De baixa incidência, o cancer de ovário é o tumor ginecológico mais difícil de ser
diagnosticado e o de menor chance de cura. Cerca de ¾ dos cânceres desse órgão apresentam-se em estágio avançado no momento do diagnóstico. A maioria dos tumores de ovário são carcinomas EPITELIAIS. Realizar com cautela o diagnóstico diferencial de massas anexiais. Etiopatogenia das massas anexiais o Ginecológicas x não ginecológicas (ex abcesso de apêndice) o Benignas (teratoma cístico epidermóide?) x malignas (CA de ovário, TU de células claras, tumor de brenner...) Epitélio celômico (ectoderma) + estroma de origem embriônica (endoderma) + oocitos revestidos por células da granulosa e da teca Epitélio + células germinativas + estroma Outras informações o Teoria das duas células o Células da teca input de colesterol via estímulo de LH produz androstenediona. Androstenediona, nas células da granulosa, sob estímulo do FSH, produz o estradiol (E2). Cistos mais comuns o Funcionais – não é tumor; cisto folicular; cisto luteínico; endometrioma; cistos teca luteínicos o Neoplásicos Classificação das massas anexiais o Ginecológica de caráter benigno – cistos funcionais, gravidez ectópica, endometrioma, abcesso tuboovariano, hidrossalpinge, leiomioma (terceira e quarta década de vida), teratoma maduro, cistoadenoma seroso mucinoso (esses dois são doenças neoplásicas) o Ginecológica de caráter maligno – carcinoma epitelial, tumor de células germinativas e tumor estromal. o Não ginecológica de caráter benigno – abcesso apendicular, rim pélvico e divertículos de bexiga. o Não ginecológico de caráter maligno – metástase (Ex, tumor de Krukemberg), CA do TGI e sarcoma retroperitoneal. Fatores epidemiológicos o Pré-púbere – cistos funcionais (mais comum!!!) e tumores de células germinativas o Adolescentes – 9-20% das massas são malignas. A maioria são benignas (cistos funcionais, teratoma maduros e cistos adenomas e endometrioma) o Menacme – a maioria são de natureza benigna. A incidência neste período prevalece em cistos fuionais e tumor ovariano epitelial. Sempre diagnóstico diferencial com gravidez ectópica. o Perimenopausa/menopausa – tumor epitelial de ovário, leiomiomas, cisto funcionai. “CA de ovário – massa anexial pós menopausa associada a emagrecimento e ascite” Êmbolos metastáticos gera muito ascite (No caso do pulmão, derrame pleural) Pós menopausa – requer manejo cuidadoso, pois neste período a incidência de massas potencialmente malignas é maior. Sempre que possível solicitar USTV com dosagem de CA-125. Neste período com sangramento uterino anormal ou espessamento endometrial, há indicações de biópsia de endométrio. o 80% das neoplasias ovarianas nas meninas abaixo de 9 anos eram malignas em estudos anteriores. Criança abaixo de 10 anos com massas ovarianas são malignas – mais comum é o teratoma imaturo. o Sempre investigar massas pélvicas em crianças (embora, normalmente a criança se queixa de dor abdominal, alteração de trânsito urinário) Patogênese (ainda não esclarecida) o Se associa muito a cicatriz ruptura – cicatriz ruptura - cicatriz ruptura Angiogênese parece estar relacionada Evidências apontam também para que o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) sirva para um mediador importante da angiogênese destas patologias ovarianas. Diagnóstico (clínico + Beta-hCG + marcadores tumorais com CA-125, AFP (principalmente em tumores de células claras), inibinas A (LH; corpo lúteo) e B (FSH; células da granulosa) e CA-19.9 + USTV + RNM) o Os marcadores ajudam muito em seguimento Há fatores de risco relatados como tabagismo, contraceptivos e tamoxifeno. Diagnóstico – anamnese detalhada e exame físico minucioso: dor pélvica ou abdominal crônica ou aguda, com sintomas inespecíficos distensão abdominal, cólicas, sensação de peso em baixo ventre, alterações ou quadros completamente assintomáticos. O diagnóstico de massa anexial em mulheres com sintomatologia pélvica ou de forma incidental representa uma rotina na prática ginecológica. Estima-se que 5 a 10% das mulheres nos EUA serão submetidas a intervenções cirúrgicas por esse motivo. Embora a etiologia da maior parte dessas massas anexias sejam benignas, a possibilidade de malignidade deve ser sempre