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ÉTICA E
CIDADANIA
5. OBJETIVOS......................................................................................................... VI
9. REFERÊNCIAS ................................................................................................XXI
II
1. EPÍGRAFE
O ser humano vem ao mundo com seus instintos primitivos de sobrevivência, próprios
do mundo animal. Durante seu processo de inserção na cultura, tais instintos necessitam
ser dominados e submetidos a compromissos morais. Um longo e sofrido processo, ini-
cialmente heterônomo e só aos poucos tornado autônomo na medida em que cada um
desenvolve em si a subjetividade e a consciência moral. Todo novo ser humano nasce em
princípio amoral e similar aos demais seres do mundo animal, sem quaisquer critérios da
moralidade. A superação dessa situação originária de animalidade e a assunção da condição
de humanidade é a trajetória da aculturação que conduz, lentamente, ao reconhecimento
de cada indivíduo como membro da cultura própria dos humanos. [...]
GOERGEN, Pedro. In: TOGNETTA, Luciene; VICENTIN, Vanessa (Org.). Formação ética e Filosofia: uma parceria de futuro.
São Paulo: Editora do Brasil, 2012. p. 16.
2. INTRODUÇÃO
Levar alguém à reflexão e à mudança de hábitos e atitudes é uma tarefa complexa que exige
pesquisa, planejamento, tempo e ação, já que influencia ações de outro ser, como o modo de pensar,
falar e fazer coisas. Educar para o desenvolvimento moral e a formação de cidadãos justos, conscien-
tes e críticos – éticos –, desde a mais tenra idade, é também, portanto, papel imprescindível da escola.
De acordo com o Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, uma das acepções de ética é
um “conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social
ou de uma sociedade”. Assim, o estudo da ética fornece subsídios importantes para o pensamento
sobre o fazer cotidiano, o conviver e o estar no mundo.
Intenciona-se, aqui, expor uma proposta para levar crianças e adultos a rever posturas e
maneiras de ver o mundo e lidar com ele, visto que, no dia a dia da sociedade atual, paradigmas
são derrubados: algo proibido por séculos torna-se aceito e defendido e preconceitos de todos
os tipos são combatidos em busca de uma sociedade mais igualitária e justa.
Este Projeto Mitanga Ética e Cidadania foi elaborado com essa perspectiva, visando contribuir
com uma proposta pedagógica para o desenvolvimento moral e a formação ética dos alunos. Para isso,
optou-se pelo trabalho com projetos pedagógicos, uma vez que oferecem uma metodologia compro-
missada com a construção de conhecimento por meio da interação entre os indivíduos.
A seguir, apresentamos os pressupostos teóricos e metodológicos que embasaram a elaboração
deste Projeto.
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
E METODOLÓGICOS
Por que trabalhar com Projetos?
Trabalhar com projetos na escola, desde a Educação Infantil, é uma forma de vincular o
aprendizado escolar aos interesses e preocupações das crianças, aos problemas emergentes
na sociedade em que vivemos, à realidade fora da escola e às questões culturais do grupo. [...]
CORSINO, Patrícia. Educação Infantil: cotidiano e políticas. Campinas: Autores Associados, 2009. p. 105.
III
Projetos são conjuntos de atividades que trabalham com conhecimentos espe-
cíficos construídos a partir de um dos eixos de trabalho que se organizam ao redor
de um problema para resolver ou um produto final que se quer obter. Possuem
uma duração que pode variar conforme o objetivo, o desenrolar das várias etapas,
o desejo e o interesse das crianças pelo assunto tratado. Comportam uma gran-
de dose de imprevisibilidade, podendo ser alterados sempre que necessário, ten-
do inclusive modificações no produto final. [...] Por partirem sempre de questões
que necessitam ser respondidas, possibilitam um contato com as práticas sociais
reais. Dependem, em grande parte, dos interesses das crianças, precisam ser sig-
nificativos, representar uma questão comum para todas e partir de uma indagação
da realidade. É importante que os desafios apresentados sejam possíveis de serem
enfrentados pelo grupo de crianças. Um dos ganhos de se trabalhar com projetos
é possibilitar às crianças que, a partir de um assunto relacionado com um dos eixos
de trabalho, possam estabelecer múltiplas relações, ampliando suas ideias sobre
um assunto específico, buscando complementações com conhecimentos perti-
nentes aos diferentes eixos. Esse aprendizado serve de referência para outras situa-
ções, permitindo generalizações de ordens diversas.
