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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
DEPARTAMENTO DE COORDENAÇÃO E ORIENTAÇÃO DE ÓRGÃOS JURÍDICOS

PARECER Nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU

NUP: 59400.002216/2014-53 (APENSO NUP 00461.001524/2013-13)


INTERESSADA: PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
ASSUNTO: REGISTRO DE ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA (ART)

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. ANOTAÇÃO DE


RESPONSABILIDADE TÉCNICA (ART). REGISTRO. TAXA. PAGAMENTO.
OBRIGATORIEDADE. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL.
CONSTITUCIONALIDADE.
1. Diante da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral
no Recurso Extraordinário nº 838.284, publicada no DJe de 22.09.17, que declara a
constitucionalidade da cobrança da ART, impõe-se a revogação das alíneas "c", "e", "f" e "g"
constantes da conclusão do Parecer nº 001/2016/DECOR/CGU/AGU, aprovado pelo
Consultor-Geral da União em 20 de julho de 2016.
II - Todos os trabalhos técnicos que demandem registro de responsabilidade técnica
produzidos por servidores públicos estão obrigados ao registro da Anotação de
Responsabilidade Técnica - ART ou Registro de Responsabilidade Técnica - RRT, conforme
se trate de engenheiro, arquiteto ou urbanista;
III - O ente público produtor do trabalho técnico especializado é o sujeito passivo das taxas
referentes à ART, decorrente do exercício do poder de polícia do CREA.

CÓD. EMENT. 34

Senhor Coordenador,

1. Em 20 de julho de 2016, o Consultor-Geral da União aprovou o Parecer nº


001/2016/DECOR/CGU/AGU, de 13 de janeiro de 2016, que ratificou o Parecer nº
07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGU/AGU, de 19 de junho de 2015, produzido pelos integrantes da Câmara
Permanente de Licitações e Contratos - CPLC, aprovado pelo Procurador-Geral Federal. Confira-se sua
conclusão (Sequencial nº 30):

"51. Assim, presentes estas considerações, concluímos que:


a) Todos os trabalhos técnicos que demandem registro de responsabilidade técnica
produzidos por servidores públicos estão obrigados ao registro da Anotação de
Responsabilidade Técnica - ART ou Registro de Responsabilidade Técnica - RRT conforme se
trate de engenheiro ou de arquiteto ou urbanista;
b) O ente público produtor do trabalho técnico especializado é o sujeito passivo das taxas
referentes à ART, decorrente do exercício do poder de polícia do CREA, e das taxas
referentes ao RRT, em razão do exercício do poder de polícia do CAU;
c) Por ter violado o princípio da estrita legalidade tributária, é inconstitucional o
recolhimento da taxa referente à Anotação de Responsabilidade Técnica, de modo que o
seu pagamento não deve ser efetuado;
d) Não há inconstitucionalidade no pagamento da taxa relativa ao Registro de
Responsabilidade Técnica;
e) Deve ser requerido ao CREA o cadastro da ART sem efetuar o pagamento da taxa
correspondente;
f) Na hipótese do CREA recusar o registro da ART sem o recolhimento da taxa, cabe à
Procuradoria Federal competente buscar o provimento judicial para assegurar o
reconhecimento da inexigibilidade da exação;
g) Não deferida a tutela de urgência, será possível efetuar o recolhimento da taxa da ART,
devendo ser buscada a repetição indébito;
h) A cobrança de RRT deve ocorrer uma única vez por servidor, tendo em vista que a
hipótese de incidência - desempenho de cargo e função técnica, elencada no inciso VII do
art. 2º da Lei nº 12.378/2010, contempla todas as hipóteses de incidência discriminadas
nos demais incisos do citado diploma legal, de modo a evitar-se a ocorrência do bis in idem
na cobrança da exação;
i) Será devido o recolhimento de nova taxa de RRT, apenas na hipótese do servidor vier a
ocupar outro cargo ou função na administração;
j) Todas as atividades desempenhadas no exercício do cargo-função devem ser registradas
no RRT-desempenho de cargo ou função técnica;
k) Deve a Procuradoria Federal competente propor as medidas judiciais cabíveis na
hipótese do CAU recusar-se a registrar todas as atividades desempenhadas no exercício do
cargo no RRT - desempenho de cargo e função técnica;

Parecer Nº
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l) Não deferida a tutela de urgência, será possível efetuar o recolhimento das taxas de RRT,
devendo ser buscada a repetição de indébito;
m) Não é devido o pagamento da anuidade do conselho de fiscalização profissional pela
Administração Pública referente ao servidor público integrante dos seus quadros;
n) Por não incidir no caso o disposto nos arts. 2º e 3º, §§ 1º, I da Portaria PGF nº 424, de
2013, deve ser aplicado imediatamente o entendimento jurídico constante do presente
parecer pelos órgãos de execução da PGF, após a aprovação do Senhor Procurador-Geral
Federal. (...)" (g.n.)
11. Diante do acima exposto, sugiro o encaminhamento do assunto à Secretaria do
Patrimônio da União para adequar a Instrução Normativa nº 1, de 2014, à legislação
vigente, considerando os irretocáveis argumentos expendidos no brilhante PARECER Nº
07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, de 19 de junho de 2015, produzido pelos integrantes
da Câmara Permanente de Licitações e Contratos - CPLC, devidamente aprovado pelo
Procurador-Geral Federal, que entendo oportuno sua divulgação no âmbito da
Administração Pública Federal."

2. Referido opinativo foi levado ao conhecimento do Secretário de Patrimônio da União do


Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, conforme Ofício nº 44/2016/CGU/AGU, de 21 de
julho de 2016, da lavra do Excelentíssimo Senhor Consultor-Geral da União, para avaliação da
necessidade de adequação da Instrução Normativa SPU nº 1, de 2 de dezembro de 2014, sugerida no
citado parecer (Sequencial nº 36).

3. Em 11 de agosto de 2016, a Secretaria do Patrimônio da União emitiu a Nota Técnica nº


11.431/2016/MP, informando que não há resistência quanto à sugestão de alteração da mencionada
instrução normativa, todavia, questiona que se tornará oneroso a expedição de ARTs para cada laudo
individual de avaliação para imóveis, questiona ainda, de onde virão os recursos para arcar com o
pagamento da emissão desses documentos. Confira-se:

"5. Nesse sentido, não há resistência quanto à adequação ao entendimento do novo


parecer. Todavia, faz-se necessária a exposição entendimento anterior, com vistas a
perquirir sobre a validade de tal argumentação.
6. Isso pois, no que tange às ações de avaliação de imóveis, administrativamente, a
expedição de ARTs para cada laudo individual de avaliação se tornaria algo
muito oneroso, tanto no dispêndio de tempo para a obtenção das respectivas
ARTs, quanto no procedimento de trabalho (adicionando uma etapa de cunho
burocrático no procedimento avaliatório). Ademais, ainda existe o risco de não
aceitação da gratuidade da emissão de tais documentos, por parte dos Conselhos
Regionais.
7. Assim, é válido considerar a implementação de ARTs de cargo/função, as quais não
necessitariam expedição para cada serviço, individualmente, mas sim por profissional,
dentro suas atribuições.
8. Em não sendo possível a manutenção do art. 10, § 1º da IN, questionamos no caso de
haver recusa da emissão de documentos de Responsabilidade Técnica de forma gratuita,
como proceder na busca de repetição de indébito. Além disso, questionamos de onde virão
os recursos para arcar com a emissão destes documentos, na hipótese de recusa." (g.n.)

4. Na sequencia, o assunto foi submetido à Consultoria Jurídica junto ao Ministério do


Planejamento, Desenvolvimento e Gestão que, em 23 de agosto de 2016 foi apreciado pela Advogada
da União - Dra. Luíza Filizzola de Rezende Lana, que exarou o Parecer nº
1.024/2016/LFL/CGJRH/CONJUR/MP/CGU/AGU, discordando das conclusões constantes do Parecer nº
001/2016/DECOR/CGU/AGU, aprovado pelo Consultor-Geral da União, na parte que se refere a exigência
de cadastro da ART por servidor público (Sequencial nº 30.3). Confira-se os pontos questionados
(Sequencial nº 41):

"10. Sustenta-se, porém, diversamente, no Parecer nº 07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU,


como visto, que "todos os trabalhos técnicos que demandem registro de responsabilidade
técnica produzidos por servidores públicos estão obrigados ao registro da Anotação de
Responsabilidade Técnica - ART ou Registro de Responsabilidade Técnica - RRT conforme se
trate de engenheiro ou de arquiteto ou urbanista"
11. No que diz respeito especificamente à exigência de cadastro da ART para os trabalhos
técnicos de engenharia realizados por servidor público, objeto da dissensão em tela,
cumpre destacar que, mesmo transcorridos mais de 10 (dez) anos desde a elaboração
do PARECER/MP/CONJUR/MAA/Nº 0028-2.9/2006, ainda parece mais adequada, no
entender desta Consultoria Jurídica, a aplicação da tese nele sustentada, conforme será
demonstrado na sequência deste opinativo.
12. O Parecer nº 07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, ao tratar da necessidade do registro
da ART, sustenta que os artigos 13, 17 e 20 da Lei nº 5.194/66, a seguir
transcritos, estabeleceram a exigência do aludido cadastro:
Art. 13. Os estudos, plantas, projetos, laudos e qualquer outro trabalho de engenharia, de
arquitetura e de agronomia, quer público, quer particular, somente poderão ser submetidos
ao julgamento das autoridades competentes e só terão valor jurídico quando seus autores
forem profissionais habilitados de acordo com esta lei.
Da responsabilidade e autoria
Art. 17. Os direitos de autoria de um plano ou projeto de engenharia, arquitetura ou

