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AGRONÔMICAS
No 161 MARÇO/2018
Desenvolver e promover informações científicas sobre
MISSÃO o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o
ISSN 2311-5904
benefício da família humana
LEVANTAMENTO DA FERTILIDADE
DO SOLO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Luís Ignácio Prochnow1 Heitor Cantarella4
José Francisco da Cunha2 Evandro Luis Lavorenti5
Lizandra Oliveira Jorgetto3 Dirceu Maximino Fernandes6
Introdução com o devido critério para que todo o processo seja bem-sucedido.
E
De nada adianta, por exemplo, o processo ser bem feito se a amostra
ntre as possíveis formas de avaliação da fertilidade do não representa de forma adequada a área em estudo ou se na apli-
solo, a análise química de amostras de terra coletadas cação de insumos não se adicionar as quantidades definidas pelos
na área de interesse é a preferida no Brasil. Outras agrônomos como as necessárias para a cultura e área em questão.
técnicas, tais como avaliação do histórico da área, avaliação dos
sintomas apresentados por culturas anteriores, análise de tecidos No estado de São Paulo, as recomendações para correção da
vegetais, experimentos com omissão ou doses de nutrientes, são fertilidade do solo para diferentes culturas foram definidas e orga-
utilizadas em nosso País como técnicas complementares para se nizadas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) por meio
identificar a situação do solo quanto ao fornecimento potencial de pesquisas realizadas sob a liderança do renomado pesquisador
de nutrientes às plantas ou, ainda, quanto às restrições para o Dr. Bernardo van Raij, resultando no “Boletim 100 – Recomendações
desenvolvimento das mesmas. Por meio da análise de amostras de Adubação e Calagem para o Estado de São Paulo”. Tal publicação
de solo é possível transferir uma enorme quantidade de dados da serve de guia para o manejo adequado da fertilidade do solo e da nutri-
pesquisa para a prática em forma de recomendações de manejo do ção de culturas comerciais. Destacam-se, nessas pesquisas, o ajuste e
solo, principalmente quanto à acidez e à necessidade de nutrientes. a viabilização do método da resina de troca iônica para a avaliação da
disponibilidade de fósforo, cálcio, magnésio e potássio nos solos. É
O processo adequado para a realização de recomendações
importante ainda destacar que o IAC coordena, há décadas, um
seguras deve seguir as seguintes etapas: (1) plano de amostragem da
programa de qualidade envolvendo os laboratórios de análise de
área de interesse, (2) coleta das amostras de solo, (3) análise labo-
solo que utilizam a metodologia prescrita pelo Instituto.
ratorial por meio de metodologia adequada para a região (envolve
processos e estudos de correlação, calibração e curvas de respostas), Em uma visão mais ampla, além dos objetivos específicos
(4) interpretação dos resultados, (5) recomendações agronômicas dos agricultores ao analisarem suas amostras de terra, é relativa-
de calagem, gessagem e adubação e (6) aplicação dos insumos. É mente fácil concluir que, em conjunto, os dados obtidos por inter-
preciso se ter em mente que cada uma das etapas deve ser realizada médio destes inúmeros laudos representa uma poderosa ferramenta
Abreviações: B = boro; Ca = cálcio; CTC = capacidade de troca de cátions; Cu = cobre; Fe = ferro; IAC = Instituto Agronômico de Campinas;
IPNI = International Plant Nutrition Institute; K = potássio; Mg = magnésio; MO = matéria orgânica; Mn = manganês; P = fósforo; S = enxofre;
SB = soma de bases; V% = saturação por bases; Zn = zinco.
1
Engenheiro Agrônomo, Dr., Diretor do IPNI Brasil; email: Lprochnow@ipni.net
2
Engenheiro Agrônomo, Consultor Agrícola, TecFertil.
3
Aluna de Pós-Graduação, Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, Botucatu, SP.
4
Engenheiro Agrônomo, Pesquisador e Diretor do Centro de Solos e Recursos Ambientais do Instituto Agronômico - IAC, Campinas, SP.
5
Analista de Sistemas, IPNI Brasil, Piracicaba, SP.
6
Engenheiro Agronômo, Livre Docente, Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Botucatu, SP.
Assinaturas
Assinaturas gratuitas são concedidas mediante aprovação prévia
da diretoria. O cadastramento pode ser realizado no site do IPNI:
http://brasil.ipni.net
Mudanças de endereço podem ser solicitadas por email para: Dr. Luís Prochnow, Dr. Tom Bruulsema e Dr. Eros Francisco em visita
jmachado@ipni.net à cultura de algodão em fazenda do Grupo CAP, em Primavera do
Leste, MT.
Ca Mg S-SO42-
Classe de teor
mmolc dm-3 mg dm-3
Baixo 0-3 0-4 0-4
Médio > 3-7 > 4-8 > 4-10
Alto >7 >8 > 10
Classe B Cu Fe Mn Zn
de teor Figura 2. Critérios para divisão dos resultados analíticos de fósforo e
- - - - - - - - - - - - - - - - - mg dm-3 - - - - - - - - - - - - - - - - -
potássio em classes de teores.
Baixo 0-0,20 0-0,20 0-4 0-1,2 0-0,5
Essa classificação foi fundamental para a confecção dos mapas
Médio > 0,20-0,60 > 0,20-0,80 > 4-12 > 1,2-5,0 > 0,5-1,2 por município e para a classificação das amostras nas respectivas
Alto > 0,60 > 0,80 > 12 > 5,0 > 1,2 classes de teores. Os mapas foram confeccionados utilizando-se o
software Arc View. Três tipos de mapas foram obtidos para MO,
Fonte: Adaptada de Raij et al. (1996). pH CaCl2, P, K, V% e CTC a pH 7,0, quais sejam: (1) mapas de
O número de amostras coletadas em 2015 (94.904 amostras) Muito baixo 7.131 8,3
foi baixo em relação ao total de amostras analisadas no estado de Baixo 18.627 21,5
São Paulo, o qual, conservadoramente, estima-se estar por volta de Médio 28.148 32,5
1.200.000 (Dr. Heitor Cantarella, comunicação pessoal). Muitos
Alto 26.206 30,3
laboratórios não participaram desse estudo por motivos distintos,
e a principal justificativa foi a impossibilidade de compartilhar os Muito alto 6.384 7,4
resultados devido à confidencialidade das informações. Com o Total 86.496 100%
tempo, espera-se que o número de amostras aumente, à medida que
os laboratórios percebam a importância desse estudo. Tabela 6. Resultados gerais obtidos para P (dados de 501 munícipios).