A realização de um projeto depende de várias etapas de trabalho que devem
ser planejadas e negociadas com as crianças para que elas possam se engajar e
acompanhar o percurso até o produto final. O que se deseja alcançar justifica as
etapas de elaboração. O levantamento dos conhecimentos prévios das crianças so-
bre o assunto em pauta deve se constituir no primeiro passo. A socialização do que
o grupo já sabe e o levantamento do que desejam saber, isto é, as dúvidas que pos-
suem, pode se constituir na outra etapa. [...]
O registro dos conhecimentos que vão sendo construídos pelas crianças deve
permear todo o trabalho. [...]
Os projetos contêm sequências de atividades e pode-se utilizar atividades per-
manentes já em curso.
A característica principal dos projetos é a visibilidade final do produto e a solu-
ção do problema compartilhado com as crianças. Ao final de um projeto, pode-se
dizer que a criança aprendeu porque teve uma intensa participação que envolveu a
resolução de problemas de naturezas diversas. Soma-se a todas essas característi-
cas mais uma, ligada ao caráter lúdico que os projetos na Educação Infantil têm. [...]
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil. Brasília: MEC; SEF, 1998. v. 3. p. 57-58.
IV
Qual é a contribuição da ética e da cidadania
ao currículo da Educação Infantil?
A ética e a cidadania são dois conceitos cruciais na sociedade e estão intimamente relacio-
nados com as atitudes dos indivíduos e a forma como interagem uns com os outros. Segundo
o Dicionário Aulete Digital, ética é o “conjunto de princípios, normas e regras que devem ser
seguidos para que se estabeleça um comportamento moral exemplar”, e cidadania é o “conjunto
dos direitos civis, políticos e sociais dos cidadãos, ou dos mecanismos para o estabelecimento e
garantia desses direitos”.
Aprender a ser cidadão e a ser cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com
respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não violência, aprender a usar o diálogo
nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida coletiva da
comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes precisam ser aprendidos e desenvol-
vidos pelos estudantes e, portanto, podem e devem ser ensinados na escola.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Brasília: MEC; SEB, 2007. p. 69.
À medida que a sociedade se desenvolve, vai-se construindo e ampliando cada vez mais a
noção de cidadania, justamente pelo conjunto de parâmetros sociais que ela envolve. Já o tra-
balho com ética tem como “horizonte o bem comum e a dignidade humana, exige que estejam
presentes o respeito mútuo, a justiça, a solidariedade e o diálogo: bases da construção da ci-
dadania”. (BRASIL, 2005, p. 78).
CIDADANIA
RESPEITO
JUSTIÇA SOLIDARIEDADE DIÁLOGO
MÚTUO
V
Na formação moral, uma parte esquecida
pelo currículo – a afetividade
O currículo escolar é um dos itens que mais provocam discussões dentro e fora do ambien-
te escolar. O docente, em sua rotina, tem de desenvolver habilidades e dar conta de uma série de
exigências. No entanto, pesquisadores vêm alertando sobre uma falha recorrente nos currículos
que abordam a formação moral: considerar apenas o aspecto cognitivo, e não levar em conta a
afetividade infantil. A criança precisa saber o que ela deve moralmente fazer, mas, igualmente,
deve querer fazer o que ela entende ser correto.
O trabalho com a afetividade na escola proporciona ao aluno a possibilidade de conhecer os
próprios sentimentos e emoções, de modo que possa conviver bem consigo mesmo e com os ou-
tros. “Moral e Ética, inteligência e afetividade, dever e querer, são conceitos que se articulam para
o entendimento do fenômeno humano.” (TOGNETTA, 2009, p. 28).