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agronomia, respeitadas as relações contratuais expressas entre o autor e outros
interessados, são do profissional que os elaborar.
Parágrafo único. Cabem ao profissional que os tenha elaborado os prêmios ou distinções
honoríficas concedidas a projetos, planos, obras ou serviços técnicos.
Art. 20. Os profissionais ou organizações de técnicos especializados que colaborarem numa
parte do projeto, deverão ser mencionados explicitamente como autores da parte que lhes
tiver sido confiada, tornando-se mister que todos os documentos, como plantas, desenhos,
cálculos, pareceres, relatórios, análises, normas, especificações e outros documentos
relativos ao projeto, sejam por eles assinados.
Parágrafo único. A responsabilidade técnica pela ampliação, prosseguimento ou conclusão
de qualquer empreendimento de engenharia, arquitetura ou agronomia caberá ao
profissional ou entidade registrada que aceitar esse encargo, sendo-lhe, também, atribuída
a responsabilidade das obras, devendo o Conselho Federal dotar resolução quanto às
responsabilidades das partes já executadas ou concluídas por outros profissionais.Co
13. De fato, os dispositivos acima preveem que os trabalhos de engenharia, públicos ou
particulares, só serão válidos se realizados por profissionais habilitados, aos quais
pertencem os direitos de autoria. Prescrevem, ainda, que o projeto que envolva a
colaboração parcial desses profissionais devem mencioná-los expressamente como autores
da parte que lhes foi confiada, que todos os documentos relativos ao projeto devem ser por
eles assinados e que a responsabilidade técnica pela ampliação, prosseguimento ou
conclusão do empreendimento recairá sobre o profissional que aceitar tal encargo. Desse
modo, não se nega que o servidor público engenheiro, no desempenho de suas funções,
deva sim, por imposição legal, assinar os trabalhos que desempenhar, bem como que a
responsabilidade pelo empreendimento cabe a ele, na condição de profissional habilitado
para tanto. Discorda-se, contudo, da interpretação ampliativa dos artigos de lei
em comento, levada a efeito pelo Departamento de Consultoria da Procuradoria-
Geral Federal, para defender que restou ali estabelecida a exigência de cadastro
da ART por servidor público engenheiro no desempenho de suas funções.
14. Além de a ART apenas ter sido instituída em 1977, por meio da Lei nº 6.496, o
que impede que se afirme que tenha sido implicitamente exigida por lei anterior,
depreende-se, da leitura atenta do art. 17, parágrafo único, da Lei nº 5.194/66,
que a menção à aceitação do encargo pelo profissional habilitado evidencia que
não pretendeu o dispositivo regular a execução do trabalho técnico por servidor
público, ao qual não se confere, no exercício de seu munus, a faculdade de
aceitar ou não a responsabilidade por determinado projeto. Portanto, não se
reputa viável extrair, da Lei nº 5.194/66, que regula apenas o exercício da
profissão de engenheiro desde a edição da Lei nº 12.378/10, o fundamento
jurídico para a exigência do registro da ART em decorrência de todo e qualquer
trabalho técnico de engenharia realizado por servidores públicos.
15. A Lei nº 6.496/77, que criou a Anotação de Responsabilidade Técnica, também não se
presta a amparar a imposição de seu cadastro na esfera pública. Consoante devidamente
exposto no PARECER/MP/CONJUR/MAA/Nº 0028-2.9/2006, mencionada lei fala em "contrato,
escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços
profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia", razão pela qual não se
aplica ao vínculo jurídico estatutário mantido entre os órgãos da Administração Pública
e seus servidores.
16. Apesar de haver jurisprudência iterativa do Tribunal de Contas da União no
sentido de que deve ser providenciada a ART de projetos de obra de autoria de
profissionais contratados ou de servidores pertencentes aos quadros técnicos
dos órgãos contratantes, a análise das decisões proferidas sobre a matéria evidencia
que estão amparadas no disposto no art. 7° da Resolução CONFEA n° 361/91 e
nos artigos 5° e 6° da Resolução CONFEA n° 425/98, a seguir transcritos, in verbis:
(...)
17. No entender desta Consultoria Jurídica , porém, a pretexto de regulamentar a Lei
n° 6.496/77, que expressamente limitou a sujeição à ART aos contratos para a execução de
obras e serviços de engenharia, mencionadas resoluções do Conselho Federal de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia extrapolaram os limites impostos ao
exercício do poder normativo e não podem ser usadas como fundamento para a
exigência de ART no caso dos trabalhos técnicos de engenharia conduzidos por
servidores públicos.
18. Ainda sobre a exorbitação do poder regulamentar, importante destacar que, no
intervalo de tempo transcorrido entre a edição do PARECER/MP/CONJUR/MAA/Nº 0028-
2.9/2006 e a presente data, o CONFEA editou a Resolução nº 1.025/09, através da qual, em
ampliação ao propósito contido nas resoluções retrotranscritas, dedicou seção específica
à hipótese de sujeição à ART, não prevista na Lei nº 6.496/77, consistente no vínculo
profissional mantido por servidor com pessoa jurídica de direito público para o desempenho
de cargo ou função técnica.
19. Em 2014, consultado a respeito do caso concreto de servidora, ocupante do cargo de
engenheira junto ao Ministério das Comunicações, que foi autuada pelo Conselho Regional
de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal - CREA/DF - em razão da falta de ART
relativa ao desempenho de cargo ou função técnica, este órgão de assessoramento jurídico
sustentou, por meio do Parecer nº 1301 - 3.33/2014/LFL/CONJUR-MP/CGU/AGU (em anexo),
que o estabelecimento de obrigação de cadastro da ART de cargo ou função e de
pagamento da taxa de ART decorrente desse cadastro pela Resolução nº 1.025/09 implicou
abuso do poder regulamentar e invasão de competência legislativa, motivo pelo qual,

Parecer Nº
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enquanto não houver extensão da ART, através de lei propriamente dita, à situação de
vínculo estatutário mantido entre o servidor público e a Administração, as obrigações
de cadastro e pagamento da ART de cargo ou função, que lhes são respectivamente
impostas por mera resolução, não podem ser exigidas.
(...)
20. Não tendo sido editada, após a prolação do Parecer nº 1301 - 3.33/2014/LFL/CONJUR-
MP/CGU/AGU, nenhuma lei que efetivamente preveja a incidência da ART em decorrência
da publicação do ato administrativo de nomeação ou designação para cargo ou função
técnica em pessoa jurídica de direito público, entende esta Consultoria Jurídica que
permanece inviável, por falta de amparo legal, exigir o cadastro da ART de cargo
ou função.
21. Semelhante raciocínio se aplica à execução de obras ou prestação de serviços de
engenharia por servidores públicos. Não se considera possível a exigência
da denominada ART de obra ou serviço - relativa à execução de obras ou prestação de
serviços inerentes à profissão de engenharia - em decorrência da realização de trabalhos
técnicos por servidores públicos sem que haja previsão legal expressa nesse
sentido. Discorda-se, assim, da extensão da obrigatoriedade de cadastro da ART
de obra ou serviço aos trabalhos de engenharia desempenhados por servidores
públicos na titularidade de cargos de engenheiro, fundamentada em resoluções
d o CONFEA, levada a efeito pelo TCU. Se a Lei nº 6.496/77, que instituiu
genericamente a ART, não submeteu as obras ou serviços prestados em decorrência
de vínculo estatutário travado entre o servidor e a Administração à imposição de seu
cadastro, inadequado se afigura exigi-lo com base em resoluções irregulares do CONFEA, a
menos que haja previsão legal específica que determine tal registro, como o fez, por
exemplo, o art. 12, § 3º, da Lei nº 8.629/93, transcrito abaixo:
(...)
22. Nota-se que a Lei nº 8.629/93 exigiu de forma clara e expressa o registro da ART nos
Laudos de Avaliação de desapropriação para fins de reforma agrária, os quais
são normalmente realizados por servidor público do INCRA. Nesse contexto, indubitável a
obrigatoriedade do cadastro da ART, seja o engenheiro agrônomo profissional contratado
pela administração ou pertencente aos quadros da entidade pública. Cuida-se, contudo, na
citada lei, de avaliação de imóveis rurais de particulares que não estejam cumprindo a sua
função social, hipótese bastante específica, à qual não se restringem as avaliações de
imóveis da União ou de interesse da União de que trata a IN SPU nº 01/14, realizadas para
fins de aquisição compulsória e voluntária, bem como alienação de domínio pleno
ou domínio útil, quando onerosa, locação e arrendamento de imóveis, dação em
pagamento, aforamento e sua remição, cobrança pela utilização dos bens da União, quando
se enquadrar em condição específica, determinada por portaria de cessão
onerosa, adjudicação, indenização por ocupação ilícita e doação com ou sem encargo.
23. Em síntese, ante o que foi exposto, diverge-se da posição da Procuradoria-
Geral Federal, constante do Parecer nº 07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, de
que todos os trabalhos técnicos de engenharia produzidos por servidores
públicos estão obrigados ao registro da Anotação de Responsabilidade Técnica,
visto que, no entender desta Consultoria Jurídica, apenas é possível impor
aludido cadastro com amparo em texto de lei. Portanto, reputa-se inviável, por
falta de fundamento legal, exigir o cadastro da ART de cargo ou função.
Igualmente impraticável impor o cadastro de ART de obra ou serviço em
decorrência de trabalhos técnicos realizados por servidores públicos
engenheiros, salvo se houver previsão específica em lei. Assim, os laudos de
avaliação elaborados pelos técnicos da SPU, titulares do cargo de engenheiro, estão
dispensados da apresentação da ART, exceto se houver previsão legal em sentido
contrário, como ocorre na situação da avaliação feita em procedimento de desapropriação
para fins de reforma agrária.
24. Referido raciocínio, além de consentâneo com o princípio da legalidade, atribui
efetividade ao princípio constitucional da eficiência, que impõe à Administração Pública e a
seus agentes o dever de desempenhar suas funções de forma rápida, com perfeição e
rendimento que possibilitem a satisfação dos anseios da sociedade
administrada. Considerando-se que é grande a quantidade de avaliações de imóveis a
serem feitas pelos técnicos da SPU em cumprimento ao teor da IN nº 01/14, estender a eles
a obrigatoriedade do registro da ART em todo e qualquer procedimento
avaliatório ocasionaria transtorno prescindível e contrário à condução eficiente e adequada
da máquina pública. Ressalta-se, ademais, que, nos termos do caput do artigo 10 da IN nº
01/14, o laudo de avaliação elaborado por técnicos da SPU deverá ter todas as suas
páginas rubricadas e/ou assinadas, sendo a última obrigatoriamente assinada pelo servidor
engenheiro responsável pela avaliação, com a indicação do seu registro no Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia - CREA - e de sua matrícula, o que já garante a
precisa identificação subjetiva do agente incumbido da avaliação, assegura que o
procedimento será executado por profissional habilitado e possibilita a aferição de
qualquer culpa durante a prestação do serviço e em decorrência do trabalho concluído.
25. No que tange às questões relacionadas ao Registro de Responsabilidade
Técnica - RRT - que foram objeto de apreciação ao longo do Parecer nº
07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, esta Consultoria Jurídica, também em observância
ao princípio constitucional da eficiência, ousa discordar da conclusão a que chegou a
Procuradoria-Geral Federal a respeito da necessidade do cadastro de todos os documentos
técnicos de arquitetura e urbanismo produzidos por servidores públicos no RRT de cargo ou
função.

Parecer Nº
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(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 4
(...)
26. Corrobora-se o entendimento da PGF de que o cadastro do RRT pode ser exigido em
razão da atividade exercida por servidores públicos arquitetos e urbanistas, visto que,
diferentemente do que ocorre com a ART, a Lei nº 12.378/10, que passou a regular o
exercício da Arquitetura e Urbanismo, em substituição à anterior regência contida nas Leis
nº 5.194/66 e 6.496/77, expressamente prevê, em seu artigo 2º, inciso VII, entre as
atribuições do arquiteto e urbanista, o desempenho de cargo ou função técnica:
(...)
27. Diverge-se, entretanto, do posicionamento de que seria necessário o registro de todas
as atividades de arquitetura e urbanismo realizadas por servidores públicos no Registro de
Responsabilidade Técnica - RRT - de desempenho de cargo ou função, formando-se
um acervo técnico composto pela integralidade dos trabalhos especializados que
desenvolverem.
28. Conquanto a Lei nº 12.378/10 prescreva, em seu artigo 45, caput, que toda realização
de trabalho de competência privativa ou de atuação compartilhada com outras profissões
regulamentadas será objeto do Registro de Responsabilidade Técnica, entende-se que, na
hipótese de desempenho de cargo ou função técnica, já foram abrangidas todas as
atividades de arquitetura e urbanismo que serão executadas no exercício do cargo ou
função técnica, dispensando-se o cadastro, no RRT inicial referente ao cargo ou função, de
cada atividade individual a ser desempenhada.
29. Em fortalecimento à tese interpretativa exposta, a Resolução nº 17/12 do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR - dispunha, em seu artigo 5º, inciso III, que
a modalidade específica de RRT, que denominou de "RRT de Cargo-Função",
incidiria quando envolvidas "as atividades abrangidas na responsabilidade de profissional
designado para cargo ou função, pública ou privada", assim consideradas como um todo.
30. A partir da revogação da referida Resolução nº 17/12 pela Resolução nº 91/14, o
desempenho de cargo ou função técnica passou a se enquadrar na modalidade do RRT
Simples, previsto em seu art. 8º, inciso I, para a situação em que exercidas uma ou mais
atividades técnicas pertencentes a um mesmo item dentre os constantes do art. 3° da
Resolução CAU/BR n° 21/12, reproduzido parcialmente abaixo:
(...)
31. Extrai-se, do glossário anexo à Resolução CAU/BR nº 21/12, no mesmo sentido da
revogada Resolução CAU/BR nº 17/12, que o desempenho de cargo ou função técnica de
que trata o art. 2° da Lei n° 12.378/10 consiste na "atividade exercida de forma continuada,
no âmbito da profissão, em decorrência de ato de nomeação, designação ou contrato de
trabalho".
32. Dessarte, interpretando-se conjuntamente o dispositivo legal que arrolou o
desempenho de cargo ou função técnica entre as hipóteses de incidência do RRT e as
resoluções que o regulamentaram, tem-se que o cadastro de um RRT Simples, mediante
a escolha da atividade do Grupo Gestão denominada “Desempenho de Cargo ou Função
Técnica”, precedido do pagamento da taxa pertinente, já engloba todos os trabalhos
técnicos que serão exercidos pelo titular do cargo ou função, os quais serão, à medida em
que realizados, devidamente assinados, sem a necessidade, porém, do seu registro no RRT
Simples inicial para fins de formação de acervo técnico.
33. O RRT, nos termos do art. 46 da Lei nº 12.378/10, presta-se a definir os responsáveis
técnicos pelo empreendimento de arquitetura e urbanismo, em especial na iniciativa
privada, em que impera a liberdade de atuação dos profissionais da área. No âmbito da
Administração Pública, que dispõe de seus próprios mecanismos de controle, interno e
externo, sobre a atuação de seus agentes, entende-se que o cadastro inicial do RRT
Simples de desempenho de cargo ou função técnica, somado à aposição de assinatura
do servidor público arquiteto ou urbanista responsável nos trabalhos que realize, garantem
a contento a sua identificação para todos os fins de direito. Portanto, discorda-se da
exegese no sentido da imposição do cadastro de cada atividade de arquitetura e
urbanismo individualmente executada pelo servidor público no RRT de desempenho de
cargo ou função. Conquanto seja operacionalmente possível associar tais atividades ao RRT
inicial, seguindo-se, conforme sustenta a Procuradoria Federal, a mesma sistemática de
vinculação de atestados à Certidão de Acervo Técnico, trata-se de exigência que
burocratiza e torna mais lento o procedimento de execução dos trabalhos técnicos pelos
servidores públicos, em nítida contrariedade ao princípio da eficiência, a que deve
observância a Administração.
34. Diante das ponderações tecidas ao longo do presente opinativo com o intuito
de explicitar a dissonância de posicionamentos entre a Câmara Permanente de
Licitações e Contratos do Departamento de Consultoria da Procuradoria-Geral
Federal e esta Consultoria Jurídica a respeito da exigência de cadastro da
Anotação de Responsabilidade Técnica - ART - para os trabalhos de engenharia
prestados por servidores públicos no desempenho de suas funções, bem como
acerca da necessidade de registro de todas as atividades de arquitetura e
urbanismo realizadas por servidores públicos no Registro de Responsabilidade
Técnica - RRT - referente ao desempenho de cargo ou função , solicita-se que
o Departamento de Coordenação e Orientação de Órgãos Jurídicos da Consultoria-Geral da
União avalie esses aspectos da temática em discussão, no exercício da competência
de orientar e coordenar os trabalhos das Consultorias Jurídicas ou órgãos equivalentes no
tocante à uniformização da jurisprudência administrativa, que lhe confere o artigo 14,
inciso I, alínea a, do Decreto nº 7.392/10, antes de se proceder ao ajuste proposto no teor
da IN SPU nº 01, de 02 de dezembro de 2014." (g.n.)

