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História da Umbanda

A Umbanda é uma religião brasileira ou, afro-brasileira, pois nela se encontram


varias partes de varias religiões e cultos. Sendo que a maior parte vem da
África; é a raiz mais forte.

No tempo da escravidão, os negros escravos, eram proibidos de cultuarem os


seus deuses africanos, pois a ignorância da igreja católica daquela época, dizia que os
Orixás, não passavam de demônios. Por isso o sincretismo religioso com os santos da
igreja católica, pois os negros escravos eram obrigados a se converterem ao catolicismo,
muitas vezes até mesmo no tronco, com o apoio de alguns sacerdotes da religião católica,
dizendo ser uma espécie de exorcismo. Quando os escravos se passavam por convertidos,
eles comparavam a história ou lenda de um Orixá, com a história ou lenda de um santo
católico, e, também o que cada um representava. Pois uma religião de apenas dois mil
anos como a católica, não pode destruir a crença em uma religião de mais de dez mil
anos, que é a crença na religião dos Orixás. Desta forma, os negros diziam ser católicos,
mas continuavam a cultuarem os seus deuses bem escondidos, pois se fossem
descobertos, poderiam ser até mesmo mortos.
A Umbanda é uma religião que tem como força vital, todas as energias da natureza,
depois do grande poder supremo, Olorum, que é o deus maior, a energia suprema.
Todos os Orixás possuem um domínio em determinado elemento da natureza, por isso, a
importância de se preservar e respeitar tudo que possua vida, pois sem os elementos da
natureza, não seria possível a nossa existência.

