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PERINATOLOGIA
PREMATURIDADE
NUTRIÇÃO
26-NUTRIÇÃO DO RECÉM-NASCIDO PREMATURO
Carlos Alberto Bhering (RJ). Realizado por Paulo R. Margotto
ACESSO VASCULAR
27- CATETERISMO DE VASOS UMBILICAIS/CATETERISMO
VENOSO CENTRAL PERCUTÂNEO (PICC)/VIAS DE
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Paulo R. Margotto/ Martha G. Vieira /Jefferson G. Resende, Carla Pacheco Brito, Kátia
Rodrigues Menezes, Lady Maria C. A. de Andrade, Vicência Soares de Almeida
UNIDADE DE NEONATOLOGIA DO HOSPITAL
REGIONAL DA ASA SUL/SES/DF
Boletim Informativo Pediátrico (BIP)
Enfoque Perinatal
Ano 29/2009
N.º 72
Elaboração: Dr. Paulo R. Margotto
www.paulomargotto.com.br
pmargotto@gmail.com
RESUMO
Objetivo: descrever a frequência do uso do corticosteróide pré-natal e a avaliação da
evolução dos recém-nascidos a alta, comparando os desfechos com o tipo de corticosteróide
usado.
Métodos: estudo observacional prospectivo do tipo coorte com neonatos entre 26 e 34
semanas da Maternidade-Escola do Hospital Regional da Asa Sul/DF nascidos entre agosto de
2007 e julho de 2008. As variáveis estudadas (Apgar, doença da membrana hialina,
enterocolite necrosante, pneumotórax, uso de surfactante exógeno, ventilação mecânica,
sepse, uso do ibuprofeno, hemorrragia intraventricular, displasia broncopulmonar e óbito)
foram coletadas a partir de ficha protocolo preenchidas através de entrevistas com as mães
enquanto internadas e dos prontuários médicos disponíveis na UTI Neonatal. Os RN com
malformações congênitas e aqueles cujas mães receberam corticosteróides por outros motivos que não
a promoção da maturação fetal, foram excluídos. A análise dos dados foi realizada através do
programa SPSS versão 16 para o Windows, sendo usado o teste qui-quadrado, t-Student,
razão de risco com intervalo de confiança e regressão logística múltipla. O nível de
significância considerado foi de 5%.
Resultados: na coorte estudada, 187 mães conceberam 219 recém-nascidos, das quais 50,3%
receberam corticosteróide. As gestantes não tratadas tiveram significativamente mais
hipertensão. Os recém-nascidos expostos a corticoterapia pré-natal apresentaram
significativamente melhores condições ao nascer, menos doença da membrana hialina, sepse,
hemorragia intraventricular e menor necessidade do uso de ibuprofeno para o fechamento do
canal arterial. Não foram observadas diferenças significativas quanto à ocorrência de displasia
broncopulmonar, pneumotórax, enterocolite necrosante, uso da ventilação mecânica, uso de
surfactante exógeno e morte hospitalar. No modelo de regressão logística o corticosteróide
pré-natal manteve-se de forma independente quanto ao efeito protetor para melhores
condições de nascimento e para a ocorrência da sepse. A betametasona mostrou-se mais
eficiente na redução da doença da membrana hialina.
Conclusão: os recém-nascidos submetidos à corticoterapia pré-natal, tanto à betametasona
como à dexametasona, apresentaram melhores condições ao nascer e evoluíram com menor
morbidade. O uso do corticosteróide pré-natal constitui importante intervenção na medicina
perinatal para os fetos destinados a nascer prematuros.
SUMMARY:
Objectives: Describe the frequency of prenatal corticosteroids use and evaluate the newborns
development discharge, comparing the outcome with the type of corticosteroids used.
Methods: Cohort-type prospective observational study with neonates between 26 and 34
weeks of the Maternity School of the Hospital Regional da Asa Sul/DF, born between August
2007 and July 2008. The variables studied (Apgar, hyaline membrane disease, necrotizing
enterocolitis, pneumothorax, exogenous surfactant use, mechanical ventilation, sepsis, need
ibuprofen use, intraventricular hemorrhage, bronchopulmonary dysplasia and death) were
withdrawn from the protocol form filled in after interviewing the mothers while they were in
hospital and from the medical records available at the Neonatal ICU. The data analysis was
accomplished by a SPSS software version 16 for Windows as well as the chi-squared test, t-
student test, Mann-Whitney, confidence interval relative risk and multiple logistic regression.
The significance interval was set at 5%.
Results: in the cohort studied, 187 mothers gave birth to 219 newborns, from which 50,3%
received corticosteroids. The pregnant women who were not treated showed significantly
more hypertension. The newborns exposed to prenatal corticosteroids presented significantly
better conditions at birth and a decrease on hyaline membrane disease, sepsis, intraventricular
hemorrhage and decreased need of ibuprofen for the closing of the ductus arteriosus patent.
There were no significant differences in the occurrence of bronchopulmonary dysplasia,
pneumothorax, necrotizing enterocolitis, mechanical ventilation, use of exogenous surfactant
and death in hospital. In the model of logistic regression, the prenatal corticosteroids therapy
was kept independently of its protective effect for better conditions at birth and sepsis. The
betametasone showed more efficiency in reducing the hyaline membrane disease.
Conclusion: The newborns undergone to prenatal corticosteroids therapy, whether with
betamethasone or dexamethasone, showed better conditions at birth and developed with less
morbidity. The use of prenatal corticosteroids constitutes an important intervention in the
perinatal medicine for fetuses destined to premature births.
Introdução
Novas tecnologias na assistência aos recém-nascidos (RN) pré-termos tem resultado na maior
prematuridade e sepse1. Além disso, persiste nos recém-nascidos pré-termos extremos, o deficiente
prematuras expostas a dexametasona apresentavam uma expansão alveolar que persistiu 4 horas após
a morte (pulmões estruturalmente mais maduros)3. Em 1972, Liggins e Howie4 publicaram o primeiro
estudo randomizado e controlado usando duas doses de betametasona no pré-natal a cada 24 horas
com o objetivo de melhorar a função pulmonar de RN pré-termos. Este estudo mostrou forte
evidência de que este tratamento foi efetivo na prática clínica (a ocorrência da doença da membrana
A prática obstétrica começa a mudar após a metanálise de Crowley5 que englobou 18 estudos
randomizados entre 1972-1994, num total de 3700 recém-nascidos que haviam recebido curso
No entanto, esta ainda não é a realidade no Brasil. Albuquerque et al6 relataram o uso do
uso do corticosteróide ocorreu em 1,6% nos RN <28 semanas e 4,3% entre 28-33 semanas de
gestação7. Recentemente, a Rede Brasileira de Pesquisa Neonatal relatou o uso de corticosteróide pré-
O presente estudo tem como objetivo descrever a frequência do uso do corticosteróide pré-
entre 26 semanas e 34 semanas dos recém-nascidos expostos ou não a corticoterapia pré-natal, além
Metodologia
os nascidos na Maternidade-Escola do Hospital Regional da Asa Sul (HRAS), com idade gestacional
informações colhidas das mães dos RN enquanto internadas e dos prontuários médicos disponíveis na
As variáveis maternas pesquisadas foram: patologias maternas, tempo de bolsa rota, idade
mínimo 6 horas antes do nascimento, Apgar no primeiro e quinto minuto de vida, evolução neonatal e
mortalidade.
Regional da Asa Sul os recém-nascidos nesta faixa ponderal recebem surfactante dentro dos primeiros
displasia broncopulmonar (dependência de O2 aos 28 dias de vida11 e com 36 semanas de idade pós-
infeccioso, com sintomas e sinais e alterações laboratoriais, de acordo com o protocolo do Serviço15;
todos os graus hemorragia intraventricular (HIV) em ecografia transfontanelar realizado por um dos
autores (MPR) no 4º e 14º e alta, utilizando a classificação de Papile et al16, modificada por Volpe17.
A idade gestacional foi àquela obtida pela data da última menstruação; na sua falta, foi
considerada a obtida pela ecografia obstétrica, se realizada antes de 13 semanas; havendo diferença
maior que uma semana entre a data da última menstruação ou ecografia gestacional, foi considerada
aquela obtida pelo exame físico ((Ballard modificado por Constantine et al18 ).
uso do balão e máscara, uma vez que na Unidade de Neonatologia do Hospital Regional da Asa Sul
usamos um dispositivo que permite administrar pressão positiva na sala de parto (Continous Flow
Reviver, o CFR)20.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito
A análise dos dados foi realizada através do programa SPSS versão 16 para Windows e o
de risco com o intervalo de confiança como medida do risco relativo das diversas variáveis
dependentes. A análise de regressão logística foi usada na identificação de variáveis mais fortemente
RESULTADOS
gestacional entre 26 e 34 semanas, das quais 50,3% receberam corticosteróide no pré-natal. A tabela 1
reúne as principais características das gestantes estratificadas, segundo terem recebido ou não
corticosteróide pré-natal, evidenciando diferença significativa quanto à hipertensão arterial (mais no
grupo do corticosteróide).
A evolução clinica dos recém-nascidos é mostrada na tabela 3, separadas segundo a mãe ter
condições, apresentaram menos DMH, HIV e sepse e menor necessidade do uso de ibuprofeno para o
fechamento do canal arterial. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos quanto à
broncopulmonar e óbito.
minuto como variável dependente e realizamos uma regressão logística. As variáveis independentes
materna, tipo de parto. Destas que permaneceram no modelo, podemos dizer que o uso do
corticosteróide pré-natal foi um preditor significativo para a não ocorrência de Apgar ≤ 3 e que a
No caso da sepse neonatal, a variável dependente foi a ocorrência de sepse e as variáveis que de
5º minuto, reanimação, uso do CFR, necessidade de intubação na sala de parto, uso de drogas para a
reanimação, Apgar ≤3 no 5º minuto) entraram no modelo de regressão logística. As duas variáveis que
permaneceram no modelo foram o corticosteróide pré-natal, que traduziu uma diminuição da sepse nos
Para verificar possíveis influências do tipo de corticosteróide usado nos resultados neonatais,
uso de corticosteróide pré-natal ocorreu em 50,3%, percentual dentro dos publicados na literatura
nacional (50-60%)6,8. Mesmo nos países desenvolvidos, a literatura relata significante variação entre
hipertensão arterial em relação às mães que fizeram uso de corticosteróide. No primeiro estudo
hipertensão arterial propiciaria a morte fetal. Este achado teve influência em muitos clínicos na
decisão da corticoterapia para a maturação fetal nas pacientes hipertensas30. No entanto, Amorim et
al23, em um ensaio prospectivo, duplo cego e randomizado, envolvendo 218 gestantes com severa pré-
eclâmpsia entre 26-34 semanas, mostrou que o uso da corticoterapia pré-natal diminuiu
quando avaliados pelo Apgar de 5 minutos (≤3), com necessidade de menor uso de drogas. Gardner et
al24 relataram que nos recém-nascidos com peso ao nascer menor que 1000g, o uso do corticosteróide
pré-natal foi um forte preditor de escore de Apgar acima de 3 no primeiro minuto e acima de 6 no
quinto minuto após controle das variáveis idade gestacional, peso ao nascer, valores de gases no
sangue do cordão. As razões para melhores condições ao nascer das crianças cujas mães receberam
específico e dos órgãos, alguns destes ocorrendo dentro de horas após a administração de
corticosteróide.
comuns e a redução da sua incidência foi considerada um dos primeiros benefícios da corticoterapia
pré-natal4,5. Evidências em animais indicam uma ação via estimulação do desenvolvimento estrutural
e aumento da produção e secreção do surfactante pulmonar, através da indução dos pnumotócitos II,
células produtoras de surfactante pulmonar25. Egberts et al26 evidenciaram que o corticosteróide pré-
natal reduziu o risco de ocorrência de DMH tão efetivamente quanto ao surfactante pulmonar exógeno
obviamente significante. Neste presente estudo, houve diminuição significativa da DMH no grupo
exposto ao corticosteróide pré-natal (p<0, 004), sendo necessário o tratamento de 5 gestantes para
evitar uma doença da membrana hialina. Entretanto, não evidenciamos diferenças quanto a outras
variáveis respiratórias, dependência de 02 aos 28 dias e com 36 semanas de idade gestacional pós-
concepção, assim como o uso do surfactante pulmonar exógeno nos RN que persistiam em ventilação
mecânica. No serviço neonatal do Hospital Regional da Asa Sul, todos os recém-nascidos com peso ao
nascer <1250g recebem surfactante na Sala de Parto, dentro dos primeiros 20 minutos de vida10.
O presente estudo evidenciou que a sepse neonatal ocorreu com freqüência significativamente
menor no grupo com o uso de corticosteróide pré-natal (p<0, 004), diferente do que foi relatado no
estudo da Rede Brasileira de Neonatologia8, Gunkel e Mitchell27 e Tunuri et al28, que demonstraram
logística a corticoterapia pré-natal permaneceu como fator protetor e a necessidade de intubação, como
fator de risco. Não houve diferença entre os grupos expostos e não expostos a corticoterapia quanto à
sepse neonatal foi significativamente maior no grupo que recebeu cursos múltiplos (p<0,001), estando
ocorreu com o uso de curso simples. A partir de 15 ensaios controlados com mais de 1440 gestantes
com rotura prematura de membranas, Harding et al30 não evidenciaram aumento da infecção neonatal
Albuquerque et al6 também não evidenciaram aumento de infecção neonatal nas gestantes que fizeram
uso de corticosteróide (odds ratio de 0,84, IC a 95 % de 0,57-1,23 e risco relativo de 0,88, IC a 95% de
31
0,54-1,43, respectivamente). Para as pacientes com rotura prematura de membranas, Crowley
também não relatou aumento de infecção neonatal (odds ratio de 0.82, IC a 95% de 0,42-1,60).
com diminuição do neurodesenvolvimento adverso32. Linder et al33 relataram aumento de 8 vezes mais
a incidência de hemorragia intraventricular nos recém-nascidos pré-termos com sepse precoce. Glass
substância branca, (odds ratio de 10,9; IC a 95% de 2,5-47,6-p<0,003) e esta associação manteve-se
significativa após ajuste para a idade gestacional e presença da displasia broncopulmonar (p<0,043).
expostos a corticoterapia (p<0,0029). Clyman et al35 relataram menor incidência de canal arterial
(p<0,02). O mecanismo de ação envolvido parece advir do efeito dos corticosteróides na diminuição
para a hemorragia intraventricular em todos os graus (p<0,04), sendo necessário tratar 9 mães para
intraventricular com o uso do corticosteróide pré-natal. Linder et al33 relataram menor risco de
hemorragia intraventricular grave para cada dose de corticosteróide pré-natal (odds ratio=0,52; IC a
95% de 0,30-0,90). O uso do corticosteróide pré-natal e o uso mais precoce de surfactante pulmonar
foram os dois grandes pilares na redução de todos os graus de hemorragia intraventricular no estudo
das células neuronais e a promoção da maturação dos vasos sangüíneos na matriz germinativa36. Em
uma análise multivariada, após controle para a idade gestacional nos recém-nascidos com peso abaixo
de 1500g ao nascer, únicos e apresentação cefálica, Riskin et al39 relataram uma associação
significativa com a hemorragia intraventricular com o não uso de esteróide pré-natal (odds ratio:
(redução em 16%) na substância cinzenta cortical ao termo, devido à perda das células precursoras
Neste estudo, não observamos diferença entre os grupos expostos ou não a corticoterapia
quanto à morte neonatal, como no estudo de Albuquerque e Tanuri6,28. No entanto, a maioria dos
betametasona e a dexametasona, para uma melhor compreensão do seu uso no nosso meio. No estudo
original de Liggins e Howie4, a betametasona foi usada devido este corticosteróide alcançar níveis
fetais por volta de 30% dos níveis maternos. A dexametasona e betametasona diferem apenas na
orientação do grupo metil na posição C-16, sendo a configuração alfa na dexametasona e beta na
betametasona41. No entanto, a dexametasona é cinco vezes mais potente que a betametasona nos
efeitos não genômicos41. No presente estudo, a ocorrência da doença da membrana hialina foi
significativamente menor no grupo da betametasona, como relatado por Feldman et al42, que inclusive
demonstrada, em estudos animais, ser duas a três vezes mais potente do que a dexametasona na
Lev et al44, Elimian et al41 não relataram diferenças significativas entre a ocorrência de doença da
presente estudo ocorreu igualmente com o uso da betametasona, como para a dexametasona,
semelhante ao descrito por Bar-Lev et al44, Baud et al45 e Feldman et al41. No entanto, Lee et al46
(odds ratio ajustada de 1,21, IC a 95% de 0,93-1,59), diferente de Elimian et al41 que demonstraram
(odds ratio de 2,97, com IC a 95% de 1,22-7,24). Os autores explicam este achado à potência, duração
grupo com betametasona como dexametasona. Lee et al46 evidenciaram significativamente maior risco
de morte neonatal com a exposição à dexametasona (risco relativo de 1,66, IC a 95% de 1,07-2,57). A
(risco relativo de 0,47, IC a 95% de 0.35-0,62), mas não com a dexametasona (risco relativo de 0.60,
entanto, Elimian et al40 não evidenciaram diferença entre os dois corticosteróides quanto à
mortalidade neonatal.
A menor ocorrência de doença da membrana hialina observadas neste estudo com o uso da
betametasona, associado a dados conflitantes de outros estudos, torna necessário ensaio clínico
randomizado para diferenciar o efeito da betametasona e dexametasona, tanto no feto como no recém-
nascido. No momento as evidências são insuficientes para indicar um ou outro corticosteróide para o
tratamento da gestante em risco de parto prematuro. A dexametasona tem outros benefícios adicionais,
como menor custo e maior disponibilidade41. Nos países com limitados recursos financeiros e
O presente estudo apresenta limitações por ser um estudo observacional e não um ensaio
clínico; à luz dos conhecimentos atuais, seria antiético randomizar gestantes de risco para o parto
prematuro para receber ou não corticosteróides no pré-natal, uma vez que esta prática obstétrica
baixo índice do seu uso em nosso meio, apesar de ser considerada por Avery48, como uma intervenção
doença da membrana hialina, a menor necessidade do uso de ibuprofeno para o fechamento do canal
arterial, a menor ocorrência da sepse neonatal e hemorragia intraventricular são evidências suficientes
do benefício da corticoterapia pré-natal. A base científica para esta prática é extensiva e convincente25.
da Saúde (ESCS) Ana Cláudia de Aquino Dantas, Carlos Eduardo Araújo Fairad, Cássio R. Borges,
Elaine Cristina R. Moura, Flávia Watusi de Faria e o apoio de toda a Equipe Médica e Enfermagem da
UTI Neonatal e da Maternidade do Hospital Regional da Asa Sul/DF na realização deste estudo
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.
Todas as Com Sem p
Mães Corticóide Corticóide
Tabela 1 - Algumas características das mães avaliadas, estratificadas segundo as mães terem recebido
ou não corticosteróide pré-natal
Todos os RN Com Sem P
Corticosteróide Corticosteróide
Tabela 2- Algumas características dos recém-nascidos avaliados, estratificados segundo as mães terem
recebido ou não corticosteróide pré-natal
Todas os Com Sem RR* p NNT*
RN Corticóide Corticóide
Tabela 3. Evolução clínica no período neonatal das crianças cujas mães receberam ou não
corticosteróide pré-natal
RR*: risco relativo; NNT**: número necessário para tratamento para evitar um evento adverso
*Intervalo de confiança
Tabela 4. Regressão logística das variáveis associadas com os valores de Apgar de 5º minuto (Apgar
<=3=1 e Apgar >3=2)
Tabela 6. Evolução clínica no período neonatal das crianças cujas mães receberam betametasona ou
dexametasona pré-natal
RR*: risco relativo; NNT**: número necessário para tratamento para evitar um evento adverso
VENTILAÇÃO MANUAL COM BALÃO
AUTOINFLÁVEL EM RECÉM-NASCIDOS PRÉ-
TERMOS
Ventilação Manual com balão autoinflável em recém-nascidos pré-
termos
Autor(es): Carlos Alberto M. Zaconeta, Maria Beatriz S. Borges, Diógenes
Vilas B. Souza, Monique G. Marques
Cada bebê que assistimos em seu nascimento é uma experiência primeira e única, que
não se repete jamais. Outro nascimento é outro nascimento, outro potencial genético, outro
histórico sócio cultural e familiar, outra mãe, outro pai, outra experiência intra-útero e ao
nascer, enfim outra vida. O cuidador ao nascimento, estimulando e favorecendo a interação
mãe bebê contribui com a formação do apego, do vínculo, com a estruturação neuronal e
psíquica do sujeito emergente e sua cidadania. Façamos, portanto, o melhor para cada bebê
que nasce assistindo-o em sua estrutura biológica e sujeito psicocognitivo emergente com
todos os seus potenciais de intercâmbio com o mundo que o acolhe.
No mundo nascem 350.000 bebês por dia, 14.583 por minuto, 4 por segundo. Destes
nascimentos, 12.000 bebês morrem no período neonatal, o que equivale a mais de quatro
milhões de óbitos de recém-nascidos por ano, ou seja, um óbito de recém-nascido a cada oito
segundos. Destes óbitos, 98%, ocorrem nos países em desenvolvimento como o Brasil.
Ressalta-se que quase dois terços dos óbitos neonatais no mundo ocorrem antes da primeira
semana de vida, e destes, quase dois terços durante as primeiras vinte e quatro horas. O risco
de que um bebê morra antes dos vinte e oito dias, é 15 vezes maior que em qualquer outro
momento do primeiro ano de vida.
De forma semelhante no Distrito Federal, em 2003, dos 45.401 bebês nascidos vivos
residentes nesta unidade federativa, a mortalidade infantil foi de 13,2/mil; já no grupo com
menos de 28 dias (433 óbitos) a mortalidade foi 9,6/mil, equivalente a 72% da mortalidade
infantil e dentro deste grupo, 74% dos óbitos ocorreram antes de uma semana de vida e
subseqüentemente dentro deste grupo 47% ocorreram antes de vinte e quatro horas. Portanto a
regra dos dois terços ocorreu também no DF no ano de 2003, segundo o Núcleo de
Neonatologia e SINASC – SIM / SES – DF / 2003.
Muito podemos fazer para evitar estes óbitos e garantir que os bebês sobreviventes
tenham uma realização plena como seres humanos. Em conferência proferida em 2003 em
Brasília para a Rede Neonatal do DF, o Prof. Dr. Kaare E. Lundstrom, Chefe do
Departamento de Neonatologia do Hospital Escola da Universidade de Copenhagen, afirmou
que “A monitoração eletrônica não invasiva e invasiva, equipamentos de ventilação pulmonar
de última geração, membrana extracorpórea para troca de gases, tudo com tecnologia de ponta
e alto custo, foram instituídos, mas o impacto na queda da morbimortalidade neonatal naquela
instituição que ele dirige só teve relevância quando foram somadas às aquisições citadas,
programas de cuidados humanizados e individualizados para os bebês, a partir do nascimento,
sobretudo para os prematuros. Segundo os Anuários Estatísticos do Ministério da Saúde /
Brasil, a partir de 2001, a queda de fecundidade na população brasileira e a queda da
mortalidade infantil tiveram como conseqüência o aumento da esperança de vida e do
progressivo envelhecimento da população. Isto nos conduz, portanto à consciência de
cuidar hoje do bebê vislumbrando o ancião saudável do amanhã, com sua estrutura
biológica e sujeito psicocognitivo integrados em o mundo.
Em nosso país existem normas e portarias que determinam sobre a conduta do
cuidador durante a assistência ao nascimento de uma criança. Uma delas está contida no
protocolo de reanimação neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria, que é a mesma
instituída pela American Academy of Pediatrics e pela American Heart Association. Esta
norma orienta que ao nascimento de cada bebê o pediatra assistente deve indagar se o bebê é
de termo, se o líquido amniótico tem mecônio, se o bebê chorou ou respirou e se o tono
muscular dele é bom. Se a resposta for favorável para todas as indagações, o bebê deverá ser
levado para a sua genitora e mantido junto dela e não mais ser separado dela, o que será um
elemento facilitador da formação do apego, do vínculo, da amamentação e conseqüentemente
da estruturação neurológica e psíquica do sujeito emergente. De forma semelhante, a portaria
do Ministério da Saúde que trata do aleitamento materno, estabelece no quarto dos dez passos
para o sucesso do aleitamento que se deve auxiliar a mãe, estimular e facilitar a amamentação
nos primeiros trinta minutos após o nascimento e que todo bebê recém-nascido deverá ser
colocado junto dela para sugar durante a primeira hora de vida, sempre que ambos estiverem
em boas condições, proporcionando assim contato olho a olho e pele a pele entre mãe e filho
recém-nascido. Para isto a equipe de saúde presente na sala de parto deverá manter um
ambiente de apoio, com conforto físico e emocional, que facilite o contato íntimo mãe-filho
recém-nascido, imediatamente ao nascimento. A aplicação de sedativos, analgésicos e
anestésicos às parturientes deve seguir uma rotina discutida previamente com a equipe
assistente composta pelo anestesista, obstetra, neonatologista e enfermeiro obstetra e definida
após cuidadosa avaliação individual das necessidades e conseqüências para a mãe e o bebê. O
cuidador deve limpar e secar o recém-nascido junto de sua mãe e com a ajuda desta,
facilitando que ela o segure e o leve ao seio. A equipe deve criar condições para que o bebê
acompanhe sua mãe deste o nascimento e daí para o alojamento conjunto.
Indaga-se com freqüência se o bebê possui psiquismo desenvolvido. Com resposta
baseada em evidências científicas se tem afirmado que sua estruturação psíquica inicia-se
antes mesmo do nascimento, passa por este e segue ao longo de todo o seu desenvolvimento.
Para melhor compreensão desta afirmativa lembremos-nos de alguns dados históricos. Nos
meados do século XX, o bebê era visto como um ser passivo, um tubo digestivo, uma massa
plástica a ser moldada, uma lousa branca a ser escrita, uma tábula rasa sobre a qual se
colocava o que se quisesse, um ser passivo a receber os estímulos do ambiente, enfim, um
pepino pequenino a ser torcido. Hené Spitz, psicanalista americano de origem húngara,
pioneiro no estudo de bebês, observou após a Segunda Guerra Mundial, que bebês separados
de seus pais, deixados em abrigos ou hospitais onde recebiam cuidados físicos, mas pouco
afeto ou atenção de forma constante, perdiam o interesse pelo meio que os cercavam,
tornavam-se apáticos, hipotônicos, recusavam o alimento, perdiam o seu desejo de viver e em
caso extremo de privação materna, morriam de fato, caso não fossem a tempo investidos de
amor e atenção. A partir da observação dos efeitos da privação da figura materna no
desenvolvimento das crianças, na década de 50 e em seguida pelos seus estudos, Bowlby
concluiu e postulou a sua teoria do Apego, segundo a qual um vínculo inicial seguro entre a
mãe e o bebê proporciona a este um posterior sentimento positivo de segurança em relação ao
mundo. Os efeitos patológicos da ausência dos pais nas crianças órfãs durante a Segunda
Guerra Mundial levaram os profissionais a repensar, a partir de então, o bebê de forma
diferente, como pessoa em desenvolvimento e com psiquismo em formação, mas com direito
e dignidade. Segundo o Prof. Dr. Jairo Werner, psiquiatra infantil da Universidade Federal
Fluminense, mesmo que se ofereçam nutrientes e medicamentos à criança e com ela não for
estabelecido um vínculo e com ela não for estabelecida uma cumplicidade e a ela não for
oferecido afeto, ela perde a vontade de viver e deixa de produzir hormônio de crescimento e
imunoglobulinas para defender seu corpo contra as infecções, se definha e pode ir a óbito. A
isto se dá o nome de ”Síndrome da Carência Afetiva”.