De um total de 645 municípios do estado, o estudo considerou
Número de amostras 91.279
amostras de aproximadamente 500, havendo certa variação deste
número de acordo com o parâmetro analisado. Os números exatos Mediana 12,0
de municípios considerados para cada um dos parâmetros estudados Média 21,6
encontram-se nas Tabelas 5 a 8.
Classes Número Frequência (%)
As Tabelas 5 a 11 resumem os resultados obtidos no presente
estudo. Embora tenham sido calculadas as médias e as medianas para Muito baixo 18.250 20,0
cada caso, foi dada preferência à interpretação dos resultados pela Baixo 36.548 40,0
mediana, pois ela é uma medida de tendência central e minimiza o
Médio 25.345 27,8
efeito das análises discrepantes. Tome-se como exemplo o que ocorre
com o P, para o qual a média foi de 21,6 mg dm-3 e a mediana de Alto 7.820 8,6
12,0 mg dm-3. Na prática, a média indica que os solos do estado de São Muito alto 3.316 3,6
Paulo apresentam teores médios de P (16 a 40 mg dm-3), enquanto a Total 91.279 100%
mediana indica teores baixos de P (7 a 15 mg dm-3), com maior poten-
cial de resposta ao nutriente. Para os parâmetros pH CaCl2, P, K e V% Tabela 7. Resultados gerais obtidos para K (dados de 503 munícipios).
as medianas foram 5,2, 12,0 mg dm-3, 1,6 mg dm-3 e 57%, respectiva-
mente, ou seja, teor baixo de P e médios de acidez, K e V% em relação Número de amostras 86.553
à classe de potencial de resposta à adubação. Ressalta-se, entretanto, Mediana 1,6
que a mediana para K, embora esteja na faixa de valor médio (1,6 a Média 2,1
3,0 mmolc dm-3), encontra-se muito próxima do limite da classe de
baixa resposta (0,7 a 1,5 mmolc dm-3). Classes Número Frequência (%)
Em geral, os resultados revelam que 62,3% das amostras Muito baixo 11.210 13,0
de solo apresentam pH CaCl2 abaixo de 5,5, o que indica, portanto,
Baixo 28.398 32,8
solos com potencial de resposta à aplicação de calcário. Em relação
ao P e ao K, 87,8% e 81,3% das amostras de solo se enquadram na Médio 30.741 35,5
faixa de teores muito baixo, baixo ou médio, com grande potencial Alto 13.616 15,7
de resposta à aplicação desses elementos. Esses dados indicam cla- Muito alto 2.588 3,0
ramente a situação ainda bastante deficiente dos solos do estado de
Total 86.553 100%
São Paulo em relação à fertilidade.
Os resultados para B, Cu, Fe, Mn, Zn, MO e CTC a pH 7,0
Tabela 8. Resultados gerais obtidos para V% (dados de 499 municípios).
estão classificados nas Tabelas 10 e 11. Para os micronutrientes, a
distribuição apresenta-se apenas nas classes de teores baixo, médio Número de amostras 93.331
e alto, tal como representadas no Boletim 100. Mediana 57
Com base no valor da mediana, os municípios foram ranquea- Média 55
dos em ordem decrescente quanto aos principais parâmetros estudados.
As Tabelas 12 e 13 mostram parcialmente os resultados em relação a P. Classes Número Frequência (%)
Uma das observações possíveis foi a relativa concordância Muito baixo 4.313 4,6
entre resultados de pH CaCl2 e V%, com cinco municípios tendo
Baixo 29.273 31,4
os dois resultados em comum nas listas das dez medianas mais
elevadas (São Miguel Arcanjo, Angatuba, Severínia, Vista Alegre Médio 41.783 44,8
do Alto e Matão) e quatro deles nas listas das dez menores medianas Alto 17.163 18,4
(Jacareí, Capão Bonito, Charqueada e Paulistânia). Isto se deve ao Muito alto 799 0,9
fato da relação positiva entre estes dois parâmetros da análise de Total 93.331 100%
solo. Sabe-se que quanto maior o pH do solo, maior deve ser o valor
Tabela 9. Resultados gerais obtidos para Ca, Mg e S-SO42-. São Joaquim da Barra 59 71,5 50,0 350 14
Tabela 10. Resultados gerais obtidos para B, Cu, Fe, Mn, Zn.
Tabela 13. Lista dos dez municípios do estado de São Paulo por ordem de
B Cu Fe Mn Zn menor valor de mediana de fósforo.
Classe de teor
Frequência (%) Município Análises Média Mediana Máxima Mínima
Baixo 37,0 1,8 1,1 7,6 24,2
Pirajuí 74 7,8 2,0 76 2
Médio 54,0 27,9 9,2 30,1 26,4
Quatá 66 6,1 3,0 40 1
Alto 9,0 70,3 89,7 62,4 49,4
Marabá Paulista 59 7,8 4,0 40 1
Tabela 11. Resultados gerais obtidos para MO e CTC. Presidente Venceslau 81 6,4 4,0 24 1
MO CTC Capão Bonito 582 10,3 4,2 251 3
Classe de teor
Frequência (%) Jacareí 296 5,6 4,7 45 3
Muito baixo 6,0 0,0
Dois Córregos 214 16,4 5,0 377 1
Baixo 71,0 25,0
Fernão 93 18,9 5,0 93 1
Médio 21,0 58,0
Alto 1,0 15,0 Ipaussu 70 7,2 5,0 58 4
Figura 3. Mapeamento da frequência de distribuição das amostras de solo nas classes de pH (CaCl2) muito baixo, baixo e médio, por município do
estado de São Paulo.
Figura 5. Mapeamento da frequência de distribuição das amostras de solo nas classes de teores de fósforo alto e muito alto por município do estado
de São Paulo.
Figura 6. Mapeamento da mediana das amostras de solo quanto a fósforo por município do estado de São Paulo.
Figura 8. Mapeamento da mediana das amostras de solo quanto a potássio por município do estado de São Paulo.
É importante salientar que os municípios que não estão ção de repetir esse estudo a cada cinco anos, e o próximo está previsto
coloridos não foram considerados no estudo, pois não apresen- para o ano de 2020. A continuidade do levantamento ao longo do tempo
taram o número mínimo de amostras necessárias para a análise permitirá a realização de outros tipos de comparações e interpretações.