A Umbanda além de ter sincretizado os santos do catolicismo, também absorveu


alguns elementos de outras religiões, sendo que o que julgo correto, são os fundamentos
africanos e indígenas.
Exemplos:
Elemento africano: Orixás, cantos, instrumentos de som, guias (colares),
comidas, bebidas, trabalhos, ervas sagradas, orações, oferendas etc. Tendo em vista que,
é a parte mais forte, cerca de uns 65% a 70% desta religião. E que particularmente, luto
para que seja no mínimo 90%, pois é o que seria correto.
Elemento indígena: Culto aos caboclos, culto aos antepassados, ervas
sagradas, defumações, bebidas etc. Esta parte também é bem forte, representando uma
média de 15% a 20% desta religião. Sendo que na parte africana, o culto aos Caboclos
já é contado (nação de Angola), mas, é muito importante que conheçamos as raízes
indígenas do Brasil, pois afinal de contas, é a nação da Umbanda.
Elemento católico: Sincretismo com os Santos católicos, orações etc. Esta parte
é mínima, diga-se de passagem. Tem mais ou menos uns 2% a 3%, e está sendo
combatida. Sendo que existem muitos umbandistas, se é que posso chamá-los assim, que
pregam até mesmo a bíblia, que não é o fundamento da Umbanda, que é uma religião de
fortes princípios africanos e indígenas e, não católicos; pois o catolicismo existente na
Umbanda e no Candomblé, foi imposto na inquisição, no tempo da escravidão, e o
Candomblé já o combateu em grande parte, e a Umbanda, ainda permite esse mesmo na
maioria dos casos, o que é completamente errado.
Elemento oriental e ocultista: Defumações, pontos riscados (cabalísticos),
amuletos, astrologia, meditações etc.
Elemento espírita (Kardecista): Orações, passes, doutrina etc. Concordo com
a doutrina, mas, não a usada no Kardecismo, pois é muito forte o catolicismo.
O nome Umbanda, se originou dos sacerdotes africanos Quimbundos, que em
suas nações, possuíam o nome de m’banda, que significa: sacerdote, mestre, médico,
curandeiro, filosofo; pois o sacerdote era tudo isso. Deixando assim, alguns dos
freqüentadores dessas reuniões, um pouco confusos, passando a chamarem o culto que
viera a se tornar uma religião de: “Umbanda”. Ficando bem claro aqui, que este
significado muda muito de região para região, e que se discute muito este assunto. Pois
como todos nós umbandistas sabemos, a Umbanda tem várias ramificações, fazendo
assim, com que a mesma se torne bem variada, até mesmo nos fundamentos. Um
exemplo, é que a palavra Umbanda, é um vocábulo sagrado da língua Abanheenga, que
era falada pelos integrantes do tronco Tupy. Na verdade, encontram-se registros da
utilização do termo Umbanda, apenas depois de 1934, pelo que pude pesquisar, entre os
cultos de origem afro-ameríndia. Mas, isso quer dizer somente que, o termo aumbandam
ou m’banda, ou seja, lá qual for o outro, que passou a ser chamado de Umbanda por
questão de pronuncia, e, não por qualquer outro motivo. O termo Umbanda, considerado
a "Palavra Perdida" por muitos, pode ser traduzida, também, da seguinte forma: AUM -
BAN - DAN. Sua tradução pode ser comprovada através do alfabeto Adâmico ou Vattânico,
revelado ao Ocidente pelo Marquês Alexandre Saint-Yves d'Alveydre, na sua obra "O
ARQUEÔMETRO". AUM significa: "A DIVINDADE SUPREMA"; BAN significa: "CONJUNTO
OU SISTEMA"; DAN significa: "REGRA OU LEI". Ficando assim: AUMBANDAN, que
significa: "O CONJUNTO DAS LEIS DIVINAS", ficando assim, a palavra UMBANDA, que é
de uma pronuncia bem mais fácil. Um outro exemplo, é que a palavra Umbanda significa
caminho da verdade ou caminho ao Deus Supremo em muitos lugares.
Como podemos ver, a palavra Umbanda é mais um grande mistério, e não se
pode ter total certeza do seu verdadeiro significado. Sendo o mais provável, que a sua
origem seja realmente a primeira demonstrada aqui (m’banda). Particularmente, é a que
mais acredito ser a verdadeira; principalmente pela linhagem de Umbanda que sigo.
Gostaria muito, que um dia, fossem separadas a Umbanda que acredita na origem
M’banda e a Umbanda que acredita na origem AUMBANDAM; pois são bastante diferentes
em seus fundamentos, e, poderiam e, deveriam ser religiões diferentes; pois a
Aumbandam, usa mantras, zodíaco etc; e a M’banda, procura apenas as origens africanas
e indígenas. Lembrando que, nenhuma possui nada a ver com catolicismo e, nem mesmo
o sincretismo com os santos católicos deve ser aceito; ele deve existir com consciência, ou
seja, o sincretismo deve existir, apenas como fundamento histórico e, não como
fundamento religioso.
Minha opinião particular: a Umbanda hoje em dia, vem fazendo de tudo para
se tornar cada vez mais aprofundada nas suas principais origens, que são as origens
africanas em primeiro lugar, e as origens indígenas em segundo lugar. E que estes
umbandistas que seguem o catolicismo e etc; para mim não possuem nenhum valor.
Desculpem-me, mas é o que penso.

HISTÓRIA DA UMBANDA

Torna-se imperioso, antes de ocuparmo-nos da Anunciação da Umbanda no plano físico