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
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5. Por meio da Cota nº 181/2016/ DECOR/CGU/AGU, sugeri a manifestação da Procuradoria-
Geral Federal (Sequencial nº 45), que encaminhou para análise da Câmara Permanente de Licitações e
Contratos Administrativos.

6. Cabe destacar, por oportuno, que neste intervalo foi proferida decisão em sede de
repercussão geral pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 838.284,
publicada em 22 de setembro de 2017, declarando a constitucionalidade da taxa cobrada em
decorrência da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

7. Diante da decisão emanada pela Suprema Corte, a matéria foi novamente enfrentada e
reavaliada pela Câmara Permanente de Licitações e Contratos Administrativos da Procuradoria-Geral
Federal, por meio do Parecer nº 07/2017/CPLC/PGF/AGU, de 16 de agosto de 2017, aprovado
pelo Procurador-Geral Federal em 15 de setembro de 2017, que sugeriu a suspensão dos incisos
III, V, VI e VII do Parecer nº 07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, que consideraram inconstitucional o
recolhimento da taxa referente à Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e recomendava não
pagá-la. Confira-se (Sequencial nº 55):

"EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. REVISÃO DO PARECER Nº


07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, EM QUE SE BASEIA A CONCLUSÃO DEPCONSU/PGF/AGU
Nº 97/2015.
ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA (ART) E REGISTRO DE RESPONSABILIDADE
TÉCNICA (RRT). OBRIGATORIEDADE NO SERVIÇO PÚBLICO. PARECER Nº AGU/MP-06/2006 E
JULGAMENTO PELO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), EM SEDE DE REPERCUSSÃO
GERAL, DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 838.284 (RE Nº 838.284):
- MANUTENÇÃO DOS ENTENDIMENTOS DE OBRIGATORIEDADE DO REGISTRO DE
TRABALHOS TÉCNICOS POR MEIO DO ART/RRT.
- SUSPENSÃO DA ORIENTAÇÃO DE NÃO PAGAMENTO DAS TAXAS DE ART;
- MANUTENÇÃO DOS ENTENDIMENTOS QUANTO AO RRT.
- SUGESTÃO DE ENCAMINHAMENTO DOS AUTOS À CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
(CGU/AGU), CONSIDERADA A NATUREZA DA DIVERGÊNCIA.
- NÃO MANIFESTAÇÃO SOBRE QUESTÕES AFETAS EMINENTEMENTE À MATÉRIA DE
PESSOAL.
I . Os argumentos utilizados no PARECER Nº 07/2015/ CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU,
em que se baseia a CONCLUSÃO DEPCONSU/PGF/AGU Nº 97/2015, no uso que
toca à obrigatoriedade de registro de ART/RRT dos trabalhos técnicos realizados
por servidores públicos no âmbito das licitações e contratos, são compatíveis
com aqueles utilizados no PARECER Nº AGU/MP-06/2006, aprovado pelo
Advogado-Geral da União.
II - Uma abordagem abrangente sobre a necessidade de servidores públicos manterem
vínculo e registrarem seus trabalhos técnicos nos conselhos profissionais ultrapassa os
limites de atribuição da Câmara Permanente de Licitações e Contratos (CPLC/PGF).
III - O julgamento do RE nº 838.284 pelo STF, em sede de repercussão geral,
impacta as orientações da CONCLUSÃO DEPCONSU/PGF/AGU Nº 97/2015, de
modo a indicar a suspensão dos seus itens III, V, VI e VII, até que seja possível
analisar o conteúdo integral do julgado e emitir uma manifestação jurídica
conclusiva.
IV - Pelas mesmas razões, o entendimento fixado na Nota Interna nº
02/2016/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, que complementa o Parecer e a Conclusão
supracitados, deve ser suspenso.
V - Considerada a natureza jurídica da controvérsia e em especial o Parecer nº AGU/MP-
06/2006, os autos devem ser encaminhados à Consultoria Jurídica da União (CGU/AGU),
sem prejuízo da aplicação imediata do entendimento ora fixado no âmbito da Procuradoria-
Geral Federal (PGF)." (g.n.)

8. Destarte, conforme se observa do inciso III da ementa do Parecer nº


07/2017/CPLC/PGF/AGU, exarado pela Câmara Permanente de Licitações e Contratos - CPLC, aprovado
pelo Procurador-Geral Federal em 15 de setembro de 2017, com base na decisão proferida pelo Plenário
do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 838.284, publicada no DJe de 22 de setembro
de 2017, bastante pertinente a proposta de suspensão dos incisos III, V, VI e VII, que trataram da
Anotação de Responsabilidade Técnica - ART. São eles:

"III - Por ter violado o princípio da estrita legalidade tributária, é inconstitucional o


recolhimento da taxa referente à Anotação de Responsabilidade Técnica, de modo que o
seu pagamento não deve ser efetuado;
(...)
V - Deve ser requerido ao CREA o cadastro da ART sem efetuar o pagamento da taxa
correspondente;
VI - Na hipótese do CREA recusar o registro da ART sem o recolhimento da taxa, cabe à
Procuradoria Federal competente buscar o provimento judicial para assegurar o
reconhecimento da inexigibilidade da exação;
VII - Não deferida a tutela de urgência, será possível efetuar o recolhimento da taxa da ART,
devendo ser buscada a repetição indébito;"

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 6
9. Por oportuno, trazemos à colação principais excertos do relatório da decisão da Suprema
Corte e sua ementa para balizar a questão. Confira-se:

"EMENTA
Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tributário. Princípio da legalidade. Taxa
cobrada em razão do exercício do poder de polícia. Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART). Lei nº 6.994/82. Aspecto quantitativo. Delegação a ato normativo infralegal da
atribuição de fixar o valor do tributo em proporção razoável com os custos da atuação
estatal. Teto prescrito em lei. Diálogo com o regulamento em termos de subordinação, de
desenvolvimento e de complementariedade. Constitucionalidade.
1. Na jurisprudência atual da Corte, o princípio da reserva de lei não é absoluto. Caminha-se
para uma legalidade suficiente, sendo que sua maior ou menor abertura depende da
natureza e da estrutura do tributo a que se aplica. No tocante às taxas cobradas em razão
do exercício do poder de polícia, por força da ausência de exauriente e minuciosa definição
legal dos serviços compreendidos, admite-se o especial diálogo da lei com os regulamentos
na fixação do aspecto quantitativo da regra matriz de incidência. A lei autorizadora, em
todo caso, legitimamente justificada e o diálogo com o regulamento deve-se dar em termos
de subordinação, desenvolvimento e complementariedade.
2. No RE nº 343.446/SC, alguns critérios foram firmados para aferir a constitucionalidade da
norma regulamentar.
“a) a delegação pode ser retirada daquele que a recebeu, a qualquer momento, por
decisão do Congresso;
b) o Congresso fixa standards ou padrões que limitam a ação do delegado;
c) razoabilidade da delegação”.
3. A razão autorizadora da delegação dessa atribuição anexa à competência tributária está
justamente na maior capacidade de a Administração Pública, por estar estreitamente
ligada à atividade estatal direcionada a contribuinte, conhecer da realidade e dela extrair
elementos para complementar o aspecto quantitativo da taxa, visando encontrar, com
maior grau de proximidade (quando comparado com o legislador), a razoável equivalência
do valor da exação com os custos que ela pretende ressarcir.
4. A taxa devida pela anotação de responsabilidade técnica, na forma do art. 2º,
parágrafo único, da Lei nº 6.994/82, insere-se nesse contexto. Os elementos
essenciais da exação podem ser encontrados nas leis de regência (Lei nº 6.496/77 e Lei nº
6.994/82). Foi no tocante ao aspecto quantitativo que se prescreveu o teto sob o qual o
regulamento do CONFEA poderá transitar para se fixar o valor da taxa, visando otimizar a
justiça comutativa.
5. As diversas resoluções editadas pelo CONFEA, sob a vigência da Lei nº 6.994/82,
parecem estar condizentes com a otimização da justiça comutativa. Em geral, esses atos
normativos, utilizando-se da tributação fixa, assentam um valor fixo de taxa relativa à ART
para cada classe do valor de contrato – valor empregado como um critério de incidência da
exação, como elemento sintomático do maior ou do menor exercício do poder de polícia, e
não como base de cálculo.
6. Não cabe ao CONFEA realizar a atualização monetária do teto de 5 MVR em questão em
patamares superiores aos permitidos em lei, ainda que se constate que os custos a serem
financiados pela taxa relativa à ART ultrapassam tal limite, sob pena de ofensa ao art. 150,
I, da CF/88.
7 . Em suma, o art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 6.994/82 estabeleceu diálogo
com o regulamento em termos de subordinação (ao prescrever o teto legal da
taxa referente à ART), de desenvolvimento (da justiça comutativa) e de
complementariedade (ao deixar um valoroso espaço para o regulamento
complementar o aspecto quantitativo da regra matriz da taxa cobrada em razão
do exercício do poder de polícia). O Poder Legislativo não está abdicando de sua
competência de legislar sobre a matéria tributária. A qualquer momento, pode o
Parlamento deliberar de maneira diversa, firmando novos critérios políticos ou outros
paradigmas a serem observados pelo regulamento.
8. Negado provimento ao recurso extraordinário.
(...)
RELATÓRIO
Projetec Construções Ltda. interpõe recurso extraordinário com fundamento ... contra
acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região assim ementado:
"TRIBUTÁRIO. TAXA PARA EMISSÃO DE ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE
TÉCNICA. LEI Nº 6.994/82. CONSTITUCIONALIDADE.
É válida a exigência da taxa para expedição da Anotação de Responsabilidade
Técnica, a partir da Lei nº 6.994/82, até o valor de 5 MVR."
Alega o recorrente que as Leis nºs 6.496/77 e 6.994/82 não instituíram tributo, apenas
“atribuíram ao CONFEA o poder de ‘fixar os critérios e os valores das taxas da ART
(Anotação de Responsabilidade Técnica)”. Aduz que os arts. 5º, inciso II, e 150, inciso I, da
Constituição Federal revelam o princípio da legalidade tributária. Sustenta que as
mencionadas leis não contêm previsão acerca do fato gerador, do sujeito passivo, da
alíquota nem da base de cálculo da taxa para a emissão da ART. Destaca que, na
instituição de um tributo, a lei deve definir todas as características exigidas pelos incisos III
e IV do art. 97 do Código Tributário Nacional, o que, em sua compreensão, não teria
ocorrido no caso concreto. Assevera que o princípio da legalidade tributária é rígido.

