigos no Facebook.


B) saber utilizar aplicativos no seu celular.
C) ler e escrever frases com, no máximo, 140 toques.
D) ser talvez um alto executivo de uma multinacional.
E) dispor de um certificado de celebridade ou de pessoa famosa.

INSTRUÇÃO: Leia o texto seguinte

Exagero? Se você se recusa a ler ou escrever porque acha chato, inútil, obsoleto ou por
qualquer outro motivo, faça o seguinte teste: tente explicar, no duro, qual é realmente a
diferença entre você e um analfabeto – além, naturalmente, da capacidade de ler letreiros,
assinar seu nome num pedaço de papel e outras miudezas. Vamos ver quem consegue.
A maré está na vazante. A substituição do alfabeto por sinais como “rsrsrs” ou “kkkkk”,
por exemplo, adiantou alguma coisa para melhorar os índices atuais de inteligência ou de
cultura? Não parece. O tempo ganho com essa economia ortográfica não resultou no aumento
da produtividade mental de ninguém – não levou à produção de mais ideias, digamos, ou de
ideias melhores do que as que vemos por aí. Esse tipo de conquista, que aumenta o volume do
som, mas não melhora a voz do cantor, só confunde ainda mais linha divisória entre
alfabetizados e analfabetos. Eis aí mais um fenômeno da vida moderna: a universalização da
ignorância.
Não deveria ser assim. Como todos sabem, a “mobilidade”, a “nuvem”, a comunhão
entre 1 bilhão de pessoas numa rede social e outras conquistas extremas da “conectividade”
provocaram uma “revolução dentro da revolução” e outros prodígios. Não se consegue traduzir
direito essa linguagem para o português comum; só nos garantem que a internet vem fazendo
cair cada vez mais as barreiras entre quem tem e quem não tem “conhecimento”. Mas a
impressão é que tais barreiras podem estar caindo do lado errado – ou seja, os que têm
conhecimento vão ficando cada vez mais parecidos com os que não têm.

(GUZZO, J. R. Revista VEJA, n° 2377, 11/06/2014, p. 100-1.)

17. (Port./Fev2015/Q.16)

Na frase final, o jornalista menciona a queda de barreiras entre dois tipos de pessoas. Assinale
a alternativa que reapresenta suas ideias sem alterar seu conteúdo.

22
A) Quem não tem conhecimento cada vez mais se aproxima de quem tem
conhecimento porque participa de redes sociais, faz consultas na internet, utiliza o
Google como ferramenta de pesquisa e se instrui por meio dos computadores.
B) Quem tem conhecimento cada vez mais se afeta de quem não tem conhecimento
porque sabe utilizar melhor as redes sociais, consegue ter mais eficiência ao
consultar a internet e o Google como ferramenta de pesquisa.
C) Os que têm conhecimento e os que não têm conhecimento estão cada vez menos
separados, embora a aproximação desses dois grupos esteja cada vez mais
pendendo para o lado dos que não têm conhecimento.
D) Os que não têm conhecimento e os que têm conhecimento estão cada vez menos
distantes, ainda que a aproximação desses dois grupos esteja cada vez mais
pendendo para o lado dos que têm conhecimento.
E) Quando se fala em conhecimento motivado pelas redes sociais e pelas ferramentas
de pesquisa na internet, nunca se sabe exatamente se a referência é a um
conhecimento construtivo ou a um conhecimento descartável.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir:

Todo ano, milhares de brasileiros deixam o País em busca de melhores condições de vida
no exterior. Muitos são bem-sucedidos, encontram empregos dignos e satisfatórios,
estabelecem raízes reconstroem satisfatoriamente suas vidas. A esses, o Governo deseja todo
êxito e segue oferecendo assistência e apoio por meio de sua rede consular, esperando que,
sem prejuízo dos novos laços com o país de acolhimento, mantenham os vínculos afetivos e
culturais com o Brasil. Outros brasileiros, no entanto, não têm a mesma sorte. Ao invés de
oportunidades, encontram dificuldades, sofrimento, exploração e por vezes violência sob as
mais diversas formas. Para esses compatriotas, o retorno ao Brasil deve ser orientado e
facilitado, de modo que possam reinserir-se na sociedade e no mercado de trabalho, retomando
suas vidas aqui com a dignidade que merecem.

(BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Divisão de Assistência Consular. Guia de retorno
ao Brasil / Returning to Brazil. Brasília: MRE, 2010.)

18. (Port./Jun2015/Q.1)

De acordo com o texto,

A) o exterior oferece melhores condições de vida que o Brasil.


B) os brasileiros que se dão bem no exterior não retornam para o Brasil.
C) os brasileiros no exterior perdem vínculos afetivos e culturais com o Brasil.
D) os brasileiros que retornam dificilmente retomam suas vidas com dignidade.
E) o retorno ao Brasil deve ser facilitado àqueles que não tiveram sorte no estrangeiro.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Se nos perguntassem como nos comportaríamos em uma situação opondo uma


vantagem pessoal ao bem geral, a maioria de nós não seria capaz de admitir a opção pela
vantagem pessoal. A história mostra claramente, contudo, que a maioria das pessoas coloca os
próprios interesses à frente dos interesses alheios, seja por temperamento ou formação. O que
não faz delas pessoas ruins, apenas humanas.

23
Mas toda essa defesa do interesse próprio pode ser frustrante para quem tem ambições
maiores que simplesmente garantir alguma pequena vitória pessoal. Talvez você queira aliviar a
pobreza, permitir que o governo funcione melhor ou convencer sua empresa a poluir menos, ou
simplesmente fazer com que seus filhos parem de brigar. Como vai conseguir que todo mundo
puxe na mesma direção, se cada um está basicamente puxando na sua própria?

(LEVITT, S. D.; DUBNER, S. J. Pense como um freak. Rio de Janeiro: Record, 2014, p. 16.)

19. (Port./Jun2015/Q.2)

Da leitura do texto depreende-se:

A) por egoísmo ou deformação de caráter, a maioria das pessoas coloca os próprios


interesses acima dos interesses alheios.
B) nem todas as pessoas são ruins; algumas abrem mão de seus interesses particulares
em benefício de interesses alheios, outras não.
C) a defesa do interesse particular em detrimento do interesse alheio é mais difícil
quando se pretende mais que uma simples vitória pessoal.
D) aliviar a pobreza, fazer o governo funcionar melhor e seus filhos pararem de brigar
são exemplos de “ambições maiores que simplesmente garantir alguma pequena
vitória pessoal”.
E) o emprego dos pronomes “nos”, “nós”, “seus” e “você” evidencia que os autores
estão se dirigindo a um público em particular.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Escrever romances não adula a vaidade, nem sequer momentaneamente. À diferença


do diretor de cinema, do pintor ou do músico, que podem observar a reação de alguns
espectadores diante de suas obras e inclusive ouvir seus aplausos, o romancista não vê seus
leitores lendo seu livro nem assiste à sua aprovação, emoção ou complacência. Se tem a sorte
de vender muitos exemplares, talvez poderá se consolar com um número, despersonalizado e
abstrato como todos os números, por mais alto que seja, e além disso deverá saber que
compartilha esse tipo de cifra e de consolo com os seguintes autores: chefs de cozinha que
divulgam suas receitas, biógrafos escandalosos de celebridades com cabeça de vento,
futurólogos que usam correntes, colares e até capas, filhas maledicentes de atrizes, colunistas
fascistas que veem o fascismo por toda parte menos em si mesmos, tolos arrogantes que dão
lições de maneiras, bem como outras figuras tão eminentes quanto.

(MARÍAS, J. Sete razões para não escrever romances e uma para escrevê-los. Folha de São
Paulo, 27 de julho de 2014, Caderno Ilustríssima, p. 3.)

20. (Port./Jun2015/Q.5)

Considerando o desenvolvimento das ideias do autor, o quadro a seguir separa alguns


profissionais citados no texto em dois grupos.

24
GRUPO 1 GRUPO 2
Diretor de cinema Chefs de cozinha
Pintor Biógrafos
Músico Futurólogos
Colunistas

Observe as seguintes afirmativas.

I. O autor sustenta que todos esses profissionais fazem sucesso.


II. O autor sustenta que todos esses profissionais são merecidamente vaidosos.
III. O grupo 1 se difere do grupo 2 para efeito da argumentação do autor.
IV. Um romancista não conseguirá se incluir no grupo 1, mas poderá se incluir no grupo
2.

São corretas

A) apenas as afirmativas I e III.


B) apenas as afirmativas I e IV.
C) apenas as afirmativas II e III.
D) apenas as afirmativas III e IV.
E) apenas as afirmativas I, III e IV.

21. (Port./Jun2015/Q.6)

Leia o texto a seguir:

Homens sozinhos que cruzavam a calçada, olhavam para trás e suspiravam: “que
delícia”. Eu tinha treze anos. Usava calça comprida, tênis e camiseta. Agora, multiplique isso por
todos os dias da minha vida. Sei que para homens é difícil entender como isso pode ser violência.
Nós mesmas, mulheres, nos acostumamos e deixamos pra lá. Nós nos acostumamos para
conseguir viver o dia a dia. [...] O privilégio é invisível. Para o homem, só é possível ver o privilégio
se houver empatia. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, todos os homens foram
subjugados, violentados, assassinados, podados, controlados. Tente imaginar um mundo onde,
por cinco mil anos, só mulheres foram cientistas, físicas, chefes de polícia, matemáticas,
astronautas, médicas, advogadas, atrizes, generais. Tente imaginar um mundo onde, por cinco
mil anos, nenhum representante do seu gênero esteve em destaque, na televisão, um teatro,
no cinema, nas artes. Na escola, você aprende sobre a história feita pelas mulheres, a ciência
feita pelas mulheres, o mundo feito pelas mulheres.

(REGINA, C. Como se sente uma mulher. Papel de homem, 22 de maio 2013. Disponível em:
<http://papodehomem.com.br/como-se-sente-uma-mulher/>. Acesso em: 18 de maio 2015.

Assinale a alternativa que apresenta uma análise correta do texto.

A) A autora convida o leitor a imaginar um mundo com uma história oposta à nossa
como forma de mostrar que a mulher sempre foi colocada em posição inferior à do
homem na sociedade.
B) A autora mostra que o homem tem um privilégio invisível porque as próprias
mulheres começam a aceitar a violência para conseguir viver o dia a dia.

25
C) A autora, na condição de mulher, tem autoridade para explicar a situação vivida não
apenas por ela, mas também por todas as demais representantes do seu gênero.
D) A autora gostaria de um mundo em que as mulheres se destacassem mais que os
homens em todos os setores da sociedade, como artes e ciências.
E) A autora se sente violentada desde os treze anos, pois, para ela, suspiros de “que
delícia” vindos dos homens não são uma necessidade feminina.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

De magrela pela transamérica


Existem momentos na vida em que a gente precisa sair das engrenagens que ditam
nossa rotina. Tirar um período de férias, gozar meses de sabático ou até transformar o limão
daquela demissão numa limonada. Rearranjar os neurônios, inspirar-se pelo mundo, conhecer
pessoas inusitadas, colocar-se em situações inéditas. Enfim, juntar algumas histórias para contar
pelo resto da vida.
Prestes a completar 33 anos, eu havia chegado num momento desses. Depois de
experimentar trabalhar em algumas agências de comunicação, comecei a trabalhar como
freelancer em design gráfico. Parecia que a nova empreitada profissional tinha tudo para dar
certo. O que significaria que os próximos vários anos seriam pela agenda profissional. Se eu não
embarcasse numa aventura agora, só depois dos 40. Respirei fundo, fiz muitas dívidas e resolvi
encarar o projeto de uma grande viagem de bicicleta.

(CAPARICA, Marcio, Revista VIP, julho de 2014, p. 92.)

22. (Port./Fev2015/Q.3)

Qual é a ideia central do texto?

A) A importância de conhecer o mundo.


B) A vantagem de trabalhar sem vínculo empregatício.
C) A idade adequada para uma pessoa se lançar numa aventura.
D) A necessidade de fugir à rotina com a busca de experiências novas.
E) A decisão do autor de aventurar-se pelo mundo, ocasionada por sua demissão.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Petrópolis – Chuva ajuda a acabar com incêndio na Serra


A chuva forte registrada na região serrana durante a madrugada de segunda-feira
ajudou a pôr fim ao incêndio que atingia o local nos últimos dias, segundo o comandante do
Corpo de Bombeiros da região, coronel Roberto Robadey. Graças a esse auxílio, a corporação e
o Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio) consideraram extinto o
incêndio.
Os primeiros focos foram registrados no dia 7, devido à seca. O coronel explicou que a
cobertura vegetal das encostas foi destruída, aumentando os riscos de deslizamentos em caso
de chuva prolongada.
De acordo com o governo do estado, mais de 2,6 mil hectares de floresta foram
destruídos no episódio no Parque Nacional de Araras e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
Cerca de 600 bombeiros participaram da operação.

(Jornal do Comércio: 21/10/2014, p. A-7)

26
23. (Port./Jun2015/Q.11)

A corporação e o ICMBio consideraram extinto o incêndio

A) em decorrência do auxílio das chuvas.


B) em detrimento da intensidade das chuvas.
C) em adiantamento da interferência da natureza.
D) em função da medição pluviométrica adotada.
E) em consequência da operação conjunta de seus agentes.

24. (Port./Jun2015/Q.13)

Observe a seguinte frase do texto: “O coronel explicou que a cobertura vegetal das encostas foi
destruída, aumentando os riscos de deslizamentos em caso de chuva prolongada.”

Dessa afirmação, pode-se concluir que os deslizamentos das encostas costumam ocorrer nas
seguintes circunstâncias:

I. haver chuvas prolongadas.


II. haver seca seguida de incêndios.
III. haver riscos de destruição.
IV. não haver cobertura vegetal.
V. não haver uma corporação de prevenção.

A interpretação correta da frase do texto está presente na combinação das circunstâncias

A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) III e V.
E) IV e V.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Mercúrio de marcha à ré
É só o que se fala no mundo da astrologia: todo cuidado é pouco entre os dias 7 de junho e 1°
de julho. É a volta do Mercúrio retrógrado, fase em que, metaforicamente, o planeta anda para
trás, atrapalhando tudo o que for ligado a comunicação por aqui - e complicando a vida de muita
gente. Vai cair bem na Copa do Mundo.

(GUIMARÃES, Cleo. Gente Boa. O Globo: 29 de maio de 2014, Segundo Caderno, p. 5.)

25. (Port./Set2015/Q.35)

Da leitura do texto se depreende que, em relação à fase do Mercúrio retrogrado, a autora

A) não acredita em seus efeitos negativos.


B) registra a informação, mas não garante sua veracidade.
C) admite a ocorrência de efeitos prejudiciais a Copa do Mundo.

27
D) apresenta o fenômeno para justificar sua crença na astrologia.
E) acredita apenas em seus efeitos negativos no campo da comunicação.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

O desenvolvimento sustentável é o maior e mais complicado desafio que a humanidade


já enfrentou. A mudança climática sozinha é uma dificuldade extraordinária. Somam-se a ela
outros dilemas, como a rápida urbanização, o crescimento populacional, a exploração excessiva
de recursos oceânicos e terrestres, entre outras inúmeras questões. Esse é um problema
multigeracional e atinge áreas centrais de nossa vida econômica, como energia, transporte,
infraestrutura e suprimento alimentar - todas carentes de grandes reformulações tecnológicas.
Para tomar esse tema ainda mais complexo, há poderosos interesses constituídos, como os das
grandes empresas petrolíferas internacionais. Elas obstruíram o esclarecimento da opinião
pública e o progresso da implementação de fontes mais limpas. As demandas se multiplicam e
os prazos são apertados.
Mas não devemos desistir. Hoje, identificamos maneiras muito específicas de prever
como alcançar os objetivos de sustentabilidade. Conhecemos as tecnologias que podem
"descarbonizar" o sistema energético mundial e levar a uma eficácia energética tremenda.
Sabemos quais tecnologias aumentam a produtividade agrícola e reduzem o uso de defensivos
e fertilizantes. Mostramos como cidades podem planejar o futuro e projetar infraestruturas
inteligentes. Essas são oportunidades a nosso alcance, não é ficção científica, mas coisas que
sabemos como fazer e são acessíveis. Em muitos casos, como nas energias eólica e solar, os
custos já estão próximos das tecnologias tradicionais, ao menos em algumas regiões
privilegiadas do planeta.

(SACHS, Jeffrey. A era do desenvolvimento, Revista EXAME, edição 1.085, 18 de março de 2015,
p. 85.)

26. (Port./Set2015/Q.38)

O segundo parágrafo não faz referência a qual dos seguintes âmbitos dos obstáculos
apresentados no primeiro parágrafo?

A) Clima.
B) Energia.
C) Transporte.
D) Infraestrutura.
E) Suprimento alimentar.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Lago Azul
Eu inventei uma saudade
enorme
para sofrer.
Eu desenhei uma lágrima
quente
para chorar.
Com a saudade conversei
baixinho

28
para esquecer ...
Mas para a lágrima eu não dei
a face
para escorrer.
Falei com a saudade.
Ela me disse o que não era meu.
Contei à lágrima.
Ela secou e não me respondeu.

(ADALCINDA. Antologia Poética. Belém: Ceiup, 1995. p. 224)

27. (Port./Set2015/Q.45)

O poema mostra que o enunciador tinha a pretensão de

A) falar, ouvir e contar.


B) sofrer, chorar e esquecer.
C) inventar, desenhar e conversar.
D) sofrer e chorar, mas não esquecer.
E) inventar e desenhar, mas não conversar.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Sobre a humanidade em tempos sombrios: reflexões sobre Lessing


[discurso proferido por ocasião da aceitação do Prêmio Lessing da Cidade Livre de Hamburgo,
em 1959]

A distinção conferida por uma cidade livre e um prêmio que traz o nome de Lessing constituem
uma grande homenagem. Reconheço que não sei como vim a recebê-la e ainda não me foi
inteiramente fácil chegar a um acordo sobre ela. Ao dizê-lo, posso ignorar totalmente a delicada
questão de mérito. Quanto a isso, as homenagens nos dão uma convincente lição de modéstia,
pois pressupõem que não nos cabe julgar nossos próprios méritos da mesma forma como
julgamos os méritos e realizações de outras pessoas. Em relação a prêmios, o mundo fala
abertamente, e se aceitamos o prêmio e expressamos nossos agradecimentos, só podemos fazê-
lo ignorando-nos a nós mesmos e agindo totalmente dentro do quadro de nossa atitude em
relação ao mundo, em relação a um mundo e a um público a quem devemos o espaço onde
falamos e somos ouvidos.
(ARENDT, Hannah. São Paulo: Cia. das Letras, 2008, p. 10.)

Nota - O poeta e dramaturgo alemão Gotthold Ephraim Lessing (1729-1781) é considerado um


dos maiores representantes do Iluminismo, conhecido também por sua crítica ao antissemitismo
e defesa do livre pensamento e tolerância religiosa.

28. (Port./Set2015/Q.47)

Qual é o ponto de vista que a autora expressa no texto sobre o recebimento de homenagens?

A) Os homenageados modestos são menos convincentes quando julgam os méritos de


outras pessoas.

29
B) O recebimento de homenagens pressupõe que os prêmios conferidos são
superiores ao mérito das pessoas.
C) O mérito dos homenageados nem sempre é superior ao que a lição de modéstia
proporciona as outras pessoas.
D) As homenagens representam uma lição de modéstia, pois é atribuída por quem julga
os méritos de outras pessoas.
E) O julgamento do mérito para conferir homenagens não cabe a quem é
homenageado e gera uma lição de modéstia.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Há rapazes e moças que já estão com 25 anos de idade, às vezes mais, e nunca
escreveram nada na vida. Redigir mais de 100 palavras em seguida, por exemplo, deixa um
executivo de primeira linha exausto, como se tivesse acabado de escrever Os Lusíadas, de Luís
de Camões.
A grande maioria dos brasileiros que completam o curso superior sai da universidade
com dificuldades extremas para conectar entre si os diversos mecanismos cerebrais que
permitem ao ser humano comunicar-se por escrito; contentam-se em ser “o animal que fala",
como Aristóteles descrevia o homem primitivo.
A maneira realmente moderna de encarar a leitura é medir a sua utilidade com uma
pergunta-chave: "Ler para quê?". Hoje em dia é possível ficar sabendo qualquer coisa, em
qualquer lugar e a qualquer hora- da data da Batalha de Tuiuti ao dia do aniversário de Cate
Blanchett. Qual a necessidade de saber as respostas antes de serem feitas as perguntas? É um
modo de encarar a vida - não é preciso mais aprender, basta chamar o Google. É errado pensar
assim? Com certeza é melancólico.
Todas as vezes em que você perceber que está ao lado da maioria, é hora de fazer uma
pausa e pensar um pouco.
GUZZO, J. R. Revista VEJA, n.2377, 11 jun. 2014, p. 100-1.

29. (Port./Fev2016/Q.35)

Na comparação que o jornalista faz entre redigir mais de 100 palavras seguidas e escrever Os
Lusíadas, pode-se concluir que o livro de Luís de Camões

A) é uma obra de grande importância e tamanho.


B) tem repercussão na crítica literária até hoje.
C) deixa qualquer pessoa exausta após sua leitura.
D) poderia ser condensado e conter menos palavras.
E) é um poema épico com 1102 estrofes de 8 versos.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Todos nós, pesquisadores e professores, estamos acostumados a ler textos; afinal, fazer
parte de uma comunidade acadêmica implica estar a par dos acontecimentos e das ideias em
circulação para que possamos nos posicionar e contribuir. Durante os últimos cinco anos tive a
possibilidade de fazer isso de maneira muito especial. Sem saber quem escrevia (nosso processo
de desk review é feito sem a indicação de autoria), li mensalmente algo entre 30 e 40 artigos
escritos por pessoas das mais variadas disciplinas e áreas de atuação, usando métodos de análise
distintos, sobre tópicos que seus autores consideravam relevantes e importantes em nosso
campo. Foi uma experiência que me deixou bastante otimista sobre o caminho de nosso campo;

30
aprendi muito sobre muitas áreas distintas e a vocês autores deixo meu profundo muito
obrigado.

SPINK, P. K. Editorial. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 49, n. 6, p. 1351-


1352, nov. dez. 2015. Excerto.

30. (Port./Fev2016/Q.38)

Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação sem respaldo no texto.

A) Pelo menos de 2011 a 2015, Spink foi editor do periódico de onde o texto foi
extraído.
B) A julgar pelo nome do periódico, Spink provavelmente está se referindo a
administração pública.
C) Não necessariamente os tópicos eram relevantes na opinião de outras pessoas,
inclusive do editor.
D) A leitura de textos é uma das atividades exercidas por aqueles inseridos na
comunidade acadêmica.
E) Supõe-se que os pareceristas da revista em tela desconhecem os autores dos artigos
que avaliam.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Os desafios do envelhecimento
O Japão detém uma das mais altas expectativas de vida do planeta, de 83,6 anos, e a
maior média de idade da população, de 45,9 anos. Os idosos representam cerca de um terço da
população. A composição do país levou o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, de 72 anos,
a declarar que “O problema não será resolvido a não ser que eles possam se apressar e morrer",
numa referência aos idosos, em uma reunião do Conselho Nacional que discutia reformas na
seguridade social. Na ocasião, em janeiro de 2013, o político alertou ainda para o alto custo do
tratamento de pacientes que não podiam se alimentar sozinhos, a quem chamou de "pessoas-
tubo". Diante da repercussão causada pelos seus comentários, ele admitiu, depois, ter usado
uma linguagem inapropriada e expressado publicamente suas opiniões pessoais. Mais tarde, o
ministro confirmou que o governo japonês estuda uma redução progressiva nas pensões como
forma de enfrentar o déficit nas contas da previdência social.

TONELLO, M. N. Guia do estudante - atualidades. São Paulo: Editora Abril, 2° semestre de


2014, p. 150.

31. (Port./Fev2016/Q.42)

No seu blog, em 20 de janeiro de 2010, o jornalista Celso Ming revelou as seguintes observações
feitas por especialistas das Nações Unidas.

I. "Em 2009, seis países tinham mais da metade da população mundial com mais de
80 anos: China, Estados Unidos, Índia, Japão, Alemanha e Rússia."
II. "A população mundial cresce a um ritmo de 1,2% ao ano. Enquanto isso, o número
de sexagenários aumenta 2,6%. Ou seja, tem mais gente envelhecendo do que
nascendo."

31
III. "Em 1998, os países ricos já tinham mais gente com 60 anos do que com 14. Em
2045, o mundo inteiro estará nessas condições."
IV. "A idade média da população mundial é 28 anos. Dentro de 40 anos, esse marco
divisório saltará para a faixa dos 38 anos. O campeão em média de idade mais
avançada é o Japão, com 44 anos."

Quais dessas observações contrariam as informações do texto?

A) Todas as observações.
B) Apenas as observações I e III.
C) Apenas as observações I e IV.
D) Apenas as observações III e IV.
E) Nenhuma das observações.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

A maleta de meu pai


Dois anos antes de morrer, meu pai me entregou uma maleta contendo seus escritos,
originais e cadernos. Assumindo a sua expressão habitual de brincadeira e zombaria, ele me
disse que gostaria que eu lesse tudo aquilo depois que ele tivesse partido, ou seja, depois de sua
morte.
"Dê só uma olhada", ele pediu, com um ar um tanto encabulado. "Veja se encontra
alguma coisa que possa usar. Depois que eu tiver partido, talvez você possa fazer uma seleção
e publicar."
Estávamos no meu escritório, cercado de livros. Meu pai ficou procurando um lugar
onde pudesse pousar a maleta, caminhando de um lado para o outro como um homem que
precisasse se livrar de um fardo incômodo. No final, acabou depositando a maleta num canto,
fora do caminho. Foi um momento embaraçoso do qual nenhum de nós dois jamais se esqueceu,
mas depois que passou e retomamos aos nossos papéis habituais, tratando a vida com leveza,
as nossas personas brincalhonas e zombeteiras assumiram o controle e pudemos relaxar.

PAMUK, O. A maleta do meu pai. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 9-10.

32. (Port./Fev2016/Q.49)

O autor revela que ele e seu pai tinham

A) identificação na maneira de levar a vida com humor.


B) dois anos de separação e gostavam de falar sobre literatura.
C) temperamentos diferentes e guardavam segredos um do outro.
D) desprezo por seus papeis habituais e zombavam da ideia de morte.
E) expressões habituais de zombaria e jamais se esqueciam do combinado.

33. (Port./Fev2016/Q.50)

A conversação entre o narrador e seu pai ocorreu

A) dois anos antes da morte do enunciador.


B) na casa do pai do enunciador, em seu escritório.
C) no escritório do filho, onde havia muitos livros.

32
D) numa livraria que ambos costumavam frequentar.
E) antes de o filho saber que seu pai estava muito doente.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir


As rosas não falam
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão, enfim.

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim.

Queixo-me às rosas, mas que bobagem.


As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti.

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos, por fim.

(CARTOLA. Cartola II. LP Marcus Pereira 9325, 1976, lado 2, faixa 2.)

34. (Port./Jun2016/Q.1)

A única interpretação correta para o sentimento do enunciador da canção está em:

A) Ele pensa que o término do verão coincide com florescimento das rosas.
B) Ele está mais triste porque ama alguém que o fez sentir-se traído.
C) Ele sabe que a dor pela perda da pessoa amada é irremediável.
D) Ele tem dúvidas sobre seu amor, que nunca foi correspondido.
E) Ele sofre imensamente por ter perdido a sua amada.

35. (Port./Jun2016/Q.2)

Para o enunciador, dizer “queixo-me às rosas” representa

A) a inutilidade da interlocução de sua amargura.


B) a última esperança de reconquistar a pessoa amada.
C) a sensação de estar ainda na companhia de sua amada.
D) o súbito interesse pelo ambiente vivenciado pelo casal.
E) o empenho em relembrar o perfume exalado pelas flores.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Nestes 13 anos que salvo animais, nunca tinha resgatado um tão entregue... Ele não teve
nenhuma reação qd coloquei a mão nele.... Já tinha desistido.... Sofreu tanto e eu não tive tempo
de lhe mostrar como a vida pode ser bonita. Confesso q destruiu meu coração.... Eu n entendo

33
estas coisas da vida. A única coisa boa desta triste história é q ele foi o anjo q salvou uma
mãezinha e seus 7 filhotes.

(@luisamell. Disponível em: <http://instidy.com/luisamell>. Acesso em: 9 de nov. 2015.)

36. (Port./Jun2016/Q.3)

Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma afirmativa que não encontra
respaldo no texto.

A) A autora resgatou um animal morto.


B) A autora teve preocupação com a vida de alguns animais.
C) A autora tem empatia por animais há pelo menos 13 anos.
D) A autora compara um animal específico à figura de um anjo.
E) A autora conta uma história triste que tem ao menos um momento positivo.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Visitante noturno
O inseto apareceu sobre a mesa como todos os insetos: silencioso e sem se fazer
anunciar. E sem que se atinasse por que motivo escolhera aquele pouso. Não parecia bicho da
noite, desses que não podem ver lâmpada acesa, e logo se aproximam, fascinados. Era uma
coisinha insignificante, encolhida sobre o papel e ali disposta, aparentemente, a passar o resto
de sua vida mínima, sem explicação, sem sentido para ninguém.
6 Ninguém? O homem, que tem o hábito de ficar altas horas entre papéis e livros, sentiu-
lhe a presença e pensou imediatamente em esmagar o intruso. Chegou a mover a mão. Não o
mataria com os dedos, mas com outra folha de papel.
Deteve-se. Não seria humano liquidar aquele bichinho só porque estava em lugar
indevido, sem fazer mal nenhum. Inseto nocivo? Talvez. Mas sua ignorância em entomologia
11 não lhe dava chance de decidir entre a segurança e a injustiça. E na dúvida, era melhor deixar
viver aquilo, que nem nome tinha para ele. Com que direito aplicaria pena de morte a um
desconhecido infinitamente desprovido de meios sequer para reagir, quanto mais para explicar-
se?
O inseto parecia pouco ligar para ele, juiz autonomeado e algoz em perspectiva. Dormia
ou modorrava sobre a mesa literária, indiferente, simplesmente. (...) Uma ternura imprevista
17 brotou no homem pelo animálculo que momentos antes pensara em destruir. Como se alguém
viesse de longe para vê-lo, fazer-lhe companhia, em sua noite de trabalho. Não conversava, não
incomodava, era uma questão apenas de estar à sua frente, imóvel, em secreta comunhão. Ele
fora o escolhido de um inseto, que poderia ter voado para outro apartamento, onde houvesse
outra vigília de escrevedor de coisas, mas aquela fora a casa de sua preferência.
A menos que o acaso determinasse aquele encontro. Era possível. (...)

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boca de Luar. São Paulo: Cia. Das Letras, 2014,
p. 13-14 – Excerto adaptado.)

37. (Port./Jun2016/Q.4)

Que segmento, se interpretado à luz de nosso conhecimento do mundo, contém um erro de


informação?

34
A) “O inseto apareceu sobre a mesa como todos os insetos: silencioso e sem se fazer
anunciar.” (linhas 1 e 2)
B) “Era uma coisinha insignificante, encolhida sobre o papel e ali disposta,
aparentemente, a passar o resto de sua vida...” (linhas 3, 4 e 5)
C) “Não seria humano liquidar aquele bichinho só porque estava em lugar indevido...”
(linhas 9 e 10)
D) “... era melhor deixar viver aquilo, que nem nome tinha para ele. ” (linhas 11 e 12)
E) “Ele fora o escolhido de um inseto, que poderia ter voado para outro
apartamento...” (linhas 20 e 21)

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Estudantes de graduação em Ciências Sociais Aplicadas, notadamente em


Administração, têm se reunido em torno de empresas juniores, uma estratégia que lhes permite
aliar a teoria aprendida no curso superior com as habilidades provenientes da atuação prática.
Nesse contexto, a aprendizagem pode ocorrer por meio de modalidades mais aderentes a uma
abordagem individual-cognitivista, como treinamento, leitura de textos e acesso a bancos de
dados, ou por meio de modalidades oriundas de uma abordagem de cunho socioprático, como
comunidades de prática, mentoria, treinamento on-the-job e interações casuais. O objetivo do
presente trabalho é identificar qual abordagem traz uma maior contribuição ao aprendizado dos
empresários juniores. Para tanto, foi utilizada uma metodologia quantitativa, com aplicação de
118 questionários a estudantes de 14 Estados do Brasil, seguida de análise fatorial exploratória
e regressão multivariada. Os principais resultados indicam que as modalidades oriundas da
abordagem socioprática possibilitam um maior aprendizado, com destaque para a mentoria,
que pode ser de professores ou de colegas mais experientes, como a modalidade mais eficaz.

(DOS-SANTOS, M. G.; PEREIRA, F. A.; SOUZA-SILVA, J. C.; RIVERA-CASTRO, M. A.


Aprendizagem socioprática e individual-cognitiva na empresa júnior brasileira. RAEP -
Administração: Ensino e Pesquisa, Rio de Janeiro, v. 16, n. 15, p. 309, abr.-jun. 2015. Excerto
adaptado.)

38. (Port./Jun2016/Q.9)

Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma afirmativa que não encontra
respaldo no texto.

A) Há pelo menos duas modalidades de aprendizagem que podem ser encontradas em


empresas juniores.
B) As ocorrências do termo “treinamento”, na segunda sentença, não apresentam
variação de alcance ou significado.
C) Parte-se do pressuposto de que é possível aferir o nível de contribuição de
abordagens ao aprendizado.
D) Parte-se do pressuposto de que é possível aferir o nível de aprendizado de
empresários juniores.
E) Mentoria é uma modalidade socioprática, e leitura de textos, uma modalidade
individual-cognitivista.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

35
Arte para rir
Platão não gostava de imitação, mas seu discípulo Aristóteles gostava. O processo
mimético, para a filosofia platônica, era falso, a imitação da imitação. Já o pensamento
aristotélico admitia essa e outras possibilidades, talvez antevendo a estética paródica do pintor
paulista Nelson Leimer, que, aos 83 anos, não se cansa de fazer rir com sua arte, cujo alvo é
5 sempre o cânone visual ocidental, de Leonardo Da Vinci a Duchamp.
Essas são apenas duas de suas vítimas preferenciais na exposição Traduções: Nelson
Leimer, Leitor dos Outros e de Si Mesmo, que será aberta nesta terça-feira, dia 1°., às 20 horas,
na Galeria Vermelho, com curadoria da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz. As
outras vítimas atendem pelos nomes de Joseph Beuys, Damien Hirst, William Kentridge, Matisse,
Mondrian e Velázquez.
11 Para cada um deles Leimer reservou uma sala, não como um tributo aos artistas, mas
como uma tradução particular de suas obras universais. Citando o velho ditado italiano que
equipara o tradutor a um traidor (“traduttore traditore”), a curadora adianta que essa tradução
visual é livre e pode até trair o original, o que acontece de fato.
Leimer é um legítimo “trouble maker”, na linha do dadaísta Duchamp: já empalhou um
16 porco e mandou o animal para um salão de arte, em Brasília, em plena ditadura (1967). O júri
(do qual fazia parte o respeitado crítico Mario Pedrosa) aceitou o trabalho. Leimer ficou
indignado e interpelou o júri. Como, então, aceitam um porco numa exposição de arte? Bem, o
urinol de Duchamp não foi legitimado como obra de arte? Porque não um porco?
“Leimer tira a sacralidade da obra de arte, a aura de peça única”, diz a curadora Lilia
21 Schwarcz. E acentua: “o humor corrosivo de Leimer é uma janela para enxergar a arte de outra
perspectiva.”

(GONÇALVES FILHO, Antonio. Arte para rir: Nelson Leimer abre mostra paródica com ícones,
de Da Vinci a Duchamp. O Estado de São Paulo, 01 de setembro de 2015, Caderno 2, p. C8 –
Excerto adaptado.)

39. (Port./Jun2016/Q.12)

Quando mandou um porco empalhado para um salão de arte em plena época da ditadura,
Nelson Leimer pretendia

A) ficar indignado com a aceitação da sua obra pelo júri.


B) denunciar a censura e os desatinos do regime vigente.
C) ter seu trabalho rejeitado por não ser, em sua opinião, uma obra de arte.
D) ser comparado com o artista plástico que utilizou um urinol numa exposição.
E) confrontar o governo militar, responsável pela perseguição e prisão de vários
artistas.

40. (Port./Jun2016/Q.14)

Ao dizer “o cânone visual ocidental, de Leonardo Da Vinci a Duchamp” (linha 5), o jornalista nos
revela

A) os dois pintores mais importantes na exposição de Nelson Leimer.


B) os nomes dos dois artistas preferidos de Nelson Leimer na exposição.
C) as autorias mais influenciadoras das pinturas de Nelson Leimer expostas em São
Paulo.

36
D) a demarcação do período compreendido pelas pinturas de Nelson Leimer na
exposição.
E) o modelo pictórico do tema tratado por esses dois pintores europeus na obra de
Nelson Leimer.

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
C D A C C E A B E D D A A D D C C E C D

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
A D A B B C B E A A E A C E A A A B C __

37
Exercícios de provas anteriores comentados

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Seu valor é determinado por seu salário?


Quem defende aumento de remuneração sem esperar nenhuma contrapartida em
termos da qualidade do serviço está subvertendo uma das leis basilares da economia: a que
estabelece que remunerações são proporcionais à produtividade do trabalhador. Americanos e
europeus não ganham quatro ou cinco vezes mais que nós porque seus patrões são bonzinhos,
mas porque é isso que produzem. Basta ver os dados da Organização Internacional do
Trabalhado: o trabalhador brasileiro produz, por uma hora trabalhada, um quinto do que produz
um americano.

(IOSCHPE, Gustavo. Revista VEJA, edição 2.342, ano 46, n. 42, 16 de outubro de 2013, p. 99.)

1. (Port./Fev2014/Q.7)

O mesmo artigo é ilustrado por uma foto do escritor norte-americano Upton Sinclair, legendada
pela seguinte frase de sua autoria: “É difícil conseguir que uma pessoa entenda algo quando o
seu salário depende de que não entenda.”

Identifique a única interpretação adequada da frase acima.

A) É difícil uma pessoa entender algo quando é paga para não entender.
B) Se uma pessoa fosse paga para entender algo, o seu salário seria maior.
C) Não se pode exigir capacidade de entendimento de quem tem seu salário
determinado pela falta dessa capacidade.
D) Não se consegue que uma pessoa tenha capacidade do entendimento se o seu
trabalho não é devidamente remunerado.
E) É difícil especialmente para uma pessoa com baixa capacidade de entendimento
admitir que é justa a recompensa financeira de seu trabalho.

RESPOSTA: C

A) Errado. Não há nada no texto que indique que a pessoa seria paga “para não entender”.
B) Errado. Da mesma forma que a alternativa anterior, não há nada no texto que indique
que a pessoa seria “paga para entender”.
C) Correto. No caso da legenda da foto de Sinclair, podemos afirmar em outras palavras
que quando um salário é determinado pela incapacidade de entendimento da pessoa,
não se pode exigir dela uma clareza maior. Dessa forma, seria adequado afirmar que
“não se pode exigir capacidade de entendimento de quem tem seu salário determinado
pela falta dessa capacidade”.
D) Errado. O item é uma extrapolação. Embora seja razoável fazer uma relação entre baixa
capacidade de entendimento e baixa remuneração, a legenda não avalia ou questiona
se remunerações são justas ou não.
E) Errado. O item é uma extrapolação. Assim como o item anterior, a legenda não avalia
ou questiona se remunerações são justas ou não.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir.

38
A volta da “ceia da vigília”
RIO – O natal de1983 foi inesquecível para cerca de 400 alunos, pais e professores do
Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho. Com dinheiro arrecadado num “pedágio”
cobrado na Rua Cosme Velho, e com contribuições trazidas de casa, entre sacos de dormir e
velas, eles fizeram a “Ceia da Vigília”, no pátio do colégio, exigindo a reintegração de dez
professores e um coordenador demitidos dois dias antes. O presente não chegou e, após mais
de um mês acampados lá, eles caminharam em caravana chorando e cantando “Está Chegando
a Hora”, para o Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat), onde demitido (e outros profissionais
que pediram demissão para acompanhá-los) foram convidados a criar um curso de segundo
grau, hoje Ensino Médio, a fim de receber os alunos descontentes. O movimento, que agitou as
ruas do bairro, foi parar nos jornais e elevou o Ceat para o ranking dos melhores colégios do Rio,
está completando 30 anos e será comemorado mais confortavelmente neste sábado, no
conhecido castelinho em que o Ceat funciona.

(AUTRAN, Paula. Primeiro Cadernos de O Globo, 08 de outubro de 2013, p. 20.)

2. (Port./Fev2014/Q.11)

Além dos dez professores e do coordenador demitidos, mais professores também se


transferiram para o Ceat. O texto nos diz que isso ocorreu porque

A) a direção do São Vicente resolveu fechar suas turmas de segundo grau.


B) as manifestações dos alunos sensibilizaram os pais e moveram as autoridades.
C) outros docentes, depois, também foram demitidos pela direção do São Vicente.
D) a solidariedade levou outros professores a se demitirem para apoiar os colegas.
E) a possível reintegração dos docentes acabou sendo prejudicada pelo movimento.

RESPOSTA: D

A) Errado. O texto não fornece tal informação.


B) Errado. Embora essa informação seja dada pelo texto, ela não é a causa da mudança dos
professores para o Ceat.
C) Errado. Não é possível encontrar essa informação no texto.
D) Correto. A informação pode ser encontrada no trecho “onde demitidos (e outros profissionais
que pediram demissão para acompanhá-los) foram convidados a criar um curso de segundo
grau”.
E) Errado. Não é possível encontrar essa informação no texto.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir, que é a continuação do anterior.

No último conselho de classe do ano, sentimos que a situação estava muito difícil. Até
que no dia 22 de dezembro recebi um recado para ir à escola, e, ao chegar, encontrei com outro
professor, André Valente (português) que tinha o mesmo recado. Ele entrou primeiro e foi
demitido. Eu também com a alegação de que era anticlerical e comunista. Foram chamando de
um por um que ia chagando: Anésio Pereira (português), Luiz Fernando (matemática), Marcelo
de Sá Corrêa (matemática), Maria Isabel (matemática), Rubim Aquino (história), Antônio Cesar
Pereira (física), José Cláudio Veloso (física/matemática) e Cesar Castro (geografia), além do
coordenador Aloízio Melo de Oliveira, psicólogo – conta Luiza, que tinha 15 anos de casa, e dava
25 tempos semanais de história.

39
As férias já tinham começado, mas os alunos logo ficaram sabendo, como lembra o
secretário municipal de Cultura Sérgio Sá Leitão, que na época era representante de turma do
2° ano e soube das demissões por amigos que faziam parte do grêmio do colégio. (...)
Procurada, a direção do Colégio São Vicente de Paulo não comentou o assunto.

(AUTRAN, Paula. Primeiro Caderno de O Globo, 08 de outubro de 2013, p. 20.)

3. (Port./Fev2014/Q.12)

A matéria revela que o motivo da demissão em massa dos professores tinha motivação

A) política e religiosa.
B) partidária e ideológica.
C) pedagógica e acadêmica.
D) econômica e administrativa.
E) disciplinar e comportamental.

RESPOSTA: A

A) Correto. As palavras que revelam o motivo da demissão são “anticlerical” e


“comunista”, que se relacionam adequadamente aos termos “religiosa” e “política”.
B) Errado. Esta alternativa pode gerar dúvida. Ainda que o termo “ideológico” seja
adequado, o termo “partidário” não é.
C) Errado. O texto não afirma nada sobre motivações pedagógicas ou acadêmicas.
D) Errado. O texto não afirma nada sobre motivações econômicas e administrativas.
E) Errado. O texto não afirma nada sobre motivações disciplinares e comportamentais.

4. (Port./Fev2014/Q.13)

“As férias já tinham começado, mas os alunos ficaram sabendo...” Essa passagem mostra que,
apesar do recesso escolar, a demissão dos professores

A) provavelmente foi divulgada de modo amplo por meio das redes sociais, gerando
uma comoção na comunidade escolar.
B) aconteceu bem no início das férias, quando os alunos ainda compareciam ao colégio
para buscar as notas finais.
C) gerou comoção suficiente para que os alunos se comunicassem de modo rápido e
eficiente e propagassem a notícia.
D) já era esperada por boa parte dos alunos, que sabiam serem seus professores uma
ameaça aos padrões rígidos do colégio.
E) tinha sido pressentida pelos diretores do grêmio do colégio, que ficaram de
sobreaviso para convocar os colegas imediatamente.

RESPOSTA: C

A) Errado. Esta informação não pode ser encontrada no texto.


B) Errado. Esta informação não pode ser encontrada no texto.
C) Correto. O trecho “os alunos logo ficaram sabendo” indica que a comunicação foi
rápida e eficiente.

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D) Errado. Embora a suposição seja plausível, não há elementos no texto para apoiá-
la.
E) Errado. Não é possível comprovar por elementos do texto que a demissão tinha sido
pressentida pelos diretores do grêmio do colégio.

5. (Port./Fev2014/Q.14)

A matéria termina com a seguinte frase: “Procurada, a direção do Colégio São Vicente de Paulo
não comentou o assunto.” O segmento “não comentou o assunto” pode ser compreendido de
várias maneiras pelo leitor, exceto:

A) A direção atual não sabe o que dizer sobre o assunto.


B) A direção atual acha prudente não tocar nesse assunto.
C) A direção atual nega o que aconteceu trinta anos atrás.
D) A direção atual não quer reacender as discussões sobre esse episódio.
E) A direção atual prefere não se pronunciar sobre um fato que ocorreu trinta anos
atrás.

RESPOSTA: C

A) Correto. A direção atual pode não saber o que dizer sobre o assunto, e preferir não
comentá-lo.
B) Correto. A direção atual pode achar prudente não tocar nesse assunto, e não
comentá-lo.
C) Errado. Se a direção atual negasse o que aconteceu trinta anos atrás, ela comentaria
o episódio, dizendo que ele não aconteceu.
D) Correto A direção atual pode não quer reacender as discussões sobre esse episódio,
não o comentando.
E) Correto. A direção atual pode preferir não se pronunciar sobre um fato que ocorreu
trinta anos atrás, e por esse motivo, não o comenta.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

O Tempo, que envelhece as faces e os cabelos, envelhece também, mas mais depressa ainda, as
afeições violentas. A maioria da gente, porque é estúpida, consegue não dar por isso, e julga que
ainda ama porque contraiu o hábito de se sentir a amar. Se assim não fosse, não havia gente
feliz no mundo. As criaturas superiores, porém, são privadas da possibilidade dessa ilusão,
porque nem podem crer que o amor dure, nem, quando o sentem acabado, se enganam
tomando por ele a estima, ou a gratidão, que ele deixou.

6. (Port./Jun2014/Q.2)

Assinale a alternativa que apresenta uma interpretação correta do texto acima, também de
Fernando Pessoa.

A) O tempo leva as pessoas ao hábito de se sentir a amar.


B) Sem ilusão do amor, as afeições pereceriam ao Tempo.
C) As criaturas superiores não amam; apenas têm estima ou gratidão.
D) A felicidade no mundo se justifica na existência de pessoas que amam.
E) O amor é efêmero, mas nem todas as pessoas percebem quando ele acaba.

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RESPOSTA: E

A) Errado. O texto não dá elementos que sustentam tal informação.


B) Errado. Segundo o texto, as afeições pereceriam ao tempo com ou sem ilusão do amor.
C) Errado. O autor não nega que as criaturas superiores amem, e sim, afirma que elas
percebem mais rapidamente o fim do amor.
D) Errado. A afirmação está incompleta. O texto afirma que a felicidade no mundo se
justifica na existência de pessoas que amam, mas não percebem como o amor é
efêmero.
E) Correto. Tal afirmação pode ser considerada a ideia central do texto, pois está presente
na sua totalidade.

7. (Port./Jun2014/Q.3)

Não há dúvidas quanto à importância do trabalho para a vida dos indivíduos, já que ele é
considerado como a essência da humanidade, aquilo que faz o homem ser homem (SAVIANI,
1997). Desse modo, pode-se afirmar que o trabalho se apresenta como um valor importante na
vida das pessoas, conservando um lugar de destaque na sociedade humana (MORIN, 2001). No
entanto, como apresenta Thiry-Cherques (2004) em suas reflexões sobre a relação homem-
trabalho, o mesmo ambiente de trabalho que promove o bem-estar do ser humano é também
fonte de vários sofrimentos e problemas.

Com base no texto acima, é correto afirmar:

A) Saviani (1997), Morin (2001) e Thiry-Cherques (2004) são exemplos de textos que
abordam a relação homem-trabalho.
B) Morin (2001) se baseia em Saviani (1997) para defender que o trabalho se apresenta
como um valor importante na vida das pessoas.
C) Thiry-Cherques (2004) discorda de Morin (2001) e assevera que o trabalho é fonte
de vários sofrimentos e problemas.
D) Enquanto Saviani (1997) e Morin (2001) enxergam apenas o lado positivo do
trabalho, Thiry-Cherques (2004) identifica apenas seus males.
E) Dos três autores citados, apenas Thiry-Cherques (2004) tem interesse em refletir
criticamente sobre a relação homem-trabalho.

RESPOSTA: A

A) Correto. Os três textos abordam a relação homem-trabalho.


B) Errado. Não há evidencias no texto que permitam dizer que Morin (2001) se baseia em
Saviani (1997) para defender que o trabalho se apresenta como um valor importante na
vida das pessoas.
C) Errado. Thiry-Cherques (2004) não discorda de Morin (2001), apenas considera que o
trabalho, além de promover o bem-estar, pode ser fonte de vários sofrimentos e
problemas.
D) Errado. Thiry-Cherques (2004) identifica o lado bom e ruim do trabalho.
E) Errado. Apesar de Thiry-Cherques (2004) ser o único a considerar aspectos opostos do
trabalho, não é possível afirmar que os outros autores não refletiram criticamente sobre
a relação homem-trabalho. A reflexão crítica pode ser dar de outras maneiras, além de
apresentar o lado negativo de uma questão.

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INSTRUÇÃO: Leia o seguinte excerto de uma entrevista

Estudos avançados - Por que você redigiu uma Constituição alternativa por ocasião do debate
que resultou na promulgação da Constituição de 1988? Em que medida você agora julga um
passo adiante a nossa última Carta Magna?
Fábio Konder Comparato – Na agonia do regime empresarial-militar, eu, como tantos outros
brasileiros, alimentava a ingênua convicção de que o nosso país tornar-se-ia uma autêntica
Democracia. Era indispensável, para tanto, deixar de tratar apenas retoricamente do assunto e
organizar as instituições próprias do regime democrático. Com esse objetivo, propus, entre
outras medidas, o reconhecimento constitucional do plebiscito e do referendo popular como
instrumentos indispensáveis ao funcionamento efetivo da soberania do povo. Além disso,
sempre fiel aos ensinamentos de Celso Furtado, incluí no anteprojeto de Constituição o Poder
de Planejamento, autônomo em relação aos demais Poderes. Pequei, no entanto, por
ingenuidade. Ignorava, então, que todo regime político funda-se numa mentalidade coletiva,
feita de valores éticos e costumes bem assentados; e que, desde o Descobrimento, sempre
vivemos impregnados de uma mentalidade animada pelos valores capitalistas, isto é,
antirrepublicanos e antidemocráticos. Não me dei assim conta de que o novo regime, instaurado
pela Constituição de 1988, embora deixando de ser militar, permaneceria empresarial como
sempre fora, não obstante a enganosa fachada democrática constitucional.

(Entrevista “Um defensor dos direitos políticos do cidadão brasileiro”, publicada em ESTUDOS
AVAÇADOS, São Paulo v.27, n. 77, p. 265-280, 2013).

8. (Port./Jun2014/Q.4)

Em relação às duas perguntas feitas pela revista Estudos Avançados, Fábio Konder Comparato
apresenta uma resposta que

A) não atende a nenhuma das perguntas, ou seja, o entrevistado fornece uma resposta
extensa, porém evasiva.
B) não explicita exatamente em que momento está sendo abordada cada uma das
perguntas feitas pela revista.
C) não aborda a segunda pergunta, pois não menciona passos adiante na atual
Constituição da República.
D) é marcada por subjetividade e se baseia em sua experiência, não atendendo à
objetividade das perguntas.
E) dá uma opinião ressentida pelo fato de a Constituição aprovada em 1988 se mostrar
inferior à que ele havia proposto.

RESPOSTA: B

A) Errado. O entrevistado responde às duas perguntas.


B) Correto. O entrevistado responde às duas perguntas, porém não explicita
exatamente em que momento está sendo abordada cada uma.
C) Errado. O trecho final do texto, a partir de “ignorava”, pode ser entendido como uma
resposta à segunda pergunta.
D) Errado. Embora o texto tenha elementos subjetivos, sua resposta responde, de fato,
às perguntas.
E) Errado. O texto não fornece elementos que revelem uma opinião ressentida.

43
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Toda manhã, jovens mal alimentados se dirigem às escolas. Não surpreendentemente, tais
estudantes frequentemente apresentam déficits de aprendizado (IBGE, 2010 apud SILVA, 2012).
O cérebro, já diziam Reivich et al. (1978), é o órgão que mais consome glicose, e, como
evidenciam Korol e Gold (1998), a administração de glicose antes do aprendizado fortalece
memórias. Isso sugere que, “independentemente do método pedagógico empregado – por
exemplo, expositivo, demonstrativo ou interrogativo -, a má nutrição afeta negativamente o
aprendizado” (KOROL; GOLD, 1998, p. 10).

9. (Port./Jun2014/Q.7)

Avalie cada uma das afirmativas a seguir como verdadeira (V), falsa (F) ou não passível (NP) de
ter sua verdade julgada a partir do texto.

( ) A memória faz parte do aprendizado.


( ) Existe uma relação entre má alimentação e déficit de aprendizado.
( ) Os déficits de aprendizado atingem os jovens oriundos de famílias carentes.
( ) Não há relação entre método pedagógico e déficit de aprendizado.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) F F F F.
B) V V F F.
C) V NP V V.
D) NP V NP F.
E) V V NP NP.

RESPOSTA: E

(V) Tal afirmação pode ser confirmada pelo trecho “O cérebro, já diziam Reivich et al. (1978), é
o órgão que mais consome glicose, e, como evidenciam Korol e Gold (1998), a administração
de glicose antes do aprendizado fortalece memórias.”
(V) Tal afirmação está presente em todo o texto.
(NP) Não é possível fazer tal afirmação apenas com dados do texto. É uma extrapolação.
(NP) Embora seja possível afirmar que quando há má nutrição, o déficit de aprendizado
acontecerá independentemente do método utilizado, não é possível afirmar, com base nos
dados do texto, que não existe relação nenhuma entre o método pedagógico e déficit de
aprendizado. Essa é uma informação que precisaria ser confirmada por outros dados, que
não estão presentes no trecho citado. É, portanto, uma extrapolação.

10. (Port./Jun2014/Q.11)

Você caminha distraído pela rua, quando de repente, ouve alguém o chamando. É aquele seu
colega que você não vê há mais de 10 anos. Nem no Facebook ele está para você manterem
contato. Vocês trocam uma e outra palavra, mas seu colega lhe diz que ele se deu mal na vida,
porque nunca levou os estudos a sério. Tentou alguns concursos, mas nem para ensino médio
passa. Também coitado, fez aquela faculdade de fundo de quintal. Você, um empreendedor

44
bem-sucedido, pensa: “É! Diria que ele é coitado não por ter se dado mal na vida; mas sim
porque me parece passivo. Sempre foi assim. Em vez de correr atrás das coisas. ”

Aforismo é uma máxima ou sentença que, em texto curto e sucinto, explicita regra ou princípio
de natureza prática ou moral (cf. Dic. Houaiss). Assinale a alternativa que apresenta um aforismo
que se aplica ao caso relatado acima.

A) É pecado pensar mal dos outros, mas raramente é engano.


B) Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo alheio.
C) Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos levados a vê-las.
D) O universo não precisa de comprado de desculpas, necessita de vendedor de
soluções.
E) O que realmente deixa um homem lisonjeado é o fato de você o considerar digno
de adulação.

RESPOSTA: D

A) Errado. O texto não fornece elementos que apontem se é certo, errado ou pecado julgar
os outros.
B) Errado. O texto não afirma que a causa da coragem de um tem origem no medo do
outro.
C) Errado. O texto não discute questões sobre pontos de vista ou sobre como pessoas
podem nos manipular para entender uma situação de determinado modo.
D) Correto. O aforismo cabe no texto analisado. O fato de o colega ser passivo indica que
ele não busca soluções.
E) Errado. O texto não fornece elementos que apontem para o aforismo sobre vaidade e
adulação.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Tudo o que eu queria era entender por que os indianos que conheci estavam tirando o
trabalho dos americanos, por que haviam se tornado uma referência tão importante no campo
da terceirização de serviços e tecnologia da informação dos EUA e outros países industrializados.
Colombo dispunha de mais de cem homens em seus três navios; eu contava com uma equipe
do canal de televisão Discovery Times, pequena o bastante para acomodar-se confortavelmente
em duas vans sucateadas, com motoristas indianos que dirigiam descalços. Ao embarcar,
também eu acreditava que a Terra era redonda, mas o que encontrei na verdadeira Índia abalou
profundamente a minha fé. Colombo foi parar na América por acidente, achando que havia
descoberto uma parte da Índia; eu estive na Índia, mas muitas das pessoas que lá conheci mais
pareciam americanas. Algumas chegaram a adotar nomes americanos, enquanto outras
reproduziam à perfeição o sotaque americano nos call centers e as técnicas americanas de
gerenciamento nos laboratórios de software.
Colombo informou seus soberanos de que a Terra era redonda – e entrou para a história
como o autor dessa constatação. Quando voltei para casa compartilhei apenas com a minha
esposa a minha descoberta, e num sussurro: “Querida”, confidenciei, “acho que o mundo é
plano”.

(FRIEDMAN, Thomas. O mundo é plano: uma breve história do século XXI. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2005, p. 13.)

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11. (Port./Set2014/Q.5)

Qual é a ideia central do texto?

A) O desemprego nos Estados Unidos.


B) A tese de Colombo nos dias de hoje.
C) A influência norte-americana nas empresas indianas.
D) A globalização no fornecimento de produtos e serviços.
E) A superioridade profissional dos indianos nos países industrializados.

RESPOSTA: D

A) Errado. Embora o texto afirme que indianos ocupem posições de trabalho dos
americanos, esse não é o tema central desenvolvido.
B) Errado. A tese de Colombo, de fato, é tema recorrente no texto, mas é usada como
recurso argumentativo para defender o ponto de vista do autor.
C) Errado. Embora o texto trate da influência norte-americana nas empresas indianas,
esse não é o tema central desenvolvido.
D) Correto. A ideia central do texto pode ser resumida pela conclusão, expressa na
última frase: “acho que o mundo é plano”. Todo o texto é desenvolvido para suportar
a conclusão sobre a globalização no fornecimento de produtos e serviços.
E) Errado. Embora o texto afirme a superioridade profissional dos indianos nos países
industrializados, essa não é a ideia central do texto.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Hoje, prevalece a certeza de que andar de ônibus ou de trem é coisa de pobre. Quem
consegue juntar algum dinheiro trata logo de comprar um carro. Mesmo que ele passe a maior
parte do tempo na garagem ou engarrafado. O que importa é o símbolo de status, a ideia de
que está subindo na vida. Poucas coisas estão mais distantes da ideia de civilização do que estar
sozinho num carro preso no trânsito.

(VIEIRA, Agostinho. A gente se vê por aqui. O GLOBO, 20 de março de 2014, p. 24.)

12. (Port./Set2014/Q.10)

Observe as seguintes afirmativas sobre o texto.

I. Andar de ônibus ou de trem ser coisa de pobre é apresentado como um


conceito generalizado e não como uma opinião do autor.
II. Se soubesse que iria passar a maior parte do tempo parado, ninguém
compraria um carro.
III. O que leva uma pessoa a comprar um carro é ostentar uma posição social
superior.
IV. Quem compra um carro quer fugir da má qualidade do transporte público.

Estão corretas

A) apenas as afirmativas I e III.

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B) apenas as afirmativas I e IV.
C) apenas as afirmativas II e IV.
D) apenas as afirmativas III e IV.
E) apenas as afirmativas I, III e IV.

