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Editor
André Saddy
Conselho Editorial
ORGANIZADORES
Enzo Bello
Cecília Bojarski Pires
Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
DIREITO À CIDADE:
ESPAÇOS DE ESPERANÇAS
NAS CIDADES DE EXCEÇÃO
Rio de Janeiro
2019
Copyright © 2019 by Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra
Avzaradel
Produção Editorial
Centro de Estudos Empírico-Jurídicos (CEEJ)
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
________________________________________________________
B446d
DIREITO À CIDADE : Espaços de esperanças nas cidades de exceção/Bello,
Enzo; Pires, Bojarski Cecília; Avzaradel, Saavedra Curvello Pedro (Org.). - 3
ed. – Rio de Janeiro: CEEJ, 2019.
388 p.
Sumário
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
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Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
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Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
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Apresentação das autoras e dos autores
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Apresentação
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BELLO, Enzo; PAROLA, Giulia; TOLEDO, Bianca Rodrigues (Otgs.). Direito à
Cidade: regularização fundiária. Rio de Janeiro: Multifoco, 2017. 382p. Disponível
em:
<https://www.academia.edu/34937158/Direito_À_Cidade_regularização_fundiária>
. ISBN: 9788559966176.
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Prefácio
questão que está no título deste evento, a ideia de esperança como uma
postura que enfrenta a exceção e que de alguma forma remete aos títulos
do David Harvey, um teórico substantivo sobre o tema em especial, e
com base no seu último trabalho ("Cidades Rebeldes”) considero que
chegou o momento de se assumir uma postura de cidades rebeldes,
sobretudo porque temos uma frente em vários cursos, a partir de um
perfil interdisciplinar. Hoje é possível juntar Arquitetura com Direito,
com Serviço Social e várias outras áreas, e me parece que a dinâmica que
se iniciou nas décadas de 80 e 90 com a pesquisa, cada vez mais vai para
um perfil de extensão universitária, como é também para a área do
Direito, que tem feito uma extensão mais protocolar, e o Serviço Social,
que assume uma frente das parcelas mais pobres na sociedade.
Acredito que essa junção aqui proposta tem tudo para prosperar
e que temos tudo para assumir uma característica de rebeldia com a
cidade. Rebeldia, no sentido de auxílio a todos os movimentos sociais
“O Conselho Municipal de Políticas Urbanas (Compur) foi criado Lei Municipal No.
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-I-
SEGURANÇA PÚBLICA NO RIO DE JANEIRO:
INTERVENÇÃO PRA QUEM?
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Defensora Pública no Estado do Rio de Janeiro. Integrante do Núcleo de Terras e
Habitação da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
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Alexandre Magalhães é Professor Adjunto de Sociologia na Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutor em Sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais
e Políticos (IESP/UERJ). Realizou pós-doutorado em Antropologia Social no
PPGAS/Museu Nacional.Pós-Doutorando PNPD/CAPES no Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social/Museu Nacional/UFRJ. Sua tese de doutorado é
intitulada “Transformações no ‘problema favela’ e a reatualização da remoção de
favelas no Rio de Janeiro”.
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Orlando Zaccone é Delegado de Polícia Civil no Estado do Rio de Janeiro e Doutor
Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Sua tese de doutorado
é intitulada “Indignos de vida: a forma jurídica da política de extermínio de inimigos
na cidade do Rio de Janeiro”.
6
Cf.
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2018/02/20/interna_polit
ica,660876/correio-entrevista-o-ministro-da-justica-torquato-jardim.shtml
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Dani Monteiro 7
7
Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ). Deputada Estadual no Rio de Janeiro pelo PSOL. Integrante do Coletivo
Rua. Militante do movimento negro unificado e do setorial de favelas do PSOL.
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Luciana Boiteux 8
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Professora da Faculdade Nacional de Direito e do Programa de Pós-Graduação em
Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora em Direito Penal
pela Universidade de São Paulo (USP).
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menos constituir um marco civilizatório. Deveria ser mais que isso, mas,
no momento, se pelo menos a Constituição atuasse como um marco
civilizatório para o aprofundamento no reconhecimento de direitos e
avanço das lutas já seria algo muito importante. Infelizmente o que
estamos vendo hoje claramente são expectativas que foram projetadas
em um texto constitucional e numa ideia, pelo menos formal, de
democracia, mas que não foram concretizadas nesses 30 anos de sua
vigência.
Inclusive por parte de movimentos sociais vimos muitas vezes
esperanças de que esse momento pós Constituição de 1988 pudesse levar
a radicais transformações, mas não só não alcançamos direitos básicos,
como percebemos hoje que facilmente uma conquista formal de
reconhecimento de direitos na lei pode retroceder em pouco tempo. E
esse momento de intervenção militar no Rio de Janeiro, pra mim, é um
retrocesso no quadro normativo constitucional de 1988, que se soma
claramente ao golpe midiático, parlamentar e judicial que depôs a
Presidenta Dilma Roussef em 2016 e levou Michel Temer, seu vice, ao
poder.
Mesmo sendo filiada a um partido que fez oposição de esquerda
aos governos petistas, e portanto, não estando sintonizada com a política
empreendida pelos governos PT nos anos em que esteve no poder, isso
também não me impede de reconhecer o retrocesso que foi o processo de
impeachment, que encobriu um golpe, e como a partir daí verificamos
retrocessos ainda mais graves, especialmente a partir da Emenda
Constitucional n. 95, que impôs um “teto de gastos” inclusive para saúde
e educação e determinou o congelamento investimentos que já não eram
nem suficientes para efetivar direitos sociais.
A ironia maior nesse momento de aprovação da Emenda
Constitucional 95 foi verificar sua propositura por um governo golpista,
“temerário”, que teve espaço e força no Congresso Nacional para tanto,
o que reflete um claro retrocesso em relação a tudo o que já estava escrito
na Constituição. Como professora de direito, numa perspectiva crítica,
de quem vem estudando já há muitos anos políticas de segurança na
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do Rio de Janeiro, hoje, quem está na Zona Oeste está falando de medo,
do medo das mulheres que têm medo de chegar em casa porque não tem
transporte, então têm medo de serem estupradas. Falar de políticas
sociais é falar de políticas que vão reconhecer as adversidades da classe
trabalhadora, daqueles que têm o direito – não é favor nenhum. Talvez
só consigamos avançar no momento em que tenhamos uma comunicação
e uma organização muito mais ampla do que temos atualmente, no
sentido de, coletivamente, aumentar a conscientização de que moradia,
saúde, educação, cultura, esportes e todas as políticas sociais não são
favores de ninguém, que ninguém dá à população. São direitos imanentes
à própria condição nossa coletiva de cidadãos e cidadãs.
Portanto, nesse momento em que estamos vivendo esse cenário,
vou terminar com essa frase da Raquel Rolnik: “mais do que nunca, em
tempos de desconstrução do Estado de Direito, ou pelo menos das
utopias que alimentaram as lutas nessa direção, falar sobre o Direito à
Cidade como um desafio teórico político é fundamental” . É essencial
9
Debates
Platéia (01): Qual seria então o papel das Forças Armadas para a
segurança no Brasil? A pessoa que integra as Forças Armadas fica dentro
9
ROLNIK, Raquel. Quarta capa. In: BELLO, Enzo; KELLER, Rene José. Curso de
Direito à Cidade: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
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os dados são alarmantes. O que ele vai mostrar é que não houve redução
dos índices de criminalidade durante a intervenção. Já houve um alto
número de mortes e não se reduziu o roubo de cargas, não se reduziu
violência, houve um aumento do número de roubos. Se as Forças
Armadas ou a polícia resolvessem, no mínimo teria que reduzir o número
de roubos. O que está acontecendo hoje, na minha avaliação, é que, como
não há planejamento, e como estão utilizando a estratégia errada, essa
intervenção está agravando a situação da segurança cidadã no Estado do
Rio de Janeiro. Porque segurança cidadã é diferente de segurança
pública. Mas eu poderia utilizar a mesma palavra para dizer o que eu
estou refletindo aqui. O papel das Forças Armadas na Constituição é
limitado ao controle das fronteiras e as Forças Armadas devem ficar no
quartel, sim, limpando arma, fazendo treinamento - vocês me perdoem,
mas esse é o papel constitucional – preparando-se para o dia em que
precisem ir para a guerra. Esse é o papel das Forças Armadas. Essa lógica
de trazer as Forças Armadas para segurança pública, isso é
antidemocrático! E há equívocos também na Constituição, por exemplo,
no erro que deve ser debatido, inclusive, com um professor de Direito
Constitucional, que é um erro também grave, inclusive Maria Júlia
poderia falar depois um pouco sobre isso, que é, por exemplo, você
considerar as Polícias Militares como auxiliares das Forças Armadas.
Isso é uma permanência arbitrária. Isso é lógica do Estado de Polícia. O
que é o Estado de Polícia e o que é o Estado de Direito? O Estado de
Direito é aquele no qual prevalecem as leis e o direito. O Estado de
Polícia é aquele em que manda quem pode e obedece quem tem juízo. É
a força, é a violência, que vão nos levar a nos estruturarmos com base na
10
OBSERVATÓRIO DA INTERVENÇÃO. Cinco Meses de Intervenção Federal:
Muito Tiroteio, Pouca Inteligência. Rio de Janeiro: UCAM. Disponível em:
<http://observatoriodaintervencao.com.br/wp-
content/uploads/2018/08/RELATORIO_04_observ-interv_FINAL_com-isp1.pdf>.
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ministro Lewandowski, não apreciou o pedido de liminar, nem levou a ADI 5.915/DF
ao plenário para julgamento de mérito.
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cerca de 1.500 homens, que vão para as principais vias da cidade, fecham
todas elas, criam engarrafamento, caos... Eu moro do lado da Linha
Amarela e da Avenida Brasil. Às vezes, em horário de rush ocorrem
essas blitzes. E nessas blitzes não é apreendida praticamente nenhuma
carga e não são presos ladrões de carga. Ou seja, de um lado existe uma
operação midiática de 1.500 homens sem resultados consistentes e, do
outro lado, há uma operação de 100 homens que prende sem disparar
nenhuma bala. E, do lado de cá, 1.500 homens impondo uma rotina de
terror para os moradores de favelas, porque é normal que eles parem os
ônibus, os carros e as motos apontando armas para as pessoas. E não é
qualquer arma; é um 762, que é maior do que um fuzil. Eu já ouvi nessas
blitzes dos policiais que “ah, não! Intervenção federal agora a gente pode
atirar, se não parar a gente pode atirar com essa arma”. Então, existe uma
lógica de polícia que não funciona para o que ela alega que tem que
funcionar. A lógica da intervenção federal não funciona para o roubo de
cargas. A lógica de militarização, de mais polícia nas vias, não está
funcionando. E a lógica da nossa segurança pública, de modo geral, não
está funcionando porque gera um banho de sangue, para todos os lados.
No ano de 2018 ocorreram 1.124 mortos no Estado do Rio de Janeiro por
operações policiais em territórios de favela. Do outro lado da arma, tem-
se a morte de 138 policiais, sendo que a maioria deles não foram mortos
em serviço. Ou seja, existe uma lógica que deixa vulnerável também o
policial. Porque é ele que está ali também. E o último policial que foi
morto saiu do Batalhão 41º, tão famoso; o cara foi morto com um tiro na
cara saindo de um shopping. Então, que vida, que direito à vida esse
policial tem? E que direito à vida tem aquele soldado que hoje atua
nessas operações? Porque muitas vezes ele mora em favela. A menina
que mora comigo, o irmão dela foi expulso da favela em que mora porque
é soldado e agora o Exército também entra nas favelas. Então temos que
pensar sobre isso. Essa intervenção federal não soluciona nada, ela só
enxuga gelo. A lógica da intervenção federal é militarizar ainda mais a
lógica da segurança pública, na mesma lógica de se enxugar gelo. A
Maré, por exemplo, sofreu intervenção federal por 9 meses durante o
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- II -
OCUPAÇÕES CULTURAIS: CONSTITUINDO OUTRA
CIDADE
Larissa Amorim 12
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Integrante do Grupo Peneira (http://en.peneira.org/about-us/).
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Letícia Brito 13
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Poeta. Integrante do Slam das Minas - Rio de Janeiro.
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Nota dos organizadores: O Slam ou poetry Slam começou em Chicago (EUA) na
década de 1980 e consiste uma modalidade de arte urbana envolvendo disputas entre
artistas que apresentam em público poesias, recitais, músicas, improvisos. Suas
performances são julgadas pelo público presente ou por comissões julgadoras. Na
última década os Slams têm sido muito difundidos em São Paulo e no Rio de Janeiro.
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DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
caracteriza por artista de rua, você não precisa de autorização para nada.
Então fazíamos o sarau usando o megafone. No Largo de São Francisco,
na frente do IFCS-UFRJ. O Tagarela ainda existe, mas eu não estou mais
envolvida na produção dele. Ele continua, é o primeiro Slam da cidade,
ele continua vivo.
O Slam das Minas vem numa ideia muito semelhante à do
Tagarela. Também tentamos não pedir autorização para nada. Temos
uma caixa à bateria do tamanho de uma mala, mais ou menos, e um
microfone. E isso é complicado porque acabamos fazendo, é tanta gente
que quer participar, que quer cantar, que quer falar e temos um
equipamento que não dá vazão para a potência artística das pessoas. Na
última edição foi complicado porque a mina tinha violão, caixa de som,
mesa de som e não sei o quê mais… e a minha caixinha à bateria não
dava conta do quão artista ela é, mas tudo bem.
O pessoal entende também isso. Chegamos lá e estendemos uma
bandeira, colocamos uma caixinha de som e pronto… quando você vê,
na última edição, tivemos em torno de 500 mulheres, a maioria mulheres,
também havia homens, mas generalizando havia cerca de 500 mulheres
presentes no Largo do Machado. Isso é muito potente para nós, isso é
muito impactante para nós, sabendo que o que estamos fazendo está
dando vazão para alguma coisa que infelizmente o Estado não está dando
vazão de suprir de alguma forma.
Então, se tivéssemos a simplicidade das legalizações das coisas,
de autorização, de facilidades, menos burocracia, talvez conseguíssemos
fazer eventos maiores, mas talvez possamos fazer uma espécie de Rock
in Rio de sarau. Estávamos até conversando sobre isso: como temos que
encarar uma série de autorizações numa lista que passa por Corpo de
Bombeiros, Polícia, Prefeitura, enfim, para podermos colocar esse tipo
de evento na rua. Existe a lei do artista de rua, mas entre a lei do artista
de rua e entre o Rock in Rio, não há nenhum meio termo que contemple
o formato de evento que tem variedade. Na verdade, em 2015 lançamos
aquele mapeamento do sarau que contava com mais de 133 saraus para
uma metrópole como o Rio de Janeiro.
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DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
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o cálculo que eu fiz, se 10% de 1200 forem, são 120 pessoas, sucesso!”.
Foram 400 pessoas e não estávamos contando com isso.
Isso é uma coisa que traz para o evento uma responsabilidade
mesmo, nos responsabilizamos não só por nós, mas pela segurança
daquelas meninas que estão ali. Por exemplo, Marielle Franco nos
chamou em outubro de 2017 para recitarmos poesia num evento de
mulheres na política e fomos. Com o assassinato de Marielle, como
ficamos nessa situação? Porque diretamente estamos de alguma forma
conectados nas nossas redes, nos nossos afetos. Marielle representava
muito para nós. Como fazer o evento depois da morte de Marielle na rua?
Não tivemos coragem. Fizemos na UERJ porque era um espaço de
resistência, era um espaço público e ao mesmo tempo nos daria alguma
segurança dentro daquele luto que ainda estávamos vivendo. E o segundo
evento fizemos no Largo do Machado, mas ainda estamos receosas de
irmos para alguns lugares.
Em 2017 recebemos um convite para fazermos um evento em
Bangú, no lugar onde a galera do Sarau do Escritório também faz, na
praça da Guilherme. E aí a ideia era fazer um Slam da visibilidade lésbica
lá em Guilherme da Silveira. O convite foi de uma menina lésbica, e aí
quando fomos conversar com a galera da praça, aí eu falei assim: "oh, é
seguro pra gente fazer um evento de visibilidade lésbica aí?”. Aí o rapaz
falou assim: "olha eu não arriscaria, porque eu não sei como a
comunidade vai reagir a um evento LGBT, um evento de lésbicas, eu
acho que é perigoso pra vocês na hora de ir embora, eu não sei". Podem
acontecer essas coisas, então temos medo desse tipo de situação. Então
não fizemos em Bangú, isso para mim é uma falta de alcance do Slam,
que podíamos estar ocupando espaço, mas esses espaços não estão livres
para ocupação. O próximo evento será no dia 9 de junho [de 2018] no
Parque Madureira dentro do evento da virada sustentável, um evento
chamado corpos visíveis. Aí vamos fazer.