sob a forma de religião, expor sinteticamente um histórico sobre os precedentes religiosos
e culturais que precipitaram
o surgimento, na 1ª década do século XX, da única e genuína Religião Brasileira. Em
1500, quando os portugueses avistaram o que para eles eram as Índias, em realidade
Brasil, ao desembarcarem depararam-se com uma terra de belezas deslumbrantes, e já
habitada por nativos. A estes aborígines os lusitanos, por imaginarem estar nas Índias,
denominaram de índios. Os primeiros contatos entre os dois povos foram, na sua maioria,
amistosos, pois os nativos identificaram-se com alguns símbolos que os estrangeiros
apresentavam. Porém, o tempo e a convivência se encarregaram em mostrar aos
habitantes de Pindorama
(nome indígena do Brasil) que os homens brancos estavam ali por motivos pouco nobres.
O relacionamento, até então pacífico, começa a se desmoronar como um castelo de areia.
São inescrupulosamente escravizados e forçados a trabalhar na novel lavoura. Reagem,
resistem, e muitos são ceifados de suas vidas em nome da liberdade. Mais tarde, o
escravizador faz desembarcar na Bahia os primeiros negros escravos que, sob a égide do
chicote, são despejados também na lavoura. Como os índios, sofreram toda espécie de
castigos físicos e morais, e até a subtração da própria vida. Desta forma, índios e negros,
unidos pela dor, pelo sofrimento e pela ânsia de liberdade, desencarnavam e encarnavam
nas Terras de Santa Cruz. Ora laborando no plano astral, ora como encarnados, estes
espíritos lutavam
incessantemente para humanizar o coração do homem branco, e fazer com que seus
irmãos de raça se livrassem do rancor, do ódio, e do sofrimento que lhes eram infligidos.
De outra parte, a igreja
católica, preocupada com a expansão de seu domínio religioso, investe covardemente para
eliminar as religiosidades negra e índia. Muitas comitivas sacerdotais são enviadas, com o
intuito "nobre" de "salvar" a
alma dos nativos e dos africanos. Os anos sucedem-se. Em 1889 é assinada a "lei áurea".
O quadro social dos ex-escravos é de total miséria. São abandonados à própria sorte, sem
um programa governamental de inserção social. Na parte religiosa seus cultos são quase
que direcionados ao mal, a vingança e a desgraça do homem branco, reflexo do período
escravocrata. No campo astral, os espíritos que tinham tido encarnação como índios,
caboclos (mamelucos), cafuzos e negros, não tinham campo de atuação nos
agrupamentos religiosos existentes. O catolicismo, religião de predominância, repudiava a
comunicação com os mortos, e o espiritismo (kardecismo) estava preocupado apenas em
reverenciar e aceitar como nobres as comunicações de espíritos com o rótulo de
"doutores". Os Senhores da Luz (Araxás, Orixás), atentos ao cenário existente, por ordens
diretas do Cristo Planetário (Jesus) estruturaram aquela que seria uma Corrente Astral
aberta a todos os espíritos de boa vontade, que quisessem praticar a
caridade, independentemente das origens terrenas de suas encarnações, e que pudessem
dar um freio ao radicalismo religioso existente no Brasil. Começa a se plasmar, sob a
forma de religião, a Corrente Astral de Umbanda, com sua hierarquia, bases, funções,
atributos e finalidades. Enquanto isto, no plano terreno surge, no ano de 1904, o livro
Religiões do Rio, elaborado por "João do Rio", pseudônimo de Paulo Barreto, membro
emérito da Academia Brasileira de Letras. No livro, o autor faz um estudo sério e
inequívoco das religiões e seitas existentes no Rio de Janeiro, àquela época, capital federal
e centro socio-político-cultural do Brasil. O escritor, no intuito de levar ao conhecimento da
sociedade os vários segmentos de religiosidade que se desenvolviam no então Distrito
Federal, percorreu igrejas, templos,
terreiros de bruxaria, macumbas cariocas, sinagogas, entrevistando pessoas e
testemunhando fatos. Não obstante tal obra ter sido pautada em profunda pesquisa, em
nenhuma página desta respeitosa edição
cita-se o vocábulo Umbanda, pois tal terminologia era desconhecida.
Foi então que em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Niterói – RJ, foi
surpreendida por uma ocorrência que tomou aspectos sobrenaturais: o jovem Zélio
Fernandino de Moraes, que fora acometido
de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do
leito e declarou: "amanhã estarei curado". No dia seguinte, levantou-se normalmente e
começou a andar, como se nada lhe
houvesse tolhido os movimentos. Contava 17 anos de idade e preparava-se para ingressar
na carreira militar na Marinha. A medicina não soube explicar o que acontecera. Os tios,
sacerdotes católicos, colhidos de surpresa, nada esclareceram. Um amigo da família
sugeriu então uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de
Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado
a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e
superior a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de
qualquer dos componentes da mesa, o jovem levantou-se, dizendo: "aqui está faltando