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 7
Entende que as Leis nºs 6.496/77 e 6.994/82, no tocante à taxa para a emissão da ART, são
inconstitucionais. Refere que, em razão do princípio da irretroatividade tributária (art. 150,
III, a, da Constituição Federal), o advento da Lei nº 12.514/11 não garante a legalidade
desse tributo nem a constitucionalidade do art. 2º, parágrafo único da Lei nº 6.994/82.
Requer a declaração de inconstitucionalidade das Leis nºs 6.496/77 e 6.994/82 para que
seja reconhecido seu direito à repetição de indébito de todos os valores pagos
indevidamente a título de taxa para a emissão da ART durante o período não prescrito até a
entrada em vigor da Lei nº 12.514/11.
(...)
VOTO
(...)
No âmbito legal, a obrigatoriedade de anotação de responsabilidade técnica (ART) nos
contratos para execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais
referentes à engenharia, à arquitetura ou à agronomia foi instituída pela Lei nº 6.496/77,
nos seguintes termos:
“Art 1º - Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de
quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia fica
sujeito à ‘Anotação de Responsabilidade Técnica’ (ART).”
O art. 2º da referida lei dispôs que a anotação seria realizada pelo responsável técnico
(pessoa física ou jurídica) pelo empreendimento de engenharia, arquitetura ou agronomia,
segundo critérios fixados em resolução do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia (CONFEA).
Em seguida, em seu art. 2º, § 2º, a lei delegou ao CONFEA, sem qualquer limitação, a
competência tributária para fixar, por ato infralegal, os “valores das taxas da ART ad
referendum do Ministro do Trabalho”.
Sobre a delegação contida no referido art. 2º, § 2º, da Lei nº 6.496/77, a Corte, por seu
Plenário Virtual, já se pronunciou, em sede de repercussão geral, nos autos do ARE nº
748.445/SC, de relatoria do Ministro Lewandowski, e ratificou sua jurisprudência no sentido
de que a taxa cobrada pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
em virtude do exercício do poder de polícia decorrente da chamada “ART” é
inconstitucional, por afronta ao princípio da reserva legal em matéria tributária, previsto no
art. 150, I, da Constituição.
Na ocasião, o Tribunal assentou o seguinte:
(i) o art. 1º da Lei nº 6.496/77 impôs às partes contratantes um dever legal, tendo-se, no
caso, uma obrigação legal marcada pela nota da compulsoriedade;
(ii) o dever de Anotação de Responsabilidade Técnica constitui nítido exercício do poder de
polícia realizado pelo Conselho Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia CONFEA;
(iii) a remuneração dessa atividade provém da cobrança da instituição de taxa cuja criação
deve ser realizada com observância do princípio da legalidade tributária, previsto no
art.150, I, da Constituição.
A discussão se renova, agora, em face da Lei nº 6.994/82, a qual também delega às
entidades descritas a competência para fixar os valores das taxas correspondentes a seus
serviços e atos indispensáveis ao exercício da profissão, e estabelece, no parágrafo único
do art. 2º, a possibilidade de tais entidades fixarem às taxas referentes à Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART), “observado o limite máximo de 5 MVR”.
Como relatado, o Tribunal a quo entendeu pela constitucionalidade do parágrafo
único do art. 2º da Lei nº 6.994/82, que permite ao CONFEA fixar taxas referentes
à ART (criada pela Lei nº 6.496/77), observado o limite máximo de 5 MVR – Maior
Valor de Referência, adotando como fundamentos aqueles proferidos pela Corte
Especial na Arguição de Inconstitucionalidade nº 5024474-44.2013.404.0000. E o
fez por entender que, diferentemente da Lei nº 6.496/77, o legislador da Lei nº 6.994/82
fixou um limite máximo para a fixação da taxa, o que seria suficiente para o atendimento
do princípio da legalidade. Para o Tribunal de origem, seguindo as lições de Ricardo Lobo
Torres, in verbis,
“em se tratando de taxa, o princípio da legalidade tributária deve ser flexibilizado, sendo
suficiente para seu atendimento que a lei formal indique o seu valor máximo, como feito
pelas Leis nº 6.994, de 1982 (art. 2º, parágrafo único) e nº 12.514, de 2011 (art. 11), com o
que se propicia seja ele mais adequadamente quantificado pelo órgão regulamentar
competente, baseado em estudos técnicos, atendendo-se melhor aos princípios
constitucionais da proporcionalidade e da capacidade contributiva."
Com efeito, a temática das taxas cobradas a favor dos conselhos de fiscalização de
profissões regulamentadas ganhou nova disciplina com a Lei nº 6.994/82. Nos termos do
diploma, coube ao órgão federal de cada entidade zeladora do exercício de profissões
liberais a fixação dos valores das taxas correspondentes aos serviços relativos a atos
indispensáveis ao exercício da profissão, restritas às discriminadas no art. 2º, observados
os respectivos limites máximos. Ademais, previu-se que a fixação das taxas referentes à
Anotação de Responsabilidade Técnica (criada pela Lei nº 6.496/77) estava submetida ao
limite máximo de 5 MVR (Maior Valor de Referência). Usualmente, as resoluções editadas
pelo CONFEA sob a vigência dessa lei estabeleciam, para cada faixa (ou classe) do valor de
contrato, um valor fixo para a taxa, segundo tabelas. Houve, nesses atos normativos, o
emprego da técnica da tributação fixa, isto é, o crédito tributário já era quantificado pelos
diplomas, sem a necessidade de cálculo elaborado com alíquota e base de cálculo,
espelhando a técnica adotada pelo máximo legal (um “teto fixo”).
Cabe perquirir, portanto, a partir das balizas já fixadas nos autos do ARE nº 748.445/SC - no
sentido da natureza jurídica tributária da espécie taxa cobrada em razão do poder de

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 8
polícia, fiscalização de profissões, atribuído ao CONFEA –, se a fixação de valor máximo em
lei formal denotaria uma legalidade suficiente para atender o art. 19, I, da Constituição
Federal de 1969 e o art. 150, I, da atual Constituição Federal. A discussão colocada,
portanto, é saber qual é o tipo e o grau de legalidade que satisfazem essa exigência,
especialmente no tocante à espécie tributária taxa.
(...)
Vejamos se a taxa devida pela anotação de responsabilidade técnica na forma do art. 2º,
parágrafo único, da Lei nº 6.994/82, insere-se nesse contexto.
Em alguns casos, a possibilidade de um ato infralegal tocar nos elementos da regra matriz
de incidência de um tributo se explicará por razões técnicas, fáticas, ou mesmo pela
otimização de princípios ou valores previstos na Constituição.
Segundo entendo, na espécie, não há delegação de poder de tributar no sentido
técnico da expressão. A lei não está repassando ao ato normativo infralegal a
competência de regulamentar, em toda profundidade e extensão, todos os
elementos da regra matriz de incidência da taxa devida em razão da ART. Como
se nota, os elementos essenciais da exação podem ser encontrados nas leis de
regência (Lei nº 6.496/77 e Lei nº 6.994/82). Assim, no antecedente da regra
matriz de incidência, encontra-se o exercício do poder de polícia relacionado à
anotação de responsabilidade técnica a que está sujeito “todo contrato, escrito
ou verbal, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços
profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia”; o sujeito
passivo é o profissional ou a empresa, nos termos do art. 2º, § 1º, da Lei nº
6.496/77; o sujeito ativo é o respectivo conselho regional. No tocante ao aspecto
quantitativo, prescreveu a Lei nº 6.994/82, em seu art. 2º, parágrafo único, o teto
sob o qual o regulamento poderá transitar.
Considero que esse diálogo realizado com o regulamento é mecanismo que, no
caso, visa otimizar a justiça comutativa.
Na espécie, cabe recordar que a Lei nº 6.496/77, nos seus arts. 1º ao 3º, não desce a
minúcias para determinar, com exatidão, quais são as atividades administrativas que
subjazem ao exercício do poder de polícia relativo à ART, nem descreve, de forma precisa e
rigorosa, quais são as obras ou os serviços profissionais referentes à Engenharia, à
Arquitetura e à Agronomia vinculados a contratos sujeitos à ART. Ademais, também
convém relembrar que o CONFEA detém a competência de emitir resolução a ser
observada na efetuação da anotação de responsabilidade técnica nos conselhos regionais,
nos termos do art. 2º, § 1º, da Lei nº 6.496/77.
Bem por isso, o conselho federal já emitiu diversas resoluções, visando densificar a
atividade estatal e as atividades de Engenharia, de Arquitetura e de Agronomia
relacionadas com a ART.
Assim, por exemplo, o CONFEA já editou resoluções dispondo acerca da celebração de
Convênios entre CREA e Entidades de Classe, para maior eficiência da fiscalização
profissional, especialmente no que diz respeito à ART. Em outras resoluções, tratou dos
procedimentos para ART dos serviços de Aviação Agrícola.
Houve também resoluções discriminando (e sujeitando ao registros sob a forma de ART),
por exemplo, as atividades relativas a empreendimentos agropecuários, florestais,
agroindustriais e de armazenagem com ou sem utilização de Crédito Rural ou Incentivo
Fiscal, que implicassem a participação efetiva e autoria declarada de profissionais
legalmente habilitados. Em outras resoluções, ainda, o CONFEA dispôs quais eram as
atividades dos Engenheiros e Arquitetos, na especialidade de Engenharia de Segurança do
Trabalho, tendo-as submetido à ART.
Assim, dessume-se que o CONFEA, por sua íntima relação com o exercício do poder de
polícia, tem maior potencial para, conhecendo da realidade, complementar o aspecto
quantitativo da taxa referente à ART, preservando, com maior rigor – em cotejo com a
atuação do legislador – a razoável equivalência entre o valor da exação e os custos que ela
pretende ressarcir. O parágrafo único do art. 2º da Lei nº 6.994/82, assim, determina ao
conselho federal a otimização da justiça comutativa presente nessa exação.
(...)
Em suma, o art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 6.994/82 estabeleceu diálogo com
o regulamento em termos de subordinação (ao prescrever o teto legal da taxa
referente à ART), de desenvolvimento (da justiça comutativa) e de
complementariedade (ao deixar um valoroso espaço para o regulamento
complementar o aspecto quantitativo da regra matriz da taxa cobrada em razão
do exercício do poder de polícia). O Poder Legislativo não está abdicando de sua
competência de legislar sobre a matéria tributária. A qualquer momento, pode o
Parlamento deliberar de maneira diversa, firmando novos critérios políticos ou outros
paradigmas a serem observados pelo regulamento.
Tendo isso em vista, voto pelo não provimento do recurso extraordinário.
Em relação ao tema nº 829 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF na
internet, proponho a seguinte tese:
“Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo teto, possibilita ao ato
normativo infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos
da autuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do próprio
Conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção
monetária legalmente previstos”
MODULAÇÃO DOS EFEITOS
Quanto ao pedido de modulação dos efeitos da decisão, formulado em memoriais, entendo

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 9
que não seja o caso.
O que se alega é que esta Corte teria alterado o entendimento firmado no julgamento do
ARE nº 748.445, sob a sistemática da repercussão geral, quando o Tribunal reconheceu a
inconstitucionalidade da Lei nº 6.496/77, daí a necessidade de modulação do novo
entendimento, por razões de segurança jurídica.
No entanto, é importante ressaltar que, neste julgamento, não se alterou a jurisprudência
reafirmada no ARE nº 784.445. Isso porque, no referido caso, a Lei nº 6.496/77 foi
reconhecida como inconstitucional, por afronta ao princípio da reserva legal em matéria
tributária, porque, em seu art. 2º, § 2º, delegava ao CONFEA, sem qualquer limitação, a
competência tributária para fixar, por ato infralegal, os “valores das taxas da ART ad
referendum do Ministro do Trabalho”.
Diversamente, no caso ora em análise, esta Corte decidiu pela
constitucionalidade da Lei nº 6.994/82, em razão de essa lei, diferentemente da
Lei nº 6.496/77, estabelecer, no parágrafo único do art.2º, a possibilidade de tais
entidades fixarem as taxas referentes à Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART), “observado o limite máximo de 5 MVR”. Entendeu, portanto, a maioria
que, neste caso, não haveria afronta ao princípio da legalidade tributária, já que
a própria lei estabeleceu os parâmetros para a atuação da regulamentação
infralegal.
Por essas razões, indefiro o pedido de modulação." (g.n.)