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Debates
Larissa Amorim: Letícia mencionou a lei do artista de rua, não sei se
todo mundo conhece, a lei do artista de rua foi um ganho do movimento
de cultura que já sofria.Com a repressão do artista de rua eram tirados
das ruas pelo processo de choque de ordem do Eduardo Paes que tinha
muita higienização da cidade como um processo de ordenação. Essa lei
ainda tem algumas limitações para dar conta da manifestação artística
individual. Ela tem umas limitações como o evento não poder ultrapassar
quatro horas de duração, não pode um som com potência acima de tanto,
então isso acaba, como a Letícia trouxe, pesando na limitação do próprio
evento. Antes como ela estava acostumada, 30 pessoas talvez desse
conta, mas com 400 pessoas já começa a ser um problema. Está chegando
a um limite e o sarau já ultrapassou isso. Gostaria que você relatasse um
pouco sobre isso. Na verdade, durante um bom tempo, é isso que a
Letícia estava narrando sobre a quantidade de público, então nós super
compartilhamos essa mesma questão. Apesar de fazermos o evento numa
quinta a noite na Lapa, contávamos com uma quantidade considerável,
de dar conta disso, na verdade, e é sempre um desafio como vamos
pensar isso mesmo, uma esquina, enfim, tentamos dialogar, negociar
aquele trecho, aquele espaço com aquelas cadeiras, mesas do bar, enfim,
mas não podemos conter as pessoas do lado de fora, passando ali pela
rua. Então sempre tentamos muito, só para reforçar isso, nós super
compartilhamos isso, tentamos reforçar esse ambiente de segurança,
mesmo porque corpos na rua estão expostos o tempo inteiro.E aí sobre
essa estratégia de autorizações, na verdade durante muito tempo
tentamos seguir os trâmites, não lembro agora, publicamos uma vez um
artigo no Voz e Rio, um site que talvez não esteja mais disponível
online,constando exatamente todas as etapas burocráticas que
cumpríamos. Isso antes do último decreto ou do penúltimo, mas
tentamos, sim, seguir as normas e não conseguíamos pagar os valores
das taxas etc., então percebemos que havia uma brecha no artigo quinto
da Constituição Federal que fala sobre livres manifestações. E aí
decidimos abandonar toda aquela lista de burocracia, porque parávamos
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Nota dos organizadores: alusão feita às operações consorciadas entre poder público e
organizações privadas de comércio no Município do Rio de Janeiro, chamadas “Lapa
Presente”, “Aterro Presente”, Lagoa Presente” etc.
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DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
“Olha, não pode vender biscoito aqui não!”. E ela em nenhum momento
estava vendendo biscoito, às vezes ia gente perguntar quanto custava o
biscoito; aí é um real e comprávamos porque a abordamos, não foi ela
que abordou ninguém em nenhum momento. E aí obviamente no
momento do sarau falamos muito sobre isso, sobre racismo estrutural,
porque é racismo estrutural o que aconteceu ali com ela. E aí, nessa
sutileza, fui reclamar com a produção e falei: "olha, tem uma poeta aqui
fazendo performance, que está com o adereço dela, que é de camelô, mas
ela é uma poeta, ela é uma artista aqui dentro. Em nenhum momento ela
parou para vender, vocês abordaram ela três, quatro vezes, isso daí, eu
não conheço outra palavra, isso é um racismo pra essa situação e eu
queria ver com vocês como é que vocês vão fazer pra pedir desculpas
pra essa moça”. E aí a moça disse: “ah não, mas é que ficou uma situação
muito chata porque quem vem falar comigo são os foodtrucks que estão
ali vendendo o cachorro-quente a 10 reais, um hambúrguer a 25 reais”.
E ela vendendo um biscoito de polvilho concorre com eles. Concorre
com eles? É isso! Ela está vendendo o biscoito de polvilho a um real.
Ainda que ela estivesse vendendo, porque ela não estava, concorre com
eles. Essas coisas a ocupação gera, joga na cara da sociedade que o
racismo existe, que o privilégio existe, que precisamos aprender a
conviver, que precisamos entender como vamos fazendo essa dinâmica
de “opa! o que eu estou falando ofende alguém, então eu tenho que pedir
desculpas”. As pessoas em geral não sabem reconhecer o privilégio e
pedir desculpas. Então, eu acho que não há uma lei, uma estrutura ou
algo que favoreça o que estamos fazendo, inclusive o que estamos
fazendo é revolução, entende? Então, tudo bem, também. Se temos que
burlar um sistema por causa do nosso sonzinho, tudo bem também. Se o
megafone pode, vou comprar um megafone mais potente, vou botar
meus direitos.
Larissa Amorim: Como é que pensar a institucionalização de alguma
coisa que é contra, que é isso né, que é contra a maré mesmo, que é contra
a corrente o que a gente faz. É isso, acho que tem uma coisa que é
importante, as rodas, aí a experiência do MV Hemp e super precisamos
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Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
pensar ainda, mas que é como nós já temos uma rede definida, mas como
fortalecemos mais essa rede, que se articula, enfim, consegue de fato
encontrar mais meios, instrumentalizar mesmo. Acho que nos
encontramos também desse lado, dessa galera, de estarmos pensando o
direito à cidade, de estarmos formulando sobre isso, de estarmos
pesquisando sobre isso, o que está ocorrendo no Legislativo, que está
pensando, enfim, que está buscando essas brechas do sistema mesmo.
Foi feito sim, foi pensado para excluir corpos como os nossos, mas ainda
estamos nessa disputa, e seguiremos nela porque acreditamos muito que
modificamos esses espaços; acho que todas as vezes que passamos, com
todas as dificuldades. Essa questão do ar, todas as vezes em que falamos
de direito à cidade colocamos essas ocupações, falamos de segurança,
estamos falando de mobilidade urbana também, porque não só pelo valor
da passagem, todas as confusões que ocorreram quando da CPI dos
ônibus, mas como é o custo para chegar, quando fazemos eventos na
região metropolitana então, os horários dos trens, os ramais que
encerram mais cedo.
Letícia Brito: Por exemplo, no domingo, o trem encerra às oito horas da
noite. Então, uma pessoa que mora em Nova Iguaçu não pode ir ao teatro
no centro da cidade no domingo. O trem funciona para ela trabalhar, no
dia em que ela trabalha o trem acaba às dez horas e quarenta minutos.
Então, para trabalhar serve, para assistir cultura não.
Platéia (01): Existe um levantamento de dados em que 72% dos
equipamentos culturais do Rio de Janeiro estão concentrados no eixo
Zona Sul, Centro e grande Tijuca. Se você considerar a concentração
populacional é justamente o oposto, ou seja, 80% das pessoas estão fora
dessa área. A cultura é realmente restrita, não só na concentração dos
equipamentos culturais, como na questão da mobilidade urbana.
Plateia (02): Na verdade é uma curiosidade porque eu e uns amigos
submetemos um resumo expandido justamente sobre o Slam, sobre os
Slams. Então, a minha curiosidade é mais em relação a isso, mas que é
também a qualquer manifestação cultural, porque é uma questão, uma
dúvida regional. O resto também acaba até com essa característica, o que
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DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
eu, pela pouca pesquisa que fiz, os dados são meio dispersos, são
basicamente de rede social, algumas notícias. O número de Slams em
São Paulo é maior, e aí começamos a refletir e pensar por que que isso
acontecia. E aí pensamos em algumas possibilidades. Gostaria de saber
o quê vocês pensam a respeito disso e também suas colocações para
enriquecer o debate, se a questão da disposição geográfica da cidade
influencia, pelo fato de São Paulo ser uma cidade mais plana e mais
horizontalizada. De fato, a periferia fica na região de entorno, então isso
fortaleceria ainda mais os grupos como forma de resistência de ocupação
de fato de espaços centrais, de espaços privilegiados. Então, pelo fato da
geografia do Rio de Janeiro ter esse contato intenso, isso acabaria de
alguma forma implicando em alguma diferença, e além dessa questão
geográfica, também o fato, por exemplo, do Rio ter o funk como um dos
mais famosos, hoje em dia não sei se seria exatamente, um estilo musical
exclusivamente como essa questão cultural de resistência. Então, como
o funk já é uma identidade do Rio, essas outras manifestações elas não
ganham tanto apelo quanto ganham em São Paulo. O rap mesmo, o rap
não teve uma repercussão tão grande no Rio quanto tem em São Paulo.
E às vezes não são coisas tão distantes, queria saber se procede, ou não.
Platéia (03): A minha pergunta, na verdade, é uma reflexão sobre o meu
lugar de fala de onde eu venho. Eu sou de Salvador (Bahia) e quando eu
penso em ocupação cultural em Salvador, eu não consigo acessar Slam,
por exemplo, não consigo; rap já tem algumas coisas assim, mas é muito
diferente. É muito sui generis como é lá e como é aqui. Lá em Salvador,
se eu paro para pensar, por exemplo, em cultura, em ocupação, eu paro
para pensar na festa de Iemanjá. É uma festa super tradicional e há muito
tempo sempre foi muito deixada como coisa do povão, assim que não se
misturava, e aí chegou uma juventude reivindicando aquilo ali e ao
mesmo tempo fica uma batalha entre o novo e o tradicional, entre o que
é ocupar e o que é resistir enquanto cultura ancestral mesmo. Porque
existe o pessoal que começou a ocupar de uma forma assim: “ah, vamos
reivindicar essa festa, vamos trazer essa festa pra todo mundo, vamos
fazer disso uma festa pra todos, uma festa mais segura e trazer essa
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Então, acho que isso favorece o Rio muito mais do que São Paulo. Eu fui
em uma festa na Bahia e fiquei muito preocupada. Eu não vou lembrar o
nome da festa, mas ela acontece em janeiro e você faz uma caminhada
grande. Isso! Lavagem do Bonfim. Linda a caminhada, aí no meio da
caminhada apareceu o ACM Neto para andar, cercado de seguranças, aí
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Antonio Carlos Magalhães Neto, prefeito de Salvador (2017-2020).
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cada uma é uma Orixá, é a coisa mais linda. Tentamos de alguma forma
usar a cultura, não é trazer a cultura, é dar voz à cultura local, porque não
acredito nessa coisa de “vamos trazer cultura para este lugar". Este lugar
tem sua cultura própria e quando você abre o Slam, você abre a palavra,
você abre a voz. Quem vai chegar ali? Quem mora naquela comunidade.
O cara que vai falar no Slam mora ali. E na final do Slam Berger de 2017,
que é um campeonato nacional que envia o representante nacional para
a França, existe uma Copa do Mundo de Slam na França. Todo ano
enviamos um representante para a França para competir, é uma coisa
grande o Slam. Na final de 2017, a Fabiana Lima, que é da Bahia, do
Coletivo Zeferinas, foi vice-campeã nacional e a Luz Ribeiro, que é
poeta, preta, de São Paulo, não lembro do bairro que ela é, mas é da
periferia, ela ganhou e foi até a Copa do Mundo. E agora em maio,
tivemos a campeã do Brasil que foi para a França.Foi a Bel Puan, o vídeo
dela rolou no WhatsApp das pessoas. Ela é de Pernambuco, do Slam das
Minas de Pernambuco. Então, assim, estamos dando voz à periferia. Eu
acho que a ideia é a de que justamente porque o Slam parece
"gourmetizado", mas não é, é o que eu acho que está de alguma forma
burlando o sistema. Eu acho, não sei você, que pode discordar.
Platéia (03): Eu acho o Slam “massa”! Eu quis falar mesmo sobre a festa
de raiz mesmo que a galera quer resgatar, dar maior visibilidade, mas
como fazer isso sem tornar uma mercadoria?
Letícia Brito: Tem que eleger uma pessoa presidente de esquerda e
mudar o sistema capitalista.
Larissa Amorim: Acho que Letícia pode responder sobre essa questão
dos Slams, mas temos um dado muito curioso sobre isso. Daqui a algum
tempo, não agora, mas queremos retomar o mapeamento, que fizemos no
Sarau, queremos atualizá-lo, estamos nos organizando para ele estar
publicado pelo Coletivo Peneira.E aí queremos levantar de novo,
atualizar essa nossa base de dados sobre o sarau e queremos incluir os
Slams também. Entendemos que é isso, não dá para separar, são co-
irmãos; são formatos diferentes, são outras formas também de se pensar
os corpos diferentes, performances diferentes, mas estamos super
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https://www.facebook.com/SaraudoEscritorio/
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https://www.facebook.com/events/125063381444683/
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- III -
MULHERES E A CIDADE: ESPAÇOS DE RESISTÊNCIA
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Doutora em Urbanismo pelo Programa de Pós-Graduação em Urbanismo - PROURB
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com período sanduíche na
AgroParisTech (França). Professora Adjunta da Escola de Arquitetura e Urbanismo
(EAU) da Universidade Federal Fluminense (UFF).
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ambiente de suas casas, dos seus lares, de como isso se torna uma luta
pessoal, o por quê isso tem a ver com as vidas delas, com o cotidiano
delas.Assim, quando as mulheres entram na política, quando as mulheres
fazem o discurso de uma candidatura, disputando a questão dos espaços
de poder, representação da habitação, elas usam suas experiências
pessoais, as suas vidas, a forma como elas vivenciam a própria cidade.
Está o tempo inteiro presente na maioria das vezes para que elas
principalmente tenham uma perspectiva, principalmente para aquelas
mulheres que têm uma perspectiva mais progressista, vamos dizer assim,
não podemos generalizar, mas a maioria delas quando tem essa
perspectiva, a vida, o cotidiano, as formas de opressão, de dominação, e
a própria resistência que elas vivenciaram até aquele momento.Isso se
torna de fato uma política fundamental que não se pode deixar de falar e
é representativo, sobretudo, na execução de Marielle Franco,
considerando o quanto a vida dela estava de acordo com agenda política
e a forma que ela se expressava colocava e construía um espaço de
resistência.Um espaço de resistência da casa dela, que da origem dela até
a forma que ela atuava politicamente no plenário, que é um plenário que
ainda existe apesar da sua execução, um ambiente muito hostil e
complicado no qual ela tentava,à sua maneira, resistir àquela
política.Tinha uma forma diversa de fazer um debate sobre cidade, no
campo da Câmara de Vereadores, isso fica mais evidente ainda, como a
presença das mulheres de fato pode desconstituir uma lógica de
dominação do território urbano, enquanto que de fato se quisermos
mudar a lógica do planejamento urbano, a lógica do urbanismo, agora
falando como arquiteta, temos que ocupar de forma muito presente esse
espaço de representação.
E quando se fala em assédio nas ruas, sobre violência, quando
falamos sobre isso, sim, é uma questão que Marielle sempre falava
comigo: “Rossana, pelo amor de Deus, você me convenceu que eu
preciso falar sobre iluminação pública, e todo mundo dizia lá vem aquela
vereadora dizer que vai resolver a segurança pública com iluminação".
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Raquel Ribeiro 20
20
Integrante do Coletivo Feminicidade.
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tradicionais, como as frases das mulheres. A gente fez, por exemplo, uma
edição no transporte público. Acho que a Rossana também trouxe isso
porque não tem como falar de mulher e cidades sem falar de transporte
público. Muitas mulheres falavam do assédio dentro do ônibus, dos
transportes.
E é muito diferente também, dessa vez a gente tem muito essa
pegada da intervenção urbana. Os lambes, as vezes as pessoas olham e
ficam meio assim. Tem gente que não deixa, tem gente que olha, vai lá
e arranca porque tem uma visão até mesmo de ter muita gente que ainda
é conservador com isso, como se fosse uma depredação de patrimônio
público, apesar de que lambe não é proibido, ele tem uma brecha legal.
A polícia pode vetar a depender do conteúdo de ódio, o que não é o nosso
caso. Tem muita gente que pede também pra gente. Então, a gente está
colando no metrô e no metrô não tem nada nunca, a gente sabe que vão
tirar no dia seguinte. Isso não é um problema pra gente, não temos esse
apego, tipo, nem que ele dure 10 minutos ali. Se ele dura 10 minutos,
algumas pessoas viram aquilo pelo menos, de alguma viagem alguém
viu. Às vezes vêm 20 mulheres pedindo o adesivo, querendo colar
também, falando que vão colar dentro do ônibus que pega todo dia, botar
no trem também, porque é uma pauta que é muito cotidiana e comum a
todas as mulheres. Essas foram ações que a gente fez, tem esse adesivo
que diz que mulher não é mercadoria em três línguas, a gente fez nas
olimpíadas com esse debate também da da vinda de muitos turistas e com
essa ideia que é feita da mulher brasileira, dessa objetificação da mulher
que pode tudo ainda mais em contextos de grandes festas, de grandes
eventos, aí a gente fez esses adesivos nas três línguas muito tentando
pautar isso de que não é assim, não pode chegar em qualquer mulher na
rua, e fizemos questão também de colar nos lugares, principalmente
naqueles pontos de maior concentração de turistas.