Segundo Winnicott, D W. Uma mãe suficientemente boa, mas que não seja perfeita, a
ponto de satisfazer todas as necessidades do Bebê, nem ser indiferente a elas, é importante
para o desenvolvimento de um sentimento de segurança, e bem estar psíquico do bebê. Este
ambiente “suficientemente bom” deve desempenhar três funções fundamentais, a saber:
- primeiro, o holding, que é a montagem do colo físico, e que antecipado do colo psíquico, dá
a sustentação psíquica e física ao bebê e denota a identificação de sua mãe com ele.
- segundo, o handling, que é a forma como o bebê é cuidado e manipulado, e dá-lhe a noção
do seu próprio corpo.
- terceiro, a apresentação ao bebê de elementos substitutivos ao corpo materno, que auxilia- o
na tomada de consciência do mundo externo.
Alguns fatores são decisivos para o bebê. A ansiedade ou depressão da mãe no período
pré-natal e o stress psicológico em recém-nascidos constituem fatores de risco para o bebê e
podem causar danos em suas estruturas cerebrais em desenvolvimento ou mesmo favorecer a
instalação de doenças, dependências e futuros transtornos de personalidade. A neurociência
em Repensando o Cérebro, por Shore R., tem demonstrado a importância das primeiras
experiências da criança na configuração das conexões neuronais e no desenvolvimento do seu
cérebro. Sendo assim, intervenções precoces são importantes instrumentos de prevenção de
patologias psíquicas e promoção de saúde.
No princípio da vida as percepções sensoriais do bebê podem ser dispersas e
desintegradas, mas a partir da ação materna com os cuidados diários, o bebê vai adquirindo
um senso de continuidade e segurança e a partir daí, mediante as condições ambientais
adequadas, mais o apego e o vínculo estabelecidos com o sujeito da função primordial
materna, ele vai construindo a percepção de uma pessoa inteira e integrada. Por isto devemos
estar atentos a possíveis dificuldades na formação do vínculo mãe bebê, já perceptíveis ao
nascimento e que poderão se transformar em patologias psíquicas e somáticas futuras. A ação
do cuidador primordial, a mãe, constitui a base psíquica fundamental para o desenvolvimento
da criança, seguindo a importância da interação com o cuidador primordial paterno e outros
cuidadores parentais não primordiais que é a constelação familiar e depois com os cuidadores
não parentais eleitos para auxiliar os pais, na assistência ao bebê durante as suas primeiras
horas, dias, meses e anos. Esses cuidadores também exercem papel importante no
desenvolvimento da criança. Todas as competências (potenciais genéticos, histórico sócio-
cultural e familiar, experiências da vida intra-uterina e do nascimento) somadas à integridade
neurológica e à interação com os pais e cuidadores, formam o tripé do desenvolvimento
normal da criança segundo Brazelton. Enfim o cuidador não primordial, mas eleito pelos pais
ou por uma instituição com a finalidade de ajudar o bebê, também desempenha papel
fundamental em sua constituição psíquica e física. Inicialmente o bebê depende também deste
cuidador e nesta relação de cuidar e ser cuidado existe um comprometimento mútuo e nesta
cumplicidade, bebê e cuidador se influenciam e aí começa a socialização do bebê.
O bebê é um sujeito em constituição e em sua especificidade, já possui singularidade,
história e vivências, cujos primórdios se encontram nas fantasias de sua mãe a respeito do
bebê imaginado, nas experiências da gravidez, no encontro ao nascimento e no
estabelecimento das primeiras relações com o Bebê real. Assim descreve Kelen Santana da
Costa quando fala sobre a importância do cuidador na creche influenciando na estruturação
psíquica do bebê, e assim também compreendemos a importância da ação do cuidador ao
nascimento, pois este pode ser o elemento favorecedor do encontro e facilitador da
formação do apego e do vínculo mãe bebê e subseqüentemente da estruturação do
psiquismo, que se constitui por um processo lógico desde a entrada da criança em o mundo.
Esta estruturação psíquica se dá através de quatro modos de relação entre o bebê e
seus pais, que se combina em três fases distintas, conhecidas como os três tempos do
complexo de Édipo. O cuidador ao nascimento já pode antever e facilitar este processo, onde
falamos com a criança bebê e damos sentido à sua linguagem analógica, cuidamos dela,
incluindo aí as trocas corporais investidas de carinho e satisfação, reagimos à sua linguagem
numa atitude semelhante ao espelho, repetindo o seu gesto, pedimos e oferecemos palavras e
coisas, permitimos ou impedimos experiências pelas quais o mundo lhe é apresentado e daí
segue a Identificação formadora do EU, a filiação e a busca da solução para a sexuação e
complementação do ciclo da vida.
Primordialmente o parto ocorria no domicílio, no leito da mãe, e então o acolhimento
acontecia no lar, pela família. No hospital, nós os cuidadores, na maioria das vezes longe dos
membros da constelação familiar da mãe, a assistimos juntamente com seu bebê e então esta
díade passa a depender de nossa acolhida para suprir as suas necessidades psíquicas e físicas,
que seriam supridas por aqueles que compõem sua rede de apoio familiar e social. A mulher
acrescenta à sua condição de filha a condição de mãe do bebê que nasce, e este já traz consigo
necessidades peculiares que seriam mais bem resolvidas no ninho primordial junto de sua
constelação familiar. Neste momento o bebê se manifesta através de sua linguagem analógica
que é construída pelos sinais que ele emite, através de expressões corporais, gritos e
interações visuais, enfim uma linguagem comportamental.
O bebê responde aos estímulos do seu derredor, toma iniciativa, controla a interação e
para isto chora, sorri, mira firme ou desvia o olhar e é capaz de conduzir o cuidador. O bebê é
social, recebe e promove influências interpessoais, seu comportamento social possibilita sua
sobrevivência, seu crescimento e sua estruturação psíquica. Esta competência de comunicação
que possui o bebê lhe possibilita interagir com sua mãe e com o cuidador logo após o
nascimento, facilitando a formação do vínculo mãe filho que já teve inicio muito antes da
concepção, quando da imaginação da menina que embalando seu boneco de pano faz de conta
que o amamenta e o cuida, seguindo depois na intenção da concepção, e depois no preparo do
enxoval, passando para os primeiros minutos pós-nascimento, minutos estes que são de
extrema sensibilidade e mesmo com o estresse fisiológico, se não ofuscarmos a visão do bebê
com excesso de luz, ele se mostra alerta, olha ao derredor, explora e aprende o ambiente. Isto
é comum e normal em todos os mamíferos, não seria diferente no mamífero humano, e apenas
nos casos médicos imperativos se admite a separação mãe filho ao nascimento, pois existe aí
um momento espetacular, extraordinário, extremamente rápido e sensível de aprendizagem e
reconhecimento, onde o bebê vê, reconhece e aprende a imagem de sua mãe como lhe sendo
própria.
O recém-nascido tem todos os sentidos que nós adultos temos, os utiliza e se lembra
de tê-los utilizado enquanto feto. É um ser sensorial, isto é magnífico. Percebe, sente gosto e
cheiro, escuta, memoriza, habitua, desabitua, prefere voz, prefere voz da mãe, prefere gosto e
cheiro do leite do peito de sua mãe, prefere cheiro da mãe, responde às emoções maternas. A
permanência do bebê com a mãe e com seu pai após o nascimento lhe proporciona reconhecer
tudo que lhe era familiar dentro do útero. Nos dois dias que seguem ao nascimento o bebê
prefere ouvir voz que qualquer outro tipo de som. E entre as vozes prefere a voz da mãe. O
contato pele a pele com a mãe, com seu cheiro, sua voz, seu arfar de respiração, a
contenção em seus braços como se fora o útero, resulta em menos choro e estresse, em
comparação aos bebês separados de suas mães. Ao nascimento o bebê procura marcos de
referência que o ajudem a se lembrar dos nove meses intra-útero quais sejam, o cheiro e o
gosto do líquido amniótico no leite, a voz do pai e da mãe, a freqüência e o ritmo cardíaco e
respiratório maternos, o jeito de andar e valsar da mãe e os sons que lhe são familiares e não
raro, nós o colocamos distante de tudo que lhe era familiar desde antes do nascimento, num
lugar frio, sem vida, hostil e sem contenção. Se o bebê é separado de sua mãe ao nascimento,
quanto maior o tempo de separação, maior o estresse e proporcionalmente maior o nível de
cortisona neonatal e o seu momento mágico será passado sozinho, longe dos cuidados
primordiais e diferente daquilo que a natureza lhe havia preparado. A rotina que espere... A
vida tem preferência. Busnel M. C. demonstrou em pesquisas que a freqüência e o ritmo
cardíaco de fetos e recém-nascidos pré termo ou de termo diminuem se suas mães se
comunicam com eles tanto em palavras como em pensamento. Estas mesmas pesquisas
demonstraram as evidências científicas das competências sensoriais e do inicio do
desenvolvimento do psiquismo do bebê, desde os primórdios de sua vida. É também
demonstrado por Leboyer F. que existe um período muito sensível de reconhecimento e
aprendizado na vida do bebê, propício para dar-lhe todo conforto e prazer durante e
imediatamente ao nascimento, pelo que não é nosso direito roubar-lhe este momento,
separando-o de sua mãe.
Mães que tiveram contato precoce e mantido com seus bebês desde o nascimento
estenderam a amamentação após a volta ao trabalho, numa proporção bem maior àquelas que
não tiveram contato precoce e mantido com seus bebês após o nascimento.
Boris Cyrulnik, em Os alimentos do Afeto e em Los patitos feos, nos faz recordar que
não basta ajudar uma mulher a parir um bebê, é necessário ajudá-la trazer ao muno um novo
ser humano e daí ajudá-lo a se inserir no mundo como cidadão e ser feliz.
Os ensinamentos de Vygotsky, L. S. nos diz que “Um dia o cuidador poderá fazer a
diferença na vida de uma criança, desde que este tenha estabelecido com ela uma interação tal
que a tenha facilitado construir um instrumento psíquico, através do qual ela poderá tomar
atitudes definidas, positivas e confiantes.” E para que o cuidador tenha esta competência de
ser facilitador na construção do sujeito emergente, ele deve se apropriar dos conhecimentos
aqui descritos.
5. Bowlby, J. - Apego e Perda. Angustia e Ravia. Vol. 3 - Editora Martins Fontes, 1990
6. Bowlby, J. - Formação dos primeiros laços afetivos. Quarta edição 2006 – Editora
Martins Fontes.
9. Brazelton, T.B.; Nugent, K.J. Neonatal Behavorial Acessement Scale. London: Mac
Kheit Press, 1995.
12. Cyrulnik, B. – Los patitos feos – Título original: Les vilains petits canards. Tradução
de Tomás Fernández Aúz e Beatriz Eguibar. 2ª Edição 2002 Barcelona.
13. Christian Ingo Lens Dunker, Psicólogo e Psicanalista – Instituto de Psicologia USP –
A mente do Bebê, vol. 2 pag. 14,2008
15. Golse, B. et Bursztejn C. - Dire entre corps et langage -1993. Módulo sobre o
psiquismo infantil ministrado no Curso de Perinatologia – UNB / 2001 por B.
Golse sobre o tema O desenvolvimento da linguagem.
16. Golse, in Kelen Santana da Costa. Constituição Psíquica: O que a Creche tem a (ha)
ver com isso? – COGEAE PUC SP2007
17. J. Laun e cll – The healthy newborn: a reference annual for program manager. In
Nancy V. Yinger y Elizabeth I. Ransom. Perspectivas Políticas sobre a Saúde
Neonatal -. Save the Children / Population Reference Bureau,2003
19. Kelen Santana da Costa (2007) - Constituição Psíquica: O que a Creche tem a (ha) ver
com isso? – COGEAE PUC SP
20. Klaus, M. H.; Kennell, J. H.; Klaus, P. H. – Vínculo construído as bases para um
apego seguro e para a independência.
21. Klaus, M. H. end Klaus, P. H.- Seu surpreendente recém-nascido, Artmed editora,
2001
26. Soulé, M., Cyrulnik, B. – A Inteligência anterior á palavra – Novos enfoques sobre o
bebê –Artmed Editora – 1999
28. Souza (Brasil); Klaus (EUA), in Busnel M., pesquisadora da Universidade René
Descartes – Paris v - A sensorialidade do feto in Novos olhares sobre a gestação e a
criança até três anos - L. G. E. Editora, 2002
29. Vygotsky, L. S. – O desenvolvimento psicológico na infância. Editora Martins Fontes,
1999
Os corticosteróides constituem uma das mais potentes classes de drogas usadas na medicina
perinatal e constituem uma das mais controversas medicações nas Unidades de Cuidados
Intensivos Neonatais. Os neonatologistas gostam de resultados e os corticosteróides têm imediatos
efeitos fisiológicos na função pulmonar do RN, pré-termo que é clinicamente aparente (até os pais
notam).
Na corticoterapia pós-natal no RN pré-termo com doença pulmonar progressiva, termos as
seguintes perguntas:
1) Em que momento o esteróide deveria ser uma opção viável de tratamento?
2) Qual corticosteróide deveria ser usado?
2) Qual seria a dose a ser administrada?
3) Qual a duração da terapia?
Os efeitos adversos podem ocorrer em dias a semanas ou até 1-2 anos. Os corticosteróides na
medicina perinatal seriam comparados a mísseis teleguiados (não se sabe onde e como vão cair)
segundo Jobe.
Ensaios clínicos randomizados com o uso precoce de esteróide pós-natal para a prevenção
da displasia broncopulmonar têm evidenciado aumento nas taxas de prognósticos adversos
nos RN que receberam esteróide versus aqueles RN que não receberam.
O uso do esteróide pós-natal aumentou de 43%, em 1990, para 84% entre 1993 e 1995. As
taxas de paralisia cerebral mostraram um aumento de 10% para 16% e a taxa de função
cognitiva subnormal aumentou de 20% para 48%.
Há evidências cada vez maiores que os esteróide pós-natais são associados com
complicações, tanto a curto como a longo prazo. A curto prazo: hemorragia gastrintestinal e
perfuração intestinal requerendo cirurgia. Garland e cl, utilizando um curso de 3 dias de
dexametasona na prevenção da DBP, relataram alta incidência de perfuração intestinal no
grupo tratado. Gordon e cl a partir de metanálise de ensaios randomizados com grupo placebo
com o uso de dexametasona precoce relataram risco significativo de perfuração focal no
intestino curto (OR=1, 91; IC a 95%: 1,21-3,07-p=0, 004). Outras complicações relatadas:
maior incidência de sepse nasocomial, meningite e hiperglicemia.
O estudo de O’Shea e cl de 1999, com 1 ano evidenciou maior incidência de exame
neurológico anormal (45% x 16%) e paralisia cerebral (29% x 7%) no RN exposto ao
esteróide pós-natal. Aos 2 anos, Yeh e cl relataram maior incidência de significante atraso no
desenvolvimento neurocomportamental (40% x 31%) e disfunção neuromotora (24% x 17%)
no RN exposto aos esteróides versus placebo. Shinwell e cl relataram aos 4,4 anos, maior
incidência de paralisia cerebral (49% x 15%) no RN exposto aos esteróides com início na
idade de 12 hs de vida versus os controles (OR= 4,62; 95% IC= 2,38-8,98) sendo a diplegia
espástica a forma mais comum de paralisia cerebral. O atraso no desenvolvimento foi
significativamente maior no grupo da dexametasona (OR= 2,0; 95% IC= 1,53–5,38). Houve
mais leucomalácia periventricular e hemorragia intraventricular no grupo da dexametasona,
embora não significativo. Com 18-22 meses, Stark e cl relataram índice de retardo mental <
70 em 51% do RN expostos aos esteróides pós-natais versus 43% dos controles.
Metanálise destes estudos de follow-up (O’Shea e cl, Yeh e cl e Shinwell e cl) evidenciou
significância na OR para a ocorrência de paralisia cerebral ou um exame neurológico nos RN
expostos aos esteróides pós-natais (OR= 4,86; IC 95%: 2,73-8,65; OR= 3,88; IC 95%: 2,42-
6,23). Para cada 3 a 4 RN sobreviventes, 1 apresentará um deficiente desenvolvimento
neurológico.
Murphy e cl relataram redução de 35% do volume da substância cinzenta cortical nos RN
tratados com dexametasona em comparação aos RN tratados com dexametasona (foram
estudados 7 RN no grupo da dexametasona e 11 RN não tratados, com idade gestacional entre
23 e 31semanas e 11RN a termo, com idade gestacional entre 38 e 41 semanas). Os RN com
evidência de lesão na substância branca foram excluídos, devida aquela estar associado com
deficiente desenvolvimento da substância cinzenta a termo.
Barrington, a partir de metanálise de 8 estudos compreendendo 1052 RN, concluiu que o
RR (Risco Relativo) para paralisia cerebral associado ao uso do esteróide pós-natal foi de 2,86
(IC a 95%: 1,95-4,19) e o RR para distúrbio neurológico foi de 1,66 (IC a 95%: 1,26-2,19). O
número de prematuros que necessita de ser tratado para ter uma criança com paralisia cerebral
é 7 e para ter deficiente desenvolvimento neurológico é 11.
O esteróide também diminui o nível de osteocalcina plasmática e a densidade mineral do
fêmur. Com o uso da dexametasona, Shrivastava e cl evidenciaram que o uso da
dexametasona foi associado, em comparação ao pré-tratamento, com queda na absorção do
cálcio e retenção do cálcio e fosfato. Concluem os autores que o início do esteróide é
associado com rápida e significante queda na velocidade de crescimento, absorção de cálcio e
retenção de cálcio e fósforo nestes RN com DBP.
Segundo Jobe, a dose da dexametasona (0,5mg/kg) que usamos é muito maior que a taxa
de secreção fisiológica de cortisol (15-20 vezes maior à secreção fisiológica estimada de
cortisol nos RN: a produção basal de cortisol nas 24 hs é por volta de 0,5mg no RN pré-termo
com peso de 1000g e em condições de estresse 1,5mg/dia). A dexametasona tem uma longa
vida média no plasma além de conter sulfetos que são potencialmente tóxicos ao cérebro.
Enquanto, precisamos aprender as lições do passado, ser menos invasivos, usar mais
precocemente o CPAP e diminuir o máximo a intubação nos RN que recebem surfactante na
sala de parto.
A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria recomendam: o
uso rotineiro de dexametasona sistêmica para profilaxia e o tratamento da DBP não é
recomendado, devendo este uso reservado para ensaios cuidadosamente desenhados, duplo-
cegos e controlados, tendo como objetivo final a sobrevivência sem déficit no desenvolvimento
a longo prazo. Para casos individuais, reservou a dexametasona para RN em circunstâncias
clínicas excepcionais (RN no respirador com máximo suporte ventilatório) e com
consentimento dos pais após informação dos riscos a curto e a longo prazo. Semelhante
recomendação tem sido feita pela Associação Européia de Medicina Perinatal.
O benefício do uso de esteróides inalatórios (budesonida ou beclometasona) tem sido
demonstrado, em pequenos estudos (melhora nas trocas gasosas e na mecânica pulmonar),
mas os benefícios s longo prazo não são aparentes, havendo necessidade de mais estudos para
definir o seu papel na prevenção e tratamento da displasia broncopulmonar. É importante
frisar que na nova displasia broncopulmonar não existe comprometimento de vias aéreas e
sim um atraso no desenvolvimento alveolar.
Quanto ao uso de doses menores de dexametasona, Parikh NA et al, utilizando a
ressonância magnética a termo com equivalente idade gestacional, evidenciaram diminuição
dos volumes cerebral nos RN tratados com doses moderadamente baixas de dexametasona
após 28 dias de vida. (8,7% do volume tecidual cortical, 19,9% da substância cinzenta
subcortical e 20,6% do cerebelo).
Por causa destas publicações alarmantes, vários grupos tentaram achar um corticosteróide
alternativo para tratar os pré-termos com DBP.
André et al publicaram estudo com 45 prematuros com risco de doença pulmonar crônica
que foram tratados com metilprednisolona. Esta droga tem menor ação antiinflamatória que a
dexametasona e 5x mais que a hidrocortisona. Eles tiveram aumento do ganho de peso e
diminuição na incidência de intolerância à glicose e de leucomalácia periventricular cística,
comparados com 45 que usaram dexametasona.
De Castro et al observaram que doses menores de betametasona tinham a mesma ação
antiinflamatória que a dexametasona, mas sem efeitos indesejáveis a curto prazo.
No entanto, não há dados de follow-up de longo prazo destes estudos usando esteróides
alternativos no pós-natal.
Em 2003, van der Heide-Jalving M et al divulgaram os resultados de um estudo
retrospectivo comparando a eficácia e os efeitos a longo prazo do tratamento neonatal com
hidrocortisona e dexametasona no desempenho escolar. Não foram observadas diferenças na
eficácia, mas as crianças que usaram dexametasona tiveram desempenho menor dos 7 aos 10
anos comparadas às crianças que usaram hidrocortisona.
O estudo de Rademaker KJ et al foi realizado com 226 crianças de idade gestacional
menor que 32 semanas e peso inferior a 1500 g. Aos 7 e 8 anos, elas retornaram ao Hospital
por 1 dia para fazerem vários testes. Das 226 crianças, 62 fizeram tratamento com
hidrocortisona e 164 não fizeram tratamento. Quando houve piora do padrão respiratório antes
da redução da dose, o tratamento com corticóide era prolongado ou repetido.
Quanto à imagem da ressonância magnética não houve diferença nas lesões cerebrais dos
2 grupos. A memória e a incidência da paralisia cerebral também foram proporcionais em
ambos os grupos. Não houve diferença neurocognitiva e de desempenho motor entre o grupo
tratado com hidrocortisona e o não tratado.
Karemaker R et al, em 2008, utilizaram uma coorte retrospectiva, incluídos ex-
prematuros de 7 a 10 anos que foram tratados com dexametasona e comparados com grupo
tratado com hidrocortisona e grupo controle (nunca recebeu corticosteróide). A resposta ao
estresse e o nível de ACTH foram menores no grupo da dexametasona em comparação aos
outros grupos. O aumento máximo do ACTH induzido pelo estresse foi significativamente
menor no grupo da dexametasona. O nível do cortisol plasmático foi significativamente
menor no grupo da dexametasona durante todo o período de mensuração. Não houve
diferença entre o grupo da hidrocortisona e o grupo controle.
Os achados sugerem que a hidrocortisona é mais segura que a dexametasona para tratar
prematuros com DBP. Dexametasona é 25 a 30x mais potente que a hidrocortisona. A
meia-vida da hidrocortisona é de 8 a 12 h em contraste com a dexametasona que é de 36
a 72 h, reduzindo assim, o risco de acumulação8.
A produção de interferon (IFN- γ) foi aumentada no grupo da dexametasona em
comparação aos outros grupos. Não houve diferença na produção de IL- 4 e IL- 10. Não
houve diferença na produção de citocinas entre o grupo da hidrocortisona e o controle. Não
houve diferença na produção do fator de necrose tumoral α e IL- 6 ou na composição das
células periféricas sangüíneas9.
As crianças prematuras tratadas no período neonatal com dexametasona apresentaram
menor desempenho de cognição e desenvolvimento motor. Assim, os neonatologistas devem
limitar o uso de glicocorticóides somente para situações excepcionais e em doses baixas.
Entretanto, em várias situações seu uso não pode ser evitado.
O estudo de Karemaker R et al (2008), mostrou, pela 1ª vez, que crianças tratadas com
dexametasona no período neonatal tiveram o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal afetado. Não se
observaram mudanças nas crianças tratadas com hidrocortisona.
Crianças que foram tratadas com dexametasona mostraram uma diminuição significativa
do cortisol durante e após exposição a um teste estressante comparados a crianças tratadas com
hidrocortisona no período neonatal e comparadas ao grupo controle. Além disso, o nível de
ACTH tende a ser menor no grupo que usou dexametasona em comparação aos outros 2 grupos.
Os distúrbios no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal estão implicados no desenvolvimento
das dificuldades de aprendizado.
Existe um aumento do risco de desenvolvimento de doenças auto-imunes após a
puberdade, no grupo que fez tratamento com dexametasona, portanto precisam-se de mais
estudos prolongados.
Estudos em animais (ratos) o tratamento com dexametasona resultou em severo curso de
encefalomielite autoimune experimental, um modelo animal para a esclerose múltipla na
idade adulta.
Para os humanos, significa que existe maior risco do desenvolvimento de doença
autoimune na idade adulta após o tratamento no período neonatal com dexametasona.
Em 2006. utilizando a ressonância magnética por espectroscopia, Rademaker KJ et
avaliaram o metabolismo hipocampal e a memória de curto prazo e o prognóstico
neurocomportamental na idade escolar das crianças que receberam hidrocortisona durante o
período neonatal para o tratamento da displasia broncopulmonar. Oito crianças receberam
hidrocortisona e 19, nunca receberam. Os autores relataram que a hidrocortisona na dose
usada no período neonatal não teve efeitos a longo prazo na memória e ou no metabolismo
hipocampal. Estudos em animais demonstraram que a dexametasona causa perda neuronal no
hipocampo e déficit de memória de curto tempo.
O estudo de Watterberg et al envolvendo 360 RN de peso ao nascer entre 500-999g com
12 e 48 horas de vida, evidenciou diminuição significativa na mortalidade e aumento da
sobrevivência sem displasia broncopulmonar nos RN expostos a corioamnionite confirmada
histologicamente. Aos 18-22 meses de idade corrigida, os autores demonstraram que o uso da
hidrocortisona precoce não se associou com aumento de paralisia cerebral, inclusive, os
tratados apresentaram indicadores de melhor desenvolvimento.
Rademaker KJ et al revisaram a literatura do uso da hidrocortisona no tratamento da
displasia broncopulmonar nos pré-termos com particular enfoque no seguimento destes RN.
Comparando com os pré-termos não tratados com hidrocortisona, não foram evidenciadas
diferenças nos resultados neurocognitivos e motores, assim como na incidência de lesões
cerebrais na ressonância magnética em um seguimento de 5-8 anos de idade. Estas crianças
foram tratadas exclusivamente com hidrocortisona e não sofreram contaminação com
tratamento posterior com dexametasona. O início da hidrocortisona foi acima de 7 dias.
Há várias explicações pelas quais o tratamento com a hidrocortisona pode não estar
associado déficit neurológico a longo prazo, enquanto a dexametasona está.
-a dexametasona é um glicocorticóide sintético com 25-30 vazes mais ação
antiinflamatória do que a hidrocortisona, a dose da hidrocortisona é muito menor em relação à
dexametasona.