EIXOS
RESPEITO MÚTUO JUSTIÇA SOLIDARIEDADE
relações interpessoais: educação
TEMAS diversidade e diferença regras sociais
para a paz e a solidariedade
5. OBJETIVOS
Considerados os eixos e os temas selecionados, foram definidos os seguintes objetivos para o
desenvolvimento do trabalho na Educação Infantil:
f favorecer a construção da identidade;
f promover a construção da autoestima e consequentemente da autoconfiança;
VI
f desenvolver a capacidade de se relacionar com o outro;
f propiciar aprendizagens sociais, como dividir, compartilhar, colaborar uns com os outros,
combinar e respeitar regras;
f estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a ar-
ticular seus interesses e pontos de vista com os dos demais, respeitando a diversidade e
desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
f vivenciar valores de igualdade e respeito entre pessoas de sexos diferentes e aceitar as di-
ferenças e particularidades do outro;
f possibilitar aos alunos que se posicionem criticamente diante de situações e conflitos que
envolvam valores e regras de convívio social;
f proporcionar a interação entre os alunos com base nas atividades sugeridas, possibilitando
um trabalho de reflexão e troca.
6. PROPOSTAS DE TRABALHO
1. Respeito mútuo – Diversidade e diferença
PARA INÍCIO DE CONVERSA...
Na Educação Infantil, o trabalho com as diferenças e diversidades ganha especial relevância no
momento atual. Discutir o inegável fato de que todos são diferentes tem se tornado de extrema
importância, e até o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) destaca o
trabalho com diversidade. Para que a atitude de aceitação das diferenças e particularidades do
outro seja incorporada pelas crianças, esse conceito precisa estar presente nos diálogos e nas
atitudes dos adultos com quem elas convivem, já que os adultos são o modelo dos pequenos.
Deve-se considerar, também, que os alunos são diferentes entre si e isso possibilita uma educa-
ção fundamentada em condições de aprendizagem que respeitem as necessidades deles, cabendo
a você identificar as diversas soluções. Além disso, é importante dar atenção particular aos alunos
com necessidades educativas especiais, que, por suas características peculiares, estão mais sujeitos
à discriminação.
Há algum tempo, as diferenças eram entendidas como aquilo que se distanciava do normal, fu-
gia ao padrão. Mas, afinal, o que é ser normal e o que é ser diferente? Para Brandão (1986), o diferente
e a diferença são partes da descoberta de um sentimento que, armado pelos símbolos da cultura, nos
diz que nem tudo é o que eu sou e nem todos são como eu. Mais que as diferenças, o que está em jogo
é a imensa diversidade que nos forma, que nos constitui como sujeitos de uma relação de alteridade.
Alteridade é o estado, qualidade daquilo que é outro, distinto (antônimo de identidade).
Atualmente, o trabalho com as diferenças constitui um desafio para as instituições de Educação
Infantil, e sua prática deve ser orientada para a compreensão da cultura de um grupo ou de um in-
divíduo que faz parte dela, considerando também a sociedade na qual esse grupo ou indivíduo está
inserido. Segundo Gusmão (2000), é com base nesse conceito que as diferenças ganham sentido e
expressão como realidade e definem o papel da alteridade nas relações sociais entre os homens.
A instituição inclusiva é capaz de trabalhar com a diversidade, fazendo com que todos os alu-
nos, com suas capacidades e limitações, consigam aprender. A ideia de inclusão se fundamenta
numa filosofia que reconhece e aceita a diversidade da vida, e isso significa garantir o acesso de
todos a todas as oportunidades, independentemente das particularidades de cada indivíduo no
grupo social e considerando que a aprendizagem é algo que provoca mudanças nas pessoas, por
VII
meio de experiências individuais e sociais. Assim, o indivíduo aprende em contato com o outro,
com o meio e com suas próprias experiências, construindo e reformulando seus conhecimentos e
passando a estabelecer relações entre eles.
2xSamara.com/ Shutterstock
O trabalho com a diversidade e o convívio com a diferença possibilitam a amplia-
ção de horizontes tanto para o professor quanto para a criança. Isto porque permite a
conscientização de que a realidade de cada um é apenas parte de um universo maior
que oferece múltiplas escolhas. Assumir um trabalho de acolhimento às diferentes
expressões e manifestações das crianças e suas famílias significa valorizar e respeitar a
diversidade, não implicando a adesão incondicional aos valores do outro. Cada família
e suas crianças são portadoras de um vasto repertório que se constitui em material rico
e farto para o exercício do diálogo, aprendizagem com a diferença, a não discriminação
e as atitudes não preconceituosas.