(50 amostras).
De forma geral, observa-se que os solos da região Oeste do REFERÊNCIAS
estado tendem a apresentar menor fertilidade.
IPNI. Soil test levels in north America: 2015 Summary Update. Peachtree
Como comentado no início deste artigo, entende-se que Corners, 2016.
o valor deste estudo é particular, e de interesse de cada grupo ou
RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C.
de cada região do estado. Assim, os autores disponibilizam os Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo.
resultados para serem interpretados de acordo com os objetivos Campinas: Instituto Agronômico, 1996. 2ª edição. 285 p. (IAC. Boletim
específicos de cada grupo, e se colocam à disposição para dirimir Técnico 100).
quaisquer dúvidas que possam surgir.
RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ, V. H. Recomen-
A lista completa dos resultados e dos mapas desse estudo pode dações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais –
ser encontrada no site do International Plant Nutrition Institute – IPNI 5ª Aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo de Minas
Brasil ( http://brasil.ipni.net/article/LFS-SP). O IPNI Brasil tem a inten- Gerais, 1999. 359 p.
C
ração pecuária, esta última em grande parte efetuada em grandes
om base na análise apresentada pela Food and Agri- áreas de forma extrativista. No contexto atual, a impossibilidade
culture Organization of the United Nations (FAO), de dissociação entre aumento da produtividade e otimização dos
a demanda global de alimentos está aumentando recursos naturais disponíveis é pauta de assuntos governamentais
como resultado do crescimento populacional e das mudanças nas e de necessidade mundial e, neste sentido, são também preponde-
dietas. De acordo com Alexandratos e Bruinsma (2012) e Tilman et rantes as preocupações com os aspectos sociais e ambientais do
al. (2011), as previsões são de que a taxa de acréscimo na demanda processo produtivo.
global de produtos agrícolas (incluindo alimentos, rações, fibras e
biocombustíveis) seja de 1,1% ao ano no período entre 2005/2007 Assim, os sistemas de produção atuais devem se embasar na
e 2050. Apesar da diferença na taxa de demanda alimentar neste intensificação sustentável, na utilização dos recursos disponíveis,
período ser inferior à verificada nas quatro décadas anteriores, em compreendendo o uso de ativos naturais, sociais e capital humano
torno de 2,2%, as quantidades absolutas de alimentos necessárias combinados com o uso das melhores tecnologias e insumos dis-
para alimentar o mundo em 2050 aumentarão substancialmente. poníveis (melhores genótipos; práticas de manejo e agroquímicos
mais ecológicos) que minimizem ou eliminem danos ambientais.
Se as trajetórias atuais de crescimento populacional, de Neste sentido, a intensificação sustentável no uso do solo, fun-
mudanças na dieta e de gerenciamento de resíduos alimentares damental para melhoria dos índices de produtividades agrope-
permanecerem inalteradas, a demanda global de alimentos, con- cuários e atendimento à demanda mundial por alimentos, fibras
sequentemente a produção agrícola, precisará aumentar em 60% e bioenergia, passa pela construção e manutenção da fertilidade
em relação a 2005 para atender à demanda de alimentos em 2050, dos solos agricultáveis, principalmente nas áreas com solos de
sendo necessários acréscimos na produção atual na ordem de baixa fertilidade natural.
940 milhões de toneladas de cereais, 196 milhões de toneladas de
carne e 133 milhões de toneladas de óleo vegetal (Alexandra-
tos; Bruinsma, 2012). Integração Lavoura-Pecuária no processo
Neste cenário, espera-se que o Brasil dobre sua produção
de construção da fertilidade do solo
agrícola, o que, mais do que uma responsabilidade, pode ser uma A integração lavoura-pecuária (ILP) é conceituada como
grande oportunidade para o agronegócio brasileiro, uma vez que uma estratégia de produção sustentável, que integra atividades agrí-
o país detém recursos naturais e potencial de desenvolvimento colas e pecuárias, realizadas na mesma área, em cultivo consorciado,
tecnológico para a implementação de sistemas sustentáveis de pro- em sucessão ou rotacionado, buscando efeitos sinérgicos entre
dução agropecuária suficientes para o atendimento desta demanda, os componentes do agroecossistema, contemplando a adequação
destacando-se que nos últimos 20 anos a produção e a produtividade ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica, oti-
agrícola cresceram mais do que a média mundial. mizando aumentos da produtividade com a conservação de recursos
Frente a grande oportunidade/demanda por ampliação na naturais (Balbino; BARCELLOS; STONE, 2011).
produção agropecuária nacional, os produtores rurais e técnicos Segundo Balbino, Barcellos e Stone (2011), a ILP é uma
enfrentam diariamente o desafio de obter maiores produtividades estratégia capaz de conciliar ecoeficiência com desenvolvimento
por unidade de área, principalmente em condições de exploração socioeconômico, acarretando diversos benefícios potenciais ao
Abreviações: FAO = Food and Agriculture Organization of the United Nations; GEE = Gases de Efeito Estufa; ILP = Integração Lavoura-Pecuária;
MOS = Matéria Orgânica no Solo; SPC = Sistema Plantio Convencional; SPD = Sistema Plantio Direto; SSMateus = Sistema São Mateus;
URTP = Unidade de Referência Tecnológica e de Pesquisa.