uma flor", e saiu da sala indo ao jardim, voltando logo após com uma flor, que depositou
no centro da mesa. Esta atitude insólita causou quase que um tumulto.
Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecista espíritos que se
diziam pretos escravos e índios. Foram convidados a se retirarem, advertidos de seu
estado de atraso espiritual. Novamente uma força estranha dominou o jovem Zélio e ele
falou, sem saber o que dizia. Ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que
levava os dirigentes dos trabalhos a não aceitarem a comunicação daqueles espíritos e do
porquê em serem considerados atrasados apenas por encarnações passadas que
revelavam. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam
doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura.
Um médium vidente perguntou: "Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a
direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando
encarnados, são claramente atrasados? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me
dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o
seu nome irmão? E o espírito desconhecido falou: "Se julgam atrasados os espíritos de
pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu
aparelho, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e,
assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará
aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos,
encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das
Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O vidente
retrucou: "Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?” Perguntou com ironia. E o
espírito já identificado disse: "cada colina de niterói atuará como porta-voz, anunciando
o culto que amanhã iniciarei". No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano
Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam reunidos os
membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na
véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma
multidão de desconhecidos. Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete
Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os
espíritos de velhos africanos que
haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de
atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade
para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar
em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a
condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica
principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus. O Caboclo estabeleceu as
normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de
trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 h; os participantes estariam uniformizados
de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso
que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade. A Casa de
trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade,
porque assim como Maria acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como
filhos todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto. Ditadas as bases do culto,
após responder em latim e alemão às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo
das Sete Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos, curando enfermos,
fazendo andar paralíticos. Antes do término da sessão, manifestou-se um preto-velho, Pai
Antônio, que vinha completar as curas. No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na
rua Floriano Peixoto.
Enfermos, cegos etc. vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus.
Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura, deixaram os sanatórios e
deram provas de suas qualidades excepcionais. A partir daí, o Caboclo das Sete
Encruzilhadas começou a trabalhar incessantemente para o esclarecimento, difusão e
sedimentação da religião de Umbanda. Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar o
Caboclo orixá Malé, entidade com grande experiência no desmanche de trabalhos de
baixa magia. Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral
Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda. As agremiações
ganharam os
seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora
da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita
Oxalá, Tenda Espírita São Jorge; e Tenda Espírita São Jerônimo. Embora não seguindo a
carreira militar para a qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio
Fernandino de Moraes nunca fez da religião sua profissão. Trabalhava para o sustento de
sua família e diversas vezes contribuiu financeiramente para manter os templos que o
Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou. Ministros, industriais, e militares que
recorriam ao poder mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo
recuperados, procuravam retribuir o benefício através de presentes, ou preenchendo
cheques vultosos. "Não os aceite. Devolva-os", ordenava sempre o Caboclo. A respeito