Estas capacidades são necessárias para o desenvolvimento de uma postura ética
nas relações humanas. Nesse sentido, as instituições de Educação Infantil, por intermédio
de seus profissionais, devem desenvolver a capacidade de ouvir, observar e aprender com
as famílias.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC; SEF, 1998. v. 1. p. 77.
1a ETAPA – AUTORRETRATO
Prepare uma caixa com um espelho dentro e diga aos alunos que nela há algo muito es-
pecial. Em seguida, oriente cada aluno a abrir a caixa e descobrir o que há nela de tão especial.
Uma sugestão é que essa atividade de descoberta seja feita fora da sala de aula. Depois de todos
terem aberto a caixa e descoberto suas próprias carinhas no espelho, peça que façam, em folha
sulfite, o desenho do que viram: o autorretrato deles. Se necessário, explique-lhes o que é um
autorretrato.
Por fim, organize os alunos sentados em roda e proponha a cada um que apresente sua pro-
dução aos colegas, descreva a si mesmo e conte o que tem de tão especial. Fique atento se alguns
alunos não perceberem de imediato alguma característica pessoal que considere especial. Ajude-os,
mostrando que todos têm algo de diferente, bom e excepcional.
VIII
2a ETAPA – PERCEBENDO A DIVERSIDADE
Inicie a atividade cantando com os alunos a música “Você vai gostar de mim”, de Xuxa (DVD Xuxa
só para baixinhos, v. 10, Sony Pictures, 2010, 43 min, faixa 12). Se desejar, mostre-lhes o videoclipe da
canção disponível no endereço <www.youtube.com/watch?v=kSqs_CAs4zs> (acesso em: nov. 2014).
Explore a letra levando a turma a cantar, dançar e dramatizar a música com gestos e outros
movimentos do corpo.
Em seguida, organize os alunos em roda e converse com eles sobre a música. Levante algumas
questões que os façam refletir e incentive-os a verbalizar opiniões. Uma possibilidade é reler trechos
da música e questioná-los:
f Vocês são iguais ou muito parecidos com alguém da família de vocês?
f Vocês são iguais ou muito parecidos com alguém desta sala de aula?
f Vocês são muito diferentes de alguém da família de vocês? Citem algumas diferenças.
f Vocês são muito diferentes de alguém desta sala de aula? Citem algumas diferenças.
Conclua a conversa perguntando se eles já pensaram como seria se todas as pessoas fossem
iguais. Estimule-os a contar hipóteses.
Henrique Brum
IX
4a ETAPA – O QUE SERIA DO AZUL SE TODOS GOSTASSEM DO AMARELO?
Inicie esta etapa do trabalho entregando a cada aluno duas cópias da Ficha 1, disponível para
impressão no Portal Projeto Mitanga.
LEITURA COMENTADA
Antes da leitura do livro, faça perguntas aos alunos sobre o título: Vocês conhecem alguém
com o nome Etevildo? É um nome comum? Que nomes são comuns no lugar onde moramos? Que
nomes não são tão comuns? É bom ter um nome comum? Por quê? É melhor ter um nome diferente?
Por quê?
Então leia o texto para eles, de maneira pausada e, em determinados trechos, conversem sobre
as questões que a narrativa apresenta. Por exemplo, na página 3, a história diz: “Meus amigos riram
quando ele entrou na classe”. Você pode perguntar: Por que as crianças fizeram isso? Como você se
sentiria se fosse o novo aluno da turma?
Outro exemplo, na página 15: “E amigos a gente aceita do jeito que eles são!”. Você pode
perguntar: Amigos só têm qualidades ou eles também fazem coisas que não são legais? Você
deixa de gostar de um amigo porque ele fez algo de que você não gostou? O que devemos fazer
nessas horas?
Leve-os a perceber que cada pessoa é de um jeito, que todos temos qualidades e defeitos, e
que não deixamos de ser amigos das pessoas por causa dessas diferenças.
X
ENVELOPES DAS QUALIDADES
Prepare antecipadamente envelopes com tiras de papel nas quais estarão escritas qualidades
(elogios). Em cada envelope, uma tira de papel com uma qualidade. Algumas sugestões: CARINHOSO,
SIMPÁTICO, ALEGRE, COMPREENSIVO, DIVERTIDO, CRIATIVO, CAPRICHOSO, ANIMADO,
GENEROSO, RISONHO e outras que desejar.