-no cérebro a dexametasona se liga preferencialmente aos receptores de glicocorticóide e
a hidrocortisona, aos receptores de mineralocorticóide. Estudos em animais têm evidenciado
que a ativação dos receptores de glicocorticóide levou a efeitos neurológicos adversos.
-a vida média da hidrocortisona é menor do que a da dexametasona, favorecendo um
menor acúmulo da medicação com a hidrocortisona.
-o agente preservativo da dexametasona é o bissulfito e este tem mostrado ser tóxico in
vitro a culturas de neurônios e in vivo aos cérebros de ratos de 3-5 dias de vida.
Peltoniemi et al relataram o seguimento de 2 anos de 26 recém-nascidos randomizados
para receber hidrocortisona precoce por 10 dias comparados com 26 RN que receberam
placebo (soro fisiológico) na idade de 36 horas. Não foram detectadas diferenças no status
neurológico, crescimento entre o grupo que usou hidrocortisona e o grupo placebo. RN com
alto risco para displasia broncopulmonar e que apresentam baixos níveis de cortisol podem ser
beneficiados com o uso precoce de hidrocortisona. No entanto, mesmo pequenas doses de
hidrocortisona podem ser detrimental nos RN com moderado a baixo risco de displasia
broncopulmonar ou que apresentem altos níveis de cortisol ao nascer. Portanto, a eficácia e a
segurança do tratamento precoce com hidrocortisona são ainda controversos. Mais
estudos são necessários com maior follow-up para confirmar a eficácia, segurança e a falta de
conseqüências adversas do tratamento precoce com hidrocortisona
Karemaker R et al avaliaram os efeitos do tratamento neonatal com a dexametasona na
resposta cardiovascular ao estresse em crianças na idade escolar. Na idade escolar a resposta
cardiovascular ao estresse foi suprimida nas crianças tratadas com dexametasona, o que não
ocorreu com as crianças tratadas com hidrocortisona. Os autores sugerem que a hidrocortisona
pode ser uma alternativa segura à dexametasona para o tratamento da displasia
broncopulmonar do recém-nascido pré-termo.
Devido a evidências da segurança no RN com o uso da betametasona no pré-natal, De
Castro et al compararam o uso de baixa dose e curto período de uso da betametasona com o
uso convencional da dexametasona. Os autores relataram que a betametasona pode aumentar a
complacência pulmonar mais efetivamente do que a dexametasona, efeito semelhante ao
observado com o uso da betametsona no pré-natal. Os RN recebendo betametasona tiverem
menos sepse em relação aos que receberam dexametasona (10% x 32%), assim como menos
leucomalácia periventricular (0% x 7%), embora não houvesse diferenças significativas entre
os dois grupos quanto a estes achados. No entanto, não se conhecem o prognóstico das
crianças que receberam betametasona.
Em 2006. um questionário realizado a nível nacional mostrou que 91% dos
neonatologistas franceses usam betametasona para o tratamento da displasia broncopulmonar.
Cambonie G et al relataram diminuição acentuada da velocidade do fluxo sanguíneo
cerebral com o uso da betametasona (1/4 destes pacientes apresentaram aumento do espaço
subaracnóideo aumento ventricular, sugerindo deficiente desenvolvimento cerebral). Este
achado fez com que fosse trocada a betametasona para hidrocortisona, naqueles RN na quarta
semana de vida dependente de oxigênio (FiO2 >50%, em uso de óxido nítrico, alta
freqüência). Os autores não relataram as alterações anteriormente descritas com a
betametasona. Mesmo com uso de doses farmacológicas da hidrocortisona por 6 dias,
iniciando com 5 mg/kg/dia 4 vezes ao dia Segundo os autores, esta diminuição do fluxo
sanguíneo cerebral poderia ser um dos mecanismos envolvidos nos efeitos deletérios dos
corticosteróides sintéticos no desenvolvimento cerebral. Do ponto de vista hemodinâmico,
estes resultados sugerem o uso da hidrocortisona para o tratamento de resgate dos RN com
severa displasia broncopulmonar.
A terapêutica da displasia broncopulmonar nos recém-nascidos de extremo baixo peso
com esteróides, deve ser realizada nos casos selecionados (recém-nascidos no respirador após
3-4 semanas, necessitando de altas FiO2 e pressões). A literatura não respalda o uso precoce
de esteróide tanto para profilaxia como tratamento da displasia broncopulmonar nestes recém-
nascidos de risco.
Devido a várias publicações evidenciando o risco do comprometimento do
neurodesenvolvimento com o uso de dexametasona, mesmo em baixas doses e alterações no
sistema imune, propiciando o desenvolvimento de doenças auto-imunes na vida adulta, a
literatura acena para o uso da hidrocortisona. As características da hidrocortisona (menor
dose, menor efeito anti-inflamatório, não comprometimento do eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal, não contém o preservativo bissulfito lesivo ao cérebro, ligação aos receptores
mineralocorticoides no cérebro) podem explicar a ausência dos resultados adversos relatados
com o uso da dexametasona. Os resultados a curto prazo com o uso da hidrocortisona foram
semelhantes aos da dexametasona (diminuição da necessidade de oxigênio, extubação), não
sendo demonstrado aumento da paralisia cerebral e comprometimento do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal.
Ao usar o esteróide, devemos sempre optar pela menor dose, menor tempo e pelo
esteróide menos tóxico com o objetivo de facilitar o desmame do respirador.
A dose de hidrocortisona preconizada por Procianoy (comunicação pessoal) nos recém-
nascidos com as características assinaladas anteriormente é de 1mg/kg/dose de 12/12 horas
por 5 dias, podendo ser repetido 1 semana depois naqueles que não respondem. Na
ausência de uma comparação randomizada com um follow-up maior, o consenso para mudar
para hidrocortisona pode ocorrer com base na melhor evidência disponível, segundo
Rademarker KJ et al
Os esforços deveriam ser direcionados em busca de novas estratégias de proteção
pulmonar, como o uso de mais esteróide pré-natal, surfactante precoce, CPAP nasal precoce,
limitar o volume corrente na ventilação mecânica, aceitar maiores PaCO2 (ventilando com
PaCO2 > 52mmHg versus <48mmHg houve diminuição significativa do suporte ventilatório
na 36a semana de idade pós-concepção),limitar a oferta de O2 (aceitar Saturação de O2 entre
85 e 93%),administração cuidadosa de líquidos, tempo menor possível de ventilação
mecânica.. O uso de melhores práticas reduziu o uso de dexametasona de 27% para 13%
(p<0,0001) com redução da paralisia cerebral de 10,4% para 6,6% (OR: 0,63;IC A 95%: 0,3-
1,2), mortalidade neonatal ( p=0,03) e sepse neonatal tardia (p=0,0002) no estudo recente de
Seth R. No entanto, não houve diminuição da incidência de DBP e da dependência de O2 para
casa. Segundo Payne NR et a maior evidência para uma efetiva prevenção da DBP parece ser
evitar a ventilação mecânica e quando necessária, usar o menor volume corrente, com a
menor concentração de oxigênio e menor duração.
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IMUNOLOGIA DO LEITE MATERNO
Caroline Walker de Medeiros do Nascimento, Rozilene Cabral Muniz
O LEITE MATERNO
PROTÉICOS Lactoalbumina
Caseína
Lactoferrina
Seroalbumina
Lisozima
Imunoglobulinas
Enzimas (lipases)
AMINOÁCIDOS Cistina
Taurina
LIPÍDICOS Ácidos linoléico, palmítico, oléico
Colesterol
HIDRATOS DE CARBONO Lactose
Galactose
Glicose
Oligossacarídeos
Glicoproteínas
ÁGUA, SAIS MINERAIS E
VITAMINAS
OUTROS Interferon-gama, TNF-alfa, TGF-beta,
fatores estimuladores de colônias,
interleucinas
Fonte: baseado em Ferreira, 1998 com modificações.
O colostro humano é o leite produzido nas glândulas mamárias nos primeiros cinco
dias do pós-parto, com volume aproximado de 100 ml/dia, muito rico em IgA, lactoferrinas e
fatores de crescimento que estimulam o intestino imaturo da criança a se desenvolver e
absorver o leite maduro, além de impedir a absorção de proteínas não
digeridas. Possui menor teor de gordura, lactose e vitaminas, é mais denso que o leite maduro
e possui cor amarelada. O colostro é capaz de oferecer a primeira imunização contra a maioria
dos patógenos e contém 2 a 4 x 106 células/ml, número que diminui rapidamente nos quatro
dias do pós-parto e de forma mais gradual posteriormente. Tem um efeito laxativo que ajuda a
eliminar o mecônio e a diminuir a icterícia neonatal. Se a criança receber leite de vaca ou
outro alimento antes de receber o colostro, poderá desenvolver reações alérgicas.
O leite de transição é o leite produzido entre o 6º até 15º dia do pós-parto. Contém
menos proteínas e mais lactose e lipídios (torna-se mais calórico para atender as necessidades
fisiológicas e nutricionais do lactente). A produção materna diária de leite tende a aumentar,
estimulada pela sucção do recém-nascido. Nos dez primeiros dias, há mais células brancas por
mililitro de leite do que na corrente sanguínea.
O leite maduro aparenta ser um leite ralo, levando as mães a pensarem que seu leite é
fraco e que não sustenta a criança, porém este leite é constituído por todos os nutrientes que a
criança necessita para crescer e se desenvolver. Neste leite há uma diminuição das
concentrações de sódio, cloro e proteínas e há um aumento de citrato, lipídeos e lactose. O
leite anterior é mais fluido, com maior quantidade de proteínas do soro, água e lactose. O leite
posterior é rico em gorduras, favorecendo a saciedade e o ganho ponderal.
A amamentação ao seio materno também inibe ou neutraliza o desenvolvimento dos
patógenos através de:
1) estabelecimento de uma flora intestinal com pH baixo (entre 4,0 e 5,0 - que impede o
crescimento bacteriano intraluminal);
2) manutenção da composição, da osmolaridade e de temperatura adequadas, que permitem a
aceleração do peristaltismo intestinal e conseqüente expulsão precoce do mecônio;
3) impedimento do refluxo gastroesofágico irritativo.
IMUNOGLOBULINAS
Os anticorpos do leite materno apresentam as seguintes classes: IgA, IgM, IgG, IgE e
IgD. Há quantidades apreciáveis de IgA, IgG e IgM e pequenas quantidades de IgD e IgE. Os
anticorpos IgG, IgM e IgD no leite podem mediar a citotoxicidade celular dependente de
anticorpos (destruição de bactérias revestidas de anticorpo).
A classe de anticorpos mais abundante é a IgA secretora (80 a 90% do número total de
imunoglobulinas), produzida e armazenada nas glândulas mamárias e também encontrada em
grande quantidade no trato respiratório e gastrintestinal dos adultos. Está presente em sua
maior concentração nos primeiros dias do pós-parto (no colostro) e então diminui
progressivamente para um nível basal de 0,2 a 0,3 g/L.
A IgA secretora possui uma estrutura diferente em relação aos anticorpos séricos. A
IgA sérica é um monômero e a IgA secretora é um dímero, ou seja, duas moléculas de IgA
unidas pela cadeia J e ao componente secretor, que é sintetizado na membrana basolateral das
células epiteliais da glândula mamária, formando o complexo IgA secretora (IgAs). Esse
processo é conhecido como ciclo entero-mamário ou bronco-mamário, associando a glândula
mamária ao sistema imune comum de mucosas. Assim, as moléculas de IgAs não são
degradadas pelo ácido gástrico e enzimas digestivas, podendo bloquear a adesão e entrada de
diversos microorganismos, agindo localmente e protegendo as superfícies mucosas do
lactente. A síntese de IgAs é influenciada por diversos fatores, tais como a experiência
imunológica da mãe ou infecções maternas recentes, por exemplo.
A atividade protetora da IgAs é diferente das outras imunoglobulinas. Sua ação
principal é bloquear a adesão de microorganismos às células epiteliais intestinais. A produção
de IgAs pelo lactente se inicia em torno dos dois a três meses de idade e, até este momento, o
aporte de imunoglobulinas se faz através do leite materno. Níveis próximos aos dos adultos
são encontrados entre os seis e oito anos de idade.
A especificidade da IgAs estende-se a diversos agentes, como: Salmonella, Shigella,
Escherichia coli, Vibrio cholerae, Campylobacter, Giardia lamblia, Entamoeba histolytica,
Bordetella pertussis, Staphilococcus aureus, Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae e
Streptococcus pneumoniae, vírus (Poliovirus 1, 2 e 3, Echovírus, Coxsackie, Influenzae e
Rotavírus). A proteção contra infecções fúngicas se faz através de linfócitos T.
Os níveis de IgM no leite materno chegam a 2,5mg/dl, sendo o segundo anticorpo
mais abundante. Os níveis de IgG e IgE são baixos no colostro e leite materno. A IgE pode
combinar com antígenos no lúmen intestinal e liberar
mediadores químicos que podem aumentar a permeabilidade vascular. Mesmo em mães
alérgicas há pouquíssima passagem de IgE pelo leite.
Poucos estudos mostram as possíveis alterações na composição do leite humano
dependendo do tipo e do número de partos. De acordo com esses estudos, as primíparas têm
concentrações mais altas de IgAs e IgM que as multíparas, provavelmente por apresentarem
uma lentidão no enchimento da mama em relação às multíparas. As mães submetidas a parto
cesárea (mas que entraram em trabalho de parto) tinham níveis de IgAs mais altos no colostro
do que aquelas que optaram pelo parto vaginal. Não houve diferença significativa nos níveis
de IgG em relação a paridade e tipo de parto e nos níveis de IgM em relação ao tipo de parto.
Provavelmente o estresse cirúrgico aliado ao trabalho de parto torna as concentrações de IgAs
mais altas no colostro entre 48 e 72 horas pós-parto. Também foi observado que quanto mais
precoce a coleta do colostro, maior a concentração de IgAs, daí a importância do aleitamento
materno precoce do recém-nascido, se possível ainda na sala de parto.
O aleitamento materno, por todas as suas características, deve ser sempre incentivado
por toda a equipe médica que acompanha a mãe, incluindo o pediatra e o obstetra, desde o
pré-natal. A identificação e o estudo das funções dos componentes do leite humano mostram
que este é um alimento completo que oferece às crianças muito mais do que uma simples
nutrição, protegendo principalmente contra infecções.
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Friedman NJ, Zeiger RS. The role of breast-feeding in the development of allergies and
asthma. J Allergy Clin Immunol 115:1238,2005.
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
NO RECÉM-NASCIDO
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
PRINCIPAIS MEDICAMENTOS EM NEONATOLOGIA
Via percutânea
A via percutânea compreende a aplicação de medicamentos na pele e em mucosas.
Com ação normalmente de curta duração, sua importância reside no fato de ter efeito local,
reduzindo, assim, as chances de reações colaterais sistêmicos. Como desvantagem, apresenta
a necessidade de reaplicações frequentes. As formas farmacêuticas utilizadas nesta via de
administração de medicamentos estão explicitadas na tabela a seguir.
Via enteral
Nesta categoria inclui-se a administração de medicamentos por via oral,
nasogástrica e retal, sendo esta última considerada por algumas literaturas também como
método de administração por via percutânea. A tabela 2 apresenta as principais formas
farmacêuticas utilizadas nesta via.
Tabela 2 – Fórmulas farmacêuticas para administração por via enteral.
Administração oral Administração enteral Administração retal
Líquidas: Sólidas: Líquidas: Líquidas:
Soluções Pós Soluções Enema
Xaropes Granulados Xaropes Sólidas:
Elixires Cápsulas Elixires Supositórios
Colutórios gelatinosas Suspensões Cápsulas retais
Banhos de boca duras Emulsões
e garganta Cápsulas moles Tinturas
Suspensões Comprimidos
Emulsões Pastilhas
Tinturas
Alcoolaturas
Alcoolatos
Chás
Extratos fluidos
Via parenteral
Definida como qualquer outra via de administração que não tópica ou enteral, a
via parenteral inclui métodos invasivos, os quais exigem técnicas específicas e preparo
técnico do profissional. Possui a vantagem de melhor absorção, pois além de ter efeito
sistêmico, não sofre ação das enzimas gástricas nem o efeito de primeira passagem. Por isso,
o início dos efeitos se dá mais rapidamente, necessitando de doses geralmente menores,
porém representam maior custo.
Fazem parte da via parenteral as vias intradérmica, subcutânea, intramuscular e
intravenosa, também chamada de endovenosa. Todas utilizam como instrumento a seringa e
agulha ou outros dispositivos como no caso de infusão contínua do medicamento. A escolha
do equipamento a ser utilizado leva em consideração a via prescrita, o volume, bem como a
constituição física do cliente.
Os medicamentos para administração parenteral podem ser apresentados na forma
líquida ou em pó, sendo embalados em recipientes estéreis. Quando em forma de pó, o
medicamento deve ser reconstituído à forma líquida através de adição de solvente. Os
solventes mais comuns são a água destilada e a solução fisiológica a 0,9%, porém alguns
medicamentos requerem soluções próprias e cabe ao fabricante a indicação do diluente a ser
empregado na técnica. Muitas vezes faz-se necessário um volume maior do que aquele
resultante da reconstituição. Nestes casos, é preciso diluir a solução, ou seja, diminuir a
concentração da solução mediante adição de mais solvente. A seguir apresentamos na tabela 3
as principais características de cada tipo de via parenteral.
Tabela 3 – Principais características das vias de administração parenteral de medicamentos
Características e locais de aplicação Volume Ângulo da
de agulha
solução
intradérmica
Heparina Sódica •
Antiinflamatório,
imunossupressor,
Hidrocortisona •
vasoconstritor,
corticoesteróide
Imipenem +
•
Cilastatina Sódica
Insulina •
Lanatosídeo •
Leucovorina •
Meropenem •
Metilprednisolona •
Antiemético
Metoclopramida Estimulante • Endovenosa lenta
peristáltico
Metronidazol •
Benzodiazepínico
com efeitos
ansiolíticos,
Midazolam •
hipnóticos,
anticonvulsivantes e
relaxante muscular.
Omeprazol •
Oxacilina •
Pancurônio •
Prostaglandina •
Pancurônio •
Antiulceroso
Antagonista dos • Endovenosa lenta em 15 a 30
Ranitidina Tagamet
receptores H2 de minutos
histamina
Teicoplanina •
Vancomicina •
Vecurônio •
• Endovenosa lenta
Zidovudina Antiviral sistêmico
Zidovudina® • (em bomba de infusão com
Zidovir® tempo de infusão igual a 1
hora)
Tabela 5 – Principais características para administração dos medicamentos comuns em neonatologia
ESTABILIDADE
NOME E INTERAÇÕES
RECONSTITUIÇÃO DILUIÇÃO CUIDADOS
GENÉRICO ARMAZENAME MEDICAMENTOSAS
NTO
• Antes de
aberto:
Armazenament • Probenecida – Possível aumento
o em de toxicidade
temperatura • Zidovudina – Possível letargia ou • Observar sinais de flebite; se
ambiente desmaio presente, aumentar a diluição da
Cloreto de Sódio 0,9%
• Após • Incompatibilidades: glicose, infusão
Água estéril para injeção (SF 0,9%) ou solução
Aciclovir reconstituição: aminoácidos, emulsão de lipídios, • Monitorizar função renal e
(água destilada: AD) glicosada 5%
12 horas em aztreonam, metronidazol, hepática
(SG 5%)
temperatura imipenem, meropenem, • Não deve ser refrigerado
ambiente cefepime, citrato de cafeína, •
• Após diluição: dobutamina, dopamina e
12 horas em piperacilina-tazobactam
temperatura
ambiente
SF 0,9% ou SG 5% • Estável por até 4 • Incompatibilidades: Midazolam, • Observar reações alérgicas (dor
Albumina humana horas após a vancomicina e verapamil na nuca, náuseas e rubor)
abertura
• Antes de • Antagonista de antimiastênicos
aberto: • Aciclovir, outros
Armazenament aminoglicosídeos, anfotericina B,
o em cisplatina, vancomicina,
SF 0,9% ou SG 5%. O
temperatura cefalotina – aumento da
volume deve ser o
ambiente. nefrotoxicidade
suficiente para • Monitorizar função renal
Amicacina -------- • Após diluição: • Furosemida – aumento da
alcançar a
até 24 horas ototoxicidade
concentração de 0,25 a
em • Incompatibilidades: emulsão de
5mg/mL
temperatura lipídeos, anfotericina B,
mabiente e ampicilina, , carbenicilina,
60dias sendo fenitoína, heparina
refrigerado e (concentrações > 1U/mL),
protegido da imipenem-cilastatina, meticilina,
luz mezlocilina, nafcilina, oxacilina,
penicilina G cristalina, propofol,
tiopental e ticarcilina-clavulonato
• Armazenar em
temperatura • Incompatibilidades: amiodarona,
ambiente; cefalosporinas, clindamicina,
• Monitorar PA e FC (risco de
Aminofilina AD e SG 5% proteger da luz dobutamina, epinefrina,
hipotensão)
• Após diluição: hidralazina, metilprednisolona,
desprezar penicilina G e fenitoína
sobras
• Anestésicos – maior risco de
depressão miocárdica
• Antiarrítmicos da classe I –
• Antes de
possível toxicidade
aberto:
• Bloqueadores beta-adreérgicos
armazenado • Monitorizar pressão arterial (PA)
ou bloqueadores dos canais de
em e frequência cardíaca (FC)
SG5% em volume cálcio – maior risco de bradiar-
temperatura • Monitorizar função pulmonar
suficiente para ritmias, bloqueio sinusal ou
Amiodarona ------ ambiente e • Via endovenos em bolus
alcançar concentração bloqueio atrioventricular
protegido da desaconselhada por riscos
de 1,5mg/mL • Ciclosporina, dextrometorfano,
luz hemodinâmicos
fenitoína, metotrexato e teofilina
• Após diluição: 2 • Não deve ser refrigerado
– aumento dos níveis séricos
horas em
dessas drogas
equipo de PVC
• Incompatibilidades: aminofilina,
bicarbonato de sódio, cefazolina,
cloreto de sódio, heparina
• Após diluição:
03 dias em
• Incompatibilidades: probenecida,
Amoxacilina e
SG 5%, SF0,9%, Água temperatura • Monitorizar sinais de desconforto
Clavulonato de --------- antiácidos, didanosina, fenitoína,
destilada ambiente ou 14 abdominal, icterícia
Potássio dias sob cafeína, varfarina, aminofilina
refrigeração
• Incompatibilidades: ampicilina,
• Apenas em ar
bicarbonato de sódio,
ambiente, uso
Atropina ------- ------- cloranfenicol, cimetidina, • Monitorar FC
imediato e
epinefrina, isoproterenol,
protegido da luz
metaramirol, norepinefrina,
pentobarbital, promazina,
tiopental e varfarina
• Antes de
aberto:
temperatura
ambiente e
protegido da
luz
• Após
• Monitorizar hemograma e função
reconstituição: • Furosemida e probenecida –
hepática
SF 0,9% ou SG 5% em 48 horas se em aumento dos níveis séricos de
• Monitorizar PA
volume suficiente para temperatura aztreonam
• Monitorizar sinais de flebite
Aztreonam AD alcançar a ambiente ou 7 • Incompatibilidades: aciclovir,
• Não usar em caso de alergia à
concentração de até dias se anfotericina B, ganciclovir,
penicilina ou cefalosporina
20mg/mL refrigerado (2-8 lorazepam, metronidazol e
C) • Verificar glicemia 1 hora após a
nafcilina
administração
• Após diluição:
48 horas se em
temperatura
ambiente ou 7
dias se
refrigerado (2-8
C)
• Antes de
aberto: • Incompatibilidades:
temperatura amiglicosideos, aminofilina,
anfoterecina, cloranfenicol, • Monitorizar flebite.
ambiente
eritromicina ,amiodarona,
SF 0,9%, SG 5%, água • Não congelar.