do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos nas tendas fundadas, o mesmo
teve como causa o fato de naquela época não se poder registrar o nome Umbanda, e
quanto aos nomes de santos, era uma maneira de estabelecer um ponto de referência
para fiéis da religião católica que procuravam os préstimos da Umbanda. O ritual
estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas era bem simples, com cânticos
baixos e harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de animais. Dispensou
os atabaques e as palmas. Capacetes, espadas, cocares, vestimentas de cor, rendas e
lamês não seriam aceitos. As guias usadas são apenas as que determinam a entidade que
se manifesta. Os banhos de ervas, os amacis, a concentração nos ambientes vibratórios
da natureza, a par do ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os
principais elementos de preparação do médium. Após 55 anos de atividades à frente da
Tenda Nossa Senhora da Piedade (1º templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dos
trabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa, continuando, ao lado de sua esposa Isabel,
médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de Pai Antônio, em Boca do Mato,
distrito de Cachoeiras de Macacu – RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao
atendimento de portadores de enfermidades psíquicas e de todos os que o procuravam.
Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança,
Fraternidade – RJ) gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que
bem espelha a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz.
Ei-la: "A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade,
honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai
prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se
vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo.
O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente
homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que
procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da
mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de
terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa.
Umbanda é humildade, amor e caridade – esta a nossa bandeira. Neste momento, meus
irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos
de Oxossi, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não
vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão. Meus irmãos: sejam humildes, tenham
amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais
puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os
aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus
pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles
que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda. Meus irmãos: meu aparelho já está
velho, com 80 anos a fazer,
mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a
dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu
pudesse implantar a nossa Umbanda.
A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda,
passaram pelas que safram desta Casa. Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao
planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai
determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher
aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos
para obter paz, saúde e felicidade. Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele
baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de
maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido
pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Fechai os
olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que
seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso
lar. É dos Evangelhos. Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas
amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste
momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste
templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e
curados, e a saúde para sempre em vossa
matéria. Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e
sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas".
Zélio Fernandino de Moraes dedicou 66 anos de sua vida à Umbanda, tendo retornado ao
plano espiritual em 03 de outubro de 1975, com a certeza de missão cumprida. Seu
trabalho e as diretrizes traçadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas continuam em
ação através de suas filhas Zélia e Zilméa de Moraes, que têm em seus corações um
grande amor pela Umbanda, árvore frondosa que está sempre a dar frutos a quem souber
e merecer colhê-los. Neste imóvel, localizado na rua Floriano Peixoto, nº 30,em Neves,
Niterói – RJ iniciou-se a religião de Umbanda, onde, no dia 16 de novembro de 1908, o
Caboclo das Sete Encruzilhadas anunciou o advento da única e genuína religião brasileira.
Cabana do Pai Antônio Neste espaço Umbandista, Zélio Fernandino de Moraes dava
segmento aos trabalhos caritativos, através do iluminado e querido Preto Velho Pai
Antônio. Localizava-se em Boca do Mato, Distrito de Cachoeiras de Macacu – RJ.