Inicie a atividade questionando os alunos quanto às qualidades deles e às dos colegas: Quais
são nossas qualidades? Elas nos fazem especiais e únicos? E quais são as qualidades dos colegas da
sala de aula? Incentive-os a falar o que pensam a respeito.
Organize-os, então, sentados em roda e espalhe os envelopes no chão, no centro da roda. Um
aluno por vez escolhe um dos envelopes e lê, com sua ajuda, a qualidade sorteada. Se desejar,
para a atividade ficar mais interessante, faça adivinhas e peça ao resto da turma que tente acertar
qual é a qualidade antes de o aluno mostrar-lhes o papel.
Depois, discuta com a turma sobre a qualidade sorteada perguntando a todos se compreendem
o que a palavra significa; peça-lhes que deem exemplos de como é ter essa qualidade. Em seguida,
leve-os a olhar para os colegas a fim de perceber o que eles têm de interessante ou de diferente e que
mereça destaque, identificando, assim, um colega que tenha a qualidade sorteada. Instrua-os a
verbalizar para o colega a qualidade na forma de um cumprimento ou elogio.
INTEGRAÇÃO
Outra atividade interessante com objetivo semelhante é a integração, que pode contribuir
muito para se instituir uma nova rotina em sala de aula: o elogio como prática cotidiana. Muitas
vezes, os alunos se intimidam ao demonstrar o que acham do outro. Mostre que características
simples podem virar elogios, como: ter uma letra bonita, ser alegre, brincalhão, animado, capri-
choso, educado, honesto, generoso, criativo, desenhar bem, dar uma risada gostosa etc. Essas qua-
lidades podem ser percebidas em situações como ceder a vez na hora de um jogo ou na fila da can-
tina, partilhar os brinquedos, ajudar quando alguém está em dificuldade, entre outras.
Em seguida, organize os alunos em roda e peça que façam um elogio ao colega que estiver ao
lado direito deles. Dê um tempo para que pensem e escolham o elogio que querem fazer. Depois,
distribua-lhes folha sulfite e peça que desenhem o colega a quem fizeram o elogio e, com sua ajuda,
escrevam abaixo do desenho o elogio dito a ele.
CULMINÂNCIA
Organize uma mostra de trabalhos para a comunidade escolar.
f Expressão por meio de música e dança: os alunos cantam e dançam a música “Você vai
gostar de mim”, de Xuxa. Depois, todos devem expor em um mural confeccionado coletiva-
mente os autorretratos produzidos, as imagens coloridas (monocromáticas e coloridas) e
as conclusões formuladas por eles sobre as questões abordadas nas duas atividades.
f Expressão por meio da literatura: leitura da história Meu amigo Etevildo, de Telma Guimarães
Castro Andrade. Proponha uma contação da história, que pode ser feita por um aluno ou
um grupo. Finalize a apresentação fazendo a pergunta: O que descobrimos sobre os cole-
gas da sala de aula e as diferenças entre cada um de nós e os outros? Em seguida, peça que
relatem livremente, ou com base nos desenhos que fizeram, o que descobriram ao ouvir a
história, ao observar as imagens e ao conversar com os colegas e o professor.
f Expressão por meio de elogio: incentive os alunos a mostrar o que descobriram de bom sobre
os colegas da sala de aula. Isso pode ser feito confeccionando um mural com os desenhos
e os elogios dados aos colegas.
XI
AVALIAÇÃO
Por fim, faça com os alunos uma avaliação do trabalho realizado. Questione-os:
f O que aprenderam?
f A prática do elogio foi incorporada à rotina da sala de aula ou mesmo às famílias dos
alunos?
f Os alunos estão sendo tolerantes em relação às diferenças de cada um e têm conseguido con-
versar para resolver suas discordâncias?
f O projeto ajudou a melhorar o relacionamento entre os alunos na sala de aula e fora dela?
michaeljung/ Shutterstock
O objetivo das regras sociais é organi-
zar a convivência humana; são normas de
comportamento socialmente aceitas, ou
seja, consideradas adequadas ou corretas
por um grupo cultural. O conjunto des-
sas normas é fundamental para regular
as relações sociais e a cooperação entre
as pessoas, e é reforçado por sanções so-
ciais. O processo de integração de um in-
divíduo num determinado grupo cultural
depende da aplicação das regras sociais
desse grupo.
f Alguém já jogou?
