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[trechos selecionados]
Formas da Mais-Valia
(O Capital 3.16-3.18, 3.21-3.25, 3.37-3.45)
A Renda
(O Capital 3.37-3.45)
Marx inicia sua análise desse problema supondo (anacronicamente) que não
existe em princípio nenhum direito de propriedade sobre os recursos
superiores. Qualquer um pode levar seu rebanho aos melhores pastos, ou
cavar um poço de extração nas jazidas minerais mais ricas ou construir um
poço de extração em uma jazida petrolífera. Nessas condições, os recursos
superiores ver-se-ão congestionados e utilizados em excesso, mas todos os
capitalistas terão acesso a mesma tecnologia e será equalizada a taxa de
lucro. A moderna teoria da alocação de recursos considera essa situação como
a “tragédia dos bens comuns” e aponta a ineficiência na alocação dos recursos
quando ocorre o congestionamento. Pelo contrário, Marx considera essa
situação como a base sobre a qual surgirá uma nova relação social entre o
proprietário dos recursos e o capitalista.
Marx ilustra essa teoria analisando a situação do dono de uma cascata que
pode ser utilizada como fonte de energia para uma fábrica. Vamos supor que a
opção quanto ao método de produção de energia para a fábrica seja uma
máquina a vapor e que o custo de uma unidade de produção com a tecnologia
do vapor é de $90. Se a taxa de lucro é de 33,33% e a taxa de rotação do
capital é 1 (o custo equivale ao capital aplicado total), o preço da produção
será de $120, isto é, igual ao custo de 90 mais o ganho de 30. Se um
capitalista usa a cascata, evita alguns dos custos que deveria pagar para
utilizar o vapor. Suponhamos que o custo de produção utilizando a cascata é
de somente $60. Na ausência de renda, o produtor que emprega a cascata se
apropriará de um ganho de $60 em cada unidade de produção. A taxa de lucro
do produtor que emprega a cascata será de 100%, muito acima da taxa de
lucro de 33,33%. Portanto, afirma Marx, o proprietário da cascata estará em
posição de negociar uma renda de $40 por unidade, deixando ao capitalista
um lucro de $20 sobre seu custo de $60 para utilizar a cascata para a
produção - exatamente o mesmo que obtém com o vapor – equalizando a taxa
de lucro que se obtém com a cascata.
Renda absoluta
(O Capital 3.45)
É certo que o pagamento de uma renda pelos recursos escassos terá um efeito
sobre o preço de produção se compararmos com uma situação em que não
existam os direitos da propriedade sobre os recursos superiores escassos e na
qual os capitalistas tenham acesso às mesmas técnicas. Como se pode ver em
nosso exemplo da cascata, o capitalista individual julga a renda como uma
dedução do lucro bruto. O preço de produção terá de se elevar até um ponto
em que o capital possa obter a taxa de lucro médio sobre os recursos menos
favoráveis que se utilizem, e as rendas sobre os melhores recursos se
ajustarão de maneira correspondente para equalizar a taxa de lucro sobre os
capitais empregados com eles.
O Juro
(O Capital 3.21-3.25)
O juro e o crédito
(O Capital 3.21-3.22)
D — D’ (D’= D+∆D)
recursos era frequentemente um herdeiro que queria gastar parte dos bens
que receberia como herança, antes da morte de seu proprietário. O
pagamento desse juro sobre o empréstimo, nesse caso, supostamente incluía
um elemento de prêmio de seguro para proteger o emprestador contra a
possibilidade de que o herdeiro morresse antes. Nas sociedades agrícolas
tradicionais, os camponeses que enfrentam uma má colheita frequentemente
obtêm empréstimos para assegurar sua sobrevivência física. Na sociedade
capitalista moderna, a maior parte do crédito é absorvida por companhias
capitalistas, cuja motivação é a obtenção de mais-valia e a sobrevivência
econômica frente a uma ameaça de bancarrota. Mas certa parcela importante
do crédito cabe às famílias, que obtêm empréstimos para financiar a
propriedade de suas casas e seu consumo, e ao Estado.