Esse do meio (apontando para o quadro), intervenção feminista:
por mais mulheres na política, é o que a gente ta fazendo atualmente, a
gente lançou no oito de março desse ano, que a ideia é realmente a gente
trabalhar nesse ano, essa pauta de mais mulheres na política, compramos
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da Marielle, na hora o cara falou pra gente:" não.." e a gente falou:" cara,
a gente não tem dinheiro" e ele falou:" não tem problema". Deu dois mil
lambes pra gente, bom, é isso. esses lambes têm que estar na rua e aí a
gente levou isso e distribuiu por tudo quanto é canto. Fizemos um milhão
de colagem e a galera depois que produziu o amanhecer colocou o lambe
como um dos materiais para a galera poder baixar e fazer em diversos
pontos da cidade e a gente começou a ver, tipo, o lambe na linha amarela,
Caxias, Tijuca, todos os cantos da cidade tava na Marielle e as pessoas
começaram a vir pedir pra gente esse material. Muita gente pediu e
emoldurou, fez quadro e levou para a escola, botou na porta de não sei
aonde, na porta de casa, e pra gente foi muito bom assim, não no sentido
da visibilidade do Feminicidade, mas no sentido de como a gente ter feito
esse material, essa proximidade, a gente poder, nesse momento, por ser
um coletivo de intervenção urbana, ter um material ali pronto e
disponível naquele momento pra jogar pro mundo inteiro sobre ela e foi
muito doido quando a gente fez o material, a coleta de histórias dela, que
foi pro filme, a gente fez o lambe dela, a gente não colou o da Marielle
na rua, a gente deixou o dela só pro virtual, todos os outros a gente botou
na rua, a gente pensou: "ah, ela é uma parlamentar". Acho que ocupar a
cidade... as pessoas confundem muito as coisas, podem não entender que
isso é uma ação do coletivo e achar que a própria vereadora tá colando
um monte de lambe com a cara dela na rua e aí depois disso a gente botou
esses lambes todos para correr e isso foi um marco pra gente porque
agora a gente decidiu que a gente precisa muito se fortalecer para poder
ter cada vez mais ocupação na cidade, de mulheres, assim, para além da
Marielle, assim como a Marielle. A gente conseguiu estar em muitos
lugares, a gente quer colocar muitas Marielles na rua, trazer esse debate,
porque, como eu falei lá no inicio, a gente pautava muito de falar sobre
cidade, agora a gente acha que o principal não é isso, então agora a
mulher pode falar de qualquer vivencia dela, mas a cidade é o nosso
principal canal de comunicação, é o lugar onde as pessoas conseguem..
ér.. que a gente consegue interagir com um público que a gente não
consegue dimensionar. Isso é muito doido porque as vezes vem umas
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Debates
Greyce Barbosa: Bom, eu queria agradecer muito pelas duas palestras
que foram muito enriquecedoras para a gente, adoçando essa questão do
combate a essa naturalização da desqualificação da atuação das mulheres
no espaço da política da cidade, né, do planejamento urbano e esses
exemplos que você deu de movimentos de resistencia devem ser
seguidos, né, da atuação feminina, como na vila autódromo e na
previdência e também à Raquel sobre a importância da escuta, das
mulheres, com essa metodologia, da escuta ativa que você mencionou, o
papel de fazer a sociedade refletir mais sobre essas questões em prol de
mudanças na efetiva atuação feminina e negra, LGBT, como construção
do papel social.
Plateia (01): Posso falar daqui? Eu queria, primeiro parabenizar pelo
trabalho, muito interessante, mas eu tenho uma questão, assim, é que eu
percebo, muitas vezes, conversando com algumas mulheres, muitas
vezes mais velhas até, até da nossa própria família ou alguém conhecido,
uma certa resistencia em relação ao debate de algumas questões
relacionadas ao feminismo, a questão do direito das mulheres, da
liberdade da mulher e, como vocês coletam histórias, de diferentes
pessoas, diferentes territórios, se vocês já tiveram essa experiência de ter
contato com mulheres que tenha essa resistencia, que tenha uma visão,
as vezes, com machismo arraigado e como vocês lidam com isso, como
é essa escuta nesse momento
Raquel Ribeiro: Isso me aconteceu diversas vezes, muitas mulheres, é...
feminismo, muitas delas não, não se consideram feministas. O que a
gente faz é justamente isso, a gente não fica trazendo a questão, mas...
é... nossa certeza é: ela pode contar a história dela da forma que for,
mesmo que ela venha com várias questões conservadoras, dali você vai
ver diversas opressões que ela viveu e aí o que a gente tenta fazer é
sempre convidar e, geralmente também, a gente não vai em mulheres tão
isoladas, é mulheres que já participam de algum grupo ou alguma coisa,
mesmo que não seja de feminismo assim... mulheres empreendedoras de
Campo Grande, não tem nenhum acumulo do feminismo ali mas ai a
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ela é uma inspiração, cada uma de nós nesses espaços, seja um espaço
de poder ou seja qualquer outro espaço que a gente for ocupar e que a
gente já ocupa, na verdade, a gente tem que descobrir ao nosso modo e
da forma mais coletiva possível, a forma que a gente pode fazer política.
Acho que o Feminicidade e as meninas do Feminicidade conseguiram
construir da forma delas e é tão legal e é tão legítimo quanto.
Rossana Brandão Tavares: Só uma coisa que você falou, eu trabalho
oficialmente, no cidade para criança e um jargão que a gente tem nessa
área é de que uma cidade boa para criança, é uma cidade boa para todo
mundo e aí eu acho que isso cabe também, exatamente, para a mulher e
aí eu levo para além da cidade, levo pro estado, pensar em qualquer
política pública, se ela é boa para mulher, ela é boa para todo mundo,
porque não vai ter quem fique oprimido nisso, porque a mulher dá conta
das crianças, é óbvio, ela não vai excluir a criança, ela da conta, se é boa
pra mulher vai ser boa pro homem também, que homem vai se sentir
ameaçado, sabe, na cidade se ela já ta dando conta de garantir as
seguranças das mulheres. Então acho que a gente vai meio por esse
caminho aí do cuidado. Se ela der conta das pautas das mulheres,
provavelmente ela vai estar dando conta das pautas da sociedade, de
forma geral.
Platéia (03): Eu acho que a gente podia propor uma pequena inversão
assim, tipo, se a mulher lutou tanto parar alcançar um espaço público,
que sempre foi dado ao homem, eu acho que o homem tem que lutar um
pouquinho para aprender um pouco do cuidado, aprender um pouco do
afeto, e isso é que vai construir algo melhor, eu acho, um caminho de
diferencial.
Rossana Brandão Tavares: É, o feminismo não é para excluir, né, é
para incluir.
Platéia (04): É, eu queria falar uma coisa com as medidas também. Na
Cidade, a cidade é muito opressora pra minha experiência profissional e
de vida, nas ruas, na pavimentação, nas escadas, é... eu sou oficial de
justiça e trabalho em Teresópolis e Teresópolis é região de montanha,
então você pensa que além dos núcleos favelizados de Teresópolis, para
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você acessar as residências de uma forma geral você tem que subir
escada, tem que subir caminho, e por mais que todos nós, nossa equipe
lá de Teresópolis vá trabalhar sempre com calçado confortável para ter
facilidade de acessar todos os lugares, eu sempre fico doída por dentro,
pensando nas mulheres que têm que subir aquelas escadas no seu
cotidiano,com filha no colo, com bolsa, voltando, indo e voltando todo
dia do trabalho, isso é muito opressor. Quer dizer, não é só na via pública
que a calçada é irregular que a gente tem dificuldade de empurrar o
carrinho de bebê, a dificuldade delas é muito potencializada nos espaços,
né.. isso é, né, sempre foi muito opressor, pra mim. Outra coisa que eu
queria compartilhar com vocês é uma perplexidade relativa aos dados
das últimas eleições de 2016 que quase 15.000 vereadoras mulheres não
tiveram um voto sequer, nem elas votaram em si próprias, o quanto isso
é significativo, alarmante, sinalizando que os partidos só lançaram as
candidaturas dessas mulheres para atingirem a cota e a importância da
gente reverter isso, de conseguir localizar as candidaturas sérias e
valorizar o voto dessas mulheres mesmo. Adorei a fala de vocês, gente,
muito linda, parabéns.
Rossana Brandão Tavares: Isso que você falou das favelas, é... a
maioria das favelas do Rio de Janeiro e as daqui de Niteroi também, elas
surgiram de cima para baixo. Uma estratégia de sobrevivência, de
resistência também, para se esconder e aí, em algumas favelas que eu já
fui, que eu já frequentei, como militância ou porque eu fiz pesquisa a
população mais antigas, a gente consegue ver isso inclusive com os
dados do IBGE, mora no topo dos morros. então, são as idosas que
normalmente as mulheres acabam tendo uma expectativa de vida maior
que os homens, sobretudo nas favelas, então são as idosas que estão ali,
as avós, as matriarcas das famílias e que como já estão numa certa idade,
tem problema de mobilidade e aí eu conheci algumas que já estavam
assim, eu fui na casa delas, a meses sem sair da área de onde elas
moravam e quanto esse debate da mobilidade é fundamental. Se pode ter
escada rolante para acessar o Cristo Redentor, porque não pode ter,
assim, uma experiência de Medellin tem, e outras formas alternativas
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para poder alcançar essas mulheres, que precisam continuar sua vida,
então isso é um debate de urbanismo assim, de inclusão, da cidade, muito
fundamental, que elas não conseguem nem viver essa cidade, elas só
ficam ali dentro daquele espaço restrito ou até não conseguem nem sair
de casa, por que dependendo, dependendo da favela, as escadas dão
direto na residência e, sobre a candidatura da Marielle, assim como a da
Talíria Petrone, dentro do partido, não existia nenhuma expectativa que
elas iam ganhar. Era como se fosse quase, não vou dizer que seria uma
cota, mas elas também tiveram resistência e elas também tiveram que
resistir para tentar de fato tentar construir uma campanha que pudesse,
de fato, se tornar uma campanha combativa e com grande possibilidade
de voto. Então, de fato, a mulher não tem o espaço dado. Se ela não quer
ser simplesmente cota, ela tem que construir uma possibilidade de
política muito diferente, normalmente, dos homens. Isso talvez eu acho
que seja uma realidade para todos os partidos.
Plateia (05): eu tenho ouvido muito o seguinte:"por que você não estuda
as pessoas ao invés das mulheres? porque a cidade não é para pessoas e
não só para mulheres?" E isso me deixa perplexa, assim, e aí eu fiquei
pensando numa professora falando e elas também e aí eu fiquei pensando
a questão da mulher ate na própria política, por que assim, muitas delas
estão para cumprir essa cota e assim, nós temos muitas mulheres na
política, mas muitas não se identificam como feministas, então elas não
incluem nas pautas questões da mulher e aí eu queria saber se vocês
acham que isso enfraquece ainda mais, assim, a luta da mulher por
representação e a outra coisa, acho que mais especificamente para a
professora,que é arquiteta, é que eu fico pensando, a gente tem aqui no
metro do Rio dos vagões que, nos horários de picos, são para as
mulheres. São DOIS vagões sendo que o metro tem muito mais vagões,
aí eu fiquei pensando:" gente, as mulheres são a maioria da população,
por que são dois vagões pra gente e um montão pro homem" e aí é
engraçado, semana passada eu tava vendo um evento que teve na UnB
sobre direito à cidade pra mulheres e aí uma professora tava comentando
justamente sobre isso e ela tava falando que uma das justificativas é que
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Plateia (06): Eu acho que essa questão do metrô tem uma questão
interessante também porque os homens estão sempre acostumados a
ocupar qualquer espaço muito facilmente, então muito deles entram lá e
simplesmente não vêem que é um vagão feminino e tão lá de boa,
entendeu, porque eles podem ocupar qualquer espaço, as vezes não é por
maldade, é porque ele pode e aí eu ja vi muito homem ser escorraçado e
sair de lá com o rabo entre as pernas, acho isso incrível, porque é pra ele
entender que a mulher tem seu espaço , então vamos respeitar ele. Acho
que esse é um ponto positivo.
Raquel Ribeiro: sobre mulheres na política, que vocês duas trouxeram
nesse debate, eu tenho tentado me atualizar cada vez mais porque a lei
mudou, né, realmente eu já sei tem um tempo, essa cota é desde 1900 e
é o que você falou, mulheres eram colocadas como laranjas só para
cumprir a cota, sem levar voto nenhum, nem elas mesmos votavam nelas,
por que não era esse o objetivo ou botavam-se mulheres que vão ter um
número escandaloso de votos para puxar outros caras, né, e geralmente
são as famosas, as celebridades, que as vezes nem tem interesses
politicos, de fato, mas em São paulo isso aconteceu muito, né, toda hora
era uma mulher melancia, mulher maça, não sei o que, que vinha
candidata e aí aqui no Rio, até a Rossana falou, a Talíria Petrone e a
Marielle Franco foram uma surpresa, o próprio partido apesar de já não
ter essa pratica, como muitos outros de botar como laranja em si, mas a
realidade em si é que esses partidos de esquerda não dão condições
favoráveis e estrutura para que as mulheres dentro dos partidos sejam
candidatas, elas sempre têm as campanhas não só prioritárias, não tem o
mesmo tempo de TV, não tem o mesmo recurso do fundo partidário e aí
fica meio que... porque tem seus quadros e os quadros que são
constituídos durante muito tempo são sempre os homens e aí as mulheres
ficam nesse dia a dia, tentando de alguma forma fazer sua candidatura, a
sua campanha e aí acontece e que foi o fenômeno Marielle é que é uma
coisa que o partido não dá conta, né?! Que as mulheres tem as questões
identitárias também e assim, quem é que, tipo assim, "nossa, vou votar
naquele homem porque sou homem branco heterossexual e ele é homem
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branco heterossexual", uma galera que vota no Bolsonaro até pensa isso,
mas não é um padrão, mas agora as mulheres tem uma questão identitária
que te passa essa confiança e tem essa vivencia e isso. A Marielle colava
lambe com a gente. O partido não dá conta de saber que a Marielle tá ali
no dia a dia colando lambe, não dá conta de saber que ela foi ali na
aulinha inaugural do pré-vestibular lá dentro da favela tal, que ela foi ali
naquela roda de conversa com não sei quem e isso foi gerando redes e
bases pra ela que não dá pra gente ter.... pra gente mensurar, sem contar
também que tem a questão... o que eu ia falar? ... ah, justamente, por essa
questão das pautas identitárias os partidos quando pensam assim:" Ah,
que mulher... quando prioriza alguma mulher " geralmente é uma mulher
que tem uma classe trabalhadora com ela, uma categoria. Ah, a
enfermeira não sei o que ou a tia não sei que lá que aí já vem uma
categoria com ela, já tem militância dentro do sindicato ou mulheres que
já são as companheiras ou parentes de outros grandes figuras, né,
também temos muitas, e aí o pior é que quando a gente elege essas
mulheres que não são as que tem as pautas mais amplas que tem ou
representando categoria e tal, é muito legal mas elas ficam muito reféns
dessas pautas, as vezes não tem muito além e nem muito oportunidade,
por que aí se você é eleita por uma categoria e você é enfermeira , aí você
decide que vai pensar, sei lá, em creches. A sua categoria toda que votou
em você também vai ficar te cobrando por que acha que você tem que
dar mais atenção para aquilo, então você não pode fugir muito da pauta
e as mulheres quando entram nos espaços legislativos ou enfim, a
primeira coisa que fazem é: comissão da mulher, né, por que isso já é um
problema por que lugares de cidades quem não tem mulheres, é horrível
você ver a comissão das mulheres sendo presididas por homens, e isso
acontece muito, mas aí botam as mulheres para as comissões das
mulheres mas também o que a gente ta pautando hoje é que tem que ter
mulher na comissão da mulher, mas não tem que ter as mulheres que
estão dentro desse espaço, não tem que ser reféns de ficar só na comissão
das mulheres, elas tem que estar tudo: Tem que estar na comissão de
orçamento, tem que estar na comissão de cultura. Tem que sair dessa
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caixinha de quem então tá, mulher você vai cuidar de tudo que é pauta
de mulher aqui, não vai cuidar só da pauta de mulher, porque a pauta de
mulher está em todos os espaços então a gente tem que, por isso essa
campanha a gente tá querendo muito levantar esse debate, para além do
voto de mulher, por que não é só botar mais mulher, é que mulher, né, e
que mulheres que vão pautar os interesses que a gente tem e que vão
fazer isso de forma diferente lá dentro depois de eleita e que vão ocupar
esses espaços que são majoritariamente, que são os espaços de maiores
decisões, porque a pauta das mulheres, muitas vezes, o que é aprovado
lá, que na hora de fazer um projeto de lei realmente completo e
interessante não passa, aí o que é aprovado é assim: " Ah, instituído o dia
de fulano de tal" e nem isso também porque a Marielle tentou o dia da
visibilidade lá e foi barrado, então assim, é pegar orçamento, e fazer a
revolução feminista dentro desses espaços.
Greyce Barbosa: Mais alguém? Bom, eu tenho então uma colocação,
mais especificamente para a Raquel que você tinha mencionado que o
coletivo feminista não tem assim uma pauta articulada em determinada
linha de fomento, por exemplo, mulheres negras, LGBT ou relativo a
questão do trabalho coisas nesse sentido, mas eu fiquei curiosa por conta
desse projeto do documentário que você mencionou, né, que fala
especificadamente sobre as mulheres negras e a atuação delas na
sociedade e a importância delas na cidade, como forma de
representatividade e pertencimento também e eu queria que você falasse
mais sobre isso e se você acha que essa metodologia que vocês utilizam
no coletivo dessa escuta ativa é o caminho para que as mulheres se
sintam cada vez mais presentes e pertencentes a esses espaços e cada vez
mais ocupando esses espaços, como a gente tem falado bastante da
Marielle, ontem também teve a apresentação da Dani Monteiro, do
coletivo Rua e, nesse sentido, se você acha que esse é um caminho para
que efetivamente as mulheres negras acabem por pertencer cada vez
mais e ocupar mais esses espaços e fazer a diferença.