10. Destarte, mediante a decisão proferida pela Corte Suprema declarando a


constitucionalidade da taxa cobrada em decorrência da Anotação de Responsabilidade Técnica, entendo
pertinente que se revogue os incisos "c", "e", "f" e "g", constantes da conclusão do Parecer nº
01/2016/DECOR/CGU/AGU, aprovado pelo Consultor-Geral da União em 20 de julho de 2016 (Sequencial
nº 30), e não, sua suspensão, consoante proposto no Parecer nº 07/2017/CPLC/PGF/AGU (Sequencial nº
55).

11. Com relação à alegação da Secretaria do Patrimônio da União de que a adequação da


Instrução Normativa nº 1, de 2 de dezembro de 2014 à legislação vigente, conforme consta do Parecer
nº 001/2016/DECOR/CGU/AGU, aprovado pelo Consultor-Geral da União, oneraria a Administração
Pública, entendo que tal argumento não é suficiente para sustentar a dispensa da apresentação da
Anotação de Responsabilidade Técnica, que deve ser obrigatória, pois, conforme se vê, a legislação não
isentou a administração pública da fiscalização de suas obras pelo órgão responsável.

12. Por sua vez, entendo que não merecem prosperar os argumentos expostos no Parecer nº
1024/2016/LFL/CGJRH, da Consultoria Jurídica no Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
de que o Departamento de Consultoria da Procuradoria-Geral Federal deu interpretação ampliativa aos
arts. 13, 17 e 20 da Lei nº 5.194, de 1966, "para defender que restou ali estabelecida a exigência de
cadastro da ART por servidor público engenheiro no desempenho de suas funções".

"Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966


Regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá
outras providências.
(...)
Art. 13. Os estudos, plantas, projetos, laudos e qualquer outro trabalho de engenharia, de
arquitetura e de agronomia, quer público, quer particular, somente poderão ser
submetidos ao julgamento das autoridades competentes e só terão valor jurídico
quando seus autores forem profissionais habilitados de acordo com esta lei.
Da responsabilidade e autoria
Art. 17. Os direitos de autoria de um plano ou projeto de engenharia, arquitetura ou
agronomia, respeitadas as relações contratuais expressas entre o autor e outros
interessados, são do profissional que os elaborar.
Parágrafo único. Cabem ao profissional que os tenha elaborado os prêmios ou distinções
honoríficas concedidas a projetos, planos, obras ou serviços técnicos.
Art. 20. Os profissionais ou organizações de técnicos especializados que colaborarem numa
parte do projeto, deverão ser mencionados explicitamente como autores da parte que lhes
tiver sido confiada, tornando-se mister que todos os documentos, como plantas, desenhos,
cálculos, pareceres, relatórios, análises, normas, especificações e outros documentos
relativos ao projeto, sejam por eles assinados.
Parágrafo único. A responsabilidade técnica pela ampliação, prosseguimento ou conclusão
de qualquer empreendimento de engenharia, arquitetura ou agronomia caberá ao
profissional ou entidade registrada que aceitar esse encargo, sendo-lhe, também, atribuída
a responsabilidade das obras, devendo o Conselho Federal dotar resolução quanto às
responsabilidades das partes já executadas ou concluídas por outros profissionais."

13. De fato, não foi a Lei nº 5.194, de 1966 que "Regula o exercício das profissões de
Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo" que estabeleceu a necessidade de realizar o cadastro
dos trabalhos técnicos elaborados pelos respectivos profissionais, e sim, a Lei nº 6.496, de 1977 que
instituiu a "Anotação de Responsabilidade Técnica" na prestação de serviços de engenharia, de
arquitetura e agronomia. Confira-se:

"Art 1º - Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 10
quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia fica
sujeito à "Anotação de Responsabilidade Técnica" (ART).
Art 2º - A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo empreendimento
de engenharia, arquitetura e agronomia.
§ 1º - A ART será efetuada pelo profissional ou pela empresa no Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), de acordo com Resolução própria do
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA).
Art 3º - A falta da ART sujeitará o profissional ou a empresa à multa prevista na alínea "a"
do art. 73 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e demais cominações legais."

14. Também não merece guarida a afirmação da CONJUR/MP de que " 20. ... essa lei não se
aplica aos órgãos da Administração Pública, os quais por conseguinte, estão isentos do pagamento da
ART. Como se vê, o art. 1º da Lei nº 6.496/77 fala em 'contrato, escrito ou verbal, para a execução de
obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à
Agronomia'. Como se sabe, o vínculo jurídico estabelecido entre a Administração e seus servidores é
estatutário e não contratual. Portanto, a execução de um serviço de Engenharia por servidor público não
decorre de um contrato. É antes o próprio exercício do cargo. 21. Se não há contrato, descabe exigir a
ART para os serviços de Engenharia decorrentes das próprias atribuições da Administração. Assim, se
um servidor, no desempenho de suas funções, elabora um projeto ou procede à avaliação de um imóvel
estas atividades não estarão sujeitas à apresentação da ART e ao pagamento da respectiva taxa ... e de
que a ART é devida apenas em serviços privados de Engenharia, Arquitetura e Agrimensura ."

15. Entendo que essa alegação de que o legislador utilizou o vocábulo contrato no art. 1º da Lei
instituidora da ART e por essa razão não abrange o serviço público, tendo em vista que este quando
executa o serviço com servidores dos seus quadros não faz um contrato, não se sustenta. Ora, não
existe um contrato, mas é de rigor que haja um projeto, uma portaria ou qualquer outro ato que
identificará os seus autores ou responsáveis pela obra que será executada. Portanto, deverá também se
submeter à devida fiscalização como se faz com o particular. A lei não criou exceções.

16. Há que se considerar ainda, que a execução de obras não é atividade fim do serviço público,
ela é esporádica, portanto, mais um motivo para que seja submetida à exigência da Anotação de
Responsabilidade Técnica.

17. Corroborando o exposto, esta Advocacia-Geral da União tratou do tema no Parecer nº


AGU/MP-06/2006, da lavra do Consultor da União - Dr. Miguel Pró de Oliveira Furtado, que, ao elucidar
consulta sobre a questão, entendeu pertinente o dever de o serviço público submeter-se à
exigência da Anotação de Responsabilidade Técnica . No entanto, o Despacho nº 544/2006, do
Consultor-Geral da União, aprovado pelo Advogado-Geral da União em 19 de julho de 2006, entendeu os
servidores públicos não podem ficar submetidos à controle externo de órgão de fiscalização. Confira-se
a consulta e a resposta:

"1. Relata o Engenheiro Civil ... que, por ocasião do pagamento da anuidade de 2006,
ao CREA/DF, foi informado da necessidade de preencher uma ART de cargo e
função, isto é, uma "Anotação de Responsabilidade Técnica" de cargo e função .
"Além do mais, - continua o Sr. Castro - quaisquer outras atividades inerentes ao meu
cargo, como fiscalização e gerenciamento de contratos, deveriam ter uma ART também".
2. A Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional entendeu que , não
fora a ilegalidade da taxa, tanto o registro das ARTs como o pagamento das
respectivas taxas caberiam à União (§ 3º do Parecer CONJUR/MI Nº 329/2006-0 ...)
A partir daí, considerou que a taxa é indevida porque, embora criada por lei, faltam-lhe a
definição do sujeito passivo e a determinação do valor a ser pago. Acrescentou que o art.
1º da Lei (SIC) nº 6.496 ... refere-se apenas a contrato, situação que não alcança
os servidores públicos, cujas relações são estatutárias. Ouçamo-lo:
"11. Vê-se que a ART se restringe a contratos. A lei que a criou dirigiu seu alcance apenas
às relações contratuais. Os atos administrativos citados não poderiam ampliar-lhe o âmbito
de abrangência, para nele incluir as relações estatutárias. Não lhe seria lícito, dizendo-o
com outras palavras, instituir tal "ART de cargo público" em caráter originário. Não lhos
seria simplesmente porque o ocupante de cargo não entretém com o ente público qualquer
relação contratual ...
12. É necessário distinguir duas situações. Uma coisa são contratos administrativos
celebrados pela entidade pública, por cuja fiscalização e gerenciamento o engenheiro
público esteja responsável; outra - e bem diversa - é a própria relação profissional
que esse mesmo engenheiro mantém com a pessoa jurídica de direito público. Ali
há contratos que poderiam estar sujeitos à ART e ao pagamento da taxa que lhe
corresponde, não fosse está última incompatível com o princípio da estrita legalidade. Aqui,
no próprio liame profissional não há contrato, mas vínculo estatutário, infenso, ipso facto ,
ao alcance do art. 1º da Lei nº 6496/1977"
(...)
5. Tão frugal foi o legislador no regular a ART, que vale a pena transcrever-lhe todo o
balizamento legal contido na Lei n. 6.496, de 7 de dezembro de 1977:
“Art. 1º. Todo contrato escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação
de quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à
Agronomia fica sujeito à ‘Anotação de Responsabilidade Técnica’ (ART).
Art. 2º. A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo

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empreendimento de engenharia, arquitetura e agronomia.
§ 1º. A ART será efetuada pelo profissional ou pela empresa no Conselho Regional
de Engenharia,Arquitetura e Agronomia (CREA), de acordo com a Resolução
própria do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
§ 2º. O CONFEA fixará os critérios e os valores das Taxas da ART ad referendum do Ministro
do Trabalho.
Art. 3º. A falta da ART sujeitará o profissional ou a empresa à multa prevista na
alínea‘a’ do art. 73 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e demais
cominações legais.”
Aí está: diz-se que o que é a ART e atribui-se à Autarquia regulamentá-la . Essa
sobriedade legal parece ter gerado incompreensões. Alguns esclarecimentos são então
necessários:
6. Contrato para execução de obra ou prestação de serviço - Vejamos em primeiro lugar o
alcance do art. 1º da Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977, acima transcrito. E aqui é
preciso que se deixe bem nítida a separação entre,
a) os contratos de trabalho, regulados pela CLT, e
b ) os contratos de prestação de serviços de engenharia, regulados pelo Código Civil
(Contrato de Prestação de Serviço, art. 593; ou Contrato de Empreitada, art. 610).
Aliás, o Parecer CONJUR/MI Nº 329/2006-0, de 15 de março de 2006, já chamou a atenção
para a questão. Os contratos mencionados no art. 1º da Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de
1977 - e nesse ponto a lei é meridianamente clara - são tanto os contratos de trabalho
regidos pela CLT, desde que a contratação, neste caso, se dê com engenheiro como
profissional da engenharia (art. 6º da Resolução nº 425, de 18.12.1998), como os contratos
para execução de obras e serviços de engenharia determinados, isto é, os acima
mencionados sob a letra b).
Estabelecidas essas linhas, resta saber se a sujeição do engenheiro ao regime
estatutário, na qualidade de servidor, subordina-se à exigência, ou escapa à
incidência do artigo.
7. A ART de Cargo e Função - É certo que, literalmente, o texto desse art. 1º não
impõe a necessidade de registro da anotação de responsabilidade técnica de
cargo ou função, porque só menciona contratos, e a vinculação que une o
servidor ao Estado não é de natureza contratual. Todavia, é de reconhecer-se que
a finalidade da lei é deixar claro quem é o responsável técnico por qualquer que
seja a obra ou serviço de engenharia.
De onde nasce então, o dever de registro da ART de cargo e função, cuja
denominação apoia-se precisamente na vinculação do trabalho (lato sensu)?
O art. 3º da Resolução Confea nº 425 de 18 de dezembro de 1998, onde ela vem
estabelecida, não o diz, mas o primeiro dos consideranda dessa mesma Resolução, aponta-
lhe a base: o art. 2º da Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977. Em outras palavras,
como a Anotação de Responsabilidade Técnica foi instituída para que se saiba
quem são os responsáveis técnicos pela obra ou serviço, urge que se saiba quem
são eles, mesmo no caso de departamentos de engenharia de empresas ou do
Serviço Público. E, em sendo assim, as entidades citadas no § 2º do art. 59 da Lei
nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, subordinam-se à exigência, por força
desse mesmo parágrafo que lhes impõe o dever de "... fornecer aos Conselhos
Regionais todos os elementos necessários à verificação e fiscalização da
presente lei", ou seja, verificação de cumprimento da lei e fiscalização do exercício da
profissão de engenheiro.
8. A quem incumbe registrar a ART e pagar a taxa de registro – Agora, há que examinar as
prescrições do art. 5º da Instrução Normativa nº 5-A, de 1º de novembro de 2005, que
reproduz com outras palavras o disposto no art. 4º da Resolução Confea nº 425, de 18 de
dezembro de 1998, e que está assim redigido:
“Art. 5º. O preenchimento do formulário de ART pela obra ou serviço é de responsabilidade
do profissional.
§ 1º. Quando o profissional estiver atuando por empresa a qual esteja vinculado, e o
contrato da obra ou serviço a ser executado for com tal pessoa jurídica, caberá à mesma a
responsabilidade pelo recolhimento da respectiva taxa e pelo registro da ART, devidamente
preenchida pelo profissional responsável.
§ 2º. Quando o profissional estiver atuando como autônomo, contratado por pessoa física
ou jurídica, caberá a ele a responsabilidade pelo registro da ART e recolhimento da
respectiva taxa.
Os parágrafos desse artigo apenas explicitam a quem incumbem as tarefas de
preenchimento do formulário da ART e a responsabilidade pelo pagamento de
registro da ART, deixando clara a distinção feita no item 6 deste parecer. Os dois
parágrafos desse artigo regulam as duas situações que, aqui, se tornam bem definidas.
Quando a obra for contratada com o engenheiro, pessoa física, a ele competirá preencher o
formulário da ART e pagar-lhe a taxa; Já o parágrafo 1º regula a segunda hipótese: Se o
serviço for contratado com empresa de engenharia, em que o profissional é empregado,
cumpre que o engenheiro, preencha a ART – afinal, a responsabilidade técnica será sempre
dele – mas o recolhimento da taxa competirá à empresa. Em outras palavras: Como a
responsabilidade técnica é exclusiva do engenheiro, como pessoa natural (Art. 4º da
Resolução Confea nº 425, de 18.11.1998) e não pode ser assumida por pessoa jurídica (Cf.
terceiro dos Consideranda antepostos à mesma Resolução), cumpre que o Engenheiro
responsável pela obra, em ambas as hipóteses, preencha a “Anotação de Responsabilidade
Técnica”, mas o pagamento da respectiva taxa será feito por quem tenha figurado como

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contratado: Se contratada for a empresa, ela arcará com o pagamento da taxa; se
contratado for o engenheiro, a ele competirá efetuar o pagamento da ART.
Até aqui, examinamos a ART em decorrência da vinculação do engenheiro com a empresa
ou com o Serviço Público em que ele trabalha. Cumpre, agora, analisar as hipóteses
em que tanto o engenheiro como a empresa, ou o Serviço Público constroem para
si mesmo, no seu exclusivo interesse.
9. A ART na Administração Pública – A lei não regulou a hipótese de o engenheiro ou a
empresa de engenharia poderem fazer obras ou serviços para si próprios. A previsão está
no art. 3º da Resolução Confea nº 425, de 18 de janeiro de 1998, que prescreve:
“Art. 3º. Nenhuma obra ou serviço poderá ter início sem a competente Anotação de
Responsabilidade Técnica, nos termos desta Resolução.
(...)
§ 2º. O disposto neste artigo aplica-se igualmente a todo empreendimento de propriedade
do seu executor.
Mas nada se diz no tocante a quem deva incumbir o registro e o pagamento da ART, na
hipótese desse § 2º, quando, evidentemente, inexistirá contrato da espécie prevista no art.
1º da Lei nº 6.796, de 7 de dezembro de 1977, a não ser o contrato de trabalho (lato sensu).
É intuitivo, porém, que, quando o empreendimento for de propriedade do próprio
engenheiro, a ele competirá o registro e o pagamento da ART. Mas, a quem caberá o
pagamento, quando a obra for de propriedade da empresa de engenharia? Em princípio,
poder-se-ia supor que a atribuição é também do engenheiro, não só por tratar-se de
exigência do Confea, como porque poderia ser tido como requisito de atuação profissional,
à semelhança das anuidades dos diversos órgãos de fiscalização das profissões: Confea,
OAB etc. Sed contra, pode argüir-se, com vantagem, que a responsabilidade pelo
pagamento da ART, nesse caso, não cabe ao profissional, mas à empresa proprietária da
obra, da mesma forma que não é ao engenheiro, mas à empresa que compete efetuar o
pagamento, nos casos em que o contrato se faz com a empresa e não com o profissional,
conforme acima exposto. Mas não é só; Há ainda uma poderosa razão de natureza prática:
Poderia tornar-se excessivamente oneroso para o engenheiro-empregado que tivesse a seu
cargo diversas construções da empresa e elas sofressem sucessivas modificações do
projeto (Cf art. 9º da Instrução Normativa CREA/DF n. 5-A, de 1º de novembro de 2001).
Não pode haver dúvida, portanto, de que, tratando-se de obra ou serviço próprios da
empresa, incumbe-lhe a responsabilidade pelo pagamento da ART.
E quando a obra pertencer à Administração Pública?
Não cogitam os normativos de impor à União, quer a Responsabilidade Técnica,
quer o pagamento da taxa. À União, por força do § 2º do art. 59 da Lei n. 5.194,
de 24 de dezembro de 1966, requer-se simplesmente que forneça aos Conselhos
Regionais “todos os elementos necessários à verificação e fiscalização da
presente lei.” Contudo, quando a hipótese for de engenheiro vinculado ao Serviço
Público e as obras ou serviços pertencerem ao Poder Público, militam em favor
do profissional as mesmas razões acima expostas para o caso de a obra ou o
serviço pertencer à empresa de engenharia. Não se exigirá que o engenheiro arque
com as despesas da ART, quando a única beneficiária será a União e múltiplos poderiam ser
os serviços." (g.n.)

18. Referido opinativo, nos demais itens, arremata a questão dizendo que a taxa da ART é ilegal
porque não pode ser fixada pelo Confea por afrontar o princípio da legalidade. Confira-se:

"18. Fomos levados ao exame da natureza jurídica das anuidades devidas às autarquias
profissionais,em razão da ausência de estudos específicos sobre a taxa de registro da ART,
embora sejam sobcerto aspecto semelhantes. Contudo, quer as denominadas taxas de ART
(cf. § 2º do art. 2º da Lei n.6.496, de 07.12.0977) sejam autênticas taxas (como entendeu o
douto parecerista do Ministério da Integração Regional e como sou inclinado a acreditar,
ainda que com finalidade diversa – por tratar-se detaxa de registro da ART), quer se
caracterizem como autênticas contribuições, participam da natureza de tributo e, assim,
desde a vigência da nova Constituição, já não podem ser alteradas ou fixadas peloConfea,
ainda que ad referendum do Ministro do Trabalho, uma vez que se sujeitam ao estrito
princípio da legalidade." (g.n.)

19. Consoante se observa do referido opinativo, tanto a Consulente (CONJUR/MI) quanto o autor
do parecer nesta Casa, entendiam, à época, que a cobrança da taxa correspondente à ART era ilegal,
questão hoje superada diante da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. Também entendeu a
Consulente quanto ao "registro das ARTs como o pagamento das respectivas taxas caberiam à
União".

20. Mencionado Parecer nº AGU/MP-06/2006, contudo, foi aprovado pelo Advogado-Geral da


União em 19 de julho de 2006, nos termos do Despacho do Consultor-Geral da União de nº
544/2006, ou seja, referido despacho esclareceu que "..., enquanto servidores públicos, os
engenheiros de seu quadro de pessoal e por ele concursados e disciplinados não podem ficar
submetidos a controle profissional e à disciplina funcional de órgão externo à administração.
É inteiramente irrazoável que obra ou serviços públicos fiquem sujeitos ao nuto de outros
profissionais que não têm compromisso algum com a obra ou o serviço da administração,
quando ela própria está submetida aos rigores e fiscalização da atividade pública." Confira-se
os principais excertos do Despacho nº 544/2006, aprovado pelo Advogado-Geral da União:

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
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"1. A Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional suscitou perante esta
Consultoria-Geral questão a ela proposta por engenheiro de seu quadro ... quanto à
necessidade do preenchimento da “Anotação de Responsabilidade Técnica –ART” de cargo
e função, e bem assim de todas as atividades inerentes ao cargo tanto quanto os
recolhimentos co-respectivos.
2. O excelente Parecer AGU/MP 06/2006 responde com erudição e cuidado às indagações
entendendo, em conclusão, que pela atual natureza tributária, as “taxas” de ART só
poderiam impor-se à força de lei e sabe-se que, por ora, fundam-se apenas em Resolução
do CONFEA de nº 425, 18.12.1995 (o art. 2º § 2º da Lei nº 6496/97 atribuiu ao Conselho
Federal a definição dos critérios e valores de taxa de ART). Assim, seriam descabidas as
exigências não autorizadas expressamente por lei, vedada a delegação estabelecida na Lei
nº 6496/97.
3. Não fora isso, que porém parece tema secundário no caso, também é largamente
discutível assentar - como resulta evidente ao submeterem-se os servidores
públicos a critérios externos à administração na condução de suas obras e
serviços - que estranhos ao serviço público pudessem estabelece-los bem como as
taxas pelo desempenho de atividade pública. Em outros termos, enquanto servidores
públicos, os engenheiros de seu quadro de pessoal e por ele concursados e
disciplinados não podem ficar submetidos a controle profissional e à disciplina
funcional de órgão externo à administração. É inteiramente irrazoável que obra
ou serviço públicos fiquem sujeitos ao nuto de outros profissionais que não têm
compromisso algum com a obra ou serviço da administração, quando ela própria
está submetida aos rigores e fiscalização da atividade pública.
4 . Exigir-se a anotação de responsabilidade técnica de engenheiro servidor
público com relação estatutária à administração para que seja público perante
terceiros ser o responsável técnico de obra ou serviço público equivale equipará-
lo ao profissional liberal autônomo isento de controle institucional ou de
fiscalização por qualquer órgão – este, sim, profissional destinatário dos mecanismos
de proteção dos interesses dos que compram os seus serviços – quando são
essencialmente distintas as situações e regimes de disciplina a que ficam sujeitos
respectivamente.
5. A execução de obra de serviço público ademais é de estrita responsabilidade
da administração não cabendo aos órgãos de fiscalização profissional ingerência
alguma no desempenho de suas atividades, sequer o pretendido controle
técnico, já que delas resultam responsabilidade civil integral para administração
com regresso ao servidor culpado. O que importa é que o engenheiro que ocupa
cargo público de engenheiro só pode ser submetido a regime disciplinar e técnico
da própria administração, pena de duplicidade irracional e ilegal. O mesmo se dá
com relação à obra ou serviço público.
6. Nessa linha, além de possivelmente ilegal a exigência de taxa da ART de cargo
e função, são ambos, também, obra pública e engenheiro servidor ocupante de
cargo público por extensão das contribuições ou anuidades compulsórias para o
exercício da profissão, insuscetíveis de controle por órgão externo à
administração e descabidas as exigências correspondentes.
7. De acordo com a legislação profissional invocada (de resto, anterior à Constituição de
1988) é o exercício da profissão autônoma ou liberal de engenheiro que fica submetida à
fiscalização da corporação, não porém o exercício do cargo público de engenheiro do
serviço público, de modo que o regime jurídico da Lei nº 5.194, de 24.12.1966 assim
como o da Lei nº 6496, de 07.12.1977, se aplicam ao servidores públicos no que couber
isto é, no que não figura incompatibilidade lógica ou jurídica com o regime do servidor
público da Lei nº 8.112/90 ou do regime jurídico das obras e serviços da administração
pública.
8. Nesses termos, pelas razões que ora trago a exame, antes mesmo de discutir a natureza
jurídica da exigência, debate que fica para outra ocasião, submeto à consideração." (g.n.)