1
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Zootecnia, Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas-MG; email: miguel.gontijo@embrapa.br
2
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Agronomia, Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas-MG; email: emerson.borghi@embrapa.br
3
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas, Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas-MG; email: alvaro.resende@embrapa.br
4
Engenheiro Agronômo, D.Sc. em Solo e Nutrição de Plantas, Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas-MG; email: ramon.alvarenga@embrapa.br
B) INSUMOS Unidade Qtd. Total (R$) Qtd. Total (R$) Qtd. Total (R$)
Milho 2B339PW/Sorgo SS318/Milheto ADR500 sc 1,2 456,00 0,4 65,40 0,4 25,24
U. brizantha cv. Marandu, VC 78%, 15 kg kg/sc 8,0 144,00 9,8 176,40
M. maximum cv. Zuri, VC 34%, 15 kg 0,36 131,09
Enraizador Rootmax l 0,1 7,40 0,5 3,90
Inseticida, tratamento de sementes: CRUISER l 0,1 41,10 0,4 164,40 0 0
Fertilizantes de plantio: 06-40-10 FTE kg 222 395,16 260 462,80 181 322,18
Fertilizante de cobertura: Ureia kg 194 312,34 190 305,90 128 206,08
Herbicida de dessecação: Glifosato kg 2,3 51,98
Herbicida Primatop (milho); Atrazina (sorgo/milheto) l 3,7 49,03 4 59,20 3,6 53,28
Inseticida: Lannate (sorgo), Shelter (milheto) l 1 24,00 0,06 2,10
Grafite kg 0,1 2,40 0,1 0,24 0,1 2,40
SUB-TOTAL (2) - - 1.407,43 - 1.314,22 - 742,37
C) SERVIÇOS Unidade Qtd. Total (R$) Qtd. Total (R$) Qtd. Total (R$)
Aração htr 0,87 104,40
Gradagem pesada htr 1,33 159,60 1,1 132,00
Gradagem niveladora htr 0,64 76,80 0,81 97,20
Aplicação de herbicida - Dessecação htr 0,63 75,60
Tratamento de sementes d/h 0,3 18,00 0,5 30,00
Adubação e plantio htr 1,5 180,00 1,34 160,80 1,27 152,40
Adubação de cobertura htr 0,5 60,00 0,5 60,00 0,5 60,00
Aplicação de herbicida - Pré ou Pós-emergente htr 0,6 72,00 0,6
Aplicação de inseticida htr 0 0,6 72,00 0,5 60,00
SUB-TOTAL (3) - - 566,40 - 470,40 - 666,00
D) COLHEITA E ENSILAGEM Unidade Qtd. Total (R$) Qtd. Total (R$) Qtd. Total (R$)
Corte e picagem (JF-90 e NF 25 A) htr 4,0 480,00 4,0 480,00 1,0 340,00
Transporte para o silo htr 4,0 360,00 3,0 270,00 1,5 135,00
Compactação com trator htr 2,0 120,00 2,0 120,00 1,5 40,00
Descarga + distribuição no silo d/h 0,5 40,00 0,5 40,00 0,5 40,00
Lona plástica m2 20 380,00 20 380,00 15 285,00
SUB-TOTAL (4) - - 1.360,00 - 1.290,00 - 790,00
RECEITA - Venda de silagem R$/t 150,00/t 6.015,00 120,00/t 4.260,00 100,00/t 2.950,00
RECEITA – CUSTO R$/ha 1.798,67 322,88 -110,87
tradicionais de lavoura, tanto em SPC como no SPD (Tabela 2). Quanto ao desempenho da atividade pecuária, os ganhos
Ressalte-se que para os sistemas SPC e SPD também foram adotados resultantes da utilização do SSMateus são muito expressivos,
os mesmos procedimentos iniciais de correção química do solo utili- podendo triplicar os valores obtidos na área da pastagem referência
zados no SSMateus, diferenciando-se apenas pelo preparo do solo no (Tabela 3). Estes resultados se devem à maior qualidade e quan-
SPC e pela presença da pastagem em rotação com a soja (SSMateus). tidade de forragem ofertada, resultando em maior capacidade de
suporte de animais nas áreas com pastagens sob SSMateus.
Tabela 2. Produtividade de soja no sistema plantio convencional (SPC), no Em algumas regiões, onde o período chuvoso prolonga-se
sistema plantio direto (SPD) e na área sob Sistema São Mateus um pouco mais no outono, tem sido utilizada a sobressemeadura
(SSMateus). Selvíria, MS.
de capins ou milheto quando a soja se encontra no estádio fenoló-
Soja SSMateus Soja em SPD Soja em SPC gico R5 a R7 (BORGHI et al., 2017). Esta prática tem propiciado
Safra a produção de forragem no início do período seco e a produção
- - - - - - - - - - - - - - - kg ha - - - - - - - - - - - - - - -
-1
de palha para o SPD na safra seguinte. Nesta linha, em repor-
2008/2009 1.080ns 900 900 tagem elaborada por Villela (2017), foi apresentado o Sistema
2009/2010 3.060 nd nd São Francisco, que consiste na sobressemeadura da forrageira
2010/2011 3.973 a* 3.027 b 3.286 b de porte alto da espécie Megathirsum maximum, geralmente o
cultivar Mombaça, sobre lavoura de soja em final de ciclo. Em
2011/2012 2.075 nd nd
propriedades rurais no estado de Goiás, áreas onde foi realizada
2012/2013 3.960 2.650 nd a sobressemeadura do capim mombaça na soja apresentaram
ns = não significativo; nd = não determinado, colheita mecânica não real- 4,5 t ha-1 de forragem em meados de maio. Considerando uma taxa
izada devido à baixa produtividade. de utilização de 50% desta forragem, os animais terão disponíveis
* Letras iguais indicam semelhança entre as médias por Tukey 5%. 2,25 t ha -1 de pasto, que seriam suficientes para alimentar
Fonte: Salton et al. (2013). 2,5 UA ha-1.
Tabela 3. Produtividade da pecuária em área de pastagem de 1º ano após a soja (Sistema São Mateus - SSMateus), em área de 2º ano após a soja
(SSMateus) e em área de pastagem em degradação (Pastagem de referência), em avaliações realizadas de 2010 a 2012. Selvíria, MS.
Tabela 4. Tratamentos do experimento de longa duração implantado em Latossolo Vermelho distroférrico da Estação Experimental da Fundação MS,
em Maracaju, MS.
A B
Figura 2. Produtividade de milho consorciado com Urochloa brizantha cv. Marandu e solteiro em segunda safra (A) e produtividade de soja em sucessão
ao milho consorciado com Urochloa brizantha cv. Marandu e solteiro na safra seguinte (B). Área Experimental da Fundação MS, Maracaju, MS.