Raquel Ribeiro: Eu acho que sim. Até a gente teve uma crise quando a
gente teve essa ideia de fazer um documentário sobre mulheres negras
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que quem convidou a gente. Convidou não, a ideia a gente tinha a ideia
de fazer um documentário sobre mulheres negras e aí a Fabi, que é uma
liderança local lá de Caxias, que virou parceira nossa falou:" vamos fazer
gente" e a gente falou: " Mas Fabi, dentro do nosso coletivo não temos
mulheres negras" Eu sou mulher não branca, tenho muita certeza disso
mas não passo as mesmas situações que uma mulher negra e aí a gente
falou:" então você vai ter que abraçar isso junto com a gente e fazer do
início ao fim junto com a gente" e aí ela falou:" vou fazer junto com
vocês , obviamente, pensando e idealizando, mas eu não vou estar lá no
dia a dia da gravação, nem nada disso porque ela tem um milhão de
coisas pra fazer e mora distante e aí a gente foi por esse caminho e aí a
gente teve todo esse cuidado de, com ela, pensar junto com ela, que
mulheres a gente ia trazer. A gente não queria nem trazer só mulheres
que são muito destaques, para a gente também não cair nesse papo meio
meritocrático. Ela mesmo tenho sugerido:" vamos pegar a juíza fulana
de tal "a gente falou:" legal, é muito bom dar esses exemplos mas a gente
precisa mesclar assim, mulheres comuns no cotidiano e com mulheres
que são uma representação, uma inspiração para muita gente e ai a gente
fez esse misto e o filme agora, o impacto que ele vai ter, eu não vou
saber e ainda não sei por que ele ainda não tá pronto. O teaser a gente
recebeu muitos comentários de várias mulheres pretas, falando de como
é sempre um prazer delas poder assistir e ouvir a sua própria história,
sabe, se identificar do início ao fim porque é um cotidiano tão marcado
de você consumir e viver coisas e tudo seu... você ser muito minoria na
novela, nas revistas e ninguém falando sobre essa realidade muito
específica sobre a mulher preta e ai quando você vê um documentário
onde você só vê pessoas iguais a você, falando das mesmas coisas que
você vive, da sua realidade, que é muito gratificante. Mas, na coleta de
história normal, sem ser do filme de mulheres negras é isso que ela
também tinha perguntado, muitas mulheres são negras e as coisas que
elas estão contando perpassam o fato de ela ser negra, não trazem isso
como uma questão pelo fato de ser preta, uma ou outra que consegue ter
esse discurso na ponta da língua. Não vou dizer consciência porque
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DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
106
- IV -
NOVA AGENDA URBANA
Glauco Bienenstein
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
Paulo Saad 21
21
Conselheiro Titular do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado do Rio de
Janeiro.
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Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
em torno dos oficiais de governo a nível federal de cada país desses. Com
isso, eles abriram essa discussão e houve uma coisa mais permeável,
então não chegou a haver Conferência paralela ou Conferência oficial.
Praticamente houve um intercâmbio, embora a Conferência principal
entre governos era praticamente levada exclusivamente pelos diplomatas
numa situação, mas havia essa inter-relação dos oficiais de governo que
iam levar para os diplomatas as discussões. Então, era uma situação
muito mais conectada com o interesse público, umas instâncias de
discussão da organização pública, de interesse público, de direitos
públicos dos diversos países.
Evoluiu-se para uma situação bem diferente, criou-se uma
camada intermediária basicamente constituída por profissionais e grupos
de interesse com seus profissionais fazendo suas formulações e
pressionando as instituições. Esses grupos de interesse são todos os
grupos de interesse hoje em dia muito diversificados, seja do ponto de
vista da formação sociológica ou de base social, seja dos grupos que
formam os interesses dos setores da questão urbana, de habitação,
mobilidade, as pessoas estão preocupadas com a questão da terra urbana,
a questão do transporte de massa, da habitação social, da atuação do
mercado imobiliário, etc.
Todos esses grupos se organizam hoje de uma forma muito forte,
pode-se dizer que existe uma clara estratificação na Conferência, como
estratificação essa que é todo o negócio, ou seja, essas ONG’S que se
formaram já de Vancouver para Istambul, acabaram se constituindo
nesses vinte anos em grupos de interesse do negócio. É claro que os
grupos de interesse pelo direito público não deixaram de se organizar,
continuam se organizando visando tentar se colocar neste novo quadro,
na medida em que surgem essas ONG’s de negócio ou até mesmo nem
se pode considerar ONG’s, mas organizações profissionais de negócio,
o quadro geral muda, não fica o mesmo quadro.
Então, a intervenção dos grupos de direito passa a ser de uma
outra forma, tentando outro tipo de enfrentamento. Então, esse é um
quadro geral, e me impressionou muito o crescimento desse segmento de
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DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
negócios, quer dizer, não tinha pensado até hoje em chegar numa
conferência da ONU e ver várias mesas que eram basicamente em torno
de direitos públicos, como por exemplo, transporte e mobilidade,
entretanto, com um setor altamente capacitado de uma empresa
multinacional vendendo VLT ou vendendo BRT.
Na habitação, também um indivíduo bem articulado, com uma
palestra de alto nível técnico e de compreensão ampla, procurando
atender as demandas e vendendo produtos. Isso é um quadro que me
surpreendeu não na sua existência, mas me surpreendeu no tamanho.
Não acredito que isso é coisa isolada não, eu acredito que nós vamos ter,
em alguma medida que eu não sei qual é, na UIA 2020, esse fenômeno,
que eu não sei de que tamanho vai ser, de que forma ele vai estar focado,
mas me parece que esse aspecto está dominando as organizações
multilaterais, e a UIA é uma organização multilateral, embora mais da
sociedade civil, mas muito vinculada à UNESCO e, portanto, à ONU,
quer dizer, muito vinculada com coligações.
Então, esse é um aspecto que tem na sua esfera superior de
negociação e de produção de documentos oficiais, um lado diplomático
aonde um país não se sobrepõe sobre o outro, praticamente todas as
propostas são incluídas, salvo algumas que são destacadas como detalhes
que são aceitos ou não aceitos, e aí entra o poder de veto. Então, não há
contradições, mas há o veto. Então, não tem consenso, sai. Então há
coisas de consenso, e muitas vezes o consenso passa por uma
generalização por textos genéricos.
Então, se você ler a nova agenda urbana, você lê um texto que
parece que tá tudo ali dentro. Tem todos os aspectos da cidade e do
movimento social, enfim, entretanto, muitos elementos importantes não
entraram ali porque não são fatores de consenso, por exemplo, a habitat
é feito dois, três anos antes do evento. É um evento de 20 em 20 anos, a
rigor você pode dizer que hoje a constituição do habitat é uma
constituição de 20 anos de uma para outra. E, claro, você começa a ter
conferência de cunho preparatórias três anos antes e vai se chegando a
documentos e tal.
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Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Essa conferência, ela teve o objetivo de, o tema vocês sabem que
é Conferência das nações unidas para o desenvolvimento sustentável das
cidades, então, na verdade, a meta urbana é esse quadro geral, então a
meta urbana é o principal e o desenvolvimento sustentável, ele pode ser
também do meio rural. No caso dessa conferência, ficou com a tarefa do
tema três no desenvolvimento sustentável da ONU, que é o tema da meta
urbana, certo? Então a meta urbana foi dividida em dez pontos: direito à
cidade, estrutura urbana sociocultural, políticas urbanas nacionais,
governança urbana, financiamento municipal, estratégias espaciais
urbanas, estratégias de desenvolvimento econômico, ecologia urbana,
serviços urbanos e habitação. Então esses foram os dez pontos e teve
grupos que se organizaram se reunindo nessas "pré-con", que eles
chamaram essas conferências preparatórias, discutindo cada um desses
temas. Na conferência oficial, se discutia vários outros assuntos.
A NAU é um desses documentos da conferência oficial. No caso
dessa Conferência ficou com a tarefa do tema 3, do movimento
sustentável da UFF que é o tema da meta Urbana. Então a meta Urbana
foi dividido em 10 pontos: direito à cidade, estrutura urbana,
sociocultural, políticas urbanas nacionais, governança urbana,
financiamento municipal, estratégias espaciais urbanas, estratégia do
poder econômico, ecologia urbana, serviço urbano e habitação.
Esses são os 10 pontos, então houve grupos que se organizaram
durante três anos se reunindo nessas prepscon que eles chamavam
conferências preparatórias, discutindo cada um desses temas e a
conferência oficial né, se discute a vários outros assuntos, a NAU é um
dos documentos da conferência oficial e havia uma discussão, que foi
chamada de discussão paralela, que na verdade não era exatamente
paralela mas era complementar, vamos dizer assim, a discussão dos
diplomatas, que era a discussão desses 10 pontos, então tinha 10 grupos
discutindo cada um desses pontos.
Eu participei de “furão", porque esses espaços que vem desde a
prepcon são só permitidos para organizações internacionais conhecidas,
aqui no Brasil nós temos algumas que funcionam, sejam filiais
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Luciana Ximenes22
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Integrante do Observatório das Metrópoles.
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Então não temos uma forma que inclui pessoas que precisam de
fato de ser entendidas de terem seu direito à moradia atendida e
garantidas e muitas pelo contrario viabiliza muito mais uma ótica de
lucro com urbanização e tão eu acho que essa discussão para onde foram
essas pessoas invisibilizadas em varias questões inclusive na agenda
urbana. Que não discute o fluxo de pessoas de pessoas que não o cabem
que eles não estão propondo não tem espaço para ela nesse tipo de
cidade, que está sendo proposta e aí entra varias questões. E essa
população foi movida para áreas que tem maiores números de violência
contra a mulher, estupro e ficam distante. e depois com BRT e faz o favor
de trazer só para trabalhar e voltar eu acho que essas são as questões que
nós a gente conseguimos abordar a agenda urbana através de um
exemplo muito claro que a gente conseguiu visualizar com muita clareza
o que está sendo proposto e agente já conheci indo e vindo o que está
sendo proposto. E fim.
23
Professor de História do Colégio Pedro II - ensino médio e fundamental. Doutor,
Mestre e graduado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Vereador do Município do Rio de Janeiro pelo PSOL - Partido Socialismo e
Liberdade.
124
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
que não era hora de mexer no assunto, mas acho que no início do ano
que vem a gente consegue retomar. Vou precisar muito do contato com
a Academia para que a gente possa esmiuçar os direitos e tudo aquilo
que foi negado lá, mas gostaria de falar sobre a experiência de outra CPI,
e a partir daí discutir o direito à cidade a partir da perspectiva da questão
dos transportes, uma condição absolutamente necessária para que o
cidadão possa exercer o direito à cidade. Acho que em certa medida é
um estudo de caso, quase um choque de realidade diante dessa discussão
toda do habitat, dos documentos e das questões que vocês levantam aqui.
Quando nós falamos de transporte no Rio de Janeiro, nós
estamos falando de certo grupo empresarial, certa máfia que não tem
nada de moderna e inovadora e, em certa medida, controla e tenta manter
de todas as formas possíveis o controle de um determinado setor que é
encarado como mercadoria fundamental para eles, para que possam
continuar auferindo lucros bilionários. Portanto, acho que se trata de um
debate a respeito de como esse determinado grupo de empresários, que
age como máfia há muito tempo na região metropolitana do Rio de
Janeiro, não só na cidade do Rio, mas também no interior, já expandindo
seus braços para grande parte do território nacional, como é que eles
inscrevem seus interesse no aparelho de Estado, como é que eles
enfrentam os conflitos sociais daqueles que defendem o direito ao
transporte, e aí é óbvio, quando nós repensamos isso, nós retomamos
2013, retomamos as manifestações, a questão do estopim dos vinte
centavos, onde o debate do transporte e do direito à cidade se tornou uma
das pautas fundamentais, mas como esse mesmo grupo empresarial
também enfrenta outros grupos empresariais pela disputa sobre qual deve
ser o modelo de transporte hegemônico na cidade do Rio de Janeiro e na
região metropolitana.
Para a cidade do Rio de Janeiro hoje, 72% das viagens tem
relação e são viagens de ônibus. Do ponto de vista das regiões
metropolitanas, é um índice absurdo, eles detém ainda um controle, uma
capacidade, portanto, de ganhar dinheiro com um sistema de ônibus que
é muito impressionante. É um sistema que é caro, ineficiente e que retira
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até para quem não entende muito de transporte. Uma linha que sai de
Santa Cruz e vem para o centro da cidade, ela vai custar, ela vai ter um
custo de operação muito diferente de uma linha que sai de Laranjeiras e
vai até Copacabana e tem um percurso muito menor e uma quantidade
muito maior de passageiros que sobem e descem do ônibus o tempo
inteiro; muito diferente de uma linha pendular que vai trazer os
trabalhadores de Senador Camará, os trabalhadores que saíram do Porto
e foram para lá, até o centro da cidade e são levados de volta ali.
Portanto, havia uma lógica de racionalidade no sistema que era
tentar operar dessa forma criando linhas que são claramente deficitárias
com o preço da passagem e linhas que são claramente superavitárias. O
contrato de concessão dizia que a taxa interna de retorno, ou seja, o lucro
médio deveria ser oito e meio por cento para cada um dos consórcios e
aí está a lógica da caixa preta, porque a grande questão, a ficção que está
aí sobre isso, do controle social do poder público sobre essa mercadoria
era seguinte: se estabelece um contrato, se estabelece a passagem que
tem que custear todo sistema, o valor da passagem, e no Rio de Janeiro,
é verdade, não há nenhum, ou não deveria haver, porque o houve durante
alguns anos subsídio direto de dinheiro público no custeio do sistema.
O sistema deveria ser custeado todo para passagem garantindo ao
setor, aos empresários, o lucro médio de 8,5% no final de vinte anos e a
cada momento que se percebesse o lucro está abaixo de 8,5% a passagem
deveria subir e a cada momento que se percebesse que o lucro está acima
de 8,5%, a passagem deveria descer, deveria baixar. Resguardada a
lógica das intenções anuais que teriam única e simplesmente a intenção
de fazer a reposição inflacionária dessa história.
Qual foi, então, a tática desses mesmos empresários? Apesar de
haver um contrato, de haver uma proposta comercial, de haver uma
licitação, eles passaram de 2010 até agora inflando e camuflando lucros
do sistema como se eles fossem despesas para impedir que se percebesse
que a passagem estava acima do normal e, portanto, os trabalhadores
estavam pagando um sobre lucro absurdo. As contas que nós fazemos no
relatório, da diferença da proposta comercial e a realidade do que de fato
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DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
ocorreu são da ordem 3,6 bilhões de reais, só para que a gente tenha uma
ideia de dinheiro que na verdade está inscrito nas planilhas deles como
despesas administrativas, despesas financeiras, outras despesas
correntes. São despesas quase impossíveis de se verificar, e isso as
auditorias externas comprovam o tempo inteiro, fazendo com que em
nenhum momento o município tenha exercido o seu dever de dizer: os
lucros estão acima do que deveriam, a passagem deveria ser mais barata.
O exemplo mais evidente desse escárnio sobre o qual a população
carioca, e também a população de Niterói, que também foi passado isso
pra cá, é o exemplo das garagens de ônibus. Nós temos aqui, inclusive,
o contrato xerocado nesse relatório em que a Verdan, auto viação Verdan
que opera algumas linhas de ônibus da zona sul e zona norte do Rio de
Janeiro, ela aluga uma garagem da Verdan imobiliários. O dono,
principal sócio da auto viação Verdan se chama Jacob Barata Filho e o
dono, principal sócio da Verdan imobiliária é Jacob Barata Filho. Ele
assina, está aqui na página duzentos e vinte oito o contrato, como locador
e locatário ao mesmo tempo, ele não chega nem a disfarçar, eu gosto de
mostrar.
Está aqui o contrato, a assinatura dele de um lado e de outro. Ele
assina como locador e locatário e eu fico imaginando ele tirando o
dinheiro do bolso direito, passando para o bolso esquerdo, e agradecendo
a ele mesmo pelo pagamento em dia de um aluguel de garagem de 500
mil reais por mês, meio milhão de reais por mês por uma garagem de
uma viação. Nós não estamos falando do sistema publico de transporte.
Portanto, meio milhão de reais por mês ele paga para ele mesmo. Então,
o que isso significa? Isso entra na planilha como custo do sistema que,
portanto, deve ser pago pelo preço da tarifa, e não como lucro do sistema
que de fato é, porque garagem pertence a ele mesmo, e na hora da
licitação ele apresentou como se a garagem fosse dele. Essa é a questão.