RESPOSTA: A

I. Correto. O autor não compartilha dessa opinião, e faz uma crítica a ela.
II. Errado. O trecho “Mesmo que ele passe a maior parte do tempo na garagem ou engarrafado”
indica que as pessoas compram um carro mesmo sabendo que ele pode passar a maior parte
do tempo parado.
III. Correto. O trecho “O que importa é o símbolo de status, a ideia de que está subindo na vida”
confirma a afirmação.
IV. Errado. De acordo com o autor do texto, “Quem compra um carro busca status.”

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Dito e feito
Não deixa de ser uma estranha sensação, esta de me ver mais uma vez reaparecendo
regularmente em jornal. É uma espécie do palco, ou picadeiro, em que me exponho, faço
cabriolas e gatimonhas, executo as pelotiquices de costume.
Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenho feito outra coisa. Andei como
um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando, como se fosse pela primeira
vez.
E agora aqui estou, realmente pela primeira vez neste jornal. Começar é sempre difícil,
deixa a gente meio sem jeito, não sabendo o que dizer, como no início de um namoro: dá licença
de falar com você? posso acompanhá-la? E pronto: admitida a abordagem, que dizer agora?
Pois então, sejam minhas primeiras palavras um rápido improviso de saudação aos
leitores, um abraço aos novos colegas, lembranças aos meus familiares – e vamos em frente.

(SABINO, Fernando. Livro aberto. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 458.)

13. (Port./Set2014/Q.11)

Antes de dizer a seus leitores objetivamente o que deseja, o autor faz algumas reminiscências,
entre as quais inclui

A) sua constante mudança de local de trabalho.


B) sua vida de jornalista respeitado e experiente.
C) seu cumprimento aos familiares, colegas e leitores.
D) seu jeito meio improvisado de escrever crônicas diárias.
E) sua sensação estranha ao olhar para seu próprio passado.

RESPOSTA: A

A) Correto. O trecho “Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenho feito outra
coisa. Andei como um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando,
como se fosse pela primeira vez” confirma a alternativa.
B) Errado. Não há, no texto, trechos que comprovem que o autor fale da sua vida de
jornalista respeitado e experiente.

47
C) Errado. O cumprimento aos familiares, colegas e leitores não aparece como
reminiscência do autor, e sim no final do texto.
D) Errado. Não há, no texto, trechos que comprovem o jeito do autor meio improvisado de
escrever crônicas diárias.
E) Errado. O estranhamento não é em relação ao seu próprio passado, e sim em relação à
sensação de estar mais uma vez reaparecendo regularmente em jornal.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Não fique tanto tempo no escritório


Trabalhar menos pode melhorar o resultado
Na área privada, a Treehouse, uma startup de ensino online na Flórida, adotou a semana
de trabalho de quatro dias úteis, dando folga aos 75 funcionários a partir de sexta-feira. O
sistema vem dando bons resultados, segundo seu CEO, Ryan Carson. A tese é de que o período
maior de folga atrai mão de obra qualificada. Além disso, a semana de trabalho mais curta obriga
os funcionários a ter maior produtividade – porque as tarefas continuam as mesmas. A
Treehouse já conquistou 70 mil usuários e arrecadou US$ 13 milhões com investidores.
Em artigo para a revista Foreign Policy, o economista Charles Kenny fornece argumentos
para a redução de jornada: na atual economia do conhecimento, a produtividade gera mais
riqueza do que horas trabalhadas. Segundo Kenny, 40 anos de estudos mostram que as pessoas
trabalham com mais afinco se tiverem limitado seu tempo para realizar a tarefa.

(NOGUEIRA, Paulo Eduardo, Revista ÉPOCA NEGÓCIOS, junho de 2014, p. 18.)

14. (Port./Fev2015/Q.7)

Assinale a alternativa que não apresenta o que o texto caracteriza como vantagem para uma
empresa adotar a redução da jornada de trabalho.

A) Melhores resultados.
B) Maior grau de captação de profissionais qualificados no mercado de trabalho.
C) Maior empenho dos funcionários: cumprir tarefas com menor disponibilidade de
prazo.
D) Maior capacidade de atração de aportes financeiros: mais interesse do público
investidor.
E) Maior produtividade dos funcionários: menos tempo para realizar a mesma
quantidade de trabalho.

RESPOSTA: D

A) O trecho “a produtividade gera mais riqueza do que horas trabalhadas.” comprova


a alternativa.
B) O trecho “a tese é de que o período maior de folga atrai mão de obra qualificada”
comprova a alternativa.
C) O trecho “a semana de trabalho mais curta obriga os funcionários a ter maior
produtividade – porque as tarefas continuam as mesmas.” comprova a alternativa.
D) Não há, no texto, nenhuma passagem que comprove a alternativa. O texto menciona
apenas que a empresa possui investidores, mas não os relaciona com a redução da
jornada de trabalho.

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E) O trecho “a semana de trabalho mais curta obriga os funcionários a ter maior
produtividade – porque as tarefas continuam as mesmas.” comprova a alternativa.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Analfabetos voluntários
Quem não lê nem escreve nunca, embora saiba como fazer as duas coisas, não tem
realmente nenhuma vantagem pratica em relação a quem não sabe ler nem escrever – como
ensina Mark Twain, não vale mais do que um analfabeto puro, simples e legítimo.
É um sujeito que conhecemos muito bem no Brasil: aquele infeliz que tem de decorar a
cor do seu ônibus, porque não é capaz de ler os números e letras que aparecem no letreiro, ou
assina o seu nome com um X, porque não aprendeu a escrever. Caso você esteja entre a
multidão que nunca ê um livro, ou uma frase com mais de 140 toques, e nunca escreve nada
mais longo do que isso, aqui vai uma notícia interessante: você é um analfabeto.
Eu? Sim, você mesmo. É uma pena; infelizmente, também é a verdade. Tanto faz que
tenha se formado na universidade, seja um alto executivo multinacional ou nacional, disponha
de um certificado de “celebridade”, por ser top model ou alguma coisa “famosa”, possa utilizar
150 “apps” no seu celular, conte com 1000 amigos no Facebook e, em casos extremos, tenha
até sido presidente da República. O indivíduo que nunca lê nada é uma vítima do analfabetismo
– vítima voluntária, certo, mas analfabeto do mesmo jeito.

(GUZZO, J. R. Revista VEJA, n° 2377, 11/06/2014, p. 100-1.)

15. (Port./Fev2015/Q.11)

O texto começa com uma referência a Mark Twain, segundo a qual a pessoa que sabe ler e
escrever, mas não lê nem escreve

A) é um analfabeto puro, simples e legítimo.


B) rejeita internacionalmente as benesses da cultura.
C) merece ser criticada muito mais do qualquer outra.
D) vale tanto quanto a pessoa que não sabe ler nem escrever.
E) tem a maior possibilidade de recuperação para a vida social.

RESPOSTA: D

A) Errado. O texto afirma que, para Twain, a pessoa que sabe ler e escrever, mas não lê
nem escreve não vale mais que um analfabeto puro, simples e legítimo.
B) Errado. Não há passagens do texto que apontem para a alternativa.
C) Errado. Embora essa a ideia possa ser depreendida a partir de todo o texto, não é a ideia
expressa por Twain.
D) Correto. O texto afirma que “como ensina Mark Twain, não vale mais do que um
analfabeto puro, simples e legítimo.”, o que equivale a dizer que vale tanto quanto a
pessoa que não sabe ler nem escrever.
E) Errado. Não há passagens do texto que apontem para a alternativa.

16. (Port./Fev2015/Q.13)

49
No segundo e terceiro parágrafos, o autor altera a informação sobre quem sabe ler e escrever,
mas nunca lê nem escreve. Passamos então a entender que uma das características desse tipo
de analfabeto é

A) contar com mil amigos no Facebook.


B) saber utilizar aplicativos no seu celular.
C) ler e escrever frases com, no máximo, 140 toques.
D) ser talvez um alto executivo de uma multinacional.
E) dispor de um certificado de celebridade ou de pessoa famosa.

RESPOSTA: C

A) Errado. A alternativa trata de um dos possíveis exemplos citados no terceiro


parágrafo, e não de uma das características mencionadas no segundo.
B) Errado. A alternativa trata de um dos possíveis exemplos citados no terceiro
parágrafo, e não de uma das características mencionadas no segundo.
C) Correto. Esta é a única alternativa que contém uma das características que definem
o tipo de analfabeto que sabe ler e escrever, mas nunca lê nem escreve. (“Caso você
esteja entre a multidão que nunca ê um livro, ou uma frase com mais de 140 toques,
e nunca escreve nada mais longo do que isso, aqui vai uma notícia interessante: você
é um analfabeto”)
D) Errado. A alternativa trata de um dos possíveis exemplos citados no terceiro
parágrafo, e não de uma das características mencionadas no segundo.
E) Errado. A alternativa trata de um dos possíveis exemplos citados no terceiro
parágrafo, e não de uma das características mencionadas no segundo.

INSTRUÇÃO: Leia o texto seguinte

Exagero? Se você se recusa a ler ou escrever porque acha chato, inútil, obsoleto ou por
qualquer outro motivo, faça o seguinte teste: tente explicar, no duro, qual é realmente a
diferença entre você e um analfabeto – além, naturalmente, da capacidade de ler letreiros,
assinar seu nome num pedaço de papel e outras miudezas. Vamos ver quem consegue.
A maré está na vazante. A substituição do alfabeto por sinais como “rsrsrs” ou “kkkkk”,
por exemplo, adiantou alguma coisa para melhorar os índices atuais de inteligência ou de
cultura? Não parece. O tempo ganho com essa economia ortográfica não resultou no aumento
da produtividade mental de ninguém – não levou à produção de mais ideias, digamos, ou de
ideias melhores do que as que vemos por aí. Esse tipo de conquista, que aumenta o volume do
som, mas não melhora a voz do cantor, só confunde ainda mais linha divisória entre
alfabetizados e analfabetos. Eis aí mais um fenômeno da vida moderna: a universalização da
ignorância.
Não deveria ser assim. Como todos sabem, a “mobilidade”, a “nuvem”, a comunhão
entre 1 bilhão de pessoas numa rede social e outras conquistas extremas da “conectividade”
provocaram uma “revolução dentro da revolução” e outros prodígios. Não se consegue traduzir
direito essa linguagem para o português comum; só nos garantem que a internet vem fazendo
cair cada vez mais as barreiras entre quem tem e quem não tem “conhecimento”. Mas a
impressão é que tais barreiras podem estar caindo do lado errado – ou seja, os que têm
conhecimento vão ficando cada vez mais parecidos com os que não têm.

(GUZZO, J. R. Revista VEJA, n° 2377, 11/06/2014, p. 100-1.)

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17. (Port./Fev2015/Q.16)

Na frase final, o jornalista menciona a queda de barreiras entre dois tipos de pessoas. Assinale
a alternativa que reapresenta suas ideias sem alterar seu conteúdo.

A) Quem não tem conhecimento cada vez mais se aproxima de quem tem
conhecimento porque participa de redes sociais, faz consultas na internet, utiliza o
Google como ferramenta de pesquisa e se instrui por meio dos computadores.
B) Quem tem conhecimento cada vez mais se afeta de quem não tem conhecimento
porque sabe utilizar melhor as redes sociais, consegue ter mais eficiência ao
consultar a internet e o Google como ferramenta de pesquisa.
C) Os que têm conhecimento e os que não têm conhecimento estão cada vez menos
separados, embora a aproximação desses dois grupos esteja cada vez mais
pendendo para o lado dos que não têm conhecimento.
D) Os que não têm conhecimento e os que têm conhecimento estão cada vez menos
distantes, ainda que a aproximação desses dois grupos esteja cada vez mais
pendendo para o lado dos que têm conhecimento.
E) Quando se fala em conhecimento motivado pelas redes sociais e pelas ferramentas
de pesquisa na internet, nunca se sabe exatamente se a referência é a um
conhecimento construtivo ou a um conhecimento descartável.

RESPOSTA: C

A) Errado. A alternativa não retrata a ideia apresentada na frase final do texto.


B) Errado. A alternativa não retrata a ideia apresentada na frase final do texto.
C) Correto. A alternativa retoma de maneira correta a ideia da frase final do texto.
D) Errado. A primeira parte da frase está correta, mas a segunda é contrária ao que
afirma o autor na frase final.
E) Errado. A questão do conhecimento construtivo ou descartável não é tratada na
frase final.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir:

Todo ano, milhares de brasileiros deixam o País em busca de melhores condições de vida
no exterior. Muitos são bem-sucedidos, encontram empregos dignos e satisfatórios,
estabelecem raízes reconstroem satisfatoriamente suas vidas. A esses, o Governo deseja todo
êxito e segue oferecendo assistência e apoio por meio de sua rede consular, esperando que,
sem prejuízo dos novos laços com o país de acolhimento, mantenham os vínculos afetivos e
culturais com o Brasil. Outros brasileiros, no entanto, não têm a mesma sorte. Ao invés de
oportunidades, encontram dificuldades, sofrimento, exploração e por vezes violência sob as
mais diversas formas. Para esses compatriotas, o retorno ao Brasil deve ser orientado e
facilitado, de modo que possam reinserir-se na sociedade e no mercado de trabalho, retomando
suas vidas aqui com a dignidade que merecem.

(BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Divisão de Assistência Consular. Guia de retorno
ao Brasil / Returning to Brazil. Brasília: MRE, 2010.)

18. (Port./Jun2015/Q.1)

De acordo com o texto,

51
A) o exterior oferece melhores condições de vida que o Brasil.
B) os brasileiros que se dão bem no exterior não retornam para o Brasil.
C) os brasileiros no exterior perdem vínculos afetivos e culturais com o Brasil.
D) os brasileiros que retornam dificilmente retomam suas vidas com dignidade.
E) o retorno ao Brasil deve ser facilitado àqueles que não tiveram sorte no estrangeiro.

RESPOSTA: E

A) Errado. O texto afirma que “brasileiros deixam o País em busca de melhores condições
de vida no exterior”. A partir desse trecho, não é possível afirmar, com segurança, que o
exterior oferece melhores condições de vida que o Brasil, apenas é possível afirmar que
é isso que os brasileiros buscam.
B) Errado. O texto afirma que “ [os bem-sucedidos] encontram empregos dignos e
satisfatórios, estabelecem raízes reconstroem satisfatoriamente suas vidas”. Não é
possível afirmar, com segurança, a partir desse trecho, que eles não retornam ao Brasil.
Apenas é possível afirmar que conseguiram se estabelecer, se voltam ou não, o texto
não informa.
C) Errado. Embora no texto o governo expresse seu desejo de que brasileiros bem-
sucedidos mantenham vínculos afetivos e culturais com o Brasil, não é possível
depreender que eles os perderam, apenas que podem (e é desejável) que continuem a
mantê-los.
D) Errado. Afirmar que “o retorno ao Brasil deve ser facilitado” é diferente de afirmar que
os brasileiros que deixaram o país dificilmente conseguem retomar suas vidas aqui.
E) Correto. É o que afirma a última frase do texto

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Se nos perguntassem como nos comportaríamos em uma situação opondo uma


vantagem pessoal ao bem geral, a maioria de nós não seria capaz de admitir a opção pela
vantagem pessoal. A história mostra claramente, contudo, que a maioria das pessoas coloca os
próprios interesses à frente dos interesses alheios, seja por temperamento ou formação. O que
não faz delas pessoas ruins, apenas humanas.
Mas toda essa defesa do interesse próprio pode ser frustrante para quem tem ambições
maiores que simplesmente garantir alguma pequena vitória pessoal. Talvez você queira aliviar a
pobreza, permitir que o governo funcione melhor ou convencer sua empresa a poluir menos, ou
simplesmente fazer com que seus filhos parem de brigar. Como vai conseguir que todo mundo
puxe na mesma direção, se cada um está basicamente puxando na sua própria?

(LEVITT, S. D.; DUBNER, S. J. Pense como um freak. Rio de Janeiro: Record, 2014, p. 16.)

19. (Port./Jun2015/Q.2)

Da leitura do texto depreende-se:

A) por egoísmo ou deformação de caráter, a maioria das pessoas coloca os próprios


interesses acima dos interesses alheios.
B) nem todas as pessoas são ruins; algumas abrem mão de seus interesses particulares
em benefício de interesses alheios, outras não.

52
C) a defesa do interesse particular em detrimento do interesse alheio é mais difícil
quando se pretende mais que uma simples vitória pessoal.
D) aliviar a pobreza, fazer o governo funcionar melhor e seus filhos pararem de brigar
são exemplos de “ambições maiores que simplesmente garantir alguma pequena
vitória pessoal”.
E) o emprego dos pronomes “nos”, “nós”, “seus” e “você” evidencia que os autores
estão se dirigindo a um público em particular.

RESPOSTA: C

A) Errado. O texto afirma que a maioria das pessoas coloca os próprios interesses à frente
dos interesses alheios, seja por temperamento ou formação.
B) Errado. O que o texto defende é que as pessoas que não abrem mão de seus interesses
particulares em benefício de interesses alheios não seriam pessoas ruins, apenas
humanas.
C) Correto. O texto afirma que “toda essa defesa do interesse próprio pode ser frustrante
para quem tem ambições maiores que simplesmente garantir alguma pequena vitória
pessoal”. A palavra frustrante indica que é mais difícil.
D) Errado. A banca considerou que aliviar a pobreza, fazer o governo funcionar melhor e
seus filhos pararem de brigar não são exemplos de “ambições maiores que
simplesmente garantir alguma pequena vitória pessoal”.
E) Errado. O emprego dos pronomes “nos”, “nós”, “seus” e “você” evidencia que os autores
estão se dirigindo a um público genérico, não especificado.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Escrever romances não adula a vaidade, nem sequer momentaneamente. À diferença


do diretor de cinema, do pintor ou do músico, que podem observar a reação de alguns
espectadores diante de suas obras e inclusive ouvir seus aplausos, o romancista não vê seus
leitores lendo seu livro nem assiste à sua aprovação, emoção ou complacência. Se tem a sorte
de vender muitos exemplares, talvez poderá se consolar com um número, despersonalizado e
abstrato como todos os números, por mais alto que seja, e além disso deverá saber que
compartilha esse tipo de cifra e de consolo com os seguintes autores: chefs de cozinha que
divulgam suas receitas, biógrafos escandalosos de celebridades com cabeça de vento,
futurólogos que usam correntes, colares e até capas, filhas maledicentes de atrizes, colunistas
fascistas que veem o fascismo por toda parte menos em si mesmos, tolos arrogantes que dão
lições de maneiras, bem como outras figuras tão eminentes quanto.

(MARÍAS, J. Sete razões para não escrever romances e uma para escrevê-los. Folha de São
Paulo, 27 de julho de 2014, Caderno Ilustríssima, p. 3.)

20. (Port./Jun2015/Q.5)

Considerando o desenvolvimento das ideias do autor, o quadro a seguir separa alguns


profissionais citados no texto em dois grupos.

GRUPO 1 GRUPO 2

53
Diretor de cinema Chefs de cozinha
Pintor Biógrafos
Músico Futurólogos
Colunistas

Observe as seguintes afirmativas.

I. O autor sustenta que todos esses profissionais fazem sucesso.


II. O autor sustenta que todos esses profissionais são merecidamente vaidosos.
III. O grupo 1 se difere do grupo 2 para efeito da argumentação do autor.
IV. Um romancista não conseguirá se incluir no grupo 1, mas poderá se incluir no grupo
2.

São corretas

A) apenas as afirmativas I e III.


B) apenas as afirmativas I e IV.
C) apenas as afirmativas II e III.
D) apenas as afirmativas III e IV.
E) apenas as afirmativas I, III e IV.

RESPOSTA: D

I. O autor sustenta que todos esses profissionais fazem sucesso.


Errado. Em relação ao grupo 1, não é possível afirmar, a partir do texto, que eles fazem
sucesso, apenas que é possível reconhecer a reação de alguns espectadores diante de
suas obras.
II. O autor sustenta que todos esses profissionais são merecidamente vaidosos.
Errado. Em relação aos integrantes do grupo 2, o autor os desqualifica, ao utilizar uma
ironia para se referir a eles. (“outras figuras tão eminentes quanto”.)
III. O grupo 1 se difere do grupo 2 para efeito da argumentação do autor.
Correto. O autor estabelece, em sua argumentação, uma oposição entre os dois grupos.
IV. Um romancista não conseguirá se incluir no grupo 1, mas poderá se incluir no grupo 2.
Correto. Um romancista não conseguirá se incluir no grupo 1 porque é impossível para
esse tipo de autor reconhecer a reação de alguns espectadores diante de suas obras. No
entanto, poderá se incluir no grupo 2 se tiver a sorte de vender muitos exemplares.

21. (Port./Jun2015/Q.6)

Leia o texto a seguir:

Homens sozinhos que cruzavam a calçada, olhavam para trás e suspiravam: “que
delícia”. Eu tinha treze anos. Usava calça comprida, tênis e camiseta. Agora, multiplique isso por
todos os dias da minha vida. Sei que para homens é difícil entender como isso pode ser violência.
Nós mesmas, mulheres, nos acostumamos e deixamos pra lá. Nós nos acostumamos para
conseguir viver o dia a dia. [...] O privilégio é invisível. Para o homem, só é possível ver o privilégio
se houver empatia. Tente imaginar um mundo onde, por cinco mil anos, todos os homens foram
subjugados, violentados, assassinados, podados, controlados. Tente imaginar um mundo onde,
por cinco mil anos, só mulheres foram cientistas, físicas, chefes de polícia, matemáticas,

54
astronautas, médicas, advogadas, atrizes, generais. Tente imaginar um mundo onde, por cinco
mil anos, nenhum representante do seu gênero esteve em destaque, na televisão, um teatro,
no cinema, nas artes. Na escola, você aprende sobre a história feita pelas mulheres, a ciência
feita pelas mulheres, o mundo feito pelas mulheres.

(REGINA, C. Como se sente uma mulher. Papel de homem, 22 de maio 2013. Disponível em:
<http://papodehomem.com.br/como-se-sente-uma-mulher/>. Acesso em: 18 de maio 2015.

Assinale a alternativa que apresenta uma análise correta do texto.

A) A autora convida o leitor a imaginar um mundo com uma história oposta à nossa
como forma de mostrar que a mulher sempre foi colocada em posição inferior à do
homem na sociedade.
B) A autora mostra que o homem tem um privilégio invisível porque as próprias
mulheres começam a aceitar a violência para conseguir viver o dia a dia.
C) A autora, na condição de mulher, tem autoridade para explicar a situação vivida não
apenas por ela, mas também por todas as demais representantes do seu gênero.
D) A autora gostaria de um mundo em que as mulheres se destacassem mais que os
homens em todos os setores da sociedade, como artes e ciências.
E) A autora se sente violentada desde os treze anos, pois, para ela, suspiros de “que
delícia” vindos dos homens não são uma necessidade feminina.

RESPOSTA: A

A) Correto. De fato, ao sugerir, entre outras coisas, “Tente imaginar um mundo onde, por
cinco mil anos, nenhum representante do seu gênero esteve em destaque, na televisão,
um teatro, no cinema, nas artes”, a autora convida o leitor a imaginar um mundo com
uma história oposta à nossa como forma de mostrar que a mulher sempre foi colocada
em posição inferior à do homem na sociedade.
B) Errado. Embora a autora mostre que o homem tem um privilégio invisível e que as
próprias mulheres começaram a aceitar a violência para conseguir viver o dia a dia, ela
não estabelece uma relação de causa e efeito entre essas ações.
C) Errado. Embora a alternativa não contrarie o sentido geral do texto, a questão da
legitimidade da autora para representar outras mulheres não seria a análise mais
adequada para o texto.
D) Errado. Não é possível afirmar, a partir do texto, que a autora gostaria de um mundo em
que as mulheres se destacassem mais que os homens em todos os setores da sociedade,
como artes e ciências. A autora cita essa situação hipotética como recurso
argumentativo, para que os homens possam se colocar na mesma posição das mulheres.
E) Errado. De fato, a autora se sente violentada desde os treze anos, mas não é possível
afirmar que isso ocorre porque os suspiros de “que delícia” vindos dos homens não
seriam uma necessidade feminina.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

De magrela pela transamérica


Existem momentos na vida em que a gente precisa sair das engrenagens que ditam
nossa rotina. Tirar um período de férias, gozar meses de sabático ou até transformar o limão
daquela demissão numa limonada. Rearranjar os neurônios, inspirar-se pelo mundo, conhecer

55
pessoas inusitadas, colocar-se em situações inéditas. Enfim, juntar algumas histórias para contar
pelo resto da vida.
Prestes a completar 33 anos, eu havia chegado num momento desses. Depois de
experimentar trabalhar em algumas agências de comunicação, comecei a trabalhar como
freelancer em design gráfico. Parecia que a nova empreitada profissional tinha tudo para dar
certo. O que significaria que os próximos vários anos seriam pela agenda profissional. Se eu não
embarcasse numa aventura agora, só depois dos 40. Respirei fundo, fiz muitas dívidas e resolvi
encarar o projeto de uma grande viagem de bicicleta.

(CAPARICA, Marcio, Revista VIP, julho de 2014, p. 92.)

22. (Port./Fev2015/Q.3)

Qual é a ideia central do texto?

A) A importância de conhecer o mundo.


B) A vantagem de trabalhar sem vínculo empregatício.
C) A idade adequada para uma pessoa se lançar numa aventura.
D) A necessidade de fugir à rotina com a busca de experiências novas.
E) A decisão do autor de aventurar-se pelo mundo, ocasionada por sua demissão.

RESPOSTA: D

A) Errado. Embora essa ideia esteja presente no texto, não pode ser caracterizada como
central.
B) Errado. O texto não menciona vantagens de trabalhar sem vínculo empregatício.
C) Errado. O texto fala sobre momentos da vida para uma pessoa se lançar numa aventura,
que, no caso do autor, foi às vésperas de completar 33 anos. No entanto, não há uma
generalização que considere essa idade como adequada para todas as pessoas.
D) Correto. Essa é a ideia central que permeia todo o texto, enunciada logo no seu início
(introdução) e que perpassa toda a argumentação.
E) Errado. Embora tal ideia seja sugerida pelo texto, não é central.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Petrópolis – Chuva ajuda a acabar com incêndio na Serra


A chuva forte registrada na região serrana durante a madrugada de segunda-feira
ajudou a pôr fim ao incêndio que atingia o local nos últimos dias, segundo o comandante do
Corpo de Bombeiros da região, coronel Roberto Robadey. Graças a esse auxílio, a corporação e
o Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio) consideraram extinto o
incêndio.
Os primeiros focos foram registrados no dia 7, devido à seca. O coronel explicou que a
cobertura vegetal das encostas foi destruída, aumentando os riscos de deslizamentos em caso
de chuva prolongada.
De acordo com o governo do estado, mais de 2,6 mil hectares de floresta foram
destruídos no episódio no Parque Nacional de Araras e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
Cerca de 600 bombeiros participaram da operação.

(Jornal do Comércio: 21/10/2014, p. A-7)

56
23. (Port./Jun2015/Q.11)

A corporação e o ICMBio consideraram extinto o incêndio

A) em decorrência do auxílio das chuvas.


B) em detrimento da intensidade das chuvas.
C) em adiantamento da interferência da natureza.
D) em função da medição pluviométrica adotada.
E) em consequência da operação conjunta de seus agentes.

RESPOSTA: A

A) Correto. O trecho “Graças a esse auxílio, a corporação e o Instituto Chico Mendes de


Conservação de Biodiversidade (ICMBio) consideraram extinto o incêndio” comprova a
alternativa.
B) Errado. A alternativa não faz sentido no texto.
C) Errado. A alternativa não faz sentido no texto.
D) Errado. Não há, no texto, informação relativa à medição pluviométrica adotada.
E) Errado. A operação conjunta de seus agentes não é vista como causa única da extinção
do incêndio.

24. (Port./Jun2015/Q.13)

Observe a seguinte frase do texto: “O coronel explicou que a cobertura vegetal das encostas foi
destruída, aumentando os riscos de deslizamentos em caso de chuva prolongada.”

Dessa afirmação, pode-se concluir que os deslizamentos das encostas costumam ocorrer nas
seguintes circunstâncias:

I. haver chuvas prolongadas.


II. haver seca seguida de incêndios.
III. haver riscos de destruição.
IV. não haver cobertura vegetal.
V. não haver uma corporação de prevenção.

A interpretação correta da frase do texto está presente na combinação das circunstâncias

A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) III e V.
E) IV e V.

RESPOSTA: B

I. haver chuvas prolongadas.


Circunstância mencionada na fala do coronel

II. haver seca seguida de incêndios.


Circunstância não mencionada na fala do coronel

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III. haver riscos de destruição.
Circunstância não mencionada na fala do coronel

IV. não haver cobertura vegetal.


Circunstância mencionada na fala do coronel

V. não haver uma corporação de prevenção.


Circunstância não mencionada na fala do coronel

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Mercúrio de marcha à ré
É só o que se fala no mundo da astrologia: todo cuidado é pouco entre os dias 7 de junho e 1°
de julho. É a volta do Mercúrio retrógrado, fase em que, metaforicamente, o planeta anda para
trás, atrapalhando tudo o que for ligado a comunicação por aqui - e complicando a vida de muita
gente. Vai cair bem na Copa do Mundo.

(GUIMARÃES, Cleo. Gente Boa. O Globo: 29 de maio de 2014, Segundo Caderno, p. 5.)

25. (Port./Set2015/Q.35)

Da leitura do texto se depreende que, em relação à fase do Mercúrio retrogrado, a autora

A) não acredita em seus efeitos negativos.


B) registra a informação, mas não garante sua veracidade.
C) admite a ocorrência de efeitos prejudiciais a Copa do Mundo.
D) apresenta o fenômeno para justificar sua crença na astrologia.
E) acredita apenas em seus efeitos negativos no campo da comunicação.

RESPOSTA: B

A) Errado. A pesar de construir o texto de maneira a não se comprometer com a veracidade


das informações, a autora dá entender que poderiam ocorrer problemas de
comunicação durante a Copa do Mundo.
B) Correto. A autora reporta informações referentes aos fenômenos astrológicos, mas de
maneira a não se comprometer com elas, ou seja, distanciando-se delas (“no mundo da
astrologia”, “fase em que, metaforicamente, o planeta anda para trás”)
C) Errado. A autora faz somente uma insinuação, relacionando o período do fenômeno
astrológico ao período da copa do mundo. Isso é diferente de admitir a ocorrência de
efeitos prejudiciais a Copa do Mundo.
D) Errado. Apesar de ser possível reconhecer que a autora tem conhecimento de alguns
fenômenos não é possível, a partir do texto, afirmar que a autora crê na astrologia.
E) Errado. Não é possível, a partir do texto, afirmar que a autora acredita apenas nos
efeitos negativos de Mercúrio retrógrado no campo da comunicação. Essa seria uma
extrapolação.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

58
O desenvolvimento sustentável é o maior e mais complicado desafio que a humanidade
já enfrentou. A mudança climática sozinha é uma dificuldade extraordinária. Somam-se a ela
outros dilemas, como a rápida urbanização, o crescimento populacional, a exploração excessiva
de recursos oceânicos e terrestres, entre outras inúmeras questões. Esse é um problema
multigeracional e atinge áreas centrais de nossa vida econômica, como energia, transporte,
infraestrutura e suprimento alimentar - todas carentes de grandes reformulações tecnológicas.
Para tomar esse tema ainda mais complexo, há poderosos interesses constituídos, como os das
grandes empresas petrolíferas internacionais. Elas obstruíram o esclarecimento da opinião
pública e o progresso da implementação de fontes mais limpas. As demandas se multiplicam e
os prazos são apertados.
Mas não devemos desistir. Hoje, identificamos maneiras muito específicas de prever
como alcançar os objetivos de sustentabilidade. Conhecemos as tecnologias que podem
"descarbonizar" o sistema energético mundial e levar a uma eficácia energética tremenda.
Sabemos quais tecnologias aumentam a produtividade agrícola e reduzem o uso de defensivos
e fertilizantes. Mostramos como cidades podem planejar o futuro e projetar infraestruturas
inteligentes. Essas são oportunidades a nosso alcance, não é ficção científica, mas coisas que
sabemos como fazer e são acessíveis. Em muitos casos, como nas energias eólica e solar, os
custos já estão próximos das tecnologias tradicionais, ao menos em algumas regiões
privilegiadas do planeta.

(SACHS, Jeffrey. A era do desenvolvimento, Revista EXAME, edição 1.085, 18 de março de 2015,
p. 85.)

26. (Port./Set2015/Q.38)

O segundo parágrafo não faz referência a qual dos seguintes âmbitos dos obstáculos
apresentados no primeiro parágrafo?

A) Clima.
B) Energia.
C) Transporte.
D) Infraestrutura.
E) Suprimento alimentar.

RESPOSTA: C

A) Errado. O clima, no primeiro parágrafo, diferentemente dos outros itens, não é


apresentado como um obstáculo que atinge áreas centrais da nossa vida econômica.
B) Errado. O trecho “Conhecemos as tecnologias que podem "descarbonizar" o sistema
energético mundial e levar a uma eficácia energética tremenda” faz referencia à
energia.
C) Correto. Não há, no segundo parágrafo, referência ao problema de transporte.
D) Errado O trecho “Mostramos como cidades podem planejar o futuro e projetar
infraestruturas inteligentes” faz referência à infraestrutura.
E) Errado. O trecho “Sabemos quais tecnologias aumentam a produtividade agrícola e
reduzem o uso de defensivos e fertilizantes” faz referência ao suprimento alimentar.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Lago Azul

59
Eu inventei uma saudade
enorme
para sofrer.
Eu desenhei uma lágrima
quente
para chorar.
Com a saudade conversei
baixinho
para esquecer ...
Mas para a lágrima eu não dei
a face
para escorrer.
Falei com a saudade.
Ela me disse o que não era meu.
Contei à lágrima.
Ela secou e não me respondeu.

(ADALCINDA. Antologia Poética. Belém: Ceiup, 1995. p. 224)

27. (Port./Set2015/Q.45)

O poema mostra que o enunciador tinha a pretensão de

A) falar, ouvir e contar.


B) sofrer, chorar e esquecer.
C) inventar, desenhar e conversar.
D) sofrer e chorar, mas não esquecer.
E) inventar e desenhar, mas não conversar.

RESPOSTA: B

A) Errado. O autor utiliza os verbos “falar” e “contar”, mas essas não são intenções
expressas no texto. Não há, no texto, indícios de que o autor tenha a intenção de ouvir.
B) Correto. Os versos “para sofrer/para chorar/para esquecer” comprovam a alternativa. É
importante ressaltar que a preposição “para”, presente nos três versos, evidencia a
finalidade.
C) Errado. O autor utiliza os verbos “inventar”, “desenhar” e “conversar”, mas essas não
são intenções expressas no texto.
D) Errado. O verso “para esquecer” mostra que o autor tinha essa intenção, além de sofrer
e chorar.
E) Errado. O autor utiliza os verbos “inventar” e “desenhar”, mas essas não são intenções
expressas no texto.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Sobre a humanidade em tempos sombrios: reflexões sobre Lessing


[discurso proferido por ocasião da aceitação do Prêmio Lessing da Cidade Livre de Hamburgo,
em 1959]

60
A distinção conferida por uma cidade livre e um prêmio que traz o nome de Lessing constituem
uma grande homenagem. Reconheço que não sei como vim a recebê-la e ainda não me foi
inteiramente fácil chegar a um acordo sobre ela. Ao dizê-lo, posso ignorar totalmente a delicada
questão de mérito. Quanto a isso, as homenagens nos dão uma convincente lição de modéstia,
pois pressupõem que não nos cabe julgar nossos próprios méritos da mesma forma como
julgamos os méritos e realizações de outras pessoas. Em relação a prêmios, o mundo fala
abertamente, e se aceitamos o prêmio e expressamos nossos agradecimentos, só podemos fazê-
lo ignorando-nos a nós mesmos e agindo totalmente dentro do quadro de nossa atitude em
relação ao mundo, em relação a um mundo e a um público a quem devemos o espaço onde
falamos e somos ouvidos.
(ARENDT, Hannah. São Paulo: Cia. das Letras, 2008, p. 10.)

Nota - O poeta e dramaturgo alemão Gotthold Ephraim Lessing (1729-1781) é considerado um


dos maiores representantes do Iluminismo, conhecido também por sua crítica ao antissemitismo
e defesa do livre pensamento e tolerância religiosa.

28. (Port./Set2015/Q.47)

Qual é o ponto de vista que a autora expressa no texto sobre o recebimento de homenagens?

A) Os homenageados modestos são menos convincentes quando julgam os méritos de


outras pessoas.
B) O recebimento de homenagens pressupõe que os prêmios conferidos são
superiores ao mérito das pessoas.
C) O mérito dos homenageados nem sempre é superior ao que a lição de modéstia
proporciona as outras pessoas.
D) As homenagens representam uma lição de modéstia, pois é atribuída por quem julga
os méritos de outras pessoas.
E) O julgamento do mérito para conferir homenagens não cabe a quem é
homenageado e gera uma lição de modéstia.

RESPOSTA: E

A) Errado. Não há, no texto, passagens que comprovem esse ponto de vista.
B) Errado. Não há, no texto, passagens que comprovem esse ponto de vista.
C) Errado Não há, no texto, passagens que comprovem esse ponto de vista.
D) Errado. Embora as duas informações constem no texto, a relação ente elas não pode ser
verificada.
E) Correto. O trecho “as homenagens nos dão uma convincente lição de modéstia, pois
pressupõem que não nos cabe julgar nossos próprios méritos da mesma forma como
julgamos os méritos e realizações de outras pessoas” comprova o ponto de vista
apresentado.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Há rapazes e moças que já estão com 25 anos de idade, às vezes mais, e nunca
escreveram nada na vida. Redigir mais de 100 palavras em seguida, por exemplo, deixa um
executivo de primeira linha exausto, como se tivesse acabado de escrever Os Lusíadas, de Luís
de Camões.

61
A grande maioria dos brasileiros que completam o curso superior sai da universidade
com dificuldades extremas para conectar entre si os diversos mecanismos cerebrais que
permitem ao ser humano comunicar-se por escrito; contentam-se em ser “o animal que fala",
como Aristóteles descrevia o homem primitivo.
A maneira realmente moderna de encarar a leitura é medir a sua utilidade com uma
pergunta-chave: "Ler para quê?". Hoje em dia é possível ficar sabendo qualquer coisa, em
qualquer lugar e a qualquer hora- da data da Batalha de Tuiuti ao dia do aniversário de Cate
Blanchett. Qual a necessidade de saber as respostas antes de serem feitas as perguntas? É um
modo de encarar a vida - não é preciso mais aprender, basta chamar o Google. É errado pensar
assim? Com certeza é melancólico.
Todas as vezes em que você perceber que está ao lado da maioria, é hora de fazer uma
pausa e pensar um pouco.
GUZZO, J. R. Revista VEJA, n.2377, 11 jun. 2014, p. 100-1.

29. (Port./Fev2016/Q.35)

Na comparação que o jornalista faz entre redigir mais de 100 palavras seguidas e escrever Os
Lusíadas, pode-se concluir que o livro de Luís de Camões

A) é uma obra de grande importância e tamanho.


B) tem repercussão na crítica literária até hoje.
C) deixa qualquer pessoa exausta após sua leitura.
D) poderia ser condensado e conter menos palavras.
E) é um poema épico com 1102 estrofes de 8 versos.

RESPOSTA: A

A) Correto. A partir do trecho “Redigir mais de 100 palavras em seguida, por exemplo, deixa
um executivo de primeira linha exausto, como se tivesse acabado de escrever Os
Lusíadas”, é possível chegar à conclusão de que escrever cem palavras em seguida
despende tanto esforço quanto escrever uma obra de grande importância e tamanho.
Por isso, ao final, ele estaria exausto.
B) Errado. A repercussão de Os Lusíadas na crítica literária é uma informação que não está
presente no texto, e não pode ser tomada como uma conclusão a partir da comparação
feita pelo autor.
C) Errado. A informação de que a leitura de Os Lusíadas deixa qualquer pessoa exausta não
está posta no texto. O texto supõe somente que escrever Os Lusíadas deixaria qualquer
pessoa exausta.
D) Errado. Não há elementos na comparação que permitam concluir que a obra de Camões
poderia ser condensada e conter menos palavras.
E) Errado. Não há elementos na comparação que permitam chegar a essa informação tão
específica, a de que a obra é um poema épico com 1102 estrofes de 8 versos.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Todos nós, pesquisadores e professores, estamos acostumados a ler textos; afinal, fazer
parte de uma comunidade acadêmica implica estar a par dos acontecimentos e das ideias em
circulação para que possamos nos posicionar e contribuir. Durante os últimos cinco anos tive a
possibilidade de fazer isso de maneira muito especial. Sem saber quem escrevia (nosso processo
de desk review é feito sem a indicação de autoria), li mensalmente algo entre 30 e 40 artigos

62
escritos por pessoas das mais variadas disciplinas e áreas de atuação, usando métodos de análise
distintos, sobre tópicos que seus autores consideravam relevantes e importantes em nosso
campo. Foi uma experiência que me deixou bastante otimista sobre o caminho de nosso campo;
aprendi muito sobre muitas áreas distintas e a vocês autores deixo meu profundo muito
obrigado.

SPINK, P. K. Editorial. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 49, n. 6, p. 1351-


1352, nov. dez. 2015. Excerto.

30. (Port./Fev2016/Q.38)

Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação sem respaldo no texto.

A) Pelo menos de 2011 a 2015, Spink foi editor do periódico de onde o texto foi
extraído.
B) A julgar pelo nome do periódico, Spink provavelmente está se referindo a
administração pública.
C) Não necessariamente os tópicos eram relevantes na opinião de outras pessoas,
inclusive do editor.
D) A leitura de textos é uma das atividades exercidas por aqueles inseridos na
comunidade acadêmica.
E) Supõe-se que os pareceristas da revista em tela desconhecem os autores dos artigos
que avaliam.

RESPOSTA: A

A) Não encontra respaldo no texto. De acordo com o texto, no período mencionado, Spink
participou do processo de desk review do periódico. Não é possível afirmar, a partir dessa
assertiva, que ele foi o editor.
B) Encontra respaldo no texto. O nome do periódico, Revista de Administração Pública,
fornece a informação de que Spink provavelmente está se referindo à administração
pública.
C) Encontra respaldo no texto. O trecho “li mensalmente algo entre 30 e 40 artigos escritos
por pessoas das mais variadas disciplinas e áreas de atuação, usando métodos de análise
distintos, sobre tópicos que seus autores consideravam relevantes e importantes em
nosso campo” indica que não necessariamente os tópicos eram relevantes na opinião de
outras pessoas, inclusive do editor. O que pode ser afirmado com certeza é que os tópicos
eram importantes para os autores.
D) Encontra respaldo no texto. O trecho “Todos nós, pesquisadores e professores, estamos
acostumados a ler textos; afinal, fazer parte de uma comunidade acadêmica implica
estar a par dos acontecimentos [...]” indica que a leitura de textos é uma das atividades
exercidas por aqueles inseridos na comunidade acadêmica.
E) Encontra respaldo no texto. O trecho “Sem saber quem escrevia (nosso processo de desk
review é feito sem a indicação de autoria)” sustenta a suposição de que os pareceristas
da revista em tela desconhecem os autores dos artigos que avaliam.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Os desafios do envelhecimento

63
O Japão detém uma das mais altas expectativas de vida do planeta, de 83,6 anos, e a
maior média de idade da população, de 45,9 anos. Os idosos representam cerca de um terço da
população. A composição do país levou o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, de 72 anos,
a declarar que “O problema não será resolvido a não ser que eles possam se apressar e morrer",
numa referência aos idosos, em uma reunião do Conselho Nacional que discutia reformas na
seguridade social. Na ocasião, em janeiro de 2013, o político alertou ainda para o alto custo do
tratamento de pacientes que não podiam se alimentar sozinhos, a quem chamou de "pessoas-
tubo". Diante da repercussão causada pelos seus comentários, ele admitiu, depois, ter usado
uma linguagem inapropriada e expressado publicamente suas opiniões pessoais. Mais tarde, o
ministro confirmou que o governo japonês estuda uma redução progressiva nas pensões como
forma de enfrentar o déficit nas contas da previdência social.

TONELLO, M. N. Guia do estudante - atualidades. São Paulo: Editora Abril, 2° semestre de


2014, p. 150.

31. (Port./Fev2016/Q.42)

No seu blog, em 20 de janeiro de 2010, o jornalista Celso Ming revelou as seguintes observações
feitas por especialistas das Nações Unidas.

I. "Em 2009, seis países tinham mais da metade da população mundial com mais de
80 anos: China, Estados Unidos, Índia, Japão, Alemanha e Rússia."
II. "A população mundial cresce a um ritmo de 1,2% ao ano. Enquanto isso, o número
de sexagenários aumenta 2,6%. Ou seja, tem mais gente envelhecendo do que
nascendo."
III. "Em 1998, os países ricos já tinham mais gente com 60 anos do que com 14. Em
2045, o mundo inteiro estará nessas condições."
IV. "A idade média da população mundial é 28 anos. Dentro de 40 anos, esse marco
divisório saltará para a faixa dos 38 anos. O campeão em média de idade mais
avançada é o Japão, com 44 anos."

Quais dessas observações contrariam as informações do texto?

A) Todas as observações.
B) Apenas as observações I e III.
C) Apenas as observações I e IV.
D) Apenas as observações III e IV.
E) Nenhuma das observações.

RESPOSTA: E

I. Não contraria. A observação é compatível com a primeira frase do texto anterior.


II. Não contraria. A observação está de acordo com o texto anterior.
III. Não contraria. A observação está de acordo com o texto anterior.
IV. Não contraria. Embora haja uma divergência na média de idade mais avançada, é
preciso levar em conta que o primeiro texto foi publicado em 2014, e o segundo, em
2010. É razoável supor que em 2010 a média seja menor que em 2014.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

64
A maleta de meu pai
Dois anos antes de morrer, meu pai me entregou uma maleta contendo seus escritos,
originais e cadernos. Assumindo a sua expressão habitual de brincadeira e zombaria, ele me
disse que gostaria que eu lesse tudo aquilo depois que ele tivesse partido, ou seja, depois de sua
morte.
"Dê só uma olhada", ele pediu, com um ar um tanto encabulado. "Veja se encontra
alguma coisa que possa usar. Depois que eu tiver partido, talvez você possa fazer uma seleção
e publicar."
Estávamos no meu escritório, cercado de livros. Meu pai ficou procurando um lugar
onde pudesse pousar a maleta, caminhando de um lado para o outro como um homem que
precisasse se livrar de um fardo incômodo. No final, acabou depositando a maleta num canto,
fora do caminho. Foi um momento embaraçoso do qual nenhum de nós dois jamais se esqueceu,
mas depois que passou e retomamos aos nossos papéis habituais, tratando a vida com leveza,
as nossas personas brincalhonas e zombeteiras assumiram o controle e pudemos relaxar.

PAMUK, O. A maleta do meu pai. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 9-10.

32. (Port./Fev2016/Q.49)

O autor revela que ele e seu pai tinham

A) identificação na maneira de levar a vida com humor.


B) dois anos de separação e gostavam de falar sobre literatura.
C) temperamentos diferentes e guardavam segredos um do outro.
D) desprezo por seus papeis habituais e zombavam da ideia de morte.
E) expressões habituais de zombaria e jamais se esqueciam do combinado.

RESPOSTA: A

A) Correto. O trecho “retomamos aos nossos papéis habituais, tratando a vida com leveza,
as nossas personas brincalhonas e zombeteiras assumiram o controle e pudemos
relaxar” comprova a alternativa.
B) Errado. Não é possível, localizar no texto, que o autor e seu pai tiveram “dois anos de
separação”, apenas que o evento narrado aconteceu dois anos antes da morte do pai.
C) Errado. Pelo texto, é possível inferir que pai e filho tinham temperamentos semelhantes.
D) Errado. Pelo texto, é possível inferir que ambos possuíam apreço por seus papeis
habituais.
E) Errado. Não é possível localizar, no texto, passagens que comprovam que pai e filho
“jamais se esqueciam do combinado.”

33. (Port./Fev2016/Q.50)

A conversação entre o narrador e seu pai ocorreu

A) dois anos antes da morte do enunciador.


B) na casa do pai do enunciador, em seu escritório.
C) no escritório do filho, onde havia muitos livros.
D) numa livraria que ambos costumavam frequentar.
E) antes de o filho saber que seu pai estava muito doente.

65
RESPOSTA: C

A) Errado. O evento foi narrado dois anos antes da morte do pai do enunciador.
B) Errado. A conversa ocorreu no escritório do filho, autor do texto.
C) Correto. O trecho “Estávamos no meu escritório, cercado de livros” comprova a
alternativa, já que o pronome “meu” refere-se ao autor do texto, ou seja, o filho.
D) Errado. Não é possível localizar tal informação no texto.
E) Errado. Não é possível afirmar, com dados do texto, que a conversação ocorreu antes de
o filho saber que seu pai estava muito doente.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir


As rosas não falam
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão, enfim.

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim.

Queixo-me às rosas, mas que bobagem.


As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti.

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos, por fim.

(CARTOLA. Cartola II. LP Marcus Pereira 9325, 1976, lado 2, faixa 2.)

34. (Port./Jun2016/Q.1)

A única interpretação correta para o sentimento do enunciador da canção está em:

A) Ele pensa que o término do verão coincide com florescimento das rosas.
B) Ele está mais triste porque ama alguém que o fez sentir-se traído.
C) Ele sabe que a dor pela perda da pessoa amada é irremediável.
D) Ele tem dúvidas sobre seu amor, que nunca foi correspondido.
E) Ele sofre imensamente por ter perdido a sua amada.

RESPOSTA: E

A) Errado. A frase não expressa qualquer tipo de sentimento, em especial o do enunciador.


B) Errado. O texto não fornece elementos para afirmar que houve traição.
C) Errado. Existe uma esperança, anunciada no primeiro e no último verso.
D) Errado. Não há elementos no texto para afirmar que seu amor nunca foi correspondido,
apenas que não é mais.
E) Correto. Toda a canção expressa o sofrimento do autor por ter perdido a sua amada.

66
35. (Port./Jun2016/Q.2)

Para o enunciador, dizer “queixo-me às rosas” representa

A) a inutilidade da interlocução de sua amargura.


B) a última esperança de reconquistar a pessoa amada.
C) a sensação de estar ainda na companhia de sua amada.
D) o súbito interesse pelo ambiente vivenciado pelo casal.
E) o empenho em relembrar o perfume exalado pelas flores.

RESPOSTA: A

A) Correto. O trecho “mas que bobagem./As rosas não falam” indica a inutilidade da
interlocução de sua amargura.
B) Errado. O texto não relaciona a queixa às rosas à última esperança de reconquistar a
pessoa amada.
C) Errado. A queixa às rosas não remete à sensação de estar ainda na companhia de sua
amada.
D) Errado. Não há elementos no texto que relacionem a queixa às rosas a um suposto súbito
interesse pelo ambiente vivenciado pelo casal.
E) Errado. Queixar-se às rosas não remete a um empenho do autor em relembrar o perfume
exalado pelas flores.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Nestes 13 anos que salvo animais, nunca tinha resgatado um tão entregue... Ele não teve
nenhuma reação qd coloquei a mão nele.... Já tinha desistido.... Sofreu tanto e eu não tive tempo
de lhe mostrar como a vida pode ser bonita. Confesso q destruiu meu coração.... Eu n entendo
estas coisas da vida. A única coisa boa desta triste história é q ele foi o anjo q salvou uma
mãezinha e seus 7 filhotes.

(@luisamell. Disponível em: <http://instidy.com/luisamell>. Acesso em: 9 de nov. 2015.)

36. (Port./Jun2016/Q.3)

Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma afirmativa que não encontra
respaldo no texto.

A) A autora resgatou um animal morto.


B) A autora teve preocupação com a vida de alguns animais.
C) A autora tem empatia por animais há pelo menos 13 anos.
D) A autora compara um animal específico à figura de um anjo.
E) A autora conta uma história triste que tem ao menos um momento positivo.

RESPOSTA: A

A) Não encontra respaldo no texto. Não há nenhum trecho do texto que dê indícios de que
o animal já estava morto quando a autora o resgatou. A afirmação “Já tinha desistido”,

67
que poderia suscitar alguma dúvida, não indica que o animal já havia morrido, e sim,
que havia desistido de lutar pela própria vida.
B) Correto. A afirmação pode ser confirmada pelo trecho “Nestes 13 anos que salvo
animais”.
C) Correto. A afirmação pode ser confirmada pelo mesmo trecho que confirma a afirmação
anterior: “Nestes 13 anos que salvo animais”.
D) Correto. A afirmação pode ser confirmada pelo trecho “A única coisa boa desta triste
história é q ele foi o anjo q salvou uma mãezinha e seus 7 filhotes.”
E) Correto. A afirmação pode ser confirmada pelo trecho “A única coisa boa desta triste
história é q ele foi o anjo q salvou uma mãezinha e seus 7 filhotes.”

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Visitante noturno
O inseto apareceu sobre a mesa como todos os insetos: silencioso e sem se fazer
anunciar. E sem que se atinasse por que motivo escolhera aquele pouso. Não parecia bicho da
noite, desses que não podem ver lâmpada acesa, e logo se aproximam, fascinados. Era uma
coisinha insignificante, encolhida sobre o papel e ali disposta, aparentemente, a passar o resto
de sua vida mínima, sem explicação, sem sentido para ninguém.
6 Ninguém? O homem, que tem o hábito de ficar altas horas entre papéis e livros, sentiu-
lhe a presença e pensou imediatamente em esmagar o intruso. Chegou a mover a mão. Não o
mataria com os dedos, mas com outra folha de papel.
Deteve-se. Não seria humano liquidar aquele bichinho só porque estava em lugar
indevido, sem fazer mal nenhum. Inseto nocivo? Talvez. Mas sua ignorância em entomologia
11 não lhe dava chance de decidir entre a segurança e a injustiça. E na dúvida, era melhor deixar
viver aquilo, que nem nome tinha para ele. Com que direito aplicaria pena de morte a um
desconhecido infinitamente desprovido de meios sequer para reagir, quanto mais para explicar-
se?
O inseto parecia pouco ligar para ele, juiz autonomeado e algoz em perspectiva. Dormia
ou modorrava sobre a mesa literária, indiferente, simplesmente. (...) Uma ternura imprevista
17 brotou no homem pelo animálculo que momentos antes pensara em destruir. Como se alguém
viesse de longe para vê-lo, fazer-lhe companhia, em sua noite de trabalho. Não conversava, não
incomodava, era uma questão apenas de estar à sua frente, imóvel, em secreta comunhão. Ele
fora o escolhido de um inseto, que poderia ter voado para outro apartamento, onde houvesse
outra vigília de escrevedor de coisas, mas aquela fora a casa de sua preferência.
A menos que o acaso determinasse aquele encontro. Era possível. (...)

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boca de Luar. São Paulo: Cia. Das Letras, 2014,
p. 13-14 – Excerto adaptado.)

37. (Port./Jun2016/Q.4)

Que segmento, se interpretado à luz de nosso conhecimento do mundo, contém um erro de


informação?

A) “O inseto apareceu sobre a mesa como todos os insetos: silencioso e sem se fazer
anunciar.” (linhas 1 e 2)
B) “Era uma coisinha insignificante, encolhida sobre o papel e ali disposta,
aparentemente, a passar o resto de sua vida...” (linhas 3, 4 e 5)

68
C) “Não seria humano liquidar aquele bichinho só porque estava em lugar indevido...”
(linhas 9 e 10)
D) “... era melhor deixar viver aquilo, que nem nome tinha para ele. ” (linhas 11 e 12)
E) “Ele fora o escolhido de um inseto, que poderia ter voado para outro
apartamento...” (linhas 20 e 21)

RESPOSTA: A

A) A afirmação contém um erro se interpretada pelo nosso conhecimento de mundo. Alguns


insetos, como as cigarras, notáveis pela cantoria entoada pelos machos, não são
silenciosos.
B) Não há, no segmento, nenhuma informação que contrarie nosso conhecimento de
mundo.
C) Não há, no segmento, nenhuma informação que contrarie nosso conhecimento de
mundo.
D) Não há, no segmento, nenhuma informação que contrarie nosso conhecimento de
mundo.
E) Não há, no segmento, nenhuma informação que contrarie nosso conhecimento de
mundo.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Estudantes de graduação em Ciências Sociais Aplicadas, notadamente em


Administração, têm se reunido em torno de empresas juniores, uma estratégia que lhes permite
aliar a teoria aprendida no curso superior com as habilidades provenientes da atuação prática.
Nesse contexto, a aprendizagem pode ocorrer por meio de modalidades mais aderentes a uma
abordagem individual-cognitivista, como treinamento, leitura de textos e acesso a bancos de
dados, ou por meio de modalidades oriundas de uma abordagem de cunho socioprático, como
comunidades de prática, mentoria, treinamento on-the-job e interações casuais. O objetivo do
presente trabalho é identificar qual abordagem traz uma maior contribuição ao aprendizado dos
empresários juniores. Para tanto, foi utilizada uma metodologia quantitativa, com aplicação de
118 questionários a estudantes de 14 Estados do Brasil, seguida de análise fatorial exploratória
e regressão multivariada. Os principais resultados indicam que as modalidades oriundas da
abordagem socioprática possibilitam um maior aprendizado, com destaque para a mentoria,
que pode ser de professores ou de colegas mais experientes, como a modalidade mais eficaz.

(DOS-SANTOS, M. G.; PEREIRA, F. A.; SOUZA-SILVA, J. C.; RIVERA-CASTRO, M. A.


Aprendizagem socioprática e individual-cognitiva na empresa júnior brasileira. RAEP -
Administração: Ensino e Pesquisa, Rio de Janeiro, v. 16, n. 15, p. 309, abr.-jun. 2015. Excerto
adaptado.)

38. (Port./Jun2016/Q.9)

Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma afirmativa que não encontra
respaldo no texto.

A) Há pelo menos duas modalidades de aprendizagem que podem ser encontradas em


empresas juniores.
B) As ocorrências do termo “treinamento”, na segunda sentença, não apresentam
variação de alcance ou significado.

69
C) Parte-se do pressuposto de que é possível aferir o nível de contribuição de
abordagens ao aprendizado.
D) Parte-se do pressuposto de que é possível aferir o nível de aprendizado de
empresários juniores.
E) Mentoria é uma modalidade socioprática, e leitura de textos, uma modalidade
individual-cognitivista.

RESPOSTA: B

A) Correto. A afirmativa pode ser verificada no trecho: “Nesse contexto, a aprendizagem


pode ocorrer por meio de modalidades mais aderentes a uma abordagem individual-
cognitivista, como treinamento, leitura de textos e acesso a bancos de dados, ou por
meio de modalidades oriundas de uma abordagem de cunho socioprático, como
comunidades de prática, mentoria, treinamento on-the-job e interações casuais”
B) Errado. O termo “treinamento”, citado pela primeira vez no âmbito da abordagem
individual-cognitivista expressa um sentido diverso ao “treinamento on-the-job” citado
como uma modalidade da abordagem de cunho socioprático.
C) Correto. O trecho “O objetivo do presente trabalho é identificar qual abordagem traz
uma maior contribuição ao aprendizado dos empresários juniores” indica o pressuposto
de que é possível aferir o nível de contribuição de abordagens ao aprendizado.
D) Correto. O trecho “Para tanto, foi utilizada uma metodologia quantitativa, com aplicação
de 118 questionários a estudantes de 14 Estados do Brasil, seguida de análise fatorial
exploratória e regressão multivariada” indica o pressuposto de que é possível aferir o
nível de aprendizado de empresários juniores.
E) Correto. O trecho “Os principais resultados indicam que as modalidades oriundas da
abordagem socioprática possibilitam um maior aprendizado, com destaque para a
mentoria [...]” indica que mentoria é uma modalidade socioprática, enquanto o trecho
“a aprendizagem pode ocorrer por meio de modalidades mais aderentes a uma
abordagem individual-cognitivista, como treinamento, leitura de textos e acesso a
bancos de dados” indica que a leitura de textos é uma modalidade individual-
cognitivista.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Arte para rir


Platão não gostava de imitação, mas seu discípulo Aristóteles gostava. O processo
mimético, para a filosofia platônica, era falso, a imitação da imitação. Já o pensamento
aristotélico admitia essa e outras possibilidades, talvez antevendo a estética paródica do pintor
paulista Nelson Leimer, que, aos 83 anos, não se cansa de fazer rir com sua arte, cujo alvo é
5 sempre o cânone visual ocidental, de Leonardo Da Vinci a Duchamp.
Essas são apenas duas de suas vítimas preferenciais na exposição Traduções: Nelson
Leimer, Leitor dos Outros e de Si Mesmo, que será aberta nesta terça-feira, dia 1°., às 20 horas,
na Galeria Vermelho, com curadoria da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz. As
outras vítimas atendem pelos nomes de Joseph Beuys, Damien Hirst, William Kentridge, Matisse,
Mondrian e Velázquez.
11 Para cada um deles Leimer reservou uma sala, não como um tributo aos artistas, mas
como uma tradução particular de suas obras universais. Citando o velho ditado italiano que
equipara o tradutor a um traidor (“traduttore traditore”), a curadora adianta que essa tradução
visual é livre e pode até trair o original, o que acontece de fato.