D0 — D — M {MP;FT} . . . P . . . M’ — D’ — D0’
Marx conclui então que os pagamentos de juros por parte das companhias
formam parte da mais-valia apropriada na produção capitalista. Não obstante,
nem todos os pagamentos de juros realizados em uma sociedade capitalista
são feitos por companhias capitalistas. As famílias dos trabalhadores, por
exemplo, podem obter empréstimos para adquirir casas ou financiar seus
gastos de consumo. Os juros são derivados diretamente de seus salários. Os
juros nesse tipo de transação certamente representam exploração, porque as
famílias renunciam a certa parte de seus direitos sobre o tempo de trabalho
social sem nenhum equivalente; mas não constitui exploração através da
compra e venda de força de trabalho. Novamente, dizer que os juros baseiam-
se na exploração não significa dizer que exista algo injusto ou involuntário
nessa transação. Tanto o trabalhador como o emprestador podem estar muito
contentes com a transação de crédito, dadas a situações sociais em que se
encontram. Os empréstimos ao Estado são pagos com os rendimentos
estatais. Para compreender a fonte dessa mais-valia, temos que observar a
fonte dos rendimentos estatais, que poderia consistir em uma participação na
mais-valia capitalista através de meios ficais, ou impostos sobre o salário, ou
mais-valia derivada da produção capitalista estatal.
Uma vez que surge a taxa de juros como fato social, todos os agentes dentro
da sociedade capitalista se vêem forçados a considerar o dinheiro como valor
potencialmente expansível, que poderia crescer em proporção à taxa de juros
se fosse emprestado. Portanto, a taxa de juros constitui um custo de
oportunidade para cada decisão de gastar em toda economia, não somente
para o capitalista. Todas as pessoas devem ponderar constantemente acerca
de qualquer gasto proposto contra a opção de deixar crescer o dinheiro à taxa
de juros. Essa necessidade cria um prejuízo sistemático contra os gastos cujos
benefícios se obtém no futuro, depois de certo tempo. Os economistas, ao
observarem essa tendência prevalecente na sociedade capitalista de descartar
os benefícios futuros, chamaram a conduta resultante de preferência no
tempo. De fato, alguns economistas tentaram argumentar que a taxa de juros
é provocada por uma preferência no tempo, inata na constituição psicológica
dos seres humanos individuais. Marx afirma que a situação real é exatamente
o oposto: o surgimento de uma taxa de juros sobre a base da apropriação da
mais-valia é que cria uma preferência no tempo nas decisões dos indivíduos
na sociedade capitalista.
Marx disse que não existe nenhum princípio científico geral que determine o
nível da taxa de juros em relação com a taxa de lucro. Em condições normais,
o juro não poderia exceder a mais-valia total apropriada, porque os tomadores
de empréstimo não teriam incentivo algum para recorrer a empréstimos. Em
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forma similar, a taxa de juros não poderia baixar a menos de zero, porque os
emprestadores não contariam com incentivo para emprestar.
A teoria marxista da taxa de juros segue a tradição das teorias dos fundos
emprestáveis, que destacam a origem da taxa de juros nas transações sobre
novos empréstimos em qualquer ponto temporal; distingue-se das teorias da
preferência por liquidez (Keynes, 1936), que afirmam que a taxa de juros se
forma principalmente nos mercados secundários de empréstimos antigos.
Capital fictício
Uma vez que tenha surgido uma taxa de juros das inúmeras transações de
crédito, ela produz mais efeitos econômicos curiosos. A qualquer fluxo de
rendimentos, surja ou não da apropriação de mais-valia na produção
capitalista, corresponderá um preço - seu valor capitalizado - que depende da
taxa de juros.
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depois, sem que tenha sucedido nada ao óleo vegetal como resultado desta
ação.
Marx amplia uma distinção realçada por Adam Smith, a que existe entre o
trabalho produtivo e o não produtivo. Sem dúvida, Smith deu várias definições
parciais do trabalho produtivo inconsistentes entre si. Seu ponto de partida é o
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certamente produz uma mais–valia para seu capitalista particular, mas resulta
igualmente claro que consome mais-valia social em vez de incrementá-la, por
essa razão deve ser considerado não produtivo.