O que se significa isso? Você tem um sistema cuja caixa preta foi feita
de propósito e um poder público absolutamente omisso, pois se foi
possível, com apenas 120 dias de trabalho, descobrir coisas desse tipo,
imagina se de fato o poder público estivesse exercendo seu papel de
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Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
controle que deveria estar exercendo sobre isso. Se nós fomos capazes
de achar 3,6 bilhões, imaginem quanto na verdade de esses caras estão
embolsando, roubando dinheiro da vida e do trabalho do trabalhador que
é obrigado a pegar ônibus o tempo inteiro.
Além disso, o que nós tínhamos são reajustes tarifários, os tais
reajustes anuais, absolutamente abusivos. Em 2011, por exemplo, o
próprio Tribunal de Contas do Rio de Janeiro disse que o aumento da
passagem de 2,50 para 2,75 estava errado, os técnicos comprovaram
isso.Os conselheiros, por sua vez, disseram não, calma, não dá para saber
direito se está errado ou não, vamos fazer uma auditoria, e o reajuste
ficou valendo. Depois, Eduardo Paes autorizou dois aumentos, um para
climatizar a frota, outro para custear as gratuidades, que foram os
aumentos que vocês devem ter visto, caíram na justiça do Rio de Janeiro
por ação do MP.
Cada um desses aumentos foram vinte centavos a mais cobrados
de cada trabalhador durante dois ou três anos e, portanto, desse ponto de
vista o que nós estamos falando é que o direito é essencial para o cidadão,
direito fundamental para que o direito à cidade seja exercido está sendo
negado a uma parcela importante da população por conta de um pequeno
grupo de empresários que detém o controle político e que detém,
inclusive, uma forma de impedir qualquer tipo de controle social pra isso,
mas novo capítulo disso é o tal acordo de conciliação que pode levar e
elevar a passagem de ônibus do Rio de Janeiro para 4 reais nos próximos
dias. Quanto tá a passagem aqui em Niterói aliás? R$ 3,90. O curioso é
que o padrão da capital do Rio de Janeiro vira o padrão pro resto do
estado inteiro, sem nenhum tipo de lógica porque as cidades têm
dimensões e dinâmicas urbanas totalmente diferentes, mas recentemente
eu estive em Barra Mansa cuja a passagem é 4 reais, Teresópolis cuja a
passagem é 4 reais, Niterói é 3,90.
O prefeito vai dizer que é a mais barata por 10 centavos de
diferença, e o Rio de Janeiro vai para 4 reais né. Se Barra Mansa,
Teresópolis, Niterói, Rio de Janeiro têm o mesmo aumento de passagem
é porque estamos tendo algum problema na lógica de como se estipula
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gente não consegue verificar nada das contas delas.Aumentam a vida útil
dos ônibus, postergam pra 2020 a necessidade de climatização, e
garantem aquilo que os empresários queriam que era subir a passagem
para 4,00 reais.
Eu encerro, portanto, dizendo que não há dúvidas, que garantir o
direito à cidade neste momento significa derrotar esse tipo de máfia, que,
na verdade, impede e restringe o direito de milhões de pessoas à cidade,
ou seja, há um elemento de luta de classes fundamental nessa disputa e
nas lutas que estamos vendo aqui. Essas pessoas se inscrevem nos mais
diferentes níveis de interesse de Estado para garantir seus privilégios que
retiram do trabalhador parte da sua renda para que eles possam embolsar
isso. É um exemplo claro de que a luta política pelo direito à cidade tem
um componente fundamental que precisa ser escancarado, não é possível
fazer conciliação com uma máfia que controla um transporte durante
tanto tempo. Conciliação com eles é continuar submetendo os
trabalhadores a esse tipo de absurdo a que nós conseguimos enxergar
nesse relatório. Quem quiser, inclusive, ter acesso ao relatório, ele está
disponível em www.cpidosonibus.com.br, ou em
www.tarcisiomotta.com.br, que estará disponível online o relatório para
que possamos prosseguir nesse debate que é essencial pra pensar a vida
urbana na região metropolitana no estado do Rio de Janeiro. Obrigado.
Debates
Plateia (01): Sou Cynthia, assessora parlamentar no mandato do
vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL), me justifiquei pela ausência
dele, ele está envolvido numa atividade dos professores, queria perguntar
quanto custa uma passagem no município do Rio de Janeiro? R$ 3,60.
Então, é muito curioso que em Niterói já estamos, a mais de um, desde,
a mais de um ano, desde de fevereiro do ano passado, com esses 3,90, e
recentemente teve um relatório da FGV, que é parceira da prefeitura,
sempre, da prefeitura de Niterói, e nós solicitamos desde de fevereiro
que esse relatório fosse entregue a nós, que a gente possa verificar; e este
relatório exauria que o custo da passagem seria 3,85 e 3,95 e por isso
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de outro direito, fica muito mais difícil organizar, para quem não está
cuidando dos demais direitos, que estão associados ao direito da cidade.
Então existe na verdade, uma disputa política de visões diferentes, mas
claro que é algo, que as empresas e os empresários, que querem assaltar
o dinheiro público, dinheiro, grana para grande circulação, não interessa
nenhum direito e organização de direito já constituídos, como direito
agregado, assim menos privatização, menos absorção das empresas
privadas. Então a discussão se dá entre os recursos públicos, interesses
públicos e da drenagem disso para o direito individual que pode ser
atendido dependendo, se o indivíduo, merece ou não, aí o direito será
relativizado, como dos pobres, como se abrangesse que a culpa do pobre
é de ser pobre, mas assim é o direito individual é colocado nessa
discussão.
Platéia (02): É porque ontem discutimos a respeito de manifestações
culturais, como forma de resistência e ocupação dos espaços públicos, e
é em dado momento, discutiu-se a respeito da mercantilização, de
movimentos culturais, como forma de cooptação do mercado, de forma
para mascará uma ideia de ocupação e resistência, mas que na verdade
era algo puramente de interesse do capital, é essa ideia de que a cultura
cria e o mercado se apropria, é, e aí e discutiu-se alguns exemplos a
respeito, mas a Luciana (palestrante)falou a respeito e o Tarcísio, por ser
vereador, ao mesmo tempo, particularmente a situação financeira, do
Estado do Rio, é extremamente, delicada, então, de que forma, pode-se
compatibilizar isso, porque isso, essas operações urbanas, necessitam
investimentos privados, ou PPPs, para que sejam viabilizadas, de que
forma pode-se compatibilizar essa relação público privada, de forma é,
de fato, permitir que sejam feita as obras, ou todas as viabilizações
urbanas necessárias, mas sem que isso seja uma forma de cooptação de
direitos particulares, quais seriam os meios e instrumentos efetivos, para
que teriam capacidade de efetivar o direito da cidade de forma
democrática e não meramente mercadológico.
Luciana Ximenes: Eu acho que a operação urbana, é um instrumento
que está desenhado nas nossas normativas, ela existe no estatuto da
135
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
cidade, com vários bônus e alguns ônus né, mas eu, particularmente,
tenho pouca esperança que a operação Urbana, aconteça sem que seja
muito mais para atender o capital privado, do que para atender o
interesse público, acho que existem muitas formas de produzir, acho que
existem muitas outras formas de produzir no espaço urbano, sem que seja
da forma da operação urbana. Acho que a operação urbana, surgiu
substanciada num contexto específico, e acho que antes disso a gente já
fazia isso na cidade com outros arranjos e estruturas, que nunca deixaram
de acontecer, mas acho que a operação urbana abre a possibilidade de
dar pouca clareza, pouca participação, do controle social que tá
acontecendo lá dentro, mas para os que aceitam que a operação urbana,
pode ser um instrumento, para como melhorar talvez o instrumento, tem
vários caminhos que podem ser adotados, a gente já tem várias
experiências de participação popular muito forte no Brasil, e talvez
discutir um pouco mais para ver como as operações entram no orçamento
municipal né; principalmente Municipal, porque agora, as operações
podem intermunicipais, e aí abriria outro leque de discussão, mas as
remoções poderiam ser facilmente discutidas, com as normas mínimas,
você pode fazer a operação urbana desde que a população possa sair
dessa área, por exemplo, desde que você promova uma habitação como
parte da operação... vários arremedos que dariam pra fazer, mas eu acho
temos pouca esperança que esse instrumento seja o mais útil, acho que
temos outros instrumentos, como IPTU progressivo, esses mais
discutidos depois do caso de São Paulo, ou outros instrumentos urbanos
que poderiam ser aplicados, que na operação urbano melhorasse a
qualidade do ambiente construído, mas do que grandes obras, acho que
temos o caminho assim.
Tarcísio Motta Carvalho: Acho que a Luciana respondeu bem, só que
o que eu lembrava enquanto você falava dessa questão e, inclusive,
puxando o gancho com a questão da cultura, e eu não sei se na mesa
ontem falaram disso, o próprio caso do Porto Maravilha é um caso
emblemático desse ponto de vista, ou seja, você introduziu e obrigou
dentro da operação urbana a colocar equipamentos culturais, como MAR
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aonde estão os nexos para que possamos de fato fazer a disputa aonde
ela importa, para alterar a correlação de forças nesse processo, e isso é a
dificuldade. O problema é que é isso, eu não estou muito otimista, mas a
gente ta aí para fazer esse debate e tentar convencer essas pessoas de que
ou a gente derrota as máfias, ou a gente...
Platéia (03): vão continuar existindo né? E agora tem o golpe da
conferência né, que agora ele criou por decreto a conferência
metropolitana, que vai ser sábado...
Tarcísio Motta Carvalho: olha aí, nem eu estava sabendo...
Plateia (03): e vai colocar isso em vigor, então assim, eu concordo com
tudo que vocês falaram, que ainda existe.
Tarcísio Motta Carvalho: Só que a gente não foi capaz de se mobilizar
o suficiente, para alterar a correlação de forças, nem mesmo na
conferência, porque na verdade se a gente altera, e a conferência faz uma
coisa toda, e aí ia ser fato escanteado e não ia ser colocado em prática,
mas pelo menos teríamos alguma coisa para o que lutar, é difícil...
Paulo Saad: Queria dizer o seguinte, que está organizando essa
conferência, organizou as duas últimas estaduais, sendo que nenhuma
das duas, sequer nomeou, sequer nomeou, o conselho das cidades
estadual, e muito menos deu posse, e muito menos qualquer união... são
as mesmas pessoas, que fizeram duas conferências estaduais da cidade
que nomearam que elegeram os conselhos da cidade, e esse conselho
sequer foi nomeado, não saiu nem no diário oficial, nem viu ou tomou
posse, ou seja, essas pessoas não tem menor credibilidade. A questão
técnica tem fragilidade grave, porque é... os dados, são dados que não
tem tempo para ser os dados que deveriam ser, então se trabalha com que
se tem, porque na verdade, existem prazos que eles estão tendo que
atender, e por mais esforço que os técnicos, mais conscientes tentam ter
para poder viabilizar um texto que seja interessante, que seja importante
para se levar para essa conferência, tem todo um vício, vícios... de duas
conferências, recentes, em que foi eleito, e depois teve outro … e quer
dizer, qual o intento? Não interessa isso, isso não vai valer, faz para não
valer, faz apenas para criar um verniz de participação popular, mas isso
143
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
não vai acontecer, esse governo, quem tá aí? Eu estou servidor público
estadual desde de 1976, e acompanho esse processo desde de então,
aquele tempo na ditadura Faria lima, então estes caras estão no poder
com as mesmas pessoas, as mesmas pessoas, as mesmas pessoas estão
no centro do poder técnico, de planejamento, do estado, e nunca fizeram
absolutamente nada, muito pelo contrário, os sistemas de planejamento
foram esvaziados, com desvios e desmontes do Estado foi patrocinado
por estas pessoas, presta atenção... então não existe, como você acreditar
que essas pessoas que desmontaram todo o respaldo técnico, quando
estávamos começando a construir a partir das equipes técnicas, a relação
com a sociedade, saindo da ditadura, os caras falaram “vamos acabar
com negócio”. Ou seja, então hoje as equipes técnicas, são mínimas, e
esses caras, vão querer fazer planejamento com quem? Se eles mesmos
patrocinaram o desmonte, ou seja, não tem a menor credibilidade, isso aí
é um faz de conta... mais um faz de conta das prefeituras.
144
-V-
ASSISTÊNCIA TÉCNICA E HABITAÇÃO DE INTERESSE
SOCIAL
Felipe Nin 24
24
Membro da Comissão de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro.
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de qualidade, mas que muitas vezes não atende a complexidade dos casos
em que o profissional está inserido. Então um dos principais objetivos é
justamente esse: consolidar esse campo para que de fato a gente tenha
escritórios, política pública voltada para habitação de interesse social
com assistência técnica e consolidar isso com uma política de Estado.
A arquitetura no geral atua interdisciplinarmente, mas a
assessoria técnica mais ainda, pois é um campo que a gente sempre está
em contato com profissionais do direito, serviço social, engenharia,
enfim, as mais diversas profissões, e não seria possível pensar em uma
política sem estar em diálogo com essas outras profissões e,
principalmente, com a sociedade que é quem está demandando esse
serviço.
Uma das primeiras propostas que a gente está promovendo é a
criação de um fórum permanente de assessoria técnica dentro do âmbito
do conselho de arquitetura e urbanismo. Então, aproveito para fazer o
convite ao nosso primeiro encontro do Fórum, que será no dia 18 de
junho às 14h, que é voltado para profissionais de diversos campos que
são interessados, que se aproximam do campo de assessoria técnica,
também de arquitetura e urbanismo, mas como falei, quem trabalha com
regularização fundiária, quem trabalha com comunidades em situação
precária, de violência, também são campos próximos a essa área, e a
gente deseja que esteja junto com a gente pensando de que forma se pode
promover a assessoria técnica em habitação de interesse social.
Nesse dia do Fórum a gente estará apresentando o projeto de lei
que foi escrito pela vereadora Marielle Franco, que é um PL do âmbito
municipal da prefeitura do Rio de Janeiro, que é um detalhamento da lei
de assessoria técnica que existe em âmbito federal. Ela ainda não foi
aprovada, ela ainda está em tramitação na Câmara e tem limitações
porque como é um projeto que está sendo proposto pelo legislativo não
tem o poder de implementar uma política. Então ainda iremos carecer de
um engajamento do Executivo para vermos essa lei ser executada,
efetivada, mas ele é muito importante porque já avança no sentido da
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Regina Bienenstein 25
25
Arquiteta e urbanista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Mestra em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Syracuse, EUA. Doutora
em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP). Professora
titular do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da
Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Coordenadora do Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos da
Universidade Federal Fluminense (NEPHU/UFF).
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Luiz Eduardo Cunha estudou na UFRJ, foi nosso bolsista, se formou e voltou ao
Nephu. Passou a fazer parte da equipe como voluntário. É também arquiteto do IBGE,
mas atua no NEPHU, fazendo pesquisa, extensão e ensino, participando da orientação
dos bolsistas de graduação, na área de habitação.
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O bairro popular Vila Autódromo começou a ser ameaçada de remoção total na década
27
de 1990, quando assumiu a prefeitura Cesar Maia. Na década de 2010, tal ameaça se
intensificou, com a justificativa da realização dos megaeventos, especialmente as
Olimpíadas. Foi nessa época que suas lideranças solicitaram ao
ETTERN/IPPUR/UFRJ que desenvolvesse uma proposta alternativa à apresentada do
então prefeito Eduardo Paes. Nessa empreitada, os pesquisadores do ETTERN
procuraram o NEPHU para, em parceria com os moradores, os dois grupos de
pesquisa desenvolvessem o que passou a ser chamado de Plano Popular da Vila
Autódromo.
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pela assistência técnica jurídica e social ampla. Uma ideia seria ter um
espaço com perfil da Defensoria Pública, isto é, uma instituição do
Estado, paga pelo Estado, mas com autonomia de ação. Com isso,
poderia estar ao lado das comunidades, mesmo aquelas que lutam contra
a remoção enquanto política pública. Esta poderia ser uma saída.
Necessário aprofundar o debate e abrir o leque de áreas de conhecimento
que precisam estar envolvidas na questão da assessoria, na questão do
direito à moradia.
Para concluir, considero muito importante, termos espaços como
este, de discussão e de reforço, pois essa é uma luta coletiva. Essa
experiência que desenvolvemos há trinta e cinco anos, da qual aqui
apresentei uma pequena amostra, aponta algumas das dificuldades,
problemas e entraves,baseado no que temos enfrentado, para o exercício
de uma assessoria técnica que signifique, realmente, uma ação
transformadora, através do reforço à luta cotidiana do trabalhador pelo
direito à cidade, à moradia e à terra. Obrigada!
28
Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ). Mestra em Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense
(PPGSD-UFF). Professora do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos
Humanos (NEPP-DH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Professora
do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos (PPDH)
da UFRJ.