70
Leimer é um legítimo “trouble maker”, na linha do dadaísta Duchamp: já empalhou um
16 porco e mandou o animal para um salão de arte, em Brasília, em plena ditadura (1967). O júri
(do qual fazia parte o respeitado crítico Mario Pedrosa) aceitou o trabalho. Leimer ficou
indignado e interpelou o júri. Como, então, aceitam um porco numa exposição de arte? Bem, o
urinol de Duchamp não foi legitimado como obra de arte? Porque não um porco?
“Leimer tira a sacralidade da obra de arte, a aura de peça única”, diz a curadora Lilia
21 Schwarcz. E acentua: “o humor corrosivo de Leimer é uma janela para enxergar a arte de outra
perspectiva.”

(GONÇALVES FILHO, Antonio. Arte para rir: Nelson Leimer abre mostra paródica com ícones,
de Da Vinci a Duchamp. O Estado de São Paulo, 01 de setembro de 2015, Caderno 2, p. C8 –
Excerto adaptado.)

39. (Port./Jun2016/Q.12)

Quando mandou um porco empalhado para um salão de arte em plena época da ditadura,
Nelson Leimer pretendia

A) ficar indignado com a aceitação da sua obra pelo júri.


B) denunciar a censura e os desatinos do regime vigente.
C) ter seu trabalho rejeitado por não ser, em sua opinião, uma obra de arte.
D) ser comparado com o artista plástico que utilizou um urinol numa exposição.
E) confrontar o governo militar, responsável pela perseguição e prisão de vários
artistas.

RESPOSTA: C

A) Errado. Embora tenha ficado indignado com a aceitação, o texto não indica que essa era
sua intenção.
B) Errado. Não é possível encontrar no texto indícios dessa intenção.
C) Correto. Tal pretensão pode ser verificada no trecho: “Como, então, aceitam um porco
numa exposição de arte?”
D) Errado. Embora o texto faça essa comparação (“Leimer é um legítimo “trouble maker”,
na linha do dadaísta Duchamp”), não há elementos para afirmar que o artista queria ser
comparado com o artista plástico que utilizou um urinol numa exposição.
E) Errado. Não há, no texto, elementos que sugerem a intenção de confrontar o governo
militar, responsável pela perseguição e prisão de vários artistas.

40. (Port./Jun2016/Q.14)

Ao dizer “o cânone visual ocidental, de Leonardo Da Vinci a Duchamp” (linha 5), o jornalista nos
revela

A) os dois pintores mais importantes na exposição de Nelson Leimer.


B) os nomes dos dois artistas preferidos de Nelson Leimer na exposição.
C) as autorias mais influenciadoras das pinturas de Nelson Leimer expostas em São
Paulo.
D) a demarcação do período compreendido pelas pinturas de Nelson Leimer na
exposição.

71
E) o modelo pictórico do tema tratado por esses dois pintores europeus na obra de
Nelson Leimer.

RESPOSTA: ANULADA
Não há alternativa correta.

A) Errado. Não há, no texto, elementos que afirmem que Leonardo Da Vinci e Duchamp são
os dois pintores mais importantes na exposição.
B) Errado. O texto afirma que Leonardo Da Vinci e Duchamp são “apenas duas de suas
vítimas preferenciais”, o que é muito diferente de afirmar que eles são os dois artistas
preferidos de Nelson Leimer.
C) Errado. O texto afirma que Leonardo Da Vinci e Duchamp são “apenas duas de suas
vítimas preferenciais”, o que é muito diferente de afirmar que eles são os artistas mais
influenciadores das pinturas de Nelson Leimer.
D) Errado. A expressão “o cânone visual ocidental, de Leonardo Da Vinci a Duchamp”, não
corresponde à demarcação do período compreendido pelas pinturas de Nelson Leimer
na exposição. A alternativa seria mais adequada se fosse “demarcação do período
compreendido pelas pinturas parodiadas por Nelson Leimer na exposição”.
E) Errado. “o cânone visual ocidental, de Leonardo Da Vinci a Duchamp” não se relaciona
ao modelo pictórico do tema tratado por esses dois pintores europeus na obra de Nelson
Leimer.

72
Referências Bibliográficas

MENEGASSI, R. J. & CHAVES, M. I. (2000). O título e sua função estratégica na articulação do texto.
Linguagem e ensino, 3, pp. 27-44.

SAVIOLI, F. P. & FIORIN, J. L. (2003). Para entender o texto. Leitura e redação. São Paulo: Ática.

Tópicos do edital tratados na Parte I

Prova de Português

Objetivos

Esta prova tem por objetivo medir a competência do participante em suas relações com
palavras e textos. Essa qualidade depende, principalmente, das suas condições de
discernimento, compreensão, associação e análise de sintagmas, orações, frases, períodos e
textos.

A totalidade das questões pretende avaliar seu nível de aptidão para lidar com a língua
portuguesa prestigiada escrita contemporânea. Na maior parte das vezes, o modelo adotado
para isso é o de compreensão de leitura, mas a principal característica do exame é medir a
capacidade de se analisar um texto sob várias perspectivas. Tal aferição pretende apurar o
grau de reconhecimento de componentes explícitos e a percepção coerente de pressupostos
e implicações envolvidos nas informações ou argumentos presentes nos enunciados e
alternativas.

Os textos cobrem assuntos diversos, não necessariamente relacionados à área de


Administração. O conhecimento específico do assunto sobre o qual os textos versam não deve
auxiliar nas respostas às questões, que são basicamente de dez tipos e focalizam:

1) a ideia, o tema ou o objetivo principal do texto;


2) informações explícitas no texto;
3) informações ou ideias implícitas ou sugeridas pelo texto;
4) possíveis aplicações das ideias do texto em outras situações;
5) a lógica ou a técnica de argumentação utilizada pelo autor do texto;
6) noções sobre variedades linguísticas e figuras de linguagem;
7) a atitude do autor, conforme revelada pela linguagem utilizada no texto;
8) identificação de falhas ou inadequações textuais;
9) identificação de padrões e correlação entre textos e/ou partes de texto(s) e ideias;
10) organização, desenvolvimento e relevância de ideias.

73
Parte II: A organização textual

Conforme mencionado anteriormente, para uma compreensão adequada do texto, são


necessárias algumas habilidades. O objetivo desta segunda parte do Caderno de Português é
apresentar ao candidato noções sobre a organização do texto. A esse respeito, serão
privilegiadas a tipologia textual e a coesão e coerência textuais.

Tipos de texto

O conhecimento da estrutura textual e dos processos pelos quais passam os textos até
seu formato final – descritivo, narrativo, injuntivo (ou instrutivo) ou dissertativo é fundamental
para a compreensão de um texto, pois muitas vezes seu sentido é comprometido por alguma
inadequação estrutural.

Antes de apresentar os quatro tipos de texto, é fundamental salientar que na maior


parte das vezes, não é possível encontrar um texto em estado puro. Os textos podem ser
híbridos, formados por trechos de diferentes tipos. Por exemplo, um texto predominantemente
dissertativo pode apresentar trechos narrativos ou descritivos. Dessa forma, ao realizar a prova,
mais importante que classificar um texto como descritivo, narrativo, injuntivo ou dissertativo,
será identificar traços descritivos, narrativos, injuntivos ou dissertativos.

Texto descritivo

Tem por fim formar a imagem de um ser, de um objeto, de um lugar, de uma situação
ou de um processo, em um determinado momento. Os eventos apresentados são simultâneos,
não há uma sequência temporal.
O texto a seguir é um exemplo de descrição:

Acha-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moça. As linhas do
perfil desenham-se distintamente entre o ébano da caixa do piano, e as bastas madeixas
ainda mais negras do que ele [...]. A tez é como o marfim do teclado, alva que não
deslumbra, embaçada por uma nuança delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez
ou cor-de-rosa desmaiada [...]. Os cabelos soltos e fortemente ondulados se despenham
caracolando pelos ombros em espessos e luzidios rolos, e como franjas negras escondiam
quase completamente o dorso da cadeira, a que se achava recostada.
Guimarães, B. (1993). A escrava Isaura. 19. Ed. São Paulo: Ática.

74
Texto narrativo

Tem por fim relatar uma sequência de fatos ou ações. Nesse tipo de texto, há um enredo,
no qual personagens vivenciam fatos, localizados no tempo e no espaço, e a presença de um
narrador, que pode ser participante da história ou não. Diferentemente do texto descritivo, os
eventos apresentados não são simultâneos, e acontecem em sucessão ou progressão temporal.
O texto a seguir é predominantemente narrativo, com pequenos trechos descritivos:

A borboleta, depois de esvoaçar muito em torno de mim, pousou-me na testa.


Sacudi-a, ela foi pousar na vidraça; e, porque eu a sacudisse de novo, saiu dali e veio parar
em cima de um velho retrato de meu pai. Era negra como a noite. O gesto brando com
que, uma vez posta, começou a mover as asas, tinha um certo ar escarninho, que me
aborreceu muito. Dei de ombros, saí do quarto; mas, tornando lá, minutos depois, e
achando-a ainda no mesmo lugar, senti um repelão dos nervos, lancei mão de uma toalha,
bati-lhe ela caiu.
Não caiu morta; ainda torcia o corpo e movia as farpinhas da cabeça. Apiedei-me;
tomei-a na palma da mão e fui depô-la no peitoril da janela. Era tarde; a infeliz expirou
dentro de alguns segundos. Fiquei um pouco aborrecido, incomodado.
Assis, Machado. (1979) Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, vol. I

Texto injuntivo ou instrutivo

Tem como objetivo persuadir o leitor a realizar uma ação ou a adotar determinado
comportamento. Nesse tipo de texto, exprimem-se ordens, pedidos, sugestões e orientações,
por meio de formas verbais no imperativo (afirmativo ou negativo) e uso da segunda pessoa (tu
e você).

A receita a seguir é um exemplo de texto injuntivo. Textos publicitários, propagandas e


horóscopos também são exemplos desse tipo de texto.

Bolo de Laranja
1. Bata no liquidificador os ovos, o açúcar, o óleo, o suco e a casca da laranja
2. Passe para uma tigela e acrescente a farinha de trigo, e o fermento
3. Leve para assar em uma forma com furo central, untada e enfarinhada, por mais
ou menos 30 minutos

75
4. Desenforme o bolo e molhe com suco de laranja

Texto dissertativo

Tem como objetivo analisar e interpretar dados da realidade por meio de conceito
abstratos. Esse tipo de texto pressupõe a indicação de uma opinião acerca do tema proposto e
os recursos (argumentos) para apoiar a opinião.
O texto a seguir é um exemplo de texto dissertativo:
Nas relações entre os homens, o comportamento deve pautar-se não pelo
egoísmo, mas pela equidade. Se as relações sociais se guiarem pelo interesse imediato,
cada um procurará o que é vantajoso para si num determinado momento, sem levar em
conta se está ou não prejudicando os outros, o que significa que, ao longo do tempo, todos
acabarão sendo prejudicados. Se, no entanto, elas se orientarem pela equidade e pela
justiça, todos terão benefícios. A base da organização social é a virtude.
Savioli, F. P., & Fiorin, J. L. (2001). Manual do candidato: português. FUNAG.

A estrutura do texto dissertativo é composta por introdução, desenvolvimento e


conclusão:
 Introdução: contém a apresentação geral do assunto e uma tese. A tese é o ponto
de vista que será defendido no texto.
 Desenvolvimento: é a parte da argumentação do texto. Nessa parte, o autor utiliza
tópicos específicos que provarão a tese. O quadro a seguir apresenta os tipos de
argumentos mais recorrentes que podem ser utilizados no desenvolvimento de um
texto

Argumento de autoridade Uma afirmação é apoiada no saber notório de uma


autoridade reconhecida num certo domínio do
conhecimento. É um modo de trazer para o
enunciado o peso e a credibilidade da autoridade
citada.
Argumento baseado em exemplos Uma ideia geral e abstrata ganha confiabilidade
quando acompanhada de exemplos concretos.
Argumento baseado em analogia ou É o tipo de argumentação em que há a comparação
comparação entre fatos sejam eles históricos, estatísticos etc.
Argumento com base na apresentação Os dados estatísticos são retirados de órgãos com
de dados estatísticos credibilidade para justificar a opinião do autor.
Argumentos de competência linguística São os recursos linguísticos utilizados como modo
de chamar a atenção para o que está sendo dito3
Argumentos de natureza lógica São recursos que dão consistência ao texto, pois
amarram com coerência cada uma de suas partes.

3
Os recursos linguísticos serão estudados na Parte III deste caderno.

76
Podem ser de natureza causal, opositiva,
consecutiva, temporal, concessiva, entre outros4.

 Conclusão: é a finalização do texto, a parte em que após toda a argumentação


chega-se à conclusão de que a tese foi provada, isto é, ao final o autor retoma a
ideia inicial. Pode haver também a apresentação de uma solução.

O exemplo de texto dissertativo apresentado contém as três partes mencionadas. A


introdução contém a apresentação geral do assunto e o ponto de vista que será defendido no
texto: “Nas relações entre os homens, o comportamento deve pautar-se não pelo egoísmo, mas
pela equidade”.
No desenvolvimento, os autores utilizaram tópicos específicos que provarão a tese a ser
defendida. Nesse caso, os argumentos utilizados foram de natureza lógica, mais especificamente
de natureza condicional (“se”) e de natureza opositiva (“no entanto”): “Se as relações sociais se
guiarem pelo interesse imediato, cada um procurará o que é vantajoso para si num determinado
momento, sem levar em conta se está ou não prejudicando os outros, o que significa que, ao
longo do tempo, todos acabarão sendo prejudicados. Se, no entanto, elas se orientarem pela
equidade e pela justiça, todos terão benefícios”.
Finalmente, chega-se à conclusão de que a tese foi provada, e os autores retomam a
ideia inicial: “A base da organização social é a virtude”.

Exercício comentado

Os dados foram levantados por meio do mesmo procedimento nas três empresas. Os
questionários, contendo perguntas sociodemográficas e perguntas sobre desempenho, foram
distribuídos aos participantes pelo consultor em mãos, e lhes foi garantido total anonimato. Os
questionários depositados em um malote único pelos participantes em cada empresa, que foi
recolhido ao final da prestação de serviços.

(CAVAZOTTE, F. S. C. N.; MORENO JR., V. A.; TURANO, L. M. Cultura de aprendizagem contínua,


atitudes e desempenho no trabalho: uma comparação entre empresas do setor público e
privado. Rev. Adm. Pública [on-line], v. 49, n. 6, p. 1555-1578, 2015. Excerto adaptado.)

(Port./Jun2016/Q.17)

No texto acima, extraído da seção de metodologia de um artigo, encontram-se traços

A) descritivos apenas.

4
Os recursos de natureza lógica serão estudados na seção Coesão textual.

77
B) dissertativos apenas.
C) narrativos e dissertativos apenas.
D) narrativos e descritivos apenas.
E) narrativos, descritivos e dissertativos.

RESPOSTA: D

Traços descritivos: aspectos que singularizam um objeto, que podem ser notados no trecho: “Os
questionários, contendo perguntas sociodemográficas e perguntas sobre desempenho”.

Traços narrativos: encadeamento temporal, demarcado no trecho: “Os questionários


depositados em um malote único pelos participantes em cada empresa, que foi recolhido ao
final da prestação de serviços.”. Existe uma ação que ocorre antes (o depósito dos questionários)
e outra que acontece depois (o recolhimento do malote AO FINAL da prestação de serviços).

Traços dissertativos: não há

O parágrafo

O parágrafo é uma unidade de composição que indica uma subdivisão de um texto.


Como um assunto pode ser discutido em diferentes aspectos, a paragrafação demarca essa
divisão do tema, pois ela mostra as partes do texto e os diferentes estágios da exposição.
Graficamente, o parágrafo é marcado por um ligeiro afastamento da margem esquerda da folha,
e gramaticalmente, pode ser composto por um ou mais períodos (ou frases).
Nem sempre a paragrafação acompanha, de maneira rigorosa, o plano de estruturação
do texto dissertativo, explicitado na seção anterior. Entretanto, como ressalvam Savioli e Fiorin
(2001:101) “de maneira mais ou menos adequada, ela o faz.”
Assim, em relação à estrutura, é possível identificar um parágrafo padrão nas mais
diferentes espécies de texto (outros tipos também podem ser encontrados). O parágrafo padrão
contém uma introdução, que é a exposição sucinta do tema a ser tratado, o desenvolvimento
desse tópico e, muito raramente, uma conclusão.

Exercício comentado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

De magrela pela transamérica


Existem momentos na vida em que a gente precisa sair das engrenagens que ditam
nossa rotina. Tirar um período de férias, gozar meses de sabático ou até transformar o limão
daquela demissão numa limonada. Rearranjar os neurônios, inspirar-se pelo mundo, conhecer

78
pessoas inusitadas, colocar-se em situações inéditas. Enfim, juntar algumas histórias para contar
pelo resto da vida.
Prestes a completar 33 anos, eu havia chegado num momento desses. Depois de
experimentar trabalhar em algumas agências de comunicação, comecei a trabalhar como
freelancer em design gráfico. Parecia que a nova empreitada profissional tinha tudo para dar
certo. O que significaria que os próximos vários anos seriam pela agenda profissional. Se eu não
embarcasse numa aventura agora, só depois dos 40. Respirei fundo, fiz muitas dívidas e resolvi
encarar o projeto de uma grande viagem de bicicleta.

(CAPARICA, Marcio, Revista VIP, julho de 2014, p. 92.)

(Port./Fev2015/Q.4)

Observe as seguintes afirmações sobre a estruturação do primeiro parágrafo.

I. A primeira frase apresenta um problema.


II. A segunda frase apresenta soluções possíveis do ponto de vista profissional.
III. A terceira frase apresenta soluções possíveis do ponto de vista existencial.
IV. A quarta frase apresenta uma solução abrangente conclusiva.

Estão corretas

A) apenas as afirmações I e IV.


B) apenas as afirmações II e III.
C) apenas as afirmações I, II e III.
D) apenas as afirmações II, III e IV.
E) as afirmações I, II, III e IV.

RESPOSTA: E

I. Correto. O problema apresentado na primeira frase são os “momentos na vida em que


a gente precisa sair das engrenagens que ditam nossa rotina”.
II. Correto. “Tirar um período de férias, gozar meses de sabático ou até transformar o limão
daquela demissão numa limonada” são soluções possíveis do ponto de vista profissional.
III. Correto. “Rearranjar os neurônios, inspirar-se pelo mundo, conhecer pessoas inusitadas,
colocar-se em situações inéditas” são soluções possíveis do ponto de vista existencial.
IV. Correto. “Enfim, juntar algumas histórias para contar pelo resto da vida.” pode ser
considerada uma solução abrangente conclusiva.

Funções da linguagem

Além da classificação apresentada sobre os tipos de texto, existem outras formas de


classificá-los de acordo com suas características. Na tipologia textual, há obediência a aspectos
relacionados à estrutura do texto. Já a classificação baseada em funções da linguagem tem como
base um modelo de comunicação.

79
Nesse modelo, existem os elementos participantes da comunicação, e no momento em
que ela se estabelece, um desses elementos prevalece e determina uma das funções da
linguagem (sua função dominante).
O esquema a seguir apresenta os elementos da comunicação:

mensagem

remetente destinatário

Elementos
da
comunicação

código canal físico

contexto

O processo de comunicação a partir desse entendimento pode ser descrito da seguinte


maneira: Um remetente envia uma mensagem a um destinatário. Essa mensagem, para ser
eficaz, requer um código, total ou parcialmente comum a ambos; e um contato, isto é, um canal
físico e uma conexão psicológica entre o remetente e o destinatário, que os capacitem a entrar
e a permanecer em comunicação. Finalmente, é preciso também um contexto apreensível pelo
remetente e pelo destinatário, para que a comunicação possa se concretizar.

80
É importante salientar que as mensagens não têm apenas uma função, mas várias, ou
mesmo todas. No entanto, as funções estão hierarquizadas, ou seja, uma função prevalece sobre
a outra (ou as outras).
No quadro a seguir, são exemplificadas as seis funções da linguagem:

Funções da Linguagem
Emotiva Conativa ou Referencial ou Fática Metalinguística Poética ou
apelativa informativa estética

Centrada no Centrada no Centrada no Centrada no Centrada no Centrada na


remetente destinatário referente ou no canal de código ou mensagem
contexto. comunicação, língua
ou na própria
comunicação
Procedimentos Procedimentos Procedimentos Procedimentos Procedimentos Procedimentos
que criam que produzem que produzem que buscam que buscam que buscam
efeito de efeitos de sentido efeito de efeito de um efeito de efeito de sentido
subjetividade e de interação com sentido de sentido de sentido de de novidade,
de emotividade o receptor da objetividade e aproximação e linguagem que senso estético
ou de presença mensagem de interesse entre fala sobre
do sujeito distanciamento remetente e linguagem, de
do sujeito destinatário, de circularidade
presença de da definição e
ambos na da
comunicação comunicação

• Primeira • Uso de segunda • Números ou • Fórmulas •Verbos de • Mecanismos


pessoa verbal pessoa dados prontas para significação do plano da
(“Quando estive ( Todo dia, você concretos estabelecer ("O que expressão, com
em sua casa, me repete a (“Em média, a contato (“olá”, significa diferentes
convivi com sua mesma ladainha”) cada 35 horas “tudo bem?”, estultícia?") formas de
ausência.”) alguém é “bom dia!” repetição de
•Vocativos levado para um “Alô, alô, você •Orações sons.
•Exclamações (“Obrigada, cativeiro”) está me predicativas de ("Vozes veladas,
(“Que Maria.”) ouvindo?” definição(“x é veludosas vozes,
maravilha!”) •Terceira “Ei! Você aí. y”) Volúpias dos
•Imperativos pessoa Psiu.”) ("estultícia é violões, vozes
•interjeições (“Se quiseres ser (“Os bancos tolice, veladas [...]”)
(“Ah! esqueci aprovado, terão novas imbecilidade”) Cruz e Souza
tudo em casa.”) estuda”) regras para
acesso de
deficientes”).

O sujeito relata O mais Predomina na Prioriza o O processo de Nomes de


não importante é exposição estabelecimen- aprendizagem estabelecimen-
propriamente convencer ou científica e na to e de uma língua tos comerciais
os fatos, mas o persuadir o está baseado (“tok-stok”, “peg-

81
seu ponto de destinatário, de linguagem manutenção da na função pag”, “serv-lev”)
vista sobre quem se espera jornalística interação metalinguística também
eles, com os atitudes e exploram a
seus comportamentos função poética
sentimentos e
emoções

Exercício comentado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir.

Informações ao paciente
Cuidados de administração
1. A aplicação do produto deve ser feita após lavagem e secagem do local.
2. Aplique a quantidade recomendada de nitrato de miconazol diretamente sobre a região
atingida.
3. Ao aplicar nitrato de miconazol, espalhe-o por uma região um pouco maior do que a
afetada.
4. Se a área atingida não forem as mãos, lave-as cuidadosamente após a aplicação.
5. É recomendável a troca frequente das roupas que ficam em contato com a área
infectada, a fim de evitar a reinfecção.
6. O nitrato de miconazol não mancha a pele e nem a roupa.
7. Não interrompa o tratamento sem o conhecimento do seu médico.
8. Siga corretamente o modo de usar, não desaparecendo os sintomas procure orientação
médica.
(Bula do medicamento “nitrato de miconazol”, com a inserção de numerações.
Laboratório EMS. São Paulo, s/data.)

(Port./Jun2014/Q.17)

Assinale a única alternativa que explicita as frases nas quais o autor se utilizou da função
conativa ou apelativa da linguagem – aquela em que o emissor tenta convencer o receptor a
praticar uma ação.

A) Todas as frases.
B) Somente as frases (1) a (5).
C) Somente as frases (7) e (8).
D) Todas as frases, com exceção das frases (5) e (6).
E) Todas as frases, com exceção da frase (6).

RESPOSTA: E

A função conativa da linguagem é voltada ao receptor. Para reconhecê-la, é preciso verificar no


texto se existe o uso de pronomes de segunda pessoa, além dos vocativos, do modo imperativo
e outras formas de linguagem que se dirigem ao destinatário da mensagem.

1. A aplicação do produto deve ser feita após lavagem e secagem do local.


Embora o verbo não esteja no imperativo, o uso da expressão modalizadora “deve ser feita” tem
efeito de sentido semelhante ao imperativo, ou seja, é uma orientação ao interlocutor e
portanto, expressa a função conativa

82
2. Aplique a quantidade recomendada de nitrato de miconazol diretamente sobre a região
atingida.
O verbo “aplique”, no imperativo, explicita a função conativa.

3. Ao aplicar nitrato de miconazol, espalhe-o por uma região um pouco maior do que a
afetada.
O verbo “espalhe”, no imperativo, explicita a função conativa.

4. Se a área atingida não forem as mãos, lave-as cuidadosamente após a aplicação.


O verbo “lave”, no imperativo, explicita a função conativa.

5. É recomendável a troca frequente das roupas que ficam em contato com a área
infectada, a fim de evitar a reinfecção.
Embora o verbo não esteja no imperativo, o uso da expressão “é recomendável” tem efeito de
sentido semelhante ao imperativo, ou seja, é uma orientação ao interlocutor e portanto,
expressa a função conativa

6. O nitrato de miconazol não mancha a pele e nem a roupa.


Esta é a única alternativa em que não há exemplos de função conativa. Na frase, há apenas
informação.

7. Não interrompa o tratamento sem o conhecimento do seu médico.


O verbo “interrompa”, no imperativo, explicita a função conativa.

8. Siga corretamente o modo de usar, não desaparecendo os sintomas procure orientação


médica.
Os verbos “siga” e “procure”, no imperativo, explicitam a função conativa.

Coesão e coerência textuais

A coesão e coerência textuais são fatores fundamentais para a estruturação e


compreensão de um texto. Enquanto a coesão opera localmente (ou no nível microtextual), a
coerência deve ser verificada globalmente (ou no nível macrotextual).

Coesão textual

É a ligação entre os vários fragmentos do texto, ou seja, uma conexão interna entre os
vários enunciados. Em outras palavras, a coesão diz respeito à relação linear que as unidades
linguísticas mantêm no texto.
Existem dois tipos principais de mecanismos de coesão: a retomada (ou antecipação)
de termos, expressões ou frases e o encadeamento de segmentos do texto.

83
Retomada ou antecipação de termos

Esse tipo de coesão diz respeito à conexão feita por meio de termos que apontam
referentes no texto. Tal conexão pode acontecer de duas maneiras, dependendo da posição em
que o termo que realiza a coesão aparece no texto. Na retomada (ou coesão anafórica), o termo
refere-se a um elemento anteriormente mencionado no texto (“Vasco e São Paulo: esses são os
melhores times do campeonato brasileiro”). Já na antecipação (ou coesão catafórica), o termo
refere-se a um elemento que ainda não foi mencionado no texto (“Estes são os melhores times
do campeonato brasileiro: Vasco e São Paulo”).
É importante evidenciar que a língua oferece diferentes maneiras para fazer menção a
um mesmo referente. Assim, em um texto sobre o famoso jogador de futebol, é possível referir-
se a ele por seu apelido (Pelé), por seu nome próprio (Edson Arantes do Nascimento), por
expressões (como “o maior jogador de futebol de todos os tempos” ou “o camisa 10 do Santos”),
pelo pronome pessoal ele, entre outras maneiras.

Camisa 10 do
Santos

O maior
jogador de
ele futebol de
todos os
tempos

Edson Arantes
Pelé do
Nascimento

O quadro a seguir indica as principais formas de coesão por retomada ou antecipação


de termos:

84
Pronomes “Eu tenho um carro. Ele é azul.”
Numerais “Maria e Paulo são irmãos. Os dois estudam
francês.”
Nomes Machado de Assis
Verbos “Lúcia corre todos os dias. Patrícia o faz
também.”
Advérbios “Não irei à Europa em janeiro. Lá faz muito
frio nessa época.”
Expressões nominais “O maior escritor brasileiro”, “O mestre da
literatura”

Exercício comentado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Uma de cada vez


Ao assistir a filmes americanos envolvendo jornalistas, você notará a diferença. Quando
surge na tela uma entrevista coletiva, cada repórter dispara uma única pergunta, curta e
objetiva, que obriga o entrevistado a fazer "gulp" antes de responder. Agora compare isto com
as coletivas dos nossos repórteres de TV. (...)
Nossos repórteres não se contentam com uma pergunta simples e direta. Sentem-se na
obrigação de enriquecê-la, desdobrá-la e acrescentar elementos. Com isso, só a tornam confusa,
e o entrevistado responde o que quiser.
Eu sugeriria que, antes da coletiva, nossos repórteres se entendessem. Todos teriam
direito a duas perguntas. Mas uma de cada vez. E com uma condição: além de curtas e objetivas,
elas sempre deveriam terminar por um ponto de interrogação.

(CASTRO, Ruy. Folha de São Paulo, 18 de março de 2015, caderno Opinião, p. 2.)

(Port./Set2015/Q.42)

O texto contém vocábulos que remetem a termos anteriores, processo característico da coesão.

Assinale a única alternativa incorreta na apresentação do termo a que se refere o elemento


sublinhado.

A) " ... que obriga o entrevistado ... " - uma única pergunta.
B) "Agora compare isto ... " - a dinâmica dos filmes americanos.
C) "Sentem-se na obrigação de enriquecê-la ... " - uma pergunta.
D) "Com isso, só a tomam confusa ... " - fazer uma pergunta longa e
desnecessariamente explicativa.
E) "Todos teriam direito a duas perguntas." - nossos repórteres.

RESPOSTA: B

85
A) Correto. O pronome “que” refere-se à única pergunta.
B) Errado. O pronome “isto” refere-se à “entrevista coletiva [em que] cada repórter dispara
uma única pergunta, curta e objetiva”, e não à “dinâmica dos filmes americanos”.
C) Correto. O pronome destacado refere-se a uma pergunta.
D) Correto. O demonstrativo “isso” refere-se a “fazer uma pergunta longa e
desnecessariamente explicativa”.
E) Correto. O pronome "todos” refere-se a “nossos repórteres”.

Coesão por encadeamento de segmentos textuais

Esse tipo de coesão se faz pelo estabelecimento da sequência do texto (por meio de
sequenciadores), e pela criação de relações entre os seus segmentos (por meio de conectores
ou indicadores). A tabela a seguir traz os sequenciadores e conectores que atuam nas principais
relações na coesão por encadeamento, também chamada coesão sequencial.

Coesão por encadeamento ou coesão sequencial

Relações expressas por Exemplo5


Sequenciadores temporais Dois dias depois da cena do pouso, [...], a
família de D. Antônio de Mariz estava reunida
[...].(José de Alencar)
Sequenciadores que marcam ordenação Junto à janela, havia um traste que à
espacial primeira vista não se podia definir. (José de
Alencar).
Sequenciadores que servem para especificar Primeiramente, serão analisadas as obras de
ordem dos assuntos: primeiramente, em literatura brasileira. Em seguida, as obras de
seguida, a seguir, finalmente literatura portuguesa.
Sequenciadores que servem para introduzir A respeito da questão racial no Brasil, o autor
um dado tema ou mudar de assunto: a traz considerações interessantes.
propósito, a respeito de
Conectores que marcam uma gradação numa Este apartamento é amplo, novo, bem
série de argumentos: até, mesmo, até dividido e até bem localizado.
mesmo, inclusive, ao menos, pelo menos,
quando muito
Conectores que ligam argumentos em favor Ficou irritado e levantou-se para deixar a
de uma mesma conclusão: e, nem, mas sala.
também, mas ainda

5
Grande parte dos exemplos da tabela é baseada em exemplos de Savioli e Fiorin (2003: 279-288),
Savioli e Fiorin (2001: 146-154) e Savioli e Fiorin (1997: 369-383).

86
Conector que introduz argumentos que É preciso manter, a todo o custo, o plano de
levam a conclusões opostas: ou, ou então, estabilização econômica. Ou, então, será
quer...quer, seja...seja, casocontrário. inevitável a volta da inflação.
Conectores que introduzem uma conclusão: Estudou como nunca fizera antes, logo
logo, portanto, por isso, por conseguinte conseguiu a aprovação.
Conectores que estabelecem uma João era mais esforçado que o irmão (era).
comparação: (mais) ... que, (menos)... que,
(tão)... quanto, como.
Conectores que introduzem uma explicação Façam as questões, pois vocês precisam
ou justificativa ao que foi dito: porque, que, passar na prova.
pois, já que
Conectores que contrapõem enunciados de Todos estão aqui, mas não podemos começar
orientação argumentativa contrária: a reunião.
Conjunções adversativas - mas, porém, Embora todos estejam aqui, não podemos
todavia, no entanto, entretanto, contudo. começar a reunião.
Conjunções concessivas - embora, apesar de
que, ainda que, em que pese.
Conectores que introduzem um argumento Os salários estão cada vez mais baixos. Além
decisivo: aliás, além do mais, além de tudo, do mais, são taxados com impostos.
além disso, ademais
Conectores que indicam uma generalização Pedro já chegou. Aliás, ele sempre chega
ou ampliação do que foi dito: de fato, antes da hora.
realmente, aliás, também, é verdade que
Conectores que especificam ou exemplificam Houve ganho real de salário com o plano de
o que foi dito anteriormente: por exemplo, estabilização econômica. O consumo de
como alimentos, por exemplo, cresceu 20%.
Conectores que introduzem uma correção ou Vou passar de ano. Ou melhor, ou tentar.
esclarecimento do conteúdo já enunciado: ou
melhor, quer dizer, ao contrário, isto é, ou
seja, em outras palavras.
Conectores que introduzem uma
O plano de estabilização econômica é muito
explicitação, confirmação ou ilustração: frágil. Assim, se houver uma fuga de capitais
assim, desse modo, dessa maneira especulativos, o governo não poderá manter
a âncora cambial e a inflação voltará.
Indicadores da relação lógico-semântica de Saímos rapidamente, visto que estava
causalidade: porque, porquanto, visto que, armando um tremendo temporal.
já que, uma vez que, como, que
Indicadores da relação lógico-semântica de Você terá um futuro brilhante, desde que se
condicionalidade: se, a menos que, desde esforce.
que, caso, contanto que
Indicadores da relação lógico-semântica de Ele não precisa do microfone para que todos
finalidade: a fim de que, para que, porque. o ouçam.
Indicadores de relação lógico-semântica de À medida que o tempo passa, mais
proporcionalidade: à proporção que, à experientes ficamos.
medida que, tanto mais.
Indicadores de relação lógico-semântica de Construímos nossa casa conforme as
conformidade: como, conforme, segundo. especificações dadas pela Prefeitura.

87
Exercício comentado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Os desafios do envelhecimento

O Japão detém uma das mais altas expectativas de vida do planeta, de 83,6 anos, e a
maior média de idade da população, de 45,9 anos. Os idosos representam cerca de um terço da
população. A composição do país levou o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, de 72 anos,
a declarar que “O problema não será resolvido a não ser que eles possam se apressar e morrer",
numa referência aos idosos, em uma reunião do Conselho Nacional que discutia reformas na
seguridade social. Na ocasião, em janeiro de 2013, o político alertou ainda para o alto custo do
tratamento de pacientes que não podiam se alimentar sozinhos, a quem chamou de "pessoas-
tubo". Diante da repercussão causada pelos seus comentários, ele admitiu, depois, ter usado
uma linguagem inapropriada e expressado publicamente suas opiniões pessoais. Mais tarde, o
ministro confirmou que o governo japonês estuda uma redução progressiva nas pensões como
forma de enfrentar o déficit nas contas da previdência social.

TONELLO, M. N. Guia do estudante - atualidades. São Paulo: Editora Abril, 2° semestre de


2014, p. 150.

(Port./Fev2016/Q.43)

“O problema não será resolvido a não ser que eles possam se apressar e morrer."

Assinale a alternativa em que a redação proposta para o trecho altera o sentido original.

A) Só se eles se apressarem e morrerem, o problema se resolverá.


B) Ainda que eles se apressem e morram, não se resolverá o problema.
C) Só se resolverá o problema no caso de eles se apressarem e morrerem.
D) Se eles se apressarem e morrerem, só assim o problema será resolvido.
E) O problema não será resolvido salvo se eles se apressarem e morrerem.

RESPOSTA: B

A) Não há alteração no sentido condicional do trecho original.


B) Há alteração. Da maneira como foi redigida, a frase tem sentido concessivo, e não
condicional, como o trecho original.
C) Não há alteração no sentido condicional do trecho original
D) Não há alteração no sentido condicional do trecho original
E) Não há alteração no sentido condicional do trecho original

Coerência textual

A coerência textual deve ser entendida como unidade de texto. Um texto coerente é um
conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar. A falta de

88
coerência em um texto é facilmente notada pelo leitor, ainda que de maneira intuitiva. Trechos
destoantes, ilógicos, contraditórios e desconexos contribuem, assim, para a incoerência textual.
Diferentes tipos de texto apresentam diferentes modos, meios e processos de
manifestação de coerência. Em um texto narrativo, problemas na ordenação temporal ou
enredo comprometem a coerência. Já em um texto dissertativo, problemas na estrutura, como,
por exemplo, uma conclusão contraditória aos argumentos apresentados torna o texto
incoerente. Dessa forma, o conhecimento das características da estrutura de cada tipo pode
auxiliar no estabelecimento da coerência.
Por fim, é interessante notar que, embora a coesão textual (tratada na seção anterior)
seja um mecanismo que auxilie na produção de uma unidade de sentido, ela não é necessária
para que a coerência seja obtida. Existem conjuntos de enunciados que formam textos
coerentes, mas que não estão relacionados por nenhum elemento coesivo. Oberve o texto a
seguir:

Circuito Fechado (Ricardo Ramos)


Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de
barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha.
Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó.
[...]Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone,
papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro,
fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, [...]Abotoaduras,
camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama,
travesseiro.
Ramos, R. (2013). Circuito fechado. Globo Livros.

No texto apresentado, as diferentes partes estão relacionadas entre si, criando uma
unidade de sentido. Ainda que as palavras estejam aparentemente “soltas”, após uma leitura
atenta é possível perceber que se trata da descrição do dia de uma pessoa, com suas atividades
e eventos rotineiros. Assim, o sentido global apreendido ajuda cada uma das partes a ganhar
sentido. A coerência é exatamente essa unidade de sentido do texto.

89
Lista de exercícios de provas anteriores

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Os benefícios do câncer de pulmão


A Philip Morris, uma companhia de tabaco, tem ampla atuação na República Tcheca,
onde o tabagismo continua popular e socialmente aceitável. Preocupado com os crescentes
custos dos cuidados médicos e consequência do fumo, o governo tcheco pensou, recentemente,
em aumentar a taxação sobre o cigarro. Na esperança de conter o aumento dos impostos, a
Philip Morris encomendou uma análise do custo-benefício dos efeitos do tabagismo no
orçamento do país. O estudo descobriu que o governo efetivamente lucra mais do que perde
com o consumo de cigarros pela população. O motivo: embora os fumantes, em vida, imponham
altos custos médicos ao orçamento, eles morrem cedo e, assim, poupam o governo de
consideráveis somas em tratamento de saúde, pensões e abrigo para os idosos. De acordo com
o estudo, uma vez levados em conta os “efeitos positivos” do tabagismo – incluindo a receita
com os impostos e a economia com a morte prematura dos fumantes – o lucro líquido para o
tesouro é de 147 milhões de dólares por ano.

(SANDEL, Michael J. Justiça – o que é fazer a coisa certa.


Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013, p. 56.)

1. (Port./Fev2014/Q.8)

Identifique a alternativa em que foi mantido o sentido original do segmento “embora os


fumantes, em vida, imponham altos custos médicos ao orçamento, eles morem cedo e, assim,
poupam o governo de consideráveis somas em tratamentos de saúde, pensões e abrigo para os
idosos”.

A) desde que morram mais cedo, os fumantes poupam o governo de consideráveis


despesas com saúde.
B) já que os fumantes, em vida, impõem altos custos médicos ao orçamento, eles
morrem cedo e, assim, poupam o governo de consideráveis despesas.
C) sempre que os fumantes, em vida, impõem altos custos médicos ao orçamento, eles
morrem cedo e, assim, poupam o governo de consideráveis despesas.
D) os fumantes, em vida, impõem altos custos médicos ao orçamento, mas, por que
morrerem cedo, poupam o governo de consideráveis despesas.
E) morrendo mais cedo, os fumantes poupam o governo dos altos custos médicos que
eles impõem em vida.

2. (Port. /Fev2014/Q.16)

Leia o texto a seguir.

Último romance
Ah, vai
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E, se o caso for de ir à praia, eu levo essa casa numa sacola.

90
(AMARANTE, Rodrigo. CD “Ventura”, Los Hermanos, Sony BMG, 2003.)

Na canção “Último Romance”, observa-se o uso da locução “ a fim de”, que denota

A) desfecho.
B) intenção.
C) distância.
D) intimidade.
E) terminalidade.

3. (Port./Jun2014/Q.1)

Leia o texto a seguir de Fernando Pessoa.

Ophelinha,
Agradeço a sua carta. Ela trouxe-me pena e alívio ao mesmo tempo. Pena, porque estas
coisas fazem sempre pena; alívio, porque, na verdade, a única solução é essa – o não
prolongarmos mais uma situação que não tem já a justificação do amor, nem de uma parte nem
de outra. Da minha, ao menos, fica uma estima profunda, uma amizade inalterável. Não me
nega a Ophelinha outro tanto, não é verdade? [...]
Fernando
Assinale a alternativa que faz uma análise correta do excerto da carta acima.

A) A considerar o que o rapaz escreve, “estima” e “amizade” são termos mutuamente


excludentes.
B) A julgar pelo que Fernando escreve a Ophelinha “estas” e “essa” partilham do
mesmo referente.
C) A pergunta de Fernando a Ophelinha é explícita e da resposta que receber
dependerá sua decisão.
D) A existência de sentimentos opostos para o mesmo evento é injustificável quando
já não há amor.
E) A justificativa do rapaz ao sentimento de pena é reforçada pela justificativa ao
sentimento de alívio.

INSTRUÇÃO: Leia o seguinte excerto de uma entrevista

Estudos avançados - Por que você redigiu uma Constituição alternativa por ocasião do debate
que resultou na promulgação da Constituição de 1988? Em que medida você agora julga um
passo adiante a nossa última Carta Magna?
Fábio Konder Comparato – Na agonia do regime empresarial-militar, eu, como tantos outros
brasileiros, alimentava a ingênua convicção de que o nosso país tornar-se-ia uma autêntica
Democracia. Era indispensável, para tanto, deixar de tratar apenas retoricamente do assunto e
organizar as instituições próprias do regime democrático. Com esse objetivo, propus, entre
outras medidas, o reconhecimento constitucional do plebiscito e do referendo popular como
instrumentos indispensáveis ao funcionamento efetivo da soberania do povo. Além disso,
sempre fiel aos ensinamentos de Celso Furtado, incluí no anteprojeto de Constituição o Poder
de Planejamento, autônomo em relação aos demais Poderes. Pequei, no entanto, por
ingenuidade. Ignorava, então, que todo regime político funda-se numa mentalidade coletiva,
feita de valores éticos e costumes bem assentados; e que, desde o Descobrimento, sempre
vivemos impregnados de uma mentalidade animada pelos valores capitalistas, isto é,

91
antirrepublicanos e antidemocráticos. Não me dei assim conta de que o novo regime, instaurado
pela Constituição de 1988, embora deixando de ser militar, permaneceria empresarial como
sempre fora, não obstante a enganosa fachada democrática constitucional.

(Entrevista “Um defensor dos direitos políticos do cidadão brasileiro”, publicada em ESTUDOS
AVAÇADOS, São Paulo v.27, n. 77, p. 265-280, 2013).

4. (Port./Jun2014/Q.5)

Identifique, dentre as alternativas a seguir, aquela em que o par de conectores veicula ideias
semelhantes no contexto onde estão sublinhados.

A) “então” e “assim”.
B) “então” e “embora”.
C) “como” e “para tanto”.
D) “embora” e “não obstante”.
E) “Além disso” e “no entanto”.

5. (Port./Jun2014/Q.14)

É. Infelizmente, a criança ouve dentro de casa, dezenas de vezes por dia, o “não”.-Não mexa aí,
menino! -Não pode fazer isto, já lhe falei! -Não isto, não aquilo! Sei que a intenção dos pais é
positiva. Se a criança está brincando com uma faca, o correto é dizer-lhe: -Meu filho, tome este
carrinho, ele é muito mais bonito que esta faca. Com esta faca, você poderá se machucar e sentir
dor. O carrinho é muito mais legal e divertido. Você não disse “não”, você disse “sim”. Isto é
educar sem diminuir a energia e a criatividade da criança.

(Disponível em: <http://pt.slideshare.net/Jozelena/como-ser-um-empreendedor-de-sucesso-


como-fazer-sua-estrela-brilhar>. Acesso em: 10 jul. 2012.)

É incorreto afirmar:

A) O texto aborda o leitor diretamente.


B) O texto é, em boa medida, prescritivo.
C) O texto está escrito em primeira pessoa.
D) O texto é um relato da experiência do autor em casa.
E) O texto fornece exemplos para fundamentar um argumento.

6. (Port./Jun2014/Q.15)

Leia o excerto a seguir em que [X] corresponde a uma sentença necessária para o entendimento
do texto.

A neurocientista Suzana Herculano-Houzel disse: [X]. Descobrimos que há uma explicação de


origem metabólica para isso: quando calculamos a quantidade de energia que um primata
obtém com a sua dieta de comida crua e quanto custa manter o corpo e o cérebro funcionando,
descobrimos que os primatas não têm energia suficiente para sustentar um corpo enorme e um
cérebro grande, com muitos neurônios. Também deveríamos obedecer à mesma regra, então
nossos ancestrais conseguiram burlar essa limitação energética. Esse jeito, muito
provavelmente, foi a invenção da cozinha, que transformou a maneira como aproveitamos as

92
calorias, tornando os alimentos mais fáceis de serem mastigados e digeridos e, portanto,
permitindo obter mais calorias em menos tempo.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/06/1291345-leia-na-integra-


entrevista-com-a-neurociencia-suzana-herculano-houzel.shtml>. Acesso em: 11 jun. 2013)

Para que o texto seja coerente, [X] é corretamente substituído por:

A) Os primatas têm cérebro muito menor do que os seres humanos.


B) Temos o maior cérebro primata sem sermos os maiores primatas.
C) O cérebro diferenciado foi o que permitiu ao homem inventar a cozinha.
D) Temos um ancestral cujo cérebro era similar ao dos outros primatas de hoje.
E) Os primatas têm dificuldade em equilibrar tamanho energético e consumo de
energia.

7. (Port./Jun2014/Q.16)

Leia o texto a seguir.

Por milhões de anos os nossos antepassados nunca sentiram a necessidade de sepultar os


mortos e de exercitar ritos mágicos ou religiosos; portanto, de crer numa vida ultraterrena e em
alguma divindade. A fé no além-túmulo não é um comportamento determinado geneticamente,
mas uma construção cultural do homem que atingiu um estágio relativamente avançado da sua
evolução.

(DE MASI, D. Criatividade e grupos criativos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003, p. 59. Adaptado.)

As duas sentenças do texto exprimem respectivamente

A) causa e consequência.
B) percepção e conjetura.
C) constatação e inferência.
D) desinformação e progresso.
E) demonstração e comprovação.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Tecnologia é coisa de mulher


Estamos falando de tecnologia, inovação e empreendedorismo, temas claramente
masculinos. Basta olhar os números. Os homens são maioria nos cursos ligados à computação
no Brasil, com 84% do total das matrículas. Também estão à frente no mundo corporativo, ao
ocupar 94% dos altos cargos executivos das 100 maiores empresas tech do planeta.

(ROTHMAN, Paula, Revista INFO EXAME, edição 339, março de 2014, p. 49.)

8. (Port./Set2014/Q.4)

Na última frase, a expressão “ao ocupar” tem o mesmo sentido de

93
A) “além de ocupar”.
B) “ainda que ocupem”.
C) “desde que ocupem”.
D) “uma vez que ocupam”.
E) “à medida que ocupam”.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Não fique tanto tempo no escritório


Trabalhar menos pode melhorar o resultado
Na área privada, a Treehouse, uma startup de ensino online na Flórida, adotou a semana
de trabalho de quatro dias úteis, dando folga aos 75 funcionários a partir de sexta-feira. O
sistema vem dando bons resultados, segundo seu CEO, Ryan Carson. A tese é de que o período
maior de folga atrai mão de obra qualificada. Além disso, a semana de trabalho mais curta obriga
os funcionários a ter maior produtividade – porque as tarefas continuam as mesmas. A
Treehouse já conquistou 70 mil usuários e arrecadou US$ 13 milhões com investidores.
Em artigo para a revista Foreign Policy, o economista Charles Kenny fornece argumentos
para a redução de jornada: na atual economia do conhecimento, a produtividade gera mais
riqueza do que horas trabalhadas. Segundo Kenny, 40 anos de estudos mostram que as pessoas
trabalham com mais afinco se tiverem limitado seu tempo para realizar a tarefa.

(NOGUEIRA, Paulo Eduardo, Revista ÉPOCA NEGÓCIOS, junho de 2014, p. 18.)

9. (Port./Fev2015/Q.10)

Em relação ao primeiro parágrafo, o segundo constitui uma

A) causa.
B) contestação.
C) confirmação.
D) consequência.
E) exemplificação.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Mercúrio de marcha à ré
É só o que se fala no mundo da astrologia: todo cuidado é pouco entre os dias 7 de junho e 1°
de julho. É a volta do Mercúrio retrógrado, fase em que, metaforicamente, o planeta anda
para trás, atrapalhando tudo o que for ligado a comunicação por aqui - e complicando a vida
de muita gente. Vai cair bem na Copa do Mundo.

(GUIMARÃES, Cleo. Gente Boa. O Globo: 29 de maio de 2014, Segundo Caderno, p. 5.)

10. (Port./Set2015/Q.36)

" ... o planeta anda para trás, atrapalhando tudo o que for ligado a comunicação por aqui e
complicando a vida de muita gente."

94
Assinale a alternativa em que se substituem simultaneamente os segmentos sublinhados sem
alteração do sentido original.

A) mas atrapalha I e complica.


B) sem que atrapalhe I nem complique.
C) e assim atrapalha I além de complicar.
D) a despeito de atrapalhar I pois complica.
E) à medida que atrapalha I para complicar.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

O desenvolvimento sustentável é o maior e mais complicado desafio que a humanidade


já enfrentou. A mudança climática sozinha é uma dificuldade extraordinária. Somam-se a ela
outros dilemas, como a rápida urbanização, o crescimento populacional, a exploração excessiva
de recursos oceânicos e terrestres, entre outras inúmeras questões. Esse é um problema
multigeracional e atinge áreas centrais de nossa vida econômica, como energia, transporte,
infraestrutura e suprimento alimentar - todas carentes de grandes reformulações tecnológicas.
Para tomar esse tema ainda mais complexo, há poderosos interesses constituídos, como os das
grandes empresas petrolíferas internacionais. Elas obstruíram o esclarecimento da opinião
pública e o progresso da implementação de fontes mais limpas. As demandas se multiplicam e
os prazos são apertados.
Mas não devemos desistir. Hoje, identificamos maneiras muito específicas de prever
como alcançar os objetivos de sustentabilidade. Conhecemos as tecnologias que podem
"descarbonizar" o sistema energético mundial e levar a uma eficácia energética tremenda.
Sabemos quais tecnologias aumentam a produtividade agrícola e reduzem o uso de defensivos
e fertilizantes. Mostramos como cidades podem planejar o futuro e projetar infraestruturas
inteligentes. Essas são oportunidades a nosso alcance, não é ficção científica, mas coisas que
sabemos como fazer e são acessíveis. Em muitos casos, como nas energias eólica e solar, os
custos já estão próximos das tecnologias tradicionais, ao menos em algumas regiões
privilegiadas do planeta.

(SACHS, Jeffrey. A era do desenvolvimento, Revista EXAME, edição 1.085, 18 de março de


2015, p. 85.)

11. (Port./Set2015/Q.39)

As alternativas a seguir apresentam dois segmentos do texto ligados pela palavra "e". Assinale
a única em que o segundo elemento apresenta uma evolução temporal em relação ao primeiro.

A) " .a exploração excessiva de recursos oceânicos e terrestres ..."


B) "Esse é um problema multigeracional e atinge áreas centrais de nossa vida
econômica "
C) "As demandas se multiplicam e os prazos são apertados."
D) " podem 'descarbonizar' o sistema energético mundial e levar a uma eficácia
energética tremenda."
E) " aumentam a produtividade agrícola e reduzem o uso de defensivos... "

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Uma de cada vez

95
Ao assistir a filmes americanos envolvendo jornalistas, você notará a diferença. Quando
surge na tela uma entrevista coletiva, cada repórter dispara uma única pergunta, curta e
objetiva, que obriga o entrevistado a fazer "gulp" antes de responder. Agora compare isto com
as coletivas dos nossos repórteres de TV. (...)
Nossos repórteres não se contentam com uma pergunta simples e direta. Sentem-se na
obrigação de enriquecê-la, desdobrá-la e acrescentar elementos. Com isso, só a tornam confusa,
e o entrevistado responde o que quiser.
Eu sugeriria que, antes da coletiva, nossos repórteres se entendessem. Todos teriam
direito a duas perguntas. Mas uma de cada vez. E com uma condição: além de curtas e objetivas,
elas sempre deveriam terminar por um ponto de interrogação.

(CASTRO, Ruy. Folha de São Paulo, 18 de março de 2015, caderno Opinião, p. 2.)

12. (Port./Set2015/Q.40)

Na elaboração do texto, o autor segue a estruturação convencional: (1) introdução, na frase


inicial; (2) desenvolvimento, no restante do primeiro parágrafo e em todo o segundo; e (3)
conclusão, no último parágrafo.

Assinale a alternativa que identifica corretamente o teor de cada um desses elementos


estruturais na mesma sequência.

A) Opinião, fundamentação e crítica.


B) Indagação, resposta e repreensão.
C) Definição, exemplificação e sugestão,
D) Declaração, constatação e confirmação.
E) Afirmação, esclarecimento e recomendação.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Analfabetos voluntários
Quem não lê nem escreve nunca, embora saiba como fazer as duas coisas, não tem
realmente nenhuma vantagem pratica em relação a quem não sabe ler nem escrever – como
ensina Mark Twain, não vale mais do que um analfabeto puro, simples e legítimo.
É um sujeito que conhecemos muito bem no Brasil: aquele infeliz que tem de decorar a
cor do seu ônibus, porque não é capaz de ler os números e letras que aparecem no letreiro, ou
assina o seu nome com um X, porque não aprendeu a escrever. Caso você esteja entre a
multidão que nunca lê um livro, ou uma frase com mais de 140 toques, e nunca escreve nada
mais longo do que isso, aqui vai uma notícia interessante: você é um analfabeto.
Eu? Sim, você mesmo. É uma pena; infelizmente, também é a verdade. Tanto faz que
tenha se formado na universidade, seja um alto executivo multinacional ou nacional, disponha
de um certificado de “celebridade”, por ser top model ou alguma coisa “famosa”, possa utilizar
150 “apps” no seu celular, conte com 1000 amigos no Facebook e, em casos extremos, tenha
até sido presidente da República. O indivíduo que nunca lê nada é uma vítima do analfabetismo
– vítima voluntária, certo, mas analfabeto do mesmo jeito.

(GUZZO, J. R. Revista VEJA, n° 2377, 11/06/2014, p. 100-1.)

13. (Port./Fev2015/Q.12)

96
A quem o autor se refere ao iniciar o segundo parágrafo como “um sujeito que conhecemos
muito bem no Brasil”?

A) Aos políticos corruptos e interesseiros.


B) À pessoa que não sabe ler nem escrever.
C) Ao semiletrado puro, simples e legítimo.
D) Ao analfabeto impuro, complexo e ilegítimo.
E) À pessoa que não quer aprender a ler nem a escrever.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

À Mestra com carinho

O Filo é um profissional completo. Como instrumentista e arranjador, ele já


acompanhou diversos cantores internacionais nos quatro cantos do planeta. O Filo conta que
havia uma professora de Francês do colégio primário onde ele estudou que, toda vez que
passava, deixava um caminho de perfume inebriante. Ele não conseguia ficar parado e seguia
aquele rastro até que, quando ela entrava em casa, ele se deitava no jardim e ficava ouvindo as
músicas que ela colocava na vitrola. Eram clássicas, música francesa e outras de qualidade
indiscutível. E ele, ali, ficava embevecido, chegando a dormir e a sonhar. Tanto é assim, que Filo
atribui o artista que hoje ele é a esse amor platônico pela professora, paixão que ele viveu na
sua adolescência.
O que me lembrou de minha professora de Português do curso ginasial. Ela era uma
linda mulher, além de competente e muito charmosa. Conciliava em seu nome o nome da mãe
e do próprio salvador do mundo. Logo, logo, ela se tomou uma paixão coletiva. Todos nós,
adolescentes, conversávamos sobre a beleza de seu rosto e não perdíamos um só de seus
movimentos. Sua candura e a habilidade para ensinar não permitiam que nos dispersássemos
nas lições e nos exercícios.
Tai como Filo atribui sua competência em música aquela professora de Francês com
quem ele sonhava dormindo ou acordado, para mim, se eu me tomei um "escultor com as
palavras", como me definiu certa leitora, atribuo créditos aquela mestra de Português, dos
tempos em que o exercício do magistério era um sacerdócio e uma arte, a quem eu dedico esta
crônica com todo meu carinho.

(PESSOA, Octávio. Causos amazônicos. Belém: Paka-Tatu, 2012, p. 92-4- com adaptações.)

14. (Port./Set2015/Q.50)

O terceiro parágrafo do texto funciona de modo coerente e coeso como conclusivo, cabendo
dizer sobre os outros dois que

A) seus conteúdos narrativos independem um do outro.


B) o primeiro e o de introdução e o segundo, o de desenvolvimento argumentativo.
C) a hierarquia expositiva se origina no primeiro parágrafo e prossegue no segundo.
D) as professoras dos dois personagens os incentivaram a seguir as carreiras que
escolheram.
E) ambos representam reminiscências vinculadas pela experiência comum dos dois
personagens.

97
15. (Port./Set2015/Q.51)

Baseando-se apenas nas informações contidas no texto, assinale a alternativa que não aponta
um paralelo coerente entre as duas professoras nele citadas.

A) A qualidade didática das duas era elogiável e reconhecida por todos.


B) Ambas lecionavam uma disciplina voltada para os estudos linguísticos.
C) A professora de Português era admirada por todos; a de Francês, por Filo.
D) As duas foram motivo de paixão estudantil e uma delas se chamava Maria de Jesus.
E) A admiração a ambas extrapolou a adolescência e seguiu as vidas profissionais dos
personagens.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Os benefícios do câncer de pulmão


A Philip Morris, uma companhia de tabaco, tem ampla atuação na República Tcheca,
onde o tabagismo continua popular e socialmente aceitável. Preocupado com os crescentes
custos dos cuidados médicos e consequência do fumo, o governo tcheco pensou, recentemente,
em aumentar a taxação sobre o cigarro. Na esperança de conter o aumento dos impostos, a
Philip Morris encomendou uma análise do custo-benefício dos efeitos do tabagismo no
orçamento do país. O estudo descobriu que o governo efetivamente lucra mais do que perde
com o consumo de cigarros pela população. O motivo: embora os fumantes, em vida, imponham
altos custos médicos ao orçamento, eles morrem cedo e, assim, poupam o governo de
consideráveis somas em tratamento de saúde, pensões e abrigo para os idosos. De acordo com
o estudo, uma vez levados em conta os “efeitos positivos” do tabagismo – incluindo a receita
com os impostos e a economia com a morte prematura dos fumantes – o lucro líquido para o
tesouro é de 147 milhões de dólares por ano.