Benzil Penicilina • Ápos diluição: metronidazol, dopamina,
destilada
G Cristalina 24 horas em raniditina,furosemida,
(50-100 ml) • Não usar em caso de alergia a
temperatura hidrocortizona,heparina,clindami penicilina ou cefalosporina
ambiente ou cina, lidocaína, fluconazol,
07 dias sob cloreto de potássio
refrigeração
• Antes de
aberto:
temperatura
ambiente
• Probenecida - pode aumentar a
• Monitorizar disfunção renal,
• Após diluição ação da cefuroxima
hepática, hematólogia
em água
Cefepime AD SF 0,9% e SG 5% • Incompatibilidades:
destilada: 24 • Não usar em caso de alergia a
aminoglicosideos, lasix,
horas em penicilina ou cefalosporina
anticoagulantes
temperatura
ambiente ou 7
dias sob
refrigeração
• Antes de
aberto:
temperatura
ambiente,
• Monitorizar disfunção renal
• Probenecida: pode aumentar a
• Após diluição ação da cefuroxima,
Cefoxitina AD SF 0,9% e SG 5% • Não usar em caso de alergia a
em água Amiglicosideos
penicilina ou cefalosporina
destilada: 24 hs
em temperatura
ambiente, 7 dias
sob refrigeração
• Antes de
aberto:
temperatura
Cefuroxima AD SF 0,9% e SG 5% ambiente • •
• Ápos diluição
em água
destilada: 08
horas em
temperatura
ambiente ou 02
dias sob
refrigeração
• Ápos diluição e
m cloreto de
sódio: 24 horas
em temperatura
ambiente,
• Sob
refrigeração -07
dias
• Protegido da
luz
• Incompatibilidade: diazepam
• Tubocurarina – pode ter seu
• Não congelar
• Após diluição: efeito de bloqueador muscular
• Monitorar FC, PA
24 horas em aumentado
• Monitorar sinais de depressão
Cetamina -------- SF 0,9% e SG 5% temperatura • Hipotensores arteriais ou
respiratória, aumento da
ambiente depressores do sistema nervoso
secreção brônquica, movimentos
• Proteger da luz central – aumento dos riscos de
tônico-clônicos, vômitos
hipotensão e depressão
respiratória
• Antes de • Benzodiazepínicos (alprazolam,
aberto: clordiazepóxido, diazepam,
temperatura clorazepato, flurazepam,
ambiente, halazepam, prazepan, triazolam),
Cimetidina ------- SF 0,9% e SG 5% protegido da fenitoína, lidocaína, propanolol e • Monitorizar PA
luz varfarina – alteração nos níveis
• Após diluição: das enzimas hepáticas
48 horas em • Cisaprida – pode desencadear
temperatura arritmias e levar ao óbito
ambiente • Anfotericina B – ocorre
precipitação imediata
• Incompatibilidades: aminofilina,
anfotericina B, atropina,
cefalotina, cefazolina, cefepima,
fenobarbital, gentamicina,
indometacina, metoclopramida,
pentobarbital, secobarbital,
tiopental, varfarina
• Após diluição:
• Administrar a droga em veia de
03 dias em
• Incompatibilidades: probenecida, grande calibre
SF 0,9% e SG 5%, AD, temperatura
Ciprofloxacina ------- antiácidos, didanosina, fenitoína,
ambiente ou 14
ringer cafeína, varfarina, aminofilina • Monitorizar sinais de desconforto
dias sob
abdominal
refrigeração
• Após • Cabamazepina –
reconstituição:
06 horas em • Incompatibilidades: aminofilina,
• Monitorizar sinais de alergias a
Temperatura carbamazepina, digoxina,
SF 0,9%, AD, Solução eritromicina, flebites, desconforto
Ambiente ou 48 varfarina, zidovudina,rifampicina
Claritromicina AD abdominais, função renal,
de Ringer horas sob metilprednisolana,
hematológicas
refrigeração anticoagulantes orais, omeprazol,
sildenafil, ciclosporina midazolan,
• Proteger da luz ciclosporina
• Monitorizar sinais de
sangramento ou hemorragia
• Incompatibilidades: ácido (equimoses, hematomas,
• Antes de
acetilsalicílico, dipiridamol, hematúria),
aberto:
penicilinas, ácido valpróico,
temperatura
cefamandol, cefmetazol, • Monitorar função hematológicas
Heparina Sódica --------------- SF 0,9% e SG 5% ambiente
cefoperazona, cefotetana, (ttpa, hematócrito, contagem de
quinidina, plicamicina, plaquetas)
• Após diluição:
tetraciclina, estreptoquinase,
24 horas
trombolíticos, anti-histamínicos • Não administrar drogas por via
intramuscular (devido ao risco de
formação de hematomas)
• Antes da
reconstituição:
em temperatura
ambiente • Incompatibilidades: aciclovir,
• Após complexos vitamínicos,
Meropenem AD SF 0,9% ou SG 5% •
reconstituição: diazepam, doxiciclina, gluconato
2 horas em ar de cálcio e ondansetrona
ambiente ou 12
horas sob
refrigeração
• Diuréticos – podem diminuir o
efeito da metilprednisolona e
vice-versa
• Verificar PA
• Suplementação de Potássio, ácido
• Monitorizar hemograma, glicose,
fólico – podem sofrer diminuição
eletrólitos
• Antes de
aberto: • Varfarina – podem ter seu efeito
• Monitorar sinais de insuficiência
temperatura exacerbado ou diminuído
adrenal (hipotensão, perda de
ambiente peso, fraqueza, anorexia, letargia,
• Ciclosporina – diminui a
inquietação)
• Após depuração metabólica da
Metilprednisolona Diluente apropriado SF 0,9% e SG 5% reconstituição: metilprednisolona
• Monitorar risco de convulsão,
48 horas em anafilaxia, edema em face, dor,
temperatura • Incompatibilidades:
paracentamol, álcool, urticária, equimose, petéquias,
ambiente hematúria, melena, sinais de
anticoagulantes, atropina,
hipoglicemia
• Proteger da luz antidepressivos, antiglicemicos,
insulina, hormônios da tireóide,
anticoncepcionais, digitálicos, • Durante o tratamento, não
diuréticos, bloqueadores oferecer nenhum tipo de
neuromuscular, somatrem, imunização
vacinas de vírus vivos,
ciclosporina, suplementos de
potássio, imunissopressores,
mitotano, acido fólico, isoniazida,
salicilatos
• Antes de
aberto:
temperatura
ambiente
• Incompatibiliades: alopurinol,
• Após diluição
ampicilina, benzilpenicilina
com SG 5%: até
potássica, bicarbonato de sódio,
24 horas em • Quando infundida rapidamente,
cefalotina, cefalosporinas,
temperatura pode causar agitação súbita e
cefepime, cisplatina,
Metoclopramida ---------- AD, SF 0,9% e SG 5% ambiente sintomas extrapiramidais
cloranfenicol, eritromicina,
• Após diluição (agitação, movimentos
furosemida, gluconato de cálcio
com SF 0,9%: involuntários)
metotrexato, propofol
até 24 horas em
• Digoxina – seus efeitos são
temperatura
diminuídos pelo metoclopramida
ambiente ou até
4 semanas sob
refrigeração
• Proteger da luz
• Incompatibilidades: aztreonam,
Não precisa ser
• 24h em benzilpenicilina poássica,
diluído, mas é • Não refrigerar – acontece
temperatura cefalotina, cefoxitina,
Metronidazol _______ compatível com SF precipitação
ambiente ciprofloxacin, dopamina,
0,9%, SG 5%, AD e •
• Proteger da luz filgrastim, hidrocortisona,
ringer lactato
meropenem
• Ranitidina - pode diminuir a
• Antes da absorção do Midazolam
reconstituição e • Soluções não recomendadas para • Monitorar sinais vitais
diluição: até 10 a diluição ou mistura do • Monitorar sinais de: hipotensão,
dias (aspirada medicamento, mas que podem tremor, constipação,
em seringa) se ser administradas na mesma via: irritabilidade e leucopenia
Midazolam -------- AD
em solução glicosada 5%, solução • Antídoto: Flumazenil
temperatura fisiológica 0,9%, ringer lactato. • Pode causar síndrome de
ambiente ou • Cetamina em altas doses ou em abstinência se interrupção
refrigerada. administração rápida – pode abrupta.
• Proteger da luz aumentar o risco de hipotensão
e⁄ou depressão respiratória
• Cimetidina – pode inibir a
biotransformação hepática do
Midazolam
• Incompatibilidades: Ranitidina,
pentobarbital, dimenidrinato,
foscarnet, perpenazina,
proclorperazina
• Levodopa – pode ter seu efeito
diminuído pelo Midazolam
• Após
reconstituição:
04 horas
• Após diluição
com SF 0,9%:
até 12 horas em
temperatura • Observar a coloração da solução
ambiente • Não deve ser utilizada com outros se a técnica utilizada para a
• Após diluição medicamentos na mesma solução reconstituição for incorreta
Omeprazol Solução própria SF 0,9% ou SG 5%
com SG 5%: até • Diazepam, fenitoína, varfarina – • Monitorar: rush cutâneo, diarréia,
06 horas em podem ter suas ações aumentadas vômitos, constipação,
temperatura insuficiência respiratória, febre.
ambiente
• Deve ser
administrada
imediatamente
após diluição
• Proteger da luz
• Após
reconstituição:
24 horas sob
refrigeração • Pode ocorrer tromboflebite ou
Liofilizado: água Água destilada, SG 5% • Após diluição • Incompatibilidades: verapamil e crises convulsivas na
Oxacilina
destilada (50mg por ml) e SF 0,9 % com SF 0,9%: aminoglicosídeos administração EV direita muito
24 horas sob rápida
refrigeração
• Após diluição
com SG 5%:
não armazenar
• Após diluição
com AD: até 07
dias sob
refrigeração
• Antes de
aberto: manter
em refrigeração • Monitorizar função renal
• Incompatibilidades: sulfato de
• Após diluição: magnésio, quinidina, • Monitorizar ventilação mecânica,
Pancurônio -------------- SF 0,9% e SG 5% 48 horas em succinilcolina, antidepressivo, mantendo oxigenação adequada,
temperatura procainamida, digitalicos devido a medicação ter ação de
ambiente ou 06 bloqueador neuromuscular
meses sob
refrigeração
Garrot, em 1908, criou a expressão Erros Inatos do Metabolismo (EIM) para descrever
doenças determinadas geneticamente, causadas por um defeito enzimáticos específico que leva
a um bloqueio em vias metabólicas específicas, com conseqüente acúmulo de substrato ou
deficiência de um produto.
Cerca de 10% das patologias genéticas decorrem de EIM cuja base bioquímica envolve
defeitos de uma ampla variedade de proteínas, receptores de membrana, proteínas do
colágeno, proteínas de transporte, hormônios peptídicos, imunoglobulinas , fatores de
coagulação e defeitos nos processo de glicosilação protéica . A grande maioria dos EIM
envolve anormalidades nas enzimas e proteínas de transporte.
Embora individualmente raras, doenças metabólicas hereditárias (EIM) como grupo afetam
1 a 2% de todos os recém-nascidos, percentual que se eleva em grupos de risco.
Um grande número de defeitos metabólicos hereditários são tratáveis e a evolução do quadro
depende do rápido diagnóstico e precoce instituição do tratamento. Mesmo em casos não
tratáveis o diagnóstico permitirá o aconselhamento familiar com orientação do risco de
reincidência em próximas gestações.
Acidemias orgânicas
Glicogenoses,
Hiperlacticemias congênitas
doenças lisossomais
doenças peroxissomais
defeitos de Glicosilação
No grupo III a maioria das doenças desse grupo como as Doenças Peroxissômicas e
os Defeitos de Glicosilação apresenta dismorfias, hipotonia, severo comprometimento
neurológico , visceromegalias e alterações hematológicas.As raras doenças lisossomais que se
manifestam no período neonatal cursam com dismorfias , visceromegalias , alterações ósseas
e hidropsia fetal .
Recém nascido a termo, com poucos dias ou semanas de vida podem apresentar
sintomas e sinais como alterações metabólicas, letargia, recusa alimentar, vômitos, taquipneia
pela acidose, diminuição da perfusão, crises convulsivas, coma com hipo ou hipertonia,
opistótono, movimentos mastigatórios e mioclonias
Lactacticemia
Hipotonia
Convulsão
Coma
Alterações Hematológicas (Anemia, Leucopenia, Trombocitopenia)
Tirosinemia
Leucinose
Ciclo da Uréia
Leucinose ou Doença do Xarope de Bordo (Maple Syrup Disease : MSUD), causada pela
deficiencia do Complexo de Desodrogenases dos cetoacidos de cadeia ramificada. Recém-
nascido com o quadro clássico,já no pos-parto cursam com progressivo aumento dos
aminoácidos de cadeia ramificada , leucina , isoleucina e valina , independente da ingestão
protéica, em decorrência do catabolismo protéico endógeno . Em 48hs após o parto , o recém-
nascido apresenta cetonuria , tornando-se irritado ,distônico, letargico com dificuldade de
sucção .Concomitante aos sintomas ,surge o característico odor doce , caramelado do xarope
de bordo.(Morton,et al,2001)
Com 04 dias de vida, os sinais neurológicos incluem distonia , letargia alternando com
irritabilidade , apneia, convulsões e sinais de dano cerebral focal. Apesar desse
comprometimento sistêmico, não se detecta grandes alterações nas avaliações bioquímicas de
rotina. Praticamente não se evidencia acidose, hiperamonemia ou hiperlacticemia
A principal conduta visa o controle de edema cerebral, avaliação da tensão fontanelar
, do perímetro cefálico e dos sinais vitais , com minimos processos invasivos .Manter a
osmolaridade plasmática em torno de 300mosm/L, a Natremia acima de 140mEq/L e a
produção urinária de 2 a 4 ml/kg/h com densidade inferior a 1010.Se necessário administrar
Furosemida .Manitol só deve ser administrado se houver sinais de hipertensão intracraniana.
.(Morton , et al, 2002)
Deve se no mínimo fazer diariamente o teste da Dihidrofenihidrazina para controle da
concentração dos aminoácidos de cadeia ramificada ;leucina , isoleucina e valina .Está indicado
o uso de fómulas especiais após confirmação específica .
DEFEITOS DO CICLO DA UREIA -Os distúrbio do ciclo da uréia manifestam-se com alcalose
respiratória em decorrência da hiperamonemia que estimula o centro respiratório e cursam
com Encefalopatias progressiva e Crises epilépticas.
A Deficiência de Ornitina transcarbamilase (OTC) é a deficiência mais comum do Ciclo da Uréia
, que se manifesta com vômitos , alcalose respiratória , encefalopatia e hiperamonemia , após um
intervalo livre de sintomas em recém nascido a termo, sem intercorrencia perinatal .
Patologia de herança ligada ao cromossomo X,pode também se manifestar no sexo feminino de
forma mais leve , com sinais de intolerância proteica .O tratamento preconizado visa diminuir os
níveis de Amônia que é neurotóxica , com restrição da carga protéica e uso de substancias
removedoras da amônia sanguinea como Benzoato de Sódio , Fenilacetato de sódio e
complementação com Arginina . Em casos graves está indicado transplante hepático
(.Raghuveer,et al,2006)
Doenças Mitocondriais
Hipoglicemia e Hepatomegalia
Icterícia
Hepatomegalia
Hipoglicemia
Vômitos
Convulsões
Irritabilidade
Perda de peso
Dificuldade de sucção
Quadro séptico Neonatal por Escherichia coli
1- Lactato desidrogenase
2-Alanina amino-transferase
3- Piruvato carboxilase
4-Piruvato desidrogenase
Em geral esse complexo apresenta prognóstico severo a não ser nos casos associados
à afinidade alterada para tiamina-pirofosfato nos quais a suplementação com altas doses de
TIAMINA apresentam melhora do quadro .
Em geral as DLD iniciam se após o período neonatal; nos casos de Sialidose tipo II o RN
pode apresentar fácies grosseira alterações ósseas com fraturas e ascite .
Doenças Peroxissômicas
2-beta- oxidação dos ácidos graxos , ácidos dicarboxílicos de cadeia longa e cadeia
lateral do colesterol;
Dismorfismos característicos
Hipotonia severa
Crises epilépticas
Catarata/ Glaucoma /Opacificação de Córnea
Retinopatia pigmentar
Displasia do nervo Óptico
Hepatomegalia
Crises epilépticas
Hepatomegalia
Retinopatia pigmentar
Disfunção Adrenocortical
A Síndrome de Smith Lemli-Optiz, uma das mais comuns síndromes dismórficas , com
freqüência de 1/20000 a 1/40000, decorrente de um erro inato no metabolismo do
Colesterol.Este está envolvido em vias de sinalização embriônica , interferindo com a
expressão do gene Sonic Hedgehog .Crianças afetadas apresentam defeitos cerebrais,
incluindo defeito de corpo caloso, hipoplasia de lobos frontais , hipoplasia cerebelar e várias
formas de holoprosencefalia .Niveis plasmáticos de Colesterol são baixos,com elevação de seu
precursor ,7-dehidrocolesterol, em decorrencia de um defeito na enzima 7-dehidrocolesterol-d-
reductase(DHCR7).
Ocorre melhora significativa do desenvolvimento neurológico com dieta de alto concentração
do Colesterol.(Lyon,Kolodny et Pastores,2006)
Alterações de cabelos
Alterações de pele
Hepatomegalia
Cardiomiopatia
Odor
Sinais neurológicos
Distonias
Macrocefalia
Microcefalia
Atraso de crescimento
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Quando suspeitar de Erro Inato do Metabolismo
Sintomas agudos no período neonatal são denominados distúrbios metabólicos
neonatais e apesar de um grande número de EIM ser observado neste período , didaticamente
podemos listar os pacientes em uma de 5 síndromes bioquímicas (Scriver ,1995):
Predomina nesse grupo a Acidose com Anion gap elevado . Cetose está presente nas
acidemias lácticas primárias e ausente nas secundárias por hipóxia , devendo se iniciar terapia
com bicarbonato .
Dos aspectos aqui discutidos depreende–se que EIM apresentam quadros clínicos e
laboratoriais diversos , porém sintomas gerais inespecíficos atribuídos a insultos ainda no
período pré-natal ; quando presentes, representam valiosas pistas diagnosticas .
Diagrama 2
Organoacidopatias
Aminoacidopatias ou Galactosemia
DIAGRAMA Nº 1
Distúrbio Metabólico
Alta Normal
acidose Normal
Normal
Sem acidose
Acidose
Obter Aminoácidos
Plasmáticos
Elevação Elevação
específica de inespecífica
aminoácidos de
Alto
Normal ou
Baixo
Sind.. H H H
Obter Citrulina
Citrulinemia Plasmática
DIAGRAMA Nº 3
Recusa alimentar
Vômitos
Acidose
Desidratação
Neutropenia
1- Acidemia metilmatônica
2- Acidemia propiônica 1- Doença do xarope de
3- Deficiência de cetotiolase bordo (leucinose)
2- Acidemia Isovalérica
Diagrama 3
Acidúria 3-hidroxi-3-metil-glutárica
Acidemia metil-malônica
Acidemia Propiônica
Deficiência de3-Ketothiolase
CONDUTAS
Frente a um RN gravemente enfermo com as características citadas anteriormente ,
suspeitar de EIM.O tratamento deve ser iniciado mesmo antes do diagnóstico definitivo. As
primeiras 48 a 72 horas representam um período crítico em que se deve instalar um
tratamento agressivo para se evitar as seqüelas neurológicas e mesmo o óbito. A principal
conduta para correção de defeitos metabólicos visa evitar as conseqüências fisiopatológicas
do defeito genético em vias metabólicas específicas .
As principais estratégias visam :
-Controle do acúmulo de substrato: Aminoacidopatias , Organoacidopatias,
Galactosemia com retirada do aminoácido específico ou da galactose da dieta .
-Controle da produção: distúrbio do ciclo da uréia com suspensão temporária da
alimentação proteica .
-Aceleração da remoção : Hiperamonemia removida com diálise peritonial ou
hemodiálise nos casos mais graves .
-Reposição de Produto deficiente: nas Hiperplasias adrenais e no Hipotireoidismo.
-Reposição de Vitamina ou Co-fator deficiente: na deficiência de Biotinidase, o
uso de biotina , co-fator das Holocarboxilases reverte o quadro convulsivo, as lesões cutâneas
e a acidose . O uso de vitamina B12, cianocobalamina por deficiência de enzimas
mitocondriais dependentes de B12 reverte o quadro . O uso de Piridoxina ou vitamina B6 é
usada tanto para os casos de homocistinúria quanto para as convulsões neonatais dependentes
de Piridoxina
-Reposição de produto gênico : por reposição enzimática específica como na
doença de Gaucher , nas Mucopolissacaridoses .
Hemograma completo
Glicemia
Gasometria
Eletrólitos (Na ,K, Cl, Ca, Mg)
Determinação do Anion-gap
Ácido Láctico
Amônia
Provas de função hepática
Quantificação de Aminoácidos plasmáticos
Na Urina determinar :
pH
Corpos cetônicos
Substâncias redutoras (Benedict e Glicose Oxidase)
Pesquisa de cetoácidos (Dinitrofenilhidrazina)
Pesquisa de sulfitos (Sulfitest)
Cromatografia de aminoácidos
Quantificação de ácidos orgânicos
Acido fólico 10mg/dia ou Ácido folínico, nos casos de crises epilépticas do período
neonatal não responsivas a Piridoxina e Piridoxal fosfato.
Uso de Coenzima Q10 nos defeitos mitocondriais de transporte de elétrons
Portanto:
REZVANI I, ROSENBLATT DS. Metabolic diseases. In Behrman RE, Klegman RM, Jenson
HB, eds. Nelson Textbook of Pediatrics, 16a Ed, Philadelphia, WB Saunders Company, 2000
SCRIVER CR, BEAUDET AL, ET AL. The metabolic and molecular bases of inherited
diseases, 7a Ed, New York, McGraw Hill, 1995
É muito difícil não ficar impressionado, sobretudo quando estamos querendo fazer o
recrutamento pulmonar destes animais. Realmente é notável.
www.paulomargotto.com.br
pmargotto@gmail.com
Como fazer uma predicção de morbimortalidade para os RN com idade gestacional entre
22 e 25 semanas:
Estes dados não têm a intenção de predizer resultados individuais, ao invés disto, os
dados provêem um possível resultado baseado em características específicas. Os
neonatologistas têm que ter em mente que cada criança é um indivíduo e que os fatores além
aqueles usados para formular esta avaliação padrão pode influenciar nos resultados de uma
criança.
Entre com as características abaixo em Can I use the data to determine individual outcomes?
(Posso usar os dados para determinar resultados individuais?)
Quais seriam os possíveis resultados para esta criança na idade corrigida de 18-22 meses?
Possíveis resultados:
Consultem também:
I Seri1and J Evans2
1
Center for Fetal and Neonatal Medicine and the USC Division of Neonatal Medicine,
Department of Pediatrics, Childrens Hospital Los Angeles and Women's and Children's
Hospital of the LAC+USC Medical Center, Keck School of Medicine, University of
California, Los Angeles, CA, USA
2
Division of Neonatology, Department of Medicine, The Children's Hospital of
Philadelphia, University of Pennsylvania, Philadelphia, PA, USA
Resultados e Discussão
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weeks' gestation born in Victoria in 1991–1992. J Paediatr Child Health 1997; 33: 161–165.
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international comparison of practical guidelines for the treatment of extremely preterm births.
Pediatrics 2008; 121: e193–e198. | Article | PubMed |
Consultem também:
1-
The EXPRESS Group
One-Year Survival of Extremely Preterm Infants After Active
Perinatal Care in Sweden
JAMA, June 3, 2009; 301(21): 2225 - 2233.
[Abstract] [Full Text] [PDF]: TEXTO COMPLETO
Entre com as características abaixo em Can I use the data to determine individual outcomes?
(Posso usar os dados para determinar resultados individuais?)
Quais seriam os possíveis resultados para esta criança na idade corrigida de 18-22 meses?
Possíveis resultados:
• Recomendação:Unidade de Neonatologia do
HRAS/SES/DF
• RN pré-termo extremos:
-< 23 seman : Não são Reanimados – Conforto
-24 -25 seman : Depende:
Resposta a Reanimação Inicial/Estabilização
Se na UTI: CPAP Nasal
- >= 26 seman : Reanimar sempre
Ribeiro MAC
Ribeiro MAC
-normal: 36,5-37,5ºC;
Knobel et al (Robin B Knobel, John E Wimmer, Don Holbert. Heat Loss Prevention
for Preterm Infants in the Delivery Room. Journal of Perinatology 2005; 25: 304-308-
TEXTO COMPLETO!) e outros relataram que as UTIs Neonatais dos Estados Unidos não
deram atenção a este importante tópico da assistência, como esta UTI aqui assinalada que
não conseguia manter os RN abaixo de 750 aquecidos. Assim, temos muito mais a fazer.
Embora o Programa de Reanimação Neonatal indique que devemos colocar estes recém-
nascidos prematuros numa bolsa de polietileno e aquecer, não basta.
Há vários estudos sobre este tema, principalmente de Vohra S e seu grupo em dois
lugares, como em Halifax, na Nova Escócia em 1999. Foram analisados os RN em um estudo
clinico randomizado e controlado, com dois grupos um com 23-27 semanas e outro de 28 a 31
semanas; foram colocados no aquecedor irradiante no calor manual máximo ou numa bolsa de
polietileno e os controles secavam e não eram colocados na bolsa, seguindo recomendações
previas do Programa de Reanimação Neonatal. Observaram que os RN na bolsa de polietileno
ganharam 1,9ºC na internação da UTI Neonatal e a mortalidade no grupo aquecido foi de zero
e no grupo controle, de 5%, embora não estatisticamente significativo, mostrando apenas uma
tendência. Outro estudo, em Ontário, em 2004 com RN abaixo de 28 semanas, com
metodologia semelhante, relataram que os RN na bolsa tiveram uma temperatura inicial de
36,5 ºC versus 35,6 ºC (p=0,002). Observaram que o efeito foi maior quanto menor o RN
(Vohra S, Frent G, Campbell V, Abbott M, Whyte R. Effect of polyethylene occlusive skin
wrapping on heat loss in very low birth weight infants at delivery: a randomized trial. J
Pediatr. 1999 May;134(5):547-51; Vohra S, Roberts RS, Zhang B, Janes M, Schmidt B. Heat
Loss Prevention (HeLP) in the delivery room: A randomized controlled trial of polyethylene
occlusive skin wrapping in very preterm infants. J Pediatr. 2004 Dec;145(6):750-3).
Que outras técnicas que podemos usar para manter os RN aquecidos? O uso da touca
(Stockinet caps) basicamente não mostrou haver diferença estatisticamente significativa nos
RN que usaram a touca versus os que não usaram a touca.
Quanto ao transporte do RN da Sala de Parto para a UTI Neonatal, você deve usar o
aquecedor irradiante ou incubadora? Isto foi estudado em Auckland, Nova Zelândia,
financiado por uma empresa que fabrica este equipamento e então, temos que levar isto em
conta, obviamente (2007). A temperatura na Sala de Parto foi de 25ºC, boa, portanto; os RN
foram randomizados para o aquecedor irradiante e incubadora a 39 graus, todos usaram CPAP,
a cabeça não foi coberta; os RN na incubadora tiveram uma temperatura de 36 a 37,5º (18/30
)e aqueles no aquecedor, 75 % atenderam a estes critérios. Os RN com temperatura abaixo de
36ºC ocorreu em 33% na incubadora e no aquecedor 22% (7/32)- o valor p foi de 0,4, não
significativo, portanto.. Provavelmente não faz muita diferença como você transporta o RN,
mas obviamente foi feita uma tentativa de manter o RN aquecido na Sala de Parto e também
depois.
(consultem: Bhatt DR, White R, Martin G, Van Marter LJ, Finer N, Goldsmith JP, Ramos C,
Kukreja S, Ramanathan R Transitional hypothermia in preterm newborns. J Perinatol. 2007
Dec;27 Suppl 2:S45-7. Review. (TEXTO COMPLETO): ºF para ºC: = ºF – 32/1,8)
-as toucas de Stockinet não são eficazes na redução da perda de calor, embora não nos impede
de usá-las. Isoladamente não são eficazes na redução de perda de calor em RN de baixo peso;
-colchões podem ajudar em RN abaixo de 1500g, contanto que não seja desligada a função do
aquecedor irradiante.
Plastic barriers were effective in reducing heat losses in infants < 28 weeks' gestation
(three studies, n = 159; WMD 0.76 °C; 95% CI 0.49, 1.03), but not in infants between 28 to 31
week's gestation. There was insufficient evidence to suggest that plastic wrap reduces the risk
of death within hospital stay (three studies, n = 161; typical RR 0.63; 95% CI 0.32, 1.22;
typical RD -0.09; 95% CI -0.20, 0.03). There was no evidence of a significant difference in
major brain injury, mean duration of oxygen therapy or hospitalisation for infants < 29 weeks'
gestation.
( o uso do saco plástico foi efetivo na redução da perda de calor nos bebês <28 semanas, mas
não nos RN >28 semanas. Não há evidência suficiente para sugerir que haja diminuição da
mortalidade no Hospital, além de não haver diferenças significativas para lesão cerebral,
duração do uso de oxigênio e hospitalização para os bebês <29 semanas)
Stockinet caps were not effective (borderline significant for infants < 2000 g birthweight) in
reducing heat losses.
(o uso da touca de Stockinet não foi efetiva na redução da perda de calor; houve uma
significação borderline para bebês <2000g)
Skin-to-skin care was shown to be effective in reducing the risk of hypothermia when
compared to conventional incubator care for infants 1200 to 2199 g birthweight (one study, n
= 31; RR 0.09; 95% CI 0.01, 0.64; NNT 2; 2 to 4).
(pele a pele demonstrou ser efetiva na redução do risco de hipotermia quando comparado
com o cuidado na incubadora convencional nos bebês com peso entre 1200g-2199g)
The transwarmer mattress kept infants ≤ 1500 g significantly warmer and reduced the
incidence of hypothermia on admission to NICU (one study, n = 24; RR 0.30; 95% CI 0.11,
0.83; NNT 2 range 2 to 4).
(o uso do colchão aquecido deixou os RN com peso menor ou igual a 1500g significantemente
mais aquecidos e reduziu a incidência de hipotermia na admissão à UTI Neonatal)
Voha S et al. J Pediatr 1999;134:547-51
Robin B Knobel, John E Wimmer, Don Holbert. J Perinatol 2005; 25: 304-308)
Hospital Regional da Asa Sul, Sala de Parto (16/4/2010): RN com 26 semanas, 750g (foto de
Wilian Pires de Oliveira Júnior, Interno-ESCS)
DEVEMOS USAR O2 NA SALA DE PARTO?