XII
f Quem ganha o jogo?
f www.boliche.com.br/instru_basicas.htm
f www.infoescola.com/esportes/boliche/
f www.mundoeducacao.com/educacao-fisica/boliche.htm
Em seguida, solicite aos alunos que, em duplas, registrem as regras estabelecidas por meio de
desenhos em cartolina ou papel kraft. Oriente-os a fazer um desenho por regra, para que nenhuma
fique sem o recurso visual. Disponibilize diversidade de materiais, como: giz de cera colorido, lápis
de cor, canetas hidrográficas, cola colorida, papéis picados coloridos etc. Após o registro, exponha os
cartazes no mural da sala de aula.
MATERIAIS:
f 10 garrafas PET pequenas;
f jornal;
f meia velha.
Oriente os alunos a decorar as garrafas PET com papel crepom e fita adesiva colorida, enchê-las
com jornal ou papel crepom colorido. Para fazer a bola, recheiem uma meia velha com jornal até ela
ficar firme e decore-a com fita adesiva colorida.
Se preferir, organize os alunos em grupos de 3 ou 4, dividindo os materiais e as tarefas entre
eles. Durante essa atividade, fique atento ao comportamento de cada um: verifique se o aluno
consegue trabalhar em equipe sem brigas, se respeita a opinião do colega, se segue instruções etc.
XIII
Faça com eles o levantamento das regras que devem ser observadas no ambiente escolar para
que haja:
f convivência harmoniosa no grupo;
Durante a conversa, faça o papel de escriba, registrando na lousa ou em papel kraft uma lista
das regras citadas pelo grupo e que são importantes para a boa convivência no ambiente escolar,
organização e manutenção dele. Depois, distribua folhas sulfite e instrua-os a desenhar uma das
regras escolares que citaram. Exponha os trabalhos no mural da escola para apreciação de alunos
de outras turmas.
CULMINÂNCIA
Organize uma mostra de trabalhos para a comunidade escolar.
f Expressão por meio do jogo: promova uma gincana com jogos simples, como boliche,
dominó, quebra-cabeças etc., e convide alunos de outras turmas da escola, familiares de
alunos e a comunidade escolar para participar. As disputas devem ser feitas sempre en-
tre duas equipes e serão orientadas por um professor e alunos coordenadores. O objetivo
é colocar o aluno na função de mediador, inclusive observando as regras sociais para ma-
nutenção da harmonia entre as disputas. Professor e alunos coordenadores apresentarão
o jogo às equipes, deixando claras as regras e a forma de jogar. Em caso de discordância, o
grupo procurará, por meio do diálogo, resolver o problema; o professor ou os alunos coorde-
nadores somente devem interferir caso não cheguem a um acordo. No final, todas as equipes
receberão um diploma de participação, confeccionados pelos próprios alunos.
Enfatize, nessa etapa, que o importante é sempre participar e competir, não necessariamente ganhar.
AVALIAÇÃO
1. Da atividade de jogar boliche em sala de aula
f Alguém costuma esquecer as regras? O que o grupo faz para ajudar o colega que as esquece?
f Houve brigas por causa das regras estabelecidas para convivência no ambiente escolar ou
para os jogos?
XIV
d) Registro de pontos durante atividades de jogos:
f Houve problemas no registro dos pontos? De que tipo? Como foram resolvidos?
Proponha aos alunos que avaliem cada item por meio de palavras e/ou de carinhas (do tipo
smiles). Elas podem ser fotocopiadas e distribuídas aos alunos ou produzidas com eles. Caso opte
pela confecção, instrua-os a colar um palito de sorvete atrás da carinha, de modo que seja usada
como uma plaquinha.
Veja exemplos de carinhas:
Vanessa Alexandre
2. Do projeto
f O que aprenderam?
f O que falta fazer para o grupo observar melhor as regras da escola em geral?
XV
relações solidárias, de respeito e cooperação. A educação, responsável pela formação intelectual
do ser humano, tem papel importante na construção da paz.