(SANDEL, Michael J. Justiça – o que é fazer a coisa certa.


Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013, p. 56.)

16. (Port. /Fev2014/Q.9)

O segmento “Preocupado com os crescentes custos dos cuidados médicos em consequência do


fumo” em relação ao seguinte – “o governo tcheco pensou, recentemente, em aumentar a
taxação sobre o cigarro” – exprime uma ideia de

A) causa.
B) condição.
C) finalidade
D) consequência
E) possibilidade.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Foram incluídas na análise três variáveis demográficas de controle: idade, sexo e tempo
na área. Variáveis demográficas são habitualmente selecionadas para esse fim, dado o seu
potencial efeito nas percepções e experiências dos indivíduos, como é o caso dos construtos
avaliados nesta pesquisa (Atinc, Simmering e Kroll, 2011; Spector e Brannick, 2010). As três

98
variáveis de controle utilizadas neste estudo foram inseridas em todas as avaliações das relações
causais previstas no modelo proposto.
As hipóteses propostas no artigo foram avaliadas com técnicas estatísticas de equações
estruturais baseadas em Partial Least Squares (PLS). Diferentemente do método de equações
estruturais baseado em covariâncias (Structural Equation Modeling - SEM), o PLS utiliza os dados
coletados para estimar os efeitos propostos que maximizem a variância total explicada na
amostra. Entre as vantagens do método em relação ao SEM, destacam-se a possibilidade de se
trabalhar com amostras menores do que as tipicamente exigidas ao método baseado em
covariância, é a robustez em relação a violações da premissa de normalidade multivariada, e
multicolinearidade entre e em blocos de variáveis manifestas, e a problemas de especificação
do modelo de equações estruturais (Chin, 2010). Para realizar analises, empregou-se o software
SmartPLS v. 2.0.M3 (Ringle, Wende e Will, 2014).

CAYAZOTTE, F. S. C. N.; MORENO JR., V. A.; TURANO, L. M. Cultura de aprendizagem contínua,


atitudes e desempenho no trabalho: uma comparação entre empresas do setor público e
privado. Revista de Administração Pública [on-line], v. 49, n. 6, p. 1555-1578, 2015. Excerto.

17. (Port./Fev2016/Q.47)

Em relação aos eventos descritos no texto, é correto afirmar que

A) existe urna relação explícita de causa e efeito entre eles.


B) é possível haver simultaneidade entre eles a despeito da ordem das sentenças.
C) a ordem das sentenças indica necessariamente a sequência em que eles ocorreram.
D) os eventos do primeiro parágrafo são necessariamente anteriores aqueles do
segundo parágrafo.
E) os eventos do primeiro parágrafo são condição para a ocorrência daqueles do
segundo parágrafo.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

A maleta de meu pai

Dois anos antes de morrer, meu pai me entregou uma maleta contendo seus escritos,
originais e cadernos. Assumindo a sua expressão habitual de brincadeira e zombaria, ele me
disse que gostaria que eu lesse tudo aquilo depois que ele tivesse partido, ou seja, depois de sua
morte.
"Dê só uma olhada", ele pediu, com um ar um tanto encabulado. "Veja se encontra
alguma coisa que possa usar. Depois que eu tiver partido, talvez você possa fazer uma seleção
e publicar."
Estávamos no meu escritório, cercado de livros. Meu pai ficou procurando um lugar
onde pudesse pousar a maleta, caminhando de um lado para o outro como um homem que
precisasse se livrar de um fardo incômodo. No final, acabou depositando a maleta num canto,
fora do caminho. Foi um momento embaraçoso do qual nenhum de nós dois jamais se esqueceu,
mas depois que passou e retomamos aos nossos papéis habituais, tratando a vida com leveza,
as nossas personas brincalhonas e zombeteiras assumiram o controle e pudemos relaxar.

PAMUK, O. A maleta do meu pai. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 9-10.

18. (Port./Fev2016/Q.48)

99
O enunciador do texto se refere a "um momento embaraçoso do qual nenhum dos dois jamais
se esqueceu". A que momento específico da narrativa ele se refere?

A) Ao momento de abertura da maleta.


B) Ao momento das recordações daquele dia.
C) Ao momento em que seu pai lhe entregou uma maleta.
D) Ao momento em que seu pai lhe disse o conteúdo da maleta.
E) Ao momento em que seu pai procurava um lugar para pousar a maleta.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Estudantes de graduação em Ciências Sociais Aplicadas, notadamente em


Administração, têm se reunido em torno de empresas juniores, uma estratégia que lhes permite
aliar a teoria aprendida no curso superior com as habilidades provenientes da atuação prática.
Nesse contexto, a aprendizagem pode ocorrer por meio de modalidades mais aderentes a uma
abordagem individual-cognitivista, como treinamento, leitura de textos e acesso a bancos de
dados, ou por meio de modalidades oriundas de uma abordagem de cunho socioprático, como
comunidades de prática, mentoria, treinamento on-the-job e interações casuais. O objetivo do
presente trabalho é identificar qual abordagem qual abordagem traz uma maior contribuição ao
aprendizado dos empresários juniores. Para tanto, foi utilizada uma metodologia quantitativa,
com aplicação de 118 questionários a estudantes de 14 Estados do Brasil, seguida de análise
fatorial exploratória e regressão multivariada. Os principais resultados indicam que as
modalidades oriundas da abordagem socioprática possibilitam um maior aprendizado, com
destaque para a mentoria, que pode ser de professores ou de colegas mais experientes, como a
modalidade mais eficaz.

(DOS-SANTOS, M. G.; PEREIRA, F. A.; SOUZA-SILVA, J. C.; RIVERA-CASTRO, M. A.


Aprendizagem socioprática e individual-cognitiva na empresa júnior brasileira. RAEP -
Administração: Ensino e Pesquisa, Rio de Janeiro, v. 16, n. 15, p. 309, abr.-jun. 2015.
Excerto adaptado.)

19. (Port./Jun2016/Q.8)

A considerar a referência, a estrutura do texto, a organização das ideias e o conteúdo


contemplado, conclui-se que se trata

A) do resumo de um artigo científico.


B) da síntese de um relatório de pesquisa.
C) do resumo do capítulo de uma apostila.
D) da seção final de um trabalho acadêmico.
E) da introdução de uma publicação para leigos.

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
D B B D D B C D C C D E B C A A B E A

100
Exercícios de provas anteriores comentados

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Os benefícios do câncer de pulmão


A Philip Morris, uma companhia de tabaco, tem ampla atuação na República Tcheca,
onde o tabagismo continua popular e socialmente aceitável. Preocupado com os crescentes
custos dos cuidados médicos e consequência do fumo, o governo tcheco pensou, recentemente,
em aumentar a taxação sobre o cigarro. Na esperança de conter o aumento dos impostos, a
Philip Morris encomendou uma análise do custo-benefício dos efeitos do tabagismo no
orçamento do país. O estudo descobriu que o governo efetivamente lucra mais do que perde
com o consumo de cigarros pela população. O motivo: embora os fumantes, em vida, imponham
altos custos médicos ao orçamento, eles morrem cedo e, assim, poupam o governo de
consideráveis somas em tratamento de saúde, pensões e abrigo para os idosos. De acordo com
o estudo, uma vez levados em conta os “efeitos positivos” do tabagismo – incluindo a receita
com os impostos e a economia com a morte prematura dos fumantes – o lucro líquido para o
tesouro é de 147 milhões de dólares por ano.

(SANDEL, Michael J. Justiça – o que é fazer a coisa certa.


Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013, p. 56.)

1. (Port./Fev2014/Q.8)

Identifique a alternativa em que foi mantido o sentido original do segmento “embora os


fumantes, em vida, imponham altos custos médicos ao orçamento, eles morem cedo e, assim,
poupam o governo de consideráveis somas em tratamentos de saúde, pensões e abrigo para os
idosos”.

A) desde que morram mais cedo, os fumantes poupam o governo de consideráveis


despesas com saúde.
B) já que os fumantes, em vida, impõem altos custos médicos ao orçamento, eles
morrem cedo e, assim, poupam o governo de consideráveis despesas.
C) sempre que os fumantes, em vida, impõem altos custos médicos ao orçamento, eles
morrem cedo e, assim, poupam o governo de consideráveis despesas.
D) os fumantes, em vida, impõem altos custos médicos ao orçamento, mas, por que
morrerem cedo, poupam o governo de consideráveis despesas.
E) morrendo mais cedo, os fumantes poupam o governo dos altos custos médicos que
eles impõem em vida.

RESPOSTA: D

A) Errado. Na redação original, não há o sentido de hipótese apresentado pela conjunção


“desde que.”
B) Errado. Não há, no texto original, a relação causa (impor altos custos) e consequência
(morrer cedo), desencadeada pelo conector “já que”. A segunda relação apresentada
pelo conector “assim”, que afirma uma causa (morrer cedo) e uma consequência
(poupar governo) está correta.

101
C) Errado. Da mesma forma que o item anterior, a redação afirma que os fumantes morrem
cedo quando impõem altos custos médicos. Tal relação não pode ser verificada no texto
original.
D) Correto. O sentido original contém uma oposição entre fumantes que poupam governos
de despesas com idosos e fumantes que impõem altos custos médicos. Além disso, a
expressão original apresenta uma relação onde há uma causa (morrer cedo) e uma
consequência (poupar governo de gastos). Tanto a oposição, como a relação de causa e
consequência estão preservadas na nova redação proposta.
E) Errado. Morrendo mais cedo, os fumantes poupam o governo de despesas com idosos
(saúde, pensão e abrigo), e não de despesas com altos custos médicos, que já foram
realizadas.

2. (Port. /Fev2014/Q.16)

Leia o texto a seguir.

Último romance
Ah, vai
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E, se o caso for de ir à praia, eu levo essa casa numa sacola.

(AMARANTE, Rodrigo. CD “Ventura”, Los Hermanos, Sony BMG, 2003.)

Na canção “Último Romance”, observa-se o uso da locução “ a fim de”, que denota

A) desfecho.
B) intenção.
C) distância.
D) intimidade.
E) terminalidade.

RESPOSTA: B

A) Errado. A locução” a fim de” não denota, na canção, um desfecho.


B) Correto. Na canção, “a fim de” pode ser entendido como “com a intenção de”
C) Errado. A locução “a fim de” não denota, na canção, a deia de distância.
D) Errado. A locução “a fim de” não denota, na canção, a sensação de intimidade.
E) Errado. A locução “a fim de” não denota, na canção, uma terminalidade.

3. (Port./Jun2014/Q.1)

Leia o texto a seguir de Fernando Pessoa.

Ophelinha,
Agradeço a sua carta. Ela trouxe-me pena e alívio ao mesmo tempo. Pena, porque estas
coisas fazem sempre pena; alívio, porque, na verdade, a única solução é essa – o não
prolongarmos mais uma situação que não tem já a justificação do amor, nem de uma parte nem
de outra. Da minha, ao menos, fica uma estima profunda, uma amizade inalterável. Não me
nega a Ophelinha outro tanto, não é verdade? [...]

102
Fernando
Assinale a alternativa que faz uma análise correta do excerto da carta acima.

A) A considerar o que o rapaz escreve, “estima” e “amizade” são termos mutuamente


excludentes.
B) A julgar pelo que Fernando escreve a Ophelinha “estas” e “essa” partilham do
mesmo referente.
C) A pergunta de Fernando a Ophelinha é explícita e da resposta que receber
dependerá sua decisão.
D) A existência de sentimentos opostos para o mesmo evento é injustificável quando
já não há amor.
E) A justificativa do rapaz ao sentimento de pena é reforçada pela justificativa ao
sentimento de alívio.

RESPOSTA: B

A) Errado. No texto, “estima” e “amizade” são termos complementares.


B) Correto. O referente dos pronomes citados é “o não prolongamento do relacionamento”.
C) Errado. A pergunta de Fernando a Ophelinha é retórica.
D) Errado. A alternativa mistura conceitos presentes no texto, sem, no entanto afirmar uma
relação que possa ser verificada nele.
E) Errado. A justificativa do rapaz ao sentimento de pena é diferente da justificativa ao
sentimento de alívio.

INSTRUÇÃO: Leia o seguinte excerto de uma entrevista

Estudos avançados - Por que você redigiu uma Constituição alternativa por ocasião do debate
que resultou na promulgação da Constituição de 1988? Em que medida você agora julga um
passo adiante a nossa última Carta Magna?
Fábio Konder Comparato – Na agonia do regime empresarial-militar, eu, como tantos outros
brasileiros, alimentava a ingênua convicção de que o nosso país tornar-se-ia uma autêntica
Democracia. Era indispensável, para tanto, deixar de tratar apenas retoricamente do assunto e
organizar as instituições próprias do regime democrático. Com esse objetivo, propus, entre
outras medidas, o reconhecimento constitucional do plebiscito e do referendo popular como
instrumentos indispensáveis ao funcionamento efetivo da soberania do povo. Além disso,
sempre fiel aos ensinamentos de Celso Furtado, incluí no anteprojeto de Constituição o Poder
de Planejamento, autônomo em relação aos demais Poderes. Pequei, no entanto, por
ingenuidade. Ignorava, então, que todo regime político funda-se numa mentalidade coletiva,
feita de valores éticos e costumes bem assentados; e que, desde o Descobrimento, sempre
vivemos impregnados de uma mentalidade animada pelos valores capitalistas, isto é,
antirrepublicanos e antidemocráticos. Não me dei assim conta de que o novo regime, instaurado
pela Constituição de 1988, embora deixando de ser militar, permaneceria empresarial como
sempre fora, não obstante a enganosa fachada democrática constitucional.

(Entrevista “Um defensor dos direitos políticos do cidadão brasileiro”, publicada em ESTUDOS
AVAÇADOS, São Paulo v.27, n. 77, p. 265-280, 2013).

4. (Port./Jun2014/Q.5)

103
Identifique, dentre as alternativas a seguir, aquela em que o par de conectores veicula ideias
semelhantes no contexto onde estão sublinhados.

A) “então” e “assim”.
B) “então” e “embora”.
C) “como” e “para tanto”.
D) “embora” e “não obstante”.
E) “Além disso” e “no entanto”.

RESPOSTA: D

A) Errado. Os conectores veiculam, respectivamente, as ideias de tempo e consecução.


B) Errado Os conectores veiculam, respectivamente, as ideias de tempo e concessão.
C) Errado Os conectores veiculam, respectivamente, as ideias de comparação e
consecução.
D) Correto. Ambos os conectores veiculam as ideias de concessão .
E) Errado. Os conectores veiculam, respectivamente, as ideias de adição e contraste.

5. (Port./Jun2014/Q.14)

É. Infelizmente, a criança ouve dentro de casa, dezenas de vezes por dia, o “não”.-Não mexa aí,
menino! -Não pode fazer isto, já lhe falei! -Não isto, não aquilo! Sei que a intenção dos pais é
positiva. Se a criança está brincando com uma faca, o correto é dizer-lhe: -Meu filho, tome este
carrinho, ele é muito mais bonito que esta faca. Com esta faca, você poderá se machucar e sentir
dor. O carrinho é muito mais legal e divertido. Você não disse “não”, você disse “sim”. Isto é
educar sem diminuir a energia e a criatividade da criança.

(Disponível em: <http://pt.slideshare.net/Jozelena/como-ser-um-empreendedor-de-sucesso-


como-fazer-sua-estrela-brilhar>. Acesso em: 10 jul. 2012.)

É incorreto afirmar:

A) O texto aborda o leitor diretamente.


B) O texto é, em boa medida, prescritivo.
C) O texto está escrito em primeira pessoa.
D) O texto é um relato da experiência do autor em casa.
E) O texto fornece exemplos para fundamentar um argumento.

RESPOSTA: D

A) Correto. O trecho Você não disse “não”, você disse “sim” indica que texto aborda o leitor
diretamente.
B) Correto. Por orientar o leitor a como educar uma criança, o texto pode ser visto como
prescritivo.
C) Correto. O trecho “Sei que a intenção dos pais é positiva” indica que texto está escrito
em primeira pessoa.
D) Errado. Embora o autor use a primeira pessoa, não há indícios de que o texto é um relato
da sua própria experiência em casa.
E) Correto. O autor relata exemplos de fala dos pais para fundamentar sua afirmação
inicial: “Infelizmente, a criança ouve dentro de casa, dezenas de vezes por dia, o “não”.”

104
6. (Port./Jun2014/Q.15)

Leia o excerto a seguir em que [X] corresponde a uma sentença necessária para o entendimento
do texto.

A neurocientista Suzana Herculano-Houzel disse: [X]. Descobrimos que há uma explicação de


origem metabólica para isso: quando calculamos a quantidade de energia que um primata
obtém com a sua dieta de comida crua e quanto custa manter o corpo e o cérebro funcionando,
descobrimos que os primatas não têm energia suficiente para sustentar um corpo enorme e um
cérebro grande, com muitos neurônios. Também deveríamos obedecer à mesma regra, então
nossos ancestrais conseguiram burlar essa limitação energética. Esse jeito, muito
provavelmente, foi a invenção da cozinha, que transformou a maneira como aproveitamos as
calorias, tornando os alimentos mais fáceis de serem mastigados e digeridos e, portanto,
permitindo obter mais calorias em menos tempo.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/06/1291345-leia-na-integra-


entrevista-com-a-neurociencia-suzana-herculano-houzel.shtml>. Acesso em: 11 jun. 2013)

Para que o texto seja coerente, [X] é corretamente substituído por:

A) Os primatas têm cérebro muito menor do que os seres humanos.


B) Temos o maior cérebro primata sem sermos os maiores primatas.
C) O cérebro diferenciado foi o que permitiu ao homem inventar a cozinha.
D) Temos um ancestral cujo cérebro era similar ao dos outros primatas de hoje.
E) Os primatas têm dificuldade em equilibrar tamanho energético e consumo de
energia.

RESPOSTA: B
Para chegar à resposta, é necessário verificar qual frase é o melhor referente para o pronome
“isso” no trecho: “Descobrimos que há uma explicação de origem metabólica para isso”. Ao
analisar a explicação, vemos que o problema é que os humanos não seguem a regra dos
primatas, que não conseguem sustentar um corpo enorme e um cérebro grande. Portanto, a
alternativa escolhida deve tratar da relação entre o tamanho do cérebro e tamanho do corpo.

A) Errado. Esta alternativa não reflete a relação tamanho do cérebro X tamanho do corpo
B) Correto. Esta alternativa reflete a relação tamanho do cérebro X tamanho do corpo.
C) Errado. Esta alternativa não reflete a relação tamanho do cérebro X tamanho do corpo.
D) Errado. Esta alternativa não reflete a relação tamanho do cérebro X tamanho do corpo
E) Errado. Esta alternativa não reflete a relação tamanho do cérebro X tamanho do corpo

7. (Port./Jun2014/Q.16)

Leia o texto a seguir.

Por milhões de anos os nossos antepassados nunca sentiram a necessidade de sepultar os


mortos e de exercitar ritos mágicos ou religiosos; portanto, de crer numa vida ultraterrena e em
alguma divindade. A fé no além-túmulo não é um comportamento determinado geneticamente,
mas uma construção cultural do homem que atingiu um estágio relativamente avançado da sua
evolução.

105
(DE MASI, D. Criatividade e grupos criativos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003, p. 59. Adaptado.)

As duas sentenças do texto exprimem respectivamente

A) causa e consequência.
B) percepção e conjetura.
C) constatação e inferência.
D) desinformação e progresso.
E) demonstração e comprovação.

RESPOSTA: C

A) Errado. As frases do texto não apresentam relação de causa e consequência.


B) Errado. A primeira frase pode ser considerada uma percepção. A segunda, no entanto,
não pode ser considerada conjetura porque ela vai além do sentido de hipótese, ela é
uma afirmação.
C) Correto. A primeira frase do texto é uma constatação e a segunda é uma inferência, ou
seja, uma conclusão.
D) Errado. Os termos “desinformação” e “progresso” não refletem a relação entre os
parágrafos do texto.
E) Errado. A segunda frase não pode ser considerada comprovação da primeira.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Tecnologia é coisa de mulher


Estamos falando de tecnologia, inovação e empreendedorismo, temas claramente
masculinos. Basta olhar os números. Os homens são maioria nos cursos ligados à computação
no Brasil, com 84% do total das matrículas. Também estão à frente no mundo corporativo, ao
ocupar 94% dos altos cargos executivos das 100 maiores empresas tech do planeta.

(ROTHMAN, Paula, Revista INFO EXAME, edição 339, março de 2014, p. 49.)

8. (Port./Set2014/Q.4)

Na última frase, a expressão “ao ocupar” tem o mesmo sentido de

A) “além de ocupar”.
B) “ainda que ocupem”.
C) “desde que ocupem”.
D) “uma vez que ocupam”.
E) “à medida que ocupam”.

RESPOSTA: D

A) Errado. A expressão “além de ocupar” tem sentido aditivo, que não pode ser verificado
no texto.
B) Errado. A expressão “ainda que ocupem” tem sentido concessivo, que altera o sentido
do texto.

106
C) Errado. A expressão “desde que ocupem” tem sentido condicional, que altera o sentido
do texto.
D) Correto. A expressão “uma vez que ocupam” mantém o sentido de causa expresso por
“ao ocupar”.
E) Errado. A expressão “à medida que ocupam” dá uma noção de proporcionalidade, que
não pode ser verificada no texto.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Não fique tanto tempo no escritório


Trabalhar menos pode melhorar o resultado
Na área privada, a Treehouse, uma startup de ensino online na Flórida, adotou a semana
de trabalho de quatro dias úteis, dando folga aos 75 funcionários a partir de sexta-feira. O
sistema vem dando bons resultados, segundo seu CEO, Ryan Carson. A tese é de que o período
maior de folga atrai mão de obra qualificada. Além disso, a semana de trabalho mais curta obriga
os funcionários a ter maior produtividade – porque as tarefas continuam as mesmas. A
Treehouse já conquistou 70 mil usuários e arrecadou US$ 13 milhões com investidores.
Em artigo para a revista Foreign Policy, o economista Charles Kenny fornece argumentos
para a redução de jornada: na atual economia do conhecimento, a produtividade gera mais
riqueza do que horas trabalhadas. Segundo Kenny, 40 anos de estudos mostram que as pessoas
trabalham com mais afinco se tiverem limitado seu tempo para realizar a tarefa.

(NOGUEIRA, Paulo Eduardo, Revista ÉPOCA NEGÓCIOS, junho de 2014, p. 18.)

9. (Port./Fev2015/Q.10)

Em relação ao primeiro parágrafo, o segundo constitui uma

A) causa.
B) contestação.
C) confirmação.
D) consequência.
E) exemplificação.

RESPOSTA: C

A) Errado. Não é possível estabelecer o segundo parágrafo como causa do primeiro.


B) Errado. O segundo parágrafo não pode ser visto como uma contestação do primeiro.
C) Correto. O segundo parágrafo é elaborado como confirmação do primeiro, pois fornece
argumentos para comprovar as ideias nele apresentadas.
D) Errado. O segundo parágrafo não é consequência do primeiro, e sim uma confirmação.
E) Errado. O segundo parágrafo não é uma exemplificação do primeiro.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Mercúrio de marcha à ré
É só o que se fala no mundo da astrologia: todo cuidado é pouco entre os dias 7 de junho e 1°
de julho. É a volta do Mercúrio retrógrado, fase em que, metaforicamente, o planeta anda

107
para trás, atrapalhando tudo o que for ligado a comunicação por aqui - e complicando a vida
de muita gente. Vai cair bem na Copa do Mundo.

(GUIMARÃES, Cleo. Gente Boa. O Globo: 29 de maio de 2014, Segundo Caderno, p. 5.)

10. (Port./Set2015/Q.36)

" ... o planeta anda para trás, atrapalhando tudo o que for ligado a comunicação por aqui e
complicando a vida de muita gente."

Assinale a alternativa em que se substituem simultaneamente os segmentos sublinhados sem


alteração do sentido original.

A) mas atrapalha I e complica.


B) sem que atrapalhe I nem complique.
C) e assim atrapalha I além de complicar.
D) a despeito de atrapalhar I pois complica.
E) à medida que atrapalha I para complicar.

RESPOSTA: C

A) Errado. A expressão “mas atrapalha” tem sentido de oposição e a expressão “e


complica” tem sentido de consequência, diferentes do sentido original do texto.
B) Errado. A expressão “sem que atrapalhe I nem complique” tem sentido concessivo,
diferente do sentido original do texto.
C) Correto. A expressão “e assim atrapalha” tem o sentido de consequência e a expressão
“além de complicar” tem sentido de adição, conforme o sentido original do texto.
D) Errado. A expressão “a despeito de atrapalhar” tem sentido concessivo e a expressão
“pois complica” tem sentido consecutivo, diferentes do sentido original do texto.
E) Errado. A expressão “à medida que atrapalha” tem sentido proporcional e a expressão
“para complicar” tem o sentido de finalidade, diferentes do sentido original do texto.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

O desenvolvimento sustentável é o maior e mais complicado desafio que a humanidade


já enfrentou. A mudança climática sozinha é uma dificuldade extraordinária. Somam-se a ela
outros dilemas, como a rápida urbanização, o crescimento populacional, a exploração excessiva
de recursos oceânicos e terrestres, entre outras inúmeras questões. Esse é um problema
multigeracional e atinge áreas centrais de nossa vida econômica, como energia, transporte,
infraestrutura e suprimento alimentar - todas carentes de grandes reformulações tecnológicas.
Para tomar esse tema ainda mais complexo, há poderosos interesses constituídos, como os das
grandes empresas petrolíferas internacionais. Elas obstruíram o esclarecimento da opinião
pública e o progresso da implementação de fontes mais limpas. As demandas se multiplicam e
os prazos são apertados.
Mas não devemos desistir. Hoje, identificamos maneiras muito específicas de prever
como alcançar os objetivos de sustentabilidade. Conhecemos as tecnologias que podem
"descarbonizar" o sistema energético mundial e levar a uma eficácia energética tremenda.
Sabemos quais tecnologias aumentam a produtividade agrícola e reduzem o uso de defensivos
e fertilizantes. Mostramos como cidades podem planejar o futuro e projetar infraestruturas
inteligentes. Essas são oportunidades a nosso alcance, não é ficção científica, mas coisas que

108
sabemos como fazer e são acessíveis. Em muitos casos, como nas energias eólica e solar, os
custos já estão próximos das tecnologias tradicionais, ao menos em algumas regiões
privilegiadas do planeta.

(SACHS, Jeffrey. A era do desenvolvimento, Revista EXAME, edição 1.085, 18 de março de


2015, p. 85.)

11. (Port./Set2015/Q.39)

As alternativas a seguir apresentam dois segmentos do texto ligados pela palavra "e". Assinale
a única em que o segundo elemento apresenta uma evolução temporal em relação ao primeiro.

A) " .a exploração excessiva de recursos oceânicos e terrestres ..."


B) "Esse é um problema multigeracional e atinge áreas centrais de nossa vida
econômica "
C) "As demandas se multiplicam e os prazos são apertados."
D) " podem 'descarbonizar' o sistema energético mundial e levar a uma eficácia
energética tremenda."
E) " aumentam a produtividade agrícola e reduzem o uso de defensivos... "

RESPOSTA: D

A) Errado. No trecho apresentado, o segundo elemento não apresenta uma evolução


temporal em relação ao primeiro.
B) Errado. No trecho apresentado, o segundo elemento não apresenta uma evolução
temporal em relação ao primeiro.
C) Errado. No trecho apresentado, o segundo elemento não apresenta uma evolução
temporal em relação ao primeiro.
D) Correto. Na frase, a passagem “levar a uma eficácia energética” não pode ser citada
antes de "podem 'descarbonizar' o sistema energético mundial”, caso contrário perderia
o sentido. Assim, o segundo elemento apresenta uma evolução temporal em relação ao
primeiro.
E) Errado. No trecho apresentado, o segundo elemento não apresenta uma evolução
temporal em relação ao primeiro.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Uma de cada vez


Ao assistir a filmes americanos envolvendo jornalistas, você notará a diferença. Quando
surge na tela uma entrevista coletiva, cada repórter dispara uma única pergunta, curta e
objetiva, que obriga o entrevistado a fazer "gulp" antes de responder. Agora compare isto com
as coletivas dos nossos repórteres de TV. (...)
Nossos repórteres não se contentam com uma pergunta simples e direta. Sentem-se na
obrigação de enriquecê-la, desdobrá-la e acrescentar elementos. Com isso, só a tornam confusa,
e o entrevistado responde o que quiser.
Eu sugeriria que, antes da coletiva, nossos repórteres se entendessem. Todos teriam
direito a duas perguntas. Mas uma de cada vez. E com uma condição: além de curtas e objetivas,
elas sempre deveriam terminar por um ponto de interrogação.

(CASTRO, Ruy. Folha de São Paulo, 18 de março de 2015, caderno Opinião, p. 2.)

109
12. (Port./Set2015/Q.40)

Na elaboração do texto, o autor segue a estruturação convencional: (1) introdução, na frase


inicial; (2) desenvolvimento, no restante do primeiro parágrafo e em todo o segundo; e (3)
conclusão, no último parágrafo.

Assinale a alternativa que identifica corretamente o teor de cada um desses elementos


estruturais na mesma sequência.

A) Opinião, fundamentação e crítica.


B) Indagação, resposta e repreensão.
C) Definição, exemplificação e sugestão,
D) Declaração, constatação e confirmação.
E) Afirmação, esclarecimento e recomendação.

RESPOSTA: E

A) Errado. No texto, a introdução não expressa uma opinião e a conclusão não pode ser
definida como crítica, embora o desenvolvimento pudesse ser entendido como
fundamentação.
B) Errado. No texto, não há indagação na introdução, não há resposta no desenvolvimento
nem repreensão na conclusão.
C) Errado. No texto, a introdução não consiste em uma definição, e o desenvolvimento é
mais um esclarecimento que uma exemplificação, que seria mais bem caracterizada por
uma lista de elementos. Sugestão cabe na conclusão.
D) Errado. No texto, embora declaração caiba de certa forma na introdução, o
desenvolvimento e a conclusão não correspondem à constatação e à confirmação.
E) Correto. No texto, há uma afirmação na introdução, um, esclarecimento no
desenvolvimento e uma recomendação na conclusão.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Analfabetos voluntários
Quem não lê nem escreve nunca, embora saiba como fazer as duas coisas, não tem
realmente nenhuma vantagem pratica em relação a quem não sabe ler nem escrever – como
ensina Mark Twain, não vale mais do que um analfabeto puro, simples e legítimo.
É um sujeito que conhecemos muito bem no Brasil: aquele infeliz que tem de decorar a
cor do seu ônibus, porque não é capaz de ler os números e letras que aparecem no letreiro, ou
assina o seu nome com um X, porque não aprendeu a escrever. Caso você esteja entre a
multidão que nunca lê um livro, ou uma frase com mais de 140 toques, e nunca escreve nada
mais longo do que isso, aqui vai uma notícia interessante: você é um analfabeto.
Eu? Sim, você mesmo. É uma pena; infelizmente, também é a verdade. Tanto faz que
tenha se formado na universidade, seja um alto executivo multinacional ou nacional, disponha
de um certificado de “celebridade”, por ser top model ou alguma coisa “famosa”, possa utilizar
150 “apps” no seu celular, conte com 1000 amigos no Facebook e, em casos extremos, tenha
até sido presidente da República. O indivíduo que nunca lê nada é uma vítima do analfabetismo
– vítima voluntária, certo, mas analfabeto do mesmo jeito.

(GUZZO, J. R. Revista VEJA, n° 2377, 11/06/2014, p. 100-1.)

110
13. (Port./Fev2015/Q.12)

A quem o autor se refere ao iniciar o segundo parágrafo como “um sujeito que conhecemos
muito bem no Brasil”?

A) Aos políticos corruptos e interesseiros.


B) À pessoa que não sabe ler nem escrever.
C) Ao semiletrado puro, simples e legítimo.
D) Ao analfabeto impuro, complexo e ilegítimo.
E) À pessoa que não quer aprender a ler nem a escrever.

RESPOSTA:B

A) Errado. Essa não é a referência do termo “um sujeito que conhecemos muito bem no
Brasil”
B) Correto. O termo faz referencia à pessoa que não sabe ler nem escrever, como comprova
o trecho “aquele infeliz que tem de decorar a cor do seu ônibus, porque não é capaz de
ler os números e letras que aparecem no letreiro, ou assina o seu nome com um X, porque
não aprendeu a escrever”.
C) Errado. Essa não é a referência do termo “um sujeito que conhecemos muito bem no
Brasil”
D) Errado. Essa não é a referência do termo “um sujeito que conhecemos muito bem no
Brasil”
E) Errado. Essa não é a referência do termo “um sujeito que conhecemos muito bem no
Brasil”

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

À Mestra com carinho

O Filo é um profissional completo. Como instrumentista e arranjador, ele já


acompanhou diversos cantores internacionais nos quatro cantos do planeta. O Filo conta que
havia uma professora de Francês do colégio primário onde ele estudou que, toda vez que
passava, deixava um caminho de perfume inebriante. Ele não conseguia ficar parado e seguia
aquele rastro até que, quando ela entrava em casa, ele se deitava no jardim e ficava ouvindo as
músicas que ela colocava na vitrola. Eram clássicas, música francesa e outras de qualidade
indiscutível. E ele, ali, ficava embevecido, chegando a dormir e a sonhar. Tanto é assim, que Filo
atribui o artista que hoje ele é a esse amor platônico pela professora, paixão que ele viveu na
sua adolescência.
O que me lembrou de minha professora de Português do curso ginasial. Ela era uma
linda mulher, além de competente e muito charmosa. Conciliava em seu nome o nome da mãe
e do próprio salvador do mundo. Logo, logo, ela se tomou uma paixão coletiva. Todos nós,
adolescentes, conversávamos sobre a beleza de seu rosto e não perdíamos um só de seus
movimentos. Sua candura e a habilidade para ensinar não permitiam que nos dispersássemos
nas lições e nos exercícios.
Tai como Filo atribui sua competência em música aquela professora de Francês com
quem ele sonhava dormindo ou acordado, para mim, se eu me tomei um "escultor com as
palavras", como me definiu certa leitora, atribuo créditos aquela mestra de Português, dos

111
tempos em que o exercício do magistério era um sacerdócio e uma arte, a quem eu dedico esta
crônica com todo meu carinho.

(PESSOA, Octávio. Causos amazônicos. Belém: Paka-Tatu, 2012, p. 92-4- com adaptações.)

14. (Port./Set2015/Q.50)

O terceiro parágrafo do texto funciona de modo coerente e coeso como conclusivo, cabendo
dizer sobre os outros dois que

A) seus conteúdos narrativos independem um do outro.


B) o primeiro e o de introdução e o segundo, o de desenvolvimento argumentativo.
C) a hierarquia expositiva se origina no primeiro parágrafo e prossegue no segundo.
D) as professoras dos dois personagens os incentivaram a seguir as carreiras que
escolheram.
E) ambos representam reminiscências vinculadas pela experiência comum dos dois
personagens.

RESPOSTA: C

A) Errado. O conteúdo narrativo do segundo parágrafo depende do primeiro.


B) Errado. Não é possível caracterizar o primeiro parágrafo como “introdução” e o segundo,
como de desenvolvimento argumentativo.
C) Correto. De fato, a hierarquia expositiva se origina no primeiro parágrafo e prossegue
no segundo.
D) Errado. As professoras dos dois personagens serviram como inspiração para eles
seguirem as carreiras que escolheram, o que é diferente de afirmar que elas os
incentivaram.
E) Errado. Embora a consequência das experiências seja semelhante, os personagens
tiveram, cada um à sua maneira, uma experiência diferente com a respectiva professora.

15. (Port./Set2015/Q.51)

Baseando-se apenas nas informações contidas no texto, assinale a alternativa que não aponta
um paralelo coerente entre as duas professoras nele citadas.

A) A qualidade didática das duas era elogiável e reconhecida por todos.


B) Ambas lecionavam uma disciplina voltada para os estudos linguísticos.
C) A professora de Português era admirada por todos; a de Francês, por Filo.
D) As duas foram motivo de paixão estudantil e uma delas se chamava Maria de Jesus.
E) A admiração a ambas extrapolou a adolescência e seguiu as vidas profissionais dos
personagens.

RESPOSTA: A

A) Errado. Não há, no texto, elementos para afirmar a qualidade didática da professora de
francês de Filo.
B) Correto. Uma professora lecionava francês, e a outra, português.

112
C) Correto. A professora de Português era admirada por todos, como mostra o trecho
“Logo, logo, ela se tomou uma paixão coletiva”. Sobre a professora de francês, só é
possível afirmar, pelo texto, que era admirada por Filo.
D) Correto. A professora de francês de Filo foi motivo de sua paixão, já a professora de
português do autor foi motivo de paixão de toda a sua turma, como mostra o trecho
“Logo, logo, ela se tomou uma paixão coletiva.” Além disso, é possível depreender do
texto que a professora de português do autor se chamava Maria de Jesus (“Conciliava
em seu nome o nome da mãe e do próprio salvador do mundo”).
E) Correto. A admiração a ambas extrapolou a adolescência e seguiu as vidas profissionais
dos personagens, como mostra o trecho do último parágrafo “Tal como Filo atribui sua
competência em música àquela professora de Francês com quem ele sonhava dormindo
ou acordado, para mim, se eu me tomei um "escultor com as palavras", como me definiu
certa leitora, atribuo créditos àquela mestra de Português”.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Os benefícios do câncer de pulmão


A Philip Morris, uma companhia de tabaco, tem ampla atuação na República Tcheca,
onde o tabagismo continua popular e socialmente aceitável. Preocupado com os crescentes
custos dos cuidados médicos e consequência do fumo, o governo tcheco pensou, recentemente,
em aumentar a taxação sobre o cigarro. Na esperança de conter o aumento dos impostos, a
Philip Morris encomendou uma análise do custo-benefício dos efeitos do tabagismo no
orçamento do país. O estudo descobriu que o governo efetivamente lucra mais do que perde
com o consumo de cigarros pela população. O motivo: embora os fumantes, em vida, imponham
altos custos médicos ao orçamento, eles morrem cedo e, assim, poupam o governo de
consideráveis somas em tratamento de saúde, pensões e abrigo para os idosos. De acordo com
o estudo, uma vez levados em conta os “efeitos positivos” do tabagismo – incluindo a receita
com os impostos e a economia com a morte prematura dos fumantes – o lucro líquido para o
tesouro é de 147 milhões de dólares por ano.

(SANDEL, Michael J. Justiça – o que é fazer a coisa certa.


Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013, p. 56.)

16. (Port. /Fev2014/Q.9)

O segmento “Preocupado com os crescentes custos dos cuidados médicos em consequência do


fumo” em relação ao seguinte – “o governo tcheco pensou, recentemente, em aumentar a
taxação sobre o cigarro” – exprime uma ideia de

A) causa.
B) condição.
C) finalidade
D) consequência
E) possibilidade.

RESPOSTA: A

113
A) Correto. O seguimento em análise é a causa do seguimento seguinte. Por estar
preocupado com os crescentes custos dos cuidados médicos em consequência do fumo,
o governo tcheco pensou, recentemente, em aumentar a taxação sobre o cigarro.
B) Errado. Não há, entre os seguimentos apresentados, a relação de condição.
C) Errado. O primeiro seguimento não apresenta uma finalidade do segundo.
D) Errado. O primeiro seguimento é a causa, e o segundo, consequência
E) Errado. A preocupação do governo não é possibilidade, e sim um fato.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Foram incluídas na análise três variáveis demográficas de controle: idade, sexo e tempo
na área. Variáveis demográficas são habitualmente selecionadas para esse fim, dado o seu
potencial efeito nas percepções e experiências dos indivíduos, como é o caso dos construtos
avaliados nesta pesquisa (Atinc, Simmering e Kroll, 2011; Spector e Brannick, 2010). As três
variáveis de controle utilizadas neste estudo foram inseridas em todas as avaliações das relações
causais previstas no modelo proposto.
As hipóteses propostas no artigo foram avaliadas com técnicas estatísticas de equações
estruturais baseadas em Partial Least Squares (PLS). Diferentemente do método de equações
estruturais baseado em covariâncias (Structural Equation Modeling - SEM), o PLS utiliza os dados
coletados para estimar os efeitos propostos que maximizem a variância total explicada na
amostra. Entre as vantagens do método em relação ao SEM, destacam-se a possibilidade de se
trabalhar com amostras menores do que as tipicamente exigidas ao método baseado em
covariância, é a robustez em relação a violações da premissa de normalidade multivariada, e
multicolinearidade entre e em blocos de variáveis manifestas, e a problemas de especificação
do modelo de equações estruturais (Chin, 2010). Para realizar analises, empregou-se o software
SmartPLS v. 2.0.M3 (Ringle, Wende e Will, 2014).

CAYAZOTTE, F. S. C. N.; MORENO JR., V. A.; TURANO, L. M. Cultura de aprendizagem contínua,


atitudes e desempenho no trabalho: uma comparação entre empresas do setor público e
privado. Revista de Administração Pública [on-line], v. 49, n. 6, p. 1555-1578, 2015. Excerto.

17. (Port./Fev2016/Q.47)

Em relação aos eventos descritos no texto, é correto afirmar que

A) existe urna relação explícita de causa e efeito entre eles.


B) é possível haver simultaneidade entre eles a despeito da ordem das sentenças.
C) a ordem das sentenças indica necessariamente a sequência em que eles ocorreram.
D) os eventos do primeiro parágrafo são necessariamente anteriores aqueles do
segundo parágrafo.
E) os eventos do primeiro parágrafo são condição para a ocorrência daqueles do
segundo parágrafo.

RESPOSTA: B

A) Errado. Não pode ser vista tal relação no texto.


B) Correto. É possível haver simultaneidade entre eles a despeito da ordem das sentenças.
C) Errado. A ordem das sentenças não indica, necessariamente, a sequência em que eles
ocorreram.

114
D) Errado. Os eventos do primeiro parágrafo não são, necessariamente anteriores aqueles
do segundo parágrafo.
E) Errado. Os eventos do primeiro parágrafo não são condição para a ocorrência daqueles
do segundo parágrafo.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

A maleta de meu pai

Dois anos antes de morrer, meu pai me entregou uma maleta contendo seus escritos,
originais e cadernos. Assumindo a sua expressão habitual de brincadeira e zombaria, ele me
disse que gostaria que eu lesse tudo aquilo depois que ele tivesse partido, ou seja, depois de sua
morte.
"Dê só uma olhada", ele pediu, com um ar um tanto encabulado. "Veja se encontra
alguma coisa que possa usar. Depois que eu tiver partido, talvez você possa fazer uma seleção
e publicar."
Estávamos no meu escritório, cercado de livros. Meu pai ficou procurando um lugar
onde pudesse pousar a maleta, caminhando de um lado para o outro como um homem que
precisasse se livrar de um fardo incômodo. No final, acabou depositando a maleta num canto,
fora do caminho. Foi um momento embaraçoso do qual nenhum de nós dois jamais se esqueceu,
mas depois que passou e retomamos aos nossos papéis habituais, tratando a vida com leveza,
as nossas personas brincalhonas e zombeteiras assumiram o controle e pudemos relaxar.

PAMUK, O. A maleta do meu pai. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 9-10.

18. (Port./Fev2016/Q.48)

O enunciador do texto se refere a "um momento embaraçoso do qual nenhum dos dois jamais
se esqueceu". A que momento específico da narrativa ele se refere?

A) Ao momento de abertura da maleta.


B) Ao momento das recordações daquele dia.
C) Ao momento em que seu pai lhe entregou uma maleta.
D) Ao momento em que seu pai lhe disse o conteúdo da maleta.
E) Ao momento em que seu pai procurava um lugar para pousar a maleta.

RESPOSTA: E

A) Errado. Não há, no texto, relato do momento de abertura da maleta.


B) Errado. O momento embaraçoso não se refere ao momento das recordações daquele
dia.
C) Errado. A banca considerou que a ação geral de “entregar a maleta” não é
especificamente descrita como embaraçosa.
D) Errado. O conteúdo da maleta já era compartilhado pelos dois, ambos já sabiam que
nela estavam seus escritos, originais e cadernos.
E) Correto. Esse é o último evento relacionado à entrega da maleta, e ao qual o autor se
refere como embaraçoso.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

115
Estudantes de graduação em Ciências Sociais Aplicadas, notadamente em
Administração, têm se reunido em torno de empresas juniores, uma estratégia que lhes permite
aliar a teoria aprendida no curso superior com as habilidades provenientes da atuação prática.
Nesse contexto, a aprendizagem pode ocorrer por meio de modalidades mais aderentes a uma
abordagem individual-cognitivista, como treinamento, leitura de textos e acesso a bancos de
dados, ou por meio de modalidades oriundas de uma abordagem de cunho socioprático, como
comunidades de prática, mentoria, treinamento on-the-job e interações casuais. O objetivo do
presente trabalho é identificar qual abordagem qual abordagem traz uma maior contribuição ao
aprendizado dos empresários juniores. Para tanto, foi utilizada uma metodologia quantitativa,
com aplicação de 118 questionários a estudantes de 14 Estados do Brasil, seguida de análise
fatorial exploratória e regressão multivariada. Os principais resultados indicam que as
modalidades oriundas da abordagem socioprática possibilitam um maior aprendizado, com
destaque para a mentoria, que pode ser de professores ou de colegas mais experientes, como a
modalidade mais eficaz.

(DOS-SANTOS, M. G.; PEREIRA, F. A.; SOUZA-SILVA, J. C.; RIVERA-CASTRO, M. A.


Aprendizagem socioprática e individual-cognitiva na empresa júnior brasileira. RAEP -
Administração: Ensino e Pesquisa, Rio de Janeiro, v. 16, n. 15, p. 309, abr.-jun. 2015.
Excerto adaptado.)

19. (Port./Jun2016/Q.8)

A considerar a referência, a estrutura do texto, a organização das ideias e o conteúdo


contemplado, conclui-se que se trata

A) do resumo de um artigo científico.


B) da síntese de um relatório de pesquisa.
C) do resumo do capítulo de uma apostila.
D) da seção final de um trabalho acadêmico.
E) da introdução de uma publicação para leigos.

RESPOSTA: A

A) Correto. A referência, a estrutura do texto, a organização das ideias e o conteúdo


contemplado são compatíveis com o resumo de um artigo científico.
B) Errado. Embora a estrutura do texto e a organização das ideias pudessem constar em
uma síntese de um relatório de pesquisa, a referência e o conteúdo contemplado indicam
que esse não é o tipo de texto apresentado.
C) Errado. O resumo do capítulo de uma apostila teriam referência, estrutura do texto,
organização das ideias e o conteúdo diferentes do apresentado.
D) Errado. A seção final de um trabalho acadêmico não traz todos os elementos expostos
no texto.
E) Errado. Todas as informações presentes indicam um texto científico ou acadêmico, e não
uma publicação para leigos.

116
Referências Bibliográficas

Savioli, F. P. & Fiorin, J. L. (2003). Para entender o texto. Leitura e redação. São Paulo: Ática.

Savioli, F. P., & Fiorin, J. L. (2001). Manual do candidato: português. FUNAG.

Savioli, F. P., & Fiorin, J. L. (1997). Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática.

Tópicos do edital tratados na Parte II

Prova de Português

Objetivos

Esta prova tem por objetivo medir a competência do participante em suas relações com
palavras e textos. Essa qualidade depende, principalmente, das suas condições de
discernimento, compreensão, associação e análise de sintagmas, orações, frases, períodos e
textos.

A totalidade das questões pretende avaliar seu nível de aptidão para lidar com a língua
portuguesa prestigiada escrita contemporânea. Na maior parte das vezes, o modelo adotado
para isso é o de compreensão de leitura, mas a principal característica do exame é medir a
capacidade de se analisar um texto sob várias perspectivas. Tal aferição pretende apurar o
grau de reconhecimento de componentes explícitos e a percepção coerente de pressupostos
e implicações envolvidos nas informações ou argumentos presentes nos enunciados e
alternativas.

Os textos cobrem assuntos diversos, não necessariamente relacionados à área de


Administração. O conhecimento específico do assunto sobre o qual os textos versam não deve
auxiliar nas respostas às questões, que são basicamente de dez tipos e focalizam:

1) a ideia, o tema ou o objetivo principal do texto;


2) informações explícitas no texto;
3) informações ou ideias implícitas ou sugeridas pelo texto;
4) possíveis aplicações das ideias do texto em outras situações;
5) a lógica ou a técnica de argumentação utilizada pelo autor do texto;
6) noções sobre variedades linguísticas e figuras de linguagem;
7) a atitude do autor, conforme revelada pela linguagem utilizada no texto;
8) identificação de falhas ou inadequações textuais;
9) identificação de padrões e correlação entre textos e/ou partes de texto(s) e ideias;
10) organização, desenvolvimento e relevância de ideias.

117
Parte III: Recursos argumentativos de competência linguística

Na Parte II, foram apresentados diferentes tipos de argumentos que podem ser
utilizados no desenvolvimento de um texto, como, entre outros, o argumento de autoridade, o
argumento baseado em exemplos e os argumentos de natureza lógica. Esta Parte III tratará
sobre os argumentos de natureza linguística, recursos argumentativos fundamentais na
produção textual de qualquer tipo, e muito cobrados no teste ANPAD.

Atitude do autor no texto

No processo de leitura de um texto, é comum a crença de que, principalmente em textos


objetivos (em notícias de jornal, por exemplo) não exista subjetividade alguma. No entanto,
mesmo no relato de dados de realidade, o produtor do texto pode ser tendencioso (e quase
sempre o é), insinuando seu julgamento pessoal. Alguns procedimentos, considerados recursos
linguísticos, têm como função argumentativa principal expressar tais julgamentos, ainda que de
forma velada. Observe o texto6 a seguir:

Homem gasta dinheiro achado no lixo e é processado.


Um desempregado argentino, que encontrou US$ 50 mil no lixo, está sendo
processado por ter gastado o dinheiro. Paulo Altamirano, de 46, comprou uma casa, dois
automóveis e uma pequena loja com o dinheiro encontrado há três meses, enquanto
procurava no lixo algo para vender. Agora, uma mulher o denunciou à polícia, assegurando
que esse dinheiro era seu e que o colocara no lixo por engano. "Não sou um delinquente, é a
única coisa que posso dizer", disse Altamirano, de acordo com a agência DYN, em uma
pequena cidade na província de Córdoba, no centro do país. Emília Mascoy de Aguirre, de 70
anos, é a dona de uma loja próxima ao lugar onde foi encontrado o dinheiro. Ela alega que
uma de suas empregadas colocou as notas por engano no lixo depois de limpar um depósito
onde estavam escondidas. Altamirano foi processado por fraude, mas seu advogado afirma
que ele não roubou nada de ninguém.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI319703-EI1151,00.html.
Acesso em: 4 de maio de 2010.

A notícia, da maneira como foi apresentada, leva ao leitor à interpretação de que


“achado não é roubado”. Todo o texto foi construído de maneira que fosse criada, por um lado,
uma empatia – ou mesmo compaixão – por Paulo Altamirano (sua apresentação, logo no início

6
Notícia selecionada por Ferreira (2010: 18)

118
do texto como um “desempregado” que “procurava no lixo algo para vender”); e, por outro,
uma desconfiança em relação à senhora que perdeu o dinheiro (ao usar o verbo alegar, por
exemplo - “Ela alega que uma de suas empregadas [...]” - , o autor diminui a assertividade da
afirmativa).
Com base nesse mesmo texto, é possível criar possibilidades que indicam, de maneira
mais clara, que a escolha das palavras revela que a atitude do autor no texto, com seus
julgamentos e convicções. Se, por exemplo, o texto iniciasse com “Uma rica lojista argentina
processou um vizinho desempregado que achara cinquenta mil dólares no lixo. (...)”, o uso do
adjetivo “rica” poderia criar uma antipatia maior pela senhora, que, afinal de contas, por ter
muito dinheiro, não precisaria processar o “pobre desempregado.”
Por outro lado, se o texto iniciasse com "Uma senhora argentina, de 70 anos, jogou, por
engano, cinquenta mil dólares no lixo. (...)”, a informação da idade avançada da senhora,
acompanhada da expressão “por engano”, logo no início do texto, levariam para a interpretação
do texto o fato de que pessoas mais velhas podem cometer enganos e esquecimentos, e
portanto, tal organização textual poderia mudar o julgamento dos fatos.
Da mesma forma, o início "Uma das empregadas de uma lojista jogou,
inadvertidamente, cinquenta mil dólares no lixo. (...)” também poderia mudar o entendimento
dos fatos, pois destaca, logo no início do texto, que quem jogou o dinheiro fora foi uma
empregada, e a dona da loja, portanto, não teria nenhuma responsabilidade sobre o fato e
mereceria ter seu dinheiro de volta o quanto antes.
Todas essas possibilidades de leitura mostram que a seleção dos fatos, o destaque maior
conferido a certos detalhes (e omissão de outros), a escolha das palavras utilizadas no texto, e
a ordem em que os fatos são apresentados podem revelar a atitude, crenças e julgamentos do
autor ao construir um texto. Tais recursos linguísticos conseguem chamar a atenção para o que
está sendo dito e para o entendimento pretendido, e por isso são estratégias argumentativas
tão importantes.
Além dos recursos brevemente apresentados na análise da notícia de jornal, existem
outros recursos linguísticos fundamentais para a construção de um texto, esquematizados na
figura a seguir:

119
Linguagem
denotada ou
figurada (figuras
de linguagem)

Mecanismos
linguísticos com
Uso de tempos e Recursos
efeitos de
modos verbais linguísticos objetividade ou
subjetividade

Variantes
linguísticas

Mecanismos linguísticos com efeitos de objetividade ou subjetividade

No capítulo anterior, as breves considerações sobre as funções da linguagem indicaram


que é possível usar um ou outro modo de construir os enunciados em função dos efeitos de
sentido que se quer criar. Será dado destaque, aqui, aos mais importantes: o efeito de sentido
de objetividade e o efeito de sentido de subjetividade.
Os procedimentos linguísticos que criam tais efeitos podem ser considerados recursos
argumentativos porque existem textos que são mais convincentes se forem elaborados de
maneira a criar efeitos de sentido de objetividade, enquanto outros são mais persuasivos se
mostrarem um efeito de subjetividade.
Antes de exemplificá-los, é necessário, contudo, ressaltar que a objetividade e a
realidade são efeitos de sentido decorrentes dos procedimentos mencionados. É preciso ficar
claro que se trata de um artifício linguístico, porque sempre, por trás do discurso enunciado,
está o enunciador com sua visão de mundo, mesmo em textos aparentemente objetivos.

Efeito de sentido de objetividade

120
Em alguns textos, busca-se dar maior destaque ao conteúdo das informações, em
detrimento à avaliação que se faz desse conteúdo. São necessários, então, mecanismos
linguísticos que promovam o apagamento ou distanciamento do sujeito. São eles:

• Exclusão do uso de verbos de dizer na primeira pessoa, eliminando, assim, a ideia de


que o conteúdo seja mera opinião de quem proferiu, e sugerindo que o fato subsiste
por si mesmo. Veja a comparação dos exemplos:
A inflação corrói o salário do operário. (mais objetivo)
Eu afirmo que a inflação corrói o salário do operário. (mais subjetivo)

• Enunciador generalizado pelo plural de modéstia


Temos bases para afirmar que a agricultura constitui uma alternativa
promissora para a nossa economia. (em vez de “tenho base [...]”)

• Verbos na forma impessoal ou com sujeito indeterminado e emprego da voz passiva


Pode-se garantir que a agricultura constitui uma alternativa promissora para a
nossa economia.
Constatou-se que a agricultura constitui uma alternativa promissora para a
nossa economia.

• Apresentação de qualidades objetivas ou concretas ("branco")

• Emprego de estratégias argumentativas lógicas (provas, demonstrações) e de dados


concretos na argumentação.

Efeito de sentido de subjetividade

Existem textos em que a função mais importante não é propriamente relatar os fatos,
mas o ponto de vista do autor sobre eles, ou, ainda, os seus sentimentos e emoções sobre os
acontecimentos. Os principais mecanismos linguísticos que atingem tal objetivo são:

 Verbos de dizer ("digo", "acho", "afirmo, penso") na primeira pessoa do singular.


“Eu afirmo que os modelos científicos devem ser julgados pela sua utilidade.”

121
 Adjetivos subjetivos ("encantador")

 Advérbios7 que assinalam o grau de comprometimento ou engajamento do


enunciador em relação ao seu enunciado. Em outras palavras, tais advérbios
indicam o grau de certeza com relação aos fatos enunciados.
“Aparentemente, pouco está sendo feito para se desvendar de vez o mistério da
morte de Antônio Costa Santos, prefeito da cidade de Campinas.”
“Evidentemente, a divisão social do trabalho, associada aos direitos de
propriedade e mediada pelo dinheiro é uma maneira um tanto engenhosa de
organizar a produção” (Marcelo Manzano, “Eu e o mundo”, Caros Amigos, n. 54,
set. 2001)

 Advérbios que encenam a atitude psicológica com que o enunciador se apresenta


diante dos eventos de que fala o enunciado
“Infelizmente, Recife é uma cidade de mais de um milhão de habitantes.”
“Desgraçadamente, nem sempre se pode confiar nas notícias veiculadas pela
grande imprensa.”

 Expressões atenuadoras
“Talvez fosse melhor pensar em modificar o atual estatuto, que, ao que me
parece, apresenta algumas lacunas que poderão criar problemas futuros.”
“No meu modesto modo de entender, creio que deveríamos refletir um pouco
mais sobre essa questão.”

Exercício comentado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Tecnologia é coisa de mulher


Estamos falando de tecnologia, inovação e empreendedorismo, temas claramente
masculinos. Basta olhar os números. Os homens são maioria nos cursos ligados à computação

7
Os exemplos desse tipo de advérbio, bem como de advérbios de atitudes psicológicas e das expressões
atenuadoras foram baseados em Koch (1993:166-169)

122
no Brasil, com 84% do total das matrículas. Também estão à frente no mundo corporativo, ao
ocupar 94% dos altos cargos executivos das 100 maiores empresas tech do planeta.

(ROTHMAN, Paula, Revista INFO EXAME, edição 339, março de 2014, p. 49.)

(Port./Set2014/Q.3)

Assinale a alternativa que apresenta o único comentário incorreto.

A) O título da matéria é contrariado pelo parágrafo.


B) Segundo a autora, o mundo da tecnologia é estatisticamente dominado pelos
homens.
C) Dos altos cargos executivos nas 100 maiores empresas tech do mundo, apenas seis
são ocupados por mulheres.
D) A autora contrariou a estrutura convencional do parágrafo, que é composta de
introdução, desenvolvimento e conclusão.
E) Na abertura do texto, há um caso de “plural de modéstia”, recurso estilístico em que
o autor emprega a primeira pessoa do plural em vez da primeira pessoa do singular.

RESPOSTA: C

A) Correto. O título da matéria afirma que tecnologia é coisa de mulher, mas o parágrafo
argumenta o contrário.
B) Correto. As passagens “84% do total das matrículas” e “94% dos altos cargos executivos”
comprovam a afirmação.
C) Errado. O texto afirma que “94% dos cargos são ocupados por homens”, mas não é
possível saber quantos cargos estão sendo computados, somente quantas empresas.
Portanto, a alternativa tenta confundir o candidato afirmando que apenas seis cargos
são ocupados por mulheres.
D) Correto. Não há conclusão no parágrafo.
E) Correto. O “plural de modéstia” pode ser verificado em “Estamos falando de tecnologia”.

Variantes linguísticas

Para entender o que são as variantes linguísticas, é preciso ter em mente que as línguas
não são unas, isto é, não são faladas da mesma maneira nos diversos lugares, nos distintos
grupos sociais, nas diferentes épocas e nas diversas situações. O uso de uma dada variante
linguística confere uma identidade ao falante, porque o inclui num grupo (social, histórico ou
situacional) bem específico. A variação pode ser considerada, dessa maneira, inerente ao
fenômeno linguístico.
Na construção do texto, saber utilizar adequadamente as diferentes variantes
linguísticas pode servir como recurso argumentativo, pois aumenta ou diminui o poder de
persuasão daquele que fala.