A VENTILAÇÃO DEVE SER INICIADA COM 40%
Devemos entender o oxigênio como uma droga, ou seja, existe o seu efeito
terapêutico, mas existem também os seus efeitos tóxicos; a dose de oxigênio é que
importa. O oxigênio não é necessariamente bom em todas as concentrações.
Qual é a meta do uso do oxigênio? Administração adequada sem toxicidade.
Nos últimos 30 anos há um paradoxo sobre o uso do oxigênio: quando existe uma
administração inadequada, baixo débito cardíaco ou deficiente desempenho do coração, ocorre
um metabolismo anaeróbio com lesão tecidual. Se a condição hipóxica continuar, teremos
aumento da lesão e assim, nos preocupamos em dar cada vez mais oxigênio para restabelecer a
oxigenação. É por isto que damos muito oxigênio a estes RN.
Em 2000, o Programa de Reanimação Neonatal recomendava que usássemos 100% de
O2 na sala de parto. Esta conduta cria condições para formação de radicais livres responsáveis
pela lesão. Os antioxidantes que neutralizam estes radicais livres são desenvolvidos no 3o
trimestre de gestação e assim, os RN prematuros são mais susceptíveis as lesões pelo oxigênio.
Quando o bebê nasce, a troca gasosa substitui a troca da placenta e surge a pergunta:
administrando mais oxigênio, será que vamos reduzir o tempo para que o metabolismo
aeróbico seja restabelecido? Será que vamos reduzir a lesão tecidual se administrarmos mais
oxigênio? Não há evidência quanto a isto.
Temos 4 perguntas a fazer:
1-qual é a evidência de que a alta concentração de oxigênio seja mais eficaz que o ar na
reanimação ao nascer?
2-qual é a evidência de que a exposição à alta concentração de O2 seja nociva ao nascer?
3-será que é necessária alta concentração de oxigênio para produzir um relaxamento vascular
pulmonar? Se não usarmos alta concentração de O2, vamos ter mais hipertensão pulmonar?
4-será que as respostas às três primeiras perguntas seriam aplicáveis aos prematuros e aos
outros neonatos com doença pulmonar primária? A grande maioria dos RN reanimados na
Sala de Parto tem os seus pulmões normais.
Vamos começar comentando o primeiro questionamento: estudos realizados por
Saugstad OD na Noruega e Vento M na Espanha e Ramji S na Índia, examinaram a pressão
arterial, a perfusão cerebral e marcadores de dano celular, e o que descobriram: não houve
vantagens com o uso do O2 em relação ao uso de ar (13 entre os 16). Talvez haja uma
desvantagem bioquímica com o uso do oxigênio.(Resuscitation of newborn infants with 21%
or 100% oxygen: an updated systematic review and meta-analysis. Saugstad OD, Ramji S,
Soll RF, Vento M. Neonatology. 2008;94(3):176-82).
Estudos de Solas A et al (Cerebral hypoxemia-ischemia and reoxygenation with 21%
or 100% oxygen in newborn piglets: effects on extracellular levels of excitatory amino acids
and microcirculation. Solås AB, Kutzsche S, Vinje M, Saugstad OD. Pediatr Crit Care Med.
2001 Oct;2(4):340-5); Comparison of short- and long-duration oxygen treatment after cerebral
asphyxia in newborn piglets. Solas AB, Munkeby BH, Saugstad OD. Pediatr Res. 2004
Jul;56(1):125-31), demonstraram aumento dos aminoácidos excitatórios que levam a dano
neuronal, com redução da pressão arterial média e perfusão do córtex cerebral, ou seja, lenta
restauração da microcirculação cerebral nos animais que receberam ar. Nestes 2 estudos não
havia evidencia bioquímica que o ar não era tão bom quanto ao oxigênio, no entanto, 13 de 16
estudos mostraram que o ar era tão bom ou até melhor.
Estes estudos não são tão semelhantes quanto à metodologia (junto com a asfixia havia
também a isquemia). Na verdade quando ocorre a asfixia, temos uma combinação de hipoxia,
hipercapnia e isquemia. É a encefalopatia hipóxica isquêmica, e nem todos os estudos
analisaram essas situações.
Muitos destes animais eram testados horas ou até dias após o nascimento e nós lidamos
com RN logo após o nascimento (muito destes animais já haviam passado pela transição da
circulação fetal para a pós-natal). Muito destes animais foram expostos a 10-20minutos e até 1
hora ao oxigênio antes de serem sacrificados e estudados. Isto também reduz o valor ao
interpretar estes resultados.
E os estudos em humanos? Há vários que demonstram não haver diferenças no Apgar
entre os RN reanimados com ar e com oxigênio, também sem diferenças no ph e déficit de
base e estudo de follow-up de 18-24 meses (Resuscitation of newborn infants with 21% or
100% oxygen: follow-up at 18 to 24 months. Saugstad OD, Ramji S, Irani SF, El-Meneza S,
Hernandez EA, Vento M, Talvik T, Solberg R, Rootwelt T, Aalen OO. Pediatrics. 2003
Aug;112(2):296-300.ARTIGO INTEGRAL), não havendo diferença no crescimento e
desenvolvimento neurológico
A maior parte dos estudos foi realizada em países em desenvolvimento e perguntamos. Nos
Estados Unidos estamos começando a fazer estudos sobre esse tema agora. É difícil obter
um consentimento informado dos pais para randomizar os RN. Nos Estados Unidos ainda
se acredita que o oxigênio tem que ser dado.
Vento M demonstrou que depois de 28 dias há ainda evidência de estresse oxidativo.
Alterações bioquímicas persistem e podem afetar os RN por muito tempo.
Metanálise dos 5 primeiros estudos (Resuscitation of depressed newborn infants with
ambient air or pure oxygen: a meta-analysis. Saugstad OD, Ramji S, Vento M. Biol Neonate.
2005;87(1):27-34) , evidenciou que houve um risco relativo de óbito que favorecia ao grupo
de ar ambiente; em cada 20 RN reanimados com ar versus oxigênio havia um óbito a menos
(no grupo de ar ambiente , o que para mim não fez muito sentido). Nesta análise, foram
incluídos 1300 RN, nenhum abaixo de 1000g; a randomização não era boa - dias alternados; 2
estudos foram cegos; RN no grupo de ar (168) receberam também oxigênio. Olhando os
óbitos, 177 dos que morreram eram oriundos de países em desenvolvimento. Temos que
questionar se a técnica de reanimação nos países em desenvolvimento era adequada a este tipo
de estudo. Houve muita crítica a esta metanálise, permanecendo a dúvida se deveríamos
reanimar os RN com ar ambiente.
Existem alguns problemas: o uso de 100% de O2 pode levar a redução do volume
minuto. Estudo em ratos observou que esta prática leva a alterações histológicas e lesões
cerebrais.
Na Sala de Parto sempre queremos que o RN fique rosado e que aumente a frequência
cardíaca. Será que devemos dar O2? Quanto e em que concentração devemos usar?
Chegamos agora à conclusão que podemos oferecer inicialmente FiO2 entre 30-40% e
depois aumentar ou diminuir com base na oximetria de pulso.
Há 3 estudos que demonstram que administrar O2 por mais de 3 minutos cria um maior
risco de câncer em RN após 6-8 anos ((Childhood cancer following neonatal oxygen
supplementation. Spector LG, Klebanoff MA, Feusner JH, Georgieff MK, Ross JA. J Pediatr.
2005 Jul;147(1):27-31). Estes autores seguiram 60 mil RN por 8 anos (é um dos maiores
estudos que se conhece nos EUA). Ele não é um neonatologista. É um epidemiologista que
trabalha na busca das causas de câncer. Removendo todas as variáveis interferentes, ficou
claro que os RN expostos a 100% de oxigênio por 3 minutos ou mais apresentavam
aumento no risco de câncer em 3 vezes mais (RR: 2,87;IC a 95%: IC 95% 1.46- 5.66).
Portanto existe uma relação entre a exposição ao O2 por 3 minutos ou mais e câncer na
infância
Será que alta concentração de O2 é necessária para a redução da alta resitência vascular
Estudo randomizado para dois alvos de uso de oxigênio na reanimação (30% versus
90%) nos RN <= 28 semanas evidenciou que a reanimação pode ser seguramente iniciada
com 30% de oxigênio, devendo ser reajustado conforme a necessidade e tão logo que for
possível, diminuir (Achievement of targeted saturation values in extremely low gestational
age neonates resuscitated with low or high oxygen concentrations: a prospective, randomized
trial. Escrig R, Arruza L, Izquierdo I, Villar G, Sáenz P, Gimeno A, Moro M, Vento M.
Pediatrics. 2008 May;121(5):875-81-ARTIGO INTEGRAL)
Conclusão
Na reanimação neonatal, a maioria dos RN precisa de 45% de FiO2 e não usar apenas
ar. Para os RN a termo, a maioria não precisa de O2 para ser bem reanimado, sendo necessária
cautela com aqueles RN com angústia respiratória. RN de risco para hipertensão pulmonar
deveriam entrar numa taxa aceitável de saturação. Evitar altas concentrações de oxigênio. A
oximetria de pulso deveria ajudar a evitar a hiperoxia. Chegou o momento de realizar estudos
em humanos nos países desenvolvidos. Esperamos assim evitar as críticas relacionadas ao uso
de técnicas ruins ou precárias de reanimação.
Nota (Dr.Paulo R. Margotto) Consultem os seguintes artigos:
:: Reanimação de pré-termos com baixa FiO2
causa menos estresse oxidativo, inflamação e
doença pulmonar crônica
Autor(es): Vento M, Moro M, Escrig R et al.
Apresentação: Juliana Arantes, Raiene Barbosa,
Walkyria Costa, Paulo R. Margotto
Os próximo dados são importantes, pois vem de bebes humanos. Estes ressuscitadores
tentaram insuflar os pulmões dos RN que necessitavam de reanimação. A instrução era gerar
uma forte pressão de insuflação e uma insuflação sustentada. Avaliaram 2 bolsas auto-infláreis
diferentes(240 e 500 ml) Uma diferença entre as bolsas foi o tamanho do balão. Vejam que
com pequenos balões em bebes humanos não puderam gerar pressão de insuflação muito
elevada, mas conseguiram com as bolsas maiores, mas não conseguiram gerar uma longa
insuflação com nenhuma das bolsas. No entanto, com as bolsas grandes a insuflação foi mais
longa. Este é um estudo que informa as diretrizes de reanimação do Reino Unido, informando
que se você for usar uma bolsa auto-inflável, você tem que usar um balão de 500 ml e não
menor (Oddie S, Wyllie J, Scally A. Use of self-inflating bags for neonatal resuscitation.
Resuscitation. 2005 Oct;67(1):109-12); Field D, Milner AD, Hopkin IE. Efficiency of manual
resuscitators at birth. Arch Dis Child. 1986 Mar;61(3):300-2.
Informamos que se torna impossível controlar a FiO2 com o uso da bolsa auto-inflável.
Vai depender do fluxo do gás conectado, se há um reservatório, a rapidez da ventilação e não
há dados sobre o uso de blenders (misturadores). Assim as nossas escolhas neste campo são
limitadas. Quem vai usar este dispositivo? Ainda é o aparelho ideal para a equipe com
treinamento básico em suporte básico de vida. Qualquer um pode usar rapidamente sem
dificuldades e apesar das informações colocadas, continua sendo visto com um dos mais
importantes dispositivos. Equipes experientes com suporte de vida avançada podem ficar
desapontadas pelas limitações deste dispositivo e isto vale também para os especialistas mais
experientes que preferem escolher outros aparelhos.
A próxima escolha será a bolsa de fluxo inflável (bolsa de anestesista). Tem várias
características. Geralmente tem uma fonte de gás que encha a bolsa enquanto a máscara tenha
uma boa vedação para evitar o escape de gás. Você pode controlar a saída do gás, com uma
válvula, com uma compressão manual da via de saída, variando de uma bolsa para outra.
Algumas bolsas tem um escape e outras não e são usadas geralmente associadas com o
manômetro. É importante que haja uma boa vedação na face. Agora já vemos que é mais
complicado usar este dispositivo. A partir do primeiro estudo que mostrei o nível da PEEP era
mais fácil de ser mantido com o NeopuffR do que com a bolsa auto-inflável (não é
surpreendente que com a bolsa auto-inflável não se consegue gerar PEEP). Não é critica, pois
sabemos que isto acontece. Vejam este estudo (Hussey SG, Ryan CA, Murphy BP.
Comparison of three manual ventilation devices using an intubated mannequin. Arch Dis
Child Fetal Neonatal Ed. 2004 Nov;89(6):F490-3.TEXTO INTEGRAL), usando modelo
intubado, comparando a bolsa de anestesia, a bolsa auto-inflável e o NeopuffR. A bolsa de
anestesia deu uma PEEP em média de 2,8 cmH2O e o NeopuffR ficou em 4 cm H2O. A pressão
inspiratória máxima gerada pelo NeopuffR era a que foi estabelecida (20 cm H2O -que era a
meta) e chegaram próximo a isto com a bolsa de anestesia; com a bolsa auto-inflável foi de
30cm H2O e 9 médicos geraram uma pressão maior que 50cm H2O. A máxima pressão
inspiratória registrada foi de 75.9, 35,5 e 22,4 cm H2O, respectivamente com a bolsa auto-
inflável, bolsa de anestesia e NeopuffR. Vejam na tabela a seguir as Variáveis Respiratórias
com os 3 dispositivos:
NeopuffR
Outra preocupação é com o que pode ocorrer com a troca gasosa nos pulmões dos recém-
nascidos prematuros em ventilação pulmonar sem PEEP, durante a reanimação. Há evidência
experimental de melhor oxigenação com o uso de ventilação utilizando PEEP, ao invés de
bolsa alto-inflável sem utilização de PEEP. O uso da PEEP constitui um fator de proteção
pulmonar (melhor complacência pulmonar diminui o processo inflamatório pulmonar). Nos
RN prematuros extremos há evidências de que o uso de pressão de distensão contínua (CPAP)
na sala de parto diminui a necessidade de ventilação mecânica e de displasia broncopulmonar.
Estudos animais evidenciam que os pulmões de animais tratados com CPAP tiveram menor
quantidade de células inflamatórias do que os pulmões de animais ventilados (a ventilação de
ovelhas pré-termos a partir do nascimento inicia a resposta inflamatória, caracterizada pelo
recrutamento de neutrófilos aos pulmões, aumento do peróxido de hidrogênio e a expressão de
citocinas pró-inflamatórias). O uso do CPAP resulta em menores indicadores de lesão
pulmonar aguda nas primeiras 2 horas de vida. O número de linfócitos e monócitos nos
lavados alveolares foram equivalentes aos encontrados nos lavados alveolares dos RN não
ventilados (os RN ventilados tiveram 6,6 vezes mais neutrófilos nos lavados alveolares do que
os RN de ovelhas sob CPAP). A maior PaCO2 e acidose respiratória associadas ao CPAP
podem minimizar a inflamação (maiores níveis de PaCO2 têm efeitos protetores nos pulmões
ventilados). Portanto, o CPAP nasal pode diminuir a ocorrência de displasia broncopulmonar
pela diminuição da ventilação mecânica que é o principal fator para o desenvolvimento da
doença. O CPAP protege da via aérea da injúria mecânica e da colonização bacteriana
relacionada com o tubo endotraqueal.
Assim, é possível especular que a prática da ventilação pulmonar mecânica manual,
nos primeiros minutos de vida de bebês prematuros, por meio de um instrumento de ventilação
que permite PIP definido, associado à utilização de PEEP, deve repercutir de maneira
diferente na mecânica ventilatória, proporcionando troca gasosa adequada e menor lesão
pulmonar e, como conseqüência, melhores resultados a curto, médio e longo prazos, que a
ventilação na qual são utilizadas as habituais bolsas auto-infláveis, que podem propender para
PIP muito elevadas, além de, habitualmente não utilizar PEEP.
Em 1990 foi desenvolvido o ressuscitador de fluxo contínuo (CFR: Continuous Flow
Reviver) pelo Dr. Jefferson G. Resende (Resende, JG. CFR – um novo equipamento para
ressuscitação respiratória. J Pediatr (Rio J) 1994;70:354-8) que é um instrumento portátil,
para ser utilizado em ventilação pulmonar mecânica manual, de fluxo contínuo, pressão
limitada, ciclado a tempo, que permite definição de níveis de PIP e de PEEP (Figura 1 e 2).
Foi evidenciado que o CFR não é fator de retenção de CO2 de importância clínica (Resende,
JG, Andrade JMR. Medida da retenção de CO2 em um novo equipamento de assistência
ventilatória manual. J Pediatr (Rio J) 1993;69:227-9), na medida em que a avaliação
demonstrou que a concentração do gás carbônico dentro do equipamento foi 0,83 mmHg
maior que a do gás ofertado, diferença esta que seria suficiente para reduzir o pH do paciente
em 0,004 ponto, e que atende aos quesitos exigidos pelo ASTM.F920-93 (Resende, JG.
Características físicas e funcionais de um ventilador pulmonar mecânico manual, Rev
Bras Ter Intensiva. 2001; 13: 109-113. 2001), que é o protocolo utilizado pelo “Food and
Drug Administration” (FDA) para avaliação dos equipamentos de ventilação pulmonar
mecânica manual.(ASTM, 1993) O CFR requer a utilização de gases sob pressão, seja
oxigênio puro ou em mistura com ar comprimido. Vem sendo utilizado no Brasil desde 1992
(Registro no Ministério da Saúde número 10274610005) para reanimação de recém-nascidos,
na sala de parto, em unidades de emergência e de Terapia Intensiva, em transporte de
pacientes sob ventilação mecânica, e em outras situações em que há necessidade de ventilação
pulmonar mecânica transitória. Tem duas Cartas–Patentes de Invenção no Brasil, as de
número PI 9003095-8 e PI 9005807-0 e uma nos Estados Unidos da América, número US
5.400.779.
Figura. O CFR. O ponto A é o local de inserção da mangueira com gases
aferentes; o ponto B corresponde à válvula reguladora do pico de pressão inspiratória e o
ponto C corresponde à válvula reguladora de pressão inspiratória e o ponto C, à válvula
exalatória, que permite definição da pressão positiva no final da expiração e
acionamento para ciclagem.
L IF E SA V E R AM BU F A NE M O X IG E L M E RL IM L A E R DA L
M ARCA
* valores em cm H 2 O , m éd ia± DS . Em
édia± E m m édia, os balões fo ram pressionad
foram os
pressio nado s 11±1,9
11± 1,9 vezes, em 20”.
III Simpósio Internacional de Reanimação Neonatal: Há evidências
para o uso do CPAP na Sala de Parto?
Autor(es): Benjamim J Stenson (UK). Realizado por Paulo R. Margotto
lesão pulmonar começa na sala de parto?
Autor(es): Milton Miyoshi (SP). Realizado por Paulo R. Margotto
Curso de Pós-Graduação em Neonatologia (Centro de
Aperfeiçoamento Profissional-CEAP, Recife)-Maceió, 11/9/2009:
Ventilação mecânica protetora em Neonatologia:prevenindo a
displasia broncopulmonar
Autor(es): Paulo R. Margotto
Prevenção da displasia broncopulmonar: o papel fundamental da
enfermagem à beira do leito
Autor(es): Judy Aschner (EUA). Realizado por Paulo R. Margotto
PICO DE PRESSÃO OBTIDO COM BALÃO AUTO-INFLÁVEL COM E SEM
VÁLVULA DE ALÍVIO.
Autor(es): Ana Marily Soriano Ricardo Neto
Há uma dificuldade imediata, pois não temos uma boa medida do débito cardíaco
(DC), pelo menos nos RN muito pequenos. No momento da reanimação, temos a frequência
cardíaca (FC), a perfusão e a cor. Há um consenso internacional que, se a FC estiver abaixo de
60 bpm, seria quando o DC estaria inadequado, mas não temos uma mensuração direta nestes
bebês. Então, ficamos com a FC e a perfusão.
A partir de estudos animais sabemos que, se a PA não estiver abaixo de um nível
crítico a ponto de não perfundir coração e pulmão, a ventilação eficiente melhora o DC. Caso
contrário, precisaríamos de outras medidas.
A Saturação de O2, FC e o CO2 expirado dos neonatos durante a reanimação inicial
foram estudados durante a reanimação em 30 recém-nascidos por C. Palmer-Kilander et al
(Palme-Kilander C, Tunell R Pulmonary gas exchange during facemask ventilation
immediately after birth. Arch Dis Child. 1993 Jan;68(1 Spec No):11-6). Os autores
observaram que quando o CO2 expirado crítico chegava acima de 2 ml/kg/min, a FC
aumentava rapidamente. Nos próximos 15 segundos, todos os RN tinham uma FC acima de
140 bpm, demonstrando que uma ventilação eficaz, como nos animais, é eficaz também nos
humanos. A eficácia da ventilação é considerada satisfatória se a FC aumenta para 130bpm
e/ou a saturação de oxigênio avaliada no pulso direito é maior que 70%.
Dawson JA et al (Dawson JA, Kamlin CO, Wong C, te Pas AB, O'Donnell CP, Donath
SM, Davis PG, Morley CJ Oxygen saturation and heart rate during delivery room resuscitation
of infants <30 weeks' gestation with air or 100% oxygen. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed.
2009 Mar;94(2):F87-91) relataram semelhante aumento da FC nos RN reanimados com ar
versus oxigênio a 100% e mesmo com baixas saturações durante os primeiros minutos de vida
após o nascimento, a FC foi semelhante aquela alcançada pelos RN a termo saudáveis que não
receberam reanimação. Confira nos box plots:
Assim, não há qualquer benefício com o uso de resgate de alta dose de epinefrina. O
uso de altas doses pode ser pior do que o uso de doses padrão.
Sabemos que a dose padrão de epinefrina ET não funciona. Estudos em animais não
demonstram nenhuma alteração no índice cardíaco. Quando mediram durante a reanimação
cardiopulmonar os níveis sanguíneos de adrenalina administrada por via ET comparada com a
administrada por via EV, há uma grande diferença. Certamente é justo afirmar que
provavelmente não faz diferença dando a dose padrão por via endotraqueal. Não temos bons
dados para via endotraqueal em altas doses. (Kleinman ME, Oh W, Stonestreet BS
Comparison of intravenous and endotracheal epinephrine during cardiopulmonary
resuscitation in newborn piglets. Crit Care Med. 1999 Dec;27(12):2748-54)
Um estudo em animais usando dose 5 vezes maior que a dose padrão não demonstrou
diferença. Uma dose de 10x maior que a dose padrão em animais maduros talvez tenha um
prognóstico equivalente à dose padrão. Não sei se é fácil colocar isto no contexto neonatal.
Há muitos fluidos no pulmão, a ventilação não é muito eficaz. Não sabemos nada sobre a
toxicidade. Devemos lembrar que alta dose EV pode piorar o prognóstico.(Jasani MS,
Nadkarni VM, Finkelstein MS, Mandell GA, Salzman SK, Norman ME. Effects of different
techniques of endotracheal epinephrine administration in pediatric porcine hypoxic-
hypercarbic cardiopulmonary arrest. Crit Care Med. 1994 Jul;22(7):1174-80)
Mudanças no volume urinário nas primeiras 120 horas (Milked: grupo com
ordenha do cordão (Hosono S, Mugishima H, Fujita H, Hosono A, Okada T, Takahashi S,
Masaoka N, Yamamoto T. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2009 Sep;94(5):F328-31)
QUANDO INTUBAR?
III Simpósio Internacional de Reanimação Neonatal, Rio de Janeiro 27/8 a 30/9 de 2009
Realizado por Paulo R. Margotto, Prof. do Curso de Medicina da Escola Superior de Ciências
da Saúde (ESCS)/SES/DF
www.paulomargoto.com.br; pmargotto@gmail.com
O cardiologista na UTI Neonatal Sérgio Ramos (RJ). Realizado por Paulo R. Margotto
Uso de milrinona no recém-nascido pré-termo com baixo fluxo sanguíneo sistêmico Mary
Paradisis, Nick Evans, Martin Kuckow, David Osborn, Andrew J. McLachlan.Resumido por
Paulo R. Margotto
Noradrenalina para o manuseio do choque séptico refratário a fluido e dopamina nos recém-
nascidos a termo Pierre Tourneux, et.al. Apresentação: Antonio Carlos Tessari, Pedro Fragoso,
Ricardo Mariano de Deus, Paulo R. Margotto
É muito difícil identificar quando o recém-nascido (RN) se torna lactente. Quando aplicar o
que aprendemos no programa de reanimação pediátrica (PALS) ou o programa de reanimação
neonatal(PRN). Não tenho uma boa resposta, mas tenho muitas perguntas. Talvez uma abordagem única
não se ajusta a todos os pacientes, mas os princípios ensinados em anos de cursos, quanto ao
monitoramento, feed-back, desempenho de equipe, qualidade com a qual realizamos as nossas
intervenções todos iguais e importantes para ambos os programas.
O paciente muda durante a reanimação. Logo antes da parada cardíaca com angustia
respiratória, a hipoxia e isquemia levam a um quadro de pré-parada com a progressão da bradicardia,
chegando a bradicardia grave, severa com gasping e depois a assistolia. Depois de um determinado
tempo, às vezes 10-15 minutos, apenas a ventilação poderá ser importante. Agora, uma vez que o coração
pára, não há fluxo. A parada cardíaca implica na realização de compressões torácicas de alta qualidade
(compressões fortes e rápidas, permitindo o retorno completo do tórax à posição normal).
O início do resfriamento cerebral poderá ocorrer neste momento e o tratamento às vezes por
medicamento, como epinefrina poderão ser úteis.
Após o retorno da circulação espontânea e a estabilização pós-parada, o débito cardíaco
poderá estar baixo, normal ou ainda alto. Agora, é muito importante uma atenção detalhada ao controle
da temperatura, pressão arterial, do CO2, da glicose. Há uma ênfase diferente nos dois cursos.
Vejamos este bebe em conjunto durante 1 minuto: será que usaríamos o PALS ou PRN? As
vias aéreas do bebe ficam obstruídas, o tórax começa a se movimentar sem qualquer som, sem
respiração, sem ventilação. Como poderia abrir as vias aéreas? Que abordagem poderia ser empregada?
Será que há alguma informação que possa nos ajudar em um bebe de alguns dias que chega ao Setor de
Emergência de emergência que me oriente para aplicar eu o PALS ou O PRN? Talvez eu tenha uma
resposta simples e talvez pudéssemos acabar aqui a Conferência: QUANDO O CORDÃO
UMBILICAL CAI, PASSE DO PRN PARA PALS.
Isto talvez baste ou não. Já mencionei anteriormente que o PALS deverá abranger um tipo
amplo de doenças infantis e até mesmo adolescentes jovens adultos. Sabemos que a parada cardíaca
ocorre em geral em função do quadro cardíaco, arritmia, afogamento e acidentes de trânsito. Sabemos
que a maioria das crianças que morrem o faz nos primeiros 5 anos de vida em todo o mundo. Sabemos
que mais de 4 milhões morrem nos primeiros 28 dias de vida como neonatos em todo o mundo, mas
muitos não morrem no período neonatal, mas algumas semanas após.