“Da mesma forma, para que as crianças possam exercer a cooperação, a solidariedade e o
respeito, por exemplo, é necessário que aprendam alguns procedimentos importantes relacionados
às formas de colaborar com o grupo, de ajudar e pedir ajuda etc.” (BRASIL, 1998, p. 51).
A ação do professor de Educação Infantil como mediador é possibilitar a criação de condições
para os alunos desenvolverem, gradualmente, diversas capacidades importantes, como a tomada
de decisão, a construção de regras, a cooperação, a solidariedade e o diálogo.
XVI
LEITURA COMENTADA
Antes da leitura do livro, indague os alunos sobre o título: Vocês acreditam que cães podem ou
não conviver com gatos? Em sua opinião, cães e gatos são sempre inimigos? Estimule-os a contar
o que pensam e o que já vivenciaram a respeito.
Então leia com eles o livro de maneira pausada e, em determinados trechos, conversem sobre
as questões que a narrativa apresenta. Por exemplo, na página 2, a história diz: “Existe uma crença
antiga/que você deve conhecer,/falando que o cão e o gato/jamais podem se entender”.
Leve-os a perceber que, muitas vezes, combinar ou não depende da cultura e das regras es-
tabelecidas por um grupo social. No caso da história, o gato e o cachorro cresceram e se desen-
volveram juntos, então não conheceram a crença de que um não tinha de gostar do outro, sendo,
assim, amigos inseparáveis.
Ermolaev Alexander/
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Vvvita/Shutterstock
XVII
Após a exposição do vídeo ou das imagens, retome com eles a história do livro E não tinha briga
não, de Márcia Glória Rodriguez Dominguez. Incentive-os a comentar o que viram e ouviram e
explore os comentários com questionamentos. Veja algumas sugestões:
f O cão é diferente do gato (ou o gato é diferente da coruja), mas podem viver em harmonia?
f Vocês conhecem outros animais de famílias diferentes que convivem em paz e são amigos?
f Em sua opinião, pessoas ou animais diferentes podem conviver e viver em paz e harmonia?
Por fim, distribua folhas sulfite para a turma e peça que façam um desenho para representar
do que mais gostaram do vídeo, do livro ou das imagens.
Depois, direcione a conversa para a realidade escolar e social dos alunos. Veja algumas opções
de questionamentos:
f Na escola, vivemos em paz?
f O que vocês fazem quando um colega faz algo de que vocês não gostam?
f O que pode ser feito para evitar brigas, construir a paz e conviver em harmonia com nossos
amigos na escola?
Por fim, proponha à turma a confecção de um Manual de Regras de Convivência, para o qual
você será o escriba de um texto coletivo elaborado com as dicas e opiniões dos alunos para a boa
convivência com colegas, funcionários e professores na escola.
XVIII
CULMINÂNCIA
Organize uma mostra de trabalhos para a comunidade escolar.
f Expressão por meio de música e dança: os alunos cantam e dançam a música “Fico as-
sim sem você”, de Claudinho e Buchecha. Depois, apresentam um mural confecciona-
do previamente no qual estão expostos os desenhos e as frases produzidas sobre o tema
“Com o que combina?”.
f Expressão por meio de literatura, imagens e vídeo: peça aos alunos que contem aos
familiares, amigos e às pessoas da comunidade o que descobriram sobre as relações
entre cão e gato e entre outros animais de espécies diferentes. Proponha uma contação
da história do livro E não tinha briga não!, de Márcia Glória Rodriguez Dominguez, que
pode ser feita por um aluno ou um grupo. Finalize a apresentação fazendo a pergunta:
O que descobrimos sobre as relações entre animais de diferentes espécies? Em segui-
da, peça que relatem livremente, usando os desenhos que fizeram, o que descobriram
ao ouvir a história, observar as imagens, assistir ao vídeo e conversar com os colegas e
o professor.
f Expressão por meio dos sentimentos: proponha a todos que ouçam e cantem juntos
a música “A paz”, de Roupa Nova (DVD Roupa Nova 30 anos ao vivo, Microservice, 2011,
100 min, faixa 11). Se desejar, mostre-lhes o videoclipe da canção disponível no en-
dereço <www.youtube.com/watch?v=3MW9jAZ0gOM> (acesso em: nov. 2014). Ofereça
também, aos membros da família dos alunos ou da comunidade escolar que estiverem
presentes no dia da mostra de trabalhos, a letra da música impressa para que seja can-
tada por todos. Se preferir, ensaie a canção algumas vezes com os alunos antes do dia
da mostra.