123
Por exemplo, falar ou escrever com correção pode funcionar para impor respeito e dar
credibilidade ao que está sendo dito. No entanto, apesar da grande importância da norma culta,
ela não serve para todas as circunstâncias. Há ocasiões em que o uso da linguagem formal é
inadequado, como em uma conversa de bar chamar o amigo de vossa senhoria.
Tal situação também pode ser verificada nos diferentes tipos de texto. O texto
dissertativo de caráter científico, por exemplo, exige o uso da norma culta. Já em narrativas de
caráter literário, é possível usar dialetos regionais, sociais ou gírias para que se ajustem às
condições dos personagens e sirvam para caracterizar o lugar de onde procedem ou sua classe
social.
Não se pode afirmar, portanto, que exista um padrão de linguagem superior em termos
absolutos: a situação concreta de comunicação é que determina a forma da linguagem mais ou
menos eficiente. Dessa forma, o uso da linguagem adequada a cada situação é uma das
qualidades do bom usuário do idioma.

Exercício comentado

Leia o texto a seguir.

Gente humilde
Tem certos dias em que eu penso em minha gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Feito um desejo de eu viver sem me notar
Igual a como quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem vindo de trem de algum lugar
E aí me dá como uma inveja dessa gente
Que vai em frente sem nem ter com quem contar.
(...)
(BUARQUE, Chico; MORAES, Vinícius de; GAROTO.
LP “Véu da Noiva”, Som Livre, 1969.)

(Port./Fev2014/Q.15)

Na canção “Gente Humilde”, encontramos algumas marcas de oralidade, como se vê nas


expressões “tem certos dias”, “feito um desejo” e “eu muito bem”. Os compositores se valem
dessas expressões para

A) poderem ser entendidos pelas pessoas humildes que a canção focaliza.


B) darem mais autenticidade à cena de simplicidade retratada pela canção.
C) mostrarem a variedade linguística estigmatizada pela sociedade letrada.
D) construírem uma imagem altruísta de valorização das pessoas tematizadas na
canção.

124
E) registrarem a linguagem típica das pessoas sem escolaridade personificadas na
canção.

RESPOSTA: B

A) Errado. As marcas de oralidade não indicam que a canção é direcionada às pessoas


humildes.
B) Correto. As marcas de oralidade podem servir como recurso dos autores para darem
mais autenticidade à cena de simplicidade retratada pela canção.
C) Errado. As marcas de oralidade não indicam, na canção, uma intenção de defender uma
variedade linguística estigmatizada.
D) Errado. As marcas de oralidade não produzem um efeito de valorização das pessoas, e
sim de autenticidade.
E) Errado. As marcas de oralidade não equivalem à fala das pessoas sem escolaridade.

Linguagem denotada e linguagem figurada

Além de escolher entre mecanismos que criam efeitos de objetividade ou subjetividade,


e utilizar adequadamente a variante linguística de acordo com a situação de uso, o falante deve,
ainda, no âmbito dos recursos linguísticos, conhecer os efeitos de sentido alcançados pela
utilização da linguagem denotada ou da linguagem figurada. Algumas breves considerações
sobre a teoria dos signos ajudam a entender a diferença entre elas.
As palavras são signos linguísticos, compostos por significante e significado. O
significante pode ser entendido como os sons quando pronunciamos uma palavra, ou as letras,
quando a escrevemos. O significado é o ideia ou conceito formado na mente do falante. Observe
o signo a seguir:

125
Um termo ou palavra, além de seu significado básico, pode vir acrescido de outros
significados paralelos, carregados de valores afetivos, positivos ou negativos. O significado
literal, “ao pé da letra”, é chamado de sentido denotativo, também conhecido como o sentido
do dicionário. Sobreposto ao significado denotativo, implanta-se o significado conotativo, que
consiste em uma camada adicional de sentido, que mantém, de alguma forma, relação com o
sentido denotativo. Observe a figura a seguir:

No signo apresentado, o significante “pneu” tem como significado denotado, segundo o


dicionário Houaiss, “aro ou cobertura de borracha que reveste a roda de diversos veículos e que
é inflado por ar comprimido”. O significado conotado, ou o sentido figurado ou metafórico de
“pneu” é a gordura excessiva que se localiza na cintura. É importante notar que ambos os
sentidos guardam uma relação de similaridade, pois a palavra “pneu” no sentido conotado
remete, imageticamente, ao aro de borracha utilizado em carros.

126
Sentido Sentido
Denotado é o significado da Conotado é o sentido paralelo ao
expressão literal, “ao significado da palavra,
pé da letra”. Também além do denotativo. É
conhecida como o o sentido metafórico
sentido do dicionário. ou figurado.

Em termos argumentativos, o tipo de linguagem utilizada ajuda a construir efeitos de


sentidos no texto. Por exemplo, em um texto estritamente científico, a linguagem denotada cria
o efeito de objetividade e imparcialidade desejado. Assim, em um texto de astronomia, “lua”
significa “satélite da Terra” e não “o astro dos loucos e enamorados”, como poderia significar
em um poema. No enunciado científico, os vocábulos devem ter somente um sentido.
Por outro lado, a exploração do valor conotativo ou metafórico das palavras pode ser
utilizada para conferir expressividade ao texto. O melhor exemplo são os poemas, nos quais a
linguagem metafórica é levada ao extremo, e a percepção dos vários sentidos possíveis de uma
mesma palavra não só é desejável, como é fundamental para seu entendimento.
É importante destacar, contudo, que não é somente nos poemas que o sentido figurado
das palavras é utilizado. Frequentemente, utilizamos palavras ou expressões em sentido
metafórico e nem percebemos. Em textos argumentativos, quando o sentido conotado das
palavras é utilizado, o texto torna-se mais expressivo, pois o termo utilizado em sentido figurado
chama a atenção para o que está sendo dito. Dessa forma, a linguagem metafórica contribui
para a persuasão, pois todos os mecanismos que fazem o leitor prestar atenção à mensagem
colaboram para que ela seja transmitida de maneira mais eficaz.

Exercício comentado

Em contagem regressiva para os grandes eventos esportivos, o Brasil enfrenta uma série de
desafios para cumprir exigências. Mas uma das mais importantes é driblar a barreira do idioma
no que diz respeito ao atendimento a turistas que vão invadir nosso país. De olho nesse filão,
grandes redes de escolas de idiomas desenvolveram cursos rápidos, voltados para profissionais
das áreas de hotelaria, comércio, restaurantes e serviços. A ideia é oferecer aulas com o mínimo

127
necessário para que o diálogo entre empresas e clientes evolua para algo além da mímica ou do
“inglês macarrônico”. Com a iniciativa, os cursos engordam o caixa e ampliam presença não só
nas cidades-sede das competições.

(Port./Jun2014/Q.12)

Avalie cada uma das afirmativas a seguir como verdadeira (V) ou falsa (F).

( ) A linguagem figurada permeia todo o texto.


( ) Os cursos apresentam dois objetivos: acabar com o “inglês macarrônico” e engordar os caixas.
( ) Na primeira frase, o “Brasil” se refere às instituições públicas brasileiras.
( ) Na segunda frase, há uma linguagem figurada que remete ao futebol.

A sequência correta é

A) F F F F.
B) F V V F.
C) V F F V.
D) V F V V.
E) V V V V.

RESPOSTA: C

(V) A linguagem figurada permeia todo o texto.


Expressões como “driblar a barreira” e “os cursos engordam o caixa” são exemplos de linguagem
figurada.

(F) Os cursos apresentam dois objetivos: acabar com o “inglês macarrônico” e engordar os
caixas.
“Engordar os caixas”, embora seja um efeito desejável para os donos das escolas, não aparece
no texto como objetivo dos cursos.

(F) Na primeira frase, o “Brasil” se refere às instituições públicas brasileiras.


O Brasil refere-se não só às instituições públicas, mas também a todos os brasileiros.

(V) Na segunda frase, há uma linguagem figurada que remete ao futebol.


A expressão “driblar a barreira” é uma linguagem figurada que remete ao futebol.

Figuras de linguagem

No âmbito da conotação dos sentidos, existem as figuras de linguagem, que são


recursos linguísticos utilizados para ampliar e ressaltar significados e efeitos de sentido. A seguir,
são exemplificadas as principais.

 Antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se


opõem pelo sentido.

128
“Tristeza não tem fim
Felicidade sim” (Vinícius de Morais)

 Paradoxo: utiliza ideias opostas simultaneamente. É uma oposição mais


complexa, na qual as ideias costumam se fundir.
“Tudo em Silvano é viva morte”

 Ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-


se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
“Que beleza, hein?” (ao reprimir uma criança)

 Eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; para
suavizar alguma afirmação desagradável.
“Ele enriqueceu por meios ilícitos”. (em vez de “ele roubou”)

 Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.


“Estou morrendo de fome”. (em vez de “estou com muita fome”)

 Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados


predicativos que são próprios de seres animados.
“Os prédios são altos e se espreitam traiçoeiramente com binóculos na
sombra” (Rubem Braga)

 Metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do


habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o
sentido figurado. A metáfora é uma comparação em que o conectivo
comparativo fica subentendido.
“Sua boca é um cadeado.” (Chico Buarque)

 Metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, na


qual há alguma relação lógica entre os termos (parte pelo todo).
“Gosto de ler Machado de Assis”. (autor no lugar da obra)

129
ATENÇÃO!!!
Quando o falante se desvia
do padrão para alcançar uma
maior expressividade,
ocorrem as figuras de
linguagem
Quando o desvio se dá pelo EXEMPLOS DE VÍCIOS DE LINGUAGEM
não conhecimento da norma
culta, ocorrem os vícios de • Cacófato: consiste no “mau” som produzido pela
linguagem junção de palavras (“Paguei três reais por cada”).
• Pleonasmo: consiste na repetição desnecessária
de uma ideia. (“Tenho que descer lá embaixo.”)
• Ambiguidade: ocorrência de mais de um sentido
para uma palavra, frase ou expressão ("São Paulo
pega Palmeiras sem dois atacantes")

Exercício comentado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Escrever romances não adula a vaidade, nem sequer momentaneamente. À diferença


do diretor de cinema, do pintor ou do músico, que podem observar a reação de alguns
espectadores diante de suas obras e inclusive ouvir seus aplausos, o romancista não vê seus
leitores lendo seu livro nem assiste à sua aprovação, emoção ou complacência. Se tem a sorte
de vender muitos exemplares, talvez poderá se consolar com um número, despersonalizado e
abstrato como todos os números, por mais alto que seja, e além disso deverá saber que
compartilha esse tipo de cifra e de consolo com os seguintes autores: chefs de cozinha que
divulgam suas receitas, biógrafos escandalosos de celebridades com cabeça de vento,
futurólogos que usam correntes, colares e até capas, filhas maledicentes de atrizes, colunistas
fascistas que veem o fascismo por toda parte menos em si mesmos, tolos arrogantes que dão
lições de maneiras, bem como outras figuras tão eminentes quanto.

(MARÍAS, J. Sete razões para não escrever romances e uma para escrevê-los.
Folha de São Paulo, 27 de julho de 2014, Caderno Ilustríssima, p. 3.)

(Port./Jun2015/Q.4)

130
Assinale a alternativa em que o adjetivo sublinhado foi empregado pelo autor com sentido
irônico.

A) “biógrafos escandalosos”.
B) “filhas maledicentes”.
C) “colunistas fascistas”.
D) “tolos arrogantes”.
E) “outras figuras tão eminentes quanto”.

RESPOSTA: E

A) Não há ironia no uso do adjetivo.


B) Não há ironia no uso do adjetivo.
C) Não há ironia no uso do adjetivo.
D) Não há ironia no uso do adjetivo.
E) Há ironia no uso do adjetivo. O autor usa a palavra “eminente” para significar
justamente seu contrário, ou seja, ele considera todas as pessoas citadas como
irrelevantes, que não possuem qualidade ou importância.

Uso de tempos e modos verbais

O último tópico a ser tratado em relação aos recursos argumentativos de competência


linguística diz respeito ao uso de modos e tempos verbais. O modo verbal pode ser definido como
o uso de inflexões verbais que permitem expressar uma atitude em relação ao que se quer dizer.
Dessa forma, por meio do modo verbal utilizado, é possível perceber se o falante pretende
declarar algo como fato, desejo, ou comando.
Os três modos verbais, seus usos e exemplos estão descritos na tabela a seguir

Modos verbais
Indicativo Subjuntivo Imperativo
Transmite certeza, Transmite dúvida, incerteza, Transmite ordem, pedido,
convicção. possibilidade. solicitação, conselho.
Eu corro todos os dias. Talvez eu corra na próxima Corra, pois você está
competição. atrasado.

Além disso, analogamente às palavras e expressões, é possível afirmar que os tempos


verbais também podem ser utilizados em um sentido diferente do seu sentido original. Alguns
autores chamam esse fenômeno de sentido metafórico dos tempos verbais, em oposição ao seu
sentido literal. Independentemente da nomenclatura, o fato é que os tempos verbais podem ser

131
utilizados para expressar um sentido básico, que falantes facilmente reconhecem como seu
sentido original, ao mesmo tempo em que podem ser utilizados em um sentido especial, para
criar algum efeito persuasivo.
Por exemplo, o tempo presente exprime, em seu sentido básico, um processo
simultâneo ao ato de fala, como mostra a frase a seguir:
A criança está agora com a mãe.
É possível perceber, contudo, que, às vezes, o tempo presente é utilizado em frases em
que o evento ocorre no passado, ou mesmo no futuro, como mostram os exemplos seguintes
Em 1914 eclode a 1ª Guerra Mundial.
Amanhã eu resolvo tudo.
Nos dois exemplos apresentados, embora os verbos estejam no tempo presente, no
primeiro, o verbo eclodir refere-se a algo que aconteceu no passado; e no segundo, o verbo
resolver refere-se a um evento que acontecerá no futuro.
Tais usos metafóricos dos tempos verbais são importantes em termos argumentativos
porque criam efeitos de sentido que fortalecem a orientação argumentativa de quem fala. Ao
usar o verbo no presente com referência a um evento futuro, como em amanhã eu resolvo tudo,
o emissor da mensagem exprime um sentido de certeza, de que ele realmente fará o que
propõe. É um efeito de sentido com característica persuasiva, uma vez que o emissor usa o
tempo verbal para inspirar no receptor uma ideia que lhe é favorável.
Nas tabelas a seguir, estão listados alguns tempos verbais, seus sentidos básicos e seus
principais usos especiais.

Presente do Indicativo
“Um relâmpago corta o céu.”

Sentido original: Descrever processos verbais que se desenvolvem simultaneamente ao


momento em que se fala ou escreve

Sentido derivado (não literal, figurado, Exemplo


metafórico)
Expressar processos habituais e regulares Aos sábados, nossa banda se apresenta na
cantina da Faculdade.
Expressar verdades universais O quadrado da hipotenusa é igual à soma do
quadrado dos catetos.
Narrar fatos passados, conferindo-lhes Em 17 de dezembro de 1989, o povo brasileiro
atualidade. É o chamado “presente elege diretamente o presidente da República.
histórico”

132
Indicar um fato futuro próximo e de Viajo na próxima semana.
realização tida como certa
Utilizado com valor imperativo, o presente Vinícius, agora você se comporta direitinho.
constitui uma forma delicada e familiar de
pedir ou ordenar alguma coisa

Pretérito perfeito do indicativo


“O funcionário assumiu o cargo com muitos problemas já existentes.”

Sentido original: Exprimir os processos verbais concluídos e localizados num momento ou


período definido do passado

Sentido derivado (não literal, figurado, Exemplo


metafórico)
Utilizado com valor de futuro, adquire efeito Meu time já ganhou o jogo de hoje à noite.
de sentido de absoluta certeza.

Pretérito imperfeito do indicativo


“A princesa esperava pelo príncipe.”

Sentido original: transmitir uma ideia de continuidade, de processo que no passado era
constante ou frequente.

Sentido derivado (não literal, figurado, Exemplo


metafórico)
Usado no lugar do presente do indicativo, Queria pedir a vocês que prestem atenção.
denota cortesia (em vez de “quero pedir...”)

Futuro do presente do indicativo


“As notas finais sairão na próxima semana.”

Sentido original: expressa processos tidos como certos ou prováveis, mas que ainda não se
realizaram no momento em que se fala.

Sentido derivado (não literal, figurado, Exemplo


metafórico)
Valor imperativo, com tom enfático e Não furtarás!
categórico
Usado com valor de presente, exprime A empresa terá hoje filiais em umas 100
dúvida cidades.

133
Futuro do pretérito do indicativo
“Muito tempo depois, chegaria a sensação de fracasso.”

Sentido original: expressa processos posteriores ao momento passado a que nos estamos
referindo

Sentido derivado (não literal, figurado, Exemplo


metafórico)
Usado com valor de presente, exprime Eu gostaria de um café, por favor.
modéstia ou cerimônia.
Expressar dúvida sobre fatos passados Estariam lá mais de cinquenta mil
manifestantes.

Exercício comentado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Não fique tanto tempo no escritório


Trabalhar menos pode melhorar o resultado
Na área privada, a Treehouse, uma startup de ensino online na Flórida, adotou a semana
de trabalho de quatro dias úteis, dando folga aos 75 funcionários a partir de sexta-feira. O
sistema vem dando bons resultados, segundo seu CEO, Ryan Carson. A tese é de que o período
maior de folga atrai mão de obra qualificada. Além disso, a semana de trabalho mais curta obriga
os funcionários a ter maior produtividade – porque as tarefas continuam as mesmas. A
Treehouse já conquistou 70 mil usuários e arrecadou US$ 13 milhões com investidores.
Em artigo para a revista Foreign Policy, o economista Charles Kenny fornece argumentos
para a redução de jornada: na atual economia do conhecimento, a produtividade gera mais
riqueza do que horas trabalhadas. Segundo Kenny, 40 anos de estudos mostram que as pessoas
trabalham com mais afinco se tiverem limitado seu tempo para realizar a tarefa.

(NOGUEIRA, Paulo Eduardo, Revista ÉPOCA NEGÓCIOS, junho de 2014, p. 18.)

Considere o excerto a seguir.

“A tese é de que o período maior de folga atrai mão de obra qualificada. Além disso, a semana
de trabalho mais curta obriga os funcionários a ter maior produtividade – porque as tarefas
continuam as mesmas. ”

(Port./Fev2015/Q. 9)

Se o autor tivesse usado todas as formas verbais sublinhadas no passado (atraiu, obrigou e
continuaram), qual seria o efeito?

A) O sentido de verdade universal pretendido pelo autor ficaria reduzido ao caso da


Treehouse.
B) O autor estaria evidenciando resultados que deveriam ser evitados por outras
empresas.

134
C) O autor estaria recomendando que outras empresas deveriam alcançar tais
resultados.
D) O autor estaria enaltecendo os administradores da Treehouse.
E) O sentido pretendido pelo autor permaneceria inalterado.

RESPOSTA: A

A) Correto. A alternativa explica com precisão o efeito de sentido pretendido com o uso do
presente do indicativo, que não poderia ser verificado nos verbos conjugados no
passado.
B) Errado. Não seria possível alcançar tal sentido pela substituição dos tempos vernais.
C) Errado. Não seria possível verificar a recomendação com o uso do passado.
D) Errado. Não haveria tal efeito com o uso do passado.
E) Errado. Conforme explicado na alternativa A, haveria mudança de sentido.

135
Lista de exercícios de provas anteriores

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Ao contrário do que comumente se acredita, o desempenho dos países em


desenvolvimento no período em que o estado dominou o desenvolvimento foi superior ao que
eles alcançaram durante o período subsequente de reforma voltada para o mercado. Houve
alguns fracassos grandiosos da intervenção estatal, mas quase todos esses países cresceram
muito mais rápido, com uma distribuição de renda mais equitativa e com um número bem
menor de crises financeiras, durante os “maus dias do passado” do que o fizeram no período
das reformas voltadas para o mercado. Além disso, também não é verdade que quase todos os
países ricos tenham ficado ricos por meio de políticas de livre mercado. A verdade é mais ou
menos o oposto. Com apenas algumas exceções, todos os países ricos de hoje, entre eles a Grã-
Bretanha e os Estados Unidos – os supostos lares do livre comércio e do livre mercado – ficaram
ricos por meio da combinação do protecionismo, subsídios e outras políticas que hoje eles
aconselham os países em desenvolvimento a não adotar. As políticas de livre mercado tornaram
poucos países ricos até agora e poucos ficarão ricos por causa dela no futuro.

(CHANG, Ha-Joo. 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo.


São Paulo: Cultrix, 2013, p. 100.)

Observe o comentário a seguir.

O tradutor utilizou, entre aspas, a expressão “maus dias do passado” como tradução de “the
bad old days” (também entre aspas no texto original). Em inglês, a expressão alude ironicamente
à expressão cristalizada em inglês “the good old days” (“os bons velhos tempos”). Traduzida, a
expressão “maus dias do passado” perde essa alusão irônica.

1. (Port. /Fev2014/Q.5)

Assinale a única alternativa adequada.

A) O comentário está inteiramente correto.


B) O comentário está correto, com a ressalva de que não há “alusão irônica”.
C) O comentário está parcialmente correto. A expressão “maus dias do passado”
contém a mesma alusão irônica, já que em português existe a frase feita “os bons
dias do passado”.
D) O comentário está equivocado. A questão central é que, se o tradutor tivesse usado
entre aspas a tradução “maus velhos tempos”, o leitor inevitavelmente a associaria
à expressão oposta “bons velhos tempos”, já que ambas são frases feitas em
português.
E) O comentário está inteiramente equivocado. As expressões “maus dias do passado”
e “bad old days” se equivalem semanticamente e se acham entre aspas por serem
citações – sem conotação de ironia – de frases feitas em inglês e em português.

2. (Port./Jun2014/Q.9)

CAPRICÓRNIO – O mês começa sob certa tensão e influenciado pela Lua minguante em Áries,
que vai fazer com que você pare para refletir sobre questões que envolvem a família e sua vida

136
doméstica. Uma mudança de casa pode estar entre suas reflexões, assim como a aquisição de
um novo imóvel. Vênus em Leão e em tenso aspecto com Saturno tem movimentado seu mundo
emocional. Pode ter havido alguma mudança em um relacionamento ou mesmo a finalização de
uma fase que tem feito você pensar mais seriamente sobre escolhas feitas e que ainda deve
fazer.
(Disponível em: http://www.vitrinenews.com.br. Acesso em: 10 jan. 2012.)

Considere as seguintes assertivas sobre o texto acima.

I. Algumas escolhas lexicais e os tempos verbais empregados são recursos que


tornam as previsões praticamente infalíveis.
II. O texto pressupõe uma interação e proximidade entre o leitor e o escritor.
III. Nas duas ocorrências de “você”, são motivações externas que incitam a ação do
leitor.

É (são) corretas(s):

A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Uma era politicamente comum


Há que se tomar cuidado com o politicamente correto. Ele avança a passos largos, está
sempre à espreita, ataca quando menos se espera e outros lugares-comuns. O politicamente
correto nasceu nos Estados Unidos, como em geral acontece com tudo quanto é besteira bolada
no sentido de não ofender ninguém e eleger um mínimo de pessoas. O nome diz tudo:
politicamente. Quer dizer, tem urna na jogada. Correto, correção. Ou seja, fazer o que parece
ser o mais expediente no sentido de chegar a qualquer nível de poder.

(LESSA, Ivan. O luar e a rainha. São Paulo: Companhia da Letras, 2005, p. 21.)

3. (Port./Set2014/Q.1)

Assinale a alternativa que apresenta o único comentário incorreto.

A) O autor é claramente contrário ao politicamente correto.


B) O autor critica o politicamente correto como artifício para alcançar poder.
C) O autor concebe o politicamente correto como mais uma tolice norte-americana.
D) O autor adota um estilo que oscila entre a linguagem padrão e a linguagem
coloquial.
E) O autor critica o uso de lugares-comuns, como elementos empobrecedores de um
texto.

4. (Port./Set2014/Q.2)

137
As expressões semanticamente equivalentes “Quer dizer” e “Ou seja” foram empregadas pelo
autor para

A) atenuar o ponto de vista do autor.


B) esclarecer passagens obscuras do texto.
C) contrastar com as afirmações anteriores a elas.
D) desviar a atenção do leitor do foco central do texto.
E) explicitar uma ideia que poderia passar despercebida pelo leitor.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Tudo o que eu queria era entender por que os indianos que conheci estavam tirando o
trabalho dos americanos, por que haviam se tornado uma referência tão importante no campo
da terceirização de serviços e tecnologia da informação dos EUA e outros países industrializados.
Colombo dispunha de mais de cem homens em seus três navios; eu contava com uma equipe
do canal de televisão Discovery Times, pequena o bastante para acomodar-se confortavelmente
em duas vans sucateadas, com motoristas indianos que dirigiam descalços. Ao embarcar,
também eu acreditava que a Terra era redonda, mas o que encontrei na verdadeira Índia abalou
profundamente a minha fé. Colombo foi parar na América por acidente, achando que havia
descoberto uma parte da Índia; eu estive na Índia, mas muitas das pessoas que lá conheci mais
pareciam americanas. Algumas chegaram a adotar nomes americanos, enquanto outras
reproduziam à perfeição o sotaque americano nos call centers e as técnicas americanas de
gerenciamento nos laboratórios de software.
Colombo informou seus soberanos de que a Terra era redonda – e entrou para a história
como o autor dessa constatação. Quando voltei para casa compartilhei apenas com a minha
esposa a minha descoberta, e num sussurro: “Querida”, confidenciei, “acho que o mundo é
plano”.
(FRIEDMAN, Thomas. O mundo é plano: uma breve história do século XXI.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 13.)

5. (Port./Set2014/Q.6)

Assinale a alternativa que indica o único comentário incorreto a respeito do paralelo que o autor
apresenta entre a sua viagem e a de Colombo.

A) Tanto Friedman como Colombo partiram objetivando idêntico destino geográfico.


B) Na constatação de Colombo, a palavra “redonda” é empregada em sentido
conotativo, figurado; na constatação de Friedman, a palavra “plano” é empregada
em sentido denotativo, literal.
C) Ao partirem, Colombo e Friedman tinham a mesma convicção: a Terra é redonda;
ao regressarem, apenas Friedman questionou essa convicção.
D) Colombo chegou à América e pensou ter encontrado indianos; Friedman chegou à
Índia e encontrou muitas pessoas que pareciam americanas.
E) Friedman contrasta a quantidade de pessoas e o meio de transporte das duas
viagens: a sua com uma reduzida equipe em duas vans mal conservadas; a de
Colombo com mais de cem pessoas em três navios.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Dito e feito

138
Não deixa de ser uma estranha sensação, esta de me ver mais uma vez reaparecendo
regularmente em jornal. É uma espécie do palco, ou picadeiro, em que me exponho, faço
cabriolas e gatimonhas, executo as pelotiquices de costume.
Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenho feito outra coisa. Andei como
um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando, como se fosse pela primeira
vez.
E agora aqui estou, realmente pela primeira vez neste jornal. Começar é sempre difícil,
deixa a gente meio sem jeito, não sabendo o que dizer, como no início de um namoro: dá licença
de falar com você? posso acompanhá-la? E pronto: admitida a abordagem, que dizer agora?
Pois então, sejam minhas primeiras palavras um rápido improviso de saudação aos
leitores, um abraço aos novos colegas, lembranças aos meus familiares – e vamos em frente.

(SABINO, Fernando. Livro aberto. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 458.)

6. (Port./Set2014/Q.12)

A tarefa de escrever em jornal ou revista é comparada pelo cronista a um palco e a um início de


namoro. O que justifica, respectivamente, essas duas comparações?

A) A exposição pública e a timidez.


B) O aplauso da plateia e a insegurança.
C) O impacto da mídia e a autoconfiança.
D) A necessidade de espaço e o galanteio.
E) A confiança pessoal e o cavalheirismo.

7. (Port./Set2014/Q.13)

Há uma marca de oralidade na seguinte passagem da crônica:

A) “E agora aqui estou, realmente pela primeira vez neste jornal. ”


B) “Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenho feito outra coisa. ”
C) “...um abraço aos novos colegas, lembranças aos meus familiares – e vamos em
frente. ”
D) “Não deixa de ser uma estranha sensação, esta de me ver mais uma vez
reaparecendo regularmente em jornal. ”
E) “Andei como um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando,
como se fosse pela primeira vez.”

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Uma variedade linguística vale o que valem na sociedade os seus falantes, isto é, vale
como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais. Esta
afirmação é válida, evidentemente, em termos “internos”, quando confrontamos variedades de
uma mesma língua, e em termos “externos” pelo prestígio das línguas no plano internacional.

(GNERRE, Maurizio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 6-7)

8. (Port./Set2014/Q.15)

139
Para o autor do texto, que tipo de relação se pode estabelecer entre uma variedade linguística
e os seus falantes?

A) Toda variedade linguística tem falantes que vivem em sociedade numa relação
harmoniosa.
B) Dependendo do valor dos falantes na sociedade, sua variedade linguística é mais
respeitada.
C) Dependendo do valor da variedade linguística, os falantes são mais respeitados na
sociedade.
D) Independentemente do valor da variedade linguística, todo falante tem de ser
respeitado na sociedade.
E) Independentemente do valor dos falantes na sociedade, toda variedade linguística
tem a mesma importância cultural.

9. (Port./Set2014/Q.16)

Ao dizer que a sua afirmação é válida em termos “internos” e em termos “externos”, o autor

A) pressupõe idiossincrasias linguísticas de mesma natureza.


B) combina aspectos internacionais com aspectos socioculturais.
C) agrupa situações de natureza subjetiva e de natureza reflexiva.
D) equipara variedades de uma mesma língua e línguas diferentes.
E) considera o panorama mundial como uma decorrência das questões nacionais.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

O ataque dos minúsculos gigantes


Naquela fria tarde de dezembro de 1799, quando George Washington sentiu pela
primeira vez a garganta irritada, deve ter percebido que mesmo ele, o senhor de Mount Vernon,
o primeiro presidente dos Estados Unidos, vencedor do exército britânico na guerra pela
independência norte-americana, podia estar diante de um inimigo que não conseguiria derrotar.

(JEANETTE, Farrell. A assustadora história das pestes e epidemias. São Paulo: Ediouro, 2003, p.
19.)

10. (Port./Fev2015/Q.1)

Ao enunciar o segmento “vencedor do exército britânico na guerra pela independência norte-


americana”, o autor teve como principal objetivo apresentar uma

A) desqualificação.
B) contraposição.
C) qualificação.
D) informação.
E) louvação.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir.

Pausa
Na pauta das horas há um instante de grave, serena pausa...

140
É quando o último grilo parou de cantar...
E ainda não começou o canto do primeiro pássaro...

(QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. São Paulo: Globo, 2007, p. 248.)

11. (Port./Fev2015/Q.6)

Assinale a alternativa que apresenta o único comentário incorreto.

A) A palavra “pausa” abrange as ideias de silêncio e descanso.


B) Segundo o autor, há um instante de pausa solene e tranquila.
C) Os pares de palavras “último”/”parou” e “começou”/”primeiro” desmarcam os
limites da pausa.
D) As palavras “grilo” e “pássaro” se associam respectiva e semanticamente às ideias
de noite e manhã.
E) A expressão “pauta das horas” traduz a ideia de musicalidade do tempo, reforçada
pelo emprego das palavras “pausa”, “cantar” e “canto”.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Exagero? Se você se recusa a ler ou escrever porque acha chato, inútil, obsoleto ou por
qualquer outro motivo, faça o seguinte teste: tente explicar, no duro, qual é realmente a
diferença entre você e um analfabeto – além, naturalmente, da capacidade de ler letreiros,
assinar seu nome num pedaço de papel e outras miudezas. Vamos ver quem consegue.
A maré está na vazante. A substituição do alfabeto por sinais como “rsrsrs” ou “kkkkk”,
por exemplo, adiantou alguma coisa para melhorar os índices atuais de inteligência ou de
cultura? Não parece. O tempo ganho com essa economia ortográfica não resultou no aumento
da produtividade mental de ninguém – não levou à produção de mais ideias, digamos, ou de
ideias melhores do que as que vemos por aí. Esse tipo de conquista, que aumenta o volume do
som, mas não melhora a voz do cantor, só confunde ainda mais linha divisória entre
alfabetizados e analfabetos. Eis aí mais um fenômeno da vida moderna: a universalização da
ignorância.
Não deveria ser assim. Como todos sabem, a “mobilidade”, a “nuvem”, a comunhão
entre 1 bilhão de pessoas numa rede social e outras conquistas extremas da “conectividade”
provocaram uma “revolução dentro da revolução” e outros prodígios. Não se consegue traduzir
direito essa linguagem para o português comum; só nos garantem que a internet vem fazendo
cair cada vez mais as barreiras entre quem tem e quem não tem “conhecimento”. Mas a
impressão é que tais barreiras podem estar caindo do lado errado – ou seja, os que têm
conhecimento vão ficando cada vez mais parecidos com os que não têm.

(GUZZO, J. R. Revista VEJA, n° 2377, 11/06/2014, p. 100-1.)

12. (Port./Fev2015/Q.14)

O jornalista constrói parte de sua argumentação valendo-se do seguinte recurso retórico:

A) provocar o leitor com frases agressivas.


B) propor perguntas para ele mesmo responder.
C) fazer citações para reforçar seus argumentos.
D) usar a ironia como estratégia de convencimento.

141
E) desviar o foco da narrativa com comentários supérfluos.

13. (Port./Fev2015/Q. 15)

Qual das alternativas contém dois exemplos de economia ortográfica que não serviriam para
reforçar os argumentos do jornalista?

A) vc – ñ (=você & não).


B) blz – q (=beleza & que).
C) pq – td (=porque & tudo).
D) etc. – zzzz (=etcétera & dormindo).
E) prof. – tel. (=professor & telefone).

14. (Port./Fev2015/Q. 17)

Qual das seguintes passagens do texto pode ser usada para exemplificar como o emprego da
linguagem figurada pode servir na construção argumentativa?

A) Não parece (§ 2).


B) Não deveria ser assim (§ 3).
C) A maré está na vazante (§ 2).
D) Vamos ver quem consegue (§ 1).
E) Eis aí mais um fenômeno da vida moderna (§ 2).

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Petrópolis – Chuva ajuda a acabar com incêndio na Serra


A chuva forte registrada na região serrana durante a madrugada de segunda-feira
ajudou a pôr fim ao incêndio que atingia o local nos últimos dias, segundo o comandante do
Corpo de Bombeiros da região, coronel Roberto Robadey. Graças a esse auxílio, a corporação e
o Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio) consideraram extinto o
incêndio.
Os primeiros focos foram registrados no dia 7, devido à seca. O coronel explicou que a
cobertura vegetal das encostas foi destruída, aumentando os riscos de deslizamentos em caso
de chuva prolongada.
De acordo com o governo do estado, mais de 2,6 mil hectares de floresta foram
destruídos no episódio no Parque Nacional de Araras e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
Cerca de 600 bombeiros participaram da operação.

(Jornal do Commercio: 21/10/2014, p. A-7)


15. (Port./Jun2015/Q.12)

Ao escrever que “mais de 2,6 mil hectares de floresta foram destruídos no episódio no Parque
Nacional de Araras e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos”, o jornalista empregou a palavra
“episódio”

A) de modo irônico, comparando o ocorrido com cenas de filmes ou seriados.


B) de maneira enfática, atribuindo mais dramaticidade aos acontecimentos contidos
na notícia.

142
C) em aspecto metafórico, deixando subentendida a ideia de que novos incêndios
ainda ocorrerão.
D) com o sentido de acontecimento, fato, evento, a fim de evitar a repetição da palavra
“incêndio”.
E) com valor denotativo, sem se referir especificamente ao incêndio, mas incluindo-o
em seu escopo.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Contradição pode ser apenas aparente


Uma prova de português pediu aos candidatos que explicassem o paradoxo contido em
um texto de Rubem Braga. Na anedota contada pelo autor, o riso do leitor é provocado pela
aparente contradição enunciada por um garçom lusitano que, ao ouvir a conversa de dois
brasileiros num restaurante lisboeta, lhes indaga: “Que raio de língua é essa que estão aí a falar,
que eu percebo tudo? ”.
Ora, o paradoxo é uma figura de pensamento que consiste em afirmar algo que, apesar
de parecer contraditório, é verdadeiro. O garçom de Rubem Braga, ao perguntar “que raio
língua” era aquela, revelou esta diante de um idioma desconhecido, mas, ao dizer que percebia
tudo, demonstrou reconhecê-lo. (...)
Absurdo? Apenas aparentemente, pois, embora seja uma só língua, o português
manifesta-se de modo diverso no Brasil e em Portugal. As diferenças entre os falares são
patentes – estão na pronúncia, na escolha vocabular, na sintaxe, etc. Daí a estranheza e a
familiaridade sentidas simultaneamente pelo garçom. Camões, no conhecido soneto em que
tenta definir o amor, enreda-se em uma sequência de paradoxos: “Amor é fogo que arde sem
se ver/ É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina
sem doer”. E, ao final, conclui, perguntando: “Mas como causar pode seu favor/ Nos corações
humanos amizade, / Se tão contrário a si é o mesmo Amor? ”.
A resposta cabe a quem já se tiver emaranhado nas lides amorosas...

(CAMARGO, T.N. Folha de São Paulo: 05/06/2003, Caderno FOVEST, p.5 – adaptado)

16. (Port./Jun2015/Q.14)

Assinale a alternativa que apresenta o único comentário incorreto sobre o texto.

A) Os versos de camões citados pela autora se constroem a partir de uma sucessão de


paradoxos.
B) O texto afirma que o paradoxo é um absurdo apenas aparente, pois sempre pode
ser explicado.
C) O paradoxo é uma figura de pensamento porque só é entendido depois de
prolongada reflexão.
D) A autora propõe que os leitores experientes respondam à pergunta contida no
poema de Camões.
E) A pergunta do garçom aos dois fregueses revela sua pouca familiaridade com a fala
de brasileiros.

17. (Port./Jun2015/Q.15)

Na situação narrada por Rubem Braga, o paradoxo está no fato

143
A) de haver muitas diferenças entre a maneira brasileira e a maneira portuguesa de
usar a língua.
B) de a língua falada pelos brasileiros ser, a um só tempo, conhecida e desconhecida
do garçom.
C) de o garçom não querer admitir que os brasileiros falam a língua portuguesa de
modo pelicular.
D) de os brasileiros gostarem de provocar os portugueses com um vocabulário
carregado de gírias.
E) de os portugueses não aceitarem que os brasileiros falem a língua portuguesa de
um jeito próprio.

18. (Port./Jun2015/Q.16)

Ao recorrer ao paradoxo, o redator de um texto, seja literário, seja informativo, se vale de um


argumento muito importante na construção de sua mensagem. Assinale a única alternativa em
que não ocorre um paradoxo.

A) “Falhei em tudo. / Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada”
(Fernando Pessoa).
B) “Eu sou um moço velho / Que já viveu muito / Que já sofreu tudo / E já morreu
cedo” (Sílvio César)
C) “Tire o seu sorriso do caminho / Que eu quero passar com a minha dor” (Nélson
Cavaquinho e Guilherme de Brito)
D) “A explosiva descoberta / Ainda me atordoa. / Estou cego e vejo. / Arranco os olhos
e vejo” (Carlos Drummond de Andrade)
E) “Eu possa me dizer do amor que tive: / Que não seja imortal, posto que é chama /
Mas que seja infinito enquanto dure” (Vinícius de Moraes)

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Uma de cada vez


Ao assistir a filmes americanos envolvendo jornalistas, você notará a diferença. Quando
surge na tela uma entrevista coletiva, cada repórter dispara uma única pergunta, curta e
objetiva, que obriga o entrevistado a fazer "gulp" antes de responder. Agora compare isto com
as coletivas dos nossos repórteres de TV. (...)
Nossos repórteres não se contentam com uma pergunta simples e direta. Sentem-se na
obrigação de enriquecê-la, desdobrá-la e acrescentar elementos. Com isso, só a tornam confusa,
e o entrevistado responde o que quiser.
Eu sugeriria que, antes da coletiva, nossos repórteres se entendessem. Todos teriam
direito a duas perguntas. Mas uma de cada vez. E com uma condição: além de curtas e objetivas,
elas sempre deveriam terminar por um ponto de interrogação.

(CASTRO, Ruy. Folha de São Paulo, 18 de março de 2015, caderno Opinião, p. 2.)

19. (Port./Set2015/Q.41)

Em "... cada repórter dispara uma única pergunta, curta e objetiva... ", o autor poderia ter usado
"faz'' no lugar de "dispara" sem prejuízo do entendimento, mas com alteração semântica, já que
"dispara" tem a carga conotativa da velocidade de um projétil atirado.

144
A afirmação acima é

A) parcialmente correta e não argumentada.


B) totalmente correta, mas mal argumentada.
C) totalmente equivocada e não argumentada.
D) totalmente correta e devidamente argumentada.
E) parcialmente correta e parcialmente argumentada.

20. (Port./Set2015/Q.43)

"Eu sugeriria que, antes da coletiva, nossos repórteres se entendessem."

O emprego do futuro do pretérito ("sugeriria") tem o valor de

A) ironia.
B) polidez.
C) incerteza.
D) probabilidade.
E) superioridade.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Lago Azul
Eu inventei uma saudade
enorme
para sofrer.
Eu desenhei uma lágrima
quente
para chorar.
Com a saudade conversei
baixinho
para esquecer ...
Mas para a lágrima eu não dei
a face
para escorrer.
Falei com a saudade.
Ela me disse o que não era meu.
Contei à lágrima.
Ela secou e não me respondeu.

(ADALCINDA. Antologia Poética. Belém: Ceiup, 1995. p. 224)

21. (Port./Set2015/Q.44)

Os interlocutores do enunciador restringem-se

A) à saudade, pois a lágrima não lhe deu resposta.


B) à lágrima, pois a saudade frustrou sua expectativa.
C) à saudade e à lágrima, que se mostraram solidárias.
D) à saudade e à lágrima, com prioridade para a saudade.

145
E) nem à saudade nem à lágrima, pois são seres inanimados.

22. (Port./Set2015/Q.46)

Apresentam-se a seguir quatro afirmações que pretendem comprovar como a escritora associa
significados que, se entendidos literalmente, gerariam estranhamento.

I. Inventar uma saudade enorme associa os aspectos sentimental e espacial.


II. Desenhar uma lágrima quente associa os aspectos visual e tátil.
III. Conversar baixinho para esquecer associa os aspectos oral e religioso.
IV. Negar a face para a lágrima escorrer associa os aspectos irônico e aflitivo.

Quais das afirmações são coerentes com o que diz o texto?

A) Apenas as duas primeiras.


B) Apenas as duas últimas.
C) Apenas as afirmações pares.
D) Apenas as afirmações ímpares.
E) Todas as quatro afirmações.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Sobre a humanidade em tempos sombrios: reflexões sobre Lessing


[discurso proferido por ocasião da aceitação do Prêmio Lessing da Cidade Livre de Hamburgo,
em 1959]

A distinção conferida por uma cidade livre e um prêmio que traz o nome de Lessing constituem
uma grande homenagem. Reconheço que não sei como vim a recebê-la e ainda não me foi
inteiramente fácil chegar a um acordo sobre ela. Ao dizê-lo, posso ignorar totalmente a delicada
questão de mérito. Quanto a isso, as homenagens nos dão uma convincente lição de modéstia,
pois pressupõem que não nos cabe julgar nossos próprios méritos da mesma forma como
julgamos os méritos e realizações de outras pessoas. Em relação a prêmios, o mundo fala
abertamente, e se aceitamos o prêmio e expressamos nossos agradecimentos, só podemos fazê-
lo ignorando-nos a nós mesmos e agindo totalmente dentro do quadro de nossa atitude em
relação ao mundo, em relação a um mundo e a um público a quem devemos o espaço onde
falamos e somos ouvidos.
(ARENDT, Hannah. São Paulo: Cia. das Letras, 2008, p. 10.)

Nota - O poeta e dramaturgo alemão Gotthold Ephraim Lessing (1729-1781) é considerado um


dos maiores representantes do Iluminismo, conhecido também por sua crítica ao
antissemitismo e defesa do livre pensamento e tolerância religiosa.

23. (Port./Set2015/Q.48)

O trecho "ignorando-nos a nós mesmos", usado na frase final do texto, caracteriza um caso de

A) redundância condicionada pelo contexto.


B) liberdade poética típica da literatura.
C) exagero retórico desnecessário.
D) desvio vicioso e inexpressivo.

146
E) repetição enfática e estilística.
]
24. (Port./Set2015/Q.49)

Observe o seguinte trecho, extraído da frase final do texto: " ... se aceitamos o prêmio e
expressamos nossos agradecimentos ...". Esse fragmento mostra o emprego de duas formas
verbais no presente do indicativo, sendo correto afirmar que

A) ambas estão nesse tempo porque a autora retrata uma situação concreta de
confirmação dos dois atos.
B) a hipótese representada pelos dois verbos ficaria prejudicada se eles estivessem
escritos em outro tempo.
C) a ideia condicional pretendida estaria mais bem construída se os verbos fossem
"aceitarmos" e "expressarmos".
D) as formas "aceitamos" e "expressamos" se referem a uma situação concluída antes
do discurso de agradecimento.
E) haveria ambiguidade se a autora confirmasse a possibilidade de aceitar o prêmio e
expressar seus agradecimentos.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Há rapazes e moças que já estão com 25 anos de idade, às vezes mais, e nunca
escreveram nada na vida. Redigir mais de 100 palavras em seguida, por exemplo, deixa um
executivo de primeira linha exausto, como se tivesse acabado de escrever Os Lusíadas, de Luís
de Camões.
A grande maioria dos brasileiros que completam o curso superior sai da universidade
com dificuldades extremas para conectar entre si os diversos mecanismos cerebrais que
permitem ao ser humano comunicar-se por escrito; contentam-se em ser “o animal que fala",
como Aristóteles descrevia o homem primitivo.
A maneira realmente moderna de encarar a leitura é medir a sua utilidade com uma
pergunta-chave: "Ler para quê?". Hoje em dia é possível ficar sabendo qualquer coisa, em
qualquer lugar e a qualquer hora- da data da Batalha de Tuiuti ao dia do aniversário de Cate
Blanchett. Qual a necessidade de saber as respostas antes de serem feitas as perguntas? É um
modo de encarar a vida - não é preciso mais aprender, basta chamar o Google. É errado pensar
assim? Com certeza é melancólico.
Todas as vezes em que você perceber que está ao lado da maioria, é hora de fazer uma
pausa e pensar um pouco.
GUZZO, L. R. Revista VEJA, n.2377, 11 jun. 2014, p. 100-1.

25. (Port./Fev2016/Q.37)

Na frase final do texto, o autor emprega uma construção sintática adequada à variedade
linguística denominada "língua padrão". Assinale a alternativa que apresenta uma reescritura
dessa frase igualmente adequada a essa variedade linguística.

A) Toda vez que você estiver ao lado da maioria, faça uma pausa e pense um pouco.
B) Sempre que você perceber estar ao lado da maioria, faça uma pausa e pense um
pouco.
C) Sempre em que você perceber estar ao lado da maioria, faça uma pausa e pense um
pouco.

147
D) Todas as ocasiões em que você sentir a maioria ao seu lado, faça uma pausa e pense
um pouco.
E) Em todas as ocasiões que você notar estar ao lado da maioria, faça uma pausa e
pense um pouco.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Todos nós, pesquisadores e professores, estamos acostumados a ler textos; afinal, fazer
parte de uma comunidade acadêmica implica estar a par dos acontecimentos e das ideias em
circulação para que possamos nos posicionar e contribuir. Durante os últimos cinco anos tive a
possibilidade de fazer isso de maneira muito especial. Sem saber quem escrevia (nosso processo
de desk review é feito sem a indicação de autoria), li mensalmente algo entre 30 e 40 artigos
escritos por pessoas das mais variadas disciplinas e áreas de atuação, usando métodos de análise
distintos, sobre tópicos que seus autores consideravam relevantes e importantes em nosso
campo. Foi uma experiência que me deixou bastante otimista sobre o caminho de nosso campo;
aprendi muito sobre muitas áreas distintas e a vocês autores deixo meu profundo muito
obrigado.

SPINK, P. K. Editorial. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 49, n. 6, p. 1351-


1352, nov. dez. 2015. Excerto.

26. (Port./Fev2016/Q.39)

Assinale a alternativa que apresenta uma análise adequada do uso da primeira pessoa do plural
("nós") no texto.

A) O uso da primeira pessoa do plural é inclusivo e, em todas as ocorrências, "nós" e os


verbos nessa pessoa se referem especificamente ao editor e aos pesquisadores e
professores em geral.
B) O uso da primeira pessoa do plural é exclusivo e, em todas as ocorrências, "nós" e os
verbos nessa pessoa se referem exclusivamente aos leitores da revista, que são
pesquisadores e professores.
C) O uso da primeira pessoa do plural é admissível, porém inadequado; em se tratando
de textos no meio acadêmico, o ideal seria optar por uma linguagem formal e
impessoal.
D) O uso da primeira pessoa do plural é adequado para gerar uma proximidade entre
o autor e o leitor, conforme se pode verificar em todas as instâncias do texto.
E) O uso da primeira pessoa do plural é indiscriminado; além do editor, refere-se: ora
a pesquisadores em geral; ora a pesquisadores da área; ora a revista; ora a seus
leitores; ora a seus autores.

27. (Port./Fev2016/Q.40)

A passagem entre parênteses "nosso processo de desk review é feito sem a indicação de autoria"
cumpre o propósito de

A) explicitar a falta de conhecimento do editor.


B) justificar a leitura de mais de 30 artigos por mês.
C) explicar por que Spink desconhecia a autoria dos artigos.
D) apontar que se trata de uma passagem irrelevante do texto.

148
E) avaliar o fato de Spink não saber quem escrevia os artigos.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Foram incluídas na análise três variáveis demográficas de controle: idade, sexo e tempo
na área. Variáveis demográficas são habitualmente selecionadas para esse fim, dado o seu
potencial efeito nas percepções e experiências dos indivíduos, como é o caso dos construtos
avaliados nesta pesquisa (Atinc, Simmering e Kroll, 2011; Spector e Brannick, 2010). As três
variáveis de controle utilizadas neste estudo foram inseridas em todas as avaliações das relações
causais previstas no modelo proposto.
As hipóteses propostas no artigo foram avaliadas com técnicas estatísticas de equações
estruturais baseadas em Partial Least Squares (PLS). Diferentemente do método de equações
estruturais baseado em covariâncias (Structural Equation Modeling - SEM), o PLS utiliza os dados
coletados para estimar os efeitos propostos que maximizem a variância total explicada na
amostra. Entre as vantagens do método em relação ao SEM, destacam-se a possibilidade de se
trabalhar com amostras menores do que as tipicamente exigidas ao método baseado em
covariância, é a robustez em relação a violações da premissa de normalidade multivariada, e
multicolinearidade entre e em blocos de variáveis manifestas, e a problemas de especificação
do modelo de equações estruturais (Chin, 2010). Para realizar analises, empregou-se o software
SmartPLS v. 2.0.M3 (Ringle, Wende e Will, 2014).

CAYAZOTTE, F. S. C. N.; MORENO JR., V. A.; TURANO, L. M. Cultura de aprendizagem contínua,


atitudes e desempenho no trabalho: uma comparação entre empresas do setor público e
privado. Revista de Administração Pública [on-line], v. 49, n. 6, p. 1555-1578, 2015. Excerto.

28. (Port./Fev2016/Q.44)

Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma análise incorreta do texto.

A) Implicitamente é apresentada uma justificativa para o uso do método PLS.


B) A expressão “para esse fim” provavelmente significa "para o fim de controle".
C) Existe ambiguidade em "0 PLS utiliza os dados coletados para estimar os efeitos".
D) Idade é uma variável com potencial efeito nas percepções e experiências dos
indivíduos.
E) O uso de verbos no presente é inadequado por romper o paralelismo com as
sentenças no passado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Visitante noturno
O inseto apareceu sobre a mesa como todos os insetos: silencioso e sem se fazer
anunciar. E sem que se atinasse por que motivo escolhera aquele pouso. Não parecia bicho da
noite, desses que não podem ver lâmpada acesa, e logo se aproximam, fascinados. Era uma
coisinha insignificante, encolhida sobre o papel e ali disposta, aparentemente, a passar o resto
de sua vida mínima, sem explicação, sem sentido para ninguém
6 Ninguém? O homem, que tem o hábito de ficar altas horas entre papéis e livros, sentiu-
lhe a presença e pensou imediatamente em esmagar o intruso. Chegou a mover a mão. Não o
mataria com os dedos, mas com outra folha de papel.
Deteve-se. Não seria humano liquidar aquele bichinho só porque estava em lugar
indevido, sem fazer mal nenhum. Inseto nocivo? Talvez. Mas sua ignorância em entomologia
11
149
não lhe dava chance de decidir entre a segurança e a injustiça. E na dúvida, era melhor deixar
viver aquilo, que nem nome tinha para ele. Com que direito aplicaria pena de morte a um
desconhecido infinitamente desprovido de meios sequer para reagir, quanto mais para explicar-
se?
O inseto parecia pouco ligar para ele, juiz autonomeado e algoz em perspectiva. Dormia
ou modorrava sobre a mesa literária, indiferente, simplesmente. (...) Uma ternura imprevista
17 brotou no homem pelo animálculo que momentos antes pensara em destruir. Como se alguém
viesse de longe para vê-lo, fazer-lhe companhia, em sua noite de trabalho. Não conversava, não
incomodava, era uma questão apenas de estar à sua frente, imóvel, em secreta comunhão. Ele
fora o escolhido de um inseto, que poderia ter voado para outro apartamento, onde houvesse
outra vigília de escrevedor de coisas, mas aquela fora a casa de sua preferência.
A menos que o acaso determinasse aquele encontro. Era possível. (...)

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boca de Luar. São Paulo: Cia. Das Letras, 2014,
p. 13-14 – Excerto adaptado.)

29. (Port./Jun2016/Q.5)

O emprego da palavra “juiz” no trecho “O inseto parecia pouco ligar para ele, juiz autonomeado
e algoz em perspectiva.” (linha 15) é justificado nesse contexto porque tem a finalidade de

A) reforçar sua função literal.


B) denotar um traço do inseto.
C) exprimir uma significação fortuita.
D) metaforizar o papel do personagem.
E) desfazer uma possível ambiguidade.

30. (Port./Jun2016/Q.6)

Sobre a palavra “animálculo” (linha 17), é correto dizer que

A) o escritor insinua que os insetos fazem cálculos para atingir seus alvos.
B) o diminutivo escolhido pelo escritor tem valor expressivo no contexto da crônica.
C) o objetivo do escritor ao empregá-la é questionar a importância do inseto invasor.
D) o personagem não tinha afeição alguma pelo pequeno animal que pousara em sua
mesa.
E) o fato de ser sinônima de “animalzinho” mostra o tom pejorativo de sua presença
no texto.

31. (Port./Jun2016/Q.7)

O uso do adjetivo “literária” como qualificador do substantivo “mesa” (linha 16) revela o
seguinte recurso de linguagem:

A) O apuro da expressão literária com a finalidade de tornar menos inteligível a


sequência narrativa.
B) A ironia e a crítica atribuídas ao papel que a palavra “mesa” desempenha na
construção do sentido.
C) A transferência para a palavra “mesa” de uma qualificação que, na verdade, se
refere ao personagem da crônica.

150
D) A equiparação entre o objeto e a pessoa, já que ambos têm relação inequívoca com
o adjetivo “literária”.
E) O uso de uma licença poética que permite ao escritor contrariar a lógica da realidade
em detrimento da clareza.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Estudantes de graduação em Ciências Sociais Aplicadas, notadamente em


Administração, têm se reunido em torno de empresas juniores, uma estratégia que lhes permite
aliar a teoria aprendida no curso superior com as habilidades provenientes da atuação prática.
Nesse contexto, a aprendizagem pode ocorrer por meio de modalidades mais aderentes a uma
abordagem individual-cognitivista, como treinamento, leitura de textos e acesso a bancos de
dados, ou por meio de modalidades oriundas de uma abordagem de cunho socioprático, como
comunidades de prática, mentoria, treinamento on-the-job e interações casuais. O objetivo do
presente trabalho é identificar qual abordagem qual abordagem traz uma maior contribuição ao
aprendizado dos empresários juniores. Para tanto, foi utilizada uma metodologia quantitativa,
com aplicação de 118 questionários a estudantes de 14 Estados do Brasil, seguida de análise
fatorial exploratória e regressão multivariada. Os principais resultados indicam que as
modalidades oriundas da abordagem socioprática possibilitam um maior aprendizado, com
destaque para a mentoria, que pode ser de professores ou de colegas mais experientes, como a
modalidade mais eficaz.

(DOS-SANTOS, M. G.; PEREIRA, F. A.; SOUZA-SILVA, J. C.; RIVERA-CASTRO, M. A.


Aprendizagem socioprática e individual-cognitiva na empresa júnior brasileira. RAEP -
Administração: Ensino e Pesquisa, Rio de Janeiro, v. 16, n. 15, p. 309, abr.-jun. 2015.
Excerto adaptado.)

32. (Port./Jun2016/Q.10)

Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma análise incorreta da
linguagem e de elementos do texto.

A) Existe ocorrência de estrangeirismo no texto.


B) A linguagem utilizada no texto é formal, o que é condizente com o tipo de texto
(acadêmico).
C) O uso do tempo presente na última sentença do texto sinaliza uma possível
generalização dos resultados.
D) O uso da voz passiva em “foi utilizada” (penúltima sentença) permitiu omitir o
agente da ação, que provavelmente são os próprios autores do texto.
E) Tanto “Nesse contexto” (segunda sentença) quanto “Para tanto” (penúltima
sentença) são dispensáveis no texto e sua omissão não acarreta alteração de
sentido.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Arte para rir


Platão não gostava de imitação, mas seu discípulo Aristóteles gostava. O processo
mimético, para a filosofia platônica, era falso, a imitação da imitação. Já o pensamento
aristotélico admitia essa e outras possibilidades, talvez antevendo a estética paródica do pintor

5
151
paulista Nelson Leimer, que, aos 83 anos, não se cansa de fazer rir com sua arte, cujo alvo é
sempre o cânone visual ocidental, de Leonardo Da Vinci a Duchamp.
Essas são apenas duas de suas vítimas preferenciais na exposição Traduções: Nelson
Leimer, Leitor dos Outros e de Si Mesmo, que será aberta nesta terça-feira, dia 1°., às 20 horas,
na Galeria Vermelho, com curadoria da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz. As
outras vítimas atendem pelos nomes de Joseph Beuys, Damien Hirst, William Kentridge, Matisse,
Mondrian e Velázquez.
11 Para cada um deles Leimer reservou uma sala, não como um tributo aos artistas, mas
como uma tradução particular de suas obras universais. Citando o velho ditado italiano que
equipara o tradutor a um traidor (“traduttore traditore”), a curadora adianta que essa tradução
visual é livre e pode até trair o original, o que acontece de fato.
Leimer é um legítimo “trouble maker”, na linha do dadaísta Duchamp: já empalhou um
16 porco e mandou o animal para um salão de arte, em Brasília, em plena ditadura (1967). O júri
(do qual fazia parte o respeitado crítico Mario Pedrosa) aceitou o trabalho. Leimer ficou
indignado e interpelou o júri. Como, então, aceitam um porco numa exposição de arte? Bem, o
urinol de Duchamp não foi legitimado como obra de arte? Porque não um porco?
“Leimer tira a sacralidade da obra de arte, a aura de peça única”, diz a curadora Lilia
21 Schwarcz. E acentua: “o humor corrosivo de Leimer é uma janela para enxergar a arte de outra
perspectiva.”

(GONÇALVES FILHO, Antonio. Arte para rir: Nelson Leimer abre mostra paródica com ícones,
de Da Vinci a Duchamp. O Estado de São Paulo, 01 de setembro de 2015, Caderno 2, p. C8 –
Excerto adaptado.)

33. (Port./Jun2016/Q.13)

O jornalista, no segundo parágrafo, nos apresenta as “vítimas preferenciais” (linha 6) e “as


outras vítimas” (linha 9) do pintor paulista. Ao usar a palavra “vítimas”, o redator

A) mostrou uma opinião negativa ao tipo de pintura feito pelo artista.


B) valeu-se da linguagem conotativa para dar a essa palavra o significado de “alvo”.
C) colocou a obra do pintor paulista num patamar equivalente ao dos grandes artistas.
D) enfatizou o sentido dessa palavra para valorizar as obras de arte propriamente ditas.
E) associou a produção de obras imitativas ao trabalho similar de tradutores e
humoristas.