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Debates
Platéia (01): Não é bem uma pergunta, é mais uma reflexão direcionada
a todo mundo. Na perspectiva dos movimentos sociais, seria uma
proposta, uma forma de dar mais força, ver o que que se pode fazer para
dar mais fôlego para a luta pela questão fundiária, o que se pode fazer
com os movimentos que estão cooptados, tentar puxar essa luta de uma
forma mais forte como já aconteceu no passado. Para quem não me
conhece, eu trabalho com a Regina ha muitos anos e pra vocês terem uma
ideia a gente pegou uma época logo após a abertura política e fazíamos
assembleias com as pessoas da luta apela regularização fundiária e hoje
isso não existe. Hoje se você conseguir juntar dez pessoas de uma
comunidade já é muita coisa. Lógico que quando você tem momentos de
conflito, como foi com Vila Autódromo, é evidente que isso muda a
situação, até porque naquele momento a luta brota naturalmente diante
do conflito armado mesmo pelo poder. Enfim, é mais tentando pensar
sobre isso mesmo. Em que a gente poderia pensar para retomar isso.
Porque não adianta querer fazer sem eles, mas como é que a gente
poderia tentar aflorar a luta que está aí e precisa ser colocada através de
organização mesmo. Eu estou pensando em organização de base, até por
conta de tudo que a gente está passando atualmente.
Ana Clara Tavares: É difícil, né? Acho que a agente tem um desafio
que não é da assistência, é um desafio que transcende a assistência
técnica jurídica. São desafios dos movimentos, né? A gente como
participantes desses movimentos e também como militantes políticos
temos esse desafio da mobilização, da organização do enfrentamento a
esses projetos. A partir da assessoria a gente tenta contribuir nesses
processos de mobilização, mas nós temos algumas limitações. Acredito
que os movimentos sociais têm maiores condições e até legitimidade
para fazer esse trabalho de base mesmo, de juntar, de organizar. No geral
a agente chega quando já atem algum nível de organização inclusive para
procurar a assessoria, né? Então eu acho que é uma questão pra gente.
Não tem uma resposta. Sei que o processo que a gente vive de repressão,
de níveis de violência, acho que a agente não pode deixar de falar dessa
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a ser demandados pelo conhecimento que agente tem. Então nós estamos
montando o curso de extensão que vaia misturar estudantes, a
comunidade, morador, lideranças, todo mundo, e vamos discutir esses
temas que podem subsidiar a luta. Eu acho que só de você oferecer um
espaço que é seguro e onde os problemas podem ser discutidos com
tranquilidade já é um passo. Agora, este problema da violência, ele afeta.
A gente teve, por exemplo, uma comunidade daqui de Niterói que estava
participando ativamente e que de repente sumiu. Sumiu por que? A gente
não sabia, mas hoje a gente sabe que o tráfico chegou lá e falou “nada
mais de participar daquela coisa”. Então isso também ocorre, e eu acho
que, em termos de Universidade, o papel é esse, de mostrar que nós
estamos lá para discutir, para apoiar os movimentos pelos direitos e
somos parceiros.
E aí eu acho que a dinâmica social-política vai dano conta dessa
transformação. Quando eles tão perto a gente tem mais poder de reforçar
a luta deles também. Se você pensar que eles começaram a ser
ameaçados de expulsão com ações de despejo no final da década de 70.
Se organizaram, lutaram e conseguiram a desapropriação da terra em
1985/86, por aí, 87, e de lá pra cá continuam lutando. Gente, não dá! E
por outro nado não surgiu nenhuma ameaça nova, quer dizer, agora com
o plano diretor vai surgir e a gente já tá avisando. Mas enquanto não
surge, porque cansa, as pessoas cansam, as pessoas envelhecem, a vida
das pessoas muda, nem sempre elas conseguem formas novas lideranças.
E, fora isso, a inoperância completa. O Poder Público ultimamente, o que
você vê de atuação ou é mandando pintar a fachada ou é ação de despejo,
de remoção. Ou então deixa construir “Minha Casa Minha Vida” e aí
você diz assim “vamos planejar o uso e a ocupação do solo para você
pelo menos reservar terrenos próximos da infraestrutura que sejam
favoráveis à ocupação”, aí eles “ ah não, quando chegar a hora de
construir a gente vai no mercado e compra” e aí vaia comprar o que? Os
piores locais. E, na verdade, vai fazer um favor ao proprietário da terra
que não pode ser utilizada porque não da para ocupar. Vai fazer o favor
de comprar e ocupar. A gente tem o caso do conjunto do “Minha Casa
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- VI -
TESES E DISSERTAÇÕES
Paulo Bastos 29
29
Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Graduado
em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Integrante do
Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos (NEPHU-UFF).
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Debates
Plateia (01): Há possibilidade dessa utopia de urbanizar todas as
unidades? Eu acho utopia, porque é uma coisa que eu sempre sonhei
desde criança (...) porque eu passei, eu tenho 67 anos, nasci no centro da
cidade, fui criado no subúrbio, então, eu vi ali, a zona da Mangueira-
verde, Leopoldina, alguns barracos, né, quando eu era criança, (...) a
avenida Brasil naquela época era subúrbio, nos anos 60, final dos anos
50, início dos 60, não havia barraco, quase que na própria avenida Brasil,
entendeu?! E isso é uma coisa que me preocupa, porque há uns 2 ou 3
anos atrás eu fui com a (? 25:37) lá na Igreja Nossa Senhora da Penha.
Aí eu tirei uma foto lá de cima, de cima pra baixo, né, aí tem um Cruzeiro
ali, tudo pra lá, favelado. A “favelização”, né? Eu tomei um susto (...)
porque é coisa norma, pessoal pobre (...) a pobreza ...isso daí é evidente.
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Então a minha preocupação é essa. você falou que ele queria até 2020,
então vamos botar até 2040, seria possível a urbanização? Com tudo o
que eu estou falando né, com tudo, inclusive com igreja, com tudo...com
policiamento, com ruas, usando inclusive a mão-de-obra das
comunidades, eu acho que seria importante isso também. Há essa
possibilidade? Até 2040, botando mais 20 anos pra frente …?
Paulo Bastos: Depende do que a gente chama de urbanizar, né? Antes
de tudo, assim, o que que é urbanizar, né? Eu acho que é oferecer
melhores condições, né? Eu penso que é um desafio hercúleo, postas as
condições políticas e econômicas do país, é um desafio hercúleo. Mas eu
acredito que é uma utopia saudável de se ter. É uma utopia saudável a
gente não pode naturalizar a expressão de degradação que a favela é. Eu
não posso naturalizar isso, sabe? A população ali tem que ser ouvida, a
população tem que ser trazida por projetos, a população tem que ser
trazida pros programas, a população tem que ter melhores canais de fala.
Não sei se isso vai garantir a urbanização ou não, mas assim, eu penso,
realmente, que a gente não pode fechar os olhos à isso, sabe? Não pode
deixar passar. E eu tenho absoluta certeza que a cada dia que se passa,
essa utopia vai ficando ainda mais difícil de ser alcançada. Eu acho que
a gente tem que encarar o problema, tem que chamar a população pra
realmente fazer parte disso. É bom lembrar que as maiores críticas ao
“Favela Bairro’ forma em relação à isso, né, o “Favela Bairro” também
se esqueceu da população, esqueceu que a população tinha que ser
ouvida (...). Eu penso que a gente não pode perder isso de vista, não,
sabe, eu fui criado próximo ao Morro dos Macacos, e até hoje eu moro
lá, né. Então, assim, eu sonho com o dia que aquilo vai estar muito bom,
eu não posso esquecer esse meu sonho. Sabe? Como é que isso vai se dar
eu não sei. Primeiro eu penso que nós temos capacidade técnica, nós,
técnicos, temos capacidade, somos bons. Arquitetos, advogados (..) Isso
é bom, a gente é bom, a gente sabe o problema, né? Segundo, eu tenho
absoluta certeza que tem uma população lá dentro que pode ser
estimulada. Eu tenho certeza absoluta que tem uma população lá dentro
que já faz trabalho, que tem que se ouvida, que tem que ser trazido o
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holofote pra essas pessoas. Como fazer? Aí a gente tem que sentar e
planejar, mas planejar de forma séria. Eu não posso, por exemplo, abrir
um programa, um concurso, chamar dois escritórios e criar uma
expectativa na população, porque isso só afasta a população, aí eu
concordo com você. Programas como o “Morar Carioca”, por exemplo,
atrapalham muito mais do que ajudam, porque, eu estive lá, naquela noite
de terça-feira, onde tinham 4 mil pessoas, e eu tinha quatro vereadores
falando que tinham trazido o “Morar Carioca” pra aquela comunidade,
que aquela comunidade iria se tornar (...) lembro que existem fotos disso,
existem fotos no meu trabalho, que está disponível na Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, (...) tem fotos disso, 4 mil pessoas numa noite
de terça-feira, com o secretário municipal de obras, com o coordenador
do escritório que eu trabalhava, com o dono, né, não é coordenador, com
o dono. O dono falando “(...) não, nós chegamos aqui, nós vamos fazer
uma obra bacana…” mostrou lá um monte de mapas, mostrou lá um
monte de projetos, e …?! (...) Isso desestimula. Eu acho que enquanto a
gente continuar … eu acho que essa sua pergunta é o que move todos
nós, me move bastante, e deve mover você também … enquanto a gente
tentar fazer mais ou menos, a gente vai piorando o quadro. Eu não quero
naturalizar a favela, como essa favela que a gente vê, degradada. Mas
assim, eu acho que enquanto a gente não agir de forma contundente, a
gente vai se afastar de qualquer solução. Essa é a minha opinião.
Plateia (01): É muito grave quando vemos, por exemplo, o estado de
abandono na cidade do Rio de Janeiro, é o órgão responsável, né, por
toda concepção de planejamento estratégico e de desenvolvimento da
cidade, e...quer dizer, esse abandono, essa falta aí, de pensar políticas
públicas em afinidade com os preceitos das conferências, né,
internacionais, as conferências, pensar aí, na ausência de uma
aproximação maior das universidades com as comunidades, né, nós
também temos essa responsabilidade institucional, pela questão do
retrocesso, que foi, que é, o abandono de políticas de regularização
fundiária, de destinação da posse, de acesso, de regulação da
propriedade, enfim, todo o exercício da função social da propriedade
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PLANEJAMENTO E PARTICIPAÇÃO: ESTUDO DE CASO
PUR PENDOTIBA, NITERÓI – RJ
Cynthia Gorham 30
1. Introdução
30
Arquiteta e urbanista formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestra em Arquitetura e Urbanismo
pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Pesquisadora Associada do Núcleo de
Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos (NEPHU-UFF).
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
A Fundação Leão XIII foi criada em 1947 por decreto presidencial, com a proposta de recuperar
33
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34
Decreto nº 11.373/2013. Disponível em: <https://goo.gl/j89sBV>.
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6. O PUR Pendotiba
35
Lei nº 10.257/2001, artigos 2, inciso XIII e 43, inciso II.
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esforço em divulgar, mas que este nem sempre era percebido! Ora, em
se tratando de publicidade, se o público alvo não percebe a divulgação
isso é indício de que não houve divulgação eficiente ou esta foi malfeita.
36
Disponível em:
<https://www.facebook.com/pg/pauloeduardogomes.psol/photos/?tab=album&album_id=1017
404978315762>
37
Considera-se como usuários, as diversas pessoas que embora não moradores de Pendotiba, são
comerciantes ou trafegam diariamente cortando o bairro, provenientes dos municípios vizinhos.
Este aspecto em particular, da mobilidade pela vizinhança, será destacado adiante.
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8. Considerações finais
197
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9. Referências bibliográficas
199
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200
RESSUSCITA SÃO GONÇALO: A LUTA POR MORADIA NA
OCUPAÇÃO ZUMBI DOS PALMARES DO MOVIMENTO DOS
TRABALHADORES SEM-TETO
1
Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em
Serviço Social pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e
Desenvolvimento Regional da UFF. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em
Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadora no
Núcleo de Ensino e Pesquisa sobre Favelas e Espaços Populares (NEPFE-UFF).
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202
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203
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interessante porque a gente coloca 83%, mas nosso questionário era uma
pergunta aberta, não era aquela classificação do IBGE, então a gente tem
uma variação de cores, desde moreninho, mulato, cor de jambo. Por um
viés estatístico, eu achei melhor classificar em negros e brancos, negros
incluindo aí pretos e pardos e essas variações todas. O que percebemos
é a dificuldade da autodeclaração. Então essa porcentagem
provavelmente é muito maior. Isso implica na gente pensar a importância
da gente colocar a pauta da questão racial dentro dos movimentos sociais
porque a maioria daquela população é negra e sofre racismo e por vezes
ela não consegue nem identificar esse racismo porque elas não se
entendem enquanto negras.
Então uma das questões que eu boto como desafio na minha
dissertação é a gente trazer esse debate da questão racial pra dentro dos
movimentos sociais também e de fazer essa discussão com essas pessoas
que sofrem cotidianamente com o racismo. Então voltando, 50% dessas
mulheres são solteiras, que interromperam os estudos porque precisavam
trabalhar ou por causa do nascimento dos filhos, e relacionado à saúde,
83% não tem plano de saúde particular ou empresarial e 89% necessitam
do SUS pra ter acesso à saúde. A gente apresentou esses dados no
primeiro encontro estadual de acampamentos do MTST do Rio de
Janeiro.
O MTST tem um jornal que é o formigueiro, que eles apresentam
a população, e a gente do NEPFE construiu junto com eles apresentando
esses dados de forma acessível pra que as pessoas pudessem entender.
Porque também eu particularmente acho complicado a gente entrar no
território, colher dados e não dar retorno nenhum. Então nosso objetivo
foi construir esse jornal junto com o movimento e dar esse retorno aos
trabalhadores, até para eles entenderem que a demanda que eles colocam
não é individual, mas sim coletiva. Como a mobilidade urbana, a gente
colocou que tem trabalhadores que levam mais de duas horas pra ir e
voltar do trabalho todos os dias. A dificuldade do acesso à saúde, do
acesso à creche porque as mulheres quando dizem que teve que parar de
trabalhar pra cuidar dos filhos, isso significa que a gente não tem creche,
205
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
que o Estado não dá conta de acolher essas crianças para que as mulheres
consigam dar conta de suas condições de trabalho, etc.
Quem quiser colher mais esses dados, é só procurar a minha
dissertação, que tem esse recorte racial da Ocupação Zumbi dos palmares
e da ocupação 6 de abril, que aconteceu em São Gonçalo, inclusive a
gente tem uma outra ocupação do MTST que está acontecendo
atualmente em Niteroi, que ela é um reflexo da ocupação 6 de abril e da
Zumbi dos palmares, que até hoje a gente não viu nenhum tijolo. Então
essa ocupação que tá acontecendo hoje é um reflexo da falta de
compromisso tanto dos governos municipais como do governo federal
que acabou com o Minha Casa Minha Vida na modalidade entidades.
Então é isso, quem quiser saber mais, a gente conversa.
Debates
Plateia (01): Então, não é uma pergunta, é mais uma contribuição
mesmo, um comentário. A Cynthia falou da preocupação de uma
Universidade que tá pra além dos muros, que a gente tenha uma
experiência na universidade que esteja comprometida com a cidade. E
eu acho que tem muito a ver com a fala da Camila nesse sentido né, eu
faço parte do mesmo Núcleo de pesquisa que a Camila e essa experiência
no MTST é uma experiência que dá frutos numa dissertação da Camila,
mas que é um trabalho que a gente tem uma preocupação de voltar pra
população e eu acho que a gente tem sido muito feliz com as experiências
de extensão. Acho que a gente tem conseguido construir praticas dentro
da universidade que estejam a serviço da comunidade e a gente começar
a refletir sobre os lugares que a gente vive. A Camila fala de uma cidade
em que ela vive que não tem experiência nenhuma política, como a
cidade que ela teve contato com o MTST e o quanto a extensão é
importante nesse sentido. Da gente não pensar no espaço só como
pesquisador, mas da gente pensar no espaço como uma experiência em
que a gente ta refletindo sobre o nosso lugar de vida. Acho que a pesquisa
e a extensão, muito no núcleo que eu faço parte é muito forte na vida dos
alunos, eu começo a pensar no lugar que eu tô na cidade depois da
206
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207
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
que são os trabalhadores mais pobres, porque com essa conjuntura que
hoje tá desse jeito e amanhã a gente não sabe o que vai acontecer, com
esse avanço do conservadorismo, a gente tem cada vez mais dificuldade
em estabelecer uma base hegemônica no movimento. Acho que são as
principais dificuldades do MTST.
Plateia (03): Sobre a questão de Pendotiba, eu acho que vale como a
gente como técnico dar uma boa solução técnica para aquele espaço
urbano, sem que você negue voz a população. Você falou do
espraiamento, o espraiamento vem sendo criticado desde a década de 60,
você tem bons autores discutindo sobre a questão urbana na cidade e
sobre como as cidades espraiadas causam um problema de subutilização
da infraestrutura urbana e isso sai caro e todo mundo vai pagar porque
alguém quer morar muito longe e a água vai ter que chegar lá, o
transporte, há também um uso excessivo do carro porque a pessoa mora
longe a gente não tem bons transportes públicos, e aí a gente tem todo
um foco de usar o carro. Acho que uma das questões é como você
consegue mostrar pra população que de repente não é a melhor solução
sem que você esteja negando a ela a voz porque também não funciona
fingir que ta sendo participativo e ouvir a pessoa e ela falar que não
gostou e você fingir que nada acontece, que é o que acontece em 90%
dos processos participativos do país, que você faz uma audiência publica,
finge que foi participativo e faz aquilo que já queria ter sido feito mesmo.