Quando olhamos as causas do óbito no PRN (programa de reanimação neonatal), são aquelas
que ocorrem nos primeiros minutos de vida, ou seja, há um enfoque maior na Sala de Parto. No entanto, o
PALS enfoca mais a evolução fora da Sala de Parto. Exige o treinamento para o reconhecimento de
insuficiência respiratória, choque, arritmia cardíaca e parada cardíaca que geralmente advem de uma
pneumonia, malária, e outras formas de choque que levam a parada cardíaca. O choque hemorrágico que
pode ocorrer de um trauma , acidentes de transito na criança maior, em geral é mais comum, no RN, a
hemorragia na placenta na Sala de Parto. Portanto, o enfoque naturalmente será diferente. As
ferramentas que usamos na a avaliação no tratamento são semelhantes.
O PRN foca na primeira respiração naqueles primeiros minutos de vida, enquanto o PALS,
no último suspiro ou morte. Quais serão os princípios que poderão ser usados para saber quando usar o
PRN ou PALS?
Vamos então pensar nos anos 60. Os estudos de autópsia de crianças pequenas definiam a
patologias do tórax e vemos então aqui que à medida que o feto se desenvolve, transformando-se em um
bebe, crianças de 5 meses a 1 ano, o tórax se arredonda muito e parece quase uma maçã. Na medida em
que o bebe avança na idade e se transforma em adulto, o tórax se achata e fica igual a um tomate.Se
medirmos em estudos de autópsia o número de alvéolos e os pequenos ramos pulmonares o crescimento
pulmonar continua do feto até os 8 anos de idade (novos alvéolos continuam a se formar). Esta fisiologia
é a mesma, se o bebe chega ao Pronto Socorro ou a UTI Neonatal. É muito mais uma diferença de
abordagem do que de fisiologia.
Nos anos 40, estudos semelhantes definiram a relação entre o volume pulmonar e a
circunferência torácica e evidenciaram o crescimento pulmonar em conjunto com a capacidade vital que
aumentava de forma linear. Descobriram que se na verdade mantivéssemos o tórax pequeno, poderíamos
restringir o crescimento pulmonar. O crescimento e o desenvolvimento são os mesmos , se a criança
chega ao Pronto Socorro ou a UTI. O ritmo cardíaco será também o mesmo, com bradicardia evoluindo
para a assistolia.
Em 1963, Dawes GS et al (Dawes GS, Jacobson HN, Mott JC, Shelley HJ, Stafford A. The
treatment of asphyxiated, mature foetal lambs and rhesus monkeys with intravenous glucose and sodium
carbonate. J Physiol. 1963 Nov;169:167-84) evidenciaram que naqueles animais recém-nascidos com
respiração ocluída, apenas a ventilação era suficiente para aumentar a freqüência cardíaca, com a melhora
dos gaspings e aumento d pressão a arterial. Com 10-15 minutos, estes animais sem assistência
evoluiriam para uma bradicardia grave e com ausência de pulso. Agora nesta experiência não houve
compressões torácicas, demonstrando de que apenas a ventilação no neonato após o parto poderia
ressuscitar o pulso. Ao repetir esta experiência em animais mais velhos, apenas a ventilação muitas vezes
não foi suficiente para retomar o pulso e a pressão, especialmente permitindo a ocorrência de uma função
neurológica normal, mesmo se a freqüência cardíaca e pressão arterial voltassem ao normal. Portanto, há
um dano cerebral Assim, a abordagem no caso do PALS é diferente do que o tratamento aplicado de
imediato do neonato.
É importante observar no RN que o início da asfixia há muito gaspings e a resposta do RRN é
aumentar a taxa de ventilação com gasping profundo. É importante observar que quando ocorrer estes
gaspings é um efeito importante na pressão arterial, ou seja a pressão negativa criada no tórax por um
gasping profundo pode jogar o sangue para o tórax e pode elevar a pressão arterial inicialmente.
O Dr.Benumof JL no seu livro de Anestesia de 1997, no Centro Cirúrgico ao fazer a pré-
oxigenação nos seus pacientes e depois de observar o tempo que levaria até que a saturação de oxigênio
arterial caísse abaixo de 90%, ele conseguiu informar que o adulto normal, pode passar mais de 8
minutos sem respirar se receber uma pré-oxigenação antes da queda da saturação. Já no bebe, adulto
obeso, mulher grave, tem uma reserva muito menor. No RN muito doente, a duração do tempo que pode
passar antes da ventilação assistida é de apenas 1 minuto e na Sala de Parto, os RN não se apresentam
com a saturação total (a saturação de oxigênio é baixa ao nascer) Assim a abordagem do PALS se
baseia muito na saturação de oxigênio (e também do PCO2), diferente do programa de reanimação
neonatal
A intervenção pré-parada tem sido um marco dos dois programas, tanto do PRN como
PALS. O RN enfoca tanto no quadro de pré-parada quando há presença de bradicardia., ao invés de
aguardar a parada cardíaca e o enfoque principal está na ventilação., Já o PALS assumiu uma posição
proativa, mas ainda enfocada na parte inicial da parada cardíaca, Já que o PALS trata de pacientes
diferentes e diversos, tem que conservas o ritmo cardíaco e o episodio de parada cardíaca exige a
compressão torácica de alta qualidade com maior freqüência. À medida que evoluiu o quadro, maior
atenção é dada a fase de pós-reanimação. A prevenção da parada cardíaca pode levar a hipoxia
importante com lesão cerebral (encefalopatia hipóxico-isquêmica). Então o PALS dedica mais tempo a
isto, pois o choque e a desidratação são elementos importantes, sendo do maior ênfase no seu tratamento
neste programa. Então estas terapias visando a meta enfocada na temperatura, pressão arterial, expansão
com líquido correm mais no PALS do que no PRN.
Como esta abordagem difere: no PRN, o foco tem sido principalmente na sala de parto , já o
PALS foca na Sala do Pronto Socorro, fora do Hospital,UTI. O PRN enfoca no neonato, no prematuro e o
PALS trata de uma faixa etária muito mais diversa.
A hemorragia levando ao choque por placenta prévia tem sido importante no PRN E as
considerações de ordenhar o cordão umbilical e a reposição sanguínea quando se suspeita de hipovolemia
tem sido o foco de atenção. Já no PALS, mais atenção tem sido dada a hidratação precoce, no choque
séptico, identificar ritmos, como fibrilação que necessitam de terapias elétricas. Nos RN, o uso de
naloxone na reanimação para reversão a cão de opióides é atualmente controverso A administração de
epinefrina através da sonda endotraqueal e através de um cateter via óssea é diferente nos dois
programas. O PRN está voltado para a prevenção e o PALS, está voltado para o tratamento (choque,
parada cardíaca), razão pela qual enfoca no acesso vascular, bolus de líquido, antibióticos, tratamento de
ritmos anômalos e tratamento do choque.
Os dois programas assumiram uma abordagem tentando identificar a causa do problema e
criaram uma tratamento específico para a etiologia para ritmos cardíacos s anômalos, para emergências
de vias aéreas. Reconhecemos que na reanimação hospitalar identificada em crianças mais velhas, o ritmo
anormal (fibrilação ventricular que requer um choque pode ser identificada em 10% das reanimações
iniciais dentro dos Hospitais e até 25% de cada reanimação que ocorre para crianças no Hospital). Isto
levou uma abordagem do PALS que tenta identificar rapidamente um ritmo chocável . Já a maioria das
reanimações ocorridas no PRN não é um ritmo chocável e uma boa ventilação com pequenas doses de
epinefrina parecem ser importante no programa. O tratamento mais eficaz, uma vez que ocorre a parada
cardíaca, é realizar compressões torácicas de alta qualidade (fortes e rápidas) e limitar as interrupções.
Assim o PALS enfatiza a não interrupção da massagem cárdica uma vez ocorrida a parada cardíaca,
enquanto o PRN concentra mais em garantir uma ventilação adequada, porque no RN, como foi
demonstrado por Dawes GS et al ( estudo citado anteriormente)em 1963 em animais recém-nascidos, a
reanimação a reanimação pode ser feita apenas com ventilação eficaz.
PALS: MASSAGEM CARDÍCA
PRN| : VENTILAÇÃO EFICAZ
Embora os programas pareçam ser um contra o outro, na verdade os princípios são muito
semelhantes apenas a população de pacientes que os programas abordam é que é diferente.
O estabelecimento da via aérea é muito importante em ambos os programas, considerando a
forma, tamanho relativo ao corpo e o posicionamento do paciente par a abertura da via aérea e
reanimação. Neste sentido não há diferenças ente os 2 programas . De fato,devemos olhar para esta
laringe normal de um bebe de 3 dias. Poderia ser uma criança na UTI Neonatal ou no Pronto Socorro.
Vamos observar por um instante. Como seria uma laringe normal com colapso durante o choro de uma
epiglote grande e uma via aérea muito mole? Na laringomalácia, vemos que as cordas vocais começam a
colabar, as pregas das laringes começam a sofrer colapso. Por debaixo das cordas vocais, vemos que a
via aérea fica muito flexível. O tratamento no PALS seria diferente: seria usada uma via aérea
nasofaringea inicialmente. Já no PRN, seria considerado o uso do CPAP se a obstrução fosse grave. Se
intubarmos este pacientes, é bem provável, que a ventilação com máscara seria seguida por uma sonda
traqueal sem balonete no PRN. Se chegar ao Pronto Socorro ou na UTI, provavelmente seria intubado
com uma sonda endotraqueal com balonete ou talvez obtivesse uma via aérea com máscara laríngea ou
uma sonda laríngea para uma respiração assistida. Assim, a abordagem é um pouco diferente. Na minha
UTI no Childrens Hospital de Philadelpia, 80%, vejam bem , 80% dos nossos neonatos e crianças são
intubadas com sondas traqueais com balonete e não sem.
Quanto ao tamanho das sondas: muitas vezes falamos que o tamanho das sonda é muito
importante por causa da resistência do fluxo aéreo na sonda endotraqueal que é como respirar através de
um canudinho. Aprendemos que, ao examinar a turbulência do fluxo, uma taxa lenta de fluxo, mesmo
em adultos com uma sonda traqueal grande, é muito menor do que em um paciente de 10 kg e de 3,kg,
porque nesta área, onde a vazão é baixa, a turbulência não é tão presente. Assim, a diferença entre usar
uma sonda grande ou pequena é minimizada por não usar um vazão grande e sim baixa. Assim, vemos
que a fisiologia é bem semelhante (então, por que a abordagem é diferentes?).
Vejamos alguns números interessantes: um RN de 3kg que aceita uma sonda traqueal de 3,0 e
uma criança de 30kg, de 8 anos, que aceita uma sonda traqueal de 6,0. Embora haja um aumento de 20
vezes no tamanho do corpo só há um aumento de 2 vezes no diâmetro da sonda traqueal. Vocês sabiam
que área subglótica do neonato é 20 vezes maior proporcionalmente ao tamanho do corpo do que uma
crianças de 30kg? Vocês sabiam o fluxo em uma pequena sonda traqueal é laminar e não turbulento
quando a vazão é lenta? Isto já é conhecido há muito tempo.
Vamos passar agora da via aérea para avaliação da circulação: quanto à verificação do
pulso, perguntamos se o profissional pode avaliar o pulso adequadamente para guiar a necessidade de
reanimação cardiopulmonar e massagem cardíaca ? Esta questão é muito discutida e a abordagem é um
pouco diferente entre o PRN e o PALS. No PALS é recomendado a verificação do pulso braquial ou
femoral. Na Sala de Parto, é muito fácil sentir o pulso umbilical. Há certo debate se a ausculta é uma
abordagem melhor na Sala de Parto ou palpação do pulso é melhor. Vou deixar isto em aberto. A questão
principal é que o programa de treinamento vai se concentrar na avaliação do pulso de maneiras diferentes.
O PRN prioriza a restauração do pulso como sinal de reanimação bem sucedida quando é
fornecida a ventilação.Já ao PALS não enfatiza tanto o retorno da freqüência cardíaca como elemento
central, e sim mais a oximetria de pulso, o CO2 expirado. Como os RN nascem geralmente mais
hipervolêmicos do que hipovolêmicos, a maioria dos pacientes do PALS vem de casa com desidratação.
A hipovolemia é um fator complicante. A ênfase do acesso vascular e a administração de fluidos é muito
maior no PALS. Se for necessário administrar sangue ou outro volume, geralmente, no PALS, é feito
através de um cateter intra-ósseo. No PRN é mais enfatizado a canulação do vaso umbilical para o rápido
acesso vascular.
Então , a verificação do pulso e o acesso vascular para resumir no PRN priorizam aceso
umbilical ou ausculta e o bolus é menor (10ml/kg). No PALS, prioriza o bolus (20 ml/kg), priorizando o
cristalóide, a nãos ser em casos de acidente de carro e geralmente é dado por via intra-óssea ou
endovenoso.
Com relação à massagem cardíaca: a massagem cardíaca mais profunda está associada com
sobrevivência e alta hospitalar. Quanto mais profunda, melhor. Os 2 programas recomendam pressionar
pelo menos1/3 do diâmetro anterior posterior do tórax. A compressão mais profunda nos pacientes mais
velhos aumenta o sucesso de desfibrilação. Quanto mais longa a interrupção da massagem cardíaca antes
do choque menor o sucesso de desfrililação. O fluiu sanguíneo que tenha oxigênio não é muito
importante na reanimação do paciente após a parada cardíaca. Quando começamos a medir com
aparelhos que conseguem rastrear a profundidade , a eficácia da massagem cardíaca, começamos a
descobrir que há uma combinação de mecanismos pelos quais é gerado o fluxo sangüíneo . Então
analisando os estudos originais dos anos 60, a massagem cardíaca com dois polegares nesta posição era
dada não só diretamente mas pressionando o tórax ao mesmo tempo. Então a geração de fluxo sanguineo
era uma combinação da compressão direta do coração e alteração da pressão entre o tórax e outros
compartimentos do corpo, principalmente o cérebro e o abdômen.
No momento, defende-se nos dois programa uma pressão rápida e forte e soltar
completamente porque mesmo uma pequena quantidade de força residual no tórax pode deixar uma
pressão no tórax que impede o retorno do sangue venoso Então, a compressão seguinte é menos eficaz.
Evitar interrupções é muito importante, pois a perfusão coronariana depende do fluxo diastólico ou da
pressão diastólica. Quando pausamos a compressão, a pressão diastólica cai rapidamente a e perfusão na
maior parte do coração, principalmente do lado esquerdo depende desta pressão diastólica para o fluxo
sanguíneo durante o relaxamento do ventrículo.
É claro que no programa PALS há uma ênfase em se buscar ritmos chocáveis e circunstâncias
especiais de reanimação que podem ter impacto sobre a sobrevivência da criança.
O Programa PALS é muito enfocado em se evitar um excesso de ventilação, porque a
compressão do coração, quando você está hipovolêmico pode diminuir o retorno do fluxo para o coração
e os pediatras tendem a ventilar com muita força, muito profundo e rápido, pressionar o tórax não é
muito útil pra o fluxo cerebral na hora da parada cardíaca. Por outro lado, o PRN se concentra na Sala de
Parto e a adequação da ventilação é priorizada e as pequenas pausas na massagem cardíaca são
permitidas, pois é reconhecida a importância da ventilação.Isto representa abordagens diferentes para o
mesmo problema, porque na Sala de Parto somente 0,1% dos partos resultam em massagem
cardíaca se a ventilação for eficaz.
Como vamos saber de devemos fornecer o mesmo número de massagens. Falamos em uma
diferença na relação compressão-ventilação entre os dois programas. A pergunta mais comum é; se chega
um bebe no Pronto Socorro vou dar uma relação compressão-ventilação de 3/1 ou 15/2. Por que esta
diferença? A maioria das informações não tem alto nível de evidencia., mas é consenso. Sabemos que a
reanimação cardiopulmonar pode ser estimada pela aplicação de O2 sistêmico geralmente devido à taxa
metabólica do cérebro exigindo mais O2 por área unitária do que uma criança mais velha. Se não
consideramos ventilação adicional das massagens cardíacas, podemos estimar usando a simulação relação
compressão ventilação ideal para um socorrista leigo que leva mais tempo para passar da ventilação para
a compressão e um profissional. À medida que o paciente é mais velho, precisa de uma maior relação
compressão-ventilação para alcançar uma aplicação ideal de oxigênio sistêmico. Nos bebes menores de 1
ano, a relação ventilação-compressão de 6 para 1 é apropriada, mas para um paciente mais velho, a esta
relação deve ser de 15/1 ou 30/2. Então demos um passo além e medimos , através de tomografia
realizadas em desde neonatos à idade de 18 anos e calculamos a distancia da compressão das estruturas
usando um terço a um meio do diâmetro anterior-posterior e superimpondo através de múltiplas
simulações qual é o efeito da relação massagem cardíaca sobre o prognóstico. Por exemplo, usando
100bpm como o PALS, podemos ver que quando o paciente tem 1Kg ou 3Kg ou 10Kg ou 70Kg, alcançar
o platô de perfusão ideal é muito difícil pelo peso. Quanto menor o bebe, é mais importante manter o
número maior de compressões por minuto. Claro que isto é teórico, mas parece fazer sentido quando
analisamos em animais pequenos. Agora temos que analisar em humanos.
A lição importante disto seria fazer a pergunta: no PRN se disséssemos que deveríamos
administrar 120 eventos/minuto (90 compressões e 30 ventilações) será que isto seria possível? Quantas
compressões ou massagens fazemos em 1 minuto em bebes muito pequenos? Será que fazemos uma
massagem suficiente para perfundir o cérebro adequadamente? Estas são perguntas e não respostas.
Se compararmos massagens do PRN e PALS vemos que no PRN há uma ênfase na
ventilação efetiva (relação hoje de 3/1 que está sendo reexaminada), a profundidade da massagem
recomendava 1/3 do tórax ânteror-posteriror e 90 compressões/30 ventilações por minuto O PALS daria
uma ênfase na massagem continua, relação de 50/2-profundidade da compressão de 1/3-1/2 da
profundidade torácica ântero-posterior e 100 massagens por minuto. É preciso estimular os pediatras a
fazerem umas massagens cardíacas mais fortes.Estudamos recentemente no Hospital a profundidade
da massagem que médicos e enfermeiros fazem na UTI e em geral é insuficiente.
E a medicação? A epinefrina e os inotrópicos são as únicas intervenções eficazes que usamos
no momento. Não há evidência de que a epinefrina seja eficaz no PALS ou no PRN. O que é mais
importante é a avaliação da intervenção cuidadosa baseada no reconhecimento do padrão. Perguntar
inicialmente: Será que deve haver alguma limitação na reanimação deste bebe? Nesta situação. pensando
fisiologicamente, qual é a pré-carga? Será que apresenta hemorragia? Está com hipovolemia? Será que
posso melhorar a contração cardíaca com a medicação? O que é a pós-carga? Será que tem hipertensão
pulmonar? Tem canal arterial patente?Qual é a freqüência cardíaca? Qual é o ritmo cardíaco?,
Após a reanimação, a ênfase do programa PALS tem sido a de perfusão cerebral, na
manutenção de controles, de convulsões, temperatura, glicose.
Seguramente o PRN trata de questões importantes, como indução de hipotermia e
monitoramento do paciente para identificar através do EEC ajustado a amplitude para aqueles pacientes
mais propensos ao resfriamento. Agora a terapia voltada para a meta que é o foco do Curso do PALS é
difícil de aplicar no PRN já que os monitores disponíveis não são perfeitos.
No meu Hospital, quando ocorre uma parada cardíaca em um neonato, o PRN ou PALS é
iniciado durante 10 minutos e ao mesmo tempo a Equipe do ECMO (oxigenação por membrana
extracorpórea) é acionada e se a reanimação não tiver sucesso em 10 minutos, o pescoço é canulado (veia
e artéria) e é dado suporte de vida. Após 20 minutos de reanimação, é indicado o ECMO.
Considerações éticas e legais são importante em ambos os programas: nos dois programas, é
difícil de avaliar a função cerebral. A ênfase no PRN seria na idade gestacional e compressão torácica e
no PALS seria a quantificação de reanimação em relação ao quadro anterior do bebes, com ênfase menor
na duração da massagem cardíaca.Sabemos que uma boa massagem cardíaca pode levar a um bom
resultado entre 60 e 90 minutos.
É muito importante, em ambos os programas o trabalho em Equipe. Sabemos que a qualidade
que implementamos às nossas intervenções faz toda a diferença no retorno da circulação espontânea e
sobrevidas e o desfecho neurológico e a qualidade de vida. Há muitos desafios na formação e
implementação de intervenções. Temos que criar equipes melhores para melhor a competência e chegar a
excelência.
Vou terminar com um lembrete de que os RN não são apenas pequenos bebes, mas a
abordagem básica e tratamento, empregados no programa de reanimação neonatal e no programa suporte
avançado de vida pediátrico (PRN e PALS) são semelhantes Talvez seja uma resposta simples. quando
cortar o cordão umbilical passamos do PRN para o PALS.
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- Babbs CF, Nadkarni V. Optimizing chest compression to rescue ventilation ratios during
one-rescuer CPR by professionals and lay persons: children are not just little adults.
OBJECTIVE: To estimate the optimum ratio of chest compressions to ventilations for one-
rescuer CPR that maximizes systemic oxygen delivery in children. METHOD: Equations describing
oxygen delivery and blood flow during CPR as functions of the number of compressions and the number
of ventilations delivered over time were adapted from the former work of Babbs and Kern. These
equations were solved explicitly as a function of body weight, using scaling algorithms based upon
principles of developmental anatomy and physiology. RESULTS: The optimal compression to ventilation
(C/V) ratios for infants and younger children increase sharply as a function of body weight. Optimal C/V
ratios are lower for professional rescuers, who take less time to deliver a rescue breath, than for lay
rescuers, who interrupt chest compressions for longer to perform ventilations. For professional rescuers
the optimal C/V ratio, x*, is approximately 1.6 square root W where the W is the patient's body weight in
kg. For lay rescuers the optimum C/V ratio is approximately 2.8 square root W. These values can be
approximated for children and teens by the following rules of thumb, based upon the age of the victim: "5
+ one half the age in years" for professional rescuers and "5 + age in years" for lay rescuers.
CONCLUSIONS: Compression to ventilation ratios in CPR should be smaller for children than for adults
and gradually increase as a function of body weight. Optimal CPR in children requires relatively more
ventilation than optimal CPR in adults. A universal compression/ventilation ratio of 50:2, targeted to
optimize adult resuscitation, would not be appropriate for infants and young children.
Department of Pediatrics, Mount Sinai Hospital and University of Toronto, Toronto, Ontario,
Canada
RESULTADOS
Dos 24 estudos escolhidos. Destes, 20 destes foram elegidos para a inclusão, sendo que
11 estudos relataram Reanimação cardiopulmonar extensiva na Sala de Parto e 7 estudos,
Reanimação cardiopulmonar extensiva na UTI Neonatal e 2 estudos, combinaram ambas as
reanimações.
MORTALIDADE
Não estão disponíveis dados de lesão neurológica severa entre os RN que receberam
reanimação cardiopulmonar extensiva na UTI Neonatal.
Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os RN que receberam e não
receberam reanimação cardiopulmonar extensiva quanto a:
-Retinopatia da prematuridade OR: 1,59; IC a 95%%: 0,8-3,14. Não estão disponíveis
dados de retinopatia da prematuridade entre os RN que receberam extensiva reanimação
cardiopulmonar na UTI Neonatal
-Displasia broncopulmonar: OR: 0,98 (IC a 95%: 0,57-1,66). Não estão disponíveis dados de
displasia broncopulmonar entre os RN que receberam extensiva reanimação cardiopulmonar
na UTI Neonatal
-Desabilidade no neurodesenvolvimento: OR: 1,47 (IC a 95%%: 0,5-4,36). Não estão
disponíveis dados de desabilidade no neurodesenvolvimento entre os RN que receberam
extensiva reanimação cardiopulmonar na UTI Neonatal
ANÁLISE DE SUBGRUPOS
DISCUSSÃO
-Forest Plot: mostra visualmente os resultados de uma metanálise; faz uma estimativa
visual da quantidade de variação entre os resultados (heterogeneamente). Quando a linha
horizontal estiver à esquerda (RR e/ou/OR<1) significa redução do evento; quando à
direita (RR e/ou OD >1), aumento do evento e quando toda vez que a linha horizontal
tocar a linha vertical significa que tanto o RR como a OR não são significativos.
Seja o exemplo: Efeito do probiótico no risco de diarréia associada ao antibiótico
-Risco Relativo/Odds Ratio
-Heterogeneidade
Referencias
,
Margotto PR. Bioestatística Computacional: Uso do SPSS- o Essencial (em preparação)
1) Como você interpreta Forest Plot da metanálise do uso precoce da eritropoetina para a
prevenção de transfusão sanguínea nos recém-nascidos pré-termos e/ou de baixo peso e o risco
do desenvolvimento de retinopatia da prematuridade? Marca a correta:
a) houve aumento significativo da morte aos 28-30 dias de vida com a VAF
b) houve aumento significativo do escape de ar com o uso da VAF
c) houve aumento significativo da ventilação mecânica aos 28-30 dias de vida com a VAF
d) houve diminuição significativa da morte do DBP aos 28 dias de vida, assim como o uso de
oxigênio aos 28-30 dias de vida
da estimativa
c) o número necessário para o tratamento representa o número necessário para
intervenção para prevenir um caso indesejável
a) 5 estudos relatam aumento significativo da ROP severa com sepse fúngica invasiva
b) Apenas um estudo relatou aumento, porém não significativo, da ROP severa com a sepse
fúngica invasiva
c) O aumento do n no estudo de Sanchez provavelmente evidenciaria a associação
significativa entre ROP severa e sepse fúngica invasiva
d) A metanálise concluiu haver aumento significativo de 4 vezes mais de ROP severa com
sepse fúngica invasiva
6) O estudo de Spector et al (Pediatrics 2009;124;96-104) mostrou o risco de câncer em
crianças de muito baixo peso. Analisando a tabela a seguir, assinale a neoplasia
significativamente associada com o baixo peso ao nascer
a) ependimoma
b) hepatoblastoma
c) neuroblastoma
d) astrocitoma
7) Analisando a Tabela 4 do estudo de Zhu et AL (Pediatrics 124:218, 2009) a respeito do uso
da eritropoetina na melhora dos resultados neurológicos dos recém-nascidos com síndrome
hipóxico-isquêmica, marcar a incorreta:
Resultados
PICC CP RR(95%) p
Infecções sistêmicas 17( 37%) 14 (28%) 1.32 (0.7 – 2.53)
Ou óbito
Infecções Sistêmicas 15 ( 33%) 13 (26%) 1.25 ( 0.63 – 2.52)
a) Sepse (sepsis)
b) Retinopatia da prematuridade (ROP)
c) Doença pulmonar crônica (CLD)
d) Leucomalácia periventricular (PLV)
14) O uso do fortificante do leite humano com o leite cru da própria mãe nos RN de muito
baixo peso possibilitou:(estudo de Martins e Krebs – J Pediatr (Rio J) 2009 ;85:157-162)
Analise as duas tabelas a seguir e marque a correta: (foram aplicados os seguintes testes
estatísticos; t-student e Teste de Mann-Witney)
a) aumento significativo do peso e comprimento
b) aumento significativo do perímetro cefálico
c) diminuição significativa da fosfatase alcalina
d) maior risco de complicações
17) Assinale o intervalo de confiança cujo efeito do evento causa redução significativa do
dano:
a) 0,2 – 1,1
b) 0,4 – 1,0
c) 2,1 – 5,3
d) 0,4 – 0,8
19) No estudo de Hintz et al sobre o uso do oxido nítrico inalatório nos recém-nascidos
prematuros (J Pediatr 2007;151:16-22), o risco relativo quanto à redução das taxas de displasia
broncopulmonar foi de 0,72, com intervalo de confiança a 95% de 0,54-0,96. Para a
interpretação dos resultados, quanto à redução das taxas de displasia broncopulmonar, assinale
a melhor resposta:
a) houve grande redução da displasia broncopulmonar
b) a redução das taxas de displasia broncopulmonar esteve entre 54 e 96%
c) a redução das taxas de displasia broncopulmonar foi maior que 50%
d) a redução das taxas de displasia broncopulmonar foram inferiores 50%
20) O uso de corticosteróides pré-natal tem sido responsável pela diminuição do dano cerebral
(hemorragia cerebral parenquimatosa) em recém- nascidos com idade gestacional abaixo de 30
semanas. A análise de 172 2 RN de peso inferior a 1500g evidenciou que no grupo que
recebeu esteróide, a OR (Odss Ratio) para hemorragia parenquimatosa foi de 0,44 (IC a 95%:
0,28-0,71). Assinale a correta interpretação:
a) a redução da ocorrência do dano cerebral foi de 44%;
b) a variabilidade da redução do dano cerebral foi de 28-71%;
c) a redução da hemorragia cerebral parenquimatosa foi significativa;
d) o intervalo de confiança é muito grande para precisar significância
21) Meta-análise realizada por Bell EF e Acarregui ML para determinar se o recém pré-termo
exposto a um menor regime hídrico versus a uma maior regime hídrico apresenta benefícios
em relação à presença do canal arterial pérvio, morte neonatal e hemorragia intracraniana.