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
A E E E B A C B D B A B E C D C B C D B

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33
D A E A B E C E D B C E B

152
Exercícios de provas anteriores comentados

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Ao contrário do que comumente se acredita, o desempenho dos países em


desenvolvimento no período em que o estado dominou o desenvolvimento foi superior ao que
eles alcançaram durante o período subsequente de reforma voltada para o mercado. Houve
alguns fracassos grandiosos da intervenção estatal, mas quase todos esses países cresceram
muito mais rápido, com uma distribuição de renda mais equitativa e com um número bem
menor de crises financeiras, durante os “maus dias do passado” do que o fizeram no período
das reformas voltadas para o mercado. Além disso, também não é verdade que quase todos os
países ricos tenham ficado ricos por meio de políticas de livre mercado. A verdade é mais ou
menos o oposto. Com apenas algumas exceções, todos os países ricos de hoje, entre eles a Grã-
Bretanha e os Estados Unidos – os supostos lares do livre comércio e do livre mercado – ficaram
ricos por meio da combinação do protecionismo, subsídios e outras políticas que hoje eles
aconselham os países em desenvolvimento a não adotar. As políticas de livre mercado tornaram
poucos países ricos até agora e poucos ficarão ricos por causa dela no futuro.

(CHANG, Ha-Joo. 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo.


São Paulo: Cultrix, 2013, p. 100.)

Observe o comentário a seguir.

O tradutor utilizou, entre aspas, a expressão “maus dias do passado” como tradução de “the
bad old days” (também entre aspas no texto original). Em inglês, a expressão alude ironicamente
à expressão cristalizada em inglês “the good old days” (“os bons velhos tempos”). Traduzida, a
expressão “maus dias do passado” perde essa alusão irônica.

1. (Port. /Fev2014/Q.5)

Assinale a única alternativa adequada.

A) O comentário está inteiramente correto.


B) O comentário está correto, com a ressalva de que não há “alusão irônica”.
C) O comentário está parcialmente correto. A expressão “maus dias do passado”
contém a mesma alusão irônica, já que em português existe a frase feita “os bons
dias do passado”.
D) O comentário está equivocado. A questão central é que, se o tradutor tivesse usado
entre aspas a tradução “maus velhos tempos”, o leitor inevitavelmente a associaria
à expressão oposta “bons velhos tempos”, já que ambas são frases feitas em
português.
E) O comentário está inteiramente equivocado. As expressões “maus dias do passado”
e “bad old days” se equivalem semanticamente e se acham entre aspas por serem
citações – sem conotação de ironia – de frases feitas em inglês e em português.

RESPOSTA: A

153
A) Correto. O comentário é preciso, porque como não temos em português a expressão
“bons dias do passado”, não faria sentido utilizar “maus dias do passado” para ressaltar
a ironia.
B) Errado. No texto original em inglês, há, de fato, uma alusão irônica feita a partir da
expressão cristalizada “the good old days”.
C) Errado. Não existe em português existe a frase feita “os bons dias do passado”.
D) Errado. Embora haja, em português, a expressão “velhos tempos” (e não “bons velhos
tempos”), não temos a frase feita “maus velhos tempos”.
E) Errado. A ironia está presente no texto em inglês.

2. (Port./Jun2014/Q.9)

CAPRICÓRNIO – O mês começa sob certa tensão e influenciado pela Lua minguante em Áries,
que vai fazer com que você pare para refletir sobre questões que envolvem a família e sua vida
doméstica. Uma mudança de casa pode estar entre suas reflexões, assim como a aquisição de
um novo imóvel. Vênus em Leão e em tenso aspecto com Saturno tem movimentado seu mundo
emocional. Pode ter havido alguma mudança em um relacionamento ou mesmo a finalização de
uma fase que tem feito você pensar mais seriamente sobre escolhas feitas e que ainda deve
fazer.
(Disponível em: http://www.vitrinenews.com.br. Acesso em: 10 jan. 2012.)

Considere as seguintes assertivas sobre o texto acima.

I. Algumas escolhas lexicais e os tempos verbais empregados são recursos que


tornam as previsões praticamente infalíveis.
II. O texto pressupõe uma interação e proximidade entre o leitor e o escritor.
III. Nas duas ocorrências de “você”, são motivações externas que incitam a ação do
leitor.

É (são) corretas(s):

A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.

RESPOSTA: E

I. Correto. O uso de itens lexicais como “certa” e “alguma” indica que as afirmações foram
atenuadas, ou seja, não são categóricas. A locução verbal formada pelo modalizador
“pode” + infinitivo “ter” + o particípio “havido” é outro indicativo de que o autor deseja
diminuir a assertividade de suas afirmações.
II. Correto. O uso do pronome de tratamento “você” revela a interação e proximidade entre
leitor e escritor.
III. Correto. Na primeira ocorrência, a motivação é a influência da Lua minguante em Áries.
Na segunda ocorrência, a motivação é alguma possível mudança em um relacionamento
ou mesmo a finalização de uma fase.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

154
Uma era politicamente comum
Há que se tomar cuidado com o politicamente correto. Ele avança a passos largos, está
sempre à espreita, ataca quando menos se espera e outros lugares-comuns. O politicamente
correto nasceu nos Estados Unidos, como em geral acontece com tudo quanto é besteira bolada
no sentido de não ofender ninguém e eleger um mínimo de pessoas. O nome diz tudo:
politicamente. Quer dizer, tem urna na jogada. Correto, correção. Ou seja, fazer o que parece
ser o mais expediente no sentido de chegar a qualquer nível de poder.

(LESSA, Ivan. O luar e a rainha. São Paulo: Companhia da Letras, 2005, p. 21.)

3. (Port./Set2014/Q.1)

Assinale a alternativa que apresenta o único comentário incorreto.

A) O autor é claramente contrário ao politicamente correto.


B) O autor critica o politicamente correto como artifício para alcançar poder.
C) O autor concebe o politicamente correto como mais uma tolice norte-americana.
D) O autor adota um estilo que oscila entre a linguagem padrão e a linguagem
coloquial.
E) O autor critica o uso de lugares-comuns, como elementos empobrecedores de um
texto.

RESPOSTA: E

A) Correto. Os trechos “Há que se tomar cuidado com o politicamente correto”, “como em
geral acontece com tudo quanto é besteira bolada no sentido de não ofender ninguém”
confirmam que o autor é claramente contrário ao politicamente correto.
B) Correto. O trecho “Ou seja, fazer o que parece ser o mais expediente no sentido de
chegar a qualquer nível de poder” mostra a crítica ao politicamente correto como
artifício para alcançar poder.
C) Correto. O trecho “O politicamente correto nasceu nos Estados Unidos, como em geral
acontece com tudo quanto é besteira [...]” embasa a afirmação de que o autor concebe
o politicamente correto como mais uma tolice norte-americana.
D) Correto. O trecho “Ou seja, fazer o que parece ser o mais expediente no sentido de
chegar a qualquer nível de poder” é um exemplo de linguagem padrão e “tem urna na
jogada” é um exemplo de linguagem coloquial.
E) Errado. Apesar de mencionar lugares-comuns, não é possível afirmar, com base no texto,
que o autor os considera elementos empobrecedores.

4. (Port./Set2014/Q.2)

As expressões semanticamente equivalentes “Quer dizer” e “Ou seja” foram empregadas pelo
autor para

A) atenuar o ponto de vista do autor.


B) esclarecer passagens obscuras do texto.
C) contrastar com as afirmações anteriores a elas.
D) desviar a atenção do leitor do foco central do texto.

155
E) explicitar uma ideia que poderia passar despercebida pelo leitor.

RESPOSTA: E

A) Errado. As expressões não atenuam o ponto de vista do autor.


B) Errado. Não há, no texto, passagens obscuras do texto.
C) Errado. Os termos não contrastam com as afirmações anteriores a elas.
D) Errado. As expressões utilizadas não desviam a atenção do leitor do foco central do
texto.
E) Correto. Quando utilizadas, “Quer dizer” e “Ou seja” antecedem uma explicação mais
detalhada das frases anteriores a ela.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Tudo o que eu queria era entender por que os indianos que conheci estavam tirando o
trabalho dos americanos, por que haviam se tornado uma referência tão importante no campo
da terceirização de serviços e tecnologia da informação dos EUA e outros países industrializados.
Colombo dispunha de mais de cem homens em seus três navios; eu contava com uma equipe
do canal de televisão Discovery Times, pequena o bastante para acomodar-se confortavelmente
em duas vans sucateadas, com motoristas indianos que dirigiam descalços. Ao embarcar,
também eu acreditava que a Terra era redonda, mas o que encontrei na verdadeira Índia abalou
profundamente a minha fé. Colombo foi parar na América por acidente, achando que havia
descoberto uma parte da Índia; eu estive na Índia, mas muitas das pessoas que lá conheci mais
pareciam americanas. Algumas chegaram a adotar nomes americanos, enquanto outras
reproduziam à perfeição o sotaque americano nos call centers e as técnicas americanas de
gerenciamento nos laboratórios de software.
Colombo informou seus soberanos de que a Terra era redonda – e entrou para a história
como o autor dessa constatação. Quando voltei para casa compartilhei apenas com a minha
esposa a minha descoberta, e num sussurro: “Querida”, confidenciei, “acho que o mundo é
plano”.
(FRIEDMAN, Thomas. O mundo é plano: uma breve história do século XXI.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 13.)

5. (Port./Set2014/Q.6)

Assinale a alternativa que indica o único comentário incorreto a respeito do paralelo que o autor
apresenta entre a sua viagem e a de Colombo.

A) Tanto Friedman como Colombo partiram objetivando idêntico destino geográfico.


B) Na constatação de Colombo, a palavra “redonda” é empregada em sentido
conotativo, figurado; na constatação de Friedman, a palavra “plano” é empregada
em sentido denotativo, literal.
C) Ao partirem, Colombo e Friedman tinham a mesma convicção: a Terra é redonda;
ao regressarem, apenas Friedman questionou essa convicção.
D) Colombo chegou à América e pensou ter encontrado indianos; Friedman chegou à
Índia e encontrou muitas pessoas que pareciam americanas.
E) Friedman contrasta a quantidade de pessoas e o meio de transporte das duas
viagens: a sua com uma reduzida equipe em duas vans mal conservadas; a de
Colombo com mais de cem pessoas em três navios.

156
RESPOSTA: B

A) Correto. Ambos partiram para a Índia.


B) Errado. A alternativa inverte os sentidos de conotativo e denotativo. O correto seria: Na
constatação de Colombo, a palavra “redonda” é empregada em sentido denotativo,
literal; na constatação de Friedman, a palavra “plano” é empregada em sentido
conotativo, figurado.
C) Correto. Ao retornar, Colombo confirmou sua convicção de que a Terra é redonda; no
entanto Friedman questionou essa convicção ao afirmar que a Terra é plana.
D) Correto. O trecho “Colombo foi parar na América por acidente, achando que havia
descoberto uma parte da Índia; eu estive na Índia, mas muitas das pessoas que lá
conheci mais pareciam americanas” confirma a afirmação.
E) Correto. O autor faz, de fato, tal comparação.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Dito e feito
Não deixa de ser uma estranha sensação, esta de me ver mais uma vez reaparecendo
regularmente em jornal. É uma espécie do palco, ou picadeiro, em que me exponho, faço
cabriolas e gatimonhas, executo as pelotiquices de costume.
Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenho feito outra coisa. Andei como
um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando, como se fosse pela primeira
vez.
E agora aqui estou, realmente pela primeira vez neste jornal. Começar é sempre difícil,
deixa a gente meio sem jeito, não sabendo o que dizer, como no início de um namoro: dá licença
de falar com você? posso acompanhá-la? E pronto: admitida a abordagem, que dizer agora?
Pois então, sejam minhas primeiras palavras um rápido improviso de saudação aos
leitores, um abraço aos novos colegas, lembranças aos meus familiares – e vamos em frente.

(SABINO, Fernando. Livro aberto. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 458.)

6. (Port./Set2014/Q.12)

A tarefa de escrever em jornal ou revista é comparada pelo cronista a um palco e a um início de


namoro. O que justifica, respectivamente, essas duas comparações?

A) A exposição pública e a timidez.


B) O aplauso da plateia e a insegurança.
C) O impacto da mídia e a autoconfiança.
D) A necessidade de espaço e o galanteio.
E) A confiança pessoal e o cavalheirismo.

RESPOSTA: A

A) Correto. A comparação entre palco e a exposição pública pode ser vista no trecho “É uma
espécie do palco, ou picadeiro, em que me exponho”; e a comparação ente o início de
namoro e a timidez pode ser verificada no trecho “Começar é sempre difícil, deixa a
gente meio sem jeito, não sabendo o que dizer, como no início de um namoro: dá licença
de falar com você? posso acompanhá-la?”

157
B) Errado. Embora a correlação entre início de namoro e insegurança possa ser feita, o
palco a que o autor se refere não está relacionado ao aplauso da plateia.
C) Errado. Nenhuma das comparações pode ser feita.
D) Errado. Nenhuma das comparações pode ser feita.
E) Errado. Nenhuma das comparações pode ser feita

7. (Port./Set2014/Q.13)

Há uma marca de oralidade na seguinte passagem da crônica:

A) “E agora aqui estou, realmente pela primeira vez neste jornal. ”


B) “Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenho feito outra coisa. ”
C) “...um abraço aos novos colegas, lembranças aos meus familiares – e vamos em
frente. ”
D) “Não deixa de ser uma estranha sensação, esta de me ver mais uma vez
reaparecendo regularmente em jornal. ”
E) “Andei como um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando,
como se fosse pela primeira vez.”

RESPOSTA: C

A) Não há marcas de oralidade no trecho.


B) Não há marcas de oralidade no trecho
C) A expressão “vamos em frente” é considerada marca de oralidade.
D) Não há marcas de oralidade no trecho
E) Não há marcas de oralidade no trecho

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Uma variedade linguística vale o que valem na sociedade os seus falantes, isto é, vale
como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais. Esta
afirmação é válida, evidentemente, em termos “internos”, quando confrontamos variedades de
uma mesma língua, e em termos “externos” pelo prestígio das línguas no plano internacional.

(GNERRE, Maurizio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 6-7)

8. (Port./Set2014/Q.15)

Para o autor do texto, que tipo de relação se pode estabelecer entre uma variedade linguística
e os seus falantes?

A) Toda variedade linguística tem falantes que vivem em sociedade numa relação
harmoniosa.
B) Dependendo do valor dos falantes na sociedade, sua variedade linguística é mais
respeitada.
C) Dependendo do valor da variedade linguística, os falantes são mais respeitados na
sociedade.
D) Independentemente do valor da variedade linguística, todo falante tem de ser
respeitado na sociedade.

158
E) Independentemente do valor dos falantes na sociedade, toda variedade linguística
tem a mesma importância cultural.

RESPOSTA: B

A) Errado. Não é possível estabelecer tal relação a partir do texto.


B) Correto. A alternativa resume corretamente a ideia expressa no texto.
C) Errado. A alternativa inverte o que é expresso no texto. O valor da variedade linguística
depende do valor dos falantes na sociedade.
D) Errado. Não é possível verificar tal ideia no texto.
E) Errado. O texto não traz evidências para essa leitura.

9. (Port./Set2014/Q.16)

Ao dizer que a sua afirmação é válida em termos “internos” e em termos “externos”, o autor

A) pressupõe idiossincrasias linguísticas de mesma natureza.


B) combina aspectos internacionais com aspectos socioculturais.
C) agrupa situações de natureza subjetiva e de natureza reflexiva.
D) equipara variedades de uma mesma língua e línguas diferentes.
E) considera o panorama mundial como uma decorrência das questões nacionais.

RESPOSTA: D

A) Errado. Tal pressuposição não decorre da afirmação sobre fatores internos e externos.
B) Errado. Os aspectos internacionais e socioculturais não estão relacionados aos fatores
internos e externos mencionados.
C) Errado. Os fatores internos e externos não se relacionam às situações de natureza
subjetiva e de natureza reflexiva.
D) Correto. Os fatores internos equiparam variedades de uma mesma língua, e fatores
externos equiparam línguas diferentes.
E) Errado. Tal ideia não é apresentada no texto.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

O ataque dos minúsculos gigantes


Naquela fria tarde de dezembro de 1799, quando George Washington sentiu pela
primeira vez a garganta irritada, deve ter percebido que mesmo ele, o senhor de Mount Vernon,
o primeiro presidente dos Estados Unidos, vencedor do exército britânico na guerra pela
independência norte-americana, podia estar diante de um inimigo que não conseguiria derrotar.

(JEANETTE, Farrell. A assustadora história das pestes e epidemias. São Paulo: Ediouro, 2003, p.
19.)

10.(Port./Fev2015/Q.1)

Ao enunciar o segmento “vencedor do exército britânico na guerra pela independência norte-


americana”, o autor teve como principal objetivo apresentar uma

A) desqualificação.

159
B) contraposição.
C) qualificação.
D) informação.
E) louvação.

RESPOSTA: B

A) Errado. Não há nenhuma desqualificação no segmento “vencedor do exército britânico


na guerra pela independência norte-americana”
B) Correto. O segmento “vencedor do exército britânico na guerra pela independência
norte-americana” se contrapõe ao segmento “inimigo que não conseguiria derrotar.”
C) Errado. Embora “qualificação” seja uma definição adequada para “vencedor do exército
britânico na guerra pela independência norte-americana”, o objetivo do autor ao
enunciar tal segmento não era o de simplesmente expressar uma qualificação, mas fazer
uma contraposição com “inimigo que não conseguiria derrotar.”
D) Errado. Da mesma forma que a alternativa anterior, embora “informação” seja uma
definição adequada para “vencedor do exército britânico na guerra pela independência
norte-americana”, o objetivo do autor ao enunciar tal segmento não era o de
simplesmente expressar uma informação, mas fazer uma contraposição com “inimigo
que não conseguiria derrotar.”
E) Errado. A mesma explicação para as alternativas B e C servem para o termo “louvação”.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir.

Pausa
Na pauta das horas há um instante de grave, serena pausa...
É quando o último grilo parou de cantar...
E ainda não começou o canto do primeiro pássaro...

(QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. São Paulo: Globo, 2007, p. 248.)

11.(Port./Fev2015/Q.6)

Assinale a alternativa que apresenta o único comentário incorreto.

A) A palavra “pausa” abrange as ideias de silêncio e descanso.


B) Segundo o autor, há um instante de pausa solene e tranquila.
C) Os pares de palavras “último”/”parou” e “começou”/”primeiro” desmarcam os
limites da pausa.
D) As palavras “grilo” e “pássaro” se associam respectiva e semanticamente às ideias
de noite e manhã.
E) A expressão “pauta das horas” traduz a ideia de musicalidade do tempo, reforçada
pelo emprego das palavras “pausa”, “cantar” e “canto”.

RESPOSTA: A

A) Incorreto. Não há a ideia de descanso na palavra “pausa”


B) Correto. É o que aponta o primeiro verso.
C) Correto. De fato, no poema, os pares de palavras “último”/”parou” e
“começou”/”primeiro” desmarcam os limites da pausa.

160
D) Correto. As palavras “grilo” e “pássaro” se associam respectiva e semanticamente às
ideias de “noite” e “manhã”.
E) Correto. A alternativa resume bem a ideia central do texto e os recursos utilizados.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Exagero? Se você se recusa a ler ou escrever porque acha chato, inútil, obsoleto ou por
qualquer outro motivo, faça o seguinte teste: tente explicar, no duro, qual é realmente a
diferença entre você e um analfabeto – além, naturalmente, da capacidade de ler letreiros,
assinar seu nome num pedaço de papel e outras miudezas. Vamos ver quem consegue.
A maré está na vazante. A substituição do alfabeto por sinais como “rsrsrs” ou “kkkkk”,
por exemplo, adiantou alguma coisa para melhorar os índices atuais de inteligência ou de
cultura? Não parece. O tempo ganho com essa economia ortográfica não resultou no aumento
da produtividade mental de ninguém – não levou à produção de mais ideias, digamos, ou de
ideias melhores do que as que vemos por aí. Esse tipo de conquista, que aumenta o volume do
som, mas não melhora a voz do cantor, só confunde ainda mais linha divisória entre
alfabetizados e analfabetos. Eis aí mais um fenômeno da vida moderna: a universalização da
ignorância.
Não deveria ser assim. Como todos sabem, a “mobilidade”, a “nuvem”, a comunhão
entre 1 bilhão de pessoas numa rede social e outras conquistas extremas da “conectividade”
provocaram uma “revolução dentro da revolução” e outros prodígios. Não se consegue traduzir
direito essa linguagem para o português comum; só nos garantem que a internet vem fazendo
cair cada vez mais as barreiras entre quem tem e quem não tem “conhecimento”. Mas a
impressão é que tais barreiras podem estar caindo do lado errado – ou seja, os que têm
conhecimento vão ficando cada vez mais parecidos com os que não têm.

(GUZZO, J. R. Revista VEJA, n° 2377, 11/06/2014, p. 100-1.)

12.(Port./Fev2015/Q.14)

O jornalista constrói parte de sua argumentação valendo-se do seguinte recurso retórico:

A) provocar o leitor com frases agressivas.


B) propor perguntas para ele mesmo responder.
C) fazer citações para reforçar seus argumentos.
D) usar a ironia como estratégia de convencimento.
E) desviar o foco da narrativa com comentários supérfluos.

RESPOSTA: B

A) Errado. Embora o texto, de maneira geral, possa ser considerado agressivo, esse não
pode ser considerado um recurso retórico.
B) Correto. Como pode ser comprovado pela passagem “[...] adiantou alguma coisa para
melhorar os índices atuais de inteligência ou de cultura? Não parece”, o autor utiliza
como recurso retórico a proposição de perguntas para ele mesmo responder.
C) Errado. Não há, no referido texto, citações para reforçar seus argumentos (a citação de
Twain do texto anterior não pode ser considerada).
D) Errado. Não há ironia no texto em questão.
E) Errado. Esse não pode ser considerado um recurso retórico usado no texto.

161
13.(Port./Fev2015/Q. 15)

Qual das alternativas contém dois exemplos de economia ortográfica que não serviriam para
reforçar os argumentos do jornalista?

A) vc – ñ (=você & não).


B) blz – q (=beleza & que).
C) pq – td (=porque & tudo).
D) etc. – zzzz (=etcétera & dormindo).
E) prof. – tel. (=professor & telefone).

RESPOSTA: E

A) O exemplo serve como reforço do argumento do jornalista


B) O exemplo serve como reforço do argumento do jornalista
C) O exemplo serve como reforço do argumento do jornalista
D) O exemplo serve como reforço do argumento do jornalista
E) O exemplo NÃO serve como reforço do argumento do jornalista porque traz duas
abreviaturas registradas na língua portuguesa (prof. para professor e tel. para telefone).
As outras alternativas trazem casos de economia ortográfica, como chama o autor,
utilizada para a redução de palavras comumente utilizadas no âmbito da internet.

14.(Port./Fev2015/Q. 17)

Qual das seguintes passagens do texto pode ser usada para exemplificar como o emprego da
linguagem figurada pode servir na construção argumentativa?

A) Não parece (§ 2).


B) Não deveria ser assim (§ 3).
C) A maré está na vazante (§ 2).
D) Vamos ver quem consegue (§ 1).
E) Eis aí mais um fenômeno da vida moderna (§ 2).

RESPOSTA: C

A) Não há linguagem figurada no segmento “Não parece” (§ 2).


B) Não há linguagem figurada no segmento “Não deveria ser assim” (§ 3).
C) A expressão “A maré está na vazante”, no segundo parágrafo, é utilizada
figurativamente como recurso argumentativo.
D) Não há linguagem figurada no segmento “Vamos ver quem consegue” (§ 1).
E) Não há linguagem figurada no segmento “Eis aí mais um fenômeno da vida moderna”
(§ 2).

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Petrópolis – Chuva ajuda a acabar com incêndio na Serra


A chuva forte registrada na região serrana durante a madrugada de segunda-feira
ajudou a pôr fim ao incêndio que atingia o local nos últimos dias, segundo o comandante do
Corpo de Bombeiros da região, coronel Roberto Robadey. Graças a esse auxílio, a corporação e

162
o Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio) consideraram extinto o
incêndio.
Os primeiros focos foram registrados no dia 7, devido à seca. O coronel explicou que a
cobertura vegetal das encostas foi destruída, aumentando os riscos de deslizamentos em caso
de chuva prolongada.
De acordo com o governo do estado, mais de 2,6 mil hectares de floresta foram
destruídos no episódio no Parque Nacional de Araras e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
Cerca de 600 bombeiros participaram da operação.

(Jornal do Commercio: 21/10/2014, p. A-7)


15.(Port./Jun2015/Q.12)

Ao escrever que “mais de 2,6 mil hectares de floresta foram destruídos no episódio no Parque
Nacional de Araras e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos”, o jornalista empregou a palavra
“episódio”

A) de modo irônico, comparando o ocorrido com cenas de filmes ou seriados.


B) de maneira enfática, atribuindo mais dramaticidade aos acontecimentos contidos
na notícia.
C) em aspecto metafórico, deixando subentendida a ideia de que novos incêndios
ainda ocorrerão.
D) com o sentido de acontecimento, fato, evento, a fim de evitar a repetição da palavra
“incêndio”.
E) com valor denotativo, sem se referir especificamente ao incêndio, mas incluindo-o
em seu escopo.

RESPOSTA: D

A) Errado. Não há ironia na afirmação.


B) Errado. Não é possível atribuir mais dramaticidade aos acontecimentos contidos na
notícia pelo uso da palavra “episódio.”
C) Errado. Não está subentendida a ideia de que novos incêndios ainda ocorrerão.
D) Correto. A palavra “episódio” foi empregada, de fato, com o sentido de “acontecimento,
evento”, para evitar a repetição da palavra “incêndio”.
E) Errado. A palavra refere-se especificamente ao incêndio.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Contradição pode ser apenas aparente


Uma prova de português pediu aos candidatos que explicassem o paradoxo contido em
um texto de Rubem Braga. Na anedota contada pelo autor, o riso do leitor é provocado pela
aparente contradição enunciada por um garçom lusitano que, ao ouvir a conversa de dois
brasileiros num restaurante lisboeta, lhes indaga: “Que raio de língua é essa que estão aí a falar,
que eu percebo tudo? ”.
Ora, o paradoxo é uma figura de pensamento que consiste em afirmar algo que, apesar
de parecer contraditório, é verdadeiro. O garçom de Rubem Braga, ao perguntar “que raio
língua” era aquela, revelou esta diante de um idioma desconhecido, mas, ao dizer que percebia
tudo, demonstrou reconhecê-lo. (...)
Absurdo? Apenas aparentemente, pois, embora seja uma só língua, o português
manifesta-se de modo diverso no Brasil e em Portugal. As diferenças entre os falares são

163
patentes – estão na pronúncia, na escolha vocabular, na sintaxe, etc. Daí a estranheza e a
familiaridade sentidas simultaneamente pelo garçom. Camões, no conhecido soneto em que
tenta definir o amor, enreda-se em uma sequência de paradoxos: “Amor é fogo que arde sem
se ver/ É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina
sem doer”. E, ao final, conclui, perguntando: “Mas como causar pode seu favor/ Nos corações
humanos amizade, / Se tão contrário a si é o mesmo Amor? ”.
A resposta cabe a quem já se tiver emaranhado nas lides amorosas...

(CAMARGO, T.N. Folha de São Paulo: 05/06/2003, Caderno FOVEST, p.5 – adaptado)

16.(Port./Jun2015/Q.14)

Assinale a alternativa que apresenta o único comentário incorreto sobre o texto.

A) Os versos de camões citados pela autora se constroem a partir de uma sucessão de


paradoxos.
B) O texto afirma que o paradoxo é um absurdo apenas aparente, pois sempre pode
ser explicado.
C) O paradoxo é uma figura de pensamento porque só é entendido depois de
prolongada reflexão.
D) A autora propõe que os leitores experientes respondam à pergunta contida no
poema de Camões.
E) A pergunta do garçom aos dois fregueses revela sua pouca familiaridade com a fala
de brasileiros.

RESPOSTA: C

A) Correto. É o que se verifica nos versos de Camões citados pela autora.


B) Correto. O texto afirma que o paradoxo é um absurdo apenas aparente (“Absurdo?
Apenas aparentemente”), pois sempre pode ser explicado. (“Uma prova de português
pediu aos candidatos que explicassem o paradoxo”)
C) Errado. A definição para o paradoxo está incorreta, tampouco pode se verificada no
texto.
D) Correto. O trecho “A resposta cabe a quem já se tiver emaranhado nas lides amorosas”
comprova a afirmação.
E) Correto. A pergunta “Que raio de língua é essa que estão ai a falar, que eu percebo
tudo?” revela a pouca familiaridade do garçom com a fala de brasileiros.

17.(Port./Jun2015/Q.15)

Na situação narrada por Rubem Braga, o paradoxo está no fato

A) de haver muitas diferenças entre a maneira brasileira e a maneira portuguesa de


usar a língua.
B) de a língua falada pelos brasileiros ser, a um só tempo, conhecida e desconhecida
do garçom.
C) de o garçom não querer admitir que os brasileiros falam a língua portuguesa de
modo pelicular.

164
D) de os brasileiros gostarem de provocar os portugueses com um vocabulário
carregado de gírias.
E) de os portugueses não aceitarem que os brasileiros falem a língua portuguesa de
um jeito próprio.

RESPOSTA: B

A) Errado. A alternativa não expressa um paradoxo


B) Correto. O paradoxo consiste na simultaneidade de duas situações opostas e
verdadeiras: de a língua falada pelos brasileiros ser, a um só tempo, conhecida e
desconhecida do garçom.
C) Errado. A alternativa não expressa um paradoxo
D) Errado. A alternativa não expressa um paradoxo
E) Errado. A alternativa não expressa um paradoxo

18.(Port./Jun2015/Q.16)

Ao recorrer ao paradoxo, o redator de um texto, seja literário, seja informativo, se vale de um


argumento muito importante na construção de sua mensagem. Assinale a única alternativa em
que não ocorre um paradoxo.

A) “Falhei em tudo. / Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada”
(Fernando Pessoa).
B) “Eu sou um moço velho / Que já viveu muito / Que já sofreu tudo / E já morreu
cedo” (Sílvio César)
C) “Tire o seu sorriso do caminho / Que eu quero passar com a minha dor” (Nélson
Cavaquinho e Guilherme de Brito)
D) “A explosiva descoberta / Ainda me atordoa. / Estou cego e vejo. / Arranco os olhos
e vejo” (Carlos Drummond de Andrade)
E) “Eu possa me dizer do amor que tive: / Que não seja imortal, posto que é chama /
Mas que seja infinito enquanto dure” (Vinícius de Moraes)

RESPOSTA: C

A) Há paradoxo em “ talvez tudo fosse nada”


B) Há paradoxo em “Eu sou um moço velho”
C) Não há paradoxo na alternativa, apenas a expressão de termos opostos, mas não
simultâneos “sorriso/ dor”
D) Há paradoxo em “Estou cego e vejo”.
E) Há paradoxo em “que seja infinito enquanto dure”

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Uma de cada vez


Ao assistir a filmes americanos envolvendo jornalistas, você notará a diferença. Quando
surge na tela uma entrevista coletiva, cada repórter dispara uma única pergunta, curta e
objetiva, que obriga o entrevistado a fazer "gulp" antes de responder. Agora compare isto com
as coletivas dos nossos repórteres de TV. (...)

165
Nossos repórteres não se contentam com uma pergunta simples e direta. Sentem-se na
obrigação de enriquecê-la, desdobrá-la e acrescentar elementos. Com isso, só a tornam confusa,
e o entrevistado responde o que quiser.
Eu sugeriria que, antes da coletiva, nossos repórteres se entendessem. Todos teriam
direito a duas perguntas. Mas uma de cada vez. E com uma condição: além de curtas e objetivas,
elas sempre deveriam terminar por um ponto de interrogação.

(CASTRO, Ruy. Folha de São Paulo, 18 de março de 2015, caderno Opinião, p. 2.)

19.(Port./Set2015/Q.41)

Em "... cada repórter dispara uma única pergunta, curta e objetiva... ", o autor poderia ter usado
"faz'' no lugar de "dispara" sem prejuízo do entendimento, mas com alteração semântica, já que
"dispara" tem a carga conotativa da velocidade de um projétil atirado.

A afirmação acima é

A) parcialmente correta e não argumentada.


B) totalmente correta, mas mal argumentada.
C) totalmente equivocada e não argumentada.
D) totalmente correta e devidamente argumentada.
E) parcialmente correta e parcialmente argumentada.

RESPOSTA: D

A) Errado. A afirmação está totalmente correta..


B) Errado. A totalmente correta, e bem argumentada.
C) Errado. A afirmação está totalmente argumentada.
D) Correto. A afirmação está totalmente correta e devidamente argumentada. O autor
usou o verbo “disparar” no sentido conotado, para dar um efeito de velocidade à ação
do repórter. Caso fosse usado o verbo “fazer”, o entendimento não seria prejudicado,
ocorreria somente uma diminuição na expressividade do texto.
E) Errado. A afirmação está totalmente correta.

20.(Port./Set2015/Q.43)

"Eu sugeriria que, antes da coletiva, nossos repórteres se entendessem."

O emprego do futuro do pretérito ("sugeriria") tem o valor de

A) ironia.
B) polidez.
C) incerteza.
D) probabilidade.
E) superioridade.

RESPOSTA: B

A) Errado. Não há sentido de ironia na frase.


B) Correto. O futuro do pretérito, na frase, tem o valor de polidez.

166
C) Errado. Não há sentido de incerteza na frase.
D) Errado. O futuro do pretérito, na frase, não tem o valor de probabilidade.
E) Errado. O futuro do pretérito, na frase, não tem o valor de superioridade.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Lago Azul
Eu inventei uma saudade
enorme
para sofrer.
Eu desenhei uma lágrima
quente
para chorar.
Com a saudade conversei
baixinho
para esquecer ...
Mas para a lágrima eu não dei
a face
para escorrer.
Falei com a saudade.
Ela me disse o que não era meu.
Contei à lágrima.
Ela secou e não me respondeu.

(ADALCINDA. Antologia Poética. Belém: Ceiup, 1995. p. 224)

21.(Port./Set2015/Q.44)

Os interlocutores do enunciador restringem-se

A) à saudade, pois a lágrima não lhe deu resposta.


B) à lágrima, pois a saudade frustrou sua expectativa.
C) à saudade e à lágrima, que se mostraram solidárias.
D) à saudade e à lágrima, com prioridade para a saudade.
E) nem à saudade nem à lágrima, pois são seres inanimados.

RESPOSTA: D

A) Errado. O enunciador dirige-se à saudade (“Falei com a saudade”) e à lágrima (“Contei


à lágrima”).
B) Errado. O enunciador dirige-se à saudade (“Falei com a saudade”) e à lágrima (“Contei
à lágrima”).
C) Errado. O enunciador de fato, dirige-se à saudade e à lágrima, no entanto a lágrima não
o respondeu.
D) Correto. O enunciador dirige-se à saudade e à lágrima, com prioridade para a saudade,
como mostra o trecho “com a saudade conversei/baixinho/para esquecer/Mas para a
lágrima eu não dei/a face/para escorrer.”
E) Errado. Embora sejam seres inanimados, o enunciador dirige-se à saudade (“Falei com
a saudade”) e à lágrima (“Contei à lágrima”).

167
22.(Port./Set2015/Q.46)

Apresentam-se a seguir quatro afirmações que pretendem comprovar como a escritora associa
significados que, se entendidos literalmente, gerariam estranhamento.

I. Inventar uma saudade enorme associa os aspectos sentimental e espacial.


II. Desenhar uma lágrima quente associa os aspectos visual e tátil.
III. Conversar baixinho para esquecer associa os aspectos oral e religioso.
IV. Negar a face para a lágrima escorrer associa os aspectos irônico e aflitivo.

Quais das afirmações são coerentes com o que diz o texto?

A) Apenas as duas primeiras.


B) Apenas as duas últimas.
C) Apenas as afirmações pares.
D) Apenas as afirmações ímpares.
E) Todas as quatro afirmações.

RESPOSTA: A

I. Correto. Em “saudade enorme” há associação dos aspectos sentimental e espacial.


II. Correto. Em “[Desenhar uma lágrima]” e “quente” há associação dos aspectos visual
e tátil.
III. Errado. Não há aspecto religioso associado.
IV. Errado. Não há aspecto irônico nos versos.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Sobre a humanidade em tempos sombrios: reflexões sobre Lessing


[discurso proferido por ocasião da aceitação do Prêmio Lessing da Cidade Livre de Hamburgo,
em 1959]

A distinção conferida por uma cidade livre e um prêmio que traz o nome de Lessing constituem
uma grande homenagem. Reconheço que não sei como vim a recebê-la e ainda não me foi
inteiramente fácil chegar a um acordo sobre ela. Ao dizê-lo, posso ignorar totalmente a delicada
questão de mérito. Quanto a isso, as homenagens nos dão uma convincente lição de modéstia,
pois pressupõem que não nos cabe julgar nossos próprios méritos da mesma forma como
julgamos os méritos e realizações de outras pessoas. Em relação a prêmios, o mundo fala
abertamente, e se aceitamos o prêmio e expressamos nossos agradecimentos, só podemos fazê-
lo ignorando-nos a nós mesmos e agindo totalmente dentro do quadro de nossa atitude em
relação ao mundo, em relação a um mundo e a um público a quem devemos o espaço onde
falamos e somos ouvidos.
(ARENDT, Hannah. São Paulo: Cia. das Letras, 2008, p. 10.)

Nota - O poeta e dramaturgo alemão Gotthold Ephraim Lessing (1729-1781) é considerado um


dos maiores representantes do Iluminismo, conhecido também por sua crítica ao
antissemitismo e defesa do livre pensamento e tolerância religiosa.

23.(Port./Set2015/Q.48)

168
O trecho "ignorando-nos a nós mesmos", usado na frase final do texto, caracteriza um caso de

A) redundância condicionada pelo contexto.


B) liberdade poética típica da literatura.
C) exagero retórico desnecessário.
D) desvio vicioso e inexpressivo.
E) repetição enfática e estilística.
]
RESPOSTA: E

A) Errado. Embora a repetição do pronome seja uma redundância, ela tem uma função
enfática, e não foi condicionada pelo contexto.
B) Errado. A repetição, neste caso, não é mera liberdade poética típica da literatura, e sim
possui função estilística.
C) Errado. A repetição possui função expressiva no texto.
D) Errado. A repetição possui função expressiva no texto.
E) Correto. A repetição de pronomes nas suas formas tônica (“a nós”) e átona (“-nos”)
possui função enfática e estilística.

24.(Port./Set2015/Q.49)

Observe o seguinte trecho, extraído da frase final do texto: " ... se aceitamos o prêmio e
expressamos nossos agradecimentos ...". Esse fragmento mostra o emprego de duas formas
verbais no presente do indicativo, sendo correto afirmar que

A) ambas estão nesse tempo porque a autora retrata uma situação concreta de
confirmação dos dois atos.
B) a hipótese representada pelos dois verbos ficaria prejudicada se eles estivessem
escritos em outro tempo.
C) a ideia condicional pretendida estaria mais bem construída se os verbos fossem
"aceitarmos" e "expressarmos".
D) as formas "aceitamos" e "expressamos" se referem a uma situação concluída antes
do discurso de agradecimento.
E) haveria ambiguidade se a autora confirmasse a possibilidade de aceitar o prêmio e
expressar seus agradecimentos.

RESPOSTA: A

A) Correto. O presente do indicativo é um tempo adequado para retratar uma situação


concreta de confirmação de atos, como ocorre no texto.
B) Errado. A hipótese representada pelos dois verbos seria mantida se eles estivessem
escritos em outro tempo. No entanto, o efeito de sentido seria diferente.
C) Errado. A ideia pretendida é mantida no presente do indicativo.
D) Errado. A aceitação e expressão dos agradecimentos são ações que se constroem no
momento do discurso, e não antes dele.
E) Errado. Não haveria ambiguidade se a autora confirmasse a possibilidade de aceitar o
prêmio e expressar seus agradecimentos.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

169
Há rapazes e moças que já estão com 25 anos de idade, às vezes mais, e nunca
escreveram nada na vida. Redigir mais de 100 palavras em seguida, por exemplo, deixa um
executivo de primeira linha exausto, como se tivesse acabado de escrever Os Lusíadas, de Luís
de Camões.
A grande maioria dos brasileiros que completam o curso superior sai da universidade
com dificuldades extremas para conectar entre si os diversos mecanismos cerebrais que
permitem ao ser humano comunicar-se por escrito; contentam-se em ser “o animal que fala",
como Aristóteles descrevia o homem primitivo.
A maneira realmente moderna de encarar a leitura é medir a sua utilidade com uma
pergunta-chave: "Ler para quê?". Hoje em dia é possível ficar sabendo qualquer coisa, em
qualquer lugar e a qualquer hora- da data da Batalha de Tuiuti ao dia do aniversário de Cate
Blanchett. Qual a necessidade de saber as respostas antes de serem feitas as perguntas? É um
modo de encarar a vida - não é preciso mais aprender, basta chamar o Google. É errado pensar
assim? Com certeza é melancólico.
Todas as vezes em que você perceber que está ao lado da maioria, é hora de fazer uma
pausa e pensar um pouco.
GUZZO, L. R. Revista VEJA, n.2377, 11 jun. 2014, p. 100-1.

25.(Port./Fev2016/Q.37)

Na frase final do texto, o autor emprega uma construção sintática adequada à variedade
linguística denominada "língua padrão". Assinale a alternativa que apresenta uma reescritura
dessa frase igualmente adequada a essa variedade linguística.

A) Toda vez que você estiver ao lado da maioria, faça uma pausa e pense um pouco.
B) Sempre que você perceber estar ao lado da maioria, faça uma pausa e pense um
pouco.
C) Sempre em que você perceber estar ao lado da maioria, faça uma pausa e pense um
pouco.
D) Todas as ocasiões em que você sentir a maioria ao seu lado, faça uma pausa e pense
um pouco.
E) Em todas as ocasiões que você notar estar ao lado da maioria, faça uma pausa e
pense um pouco.

RESPOSTA: B
A questão apresenta erro conceitual

A) Errada. Embora não seja consenso entre os gramáticos, a banca considerou que após a
expressão “toda vez”, é necessário o uso da preposição “em”.
B) Correta. A alternativa está de acordo com a língua padrão.
C) Errada. O uso da preposição “em” após “sempre” é equivocado.
D) Errada.
E) Errada.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Todos nós, pesquisadores e professores, estamos acostumados a ler textos; afinal, fazer
parte de uma comunidade acadêmica implica estar a par dos acontecimentos e das ideias em
circulação para que possamos nos posicionar e contribuir. Durante os últimos cinco anos tive a
possibilidade de fazer isso de maneira muito especial. Sem saber quem escrevia (nosso processo

170
de desk review é feito sem a indicação de autoria), li mensalmente algo entre 30 e 40 artigos
escritos por pessoas das mais variadas disciplinas e áreas de atuação, usando métodos de análise
distintos, sobre tópicos que seus autores consideravam relevantes e importantes em nosso
campo. Foi uma experiência que me deixou bastante otimista sobre o caminho de nosso campo;
aprendi muito sobre muitas áreas distintas e a vocês autores deixo meu profundo muito
obrigado.

SPINK, P. K. Editorial. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 49, n. 6, p. 1351-


1352, nov. dez. 2015. Excerto.

26.(Port./Fev2016/Q.39)

Assinale a alternativa que apresenta uma análise adequada do uso da primeira pessoa do plural
("nós") no texto.

A) O uso da primeira pessoa do plural é inclusivo e, em todas as ocorrências, "nós" e os


verbos nessa pessoa se referem especificamente ao editor e aos pesquisadores e
professores em geral.
B) O uso da primeira pessoa do plural é exclusivo e, em todas as ocorrências, "nós" e os
verbos nessa pessoa se referem exclusivamente aos leitores da revista, que são
pesquisadores e professores.
C) O uso da primeira pessoa do plural é admissível, porém inadequado; em se tratando
de textos no meio acadêmico, o ideal seria optar por uma linguagem formal e
impessoal.
D) O uso da primeira pessoa do plural é adequado para gerar uma proximidade entre
o autor e o leitor, conforme se pode verificar em todas as instâncias do texto.
E) O uso da primeira pessoa do plural é indiscriminado; além do editor, refere-se: ora
a pesquisadores em geral; ora a pesquisadores da área; ora a revista; ora a seus
leitores; ora a seus autores.

RESPOSTA: E

A) Errado. O uso da primeira pessoa do plural não é inclusivo em todo o texto. Além disso,
existem, no texto, outros referentes para o pronome e os verbos nessa pessoa, além dos
citados.
B) Errado. O uso da primeira pessoa do plural não é exclusivo em todo o texto. "Nós" e os
verbos nessa pessoa não se referem exclusivamente aos leitores da revista.
C) Errado. Embora o uso da primeira pessoa do plural possa, de certa maneira, afetar a
impessoalidade do texto, não compromete a linguagem formal desejada no ambiente
acadêmico.
D) Errado. Entre outros efeitos de sentido, o uso da primeira pessoa do plural gera, de fato,
uma proximidade entre o autor e o leitor. No entanto, tal efeito não é verificado todas
as ocorrências dessa pessoa gramatical no texto.
E) Correto. O uso da primeira pessoa do plural é indiscriminado; além do editor, refere-se:
ora a pesquisadores em geral (“Todos nós, pesquisadores e professores”); ora a
pesquisadores da área (nas duas ocorrências de “nosso campo”); ora a revista (“nosso
processo de desk review é feito sem a indicação de autoria”); ora a seus leitores (sobre
tópicos que seus autores consideravam relevantes e importantes em nosso campo), ora
a seus autores. (“Foi uma experiência que me deixou bastante otimista sobre o caminho

171
de nosso campo; aprendi muito sobre muitas áreas distintas e a vocês autores deixo meu
profundo muito obrigado”).

27.(Port./Fev2016/Q.40)

A passagem entre parênteses "nosso processo de desk review é feito sem a indicação de autoria"
cumpre o propósito de

A) explicitar a falta de conhecimento do editor.


B) justificar a leitura de mais de 30 artigos por mês.
C) explicar por que Spink desconhecia a autoria dos artigos.
D) apontar que se trata de uma passagem irrelevante do texto.
E) avaliar o fato de Spink não saber quem escrevia os artigos.

RESPOSTA: C

A) Errado. A omissão da autoria é feita de maneira proposital, portanto não explicita falta
de conhecimento.
B) Errado. A omissão da autoria não está relacionada, no texto, ao número de artigos lidos.
C) Correto. A passagem tem por objetivo explicar por que Spink desconhecia a autoria dos
artigos.
D) Errado. A passagem não é irrelevante no texto.
E) Errado. A passagem não avalia o fato de Spink não saber quem escrevia os artigos, e sim
o explica.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Foram incluídas na análise três variáveis demográficas de controle: idade, sexo e tempo
na área. Variáveis demográficas são habitualmente selecionadas para esse fim, dado o seu
potencial efeito nas percepções e experiências dos indivíduos, como é o caso dos construtos
avaliados nesta pesquisa (Atinc, Simmering e Kroll, 2011; Spector e Brannick, 2010). As três
variáveis de controle utilizadas neste estudo foram inseridas em todas as avaliações das relações
causais previstas no modelo proposto.
As hipóteses propostas no artigo foram avaliadas com técnicas estatísticas de equações
estruturais baseadas em Partial Least Squares (PLS). Diferentemente do método de equações
estruturais baseado em covariâncias (Structural Equation Modeling - SEM), o PLS utiliza os dados
coletados para estimar os efeitos propostos que maximizem a variância total explicada na
amostra. Entre as vantagens do método em relação ao SEM, destacam-se a possibilidade de se
trabalhar com amostras menores do que as tipicamente exigidas ao método baseado em
covariância, é a robustez em relação a violações da premissa de normalidade multivariada, e
multicolinearidade entre e em blocos de variáveis manifestas, e a problemas de especificação
do modelo de equações estruturais (Chin, 2010). Para realizar analises, empregou-se o software
SmartPLS v. 2.0.M3 (Ringle, Wende e Will, 2014).

CAYAZOTTE, F. S. C. N.; MORENO JR., V. A.; TURANO, L. M. Cultura de aprendizagem contínua,


atitudes e desempenho no trabalho: uma comparação entre empresas do setor público e
privado. Revista de Administração Pública [on-line], v. 49, n. 6, p. 1555-1578, 2015. Excerto.

28.(Port./Fev2016/Q.44)

172
Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma análise incorreta do texto.

A) Implicitamente é apresentada uma justificativa para o uso do método PLS.


B) A expressão “para esse fim” provavelmente significa "para o fim de controle".
C) Existe ambiguidade em "0 PLS utiliza os dados coletados para estimar os efeitos".
D) Idade é uma variável com potencial efeito nas percepções e experiências dos
indivíduos.
E) O uso de verbos no presente é inadequado por romper o paralelismo com as
sentenças no passado

RESPOSTA: E

A) Correto. A passagem “Entre as vantagens do método em relação ao SEM, destacam-se


a possibilidade de se trabalhar com amostras menores” justifica a alternativa.
B) Correto. O referente do pronome “esse”, no texto, é “controle”.
C) Correto. A frase pode ser interpretada como (i) O PLS utiliza com a finalidade de estimar
efeitos [os dados coletados], ou (ii) O PLS utiliza os dados que foram coletados com a
finalidade de estimar efeitos.
D) Correto. Tal informação pode ser encontrada no início do texto.
E) Errado. O uso dos verbos no tempo presente e no tempo passado produzem diferentes
efeitos de sentido, portanto, ambos podem ser utilizados para alcançar diferentes
sentidos esperados dentro de um mesmo texto.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Visitante noturno
O inseto apareceu sobre a mesa como todos os insetos: silencioso e sem se fazer
anunciar. E sem que se atinasse por que motivo escolhera aquele pouso. Não parecia bicho da
noite, desses que não podem ver lâmpada acesa, e logo se aproximam, fascinados. Era uma
coisinha insignificante, encolhida sobre o papel e ali disposta, aparentemente, a passar o resto
de sua vida mínima, sem explicação, sem sentido para ninguém
6 Ninguém? O homem, que tem o hábito de ficar altas horas entre papéis e livros, sentiu-
lhe a presença e pensou imediatamente em esmagar o intruso. Chegou a mover a mão. Não o
mataria com os dedos, mas com outra folha de papel.
Deteve-se. Não seria humano liquidar aquele bichinho só porque estava em lugar
indevido, sem fazer mal nenhum. Inseto nocivo? Talvez. Mas sua ignorância em entomologia
11 não lhe dava chance de decidir entre a segurança e a injustiça. E na dúvida, era melhor deixar
viver aquilo, que nem nome tinha para ele. Com que direito aplicaria pena de morte a um
desconhecido infinitamente desprovido de meios sequer para reagir, quanto mais para explicar-
se?
O inseto parecia pouco ligar para ele, juiz autonomeado e algoz em perspectiva. Dormia
ou modorrava sobre a mesa literária, indiferente, simplesmente. (...) Uma ternura imprevista
17 brotou no homem pelo animálculo que momentos antes pensara em destruir. Como se alguém
viesse de longe para vê-lo, fazer-lhe companhia, em sua noite de trabalho. Não conversava, não
incomodava, era uma questão apenas de estar à sua frente, imóvel, em secreta comunhão. Ele
fora o escolhido de um inseto, que poderia ter voado para outro apartamento, onde houvesse
outra vigília de escrevedor de coisas, mas aquela fora a casa de sua preferência.
A menos que o acaso determinasse aquele encontro. Era possível. (...)

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boca de Luar. São Paulo: Cia. Das Letras, 2014,

173
p. 13-14 – Excerto adaptado.)

29.(Port./Jun2016/Q.5)

O emprego da palavra “juiz” no trecho “O inseto parecia pouco ligar para ele, juiz autonomeado
e algoz em perspectiva.” (linha 15) é justificado nesse contexto porque tem a finalidade de

A) reforçar sua função literal.


B) denotar um traço do inseto.
C) exprimir uma significação fortuita.
D) metaforizar o papel do personagem.
E) desfazer uma possível ambiguidade.

RESPOSTA: D

A) Errado. A palavra, no texto, não é usada em sua função literal, mas sim conotativa.
B) Errado. A palavra não se refere ao inseto, e sim ao autor do texto.
C) Errado. O termo “juiz” não exprime uma significação fortuita, mas uma significação
planejada, que faz uso de linguagem figurada.
D) Correto. O termo “juiz” metaforiza o papel do personagem.
E) Errado. O termo não desfaz nenhuma possível ambiguidade do trecho.

30.(Port./Jun2016/Q.6)

Sobre a palavra “animálculo” (linha 17), é correto dizer que

A) o escritor insinua que os insetos fazem cálculos para atingir seus alvos.
B) o diminutivo escolhido pelo escritor tem valor expressivo no contexto da crônica.
C) o objetivo do escritor ao empregá-la é questionar a importância do inseto invasor.
D) o personagem não tinha afeição alguma pelo pequeno animal que pousara em sua
mesa.
E) o fato de ser sinônima de “animalzinho” mostra o tom pejorativo de sua presença
no texto.

RESPOSTA: B
O termo “animálculo” significa “animal muito pequeno, visível apenas ao microscópio”

A) Errado. A alternativa serve para confundir o candidato que não conheça a palavra
animálculo, pois traz a palavra “cálculo”, que se aproxima foneticamente do termo em
questão. A insinuação descrita não pode ser verificada no texto.
B) Correto. De fato, o diminutivo escolhido pelo escritor tem valor expressivo no contexto
da crônica.
C) Errado. Ao usar o adjetivo, o autor já havia se afeiçoado ao inseto, o que pode ser
confirmado pelo trecho: “Uma ternura imprevista brotou no homem pelo animálculo
que momentos antes pensara em destruir.”.
D) Errado. O termo “animálculo” no texto pode ser considerado um diminutivo afetivo,
justamente o contrário do que afirma a alternativa.
E) Errado. Embora o termo seja sinônima de “animalzinho”, o tom utilizado não é
pejorativo, e sim afetivo.

174
31.(Port./Jun2016/Q.7)

O uso do adjetivo “literária” como qualificador do substantivo “mesa” (linha 16) revela o
seguinte recurso de linguagem:

A) O apuro da expressão literária com a finalidade de tornar menos inteligível a


sequência narrativa.
B) A ironia e a crítica atribuídas ao papel que a palavra “mesa” desempenha na
construção do sentido.
C) A transferência para a palavra “mesa” de uma qualificação que, na verdade, se
refere ao personagem da crônica.
D) A equiparação entre o objeto e a pessoa, já que ambos têm relação inequívoca com
o adjetivo “literária”.
E) O uso de uma licença poética que permite ao escritor contrariar a lógica da realidade
em detrimento da clareza.

RESPOSTA: C

A) Errado. O uso mencionado não tem como finalidade tornar menos inteligível a sequência
narrativa.
B) Errado. Não há ironia nem crítica atribuídas ao papel que a palavra “mesa” desempenha
na construção do sentido.
C) Correto. A prosopopeia, figura de linguagem utilizada na construção, transferiu para a
palavra “mesa” uma qualificação que, na verdade, refere-se ao personagem da crônica.
D) Errado. No texto, não houve equiparação entre o objeto e a pessoa, e sim uma
transferência de qualidade.
E) Errado. O que foi utilizado no texto não foi uma licença poética que contraria a lógica da
realidade, mas uma figura de linguagem com o propósito de causar um efeito de sentido.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Estudantes de graduação em Ciências Sociais Aplicadas, notadamente em


Administração, têm se reunido em torno de empresas juniores, uma estratégia que lhes permite
aliar a teoria aprendida no curso superior com as habilidades provenientes da atuação prática.
Nesse contexto, a aprendizagem pode ocorrer por meio de modalidades mais aderentes a uma
abordagem individual-cognitivista, como treinamento, leitura de textos e acesso a bancos de
dados, ou por meio de modalidades oriundas de uma abordagem de cunho socioprático, como
comunidades de prática, mentoria, treinamento on-the-job e interações casuais. O objetivo do
presente trabalho é identificar qual abordagem qual abordagem traz uma maior contribuição ao
aprendizado dos empresários juniores. Para tanto, foi utilizada uma metodologia quantitativa,
com aplicação de 118 questionários a estudantes de 14 Estados do Brasil, seguida de análise
fatorial exploratória e regressão multivariada. Os principais resultados indicam que as
modalidades oriundas da abordagem socioprática possibilitam um maior aprendizado, com
destaque para a mentoria, que pode ser de professores ou de colegas mais experientes, como a
modalidade mais eficaz.

(DOS-SANTOS, M. G.; PEREIRA, F. A.; SOUZA-SILVA, J. C.; RIVERA-CASTRO, M. A.


Aprendizagem socioprática e individual-cognitiva na empresa júnior brasileira. RAEP -
Administração: Ensino e Pesquisa, Rio de Janeiro, v. 16, n. 15, p. 309, abr.-jun. 2015.
Excerto adaptado.)

175
32.(Port./Jun2016/Q.10)

Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma análise incorreta da
linguagem e de elementos do texto.

A) Existe ocorrência de estrangeirismo no texto.


B) A linguagem utilizada no texto é formal, o que é condizente com o tipo de texto
(acadêmico).
C) O uso do tempo presente na última sentença do texto sinaliza uma possível
generalização dos resultados.
D) O uso da voz passiva em “foi utilizada” (penúltima sentença) permitiu omitir o
agente da ação, que provavelmente são os próprios autores do texto.
E) Tanto “Nesse contexto” (segunda sentença) quanto “Para tanto” (penúltima
sentença) são dispensáveis no texto e sua omissão não acarreta alteração de
sentido.

RESPOSTA: E

A) Correto. A expressão “treinamento on-the-job” indica que existe ocorrência de


estrangeirismo no texto.
B) Correto. A linguagem utilizada no texto é, de fato, formal, o que é condizente com o tipo
de texto (acadêmico).
C) Correto. Um efeito de sentido possível na utilização do tempo presente é a
generalização, como empregado na última sentença do texto.
D) Correto. A voz passiva é comumente utilizada para omitir o agente da ação, como usado
na penúltima sentença do texto.
E) Errado. Embora a omissão de “Nesse contexto” na segunda sentença não comprometa
o sentido geral do texto, a expressão “Para tanto”, (ou outra equivalente), precisa ser
mencionada na penúltima sentença, pois equivale a dizer “para tal coisa acontecer”

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Arte para rir


Platão não gostava de imitação, mas seu discípulo Aristóteles gostava. O processo
mimético, para a filosofia platônica, era falso, a imitação da imitação. Já o pensamento
aristotélico admitia essa e outras possibilidades, talvez antevendo a estética paródica do pintor
paulista Nelson Leimer, que, aos 83 anos, não se cansa de fazer rir com sua arte, cujo alvo é
5 sempre o cânone visual ocidental, de Leonardo Da Vinci a Duchamp.
Essas são apenas duas de suas vítimas preferenciais na exposição Traduções: Nelson
Leimer, Leitor dos Outros e de Si Mesmo, que será aberta nesta terça-feira, dia 1°., às 20 horas,
na Galeria Vermelho, com curadoria da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz. As
outras vítimas atendem pelos nomes de Joseph Beuys, Damien Hirst, William Kentridge, Matisse,
Mondrian e Velázquez.
11 Para cada um deles Leimer reservou uma sala, não como um tributo aos artistas, mas
como uma tradução particular de suas obras universais. Citando o velho ditado italiano que
equipara o tradutor a um traidor (“traduttore traditore”), a curadora adianta que essa tradução
visual é livre e pode até trair o original, o que acontece de fato.
Leimer é um legítimo “trouble maker”, na linha do dadaísta Duchamp: já empalhou um
16 porco e mandou o animal para um salão de arte, em Brasília, em plena ditadura (1967). O júri

176
(do qual fazia parte o respeitado crítico Mario Pedrosa) aceitou o trabalho. Leimer ficou
indignado e interpelou o júri. Como, então, aceitam um porco numa exposição de arte? Bem, o
urinol de Duchamp não foi legitimado como obra de arte? Porque não um porco?
“Leimer tira a sacralidade da obra de arte, a aura de peça única”, diz a curadora Lilia
21 Schwarcz. E acentua: “o humor corrosivo de Leimer é uma janela para enxergar a arte de outra
perspectiva.”