Fonte: Adaptada de Melotto et al. (2017).
em solo com 69% de areia e 21% de argila no Estado do Tocantins, Ruziziensis (principal espécie de braquiária cultivada em consórcio)
Andrade et al. (2017) avaliaram o cultivo de soja em consórcio há possibilidade de ganhos de até 39 @ ha ano (Tabela 4). Entre
-1 -1
durante três anos agrícolas. No estudo, os autores observaram que os meses de junho a novembro de 2014, antes da dessecação, não
a produtividade da soja foi superior quando semeada sobre palhada houve pastejo, pois o crescimento das forrageiras foi inferior à altura
de Megathirsus maximum cv. Mombaça (Figura 3), produzindo, de manejo recomendada para as espécies. Antes da dessecação para
nesse período, 16 sacas de soja a mais que no sistema de cultivo a safra 2014/2015, no mês de novembro, as espécies forrageiras
tradicional da região (milheto à lanço após colheita da soja). se beneficiaram do período chuvoso, aumentando a produtividade
Resultados semelhantes estão sendo obtidos em outras regiões de matéria seca.
do Brasil, porém, face ao problema de manejo para dessecação No mesmo ano agrícola, Borghi et al. (2015) avaliaram a
e operação de semeadura com espécies do gênero Megathirsus, velocidade de decomposição das forrageiras aos 15, 30, 45, 60,
os produtores optam por cultivares do gênero Urochloa que, no 75 e 90 dias após o manejo com herbicida. Observaram que
caso deste estudo, também mostraram resultados estatisticamente há uma relação direta entre produtividade de matéria seca e
semelhantes aos do cultivo da soja sobre Mombaça. velocidade de decomposição. O Mombaça, que no momento da
Tabela 4. Produtividade total de matéria seca das forragens sobressemeadas na soja, número de pastejos e produtividade animal no período de fevereiro
a junho de 2014, produtividade de forragem antes da dessecação (novembro de 2014) e produtividade de grãos de soja na safra 2014/15.
Tipo de exploração
Milho Milho Sorgo Carne Carne Ocorrência de
Ano agrícola Soja
silagem grão silagem pastagem confinamento veranico
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - t ha-1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - @ ha-1 @c
2005/2006 1,80 N.A.a 0,00 31,0 36,7b N. A. S = Severo
2006/2007 2,43 N.A. 6,40 53,0 37,5 N. A. A = Ausente
2007/2008 1,98 N.A. 8,17 41,4 N. A. N. A. L = Leve
2008/2009 2,80 N.A. 8,07 40,3 45,2 N. A. L
2009/2010 2,20 N.A. 8,72 36,6 33,2 N. A. L
2010/2011 2,37 N.A. 6,09 37,7 N. A. N. A. M = Moderado
2011/2012 2,90 N.A. 7,15 20,1 N. A. N. A. S
2012/2013 0,85 53,0 7,28 52,2 N. A. N. A. 2 (Nov = L e Jan = S)
2013/2014 N.A. 32,0 6,67 32,0 61,9 d
219,9 2 (Nov = L e Jan = SS)
2014/2015 2,24 39,0 5,14 43,2 52,4 332,2 S
2015/2016 1,24 45,9 9,01 50,0 48,2 300,6 2 (Nov = M e Jan = SS)
2016/2017 3,81 49,8 7,67 25,4e 55,7 342,6 S
a
N. A. = não avaliado; b @ ha-1 considerando a área de 5,5 ha do piquete de pastagem no verão - apenas suplementação mineral; c @ totais produz
das no confinamento; d a partir deste ano os animais receberam suplementação proteica a pasto de 0,08% PV; e estande de sorgo inferior a 50% do
recomendado.
Grupo genético1
Variável Média CV2
NEL TN AN CAN TAN
PVI (kg) 294,13 cd 290,40 d 363,71 a 356,00 ab 325,64 bc 332,86 10,87
PVF (kg) 502,44 b 484,30 b 576,17 a 569,65 a 520,05 ab 538,52 10,11
GMD (kg) 1,39b c 1,29 c 1,85 a 1,86 a 1,69 ab 1,67 13,30
RC (%) 55,63 55,53 55,80 55,38 54,99 55,46 2,33
CMS (kg/dia) 9,12 9,96 10,31 9,96 9,85 9,84 9,58
CMS (% PV) 2,43 ab 2,71 a 2,21 ab 2,15 b 2,44 ab 2,39 13,79
1
EL = Nelore; TN = ½ Tabapuã x ½ Nelore; AN = ½ Angus x ½ Nelore; CAN = ½ Charolês x ¼ Angus x ¼ Nelore; TAN = ½ Tabapuã x ¼ Angus x
N
¼ Nelore; PVI = peso vivo inicial; PVF = peso vivo final; GMD = ganho médio diário de peso vivo; RC = rendimento de carcaça; CMS = consumo
de matéria seca em kg/dia e em % do peso vivo.
2
CV = coeficiente de variação (%).
3
Médias seguidas por letras distintas nas linhas são diferentes (P < 0,05) pelo teste de Tukey.
Fonte: Andrade (2017).
Tabela 7. Estimativa do teor de nutrientes consumidos e fixados ao corpo animal e po- fertilizantes e da venda exclusiva de animais e/ou leite
tencial de reciclagem dos nutrientes de bovinos confinados. Sete Lagoas, MG. (Figura 9b). Já as propriedades com implantação parcial
N P K da ILP apresentam entradas e saídas de nutrientes inter-
mediárias, com presença de ciclagem de nutrientes entre
Composição da dieta Teores médios (g kg ) -1 a
os componentes lavoura e pecuária, mas ainda necessitam
Silagem de milho 11,5 1,15 6,23 de aportes de nutrientes para a construção da fertilidade
Grãos de milho 15,8 3,8 4,80 química dos solos e início do processo de ciclagem de
Grãos de soja 59,2 5,5 18,80 nutrientes. Há produção de alimentos para os animais e
retorno dos dejetos para as áreas de cultivo, porém, com
Nutrientes consumidos (kg)
saídas de nutrientes ainda significativas em função da
Consumo total da dieta (kg)
b
69.372 comercialização de excedentes de grãos e/ou forragem
Consumo silagem de milho (35%) 24.280,2 279,2 27,9 152,0 (Figura 9c). Em outro extremo estão as fazendas com ILP
Consumo grãos de milho (54%) 37.460,9 591,9 142,4 179,8 estabilizado (Figura 9d), nas quais busca-se otimizar as
Consumo grãos de soja (5,2%) 3.607,3 213,6 19,8 67,8 produções agrícola e animal, e que apresentam pequenas
Total (a) 1.084,7 190,1 399,6
entradas e saídas de nutrientes em função da ampliação da
ciclagem destes entre os componentes lavoura e pecuária,
Conteúdos médios (kg) com a maior parte das receitas advindas da produção ani-
Composição corporal: 500 kg PV c
12 4 1 mal. Cabe ressaltar que, neste caso, a expressão “peque-
Composição corporal PI = 332,86 kg 7,99 2,66 0,67 nas entradas e saídas” é relativa, pois, via de regra, com
Composição corporal PF = 538,52 kg 12,92 4,31 1,08 esta integração de atividades, os índices de produtividade
tendem a se elevar significativamente, podendo ocorrer
Δ PF – PId 4,93 1,65 0,41
que, em números absolutos, estas entradas e saídas
Exportação por 47 animaise Total (b) 231,7 77,6 19,30
de nutrientes sejam maiores do que as observadas em
Nutrientes reciclados (kg) sistemas pouco produtivos, especialmente em sistemas
Potencial de ciclagem (a) – (b) 853,0 112,5 380,3 extensivos de produção pecuária. Da mesma forma, o
(78,6%) (59,2%) (95,2%) dimensionamento das atividades agrícolas e pecuárias
em uma propriedade deve se basear, além da otimização
a
Silagem de milho – Resende et al. (2016b); Grãos de milho e soja – compilado entre produção e demanda de alimentos interna, na busca
por Cunha et al. (2014); b Consumo total = 9,84 kg animal-1 dia-1 x 47 animais x 150 da maior rentabilidade com a comercialização dos itens
dias; c Humphreys (1991); d Cálculo do conteúdo fixado pelo animal no período do
confinamento baseado no peso inicial (PI) e no peso final (PF); e Calculado com base
produzidos.