Plateia (04): Eu acho que essa questão do espraiamento é uma coisa
muita interessante e eu acho que como arquiteta eu sempre parti do
principio que o cliente tem sempre razão. E a gente vive numa sociedade
capitalista que o dinheiro rege. Então o custo da infraestrutura passa a
ser determinante ao invés do desejo da população de morar de uma
determinada maneira. Então eu acho que a questão da infraestrutura de
saneamento é uma coisa mais grave que não tem muita saída, mas a
mobilidade tem saída. No caso de Pendotiba, por exemplo, que é entre
dois morros, você poderia ter ali um transporte de alta capacidade e
algum sistema que possibilitasse as pessoas não precisarem ir até o Largo
da Batalha pra descer pra Niterói. Há soluções sim só que não interessa
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209
ESTADO, TERRITÓRIO E COTIDIANO NO COMPLEXO DE
FAVELAS DA MARÉ
Eblin Farage 39
39
Assistente Social. Doutora em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ). Mestra em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Professora da Escola de Serviço Social da Universidade Federal
Fluminense (UFF).Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e
Espaços Populares (NEPFE).
40
Por décadas as favelas foram consideradas de forma homogênea em especial no que
tange a sua conformação espacial, definida quase sempre como espaços íngremes, de
residências precárias e ausência de serviços públicos. A despeito da representação
construída e da pretensa homogeneidade, as favelas cariocas se caracterizam por sua
complexidade e diversidade, tanto internamente, como no complexo de favelas da
Maré como entre as diferentes favelas do Rio de Janeiro. Sua singularidade se dá pela
diferenciação em investimentos públicos, pela conformação espacial, pela
composição dos moradores (com origem distinta), pelas diferentes formas de
trabalho, consumo, lazer etc. Até 1950 o poder público, pela ausência de pesquisas
sobre as favelas, caracterizou esses territórios de forma homogênea, o que se reflete
na definição de favela do Censo do IBGE de 1950. Apesar de ser ter avançado nas
pesquisas e compreensões sobre esses territórios, ainda hoje o poder público continua
a definir as favelas pela negatividade e com base na homogeneização dos territórios
como demonstra a definição do Censo IBGE 2010.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
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Entendendo como Cidadão o ser da cidade, da polis, que pode usufruir de todos os
espaços, serviços e direitos.
212
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Segundo Valladares (2005), a favela foi considerada pela primeira vez em sua
heterogeneidade, a partir do estudo desenvolvido pela Sociedade de Análises Gráficas
e Mecanográficas Aplicadas aos Complexos Sociais (SAGMACS), realizado no final
da década de 1950 e publicada pelo jornal O Estado de São Paulo em 1960, intitulado
“Aspectos humanos da favela carioca”. Até essa década todas as ocupações
irregulares eram consideradas exatamente iguais e com as mesmas necessidades,
desconsiderando os distintos processos de ocupação dos territórios da cidade e as
especificidades da população.
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DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
43
Organização não governamental, criada em 2001, com sede na Maré e atuação
nacional. Caracteriza-se por ser “uma organização social de pesquisa, consultoria e
ação pública dedicada à produção do conhecimento e de proposições políticas sobre
as favelas e fenômenos urbanos. O Observatório busca afirmar uma agenda de
Direitos à Cidade, fundamentada na ressignificação das favelas, também no âmbito
das políticas públicas”. (Disponível em www.observatoriodefavelas.org.br, acessado
em 19 de fevereiro de 2012).
218
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Bibliografia
219
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
220
VIDIGAL VIP S.A.: SEGREGAÇÃO E MERCANTILIZAÇÃO
PACIFICADA NUMA FAVELA DO RIO DE JANEIRO
Nathalia Carlos 44
44
Integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares
(NEPFE-UFF) e militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
222
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223
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227
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
dele de São Paulo quando vierem pra cá. E aí, no final, ele fala que fez
questão de contratar os moradores da comunidade pra trabalharem na
obra. Então, essa relação subalternizada e essa forma de segregar ali
dentro ela é muito forte.
Eu vou ter que agora escolher o que que eu vou falar pra não
estourar muito o tempo.
Bom, e aí, assim, uma das coisas que eu acho que vale à pena
destacar é que durante muito tempo a gente reproduziu a ideia de que a
UPP é o fator que começou a determinar essa expulsão dos moradores,
esse processo que tem sido apontado como um processo de gentrificação,
vem sendo abordado pelo conceito de gentrificação. Eu acho que,
realmente, que são bem semelhantes aos processos que vêm sendo
abordados pelo conceito de gentrificação.
Eu defendo que não, que a UPP é somente o braço armado de um
processo que é muito maior, muito mais complexo, muito mais amplo,
que vai desde não só a especulação imobiliária, que por si só é um agente
de ex-possessão que vai provocar a remoção discreta, indireta, mas muito
acelerada. Mas também, porque junto com o mercado imobiliário entra
a indústria de turismo que vai territorializar aquele lugar, então, vai
também encarecer o custo de vida. Entra também, na verdade, na
contramão daquilo que Milton Santos chamava de circuito inferior do
mercador urbano, que é muito comum nas favelas. Aqueles comerciantes
locais, enfim, aquelas infraestruturas que são criadas ali de serviços.
Com a UPP, entram as Casas Bahia, em detrimento ao pequeno
comerciante de imóveis. Com a UPP, sai a distribuição da internet que
era tocada por uma figura super conhecida no Vidigal, uma agência de
internet bem do local, por uma grande empresa que explora todas as
favelas que tiveram UPP. Com a UPP, vem a proposta de privatização
da água no Vidigal. Com a UPP, vem o relógio que não mede o consumo
de luz, que a cobrança de luz não é pelo consumo, mas é uma cobrança
lá absurda, que inviabiliza o orçamento das famílias.
E, além disso, encerrando mesmo depois no debate a gente pode
tentar trazer outros elementos, essa territorialização do capital, que vai
228
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
229
O DIREITO ACHADO NA FAVELA: A DINÂMICA DO
PLURALISMO JURÍDICO NA FAVELA DO VIDIGAL
45
Professor de Direito Constitucional na Universidade Estácio de Sá (UNESA). Mestre
em Direito pela UNESA. Advogado.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
232
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
233
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
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235
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
Debates
Plateia (01): Meu nome é Igor, sou mestrando da Estácio também. Morei
durante muitos anos na cidade de Deus, até os 22 anos de idade. A minha
pesquisa é sobre esse contexto de pacificação, porém, com enfoque no
direito penal e processo penal, que é a área que atuo, pois sou advogado
criminalista. Determinado aspecto da sua fala me chamou a atenção, que
236
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
237
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
238
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
para o outro, por meio de seu olhar, dos caminhos que cada um perpassa.
Então essa é a mensagem que o seminário deixa para cada um de nós e
que possamos ser essas luzes de esperança, de respeito e que possamos
caminhar nessa perspectiva, fazendo com que tenhamos de fato um
Estado construído por todos. Agradeço a todos!
239
- VII -
GRUPOS DE TRABALHO (GTs)
46
Mestranda, PPGAU - UFF. gabriela.scn@gmail.com.
http://lattes.cnpq.br/3262208193792811
47
Mestranda, PPGAU - UFF. isabela.scn@gmail.com.
http://lattes.cnpq.br/7532127404574838
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
48
Lei nº 6371, de 27 de Dezembro de 2012. Disponível em:
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/CONTLEI.NSF/b24a2da5a077847c032564f4005d4bf2/
db59b6488550bd2383257af60056f7c7?OpenDocument
242
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
243
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
A chamada região da “Costa Verde” é formada pelos municípios de Angra dos Reis,
49
Paraty, Mangaratiba, Itaguaí e Rio Claro. Tem essa denominação pois é uma região
onde a Serra do Mar encontra o Oceano Atlântico e ambos se confundem de forma
única. (Secretaria de Estado de Turismo - SETUR)
244
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
245
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
246
TRANSOCEÂNICA E DIREITO À CIDADE: ANÁLISE DA
PARTICIPAÇÃO POPULAR NO ESTUDO DE IMPACTO DE
VIZINHANÇA
50
Mestre em Direito pela Universidade Gama Filho, Especialista em Gerenciamento
Ambiental pela Unigranrio, Doutorando em Direito pela Universidade Estácio de Sá.
Pesquisador colaborador do Grupo de Iniciação Científica “Transoceânica e Direito
à Cidade, aprovado no edital PIBIC 2017 pela Universidade Estácio de Sá
(Orientador: Prof. Msc. Marcelo dos Santos Garcia Santana). E-mail:
eraldo.brandao@estacio.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0075889412232339.
51
Aluno do Curso de Pós-graduação em Gestão da Administração Pública na
Universidade Federal Fluminense. Aluno do Curso de Graduação em Direito na
Universidade Estácio de Sá, Campus Oscar Niemeyer, Niterói III. Aluno orientando
do Grupo de Iniciação Científica “Transoceânica e Direito à Cidade”, aprovado no
edital PIBIC 2017 pela Universidade Estácio de Sá (Orientador: Prof. Msc. Marcelo
dos Santos Garcia Santana). E-mail: moisescastroalves@yahoo.com.br. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7449559948337838.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
52
Informações disponíveis no sítio da Prefeitura de Niterói.
<http://www.niteroi.rj.gov.br>. Acesso em 15.mai.2017.
248
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
249
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
250
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
251
A APROPRIAÇÃO E PRODUÇÃO DE ESPAÇOS PÚBLICOS
PELO ATIVISMO SOCIAL
53
Mestranda do Programa de Engenharia Urbana, Escola Politécnica da UFRJ.
anacarol@poli.ufrj.br - http://lattes.cnpq.br/7360696802284014
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
254
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
2. O Direito à Cidade
255
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
256
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Referências Bibliográficas
257
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
258
O PROCESSO DE FAVELIZAÇÃO E O SENTIDO DA
MODERNIZAÇÃO PERIFÉRICA NO BRASIL
54
Graduando em filosofia pela UNIRIO; thiago7barboza@gmail.com;
http://lattes.cnpq.br/5945209036177550
55
Professor da faculdade de filosofia na UNIRIO; oliveira.rocha.pedro@gmail.com;
http://lattes.cnpq.br/1121255042657241
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
56
“Uma segunda objeção retira seu argumento do fato de que comparado ao rendimento
auferido no campo (sob qualquer forma, salário, renda da terra, produto das ‘roças’
familiares etc.) o salário mínimo das cidades era sem dúvida superior, o que, dada a
extração rural dos novos contingentes que afluíam às cidades, tornou-se um elemento
260
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Maricato frisa que devido aos baixos salários - que não suprem
todas as necessidades de subsistência da classe trabalhadora em meio
urbano - não há alternativa para a massa de trabalhadores que migra do
campo para a cidade, senão, a autoconstrução - pois ao contrário da
cultura na zona rural de construir casas através de mutirões - essa massa
trabalhadora que migra do campo para a cidade, se torna uma massa
assalariada e integrada na economia urbana industrial capitalista, ou seja,
autoconstrução é uma necessidade material, porém não é a única, a
autora também salienta que meios de consumo coletivos passam a fazer
parte da necessidade da reprodução da força de trabalho dessa população
trabalhadora.
Maricato faz uma comparação com os países capitalistas centrais,
cujo custo da habitação - seja ela do mercado imobiliário privado, seja
pelo Estado que financia e produz habitações acessíveis para os
trabalhadores - é coberta pelo salário do trabalhador, e com os países
dependentes, em que os salários não cobrem os custos da habitação no
mercado imobiliário privado, logo, segundo Maricato, essa população de
trabalhadores usa os únicos recursos que possuem para atender as suas
necessidades de habitação, i.e, através dessa herança do tradicional
hábito rural do mutirão – que Francisco de Oliveira chama de
“sobrevivência de práticas de ‘economia natural’” – é que nasce a
autoconstrução.
Maricato diz que a autoconstrução é um exemplo para
compreender a tese de Francisco de Oliveira, em que consiste na
integração de setores atrasados da sociedade no processo de acumulação
do capital, que tem seu eixo na grande indústria; nossa autora continua
citando Oliveira, que diz que a expansão do capitalismo acontece
imprimindo relações novas no arcaico, bem como reproduzindo relações
arcaicas no novo, senso assim, introduzindo novas relações no arcaico,
261
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
262
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Bibliografia
263
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
264
GESTÃO JUSAMBIENTAL DAS CIDADES: UMA CIDADE
PARA PESSOAS
1. Objetivos
2. Metodologia
57
Doutoranda em Direito pela UNESA/RJ, Mestre em Direito pela Universidade
Federal de Sergipe (UFS), Advogada, graduada em Direito pela Universidade
Tiradentes (UNIT, 1998); Professora do Curso de Graduação em Direito da
Universidade Estácio de Sá (SE). Email: profsamiradaud@gmail.com, CV:
http://lattes.cnpq.br/2651480713139228.
58
Doutorando em Direito pela UNESA/RJ. Mestre em História pela PUC/RS e Mestre
em D. Internacional pela UAA/PY. Professor da FARO – Faculdade de Rondônia e
da FCR - Faculdade Católica de Rondônia. Ex-Secretário Geral Adjunto e Ex-
Ouvidor Geral da OAB/RO. Email: wgustavolemos@hotmail.com, CV:
http://lattes.cnpq.br/1470744404621370
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
3. Abordagem teórica
266
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
59
A ideia de sistemas aqui utilizada é no sentido único de demonstrar a
interconectividades dos elementos de uma cidade, tais como o elemento social,
econômico, jurídico, ambiental, dentre outros.
267
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
268
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
4. Conclusões
269
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
5. Referências bibliográficas
270
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
271
A OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS PÚBLICOS COMO
RESISTÊNCIA À CRISE DO CAPITALISMO: UMA ANÁLISE
A PARTIR DAS JORNADAS DE JUNHO DE 2013
60
Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade
de Caxias do Sul. Especialista em Política e Planejamento Urbano pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Bacharela em Direito pela Universidade de Caxias do Sul.
E-mail: renata.mascarello@hotmail.co.uk. Currículo Lattes:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8788316Z8.
61
Mestrando em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Política e
Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Especialista em Política e Planejamento Urbano pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro. E-mail: guilhermechalo@gmail. Currículo Lattes:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4328439U2.
62
Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal
de Minas Gerais. Especialista em Política e Planejamento Urbano pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Bacharela em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade
Federal de Minas Gerais. Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo das
Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros. E-mail:
stephanie.assaf@gmail.com. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3127860158911675.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
1. Introdução
274
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
2. Objeto e objetivos
275
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
3. Metodologia
4. Referencial teórico
276
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
277
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
5. Resultados e conclusões
278
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
6. Referências bibliográficas
279
DISPUTAS PELO ESPAÇO URBANO A PARTIR DO LEMA
“BÍBLIA SIM, CONSTITUIÇÃO NÃO”
63
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional (PPGDC) da
Universidade Federal Fluminense. Email: claudiolreis@yahoo.com.br. Currículo
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6115915110325543
64
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional (PPGDC) da
Universidade Federal Fluminense. Email para contato: matheusguimaraes@id.uff.br.
Link para currículo na plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/9903592158843864
65
Graduanda da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Email para contato: pallomaborges@id.uff.br. Link para currículo na plataforma
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3233919278041806
66
O Ministro Edson Fachin, relator do caso, votou no sentido de prover o recurso
compreendendo que a conduta de Tupirani, em que pese ser repudiável, não pode ser
considerada típica pois se insere no embate entre as religiões e que se relaciona com
o exercício da liberdade religiosa.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
seguidores e visibilidade . 68
282
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
283
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
fosse possível concentrar em uma única ideia este mundo
plural do pixo, esta seria: este muro, este prédio, esta
propriedade não é sua. Não reconhecemos essa cerca. A
cidade não tem dono e tal tinta depositada nas ruas traduz
a inversão da alma urbana através do ícone “meu” no
espaço “nosso”. Se na estrutura jurídica e nas pautas dos
telejornais o pixo é imposto como atividade criminosa
seria prudente um esclarecimento vindo da fala e da
postura dos donos dos traços, cores e tintas negando a
imagem de figuras do crime e assumindo a postura de
revolucionários munidos de sua indecifrável estética do
caos.
284
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Existem várias passagens da Bíblia Cristã que retratam este tema. Uma é bastante
69
um livro.
285
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
Referências Bibliográficas
286
A TRIBUTAÇÃO COMO MEIO DE DETERMINAÇÃO DA
OCUPAÇÃO DO ESPAÇO URBANO - Análise sobre as alterações
promovidas pela Lei 6.250/17, que altera a tributação do IPTU, na
cidade do Rio de Janeiro
71
Mestranda em Direito Constitucional pelo PPGDC da Universidade Federal
Fluminense e cursa especialização em Direito Tributário pela Escola de Magistratura
do Estado do Rio de Janeiro. http://lattes.cnpq.br/2850579128132845 Telefone: 021
99600-8783 Email: pdpita@gmail.com.