(GONÇALVES FILHO, Antonio. Arte para rir: Nelson Leimer abre mostra paródica com ícones,
de Da Vinci a Duchamp. O Estado de São Paulo, 01 de setembro de 2015, Caderno 2, p. C8 –
Excerto adaptado.)

33.(Port./Jun2016/Q.13)

O jornalista, no segundo parágrafo, nos apresenta as “vítimas preferenciais” (linha 6) e “as


outras vítimas” (linha 9) do pintor paulista. Ao usar a palavra “vítimas”, o redator

A) mostrou uma opinião negativa ao tipo de pintura feito pelo artista.


B) valeu-se da linguagem conotativa para dar a essa palavra o significado de “alvo”.
C) colocou a obra do pintor paulista num patamar equivalente ao dos grandes artistas.
D) enfatizou o sentido dessa palavra para valorizar as obras de arte propriamente ditas.
E) associou a produção de obras imitativas ao trabalho similar de tradutores e
humoristas.

RESPOSTA: B

A) Errado. O termo foi utilizado figurativamente para descrever os alvos do artista. Não é
possível reconhecer, no texto, uma opinião negativa do redator ao tipo de pintura feito
por Leimer.
B) Correto. O autor do texto valeu-se da linguagem conotativa para dar a essa palavra o
significado de “alvo”.
C) Errado. O uso do termo “vítima” não tem tal consequência.
D) Errado. Não é possível afirmar que no texto em análise, o uso da palavra “vítima”
valoriza as obras de arte propriamente ditas.
E) Errado. O uso do termo não permite tal associação.

177
Referências Bibliográficas

FERREIRA, L. A. (2010). Leitura e Persuasão. São Paulo: Contexto.

KOCH, I. V. (2006). Desvendando os segredos do texto. Editora Cortez.

Tópicos do edital tratados na Parte III

Prova de Português

Objetivos

Esta prova tem por objetivo medir a competência do participante em suas relações com
palavras e textos. Essa qualidade depende, principalmente, das suas condições de
discernimento, compreensão, associação e análise de sintagmas, orações, frases, períodos e
textos.

A totalidade das questões pretende avaliar seu nível de aptidão para lidar com a língua
portuguesa prestigiada escrita contemporânea. Na maior parte das vezes, o modelo adotado
para isso é o de compreensão de leitura, mas a principal característica do exame é medir a
capacidade de se analisar um texto sob várias perspectivas. Tal aferição pretende apurar o
grau de reconhecimento de componentes explícitos e a percepção coerente de pressupostos
e implicações envolvidos nas informações ou argumentos presentes nos enunciados e
alternativas.

Os textos cobrem assuntos diversos, não necessariamente relacionados à área de


Administração. O conhecimento específico do assunto sobre o qual os textos versam não deve
auxiliar nas respostas às questões, que são basicamente de dez tipos e focalizam:

1) a ideia, o tema ou o objetivo principal do texto;


2) informações explícitas no texto;
3) informações ou ideias implícitas ou sugeridas pelo texto;
4) possíveis aplicações das ideias do texto em outras situações;
5) a lógica ou a técnica de argumentação utilizada pelo autor do texto;
6) noções sobre variedades linguísticas e figuras de linguagem;
7) a atitude do autor, conforme revelada pela linguagem utilizada no texto;
8) identificação de falhas ou inadequações textuais;
9) identificação de padrões e correlação entre textos e/ou partes de texto(s) e ideias;
10) organização, desenvolvimento e relevância de ideias.

178
Parte IV: Correlação com outros textos

Ao longo do curso, foram estudados diversos temas envolvidos na apreensão do sentido


de um texto. Nesta última parte, serão contemplados tópicos importantes que completarão, ao
lado dos temas tratados nos capítulos anteriores, o conjunto de habilidades exigidas pelo edital
da ANPAD para a compreensão textual.

Intertextualidade

No momento de criação de um texto, a criatividade e a originalidade são atributos


desejáveis e buscados pelos autores. Apesar desse esforço, é possível constatar que muito (ou
quase tudo) do que falamos ou escrevemos já foi utilizado por outras pessoas em outro(s)
momento(s). A intertextualidade é o processo de incorporação de um texto em outro, seja para
reproduzir seu discurso, seja para transformá-lo ou criticá-lo.
Tal processo pode ser desenvolvido basicamente por dois tipos de práticas: as práticas
intertextuais localizadas, que não comprometem todo o texto (apenas pequenos trechos); e as
práticas intertextuais que abrangem a maior parte do texto.
As tabelas a seguir exemplificam os principais processos envolvidos em cada tipo de
prática.

Práticas intertextuais localizadas8


Epígrafe Citação Referência e Alusão
Escrita introdutória de um Retomada explícita de um O escritor não indica
texto. Trata-se de um registro fragmento de texto no corpo abertamente o evento, ele
escrito que possui a de outro texto. É um modo o insinua por meio de
capacidade de sintetizar a convencionado de retratar alegorias.
filosofia do escritor. Pode com aspas ou com outros
ocorrer em textos literários em recursos gráficos a presença
prosa, poesia (mote), ensaios e do texto para o leitor.
teses acadêmicas.
“Chegará o dia em que teus É recorrente no discurso No conto "Missa do Galo", de
pardieiros se transformarão em científico. Machado de Assis, há uma
edifícios, naquele dia ficarás fora cena em que o narrador se
da lei (Miquéias, VII, II).” Epígrafe compara a D`Artagnan,
personagem de "Os três

8
Exemplos baseados em Paulino, Walty &Cury. (2005: 26-29)

179
bíblica do conto “O Edifício”, de Mosqueteiros", de Alexandre
Murilo Rubião”. Dumas.

Práticas intertextuais que abrangem a maior parte do texto

Paródia Paráfrase

O autor se apropria de um discurso e se opõe a ele. Desenvolvimento explicativo de um


Muitas vezes, ocorre a desvirtuação do discurso texto, ou seja, a uma espécie de
originário, seja pelo desejo de criticá-lo ou para “tradução” dentro da própria língua.
marcar uma ironia.
Exemplo: Paródias de Marcelo Adnet sobre a
canção A Banda de Chico Buarque:
“Fui protestar na Paulista / alguém interveio e falou
/ pra ir em Orlando morar / porque o Brasil acabou

Exercício comentado

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Arte para rir


Platão não gostava de imitação, mas seu discípulo Aristóteles gostava. O processo
mimético, para a filosofia platônica, era falso, a imitação da imitação. Já o pensamento
aristotélico admitia essa e outras possibilidades, talvez antevendo a estética paródica do pintor
paulista Nelson Leimer, que, aos 83 anos, não se cansa de fazer rir com sua arte, cujo alvo é
sempre o cânone visual ocidental, de Leonardo Da Vinci a Duchamp.
Essas são apenas duas de suas vítimas preferenciais na exposição Traduções: Nelson
Leimer, Leitor dos Outros e de Si Mesmo, que será aberta nesta terça-feira, dia 1°., às 20 horas,
na Galeria Vermelho, com curadoria da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz. As
outras vítimas atendem pelos nomes de Joseph Beuys, Damien Hirst, William Kentridge, Matisse,
Mondrian e Velázquez.
Para cada um deles Leimer reservou uma sala, não como um tributo aos artistas, mas
como uma tradução particular de suas obras universais. Citando o velho ditado italiano que
equipara o tradutor a um traidor (“traduttore traditore”), a curadora adianta que essa tradução
visual é livre e pode até trair o original, o que acontece de fato.
Leimer é um legítimo “trouble maker”, na linha do dadaísta Duchamp: já empalhou um
porco e mandou o animal para um salão de arte, em Brasília, em plena ditadura (1967). O júri
(do qual fazia parte o respeitado crítico Mario Pedrosa) aceitou o trabalho. Leimer ficou
indignado e interpelou o júri. Como, então, aceitam um porco numa exposição de arte? Bem, o
urinol de Duchamp não foi legitimado como obra de arte? Porque não um porco?
“Leimer tira a sacralidade da obra de arte, a aura de peça única”, diz a curadora Lilia
Schwarcz. E acentua: “o humor corrosivo de Leimer é uma janela para enxergar a arte de outra
perspectiva.”

(GONÇALVES FILHO, Antonio. Arte para rir: Nelson Leimer abre mostra paródica com ícones,
de Da Vinci a Duchamp. O Estado de São Paulo, 01 de setembro de 2015, Caderno 2, p. C8 –

180
Excerto adaptado.)

(Port./Jun2016/Q.11)

A estética de Nelson Leimer é classificada como paródica pelo redator do texto porque o pintor
paulista

A) sofreu a influência das pinturas de Leonardo Da Vinci e Duchamp.


B) enxerga a arte de uma outra perspectiva, com humor e criatividade.
C) tira a sacralidade da obra de arte e cria uma nova aura de peça única.
D) é fã de Platão e de Aristóteles, que também gostavam de fazer imitações.
E) faz, com intuito jocoso ou satírico, pinturas inspiradas em obras consagradas.

RESPOSTA: E
A paródia é, por definição, a recriação de um texto conhecido, uma reescritura de caráter satírico
ou humorístico.

A) Errado. A paródia envolve mais ações do que meramente “sofrer a influência”.


B) Errado. A paródia envolve recriação, e não somente uma leitura de outra perspectiva.
C) Errado. Não é por tirar a sacralidade da obra de arte e criar uma nova aura de peça única
que o redator classificou a obra de Leimer como paródica. Para tanto, é necessário
recriação.
D) Errado. Não é possível, pelo texto, afirmar que o redator é fã de Platão e de Aristóteles.
Além disso, tal fato não seria o motivo pelo qual ele classificou a obra de Leimer como
paródica.
E) Correto. A alternativa traz a definição de paródia.

Paráfrases

De todas as práticas intertextuais, as paráfrases merecem atenção especial por estarem


envolvidas em um tipo de questão muito recorrente no teste ANPAD: os exercícios de
reescritura. Nesse tipo de questão, o examinador solicita ao candidato que verifique a
equivalência entre frases, a ocorrência de mudanças de sentido ou problemas de clareza ou
correção gramatical. Conhecimentos tratados em aulas anteriores, como coerência, conectores
textuais e recursos linguísticos serão úteis na resolução desse tipo de exercício, que também
requerem o conhecimento da norma culta da língua portuguesa.

Para a resolução dessas questões, é preciso ter em mente que duas sentenças são
paráfrases uma da outra quando descrevem de maneiras equivalentes um mesmo
acontecimento ou estado de coisas. Dessa forma, recursos como o uso de palavras (ou itens

181
lexicais) com significados semelhantes e a utilização de construções gramaticais distintas podem
ser utilizados para descrever um mesmo evento de maneira diferente.

Paráfrases: alterações no léxico

Esse tipo de paráfrase consiste na equivalência de palavras e construções. Podem ser de


vários tipos:

 Termos sinônimos (a aula foi tediosa X a aula foi chata)


 Termos antônimos, com apoio de uma palavra negativa (Ele era fraco X Ele não
era forte)
 Troca de expressões com diferentes verbos-suporte (José tem barba X José é
barbudo)
 Predicados conversos (A padaria fica depois do açougue X o açougue fica antes
da padaria)
 Troca de locuções por palavras e vice-versa (O homem da cidade não conhece a
linguagem do céu. X O homem urbano não conhece a linguagem celeste.)

É importante ressaltar que, às vezes, as equivalências falham. Por exemplo, afirmar que
José é narigudo não equivale a dizer que José tem nariz. Portanto, é fundamental analisar, em
cada exercício, se a substituição proposta de fato descreve, de maneira equivalente, o mesmo
evento ou estado de coisas.

Paráfrases: mecanismos sintáticos

Esse tipo de paráfrase tem por base mecanismos sintáticos que criam alternativa de
expressão para o mesmo conteúdo. Assim como as paráfrases lexicais, podem ser de vários
tipos:

 A formação de voz passiva (Cabral descobriu o Brasil X O Brasil foi descoberto


por Cabral). Esse é o tipo mais comum de paráfrase sintática.

182
 Nominalização (A justiça ordenou que a criança fosse entregue imediatamente
X A justiça ordenou a entrega imediata da criança)
 Substituição de advérbios por verbos e vice-versa (Os ensaios da banda são
feitos habitualmente de quarta-feira X Os ensaios da banda costumam ser
feitos de quarta-feira)
 Substituição de uma forma verbal infinita por uma forma verbal finita (Não seria
bom eu pedir dinheiro ao banco X Não seria bom que eu pedisse dinheiro ao
banco).
 Omissão de termos facilmente subentendidos. (Nós desejávamos uma missão
mais delicada, mais importante. X Desejávamos missão mais delicada e
importante.)
 Troca de discurso (Naquela tarde, Pedro dirigiu-se ao pai dizendo: - Cortarei a
grama sozinho. [discurso direto] X Naquela tarde, Pedro dirigiu-se ao pai dizendo
que cortaria a grama sozinho. [discurso indireto])
Assim como nas paráfrases lexicais, é fundamental analisar, em cada exercício, se a
substituição proposta de fato descreve o mesmo evento ou estado de coisas.

Polissemia

A comparação entre o sentido denotado e o sentido conotado das palavras, tratada no


capítulo anterior, deixa evidente que as formas linguísticas admitem extensões de sentido que
as tornam aptas a serem utilizadas em diferentes contextos. Dessa forma, podem existir
diferentes sentidos para uma mesma palavra. Tal fenômeno é chamado polissemia.

Uma das maneiras mais recorrentes, muito cobrada em provas, para verificar se uma
palavra possui mais de um sentido é alterar sua posição na frase. Observe a diferença de sentido
das palavras destacadas nos seguintes pares de exemplos.

 Um grande cara X um cara grande.


 Algum trabalho foi feito X trabalho algum foi feito.
 É preciso estudar num certo momento X É preciso estudar no momento certo.
 Ele não prometeu comparecer ao encontro. X Ele prometeu não comparecer ao
encontro.

183
 Até o ministro admitiu que a situação estava difícil. X O ministro até admitiu que
a situação estava difícil.
 Apenas o secretário deixou de comparecer à reunião. X O secretário apenas
deixou de comparecer à reunião.
 Ela repetiu insistentemente que o marido a procurava. X Ela repetiu que o
marido a procurava insistentemente.
 O ator confirmou que não pertencia ao grupo. O ator não confirmou que
pertencia ao grupo.

Além da inversão da posição na frase, a presença de um artigo também pode alterar o


sentido de um pronome indefinido, como no exemplo:

 Toda cidade pode eleger um prefeito (qualquer cidade) X Reconstruíram toda a


cidade (a cidade inteira).

A mesma ressalva feita para as paráfrases lexicais e sintáticas vale nesse caso. Nem
todas as inversões de palavras ou inserção de artigo revelam um significado diferente para uma
mesma palavra, é preciso observar cuidadosamente caso a caso.

Exercício comentado

Leia o texto a seguir.


De olho em você
Elas estão de olho em você. Espalhadas pelas 91.000 ruas da cidade de São Paulo, que
juntas se estendem por algo em torno de 17.000 quilômetros de asfalto, existem atualmente
1,5 milhão de câmeras de vigilância e monitoramento, segundo levantamento da Associação
Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), feito a pedido da INFO.
Trocando em miúdos, isso significa 16 câmeras por rua, 88 por quilômetro ou uma câmera para
cada sete paulistanos. Parece muito? Bem, esse número deverá crescer cerca de 40% até 2016,
de acordo com as empresas. Ao fim desta reportagem, pelo menos uma nova lente eletrônica
terá sido instalada na capital paulista.

(BRANCATELLI, Rodrigo. Revista INFO, edição 334, outubro de 2013, p. 38.)

(Port./Fev2014/Q.1)

Identifique o único comentário incorreto.

184
A) A cidade de São Paulo tem 91.000 ruas.
B) Na penúltima frase, a expressão verbal “deverá crescer” é sinônima de “terá de
crescer”.
C) Há um 1,5 milhão de câmeras monitorando cerca de 17.000 km de asfalto na cidade
de São Paulo
D) Na terceira frase, a palavra “isso” representa o conjunto de dados apresentados na
segunda frase.
E) Na última frase, haveria alteração de sentido se a expressão “uma nova lente
eletrônica” fosse substituída por “uma lente eletrônica nova”.

RESPOSTA: B

A) Item correto. A informação pode ser encontrada na primeira linha do texto


B) Item errado. “Deverá crescer” indica uma probabilidade, enquanto “terá de crescer”
indica uma necessidade.
C) Item correto. A informação pode ser encontrada na terceira linha do texto
D) Item correto. O pronome demonstrativo “isso” retoma os dados numéricos apresentados
na frase anterior.
E) Item correto. Em “uma nova lente eletrônica”, o sentido de “nova” é o de “acréscimo”,
“mais uma”. Em “uma lente eletrônica nova”, o sentido de “nova” é contrário ao de
“velha”.

Ambiguidade

Além da polissemia, que diz respeito aos casos em que uma palavra apresenta mais de
um significado, outro fenômeno linguístico relacionado à multiplicidade de sentido das
expressões é a ambiguidade. No capítulo anterior, a ambiguidade foi apresentada como uma
figura de linguagem, pois quando utilizada intencionalmente, é um recurso linguístico que
confere expressividade ao texto. Nesse sentido, a ambiguidade é muito recorrente em textos
publicitários e em piadas, por exemplo.
Além disso, da mesma forma que o pleonasmo, a ambiguidade pode acontecer de forma
não intencional. Nesses casos, é entendida como vício de linguagem. Muitas vezes, na leitura de
um texto, é possível encontrar expressões linguísticas que podem ser entendidas de mais de
uma forma. Utilizada dessa maneira (não intencional), a ambiguidade prejudica o entendimento
do texto, e é vista, então, como uma falha ou inadequação textual.
É importante destacar que a ambiguidade é um fenômeno linguístico disseminado, que
pode ocorrer em todos os níveis de análise, com diferentes tipos de classes gramaticais, como
mostra a lista de exemplos abaixo:

185
 “Homens e mulheres competentes têm os melhores empregos.”
Leitura 1: [Homens competentes] e [mulheres competentes] têm os melhores empregos.
Leitura 2: [Homens] e [mulheres competentes] têm os melhores empregos.

 “Os alunos dessa sala falam duas línguas.”


Leitura 1: Todos os alunos – falam (as mesmas) duas línguas.
Leitura 2: Cada aluno – fala duas línguas (diferentes)

 “O quadro da Maria ficou bonito.”


Leitura 1: Maria pintou o quadro.
Leitura 2: Maria tem a posse do quadro.
Leitura 3: Maria é a modelo do quadro.

 “João e Pedro chegaram. Ele estava de camisa azul.”


Leitura 1: João estava de camisa azul.
Leitura 2: Pedro estava de camisa azul.

 “O ladrão roubou a casa de José com sua própria arma.”


Leitura 1: O ladrão usou a própria arma para roubar a casa.
Leitura 2: O ladrão usou a arma de José para roubar a casa.

Exercício comentado

O gigante asiático continua com fome. O Instituto de Ouro da China divulgou que, em 2012, o
volume de produção de ouro no país atingiu 403 toneladas. Isso o torna o maior produtor
mundial desse metal. O aumento da produção chinesa foi devido às políticas governamentais de
apoio à indústria da mineração. É fato, contudo, que essa qualidade não é suficiente para
satisfazer a gigantesca procura pelo ouro na China. Ela tem crescido consideravelmente nos
últimos anos.

(Port./Jun2014/Q.6)

Verificando-se o conteúdo das seis frases desse texto, conclui-se que há ambiguidade.

A) na primeira frase apenas.


B) na segunda e na última frase apenas.
C) na terceira e na quarta frase apenas.
D) na terceira e na última frase apenas.

186
E) na última frase apenas.

Resposta: D

A) Errado. Não há elementos na primeira frase que causem ambiguidade.


B) Errado. Há ambiguidade apenas na última frase.
C) Errado. Há ambiguidade apenas na terceira frase.
D) Correto. A ambiguidade da terceira frase é detonada pelo referente do pronome “o”,
que pode ser “o instituto do ouro” ou “o país”. A ambiguidade da última frase está
presente no referente do pronome “ela”, que pode ser “a China” ou “a gigantesca
procura pelo ouro”.
E) Errado. A terceira frase pode ser ambígua.

Lista de exercícios de provas anteriores

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir.

Ao contrário do que comumente se acredita, o desempenho dos países em


desenvolvimento no período em que o estado dominou o desenvolvimento foi superior ao que
eles alcançaram durante o período subsequente de reforma voltada para o mercado. Houve
alguns fracassos grandiosos da intervenção estatal, mas quase todos esses países cresceram
muito mais rápido, com uma distribuição de renda mais equitativa e com um número bem
menor de crises financeiras, durante os “maus dias do passado” do que o fizeram no período
das reformas voltadas para o mercado. Além disso, também não é verdade que quase todos os
países ricos tenham ficado ricos por meio de políticas de livre mercado. A verdade é mais ou
menos o oposto. Com apenas algumas exceções, todos os países ricos de hoje, entre eles a Grã-
Bretanha e os Estados Unidos – os supostos lares do livre comércio e do livre mercado – ficaram
ricos por meio da combinação do protecionismo, subsídios e outras políticas que hoje eles
aconselham os países em desenvolvimento a não adotar. As políticas de livre mercado tornaram
poucos países ricos até agora e poucos ficarão ricos por causa dela no futuro.

(CHANG, Ha-Joo. 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo. São Paulo:
Cultrix, 2013, p. 100.)

1. (Port./Fev2014/Q.3)

Assinale o único comentário correto a respeito da frase final do texto: “As políticas de livre
mercado tornaram poucos países ricos até agora e poucos ficarão ricos por causa dela no
futuro.”

A) No lugar de “e”, deveria ter sido usada a palavra, “mas”.


B) A expressão “até agora” teria de aparecer no início da frase.
C) O emprego da palavra “dela” está prejudicado, pois lhe falta a referência precisa.
D) Faltou explicitar palavra “países” após “e poucos” como referência a “poucos
países”, e não a “poucos indivíduos”.

187
E) A construção no início da frase está ininteligível por não ter sido adotada a seguinte
redação “As políticas de livre mercado tornaram ricos poucos países”.

2. (Port./Fev2014/Q.4)

Assinale a alternativa em que a redação proposta compromete o sentido original do trecho


destacado.

A) “Ao contrário do que comumente se acredita...” – Opostamente ao senso comum.


B) “...que hoje eles aconselham os países em desenvolvimento a não adotar. ” – que
atualmente os países ricos recomendam não serem seguidas pelos países em
desenvolvimento.
C) “Houve alguns fracassos grandiosos da intervenção estatal...” – A intervenção
estatal teve enormes malogros.
D) “... do que o fizeram no período das reformas voltadas para o mercado. ” – do que
cresceram no período das reformas direcionadas para uma política de livre
mercado.
E) “... no período em que o estado dominou o desenvolvimento...” – no período em
que predominou o desenvolvimento estatal.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Seu valor é determinado por seu salário?


Quem defende aumento de remuneração sem esperar nenhuma contrapartida em
termos da qualidade do serviço está subvertendo uma das leis basilares da economia: a que
estabelece que remunerações são proporcionais à produtividade do trabalhador. Americanos e
europeus não ganham quatro ou cinco vezes mais que nós porque seus patrões são bonzinhos,
mas porque é isso que produzem. Basta ver os dados da Organização Internacional do
Trabalhado: o trabalhador brasileiro produz, por uma hora trabalhada, um quinto do que produz
um americano.

(IOSCHPE, Gustavo. Revista VEJA, edição 2.342, ano 46, n. 42, 16 de outubro de 2013, p. 99.)

3. (Port./Fev2014/Q.6)

Observe as seguintes afirmações sobre o artigo.

I. O autor utilizou duas vezes o sinal de dois-pontos com a mesma função.


II. Em “Americanos e europeus não ganham quatro ou cinco vezes mais do que nós
porque seus patrões são bonzinhos...”, a palavra “não” estaria mais bem
posicionada se aparecesse antes de “porque”.
III. O segmento “porque é isso que produzem” poderia ter sido substituído por
“porque produzem cinco vezes ou mais”.

Assinale a única alternativa adequada.

A) As três afirmações estão corretas.


B) Apenas a afirmação III está correta.
C) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
D) Apenas as afirmações I e III estão corretas.

188
E) Apenas as afirmações II e III estão corretas.

4. (Port./Fev2014/Q.17)

O caderno “Veículos”, da Folha de São Paulo, publicou em 12 de março de 2000 matéria


intitulada “Carros são a segunda paixão de James Bond”, onde se lia; “Se fosse preparada uma
receita dos filmes de James Bond, dois ingredientes não poderiam faltar: belas mulheres e
fabulosas máquinas de quatro rodas. E, apesar de ser bem moderninho ao se envolver com
várias mulheres em um único filme, o espião da rainha é tradicionalista e conservador quando
o assunto é automóvel. ”

Assinale a alternativa que reescreve a frase final da matéria sem contrariar seu conteúdo e seu
ponto argumentativo principal.

A) E, ainda que o espião da rainha seja tradicionalista e conservador na hora em que o


assunto é automóvel, ele é bem moderninho ao se envolver com várias mulheres
em um único filme.
B) E, não obstante o espião da rainha seja bem moderninho ao se envolver com várias
mulheres em um único filme, ele é tradicionalista e conservador, posto que o
assunto seja automóvel.
C) O espião da rainha é rainha é bem moderninho ao se envolver com várias mulheres
em um único filme e, por conseguinte, sendo o assunto automóvel, ele é
tradicionalista e conservador.
D) O espião da rainha é tradicionalista e conservador ao se envolver com várias
mulheres em único filme, mas ele é bem moderninho se o assunto for automóvel.
E) E, embora seja bem moderninho ao se envolver com várias mulheres em um único
filme, o espião da rainha é tradicionalista e conservador, caso o assunto seja
automóvel.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Toda manhã, jovens mal alimentados se dirigem às escolas. Não surpreendentemente, tais
estudantes frequentemente apresentam déficits de aprendizado (IBGE, 2010 apud SILVA, 2012).
O cérebro, já diziam Reivich et al. (1978), é o órgão que mais consome glicose, e, como
evidenciam Korol e Gold (1998), a administração de glicose antes do aprendizado fortalece
memórias. Isso sugere que, “ independentemente do método pedagógico empregado – por
exemplo, expositivo, demonstrativo ou interrogativo -, a má nutrição afeta negativamente o
aprendizado” (KOROL; GOLD, 1998, p. 10).

5. (Port./Jun2014/Q.8)

Assinale a alternativa que apresenta a reescritura de um excerto do texto que nele pode ser
inserido coerentemente.

A) “Isso sugere que, ‘independentemente ao método pedagógico empregado – por


exemplo, expositivo, demonstrativo ou interrogativo -, a má nutrição afeta
negativamente o aprendizado’ (KOROL; GOLD, 1998, P. 10).”
Isso sugere que o aprendizado pode ser afetado negativamente pela má nutrição
independentemente do método pedagógico adotado (KOROL; GOLD, 1998).

189
B) “Não surpreendentemente, tais estudantes frequentemente apresentam déficits de
aprendizado (IBGE, 2010 apud SILVA, 2012). ”
Segundo o IBGE (2010), citado em Silva (2012), não surpreendentemente tais
estudantes frequentemente apresentam déficits de aprendizado.
C) “O cérebro, já diziam Reivich et al. (1978), é o órgão que mais consome glicose, e,
como evidenciam Korol e Gold (1998), a administração de glicose antes do
aprendizado fortalece memórias. ”
O cérebro é o órgão que mais consome glicose; a administração de glicose antes do
aprendizado fortalece memórias (REIVICH et al., 1978; KOROL; GOLD, 1998).
D) “isso sugere que, ‘independentemente do método pedagógico empregado – por
exemplo, expositivo, demonstrativo ou interrogativo -, a má nutrição afeta
negativamente o aprendizado’ (KOROL; GOLD, 1998, p. 10). “
Isso sugere que, “independentemente do método pedagógico empregado (i.e.,
expositivo, demonstrativo e interrogativo), a má nutrição afeta negativamente o
aprendizado” (KOROL; GOLD, 1998, p. 10).
E) “... e, como evidenciam Korol e Gold (1998), a administração de glicose antes do
aprendizado fortalece memórias. ”
e, para Korol e Gold (1998), é evidente que a administração de glicose antes do
aprendizado fortalece memórias.

6. (Port./Jun2014/Q.10)

Analise as construções X1 a X5 e, em seguida, as afirmações I, II e III.

X1. Os policias repreenderam os manifestantes que ocuparam a Paulista.


X2. Os manifestantes que ocuparam a Paulista foram repreendidos.
X3. Os manifestantes da Paulista foram repreendidos.
X4. As manifestações da Paulista foram repreendidas.
X5. A repreensão das manifestações da Paulista.

I. De X1 para X5 existe um nível cada vez maior de informações implícitas.


II. Em X5, o nível de implicitude é tão grande que, sem informações contextuais,
não é possível desfazer a ambiguidade existente.
III. Não existe diferença de significado entre X3 e X4.

É (São) incorreta(s):

A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) II e III, apenas.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir.

A ansiedade de que o jornalismo recupere seu prestígio é percebida em todo lugar. Quem mais
precisa disso são os donos dos veículos, seus maiores beneficiários, que sentem o descrédito
onde mais lhes dói.

(GARCÍA MÁRQUEZ, G. Eu não vim fazer um discurso. Rio de Janeiro: Record, 2011.)

190
7. (Port./Jun2014/Q.13)

Assinale a alternativa em que a substituição proposta para o elemento destacado está correta.

A) veículos = jornais.
B) disso = dessa ansiedade.
C) ansiedade = necessidade.
D) onde mais lhes dói = no bolso.
E) em todo lugar = indiscriminadamente.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Tudo o que eu queria era entender por que os indianos que conheci estavam tirando o
trabalho dos americanos, por que haviam se tornado uma referência tão importante no campo
da terceirização de serviços e tecnologia da informação dos EUA e outros países industrializados.
Colombo dispunha de mais de cem homens em seus três navios; eu contava com uma equipe
do canal de televisão Discovery Times, pequena o bastante para acomodar-se confortavelmente
em duas vans sucateadas, com motoristas indianos que dirigiam descalços. Ao embarcar,
também eu acreditava que a Terra era redonda, mas o que encontrei na verdadeira Índia abalou
profundamente a minha fé. Colombo foi parar na América por acidente, achando que havia
descoberto uma parte da Índia; eu estive na Índia, mas muitas das pessoas que lá conheci mais
pareciam americanas. Algumas chegaram a adotar nomes americanos, enquanto outras
reproduziam à perfeição o sotaque americano nos call centers e as técnicas americanas de
gerenciamento nos laboratórios de software.
Colombo informou seus soberanos de que a Terra era redonda – e entrou para a história
como o autor dessa constatação. Quando voltei para casa compartilhei apenas com a minha
esposa a minha descoberta, e num sussurro: “Querida”, confidenciei, “acho que o mundo é
plano”.

(FRIEDMAN, Thomas. O mundo é plano: uma breve história do século XXI. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2005, p. 13.)

8. (Port./Set2014/Q.7)

Assinale a alternativa em que o deslocamento da palavra sublinhada mantém o sentido original


do texto.

A) “também eu acreditava que a Terra era redonda” - eu acreditava também que a


Terra era redonda.
B) “as técnicas americanas de gerenciamento nos laboratórios de software”- as
técnicas de gerenciamento americanas nos laboratórios de software.
C) “compartilhei apenas com a minha esposa a minha descoberta”- apenas
compartilhei com a minha esposa a minha descoberta.
D) “muitas das pessoas que lá conheci mais pareciam americanas”- muitas das pessoas
que mais conheci pareciam americanas.
E) “Tudo o que eu queria era entender por que os indianos que conheci estavam
tirando o trabalho dos americanos”- Tudo o que eu queria entender era por que os
indianos que conheci estavam tirando o trabalho dos americanos.

191
9. (Port./Set2014/Q.8)

Assinale a alternativa em que a substituição proposta para o elemento sublinhado não


corresponde ao sentido original pretendido pelo autor.

A) “abalou profundamente a minha fé”- convicção.


B) “no campo da terceirização de serviços”- âmbito.
C) “Colombo dispunha de mais de cem homens em seus três navios”- contava com.
D) “Ao embarcar, também eu acreditava que a Terra era redonda “ – Antes de
embarcar.
E) “eu contava com uma equipe do canal de televisão Discovery Times”- dispunha de.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Hoje, prevalece a certeza de que andar de ônibus ou de trem é coisa de pobre. Quem
consegue juntar algum dinheiro trata logo de comprar um carro. Mesmo que ele passe a maior
parte do tempo na garagem ou engarrafado. O que importa é o símbolo de status, a ideia de
que está subindo na vida. Poucas coisas estão mais distantes da ideia de civilização do que estar
sozinho num carro preso no trânsito.

(VIEIRA, Agostinho. A gente se vê por aqui. O GLOBO, 20 de março de 2014, p. 24.)

10.(Port./Set2014/Q.9)

Assinale a alternativa que apresenta a única palavra sublinhada que, por ter posição fixa no
texto, não admite ser deslocada sem alteração de sentido.

A) “se está subindo na vida”.


B) “Hoje, prevalece a certeza”
C) “trata logo de comprar um carro”.
D) “do que estar sozinho num carro”.
E) “Quem consegue juntar algum dinheiro”.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Dito e feito
Não deixa de ser uma estranha sensação, esta de me ver mais uma vez reaparecendo
regularmente em jornal. É uma espécie do palco, ou picadeiro, em que me exponho, faço
cabriolas e gatimonhas, executo as pelotiquices de costume.
Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenho feito outra coisa. Andei como
um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando, como se fosse pela primeira
vez.
E agora aqui estou, realmente pela primeira vez neste jornal. Começar é sempre difícil,
deixa a gente meio sem jeito, não sabendo o que dizer, como no início de um namoro: dá licença
de falar com você? posso acompanhá-la? E pronto: admitida a abordagem, que dizer agora?
Pois então, sejam minhas primeiras palavras um rápido improviso de saudação aos
leitores, um abraço aos novos colegas, lembranças aos meus familiares – e vamos em frente.

(SABINO, Fernando. Livro aberto. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 458.)

192
11.(Port./Set2014/Q.14)

O professor de Português pediu aos alunos que reescrevessem o trecho “sejam minhas primeiras
palavras um rápido improviso de saudação aos leitores” colocando-o na ordem direta e
deixando explícitas as palavras que estão subentendidas. O resultado poderia ser este:

A) Elas que sejam minhas primeiras palavras de rápido improviso e saudação aos
leitores.
B) Um improviso rápido que sejam as minhas primeiras palavras de saudação aos
leitores.
C) Desejo que minhas primeiras palavras sejam um improviso rápido de saudação aos
leitores.
D) Estas que sejam minhas primeiras palavras de saudação aos leitores como um rápido
improviso.
E) Minhas primeiras palavras, que sejam um improviso rápido de saudação aos
leitores, é o que desejo.

12.(Port./Set2014/Q.17)

A produção das superfícies lisas exige, em geral, custo de fabricação mais elevado. Os diferentes
processos de fabricação de componentes mecânicos determinam acabamentos diversos nas
suas superfícies. As superfícies, por mais perfeitas que sejam, apresentam irregularidades. Um
grupo de irregularidades é conhecido como erros macrogeométricos. Trata-se dos erros de
forma, verificáveis por meio de instrumentos convencionais de medição, como micrômetros,
relógios, comparadores, projetores de perfil etc.

Lida fora de contexto, haveria ambiguidade na

A) primeira frase.
B) segunda frase.
C) terceira frase.
D) quarta frase.
E) quinta frase.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

O ataque dos minúsculos gigantes


Naquela fria tarde de dezembro de 1799, quando George Washington sentiu pela
primeira vez a garganta irritada, deve ter percebido que mesmo ele, o senhor de Mount Vernon,
o primeiro presidente dos Estados Unidos, vencedor do exército britânico na guerra pela
independência norte-americana, podia estar diante de um inimigo que não conseguiria derrotar.

(JEANETTE, Farrell. A assustadora história das pestes e epidemias. São Paulo: Ediouro, 2003, p.
19.)

13.(Port./Fev2015/Q.2)

Assinale a alternativa em que o deslocamento proposto altera o sentido original.

A) “O ataque dos minúsculos gigantes” – O ataque dos gigantes minúsculos.

193
B) “Naquela fria tarde de dezembro de 1799” – Naquela tarde fria de dezembro de
1799.
C) “quando George Washington sentiu pela primeira vez a garganta irritada” – quando
pela primeira vez George Washington sentiu irritada a garganta.
D) “deve ter percebido que mesmo ele” – deve ter percebido que ele mesmo.
E) “que não conseguiria derrotar” – que derrotar não conseguiria.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

De magrela pela transamérica


Existem momentos na vida em que a gente precisa sair das engrenagens que ditam
nossa rotina. Tirar um período de férias, gozar meses de sabático ou até transformar o limão
daquela demissão numa limonada. Rearranjar os neurônios, inspirar-se pelo mundo, conhecer
pessoas inusitadas, colocar-se em situações inéditas. Enfim, juntar algumas histórias para contar
pelo resto da vida.
Prestes a completar 33 anos, eu havia chegado num momento desses. Depois de
experimentar trabalhar em algumas agências de comunicação, comecei a trabalhar como
freelancer em design gráfico. Parecia que a nova empreitada profissional tinha tudo para dar
certo. O que significaria que os próximos vários anos seriam pela agenda profissional. Se eu não
embarcasse numa aventura agora, só depois dos 40. Respirei fundo, fiz muitas dívidas e resolvi
encarar o projeto de uma grande viagem de bicicleta.

(CAPARICA, Marcio, Revista VIP, julho de 2014, p. 92.)

14.(Port./Fev2015/Q.5)

Assinale a alternativa em que a proposta de substituição do elemento sublinhado é inadequada.

A) “Existem momentos na vida em que a gente precisa sair das engrenagens” – onde.
B) “gozar alguns meses de sabático” – sabáticos.
C) “Prestes a completar 33 anos” – Na iminência de.
D) “eu havia chegado num momento desses” – chegara.
E) “eu havia chegado num momento desses” – a um.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Não fique tanto tempo no escritório


Trabalhar menos pode melhorar o resultado
Na área privada, a Treehouse, uma startup de ensino online na Flórida, adotou a semana
de trabalho de quatro dias úteis, dando folga aos 75 funcionários a partir da sexta-feira. O
sistema vem dando bons resultados, segundo seu CEO, Ryan Carson. A tese é de que o período
maior de folga atrai mão de obra qualificada. Além disso, a semana de trabalho mais curta obriga
os funcionários a ter maior produtividade – porque as tarefas continuam as mesmas. A
Treehouse já conquistou 70 mil usuários e arrecadou US$ 13 milhões com investidores.
Em artigo para a revista Foreign Policy, o economista Charles Kenny fornece argumentos
para a redução de jornada: na atual economia do conhecimento, a produtividade gera mais
riqueza do que horas trabalhadas. Segundo Kenny, 40 anos de estudos mostram que as pessoas
trabalham com mais afinco se tiverem limitado seu tempo para realizar a tarefa.

194
(NOGUEIRA, Paulo Eduardo, Revista ÉPOCA NEGÓCIOS, junho de 2014, p. 18.)

15.(Port./Fev2015/Q.8)

Assinale a alternativa que apresenta o único comentário correto.

A) Em “dando folga aos 75 funcionários”, o artigo poderia ter sido suprimido sem
alteração do sentido original.
B) Sem alteração do sentido original, o autor poderia ter escrito “a partir de sexta-
feira” em vez de “a partir da sexta-feira”.
C) O autor poderia ter conferido coesão à última frase do primeiro parágrafo desta
forma: “A despeito disso, a Treehouse já conquistou 70 mil usuários e arrecadou
US$ 13 milhões com investidores”.
D) O autor do texto diz que “o economista Charles Kenny fornece argumentos para a
redução de jornada”, mas na verdade só é apresentado um único argumento.
E) Sem alterar o sentido original, o último segmento do texto poderia ter a seguinte
redação: “Limitado seu tempo para a tarefa, as pessoas trabalham com mais afinco”.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Se nos perguntassem como nos comportaríamos em uma situação opondo uma


vantagem pessoal ao bem geral, a maioria de nós não seria capaz de admitir a opção pela
vantagem pessoal. A história mostra claramente, contudo, que a maioria das pessoas coloca os
próprios interesses à frente dos interesses alheios, seja por temperamento ou formação. O que
não faz delas pessoas ruins, apenas humanas.
Mas toda essa defesa do interesse próprio pode ser frustrante para quem tem ambições
maiores que simplesmente garantir alguma pequena vitória pessoal. Talvez você queira aliviar a
pobreza, permitir que o governo funcione melhor ou convencer sua empresa a poluir menos, ou
simplesmente fazer com que seus filhos parem de brigar. Como vai conseguir que todo mundo
puxe na mesma direção, se cada um está basicamente puxando na sua própria?

(LEVITT, S. D.; DUBNER, S. J. Pense como um freak. Rio de Janeiro: Record, 2014, p. 16.)

16.(Port./Jun2015/Q.3)

Assinale a alternativa em que a substituição proposta para o elemento sublinhado altera o


sentido original.

A) “Se nos perguntassem como nos comportaríamos em uma situação opondo uma
vantagem pessoal ao bem geral…” – que opusesse
B) “... como nos comportaríamos em uma situação opondo uma vantagem pessoal ao
bem geral...” – o bem geral a uma vantagem pessoal
C) “A história mostra claramente, contudo, que a maioria das pessoas coloca os
próprios interesses à frente dos interesses alheios...” – Não obstante, a história
categoricamente mostra que
D) “O que não faz delas pessoas ruins, apenas humanas. ” – Isso
E) “... se cada um está basicamente puxando na sua própria? ” – estiver

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

195
Nos últimos trinta anos houve um aumento significativo da desigualdade tanto nas
sociedades desenvolvidas quanto nas regiões periféricas. Até meados dos anos 1970, é bom
lembrar, o crescimento econômico foi acompanhado do aumento dos salários reais, da redução
das diferenças entre os rendimentos do capital e do trabalho e de uma maior igualdade dentro
da escala de salários.
A crise da classe média norte-americana não é fruto da Grande Recessão, iniciada em
2007, mas um fenômeno de longo prazo. De 1973 até 2010, o rendimento de 90% das famílias
norte-americanas cresceu apenas 10% em termos reais, enquanto os ganhos dos situados na
faixa dos super-ricos – a turma do 1% superior – triplicaram. Pior ainda: a cada ciclo a
recuperação do emprego é mais lenta e, portanto, maior é a pressão sobre os rendimentos dos
assalariados.

(BELLUZZO, L. G. In: Thomas Piketty e o segredo dos ricos. São Paulo: Veneta, 2014, p. 80-81.)

17.(Port./Jun2015/Q.8)

Assinale a alternativa em que a inversão proposta altera o sentido original.

A) “... houve um aumento significativo da desigualdade...” – houve um significativo


aumento da desigualdade.
B) “... o crescimento econômico foi acompanhado do aumento dos salários reais...” –
o crescimento econômico foi acompanhado do aumento real dos salários.
C) “... uma maior igualdade dentro da escala de salários. ” – uma igualdade maior
dentro da escala de salários.
D) “Pior ainda: a cada ciclo a recuperação do emprego é mais lenta...” – Ainda pior: a
cada ciclo a recuperação do emprego é mais lenta.
E) “... maior é a pressão sobre os rendimentos dos assalariados. ” – é a maior pressão
sobre os rendimentos dos assalariados.
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir:

Um jornal gaúcho informa: “O Governo quer concluir, até o final desta semana, o edital para
contratação da empresa de consultoria que indicará o melhor modelo de pedágios para o
Estado. ”

18.(Port./Jun2015/Q.9)

Reescrevendo-se o trecho acima com o intuito de reposicionar o sintagma “até o final desta
semana”, a única alternativa que compromete o significado original é:

A) Até o final desta semana, o Governo quer concluir o edital para contratação da
empresa de consultoria que indicará o melhor modelo de pedágios para o Estado.
B) O Governo quer concluir o edital para contratação da empresa de consultoria que
indicará, até o final desta semana, o melhor modelo de pedágios para o Estado.
C) O Governo, até o final desta semana, quer concluir o edital para contratação da
empresa de consultoria que indicará o melhor modelo de pedágios para o Estado.
D) O Governo quer, até o final desta semana, concluir o edital para contratação da
empresa de consultoria que indicará o melhor de pedágios para o Estado.
E) O Governo quer concluir o edital, até o final desta semana, para contratação da
empresa de consultoria que indicará o melhor modelo de pedágios para o Estado.

196
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Petrópolis – Chuva ajuda a acabar com incêndio na Serra


A chuva forte registrada na região serrana durante a madrugada de segunda-feira
ajudou a pôr fim ao incêndio que atingia o local nos últimos dias, segundo o comandante do
Corpo de Bombeiros da região, coronel Roberto Robadey. Graças a esse auxílio, a corporação e
o Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio) consideraram extinto o
incêndio.
Os primeiros focos foram registrados no dia 7, devido à seca. O coronel explicou que a
cobertura vegetal das encostas foi destruída, aumentando os riscos de deslizamentos em caso
de chuva prolongada.
De acordo com o governo do estado, mais de 2,6 mil hectares de floresta foram
destruídos no episódio no Parque Nacional de Araras e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
Cerca de 600 bombeiros participaram da operação.

(Jornal do Comércio: 21/10/2014, p. A-7)

19.(Port./Jun2015/Q.10)

O trecho “segundo o comandante do Corpo de Bombeiros da região” pode gerar ambiguidade


na leitura porque seria possível entender que

A) sua afirmação era sobre a duração das chuvas.


B) a chuva intermitente ajudara a pôr fim ao incêndio.
C) o incêndio atingira um local onde não houve chuva.
D) a chuva atingiu um local onde não houvera incêndio.
E) a região serrana só era alvo das chuvas durante a madrugada.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Contradição pode ser apenas aparente


Uma prova de português pediu aos candidatos que explicassem o paradoxo contido em
um texto de Rubem Braga. Na anedota contada pelo autor, o riso do leitor é provocado pela
aparente contradição enunciada por um garçom lusitano que, ao ouvir a conversa de dois
brasileiros num restaurante lisboeta, lhes indaga: “Que raio de língua é essa que estão aí a falar,
que eu percebo tudo? ”.
Ora, o paradoxo é uma figura de pensamento que consiste em afirmar algo que, apesar
de parecer contraditório, é verdadeiro. O garçom de Rubem Braga, ao perguntar “que raio
língua” era aquela, revelou esta diante de um idioma desconhecido, mas, ao dizer que percebia
tudo, demonstrou reconhecê-lo. (...)
Absurdo? Apenas aparentemente, pois, embora seja uma só língua, o português
manifesta-se de modo diverso no Brasil e em Portugal. As diferenças entre os falares são
patentes – estão na pronúncia, na escolha vocabular, na sintaxe, etc. Daí a estranheza e a
familiaridade sentidas simultaneamente pelo garçom. Camões, no conhecido soneto em que
tenta definir o amor, enreda-se em uma sequência de paradoxos: “Amor é fogo que arde sem
se ver/ É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina
sem doer”. E, ao final, conclui, perguntando: “Mas como causar pode seu favor/ Nos corações
humanos amizade, / Se tão contrário a si é o mesmo Amor? ”.
A resposta cabe a quem já se tiver emaranhado nas lides amorosas...

197
(CAMARGO, T.N. Folha de São Paulo: 05/06/2003, Caderno FOVEST, p.5 – adaptado)

20.(Port./Jun2015/Q.17)

O chefe de redação do jornal propôs à autora que reescrevesse a frase inicial do texto.

FRASE ORIGINAL: “Uma prova de português pediu aos candidatos que explicassem o paradoxo
contido em um texto de Rubem Braga. “

FRASE REESCRITA: “Uma prova de português pediu que os candidatos explicassem o paradoxo
contido em um texto de Rubem Braga. “

A autora não aceitou a mudança proposta, alegando acertadamente que a nova maneira de
escrever a frase

A) invertia a hierarquia das informações contidas no trecho original.


B) destacava a figura dos candidatos mais do que a explicação do paradoxo.
C) continha as mesmas informações da original, embora usasse estrutura diferente.
D) era antagônica, pois os candidatos passavam de agentes a pacientes da ação verbal.
E) mostrava uma variedade do significado do verbo e comprometia o significado
original.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Mercúrio de marcha à ré
É só o que se fala no mundo da astrologia: todo cuidado é pouco entre os dias 7 de junho e 1°
de julho. É a volta do Mercúrio retrógrado, fase em que, metaforicamente, o planeta anda para
trás, atrapalhando tudo o que for ligado a comunicação por aqui - e complicando a vida de muita
gente. Vai cair bem na Copa do Mundo.

(GUIMARÃES, Cleo. Gente Boa. O Globo: 29 de maio de 2014, Segundo Caderno, p. 5.)

21.(Port./Set2015/Q.37)

As alternativas a seguir destacam cinco definições do dicionário Houaiss para a palavra "bem".
Assinale a única que corresponde ao sentido com que a autora empregou essa palavra na última
frase do texto.

A) Com precisão, exatamente.


B) Em bons termos, em harmonia.
C) Com maestria, talento e domínio das técnicas.
D) De maneira conveniente, com propriedade; direito.
E) De modo justo, probo ou lícito; com acerto, corretamente.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Há rapazes e moças que já estão com 25 anos de idade, às vezes mais, e nunca
escreveram nada na vida. Redigir mais de 100 palavras em seguida, por exemplo, deixa um

198
executivo de primeira linha exausto, como se tivesse acabado de escrever Os Lusíadas, de Luís
de Camões.
A grande maioria dos brasileiros que completam o curso superior sai da universidade
com dificuldades extremas para conectar entre si os diversos mecanismos cerebrais que
permitem ao ser humano comunicar-se por escrito; contentam-se em ser “o animal que fala",
como Aristóteles descrevia o homem primitivo.
A maneira realmente moderna de encarar a leitura é medir a sua utilidade com uma
pergunta-chave: "Ler para quê?". Hoje em dia é possível ficar sabendo qualquer coisa, em
qualquer lugar e a qualquer hora- da data da Batalha de Tuiuti ao dia do aniversário de Cate
Blanchett. Qual a necessidade de saber as respostas antes de serem feitas as perguntas? É um
modo de encarar a vida - não é preciso mais aprender, basta chamar o Google. É errado pensar
assim? Com certeza é melancólico.
Todas as vezes em que você perceber que está ao lado da maioria, é hora de fazer uma
pausa e pensar um pouco.
GUZZO, L. R. Revista VEJA, n.2377, 11 jun. 2014, p. 100-1.

22.(Port./Fev2016/Q.36)

“É um modo de encarar a vida - não é preciso mais aprender, basta chamar o Google." Esse
trecho ficaria mais preciso se, em vez de usar o verbo "aprender", o autor usasse o verbo

A) ler.
B) refletir.
C) estudar.
D) dedicar-se.
E) aperfeiçoar-se.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Os desafios do envelhecimento
O Japão detém uma das mais altas expectativas de vida do planeta, de 83,6 anos, e a
maior média de idade da população, de 45,9 anos. Os idosos representam cerca de um terço da
população. A composição do país levou o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, de 72 anos,
a declarar que “O problema não será resolvido a não ser que eles possam se apressar e morrer",
numa referência aos idosos, em uma reunião do Conselho Nacional que discutia reformas na
seguridade social. Na ocasião, em janeiro de 2013, o político alertou ainda para o alto custo do
tratamento de pacientes que não podiam se alimentar sozinhos, a quem chamou de "pessoas-
tubo". Diante da repercussão causada pelos seus comentários, ele admitiu, depois, ter usado
uma linguagem inapropriada e expressado publicamente suas opiniões pessoais. Mais tarde, o
ministro confirmou que o governo japonês estuda uma redução progressiva nas pensões como
forma de enfrentar o déficit nas contas da previdência social.

TONELLO, M. N. Guia do estudante - atualidades. São Paulo: Editora Abril, 2° semestre de


2014, p. 150.

23.(Port./Fev2016/Q.41)

Considerando sua funcionalidade no texto, assinale a alternativa em que a supressão da palavra


ou expressão sublinhada prejudicaria o sentido pretendido pela autora.

199
A) "... em uma reunião do Conselho Nacional que discutia reformas na seguridade
social"
B) "Na ocasião, em janeiro de 2013, o político alertou ainda..."
C) “... ele admitiu, depois, ter usado uma linguagem inapropriada...”
D) “... o governo japonês estuda uma redução progressiva nas pensões ...”
E) “... como forma de enfrentar o déficit nas contas da previdência social

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Foram incluídas na análise três variáveis demográficas de controle: idade, sexo e tempo
na área. Variáveis demográficas são habitualmente selecionadas para esse fim, dado o seu
potencial efeito nas percepções e experiências dos indivíduos, como é o caso dos construtos
avaliados nesta pesquisa (Atinc, Simmering e Kroll, 2011; Spector e Brannick, 2010). As três
variáveis de controle utilizadas neste estudo foram inseridas em todas as avaliações das relações
causais previstas no modelo proposto.
As hipóteses propostas no artigo foram avaliadas com técnicas estatísticas de equações
estruturais baseadas em Partial Least Squares (PLS). Diferentemente do método de equações
estruturais baseado em covariâncias (Structural Equation Modeling - SEM), o PLS utiliza os dados
coletados para estimar os efeitos propostos que maximizem a variância total explicada na
amostra. Entre as vantagens do método em relação ao SEM, destacam-se a possibilidade de se
trabalhar com amostras menores do que as tipicamente exigidas ao método baseado em
covariância, é a robustez em relação a violações da premissa de normalidade multivariada, e
multicolinearidade entre e em blocos de variáveis manifestas, e a problemas de especificação
do modelo de equações estruturais (Chin, 2010). Para realizar analises, empregou-se o software
SmartPLS v. 2.0.M3 (Ringle, Wende e Will, 2014).

CAYAZOTTE, F. S. C. N.; MORENO JR., V. A.; TURANO, L. M. Cultura de aprendizagem contínua,


atitudes e desempenho no trabalho: uma comparação entre empresas do setor público e
privado. Revista de Administração Pública [on-line], v. 49, n. 6, p. 1555-1578, 2015. Excerto.

24.(Port./Fev2016/Q.45)

Sejam dadas as seguintes reescrituras para a passagem "Para realizar análises, empregou-se o
software SmartPLS."

W. Empregou-se o software SmartPLS para realizar análises.


X. O software SmartPLS foi empregado para realizar análises.
Y. Empregamos o software SmartPLS para realizar análises.
Z. Os pesquisadores empregaram o software SmartPLS para realizar análises.

Sejam também dadas as seguintes afirmativas sobre essas reescrituras.

I. Em todas as reescrituras, o deslocamento de "para realizar análises" não acarreta


alteração de sentido.
II. As reescrituras W e X apresentam informações implícitas que são explicitadas nas
reescrituras Y e Z.
III. É possível depreender que Cavazotte é provavelmente um dos agentes da ordem
W, X, Y e Z.

200
Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma análise adequada das
afirmativas.

A) A única afirmativa correta é I.


B) As únicas afirmativas corretas são I e II.
C) As únicas afirmativas corretas são I e III.
D) As únicas afirmativas corretas são II e III.
E) As afirmativas I, II e III são corretas.

25.(Port./Fev2016/Q.46)

Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta urna análise correta para os
seguintes elementos do texto: "Atinc, Simmering e Kroll, 2011", "Spector e Brannick, 2010",
"Chin, 2010" e "Ringle, Wende e Will, 2014".

A) Trata-se de ocorrências de citação direta; sendo assim, sabe-se, por exemplo, que
Ringle, Wende e Will (2010) empregaram 0 software SmartPLS v.2.0.M3 em seu
estudo e que Chin (2010) apontou problemas de especificação do modelo
B) Trata-se de ocorrências de citação indireta; sendo assim, sabe-se, por exemplo,
que Ringle, Wende e Will (2010) empregaram o software SmartPLS v.2.0.M3 em
seu estudo e que Chin (2010) apontou problemas de especificação do modelo
C) Trata-se de ocorrências de citação direta; pode-se afirmar que os autores citados
apresentam informações condizentes com algo do que se argumenta nas sentenças
em que as ocorrências estão inseridas.
D) Trata-se de ocorrências de citação indireta; pode-se afirmar que os autores
citados apresentam informações condizentes com algo do que se argumenta nas
sentenças em que as ocorrências estão inseridas.
E) Trata-se de disponibilização de referências bibliográficas; 0 objetivo é não ter
que apresentar as ideias dos respectivos autores, deixando ao leitor a tarefa de
buscar essas fontes para confirmar se a argumentação dos autores procede ou não
no meio cientifico.

26.(Port./Fev2016/Q.51)

No banheiro masculino de uma empresa, há um cartaz em que se lê: "Ao usar o sanitário, dê a
descarga." Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma análise incorreta
para a passagem "Ao usar o sanitário".

A) Trata-se de um caso de ambiguidade.


B) A reescritura "Por usar o sanitário" é possível e cabível no contexto em questão.
C) A reescritura "Depois de usar o sanitário" é possível e cabível no contexto em
questão.
D) A reescritura "Assim que usar o sanitário" equivale plenamente ao contexto em
questão.
E) A reescritura "Enquanto usar o sanitário" é possível, mas inaceitável no contexto em
questão.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

201
Este artigo apresenta estudo exploratório realizado acerca do Programa Município
Verde Azul, estabelecido em 2007 pelo Governo do Estado de São Paulo para incentivar os
municípios a atuar a favor da melhoria das condições ambientais. A pesquisa teve como recorte
os sete municípios do Grande ABC, no estado de São Paulo. A análise priorizou três diretivas do
programa: Esgoto Tratado, Resíduos Sólidos e Educação Ambiental, por possuírem o maior peso
atribuído. Ribeirão Pires e São Caetano do Sul obtiveram as melhores notas, seguidas por Santo
André.

(OLIVEIRA, E. C.; TRINDADE, F. H.; PEREIRA, R. S. Políticas públicas indutoras do


desenvolvimento sustentável local: um estudo sobre o Programa Município Verde Azul na
região do Grande ABC. Administração Pública e Gestão Social, Paraguaçu Paulista, v.7, n. 3, p.
108, jul.-set. 2015. Excerto.)

27.(Port./Jun2016/Q.15)

Assinale a alternativa em que a reescritura da segunda sentença do texto implica alteração de


sentido.

A) Como recorte a pesquisa teve os sete municípios do Grande ABC, no estado de São
Paulo.
B) Teve a pesquisa como recorte os sete municípios do Grande ABC, no estado de São
Paulo.
C) Sete municípios do Grande ABC, no estado de São Paulo, compuseram o recorte da
pesquisa.
D) Compuseram o recorte da pesquisa os sete municípios do Grande ABC, no estado
de São Paulo.
E) O recorte da pesquisa compreendeu os sete municípios do Grande ABC, no estado
de São Paulo.

28.(Port./Jun2016/Q.16)

Sejam dadas as seguintes afirmativas em relação à expressão “seguidas por Santo André”,
localizada na última sentença do texto.

I. Considerando o uso da palavra “município” ou seu plural ao longo do texto, o


uso de “seguidas” é indubitavelmente equivocado.
II. Considerando a possibilidade de se referir a Ribeirão Pires e São Caetano do Sul
como cidades, é adequado o uso de “seguidas”.
III. Uma redação opcional para o excerto seria “seguidos por Santo André”.

Assinale a alternativa que aponta a(s) afirmativa(s) correta(s).

A) A afirmativa I é a única correta.


B) A afirmativa II é a única correta.
C) As afirmativas I e III são as únicas corretas.
D) As afirmativas II e III são as únicas corretas.
E) Todas as afirmativas são corretas.

GABARITO

202
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
C E E E A C D B D E C E D A E E E B A C

21 22 23 24 25 26 27 28
A C B D D D C D

203
Exercícios de provas anteriores comentados

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir.

Ao contrário do que comumente se acredita, o desempenho dos países em


desenvolvimento no período em que o estado dominou o desenvolvimento foi superior ao que
eles alcançaram durante o período subsequente de reforma voltada para o mercado. Houve
alguns fracassos grandiosos da intervenção estatal, mas quase todos esses países cresceram
muito mais rápido, com uma distribuição de renda mais equitativa e com um número bem
menor de crises financeiras, durante os “maus dias do passado” do que o fizeram no período
das reformas voltadas para o mercado. Além disso, também não é verdade que quase todos os
países ricos tenham ficado ricos por meio de políticas de livre mercado. A verdade é mais ou
menos o oposto. Com apenas algumas exceções, todos os países ricos de hoje, entre eles a Grã-
Bretanha e os Estados Unidos – os supostos lares do livre comércio e do livre mercado – ficaram
ricos por meio da combinação do protecionismo, subsídios e outras políticas que hoje eles
aconselham os países em desenvolvimento a não adotar. As políticas de livre mercado tornaram
poucos países ricos até agora e poucos ficarão ricos por causa dela no futuro.