21. Destarte, consoante se observa do Despacho nº 544/2006, devidamente aprovado pelo


Advogado-Geral da União, resta claro que o servidor público ocupante do cargo de engenheiro quando
atuante em obra pública não está submetido a controle de órgão externo. Todavia, ficam sujeitos a
fornecer aos Conselhos Regionais os elementos necessário à verificação e fiscalização, nos termos do §
2º do art. 59 da Lei nº 5.194, de 1966.

22. Confira-se, por oportuno, o citado § 2º do art. 59 da Lei nº 5.194, de 1966:

"Do registro de firmas e entidades


Art. 59. As firmas, sociedades, associações, companhias, cooperativas e empresas em
geral, que se organizem para executar obras ou serviços relacionados na forma
estabelecida nesta lei, só poderão iniciar suas atividades depois de promoverem o
competente registro nos Conselhos Regionais, bem como o dos profissionais do seu quadro
técnico.
§ 1º O registro de firmas, sociedades, associações, companhias, cooperativas e empresas
em geral só será concedido se sua denominação for realmente condizente com sua
finalidade e qualificação de seus componentes.
§ 2º As entidades estatais, paraestatais, autárquicas e de economia mista que
tenham atividade na engenharia, na arquitetura ou na agronomia, ou se utilizem

Parecer Nº
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dos trabalhos de profissionais dessas categorias, são obrigadas, sem quaisquer
ônus, a fornecer aos Conselhos Regionais todos os elementos necessários à
verificação e fiscalização da presente lei.
§ 3º O Conselho Federal estabelecerá, em resoluções, os requisitos que as firmas ou
demais organizações previstas neste artigo deverão preencher para o seu registro." (g.n.)

23. Todavia, assim não entendo, pois o assunto foi devidamente enfrentado nos itens 22 a 29
do Parecer nº 07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, que adotei como razões de decidir, conforme se
observa do item 10 do Parecer nº 001/2016/DECOR/CGU/AGU, devidamente aprovado pelo Consultor-
Geral da União em 20 de julho de 2016, razão pela qual novamente ratifico o que lá está posto, no
sentido de que é devida a Anotação de Responsabilidade Técnica pelo servidor público quando executa
serviços de engenharia, conforme também entende a Câmara Permanente de Licitações e Contratos da
Procuradoria-Geral Federal nos pareceres acima mencionados. Portanto, tendo em vista não ter havido
qualquer mudança na legislação quanto a este tema da Anotação de Responsabilidade Técnica - ART,
exceto quanto ao seu devido pagamento, consoante decidiu o Supremo Tribunal Federal no recurso
mencionado linhas atrás, permanece o entendimento. Confira-se (Sequencial nº 30):

"10. Por fim, entendo oportuno a aprovação e divulgação do irretocável PARECER Nº


07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, de 19 de junho de 2015, produzido pelos Procuradores
Federais integrantes da Câmara Permanente de Licitações e Contratos - CPLC, instituída
pela Portaria nº 98, de 2013, cuja matéria é de relevante interesse à Administração Pública
Federal, eis sua integra:
(...)
22. Destacando a indispensabilidade do cadastro da responsabilidade técnica, os autores
Valmir Campelo e Rafael Jardim Cavalcante[3], respectivamente Ministro e Auditor do
Tribunal de Contas da União – TCU, chegaram a asseverar:
A ART é um instrumento indispensável para definições de responsabilidades no âmbito
penal, civil e administrativo. Levando em conta que cada sistema e subsistema da obra (ou
serviço) podem ensejar responsabilidades técnicas de profissionais distintas (SIC), a precisa
definição subjetiva do agente legalmente incumbido de determinado encargo por meio de
registro próprio, tanto colabora para a perfeição do objeto a ser executado – ao garantir
que seja executado por profissional habilitado -, quanto possibilita uma avaliação mais
precisa de culpa por eventual contratempo durante e após o término dos serviços.
No caso de obras e serviços executados por órgãos públicos, é compulsório o recolhimento
da ART, inclusive no que concerne ao fiscal do contrato, nos termos da resolução-Confea
218/73. (grifo nosso)
23. Em reforço à lição doutrinária reproduzida acima, destaco o item 16.1.10 do TC-
017.810/2006-5 (Acórdão nº 3.360/2007-TCU-2ª Câmara) em que o TCU, ao determinar à
Petróleo Brasileiro S/A o cumprimento do disposto nos arts. 1º e 2º da Lei nº 6.496/1977,
exigindo a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) nas obras e serviços de
engenharia, destacou que sua ausência impossibilitaria a responsabilização do autor do
projeto por eventual erro ou falha técnica[4].
24. Bem por este motivo, o Tribunal de Contas da União editou, no ano de 2010, a súmula
TCU nº 260/2010[5] impondo ao gestor público a obrigação de exigir a ART de projeto,
execução, supervisão e fiscalização de obras e serviços de engenharia.
25. E nem se sustente, como fez a SEGEP no bojo da Nota Técnica Nº
180/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP[6], que o comando encartado no verbete sumular nº
260 do TCU é voltado única e exclusivamente para um tipo específico de ART, não
abrangendo a modalidade ART/RRT cargo ou função.
26. A uma, porque o estudo detalhado da jurisprudência do TCU demonstra que a exigência
de ART/RRT é feita de maneira indistinta tanto para os profissionais contratados, quanto
pelos próprios servidores públicos, conforme demonstram excertos reproduzidos abaixo:
- Assunto: OBRA PÚBLICA. DOU de 09.07.2010, S. 1, p. 81. Ementa: determinação ao
INCRA/RN para que exija, previamente à realização de obras de engenharia, a emissão de
Anotações de Responsabilidade Técnica (ART) dos profissionais e empresas
envolvidas e providencie as dos servidores do INCRA/RN responsáveis pela
fiscalização, conforme estabelece o art. 1º da Lei nº 6.496/1977 (item 9.4.8, TC-
027.424/2006-2, Acórdão nº 1.512/2010-Plenário). (grifo nosso)
- Assunto: PROJETO BÁSICO. DOU de 09.07.2010, S. 1, p. 82. Ementa: determinação ao
DNOCS para que proceda à competente Anotação de Responsabilidade Técnica junto ao
CREA dos autores dos projetos básicos em todos os empreendimentos financiados com
recursos federais, sejam eles contratados ou pertencentes aos quadros técnicos da
Administração Pública, de acordo com o disposto no art. 7° da Resolução/CONFEA nº
361/1991 e nos arts. 5° e 6º da Resolução/CONFEA nº 425/1998, que regulamentam a Lei
nº 6.496/1977 (item 9.1.4, TC-008.137/2009-6, Acórdão nº 1.515/2010-Plenário). (grifo
nosso)
- Assunto: OBRA PÚBLICA. DOU de 22.08.2205, S. 1, p. 165. Ementa: o Tribunal de Contas
da União determinou ao INCRA/DF que fossem providenciadas, relativamente aos autores
de projetos de obras (sejam contratados ou pertencentes aos quadros técnicos do
órgão contratante), a competente Anotação de Responsabilidade Técnica do projeto junto
ao CREA, em observância ao disposto no art. 7° da Resolução/CONFEA n° 361/1991 e nos
termos dos arts. 5° e 6° da Resolução/CONFEA n° 425/1998, que regulamentam a Lei n°
6.496/1977 (item 9.4.1, TC-009.458/2005-4, Acórdão n° 1.127/2005-TCU-Plenário). (grifo
nosso)

Parecer Nº
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27. A duas, diante da existência de diversos comandos legais voltados especificamente à
Administração Pública para que proceda ao recolhimento da anotação de responsabilidade
técnica, conforme consta no art. 10 do Decreto nº 7.983, de 8 de abril de 2013[7], que
impôs a existência da ART das planilhas orçamentárias, trabalho eminentemente realizado
por servidores públicos da entidade licitante, não há que se falar em exigência de anotação
de responsabilidade técnica apenas para os particulares contratados pela Administração.
28. De igual modo o artigo 12, § 3º da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993[8], que
dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária,
exigiu o registro da ART nos laudos de Avaliação de desapropriação para fins de reforma
agrária, que possuem a mesma ratio da obrigação indicada anteriormente.
29. Assim, não subsiste a diferenciação proposta na Nota Técnica Nº
180/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, sendo certo que também os trabalhos técnicos que
demandem registro de responsabilidade técnica produzidos por servidores públicos estão
obrigados ao registro da ART ou RRT conforme se trate de engenheiro ou de arquiteto ou
urbanista." (g.n.)

24. Por fim, faz-se oportuno trazer à colação recente orientação emanada do Ministério Público
da União, elaborada por sua Secretaria de Orientação e Avaliação, mediante o Parecer
CORAG/SEORI/AUDIN-MPU Nº 139/2013, de 13 de dezembro de 2013, que tratou do assunto "acerca da
necessidade de se requerer a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no Conselho
Regional e o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) no Conselho de Arquitetura e
Urbanismo para fiscalização de contrato de engenharia/arquitetura, quando essa atividade
for realizada por servidor público, no cargo de engenheiro e/ou arquiteto, com ART/RRT de cargo ou
função devidamente registrada." Confira-se:

"(...)
8. Observa-se nos dispositivos acima que, além da ART de função, existe a ART de obra ou
serviço. Enquanto aquela é relativa ao vínculo do profissional com a pessoa jurídica, pública
ou privada; esta refere-se à execução de obras ou prestação de serviços inerentes às
profissões abrangidas pelo sistema Confea/Crea, podendo ser específica ou múltipla.
Conforme o art. 44 do transcrito dispositivo, o registro da ART de cargo ou função não
exime o registro de ART de execução de obra ou prestação de serviço. Nesse sentido,
quando o profissional se torna responsável pela execução de obra ou prestação de serviço
abrangido pelo sistema Confea/Crea deve ser efetuada a Anotação de Responsabilidade
Técnica relativa a esta obra ou serviço, independente de o profissional já possuir ART de
cargo ou função.
9. Note-se que a partir da vigência da Lei nº 12.378. de 31 de dezembro de 2010, a
orientação, disciplina e fiscalização do exercício da profissão de Arquitetura e Urbanismo
ficaram afetas ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e aos Conselhos
de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal (CAU/UF). Desse modo, no
caso desses profissionais, a ART foi substituída pelo Registro de Responsabilidade Técnica
- RRT. Os artigos 45 e 50 da citada Lei regularam a exigibilidade do RRT para as atividades
profissionais realizadas por arquitetos e urbanistas e pessoas jurídicas com finalidade social
na área de Arquitetura e Urbanismo, (...)
(...)
11. Da leitura, nota-se que, assim como a ART, existe o RRT de Cargo-Função e o referente
à execução de obra ou prestação de serviços afetos às áreas de arquitetura e urbanismo.
Desse modo, observa-se que, para os profissionais da área de arquitetura e urbanismo,
existe a exigência de Registro de Responsabilidade Técnica - RRT, de acordo com a Lei nº
12.378/2010, sendo obrigatória para obras e serviços sujeitos à fiscalização do CAU.
Portanto, para toda realização de trabalho de competência privativa ou de atuação
compartilhada com outras profissões regulamentadas será objeto de tal registro.
(...)
13. Ademais, vale reiterar que a jurisprudência do TCU, consignada na Súmula/TCU
nº 260, ressaltou a obrigatoriedade de exigência da apresentação de Anotação
de Responsabilidade Técnica - ART referente a projeto, execução, supervisão e
fiscalização de obras e serviços de engenharia, verbis:
"É dever do gestor exigir apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica
- ART referente a projeto, execução, supervisão e fiscalização de obras e serviços
de engenharia, com indicação do responsável pela elaboração de plantas,
orçamento-base, especificações técnicas, composições de custos unitários,
cronograma físico-financeiro e outras peças técnicas ."
14. Ante o exposto, somos de parecer que, além da ART ou do RRT de cargo ou função,
para a prestação de serviço de fiscalização de obras de engenharia por servidor público,
deverá ser providenciada a Anotação de Responsabilidade Técnica - ART no Conselho
Regional de Engenharia e/ou Registro de Responsabilidade Técnica - RRT no Conselho de
Arquitetura e Urbanismo." (g.n.)