no que foi fixado por animal durante o confinamento x 47 animais.
Desafios para A expansão da
nas áreas de produção. Entretanto, permitem vislumbrar o elevado INTEGRAÇão lavoura-pecuária
potencial de ciclagem de nutrientes que pode ser obtido com a ILP. Embora a ILP promova diversos benefícios e tenha grande
Com a adoção da ILP pode-se constatar uma evolução potencial de utilização em propriedades rurais, ainda são verifica-
dos fluxos de entrada e saída e da ciclagem de nutrientes nos dos entraves para a sua plena adoção. Neste sentido, Bungenstab
sistemas de produção. Assim, no caso de propriedades especiali- (2012) considera que um dos principais entraves para a adoção diz
zadas na produção de grãos, normalmente ocorrem grandes fluxos respeito à dificuldade do produtor em definir qual sistema adotar.
de entrada (corretivos e fertilizantes) e saída (venda de grãos) de Essa fase passa pela seleção dos componentes vegetais e animais,
nutrientes (Figura 9a). Já em propriedades exclusivamente pecu- pela dificuldade de se realizar um planejamento sistemático e deta-
árias, geralmente são observados fluxos pequenos de entrada e lhado para as circunstâncias específicas de cada estabelecimento e
saída de nutrientes, principalmente em função do baixo uso de as possibilidades logísticas do produtor e de sua equipe.
Noce (2017), em trabalho realizado na região central de Minas talmente mais adequados, serão fundamentais para o atendimento,
Gerais, buscou identificar, qualificar e quantificar os principais fato- atual e futuro, das demandas mundiais por alimentos. Neste sentido,
res que influenciam na tomada de decisão para a adoção do sistema a estratégia ILP pode ser determinante para o atendimento desta
ILP/ILPF, bem como a de outras tecnologias agropecuárias geradas demanda, uma vez que os estudos e a utilização da ILP por produ-
pela pesquisa. Os estudos permitiram verificar que, com relação aos tores rurais têm demonstrado sua efetividade na sustentabilidade
agricultores, algumas características individuais têm maior potencial dos sistemas de produção agropecuários, com destaque para os
para influenciar positiva ou negativamente no processo decisório incrementos na produtividade e melhoria na qualidade dos solos.
de adoção de uma nova tecnologia. De forma geral, os resultados Pesquisas para estimar os coeficientes técnicos e avaliar a
indicam o perfil básico daqueles agricultores mais propensos a eficiência no uso e ciclagem de nutrientes devem ser estimuladas,
adotar a tecnologia: têm níveis mais elevados de escolaridade, estão bem como as novas alternativas de espécies vegetais, a viabilidade
em situação relativamente mais confortável sob o ponto de vista socioeconômica e as interações e sinergia entre os componentes de
econômico-financeiro, mostram-se motivados com sua atividade sistemas de produção integrados.
produtiva, sentem-se atendidos de forma satisfatória pelo serviço
O manejo adequado de dejetos animais, resíduos e sub-
de assistência técnica e extensão rural, buscam participar e declaram
gostar de atividades de transferência de tecnologia. produtos agrícolas deve ser considerado como oportunidade de
ganhos econômicos (geração de receitas e ou redução de custos) e
Mesmo com as políticas públicas já implantadas para estímulo de eficiência produtiva em sistemas de produção modernos.
à adoção de práticas agropecuárias mais sustentáveis, com destaque
para o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano AGRADECIMENTOS
ABC), que contempla linhas de crédito para investimento e custeios
em projetos ILP/ILPF, novas políticas públicas que contemplem À Associação Rede ILPF, FAPEMIG e AGRISUS.
benefícios fiscais e o pagamento de serviços ambientais a produto-
res que utilizem tecnologias mais amigáveis ao meio ambiente são
REFERÊNCIAS
também fundamentais para acelerar a adoção da ILP por produtores. ALEXANDRATOS, N.; BRUINSMA, J. World agriculture towards
2030/2050: The 2012 Revision. Rome: FAO, 2012. (ESA Working
Considerações Finais Paper No. 12-03).
A coexistência dos sistemas de produção de grãos e pecuária, ALVARENGA, R. C.; GONTIJO NETO, M. M.; OLIVEIRA, I. R. de;
bem estruturados, será um dos fatores que contribuirão de forma BORGHI, E.; MIRANDA, R. A. de; VIANA, M. C. M.; COSTA, P. M.;
determinante para aliar o aumento na produtividade de alimentos, a BARBOSA, F. A. Sistema de Integração Lavoura-Pecuária como
renda ao agropecuarista e a sustentabilidade ambiental, especialmente estratégia de produção sustentável em região com riscos climáticos.
em pequenas e médias propriedades, onde existem limitações para a Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2015. 8 p. (Embrapa Milho e Sorgo.
obtenção dos benefícios advindos da escala de produção. Comunicado Técnico, 211).