(CHANG, Ha-Joo. 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo. São Paulo:
Cultrix, 2013, p. 100.)

1. (Port./Fev2014/Q.3)

Assinale o único comentário correto a respeito da frase final do texto: “As políticas de livre
mercado tornaram poucos países ricos até agora e poucos ficarão ricos por causa dela no
futuro.”

A) No lugar de “e”, deveria ter sido usada a palavra, “mas”.


B) A expressão “até agora” teria de aparecer no início da frase.
C) O emprego da palavra “dela” está prejudicado, pois lhe falta a referência precisa.
D) Faltou explicitar palavra “países” após “e poucos” como referência a “poucos
países”, e não a “poucos indivíduos”.
E) A construção no início da frase está ininteligível por não ter sido adotada a seguinte
redação “As políticas de livre mercado tornaram ricos poucos países”.

RESPOSTA: C

A) Errado. Caso fosse substituída por “mas”, a conjunção “e” teria sentido adversativo, o
que comprometeria o sentido da frase.
B) Errado. A posição em que a expressão mencionada aparece na frase não compromete
sua correção e sentido.
C) Correto. O pronome deveria ter sido usado o plural (“delas”), pois se refere às políticas
de livre mercado.
D) Errado. Não é preciso explicitar a palavra “países”, pois a referência está clara e é
induzida pela frase anterior. Não há, no texto, possibilidade de fazer a ligação entre
“poucos” e “indivíduos”, pois o autor não está tratando deles, e sim dos países.
E) Errado. Neste caso, a inversão da posição do adjetivo “ricos” não compromete o sentido
da frase.

204
2. (Port./Fev2014/Q.4)

Assinale a alternativa em que a redação proposta compromete o sentido original do trecho


destacado.

A) “Ao contrário do que comumente se acredita...” – Opostamente ao senso comum.


B) “...que hoje eles aconselham os países em desenvolvimento a não adotar. ” – que
atualmente os países ricos recomendam não serem seguidas pelos países em
desenvolvimento.
C) “Houve alguns fracassos grandiosos da intervenção estatal...” – A intervenção
estatal teve enormes malogros.
D) “... do que o fizeram no período das reformas voltadas para o mercado. ” – do que
cresceram no período das reformas direcionadas para uma política de livre
mercado.
E) “... no período em que o estado dominou o desenvolvimento...” – no período em
que predominou o desenvolvimento estatal.

RESPOSTA: E

A) Não há comprometimento do sentido original com a alteração proposta.


B) Embora haja uma alteração importante na estrutura sintática, o sentido de ambas as
frases é equivalente: o agente da ação é “países ricos” (retomado pelo pronome “eles”
na primeira frase), a ação é “(não) recomendar/aconselhar”, e o paciente é “países em
desenvolvimento”.
C) O sentido de “fracassos grandiosos” é semelhante ao de “enormes malogros”.
D) As expressões são equivalentes semanticamente. No texto, a expressão “o fizeram”
substitui exatamente o verbo “cresceram” da frase anterior.
E) A substituição proposta altera o sentido da frase. Na expressão “no período em que o
estado dominou o desenvolvimento” o estado é o sujeito da ação. Já na expressão
“período em que predominou o desenvolvimento estatal”, o estado passa a ser quem
sofre a ação do desenvolvimento.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Seu valor é determinado por seu salário?


Quem defende aumento de remuneração sem esperar nenhuma contrapartida em
termos da qualidade do serviço está subvertendo uma das leis basilares da economia: a que
estabelece que remunerações são proporcionais à produtividade do trabalhador. Americanos e
europeus não ganham quatro ou cinco vezes mais que nós porque seus patrões são bonzinhos,
mas porque é isso que produzem. Basta ver os dados da Organização Internacional do
Trabalhado: o trabalhador brasileiro produz, por uma hora trabalhada, um quinto do que produz
um americano.

(IOSCHPE, Gustavo. Revista VEJA, edição 2.342, ano 46, n. 42, 16 de outubro de 2013, p. 99.)

3. (Port./Fev2014/Q.6)

Observe as seguintes afirmações sobre o artigo.

I. O autor utilizou duas vezes o sinal de dois-pontos com a mesma função.

205
II. Em “Americanos e europeus não ganham quatro ou cinco vezes mais do que nós
porque seus patrões são bonzinhos...”, a palavra “não” estaria mais bem
posicionada se aparecesse antes de “porque”.
III. O segmento “porque é isso que produzem” poderia ter sido substituído por
“porque produzem cinco vezes ou mais”.

Assinale a única alternativa adequada.

A) As três afirmações estão corretas.


B) Apenas a afirmação III está correta.
C) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
D) Apenas as afirmações I e III estão corretas.
E) Apenas as afirmações II e III estão corretas.

RESPOSTA: E

I. Errado. No primeiro caso, o autor utilizou o sinal de dois-pontos para revelar uma
expressão anterior (“uma das leis basilares”). No segundo, o autor utilizou o sinal como
precedente de uma dedução resultante de um procedimento anterior (“ver os dados da
Organização Internacional do Trabalho”).
II. Correto. Da maneira como está posicionada, a palavra pode gerar ambiguidade, ao
permitir a interpretação de que americanos e europeus não ganham quatro ou cinco
vezes mais do que nós. Essa leitura não é compatível com o texto.
III. Correto. A substituição proposta mantém o sentido do texto.

4. (Port./Fev2014/Q.17)

O caderno “Veículos”, da Folha de São Paulo, publicou em 12 de março de 2000 matéria


intitulada “Carros são a segunda paixão de James Bond”, onde se lia; “Se fosse preparada uma
receita dos filmes de James Bond, dois ingredientes não poderiam faltar: belas mulheres e
fabulosas máquinas de quatro rodas. E, apesar de ser bem moderninho ao se envolver com
várias mulheres em um único filme, o espião da rainha é tradicionalista e conservador quando
o assunto é automóvel. ”

Assinale a alternativa que reescreve a frase final da matéria sem contrariar seu conteúdo e seu
ponto argumentativo principal.

A) E, ainda que o espião da rainha seja tradicionalista e conservador na hora em que o


assunto é automóvel, ele é bem moderninho ao se envolver com várias mulheres
em um único filme.
B) E, não obstante o espião da rainha seja bem moderninho ao se envolver com várias
mulheres em um único filme, ele é tradicionalista e conservador, posto que o
assunto seja automóvel.
C) O espião da rainha é rainha é bem moderninho ao se envolver com várias mulheres
em um único filme e, por conseguinte, sendo o assunto automóvel, ele é
tradicionalista e conservador.
D) O espião da rainha é tradicionalista e conservador ao se envolver com várias
mulheres em único filme, mas ele é bem moderninho se o assunto for automóvel.

206
E) E, embora seja bem moderninho ao se envolver com várias mulheres em um único
filme, o espião da rainha é tradicionalista e conservador, caso o assunto seja
automóvel.

RESPOSTA: E

A) Errado. Esta alternativa poderia gerar dúvida. A oposição “tradicional com automóveis”
e “moderno com mulheres” ficou, de fato, preservada nessa nova redação. No entanto,
é preciso levar em conta que o enunciado pede que o ponto argumentativo principal seja
preservado. Nesse aspecto, a nova redação inverte a proeminência sobre o que está
sendo dito. A frase original dá destaque à relação de Bond com os automóveis, e a nova
redação dá destaque à relação de Bond com as mulheres.
B) Errado. A expressão “posto que” não faz sentido na frase.
C) Errado. A expressão “por conseguinte” cria uma relação de causa e consequência, o que
não é verificado no texto original.
D) Errado. A nova redação inverte as informações do texto original.
E) Correto. A alternativa mantém a ideia expressa originalmente no texto.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Toda manhã, jovens mal alimentados se dirigem às escolas. Não surpreendentemente, tais
estudantes frequentemente apresentam déficits de aprendizado (IBGE, 2010 apud SILVA, 2012).
O cérebro, já diziam Reivich et al. (1978), é o órgão que mais consome glicose, e, como
evidenciam Korol e Gold (1998), a administração de glicose antes do aprendizado fortalece
memórias. Isso sugere que, “ independentemente do método pedagógico empregado – por
exemplo, expositivo, demonstrativo ou interrogativo -, a má nutrição afeta negativamente o
aprendizado” (KOROL; GOLD, 1998, p. 10).

5. (Port./Jun2014/Q.8)

Assinale a alternativa que apresenta a reescritura de um excerto do texto que nele pode ser
inserido coerentemente.

A) “Isso sugere que, ‘independentemente ao método pedagógico empregado – por


exemplo, expositivo, demonstrativo ou interrogativo -, a má nutrição afeta
negativamente o aprendizado’ (KOROL; GOLD, 1998, P. 10).”
Isso sugere que o aprendizado pode ser afetado negativamente pela má nutrição
independentemente do método pedagógico adotado (KOROL; GOLD, 1998).
B) “Não surpreendentemente, tais estudantes frequentemente apresentam déficits de
aprendizado (IBGE, 2010 apud SILVA, 2012). ”
Segundo o IBGE (2010), citado em Silva (2012), não surpreendentemente tais
estudantes frequentemente apresentam déficits de aprendizado.
C) “O cérebro, já diziam Reivich et al. (1978), é o órgão que mais consome glicose, e,
como evidenciam Korol e Gold (1998), a administração de glicose antes do
aprendizado fortalece memórias. ”
O cérebro é o órgão que mais consome glicose; a administração de glicose antes do
aprendizado fortalece memórias (REIVICH et al., 1978; KOROL; GOLD, 1998).
D) “isso sugere que, ‘independentemente do método pedagógico empregado – por
exemplo, expositivo, demonstrativo ou interrogativo -, a má nutrição afeta
negativamente o aprendizado’ (KOROL; GOLD, 1998, p. 10). “

207
Isso sugere que, “independentemente do método pedagógico empregado (i.e.,
expositivo, demonstrativo e interrogativo), a má nutrição afeta negativamente o
aprendizado” (KOROL; GOLD, 1998, p. 10).
E) “... e, como evidenciam Korol e Gold (1998), a administração de glicose antes do
aprendizado fortalece memórias. ”
e, para Korol e Gold (1998), é evidente que a administração de glicose antes do
aprendizado fortalece memórias.

RESPOSTA: A

A) Correto. As alterações sintáticas e de pontuação não alteraram o sentido da frase. Além


disso, a falta de exemplificação não compromete o ponto argumentativo principal e
mantém a coerência do texto, como pede o enunciado da questão.
B) Errado. No texto original, a expressão “Não surpreendentemente” está relacionada ao
autor do texto, ou seja, é um juízo de valor emitido por ele. Em outras palavras, ele
considera que os dados do IBGE não surpreendem. Já no texto reescrito, a asserção “não
surpreendentemente tais estudantes frequentemente apresentam déficits de
aprendizado.” seria uma visão emitida pelo IBGE.
C) Errado. A reescritura não associa cada afirmação ao(s) seu(s) autor(ES). Da maneira
como foi colocado, todas as afirmações foram dadas por todos os autores, o que não
corresponde ao texto original.
D) Errado. Na reescritura, o método pedagógico empregado é muito abrangente, pois é
expositivo, demonstrativo E interrogativo. Isso pode ser verificado pela conjunção “e” e
pelo elemento “i.e”. Tal afirmação é diferente da do texto original, na qual o método
poderia ser expositivo, demonstrativo OU interrogativo.
E) Errado. O verbo “evidenciar” tem o sentido de “tornar claro, manifesto ou evidente, por
meio de demonstrações”. Já a expressão “é evidente” tem sentido diferente, pois se
aproxima de um juízo de valor que expressa que o afirmado é indiscutível ou
incontestável.

6. (Port./Jun2014/Q.10)

Analise as construções X1 a X5 e, em seguida, as afirmações I, II e III.

X1. Os policias repreenderam os manifestantes que ocuparam a Paulista.


X2. Os manifestantes que ocuparam a Paulista foram repreendidos.
X3. Os manifestantes da Paulista foram repreendidos.
X4. As manifestações da Paulista foram repreendidas.
X5. A repreensão das manifestações da Paulista.

I. De X1 para X5 existe um nível cada vez maior de informações implícitas.


II. Em X5, o nível de implicitude é tão grande que, sem informações contextuais, não
é possível desfazer a ambiguidade existente.
III. Não existe diferença de significado entre X3 e X4.

É (São) incorreta(s):

A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.

208
D) I e II, apenas.
E) II e III, apenas.

RESPOSTA: C

I. Correto. De X1 para X2, na mudança da voz ativa para a voz passiva, há a omissão do
agente da ação. De X2 para X3, com a exclusão da oração relativa restritiva (“que
ocuparam a Paulista”), há uma ampliação no referente, pois o termo “os manifestantes
da paulista” é mais genérico do que o termo “os manifestantes que ocuparam a
paulista”. De X3 para X4, com a mudança de “os manifestantes” para “as
manifestações”, torna-se mais difícil apontar quem foi repreendido. De X4 para X5, com
a mudança da voz passiva para o substantivo “repreensão”, perde-se a noção temporal,
pois “em foram repreendidas” temos certeza de que a ação aconteceu no passado, mas
em “repreensão”, a ação pode já ter acontecido ou acontecer a qualquer tempo.

II. Correto. Sem informações de contexto, não é possível saber se as manifestações sofrem
a repreensão, ou se as manifestações, ao contrário, são o agente causador da
repreensão, ou seja, se elas estão repreendendo alguma coisa por meio das
manifestações.

III. Errado. Conforme explicado no item I, de X3 para X4, com a mudança de “os
manifestantes” para “as manifestações”, torna-se mais difícil apontar quem foi
repreendido.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir.

A ansiedade de que o jornalismo recupere seu prestígio é percebida em todo lugar. Quem mais
precisa disso são os donos dos veículos, seus maiores beneficiários, que sentem o descrédito
onde mais lhes dói.

(GARCÍA MÁRQUEZ, G. Eu não vim fazer um discurso. Rio de Janeiro: Record, 2011.)

7. (Port./Jun2014/Q.13)

Assinale a alternativa em que a substituição proposta para o elemento destacado está correta.

A) veículos = jornais.
B) disso = dessa ansiedade.
C) ansiedade = necessidade.
D) onde mais lhes dói = no bolso.
E) em todo lugar = indiscriminadamente.

RESPOSTA: D

A) Errado. O termo “veículos” é mais amplo que o termo “jornais”, porque pode incluir
televisão, rádio etc
B) Errado. O termo “disso” retoma “de que o jornalismo recupere seu prestígio”, e não
“dessa ansiedade”.
C) Errado. O termo “ansiedade” remete a um estado psicológico, ao passo que
“necessidade” remete à indispensabilidade de algo.

209
D) Correto. A expressão “onde mais lhes dói” é uma consagrada forma figurada de se referir
ao dinheiro. A substituição proposta faz sentido no texto.
E) Errado. A expressão “em todo lugar” pode, em certas ocasiões, ser substituída por
“indiscriminadamente”, no sentido de “desordenadamente”. No entanto, no texto
apresentado, ela remete a um espaço.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Tudo o que eu queria era entender por que os indianos que conheci estavam tirando o
trabalho dos americanos, por que haviam se tornado uma referência tão importante no campo
da terceirização de serviços e tecnologia da informação dos EUA e outros países industrializados.
Colombo dispunha de mais de cem homens em seus três navios; eu contava com uma equipe
do canal de televisão Discovery Times, pequena o bastante para acomodar-se confortavelmente
em duas vans sucateadas, com motoristas indianos que dirigiam descalços. Ao embarcar,
também eu acreditava que a Terra era redonda, mas o que encontrei na verdadeira Índia abalou
profundamente a minha fé. Colombo foi parar na América por acidente, achando que havia
descoberto uma parte da Índia; eu estive na Índia, mas muitas das pessoas que lá conheci mais
pareciam americanas. Algumas chegaram a adotar nomes americanos, enquanto outras
reproduziam à perfeição o sotaque americano nos call centers e as técnicas americanas de
gerenciamento nos laboratórios de software.
Colombo informou seus soberanos de que a Terra era redonda – e entrou para a história
como o autor dessa constatação. Quando voltei para casa compartilhei apenas com a minha
esposa a minha descoberta, e num sussurro: “Querida”, confidenciei, “acho que o mundo é
plano”.

(FRIEDMAN, Thomas. O mundo é plano: uma breve história do século XXI. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2005, p. 13.)

8. (Port./Set2014/Q.7)

Assinale a alternativa em que o deslocamento da palavra sublinhada mantém o sentido original


do texto.

A) “também eu acreditava que a Terra era redonda” - eu acreditava também que a


Terra era redonda.
B) “as técnicas americanas de gerenciamento nos laboratórios de software”- as
técnicas de gerenciamento americanas nos laboratórios de software.
C) “compartilhei apenas com a minha esposa a minha descoberta”- apenas
compartilhei com a minha esposa a minha descoberta.
D) “muitas das pessoas que lá conheci mais pareciam americanas”- muitas das pessoas
que mais conheci pareciam americanas.
E) “Tudo o que eu queria era entender por que os indianos que conheci estavam
tirando o trabalho dos americanos”- Tudo o que eu queria entender era por que os
indianos que conheci estavam tirando o trabalho dos americanos.

RESPOSTA: B

A) A substituição altera o sentido do texto. A expressão “também eu” indica que existem
outras pessoas que acreditavam, enquanto a expressão “eu acreditava também” indica
que o autor acreditava em outras coisas.

210
B) A substituição mantém o sentido do texto.
C) A substituição altera o sentido do texto. A expressão “compartilhei apenas com a minha
esposa a minha descoberta” significa que o autor não compartilhou a descoberta com
mais ninguém. Já a expressão “apenas compartilhei com a minha esposa a minha
descoberta” significa que o autor está minimizando o fato de compartilhar a descoberta.
D) A substituição altera o sentido do texto. Na expressão “muitas das pessoas que lá
conheci mais pareciam americanas”, “mais” se refere ao verbo “parecer”, ou seja, as
pessoas se pareciam mais com americanas. Já na expressão “muitas das pessoas que
mais conheci pareciam americanas”, “mais” modifica o verbo “conhecer”, ou seja, o
autor se refere às pessoas que conheceu melhor.
E) A substituição altera o sentido do texto. A mudança de posição do verbo “ser” evidencia
a diferença entre duas construções: “Tudo o que eu queria era” e “tudo o que eu queria
entender era”. A primeira é mais ampla que a segunda.

9. (Port./Set2014/Q.8)

Assinale a alternativa em que a substituição proposta para o elemento sublinhado não


corresponde ao sentido original pretendido pelo autor.

A) “abalou profundamente a minha fé”- convicção.


B) “no campo da terceirização de serviços”- âmbito.
C) “Colombo dispunha de mais de cem homens em seus três navios”- contava com.
D) “Ao embarcar, também eu acreditava que a Terra era redonda “ – Antes de
embarcar.
E) “eu contava com uma equipe do canal de televisão Discovery Times”- dispunha de.

RESPOSTA: D

A) A substituição não altera o sentido original proposto pelo autor.


B) A substituição não altera o sentido original proposto pelo autor.
C) “A substituição não altera o sentido original proposto pelo autor.
D) A substituição altera o sentido original proposto pelo autor. “Ao embarcar” tem o
sentido de “no momento do embarque”, enquanto “Antes de embarcar” tem o sentido
de “antes do embarque”.
E) A substituição não altera o sentido original proposto pelo autor.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Hoje, prevalece a certeza de que andar de ônibus ou de trem é coisa de pobre. Quem
consegue juntar algum dinheiro trata logo de comprar um carro. Mesmo que ele passe a maior
parte do tempo na garagem ou engarrafado. O que importa é o símbolo de status, a ideia de
que está subindo na vida. Poucas coisas estão mais distantes da ideia de civilização do que estar
sozinho num carro preso no trânsito.

(VIEIRA, Agostinho. A gente se vê por aqui. O GLOBO, 20 de março de 2014, p. 24.)

10.(Port./Set2014/Q.9)

Assinale a alternativa que apresenta a única palavra sublinhada que, por ter posição fixa no
texto, não admite ser deslocada sem alteração de sentido.

211
A) “se está subindo na vida”.
B) “Hoje, prevalece a certeza”
C) “trata logo de comprar um carro”.
D) “do que estar sozinho num carro”.
E) “Quem consegue juntar algum dinheiro”.

RESPOSTA: E

A) A palavra pode ser deslocada: “se está na vida subindo


B) A palavra pode ser deslocada “Hoje, a certeza prevalece
C) A palavra pode ser deslocada “logo trata de comprar um carro”.
D) A palavra pode ser deslocada “do que estar num carro sozinho”.
E) A palavra não pode ser deslocada, pois a modificação altera seu sentido. “Algum
dinheiro” significa “pouco dinheiro”, já “dinheiro algum” significa “nenhum dinheiro”.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Dito e feito
Não deixa de ser uma estranha sensação, esta de me ver mais uma vez reaparecendo
regularmente em jornal. É uma espécie do palco, ou picadeiro, em que me exponho, faço
cabriolas e gatimonhas, executo as pelotiquices de costume.
Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenho feito outra coisa. Andei como
um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando, como se fosse pela primeira
vez.
E agora aqui estou, realmente pela primeira vez neste jornal. Começar é sempre difícil,
deixa a gente meio sem jeito, não sabendo o que dizer, como no início de um namoro: dá licença
de falar com você? posso acompanhá-la? E pronto: admitida a abordagem, que dizer agora?
Pois então, sejam minhas primeiras palavras um rápido improviso de saudação aos
leitores, um abraço aos novos colegas, lembranças aos meus familiares – e vamos em frente.

(SABINO, Fernando. Livro aberto. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 458.)

11.(Port./Set2014/Q.14)

O professor de Português pediu aos alunos que reescrevessem o trecho “sejam minhas primeiras
palavras um rápido improviso de saudação aos leitores” colocando-o na ordem direta e
deixando explícitas as palavras que estão subentendidas. O resultado poderia ser este:

A) Elas que sejam minhas primeiras palavras de rápido improviso e saudação aos
leitores.
B) Um improviso rápido que sejam as minhas primeiras palavras de saudação aos
leitores.
C) Desejo que minhas primeiras palavras sejam um improviso rápido de saudação aos
leitores.
D) Estas que sejam minhas primeiras palavras de saudação aos leitores como um rápido
improviso.
E) Minhas primeiras palavras, que sejam um improviso rápido de saudação aos
leitores, é o que desejo.

212
RESPOSTA: C

A) Errado. Não há explicitação de palavras subentendidas no texto, além de a redação estar


truncada.
B) Errado. A frase não está na ordem direta e não há explicitação de palavras
subentendidas.
C) Correto. A frase está na ordem direta e há explicitação do verbo “desejo”, subentendido
na redação original.
D) Errado. Não há explicitação de palavras subentendidas no texto, além de a redação estar
truncada.
E) Errado. A frase não está na ordem direta.

12.(Port./Set2014/Q.17)

A produção das superfícies lisas exige, em geral, custo de fabricação mais elevado. Os diferentes
processos de fabricação de componentes mecânicos determinam acabamentos diversos nas
suas superfícies. As superfícies, por mais perfeitas que sejam, apresentam irregularidades. Um
grupo de irregularidades é conhecido como erros macrogeométricos. Trata-se dos erros de
forma, verificáveis por meio de instrumentos convencionais de medição, como micrômetros,
relógios, comparadores, projetores de perfil etc.

Lida fora de contexto, haveria ambiguidade na

A) primeira frase.
B) segunda frase.
C) terceira frase.
D) quarta frase.
E) quinta frase.

RESPOSTA: E

A) Errado. Não há ambiguidade na primeira frase.


B) Errado. Não há ambiguidade na segunda frase.
C) Errado. Não há ambiguidade na terceira frase.
D) Errado. Não há ambiguidade na quarta frase.
E) Correto. Na quinta frase, o verbo “tratar”, fora de contexto, poderia sem ambíguo, pois
tem também o sentido de “cuida”.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

O ataque dos minúsculos gigantes


Naquela fria tarde de dezembro de 1799, quando George Washington sentiu pela
primeira vez a garganta irritada, deve ter percebido que mesmo ele, o senhor de Mount Vernon,
o primeiro presidente dos Estados Unidos, vencedor do exército britânico na guerra pela
independência norte-americana, podia estar diante de um inimigo que não conseguiria derrotar.

(JEANETTE, Farrell. A assustadora história das pestes e epidemias. São Paulo: Ediouro, 2003, p.
19.)

13.(Port./Fev2015/Q.2)

213
Assinale a alternativa em que o deslocamento proposto altera o sentido original.

A) “O ataque dos minúsculos gigantes” – O ataque dos gigantes minúsculos.


B) “Naquela fria tarde de dezembro de 1799” – Naquela tarde fria de dezembro de
1799.
C) “quando George Washington sentiu pela primeira vez a garganta irritada” – quando
pela primeira vez George Washington sentiu irritada a garganta.
D) “deve ter percebido que mesmo ele” – deve ter percebido que ele mesmo.
E) “que não conseguiria derrotar” – que derrotar não conseguiria.

RESPOSTA: D

A) Não há alteração de sentido com o deslocamento.


B) Não há alteração de sentido com o deslocamento.
C) Não há alteração de sentido com o deslocamento.
D) Há alteração de sentido. O trecho “deve ter percebido que mesmo ele” significa “ deve
ter percebido que até ele”, enquanto o trecho “ deve ter percebido que ele mesmo.”
Significa “deve ter percebido que ele próprio”.
E) Não há alteração de sentido com o deslocamento.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

De magrela pela transamérica


Existem momentos na vida em que a gente precisa sair das engrenagens que ditam
nossa rotina. Tirar um período de férias, gozar meses de sabático ou até transformar o limão
daquela demissão numa limonada. Rearranjar os neurônios, inspirar-se pelo mundo, conhecer
pessoas inusitadas, colocar-se em situações inéditas. Enfim, juntar algumas histórias para contar
pelo resto da vida.
Prestes a completar 33 anos, eu havia chegado num momento desses. Depois de
experimentar trabalhar em algumas agências de comunicação, comecei a trabalhar como
freelancer em design gráfico. Parecia que a nova empreitada profissional tinha tudo para dar
certo. O que significaria que os próximos vários anos seriam pela agenda profissional. Se eu não
embarcasse numa aventura agora, só depois dos 40. Respirei fundo, fiz muitas dívidas e resolvi
encarar o projeto de uma grande viagem de bicicleta.

(CAPARICA, Marcio, Revista VIP, julho de 2014, p. 92.)

14.(Port./Fev2015/Q.5)

Assinale a alternativa em que a proposta de substituição do elemento sublinhado é inadequada.

A) “Existem momentos na vida em que a gente precisa sair das engrenagens” – onde.
B) “gozar alguns meses de sabático” – sabáticos.
C) “Prestes a completar 33 anos” – Na iminência de.
D) “eu havia chegado num momento desses” – chegara.
E) “eu havia chegado num momento desses” – a um.

RESPOSTA: A

214
A) A substituição não é adequada porque “onde” é um advérbio que tem significação
básica locativa. Na frase apresentada, a expressão em que retoma “momentos na vida”,
que tem significação básica de tempo, e não de lugar. Uma substituição adequada seria
“nos quais“.
B) A substituição é adequada.
C) A substituição é adequada
D) A substituição é adequada
E) A substituição é adequada

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Não fique tanto tempo no escritório


Trabalhar menos pode melhorar o resultado
Na área privada, a Treehouse, uma startup de ensino online na Flórida, adotou a semana
de trabalho de quatro dias úteis, dando folga aos 75 funcionários a partir da sexta-feira. O
sistema vem dando bons resultados, segundo seu CEO, Ryan Carson. A tese é de que o período
maior de folga atrai mão de obra qualificada. Além disso, a semana de trabalho mais curta obriga
os funcionários a ter maior produtividade – porque as tarefas continuam as mesmas. A
Treehouse já conquistou 70 mil usuários e arrecadou US$ 13 milhões com investidores.
Em artigo para a revista Foreign Policy, o economista Charles Kenny fornece argumentos
para a redução de jornada: na atual economia do conhecimento, a produtividade gera mais
riqueza do que horas trabalhadas. Segundo Kenny, 40 anos de estudos mostram que as pessoas
trabalham com mais afinco se tiverem limitado seu tempo para realizar a tarefa.

(NOGUEIRA, Paulo Eduardo, Revista ÉPOCA NEGÓCIOS, junho de 2014, p. 18.)

15.(Port./Fev2015/Q.8)

Assinale a alternativa que apresenta o único comentário correto.

A) Em “dando folga aos 75 funcionários”, o artigo poderia ter sido suprimido sem
alteração do sentido original.
B) Sem alteração do sentido original, o autor poderia ter escrito “a partir de sexta-
feira” em vez de “a partir da sexta-feira”.
C) O autor poderia ter conferido coesão à última frase do primeiro parágrafo desta
forma: “A despeito disso, a Treehouse já conquistou 70 mil usuários e arrecadou
US$ 13 milhões com investidores”.
D) O autor do texto diz que “o economista Charles Kenny fornece argumentos para a
redução de jornada”, mas na verdade só é apresentado um único argumento.
E) Sem alterar o sentido original, o último segmento do texto poderia ter a seguinte
redação: “Limitado seu tempo para a tarefa, as pessoas trabalham com mais afinco”.

RESPOSTA: E

A) Errado. Se o artigo tivesse sido suprimido, a frase indicaria que a empresa deu folga a
apenas uma parte dos funcionários (“folga a 75 funcionários”). Com o artigo original, o
sentido é o de que a empresa deu folga a todos (“folga aos 75 funcionários”).

215
B) Errado. Com a expressão “a partir de sexta-feira”, não se saberia quais os dias da
semana os funcionários trabalhariam. Com a expressão “a partir da sexta-feira”, o artigo
definido especifica que o intervalo da folga é de sexta-feira a domingo.
C) Errado. O termo “a despeito disso” indica uma concessão, ou objeção, o que prejudicaria
o sentido do texto.
D) Errado. São apresentados dois argumentos, o de que “na atual economia do
conhecimento, a produtividade gera mais riqueza do que horas trabalhadas” e o
argumento de que “as pessoas trabalham com mais afinco se tiverem limitado seu
tempo para realizar a tarefa”. Embora possam ser confundidos, são argumentos
diferentes. O primeiro trata do resultado (gerar mais riqueza), e o segundo, do processo
(situação de maior produtividade).
E) Correto. Não há alteração de sentido com a redação proposta.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Se nos perguntassem como nos comportaríamos em uma situação opondo uma


vantagem pessoal ao bem geral, a maioria de nós não seria capaz de admitir a opção pela
vantagem pessoal. A história mostra claramente, contudo, que a maioria das pessoas coloca os
próprios interesses à frente dos interesses alheios, seja por temperamento ou formação. O que
não faz delas pessoas ruins, apenas humanas.
Mas toda essa defesa do interesse próprio pode ser frustrante para quem tem ambições
maiores que simplesmente garantir alguma pequena vitória pessoal. Talvez você queira aliviar a
pobreza, permitir que o governo funcione melhor ou convencer sua empresa a poluir menos, ou
simplesmente fazer com que seus filhos parem de brigar. Como vai conseguir que todo mundo
puxe na mesma direção, se cada um está basicamente puxando na sua própria?

(LEVITT, S. D.; DUBNER, S. J. Pense como um freak. Rio de Janeiro: Record, 2014, p. 16.)

16.(Port./Jun2015/Q.3)

Assinale a alternativa em que a substituição proposta para o elemento sublinhado altera o


sentido original.

A) “Se nos perguntassem como nos comportaríamos em uma situação opondo uma
vantagem pessoal ao bem geral…” – que opusesse
B) “... como nos comportaríamos em uma situação opondo uma vantagem pessoal ao
bem geral...” – o bem geral a uma vantagem pessoal
C) “A história mostra claramente, contudo, que a maioria das pessoas coloca os
próprios interesses à frente dos interesses alheios...” – Não obstante, a história
categoricamente mostra que
D) “O que não faz delas pessoas ruins, apenas humanas. ” – Isso
E) “... se cada um está basicamente puxando na sua própria? ” – estiver

RESPOSTA: E

A) Não altera.
B) Não altera
C) Não altera
D) Não altera.

216
E) Altera. O uso do presente do indicativo (está) expressa certeza, já o uso do futuro do
subjuntivo (estiver) indica uma possibilidade de dúvida.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Nos últimos trinta anos houve um aumento significativo da desigualdade tanto nas
sociedades desenvolvidas quanto nas regiões periféricas. Até meados dos anos 1970, é bom
lembrar, o crescimento econômico foi acompanhado do aumento dos salários reais, da redução
das diferenças entre os rendimentos do capital e do trabalho e de uma maior igualdade dentro
da escala de salários.
A crise da classe média norte-americana não é fruto da Grande Recessão, iniciada em
2007, mas um fenômeno de longo prazo. De 1973 até 2010, o rendimento de 90% das famílias
norte-americanas cresceu apenas 10% em termos reais, enquanto os ganhos dos situados na
faixa dos super-ricos – a turma do 1% superior – triplicaram. Pior ainda: a cada ciclo a
recuperação do emprego é mais lenta e, portanto, maior é a pressão sobre os rendimentos dos
assalariados.

(BELLUZZO, L. G. In: Thomas Piketty e o segredo dos ricos. São Paulo: Veneta, 2014, p. 80-81.)

17.(Port./Jun2015/Q.8)

Assinale a alternativa em que a inversão proposta altera o sentido original.

A) “... houve um aumento significativo da desigualdade...” – houve um significativo


aumento da desigualdade.
B) “... o crescimento econômico foi acompanhado do aumento dos salários reais...” –
o crescimento econômico foi acompanhado do aumento real dos salários.
C) “... uma maior igualdade dentro da escala de salários. ” – uma igualdade maior
dentro da escala de salários.
D) “Pior ainda: a cada ciclo a recuperação do emprego é mais lenta...” – Ainda pior: a
cada ciclo a recuperação do emprego é mais lenta.
E) “... maior é a pressão sobre os rendimentos dos assalariados. ” – é a maior pressão
sobre os rendimentos dos assalariados.

RESPOSTA: E

A) Não altera
B) A banca considerou que a inversão do adjetivo não altera o sentido. Em uma análise
rigorosa, porém, há alteração de sentido, pois ao ser deslocado, o adjetivo “reais” deixa
de se referir aos salários (salários reais) e passa a se referir ao aumento (aumento real).
No entanto, essa alteração, entendida no âmbito do texto, é minimizada, o que não pode
ser feito em relação à alternativa considerada correta pela banca, exposta na letra E.
C) Não altera
D) Não altera
E) Altera. No texto, a afirmação “... maior é a pressão sobre os rendimentos dos
assalariados” é um conceito relativo, ou seja, a pressão sobre os rendimentos dos
assalariados aumenta em relação ao ciclo anterior. Na redação proposta com alteração
da posição de “maior”, o sentido torna-se absoluto: é a maior pressão sobre os
rendimentos dos assalariados.

217
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir:

Um jornal gaúcho informa: “O Governo quer concluir, até o final desta semana, o edital para
contratação da empresa de consultoria que indicará o melhor modelo de pedágios para o
Estado. ”

18.(Port./Jun2015/Q.9)

Reescrevendo-se o trecho acima com o intuito de reposicionar o sintagma “até o final desta
semana”, a única alternativa que compromete o significado original é:

A) Até o final desta semana, o Governo quer concluir o edital para contratação da
empresa de consultoria que indicará o melhor modelo de pedágios para o Estado.
B) O Governo quer concluir o edital para contratação da empresa de consultoria que
indicará, até o final desta semana, o melhor modelo de pedágios para o Estado.
C) O Governo, até o final desta semana, quer concluir o edital para contratação da
empresa de consultoria que indicará o melhor modelo de pedágios para o Estado.
D) O Governo quer, até o final desta semana, concluir o edital para contratação da
empresa de consultoria que indicará o melhor de pedágios para o Estado.
E) O Governo quer concluir o edital, até o final desta semana, para contratação da
empresa de consultoria que indicará o melhor modelo de pedágios para o Estado.

RESPOSTA: B

A) Não compromete.
B) Compromete. No texto original, o prazo refere-se ao limite temporal para o governo
concluir o edital. Na frase proposta o trecho “até o final desta semana” indica o limite
temporal para a indicação do melhor modelo de pedágios para o estado, e não para a
conclusão do edital.
C) Não compromete.
D) Não compromete.
E) Não compromete.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Petrópolis – Chuva ajuda a acabar com incêndio na Serra


A chuva forte registrada na região serrana durante a madrugada de segunda-feira
ajudou a pôr fim ao incêndio que atingia o local nos últimos dias, segundo o comandante do
Corpo de Bombeiros da região, coronel Roberto Robadey. Graças a esse auxílio, a corporação e
o Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio) consideraram extinto o
incêndio.
Os primeiros focos foram registrados no dia 7, devido à seca. O coronel explicou que a
cobertura vegetal das encostas foi destruída, aumentando os riscos de deslizamentos em caso
de chuva prolongada.
De acordo com o governo do estado, mais de 2,6 mil hectares de floresta foram
destruídos no episódio no Parque Nacional de Araras e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
Cerca de 600 bombeiros participaram da operação.

(Jornal do Comércio: 21/10/2014, p. A-7)

218
19.(Port./Jun2015/Q.10)

O trecho “segundo o comandante do Corpo de Bombeiros da região” pode gerar ambiguidade


na leitura porque seria possível entender que

A) sua afirmação era sobre a duração das chuvas.


B) a chuva intermitente ajudara a pôr fim ao incêndio.
C) o incêndio atingira um local onde não houve chuva.
D) a chuva atingiu um local onde não houvera incêndio.
E) a região serrana só era alvo das chuvas durante a madrugada.

RESPOSTA: A

A) Correto. O trecho “segundo o comandante do Corpo de Bombeiros da região” pode


gerar ambiguidade na leitura porque sua afirmação pode ser sobre o fato de a chuva
nos últimos dias ter ajudado a acabar com incêndio na Serra ou sobre a chuva ter
ajudado a acabar com o incêndio nos últimos dias.
B) Errado. O trecho citado não permite tal interpretação
C) Errado. O trecho citado não permite tal interpretação
D) Errado. O trecho citado não permite tal interpretação
E) Errado. O trecho citado não permite tal interpretação

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Contradição pode ser apenas aparente


Uma prova de português pediu aos candidatos que explicassem o paradoxo contido em
um texto de Rubem Braga. Na anedota contada pelo autor, o riso do leitor é provocado pela
aparente contradição enunciada por um garçom lusitano que, ao ouvir a conversa de dois
brasileiros num restaurante lisboeta, lhes indaga: “Que raio de língua é essa que estão aí a falar,
que eu percebo tudo? ”.
Ora, o paradoxo é uma figura de pensamento que consiste em afirmar algo que, apesar
de parecer contraditório, é verdadeiro. O garçom de Rubem Braga, ao perguntar “que raio
língua” era aquela, revelou esta diante de um idioma desconhecido, mas, ao dizer que percebia
tudo, demonstrou reconhecê-lo. (...)
Absurdo? Apenas aparentemente, pois, embora seja uma só língua, o português
manifesta-se de modo diverso no Brasil e em Portugal. As diferenças entre os falares são
patentes – estão na pronúncia, na escolha vocabular, na sintaxe, etc. Daí a estranheza e a
familiaridade sentidas simultaneamente pelo garçom. Camões, no conhecido soneto em que
tenta definir o amor, enreda-se em uma sequência de paradoxos: “Amor é fogo que arde sem
se ver/ É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina
sem doer”. E, ao final, conclui, perguntando: “Mas como causar pode seu favor/ Nos corações
humanos amizade, / Se tão contrário a si é o mesmo Amor? ”.
A resposta cabe a quem já se tiver emaranhado nas lides amorosas...

(CAMARGO, T.N. Folha de São Paulo: 05/06/2003, Caderno FOVEST, p.5 – adaptado)

20. (Port./Jun2015/Q.17)

O chefe de redação do jornal propôs à autora que reescrevesse a frase inicial do texto.

219
FRASE ORIGINAL: “Uma prova de português pediu aos candidatos que explicassem o paradoxo
contido em um texto de Rubem Braga. “

FRASE REESCRITA: “Uma prova de português pediu que os candidatos explicassem o paradoxo
contido em um texto de Rubem Braga. “

A autora não aceitou a mudança proposta, alegando acertadamente que a nova maneira de
escrever a frase

A) invertia a hierarquia das informações contidas no trecho original.


B) destacava a figura dos candidatos mais do que a explicação do paradoxo.
C) continha as mesmas informações da original, embora usasse estrutura diferente.
D) era antagônica, pois os candidatos passavam de agentes a pacientes da ação verbal.
E) mostrava uma variedade do significado do verbo e comprometia o significado
original.

RESPOSTA: C

A) Errado. A reescritura não inverte a hierarquia das informações contidas no trecho


original.
B) Errado. A reescritura não destaca a figura dos candidatos mais do que a explicação do
paradoxo.
C) Correto. A reescritura apresenta uma mudança na regência do verbo (de bitransitivo (ou
transitivo direto e indireto) – para transitivo direto), o que mantém as mesmas
informações da frase original, embora use forma gramatical diferente.
D) Errado. Em ambas as frases o agente da ação de explicar está expresso por “os
candidatos”.
E) Errado. Embora a regência verbal seja diferente, o significado do verbo é mantido.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Mercúrio de marcha à ré
É só o que se fala no mundo da astrologia: todo cuidado é pouco entre os dias 7 de junho e 1°
de julho. É a volta do Mercúrio retrógrado, fase em que, metaforicamente, o planeta anda para
trás, atrapalhando tudo o que for ligado a comunicação por aqui - e complicando a vida de muita
gente. Vai cair bem na Copa do Mundo.

(GUIMARÃES, Cleo. Gente Boa. O Globo: 29 de maio de 2014, Segundo Caderno, p. 5.)

21. (Port./Set2015/Q.37)

As alternativas a seguir destacam cinco definições do dicionário Houaiss para a palavra "bem".
Assinale a única que corresponde ao sentido com que a autora empregou essa palavra na última
frase do texto.

A) Com precisão, exatamente.


B) Em bons termos, em harmonia.
C) Com maestria, talento e domínio das técnicas.
D) De maneira conveniente, com propriedade; direito.
E) De modo justo, probo ou lícito; com acerto, corretamente.

220
RESPOSTA: A

A) Correto. A expressão bem foi utilizada com o sentido de “com precisão”, “exatamente”.
B) Errado. O sentido de “Em bons termos”, “em harmonia” não é compatível com o sentido
geral do texto.
C) Errado. O sentido de “Com maestria, talento e domínio das técnicas” não é compatível
com o sentido geral do texto.
D) Errado. O sentido de “De maneira conveniente, com propriedade; direito” não é
compatível com o sentido geral do texto. Essa alternativa poderia confundir o candidato,
pois esse sentido poderia ter sido usado ironicamente. No entanto, como o início do texto
fala sobre um intervalo específico de tempo, o entendimento como “com precisão,
exatamente” é mais adequado.
E) Errado. O sentido de “De modo justo, probo ou lícito; com acerto, corretamente.” não é
compatível com o sentido geral do texto.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Há rapazes e moças que já estão com 25 anos de idade, às vezes mais, e nunca
escreveram nada na vida. Redigir mais de 100 palavras em seguida, por exemplo, deixa um
executivo de primeira linha exausto, como se tivesse acabado de escrever Os Lusíadas, de Luís
de Camões.
A grande maioria dos brasileiros que completam o curso superior sai da universidade
com dificuldades extremas para conectar entre si os diversos mecanismos cerebrais que
permitem ao ser humano comunicar-se por escrito; contentam-se em ser “o animal que fala",
como Aristóteles descrevia o homem primitivo.
A maneira realmente moderna de encarar a leitura é medir a sua utilidade com uma
pergunta-chave: "Ler para quê?". Hoje em dia é possível ficar sabendo qualquer coisa, em
qualquer lugar e a qualquer hora- da data da Batalha de Tuiuti ao dia do aniversário de Cate
Blanchett. Qual a necessidade de saber as respostas antes de serem feitas as perguntas? É um
modo de encarar a vida - não é preciso mais aprender, basta chamar o Google. É errado pensar
assim? Com certeza é melancólico.
Todas as vezes em que você perceber que está ao lado da maioria, é hora de fazer uma
pausa e pensar um pouco.
GUZZO, L. R. Revista VEJA, n.2377, 11 jun. 2014, p. 100-1.

22. (Port./Fev2016/Q.36)

“É um modo de encarar a vida - não é preciso mais aprender, basta chamar o Google." Esse
trecho ficaria mais preciso se, em vez de usar o verbo "aprender", o autor usasse o verbo

A) ler.
B) refletir.
C) estudar.
D) dedicar-se.
E) aperfeiçoar-se.

RESPOSTA: C

221
A) Errado. O verbo “ler” não é um bom substituto, porque a ação de ler pode ser
desenvolvida com diversos propósitos, como entretenimento, desenvolvimento
intelectual, conhecimento de novas culturas ou línguas. Dessa forma, a substituição
deixaria o trecho mais vago, e não mais preciso.
B) Errado. O verbo “refletir” não é um bom substituto, pois evoca o sentido de “pensar
muito”, “meditar”. Tais ações extrapolam o sentido do trecho mencionado.
C) Correto. O verbo “estudar” substitui com maior precisão o verbo “aprender”. Aprender
pressupõe a confirmação da aquisição de alguma habilidade ou conhecimento. Estudar,
no entanto, visa à aquisição de habilidade ou conhecimento, mas não necessariamente
garante tal aquisição. É possível estudar sem aprender. Portanto, no trecho destacado,
o verbo “estudar” é mais adequado por não pressupor, necessariamente, a aquisição e
retenção do conhecimento.
D) Errado. O verbo “dedicar-se” não é um bom substituto, pois evoca os sentidos de “fazer
um sacrifício, pôr-se ao serviço de; dar-se”. Tais ações extrapolam o sentido do trecho
mencionado.
E) Errado. O verbo “aperfeiçoar-se” não é um bom substituto, pois evoca os sentidos de
“especializar-se”, “aprimorar-se”. Tais ações extrapolam o sentido do trecho
mencionado.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Os desafios do envelhecimento
O Japão detém uma das mais altas expectativas de vida do planeta, de 83,6 anos, e a
maior média de idade da população, de 45,9 anos. Os idosos representam cerca de um terço da
população. A composição do país levou o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, de 72 anos,
a declarar que “O problema não será resolvido a não ser que eles possam se apressar e morrer",
numa referência aos idosos, em uma reunião do Conselho Nacional que discutia reformas na
seguridade social. Na ocasião, em janeiro de 2013, o político alertou ainda para o alto custo do
tratamento de pacientes que não podiam se alimentar sozinhos, a quem chamou de "pessoas-
tubo". Diante da repercussão causada pelos seus comentários, ele admitiu, depois, ter usado
uma linguagem inapropriada e expressado publicamente suas opiniões pessoais. Mais tarde, o
ministro confirmou que o governo japonês estuda uma redução progressiva nas pensões como
forma de enfrentar o déficit nas contas da previdência social.

TONELLO, M. N. Guia do estudante - atualidades. São Paulo: Editora Abril, 2° semestre de


2014, p. 150.

23. (Port./Fev2016/Q.41)

Considerando sua funcionalidade no texto, assinale a alternativa em que a supressão da palavra


ou expressão sublinhada prejudicaria o sentido pretendido pela autora.

A) "... em uma reunião do Conselho Nacional que discutia reformas na seguridade


social"
B) "Na ocasião, em janeiro de 2013, o político alertou ainda..."
C) “... ele admitiu, depois, ter usado uma linguagem inapropriada...”
D) “... o governo japonês estuda uma redução progressiva nas pensões ...”
E) “... como forma de enfrentar o déficit nas contas da previdência social

RESPOSTA: B

222
A) Não altera. A supressão do artigo “uma” não altera o sentido do texto.
B) Altera. A referência da expressão "Na ocasião” é “uma reunião do Conselho Nacional
que discutia reformas na seguridade social" Caso seja retirada, o entendimento da
sentença seguinte fica prejudicado, pois leva ao entendimento de que o político fez o
alerta em janeiro de 2013, mas não especificamente na reunião.
C) Não altera. A supressão do termo “depois” não compromete o sentido do texto.
D) Não altera. Não há, no texto, outro governo que possa ser relacionado à afirmação,
portanto, a supressão do termo não prejudicaria o sentido pretendido pela autora.
E) Não altera. Se o termo “nas contas” for suprimido, o sentido do texto não é prejudicado.

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Foram incluídas na análise três variáveis demográficas de controle: idade, sexo e tempo
na área. Variáveis demográficas são habitualmente selecionadas para esse fim, dado o seu
potencial efeito nas percepções e experiências dos indivíduos, como é o caso dos construtos
avaliados nesta pesquisa (Atinc, Simmering e Kroll, 2011; Spector e Brannick, 2010). As três
variáveis de controle utilizadas neste estudo foram inseridas em todas as avaliações das relações
causais previstas no modelo proposto.
As hipóteses propostas no artigo foram avaliadas com técnicas estatísticas de equações
estruturais baseadas em Partial Least Squares (PLS). Diferentemente do método de equações
estruturais baseado em covariâncias (Structural Equation Modeling - SEM), o PLS utiliza os dados
coletados para estimar os efeitos propostos que maximizem a variância total explicada na
amostra. Entre as vantagens do método em relação ao SEM, destacam-se a possibilidade de se
trabalhar com amostras menores do que as tipicamente exigidas ao método baseado em
covariância, é a robustez em relação a violações da premissa de normalidade multivariada, e
multicolinearidade entre e em blocos de variáveis manifestas, e a problemas de especificação
do modelo de equações estruturais (Chin, 2010). Para realizar analises, empregou-se o software
SmartPLS v. 2.0.M3 (Ringle, Wende e Will, 2014).

CAYAZOTTE, F. S. C. N.; MORENO JR., V. A.; TURANO, L. M. Cultura de aprendizagem contínua,


atitudes e desempenho no trabalho: uma comparação entre empresas do setor público e
privado. Revista de Administração Pública [on-line], v. 49, n. 6, p. 1555-1578, 2015. Excerto.

24. (Port./Fev2016/Q.45)

Sejam dadas as seguintes reescrituras para a passagem "Para realizar análises, empregou-se o
software SmartPLS."

W. Empregou-se o software SmartPLS para realizar análises.


X. O software SmartPLS foi empregado para realizar análises.
Y. Empregamos o software SmartPLS para realizar análises.
Z. Os pesquisadores empregaram o software SmartPLS para realizar análises.

Sejam também dadas as seguintes afirmativas sobre essas reescrituras.

I. Em todas as reescrituras, o deslocamento de "para realizar análises" não acarreta


alteração de sentido.
II. As reescrituras W e X apresentam informações implícitas que são explicitadas nas
reescrituras Y e Z.

223
III. É possível depreender que Cavazotte é provavelmente um dos agentes da ordem
W, X, Y e Z.

Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma análise adequada das
afirmativas.

A) A única afirmativa correta é I.


B) As únicas afirmativas corretas são I e II.
C) As únicas afirmativas corretas são I e III.
D) As únicas afirmativas corretas são II e III.
E) As afirmativas I, II e III são corretas.

RESPOSTA: D

I. Errado. Existe uma diferença sutil de sentido entre a sentença X e as outras. A sentença
X dá proeminência ao software; o que não acontece nas outras sentenças.
II. Correto. O que está implícito em W e X é o agente da ação, que é explicitado em Y pela
primeira pessoa de plural usada no verbo (empregamos), e em Z por “os pesquisadores”.
III. Correto, porque ele é um dos autores da pesquisa.

25. (Port./Fev2016/Q.46)

Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta urna análise correta para os
seguintes elementos do texto: "Atinc, Simmering e Kroll, 2011", "Spector e Brannick, 2010",
"Chin, 2010" e "Ringle, Wende e Will, 2014".

A) Trata-se de ocorrências de citação direta; sendo assim, sabe-se, por exemplo, que
Ringle, Wende e Will (2010) empregaram 0 software SmartPLS v.2.0.M3 em seu
estudo e que Chin (2010) apontou problemas de especificação do modelo
B) Trata-se de ocorrências de citação indireta; sendo assim, sabe-se, por exemplo,
que Ringle, Wende e Will (2010) empregaram o software SmartPLS v.2.0.M3 em
seu estudo e que Chin (2010) apontou problemas de especificação do modelo
C) Trata-se de ocorrências de citação direta; pode-se afirmar que os autores citados
apresentam informações condizentes com algo do que se argumenta nas sentenças
em que as ocorrências estão inseridas.
D) Trata-se de ocorrências de citação indireta; pode-se afirmar que os autores
citados apresentam informações condizentes com algo do que se argumenta nas
sentenças em que as ocorrências estão inseridas.
E) Trata-se de disponibilização de referências bibliográficas; 0 objetivo é não ter
que apresentar as ideias dos respectivos autores, deixando ao leitor a tarefa de
buscar essas fontes para confirmar se a argumentação dos autores procede ou não
no meio cientifico.

RESPOSTA: D

A) Errado. As citações são indiretas.


B) Errado. Embora as citações sejam indiretas, as correlações não estão corretas
C) Errado. As citações são indiretas.
D) Correto. A afirmação traz uma definição adequada das citações indiretas
E) Errado. As citações são indiretas.

224
26. (Port./Fev2016/Q.51)

No banheiro masculino de uma empresa, há um cartaz em que se lê: "Ao usar o sanitário, dê a
descarga." Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que apresenta uma análise incorreta
para a passagem "Ao usar o sanitário".

A) Trata-se de um caso de ambiguidade.


B) A reescritura "Por usar o sanitário" é possível e cabível no contexto em questão.
C) A reescritura "Depois de usar o sanitário" é possível e cabível no contexto em
questão.
D) A reescritura "Assim que usar o sanitário" equivale plenamente ao contexto em
questão.
E) A reescritura "Enquanto usar o sanitário" é possível, mas inaceitável no contexto em
questão.

RESPOSTA: D

A) Correto. Trata-se de um caso de ambiguidade porque é possível mais de uma


interpretação.
B) Correto. A reescritura "Por usar o sanitário" é possível e cabível no contexto em questão.
C) Correto. A reescritura "Depois de usar o sanitário" é possível e cabível no contexto em
questão.
D) Errado. A reescritura "Assim que usar o sanitário" é possível e cabível, mas não equivale
plenamente ao contexto em questão, já que outras interpretações, como descritas em
(a) e (b), também são possíveis.
E) Correto. A reescritura "Enquanto usar o sanitário" é possível, mas inaceitável no
contexto em questão, porque não faria sentido um cartaz solicitar que os usuários
dessem descarga no momento em que usam o sanitário. No entanto, em outros
contextos, “enquanto usar” poderia substituir, sem prejuízos, “ao usar” (Ao usar a
ferramenta, utilize equipamentos de segurança = Enquanto usar a ferramenta, utilize
equipamentos de segurança).

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir

Este artigo apresenta estudo exploratório realizado acerca do Programa Município


Verde Azul, estabelecido em 2007 pelo Governo do Estado de São Paulo para incentivar os
municípios a atuar a favor da melhoria das condições ambientais. A pesquisa teve como recorte
os sete municípios do Grande ABC, no estado de São Paulo. A análise priorizou três diretivas do
programa: Esgoto Tratado, Resíduos Sólidos e Educação Ambiental, por possuírem o maior peso
atribuído. Ribeirão Pires e São Caetano do Sul obtiveram as melhores notas, seguidas por Santo
André.

(OLIVEIRA, E. C.; TRINDADE, F. H.; PEREIRA, R. S. Políticas públicas indutoras do


desenvolvimento sustentável local: um estudo sobre o Programa Município Verde Azul na
região do Grande ABC. Administração Pública e Gestão Social, Paraguaçu Paulista, v.7, n. 3, p.
108, jul.-set. 2015. Excerto.)

27. (Port./Jun2016/Q.15)

225
Assinale a alternativa em que a reescritura da segunda sentença do texto implica alteração de
sentido.

A) Como recorte a pesquisa teve os sete municípios do Grande ABC, no estado de São
Paulo.
B) Teve a pesquisa como recorte os sete municípios do Grande ABC, no estado de São
Paulo.
C) Sete municípios do Grande ABC, no estado de São Paulo, compuseram o recorte da
pesquisa.
D) Compuseram o recorte da pesquisa os sete municípios do Grande ABC, no estado
de São Paulo.
E) O recorte da pesquisa compreendeu os sete municípios do Grande ABC, no estado
de São Paulo.

RESPOSTA: C

A) Não há alteração de sentido. Houve alteração da ordem dos termos, o que não
comprometeu o sentido do texto.
B) Não há alteração de sentido. Houve alteração da ordem dos termos, o que não
comprometeu o sentido do texto.
C) Há alteração de sentido. A falta do artigo definido “os”, presente em todas as outras
alternativas, gera a interpretação de que quaisquer sete municípios do Grande ABC
compuseram o recorte da pesquisa, ou seja, gera a interpretação de que o Grande ABC
possui mais de sete municípios.
D) Não há alteração de sentido. A reescritura não comprometeu o sentido do texto.
E) Não há alteração de sentido. A reescritura não comprometeu o sentido do texto

28. (Port./Jun2016/Q.16)

Sejam dadas as seguintes afirmativas em relação à expressão “seguidas por Santo André”,
localizada na última sentença do texto.

I. Considerando o uso da palavra “município” ou seu plural ao longo do texto, o uso


de “seguidas” é indubitavelmente equivocado.
II. Considerando a possibilidade de se referir a Ribeirão Pires e São Caetano do Sul
como cidades, é adequado o uso de “seguidas”.
III. Uma redação opcional para o excerto seria “seguidos por Santo André”.

Assinale a alternativa que aponta a(s) afirmativa(s) correta(s).

A) A afirmativa I é a única correta.


B) A afirmativa II é a única correta.
C) As afirmativas I e III são as únicas corretas.
D) As afirmativas II e III são as únicas corretas.
E) Todas as afirmativas são corretas.

RESPOSTA: D

I. Errado. Uma vez que é possível referir-se a Ribeirão pires e São Caetano do Sul como
cidades, o uso de “seguidas” é justificado.

226
II. Correto. O mesmo afirmado no item I se aplica ao item II.
III. Correto. A redação proposta estaria correta, pois faria a concordância com o termo
“municípios”, mencionados anteriormente no texto.

227
Referência Bibliográfica

PAULINO, G., WALTY, I. & CURY, M. Z. (2005). Intertextualidades: Teoria e Prática. São Paulo:
Formato.

Tópicos do edital tratados na Parte IV

Prova de Português

Objetivos

Esta prova tem por objetivo medir a competência do participante em suas relações com
palavras e textos. Essa qualidade depende, principalmente, das suas condições de
discernimento, compreensão, associação e análise de sintagmas, orações, frases, períodos e
textos.

A totalidade das questões pretende avaliar seu nível de aptidão para lidar com a língua
portuguesa prestigiada escrita contemporânea. Na maior parte das vezes, o modelo adotado
para isso é o de compreensão de leitura, mas a principal característica do exame é medir a
capacidade de se analisar um texto sob várias perspectivas. Tal aferição pretende apurar o
grau de reconhecimento de componentes explícitos e a percepção coerente de pressupostos
e implicações envolvidos nas informações ou argumentos presentes nos enunciados e
alternativas.

Os textos cobrem assuntos diversos, não necessariamente relacionados à área de


Administração. O conhecimento específico do assunto sobre o qual os textos versam não deve
auxiliar nas respostas às questões, que são basicamente de dez tipos e focalizam:

1) a ideia, o tema ou o objetivo principal do texto;


2) informações explícitas no texto;
3) informações ou ideias implícitas ou sugeridas pelo texto;
4) possíveis aplicações das ideias do texto em outras situações;
5) a lógica ou a técnica de argumentação utilizada pelo autor do texto;
6) noções sobre variedades linguísticas e figuras de linguagem;
7) a atitude do autor, conforme revelada pela linguagem utilizada no texto;
8) identificação de falhas ou inadequações textuais;
9) identificação de padrões e correlação entre textos e/ou partes de texto(s) e ideias;
10) organização, desenvolvimento e relevância de ideias.

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