considerada. O diagnóstico tardio e adoção de condutas inadequadas constituem os principais fatores responsáveis pela baixa sobrevida de pacientes com CA de ovário. Pacientes com massas anexiais sintomáticas, especialmente climatéricas, apresentam maior incidência de neoplasias malignas. Embora o exame físico tenha baixa sensibilidade para a detecção de massas anexiais, ele pode fornecer critérios para distinção entre lesões benignas e malignas. Bilateralidade no ovário sugere malignidade. Já unilateral significa benignidade. Diagnóstico diferencial – massas não ovarianas como gestação ectópica, abcesso tuboovariano, cisto de inclusão, mioma pediculado, câncer de tubas e massas ovarianas benignas como endometrioma, cistos tecaluteínicos e cistos funcionais. Exame de imagem: USTV (padrão-ouro) é o método de imagem mais utilizado para o diagnóstico de massas anexiais. o Malignidade – paredes e septos irregulares e grossos; projeções papilares; lesões sólidas; ecogenicidade moderada a ultrassonografia; doppler com hiperfluxo (arteríola formou rápido sem camada média) o Duvidoso? Pedir RNM (boa para pelve) Intervenção cirúrgica o Cistos simples maior que 8 cm sem regressão após 6 a 8 semanas (após conduta expectante); o Lesão ovariana de aspecto sólido (em qualquer idade) o Tumoração em parede ou lesões vegetantes císticas (preocupante, evolução rápida) o Massa palpável e/ou torções (devido ao aumento de tamanho) – normalmente a paciente está em acompanhamento com o cisto e iniciou com dor súbita em região de flanco/inguinal. Fator de risco o Nuliparidade – em freiras o História de infertilidade ou endometriose o História familiar (mama, ovário ou cólon) -> 5-10% padrão familiar (BRCA1 – é gene supressor tumoral; em mama a propensão maior é BRCA2) o Estudos recentes sugerem que o uso de TRH na pós-menopausa gerou aumento na incidência de tumores. Organograma – Saco vitelínico – alfafetoproteína?? Epitélio celômico – CA125?? Lesões ovarianas que indicam cirurgia o Tumores sólidos o Tumores císticos maiores que 8cm em idade reprodutiva o Presença de septações ou papilas o Em pré-puberes o Pós-menopáusicas Sinais de gravidade o US com tumor SÓLIDO, císticos com áreas sólidas, vegetações e septos grossos o IResistência <0,4 e Ipulsatilidade <1 o CA125 maior que 35 em pós-menopausa e maior que 200 em pré- menopausa CISTOS FUNCIONAIS (agora começaram as doenças) Cistos foliculares Cistos de corpo lúteo Cisto tecaluteínico Ovários micropolicísticos Cistos foliculares o Geralmente pequenos, mas podem crescer até 8-10cm de diâmetro o O folículo cresce e passa de 3 cm³ (se for menor é encistado) o Podem ser bilaterais ou unilaterais o Um pouco dolorosos o Forma-se de células da granulosa o Contêm fluído claro no seu conteúdo, anecoico, pares finas, HOMOGENEO o Geralmente lesões redondas, anecóicas com paredes finas e regulares o Ex, o líquido do antro se expande dando origem a um cisto folicular. o O folículo não rompeu e continuou crescendo Cistos de corpo lúteo o Geralmente estão presentes em hemorragias intraperitoneal o O corpo lúteo sangra – parede com um pequeno foco hemorrágico o Considerados os grandes imitadores pelas grandes características do USG (variáveis) – confunde no USG, pode se assemelhar a outras coisas. o Geralmente são formados quando o corpo lúteo não regride o Resultam de uma falha na involução do corpo lúteo o Possuem média de 2-3cm de diâmetro e são revestidos por uma camada espessa de células da granulosa luteinizadas. o Há uma produção contínua de progesterona. o Poderia ser uma persistência de LH? o É muito doloroso BETA-HCG NEGATIVO!!! o DD – gravidez ectópica o Já a sua característica do USG é uma bagunça, tudo misturado, septos. Espessamento da parede, descolamento da parede. Pode ter um componente sólido dentro que corresponde a um coágulo. (Quer ver mais imagens? Acesse: https://insights.ovid.com/pubmed?pmid=15480190) o Conduta expectante. Analisa depois e some. Cistos tecaluteínicos o Comum aparecer em gravidez. Ex, gemelares o Suspeita-se que uma das causas seja a hiperestimulação do LH ou beta- hCG. o Cistos com conteúdo hemático e grossas orlas amarelas. o Tipo raro de cisto folicular o DD – Importantíssimo com gravidez