http://www.midiaindependente.org/es/blue/2003/12/269417.shtml

Como surgiu a Umbanda no Brasil


Dedicar integralmente o tempo das sessões ao atendimento aos necessitados, Zélio
Fernandino de Morais, médium que recebeu o caboclo das sete encruzilhadas, o fundador
da umbanda no Brasil, desencarnou em outubro de 1975, aos 84 anos de idade. De seu
trabalho incansável resultou a umbanda de hoje, que é sem dúvida, a religião que mais
cresce no Brasil.
Da atitude de Zélio de Moraes que, incorporado, declarou estar “faltando uma flor” , na
mesa da Federação Espírita de Niterói, surgiu uma das curimbas (pontos cantados) mais
belas da umbanda, que diz:

“Surgiu no jardim mais uma flor,


Mamãe Oxum trazendo paz e amor.
Que vai crescendo, pôr este imenso Brasil.
Bandeira branca de Oxalá, força do além,
Mãe caridosa que ao mundo deseja o bem...
vai sempre em frente em frente,
ó minha umbanda querida,
leva a doçura da vida para aqueles que não têm!...”.

Em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Estado do Rio de Janeiro, foi
surpreendida pôr uma ocorrência que tomou aspecto sobrenatural: o jovem Zélio
Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não
conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e disse “Amanhã estarei curado”.
No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada, antes, lhe
houvesse tolhido os movimentos. Contava apenas dezessete anos e destinava-se a
carreira militar na marinha.
A medicina não soube explicar o que tinha ocorrido. Os tios, que eram padres católicos,
foram colhidos de surpresa e nada disseram sobre a misteriosa ocorrência.
Um amigo da família sugeriu, então, uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida
por José de Souza, na época. No dia 15 de novembro de 1908, o jovem Zélio foi
convidado a participar de uma sessão e o dirigente dos trabalhos determinou que ele
ocupasse um lugar à mesa.
Tomado por uma força estranha e superior a sua vontade, contrariando as normas que
impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o jovem Zélio levantou-
se e disse:
- Aqui está faltando uma flor! - e retirou-se da sala. Pouco depois, voltou trazendo
uma rosa, que depositou no centro da mesa.
Essa atitude insólita causou quase um tumulto. Restabelecida a “corrente”, manifestaram-
se espíritos, que se diziam de pretos escravos e de índios ou caboclos, em diversos,
médiuns. Esses espíritos foram convidados a se retirar pelo presidente dos trabalhos,
advertidos do seu atraso espiritual.
Foi então que o jovem Zélio foi novamente dominado por uma força estranha, que fez
com que ele falasse sem saber o que dizia (De acordo com depoimento do próprio à
revista Seleções de Umbanda, em 1975).
Zélio ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos
trabalhos a não aceitarem a comunicação desses espíritos e pôr que eram considerados
atrasados, se apenas pela diferença de cor ou de classe social que revelaram ter tido na
sua ultima encarnação. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela mesa
procuraram doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que estaria incorporado em Zélio
e desenvolvia um argumentação segura.
Um dos médiuns videntes perguntou, afinal:
- Porque o irmão fala nesses termos, pretendendo que esta mesa aceite a
manifestação de espíritos que pelo grau de cultura que tiveram, quando
encarnados são claramente atrasados? E qual é o seu nome irmão?
Respondeu Zélio, ainda tomado pela força misteriosa:
- Se julgam atrasados esses espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã
estarei em casa deste aparelho (o médium Zélio) para dar início a um culto em que
esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem e, assim, cumprir a
missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos
humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos,
encarnados e desencarnados. E, se querem saber o meu nome, que seja este:
“Caboclo das Sete Encruzilhadas”, porque não haverá caminhos fechados para mim.
O vidente interpelou a Entidade dizendo que ele se identificava como um caboclo, mas
que via nele restos de trajes sacerdotais.
O espírito respondeu então:
- O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre e meu
nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da
Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus
concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro.
- Julga o irmão que alguém irá assistir ao seu culto? - perguntou, com ironia, o
médium vidente; ao que o caboclo das sete encruzilhadas respondeu:
- Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã
iniciarei!
Zélio de Morais contou que no dia seguinte, 16 de novembro, ocorreu o seguinte:
- Minha família estava apavorada. Eu mesmo não sabia explicar o que se passava
comigo. Surpreendia-me haver dialogado com aqueles austeros senhores de cabeça
branca, em volta de uma mesa onde se praticava para mim um trabalho
desconhecido.
Como poderia, aos dezessete anos, organizar um culto? No entanto eu mesmo falara, sem
saber o que dizia e por que dizia. Era uma sensação estranha: uma força superior que me
impelia a fazer e a dizer o que nem sequer passava pelo meu pensamento.
- E, no dia seguinte em casa de minha família, na Rua Floriano Peixoto, 30, em
Neves, ao se aproximar a hora marcada, 20 horas, já se reuniam os membros da
Federação Espírita, seguramente para comprovar a veracidade dos fatos que foram
declarados na véspera, os parentes mais chegados, amigos, vizinhos e , do lado de
fora, grande número de desconhecidos.
Às 20 horas, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que se iniciava
naquele momento, um novo culto em que os espíritos de velhos africanos, que haviam
servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de ação nos
remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase exclusivamente para
trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos de nossa terra poderiam trabalhar em benefício
dos seus irmãos encarnados, qualquer que fosse o credo e a condição social. A prática da
caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal desse culto, que
teria pôr base o Evangelho de Cristo e, como mestre supremo Jesus.
O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto: sessões, assim se
chamariam os períodos de trabalho espiritual, diárias das 20 às 22 horas, os participantes
estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito.
Deu, também, o nome desse movimento religioso que se iniciava; disse primeiro allabanda
(ou um dos presentes assim anotou), mas considerando que não soava bem a sua
vibratória, substituiu-o por Aumbanda, ou seja, Umbanda, palavra de origem sânscrita que
se pode traduzir por “Deus ao nosso lado”, ou “o lado de Deus”.
Muito provavelmente, ficou o nome umbanda, e não Aumbanda, porque alguém anotou a
palavra separadamente (a umbanda).
A casa de trabalhos espirituais, que no momento se fundava, recebeu o nome de Nossa
Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolhe o Filho nos braços, também seriam
acolhidos, como filhos, todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.
Ditadas as bases do culto, após responder, em latim e em alemão às perguntas dos
sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou á parte pratica dos
trabalhos, curando enfermos, fazendo andar aleijados. Antes do término da sessão,
manifestou-se um preto velho. Pai Antônio, que vinha completar as curas.