Converse com os pais dos alunos sobre os objetivos de solidariedade traçados e oriente-os a
conquistar os mesmos objetivos no espaço familiar.
AVALIAÇÃO
Por fim, faça com os alunos uma avaliação do trabalho realizado. Questione-os:
f O que aprenderam?
Após um mês da conclusão do projeto – e periodicamente –, conduza uma conversa com o grupo
para que avaliem o relacionamento e a convivência entre eles. Fundamente sua observação nas
questões seguintes.
f O projeto ajudou a melhorar o relacionamento entre os alunos na sala de aula e fora dela?
XIX
7. LEITURAS RECOMENDADAS AOS ALUNOS
Editora do Brasil
TÍTULO: É meu!
Editora do Brasil
AUTORA: Telma Guimarães Castro Andrade
ASSUNTOS: Cidadania, amadurecimento, descobertas, amizade, disci-
plina, comportamento, egoísmo, escola, sociabilidade, solidariedade, união
e ética.
É dia do brinquedo na escola. Uma boneca-faz-tudo, um gato mia e
pula e um ursinho que repete tudo que ouve... A cada semana, Patrícia
leva alguma coisa diferente, e seria muito divertido se ela emprestasse e
dividisse o que leva com os colegas... Mas isso logo muda. Com a ajuda do
ursinho, ela percebe que ser egoísta não é nada divertido.
Editora do Brasil
8. LEITURAS RECOMENDADAS
AOS PROFESSORES
TÍTULO: A formação da personalidade ética: estratégias de trabalho com
Mercado de Letras
afetividade na escola
AUTORA: Luciene Regina Paulino Tognetta
O objetivo principal deste livro é desmistificar o trabalho com afetivi-
dade na escola, comprovando que é muito mais do que carinho e cuidados
– na verdade é a tarefa principal do docente. Da mesma forma que para
lecionar Matemática os professores devem aprender como ocorre a gênese
do número, das noções de espaço, das medidas etc., é necessário um conhe-
cimento sistematizado do desenvolvimento infantil para formar pessoas
éticas, e não apenas adequar o currículo escolar. Este livro contextualiza o
tema da afetividade na escola e dos estudos contemporâneos sobre ética e
XX
moral e faz propostas para serem usadas na educação de acordo com as orientações da psicologia
moral. Acompanha o livro um encarte com propostas de atividades que foram experimentadas.
Muitos meninos e meninas relatam, na obra, sua participação nessas atividades – pessoas que
nunca haviam tido a oportunidade de ser ouvidas e de ter respeitados seus próprios pensamentos
e sentimentos e que, por meio desses experimentos, puderam vivenciar a ética e aprender como
estar bem consigo mesmas e com o outro.
9. REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O outro, esse GUSMÃO, Neusa Maria Mendes de. Revista
desconhecido. In: . Identidade e Mediações, Londrina, EDUEL, v. 5, n. 2,
etnia. São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 9-28, jul./dez. 2000.
BRASIL. Ministério da Educação e do MENEZES, Mindé Badauy; RAMOS, Wilsa Maria.
Desporto. Secretaria de Educação Livro de estudo (Org.). Brasília: MEC; SEB;
Fundamental. Referencial Curricular Secretaria de Educação a Distância, 2005.
Nacional para a Educação Infantil. Brasília: (Coleção Proinfantil).
MEC; SEF, 1998. 3v.
TOGNETTA, Luciene Regina Paulino.
. Ministério da Educação. Secretaria A formação da personalidade ética:
de Educação Básica. Fundo Nacional de estratégias de trabalho com afetividade
Desenvolvimento da Educação. Ética e na escola. Campinas: Mercado de Letras,
cidadania: construindo valores na escola e 2009. (Coleção Psicologia e Educação
na sociedade. Brasília: MEC; SEB, 2007. em Debate).
CORSINO, Patrícia (Org.). Educação Infantil: ; VICENTIN, Vanessa (Org.). Formação
cotidianos e políticas. Campinas: Autores ética e Filosofia: uma parceria de futuro.
Associados, 2009. São Paulo: Editora do Brasil, 2012.
XXI