Para estes desfechos foram encontrados os seguintes riscos relativos: canal arterial pérvio com
risco relativo=0,4 (intervalo de confiança a 95%: 0,26-0,63; diferença de risco de -0,190);
hemorragia intracraniana com risco relativo=0,94 (intervalo de confiança a 95%: 0,52-1,72;
diferença de risco de –0,011)) e mortalidade neonatal com risco relativo=0,52 (intervalo de
confiança a 95%: 0,28-0,96; diferença de risco de –0,063).
Assinale a mais correta
a) a hemorragia intracraniana no grupo exposto a menor oferta hídrica diminuiu em 6%, mas
aumentou em até 72%
b) a redução significativa do canal arterial pérvio foi de 40% (variou entre 37 a 74%)
c) a mortalidade neonatal reduziu significativamente no grupo exposto a menor regime
hídrico (52%)
d) não há benefícios significativos para a menor oferta hídrica nos recém-nascidos pré-
termos quanto à mortalidade, incidência de canal arterial pérvio e hemorragia intracraniana
22) Quanto ao metagráfico abaixo analisado o uso de corticosteróide pré-natal e paralisia
cerebral (PC). Assinale a interpelação errada:
23) São evidências de que as revisões sistemáticas são de alta qualidade, exceto:
a) usam a metodologia científica como base;
b) métodos de seleção e avaliação são bem definidos e explícitos aos leitores;
c) permitem aos leitores avaliar possíveis avaliações tendenciosas (viés);
d) melhoram a segurança e a acurácia das conclusões devido à eliminação da heterogeneidade
24) Assinale o desfecho que se caracterizou como aumento significativo, quando são
comparados RN que receberam reanimação cardiopulmonar extensiva na Sala de Parto e RN
que não receberam:
a) retinopatia da prematuridade OR: 1,59; IC a 95%%: 0,8-3,14.
b) displasia broncopulmonar: OR: 0,98 (IC a 95%: 0,57-1,66).
c) desabilidade no neurodesenvolvimento: OR: 1,47 (IC a 95%%: 0,5-4,36).
d) mortalidade: 4,51 ( IC a 95% entre 4,06-5,02)
25) Um estudo acompanhou 13105 pessoas durante 20 anos para avaliar o impacto do
diabetes mellitus tipo 2 na mortalidade cardiovascular. Observou-se que a doença aumentava
significativamente o risco de morte, independente de outros fatores. Que resultado, expresso
em risco relativo e intervalo de confiança de 95% é comparado com tal informação?
a) 0,5 (0,5-1,1)
b) 2,1 (0,5-5,3)
c) 1,3 (0,9-3,2)
d) 1,7 (1,2-2,6)
Gabarito
A B C D
1 X
2 X
3 X
4 X
5 X
6 X
7 X
8 X
9 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
16 X
17 X
18 X
19 X
20 X
21 X
22 X
23 X
24 X
25 X
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Resultados Total
Evento Não Evento
Exposição Sim (tratado) a b n1
Não (controle) c d n2
Intraparto
Emergencia
Eletiva
Pu Pr Pu Pr Pu Pu C Pr Pu C Pr Pu Pr Pu Pr Pu Pr
Temos que tomar muito cuidado com o ciclo vicioso da cesárea eletiva. Quais são os
motivos: a cesárea repetida tem sido a causa de cesárea eletiva entre 35% e 50%, gestação
múltipla, apresentação anômala e a solicitação materna (em torno de 18%). Os três principais
motivos da cesárea eletiva tem sido: medo do parto vaginal, preocupação quando ultrapassa 39
semanas e conveniente, não somente para as mães como para o obstetra. Assim, vamos fazer
um ciclo (Late preterm infants, early term infants, and timing of elective deliveries. Engle
WA, Kominiarek MA. Clin Perinatol. 2008 Jun;35(2):325-41).
Quanto à via de nascimento dos gemelares: se o primeiro gemelar está cefálico,
planejar o parto vaginal é seguro, com sucesso em torno de 80% (Neonatal outcomes of twin
pregnancy according to the planned mode of delivery. Schmitz T, Carnavalet Cde C, Azria E,
Lopez E, Cabrol D, Goffinet F. Obstet Gynecol. 2008 Mar;111(3):695-703).
Quanto à cesárea a pedido materno: é ético? Obter o consentimento esclarecido, expor os
riscos, benefícios e mostrar alternativas. Seguir a recomendação da ACOG: cesárea eletiva
somente a partir de 39 semanas (Cesarean delivery on maternal request: the impact on mother
and newborn. Lee YM, D'Alton ME. Clin Perinatol. 2008 Sep;35(3):505-18)
O aumento da taxa de cesariana é acompanhado por uma significante queda no
número de mulheres que tentam parto vaginal após cesárea prévia. Muito deste aumento pode
ser atribuído ao aumento das taxas de cesárea eletiva na primeira gestação, de 14,6% em 1996
para 20,3% em 2005. Este aumento da cesárea eletiva na primeira gestação significa que a
mulher tem mais de 90% de chance de ter uma cesariana repetida, aumentando mais ainda a
taxa de cesárea no futuro, embora o parto normal possa ser uma opção. (Elective cesarean
section: its impact on neonatal respiratory outcome. Ramachandrappa A, Jain L. Clin
Perinatol. 2008 Jun;35(2):373-93).
Quais são os problemas da cesárea para a mãe e o para o recém-nascido? Para a mãe,
complicações infecciosas, separação mãe-filho, atraso aleitamento, menor satisfação do
nascimento, depressão, aumento do tempo de internação, aumento de custos, riscos de
placenta prévia, rotura uterina em futura gestação. Para o bebê: aumento da
prematuridade iatrogênica diminui o benefício pulmonar do parto. Portanto, aumenta a
morbimortalidade perinatal ((Elective cesarean section: its impact on neonatal respiratory
outcome. Ramachandrappa A, Jain L. Clin Perinatol. 2008 Jun;35(2):373-93).
O estudo de Mallow (Birth. 2009 Mar;36(1):26-33. Links Impact of cesarean section
on intermediate and late preterm births: United States, 2000-2003.Malloy MH.) comparou a
taxa de ventilação mecânica e a incidência de doença da membrana hialina entre os
prematuros intermediários (32-33 semanas) e os prematuros tardios (34-36 semanas) nascidos
por cesárea em comparação com os nascidos por parto vaginal. Um total de 422.000 nascidos
vivos, obtidos pela declaração de nascidos vivos (DNV). A taxa de cesárea foi de 27%. Em
cada semana de idade gestacional, a síndrome do desconforto respiratório foi maior quando o
nascimento ocorreu por cesariana, assim como foi maior a necessidade de ventilação mecânica
e a mortalidade. Portanto, a cesariana é um fator de risco para a morbidade respiratória e
mortalidade neonatal.
Para os RN >= 35 semanas, a cesariana a, em comparação ao parto vaginal aumento a
morbidade respiratória. Observem que a hipertensão pulmonar aumentou quase 5 vezes.
.
O risco para distúrbio respiratório é 2,0 maior tanto para os prematuros tardios como
para os RN a termo de cesárea eletiva.
Para os cuidados especiais, a cesárea eletiva aumenta 1,8 vezes para os prematuros tardios e
1,7 vezes mais para os RN a termo.
Assim, a idade gestacional estima o risco de evolução adversa, com melhor evolução
entre 38-40 semanas de gestação. A cesárea eletiva aumenta o risco de mortalidade intraparto
e neonatal, de admissão na UTI Neonatal e desconforto respiratório comparado com o parto
vaginal e não apresenta vantagem em relação a uma cesariana de urgência em termos de
mortalidade.
Por quê a cesariana aumenta morbidade neonatal? O prematuro tardio apresenta uma
imaturidade estrutural e bioquímica pulmonar, tem uma deficiência surfactante que leva a
síndrome do desconforto respiratório. O corticosteróide antenatal está indicado entre 24 e 34
semanas. É importante enfatizar que o epitélio pulmonar fetal secreta líquido pulmonar, sendo
importante para o crescimento e desenvolvimento do pulmão. Com o trabalho de parto ocorre
uma série de alterações hormonais (↑catecolaminas, glicocorticóide, vasopressina,
prolactina) e estas alterações promovem uma reabsorção do líquido pulmonar antes do
nascimento, diminuindo em 40% do líquido. Assim, a cesárea eletiva não prepara o
pulmão fetal para a vida neonatal. . Quanto pior a adaptação respiratória ao nascer,
maior será a morbidade respiratória ((Elective cesarean section: its impact on neonatal
respiratory outcome. Ramachandrappa A, Jain L. Clin Perinatol. 2008 Jun;35(2):373-93).
Por que isto? Norma cultural? Pressão legal? O efeito deste excessivo aumento não
está nada bom: aumenta os custos e piores resultados maternos e neonatais. Nos países pouco
desenvolvidos a taxa está muito baixa (insuficiente), principalmente nas áreas rurais e aí,
talvez o aumento fosse certamente benéfico. O menor acesso da população, com certeza
aumenta os riscos materno-fetais.
Resumindo: a alta taxa de cesárea não indica boa qualidade cuidados; em qualquer
tipo de nascimento, os riscos benefícios devem ser sempre ponderados; respeitar a opinião
materna é uma pratica recomendada, desde que esteja BEM CLARA E EMBASADA. A
cesariana eletiva aumenta a prematuridade, aumenta a morbimortalidade materna e neonatal.
Aqui vai um desafio para todos nós: prematuridade tardia, em um bom
percentual, é um problema evitável, com a diminuição da cesariana eletiva.
NOTA (Dr. Paulo R. Margotto). Consultem:
Previous cesarean section and the risk of postpartum maternal complications and adverse
neonatal outcomes in future pregnancies.
Inicio com o c conceito de prematuro tardio: são aqueles recém-nascidos com idade
gestacional entre 34 semanas e 36semans e 6 dias; ocorrem em torno de 9% dos nascimentos
e por volta de 70% dos prematuros nos Estados Unidos. (Engle WA.A recommendation for the
definition of "late preterm" (near-term) and the birth weight-gestational age classification
system. Semin Perinatol. 2006 Feb;30(1):2-7).
Entre as causas, temos: aumento do número de gestações múltiplas (60% dos gêmeos
nascem prematuramente), devido ao fato das mulheres estarem tendo seus filhos mais tarde (as
mulheres acima de 30 anos apresentam maior percentual de gestação múltipla); aumento do
número de técnicas de reprodução assistida (fertilização in vitro); aumento do número de
cesarianas eletivas (não existe uma boa avaliação da idade gestacional); aumento da obesidade
materna que predispõe ao parto prematuro
É importante ter em mente o conceito do prematuro tardio, porque muitas vezes estes
prematuros tardios tem um peso semelhante aos RN de termo e com isto, por muito tempo
foram considerados como se fossem RN de termo, normais. Isto não é verdade, pois os
prematuros tardios não são fisiologicamente e metabolicamente maduros. Olhando a literatura
americana, alguns anos atrás, usava-se o termo “near term” (próximo do termo). Devido ao
fato destes prematuros tardios terem maior risco de apresentar sérios problemas, houve por
bem trocar o termo para “late preterm” (prematuro tardio), para enfatizar que estes RN não
são próximos do termo e sim prematuros com alto risco de morbimortalidade em comparação
aos RN de termo (Engle WA. A recommendation for the definition of "late preterm" (near-
term) and the birth weight-gestational age classification system. Semin Perinatol. 2006
Feb;30(1):2-7)
-quanto à morbidade: eles tem maior necessidade de reanimação na Sala de Parto (1 de cada
7 prematuros tardios necessita de reanimação com balão e máscara), maior incidência de
distúrbios respiratórios, maior incidência de hipoglicemia, hipotermia e apnéia em relação ao
RN de termo. Em relação à dificuldade respiratória: a incidência é de 15% nos prematuros
tardios e muitos necessitam de O2 suplementar nas primeiras fases da vida (3x mais em relação
aos RN a termo). Em alguns casos podem necessitar de surfactante. Os que recebem corticóide
pré-natal tem menor chance de desenvolver síndrome do desconforto respiratório. Apresentam
maior incidência de apnéia, pois apresentam menor sensibilidade central ao CO2. Em relação
à hipotermia: maior risco de hipotermia, pois perdem calor com mais facilidade, devido à
maior superfície corporal para o peso, em relação aos outros RN a termo. Na Sala de Parto
devemos minimizar esta perda de calor, inclusive no transporte a UTI Neonatal, uma vez que a
regulação da temperatura é importante neste período de transição (Laptook A, Jackson
GL.Semin. Cold stress and hypoglycemia in the late preterm ("near-term") infant: impact on
nursery of admission..Semin Perinatol. 2006 Feb;30(1):24-7). Em relação à hipoglicemia: o
risco foi de 3 x maior em relação ao RN de termo na análise de 90 RN prematuros tardios
entre 35-36 semanas de idade gestacional versus 95 RN de termo (37-40 semanas) realizada
por Wang et al (Wang, 2004. Clinical outcomes of near-term infants.Wang ML, Dorer DJ,
Fleming MP, Catlin EA.Pediatrics. 2004 Aug;114(2):372-6. ARTIGO INTEGRAL).
Basicamente é devido à inadequada nutrição enteral, hipotermia e sepse. A
hiperbilirrubinemia ocorreu em 54% dos RN prematuros tardios versus 37,9% dos RN a
termo. Neste prematuros tardios a hiperbilirrubinemia é uma das maiores causas de
reinternação, devendo estes RN ficar um pouco mais para observação de icterícia. A
dificuldade da alimentação é um dos principais motivos que atrasam a alta hospitalar, pois
apresentam dificuldade de sucção e deglutição. Consultem a figura abaixo, do estudo de Wang
et al
Wang, 2004. Clinical outcomes of near-term infants.Wang ML, Dorer DJ, Fleming MP, Catlin
EA.Pediatrics. 2004 Aug;114(2):372-6
Consultem também:
3-Neonatal morbidity in late preterm and term infants in the nursery of a tertiary hospital.
Dani C, Corsini I, Piergentili L, Bertini G, Pratesi S, Rubaltelli FF. Acta Paediatr. 2009
Nov;98(11):1841-3.
www.paulomargotto.com.br
pmargotto@gmail.com
Jamais atribuindo juízos de valor ao que está sendo visto, o pesquisador pode decidir
erroneamente e rejeitar a hipótese nula sendo ela verdadeira (Erro tipo I). Assim, o
pesquisador aceita como verdade uma diferença que na realidade não existe e que na verdade,
se deve à variabilidade das amostras. Quando a hipótese H0 é falsa e o pesquisador não a
rejeita, dizemos que ele cometeu um Erro tipo II, significando que existia, de fato, uma
diferença que não foi reconhecida.
Assim:
Erro tipo I: rejeita a H0 sendo verdadeira (fato obtido por azar: rara
ocorrência estatística): erro alfa
Erro tipo II : aceita a H0 sendo falsa (erro mais freqüente):erro beta
Uma vez conhecido o valor de alfa e beta, podemos usar pesquisas anteriores ou
experimentos similares para estimar o tamanho do efeito que se espera detectar com um
experimento. Assim, podemos usar esse tanto de efeito estimado para calcular quantos
participantes necessitamos para detectar este efeito, com base nos valores de alfa e beta que
escolhemos.
Explicações:
Para fins práticos, segundo Cohen: participantes para detectar efeito médio (r=0.3), são
necessários 85 e para efeito grande (r=0,5), são necessários 28; para efeito pequeno (r-0,1),
precisamos de 783.
- Amostras grandes: n > 100
- Amostras médias: n > 30
- Amostras pequenas: n < 30
- Amostras muito pequenas: n < 12
Lembrar que: ♣ quanto menor a diferença a ser detectada, maior deverá ser o tamanho
da amostra; ♣ quando menor o nível de significância (p), maior deve ser o tamanho da
amostra.
A etapa seguinte consiste na coleta de dados, lembrando que maus dados levam
igualmente a más conclusões. Segundo Field, procedimentos estatísticos são uma forma de
processar números e, portanto, se você colocar baboseiras em uma análise, mesmo assim
obterá conclusões com significado estatístico, mas que provavelmente não terão sentido
empírico (prático). A estatística não é uma forma milagrosa, é apenas um recurso. Na
determinação da verdade. Na análise estatística não existe um substituto para o pensamento
empírico.
Uma vez obtidos os dados, faz-se a análise estatística aplicando-se testes escolhidos em
função do tipo de dados disponíveis.
CURVA DE KAPLAN-MEIER
Paulo R. Margotto
Muitos estudos, em medicina, são planejados para determinar se uma droga, tratamento
ou procedimento novo tem melhor desempenho do que outro normalmente usado, ou seja, são
feitas avaliações dos efeitos de curto prazo. No entanto também é importante a avaliação dos
resultados a longo prazo, incluindo a morbimortalidade.
Nos estudos de avaliação das taxas de sobrevivência entre pacientes submetidos a
certos tratamentos ou a certos procedimentos, o resultado será binário-sobrevivência ou morte
do paciente e o objetivo será estimar o intervalo de tempo que os pacientes sobrevivem com
tipos específicos de tratamento ou em condições específicas.
Na análise de sobrevivência, a variável dependente (resultado) é sempre o tempo até
a ocorrência de determinado evento (já na análise estatística clássica, a variável dependente é a
ocorrência de determinado evento, como cura, desenvolvimento da doença, efeito colateral).
Vejam assim que na análise de sobrevivência compara-se a rapidez com que os
participantes desenvolvem determinado evento, ao contrário de comparar as percentagens de
doentes que desenvolvem o evento, ao fim de um determinado período de tempo. O evento
final da análise de sobrevivência pode não ser somente a morte, podendo ser outro evento,
como recidiva, progressão da doença, efeito colateral. Quando se fala em tempo de sobrevida
na análise de sobrevivência não significa que seja necessariamente o tempo até a morte e sim o
tempo até a ocorrência de determinado evento.
Assim, devido à diferença do tipo de variável dependente usada, todos os métodos
estatísticos que usamos normalmente na análise clássica, não podem ser usados quando
realizamos análise de sobrevivência, devido à diferença do tipo de variável dependente que é
utilizada. A análise clássica e a de sobrevivência tem métodos próprios (consulte a tabela)
Tabela 1. Técnicas estatísticas usadas na análise clássica e na análise de
sobrevivência (Botelho F et al)
Fig.1 e 2.. Curvas de Kaplan-Meier analisando o tempo até a extubação após primeira
dose (A) e segunda (B) dose de surfactante exógeno para os grupos com base na histologia
da placenta
Observamos pela Curva de Kaplan-Meier apresentada, que com 12 horas após o uso da
primeira dose do surfactante pulmonar exógeno, não havia diferença entre os 3 grupos
estudados (corioamnionite fetal, corioamnionite sem envolvimento fetal e sem corioamnionite)
quanto ao tempo de extubação, o que não ocorreu com 24, 36 e 48 horas de vida, em que se
observa o prolongamento do tempo de extubação com a gravidade da corioamnionite, ou seja,
aquela com envolvimento fetal (com 486 horas, aqueles com grave corioamnionite, 85%
estavam intubados, versus 60% daqueles aqueles com corioamnionite menos grave ou
ausência de corioamnionite) (p<0,047, determinado pela estatística do logrank de Cox-
Mantel-veja adiante).
Vejam então que esta análise de Kaplan-Meier permite avaliar corretamente o ritmo em
que os eventos vão ocorrendo nos diferentes grupos em estudo.
Dos gráficos com as curvas de Kaplan-Meier pode-se estimar diretamente o percentual
de evento ao final de qualquer intervalo temporal, Para isto, trace uma linha vertical ao nível
temporal que se pretende apurar o nível de ocorrência de evento, que no nosso caso é a
extubação. Vejam que no exemplo anterior, com 42 horas após o uso do surfactante exógeno,
65% dos RN nos grupos com corioamnionite leve e sem corioamnionite estavam intubados,
versus 85% dos RN com história de mães com corioamnionite severa.
Para avaliar a significância estatística procedemos tal como na análise clássica,
analisando o valor de p ou o intervalo de confiança. Para o cálculo deste p, o teste de
significância mais utilizado é o Logrank test (também conhecido por estatística do logrank de
Mantel, estatística do logrank de Cox-Mantel). Este teste compara o número de eventos
observados em cada grupo com o número de eventos que seria esperado com base no número
de eventos dos dois grupos combinados, ou seja, não importa a que grupo pertence o
indivíduo. Um teste do qui-quadrado aproximado é usado para testar a significância de uma
expressão matemática envolvendo o número de eventos esperados e observados.
Para a determinação de um efeito independente de um fator, temos que realizar uma
análise multivariada, que no caso de análise de sobrevida geralmente implica na utilização da
Regressão de Cox; é uma técnica estatística que é utilizada para determinar a relação entre
sobrevivência e várias variáveis independentes exploratórias; fornece uma estimativa do
tratamento sobre a taxa de sobrevivência, após o ajuste da variável exploratória. Esta regressão
permite obter resultados ajustados para possíveis variáveis de confundimento.
No estudo assinalado anteriormente a respeito da alteração da resposta ao surfactante
nos RN cujas mães tiveram corioamnionite com envolvimento fetal, os autores também
realizaram uma análise de regressão de Cox para análise multivariada para identificar se a
idade gestacional poderia explicar a menor chance de extubação após corioamnionite. A
regressão de Cox foi realizada com ajuste para a idade gestacional e peso. Os autores
evidenciaram assim, que os RN do grupo corioamnionite com comprometimento fetal teve
significativamente menor probabilidade de extubação 48 horas após o uso da primeira dose
surfactante exógeno (hazard rate-HR- de 0,12 com intervalo de confiança de 0,01-0,06 –
p=0,46), demonstrando um efeito independente da corioamnionite no prolongamento da
intubação destes RN com corioamnionite grave.
Fig. 3. Regressão de Cox estimando o tempo de extubação após a segunda dose de
surfactante exógeno, ajustado para a idade gestacional e peso nos grupos de acordo com a
histologia da placenta, p <0,05 HC+F VS HC-
Fig. 4. Analyse>Survival>Kaplan-Meier
A seguir, vamos comparar duas ou mais curvas de sobrevivência. A hipótese nula é que
os grupos que se compararam tem uma sobrevivência igual, sendo o teste de hipótese mais
empregado, como já vimos é o logrank test que leva em conta as diferenças de sobrevivência
entre os grupos em todos os pontos que dura o seguimento. No exemplo a seguir, usando a
mesma base de dados do exemplo anterior, vamos responder a pergunta: a sobrevivência foi
diferente entre os que receberam o tratamento radioterápico com menos de 5000 rads e os
que 5000 ou mais rads? Ou o mesmo, há diferença significativa na sobrevivência entre os
que receberam menos e mais radioterapia pré-operatória?
Na caixa de diálogo Kaplan-Meier da Figura 7, selecionamos a variável que vai separar
os grupos de pacientes e colocar em Factor uma variável categórica (no presente exemplo,
vamos colocar a variável dose de radioterapia pré-operatória.). (Figura 12).
Figura 12. Caixa de diálogo Kaplan-Meier
Interpretação: como podemos observar o valor do estatístico logrank foi de 2,67, com
1 grau de liberdade (neste exemplo se compararam dois grupos) e o valor p associado foi de
0,10, o que NÃO nos permiti afastar a hipótese nula, isto é, NÃO HÁ DIFERENÇA
ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVA NA SOBREVIVÊNCIA ENTRE OS DOIS
GRUPOS. Observando as curvas de sobrevivência de ambos os grupos (Figura 16), o grupo de
maior dose de radioterapia parece sobreviver mais, porém o estatístico logrank não alcança
valor crítico que nos permite afastar a hipótese nula.
Referências consultadas
2-Aguayo Canela M, Lora Monge E. Cómo hacer “paso a paso” um análisis de supervivência com
SPSS para Windows. Fabis (Fundacion Andaluza Beturia para La investigation em salud). Disponível
em Cómo hacer “paso a paso” un Análisis de Supervivencia con SPSS ... (acessado em 15 de maio
de 2010)
3-Dawson B, Trapp RG. Análise dos temas de pesquisa sobre sobrevivência. In. Dawson B,
Trapp RG Bioestatística Básica e Clínica, McGrawHill, Rio de Janeiro, 3ª Edição, 2003,
p.187-205
4-Bee JV, Rours IG et al. Chorioamnionitis alters the response to surfactant in preterm infants.
J Pediatr 2010;156:10-5
CURVA ROC
Como fazer e interpretar no SPSS
Paulo R. Margotto
Muitos exames dos nossos pacientes tem valores medidos numa escala numérica e
assim a sensibilidade e a especificidade dependem de onde se coloca o ponto de corte (cut off)
entre os resultados positivos e negativos.
Uma forma mais eficiente de demonstrar a relação normalmente antagônica entre a
sensibilidade e a especificidade dos exames que apresentam resultados contínuos são as
Curvas de Características de Operação do Receptor (Curvas ROC- Receiver Operating
Characteristic). A Curva ROC é uma ferramenta poderosa para medir e especificar problemas
no desempenho do diagnóstico em medicina por permitir estudar a variação da sensibilidade e
especificidade para diferentes valores de corte.