Sistemas de produção mais eficientes na utilização de recur- ANDRADE, C. A. O. de. Sobressemeadura de espécies forrageiras
sos naturais, financeiros, insumos e mão de obra, além de ambien- em soja para viabilidade do plantio direto e integração lavoura-
BORGHI, E.; COSTA, N. V.; CRUSCIOL, C. A. C.; MATEUS, G. P. NOCE, M. A. Análise do processo de transferência de tecnologias
Influência da distribuição espacial do milho e da Brachiaria brizantha no sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta, para agri-
consorciados sobre a população de plantas daninhas em sistema plantio cultores familiares na região Central de Minas Gerais. 2017. 184 f.
direto na palha. Planta Daninha, Viçosa, v. 26, n. 3, p. 559-568, 2008. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2017.
BORGHI, E. et al. Forages straw decomposition oversowing on soybean OLIVEIRA, I. P. de; KLUTHCOUSKI, J.; YOKOYAMA, L. P.; DUTRA,
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F. C. dos; KAPPES, C; MOREIRA, S. G.; OLIVEIRA JUNIOR, A.
BORTOLON, L.; BORTOLON, E. S. O.; CAMARGO, F. P.; BORGHI, de; BORIN, A. L. D. C. Solos de fertilidade construída: características,
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(Ed.). Sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta: a produção M. M. Requerimentos nutricionais do milho para a produção de
sustentável. 2. ed. Brasília, DF: Embrapa, 2012. p. 217-239. Capítulo 16. silagem. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2016b. 12 p. (Embrapa
Milho e Sorgo. Circular Técnica, 221).
COSTA, P. M.; BARBOSA, F. A.; ALVARENGA, R. C.; GUIMARAES,
S. T.; LAMPEÃO, A. A.; WINKELSTROTER, L. K.; MACIEL, I. C. de SALTON, J. C.; KICHEL, A. N.; ARANTES, M.; KRUKER, J. M.;
F. Performance of crossbred steers post-weaned in an integrated crop- ZIMMER, A. H.; MERCANTE, F. M.; ALMEIDA, R. G. de. Sistema
livestock system and finished in a feedlot. Pesquisa Agropecuária São Mateus: Sistema de integração lavoura-pecuária para a região do
Brasileira, Brasília, v. 52, n. 5, p. 355-365, 2017. Bolsão Sul-Mato-Grossense. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste,
2013. 6 p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Comunicado Técnico, 186).
CRUSCIOL, C. A. C.; SORATTO, R. P.; BORGHI, E.; MATEUS,
G. P. Integração Lavoura-Pecuária: Benefício das gramíneas perenes SANTOS, F. C.; ALBUQUERQUE FILHO, M. R.; VILELA, L.; FER-
nos sistemas de produção. Informações Agronômicas, Piracicaba, REIRA, G. B.; CARVALHO, M. da C. S.; VIANA, J. H. M. Decom-
n. 125, p. 2-15, 2009. posição e liberação de nutrientes da palhada de milho e braquiária, sob
integração lavoura-pecuária no Cerrado baiano. Revista Brasileira de
CRUSCIOL, C. A. C.; MATEUS, G. P.; NASCENTE, A. S.; MAR- Ciência do Solo, v. 38, p.1855-1861, 2014.
TINS, P. O.; BORGHI, E.; PARIZ, C. M. An innovative crop-
forage intercrop system: Early cycle soybean cultivars and palisadegrass. TILMAN, D.; BALZER, C.; HILL, J.; BEFORT, B. L. Global food
Agronomy Journal, Madison, v. 104, n. 4, p. 1085-1095, 2012. demand and the sustainable intensification of agriculture. Proceedings
of the National Academy of Science, v. 108, p. 20260-20264, 2011.
CUNHA, J. F. da; FRANCISCO, E. A. B.; CASARIN, V.; PROCHNOW,
L. I. Balanço de nutrientes na agricultura brasileira – 2009 a 2012. VILELA, L.; MARTHA JUNIOR, G. B.; MACEDO, M. C. M.;
Informações Agronômicas, Piracicaba, n. 145, p. 1-13, 2014. MARCHÃO, R. L.; GUIMARÃES JUNIOR, R.; PULROLNIK, K.;
MACIEL, G. A. Sistemas de integração lavoura-pecuária na região
GONTIJO NETO, M. M.; SILVA, R. V.; BORGHI, E.; RESENDE,
do Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 46, n. 10, p. 1127-
A. V. de; MELO, C. J. Alternativas de integração lavoura-pecuária
1138, 2011.
para produção de forragens e recuperação de pastagens: Estudo de
caso da Fazenda São Pedro, Unaí, MG. Sete Lagoas: Embrapa Milho VILLELA, R. Vem aí o Sistema São Francisco. Revista DBO, São
e Sorgo, 2018. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular Técnica, no prelo). Paulo, v. 438, p. 50-58, abr. 2017.
O
nitrogênio e o potássio são os nutrientes mais • O algodoeiro cultivado em sistema adensado, na segunda
requeridos pelo algodoeiro. O algodão, cultivado safra, responde positivamente em produtividade de fibra com o
em segunda safra, após a colheita da soja, tem sido aumento das adubações de cobertura nitrogenada e potássica até
uma opção dentro dos sistemas de produção do cerrado brasileiro. as doses de 148 kg ha-1 e 107 kg ha-1, respectivamente.
Este trabalho objetivou avaliar o efeito das adubações nitroge- • Os teores de nutrientes das folhas de algodão cultivado
nada e potássica sobre o estado nutricional, os componentes de em segunda safra são inferiores aos teores considerados suficien-
produção e a produtividade do algodoeiro cultivado em sistema tes para o algodão cultivado em safra normal.
adensado, semeado em segunda safra. O experimento foi condu-
zido após a colheita da soja, em delineamento de blocos ao acaso
com quatro repetições. Os tratamentos foram distribuídos em es-
quema fatorial 4 x 4. O fator A foram quatro doses de nitrogênio
(0, 50, 100 e 200 kg ha-1) e o fator B foram quatro doses de K2O
(0, 40, 80 e 160 kg ha-1), aplicadas em cobertura.
Conclusões:
• Os teores foliares de nitrogênio e de magnésio aumenta-
ram linearmente com as doses de N, enquanto os teores de enxofre
e ferro diminuíram (efeito quadrático).