72
Advogado, graduado pela Universidade do Grande Rio e cursa especialização em
Direito Tributário pela Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro.
http://lattes.cnpq.br/0325736621037175 Telefone: 021 98112-7024 Email:
marcosribeiro.mr@hotmail.com.
73
Rio de Janeiro. Lei n. 6.250/17, de 28 de setembro de 2017. Diário Oficial do
Município do Rio de Janeiro, RJ, 29 de setembro de 2017, p.3.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
288
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
289
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
elementos da tradição da política liberal, voltada à
promoção da impessoalidade e homogeneidade no espaço
público, pautada por políticas de urbanização de conotação
empresarial (SASSEN, 1998, passim). Assim, embora haja
o reconhecimento de uma importante e renovada gama de
direitos de cidadania, estes persistem negligenciados na
prática pelo poder público, que, paralelamente, instituem
normatividades legitimadoras de posturas de exclusões e
desigualdades sociais. (BELLO, 2011, p. 4).
290
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Referências bibliográficas
291
A LUTA PELO DIREITO À CIDADE: UMA EXPERIÊNCIA
VIVIDA ATRAVÉS DO NEPFE NAS OCUPAÇÕES ZUMBI DOS
PALMARES E 06 DE ABRIL DE 2010
74
Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Favelas e Espaços Populares
(NEPFE). E-mail: carolinedassouza@hotmail.com.Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8567511748228206
75
Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Favelas e Espaços Populares
(NEPFE).E-mail: marianacsandrade@live.com. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8172643033390261
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
294
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
295
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
76
Como expresso no artigo 23 da Constituição de 1988: "É competência comum da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] IX – promover
programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de
saneamento básico;"
296
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Referências
297
CIDADE E GÊNERO: uma reflexão sobre os conflitos entre o
desenvolvimento urbano e uma cultura generificada
77
Advogado e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional na
Universidade Federal Fluminense. Contato: feliperpaiva@hotmail.com, Link para
Currículo Lattes:
https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=BC20D72F26075192
1710E0BDE5BD0010#
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
300
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
301
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
acumulação dos homens à do capital, a articulação do
crescimento dos grupos humanos à expansão das forças
produtivas e a repartição diferencial do lucro foram, em
parte, tornados possíveis pelo exercício do bio-poder com
suas formas e procedimentos múltiplos. (FOUCAULT,
1998, p. 133)
302
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
303
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
Referências bibliográficas
304
A EMANCIPAÇÃO HUMANA E AS PRÁTICAS DE
CIDADANIA NA COMUNIDADE “CIDADE DOS MENINOS”
78
Mestre em Direito e Teoria do Direito pela Universidade Presidente Antônio
Carlos/MG, Especialista em Direito Público pela Universidade Estácio de Sá/RJ,
Doutorando em Direito pela Universidade Estácio de Sá/RJ.E-mail:
marcelo.santana@estacio.br Lattes: http://lattes.cnpq.br/8778362780841489.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
306
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
307
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
não pode esvaziar sua carga utópica. Construir uma teoria crítica de
direitos humanos que vá além do patamar reivindicativo, mas que
mergulhe em uma nova dimensão política, possibilitando a construção
de novas práticas sociais, econômicas, políticas e culturais, antagonistas
das injustiças promovidas pela ordem global.
Em termos de resultados preliminares, se pôde compreender com
a leitura de documentos e notícias divulgadas, que as famílias que vivem
na Cidade dos Meninos desde a sua fundação e as que recentemente
ocuparam o local sofrem todo tipo de pressão dos poderes públicos local,
308
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
309
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
Referências bibliográficas
310
UNIVERSIDADE COMO ALTO-FALANTE: UMA QUESTÃO
DE DAR VOZ OU DE TER OUVIDOS? - Tecnologias Sociais de
Inovação em Direito em Favelas de Niterói e São Gonçalo
80
Mestrando no Programa de Sociologia e Direito na Universidade Federal Fluminense
- UFF; igorp@id.uff.br; http://lattes.cnpq.br/2044161073265234
81
Bacharel em Direito pela Universidade Federal Fluminense - UFF;
izabelafs@id.uff.br; http://lattes.cnpq.br/0926143726886981
82
Bacharelanda em Direito pela Universidade Federal Fluminense - UFF;
luanabraganca@yahoo.com.br; http://lattes.cnpq.br/2390102122224983
83
Bacharelando em Direito pela Universidade Federal Fluminense - UFF;
m.penteadons@gmail.com ;http://lattes.cnpq.br/6307341758559474
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
312
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
jogavam com seus vizinhos, apenas quando iam para capital sob a
proteção do “espaço neutro” da CUFA.
Como resposta a esse problema autonomamente percebido
lideranças de 13 favelas da região (Niterói, São Gonçalo e Itaboraí)
criaram a Liga das Comunidades, realizando a I Copa das Comunidades
no campo do batalhão da PMERJ em Niterói - local escolhido
cirurgicamente pelo receio existente entre juntar times de favelas
dominadas por facções diferentes.
Destarte, considerando a cidade como uma:
313
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
314
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
315
GT II – CIDADES, SEGURANÇA PÚBLICA E CONTROLES DE
TERRITÓRIO – RACISMO INSTITUCIONAL
84
Assistente Social graduada pela UFF em 2008, Especialista em Políticas Sociais e
Intersetorialidade pelo IFF/FioCruz e UNIRIO em 2018, Mestranda do Programa de
Pós Graduação em Serviço Social da UFRJ. Contratada da Secretaria de Assistência
Social e Direitos Humanos de Niterói. Email: dayana.seso@gmail.com; Link de
acesso a plataforma Lattes: http//lattes.cnpq.br/4398657846663854
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
318
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
319
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
320
RESISTIR E LUTAR: A FAVELA COMO LOCAL DE
RESISTÊNCIA - Breve análise sobre as prisões de tráfico de
drogas no Estado do Rio de Janeiro
85
Mestrando em Direito Constitucional pelo PPGDC da Universidade Federal
Fluminense.
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4202570Y6.email:brun
ojssilva@yahoo.com.br.
86
Mestrando em Direito Constitucional pelo PPGDC da Universidade Federal
Fluminense e bacharelando em Sociologia pela Universidade Federal Fluminense.
Integrante do Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Estado e Cidadania.
http://lattes.cnpq.br/7653784295977326. Email:caio.guerra@terra.com.br.
87
Mestrando em Direito Constitucional pelo PPGDC da Universidade Federal
Fluminense. http://lattes.cnpq.br/1510386971909726. Email:
thomazbritto@hotmail.com.
88
Bacharelanda em Sociologia pela Universidade Federal Fluminense.
http://lattes.cnpq.br/2098234067062346 Email: nilmara.calazans00@gmail.com
89
Bacharelanda em Sociologia pela Universidade Federal Fluminense.
http://lattes.cnpq.br/9429920700836928. Email:melbarbosa01@gmail.com
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
90
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/morar-em-favela-do-rio-e-
agravante-em-condenacao-por-trafico-de-drogas.shtml. Acessado: 02/05/2018
322
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
92
Possui graduação (2002), mestrado (2007) e doutorado (2011) em Direito pela
Universidade de São Paulo. Foi professora de direito penal na Universidade Federal
do Rio de Janeiro e de direito penal e criminologia na Faculdade de Direito da
Fundação Getúlio Vargas-RJ. Atualmente, é diretora de estudos e pesquisa de acesso
à justiça na Defensoria Pública do Rio de Janeiro e vice-presidente do Conselho
Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro. É autora do livro "Avaliação legislativa e
direito penal: uma reconciliação entre o direito e a política criminal". Fonte:
https://www.escavador.com/sobre/735016/carolina-dzimidas-haber
Acessado:02/05/2018
93
https://www.conjur.com.br/2018-abr-27/morar-favela-aumenta-chance-acusacao-
associacao-trafico Acessado: 02/05/18
323
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
Bibliografia
324
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
325
A CIDADE SITIADA: ASPECTOS CONTROVERSOS DO
DECRETO DE INTERVENÇÃO FEDERAL NO TERRITÓRIO
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
94
Graduada em Ciências Sociais (IFCS/UFRJ), Direito (UERJ) e História (UFRJ).
Especialista em Direito Especial da Criança e do Adolescente (UERJ). Mestra em
Direito da Cidade pela UERJ. Professora das Universidades Candido Mendes e
Estácio de Sá.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
328
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
329
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
330
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Referências
331
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
332
FAVELAS NO RIO DE JANEIRO: ESTADO DE EXCEÇÃO E
PLURALISMO JURÍDICO
95
Mestrando em Direito Público e Evolução Social pela Universidade Estácio de Sá
(PPGD-UNESA).
96
Mestra em Direito Constitucional pela Universidade Federal Fluminense (PPGDC-
UFF).
97
Graduanda em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
334
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
98
A esse complexo normativo dá-se o nome de “direito da favela” (MAGALHÃES,
2010, p. 122).
335
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
99
Preâmbulo da Constituição Federal de 1988:
336
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Referências
337
INTERVENÇÃO FEDERAL E O NÃO CABIMENTO DOS
MANDADOS DE BUSCA E APREENSÃO COLETIVOS
100
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional da
Universidade Federal Fluminense (PPGDC/UFF).
101
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional da
Universidade Federal Fluminense (PPGDC/UFF).
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
340
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
102
Nota Técnica Conjunta nº 01/2018 expedida pela Procuradoria Federal dos Direitos
do Cidadão (PFDC) e a pela Câmara Criminal do Ministério Público Federal (2CCR).
Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/temas-de-
atuacao/direitos-humanos/atuacao-do-mpf/nota-tecnica-conjunta-pfdc-e-2a-ccr-1-
2018. Acesso em 05 de maio de 2018.
341
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
Referências
342
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
http://justificando.cartacapital.com.br/2018/02/21/intervencao-federal-
irregular-na-seguranca-publica-no-rio-de-janeiro/ Acesso em 05 de maio
de 2018.
SERRANO, Pedro Estevam Alves Pinto. Autoritarismo e Golpes na
América Latina:Breve ensaio sobre jurisdição e exceção. São Paulo:
Ed. Alameda, 2016.
343
BELFORD ROXO: ANÁLISE DA PROBLEMÁTICA URBANA
NUMA JOVEM CIDADE PERIFÉRICA
103
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social – UFRJ, Aluna do
curso de especialização em Movimentos Sociais do Núcleo de Estudos em Políticas
Públicas em Direitos Humanos – NEPP-DH/ UFRJ e Assistente Social pesquisadora
do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Favelas e Espaços Populares – NEPFE/ UFF.
104
A autora faz uma análise da Baixada Fluminense, como expressão do modelo núcleo-
periferia no prefácio do livro: “Escavando o passado da cidade: História política da
cidade de Duque de Caxias”, de Marlúcia Santos Souza, 2014.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
105
“A lei do desenvolvimento desigual e combinado é uma lei científica da mais ampla
aplicação no processo histórico. Tem um caráter dual ou, melhor dizendo, é uma fusão
de duas leis intimamente relacionadas. O seu primeiro aspecto se refere às distintas
proporções no crescimento da vida social. O segundo, à correlação concreta desses
fatores desigualmente desenvolvidos no processo histórico”. (NOVACK, 2008, p. 17-
18).
106
Para fins metodológicos, Maurício de Abreu dividiu a Região Metropolitana do Rio
de Janeiro em quatro faixas de limites imprecisos: núcleo, periferia imediata,
periferia intermediária e periferia distante. Segundo o autor, periferia intermediária
é aquela através da qual a metrópole se expande. Para ver mais: Abreu (2013).
346
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
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DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
348
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
349
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
Referências
350
GT 3 – CIDADE, CULTURA, RESISTÊNCIA E IDENTIDADES
107
Mestranda do PPGDC-UFF. E-mail: mariaclaracosati@gmail.com.
108
Mestrando do PPGDC-UFF.
109
Mestranda do PPGDC-UFF.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
352
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
353
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
354
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Referências
355
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
356
CIDADE, MULHER E EDUCAÇÃO: O PAPEL FEMININO NA
LUTA PELA OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS SOCIAIS A PARTIR
DA PARTICIPAÇÃO COMO FORMA DE RESISTÊNCIA (UM
ESTUDO EMPÍRICO DA OCUPAÇÃO POVO SEM MEDO DE
SÃO BERNARDO DO CAMPO)
110
Mestra no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Constitucional da
Universidade Federal Fluminense (PPGDC-UFF).
111
Mestra no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Constitucional da
Universidade Federal Fluminense (PPGDC-UFF).
112
Mestranda no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Constitucional
da Universidade Federal Fluminense (PPGDC-UFF).
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
113
Povo Sem Medo é o nome dado às diversas ocupações urbanas coordenadas pelo
MTST em todo o Brasil, dentre elas a que se desenvolveu em São Bernardo do
Campo, região metropolitana de São Paulo (ABC paulista), no período de setembro
de 2017 a abril de 2018. Tal ocupação teve início na madrugada do dia 01 para o dia
02 de setembro de 2017 e ocupou um terreno de 70 mil m² - sem função social há 40
anos e com uma dívida de IPTU em R$ 50.000,00 -, de propriedade da Construtora
MZM. A plataforma Povo Sem Medo surgiu no âmbito da Frente Nacional de
Mobilização Povo Sem Medo, fundada em outubro de 2015, e pode ser definida, de
acordo com informações veiculadas em seu próprio site, como uma “frente unitária
de movimentos sociais que tem como maior objetivo a realização de amplas
mobilizações populares”. Dentre os movimentos sociais que a integram, está o
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
114
De acordo com uma pesquisa realizada com as famílias da Ocupação de São Bernardo
do Campo, de setembro a outubro de 2017, pelo Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
358
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
359
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
115
Trata-se de declaração de ocupante da Ocupação Povo Sem Medo quando da
realização de pesquisa empírica para construção da dissertação de mestrado de Cecília
Bojarski Pires (2019). Será preservado o sigilo da fonte.
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Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Ocupação trouxe esperança para sua vida, pois uma vez ali dentro, ela
pode perceber que mais do que uma moradia, é preciso lutar por justiça
social e por igualdade. Assim, o ambiente da Ocupação, que reúne
pessoas que são historicamente discriminadas e que se desenvolve em
uma dinâmica de não discriminação, colabora para o processo de
aceitação e de empoderamento da mulher negra.
Neste sentido, cumpre enfatizar, conforme sinalizado por Helio
Gallardo (2014, p. 109), que, para que se estabeleça uma cultura de
direitos humanos, impõe-se transformar não só as concepções
educativas, mas também suas práticas, de modo a conceber como
espaços educativos não só aqueles institucionalmente formatados para
tal, ou seja, escolas e universidades, mas também o da família, dos
bairros, das igrejas, da atividade econômica, do Estado – em síntese: das
116
Trata-se de declaração de liderança da Ocupação Povo Sem Medo quando da
realização de pesquisa empírica para construção da dissertação de mestrado de Cecília
Bojarski Pires (2019) Será preservado o sigilo da fonte.
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Trata-se de declaração de ocupante da Ocupação Povo Sem Medo quando da
realização de pesquisa empírica para construção da dissertação de mestrado de Cecília
Bojarski Pires (2019) Será preservado o sigilo da fonte.
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DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
362
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
Referências
363
A QUESTÃO DOS POVOS INDÍGENAS EM ÁREAS URBANAS:
REPRESENTATIVIDADE E OS DESAFIOS DECORRENTES
DO FENÔMENO MIGRATÓRIO
118
Graduanda em Relações Internacionais pela PUC-Rio e Graduanda em Segurança
Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
119
Mestre em Direito Constitucional pelo Programa de Pós-Graduação em Direito
Constitucional da Universidade Federal Fluminense.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
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Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
367
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
Referências
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Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
369
O OLHAR ESTÉTICO DO AFETO
120
Mestre e doutoranda no PPGD-UFRJ.
121
Professora Doutora Urbanismo UFF.
122
Professor Doutor Università Del Salento, Itália.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
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Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
373
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
374
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
375
MULHERES E CIDADES: ESPACIALIDADES,
SUBJETIVIDADES E R-EXISTÊNCIAS PELO DIREITO À
CIDADE
123
Geógrafa pela UERJ, Mestre em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ) e
Doutoranda em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFF.
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
378
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
379
DESLOCAMENTOS E SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL EM
NOVA FRIBURGO: A PRECARIZAÇÃO DO DIREITO À
CIDADE. O CASO DO CONJUNTO HABITACIONAL TERRA
NOVA
1
Graduado em História pela Universidade Federal Fluminense.
O DIREITO ACHADO NA FAVELA: O DIREITO REAL DE
LAJE E SEUS DESDOBRAMENTOS FACTUAIS
1
Mestre em Direito. Professor de Direito Constitucional e Internacional na
Universidade Estácio de Sá. Advogado. lattes:
http://lattes.cnpq.br/6853145677258197
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
384
Enzo Bello, Cecília Bojarski Pires, Pedro Curvello Saavedra Avzaradel
385
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
Referências
2
A expressão “sem papéis”, em francês “sans papiers”, refere-se a estrangeiros sem
documentos.
386
DIREITO À CIDADE: espaços de esperanças nas cidades de exceção
387