A Curvas ROC foram desenvolvidas no campo das comunicações como uma forma de
demonstrar as relações entre sinal-ruído. Interpretando o sinal como os verdadeiros positivos
(sensibilidade) e o ruído, os falsos positivos (1-especificidade), podemos entender como este
conceito pode ser aplicado em medicina.
A Curva ROC é um gráfico de sensibilidade (ou taxa de verdadeiros positivos) versus
taxa de falsos positivos (Figura 1)
Fig.1.Curva de Características de Operação do
Receptor (Curva ROC)
A linha diagonal pontilhada corresponde a um teste que é positivo ou negativo,
aleatoriamente. A Curva ROC Permite evidenciar os valores para os quais existe maior
otimização da sensibilidade em função da especificidade que corresponde ao ponto em que se
encontra mais próxima do canto superior esquerdo do diagrama, uma vez que o o índice de
positivos verdadeiro é 1 e o de falsos positivos é zero.
‘ A medida que um critério para o teste positivo tona-se mais rigoroso, o ponto da curva
correspondente a sensibilidade e a especificidade (ponto A) movimenta-se para baixo e para
a esquerda (sensibilidade menor e especificidade maior). Se adotar um critério menos
evidente, para identificar os positivos, , o ponto da curva (ponto B) movimenta-se para cima
e para a direita (sensibilidade maior, especidicade menor).
A Curva ROC permite comparar dois ou mais exames diagnósticos e constitui uma das
maiores virtudes das curvas ROC. No exemplo (Figura 2) a seguir, o Teste A- tem melhor
acurácia que o teste B (teste inválido: os seus resultados não são melhores do que os da
chance). O ponto 1confere maior valor de sensibilidade e especificidade; o ponto 2 confere
maior sensibilidade, porem menor especificidade e já o ponto 3, maior especificidade, porém,
menor sensibilidade
Falso- positivo (1-especificidade)
A Curva ROC descrimina entre dois estados, onde cada ponto da curva representa um
compromisso diferente entre a sensibilidade e o falso positivo que pode ser definido pela
adoção de um diferente valor do ponto de corte de anormalidade. Assim, podemos ter
diferentes correspondências na curva. Um critério restrito (paciente positivo quando a
evidência da doença é muito forte) é aquele que traduz uma pequena fração de falsos positivos
e também uma pequena fração de verdadeiros positivos (canto inferior esquerdo da Curva
ROC. O uso de critérios menos restritos, conduzem a maiores frações de ambos os tipos
(pontos colocados no canto direito da curva (Figura 10).
S
e
n
s
i
b
i
l
i
d
a
d
e
Fig.10. Curva ROC para uma dada capacidade de discriminação, com a variação
do ponto de corte (critério de decisão)
O valor do ponto de corte é definido com um valor que pode ser selecionado
arbitrariamente pelo pesquisador entre os valores possíveis para a variável de decisão, acima
do qual o paciente é classificado como positivo (teste positivo, paciente com a doença) e
abaixo do qual é classificado como negativo (teste de diagnóstico negativo, ausência de
doença).
Para cada ponto de corte são calculados valores de sensibilidade e especificidade, que
podem então serem dispostos no gráfico. Um classificador perfeito corresponderia a uma
linha horizontal no topo do gráfico, porém esta dificilmente será alcançada. Na prática, curvas
consideradas boas estarão entre a linha diagonal e a linha perfeita, onde quanto maior a
distância da linha diagonal, melhor o sistema. A linha diagonal indica uma classificação
aleatória, ou seja, um sistema que aleatoriamente seleciona saídas como positivas ou
negativas, como jogar uma moeda para cima e esperar cara ou coroa. Finalmente, a partir de
uma curva ROC, devemos poder selecionar o melhor limiar de corte para obtermos o melhor
desempenho possível.
Para a determinação se duas ou mais Curvas ROC são significativamente diferentes, a
avaliação é feita através da determinação da área sob a curva, usando uma modificação do
teste da soma de ordens de Wilcoxon para esta comparação. Assim é possível quantificar a
exatidão de um teste diagnóstico (proporcional à área sob a curva), além da possibilidade de
comparar testes diagnósticos.
Como realizar a Curva ROC pelo SPSS
Vamos usar o exemplo disponível no programa SPSS 18: hivassay.sav
Um laboratório farmacêutico está desenvolvendo um teste rápido para detecção de
infecção pelo HIV. O atraso na obtenção de resultados de testes tradicional reduz a sua
eficácia, porque muitos pacientes não retornam para saber os resultados. O desafio é
desenvolver um teste que forneça resultados em 10 a 15 minutos e é tão preciso quanto os
testes tradicionais. Os resultados do ensaio são oito tons de vermelho, com tons mais
profundos, indicando maior probabilidade de infecção. O teste é rápido, mas é preciso?
Para ajudar a responder esta pergunta, um ensaio laboratorial foi realizado em 2.000 amostras
de sangue, metade dos quais estavam infectadas com o HIV e metade, não. Os resultados estão
em hivassay.sav. Vamos usar a Curva ROC para determinar em que tom de vermelho o
médico deve assumir que o paciente é HIV-positivo.
Em Analyse escolha ROC Curve Figura 4) e será aberta a caixa de diálogo Roc
Curve (Figura 5)
Na caixa de diálogo Roc Curve, selecione assay result como Test variabe e em
State variable, selecione actual satate e o tipo 1, como seu valor positivo. No Display,
selecione With diagonal reference line, Standard error and confidence interval e Coordinate
points of the ROC (Figura 6)
A Curva está difícil de se visualizar porque está muito próximo ao eixo vertical, ou
seja, maior sensibilidade na detecção dos pacientes com HIV positivo e com baixo falso
positivo.
O conhecimento da área sob a curva possibilita quantificar exatidão de um teste
diagnóstico (proporcional à área sob a curva), além de possibilitar a comparação de testes
diagnósticos. A área sob a curva ROC constitui um dos índices mais usados para sumarizar a
qualidade da curva.
A área sob a curva ROC é uma medida do desempenho de um teste (índice de exatidão
do teste). Um teste totalmente incapaz de discriminar indivíduos doentes e não doentes, teria
uma área sob a curva de 0.5 (seria a hipótese nula).Acima de 0,70 é considerado desempenho
satisfatório. Vejam o cálculo da área sob curva do presente exemplo (Tabela 1)
Area Under the Curve (Área sob a Curva)
Test Result Variable(s):Assay result
Area Asymptotic 95% Confidence
Interval
a b
Std. Error Asymptotic Sig. Lower Bound Upper Bound
Esta tabela relata a sensibilidade e 1- especificidade para cada ponto de corte possível
para a classificação positiva. A sensibilidade é a proporção de amostras de HIV-positivos com
os resultados do teste maior que o corte e 1-especificidade é a proporção de amostras de HIV-
negativo com os resultados do teste maior que o de corte. No ponto de corte 0 é equivalente a
assumir que todos são HIV-positivos. No ponto de corte 9 é equivalente a assumir que todos
HIV-negativos. Vejam assim, que ambos os extremos são insatisfatórios, o desafio é escolher
um corte que devidamente equilibrar as necessidades de sensibilidade e especificidade.
Por exemplo, considere o ponto de corte 5.5. Usando este ponto de corte vamos ter
uma sensibilidade de 0,978 e 1-especificidade de 0,015. Assim, aproximadamente 97,8% de
todas as amostras do HIV-positivos seriam corretamente identificadas como tal, e 1,5% de
todas as amostras do HIV-negativo poderiam ser incorretamente identificadas como positivas.
Se usarmos o ponto de corte 2,52, 99,5% de todas as amostras do HIV-positivos seriam
corretamente identificados como tal e 4,0% de todas as amostras de HIV-negativo poderia ser
incorretamente identificadas como positivas.
A escolha do ponto de corte será decidida pela necessidade de aumentar a sensibilidade
ou a especificidade e vai depender do pesquisador. Devemos notar que os valores desta tabela
representam as melhores orientações para os quais devemos considerar os pontos de cortes.
Esta tabela não inclui as estimativas de erro, portanto, não há garantia da exatidão da
sensibilidade ou especificidade para um dado ponto de corte na tabela.
O uso da Curva ROC possibilitou-nos avaliar a acurácia deste teste. A área sob a curva
mostrou que a utilização do teste é melhor do que a chance, mas, além disto, as. coordenadas
da curva foi muito útil porque forneceu algumas orientações para determinar qual o melhor
ponto de corte para a determinação os resultados do teste positivo e negativo.
Vejamos agora, exemplo de estudos com o uso da Curva ROC na neonatologia,
comparando Índices Prognósticos CRIB (clinical risk index for babies), CRIB –II e SNAPPE-
II (score for neonatal acute physiology-perinatal extension).
Parry G et al desenvolveram o CRIB-II para RN de 32 semanas após 1 hora de
admissão na UTI sendo excluída a FiO2 uma vez que esta não representa uma medida
fisiológica verdadeira por ser determinada pelo cuidador. Assim, o CRIB II foi calculado a
partir de 5 itens: sexo, peso ao nascer, idade gestacional, pior base excess e temperatura na
admissão A área sob a curva ROC para morte ou graves anormalidades cerebrais foi de 0,82,
de 0,79 pra o CRIB, 0,80 para a idade gestacional e 0,77 para o peso ao nascer . Portanto, o
CRIB II mostrou maior acurácia em relação ao CRIB, a idade gestacional e o peso ao nascer
para a morte ou graves anormalidades cerebrais.
Gagliardi I et al, comparando CRIB, CRIB-II e SNAPE-II, relataram maior grau de
descriminação para o CRIB e CRIB II em relação ao SNAPPE-II (área sob a Curva ROC de
0,90 e 0,91 versus 0,84-p <0,0004). Vejamos a Curva ROC deste estudo (Fig.8).
Fig. 8. Curva ROC para o CRIB, CRIB –II e SNAPPE-PE. A área sob a curva
foi: CRIB, 0,903; CRIB-II, 0,907; SNAPPE-II, 0,837.
Referências:
1-Martinez EZ, Lozada-Neto F, Pereira BB. Cadernos Saúde Coletiva, Rio de Janeiro 2003;11:7-31
(disponível em [PDF] A curva ROC para testes diagnósticos
2- Braga ACS. Curvas ROC: Aspectos funcionais e aplicações. Tese de Doutorado,
Universidade do Minho, dezembro de 2003, Portugal
3- Dawson B, Trapp RG. Métodos da medicina baseada em evidências. In. Dawson B, Trapp
RG Bioestatística Básica e Clínica, McGrawHill, Rio de Janeiro, 3ª Edição, 2003, p.233-249
4- Maulik D, Yarlagadda P, Youngblood JP, Ciston P. Comparative efficacy of umbilical
arterial Doppler índices for predicting adverse perinatal outcome. Am J Obstet Gynecol
1991;164:1434-1440
5-Parry G, Tucker J et al. CRIB II: an update of the clinical risk index for babies score. Lancet
361:1789, 2003
6- Gagliardi L, Cavazza A, et al. Assessing mortality risk in very low birthweight infants: a
comparison of CRIB, CRIB-II, and SNAPPE-II. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 89:F419,
2004
7-Curso de Epidemiologia Clínica-CLAP, 1988
NUTRIÇÃO DO RECÉM-NASCIDO PREMATURO
Carlos Alberto Bhering (RJ)
1)
Observem a redução significativa (RR=0,32 com intervalo de confiança que não passa
pela unidade de 0.17-0,60) da enterocolite necrosante nesta metanálise.
3)
Enterocolite necrosante
Autor(es): Martha G. Vieira, Paulo R. Margotto
5)
Leite materno para prematuro: fortificar ou não
Autor(es): Gilberto Pereira (EUA). Realizado por Paulo R. Margotto
O leite materno tem inúmeras vantagens: é o leite específico para a nossa espécie, apresenta
a hidrolase que antagoniza as ações do Fator Ativador Plaquetário que é o desencadeante da
enterocolite necrosante.
7)
Prematuro extremo na vida adulta (34º Congresso Brasileiro de
Pediatria, 8-12 de outubro de 2009, Brasília)
Autor(es): Ruth Guinsburg (SP). Realizado por Paulo R. Margotto
8)
Alimentação do prematuro: uso da enteral mínima
Autor(es): Helenilce de Paula Fiad Costa (SP). Realizado por Paulo R.
Margotto
ACESSO VASCULAR
NO RECÉM-NASCIDO
CATETERISMO DE VASOS UMBILICAIS
Paulo R. Margotto/ Martha G. Vieira /Jefferson G. Resende, Carla Pacheco Brito, Kátia
Rodrigues Menezes, Lady Maria C. A. de Andrade, Vicência Soares de Almeida
PREPARO DO PACIENTE:
• Medir a distância entre o ombro e o umbigo
• Aquecimento adequado
• Monitorização contínua
• posicionar o paciente em decúbito dorsal e fazer contenção dos membros
MATERIAL:
• Mesa auxiliar
• Campos estéreis amplos; utilizar dois se necessário
• Gorro, luvas estéreis, máscara
• Gaze estéril
• Clorexidina alcoólica a 0.5%
• Clorexidina degermante a 2% ou 4%
• Solução de heparina 0,25 U/ml de SF 0,9%
INTRODUÇÃO
2- Pacientes elegíveis:
Em neonatologia podemos citar como indicações:
• crianças que requeiram terapia IV por médio ou longo período;
• neonatos transitando de um dispositivo umbilical há mais de 10 a 14 dias e/ou com
necessidade de outros acessos vasculares contínuos;
• terapias hiperosmolares;
• soluções com um pH não fisiológico e soluções com propriedades irritantes ou
vesicantes;
• prematuros com peso < ou = 1.500g;
• crianças que receberão nutrição parenteral;
• crianças que irão receber medicamentos antivirais IV;
• crianças com acesso vascular pobre (com aumento de gordura no subcutâneo); com
múltiplas tentativas prévias de acesso periférico; presença de anomalias em
membros;
• crianças com desordens gastrintestinais (enterocolite necrosante, onfalocele,
gastrosquise);
• crianças com doenças cardíacas congênitas e cirúrgicas.
• neonatos que apresentem intercorrências com o cateter umbilical, com menos de 04
dias de terapia IV, após avaliação de duas enfermeiras do plantão.
3 - Técnica de inserção:
3.1- Avaliação do acesso:
Os acessos venosos preferenciais e mais adequados para inserir um CCIP são: veia
basílica (braquial e antebraquial), veia basílica mediana, veia basílica acessória, veia cefálica
(braquial e antebraquial), veia cefálica mediana, veia cefálica acessória, veia antebraquial
mediana. E também a v.safena, v.poplítea, v.femoral, v. temporal, v. retroauricular e v.jugular
interna.
Considerações especiais:
• não escolher acesso venoso em local edemaciado ou com malformação;
• não escolher a punção por CCIP a pacientes instáveis hemodinamicamente, que
necessitem de verificação de Pressão Venosa Central (PVC), pois nesses casos, os
pacientes serão mais beneficiados por acessos centrais mais calibrosos, como
punções de veia subclávia ou dissecções venosas;
• não escolher a punção por CCIP com a finalidade de administrar hemoderivados;
• não escolher acesso venoso em membro superior onde já exista um acesso venoso
central, mesmo que seja o membro contra-lateral;
• Não escolher acesso venoso de membros inferiores em RNs com distúrbios gastro-
intestinais, centralização fetal ou em vigência de cateterismo umbilical.
• 7.3- Técnica de anti-sepsia das mãos Para a inserção do cateter utilizar sempre
técnica asséptica com emprego de máximas precauções de barreira estéreis:
a) Considerações Especiais
• o paciente deve estar hemodinamicamente estável, sem edema
• realizar o procedimento com monitorização de oximetria de pulso
• manter material para Ressuscitação Cardio-Pulmonar próximo ao leito
• o paciente deve estar normotérmico para a realização do procedimento
• indicar membro da equipe para auxiliar no procedimento
b) Preparo do Paciente
• propiciar conforto ao paciente;
• posicionar o paciente em decúbito dorsal com o membro superior escolhido
estendido a um ângulo de 90º com o corpo;
• aplicar o garrote na parte superior do braço do paciente para escolha e avaliação da
veia.
• liberar o garrote;
• Membros superiores: mensurar a extensão da veia, seguindo seu suposto trajeto, do
local escolhido para punção até a junção manúbrio esternal com a cabeça da
clavícula direita; após descer paralelamente ao externo até o terceiro espaço
intercostal. Esta mensuração indicará o comprimento da veia escolhida até o 1/3
inferior da veia cava superior, local ideal para posicionar a ponta do CCIP; Quando o
local da punção for do lado esquerdo, mensurar do local escolhido até a junção
manúbrio esternal com a cabeça da clavícula direita, após descer até o terceiro
espaço intercostal;
• OU se em cabeça e pescoço: do local de punção, seguindo pela região cervical
lateral, até a cabeça da clavícula direita e daí até o 3º espaço intercostal direito;
• OU se em Membros Inferiores: do local de punção, seguir até a região inguinal,
prosseguir até a região umbilical e culminar a mensuração um pouco acima do
apêndice xifóide;
• mensurar diâmetro do membro, acima do local escolhido para a punção. Alguns
autores sugerem, que também seja mensurado o diâmetro do membro, abaixo do
local escolhido para a punção. Tais mensurações servirão de parâmetros para
detecção de qualquer anormalidade posterior a inserção;
• em caso de punção de membros superiores, posicionar a cabeça voltada para o lado
do membro a ser puncionado, antes de iniciar o procedimento;
• lavar as mãos com anti-sépticos clorexidina degermante a 4% durante dois minutos;
• proceder a paramentação;
• preparar o campo de trabalho com todo material necessário para inserção (bandeja
para passagem do CCIP, seringas de 10 ml, agulhas, solução fisiológica estéril, gaze
estéril, curativo de película transparente, adesivo estéril, plug adaptador macho ou
extensor) e o CCIP de calibre adequado ao vaso escolhido para punção;
• calçar um par de luvas cirúrgicas estéreis (quando outro profissional for auxiliar na
realização da técnica) OU dois pares das mesmas (“técnica de dupla-luva”, quando
realizar a técnica sozinho);
• preparar o CCIP para a inserção (vide item “c”);
• proceder à anti-sepsia da pele do paciente clorexidina degermante a 4%;
c) Preparo do CCIP
• através do seu conector em “Y”, preencher o CCIP com solução salina (os estiletes
dos CCIP são, em sua maioria, hidrofílicos, necessitando de irrigação prévia para sua
liberação);
• conferir o comprimento anteriormente mensurado do trajeto venoso;
• tracionar o estilete (quando houver) até 1 cm abaixo do ponto, no CCIP, compatível
com o comprimento do trajeto venoso previamente mensurado, adicionando 1cm;
• reduzir o CCIP no comprimento correto;
• dobrar a porção exteriorizada do estilete (evitar sua migração para o interior do
cateter e perfuração da veia);
d) Inserção do CCIP
• proceder à anti-sepsia da pele do local de inserção do CCIP com anti-séptico
adequado (clorexidina degermante a 4%); iniciando em movimentos circulares
sempre do centro para as bordas (repetir por três vezes).
• colocar o campo cirúrgico simples sob o braço do paciente;
• garrotear o membro a ser puncionado;
• trocar de luva cirúrgica estéril OU, quando utilizando a técnica de dupla luva,
remover a luva contaminada;
• colocar campo cirúrgico fenestrado sobre o local da punção;
• realizar a punção venosa com o introdutor do CCIP a um ângulo de 35º;
• remover a câmara de refluxo (se introdutor do tipo agulha com asas) OU a agulha
metálica (se introdutor do tipo cateter curto sobre agulha);
• exercer pressão sobre a veia, logo à frente do introdutor inserido (visa minimizar
refluxo sangüíneo excessivo);
• soltar o garrote (solicitar para soltar o garrote);
• Iniciar a inserção do CCIP no vaso, através do introdutor, com o auxílio de uma
pinça;
• avançar o cateter até a medida pré-estabelecida;
• remover o introdutor quebrando-o ou rasgando-o, separando as duas aletas.
e) Avaliação do funcionamento
• aspirar o CCIP para se certificar de que há bom refluxo sangüíneo e após injetar
solução salina, avaliando a presença ou não de fluxo lentificado ou impedimento do
mesmo.
• se o CCIP não possui extensor ou plug adaptador macho, conectar um dos
dispositivos para vedá-lo ao meio externo.
• proceder à salinização do CCIP.
Em hipótese alguma poderá ser realizada coleta de sangue bem como transfusão
sanguínea através do CCIP. Também não poderá ser realizada punção venosa periférica no
mesmo membro onde está o CCIP. E nunca usar seringas de 1 ml, 3 ml ou 5 ml diretamente no
conector do cateter.
d) Execução de curativos:
Deve-se seguir as Regras Básicas para Curativos em Cateteres Venosos Centrais,
ou seja, ser estéril, oclusivo, fácil aplicação e remoção, boa adesividade, manter o sítio do
cateter seco, não possibilitar ocorrência de dobras do cateter e ser confortável para o paciente.
O primeiro curativo deverá permanecer durante 24 horas, oclusivo utilizando gazes. Os demais
deverão permanecer oclusivos com filme transparente por no máximo 7 dias, podendo ser
trocados antes deste prazo caso haja necessidade. Trocas rotineiras de curativo são contra
indicadas pelo risco de infecção e de deslocamento acidental do cateter. Estas trocas de
curativo requerem a presença de duas enfermeiras bem treinadas na técnica para evitar tração
do cateter.
Procedimento estéril: realizar a limpeza local com solução fisiológica 0,9%, secar
com gaze estéril e realizar a anti-sepsia do membro com clorexidine alcoólica 0,5% ou álcool
a 70%.
Observar aspectos do curativo, tais como: sangramentos, fixação, edema,
hiperemia local e comunicar ao enfermeiro que tomará as devidas providências.
Realizar a troca do curativo semanalmente. O enfermeiro deve avaliar a
necessidade de trocas em tempos mais curtos e realizar o procedimento, se necessário.
• identificar o curativo colocando: data da troca, nome do profissional que fez o
curativo.
• anotar o procedimento realizado no formulário próprio conforme anexo e colocá-lo
no prontuário do paciente.
- Hemorragia/Hematoma
- Arritmia cardíaca (cateter intracardíaco)
- Punção arterial
- Dano /Estimulação de nervos
8 - Aspectos éticos e legais: Fornecer aos familiares orientação verbal e por escrito sobre os
benefícios e potenciais riscos do procedimento e solicitar assinatura dos responsáveis de termo
de consentimento livre e esclarecido.
INFECÇÃO PRIMÁRIA DA CORRENTE SANGÜÍNEA ASSOCIADA A
CATETER VENOSO CENTRAL (IPCS-CVC)
Estima-se que no Brasil 60% da mortalidade infantil ocorra no período neonatal, sendo
a sepse uma das principais causas. A Infecção Primária da Corrente Sanguínea (IPCS)
associada a Cateter Venoso Central (CVC) é a principal infecção em UTI neonatal, e vem
aumentando sua incidência principalmente em decorrência da maior sobrevida dos RNMBP e
da maior utilização dos Cateteres Venosos Centrais, contribuindo para o aumento da
morbidade, da hospitalização e dos custos. O tempo médio de hospitalização de um RN menor
de 1000 g é de cerca 80 dias.
Segundo dados do CDC, a unidade hospitalar com maior risco de aquisição de IPCS-
CVC é a UTI Neonatal nos menores de 1.000 gramas, quando comparados com qualquer outra
unidade hospitalar, incluindo UTI de queimados e UTI cirúrgica.
A taxa média agrupada de infecção primária da corrente sanguínea associada a cateter
venoso central em recém-nascidos tem sido relatada pelo NNISS (National Nosocomial
Infections Study System), de 1995 até 2000, para UTIs Pediátricas de 7,7 por 1000 cateteres-
dia, sendo esta mesma taxa em UTIs Neonatais de 11,3 por 1000 cateteres-dia em pacientes
menores de 1000 gramas e 4,0 por 1000 cateteres-dia para maiores de 2500 g. Até o momento
não temos dados nacionais consolidados sobre a incidência de infecções relacionadas a
assistência à saúde em neonatologia em UTIs Neonatais, temos somente dados de estudos
regionais. E todos os nossos índices são maiores que os relatados pelo sistema NNISS.
Segundo Pessoa da Silva e cols. a densidade de incidência de IPCS-CVC variou de: 17,3 IPCS
por 1000 CVC- dia em RN entre 1501 a 2500 gramas até 34,9 IPCS por 1000 CVC-dia em RN
menores de 1000 gramas. Importante salientar que INFECÇÕES SÃO DECORRENTES DE
FALHAS NA ASSISTÊNCIA e a prevenção das infecções associadas ao acesso venoso é
possível com o adequado manejo. Vários estudos mostram que é possível diminuir os índices
de IPCS associada ao CVC e IPCS em até 70% se protocolos forem implantados e atividades
de educação médica e de enfermagem forem reforçadas.
FISIOPATOGENIA DA INFECÇÃO
MEDIDAS DE PREVENÇÃO
MICROBIOLOGIA
DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO
2- Técnicas conservadoras:
2.1- Hemoculturas pareadas: Colher duas amostras sendo uma pelo CVC e outra por punção
venosa periférica. Enquanto um resultado positivo de uma hemocultura colhida pelo CVC
necessita de uma interpretação clínica muito cautelosa, o resultado negativo pode auxiliar na
exclusão do diagnóstico de ICS-CVC.
VPP (valor preditivo positivo): CVC 63%, Punção Venosa Periférica 73%
VPN (valor preditivo negativo): CVC 99%, Punção Venosa Periférica 98%
Foi observado que 93% das culturas colhidas pelo cateter são contaminadas com
organismos que colonizam as conexões ou o lúmen do cateter e não refletem infecção (Bryant
e Strand). Tratar infecção e não colonização.
Bactérias gram positivas ou gram negativas com deterioração clínica e/ou persistência
de hemoculturas positivas e outras complicações como trombose séptica, endocardite,
osteomielite remover CVC e tratar;
- Na trombose séptica, endocardite: ATB 4-6 sem;
- Na osteomielite: ATB 6-8 sem.
O médico assistente deverá conhecer se seu paciente tem uma ou mais vias de acesso de
drogas, e se há prolongadores na via (habitualmente quando se trata de jelco, o prolongador é
o polifix, que tem 1,6 ml de volume interno, o PICC tem 0,5 ml e o cateter terá, sempre, um
three-way). Vide tabela 2.
Decidida a medicação contínua, a exemplo da Nutrição Parenteral Total, das drogas
vasoativas e sedoanalgésicas, observar a necessidade de “lavar” a via de infusão com água
destilada e, prescrever o procedimento a ser adotado pela enfermagem.
A NPT deverá ser prescrita dentro do tempo que resta para completar 24 horas. Assim,
se ficarem estabelecidas duas interrupções de 30 minutos para infusão de medicações a NPT
terá seu gotejamento calculado para correr em 23 horas. Computar todas as infusões de AD no
cálculo da taxa hídrica diária, além de considerá-las no cálculo dos eletrólitos.
Não prescreva o medicamento se houver dúvidas sobre a forma de administração.
A prescrição de medicamentos é um ato médico e, como tal, sua inteira e intransferível
responsabilidade.
15º
ventral ventral do antebraço, parte superior do tórax e 0,5 mL
região escapular.
Tecido subcutâneo (indicada para medicamentos que
Via subcutânea
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