ectópica Epitélio celômico “Querendo virar algum tecido que ele não é” o Origina-se no epitélio das criptas de cicatrização dos ovários o 65% dos casos o Todos esses são adenomas Serosos (epitélio tubário) Endometrióide Mucinoso (tecido endocervical) Mesonefróide (células claras), características de endométrio gestacional Brenner – diferenciação em urotélio o Adenoma – tumor epitelial benigno. Adenocarcinoma quando se converte em maligno. Células germinativas o 20-25% dos casos o Mulheres jovens e crianças o O tipo mais comum é teratoma cístico benigno o Estroma gonadal o Menor grau de malignidade o Origina de células estromais e sexuais das gônadas embriônica o Incidência de 6% o Tumor da granulosa o Tumor de Sertoly-Leidig Teratoma o Imaturo o Maduro – cisto dermóide o Sólido o Cisto dermóide ou teratoma cístico maduro o Struma ovarii – formado por tecido tireoideano – pode gerar hipertiroidismo o Teratoma maduro cístico pode degenerar em neoplasia maligna Disgerminoma o Apresenta crescimento rápido com sintomas compressivos o Ocorre em m o Lesão maligna Carcinoma embrionário Tu.. Mais três citados Teratoma cístico maduro = cisto dermóide = doença neoplásica ovariana mais comum = mulheres abaixo de 40 anos. Teratoma e criança é um imã muito comum Tumores benignos ovarianos mais comuns o Teratoma cístico maduro o Cistoadenoma seroso o Fibromas o Struma ovarii o Endometrioma – não é tumor – é um cisto de retenção de material inflamatório e residual endometriótico Adenomas o Tumores mucinosos e serosos benignos Pertencem ao grupo das neoplasias das células epiteliais estromais superficiais Os tumores serosos benignos apresentam cistos uniloculares de parede fina, repletos de líquido seroso. São bilaterais em torno de 20% dos casos. Os tumores mucinosos benignos apresentam paredes espessas e contêm muco, podendo ser pequenos, uni ou multiloculados Teratoma ovariano o Origina-se as células germinativas o Podem conter qualquer camada das três camadas germinativas (ectoderma, mesoderma e endoderma) o O teratoma imaturo é maligno, enquanto o teratoma maduro é benigno e seus subgrupos já citados; o Hoje é a doença neoplásica mais comum o O teratoma cístico maduro representa 10 a 25% das neoplasias ovarianas e 60% das neoplasias ovarianas (pp, abaixo de 40 anos – antes eram os tumores serosos e mucinosos) o O TCM cresce de forma lenta e medem entre 5-10cm. São bilaterais em 10% dos casos. o A transformação maligna ocorre em 1 a 3% dos casos em geral com mais de 40 anos o Apresentam cariótipo de 46,XX o A teoria de sua origem seria de material genético contido em um oócito primário o Quase 15% dos TCM sofrem TORÇÕES Teratoma cístico maduro -> características no USG o Ponta de iceberg – a ponta fica hiperecogênica o Níveis formados por líquido-gordura ou pelo líquido o Pelo o Protuberância de Rokitansky – espessamento e protuberância de parede; normalmente no pedículo/inserção. o Comum em crianças Tumores ovarianos sólidos o Em geral são benignos?????? o Sempre devem ser removidos o Os mais comuns são – tumores do cordão sexual-estroma, tumor de Krukemberg, leiomiossarcoma ovariano e tumores de brenner Endometrioma – parede espessa, conteúdo achocolatado, homogêneo Diretrizes para encaminhamento de paciente com massa pélvica recentemente diagnosticada a oncologista ginecológico o Pré-menopáusicas (menor que 50 anos) Nível muito alto de Ca-125 Ascite Evidência de meta abdominal ou a distância o Pós-menopáusica ... IMG teratoma cístico maduro Marcadores tumorais o CEA – carcinomas mucinosos o CA 19-9 – carcinomas mucinosos o Ca-125 – tumores epiteliais o AFP – células germinativas o HCG – células germinativas o DHL – disgerminomas e recidivas o Testosterona e androstenediona (cordão sexual) o Inibinas e estradiol (cordão sexual) Abcesso tubovariano o Complicação de DIPA/principal causa de massa pélvica em pós- menopausa o Fatores de risco semelhantes ao da DIPA o Diagnóstico diferencial com apendicite, gestação ectópica e torções são mais comuns o Casos mais graves que acometem peritônio, a intervenção deve ser cirúrgica o Casos mais leves, o tratamento é conservador associado a antibioticoterapia (penicilina cristalina + metronidazol+ gentamicina)