• As doses de K2O resultaram em efeitos positivo e nega-
tivo sobre os teores de K e de Mg, respectivamente.
• A adubação nitrogenada promove resposta em produtivi-
dade de fibra maior do que a adubação potássica, e a taxa de incre-
mento de produtividade de fibra por quilo de nitrogênio é o dobro
da taxa de incremento por quilo de K2O (Figuras 1 e 2). Figura 2. Produtividade de fibra de algodão em função de doses de potássio.
Figura 1. Produtividade de algodão em caroço (A) e de fibra (B) em função de doses de nitrogênio.
1
Embrapa Algodão, Núcleo Cerrado, Santo Antônio de Goiás, GO; email: ana.borin@embrapa.br; alexandre-cunha.ferreira@embrapa.br
2
Embrapa Algodão, Campina Grande, PB; email: valdinei.soffiati@embrapa.br
3
Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO; email: maria.carvalho@embrapa.br
4
Universidade Federal de Goiás, Campus Samambaia, Goiânia, GO; email: michelle_cgdm@hotmail.com
Local: Cuiabá, MT
Data: 9 e 10 de MAIO de 2018
Informações: International Plant Nutrition Institute - IPNI Brasil
Contato: Jéssica Silva Machado
Telefone/fax: (19) 3433-3254 ou (19) 3422-9812
Email: jmachado@ipni.net
PROGRAMA
9 DE MAIO/2018 (QUARTA-FEIRA) 09:10-09:30 Momento patrocinador
Painel 1: O CONTEXTO ATUAL DA PECUÁRIA E 09:30-10:00 Coffee break
PERSPECTIVA FUTURA 10:00-11:00 Manejo de adubação de pastagens para alta
produtividade. Dr. Moacyr Corsi, ESALQ/USP
13:30-14:00 Entrega de material e inscrições
14:00-14:10 Abertura 11:00-12:00 Discussão
14:10-14:50 Cenários e tendências da pecuária brasileira para 12:00-13:30 Almoço
2018. Dr. Sérgio de Zen, CEPEA/ESALQ/USP
Painel 3: INTENSIFICANDO A PRODUÇÃO
14:50-15:30 Para onde vamos: qual o futuro da pecuária no
Brasil? Francisco Vila, Consultor Internacional 13:30-14:00 Como a organização da fazenda interfere na
produtividade do rebanho. Dr. Welton Cabral,
15:30-15:50 Momento patrocinador
Novapec/Agroceres/Novanis
15:50-16:20 Coffee break
14:00-14:45 Estratégias de suplementação na recria para uma
16:20-17:05 Produzir boi a pasto dá dinheiro: qual o potencial
engorda lucrativa. Dr. Flávio Augusto Portela
deste negócio? Dr. Adilson de Paula Almeida Aguiar,
Santos, ESALQ/USP
FAZU/Consupec
17:05-18:00 Discussão 14:45-15:25 Comprar mais uma fazenda ou intensificar a
produção? Eng. Agr. Elder Bruno, MaxxAgro
10 DE MAIO/2018 (QUINTA-FEIRA) Agronegócios/JetBov
Painel 2: BOAS PRÁTICAS NO USO DE FERTILIZANTES EM 15:25-15:45 Momento patrocinador
PASTAGENS
15:45-16:15 Coffee break
07:45-08:00 Manejo 4C na adubação de pastagens. Dr. Eros
16:15-16:55 Integração Lavoura-Pecuária (ILP): estratégia
Francisco, IPNI Brasil
para recuperação de pastagens degradadas.
08:00-08:30 Mercado de fertilizantes: o que tem disponível e M.Sc. Dirceu Luiz Broch, MS Integração
qual o melhor momento de comprar? Eng. Agr. José
Francisco da Cunha, Tec-Fertil 16:55-17:55 Discussão
08:30-09:10 Qualidade operacional na aplicação de fertilizantes 17:55-18:00 Encerramento
e corretivos. Dr. Pedro Henrique Cerqueira Luz,
FZEA/USP
A
agricultura normalmente é vista pela sociedade esquecer que a incorporação de tecnologia no campo deve ser feita
como um setor atrasado em matéria de modernidade, de acordo com os princípios agronômicos adequados. Produtos,
mas isto tem se modificado à medida que técnicas maquinário, formas de manejo, e outras tecnologias oferecidas ao
mais avançadas vão sendo incorporadas à rotina das fazendas em agricultor devem ser fundamentadas na Ciência. As máquinas, por
todo o mundo. Entre outras inovações tecnológicas, celulares estão exemplo, devem ser desenvolvidas não somente com o objetivo de
se tornando populares, com aplicativos que ajudam na tomada de obter maior eficiência operacional (produzir mais em menor tempo
decisão, drones já estão sendo utilizados para ajudar no manejo possível), mas devem também respeitar as condições do solo, da
do solo e das plantas, e novas máquinas estão se popularizando, planta e os conceitos agronômicos adequados.
tornando a vida do homem do campo melhor e mais eficiente. É A história é rica em exemplos de apostas tecnológicas que
fato, ainda, que em um mundo globalizado é possível saber como fracassaram devido à tomada de decisão errada, sendo necessário
o alimento é produzido. Por meio de um código QR, por exemplo, voltar atrás e resgatar os conceitos fundamentais e as técnicas
os consumidores podem obter informação sobre as maçãs, o arroz racionais e adequadas do cultivo das plantas. Portanto, quando se
ou o frango que eles compram nos supermercados. A revolução deseja construir algo novo deve-se utilizar sempre um atalho, por
tecnológica é um processo sem volta. Quando utilizada correta- respeito aos conceitos já comprovados. Será mais produtivo para
mente, a tecnologia torna-se uma aliada do homem na produção todos e ganharemos tempo! Vamos sempre adotar e seguir a men-
agrícola, constituindo-se em inovação de impacto positivo. sagem primordial da Ciência, que deve monitorar o progresso. No
Certamente, necessitamos de modernização no sentido de caso dos fertilizantes, isto significa, entre outras técnicas, divulgar
cumprirmos a difícil missão de convenientemente produzir ali- e seguir os princípios fundamentais do manejo 4C. A prática de se
mento suficiente para a população e, ao mesmo tempo, proteger o aplicar a fonte correta, na dose correta, no local correto e na época
ambiente. Não existe dúvida sobre isso, mas também não podemos correta é obrigatória para se fazer a agricultura de forma bem feita.