Segundo o jornal Gira de Umbanda (n.º 19 “As Verdadeiras origens da Umbanda do


Brasil”), foi esse guia quem ditou o ponto hoje cantado no Brasil inteiro.

“Chegou, chegou, chegou, com Deus,


chegou, chegou
o Caboclo das Sete Encruzilhadas”.

Nos dias seguintes, verdadeira romaria se formou na Rua Floriano Peixoto, n.º 30, em
Neves. Enfermos, cegos, paralíticos, vinham em busca de cura e ali encontravam, em
nome de Jesus. Médiuns (cujas manifestações haviam sido consideradas loucuras)
deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais. Estava fundada
a umbanda no Brasil. 15 de novembro de serie posteriormente, dia nacional da umbanda.
Cinco anos mais tarde, manifesta-se o orixá Malé exclusivamente para a cura de
obsedados e o combate aos trabalhos de magia negra (obs. Orixá, na realidade não
incorpora, apenas manda sua vibração à terra, é comum no estado do Rio, trata-se de um
guia espiritual pela denominação do orixá segundo Ivone Mangie Alves Velho, em seu livro
Guerra de Orixá).
Dez anos após a fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade (registrada como tenda
Espírita, porque não era aceito na época, o registro de uma entidade com especificação de
umbanda), o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que iniciava a segunda parte de sua
missão: a criação de sete templos, que seriam o núcleo do qual se propagaria a religião da
umbanda.
Em 1935, estavam fundados os sete templos idealizados pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas, sendo curiosa à fundação do sétimo, que receberia o nome de Tenda São
Jerônimo (a casa de Xangô). Faltava um dirigente adequado ao mesmo, quando numa
noite de quinta feira, José Álvares Pessoa, espírita e estudioso de todos os ramos do
espiritualismo, não dando muito crédito ao que lhe relatavam sobre as maravilhas
ocorridas em Neves, resolveu verificar pessoalmente o que se passava.
Logo que assomou à porta da sala em que se reuniam os discípulos do Caboclo das Sete
Encruzilhadas, este interrompeu a palestra e disse:
- Já podemos fundar a Tenda São Jerônimo. O seu dirigente acaba de chegar.
O Senhor Pessoa ficou muito surpreso, pois era desconhecido no ambiente. Não anunciara
a sua visita e viera apenas verificar a veracidade do que lhe narravam. Após breve diálogo
em que o Caboclo das Sete Encruzilhadas demonstrou conhecer a fundo o visitante, José
Álvares Pessoa assumiu a responsabilidade de dirigir o último dos sete templos que a
entidade criava.
Dezenas de templos e tendas, porém seriam criados posteriormente, sob a orientação
direta ou indireta do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Em 1939, o Caboclo das Sete
Encruzilhadas determinou que se fundasse uma federação (que posteriormente passou à
denominação de União Espírita de Umbanda do Brasil, segundo relata Seleções de
Umbanda n.º 7 1975), para congregar templos Umbandistas e que deveria seu o núcleo
central desse culto, em que o simples uniforme branco de algodão, dos médiuns
estabelecia a igualdade de classes e a simplicidade do ritual permitia.

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