25. Em 2012, ao examinar processo que tratava de caso excepcionalíssimo " da viabilidade
jurídica do pagamento pela União de taxas junto ao Conselho Regional de Contabilidade - CRC e
a o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREA relativas a Auditores-
Fiscais e Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil que, no interesse da Administração exercem
atividades profissionais de contador e de engenheiro" - o então Diretor deste Departamento de
Coordenação e Orientação de Órgãos Jurídicos discordou do Parecer nº 143/2011/DECOR/CGU/AGU, que
entendia pela impossibilidade da União arcar com referidas despesas, exarando o Despacho nº

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 16
146/2012/SFT/CGU/AGU, aprovado pelo Consultor-Geral da União por meio do Despacho nº 1195/2012,
de 30 de agosto de 2012, sob o entendimento de que a União deve custear as anuidades e também as
taxas referente a Anotação de Responsabilidade Técnica desses profissionais. Confira-se (Processo nº
10168.005341/2002-92):

"DESPACHO Nº 146/2012/SFT/CGU/AGU
Tenho presentes as considerações lançadas no PARECER Nº 143/2011/DECOR/CGU/AGU,
pondo-me em desacordo com as suas conclusões.
(...)
06. Logo, ao exercer, no interesse da Administração, as atividades inespecíficas, nelas
incluídas as atividades de contabilidade e de engenharia, não se pode exigir dos
mencionados servidores o ônus de suportar com os custos relacionados ao desempenho
dessas profissões.
07. Portanto, acompanho, s.m.j., o posicionamento defendido pela CONJUR/MP e PGFN, no
sentido de que compete à "União custear as anuidades das respectivas entidades de
classe e demais encargos, tais como a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) ,
sob pena de auferir os benefícios sem arcar com os ônus".

26. Destarte, conforme ficou consignado no referido despacho, tem cabimento o servidor
público engenheiro proceder à Anotação de Responsabilidade Técnica perante o CREA.

27. Posteriormente, em outra consulta tratando de assunto referente a responsabilidade


pelo recolhimento da Taxa de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) aos Conselhos Regionais
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), em relação aos militares e servidores públicos no
exercício de sua competências estatutárias, foi exarado pelo Consultor-Geral da União o Despacho nº
348/2013, de 28 de março de 2013, aprovando o contido no Despacho nº 077/2012/MCL/CGU/AGU, no
sentido de que compete à União arcar com as despesas da ART (Processo nº 00461.000287/2011-67).

28. Cabe informar, ainda, que assunto similar foi objeto do Parecer nº
127/2017/DECOR/CGU/AGU, nos autos do Processo nº 00490.001612/2017-00, pendente de apreciação
superior, sustentando o cabimento da fiscalização externa perante o serviço público, cuja ementa é a
seguinte:

"DIREITO ADMINISTRATIVO. CONSELHOS REGIONAIS DE BIBLIOTECONOMIA. COMPETÊNCIA


PARA O EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA EM RELAÇÃO A ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
POR SERVIDORES PÚBLICOS EM ÓRGÃOS E ENTES PÚBLICOS."

29. Assim, conforme se observa nas posteriores manifestações desta Casa, não há dúvida de
que cabe ao servidor público quando desempenha trabalho de engenheiro, efetuar junto aos Conselhos
Regionais à devida Anotação de Responsabilidade Técnica. Referida obrigação tem respaldo no § 2º do
art. 59 da Lei nº 5.194, de 1966, quando prescreve que as entidades estatais e outras, ao realizar
atividade de engenharia, arquitetura ou agronomia utilizando o trabalho de seus profissionais nessas
categorias estão obrigadas a fornecer aos Conselhos Regionais os elementos necessários à verificação e
fiscalização da presente lei. E mais, no § 3º do citado art. 59, esclarece que caberá ao Conselho Federal
estabelecer os requisitos desse registro. Portanto, a Lei nº 6.496, de 1977, ao instituir a Anotação de
Responsabilidade Técnica para execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais
referente à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia não criou qualquer exceção.

30. Diante de todo o exposto e tendo em vista a decisão proferida pelo Supremo Tribunal
Federal em sede de repercussão geral no Recurso Extraordinário nº 838.284, publicada no DJe de
22.09.17, que declara a constitucionalidade da cobrança da ART, impõe-se a revogação das alíneas "c",
"e", "f" e "g" constantes da conclusão do Parecer nº 001/2016/DECOR/CGU/AGU, aprovado pelo
Consultor-Geral da União em 20 de julho de 2016, e mantidos os demais incisos.

31. Sugiro ainda, caso aprovada a presente manifestação, seja submetida à Advogada-Geral da
União, para surtir efeitos perante os demais órgãos públicos, a exemplo, da Procuradoria da Fazenda
Nacional, conforme ficou decidido no Parecer nº 84/2014/DECOR/CGU/AGU, aprovado pelo Consultor-
Geral da União em 9 de fevereiro de 2015.

À consideração superior.

Brasília, 30 de maio de 2018.

NEIDE MARCOS DA SILVA


ADVOGADO DA UNIÃO

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br


mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 59400002216201453 e da chave de
acesso 45167967

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 17
Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br
mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 59400002216201453 e da chave de
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Documento assinado eletronicamente por NEIDE MARCOS DA SILVA, de acordo com os normativos legais
aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 128746468 no
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SILVA. Data e Hora: 30-05-2018 11:49. Número de Série: 13327695. Emissor: Autoridade Certificadora
SERPRORFBv4.

Documento assinado eletronicamente por BRUNO ANDRADE COSTA, de acordo com os normativos legais
aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 128746468 no
endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): BRUNO ANDRADE
COSTA. Data e Hora: 24-07-2018 11:04. Número de Série: 13374927. Emissor: Autoridade Certificadora
SERPRORFBv4.

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 18
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
DEPARTAMENTO DE COORDENAÇÃO E ORIENTAÇÃO DE ÓRGÃOS JURÍDICOS

DESPACHO n. 00421/2018/DECOR/CGU/AGU

NUP: 59400.002216/2014-53
INTERESSADOS: AGENCIA NACIONAL DE AGUAS - ANA E OUTROS
ASSUNTOS: INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA

Acolho in totum o PARECER Nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU, de lavra da Exma. Advogada


da União NEIDE MARCOS DA SILVA, com os acréscimos das seguintes considerações de fato e de direito.

Preliminarmente, ressalta-se que a divergência sub lúmen estabelecida entre a Câmara


Permanente de Licitações e Contratos do Departamento de Consultoria da Procuradoria-Geral Federal e
a Consultoria Jurídica junto ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão versa acerca da
exigência de cadastro da Anotação de Responsabilidade Técnica - ART - ou Registro de
Responsabilidade Técnica - RRT conforme se trate de engenheiro ou de arquiteto ou urbanista.

Ab initio, observa-se, que o leading case sobre a matéria se deu por meio do Parecer nº
AGU/MP-06/2006, da lavra do Consultor da União - Dr. Miguel Pró de Oliveira Furtado, que entendeu
pertinente o dever de o serviço público submeter-se à exigência da Anotação de Responsabilidade
Técnica. No entanto, o Despacho nº 544/2006, do Consultor-Geral da União, aprovado pelo Advogado-
Geral da União em 19 de julho de 2006, aduziu que os servidores públicos não poderiam ficar
submetidos à controle externo de órgão de fiscalização. Acrescentou, ainda, que o art. 1º da Lei nº
6.496, de 1977, refere-se apenas a contrato, situação que não alcança os servidores públicos, cujas
relações são estatutárias.

Já no ano de 2016, o Parecer nº 001/2016/ DECOR/CGU/AGU, de 13 de janeiro de 2016,


oriundo deste Departamento, e devidamente aprovado pelo Consultor-Geral da União, ratificou o Parecer
nº 07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGU/AGU, com base no supracitado Parecer do ano de 2006, e nos
precedentes do Tribunal de Contas da União, concluindo-se, em apertada síntese: (i) pela exigência da
ART ou RRT; (ii) e pela inconstitucionalidade do recolhimento da taxa referente à Anotação de
Responsabilidade Técnica, de modo que o seu pagamento não deve ser efetuado.

Todavia, a Consultoria Jurídica junto ao Ministério do Planejamento, por intermédio do


Parecer nº 1.024/2016/LFL/CGJRH/CONJUR/MP/CGU/AGU, dissentiu do referido entendimento e aduziu ser
dispensável o cadastro da ART pelo servidor público engenheiro no desempenho de suas funções. A
referida unidade jurídica não nega que o servidor público engenheiro ou arquiteto deva, por imposição
legal, assinar os respectivos trabalhos que desempenhar, com a consequente responsabilidade pelo
empreendimento, na condição de profissional habilitado, entretanto, defende que o cadastro da ART ou
RRT pode ser dispensado.

Por oportuno, importante destacar, que neste intervalo foi proferida decisão em sede de
repercussão geral pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 838.284,
publicada em 22 de setembro de 2017, declarando a constitucionalidade da taxa cobrada em
decorrência da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

Diante da decisão emanada pela Suprema Corte, a matéria foi novamente enfrentada e
reavaliada pela Câmara Permanente de Licitações e Contratos Administrativos da Procuradoria-Geral
Federal, por meio do Parecer nº 07/2017/CPLC/PGF/AGU, de 16 de agosto de 2017, aprovado
pelo Procurador-Geral Federal em 15 de setembro de 2017, que ratificou o entendimento quanto
a exigência da ART, mas sugeriu a suspensão dos incisos III, V, VI e VII do Parecer nº
07/2015/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, ante a decisão da Suprema Corte.

Com efeito, e debruçando-se sobre os autos, e na esteira do opinativo que aqui se aprova,
não existem fatos ou argumentos novos hábeis para superar o entendimento consagrado nesta Casa.

Conforme anotado no opinativo da PGF, o Tribunal de Contas da União editou, no ano de


2010, a súmula TCU nº 260/2010 impondo ao gestor público a obrigação de exigir a ART de projeto,
execução, supervisão e fiscalização de obras e serviços de engenharia citando, ainda, o estudo
detalhado do entendimento consolidado na Corte de Contas no sentido de que a exigência de ART e RRT
é feita de maneira indistinta tanto para os profissionais contratados, quanto pelos próprios servidores
públicos.

Outrossim, a eminente Parecerista deste Departamento traz à colação a orientação


emanada do Ministério Público da União elaborada por sua Secretaria de Orientação e Avaliação,
mediante o Parecer CORAG/SEORI/AUDIN-MPU Nº 139/2013, de 13 de dezembro de 2013, que tratou do
assunto "acerca da necessidade de se requerer a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)
no Conselho Regional e o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) no Conselho de

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 19
Arquitetura e Urbanismo para fiscalização de contrato de engenharia/arquitetura, quando
essa atividade for realizada por servidor público, no cargo de engenheiro e/ou arquiteto, com
ART/RRT de cargo ou função devidamente registrada."

Portanto, resta indene o entendimento de que cabe ao servidor público, quando


desempenha trabalho de engenheiro, efetuar junto aos Conselhos Regionais à devida Anotação de
Responsabilidade Técnica.

Ante o exposto, e tendo em vista a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em
sede de repercussão geral no Recurso Extraordinário nº 838.284, publicada no DJe de 22.09.17, que
declara a constitucionalidade da cobrança da ART, impõe-se a revogação das alíneas "c", "e", "f" e "g"
constantes da conclusão do Parecer nº 001/2016/DECOR/CGU/AGU, aprovado pelo Consultor-Geral da
União em 20 de julho de 2016, e mantidos os demais incisos.

Brasília, 24 de julho de 2018.

BRUNO ANDRADE COSTA


PROCURADOR FEDERAL
DIRETOR SUBSTITUTO

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br


mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 59400002216201453 e da chave de
acesso 45167967

Documento assinado eletronicamente por BRUNO ANDRADE COSTA, de acordo com os normativos legais
aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 152449682 no
endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): BRUNO ANDRADE
COSTA. Data e Hora: 24-07-2018 11:04. Número de Série: 13374927. Emissor: Autoridade Certificadora
SERPRORFBv4.

Parecer Nº
nº 30/2018/DECOR/CGU/AGU (7729994)
(7790969) SEI 59400.002216/2014-53
05210.000327/2019-48 / pg. 20

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